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Como citar esse artigo: ANGOTTI, Bruno Simões; QUERINO, Maiara. Estágio de licenciatura de geografia em um curso técnico: como a geografia influencia e pode auxiliar as aspirações dos estudantes. In: FERRETTI, Orlando; SPRINGER, Kalina S. (orgs). Artigos da disciplina estágio curricular supervisionado em geografia II: segundo semestre de 2015. Florianópolis: NEPEGeo; UFSC, 2015. Disponível em http://nepegeo.ufsc.br/artigos-para-a-disciplina-estagio-supervisionado-em-geografia-ii ESTÁGIO DE LICENCIATURA DE GEOGRAFIA EM UM CURSO TÉCNICO: COMO A GEOGRAFIA INFLUENCIA E PODE AUXILIAR AS ASPIRAÇÕES DOS ESTUDANTES Bruno Simões Angotti, [email protected] 1 Maiara Querino, [email protected]¹ Universidade Federal de Santa Catarina RESUMO Este artigo é resultado das reflexões acerca da disciplina de Estágio Supervisionado do curso de Licenciatura em Geografia na Universidade Federal de Santa Catarina.O estágio é desenvolvido em duas disciplinas (dois semestres). Desenvolvemos nosso estágio junto ao Curso Integrado de Telecomunicação e do Curso Integrado de Refrigeração e Climatização do Instituto Federal de Santa Catarina – Campus São José, SC. No primeiro semestre de 2015, acompanhamos as aulas de Geografia das turmas de 6ª fase e 7ª fase; o segundo momento se deu no segundo semestre de 2015, quando ministramos 12 aulas para duas turmas de 7ª fase, uma do curso integrado de telecomunicação e outro do curso integrado de Refrigeração e Climatização.Neste artigo buscamos resgatar as experiências vivenciadas no estágio supervisionado em Geografia, bem como abordar a importância do estágio e discutir a cerca do ensino técnico integrado ao ensino médio. Como objetivo geral este artigo se propõe a discutir acerca das experiências provenientes da prática do Estágio Supervisionado em Geografia. Como objetivos específicos, buscamos saber o que almejam os jovens que optam pelo curso técnico integrado ao ensino regular e como a geografia pode auxiliar a concretizar estas aspirações; apontamos a importância da prática de Estágio Supervisionado para a formação do docente; e discorreremos sobre a modalidade do curso técnico integrado. Palavras chave: Ensino de geografia, estágio supervisionado e curso técnico integrado INTRODUÇÃO Este artigo é resultado das reflexões acerca da disciplina de Estágio Supervisionado do curso de Licenciatura em Geografia na Universidade Federal de Santa Catarina. O estágio é desenvolvido em duas disciplinas (dois semestres). Desenvolvemos nosso estágio junto ao Curso Integrado de Telecomunicação e do Curso Integrado de Refrigeração e Climatização do Instituto Federal de Santa Catarina – Campus São José, SC. No primeiro semestre de 2015, acompanhamos as aulas de Geografia das turmas de 6ª fase e 7ª fase; o segundo momento se deu no segundo semestre de 2015, quando ministramos 12 aulas para duas turmas de 7ª fase, uma do 1Graduandos do curso de Licenciatura em Geografia – UFSC.

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Como citar esse artigo: ANGOTTI, Bruno Simões; QUERINO, Maiara. Estágio de licenciatura de geografia em um curso técnico: como a geografiainfluencia e pode auxiliar as aspirações dos estudantes. In: FERRETTI, Orlando; SPRINGER, Kalina S. (orgs). Artigos da disciplina estágiocurricular supervisionado em geografia II: segundo semestre de 2015. Florianópolis: NEPEGeo; UFSC, 2015. Disponível emhttp://nepegeo.ufsc.br/artigos-para-a-disciplina-estagio-supervisionado-em-geografia-ii

ESTÁGIO DE LICENCIATURA DE GEOGRAFIA EM UM CURSO TÉCNICO:COMO A GEOGRAFIA INFLUENCIA E PODE AUXILIAR AS ASPIRAÇÕES

DOS ESTUDANTES

Bruno Simões Angotti, [email protected]

Maiara Querino, [email protected]¹Universidade Federal de Santa Catarina

RESUMO

Este artigo é resultado das reflexões acerca da disciplina de Estágio Supervisionado docurso de Licenciatura em Geografia na Universidade Federal de Santa Catarina.Oestágio é desenvolvido em duas disciplinas (dois semestres). Desenvolvemos nossoestágio junto ao Curso Integrado de Telecomunicação e do Curso Integrado deRefrigeração e Climatização do Instituto Federal de Santa Catarina – Campus São José,SC. No primeiro semestre de 2015, acompanhamos as aulas de Geografia das turmas de6ª fase e 7ª fase; o segundo momento se deu no segundo semestre de 2015, quandoministramos 12 aulas para duas turmas de 7ª fase, uma do curso integrado detelecomunicação e outro do curso integrado de Refrigeração e Climatização.Neste artigobuscamos resgatar as experiências vivenciadas no estágio supervisionado em Geografia,bem como abordar a importância do estágio e discutir a cerca do ensino técnicointegrado ao ensino médio. Como objetivo geral este artigo se propõe a discutir acercadas experiências provenientes da prática do Estágio Supervisionado em Geografia.Como objetivos específicos, buscamos saber o que almejam os jovens que optam pelocurso técnico integrado ao ensino regular e como a geografia pode auxiliar a concretizarestas aspirações; apontamos a importância da prática de Estágio Supervisionado para aformação do docente; e discorreremos sobre a modalidade do curso técnico integrado.

