ESTRATÉGIA & PLANO DE AÇÃO - Alto Minho...
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ESTRATGIA &
PLANO DE AO
ALTO MINHO 2020
Junho 2013
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Desafio Alto Minho 2020
Plano
de Desenvolvimento
Relatrio Final
Junho de 2013
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4 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
Ficha tcnica
Ttulo
Desafio Alto Minho 2020
Plano de Desenvolvimento
Relatrio Final | Junho 2013
Com base no Estudo Tcnico elaborado por: Sociedade de Consultores
Augusto Mateus & Associados
Coordenao global
Augusto Mateus
Coordenao executiva
Vnia Rosa
Consultores
Catarina Gamboa
Dalila Farinha
Mafalda Correia
Mrcio Negreiro
Promotor
CIM Alto Minho
Comunidade Intermunicipal do Minho-Lima
Entidades Financiadoras
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 5
ndice
NDICE 5
NOTA DE ABERTURA ......................................................................... 9
1. O PROCESSO DE CONSTRUO DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ALTO MINHO: PARTICIPADO, COLABORATIVO E REGIONAL ....................................................... 13
2. LEITURA PROSPETIVA DO POSICIONAMENTO NACIONAL E INTERNACIONAL DO ALTO MINHO ................................................ 19
2.1. As escalas de posicionamento do Alto Minho ............................................... 19 2.2. Leitura sntese prospetiva do diagnstico do Alto Minho ............................... 27
3. ENQUADRAMENTO DA VISO E DA ESTRATGIA PARA O ALTO MINHO LUZ DAS INDICAES E PRIORIDADES DA
PROGRAMAO ESTRUTURAL 2014-2020 ..................................... 41
4. A VISO PARA O ALTO MINHO 2020 ........................................... 51
5. A ESTRATGIA DE IMPLEMENTAO ............................................. 59
5.1. Modelo global de articulao da estratgia de implementao do Desafio 2020 do Alto Minho ...................................................................... 59 Dos desgnios temticos aos eixos temticos 61 Natureza do modelo de interveno 62 Ambio dos eixos temticos: a combinao dos elementos de
continuidade e mudana 62 Articulao dos elementos da estratgia de interveno 64
5.2. Eixo temtico 1: como tornar o Alto Minho uma regio mais competitiva ........ 69 Objetivo especfico 1.1: Valorizar os recursos endgenos como
critrio de afirmao competitiva 72 Objetivo especfico 1.2: Articular a base competitiva regional e
setorial 78 5.3. Eixo temtico 2: como tornar o Alto Minho uma regio mais atrativa ............. 83
Objetivo especfico 2.1: Estruturar produtos de localizao residencial 86 Objetivo especfico 2.2: Estruturar produtos tursticos 88 Objetivo especfico 2.3: Estruturar produtos de localizao
empresarial 90 Objetivo especfico 2.4: Promover a atratividade global 92
5.4. Eixo temtico 3: tornar o Alto Minho uma regio mais conectada .................. 97 Objetivo especfico 3.1: Conjugar infraestruturas e servios para a
promoo da mobilidade de pessoas 101 Objetivo especfico 3.2: Conjugar infraestruturas e servios para a
promoo da mobilidade de bens 103 Objetivo especfico 3.3: Conjugar infraestruturas e servios para a
promoo da mobilidade de contedos 105 Objetivo especfico 3.4: Promover a abertura escala internacional e
o estabelecimento de plataformas colaborativas 107 5.5. Eixo temtico 4: como tornar o Alto Minho uma regio mais resiliente ......... 111
Objetivo especfico 4.1: Promover a resilincia por via da
sustentabilidade 114 Objetivo especfico 4.2: Promover a resilincia por via da coeso 115 Objetivo especfico 4.3: Promover a resilincia por via da
competitividade 116 5.6. Acompanhamento e monitorizao do Plano de Desenvolvimento Alto
Minho 2020 .......................................................................................... 117
6. A GOVERNAO DO DESAFIO 2020 DO ALTO MINHO ..................... 121
7. PLANO DE AO .................................................................... 129
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6 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
ANEXOS ................................................................................... 191
Anexo 1 Diagnstico prospetivo Anexo 2 Seminrio de arranque e divulgao pblica da iniciativa Alto
Minho Desafio 2020 Anexo 3 Participao Anexo 4 Temtica da Competitividade Anexo 5 Temtica da Atratividade Anexo 6 Temtica da Conectividade Anexo 7 Temtica da Resilincia Anexo 8 Resultados dos inquritos
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 7
ndice de figuras
FIGURA 1. METODOLOGIA DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO ALTO MINHO 2020 ............... 13 FIGURA 2. AS FASES DO PLANEAMENTO ESTRATGICO APLICADO AO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DO ALTO MINHO .................................................. 15 FIGURA 3. BASE DE ATUAO TRANSMUNICIPAL SUBJACENTE ESTRATGIA DE
DESENVOLVIMENTO REGIONAL .......................................................... 15 FIGURA 4. DESGNIOS TEMTICOS ASSUMIDOS NO PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ALTO
MINHO .................................................................................... 16 FIGURA 5. ESCALAS DE ANLISE DO POSICIONAMENTO DO ALTO MINHO .......................... 20 FIGURA 6. SISTEMA URBANO DO ALTO MINHO ....................................................... 22 FIGURA 7. A DIVERSIDADE DE TEMTICAS DE ARTICULAO DO ALTO MINHO .................... 23 FIGURA 8. RECURSOS DO ALTO MINHO NAS ESTRATGIAS NACIONAIS (PENT) E REGIONAIS
(PROT NORTE) DE DESENVOLVIMENTO TURSTICO ................................... 23 GRFICO 9. PROJEES DA POPULAO RESIDENTE ................................................. 28 FIGURA 10. TIPOLOGIA DE OCUPAO DO TERRITRIO ............................................. 29 FIGURA 11. HIERARQUIA DO PATRIMNIO NATURAL, PAISAGSTICO E CONSTRUDO .............. 30 FIGURA 12. DOS RECURSOS ENDGENOS AOS PRODUTOS EMBLEMTICOS DO ALTO MINHO .... 31 FIGURA 13. SISTEMA DE ACESSIBILIDADE INTERNO ................................................. 33 FIGURA 14. REDE DE INFRAESTRUTURAS DE NOVA GERAO ....................................... 33 GRFICO 15. QUOCIENTE DE ESPECIALIZAO COM BASE NAS EXPORTAES .................... 34 GRFICO 16. PRODUO BRUTA DE ENERGIA ELTRICA ............................................. 35 FIGURA 17. ANLISE SWOT TEMTICA DO ALTO MINHO .......................................... 37 FIGURA 18. EUROPA 2020: ESTRATGIA PARA UM CRESCIMENTO INTELIGENTE,
SUSTENTVEL E INCLUSIVO .............................................................. 42 FIGURA 19. CICLO DE PROGRAMAO E APLICAO DA POLTICA DE COESO 2014-2020 .... 43 FIGURA 20. OS OBJETIVOS ESTRATGICOS DA POLTICA DE COESO NO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DO ALTO MINHO .................................................. 48 FIGURA 21. FORMULAO DA VISO PARA O ALTO MINHO 2020: IDENTIFICAO DOS
MOTORES COM POTENCIAL DE GERAR MUDANA ....................................... 52 FIGURA 22. A MUDANA SUBJACENTE VISO PARA O ALTO MINHO 2020 ...................... 53 FIGURA 23. A ESTRATGIA DE INTERVENO PARA O DESAFIO ALTO MINHO 2020: DA
VISO E DESGNIOS TEMTICOS DE INTERVENO, FIXAO DE EIXOS TEMTICOS ............................................................................... 59
FIGURA 24. A ESTRATGIA DE INTERVENO PARA O DESAFIO ALTO MINHO 2020: A ARTICULAO ENTRE EIXOS TEMTICOS ................................................ 65
FIGURA 25. COMPETITIVIDADE: DA MUDANA PRECONIZADA FIXAO DE OBJETIVOS ESPECFICOS .............................................................................. 69
FIGURA 26. MODELO DE DESENVOLVIMENTO COMPETITIVO DO ALTO MINHO ..................... 70 FIGURA 27. DOMNIOS DA COMPETITIVIDADE DO ALTO MINHO .................................... 71 FIGURA 28. METODOLOGIA DE ABORDAGEM DOS SETORES E FILEIRAS LIGADOS AOS
RECURSOS ENDGENOS DO ALTO MINHO .............................................. 72 FIGURA 29. ARTICULAO REGIONAL E SETORIAL DO ALTO MINHO ................................ 78 FIGURA 30. ATRATIVIDADE: DA MUDANA PRECONIZADA FIXAO DE OBJETIVOS
ESPECFICOS .............................................................................. 83 FIGURA 31. PRODUTOS BASEADOS EM CONDIES E ORIENTADOS PARA OS RESULTADOS ....... 84 FIGURA 32. MELHORAR A ATRATIVIDADE DO ALTO MINHO EXIGE CRIAR PRODUTOS E ATIV-
LOS ........................................................................................ 85 FIGURA 33. DO ESPAO DE LOCALIZAO AO ESPAO DE VALORIZAO .......................... 87 FIGURA 34. PRODUTOS BENEFICIAM DAS SINERGIAS DO TERRITRIO ............................. 92 FIGURA 35. MUNDO RURAL TRANSVERSAL NUM MODELO DE ATRATIVIDADE CONJUGADA ......... 93 FIGURA 36. CONECTIVIDADE: DA MUDANA PRECONIZADA FIXAO DE OBJETIVOS
ESPECFICOS .............................................................................. 97 FIGURA 37. DIMENSES DE INTERVENO ESTRATGICA PARA PROMOVER A CONECTIVIDADE ... 98 FIGURA 38. SISTEMA DE MOBILIDADE E CONECTIVIDADE ESCALA DO ALTO MINHO ............ 99 FIGURA 39. ARGUMENTOS DE ABERTURA ESCALA INTERNACIONAL ............................. 107 FIGURA 40. RESILINCIA: DA MUDANA PRECONIZADA FIXAO E OBJETIVOS
ESPECFICOS ............................................................................ 111 FIGURA 41. A RESILINCIA COMO PROCESSO DE CONDUO DE MUDANA NO ALTO MINHO .. 113 FIGURA 42. O PAPEL DA GOVERNAO NA PROSSECUO DOS OBJETIVOS DO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DO ALTO MINHO ................................................ 122 FIGURA 43. LEITURA DAS FICHAS DO PLANO DE AO ............................................ 137
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8 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
ndice de Quadros
QUADRO 1. DIMENSO ECONMICA E POPULACIONAL DO ALTO MINHO ........................... 21 QUADRO 2. ESPECIALIZAO PRODUTIVA POR GRANDES SETORES DE ATIVIDADE (QL DO
VAB) ..................................................................................... 24 QUADRO 3. CARACTERIZAO E PERFIL GLOBAL DA POPULAO | 2011 .......................... 27 QUADRO 4. INDICADORES DE MONITORIZAO E ACOMPANHAMENTO ............................ 118 QUADRO 5. PROGRAMAS DE AO .................................................................. 129 QUADRO 6. INTENSIDADE DO CONTRIBUTO DOS PROGRAMAS DE AO PARA A
CONCRETIZAO DOS EIXOS TEMTICOS ALTO MINHO 2020 ...................... 130 QUADRO 7. INTENSIDADE DO CONTRIBUTO DOS PROGRAMAS DE AO PARA A
CONCRETIZAO DOS OBJETIVOS ESPECFICOS ALTO MINHO 2020 .............. 133 QUADRO 8. INTENSIDADE DO CONTRIBUTO DOS OBJETIVOS FIXADOS NOS EIXOS TEMTICOS
DA ESTRATGIA ALTO MINHO 2020 PARA A CONCRETIZAO DOS OBJETIVOS
DA POLTICA DE COESO .............................................................. 136
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 9
Nota de Abertura
A CIM Alto Minho desenvolveu ao longo dos ltimos 18 meses, em parceria com os
principais atores regionais e com o apoio da empresa Augusto Mateus & Associados,
uma estratgia de desenvolvimento territorial - a Estratgia Alto Minho 2020,
visando consensualizar uma viso para este espao regional, as suas prioridades de
desenvolvimento e as principais iniciativas/projetos a concretizar no horizonte
2020.
