ESTABILIDADE GLOBAL EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
ENGENHARIA CIVIL
ESTABILIDADE GLOBAL EM EDIFÍCIOS DE
MÚLTIPLOS ANDARES EM CONCRETO PRÉ-
MOLDADO COM LIGAÇÕES SEMIRRÍGIDAS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Michael Renê Mix Visintainer
Santa Maria, RS, Brasil
2014
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ESTABILIDADE GLOBAL EM EDIFÍCIOS DE
MÚLTIPLOS ANDARES EM CONCRETO PRÉ-
MOLDADO COM LIGAÇÕES SEMIRRÍGIDAS
Michael Renê Mix Visintainer
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Santa Maria como parte dos requisitos para obtenção
do grau de Engenheiro Civil.
Orientador: Prof. Dr. Gerson Moacyr Sisniegas Alva
Santa Maria, RS, Brasil
2014
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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Engenharia Civil
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova o Trabalho de Conclusão de Curso
ESTABILIDADE GLOBAL EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS ANDARES
EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO COM LIGAÇÕES SEMIRRÍGIDAS
elaborado por
Michael Renê Mix Visintainer
como requisito parcial para obtenção do grau de
Engenheiro Civil
COMISSÃO EXAMINADORA:
Gerson Moacyr Sisniegas Alva, Dr.
(Presidente/Orientador)
João Kaminski Junior, Dr. (UFSM)
Marco Antônio Silva Pinheiro, Dr. (UFSM)
Santa Maria, 19 de dezembro de 2014.
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Dedico este trabalho aos meus pais,
Nilson e Clarisse, e à minha irmã Thaiza.
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AGRADECIMENTOS
Ao professor Gerson Moacyr Sisniegas Alva, pela paciência, por aceitar meu convite
para ser meu orientador e por estar sempre disponível para ajudar mesmo possuindo diversas
tarefas para realizar.
À minha família que mesmo longe sempre procurou me apoiar, compreendendo os
momentos que deixei de estar com eles e investiram na minha educação.
Aos meus amigos que sempre estiveram ao meu lado e proporcionaram momentos de
descontração durante esses anos.
Aos meus colegas e professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal
de Santa Maria pelos cinco anos que vivenciamos juntos.
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RESUMO
Trabalho de Conclusão de Curso
Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria
ESTABILIDADE GLOBAL EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS ANDARES
EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO COM LIGAÇÕES SEMIRRÍGIDAS
AUTOR: MICHAEL RENÊ MIX VISINTAINER
ORIENTADOR: GERSON MOACYR SISNIEGAS ALVA
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 19 de dezembro de 2014.
Este trabalho apresenta um exemplo numérico que busca simular o efeito da
consideração do uso de ligações semirrígidas com armadura de continuidade na análise
estrutural de um edifício com 2, 4, 6, 8 e 10 pavimentos para obter o valor mínimo necessário
do fator de restrição à rotação para atender a estabilidade global. Além disso, foi determinado
quantitativamente a armadura negativa de continuidade necessária para cada valor do fator de
restrição encontrado. O comportamento semirrígido foi estimado com base no modelo analítico
proposto na bibliografia especializada, o qual permite a obtenção da rigidez secante da ligação
viga-pilar e com isso é possível obter o fator de restrição à rotação, corrigir a matriz de rigidez
do elemento e continuar normalmente a análise estrutural. Tratando-se de uma estrutura pré-
moldada, foram consideradas duas situações de cálculo devido a situação de transição das
ligações durante a sua construção. A primeira situação considera o peso próprio da viga e o
peso próprio da laje alveolar, sendo uma situação articulada. Já a segunda situação considera a
situação final, quando há a concretagem da capa e a viga é então submetida à sobrecarga, sendo
uma situação semirrígida. De acordo com os resultados, a consideração do comportamento
semirrígido proporcionou uma redução significativa do deslocamento horizontal no topo da
estrutura, garantindo a estabilidade global da estrutura, e dos momentos na base dos pilares
quando comparada com a situação articulada, o que possibilita a redução da seção dos pilares.
Palavras-chave: Ligações Semirrígidas. Concreto Pré-moldado. Estabilidade Global.
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ABSTRACT
Course Completion Assignment
Civil Engineering
Universidade Federal de Santa Maria
GLOBAL STABILITY IN MULTI-STORY BUILDINGS USING
PRECAST CONCRETE WITH SEMI-RIGID CONNECTIONS
AUTHOR: MICHAEL RENÊ MIX VISINTAINER
ADVISER: GERSON MOACYR SISNIEGAS ALVA
Defense Place and Date: Santa Maria, December 19nd, 2014.
The present research shows a numerical example that seeks to simulate the effect of the
consideration of semi-rigid connections with continuity reinforced bars in the structural analysis
of a building with 2, 4, 6, 8 and 10 stories to obtain the minimum rigidity factor value necessary
to attend the global stability. Furthermore, it was quantitatively determined the continuity
reinforced bars necessary for each rigidity factor value found. The semi-rigid behavior was
estimated using an analytical model from specialized bibliography where it is obtained the
secant stiffness of the beam-column connection and after that, it is possible to obtain the rigidity
factor, to correct the element stiffness matrix and continue normally the structural analysis. In
the case of a precast structure, it was considered two calculation situations due to connection
transition state during construction. The first one considers the beam own weight and the hollow
core slab own weight, being an articulated situation. The second one considers the final
situation, when there is the concrete structural topping and the beam is subjected to overload,
being a semi-rigid situation. According to the results, the consideration of the semi-rigid
behavior provided a significant reduction on the horizontal displacement at the top of the
structure, ensuring the global stability of the structure, and on the column base bending moment
compared to the articulated situation, allowing the reduction of the column cross section.
Key words: Semi-rigid Connections. Precast Concrete. Global Stability.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1– Ligação viga-pilar monolítica [FERREIRA et al. (2003)]. ................................... 16 Figura 2.2 – Pilar concreto no local e viga pré-moldada [FERREIRA et al. (2003)]. ............. 17 Figura 2.3 – Ligação viga-pilar articulada com almofada de elastômero sobre consolo
[FERREIRA (1993)]. ............................................................................................................... 17
Figura 2.4 – Ligação viga-pilar em apoio sobre consolo com almofada de elastômero
[FERREIRA (1993)]. ............................................................................................................... 18 Figura 2.5 – Ligação viga-pilar por meio de parafusos inclinados [SOARES (1998)]. ........... 19 Figura 2.6 – Pórtico estrutural para telhado de duas águas com a presença de tirante no topo dos
pilares. [SOARES (1998)]. ....................................................................................................... 19
Figura 2.7 – Ligação viga-pilar com armadura de continuidade [MIOTTO (2002)]. .............. 20 Figura 2.8 – Deformabilidade ao esforço (momento fletor) em uma ligação viga-pilar [El Debs
(2000 apud MIOTTO, 2002)]. .................................................................................................. 21 Figura 2.9 – Curva momento-rotação de uma ligação.............................................................. 22 Figura 2.10 – Fator de restrição à rotação [NBR 9062 (2006)]. ............................................... 24 Figura 2.11 – Curva momento rotação (esquerda) e exemplo de rotação medida no centro de
giro do apoio (direita) [NBR 9062 (2006)]. ............................................................................. 25 Figura 2.12 – Ligações viga-pilar com elastômero e chumbador, esquerda, e ligação viga-pilar
com chapas soldadas [FERREIRA (1999)]. ............................................................................. 28
Figura 2.13 – Mecanismos de deformação em ligações com armadura de continuidade
[FERREIRA et al. (2003)] ........................................................................................................ 30
Figura 2.14 – Ligação viga-pilar com armadura de continuidade e chumbador inclinado.
[BALDISSERA (2006)] ........................................................................................................... 31
Figura 2.15 – Comportamento isolado do chumbador e alterações para simplificação do modelo.
