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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS - FGV ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA – EPGE CURSO DE MESTRADO EM ECONOMIA ESTIMAÇÃO DO PREÇO HEDÔNICO: UMA APLICAÇÃO PARA O MERCADO IMOBILIÁRIO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ECONOMIA – (EPGE-FGV) – PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ECONOMIA EDUARDO FERREIRA NETO Rio de Janeiro, 05 de dezembro de 2002

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS - FGV

ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA – EPGE

CURSO DE MESTRADO EM ECONOMIA

ESTIMAÇÃO DO PREÇO HEDÔNICO: UMA APLICAÇÃO PARA O

MERCADO IMOBILIÁRIO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA DE PÓS-

GRADUAÇÃO EM ECONOMIA – (EPGE-FGV) –

PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

ECONOMIA

EDUARDO FERREIRA NETO

Rio de Janeiro, 05 de dezembro de 2002

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS - FGV

ESCOLA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ECONOMIA – EPGE

ESTIMAÇÃO DO PREÇO HEDÔNICO: UMA APLICAÇÃO PARA O MERCADO IMOBILIÁRIO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Dissertação submetida à Congregação da Escola de Pós Graduação em Economia – (EPGE-FGV) – para obtenção do Grau de Mestre em

Economia por

Eduardo Ferreira Neto

ORIENTADOR: Professor João Victor Issler

Rio de Janeiro, RJ. Dezembro / 2002

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS - FGV

ESCOLA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ECONOMIA – EPGE

ESTIMAÇÃO DO PREÇO HEDÔNICO: UMA APLICAÇÃO PARA O MERCADO IMOBILIÁRIO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Dissertação submetida à Congregação da Escola de Pós Graduação em Economia – (EPGE-FGV) – para obtenção do Grau de Mestre em

Economia por

Eduardo Ferreira Neto

BANCA EXAMINADORA Professor João Victor Issler (EPGE/FGV) – Orientador Professor Marcelo Fernandes (EPGE/FGV) Professor Paulo Brígido Rocha Macedo (UFMG/CEDEPLAR)

Rio de Janeiro, RJ.

Dezembro / 2002

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Às pessoas que mais amo:

Maria Onilda, Solange, Angela, João Neto, Fernando, Dimas, Murilo, Mariana e Lucas.

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AGRADECIMENTOS

Diversas pessoas contribuíram para que eu pudesse ter logrado êxito na confecção

deste trabalho. No entanto, apesar de correr o risco de cometer injustiças de, por ventura,

ter o nome de alguém ausente da lista nominal de agradecimentos, deixar de agradecê-las

nominalmente seria uma injustiça ainda maior. Àqueles esquecidos, desde já, minhas

desculpas.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao meu orientador, o Professor João

Victor Issler, que, com inesgotável boa vontade, compartilhou comigo parte de seu

conhecimento, seriedade e rigor, provendo-me sempre com a informação precisa e

necessária para que eu tomasse decisões seguras nos momentos em que se fizeram

necessários.

Sou também muito grato aos Professores Marcelo Fernandes e Paulo Brígido

Rocha Macedo que, como integrantes da banca examinadora, enriqueceram minha

compreensão sobre o tema, por meio de seus comentários e sugestões inestimáveis,

contribuindo para melhorar a qualidade final do trabalho.

Agradeço, em especial, a Luiz Octávio Mendes de Abreu, que me estendeu a mão

em momentos difíceis e sempre se colocou disponível a discutir sobre o assunto estudado,

apesar de seus compromissos e sua agenda atribulada. Sua paciência, apoio, incentivo,

comentários, críticas e sugestões foram de extrema importância para o resultado final.

Agradeço imensamente ainda, a Angela Ferreira Lima Freitas, Adriano Arlem,

André Creton, Denise Freitas Lafayette de Sá, Jorge Coutinho, Jose Geraldo Maciel

Junior, Francisco José da Silva Martins, Ligia Alves da Cruz, Marcos Bustamante, Mario

Moreira Padrão Neto, Mauricio Fuks, Patrícia Gregorio de Castro e Abreu, Paulo Bastos

Cezar, Ricardo Cavalcanti, Ricardo Simonsen, Rodrigo Fernando Dias, Ronnie Lins de

Almeida e Sergio Gustavo Silveira da Costa por terem, cada um a seu modo, contribuído

para que meu trabalho fosse realizado com êxito.

Finalmente agradeço a todos que, de uma forma ou de outra, concorreram para a

elaboração desta dissertação. Como de praxe, todos os erros e omissões são de inteira

responsabilidade do autor.

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RESUMO

O objetivo da dissertação foi obter um modelo de previsão para os preços dos

imóveis, praticados no mercado imobiliário da cidade do Rio de Janeiro no ano 2000,

utilizando a Metodologia do Preço Hedônico (HPM), que deve reponder a duas questões:

a) Quais são as características relevantes; b) Qual é a forma de relacionamento entre os

preços e as características.

O modelo de previsão foi obtido, com base em procedimentos econométricos, e

teve duas etapas distintas. Na primeira etapa, de formulação do modelo, foram realizadas

regressões paras as formas funcionais mais utilizadas pelos estudos na área, a saber, a

forma funcional linear, dupla logarítmica e semilogarítmica. Em seguida foi utilizado o

procedimento de seleção de modelos “geral para específico”. A segunda etapa consistiu na

previsão fora da amostra. Isto é, a partir das formas funcionais reduzidas e utilizando-se

dos coeficientes das variáveis significativas, obteve-se os preços estimados e em seguida

foram comparados com os preços efetivamente praticados pelo mercado.

Calculou-se, então, os Erro Quadrático Médio (EQM) e o Erro Absoluto Médio

(EAM) e com o auxílio dos testes de diagnósticos e igualdade de variância, escolheu-se a

forma funcional que melhor se adequou aos dados

Desta forma, para um nível de significância de 5%, a forma funcional que melhor

se adequou aos critérios estabelecidos foi a dupla logarítmica e apresentou como resultado

da estimação um R2=92,63% e dentre as características mais relevantes para estimação do

preço do imóvel pode-se destacar, entre outras, o tamanho do imóvel como características

físicas; a ocorrência de roubos como características de segurança, a quantidade disponível

de bens e serviços destinados ao lazer como características de vizinhança e a

disponibilidade ou não de serviços de hotelaria como características dummies.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .................................................................. ............................ 3

1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 7

1.1 – CHESHIRE E SHEPPARD................................................................ 7

1.2 – MACEDO........................................................................................... 10

2 - MODELAGEM TEÓRICA ........................................................................ 12

2.1 – A CIDADE ........................................................................................ 12

2.2 – OS DADOS ....................................................................................... 21

2.2.1 – VARIÁVEIS DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS .............. 22

2.2.2 – VARIÁVEIS DE VIZINHANÇA – INFRA-ESTRUTURA ... 26

2.2.3 – VARIÁVEIS DE VIZINHANÇA – SEGURANÇA ............... 27

2.3 – O MODELO ...................................................................................... 29

3 – RESULTADOS .......................................................................................... 33

4 – CONCLUSÃO ........................................................................................... 41

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 42

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INTRODUÇÃO

O objetivo da dissertação é obter um modelo de previsão para os preços dos

imóveis, praticados no mercado imobiliário, utilizando a Metodologia do Preço Hedônico

(HPM). Neste estudo, mercado imobiliário é aquele compreendido como sendo o conjunto

de imóveis residenciais transacionados no mercado da Cidade do Rio de Janeiro no ano

2000.

Este modelo de previsão será obtido, com base em procedimentos econométricos,

e terá duas etapas distintas: A primeira será dividir, aleatoriamente, a amostra obtida em

duas partes, sendo que 2/3 da amostra será destinada à formulação do modelo e 1/3 da

amostra será destinada ao teste do modelo.

Na etapa de formulação do modelo serão realizadas regressões paras as formas

funcionais mais utilizadas pelos estudos na área, a saber, a forma funcional linear, dupla

logarítmica e semilogarítmica, com todas as variáveis selecionadas. Em seguida será

utilizado o procedimento de seleção de modelos “geral para específico”.

A segunda etapa consistirá da previsão fora da amostra. Isto é, a partir das formas

funcionais reduzidas e utilizando-se dos coeficientes das variáveis significativas, obter os

preços estimados para o restante da amostra e compará-los com os preços efetivamente

praticados pelo mercado.

Calcula-se, então, os Erro Quadrático Médio (EQM) e o Erro Absoluto Médio

(EAM) e com o auxílio dos testes de diagnósticos e igualdade de variância, escolhe-se a

forma funcional que tem melhor adequação aos dados, utilizando a Metodologia do Preço

Hedônico (HPM).

Segundo Nerlove (1995), a análise do preço hedônico tem origem na economia

agrícola quando Fedreick V. Waugh (1929) publicou seu pioneiro estudo sobre fatores

qualitativos que influenciam os preços dos vegetais. Ainda segundo Nervole (1995),

Waugh fez uma regressão dos preços por lote de aspargos em Boston (maio-junho, 1927)

sob três diferentes dimensões de qualidade: avaliação da cor, tamanho da haste e

uniformidade dos brotos. Seu objetivo era determinar a valorização relativa que os

consumidores davam a essas características, as quais consideravam como informações

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úteis para os produtores de aspargos. Mais tarde, Court (1939) e Griliches (1961) rodaram

regressões similares com o propósito de descobrirem as preferências dos consumidores em

relação a vários opcionais nos automóveis que compravam.

