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Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa no Brasil 1990-2012 - Novembro 2013 -

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Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa no Brasil1990-2012

- Novembro 2013 -

Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa – SEEG

1990 - 2012

O SEEG Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa é uma inciativa do Observatório do Clima que compreende a realização de estimativas anuais das emissões de gases de efeito estufa no Brasil, documentos analíticos sobre a evolução das emissões e um portal na internet para disponibilização de forma simples e clara sobre métodos e dados gerados no sistema.

As Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa são realizadas segundo as diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com base nos dados do Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa,

Coordenação Geral Tasso Rezende de Azevedo

Coordenação SEEG no Observatório do Clima Carlos Rittl

Coordenação Técnica dos setores de Energia e Processos IndustriaisInstituto de Energia e Meio Ambiente – IEMA André Luis Ferreira, Clauber Leite, David Shilling Tsai, Marcelo dos Santos Cremer e Roberto Kishinami

Coordenação Técnica dos setores de Agropecuária e ResíduosInstituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – IMAFLORAAlessandro Rodrigues, Camila Barbosa, Luis Fernando Guedes Pinto, Marina Piatto, Renato Pellegrini Morgado, Tharic Galuchi

Coordenação Técnica do setor de Mudanças de Uso da Terra Instituto do Homem e do Meio Ambiente na Amazônia - IMAZONAmintas Brandão Junior, Carlos Souza Junior e Marcio Sales

Suporte Organizacional

Fundação Avina – Paula Ellinger e Glaucia BarrosFundação Getúlio Vargas – Ricardo Barretto

elaborado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e em dados obtidos junto a relatórios governamentais, institutos, centros de pesquisa, entidades setoriais e organizações não governamentais.

Cinco setores foram avaliados – Agropecuária, Energia, Mudanças de Uso da Terra, Processos Industriais e Resíduos – com dados anuais para o período 1990-2012. A partir desta publicação, o SEEG será atualizado anualmente.

Todos os dados contidos neste relatório e as notas metodológicas completas estarão disponíveis no site www.seeg.observatoriodoclima.eco.br.

São PauloNovembro de 2013

Ficha Técnica

© 2013 Observatório do Clima

OrganizaçãoTasso Azevedo

Produção EditorialRicardo Barretto

Edição de ConteúdoLiana John

Edição de ArteEstúdio Cardume

InfográficosEduardo Asta

FinanciadoresFundação OAK

Iniciativa Clima América Latina – ICALClimate and Land Use Alliance – CLUA

Fundação Avina

Introdução

Metodologia

Estimativas

Energia

Mudanças de uso da terra

Agropecuária

Processo industriais

Resíduos

Anexos• Tabela de Analise da Qualidade dos Dados• Tabelas completas de emissões 1990 - 2012

Links

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Sumário

Gráfico 1: Evolução das Emissões de GEE no Brasil de 1990 a 2012 (t CO2e)

Gráfico 2: Evolução das Emissões de GEE por Setor entre 1990 e 2012 (milhões de t CO2e)

Gráfico 3: Participação dos diferentes setores nas emissões de CO2, CH

4 e N

20 em 2012 (t)

Infográfico Energia

Infográfico Uso da Terra

Infográfico Agropecuária

Infográfico Processo industriais

Infográfico Resíduos

Tabela 1: Evolução das emissões brutas de GEE no Brasil por setor (tCO2e)

Tabela 2: Evolução das emissões brutas de GEE no Brasil por tipo de gás (t)

Tabela 3: Evolução das emissões brutas de GEE no Brasil por tipo de gás (t CO2e)

Tabela 4: Emissões de GEE em 2012 distribuídas pelos principais setores econômicos (tCO2e)

Tabela 5: Emissões Brutas de GEE no Setor de Energia (t)

Tabela 6: Emissões brutas de GEE no Setor de Energia (t CO2e)

Tabela 7: Emissões brutas de GEE no Setor de Mudanças de Uso da Terra e Florestas (tCO2e)

Tabela 8: Emissões totais de GEE no Setor de Mudanças de Uso da Terra e Florestas (t)

Tabela 9: Emissões brutas de GEE do Setor Agropecuário por gás (t)

Tabela 10: Emissões brutas de GEE do Setor Agropecuário (tCO2e)

Tabela 11: Emissões brutas de GEE por atividade no setor agropecuário (tCO2e)

Tabela 12: Emissões brutas de GEE no Setor de Processos Industriais (tCO2e)

Tabela 13: Emissões Brutas de GEE no Setor de Processos Industriais (t)

Tabela 14: Emissões brutas de GEE por gás no Setor de Resíduos (t)

Tabela 15: Emissões brutas de GEE no Setor de Resíduos (tCO2e)

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34

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FIGURAS

TABELAS

6

Introdução

As emissões mundiais de gases do efeito estufa (GEE) somavam cerca de 52 bilhões de toneladas de carbono equivalente (Gt CO

2e) em 2012,

segundo estimativas com base no Banco de Dados de Emissões para a Pesquisa do Atmosférica Global (Emission Database for Global Atmospheric Research ou EDGAR) da Comissão Européia. No mesmo ano, o Brasil contribuiu com 1,49 Gt CO2e, ou 2,86%. Esta participação vem caindo desde 2004, quando atingiu 6%.

A contribuição do Brasil nas emissões globais de GEE é relativamente pequena, considerando a extensão do território nacional (5% da superfície terrestre). No entanto, é condizente com a população brasileira (2,8% da população mundial) ou o Produto Interno Bruto (2,89% do PIB Global).

Apesar dos avanços recentes, ainda estamos longe de ser uma Economia de Baixo Carbono. As emissoes brasileiras representam cerca de 10% do orçamento médio anual de emissões globais até o final do século. Segundo o 5º relatório de avaliação do IPCC (IPCC-AR5) até o final do século devem se limitar a 11 GtCO

2 de

média anual para termos razoavel chance (66%) de limitar o aumento da temperatura média do planeta em 2ºC.

Os últimos relatórios, divulgados em 2013 pelo IPCC (AR5) e pelo Painel Brasileiro sobre Mudanças Climáticas (PBMC - RAN1), indicam que as mudanças verificadas no clima são reais e têm sua principal causa na alteração do balanço energético do Planeta, causada em especial pelo aumento das emissões de gases do efeito estufa. As consequências destas mudanças no clima terão profundo impacto no Brasil, sobretudo para a agricultura, a segurança energética,

a saúde e a habitação, visto que os cenários estudados apontam a possibilidade de aumento da temperatura média em até 5ºC, em algumas regiões do país, e aumento da intensidade, duração e frequência dos eventos extremos de seca e precipitações.

O Brasil possui uma Politica Nacional sobre Mudança Clima com uma meta de redução de emissões de 36,1% frente a uma projeção de emissões para 2020. Uma série de ações está em curso para o país atingir essas metas, incluindo um conjunto de planos setoriais em áreas como agricultura, combate ao desmatamento, indústria, energia, transportes e mineração.

O acompanhamento das emissões brasileiras de GEE é fundamental para que se possa avaliar o alcance da implementação da Política Nacional de Mudanças Climáticas, além de delinear tendências e detectar eventuais desvios de rumo a tempo de realizar as correções e adaptações necessárias.

O Brasil não é obrigado a fazer inventários e comunicações anuais de suas emissões à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) por não constar da lista de países do Anexo I, que abrange os países desenvolvidos e as chamadas economias em transição, como os países do Leste Europeu. Apesar disso, o Brasil já produziu inventários (publicados em 2005 e 2010) e uma atualização de dados ou estimativas (em 2013, com dados até 2010). Como ocorre com os demais países que não constam do Anexo I, os inventários brasileiros não têm periodicidade definida e os dados não são submetidos à revisão de uma equipe internacional.

7

As comunicações nacionais são compromisso de todos os países signatários da UNFCCC, além de incluir os inventários nacionais e remoções antropogênicas de gases de efeito estufa, relatam os esforços feitos para mitigar as causas e atenuar os impactos de suas emissões. A elaboração da comunicação brasileira está ao encargo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), ministério também responsável pela implementação da Convenção de Mudanças Climáticas no país, desde sua assinatura, em 1992.

A Primeira Comunicação Nacional à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas foi entregue ao secretariado da Convenção em 2005 e incluiu os dados do primeiro Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, contemplando o período 1990 a 1994.

Em 2010, o MCTI organizou o segundo inventário de emissões, com revisões e novos cálculos referentes ao período 1990 a 2005. O documento fez parte da Segunda Comunicação Nacional à Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Em linhas gerais, no período contemplado, o país aumentou suas emissões em 60%, passando de um total de 1,39 Gt CO

2e para

2,19 Gt CO2e. A principal causa desta variação

foi o desmatamento da Amazônia, cujo setor (Mudanças do Uso da Terra) então respondia por 61% das emissões nacionais, contra 19% da Agropecuária; 15% da Energia; 3% de Processos Industriais e 2% de Resíduos.

Desde 2005, porém, com a implementação de programas e iniciativas que reduziram as emissões por desmatamento, houve grande

alteração na composição das emissões brasileiras. Estas novas tendências serão captadas no 3º inventário de emissões, em inicio de elaboração.

Em 2010, quando da regulamentação daPolitica Nacional sobre Mudança Clima, o Decreto 7.390 determinou que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação produzisse estimativas anuais de emissões de gases de efeito estufa. Em junho de 2013, atendendo a esta determinação, o MCTI publicou a referida atualização das emissões brasileiras com estimativas até o ano de 2010.

A defasagem entre a publicação dos dados e o período coberto é um problema, pois demora a captar a evolução das emissões (atualmente a defasagem é de 3 anos). Outra dificuldade é a forma de apresentação das estimativas oficiais, que limita as possiblidades de uso dos dados. As tabelas impressas são complexas e de difícil utilização, e praticamente inviabilizam o acesso às fontes dos dados.

Diante da necessidade de obter dados atualizados sobre as emissões de gases do efeito estufa, ao longo dos últimos anos surgiram algumas iniciativas independentes de cálculo de emissões. Em 2009, o engenheiro agrônomo e doutor em Geociências, Carlos Clemente Cerri, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), fez estimativas para 1990 a 2005 (o segundo inventário ainda não havia sido divulgado), e fez atualizações até 2008. Em seguida, publicou diversos artigos com sugestões de mitigação de emissões e alternativas de baixo carbono para a agricultura e a pecuária, inclusive com ajustes setoriais e regionais.

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Em novembro de 2012, outro conjunto de estimativas independentes foi publicado pelo engenheiro florestal Tasso Azevedo, como parte da preparação de subsídios para participação do Brasil na 18ª Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas (COP 18), realizada em Doha. As estimativas de emissões de GEE cobriram o período de 2005 a 2011, completando os dados disponíveis do período 1990 a 2005. A metodologia utilizada se baseou no 2º Inventário Brasileiro de Emissões do MCTI e na atualização dos dados então disponíveis de forma acessível na internet.

Tais iniciativas serviram de inspiração e embrião do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa – SEEG, que o Observatório do Clima (OC) ora coloca à disposição da sociedade brasileira para o período 1990 a 2012. O estudo cobre os cinco setores – Agropecuária, Energia, Mudanças do Uso da Terra, Processos Industriais e Resíduos – e todos os gases previstos na metodologia do inventário nacional.

O compromisso do Observatório do Clima, a partir desta publicação, é preparar estimativas e análises anuais com um interstício máximo de um ano e tornar acessíveis todos os dados, métodos e planilhas, para que todos os interessados possam se qualificar para o debate sobre as políticas de alguma forma relacionadas às mudanças climáticas no Brasil.

Estas estimativas atualizadas, embora com as limitações das circunstâncias em que foram produzidas, permitem perceber tendências e favorecem análises e correções em tempo de orientar a adoção de políticas públicas adequadas.

A construção de uma Economia de Baixo Carbono eficiente, depende da tomada de decisões mais informadas, no planejamento e na implementação de políticas públicas e na promoção de iniciativas governamentais, não governamentais e do setor privado.

São os gases que potencializam o efeito estufa e devem ter suas emissões reduzidas, conforme o Protocolo de Kyoto: dióxido de carbono (CO

2), metano (CH

4), óxido

nitroso (N2O), hidrofluorcarbonetos (HFCs),

perfluorcarbonetos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF

6).

Outros três gases incluídos neste levantamento – monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis não-metano (COVNM) – não são gases de efeito estufa propriamente ditos, mas têm efeito sobre suas concentrações ao contribuir com os processos físico-químicos que regulam seus níveis de produção ou dissipação. Por isso são chamados de precursores ou indiretos.

Cada gás de efeito estufa tem um potencial diferente de contribuição para a equação do clima. Para permitir comparar as emissões de diferentes setores com diferentes gases, os volumes de cada gás e seu potencial de contribuição são convertidos em uma medida comum, o carbono equivalente. A base de comparação é a molécula de dióxido de carbono, daí a sigla CO

2 eq ou CO

2e

Gases do Efeito Estufa Carbono Equivalente

9

Estas estimativas abrangem as emissões de GEE no período de 1990 a 2012. Para o período 1990 a 2005 foram tomados como base os dados do 2º Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa, publicado em 2010. Como os dados do inventário se concentram apenas nos anos de 1990, 1995, 2000 e 2005, foram realizadas estimativas para completar as séries históricas com todos os anos.

Como foram feitas as estimativas de emissões

Referências Metodológicas

Estas estimativas tiveram como ponto de partida a metodologia de dois documentos principais: o Guia do IPCC 2006 para Inventários Nacionais de GEE e o 2º Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de GEE (2010).

O SEEG foi executado por cinco equipes de três instituições. Cada equipe passou pelos seguintes passos básicos:

Elaboração das estimativas passo a passo

Para o período 2006 a 2012, as estimativas foram calculadas especificamente para este estudo.

As estimativas incluem as emissões de todos os gases previstos nos Inventários, porém com foco principal em dióxido de carbono (CO

2), metano

(CH4) e óxido nitroso (N

2O), que respondem

por mais de 99% das emissões em carbono equivalente (CO

2e).

Sem o 2º inventário de emissões e respectivos relatórios de referência não seria possível executar este estudo, pois a grande maioria dos fatores de emissão específicos foram calculados no processo de elaboração do inventário por equipes de dezenas de instituições e envolvendo centenas de pesquisadores e especialistas.

1. Revisão da Metodologia IPCC e do 2º Inventário, incluindo a leitura de todos os relatórios de referência preparados para o 2º inventário.

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2. Recomposição das tabelas de cálculo do 2º Inventário para compreender e testar a forma de aplicação dos fatores de emissão. No processo foram refeitas as planilhas e os sistemas de cálculo, usando os dados-base do 2º inventário, com o objetivo de replicar os dados de acordo com a descrição metodológica dos relatórios de referência. Identificação de lacunas de dados e definição de fórmulas auxiliares de cálculo para preenchimento das lacunas. Onde faltaram os dados necessários para utilizar o fator de emissão no formato original, foram utilizados fatores de emissão auxiliares, geralmente por meio de análise de correlação de emissões e nível de atividade, tendo como base os dados do 2º inventário.

3. Levantamento de dados de atividade e de componentes de atualização para os fatores de emissão. O objetivo foi levantar as informações atualizadas, sempre que possível, junto às mesmas fontes do 2º inventário, desde que os dados estivessem disponíveis gratuitamente.

