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Estratégias e Práticas de Corporate Venturing no Contexto Brasileiro
Relatório de Pesquisa
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© 2013 – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDIQualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que seja citada a fonte.
ABDI - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial FDC - Fundação Dom Cabral
SupervisãoMaria Luisa Campos Machado Leal - ABDI
Equipe Técnica da ABDI
Equipe Técnica Fundação Dom CabralCarlos ArrudaAfonso CozziErika Penido BarcellosGuilherme Silveira de Aguiar Souza
Revisão de textoCDN - Comunicação Corporativa
ABDI - Agência Brasileira de Desenvolvimento IndustrialSetor Bancário Norte Quadra 1 – Bloco B – Ed. CNC70041-902 – Brasília – DFTel.: (61) 3962-8700www.abdi.com.br
FDC - Fundação Dom CabralAv. Princesa Diana, 760Alphaville, Lagoa dos Ingleses Tel.: (31) 34000-000 - Nova Lima/MG – Brasilwww.fdc.org.br
Carla Naves – Gerente Cássio Marx Rabello da Costa – Líder do Projeto
Coordenadora GeralCarla Maria Naves FerreiraGerente de Projetos
Gerência de Comunicação ABDIOswaldo Buarim Junior
Supervisão da PublicaçãoJoana Wightman Coordenadora de Comunicação
Projeto GráficoMarco Lúcius Freitas
DiagramaçãoG3 Comunicação
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República Federativa do BrasilDilma RousseffPresidenta
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ExteriorFernando Damata PimentelMinistro
Agência Brasileira de Desenvolvimento IndustrialMauro Borges LemosPresidente
Maria Luisa Campos Machado LealOtávio Silva CamargoDiretores
Carla Maria Naves FerreiraGerente de Projetos
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 5
SUMÁRIO
1. Proposta de Pesquisa
2. Relatório da Pesquisa
3. Referências
4. Anexos
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 7
1. PROPOSTA DE PESQUISA
Estratégias e Práticas de Corporate Venturing no Contexto Brasileiro
1. Objeto
O presente estudo foi desenvolvido por meio de contratação da Fundação Dom
Cabral pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, tendo como foco de pesquisa o
tema Estratégias e Práticas de Corporate Venturing no Contexto Brasileiro, que compreende
o levantamento e a sistematização das práticas usadas por grandes empresas selecionadas
para transformar ideias em novos negócios e identificação de suas iniciativas de corporate
venturing, como busca de novas oportunidades para gerar valor aos seus acionistas e para
enfrentamento do ambiente competitivo em que estão inseridas.
2. Especificação da Proposta do Projeto
O projeto Estratégias e Práticas de Corporate Venturing no Contexto Brasileiro foi
desenvolvido por meio das seguintes atividades:
• Survey sobre o panorama de corporate venturing no Brasil.
• Pesquisa qualitativa sobre as práticas de corporate venturing em empresas brasileiras e em
multinacionais, elaboração de estudos de caso e produção de webvídeos.
• Realização de encontros temáticos, com representantes dessas empresas e de especialistas,
para discussão de aspectos específicos dessa estratégia.
• Realização de um seminário nacional sobre corporate venturing no contexto brasileiro
1 - Survey é uma pesquisa para obtenção de dados ou informações sobre características, ações e opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma população-alvo, por meio de um instrumento de pesquisa, normalmente um questionário. O foco do interesse é sobre “o que está acontecendo, como e por quê”.
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
A survey sobre o panorama de corporate venturing no Brasil teve como principal
finalidade o levantamento das iniciativas dessa estratégia no país, usando como base as
500 maiores empresas brasileiras. A metodologia previa a aplicação de questionário para
identificação de setores e perfil das empresas em que o corporate venturing ocorre com maior
frequência e a aplicação de questionários para levantamento de informações que seriam
utilizadas nas próximas fases da pesquisa.
A realização de uma pesquisa qualitativa sobre as práticas de corporate venturing no
Brasil em empresas brasileiras com controle de capital nacional e multinacionais teve o objetivo
de conhecer estratégias, processos e instrumentos utilizados para a criação de novos negócios
nessas empresas e apoio aos empreendedores, mapeando os fatores impulsionadores e
restritivos para a sua implantação. Numa fase seguinte, foram elaborados até quatro estudos
de caso para divulgação junto à comunidade empresarial, instituições do setor público
responsáveis por fomento empresarial e por definição de políticas de desenvolvimento e
também para uso didático.
Foram realizados encontros temáticos como parte da metodologia da pesquisa
qualitativa, com participantes das empresas pesquisadas e especialistas, para aprofundamento
de dados levantados, troca de ideias e experiências entre os participantes, além de exploração
de possíveis alternativas para o desenvolvimento de corporate venturing no contexto
empresarial brasileiro. Após cada encontro, foi elaborado um relatório destacando as questões
mais importantes discutidas, práticas apresentadas e futuras ações a serem desenvolvidas.
Os exemplos apresentados e as entrevistas com os especialistas e executivos
participantes foram registrados em webvídeos, para posterior divulgação e disponibilização
nos sites da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e da Fundação Dom
Cabral (FDC).
O seminário nacional sobre práticas e oportunidades de corporate venturing no
contexto brasileiro, previsto no projeto, foi realizado em São Paulo, ao final da pesquisa, com
a participação de especialistas e representantes das empresas pesquisadas e de instituições
públicas envolvidas em formulação de políticas e de fomento à atividade empresarial.
O resultado do trabalho realizado será apresentado a seguir, referente ao produto
“Relatório Final de Pesquisa sobre Práticas de Corporate Venturing”, conforme especificado no
Contrato nº 20/2010, firmado entre a FDC e a ABDI.
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
Estratégias e Práticas de Corporate Venturing no Contexto Brasileiro
1. Introdução
O empreendedor, na visão de Schumpeter (1947, 1985), é o responsável por inserir no-
vos produtos, novos métodos de produção e outras inovações no mercado. O papel desse
agente é estimular a atividade econômica. A ação do empreendedor dentro das corporações
pode representar oportunidades de rejuvenescimento e de revitalização da empresa (MILES e
COVIN, 2002). Essas oportunidades podem se apresentar como um mecanismo essencial para
a criação de novos mercados e de conceitos de negócios para a empresa (MILES e COVIN,
2002). O empreendedorismo corporativo é uma das formas de atuação do empreendedor
dentro da companhia. Esse comportamento é cada vez mais fomentado pelas empresas de-
vido ao resultado positivo dos empreendedores individuais e das práticas de fundo de capital
de risco. Uma das linhas de pensamento do empreendedorismo corporativo é o corporate
venturing (ZAFFALON, SANTOS e KUNIYOSHI, 2005).
O corporate venturing (CV) é o esforço corporativo e empreendedor que leva à criação
de novos negócios, internos ou externos, pela organização corporativa. Esses novos negócios
podem surgir de inovações ou gerá-las na exploração de novos mercados, de novos produtos
ou de ambos, ou que podem gerar novas unidades distintas das já existentes. Essa prática é
uma importante forma alternativa de investimento a atividades empreendedoras em países
desenvolvidos. O corporate venturing é utilizado como meio de investimento em novos negó-
cios, em ciclos, por empresas nos Estados Unidos e na Europa, desde a década de 1970 (CHES-
BROUGH, 2000), enfrentando alguns momentos de alternância no volume de empresas que o
adotavam. Em países em desenvolvimento, como a China, o CV é um instrumento recente para
o estímulo ao grau de inovação, proatividade, risco, autonomia e agressividade competitiva
(WANG e ZANG, 2009).
2. RELATÓRIO DA PESQUISA
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No Brasil, um número reduzido de empresas utiliza o corporate venturing, que repre-
senta uma modalidade de investimento muitas vezes desconsiderada pelo empresariado brasi-
leiro (VIEGAS, JARDIM e SCHECHTMANN, 2010). Entretanto, empresas como Intel, Telefônica,
Votorantim Novos Negócios, IBM, Dow, entre outras, já adotam atividades de CV no país (ZA-
FFALON, SANTOS e KUNIYOSHI, 2005; VIEGAS, JARDIM e SCHECHTMANN, 2010).
O objetivo deste trabalho é apresentar o contexto das práticas de corporate venturing
no Brasil, através da análise de uma survey com 21 empresas dentre as 100 maiores empresas
brasileiras e de dois estudos de caso de empresas que adotam atividades de CV no Brasil, fa-
vorecendo uma reflexão sobre o potencial do CV como forma alternativa de financiamento a
atividades empreendedoras no país.