[AGUIAR (2010)] .................................................................................................................... 32
Figura 2.16 – Modelos utilizados por Aguiar no programa experimental piloto. [AGUIAR
(2010)] ...................................................................................................................................... 33 Figura 3.1 – Grandezas empregadas para o cálculo do coeficiente z. ..................................... 36
Figura 4.1 – Croqui da estrutura padrão. [Ferreira & El Debs (2003)] .................................... 38 Figura 4.2 – Ligação viga-pilar com armadura de continuidade. [MIOTTO (2002)]. ............. 39
Figura 4.3 – Combinação de ações considerando as duas etapas (dois pavimentos). .............. 42 Figura 4.4 – Combinação de ações para a segunda etapa (quatro pavimentos). ...................... 46 Figura 4.5 – Combinação de ações para a segunda etapa (seis pavimentos). .......................... 50
Figura 4.6 – Combinação de ações para a segunda etapa (oito pavimentos). .......................... 55
Figura 4.7 – Combinação de ações para a segunda etapa (dez pavimentos). ........................... 60
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LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 – Deformabilidade das juntas [adaptado de BARBOZA (2001)].......................... 29
Quadro 3.1 – Limites de deslocamentos horizontais globais. [NBR 9062 (2006)]. ................. 37 Quadro 4.1 – Fatores de redução da rigidez dos elementos. [Ferreira & El Debs (2003)] ...... 40 Quadro 4.2 – Seções transversais e propriedades dos materiais (dois pavimentos). ................ 41
Quadro 4.3 – Cálculo de z para R=0,04 (dois pavimentos). .................................................. 43
Quadro 4.4 – Deslocamentos horizontais globais para R=0,04 (dois pavimentos). ............... 43 Quadro 4.5 – Fatores de restrição a rotação determinados para a solução adotada tanto para
pilares de extemidade e internos (dois pavimentos). ................................................................ 45
Quadro 4.6 – Cálculo de z para a solução final adotada (dois pavimentos). ........................... 45 Quadro 4.7 – Seções transversais e propriedades dos materiais (quatro pavimentos). ............ 46
Quadro 4.8 – Cálculo de z para R=0,16 (quatro pavimentos). ............................................... 47
Quadro 4.9 – Deslocamentos horizontais globais para R=0,16 (quatro pavimentos). ............ 47 Quadro 4.10 – Fatores de restrição a rotação determinados para a solução adotada tanto para
pilares de extremidade e internos (quatro pavimentos). ........................................................... 49 Quadro 4.11 – Cálculo de z para a solução final adotada (quatro pavimentos). ..................... 49
Quadro 4.12 – Seções transversais e propriedades dos materiais (seis pavimentos). .............. 50
Quadro 4.13 – Cálculo de z para R=0,27 (seis pavimentos). ................................................. 51
Quadro 4.14 – Deslocamentos horizontais globais para R=0,27 (6 pavimentos). .................. 51 Quadro 4.15 – Fatores de restrição à rotação determinados para a solução adotada tanto para
pilares de extremidade e internos (seis pavimentos). ............................................................... 53
Quadro 4.16 – Cálculo de z para a solução final adotada (seis pavimentos). .......................... 54 Quadro 4.17 – Seções transversais e propriedades dos materiais (oito pavimentos). .............. 54
Quadro 4.18 – Cálculo de z para R=0,40 (oito pavimentos). ................................................. 56
Quadro 4.19 – Deslocamentos horizontais globais para R=0,40 (oito pavimentos). .............. 56 Quadro 4.20 – Fatores de restrição à rotação determinados para a solução adotada tanto para
pilares de extemidade e internos (oito pavimentos). ................................................................ 58 Quadro 4.21 - Cálculo de z para a solução final adotada (oito pavimentos). .......................... 59
Quadro 4.22 – Seções transversais e propriedades dos materiais (dez pavimentos). ............... 59
Quadro 4.23 – Cálculo de z para R=0,46 (dez pavimentos). ................................................. 61
Quadro 4.24 – Deslocamentos horizontais globais para R=0,46 (dez pavimentos). .............. 61 Quadro 4.25 – Fatores de restrição à rotação determinados para a solução adotada tanto para
pilares de extemidade e internos (dez pavimentos). ................................................................. 64
Quadro 4.26 – Cálculo de z para a solução final adotada (dez pavimentos). .......................... 64
Quadro 4.27 – Quadro resumo dos deslocamentos horizontais das simulações feitas. ............ 66 Quadro 4.28 – Quadro resumo das simulações feitas. .............................................................. 67 Quadro 4.29 – Resumo dos momentos máximos nas bases dos pilares (valores em kN.m). ... 68
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 4.1 – Momento resistente e solicitante versus área de armadura de continuidade da viga,
para ligações com pilares de extremidade e internos (dois pavimentos). ................................. 44
Gráfico 4.2 – Fatores de restrição a rotação versus área de armadura de continuidade da viga
(dois pavimentos). .................................................................................................................... 44 Gráfico 4.3 – Momento resistente e solicitante versus área de armadura de continuidade da viga,
para ligações com pilares de extremidade e internos (quatro pavimentos). ............................. 48 Gráfico 4.4 – Fatores de restrição a rotação versus área de armadura de continuidade da viga
(quatro pavimentos). ................................................................................................................. 48 Gráfico 4.5 – Momento resistente e solicitante versus área de armadura de continuidade da viga,
para ligações com pilares de extremidade e internos (seis pavimentos). ................................. 52
Gráfico 4.6 – Fatores de restrição a rotação versus área de armadura de continuidade da viga
(seis pavimentos). ..................................................................................................................... 53 Gráfico 4.7 – Momento resistente e solicitante versus área de armadura de continuidade da viga,
para ligações com pilares de extremidade e internos (oito pavimentos). ................................. 57 Gráfico 4.8 – Fatores de restrição a rotação versus área de armadura de continuidade da viga
(oito pavimentos). ..................................................................................................................... 58
Gráfico 4.9 – Momento resistente e solicitante versus área de armadura de continuidade da viga,
para ligações com pilares de extremidade e internos (dez pavimentos). .................................. 63 Gráfico 4.10 – Fatores de restrição a rotação versus área de armadura de continuidade da viga
(dez pavimentos)....................................................................................................................... 63 Gráfico 4.11 – Fator de restrição mínimo para z = 1,30. ......................................................... 65
Gráfico 4.12 – Comparações das flechas horizontais para os edifícios simulados (rígido e
semirrígido). ............................................................................................................................. 67
Gráfico 4.13 – Fator de restrição para o caso de utilização de armadura mínima de continuidade.
.................................................................................................................................................. 68
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11 1.1 Considerações iniciais .................................................................................................. 11 1.2 Objetivos ....................................................................................................................... 12 1.2.1 Objetivos gerais ............................................................................................................ 12
1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................................... 13 1.3 Justificativa ................................................................................................................... 13 1.4 Metodologia .................................................................................................................. 13
2 LIGAÇÕES VIGA-PILAR SEMIRRÍGIDAS EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO ................................................................................................................. 15
2.1 Ligações viga-pilar usuais em estruturas reticuladas .................................................... 15 2.1.1 Ligação viga-pilar monolítica ....................................................................................... 15
2.1.2 Ligação viga-pilar com viga pré-moldada e pilar moldado na obra ............................. 16 2.1.3 Ligação viga-pilar com almofada de apoio sobre consolo ........................................... 17 2.1.4 Ligação viga-pilar com almofada de elastômero consolo e chumbador ....................... 18 2.1.5 Ligação viga-pilar por meio de chumbadores ou parafusos inclinado ......................... 18
2.1.6 Ligação viga-pilar com almofada de apoio, conector (chumbador) e armadura de continuidade .................................................................................................................. 20
2.2 Deformabilidade das ligações ....................................................................................... 21
2.3 Rigidez ao momento fletor de ligações semirrígidas .................................................... 22
2.3.1 Determinação da curva momento-rotação .................................................................... 22
2.3.2 Fator de restrição à rotação (αR) ................................................................................... 24 2.3.3 Rigidez secante ao momento fletor da ligação viga-pilar ............................................. 25 2.3.4 Procedimento para análise dos esforços considerando a semirrigidez das ligações. .... 26 2.3.4.1 Matriz de rigidez corrigida ........................................................................................... 26
2.4 Pesquisas nacionais sobre ligações em estruturas de concreto pré-moldado ............... 28
3 ESTABILIDADE GLOBAL ...................................................................................... 34 3.1 Efeitos globais de segunda ordem ................................................................................ 34
3.2 Coeficiente z ................................................................................................................ 35
3.3 Estado Limite de Deformação Horizontal Excessiva ................................................... 36
4 EXEMPLOS NUMÉRICOS ...................................................................................... 38 4.1 Edifício com 2 pavimentos ........................................................................................... 41 4.2 Edifício com 4 pavimentos ........................................................................................... 45 4.3 Edifício com 6 pavimentos ........................................................................................... 49 4.4 Edifício com 8 pavimentos ........................................................................................... 54 4.5 Edifício com 10 pavimentos ......................................................................................... 59
4.6 Comparações ................................................................................................................. 65
5 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 71
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1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações iniciais
A procura constante pela eficiência, produtividade e menor desperdício de materiais na
construção civil, torna o sistema construtivo de concreto pré-moldado cada vez mais visado,
mas a falta de conhecimento do comportamento das ligações dificulta seu uso.
As ligações de elementos pré-moldados, em geral, possuem um comportamento
intermediário entre o comportamento perfeitamente rígido e o perfeitamente articulado, sendo
portanto consideradas como ligações semirrígidas.
Apesar das ligações articuladas serem, em geral, com execução mais simples, elas tem
pouca capacidade de redistribuição dos esforços e os pilares são mais solicitados à flexão,
ocasionando dimensões da estrutura elevadas para resistir às solicitações. Já as ligações rígidas
demandam maior tempo de execução e produzem estruturas com comportamento próximo ao
de estruturas de concreto moldadas no local.
Devido à grande possibilidade de arranjo entre os componentes de ligação, existem no
mercado diversos modelos de ligação viga-pilar, podendo-se citar: i) ligação viga-pilar com
almofada de apoio sobre consolo, muito utilizada em galpões pré-moldados e podendo ainda
contar com a presença de chumbador; ii) ligação viga-pilar por meio de chumbadores ou
parafusos inclinados, utilizado em galpões com telhados de duas águas; e iii) ligação viga-pilar
com almofada de apoio, conector (chumbador) e armadura de continuidade, que permite a
transferência de momento fletor e consequentemente sua utilização para edifícios de múltiplos
pavimentos.
Para considerar a semirrigidez das ligações viga-pilar em elementos pré-moldados onde
o esforço predominante é o momento fletor, utiliza-se a rigidez secante da ligação, descrita pela
curva momento-rotação. A dificuldade encontra-se que a melhor maneira de determinar a curva
momento-rotação é através de ensaios em laboratórios, mas essa prática requer um alto
investimento e tempo, sendo a aplicação de modelos analíticos uma alternativa, mas que, de
qualquer forma, exigem comprovação experimental.
Com base na rigidez secante da ligação, pode-se obter o fator de restrição à rotação αR,
definido pela NBR 9062 (2006, p. 5), que dá uma sensibilidade ao projetista para definir se a
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ligação está mais próxima do comportamento rígido ou articulado e permite ainda ser o
parâmetro de entrada para corrigir a matriz de rigidez dos elementos e considerar a semirrigidez
na análise estrutural.
No Brasil, devido à pouca disponibilidade de dados sobre estruturas pré-moldadas, um
estado-da-arte foi escrito por Ballarin (1993), o qual apresentou as principais necessidades de
pesquisa nessa área.
Depois disso, diversos autores, principalmente da Escola de Engenharia de São Carlos
da Universidade de São Paulo (EESC-USP), contribuíram para aumentar o conhecimento na
área de ligações semirrígidas, dando destaque à Ferreira (1993) que desenvolveu um estudo
teórico sobre algumas ligações pré-moldadas e posteriormente Ferreira (1999) deu continuidade
ao seu trabalho. Miotto (2002) também deu grande contribuição ao estudar uma ligação que
pode ser utilizada para edifícios de múltiplos pavimentos, executada com almofada de apoio,
chumbador e armadura de continuidade.
Segundo Marin (2009) a utilização do sistema construtivo em concreto pré-moldado
teve seu uso restringido a edificações de pequeno porte, pois a consideração de ligações
articuladas ocasiona maior deslocabilidade horizontal, o que pode ocasionar problemas de
estabilidade, especialmente o aumento dos efeitos globais de segunda ordem.
