Estrategia Mini Indice

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Estratégia operacional para especulação de curtíssimo prazo em contratos futuros de Índice Bovespa João Guilherme Penteado (UEPG) [email protected] Claudio Kapp Junior (UEPG) [email protected] Pedro Paulo de Andrade Júnior (UTFPR) [email protected] Lívio Marcel Queji (UEPG) [email protected] Ronald dos Santos da Silva (UEPG) [email protected] Resumo: A possibilidade de maior rentabilidade por meio de operações com derivativos financeiros atrai a atenção dos investidores que buscam ferramentas para composição e maximização do retorno de uma carteira de investimentos. Nesse contexto, este artigo tem por objetivo apresentar a rentabilidade de um método de investimento e estratégia operacional de especulação de curtíssimo prazo em contratos futuros do Índice Bovespa. Para tanto, foi elaborado um modelo, com base na Análise Técnica, aplicado ao ativo Mini Índice Futuro em 602 operações por um período de 18 meses e três semanas, comparando os resultados com o retorno do Índice Bovespa e a da Taxa Selic. Os resultados demonstraram que a rentabilidade do método proposto superou em quase trinta vezes o retorno dos índices de referência. Palavras chave: BM&FBovespa, índice futuro, especulação financeira, investimentos, mercados futuros. Operational strategy for short-term speculation in the Bovespa Index future contracts Abstract The possibility of greater profitability through financial derivatives transactions attracts the attention of investors seeking tools for composition and maximization of the return of an investment portfólio. In this context, this article aims to present the profitability of a method of investment and an operational strategy of short-term speculation in future contracts of the Bovespa Index. Therefore, was developed a model based on Technical Analysis, applied to BM&FBovespa Mini Index future contracts in 602 operations for a period of 18 months and three weeks, comparing the results with the outcome of Bovespa Index and the Selic Rate. The outcome showed that the profitability of the proposed method exceeded by nearly thirty times the return of the benchmark. Key-words: BM&FBovespa, future index, financial speculation, investments, future markets.

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Estratégia operacional para especulação de curtíssimo prazo em

contratos futuros de Índice Bovespa

João Guilherme Penteado (UEPG) [email protected]

Claudio Kapp Junior (UEPG) [email protected] Pedro Paulo de Andrade Júnior (UTFPR) [email protected]

Lívio Marcel Queji (UEPG) [email protected]

Ronald dos Santos da Silva (UEPG) [email protected]

Resumo: A possibilidade de maior rentabilidade por meio de operações com derivativos financeiros atrai a

atenção dos investidores que buscam ferramentas para composição e maximização do retorno de uma

carteira de investimentos. Nesse contexto, este artigo tem por objetivo apresentar a rentabilidade de

um método de investimento e estratégia operacional de especulação de curtíssimo prazo em contratos futuros do Índice Bovespa. Para tanto, foi elaborado um modelo, com base na Análise Técnica,

aplicado ao ativo Mini Índice Futuro em 602 operações por um período de 18 meses e três semanas,

comparando os resultados com o retorno do Índice Bovespa e a da Taxa Selic. Os resultados demonstraram que a rentabilidade do método proposto superou em quase trinta vezes o retorno dos

índices de referência.

Palavras chave: BM&FBovespa, índice futuro, especulação financeira, investimentos, mercados futuros.

Operational strategy for short-term speculation in the Bovespa Index

future contracts

Abstract The possibility of greater profitability through financial derivatives transactions attracts the attention of investors seeking tools for composition and maximization of the return of an investment portfólio.

In this context, this article aims to present the profitability of a method of investment and an

operational strategy of short-term speculation in future contracts of the Bovespa Index. Therefore, was developed a model based on Technical Analysis, applied to BM&FBovespa Mini Index future

contracts in 602 operations for a period of 18 months and three weeks, comparing the results with the

outcome of Bovespa Index and the Selic Rate. The outcome showed that the profitability of the

proposed method exceeded by nearly thirty times the return of the benchmark.

