Espiritualidade Saúde Mentaljulioperes.com.br/upload/files/cf1d9d884e.pdf · Espiritualidade no...

8
Espiritualidade & Saúde Mental Espiritualidade e Psicoterapia 3 Julio Fernando Prieto Peres 8820 ESP SAUDE MENTAL 3.indd 1 25.05.09 15:11:20

Transcript of Espiritualidade Saúde Mentaljulioperes.com.br/upload/files/cf1d9d884e.pdf · Espiritualidade no...

Page 1: Espiritualidade Saúde Mentaljulioperes.com.br/upload/files/cf1d9d884e.pdf · Espiritualidade no consultório Deve o médico/psicólogo discutir temas espirituais com seus ... das

Espiritualidade & Saúde MentalEspiritualidade e Psicoterapia

3

Julio Fernando Prieto Peres

8820 ESP SAUDE MENTAL 3.indd 1 25.05.09 15:11:20

Page 2: Espiritualidade Saúde Mentaljulioperes.com.br/upload/files/cf1d9d884e.pdf · Espiritualidade no consultório Deve o médico/psicólogo discutir temas espirituais com seus ... das

2

duo à psicoterapia assim como melhores resultados das in-tervenções (Sperry e Sharfranske, 2004).

Atualmente, observa-se na literatura na área da saúde mental ênfase crescente do tema espiritualidade. Um es-tudo recente mostrou que os principais domínios discuti-dos em psicoterapia de indivíduos americanos incluíram o trabalho, a família, os amigos e a sexualidade. A religião e a espiritualidade foram consideradas como temas de igual importância, e os pacientes observaram os terapeutas aber-tos para discussão desses domínios (Miovic et al., 2006). Contudo, nem todas as abordagens encontraram um ajuste do tema em suas intervenções terapêuticas e, ainda assim, psicólogos estudados em entrevistas semiestruturadas con-sideraram a espiritualidade como um tema potencialmente provedor do encontro de equilíbrio e harmonia dos pacien-tes (Peres et al., 2007a).

Espiritualidade no consultórioDeve o médico/psicólogo discutir temas espirituais com seus pacientes? Quais são os limites entre o médico/psicólogo e o paciente que consideram temas religiosos e espirituais? Quais são os limites profissionais entre o médico/psicólo-go e o capelão/orientador espiritual? Estas são algumas das perguntas que norteiam discussões éticas recentes sobre o tema (Post, 2000). A inclusão dos “problemas religiosos ou espirituais” como uma categoria diagnóstica inserida no Ma-nual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV) reconhece que os temas religiosos e espirituais podem ser o foco da consulta e do tratamento psiquiátrico/psicológico (Lukoff et al, 1995). Alguns educadores na área de saúde recomendam que os profissionais da saúde pergun-

Espiritualidade & Saúde Mental:Espiritualidade e Psicoterapia

Julio Fernando Prieto PeresCRP-SP 36003

Psicólogo clínico, doutor em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, com pós-doutorado pelo Center for Spirituality and the Mind, Uni-versity of Pennsylvania, Estados Unidos

IntroduçãoO interesse sobre a espiritualidade e a religiosidade sempre existiu no curso da história humana e recentemente a ciên-cia tem investigado o tema. No começo dos anos 1960 os estudos eram dispersos e nesse período surgiram os primei-ros periódicos especializados, entre os quais o Journal of Religion and Health. A partir de então, estudos realizados sobre espiritualidade e religiosidade em amostras específicas (por exemplo, enfermidades graves, depressão, transtornos ansiosos) mostraram pertinência quanto à investigação do impacto dessas práticas na saúde mental e na qualidade de vida. Aqui veremos algumas contribuições do binômio espi-ritualidade e saúde às pessoas que buscam a psicoterapia.

Por que espiritualidade e psicoterapia?A crença religiosa constitui uma parte importante da cul-tura, dos princípios e dos valores utilizados pelos pacien-tes para dar forma a julgamentos e ao processamento de informações. A confirmação de suas crenças e inclinações perceptivas pode fornecer ordem e compreensão de even-tos dolorosos, caóticos e imprevisíveis (Carone e Barone, 2001). O conhecimento e a valorização dos sistemas de crenças dos pacientes colaboram com a adesão do indiví-

8820 ESP SAUDE MENTAL 3.indd 2 25.05.09 15:11:43

Page 3: Espiritualidade Saúde Mentaljulioperes.com.br/upload/files/cf1d9d884e.pdf · Espiritualidade no consultório Deve o médico/psicólogo discutir temas espirituais com seus ... das