Os efeitos de primeira ordem são obtidos pela análise da estrutura na sua configuração
indeformada. Já os efeitos de segunda ordem se somam aos de primeira ordem e são obtidos
pela análise da estrutura em sua configuração deformada, sendo o coeficiente z o mais utilizado
para o cálculo aproximado dos efeitos de segunda ordem.
É importante lembrar que, segundo a NBR 9062 (2006), nos casos em que a estrutura
cujas ligações sejam semirrígidas, a análise estrutural deve obrigatoriamente levar em conta os
efeitos de segunda ordem. A NBR 9062 (2006) ainda estabelece os valores limites para o Estado
Limite de Serviço para evitar a deformação horizontal excessiva da estrutura.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivos gerais
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O objetivo geral do presente trabalho consiste em simular o efeito de se considerar as
ligações viga-pilar como semirrígidas com armadura de continuidade para edifícios com 2, 4,
6, 8 e 10 pavimentos com base no edifício padrão do trabalho publicado por Ferreira & El Debs
(2003).
1.2.2 Objetivos específicos
Obter os valores mínimos do fator de restrição das ligações para evitar efeitos
globais de segunda ordem exagerados (neste trabalho, empregou-se o limite de z =
1,30);
Verificar se os valores mínimos do fator de restrição das ligações atendem também
o Estado Limite de Serviço da NBR 9062 (2006);
Determinar uma possível solução de armadura de continuidade e fazer uma
comparação com os valores obtidos;
1.3 Justificativa
Devido à dificuldade de se considerar a semirrigidez das ligações nos projetos
estruturais usuais, a escolha do tema justifica-se para um melhor entendimento sobre a
consideração das ligações semirrígidas, sua importância e economia proporcionada.
1.4 Metodologia
Para alcançar os objetivos citados anteriormente, foi utilizada a seguinte metodologia
de trabalho:
a) Revisão bibliográfica:
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Através da revisão bibliográfica foi realizado um levantamento na literatura técnica
sobre ligações semirrígidas em elementos de concreto pré-moldado e sua influência
na estabilidade global do edifício.
b) Simulação numérica
Os edifícios com ligações rígidas e articuladas foram simulados através do auxílio
do software Ftool, disponibilizado gratuitamente no site da PUC-Rio, e o software
PPLANO-LINEAR, desenvolvido na linguagem Fortran PowerStation versão 6 e
disponibilizado pelo professor orientador, podendo então considerar a semirrigidez
da ligação ao corrigir a matriz de rigidez do elemento de pórtico plano. A forma de
encontrar o mínimo valor de 𝛼𝑅 requerido para atender as condições foi por tentativa
e erro com o uso do PPLANO-LINEAR.
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2 LIGAÇÕES VIGA-PILAR SEMIRRÍGIDAS EM CONCRETO PRÉ-
MOLDADO
As ligações consistem de vital importância no campo das estruturas pré-moldadas, uma
vez que segundo Ferreira (1993) “o desempenho da estrutura está intimamente ligado à
eficiência das suas ligações. [...] As ligações são importantes, ainda, no que diz respeito à
dissipação de energia e redistribuição dos esforços”.
Em geral, na análise estrutural, o engenheiro costuma definir as ligações de uma
estrutura como “rígidas” ou “articuladas”, mas na realidade sabe-se que as ligações
consideradas “rígidas” apresentam deformações à flexão e cisalhamento e as ligações chamadas
de “articuladas” apresentam certa rigidez à flexão. Portanto, o correto é que as ligações que
apresentam um comportamento intermediário entre “perfeitamente rígido” e “perfeitamente
articulado” sejam chamadas de ligações semirrígidas.
Miotto (2002) cita que os primeiros estudos sobre ligações semirrígidas datam de 1917
realizados por Wilson e Moore, onde os pesquisadores realizaram testes para determinar a
rigidez de ligações viga-pilar rebitadas em estruturas metálicas. Porém, devido à alta
complexidade dos cálculos e a falta de dados suficientes confiáveis, a análise estrutural
considerando o comportamento real das ligações foi evitada.
2.1 Ligações viga-pilar usuais em estruturas reticuladas
Entre as diversas ligações viga-pilar usuais, pode-se citar:
2.1.1 Ligação viga-pilar monolítica
Mesmo não sendo constituídas por elementos pré-moldados, uma vez que a viga e o
pilar são moldados no local, a ligação viga-pilar monolítica serve como referência quando se
analisa a rigidez das ligações semirrígidas.
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Geralmente esse tipo de ligação, como mostrado na Figura 2.1, é considerada nas
análises como perfeitamente rígida por possuir elevada rigidez, possibilitando a transferência
de momentos fletores entre viga-pilar.
É importante lembrar que esse tipo de ligação necessita de fôrmas e escoramento,
podendo levar a um aumento de custo na obra, mas ela possibilita a construção de edifícios de
múltiplos pavimentos, como é usualmente empregada.
Figura 2.1– Ligação viga-pilar monolítica [FERREIRA et al. (2003)].
2.1.2 Ligação viga-pilar com viga pré-moldada e pilar moldado na obra
Simulando uma ligação monolítica, esse tipo de ligação constitui-se de uma viga pré-
moldada com presença de barras salientes, conforme a Figura 2.2, que são utilizados para
solidarização com o pilar moldado na obra.
Da mesma forma que a ligação monolítica, esse tipo de ligação necessita de fôrmas e
escoramento para a concretagem do pilar.
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Figura 2.2 – Pilar concreto no local e viga pré-moldada [FERREIRA et al. (2003)].
2.1.3 Ligação viga-pilar com almofada de apoio sobre consolo
Esse tipo de ligação possui um processo de montagem muito simples em que há presença
de elastômero na interface viga-consolo, conforme mostra a Figura 2.3. Segundo Ferreira
(1993) esse tipo de ligação é uma solução utilizada em galpões pré-moldados de concreto e
ainda cita que elastômeros não fretados são empregados com maior frequência em estruturas
correntes, já para cargas mais elevadas é aconselhável utilizar elastômeros fretados.
Figura 2.3 – Ligação viga-pilar articulada com almofada de elastômero sobre consolo [FERREIRA (1993)].
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2.1.4 Ligação viga-pilar com almofada de elastômero consolo e chumbador
A adição do chumbador, conforme Ferreira (1993), é para garantir a estabilidade lateral
do elemento, mas ao preencher os furos com grout expansivo, há a solidarização do chumbador
com o elemento, ocasionando uma pequena restrição aos deslocamentos da viga.
Consequentemente o chumbador deve resistir a esforços horizontais (Figura 2.4).
Figura 2.4 – Ligação viga-pilar em apoio sobre consolo com almofada de elastômero [FERREIRA (1993)].
2.1.5 Ligação viga-pilar por meio de chumbadores ou parafusos inclinado
Essa ligação, conforme a Figura 2.5, é muito utilizada em galpões de telhados de duas
águas, tendo um bom desempenho para estruturas de depósitos comerciais. Segundo Soares
(1998), os galpões de telhados de duas águas possuem destinação para depósitos comerciais e
caracterizam-se por serem térreas com grandes dimensões em planta.
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Figura 2.5 – Ligação viga-pilar por meio de parafusos inclinados [SOARES (1998)].
Ferreira (1993) destaca que essa ligação não oferece muita rigidez e seu
dimensionamento é usualmente adotado como uma ligação articulada. Há ainda a possibilidade
de utilizar tirantes (Figura 2.6) que aliviam as solicitações atuantes nos nós.
Figura 2.6 – Pórtico estrutural para telhado de duas águas com a presença de tirante no topo dos pilares.
[SOARES (1998)].
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2.1.6 Ligação viga-pilar com almofada de apoio, conector (chumbador) e armadura de
continuidade
Diferente das ligações apresentadas anteriormente, a presença da armadura longitudinal
passando dentro do pilar (Figura 2.7) permite a transferência de momento fletor entre viga-
pilar. A transferência de esforços possibilita a construção de pavimentos de múltiplos andares,
o que será objeto de estudo do presente trabalho, e ainda a redução dos esforços na base dos
pilares.
Figura 2.7 – Ligação viga-pilar com armadura de continuidade [MIOTTO (2002)].
Segundo Miotto (2002), que estudou esse tipo de ligação em sua tese de doutorado, a
presença da armadura de continuidade garante uma boa transferência de momento fletor
negativo devido às ações laterais.
É importante ressaltar que nesse tipo de ligação é possível utilizar lajes alveolares com
posterior concretagem da capa. Esse tipo de laje possibilita um alto rendimento de construção
além de uma economia nos materiais e mão-de-obra, que são elementos essenciais em
estruturas pré-moldadas.
-
21
2.2 Deformabilidade das ligações
O parâmetro de deformabilidade é utilizado para levar em conta o comportamento
semirrígido das ligações de concreto pré-moldado, onde, segundo El Debs (2000 apud
MIOTTO, 2002, p. 10), uma ligação indeformável é aquela em que não há giro relativo entre
os elementos causado por um momento unitário, sendo portanto uma ligação perfeitamente
rígida. Já a ligação perfeitamente articulada possui giro relativo entre os elementos que
compõem a ligação causado por um momento unitário (Figura 2.8).
Figura 2.8 – Deformabilidade ao esforço (momento fletor) em uma ligação viga-pilar [El Debs (2000 apud
MIOTTO, 2002)].
Nota-se pela Figura 2.1 que a deformabilidade pode ser expressa por:
𝐷𝑚 =𝜙
𝑀 (2.1)
Já a rigidez é o inverso da deformabilidade, logo:
𝐾𝑚 =𝑀
𝜙 (2.1)
Sendo:
𝐷𝑚 – deformabilidade ao momento fletor;
𝜙 – rotação relativa entre os elementos presentes;
M – momento fletor solicitante na ligação;
𝐾𝑚 – rigidez ao momento fletor da ligação
-
22
2.3 Rigidez ao momento fletor de ligações semirrígidas
A rigidez de uma ligação pode ser obtida através do diagrama momento-rotação,
sendo que cada arranjo de dipositivos irá possuir sua própria curva, podendo se aproximar de
uma ligação perfeitamente rígida ou perfeitamente articulada.
Um exemplo de curva momento-rotação é mostrado na Figura 2.9, onde se encontram
os diagramas para ligações perfeitamente rígidas, semirrígidas e perfeitamente articuladas.
Figura 2.9 – Curva momento-rotação de uma ligação.