Palavras chave: Ensino de geografia, estágio supervisionado e curso técnico integrado

INTRODUÇÃO

Este artigo é resultado das reflexões acerca da disciplina de Estágio

Supervisionado do curso de Licenciatura em Geografia na Universidade Federal de

Santa Catarina. O estágio é desenvolvido em duas disciplinas (dois semestres).

Desenvolvemos nosso estágio junto ao Curso Integrado de Telecomunicação e do Curso

Integrado de Refrigeração e Climatização do Instituto Federal de Santa Catarina –

Campus São José, SC. No primeiro semestre de 2015, acompanhamos as aulas de

Geografia das turmas de 6ª fase e 7ª fase; o segundo momento se deu no segundo

semestre de 2015, quando ministramos 12 aulas para duas turmas de 7ª fase, uma do

1Graduandos do curso de Licenciatura em Geografia – UFSC.

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curso integrado de telecomunicação e outro do curso integrado de Refrigeração e

Climatização.

O estágio apresenta relação entre a teoria e a prática, tendo como finalidade

aproximar o aluno da realidade da escola. Conforme Pimenta (2005/2006) o estágio não

é somente atividade prática, mas teórica instrumentalizadora da práxis docente, é

atividade teórica do conhecimento, bem como de fundamentação e intervenção na

realidade. É possível realizar o estágio em forma de pesquisa, sendo esta uma estratégia

de formação do estagiário como futuro professor. E é essa a proposta dos estágios de

Geografia da UFSC. Como método de formação a pesquisa permite a ampliação e

análise dos contextos da escola, também promove o aprimoramento das habilidades de

pesquisador do estagiário, permitindo que este consiga compreender e problematizar as

situações observadas no estágio.

Perante estas ideias, a disciplina de Estágio Supervisionado em Geografia trouxe

como objetivos pesquisar, analisar e refletir sobre a prática profissional e estimular

investigações referentes ao desenvolvimento profissional docente. Realizamos diversas

leituras inicialmente na disciplina acerca do ensino de Geografia e da prática do estágio

supervisionado, que nos fizeram refletir a cerca do tema. A partir delas, bem como das

observações e experiências, elaboramos algumas considerações acerca da prática do

Estágio Supervisionado em Geografia. Além das questões voltadas a prática do estágio,

abordamos neste trabalho nosso estágio desenvolvido no curso médio regular integrado

ao técnico, característico do IFSC de São José e apontamos algumas relevâncias a cerca

desta modalidade da educação.

O tema que diz respeito à formação de professores para se trabalhar em um

contexto de sala de aula de curso técnico integrado ao ensino regular, com

características diferentes da do ensino médio regular, pouco foi trabalhado ao longo do

curso de Licenciatura em Geografia da UFSC.Portanto, resolvemos trazer neste artigo

nossas experiências de estágio supervisionado da licenciatura em geografia, bem como

pesquisas sobre a geografia nesta modalidade, e através desta experiência discutir a

seguinte questão: os alunos que buscam o Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC

aspiram apenas uma graduação técnica, ou existe(m) outra(s) motivação(ões)? De que

maneira a Geografia pode ser incluída a fim de possibilitar a realização das mesmas?

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A partir dessas questões definimos como objetivo geral discutir as experiências

provenientes da prática do Estágio Supervisionado em Geografia. Como objetivos

específicos, buscamos saber o que almejam os jovens que optam pelo curso técnico

integrado ao ensino regular; como a geografia pode auxiliar a concretizar estas

aspirações; apontamos a importância da prática de Estágio Supervisionado para a

formação do docente; e discorreremos sobre a modalidade do curso técnico integrado.

Como metodologia, inicialmente realizamos um levantamento das bibliografias

utilizadas na disciplina de Estágio Supervisionado a fim de destacar quais poderiam ser

utilizadas na elaboração deste trabalho. Posteriormente, realizamos um novo

levantamento bibliográfico com o objetivo de encontrar livros e artigos que discutem

sobre o “Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia” e “Ensino de Geografia nos

Institutos de educação”. Através de tal buscamos compreender como funcionam os

Institutos de Educação e a Geografia integrada ao mesmo. Também foi analisado o

documento normativo do Instituto Federal de Santa Catarina, a saber: o Projeto

Pedagógico Institucional– PPI e dados prévios retirados de um questionário sobre os

motivos que levaram aos alunos a escolher a instituição, aplicado aos alunos na hora de

sua prova classificatória de ingresso no IFSC. Estes motivos, foram novamente

abordados através de um novo questionário, para entender e comparar o porquê dos

alunos buscarem um curso técnico integrado com o ensino médio regular e a forma na

qual a geografia pode auxiliar nesse objetivo.

A PRÁTICA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO E SUA IMPORTÂNCIA NA

FORMAÇÃO DOCENTE

O estágio supervisionado se constitui como componente teórico-prático de

oportunidade de aprendizagem e vivência da docência. É essencial para superar a

dicotomia teoria-prática na formação do professor. Através dele o aluno considera seu

campo de atuação como objeto de análise, reflexão, investigação e interpretação. O

Estágio Supervisionado como atividade de integração teoria-prática tem a possibilidade

de aproximar o aluno da universidade do cotidiano da escola.