Com o objetivo de garantir uma participao alargada onde os vrios protagonistas
pudessem ter voz ativa e contribuir de forma efetiva para desenhar um quadro do
que poder e dever ser o territrio do Alto Minho no horizonte 2020, foram
desenvolvidos ao longo desta iniciativa: (i) Sete eventos pblicos (um de arranque,
quatro temticos e dois de apresentao e debate da estratgia, plano de ao e
pacto territorial), que contaram com mais de 1200 participantes; (ii) Doze focus
group temticos de diagnstico e propostas, nos quais participaram mais de 160
entidades; (iii) Duas edies do concurso escolar Alto Minho 2020, no qual
participaram 50 escolas que apresentaram 250 trabalhos; (iv) O site
www.altominho2020.com onde todos puderam ter acesso aos documentos
produzidos e, mais importante do que isso, dar contributos e fazer propostas sobre
esta iniciativa Alto Minho 2020; (v) Um concurso de fotografia, registando-se mais
de cem fotografias a concurso.
A Estratgia Alto Minho 2020 ser concretizada atravs de um Plano de Ao que
integra um conjunto de nove programas de ao. Tal como a estratgia, tambm o
Plano de Ao Alto Minho 2020 foi e continuar a ser construdo atravs de um
processo aberto a todas as instituies do setor empresarial, do sistema cientfico e
tecnolgico ou do terceiro setor do Alto Minho. O Plano de Ao no ser, assim, um
documento fechado, mas sim um referencial estratgico aberto a todas as propostas
que nos sejam efetuadas agora ou durante todo o perodo 2014-2020, desde que se
enquadrem nas prioridades da estratgia Alto Minho 2020.
De igual modo, o modelo de governao procura, atravs da celebrao do Pacto
Territorial Alto Minho 2020, envolver diretamente as principais instituies do
territrio, quer na dinamizao das aes ncora, quer na monitorizao global e
especfica do Plano de Ao e respetivos resultados.
O Alto Minho tem, pois, uma estratgia, um plano de ao e uma parceria territorial
mobilizada para a sua concretizao.
Executar e cumprir o conjunto de iniciativas que d corpo Estratgia Alto Minho
2020 ser, agora, o teste mais exigente dos prximos anos. A Comunidade
Intermunicipal e os Municpios do Alto Minho comprometem-se, assim, a
desenvolver todas as aes necessrias para assegurar a prossecuo e
acompanhamento desta Estratgia, procurando, para esse efeito, envolver
diretamente as vrias instituies pblicas, privadas e associativas fundamentais na
dinamizao dos projetos e aes ncora previstos no seu Plano de Ao.
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10 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
No podemos deixar de dar uma nota de agradecimento a todos os que colaboraram
na iniciativa Alto Minho 2020. Confiamos que, com a estratgia Alto Minho
2020, com o seu Plano de Ao e com o apoio fundamental de todos, a nossa
populao, o nosso territrio e as nossas instituies estaro melhor preparados,
quer para enfrentar os enormes desafios com que se confrontam no presente, quer
para poder aproveitar adequadamente as oportunidades do novo perodo de
programao. Continuaremos a contar com todos, com todas as pessoas e
instituies do Alto Minho, no apenas para ajudar a desenhar o nosso futuro
coletivo, mas, sobretudo, para o concretizar!
O Conselho Executivo da CIM Alto Minho
Presidente: Antnio Rui Esteves Solheiro
Presidente da Cmara Municipal de Melgao
Vice-presidente: Francisco Rodrigues de Arajo
Presidente da Cmara Municipal de Arcos de Valdevez
Vice-presidente: Victor Manuel Alves Mendes
Presidente da Cmara Municipal de Ponte de Lima
Jlia Paula Pires Pereira Costa
Presidente da Cmara Municipal de Caminha
Jos Emlio Pedreira Moreira
Presidente da Cmara Municipal de Mono
Antnio Pereira Jnior
Presidente da Cmara Municipal de Paredes de Coura
Antnio Vassalo Abreu
Presidente da Cmara Municipal de Ponte da Barca
Jorge Manuel Salgueiro Mendes
Presidente da Cmara Municipal de Valena
Jos Maria da Cunha Costa
Presidente da Cmara Municipal de Viana do Castelo
Jos Manuel Vaz Carpinteira
Presidente da Cmara Municipal de Vila Nova de Cerveira
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 11
1. O processo de construo
do Plano de Desenvolvimento
do Alto Minho
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12 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 13
1. O processo de construo do Plano
de Desenvolvimento do Alto Minho: participado, colaborativo e regional
O Plano de Desenvolvimento do Alto Minho foi, desde o incio, entendido como um processo
de envolvimento e participao pblica, com preocupaes dirigidas de comunicao e
mobilizao e assumiu o mote Desafio 2020 como emblema do processo de mobilizao
que se pretendia despoletar.
A Comunidade Intermunicipal do Minho-Lima (CIM Alto Minho), atenta ao cenrio de
mudana e de evoluo acelerada em que se encontra a regio e o Pas, assumiu o desafio
de construir uma estratgia de desenvolvimento de base territorial- o Plano de
Desenvolvimento do Alto Minho que prepare um futuro desejvel, no respeito por um
passado com identidade. Hoje, os problemas e as respetivas propostas de soluo so
demasiado complexos e importantes para que a leitura do presente e a projeo do futuro
estejam centradas s na legitimidade dos decisores polticos e tcnicos especializados. A
participao e a implicao de novos atores e dos cidados em geral so fatores que
determinam, em grande medida, o sucesso e insucesso das polticas pblicas.
A metodologia adotada (desde logo defendida para dar cumprimento a este processo
participado) articula as vrias etapas e instrumentos de trabalho com momentos de
envolvimento da comunidade na produo de informao qualitativa sistematizada sobre a
regio e na leitura crtica e validao da proposta de interveno que permitiram conjugar
instrumentos prticos de trabalho com iniciativas de marketing territorial e de promoo da
participao da comunidade (seis seminrios, 11 focus-group, 16 inquritos, duas edies
de concursos escolares e de fotografia e um site de divulgao e recolha de contributos).
As diferentes etapas vo-se alimentando umas s outras durante um processo de
trabalho interativo que permitiu reforar a coerncia do diagnstico prospetivo inicial, que
se complementam com a elaborao de diagnsticos temticos, mais aprofundados,
realizados no quadro de cada uma das temticas abordadas em detalhe.
Ao longo do processo foram identificadas, robustecidas e validadas as linhas estratgicas
temticas que suportam a viso para o Alto Minho 2020, com a identificao das
prioridades e das linhas de atuao, orientadoras do plano de ao que consubstancia a
estratgia de desenvolvimento. O resultado desta abordagem do planeamento estratgico
no s um documento no sentido convencional do termo, mas tambm um processo de
conduo da mudana que compreende:
A construo de uma viso de futuro, prospetiva, com a identificao das prioridades e
linhas de atuao e respetiva definio das principais linhas de interveno estratgica
para o desenvolvimento, competitividade, coeso e sustentabilidade da regio;
A seleo de um conjunto de iniciativas e aes chave atravs dos quais se obtm a
evoluo da regio da situao de partida para o cenrio ambicionado;
A participao, o empenho e a mobilizao dos atores chave na elaborao e execuo
das iniciativas e aes a desenvolver;
O reforo do protagonismo da CIM Alto Minho e da articulao dos vrios municpios.
Figura 1. Metodologia do Plano de Desenvolvimento Alto Minho 2020
Marketing Territorial
Viso Estratgia Plano de Ao
Plano de desenvolvimento para o Alto Minho
Espao de excelncia ambiental, conjugando recursos, atividades e equipamentos que respondam aos desafios de competitividade, mudana, coeso, flexibilidade e sustentabilidade
Afirmao no contexto regional, nacional e transfronteirio, como polo de dinamizao, crescimento e criao de riqueza
Desenvolvimento econmico e social no contexto poltico-institucional, a nvel europeu, nacional e regional
Do contexto do Alto Minho
Identificao de cenrios de desenvolvimento estratgico
Definio das principais linhas de interveno
Identificao das prioridades e linhas de atuao
Diagnstico global e temticos
Focus-group e reunies temticas de trabalho
Seminrios temticos sobre os desafios futuros da regio
Linhas estratgicas temticas
Metodologia Instrumentos
Estimular participao pblica
Estimular articulao entre os municpios da CIM e promover o reforo do seu protagonismo
Site como plataforma de informao, participao e comunicao
Concurso escolar e de fotografia
Edio e divulgao
s temticas de interveno Participao e comunicao
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14 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
A mobilizao da participao da sociedade civil
No arranque deste projeto construi-se um site de divulgao e de recolha de contributos
(www.altominho2020.pt), como uma plataforma de informao, participao e
comunicao, que entre outras coisas, permitiu:
A divulgao dos atos pblicos do projeto e das publicaes que foram sendo
desenvolvidas a propsito do projeto;
A consulta pblica dos documentos produzidos ao longo do processo de trabalho;
A recolha de contributos e opinies;
A construo de um barmetro alimentado pela informao recolhida nos inquritos
realizados aos participantes nos focus-group e nos seminrios temticos.