2.3.1 Determinação da curva momento-rotação
A obtenção da curva momento-rotação pode ser feita de diversas formas, sendo que a
melhor maneira é através de ensaios físicos por meio de modelos em escala real ou até mesmo
reduzida. Porém essa técnica requer muito investimento e tempo, ficando limitado à atividades
de pesquisa.
Jaspart (2000) comenta que devido a essa dificuldade em considerar as ligações
semirrígidas nas análises, o projetista fica fortemente incentivado para escolher pelo “tudo ou
nada”, referindo-se à escolher entre as ligações perfeitamente rígidas ou perfeitamente
articuladas, sendo que a análise como uma estrutura semirrígida pode trazer benefícios.
-
23
Outra maneira de se obter a curva momento-rotação é através de modelos matemáticos,
que segundo Jaspart (2000), podem ser classificados como:
a) aproximação à uma curva (“curve fitting”): consiste em obter a curva momento-
rotação através de uma aproximação matemática obtida por meio de testes em
laboratórios ou simulações numéricas. Sua vantagem é a de representar com
precisão as curvas momento-rotação, podendo aplicar em programas de análise
estrutural, mas a aproximação só é válida para a ligação estudada, portanto ela
não é válida ao alterar a geometria ou os parâmetros mecânicos dos aparelhos da
ligação original;
b) modelos analíticos simplificados (“simplified analytical models”): esse método
necessita do conhecimento das propriedades mecânicas e geométricas da
ligação, onde a curva momento-rotação é determinada através dos valores
característicos da ligação, como deformabilidade inicial, momento resistente de
projeto, etc. A determinação da deformabilidade é feito a partir da idealização
da posição deformada, onde é possível associar os mecanismos básicos de
deformação (Método dos Componentes). O método é considerado uma
simplificação do método por modelos mecânicos (item c) e a sua verificação é
feita comparando os dados experimentais com as simulações numéricas.;
c) modelos mecânicos (“mechanical models”): consiste em representar o
comportamento da ligação através da associação de seus elementos rígidos e
deformáveis, onde o comportamento da ligação é o resultado da associação dos
elementos isolados. A desvantagem desse método é a necessidade da utilização
de programas computacionais para gerar a curva momento-rotação;
d) análise pelo Método dos Elementos Finitos (“finite elements analysis”): consiste
em realizar simulações numéricas a partir do Método dos Elementos Finitos,
sendo capaz de simular respostas não-lineares das ligações, podendo ser feita em
2D ou 3D, e ainda considerar a ação de chumbadores, contato entre os materiais
e escorregamento. Miotto (2002) ainda cita que a utilização desse método acaba
sendo restrita aos pesquisadores devido a problemas no desenvolvimento de
modelos que simulem o comportamento real da estrutura;
-
24
2.3.2 Fator de restrição à rotação (αR)
O fator de restrição à rotação αR, segundo a NBR 9062 (2006, p. 5) “define a rigidez
relativa de cada ligação da extremidade do elemento conectado” e é expresso por:
𝛼𝑅 =1
1+3(𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐𝑅𝑠𝑒𝑐.𝐿𝑒𝑓
=𝜃1
𝜃2 (2.3)
onde:
(𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 – rigidez secante da viga conforme a ABNT NBR 6118;
𝐿𝑒𝑓 – vão efetivo entre os apoios, ou seja, a distância entre centros de giros nos apoios;
𝑅𝑠𝑒𝑐 – rigidez secante ao momento fletor da ligação viga-pilar;
A NBR 9062 (2006) ainda cita que “o fator de restrição à rotação pode ser interpretado
como a relação da rotação 𝜃1 da extremidade do elemento em relação à rotação combinada 𝜃2
do elemento e da ligação devido ao momento de extremidade”.
Essa interpretação pode ser melhor visualizada através da Figura 2.10.
Figura 2.10 – Fator de restrição à rotação [NBR 9062 (2006)].
Nota-se que caso o valor de 𝛼𝑅 seja igual ao valor “1”, significa que a rotação da
extremidade do elemento é a mesma que a rotação combinada do elemento e da ligação, logo a
-
25
ligação pode ser entendida como perfeitamente rígida. Sendo válido o pensamento contrário,
pois para o valor de 𝛼𝑅 = 0, tem-se uma ligação perfeitamente articulada.
A NBR 9062 (2006) considera que as ligações com fator de restrição à rotação menor
ou igual a 0,15 podem ser consideradas como ligações articuladas, já as ligações com fator de
restrição à rotação entre 0,15 e 0,85 são classificadas como semirrígidas e acima de 0,85 elas
são consideradas como ligações rígidas.
2.3.3 Rigidez secante ao momento fletor da ligação viga-pilar
Segundo a NBR 9062 (2006), “A rigidez ao momento fletor de uma ligação viga-pilar
é definida pela sua relação momento-rotação. A resposta não linear das ligações pode ser feita
com base na análise linear utilizando a rigidez secante”. A NBR 9062 (2006) ainda cita que a
rotação deve ser medida no centro de giro do apoio, conforme a Figura 2.11.
Figura 2.11 – Curva momento rotação (esquerda) e exemplo de rotação medida no centro de giro do apoio
(direita) [NBR 9062 (2006)].
-
26
2.3.4 Procedimento para análise dos esforços considerando a semirrigidez das ligações.
O procedimento para obtenção de esforços de uma estrutura é comumente feito através
do “método da rigidez” por ser um método que permite a automação através da computação.
Nesse método, “a força {P} atuante nos nós da estrutura, está relacionada aos deslocamentos
dos nós {Δ}” (KERMANY, 1996, p. 25, tradução nossa) na forma:
{P}=[K]{ Δ} (2.4)
A matriz [K] é chamada de matriz de rigidez global e ela é montada com base na matriz
de rigidez de cada barra que compõe a estrutura, chamada nesse caso de [Ke], como por
exemplo, a matriz de rigidez de uma barra de um pórtico plano no sistema de referência local é
dada por:
[𝐾𝑒] =
[
𝐸𝐴/𝐿 0 0
0 12𝐸𝐼/𝐿³ 6𝐸𝐼/𝐿²
0 6𝐸𝐼/𝐿² 4𝐸𝐼/𝐿−𝐸𝐴/𝐿 0 0
0 −12𝐸𝐼/𝐿³ −6𝐸𝐼/𝐿²
0 6𝐸𝐼/𝐿² 2𝐸𝐼/𝐿
−𝐸𝐴/𝐿 0 0
0 −12𝐸𝐼/𝐿³ 6𝐸𝐼/𝐿²
0 −6𝐸𝐼/𝐿² 2𝐸𝐼/𝐿𝐸𝐴/𝐿 0 0
0 12𝐸𝐼/𝐿³ −6𝐸𝐼/𝐿²
0 −6𝐸𝐼/𝐿² 4𝐸𝐼/𝐿 ]
2.3.4.1 Matriz de rigidez corrigida
Para considerar a semirrigidez de uma ligação, Monforton & Wu (1963 apud
KERMANY, 1996), propõem corrigir a matriz de rigidez de cada barra [Ke] multiplicando por
uma matriz de correção [C] que leva em consideração o fator de restrição à rotação das
extremidades “i” e “j” da barra e ainda o fator de restrição ao deslocamento axial das
extremidades “i” e “j” da barra.
Como exemplo, tem-se a matriz de rigidez corrigida [Kc] para uma barra de um pórtico
plano:
-
27
[𝐾𝑐] =
[
𝐸𝐴
𝐿𝐶11 0 0
012𝐸𝐼
𝐿³𝐶22
6𝐸𝐼
𝐿²𝐶23
06𝐸𝐼
𝐿²𝐶32
4𝐸𝐼
𝐿𝐶33
−𝐸𝐴
𝐿𝐶41 0 0
0 −12𝐸𝐼
𝐿³𝐶52 −
6𝐸𝐼
𝐿²𝐶53
06𝐸𝐼
𝐿²𝐶62
2𝐸𝐼
𝐿𝐶63
−𝐸𝐴
𝐿𝐶14 0 0
0 −12𝐸𝐼
𝐿³𝐶25
6𝐸𝐼
𝐿²𝐶26
0 −6𝐸𝐼
𝐿²𝐶35
2𝐸𝐼
𝐿𝐶36
𝐸𝐴
𝐿𝐶44 0 0
012𝐸𝐼
𝐿³𝐶55 −
6𝐸𝐼
𝐿²𝐶56
0 −6𝐸𝐼
𝐿²𝐶64
4𝐸𝐼
𝐿𝐶66 ]
Onde,
𝐶11 = 𝐶41 = 𝛽𝑖
𝐶14 = 𝐶44 = 𝛽𝑗
𝐶22 = 𝐶25 = 𝐶52 = 𝐶55 =𝛼𝑖+𝛼𝑗+𝛼𝑖𝛼𝑗
4−𝛼𝑖𝛼𝑗
𝐶23 = 𝐶35 = 𝐶32 = 𝐶53 =𝛼𝑖(2+𝛼𝑗)
4−𝛼𝑖𝛼𝑗
𝐶26 = 𝐶56 = 𝐶62 = 𝐶65 =𝛼𝑗(2+𝛼𝑖)
4−𝛼𝑖𝛼𝑗
𝐶33 =3𝛼𝑖
4−𝛼𝑖𝛼𝑗
𝐶66 =3𝛼𝑗
4−𝛼𝑖𝛼𝑗
𝐶36 = 𝐶63 =3𝛼𝑖𝛼𝑗
4−𝛼𝑖𝛼𝑗
𝛽𝑖 e 𝛽𝑗 são os fatores de restrição ao deslocamento axial das extremidades e 𝛼𝑖 e 𝛼𝑗 são
os fatores de restrição à rotação das extremidades “i” e “j” da barra. Além disso, destaca-se que
a matriz de rigidez corrigida é simétrica.
Nota-se que a presença do fator de restrição nas duas extremidades da barra, dá a
liberdade de adotar fatores de restrição diferentes, caso necessário, e que após a correção da
matriz, a análise estrutural continua pelo seu processo convencional.
-
28
2.4 Pesquisas nacionais sobre ligações em estruturas de concreto pré-moldado
Com pouca disponibilidade de dados sobre estruturas pré-moldadas no Brasil, Ballarin
(1993) escreveu em sua tese de Doutorado um estado-da-arte, reunindo um levantamento
bibliográfico sobre as ligações de elementos estruturais pré-fabricados e apresentou as
principais necessidades de pesquisa nessa área.