Outros exemplos da aplicação da metodologia do preço hedônico podem ser

encontrados em Griliches (1971, 1976, 1980), Dhrymes (1967), Gordon (1990) e Fonseca

(1999) no mercado automobilístico; Bailey, Muth e Nourse (1963), Cheshire e Shepard

(1995, 1998) no mercado de construção civil e habitacional, respectivamente; e, Chow

(1967) no mercado de computadores.

Utilizando esse arcabouço, o determinador do preço do ativo imóvel não é

necessariamente representado apenas pelo rendimento deste ativo - o aluguel. Outros

fatores ligados às suas características e como os agentes econômicos se posicionam diante

destas características tenderiam a influenciar o preço do bem. Como exemplo pode-se citar

a existência de garagem, a posição relativa do imóvel e etc.

A suposição implícita do apreçamento hedônica é a “abordagem da

característica” na teoria da demanda (Lancaster, 1971). Os bens são definidos como

grandes quantidades de características (qualidades) e os consumidores têm preferências

sobre essas características. Portanto um consumidor decidirá, não apenas se adquire um

determinado bem, mas qual bem melhor atende suas preferências, dadas as características

disponíveis.

A análise empírica baseada na abordagem hedônica deve direcionar a duas

questões, inicialmente propostas por Griliches (1971): a) Quais são as características

relevantes; b) Qual é a forma de relacionamento entre os preços e as características.

Portanto a presente dissertação procurará responder a estes questionamentos aplicados ao

mercado imobiliário da Cidade do Rio de Janeiro.

Entre outras utilidades práticas, este estudo pode ser considerado relevante tanto

do ponto de vista do setor público, quanto do privado. Na ótica do setor público, fornece

elementos que atuam diretamente, entre outros, nos efeitos da tributação. Na ótica do setor

privado, provêm elementos que subsidiam as tomadas de decisões das empresas

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incorporadoras, assim como identificam, com base na teoria do consumidor, elementos de

revelação de preferências.

No âmbito do setor público municipal, considerando apenas os efeitos tributários,

duas fontes principais de receita própria são abordadas e se destacam, o Imposto sobre a

Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)1 e o Imposto sobre a Transmissão Inter

Vivos, a Qualquer Título por Ato Oneroso de Bens Imóveis, por Natureza ou Acessão

Física e de Direitos Reais Sobre Imóveis, Exceto os de Garantia, bem como Cessão de

Direitos à sua Aquisição (ITBI).2

Dentro das várias variáveis que compõem o IPTU, uma delas é o valor venal do

imóvel. Na medida em que, quão mais próximo da realidade estiver este valor, mais

acurado será o tributo. Quanto ao ITBI, ao se transferir o imóvel de um proprietário para

outro, novamente, quão mais próximo da realidade estiver o valor do imóvel, mais precisa

será a arrecadação do tributo. Como este trabalho estuda a determinação do preço do

imóvel, ele poderá ser útil nesses casos.

O mesmo ocorre quando o ente federativo é o estado, que possui um tributo

semelhante ao ITBI, o Imposto Sobre Transmissão Causa Mortis por Doação de Qual

Bens ou Direitos (ITD),3 que tem incidência quando a transferência do imóvel ocorre por

doação ou em espólio/herança.

Dessa forma, um benefício ao setor público seria evitar ou diminuir a sonegação

fiscal. Os preços transacionados dos imóveis são variáveis que o setor público não

observa. Ele dispõe da informação prestada pelo comprador ou vendedor do valor

transacionado, apenas. Por outro lado, as características do imóvel são variáveis

conhecidas pelo setor público. Na medida em que este estudo se propõe a estimar os

preços dos imóveis a partir de suas características, o benefício para o setor público é

direto.

No âmbito do setor privado, pelo lado da demanda, o consumidor sabendo que

características o imóvel possui, poderá utilizar-se do modelo desenvolvido para

1 Inciso I do Artigo 156 da Seção V do Capítulo I do Título VI da Constituição da República Federativa do Brasil 2 Inciso II do Artigo 156 da Seção V do Capítulo I do Título VI da Constituição da República Federativa do Brasil 3 Item A do Inciso I do Artigo 155 da Seção IV do Capítulo I do Título VI da Constituição da República Federativa do Brasil

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estabelecer se o preço pedido está ou não compatível com o resultado obtido, e assim

decidir se compra ou não o referido imóvel.

Pelo lado da oferta, o empresário da indústria da construção civil sabendo que

características o imóvel terá, poderá, utilizando-se do modelo desenvolvido, precisar de

antemão, qual o preço a ser cobrado pelo referido imóvel e, comparando com o custo

estimado, decidir se constrói ou não o imóvel, ou ainda se altera as características do

imóvel para adequá-lo ao mercado local.

A presente dissertação está dividia em quatro capítulos. O capítulo 1 faz uma

revisão bibliográfica sobre alguns autores que escreveram, especificamente, sobre o tema,

ou seja, estudaram o mercado imobiliário utilizando a Metodologia do Preço Hedônico.

No capítulo 2, começa a modelagem teórica a ser utilizada neste estudo, apresentando a

Cidade do Rio de Janeiro, as transações ocorridas no mercado imobiliário da Cidade, as

variáveis que serão utilizadas, bem como a relação funcional e o modelo a ser utilizado.

Os resultados e análises serão apresentados nos capítulos 3 e 4, respectivamente.

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1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

São apresentados dois trabalhos: um estudo realizado na Grã-Bretanha devido

ao grande número de variáveis utilizadas e outro, realizado para o Brasil, por abordar o

mercado doméstico. Além disso, uma extensa lista de autores e trabalhos relacionados

ao tema estão disponíveis nas bibliografias dos citados trabalhos, bem como na da

presente monografia.

1.1 – CHESHIRE E SHEPPARD

No estudo realizado por Cheshire e Sheppard (1995) os autores apontam que

tem havido poucos estudos detalhados sobre o mercado imobiliário britânico utilizando

dados micro e empregando a abordagem hedônica. Apontam também que existe uma

quantidade menor ainda de estudos que incluem como características dos imóveis: o

tamanho do terreno, a localização, a vizinhança, e de fatores ambientais locais.

Indicam que atualmente é amplamente aceito que um imóvel é um bem

composto e heterogêneo. Um imóvel, entretanto, é composto não apenas pelas suas

características estruturais próprias, como tipo de casa, tamanho, número de quartos ou a

existência de aquecimento central, mas também de características determinadas pela

localização. Estas características localizacionais incluem o elemento clássico dos

modelos de economia urbana - a acessibilidade.

Existem outras características determinadas pela localização, tais como: a

qualidade da vizinhança (das casas) e dos proprietários, efeitos do tráfego, a qualidade

do meio ambiente e os bens públicos locais, como escolas. Diferentes autores agrupam

de diferentes formas essas características, mas segundo Cheshire e Sheppard a distinção

feita por Wilkson (1973) entre fatores específicos da residência (habitação) e fatores

específicos de localização parece o mais fundamental.

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Os autores indicam que na literatura é dada maior atenção econométrica às

características habitacionais do que às características localizacionais, embora seu estudo

sugere que estas últimas são de significante interesse. Esclarecem que, como tem

intensificado os esforços para avaliar a qualidade do meio ambiente e como os modelos

de mercado de trabalho e imobiliário têm se interagido na tentativa de quantificar as

diferenças de qualidade de vida urbana, a atenção tem começado a se voltar para as

características localizacionais.

Objetivam mostrar que é necessário incluir tanto os aspectos de acessibilidade

da localização quanto uma completa amplitude das características de vizinhança para

obter estimações estáveis e confiáveis dos efeitos de cada um. Também esboçam uma

técnica que, sob condições apropriadas, pode prover estimativas do valor marginal das

características de vizinhança: o valor que será internamente capitalizado e que é

freqüentemente confundido com o valor da terra (terreno).

Os dados são referentes às cidades de Reading e Darlington em 1984. Foram

obtidas informações de aproximadamente 350 propriedades em Darlington e 490 em

Reading. A quantidade exata de terra (ou terreno) foi medida e foi enviado aos

proprietários um questionário com pedido de informações adicionais. A taxa de

resposta foi de 47% para Reading e 31% para Darlington.

Um grande número de dados sobre vizinhança foi coletado no Censo

Populacional de 1981 e informações sobre acessibilidade para cada casa pela rede de

ônibus e classe de estrada, na qual a casa se localiza, foram geradas. As estradas foram

classificadas utilizando a classificação do “Ordinance Survey”.

O quadro 1.1-1 abaixo é a reprodução da Tabela A1 do Apêndice do referido

estudo e apresenta as variáveis e o tratamento dado pelos autores.