2. Revisão Bibliográfica
O corporate venturing é o esforço corporativo e empreendedor que leva a organização
à criação de novos negócios internos ou externos que podem surgir de inovações que viabi-
lizem a exploração de novos mercados, novos produtos ou até mesmo a geração de novas
unidades (VON HIPPEL, 1977; BIGGADIKE, 1979; ELLIS e TAYLOR, 1987; GUTH e GINSBERG,
1990; BLOCK e MACMILLAN, 1993; SHARMA e CHRISMAN, 1999; MILES e COVIN, 2002; CHES-
BROUGH, 2002). Um projeto é caracterizado como CV quando incluir uma atividade nova ao
portfólio da organização e apresentar riscos e incertezas mais elevados do que sua atividade
principal. Em relação à gestão desse novo negócio, ela deve ser realizada separadamente do
negócio central e ter como objetivo o aumento de vendas, lucros, valor, produtividade e quali-
dade, ou se configurar como um caminho para atingir as estratégias da empresa-mãe (BLOCK
e MACMILLAN, 1993).
O conceito de CV apresentado mostra que a origem do empreendimento pode ser
interna ou externa. Quando a empresa investe na atividade empreendedora resultante de uma
ideia desenvolvida por um de seus funcionários, o foco do empreendedorismo é interno, cha-
mado de corporate venturing interno. O conceito de CV interno tem como base a definição de
corporate venturing defendida por Chesbrough (2002). Para o autor, a atividade de CV limita-
-se àquelas iniciativas oriundas de novos negócios gerados dentro da empresa. O investimento
iniciante desenvolvido externamente à empresa investidora é denominado por Chesbrough
(2002) corporate venture capital, ou corporate venturing externo, como também é tratado.
2.1. Objetivos do Corporate Venturing
A decisão de uma empresa por aplicar recursos em corporate venturing pode ter como foco
apenas o aumento do retorno financeiro ou atender objetivos estratégicos da corporação. O
CV, quando direcionado para a estratégia da empresa, busca sinergias entre a sua atividade
principal e a atividade da nova empresa com o intuito de alavancar as vendas do negócio
principal. Contudo, a empresa pode investir em CV com o propósito de aumentar os seus
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retornos financeiros, que inicialmente não estão ligados a sua estratégia central (CHESBROUGH,
2002). Muitas vezes, nesse caso, essas novas empresas são posteriormente vendidas pela
empresa-mãe. No entanto, o autor ressalta que o limite dessas diretrizes (financeiro ou
estratégico) é tênue e pode se alterar ao longo do desenvolvimento do projeto. A literatura
identificou diferentes objetivos que motivam as companhias a iniciar um investimento em
CV, que atendem tanto as diretrizes financeiras como as estratégicas. Esses objetivos estão
descritos no quadro 1.
Quadro 1 – Objetivos do Corporate Venturing
Objetivos Conceito Autores
Estratégia de Crescimento
Investimento em novos negócios para estimular a demanda,
alavancar tecnologias subutilizadas e promover as
tecnologias da empresa investidora.
Chesbrough (2002)
Acesso a Novos Mercados1Investimento nos moldes do CV para desenvolver novos
produtos e tecnologiasMiles e Covin (2002)
Ampliação da Cadeia de
Valor (Desenvolvimento do
Ecossistema)
A empresa investidora utiliza o CV para desenvolver novos
negócios ligados a sua rede de fornecedores, clientes,
agentes, distribuidores e franqueados.
Chesbrough (2002);
Campbell et al. (2003)
Expansão do Escopo
de Operações e
Conhecimento da Firma
O investimento em novos negócios permite que a empresa
investidora amplie as operações da empresa.Miles e Covin (2002)
Aplicação de Novas Ideias
e Forma de Inovação
O CV representa a possibilidade de investimento de uma
ideia surgida internamente à empresa que difira da sua
atividade principal e que leve à exploração de novos
produtos.
Campbell et al. (2003);
Maine (2008)
Desenvolvimento de Novas
Capacidades dentro da
Corporação (Instrumento
de Inovação Radical)
A empresa utiliza o CV para desenvolver tecnologias radicais
para substituir linhas de produtos e acessar novos nichos de
mercado.
Maine (2008)
Obtenção de Ganhos
Financeiros
A empresa atua como investidor privado, buscando retornos
financeiros atrativos, por meio do investimento em novos
negócios, para vendê-los posteriormente.
Chesbrough (2002)
Aprender sobre Novos
Produtos e Serviços
A empresa utiliza o CV para acessar e aprender com
tecnologias radicais e sobre campos emergentes.Maine (2008)
Alternativa ao Negócio
Principal
Empresas que atuam em setores de crescimento lento
buscam novos negócios não relacionados com sua atividade
principal como oportunidades de crescimento.
Campbell et al. (2003)
Diversificação do RiscoO CV representa uma das alternativas para o desenvolvimento
de produtos que envolve riscos elevados.
Tidd e Taurins (1999);
Maine (2008)
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A indústria automobilística brasileira possui considerável importância para a economia do
país e apresen ta tendência recente de crescimento intenso. Somente no período com-
preendido entre 2002 e 2011, as vendas internas para o mercado automotivo cresceram
cerca de 145%, enquanto que a produção aumentou em 109% no mesmo horizonte (Anfavea,
2012).
Resultados tão positivos são também refletidos no faturamento do setor, conforme observado
na Tabela 77 e também são percebidos pela crescente importância do segmento dentro do
setor industrial, com um salto de 12,3% de participação no PIB industrial em 2002 para 18% no
ano de 2011.
Tabela 77. Faturamento e participação no Produto Interno Bruto industrial (US$ milhões)
AnoFaturamento líquido
% do PIB industrialVeículos Máquinas agrícolas Total
2002 47.782 6.529 54.311 12,3
2003 46.280 7.041 53.321 11,9
2004 57.258 9.914 67.172 14,0
2005 61.795 7.092 68.888 14,0
2006 66.170 6.705 72.874 14,5
2007 78.947 8.880 87.826 16,7
2008 83.935 10.134 94.068 17,2
2009 85.060 8.119 93.179 18,0
2010 94.754 10.701 105.455 18,5
2011 93.543 11.832 105.375 18,0
Fonte: Anfavea, 2012.
Objetivos Conceito Autores
Promoção da Imagem da
Empresa junto ao Mercado
e Investidores
O CV alavanca ativos intangíveis como a marca da empresa
investidora, transmitindo a seus shareholders a capacidade
de gerar ganhos.
Chesbrough (2000);
Miles e Covin (2002)
Geração de Novo Negócio
a partir de Competências e
Processos Internos
A empresa desenvolve um novo negócio a partir de
atividades de P&D, por exemplo.
Campbell et al. (2003);
Kuratko, Covin e
Garrett (2009)
Fonte: MMA, 2011.
A partir da tipologia, diretrizes e possíveis motivações apresentadas nesta seção, foi
elaborado e aplicado um questionário como instrumento de coleta de dados sobre o tema nas
100 maiores empresas que atuam no Brasil. A metodologia utilizada na pesquisa e os resulta-
dos obtidos serão apresentados e discutidos a seguir.
3. Survey: O Contexto do Corporate Venturing no Brasil
Como mencionado, a partir dos pontos apresentados na literatura e considerando a
importância que os investimentos em CV têm apresentado no desenvolvimento de empresas,
identificou-se a necessidade de investigar o papel dessa atividade no crescimento das firmas
localizadas no Brasil. Para tanto, esta pesquisa foi estruturada em duas etapas. A primeira cons-
tituiu-se por uma análise quantitativa e teve como objetivo identificar a frequência de adoção
dessa prática por essas empresas, bem como os objetivos, diretrizes e tipos de CV adotados.
A segunda etapa, por sua vez, contou com a análise das características e estrutura de quatro
empresas instaladas no Brasil e que utilizam o investimento em corporate venturing. Os resul-
tados desses estudos estão descritos na seção 4 deste relatório.
Com base na publicação anual 500 Maiores e Melhores do Brasil (EXAME, 2010), foram
selecionadas a partir do faturamento as 100 maiores empresas que atuam no país. A coleta de
dados foi feita com um questionário descritivo, composto por questões fechadas, enviadas por
e-mail para os responsáveis por essa atividade (sem a presença de um entrevistador). A survey
abordou questões sobre os pontos centrais destacados na literatura apresentada na seção
2 deste estudo. Foram respondidos 24 questionários, sendo que apenas 21 dessas empresas
afirmaram que adotaram práticas de corporate venturing.
Com o propósito de apresentar os resultados da primeira etapa dessa pesquisa, esta
seção está dividida em dois itens. O primeiro contextualiza o corporate venturing no Brasil e o
segundo apresenta e analisa os resultados da survey.