4. Identificação de lacunas de dados e definição de fórmulas auxiliares de cálculo para preenchimento das lacunas. Onde faltaram os dados necessários para utilizar o fator de emissão no formato original, foram utilizados fatores de emissão auxiliares, geralmente por meio de análise de correlação de emissões e nível de atividade, tendo como base os dados do 2º inventário.

5. Apresentação e validação da metodologia e dos dados, em três seminários técnicos, realizados com os especialistas e os técnicos das instituições-membros do Observatório do Clima, com objetivo de revisar as diferentes etapas do estudo.

6. Revisão e análise da qualidade dos dados. Ao final, todos os dados foram avaliados segundo a qualidade dos fatores de emissão e dos dados de atividade utilizados. Foram identificados alguns pontos que devem se melhorados em futuros levantamentos. Neste primeiro ano de implantação do SEEG não foi possível, por exemplo, realizar a atividade de peer review (revisão de pares), o que deve acontecer a partir de 2014.

Para assegurar a possibilidade de repetição das estimativas calculadas por qualquer interessado, só foram utilizados dados obtidos de forma pública e gratuita, incluindo dados disponíveis através da internet ou em bibliotecas de acesso público.

No primeiro ano do SEEG as estimativas tratam apenas do nível nacional, contudo diversos testes de obtenção de informações com desagregação por estados foram realizados e os mais promissores serão desenvolvidos nos próximos anos. Com os dados disponíveis, já seria possível fazer a desagregação no caso de Agropecuária e Resíduos. Para os dados de Mudanças de Uso da Terra e Processos Industriais ainda precisa ser desenvolvido um método auxiliar. E para Energia é preciso interagir com a equipe do Balanço Energético Nacional (BEN) para avaliar as possiblidades de desagregação da informação. A desagregação por município, porém, demandaria outra metodologia e não se aplica a esta base de dados.

A partir da publicação deste estudo, a descrição detalhada da metodologia será publicada no portal do SEEG (http://seeg.observatoriodoclima.eco.br) juntamente com toda a base de dados obtida e desenvolvida pela equipe. Quanto mais amplo for o debate decorrente desta iniciativa, tanto maiores serão as oportunidades de promover as necessárias mudanças nos setores econômicos aqui retratados.

As emissões totais de gases do efeito estufa são computadas neste estudo nos cinco setores definidos pelas diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para inventários nacionais. Com o objetivo de obter um retrato mais fiel e completo da representatividade de determinados setores da economia foi realizado um piloto de organização das informações das emissões para os alguns dos principais setores econômicos nacionais: industrial, agronegócio e transportes. Neste rearranjo as emissões de energia, por exemplo, são desagregadas entre estes setores.

Emissões por diferentes arranjos setoriais

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Existem duas abordagens principais para determinação do carbono equivalente: o GWP (Global Warming Potential) e o GTP (Global Temperature Change Potential). O primeiro considera a influência dos gases na alteração do balanço energético da Terra e, o segundo, a influência no aumento de temperatura. Ambos são medidos para um prazo de 100 anos, sendo mais comumente utilizado o GWP.

Por exemplo, 1 tonelada de metano (CH4)

corresponde a 21 toneladas de carbono equivalente (CO

2e) GWP ou 5 toneladas

de CO2e GTP. A tabela abaixo mostra as

equivalências para os gases de efeito estufa incluídos nas estimativas deste estudo.

Neste estudo, os dados são apresentados em CO

2e GWP. Na base de dados disponível no

portal do SEEG podem ser encontrados todos os dados também em CO

2e GTP.

Gás

CO2

CH4

N2O

HFC-125

HFC-134a

HFC-143a

HFC-152a

CF4

C2F

6

SF6

GTP-100

1

5

270

1.113

55

4.288

0

10.052

22.468

40.935

GWP-100

1

21

310

2.800

1.300

3.800

140

6.500

9.200

23.900

Equivalência GWP e GTP

As estimativas de emissões brutas de gases do efeito estufa não consideram a remoção de dióxido de carbono pelas mudanças de uso do solo, isto é, a quantidade de gases de carbono fixados pelo crescimento da vegetação. Quando há desconto das remoções, as estimativas são de emissões líquidas (emissões menos remoções).

O Guia do IPCC prevê a contabilização, para fins de inventário, das emissões e remoções antrópicas de gases de efeito estufa. No segundo inventário brasileiro, lançado em 2010, foram considerados como remoção antrópica os aumentos de estoques de carbono em florestas naturais quando localizadas em unidades de conservação ou terras indígenas. Esta remoção representou 92% dos totais contabilizados no inventário e nas estimativas de 2010, publicadas em 2013.

Na realidade, florestas não protegidas podem capturar CO

2, se estiverem em processo de

renovação natural, assim como florestas dentro de áreas protegidas podem emitir CO

2, se

estiverem em processo de degradação. Pelo enorme volume que pode representar – mais de 300 milhões de toneladas de CO

2 ou 20%

das emissões atuais – esta definição gera uma distorção nos dados de emissões.

A partir de uma abordagem conservadora, a opção foi priorizar a divulgação dos dados SEEG 1990-2012 com emissões brutas. Assim, exceto quando especificamente citado, todos os dados aqui apresentados referem-se às emissões brutas de gases de efeito estufa. Na plataforma SEEG na internet estão disponíveis também as estimativas de remoção segundo o critério utilizado no 2º inventário brasileiro de emissões.

Nesta publicação também não foi incorporado o desconto pelos certificados de redução de emissões oriundos de projetos de Mecanismo do Desenvolvimento Limpo (MDL). Os totais, no Brasil, no período de 2005 a 2011, somam cerca de 75 milhões de toneladas de CO

2e.

GWP ou GTP? Emissões Brutas ou Líquidas

12

EMISSÕES CO2e

(Mt CO2e GWP)

Estimativas de emissões de gases do efeito estufa do

Brasil - 1990 - 2012

O Brasil passou de um total de 1,39 bilhão de toneladas de carbono equivalente em emissões brutas de gases do efeito estufa, em 1990, para 1,49 bilhão t CO

2e, em 2012, um aumento de 7%. No

mundo, no mesmo período, as emissões cresceram 37% e passaram de 38 para 52 bilhões t CO

2e.

A evolução das emissões durante os 22 anos analisados neste SEEG não foi linear. Devido aos

Gráfico 1:vv Evolução das Emissões de GEE no Brasil de 1990 a 2012 (t CO2e)

Tabela 1: Evolução das emissões brutas de GEE no Brasil por setor (tCO2e)

3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

-

19901991

19921993

19941995

19961997

19981999

20002001

20022003

20042005

20062007

20082009

20102011

Mudança de Uso da Terra Resíduos Processos Industriais Energia Agropecuaria

2012

t C

O2e

mil

es

altos e baixos verificados no setor de Mudanças de Uso da Terra, onde são computadas as emissões relativas ao desmatamento, os totais brasileiros variaram muito, tendo alcançado o seu maior pico em 2004, com 2,9 bilhões de t CO

2e. Desde então

os totais vêm caindo, acompanhando a expressiva redução do desmatamento da Amazônia.

303.728.550

195.121.625

815.814.800

50.898.815

28.586.122

1.394.149.912

335.801.140

236.909.753

2.191.060.400

60.576.789

34.019.255

2.858.367.337

347.877.319

305.870.926

1.565.389.800

70.831.127

38.739.575

2.328.708.748

415.613.449

335.000.287

1.484.919.500

74.711.996

41.044.059

2.351.289.291

434.575.763

389.283.129

593.005.682

76.785.133

45.751.711

1.539.401.419

445.920.444

411.707.999

577.473.136

82.550.246

46.675.780

1.564.327.605

440.523.540

440.379.265

476.547.461

84.012.920

46.862.792

1.488.325.978

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

Agropecuária

Energia

Mudança de Uso da Terra

Processos Industriais

Resíduos

TOTAL

13

Gráfico 2: Evolução das Emissões de GEE por Setor entre 1990 e 2012 (milhões de t CO2e)

Agropecuária

Energia

Processos Industriais

Resíduos

Mudança de Uso da Terra

Quando consideradas as remoções por mudança de uso do solo, a curva de emissões tem uma redução de 240 a 317 milhões de t CO

2e por

ano. As remoções começaram a ser calculadas a partir do 2º inventário e incluem processos como crescimento de floresta, transformação de pastagens em atividades agrícolas perenes e aumento de estoque de CO

2 em florestas naturais.

Quando considerada a evolução de cada um dos cinco setores separadamente, porém, verifica-

500

400

300

200

100

-

500

400

300

200

100

-

100

80

60

20

10

-

50

40

30

20

10

-

2500

2000

1500

1000

500

-

se queda de emissões (de 42% entre 1990 e 2012) apenas no setor de Mudanças de Uso da Terra, enquanto nos demais setores há uma tendência nítida de aumento das emissões, com forte pressão do setor de Energia, cujo incremento no período chegou a 126%. Nos setores de Processos Industriais e Resíduos, as emissões aumentaram respectivamente 65% e 64% e, no setor Agropecuário, a alta registrada foi de 45%.

19901992

19941996

19982000

20022004

20062008

20102012

14

281.282.671

993.493.287

117.167.331

2.206.623

1.394.149.912

349.713.978

2.367.961.388

138.460.300

2.231.671

2.858.367.337

333.719.607

1.850.505.509

143.240.386

1.243.246

2.328.708.748

376.151.608

1.802.459.438

170.698.683

1.979.562

2.351.289.291

346.186.792

1.014.252.701

175.949.069

3.012.857

1.539.401.419

350.905.517

1.026.738.512

183.418.352

3.265.224

1.564.327.605

Três gases – dióxido de carbono (CO2), metano

(CH4) e óxido nitroso (N

2O) – perfazem 99,8% das

emissões brasileiras em CO2e.

O CO2 representa 64,4% das emissões totais e tem

como principais fontes a queima de combustíveis fósseis e as mudanças de uso do solo.

Já o CH4 representa 23,1% das emissões totais em CO

2e e tem como principais fontes a

Tabela 2: Evolução das emissões brutas de GEE no Brasil por tipo de gás (t)

Em todo o período 1990 a 2012, somente em 2009 houve redução das emissões somadas de todos os setores (exceto Mudanças de Uso da Terra) como consequência da crise econômica

global, deflagrada no segundo semestre de 2008. Mas já em 2010, as emissões subiram a um patamar superior ao de 2008 e seguiram nesta tendência crescente até 2012.

C2F

6 (ton)

CF4

(ton)

CH4

(ton)

CO (ton)

CO2 (ton)

N2O (ton)

NMVOC (ton)

NOx (ton)

HFC 125 (ton)

HFC 143a (ton)

HFC 152a (ton)

HFC 23 (ton)

HFC 134a (ton)

TOTAL

Tabela 3: Evolução das emissões brutas de GEE no Brasil por tipo de gás (t CO2e)

9

101

16.709.787

11.490.876

1.026.738.512

591.672

901.710

2.989.909

270

216

463

-

684

1.059.424.209

9

110

16.485.085

12.281.403

1.014.252.701

567.578

923.580

2.935.627

246

197

410

-

550

1.047.447.499

12

147

15.891.410

11.231.846

1.850.505.509

462.066

1.057.497

2.514.285

7

7

0

-

104

1.881.662.889

26

306

16.653.047

13.586.489

2.367.961.388

446.646

1.360.372

2.203.293

-

-

-

153

-

2.402.211.719

26

302

13.394.413

14.940.023

993.493.287

377.959

1.631.604

1.891.151

-

-

-

120

-

1.025.728.885

10

124

17.911.981

12.976.801

1.802.459.438

550.641

1.080.011

2.666.270

125

93

175

-

271

1.837.645.940

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

CO2e (GWP)

CO2

(ton)

CH4

(ton)

N2O (ton)

Outros

TOTAL

CO2e (GTP)

CO2

(ton)

CH4

(ton)

N20 (ton)

Outros

TOTAL

66.972.065

993.493.287

102.048.965

3.629.544

1.166.143.861

83.265.233

2.367.961.388

120.594.455

3.668.416

2.575.489.492

79.457.049

1.850.505.509

124.757.755

1.781.110

2.056.501.423

89.559.907

1.802.459.438

148.673.047

2.030.103

2.042.722.494

82.425.427

1.014.252.701

153.245.963

2.465.905

1.252.389.996

83.548.933

1.026.738.512

159.751.468

2.470.380

1.272.509.292

produção pecuária (79,8%) e o tratamento de resíduos (12,2%). Observa-se também que é nas emissões de CH

4 que faz mais diferença o uso

de diferentes padrões de conversão em carbono equivalente, sendo que o GTP resulta em uma emissão significativamente menor. Isso explica porque países com grandes rebanhos, como Brasil e Austrália, preferem a utilização do padrão GTP, embora mundialmente o padrão GWP seja mais utilizado.

81.767.688

958.967.256

158.848.183

2.601.249

1.202.184.376

343.424.288

958.967.256

182.381.247

3.553.187

1.488.325.978

9

102

16.353.538

11.165.770

958.967.256

588.327

884.870

3.030.053

294

235

516

-

784

990.991.754

15

O N2O tem como principal fonte de emissão (91%)

a adubação de solo – tanto com dejetos animais como por fertilizantes nitrogenados.

Para entendimento de algumas atividades, de forma integrada, é possível fazer três cortes

O setor do agronegócio representa, nesta abordagem, 59% das emissões totais do Brasil. São incluídas, neste corte, as emissões dos processos de produção agropecuária, queima de combustíveis fósseis para energia no setor e boa parte das emissões por mudança de uso do solo.

O setor industrial, se incorporadas as emissões para geração de energia e resíduos, chega a 12% do total das emissões brasileiras, contra 5,4%, quando se consideram apenas os processos industriais específicos.

Já o setor de transportes, sozinho, representa em torno de 14% do total de emissões, ainda que

Gráfico 3: Participação dos diferentes setores nas emissões de CO2, CH4 e N20 em 2012 (t)

CH4 CO2 N20

importantes a partir dos dados levantados, considerando as emissões decorrentes das atividades agropecuárias, industriais e de transportes. Nestes cortes somam-se as emissões consideradas separadamente nos cinco setores, por questões de metodologia do estudo.

parte do setor de transporte atenda as demandas da agropecuária e da indústria. A maioria das emissões do setor de transportes decorre do uso de diesel no transporte de carga.

A seguir são apresentadas as emissões de cada um dos cinco setores, a partir do qual são organizadas as estimativas e, em anexo, encontram-se as tabelas completas de emissões para o período 1990-2012.

No portal do SEEG (http://seeg.observatoriodoclima.eco.br) estão disponíveis todas as tabelas de dados que embasam este estudo, além das notas metodológicas que detalham como foram feitas as estimativas.

