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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ESTRATÉGIAS DE PREENCHIMENTO METÁLICO DE CAVIDADES COM CONTORNO FECHADO POR MEIO DO PROCESSO GMAW-P, NAS POSIÇÕES PLANA E HORIZONTAL. Por EDISON ANDRÉS ARTEAGA LÓPEZ Brasília, 16 de junho de 2016 UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ESTRATÉGIAS DE PREENCHIMENTO METÁLICO DE

CAVIDADES COM CONTORNO FECHADO POR MEIO DO

PROCESSO GMAW-P, NAS POSIÇÕES PLANA E

HORIZONTAL.

Por

EDISON ANDRÉS ARTEAGA LÓPEZ

Brasília, 16 de junho de 2016

UNIVERSIDADE DE BRASILIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

UNIVERSIDADE DE BRASILIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ESTRATÉGIAS DE PREENCHIMENTO METÁLICO DE

CAVIDADES COM CONTORNO FECHADO POR MEIO DO

PROCESSO GMAW-P, NAS POSIÇÕES PLANA E

HORIZONTAL.

EDISON ANDRÉS ARTEAGA LÓPEZ

ORIENTADOR: GUILHERME CARIBÉ DE CARVALHO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PUBLICAÇÃO: ENM.DM – 102/16

BRASÍLIA, DF: JUNHO – 2016

FICHA CATALOGRÁFICA

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

LOPÉZ, E. A. A. (2016) ESTRATÉGIAS DE PREENCHIMENTO METÁLICO DE

CAVIDADES COM CONTORNO FECHADO POR MEIO DO PROCESSO GMAW-P,

NAS POSIÇÕES PLANA E HORIZONTAL. Dissertação de Mestrado em Sistemas

Mecatrônicos, Publicação ENM.DM:102/16 Departamento de Engenharia Mecânica,

Universidade de Brasília, DF, 98 p.

CESSÃO DE DIREITOS

AUTOR: Edison Andrés Arteaga López.

TÍTULO: ESTRATÉGIAS DE PREENCHIMENTO METÁLICO DE CAVIDADES COM

CONTORNO FECHADO POR MEIO DO PROCESSO GMAW-P, NAS POSIÇÕES

PLANA E HORIZONTAL.

GRAU: Mestre ANO: 2016

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação de

mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e

científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte dessa dissertação de

mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.

________________________________

EDISON ANDRÉS ARTEAGA LÓPEZ

LÓPEZ ARTEAGA, EDISON ANDRÉS

Estratégias de preenchimento metálico de cavidades com contorno fechado por meio do processo GMAW-P,

nas posições plana e horizontal [Distrito Federal] 2016. xvii 98 p., 210 x 297 mm (ENM/FT/UnB, Mestre,

Sistemas Mecatrônicos, 2016)

Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília, Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia

Mecânica.

1. Preenchimento de Cavidades 2. GMAW-Pulsado

3. Soldagem Posicional. 4. Recuperação em turbinas.

I. ENM/FT/UnB. II. Título.

Dedico este trabalho aos meus pais Sandra

Lorena e Edison, a minha irmã Natalia, pelo carinho,

amor e incentivo ao longo destes anos de trabalho.

EDISON ANDRÉS ARTEAGA LÓPEZ

AGRADECIMENTOS

Agradecer primeiro a Deus pelo dom da vida, meus pais Sandra Lorena López Campo

e Edison Arteaga Córdoba, a minha irmã Natalia Arteaga López por todo o apoio, carinho e

amor oferecidos neste tempo. Ao meu tio Enrique Arteaga Córdoba por seu apoio e motivação

e outros parentes que me apoiaram direta e indiretamente durante o desenvolvimento deste

trabalho. À Liseth Herrera pelo apoio e incentivo desde o inicio.

Meu orientador, o professor Guilherme Caribé por sua orientação, dedicação,

paciência e amizade ao longo deste trabalho. Por seus conhecimentos e conselhos dados.

Aos meus amigos, Andrés Girón e Margarita Moncayo pelo apoio e ajuda desde o

início deste processo.

Aos colegas do GRACO, especialmente Jose Lazaro por sua amizade e apoio no

desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus amigos, José Bonilla, Mauricio Merino, Carolina Castro, Karen Fabara,

Paola Cajas, Evone Lopez entre outros, pela amizade oferecida.

Aos técnicos do departamento de mecânica, especialmente Pereira, Artur, Tarses e

Alexandre por sua ajuda durante o desenvolvimento deste trabalho.

Ao CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Desenvolvimento, pelo apoio financeiro.

Á todas as pessoas que apoiaram meu trabalho direta e indiretamente.

EDISON ANDRÉS ARTEAGA LÓPEZ

“A simplicidade é a maior sofisticação”

Leonardo Da Vinci

RESUMO

Autor: López, E. A. A. ESTRATÉGIAS DE PREENCHIMENTO METÁLICO DE CAVIDADES COM

CONTORNO FECHADO POR MEIO DO PROCESSO GMAW-P, NAS POSIÇÕES

PLANA E HORIZONTAL.

Programa de Pós-Graduação em Sistemas Mecatrônicos.

Brasília, junho de 2016.

Este trabalho apresenta o desenvolvimento de uma metodologia para a definição de

estratégias de preenchimento metálico de cavidades de contorno fechado, por meio do

processo GMAW pulsado, visando à automatização do processo de recuperação de turbinas

hidroelétricas afetadas por problemas de erosão por cavitação. São estudadas estratégias de

preenchimento tanto para a posição plana, quanto para a posição horizontal. A metodologia

inicia-se pela busca de parâmetros do processo para a obtenção de um cordão de solda com

boas características geométricas, depositado com baixa geração de respingos, por meio de um

planejamento experimental com arranjo composto central. Obtido o cordão com as

características desejadas, realiza-se um estudo sobre o percentual de sobreposição entre

cordões dispostos de forma paralela, de modo a se obter uma camada de solda com boas

características de planicidade, definidas por um critério de ondulação máxima. Implementam-

se, então, diferentes estratégias de sequenciamento de cordões, de modo a se estudarem seus

efeitos no resultado da deposição, terminando por realizar ensaios de preenchimento de um

modelo de cavidade de contorno fechado, usinada em placa de aço.

Palavras-chave: Preenchimento de Cavidades, GMAW-Pulsado, Soldagem posicional,

Recuperação em Turbinas.

ABSTRACT

Author: López, E. A. A. STRATEGIES FOR METALLIC FILLING OF CLOSED BOUNDARY CAVITIES BY

MEANS OF THE GMAW-P PROCESS, IN FLAT AND HORIZONTAL POSITIONS.

Programa de Pós-Graduação em Sistemas Mecatrônicos.

Brasília, July of 2016.

This work presents the development of a methodology for defining strategies of

metallic filling of closed boundary cavities by means of the pulsed GMAW process, aiming at

the robotizing of the cavitation repair in hydroelectric turbine runners. Filling strategies both

for the flat (1G) and the horizontal (2G) positions are investigated. The methodology starts by

searching the welding process parameters suitable for producing a sound weld bead, with

good geometric characteristics, deposited with low spatter in the flat position, by means of a

central composite design experimental planning. After obtaining the desired weld bead, an

experimental study on the distance between parallel overlapped weld beads required for the

formation of a smooth and flat weld layer was carried out. A smoothness criterion (based on

the maximum and the average undulation) was adopted to classify the resulting weld layers

for the different overlapping percentages tested. Several deposition sequences were also tested

in order to obtain the best combination (percentage overlap and deposition sequence) for the

flat (1G) and the horizontal (2G) welding positions. Crater filling experiments are then carried

out on closed boundary circular 5 mm deep cavities machined on steel plates.

Key words: Cavity filling, Pulsed-GMAW, Positional Welding, Cavitation repair

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1. TRANSFERÊNCIA POR CURTO CIRCUITO (MODENESI, 2012). ........................................................... 26

FIGURA 2.2. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA PULSAÇÃO DE CORRENTE: IP- CORRENTE DE PICO, IB –

CORRENTE DE BASE, TP- TEMPO DE PICO E TB-TEMPO DE BASE. (MODENESI, 2012) .................................. 30

FIGURA 2.3. INTERPOLAÇÃO ENTRE 5 PONTOS DE OPERAÇÃO (FISCHER, 2011) ................................................. 33

FIGURA 2.4. POSIÇÃO DE SOLDAGEM. ADAPTADO DE AWS (2000). ................................................................... 34

FIGURA 2.5. POSIÇÕES DE ELETRODOS E MOVIMENTOS NA SOLDAGEM HORIZONTAL. (GETSOLDA, 2007) ....... 35

FIGURA 2.6. SOLDAGEM HORIZONTAL INADEQUADA (GETSOLDA, 2007) ............................................................ 35

FIGURA 2.7 CORDÕES DEPOSITADOS NUMA SOLDAGEM DE ENCHIMENTO (GETSOLDA, 2007). ........................ 37

FIGURA 2.8. TIPOS DE TRAJETÓRIAS DE SOLDAGEM NO PREENCHIMENTO DE CAVIDADES. (A) RASTRO, (B)

CONTORNO E (C) ESPIRAL. (SIMINSKI, 2003) ............................................................................................... 39

FIGURA 2.9. CORÕES SEQUENCIAIS (A) E CORDÕES INTERCALADOS (B) (SIMINSKI, 2003) APUD (PINHEIRO, 2014)

..................................................................................................................................................................... 39

FIGURA 2.10. PREENCHIMENTO COM PAREDE RESTRITIVA (A) E COM CAMADAS SUCESSIVAS INTERCALADAS (B)

(SIMINSKI, 2003) APUD (PINHEIRO, 2014) ................................................................................................... 40

FIGURA 2.11 PLANEJAMENTO COMPOSTO CENTRAL (PCC). COM DOIS NIVEIS PARA DUAS VARIAVEIS DE

ENTRADA (X1, X2) (LOPERA, 2010) (MONTGOMERY, 1983). ........................................................................ 44

FIGURA 3.1 METODOLOGIA .................................................................................................................................. 47

FIGURA 3.2 ASPECTO DO CORDÃO DE SOLDA PARA VÁRIOS TIPOS DE GASES (PLATA, 2016) ............................. 49

FIGURA 3.3 CÉLULA DE SOLDAGEM COMPOSTA DE: (A) ROBÔ ABB IRB 2000AW E (B) FONTE FRONIUSTPS-5000

CMT. ............................................................................................................................................................. 51

FIGURA 3.4 SUPORTE PARA FIXAÇÃO E POSICIONAMENTO DE PLACAS DE TESTE (AURES, 2013). ..................... 52

FIGURA 3.5 DEFINIÇÃO DE ÂNGULO DE TRABALHO E ÂNGULO DE ATAQUE. ADAPTADA DE WELDCORD (2016) 55

FIGURA 3.6 CORDÃO RESULTANTE DOS PARÂMETROS SELECIONADOS. ............................................................. 58

FIGURA 3.7 MACROGRAFIA (CHAVEZ, 2014). ....................................................................................................... 58

FIGURA 3.8 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DA SOLDA: ALTURA (H), LARGURA (L) E PENETRAÇÃO (P)

VISUALIZADAS NO PROJETOR DE PERFIL. .................................................................................................... 59

FIGURA 3.9 SOBREPOSIÇÃO ENTRE DOIS CORDÕES DE SOLDA. ........................................................................... 60

FIGURA 3.10 SOBREPOSIÇÃO DE SOLDAGEM (A) 30%, (B) 35%, (C) 40%, (D) 45%, (E) 50%. ................................ 62

FIGURA 3.11 SOBREPOSIÇÃO 30%,35%, 40%,45% ................................................................................................ 63

FIGURA 3.12 SOBREPOSIÇÃO 50% ........................................................................................................................ 63

FIGURA 3.13 TOMADA DE DADOS DA PRIMEIRA CAMADA .................................................................................. 63

FIGURA 3.14 PRIMEIRA CAMADA NA POSIÇÃO PLANA......................................................................................... 64

FIGURA 3.15 SEGUNDA CAMADA (POSIÇÃO PLANA). ........................................................................................... 65

FIGURA 3.16 PRIMEIRA E SEGUNDA CAMADA NA POSIÇÃO PLANA (PERFIL). ...................................................... 65

FIGURA 3.17 CRESCIMENTO DA LARGURA EM CADA CAMADA DE RECOBRIMENTO ........................................... 66

FIGURA 3.18. PERFIL DA PRIMEIRA CAMADA ....................................................................................................... 67

FIGURA 3.19. PERFIL DA SEGUNDA CAMADA ....................................................................................................... 67

FIGURA 3.20 CORDÃO ISOLADO NA POSIÇÃO HORIZONTAL. ............................................................................... 68

FIGURA 3.21 SOLDA NA POSIÇÃO HORIZONTAL DE CIMA PARA BAIXO. .............................................................. 68

FIGURA 3.22 ÂNGULO DE TRABALHO PARA POSIÇÃO HORIZONTAL. ................................................................... 69

FIGURA 3.23 DEPOSIÇÃO DE CORDÕES SEQUENCIAIS COM SOBREPOSIÇÃO DE 25% COM SEQUÊNCIA DE

CORDÕES DE BAIXO PARA CIMA (A) E DE CIMA PARA BAIXO (B). ............................................................... 69

FIGURA 3.24 DEPOSIÇÃO DE CORDÕES SEQUENCIAIS COM SOBREPOSIÇÃO DE 40% COM SEQUÊNCIA DE

CORDÕES DE CIMA PARA BAIXO (A) E BAIXO PARA CIMA (B). .................................................................... 70

FIGURA 3.25. PRIMEIRA CAMADA NA POSIÇÃO HORIZONTAL. ............................................................................ 71

FIGURA 3.26. SEGUNDA CAMADA NA POSIÇÃO HORIZONTAL. ............................................................................ 72

FIGURA 3.27. PERFIL DA PRIMEIRA CAMADA NA POSIÇÃO HORIZONTAL ............................................................ 72

FIGURA 3.28. PERFIL DA SEGUNDA CAMADA NA POSIÇÃO HORIZONTAL. ........................................................... 72

FIGURA 3.29 DESENHO DO CORPO DE PROVA EM SOLIDWORKS®. ...................................................................... 73

FIGURA 3.30 DESENHO DO CORPO DE PROVA EM SOLIDWORKS® (VISTA ISOMÉTRICA) ..................................... 74

FIGURA 3.31 CORPO DE PROVA FEITO DE AÇO 1020. ........................................................................................... 74

FIGURA 4.1 TIPOS DE FATIAMENTO ...................................................................................................................... 75

FIGURA 4.2. ANGULO DE 90° PARA ATAQUE NO INÍCIO, MEIO E NO FIM DO CORPO DE PROVA. ....................... 76

FIGURA 4.3. SUBIDA (A) E DESCIDA (B) FEITO COM O ANGULO DE ATAQUE MANTIDO EM 90º. ........................ 77

FIGURA 4.4. ANGULO DE ATAQUE DE 45° NA DESCIDA (A) E SUBIA DO CORPO DE PROVA (B). .......................... 77

FIGURA 4.5 CORDÃO DEPOSITADO COM A ESTRATÉGIA PROPOSTA NO CORPO DE PROVA. .............................. 77

FIGURA 4.6.FULIGEM RESULTANTE DA DEPOSIÇÃO SOBRE PRIMEIRA CAMADA DE AÇO AWS 410NIMO ........... 78

FIGURA 4.7 INÍCIO DO CORDÃO DE SOLDA. .......................................................................................................... 80

FIGURA 4.8 FIM DE CORDÃO DE SOLDA. ............................................................................................................... 80

FIGURA 4.9. SEQUENCIAL NA MESMA DIREÇÃO. .................................................................................................. 81

FIGURA 4.10. CORDÃO NO MEIO E DEPOIS UM CORDÃO PARA CADA LADO. ...................................................... 81

FIGURA 4.11. SEQUENCIALMENTE IDA E VOLTA. .................................................................................................. 82

FIGURA 4.12 DISPOSIÇÃO DOS PONTOS DE PROGRAMAÇÃO DO CORDÃO DE SOLDA. ....................................... 82

FIGURA 4.13. PRIMEIRA CAMADA DE PREENCHIMENTO REALIZADA COM CORDÕES PARALELOS SEQUENCIAIS

INVERTIDOS (IDA E VOLTA). ......................................................................................................................... 84

FIGURA 4.14. SEGUNDA CAMADA TERMINADA NA POSIÇÃO PLANA. ................................................................. 84

FIGURA 4.15. PEÇA DE TRABALHO SEM PREENCHIMENTO (A); PEÇA COM UMA CAMADA DE SOLDA (B), PEÇA

PREENCHIDA COM DUAS CAMADAS DE SOLDA (C). .................................................................................... 85

FIGURA 4.16 CORTE TRANSVERSAL DA PEÇA NA POSIÇÃO PLANA COM ATAQUE QUÍMICO DE NITAL. .............. 86

FIGURA 4.17 CORTE TRANSVERSAL DA PEÇA NA POSIÇÃO PLANA COM ATAQUE QUÍMICO COM REAGENTE

KALLING ....................................................................................................................................................... 86

FIGURA 4.18 CORTE LONGITUDINAL DA PEÇA NA POSIÇÃO PLANA COM ATAQUE QUÍMICO DE NITAL. ............ 86

FIGURA 4.19 CORTE LONGITUDINAL DA PEÇA NA POSIÇÃO PLANA COM ATAQUE QUÍMICO COM REAGENTE

KALLING. ...................................................................................................................................................... 87

FIGURA 4.20 POSICIONAMENTO DA TOCHA DE SOLDAGEM NA POSIÇÃO HORIZONTAL COM RESPEITO À PEÇA.

..................................................................................................................................................................... 88

FIGURA 4.21. PRIMEIRA CAMADA DE SOLDA FEITA NA POSIÇÃO HORIZONTAL. ................................................. 88

FIGURA 4.22 PEÇA PREENCHIDA NA POSIÇÃO HORIZONTAL COM DUAS CAMADAS DE SOLDA. ......................... 89

FIGURA 4.23 CORTE TRANSVERSAL DA PEÇA EM POSIÇÃO HORIZONTAL, ATACADA COM NITAL. ...................... 90

FIGURA 4.24 CORTE TRANSVERSAL DA PEÇA EM POSIÇÃO HORIZONTAL, ATACADA COM REAGENTE KALLING. 90

FIGURA 4.25 CORTE LONGITUDINAL DA METADE DO CORPO DE PROVA PREENCHIDO NA POSIÇÃO

HORIZONTAL. ............................................................................................................................................... 90

FIGURA 5.1 DEFEITOS POR MÁ LIMPEZA DA PEÇA NA POSIÇÃO PLANA (A) E NA POSIÇÃO HORIZONTAL (B) E (C).

..................................................................................................................................................................... 92

FIGURA 5.2 RESULTADOS DA RECUPERAÇÃO NA POSIÇÃO PLANA (A) E HORIZONTAL (B) NO PROCESSO GMAW-

P, RESULTADO DE BONACORSO (2004) COM O PROCESSO PLASMA (C). .................................................... 94

FIGURA 5.3 CORPO PREENCHIDO DO TRABALHO DE PINHEIRO,(2014). ............................................................... 95

FIGURA 5.4 RESULTADO DO TRABALHO DE NICHOLSON, (2005). ........................................................................ 95

FIGURA 5.5 RESULTADOS OBTIDO PELO SCOMPI (BONACORSO, 2004). .............................................................. 95

FIGURA A.1 (A) GRÁFICO DE PROBABILIDADE NORMAL DOS RESÍDUOS (B) O EFEITO DOS ELEMENTOS EM

ALTURA DO CORDÃO DE SOLDA. ............................................................................................................... 108

FIGURA A.2 (A) GRÁFICO DE PROBABILIDADE NORMAL DOS RESÍDUOS; (B) E OS GRÁFICOS (C) O EFEITO DE 3D

DOS ELEMENTOS EM LARGURA DO CORDÃO. ........................................................................................... 109

FIGURA A.3 (A) GRÁFICO DE PROBABILIDADE NORMAL DOS RESÍDUOS; (B) E (C) O EFEITO3D DOS FATORES DA

PENETRAÇÃO. ............................................................................................................................................ 110

LISTA DE TABELAS

TABELA 3.1 TIPOS DE GASES. (SOLGAS, 2016) ...................................................................................................... 48

TABELA 3.2 PARÂMETROS INICIAIS DE SOLDAGEM GMAW-P. (CHAVEZ, 2014) ................................................... 54

TABELA 3.3 VARIÁVEIS .......................................................................................................................................... 56

TABELA 3.4 CODIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS ........................................................................................................... 57

TABELA 3.5. MELHORES PARÂMETROS. ................................................................................................................ 57

TABELA 3.6 MEDIA DOS PARÂMETROS DAS REPETIÇÕES DO PONTO CENTRAL (SEÇÃO DA TABELA A.1). ........... 59

TABELA 3.7 SOBREPOSIÇÃO POSIÇÃO PLANA ....................................................................................................... 62

TABELA 3.8 RESULTADO DOS VALORES MEDIDOS DAS CAMADAS ....................................................................... 64

TABELA 3.9 PRIMEIRA CAMADA NA POSIÇÃO PLANA ........................................................................................... 65

TABELA 3.10. SEGUNDA CAMADA NA POSIÇÃO PLANA ....................................................................................... 66

TABELA 3.11 DADOS GERAL DAS CAMADAS (ALTURA E LARGURA) POSIÇÃO PLANA .......................................... 67

TABELA 3.12 VALORES ACHADOS DO CRITÉRIO DE SELEÇÃO PARA A SOBREPOSIÇÃO NA POSIÇÃO HORIZONTAL.

