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ESTIMAO DE ESTADO DE UM SISTEMA ELTRICO DE
ENERGIA, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
Paula Sofia Pita da Silva e Castro Vide
Licenciada em Engenharia Eletrotcnica na Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade de Coimbra
Mestre em Engenharia Eletrotcnica e de Computadores, na rea de especializao de Sistemas de Energia,
na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Tese submetida Universidade do Porto Faculdade de Engenharia para obteno do grau de Doutor em
Engenharia Eletrotcnica e de Computadores
(rea de especializao de Sistemas de Energia)
Programa Doutoral em Engenharia Eletrotcnica e de Computadores
Tese realizada sob a orientao de,
Doutor Fernando Maciel Barbosa
Professor Catedrtico
Departamento de Engenharia Eletrotcnica e de Computadores
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
e coorientao de,
Doutor Jos Beleza Carvalho
Professor Coordenador
Departamento de Engenharia Eletrotcnica
Instituto Superior de Engenharia do Porto
Porto, Julho de 2013
Para o Henrique e Mafaldainspiram-me todos os dias
i
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos
Ao Professor Doutor Fernando Maciel Barbosa, pela orientao deste trabalho, pelo constante
incentivo, imprescindvel apoio, estmulo, compreenso e amizade. No h palavras que traduzam a
minha gratido.
Professora Doutora Isabel Maria Ferreira (in memoriam), pela orientao deste trabalho,
pela disponibilidade, pela sua foraSentimos a sua falta.
Ao Professor Doutor Jos Antnio Beleza Carvalho, pela orientao deste trabalho, pela
disponibilidade e esclarecimentos.
ESTG-Leiria, INESC TEC e FEUP pelas facilidades que me concederam para a realizao deste
trabalho de investigao.
Aos meus colegas, pela disponibilidade e esclarecimentos prestados sempre que solicitei a sua
ajuda.
Ao meu marido, Joo, por ser o meu porto de abrigo nos momentos mais difceis.
Aos meus pais, pelo apoio, amor e compreenso. Compreenderam que, hoje, um sonho se
tornou realidadeSei que esto muito orgulhosos por isso.
A toda a minha famlia pelo apoio incomensurvel.
iii
Este trabalho de investigao foi desenvolvido no mbito da Bolsa de Doutoramento (Bolsa de
Investigao SFRH / BD / 43208 / 2008) concedida pela Fundao para a Cincia e Tecnologia, que
permitiu que os encargos econmicos inerentes realizao deste trabalho ficassem cobertos.
v
RESUMO
Resumo
Nos modernos centros de controlo e monitorizao dos Sistemas Eltricos de Energia (SEEs), as
variveis de estado estimadas constituem a base para a tomada de deciso do operador do sistema
nas aes de controlo e operao dos SEEs em tempo real. Assim, a estimao de estado de
primordial importncia no funcionamento dos SEEs. O sucesso do processo da estimao de estado
depende em larga escala do sistema de medio disponvel.
Nos ltimos anos as unidades de medio fasorial sincronizada (PMUs) tm proliferado cada
vez mais nos SEEs. Uma unidade de medio fasorial sincronizada (PMU) colocada num barramento
do sistema fornece a medida do fasor da tenso e dos fasores das correntes adjacentes ao
barramento. Todas as medidas fasoriais so sincronizadas obtidas numa base de tempo comum,
disponibilizada pela fonte de sincronizao atravs do sinal de GPS. As tenses nodais fasoriais,
fornecidas por estes sistemas de medio, permitem conhecer o estado real do sistema, pelo que
constituem medidas de elevada preciso quando comparadas com as medidas convencionais SCADA.
A viabilidade da medio de grandezas fasoriais pode trazer ganhos extremamente significativos no
sentido de obter informao mais precisa e atualizada do estado do sistema.
Este trabalho apresenta abordagens para incorporar medidas fasoriais sincronizadas no
processo da estimao de estado com a finalidade de contribuir para a aplicao das medies
fasoriais na operao do sistema, mais especificamente na monitorizao do estado do sistema.
Neste contexto, a presente tese analisa a influncia do uso das medidas fasoriais no processo da
estimao de estado do SEE. O trabalho inclui propostas para o uso de duas metodologias que
viabilizam a utilizao de medidas fasoriais nos procedimentos de estimao de estado, avaliando as
melhorias e ganhos trazidas aos mesmos.
O uso de medidas fasoriais na obteno da observabilidade do sistema tambm explorado
nesta dissertao.
Todas as metodologias propostas foram testadas nas redes de teste do IEEE de 14, 30, 57 e
118 barramentos, baseando-se em simulaes realizadas numa plataforma de simulao utilizando a
ferramenta MATLAB, especialmente desenvolvida e adaptada para o efeito.
Os estudos realizados consubstanciam o efeito na melhoria da qualidade das variveis
estimadas e do desempenho do estimador de estado perante a utilizao de medidas fasoriais
sincronizadas.
Palavras Chave: Estimao de Estado, Medidas Fasoriais Sincronizadas, Mtodo dos Mnimos
Quadrados ponderados, Observabilidade, Unidades de Medio Fasorial Sincronizada.
vii
ABSTRACT
Abstract
In modern control centres of Electrical Power Systems, the state variables estimated are the
basis for decision-making system operator actions in real time control and operation of power
systems. Thus, state estimation is of great importance on power system operation. The success of
state estimation depends largely on the measurement system available.
In recent years synchronized phasor measurement units (PMU) have proliferated increasingly
in power systems. A phasor measurement unit (PMU), when placed at a bus, can measure the
voltage phasor at that bus, as well as the current phasors in the lines connected to that bus. PMU
measurements are synchronized, as they are timestamped by the global positioning systems (GPSs)
universal clock. The bus voltage phasor, provided by these measurement systems, are direct
measures of system state therefore, these phasor measures are measures of high accuracy when
compared with the conventional SCADA measures. The feasibility of measuring phasor quantities can
bring significant gains and a more accurate and updated system state.
With the aim of contributing to the implementation of phasor measurements in the system
operation, specifically system state status monitoring, this thesis presents approaches to incorporate
synchronized phasor measurements in state estimation process. In this context, this thesis
investigates the influence on the use of phasor measurements in power system state estimation. This
work presents proposals for two methods for the use of phasor measurements in the state
estimation procedures, evaluating the improvements and gains brought to the procedure.
The use of phasor measurements for obtaining system observability is addressed in this work
too.
All methodologies proposed were tested on IEEE 14, 30, 57 and 118 bus test system, based on
simulations performed in a simulation platform, using MATLAB, specially developed and adapted for
this purpose.
The studies substantiate the effect on quality improvement of the state estimated variables
and on the performance of the state estimator with the use of synchronized phasor measurements.
Keywords: Observability, State Estimation, Synchronized Phasor Measurements, Synchronized
Phasor Measurement Units, Weighted Least Square Method.
ix
NDICE
ndice
Lista de Figuras ........................................................................................................................................ xi
Lista de Tabelas ...................................................................................................................................... xv
Lista de Abreviaturas ............................................................................................................................ xvii
Captulo 1 Introduo ........................................................................................................................... 1
1.1 Consideraes Gerais ............................................................................................................. 1
1.2 Motivao: definio do problema ........................................................................................ 4
1.3 Objetivos da Tese ................................................................................................................... 5
1.4 Estrutura da Tese ................................................................................................................... 5
Captulo 2 Estimao de Estado em Sistemas Eltricos de Energia ..................................................... 9
2.1 Introduo ............................................................................................................................. 9
2.2 Reviso Bibliogrfica: Estimao de Estado ......................................................................... 12
2.2.1 Evoluo da tcnica de estimao de estado .................................................................. 12
2.2.2 Mtodos para a Estimao de Estado ............................................................................. 13
2.2.2.1 Mtodo dos mnimos quadrados ponderados (WLS ) ............................................ 13
2.2.2.2 Least Absolute Value Method ................................................................................. 14
2.2.2.3 M-Estimators .......................................................................................................... 15
2.2.2.4 Mtodos de processamento de dados afetados de erros ...................................... 15
2.3 Formulao Matemtica: Estimao de Estado convencional ............................................ 17
2.4 Estimao de estado WLS: abordagem com medidas convencionais ................................. 21
2.5 Concluses ........................................................................................................................... 25
Captulo 3 Sistemas de Medio Fasorial Sincronizada ..................................................................... 27
3.1 Introduo ........................................................................................................................... 27
3.2 Unidades de Medio Fasorial Sincronizada: PMU ............................................................. 29
3.3 Medio Fasorial Sincronizada aplicada Estimao de Estado ......................................... 33
3.3.1 Problema da colocao otimizada de PMUs (OPP, Optimal PMU Placement) ............ 34
3.3.2 Pesquisa Bibliogrfica: estimao de estado com medidas fasoriais .............................. 41
3.4 Concluses ........................................................................................................................... 46
Captulo 4 Anlise de Observabilidade ............................................................................................... 47
4.1 Introduo ........................................................................................................................... 47
4.2 Metodologia de Identificao da Observabilidade .............................................................. 50
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
x
4.3 Restabelecimento da observabilidade com recurso a medidas fasoriais ............................ 53