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
3.1. Contexto Brasileiro de Corporate Venturing
Como mencionado, o corporate venturing é utilizado como meio de investimento em
novos negócios por empresas nos EUA e na Europa desde a década de 1970 (CHESBROUGH,
2000) e mais recentemente por firmas de países em desenvolvimento, como a China (WANG
e ZHANG, 2009). Porém, Viegas, Jardim e Schechtmann (2010) destacam que o CV ainda
não se apresenta como uma alternativa para as empresas brasileiras em novos negócios. Uma
pesquisa feita em 2008 pela Fundação Getulio Vargas (FGV), com 134 organizações gestoras
de private equity e venture capital, mostrou que apenas duas foram indicadas como grupos
industriais de corporate venturing (VIEGAS, JARDIM e SCHECHTMANN, 2010). Isso demonstra
certo desinteresse do empresariado brasileiro de adotar o CV como meio para novos negó-
cios, renovar a estratégia da empresa, criar novas riquezas a partir de novas combinações de
recursos (GUTH e GINSBERG, 1990); e para obtenção de resultados econômicos melhores e
mais sustentáveis (STOPFORD e BADEN-FULLER, 1994). O fato de não ser uma prática muito
adotada no Brasil reflete no número reduzido de estudos acadêmicos a respeito do assunto.
Através da busca nos principais periódicos nacionais, apenas três trabalhos de autores
brasileiros foram mapeados: Rodrigues e Santos (2004); Zaffalon, Santos e Kuniyoshi (2005);
e Viegas, Jardim e Schechtmann (2010). Rodrigues e Santos (2004) consideram que as defini-
ções da literatura não trabalham certas lacunas para a determinação de modelos de sucesso. A
partir disso, os autores utilizam três aspectos básicos para a elaboração de um conceito sobre
CV: a geração de valor aos acionistas, a forma de organização do novo negócio em relação à
empresa-mãe e a incerteza que ele envolve. Zaffalon, Santos e Kuniyoshi (2005) desenvolve-
ram estudos de caso sobre cinco empresas que atuam no Brasil e adotam o CV. De maneira se-
melhante, Viegas, Jardim e Schechtmann (2010) elaboraram estudos de caso de três empresas
brasileiras a partir da tipologia de Chesbrough (2002). Em comum, as análises desses autores
brasileiros utilizam como base os modelos desenvolvidos para contextos de outros países, sem
considerar as particularidades da realidade brasileira.
Os casos apresentados pelos autores brasileiros sinalizam que a diretriz do empreendi-
mento investido é geralmente externa, em que grandes empresas investem em firmas menores
e iniciantes (ZAFFALON, SANTOS e KUNIYOSHI, 2005; VIEGAS, JARDIM e SCHECHTMANN,
2010). Os recursos utilizados nesses investimentos em sua maioria são próprios, poucas vezes
foram feitas parcerias entre empresas investidoras e fundos de venture capital. De acordo com
esses estudos, o CV das empresas brasileiras parece atender a objetivo estratégico das em-
presas investidoras, ou seja, as empresas investem em novos negócios complementares à sua
atividade principal.
3.2. Análise dos Resultados da Survey
O primeiro aspecto a ser analisado é a motivação das empresas em adotar o corporate
venturing. Como destacado, o CV pode ser utilizado para interesses financeiros ou estratégicos,
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sendo esta uma característica dinâmica, pois na prática um projeto de CV pode alternar entre
essas duas diretrizes durante o seu desenvolvimento. No entanto, uma mesma empresa pode
adotar o CV por mais de uma razão. O gráfico 1 mostra a relação das companhias de acordo
com o objetivo pelo qual adotaram o corporate venturing.
Gráfico 1 – Porcentagem de Empresas por Objetivos do Uso do Corporate Venturing
O gráfico mostra que as motivações principais para as empresas da amostra optarem
por atividades de corporate venturing são “estratégia de crescimento”, “acesso a novos
mercados”, “ampliação da cadeia de valor” e “expansão do escopo de operações e de
conhecimento da firma”. CV como estratégia de crescimento representa 95%, o que equivale
a 20 empresas, ou seja, apenas uma organização da amostra não o tem com esse objetivo.
O acesso a novos mercados mostrou-se como objetivo de 15 empresas (71%). Esse número
coincide com a frequência encontrada para “ampliação da cadeia de valor”. A expansão do
escopo de operações e de conhecimento da firma é motivação para 12 companhias (57%).
Outro ponto levantado no questionário foi como essas companhias aderem a essa
modalidade de investimento. Uma mesma empresa pode adotar mais de uma ação como forma
de diversificação de sua estratégia de CV. Assim, a soma da porcentagem das respostas pode
ser superior a 100%. A ação mais citada pelas empresas foi a “transformação de atividades
de P&D em novos negócios”, em que 11 empresas (52%) a utilizam como CV. Já a ação de
CV menos utilizada foi “investimento em atividades de risco dentro da companhia e que são
desenvolvidas e gerenciadas pelos empregados”. A empresa, ao utilizá-la, faz investimentos
nos moldes da indústria de venture capital em ideias de seus empregados. Das 21 empresas
que realizam CV, apenas uma empresa (5%) tem essa ação. O gráfico 2 indica as respostas
obtidas.
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
Gráfico 2 – Ações Adotadas de Corporate Venturing
Essas ações de CV apresentadas no questionário podem ser agrupadas de acordo com
a origem, interna ou externa, como mostrado na tabela 1.
Tabela 1 – Classificação das Ações de Corporate Venturing de Acordo com sua Origem
Corporate Venturing Interno Corporate Venturing Externo
Transformação de atividades de P&D em novos negócios. Iniciativas de venture capital fora da empresa.
Criação de nova unidade autônoma. Parcerias com empresas menores.
Investimentos em atividades de risco dentro da
companhia e que são desenvolvidas e gerenciadas por
seus empregados.
Investimentos em start-ups para atender mercados
complementares ao negócio principal.
Spin-offs.
Investimentos em companhias start-ups.
O “licenciamento de tecnologias” foi a única ação de CV que não foi possível classificar,
por não possuir um perfil que a inclua exclusivamente em uma das duas categorizações. Com
base nesses achados, a figura 1 mostra a classificação das empresas a partir da origem do
corporate venturing.
Essa figura mostra que a porcentagem total de empresas que possuem ações de
CV interno corresponde a 71% (15 empresas) e 86% (18 companhias) correspondem às que
possuem corporate venturing externo. A análise feita anteriormente não considera, entretanto,
as empresas que adotam ambos os tipos de CV. As empresas podem adotá-los como forma
de diversificação de investimentos e minimização dos riscos. Considerando esse último fator,
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as respostas obtidas mostram que a maioria das empresas utiliza ambos os tipos de corporate
venturing, que se encaixam nesse padrão, representando 57% do total (12 companhias). O
corporate venturing interno é adotado exclusivamente por 3 empresas (14%), enquanto o
corporate venturing externo é adotado exclusivamente por 6 empresas, ou 29% das firmas.
Figura 1 – Tipos de Corporate Venturing Adotados pelas Empresas
A próxima análise feita por meio o questionário foi o período de utilização dessas ações pelas
firmas. A classificação de tempo foi feita em intervalos de cinco anos. O gráfico 3 a seguir
mostra o número de companhias por tempo de adoção do corporate venturing.
Gráfico 3 – Porcentagem de Empresas que Utilizam Corporate Venturing por Tempo
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
O gráfico mostra que a maioria das empresas adota práticas de CV por um período de
0 a 5 anos, representando 7 firmas (33%), o que evidencia a recente propagação dessa prática
no Brasil. O segundo período de tempo com maior número de empresas é mais de 20 anos,
correspondendo a 6 empresas (29%). Já 4 companhias (19%) utilizam o corporate venturing
de 11 a 15 anos. As empresas que possuem corporate venturing por um período de 6 a 10 anos
correspondem a 3 (14%). Nenhuma empresa adota essa estratégia em uma duração de 15 a 20
anos. Vale ressaltar que uma firma não indicou a duração do CV.
4. Estudos de Casos: Intel Capital, Telefônica Brasil, Dow América Latina e IBM Brasil
A survey permitiu um levantamento quantitativo das práticas de corporate venturing
no Brasil. A partir desse levantamento, com o objetivo de aprofundar os estudos de tal ação
em empresas que atuam no Brasil, os autores deste artigo realizaram quatro estudos de caso
entre maio de 2011 e fevereiro de 2012. Esses estudos foram realizados com quatro companhias
multinacionais que possuem estruturas voltadas para o CV no país, a Intel Capital, braço de
investimentos da Intel; Telefônica Brasil; Dow América Latina; e IBM Brasil.