..................................................................................................................................................................... 70

TABELA 3.13 MEDIDA DOS PARÂMETROS GEOMÉTRICOS DAS CAMADAS EM POSIÇÃO HORIZONTAL NO

CONFOCAL. .................................................................................................................................................. 73

TABELA 4.1 COMPARAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE PREENCHIMENTO. ................................................................. 79

TABELA A.1 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL .................................................................................................... 106

TABELA A.2 A ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA O MODELO DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA PARA A ALTURA

DO GRÂNULO ............................................................................................................................................. 107

TABELA A.3 ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA O MODELO DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA PARA A LARGURA

DO CORDÃO DE SOLDA. ............................................................................................................................. 108

TABELA A.4 A ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA O MODELO DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA DA

PENETRAÇÃO DO CORDÃO DE SOLDA. ...................................................................................................... 110

LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURAS E ABREVIAÇÕES

Símbolos

A Amperes

Al Alumínio

Ar Argônio

C Carbono

CA Corrente Alternada

CC Corrente Continua

CO2 Dióxido de carbono

Cr Cromo

F Queda

Fr Frequência de pulso

He Helio

Hz Hertz

Ib Corrente de base

Ic Corrente de transição

Ip Corrente de pico

K Fatores de entrada

L Largura do cordão

Mo Molibdênio

Ni Níquel

O Oxigênio

Pol Polegada

Q Vazão volumétrica

Tb tempo de base

Tp tempo de pico

V Tensão

Va velocidade de alimentação

Vt velocidade de soldagem

Siglas

ABB Asea Brown Boveri

AISI American Iron and Steel Institute

ARLA Asea Robot LAnguege

ASTM American Society for Testing and Materials

AWS American Welding Society

CAD Computer Aided Design

FCAW Flux Cored Arc Welding

FCAW Flux Cored Arcwelding

GMAW Gas Metal Arc Welding

GMAW-P Pulsed Gas Metal Arcwelding

GMAW-S Gas Metal Arc Welding- Short Circuit Mode

GRACO Grupo de Automação de Controle

GTAW Gas Tungsten Arc Welding

IREQ Institut de recherched’Hydro-Québec

MAG Metal Active Gas

MC Metal Cored

MIG Metal Inert Gas

PCC Planejamento Composto Central

RSM Metodologia De Superficie De Resposta

SAW Submerged Arc welding

SMAW Shielded Metal Arc Welding

TIG Tungsten Inert gas

TTPS Tratamento Térmico Pós Soldagem

TWI The Welding Institute

ZTA Zona Termicamente Afetada pelo calor

CMT Cold Metal Transfer

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 18

1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 19

1.2 ESTRUTURA DO TEXTO ................................................................................................ 19

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. ......................................................................................... 21

2.1 TURBINAS HIDRÁULICAS ............................................................................................ 21

2.2 RECUPERAÇÃO DE CAVIDADES EM TURBINAS HIDRÁULICAS. ....................... 23

2.3 PROCESSOS DE SOLDAGEM ........................................................................................ 24

2.4 TRANSFERÊNCIA DE METAL NO PROCESSO GMAW: ........................................... 25

2.4.1 Transferência por curto circuito: .............................................................................. 25

2.4.2 Transferência globular: ............................................................................................ 26

2.4.3 Transferência spray: ................................................................................................. 27

2.4.4 Transferência com corrente pulsada ......................................................................... 27

2.5 SOLDAGEM NA POSIÇÃO PLANA E FORA DA POSIÇÃO. ...................................... 33

2.5.1 Soldagem na Posição Plana. ..................................................................................... 34

2.5.2 Soldagem Horizontal (2G) ....................................................................................... 35

2.5.3 Soldagem Sobre Cabeça. .......................................................................................... 36

2.6 SOLDAGEM DE ENCHIMENTO .................................................................................... 36

2.6.1 Soldagem multicamada. ........................................................................................... 37

2.6.1 Técnica da dupla camada ......................................................................................... 37

2.7 ESTRATÉGIA DE SOLDAGEM PARA PREENCHIMENTO. ...................................... 38

2.7.1 Trajetórias de soldagem. .......................................................................................... 38

2.8 ESTADO DA ARTE NO PREENCHIMENTO DE CAVIDADES .................................. 40

2.9 METODOLOGIA DE SUPERFICIE DE RESPOSTA (RSM) ......................................... 43

2.9.1 Planejamento experimental. ..................................................................................... 44

2.9.2 Desenho fatorial fracionado 2k-1

. .............................................................................. 45

3. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO ................................................................. 46

3.1 METODOLOGIA. .............................................................................................................. 46

3.2 MATERIAIS ...................................................................................................................... 47

3.2.1 Gás de proteção ........................................................................................................ 48

3.2.2 Arame consumível.................................................................................................... 50

3.2.3. Material base ........................................................................................................... 50

3.3 EQUIPAMENTOS ............................................................................................................. 50

3.3.1 Robô ......................................................................................................................... 50

3.3.2 Fonte de soldagem .................................................................................................... 51

3.3.3 Tocha de soldagem ................................................................................................... 52

3.3.4 Aparelho de fixação dos corpos de prova ................................................................ 52

3.3.5 Equipamentos para preparação de amostras e medição de geometria dos cordões. 52

3.3.6 Câmera termográfica Thermovision A40. ................................................................ 53

3.4 DESENVOLVIMENTO ..................................................................................................... 53

3.4.1 Obtenção e seleção de parâmetros ........................................................................... 54

3.4.2 Planejamento composto central a partir de um projeto fatorial fracionado ............. 55

3.5 MACROGRAFIA DO CORDÃO DE SOLDA ................................................................. 58

3.6 SOBREPOSIÇÃO DE CORDÕES PARA FORMAÇÃO DE UMA CAMADA. ............ 59

3.6.1 Sobreposição na posição plana ................................................................................. 61

3.6.2 Sobreposição na posição horizontal (2G)................................................................. 67

3.7 DESENHO DO CORPO DE PROVA UTILIZADO PARA FINS DE

PREENCHIMENTO POR CAMADAS DE SOLDA. ............................................................. 73

4. RESULTADOS DE ENSAIOS DE PREENCHIMENTO DE CAVIDADE. .................. 75

4.1 PREENCHIMENTO DA CAVIDADE NA POSIÇÃO PLANA. ..................................... 75

4.1.1 Posicionamento da tocha de soldagem na posição plana. ........................................ 75

4.2.2 Estratégias de preenchimento. .................................................................................. 78

4.1.3 Camadas de solda na posição plana ......................................................................... 82

4.1.4 Macrografia na posição plana .................................................................................. 85

4.2 PREENCHIMENTO DA PEÇA NA POSIÇÃO HORIZONTAL. .................................... 87

4.2.1 Estratégia de preenchimento .................................................................................... 87

4.2.2 Posicionamento da tocha de soldagem ..................................................................... 87

4.2.3 Camadas de solda na posição horizontal .................................................................. 88

4.2.4 Macrografia na posição horizontal ........................................................................... 89

5. DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 91

6. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 97

7. TRABALHOS FUTUROS. ............................................................................................... 98

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 99

A. MODELAGEM DO CORDÃO DE SOLDA .............................................................. 105

B. CODIGO ARLA .......................................................................................................... 112

B.1 POSIÇÃO PLANA ........................................................................................... 112 1.1

B.2 POSIÇÃO HORIZONTAL ............................................................................... 114 1.2

18

1. INTRODUÇÃO

Uma das principais fontes geradoras de eletricidade são as usinas hidrelétricas. Devido

à necessidade de suprir a demanda e, consequentemente, manter o fluxo de geração de

eletricidade em compasso com a demanda, as unidades geradoras nas usinas hidroelétricas são

submetidas a condições próximas de seus limites de operação e, às vezes, até operam em

condições fora do previsto em seu projeto hidrodinâmico. As operações fora das condições

idealizadas em projeto geralmente ocasionam desgastes devido ao problema da cavitação, o

que pode resultar em diminuição significativa na sua capacidade de geração. No caso de

turbinas hidráulicas, o fenômeno da cavitação causa erosão localizada e perda progressiva de

material nas regiões de sua ocorrência. Tal fenômeno é caracterizado pela formação de bolhas

de vapor, quando o fluxo de água passa através de uma região de baixa pressão que de repente

colapsam devido a variações na pressão do fluxo. Ao colapsarem, produzem ondas de choque

que atingem a superfície do rotor, causando tensões cíclicas que levam à fadiga superficial em

seu material, provocando seu eventual arrancamento. Dependendo da quantidade de material

removido e da extensão da superfície afetada, a erosão pode levar a desequilíbrio dinâmico do

rotor, produzindo altos níveis de vibração, que por sua vez podem danificar os mancais de

sustentação da turbina (BONACORSO, 2004).

De um modo geral, a recuperação das zonas sujeitas a erosão por cavitação é realizada

pela deposição de material por meio de soldagem. Normalmente, essas regiões apresentam

superfícies de geometria complexa e localizam-se em posições muito desfavoráveis para

soldagem, tanto do ponto de vista do conforto para o soldador quanto do ponto de vista do

processo, considerando as dificuldades impostas pela soldagem fora de posição (VAZ, 2004).

A recuperação da geometria original é tradicionalmente realizada por meio da

deposição de metal de solda realizada manualmente por um grupo de soldadores experientes,

utilizando um processo de soldagem a arco. A deposição manual possui problemas técnicos,

uma vez que seus resultados são altamente dependentes da habilidade do operador. Além

disso, restrições, tais como a soldagem fora de posição e a dificuldade de acesso às áreas

danificadas impõem uma alta exigência física sobre os soldadores, o que pode levar à fadiga e

à inconsistência na qualidade das soldas depositadas assim como ao aumento do tempo de

reparo. (GONÇALVES, 2007) (SANTOS, 2014).

19

Além disso, a soldagem manual em locais confinados confere ambiente nocivo à saúde

humana, pois fumos de solda, calor e radiação ultravioleta proveniente do arco elétrico, além

da umidade presente no ambiente da turbina, agravam as condições do ambiente de trabalho

em reparos de pás de turbina hidrelétrica (NICHOLSON, 2005)

Um dos problemas a serem enfrentados quando se deseja realizar o preenchimento de

uma cavidade com metal de solda, seja de forma manual ou automatizada, é a definição da

estratégia de deposição de cordões a ser seguida, de modo a se conseguir um preenchimento

satisfatório, tanto do ponto de vista geométrico, quanto do ponto de vista metalúrgico. Neste

trabalho, aborda-se o problema do ponto de vista geométrico.

1.1 OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é realização de um estudo sobre as estratégias de

preenchimento a serem usadas com o processo GMAW-P de modo a se conseguir preencher

uma cavidade proveniente de erosão por cavitação por meio de deposição de metal de solda,

considerando variações de posição de soldagem. Para se atingir esses objetivos

estabeleceram-se objetivos específicos explicitados a seguir:

Estabelecer os parâmetros de soldagem adequados para o processo GMAW-P;

Estabelecer um percentual de sobreposição de cordões para deposição de camadas,

levando em conta a assimetria dos cordões decorrentes da posição de soldagem.

Estudar diferentes estratégias de sequenciamento de cordões de solda, de modo a

se obter a deposição de uma camada com acabamento suave, com poucas

irregularidades.

Realizar testes de deposição para validação da estratégia de deposição escolhida a

partir do estudo realizado.

1.2 ESTRUTURA DO TEXTO

Esse trabalho de dissertação aborda o tema proposto e apresenta suas conclusões em 7

capítulos, incluindo este, além das referências bibliográficas e anexos.

O Capítulo 1 introduz o leitor à importância desse trabalho diante a problemática do

reparo de turbinas, os objetivos e motivações do seu desenvolvimento. Além disso, este

20

capítulo mostra outros projetos que possuem funcionalidade semelhante, mas que adotaram

metodologias de desenvolvimento diferentes.

O Capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica dos principais tópicos relacionados ao

trabalho, isto é, recuperação de cavidades em turbinas hidráulicas, processos de soldagem, o

processo de soldagem pulsado (GMAW-P), soldagem fora da posição plana, soldagem de

enchimento, estratégias para preenchimento entre outras.

O Capitulo 3 descreve a metodologia a ser empregada, como também o equipamento e

material necessário para o projeto. Como foi feita o processo para a obtenção de parâmetro de

soldagem por meio de projetos experimentais no processo pulsado nas posições plana e

horizontal. Além disso, o cálculo do afastamento entre cordões de uma mesma camada,

mantendo a qualidade das deposições. Desenho e implementação do corpo de prova.

O Capítulo 4 contém os resultados da metodologia empregada. Realização de testes de

preenchimento para implementação das estratégias de preenchimento nas posições plana e

horizontal com geometria e qualidade final do reparo.

O Capítulo 5 mostra a discussão dos resultados obtidos.

O Capítulo 6 descreve as conclusões do trabalho.

O Capítulo 7 propõe trabalhos futuros que possam contribuir e aperfeiçoar o tema

proposto.

As referências bibliográficas são apresentadas após o capítulo 7 e alguns apêndices

referenciados no texto são incluídos.

21

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica referente aos temas envolvidos nesta

pesquisa. Inicialmente, apresenta-se o tópico que trata das usinas e turbinas hidroelétricas, o

problema da perda de material em pás devido à erosão pela cavitação. Realiza-se um estudo

geral sobre os processos de soldagem, centrando-se no processo GMAW, dando ênfase à

transferência de metal por corrente pulsada (GMAW-P). Além disso, abordam-se aspectos

relativos à soldagem fora da posição plana, soldagem de enchimento e estratégias de

soldagem.

Na seção final, serão mencionados temas relacionados aos métodos de reconstrução de

superfícies.

2.1 TURBINAS HIDRÁULICAS

As centrais hidrelétricas utilizam turbinas hidráulicas para gerar a eletricidade. A

energia potencial gravitacional acumulada no reservatório é convertida em energia mecânica

útil quando flui através da turbina, produzindo energia cinética rotacional em seu rotor. Este,

por sua vez, é acoplado de forma solidária ao rotor de um gerador elétrico que, ao girar,

converte a energia mecânica em energia elétrica.

O princípio e as características de funcionamento das turbinas são determinados pela

forma e pelo arranjo da passagem do fluxo. A entrada do fluxo, a turbina, e o mecanismo de

descarga do fluxo são os três elementos principais na operação de turbinas hidráulicas

(SANTOS, 2014). Estas se dividem entre três tipos principais quanto ao tipo de rotor: Pelton,

Francis e Kaplan. Cada um destes tipos é adaptado para funcionar em usinas com uma

determinada faixa de altura de queda. As vazões podem ser igualmente grandes em qualquer

uma delas, mas a potência será proporcional ao produto da queda (F) e da vazão volumétrica

(Q) (GONÇALVES, 2007).

Em todos os tipos há alguns princípios de funcionamento comuns. A água entra pela

tomada d’água (localizada em um nível mais elevado) a montante da usina hidrelétrica e é

levada através de um conduto forçado até a entrada da turbina. Lá, a água passa por um

sistema de palhetas guias móveis, que controlam a vazão volumétrica fornecida à turbina.

Para aumentar a potência, as palhetas se abrem e para diminuir a potência elas se fecham.

Após passar por este mecanismo, a água chega ao rotor da turbina onde, por transferência de

22

quantidade de movimento, parte da energia potencial dela é transferida para este rotor na

forma de torque e velocidade de rotação. Devido a este fato, a água na saída da turbina está a

uma pressão um pouco menor que a atmosférica, e bem menor do que a inicial. Após passar

pelo rotor, um duto chamado tubo de sucção conduz a água até a parte a jusante do rio, no

nível mais baixo. As turbinas Pelton têm um princípio um pouco diferente (impulsão), pois a

pressão primeira é transformada em energia cinética em um bocal, onde o fluxo de água é

acelerado até uma alta velocidade e, em seguida, choca-se com as pás da turbina imprimindo-

lhe rotação e torque. (GONÇALVES, 2007)

Turbinas modernas têm uma eficiência típica entre 85% e 99%, que varia conforme a

vazão de água e a potência gerada. As principais causas gerais da perda de eficiência nas

turbinas são (GONÇALVES, 2007):

Perdas hidráulicas: a água tem que deixar a turbina com alguma velocidade, e esta

quantidade de energia cinética não pode ser aproveitada pela turbina.

Perdas mecânicas: são originadas por atrito nas partes móveis da turbina e calor

perdido pelo aquecimento dos mancais. Observa-se também, perda de eficiência devido a

erosão por cavitação e a atrito direto da água misturada com areia ou resíduos com os

componentes da turbina, ocasionando a perda do perfil hidrodinâmico original. O problema da

erosão por cavitação nas turbinas hidráulicas traz enormes prejuízos para as empresas

geradoras de energia elétrica, pois compromete o funcionamento de turbinas hidráulicas,

levando a frequentes paradas para recuperação de regiões cavitadas. Apesar do avanço

tecnológico no projeto e construção de máquinas hidráulicas, verifica-se que as possibilidades

de eliminação por completo do fenômeno de cavitação são limitadas. (WILL, 2012)

Embora o fenômeno da cavitação fosse conhecido há muito tempo, uma vez que Euler,

apud Lopes (1944, p.7) já lhe fazia referência em seu tratado sobre as máquinas hidráulicas.

Entretanto, só em data relativamente recente (fim do século passado) é que os progressos da

técnica focaram sobre ele a atenção. Estudos teóricos e experimentais foram dedicados à

explicação do fenômeno. Dentre as primeiras observações, devem ser citadas as do

engenheiro francês A. Normand, apud Lopes (1944, p.7), que já no fim do século XIX

chamou a atenção para a formação de cavidades no funcionamento das hélices marítimas, e na

sua Memória à Academia das Ciências precisou as condições em que o fenômeno se

manifestava. Sensivelmente na mesma época, Froude e Parsons, apud Lopes (1944, p.7)

23

tinham observado o mesmo fenômeno em idênticas condições. Parece ter sido na Inglaterra

que o termo “cavitação” começou a ser empregado a propósito das observações feitas nas

experiências do contratorpedeiro “Daring”. Verificou-se que para velocidades superiores a

um determinado valor se dava um aumento rápido do escorregamento de hélice ao mesmo

tempo em que o rendimento baixava consideravelmente. Além disso, o fenômeno era

acompanhado pelo aparecimento de corrosões em grande escala, com um aspecto que as

diferenciava nitidamente das que eram provocadas pelas ações químicas ou galvânicas

devidas à água do mar. (LOPES, 1944)

2.2 RECUPERAÇÃO DE CAVIDADES EM TURBINAS HIDRÁULICAS.

As turbinas hidráulicas são geralmente desenvolvidas para ter uma vida útil de cerca

de 60 anos. Durante este período, ocorrem paradas para manutenção preventiva e preditiva e

paradas forçadas, devido a circunstâncias não previstas. Estas últimas podendo vir gerar altos

custos. Cerca de metade das paradas programadas são para manutenção de equipamentos

elétricos e a outra metade para a manutenção de turbinas e de seus respectivos componentes.

(GONÇALVES, 2007)

O reparo dos rotores é feito, principalmente, devido à erosão por cavitação e ao

surgimento de trincas por fadiga, além do eventual reparo de possíveis defeitos de fundição

durante a fabricação. Embora as trincas por fadiga sejam vistas com maior preocupação do

que o dano cavitacional, este último é frequentemente a causa da parada programada, uma vez

que muda o perfil hidrodinâmico do equipamento, levando a altas tensões dinâmicas no rotor

e nas estruturas associadas a ele, além de provocar queda na eficiência e redução da vida útil

do equipamento. A erosão por cavitação raramente causa uma parada forçada, no entanto ela

aumenta significativamente o tempo gasto em uma parada programada para manutenção.

(GONÇALVES, 2007)

A recuperação das partes danificadas é feita através de soldagem e, mais recentemente,

também tem sido utilizado o recobrimento por aspersão térmica. Vários processos de

soldagem têm sido utilizados nesta recuperação, entre os quais podem-se citar a soldagem

com eletrodos revestidos (SMAW – Shielded Metal Arc Welding), a soldagem GMAW

convencional ou pulsada com arames sólidos ou tubulares com fluxo metálico (GMAW - Gas

Metal Arc Welding) e soldagem com arames tubulares com fluxo não metálico (FCAW - Flux

Cored Arc Welding) (AKTHAR, 1986), sendo estes dois últimos os mais empregados

24

atualmente. A escolha do melhor processo em cada caso depende de fatores tais como a

posição de soldagem, acessibilidade e os custos de mão de obra, equipamentos e consumíveis.

Boa soldabilidade faz a diferença, daí o motivo da crescente substituição da utilização de

arames sólidos por arames tubulares similares para esta aplicação, os quais trazem algumas

vantagens que ajudam na redução do tempo total de recondicionamento das turbinas,

contribuindo desta forma para um reparo mais eficiente. Dentre estas vantagens, pode-se citar

principalmente o melhor acabamento final e menor probabilidade de haver mordeduras,

levando desta forma a uma menor necessidade de esmerilhamento, o qual influencia

negativamente a resistência à erosão por cavitação de uma superfície. Um ligeiro

esmerilhamento, entretanto, é necessário de forma a eliminar irregularidades superficiais que

se constituem em intensificadores locais da cavitação. (GONÇALVES, 2007)

Na seção 0 vai se tratar alguns dos processos de soldagem importantes, na área de

recuperação de turbinas, e entrara se mais em detalhe no processo GMAW-P.

2.3 PROCESSOS DE SOLDAGEM

Os métodos de união de metais podem ser divididos em duas categorias principais, isto

é, aqueles baseados no aparecimento de forças mecânicas externas macroscópicas e aqueles

baseados em forças inter-atômicas ou intermoleculares. No primeiro caso, do qual são

exemplos a parafusassem e a rebitagem, a resistência da junta é dada pela resistência ao

cisalhamento do parafuso ou rebite, mais as forças de atrito entre as superfícies em contato.

No segundo caso, a união é conseguia pela aproximação dos átomos e moléculas das partes a

serem unidas, ou destas e um material intermediário, até distâncias suficientemente pequenas

para a formação de ligações metálicas e de Van der Waals. Como exemplo desta categoria,

citam-se a soldagem, a brasagem e a colagem. (MODENESI, 2012)

Um grande número de diferentes processos utilizados na fabricação e recuperação de

peças, equipamentos e estruturas é abrangido pelo termo SOLDAGEM. Classicamente, a

soldagem é considerada como um método de união, porém, muitos processos de soldagem ou

variações destes são usados para a deposição de material sobre uma superfície, visando à

recuperação de peças desgastadas ou para a formação de um revestimento com características

especiais. Diferentes processos relacionados com os de soldagem são utilizados para o corte

ou para o recobrimento de peças. Diversos aspectos dessas operações de recobrimento e

25

cortes são similares à soldagem e, por isso, muitos aspectos destes processos são abordados

juntamente com esta. (MODENESI, 2012).

2.4 TRANSFERÊNCIA DE METAL NO PROCESSO GMAW:

A transferência metálica no processo GMAW apresenta variações decorrentes das

combinações de gás de proteção e de níveis de corrente e de tensão de soldagem utilizadas.

De maneira geral, os modos de transferência podem ser classificados em dois grupos

principais:

Transferência metálica por curtos-circuitos (dip transfer)

Transferência metálica através do arco elétrico (free-flight)

A transferência metálica através do arco pode ainda ser classificada de acordo com as

dimensões das gotas de metal transferidas assim como com a frequência com que as gotas são

destacadas. Dentre os principais modos de transferência através do arco, podem-se citar:

Modo globular;

Modo spray;

Modo pulsado.