No mesmo ano, Ferreira (1993) desenvolveu analiticamente as deformabilidades de
algumas ligações em concreto pré-moldado, apresentando inclusive exemplos com simulações
numéricas para a análise de pórticos pré-moldados de concreto. Já Ferreira (1999) estudou duas
ligações viga-pilar semirrígidas, sendo uma ligação com almofada de elastômero e chumbador,
e a segunda ligação com chapas soldadas, conforme mostra a Figura 2.12.
Figura 2.12 – Ligações viga-pilar com elastômero e chumbador, esquerda, e ligação viga-pilar com chapas
soldadas [FERREIRA (1999)].
Soares (1998) em sua dissertação de mestrado realizou simulações numéricas, através
do Método dos Elementos Finitos, e ensaios físicos para determinar a deformabilidade das
ligações de pórticos planos pré-fabricados de concreto com sistema estrutural para telhado de
duas águas (Figura 2.5). Como conclusão, Soares (1998) afirma que “a análise linear de ligações
entre elementos pré-moldados de concreto não é representativa do comportamento em serviço
da ligação”, enfatizando que estudos futuros podem levar a um modelo de análise não-linear
mais real da ligação viga-pilar.
-
29
Nas simulações numéricas realizadas por Soares (1998), ocorreu a redução dos
momentos fletores atuantes na ligação-viga pilar na ordem de 12%, comparando com a
condição de consideração de engastamento perfeito, no caso do carregamentos de serviço e já
para o caso de carregamentos últimos, a ligação foi capaz de transmitir 81% do momento fletor.
Barboza (2001) realizou a análise teórico-experimental do comportamento de juntas de
argamassa solicitadas à compressão com o objetivo de caracterizar a deformabilidade e a
resistência da junta.
Através dos ensaios realizados por Barboza (2001) chegou-se à conclusão que uma junta
de espessura de 22,5 mm apresentou uma deformabilidade menor (Quadro 2.1), destacando que
nesses casos não só houve influência da espessura, mas também das condições de execução que
resultou na existência de vazios na junta. Barboza (2001) ainda destaca que o material utilizado
para preenchimento da junta também deve ter alta resistência quando utilizado concreto de alta
resistência para os elementos pré-moldados.
Espessura de junta (mm) Deformabilidade da junta (m/MPa)
15 1,05x10-4
22,5 0,11x10-4
30 1,50x10-4 Quadro 2.1 – Deformabilidade das juntas [adaptado de BARBOZA (2001)]
Miotto (2002) estudou duas ligações viga-pilar de estruturas de concreto pré-moldados,
sendo uma delas representada pela Figura 2.7, dando ênfase na deformabilidade ao momento
fletor. Com base nos ensaios experimentais realizados, Miotto (2002) propôs modelos analíticos
através do Método dos Componentes e realizou simulações numéricas com base no Método dos
Elementos Finitos, obtendo curvas momento-rotação teóricas muito próximas das obtidas
experimentalmente para as duas ligações estudadas.
A primeira ligação estudada por Miotto (2002) foi uma continuação do trabalho
realizado por Soares (1998) e apresentou a capacidade de transmitir cerca de 90% dos
momentos fletores atuantes em ambos os sentidos, ou seja, apresentando um comportamento
próximo ao de uma ligação perfeitamente rígida. Para a segunda ligação (Figura 2.7), Miotto
(2002) realizou ensaios para diferentes sentidos de momento fletor e observou que o momento
fletor resistente positivo foi da ordem de 20% do momento fletor resistente negativo.
Ferreira et al. (2003) confrontaram o modelo teórico apresentado com modelos
experimentais para a determinação da relação momento-rotação em ligações viga-pilar com
-
30
armadura de continuidade para resistência à flexão. O modelo teórico apresenta que a ligação é
definida como uma região de distúrbio na extremidade da viga com concentração de tensões
inelásticas, formando um mecanismo de rótula plástica (Figura 2.13). Além disso, o mecanismo
de abertura de junta deve ocorrer com taxas de armadura muito pequenas e segundo Ferreira et
al. (2003), o mecanismo de formação de rótula plástica é o que geralmente ocorre nas ligações
resistentes à flexão.
a) Mecanismo de abertura de junta b) Mecanismo de formação de rótula plástica
Figura 2.13 – Mecanismos de deformação em ligações com armadura de continuidade [FERREIRA et al.
(2003)]
Ao comparar os valores teóricos e experimentais, Ferreira et al. (2003) concluíram que
o modelo teórico permitiu uma boa aproximação para a rigidez secante e portanto não são
necessários a realização de novos ensaios.
Ferreira & El Debs (2003) apresentam um exemplo numérico de uma estrutura pré-
moldada de múltiplos pavimentos considerando a análise com ligações semirrígidas, servindo
como base para o presente trabalho. Ainda segundo Ferreira & El Debs (2003) ao considerar o
comportamento semirrígido das ligações viga-pilar, ocorre uma redução significativa dos
momentos na base dos pilares e nos deslocamentos horizontais no topo, comparando com a
situação articulada.
Souza (2006) em sua dissertação de mestrado considerou experimentalmente o
comportamento conjunto de uma viga pré-moldada de concreto e de suas ligações viga-pilar a
partir de um único ensaio.
No mesmo ano, Baldissera (2006) realizou ensaios com dois modelos de ligação viga-
pilar com armadura de continuidade semelhante ao estudado por Miotto (2002), tendo como
diferença a mudança do chumbador retilíneo para um chumbador inclinado (Figura 2.14). O
-
31
objetivo da inclinação do chumbador foi de melhorar o comportamento da ligação quando
submetida a um momento fletor positivo. Um dos modelos consistia de pilar de extremidade e
o outro de pilar intermediário
Figura 2.14 – Ligação viga-pilar com armadura de continuidade e chumbador inclinado. [BALDISSERA
(2006)]
Baldissera (2006) concluiu que a ligação viga-pilar estudada possui uma boa capacidade
de transmissão dos momentos fletores negativos e que o momento resistente positivo para o
pilar intermediário foi na ordem de 60% do momento negativo e de 85% para o pilar de
extremidade.
Kataoka et al. (2006) apresentou exemplos para o cálculo que avalia a deformação da
ligação semirrígida com armadura de continuidade e os momentos transmitidos ao pilar, e
destacou a dificuldade da consideração das ligações semirrígidas em projetos estruturais usuais.
Catoia (2007) realizou o primeiro ensaio, em escala real, de uma viga pré-moldada
protendida com armadura de continuidade passando através dos pilares de extremidade. Um
dos modelos ensaiados consistia de uma viga pré-moldada protendida bi-apoiada, enquanto
outro o modelo era idêntico ao anterior, mas com a presença de armadura de continuidade para
garantir a semirrigidez da ligação.
Em sua tese de doutorado, Aguiar (2010) efetuou uma análise teórica e experimental
para avaliar o comportamento do chumbador em ligações viga-pilar parcialmente resistentes ao
-
32
momento fletor, não havendo portanto continuidade da viga com o pilar por armaduras
dispostas na capa do concreto (Figura 2.15).
Figura 2.15 – Comportamento isolado do chumbador e alterações para simplificação do modelo.
[AGUIAR (2010)]
Nota-se que a passagem da Figura 2.15-b para a Figura 2.15-c deve-se à facilidade de
reprodução em laboratório da força vertical que atua no chumbador. Já a passagem da Figura
2.15-d para a Figura 2.15-e permite criar um modelo mais simplificado para a simulação do
comportamento da ligação em laboratório. Dessa forma, a reação de apoio sobre o consolo foi
simulada no modelo com a aplicação de uma força de compressão na ligação.
Seu programa experimental constituiu no estudo de 15 modelos, conforme a Figura 2.16,
onde foram alterados a inclinação do chumbador (0º, 45º e 60º), sendo que 0º representa o
chumbador normal à interface entre o consolo e o pilar (Figura 2.15-a), e os diâmetros (16mm,
20mm e 25mm).
Além dos 15 modelos experimentais, Aguiar (2010) realizou simulações numéricas,
através do Método dos Elementos Finitos, e com isso foi proposto um modelo analítico para
representar o comportamento força x deslocamento do chumbador.
-
33
Figura 2.16 – Modelos utilizados por Aguiar no programa experimental piloto. [AGUIAR (2010)]
Através dos ensaios experimentais, Aguiar (2010) observou que a mudança de
inclinação de 0º para 45º e 0º para 60º ocasionou um aumento na capacidade de carga, mas a
mudança de 45º para 60º quase não apresentou mudanças nos resultados. Aguiar (2010) cita
que em chumbadores de eixo inclinado o efeito da força normal é predominante e a contribuição
da força normal em chumbadores inclinados representa uma parcela importante na sua
capacidade de carga.
Além disso, o aumento do diâmetro do chumbador resultou em um aumento da
capacidade resistente. Na análise experimental, ainda foi verificado uma retificação da parte
curva dos chumbadores inclinados, portanto, há a hipótese de que boa parte do comprimento
do chumbador foi solicitado.
-
34
3 ESTABILIDADE GLOBAL
A estabilidade global de uma estrutura pré-moldada está diretamente ligada com a sua
ligação, sendo que o item 5.1.2.1 da NBR 9062 (2006) permite quatro possibilidades para
garantir a estabilidade global em estruturas pré-moldadas, entre elas:
i. a estabilidade é proporcionada pela ação de pilares engastados e podendo estar
associados à vigas articuladas (ligação articulada);
ii. a estabilidade é proporcionada por ação do pórtico composto por pilares e vigas,
interligados entre si por meio de ligações resistentes a momentos fletores
(ligações semirrígidas e perfeitamente rígidas)
A NBR 9062 ainda menciona que a estabilidade das estruturas pré-moldadas devem
seguir o que recomenda a ABNT NBR 6118, mas algumas peculiaridades são expressas, como
por exemplo:
a) a análise da estabilidade em estruturas pré-moldadas deve levar em conta o efeito
das ligações através do fator de restrição, podendo ser considerada como
articulada, semirrígida ou rígida.
b) diferente das estruturas monolíticas convencionais, as estruturas pré-moldadas
requerem a análise da estabilidade em todas as suas fases de construção,
considerando o seu comportamento na época da montagem, que pode ser
diferente do seu comportamento quando a estrutura já estiver acabada.