Os casos dessas empresas ilustram os tipos e objetivos das práticas de CV externas e
internas realizadas no Brasil e revelam algumas características da realização dessas práticas
no país, tais como o objetivo estratégico dos investimentos, a autonomia das empresas
recebedoras do investimento, a limitada autonomia da estrutura brasileira na tomada de
decisão de investimento e a formalização dos projetos de CV na implementação dos novos
negócios como forma de minimizar o risco.
4.1. Intel Capital
A Intel Capital, braço de investimentos estratégicos da fabricante de processadores
Intel, já investiu US$9,8 bilhões em mais de 1,1 mil start-ups de 48 países desde a sua criação
em 1991. Até hoje, a organização foi responsável por 258 fusões/aquisições e 189 empresas
do portfólio tornaram-se públicas no mundo. Em 2010, os investimentos somaram US$327
milhões, incluindo 119 investimentos em todo o mundo. Nesse ano, aproximadamente 44% dos
fundos da Intel Capital foram investidos internacionalmente (fora dos EUA e do Canadá), com
a maior concentração na Ásia. Seu portfólio na América Latina, que representa 3% do total,
inclui 11 investimentos, sendo oito no Brasil .
Logo no início das suas atividades, a Intel percebeu que inovação tecnológica não era
suficiente para assegurar o seu sucesso. O crescimento do mercado de microprocessadores
dependia do desenvolvimento de todo um ecossistema de produtos e serviços de suporte.
“A Intel não tem contato com o cliente final, mas precisa que softwares, redes, servidores
e outros atores funcionem bem para que os chips fabricados pela Intel possam ser utilizados”,
explica Ricardo Arantes.
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Segundo o diretor, a tecnologia de processadores muda a cada 9 a 12 meses, enquanto
um sistema operacional tem um ciclo de vida de 3 a 3 anos e meio, o que exemplifica a
necessidade de investimentos da Intel no seu ecossistema.
A Intel Capital foi criada com o objetivo de investir em tecnologias estratégicas para a
Intel e financeiramente viáveis, complementando recursos internos já investidos pela companhia
em pesquisa e desenvolvimento e em operações. Originalmente, esses investimentos eram
vistos como uma função de desenvolvimento de negócios, sendo cada unidade de negócios
responsável pelos seus próprios investimentos. Muitos tinham o objetivo de preencher lacunas
na linha de produtos e garantir o suprimento das necessidades tecnológicas e de equipamentos
da Intel.
Em meados dos anos 90, a perspectiva de investimentos da empresa expandiu para
todo o seu ecossistema e a Intel começou a investir em empresas que complementavam
suas ofertas, em qualquer estágio de desenvolvimento. Nesse momento, os investimentos
atingiram volumes significativos, enquanto o crescimento da Intel gerava complexidade. Em
consequência, buscou-se uma abordagem centralizada para esses investimentos através da
Intel Capital.
“Antes da criação da Intel Capital, a inovação na Intel ocorria, mas ficava à mercê dos
seus clientes, que tinham contato com os clientes finais. (...) O nosso objetivo é acelerar a
adoção de tecnologias. Em 99,9% dos casos, a Intel Capital é investidora minoritária. Não há a
filosofia de adquirir as empresas depois.”, explica Ricardo Arantes.
Composta por um pool de investidores especializados por unidade de negócio (UN)
ou por geografia, a estrutura da Intel Capital é enxuta, com cerca de 100 investidores e 100
profissionais de backoffice no mundo. Os investimentos por geografia ocorrem em diversos
setores, sempre alinhados a uma unidade de negócio da empresa. A Intel Capital do Brasil
conta com um diretor de investimentos, três analistas da corporação com base nos EUA e
estagiários.
Segundo Ricardo Arantes, “a Intel Capital está estruturada para extrair o máximo possível
da parte estratégica.” Cada diretor de investimentos é mais ou menos autossuficiente para
gerar negócios, analisar e fazer due diligence. Entretanto, cada negócio precisa ser aprovado
por um comitê de investimentos, localizado nos EUA, em duas etapas (análise de conceito –
Deal Concept Meeting; e aprovação – Investment Project Authorization). Esse comitê reúne-se
semanalmente e é composto pelo presidente da Intel Capital, um ou dois managing directors
(responsáveis pelas unidades de negócio da Intel), uma pessoa da área legal e uma pessoa de
tesouraria.
Há uma comunicação fluida entre a Intel Capital e as unidades de negócio da Intel, o que
favorece a troca de conhecimentos sobre novas tecnologias. Ocasionalmente, ocorre tensão
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
entre elas, pois um determinado negócio pode interessar à Intel Capital e não às unidades de
negócio. O contrário também pode ocorrer. Nesse caso, o diretor de investimentos pode fazer
um carve-out do investimento, ou seja, não ganha nem perde com o negócio, apesar de buscar
o melhor deal para a unidade de negócio.
Processo de investimento
A busca por negócios na Intel Capital ocorre através de esforços ativos do diretor de
investimentos e por diversas formas reativas. A empresa encoraja empreendedores a enviarem
business plans para [email protected]. Informações sobre tendências de negócios e
tecnologia também são obtidas nas áreas de marketing e em programas internos de pesquisa.
Informalmente, os gerentes e engenheiros da empresa possuem uma rede de relacionamentos
nas comunidades financeira e tecnológica, o que permite que se mantenham atentos a novos
desenvolvimentos de interesse da Intel. “As áreas de vendas e marketing da Intel trazem leads
para a Intel Capital”, destaca Ricardo Arantes.
“Muitos negócios surgem dentro da Intel. É muito claro para as pessoas da empresa
como as coisas tecnológicas vão acontecer. We take technology for granted. A Intel cria as
tecnologias que vão desenvolver os serviços lá na frente. Assim, todo mundo vem à Intel e a
empresa mantém-se informada sobre o que está acontecendo em seu ecossistema”, explica
Ricardo Arantes.
Enquanto as fontes de ideias para investimentos variam, o desenvolvimento e a
implementação de negócios da Intel Capital seguem um processo formal. A análise do
investimento começa com o business plan do empreendedor, que pode ser algo pouco
estruturado, mais informal. “Não queremos 100 páginas. Algumas empresas contratam um
consultor para auxiliar a fazer o business plan. Isso ajuda, mas é um interlocutor a mais para as
decisões”, explica Ricardo Arantes.
Deal Concept Meeting (DCM)
Com uma ideia ou uma empresa interessante em vista, é realizada a análise do conceito
do negócio, em que se discutem as razões e possíveis formas do investimento. As DCMs
incluem estudo de viabilidade, do mercado e dos concorrentes, o alinhamento estratégico e
a expectativa de retorno. Algumas questões abordadas na DCM são: “Faz sentido?”, “Por que
nessa região?”, “Qual é a expectativa de valuation?”
“As DCMs discutem questões estratégicas das empresas. Elas podem ser mais ou
menos estruturadas. Às vezes uma conversa é suficiente; às vezes é apresentado um term-
sheet”, explica Ricardo Arantes.
A prioridade das DCMs é entender como o negócio contribui para a estratégia da Intel.
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2. Ver Anexo 1– Portfólio da Intel Capital América Latina (março 2011).
Por exemplo, em 2003/2004 a Intel precisava investir em redes de internet sem fio, de modo
a garantir a colocação dos seus chips em notebooks. Os investimentos da Intel em empresas
jovens desse setor criaram competição entre as empresas e aceleraram a chegada do benefício
ao consumidor.
Outro objetivo importante é a perspectiva de retornos financeiros. A Intel insiste
que seus investimentos tenham um retorno financeiro significativo, apesar de que, quando
necessário, esse retorno pode ser comprometido em prol de um interesse estratégico.
Com a participação do comitê de investimentos e de quem está apresentando o negócio,
as DCMs fornecem ao diretor de investimentos autorização para negociar o investimento.
“A avaliação de conceito raramente gera um simples ‘não’ na Intel Capital. Em geral, um
negócio pode ser bom se algum critério for atendido (por exemplo, se tiver um coinvestidor
local). Então o conceito pode ser reavaliado se conseguir atender ao critério”, revela Ricardo
Arantes.
As DCMs contribuem para a próxima fase do processo de investimentos: o due diligence.
Feito interna ou externamente à Intel Capital, o due diligence inclui a análise dos riscos do
negócio. Também é feito um due diligence tecnológico, com pessoas internas ou externas.