Sobre a prática do estágio, Martins (2012, p.190) aponta que:

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É preciso que haja concepções e práticas que levem à reflexão, a fim depromover os saberes da prática articulado com a teoria, e que possibilitem aoprofessor uma análise integrada e sistemática da sua ação educativa baseadana intervenção e na investigação. Por isso, é imperativo que os cursos delicenciatura desenvolvam nos futuros docentes conhecimentos e habilidades,estabelecendo um vínculo com o contexto institucional e social em que seinserem, contribuindo para a reflexão da prática docente.

No excerto acima, Martins discorre sobre o estágio supervisionado, este deve

estar articulado com o campo de aquisição de conhecimento e habilidades, deve servir

para proporcionar a leitura da realidade profissional, através da análise,

problematização, teorização e ações capazes de dar conta dos desafios colocados pelo

ensino entendido como prática social. Neste sentido, o estágio proporciona a construção

de atitudes críticas e reflexivas sobre o processo de ensino e aprendizagem, além de

incorporar uma postura investigativa e questionadora sobre o ensino.

O estágio tem por finalidade aproximar o licenciando da realidade em que atuará

enquanto professor. É um momento de construção de um conhecimento compenetrado

de criticidade construtiva para formação docente. Através de uma prática pedagógica

problematizadora, com base na investigação e reflexão, o professor se torna sujeito do

conhecimento, com autonomia intelectual para tomar decisões sobre suas práticas, capaz

de construir e reconstruir sua atuação, e construir sua identidade pessoal e profissional.

A formação deve estar fundamentada na teoria, na crítica e na reflexão, orientando a

formação docente e a intervenção na realidade, no dia-a-dia escolar, de modo a garantir

a função social da escola.

O estágio supervisionado é espaço de vivência, experiência, aprendizado e

conhecimento da realidade profissional. O papel da escola e da Universidade é caminhar

juntas no processo de formação docente, tanto a teoria como a prática são de suma

importância para o estagiário vivenciar de maneira significativa o cotidiano da Escola.

Malysz (2013) ressalta que na universidade é raro o desenvolvimento de projetos

de pesquisa destinados a compreensão e melhoria da qualidade do ensino fundamental e

médio por parte dos alunos da licenciatura em geografia. A parceria entre escola e

universidade ainda é tímida, mesmo sendo grandes os benefícios de tal. Pesquisas em

ensino tomando a realidade da escola básica como objeto de investigação, realizando

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análise à mercê de teorias da ciência geográfica e da didática, somado a união dessas

duas instituições podem resultar em surgimentos de novas teorias e metodologia para

aulas de geografia no ensino fundamental e médio, e assim melhorar o ensino

geográfico.

Quanto o estágio como instrumento de intercâmbio entre escola e universidade

Cavalcanti (2008, p.93) traz como contribuição:

O que se aponta atualmente é uma relação de intercâmbio e de parceriasefetivas para realização de estágio como capo formativo, em que hajaenvolvimento de ambas as partes na definição de projetos, com base noentendimento de estágio como momento teórico-prático de realizarintervenções criativas, ou pesquisas, a partir de situações-problema, numtrabalho mais colaborativo entre equipes formadas por professoresformadores de licenciaturas, professores de educação básica e estagiários.

Cabe ressaltar, com base na fala de Cavalcanti, que as relações entre escola e

universidade precisam ser estreitadas. A integração universidade-escola no estágio

possibilita inúmeros benefícios tanto para os licenciandos como para a escola. Há

necessidade de envolvimento efetivo entre os professores formadores de licenciaturas,

professores de educação básica e estagiários, para que então resulte numa intervenção

construtiva e significativa para formação docente dos estagiários.

Martins (2012) ressalta que o contato direto com a profissão, com os

profissionais que nela atuam , deveria acontecer no início da formação acadêmica, a

partir do primeiro semestre letivo, este contato serviria de base para o fortalecimento da

identidade docente, além de ter um papel essencial para maior interesse e

comprometimento dos licenciandos, futuros estagiários, do seu desenvolvimento

profissional. Segundo Gonçalves e Gonçalves (1998, p.116):

Parece-nos que uma boa medida seria criarmos condições para que aexperiência pedagógica do estudante começasse mais cedo possível em seucurso de licenciatura. Pois aí teria um conteúdo prático para a sua reflexãosobre a prática, associada a teoria em estudo no âmbito universitário, tendocondições de discutir e questionar, auxiliado por seus docentes e colegas[...]Algumas alternativas hoje existentes evidenciam que seus usuários têm,em geral, vantagens sobre aqueles que não as vivenciam. São casos restritosde monitoria e iniciação científica que, embora de natureza diferente dadefendida por nós, proporcionam, quase sempre, experiências positivas paraos alunos participantes.

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Cabe destacar com base na fala de Gonçalves e Gonçalves, que a aproximação

com o ambiente escolar e o contato direto com a futura profissão desde o início da

faculdade contribui para a construção do conhecimento e para prática do futuro

professor, além de permitir uma reflexão por parte do estagiário acerca da profissão

docente.

O estágio é lugar propicio para constituição do sujeito docente, consubstanciada

na articulação teoria-prática e no fortalecimento da identidade docente. Ele deve ser

desenvolvido em constante contato com o ambiente escolar e ao longo da graduação,

não somente nas fases finais. Representa uma articulação entre universidade, escola e

docência, contribuindo para qualificar a formação do estagiário, possibilitando

fortalecimento da identidade docente.