13.057.9

56

421.515.7

47

536.473

27.148

5.479

3.568

15.659

458.210.7

27

79.098.8

07

141.975

497.505

792.293

12.134 1.993.649

Mudança de Uso da Terra ResíduosProcessos IndustriaisEnergiaAgropecuaria

total

440.523.540

440.379.265

476.547.461

84.012.920

46.862.792

1.488.325.978

Indústria

-

91.273.312

-

84.012.920

3.998.255

179.248.487

Agropecuária

440.523.540

17.930.465

424.349.198

-

1.902.729

884.705.932

Transportes

-

204.332.758

-

-

-

204.332.758

Outros

-

126.878.730

33.861.529

-

40.961.808

201.702.067

Tabela 4: Emissões de GEE em 2012 distribuídas pelos principais setores econômicos (tCO2e)

SETOR

Agropecuária

Energia

Mudança de Uso da Terra

Processos Industriais

Resíduos

TOTAL GERAL

16

Contexto Estimativa de emissões totais de gases estufa em 2012 de cada setor, em CO2e (GWP)

ENERGIA Emissões pela produção e consumo de energia e de combustíveis

29,6%(440,4Mt)

29,6% AGROPECUÁRIA

TOTAL: 1,488 milhões de toneladas (Mt)

32% MUDANÇA DO USO DA TERRA5,6% INDÚSTRIA3,1% RESÍDUOS

*Com

erci

al (0

,5%

), Pú

blic

o (0

,3%

) e C

arvo

aria

s (0

,1%

)

Fo

nte:

OC

/SEE

G/2

013

- Par

a ob

ter d

ados

e n

ota

met

odol

ógic

a ac

esso

e s

eeg.

obse

rvat

orio

docl

ima.

eco.

br

Ranking de emissõesEm CO2e

19º Brasil1,2%

2º EUA17,8%

1º China23,2% 7º Japão

3,5%

12º Inglaterra1,5%

15º Austrália1,4%

WRI/CAIT2.0 eOC/SEEG - 2009

Evolução dos processosEm Mt CO2e 204,3 (+144%)

Transportes

91,2 (+131%) Industrial96,3 (+94%) Outros

48,5 (+414%) Geração de eletricidade

1990 2012

83,9

39,649,6

9,4

GasesemitidosEm CO2e

96,5%CO2

1,6%CH4

1,9%N O2

CO, Nox e NMVOC

Quais processosemitem mais gases?Estimativa de 2012, em CO2e

Gases emitidos por setor

90,5% Rodoviário 5,6% Aéreo 18,6% Cimento 16,2% Quím

ica 16,1% Ferro e aço

71% centrais elétricas de serviço público

TransportesConsumo de combustíveis em atividades de transporte em diversos modais

46,4%IndustrialConsumo de combustíveis fósseis em atividades produtivas

20,7%

Setor energético

10,4%

Geração de eletricidade

11%

Residencial4,3%

Agropecuário4,1%

Consumo final não energético

2%

Outros*1,1%

NMVOC

CH4

CONOX

CO2

N2O

NMVOC

CH4

CO

NOX

CO2

N2O CO2, CH4 e N20 são os gases de efeito estufa diretos, os demais são precursores

Contexto Estimativa de emissões totais de gases estufa em 2012 de cada setor, em CO2e (GWP)

ENERGIA Emissões pela produção e consumo de energia e de combustíveis

29,6%(440,4Mt)

29,6% AGROPECUÁRIA

TOTAL: 1,488 milhões de toneladas (Mt)

32% MUDANÇA DO USO DA TERRA5,6% INDÚSTRIA3,1% RESÍDUOS

*Com

erci

al (0

,5%

), Pú

blic

o (0

,3%

) e C

arvo

aria

s (0

,1%

)

Fo

nte:

OC

/SEE

G/2

013

- Par

a ob

ter d

ados

e n

ota

met

odol

ógic

a ac

esso

e s

eeg.

obse

rvat

orio

docl

ima.

eco.

br

Ranking de emissõesEm CO2e

19º Brasil1,2%

2º EUA17,8%

1º China23,2% 7º Japão

3,5%

12º Inglaterra1,5%

15º Austrália1,4%

WRI/CAIT2.0 eOC/SEEG - 2009

Evolução dos processosEm Mt CO2e 204,3 (+144%)

Transportes

91,2 (+131%) Industrial96,3 (+94%) Outros

48,5 (+414%) Geração de eletricidade

1990 2012

83,9

39,649,6

9,4

GasesemitidosEm CO2e

96,5%CO2

1,6%CH4

1,9%N O2

CO, Nox e NMVOC

Quais processosemitem mais gases?Estimativa de 2012, em CO2e

Gases emitidos por setor

90,5% Rodoviário 5,6% Aéreo 18,6% Cimento 16,2% Quím

ica 16,1% Ferro e aço

71% centrais elétricas de serviço público

TransportesConsumo de combustíveis em atividades de transporte em diversos modais

46,4%IndustrialConsumo de combustíveis fósseis em atividades produtivas

20,7%

Setor energético

10,4%

Geração de eletricidade

11%

Residencial4,3%

Agropecuário4,1%

Consumo final não energético

2%

Outros*1,1%

NMVOC

CH4

CONOX

CO2

N2O

NMVOC

CH4

CO

NOX

CO2

N2O CO2, CH4 e N20 são os gases de efeito estufa diretos, os demais são precursores

17

Tomando como referência o ano de 2012, as principais fontes primárias de energia utilizadas no Brasil são petróleo (39,2%), cana-de-açúcar (15,4%), hidráulica (13,8%), gás natural (11,5%) e lenha (9,1%). As demais fontes representaram, no conjunto, apenas 11%.

Apesar da predominância do petróleo e do crescente uso do gás natural, a matriz energética brasileira ainda apresenta uma elevada participação de fontes renováveis (42,4%), se comparada com a média mundial, que é de aproximadamente 16%. Em relação à matriz de geração elétrica, a participação de fontes renováveis é ainda mais acentuada, representando 84,6% da oferta interna de eletricidade em 2012, distribuída entre hidráulica (76,9%), biomassa (6,8%) e eólica (0.9%). A matriz fortemente renovável garante ao país uma posição confortável perante as nações desenvolvidas quando estão em pauta as emissões de gases do efeito estufa do setor de Energia.

A análise da evolução das emissões, no entanto, pede mais atenção, caso o comportamento observado nos últimos anos se consolide, indicando uma redução dessa zona de conforto.

No subsetor de transportes, a curva de consumo de combustíveis fósseis – puxada pelo diesel e, mais recentemente, também pela gasolina – é francamente ascendente, apesar da importância da produção de etanol e de biodiesel. Entre 1990 e 2012, as emissões de CO2e cresceram em números absolutos (143%) e em participação (de 43,4% para 46,8%).

No que se refere à geração de eletricidade, a participação de fontes não renováveis também tem crescido de modo significativo, representando, em 2012, 16,7% do total gerado, contra 11,9% em 2011, de acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN) 2013.

18

Em relação às emissões nacionais brutas de gases do efeito estufa, o setor de Energia participou com 6,8 bilhões de toneladas de carbono equivalente (t CO

2e) ou 15% do total nacional de

emissões computadas no período 1990 a 2012. É um porcentual relativamente baixo, porém que

Quanto à indústria, as emissões aumentaram 130% entre 1990 e 2012, quando então atingiram 91,2 Mt CO

2e, correspondendo a 20,9 % do setor Energia.

Em função do elevado consumo de combustíveis fósseis, destacaram-se neste setor a produção de cimento (17,0 Mt CO

2e), a indústria química (14,7

Mt CO2e), a produção de ferro-gusa e aço ( 13,4 Mt

CO2e) e a produção de não ferrosos (12,7 Mt CO

2e).

No setor de Energia estão incluídas as seguintes atividades geradoras de emissões de gases de efeito estufa (GEE): exploração e extração de fontes primárias de energia; conversão de fontes primárias em fontes secundárias

Tabela 5: Emissões Brutas de GEE no Setor de Energia (t)

Tabela 6: Emissões brutas de GEE no Setor de Energia (t CO2e)

CH4 (ton)

CO (ton)

CO2 (ton)

N2O (ton)

NMCOV (ton)

NOx (ton)

Energia

CO2e (ton GWP)

Agropecuário

Carvoarias

Comercial

Consumo Final

Não Energético

Geração de

Eletricidade

Industrial

Público

Residencial

Setor Energético

Transportes

Total Geral

501.211

9.073.004

393.128.513

25.981

843.210

2.783.381

497.713

9.589.125

371.034.611

25.150

863.312

2.706.066

433.352

9.100.181

291.913.116

15.669

1.014.558

2.332.429

420.623

10.747.465

224.259.978

12.312

1.328.994

1.961.417

485.792

12.396.872

181.706.886

10.365

1.605.090

1.671.532

195.121.625

195.121.625

10.624.953

3.370.935

2.115.486

6.336.494

9.441.360

39.580.645

511.156

15.833.915

23.394.930

83.911.750

195.121.625

236.909.753

236.909.753

13.889.945

2.661.962

1.607.155

6.922.856

12.909.795

49.389.150

2.093.795

17.455.687

23.709.294

106.270.115

236.909.753

305.870.926

305.870.926

14.462.352

2.448.877

2.235.543

8.686.604

26.098.137

72.197.323

2.105.511

18.661.332

31.028.589

127.946.658

305.870.926

335.000.287

335.000.287

15.335.306

3.210.792

1.927.429

8.157.313

29.017.468

78.013.115

1.728.504

17.487.924

40.724.436

139.398.000

335.000.287

389.283.129

389.283.129

17.830.210

2.278.069

1.480.810

9.831.761

38.456.023

85.331.804

1.182.025

18.902.788

43.065.595

170.924.044

389.283.129

411.707.999

411.707.999

17.254.759

2.454.879

1.493.453

8.976.356

33.055.013

92.060.583

1.237.121

18.951.122

44.410.386

191.814.327

411.707.999

440.379.265

440.379.265

17.930.465

2.374.760

1.733.935

8.766.093

48.495.791

91.237.312

824.577

19.052.454

45.631.121

204.332.758

440.379.265

583.773

10.185.093

316.726.274

19.403

1.029.726

2.428.277

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

497.505

9.056.397

421.515.747

27.148

826.371

2.849.719

vem crescendo de forma acelerada. No período 1990-2012, as emissões passaram de 193,1 milhões de toneladas de carbono equivalente para 436,7 milhões de t CO

2e, um crescimento

de 126%. Apenas entre 2010 e 2012 o crescimento foi de 13,4%.

(refinarias de petróleo, unidades produtoras de biocombustíveis, centrais de geração de energia elétrica, etc.) e consumo final de energia em aplicações móveis ou estacionárias. Destaca-se que não são contabilizadas neste setor as emissões decorrentes da utilização de carvão mineral como agente redutor (carvão metalúrgico) na indústria siderúrgica, as quais são consideradas no setor Processos Industriais.

As estimativas são agrupadas em duas categorias: queima de combustíveis e emissões fugitivas na extração de carvão mineral e na indústria de petróleo e gás natural.

19

No setor de Energia, os cálculos seguiram a metodologia do Painel Intergovenamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). As fontes de dados utilizadas foram: Balanço Energético Nacional (BEN) e Balanço de Energia Útil (BEU), publicados pelo Ministério das Minas e Energia (MME);

Sobre os cálculos

Nos processos de combustão que ocorrem em caldeiras, fornos, motores de veículos, e vários outros equipamentos necessários para movimentar a frota brasileira de carga e passageiros; para gerar energia elétrica; para manter em operação os processos industriais, etc, são emitidos gases de efeito estufa diretos - dióxido de carbono (CO

2), metano (CH

4) e óxido

nitroso (N2O) – e indiretos – monóxido de carbono

(CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis não-metano (COVNM).

No caso da queima de biomassa (lenha, carvão vegetal, resíduos vegetais, lixívia, álcool e bagaço-de-cana), as emissões de CO2 não são contabilizadas no Setor de Energia, pois se considera que elas são compensadas pela fixação de carbono durante o crescimento das culturas agroenergéticas. As eventuais emissões associadas à conversão de florestas (nativas ou plantadas) em cultivos de cana são computadas no setor de Mudanças do Uso da Terra. Convém destacar que o mesmo não se aplica aos demais gases de efeito estufa, que são contabilizados normalmente, a exemplo dos combustíveis fósseis.

As emissões fugitivas decorrem de descargas, intencionais e não intencionais, de gases de efeito estufa – metano (CH

4), dióxido de carbono

(CO2) e óxido nitroso (N

2O) - provenientes das

etapas de extração, estocagem, processamento e transporte dos produtos.

No caso do carvão mineral, o metano é resultante do processo de formação dos depósitos de combustíveis fósseis e escapa durante a mineração. Além do metano, o dióxido de carbono é emitido por conta de combustões espontâneas que ocorrem nos depósitos de carvão mineral e nas pilhas de rejeito.

Quanto às emissões fugitivas da indústria de petróleo e gás natural, gás metano (CH

4) é

emitido na extração de petróleo e gás natural (venting), durante o transporte e distribuição em dutos e navios e durante seu processamento nas refinarias. As emissões de dióxido de carbono (CO

2), assim como as de óxido nitroso

(N2O), decorrem da queima não produtiva

(flaring) de gás nas plataformas de extração de petróleo e gás natural e nas unidades de refinaria. O dióxido de carbono e o óxido nitroso derivam de queima não produtiva de gás natural em plataformas e refinarias.

Queima de Combustíveis Fósseis

Emissões Fugitivas

Segunda Comunicação Nacional à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, organizada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Inventário de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários 2013, Ano-Base 2012 (MMA).

20

Contexto Estimativa de emissões totais de gases estufa em 2012 de cada setor, em CO2e (GWP)

USO DA TERRA 32%(476,5Mt)Emissões por mudanças de uso do solo, calagem e queima de resíduos florestais

29,6% AGROPECUÁRIA

TOTAL: 1,488 milhões de toneladas (Mt)

29,6% ENERGIA5,6% INDÚSTRIA3,1% RESÍDUOS

Font

e: O

C/S

EEG

/201

3 - P

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r dad

os e

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ológ

ica

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soe

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g.ob

serv

ator

iodo

clim

a.ec

o.br

5

3% A

maz

ônia

28

,3%

Cer

rado

Mudanças de uso do soloDesmatamento, degradação ou conversão de solos entre atividades rurais

93%

Calagem3%

Queima de resíduos florestais

3,8%

CO2

CO2

CH4N2O

GasesemitidosEm CO2e

96,2%CO2

3,5%CH4

0,4%N O2

93%

do

CO2

vem da mudancas de uso do soloQuais

processosemitem mais gases?Estimativa de 2012, em CO2e

Gases emitidos por setor

Quando inseridas remoções o

balanço liquido de emissões é reduzido em 240 a 317 Mt

CO2

Evolução dos processosEm Mt CO2e

443 (-42%) Mudanças de uso do solo

33 (-26%) Outros1990 2012

761

54

Evolução dos biomasEm Mt CO2e

52,7 (-20,2%) Outros1990 2012

264 (-46,4%) Amazônia141 (-43%) Cerrado

461233

72

Ranking de emissõesEm CO2e

1º Brasil10%

3º Nigéria2%

WRI/CAIT2.0 e OC/SEEG - 2009

2º Indonésia4%

Contexto Estimativa de emissões totais de gases estufa em 2012 de cada setor, em CO2e (GWP)

USO DA TERRA 32%(476,5Mt)Emissões por mudanças de uso do solo, calagem e queima de resíduos florestais

29,6% AGROPECUÁRIA

TOTAL: 1,488 milhões de toneladas (Mt)

29,6% ENERGIA5,6% INDÚSTRIA3,1% RESÍDUOS

Font

e: O

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3% A

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Cer

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Mudanças de uso do soloDesmatamento, degradação ou conversão de solos entre atividades rurais

93%

Calagem3%

Queima de resíduos florestais

3,8%

CO2

CO2

CH4N2O

GasesemitidosEm CO2e

96,2%CO2

3,5%CH4

0,4%N O2

93%

do

CO2

vem da mudancas de uso do soloQuais

processosemitem mais gases?Estimativa de 2012, em CO2e

Gases emitidos por setor

Quando inseridas remoções o

balanço liquido de emissões é reduzido em 240 a 317 Mt

CO2

Evolução dos processosEm Mt CO2e

443 (-42%) Mudanças de uso do solo

33 (-26%) Outros1990 2012

761

54

Evolução dos biomasEm Mt CO2e

52,7 (-20,2%) Outros1990 2012

264 (-46,4%) Amazônia141 (-43%) Cerrado

461233

72

Ranking de emissõesEm CO2e

1º Brasil10%

3º Nigéria2%

WRI/CAIT2.0 e OC/SEEG - 2009

2º Indonésia4%

21

O setor de Mudanças de Uso da Terra emitiu 28,14 bilhões de toneladas de carbono equivalente (t CO

2e) ou 61,3% do total nacional

de emissões computadas entre 1990 e 2012. No mesmo período, o setor apresentou a mais importante redução de emissões do Brasil, graças a um conjunto de medidas de contenção do desmatamento, principalmente na Amazônia. A redução nos 22 anos compreendidos entre 1990 e 2012 foi de 42%.