4.4 Aplicao da metodologia de anlise e restabelecimento da observabilidade ................... 57
4.5 Concluses ........................................................................................................................... 64
Captulo 5 Integrao de Medidas Fasoriais Sincronizadas na Estimao de Estado ......................... 67
5.1 Introduo ............................................................................................................................ 67
5.2 Estimao de estado WLS com medidas fasoriais: Mtodo EESCADA+PMU .............................. 69
5.2.1 Escolha da referncia angular .......................................................................................... 79
5.3 Estimao de estado WLS com medidas fasoriais: Mtodo EEclssico+EElinearPMU ................... 80
5.4 Concluses ........................................................................................................................... 85
Captulo 6 Simulaes e Resultados ................................................................................................... 87
6.1 Introduo ............................................................................................................................ 87
6.2 Ferramentas e Sistemas de Teste ........................................................................................ 87
6.3 Consideraes relativas aos testes efetuados ..................................................................... 88
6.4 ndices de avaliao do desempenho do estimador de estado ........................................... 91
6.5 Estrutura seguida na execuo dos testes usando os algoritmos implementados ............. 94
6.6 Estimao de Estado pelo Mtodo EESCADA+PMU .................................................................... 96
6.6.1 Avaliao do desempenho do estimador de estado: Sistema de 14 barramentos ......... 96
6.6.2 Avaliao do desempenho do estimador de estado: Sistema de 30 barramentos ....... 103
6.6.3 Avaliao do desempenho do estimador de estado: Sistema de 57 barramentos. ...... 109
6.6.4 Avaliao do impacto do aumento de medidas fasoriais na estimao de estado ....... 116
6.7 Anlise Comparativa dos mtodos EESCADA+PMU e EEclssico+EElinearPMU .................................. 126
6.7.1 Sistema de teste de 14 barramentos ............................................................................. 127
6.7.2 Sistema de teste de 30 barramentos ............................................................................. 129
6.7.3 Efeito do aumento de PMUs na estimao de estado: rede de 57 e 118 barramentos 133
6.8 Discusso dos Resultados e Concluses ............................................................................ 137
Captulo 7 ............................................................................................................................................. 141
7.1 Principais Contribuies ..................................................................................................... 141
7.2 Perspetivas de Desenvolvimentos Futuros ........................................................................ 144
Anexo A Descrio detalhada dos elementos da matriz jacobiana das correntes na forma polar .. 157
Anexo B Factorizao de Matrizes .................................................................................................... 159
B.1 Factorizao de Matrizes Simtricas Esparsas Mtodo de Cholesky ..................................... 159
B.2 Factorizao Ortogonal ............................................................................................................. 159
Anexo C Sistemas de Teste ............................................................................................................... 161
xi
LISTA DE FIGURAS Lista de Figuras
Figura 2.1: A Estimao de Estado e Anlise de Segurana de um SEE (adaptado de [1]) ................... 11
Figura 2.2: O papel da Estimao de Estado no funcionamento do SEE (adaptado de [2]) ................. 12
Figura 2.3: Modelo em de uma linha de transmisso incluindo tomada .......................................... 21
Figura 3.1: Arquitetura de uma PMU (adaptado de [41]) ..................................................................... 29
Figura 3.2: Funes do PDC (Phasor Data Concentrator) ..................................................................... 30
Figura 3.3: Arquitetura de um sistema WAMS ..................................................................................... 32
Figura 4.1: Fluxograma da metodologia de anlise e restabelecimento da observabilidade ............... 56
Figura 4.2: Configurao de medida usada no exemplo com o sistema de teste 14 barramentos ...... 57
Figura 4.3: Ilhas observveis no exemplo com o sistema de teste IEEE de 14 barramentos ............ 59
Figura 4.4: Ilhas observveis no exemplo com o sistema de teste IEEE de 30 barramentos ............ 61
Figura 4.5: Ilhas observveis no exemplo com o sistema de teste IEEE de 57 barramentos ............ 62
Figura 4.6: Configurao de medida final para o sistema de teste de 14 barramentos ....................... 63
Figura 4.7: Configurao de medida final para o sistema de teste de 30 barramentos ....................... 63
Figura 4.8: Configurao de medida final para o sistema de teste de 30 barramentos ....................... 64
Figura 5.1: Estimador de Estado: abordagem para incorporar medidas fasoriais ................................ 69
Figura 5.2: Derivada parcial ij
i
da fase da corrente de linha ........................................................ 71
Figura 5.3: Derivada parcial ij
iV
da fase da corrente de linha ...................................................... 71
Figura 5.4: Derivada parcial ij
i
I
da amplitude da corrente de linha ............................................. 72
Figura 5.5: Derivada parcial ij
i
I
V
da amplitude da corrente de linha ............................................ 73
Figura 5.6: Corrente injetada no barramento i ..................................................................................... 73
Figura 5.7: Derivada parcial ireal
i
I
da parte real da corrente injetada ........................................... 74
Figura 5.8: Derivada parcial ireal
i
I
V
da parte real da corrente injetada ......................................... 75
Figura 5.9: Derivada parcial iimag
i
I
da parte imaginria da corrente injetada ............................... 75
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
xii
Figura 5.10: Derivada parcial iimag
i
I
V
da parte imaginria da corrente injetada ............................ 76
Figura 5.11: Diagrama de blocos da estimao de estado convencional com ps-processamento ..... 81
Figura 5.12: Fluxograma do procedimento de estimao de estado linear implementado ................. 84
Figura 6.1: Estrutura do modelo de simulao implementado pelo Mtodo EESCADA+PMU ..................... 94
Figura 6.2: Estrutura do modelo de simulao implementado pelo Mtodo EEclssico+EElinearPMU ......... 95
Figura 6.3: Sistema de teste do IEEE de 14 barramentos: ilhas observveis ..................................... 96
Figura 6.4: Variao relativa de x
J na ltima iterao, para o sistema de 14 barramentos ............... 98
Figura 6.5: Maior variao relativa na amplitude da tenso para o sistema de 14 barramentos ........ 99
Figura 6.6: Maior variao relativa no ngulo de fase da tenso para o sistema de 14 barramentos 100
Figura 6.7: Erro mdio absoluto percentual da amplitude da tenso, sistema de 14 barramentos .. 101
Figura 6.8: Erro mdio absoluto do ngulo de fase da tenso para o sistema de 14 barramentos ... 102
Figura 6.9: ndice V
Macc para os cenrios criados para o sistema de teste de 14 barramentos ....... 103
Figura 6.10: Configurao de medida inicial do sistema de teste IEEE de 30 barramentos ............... 104
Figura 6.11: Variao relativa de x
J na ltima iterao para o sistema de 30 barramentos ............. 105
Figura 6.12: Maior variao relativa na amplitude da tenso no sistema de 30 barramentos .......... 106
Figura 6.13: Maior variao relativa no ngulo de fase da tenso no sistema de 30 barramentos ... 107
Figura 6.14: Erro mdio absoluto percentual da amplitude da tenso, sistema de 30 barramentos 107
Figura 6.15: Erro mdio absoluto do ngulo de fase da tenso no sistema de teste de 30 barramentos
.................................................................................................................................................... 108
Figura 6.16: ndice V
Macc para os cenrios criados para o sistema de teste de 30 barramentos ..... 108
Figura 6.17: Configurao de medida inicial para o sistema de teste de 57 barramentos ................. 109
Figura 6.18: Varivel de estado estimada para o barramento 9 para as 150 simulaes efetuadas .. 110
Figura 6.19: Varivel de estado estimada para o barramento 18 para as 150 simulaes efetuadas 111
Figura 6.20: Varivel de estado estimada para o barramento 32 para as 150 simulaes efetuadas 112
Figura 6.21: Varivel de estado estimada para o barramento 56 para as 150 simulaes efetuadas 113
Figura 6.22: Comportamento do ndice TVE nas variveis estimadas para cada cenrio ................... 114
Figura 6.23: Variao relativa de x
J na ltima iterao, sistema de 57 barramentos ....................... 115
Figura 6.24: Maior variao relativa na amplitude da tenso, sistema de 57 barramentos ............... 115
Figura 6.25: Maior variao relativa no ngulo de fase da tenso, sistema de 57 barramentos ....... 116
Figura 6.26: Configurao de medida sistema de 14 barramentos .................................................... 117
Figura 6.27: Erro mximo percentual na amplitude da tenso para os vrios cenrios ..................... 119
Figura 6.28: Erro mximo no ngulo de fase da tenso para os vrios cenrios ................................ 119
Lista de Figuras
xiii
Figura 6.29: Amplitude da tenso nos barramentos, com 20% de PMUs no sistema. ....................... 120
Figura 6.30: Amplitude da tenso nos barramentos, com 40% de PMUs no sistema ........................ 120
Figura 6.31: Amplitude da tenso nos barramentos, com 60% de PMUs no sistema ........................ 121
Figura 6.32: Amplitude da tenso nos barramentos, com 80% de PMUs no sistema ........................ 121
Figura 6.33: ngulo de fase da tenso nos barramentos, com 20% de PMUs no sistema ................. 122
Figura 6.34: ngulo de fase da tenso nos barramentos, com 40% de PMUs no sistema ................. 122
Figura 6.35: ngulo de fase da tenso nos barramentos, com 60% de PMUs no sistema ................. 123
Figura 6.36: ngulo de fase da tenso nos barramentos, com 80% de PMUs no sistema. ................ 123
Figura 6.37: Erro RMS na amplitude da tenso com o aumento de PMUs, sistema de 14 barramentos
.................................................................................................................................................... 124
Figura 6.38: Erro RMS na fase da tenso com o aumento de PMUs, sistema de 14 barramentos .... 125
Figura 6.39: Erro nas variveis estimadas com aumento de PMUs no sistema de 14 barramentos .. 125