Key-words: BM&FBovespa, future index, financial speculation, investments, future markets.

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1. Introdução

Derivativos financeiros tem se apresentado como uma boa opção de aplicação aos

investidores que buscam operar a tendência de preços do mercado com o intuito de obter

lucratividade. Dissonante da alavancagem permitida, o mercado de futuros é largamente

utilizado também para estratégias de hedge, que objetivam a proteção do participante de um

determinado mercado físico ou financeiro contra variações adversas de preços, moedas e taxas

(BM&FBOVESPA, 2012). Porém, há indícios de que a alavancagem presente nos

derivativos, mais precisamente nos mercados futuros, seja alvo de especulação financeira por

investidores e instituições comuns ao mercado de capitais.

Com o advento do Homebroker, iniciado no Brasil em 1999, o mercado foi democratizado.

Por meio da plataforma de negociação online (Homebroker), pessoas comuns sem vínculo às

instituições financeiras tiveram seu ingresso ao mercado de capitais facilitado e assim, o

mesmo vem apresentando crescimento significativo, em volume financeiro, ano após ano. De

acordo com dados do software Nelogica ProfitChart (2013), o volume de movimentação

financeira da Bolsa de Valores de São Paulo em Janeiro de 1999 foi de aproximadamente

6.478,0 milhões de reais. Já, o volume financeiro de Janeiro de 2013 indica aproximadamente

115.922,12 milhões de reais. Um crescimento de 1789,46% no período.

Com o aumento da liquidez e do número de pessoas físicas ingressando nos mercados ao

longo das últimas décadas, o Day trade determinado por uma entrada e uma saída em uma

operação de compra ou venda de um ativo ao longo de um mesmo dia tornou-se comum e

viável em diversos tipos de papéis. Desta forma, permitiu que pessoas físicas comuns

pudessem se especializar neste tipo de negociação tornando-se profissionais de especulação

financeira, mesmo sem possuírem vínculo a uma instituição financeira específica.

Visando esse mercado de alto risco e alta alavancagem permitida pela BM&FBovespa e pelas

corretoras brasileiras, o mercado de futuros apresenta-se como uma boa opção aos

especuladores. A possibilidade de utilizar alavancagem acima de vinte vezes em alguns ativos

é um mercado promissor onde uma estratégia de rentabilidade positiva pode trazer grandes

lucros, bem como uma estratégia que apresenta rentabilidade levemente negativa pode fazer

com que o investidor perca todo o capital em um curto espaço de tempo caso não haja um

manejo de risco adequado. Nesse contexto, surge o seguinte questionamento:

Como um método de investimento e estratégia operacional de especulação financeira de curto

prazo pode alavancar a rentabilidade em mercados futuros?

Este trabalho originou-se com o objetivo de apresentar a rentabilidade de um método de

investimento e estratégia operacional de especulação financeira de curto prazo para um ativo

específico, comparando com os principais índices de referência utilizados no mercado

brasileiro. Para alcançar esse objetivo estudou-se a Análise Técnica.

2. Referencial teórico

Para entender mercados futuros é necessário conhecer a definição de bolsa de valores. Para

Assaf Neto (2001) é um mercado organizado onde são negociadas ações (a menor parte de

uma empresa) de organizações de capital aberto, assim como outros instrumentos financeiros.

Dos negócios realizados em uma Bolsa de Valores são formados índices para

acompanhamento do comportamento dos preços de segmentos e setores de mercado, mais

conhecidos como benchmark. Segundo Fontes (2007), um índice de mercado é uma referência

para análise do comportamento dos preços de determinado grupo de ações ou setores

específicos.

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O Índice Bovespa (IBOV) é uma carteira hipotética de ações que serve como principal

indicador de desempenho médio das ações mais negociadas no pregão. Para manutenção da

representatividade, há reavaliação da carteira a cada quatro meses. Para nova avaliação

utilizam-se os últimos 12 meses, quando são verificadas alterações na participação de cada

ação. (BM&FBOVESPA, 2012).