3

Como a psicoterapia pode ajudar?Objetivando tratar, remover ou modificar sintomas de natureza emocional e promover o crescimento e o desenvolvimento da personalidade surgiram em meados do século XIX as psicoterapias no Ocidente. Estas variam em relação às escolas filosóficas, às perspectivas epistemológicas, às teorias e aos méto-dos que utilizam como orientação de suas intervenções práticas. A despeito dos diferentes tipos de abordagens, o que teriam as várias formas de psico-terapia em comum? A publicação do artigo “Some implicit common factors in diverse methods of psychotherapy”, de Rosenzweig (1936), foi um marco original da discussão sobre diferenças, similaridades e eficácia das psicote-rapias. O achado geral de pouca ou nenhuma diferença entre as principais escolas da psicoterapia em termos de uma efetividade global foi previsto nesse artigo publicado há 70 anos (Samstag, 2002). Atualmente as áreas de concordância entre as abordagens psicoterápicas continuam mais expressivas que as diferenças, sobressaindo em especial quatro aspectos: (1) a similari-dade dos objetivos; (2) a relação terapeuta-paciente tem papel central nos processos; (3) o paciente responsabiliza-se pelas escolhas; (4) a promoção da compreensão do “Eu” pelo paciente (Duncan, 2002). Um detalhado exa-me de 17 metanálises de estudos comparativos de diversas modalidades de psicoterapias encontrou diferenças não significativas de resultados (Luborsky et al., 2002). Os autores reconhecem que “resultados não significativos não indicam que os tratamentos comparados têm os mesmos efeitos para todos os pacientes”. Por outro lado, Bohart (2000) postulou que o paciente deve ser visto como o fator comum mais importante na psicoterapia trazendo o conceito de “resiliência” – capacidade de atravessar dificuldades e voltar à qualidade satisfatória de vida – para argumentar que os pacientes, e não os terapeutas, são os curadores. Portanto, a psicoterapia deve voltar-se para os pacientes e respectivos sistemas de crenças, no sentido de potencializar suas capacidades, uma vez que a terapia funciona até onde este aceita participar. Além disso, é fundamental que a psicoterapia trabalhe para desenvolver mo-delos colaborativos, com base na relação, que enfatizem a mobilização da esperança e do otimismo, o envolvimento ativo do paciente e a ajuda para que os pacientes mobilizem suas inteligências intrínsecas para encontrar so-luções (Bohart, 2000). Nesse sentido, é razoável pensar que a religiosidade e a espiritualidade devem ser consideradas pelos terapeutas em suas aborda-gens. Realmente a psicoterapia pode ajudar, e vários estudos mostram os efeitos neurobiológicos e a atenuação dos sintomas após as intervenções terapêuticas (Peres et al., 2007b; 2008).

tem rotineiramente sobre a espiritualidade e a religião ao conduzir a história médica de seus pacientes (Ehman, 1999). Entretanto, integrar dimensões espirituais e religiosas de vi-das dos pacientes durante a psicoterapia requer profissiona-lismo ético, alta qualidade de conhecimento e habilidades para alinhar as informações coletadas sobre as crenças e os valores ao benefício do processo terapêutico. A Associação Psiquiátrica Americana produziu um guia que orienta os terapeutas a compreender e manter um respeito empático ao abordar as crenças religiosas dos pacientes, reforçando que o treinamento adequado do terapeuta, a compatibili-dade terapeuta-paciente, a atenção à pessoa e não apenas à doen ça e a busca da compreensão empática podem reduzir a ocorrência da conversão de valores e minimizar os problemas éticos associados (Tjeltveit, 1986; Post, 2000). Lomax et al. (2002) apontam que algumas observações éticas merecem atenção como: (1) a habilidade de inquirir sobre a vida reli-giosa e espiritual dos pacientes é um elemento importante da competência psicoterapêutica; (2) a informação sobre a vida religiosa e espiritual dos pacientes revela frequentemente da-dos extremamente importantes para superação de suas difi-culdades; (3) o processo da investigação sobre esse domínio deve ser respeitoso; (4) há um potencial significativo para faltas éticas quando o terapeuta busca impor suas convicções pessoais (religiosas ou antirreligiosas) abandonando o prin-cípio da neutralidade.

