ESTRATÉGIA DE CAPACITAÇÃO PEDAGÓGICA DO … · À Deus, pela fé e força para seguir o meu...

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE (MPES) ESTRATÉGIA DE CAPACITAÇÃO PEDAGÓGICA DO RESIDENTE: UMA PERSPECTIVA PARA A MELHORIA DO ENSINO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDO DO NORTE ADEMAR ALEXANDRE DE MORAIS NATAL/RN 2015

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE (MPES)

ESTRATÉGIA DE CAPACITAÇÃO PEDAGÓGICA DO RESIDENTE: UMA PERSPECTIVA PARA A MELHORIA DO ENSINO NA UNIVERSIDADE FEDERAL

DO RIO GRANDO DO NORTE

ADEMAR ALEXANDRE DE MORAIS

NATAL/RN 2015

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ADEMAR ALEXANDRE DE MORAIS

ESTRATÉGIA DE CAPACITAÇÃO PEDAGÓGICA DO RESIDENTE: UMA PERSPECTIVA PARA A MELHORIA DO ENSINO NA UNIVERSIDADE FEDERAL

DO RIO GRANDO DO NORTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde – Mestrado Profissional em Ensino na Saúde (MPES) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a defesa para obtenção do título de Mestre em Ensino na Saúde.

Orientadora: Rosiane Viana Zuza Diniz

NATAL/RN 2015

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FICHA CATALOGRÁFICA

Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde.

Curso de Mestrado Profissional em Ensino na Saúde: Prof.a Dra. Maria José Pereira

Vilar.

v

ADEMAR ALEXANDRE DE MORAIS

ESTRATÉGIA DE CAPACITAÇÃO PEDAGÓGICA DO RESIDENTE: UMA PERSPECTIVA PARA A MELHORIA DO ENSINO NA UNIVERSIDADE FEDERAL

DO RIO GRANDO DO NORTE.

Aprovado em:___/___/___

Banca examinadora:

Presidente da Banca:

Prof.a Dra. Rosiane Viana Zuza Diniz – UFRN

______________________________

Membros da Banca:

______________________________

Prof. Dr. Paulo Marcondes Carvalho Junior – FAMEMA (Titular)

______________________________

Prof. Dr. Paulo José de Medeiros – UFRN (Titular)

______________________________

Prof. Dr. Gustavo Cobucci – UNP (Suplente)

_________________________________

Prof. Dr. Clécio Godeiro de Oliveira Junior– UFRN (suplente)

vi

DEDICATÓRIA

À Deus, pela fé e força para seguir o meu caminho. À minha amada filha, Mariana, que nasceu junto com essa dissertação. À minha mãe, a quem devo tudo nessa vida. À minha esposa, Luciana, pelo apoio e compreensão E a minha orientadora, Dra Rosiane, pelo incentivo, paciência e dedicação.

vii

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-graduação em Ensino na Saúde da UFRN, pelo acolhimento,

dedicação e competência em realizar o Mestrado Profissional, na “importante missão

de formar mestres com aptidão para a preceptoria”.

Aos Supervisores das Residências em Otorrinolaringologia, Dr José Diniz Júnior, em

Psiquiatria, Dr Emerson Arcoverde, e em Medicina da Família e Comunidade, Dr

Thiago Gomes da Trindade pelo apoio no contato com os residentes.

Aos residentes médicos e estudantes de Medicina que aceitaram participar das

atividades dessa pesquisa.

Aos meus amigos Bruno Erick e Rodrigo Lopes pelo incentivo e pela ajuda em

assumir compromissos profissionais.

À servidora do Laboratório de Habilidades da UFRN, Maísa, pela organização das

estações de simulação.

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RESUMO

Estudos têm demonstrado que o residente exerce informalmente o papel de docente. Estima-se que até 25 % do tempo dos residentes é dedicado ao ensino, contribuindo principalmente como facilitador, porém, quase a totalidade dos programas de residência médica do Brasil não oferecem capacitação docente durante a formação do residente. Este trabalho tem o objetivo introduzir conteúdos pedagógicos de iniciação à docência, como parte da formação do médico residente inserido no programa de residência médica do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL). Trata-se de estudo exploratório, prospectivo e descritivo, realizado no HUOL da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Três etapas foram idealizadas: elaboração e planejamento de um curso de capacitação pedagógica, associado a um conteúdo técnico motivador (suporte básico e avançado à vida); segunda etapa, testagem do modelo pedagógico em estudantes de medicina; e por fim, replicação do curso para residentes. Nas intervenções foram feitas duas estações de prática de suporte à vida com a avaliação do desempenho em atividade prática através do OSPE (Objective and Structured Practical Examination). As técnicas de ensinos apresentadas foram one minute preceptor (preceptoria minuto) e feedback. A coleta de dados foi realizada através de uma ficha de avaliação estruturada durante as estações de suporte à vida e no final do curso, sendo analisadas através da estatística descritiva. Os resultados mostraram que a preceptoria minuto e feedback foram consideradas importantes para o ensino e para o aprendizado por mais de 85% dos participantes. O feedback dos avaliadores das estações práticas acrescentou informações acerca do desempenho e foram realizadas de forma apreciativa, segundo 100% dos participantes. Aspectos positivos mais destacados pelos participantes estavam relacionados aos conteúdos pedagógicos, O tempo das aulas teóricas do conteúdo técnico motivador foi o aspecto negativo mais reiterado. Em função da boa aceitação da estratégia de capacitação pedagógica, o modelo proposto foi inserido, de forma pioneira, como parte da formação do residente no programa de residência médica em Cardiologia. Considera-se, portanto, que o modelo de capacitação pedagógica com o conteúdo técnico motivador foi factível e bem aceito pela maioria dos participantes nas duas intervenções realizadas. Assim, acreditamos, que os conteúdos pedagógicos possam ser inseridos de forma pioneira no currículo formal de outros programas de residência médica do HUOL, através do modelo de capacitação elaborado por esse estudo.

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ABSTRACT

Studies have shown that resident informally plays the role of teacher. It is estimated that up to 25% of the residents of the time is devoted to teaching, mainly contributing as a facilitator, however, almost the entire medical residency programs in Brazil did not offer teacher training during residency education. This paper aims to introduce educational content initiation to teaching as part of the training of resident physician inserted in residency program of the University Hospital Onofre Lopes (HUOL). It is an exploratory, descriptive and prospective study in HUOL the Federal University of Rio Grande do Norte. Three steps were developed: preparation and planning of a pedagogic course, associated with a motivating technical content (basic and advanced life support); second stage, testing of pedagogical model for medical students; and finally, replication to residents. The interventions were made two practice stations life support with performance evaluation in practical activity through OSPE (Objective Structured Practical Examination). The techniques presented teachings were one-minute preceptor and feedback. Data collection was conducted through a structured evaluation form during the life support stations and at the end of the course, and analyzed using descriptive statistics. The results showed that the feedback and one minute preceptor were considered important for teaching and learning for more than 85% of participants. The feedback from evaluators practices stations added information about the performance and were held appreciatively way, according to 100% of the participants. Positive aspects highlighted by the participants were related to educational content, especially the participants of the first intervention. The time of the lectures of motivating technical content was the most repeated negative. Based on the good acceptance of pedagogical contents, this pioneer teacher training strategy was included in the formal residency program in Cardiology of our institution. It is considered therefore that the educational training model with motivating technical content was feasible and had a good evaluation and acceptance by most participants in both interventions. Thus, we believe that the educational content can be inserted in the formal curriculum of medical residency of other programs at HUOL through the training model developed in this study.

x

LISTA DE ABREVIATURAS

ACLS – Advance Cardiac Life Suport AHA – American Heart Association BEST - Bringing Education & Service Together BLS – Basic Life Suport CAAE – Certificado de Apresentação para Certificação Ética DCN – Diretrizes Curriculares Nacionais ERIC - Education Resources Information Center FCMS - Faculdade de Ciências Médicas de Santos HUOL – Hospital Universitário Onofre Lopes LH - Laboratório de Habilidades LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde OMP – One-Minute Preceptor OSPE - Avaliação Estruturada do Desempenho em Atividade Prática (Objective Structured Practical Examination) OSTE – Objective Structured Teaching Exercise PCR – Parada cardiorrespiratória PE – Pernambuco PRM – Programa de Residência Médica PRMFC – Programa de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade RaT – Resident-as-a-Teacher RCP – Reanimação cardiopulmonar RN – Rio Grande do Norte SAV – Suporte Avançado à Vida SBV – Suporte Básico à Vida

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SciElo - Scientific Electronic Library Online SIGAA - Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UFPE – Universidade Federal de Pernambuco UERN - Universidade Estadual do Rio Grande do Norte UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte UNILUS - Centro Universitário Lusíada UNP - Universidade Potiguar UPA – Unidade de Pronto-Atendimento UTI - Unidade de Tratamento Intensivo

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma da intervenção 1 (segunda etapa) do workshop sobre feedback e preceptoria minuto voltadas para a capacitação pedagógica do residente médico. ...................................................................................................................... 30 Figura 2 - Fluxograma da intervenção 2 (terceira etapa) do workshop sobre feedback e preceptoria minuto voltadas para a capacitação pedagógica do residente médico. .................................................................................................................................. 31 Figura 3 - Distribuição quanto ao gênero dos participantes do workshop de microhabilidades e feedback na residência médica. ................................................. 33