ENSINO MÉDIO E TÉCNICO COM CURRÍCULOS INTEGRADOS

O Decreto nº 5.154/04 de 23 de julho de 2004 instituiu a modalidade de Ensino

Médio integrado à educação profissional técnica de nível médio. Conforme Ministério

da Educação, Boletim 07 (2007), a proposta de integração do curso médio e do curso

técnico de nível médio, constante do Decreto n. 5.154/04, possui um significado

interdisciplinar por implicar num compromisso de construir uma articulação e uma

integração entre o trabalho com o princípio educativo. Logo, ensino integrado implica

um conjunto de categorias e práticas educativas no espaço escolar que desenvolvam

uma formação integral do sujeito trabalhador.

Segundo dados do Censo de 2014, do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística - IBGE, considerando as Matrículas na educação básica por modalidade e

etapa de ensino, de um total geral de 49.771.371 matrículas, 7.855.991 pertencem a

educação infantil (pré-escola e creche); 28.459.667 englobam o ensino fundamental;

8.300.189 o ensino médio; 374.569 a educação profissional (concomitante e

subseqüente).

Conforme Ministério da Educação, Boletim 07 (BRASIL, 2007, p.4):

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Segundo a LDB, a educação profissional deve estar integrada às diferentesformas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia. Trata-se, portanto,de um fator estratégico para o desenvolvimento socioeconômico nacional,bem como para a redução das desigualdades regionais e sociais.A oferta do Ensino Médio integrado à Educação Profissional deverácontribuir com a melhoria da qualidade dessa etapa final da educação básica.Em termos curriculares, essa modalidade reunirá conteúdos do Ensino Médioe da formação profissional que deverão ser trabalhados de forma integradadurante todo o curso, assegurando o imprescindível diálogo entre teoria eprática.

Deste excerto podemos concluir que a educação profissional é vista como

oportunidade de reduzir a desigualdade social e é tida como fator de

desenvolvimentosocioeconômico. Além de servir como oportunidade de melhoria da

qualidade do ensino médio. Tal modalidade deve trabalhar de forma integrada Ensino

Médio e formação profissional.

A educação básica tem o importante papel de fazer com que o aluno adquira os

conhecimentos de base relativos à cultura, à sociedade, às ciências, desenvolver

criticidade ao cidadão, fatores indispensáveis a cada pessoa, independente da profissão

futura. Ela fornece os fundamentos para uma concepção científica da vida e contribui

para desenvolver as faculdades cognitivas e as capacidades do indivíduo. Machado

(2009, p. 5) completa a disserta a cerca da educação básica:

A educação básica joga papel fundamental no desenvolvimento dacuriosidade e do interesse do aluno pelos problemas contextuais e internos àprodução das ciências, da cultura e das artes, favorecendo, assim, aassimilação e o aprendizado dos processos investigativos, analíticos etecnológicos.

Já a educação profissional, tem, nos conhecimentos tecnológicos, seu foco em

conteúdos que não se confundem com saberes empíricos, mas que contém relação com

estes. Conforme Machado (2009), os conhecimentos do ensino médio e do ensino

técnico estão em unidade. Ambos os conhecimentos têm origem na atividade social

humana de transformação da natureza e de organização social. Tanto o conhecimento de

nível médio como de nível técnico são reconhecidos como socialmente necessários a

todos socialmente.

Aos alunos que optam por esta modalidade, é dada a oportunidade de concluir o

Ensino Médio e, ao mesmo tempo, adquirir uma formação específica para sua inclusão

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no mundo do trabalho. A modalidade do “integrado” tem duração de quatro anos. Crê-se

que neste tempo é possível atender à legislação quanto à carga horária mínima exigida

para ambos os cursos. O curso técnico integrado ao ensino médio é oferecido a quem já

concluiu o ensino fundamental. Especificamente no IFSC a forma de ingresso é através

de uma prova classificatória.

O QUE ALMEJAM OS JOVENS QUE OPTAM PELO CURSO TÉCNICO

INTEGRADO AO ENSINO REGULAR E COMO A GEOGRAFIA PODE

AUXILIAR A CONCRETIZAR ESTAS ASPIRAÇÕES

Este artigo analisou as aspirações que levam ao jovem a optar por um estudo

técnico integrado ao ensino médio, além de objetivar situações viáveis ao ensino de

geografia com o intuito de possibilitar a obtenção destes propósitos por parte dos

estudantes.

Em 1988, foi inaugurada em São José a primeira unidade de ensino do atual

IFSC fora da capital catarinense, denominado por Escola Técnica Federal de Santa

Catarina (ETF-SC). O ETF-SC de São José oferecia os cursos de Telecomunicações e

de Refrigeração e Ar Condicionado. Inicialmente suas atividades foram oferecidas em

um prédio cedido pela prefeitura. Três anos após, a instituição inaugurou a Unidade São

José, em instalações próprias.(BRASIL, IFSC).

Em dezembro de 1994, a lei federal de nº 8.948, transformou automaticamente todas as

Escolas Técnicas Federais em Centros Federais de Educação Tecnológica. No caso da

ETF-SC, a transformação em CEFET-SC, oficializada em 27 de março de 2002, quando

foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) o decreto de criação. Depois da

mudança para CEFET-SC, a instituição passou a oferecer cursos superiores de

tecnologia e de pós-graduação. (BRASIL, IFSC).

Em março de 2008, o então CEFET-SC transformou-se em Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia, nomenclatura inicialmente aprovada em votação entre

professores, servidores técnico-administrativos e estudantes da instituição e

posteriormente pela Câmara Federal e pelo Senado, sancionado pelo então presidente

Luiz Inácio Lula da Silva. (BRASIL, IFSC).