Investment Project Authorization (IPA)
O progresso nas negociações de um investimento conduz a uma reunião denominada
IPA na Intel, que aborda tópicos tais como a gestão da empresa-alvo, concorrência e
condições do negócio. Nessa ocasião são formalizadas respostas a três perguntas a que cada
investimento precisa responder: “O que ganhamos? O que fornecemos? Qual é a medida de
sucesso estratégico para esse investimento?”
“O IPA consiste em uma discussão mais financeira e uma apresentação mais densa do
que a das DCMs para o mesmo grupo de decisores. Nessa oportunidade, busca-se arrumar
o que é preciso para o negócio. É apresentada uma modelagem financeira mais detalhada”,
explica Ricardo Arantes. Também é apresentada no IPA uma proposta (expectativa) de saída
da Intel Capital do negócio, com um prazo previsto de maturação. “Temos acertado na maioria
dos IPAs. Muitas vezes erramos o timing, mas acertamos os retornos”, destaca Ricardo.
Gestão do Portfólio
Após iniciar o investimento, ocorre a gestão do portfólio. Gerentes de portfólio nos EUA auxiliam
nas questões de processos societários. Envolvidos nas vendas das empresas e em initial public
offers (IPO), eles fazem o link entre os investidores da Intel Capital e a estrutura da corporação
Intel, garantindo o controle da carteira de investimentos.
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22 •••
RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
A influência da Intel Capital nas empresas onde investe é similar à dos fundos de
venture capital (VC) em seus investimentos. Normalmente a Intel Capital possui um assento
de observador no Conselho das empresas nas quais investe, o que permite sua influência com
sugestões para ajudar nos negócios e proteger seus investimentos. “A Intel Capital sempre
ajuda no Conselho de Administração, mesmo quando possui apenas assento de observador.
Como as decisões geralmente são tomadas por consenso nessas empresas, o fato de o assento
ser de observador não importa. A influência depende do estágio do negócio: se a empresa está
mais ou menos estruturada e profissionalizada”, explica Ricardo Arantes.
O controle do portfólio é feito trimestralmente com a coleta de informações financeiras
da empresa e realização de uma estimativa do valor do portfólio. Todos os documentos são
arquivados por empresa em um sistema informatizado.
Os investimentos são medidos em termos de retorno e comparados a benchmarks de
fundos de VC. A Intel Capital está sempre nos top 25 na classificação de fundos de VC em
termos de retornos por ano. Algumas premiações recentes demonstram seu bom desempenho.
Em 2010, foi nomeada VC do ano pela Entrepreneurs Foundation e, em 2009, um dos cinco
fundos de VC mais ativos, pela VC Circle.
Enquanto o controle do desempenho financeiro é feito de forma bem estruturada, o
controle da razão estratégica dos negócios é feito de forma ad hoc pelas unidades de negócio
da Intel. “Não há uma medição clara disso, mas o meu objetivo é auxiliar na estratégia da Intel. É
feita uma análise quase semestral da estratégia na Intel Capital através de revisões de portfólio
pelos managing directors (MD)”, explica Ricardo Arantes.
Mudanças na estratégia da Intel refletem diretamente nos negócios da Intel Capital. Por
exemplo, quando a Intel sai de um determinado negócio, pode ocorrer de algumas empresas
da Intel Capital deixarem de ser estratégicas para a empresa. Em consequência, a Intel Capital
optará por sair desse negócio, buscando, entretanto, um momento financeiramente oportuno.
Investindo com a Intel Capital
O funcionamento da Intel Capital é muito similar ao de um fundo de venture capital. A
diferença é o objetivo de agregar tecnologia para o desenvolvimento do ecossistema da Intel.
“Temos três a quatro anos para investir e desinvestir”, revela Ricardo Arantes. Os
mecanismos de saída da Intel Capital incluem a venda do investimento e ofertas públicas das
ações das empresas (IPOs).
Apesar de concorrer eventualmente com outros fundos de VC, a Intel Capital realiza
muitos negócios em conjunto com esses fundos, a partir de leads que podem ser originados
de ambas as partes. Essa parceria favorece a identificação de oportunidades de investimento.
3. Ver Anexo 2 – Sindicato de coinvestidores da Intel Capital na América Latina.
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“ Atualmente o mercado do Brasil está aquecido e estão entrando novos fundos de
investimento estrangeiros no país. Eles têm nos ajudado a identificar potenciais empresas para
nossos investimentos. Por outro lado, os preços estão subindo”, destaca Ricardo Arantes.
A fim de acelerar grandes investimentos, a Intel Capital criou seu próprio sindicato de
coinvestidores. Esse sindicato é global e abrangente, composto por fundos grandes e pequenos
. Dessa forma, a Intel Capital acrescenta visibilidade para o fluxo de negócios.
Em comparação com outros fundos, a Intel Capital considera-se mais ágil. “Só temos
a Intel Corporation como investidora na Intel Capital. Investimos dinheiro do caixa da Intel
em investimentos que estão tanto em estágios iniciais como finais de desenvolvimento. Não
precisamos fazer fund raising, como os fundos de investimentos independentes. Estamos
concentrados na busca e realização dos negócios”, explica Ricardo Arantes.
Para o empreendedor e fundos de VC parceiros, a Intel Capital diferencia-se por
trazer ao negócio outros benefícios além do dinheiro, tais como a sua marca, atuação global,
expertise tecnológica, acesso e apresentações a potenciais clientes/parceiros. Algumas
vezes essas apresentações acontecem formalmente em workshops e encontros de CEOs, e
outras vezes por meio de networking informal. Dentre os eventos de networking promovidos
para as empresas do portfólio da Intel Capital estão o Intel Capital CEO Summit, que ocorre
anualmente. Com duração de dois dias e meio, o CEO Summit tem a participação de cerca de
200 profissionais de empresas do portfólio da Intel Capital, 200 profissionais de empresas da
indústria da Intel (ex.: IBM, Accenture, clientes das empresas do portfólio) e 200 profissionais
da Intel.
“Hoje o CEO Summit tem muito prestígio. Todos querem participar. Nessa ocasião
tenta-se ‘casar’ as empresas do portfólio”, destaca Ricardo Arantes.
Outros eventos relevantes promovidos pela Intel Capital são os Intel Capital Technology
Days (ITD). Em 2010, foram realizados 50 ITDs com clientes da Intel em todo o mundo. Um
ITD padrão traz cerca de 10 empresas do portfólio da Intel Capital para clientes em potencial
durante um dia, em que as empresas são apresentadas aos clientes e podem demonstrar suas
tecnologias e produtos. “A porcentagem de empresas do portfólio que recebem algum follow-
up após os ITDs é maior que 60%”, revela Ricardo Arantes.
A Intel Capital também abre portas para a utilização do conhecimento tecnológico da
Intel, tanto na realização de due diligence tecnológico quanto no desenvolvimento de padrões
tecnológicos relevantes. “O dinheiro da Intel Capital é um dinheiro mais inteligente para o
empreendedor”, conclui Ricardo Arantes.
Apesar de acrescentar valor a muitos dos seus negócios, alguns investidores consideram
desafiador trabalhar com a Intel, por questões legais e pelo porte da empresa. A tendência
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
de investir em empresas concorrentes é outra preocupação. Reforçando a perspectiva
de desenvolvimento do seu ecossistema, a Intel Capital frequentemente aposta em uma
tecnologia, em vez de uma empresa específica. O investimento em empresas concorrentes
prejudica a possibilidade de suporte aos empreendedores. “Quando investimos em empresas
concorrentes, geralmente tentamos consolidá-las. Isso acontece em geografias separadas, em
um mesmo negócio. Se ocorrer isso em uma mesma geografia, pessoas diferentes vão ocupar
o Conselho de Administração das empresas, para não gerar conflito”, explica Ricardo Arantes.
Portfólio, desempenho e perspectivas da Intel Capital no Brasil
O portfólio da Intel Capital no Brasil inclui hoje oito empresas de diversos subsetores,
tais como softwares, comunicação móvel e mídia social. São elas: Automatos, Certisign, Digitron,
InfoServer, Neovia, Vostu, boo-box e TecTotal.
Em oito anos no Brasil, a Intel Capital já vendeu cinco investimentos. Alguns exemplos
de saída recente no Brasil são a injeção de capital do Goldman Sachs e da NEA na Spring
Wireless, a aquisição da Yavox pela Compera (hoje Movile) e a aquisição da Telecom Net
(também conhecida como Ativi) pela Euronet .