Figura 4 - Fatores que motivam a presença dos participantes no evento durante a primeira intervenção .................................................................................................. 34

Figura 5 - Fatores que desmotivam a presença dos participantes no evento durante a primeira intervenção. .............................................................................................. 34 Figura 6 - Média de acertos dos participantes nas duas avaliações de desempenho prático (N=11). .......................................................................................................... 35

Figura 7 - Percepção dos participantes da primeira intervenção quanto a capacitação pedagógica realizada no workshop (N=11). .............................................................. 36

Figura 8 - Avaliação dos participantes da primeira intervenção sobre as estratégias e estrutura das aulas práticas (n =11). ......................................................................... 37 Figura 9 - Percepção dos participantes da primeira intervenção em relação ao feedback fornecida pelos avaliadores após cada prática. ......................................... 38

Figura 10 - Autoavaliação dos estudantes de medicina na primeira intervenção sobre o desempenho nas práticas. ..................................................................................... 39 Figura 11 - Aspectos positivos do workshop destacados pelos participantes da primeira intervenção. ................................................................................................. 40 Figura 12 - Aspectos a serem melhorados no workshop destacados pelos participantes da primeira intervenção. ....................................................................... 40

Figura 13 - Sugestões para aprimoramento das próximas edições do workshop destacados pelos participantes da primeira intervenção. .......................................... 41 Figura 14 – Instituição de ensino superior de origem dos participantes da segunda intervenção (N=7). ..................................................................................................... 42 Figura 15 - Distribuição dos participantes da segunda intervenção de acordo com o gênero (N=7). ............................................................................................................ 43

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Figura 16 - Fatores que motivam a presença dos participantes no evento da segunda intervenção. ............................................................................................................... 43 Figura 17 - Fatores que desmotivam a presença dos participantes no evento da segunda intervenção. ................................................................................................ 44 Figura 18 - Percentual médio de acertos nas práticas de suporte básico (SBV) e avançado (SAV) de vida alcançado pelos participantes nas duas práticas realizadas. .................................................................................................................................. 45 Figura 19 - Percepção dos participantes da segunda intervenção quanto a capacitação pedagógica em OMP realizada no workshop (N=7). ............................. 48

Figura 20 - Percepção dos participantes da segunda intervenção quanto a capacitação pedagógica em feedback realizada no workshop (N=7)........................ 48

Figura 21 - Avaliação dos participantes da segunda intervenção sobre as estratégias e estrutura das aulas práticas (n = 7). ....................................................................... 49 Figura 22 - Autoavaliação dos residentes sobre o desempenho nas práticas da segunda intervenção. ................................................................................................ 50 Figura 23 - Percepção dos participantes da segunda intervenção em relação ao feedback fornecido pelos avaliadores após cada prática (N = 7). ............................. 51

Figura 24 – Avaliação dos palestrantes que participaram do workshop da segunda intervenção (N = 7). ................................................................................................... 52 Figura 25 - Aspectos positivos do workshop destacados pelos participantes da segunda intervenção. ................................................................................................ 53 Figura 26 - Aspectos a serem melhorados no workshop destacados pelos participantes da segunda intervenção. ...................................................................... 53 Figura 27 - Sugestões para aprimoramento das próximas edições do workshop destacados pelos participantes da segunda intervenção. ......................................... 54

xiv

LISTA DE TABELAS / QUADROS

Quadro 1 Atividades da intervenção 1 (segunda etapa) planejadas e desenvolvidas no workshop sobre feedback e preceptoria minuto voltadas para a capacitação pedagógica do residente médico. .............................................................................. 27 Quadro 2 - Atividades da intervenção 2 (terceira etapa) planejadas e desenvolvidas no workshop sobre feedback e preceptoria minuto voltadas para a capacitação pedagógica do residente médico. .............................................................................. 28 Quadro 3 - Falas dos participantes durante a reflexão sobre as práticas realizadas. .................................................................................................................................. 45

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................16

1.1 Metodologias de ensino utilizadas no Resident-as-a-teacher (RaT) .................18

1.1.1 Preceptoria minuto (One-minute preceptor) ...............................................................19

1.1.2 Feedback (giving feedback) ................................................................................................20

2 OBJETIVOS .........................................................................................................................................22

2.1 Objetivo geral .................................................................................................................................22

2.2 Objetivos específicos .................................................................................................................22

3 MÉTODO ................................................................................................................................................23

3.1 Primeira etapa - elaboração e planejamento ..................................................................23

3.1.1 Técnica preceptoria minuto .................................................................................................24

3.1.2 Técnica de feedback ...............................................................................................................25

3.1.3 Suporte básico e avançado de vida ................................................................................26

3.2. Segunda etapa - execução do curso planejado, envolvendo estudantes do

curso de medicina e residentes. ..................................................................................................29

3.3 Terceira etapa - replicação do curso para residentes ...............................................30

3.4 Aspectos éticos .............................................................................................................................32

4 RESULTADOS e DISCUSSÃO ....................................................................................................33

4.1 Resultados da segunda etapa ................................................................................................33

4.1 Resultados da terceira etapa - replicação do workshop para os residentes 41

5 Conclusões ..........................................................................................................................................55

6 APLICAÇÕES PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE 56

6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................57

8 ANEXOS ................................................................................................................................................62

9 APÊNDICES .........................................................................................................................................68

16

1 INTRODUÇÃO

A residência médica é considerada o padrão-ouro na formação de

especialistas, estando regulamentada pela lei nº 6.932/81, que a define como uma

“modalidade de ensino de pós-graduação, sob a forma de cursos de especialização,

caracterizada por treinamento em serviço, funcionando sob a responsabilidade de

instituições de saúde, universitárias ou não, sob a orientação de profissionais

médicos de elevada capacitação ética e profissional”. (1)

Definida como pós-graduação lato senso, a residência médica, a exemplo

dos demais cursos dessa modalidade, supõe período reservado à formação teórica,

ainda que bastante reduzido – de 10 a 20%. Por outro lado, possui uma extensa

carga horária, 60 horas/semanais, perfazendo cerca de 2880 h/ano. (1)

Embora o corpo docente e médicos especialistas sejam os principais

responsáveis para a educação de estudantes de medicina, diversos estudos

mostram que o médico residente tem uma parcela de contribuição nesse processo

(2). Nesse contexto, parece racional a necessidade de aperfeiçoar as habilidades de

ensino do residente e proporcionar-lhes formação docente formal. (3,4)

Tal formação em habilidades de ensino vem ao encontro ao preconizado

aos egressos pelas diretrizes curriculares nacionais (DCN) do Curso de Graduação

em Medicina de 2014 (5), no artigo 7, seção III, Capítulo I, que versa sobre Educação

em Saúde:

“Art. 7º Na Educação em Saúde, o graduando deverá corresponsabilizar-se pela própria formação inicial, continuada e em serviço, autonomia intelectual, responsabilidade social, ao tempo em que se compromete com a formação das futuras gerações de profissionais de saúde, e o estímulo à mobilidade acadêmica e profissional [...]”1

Na América do Norte, a formação docente na residência médica tem sido

estudada há várias décadas (6).

1 Grifo nosso

17

Bing-You (7) et al, 1992, e Wamsley (8) et al, 2004, estimaram que

aproximadamente 20 – 25 % do tempo do residente é dedicado ao ensino do

estudante de medicina e demais residentes. Fato também destacado no estudo de

Sánchez-Mendiola M (9) et al, 2010, que afirma que dois terços dos residentes têm

mais de 40 % da sua educação relacionada a interação com outro residente mais

antigo.

Morrison (10) et al, em 2001, descreveram que 55 % dos programas de

residência dos Estados Unidos já incluíam em seu currículo formal, o treinamento

em habilidades pedagógicas docentes. Uma das estratégias utilizadas na formação

pedagógica de médicos residentes ficou conhecida como “Resident-as-Teacher”

(RaT) (2).

A capacitação docente do residente está associada ao aumento da

satisfação do interno (11) e na escolha da especialização (12). Médicos residentes que

receberam capacitação pedagógica têm maior entusiasmo durante o ensino e maior

satisfação no trabalho (13). Além disso, a aquisição de conhecimentos tende a

aumentar (14, 15).

Residentes com competências pedagógicas também podem ter um efeito

positivo no atendimento ao paciente. O envolvimento do residente em atividades de

ensino tem um efeito positivo em habilidades de comunicação (15), e isso tem sido

associado com melhores desfechos clínicos (14, 16).

Weiss (17) e et al, 1998, mostraram que residentes que participam de

atividades de ensino durante a especialização, aprendem mais sobre os assuntos

que ensinam, em comparação com aqueles que só estudam por conta própria ou

participam de conferências.

Em um estudo de revisão (18), encontrou evidências que o ensino

influenciou a competência profissional dos médicos. Os que foram percebidos como

competentes foram aqueles que ensinaram de forma eficaz e tinham uma

compreensão básica de ensino e aprendizagem.

Reconhecendo a sua importância na educação dos estudantes de

medicina, o Comitê de Acreditação em Educação Médica dos EUA (Liaison

Committee on Medical Education) e o Comitê de Acreditação das Escolas Médicas

Canadenses (Committee on Acreditation of Canadian Medical Schools), adotaram

uma resolução que recomenda que os residentes tenham formação em habilidades

18

de ensino (19,20). Tendo papel na educação também dos demais residentes, além de

pacientes, familiares e demais profissionais de saúde (4).