3.1 Efeitos globais de segunda ordem
Segundo a NBR 6118 (2014) os “efeitos de segunda ordem são aqueles que se somam
aos obtidos numa análise de primeira ordem, quando a análise do equilíbrio passa a ser efetuada
considerando a configuração deformada”, sendo que a análise da estrutura de primeira ordem é
aquela em que o equilíbrio da estrutura é feito na sua configuração indeformada (configuração
geométrica inicial).
A desconsideração da análise dos efeitos de segunda ordem pode ser feita quando seus
efeitos não representarem acréscimo superior a 10% nas solicitações da estrutura.
-
35
Já a NBR 9062 (2006), que está relacionada à estruturas de concreto pré-moldado,
acrescenta no seu item 5.1.1.2c “que no caso dos sistemas estruturais onde a estabilidade é
proporcionada pela ação de pilares engastados na fundação com vigas articuladas, onde o fator
de restrição à rotação é menor ou igual que 0,15, é obrigatória a verificação dos efeitos de 2ª
ordem, considerando a não linearidade física. “
Para saber se é possível desprezar os efeitos globais de segunda ordem nos demais casos,
a NBR 6118 (2014) cita dois métodos de cálculo aproximado que dispensam o uso de cálculo
rigoroso. Sendo o principal deles, o coeficiente z.
É importante lembrar que nos casos em que a estrutura cujas as ligações sejam
semirrígidas, a análise estrutural deve obrigatoriamente levar em conta os efeitos de segunda
ordem.
3.2 Coeficiente z
O coeficiente z tem grande destaque por ser um método em que utiliza a análise linear
de primeira ordem para estimar os efeitos de segunda ordem, além de ser um método muito
simples que é determinado para cada combinação de carregamento pela expressão:
z=
1
1−∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑𝑀1,𝑡𝑜𝑡,𝑑
(3.1)
sendo,
∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑 é o produto de todas as forças verticais que atuam na estrutura com os
deslocamentos horizontais obtidos da análise de primeira ordem.
𝑀1,𝑡𝑜𝑡,𝑑 é chamado de momento de tombamento pela NBR 6118 (2014), ou seja, é o
produto das forças horizontais que atuam na estrutura em relação à base da estrutura.
Essa definição pode ser melhor compreendida através da Figura 3.1
-
36
Figura 3.1 – Grandezas empregadas para o cálculo do coeficiente z.
Como observado, tem-se:
∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑 = ∑𝑊𝑖,𝑑 ∙ 𝛿ℎ𝑖,𝑑
𝑀1,𝑡𝑜𝑡,𝑑 = ∑𝐹ℎ𝑖,𝑑 ∙ ℎ𝑖
Os deslocamentos horizontais de 𝛿ℎ𝑖,𝑑 são obtidos da análise de primeira ordem.
É importante lembrar que o z só é válido quando z ≤ 1,30 e, como abordado
anteriormente, a análise dos efeitos globais de segunda ordem podem ser dispensados quando
z ≤ 1,10. Os esforços finais (1ª ordem e 2ª ordem) são obtidos da análise estrutural em que as
ações horizontais da combinação são multiplicadas pelo coeficiente z.
3.3 Estado Limite de Deformação Horizontal Excessiva
Assim como nas estruturas monolíticas, as estruturas pré-moldadas devem considerar
valores limites para os deslocamentos horizontais em regime de serviço. Segundo a NBR 9062
(2006) os valores devem obedecer o limite expresso pelo Quadro 3.1 utilizando a combinação
frequente de serviço.
-
37
Caso Tipo de edificação Deslocamentos horizontais globais máximos
(combinação frequente)
A Edifício térreo H/600(1)
B Edifício com um pavimento
(mezanino)
H/600
ou Hi/750(2)
C Edíficio com múltiplos
pavimentos
H/1200
ou Hi/750(2)
ou H2/600(3)
onde:
(1) H corresponde a altura total do edifício;
(2) Hi corresponde ao desnível entre dois pisos consecutivos;
(3) H2 corresponde ao desnível entre o último piso e a face inferior da laje da cobertura; Quadro 3.1 – Limites de deslocamentos horizontais globais. [NBR 9062 (2006)].
Apenas com efeito de comparação, a NBR 6118 (2014) determina que o limite para
deslocamentos devido ao movimento lateral de edifícios seja H/1700 (deslocamento total) ou
Hi/850 (entre pavimentos consecutivos). Nota-se que a NBR 9062 (2006) é mais branda quando
se compara os limites de deslocamentos horizontais globais.
-
38
4 EXEMPLOS NUMÉRICOS
Para estimar o comportamento das ligações semirrígidas nas estruturas pré-moldadas,
foi utilizado o pórtico padrão proposto por Ferreira & El Debs (2003), juntamente com os
carregamentos verticais, conforme a Figura 4.1.
Figura 4.1 – Croqui da estrutura padrão. [Ferreira & El Debs (2003)]
No presente trabalho, procurou-se simular o edifício com 2, 4, 6, 8 e 10 andares com
ligações viga-pilar com armadura de continuidade (Figura 4.2), sendo necessário adequar as
dimensões dos pilares conforme o aumento no número de andares.
-
39
Figura 4.2 – Ligação viga-pilar com armadura de continuidade. [MIOTTO (2002)].
Ferreira & El Debs (2003) propõem que para as ligações com armadura de continuidade,
a rigidez secante à flexão para momentos fletores negativos pode ser obtida pela expressão:
(4.1)
Sendo que 𝐿𝑒 é o comprimento de embutimento das barras dentro do pilar; 𝐿𝑝 é o
comprimento da região de ligação; d é a altura útil na extremidade da viga; 𝐸𝑠 é o módulo de
elasticidade do aço; 𝐸𝑐𝑠 é o módulo de deformação secante do concreto; 𝐼𝐼𝐼 é o momento de
inércia na seção homogeneizada fissurada no Estádio II.
Para os pilares de extremidade foi utilizado 𝐿𝑒 igual ao comprimento do pilar subtraindo
o cobrimento da armadura. Para os pilares de extremidade o valor para 𝐿𝑒 foi considerado como
a metade do trecho embutido no pilar. Já o valor de 𝐿𝑝 foi igual à 70 cm para todas as simulações
(sendo 19 cm de comprimento do consolo mais 51 cm de altura útil na extremidade da viga
sobre o apoio).
Tratando-se de uma estrutura pré-moldada, foram consideradas duas situações de
cálculo devido a situação de transição das ligações durante a sua construção. A primeira
situação considera o peso próprio da viga e o peso próprio da laje alveolar, e como não há
solidarização dos elementos, as ligações viga-pilar comportam-se como articuladas. Já a
segunda situação considera a situação final, quando há a concretagem da capa e a viga é então
submetida à sobrecarga, sendo considerada portanto a ligação semirrígida.
A combinação de ações utilizada foi a seguinte: Fd = 1,4Fg + 1,4Fq,sob + 0,84Fq,vento.
𝑅𝑠𝑒𝑐 = (𝐿𝑒
0,9𝐸𝑠𝐴𝑠𝑑²+
𝐿𝑝
𝐸𝑐𝑠𝐼𝐼𝐼)−1
-
40
Onde Fg é o valor característico de cada uma das ações permanentes; Fq,sob é o valor
característico da ação variável devido à sobrecarga, sendo nesse caso considerado como ação
ação variável principal; Fq,vento é o valor característico da ação variável devido ao vento, sendo
nesse caso considerado como “demais ações variáveis”.
Ações horizontais devido ao vento foram simuladas para a cidade de Santa Maria – RS.
Com base nesses dados, o edifício foi simulado para encontrar o mínimo valor de 𝛼𝑅
requerido das ligações viga-pilar para que satisfaçam simultaneamente as condições:
i. z ≤ 1,30
ii. Deslocamento no topo do edifício ≤ Htotal/1200 e Hi/750.
Posteriormente foi determinada a armadura negativa de continuidade necessária para
resistir aos momentos fletores solicitantes da ligação viga-pilar semirrígida. Destaca-se nas
simulações que a determinação da solução levou em consideração apenas os efeitos globais de
primeira ordem e para estruturas semirrígidas, a NBR 9062 (2006) determina que se deve
realizar a análise considerando os efeitos globais de segunda. Portanto, seria necessário
multiplicar as ações horizontais pelo z encontrado, reprocessar a estrutura e verificar se a área
de armadura resistiria aos momentos solicitantes.
No Quadro 4.1 são sugeridos fatores de redução da rigidez para a consideração da não-
linearidade física dos pilares e das vigas. O valor utilizado no presente trabalho para os pilares
em ligações articuladas foi (EI)sec = 0,5EciIc.
Ligação viga-pilar Rigidez dos elementos estruturais
Tipo Fator de Restrição Viga Pilar
Articulada 0 ≤ αR ≤ 0,14 (EI)sec = (1,0)EciIc (EI)sec = 0,4EciIc(1)
(EI)sec = 0,5EciIc(2)
Semirrígida 0,14 ≤ αR ≤ 0,67 (EI)sec = 0,4EciIc (EI)sec = 0,7EciIc
Semirrígida e Rígida 0,67 ≤ αR ≤ 1,0 (EI)sec = 0,4EciIc (EI)sec = 0,8EciIc
Quadro 4.1 – Fatores de redução da rigidez dos elementos. [Ferreira & El Debs (2003)]
Sendo:
(1) Valor recomendado para pilares que atuam como hastes engastadas na base.
(2) Pilares que atuam como uma viga em balanço, onde A’s = As.
-
41
4.1 Edifício com 2 pavimentos
As seções transversais das vigas e pilares, obtidas através de um pré-dimensionamento,
são encontradas no Quadro 4.2, juntamente com as propriedades dos materiais dos elementos
da estrutura.
Elemento Seção transversal (cm²) Área (m²) Ic (m4) fck (MPa) Eci (MPa)
Pilares externos 30x30 0,09 6,750 x 10-4 40 35,42
Pilares internos 40x40 0,16 2,133 x 10-3 40 35,42
Vigas 30x70 0,21 8,575 x 10-3 40 35,42
Quadro 4.2 – Seções transversais e propriedades dos materiais (dois pavimentos).