Em 1990, as emissões brutas GWP correspondiam a 0,82 bilhões de toneladas de CO

2e e em 2004

atingiram um pico de 2 bilhões de t CO2e. Nos anos

seguintes, iniciou-se um processo de redução do desmatamento que reduziu as emissões pela metade em 2007, atingindo 1,06 bilhões t CO

2e.

O processo de declínio continuou e, em 2012, as emissões por mudanças de uso do solo atingiram o seu menor nível, com 0,48 bilhões de t CO

2e.

22

Tabela 7: Emissões brutas de GEE no Setor de Mudanças de Uso da Terra e Florestas (tCO2e)

761.390.000

460.530.000

27.960.000

233.000.000

22.170.000

100.000

17.830.000

49.324.800

31.852.700

1.176.000

13.567.000

1.456.300

-

1.272.800

5.100.00

815.814.800

2.085.420.000

1.606.410.000

42.980.000

327.810.000

91.110.00

90.000

17.020.000

100.240.400

77.050.000

2.179.000

15.830.000

4.372.000

-

809.400

5.400.000

2.191.060.400

1.486.560.000

1.007.550.000

42.980.000

327.810.000

91.110.000

90.000

17.020.000

70.109.800

47.348.700

2.137.000

15.536.000

4.278.700

-

809.400

8.720.000

1.565.389.800

1.412.690.000

1.051.110.000

20.110.000

296.100.000

15.910.000

16.830.000

12.630.000

64.759.500

48.320.600

840.000

13.588.000

740.200

693.000

577.700

7.470.000

1.484.919.500

559.976.182

386.970.000

13.980.000

135.090.000

5.286.182

15.310.000

3.340.000

22.609.500

15.520.100

504.000

5.534.000

346.000

567.000

138.400

10.420.000

593.005.682

542.633.722

354.793.047

13.982.343

135.091.165

4.905.638

15.310.000

18.551.529

21.924.534

14.229.588

504.084

5.534.048

321.092

567.000

768.722

12.914.880

577.473.136

443.275.807

252.689.158

13.982.343

135.091.165

7.651.612

15.310.000

18.551.529

18.336.735

11.053.658

504.000

5.534.000

539.677

567.000

138.400

14.934.920

476.547.461

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

Mudança de Uso da Terra

Amazonia

Caatinga

Cerrado

Mata Atlantica

Pampa

Pantanal

Queima de Resíduos

Florestais

Amazonia

Caatinga

Cerrado

Mata Atlantica

Pampa

Pantanal

Calagem

TOTAL GERAL

Mudanças do Uso da Terra é o mais dinâmico dos setores incluídos nas estimativas de emissões deste estudo, dadas as características de ocupação de solo do Brasil. Além de ter várias regiões de fronteira agrícola e econômica, nos diferentes biomas, o país apresenta alta rotatividade de tipos de atividade agropecuária, da qual resultam tanto a emissão como a remoção ou fixação de gases do efeito estufa.

Se uma floresta é convertida em pastagem, por exemplo, ocorrem emissões de carbono e os totais devem ser adicionados. Se a pastagem é abandonada e volta a crescer uma floresta secundária, o carbono é fixado e, portanto, deve ser subtraído dos cálculos. O mesmo

acontece, em menor escala, com conversões de lavouras perenes em anuais (emissão) e culturas anuais em perenes ou reflorestamentos (fixação), mudanças de uso da terra igualmente computadas no SEEG.

Os cálculos das diferentes áreas convertidas, ano a ano, também inclui um fator de emissão diferente para cada bioma brasileiro, pois a quantidade de biomassa (e, portanto, de carbono) varia muito entre os tipos de floresta e da floresta para os vários tipos de vegetação aberta. Os fatores de emissão foram estimados para este estudo com base em dados conhecidos de fisionomia vegetal de cada bioma e representam um ajuste importante em relação aos inventários nacionais.

23

Em área, o bioma Amazônia é o maior, representa 49% da área do país (4,1 milhões de km2). Em seguida vem o Cerrado (24%) e a Mata Atlântica (13%). Os biomas Caatinga, Pampa e Pantanal, somados, ocupam os 14% restantes. A Amazônia também apresenta os maiores estoques de carbono oriundos de biomassa florestal. As pressões de desmatamento estão associadas à expansão da pecuária e da agricultura, sobretudo para o cultivo de soja.

Até 2012, mais de 710 mil km² de floresta – ou cerca de 20% do bioma Amazônia – foram desmatados. A partir de 2004, várias iniciativas lideradas pelo Governo Federal e governos estaduais combatem o desmatamento e efetivamente reduziram as emissões do setor. Políticas de incentivo à agropecuária de baixo carbono nas áreas já convertidas e medidas que desatrelem o desenvolvimento econômico dos desmatamentos, adequadas à realidade regional, poderiam consolidar tais reduções.

Segundo maior em área (2 milhões de km2), o Cerrado é o bioma sob pior pressão humana, relacionada às atividades rurais, com o objetivo de aumentar a produção de carne e grãos para exportação. Além disso, cresce também a pressão para produção de carvão vegetal. Até 2009, quase metade do Cerrado já estava desmatado e as mudanças no uso da terra nas fronteiras agrícolas do bioma continuam aceleradas.

Com 1.1 milhão de km², o bioma Mata Atlântica só mantém 22% de cobertura florestal (primária e secundária). É de extrema prioridade para

Tabela 8: Emissões totais de GEE no Setor de Mudanças de Uso da Terra e Florestas (t)

2.138.000

766.490.000

14.280

4.324.000

2.090.820.000

30.440

3.020.000

1.495.280.000

21.580

2.807.000

1.420.160.000

18.750

977.000

570.396.182

6.750

947.458

555.548.602

6.542

792.293

458.210.727

5.479

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

CH4 (ton)

CO2 (ton)

N2O (ton)

a conservação da biodiversidade, mas já abriga mais de 120 milhões de habitantes, que respondem por 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A pressão humana está associada à ampliação de zonas urbanas e de infraestrutura e a processos industriais.

Representando 11% do território nacional, com 844 mil km2, a Caatinga é o bioma mais carente, do ponto de vista social. São 27 milhões de habitantes, muitos vivendo na chamada linha de pobreza. A pressão humana está associada a atividades agrossilvopastoris e industriais. A produção de carvão vegetal também é uma tendência crescente e merece atenção.

O bioma Pampa tem 176 mil km² e representa somente 2% da área brasileira. No entanto, restringe-se aos limites do estado do Rio Grande do Sul e neste, representa 63% da área. Além disso, abrange parte importante de um dos maiores aquíferos da América do Sul, o aquífero Guarani. A pecuária extensiva é a principal atividade da região.

Já o Pantanal, com 150 mil km², é a maior extensão úmida contínua do Planeta e é o bioma mais preservado do país, com 86% da sua cobertura florestal nativa ainda em bom estado. A pressão humana predominante está relacionada à atividade agropecuária, especialmente no planalto, onde estão as cabeceiras dos rios pantaneiros.

Além das várias mudanças de uso da terra analisadas, ainda foi considerada neste trabalho

24

As emissões mais importantes são de dióxido de carbono (CO

2), resultantes da transformação

de florestas em áreas agrícolas ou pastagens. O cálculo das estimativas se baseia em mapas com a delimitação de áreas convertidas multiplicadas por um fator de emissão médio para cada bioma brasileiro: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa. Os mapas derivam de imagens de satélite e a Amazônia – onde as emissões são mais significativas – tem os dados mais frequentes e detalhados. Os fatores de emissão usados foram calculados com base na metodologia publicada pelo MCTI em 2013 que estimou as emissões de gases de efeito estufa do Brasil para o período de 1990 a 2010.

Além do desmatamento, outras mudanças de uso da terra foram consideradas, seja quanto à emissão ou quanto à fixação de dióxido de carbono (CO

2). Na conversão de culturas

perenes ou reflorestamentos em culturas anuais ou pastagens ocorrem emissões, enquanto na conversão de culturas anuais ou pastagens em floresta secundária ou agroflorestal ou reflorestamentos há fixação de carbono.

O uso de calcário para a correção de solos agrícolas (calagem) implica em emissões de dióxido de carbono (CO

2) decorrentes de

volatilização após a aplicação. As estimativas se baseiam na área total de calagem estimada para o Brasil, multiplicada por um fator de 0,44 tonelada de CO

2 por tonelada de carbonato de

cálcio (CaCO3) publicado no relatório do MCTI

de 2013.

Desmatamento Mudanças de Uso da Terra

Calagem

a somatória das áreas agrícolas com correção da acidez do solo por meio de calagem (adição de calcário). O processo é importante para aumento da produtividade, porém libera dióxido de carbono.

Outro aspecto importante no setor, a ser levado em conta nas próximas estimativas, é a emissão de metano nos reservatórios de usinas hidrelétricas. A vegetação inundada para a formação dos

reservatórios se decompõe em condições anaeróbicas e emite metano durante muitos anos. Um exercício realizado com dados parciais neste SEEG mostrou a viabilidade e a importância de incluir este cálculo nas emissões, principalmente para o bioma Amazônia. Estimativas realizadas com acesso a dados mais robustos, nos próximos anos, podem contribuir para a discussão de alternativas de baixo carbono também neste tipo de mudança do uso da terra.

25

Nas estimativas de emissões do setor Mudanças de Uso da Terra, os dados precisam ser geocodificados, visto que faz diferença em qual bioma acontecem as conversões. Na base destes dados, então, estão imagens de satélites ambientais, tratadas para evidenciar os diferentes tipos de cobertura do solo. Ao sobrepor as imagens de um ano sobre o anterior, é possível reconhecer os locais onde o tipo de vegetação permaneceu igual e onde houve mudanças. Além disso, dá para identificar que tipo de mudança foi feita: floresta para pastagem, floresta para lavoura, pastagem para lavoura, pastagem para floresta secundária, um tipo de lavoura para outro e assim por diante.

A partir das informações geocodificadas são obtidos os totais de áreas convertidas e, então, se aplica um fator de emissão diferenciado, conforme o bioma. Os estoques médios de carbono da biomassa florestal derivam dos inventários florestais do RADAMBRASIL cruzados com o mapa de classificação de fisionomias vegetais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A disparidade entre os dados geocodificados disponíveis para cada bioma, entretanto, dificultou a uniformização dos resultados para todo o território nacional.

Para o bioma Amazônia, havia dados detalhados e anuais do projeto de monitoramento coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Prodes/INPE). Para a Mata Atlântica, os dados também são detalhados e frequentes, porém não para todos os anos. As informações são do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica com imagens do INPE. Para os demais biomas – Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa – os dados são do MMA, porém levantados de forma mais esporádica.

No cálculo das estimativas das emissões dos anos de 2006 a 2012, foi utilizada a metodologia proposta pelo MCTI e publicada em 2013. O método consistiu em primeiro organizar a base de dados de desmatamento disponível anualmente

Sobre os cálculos

para cada um dos biomas brasileiros, conforme as etapas descritas a seguir. Primeiro calculou-se a relação entre o desmatamento de cada ano, entre 2006 e 2012, e a média de desmatamento publicada no 2º Inventário Brasileiro de Emissões do MCTI, para o período 1994 a 2002. Segundo multiplicou-se este fator de relação pela média de emissões brutas para 1994-2002 (excluindo-se os valores negativos que significam reduções) publicadas no 2º Inventário Brasileiro de Emissões do MCTI. O resultado dessa multiplicação foi a emissão bruta estimada para os anos de 2006-2012 em toneladas de CO

2. Isso foi repetido

para os dados de desmatamento disponíveis dos biomas. Para os biomas sem dados de desmatamento disponíveis para o período de 2006-2012, o pressuposto foi repetir a última taxa anual de desmatamento publicada.

Na metodologia aplicada pelo MCTI, em 2013, foram descontadas das emissões as remoções de carbono pela presença de florestas em áreas protegidas, conforme também aparece no 2º Inventário Brasileiro de Emissões (essas remoções não foram calculadas para o 1º Inventário). O desconto, que chega a 317 milhões de t CO

2

para cada ano entre 2005 e 2012, acaba gerando uma distorção no entendimento dos dados de emissões uma vez que cria uma discriminação injustificada entre florestas inseridas ou não em unidades de conservação. No SEEG optou-se por calcular as emissões brutas, sem estas remoções.

Os cálculos das emissões resultantes de calagem levam em consideração a área total em que foi feita a correção da acidez dos solos, no país. Não há ajustes conforme o bioma. Os fatores de emissão associada à queima de resíduos florestais foram calculados com base no método proposto pelo relatório do MCTI de 2013. Isso foi feito assumindo-se que metade do que foi emitido em CO2 referiu-se à queimadas. Em seguida, aplicaram-se os fatores de emissão do IPCC para queimadas (com base na tabela 5.7 do manual de referência de 1996). A estimativa de CH

4 foi calculada multiplicando-se a quantidade

de carbono por 0,016 e as de N20 por 0,00011.