Os principais modos de transferência citados são descritos nas subseções seguintes.

2.4.1 Transferência por curto circuito:

A transferência por curto circuito ocorre na soldagem com um pequeno comprimento

do arco (baixa tensão média) e, em geral, uma baixa corrente média. Nesta forma de

transferência, a ponta do elétrodo atinge periodicamente a poça de fusão. Ao mesmo tempo, o

metal fundido tende a se transferir para a poça de fusão por ação da tensão superficial e de

forças de origem magnética. Com isto, o curto circuito é rompido e o arco é restabelecido. A

Figura 2.1 ilustra o processo, mostrando as variações de corrente e tensão típicas deste tipo de

transferência. Nesta figura, o arco existe entre A e B, o curto circuito ocorre durante C e, em

D tem-se a reabertura do arco (MODENESI, 2012).

26

Figura 2.1. Transferência por curto circuito (MODENESI, 2012).

A quantidade de calor transferida à peça é menor quando comparada a outros tipos de

transferências e, consequentemente, a penetração tende a ser menor e os cordões formados são

menores tanto em sua largura quanto no reforço. Este modo de transferência é caracterizado

por uma maior instabilidade do arco e possível formação de uma quantidade elevada de

respingos. A formação de respingos pode ser controlada por meio da seleção adequada dos

parâmetros de soldagem e fonte de energia, suavizando os curtos-circuitos (CHAVEZ, 2014).

2.4.2 Transferência globular:

Neste modo, a distância é suficiente para que a gota viaje através do arco sem realizar

nenhum curto-circuito. Ocorre, em geral, para baixas densidades de corrente, mas para valores

intermediários de tensão de soldagem. Além disso, ocorre para qualquer tipo de gás de

proteção (CHAVEZ, 2014). A transferência globular é caracterizada pela formação, na ponta

do eletrodo, de grandes gotas de metal liquido (diâmetro superior ao do eletrodo) que se

transferem sob a ação de gravidade para poça de fusão com uma baixa frequência. Com um

gás de proteção a base de argônio, esta forma de transferência é observada para corrente baixa

e tensão (e comprimento de arco) elevada. Na soldagem de aço com proteção a base de CO2, a

transferência globular ocorre mesmo com valores elevados de corrente. (SARNI, 2011)

A transferência globular típica é similar a uma torneira escorrendo. O metal líquido

forma-se na ponta do arame e mantém-se preso a esta por ação da tensão superficial. Com o

aumento do tamanho da gota, o seu peso aumenta e causa a sua separação do arame e a

transferência para a poça de fusão ocorre por ação da gravidade. Como a transferência

globular depende da gravidade (não podendo, assim, ser utilizada fora da posição plana) e está

associada com arco instável e grande volume de respingos, o seu uso na soldagem GMAW é

limitado. (MODENESI, 2012)

27

2.4.3 Transferência spray:

Observa-se que, quando a mistura de proteção é rica em argônio e o eletrodo está

ligado ao positivo, o diâmetro das gotas transferidas se reduz com o aumento da corrente. Por

cima de certo nível de corrente (corrente de transição para o spray, Ic), contudo, ocorre uma

rápida redução do diâmetro das gotas ao mesmo tempo em que o arco, que antes atingia

apenas a parte inferior da gota na ponta do eletrodo, passa a envolvê-la completamente. A

transferência não é mais controlada pela força de gravidade, passando a ser dominada pela

força magnética, e as gotas são lançadas para a poça de fusão independentemente da posição

de soldagem. A transferência tende a ser muito estável, com mínimas perturbações no arco e

poucos respingos. A necessidade de uma corrente relativamente alta dificulta ou inviabiliza a

soldagem de chapas finas (pela facilidade de furar o metal de base) ou a soldagem fora da

posição plana (pela formação de uma poça de fusão grande e de difícil controle) com

transferência spray. (MODENESI, 2012) (SARNI, 2011)

2.4.4 Transferência com corrente pulsada

As aplicações do processo GMAW convencional têm sofrido fortes restrições devido

às limitações sobre o controle da transferência metálica, o que torna o processo muito instável

e de difícil controle. A transferência metálica por spray, por ser estável, oferece grandes

vantagens como já mencionado anteriormente, entretanto isto é possível com altos níveis de

corrente, sendo que com o processo GMAW convencional, esse tipo de transferência não

pode ser regulado independentemente da quantidade de calor transferida para a solda. Então,

desenvolveu-se uma fonte de soldagem que gera ondas intermitentes, ou pulsos, de corrente

elevada, possibilitando da mesma forma o tipo de transferência por spray, ao passo que menor

quantidade de calor é transferida para a peça, diminuindo assim deformações e possibilitando

a soldagem de chapas mais finas (COLLARD, 1988) (CORAINI, 2011)

No modo pulsado, são muitos os fatores variáveis responsáveis pela manutenção da

operação de soldagem. Neste sentido, torna-se bastante complexa a tarefa de seleção de

parâmetros que possam ser adequados às necessidades de estabilidade do arco, vantagens

econômicas, qualidade e propriedades mecânicas da solda. No entanto, com o uso da corrente

pulsada, obtêm-se um maior controle da poça de fusão, o refino da estrutura bruta de

solidificação e uma corrente média mais baixa em relação ao modo convencional e, com isso,

28

a quantidade de calor colocada na peça é menor, podendo-se soldar espessuras de chapas

menores e em todas as posições (NORRISH, 1992)

Essa tecnologia do processo GMAW pulsado foi lançada comercialmente por volta de

1970 com um controle limitado. Avanços tecnológicos conseguidos nas fontes de soldagem

têm alcançado boas melhorias no desempenho dos equipamentos utilizados na soldagem

GMAW e assim possibilitando seu uso em áreas que antes eram impraticáveis, por permitir

melhor controle dos parâmetros envolvidos no processo.

O controle mais aprimorado dos parâmetros do processo juntamente com o baixo

índice de respingos conseguido e boa estabilidade do arco são fatores que contribuem para o

bom desempenho do modo pulsado quando utilizado na soldagem de chapas mais finas ou

componentes que requerem maior precisão. Outra vantagem que se pode citar é a

possibilidade de uso de eletrodos com diâmetros maiores que 1,6 mm, o que proporciona

taxas maiores de deposição de material, gerando maior eficiência do processo. Como não

poderia deixar de ser, o modo pulsado traz consigo algumas desvantagens, como por exemplo,

o maior número de parâmetros a serem controlados durante a soldagem em relação ao

processo GMAW convencional. Esses parâmetros adicionais, chamados de parâmetros de

pulso, devem ser analisados em conjunto com os já existentes do modo convencional, sendo

que os parâmetros de pulso são a corrente de pico e corrente de base, tempo de pico e tempo

de base, frequência de pulso (Figura 2.2) (WEBER, 1982)

Algumas vantagens de se aplicar o processo pulsado em relação ao convencional

(CORRÊA, 2000).

Possibilidade de se soldar em qualquer posição e com taxa de fusão maior do que

aquela obtida em curto-circuito;

A corrente média é bem menor do que a utilizada com uma fonte convencional, para

um mesmo resultado;

Transferência do metal sem curto-circuito e sem formação de respingos, se os

parâmetros de soldagem são adequadamente selecionados;

A produção de respingos é quase nula; há ótima estabilidade do arco e a velocidade de

soldagem pode ser bastante elevada;

A geometria do cordão se mantém praticamente constante;

29

O sistema pode ser controlado por um único comando, quando sinérgico, facilitando o

estabelecimento das condições operacionais ótimas;

Melhor controle da transferência do metal;

A solda executada possui melhor qualidade.

Aumento da velocidade de soldagem em comparação com transferência por curto-

circuito e globular;

Aplicação de arames com maior diâmetro na soldagem de chapas finas.

Um mesmo diâmetro de arame pode ser utilizado num amplo intervalo de corrente.

Por exemplo, o diâmetro de 1,2 mm (aço) permite valores de corrente média desde 80

A até 350 A, com a taxa de deposição equivalente àquela de eletrodos revestidos de

diâmetro de 3,2 a 5,0 mm;

Desvantagens do modo pulsado (BARRA, 2003):

Necessidade de mão-de-obra mais qualificada, devido à complexidade na escolha dos

parâmetros;

Exige fontes de soldagem mais caras do que no modo convencional;

Maior emissão de raios ultravioleta pelo arco.

A transferência spray apresenta excelentes características operacionais. Contudo,

devido à necessidade de correntes superiores a Ic, o uso desta forma de transferência fica, em

geral, limitado à soldagem de juntas de maior espessura e na posição plana. Para outras

condições, trabalha-se, usualmente, com a transferência por curto circuito. Esta, contudo,

tende a ser menos estável, gerar elevada quantidade de respingos, além de ser sensível à

formação de defeitos de falta de fusão. Adicionalmente, para metais como o alumínio e o

cobre, a transferência por curtos circuitos pode ser difícil de ser realizada devido à baixa

resistividade elétrica destes materiais. (MODENESI, 2012)

30

Figura 2.2. Representação esquemática da pulsação de corrente: Ip- corrente de pico, Ib –

corrente de base, Tp- tempo de pico e Tb-tempo de base. (MODENESI, 2012)

A soldagem GMAW com corrente pulsada não teve inicialmente um grande sucesso

devido à necessidade de se controlar parâmetros adicionais em um processo que é bastante

sensível a variações de regulagem. Dependendo do equipamento, a seleção e controle dos

parâmetros de pulsação são feitos automaticamente pelo próprio sistema de controle, baseado

em curvas sinérgicas de parâmetros, previamente desenvolvidas para diferentes combinações

de tipos de arames e gases de proteção, e armazenadas na memória da fonte. Isso reduz a

complexidade no ajuste das condições de soldagem. (MODENESI, 2012)

2.4.4.1 Parâmetros do modo pulsado

A forma de onda da corrente do processo GMAW pulsado pode ser descrita através de

alguns parâmetros, com característica periódica, em que há um valor máximo de corrente,

chamado corrente de pico (Ip), um valor mínimo de corrente, denominado corrente de base

(Ib), pelo tempo de permanência da corrente em cada um dos pontos, de pico e base,

denominados respectivamente de tempo de pico (Tp) e tempo de base (Tb). Destes parâmetros

básicos, podem-se gerar alguns parâmetros, como a frequência de pulso (Fr), corrente média

(Im). Estas variáveis precisam ser consideradas juntamente com os outros parâmetros do

processo GMAW convencional, como o comprimento do arco voltaico, velocidade de

alimentação do arame, gás de proteção e diâmetro do eletrodo. (AMERICAN WELDING

SOCIETY, 1991)

As características de transferência, difusão e de desempenho são determinadas pela

combinação dos parâmetros de pulso, influenciando diretamente nas características

geométricas do cordão de solda. A grande dificuldade está na determinação correta destes

31

parâmetros para uma boa qualidade de solda, devido ao número de variáveis envolvidas

(PALANI, 2006).

Uma destas variáveis é o tempo de pico (Tp). Ele refere-se ao tempo no qual é mantida

a intensidade de pico (Ip), tendo em conta que uma soldagem ótima deve desprender uma gota

por pulso, um tempo de pico inferior a este gera uma energia de pulsação insuficiente para

formar e desprender uma gota por pulso ou um tempo superior gera a formação de várias

gotas por pulso. Qualquer seja o caso, a qualidade da solda será menor. Por outra parte a

frequência de pulso (Fr) é uma variação da frequência do pulso gera uma variação do tempo

de base (Tb), de modo que, se aumenta a frequência, aumentam os pulsos por unidade de

tempo com igual tempo de pico e menor tempo de base. Da mesma forma, tem-se um

aumento de quantidade de gotas por tempo, mas com a mesma quantidade de gotas por pulso.

A demanda do material faz com que se deva incrementar o aumento na velocidade de

alimentação do arame. Do mesmo modo, uma diminuição da frequência exigirá uma

diminuição da velocidade (SARNI, 2011). Outro parâmetro é a corrente de pico (Ip) e é a

intensidade do pulso que com o tempo de pico fornece a energia transferida no material para a

formação da gota. Existem múltiplas combinações para conseguir o mesmo resultado, mas

com diferentes características. Por exemplo, se a fonte de trabalho não pode dar uma corrente

elevada, então, se incrementa o tempo de pulso. Um dos objetivos da corrente de base (Ib) é

manter o arco aceso entre pulsações, porém sem fundir o material. Se o valor é elevado,

aumenta, necessariamente, a intensidade média. Ao contrário, se o valor é baixo, o arco perde

estabilidade e pode extinguir-se (CHAVEZ, 2014).

Conforme Sarni (2011), em relação à taxa de deposição, o arame tubular metálico

pode apresentá-la cerca de 10-30% maior do que os arames sólidos ou os arames tubulares

não metálicos, além de uma elevada taxa de deposição, resultando em maior velocidade de

soldagem para uma mesma aplicação; pequena formação de escória sobre o cordão de solda;

baixa geração de fumos de soldagem; baixa probabilidade da ocorrência de porosidade,

devido ao baixo teor de hidrogênio difusível e uma alta resistência à reabsorção da umidade;

ótima estabilidade do arco; entre outros. Outro aspecto observado é a pequena influência do

diâmetro do arame em relação à profundidade de penetração, notando-se uma tendência no

aumento da penetração à medida que o diâmetro do consumível diminuía. Verificaram

experimentalmente que para vários diâmetros e tipos de consumíveis, as áreas de fusão e de

32

depósito aumentam quando a intensidade de corrente aumenta. Também, a diluição assume

valores crescentes com o aumento da corrente (SANTOS, 1989).

2.4.4.2 Soldagem sinérgica com arco pulsado

O principal problema de GMAW-P é o ajuste dos parâmetros de soldagem. No caso do

processo GMAW convencional (modos de transferência por curto circuito e spray), o ajuste

dos parâmetros é feito de forma essencialmente empírica, o que possibilita a obtenção de

diferentes combinações de tensão e velocidade de alimentação que produzem cordões com

qualidade aceitável quando comparada com algum critério ou padrão de qualidade pré-

definido. Para os modos de transferência por curto-circuito e spray, este ajuste é rapidamente

conseguido. Diferentemente, para o modo de arco pulsado é necessário ajustar um grande

número de parâmetros, exigindo um soldador com grande experiência e, mesmo assim,

precisa-se de um tempo longo para se encontrarem parâmetros adequados.

Na década 80, o Instituto de Soldagem TWI (The Welding Institute) desenvolveu um

sistema de controle e de gravação dos parâmetros. O sistema é conhecido como soldagem

GMAW Sinérgica (Synergic GMA welding). No contexto de soldagem GMAW, sinérgica

significa trabalhar junto, ou seja, os parâmetros de pulso trabalhar em conjunto com a

velocidade de alimentação do arame. No processo arco pulsado sinérgico, a velocidade de

arame é relacionada aos parâmetros principais como frequência de pulsação, duração do

pulso, corrente/ tensão do pulso. Apenas com a seleção da velocidade do arame a máquina

regula todos dos outros parâmetros necessários com base em um banco de dados previamente

desenvolvido para diversas combinações de arame e de gás de proteção. Por causa deste

sistema, as máquinas de soldagem sinérgicas só precisam de um controle para ajustar os

parâmetros principais (velocidade de alimentação do arame) permitindo também chamar o

equipamento de "com ajuste em um único controle" (one-knob-machine) (AMIN e

WATKINS, 1977) (FISCHER, 2011). Para as diferentes aplicações, somente é necessário

escolher o gás de proteção, diâmetro do arame, material de adição e velocidade de

alimentação.

A fonte tem, considerando essas informações, um programa com todos os parâmetros

de soldagem gravados para cada velocidade do arame. Com este sistema é possível programar

diferentes parâmetros para a ignição do arco, para a soldagem em si e para o fim da soldagem.

33

A tecnologia da fonte sinérgica simplificou muito a seleção dos parâmetros do

processo com arco pulsado e melhorou a possibilidade de aplicação em sistemas

automatizados e semi-automatizados. Atualmente o sistema sinérgico é aplicado em

basicamente todas as máquinas industriais de soldagem com arco pulsado. Os parâmetros são

programados pelo fabricante da fonte. As curvas de parâmetros (pontos de operação), por

exemplo, para uma área de trabalho de 1 até 15 m/min de velocidade de arame, são testadas

em 5 pontos de operação, significando que parâmetros para 5 aplicações (VA= 2, 3, 4, 10, 15

m/min) são verificados e, entre os pontos, um programa faz uma interpolação, como

apresentado na Figura 2.3 (KRÖGER e KILLING, 2003) (FISCHER, 2011).

Figura 2.3. Interpolação entre 5 pontos de operação (FISCHER, 2011)

2.5 SOLDAGEM NA POSIÇÃO PLANA E FORA DA POSIÇÃO.

A procura por processos de soldagem versáteis e de alta produtividade é uma

necessidade contínua, em especial no reparo das pás em turbinas hidroelétricas, as quais têm

uma geometria complexa e de difícil acesso. A soldagem fora da posição plana e a própria

geometria da peça de trabalho tornam o processo complicado, uma vez que a força

gravitacional passa a ter um papel importante no balanço de forças que possibilita a

estabilização da poça de soldagem. Este efeito faz com que a solda apresente problemas de

qualidade, pelo escoamento da poça de fusão, o que também causa instabilidade na

transferência metálica (MENESES, 2013).

Neste sentido, se tocaram os temas relacionados com a soldagem fora da posição,

principalmente a posição horizontal (2G), que juntamente com a posição plana são objetos de

estudo neste projeto. Para melhor ilustração, a Figura 2.4 mostra a classificação das posições

de soldagem com base nos ângulos de rotação da face e de inclinação do eixo da solda,

segundo o Welding Handbook (AMERICAN WELDING SOCIETY, 1991). Cabe aclarar,

34

que na literatura está pouco documentado sobre as diferentes técnicas de execução em cada

uma das posições.

Figura 2.4. Posição de soldagem. Adaptado de AWS (2000).

2.5.1 Soldagem na Posição Plana.

A soldagem plana é a posição de soldagem mais utilizada. De fato, a soldagem que

não é feita nesta posição é dita como soldagem fora de posição. Esta posição é a mais popular,

pois requer menos habilidade para se produzir boa solda com a máxima penetração. Não há

perigo de o metal fundido escorrer para fora da poça de fusão. É também conveniente

observar o progresso da soldagem nessa posição. (GETSOLDA, 2007) (CAYO, 2013)

Não há regra definida para o ângulo ao qual o eletrodo deve ser mantido, entretanto é

usualmente ajustado de forma perpendicular ao material de base no caso do processo GMAW.

Pode-se também inclinar o eletrodo para frente ou para trás, caso se deseje aumentar ou

reduzir a penetração (GETSOLDA, 2007) ou ainda para melhorar a visibilidade da poça nos

casos em que a distância do bocal de gás ao metal de base é curta. Soldagem plana é usada

principalmente para soldas de filete, de topo e soldas de revestimento. (GETSOLDA, 2007)

35

2.5.2 Soldagem Horizontal (2G)

A taxa de metal depositado na soldagem horizontal é parecida com depositada na

soldagem plana, portanto ela é muito usada. Esta posição de soldagem é encontrada mais

comumente na soldagem de vasos de pressão e reservatórios. A preparação da borda é

usualmente de chanfro simples. Para evitar que o metal escorra pela borda inferior da chapa, a

mesma não é chanfrada. Pela mesma razão a iniciação do arco é feita na borda horizontal da

chapa inferior e então movido para a face chanfrada enquanto movimenta o eletrodo para trás

conforme mostrado nas posições 1, 2 e 3 na Figura 2.5. (GETSOLDA, 2007)

O ângulo do eletrodo com a horizontal está entre 5 e 25 graus com a ponta do eletrodo

apontada para cima para reduzir efeito da gravidade no metal fundido, e a inclinação da

direção de soldagem é de 10 a 25 graus. (GETSOLDA, 2007)

Figura 2.5. Posições de eletrodos e movimentos na soldagem horizontal. (GETSOLDA, 2007)

O escorrimento da poça de fusão pode ser evitado mantendo-se o comprimento de arco

curto e um rápido movimento de eletrodo maior que na posição plana. O rápido movimento

de eletrodo ajuda no rápido resfriamento do metal depositado e isso diminui a chance de a

poça de fusão cair. Uma soldagem horizontal imprópria leva a mordeduras e superposições

conforme mostrado na Figura 2.6. (CAYO, 2013)

Figura 2.6. Soldagem horizontal inadequada (GETSOLDA, 2007)

36

2.5.3 Soldagem Sobre Cabeça.

A soldagem sobre cabeça não é somente a mais difícil de conseguir devido a poça de

fusão estar na posição de cabeça para baixo e o metal tende constantemente a cair, mas

também a mais perigosa devido ao centelhamento e aos respingos.

Para uma soldagem sobre cabeça bem-sucedida é, entretanto, essencial usar um arco

muito curto no modo de transferência de metal curto-circuito. Para manter a poça de solda

pequena, os eletrodos empregados na soldagem sobre cabeça não têm mais que 3,15 mm de

diâmetro. O eletrodo deve ser movimentado de 10 a 25 graus na direção da solda com rápida

manipulação do eletrodo para provocar uma rápida solidificação do metal depositado.

(GETSOLDA, 2007)

É uma boa prática usar eletrodos com revestimento básico na soldagem sobre cabeça.

Este tipo de revestimento se funde a uma taxa mais baixa do que a alma do eletrodo e,

portanto, provê uma barreira protetora ao metal fundido a ser projetado na poça de fusão; isto

também resulta em menos salpico. A corrente usada na soldagem sobre cabeça é 20 a 25%

mais baixa do que na posição plana. (GETSOLDA, 2007)

2.6 SOLDAGEM DE ENCHIMENTO

A soldagem de enchimento consiste em sucessivas camadas superpostas de cordão de

solda. É usada na recomposição de peças quebradas ou desgastadas, no reparo de defeitos de

usinagem ou para fazer protuberâncias localizadas numa peça, e para enchimento de grandes

cavidades quando seções espessas são soldadas. Dependendo do espaço a ser cheio, uma

soldagem de enchimento pode ser feita em camadas simples ou camadas múltiplas

(GETSOLDA, 2007)

Para depositar uma solda de enchimento a superfície é completamente limpa antes de

depositar o primeiro cordão na borda da superfície usando cordão estreito ou levemente

espalhado. Isto é seguido pelos passes subsequentes cuidadosamente estudados para se

conseguir uma completa união entre a material base e as corridas precedentes Figura 2.7. Se

os dois cordões de enchimento adjacentes são separados por uma depressão, então o

enchimento não será contínuo e, portanto, pode ser insatisfatório. Antes de se depositar o

próximo cordão, os cordões já depositados devem ser completamente livres de escória com

ajuda de talhadeira e de uma escova de aço. No enchimento de múltiplas camadas, cada

37

conjunto de cordões de solda que formam uma camada devem ser completamente limpos

antes de depositar a próxima camada. Cuidado deve ser tomado na limpeza de cordões

depositados com eletrodos que tenham enchimento espesso já que eles produzem mais escória

que permanecem grudados nas depressões e nas mordeduras.

