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“Volta para mim” Obra de Paula Rego cULTURA L arte 12 Este suplemento é parte integrante da cULTURALarte e não pode ser vendido separadamente. Figuras Dividindo o seu te m po entre Portugal e Londres ao longo dos anos 60, Paula Rego instala-se definitiva m ente nesta cidade a partir de 1976, não obstante visitas e regressos a Portugal e, sobretudo, à sua casa de fa mília na Ericeira. Esta irá inclusiva m ente figurar e m m uita da sua produção artística, co m o diversas m e m órias e traços de u m im aginário evocativo de u m a certa "cultura portuguesa", associada à sua infância, e que encontra algu m a correspondência e m Lila Nunes, de orige m portuguesa e antiga enferm eira de Vic, m odelo privilegiado de Paula Rego desde 1988. O reconhecim ento de Paula Rego acontece desde bastante cedo, m as será sobretudo a partir dos anos 90, aos 50 anos de idade, que se tornará u m no m e incontornável, não só no panora m a artístico português ou inglês, m as ta m m no plano internacional. A artista foi inú m eras vezes convidada a produzir obras para galerias e exposições específicas, não rara m ente e m diálogo co m as suas colecções, tornando-se, e m 1990, Prim eira Artista Associada da National Gallery, e m Londres. Co m u m im aginário prodigioso e nu m percurso que explora técnicas e linguagens diversas, apresentando, ainda assim, u m a coerência surpreendente, Paula Rego conta co m inú m eras exposições individuais e retrospectivas e m m useus e galerias de reno m e, e co m Paula Rego nasceu a 26 de Janeiro de 1935, e m Lisboa. Oriunda de u m a fa mília republicana e liberal, co m ligações às culturas inglesa e francesa, entra na St. Julians School, e m Carcavelos, residindo durante a infância e adolescência no Estoril. Incentivada pelo pai a prosseguir o seu desen- volvim ento artístico fora do Portugal salazarista dos anos 50, Paula Rego ingressa na prestigiada Slade School of Fine Art, e m Londres, co m apenas 17 anos. Será aí que conhecerá vários artistas, entre os quais o seu futuro m arido, Victor Willing, co m que m ve m a casar e m 1959 e de que m ve m a ter três filhos (Carolina, Victoria e Nicholas). Pintor e crítico de arte, Victor Willing (1928, Alexandria-1988, Londres) tornou-se u m dos m ais essenciais críticos da obra de Paula Rego, produzindo várias vezes leituras funda m entais do seu trabalho. De facto, m uitas das obras da artista conta m co m referências explícitas ou im plícitas a "Vic", salientando-se os trabalhos de m eados dos anos 80, durante a fase terminal da esclerose m últipla que acabou por vitim á-lo. Paula Rego Obra de Paula Rego

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Dividindo o seu tempo entre Portugal e Londres ao longo dos anos 60, Paula Rego instala-se definitivamente nesta cidade a partir de 1976, não obstante visitas e regressos a Portugal e, sobretudo, à sua casa de família na Ericeira. Esta irá inclusivamente figurar em muita da sua produção artística, como diversas memórias e traços de um imaginário evocativo de uma certa "cultura portuguesa", associada à sua infância, e que encontra alguma correspondência em Lila Nunes, de origem portuguesa e antiga enfermeira de Vic, modelo privilegiado de Paula Rego desde 1988.

O reconhecimento de Paula Rego acontece desde bastante cedo, mas será sobretudo a partir dos anos 90, aos 50 anos de idade, que se tornará um nome incontornável, não só no panorama artístico português ou inglês, mas também no plano internacional. A artista foi inúmeras vezes convidada a produzir obras para galerias e exposições específicas, não raramente em diálogo com as suas colecções, tornando-se, em 1990, Primeira Artista Associada da National Gallery, em Londres. Com um imaginário prodigioso e num percurso que explora técnicas e linguagens diversas, apresentando, ainda assim, uma coerência surpreendente, Paula Rego conta com inúmeras exposições individuais e retrospectivas em museus e galerias de renome, e com

Paula Rego nasceu a 26 de Janeiro de 1935, em Lisboa. Oriunda de uma família republicana e liberal, com ligações às culturas inglesa e francesa, entra na St. Julians School, em Carcavelos, residindo durante a infância e adolescência no Estoril. Incentivada pelo pai a prosseguir o seu desen-volvimento artístico fora do Portugal salazarista dos anos 50, Paula Rego ingressa na prestigiada Slade School of Fine Art, em Londres, com apenas 17 anos. Será aí que conhecerá vários artistas, entre os quais o seu futuro marido, Victor Willing, com quem vem a casar em 1959 e de quem vem a ter três filhos (Carolina, Victoria e Nicholas).