Desde que est disponvel online, o site j foi visitado 7.730 vezes e recolheu 22
contributos atravs dos formulrios de participao pblica disponveis online.
A CIM Alto Minho, comprometida em dinamizar um processo de participao alargada,
chamou a comunidade escolar a assumir um papel de particular relevncia na definio
de uma estratgia de futuro para o Alto Minho e lanou o concurso escolar Alto Minho
2020 dirigido a todas as comunidades escolares da regio, no mbito das vrias formas de
expresso artstica: ilustrao (pintura ou desenho), escrita, audiovisual. O desafio era o
de fomentar nos estudantes, em conjunto com os seus professores e o apoio das famlias,
a reflexo crtica e a projeo de um futuro desejvel para a regio recorrendo sua
capacidade artstica e, simultaneamente, sua imaginao e criatividade. Os resultados do
concurso foram anunciados numa cerimnia pblica que culminou com a entrega de
prmios aos vencedores. A boa aceitao do concurso justificou a sua reedio.
O lanamento do concurso de fotografia foi outro momento de envolvimento da
comunidade que se traduziu na recolha de mais de 100 fotografias alusivas aos diversos
prismas de leitura do territrio do Alto Minho.
A abordagem operacional do processo de construo do Plano
de Desenvolvimento Alto Minho 2020
O arranque do processo de trabalho iniciou-se com uma reunio entre a equipa tcnica da
Augusto Mateus & Associados, empresa responsvel pela produo dos contedos tcnicos
do Plano de Desenvolvimento do Alto Minho, e o Conselho Executivo da CIM Alto Minho.
Seguiram-se visitas aos concelhos da regio e entrevistas individuais a atores da regio
que, a par da recolha de indicadores chave, contriburam para a elaborao do diagnstico
prospetivo e estratgico que pretendeu compreender quem somos e como chegmos aqui
e o que se passou na nossa envolvente.
Os principais resultados deste diagnstico foram abordados no seminrio de arranque e
divulgao pblica da iniciativa Alto Minho: Desafio 2020 O capital regional partida,
os desafios e as oportunidades, onde se lanaram as bases do processo de envolvimento e
participao da comunidade que se pretendia despoletar, seguiram-se quatro seminrios
temticos (de validao do processo de trabalho realizado ao abrigo de cada temtica
abordada, em particular nos focus-group realizados) que culminou na apresentao do
seminrio que marcou a finalizao da estratgia Alto Minho: Desafio 2020 A viso
estratgica, as prioridades e o plano de ao.
Assim, ao longo de um ano e meio de trabalho realizaram-se:
Visitas e reunies de trabalho em todos os concelhos da regio;
Reunies peridicas de acompanhamento do projeto entre a equipa tcnica da Augusto
Mateus & Associados e o Conselho Executivo da CIM Alto Minho;
Entrevistas individuais aos Presidentes dos Municpios da regio;
Seis seminrios: um seminrio de arranque do projeto, quatro seminrios temticos
(sobre a competitividade, a conetividade, a atratividade e a resilincia da regio) e um
seminrio de encerramento e apresentao da estratgia de desenvolvimento;
Quatro sries de focus-group: dois focus-group sobre o tema da competitividade, trs
sobre o tema da conetividade, trs sobre o tema da atratividade e trs sobre o tema
da resilincia - 11 focus-group no total;
Inquritos objetivos e concisos aos intervenientes de todos os seminrios temticos e
de todos os focus-group preparatrios, respetivo processamento e apresentao dos
resultados no site de divulgao do projeto 16 inquritos no total.
Todos estes momentos deram origem a documentos tcnicos, nomeadamente:
Diagnstico prospetivo regional (anexo 1);
Quatro diagnsticos temticos de apoio aos focus-group e 11 documentos de
apoio/orientao das questes de debate nos focus-group (anexos 4.1, 5.1, 6.1 e 7.1);
Sntese das principais concluses dos focus-group (anexos 4.2, 5.2, 6.2 e 7.2);
Documento apresentado no seminrio de arranque do projeto com os desafios e
oportunidades da regio (anexo 2.1) e respetivas concluses (anexo 2.2);
Documento apresentado no seminrio de encerramento do projeto com a viso
estratgica e plano de ao (anexo 9.1) e respetivas concluses (anexo 9.2);
Propostas estratgicas orientadas para as temticas dos seminrios (anexos 4.3, 5.3,
6.3 e 7.3) e sntese das principais concluses (anexos 4.4, 5.4, 6.4 e 7.4);
Resultados dos inquritos (anexo 8).
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 15
Figura 2. As fases do planeamento estratgico aplicado ao Plano
de Desenvolvimento do Alto Minho
O planeamento estratgico compreende a construo de uma viso pautada por eixos
temticos que surgem em diferentes momentos, desde o incio da reflexo participada,
passando pela identificao e seleo de instrumentos de atuao que se materializam
numa estratgia de interveno e pela correspondente identificao de projetos e aes.
O Plano de Desenvolvimento Alto Minho 2020 reflete o perodo de cerca de um ano e meio,
ao longo do qual se beneficiou da participao e contributos que resultaram do empenho da
populao, agentes econmicos, entidades pblicas e privadas, parceiros sociais e peritos
convidados nos vrios focus-group e seminrios temticos que se foram realizando.
A viso e prioridades estratgicas aqui recomendadas procuram responder aos principais
desafios que se colocam regio e o caminho que se deseja percorrer no futuro. O plano
de ao consubstancia esta estratgia e teve por base o levantamento dos projetos
estruturantes a realizar junto dos protagonistas regionais (pblicos e privados) para,
segundo critrios de pertinncia, viabilidade e de sinergias, proceder concertao e
encaixe das prioridades estratgicas para a regio.
Assumida desde o incio como uma estratgia de desenvolvimento regional, sem fronteiras
entre concelhos, assente numa abordagem top-down, o Plano de Desenvolvimento do Alto
Minho pretendeu promover uma lgica de afirmao da transmunicipalidade, dando
prioridade criao de parcerias alargadas de coordenao, cooperao e concertao de
iniciativas de mbito transmunicipal, sem prejuzo de parcerias intermunicipais mais
alargadas.
Figura 3. Base de atuao transmunicipal subjacente estratgia
de desenvolvimento regional
Regio competitiva
Regio conectada Regio atrativa
Regio resiliente
Regio conectada
Regio atrativa
Regio resiliente
Valorizao dos recursos endgenosSistema de produo e inovao
Fomentar a captao de fluxos dirigidos regioVender em mercados externosSustentar as ligaes da regio
O mundo rural do Alto MinhoO mundo urbano do Alto Minho
Fatores avanados de competitividade
SustentabilidadeCoeso
Competitividade
4
11
Apresentaodo projeto
Plano de Desenvolvimentodo Alto Minho
EscolarDe fotografia
Visitas ao terreno
Plataforma AltoMinho2020
Regio competitiva
6
1
2
3
4
5
6
1
Dez municpios - Um territrio - Uma estratgia - Um plano de ao - Uma governao
Dos objetivos e das restries definio seletiva de caminhos de desenvolvimento
Competitividade empresarialAtratividade turstica
e residencialValorizao territorial
[atrair visitantes e
residentes]
[atrair empresrios e
investimentos][cuidar do territrio]
Uma estratgia regional comum, partilhada pelos
principais stakeholders, com a CIM Alto Minho como
elemento catalisador
Da
intermunicipalidade transmunicipalidade.
O processo de trabalho participado e inclusivo
Definir a viso, para construir uma estratgia consistente, vertida num Plano de Ao eficaz
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16 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
Desgnios temticos de anlise focalizada
Foram apresentados quatro desgnios temticos, considerando a competitividade como
condio de base para a criao sustentada de emprego e riqueza na regio, assente na
constituio de parcerias pblico-privadas, e a coeso e proviso de bens e servios
pblicos sob tutela da CIM Alto Minho, definiram-se intervenes especficas em reas
consideradas prioritrias, nomeadamente a atratividade turstica e residencial, a
competitividade empresarial e a valorizao territorial.
Com o objetivo de discutir e aprofundar estas temticas identificadas como centrais para a
regio, visando a participao, concertao estratgica e o alargamento e fortalecimento
da rede de protagonistas regionais, foram realizados quatro seminrios temticos:
Como tornar o Alto Minho uma regio mais competitiva Uma regio que cria
empregos e gera riqueza;
Como tornar o Alto Minho uma regio mais conectada Uma regio ligada Europa e
ao Mundo;
Como tornar o Alto Minho uma regio mais atrativa Uma regio onde as pessoas
querem viver, que os turistas querem visitar e onde as empresas querem investir;
Como tornar o Alto Minho uma regio mais resiliente Uma regio capaz de se
adaptar mudana e de defender o seu patrimnio natural.
Figura 4. Desgnios temticos assumidos
no Plano de Desenvolvimento do Alto Minho
A preparao de cada um destes seminrios foi precedida da realizao de focus-group,
que serviram para debater e refletir sobre as percees dos vrios tipos de atores
diretamente relacionados com a temtica em causa e cujos contedos produzidos
beneficiaram o desenvolvimento de cada seminrio, nomeadamente:
Seminrio Como tornar o Alto Minho uma regio mais competitiva:
Valorizao dos recursos endgenos;
Sistema de produo e inovao.
Seminrio Como tornar o Alto Minho uma regio mais conectada:
Fomentar a captao de fluxos dirigidos regio;
Vender em mercados externos;
Sustentar as ligaes da regio.
Seminrio Como tornar o Alto Minho uma regio mais atrativa:
O mundo rural do Alto Minho;
O Mundo urbano do Alto Minho;
Fatores avanados de competitividade.
Seminrio Como tornar o Alto Minho uma regio mais resiliente:
Sustentabilidade;
Coeso;
Competitividade.