26

AGROPECUÁRIAEmissões nas atividades de produção animal e vegetal e manejo de solos

29,6%(440,5Mt)

29,6% ENERGIA

TOTAL: 1,488 milhões de toneladas (Mt)

32% MUDANÇA DO USO DA TERRA5,6% INDÚSTRIA3,1% RESÍDUOS

Contexto Estimativa de emissões totais de gases estufa em 2012 de cada setor, em CO2e (GWP)

Font

e: O

C/S

EEG

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clim

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o.br

Quais processosemitem mais gases?Estimativa de 2012, em CO2e

Ranking de emissõesEm CO2e

4º Brasil7%

3º EUA7,7%

2º UE*8,2%

* 27 países WRI/CAIT2.0 e OC/SEEG - 2009

1º China11%

Evolução dos processosEm Mt CO2e 246,4 (+39%)

Fermentação entérica

160,2 (+63%) Solos agrícolas

33,9 (+24%) Outros

1990 2012

176,8

98,4

28,5

OrigemEm CO2e 86,6%

Animais

5,9% Vegetais

7,6% Outros (solo e fertilizantes)

GasesemitidosEm CO2e

62,3%CH490

% fe

rmentação entérica

41% animais em pastagem

37,7%N O2

42% Animais de pastagem

13% Fertilizantes

84

% G

ado

de c

orte

13

% G

ado d

e l

eite

Fermentação entéricaProcesso digestivo que ocorre em herbívoros ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos), que produz metano

55,9%

Solos agrícolasEmissões provenientes de aplicação de fertilizantes nitrogenados, de dejetos animais e do manejo de organossolos

36,4%

Cultivo de arroz

1,9%

Queima de resíduos

0,8%

Manejo de dejetosanimais

4,9%

CH4

N2ONOX

CO

CH4

CH4

NO2

CH4

Gases emitidos por setor

AGROPECUÁRIAEmissões nas atividades de produção animal e vegetal e manejo de solos

29,6%(440,5Mt)

29,6% ENERGIA

TOTAL: 1,488 milhões de toneladas (Mt)

32% MUDANÇA DO USO DA TERRA5,6% INDÚSTRIA3,1% RESÍDUOS

Contexto Estimativa de emissões totais de gases estufa em 2012 de cada setor, em CO2e (GWP)

Font

e: O

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Quais processosemitem mais gases?Estimativa de 2012, em CO2e

Ranking de emissõesEm CO2e

4º Brasil7%

3º EUA7,7%

2º UE*8,2%

* 27 países WRI/CAIT2.0 e OC/SEEG - 2009

1º China11%

Evolução dos processosEm Mt CO2e 246,4 (+39%)

Fermentação entérica

160,2 (+63%) Solos agrícolas

33,9 (+24%) Outros

1990 2012

176,8

98,4

28,5

OrigemEm CO2e 86,6%

Animais

5,9% Vegetais

7,6% Outros (solo e fertilizantes)

GasesemitidosEm CO2e

62,3%CH490

% fe

rmentação entérica

41% animais em pastagem

37,7%N O2

42% Animais de pastagem

13% Fertilizantes

84

% G

ado

de c

orte

13

% G

ado d

e l

eite

Fermentação entéricaProcesso digestivo que ocorre em herbívoros ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos), que produz metano

55,9%

Solos agrícolasEmissões provenientes de aplicação de fertilizantes nitrogenados, de dejetos animais e do manejo de organossolos

36,4%

Cultivo de arroz

1,9%

Queima de resíduos

0,8%

Manejo de dejetosanimais

4,9%

CH4

N2ONOX

CO

CH4

CH4

NO2

CH4

Gases emitidos por setor

27

O Brasil possui uma das cinco maiores áreas de produção rural do mundo, ocupando cerca de 3,3 milhões de quilômetros quadrados com agricultura e pecuária, ou 38% do território nacional, de acordo com o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a 2006. O país produz alimento suficiente para 1 bilhão de pessoas. É o maior produtor mundial de soja, laranja, açúcar, etanol, carne e frango. Tem o segundo maior rebanho bovino do mundo. Está entre os três maiores exportadores de produtos agrícolas e é o maior exportador de proteína animal.

A agropecuária brasileira também é forte em emissões de gases do efeito estufa. Em 2010, as emissões da agropecuária brasileira representavam cerca de 7% das emissões globais deste setor, sendo o Brasil o 4º maior emissor atrás de China, Estados Unidos e União Europeia, conforme o World Resources Institute (WRI, CAIT2 2013).

No período 1990-2012, o setor passou de um total de emissões de 303,7 milhões de t CO2e para 440,5 milhões de t CO2e (GWP), um crescimento de 45%. Considerando a redução das emissões em Mudanças do Uso da Terra, devido à queda dos desmatamentos (como veremos adiante), a Agropecuária está se tornando a principal fonte de emissões brasileiras e já representa 29,7% das emissões brutas brasileiras em CO2e.

Entre 1990 e 2012, a agropecuária representou 8.531 MtCO2e ou 18,5% do total nacional de emissões acumuladas.

28

Conforme as diretrizes internacionais e o 2º inventário brasileiro, no setor Agropecuário foram consideradas as emissões decorrentes da fermentação entérica dos animais criados; do manejo de dejetos animais; do cultivo de arroz; da queima de resíduos agrícolas e dos solos agrícolas, estas decorrentes da fertilização nitrogenada e de organossolos cultivados.

Individualmente, a fermentação entérica do gado bovino responde pela maior parte das emissões do setor agropecuário. Isso se deve ao tamanho do rebanho bovino brasileiro – cerca de 210 milhões de cabeças, em 2012 – e ao fato do boi ser um grande ruminante, dependendo, portanto, da fermentação realizada por bactérias em seus estômagos para converter pasto em carne ou leite. Vale atentar para o fato de as emissões por fermentação entérica terem se estabilizado desde meados da década passada, crescendo apenas 2,2% entre 2005 e 2012, contra um crescimento de 6% das emissões de todo setor agropecuário. Isso se deve a uma desaceleração do aumento do

Tabela 10: Emissões brutas de GEE do Setor Agropecuário (tCO2e)

Tabela 9: Emissões brutas de GEE do Setor Agropecuário por gás (t)

9.538.714

2.542.640

333.599

218.916

10.447.193

2.838.130

375.516

240.986

10.771.496

2.130.628

392.503

180.912

12.768.762

2.790.506

475.708

236.942

13.043.806

2.690.857

518.245

228.481

13.260.028

2.416.450

540.193

205.181

13.057.956

2.107.952

536.473

178.987

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

CH4 (ton)

CO (ton)

N2O (ton)

NOx (ton)

Não são contabilizadas nesta sessão as emissões relativas à conversão de uso do solo (ex. de florestas pastagens, de um tipo de lavoura em outro), todas incluídas no setor Mudanças do Uso da Terra. Também não foram consideradas as emissões relacionadas à produção de energia, inseridas no setor de Energia.

rebanho para 1,5% ao ano acompanhado de um aumento da produtividade por cabeça de gado de cerca de 2 a 3% ao ano.

Em segundo lugar entre as principais emissões agropecuárias está a fertilização nitrogenada dos solos agrícolas. Em 1990, elas eram equivalentes a 32,8% das emissões brutas GWP e, em 2012, passaram para 36,5% do total. A emissão por uso de fertilizantes sintéticos é a que mais cresce em todo setor agropecuário, tendo aumentado 106% entre 2000 e 2012. O Brasil está entre os maiores consumidores de fertilizantes do mundo.

7.626.102

176.803.968

16.446.450

4.420.931

98.431.099

303.728.550

9.286.114

192.666.551

18.137.329

4.905.839

110.805.307

335.801.140

8.250.523

201.586.011

17.789.920

3.682.888

116.567.976

347.877.319

8.940.040

241.225.383

19.165.340

4.823.518

141.459.167

415.613.449

8.710.190

244.844.077

22.271.334

4.651.271

154.098.892

434.575.763

9.565.143

248.589.366

22.578.032

4.176.946

161.010.957

445.920.444

8.504.893

246.430.178

21.791.019

3.643.693

160.153.757

440.523.540

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

Cultivo do Arroz

Fermentação Entérica

Manejo de Dejetos Animais

Queima de Resíduos Agrícolas

Solos Agrícolas

TOTAL GERAL

29

Tabela 11: Emissões brutas de GEE por atividade no setor agropecuário (tCO2e)

Vale notar que os ganhos de produtividade do setor agrícola não dependem exclusivamente da adubação nitrogenada. Muitas outras tecnologias adotadas com o objetivo de incrementar a produção implicam ou podem implicar em reduções de emissões e até no sequestro de carbono, mesmo ao incrementar a produtividade.

Dada a importância da atividade agropecuária para a segurança alimentar e energética (15% da matriz energética é proveniente de derivados da cana), a geração de empregos, a economia e a conservação dos recursos hídricos e da

biodiversidade, a preparação deste setor para uma Economia de Baixo Carbono e a adaptação para as mudanças climáticas é fundamental.

Em 2010, como parte dos compromissos brasileiros no Acordo de Copenhagen e em consonância com a determinação da Politica Nacional sobre Mudança Clima foi desenvolvido o Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono). O objetivo é promover a redução das emissões de GEE oriundas de atividades agropecuárias, tendo como foco o financiamento diferenciado para práticas agrícolas que, a um só tempo: promovam a redução do desmatamento;

277.942.408

1.082.485

4.227.939

2.456.624

2.818.831

6.039.538

197.391.918

44.661.003

1.623.276

4.737.002

12.903.792

16.804.568

177.800

7.890.290

4.563.978

239.875

824.408

1.078.461

527.000

1.502.756

8.981.574

6.643.315

2.338.258

303.728.550

302.799.856

1.083.200

5.472.547

2.887.238

2.671.267

6.271.582

216.595.879

48.167.960

1.590.464

4.329.542

13.730.178

20.441.127

-

9.685.767

5.276.796

316.277

861.721

1.832.158

528.760

1.939.648

12.560.156

9.673.869

2.886.288

335.801.140

311.492.063

1.001.223

6.177.942

1.940.017

2.214.914

5.718.930

234.586.373

42.949.843

1.078.520

3.493.672

12.330.628

18.728.076

-

8.646.919

4.246.177

328.099

781.092

1.632.814

614.225

2.478.750

17.657.179

14.222.862

3.434.317

347.877.319

370.140.826

960.650

7.147.060

2.064.754

2.443.694

5.676.899

284.662.017

49.837.901

1.111.505

3.682.713

12.553.633

22.721.328

-

9.409.711

5.540.677

324.380

876.942

1.773.878

930.280

3.865.460

22.751.295

18.768.948

3.982.346

415.613.449

379.980.967

807.286

8.814.282

2.084.509

2.207.944

5.413.131

284.855.011

55.510.369

1.023.059

4.103.493

15.161.883

26.162.946

-

9.110.195

6.872.183

339.115

846.268

2.796.929

1.005.521

5.192.734

28.431.851

24.339.898

4.091.952

434.575.763

385.645.585

785.606

9.024.341

2.249.107

2.225.664

5.410.148

289.192.820

56.287.226

1.016.716

4.171.859

15.282.097

27.481.823

-

10.044.929

6.614.497

368.794

859.233

2.811.881

1.132.150

5.650.340

32.793.036

28.701.083

4.091.952

445.920.444

381.363.300

727.605

8.859.960

2.220.633

2.050.383

5.264.121

287.442.737

55.257.036

978.404

3.963.773

14.598.648

25.783.444

-

8.916.073

6.169.068

300.034

781.104

3.590.503

1.053.512

4.973.150

33.376.795

29.284.843

4.091.952

440.523.540

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

Animal

Asinino

Aves

Bubalino

Caprino

Equino

Gado de Corte

Gado de Leite

Muar

Ovino

Suinos

Vegetal

Algodão

Arroz

Cana de Açucar

Feijão

Mandioca

Milho

Outras culturas

Soja

Outros

Fertilizantes Sintéticos

Solos Orgãnicos

TOTAL GERAL

30

aumentem a produtividade; melhorem as práticas agropecuárias de produção; promovam a adequação ambiental das propriedades rurais e a recuperação de áreas degradadas.

As estimativas 1990-2012 ainda não captam os impactos do Programa ABC, tanto pelo curto período em que o plano está em vigor (começou

a ganhar escala na safra 2012-2013), como pelo fato de suas ações afetarem principalmente os fatores de emissão da agropecuária. Para os próximos inventários, a revisão dos fatores de emissão a partir de levantamentos primários realizados pela Embrapa e outras instituições permitirá captar os impactos do programa.

Animais ruminantes contam com uma diversificada “equipe” de bactérias presentes em seus estômagos (rúmen) para digerir capim e grãos. Ao transformar a celulose em energia, por fermentação, essas bactérias produzem metano (CH

4). O gás é eliminado principalmente

por meio de arrotos. A quantidade de gás exalado por animal varia conforme o alimento, a atividade física e as condições climáticas. Mudanças no manejo do gado ruminante podem reduzir emissões.

O gado bovino – por ser muito numeroso e de grande porte – é a maior fonte de metano dentre os ruminantes criados no Brasil. Em seguida vêm os rebanhos de ovelhas, cabras, búfalos, cavalos, suínos e outros herbívoros.

Na combustão de palhas, caules e demais resíduos de colheita são emitidos diversos gases do efeito estufa: dióxido e monóxido de carbono (CO

2 e CO), óxido nitroso e outros óxidos de

nitrogênio (N2O e NOx) e metano (CH

4). Nos

cálculos de emissões, o dióxido de carbono é sempre descontado, pois foi absorvido da atmosfera durante o crescimento da lavoura. A queima de cana ainda é a maior fonte individual dessas emissões, mas sua contribuição diminui com a colheita de cana crua e o uso dos resíduos em caldeiras, aproveitando para co-geração de energia elétrica.

A estocagem de esterco animal favorece a fermentação da matéria orgânica por bactérias, na ausência de oxigênio (anaeróbica). O gás resultante dessa fermentação é o metano (CH

4). As maiores emissões brasileiras estão

associadas ao tratamento de dejetos de animais confinados, na forma líquida, em tanques ou lagoas. Há um bom potencial de redução dessas emissões, se esse metano for recuperado e utilizado como combustível.

A aplicação de adubos nitrogenados nas lavouras gera emissões de óxido nitroso (N2O), seja por volatilização (passagem rápida de líquido para gás) ou lixiviação (dissolução por chuvas, passando pelo solo). Inclui tanto fertilização com adubação orgânica como sintética. Também incluem emissões por cultivo de solos orgânicos.

A decomposição de matéria orgânica em campos de arroz gera metano (CH

4) quando acontece

debaixo d’água. As principais emissões desse gás, no país, estão associadas ao cultivo de arroz de várzea ou arroz irrigado, sobretudo no Rio Grande do Sul.

Fermentação Entérica

Queima de Resíduos Agrícolas

Manejo de Dejetos de Animais

Solos Agrícolas

Cultivo de Arroz

31

O cálculo de emissões de metano pela fermentação entérica foi detalhado por unidade da Federação e para cada categoria de animal, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O fator de emissões usado para bovinos distingue entre machos adultos, fêmeas adultas, bovinos jovens e vacas leiteiras. Para os demais animais, adotou-se um único fator de emissão por espécie conforme a metodologia do 2º Inventário Brasileiro de Emissões.