Figura 6.40: Configurao de medida para o sistema de 14 barramentos ......................................... 127
Figura 6.41: Erro na amplitude da tenso estimada, sistema de 14 barramentos ............................. 128
Figura 6.42: Erro absoluto no ngulo de fase da estimada, sistema de 14 barramentos................... 128
Figura 6.43: Configurao de medida no sistema IEEE de 30 barramentos ....................................... 130
Figura 6.44: Erro na amplitude da tenso estimada, sistema de 30 barramentos ............................. 131
Figura 6.45: Erro no ngulo de fase da tenso estimada, sistema de 30 barramentos ...................... 131
Figura 6.46: Varivel de estado estimada no barramento 12 versus o seu verdadeiro valor ......... 132
Figura 6.47: Erro na amplitude da tenso com o aumento de PMUs, sistema 57 barramentos ........ 134
Figura 6.48: Erro no ngulo de fase da tenso com o aumento de PMUs, sistema 57 barramentos . 134
Figura 6.49: Erro na amplitude da tenso com o aumento de PMUs, sistema de 118 barramentos . 135
Figura 6.50: Erro no ngulo de fase da tenso com o aumento de PMUs, sistema de 118 barramentos
.................................................................................................................................................... 136
Figura C.1: Esquema unifilar do sistema de teste IEEE de 14 barramentos ....................................... 161
Figura C.2: Esquema unifilar do sistema de teste IEEE de 30 barramentos ....................................... 163
Figura C.3: Esquema unifilar do sistema de teste IEEE de 57 barramentos ....................................... 166
Figura C.4: Esquema unifilar do sistema de teste IEEE de 118 barramentos ..................................... 171
xv
LISTA DE TABELAS Lista de Tabelas
Tabela 4-1: Configuraes de medidas iniciais dos sistemas de teste IEEE utilizados nos exemplos ... 60
Tabela 4-2: Identificao dos ramos no observveis redes IEEE utilizadas ........................................ 60
Tabela 4-3: Medidas utilizadas para obter o restabelecimento da observabilidade do sistema ......... 62
Tabela 6-1: Configurao de medidas provenientes das PMUs ............................................................ 97
Tabela 6-2: Configurao de medida referente localizao de PMUs ............................................. 104
Tabela 6-3: Resultados da funo objetivo. ........................................................................................ 113
Tabela 6-4: Combinaes relativas localizao das PMUs em cada cenrio .................................... 117
Tabela 6-5: Exemplo das combinaes produzidas para o cenrio 20 ............................................... 118
Tabela 6-6: Configurao de medida inicial para o sistema de 57 barramentos ................................ 133
Tabela 6-7: Configurao de medida inicial para o sistema de 118 barramentos .............................. 135
Tabela 6-8: Tempos de processamento: sistema de 118 com 20% dos barramentos com PMUs. .... 136
Tabela C-1: Dados relativos aos barramentos do sistema de teste de 14 barramentos .................... 162
Tabela C-2: Dados das linhas do sistema de teste de 14 barramentos .............................................. 162
Tabela C-3: Dados dos transformadores do sistema de teste de 14 barramentos............................. 163
Tabela C-4: Dados dos barramentos com regulao no sistema de teste de 14 barramentos .......... 163
Tabela C-5: Dados relativos aos barramentos do sistema de teste de 30 barramentos .................... 164
Tabela C-6: Dados das linhas do sistema de teste de 30 barramentos .............................................. 165
Tabela C-7: Dados dos transformadores do sistema de teste de 30 barramentos............................. 165
Tabela C-8: Dados dos barramentos com regulao no sistema de teste de 30 barramentos .......... 166
Tabela C-9: Dados relativos aos barramentos do sistema de teste de 57 barramentos (1 de 2) ....... 167
Tabela C-10: Dados relativos aos barramentos do sistema de teste de 57 barramentos (2 de 2) ..... 168
Tabela C-11: Dados dos barramentos com regulao no sistema de teste de 57 barramentos ........ 168
Tabela C-12: Dados das linhas do sistema de teste de 57 barramentos (1 de 2) ............................... 169
Tabela C-13: Dados das linhas do sistema de teste de 57 barramentos (2 de 2) ............................... 170
Tabela C-14: Dados dos transformadores do sistema de teste de 57 barramentos........................... 170
Tabela C-15: Dados relativos aos barramentos do sistema de teste de 118 barramentos (1 de 3) ... 172
Tabela C-16: Dados relativos aos barramentos do sistema de teste de 118 barramentos (2 de 3) ... 173
Tabela C-17: Dados relativos aos barramentos do sistema de teste de 118 barramentos (3 de 3) ... 174
Tabela C-18: Dados das linhas do sistema de teste de 118 barramentos (1 de 4) ............................. 175
Tabela C-19: Dados das linhas do sistema de teste de 118 barramentos (2 de 4) ............................. 176
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
xvi
Tabela C-20: Dados das linhas do sistema de teste de 118 barramentos (3 de 4).............................. 177
Tabela C-21: Dados das linhas do sistema de teste de 118 barramentos (4 de 4).............................. 178
Tabela C-22: Dados dos transformadores do sistema de teste de 118 barramentos ......................... 178
Tabela C-23: Dados dos barramentos com regulao no sistema de teste de 118 barramentos ...... 179
Tabela C-24 Dados dos shunts no sistema de teste de 118 barramentos .......................................... 179
xvii
LISTA DE ABREVIATURAS Lista de Abreviaturas
AEP American Electric Power Service Corporation
BIP Binary Interger Programming
BPSO Binary Particle Swarm Optimization
DE - Evoluo Diferencial
DeFS Depth First Search
EMS Energy Management System
GA Algoritmo Gentico
GPS Global Positioning System
IA Imumme Algorithm
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers, Inc. (originalmente)
ILP Programao Linear Inteira (Integer Linear Programming)
IRLS Iteratively Reweighted Least Squares
LAV Least Absolute Value
LP Programao Linear
ML Maximum Likelihood (Mximo de Verosimilhana)
MSA Modified Simulated Annealing
MSE Mean Square Error (Erro Mdio Quadrtico)
MT Mdia Tenso
NR Newton Raphson
NSGA Non Dominated Sorting Genetic Algorithm
OPP Optimal PMU Placement
PDC Phasor Data Concentrator (Unidade que recolhe os dados provenientes das PMUs)
PMU Phasor Measurement Unit (Unidade de medio fasorial)
PNL Programao No Linear
PSO - Particle Swarm Optimization
QC Quadratic Constant
QL Quadratic Linear
RTU Remote Terminal Unit
SA - Simulated Annealing
SCADA Supervisory Control And Data Acquisition
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
xviii
SEE Sistema Elctrico de Energia
TI Transformador de Corrente
TS Tabu Search
TT Transformador de Tenso
WAN Wide Area Networks
WAMS Wide Area Measurement System
WLAV Weighted Least Absolute Value
WLS Weight Least Square
1
1 INTRODUO
Captulo 1 Introduo
1.1 Consideraes Gerais
Os Sistemas Eltricos de Energia (SEEs), estruturas extremamente complexas e de grandes
dimenses, foram projetados e tm funcionado de forma conservadora ao longo dos anos. Com a
indstria eltrica a passar por mltiplas mudanas e reestruturaes com vista desregulao,
muitos dos SEE em todo o mundo atravessam mudanas operacionais fundamentais.
Com a restruturao em curso, os lucros so menos garantidos e algumas entidades do sector
eltrico aumentam os trnsitos de potncia na rede com objetivo de gerar mais retornos. O sistema
de transmisso de energia eltrica que antes era concebido como uma ponte entre a produo e a
distribuio, transforma-se numa plataforma de mercado de eletricidade. Integrados em mercados
regulados, as empresas que tutelam as redes de transmisso so obrigadas a permitir a utilizao dos
seus sistemas por outras entidades, garantindo, a todos os intervenientes no mercado energtico,
produtores, distribuidores, comercializadores e consumidores, acesso s redes e demais
infraestruturas.
Os intervenientes no mercado energtico, agora mais orientados para objetivos comerciais e
no tcnicos, requerem informao constante sobre o estado do sistema. O novo ambiente
reestruturado introduz, por isso, mais exigncias tcnicas e financeiras com vista a operar de forma
fivel, robusta e eficiente.
Um desafio fundamental ter um modelo do sistema em tempo real, de modo a que os
clculos realizados com base no modelo do sistema se assemelhem a situao real. O modelo do
sistema em tempo real traduz o retrato instantneo deste, contendo uma quantidade significativa de
informao, medidas redundantes, a topologia correta a partir da qual possvel aferir, entre outros,
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
2
as medidas derivadas e parmetros dos elementos do modelo com elevada preciso. Um EMS
(Energy Management System) fornece um vasto conjunto de medies e de aplicaes
computacionais que permitem a monitorizao e o controlo do SEE.
A evoluo do SEE conduziu necessidade de definir novas metodologias para analisar, prever
e prevenir acontecimentos que conduzam ao colapso do sistema. Com a nfase numa maior
utilizao destes sistemas, a monitorizao da sua dinmica est a tornar-se cada vez mais
importante.
Deste ponto de vista, os principais fatores que potenciaram as necessidades das entidades do
sector eltrico e as ofertas no mbito dos sistemas de monitorizao, controlo e proteo em larga
escala dos SEEs so:
- As presses econmicas sobre o mercado de eletricidade e sobre operadores do sistema
forando-os a maximizar a utilizao de equipamento, que muitas vezes significa funcionamentos
muito prximos dos limites do sistema e dos seus componentes;
- A garantia e fiabilidade do fornecimento de energia cada vez mais essenciais numa sociedade
progressivamente mais consumista. Toda a interrupo de fornecimento acarreta geralmente custos
considerveis e a ocorrncia do colapso do sistema torna-se cada vez mais dispendiosa;
- As perturbaes em larga escala que ocorreram na ltima dcada foraram as entidades do
sector eltrico a projetar esquemas de proteo para contrariar a instabilidade da tenso, angular ou
da frequncia, para aperfeioar tcnicas de damping ou para outros propsitos especficos, como a
sada de servio em cascata das linhas. Existe uma crescente preocupao com a segurana fsica das
redes eltricas, que tradicionalmente no era considerada no planeamento das redes.
O trabalho de investigao desenvolvido pela comunidade cientfica tem contribudo de forma
significativa para o conhecimento de fenmenos relacionados com os incidentes nos sistemas
eltricos, nomeadamente os que conduzem a blackouts.
Tm sido desenvolvidos ou esto em estudo e/ou em desenvolvimento mtodos para
contrariar estes incidentes, promovendo aes de controlo e proteo mais rpidas e eficientes,
necessrias para impedir a ocorrncia de se propagar.
Captulo 1 Introduo
3
Perante este cenrio, que impe severas restries de funcionamento ao operador de sistema
torna-se necessrio uma constante evoluo nos mtodos e instrumentos dedicados monitorizao
e ao controlo da operao dos SEEs, em tempo real.