Em convenção com a Associação Psiquiátrica America-na, Shafranske (2001) recomenda alguns procedimentos para psicoterapeutas ao abordarem o tema espiritualidade e religiosidade: (1) identificar se variáveis religiosas e es-pirituais são características clínicas relevantes às queixas e aos sintomas apresentados; (2) pesquisar o papel da reli-gião e da espiritualidade no sistema de crenças do pacien-te; (3) identificar se idealizações religiosas e representações de Deus são relevantes e abordar clinicamente essa ide-alização; (4) demonstrar como os recursos religiosos e espiri tuais podem favorecer o tratamento psicológico; (5) utilizar um procedimento de entrevista para acessar o his-

8820 ESP SAUDE MENTAL 3.indd 3 25.05.09 15:12:02

Page 4: Espiritualidade Saúde Mentaljulioperes.com.br/upload/files/cf1d9d884e.pdf · Espiritualidade no consultório Deve o médico/psicólogo discutir temas espirituais com seus ... das

4

tórico e o envolvimento com religião e espiritualidade; (6) treinar intervenções apropriadas a assuntos religiosos e espiri tuais e se atualizar a respeito da ética sobre tais temas na prática clínica.

Resumindo, os psicoterapeutas devem estar confortá-veis com pacientes que levantem questões existenciais e espirituais (Shaw et al., 2005; Peres et al., 2007a; 2007b). Uma vez que explorar as crenças religiosas e espirituais pode ser útil no processo psicoterápico, é uma necessidade terapêutica e um dever ético o respeito a essas opiniões, a empatia, assim como a continência à realidade que o pa-ciente traz, ainda que os terapeutas não compartilhem das mesmas crenças religiosas (Shafranske, 1996).

Desamparo e esperançaDesamparo é uma palavra usada frequentemente pelos indi-víduos traumatizados com transtorno de estresse pós-trau-mático (TEPT) quando procuram expressar seus estados emocionais (Scher e Resick, 2005). Estudos sugerem que o aumento da esperança e a diminuição do desespero e do desamparo podem ser fatores importantes para melhor saú-de e longevidade (Kubzansky et al., 2001). Indivíduos trau-matizados procuram novos sentidos e significados em suas vidas (Peres et al., 2007a) e as crenças e as práticas espiri-tuais e religiosas são fortemente baseadas em buscas pessoais para compreender o significado da vida, o relacionamento com o sagrado e o transcendente (Moreira-Almeida e Koe-nig, 2006). As práticas religiosas podem ter uma influência importante no modo como as pessoas interpretam e lidam com os eventos traumáticos, promovendo percepções resi-lientes e comportamentos como a aprendizagem positiva da experiência, o amparo para superação da dor psicológica e a autoconfiança em lidar com as adversidades (Fontana e Ro-senheck, 2004). A revisão de 11 estudos empíricos sobre as associações entre a religião, a espiritualidade e os traumas psicológicos mostrou três achados principais: (1) a religião e a espiritualidade são geralmente, embora não sempre, bené-ficas no tratamento pós-trauma; (2) as experiências traumáti-

cas podem conduzir ao aprofundamento da religiosidade ou da espiritualidade; (3) o manejo religioso positivo, a abertura religiosa, a prontidão para enfrentar perguntas existenciais e a religiosidade intrínseca estiveram associados com a supera-ção psicológica pós-trauma (Shaw et al., 2005). Pargament et al. (2004) propõe que o manejo religioso oferece algo especial: “pode equipar excepcionalmente indivíduos para responderem às situações em que se veem face a face com os limites do poder e do controle humanos quando confron-tados com suas vulnerabilidades”. O autor ainda refere que as crenças e as práticas religiosas podem reduzir a perda do controle e do desamparo, fornecendo uma estrutura cogni-tiva que possa diminuir o sofrer e desenvolver a finalidade e significado ante o trauma.

São múltiplos e, às vezes, inesperados os caminhos à resiliência. Uma vez que o desamparo é um fator de risco ao TEPT, assim como a vulnerabilidade e a desesperança elevadas (Scher e Resick, 2005), é possível que o sentido de amparo, suporte e esperança possam, além de ajudar a recuperação, proteger os indivíduos expostos aos eventos traumáticos (Peres et al., 2007a).