Em uma avaliação subjetiva de Ricardo Arantes, a unidade do Brasil está na média
da Intel Capital em termos da sua contribuição estratégica para a Intel. Assim como outras
unidades da Intel Capital, a do Brasil apresenta melhor desempenho financeiro do que fundos
independentes de VC.
Quanto às perspectivas de investimentos da Intel Capital globalmente, o segmento de
mobilidade é o principal alvo. Novos investimentos já estão sendo realizados com o objetivo de
estimular a inovação contínua nos ecossistemas de hardware, softwares móveis e aplicativos.
Seis novos investimentos anunciados em 2011 referem-se a empresas que desenvolveram
tecnologias inovadoras para melhorar a experiência do usuário em diversos dispositivos
inteligentes, incluindo celulares, tablets e notebooks, rodando inúmeros sistemas operacionais.
“À medida que mais dispositivos contam com capacidade de processamento e conexão à
internet, é criada uma oportunidade para fornecer novas capacidades para usuários finais ao
oferecer suporte para o desenvolvimento de infraestrutura, aplicativos, serviços e componentes
móveis para plataformas baseadas na arquitetura Intel”, explica Arvind Sodhani, vice-presidente
da Intel Capital.
Outros setores potenciais para investimentos da Intel Capital são: data center e
computação em nuvem, casa digital, internet para consumidores, software e serviços, tecnologia
limpa e manufatura/memória.
No Brasil, onde são injetados recursos em um a dois novos negócios por ano, o
portfólio de investimentos tem sido diversificado para o segmento de mídia social, projetos
4. Ver Anexo 3 – Exemplo de saídas recentes da Intel Capital no Brasil.
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de TVs inteligentes, tablets e smartphones. Computação em nuvem, tecnologias de varejo
eletrônico e ponto de venda, segurança, TVs e dispositivos embarcados também estão na mira
de investimentos da empresa. “Pretendemos aumentar o número de investimentos da Intel
Capital no Brasil e estamos aproveitando o aquecimento do mercado brasileiro para vender
parte do nosso portfólio”, destaca Ricardo Arantes.
4.2. Telefônica Brasil
Benchmark para o setor global de telecom, o grupo Telefônica é líder no mercado
brasileiro, com suas operações integradas de telefonia fixa, telefonia móvel e televisão por
assinatura. Em 2010, gerou no Brasil receitas de R$36 bilhões, o que representa cerca de 15%
da receita do grupo no mundo.
O crescimento com resultados consistentes nos últimos 10 anos é fruto de uma série
de realizações para corresponder às ousadas expectativas dos seus acionistas. A empresa
cumpriu metas de universalização um ano antes do prazo regulamentar, foi pioneira na oferta
de banda larga ao consumidor final no Brasil (com o Speedy) em 2004 e a única grande
operadora no mundo a ter crescimento de planta na telefonia fixa em 2010.
Essas realizações foram sustentadas por inovações incrementais, em processos,
extensões de produtos e novos mercados. Na Telefônica Brasil, inovações incrementais
ocorrem dentro de cada área, estimulada por ações de mudança cultural e comunicação. Ela
gera o resultado ano a ano e traz melhorias de curto e médio prazos. Ricardo Kahn, gerente de
inovação e novos negócios da Telefônica do Brasil, destaca a importância dessas inovações
para a Telefônica: “Em uma empresa de grande porte, uma pequena economia ou um pequeno
aumento de receita que afete um grande número de clientes pode gerar importantes resultados,
com valores que poucas start-ups conseguem faturar anualmente”, explica Ricardo Kahn.
Entretanto, para manter o crescimento no maduro mercado de telefonia, atingindo
metas cada vez mais agressivas, a Telefônica também tem concentrado esforços significativos
na busca de inovações denominadas estratégicas, que presumem maiores riscos e retornos
potenciais. “A inovação estratégica ajuda a desenhar o nosso sonho de futuro”, afirma Ricardo
Kahn.
Esses esforços incluem reflexões sobre questões estratégicas relacionadas aos negócios
da empresa, tais como:
• “Devemos investir em VoIP ou combatê-lo?”
• “Faz sentido investirmos em devices?”
• “Devemos oferecer serviços de suporte em tecnologia?”
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
• “Como será a televisão daqui a 10 anos?”
• “Quais serão nossos próximos concorrentes? Google, Sony, Apple, HP, Microsoft?”
A busca da inovação estratégica na Telefônica reflete a sua prática interna de corporate
venturing, com investimentos em negócios diferenciados para crescer de forma rentável.
A abordagem da empresa para promover a inovação estratégica é diferente da utilizada
para inovações incrementais. Em nível mundial, essa abordagem envolveu a criação da unidade
de negócios global Telefônica Digital e a definição de sete plataformas globais de inovação . No
Brasil, o Centro de Inovação da Telefônica é responsável pelo desenvolvimento de inovações
e novos negócios. Essa estrutura distinta ajuda a empresa a enfrentar a resistência existente
dentro e fora da empresa em relação a inovações estratégicas. A importância da agilidade
nesse desenvolvimento é destacada por Ricardo Kahn: “Pensamos longe, mas devemos agir
rápido. O caso dos tablets e netbooks mostra a velocidade do impacto da inovação. Em 2009
foram vendidos 36 milhões de notebooks e em 2011 a venda de tablets deve atingir 45 milhões”.
O funil da inovação na Telefônica
“Inovação presume risco. Para assumi-lo é necessário ter processos muito bem
definidos e bastante disciplina”, explica Ricardo Kahn, gerente de inovação e novos negócios
da Telefônica Brasil.
Na Telefônica, negócios emergentes passam pelo funil da inovação, que inclui as
seguintes etapas do ciclo de desenvolvimento de novos negócios: prospecção, avaliação
(Teste Ácido), Prova de Conceito, Incubação e Roll-Out.
Ao buscar a inovação estratégica com negócios emergentes, o objetivo da Telefônica
não é o retorno financeiro a curto prazo. Nesse caso, a agilidade é considerada primordial e
erros são aceitáveis, dentro de uma visão de portfólio. “Algumas iniciativas do nosso funil de
inovação terão sucesso e outras falharão. O importante é ‘errar rápido para errar pequeno’”,
destaca Ricardo Kahn.
A empresa busca, entretanto, manter o “funil” permeável. Conhecimentos e tecnologias
são acessados interna e externamente. Alguns negócios emergentes são geridos dentro e
outros fora da Telefônica . Decisões de entrada e saída no funil são feitas por um comitê de
inovação, em todos os projetos, com a utilização do modelo stage-gates. Esse comitê possui
uma forte adesão da alta gestão (presidente, CEO das unidades móvel e fixa, vice-presidentes
das unidades e pessoas do centro de inovação corporativo, na Espanha). A coordenação dos
projetos é feita pela área de inovação em todas as etapas.
Para a definição dos projetos do funil, a Telefônica promove ondas de ideation. Já foram
5. Ver Anexo 4 – Inovação da Telefônica em nível global.
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realizadas diversas ondas de ideation na empresa. Cada uma segue uma filosofia diferente. Na
primeira, por exemplo, foi contratada uma consultoria para ajudar na busca de benchmarks.
Outras ondas buscaram ideias junto a fornecedores e universitários. A frequência dessas ondas
depende da necessidade da empresa, conforme o andamento dos projetos do seu funil de
inovação. Em geral, uma a duas ondas são realizadas por ano. Além disso, novas ideias podem
entrar fora das ondas, em estágios mais desenvolvidos. Alguns projetos de parceria com outras
empresas e fusões e aquisições ocorrem dentro do processo também.
Após a avaliação e um teste inicial do novo negócio (Teste Ácido), a Telefônica realiza
a prova de conceito do projeto, cujo objetivo é levar o novo produto sem demora à avaliação
dos clientes. “A prova de conceito se assemelha a uma pesquisa. Não é um piloto. O produto
é desenvolvido, mas sem buscar lucro. Pode até custar mais caro, mas precisamos fazer
rapidamente. O objetivo é ver a reação do cliente e buscar respostas a algumas questões”,
explica Ricardo Kahn. Nesse estágio, a empresa procura não envolver seus processos principais.
O objetivo é testar na prática as premissas e identificar principais riscos e gargalos comerciais,
operacionais, técnicos e outros.
A Incubadora
Para a aceleração do desenvolvimento dos projetos, a Telefônica estabeleceu uma
incubadora, que busca simular o ambiente de uma start-up com recursos de venture capital. A
incubadora foi estruturada de maneira a garantir certa independência em relação à organização-
mãe e possui alguns processos facilitados em relação a outras unidades da empresa.