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O Instituto Federal de Santa Catarina - Campus São José, localiza-se na Rua José Lino

Kretzer, 608, Praia Comprida. Oferece cursos superiores de: Engenharia de

Telecomunicações e Licenciatura em Ciências da Natureza- Habilitação em Química;

Técnico Subsequente em Refrigeração e Climatização e Técnico Subsequente em

Telecomunicações e cursos como: Técnico Integrado em Refrigeração e Climatização e

Técnico Integrado em Telecomunicações. (BRASIL, IFSC).

O IFSC de São José abrange em sua estrutura laboratórios de: física, química geral,

ciências humanas, linguagem, biologia e laboratório interativo Além de conter

academia, quadra de esportes, mini auditório, biblioteca, sala de videoconferência, sala

de atendimento paralelo, sala de cultura e sala virtual. A Área de Telecomunicações

(englobado o integrado em telecomunicações) conta com uma estrutura física

constituída de laboratórios específicos, tais como: Laboratórios de Meios de

Transmissão; Laboratório de Voz e Imagem; Laboratório de Instrumentação Eletrônica;

Laboratório de Eletrônica; Laboratório de Apoio ao Ensino; Laboratórios de Redes I;

Laboratórios de Redes II; Laboratório de Programação, além de laboratórios de

Iniciação Científica. A área de Refrigeração e Condicionamento de Ar (engloba integrado

em refrigeração conta com uma estrutura física composto por diversos laboratórios, a

saber: Laboratório de Ciências Térmicas; Laboratório de Sistemas de Climatização;

Laboratório de Sistemas de Refrigeração; Laboratório de Sistemas Herméticos;

Laboratório de Projetos; Laboratório de Eficiência Energética; e Laboratório de Energia

Solar. Atualmente possui nove turmas de engenharia de telecomunicações; sete turmas

do Curso Superior de Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações; cinco turmas em

Técnico de telecomunicações; quinze turmas de Técnico Integrado de

Telecomunicações; três turmas de Técnico de Refrigeração; catorze turmas de Técnico

Integrado de Refrigeração; e sete turmas de Licenciatura e Ciências da Natureza.

(BRASIL, IFSC).

A respeito do local de residência dos Alunos, tomando-se por base àqueles

matriculados no primeiro e segundo semestre de 2014 nos cursos de Técnico Integrado

em Refrigeração e Climatização e Técnico Integrado em Telecomunicações do IFSC de

São José, aproximadamente 43% reside no próprio município, 25% em Palhoça; 12%

Paulo Lopes; 7% Florianópolis; 4% São Pedro de Alcântara; 3% Santo Amaro do

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Imperatriz e 6% nos demais municípios, a saber: Águas Mornas, Garopaba, Governador

Celso Ramos, Rancho Queimado e Santa Rosa de Lima (Anexo 1-Intranet IFSC).

.Um dos questionamentos deste trabalho se refere ao motivo o qual leva os

jovens que já estão matriculados, terem optado por um curso médio integrado ao

técnico. Para esta compreensão, foram analisados os gráficos disponibilizadosna rede

interna do IFSC sobre o fator de escolha do desta instituição pelos alunos ingressados

no primeiro e segundo semestre de 2014, conseguidos através de um questionário

aplicado aos alunos na hora de sua prova classificatória de ingressão, segue abaixo

(gráfico 1 e gráfico 2).

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Nos gráficos, pode-se notar logo a princípio uma alta demanda pela qualidade de

ensino, seguidos por uma preocupação pessoal com o mercado de trabalho e afinidade

com o curso, ou forte influência dos pais ou parentes. A questão de ser um curso

gratuito ainda integra a gama de motivos, assim como a facilidade de acesso, seja por

proximidade, condução ou horários, fator menos influente na escolha.

A fim de ter um panorama mais generalizado, decidimos por aplicar um novo

questionário (anexo ao final do trabalho), este focado nos alunos em seus anos finais (7ª

e 8ª fases) que convivem com a realidade do IFSC há mais tempo e estavam prestes a se

formar. O questionário foi aplicado a 73 alunos, divididos nos dois cursos integrados da

instituição. Foram analisadas 36 amostras dos alunos de refrigeração e climatização e 37

amostras dos alunos de telecomunicação. A partir destas análises, quantificamos e

obtivemos os gráficos das figura 1, referente ao curso Técnico Integrado em

Refrigeração e Climatização e figura 2 referente ao curso Técnico Integrado de

Telecomunicações, presentes abaixo:

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Figura 1: interesses dos alunos do curso Técnico Integrado em Refrigeração e

Climatização elaborado pelos autores.

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Figura 2: interesses dos alunos do curso Técnico Integrado de Telecomunicações

elaborado pelos autores.

Pode-se notar ao observarambos os gráficos da figura 1 e 2, uma proximidade

entre as resposta dos dois cursos. Em ambos, ao analisar o que levou os alunos a

escolher a instituição, em sua maioria (mais de 50%) foi almejar uma educação avaliada

como de qualidade, visando o vestibular em área diferente do curso técnico escolhido,

enquanto 1/3 das respostas dos alunos revelaram algum desejo inicial na área, seja para

o aprofundamento dos estudos (por volta de 20%) ou para o real exercício da profissão

(apenas 15%). Influência dos pais e amigos aparece em aproximadamente 10% dos

casos, para em fim, o fator da proximidade (tabela do município de residência anexo 1

ao final do trabalho), não muito determinante, encerrar a gama de respostas com apenas

2 a 2,5%, apesar de verificarmos que em geral, os alunos residem próximos. Assim,

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podemos afirmar que o principal motivo para a escolha do IFSC é a qualidade do ensino

regular e que os alunos na sua maioria optam pela instituição visando o vestibular, sem

expressarem intuição de se tornarem técnicos na area que estão cursando.