Dois estudos recentes pesquisaram iniciativas semelhantes no Brasil.

Magalhães (21), 2012, em revisão de literatura nas bases de dados PubMed, LILACS

SciElo e ERIC, não encontraram estudos com capacitação pedagógica em

habilidades de ensino para o residente. Tal informação consta de um estudo para

avaliação do módulo de iniciação à docência no programa de Residência Médica em

Medicina de Família e Comunidade da Universidade Federal de Pernambuco

(PRMFC/UFPE). Cita também um relato de experiência semelhante no PRMFC da

Universidade Federal do Vale do São Francisco.

O segundo estudo (22) de revisão, refere a escassez de trabalhos na

América Latina, citando estudos pontuais na Argentina (23) e Chile (24), sendo o

México uma exceção. Nesse país, a instituição que avalia mais da metade das

especializações médicas, a Universidad Nacional Autônoma de México (UNAM),

instituiu desde 1994 a iniciação à docência nas residências médicas.

1.1 Metodologias de ensino utilizadas no Resident-as-a-teacher (RaT)

Apesar da importância da capacitação do residente em habilidades de

ensino ter sido demonstrada há vários anos, as metodologias utilizadas são

heterogêneas, de modo, que não há, até o momento, um modelo curricular padrão.

Bree KK (4) et al, 2014, revisaram artigos que descreviam o currículo

utilizado no treinamento dos residentes. A duração do programa variou de 1 h até 1

ano, incluindo várias modalidades de ensino: workshop, leituras, sessões de

feedback, dramatização, alunos padronizados e manuais de ensino. Várias

ferramentas de ensino foram utilizadas, combinadas ou isoladas, como

autoavaliação pré e pós-intervenção; avaliação por estudantes de medicina, por

pares ou por médicos preceptores; OSTE (Objective Structured Teaching

Examination); OSCE (Objective Structured Clinical Examination); feedback

estruturado; observação direta; OMP (one-minute preceptor, preceptoria minuto) e

filmagem. Dos 39 artigos revisados, apenas 1 foi considerado, segundo os critérios

dos autores, como factível de reprodução por outros serviços (25).

19

Esse trabalho utilizou modelo curricular denominado de BEST (26)

(Bringing Education & Service Together) descrito por Morrison (25, 27) et al em 2

ensaios randomizados controlados. Nesses estudos, residentes receberam um

treinamento de 13 h durante 6 meses e foram comparados com grupo controle sem

treinamento. O grupo que sofreu intervenção foi melhor avaliado por estudantes de

medicina.

O modelo BEST possui 8 módulos: (1) liderança de equipes, (2)

orientação do estudante, (3) feedback, (4) ensino à beira-leito, (5) ensino de

procedimentos, (6) ensino em grupo/rodadas de trabalho de internamento, (7) o

ensino de projetos e (8) dando mini-palestras. No desenvolvimento dos módulos são

ensinadas técnicas de feedback, porém há também um módulo específico sobre

esse tema. Nos módulos de ensino à beira-leito e em grupo são utilizados a técnica

‘Five-Step “Microskills” – one minute preceptor’

Baseado nesse módulo de capacitação pedagógica de residentes,

descreveremos a técnica preceptoria minuto (OMP) e feedback.

1.1.1 Preceptoria minuto (One-minute preceptor)

Apresentado pela primeira vez em 1992 por Neher JO (28) et al, o modelo

preceptoria minuto (OMP) foi planejado para ser aplicado em ambulatórios, porém é

utilizado em outros cenários, como nas enfermarias.

Em 2001, Furney SL (29) et al, publicaram um estudo controlado e

randomizado realizado com residentes de clínica médica. Para o grupo foi ministrado

uma sessão de uma hora sobre preceptoria minuto (palestra, discussão em grupo e

role-play). Baseados nas habilidades da preceptoria minuto, os residentes fizeram

autoavaliação e foram avaliados por estudantes. À exceção da competência “Ensine

uma regra geral”, houve melhor desempenho do grupo intervenção, em relação ao

grupo controle. Não houve diferença estatística na avaliação da eficácia geral de

ensino.

Um outro estudo (30), comparou professores que foram capacitados na

metodologia preceptoria minuto, com outros do modelo tradicional em atendimentos

em ambulatório. Preceptores do grupo intervenção foram pelo menos mais eficazes

na capacidade diagnóstica, estavam mais confiantes nas discussões com os alunos

e classificaram a metodologia do OMP como mais eficaz que o modelo tradicional.

20

Pascoe JM (31) et al, 2015, revisaram a técnica preceptoria minuto em

pacientes internados, sugerindo adaptações para o uso nesse contexto. Destacaram

também, a escassa literatura da preceptoria minuto no ambiente hospitalar.

Limitações dessa técnica foram descritas por Parrot S (32) et al, 2006.

Afirmaram que devido a simplicidade, poderia reduzir a riqueza do encontro no

ensino ambulatorial. Além disso, não há espaço para avaliação da resposta

psicológica do aluno e os preceptores devem ainda certificar-se de que a

apresentação e exame conclusões do aprendiz estão corretos.

1.1.2 Feedback (giving feedback)

O conceito de feedback é descrito como qualquer procedimento ou

comunicação realizada para informar ao aluno sobre o se desempenho, comparando

o resultado alcançado e o pretendido O feedback será considerado efetivo quando é

capaz promover uma mudança no comportamento (33).

O aluno que recebe, deve assumir uma postura ativa das informações, de

modo que possa refletir sobre os seus conhecimentos, habilidades, atitudes e

comportamento. Para isso é fundamental que haja um ambiente seguro em que o

aluno e docente tenham confiança mútua (34).

De fato, é essencial que o aluno entenda a natureza educacional desse

processo, para que não se tenha uma postura defensiva, principalmente no

feedback de aspectos que necessitam correção (feedback negativo) (35).

Ainda nesse mesmo estudo, os autores sugerem que a técnica de

feedback é mais efetiva se realizada de forma longitudinal e reiteradamente,

utilizando diferentes fontes: pares, preceptores, pacientes, demais profissionais de

saúde, professor e o próprio aluno em um processo de auto-reflexão.

Uma revisão sistemática da literatura (36) mostrou que feedback pode

melhorar o desempenho clínico dos médicos quando fornecido sistematicamente ao

longo de vários anos.

Os alunos consideram o feedback uma importante ferramenta de

aprendizagem e valorizam os professores que sabem fornecê-lo de maneira eficaz

(37, 38).

Uma recente revisão sistemática Cochrane (39) mostrou que geralmente o

feedback leva a melhorias pequenas, mas potencialmente importantes na prática

21

profissional. Foi mais eficaz quando a lacuna de desempenho era maior, a

devolutiva era feita por um preceptor ou colega, em ambos os formatos, verbais e

escrito, e fornecida em mais de um momento. Além disso, metas explícitas de

desempenho e um plano de ação contribuem para aumento da eficácia.

À despeito do benefício do feedback, há barreiras para a sua

implementação. Dois estudos (40, 41) destacaram fatores que dificultam o mesmo,

como os papéis duplos como professores e alunos, a pressão no tempo devido ao

trabalho médico e o desconforto em realizar uma devolutiva negativa. Por outro lado,

o engajamento do aluno no processo foi um grande facilitador no processo de

feedback, ajudando a promover um ambiente seguro e adequado ao ensino

Assim, o desenvolvimento deste projeto permitirá, de forma pioneira, a

introdução formal de treinamento de habilidades docentes no programa de

residência médica do Hospital Universitário Onofre Lopes (PRM-HUOL), utilizando a

ferramenta “Resident as a Teacher” (RaT), com vistas ao fortalecimento da

responsabilidade social do residente para com educação médica, além de favorecer

sua educação permanente.

22

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Elaborar uma estratégia de capacitação pedagógica do residente que

possa ser inserida formalmente na estrutura curricular do programa de residência

médica do Hospital Universitário Onofre Lopes.

2.2 Objetivos específicos

Introduzir conteúdos pedagógicos de iniciação à docência, como parte da

formação do médico residente inserido no programa de residência médica do

Hospital Universitário Onofre Lopes;

Implementar a estratégia “Resident as a Teacher” (RaT) como forma de

integração da graduação do curso de medicina e pós-graduação lato senso na

UFRN;

Introduzir o método de avaliação estruturada do desempenho em

atividade prática (OSPE) na capacitação de atendimento em parada

cardiorrespiratória na residência médica.

23

3 MÉTODO

Trata-se de estudo qualitativo, exploratório, prospectivo e descritivo,

envolvendo intervenção, realizado no Hospital Onofre Lopes (HUOL) da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, envolvendo médicos residentes dos

programas de residência médica do HUOL.

Para desenvolvimento do projeto foram idealizadas três etapas como

explicitado a seguir.

1ª etapa: Elaboração e planejamento de um curso de capacitação

pedagógica para o residente, com definição de quais conteúdos pedagógicos e o

tema central a serem abordados na capacitação;

2ª etapa: Execução do curso planejado, envolvendo estudantes do curso

de medicina e residentes, para testagem do modelo pedagógico escolhidos,

proporcionando ajustes no planejamento para a intervenção com residentes;

3ª etapa: Replicação do curso para residentes.