A análise do pórtico foi efetuada considerando um vento artificial que consiste do vento
na direção “x” somado ao desaprumo na direção “x”.
Na Figura 4.3 estão indicadas as ações atuantes na estrutura com as suas duas etapas,
considerando a primeira etapa sem solidarização da viga-pilar e a segunda etapa sendo a
estrutura final.
-
42
Figura 4.3 – Combinação de ações considerando as duas etapas (dois pavimentos).
Efetuando a análise do pórtico considerando a ligação viga-pilar como semirrígida, o
fator de restrição à rotação necessário, obtido através de tentativa e erro com o auxílio do
software PPLANO-LINEAR, para que a estrutura tenha z ≤ 1,30 foi de R=0,04 como mostra
o Quadro 4.3. Com esse valor de R, obteve-se o Quadro 4.4 em que foi analisado o Estado
Limite de Serviço, lembrando que os valores são retirados da análise estrutural feita pelo
software.
Convém destacar que segundo a NBR 6118 (2014) o coeficiente z é válido para
estruturas reticuladas de no mínimo 4 andares, e portanto não poderia ser aplicado para esse
caso, servindo apenas de comparação para as demais simulações.
-
43
Paviment
o
Cota
(m) Fhi,d (kN) Wi,d (kN) δhi,d (mm) ΔMtot,d(i) (kN.m) M1tot,d(i) (kN.m)
1 4 86.12 9279.55 9.017 83.674 344.468
2 8 95.35 6822.55 21.070 143.751 762.768
227.425 1107.237
z = 1.26 Quadro 4.3 – Cálculo de z para R=0,04 (dois pavimentos).
i Fh,serv (kN) δhi (mm) δhi+1 - δhi (mm)
0 0
1 8.40 1.8180 1.8180
2 9.99 4.6620 2.8440 Quadro 4.4 – Deslocamentos horizontais globais para R=0,04 (dois pavimentos).
Nota-se que os valores limites definidos pela NBR 9062 (2006) para os deslocamentos
horizontais globais considerando a combinação frequente são:
a) Htotal/1200 = 6,667 mm
b) Hi/750 = 5,333 mm
Portanto, o valor de R=0,04 atende com folga os valores limites da NBR 9062 (2006).
Para efeito de comparação, o valor de z considerando a ligação perfeitamente rígida foi
de 1,052. Já a ligação perfeitamente articulada obteve z = 2,660, logo, não atendendo ao valor
limite da NBR 6118 (2014) de z ≤ 1,30.
Na determinação da armadura necessária para resistir aos momentos fletores na ligação
viga-pilar, utilizou-se a equação 4.1 e com isso foi possível montar o Gráfico 4.1 em que são
apresentados os valores dos momentos fletores negativos na ligação viga-pilar, sendo que para
uma determinada área de armadura têm-se o momento que a ligação resiste (momento
resistente) e o momento solicitante nos pilares internos e de extremidade. Já no Gráfico 4.2 são
apresentados os valores dos fatores de restrição a rotação para cada área de armadura.
Foi utilizado 𝐿𝑒=27 cm para pilares de extremidade e 𝐿𝑒= 20 cm para pilares internos.
Já para 𝐿𝑒𝑓 (vão efetivo entre os apoios) foram utilizados os valores de 596 cm e 591 cm,
respectivamente, para pilares de extremidade e internos.
-
44
Gráfico 4.1 – Momento resistente e solicitante versus área de armadura de continuidade da viga, para
ligações com pilares de extremidade e internos (dois pavimentos).
Gráfico 4.2 – Fatores de restrição a rotação versus área de armadura de continuidade da viga (dois
pavimentos).
Como o momento resistente deve ser superior ao momento solicitante, têm-se que é
necessário utilizar mais de 5 cm² de armadura de continuidade nas ligações com pilares de
extremidade e mais de 11 cm² nas ligações com os pilares internos.
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00
Mo
men
to (
kNm
)
Área de armadura (cm²)
Momento Resistente Momento Solicitante - EXT Momento Solicitante - INT
-
45
Adotando 3 barras de 16 mm (6,032 cm²) para os pilares de extremidade e 4 barras de
20 mm (12,566 cm²) para os pilares internos, obtêm-se os valores dos fatores de restrição à
rotação conforme o Quadro 4.5. Em seguida são apresentados no Quadro 4.6 os valores de z
que essa solução apresenta.
As (cm²) Mrd (kNm) III (cm4) αRext Msd (kNm)
6.032 129.092 80584.18568 0.301 107.548
As (cm²) Mrd (kNm) III (cm4) αRint Msd (kNm)
12.566 258.279 147264.7943 0.460 247.01
Quadro 4.5 – Fatores de restrição a rotação determinados para a solução adotada tanto para pilares de
extemidade e internos (dois pavimentos).
Pavimento Cota (m) Fhi,d (kN) Wi,d (kN) δhi,d (mm) ΔMtot,d(i) (kN.m) M1tot,d(i) (kN.m)
1 4 86.12 9279.55 4.002 37.137 344.468
2 8 95.35 6822.55 7.882 53.775 762.768
90.912 1107.237
z = 1.089 Quadro 4.6 – Cálculo de z para a solução final adotada (dois pavimentos).
Nota-se que esse tipo de ligação com armadura de continuidade garante uma fator de
restrição à rotação relativamente elevado, αR = 0,301 para pilares de extremidade e αR = 0,460
para pilares internos, sendo que o necessário para garantir um z ≤ 1,30, como visto
anteriormente, foi de αR=0,04. Portanto, a adoção de outro tipo de ligação que esteja mais
próxima de uma ligação articulada seria o mais indicado, por ser mais barata.
4.2 Edifício com 4 pavimentos
Na simulação para um edifício pré-moldado com 4 pavimentos, o pré-dimensionamento
resultou em seções transversais apresentadas no Quadro 4.7, juntamente com as propriedades
dos materiais adotados.
-
46
Elemento Seção transversal (cm²) Área (m²) Ic (m4) fck (MPa) Eci (MPa)
Pilares externos 45x45 0,2025 3,417 x 10-3 40 35,42
Pilares internos 55x55 0,3025 7,626 x 10-3 40 35,42
Vigas 30x70 0,21 8,575 x 10-3 40 35,42
Quadro 4.7 – Seções transversais e propriedades dos materiais (quatro pavimentos).
Logo, considerando as duas etapas em que as forças verticais continuam iguais às forças
verticais do edifício com 2 pavimentos, Figura 4.3, e há apenas alterações nos valores do vento
artificial, obteve-se o pórtico apresentado na Figura 4.4
Figura 4.4 – Combinação de ações para a segunda etapa (quatro pavimentos).
O valor necessário do fator de restrição à rotação para que a estrutura tenha z ≤ 1,30
nesse caso foi de R=0,16 (obtido por tentativa e erro), como mostra o Quadro 4.8, e os valores
dos deslocamentos horizontais globais considerando o fator de restrição à rotação necessário é
apresentado no Quadro 4.9.
-
47
Pavimento Cota (m) Fhi,d (kN) Wi,d (kN) δhi,d (mm) ΔMtot,d(i) (kN.m) M1tot,d(i) (kN.m)
1 4 86.94 9565.15 7.334 70.151 347.754
2 8 100.53 9565.15 21.765 208.185 804.211
3 12 109.64 9565.15 36.449 348.640 1315.648
4 16 112.80 7108.15 48.89 347.517 1804.805
974.494 4272.418
z = 1.295 Quadro 4.8 – Cálculo de z para R=0,16 (quatro pavimentos).
i Fh,serv (kN) δhi (mm) δhi+1 - δhi (mm)
0 0
1 8.55 1.5350 1.5350
2 10.17 4.5240 2.9890
3 11.25 7.5510 3.0270
4 12.09 10.0680 2.5170 Quadro 4.9 – Deslocamentos horizontais globais para R=0,16 (quatro pavimentos).
Verifica-se que os valores em negrito do Quadro 4.9 não ultrapassam os valores limites
definidos pela NBR 9062 (2006) que são:
a) Htotal/1200 = 13,333 mm
b) Hi/750 = 5,333 mm
Para efeito de comparação, o valor de z considerando a ligação perfeitamente rígida foi
de 1,053. Já a ligação perfeitamente articulada resultou em deslocamentos horizontais muito
elevados e consequentemente aumentou o valor de ∆Mtot,d e resultou um z negativo. Portanto,
novamente a ligação perfeitamente articulada não atendeu ao valor limite da NBR 6118 (2014)
e também não atendeu aos valores limites da NBR 9062.
Utilizando a equação 4.1, foi montado o Gráfico 4.3 em que é possível determinar a
armadura necessária para resistir ao momento solicitante e o Gráfico 4.4 que apresenta os
valores dos fatores de restrição a rotação para cada área de armadura de continuidade.
Foi utilizado 𝐿𝑒=42 cm para pilares de extremidade e 𝐿𝑒= 27,50 cm para pilares internos.
Já para 𝐿𝑒𝑓 (vão efetivo entre os apoios) foram utilizados os valores de 581 cm e 576 cm,
respectivamente, para pilares de extremidade e internos.
-
48
Gráfico 4.3 – Momento resistente e solicitante versus área de armadura de continuidade da viga, para
ligações com pilares de extremidade e internos (quatro pavimentos).
Gráfico 4.4 – Fatores de restrição a rotação versus área de armadura de continuidade da viga (quatro
pavimentos).
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00
Mo
men
to (
kNm
)
Área de armadura (cm²)
Momento Resistente Momento Solicitante - EXT Momento Solicitante - INT
-
49
Portanto a solução adotada foi de utilizar 5 barras de 16 mm (10,053 cm²) para os pilares
de extremidade e 4 barras de 20 mm (12,566 cm²) para os pilares internos. Essa solução resulta
em um z de 1,134 conforme o Quadro 4.11, sendo utilizado os valores apresentados no Quadro
4.10 para os fatores de restrição a rotação.
As (cm²) Mrd (kNm) III (cm4) αRext Msd (kNm)
10.053 209.904 123196.2751 0.368 194.615
As (cm²) Mrd (kNm) III (cm4) αRint Msd (kNm)
12.566 258.279 147264.7943 0.438 249.757
Quadro 4.10 – Fatores de restrição a rotação determinados para a solução adotada tanto para pilares de
extremidade e internos (quatro pavimentos).