É interessante notar que os projetos da incubadora fazem parte da Telefônica (não
possuem um CNPJ separado), mas não estão ligados à marca Telefônica. Por exemplo, os
cartões dos executivos da At Home, empresa recém-graduada da incubadora, não seguiam o
padrão da Telefônica, mas apresentavam apenas o nome e logotipo da empresa incubada.
Os projetos reportam para um “Conselho da Incubadora”, composto pelo CEO e pelos
principais VPs da empresa. Esse conselho é responsável pela aprovação dos projetos, para os
quais são definidas metas bimestrais e uma burn rate .
Após a aprovação de um projeto a ser incubado, o time do negócio (equipe de
incubação) é definido e movido para outro local físico. Isso promove uma maior sensação de
start-up. A responsabilidade pela incubação é definida para mais ou menos cinco pessoas,
que começam a gerenciar o negócio, realizando atividades como a elaboração de contratos,
promoções de serviços, contratação de pessoas, atendimento e manutenção. “A incubadora
fornece um ambiente separado, menos hierárquico, para os projetos que visam a inovações
estratégicas para a Telefônica. Isso estimula a criatividade e permite que os projetos tenham o
ritmo de start-ups”, destaca Ricardo Kahn.
6. Ver Anexo 5 – Funil permeável de inovação da Telefônica.
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
A incubadora também recebe suporte da “Oficina da Incubadora”, que consiste em um
escritório administrativo subordinado à diretoria de inovação. O apoio ocorre em questões
como orçamento, contratos guarda-chuva e relatórios.
Roll-Out
Os projetos ficam de um a dois anos, no máximo, na incubadora. A estratégia de saída
é elaborada ao longo do processo de desenvolvimento do projeto. A definição da saída dura
mais ou menos um ano. Em alguns casos, é feito um spin-off, com a incorporação de uma nova
empresa. Em outros casos, o novo negócio é incorporado aos processos da Telefônica, o que
pode ocorrer no seu mercado tradicional, em mercados inexplorados ou em outras indústrias.
“A medida de sucesso nas inovações da Telefônica é conseguir “subir a montanha e descer,
chegando vivo embaixo”. A saída da incubadora é desafiante, especialmente quando ocorre a
incorporação aos processos da Telefônica”, destaca Ricardo Kahn.
Exemplos de Projetos
Um dos projetos coordenados pela área de inovação da Telefônica foi a adesão da
empresa ao programa de “Banda Larga Popular” criado pelo Governo do Estado de São Paulo.
Lançado na cidade de Tiradentes, o serviço oferece banda larga pré-paga ao preço de R$29,80
por 31 dias, em zonas de baixa renda, com tecnologia wi-mesh/WI-fi.
Esse projeto foi desenvolvido na incubadora de negócios da Telefônica e teve
recentemente sua saída através da incorporação à empresa.
O Banda Larga Popular diferencia-se do modelo de negócios tradicional da Telefônica.
O serviço é pré-pago e sua compra é feita pela loja online da empresa ou em pontos de venda.
O marketing é do tipo “boca a boca”, enquanto moradores da própria comunidade, da zona
Leste de São Paulo, são os vendedores. O processo de instalação da banda larga popular
é diferente do processo tradicional da Telefônica. Há um link de acesso, que é levado para
diversos apartamentos.
O projeto obteve sucesso comercial, atingindo a venda de 9 mil recargas em junho de
2011. No piloto, com apenas cinco promotores, conseguiram-se 10 mil cadastrados. De junho de
2010 a junho de 2011 o número subiu de 2 mil para 60 mil apartamentos do tipo Cohab com o
Banda Larga Popular da Telefônica. O número de usuários atingiu 100 mil. Os benefícios sociais
alcançados também são significativos, já que favorece a prestação de serviços pela internet
e estimula a presença das crianças em casa: “O sistema está tirando a molecada da rua. Com
o Banda Larga Popular, as crianças ficam mais dentro de casa, evitando as lan houses, onde
não se sabe que tipo de companhia as crianças terão”, explica Eduardo Koki Ilha, o gerente
responsável pela incubação do projeto Banda Larga Popular.
7. Burn rate é a taxa na qual um negócio gasta os fundos fornecidos para financiar suas despesas gerais antes de gerar fluxo de caixa positivo em suas operações. É uma medida de fluxo de caixa negativo. Ver Anexo 6 – Incubadora de Negócios da Telefônica
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Ricardo Kahn destaca que projetos da área de inovação estratégica como o Banda
Larga Popular propõem novas formas de trabalhar para a Telefônica. “Como falar para os
instaladores do Speedy que 10 de 40 mil instalações serão feitas de forma diferente? Isso é
quebrar regras, o que incomoda e dá trabalho”, destaca o executivo.
Outros projetos coordenados pela área de inovação estratégica da Telefônica Brasil
são o At Home, o TecTotal e o Talky.
A At Home fornece automação de ambientes, equipamentos e segurança para
residências de alto padrão. A empresa está saindo da incubadora com sucesso. Só em 2010,
suas vendas atingiram 2 mil projetos.
A TecTotal, criada em 2007, oferece suporte a informática, áudio e vídeo. Em 2011, vendeu
50 mil pacotes por mês. A empresa nasceu na primeira onda de ideation da Telefônica. Isso
ocorreu internamente, com funcionários da Telefônica. Após a sua incubação, foi incorporada
como uma empresa separada em parceria com outros investidores, como a Intel Capital.
O Talky, que oferece telefonia através da internet para o uso em qualquer dispositivo
conectado (computadores, tablets, celulares, orby, etc.), terminou recentemente sua prova
de conceito e disponibilizou seu software para todos os navegadores e para celulares Apple,
Android e Nokia. “O Talky consiste em uma quebra de paradigma na Telefônica, onde VoIP era
um assunto muito delicado. Mesmo que não haja um roll-out no mercado, ele trouxe grande
aprendizagem para a empresa”, destaca Ricardo Kahn.
Iniciativas Recentes
Três novas iniciativas da Telefônica em 2011 visam a impulsionar ainda mais o
desenvolvimento de inovações estratégicas no Brasil: o Centro de Inovação, o Projeto Wayra e
o Fundo de Investimento em Inovação.
Centro de Inovação
Em fevereiro de 2011 a Telefônica do Brasil passou a abrigar, em São Paulo, um Centro
de Inovação e Desenvolvimento do Grupo. Esse é o segundo centro de inovação da Telefônica
fora da Espanha e possui um maior foco em novos negócios do que os demais, que enfatizam
atividades de P&D. Esse centro de inovação terá foco nos estágios iniciais de novas soluções
(incubadoras, provas de conceito e aceleradoras) e também em iniciativas tecnológicas
de vídeo, redes móveis e serviços via fibras óticas domiciliares. “O Centro de Inovação nos
propiciará uma atuação ampla no ‘funil de inovação’, do P&D ao crescimento do negócio”,
destaca o presidente da Telefônica do Brasil, Antônio Carlos Valente .
8. Ver Anexo 7 – O Centro de Inovação da Telefônica no Brasil.
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30 •••
RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
Segundo o presidente, fibra ótica de vídeo e TV banda larga serão priorizadas pelo
centro de inovação por causa do estágio avançado do país nessas áreas. “O Brasil está na
vanguarda nessas áreas, justo aquelas em que a empresa passou a apostar recentemente.”
O centro de inovação da Telefônica do Brasil consiste em uma unidade à parte, que
se reporta a um conselho do centro de inovação, composto por altos executivos da Espanha
e pela empresa de P&D da Telefônica na Espanha. “Usufruímos de uma maior autonomia, por
estarmos submetidos ao conselho do centro de inovação, como se fôssemos outra unidade de
negócios autônoma dentro do Grupo Telefônica”, destaca Ricardo Kahn.
Fundo de Investimentos em Inovação
As novas iniciativas da Telefônica do Brasil para promover a inovação estratégica
incluirão atividades de corporate venturing externo. “Sabemos que não é só dentro da
Telefônica que surgem grandes oportunidades para a empresa”, diz Ricardo Kahn.
A Telefônica planeja criar um fundo de investimentos em inovação para apoiar
financeiramente negócios inovadores desenvolvidos externamente à empresa. Diversos países
da América Latina terão fundos próprios com esse objetivo. Os recursos serão alocados tanto
em venture capital (forma de investimento para estágio inicial de novos empreendimentos ou
serviços) quanto em growth capital (pequenas e médias empresas que tenham potencial de
se tornarem grandes). Esse fundo contemplará, além da Telefônica, a participação de outros
parceiros públicos e privados. Anteriormente a essa iniciativa, a Telefônica fazia investimentos
diretos ad hoc em empresas externas com recursos próprios. “Temos no Brasil alguns fundos
de investimento, mas este será diferente. A Telefônica será um aplicador que poderá gerar
condições de utilização dos produtos em seu próprio negócio”, explica Antônio Carlos Valente,
presidente da Telefônica do Brasil. Segundo o presidente, os recursos serão aplicados em
projetos e tecnologia de sete áreas específicas: saúde eletrônica, computação em nuvem,
aplicações móveis, serviços de segurança, serviços financeiros, tráfego e máquinas e aplicações
de plataformas de vídeo.