3.1 Primeira etapa - elaboração e planejamento

A elaboração e planejamento do modelo de capacitação pedagógica teve

como base a estratégia Resident-as-a-Teacher, considerando as estratégias

didáticas factíveis e relevantes para o ensino na saúde e que pudessem ser

desenvolvidas com tranquilidade pelo residente. Assim, foram eleitas a preceptoria

minuto (One-minute preceptor) e o feedback como foco da capacitação pedagógica.

Esta etapa foi realizada pelo orientador e o pesquisador, tendo como suporte as

atividades desenvolvidas na prática durante o módulo de metodologias ativas de

ensino-aprendizagem do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da UFRN, além

do referencial teórico baseado na revisão da literatura. Ademais, foi definido o

conteúdo técnico a ser abordado como motivador da participação do residente na

capacitação pedagógica.

A seguir estão descritas as estratégias de ensino utilizadas na

capacitação pedagógica do residente, bem como a estratégia de desenvolvimento

de habilidades voltada ao conteúdo técnico ministrado na capacitação.

24

3.1.1 Técnica preceptoria minuto

O método se baseia em cinco etapas, sendo as duas primeiras em forma

de questionamentos abertos sobre o caso, o que permite o preceptor saber a

interpretação e o conhecimento do aluno. As demais são falas do preceptor. Abaixo

as etapas da preceptoria minuto e exemplos de perguntas e afirmações (42, 43):

1. Compromisso (Get a commitment).

“Qual a sua opinião sobre o que está acontecendo? ”

“Qual a sua ideia sobre a conduta? ”

"Como você acha que devemos tratar este paciente? ”

2. Busque as evidências? (Probe for supporting evidence).

a. “Porque você acha que é isto? ” b. “O que você mais consideraria a respeito do caso? ” c. "Qual parte da história ou exame físico suporta seu

diagnóstico?"

3. Ensine uma regra geral (Teach a general rule)

a. "Decidir se alguém precisa de ser internada na enfermaria ou UTI por pneumonia é um desafio. Felizmente, existem alguns critérios que foram testados e que ajudam ... "

b. "Pneumopatas são mais propensos a infecção por gram-negativos. Esta é uma situação onde você pode precisar de alargar a sua cobertura antibiótica. ”

4. Reforçe o correto (Reinforce what was right).

a. "Sua hipótese diagnóstica de pneumonia foi bem apoiado pela sua história clínica e exame físico. ”

b. "Vejo que sua capacidade de síntese melhorou em relação aos casos antes apresentados"

c. "A escolha do tratamento apresentada me parece bastante adequada ao caso em questão."

5. Corrija os erros (Correct mistakes).

a. "Em sua apresentação, você mencionou a temperatura em sua história, mas não me disse demais sinais vitais quando descreveu o seu exame físico.

25

b. "Eu concordo que, em algum momento, uma espirometria poderá ser útil, mas neste momento o paciente está grave e não poderá realizar. ”

3.1.2 Técnica de feedback

Trabalho publicado em 2005 por Herdenson (44) et al, tentou responder

qual seria a melhor forma de ensinar essa habilidade. Disso foram descritas algumas

características fundamentais que balizam para um feedback efetivo:

a) Assertivo - a comunicação dever ser objetiva, clara e direta, descrevendo os impactos positivos e negativos e sugerir comportamentos;

b) Específico – indicar claramente qual comportamento está sendo observado como bom desempenho e qual o que necessita melhorar;

c) Descritivo – descrever o comportamento, não julgar;

d) Respeitoso – componente crucial que permite dar e receber feedback, entendendo e respeitando a opinião do outro;

e) Oportuno – o feedback tem melhor resultado quando é feito logo após a situação ou comportamento que o motivou e em ambiente reservado;

A estratégia do feedback se inicia com a autoavaliação do aluno, seguida

da avaliação com aspectos positivos e depois, negativos (45):

a) Auto-avaliação do estudante - considerações do aluno:

Pedir para identificar aspectos que precisam melhorar e os que desempenhou bem;

Pedir para comentar dificuldades e como ele pode superar essas limitações

Responder a esses comentários;

b) Avaliação externa – considerações do preceptor, professor e/ou pares:

Iniciar e finalizar com aspectos positivos;

Aspectos negativos - não fornecer um grande volume de feedback negativo de uma só vez;

Focar no comportamento observado e que pode ser mudado;

26

Alternativas para as dificuldades e limitações;

Fazer um acordo sobre os próximos passos

3.1.3 Suporte básico e avançado de vida

Ainda nessa primeira etapa, definimos como conteúdo técnico da área da

saúde, o atendimento da parada cardiorrespiratória dentro das recomendações do

suporte básico à vida (SBV) e avançado à vida (SAV), baseada nas novas diretrizes

da American Heart Association (AHA) de 2015 (46)

Esse tema foi escolhido por ser bastante motivador da participação de

estudantes e residentes, bem como fazer parte das DCN (5) para graduação, em seu

capítulo II das Áreas de Competência da Prática Médica, Art 12º, subseção I:

“Art. 12. [...] b) identificação de situações de emergência, desde o início do contato, atuando de modo a preservar a saúde e a integridade física e mental das pessoas sob cuidado [...]”

Ademais, tendo em vista a grande prevalência de doenças

cardiovasculares, sendo a principal causa de morte no Brasil e no Mundo (47), o

ensino das urgências e emergências cardiovasculares se reveste de grande

importância clínico-epidemiológica. Dentre as diversas urgências e emergências

cardiovasculares, a mais grave e que tem a maior necessidade suporte de vida

imediato é a parada cardiorrespiratória (PCR). (48)

No Brasil ocorre aproximadamente cerca de 200.000 PCR, sendo metade

em ambiente extra-hospitalar. Uma reanimação cardiopulmonar (RCP) bem-

sucedida é dependente de uma sequência de procedimentos. (48) O treinamento em

PCR com SBV e SAV sistematiza esses procedimentos, denominados de corrente

de sobrevivência.

O treinamento em suporte básico e avançado à vida no workshop foi

realizado em cenários simulados de parada cardiorrespiratória intra-hospitalar e

extra-hospitalar, com manequins e material para emergências disponíveis no

Laboratório de Habilidades Clínicas da UFRN (LH).

Para avaliação estruturada de desempenho, utilizamos o OSPE

(Objective and Structured Practical Examination – avaliação estruturada do

27

desempenho em atividade prática). Para tanto, foi desenvolvido um instrumento de

avaliação específico para essa habilidade prática. Essa metodologia da tenta

garantir a confiabilidade e a validade da avaliação, de modo que o desempenho e os

pontos positivos e frágeis sejam mais facilmente detectáveis, promovendo melhor o

feedback com o aluno (49).

Desse modo, nessa primeira etapa definimos por realizar a capacitação

pedagógica com duas estratégias – feedback e preceptoria minuto - e capacitação

em suporte básico e avançado à vida. O planejamento do workshop pode ser

visualizado nos quadros 1 e 2.

Quadro 1 Atividades da intervenção 1 (segunda etapa) planejadas e desenvolvidas no workshop sobre feedback e preceptoria minuto voltadas para a capacitação pedagógica do residente médico.

ATIVIDADES OBJETIVO DA ATIVIDADE ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS

BOAS VINDAS Agradecer a participação de todos. Apreciação positiva

PANORAMA SOBE E DESCE Identificar fatores de motivação e desmotivação para participar da

oficina

Utilização de banner para diagnóstico situacional

APRESENTAÇÃO DOS PARTICIPANTES

Conhecimento dos pares de trabalho, integração.

Apresentação individual

OBJETIVOS DO WORKSHOP Permitir a leitura pelos participantes

Dar feedback Aula expositiva

ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR - TEÓRICA

Apresentar noções básicas de PHTLS Aula expositiva

PRÁTICA SBV 1: Estação 1 Desenvolver habilidade em SBV sob

avaliação de desempenho clínico OSPE

Estação 2

REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA Autoavaliação e Feedback Roda de conversa

COFFEE BREAK

SBV - TEÓRICA Introdução teórica do SBV Aula expositiva

INTRODUÇÃO À PRECEPTORIA MINUTO

Refletir sobre a estratégia “One minute preceptor” para o ensino.

Dramatização

PRECEPTORIA MINUTO E FEEDBACK PARA O ENSINO

Apresentar a estratégia “One minute preceptor” e Feedback para o ensino.

Aula expositiva

PRÁTICA 2: Estação SBV Desenvolver habilidade em SBV OSPE

Estação SBV

REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA Autoavaliação e Feedback Roda de conversa

28

Quadro 2 - Atividades da intervenção 2 (terceira etapa) planejadas e desenvolvidas no workshop sobre feedback e preceptoria minuto voltadas para a capacitação pedagógica do residente médico.

AVALIAÇÃO DO PROCESSO Identificar pontos fortes e frágeis da

estratégia Que bom, que pena e que tal. Questionário semiestruturado

ATIVIDADES OBJETIVO DA ATIVIDADE ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS

BOAS VINDAS Agradecer a participação de todos. Apreciação positiva

PANORAMA SOBE E DESCE Identificar fatores de motivação e desmotivação para participar da

oficina

Utilização de banner para diagnóstico situacional

APRESENTAÇÃO DOS PARTICIPANTES

Conhecimento dos pares de trabalho, integração.