Ao analisar o segundo questionamento dos gráfico das figuras 1 e 2, relacionado

aos objetivos imediatos dos alunos ao se formarem, vemos um crescimento considerável

para aqueles que desejam seguir os estudos em uma área próxima a de sua formação no

IFSC (uma proporção quase o dobro maior do que quando comparado às aspirações que

o levaram a escolher a instituição). Já em relação aos alunos que desejam exercer a

profissão após se formarem no IFSC como técnicos, nota-se uma queda considerável

para os alunos de técnico integrado em telecomunicações (de 15 para 8%), o que

acontece em menor proporção se observado somente aos alunos de refrigeração e

climatização (de 14 para 12,5%). Se analisarmos os dados do censo demográfico de

2014, há aproximadamente 374.569 novas matrículas nas 5.324 instituições de

Educação Profissional no Brasil, se supormos que destas, assim como no caso do IFSC,

somente 12,5% (como o curso Técnico Integrado em Refrigeração e Climatização)

exercerem a profissão apenas 46 mil exercerão a profissão de técnico, deixando o país

em déficit nesta área profissional.

O terceiro questionamento observado nas duas figuras/ gráficos diz respeito às

aspirações que os formados têm para um futuro próximo de cinco anos. Nele

observamos um altíssimo desejo de continuar os estudos, mas a variância de área se

apresenta maior ainda que nos gráficos anteriores. Aqueles que desejam um

aprofundamento em sua área, caem de cerca de 35% para apenas 19% e 12% nas áreas

de climatização e refrigeração e telecomunicações respectivamente. Referente ao desejo

de entrar no mercado de trabalho como técnico em sua área, a tendência de queda se

mantém, desta vez mais acentuada para o curso de refrigeração e climatização, de forma

a igualar com os o índice também em queda do curso de técnico integrado em

telecomunicações, totalizando 6%.

O ensino técnico dura em média dois anos. É mais prático e visa rápida inserção

no mercado de trabalho, seu ensino é focado e aprofundado em uma área específica;

possui uma alta taxa de empregabilidade; possui boa aceitação por parte das empresas e

bons salários, devido à falta de profissionais qualificados em determinadas profissões,

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mesmo com tantos benefícios os alunos estão optando em continuar a estudar e na

maioria em áreas distintas do curso que optaram no IFSC. Os possíveis motivos para o

interesse dos alunos no ensino superior podem estar relacionados com a ideia de

maiores salários ou o prestígio pela obtenção do diploma, tão valorizado cultural e

historicamente pela sociedade brasileira.

Apesar do crescimento nas ultimas décadas das escolas técnicas e das atuais

políticas do governo brasileiro no sentido de aumentar o número de vagas de educação

profissional oferecidas em institutos federais, escolas técnicas vinculadas a

universidades federais, redes estaduais e no Sistema S (Senai, Senac, Senar e Senat²) em

todo país, com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

(Pronatec), existe ainda uma alta demanda que não é atendida por este segmento

profissional.

De acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria

(CNI), em 2013, 65% das indústrias brasileiras enfrentam problemas com a falta de

qualificação dos seus trabalhadores, evidenciando a necessidade de investimento na

formação de profissionais deste setor.

De acordo com Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia da CNI e

diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), instituição

privada brasileira de interesse público, sem fins lucrativos, que visa desenvolver

programas de formação profissional, buscando atender às carências da mão-de-obra

industrial brasileira, enquanto que nos 30 países que integram a Organização para a

Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o índice de jovens que optam

pela educação profissional junto com o ensino regular é em de média 42%). No Brasil

este índice é de apenas 6,6%, o que explica a alta demanda por estes profissionais. (O

Estado de São Paulo, 2012).

Esta demanda pode também ser observada a partir de um levantamento feito

pelo SENAI, onde expõe que mesmo com baixo crescimento econômico e

desaquecimento do mercado, ocupações técnicas seguiram contratando em 2014. Os três

maiores setores são: profissionais que atuam como instalador e reparador de linhas e

equipamentos de telecomunicações, técnico de manutenção de máquinas e mecânico de

manutenção de aparelhos de refrigeração. Dos quais dois estão presentes e são

oferecidos no IFSC de São José.

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_____________________________

²Siglas respectivamente de: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Serviço Nacional deAprendizagem Comercial, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural e Serviço Nacional deAprendizagem de Transportes.

Em relação aos técnicos em telecomunicações, pode-se supor que este aumento

se dê principalmente devido aos projetos de telefonia de quarta geração (4G) e de

expansão das redes de banda, sendo necessários instaladores de cabos, operadores de

redes e projetistas de infraestrutura que não são formados em volume suficiente.

Observando as respostas obtidas no questionário aplicado ao IFSC, temos uma

situação ainda mais complicada, à medida que: apesar de todo investimento nas

instituições que proporcionam o ensino técnico, boa parte de seus alunos, ou no caso

dos formulários do IFSC, quase 90% ao se formar, não pretendem seguir na área, o que

não contribui para suprir o déficit de profissionais técnicos que existe e deve aumentar

no país.