As estratégias desenvolvidas neste artigo são voltadas à operação dos contratos futuros de

Índice, sendo testadas diretamente no ativo Mini Índice Bovespa Futuro (WIN). Esse

apresenta alta liquidez e características apropriadas às operações de Day trade. É um

derivativo financeiro pertencente à categoria dos Mercados Futuros. Segundo a

BM&FBovespa (2012): “O mercado futuro é o segmento dos mercados de derivativos

baseado em operações realizadas em pregão de bolsa, com contratos padronizados (contratos

futuros)” tendo em vista que: “derivativos são instrumentos financeiros que têm seus preços

derivados do preço de mercado de um bem ou de outro instrumento financeiro”.

Dentre os principais derivativos do mercado futuro, o Míni Índice, o Índice Futuro e o Dólar

Futuro apresentam maior liquidez e volume, sendo a cotação destes contratos definida pela

expectativa do mercado. Essa expectativa precifica o ativo de acordo com o valor esperado do

mesmo na data de vencimento do contrato, no caso, o valor teórico em pontos do Índice

Bovespa e a cotação do dólar respectivamente.

De acordo com a BM&FBovespa (2013), o Mini Índice Futuro é negociado com vencimento

nos meses pares do ano, com vencimento nas quartas-feiras mais próximas ao dia 15 de cada

mês de vencimento. O ativo atua como fracionário do Índice Bovespa Futuro, o qual é

negociado em lotes de 5 contratos, sendo que cada ponto equivale a R$1,00. Exemplificando,

com o Índice Futuro cotado a 60.000 pontos, o montante movimentado através de 5 contratos

(1 lote) seria de R$300.000,00. Já no Mini Índice é possível a negociação a partir de 1 mini

contrato, sendo que o mesmo tem valor 5 vezes menor quando comparado ao Índice Futuro,

ou seja, cada ponto equivale a R$0,20. No mesmo exemplo, para operação de 1 mini contrato

seriam movimentados R$12.000,00 com o mini índice cotado a 60.000 pontos. Para este

estudo, as operações nos contratos futuros de míni índice foram realizadas entre Abril de 2011

e Outubro de 2012. Portanto, o papel a ser negociado possuiu diversas siglas através dos

meses de acordo com o seu vencimento. Começando por WINJ11, onde WIN é a sigla do

contrato a ser negociado, J se refere ao mês de Abril, e 11 ao ano de 2011. Após o contrato

J11, vieram os contratos M11, Q11, V11, Z11, G12, J12, M12, Q12, V12 e Z12.

Para aplicação e desenvolvimento das técnicas foram utilizados conceitos de Análise Técnica,

incluindo interpretações e estudos prévios elaborados pelos autores. Para Murphy (1986),

existem três premissas básicas que fundamentam a análise técnica segundo a Teoria de Dow:

as cotações de mercado descontam tudo que envolve a empresa e o setor, seja no âmbito

político, econômico ou psicológico; os preços movem-se em tendências e, por último, a

história é cíclica, portanto, o comportamento passado das cotações se repete no futuro.

Para Ehrman (2004), a análise técnica representa a elaboração de um modelo complexo que

remove o fator humano do momento de decisão ou execução de um investimento. Sendo

assim, pode ser definida como uma linha de pensamento que defende a ciclicidade do

mercado, afirmando que tendências de preços e situações de mercado possuem determinado

grau de previsibilidade, o qual pode ser confirmado através do estudo estatístico do histórico

do ativo de forma a propiciar um market timing adequado para realizar um investimento.

Estudos de Sato (2002) e Saffi (2003) demonstram que a Análise Técnica não possui a

capacidade de, com consistência, obter retornos superiores às estratégias comuns de longo

prazo baseadas em “Buy & Hold”, ou seja, “comprar e esperar” a valorização do papel.