O elevado grau de desenvolvimento tecnolgico que se pode observar nos ltimos anos,
nomeadamente no que diz respeito aos sistemas de comunicao utilizados na transmisso dos
dados e tambm na possibilidade de sincronizao dos mesmos, tornam possvel a planificao de
novas solues de monitorizao e controlo dos SEEs.
Novas tecnologias tm surgido, tendo-se evidenciado a Medio Fasorial Sincronizada.
Este novo sistema de medio destaca-se pelo uso das Unidades de Medio Fasorial, mais
conhecidas como PMUs (Phasor Measurement Units).
As PMUs permitem a realizao da medio de grandezas fasoriais em instalaes
geograficamente distantes por utilizarem uma fonte eficaz de sincronizao, fornecida pelo sistema
GPS (Global Positioning System), conseguem uma taxa de amostragem at 60 medidas por segundo e
com elevada preciso angular, preenchendo assim os requisitos da maioria das aplicaes de
monitorizao e controlo. Tais caractersticas vm ao encontro das necessidades tecnolgicas atuais
e representam um novo paradigma para a superviso e controlo do sistema em tempo real.
Este tipo de medio fasorial sincronizada tambm estabelece novas possibilidades para as
funes do Estimador de Estado.
O Estimador de Estado constitui um elemento chave dos modernos sistemas EMS: Um
estimador de estado utiliza as entradas e o modelo do sistema para obter e representar os estados
do sistema eltrico (sobretudo as amplitudes e ngulos de fase das tenses).
Existem vrios tpicos em estudo com vista melhoria da preciso da estimao de estado
em SEEs. , nomeadamente, necessrio a aquisio de informao com mais preciso e taxas de
atualizao dessa informao mais rpidas do que as facultadas pelos sistemas SCADA tradicionais.
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
4
O trabalho desenvolvido e apresentado nesta tese analisa como a nova tecnologia das
unidades de medio fasorial (Phasor Measurement Units) pode ser utilizada para melhorar a
estimao de estado em SEEs.
1.2 Motivao: definio do problema
Considerando que o sistema de medio fasorial sincronizada abre novas perspetivas de
aplicao no que concerne melhoria da segurana na operao dos SEEs, algumas questes
relevantes so prontamente identificadas:
Considerando que as unidades de medio fasorial se encontram disponveis, e
reconhecendo que fornecem medidas diretas de elevada qualidade do estado do sistema, como
integrar estas medidas aos estimadores de estado em uso e quais os impactos causados?
O estimador de estado poderia basear-se em exclusivo nas medidas provenientes das
unidades de medio fasorial?
Sendo a anlise da observabilidade o primeiro passo na determinao do estado estimado
do sistema, podero ser utilizadas medidas fasoriais com o objetivo de garantir a observabilidade do
sistema, dado um conjunto de medidas convencionais SCADA insuficiente?
Nos sistemas de transmisso, a utilizao de medidas de corrente degradam a qualidade da
estimativa por problemas numricos com a matriz jacobiana de medidas. Como contornar este
problema, possibilitando o uso de medidas fasoriais de corrente no processo da estimao de
estado?
A utilizao de mtodos, como o mtodo dos mnimos quadrados ponderados, na estimao
de estado, pode originar problemas de convergncia ou instabilidade numrica que deterioram a
qualidade do estado estimado, principalmente perante medidas de corrente ou pela pouca
redundncia de medida. Qual o efeito na convergncia ou na estabilidade numrica do processo da
estimao de estado perante a utilizao de medidas fasoriais sincronizadas?
Captulo 1 Introduo
5
1.3 Objetivos da Tese
Pretendeu-se neste trabalho essencialmente:
- Caracterizar as vantagens e expectativas da aplicao prtica de PMUs em estimadores de
estado em SEEs;
- Aperfeioar o processo de Estimao de Estado, relativamente integrao de medidas
fasoriais sincronizadas, nomeadamente, avaliando as caractersticas dos sistemas de medio fasorial
sincronizada em relao aos sistemas de medio convencionais atualmente disponveis, preciso
das medidas provenientes das PMUs, s possibilidades de melhoria dos resultados da estimao de
estado com os processos de estimao de estado convencionais existentes;
- Desenvolver mtodos que incorporem medidas fasoriais sincronizadas no processo da
estimao de estado;
- Avaliar a influncia das medidas fasoriais sincronizadas no processo de estimao de estado,
quer em termos de preciso da estimativa do estado quer em termos de desempenho do estimador
relativamente s questes de convergncia e instabilidade numrica.
Com o trabalho desenvolvido e apresentado nesta tese pretendeu-se, fundamentalmente,
obter as respostas s questes levantadas no ponto anterior.
1.4 Estrutura da Tese
Com vista apresentao do trabalho desenvolvido, a tese foi estruturada em 7 captulos e um
conjunto de 3 anexos, identificados pelas letras A, B e C.
Este primeiro captulo apresenta uma contextualizao do tema, destacando as questes
principais que o trabalho se prope tratar, os objetivos a alcanar, justificando assim a razo do
trabalho desenvolvido.
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
6
O captulo seguinte apresenta um estudo do estado da arte da Estimao de Estado em SEE.
includa uma reviso bibliogrfica que permite uma viso da evoluo e progresso dos algoritmos de
estimao de estado desenvolvidos nas ltimas 3 dcadas.
A formulao matemtica do mtodo do Mnimos Quadrados Ponderados (WLS) que
utilizado no processo da estimao de estado convencional apresentada neste captulo.
No Captulo 3 so explorados os sistemas de medio fasorial. apresentado um estudo do
estado da arte relativo aos sistemas de medio fasorial, abordando diversos aspetos,
nomeadamente relacionados com o aparecimento desta nova tecnologia, identificao dos mais
recentes desenvolvimentos que envolvem estes sistemas e as aplicaes relevantes.
Sendo a utilizao de medidas fasoriais na estimao de estado um dos objetivos principais
deste trabalho, dado, neste captulo, uma especial enfse ao estado da arte da utilizao deste tipo
de medidas pelo estimador de estado.
O Captulo 4 apresenta uma metodologia de anlise da observabilidade do sistema e da
restituio da mesma, utilizando medidas provenientes de PMUs, quando o conjunto de medidas
convencionais SCADA inicial por si s no garante a observabilidade do sistema. So explorados
alguns exemplos onde aplicada a metodologia descrita.
O Captulo 5 inclui uma descrio pormenorizada dos modelos matemticos considerados na
temtica de incorporar medidas fasoriais na estimao de estado. O captulo inicia-se com uma
abordagem em que o conjunto de medidas a ser utilizado no problema da estimao de estados pelo
mtodo WLS constitudo por medidas convencionais provenientes do sistema SCADA e novas
medidas provenientes de PMUs que se encontram distribudas pelo sistema. Outra abordagem,
tambm apresentada neste captulo, a de utilizar as medidas provenientes das PMUs numa etapa
de ps-processamento da estimao de estado convencional. Esta etapa consiste em aplicar ao
resultado do estimador de estado convencional um estimador de estado linear baseado em medidas
provenientes das PMUs. Neste captulo tambm caraterizada a utilizao de medidas fasoriais de
corrente no processo da estimao de estado, nomeadamente como tratar a incluso destas
medidas sem que degradem a qualidade da estimativa devido a problemas numricos associados
caracterizao da matriz jacobiana de medidas.
Captulo 1 Introduo
7
No Captulo 6 so discutidos, em detalhe, os pormenores de implementao das
funcionalidades que se considerou integrarem o(s) algoritmo(s) de estimao de estado em estudo.
Apresenta uma avaliao do funcionamento do estimador de estado. Esta avaliao feita com base
em simulaes numricas realizadas na plataforma de simulao desenvolvida especificamente para
este efeito. Aps descrio da simulao efetuada, so apresentados vrios exemplos de aplicao
dos algoritmos desenvolvidos, sendo usadas, para o efeito, as redes de teste IEEE 14 barramentos,
IEEE 30 barramentos, IEEE 57 barramentos e IEEE 118 barramentos.
O Captulo 7 conclui a tese, apresentando as suas maiores contribuies. So tambm
identificados os pontos mais interessantes, que podero ser objeto de trabalho futuro.
No Anexo A feita uma descrio detalhada relativa s equaes correspondentes aos
elementos da matriz jacobiana de medida, representados na forma polar.
O Anexo B apresenta mtodos de factorizao de matrizes usados no trabalho,
nomeadamente o mtodo de Cholesky e a factorizao ortogonal usados na inverso de matrizes
esparsas, como a matriz jacobiana de medida.
Finalmente, o Anexo C contm os dados base dos sistemas de teste do IEEE utilizadas,
nomeadamente as caractersticas eltricas do sistema: nveis de tenso e parmetros de linhas e de
transformadores.
9
2 ESTIMAO DE ESTADO EM SISTEMAS
ELTRICOS DE ENERGIA Captulo 2 Estimao de Estado em Sistemas Eltricos de Energia
2.1 Introduo
Neste captulo apresenta-se uma reviso ao estado da arte do que rodeia o conceito da
Estimao de Estado em SEEs. Os assuntos abordados vo desde o historial, dos primeiros trabalhos
publicados neste contexto, passando pelas questes tcnicas relativas aos algoritmos de estimao
de estado desenvolvidos, tcnicas de processamento de erros grosseiros, utilizao de medidas
fasoriais nos algoritmos de estimao de estado, bem como aplicaes destas medidas na
monitorizao de sistemas de grandes dimenses.
No segundo quartel do sculo passado, a energia eltrica tornou-se um bem de consumo
disponvel em larga escala e, com vista a assegurar as exigncias de qualidade, continuidade e
segurana que garantam o funcionamento do sistema num estado seguro, a tendncia no
funcionamento dos sistemas tem-se caracterizado pela incorporao, nos centros de controlo para a
conduo da rede, de funes que visam a avaliao em tempo real da segurana.
O funcionamento destes centros de controlo exige, nomeadamente, a recolha de informao
sobre medidas, estrutura topolgica e alarmes de todas as instalaes do sistema. O desempenho
das funes de monitorizao e anlise de segurana de um sistema depende da disponibilidade de
informaes que traduzam o real estado do sistema. O sucesso das aes de controlo efetuadas
sobre um SEE est intimamente ligado com a preciso com que conhecido a cada instante o
verdadeiro estado do sistema.