Religiosidade e espiritualidade integradas à psicoterapiaPesquisas que convergem a religiosidade e a espiritualidade à psicoterapia têm avançado nos últimos 25 anos. Por exem-plo, Propst et al. (1992) investigaram a abordagem cognitiva comportamental padrão e a abordagem cognitiva compor-tamental religiosa aplicadas a pacientes com depressão por terapeutas religiosos e não religiosos e compararam as res-pectivas intervenções com grupo-controle em lista de espera. A melhora dos indivíduos submetidos à psicoterapia foi ob-servada igualmente nas condições terapêuticas utilizadas e os terapeutas não religiosos obtiveram resultados superiores aos terapeutas religiosos enquanto aplicavam abordagem cogni-tiva comportamental religiosa. Considerando esses achados, é possível que os melhores resultados terapêuticos sejam alcançados quando o profissional foca sua atenção na reli-

8820 ESP SAUDE MENTAL 3.indd 4 25.05.09 15:12:25

Page 5: Espiritualidade Saúde Mentaljulioperes.com.br/upload/files/cf1d9d884e.pdf · Espiritualidade no consultório Deve o médico/psicólogo discutir temas espirituais com seus ... das

5

giosidade do paciente, sem contaminar seu trabalho com as próprias projeções religiosas. Uma metanálise de cinco estu-dos que compararam a eficácia de abordagens de aconselha-mento padrão e abordagens de aconselhamento adaptadas à religião também não encontrou evidência de superioridade de uma abordagem sobre a outra. Os achados sugerem que a possibilidade de usar uma abordagem religiosa com pacien-tes religiosos é provavelmente mais uma questão da prefe-rência do paciente que uma questão de eficácia diferencial (McCullough, 1999). A despeito de a abordagem cognitiva comportamental adaptada à religiosidade ser tão eficaz como o tratamento padrão (Berry, 2002), a primeira mostrou uma melhora mais rápida inicial em três meses comparada à se-gunda em grupos étnicos com fortes características culturais religiosas (Azhar e Varma, 1995). Convergindo com esses achados, em estudo com pacientes ansiosos e depressivos, Razali (1998) observou que aqueles submetidos à psicotera-pia adaptada para aspectos socioculturais e religiosos melho-raram dos sintomas mais rapidamente nas primeiras semanas que o grupo-controle com psicoterapia padrão, porém os resultados não se diferenciaram aos seis meses. Os autores destacam a importância de a psicoterapia com componen-te religioso precipitar a redução dos sintomas nos primeiros meses de tratamento. A terapia cognitivo-comportamental adaptada para abordar a espiritualidade (spiritually augmen-ted cognitive behavioural therapy) mostrou que o uso da me-ditação promoveu benefícios significativos no tratamento da desesperança e do desespero (D’Souza e Rodrigo, 2004). Uma revisão dos artigos sobre a eficácia da terapia cognitiva espiritual modificada (spiritually modified cognitive therapy) aponta, segundo critérios da Associação de Psicologia Ame-ricana, que essa modalidade tem validade empírica apenas no tratamento da depressão (Hodge, 2006). Propostas de terapias de grupo e terapia familiar que inserem temas espiri-tuais e religiosos também têm sido pesquisadas, assim como programas de intervenções psicoeducacionais semiestrutu-rados em que o paciente discute sobre recursos religiosos, espiritualidade, perdão e esperança (Jacques, 1998; Patter-

son et al., 2000). A maioria dos grupos considerou que uma vida espiritual é relevante para a compreensão dos problemas pessoais e preferiu um terapeuta que estivesse confortável em discutir esses tópicos.

Os dois tratamentos mencionados – que contemplam ou não a religiosidade e a espiritualidade – focam em técni-cas de reestruturação cognitiva e avaliações comportamen-tais. As abordagens que contemplam a religiosidade e a espiritualidade acolhem as crenças dos pacientes e estabele-cem uma aliança terapêutica a certos enquadres cognitivos que favorecem a superação ou a atenuação do sofrimento, com os seguintes diferenciais: utilizam argumentos racio-nais religiosos para contrapor pensamentos disfuncionais; encorajam a oração diária como recurso provedor de tran-quilidade, orientam a leitura de textos/escrituras sagradas conforme a crença do paciente (Bíblia, Torah, Alcorão etc.); aceitam a interpretação do paciente a respeito de seus sintomas e discutem exemplos de estilos de vida saudáveis postulados pela religião; evitam a pregação e a oposição em relação à visão religiosa do paciente; além de trabalharem com técnicas de visualização. O último recurso é usado es-pecialmente para substituir pensamentos antecipatórios ne-gativos por imagens significativas ao paciente, provedoras de tranquilidade e segurança. Por exemplo: “Eu visualizo Jesus Cristo e sua luz me acompanhando naquela situação difícil que estou tentando enfrentar...” Outro diferencial da abordagem cognitiva que contempla a religiosidade e a espiritualidade diz respeito às lições de casa com autoa-firmações construídas para a exposição e o enfrentamento das dificuldades (por exemplo, afirmativas como “Deus nos ama, aceita e valoriza como nós somos” em casos de baixa autoestima), orações e exercícios de comportamentos bíblicos conversados em terapia. Além dos componentes citados, um terceiro pode ser incluído: o terapeuta e o pa-ciente fazem uma breve oração ao término de cada sessão com enfoque no bem-estar e na superação do paciente.