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O suporte aos preceitos da Análise Técnica é dado por Cunha (2002), com o estudo dos

gráficos de candlesticks; Santos, Costa e Silveira (2003), com a percepção dos padrões de

dependência obtida em seus experimentos e Guimarães (2011) através da utilização de

estratégias compostas de médias móveis.

Utilizando ferramentas estatísticas, Wolwacz e Recziegel (2013) analisaram o retorno do

IBOV de 1980 a 2010 comparativamente às operações de seis meses ao ano utilizando-se de

um ditado de Wall Street: “Sell in May and go away” que significa “Venda em Maio e vá

embora”. Segundo o estudo, foram formuladas duas carteiras, uma considerando a compra de

uma carteira que seguisse o IBOV de 1980 até 2010 e outra, formulada da mesma maneira,

comprada no início de Novembro e vendida ao final do próximo mês de Abril. Os recursos

ficariam mantidos em caixa durante o restante do ano até nova compra a ser realizada em

Novembro. A conclusão foi de que enquanto o Ibovespa deflacionado (IPCA) apresentou

retorno médio anualizado de 10,25%, a carteira de Novembro a Abril deflacionada (IPCA)

apresentou retorno médio anual de 15,53%. Demonstrando ainda, menores índices de

drawdown bem como redução do número de retornos negativos em cada mês e ano.

Dado o cunho especulativo das estratégias deste trabalho e do ditado alvo de estudo de

Wolwacz e Recziegel (2013) é necessário a conceituação do termo. De acordo com o

dicionário online Michaelis (2013), a palavra especulação tem sua origem do latim

speculatione e dentre seus significados, destacam-se: “Operação comercial que visa não

apenas ao lucro ordinário do ramo, mas, sobretudo, aos das flutuações conjeturais do preço

das mercadorias”, ou ainda, pode ser definida como “Operação financeira sobre valores

sujeitos às oscilações do mercado”.

Segundo Kaldor (1939), especulação é a compra ou venda de mercadorias objetivando a

revenda ou recompra em uma data futura, motivada pela expectativa de antecipação de uma

mudança nos preços em vigor. Essa visão vai ao encontro de Keynes (1936) que define

especulação como sendo a atividade de antecipar ou prever a psicologia do mercado.

Para Strong (1993) a especulação é o ato de comprar ou vender um ativo na expectativa de

obter ganhos rápidos através das oscilações na cotação desse ativo.

Sendo assim, por intermédio da especulação, busca-se antecipar a tendência de evolução dos

preços para obter lucros. Para tanto, propõe-se um método e estratégia operacional de

especulação financeira de curto prazo para alavancar a rentabilidade em mercados futuros.

3. Metodologia

3.1 Procedimentos metodológicos

Seguindo a metodologia de pesquisa segundo Gil (1991), o presente estudo adota a seguinte

classificação: do ponto de vista da sua natureza, pesquisa aplicada, pois objetiva gerar

conhecimentos práticos para a aplicação de um modelo de investimentos de curto prazo

dirigidos à solução dos problemas específicos relacionados à capitalização da volatilidade de

um ativo. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema classifica-se como

quantitativa, onde considera-se a quantificação da pesquisa através de sua amostragem de

modo a obter dados que comprovem ou refutem a sua eficiência a partir de análises

estatísticas.

Sob o aspecto de seus objetivos, a pesquisa é exploratória, visando proporcionar maior

familiaridade com um modelo operacional de daytrade e a sua aplicação ao derivativo Míni

Índice Futuro.

Quanto aos procedimentos técnicos assume a classificação de pesquisa bibliográfica, pois é

elaborada a partir de material já publicado. Também envolve aspecto de estudo de caso,

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envolvendo a análise de um ativo e uma estratégia em específico, permitindo o detalhamento

do problema proposto (Silva, 2001).

3.2 Método proposto

O método proposto envolve uma estratégia pré-determinada aplicada ao ativo Mini Índice

Futuro no período de abril de 2011 a outubro de 2012, abordando as oscilações de preços com

o objetivo de rentabilizar essa volatilidade.