Figura 2.7 Cordões depositados numa soldagem de enchimento (GETSOLDA, 2007).

Depois de completar uma camada de cordão de enchimento a próxima camada de

cordões devem ser depositadas através da primeira camada para produzir um padrão

transversal. (GETSOLDA, 2007).

2.6.1 Soldagem multicamada.

Durante a realização de uma solda com passe único, a poça de fusão e as regiões

adjacentes da metal base são submetidas a ciclos térmicos cujas temperaturas de pico

decrescem à medida que se afastam do eixo central da solda o que causa alterações

microestruturais em relação ao material original. Os problemas gerados por estas alterações

microestruturais só podem ser solucionados através de tratamentos térmicos após a soldagem.

Na soldagem com vários passes as referidas regiões da solda são submetidas a ciclos térmicos

múltiplos devido aos vários passes provocando novas alterações nas microestruturas destas

regiões com um grau de complexidade maior. Neste tipo de solda, o calor gerado pelo ciclo de

um passe pode ser aproveitado para fazer um tratamento térmico no passe anterior, evitando

muitas vezes o tratamento após a soldagem. (AGUIAR, 2001)

2.6.1 Técnica da dupla camada

A técnica da dupla camada foi desenvolvida nos anos 60 para evitar trincas de

reaquecimento. Com o passar dos anos percebeu-se que esta técnica poderia ser utilizada para

evitar o tratamento térmico pós-soldagem (TTPS). (AGUIAR, 2001)

A técnica da dupla camada utiliza um método controlado de deposição, de modo que a

segunda camada promova o refino e a redução da dureza da zona termicamente afetada (ZTA)

gerada pela primeira camada. O efeito desta técnica vai depender principalmente dos

parâmetros de soldagem utilizados na deposição das camadas. (BUENO, 1999)

38

A primeira camada produz, inicialmente, certo grau de refino, sendo dependente da

sequência de deposição. A segunda camada penetra na primeira camada promovendo um

refino da região de grãos grosseiros da ZTA da mesma. Os principais parâmetros, que devem

ser observados para uma aplicação eficaz desta técnica, são: dimensões do cordão da primeira

camada; deposição adequada das camadas; relação de aporte térmico entre as camadas; e a

cavidade de reparo deve estar suficientemente aberta para permitir adequado ângulo de ataque

do eletrodo. (BUENO, 1999)

2.7 ESTRATÉGIA DE SOLDAGEM PARA PREENCHIMENTO.

Para fazer o preenchimento é muito importante ter o conhecimento prévio da

geometria do cordão de solda (largura e reforço) quando realizado de forma individual ou

sequencial, além disso, também a influência das condições do contorno (paredes de apoio) na

concentração ou dispersão do metal é essencial na escolha da estratégia de preenchimento,

principalmente quando se trata de uma programação realizada de forma off-line

(NICHOLSON, 2005)

2.7.1 Trajetórias de soldagem.

Nicholson (2005), em sua tese, divide o planejamento de trajetórias em três partes:

trajetórias de aproximação e distanciamento, trajetórias de soldagem e trajetórias entre

operações sucessivas. Essas trajetórias, individualmente, são definidas por pontos sequenciais

executadas pelo robô, denominado fly-by points (NICHOLSON, 2005).

Abordagens sobre preenchimento multicamadas foram consideradas por Siminski

(2003), o qual descreve três formas de preenchimento de cavidades: rastro, contorno e espiral.

Essas formas de preenchimento são distintas em acordo com o tipo de trajetória a ser

percorrida internamente em uma cavidade. A Figura 2.8 mostra a vista superior desses três

tipos de trajetórias.

39

Figura 2.8. Tipos de trajetórias de soldagem no preenchimento de cavidades. (a) Rastro, (b)

contorno e (c) espiral. (SIMINSKI, 2003)

Nos três tipos de trajetórias, por ser um trabalho diretamente relacionado à

prototipagem rápida, Siminski (2003) observou o efeito do perfil da solda e seu resultado de

preenchimento, observando a qualidade superficial obtida em cada uma delas. Em cada tipo

de trajetória, foram aplicados cordões intercalados ou sequenciais. A Figura 2.9 mostra cortes

transversais utilizando cordões sequenciais (a) e cordões intercalados (b).

Figura 2.9. Corões sequenciais (a) e cordões intercalados (b) (SIMINSKI, 2003) apud

(PINHEIRO, 2014)

O corte mostrado na Figura 2.9b mostra a deposição inicialmente de duas sequências

internas que serviram de apoio ao preenchimento restante (cordões na cor sólida). Essa

sequência resultou superior qualidade superficial, porém a geometria de cada cordão não

poderá ser considerada única a todos os cordões (PINHEIRO, 2014).

A Figura 2.9a mostra o uso de paredes restritivas dispostas anteriormente ao início do

preenchimento da cavidade. Neste modelo, considerações sobre colisão da tocha de soldagem

devem ser feitas, pois as paredes podem obstruir o acesso da tocha à primeira camada de

preenchimento. Uma possível solução seria a construção parcial das paredes a cada camada,

de forma semelhante ao apresentado na Figura 2.10a. O preenchimento por camadas

40

sucessivas intercaladas é mostrado na Figura 2.10b, em que se produz geometria semelhante

dos cordões para diferentes camadas, exceto nos cordões laterais. (PINHEIRO, 2014)

Figura 2.10. Preenchimento com parede restritiva (a) e com Camadas Sucessivas intercaladas

(b) (SIMINSKI, 2003) apud (PINHEIRO, 2014)

2.8 ESTADO DA ARTE NO PREENCHIMENTO DE CAVIDADES

O estudo da estado da arte sobre o processo de recuperação de cavidades por

deposição de metal de solda envolveu a busca por literatura que abordasse o problema da

definição das estratégias de preenchimento a serem seguidas. Entretanto, observou-se que não

há muitas referências que abordam especificamente o problema do preenchimento, mas há

uma quantidade razoável relacionada às características metalúrgicas do metal depositado. Para

os objetivos deste trabalho, o interesse maior está no problema geométrico da distribuição dos

cordões de modo que a cavidade possa ser preenchida. Considerando o ponto de vista

exposto, citam-se as referências descritas nos próximos parágrafos.

Bonacorso (2004), por exemplo, desenvolveu uma estratégia robotizada para a

recuperação de superfície danificada da pá da turbina hidráulica, por deposição por soldagem

a plasma, com alimentação automática de arame. A metodologia de preenchimento de

cavidades provenientes de erosão por cavitação é baseada em três etapas:

a) Medição automatizada da superfície, incluindo a região cavitada, usando sensor óptico

a laser com feixe na forma de "folha de luz" tripla, produzindo três linhas no plano de

incidência do laser. Por meio de processamento da imagem das “folhas de luz”

refletidas na superfície em várias posições da cavidade e da região vizinha as estas, se

obtêm pontos para descrevê-las matematicamente.

41

b) Definição dos pontos de início e fim de cordões, não necessariamente retilíneos1,

contidos em planos paralelos entre si e perpendiculares à superfície original a ser

recuperada. Os cordões eram então depositados de forma sequencial, invertendo o

sentido de deslocamento da tocha a cada novo cordão. A estratégia seguida usa como

premissa que os cordões têm seu início e fim fora da região a ser preenchida, ou seja,

fora da cavidade, sobre a superfície original não afetada pela cavitação. Bonacorso

(2004) sugere ainda a sobreposição parcial entre cordões sucessivos de 75% da largura

de um cordão depositado sobre chapa, considerando o processo plasma com adição de

material. Isso implica que o afastamento entre cordões sucessivos utilizados pelo autor

foi de L/4, sendo L a largura de um cordão de solda depositado em chapa.

c) Realização de uma nova medição, após a deposição de cada camada, para verificar a

necessidade da deposição de uma nova camada sobre a anterior.

Em outro estudo, Pinheiro (2014), programa algoritmos de segmentação, reconstrução

e filtragem que manipula uma nuvem de pontos, representando uma cavidade e obtém sua

descrição matemática por meio de uma grade deformada. Esta é então fatiada por meio de

planos paralelos, tanto horizontais (com mesma normal que o centro geométrico cavidade,

tomada em relação à superfície original) quanto verticais, de modo a se definirem os eixos dos

cordões de solda a partir das intersecções entre os planos paralelos perpendiculares entre si.

Os pontos de início e fim dos cordões de solda são definidos pelas intersecções entre os eixos

dos cordões e as superfícies limitantes da cavidade. A programação do robô que deverá

executar a deposição é então feita a partir dos pontos gerados pelo programa. A estratégia

usada para definir a direção dos planos verticais e, consequentemente, dos cordões retilíneos e

paralelos, foi proposta para o caso de uma representação de cavidade proveniente da remoção

de uma trinca parcialmente passante. A geometria da cavidade foi representada por meio de

dois planos oblíquos entre si e entre o plano da base, sendo este correspondente a uma placa

mata-juntas. Adotou-se a direção paralela à bissetriz do ângulo formado entre os planos

oblíquos, na sua intersecção com o plano da base.

A validação do processo de reparação completa, incluindo o mapeamento 3D, geração

de trajetória e deposição de metais por soldagem, é feita com base na digitalização de um

1Seguindo o caminho resultante da intersecção entre um plano perpendicular à superfície e o fundo da cavidade,

incluindo partes da superfície não danificada.

42

modelo de cavidade usinada em um bloco metálico e digitalizado por um scanner 3D

comercial. Os algoritmos desenvolvidos foram capazes de mapear a cavidade, gerar a

trajetória e a saída de um programa em linguagem ARLA (ABB Robot Language) para um

robô industrial de IRB2000, que tem acoplado uma tocha de soldagem GMAW em seu órgão

terminal. Observa-se que nos resultados apresentados há o preenchimento de uma cavidade

representativa do caso de reparação de uma trinca, porém não se deu a devida atenção à

seleção dos parâmetros de soldagem, o que resultou em um preenchimento com inclusões,

restos de escória não limpas e aspecto inadequado. Observa-se ainda que a estratégia de

preenchimento com cordões oblíquos às faces laterais da cavidade produziu zonas sem

preenchimento, propiciando a formação de defeitos nas regiões entre dois cordões depositados

de forma paralela e sequencial.

Nicholson (2005), em sua tese de doutorado demonstrou a aplicabilidade de um

sistema de detecção regiões cavitadas e geração de trajetórias de preenchimento por meio da

deposição de metal de solda utilizando o processo GMAW-P (Pulsed Gas Metal Arc

Welding). Em seu trabalho, a identificação das áreas cavitadas era feita manualmente a partir

das imagens da região erodida. O sistema gerava então o contorno da cavidade a partir dos

pontos definidos pelo operador e sequenciava cordões de modo que somente uma camada

seria suficiente para o preenchimento por deposição de metal pelo processo GMAW-P. Deve-

se notar aqui que Nicholson considerava que o dano produzido pela cavitação estava em seu

estágio inicial e, portanto, o preenchimento era feito com somente uma camada de deposição.

Institut de recherched’Hydro-Québec (IREQ) apud Nicholson (2005), desenvolveu um

robô, a que denominou de Scompi, especialmente projetado para a tarefa de recuperação de

regiões danificadas por cavitação, em turbinas hidráulicas. Até onde se tem notícia, é o único

robô desta natureza existente. A companhia canadense não vende este sistema, apenas aluga

por um valor que não compensa economicamente, se comparado com o processo de

recuperação manual.

O robô tem três efetuadores, um apalpador rígido para fazer a medição da superfície

danificada, a medição é feita por meio do dispositivo de aprendizagem teach pendant. O

segundo é uma tocha de soldagem GMAW que trabalha no modo convencional e pulsado. O

terceiro é um esmeril para melhorar o acabamento superficial da superfície recuperada.

43

O Scompi proporciona benefícios tais como a diminuição do tempo consumido de

recuperação; - Redução do custo total na recuperação de turbinas hidráulicas; - Redução do

tempo de permanência de pessoas em local insalubre; - Melhor controle da geometria das pás

da turbina, além das vantagens do processo GMAW-P.

Além de a recuperação de cavidades pela soldagem também se encontraram trabalhos

relacionados aos aspectos metalúrgicos e de seleção de parâmetros de soldagem e de material,

conforme descrito nos parágrafos seguintes.

Chavez, (2014) apresenta em seu trabalho uma metodologia para a busca de

parâmetros de entrada no processo GMAW-P que ajude a conseguir boas características

geométricas da solda, eliminando os respingos, minimizando a instabilidade durante o

processo de soldagem e diminuindo a quantidade de testes durante a procura das variáveis até

obter uma geometria adequada do cordão e das camadas. Para ajudar na busca dos

parâmetros, foram utilizados critérios de transferência metálica, estabilidade e energia,

apoiados por análises estatísticas, técnicas de avaliação, como a análise de sinais com

Transformada Rápida de Fourier e análises de imagens por perfilografia.

Os trabalhos descritos anteriormente descrevem técnicas de preenchimento utilizadas

em recuperação de cavidades em pás de turbinas hidráulicas com diferentes processos de

soldagem, mas não exploram fazem um estudo sobre o efeito que diferentes estratégias de

preenchimento podem ter nos resultados da recuperação da cavidade. Desta forma, para dar

solução a esta problemática vão-se a plantear os seguintes objetivos.

2.9 METODOLOGIA DE SUPERFICIE DE RESPOSTA (RSM)

Estabelecidas as bases teóricas no tocante das cavidades nas pás de turbinas

hidroelétricas causadas pela erosão por cavitação e os processos de soldagem. Vai-se gerar

uma base teórica sobre a geração de metodologias e planejamento dos procedimentos

experimentais para a realização do projeto em questão.

A metodologia de superfície de resposta é um conjunto de técnicas estatísticas e

matemáticas usadas para modelar processos nos quais as respostas sejam influenciadas por

diferentes variáveis independentes (k= fatores de entrada) (MONTGOMERY, 1983).

44

O eventual objetivo de RSM é para determinar as condições ótimas de operação para o

sistema, ou para determinar uma região do espaço em que o fator de especificações

operacionais é satisfeito.

O modelo gerado é uma equação matemática que permite estimar o valor da resposta

do processo em função das variáveis de estudo dentro da região de trabalho (RICHETTI,

2003) (LOPERA, 2010).

2.9.1 Planejamento experimental.

O planejamento experimental na metodologia de superfície de resposta está baseado

em um planejamento fatorial fraccionado mais um planejamento estrela com réplicas do ponto

central. Um dos mais conhecidos é o Planejamento Composto Central (PCC) “Central

Composite Design”, o qual é usado em modelos de segunda ordem. Neste caso, os testes do

planejamento fatorial são utilizados para a obtenção dos termos lineares e de interação, os

testes do planejamento estrela fornecem os termos de segunda ordem e os testes replicados

(no ponto central) fornecem uma estimativa do erro experimental. A Figura 2.11 apresenta

uma representação do planejamento experimental baseado no PCC para duas variáveis de

entrada (LOPERA, 2010).

Figura 2.11 Planejamento composto central (PCC). Com dois niveis para duas variaveis de

entrada (x1, x2) (LOPERA, 2010) (MONTGOMERY, 1983).

45

2.9.2 Desenho fatorial fracionado 2k-1

.

O planejamento fatorial fracionado fornece um meio de obter boas estimativas dos

efeitos principais e das interações de ordens baixas, mas com uma fração do esforço

computacional requerido por um planejamento completo (2k), reduzindo, assim, a quantidade

de experimentos. Um planejamento fatorial fracionado é construído selecionando um

subconjunto de tamanho 2k-1

de todos os pontos possíveis de um planejamento 2k, e

executando a simulação somente dos pontos escolhidos (MONTGOMERY, 1983).

46

3. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO

3.1 METODOLOGIA.

Para cumprir os objetivos específicos mencionados na seção 0 é necessário em

primeira instância obter um cordão de solda com boas características geométricas que possa

atingir as necessidades de reparo no tocante à recuperação de superfícies erodidas pela

cavitação. A partir da determinação dos parâmetros necessários à obtenção de um cordão com

a qualidade desejada, passa-se à determinação da estratégia de formação de camadas, por

meio de deposição de cordões paralelos. Aqui o problema está em definir que afastamento

entre eixos de dois cordões paralelos é necessário à formação de uma camada com superfície

suave, susceptível à superposição de uma nova camada de preenchimento constituída também

de cordões paralelos. Considerar-se-ão estratégias de sequenciamento entre os cordões de

modo a se conseguirem as melhores características de formação de uma camada para

deposição tanto na posição plana, quando na posição horizontal. Por fim, realizar-se-ão

ensaios de deposição em cavidades usinadas em placas de aço, de modo a se verificarem as

estratégias sugeridas.

A metodologia proposta baseou-se em quatro fases ou etapas, a fim de satisfazer as

exigências envolvidas na investigação experimental:

Etapa 1- Busca de uma boa geometria do cordão e de parâmetros iniciais para o modo de

transferência GMAW-P: Nesta etapa, buscaram-se parâmetros que apresentassem

características estáveis no processo de soldagem e que resultassem em boas características

geométricas no cordão de solda,

Etapa 2-. Estudo da superposição entre cordões, de modo a se conseguir a formação de

camadas com boas características de planicidade e de preenchimento. Aqui se procura a

relação entre a altura da camada depositada e o afastamento entre cordões, definido como

percentual de sobreposição.

Etapa. 3-. Estudo e implementação de estratégias de preenchimento com os parâmetros de

cordão e de camada previamente estabelecidos.

Etapa 4- Análise comparativa dos resultados de preenchimento de cavidades com base em

diferentes estratégias de sequenciamento de cordões de modo a se definirem as melhores

estratégias.

47

A Figura 3.1 mostra o fluxo das quatro etapas da metodologia descrita nos parágrafos

anteriores.

Figura 3.1 Metodologia

3.2 MATERIAIS

Neste trabalho, optou-se por definir as estratégias de preenchimento com base no

material de adição com especificação compatível com a AWS 410NiMo. Trata-se de um aço

com composição compatível com o CA6NM, normalmente utilizado na fabricação de turbinas

hidráulicas. Este aço classifica-se dentre os aços inoxidáveis martensíticos e, devido a essa

característica, sugere-se na literatura que seja feito um controle de temperatura de pré-

aquecimento, para evitar trincas, e de interpasse, de modo a se produzir uma microestrutura

com austenita retida (martensita macia) (SANTOS, 2014). O material utilizado para o

preenchimento foi então o arame tubular de alma metálica ESAB OK Tubrod 410 NiMo

(MC), por já estar disponível no laboratório. Como não se tinha disponível o aço CA6NM, e

como neste trabalho visavam-se somente aspectos geométricos da deposição, decidiu-se por

utilizar como material de base o aço doce (AISI 1020).

ETAPA 1

•Obtenção dos parâmetros no processo GMAW-P

•Análise da geometria do cordão isolado

ETAPA 2

•Escolha do percentual de sobreposição

•Definição do critério de ondulação máxima

•Deposição de camadas formadas por cordões de solda.

ETAPA 3

•Escolha do modo de fatiamento

•Escolha da estratégia de preenchimento

ETAPA 4

•Preenchimento dos corpos de prova

•Análise do preenchimento do corpo de prova

48

3.2.1 Gás de proteção

Para processos GMAW-P são usados gases com misturas ricas em Argônio. A

transferência do metal de enchimento ocorre de uma maneira controlada com cada impulso da

corrente de soldagem, sem curto-circuito. As misturas de argônio (Ar) e dióxido de carbono

(CO2) são versáteis, ideais para soldagem de aços carbono, aços de baixa liga e alguns aços

inoxidáveis. Ao se aumentar o teor de CO2, aumenta-se a penetração da solda e as

características de molhabilidade do cordão; entretanto, aumenta-se também o volume de

respingos. Misturas de Ar e CO2 podem ser usadas para a soldagem de uma vasta gama de

espessuras de materiais por uma variedade de modos de transferência de metal (PRAXAIR,

2016)

Para o projeto foram testados três tipos de mistura de gás, Ar + 6% CO2, Ar + 4% CO2

e Ar + 2% O2, ajustados para uma vazão de 15 l/min. Na Tabela 3.1, explicitam-se as

vantagens e aplicabilidade dos gases testados.

Tabela 3.1 Tipos de gases. (SOLGAS, 2016)

Ar + 6% CO2 Ar + 4% CO2 Ar + 2% O2

Vantagens Vantagens Vantagens

Alta penetração

Baixa incidência de

respingos

Elevadas velocidades de

soldagem

Excelente acabamento

visual

Excelente estabilidade do

arco

Baixa incidência de

respingos

Elevadas velocidades de

soldagem

Eliminação de escória

(silicatos)

Excelente estabilidade do

arco

Facilita a soldagem fora de

posição

Transfere pouca

quantidade de calor para a

peça.

Baixa incidência de

respingos

Baixo volume de escória e

fácil remoção da mesma

Excelente estabilidade do

arco

Aplicações Aplicações Aplicações

Soldagem de aços carbono

e aços de baixa liga.

Indicado para o processo

de soldagem GMAW com

transferência por curto-

circuito ou spray para

Soldagem de aços carbono

em sistemas mecanizados

ou robotizados com

eliminação da escória

(silicatos).

Processo soldagem

Soldagem de chapas finas

de aços carbono e baixa

liga

Processo de soldagem

GMAW com transferência

por spray. Apresenta ainda

49

qualquer espessura.

GMAW em todas as

formas de transferência:

curto-circuito, spray e

spray pulsado.

excelentes resultados no

processo GMAW Pulsado

O resultado dos testes feitos com os gases fornecidos pelo laboratório são os

mostrados na Figura 3.2.