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
10
Por outras palavras, muito importante o estimador de estado efetuar o tratamento
integrado de toda a informao disponvel, de modo a obter uma base de dados completa, coerente
e fivel que permita determinar o modelo em tempo real do sistema e que sirva de base para a
tomada de decises relativas conduo da rede e anlise da respetiva segurana (Figura 2.1). Este
o objetivo principal da Estimao de Estados em SEE.
O Estimador de Estados permite que o operador do sistema monitorize as condies de
funcionamento do sistema a partir de dados recolhidos em tempo real. Alm disso, o estimador de
estados propicia a correo destes dados, atravs de metodologias de deteo e identificao e
eliminao de erros grosseiros, pode tambm ser dotado de ferramentas de anlise da
observabilidade com vista avaliao da qualidade da base de dados utilizada. Por este motivo,
cada vez mais consensual, a estimao de estado ser considerada a ferramenta bsica de apoio ao
operador do sistema.
Nos novos ambientes reestruturados, que englobam os vrios participantes do mercado de
energia eltrica, a Estimao de Estados assume um papel ainda mais importante. Este novo
contexto contrape a crescente exigncia de garantia da segurana na conduo da rede que da
responsabilidade do operador do sistema, tendncia de uma cada vez menor disponibilidade, em
tempo til, de informaes relativas ao desempenho operacional das empresas intervenientes no
mercado energtico.
Simultaneamente a esta condio desfavorvel, surgem novas tecnologias que atuam na
procura de solues aos problemas que se apresentam. Existem vrios tpicos em estudo com vista
melhoria da preciso da estimao de estado em SEE. Para tal, torna-se necessria a aquisio de
informao com mais preciso e taxas de atualizao dessa informao mais rpidas do que as
facultadas pelos sistemas SCADA tradicionais. neste contexto que surgem as unidades de medio
fasorial sincronizada (PMUs).
As PMUs constituem uma das mais recentes tecnologias utilizadas na melhoria do
funcionamento dos SEEs. So unidades de medida que so colocadas em pontos estratgicos do
sistema e que so responsveis pela aquisio sincronizada no tempo, dos fasores das tenses nos
barramentos e das correntes nas linhas adjacentes, disponibilizando estas grandezas para as diversas
aplicaes, nomeadamente para a estimao de estado.
Captulo 2 Estimao de Estado em Sistemas Eltricos de Energia
11
TELEMEDIDAS
PR-FILTRAGEM
ESTIMAO DE ESTADO
PREVISO DE CARGA A CURTO PRAZO
CONTROLO DE EMERGNCIA
MONITORIZAO DA SEGURANA
FLUXO DE CARGAS
CONTROLO PREVENTIVO
TELESSINALIZAES
FIM
ESTADO DE RESTABELECIMENTO
ESTADO DE EMERGNCIA
ESTADO VULNERVEL
ESTADO SEGURO
CONTROLO DE RESTABELECIMENTO
ANLISE DA SEGURANA
MONITORIZAO DA SEGURANA
AQUISIO E PROCESSAMENTO DA INFORMAO
MODELIZAO DE REDES ADJACENTES
SELECO DE CONTINGNCIAS
PROCESSADOR TOPOLGICO
Figura 2.1: A Estimao de Estado e Anlise de Segurana de um SEE (adaptado de [1])
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
12
Figura 2.2: O papel da Estimao de Estado no funcionamento do SEE (adaptado de [2])
No Captulo 3 feita uma descrio mais detalhada das unidades de medio fasorial
sincronizada (PMU) e dos sistemas GPS utilizados por estas. analisado como esta nova tecnologia
pode ser utilizada na melhoria da estimao de estado em Sistemas Eltricos de Energia.
2.2 Reviso Bibliogrfica: Estimao de Estado
Este ponto rev o trabalho de investigao e estudos que foram feitos na rea da estimao de
estados de Sistemas Eltricos de Energia. Apresenta os trabalhos mais importantes desenvolvidos,
relacionados com os algoritmos de estimao de estado e tcnicas de processamento de erros
grosseiros desenvolvidas para identificar e eliminar dados com erros.
2.2.1 Evoluo da tcnica de estimao de estado
Fred C. Schweppe introduziu em [3-5] o conceito de estimao de estado em sistemas
eltricos. Fred C. Schweppe e J. Wildes desenvolveram o mtodo dos mnimos quadrados para a
estimao de estado. Em [3] apresentam a discusso e modelao do problema da estimao de
SCADA MODELO
REDE OUTRA
INFORMAO PDC
PMU
PMU
PMU
ESTIMAO DE
ESTADO
ANLISE DE CONTINGNCIAS
TRNSITO TIMO DE POTNCIAS
AUMENTO DE SEGURANA
ANLISE DINMICA
SEGURANA
TESTES DE FIABILIDADE OUTRAS
APLICAES
Captulo 2 Estimao de Estado em Sistemas Eltricos de Energia
13
estado, e da metodologia interativa utilizada para resolver o problema. Robert E. Larson e todos em
[6] implementaram a tcnica da estimao de estado num caso de estudo com um sistema de
maiores dimenses para demonstrar a sua aplicabilidade prtica. A sua contribuio, contudo, s era
aplicvel estimao de estado esttica no podendo ser utilizada na tomada de decises em tempo
real. S. Debs e Robert E. Larson em [7] propuseram um mtodo baseado no filtro de Kalman para a
estimao de estado dinmica. Proposeram a incluso da componente do comportamento no tempo
do estado do sistema na formulao do problema de forma a introduzir o seu carcter dinmico. A
implementao prtica de tcnicas de estimao de estado em SEEs foi reportada em [8, 9]. So
apresentadas em [10] ferramentas da estimao de estado moderna melhoradas em termos de
visualizao permitindo uma melhor compreenso da situao e consequente tomada de deciso
mais rpida e eficaz.
2.2.2 Mtodos para a Estimao de Estado
Para este trabalho de investigao importante rever a bibliografia relacionada com
diferentes tipos de mtodos para a estimao de estado que tm sido desenvolvidos ao longo do
tempo. A aplicao da estimao de estado tal como processamento de erros grosseiros nos dados
so tambm analisados nesta seco.
2.2.2.1 Mtodo dos mnimos quadrados ponderados (WLS )
Fred C. Schweppe e J. Wildes [3] desenvolveram inicialmente um modelo matemtico para o
problema da estimao de estado. Foi utilizado o mtodo dos mnimos quadrados ponderados para
resolver o problema da estimao de estado. O mtodo desenvolvido minimizava a soma ponderada
dos quadrados da diferena entre os valores medidos e os valores estimados.
O peso atribudo a cada medida obtido a partir da preciso do dispositivo e denominado de
desvio padro da medida. s medidas com maior preciso so atribudos pesos maiores de maneira
que no processo da estimao possam influenciar a soluo baseando-se num elevado grau de
confiana das medidas de elevada preciso. O mtodo Full Newton Raphson (NR) foi usado para a
linearizao e resoluo iterativa dos estados do sistema. A formulao Fast Decoupled do mtodo
WLS [11, 12] foi mais tarde desenvolvida, requerendo menos memria e apresentando-se
computacionalmente mais rpida do que o mtodo WLS Full Newton Raphson.
H.M. Merrill e todos em [13] propuseram um mtodo de supresso de dados com erros
grosseiros baseado na constante quadrtica e no mtodo WLS. Os dados afetados de erros grosseiros
so suprimidos num passo de ps-processamento depois das iteraes do mtodo WLS.
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
14
A. Monticelli e todos em [14] apresentaram um mtodo melhorado de processamento de
dados afetados de erros grosseiros para o mtodo WLS considerando a coerncia entre medidas com
maior resduos normalizados com as restantes medidas.
S.Y. Lin em [15] props um mtodo para executar uma estimao de estado distribuda usando
mtodo WLS. A estimao de estado executada distribuindo a rede por vrios computadores.
A. Monticelli em [16] desenvolveu um mtodo inovador de incluir o estado dos interruptores
no conjunto de medidas no mtodo WLS. Os erros grosseiros introduzidos devido ao estado dos
interruptores so tratados, por imposio de restries relativas ao estado e aos erros analgicos
destes.
Jie Wan e todos em [17] propuseram uma abordagem diferente para realizar estimao de
carga numa rede de distribuio no equilibrada utilizando o mtodo WLS.
Shan Zhong e todos em [18] desenvolveram um mtodo para atualizar os pesos no mtodo
WLS com base nas varincias obtidas de medidas de resduos. A sua aplicao foi alargada para afinar
os pesos automaticamente no processo online.
J. H. Teng em [19] propuseram um mtodo para incluir medidas de corrente no mtodo WLS
quer para sistemas de distribuio quer de transmisso. Foram efetuadas comparaes em
diferentes casos de teste para a abordagem WLS com ou sem recurso formulao fast decoupled.
F. Shabani e todos em [20] utilizaram a lgica fuzzy no estimador de estado WLS com objetivo
de melhoria da preciso.
2.2.2.2 Least Absolute Value Method
M. R. Irving, R. C. Owen e M. J. H. Sterling em [21] estudaram o mtodo Least Absolute Value
(LAV) na resoluo do problema da estimao de estado. A funo objetivo de minimizao deste
mtodo a soma dos valores absolutos das diferenas entre as grandezas medidas e estimadas com
restries de equaes de medidas. Foram utilizadas tcnica de programao linear para formular e
resolver o problema como um problema de programao linear.
W. W. Kotiuga e M. Vidyasagar em [22] desenvolveram o estimador de estado Weighted Least
Absolute Value (WLAV) apresentando-o como mais robusto que o mtodo WLS. Possui propriedades
inerentes de identificao e eliminao de dados afetados de erros grosseiros.