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QUADRO 1.1-1

TABLE A1 DESCRIPTION OF VARIABLES USED

Variable name Description Price a Rentalized after-tax annual cost of structure in thousands

of pounds Bedrooms a Number of bedrooms in the structure WCs a Number of WCs in the structure Terrace a Dummy variable, 1 if property is terrace style Semi a Dummy variable, 1 if property is semi-detached Flat a Dummy variable, 1 if property is a flat Parking a Dummy variable, 1 if property has off-street parking Garage a Dummy variable, 1 if property has a garage Central heat a Dummy variable, 1 if structure has central heating Floors a Define as: (5- number of floors in structure) Plot width b width of plot in feet Sq. feet a Square feet of living area in structure Land (L) b Area of land in square feet associated with the structure Distance b Distance in miles from city centre Theta b Angle in radians from East School 1 c Dummy variable, 1 if property is located in Highdown area School 2 c Dummy variable, 1 if property is located in Maiden Erleigh area School 3 c Dummy variable, 1 if property is located in Waingels Copse area Street 1 b Dummy variable, 1 if property is located on minor road Street 2 b Dummy variable, 1 if property is located on road with > 4.3

metres metalling Street 3 b Dummy variable, 1 if property is located on a “B-class” roadway Street 4 b Dummy variable, 1 if property is located on a “B-class” roadway Bus b, d Dummy variable, 1 if property within ¼ mile of local bus rote Blue Collar e Defined as: (100- fraction of ward labour force in blue-collar

occupations) Ethnic e Defined as: (15- fraction of urban area Afro-Caribbean

population located in ward) Altitude b Maximum altitude (metres) in 1 km OS square containing address Industrial land b, f Defined as: (100- fraction land in Industrial use within 1 km OS

square containing address) New Construction b, f Dummy variable, 1 if majority of observation in 1 km OS

square are new construction Open land amenity b, f Percent of land in accessible open space in 1 km OS square Closed land amenity b, f Percent of land in inaccessible open space in 1 km OS square

Sources: aEstate agents’ particulars; bOrdinance Survey; cLocal education authority; dReading Transport; e1981 Population Census, ward data; fAerial photographs.

Na conclusão, eles demonstram a importância de se ter um modelo hedônico

especificado o mais completamente quanto possível, para se obter estimações fortes

dos efeitos das características de qualquer casa. Isto poderia ser imaginado como um

ponto evidente, a realidade é que a inclusão da terra (terreno), localização e

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características localizacionais realistas e relativamente amplas é virtualmente

desconhecido na literatura.

Além disso, os atrativos (amenidades) – que são as características específicas

localizacionais – estão sistematicamente refletidas nos preços das terras (terrenos) e

que, sob certas circunstâncias, esse fato pode ser transformado em vantagem para gerar

estimativas dos valores agregados dos atrativos (amenidades) ou grupos de atrativos,

comparativamente a um conjunto restrito de dados.

1.2 – MACEDO

O estudo realizado por Macedo (1996) utiliza o Modelo do Preço Hedônico

(HPM) padrão, bem como a incorporação da econometria espacial auto-regressiva para

analisar o mercado imobiliário de Belo Horizonte. O autor argumenta que o modelo foi

desenvolvido nos anos 60 e é freqüentemente aplicado a estudos de mercados

imobiliários.

A base de dados analisada tem preços e características para uma amostra de 53

observações de apartamentos residenciais de Belo Horizonte, dentro de uma região

espacial de 16 km2. Os apartamentos foram incluídos em um levantamento de mercado

conduzido pelo IPAD (Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas) da

Universidade Federal de Minas Gerais em outubro de 1995.

As características dos apartamentos que estão disponíveis, segundo o autor, no

levantamento realizado pelo IPAD incluem variáveis como: área (m2), idade, utilização

de espaço de garagem, topografia local. Além dessas, foram analisadas a

disponibilidade de serviços públicos como água encanada, eletricidade e coleta de lixo.

No estudo, Paulo Macedo levou em consideração, como fonte de variação de preço, a

área, a idade e utilização de espaço de garagem.

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Como conclusão, o autor argumenta que o efeito da adjacência é uma fonte

importante na variação de preço dos apartamentos em Belo Horizonte. Salienta que os

dados apoiam a necessidade da inclusão dos efeitos espaciais nos estudos de

determinação de preço, bem como apresenta os resultados das estimações obtidas.

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2 - MODELAGEM TEÓRICA

2.1 – A CIDADE

A Cidade do Rio de janeiro é particularmente interessante do ponto de vista

habitacional. Devido ao grande número de acidentes geográficos, elevações, lagoas,

mar, etc., a área edificável da cidade torna-se bastante limitada. Acresce-se a isso o fato

da legislação municipal, destacando-se o Plano Diretor, ser também bastante restritiva,

no intuito, entre outros, de preservar a beleza natural, o patrimônio histórico e cultural e

a qualidade de vida de seus moradores.

O quadro 2.1-1 reproduz uma imagem retirada de uma publicação da Prefeitura

da Cidade do Rio de Janeiro, fornecendo uma visão parcial das características ora

levantadas. A figura é apenas ilustrativa, não representa curvas de níveis nem tão pouco

está em escala. Sua finalidade é dar uma visão panorâmica dos acidentes geográficos da

Cidade e potenciais áreas edificáveis.

QUADRO 2.1-1

A CIDADE

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Dada esta escassez de áreas edificáveis, alguns acidentes geográficos foram

removidos para atenuar este fator limitante e melhorar a acessibilidade a alguns pontos

da Cidade. Com isso, morros foram demolidos, lagos e mangues aterrados, parte da

Baía da Guanabara, área à Leste na figura, também foi aterrada, túneis e elevados foram

construídos.

Essas intervenções ocorreram por quase toda a extensão da Cidade, mas, com

maior intensidade nas partes Leste e Sul do Município. Estas duas áreas são as que

contam com uma densidade populacional mais expressiva.

A Cidade do Rio de janeiro possui algumas particularidades que são relevantes

para este estudo. Uma delas é que o Município é delimitado por zonas. Essa

denominação por zonas, Zona Norte, Zona Sul e Zona Oeste (a Cidade não tem

nenhuma área conhecida por Zona Leste) não é uma classificação oficial é de uso

corrente da população. A Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, entretanto, subdivide

a cidade em áreas de planejamentos (AP), que são subdivididas em regiões

administrativas (RA’s) que por sua vez são subdivididas em bairros. Existe um

dinamismo muito grande nessa classificação oficial, principalmente no que se refere a

bairros e regiões administrativas. Novos bairros e RA são criados de acordo com o

crescimento da cidade e com a necessidade político-administrativa.

Outra particularidade é no dinamismo interno de cada bairro ou mesmo micro-

região, entendendo-se por micro-região uma região administrativa ou uma área de

planejamento. Esse dinamismo faz com que, em diversos casos, o Bairro seja uma

Unidade Administrativa semi autônoma, contando com sub-prefeituras e os serviços

oferecidos pela Municipalidade (tributários, educacionais, hospitalares, etc.) com a

quase totalidade dos serviços públicos dos demais entes da Federação (estadual e

federal), tais como Detran, cartórios, etc. e serviços oferecidos pelo setor privado

(comércio, finanças, indústria, lazer, etc.).

Esse fato faz com que a necessidade dos munícipes de deixar os bairros onde

residem e se deslocarem para o Centro da cidade seja muito menor do que em diversas

outras cidades. Nestas, em geral, tais serviços se concentram no centro da cidade. Como

19

exemplo de tal situação pode-se citar os bairros de Copacabana (Zona Sul), Tijuca

(Zona Norte) e Barra da Tijuca (Zona Oeste). É comum um morador de um bairro do

Rio de Janeiro não ir ao Centro da cidade, a não ser por algum motivo especial ou

esporádico, não necessariamente ligado a necessidade de ir à trabalho ou à lazer.

O quadro 2.1-2 abaixo apresenta um mapa da Cidade dividida por seus bairros. As

áreas coloridas representam os bairros onde existiram lançamentos de imóveis

residenciais no ano de 2000. Cores diferentes foram utilizadas para se ter uma

visualização dos limites da área do bairro.

QUADRO 2.1-2 MAPA DA LOCALIZAÇÃO DOS BAIRROS ESTUDADOS NA CIDADE

Atualmente, a Zona Sul, a parte central da Cidade e algumas partes da Zona

Norte apresentam maiores densidades populacionais. A Zona Oeste, a qual abrange

bairros como Barra da Tijuca, Recreio do Bandeirantes, Jacarepaguá, dentre outros é a

zona de expansão imobiliária atual da Cidade. Dos lançamentos residenciais, segundo o

número de prédios, ocorridos no ano de 2000, aproximadamente 50% se concentraram

nessa área.