Pode-se observar, na Figura 3.2, que a solda com Ar + 6% CO2 apresenta respingos e

presença de oxidação/fuligem no contorno do cordão. A solda feita com o gás Ar + 4% CO2

apresenta pouco ou nenhum respingo e apresenta menor quantidade de oxidação/fuligem

depositada. Embora o gás Ar + 2% O2 tenha resultado em um processo com baixa ejeção de

respingos, observou-se presença de oxidação e formação de fuligem com maior intensidade

que o caso da mistura Ar+4% CO2. Além disso, observa-se presença de escória na superfície

de todos os cordões de solda, porém com intensidade reduzida no caso das misturas

Ar+4%CO2 e Ar+2%O2.

Figura 3.2 Aspecto do cordão de solda para vários tipos de gases (PLATA, 2016)

Após análise visual das soldas, considerou-se como a melhor opção o gás 96% de

Argônio e 4% de CO2, já que foi a mistura que apresentou a menor ejeção de respingos e que

resultou em menor oxidação (fuligem) no contorno do cordão. Deve-se observar que a

literatura sugere o uso da mistura Ar+2%O2 ou Ar+4%CO2 para a soldagem do AWS

410NiMo (SANTOS, 2014) e que o fabricante do arame sugere a mistura Ar+4%CO2. Do

ponto de vista da disponibilidade de oxigênio para estabilização do arco e molhabilidade do

50

cordão, ambas as misturas são equivalentes (ESAB, 2016), porém a mistura com CO2 resulta

em um arco com maior energia e, consequentemente, em maior penetração (ESAB, 2016).

3.2.2 Arame consumível

Como já explicitado no item 0, o material de adição utilizado neste projeto é arame

tubular ESAB OK Tubrod 410NiMo (MC) (AWS 410 NiMo) com diâmetro de 1,2 mm.

Trata-se de um arame tubular tipo “metal cored”, que deposita um metal de solda contendo

13% Cr, 4% Ni e 0,4% Mo. Apresenta uma microestrutura constituída por martensita macia.

Foi desenvolvido especialmente para a construção e recuperação de componentes de turbinas

Pelton, Francis e Kaplan em aço CA-6NM. (ESAB, 2014).

3.2.3. Material base

Em primeira instância foram utilizados corpos de prova de aço doce (AISI 1020)

cortados a partir de uma barra chata de 6,35 mm (1/4 pol.) de espessura e 200 mm por 50 mm

de comprimento e largura, respectivamente, previamente limpos e esmerilados, para

deposição de cordões sobre chapa, de modo a reduzir o custo experimental.

Para os testes finais foram utilizados corpos de prova usinados de aço 1020 de

15,875mm (5/8”) de espessura e 200 mm por 100 mm (comprimento versus largura), visando

uma cavidade com contorno fechado. A maior espessura foi escolhida para possibilitar que o

corpo de prova apresentasse rigidez elevada após a usinagem da cavidade circular, de modo a

reduzir sua deformação devido aos gradientes térmicos gerados no processo de

preenchimento.

3.3 EQUIPAMENTOS

3.3.1 Robô

O robô utilizado foi um ABB IRB 2000 (mostrado na Figura 3.3a), de rápida

aceleração e desaceleração, com um braço fino que tem um alcance de mais de 1,5 m (5 pés) e

até 3m quando é montado no alto permitindo uma ampla capacidade de trabalho. O IRB 2000

51

tem seis eixos de movimento, a capacidade de movimentação de 10 kg (22 libras)

(ROBTWORX, 2016).

Figura 3.3 Célula de soldagem composta de: (a) robô ABB IRB 2000AW e (b) fonte

FroniusTPS-5000 CMT.

3.3.2 Fonte de soldagem

Utilizou-se uma fonte inversora multiprocesso Trans Puls Synergic 5000 (Figura

3.3b), fabricada pela FRONIUS. Essa fonte é controlada digitalmente por microprocessador e

tem capacidade máxima de corrente de 500 A e implementa o processo GMAW-P além do

GMAW convencional, do GTAW, do SMAW e do processo derivativo Cold Metal Transfer -

CMT (FRONIUS, 2016).

52

3.3.3 Tocha de soldagem

A tocha instalada na fonte era um modelo próprio para o processo CMT (Robacta

Drive CMT), porém também capaz de realizar os processos GMAW convencional e pulsado

(FRONIUS, 2016).

3.3.4 Aparelho de fixação dos corpos de prova

Para fins de fixação dos corpos de prova, utilizou-se o aparato desenvolvido por Aures

(2013), que possibilita alterar continuamente a posição de soldagem entre a posição plana e a

sobre cabeça. Trata-se de uma estrutura de aço dividida em duas partes: a primeira parte é

denominada de “mesa”, onde as chapas de teste são fixadas, e a segunda parte é uma estrutura

“base” que consta principalmente de duas hastes cilíndricas paralelas, onde a mesa desliza, e

de uma cantoneira central a qual ajuda na fixação e na mudança de posição (AURES, 2013).

A Figura 3.4 mostra um desenho da estrutura de fixação dos corpos de prova.

Figura 3.4 Suporte para fixação e posicionamento de placas de teste (AURES, 2013).

3.3.5 Equipamentos para preparação de amostras e medição de geometria dos cordões.

Para a preparação das amostras para a medição da geometria dos cordões, utilizaram-

se uma cortadeira com um disco especial de corte fino para aço e uma politriz Polipan U

53

(Pantec), com pratos de lixas e de polimento. No processo de polimento, utilizaram-se lixas

com granulometria desde 100 até 2400 e pasta com micropartículas de alumina.

A visualização e a medição da geometria dos cordões foram feitas inicialmente em um

projeto de perfis (Mitutoyo PJ A3000) e, posteriormente, em um microscópio confocal Laser

(Olympus LEXT OLS4100). O primeiro tem resolução de 0,001 mm e o segundo, de

0,00001mm.

3.3.6 Câmera termográfica Thermovision A40.

Conforme já comentado no item 0, a soldagem com o aço AWS 410NiMo em aço

CA6NM exige controle tanto da temperatura de pré-aquecimento quanto da temperatura de

interpasse. O controle da temperatura de pré-aquecimento é importante quando o material de

base é o aço CA6NM. Devido à dificuldade de se obter esse aço para confecção dos corpos de

prova, optou-se por utilizar o aço doce comercial, motivo pelo qual não se realizou o pré-

aquecimento. Entretanto, considerando a deposição com o arame AWS 410NiMo e levando

em conta que no processo de recuperação de cavidades em turbinas de aço CA6NM há

necessidade de se fazer o controle da temperatura de interpasse (GOUVEIA, 2008) (VAZ,

2004) e, ainda, consideram do que a geometria da seção transversal dos cordões relaciona-se,

dentre outras variáveis, à taxa de resfriamento da poça, decidiu-se por monitorar durante os

ensaios a temperatura de interpasse, de modo a se garantir condições de resfriamento

semelhantes entre os diversos cordões depositados. Para isso, utilizou-se uma câmera

termográfica FLIR A40-M, com emissividade ajustada para 0,5 (SANTOS, 2014). Essa

emissividade foi adotada com base nos gráficos de emissividade versus temperatura medida

por Santos (2014) para o aço resultante da deposição do arame OK TUBROD 410 NiMo

(MC), com superfície limpa por escovação com escovas de cerdas de aço. Deve-se observar

que durante os ensaios, os cordões eram limpos com escova de cerdas de aço antes de se fazer

uma nova deposição, deixando a superfície do cordão depositado com aspecto brilhante.

3.4 DESENVOLVIMENTO

Nesta seção, apresenta-se o planejamento para a realização dos testes experimentais

com vistas à obtenção do envelope de parâmetros de soldagem do processo GMAW-P, assim

como para definir os parâmetros geradores do cordão de solda com as características

desejadas (pouco respingo, pouca fuligem e pouca escória). Apresenta-se também a forma

54

como foi feita a análise dos resultados e a escolha dos parâmetros de formação de camadas,

enfocando no percentual de sobreposição entre cordões paralelos necessários à formação de

uma camada com qualidade adequada (planicidade).

3.4.1 Obtenção e seleção de parâmetros

Como ponto de partida, tomou-se como referência a faixa de trabalho para os

parâmetros no processo GMAW-P definidos por Chavez (2014). A Tabela 3.2 mostra as

faixas adotadas.

Tabela 3.2 Parâmetros iniciais de soldagem GMAW-P. (CHAVEZ, 2014)

Parâmetros variáveis Parâmetros fixos

Velocidade de soldagem

Vt= 6 a 12 mm/seg.

A distância entre o bico de contato ou

tocha e a peça (DPCB); 15 mm

Velocidade de alimentação do arame VA=

2 a 8 m/min

Frequência de pulsação Fr=55 a 280 Hz Ângulo da tocha perpendicular respeito

ao corpo de prova. Corrente de pico Ip=120 a 450 A

Corrente de base Ib=50 a 110 A Diâmetro do arame 1,2 mm

Indutância 0 a 50 % (Stand off) Distância de bocal com a peça

12 mm Tempo de ciclo ou período Tc=1/Fr

Tempo de base Tb=40 a 50% Tc Gás de proteção: 96% argônio + 4% de

dióxido de carbono (CO2), vazão 15

l/min

Tempo de pico Tp=40 a 50% Tc

Outros parâmetros a se ter em conta foram o ângulo de ataque e o ângulo de trabalho.

O ângulo de ataque é aquele formado entre a tocha de soldagem e o sentido longitudinal da

junta a ser soldada e o ângulo de trabalho é definido como aquele formado entre a tocha e a

chapa ou peça de trabalho no sentido transversal da junta(vide Figura 3.5). (ESAB, 2016)

(AWS, 2001)

55

Figura 3.5 Definição de ângulo de trabalho e ângulo de ataque. Adaptada de WELDCORD

(2016)

3.4.2 Planejamento composto central a partir de um projeto fatorial fracionado

Em busca dos melhores parâmetros para o projeto no processo GMAW-P, foi feito um

planejamento experimental por meio de um projeto fatorial fracionado, para garantir a escolha

do cordão de solda com as melhores características (pouco respingo, pouca fuligem e pouca

escoria).

Considerando que o processo GMAW-P tem muitos fatores para analisar, o objetivo

do planejamento foi identificar os fatores que apresentam grandes efeitos. Experimentos de

seleção geralmente são realizados nas fases iniciais de um projeto, quando é provável que

muitos dos fatores considerados inicialmente tenham pouco ou nenhum efeito sobre a

resposta. Os fatores que são identificados como importantes são então investigados mais

profundamente em experimentos subsequentes (MONTGOMERY, 1983). Para a escolha dos

melhores parâmetros, foram realizados vários experimentos usando um projeto fatorial

fracionado de soldagem GMAW-P (2k-1

), considerando 5 fatores (k) a 2 níveis cada, com

quatro pontos centrais.

56

As variáveis ajustáveis na fonte utilizada e consideradas para fins de planejamento

experimental foram:

Ip: corrente de pico

Ib: corrente de base

Tp: tempo de pico

Va: velocidade de alimentação

Fr: frequência

Realizaram-se vários testes com parâmetros escolhidos dentro da faixa que Chavez

(2014) define, a partir dos quais escolheu-se como ponto central o cordão com as melhores

características. A partir do ponto central definido, estabeleceram-se os níveis superior e

inferior necessários ao planejamento experimental. A Tabela 3.3 mostra o ponto central

(codificado como “0”) e os níveis inferior e superior (codificados como “-1” e “+1”,

respectivamente).

Tabela 3.3 Variáveis

Variáveis -1 0 1

Ip 360 375 390

Ib 60 80 90

Tp 2 2,5 3

Va 7,5 8 8,5

Fr 190 200 210

A codificação é explicitada na Tabela 3.4 e a ordem de execução das corridas é

mostrada na Tabela A.1, no Apêndice A.

Para obter um modelo polinomial mais satisfatório, e descrever a resposta de interesse,

foi aplicado o planejamento composto central (CCD) para investigar os efeitos das cinco

variáveis. Para reduzir erros sistemáticos, codificaram-se os valores dos parâmetros e

estabeleceu-se uma ordem aleatória de realização dos experimentos independentes sobre as

funções de resposta. As variáveis independentes foram correntes de pico (X1), a corrente de

base (X2), tempo de picoo (X3), frequência (X4) e velocidade de alimentação do arame (X5).

A execução correspondente ao ponto central foi repetida seis vezes para verificar a

reprodutibilidade e a avaliar o erro experimental. O valor de α para CCD rotativo está

57

dependente do número de parâmetros de entrada, neste caso, o número de parâmetros de

entrada é de cinco, de modo que o valor de α é 2. Por conseguinte, os limites superior e

inferior do desenho foram codificados como +2 e -2, respectivamente. A matriz de projeto

consiste em dezesseis combinações fatoriais, com dez pontos axiais (α = ± 2) e seis repetições

dos pontos centrais (MONTGOMERY, 1983). Um conjunto total de 32 experimentos foi

realizado neste estudo.

Tabela 3.4 Codificação das variáveis

Códi

go

Corrente de

pico

(X1, A)

Corrente de

base

(X2, A)

Tempo de

pico

(X3, ms)

Frequência de

pulso

(X4, s-1

)

Velocidade de

alimentação

(X5, m/min)

-1 360 60 2 190 7.5

0 375 80 2.5 200 8

+1 390 90 3 210 8.5

Depois de fazer o planejamento experimental, observou-se que todos os cordões

depositados apresentaram boa aparência e ausência de defeitos. Entretanto, observaram-se

variações no nível de ejeção de respingos e na presença de escória e no nível de

oxidação/fuligem no contorno dos cordões. Dentre todos, os cordões que apresentaram as

melhores características de baixa ejeção de respingos, menor quantidade de escória e menor

formação de oxidação/fuligem em seu contorno foram aqueles depositados com os parâmetros

do ponto central. De igual forma, todos os cordões necessitariam limpeza por escovação para

possibilitarem sua superposição por outro cordão de solda. A Figura 3.6 mostra um dos

cordões resultantes dos parâmetros do ponto central (Tabela 3.5) depositado sobre chapa, na

posição plana.

Tabela 3.5. Melhores parâmetros.

Ip Ib Tp Va Fr

375 75 2,5 8 200

58

Figura 3.6 Cordão resultante dos parâmetros selecionados.

3.5 MACROGRAFIA DO CORDÃO DE SOLDA

Para conhecer os parâmetros geométricos caraterísticos do cordão de solda, é preciso

fazer um corte transversal do cordão de modo a possibilitar a observação de sua geometria. As

amostras foram cortadas com um disco especial de corte fino para aço, depois foi feita sua

preparação por lixamento, com lixas de grão progressivamente mais finas (até 2400), e

finalmente o polimento com micropartículas de alumina (Al2O3).

Para revelar a geometria do cordão individual depositado sobre chapa de aço doce

(Figura 3.7), bastava atacar a face polida com um reagente capaz de diferenciar o aço doce do

aço inox. Neste caso, o reagente indicado para foi o NITAL a 2%v.v, composto de 2 ml de

ácido nítrico (HNO3) e 98 ml de álcool etílico 96ºGL (96%v.vCH3 CH2OH +4%v.vH2O).

Figura 3.7 Macrografia (CHAVEZ, 2014).

Na Figura 3.8, mostram-se as características geométricas medidas do cordão de solda

no projetor de perfis.

59

Figura 3.8 Características geométricas da solda: altura (H), largura (L) e penetração (P)

visualizadas no projetor de perfil.

A Tabela 3.6 apresenta os valores médios das características geométricas medidas a

partir dos quatro pontos centrais, que resultaram em amostras de cordões depositados com os

mesmos parâmetros e condições de soldagem.

Tabela 3.6 Media dos parâmetros das repetições do ponto central (seção da Tabela A.1).

Número de experimento (cordão) H (mm) L (mm) P (mm)

32 2,562 8,159 2,074

29 2,622 7,743 2,09

28 2,636 8,021 1,784

31 2,443 8,063 2,071

27 2,623 7,816 2,072

30 2,668 7,24 2,359

Valor médio 2,592 7,840 2,075

3.6 SOBREPOSIÇÃO DE CORDÕES PARA FORMAÇÃO DE UMA CAMADA.

Com a obtenção dos parâmetros do processo GMAW-P (vide Tabela 3.5) que

resultaram em cordões com características consideradas adequadas (pouco ou sem respingo,

pouco fuligem e pouca escoria) à formação de camadas a partir da deposição de cordões

paralelos, passou-se a estudar o afastamento entre cordões paralelos que resulta na deposição

de uma camada com boas características de planicidade e de preenchimento.

60

A formação de uma camada resulta da disposição de cordões paralelos com

sobreposição parcial, ou seja, o afastamento entre os cordões deve ser menor que a largura de

um cordão depositado isoladamente sobre a chapa. Define-se aqui o percentual de

sobreposição como sendo razão entre a largura máxima da intersecção teórica entre as

geometrias de dois cordões paralelos, parcialmente sobrepostos, e a largura de um cordão

individual depositado isoladamente (Figura 3.9). Trata-se de uma definição teórica, uma vez

que o material de um cordão superposto não ocupa o mesmo volume já ocupado por um

cordão previamente depositado. Supõe-se aqui que esse material superposto irá distribuir-se

no volume vazio por cima do cordão já depositado previamente.

Figura 3.9 Sobreposição entre dois cordões de solda.

A geometria de um cordão depositado na posição plana, com ângulos de trabalho e de

ataque da tocha ajustados em 90º, apresenta-se normalmente simétrica em relação ao plano

definido pelo eletrodo durante seu movimento no processo de deposição. Conforme mostra a

Figura 2.4, a posição plana é considerada quando a direção definida pelo vetor normal à face

do cordão de solda e o vetor aceleração gravitacional (ângulo de rotação da face) formam um

ângulo situado entre 150º e 210º, para inclinação do eixo longitudinal do cordão entre 0º e

15º. Nesse intervalo as direções da força do arco e da força peso, ambas atuantes sobre a

massa de metal líquido da poça de fusão, são aproximadamente paralelas, não causando

grandes assimetrias no cordão. Quando o ângulo de rotação da face situa-se entre 125º e 150º

e entre 210º e 235º (definição de posição horizontal de acordo com a Figura 2.4) a força

gravitacional atuante sobre a massa de metal líquido tende a causar seu deslocamento lateral,

produzindo assimetria na geometria do cordão. Essa assimetria pode ser reduzida por meio da

utilização de um ângulo de inclinação da tocha, de modo que a pressão do arco tenha uma

componente que se contraponha à força gravitacional.

61

Neste trabalho, considerando o objetivo de desenvolver estratégias de preenchimento

de cavidades causadas pela erosão por cavitação em pás de turbinas hidráulicas, considerando

que estas têm geometria complexa, é de se esperar que as regiões a serem preenchidas não se

apresentem necessariamente em posições consideradas como planas para fins de soldagem.

Para se levar essa condição em conta na definição do processo de recuperação, realizaram-se

experimentos de preenchimento na posição plana e na posição horizontal, de modo se a tentar

cobrir um intervalo razoável de posições de soldagem.

3.6.1 Sobreposição na posição plana

Realizaram-se testes de sobreposição na posição plana em porcentuais de 30%, 35%,

40%, 45%, 50% em busca da obtenção de uma camada com boas características de

planicidade. Antes de se avaliar a planicidade das camadas depositadas, deve-se aqui definir

um critério quantitativo para se qualificar esse aspecto. Bonacorso (2009) estabeleceu que a

diferença máxima entre o pico mais alto e o vale mais baixo não deve superar 1/3 da altura do

reforço para um cordão isolado. Considerando altura aproximada de reforço para um cordão

em torno de 3 mm, decidiu-se neste trabalho, limitar essa diferença a 1 mm. Além disso,

estabeleceu-se como critério adicional de planicidade que a ondulação média para toda a

camada não deve superar 0,5 mm. A sobreposição foi feita com cordões sequenciais no

mesmo sentido e as medidas resultantes de largura (L) e de altura (H) do preenchimento são

mostradas, para cada novo cordão depositado, na Tabela 3.7. Foram feitos seis cordões de

solda para cada porcentagem de sobreposição. As medidas dos parâmetros da largura e altura

mostrados na Tabela 3.7 foram obtidas por meio de um paquímetro. Isso implica que as

medidas da altura do preenchimento refletiram as alturas das cristas dos cordões depositados,

resultando em um valor ligeiramente maior que a altura média.

Na Figura 3.10, mostra-se o resultado das diferentes superposições testadas na posição

plana. Note-se que a solda feita com sobreposição de 50% foi feita em um só sentido, por isso

o reforço fica maior no começo da solda, e mais baixo no final dos cordões. Por isto, para

eliminar este efeito indesejável, os ensaios de preenchimento seguintes foram feitos com

passes de ida e volta para compensar este efeito.

62

Tabela 3.7 Sobreposição posição plana

Cordão

50% 45% 40% 35% 30%

L

(mm)

H

(mm)

L

(mm)

H

(mm)

L

(mm)

H

(mm)

L

(mm)

H

(mm)

L

(mm)

H

(mm)

1 7,7 2,8 7,7 2,8 7,7 2,8 7,7 2,8 7,7 2,8

2 11,0 3,4 11,1 3,4 11,5 3,4 12,6 3,0 13,3 2,9

3 15,0 3,5 15,3 3,3 17,0 3,2 17,7 2,9 18,6 2,8

4 19,0 3,5 20 3,2 21,5 3,1 22,3 2,9 23,6 2,8

5 23,0 3,5 24,3 3,2 26,0 3,1 27,4 2,9 29,3 2,8

6 26,5 3,5 28,5 3,2 30,4 3,1 32,1 2,9 34,8 2,8

Media 17,0 3,4 17,8 3,2 19,0 3,1 20,0 2,9 21,2 2,8

Figura 3.10 Sobreposição de soldagem (a) 30%, (b) 35%, (c) 40%, (d) 45%, (e) 50%.

A Figura 3.11 mostra os defeitos presentes nas sobreposições de 30%, 35% e 40%.

Nestas sobreposições, identificam-se regiões entre os cordões em que não houve

preenchimento total, dando origem à presença de ondulações, o que resulta em falha no

atendimento do critério de planicidade adotado. Algumas dessas ondulações, no caso de

deposição de uma nova camada de preenchimento, poderiam dar origem a inclusões

decorrentes, por exemplo, da dificuldade de se realizar limpeza em cavidades da superfície da

camada depositada antes da deposição dos cordões de uma nova camada. Essas inclusões

poderiam nuclear trincas (MODENESI, 2012).

63

Figura 3.11 Sobreposição 30%,35%, 40%,45%

Por outro lado, as sobreposições de 45% e 50% (Figura 3.12) possuem um aspecto

mais plano visualmente e suave ao tato, o que é o desejável para o projeto em questão.