Pintor e crítico de arte, Victor Willing (1928, Alexandria-1988, Londres) tornou-se um dos mais essenciais críticos da obra de Paula Rego, produzindo várias vezes leituras fundamentais do seu trabalho. De facto, muitas das obras da artista contam com referências explícitas ou implícitas a "Vic", salientando-se os trabalhos de meados dos anos 80, durante a fase terminal da esclerose múltipla que acabou por vitimá-lo.

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Eduardo Souto de Moura nasce no Porto (Portugal), a 25 de Julho de 1952. Licencia-se em Arquitectura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, em 1980. Colabora com o arquitecto Álvaro Siza Vieira de 1974 a 1979. De 1981 a 1991, trabalha como Professor Assistente do curso de Arquitectura na FAUP. Inicia a actividade como profissional liberal em 1980. Desde então projectou mais de 60 edifícios, em Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Reino Unido e Suíça. Professor convidado em Paris-Belleville, Harvard, Dublin, Zurich e Lausanne. Entre as obras mais conhecidas destacam-se o Estádio Municipal de Braga, a Casa das Histórias Paula Rego em Cascais, a Casa das Artes no Porto, a estação de Metro da Trindade, entre muitas outras. Recebeu vários prémios e participou em vários seminários e conferências em Portugal e no estrangeiro. O seu trabalho tem sido objecto de várias publicações e exposições.

Em 2011 Eduardo Souto de Moura é distinguido com o Prémio Pritzker, considerado o Nobel da Arquitectura. Para a atribuição do prémio, o júri considerou que durante as últimas três décadas, Souto de Moura produziu "um corpo de trabalho que é do nosso tempo mas que também tem ecos da arquitectura tradicional. Os seus edifícios apresentam uma capacidade única de conciliar características opostas como o poder e a modéstia, a coragem e a subtileza .

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LocalizaçãoAvenida da República, 3002750-475 Cascais+351 214 826 970

HorárioTodos os diasdas 10h às 19h

Entrada Gratuita

A Casa das Histórias Paula Rego é um projecto do arquitecto Eduardo Souto de Moura. Retomando, num espírito contemporâneo, alguns aspectos da arqui-tectura histórica da região, distingue-se de imediato na paisagem por duas estruturas piramidais de igual dimensão e pelo betão pigmentado a vermelho.

Assumindo-se o terreno e as árvores preexistentes como elementos fundamen-tais, os diferentes volumes que compõem o edifício configuram quatro alas, subdivididas no interior em salas sequenciais, dispostas em torno de um volume central mais elevado, que corresponde à sala de exposições temporárias. O interior, em tons neutros, pavimentado a mármore azulino de Cascais, conta, para além das áreas técnicas e de serviço, com 750 m2 de áreas de exposição, uma loja, uma cafetaria com esplanada aberta para um frondoso jardim e um auditório com 200 lugares.

O projecto, correspondendo à vontade da artista, a quem se deve a escolha do arquitecto, dá resposta às muitas exigências de funcionalidade museológica, sem esquecer o bom acolhimento aos visitantes.

"Com a Casa das Histórias, dir-se-ia que Eduardo Souto de Moura se aproxima de uma abordagem 'regionalista', distanciando-se do abstraccionismo moderno dominante na sua obra. Um regionalismo, todavia, não crítico e estranho ao significado de 'resistência' que justificou outras abordagens no Portugal dos anos oitenta do século passado. Neste espaço museológico para Cascais, Souto de Moura associa determinados dispositivos formais a heranças de composição arquitectónica, fórmulas de implantação e usos de escala que se podem facilmente contextualizar numa geografia muito particular. A proximidade com a obra de Raul Lino acontece, portanto, num enquadramento paisagístico 'a Sul', sem expedientes decorativos e despojada de recursos pitorescos.

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