Posicionamento do Alto
Minho na afirmao
ajustada de um modelo
competitivo combinado de
atividade
e setores com modelos
produtivos ditados por
lgicas de:
Fatores de produo
Eficincia
Inovao e diferenciao
Regioconectada
Regioatrativa
Regioresiliente
Uma regioque cria emprego
e gera riqueza
Uma regiocapaz de se adaptar
mudana
Uma regio para viver,
visitar e investir
Uma regioligada Europa
e ao mundo
Regio competitiva
Um processo de trabalhoque identifica objetivos transversais
Posicionamento do Alto
Minho na projeo escala
internacional, pela
articulao das ticas de
abertura
ao mundo com a eficcia
na mobilidade de:
Pessoas
Bens
Informao e
conhecimento
Posicionamento do Alto
Minho na promoo
da identidade e qualidade
de vida da regio, suportada
pela afirmao das
perspetivas de atratividade
territorial:
Viver
Visitar
Investir
Posicionamento do Alto
Minho na incorporao
de mecanismos e processos
de flexibilidade e
adaptabilidade, orientados
para objetivos de:
Sustentabilidade
Coeso
Competitividade
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 17
2. Leitura prospetiva
do posicionamento nacional
e internacional do Alto Minho
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18 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 19
2. Leitura prospetiva do
posicionamento nacional e internacional do Alto Minho
2.1. As escalas de posicionamento do Alto Minho
O Alto Minho parte de uma posio de territrio de articulaes para assumir o
compromisso de ser um territrio de convergncias, visando dar unidade a vetores de
articulao que se encontram, de certa forma, espartilhados e fragilizados.
A posio de fronteira do Alto Minho imprime anlise deste territrio a perceo do seu
posicionamento no contexto das regies envolventes que, no quadro de Portugal,
abrangem as NUTS III do Ave, Cvado e Alto-Trs-os-Montes, no contexto mais alargado
da regio Norte, e que, no quadro de Espanha, abrangem as provncias de Corunha, Lugo,
Ourense e Pontevedra, no contexto mais alargado da regio da Galiza.
Esta posio de fronteira realada no Programa Nacional da Poltica e Ordenamento do
Territrio (PNPOT), que caracteriza o territrio do Alto Minho como um espao intermdio
entre a regio urbano-metropolitana do noroeste e a Galiza, sendo uma regio de
transio entre as reas metropolitanas de Porto e Vigo, podendo este efeito costura ser
responsvel por uma conteno no seu desenvolvimento.
Ultrapassar a posio de fronteira (no limite de Portugal) e de passagem (de Portugal para
Espanha, ou do Norte para a Galiza) so objetivos que se materializam atravs da
consolidao de aes concertadas entre agentes econmicos, que exigem a integrao das
diferentes perspetivas de articulao e posicionamento relativo do Alto Minho que,
consoante a natureza dos fenmenos, so canalisados em escalas de abordagem
diferenciadas.
As escalas de anlise do posicionamento do Alto Minho combinam:
A escala interna, que salienta as especificidades, os pontos de contacto entre os dez
municpios da regio e as oportunidades comuns a todos eles;
A escala nacional, que relativiza a dimenso dos fenmenos segundo o seu
posicionamento escala nacional, concertando objetivos de desenvolvimento regional
e sectorial;
A escala ibrica, fortemente condicionada pela relao com a Galiza, que introduz a
abordagem face aos grandes corredores ibricos de circulao, na relao com a
Europa, e a importncia do mercado espanhol no comrcio do Alto Minho;
A escala europeia, que recomenda o equilbrio entre as dimenses da competitividade
e da coeso, em particular, a perceo da coeso nas ticas da coeso econmica e
social, e as prioridades do crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo;
E, finalmente, uma escala de anlise que no cumpre critrios territoriais, mas que se
guia pela escala de articulao produtiva internacional.
-
Figura 5. Escalas de anlise do posicionamento do Alto Minho
Escala Interna(especificidades concelhias)
Legenda
Minho-LimaRegies europeias NUTS III
Escala Nacional(articulao escalade Portugal)
Escala Ibrica(articulao escala de Espanhae da relao Portugal-Espanha)
Escala Europeia(articulao escaladas regies europeias)
Corredores ibricosde circulao
-
De realar que a regio do Alto Minho encontra-se bem posicionada para intermediar um
processo de abertura e de articulao estreita entre Portugal e Espanha, via Norte-Galiza,
que confira expresso econmica e maior vnculo aos processos j existentes mas
relativamente espontneos de interpenetrao de usos, costumes e hbitos culturais que
se fazem sentir nos territrios junto s duas margens do rio Minho, entre os concelhos
portugueses e as provncias galegas.
Quadro 1. Dimenso econmica e populacional do Alto Minho
Populao Emprego Empresas VAB
(em milhares)
Minho-Lima 245 102 24 2.487
Norte (NUTS II Portugal) 3.690 1.627 366 42.784
Galiza (NUTS II Espanha) 2.795 1.110 208 51.461
% Minho-Lima/Galiza 9% 8% 12% 5%
% Minho-Lima/Norte 7% 6% 7% 6%
% Galiza/Norte 76% 68% 57% -
Nota: dados referentes populao reportam-se a 2011; dados referentes ao emprego, s empresas e ao VAB reportam-se a 2010, com exceo do VAB da Galiza que se reporta a 2008
Fonte: INE, Censos 2011 e contas regionais
A leitura do posicionamento do Alto Minho no pode, assim, deixar de considerar as
diferentes escalas de articulao que servem de base interpretao deste territrio.
Escala de articulao interna
O Alto Minho interpretado enquanto espao de confluncias, que combina a montanha
interior, as serras, os vales e o litoral atlntico, num mosaico paisagstico variado que
emerge como elemento identitrio da regio.
O Parque Nacional da Peneda-Gers e as diversas reas protegidas da regio so smbolos
incontornveis de excelncia ambiental que podem contribuir para a afirmao do Alto
Minho, pelo que importa definir uma estratgia supramunicipal orientada para a sua
valorizao, numa perspetiva de criao de emprego e riqueza, sem prejuzo da sua
preservao e gesto sustentvel.
A faixa litoral, que promove o encontro com o Atlntico, tem uma extenso de cerca de
60km, a que correspondem os territrios de mais baixa altitude, razoavelmente povoados,
com praias de qualidade balnear e paisagstica, e albergando um porto martimo Viana
Castelo.
Por outro lado, o Alto Minho beneficia da coerncia de dois vales, em torno dos rios Minho e
Lima, que deram solidez aos sistemas urbanos contnuos, e que, claramente, importa
unificar.
O perfil de ocupao do territrio faz sobressair a grande disperso do espao construdo,
onde se perceciona a consolidao de dois sistemas urbanos contnuos, em que as
freguesias urbanas das sedes de concelho constituem ns centrais que se alastram
progressivamente s freguesias vizinhas:
O sistema urbano de fronteira que percorre o arco definido pelos concelhos de
Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valena, Mono e Melgao;
O sistema urbano interior que integra os concelhos de Viana do Castelo, Ponte de
Lima, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez e Paredes de Coura.
Neste ordenamento, possvel destacar a centralidade assumida pelas cidades de Viana do
Castelo e Valena, enquanto polos urbanos de atrao regional, bem como o papel dos
ncleos urbanos das vilas no reforo da coeso interna pela articulao e aproximao
entre os sistemas urbanos e rurais.
Deve-se, portanto, olhar para este territrio tendo em ateno as suas diferentes
dimenses de leitura: o Minho Lima (regio), os seus dez municpios (concelhos), as suas
cidades (dimenso urbana) e os seus diferentes espaos (dimenso urbano-rural, espaos
verdes, mar, rios, zonas empresariais e industriais), tendo igualmente em ateno o papel
estratgico que a regio assume no relacionamento de Portugal com a Galiza a fronteira
de Valena, mais especificamente a ponte nova, o ponto fronteirio entre Espanha e
Portugal com maior intensidade mdia diria de trfego, corroborando a proximidade
geogrfica e a homogeneizao cultural que contribui para que, dos dois lados da fronteira,
exista quase a perceo de um s territrio, onde se combinam trabalho e residncia.
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22 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
Figura 6. Sistema urbano do Alto Minho
Escala de articulao nacional
Este protagonismo do Alto Minho encontra enquadramento nos objetivos e diretrizes dos
instrumentos de planeamento de base territorial e setorial de hierarquia superior
aplicveis. O Programa Nacional da Poltica de Ordenamento do Territrio (PNPOT) assinala
como principais opes para o Alto Minho:
O reforo do papel regional de Viana do Castelo (pois apesar da centralidade assumida
por este concelho, ainda evidente a forte polarizao exercida pelas cidades de Braga
e Porto) e a consolidao dos sistemas do Vale do Minho at Valena e do Vale do Lima
at Ponte de Lima e Ponte da Barca;
O desenvolvimento de aes que aproveitem a localizao privilegiada no eixo Porto-
Vigo-Corunha, reforando a implementao de novas funes para os centros urbanos
fronteirios e dinamizando a cooperao transfronteiria estratgica.
O Plano Regional de Ordenamento do Territrio (PROT) da regio Norte (NUT II onde o Alto
Minho se insere) assinala, igualmente, a existncia de duas dimenses que emergem no
relacionamento interurbano com os territrios de proximidade o relacionamento inter-
regional entre a regio Norte e a regio Centro e o relacionamento transfronteirio do
Norte de Portugal com a Galiza e com Castela e Leo.
O Alto Minho encontra-se numa posio estratgica privilegiada para se assumir como
protagonista na dinamizao de uma rede de articulaes regionais, nomeadamente pela
criao de sinergias:
Com Trs-os-Montes e Cvado, na construo de uma oferta turstica integrada,
ancorada nos recursos naturais da rea partilhada do Parque Natural da Peneda-
Gers;
Com o Douro e as cidades do Porto, Guimares e Braga, na explorao do potencial de
produtos tursticos convergentes (mas diferenciados) e na promoo conjunta nos
mercados emissores relevantes;
Com o Porto, na captao dos turistas que usam esta cidade como porta de entrada,
seja pelo terminal de cruzeiros, seja pelo aeroporto;
Com os principais concelhos da regio Norte, na ligao entre empresas e centros
tecnolgicos;
Com a Galiza e o Norte de Portugal, pela posio de charneira que o Alto Minho
assume entre estas regies.
CORUNHAPONTEVEDRA
VIGO
GRANDE PORTO
V. Castelo
Grande eixo urbano do Litoral
Norte/Galiza
Eixo Pte. Lima Pte. Barca
Eixo A. Valdevez Pte. Barca
Eixo A. Valdevez Mono
Eixos estruturantes
identificados no PROT - Norte
Eixos estruturantes - PNPOT
Funes Urbanas
Vale do Lima
Vale do Minho
Eixo sistema estruturante
Vale do Lima/Vale do
Minho
V. N. Cerveira P. Coura A. Valdevez
Eixo V. Castelo Pte. Lima
Sistemas urbanos contnuos
em consolidao
PORTO DE LEIXES
Corredor transfronteiriodo Vale do Minho
(Caminha-V. N. Cerveira-Valena-Mono-Melgao)
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 23
Figura 7. A diversidade de temticas de articulao do Alto Minho
A construo de uma oferta turstica integrada, que se mostre competitiva e no esquea
as valncias e recursos de cada concelho, poder constituir um mecanismo de dinamizao
do turismo, divulgando as grandes marcas do territrio e promovendo, valorizando e
projetando no exterior o potencial endgeno da regio.