Figura 3.12 Sobreposição 50%

Para escolher o porcentual da sobreposição, foi realizada a medição da diferença entre

as partes mais altas e os sulcos das camadas (picos e vales das ondulações), para os diferentes

percentuais de sobreposição testados. A Figura 3.13 mostra o processo de medição realizado

em uma das amostras soldadas.

Figura 3.13 Tomada de dados da primeira camada

A Tabela 3.8 mostra os valores resultantes de medidas da largura e da distância média

pico a pico entre vales e cristas das ondulações (ondulação média), realizadas por meio do

microscópio Confocal. Os valores foram tomados a partir de medidas em camadas formadas

por seis cordões parcialmente superpostos, variando-se o percentual de sobreposição desde

30% a 50%.

64

Tabela 3.8 Resultado dos valores medidos das camadas

Percentual de sobreposição

Camada de 6 cordões de solda 50% 45% 40% 35% 30%

valor da largura (mm) 26,492 28,436 30,480 32,402 34,446

ondulação média (mm) 0,264 0,471 0,422 0,448 0,682

ondulação máxima (mm) 0,581 0,693 0,698 1,537 1,018

Altura do preenchimento (mm) 3,4 3,2 3,1 2,9 2,8

Observa-se da Tabela 3.8 que as camadas preenchidas com percentuais de

sobreposição de 40%, 45% e 50% satisfizeram o critério de planicidade adotado. Observa-se

também que a maior altura de preenchimento foi atingida com 50% de sobreposição.

Considerando que um maior valor de altura de preenchimento implica em menor número de

camadas a serem depositadas, escolheu-se o percentual de sobreposição de 50%. Deve-se

observar que Chavez (2014) adotou o mesmo valor em seus experimentos. O mesmo autor fez

um cálculo matemático dos melhores valores de sobreposição para a posição plana no

processo GMAW-P, considerando geometria semicircular para os cordões, e chegou ao

resultado que os melhores porcentuais de sobreposição são de 45% e de 50%.

3.6.1.1 Camadas na posição plana

Depois da seleção dos parâmetros e do percentual de sobreposição, foram feitos testes

de sobreposição de camadas na posição plana para obter as dimensões de cada camada e ter o

conhecimento do comportamento da altura do preenchimento resultante. A Figura 3.14 e a

Figura 3.15 mostram os resultados da primeira e da segunda camada desde uma vista superior.

A Figura 3.16 mostra uma vista lateral das duas camadas depositadas.

Figura 3.14 Primeira camada na posição plana.

65

Figura 3.15 Segunda camada (posição plana).

Figura 3.16 Primeira e segunda camada na posição plana (perfil).

A

Tabela 3.9 e a

Tabela 3.10 mostram os dados de cada cordão para a primeira e a segunda camada,

respectivamente. Os dados apresentados nas tabelas são: velocidade de alimentação de arame

(Va), ajustada na fonte; altura (H) e largura (L) do preenchimento, medidas com um

paquímetro inicialmente. Cada valor resulta da média entre três medições realizadas nas

regiões estáveis de cada cordão depositado. Deve-se observar que as medidas realizadas pelo

paquímetro se restringiram a valores referentes às cristas dos cordões depositados, uma vez

que não se mediu a profundidade dos vales formados entre cordões.

Tabela 3.9 Primeira camada na posição plana

Cordões Va

(m/s)

H

(mm)

L

(mm)

1 8 3,0 8,0

2 8 3,5 12,0

3 8 3,6 15,6

4 8 3,5 19,5

5 8 3,5 22,9

66

6 8 3,5 27,2

7 8 3,5 31,0

8 8 3,4 34,9

Tabela 3.10. Segunda camada na posição plana

Cordões Varame

(m/s)

H

(mm)

L

(mm)

1 8 2,9 8,0

2 8 3,2 11,4

3 8 3,2 15,9

4 8 3,1 20,0

5 8 3,2 23,3

6 8 3,2 28,0

A representação gráfica dos dados da

Tabela 3.9 e da

Tabela 3.10 é evidenciada na Figura 3.17, a qual revela o crescimento da largura das

camadas a cada novo cordão depositado. Pode-se observar o comportamento linear da largura

depois de cada deposição de solda nas duas camadas. O comportamento linear da largura da

camada em relação ao número de seus cordões formadores permite prever com precisão

quantos cordões são necessários ao preenchimento de uma camada.

Figura 3.17 Crescimento da largura em cada camada de recobrimento

3.6.1.2 Macrografia na posição plana

67

Para realizar a macrografia na posição plana foi feito o mesmo procedimento da seção

0. A Figura 3.18 e a Figura 3.19 mostram as seções transversais das camadas depositadas na

primeira e segunda camada, respetivamente. Por meio destas figuras, tomadas pelo Confocal,

foi possível medir os valores médios da altura do preenchimento de cada camada (vide Tabela

3.11), relativos ao plano inferior da chapa sobre a qual foram depositados os diversos cordões.

Figura 3.18. Perfil da primeira camada

Figura 3.19. Perfil da segunda camada

Tabela 3.11 Dados geral das camadas (altura e largura) posição plana

Camada Número de

cordões

Incremento

médio em altura

(mm)

Altura média

acumulada do

revestimento

(mm)

Largura total

da camada

(mm)

1ª Camada 8 3,258 3,258 35,436

2ª Camada 6 3,003 6,261 28,090

O valor do incremento médio em altura de preenchimento diminui da primeira camada

para a segunda camada como mostra a Tabela 3.11, isto pode ser devido à molhabilidade do

material depositado sobre uma cama de aço inox previamente depositado. A primeira camada

de solda é depositada sobre a material base AISI 1020 e já para a segunda camada é

depositada sobre o mesmo material, resultando em diminuição na altura de preenchimento.

68

3.6.2 Sobreposição na posição horizontal (2G)

Para a sobreposição na posição horizontal, foram utilizados os mesmos parâmetros

escolhidos para a posição plana (vide Tabela 3.5), mas quando foram feitos os testes,

verificou-se que o efeito da gravidade fez com que a poça de soldagem escorresse, causando

assimetria nos cordões (Figura 3.20), quando depositados com ângulo de trabalho fixado em

90º em relação ao plano da chapa. A Figura 3.21 mostra o resultado da tentativa de deposição

de uma camada na posição horizontal, utilizando os parâmetros de soldagem escolhidos para a

deposição na posição plana. A sequência de deposição dos cordões na Figura 3.21 foi feita no

sentido de cima para baixo com ângulo de trabalho mantido em 90º em relação ao plano da

chapa vertical e com percentual de sobreposição de 50%. Observa-se nesse caso uma piora

nos resultados, considerando que a partir do primeiro cordão depositado, a assimetria gerada

pelo escorrimento lateral da poça de fusão em direção à posição do cordão subsequente causa

neste uma redução da distância entre o bico de contato e o material de base. Essa redução de

distância resulta em incremento da corrente de soldagem e, consequentemente, em aumento

do escorrimento da poça devido ao incremento causado em suas dimensões pelo aumento da

corrente de soldagem.

Figura 3.20 Cordão isolado na posição horizontal.

Figura 3.21 Solda na posição horizontal de cima para baixo.

Segundo a literatura, para se conseguir uma redução na assimetria do cordão

depositado na posição horizontal, sugere-se utilizar um ângulo de trabalho entre -10º e -25º

(GETSOLDA, 2007). Tentou-se então reduzir o escorrimento da poça por meio da mudança

69

do ângulo de trabalho para 15º (de modo a se ter uma componente da força do arco na direção

oposta à aceleração gravitacional), conforme mostra a Figura 3.22.

Figura 3.22 Ângulo de trabalho para posição horizontal.

Com esse ângulo de trabalho, depositaram-se camadas com diferentes percentuais de

sobreposição (25% e 40%), variando também o sequenciamento dos cordões, ora de baixo

para cima, ora de cima para baixo mantendo o mesmo ângulo de trabalho. Os resultados são

mostrados na Figura 3.23 e na Figura 3.24

Figura 3.23 Deposição de cordões sequenciais com sobreposição de 25% com sequência de

cordões de baixo para cima (a) e de cima para baixo (b).

70

Figura 3.24 Deposição de cordões sequenciais com sobreposição de 40% com sequência de

cordões de cima para baixo (a) e baixo para cima (b).

Observa-se na Figura 3.23 que se conseguiu depositar uma camada para deposição

sequencial tanto de baixo para cima, quanto de cima para baixo. Porém, as camadas

resultantes apresentaram grandes ondulações quando comparadas com o critério de ondulação

máxima admissível.

Nos testes realizados com ângulo de trabalho de -15º, conseguiu-se obter o melhor

resultado para o percentual de sobreposição de 40% com sequência de cordões depositados de

baixo para cima, já que após a deposição do primeiro cordão de solda, este serviu de suporte

para os cordões subsequentes. A Figura 3.25 mostra o resultado desta combinação de

parâmetros. A Tabela 3.12 mostra as medidas da ondulação máxima e média resultantes da

combinação escolhida. Esta combinação de parâmetros e de procedimento foi adotada para o

preenchimento de cavidades na posição horizontal. Observa-se que o sequenciamento adotado

para deposição de cordões, de baixo para cima, propicia aos cordões, a partir do segundo de

cada camada, um suporte que reduz o escorrimento da poça de fusão.

Tabela 3.12 Valores achados do critério de seleção para a sobreposição na posição horizontal.

Camada de 6 cordões de solda 40%

valor da largura 30,640 mm

ondulação média 0,316 mm

ondulação máxima 0,676 mm

71

Com base na avaliação visual das camadas depositadas em chapa na posição 2G, com

os percentuais de sobreposição entre cordões de 25% e de 50% (Figura 3.21 e Figura 3.23), e

considerando o longo tempo de trabalho necessário para a realização das medidas das

ondulações, julgou-se desnecessário confirmar quantitativamente os valores de ondulação

máxima e média resultantes desses percentuais, uma vez que a avaliação qualitativa levou ao

seu descarte.

3.6.2.1 Superposição de camadas na posição horizontal

Os testes realizados neste item referem-se à superposição de camadas formadas por

cordões depositados na posição horizontal segundo o procedimento estabelecido para a

deposição de uma camada (sobreposição de 40%, sequenciamento de baixo para cima e

ângulo de trabalho de -15). Depositaram-se duas camadas superpostas de modo a se observar

o comportamento do processo com mais de uma camada depositada. O resultado da deposição

da primeira camada, formada por seis cordões, é mostrada na Figura 3.25. Observa-se que se

repetiu o resultado obtido anteriormente (Figura 3.24 b).

Figura 3.25. Primeira camada na posição horizontal.

A Figura 3.26 apresenta o resultado da deposição da segunda camada, com base nos

parâmetros e procedimentos adotados para a primeira camada. Depositaram-se 4 cordões para

sua formação e observou-se a repetição do comportamento verificado na primeira camada, em

que não houve escorrimento da poça em nenhum dos cordões e se manteve a aparência suave.

72

Figura 3.26. Segunda camada na posição horizontal.

3.6.2.2 Macrografia na posição horizontal

As macrografias dos cortes transversais das amostras depositadas na posição

horizontal foram feitas da mesma forma que na seção 0. As medidas da altura de

preenchimento e da largura de cada camada foram tomadas por meio do microscópio

Confocal. A Figura 3.27 e a Figura 3.28 mostram a primeira e a segunda camada na posição

horizontal, respetivamente, com corte transversal na seção localizado na região central dos

cordões, de modo a se reduzirem efeitos das regiões de início e fim de cada cordão.

Figura 3.27. Perfil da primeira camada na posição horizontal

Figura 3.28. Perfil da segunda camada na posição horizontal.

Na Tabela 3.13 podem se verificar os valores médios dos resultados das medições no

Confocal da primeira e da segunda camada.

73

Tabela 3.13 Medida dos parâmetros geométricos das camadas em posição horizontal no

Confocal.

Camada Número de

cordões

Incremento

médio em

altura (mm)

Altura média

acumulada do

revestimento

(mm)

Largura total

da camada

(mm)

1ª Camada 6 2,837 2,837 35,377

2ª Camada 4 2,482 5,319 27,862

3.7 DESENHO DO CORPO DE PROVA UTILIZADO PARA FINS DE

PREENCHIMENTO POR CAMADAS DE SOLDA.

As cavidades resultantes da erosão por cavitação em pás de turbinas hidroelétricas não

têm uma geometria definida. Para facilitar a confecção de corpos de prova, adotou-se uma

geometria de contorno circular, de modo que simulações de cavidade pudessem ser usinadas

em um torno manual com boa compatibilidade geométrica entre si. Com base em experiência

de campo na recuperação de turbinas da empresa ELETRONORTE (Centrais Elétricas do

Norte do Brasil S.A.) a profundidade da cavidade usinada foi fixada em 5 mm, que é o valor

máximo admissível na empresa antes que seja feito um processo de recuperação. O desenho

do corpo de prova foi feito em software CAD (Solidworks®) e é mostrado na Figura 3.29 e

Figura 3.30.

Figura 3.29 Desenho do corpo de prova em Solidworks®.

74

Figura 3.30 Desenho do corpo de prova em Solidworks® (vista isométrica)

A Figura 3.31 mostra um dos corpos de prova com a cavidade circular usinada.

Figura 3.31 Corpo de prova feito de aço 1020.

75

4. RESULTADOS DE ENSAIOS DE PREENCHIMENTO DE

CAVIDADE.

Este capítulo apresenta os resultados obtidos com as diferentes estratégias de

preenchimento estudadas nesta pesquisa. Todos os procedimentos de preenchimento testados,

tanto para a posição plana quanto para a posição horizontal, foram realizados em cavidades

circulares usinadas em placas de aço 1020, conforme já foi apresentado no item 3.7.

4.1 PREENCHIMENTO DA CAVIDADE NA POSIÇÃO PLANA.

Para o preenchimento da cavidade, há duas formas de fatiar seu volume em camadas

de preenchimento:

Criar planos paralelos desde o fundo do corpo de prova até recobrir a superfície do

corpo de prova (Figura 4.1a).

Criar superfícies tangentes à superfície da cavidade, e que sejam paralelas umas às

outras e afastadas entre si pela espessura da camada (Figura 4.1b).

Figura 4.1 Tipos de fatiamento

Criar planos paralelos desde o fundo da peça (Figura 4.1a) foi descartada pela

geometria do início e fim do cordão de solda. Esta geometria geraria falhas no preenchimento

das bordas do corpo de prova, conforme já verificado por Pinheiro (2014), devido à

sobreposição incompleta entre cordões paralelos em seus inícios e fins, assim como no

encontro com as bordas da cavidade. Por conseguinte, neste trabalho foi adotado o fatiamento

criando superfícies tangenciais à superfície do fundo da cavidade (Figura 4.1b), iniciando e

finalizando os cordões formadores de cada camada fora da cavidade. Este esquema de

fatiamento foi o mesmo adotado no trabalho de Bonacorso (2004), gerando bons resultados.

4.1.1 Posicionamento da tocha de soldagem na posição plana.

A Figura 4.2 apresenta a configuração a ser utilizada pela tocha de soldagem nas

bordas do corpo de prova. O ângulo de ataque é 90º perpendicular com respeito ao corpo de

prova, como mostra a Figura 4.2.

76

Figura 4.2. Angulo de 90° para ataque no início, meio e no fim do corpo de prova.

A trajetória de soldagem para um cordão formador da camada é contida no plano

perpendicular ao plano do corpo de prova. Observa-se que pela geometria adotada, o cordão

inicia-se fora da cavidade, na posição plana. Em sua borda proximal2, a trajetória passa a ser

vertical descendente, voltando à posição plana ao atingir o fundo. Próximo à borda distal3, a

trajetória passa a ser vertical ascendente, voltando novamente à posição plana ao ultrapassar

esta borda. Em um primeiro ensaio, estabeleceu-se que o ângulo de ataque e o ângulo de

trabalho permaneceriam em 90º em relação ao plano do corpo de prova. Entretanto, observou-

se que com essa configuração, o cordão perde sua geometria, principalmente no movimento

ascendente, em que apresenta escorrimento da poça em direção ao fundo da cavidade,

conforme mostra a Figura 4.3a. Esta mostra que na subida a poça de fusão é empurrada no

sentido da gravidade, por isto fica material acumulado no fundo da peça o que é indesejado

para o preenchimento uniforme do corpo de prova. Na descida (Figura 4.3b) o cordão

apresenta um maior espalhamento.

Em vista disso, decidiu-se por alterar o ângulo de ataque durante a deposição,

variando-o linearmente entre 90º e 45º até o meio da descida e retornando gradualmente a 90º

do meio da descida até o fundo da cavidade, “puxando” a poça na descida e “empurrando” na

subida, inclinando gradualmente a tocha, no sentido oposto ao deslocamento, entre 90º e 45º,

até o meio da subida, e voltando gradualmente à inclinação de 90º entre o meio e o fim da

2 Mais próxima do início do cordão.

3 Mais distante do início do cordão.

77

subida. A Figura 4.4 mostra o ângulo de ataque no meio da descida (a) e no meio da subida

(b). A Figura 4.5 mostra o resultado dessa alteração.

Figura 4.3. Subida (a) e descida (b) feito com o angulo de ataque mantido em 90º.

Figura 4.4. Angulo de ataque de 45° na descida (a) e subia do corpo de prova (b).

Figura 4.5 Cordão depositado com a estratégia proposta no corpo de prova.

78

4.2.2 Estratégias de preenchimento.

Na secção 2.7, discorreu-se sobre possíveis estratégias de preenchimento (vide Figura

2.8) a serem investigadas neste trabalho. Neste item, analisam-se as vantagens e desvantagens

das estratégias então abordadas (rastro, contorno e espiral), levando-se em conta as

características do processo GMAW-P, aplicado na combinação de gás de proteção e de arame

adotados. Deve-se lembrar que se observou formação de fuligem/oxidação no contorno dos

cordões, tanto para deposição sobre a chapa de aço 1020 (vide Figura 3.2), quanto para

deposição sobre a primeira camada de aço AWS 410NiMo anteriormente depositada (vide

Figura 4.6). A oxidação observada no caso da primeira camada já era esperada, porém

também se observou esse mesmo problema a partir da segunda camada. Essa

fuligem/oxidação causa instabilidade no processo ao se depositar um novo cordão

parcialmente sobreposto ao anteriormente depositado, possibilitando a formação de defeitos

no preenchimento. Portanto, há a necessidade de se realizar limpeza por escovação a cada

cordão depositado. Com base nessa observação, a

Tabela 4.1 mostra uma avaliação comparativa entre as estratégias estudadas.

Figura 4.6.Fuligem resultante da deposição sobre primeira camada de aço AWS 410NiMo

79

Tabela 4.1 Comparação das estratégias de preenchimento.

Estratégia Vantagem Desvantagem

Rastro

Esta estratégia é aplicável para o

projeto, já que se pode realizar a

limpeza pós-soldagem, enquanto se

aguarda a temperatura de interpasse

ser atingida.

A programação do cordão de solda é de

linha por linha off-line. Por tanto demora

mais tempo a programação

Contorno

As trajetórias fariam mais fácil o

preenchimento através do

percorrido da peça. Camada planas

poderiam ser depositadas sem o

problema do encontro entre início e

fim dos cordões e as bordas da

cavidade.

A estratégia de contorno não é adequada

para o projeto, pelo motivo da geometria

do cordão de solda, em relação ao seu

início e fim (Figura 4.7, Figura 4.8). Na

junção podem-se gerar malformações as

quais geram mal preenchimento.

Não se espera uma boa planicidade,

principalmente no encontro do início com o

fim de cada cordão.

Espiral

O preenchimento de uma camada

em um passe só de solda. Camadas

planas poderiam ser depositadas

A estratégia de espiral principalmente tem

dois problemas. O aporte térmico é muito

grande, uma vez que o arco não se apagaria

durante todo o preenchimento de uma

camada, e o segundo é a necessidade da

limpeza da peça depois de cada cordão de

solda devido à formação de

oxidação/fuligem. Além disso, a

programação desta estratégia é muito

complexa.

Pelos aspectos mencionados na

Tabela 4.1, a estratégia escolhida para o projeto foi o rastro, considerando que os

cordões seriam iniciados e finalizados na região externa à cavidade, de modo semelhante ao

adotado por Bonacorso (2004). Um problema a ser resolvido na programação do robô é o

quão distante das bordas da cavidade, na região não danificada pela cavitação, os cordões

iniciam e terminam sua deposição. A partir dos resultados dos testes realizados na seção 3.4,

em que se observou a grande diferença entre as características geométricas do início, do meio

e do fim de cada cordão, decidiu-se definir a distância de início e de fim dos cordões, em

relação às bordas proximal e distal da cavidade, como aquela necessária ao atingimento da

geometria observada na região central dos cordões. A Figura 4.7 mostra a geometria

observada no início dos cordões, em que há um aumento na altura do reforço e na largura do

80

cordão. O início do cordão de solda, para os parâmetros selecionados, tem um comprimento

de 18 mm até normalizar as características geométricas.

Figura 4.7 Início do cordão de solda.

A Figura 4.8 mostra a geometria observada no fim dos cordões, em que há redução

gradual na altura do reforço. No cordão mostrado, mediu-se o comprimento de 19 mm em que

ocorre a redução gradual na altura do reforço.

Figura 4.8 Fim de cordão de solda.

Outro problema a ser resolvido é a definição do sequenciamento na deposição dos

cordões na estratégia adotada (rastro). Realizaram-se testes com 4 diferentes configurações:

a) Cordões paralelos sequenciais na mesma direção.

b) Cordão no meio e depois um para cada lado.

c) Cordões paralelos sequenciais ida e volta.

Os resultados dos testes de sequenciamento realizados na posição plana foram os

seguintes:

81

a) Cordões paralelos sequenciais na mesma direção.

A Figura 4.9 mostra o resultado da deposição de uma camada parcial depositada com

cordões sequenciais, todos no mesmo sentido, com os parâmetros e o percentual de

sobreposição definidos no item 3.6. Esta configuração tem um bom comportamento no

preenchimento do corpo de prova, com um acabamento plano no meio do preenchimento, mas

é muito visível a diferença do início e do fim dos cordões de solda, o que resulta em excesso

de material a ser removido no início dos cordões. Isso, entretanto, não afeta o comportamento

na região interna da cavidade, sendo por tanto aceitável do ponto de vista do preenchimento.

Figura 4.9. Sequencial na mesma direção.

b) Cordão no meio e depois um para cada lado.