Apresentação individual

OBJETIVOS DO WORKSHOP Permitir a leitura pelos participantes

Dar feedback Aula expositiva

PRÁTICA 1: Estação SBV Desenvolver habilidade em SBV e

SAV sob avaliação de desempenho clínico

OSPE

Estação SAV

REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA Autoavaliação e Feedback Roda de conversa

COFFEE BREAK

SBV e SAV - TEÓRICA Introdução teórica do SBV e SAV Aula expositiva

INTRODUÇÃO À PRECEPTORIA MINUTO

Refletir sobre a estratégia “One minute preceptor” para o ensino.

Dramatização

PRECEPTORIA MINUTO E FEEDBACK PARA O ENSINO

Apresentar a estratégia “One minute preceptor” e Feedback para o ensino.

Aula expositiva

PRÁTICA 2: Estação SBV

Desenvolver habilidade em SBV e SAV sob avaliação de desempenho

clínico OSPE

Estação SAV

REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA Autoavaliação e Feedback Roda de conversa

AVALIAÇÃO DO PROCESSO Identificar pontos fortes e frágeis da

estratégia Que bom, que pena e que tal. Questionário semiestruturado

29

3.2. Segunda etapa - execução do curso planejado, envolvendo

estudantes do curso de medicina e residentes.

Para a segunda etapa foram convidados 14 estudantes do curso de

medicina do 4º ao 10º período e 4 residentes do programa de residência médica

(PRM) em Cardiologia e 6 residentes do PRM em Otorrinolaringologia do HUOL para

participarem de um workshop teórico e prático de treinamento em suporte básico de

vida (SBV) e capacitação pedagógica com duração de 6 h.

A primeira atividade do workshop, o panorama sobe e desce, consiste em

solicitar aos participantes que escrevam, em papéis autocolantes de duas cores

diferentes, fatores motivadores (sobe) e desmotivadores (desce) em relação a sua

participação no workshop. As questões abertas permitem identificar aspectos

positivos, negativos e sugestões para as próximas capacitações.

Esses resultados foram representados separadamente em uma nuvem de

palavras, criada pela ferramenta livre, Wordle™ (50). Nesta, o tamanho das palavras

ou expressões são maiores, quanto maior a sua frequência de citação (51).

A representação de dados em nuvens de palavras representa uma forma

de análise de conteúdo de modo que se apresente em um formato visual, permitindo

uma interpretação rápida e objetiva de dados qualitativos (52).

A prática do suporte básico à vida consistiu de duas estações sequenciais

em salas distintas, simulando uma PCR extra-hospitalar e outra intra-hospitalar (53).

Havia a presença de um avaliador em cada sala. Este preenchia uma checklist de

avaliação estruturada do desempenho em atividade prática (OSPE), elaborado com

base nas recomendações da AHA (46) (apêndice 1). Os estudantes, em duplas ou

individualmente, tinham três minutos para realizar os procedimentos conforme

preconizado pelo SBV.

Como parte da estratégia ativa de ensino-aprendizagem (54, 55), antes da

aula teórica sobre SBV, os participantes realizaram as duas estações, depois da

qual foram reunidos para reflexão sobre a prática, em uma roda de conversa. Após a

reflexão os participantes receberam feedback dos avaliadores e tiveram uma aula

expositiva dialogada sobre o tema, reforçando os pontos fortes e frágeis

identificados durante a primeira prática.

Na sequência, houve a capacitação pedagógica dos residentes, que teve

início com a dramatização, seguida de reflexão sobre as duas cenas envolvendo

30

preceptoria de residente e aluno de graduação, e exposição dialogada sobre os

temas preceptoria minuto e feedback.

Em seguida, os participantes realizaram a segunda atividade prática,

também composta por duas estações e reflexão sobre a segunda atividade, também

sendo fornecido feedback pelos avaliadores.

Ao final da capacitação, os estudantes fizeram uma avaliação da

atividade respondendo o questionário semiestruturado contendo questões fechadas

utilizando uma escala de Likert de cinco pontos, bem como questões abertas

(apêndice 3).

As respostas da avaliação da atividade foram tabuladas e analisadas

posteriormente. A figura 1 mostra o fluxograma das atividades realizadas.

Figura 1 - Fluxograma da intervenção 1 (segunda etapa) do workshop sobre feedback e preceptoria minuto voltadas para a capacitação pedagógica do residente médico.

3.3 Terceira etapa - replicação do curso para residentes

Por conveniência, foram convidados a participar da capacitação os

residentes dos programas de Otorrinolaringologia (n= 5), Psiquiatria (n = 4) e

Medicina da Família e Comunidade (n = 10), vinculados à UFRN.

Assim como na segunda etapa, os participantes iniciaram a atividade

realizando o panorama sobe e desce para identificação da motivação e

desmotivação para participar do workshop. Foram montadas duas estações

sequenciais em salas distintas com PCR simuladas, sendo uma com cenário extra-

hospitalar para realizar o SBV, e outra em cenário intra-hospitalar para aplicar o SBV

e SAV.

Para esta etapa, cada estação contou com dois avaliadores em cada sala,

sendo um deles um estudante de graduação do curso de Medicina da UFRN já

treinado no evento realizado na segunda etapa do projeto e, neste momento, em

processo de capacitação para replicação de atividade semelhante voltada para o

31

treinamento de reconhecimento da PCR e RCP de leigos na comunidade. Os

avaliadores foram balizados para o preenchimento de checklist, na avaliação

estruturada do desempenho em atividade prática (OSPE), elaborado com base nas

recomendações da AHA (apêndice 3). Os residentes, em duplas, tinham quatro

minutos para realizarem os procedimentos conforme preconizado pelo SBV e SAV.

Optou-se por realizar a primeira etapa de práticas, duas estações, antes

da intervenção teórica, visando mobilizar a reflexão dos participantes para as

facilidades e dificuldades na realização dos procedimentos e, assim, motivar e

aumentar a atenção dos mesmo para a aula expositiva dialogada para consolidação

do conhecimento já com base nas especificidades do grupo. Após as estações,

foram reunidos para reflexão sobre a prática, em uma roda de conversa.

Após a reflexão inicial dos participantes, autoavaliação, esses receberam

feedback dos avaliadores e tiveram uma aula expositiva dialogada sobre o tema,

reforçando os pontos fortes e frágeis identificados durante a primeira prática.

Na sequência, houve a capacitação pedagógica com dramatização,

seguida de reflexão sobre as duas cenas envolvendo preceptoria de residente e

aluno de graduação, e exposição dialogada sobre os temas preceptoria minuto e

feedback.

A seguir, os participantes realizaram a segunda atividade prática das

estações, com nova reflexão, autoavaliação, da atividade, também sendo fornecido

feedback pelos avaliadores.

Ao final da capacitação, os residentes fizeram uma avaliação da atividade

respondendo o questionário semiestruturado contendo questões fechadas utilizando

uma escala de Likert de cinco pontos, bem como questões abertas (apêndice 4).

As respostas da avaliação da atividade foram tabuladas e analisadas

posteriormente. A figura 2 mostra o fluxograma das atividades realizadas.

Figura 2 - Fluxograma da intervenção 2 (terceira etapa) do workshop sobre feedback e preceptoria minuto voltadas para a capacitação pedagógica do residente médico.

32

3.4 Aspectos éticos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética Médica do HUOL sob a CAAE

de nº 22524913.0.0000.5292, de 13 de dezembro de 2013 (anexo 1). Todas as

avaliações foram realizadas após anuência dos estudantes de graduação e dos

residentes acerca do TCLE (anexo 2).

33

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As atividades planejadas para o workshop em preceptoria minuto e

feedback aconteceram conforme previsto, tendo sido os eventos cadastrados no

sistema de gerenciamento acadêmico (SIGAA), junto a Pró-reitoria de Extensão,

permitindo a certificação de todos os participantes (apêndices 5 e 6). A iniciativa de

cadastro e registro como atividade de extensão foi um dos fatores de motivação para

a participação dos residentes uma vez que ainda não havia na instituição nenhuma

estratégia formal de capacitação pedagógica curricular dos residentes.

4.1 Resultados da segunda etapa

Participaram do evento 11 estudantes do curso de medicina e um

residente do PRM em Otorrinolaringologia do HUOL, perfazendo 78,6% e 10% dos

estudantes e residentes convidados. Houve predomínio de participantes do sexo

feminino (75%, N=09). Dentre os três participantes do sexo masculino, um era o

residente do PRM em Otorrinolaringologia (Figura 3). A média de idade dos

participantes foi de 21,9 ±2,9 anos.

Figura 3 - Distribuição quanto ao gênero dos participantes do workshop de microhabilidades e feedback na residência médica.

3; 25%

9; 75%

MASCULINO

FEMININO

34

O panorama sobe e desce, utilizado como primeira atividade do

workshop, fatores motivadores (sobe) e desmotivadores (desce) em relação a sua

participação no workshop. Os resultados foram representados por uma nuvem de

palavras (50).

Fatores motivadores (sobe) mais citados pelos estudantes foram o

conhecimento, necessidade de atualização, interesse pelo tema emergência e PCR

(Figura 4).

Figura 4 - Fatores que motivam a presença dos participantes no evento durante a primeira intervenção

Como fatores que desmotivam (desce) a participação no workshop forma

evidenciados a falta de experiência e competência no assunto, além de aspectos

emocionais, como ansiedade, nervosismo e insegurança quanto ao tema (Figura 5).