O setup, estratégia operacional pré-definida, visa proporcionar segurança emocional ao

investidor. É um composto de pequenas regras que orienta o investidor a comprar ou vender o

derivativo Míni Índice. A mesma estratégia pode ser aplicada à negociação do contrato Índice

Futuro de maior valor. O teste foi realizado em 602 operações executadas ao longo de 18

meses e três semanas para que a amostragem fosse adequada e a sua rentabilidade pudesse ser

analisada. A rentabilidade foi comparada ao principal índice de referência do mercado de

renda variável brasileiro, o Índice Bovespa.

Para viabilidade da aplicação da estratégia foi utilizado um capital de R$1.000 destinado a

operar 1 mini contrato de índice futuro ao longo do período em questão, o qual possuiu

margem mínima necessária próxima a R$600,00 por contrato. Portanto, R$400,00 ficaram em

caixa visando suportar oscilações e perdas iniciais.

O gráfico utilizado para a execução das operações foi o de Candlesticks no período horário.

Cada candle, barra que apresenta as informações de cotação durante determinado período de

tempo, equivale a uma hora de pregão.

Fonte: Penteado et. al., 2012 p. 5

Figura 1 – Gráfico de candlestick.

As barras (candles) representam as cotações de abertura, fechamento, máximas e mínimas em

um período de tempo. O candle se torna vermelho quando a cotação de fechamento ocorre

abaixo da cotação de abertura, verde quando o preço de fechamento ocorre acima do preço de

abertura.

3.2.1 A primeira hora do pregão e início de uma operação

O pregão eletrônico da Bovespa em horário de funcionamento normal tem início às 10h

enquanto o mercado futuro (BM&F) tem negociação iniciada a partir das 9h. Portanto, para o

desenvolvimento do método e criação de um padrão de referência, espera-se o encerramento

da primeira hora de negociação BM&F e a partir do momento em que o pregão Bovespa é

aberto, pode-se negociar em BM&F segundo os seguintes quesitos:

a) Marca-se a cotação máxima e mínima da primeira hora de negociação do Míni Índice.

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b) Se a cotação superar a máxima da primeira hora de pregão, envia-se uma ordem de

compra no valor da máxima da primeira hora. Perdendo-se a mínima da primeira hora

de pregão, é enviada uma ordem de venda à cotação da mínima da primeira hora.

Fonte: adaptado de Nelogica ProfitChart (2013)

Figura 2 – Exemplo de venda efetuada no rompimento da primeira hora

A Figura 2 demonstra uma operação na qual foi efetuada uma operação de venda após a perda

da cotação mínima atingida na primeira hora de pregão. Dessa maneira, espera-se obter

lucratividade com a desvalorização do ativo em questão.

3.2.2 Delimitação e projeção do controle de risco

O risco, definido como qualquer medida numérica de incerteza por Duarte Júnior (2005), é

minimizado, na gestão do risco desse método utilizando-se uma estratégia denominada Stop

Loss. Nada mais é que um controle de perdas, onde se delimita a perda máxima da operação

em andamento.

Para Elder (2009), o controle de risco é estabelecido pelo gerenciamento inteligente do

capital, sendo reflexo da psicologia saudável do operador. O gerenciamento de risco é

essencial para que o trader (operador) realize suas operações, reduzindo assim, o peso e a

preocupação com as perdas, que são de fácil controle e menor impacto sobre o capital.

Para gerenciamento do risco por operação e proteção do capital, delimita-se que o controle de

prejuízo (stop loss) da operação será a extremidade inversa da primeira hora ou 400 pontos, o

que for menor. Exemplificando, no caso da operação de venda na Figura 2, o controle de

riscos estaria posicionado, inicialmente, ao primeiro negócio acima da cotação máxima da

primeira hora, onde a operação seria encerrada assumindo-se um prejuízo controlado.