BARRA DA TIJUCA JACAREPAGUÁ BANGÚ RECREIO DOS BANDEIRANTES VARGEM GRANDE CAMPO GRANDE

FLAMENGO BOTAFOGO COPACABANA LAGOA JARDIM BOTÂNICO GÁVEA

REALENGO MARECHAL HERMES CASCADURA VILA DA PENHA MÉIER CACHAMBI TIJUCA

20

No ano de 2000 foram realizados, segundo a ADEMI (Associação de

Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário) através de sua publicação, “ADEMI-

FIRJAN Pesquisa de Mercado Imobiliário – diversos meses”, 65 lançamentos de

prédios residenciais na Cidade do Rio de Janeiro, disponibilizando um total de 6.284

unidades habitacionais (apartamentos). Desses totais, devido à necessidade própria de

algumas informações que não estavam disponíveis, estarão sendo considerados neste

estudo 64 lançamentos de prédios residenciais e 5.953 unidades habitacionais

(apartamentos).

O quadro 2.1-3 abaixo apresenta esses lançamentos, segundo os meses em que

foram realizados. Verifica-se que 61% dos lançamentos ocorreram entre os meses de

maio e setembro.

QUADRO 2.1-3

Desses lançamentos, segundo o número de prédios colocados à venda e

segundo ainda os bairros, o Recreio dos Bandeirantes (Recreio) e a Barra da Tijuca

(Barra) corresponderam a aproximadamente 32% do total, 16% cada bairro, seguido

pelo Méier e Jacarepaguá, 11% cada. Somente estes três bairros da Zona Oeste

LANÇAMENTOS RESIDENCIAIS - 2000SEGUNDO OS MESES

5%

11%

3% 3%

8%

13%

19%

13%

9%

6% 6%

5%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

18%

20%

jan-00 fev-00 mar-00 abr-00 mai-00 jun-00 jul-00 ago-00 set-00 out-00 nov-00 dez-00T OT AL DE LANÇAM ENT OS : 64

FONT E: ADEM I-RJ

21

(Recreio, Barra e Jacarepaguá) englobaram 43% dos prédios lançados no ano, num total

de 64 prédios e 19 bairros considerados. O quadro 2.1-4 apresenta a decomposição dos

lançamentos dos prédios residenciais, segundo os bairros considerados.

QUADRO 2.1-4

Nesses lançamentos, o número de unidades habitacionais é bastante desigual,

ou seja, varia muito o número de apartamentos por prédios, o quadro 2.1-5 abaixo

mostra as quantidades de unidades lançadas, segundo os bairros. Pelo quadro, verifica-

se que na Barra da Tijuca houveram aproximadamente 31% das unidades lançadas. Em

outras palavras, foram colocadas à disposição do mercado 1.820 apartamentos novos na

Barra da Tijuca no ano 2000. Essa quantidade fez com que o bairro fosse campeão no

número de apartamentos lançados e quase que o dobro do segundo colocado,

Jacarepaguá.

LANÇAMENTOS RESIDENCIAIS - 2000SEGUNDO OS BAIRROS

2%

2%

2%

2%

2%

2%

2%

3%

3%

5%

6%

6%

8%

11%

11%

16%

16%

3%

2%

0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18%

BANGU

CACHAMBI

CASCADURA

FLAMENGO

GÁVEA

MAL. HERMES

REALENGO

V. GRANDE

COPACABANA

J. BOTÂNICO

TIJUCA

C.GRANDE

BOTAFOGO

LAGOA

V. PENHA

JACAREPAGUÁ

MÉIER

BARRA

RECREIO

TOTAL DE LANÇAMENTOS : 64FONTE: ADEMI-RJ

22

QUADRO 2.1-5

Verifica-se também, pelo gráfico, que as três primeiras colocações em números

de apartamentos são bairros da Zona Oeste, área que anteriormente foi citada como

sendo a de atual expansão imobiliária da Cidade. Somente nestes três bairros, Barra da

Tijuca, Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes foram disponibilizados quase 60% de

todos os apartamentos lançados no ano de 2000, mais precisamente, 3.466 unidades

habitacionais.

Por não ser uma classificação oficial da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro,

a divisão da cidade em zonas atuam sobre algumas susceptibilidades. É mister

estabelecer a dificuldade em se classificar a cidade em zonas. Por questões

idiossincráticas pessoas relutam aceitar que seus bairros estejam em determinadas

zonas. Isso ocorre com maior freqüência nos bairros que são limítrofes entre uma zona

e outra. Essa relutância, quer por critérios objetivos ou subjetivos, acabam por

influenciar na determinação dos preços dos imóveis da área.

QUANTIDADE DE UNIDADES LANÇADAS - 2000SEGUN D O OS B A IR R OS

0%

0%

0%

1%

1%

2%

2%

3%

3%

4%

4%

5%

6%

6%

12%

16%

31%

2%

2%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

GÁVEA

MAL. HERMES

CACHAMBI

FLAMENGO

V. PENHA

J. BOTÂNICO

COPACABANA

TIJUCA

CASCADURA

V. GRANDE

BANGU

C.GRANDE

LAGOA

REALENGO

MÉIER

BOTAFOGO

RECREIO

JACAREPAGUÁ

BARRA

T OT AL DE UNIDADES : 5. 953

FONT E: ADEM I-RJ

23

Medir o quanto cada pessoa está disposta a pagar por cada característica física

do apartamento (número de quartos, número de elevadores do prédio, tamanho, etc.) e

por quanto ela valoriza a vizinhança do imóvel, ou seja, os bens e serviços colocados à

sua disposição (número de escola, de supermercados, assaltos à residência, etc.) do

bairro, no qual o imóvel está inserido, é o objeto de interesse deste trabalho.

Os quadros 2.1-6 apresentam os lançamentos residenciais em número de

prédios e de apartamentos, respectivamente, segundo as zonas que ocorreram, no ano

de 2000. É interessante notar que aproximadamente 70% dos apartamentos (4.054)

foram lançados na Zona Oeste.

QUADRO 2.1-6

No ano de 2000 a maioria dos apartamentos lançados tinha dois quartos (45%

ou 2.698 apartamentos). As unidades que, presumidamente, seriam de maiores valores

financeiros, as de quatro ou mais quartos foram as que tiveram menor quantidade de

lançamento, 12% ou 703 apartamentos. O quadro 2.1-7 abaixo apresenta a quantidade

de unidades lançadas no ano de 2000, segundo o número de quartos.

LANÇAMENTOS RESIDENCIAIS - 2000SEGU N D O ZON A S

NORT E

28%

OEST E

50%

SUL

22%

T OT AL DE LANÇAM ENT OS : 64

FONT E: ADEM I-RJ

QUANTIDADE DE UNIDADES LANÇADAS - 2000SEGU N D O Z ON A S

NORT E

1 7%

OEST E

69%

SUL

1 4%

T OT AL DE UNIDADES : 5.953

FONT E: ADEM I-RJ

24

QUADRO 2.1-7

Desses, devido ao grande número de lançamentos na Zona Oeste, não é

surpresa a constatação feita no gráfico que é apresentado no quadro 2.1-8 abaixo, que

apresenta a quantidade de unidades lançadas no ano de 2000 segundo as zonas e os

números de quartos.

É interessante notar a quantidade de apartamentos de um quarto lançados na

Zona Sul, é muito maior do que os de demais quartos. Dos 859 novos apartamentos

colocados à disposição nessa área, aproximadamente 71% deles foram de um quarto.

Isso é quase duas vezes e meia o total das demais unidades da Zona Sul.

Isto poderia sugerir que, entre outros fatores, está havendo um empobrecimento

da população da área, uma diminuição da família, ou um envelhecimento dos

moradores. O fato é que foram disponibilizados diversos apartamentos tipo “residence

service” ou “flat” com serviços, dirigidos para pessoas que moram sozinhas e com

pouco tempo ou disposição de realizar tarefas domésticas. Estes serviços incluem desde

lavanderia e limpeza a outros mais similares aos hotéis.

QUANTIDADE DE UNIDADES LANÇADAS - 2000SEGUNDO O Nº DE QUARTOS

1 QUART O

24%

2 QUART OS

45%

3 QUA RT OS

1 9%

4 + QUA RT OS

1 2%

T OT A L DE UNIDADES : 5.953

FONT E: ADE M I -RJ

25

Situação diversa ocorre na Zona Norte. Dentre os apartamentos considerados

neste estudo, nenhuma unidade de um quarto foi lançada nessa área. A maioria dos

lançamentos foi de apartamentos de dois ou três quartos. 90% das unidades da área

tinham estas características, ou seja, 938 apartamentos.

QUADRO 2.1-8

Como os agentes apreçam estas características (número de quartos, vizinhança,

serviços e outras características) que são inerentes tanto ao local quanto à própria

residência é o que se procura, aqui, quantificar.

0

806

607 566

2022

1 1 0

372

639

1 28 1 02

587

1 4

0

500

1 000

1 500

2000

2500

1 2 3 4

QUANTIDADE DE UNIDADES LANÇADAS - 2000SEGUN D O Z ON A S E N º D E QUA R T OS

NORTE OESTE SUL

Nº DE QUART OS

T OT AL DE UNIDADES : 5. 953

FONT E: ADEM I-RJ

26

2.2 – OS DADOS

Os dados para este estudo foram coletados para a Cidade do Rio de Janeiro para

o ano de 2000 e provieram de três fontes independentes principais:

��Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (PCRJ), através dos seguintes

órgãos: Secretaria Municipal de Fazenda (SMF), Diretoria de Informações

da Cidade (DIC), que pertence ao Instituto Pereira Passos (IPP) dentro da

estrutura da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU);

��Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (ADEMI) e

��Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP).