O manejo de dejetos animais também foi calculado por tipo de gás, por estado e por animal gerador dos dejetos, exceto para suínos, por falta de informações detalhadas. Os dados sobre suínos foram inferidos a partir dos totais do subsetor. Nestas estimativas ainda estão incluídas as emissões derivadas da aplicação de dejetos animais como adubo (esterco); as emissões de dejetos eliminados nas pastagens (pecuária extensiva) e as emissões diretas de solos orgânicos. As fontes de dados foram o IBGE e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

As estimativas de emissões decorrentes do uso de fertilizantes nitrogenados, por unidade da Federação, foram calculadas com base em dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (ANDA). Como esses dados não são públicos e são comercializados, eles foram obtidos na biblioteca da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Os cálculos incluem emissões, por deposição, lixiviação e volatilização.

As estimativas de emissões para o cultivo de arroz foram detalhadas por regime de cultivo, por ano e por estado. As de emissões de queima de resíduos agrícolas hoje se restringem à queima da cana-de-açúcar. Foram considerados os dados de cada tipo de gás (CH

4, CO, N

2O e NOx), por ano e por

unidade da Federação, sendo que as informações para São Paulo – maior produtor brasileiro de cana (52% do total Brasil, em 2012) – contabilizam os resultados da proibição de queima para colheita, aferido pelo sistema Canasat, com base em imagens de satélite.

Sobre os cálculos

32

INDÚSTRIA 5,7%(84Mt)Emissões decorrentes dos processos físico-químicos de produção industrial

Contexto Estimativa de emissões totais de gases estufa em 2012 de cada setor, em CO2e (GWP)

29,7% AGROPECUÁRIA

TOTAL: 1,484 milhões de toneladas (Mt)

29,4% ENERGIA 32,1% MUDANÇA DO USO DA TERRA

3,2% RESÍDUOS

Font

e: O

C/S

EEG

/201

3 - P

ara

obte

r dad

os e

not

a m

etod

ológ

ica

aces

soe

ww

w.se

eg.o

rg.b

r

Evolução dos processosEm Mt CO2e

9,7 (76%) Cal, calcário, dolomita e barrilha4,4 (-23%) Química4 (9%) Outros

25,5 (130%) Cimento

38,5 (55%) Ferro e aço

1990 2012

24,8

11,15,85,5

69% Cal

45%Am

ôniaFerro e açoProcesso de redução do ferro

45,8%

CimentoProcesso de redução do calcário para produção de cimento

30,3%

Alumínio3,7%

Refrigeração3,3%

Cal, calcário, dolomita e barrilha

11,5%

Química5,3%

N2OCH4 CF4

CO2

C2F6

CO2

CO2

CH4 N2O NOX

CONMVOC

CO2

HFC

Ranking de emissõesEm CO2e

9º Brasil1,8%

2º EUA9,5%

1º China40,8%

5º Índia6,1%

8º Coréia do Sul2,5%

WRI/CAIT2.0 e OC/SEEG - 2009

GasesemitidosEm CO2e

94%C02

1,32%N O2

Outros1,3%

3,3%HFCs

Quais processosemitem mais gases?Estimativa de 2012, em CO2e

Gases emitidos por setor

INDÚSTRIA 5,6%(84Mt)Emissões decorrentes dos processos físico-químicos de produção industrial

Contexto Estimativa de emissões totais de gases estufa em 2012 de cada setor, em CO2e (GWP)

29,6% AGROPECUÁRIA

TOTAL: 1,488 milhões de toneladas (Mt)

29,6% ENERGIA 32% MUDANÇA DO USO DA TERRA

3,1% RESÍDUOS

Font

e: O

C/S

EEG

/201

3 - P

ara

obte

r dad

os e

not

a m

etod

ológ

ica

aces

soe

see

g.ob

serv

ator

iodo

clim

a.ec

o.br

Evolução dos processosEm Mt CO2e

9,7 (+76%) Cal, calcário, dolomita e barrilha4,4 (-23%) Química4 (9%) Outros

25,5 (+130%) Cimento

38,5 (+55%) Ferro e aço

1990 2012

24,8

11,15,85,5

69% Cal

45%Am

ôniaFerro e açoProcesso de redução do ferro

45,8%

CimentoProcesso de redução do calcário para produção de cimento

30,3%

Alumínio3,7%

Refrigeração3,3%

Cal, calcário, dolomita e barrilha

11,5%

Química5,3%

N2OCH4 CF4

CO2

C2F6

CO2

CO2

CH4 N2O NOX

CONMVOC

CO2

HFC

CO2

Ranking de emissõesEm CO2e

9º Brasil1,8%

2º EUA9,5%

1º China40,8%

5º Índia6,1%

8º Coréia do Sul2,5%

WRI/CAIT2.0 e OC/SEEG - 2009

GasesemitidosEm CO2e

94%C0 2

1,4%N O2

Outros1,3%

3,3%HFCs

Quais processosemitem mais gases?Estimativa de 2012, em CO2e

Gases emitidos por setor

INDÚSTRIA 5,6%(84Mt)Emissões decorrentes dos processos físico-químicos de produção industrial

Contexto Estimativa de emissões totais de gases estufa em 2012 de cada setor, em CO2e (GWP)

29,6% AGROPECUÁRIA

TOTAL: 1,488 milhões de toneladas (Mt)

29,6% ENERGIA 32% MUDANÇA DO USO DA TERRA

3,1% RESÍDUOS

Font

e: O

C/S

EEG

/201

3 - P

ara

obte

r dad

os e

not

a m

etod

ológ

ica

aces

soe

see

g.ob

serv

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clim

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o.br

Evolução dos processosEm Mt CO2e

9,7 (+76%) Cal, calcário, dolomita e barrilha4,4 (-23%) Química4 (9%) Outros

25,5 (+130%) Cimento

38,5 (+55%) Ferro e aço

1990 2012

24,8

11,15,85,5

69% Cal

45%Am

ôniaFerro e açoProcesso de redução do ferro

45,8%

CimentoProcesso de redução do calcário para produção de cimento

30,3%

Alumínio3,7%

Refrigeração3,3%

Cal, calcário, dolomita e barrilha

11,5%

Química5,3%

N2OCH4 CF4

CO2

C2F6

CO2

CO2

CH4 N2O NOX

CONMVOC

CO2

HFC

CO2

Ranking de emissõesEm CO2e

9º Brasil1,8%

2º EUA9,5%

1º China40,8%

5º Índia6,1%

8º Coréia do Sul2,5%

WRI/CAIT2.0 e OC/SEEG - 2009

GasesemitidosEm CO2e

94%C0 2

1,4%N O2

Outros1,3%

3,3%HFCs

Quais processosemitem mais gases?Estimativa de 2012, em CO2e

Gases emitidos por setor

33

A indústria movimenta 25% da economia brasileira, emprega 26% dos trabalhadores formais, paga 27% dos salários do país e responde por 22% do PIB do Brasil. Bastante diversificada, com um amplo mercado doméstico e uma pauta de exportações correspondente a 68% do valor total comercializado pelo país nos mercados globais, a indústria brasileira possui escala e estrutura complexas. Por isso é fonte de riscos e oportunidades em termos de emissões de gases do efeito estufa.

De acordo com as diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as emissões correspondentes à indústria são divididas entre as estimativas dos setores de Energia (uso de combustíveis e eletricidade), Processos Industriais e Resíduos (tratamento de efluentes industriais e incineração de resíduos). Neste setor de Processos Industriais são computadas exclusivamente as emissões ocorridas no processamento químico ou físico de materiais, na produção de ferro, aço, alumínio, cimento, cal, calcário, dolomita, barrilha, químicos e sistemas de refrigeração e ar condicionado.

Os Processos Industriais respondem por 1,55 bilhões de toneladas de carbono equivalente (t CO2e) ou 3,4% do total nacional de emissões acumuladas entre 1990 e 2012. Neste período o setor passou de um total de 50,9 milhões t CO2e para 84 milhões t CO2e (GWP), um crescimento de 65% em 22 anos.

De modo geral, os fatores de emissões dos diferentes subsetores analisados não se alteraram ao longo do tempo, mas a produção cresceu e as emissões acompanharam esse crescimento. O único período de retração ocorreu em 2009 como reflexo da crise econômica global, mas retomou o crescimento no ano seguinte.

34

Tabela 13: Emissões Brutas de GEE no Setor de Processos Industriais (t)

As emissões decorrentes da produção de ferro e aço são, de longe, as mais representativas. As da produção de cimento vêm em segundo lugar.

Na produção de ferro e aço, o coque é o elemento redutor utilizado na maior parte das usinas integradas do mundo. No Brasil, entretanto, parte da produção utiliza o carvão vegetal como redutor, o que reduz ligeiramente o total

Tabela 12: Emissões brutas de GEE no Setor de Processos Industriais (tCO2e)

3.780.727

5.500.400

11.068.389

24.756.133

-

5.793.166

50.898.815

242.365

1.964.268

108.153

-

45.271.951

3.312.078

-

-

-

-

-

-

-

242.429

1.989.254

135.219

-

52.802.579

5.407.308

-

-

-

-

-

-

-

107.594

952.348

186.596

-

63.220.563

6.180.709

-

-

19.796

28.424

20

-

135.079

95.229

805.318

193.802

-

65.463.294

7.075.322

-

-

349.720

352.906

24.466

-

351.939

85.118

718.104

266.205

-

72.689.279

816.776

-

-

689.836

747.004

57.453

-

715.358

79.111

655.668

254.808

-

77.924.095

1.106.101

-

-

756.860

819.424

64.879

-

889.299

79.406

666.211

254.808

-

79.098.807

1.106.101

-

-

823.883

891.845

72.304

-

1.019.554

4.196.994

6.077.500

11.525.837

30.686.071

-

8.090.387

60.576.789

3.175.804

7.007.600

16.045.623

35.436.796

183.319

8.981.986

70.831.127

3.372.935

7.416.500

14.337.315

38.282.612

1.079.031

10.223.603

74.711.996

3.325.962

8.810.389

21.908.760

36.629.727

2.209.651

3.900.644

76.785.133

3.090.619

9.695.428

23.752.866

39.040.741

2.530.462

4.440.130

82.550.246

3.102.587

9.695.428

25.492.365

38.474.823

2.807.586

4.440.130

84.012.920

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

Alumínio

Cal, Calcário, Dolomita e

Barrilha

Cimento

Ferro e Aço

HFC

Química

TOTAL GERAL

C2F

6 (ton)

CF4 (ton)

CH4 (ton)

CO (ton)

CO2 (ton)

N2O (ton)

NMVOC (ton)

NOx (ton)

HFC 125 (ton)

HFC 143a (ton)

HFC 152a (ton)

HFC 23 (ton)

HFC 134a (ton)

de emissões líquidas, embora os dados sobre essa redução não estejam disponíveis. Também há, no país, algumas usinas semi-integradas que produzem aço a partir da fusão de metálicos (sucata, ferro-gusa e/ou ferro-esponja) em aciaria elétrica e usinas que possuem um processo híbrido, elétrico e com altos-fornos a carvão vegetal, cujas emissões também são um pouco menores.

35

O grosso das emissões no processamento de ferro e aço se dá na produção de sínter, que é um aglomerado de partículas finas de minério de ferro, feito para levar o minério ao alto-forno e extrair ferro-gusa. Na siderurgia, uma fração do carbono usado para a geração de energia é incorporada aos produtos, na redução do minério de ferro. E a maior parte, após fornecer energia ao processo, é emitida na forma de dióxido de carbono (CO

2).

Já o processo crítico na produção de cimento, em termos de emissões, é a produção de clínquer, o material de base de qualquer tipo de cimento, resultante da calcinação a 1450 °C de uma mistura de calcário, argila e componentes químicos, como silício, alumínio e ferro. O carbono emitido é resultante da redução do calcário, que se transforma em cal e dióxido de carbono (CO

2).

Na maior parte das fábricas de cimento do mundo, a produção de clínquer responde por 90% das emissões de todo o processamento do cimento. Porém a indústria brasileira tem tradição de usar cimentos com aditivos, aproveitando subprodutos de outras atividades e matérias-primas alternativas. As emissões de dióxido de carbono na produção de clínquer, por isso, são menos representativas por volume de produto final. O porcentual de carbono emitido, porém, é mais difícil de calcular, visto que variam as características e a quantidade dos subprodutos adicionados e os dados detalhados não estão disponíveis.

Ainda assim, é possível dizer que a produção de cimento, no Brasil, é feita com alto nível de eficiência, em termos de emissões. A margem de redução dessas emissões com as tecnologias atuais é pequena. Desse modo, para fins de mitigação, a alternativa seria melhorar o uso do cimento e reduzir desperdícios e perdas em lugar de mudar processos industriais. Por exemplo, o setor estima que metade do cimento nobre é desperdiçado no Brasil por armazenamento inadequado, por falta de capacitação dos trabalhadores da construção civil no uso do material e por problemas de planejamento em obras.

Em terceiro lugar em emissões até 2007, no setor de Processos Industriais, a indústria química manteve os fatores de emissões entre 1990 e 2012, apresentando algumas oscilações nos totais

emitidos decorrentes do volume de produção. A partir de 2008, no entanto, houve significativa redução de emissões graças à implementação de um projeto de Mecanismo do Desenvolvimento Limpo (MDL) em uma planta de produção de ácido adípico. Com a redução, a indústria química passou ao quarto lugar em emissões no setor.

Na produção e utilização de cal, calcário e dolomita, a diversificação de aplicações e de tipo de emissões resultantes dificulta a análise e a sugestão de ações de mitigação. No entanto, na produção de vidro, a reciclagem destaca-se como boa alternativa, por eliminar o processamento de cal realizado durante a fabricação dos vidros novos.

No beneficiamento da bauxita para obtenção de alumínio, as emissões mais importantes ocorrem na redução da alumina para transformação em alumínio metálico. Embora os totais brutos não se destaquem no setor de Processos Industriais, vale notar que o Brasil é o oitavo maior produtor de alumínio primário do mundo (após China, Rússia, Canadá, Estados Unidos, Austrália, Emirados Árabes e Índia); o quarto produtor de bauxita (atrás da Austrália, China e Indonésia) e o terceiro produtor de alumina (em seguida da China e da Austrália). As emissões brasileiras associadas à produção de alumínio, portanto, são representativas no cenário mundial.

Em termos de eficiência de processo, a etapa de eletrólise do óxido de alumínio merece atenção. Em geral, a eletrólise produz alumínio fundido e gera emissões de dióxido de carbono. Porém, há também a ocorrência eventual e indesejável do chamado “efeito anódico”, com emissões de tetrafluormetano (CF

4) e hexafluoretano (C

2F

6).

Ambos são gases de efeito estufa com alta capacidade de absorção de raios infravermelhos e elevado tempo de permanência na atmosfera. O ideal seria eliminar tais ocorrências.

Na indústria de refrigeração, uma tendência a ser acompanhada é a de aumento da instalação e uso de ar condicionado em veículos, em relação ao total da frota. Até 1996, o gás refrigerante utilizado era o CFC-12, substituído pelo HFC-134, devido às determinações do Protocolo de Montreal. A substituição protege a camada de ozônio, mas aumenta a contribuição do setor para as mudanças climáticas.

36

Cerca de 90% das emissões de dióxido de carbono (CO

2) estão associadas à produção

de clínquer (um material intermediário). As etapas de maior emissão são a calcinação e a descarbonatação.