Uma última questão ainda foi levantada, sobre a visão dos alunos quanto ao

ensino de geografia dado no IFSC, se este lhes ajudava em suas aspirações e seus

objetivos. Foi uma questão aberta, por este motivo, elucidamos os pontos que mais

apareceram e julgamos pertinentes. Dos 76 alunos, poucos citaram que a Geografia não

os ajuda (14), com quatro pontuando que não ajuda justamente na parte técnica. 55

citaram que ajuda em seu objetivo, mesmo sendo este, em sua maioria, o vestibular. A

importância inclusive na parte técnica foi citada por seis alunos e 50 ainda consideraram

seu conhecimento importante e fundamental, mesmo sem ligação direta ao que

pretendem cursar, ou trabalhar. Assim, destacamos algumas entrevistas dos alunos em

relação a suas visões sobre a importância da matéria de Geografia e se esta os ajuda em

seus objetivos ao se formarem na instituição:

Depende, porque para conseguir um emprego, é levado em conta tanto a formação

profissional quanto pessoal. E eu acho que a geografia pode ajudar na formação do

cidadão.

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Observa-se acima a fala de um aluno, em que a percepção do ensino de

Geografia se dá para a formação como cidadão, pertencente aquele espaço e atuante

nele. Esta formação está pautada junto à formação profissional, evidenciando a

importância de se aprofundar em ambas para um almejado desenvolvimento. E ainda:

A geografia está nos ajudando na parte para vestibular e concursos.

A resposta acima é comum a diversos alunos. Expõe o desejo de prestar

vestibulares e/ou concursos. Em nossa análise, foi considerada como ponto importante,

para aqueles que objetivaram estes exames, mesmo sem aparecer os pontos os quais

consideramos principais na matéria: favorecer o senso crítico e contribuir para uma

visão mais integrada de mundo.

Na fala de um aluno:

De certa forma mostrando em quais regiões a minha área é mais privilegiada por

exemplo.

Aqui se observa um exemplo de como a Geografia com sua responsabilidade em

demonstrar e possibilitar a compressão do espaço pelo individuo, tal qual sua atuação

nele, pode favorecer o conhecimento de fatores inclusive para questões de cunho

profissional, que num primeiro momento podem não aparecer, como o estudo da

localidade adequada a uma determinada técnica e ofício e sua demanda.

Também foi resaltada a geografia como campo de investiganção de produtos e

normas culturais das socidades humanas, como suas técnicas, línguas, obras, crenças,

governo, política enfim culturas distintas, como se percebe na fala do aluno abaixo:

Sim, pois a geografia além de estimular o senso crítico o que é útil em todas as outras

áreas, ajuda a conhecer mais conhecimentos de outras culturas.

O aluno demonstra a percepção da importância, tal qual das multifaces as quais

o conhecimento geográfico pode ser aplicado (política, territorial, social, econômica,

ambiental,...), de acordo com o PCN de Geografia, “A observação, descrição,

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experimentação, analogia e síntese devem ser ensinadas para que os alunos possam

aprender a explicar, compreender e até mesmo representar os processos de construção

do espaço e dos diferentes tipos de paisagens e territórios. (p. 9)”.

E por último, abaixo, foi apontado a importância da geografia na construção de

uma visão crítica por parte dos alunos:

Acredito que sim, pois geografia de ensino médio te abre novos caminhos ao mundo e

te facilita novas experiências.

Semelhante à questão anterior, pode-se citar ainda o dever da Geografia em

expor ao aluno que este faz parte, ativamente e passivamente, das modificações das

paisagens do globo e do conjunto que envolve a geografia tanto local, global, além dos

aspectos culturais, sociais e políticos.

Através das respostas obtidas no questionário é possível observar a importância

que os alunos têm na Geografia ao empregá-la no vestibular (até por seus principais

objetivos serem voltados a estes exames, como observado acima), porém também se faz

presente a função a qual consideramos chave no ensino de Geografia: fomentar o senso

crítico tal qual uma visão integrada do mundo, através de suas multifaces e em diversas

escalas. Esta compreensão favorece a execução de ações práticas, onde a formação

profissional está diretamente ligada a formação pessoal, evidenciando a importância de

se aprofundar em ambas para um pleno desenvolvimento, visão esta a qual percebemos

nas aulas lecionadas, onde os alunos mostraram profundo interesse em seu

desenvolvimento como cidadão crítico.

Para que o ensino de Geografia contribua para a formação de cidadãos críticos e

participativos é necessário trabalhar em sala de aula com conteúdos críticos, capazes de

atrair o interesse dos alunos. É importante dar ênfase aos conhecimentos que os alunos

trazem de casa, ou seja, o conhecimento empírico, considerando os alunos como

sujeitos ativos do processo de ensino. Além disso, deve-se buscar a geografia do

cotidiano, trabalhar os conhecimentos que os alunos têm, pois a partir destes, será mais

fácil a compreensão do que se pretende ensinar.

O ensino de Geografia procura desenvolver no aluno a capacidade de observar,

analisar, interpretar e pensar criticamente a realidade. Essa realidade é uma totalidade, a

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soma da sociedade e natureza. A geografia tem o papel de levar a compreensão do

espaço vivido, das desigualdades que nele ocorrem, das relações de produção e das

transformações que o homem provoca na natureza.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Estágio Supervisionado é uma atividade indispensável na construção da

identidade profissional. Como atividade de integração teoria- prática aproxima o aluno

do cotidiano da escola. Constitui-se como oportunidade de aprendizagem e vivencia da

docência. É essencial para superar a dicotomia teoria/prática na formação do professor.