A análise levou em consideração as características físicas dos imóveis e suas

respectivas vizinhanças. Para as características físicas (tamanho, quantidade de quartos,

etc.) os dados são da ADEMI. Para determinar o valor atribuível à variável bairro os

dados são calculados a partir de mapa cartográfico. Para os dados de vizinhança, no que

se refere à disponibilidade de bens e serviços, aqui denominados infra-estrutura,

(quantidades de escolas, de hospitais, de bancos, etc.) os dados são da PCRJ. No que

ser refere à segurança (incidência de homicídios, roubos de veículos, de residências,

etc.) da SESP.

Foram considerados os lançamentos imobiliários de 5.953 apartamentos

contidos em 64 novos prédios no ano 2000. Os preços desses apartamentos, objeto de

estudo e variável dependente deste trabalho, foram tomados em valores médios por

lançamento, considerando o número de quartos, o bairro e o mês em que ocorreram os

lançamentos. Dessa forma, por exemplo, no lançamento um prédio de 30 apartamentos

de dois quartos em um determinado bairro e em um determinado período, eles são

considerados como uma única observação, respeitando suas características e com o

preço médio dos 30 apartamentos.

27

Por outro lado, se dos 30 apartamentos lançados existissem 4 apartamentos de

cobertura, eles seriam então considerados como duas observações, ou seja uma

observação considerando os apartamentos de dois quartos, com o preço médio dos 26

apartamentos tipo e outra observação considerandos os apartamentos de dois quartos de

cobertura com o preço médio dos quatro apartamentos de cobertura.

Com isso, é gerado uma amostra com 120 observações para efeito da aplicação

de métodos econométricos.

O quadro 2.2-2 apresenta uma tabela com o resumo das variáveis utilizadas e

tratamento dado a cada uma. Embora sejam de aplicações e entendimentos quase

diretos, algumas variáveis foram tratadas de modo especial, conforme explicado abaixo.

2.2.1 – VARIÁVEIS DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Os preços médios dos apartamentos (em mil reais) foram atualizados pelo

Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getulio Vargas

(FGV) para dezembro de 2000. Analisou-se ainda, dentro das demais características

disponibilizadas pelos relatórios da ADEMI para cada imóvel: a área, a quantidade de

quartos, a quantidade de unidades por número de quartos em cada prédio, a quantidade

total de unidades do lançamento, a quantidade disponível de vagas de garagem, a

quantidade de blocos em cada lançamento, o número de pavimentos do prédio. E ainda,

se o apartamento é cobertura, se dispõe de dependência para empregada, se o prédio

dispõe de elevadores, de playground, se existe no mesmo prédio apartamentos de

diferentes quantidades de quartos, e ainda, se o prédio oferece serviços (os chamados

“flats”) e o bairro em que ocorreram tais lançamentos.

A área considerada refere-se à Área Útil Média em metros quadrados (m2),

divulgada pela ADEMI. Essa área, portanto, não leva em consideração o tamanho do

28

terreno, nem tão pouco as áreas em comum do empreendimento, tais como playground,

corredor, hall de entrada do edifício, etc.

A quantidade de unidades em cada prédio, como o nome sugere, indica quantos

apartamentos de um, dois, três e quatro ou mais quartos existem naquele prédio. A

quantidade total de unidade é o total de unidades existente no lançamento, independente

do número de quartos. O mesmo ocorre com a quantidade disponível de vagas de

garagem, que informa quantas vagas existem para cada tipo de apartamento.

Também, expressando a totalidade, estão a quantidade de blocos em cada

lançamento e o número de pavimentos do prédio. Seus entendimentos são diretos e se

referem, se no lançamento apresentado, havia apenas um bloco (um único prédio) ou se

se tratava de um condomínio (dois ou mais prédios) e, quantos andares (pavimentos)

cada um desses prédios continham.

Considerou-se, também, como variáveis dummies, as seguintes características

dos imóveis: se o apartamento em questão é uma cobertura, se ele possui dependência

de empregada, se existe elevadores no prédio, se existe área destinada da recreação

(playground), se o prédio é composto somente por apartamentos que tenham o mesmo

número de quartos, e ainda se o prédio oferece serviços de hotelaria, os chamados

“flats”.

Para a característica bairro, designada bairro_dist (bairro distância), que mede a

distância do bairro ao centro da Cidade, utilizou-se a Planta-Indice do Guia Ruas – Rio

de Janeiro 2002, que tem uma projeção universal transversa de Mercator e está em

escala aproximada de 1:150.000. O bairro, portanto, para efeito deste estudo será uma

variável quantitativa e terá seu valor expresso em quilômetros (Km).

Como a variável mede a distância de determinado bairro até ao centro da

cidade, foi estabelecido como ponto de referência a Praça XV de Novembro, localizada

no centro da cidade, por ser um local muito próximo de diversos modais de transportes.

Em particular, cita-se a estação de barcas, que fazem, dentre outros, os trajetos

marítimos Rio-Niteroi e Rio-Paquetá, além de terminais de ônibus coletivos para, pelo

29

menos, a maioria dos bairros da Cidade e cidades vizinhas, bem como de diversas áreas

de estacionamentos e edifícios garagens.

Como ponto de referência em cada bairro, procurou-se estabelecer, naqueles

que existiam, estações de trem suburbano e de metrô. Nos que não existiam tais modais

de transporte, procurou-se a parte central do bairro ou onde houvesse uma grande

concentração de edifícios, quer residenciais ou comerciais ou populacional. Para todos

os bairros, a seguir é descrito a localização exata que foi utilizada. Uma linha reta

desses referenciais foi traçada até a Praça XV de Novembro e, então, calculada a

distância.

Os pontos referenciais dos bairros onde existiram lançamentos de imóveis

residenciais no ano 2000 foram: Bangú, a estação de trem; Barra da Tijuca, o

cruzamento da Avenida Airton Senna com Avenida das Américas; Botafogo, a estação

do metrô; Cachambi, o cruzamento das ruas Cachambi e Dom Helder Camara; Campo

Grande, a estação de trem; Cascadura, a estação de trem, Copacabana a estação de

metrô; Flamengo, a estação de metrô; Gávea, o Shopping da Gávea; Jacarepaguá, o

final da Estrada do Cafundá no encontro com a Nelson Cardoso, onde se localiza a

Praça Araci Cabral da Rocha; Jardim Botânico, o próprio Jardim Botânico, na rua de

mesmo nome; Lagoa, o Parque Cantagalo; Marechal Hermes, a estação de trem; Méier,

a estação de trem; Realengo, a estação de trem; Recreio dos Bandeirantes, o

cruzamento da Avenida das Américas com a Estrada Benvindo Novais; Tijuca, a

estação de metrô de Saens Peña; Vargem Grande, o cruzamento da Estrada dos

Bandeirantes com a Estrada do Morgado; Vila da Penha, o cruzamento da Avenida

Vicente de Carvalho com a Rua Lafaiete Stockler.

O quadro 2.2-1 apresenta o resultado das distâncias obtidas:

30

QUADRO 2.2-1 DISTÃNCIA DO BAIRRO AO CENTRO DA CIDADE

Km BAIRRO DISTÂNCIA

Bangú 30

Barra da Tijuca 23

Botafogo 5

Cachambi 11

Campo Grande 40

Cascadura 16

Copacabana 7

Flamengo 4

Gávea 10

Jacarepaguá 20

Jardim Botânico 9

Lagoa 9

Marechal Hermes 21

Méier 10

Realengo 26

Recreio dos Bandeirantes 33

Tijuca 7

Vargem Grande 34

Vila da Penha 15

31

2.2.2 – VARIÁVEIS DE VIZINHANÇA – INFRA-ESTRUTURA

A fonte de dados para essas características foi o número de inscrições

imobiliárias para o ano 2000, por bairro, segundo sua classificação de utilização, do

cadastro do Imposto Predial Territorial e Urbano (IPTU) da Secretaria Municipal de

Fazenda (SMF), órgão da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (PCRJ). A

quantificação dos bens e serviços colocados à disposição dos moradores da área em que

o imóvel foi lançado levou em consideração os seguintes aspectos: saúde, escola,

utilidade e lazer.

Para a característica SAÚDE, consideram a quantidade de hospitais e casas de

saúde no bairro. Para a característica ESCOLA, consideram a quantidade de colégios.

Para a característica UTILIDADE, consideram a quantidade de bancos, postos de

gasolina, supermercados, garagens e estacionamentos. Por fim, para a característica

LAZER, consideram a quantidade de bares, restaurantes, cinemas, teatros, clubes e

academias de ginásticas.

Outros serviços que também poderiam ser considerados em estudos que

utilizam a metodologia do preço hedônico são a disponibilidade dos sistemas de rede de

abastecimento de água encanada e tratada, rede de esgotamento sanitário, serviços de

coleta de lixo e rede elétrica.

