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ESPIRITUALIDADE E TRABALHO.
O objetivo dessa reflexo aprofundar um dos princpios da gesto de empresas de EdC que
a espiritualidade. Aqui, este princpio, traz a alma da gesto, ou seja, a interioridade,
inspirao e motivao.
Nesta reflexo no vamos tratar das complicadas teorias que regem a economia e gesto de
empresas, mas como a espiritualidade traz uma nova viso sobre o trabalho e inspira um
novo agir Econmico. A Economia trata de produzir bens e servios que so necessrios para
as pessoas viverem com dignidade. Ento ela estabelece uma relao entre as matrias
primas e o ser humano e os indivduos entre si. No fundo uma relao com outras pessoas
atravs do prprio trabalho.
No livro da UNIAPAC, Rentabilidade de Valores feita uma analogia do trabalho, com a
passagem do evangelho de Lucas, 22:19, que diz o seguinte:
A seguir, tomou o po, deu graas, partiu-o e lhes deu dizendo: Isto meu corpo que
dado para vos. Fazei em memria de mim.
Isto meu corpo que dado por vos...
Para analisar este gesto eucarstico de Jesus devemos, nos situar no contexto da poca
Judaico-Crist. Na tradio judaica e crista, o po fruto do trabalho do homem e aqui
acontece a primeira relao com a economia que conhecemos hoje. O po fruto do
trabalho do Homem e serve para atender as necessidades humanas para se nutrir, e
tambm de outras pessoas.
Mas os alimentos nesta poca, no serviam somente para se alimentar, como serviam
tambm para se reunir, ter uma vida social, fazer a partilha e a comunho. Ento trabalhar
para produzir o po consistia em lavrar a terra para produzir bens e compartilhar a vida que
existia entre eles. Atravs do trabalho ele se sustenta e se desenvolve. O po e o vinho que
Jesus cita significa o trabalho que transforma a natureza em bens, para compartilhar a vida e
realizar a comunho (comum unio) entre eles. O po e o vinho que Jesus pega naquele
momento solene da ultima Ceia, tm o desejo que faamos a comum unio, ou seja, que
formemos um nico corpo com Ele.
... fazei isto em minha memria.
Depois Jesus continua dizendo fazei isto em memria de mim que um convite para
repetir este ritual e tambm repetir este ato de amor que se realiza nesta Sua entrega, ou
seja, nos convida a nos transformar neste po da vida atravs do nosso trabalho dirio.
Este gesto traz um novo sentido ao trabalho e conseqentemente vida econmica. O ser
humano transforma o mundo atravs do seu trabalho, mas tambm se transfere nos
produtos. Portanto o ser humano se incorpora no mundo dos bens e servios que executa, e
faz a partilha e a comunho de si mesmo de forma concreta atravs dos produtos. Podemos
entender o objetivo de uma empresa que faz esta experincia de comunho, que uma
relao entre pessoas que transforma o mundo material em coisas necessrias para outras
pessoas. Assim o mundo inteiro deve se transformar, pelo trabalho, no po, que unifica a
humanidade num s corpo. O po que simboliza todos os bens e servios que so
necessrios para a sobrevivncia fsica e as necessidades sociais e espirituais dos seres
humanos. Na pratica, essa viso traz o conceito, que o trabalho uma necessidade para
realizar a unidade na Humanidade. E tambm se realizar como coparticipante na construo
do Universo.
A Espiritualidade confere um novo conceito sobre o trabalho, e tambm a economia, um
sentido mais profundo e uma nova conscincia sobre as aes econmicas.
Podemos exemplificar o trabalho de um arquiteto que projeta uma casa. Ele se relaciona e
procura captar as necessidades das pessoas e as transforma em um produto (casa) que
atenda as suas necessidades. Neste produto esto as aspiraes dos moradores como parte
da essncia do arquiteto, ou seja, houve a partilha e a comunho. Quando vemos a obra de
um artista, no fundo ele esta partilhando a beleza que desvendou em um objeto ou forma.
Podemos citar a dona de casa que cozinha, o medico que ajuda os doentes, o engenheiro
que produz maquina para facilitar a vida da humanidade e os professores que doam o
conhecimento. Logo a espiritualidade confere ao trabalho um sentido novo e
conseqentemente as estruturas que do suporte ao mesmo. E aqui entra um novo conceito
de empresa e economia, que a proposta do movimento de Economia de Comunho.
Logo as pessoas e o movimento de EdC devem inserir em suas aes a espiritualidade, e
como conseqncia as estruturas que abrigam o trabalho devem dar condies que a
realidade espiritual seja possvel e avaliada. Ento precisamos desenvolver sistemas de
gesto que tornem o ambiente possvel para ter um crescimento individual, coletivo, e
espiritual e isso s acontece se houver harmonia (um dos nossos princpios).
Se quisermos promover a unidade entre os seres humanos, que todos sejam um devemos
sempre fazer uma avaliao tica sobre o que produzimos. Tambm sobre o ponto de vista
que devemos nos inserir nos produtos que so necessrios para a humanidade, ou seja, no
po que seu smbolo, no podemos ter pessoas necessitadas, em qualquer parte do
mundo. Aqui entra outro principio que a partilha tambm dos resultados da empresa ou
economia (alaranjado). Mas no caso da empresa, ela deve garantir com competncia que
seja eficiente e lucrativa e tenha resultados para serem divididos (vermelho). Essa analise
nos leva a ter, uma relao no utilitria com a sade e o meio ambiente, mas uma relao
de respeito e unio com seu prprio corpo e a natureza (verde). Devemos tambm saber
nos comunicar o que vai muito alem das palavras, porque fundamental para criarmos a
comum unio (violeta). O trabalho exige sempre avanos tecnolgicos de produo, gesto e
novos produtos para atender as necessidades modernas e este um principio que deve ser
analisado (anil).
Nesta reflexo observamos que o objetivo da EdC atender as necessidades do ser humano
com equilbrio no agir econmico, porque hoje podemos observar que o fim da economia,
que melhorar a qualidade de vida confundido com os meios que temos para atingi-los.
Por exemplo, o lucro um meio necessrio para melhorar a qualidade de vida, mas ele um
meio no um fim por si s. Assim a pesquisa, o respeito ao meio ambiente e outros.
Esse novo agir econmico coloca a espiritualidade no centro da vida econmica e no
paralela ou fora do contexto das aes que acontecem no trabalho e economia.
Conclumos tambm que a partilha e a comunho acontece no comeo, meio e fim do
processo de trabalho. Ele no s acontece no final, nas distribuies do lucro da empresa,
mas os prprios bens e servios levam em si a comunho e por isso deve ser avaliado.
Esta reflexo salienta que a espiritualidade da unidade, no alheia ao mundo Econmico,
mas se encarna e traz vida a ela.
Rodolfo Leibholz
07/09/2011.
Referencias bibliogrficas:
Rentabilidade dos Valores. UNIAPAC latino-americana.
Come un Arcobaleno gli aspepetti nel movimento dei focolari.
A Eucaristia.Chiara Lubich - Editora Cidade Nova.