O cordão depositado no meio se perde quando os cordões de cada lado são feitos

(Figura 4.10), dando um acabamento de cavidade no meio da peça, provavelmente devido ao

percentual de sobreposição de 50%. Este acabamento de cavidade no meio da peça após da

primeira camada é indesejável para o projeto, uma vez que não satisfaz visualmente o critério

de ondulação máxima adotado.

82

Figura 4.10. Cordão no meio e depois um cordão para cada lado.

c) Cordões paralelos sequenciais ida e volta.

Esta configuração tem um acabamento considerado o melhor para o projeto, além de

ficar plano no centro da peça ele tem um acabamento muito bom nas bordas, já que tem

compensação do início e o fim com a ida e volta do cordão de solda. O resultado dessa

deposição pode ser visualizado na Figura 4.11.

Figura 4.11. Sequencialmente ida e volta.

4.1.3 Camadas de solda na posição plana

De acordo com os parâmetros geométricos medidos dos cordões de solda estudados na

seção 3.4 para preencher uma cavidade com altura de 5 mm, precisa-se de duas camadas de

solda para preencher a cavidade, deixando um excesso de material para ser removido ao se

dar o acabamento na região recuperada.

4.1.3.1 Primeira camada de solda na posição plana.

Para o preenchimento da primeira camada no corpo de prova foram feitos 21 cordões

de solda, os passes de cada cordão de solda foram programados como mostra a Figura 4.12.

83

Figura 4.12 Disposição dos pontos de programação do cordão de solda.

Cada cordão de solda foi programado manualmente, ou seja, cada ponto i de cada

cordão j foi marcado levando o robô manualmente até a posição desejada com a orientação

desejada, anotando-se as coordenadas correspondentes (coordenadas retangulares Xij, Yij, e Zij

e os quaternions Q1ij, Q2ij, Q3ij e Q4ij para i = 1 a 8 e j=1 a 21). A programação do robô foi

feita de forma off-line utilizando os pontos anotados na primeira fase de definição das

trajetórias de cada cordão. Foram adotados incrementos no eixo X levando em conta o valor

de sobreposição calculado para o projeto. O resultado da programação está no Apêndice B

(código ARLA).

O percorrido do cordão de solda começa no ponto 1, e ele vai até o ponto 8. Desde o

ponto 1 até o ponto 2 há um afastamento de 21 mm tendo em conta as considerações da

geometria de início e de fim do cordão de solda explicitadas na seção 4.2.2. Cada cordão

estava contido em um plano perpendicular ao plano do corpo de prova, resultando em uma

projeção retilínea. Do ponto 2 até o 4 faz um percorrido circular passando pelo ponto 3 com

um ângulo de ataque de 45°. O ângulo de ataque inicia a trajetória circular em 90º e termina

em 90º. Do ponto 4 até o 5 vai reto com ângulo de ataque de 90°, desde o ponto 5 até o 7 vai

com um movimento circular passando pelo ponto 6 com um ângulo de 45°. De forma

semelhante à descida, o ângulo de ataque inicia a trajetória circular em 90º e finaliza em 90º.

Do ponto 7 ao ponto 8, a tocha descreve uma trajetória retilíneacom ângulo de ataque de 90º.

O ponto 8 foi programado com uma distância de 21 mm em relação ao ponto 7, de modo a

garantir uma geometria mais uniforme no cordão de solda no interior da região de

preenchimento e compensar a variação na geometria do cordão em seu início e fim,

mantendo-os na região fora da cavidade (vide Figura 4.12).

Para atingir a totalidade da cavidade, os cordões de solda foram feitos começando fora

da borda inicial até fora da borda final, no sentido transversal aos cordões.

A temperatura de interpasse foi definida em 150 ºC com base na literatura, isto

também foi considerado para as teses inicias, e foi monitorada com câmera termográfica

Thermovision A40 fabricada pela FLIR Systems, posicionada a 1,50 m do corpo de prova

(SANTOS, 2014). O resultado da deposição dos 21 cordões formadores da primeira camada

de preenchimento, após a limpeza por escovação com escova de cerdas de aço, é mostrado na

84

Figura 4.13. Observa-se um bom acabamento resultante da estratégia de preenchimento

adotada.

Figura 4.13. Primeira camada de preenchimento realizada com cordões paralelos sequenciais

invertidos (ida e volta).

4.1.3.2 Segunda camada de solda na posição plana.

Na segunda camada, foram necessários 18 cordões de solda para preencher a cavidade

até a superfície original como mostra a Figura 4.14.

Após da primeira camada, a cavidade tem um acabamento mais suave em suas bordas,

o que torna desnecessário fazer a variação no ângulo de ataque na descida para dentro e na

subida para fora da cavidade. Desta forma, a tocha de soldagem foi matida em 90° no ângulo

de ataque e do trabalho em relação a peça de trabalho. O início e o fim do cordão de solda foi

deslocado ate o início da borda da peça original, ou seja, para os pontos 2 e 7 da Figura 4.12,

respectivamente. Esse deslocamento dos pontos iniciais e finais de cada cordão em direção à

região central da cavidade tem o objetivo de reduzir o excesso de material depositado na

região externa àquela, considerando que a primeira camada depositada resulta em uma nova

cavidade a ser preenchida, com dimensões menores que a original.

85

Figura 4.14. Segunda camada terminada na posição plana.

A Figura 4.15 mostra a cavidade original (a), e seu preenchimento pela primeira (b) e

segunda (c) camadas.

Figura 4.15. Peça de trabalho sem preenchimento (a); peça com uma camada de solda (b),

peça preenchida com duas camadas de solda (c).

4.1.4 Macrografia na posição plana

Para comprovar que a peça foi preenchida em sua totalidade com duas camadas, foram

feitos cortes transversal e longitudinal no corpo de prova preenchido. A revelação do material

de solda adicionado foi feita segundo o procedimento descrito na seção 3.5.

O corte é inicialmente atacado quimicamente com NITAL para revelar a diferença de

aços (vide Figura 4.16). Considerando que o metal de adição utilizado é um aço inox

86

martensitico, a revelação da sua microestrutura e das interfaces entre cordões superpostos é

feita mediante ataque químico com o reagente Kalling (PINHEIRO, 2014), cujo resultado é

mostrado na Figura 4.17. O reagente Kalling é composto a partir da dissolução de cloreto de

cobre (CuCl2) em solução de ácido clorídrico (HCl), álcool etílico 96ºGL e água destilada, nas

proporções 3gr CuCl2+ 66 ml HCl + 66ml H2O + 66ml CH3 CH2OH 96ºGL.

Figura 4.16 Corte transversal da peça na posição plana com ataque químico de NITAL.

Cabe destacar que, visualmente, a peça após o ataque químico não revela trincas nem

inclusões, as quais são indesejáveis para os processos de recuperação de cavidades. Além

disso, pode-se observar da Figura 4.17 que o material de preenchimento ultrapassou o nível da

superfície original, podendo o excesso ser removido para fins de acabamento.

Figura 4.17 Corte transversal da peça na posição plana com ataque químico com reagente

Kalling

Para uma melhor observação do preenchimento da peça, foi feito um corte

longitudinal (no meio do cordão de solda) e se realizou o mesmo tratamento químico com

NITAL (Figura 4.18) e reagente Kalling (Figura 4.19). A Figura 4.18 mostra nenhum defeito

indesejável além do preenchimento total da peça.

87

Figura 4.18 Corte longitudinal da peça na posição plana com ataque químico de NITAL.

Depois do ataque químico com reagente Kalling os cordões sobrepostos são revelados,

conforme mostra a Figura 4.19 mostra os passes da solda na peça, além do bom acabamento,

sem muitas ondulações e sem defeitos.

Figura 4.19 Corte longitudinal da peça na posição plana com ataque químico com reagente

Kalling.

4.2 PREENCHIMENTO DA PEÇA NA POSIÇÃO HORIZONTAL.

Este item apresenta os resultados obtidos com o preenchimento de cavidades dispostas na

posição horizontal.

4.2.1 Estratégia de preenchimento

A estratégia utilizada nesta posição é a mesma da posição plana. A estratégia é o rastro

ida e volta sequencial com cordões horizontais (perpendiculares ao vetor aceleração

gravitacionais) dispostos de baixo para cima (sequência ascendente), conforme resultados de

testes mostrados na seção 3.6.2.

4.2.2 Posicionamento da tocha de soldagem

A tocha de soldagem foi orientada com ângulo de trabalho fixado em -15º (em relação

ao vetor normal da peça) e foi mantida nessa posição durante o percorrido do cordão de solda

88

de início ao fim (Figura 4.20) (veja-se secção 3.6.2). Não foi necessário virar a tocha de

soldagem no ângulo de ataque, ao contrário da posição plana, já que ao longo do

preenchimento na posição horizontal (2G) não muda a posição de soldagem.

Figura 4.20 Posicionamento da tocha de soldagem na posição horizontal com respeito à peça.

4.2.3 Camadas de solda na posição horizontal

Para o preenchimento da totalidade da peça de trabalho foram necessárias duas

camadas de solda, conforme o estudo feito na secção 3.6.2, isto para atingir a profundidade de

5 mm.

4.2.3.1 Primeira camada de solda na posição horizontal.

Para o preenchimento da primeira camada foram necessários 21 cordões de solda.

Cabe destacar a sequência da deposição dos cordões, paralelos e ascendentes (Figura 4.21). A

obtenção dos pontos e a programação foram feitas da mesma maneira descrita na secção

4.1.3.1, com o ângulo de ataque fixado em 90º e o ângulo de trabalho fixado em -15º.

89

Figura 4.21. Primeira camada de solda feita na posição horizontal.

4.2.3.2 Segunda camada de solda na posição horizontal

Para o preenchimento total do corpo de prova na posição horizontal, foram necessários

17 cordões de solda (vide Figura 4.22). O efeito da gravidade é muito notório em contraste

com o aspecto da posição plana (Figura 4.14). A camada tem um acabamento no início e no

fim de cada cordão com tendência a escorrer devido à força peso atuante massa líquida da

poça. Observa-se, entretanto, que o ângulo de trabalho adotado (-15º) foi suficiente para evitar

um escorrimento que pudesse comprometer o acabamento desejado para o preenchimento,

resultando em uma superfície com acabamento suave, com poucas ondulações e altura final

maior que a profundidade máxima da cavidade.

Figura 4.22 Peça preenchida na posição horizontal com duas camadas de solda.

90

4.2.4 Macrografia na posição horizontal

Com o fim de analisar se a peça foi preenchida em sua totalidade foi necessário fazer

um corte transversal e um corte longitudinal, cujas superfícies foram preparadas segundo os

procedimentos explicitados na 0. A Figura 4.23 mostra o corte transversal aos cordões,

revelado com o reagente NITAL. A Figura 4.24 mostra o mesmo corte, agora atacado com o

reagente Kalling, visto em um microscópio (Confocal)

O corte transversal após do ataque químico com NITAL não revela trincas, inclusões

ou defeito algum no preenchimento pelas duas camadas de solda (Figura 4.23).

Figura 4.23 Corte transversal da peça em posição horizontal, atacada com NITAL.

A Figura 4.24 mostra o preenchimento total da cavidade. O nível de preenchimento

ultrapassa o nível da superfície original da peça de trabalho. Além disso, a figura mostra um

acabamento sem trincas nem inclusões.

Figura 4.24 Corte transversal da peça em posição horizontal, atacada com reagente Kalling.

A Figura 4.25 mostra o corte longitudinal da metade da cavidade preenchida na

posição horizontal, resultante do primeiro corte transversal do corpo de prova. Não se observa

nenhum defeito tipo porosidade, inclusão ou trinca.

91

Figura 4.25 Corte longitudinal da metade do corpo de prova preenchido na posição

horizontal.

92

5. DISCUSSÃO

No presente capítulo, tem-se a discussão dos resultados obtidos a partir de diversas

investigações e experiências realizadas na pesquisa em questão.

Em primeira instância o processo GMAW-P é um processo de alta complexidade já

que envolve muitas variáveis, portanto, um dos primeiros problemas a serem resolvidos era a

escolha das variáveis a serem consideradas importantes dentro das características do processo

para o projeto e depois realizar um arranjo composto central, baseado em um planejamento

fatorial fracionado (item 3.4.2), para encontrar os parâmetros de um cordão de solda com boas

características geométricas, com poucos respingos, pouca escória e pouca fuligem.

No caso da escolha do percentual de sobreposição, foram feitos testes em diferentes

porcentuais, com o fim de gerar um critério de seleção para a planicidade nas camadas de

soldagem. O resultado da avaliação desse critério de seleção foi o porcentual de 50% da

largura do cordão de solda.

Nos preenchimentos dos corpos de prova simulando uma cavidade, detectaram-se

problemas nos testes iniciais, devido à mudança de posição de soldagem na entrada e na saída

da cavidade, da posição plana para a posição vertical descendente na entrada e da posição

plana para a posição vertical ascendente na saída. Considerando a orientação da tocha

inicialmente adotada, com ângulos de ataque e de trabalho fixados em 90º, a mudança da

posição plana para a posição vertical de soldagem a partir da borda até o fundo da cavidade

foi uns dos problemas com maior dificuldade. A mudança gradual do ângulo de ataque tanto

na descida quanto na subida, variando entre 90º e 45º, apresentou resultados satisfatórios do

ponto de vista do preenchimento, conforme descrito no item 4.1.1.

A escolha da estratégia de soldagem e da sobreposição na posição horizontal foi feita

testando os parâmetros obtidos na posição plana. Fizeram-se testes com diferentes percentuais

de sobreposição, inicialmente com ângulo de trabalho fixado em 90º em relação à superfície

do corpo de prova. O efeito da gravidade fez escorrer a poça, gerando acúmulo de material na

parte inferior dos cordões e falta de material em sua parte superior. Isso impediu a formação

de uma camada com características adequadas à sua superposição por outra camada. Na

revisão da literatura não se encontraram trabalhos que tenham feito deposições na posição

horizontal com o processo GMAW-P.

93

Outro limitante dentro da pesquisa foi a programação das trajetórias dos cordões de

solda no robô. Para a programação de um só cordão de solda, as coordenadas de posição e

orientação de todos os seus pontos necessitaram ser medidas pelo próprio robô, levado

manualmente a cada um dos pontos. Isto é, a tocha de soldagem era levada até cada ponto

desejado, com a orientação necessária, e as coordenadas eram salvas para sua posterior

programação off-line. Para cada cordão de solda foi necessário medir as coordenadas de oito

pontos, os quais geram a trajetória do cordão de solda, a programação de cada cordão de solda

demorava, em média, quinze minutos.

Devido às características do processo, depois de terminar a deposição de um cordão de

solda era necessário limpar a superfície dos cordões depositados com uma escova com cerdas

de aço para que o próximo cordão pudesse ser depositado adequadamente, sem o risco de

instabilidades no processo de soldagem. Se a limpeza da área de trabalho não era feita de

forma adequada, os cordões de solda subsequentes apresentavam defeitos visíveis como

respingos, inclusões, má formação e excesso de fuligem, como mostrado na Figura 5.1.

Figura 5.1 Defeitos por má limpeza da peça na posição plana (a) e na posição horizontal (b) e

(c).

Outra das considerações importantes a ter em conta no projeto é onde começar e onde

terminar os cordões de solda para cada camada. Essa consideração é importante para garantir

94

o preenchimento adequado da cavidade no corpo de prova com boa aparência visual,

acabamento sem defeitos e com menor desperdício de material. Para a primeira camada só

levaram em conta considerações de início (Figura 4.7) e fim (Figura 4.8) dos cordões de

solda. Já para a segunda camada foi mais complexo, uma vez que não havia uma borda

definida. Portanto, uma das considerações para melhorar o uso de material de adição, foi

iniciar os cordões de solda da segunda camada nas mesmas coordenadas da borda inicial,

obtendo-se os resultados da Figura 3.26.

A principal contribuição deste trabalho é a seleção da estratégia de soldagem adequada

para a recuperação de cavidades causadas pela erosão em turbinas hidrelétricas. Na seção

4.2.2, foram testados diferentes tipos de estratégias propostas na literatura (SIMINSKI, 2003),

mas o melhor resultado obtido com o processo GMAW-P resultou da estratégia de deposição

sequencial com alternância entre início e fim de cordões (ida e volta).

Bonacorso (2004) em sua tese de doutorado trabalhou na recuperação de cavidades

causadas pela erosão na posição sobre cabeça com o processo a plasma, com trajetórias

sequenciais, obtendo o resultado mostrado na Figura 5.2c onde são mostradas três camadas de

solda em contraste com o presente trabalho, em que se depositaram somente duas camadas de

solda. (vide Figura 5.2a e Figura 5.2b). Cabe aclarar que o processo plasma tem níveis

inferiores de taxa de deposição e de velocidade de soldagem. Porém, segundo, a excelente

qualidade geométrica e superficial da deposição e a redução significativa dos defeitos de

solda, aliada a ausência de respingos e salpicos pode justificar sua escolha em detrimento da

produtividade.

95

Figura 5.2 Resultados da recuperação na posição plana (a) e horizontal (b) no processo

GMAW-P, resultado de Bonacorso (2004) com o processo plasma (c).

A Figura 5.2 (a, b) mostra os bons resultados obtidos no processo GMAW-P apesar de

ser um processo mais complexo de controlar que o processo a plasma.

Pinheiro (2014) fez a recuperação de cavidades provenientes de uma trinca com o

processo GMAW-S, mas ele concentrou-se mais na parte de visão computacional que no

processo GMAW-S. Seus resultados de deposição apresentaram excesso de respingos,

provavelmente devido ao ajuste deficiente nos parâmetros de soldagem adotados. Além disso,

seu trabalho concentrou-se no preenchimento de cavidades abertas, com grande profundidade.

Sua estratégia de especificação da direção para os cordões paralelos de preenchimento

resultou em formação de vazios e retenção de inclusões nas regiões de encontro entre início e

fim de cordões e as superfícies limitantes da cavidade como mostra a Figura 5.3. Neste

trabalho, as cavidades são relativamente rasas, o que possibilita que o encontro de cordões

com as superfícies limitantes seja evitado, por meio da deposição de cordões tangentes ao

fundo da cavidade, com início e fim localizados fora da mesma.

96

Figura 5.3 Corpo preenchido do trabalho de PINHEIRO,(2014).

Nicholson (2005) em sua tese de doutorado fez uma recuperação de cavidade com o

processo GMAW-P, com a consideração que a cavidade estava em sua etapa inicial e,

portanto, com baixa profundidade de modo que somente uma camada fosse necessária ao seu

preenchimento. Esse autor também utilizou a estratégia de preenchimento por cordões

paralelos sequenciais, conforme mostrado na Figura 5.4.

Figura 5.4 Resultado do trabalho de NICHOLSON, (2005).

A Figura 5.5 mostra o resultado final (após do esmerilhamento) de uma recuperação

com o processo GMAW-P pelo robô Scompi desenvolvido pela IREQ com três atuadores.

Figura 5.5 Resultados obtido pelo Scompi (BONACORSO, 2004).

97

Chavez (2014) em sua dissertção realiza um estudo dos parametros do cordão de solda

para o processo GMAW-P, obtendo uma faixa de trabalho, tambem ele fez um estudo da

geometria do cordão de solda para gerar camadas de soldagem, chegando, por meio de

simulação computacional, ao mesmo resultado do percentual de sobreposição de 50%

comestratégia de soldagem de passes sequenciais invertidos (ida e volta). Neste trabalho,

obtiveram-se procedimentos para a recuperação de cavidades na posição horizontal, além da

posição plana, com deposição real de solda nas cavidades, abrangendo aspectos relacionados

aos ângulos de ataque e de trabalho necessários à estabilização da poça de fusão durante a

deposição.

.

98

6. CONCLUSÕES

Com base nos resultados apresentados e discutidos sobre os parâmetros de soldagem,

as camadas e as estratégias de soldagem, que foram feitos conforme a metodologia

estabelecida para o reparo de cavidades causadas pela erosão em turbinas hidráulicas, podem

ser obtidas as seguintes conclusões:

Estruturou-se uma metodologia para realizar um preenchimento de uma cavidade para

o caso do estudo em uma pá de uma turbina hidroelétrica.

O planejamento experimental resultou em um conjunto de parâmetros de soldagem

para o processo GMAW-P, geradores de um cordão com características geométricas

consideradas adequadas para fins de preenchimento de cavidades, quase sem

respingos, com pouca fuligem e pouca escória.

A deposição de cordões sequenciais alternados (ida e volta) resulta na formação de

uma camada de solda com acabamento superficial considerado de melhor qualidade

quando comparado aos resultados das demais estratégias testadas.

O critério de ondulação proposto possibilitou a definição do percentual de

sobreposição necessário à obtenção de um bom acabamento superficial a uma camada

de deposição

As estratégias propostas têm bom aspecto no acabamento, e não apresentam inclusões

nem trincas nos cortes do corpo de prova feitos longitudinalmente e transversalmente.

O corpo de prova adotado para os testes de preenchimento apresentou características

de bordas muito pronunciadas, o qual implicou em maior complexidade ao processo

de recuperação no projeto de pesquisa.

A deposição da primeira camada de preenchimento exigiu variação do ângulo de

ataque da tocha, o que não foi necessário na deposição da segunda camada, tendo em

vista a redução da inclinação da borda da cavidade decorrente da deposição prévia da

primeira camada.

.

99

7. TRABALHOS FUTUROS.

Com base nos resultados desta pesquisa, sugere-se que alguns aspectos sejam mais

explorados.

Validar a metodologia proposta para as posições vertical e sobre cabeça.

Validar a metodologia proposta com diferentes tipos de materiais de base,

principalmente o material que é utilizado em pás de turbinas hidrelétricas, e gases

de proteção visando eliminar a necessidade de limpar após a deposição de cada

cordão de solda.

Integrar a metodologia estruturada neste projeto com recursos computacionais para

possibilitar a programação automática das trajetórias de preenchimento em

cavidades em pás de turbinas hidroelétricas pelo escaneamento da cavidade.

Avaliar a micro dureza da recuperação feita e realizar análises em nível

microestrutural.

Aumentar o número de camadas de preenchimento e verificar os resultados do

ponto de vista geométrico e de acabamento.

Realizar o estudo dos efeitos dos ângulos de entrada e de saída da cavidade de

modo a se determinar sua influência na estratégia de preenchimento.