O Alto Minho possui recursos tursticos que se enquadram nos fatores distintivos que o
Plano Estratgico Nacional de Turismo (PENT), pelo seu potencial de projeo e impacte
escala nacional, segmenta para a regio do Porto e Norte (regio de turismo onde o Alto
Minho se insere). Em termos regionais, o PROT Norte, em linha com o instrumento
anterior, acrescenta ainda alguns produtos tursticos a empreender para este destino.
Figura 8. Recursos do Alto Minho nas estratgias nacionais (PENT) e regionais
(PROT Norte) de desenvolvimento turstico
Fonte: Plano Estratgico Nacional do Turismo (PENTT) - Reviso do Plano de desenvolvimento do turismo no horizonte de 2015, Resoluo do Conselho de ministros n. 24/2013 e PROT- Norte, Comisso de Coordenao e Desenvolvimento Regional do Norte
Corredor turstico - Trs-os-Montes, Douroe as cidades do Porto, Braga e Guimares
Corredor empresarial de articulao, integrao e cooperao entre empresas dos principais clusters do Alto-Minho e da Galiza
Integrao em redes empresariais, institucionais e universitrias relevantes
Cooperao universitria
rea do PNPG partilhada com Trs-os-Montese Cvado e com articulao com a Galiza
Turismo religioso - Caminhos de Santiago
Ligao entre empresas e centros tecnolgicos
Trs-os-Montes
Braga
DouroPorto
Guimares
Santiagode Compostela
Redes virtuaisde instituies
e empresas
Alto MinhoRegio Norte (Portugal)Regio Galiza (Espanha)
PNPG (NUTS Alto Minho)PNPG (NUTS Alto Trs-os-Montes)
PENT principais apostas da regio Norte
Turismo de Sade (consolidado);
Circuitos tursticos religiosos e culturais (consolidado);
Estadias de curta durao em cidade (desenvolvimento);
Turismo de natureza (desenvolvimento);
Turismo de negcios (desenvolvimento);
Este instrumento refere ainda o turismo de sade, a gastronomia e os vinhos e o golfe como produtos complementares.
PROT Norte principais apostas da regio Norte no turismo
O PROT Norte identifica e considera essenciais para o desenvolvimento turstico
regional, os objetivos excelncia, competitividade e inovao e sustentabilidade;
Este instrumento assume o Norte de Portugal como uma regio turstica com quatro
destinos: Porto, Minho, Trs-os-Montes e Douro;
O programa de ao centrado nos produtos tursticos prioritrios da regio Norte
assume o turismo de natureza, o turismo nutico e a gastronomia & Vinhos
enoturismo como grau de prioridade muito elevado e o turismo de sade e
bem-estar, o turismo histrico-cultural (Tturing) e o golfe como grau de prioridade
elevado.
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24 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
Escala de articulao ibrica
A ligao do Alto Minho Galiza, com razes histrico-culturais antigas, continua a exercer
um papel decisivo nas dinmicas sociais, econmicas e culturais do Alto Minho. Os
concelhos do Alto Minho assumem-se como estratgicos na captao de investimento
galego, no s pela sua proximidade geogrfica, mas tambm pela competitividade salarial
do fator trabalho. As prprias condicionantes sindicais espanholas servem de motivao
deslocalizao de empresas para regies onde essa presso seja menos vincada.
Os centros urbanos de fronteira do Alto Minho possuem uma localizao privilegiada no
eixo Porto-Vigo-Corunha e a afirmao da Euro-regio da Galiza/Norte de Portugal passa,
em grande medida, pelo desenvolvimento do tringulo ValenaTui/Mono-
Salvaterra/Plataforma Logstica de Salvaterra-As-Neves/Porrio e pela ligao a Vigo,
principal polo dinamizador das atividades econmicas da regio galega.
Importa, da mesma forma, promover uma articulao sectorial que dinamize a proximidade
entre os clusters de especializao do Alto Minho e da Galiza, aproveitando os clusters
galegos de maior relevo e cooperar naqueles em que exista um potencial de
desenvolvimento conjunto.
O Alto Minho posiciona-se a norte dos principais corredores de circulao ibrica e a sua
dimenso populacional e econmica, bem como o seu modelo de insero no quadro mais
alargado da economia portuguesa, diferem consideravelmente das regies galegas com
quem mantm ligaes funcionais.
A Galiza apresenta uma especializao produtiva na agricultura tendencialmente mais
vincada face ao contexto espanhol e com contributos para a produo de riqueza
superiores aos verificados nas regies portuguesas. Revela, igualmente, uma
especializao mais forte no sector primrio e moderada no sector secundrio em relao
ao padro espanhol, em contraste com o Alto Minho, com uma especializao mais
acentuada nas indstrias e construo e moderada no sector primrio, face ao Pas.
O sector dos servios responsvel por cerca de 65% da riqueza produzida no Alto Minho,
valor inferior ao registado no Pas e alinhado com a regio Norte; a Galiza e as suas
provncias evidenciam um menor pendor do sector tercirio, no contexto espanhol.
Quadro 2. Especializao produtiva por grandes setores de atividade (QL do VAB)
Regio
Agricultura, produo
animal, caa, floresta
e pesca
Indstrias
e construo Servios
Port
ugal=
100 Norte 70 133 90
Minho-Lima 111 131 89
Cvado 93 148 84
Ave 48 192 71
Alto Trs-os-Montes 315 101 93
Espanha=
100 Galiza 167 113 92
Corunha 130 113 94
Lugo 380 97 91
Ourense 173 108 94
Pontevedra 139 120 90
Nota: Quociente de localizao (QL) do VAB utilizado como indicador do grau de especializao produtiva de uma determinada regio face ao pas. Se QL > 100, o sector tem mais peso na regio
do que a nvel nacional; se QL < 100, o sector tem menor peso nessa regio do que a nvel nacional. Dados reportados ao ano 2008.
Fonte: INE Portugal, Contas regionais, e INE Espanha | 2010
O Programa Operacional de Cooperao Transfronteiria Portugal-Espanha pretende dar
seguimento ao esprito de cooperao e aproveitamento das sinergias presentes em ambos
os espaos fronteirios, promovendo o desenvolvimento de territrios contguos com
problemas comuns, reforando-se a interveno centrada nos objetivos da cooperao e da
gesto conjunta transfronteiria de infraestruturas, equipamentos e servios. Os mbitos
estratgicos de interveno tm sido:
A cooperao no mbito do mar, nas vertentes cientfica, tecnolgica, cultural,
econmica e ambiental, promovendo a formao e investigao, o desenvolvimento e
a inovao;
A internacionalizao das PME da Euro-regio, com a promoo da inovao e da
competitividade, criando redes institucionais, incentivando a mobilidade do capital
humano e organizando consrcios de I&D;
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 25
A proteo ambiental, na dupla vertente de valorizao, promoo e conservao dos
recursos naturais, e do desenvolvimento urbano sustentvel, otimizando vocaes
funcionais e a criao de redes de cidades;
A cooperao e integrao social e institucional, disponibilizando servios comuns e
fomentando as redes de equipamentos sociais, culturais e de lazer, bem como a sua
utilizao partilhada, tendo em conta o princpio da racionalizao das estruturas.
Quase metade das exportaes e importaes do Alto Minho efetuam-se com Espanha,
cujas trocas comerciais so mais intensas do que na mdia da regio Norte e do Pas. No
assim de estranhar que de entre os vrios postos fronteirios entre Portugal e Espanha,
avaliando o trfego mdio de veculos pesados, a fronteira Valena/Tui seja a segunda do
pas mais procurada (logo a seguir a Vilar Formoso/Fuentes de Onoro).
No porto de Leixes e no porto de Viana do Castelo, a direo do movimento de cargas
claramente dominada pelas importaes e a ligao destes portos com os portos de Ferrol,
Corunha e Vigo, localizados nas principais rotas martimas internacionais e com uma forte
especializao em cargas e descargas, de extrema relevncia para a afirmao da
posio do Alto Minho no Arco Atlntico.
A importncia do mercado espanhol na economia do Alto Minho reflete-se no s nas
trocas comerciais, como no peso do turismo galego na regio, que segundo dados do
Instituto de Estudos Tursticos da Galiza (IET), em 2009, as dormidas dos galegos em
estabelecimentos hoteleiros portugueses representaram cerca de 30% das dormidas totais
de espanhis. Para esta realidade em muito contribui a proximidade geogrfica e a
promoo deste destino junto da regio vizinha o destino Portugal comercializado por
10 operadores tursticos da Galiza, sete dos quais situados na provncia de Pontevedra.
Escala de articulao europeia
As orientaes da poltica de coeso e programao estrutural europeia so definidas a
uma escala que abrange diferentes realidades nacionais e a leitura da realidade do Alto
Minho escala europeia levanta, necessariamente, preocupaes comuns s regies
europeias e s prioridades assumidas pela Estratgia 2020 promover um crescimento
inteligente, sustentvel e inclusivo.
Neste quadro, os pases e as regies europeias devem assumir como prioridades
estratgicas (i) a promoo do conhecimento, da inovao, da educao e da sociedade
digital (crescimento inteligente); (ii) a utilizao eficiente dos recursos (crescimento
sustentvel) e (iii) o emprego, a qualificao e a luta contra a pobreza (crescimento
inclusivo), em articulao com as prioridades especficas de cada um dos territrios e
estratgias nacionais adotadas.
Estas prioridades manifestam-se, naturalmente, com diferentes graus de exigncia no
contexto do Alto Minho. Importa, por isso, estabelecer um quadro de correspondncia que
permita beneficiar da plataforma comum criada (apoios e fundos comunitrios previstos no
prximo perodo de programao estrutural), garantindo a sua coerncia com os
constrangimentos, desafios e oportunidades identificados neste Plano de Desenvolvimento,
que contribuam para que o Alto Minho seja uma regio mais competitiva, mais atrativa,
mais conectada e mais resiliente.