Segundo a Diretoria de Informações da Cidade (DIC), da PCRJ através do

informativo “Rio in Focus”, 95% da cidade é atendida pelo sistema de rede de água,

69% com de rede de esgoto e 96% com coleta de lixo. Essas variáveis (características)

não serão consideradas neste estudo. A opção se deu pelo fato de que grande parte do

Município está sendo atendida, com exceção da rede de esgoto, por tais serviços.

32

2.2.3 – VARIÁVEIS DE VIZINHANÇA – SEGURANÇA

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP) divulga, mensalmente, os

Indicadores de Criminalidade segundo as Áreas Integradas de Segurança Pública

(AISP’S). Cada AISP abrange um variado número de delegacias, que atendem à

determinadas Circunscrições (bairros).

Uma vez que não são todos os bairros da Cidade que dispõem de delegacias,

considerou-se a participação relativa da população de cada bairro atendido por

determinada delegacia no índice de criminalidade. A população dos bairros para o ano

2000 foi extraída do site “Armazém de dados do Instituto Pereira Passos (IPP) –

www.armazemdedados.rio.rj.gov.br” que tem como fonte o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE).

Assim para se obter as ocorrências acontecidas em determinado bairro que não

possui delegacia, computaram-se as incidências registradas na delegacia na qual o

bairro é circunscrito, ponderadas pela população de todos os bairros que a delegacia

atende.

As variáveis consideradas neste estudo, dentre as disponibilizadas pela SESP

foram, quantitativamente, para cada bairro onde ocorreram lançamentos imobiliários:

homicídio doloso, roubo de veículos (considerando tantos os roubados quanto os

furtados), roubo a transeuntes, roubo em coletivos, apreensão de drogas e prisões.

O quadro 2.2-2 apresenta o resumo das variáveis utilizadas na presente

dissertação e o tratamento dado a cada uma.

33

QUADRO 2.2-2 DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS USADAS

Nome da Variável Descrição Preço a Em mil reais (R$ 1.000). Atualizado para dezembro de 2000 Bairro_Dist b Distância do bairro ao centro da cidade Área a Metros quadrados da residência Quartos a Número de quartos da residência Unid a Número total de unidades do prédio por número de quartos Unid_Tot a Número total de unidades do prédio Garage a Número de garagens da residência Bloco a Número total de blocos existentes no lançamento Pavim a Número total de andares do prédio Homic c, e Número de homicídios ocorridos no bairro Roubo_Veic c, e Número de roubos e furtos de veículos ocorridos no bairro Roubo_Pes c, e Número de roubos à transeuntes ocorridos no bairro Roubo_Casa c, e Número de roubos à residências ocorridos no bairro Roubo_Bus c, e Número de roubos em coletivos ocorridos no bairro Droga c, e Número de apreensões de drogas ocorridas no bairro Prisao c, e Número de prisões ocorridas no bairro Saude d, e Número de hospitais e casas de saúde existentes no bairro Escola d, e Número de colégios existentes no bairro Utilidade d, e Número de bancos, postos de gasolina, supermercados,

garagens e estacionamentos existentes no bairro Lazer d, e Número de bares, restaurantes, cinemas, teatros, clubes e

academias de ginástica existentes no bairro Dum_Cob a Variável Dummy, 1 se o apartamento for cobertura Dum_Dep a Variável Dummy, 1 se tem dependência de empregada Dum_Elev a Variável Dummy, 1 se o prédio é dotado de elevador Dum_Play a Variável Dummy, 1 se o prédio tem área de playground Dum_Unid a Variável Dummy, 1 se o prédio contem todos os apartamentos

com o mesmo número de quartos Dum_Flat a Variável Dummy, 1 se o prédio oferece serviços de hotelaria

Fontes: a ADEMI; b MAPA CARTOGRÁFICO; c SESP; d PCRJ; e Ponderado pela população do bairro.

34

2.3 – O MODELO

A teoria subjacente ao modelo a ser desenvolvido está baseada na concepção de

Lancaster (1971) da abordagem da característica. De acordo com essa abordagem, os

bens são definidos como grandes quantidades de características (ou qualidades) e os

consumidores têm preferências sobre estas características. Portanto um consumidor

decidirá não apenas se adquire um determinado bem, mas qual bem que melhor atende

suas preferências, dadas as características disponíveis.

O autor argumenta que, às vezes, entre as muitas propriedades de um bem,

algumas podem ser relevantes para um indivíduo, outras para um indivíduo diferente.

Uma vez que qualquer bem possui um grande número de propriedades físicas: tamanho,

forma, cor, cheiro, composição química, etc. e que nem todas as propriedades serão

relevantes na escolha, utiliza o termo característica para aquelas propriedades que são

relevantes para a escolha das pessoas.

As proposições fundamentais de sua análise são duas:

(1) “All goods possess objective characteristics relevant to the choices which

people make among different colletions of goods. The relationship between

a given quantity of a good (or a colletion of goods) and the characteristics

which it possesses is essentially a technical relationship, depending on the

objective properties of the goods and, sometimes, a context of technological

“know-how” as to what the goods can do, and how.

(2) Individuals differ in their reaction to different characteristics, rather than in

their assessment of the characteristics content of various goods collections.

It is the characteristics in which consumers are interested. They possess

preferences for colletion of characteristics, and preferences for goods are

indirect or derived inthe sense that goods are required only in order to

produce the carachteristics.”

Segundo Lancaster, usando essas duas proposições básicas, pelo menos dois

estágios de relacionamentos entre pessoas e bens é observado. A relação entre os bens e

35

suas características (objetivas e técnicas) e a relação entre características e pessoas

(pessoal, envolvendo preferências individuais). E ainda, que uma variedade de modelos

poderiam ser construídos com base nessa divisão de dois estágios.

A metodologia para a precificação hedônica tem sido mais utilizada a partir de

meados dos anos 70. Rosen (1974) contribui significativamente ao desenvolver um

arcabouço teórico baseado na hipótese hedônica de que os bens são avaliados pela

utilidade que representam para o consumidor. Conseqüentemente, os preços hedônicos

são definidos como preços implícitos dos atributos e são revelados para os agentes

econômicos através do preço observado de produtos diferenciados e a quantidade

específica de características associadas a eles.

Como citado por Fonseca (1999), “o mundo real está cheio de exemplos de

bens sendo vendidos, com diferentes componentes, atributos e tamanhos, isto é, com

diferentes características (qualidades) em diferentes variedades. Mais ainda, a razão

pela qual um bem é vendido a diferentes preços deve estar relacionada a diferenças em

seus conjuntos de características. Dessa forma, é razoável admitir que, em equilíbrio,

existe um relacionamento bem definido entre preço de um bem e suas características.”

Pode-se, portanto, escrever uma relação funcional entre o preço (P) de um bem

(I) e seu conjunto de características (X) e um erro ou distorção.

pi = f(x1i, x2i, ..., xki, ui)

De acordo com Macedo (1996), a teoria econômica ainda não desenvolveu um

critério de escolha da forma funcional, dessa forma a maioria dos pesquisadores vê a

escolha como uma questão empírica para ser decidida pela melhor adequação aos

dados.

A escolha da forma funcional no relacionamento preço-característica, por

conseguinte, é uma questão empírica. As formas funcionais lineares (pi = α + βxi + ui),

36

dupla logarítmica (lnpi = α + βlnxi + ui), semi logarítmica (lnpi = α + βxi + ui) são as

mais freqüentemente usadas, onde α e β são os coeficientes a serem estimados e p, x e

u, conforme definidos acima. Neste estudo, portanto, essas três formas funcionais

estarão sendo apresentadas.

O critério a ser utilizado para a aceitabilidade, ou escolha, da forma funcional

será o do menor Erro Quadrático Médio (EQM). Para a obtenção do mesmo é

necessário estabelecer a diferença entre o que o modelo prevê e o que o mercado

informa.

Nesse sentido, das 120 observações (imóveis) disponíveis para estudo, 30 serão

retiradas, aleatoriamente, para que se proceda o teste do Erro Quadrático Médio

(EQM). Ou seja, um modelo será definido com 90 observações (imóveis). Desse

modelo, obtém-se previsões para os preços a partir das características dos 30 imóveis

retirados aleatoriamente e processa-se o teste.

Uma vez que as três formas funcionais mais freqüentemente usadas estarão

sendo apresentada, abaixo é definido como se calcula o Erro Quadrático Médio (EQM)

para cada forma utilizada, de acordo com as N observações (imóveis) selecionadas

aleatoriamente para o teste.

O Erro Quadrático Médio (EQM) é dado pela seguinte expressão:

( )( )2N

1iii pEp

N1EQM �

=−=

onde:

N – é a quantidade de observações testadas;

pi – preço informado pelo mercado para o imóvel i;

E(pi) – Esperança matemática da variável pi (preço calculado pelo modelo).

A esperança matemática da variável pi (preço calculado pelo modelo) é dada

pelas seguintes expressões, conforme a forma funcional:

37

LINEAR: E(pi) = α + βxi

DUPLA LOGARÍTMICA: E(pi) = exp[(α + βlnxi) + σ2/2)],

SEMI LOGARÍTMICA: E(pi) = exp[(α + βxi) + σ2/2)],

Onde, σ2 é variância condicional do erro.

