Estratégias de Ensino Experimental das Ciências. Perspectivas de Professores após a Formação
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e no na transmisso de contedos por parte do professor (Yager, 1991; Driver,
Asoko, Leach, Mortimer, & Scott, 1994; Hofstein & Lunetta, 2003). O ensino por
investigao exige uma mudana de um ensino mais tradicional para um ensino
que promova uma compreenso abrangente dos conceitos, o raciocnio crtico e odesenvolvimento de competncias de resoluo de problemas (Freire, 2009, p.
105). Contudo, as concepes dos professores acerca da cincia, das finalidades do
ensino, do modo como os alunos aprendem e das prticas de ensino influenciam a
sua receptividade ao ensino por investigao (Lotter, Harwood, & Bonner, 2007).
Metodologia e Instrumentos Usados
Optou-se por uma metodologia de natureza descritiva e interpretativa. Atendendo ao
facto das perspectivas dos professores no serem directamente observveis,
recorreu-se entrevista, como recomendam Merriam (1988), Bogdan e Biklen
(1994), Patton (1990) e Yin (2003), para a recolha de dados. As entrevistas
realizaram-se antes da participao no programa de formao e no fim do ano
lectivo seguinte com a finalidade de averiguar a ocorrncia de mudanas nas
estratgias de ensino experimental das cincias desenvolvidas por sete professoras
de diversas escolas do Concelho de Santarm.
Elaborou-se um quadro de categorias para anlise dos dados que se encontra
organizado em torno de dois eixos Caracterizao do Trabalho Experimental e
Factores Condicionantes do Uso de Trabalho Experimental. As subcategorias
emergiram da anlise das transcries atravs de questionamento e comparao
constante (Strauss & Corbin, 2007).
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Quadro 1. Categorias e subcategorias de anlise.
Categorias Subcategorias
Tipo
Frequncia e contextualizao
Autonomia do alunoCaracterizao do trabalho experimental
Avaliao
Professores
RecursosFactores condicionantes do uso de trabalho
experimentalAlunos
Resultados
A maioria das professoras afirmou antes da formao que realizava algumas
demonstraes experimentais no final do ano lectivo, como constam nos manuais
escolares, mas no promoviam o trabalho de grupo. Justificavam estas prticas
essencialmente com a falta de material e condies nas escolas.
Aps a formao, a generalidade das professoras revela implementar mais
actividades experimentais do que anteriormente, ainda que essencialmente no fim
do ano lectivo. Referem que o trabalho experimental no se tornou muito frequente
mas de outro tipo, ou seja afirmam ter passado da implementao somente de
demonstraes para verificaes ou at mesmo para investigaes, no caso de trs
professoras. Demonstram assim, atribuir depois da formao um papel mais activo
aos alunos, ao contrrio do trabalho de grupo que continua a no ter lugar nas suas
prticas.
Quanto avaliao das aprendizagens dos alunos, as estratgias e instrumentos
utilizados pelas professoras permanecem os mesmos aps a formao. Resumem-
se oralidade como estratgia de avaliao sem que contudo, realizem quaisquer
registos de observao dos alunos. Os instrumentos de avaliao mais utilizados
continuam a ser os registos dos alunos no manual escolar. Apenas trs professoras
afirmam utilizar a par com o manual fichas semelhantes s concebidas durante a
formao.
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Ao contrrio dos discursos das professoras no incio da formao, agora o
argumento da falta de recursos j no o principal constrangimento realizao de
actividades experimentais. Mencionam factores relacionados com a falta de tempo
devido s solicitaes dos agrupamentos escolares, ao facto de leccionarem avrios nveis em simultneo e extenso do programa.
Concluses gerais/Reflexo
Os resultados revelam que as professoras se mostram relutantes a promover um
ensino por investigao nas suas aulas, evidenciando algumas dificuldades
apontadas por Aulls e Shore (2008), como: assumir um novo papel na sala de aula;
promover diversas aprendizagens; atribuir um novo uso ao manual; fomentar o
trabalho em grupo; desenvolver um trabalho de cariz investigativo; gerir o tempo;
incluir este tipo de actividades na avaliao dos alunos. Ao argumento da falta de
tempo, apresentado pelas professoras, poder estar subjacente a ideia de que o
ensino das cinciasretira tempo a outros aspectos prioritrios, como a Matemtica,
a Leitura e a Escrita (S, 2002). Estas constataes revelam que estas professoras
apresentam uma concepo de ensino das cincias tendencialmente tradicional
sobre a qual a formao no teve o impacte esperado.
Referncias Bibliogrficas
Aulls, M., & Shore, B. (2008). Inquiry in education: The conceptual foundations for
research as a curricular imperative. New York: Lawrence Erlbaumassociates.
Bogdan, R., & Biklen, S. (1994). Investigao qualitativa em educao: uma
introduo teoria e aos mtodos. Porto: Porto Editora.
Driver, R., Asoko, H., Leach, J., Mortimer, E., & Scott, P. (1994). Constructing
scientific knowledge in the classroom. Educational Researcher, 23(7), 5-12.
Freire, A. M. (2009). Reformas curriculares em cincias e o ensino por investigao.
Actas do XIII Encontro Nacional de Educao em Cincias, Castelo Branco, Escola
Superior de Educao, 24 a 26 de Setembro.
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Hofstein, A., & Lunetta, V. (2003). The laboratory in Science Education: Foundations
for the twenty-first century. Science Education, 88(1), 28-54.
Lotter, C., Harwood, W., & Bonner, J. (2007). The Influence of Core Teaching
Conceptions on TeachersUse of Inquiry Teaching Practices. Journal of research in
science teaching, 44(9), 1318-1347.
Merriam, S. (1988). Case study research in education: A qualitative approach (1.
ed.). S. Francisco: Jossey Bass.
NRC (National Research Council) (2000). Inquiry and the National Science
Education Standards. Washington, DC: National Academy.
Patton, M. (1990). Qualitative evaluation methods. Newbury Park: Sage.
S, J. (2002). Renovar as Prticas no 1 Ciclo pela Via das Cincias da Natureza
(2. ed.). Porto: Porto Editora.
Strauss, A., & Corbin, J. (2007). Pesquisa Qualitativa. Tcnicas e procedimentos
para o desenvolvimento de teoria fundamentada(2 ed.). Porto Alegre: Artmed.
Yager, R. E. (1991). The constructivist learning model: Towards real reform in
science education. The Science Teacher, 58(6), 5257.
Yin, R. (2003). Case study research: Design and methods(3. ed.). Thousand Oaks /
London: SAGE.