A. Abur e M. K. Celik em [23, 24] desenvolveram uma verso mais rpida e eficiente do
mtodo WLAV. Esta nova verso alm de consumir menos tempo computacional de simulao
tambm capaz de resolver o problema dos pontos de alavancamento, leverage points, presentes
no mtodo descrito em [22].
Captulo 2 Estimao de Estado em Sistemas Eltricos de Energia
15
A. Abur e M. K.Celik em [25] tambm introduziram as restries de igualdade e desigualdade
no resduo de medida (diferena entre o valor medido e o estimado) para resolver o problema LAV
utilizando o mtodo Simplex de programao linear. Os seus esforos aumentaram a confiabilidade
na estimao de estado LAV pela melhoria no desempenho e aumento na eficincia computacional
do algoritmo.
N. K. Karmakar em [26] desenvolveu o mtodo do ponto interior, the interior point method
para resoluo do problema de programao linear.
H. Singh e F. L. Alvarado em [27] aplicaram o mtodo do ponto interior de resoluo do
problema de programao linear ao problema da estimao de estado LAV. Conseguiram demonstrar
que este mtodo mais eficiente que o mtodo simplex em termos de convergncia e tempo
computacional.
R. A. Jabr e B. C. Pal em [28] utilizaram o mtodo de Newton-Raphson na resoluo do
problema LAV. Aplicaram o mtodo de implementao dos mnimos quadrados ao problema WLAV
sem utilizar tcnicas de programao linear.
2.2.2.3 M-Estimators
M-Estimators so estimadores de mximo de verosimilhana (ML) que minimizam uma funo
objetivo expressa como funo da diferena entre os valores medidos e estimados com restries
impostas equao pelas medidas.
E. Handschin, F. Schweppe, J. Kohlas e A. Fitcher em [29] introduziram funes objetivo
baseadas na constante quadrtica, Quadratic Constant (QC), linear quadrtica, Quadratic Linea (QL),
e raiz quadrada Square Root (SR) para estimadores tipo M. Estes mtodos so concebidos para
suprimir os dados afetados de erros dentro do processo iterativo de soluo do problema de
estimao de estado. Todos os mtodos de estimao de estado tm como objetivo a minimizao
da diferena entre grandezas medidas e estimadas. Produzem uma sada que possui as amplitudes e
ngulos de fase das tenses nos barramentos e os valores estimados das medidas. A informao
adicional acerca do sistema pode ser calculada atravs destes valores.
2.2.2.4 Mtodos de processamento de dados afetados de erros
O processamento de dados afetados de erros um dos problemas que pode ser solucionado
com a estimao de estado. Algumas das fontes de introduo de erros nas medidas so devido a
interferncias nos sistemas de comunicao, dispositivos de medidas que medem incorretamente,
no simultaneidade das medidas, etc [30].
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
16
Os algoritmos de estimao de estado utilizam diferentes tcnicas de processamento dos erros
nas medidas.
No mtodo WLS o processamento de erros nas medidas efetuado como um passo de ps-
processamento. O teste do chi-quadrado [30] utilizado depois da estimao de estados pelo
mtodo WLS com o objetivo de detetar a presena de erros nas medidas. O teste utiliza a soma
ponderada dos quadrados dos resduos e uma probabilidade de erro limiar para detetar a presena
de dados afetados de erros. O teste do maior resduo normalizado e o teste de hipteses so
mtodos de deteo e identificao [31] que foram desenvolvidos para identificar os dados afetados
de erros. No teste do maior resduo normalizado [32] os resduos normalizados so calculados
dividindo o valor absoluto de cada resduo (diferena entre o valor medido e estimado) pelo
elemento correspondente na diagonal da matriz de covarincia. O maior entre os resduos
normalizados o escolhido e comparado com valor limiar de deteo. A medida removida se o
correspondente resduo normalizado ultrapassar o limiar de identificao e a estimao de estado
WLS novamente executada com vista a obter melhores estimativas. Identificao por testes de
hipteses [31] um mtodo melhorado de identificao de dados afetados de erros que pode lidar
com vrias medidas afetadas com base na estimativa de erros de medio. Este mtodo usa dois
tipos de hipteses para tomar deciso de aceitar ou rejeitar uma regra. As duas hipteses so
complementares entre si. Por exemplo, se duas das seis medidas tm resduos normalizados maiores
que o limiar estabelecido, ento as regras podem ser: (i) medida 1 com presena de erros e medida 2
com ausncia de erros. (ii) medida 2 com presena de erros e medida 1 com ausncia de erros (iii)
Ambas as medidas com presena de erros. A metodologia utilizada para verificar qual das hipteses
verdadeira consiste em remover a medida afetada de erro, estimar o estado da rede, e
seguidamente verificar a veracidade da hiptese atravs da anlise dos resultados da estimao de
estado. Depois de implementar todas as hipteses, o teste do chi-quadrado podem ser empregues
para detetar a presena de medidas afetadas de erros. Se o teste do chi-quadrado falhar, ento a
hiptese verdadeira, caso contrrio ela falsa.
Os estimadores M e mtodos LAV tm, inerente, recursos de processamento de medidas
afetadas de erros, que os tornam mtodos mais robustos do que os tradicionais mtodos WLS.
Captulo 2 Estimao de Estado em Sistemas Eltricos de Energia
17
2.3 Formulao Matemtica: Estimao de Estado convencional
A estimao de estado uma tcnica utilizada para capturar as condies de funcionamento
em tempo real, ou estados do sistema, de um sistema eltrico de energia. Num sistema de N
barramentos, haver 2N-1 variveis de estado estimadas do sistema. Isto contabiliza uma varivel
para a amplitude da tenso por cada barramento e uma varivel relativa ao ngulo de fase por cada
barramento menos um. O ngulo de fase do barramento no contabilizado assumido como zero e o
barramento correspondente considerado o barramento de referncia, ou de compensao do
sistema. O vetor estado ser organizado de modo a que os ngulos de fase sejam representados em
primeiro lugar, seguidos das amplitudes das tenses nos barramentos de acordo com:
2 3 1 2, ,..., , , ,...,
T
N Nx V V V = (2.1)
O estimador de estado assimila as medidas provenientes do sistema e utiliza-as para estimar
o estado do sistema. Como se trata de uma estimativa, existiro erros associados a cada medida. A
relao matemtica expressa por:
( )z h x e= + (2.2)
ou seja,
1 1 1 2 1
2 2 1 2 2
1 2
( , ,..., )
( , ,..., )
... ... ...
( , ,..., )
n
n
m m n m
z h x x x e
z h x x x e
z h x x x e
= +
(2.3)
onde:
1 2, , ,T
mz z z z =
o vetor das medidas, com dimenso de m
( ) ( ) ( )1 2, , ,T
nh h x h x h x =
a funo no linear que relaciona o vetor estado s medidas
1 2, , ,T
me e e e =
o vetor dos erros de medida
Relativamente ao vetor dos erros de medida e considerando ausncia de erros grosseiros,
adota-se a seguinte modelizao estatstica:
~ (0, )e N R , com 2( )i
R diag = (2.4)
onde i representa o desvio padro do rudo da i-sima medida e calculado de forma a refletir a
preciso esperada do correspondente equipamento de medida utilizado. Admitir-se- que as
componentes de e so no correlacionadas ou seja, os erros de medida so independentes,
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
18
0i j
E ee = e desta forma, ( ) TCov e E e e R = =
e { }2 2 21 2, ,..., mR diag = , sendo ento, a
matriz covarincia do erro de medida R uma matriz diagonal com a varincia das medidas como
elementos.
A obteno da estimativa para o vetor de estado do sistema, pelo mtodo dos Mnimos
Quadrados Ponderados (mtodo WLS), consiste na determinao de um vetor que minimize a funo
objetivo:
( )2
1
1
( )( )
( ) ( )
mi i
i iiT
z h xJ x
R
z h x R z h x
=
=
=
(2.5)
Essa estimativa dever, no mnimo, satisfazer as condies de otimalidade de primeira ordem, como
expresso em:
1( )( ) 2 ( ) ( ) 0T
J xg x H x R z h x
x
= = = (2.6)
em que ( )H x a matriz jacobiana de ( )h x avaliada para x , isto :
( )
( )h x
H xx
=
(2.7)
Dada a no linearidade de ( )h x , expandindo a funo no linear ( )g x na sua srie de Taylor em
torno do vetor estado kx , obtm-se:
( ) ( ) ( )( ) ... 0k k kg x g x G x x x= + + = (2.8)
Desprezando os termos de ordem superior, chega-se a uma equao que traduz um processo
iterativo conhecido por Mtodo de Gauss-Newton de acordo com:
1
1 ( ) ( )k k k kx x G x g x
+ = (2.9)
em que 0x a estimativa inicial para arranque do processo iterativo, k o contador de iteraes,
kx corresponde ao vetor soluo na iterao k e ( )kG x a matriz de ganho, onde:
1( )
( ) ( ) ( )k
k T k kg xG x H x R H xx
= =
(2.10)
onde
1 1k k kx x x+ + = (2.11)
Captulo 2 Estimao de Estado em Sistemas Eltricos de Energia
19
As iteraes sucedem-se at que se verifique o critrio de paragem. A primeira condio de
paragem do processo iterativo exceder o nmero mximo permitido de iteraes enquanto a
segunda condio de paragem do processo iterativo a baseada nas variaes sucessivas de x se
encontrarem dentro de um limite definido como aceitvel:
( ) ( )max 1 1,..., 1i i ik k i N < = (2.12)
( ) ( )max 1 1,...,i i i VV k V k i N < = (2.13)
onde N o nmero de barramentos do sistema.
O arranque do processo iterativo, determinado pelos valores de inicializao das tenses,
requer a caracterizao da estimativa inicial 0x do vetor estado do sistema. O vetor 0x poder ser
escolhido essencialmente de duas maneiras: 0x poder corresponder ltima soluo para o vetor
estado obtida pelo estimador se for garantido no terem ocorrido alteraes significativas no estado
da rede desde a ltima vez que o estimador foi executado, ou poder ser utilizada uma estimativa
inicial correspondendo a valores de amplitude de tenso de 1 p.u.