Figura 5 - Fatores que desmotivam a presença dos participantes no evento durante a primeira intervenção.

35

Optou-se por deixar o único residente participante do evento como

avaliador da atividade prática, tendo sido o mesmo treinado previamente para

avaliação utilizando checklist, como parte da avaliação estruturada do desempenho

em atividade prática (OSPE).

O desempenho dos participantes foi melhor na segunda OSPE quando

comparada a primeira, sendo a média de acertos de 8,1±3,1 pontos e 19,3±1,8

pontos, na primeira e segunda, respectivamente (p=0,0001, teste t de Student),

como mostrado na Figura 6.

Figura 6 - Média de acertos dos participantes nas duas avaliações de desempenho prático (N=11).

A percepção dos estudantes quanto a capacitação pedagógica foi bem

avaliada. Na estratégia preceptoria minuto, 100% dos participantes consideraram

importante para o ensino e 90% para o aprendizado, conforme apresentado na

figura 7.

.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

OSPE 1 OSPE 2

8,1

19,3

36

Figura 7 - Percepção dos participantes da primeira intervenção quanto à capacitação pedagógica realizada no workshop (N=11).

A estratégia de duas práticas intercaladas com a aula teórica foi

considerada como relevante para o aprendizado por todos os estudantes. O material

utilizado nas práticas e o tempo para realização das estações, também foram

consideradas adequadas por 82% e 91%, respectivamente (figura 8)

0%

25%

50%

75%

100%

ConheciaOMP

OMP seráimportante

para ensinaro conteúdo

OMP seráimportantepara meu

aprendizado.

Conhecia aimportânciado feedback

para o ensino

Feedbackserá

importantepara ensinaro conteúdo

Feedbackserá

importantepara meu

aprendizado

54,6%

9,1%

27,3%

9,1%9,1%

9,1%

18,2%

36,4%

9,1% 9,1%9,1%

90,9%

81,8%

45,5%

90,9% 90,9%

Discordo totalmente Discordo Não concordo e não discordo Concordo Concordo totalmente

37

Figura 8 - Avaliação dos participantes da primeira intervenção sobre as estratégias e estrutura das aulas práticas (n =11).

O feedback fornecido pelos avaliadores após cada término da prática

contribuiu na melhora do desempenho, segundo 100 % dos participantes e

acrescentou novas percepções sobre o assunto. O modo da devolutiva do feedback

também foi considerado apreciativo pela maioria dos estudantes, principalmente na

após a segunda prática (feedback - prática 1 - 81,82% x 100% - prática 2) (figura 9).

0%

25%

50%

75%

100%

Práticas intercaladas comteoria ajudou aprimorarminha habilidade para

manobras

Material adequados àprática

Tempo da atividadeprática adequado

18,2%9,1%

36,4%

18,2%

100,0%

45,5%

72,7%

Discordo totalmente Discordo Não concordo e não discordo Concordo Concordo totalmente

38

Figura 9 - Percepção dos participantes da primeira intervenção em relação ao feedback fornecida pelos avaliadores após cada prática.

A autoavaliação do desempenho global nas práticas do suporte básico à

vida foi um momento reflexivo, sendo responsável pela identificação das fragilidades

e lacunas do conhecimento, fato relatado por todos os participantes (figura 10).

A identificação específica dessas fragilidades e lacunas foi maior após a

segunda prática e feedback – 81,82 % na segunda, contra 72,73 % após a primeira

prática.

0%

25%

50%

75%

100%

Acrescentouinformações não

percebidas sobre oconteúdo

Forma apreciativaapós a primeira

prática

Forma apreciativaapós a segunda

prática

Ajudou a melhoraro desempenho para

outras práticas

9,1%9,1% 9,1%9,1%

27,3%

18,2% 18,2%

81,8%

54,6%

81,8%81,8%

Discordo totalmente Discordo Não concordo e não discordo Concordo Concordo totalmente

39

Figura 10 - Autoavaliação dos estudantes de medicina na primeira intervenção sobre o desempenho nas práticas.

Em questões abertas, os participantes destacaram aspectos positivos e

pontos frágeis, além de sugestões para o próximo workshop.

Destaques positivos mais frequentemente relatados foram as aulas

teóricas e as práticas intercaladas (Figura 11). Aspectos específicos da capacitação

pedagógica também foram destacados, como evidenciado nos seguintes relatos:

E07: “Extremamente instrutivo as aulas teóricas e práticas sincronizadas e conectadas. Além disso, a finalização com a aula sobre a pedagogia de ensino foi para fechar com chave de ouro. ” E01: “Possibilidade de realizar duas práticas, uma antes e outra pós a aula teórica. Boas aulas teóricas. Estratégias interessantes de ensino médico. Bom feedback após as práticas. ” E08: “Bem completo, teórico-prático, aspectos pedagógicos. ”

0%

25%

50%

75%

100%

Refletir sobre odesempenho ajuda na

percepção

Fácil identificar onde nãodesempenhei bem após a

1ª prática

Fácil identificar onde nãodesempenhei bem após a

2ª prática

18,2% 9,1% 18,2%9,1%

18,2%27,3%

90,9%

54,6% 54,6%

Discordo totalmente Discordo Não concordo e não discordo Concordo Concordo totalmente

40

Figura 11 - Aspectos positivos do workshop destacados pelos participantes da primeira intervenção.

Quanto aos aspectos negativos, o mais frequente se diz respeito a gestão

do tempo e planejamento do workshop (Figura 12). Tal aspecto reflete o atraso na

atividade em função da aula expositiva ter sido ministrada em tempo maior que o

inicialmente previsto no planejamento.

Figura 12 - Aspectos a serem melhorados no workshop destacados pelos participantes da primeira intervenção.

41

Nas sugestões para aprimoramento do próximo workshop, a carga horária

do curso e a gestão do tempo foram citados (figura 13). Algumas das sugestões se

referem ao próprio processo de avaliação do ensino com ênfase no feedback:

E06: “Ter uma avaliação por pares, para que pudesse ter esse feedback mais próximo e para que a gente também aprenda a dar feedback. ” E08: “Poderia haver uma avaliação por pares entre a dupla em que um avaliasse o outro. Acredito que essa metodologia beneficiaria a autocrítica e a avaliação de trabalho em equipe. ”

Figura 13 - Sugestões para aprimoramento das próximas edições do workshop destacados pelos participantes da primeira intervenção.

4.1 Resultados da terceira etapa - replicação do workshop para os residentes

Participaram do workshop sete residentes de dois programas de

residência médica, em Medicina de Família e Comunidade e Psiquiatria, perfazendo

63,6% dos 11 residentes confirmados para o evento.

42

A média de idade dos participantes foi 32,4±8,3 anos, variando de 25 a 50

anos, sendo 85,7% deles graduados em outra instituição de ensino superior. Houve

predomínio do sexo masculino, conforme mostrado nas Figura 14 e Figura 15.

Figura 14 – Instituição de ensino superior de origem dos participantes da segunda intervenção (N=7). UFRN = Universidade Federal do Rio Grande do Norte; UERN = Universidade Estadual do Rio Grande do Norte; UNP = Universidade Potiguar; UNILUS = Centro Universitário Lusíada; FCMS = Faculdade de Ciências Médicas de Santos.

1

1

3

1

1

UFRN UERN UNP UNILUS FCMS

52

MASCULINO FEMININO

43

Figura 15 - Distribuição dos participantes da segunda intervenção de acordo com o gênero (N=7).

Quatro dos sete residentes referiram dar plantões regularmente, sendo

50% dos quais realizados em pronto socorro (PS) e 50% em Unidade de Pronto

Atendimento (UPA), e 75% como atividade paralela à residência médica.

O workshop teve início com uma atividade diagnóstica para identificar a

motivação e desmotivação dos participantes no evento (panorama sobe e desce). As

respostas abertas foram analisadas e utilizando a ferramenta livre WordleTM (50) para

formação da nuvem de palavras, conforme apresentadas nas Figura 16 e Figura 17.

Fatores de motivação mais citados foram o conhecimento, o aprimorar, a

necessidade profissional em atendimento à PCR. Além está em um de atualização e

reciclagem.

Figura 16 - Fatores que motivam a presença dos participantes no evento da segunda intervenção.

44

Figura 17 - Fatores que desmotivam a presença dos participantes no evento da segunda intervenção.

Dentre fatores que desmotivam, prevaleceram a falta de tempo, outros

compromissos, sábado, incluindo fatores emocionais como nervosismo, ansiedade e

tensão.

Em relação ao desempenho global no OSPE, houve aumento significante

do percentual de acertos alcançados na segunda prática tanto da estação de

suporte básico quanto de suporte avançado de vida (Figura 18). As tomadas de

decisões foram mais rápidas e os itens avaliados, como avaliação da RCP e

reconhecimento do ritmo da PCR obtiveram melhores desempenhos na avaliação.

Chama a atenção, entretanto, o baixo desempenho no SAV da primeira

prática, em que pese, quase 60 % dos residentes exercem atividade em locais que

potencialmente o suporte avançado à vida poderá ser utilizado.

45

Figura 18 - Percentual médio de acertos nas práticas de suporte básico (SBV) e avançado (SAV) de vida alcançado pelos participantes nas duas práticas realizadas.