São contabilizadas as emissões de dióxido de carbono (CO

2) decorrentes da produção de cal,

calcário e dolomita para uso na construção civil, na calagem de solos, na produção de cimento e de magnésio, na siderurgia, na purificação do ar, no tratamento de esgotos e nas indústrias de vidro, alimentos, tintas, papel, plásticos e cerâmicas. Também são consideradas as emissões associadas ao uso de cal, calcário e dolomita em todos estes setores, exceto aqueles já contabilizados em agropecuária (calagem de solos) e em outros processos industriais (cimento, siderurgia e tratamento de esgotos).

A barrilha é um carbonato neutro de sódio, usada como material de consumo em fábricas de vidro, sabão, detergente, papel e celulose e em estações de tratamento de água. Quando é consumida, emite dióxido de carbono (CO

2).

As emissões de hidrofluorcarbonetos (HFCs) correspondem a vazamentos durante a injeção destes gases em sistemas de refrigeração novos e ao escape decorrente do sucateamento de aparelhos antigos. É considerada a produção de freezers e refrigeradores para uso doméstico e comercial e condicionadores de ar instalados em imóveis e em veículos.

As emissões são de dióxido de carbono (CO2) e

decorrem do processo de redução do minério de ferro, ou seja, através do calor e de uma fonte de carbono de alta concentração (carvão) é retirado o Oxigênio no minério para torna-lo mais puro.

Na produção de alumínio, a redução da bauxita (transformação de alumina em alumínio metálico) produz dióxido de carbono (CO

2). O tratamento

posterior do alumínio por redução eletrolítica pode emitir perfluorcarbonetos (PFCs).

Dentre os processos das indústrias químicas com emissões representativas destacam-se os de produção de amônia, caprolactama, metanol, eteno, cloreto de vinila, dicloroetano, estireno, formaldeído, poliestireno, polipropileno, propeno, ácido adípico, ácido nítrico, óxido de eteno, acrilonitrila, negro-de-fumo, etilbenzeno, anidrido ftálico, borracha de butadieno estireno (SBR), acrilonitrilo butadieno estireno (ABS) e policloreto de vinila (PVC). As emissões incluem dióxido de carbono (CO

2) óxido nitroso (N

2O),

óxidos de nitrogênio (NOx), compostos orgânicos voláteis não-metano (COVNM) e metano (CH4).

Cimento Cal, Calcário e Dolomita

Barrilha

Refrigeração

Ferro e Aço

Alumínio

Química

37

A indústria brasileira é muito competitiva e não publica grande parte dos dados de produção, alegando questões de sigilo comercial, sobretudo no atual contexto de disputa de mercados com a China. As informações setoriais, fornecidas pelas associações e entidades de classe, carecem do nível de detalhe necessário para os cálculos e do nível de transparência necessário para as aferições. Com isso, as estimativas de emissões de gases do efeito estufa do setor de Processos Industriais não alcançam o mesmo nível de qualidade e confiabilidade dos demais setores, tanto neste estudo como nos inventários oficiais, que fazem uso da mesma base de dados autodeclarados.

As informações sobre a produção de ferro e aço foram disponibilizadas pelo Instituto Aço Brasil; sobre alumínio, pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL); sobre cimento, pelo Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) e pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e sobre químicos, pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). A fonte de informações relativas à produção de cal, calcário, dolomita, barrilha e refrigeração foi o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Sobre os cálculos

38

RESÍDUOS 3,1%(46,9Mt)Emissões por tratamento de efluentes e disposição de resíduos

Contexto Estimativa de emissões totais de gases estufa em 2012 de cada setor, em CO2e (GWP)

29,6% AGROPECUÁRIA

TOTAL: 1,488 milhões de toneladas (Mt)

29,6% ENERGIA 32% MUDANÇA DO USO DA TERRA5,6% INDÚSTRIA

Font

e: O

C/S

EEG

/201

3 - P

ara

obte

r dad

os e

not

a m

etod

ológ

ica

aces

soe

see

g.ob

serv

ator

iodo

clim

a.ec

o.br

64% C

ervejas 12% Leite cru

Disposição de resíduosEmissão de metano em aterros sanitários, aterros controlados e lixões

55,7%Efluentes domésticosTratamento e emissões de esgoto residencial

31,4%

Incineraçãode resíduos

0,3%

Efluentes industriais

12,6%

CO2

N2O

CH4

CH4

N2O

CH4

GasesemitidosEm CO2e

89,3%CH4

10,4%N O2

62,3

% di

sposição de resíduos

CO20,3%

Quais processosemitem mais gases?Estimativa de 2012, em CO2e

Gases emitidos por setor

Evolução dos processosEm Mt CO2e

26,1 (+58%) Disposiçãode resíduos

14,7 (+48%) Esgotos domésticos

5,9 (+198%) Efluentes industriais

1990 2012

16,6

10,0

2

Ranking de emissõesEm CO2e

10º Brasil3%

2º EUA11% 1º China

13,4%5º México7,2%

6º Rússia4,9%

WRI/CAIT2.0 e OC/SEEG - 2009

RESÍDUOS 3,1%(46,9Mt)Emissões por tratamento de efluentes e disposição de resíduos

Contexto Estimativa de emissões totais de gases estufa em 2012 de cada setor, em CO2e (GWP)

29,6% AGROPECUÁRIA

TOTAL: 1,488 milhões de toneladas (Mt)

29,6% ENERGIA 32% MUDANÇA DO USO DA TERRA5,6% INDÚSTRIA

Font

e: O

C/S

EEG

/201

3 - P

ara

obte

r dad

os e

not

a m

etod

ológ

ica

aces

soe

see

g.ob

serv

ator

iodo

clim

a.ec

o.br

64% C

ervejas 12% Leite cru

Disposição de resíduosEmissão de metano em aterros sanitários, aterros controlados e lixões

55,7%Efluentes domésticosTratamento e emissões de esgoto residencial

31,4%

Incineraçãode resíduos

0,3%

Efluentes industriais

12,6%

CO2

N2O

CH4

CH4

N2O

CH4

GasesemitidosEm CO2e

89,3%CH4

10,4%N O2

62,3

% di

sposição de resíduos

CO20,3%

Quais processosemitem mais gases?Estimativa de 2012, em CO2e

Gases emitidos por setor

Evolução dos processosEm Mt CO2e

26,1 (+58%) Disposiçãode resíduos

14,7 (+48%) Esgotos domésticos

5,9 (+198%) Efluentes industriais

1990 2012

16,6

10,0

2

Ranking de emissõesEm CO2e

10º Brasil3%

2º EUA11% 1º China

13,4%5º México7,2%

6º Rússia4,9%

WRI/CAIT2.0 e OC/SEEG - 2009

39

O residuo sólido e os esgotos ainda não têm a destinação adequada, na maior parte do território nacional. Com mais de 84% de seus 201 milhões de habitantes vivendo em cidades, o Brasil enfrenta o imenso desafio da concentração de resíduos sólidos e esgotos, com a consequente concentração da poluição química e biológica nos solos e nos corpos d’água. A coleta de resíduos sólidos e de esgotos aumenta a cada ano, porém a destinação dos detritos coletados nem sempre é a desejável, do ponto de vista ambiental.

Para efeito de cálculo das emissões, o setor de Resíduos inclui os gases de efeito estufa derivados do tratamento e disposição de resíduos sólidos, esgotos domésticos e industriais, além das emissões resultantes da incineração de resíduos sólidos. Os resíduos das atividades

Tabela 14: Emissões brutas de GEE por gás no Setor de Resíduos (t)

Vale notar que a melhoria do índice e da qualidade do tratamento de resíduos e esgotos implica no aumento das emissões, pois se criam condições para a fermentação anaeróbica dos resíduos, que inexistem ou são muito reduzidas quando os mesmos são despejados de forma esparsa no meio ambiente.

Em relação aos resíduos sólidos, por exemplo, a disposição em aterros sanitários possui potencial de geração de metano 2,5 vezes maior do que a disposição em lixões. Já o tratamento de efluentes em reator anaeróbio possui o potencial de geração 8 vezes maior do que o lançamento em

1.226.757

24.450

9.032

1.454.791

78.830

10.935

1.657.677

91.830

12.376

1.743.218

109.870

13.957

1.953.889

132.629

14.798

1.988.956

137.302

15.388

1.993.649

141.975

15.659

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

CH4 (ton)

CO2 (ton)

N2O (TON)

agropecuárias, como dejetos animais e restos de culturas agrícolas, não estão incluídos neste setor. Eles são contabilizados nas estimativas de emissões do setor Agropecuário.

Em relação às emissões brutas do Brasil, o setor de Resíduos contribuiu com 883 Mt CO2e, o que representa 1,9% das emissões brasileiras acumuladas em 22 anos. Entre 1990 e 2012, o total de emissões derivadas de Resíduos passou de 28,6 milhões t CO2e para 46,9 milhões t CO2e (GWP), um crescimento de 64% em 22 anos.

A variação, no entanto, não foi linear. Em 1990, Resíduos contribuía com 2% das emissões totais. Em 1995, esse índice recuou para menos de 1,5%, mas depois cresceu de forma mais acelerada, chegando a 3,2% em 2012.

corpos d`água, com ou sem coleta. A redução das emissões ocorre apenas quando são associados mecanismos de coleta e aproveitamento do metano na geração de energia. Nestes casos, a emissão cai a menos de 70% da emissão em lixões.

Ou seja, nos próximos anos, a se cumprirem as metas de saneamento e despoluição industrial, as emissões de GEE devem aumentar, em números absolutos e em participação relativa, a menos que se multipliquem os projetos de coleta e uso de biogás, que ademais poderiam fazer uso do MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.

40

As emissões dos resíduos sólidos representam 55,7 % do total do setor Resíduos. A geração de residuos solidos urbanos em todo o país somou 62,7 milhões toneladas, ou 383,2 quilos por habitante, em 2012, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Em relação a 2011, o aumento da produção total de lixo foi de 1,3%, enquanto o aumento relativo, por pessoa, foi de 0,4%. A coleta dos resíduos domésticos alcança 90,17% da população urbana, porém 42% do que é coletado é disposto de forma inadequada em lixões.

A coleta e o tratamento de esgotos nas áreas urbanas geram 31,4% das emissões do setor. A coleta alcançava 53,5% da população, em 2010, enquanto o tratamento se restringe a 37,9% do esgoto gerado, conforme o último relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS-2012).

Nas indústrias, a contribuição dos efluentes para as emissões varia conforme o volume de produção e a carga orgânica gerada por tonelada de produto. As emissões mais representativas, no Brasil, saem das cervejarias, cuja contribuição corresponde a aproximadamente dois terços (64,3%) do total de gases emitidos pelo tratamento de efluentes industriais. Em seguida, vêm os laticínios, processamento de algodão, industria de papel e celulose e o processamento de suínos, aves e bovinos (relembrando que as emissões relativas ao cultivo de algodão e à criação de suínos e aves foram computadas no setor de Agropecuária).

O tratamento de efluentes indústriais está ligado a exigência de licenciamento e capacidade de fiscalização dos órgãos ambientais. Já o tratamento de efluentes domésticos está mais relacionado ligado a capacidade de investimento e gestão da União, Estados e Municípios. A redução de tais contrastes é uma das consequências esperadas das leis federais que instituíram a Política Nacional de Saneamento Básico e a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Os dois importantes marcos legais estabelecem novos princípios e instrumentos, definem responsabilidades e vigoram desde 2007 e 2010, respectivamente.

O saneamento básico deve atingir a universalização, a eficiência e a qualidade necessárias, de modo a garantir boas condições ambientais e de saúde pública à população brasileira. Mas para tratar adequadamente o residuos solidos e os efluentes e ainda reduzir as emissões de gases do efeito estufa é preciso aproveitar o potencial energético dos dejetos. É preciso dar um passo além e converter aterros sanitários, aterros industriais e estações de tratamento de esgotos e de efluentes em usinas de biogás. Já existem experiências neste sentido, no âmbito do Mecanismo do Desenvolvimento Limpo (MDL), porém elas teriam de ser generalizadas. Apenas a captura e utilização dos gases reduzirá efetivamente a contribuição de Resíduos para as mudanças climáticas.

Tabela 11: Emissões brutas de GEE no Setor de Resíduos (tCO2e)

16.625.070

24.931

9.954.840

1.981.281

271.555

26.667

49.457

1.032.560

351.320

107.351

86.486

53.884

28.586.122

19.337.850

80.337

11.274.640

3.326.428

156.765

47.579

62.703

2.220.750

503.141

140.047

109.519

85.923

34.019.255

22.259.790

93.653

12.400.810

3.985.322

356.038

87.615

66.981

2.491.379

611.652

129.806

142.380

99.471

38.739.575

23.184.000

111.989

13.425.690

4.322.380

393.966

134.781

109.750

2.545.927

672.441

139.144

168.689

157.682

41.044.059

25.317.647

135.140

14.234.553

6.064.371

743.933

183.218

120.675

3.603.650

855.504

139.144

193.157

225.090

45.751.711

25.703.670

139.899

14.530.605

6.301.607

712.616

195.712

117.321

3.797.132

893.962

139.144

199.338

246.382

46.675.780

26.089.693

144.658

14.727.457

5.900.984

489.831

197.627

127.137

3.796.935

695.669

139.144

201.320

253.321

46.862.792

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

Disposição de Resíduos

Incineração de Resíduos

Tratamento de Efluentes Domésticos

Tratamento de Efluentes Industriais

Algodão

Aves

Bovinos

Cervejas

Leite cru

Leite pasteurizado

Papel

Suínos

TOTAL GERAL

41

Em relação à disposição de resíduos e ao tratamento de esgoto doméstico, não foi possível realizar os cálculos completos, dado que alguns fatores de emissão e dados municipais de resíduos e estaduais de esgoto doméstico não estão disponíveis nos bancos de dados públicos.

Em função disso, os cálculos foram realizados tendo por base as emissões de metano (CH4), por estado, de 1990 a 2005, disponíveis no 2º Inventário Nacional de Emissões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). E tendo também por base a população urbana e total, a partir das informações dos Censos de 1991, 2000 e 2012 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir desses dados, as emissões de 2006 a 2012 foram estimadas por meio de análise regressão linear. As estimativas relativas ao óxido nitroso (N2O) foram calculadas igualmente por regressão linear entre população e emissões, essas últimas disponíveis nas Estimativas de Emissões do MCTI, para os anos de 1990 a 2010, e somente em dados nacionais.

Sobre os cálculos

O acúmulo de lixo doméstico, com resíduos orgânicos, em lixões ou aterros sanitários favorece a fermentação por bactérias na ausência de oxigênio (anaeróbica). Essa fermentação gera metano (CH

4) e as emissões podem durar muitos

anos. Aterros geram mais metano do que lixões, porém seu potencial de redução de emissões é grande, se o metano for recuperado e usado como combustível.

A incineração de resíduos sólidos gera dióxido de carbono (CO

2) e óxido nitroso (N

2O) e as emissões

se dão apenas no momento da incineração.

Devido à decomposição de matéria orgânica em meio aquoso, os esgotos domésticos emitem metano (CH4) e, em menor proporção, óxido nitroso (N2O). As emissões são maiores em estações de tratamento com processos anaeróbicos, porém estas estações também têm bom potencial para a redução de emissões com a recuperação e o uso do metano como combustível.