Concluindo, as religiões advogam em geral o perdão e a absolvição, frequentemente úteis em resolução de conflitos.

8820 ESP SAUDE MENTAL 3.indd 5 25.05.09 15:12:54

Page 6: Espiritualidade Saúde Mentaljulioperes.com.br/upload/files/cf1d9d884e.pdf · Espiritualidade no consultório Deve o médico/psicólogo discutir temas espirituais com seus ... das

6

Aqui observamos que vários estudos internacionais contem-plaram o tema espiritualidade e psicoterapia demonstrando pertinência dessa interface com bons resultados terapêuticos. O Brasil possui um potencial religioso sincrético expressivo e alta prevalência de praticantes de religiosidade/espirituali-dade – apenas 7,3% não têm religião (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Censos Demográficos 2000). Faz-se necessário o reconhecimento por parte dos profissio-nais de que a espiritualidade é um componente importante da personalidade e da saúde; esclarecer os conceitos de reli-giosidade e espiritualidade junto aos profissionais; incluir a espiritualidade como recurso de saúde na formação dos no-vos profissionais; adaptar e validar escalas de espiritualidade/religiosidade à realidade brasileira e treinamento específico para a área clínica. De maneira similar à exploração de toda a dimensão pessoal da experiência humana, a integração das dimensões espirituais e religiosas dos pacientes em seus tra-tamentos requer profissionalismo ético, alta qualidade de conhecimento e habilidades para alinhar as informações co-letadas sobre as crenças e valores à eficácia terapêutica.

ReferênciasAzhar MZ, Varma SL. Religious psychotherapy in depressive patients. Psychother Psycho-

som. 1995;63(3-4):165-8.

Berry D. Does religious psychotherapy improve anxiety and depression in religious adults? A review of randomized controlled studies. Int J Psychiatr Nurs Res. 2002;8(1):875-90.

Bohart AC. The client is the most important common factor: clients’ self-healing capacities and psychotherapy. Journal of Psychotherapy Integration. 2000;10(2):127-49.

Carone Jr. DA, Barone DF. A social cognitive perspective on religious beliefs: their functions and impact on coping and psychotherapy. Clin Psychol Rev. 2001;21(7):989-1003.

D’Souza RF, Rodrigo A. Spiritually augmented cognitive behavioural therapy. Australas Psychiatry. 2004;12(2):148-52.

Duncan BL. The founder of common factors: a conversation with Saul Rosenzweig. Jour-nal of Psychotherapy Integration. 2002;12:10-31.

Ehman JW, Ott BB, Shor TH, Ciampa RC, Hansen-Flaschen J. Do patients want physicians to inquire about their spiritual or religious beliefs if they become gravely ill? Arch Intern Med. 1999;159(15):1803-6.

Fontana A, Rosenheck R. Trauma, change in strength of religious faith, and mental health service use among veterans treated for PTSD. J Nerv Ment Dis. 2004;192(9):579-84.

Hodge DR. Spiritually modified cognitive therapy: a review of the literature. Soc Work. 2006;51(2):157-66.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico; Brasil 2000. Dis-ponível em: http://www.ibge.gov.br. Acessado em: 25 jul. 2005.

Jacques JR. Working with spiritual and religious themes in group therapy. Int J Group Psy-chother. 1998;48(1):69-83.

Kubzansky LD, Sparrow D, Vokonas P, Kawachi I. Is the glass half empty or half full? A prospective study of optimism and coronary heart disease in the Normative Aging Study. Psychosomatic Medicine. 2001;63:910-6.

Lomax JW, Karff RS, McKenny GP. Ethical considerations in the integration of religion and psychotherapy: three perspectives. Psychiatr Clin North Am. 2002;25(3):547-59.

Luborsky L, Rosenthal R, Diguer L, Andrusyna TP, Berman JS, Levitt JT. The Dodo Bird is alive and well—mostly. Clinical Psychology: Science and Practice. 2002;9:2-12.

Lukoff D, Lu FG, Turner R. Cultural considerations in the assessment and treatment of reli-gious and spiritual problems. Psychiatr Clin North Am. 1995;18(3):467-85.