* Teste t de Student.

Essa deficiência foi exposta também durante a reflexão após as duas

estações iniciais. Os participantes destacaram a dificuldade na execução das

manobras e da resposta rápida necessária durante o reconhecimento da PCR e

realização das manobras de RCP. Tal dificuldade foi particularmente importante na

decisão do caminho a seguir no suporte avançado de vida. Tais impressões ficaram

mais amenas durante a reflexão após a segunda prática, conforme apresentado no

Quadro 3.

Quadro 3 - Falas dos participantes durante a reflexão sobre as práticas realizadas.

Primeira prática:

Essa prática serviu para mostra que preciso melhorar muito! [R1] O Suporte Básico foi até mais fácil, mas mesmo assim não foi nada bom...[R2]

0%

25%

50%

75%

100%

PRÁTICA 1 PRÁTICA 2

60,9%

85,7%

35,4%

87,0%

SBV SAV

P=0,02* P=0,004*

46

No SAV fica tudo meio perdido...a gente não se localiza...[R3] …é muito mais difícil você entrar no clima (falando do SAV) ... [R4]

Segunda prática:

Ah! Foi bem mais tranquilo...[R5] Na primeira era só o desafio, na segunda fiquei mais focado em não repetir meus erros [R1] ...deu para revisar tudo...facilitou porque também já sabíamos que ia para o desafio [R6]

A dramatização sobre uma preceptoria exercida de forma insatisfatória

(cena 1) e de forma satisfatória (cena 2) motivou falas importantes dos residentes,

sendo o conteúdo pedagógico destacado como importante, pois todos eles referiram

receber alunos durante sua atividade de residência, sendo comum a necessidade de

interação. Ademais, destacaram que mesmo quando não há estudantes, outros

profissionais de saúde perguntam muito sobre os casos atendidos nos cenários de

prática.

As falas dos participantes sobre a experiência com estudantes de

medicina corroboram com que a literatura atesta sobre a “docência” que o residente

exerce, sem competência formal pedagógica (56).

Competência profissional técnica que é adquirido na residência, não

significa capacitação para o ensino (57). Tampouco, competência pedagógica se

adquire satisfatoriamente de modo empírico e nem é sinônimo de competência

médica – modelo bom médico, logo, bom professor. Mohr A (58), 2011, descreve

sobre a importância da formação pedagógica do ensino em saúde:

A formação pedagógica indispensável para desempenhar com competência muitos aspectos da atuação profissional não é tributária da formação técnica, não é inata, nem se adquire naturalmente com o tempo, nem deve ser improvisada. É preciso que currículos e formadores estejam convencidos de sua necessidade, que desenvolvam tais atividades, e que professores, estudantes e profissionais invistam tempo e esforço para sua consecução. Tal postura é essencial tanto na formação inicial quanto na continuada. Os currículos precisam ser desenhados de forma a desenvolver dupla competência nos futuros profissionais: a competência técnica,

47

sem a qual também não se ensina nada a ninguém, e a competência pedagógica, que significa conhecimentos e reflexões envolvidos no ato de ensinar. Estes incluem conhecimentos sobre o currículo, por exemplo, o que ensinar? Quais conhecimentos abordar?

Interessante destacar que a autora acima engloba a capacitação

pedagógica desde a formação inicial de professores a estudantes.

Pesquisa com trinta e cinco professores de medicina mostrou que 63%

não tiveram formação docência no início da carreira (58). A aprendizagem de técnicas

de ensino se deu com a prática, intuitivo, autodidata ou seguindo o modelo daqueles

que foram considerados bons professores. Isso ratifica mais ainda o relevo da

capacitação pedagógica dos residentes, pois certamente alguns serão futuros

professores ou exerceram preceptoria após seu egresso da pós-graduação.

A capacitação pedagógica em preceptoria minuto e feedback foi bem

avaliada pelos residentes.

Aproximadamente 71% dos participantes não conheciam a ferramenta

para ensino denominada preceptoria minuto (OMP). Contudo após a capacitação,

quase 86 % concordaram sobre a sua importância para ensino e aprendizado

(Figura 19).

0%

25%

50%

75%

100%

Conhecia OMP OMP será importante paraensinar o conteúdo

OMP será importante parameu aprendizado.

28,6%

42,9%

14,3% 14,3%

14,3%

14,3% 14,3% 14,3%

71,4% 71,4%

Discordo totalmente Discordo Não concordo e não discordo Concordo Concordo totalmente

48

Figura 19 - Percepção dos participantes da segunda intervenção quanto a capacitação pedagógica em OMP realizada no workshop (N=7).

*OMP – preceptoria minuto

Quanto ao feedback, a maioria já conhecia o seu papel na educação

médica. A percepção quanto a importância do feedback para ensino e aprendizado

foi reconhecida por 85,7 % (Figura 20).

A percepção positiva acerca das ferramentas de ensino faz acreditar que

a estratégia de ensino utilizada no workshop atingiu o objetivo e sensibilizou sobre o

uso da preceptoria minuto e feedback.

Figura 20 - Percepção dos participantes da segunda intervenção quanto a capacitação pedagógica em feedback realizada no workshop (N=7).

A Figura 21 mostra avaliação da segunda intervenção sobre as

estratégias e estrutura das aulas práticas. O material utilizado e tempo para a prática

das estações foram consideradas adequadas por 86 % e 100 % dos participantes,

respectivamente.

0%

25%

50%

75%

100%

Conhecia a importânciado feedback para o ensino

Feedback será importantepara ensinar o conteúdo

Feedback será importantepara meu aprendizado

14,3%

14,3%14,3% 14,3%

42,9%

14,3% 14,3%

28,6%

71,4% 71,4%

Discordo totalmente Discordo Não concordo e não discordo Concordo Concordo totalmente

49

A estratégia de fazer uma primeira prática das estações sem a teoria

prévia do SBV e SAV ajudou a aprimorar as habilidades motoras, segundo 100 %

dos residentes.

Partimos do pressuposto que, enquanto médicos formados e residentes

em formação, já teriam conhecimento teórico-prático em suporte à vida, fizemos as

primeiras estações como a finalidade de problematização. Deliberadamente, então

isso gera dúvidas, desafia o participante a sair da zona de conforto de depósito do

conhecimento, confronta seus conhecimentos prévios com a prática e abre espaço

para procura do conhecimento.

Fernandes JD (59) et al, 2003, na busca de um modelo de formação

apropriado à realidade profissional, pressupõe a queda da teoria antecedendo a

prática, para uma articulação teoria/prática, de modo que a ação - > reflexão - >

ação promova maior aprendizagem significativa.

Figura 21 - Avaliação dos participantes da segunda intervenção sobre as estratégias e estrutura das aulas práticas (n = 7).

A reflexão sobre o desempenho ajudou na percepção dos pontos de

fragilidade nas estações de PCR (Figura 22), segundo todos os participantes. Esse

0%

25%

50%

75%

100%

Práticas intercaladas comteoria ajudou aprimorarminha habilidade para

manobras

Material adequados àprática

Tempo da atividadeprática adequado

14,3%

42,9%42,9%

57,1%57,1%

42,9%42,9%

Discordo totalmente Discordo Não concordo e não discordo Concordo Concordo totalmente

50

processo de autoconhecimento, denominado de metacognição, foi conceituado por

Peixoto (60) et al (2007), citado abaixo:

“Metacognição é um termo amplo, usado para descrever diferentes aspectos do conhecimento que construímos sobre como nós percebemos, recordamos, pensamos e agimos. Uma capacidade de saber sobre o que sabemos. Um pensamento sobre o pensamento, uma cognição sobre a cognição ou um atributo cognitivo ou conhecimento sobre o fenômeno cognitivo. Sendo, portanto, um discurso de segundo nível sobre o conhecimento, caracteriza-se como um sistema de pensamento focado sobre a atividade cognitiva humana. ”

Nesse mesmo trabalho, propõe que a metacognição seja considerada

como tecnologia educacional e cita os benefícios que compreensão dos processos

mentais do ensino aprendizado tem no processo de escrita, na comunicação e na

resolução de problemas.

Figura 22 - Autoavaliação dos residentes sobre o desempenho nas práticas da segunda intervenção.

O feedback fornecido após cada prática foi avaliado pelos residentes. Os

itens “acrescentou informações sobre o conteúdo”, “realizada de forma apreciativa” e

“ajudou a melhorar no desempenho”, foram bem avaliados (Figura 23).

0%

25%

50%

75%

100%

Refletir sobre odesempenho ajuda na

percepção

Fácil identificar ondenão desempenhei bem

após a 1ª prática

Fácil identificar ondenão desempenhei bem

após a 2ª prática

14,29%

14,29%

42,86%

14,29%

85,71%

57,14%

71,43%

Discordo totalmente Discordo Não concordo e não discordo Concordo Concordo totalmente

51

Isso provavelmente é reflexo do ambiente seguro e relacionamento de

confiança que foi criado entre os residentes e os organizadores do workshop,

mesmo sem termos nenhum contato prévio com os participantes. Mesmo diante do

contexto de baixo desempenho na primeira prática e do feedback corretivo realizado,

(Figura 18). E o feedback corretivo é citado como um ponto de insegurança no uso

dessa ferramenta no ensino (40, 41).

Figura 23 - Percepção dos participantes da segunda intervenção em relação ao feedback fornecido pelos avaliadores após cada prática (N = 7).