Após delimitado o prejuízo máximo, escalona-se o mesmo através da projeção de Fibonacci

através da proporção áurea, coincidindo-se com o tamanho do controle de prejuízos. Para isto

é utilizada a ferramenta Preço de Fibonacci ou Projeção de Fibonacci presente na maioria

das plataformas gráficas de análise técnica. Caso a plataforma gráfica utilizada não possua as

sequências de Fibonacci, as mesmas poderão ser traçadas da seguinte forma:

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a) Primeira projeção: tamanho do stop loss multiplicado por 0,38, somando-o a partir do

ponto de controle de prejuízo e traçando-se uma linha. Faz-se a duplicação da linha

somando-se o 0,38 multiplicado pelo stop loss a partir do ponto de entrada na

operação.

b) Seguem-se os passos da primeira projeção, substituindo o fator de 0,38 por 0,50.

c) Seguem-se os passos da primeira projeção, substituindo o fator de 0,38 por 0,62.

d) Projeta-se o tamanho máximo do controle de prejuízo a partir do ponto de entrada da

operação, criando-se a linha com fator equivalente a 1.

Dessa maneira há a projeção dos preços de Fibonacci atrelados ao controle de prejuízos.

Após definida a projeção, ao passo que os preços superarem as linhas à favor da operação, o

stop loss vai sendo alterado para a projeção respectiva dentro da delimitação da primeira hora,

até que o preço atinja a projeção máxima e o controle de prejuízos seja alterado para o ponto

de entrada da operação.

Fonte: Adaptado de Nelogica ProfitChart (2013)

Figura 3 – Exemplo de operação com projeção do controle de riscos.

Na Figura 3 é possível visualizar um dia de operações onde houve uma entrada na ponta

compradora ao rompimento da primeira hora, projeção do controle de prejuízos até que o

mesmo estivesse no limiar do ponto de entrada, garantindo uma operação livre de riscos e,

após algumas horas de pregão, saída da posição no mesmo patamar de entrada, tendo como

prejuízo apenas os custos operacionais.

Refinando-se o controle de operações, foi definido que poderiam ser feitas até duas operações

diárias de modo que, se na primeira operação houvesse realização de prejuízo ou saída ao ser

atingido o ponto de entrada (devido às projeções de preços), poderia ser feita nova entrada:

a) Para entrada em sentido contrário: na perda da extremidade da primeira hora que

servia como controle de prejuízo inicial da operação

b) Para entrada em mesmo sentido da primeira operação de compra: a cotação deverá

atingir a primeira linha abaixo do ponto de entrada inicial caso já tenha ocorrido o

fechamento da posição. Após atingido este ponto, e caso as cotações voltem a subir,

atingindo novamente o ponto de entrada na operação comprada (primeiro negócio

acima da cotação máxima da primeira hora de negociação), inicia-se nova operação.

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c) Para entrada em mesmo sentido da primeira operação de venda: a cotação deverá

atingir a primeira linha acima do ponto de entrada inicial caso já tenha ocorrido o

fechamento da posição. Após atingido este ponto, e caso as cotações voltem a cair,

atingindo novamente o ponto de entrada na operação vendida (primeiro negócio

abaixo da cotação mínima da primeira hora de negociação), inicia-se nova operação.

4. Resultados e aplicação do método proposto

Após 602 operações, executadas entre 11 de Abril de 2011 e 31 de Outubro de 2012, os

resultados obtidos são apresentados nas tabelas a seguir. A Tabela 1 demonstra o índice de

acerto das estratégias aplicadas.

Número de Trades Índice de acerto em %

Acertos 163 27,08

Erros 293 72,92

Total 602 100,00

Fonte: dados da pesquisa (2013)

Tabela 1- Índice de acerto

As estratégias obtiveram um índice de acerto em torno de 27%, sendo que cada operação

considerou o fechamento da posição com lucro ou prejuízo. As operações cuja saída se deu

sem lucro ou prejuízo operacional foi consdeirada como erro devido ao custo operacional da

realização.