McCullough ME. Research on religion-accommodative counseling: review and meta-analysis. Journal of counseling psychology. 1999;46(1):92-8.

Miovic M, McCarthy M, Badaracco MA, Greenberg W, Fitzmaurice GM, Peteet JR. Domains of discussion in psychotherapy: what do patients really want? Am J Psychother. 2006;60(1):71-86.

Moreira-Almeida A, Koenig HG. Retaining the meaning of the words religiousness and spirituality. Soc Sci Med. 2006;63(4):843-5.

Pargament KI, Koenig HG, Tarakeshwar N, Hahn J. Religious coping methods as predic-tors of psychological, physical and spiritual outcomes among medically ill elderly patients: a two-year longitudinal study. J Health Psychol. 2004;9(6):713-30.

Patterson J, Hayworth M, Turner C, Raskin M. Spiritual issues in family therapy: a graduate-level course. J Marital Fam Ther. 2000;26(2):199-210.

Peres JF, McFarlane A, Nasello AG, Moores KA. Traumatic memories: bridging the gap between functional neuroimaging and psychotherapy. Aust N Z J Psychiatry. 2008;42(6):478-88.

Peres JF, Newberg AB, Mercante JP, Simão M, Albuquerque VE, Peres MJ, Nasello AG. Ce-rebral blood flow changes during retrieval of traumatic memories before and after psychotherapy: a SPECT study. Psychol Med. 2007b;37(10):1481-91.

Peres JFP, Mercante JPP, Nasello AG. Psychological dynamics affecting traumatic memo-ries: implications in psychotherapy. Psychology and Psychotherapy: Theory, Research and Practice. 2005;78:431-47.

Peres JFP, Moreira-Almeida A, Nasello AG, Koenig HG. Spirituality and Resilience in Trauma Victims. Journal of Religion and Health. 2007a;46:343-50.

Post SG, Puchalski CM, Larson DB. Physicians and patient spirituality: professional bound-aries, competency, and ethics. Ann Intern Med. 2000; 132(7):578-83.

Propst LR, Ostrom R, Watkins P, Dean T, Mashburn D. Comparative efficacy of religious and nonreligious cognitive-behavioral therapy for the treatment of clinical de-pression in religious individuals. Journal of Consulting and Clinical Psychology. 1992;60(1):94-103.

Razali SM, Hasanah CI, Aminah K, Subramanian M. Religious-sociocultural psychotherapy in patients with ansiety and depression. Australian an New Zealand Journal of Psy-chiatry. 1998;32:867-72.

Rosenzweig S. Some implicit common factors in diverse methods of psychotherapy. American Journal of Orthopsychiatry. 1936;6:412-5.

Samstag LW. The common versus unique factors hypothesis in psychotherapy re-search: Did we misinterpret Rosenzweig? Journal of Psychotherapy Integration. 2002;12(1):58-66.

Scher CD, Resick PA. Hopelessness as a risk factor for post-traumatic stress disor-der symptoms among interpersonal violence survivors. Cogn Behav Ther. 2005;34(2):99-107.

Shafranske E. (Ed.). Religion and the clinical practice of psychology. Washington: American Psychological Association, 1996.

Shafranske E. Disponível em: www.apa.org/ce/conventionfri, 2001.

Shaw A, Joseph S, Linley PA. Religion, spirituality, and posttraumatic growth: a systematic review. Mental Health, Religion & Culture. 2005;8(1):1-11.

Sperry L, Sharfranske E. Spiritually oriented psychotherapy. APA, 2004.

Tjeltvet AC. The ethics of value conversion in psychotherapy: Appropriate and in-appropriate therapist influence on client values. Clinical Psychology Review. 1986;6(6):515-37.

8820 ESP SAUDE MENTAL 3.indd 6 25.05.09 15:13:15

Page 7: Espiritualidade Saúde Mentaljulioperes.com.br/upload/files/cf1d9d884e.pdf · Espiritualidade no consultório Deve o médico/psicólogo discutir temas espirituais com seus ... das

7

O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).Produzido por Segmento Farma Editores Ltda., sob encomenda de Mantecorp em maio de 2009.

Material de distribuição exclusiva à classe médica.