Os palestrantes receberam uma boa avaliação referente aos assuntos

escolhidos para o workshop, didática, interação e a disponibilidade (Figura 24)

0%

25%

50%

75%

100%

Acrescentouinformações não

percebidas sobre oconteúdo

Forma apreciativaapós a primeira

prática

Forma apreciativaapós a segunda

prática

Ajudou a melhoraro desempenho

para outraspráticas

28,57%

14,29% 14,29%

85,71%71,43%

85,71% 85,71%

14,29%

Discordo totalmente Discordo Não concordo e não discordo Concordo Concordo totalmente

52

Figura 24 – Avaliação dos palestrantes que participaram do workshop da segunda intervenção (N = 7).

Os destaques positivos do evento podem ser visualizados na Figura 25. A

semelhança do que foi destacado pelos estudantes na primeira intervenção, o

método de ensino foi o principal aspecto positivo do workshop.

0%

25%

50%

75%

100%

Apresentaramconteúdo relevante

para minhaformação

Os conteúdosministrados foramapresentados deforma didática,clara e objetiva

Estimularam ainteração com os

participantes

Estavamdisponíveis para

tirar dúvidas

14,29%

28,57% 28,57%

14,29%

85,71%71,43% 71,43%

85,71%

Discordo totalmente Discordo Não concordo e não discordo Concordo Concordo totalmente

53

Figura 25 - Aspectos positivos do workshop destacados pelos participantes da segunda intervenção.

Os destaques negativos nessa segunda intervenção foram menores em

relação à primeira intervenção, sendo de um certo ponto de vista, algumas citações

são uma reiteração da satisfação com as atividades do workshop:

R4: “Creio que não houve, apenas que poderíamos ter outras oportunidades para reforçar mais vários conhecimentos”; R6: “Necessidade de outras oportunidades”; R7: “O espaço para aula teórica e o evento poderia ter mais horas”.

Outros se referem a melhores manequins e controle do tempo das

palestras.

Figura 26 - Aspectos a serem melhorados no workshop destacados pelos participantes da segunda intervenção.

Como sugestões de aprimoramento, a abordagem de outros temas com a

metodologia semelhante à utilizada no workshop, abordar a relação médico-

paciente, carga horária maior do curso, dentre outras que podemos ver na Figura 27.

54

Figura 27 - Sugestões para aprimoramento das próximas edições do workshop destacados pelos participantes da segunda intervenção.

55

5 CONCLUSÕES

O presente estudo teve como objetivo a elaboração de uma estratégia de

capacitação pedagógica que possa ser inserida na estrutura curricular do programa

de residência médica do HUOL.

Para isso, fizemos um workshop de capacitação pedagógica para os

residentes, utilizando duas técnicas de ensino: a preceptoria-minuto e o feedback.

Esse modelo de capacitação pedagógica teve uma boa avaliação e

aceitação pela maioria dos participantes nas duas intervenções realizadas. Tais

resultados levaram a inserção pioneira da estratégia de iniciação à docência no

currículo programa de residência médica em cardiologia da Instituição.

Portanto, acreditamos que os conteúdos pedagógicos possam ser

inseridos no currículo formal de outros programas de residência médica do HUOL,

através do modelo de workshop de capacitação elaborado por esse estudo.

O treinamento em suporte básico e avançado à vida, conteúdo técnico

motivador para participação no workshop, se alinhou adequadamente com a

capacitação pedagógica, pois ajudou contextualizar com as técnicas de ensino,

sobretudo o feedback.

Além disso, mostramos que a avaliação estruturada do desempenho em

atividade prática (OSPE) pode ser utilizada na capacitação de atendimento em

parada cardiorrespiratória dos residentes.

A magnitude do impacto da capacitação pedagógica do residente no

ensino não foi objeto desse trabalho, mas faz parte de um projeto futuro.

56

6 APLICAÇÕES PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

O conhecimento das metodologias de ensino-aprendizado estimula a

exercer a docência no âmbito acadêmico e profissional e facilita o aprendizado,

permitindo que exercer um papel mais ativo no processo de ensino aprendizagem,

buscando construir o seu próprio conhecimento.

Outro benefício é suprir as necessidades de docentes e profissionais

capacitados em atuar em ambiente e em instituições de ensino.

Além disso, a capacitação pedagógica permite que o profissional de

saúde exerça melhor sua relação como educador e motivador de seus pacientes.

Ainda, a utilização da avaliação do desempenho em atividade prática

(OSPE) no treinamento do suporte à vida permite testar conhecimentos prévios e

identificar seus erros e limitações.

57

6 REFERÊNCIAS2

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2 Normas Vancouver

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62

8 ANEXOS

Anexo 1 – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa do HUOL

63

64

Anexo 2 - Termo de consentimento livre e esclarecido.

Este é um convite para você participar da pesquisa: “Utilização da

estratégia ‘Resident as a Teacher’ como uma ferramenta de integração da

graduação e pós-graduação para otimização do ensino de urgência e emergência

em cardiologia na UFRN”, que tem como pesquisador responsável Ademar

Alexandre de Morais.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é que sabemos que o residente

já atua informalmente como preceptor dos demais residentes, internos e

acadêmicos, contudo sem uma instrução formal de como fazer isso. Assim,

acreditamos que esta pesquisa capacite os residentes para esta atividade já

desenvolvida e mostre a influência da capacitação docente dos residentes tem no

aprendizado das emergências cardiovasculares. Caso você decida participar, você

deverá assistir a um workshop sobre emergências cardiovasculares e de

metodologias de ensino-aprendizado com duração prevista de 8 h. Durante a

realização você será submetido a duas avaliações das habilidades clínicas em

emergências cardiovasculares através da metodologia do exame clínico objetivo

estruturado (OSCE). Os resultados dessas avaliações não serão utilizados como

notas para residência médica.

A previsão de riscos é mínima, ou seja, o risco que você corre é

semelhante àquele em uma avaliação para ingresso em um programa para

residência. Pode acontecer um desconforto em dispor de tempo para assistir o

65

workshop que será minimizado porque alguns assuntos serão tratados na

programação teórica da residência médica e você terá como benefício o

aprendizado em emergências cardiovasculares e em metodologia de ensino.

Os benefícios em participar deste estudo dizem respeito a capacitação e

desenvolvimento pessoal voltado para o diagnóstico e manejo das emergências

cardiovasculares, fatos importantes para a prática cotidiana do médico. Ademais, a

capacitação pedagógica facilitará o contato diário com estudantes e será

particularmente relevante para aqueles que desejem ingressar na carreira

acadêmica.

Em caso de algum problema que você possa ter relacionado com a

pesquisa, você terá direito a assistência gratuita que será prestada pelos demais

colaboradores do estudo e pelo pesquisador. Durante todo o período da pesquisa

você poderá tirar suas dúvidas ligando para Ademar Alexandre de Morais no número

(84) 99169566 ou por e-mail [email protected]. Você tem o direito de se

recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa,

sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão

divulgados apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo

divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar. Esses dados serão guardados

pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e por um período

de 5 anos. Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será

assumido pelo pesquisador e reembolsado para você. Se você sofrer algum dano

comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será indenizado.

66

Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao

Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN no endereço: Av. Nilo Peçanha, 620,

Petrópolis, CEP: 59012-300, Natal/RN ou pelo telefone (84)3342 5003.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a

outra com o pesquisador responsável Ademar Alexandre de Morais.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo

como os dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos,

desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os

meus direitos, concordo em participar da pesquisa “Utilização da estratégia

‘Resident as a Teacher’ como uma ferramenta de integração da graduação e pós-

graduação para otimização do ensino de urgência e emergência em cardiologia na

UFRN” (título da pesquisa), e autorizo a divulgação das informações por mim

fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado

possa me identificar.

Nome:

__________________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

Declaração do pesquisador responsável

67

Como pesquisador responsável pelo estudo “Utilização da estratégia

‘Resident as a Teacher’ como uma ferramenta de integração da graduação e pós-

graduação para otimização do ensino de urgência e emergência em cardiologia na

UFRN” (título da pesquisa), declaro que assumo a inteira responsabilidade de

cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram

esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo

e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora

assumido estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12

do Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo

o ser humano.

__________________________________________________

Pesquisador Responsável:

Natal, ____ de ___________ de 20_____

68

9 APÊNDICES Apêndice 1 - Checklist da primeira intervenção para a avaliação de desempenho durante o reconhecimento da parada cardiorrespiratória e realização das manobras de ressuscitação cardiopulmonar.

69

Apêndice 2 - Ficha de avaliação da primeira intervenção do workshop em microhabilidades para o ensino do suporte básico de vida.

70

71

Apêndice 3 – Checklist da segunda intervenção para a avaliação de desempenho no suporte básico à vida e suporte avançado à vida.

72

Apêndice 4 - Ficha de avaliação da intervenção 2 do workshop em microhabilidades para o ensino do suporte básico à vida. Apêndice 5- Cadastro do workshop sobre preceptoria minuto e feedback para a

73

residência no sistema de gerenciamento acadêmico (SIGAA) da UFRN – primeira intervenção.

74

Apêndice 6 - Cadastro do workshop sobre preceptoria minuto e feedback para a residência no sistema de gerenciamento acadêmico (SIGAA) da UFRN – segunda intervenção.