Pavimento Cota (m) Fhi,d (kN) Wi,d (kN) δhi,d (mm) ΔMtot,d(i) (kN.m) M1tot,d(i) (kN.m)
1 4 86.94 9565.15 4.529 43.321 347.754
2 8 100.53 9565.15 12.187 116.570 804.211
3 12 109.64 9565.15 18.74 179.251 1315.648
4 16 112.80 7108.15 23.314 165.719 1804.805
504.861 4272.418
z = 1.134 Quadro 4.11 – Cálculo de z para a solução final adotada (quatro pavimentos).
Lembrando que para a solução adotada não foram considerados os efeitos globais de
segunda ordem. Portanto, seria necessário multiplicar as ações horizontais pelo z encontrado,
reprocessar a estrutura e verificar se a solução ainda resistiria aos esforços solicitantes.
4.3 Edifício com 6 pavimentos
As seções transversais e as propriedades dos materiais utilizados na simulação do
edifício pré-moldado com 6 pavimentos encontram-se no Quadro 4.12.
-
50
Elemento Seção transversal (cm²) Área (m²) Ic (m4) fck (MPa) Eci (MPa)
Pilares externos 55x55 0,3025 7,626 x 10-3 40 35,42
Pilares internos 70x70 0,49 20,01 x 10-3 40 35,42
Vigas 30x70 0,21 8,575 x 10-3 40 35,42
Quadro 4.12 – Seções transversais e propriedades dos materiais (seis pavimentos).
Considerando então a força do vento artificial para a combinação, obteve-se o pórtico
da Figura 4.5, onde a análise mostrou que foi necessário utilizar um fator de restrição à rotação
maior do que R=0,27, como mostra o Quadro 4.13.
Figura 4.5 – Combinação de ações para a segunda etapa (seis pavimentos).
-
51
Pavimento Cota (m) Fhi,d (kN) Wi,d (kN) δhi,d (mm) ΔMtot,d(i) (kN.m) M1tot,d(i) (kN.m)
1 4 91.86 9887.15 6.454 63.812 367.429
2 8 106.28 9887.15 20.492 202.607 850.236
3 12 115.95 9887.15 36.669 362.552 1391.399
4 16 123.43 9887.15 52.048 514.606 1974.888
5 20 129.61 9887.15 65.211 644.751 2592.300
6 24 131.05 7430.15 76.146 565.776 3145.097
2354.105 10321.349
z = 1.295 Quadro 4.13 – Cálculo de z para R=0,27 (seis pavimentos).
O pórtico foi então reprocessado para verificar o Estado Limite de Serviço (Quadro
4.14) com ligação viga-pilar com R=0,27.
i Fh,serv (kN) δhi (mm) δhi+1 - δhi (mm)
0 0
1 9.07 1.1110 1.1110
2 10.79 3.3750 2.2640
3 11.94 5.8550 2.4800
4 12.83 8.0840 2.2290
5 13.57 9.8670 1.7830
6 14.20 11.2050 1.3380 Quadro 4.14 – Deslocamentos horizontais globais para R=0,27 (6 pavimentos).
A NBR 9062 (2006) estabelece os valores limites abaixo:
a) Htotal/1200 = 20,00 mm
b) Hi/750 = 5,33 mm
Portanto, o pórtico com ligações semirrígidas com R=0,27 atende aos valores limites
do Estado Limite de Serviço estabelecido pela NBR 9062 (2006). Já a análise do pórtico
considerando ligações perfeitamente articuladas ultrapassou muito os limites, sendo δh6 = 86,52
mm no topo do edifício e o maior deslocamento entre pavimentos foi de 19,79 mm, ou seja,
muito acima de do limite de 5,33 mm.
Novamente o pórtico considerando ligações perfeitamente articuladas obteve um valor
de z negativo, enquanto que para ligações perfeitamente rígidas o valor de z foi de 1,068,
portanto, abaixo do limite de 1,30 imposto pela NBR 6118 (2014).
-
52
Na determinação da solução da área de armadura de continuidade, foi utilizado para
pilares de extremidade o valor de 𝐿𝑒=52 cm e para pilares internos 𝐿𝑒= 35 cm. Já para 𝐿𝑒𝑓 (vão
efetivo entre os apoios) foram utilizados os valores de 568,5 cm e 561 cm, respectivamente,
para pilares de extremidade e internos.
O Gráfico 4.5 permite encontrar a solução da área de armadura de continuidade
necessária para resistir aos esforços solicitantes, que nesse caso seria maior do que 11,5 cm²
para pilares de extremidade e maior do que 13,5 cm² para pilares internos. Para efeito de
comparação, o Gráfico 4.6 permite observar os valores obtidos do fator de restrição à rotação
em relação a área de armadura de continuidade das vigas.
Gráfico 4.5 – Momento resistente e solicitante versus área de armadura de continuidade da viga, para
ligações com pilares de extremidade e internos (seis pavimentos).
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00
Mo
men
to (
kNm
)
Área de armadura (cm²)
Momento Resistente Momento Solicitante - EXT Momento Solicitante - INT
-
53
Gráfico 4.6 – Fatores de restrição a rotação versus área de armadura de continuidade da viga (seis
pavimentos).
Adotando como solução a utilização de 6 barras de 16 mm para pilares de extremidade
(12,064 cm²) e 5 barras de 20 mm (15,708 cm²) para pilares internos, o fator de restrição à
rotação para a ligação viga-pilar interno resulta em um αRint = 0,464 e as ligações viga-pilar
externo resulta em um αRext = 0,384 como mostra o Quadro 4.15.
A análise estrutural para a solução adotada resulta em um z = 1,186 como mostra o
Quadro 4.16.
As (cm²) Mrd (kNm) III (cm4) αRext Msd (kNm)
12.064 248.734 142584.4362 0.384 234.08
As (cm²) Mrd (kNm) III (cm4) αRint Msd (kNm)
15.708 316.440 175186.4726 0.464 294.673
Quadro 4.15 – Fatores de restrição à rotação determinados para a solução adotada tanto para pilares de
extremidade e internos (seis pavimentos).
-
54
Pavimento Cota (m) Fhi,d (kN) Wi,d (kN) δhi,d (mm) ΔMtot,d(i) (kN.m) M1tot,d(i) (kN.m)
1 4 91.86 9887.15 4.973 49.169 367.429
2 8 106.28 9887.15 15.157 149.860 850.236
3 12 115.95 9887.15 26.156 258.608 1391.399
4 16 123.43 9887.15 35.981 355.750 1974.888
5 20 129.61 9887.15 43.772 432.780 2592.300
6 24 131.05 7430.15 49.715 369.390 3145.097
1615.556 10321.349
z = 1.186 Quadro 4.16 – Cálculo de z para a solução final adotada (seis pavimentos).
É importante destacar que o uso da ligação semirrígida para a solução adotada, resulta
em um momento fletor na base do pilar mais solicitado de 508,4 kN.m enquanto que a
consideração de uma ligação perfeitamente articulada resulta em um momento fletor de 1243,5
kNm, ou seja, há uma redução significativa nos momentos na base dos pilares (redução de
59%).
4.4 Edifício com 8 pavimentos
Na simulação do edifício padrão com 8 pavimentos utilizou-se seções transversais de
60x60 cm para pilares externos e 80x80 cm para pilares internos, onde foram utilizados os
mesmos materiais que as simulações anteriores, como mostra o Quadro 4.17.
Elemento Seção transversal (cm²) Área (m²) Ic (m4) fck (MPa) Eci (MPa)
Pilares externos 60x60 0,36 10,80 x 10-3 40 35,42
Pilares internos 80x80 0,64 34,13 x 10-3 40 35,42
Vigas 30x70 0,21 8,575 x 10-3 40 35,42
Quadro 4.17 – Seções transversais e propriedades dos materiais (oito pavimentos).
-
55
Considerando então a força do vento artificial para a combinação, obteve-se o pórtico
da Figura 4.6, sendo que o valor do fator de restrição à rotação deve ser maior do que R=0,40,
como mostra o Quadro 4.18, para garantir um z ≤ 1,30.
Figura 4.6 – Combinação de ações para a segunda etapa (oito pavimentos).
(continua)
Pavimento Cota (m) Fhi,d (kN) Wi,d (kN) δhi,d (mm) ΔMtot,d(i) (kN.m) M1tot,d(i) (kN.m)
1 4 94.11 10119.55 6.191 62.650 376.459
2 8 108.89 10119.55 20.132 203.727 871.155
3 12 118.80 10119.55 36.954 373.958 1425.654
4 16 126.47 10119.55 53.93 545.747 2023.530
5 20 132.81 10119.55 69.45 702.803 2656.169
6 24 138.26 10119.55 82.692 836.806 3318.139
7 28 143.06 10119.55 93.461 945.783 4005.658
-
56
(conclusão)
Pavimento Cota (m) Fhi,d (kN) Wi,d (kN) δhi,d (mm) ΔMtot,d(i) (kN.m) M1tot,d(i) (kN.m)
8 32 143.49 7662.55 102.292 783.818 4591.601
4455.292 19268.366
z 1.300 Quadro 4.18 – Cálculo de z para R=0,40 (oito pavimentos).
A análise para a combinação frequente então foi efetuada para verificar o Estado Limite
de Serviço (Quadro 4.19), utilizando R=0,40:
i Fh,serv (kN) δhi (mm) δhi+1 - δhi (mm)
0 0
1 9.30 1.0580 1.0580
2 11.06 3.2880 2.2300
3 12.24 5.8620 2.5740
4 13.15 8.3550 2.4930
5 13.91 10.5490 2.1940
6 14.55 12.3450 1.7960
7 15.13 13.7230 1.3780
8 15.64 14.7440 1.0210 Quadro 4.19 – Deslocamentos horizontais globais para R=0,40 (oito pavimentos).
A NBR 9062 (2006) estabelece como limite de deslocamento horizontal global
conforme os valores abaixo:
a) Htotal/1200 = 26,67 mm
b) Hi/750 = 5,33 mm
Logo, os maiores valores da análise do pórtico com R=0,40, que se encontram em
negrito no Quadro 4.19, são menores que os valores limites fornecidos pela NBR 9062. A
consideração de ligações perfeitamente articuladas resultou em δh8 = 175,50 mm no