( i = 1,2,...,1 . .i
V p u= com barramentos) e ngulos de fase das tenses colocados a zero
( i = 1,2,...,0i
rad = com barramentos), designado por flat start.
Na estimao do vetor de estado pelo mtodo dos mnimos quadrados ponderados (WLS),
pretende-se obter o vetor de estado x que minimiza a funo objetivo ( )J x , isto :
( ) 1
( ) min ( ) 2 ( ) ( ) 0
T
x x
J xJ x H x R z h x
x
=
= = = (2.14)
Atendendo a que ( )z h x e= + a equao (2.14) pode escrever-se como:
1 ( ) ( ) 0TH R h x e h x + = (2.15)
( ( )H x H= para simplificar)
Considere-se o desenvolvimento em srie de ( )h x em torno do valor estimado de x , para o
vetor de estado:
2
( ) ( )x x
h x h x H O = + +
(2.16)
em que o erro da estimao do vetor de estado do sistema ser:
x
x x = (2.17)
Desprezando os termos de ordem superior a dois em (2.16) tem-se:
( ) ( )x
h x h x H = + (2.18)
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
20
Assumindo valores pequenos para x , a linearizao de ( )h x em torno do valor estimado
dex , resulta da equao (2.15) que:
1 1 0T Tx
H R H H R e + = (2.19)
Assumindo que a matriz 1TH R H invertvel vem:
1T
x xH R e = (2.20)
onde
1
1T
xH R H
= (2.21)
Esta linearizao, na ausncia de erros grosseiros, justifica-se pela reduzida amplitude do
rudo de medida. Sendo o erro da estimao suficientemente pequeno, possvel limitar, ao termo
de primeira ordem, o desenvolvimento em srie da equao de medida.
Para alm do erro da estimao x , importante tambm analisar o erro da estimao das
grandezas medidas h , que definido pela diferena entre o verdadeiro valor das medidas ( )h x e o
valor estimado ( )h x
( ) ( )h
h x h x = (2.22)
Tendo em conta a linearizao referida em (2.18) obtm-se:
1
1 1T T
h xH H H R H H R e S e
= = =
(2.23)
onde, a matriz sensibilidade dos erros de estimao das grandezas medidas, aos erros de medida
dada por:
1 1T TS H H R H H R = (2.24)
Os resduos de medida constituem outra grandeza importante na anlise de erros grosseiros
e so obtidos pela diferena entre os valores medidos z e os respetivos valores estimados ( )h x :
( )r z h x= (2.25)
e, atendendo s equaes (2.3), (2.22) e (2.23), obtm-se:
11 1
1 1 1
( ) ( )
( )
.
T T
x
T T
r h x e h x
H e H H R H H R e e
I H H R H H R e
W e
= +
= + = + =
=
(2.26)
onde a matriz sensibilidade dos resduos aos erros de medida definida como:
1 1 1( )T TW I H H R H H R = (2.27)
Captulo 2 Estimao de Estado em Sistemas Eltricos de Energia
21
de notar que, em situaes reais de utilizao do estimador de estado, as nicas grandezas
que podem ser efetivamente calculadas aps a estimativa do vetor de estado do sistema, so os
resduos de medida, uma vez que o verdadeiro valor das medidas (assim como o verdadeiro valor do
vetor de estado) ser sempre desconhecido.
2.4 Estimao de estado WLS: abordagem com medidas convencionais
Os cinco tipos de medidas convencionais utilizadas em estimao de estado correspondem
aos trnsitos de potncias ativas e reativas nas linhas, s injees nos barramentos de potncias
ativas e reativas e as amplitudes das tenses nos barramentos provenientes do sistema SCADA. Para
que estas medidas possam ser utilizadas no estimador de estado necessrio desenvolver um
modelo matemtico para as mesmas. considerado o modelo em da linha de transmisso que liga
os barramentos i e j. A admitncia srie entre estes barramentos definida como ij ijg jb+
enquanto a admitncia shunt entre qualquer barramento e a terra definida por sk skg jb+ .
ija a
posio da tomada do transformador que liga o barramento i ao j, que neste caso sendo uma linha
de transmisso 1ij
a = .
shunt si
si si si si
y Y
Y g jb
=
= = +
shunt sj
sj sj sj sj
y Y
Y g jb
=
= = +
:1ija
ij ij ij ij ijy Y Y g jb= = = +
i j
Figura 2.3: Modelo em de uma linha de transmisso incluindo tomada
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
22
Com o objetivo de obter as expresses correspondentes aos diferentes elementos da matriz
jacobiana de medida desenvolveram-se as equaes para a potncia injetada num dado barramento
i,
( )cosi
N
i i j ij ij ij ijj N
P V V G B sen
= + (2.28)
( )cosi
N
i i j ij ij ij ijj N
Q V V G sen B
= (2.29)
com ij ij ij ji ij
Y G jB Y y= + = = e 0
,ii ii ii
n
ijj
Y G jB y j i=
= + =
Assim, as componentes da matriz jacobiana para a potncia ativa injetada correspondem a:
1
( cos )N
i
i j ij ij ij ijjij i
PV V G sen B
=
= +
(2.30)
( cos )ii j ij ij ij ij
j
PVV G sen B
=
(2.31)
onde
i
i i
i
j
P
P
P
=
e
1
2 ( cos )N
i
ii i j ij ij ij ijjij i
PG V V G B sen
V
=
= + +
(2.32)
( cos )ii ij ij ij ij
j
PV G B sen
V
= +
(2.33)
onde
i
i i
i
j
P
P V
PV
V
=
As componentes da matriz jacobiana para a potncia reativa injetada correspondem a:
1
( cos )N
i
i j ij ij ij ijjij i
QV V G B sen
=
= +
(2.34)
Captulo 2 Estimao de Estado em Sistemas Eltricos de Energia
23
( cos )ii j ij ij ij ij
j
QVV G B sen
=
(2.35)
onde
i
i i
i
j
Q
Q
Q
=
e
1
2 ( cos )N
i
ii i j ij ij ij ijjij i
QBV V G sen B
V
=
= +
(2.36)
( cos )ii ij ij ij ij
j
QV G sen B
V
=
(2.37)
onde
i
i i
i
j
Q
Q V
QV
V
=
Analogamente os trnsitos de potncia ativa e reativa entre barramentos i e j podem ser
representados em termos das variveis de estado da seguinte forma:
( ) ( )2 cosij i si ij i j ij ij ij ijP V g g VV g b sen = + + (2.38)
( ) ( )2 cosij i si ij i j ij ij ij ijQ V b b VV g sen b = + (2.39)
Os elementos da matriz jacobiana correspondentes a medidas de trnsitos de potncia ativa
nas linhas so caracterizados por:
( cos )iji j ij ij ij ij
i
PVV G sen B
= +
(2.40)
( cos )iji j ij ij ij ij
j
PVV G sen B
=
(2.41)
onde
ij
ij i
ij
j
P
P
P
=
,
e
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
24
2 ( cos )ijij ij i j ij ij ij ij
i
Pa G V V G B sen
V
= + +
(2.42)
( cos )iji ij ij ij ij
j
PV G B sen
V
= +
(2.43)
onde
ij
ij i
ij
j
P
P V
PV
V
=
Os elementos da matriz jacobiana correspondentes a medidas de trnsitos de potncia reativa nas
linhas so:
( cos )iji j ij ij ij ij
i
QVV G B sen
= +
(2.44)
( cos )iji j ij ij ij ij
j
QVV G B sen
=
(2.45)
onde
ij
ij i
ij
j
Q
Q
Q
=
,
e
,0
2 ( ) ( cos )iji ij ij ij j ij ij ij ij
i
QV a B y V G sen B
V
= +
(2.46)
( cos )iji ij ij ij ij
j
QV G sen B
V
=
(2.47)
onde
ij
ij i
ij
j
Q
Q V
QV
V
=
As expresses correspondentes aos elementos relativos s medidas de amplitude de tenso
so representadas pelas equaes (2.48) e (2.49).
0 ,i i
j
V Vj
=
(2.48)
1 ,
0 ,i
i jV
i jV
= =
(2.49)
Captulo 2 Estimao de Estado em Sistemas Eltricos de Energia
25
A estrutura da matriz jacobiana de medida ( )H x para medidas convencionais provenientes
do sistema SCADA :
1
|
|
|
|
|
|( )
|
|
|
N N
i i
i i
i i
ij ij
ji ji
ij ij
ji ji
V V
V
P P
V
Q Q
V
H xP P
VP P
V
Q Q
VQ Q
V
=
(2.50)
em que:
N nmero total de barramentos
m1 - nmero total de medidas do tipo Pij e Pi
m2 - nmero total de medidas do tipo Qij e Qi e Vi
m = m1 + m2
2.5 Concluses
Neste captulo foi feita uma introduo ao processo da Estimao de Estado e foi
apresentado uma descrio sucinta dos trabalhos publicados na literatura referentes aos mtodos
utilizados no processo da estimao de estado.
Foi efetuado uma caracterizao matemtica da Estimao de Estado pelo mtodo dos
mnimos quadrados ponderados na abordagem usando medidas convencionais SCADA.
A formulao do processo da estimao de estado pelo mtodo dos Mnimos Quadrados
Ponderados caracterizada neste captulo servir de plataforma matemtica no desenvolvimento das
metodologias propostas para a incorporao de medidas fasoriais na estimao de estado, que sero
analisadas posteriormente.
27
3 SISTEMAS DE MEDIO FASORIAL
SINCRONIZADA Captulo 3 Sistemas de Medio Fasorial Sincronizada
3.1 Introduo
A temtica do trabalho desenvolvido e apresentado nesta tese incide sobre a influncia da
utilizao de medidas fasoriais no processo da Estimao de Estado de SEE. Este captulo dedicado,
principalmente, caracterizao dos sistemas de medio fasorial sincronizada, dando especial
enfase unidade de medio fasorial PMU (Phasor Measurement Unit).