100

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105

APÊNDICE

106

A. MODELAGEM DO CORDÃO DE SOLDA

A deposição dos cordões de solda foi feito em chapa plana, e resulto em um total de 32

experimentos como se estabeleceu na seção 0. Depois de conhecer os valores para os fatores e

a resposta (variável dependente = geometria do cordão solda), passou a fazer a superfície de

resposta do modelo, que consiste em obter equações matemáticas que se relacionam com as

respostas para os fatores.

O Software estatístico Design-Expert versão 9.0.5 (STAT-EASE, Inc., Minneapolis,

EUA) foi utilizado para estabelecer a matriz de planejamento composto central como mostra a

Tabela A.1.

A análise de variância foi realizada para determinar a significância do modelo e dos

coeficientes de regressão. A qualidade da equação polinomial foi avaliada pelo coeficiente de

determinação (R2), e a significância estatística foi verificada pelo teste F de Fisher. As figuras

de superfície de resposta e de contorno das respostas previu-modelo foram utilizadas para

avaliar as relações interativas entre as variáveis significativas.

107

Tabela A.1 Planejamento experimental

Experimentos Corridas Variáveis codificadas Parâmetros de resposta

X1 X2 X3 X4 X5 H (mm) L (mm) P (mm)

32 1 375 75 2,5 200 8 2,562 8,159 2,074

26 2 375 75 2,5 200 9 3,332 8,627 2,746

29 3 375 75 2,5 200 8 2,622 7,743 2,09

12 4 390 90 2 210 7,5 2,251 6,235 2,098

21 5 375 75 1,5 200 8 2,199 6,536 1,84

28 6 375 75 2,5 200 8 2,636 8,021 1,784

24 7 375 75 2,5 220 8 3,258 8,524 2,714

31 8 375 75 2,5 200 8 2,443 8,063 2,071

23 9 375 75 2,5 180 8 2,626 7,276 2,182

14 10 390 60 3 210 7,5 2,596 7,644 2,157

16 11 390 90 3 210 8,5 3,852 9,213 3,452

19 12 375 45 2,5 200 8 1,759 4,597 1,487

11 13 360 90 2 210 8,5 3,112 8,49 2,57

27 14 375 75 2,5 200 8 2,623 7,816 2,072

5 15 360 60 3 190 7,5 2,1 5,628 1,76

4 16 390 90 2 190 8,5 2,523 7,496 2,099

9 17 360 60 2 210 7,5 2,162 5,817 1,81

8 18 390 90 3 190 7,5 2,192 5,909 1,834

6 19 390 60 3 190 8,5 2,618 7,276 2,175

7 20 360 90 3 190 8,5 2,266 7,323 1,893

15 21 360 90 3 210 7,5 2,035 5,432 1,708

3 22 360 90 2 190 7,5 1,899 6,536 1,6

30 23 375 75 2,5 200 8 2,668 7,24 2,359

20 24 375 105 2,5 200 8 2,195 5,915 1,836

10 25 390 60 2 210 8,5 3,24 8,954 3,332

1 26 360 60 2 190 8,5 2,551 6,983 2,121

17 27 345 75 2,5 200 8 2,173 6,565 1,819

13 28 360 60 3 210 8,5 2,324 6,307 1,94

25 29 375 75 2,5 200 7 1,677 6,536 1,422

18 30 405 75 2,5 200 8 3,267 8,163 2,694

22 31 375 75 3,5 200 8 3,129 7,897 2,584

2 32 390 60 2 190 7,5 2,596 7,193 2,157

Usando o planejamento composto central, foram realizados experimentos com

diferentes combinações de corrente de pico, corrente de base, tempo de pico, frequência e

velocidade de alimentação do arame. O resultado foi analisado utilizando análise de variância

108

conforme é apropriado para o delineamento experimental. O valor de P foi utilizado como

uma ferramenta para avaliar a significância do modelo e de cada coeficiente; Juntamente com

estas estatísticas, pode concluir-se que o parâmetro parece ser mais importante quando este

reporta um valor de p menor. Além disso, uma vez estimados os valores de p dos parâmetros é

são mais baixo que o nível de significância, que é de 0,05, para este fim. Os resultados da

ANOVA para o modelo H, modelo L e P estão apresentados na Tabela A.2, a Tabela A.3 e a

Tabela A.4, respectivamente. Estes resultados mostram que os modelos são significativos e

adequados. O ANOVA para o modelo de altura do cordão de solda é apresentado na Tabela

A.2. A partir da ANOVA para o modelo de superfície de resposta para a largura do cordão de

solda, o valor de F de 7,10 do modelo implica que o modelo é significativo. Valores de Prob>

F menos do que 0,05 indicaram que os termos modelo foram significativos. Neste caso, o

principal efeito de corrente pico (X1), frequência (X4), velocidade de alimentação do arame

(X5) e o efeito da interação de primeira ordem (X4X5) foram os termos significativos do

modelo, enquanto a corrente de base (X2), tempo de pico (X3) e os termos de interação

(X1X2, X1X3, X1X4, X1X5, X2X3, X3X4 e X3X5) todos foram insignificante para a

resposta. Segunda-ordem de frequência (X4X4) poderia afetar a altura do cordão

Tabela A.2 A análise de variância (ANOVA) para o modelo de superfície de resposta para a

altura do grânulo

Fonte Soma dos

Quadrados

Grau de

Liberdade

Media

Quadrada

F P-

valor

Modelo 7,12648 20 0,35632 7,10 0,001

X1 1,30994 1 1,30994 26,10 0,000

X4 0,69757 1 0,69757 13,90 0,003

X5 2,64219 1 2,64219 52,65 0,000

X4X4 0,1936 1 0,1936 3,86 0,075

X4X5 0,33478 1 0,33478 6,67 0,025

Resíduo 0,55204 11 0,05019 - -

Ajuste 0,51917 6 0,08653 13,16 0,006

Erro puro 0,03286 5 0,00657 - -

Correlação

total

7,67852 31 - - -

S=0,240 R2= 92,81% R

2(aj)= 79,74%

109

(a) (b)

Figura A.1 (a) Gráfico de probabilidade normal dos resíduos (b) o efeito dos elementos em

altura do cordão de solda.

O ANOVA para o modelo de largura do cordão de solda está listado na Tabela A.3. A

partir da ANOVA para o modelo linear de superfície de resposta para a altura do cordão de

solda, o modelo de valor de F de 6,93 implicava que o modelo era bem significativo. Neste

caso, X1, X4, X5 e o efeito da interação de primeira ordem (X1X4, X4X5) foram termos

significativas do modelo enquanto atual tempo de base (X2) e tempo de pico (X3) foram

termos insignificantes para a resposta.

Tabela A.3 Análise de variância (ANOVA) para o modelo de superfície de resposta para a

largura do cordão de solda.

Fonte Soma dos

Quadrados

Grau de

Liberdade

Media

Quadrada

F P-

valor

Modelo 35,59690 20 1,7798 6,93 0,001

X1 4,6807 1 4,6807 18,22 0,001

X4 1,6255 1 1,6255 6,33 0,029

X5 10,4426 1 10,4426 40,64 0,000

X1X4 1,3201 1 1,3201 5,14 0,045

X4X5 1,0112 1 1,0112 3,94 0,073

Resíduo 2,82640 11 0,2569 - -

Ajuste 2,27230 6 0,3787 3,42 0,099

Erro puro 0,55400 5 0,1108 - -

Correlação

total

38,42330 31 - - -

S=0,507 R2= 92,64% R

2(aj)= 79,27%

110

(a) (b) (c)

Figura A.2 (a) Gráfico de probabilidade normal dos resíduos; (b) e os gráficos (c) o efeito de

3D dos elementos em largura do cordão.

O ANOVA para o modelo da penetração é apresentado na Tabela A.4. A partir da

ANOVA para o modelo linear de superfície de resposta para a penetração, o valor do modelo

de F de 5,95 implica que o modelo é bem significativo. Da mesma forma, os principais efeitos

da velocidade de alimentação do arame (X5), frequência (X4), corrente de pico (X1),

frequência de segunda ordem (X4X4), como também os efeitos da interação de (X1X4,

X4X5) são estatisticamente significativos para a resposta. Por outro lado, outros fatores, tais

como a corrente de base (X2) e o tempo de pico (X3) indicam uma quantidade insignificante,

e provando que os coeficientes são substancialmente distintos em relação à zero, como as

medições de valores de p são visivelmente maior.

111

Tabela A.4 A análise de variância (ANOVA) para o modelo de superfície de resposta da

penetração do cordão de solda.

Fonte Soma dos

Quadrados

Grau de

Liberdade

Media

Quadra

da

F P-valor

Model 6,29853 20 0,31493 5,95 0,002

X1 1,33154 1 1,33154 25,17 0,000

X4 0,84135 1 0,84135 15,90 0,002

X5 2,10341 1 2,10341 39,76 0,000

X4X4 0,27764 1 0,27764 5,25 0,043

X1X4 0,28082 1 0,28082 5,31 0,042

X4X5 0,41727 1 0,41727 7,89 0,017

Residuo 0,58192 11 0,05290 - -

Ajuste 0,41629 6 0,06938 2,09 0,217

Erro puro 0,16562 5 0,03312 - -

Correlação

total

6,88044 31 - - -

S=0,230 R2= 91,54% R

2(aj)= 76,17%

(a) (b) (c)

Figura A.3 (a) Gráfico de probabilidade normal dos resíduos; (b) e (c) o efeito3D dos fatores

da penetração.

As regressões obtidas após da análise da variância da geometria do cordão de solda em

função das diferentes variáveis da corrente de pico (X1, A), corrente de base (X2, A), tempo

de pico (X3, ms), frequência (X4, s-1

) e velocidade de alimentação do arame (X5, m / min).

Todos os termos independentemente da sua importância foram incluídos nos seguintes itens

de segunda ordem polinomial Equações

112

YH = 2.599 + 0.234𝜉1 + 0.034𝜉2 + 0.063𝜉3 + 0.171𝜉4 + 0.332𝜉5 + 0.026𝜉12 − 0.160𝜉2

2 + 0.012𝜉32

+ 0.081𝜉42 − 0.03𝜉5

2 − 0.025𝜉1𝜉2 + 0.103𝜉1𝜉3 + 0.074𝜉1𝜉4 + 0.034𝜉1𝜉5

+ 0.092𝜉2𝜉3 + 0.1194𝜉2𝜉4 + 0.131𝜉2𝜉5 + 0.027𝜉3𝜉4 + 0.024𝜉3𝜉5 + 0.145𝜉4𝜉5

(1)

YW = 7.812 + 0.442𝜉1 + 0.145𝜉2 + 0.01𝜉3 + 0.26𝜉4 + 0.66𝜉5 − 0.1𝜉12 − 0.62𝜉2

2 − 0.13𝜉32

+ 0.04𝜉42 − 0.04𝜉5

2 − 0.33𝜉1𝜉2 + 0.21𝜉1𝜉3 + 0.29𝜉1𝜉4 + 0.02𝜉1𝜉5 + 0.076𝜉2𝜉3

+ 0.029𝜉2𝜉4 + 0.323𝜉2𝜉5 + 0.07𝜉3𝜉4 + 0.04𝜉3𝜉5 + 0.25𝜉4𝜉5

(2)

YP = 2.071 + 0.235𝜉1 + 0.021𝜉2 + 0.026𝜉3 + 0.187𝜉4 + 0.3𝜉5 − 0.05𝜉12 − 0.1𝜉2

2 − 0.04𝜉32

+ 0.1𝜉42 − 0.006𝜉5

2 − 0.03𝜉1𝜉2 + 0.05𝜉1𝜉3 + 0.132𝜉1𝜉4 + 0.07𝜉1𝜉5 + 0.12𝜉2𝜉3

+ 0.09𝜉2𝜉4 + 0.068𝜉2𝜉5 + 0.015𝜉3𝜉4 + 0.029𝜉3𝜉5 + 0.161𝜉4𝜉5

(3)

O valor de R2 para a Eq. (1) foi de 0,912, o valor de R

2 para a Eq. (2) foi 0,936 e 0,916

para a Eq. (3). Isto indicou que 92,81%, 92,64% e 91,54% da variação total da largura da

solda, a altura do cordão de solda, e penetração, respectivamente, foi atribuído para as

variáveis experimentais estudadas. O valor R2 também indica que apenas 7,19%, 7,36% e

8,46% da variação total não foi explicada pelo modelo. Os desvios padrão para os três

modelos foram 0,224, 0,507 e 0,230, respectivamente, para as equações (1), (2) e (3). Quanto

mais próximo o valor de R2 a unidade menor será o desvio padrão, o modelo será melhor uma

vez que irá dar o valor previsto, o que está mais perto do valor real para a resposta. Isto

indicou que o valor previsto para YW seriam mais precisos e mais próximos do seu valor real,

em comparação com YH e YP. A partir dos resultados estatísticos obtidos, verificou-se que os

modelos anteriores eram adequados para predizer a largura da solda, a altura do grânulo, e a

penetração dentro das variáveis estudadas. O valor absoluto dos coeficientes de cada variável

que refletem a importância da mesma, em termos do seu efeito sobre a geometria do cordão

de solda. Neste caso, a velocidade de alimentação do arame tem um efeito muito marcado

sobre a geometria do cordão, seguido por a frequência de pulso e a corrente de pico.

Superfície de resposta da Figura A.1, a Figura A.2 e a Figura A.3 permitem observar que,

quanto maior é o excesso de corrente, e quanto maior é a velocidade de alimentação, que,

concordar com bibliografia avaliação. Os lotes tridimensionais e seus respectivos gráficos de

contorno foram obtidos com base no efeito dos níveis dos fatores. superfícies de resposta

tridimensional mostrado na Figura A.1, a Figura A.2 e a Figura A.3, foram geradas usando as

Eqs. (1), (2) e (3), respectivamente, para visualizar os efeitos de interação sobre a altura, a

largura e penetração do cordão de solda..

113

B. CODIGO ARLA

Nesta seção vai se apresentar o código de programação utilizado no preenchimento das

cavidades nas posições plana e horizontal.

B.1 POSIÇÃO PLANA 1.1

COMMENT Posição plana

V=100.0 MAX=1000.0

TCP 1

ROBOT COORD

FRAME 0

COMMENT Reset Weld Start

RESET OUTP 5

COMMENT Pwr Src ErrReset

SET OUTP 6

RESET OUTP 6 DELAY 0.01 S

COMMENT Sel Par Int Mode

LET R 1 = 1

TRANSFER R 1 TO PORT NO 1

POS V=70.00% FINE X=1424.63 Y=165.13 Z=1150.25 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

COMMENT offset 3

TCP 1

WAIT UNTIL INP 5 = 1

TRANSFER R 1 TO PORT NO 1

COMMENT CORDÃO DIRETO

COMMENT INICIO primeiro ponto

POS V=30.00% FINE X=1406.23 Y=142.25 Z=1035.88 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

RECT COORD

COMMENT Ativa com input

WAIT UNTIL INP 5 = 1

SET OUTP 5

RECT COORD

COMMENT finaliza a reta e inicia o circulo primeiro

POS V=10.00% FINE X=1406.23 Y=163.25 Z=1035.88 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

COMMENT POS V=10.00% FINE X=1406.23 Y=125.25 Z=1035.88 Q1=0.9372 Q2=-

0.3489 Q3=0.0000 Q4=0.0000

COMMENT POS V=10.00% FINE X=1406.23 Y=125.25 Z=1035.88 Q1=1.0000 Q2=0.0000

Q3=0.0000 Q4=0.0000

COMMENT finaliza o circulo e inicia a reta quarto ponto

RECT COORD

COMMENT finaliza a reta e inicia o circulo segundo

COMMENT POS V=10.00% FINE X=1406.23 Y=125.25 Z=1035.88 Q1=1.0000 Q2=0.0000

Q3=0.0000 Q4=0.0000

114

COMMENT POS V=10.00% FINE X=1406.23 Y=125.25 Z=1035.88 Q1=0.9221 Q2=0.3870

Q3=0.0000 Q4=0.0000

POS V=10.00% FINE X=1406.23 Y=211.25 Z=1035.88 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

COMMENT finaliza o circulo e inicia a reta sexto ponto

COMMENT inicia a reta

POS V=10.00% FINE X=1406.23 Y=232.25 Z=1035.88 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

COMMENT finaliza a reta sexto ponto

RESET OUTP 5

POS V=40.00% FINE X=1416.63 Y=282.25 Z=1200.50 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

COMMENT CORDÃO INVERSO

COMMENT Posição plana

V=100.0 MAX=1000.0

TCP 1

ROBOT COORD

FRAME 0

COMMENT Reset Weld Start

RESET OUTP 5

COMMENT Pwr Src ErrReset

SET OUTP 6

RESET OUTP 6 DELAY 0.01 S

COMMENT Sel Par Int Mode

LET R 1 = 1

TRANSFER R 1 TO PORT NO 1

POS V=70.00% FINE X=1424.63 Y=165.13 Z=1150.25 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

COMMENT offset 3

TCP 1

WAIT UNTIL INP 5 = 1

TRANSFER R 1 TO PORT NO 1

COMMENT INICIO primeiro ponto

POS V=30.00% FINE X=1402.28 Y=235.15 Z=1035.88 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

RECT COORD

COMMENT Ativa com input

WAIT UNTIL INP 5 = 1

SET OUTP 5

RECT COORD

COMMENT finaliza a reta e inicia o circulo primeiro

POS V=10.00% FINE X=1402.28 Y=214.15 Z=1035.88 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

COMMENT POS V=10.00% FINE X=1402.28 Y=125.25 Z=1035.88 Q1=0.9221 Q2=0.3870

Q3=0.0000 Q4=0.0000

COMMENT POS V=10.00% FINE X=1402.28 Y=125.25 Z=1035.88 Q1=1.0000 Q2=0.0000

Q3=0.0000 Q4=0.0000

COMMENT finaliza o circulo e inicia a reta quarto ponto

RECT COORD

115

COMMENT finaliza a reta e inicia o circulo segundo

COMMENT POS V=10.00% FINE X=1402.28 Y=125.25 Z=1035.88 Q1=1.0000 Q2=0.0000

Q3=0.0000 Q4=0.0000

COMMENT POS V=10.00% FINE X=1402.28 Y=125.25 Z=1035.88 Q1=0.9372 Q2=-

0.3489 Q3=0.0000 Q4=0.0000

POS V=10.00% FINE X=1402.28 Y=157.63 Z=1035.88 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

COMMENT finaliza o circulo e inicia a reta sexto ponto

COMMENT inicia a reta

POS V=10.00% FINE X=1402.28 Y=136.63 Z=1035.88 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

COMMENT finaliza a reta sexto ponto

RESET OUTP 5

POS V=40.00% FINE X=1416.63 Y=282.25 Z=1200.50 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

CALL PROG 50

STOP

B.2 POSIÇÃO HORIZONTAL 1.2

COMMENT Posição horizontal

V=100.0 MAX=1000.0

TCP 1

ROBOT COORD

FRAME 0

COMMENT Reset Weld Start

RESET OUTP 5

COMMENT Pwr Src ErrReset

SET OUTP 6

RESET OUTP 6 DELAY 0.01 S

COMMENT Sel Par Int Mode

LET R 1 = 1

TRANSFER R 1 TO PORT NO 1

POS V=100.00% FINE X=1300.00 Y=-90.00 Z=1176.13 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007

Q4=-0.0000

COMMENT CORDÃO DIRETO

TCP 1

WAIT UNTIL INP 5 = 1

TRANSFER R 1 TO PORT NO 1

POS V=100.00% FINE X=1384.00 Y=120.00 Z=980.00 Q1=0.7068 Q2=0.7075 Q3=0.0003

Q4=-0.0001

POS V=50% FINE X=1289.88 Y=178.5 Z=975.15 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

RECT COORD

COMMENT Ativa com input

WAIT UNTIL INP 5 = 1

SET OUTP 5

RECT COORD

COMMENT BORDA INICIAL DO CORDÃO

116

POS V=10% FINE X=1314.88 Y=178.5 Z=975.15 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

COMMENT PONTO MEIO 1

POS V=10% FINE X=1324 Y=181.5 Z=975.15 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

COMMENT PONTA BAJO 1

POS V=10% FINE X=1330.5 Y=182 Z=975.15 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

COMMENT RECTA

RECT COORD

COMMENT PONTA BAJO 2

POS V=10% FINE X=1341.88 Y=182.13 Z=975.15 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

COMMENT PONTO MEIO 2

POS V=10% FINE X=1350 Y=181.13 Z=975.15 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

COMMENT BORDA FINAL DO CORDÃO

POS V=10% FINE X=1356 Y=178.5 Z=975.15 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

COMMENT PONTO FINAL

POS V=10% FINE X=1381 Y=178.5 Z=975.15 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

RESET OUTP 5

COMMENT CORDÃO INVERSO

TRANSFER R 1 TO PORT NO 1

POS V=80.00% FINE X=1300.00 Y=-90.00 Z=1176.13 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007

Q4=-0.0000

TCP 1

WAIT UNTIL INP 5 = 1

TRANSFER R 1 TO PORT NO 1

POS V=80.00% FINE X=1384.00 Y=120.00 Z=983.55 Q1=0.7068 Q2=0.7075 Q3=0.0003

Q4=-0.0001

COMMENT INICIO

POS V=50% FINE X=1384.88 Y=179.13 Z=983.55 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

RECT COORD

COMMENT Ativa com input

WAIT UNTIL INP 5 = 1

SET OUTP 5

COMMENT BORDA INICIAL DO CORDÃO

RECT COORD

POS V=10% FINE X=1359.88 Y=179.13 Z=983.55 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

COMMENT PONTO MEIO 1

POS V=10% FINE X=1355.88 Y=180.88 Z=983.55 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

COMMENT PONTA BAJO 1

POS V=10% FINE X=1350 Y=182.75 Z=983.55 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

117

COMMENT RECTA

RECT COORD

COMMENT PONTA BAJO 2

POS V=10% FINE X=1324.88 Y=183.38 Z=983.55 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

COMMENT PONTO MEIO 2

POS V=10% FINE X=1314.63 Y=182 Z=983.55 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

COMMENT BORDA FINAL DO CORDÃO

POS V=10% FINE X=1308.63 Y=178.5 Z=983.55 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

COMMENT PONTO FINAL

POS V=10% FINE X=1283.63 Y=178.5 Z=983.55 Q1=0.5849 Q2=0.8111 Q3=0.0007 Q4=-

0.0018

RESET OUTP 5

POS V=40.00% FINE X=1416.63 Y=282.25 Z=1200.50 Q1=1.0000 Q2=0.0000 Q3=0.0000

Q4=0.0000

CALL PROG 50

STOP