Para os cálculos econométricos foi utilizado o programa Eviews, versão 3.0.

38

3 – RESULTADOS

O quadro 3-1 apresenta o resumo dos resultados das estimações realizadas para

as formas linear, dupla logarítmica, semilogarítmica. Imediatamente abaixo do valor

estimado está o P-valor correspondente.

As estimações foram obtidas com a utilização do procedimento de White

(1980), que propôs um teste direto para a heterocedasticidade, mas que não supõe

qualquer conhecimento antecipado da heterocedasticidade. Greene (1990), em nota de

rodapé na página 404 informa, para os resultados apresentados por White, que “Further

discussion and some refinements may be found in Cragg (1982)4. Cragg shows how

White’s observation can be extended to devise an estimator that improves on the

efficiency of ordinary least squares.”

A estatística de teste, conhecida como teste-t, é um teste sobre os coeficientes

individuais, ou seja, é para a significância de um coeficiente particular. É também

possível testar a significância conjunta de diversos coeficientes ao mesmo tempo. Este

teste é conhecido como teste de Wald.

4 Cragg, J., “Some Statistical Models for Limited Dependent Variables with Application to the Demand for Durables Goods”. Econometrica, 39, 1971, pp. 829-844

39

QUADRO 3-1

RESULTADO RESUMIDO, CONFORME FORMA FUNCIONAL*

VARIÁVEL LINEAR DUPLA- LOGARÍTMICA

SEMI- LOGARÍTMICA

C 44,74679 0,4072

5,154609 0,0000

3,805764 0,0000

BAIRRO_DIST -1,350105 0,2765

-0,341438 0,0022

-0,005964 0,2467

AREA 1,350022 0,0000

0,514747 0,0003

0,002391 0,0114

QUARTO 29,67550 0,0053

0,160310 0,2376

0,165148 0,0006

UNID 0,602593 0,2923

-0,205885 0,0397

-0,002117 0,1605

UNID_T 0,046670 0,4887

0,002953 0,9655

0,001351 0,1985

GARAGEM -0,813087 0,0120

0,130352 0,1589

-0,000242 0,8281

BLOCO 0,567596 0,8046

0,035645 0,3457

-0,008215 0,8240

PAVIM -1,100794 0,9213

-0,002392 0,8509

-0,014862 0,1817

HOMIC / POP -999237,4 0,0001

-1535,651 0,5035

-3374,203 0,1592

ROUBO_VEIC / POP -62040,04 0,8669

-208,4167 0,4439

215,3850 0,3046

ROUBO_PES / POP 260651,0 0,0012

1527,455 0,0037

2107,760 0,0016

ROUBO_CASA / POP -1926254 0,4052

-10390,73 0,0056

-9081,450 0,0353

ROUBO_BUS / POP 92063,28 0,6201

-1631,170 0,2341

-3482,759 0,0255

DROGA / POP -449266,1 0,0204

-2603,429 0,0191

-1356,585 0,3695

PRISAO / POP 203756,0 0,2513

378,6460 0,3207

-42,08102 0,9142

SAUDE / POP 5541,032 0,7021

-0,079624 0,1373

-84,30936 0,4259

ESCOLA / POP -25695,29 0,0367

0,035626 0,7918

-197,2208 0,0276

UTILIDADE / POP -6907,891 0,8815

-0,254177 0,0123

-27,03834 0,1822

LAZER / POP 28391,01 0,1559

0,626142 0,0013

217,5950 0,0013

DUM_COB -12,60608 0,4144

0,005160 0,9527

0,148887 0,0997

DUM_DEP 26,96178 0,0903

0,153296 0,0475

0,297585 0,0002

DUM_ELEV 0,292621 0,9371

-0,012805 0,9464

0,213322 0,2939

DUM_PLAY 0,237371 0,4604

0,047091 0,6858

0,038506 0,7760

DUM_UNID -9,258105 0,4518

0,135632 0,0283

0,153533 0,0489

DUM_FLAT 99,08347 0,0137

0,544033 0,0003

0,516002 0,0011

R2 0,928543 0,936785 0,921007R2 Adjusted 0,900630 0,912091 0,890150S.E. of regression 43,85582 0,183993 0,205677Mean dependent var 218,7444 5,205817 5,205817S.D. dependent var 139,1229 0,620562 0,620562F-statistic 33,26554 37,93657 29,84793Prob (F-statistic) 0,000000 0,000000 0,000000

* Utilizado o procedimento White Heteroskedasticity – Consistent Standard Error & Covariance OBS: POP – População do bairro em que ocorreu o lançamento

40

Para aplicar o procedimento do teste de Wald, as características dos imóveis foram

agrupadas, por simplificação, nas seguintes variáveis:

��FÍSICAS: Bairro_dist, Area, Quarto, Unid, Unid_T, Garage,

Bloco e Pavim;

��SEGURANÇA: Homic, Roubo_veic, Roubo_pes, Roubo_casa,

Roubo_bus, Droga e Prisao;

��VIZINHANÇA: Saude, Escola, Utilidade e lazer; e

��DUMMIES Dum_cob, Dum_dep, Dum_elev, Dum_play,

Dum_unid e Dum_flat.

Para cada uma das variáveis acima, verifica se a hipótese nula (Ho) de que a

estimativa de seu coeficiente seja zero. No caso de se aceitar Ho, a variável não deveria,

então, fazer parte do modelo.

Os resultados do testes são apresentados, resumidamente, no quadro 3-2, sendo

que, para a execução do programa, o coeficiente da variável a ser testado é chamado de

C(N.º), onde, N.º representa, nesse modelo estudado, a ordem na qual a variável se

encontra.

No modelo que está sendo estudado, C(1) é o coeficiente da constante – C -;

C(2) é o coeficiente da variável distância do bairro ao centro da cidade - Bairro_dist -;

C(3) é o coeficiente da variável área - Area – e assim sucessivamente, conforme a

ordem das características e nomenclaturas apresentadas no quadro 2.3-1.

Essa nomenclatura foi, nesta seção, substituída, conforme mencionado

anteriormente, por simplificação nos grupos: FÍSICAS, SEGURANÇA, VIZINHAÇA e

DUMMIES. No quadro 3-2 abaixo, para cada grupo, a primeira linha representa as

estatísticas fornecidas pelo teste, F e Qui-Quadrado, e imediatamente abaixo delas os P-

valores correspondentes.

41

QUADRO 3-2 TESTE WALD – RESULTADO RESUMIDO

LINEAR DUPLA-LOGARITMICA

SEMI-LOGARITMICA GRUPO

F-stat Chi-squa F-stat Chi-squa F-stat Chi-squa

FÍSICAS 30,40765 0,000000

243,26120,000000

14,311580,000000

114,49260,000000

9,654269 0,000000

77,243150,000000

SEGURANÇA 5,868042 0,000028

41,076300,000001

8,2560800,000000

57,792560,000000

6,194923 0,000015

43,364460,000000

VIZINHANÇA 1,493305 0,214705

5,9732210,201157

2,8753660,029660

11,501470,021470

3,641384 0,009800

14,565540,005693

DUMMIES 2,460567 0,033323

14,763400,022179

6,6223580,000018

39,3714150,000001

11,08470 0,000000

66,508200,000000

O resultado da aplicação do Teste Wald, acima, apresenta que, à exceção de

uma, as características, quando testadas em grupo, fazem parte do modelo, ou seja,

rejeita-se a hipótese nula (Ho) com um intervalo de confiança de 95%. No caso do

grupo VIZINHANÇA para a forma LINEAR, o mesmo não ocorre. Neste caso, deveria

ser testado se alguma combinação destas características é relevante para a forma

funcional estudada. Entretanto outra abordagem foi adotada.

Como citado por Ramanathan (1995),5 “(...) the formulation of a satisfactory

econometric model is crucial to any conclusions drawn from it. (...). The initial

formulation of a model is based on economic theory, an investigator’s own knowledge

of the underlying behaviour, other similar studies, and so on. The analyst might also

have general idea of possible non-linear effects as well as interactions among

variables. Because there is no unique way of characterizing the relationship between

the dependent variable and the explanatory variables, a researcher often formulates

alternative models and then put them through a number of diagnostic test.”

Ainda seguindo as recomendações de Ramanathan (1995), uma alternativa para

a determinação do modelo é começar de um modelo geral (irrestrito) e então reduzi-lo,

eliminando, uma de cada vez, a variável com coeficiente menos significativo. Essa

abordagem, conhecida como “geral para específico” é fortemente defendida por

Hendry (1985)6 e vários econometristas da London School of Economics.

5 Para maiores informações veja Ramanathan (1995), pp. 282. 6 Hendy, D. “Econometric Methodology” trabalho apresentado no Econometric Society Fifth World Congress, MIT (1985).

42

Essa abordagem é também referida como abordagem de Hendry/LSE. A

idéia básica é que existe um processo de geração de dados (DGP) fundamentando os

valores das variáveis econômicas e que o trabalho do pesquisador é aproximá-lo.