O estágio pelo qual o aluno de licenciatura passa é um período de estudos

práticos para a aprendizagem e experiência, além de se caracterizar como momento de

reflexão e investigação. Durante esse período o estagiário tem a oportunidade de aplicar

na prática os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo de sua formação acadêmica

articulando-os com os saberes construídos a partir da experiência do estágio.

Destacamos a necessidade de um contato permanente e duradouro entre a

Universidade e as instituições de ensino, que deve permear toda a formação do futuro

professor e não se limitar as fases finais, como ocorre.

Por se caracterizar também como momento de pesquisa, podemos investigar no

estágio o que almejam os jovens que ingressam num curso técnico e como a geografia

pode auxiliar nesta busca. O panorama percebido a partir da perspectiva de se investigar

as aspirações dos alunos possibilita trazer ideias de como estes compreendem a

disciplina de geografia e o que esperam dela. Este entendimento resulta em ferramentas

para que o professor reflita, explore e reveja o sentido, de maneira a aperfeiçoar seus

resultados trazendo maior fundamento a sua matéria.

Através dos questionários aplicados podemos perceber uma tendência a queda

em relação ao desejo de se tornar profissional técnico, diminuído desde a escolha do

curso até a conclusão do mesmo. Da mesma forma ocorre oscilação no desejo de

aprofundar os estudos em sua área técnica, que se apresenta maior, se observado no

início do curso, diminuindo em perspectivas futuras. Os alunos apresentam alto desejo

de ter uma boa formação de nível médio, para o aprofundamento em áreas alheias. Este

dado não pode ser desprezado, uma vez que há necessidade de novos técnicos no Brasil,

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como brevemente exposto neste estudo. Esta questão pode ser mais amplamente

abordada em estudos posteriores.

Quanto à geografia, ajuda os estudantes a atingirem seus objetivos e é

considerada importante por eles, porém, não foi amplamente citada como uma

ferramenta fundamental para o exercício técnico ou auxilio para estudos nesta área.

Tendo sua importância ressaltada, principalmente para aqueles que almejam o

vestibular, ou veem ela como meio de se chegar a um desenvolvimento crítico.

Na teoria os conhecimentos do ensino médio e do ensino técnico estão em

unidade, e por isso devem ser trabalhados em simultaneidade, porém, muitos alunos não

conseguem perceber esse entrosamento, ressaltando a disciplina de geografia como à

parte das disciplinas técnicas.

Cabe também ressaltar nestas considerações os compromissos recíprocos entre

aprendizes e docentes. Aos alunos, ter a compreensão de suas participações de forma

tanto ativas, quanto passivas, em escala local ou global na modificação das paisagens do

globo, seja de forma política, econômica, social, cultural, ou na maior parte das vezes

simultaneamente em todas estas formas, faz-se objetivo maior e inestimável dos

professores. Aos professores, cabe ouvi-los para que através de uma assimilação de suas

motivações, possam traçar estratégias e ultiliza-las para chegar a este objetivo.

Por fim, compreendemos que o espaço concedido aos alunos por meio do

questionário aplicado, ou seja, a expressão ativa dos estudantes fortalece nossos

objetivos e dá mais significado e fidedignidade no tocante à investigação empírica do

presente estudo.

REFERENCIAS

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ANEXOS

Anexo 1: Tabela do munícipio de residência dos alunos ingressantes no ano de 2014.

Cidade Refrigeração e

Climatização

Telecomunicações Total Geral

Águas Mornas 1 1

Biguaçu 3 1 4

Florianópolis 3 6 9

Garopaba 1 1

Governador Celso

Ramos

1 1

Palhoça 19 15 34

Paulo Lopes 10 6 16

Rancho Queimado 1 1

Santa Rosa de Lima 1 1

Santo Amaro da

Imperatriz

2 2 4

São José 25 34 59

São Pedro de

Alcântara

2 3 5

Total Geral 66 70 136

Fonte: Intranet IFSC.

Anexo 2: Questionário aplicado aos alunos do IFSC

Questionário

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Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Curso de Geografia

Estágio Supervisionado em Licenciatura I

Acadêmicos: Bruno S. Angottiee MaiaraQuerino

Prezado(a) aluno(a) somos estudantes do 8º semestre de geografia da UFSC, e estamos

fazendo uma pesquisa. Solicitamos sua atenção para preencher este formulário, com o

qual pretendemos verificar as razões de vocês terem optado por estudar no Instituto

Federal de Santa Catarina e posteriormente verificar a contribuição que a geografia pode

estar oferecendo para vocês nesta escolha.

1- Nome completo: ________________________________________________.

2- Curso: ________________________________.3- Fase:_________________.

4- Selecione a opção que mais condiz com suas aspirações em relação a graduação no

IFSC, ou seja, o que te levou a optar pela instituição inicialmente:

( ) Formar para o exercício técnico da profissão referente ao curso.

( ) Base para aprimoramento (seguir estudo em área semelhante a técnica escolhida).

( ) Educação de qualidade. (Vestibular possivelmente em outra área).

( ) Influencia dos pais/ amigos.

( ) Proximidade com o local de residência.

5 - qual seu atual objetivo ao se formar na instituição?

( ) Entrar no mercado de trabalho como técnico em sua área.

( ) Prestar vestibular em uma área alheia ao seu diploma técnico.

( ) Usar seu diploma como base para o aprofundamento em outro curso de área

semelhante.

6 - O que aspira profissionalmente/ academicamente em 5 (cinco) anos?

7 - como a geografia trabalhada durante o curso pode lhe ajudar a atingir este objetivo?