A Comisso Europeia vem reforar a importncia do crescimento e do emprego nas regies
e nos Estados-membros e a cooperao territorial europeia como metas prioritrias nos
investimentos e iniciativas a apoiar. Neste contexto, o Alto Minho pode beneficiar do seu
posicionamento geogrfico, com a afirmao de Viana do Castelo no Arco Atlntico e da
Euro-regio da Galiza/Norte de Portugal, que j promove a integrao e a coeso
econmica e social em domnios relacionados com iniciativas locais e regionais conjuntas
(transfronteirias) ou com as prioridades europeias (transnacionais).
Escala de articulao produtiva internacional
Alm das diferentes escalas de anlise do posicionamento territorial do Alto Minho, deve-se
ainda considerar uma outra anlise a da dimenso do funcionamento das atividades
econmicas e geradoras de emprego e riqueza no quadro mais competitivo que a
globalizao vai, de forma mais ou menos intensa, impondo.
A estratgia de desenvolvimento do Alto Minho deve, atendendo a estas condies, ser
capaz de compreender a dimenso global atingida por determinadas atividades e setores,
como o caso dos mercados emissores de turismo, do investimento internacional e da
insero em redes globais de conhecimento, de visitao ou do patrimnio (cultural e
natural).
As atividades e setores produtivos com importncia (atual e futura) para o Alto Minho
devem, alm de valorizar os recursos da regio, ter em ateno as tendncias
internacionais dos setores, potenciando o perfil de especializao da regio e permitindo a
aposta em sectores com potencial de crescimento.
Com efeito, o Alto Minho deve produzir e exportar produtos em que melhor se posiciona
escala internacional, pelo que precisa conhecer os mercados, identificar as necessidades,
as tendncias globais e adaptar a sua capacidade produtiva.
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26 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
O desenvolvimento de produtos tursticos deve, igualmente, ter em conta as tendncias
internacionais das regies concorrentes e das regies parceiras do Alto Minho.
A oferta e partilha de experincias e sensaes aos visitantes e turistas deste territrio,
acompanhadas por nveis de servio de excelncia, pressupem uma estratgia de
promoo e divulgao do Alto Minho, que se tem de dar a conhecer ao mundo, mas
tambm precisa de se dar conta do mundo, isto , alm da otimizao do encaixe
internacional dos recursos patrimoniais do territrio, associada apropriao e difuso de
uma imagem forte do Alto Minho, deve saber quais as redes de visitao com as quais
pode e deve competir e aquelas onde se deve inserir.
A insero em redes empresariais globais e de ligao aos centros de conhecimento
(universidades de relevo, por exemplo), constituem outro mecanismo essencial, que pode
alavancar a especializao produtiva da regio e promover a sua capacidade de adaptao
s dinmicas concorrenciais escala global.
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 27
2.2. Leitura sntese prospetiva do diagnstico do Alto Minho
O Alto Minho interpretado como um territrio de articulaes que derivam do
reconhecimento inequvoco que a regio assume a trs nveis:
No domnio da natureza, pela referncia ambiental e patrimonial que constitui a
conjugao mar-rios-serra, e donde derivam leituras na tica da conservao e
proteo destes recursos, mas tambm recomendaes direcionadas para a
valorizao do seu potencial de criao de riqueza, emprego e de desenvolvimento de
novas atividades;
No domnio da qualidade de vida, pela singularidade e distino de um modelo de
vivncia que beneficia da plena insero da cidade no campo, onde se perceciona um
alastramento das vilas/cidades e sedes de concelho s zonas envolventes, dando corpo
a uma realidade que oferece formas de vivncia plenamente integradas no campo
onde se conjuga o verde dos espaos de produo agrcola e pecuria com o verde
dos territrios de preservao e proteo;
No domnio da sua geografia, enquanto regio bem posicionada para intermediar
um processo de abertura e de articulao estreita entre Portugal-Espanha, via Norte-
Galiza, que confira expresso econmica e maior vnculo aos processos relativamente
espontneos de interpenetrao de usos, costumes e hbitos culturais que se fazem
sentir nos territrios junto s duas margens do rio Minho, entre os concelhos
portugueses e as provncias galegas.
Perceber e interpretar o Alto Minho considerar o conjunto de recursos disponveis no
territrio, reconhecendo as suas singularidades e vulnerabilidades, e identificar os
elementos que servem como catalisadores das potencialidades que, de forma conjugada,
devem ser envolvidos numa estratgia de melhoria continuada da competitividade e
atratividade, da conectividade e da resilincia da regio.
Dinmica populacional
A regio do Alto Minho acolhe cerca de 245 mil habitantes, o que reflete uma perda de 2%
ao longo da ltima dcada. Neste perodo Vila Nova de Cerveira destaca-se dos outros
municpios, observando-se um crescimento da populao residente de cerca de 5% ao
longo do perodo considerado, que aliado estabilidade de Viana do Castelo contribuiu, de
forma decisiva, para uma perda menos significativa da populao da regio.
A perda populacional da regio no perodo intercensitrio 2001-2011 resulta do contributo
negativo da componente natural, que supera a capacidade de atrao de novos residentes.
Apesar da evoluo globalmente negativa, a capacidade de atrao populacional da regio
traduz-se num saldo migratrio positivo em termos globais e em grande parte dos
concelhos da regio, que atenua o saldo natural negativo. No obstante, o Alto Minho
uma regio mais envelhecida face ao Pas e regio Norte do que em 2001, fruto do
envelhecimento generalizado da populao em todos os concelhos, e que decorre, tambm,
das dificuldades de renovao da populao (os dois grupos etrios mais jovens, at aos 24
anos, assumem propores modestas no total da populao), o que aliado perda de
populao tem reflexos particulares na dimenso da bolsa de trabalho disponvel no futuro.
Quadro 3. Caracterizao e perfil global da populao | 2011
Regio Populao
(mil hab.)
Taxa de
crescimento
populacional
Saldo
natural
(n.)
Saldo
migratrio
(n.)
ndice de
envelhecimento
ndice de
dependncia
total
Portugal 10.562 2,0% 19.706 186.355 129 52
Norte 3.690 0,1% 48.817 -46.428 114 48
Minho-Lima 245 -2,2% -8.243 2.804 175 58
Arcos de Valdevez 23 -7,7% 2.215 301 274 73
Caminha 17 -2,3% -760 376 195 56
Melgao 9 -7,8% -1.049 266 413 84
Mono 19 -3,6% -1.730 1.004 261 64
Paredes de Coura 9 -3,9% -623 250 220 65
Ponte da Barca 12 -6,6% -604 -244 198 61
Ponte de Lima 43 -1,9% -16 -830 128 55
Valena 14 -0,4% -684 624 172 56
Viana do Castelo 89 0,1% -108 202 139 51
Vila Nova de Cerveira 9 4,5% -454 855 178 59
Nota: Taxas de crescimento populacional e saldos natural e migratrio respeitam ao perodo 2001-2011 Fonte: INE, Censos 2011 - Resultados definitivos
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28 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
As dinmicas demogrficas que se verificaram no Alto Minho durante o ltimo perodo
intercensitrio vm corroborar as projees realizadas pelo Instituto Nacional de Estatstica
em 2005 para a regio, com maior inclinao para o cenrio mais baixo que perspetivava
uma reduo da populao de cerca de 3,5% na dcada de 2000. Com base nestas
projees, o territrio do Alto Minho em 2020 tender a perder entre 3% e 6% da
populao residente em 2010, causa e consequncia de um processo de envelhecimento
acelerado que, conjugado com uma diminuio das taxas de natalidade, tornar o Alto
Minho num territrio mais envelhecido e com menos pessoas em idade ativa. Com efeito, o
retrato demogrfico da estrutura da populao perspetivado para 2020 mostra uma perda
de mais de 17% da populao jovem, com idade at 14 anos, conjugado com uma
diminuio de 5,5% da populao em idade ativa e um aumento de 1,4% da populao
com mais de 65 anos, numa tendncia que se agudizar at 2050.
Grfico 9. Projees da populao residente
Nota: Projees por estrutura etria baseadas no cenrio central.
Fonte: INE, Projees para a populao residente, 2005
Os cenrios traados colocam um desafio substancial regio com implicaes na definio
da estratgia regional. Neste sentido, importa garantir o planeamento da oferta de
equipamentos e servios do territrio procura potencial. A evoluo demogrfica
perspetivada coloca, desde logo, uma exigncia ao nvel da refuncionalizao de alguns
equipamentos que se encontram sobredimensionados para que sejam sustentveis num
contexto de decrscimo da populao. Por outro lado, o aumento do peso da populao
idosa requer o desenvolvimento de respostas sociais adequadas s necessidades dessa
franja da populao, mais premente nas zonas de baixa densidade onde as presses sobre
a oferta de servios de proximidade se faro sentir com maior intensidade.
Num contexto em que se antev um decrscimo populacional, a melhoria da atratividade
do Alto Minho revela-se fundamental para uma estratgia que vise a reteno da
populao, estancando os fluxos migratrios para fora da regio, principalmente aqueles
que intensificam o fenmeno de esvaziamento do mundo rural, e promova a captao de
novos residentes. Neste sentido, as presses perspetivadas sobre o modelo de povoamento
e o patrimnio natural tendem a ser esbatidas por uma lgica de ocupao do territrio
mais orientada para o repovoamento dos centros histricos e do mundo rural, capitalizando
a identidade do territrio, do que pela saturao urbanstica dos polos consolidados. No que
respeita evoluo do mercado de trabalho, a diminuio da bolsa de mo de obra
disponvel pode representar um handicap estrutural com implicaes na captao de
investimento e, em ltima anlise, na competitividade da regio.
Educao e qualificao dos recursos humanos
Os baixos nveis de escolaridade da populao do Alto Minho a performance global da
regio no que concerne percentagem da populao que detm pelo menos os 12 anos de
escolaridade obrigatria, apesar de beneficiar das boas prestaes de Viana do Castelo e
Caminha, no atinge os referenciais para a regio Norte e diverge, em 10 p.p., da mdia
nacional colocam um desafio qualificao da populao como contributo para elevar os
nveis de competitividade do territrio (Grfico 4 e Quadro 4 do anexo 1).
A estrutura de habilitaes do emprego revela, da mesma forma, as dificuldades do Alto
Minho na atrao de mo de obra qualificada: os nveis salariais dos trabalhadores com
habilitaes mais elevadas (ensino secundrio e superior) praticados so mais baixos face
ao Pas e s outras regies e podem ser um entrave mobilidade de talentos. E os prprios
sectores de especializao do Alto Minho parecem no explicar estas diferenas salariais,
ainda que nos setores com forte exposio concorrencial, seja praticamente equiparado ao
padro nacional do sector, como o caso das indstrias txtil, vesturio e calado e nas
indstrias de material de transporte (Grfico 13 e 15 do anexo 1).