As emissões de gases do efeito estufa variam conforme a carga e as características da matéria orgânica presente nos efluentes industriais. O metano (CH4) é o principal gás emitido, seguido do óxido nitroso (N2O). No Brasil, as cervejarias respondem pelas maiores emissões, seguidas por laticínios e indústrias de papel e celulose.

Resíduos Sólidos Tratamento de Esgotos

Tratamento de Efluentes Industriais

O cálculo da contribuição dos efluentes industriais tem um fator de emissão para cada atividade e leva em conta a carga orgânica produzida em cada atividade. Os fatores de emissão são os do 2º Inventário Nacional de Emissões do MCTI e as fontes para cálculo do volume anual de cada tipo de efluente foram a Pesquisa Pecuária Municipal disponível no IBGE (leite cru); a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (algodão); a Associação Brasileira de Celulose e Papel – Bracelpa (papel); a Pesquisa Industrial Anual disponível no IBGE e o Sistema de Controle de Produção de Bebidas – SICOB (cerveja) e a Pesquisa Trimestral do Abate de Animais do IBGE (bovinos, aves e suínos).

As emissões relativas à incineração de resíduos, dada a indisponibilidade de dados públicos e sobre a quantidade de resíduos incinerados de 2006 a 2012, foram calculadas por meio da análise da regressão linear da relação entre emissões totais no período 1990-2005 disponíveis no 2º Inventário Nacional de Emissões do MCTI.

42

Anexos

43

Dada a complexidade dos cálculos necessários para consolidar o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa – SEEG – e devido à opção de usar apenas dados disponíveis de forma pública e gratuita, considerou-se necessário divulgar uma avaliação da qualidade dos dados. Assim, qualquer usuário ou leitor pode aferir a confiabilidade de cada cálculo e eventualmente contribuir para aumentar a robustez dos dados.

O quadro a seguir qualifica os dados SEEG 1990-2012 e segue a seguinte legenda:

Tier 1 do IPCC - fatores globais

Tier 2 do IPCC - fatores nacionais ou regionais

Tier 3 do IPCC - fatores específicos por planta

não aplicável

não identificado

1

2

3

n.a.

n.i.

1

2

3

1

2

3

1

2

3

1

2

3

1

2

3

dados existentes para cálculo de acordo com Tier do 2o inventário (inclui dados existentes em associações de classe, mesmo que não seja públicos). Dados que só existem nas empresas ou agentes econômicos específicos não serão considerados.

dados incompletos

dados não existentes

dados disponíveis de forma pública e gratuita

dados disponíveis com alguma restrição (pago; em local físico especifico, ou disponível apenas mediante solicitação específica)

dados não disponíveis

fator explícito, com referência

fator implícito com correlação R2 maior ou igual a 0,7

fator implícito com correlação R2 menor que 0,7

sem necessidade de aprimoramento

necessidade de aprimoramento de método OU obtenção dos dados para cálculo

necessidade de aprimoramento de método E obtenção de dados para cálculo

dado confiável; capaz de reproduzir 2º inventario

dado confiável para estimativa; inventário produziria diferenças significativas

dado pouco confiável ou de difícil avaliação

TIER

EXISTÊNCIA DE DADO DE ATIVIDADE

DISPONIBILIDADE DE DADOS DE ATIVIDADE

FATORES DE EMISSÃO

NECESSIDADE APRIMORAMENTO

QUALIDADE GERAL DO DADO

44

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

3

3

3

3

1

n.a.

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

3

3

3

3

2

3

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

3

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

3

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

0,31%

3,15%

4,11%

0,54%

2,01%

3,23%

7,88%

1,31%

1,24%

3,88%

3,06%

0,32%

1,67%

2,91%

1,98%

0,91%

3,37%

0,23%

0,19%

4,36%

6,16%

2,62%

0,69%

1,16%

42,32%

0,00%

0,00%

1,21%

0,16%

0,12%

0,59%

0,95%

2,32%

0,39%

0,37%

1,14%

0,90%

0,09%

0,49%

0,86%

0,58%

0,27%

0,99%

0,07%

0,06%

1,28%

1,81%

0,77%

0,20%

0,34%

12,45%

0,00%

0,00%

4,11%

0,54%

2,01%

3,23%

7,88%

1,31%

1,24%

3,88%

3,06%

0,32%

1,67%

2,91%

1,98%

0,91%

3,37%

0,23%

0,19%

4,36%

6,16%

2,62%

0,69%

1,16%

42,32%

15.094.665

1.336.784

13.757.881

421.648.707

17.930.465

2.374.760

1.733.935

8.766.093

48.495.791

14.095.754

34.400.036

91.237.312

5.736.154

5.425.125

16.966.831

13.362.157

1.393.326

7.277.576

12.719.463

8.667.596

3.956.547

14.736.963

995.574

824.577

19.052.454

26.905.878

204.327.443

11.421.441

3.018.493

5.044.415

184.843.094

ENERGIA

Nível de atividadeTier

Fator de emissão

Qualidade geral do

dado

% do total das Emissões

Proporção com boa

qualidade (1)

Proporção com boa

qualidade (1 e 2)

Emissões (ton GWP)

2º InventárioExistência

do dadoSEEG

Disponibi-lidade do

dado

Necessidade de aprimo-

ramento

66,60% 28,4% 96,15%436.743.372

Fugitivas

Carvão Mineral

Petróleo e Gas

Queima de Combustível

Agropecuário

Comercial

Carvoarias

Consumo final não energético

Geração de Eletricidade

Centrais Elétricas autoprodutoras

Centrais Elétricas de Serviço Público

Industrial

Alimentos e bebidas

Cerâmica

Cimento

Ferro Gusa e Aço

Ferro Ligas

Mineração e Pelotização

Não Ferrosos e Outros da Metalurgia

Outras Indústrias

Papel e Celulose

Química

Têxtil

Público

Residencial

Setor Energético

Transportes

Aéreo

Ferroviário

Hidroviário

Rodoviário

45

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

1

1

1

1

1

2

2

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

2

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

3

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

3

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

0

1

0

1

1

1

1

1

1,9%

1,9%

55,9%

0,0%

0,3%

0,2%

0,5%

47,0%

7,3%

0,1%

0,4%

0,2%

4,9%

0,0%

1,2%

0,0%

0,0%

0,1%

1,2%

0,3%

0,0%

0,0%

2,2%

0,8%

0,0%

0,8%

36,4%

25,7%

0,1%

0,8%

0,2%

0,2%

0,7%

17,1%

5,0%

0,2%

0,5%

0,9%

7,6%

6,6%

0,9%

3,1%

0,1%

0,6%

0,1%

0,2%

0,8%

0,2%

1,1%

1,93%

0,04%

0,33%

0,21%

0,46%

46,97%

7,28%

0,06%

0,40%

0,18%

0,01%

1,17%

0,01%

0,01%

0,05%

1,18%

0,30%

0,01%

0,02%

2,19%

0,00%

0,00%

0,12%

0,84%

0,16%

0,25%

0,68%

17,09%

4,96%

0,16%

0,48%

0,94%

6,65%

0,00%

0,09%

0,00%

0,07%

0,18%

0,82%

0,24%

1,13%

1,93%

0,04%

0,33%

0,21%

0,46%

46,97%

7,28%

0,06%

0,40%

0,18%

0,01%

1,17%

0,01%

0,01%

0,05%

1,18%

0,30%

0,01%

0,02%

2,19%

0,00%

0,83%

0,12%

0,84%

0,16%

0,25%

0,68%

17,09%

4,96%

0,16%

0,48%

0,94%

6,65%

0,93%

0,09%

0,57%

0,07%

0,18%

0,82%

0,24%

1,13%

8.504.893

8.504.893

246.430.178

189.570

1.457.520

907.879

2.027.284

206.934.816

32.078.930

256.569

1.762.897

814.714

21.791.019

23.294

5.144.642

52.273

47.017

231.137

5.217.846

1.329.764

31.770

83.375

9.629.902

3.643.693

3.643.693

160.153.757

113.142.103

514.741

3.715.318

710.840

1.095.487

3.005.700

75.290.075

21.848.343

690.065

2.117.502

4.154.032

33.376.795

29.284.843

4.091.952

13.634.859

411.180

2.525.375

300.034

781.104

3.590.503

1.053.512

4.973.150

AGROPECUÁRIA

Nível de atividadeTier

Fator de emissão

Qualidade geral do

dado

% do total das Emissões

Proporção com boa

qualidade (1)

Proporção com boa

qualidade (1 e 2)

Emissões (ton GWP)

2º InventárioExistência

do dadoSEEG

Disponibi-lidade do

dado

Necessidade de aprimo-

ramento

100% 97,67% 100%440.523.540

Cultivo de Arroz

Arroz

Fermentação Entérica

Asinino

Bubalino

Caprino

Equino

Gado de Corte

Gado de Leite

Muar

Ovino

Suínos

Manejo de Dejetos Animais

Asinino

Aves

Bubalino

Caprino

Equino

Gado de Corte

Gado de Leite

Muar

Ovino

Suínos

Queima de Resíduos

Algodão

Cana-de-açúcar

Solos Agrícolas

• Animal

Asinino

Aves

Bubalino

Caprino

Equino

Gado de Corte

Gado de Leite

Muar

Ovino

Suínos

• Outros

Fertilizantes Sintéticos

Solos Orgânicos

• Vegetal

Arroz

Cana

Feijão

Mandioca

Milho

Outras culturas

Soja

46

1

n.a.

n.a.

n.a.

n.a.

n.a.

3

2

2

2

2

3

n.i.

1

1

3

3

1

1

1

1

2

2

1

n.a.

n.a.

n.a.

n.a.

n.a.

1

1

1

2

2

1

1

1

1

3

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

3

2

2

2

1

3

2

2

3

2

2

3

2

1

3

2

2

2

3

3

1

1

1

3

1

1

3

1

3

2

2

3

2

2

3

2

2

3

2

2

2

3

3

2

1

1

1

1

1

2

2

2

1

1

3

2

3

3

2

2

3

2

2

2

3

3

2

1

1

3

1

2

2

1

2

2

2

3

3

3

3

2

1

3

2

2

2

3

3

2

1

1

3

1

1

2

1

2

3

3

3

2

2

3

2

1

3

2

2

2

3

3

11,54%

8,02%

0,10%

2,79%

0,16%

30,34%

45,80%

6,85%

3,34%

0,64%

0,57%

0,20%

0,17%

1,11%

0,02%

2,37%

0,00%

0,05%

0,25%

0,28%

0,08%

0,54%

0,21%

0,00%

8,02%

0,10%

0,00%

016%

30,34%

0,00%

6,85%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,65%

0,45%

0,01%

0,00%

0,01%

1,72%

2,59%

0,39%

0,19%

0,00%

0,00%

0,00%

0,01%

0,06%

0,00%

0,13%

0,00%

0,01%

0,02%

0,00%

0,00%

0,00%

3.102.587

9.695.428

396.190

6.737.970

82.080

2.347.242

131.946

25.492.365

25.492.365

38.474.823

32.718.774

5.756.050

2.807.586

1.788.032

538.906

480.648

4.440.130

172.066

139.961

934.036

20.803

1.994.698

41.185

206.195

237.848

67.051

453.619

172.668

PROCESSOS INDUSTRIAIS

Nível de atividadeTier

Fator de emissão

Qualidade geral do

dado

% do total das Emissões

Proporção com boa

qualidade (1)

Proporção com boa

qualidade (1 e 2)

Emissões (ton GWP)

2º InventárioExistência

do dadoSEEG

Disponibi-lidade do

dado

Necessidade de aprimo-

ramento

115,44% 45,47% 6,2%84.012.920

Alumínio

Alumínio

Cal, Calcario, Dolomita e Barrilha

Barrilha

Cal

Magnésio

Siderurgia

Vidro

Cimento

Clinquer

Ferro e Aço

Ferro Gusa e Aço

Sínter

HFC

Refrigeradores

Veículos

Química

Ácido Adípico

Ácido Fosfórico

Ácido Nítrico

Acrilonitrila

Amônia

Caprolactama

Carbureto de Calcio

Cloreto de Vinila

Eteno

Metanol

Negro-de-fumo

Óxido de Eteno

47

1

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

2

2

2

2

2

2

1

1

2

2

2

2

2

2

1

1

2

3

3

2

3

3

3

1

1

1

1

2

1

1

n.a.

2

2

2

2

2

3

2

2

2

2

3

3

3

3

3

2

1

2

3

2

2

3

3

3

3,1%

53,0%

2,9%

28,3%

1,6%

3,2%

3,9%

3,8%

100%

3,13%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

61,1%

1,01%

17,02%

0,00%

9,10%

0,52%

0,00%

0,00%

0,00%

93,2%

14.934.920

443.275.807

252.689.158

13.982.343

135.091.165

7.651.612

15.310.000

18.551.529

14.934.920

1.484.690.085

3

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

2

2

2

1

1

1

1

1

1

1

2

1

2

1

1

1

1

3

1

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

1

1

1

2

1

2

2

2

3

3

2

1

1

1

3

1

2

2

2

55,7%

0,3%

31,4%

1,0%

0,4%

0,3%

8,1%

1,5%

0,3%

0,4%

0,5%

0,00%

0,00%

0,00%

1,05%

0,42%

0,27%

0,00%

1,48%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

0,99%

0,03%

0,01%

0,01%

0,00%

0,05%

0,01%

0,01%

0,02%

26.089.693

144.658

14.727.457

5.900.984

489.831

197.627

127.137

3.796.935

695.669

139.144

201.320

253.321

RESÍDUOS

MUDANÇA DE USO DA TERRA

TOTAL GERAL

Nível de atividadeTier

Fator de emissão

Qualidade geral do

dado

% do total das Emissões

% do total das Emissões

Proporção com boa

qualidade (1)

Proporção com boa

qualidade (1)

Proporção com boa

qualidade (1 e 2)

Proporção com boa

qualidade (1 e 2)

Emissões (ton GWP)

Emissões (ton GWP)

2º InventárioExistência

do dadoSEEG

Disponibi-lidade do

dado

Necessidade de aprimo-

ramento

100%

100%

3,22%

3,13%

1,1%

27,6%

46.862.792

476.547.461

Disposição de Resíduos

Incineração de Resíduos

Tratamento de Efluentes Domésticos

Tratamento de Efluentes Industriais

Algodão

Aves

Bovinos

Cervejas

Leite cru

Leite pasteurizado

Papel

Suínos

Calagem

Mudança de Uso da Terra

Amazonia

Caatinga

Cerrado

Mata Atlântica

Pampa

Pantanal

Queima de Resíduos Florestais

48

Links

49

Todos os dados, os cálculos, as notas metodológicas e as estimativas que compõem este estudo ficarão disponíveis para consulta, pública e gratuita, e download no site

www.seeg.observatoriodoclima.eco.br

A base de dados inclui:

1. Emissões por nível de atividade 2. Emissões por gás, por setor e subsetores, GWP e GTP3. Emissões por estado (quando possível)4. Referências bibliográficas e fontes 5. Fatores de emissão e fórmulas de cálculo