Rua Anseriz, 27, Campo Belo – 04618-050 – São Paulo, SP. Fone: 11 3093-3300 • www.segmentofarma.com.br • [email protected]

Diretor-geral: Idelcio D. Patricio Diretor executivo: Jorge Rangel Gerente financeira: Andréa Rangel Gerente comercial: Rodrigo Mourão Editora-chefe: Daniela Barros MTb 39.311 Diretor de criação: Eduardo Magno Gerentes de negócios: Claudia Serrano, Eli Proença, Marcela Crespi e Rosana Moreira Coordenadora editorial: Cristiane Mezzari Diretora de arte: Renata Variso Peres Designer: Miguel Simon Revisoras: Lilian Regato Garrafa e Renata Del Nero Produtor gráfico: Fabio Rangel • Cód. da publicação: 8820.05.09

APRAZ® (alprazolam). INDICAÇÕES: Indicado no tratamento de transtornos de ansiedade. Não deve ser administrado como substituição do tratamento apropriado  de  psicose.  Os  sintomas  de  ansiedade  podem  variavelmente  incluir:  ansiedade,  tensão,  medo,  apreensão,  intranqüilidade,  dificuldades de concentração, irritabilidade, insônia e/ou hiperatividade neurovegetativa, resultando em manifestações somáticas variadas. Também é indicado no tratamento dos transtornos de ansiedade associados a outras manifestações como a abstinência ao álcool e no tratamento do transtorno do pânico, com ou sem agorafobia. CONTRA-INDICAÇÕES: Contra-indicado a pacientes com hipersensibilidade conhecida ao alprazolam, a outros benzodiazepínicos ou a qualquer componente do produto, e em pacientes portadores de miastenia gravis, glaucoma de ângulo estreito agudo, doenças hepáticas, renais, obesidade e doença pulmonar severa. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: Habituação e dependência emocional/física podem ocorrer. O risco de dependência aumenta com doses maiores e utilização a longo prazo e é ainda maior em pacientes com história de alcoolismo ou abuso de drogas. Durante a descontinuação do tratamento a dose deve ser reduzida lentamente. Sintomas de abstinência após diminuição rápida ou descontinuação abrupta podem variar de leve disforia e insônia a uma síndrome mais importante, que pode incluir cãibras musculares e cólicas abdominais, vômitos, sudorese, tremores e convulsões. Transtornos do pânico têm sido associados a transtornos depressivos maiores primários e secundários e a relatos aumentados de suicídio entre pacientes não tratados. O uso de APRAZ durante a gravidez e a lactação não deve ser feito sem orientação médica. Durante o tratamento, o paciente não deve dirigir veículos ou operar máquinas. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Os benzodiazepínicos, incluindo o alprazolam, produzem efeitos depressores aditivos do sistema nervoso central, quando co-administrados com álcool ou outros fármacos que produzem depressão do sistema nervoso central. Podem ocorrer interações quando administrado com fármacos que interferem no seu metabolismo. REAÇÕES ADVERSAS: São geralmente observados no início do tratamento e habitualmente desaparecem com a continuidade do tratamento ou diminuição da dose. As reações adversas mais comuns foram sedação/sonolência, sensação de cabeça vazia (confusão mental) e tontura. As menos comuns foram visão borrada, cefaléia, depressão, insônia, nervosismo/ansiedade, tremor, alteração do peso, comprometimento da memória/amnésia, ataxia/falta de coordenação motora, vários sintomas gastrintestinais, dermatite e manifestações autonômicas. Além desses, os seguintes eventos adversos foram relatados em associação ao uso de alprazolam: distonia, irritabilidade, anorexia, fadiga, fala pastosa, icterícia, fraqueza músculo-esquelética, alterações da libido, irregularidades menstruais, incontinência, retenção urinária, função hepática anormal e hiperprolactinemia. Raramente, relatou-se aumento da pressão intra-ocular. POSOLOGIA: A dose habitual é suficiente para as necessidades da maioria dos pacientes. Nos pacientes que requeiram doses mais elevadas, essas deverão ser aumentadas com cautela, a fim de evitar reações adversas. A segurança e a eficácia em indivíduos com menos de 18 anos de idade não foram estabelecidas. Recomenda-se usar a menor dose eficaz para os pacientes idosos ou debilitados para evitar sedação excessiva ou ataxia (vide quadro). Os dados disponíveis corroboram a utilização da medicação por até 6 meses para transtornos ansiosos e por até 8 meses no tratamento dos transtornos de pânico. Para descontinuar o tratamento a dose deve ser reduzida lentamente. O esquecimento de dose pode comprometer a eficácia do tratamento. Transtornos de ansiedade: Dose inicial* 0,25 mg a 0,5 mg administrado três vezes por dia; Limites da dose habitual 0,5 mg a 4,5 mg por dia, administrados em doses divididas. Transtorno do pânico: Dose inicial* 0,5 - 1,0 mg antes de dormir ou 0,5 mg, administrados três vezes ao dia; Limites da dose habitual os ajustes de dose devem ser aumentados no máximo 1 mg a cada três ou quatro dias. Pacientes geriátricos ou na presença de condições debilitantes: Dose inicial* 0,25 mg administrados duas ou três vezes ao dia; Limites da dose habitual 0,5 a 0,75 mg ao dia, administrados em doses divididas; poderão ser gradualmente aumentadas se necessário e tolerado. *Se ocorrerem efeitos colaterais, a dose deve ser diminuída. MS 1.0093.0202 VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SUJEITA À RETENÇÃO DA RECEITA. O ABUSO DESTE MEDICAMENTO PODE CAUSAR DEPENDÊNCIA SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Mais informações à disposição da classe médica no departamento científico da Mantecorp. Distribuição exclusiva à classe médica. (MB-APRA5)