150
175
200
225
250
2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050
Cenrio baixo Cenrio central Cenrio elevado
Milhares
15% 14% 13%
65% 64%
54%
21% 22%
33%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050
0 - 14 anos 15 - 64 anos +65 anos
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 29
Dimenso urbana e ocupao do territrio
O Alto Minho um territrio composto pela trilogia urbano-rural-natural que resulta de um
mosaico complexo e dinmico de interdependncias entre os vrios espaos.
O espao urbano do Alto Minho, consubstanciado nas cidades e nos centros urbanos das
vilas, caracterizava-se por ser um espao de fronteira entre o Norte de Portugal e a Galiza,
de transio entre as reas metropolitanas de Porto e Vigo, podendo este efeito costura
ser responsvel por alguma conteno no seu desenvolvimento.
O Alto Minho , igualmente, um territrio marcadamente rural, indissocivel do patrimnio
natural da regio, mas que assiste ao esvaziamento populacional das zonas rurais em
detrimento das zonas urbanas, que concentram mais de 75% da populao em apenas um
tero do territrio. As zonas rurais tm sido preferidas para alojamento de 2 residncia
(30% do parque habitacional da regio) e como opo de residncia para modelos
familiares mais alargados.
Os constrangimentos que derivam do posicionamento do Alto Minho enquanto espao de
transio podem ser ultrapassados pelos benefcios gerados pela proximidade da regio a
espaos urbanos densamente povoados que so desenhados pelo tringulo Porto,
Braga/Guimares e Vigo. Com efeito, a insero ativa e o aproveitamento das dinmicas
deste tringulo constitui uma alavanca para a melhoria da atratividade e competitividade
do Alto Minho, num quadro em que a regio seja capaz de usufruir dos efeitos sistmicos
gerados pela sua participao num espao mais alargado que povoado por mais de trs
milhes de habitantes e onde se localizam um conjunto de infraestruturas (aeroportos e
portos) e instituies (universidades do Porto, Minho e Vigo) a menos de uma hora de
distncia que podem ser decisivas para o desenvolvimento do territrio.
Figura 10. Tipologia de ocupao do territrio
Fonte: AM&A, com base em dados Corine Land Cover
Recursos endgenos e potencialidades tursticas
O Alto Minho um territrio aprazvel, com uma vasta diversidade e qualidade de recursos
endgenos naturais, patrimoniais e culturais dispersos pelos dez concelhos da regio e
que constituem polos com potencial de valorizao diferenciado.
Das 12 reas protegidas da regio Norte, quatro pertencem ao territrio do Alto Minho:
Parque Natural da Peneda Gers (o grande embaixador do patrimnio natural da regio,
e que representa 40% deste territrio), Parque Natural do Litoral Norte, Paisagem
Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos e Paisagem Protegida do Corno do
Bico. Para alm destas, destacam-se ainda a serra DArga e o sistema hidrogrfico
associado ao rio Minho e Lima.
Fonte: PROT-Norte: Relatrio Sectorial Acessibilidades, Mobilidade e Logstica, Junho 2009
Grandes Montanhasdo Norte
(ERPVA - Estrutura Regional de Proteo
e Valorizao Ambiental)
Corredor Ecolgico do
rio Minho
Corredor Ecolgico do
rio Lima
Serras
Serra Amarela
Serra do Soajo
Serra da Peneda
Serra DArga
Serras e Vales do Noroeste
(ERPVA - Estrutura Regional de Proteo e Valorizao Ambiental)
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30 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
Figura 11. Hierarquia do patrimnio natural, paisagstico e construdo
Nota: Esta hierarquizao corresponde a uma aproximao ao interesse e potencial de atratividade projetado junto dos visitantes/turistas.
Recursos como a paisagem, a terra, a gua (mar e rios) e o ar so elementos que
assumem no Alto Minho uma relevncia muito expressiva, determinante na modelao do
mosaico verde da paisagem, que to bem define esta regio.
Esta a grande singularidade do Alto Minho: a excelncia dos valores naturais e ecolgicos
que se consubstanciam num sistema paisagstico caraterizado, no s pela diversidade de
ambientes geolgicos sobre o qual se radicam o verde da vegetao, o movimento da
paisagem e o importante patrimnio vincola, mas tambm uma vasta e rica biodiversidade
que apresenta potencial para transformar este territrio num espao de interesse
geolgico, ecolgico, cultural e econmico nacional e transnacional.
O Alto Minho possui recursos tursticos que se enquadram nos fatores distintivos que o
PENT, pelo seu potencial de projeo e impacte escala nacional, segmenta para a regio
do Porto e Norte, onde se destacam as cidades histricas e os parques naturais,
nomeadamente o Parque Nacional da Peneda Gers, a gastronomia e os vinhos (Quadro 4
do anexo 1). Em termos regionais, O PROT Norte, em linha com o instrumento anterior,
acrescenta ainda o turismo nutico, o turismo sade e bem-estar, o turismo histrico-
cultural e o golfe como produtos tursticos a empreender para o destino turstico Alto Minho
(Caixa 1 do anexo 1).
Importa ainda referir o ganho de dimenso do Aeroporto Francisco S Carneiro (na cidade
do Porto) e a sua importncia na definio dos produtos tursticos do Alto Minho.
Em 2011, este aeroporto atingiu cerca de seis milhes de passageiros e serviu mais de 60
destinos, com mais de metade dos voos regulares operados por companhias areas low
cost, o que deve ser tido em conta na adequao da oferta turstica do Alto Minho e na sua
relao com o Norte, que articula produtos diferenciados mas que devem ser
convergentes: patrimnio civilizacional do Douro, recursos naturais do Parque Nacional
Peneda Gers (Alto Minho e Alto Trs-os-Montes) e turismo dirigido ao Porto (aeroporto e
terminal de cruzeiros).
A aptido para a prtica do turismo de natureza, turismo em espao rural e enoturismo,
entre outras atividades complementares, encontra-se bem patente na quantidade e
qualidade de valores naturais classificados. Mas os focos de entretenimento na regio
abarcam outras reas, como eventos culturais, artsticos e desportivos (mostras artsticas,
feiras gastronmicas, festivais de msica), que conferem ao territrio uma saudvel
diversidade de animao sociocultural. De realar ainda que alguns destes eventos
atingiram j uma projeo nacional e internacional, como o caso da Bienal de Cerveira,
dos festivais musicais de Paredes de Coura e Vilar de Mouros e do Festival Internacional de
Jardins de Ponte de Lima.
O Alto Minho rene um conjunto relativamente diferenciado de recursos com potencial de
atrao turstica, identificando-se, no conjunto dos dez concelhos, algumas similaridades
que podem ser potenciadas e promovidas em conjunto, e/ou em agrupamentos mais
restritos de concelhos, numa perspetiva integrada e a diferentes escalas.
Serra do Soajo
Serra Amarela
Serra da Peneda
Serra DArga
Plo de Atractividade Imediata1 Nvel Parque Nacional Peneda Gers2 Nvel rea Protegida de Corno do Bico e Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos
Rio Minho e Rio Lima
Plo de Atratividade Embrionria
Serra DArga
Fortalezas e Centros Histricos
Alojamento Turstico (natureza e rural)
Vinho e Gastronomia
Plo de Atratividade Complementar
Patrimnio histrico (arqueolgico, religioso)
Caminhos de Santiago
Patrimnio cultural e artesanato
Praias martimas e fluviais
Termas
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 31
A transformao do conjunto de recursos em produtos tursticos um processo complexo e
dinmico, que envolve estratgias de marketing territorial que estruturem um produto
alicerado na marca distintiva do territrio (verde) e com uma imagem emblemtica.
Para isso, exige-se a complementaridade de iniciativas empresariais ditadas pela
valorizao dos elementos patrimoniais relevantes e orientadas para uma procura
segmentada momentos de turismo, lazer, desporto, gastronomia, contacto com a
natureza e cultura (Figura 3 do anexo 1) em sintonia com a orientao das novas
iniciativas empresariais.
Figura 12. Dos recursos endgenos aos produtos emblemticos do Alto Minho
Dinamismo da atividade econmica
O tecido empresarial do Alto Minho constitudo por mais de nove mil estabelecimentos
(11,5% dos quais afetos indstria), que geram cerca de 59 mil postos de trabalho,
distribudos essencialmente por micro e pequenas empresas (Quadro 8 do anexo 1).
A regio apresenta uma maior dinmica de crescimento do nmero de estabelecimentos e
um ritmo mais acentuado de criao de postos de trabalho no contexto da regio Norte e
do Pas, com perdas menos significativas no nmero de estabelecimentos e menor
intensidade na reduo de postos de trabalho afetos indstria. Contudo, a relevncia
industrial do Alto Minho menos expressiva no contexto das regies de proximidade
(Cvado e Ave), podendo ser colmatada pela alavancagem do seu posicionamento de
fronteira, favorvel ao investimento estrangeiro, nomeadamente o que provm da Galiza.
No mesmo sentido, esse mesmo posicionamento pode ser potenciado atravs da
explorao da proximidade da regio a um conjunto de infraestruturas e instituies
determinantes para a competitividade da regio, nomeadamente os aeroportos do Porto e
de Vigo, os portos de Vigo e Leixes, as universidades do Porto, do Minho e de Vigo e as
infraestruturas tecnolgicas portuguesas (INL, PIEP, INESC e CEIIA) ou galegas (CETMAR,
CTAG). Importa referir ainda que este territrio apresenta uma menor iniciativa
empreendedora face ao Pas e regio Norte, ainda que as empresas criadas no Alto Minho
apresentem taxas mais elevadas de sobrevivncia mais de metade das empresas criadas
em 2008 estavam em atividade em 2010.
Especializao produtiva
O dinamismo econmico do Alto Minho est fortemente alicerado em sectores que
evidenciam elevados ritmos de crescimento do emprego na regio, como a educao e
sade (11%) e os servios empresariais (13%), com crescimento superior ao verificado no
Pas, e em sectores com crescimentos moderados, em linha com o padro nacional, mas
com expressiva dimenso, como a distribuio e comrcio (19%) e a hotelaria e
restaurao (6%) (Grfico 11 do anexo 1).