Trs dcadas depois da introduo do primeiro prottipo de PMU, ainda decorrem muitos
estudos e projetos com o objetivo de explorar novos benefcios e aproveitar as vantagens do uso de
PMUs nos SEEs, em substituio das medidas convencionais. Apesar de existirem inmeras outras
aplicaes que tiram partido do uso de PMUs nos SEEs, e tendo em conta a temtica do trabalho
desenvolvido, neste captulo explorado o estado da arte da utilizao de Sistemas de Medio
Fasorial Sincronizada na Estimao de Estado de SEEs.
As unidades de medio fasorial (PMUs) resultaram de estudos realizados na Universidade
Virginia Tech, nos Estados Unidos realizados em 1977 [33-36]. O propsito inicial era o de
desenvolver um rel de distncia por componentes simtricas. Um dos resultados do trabalho
originou o desenvolvimento de um algoritmo recursivo para o clculo das componentes simtricas
das tenses e correntes, denominado Symmetrical Component Discrete Fourier Transform [37] para
melhoria dos sistemas de proteo de SEEs. Este algoritmo tornou possvel a obteno dos valores da
sequncia positiva das tenses e correntes de forma muito precisa e com tempos de processamento
atrativos. Este desenvolvimento motivou o interesse em utilizar esta tcnica noutras aplicaes. O
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
28
desenvolvimento do dispositivo PMU atribudo a Arun G. Phadke. De acordo com [38] o primeiro
prottipo foi desenvolvido no Power Systems Research Laboratory da Universidade Virginia Tec na
dcada de 80. Neste prottipo o recetor do clock do GPS era externo PMU. Dado o pequeno
nmero (quando comparado com a atualidade) de satlites em rbita nessa altura, houve a
necessidade de equipar o clock com um oscilador de preciso externo que garantia a preciso do
clock nos instantes em que o recetor deixava de ter alcance aos satlites. Este prottipo constituiu a
base para o desenvolvimento da primeira PMU comercial promovida pela empresa Microdyne em
1991.
A PMU constitui o elemento base dos sistemas de medio fasorial sincronizada. Estes
dispositivos fazem a aquisio de medidas em pontos geograficamente distantes do sistema.
Processam os dados amostrados sincronizando o sinal a partir de um pulso de relgio fornecido pelo
sistema GPS.
Desta forma, a PMU realiza a medio dos fasores das grandezas tenso e corrente
relacionadas com o barramento do sistema onde se encontra instalada. Esta medio do fasor da
tenso (amplitude e ngulo de fase) nos barramentos dum SEE de extrema importncia no controlo
do SEE.
Sabendo-se que a operao do sistema nos centros de controlo se encontra relacionada com
o planeamento dos trnsitos de potncias nas linhas e sendo estas potncias diretamente
relacionadas com as amplitudes e ngulos de fase das tenses nos barramentos, a obteno de
forma direta destes fasores constituiu uma revoluo nos processos de monitorizao controlo e
proteo dos SEE. O uso de PMUs nos SEEs possibilita a medio do que antes era considerado
imensurvel.
Esta ferramenta de medio marcou o incio dos modernos Sistemas de Monitorizao e
Controlo (WAMS).
De acordo com [39] as principais funes atribudas s PMUs nas WAMS (Wide Area
Measurement System) centravam-se na monitorizao, controlo e proteo de linhas de transmisso
como preveno de contingncias, na melhoria da capacidade de transmisso das linhas em reas
especficas (principalmente em diferentes mercados de energia) com o objetivo de reduo do risco
de congestionamento, tornando eficaz a transmisso de energia por melhoria nos processos de
operao, controlo e proteo.
Captulo 3 Sistemas de Medio Fasorial Sincronizada
29
3.2 Unidades de Medio Fasorial Sincronizada: PMU
A estrutura bsica dum sistema de medio fasorial sincronizado composta pelos seguintes
elementos:
- PMU (Phasor Measurement Unit)
- Recetor de GPS
- PDC (Phasor Data Concentrator)
- Canais de comunicao.
As PMUs tm a capacidade de medir grandezas fasoriais de tenso e corrente bem como
potncias e frequncia. Os dados medidos so expostos como grandezas de fase. Os fasores
representam as formas de onda sinusoidais em regime permanente, frequncia fundamental das
grandezas. A forma de onda sinusoidal pode ser representada na forma fasorial pela amplitude (valor
eficaz, RMS) e pelo ngulo de fase. Os fasores so medidos por amostragem da forma de onda
sinusoidal nos intervalos de tempo apropriados e ao longo de um perodo de tempo suficiente. A
taxa de amostragem do sinal a amostrar depende do tipo de aplicao, ou seja, quanto mais elevado
for o nmero de amostras retiradas da forma de onda original, por segundo, melhor ser a
aproximao onda original. Estes fasores so ento estimados, a partir de amostras, por algoritmos
baseados na transformada de Fourier. O ngulo de fase dos fasores medidos referenciado num
tempo universal. Assim, os fasores so sincronizados com relao a uma referncia de tempo
comum. A sincronizao possvel com a ajuda do Sistema de Posicionamento Global (GPS) [40]. A
Figura 3.1 representa a arquitetura de uma PMU.
Figura 3.1: Arquitetura de uma PMU (adaptado de [41])
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
30
Os sinais analgicos da tenso e da corrente provenientes dos transformadores de tenso de
corrente (TT e TI) so amostrados em intervalos regulares, com a ajuda de um pulso por segundo
fornecido por um recetor de GPS. Os sinais analgicos so ento convertidos em sinais digitais por
um conversor A/D de modo a que possam ser usados por um microprocessador. O microprocessador
determina os valores fasoriais, sequncia positiva, utilizando tcnicas de estimao. O recetor GPS
tambm atribui um marcador temporal (time stamp) aos valores medidos, no formato ano, ms, dia,
hora, minuto e segundos [40]. As PMUs so instaladas nas subestaes, em diferentes partes da rede
e as medidas recolhidas pelas diferentes PMUs so enviadas e centralizadas na unidade PDC ficando
assim disponveis para serem utilizadas por outras aplicaes WAN [42].
Figura 3.2: Funes do PDC (Phasor Data Concentrator)
Captulo 3 Sistemas de Medio Fasorial Sincronizada
31
O PDC (Phasor Data Concentrator) tem como principais funes a receo dos dados que so
enviados pelas PMUs, fazer o armazenamento dos fasores numa base de dados, proceder ao
tratamento de dados que apresentem eventuais erros de transmisso, que constituem o suporte
para determinadas aplicaes, que podem funcionar online e/ou offline e tambm em aplicaes de
monitorizao e controlo em tempo real (Figura 3.2). Tambm prepara e disponibiliza os dados de
medidas fasoriais para serem usadas em aplicaes de monitorizao e controlo de contingncias.
no PDC que so reunidos todos os dados provenientes de vrias PMUs instaladas no sistema.
O PDC constitudo por um processador com capacidade suficiente para realizar o tratamento dos
dados em tempo real, memria para a gravao de informao, entradas srie para a receo das
medidas fasoriais e terminais de sada para envio de dados para outros processadores. Todas as
funes associadas ao PDC (formatao, sincronizao e transmisso de dados) so realizadas por
intermdio de algoritmos computacionais a funcionar em tempo real.
O sistema GPS (Global Positioning System) usado para viabilizar a sincronizao dos dados
obtidos atravs das PMUs. As PMUs recebem um sinal de um pulso por segundo emitido pelo
sistema GPS que torna possvel a sincronizao dos dados. Este sinal fornece s PMUs o instante
exato para que a aquisio dos dados se faa de forma sincronizada. A frequncia dos pulsos
emitidos pelo satlite atravs do sistema GPS de elevada preciso, sendo o erro atribudo ao pulso
de sincronizao da ordem de 1s.
Os canais de comunicao viabilizam a transferncia de dados entre as PMUs e o PDC, e a
transmisso de informaes entre PDCs de diferentes reas do sistema. Esta transmisso de dados
pode ser realizada de diversas maneiras, usando tecnologias convencionais como linhas telefnicas
ou redes de baixa e mdia tenso ou como os novos e modernos sistemas de transmisso de dados
que se baseiam na tecnologia wireless e a transmisso por cabos de fibra ptica.
Em 2005 o IEEE publicou a Norma C.37.118-2005 [43] para estabelecer os
requerimentos/protocolos relativos transmisso de dados de forma a facilitar a compatibilidade de
equipamentos de diferentes fornecedores. A Norma C.37.118-2005 tambm define uma lista de
requisitos de desempenho em regime estacionrio que inclui a gama da frequncia do sinal, do
ngulo de fase, da distoro harmnica, etc [44]. A performance das PMUs com medidas dinmicas
includa numa atualizao da Norma C.37.118-2005 [45].
ESTIMAO DE ESTADO DE UM SEE, USANDO MEDIDAS FASORIAIS SINCRONIZADAS
32
Uma vez que as PMUs podem medir os fasores das tenses nos barramentos, o estado do
sistema pode ser medido diretamente, o que uma vantagem que no podia ser alcanada pelas
medidas de trnsitos de potncia convencionais, no sincronizadas. Os fasores das correntes podem
tambm ser medidos tornando possvel expandir a medio de tenses a barramentos que no
possuem PMUs instaladas.
At data, o processo de introduo de PMUs no sistema reconhecido como um processo
dispendioso e a comprovao de todos os benefcios destes sistemas WAMS no imediata.
Os estudos a efetuar devem concentrar-se na explorao da informao fornecida pelas
poucas PMUs instaladas, que resultaram da sua introduo gradual com vista a tornar o sistema
totalmente observvel.
Figura 3.3: Arquitetura de um sistema WAMS
Captulo 3 Sistemas de Medio Fasorial Sincronizada
33
3.3 Medio Fasorial Sincronizada aplicada Estimao de Estado
A disponibilidade das medidas provenientes de PMUs proporcionou que fossem usadas no
processo de estimao de estado, provocando uma melhoria da soluo obtida. As PMU obtm os
fasores das tenses e co