8820 ESP SAUDE MENTAL 3.indd 7 25.05.09 15:13:39

Page 8: Espiritualidade Saúde Mentaljulioperes.com.br/upload/files/cf1d9d884e.pdf · Espiritualidade no consultório Deve o médico/psicólogo discutir temas espirituais com seus ... das

...e com melhor custo de tratamento10.

Meia-vida mais curta1

para um dia mais ativo2...

* Através do programa A PAZ Card, na apresentação mais vendida (0,5 mg x 30 compr.), consulte o representante Mantecorp. Fonte: Revista Kairos Abril/2009, PMC (18% ICMS) em R$: Apraz ® 20,58, Apraz ® com A PAZ Card 13,38 (35%), Frontal ® 27,68, Alprazolam Genérico EMS 16,34.

18%

mais barato10 que o genérico mais vendido*

52% mais barato10 que o medicamento referência*

Contraindicações: APRAZ® é contraindicado a pacientes com hipersensibilidade conhecida ao alprazolam. Interações medicamentosas: álcool não deve ser ingerido durante o tratamento. APRAZ® é um medicamento; durante seu uso, não dirija veículos ou opere máquinas, pois sua agilidade e atenção podem estar prejudicadas.

Melhor ajuste de dose1,2

Menor sedação*1-7

Menor período de desmame*1,8,9

*Quando comparado a Bromazepam 3,4, Clonazepam 5,6, Diazepam 7 e Lorazepam 1,2.

Referências Bibliográfi cas: 1) - Uhde TW, Tancer ME. Benzodiazepines receptor agonists and antagonists. In: Kaplan HI, Sadock BJ, eds. Comprehensive Textbook of Psychiatry. 6th ed. Baltimore, Md: Williams and Wilkins; 1995:1933-51. 2) - Tesar GE. High-potency benzodiazepines for short-term management of panic disorder: the U.S. experience. J Clin Psychiatry. 1990 May;51(5 Suppl):4-10. 3) - Werner-J. Wirksamkeit von alprazolam: eine vergleichende therapiestudie mit bromazepam. Acta Therapeutica 1987;13: 47-60. 4) - Ropert R, et al. Effi cacy and tolerance of alprazolam and bromazepam in fl exible doses. Double-blind study in 119 ambulatory anxious patients. Encephale 1987; 13(2):89-95. 5) - Jonas JM, Cohon MS. A comparison of the safety and effi cacy of alprazolam versus other agents in the treatment of anxiety, panic, and depression: a review of the literature. J Clin Psychiatry. 1993; 54:25-45. 6) - Cohn JB. Multicenter double-blind effi cacy and safety study comparing alprazolam, diaze-pam and placebo in clinically anxious patients. J Clin Psychiatry. 1981; 42(9): 347-51 7) - Bernardi F, et al. Alprazolam versus lorazepam nel trattamento dell´ansia: studio clinico controllato. Riv Patol Nerv Ment. 1984;105(1):1-13. 8) - Romach MK, et al. Long-term alprazolam use: abuse, dependence or treatment? Psychopharmacol Bull. 1991;27(3):391-5.9) - Drug Evaluation: Alprazolam, Bromazepam. Englewood, Micromedex, Formato eletrônico, 2009. 10) - Revista Kairos Nº 245, Abril 2009. 11) – Close-up MAT março 2009.

cód.

XX

XX

8820 ESP SAUDE MENTAL 3.indd 8 25.05.09 15:13:43