As indstrias extrativas, txtil, vesturio e calado, metlicas, material de transporte e
construo so as responsveis pela maior concentrao do emprego do Alto Minho, sendo
que a especializao mais vincada na indstria do material de transporte, com um peso
do emprego no Alto Minho mais de quatro vezes superior ao registado a nvel nacional
este setor representa cerca de 5,3% do emprego gerado na regio e cerca de 1,1% do
emprego gerado no Pas (Quadro 10 do anexo 1).
A especializao produtiva da regio, quando analisada na tica da criao de riqueza,
evidencia que, em geral, o Alto Minho uma regio onde os sectores ligados produo de
bens (agricultura, indstria e construo) so mais representativos (Quadro 9 do anexo 1).
Investigao
Pesca desportiva
Cicloturismo
Golfe
Desportos radicais:rafting, rappel, BTT()
Vela, remo, surf,canoagem
Praias (mar/rio)
Passeios equestres, trilhos, percursos e caminhadas
Geosstios
Festivais demsica
Bienal de Cerveira
Teatro/cultura
Festa do cavalo
Festivaisgastronmicos
Feiras de produtos locais
Festas e romarias populares
Festival Internacionalde jardins
Filigranas,
Dulcineias
Lenos dos namorados
Rendas e bordados
Aldeias tradicionais/Aldeias de Portugal
Quintas tradicionais
Casas apalaadas
Brandas
Espigueiros
Tecelagem
Vinhos
Gastronomia e doaria local
Enchidos artesanais, fumeiro
Raa bovina Cachena
Porco bsaro
Plantas aromticas
Cogumelos
Flores e jardins
guas termais
Produtos
locais
Artesanatoe patrimnio
cultural
Atividades desportivas
e de contacto com a
natureza
Iniciativas locais
e/ou regionais
Proteo
Valorizao
Produo
Produtos emblemticosMarketingterritorial
Conservao
Energia renovvel (elica, biomassa, mars) Floresta: proteo vs utilizao
Da valorizao dos produtos mobilizao de iniciativas
Patrimnio vs potencial turstico? Do produto com tradio ao produto tradicional?
Implicaes na criao de
riqueza e emprego?
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32 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
Setor agrcola e atividade piscatria
A agricultura constitui-se como um setor de extrema relevncia para o tecido econmico e
social no Alto Minho, num territrio onde mais de 70% da superfcie agrcola utilizada
como prado ou pastagens permanentes, destacando-se claramente do Pas, da regio Norte
e das NUTSIII envolventes.
Mais de um tero dos produtores do Alto Minho assumem a atividade agrcola a tempo
completo, colocando um desafio reorientao destas atividades para que sejam
desenvolvidas de acordo com uma filosofia de modernizao do setor.
A posio geoestratgica e a morfologia do Alto Minho conferem atividade piscatria e ao
sector das pescas uma importncia decisiva para a valorizao da rede hidrogrfica da
regio. No Rio Minho, em particular, a atividade pesqueira, de natureza sazonal, envolve
espcies como o meixo, a enguia, a lampreia, o salmo ou o svel, que servem de
complemento atividade principal dos agregados familiares (Quadro 12 do anexo 1). Estas
atividades, a par das atividades agrcolas, devem ser objeto de uma estratgia de
profissionalizao capaz de fixar populao no territrio.
Floresta, agroalimentar, mar e energias renovveis
A fileira florestal, o setor agroalimentar, a economia do mar e as energias renovveis
representam setores de atividade econmica que concretizam a lgica da conjugao da
dimenso econmica com o patrimnio dos recursos endgenos.
Fileira florestal: utilizao de mais de 221 mil ha. de solo, repartidos essencialmente
por matos (40%), floresta (31%) e agricultura (22%).
Setor agroalimentar: vasta diversidade e qualidade de produtos agroalimentares
locais, como o vinho, a gastronomia, a doaria local, os enchidos artesanais, o
fumeiro, a raa bovina cachena, o porco bsaro, a laranja do Ermelo, a broa de milho,
as plantas aromticas, os cogumelos, etc.
Cluster do mar: a pesca informal no rio Minho e Lima particularmente relevante em
termos econmicos e sociais para a regio.
Energias renovveis: boas condies naturais para a produo de energias alternativas
renovveis, com particular destaque para as energias hdrica e elica e,
complementarmente, biomassa, solar e das mars. A energia elica tem sido, alis,
uma importante aposta estratgica da regio nos ltimos anos, tornando Viana do
Castelo num dos distritos com maior potncia instalada do Pas e passando a regio a
ser exportadora lquida de eletricidade.
Articulao dos espaos de localizao empresarial entre o Alto Minho e a Galiza
Os concelhos do Alto Minho apresentam uma posio privilegiada para a captao de
investimento galego, no s pela sua proximidade geogrfica, mas tambm pela
competitividade salarial do fator trabalho.
A afirmao da Euro-regio da Galiza/Norte de Portugal passa, em grande medida, pelo
desenvolvimento do tringulo ValenaTui/Mono-Salvaterra/Plataforma Logstica de
Salvaterra-As-Neves/Porrio e pela ligao a Vigo, principal polo dinamizador das
atividades econmicas da regio galega (Figura 4 do anexo 1).
A articulao da oferta dos espaos de localizao empresarial e dos servios associados
num produto empresarial integrado assume uma importncia decisiva para a promoo e
afirmao da Euro-regio, enquanto espao alargado de valorizao das empresas.
Acessibilidade e mobilidade
O Alto Minho est bem dotado de infraestruturas rodovirias, beneficiando de boas
acessibilidades e de uma localizao privilegiada no contexto da Euro-regio Galiza-Norte
de Portugal o anel de autoestradas A28-A27-A3 estrutura o territrio a nvel interno,
definindo trs contnuos urbanos: (i) Viana do Castelo-Caminha-Valena, (ii) Viana do
Castelo-Ponte de Lima e (iii) Arcos de Valdevez-Ponte da Barca. Mas a mobilidade
rodoviria interna regio est mais debilitada que a externa e restam poucas alternativas
ao transporte rodovirio individual. Assim sendo, os locais com baixa densidade
populacional, as zonas mais afastadas dos centros urbanos, tm visto a oferta de
transportes pblicos rodovirios desaparecer, subsistindo apenas as carreiras que optam
pelo perodo (e percurso) escolar. A recente alterao do sistema de financiamento das
autoestradas condicionou ainda mais a mobilidade das pessoas dentro da regio.
Deste quadro, sobressai a escassez de transporte pblico e de uma efetiva intermodalidade
na regio, pela debilidade que se verifica na articulao dos vrios meios de transporte,
no s no transporte rodovirio, mas tambm no que respeita ao transporte ferrovirio,
onde permanece um desajuste dos horrios dos comboios e uma difcil intermodalidade,
fortemente condicionada pelos tempos de espera e pelas fracas condies da viagem.
De referir ainda as reivindicaes de melhorias nesta modalidade de transporte, seja pela
adequao dos horrios/percursos realidade quotidiana das populaes, seja pela
eletrificao e modernizao da via frrea obsoleta.
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Plano de Desenvolvimento do Alto Minho Desafio 2020 | 33
Figura 13. Sistema de acessibilidade interno
Tecnologias de informao e comunicao
O territrio encontra-se coberto pelas redes da MinhoCom e ValiCom que pretendem dotar
a regio de infraestruturas de nova gerao baseadas em fibra tica. A infraestrutura da
MinhoCom estende-se por 164 quilmetros, ligando cinco concelhos (Melgao, Mono,
Paredes de Coura, Valena e Vila Nova de Cerveira) e oito parques empresariais e a rede
da ValiCom tem 208 quilmetros de extenso que ligam os concelhos de Arcos de
Valdevez, Caminha, Ponta da Barca, Ponte de Lima, Viana do Castelo e Esposende e 11
parques empresariais.
O Alto Minho ainda uma regio excntrica em relao aos canais de informao e deciso
e as empresas locais revelam alguma dificuldade, por exemplo, em estar presentes nas
principais feiras mundiais com relevncia para as respetivas atividades.
fundamental garantir a recetividade e internalizao de hbitos de utilizao dos veculos
de difuso de informao e conhecimento por parte dos indivduos e das empresas da
regio, apesar de as infraestruturas digitais corresponderem s necessidades do territrio.
Figura 14. Rede de infraestruturas de nova gerao
Linha do
Minho
A-28
A-27
A-3
EN-202
EN-101
EN-201
Rede MinhoCom
Rede ValiCom
Parques empresariais
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34 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
A ligao do Alto Minho ao territrio circundante, ao pas, Europa e ao mundo remete
para uma aposta clara nas ligaes globais, para alm das ligaes estritamente fsicas e
territoriais. A afirmao do Alto Minho como regio cosmopolita envolve, sobretudo, um
acentuado esforo de comunicao externa, onde a internet assume, cada vez mais, um
papel fundamental.
A associao do Alto Minho ao mundo do conhecimento, da cultura e da informao passa
pelo pleno aproveitamento das infraestruturas cientfico-tecnolgicas disponveis na regio
que, por seu lado, se ligam e se aproximam ao mundo por intermdio de redes de
conectividade global. O Instituto Politcnico de Viana do Castelo constitui-se como um piv
privilegiado nesta ligao da regio aos centros de produo de conhecimento, atravs da
participao em programas internacionais de pesquisa, mobilidade (estudantes e
investigadores) e cooperao com universidades relevantes escala global.
Comrcio internacional
O Alto Minho um territrio com elevada intensidade exportadora, ao longo da dcada de
2000 as exportaes tem vindo a aumentar o seu contributo para a criao de riqueza na
regio: em 2000 representavam cerca de 28% da riqueza criada na regio e em 2011
respondem por mais de 40% do PIB da regio, um peso superior ao registado no Pas e na
regio Norte, sendo apenas superado pelo desempenho das NUTS III Entre Douro e Vouga
e do Ave. Os setores de especializao da regio foram os que mais contriburam para o
desempenho exportador do Alto Minho, as indstrias de material de transporte (42%), do
papel e das publicaes (14%), mecnicas e eletrnicas (13%) e metlicas (11%)
totalizaram 4/5 das exportaes da regio em 2011. No que diz respeito ao tipo de bens
exportados o Alto Minho apresenta uma elevada proporo dos bens de alta tecnologia no
total de exportaes (3,7%) face regio Norte (2,9%) e ao Pas (3,3%), apesar da
diminuio que se verificou desde 2004 em que estes bens representavam mais de 6% das
exportaes da regio.
Esta dinmica exportadora tem contribudo para que o Alto Minho registe, sucessivamente,
saldos positivos na sua balana comercial, com exceo do ano de 2008. Com efeito, at
2008 as exportaes do Alto Minho superaram as importaes em pelo menos 35%, mas
os efeitos da c