Usando a teoria econômica, intuição, experiência, etc. com a finalidade de se verificar

se o modelo ou a metodologia podem ser melhorados. O método inicia com um modelo

dinâmico geral, o qual é sobreparametrizado, isto é, tenha mais lags e variáveis

(incluindo possíveis termos não lineares) que um modelo normalmente começaria.

Então executa-se o procedimento de simplificação do modelo através de testes Wald e

estatística t.

Ainda segundo Ramanathan (1995), a aplicação desse procedimento resulta em

uma especificação parcimoniosa, isto é, com menos parâmetros. As vantagens de tal

parcimônia são:

��Mais graus de liberdade e, portanto, estimativas mais confiáveis;

��Maior poder dos testes e

��Um modelo mais simples, que é de mais fácil compreender que um modelo

mais complexo.

Este procedimento foi adotado no presente para cada uma das formas

funcionais. Adotou-se como critério o intervalo de confiança de 95% para o aceite da

característica como relevante, e foi-se reduzindo as variáveis, uma a uma, que

estivessem acima deste nível de significância.

A partir do modelo completo, verifica-se qual característica possui o menor

nível de significância (maior P-valor) e recalcula o modelo sem essa característica. De

posse desse novo modelo, novamente verifica-se a característica com o maior P-valor,

se estiver acima do intervalo de confiança de 95%, recomeça o processo e assim

recursivamente até que todas as características estejam dentro do intervalo estabelecido.

O quadro 3-3 apresenta o resultado, resumido, das estimações do modelo

realizadas para as formas linear, dupla logarítmica e semilogarítmica da aplicação desse

procedimento. Imediatamente abaixo do valor estimado está o P-valor correspondente.

QUADRO 3-3

43

RESULTADO RESUMIDO DA APLICAÇÃO DE HENDRY/LSE APPROACH, CONFORME FORMA FUNCIONAL*

VARIÁVEL LINEAR DUPLA- LOGARÍTMICA

SEMI- LOGARÍTMICA

C -59,63829 0,0183

5,332076 0,0000

3,577066 0,0000

BAIRRO_DIST -0,196386 0,0002

AREA 1,244169 0,0000

0,531295 0,0000

0,004008 0,0000

QUARTO 32,72479 0,0008

0,125601 0,0026

UNID 0,558965 0,0428

-0,349947 0,0000

-0,001374 0,0354

GARAGEM -0,719623 0,0193

0,258048 0,0006

BLOCO 0,045463 0,0032

HOMIC / POP -1188741 0,0035

ROUBO_PES / POP 340997,2 0,0002

2232,799 0,0000

1664,458 0,0011

ROUBO_CASA / POP -1041179 0,0249

-9045,799 0,0001

-10227,34 0,0000

ROUBO_BUS -2343,864 0,0103

-2725,019 0,0041

DROGA / POP -328293,1 0,0341

-3067,846 0,0002

ESCOLA / POP -38678,40 0,0056

-202,5381 0,0001

UTILIDADE / POP -0,202237 0,0026

LAZER / POP 20844,19 0,0160

0,589672 0,0000

172,4760 0,0000

DUM_DEP 32,24191 0,0016

0,224415 0,0001

DUM_ELEV 0,303186 0,0013

DUM_UNID 0,176855 0,0011

0,222649 0,0005

DUM_FLAT 99,68586 0,0000

0,510519 0,0000

0,557193 0,0000

R2 0,918483 0,926283 0,893128R2 Adjusted 0,905779 0,913673 0,876473S.E. of regression 42,70446 0,182330 0,218105Mean dependent var 218,7444 5,205817 5,205817S.D. dependent var 139,1229 0,620562 0,620562F-statistic 72,29872 73,45914 53,62426Prob (F-statistic) 0,000000 0,000000 0,000000

* Utilizado o procedimento White Heteroskedasticity – Consistent Standard Error & Covariance OBS: POP – População do bairro em que ocorreu o lançamento

O resultado acima apresenta alguns sinais contrários aos que, coeteris paribus,

seriam esperados, a priori, de cada variável. No caso das características Unidade e

Garagem, parecem sugerir que a forma funcional escolhida seja relevante. Roubo_Pes

poderia indicar a renda da vizinhança. Na característica Escola, talvez as pessoas

estejam mais interessadas na qualidade do ensino do que na quantidade, ou ainda, sejam

indiferentes. Na característica Utilidade, poderia indicar que outros fatores (como

44

barulho, caos no trafego) fossem mais relevantes que a utilidade da proximidade desses

serviços.

Os quadros 3-4, 3-5 e 3-6, respectivamente, apresentam os resultados dos

cálculos do Erro Quadrático Médio (EQM) / Erro Absoluto Médio (EAM), testes de

diagnostico e teste de igualdade de variância.

QUADRO 3-4 ERRO QUADRÁTICO MÉDIO, ERRO ABSOLUTO MÉDIO SEGUNDO A FORMA FUNCIONAL

R$ 1.000 ERRO / FORMA

FUNCIONAL LINEAR DUPLA- LOGARÍTMICA

SEMI- LOGARÍTMICA

EQM 3.165,7 4.956,9 9.507,4

EAM 42,4 48,5 57,4

Contextualizando os valores do quadro, na amostra designada para a elaboração

do modelo com 90 observações, os preços dos imóveis possuem um valor médio de

R$ 218,40. Na amostra destinada aos testes do modelo com 30 observações, os preços

dos imóveis possuem um valor médio de R$ 163,10.

QUADRO 3-5 TESTES DE DIAGNÓSTICO SEGUNDO A FORMA FUNCIONAL

P-valor TESTE / FORMA

FUNCIONAL LINEAR DUPLA- LOGARÍTMICA

SEMI- LOGARÍTMICA

LINEARIDADE (RESET) 0,038496 0,760996 0,002298

HETEROCEDASTICIDADE (WHITE) 0,231748 0,552181 0,030546

NORMALIDADE (JARQUE-BERA) 0,007065 0,939391 0,478938

45

QUADRO 3-6 TESTE DE IGUALDADE DE VARIÂNCIA*

P-valor

DIFERENÇA

SEMI / DUPLA

SEMI / LINEAR

DUPLA / LINEAR

SEMI / DUPLA

0,0003

SEMI / LINEAR

0,0025

SOM

A

DUPLA / LINEAR

0,6154

∗ SEMI corresponde a forma funcional semilogarítmica ∗ DUPLA corresponde a forma funcional dupla logarítmica ∗ Ho: 22

ji σσ = , onde 2iσ é a variância do erro de previsão usando o modelo i, e 2

jσ é a variância do erro de previsão usando o modelo j.

A forma funcional linear foi a que resultou nos menores erros quadrático e

absoluto médios, entretanto apresentou problemas de linearidade e normalidade nos

testes de diagnóstico.

A forma funcional semilogarítmica apresentou problemas de linearidade e de

heterocedasticidade nos testes de diagnóstico e no teste de igualdade de variância foi

rejeitada a hipótese de que produziria estimativas onde a variância dos erros de

previsões são iguais à da forma funcional linear.

A forma funcional dupla logarítmica não apresentou problemas nos testes de

diagnóstico e no teste de igualdade de variância foi aceita a hipótese de que produziria

estimativas onde a variância dos erros de previsões são iguais à da forma funcional

linear.

46

4 – CONCLUSÃO

A complexidade do mercado imobiliário, além das peculiaridades inerentes a

todo mercado, pode ser verificado, entre outros, pela grande quantidade de

característica que envolve cada imóvel em particular.

Tendo, a presente dissertação, como objetivo, obter um modelo de previsão

para os preços dos imóveis, utilizando a metodologia do preço hedônico, cuja suposição

implícita é a abordagem da característica, fundamentada na concepção da Teoria de

Demanda (Lancaster, 1971) e para isso, tendo estabelecido que dentre os modelos a

serem estudados, a saber, as formas linear, dupla logarítmica e semi logarítmica, o

critério que seria utilizado para a aceitabilidade, ou escolha, da forma funcional seria a

partir dos menores Erro Quadrático Médio (EQM) e Erro Absoluto Médio (EAM), além

dos testes de diagnóstico e igualdade de variância.

A forma funcional dupla logarítmica não tem problemas nos testes de

diagnósticos e tem variância igual a da forma funcional linear, que apresentou os

menores Erro Quadrático Médio (EQM) e Erro Absoluto Médio (EAM). Sendo assim,

a forma funcional que melhor se adequou aos critérios estabelecidos foi a dupla

logarítmica e apresentou como resultado da estimação, conforme quadro 3-3, um

R2=92,63%, para um nível de significância de pelo menos 5%.

A partir do quadro 3-3, verifica-se que dentre as características mais relevantes

para estimar o preço do imóvel, utilizando a Metodologia do Preço Hedônico (HPM), é

distância do imóvel ao centro da cidade, o tamanho do imóvel, a quantidade de

unidades, garagens existentes no prédio e o número de blocos como características

físicas; a ocorrência de roubos e apreensão de drogas como características de

segurança, utilidade e lazer como características de vizinhança, se as unidades

existentes no prédio possuem igual número de quartos e a disponibilidade ou não de

serviços de hotelaria como características dummies.

47

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