A Tabela 2 apresenta o resultado bruto médio por operação. Apresenta ainda, a correlação

entre o lucro médio e o prejuízo médio por operação.

Resultado Bruto médio por operação por contrato

Lucro R$ 143,47

Prejuízo R$ (37,74)

Retorno médio por operação R$ 11,33

Fonte: dados da pesquisa (2013)

Tabela 2 – Retorno médio por operação

As tabelas 3 e 4 demonstram os resultados financeiros finais obtidos após a conclusão das

operações.

Faturamento Corretagem Lucro Bruto Imposto de Renda

R$ 6.818,00 R$ 1.204,00 R$ 5.614,00 R$ 1.122,80

Fonte: dados da pesquisa (2013)

Tabela 3 – Resultados obtidos

Multiplicando-se os valores de retorno médio por operação pelo número de trades efetuado,

chega-se aos resultados auferidos na Tabela 3. O método obteve uma elevada rentabilidade,

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no entanto os custos operacionais com corretagem representaram aproximadamente 17,66%

do faturamento.

Lucro líquido Faturamento bruto (%) Lucro líquido (%)

R$ 4.491,20 681,80% 449,12%

Fonte: dados da pesquisa (2013)

Tabela 4 – Comparativo entre faturamento e lucro líquido

Descontando os custos operacionais e o imposto de renda, o método operacional apresentou

lucro líquido de 449,12% no período, representando uma rentabilidade média mensal

aproximada de 23,95% ao mês.

A Tabela 5 compara a rentabilidade do método relacionada à taxa Selic e ao desempenho do

Índice Bovespa no período. A comparação não considera o desconto de Imposto de Renda.

Método proposto Selic Ibovespa

449,12% 15,18% -12,58%

Fonte: dados da pesquisa, Banco Central do Brasil, BM&FBovespa (2013)

Tabela 5 – Comparativo com os índices de referência

É perceptível a diferença de rentabilidade proporcionada pela alavancagem dos mercados

futuros. Nota-se também que o principal indicador, o Índice Bovespa teve queda expressiva

ao longo do período, favorecendo o método proposto que busca rentabilizar a volatilidade,

tanto em uma tendência de alta dos preços quando na queda dos mesmos. No entanto, a alta

alavancagem do método pode ocasionar perdas elevadas, acima do patrimônio líquido do

operador caso a estratégia se mostre deficitária no longo prazo.

A Figura 4 demonstra a curva de capital ao longo das operações.

Fonte: dados da pesquisa (2013)

Figura 4 – Montante de rentabilidade líquida de taxas

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Embora a Figura 4 demonstre volatilidade elevada na curva de capital ao longo do período,

percebe-se a evolução positiva do montante o qual já considera as taxas operacionais e demais

despesas inclusas, excetuando-se o pagamento do Imposto de Renda.

5. Considerações finais

O modelo de investimento proposto apresenta técnicas operacionais fundamentadas em

ferramentas de Análise Técnica aplicadas ao ativo Mini Índice Futuro. A confrontação dos

resultados e a observação do desenvolvimento da curva de capital denota que as operações

alavancadas, quando positivas, trazem ao operador a possibilidade de retorno elevado.

O método apresentou uma rentabilidade de 449,12% enquanto um investimento atrelado à

Taxa Selic obteve retorno de 15,18% e o Índice Bovespa desvalorizou-se em 12,58%. Desta

forma, os resultados do método superam os retornos dos índices de referência em quase trinta

vezes. Comprovando a sua eficiência no que tange a aplicação adequada da Análise Técnica

em mercados alavancados, especificamente, no ativo Mini Índice Futuro.

Assim, abre-se espaço para análises futuras comparativas que comprovem a rentabilidade de

longo prazo do método em anos posteriores. Também há a necessidade de desenvolvimento

de novas estratégias para diversos ativos ou testes do mesmo modelo de operação em outros

papéis passíveis de negociação em bolsa.

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