Projeto Wayra
O projeto Wayra (que significa “vento”, em quíchua, antiga família de línguas indígenas
da América do Sul), lançado pela Telefônica em março de 2011, propõe-se a alavancar o talento
de pequenos empreendedores da América Latina através de aceleradoras de projetos em sete
países da América Latina e na Espanha. Serão selecionados 10 projetos por país, os quais
receberão entre 50 e 100 mil dólares em uma primeira fase. “O Wayra busca a inovação em
estágios bem ‘seed’ (iniciais), tentando despertar o potencial de inovação na América Latina”,
aponta Ricardo Kahn.
9. Ver Anexo 8 – Projeto Wayra.
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 31
Para José María Álvarez-Pallete, ex-presidente da Telefónica Latinoamérica e atual
presidente da Telefónica Europe, com o projeto Wayra a Telefônica exercerá um papel diferente
de uma incubadora tradicional, agregando ao suporte financeiro um hub iberoamericano.
Através desse hub, as empresas terão um espaço de trabalho e apoio nas necessidades de
marketing, produtos e jurídicas.
Segundo Ricardo Kahn, gerente de inovação e novos negócios da Telefônica do Brasil,
o Wayra será um modelo forte de incubação, mas a Telefônica não terá o objetivo de adquirir
a empresa do empreendedor. Em contrapartida aos investimentos, a empresa solicitará a
participação no patrimônio líquido da empresa através de um call e o direito de preferência
sobre produtos e serviços.
Os projetos brasileiros serão financiados pela operação brasileira, dentro das iniciativas
do centro de inovação da Telefônica do Brasil, mas contam também com o patrocínio do
presidente da Telefónica Latinoamérica.
O Wayra possui um processo bem definido de seleção e avaliação de projetos, com
possibilidade de duas rodadas de financiamento e eventual entrada no fundo de investimento
que será lançado pela Telefônica .
Para a seleção de 10 projetos na Colômbia, 10 na Espanha e 10 no México, 1.500 planos
de negócio foram avaliados. No Brasil, mais de 500 projetos foram avaliados, 30 levados para a
Semana Wayra, em que os planos de negócio serão desenvolvidos com o auxílio de mentoring;
e, desses 30, 10 foram selecionados para ter o apoio da aceleradora.
Os projetos escolhidos terão, durante seis meses a um ano, um espaço comum para
desenvolver as suas ideias, o que permitirá a interação entre eles. Esse local será dotado de
infraestrutura com tecnologia de ponta e no suporte estará o Centro de Inovação da Telefônica.
Também receberão treinamentos, monitoramento e ensinamentos mercadológicos, que vão
desde como montar uma empresa até a elaboração de contratos. A seleção deve ser semestral
ou anual para reposição de projetos.
Critérios internos para a seleção foram definidos pela Telefônica, mas a empresa conta
com parceiros para ajudar na seleção. As parcerias desenvolvidas no âmbito desse projeto
podem gerar coinvestimentos em projetos desenvolvidos na Wayra.
O Call for Ideas do projeto Wayra foi lançado nas mídias sociais focadas nas
comunidades de empreendedores. As áreas de investimentos incluem 10 frentes nos setores
de “TI e Comunicações” e a “Inovação Social” (novas ideias que respondem a necessidades não
atendidas e que melhorem a vida das pessoas).
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32 •••
RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
Para José María Álvarez-Pallete, o objetivo é criar uma réplica do Vale do Silício na
América Latina, promovendo o nascimento de start-ups na região e retendo os melhores
talentos na área das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).
4.3. Dow
A Dow é uma líder mundial na indústria química. Com um portfólio diversificado nas
áreas de Químicos Especiais, Materiais Avançados, Ciências Agrícolas e Plásticos, oferece
ampla variedade de soluções e produtos com base em tecnologia para mais de 160 países e
em setores fundamentais, como água, energia, infraestrutura, saúde e bens de consumo.
Desde a sua fundação, em 1897, a Dow tem inovação como parte importante da sua
missão. Conforme destaca Pedro E. Suarez, presidente da Dow para a América Latina, “a
matéria-prima da Dow sempre foi a inovação. Presente em seu DNA, é combustível e motor
para as transformações promovidas na Dow e pela Dow”.
A empresa é reconhecida por seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento,
os quais originaram diversos produtos de uso industrial e residencial, como resinas plásticas
(resinas de poliestireno STYRONTM, por exemplo), poliol a partir de óleos vegetais, sistemas de
tratamento de água e a produção de polietileno a partir do etanol de cana-de-açúcar.
Nos últimos anos, a empresa tem promovido uma transformação no seu portfólio
de negócios, buscando uma atuação mais forte no mercado de especialidades. O objetivo é
diversificar sua linha de produtos, atuando em segmentos de mercado de maior rentabilidade
e diminuindo sua dependência de derivados de petróleo. O principal movimento nesse
sentido foi a aquisição da Rohm and Haas, em 2009. A linha de produtos da Rohm and
Haas é diversificada e não muito dependente da variação dos preços do petróleo, incluindo
ingredientes para o cuidado pessoal, alimento, embalagens e fármacos. Com a aquisição, a
Dow criou uma companhia líder global em químicos de especialidades e materiais avançados
através da combinação das tecnologias líderes de ambas as empresas.
Hoje quase dois terços dos negócios da Dow são provenientes das suas divisões de
especialidades, incluindo materiais avançados, saúde e ciências agrícolas e sistemas e produtos
de performance. A divisão de básicos da empresa, cujo objetivo principal é a integração vertical
para trás em relação aos negócios de especialidades, ainda gera receitas anuais de US$20,5
bilhões .
Estratégia de inovação
A busca por inovações na Dow está alinhada a quatro megatendências relacionadas
aos seus negócios: saúde e nutrição; energia; infraestrutura e transportes; e consumo.
Ver Anexo 9 – Receitas por divisões da Dow em 2011. / Ver Anexo 10 – Focos da estratégia de inovação da Dow.
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 33
Na área de saúde e nutrição, o interesse da Dow está na tendência de crescimento
do mercado de alimentos funcionais, sementes e proteção de colheitas. Na área de energia,
os crescentes mercados de tecnologias limpas, energia solar e eólica e equipamentos para
armazenamento de energia são a motivação principal. Na área de consumo, a Dow quer
atender os setores de eletrônicos e comunicações; produtos pessoais e para casa; e de
utensílios domésticos, que apresentam tendência de crescimento, especialmente em mercados
emergentes. Na área de transportes e infraestrutura, o foco está nos setores automotivo,
de construção (devido ao crescimento dos investimentos em infraestrutura de transportes
de alguns países) e de soluções sustentáveis para a água (demandadas pelo crescimento
populacional) .
Estrutura para a aceleração da inovação na Dow
Além das suas atividades de P&D, a Dow possui três frentes dedicadas à inovação
e geração de novos negócios: venture capital, venture & business development (V&BD) e
licensing.
A área de venture capital possui a responsabilidade pelo desenvolvimento de novos
negócios na empresa, através do investimento em empresas privadas em estágio geralmente
embrionário, com alto potencial de crescimento e onde a Dow pode contribuir como investidor
estratégico. Nesse caso, parâmetros financeiros e objetivos estratégicos do negócio são os
principais critérios para a decisão de investimento.
Na área de ventures & business development da Dow o objetivo é alimentar o funil de
inovação e gerenciar um portfólio de oportunidades tecnológicas e de negócios que posicione
a empresa para o crescimento.
A criação de valor e o alinhamento estratégico com os negócios da Dow são essenciais
nos investimentos dessa área. “O grupo de V&BD atua como um catalisador para os negócios
da Dow. O objetivo do investimento pode ser o desenvolvimento de uma tecnologia que ajude
em algum projeto que está sendo desenvolvido pela Dow ou a geração de um novo negócio
para a empresa”, destaca Marcelo Pasquali, diretor de M&A da Dow Brasil.
As atribuições da equipe de V&BD da empresa, que inclui analistas técnicos, comerciais
e financeiros, são as seguintes:
• Identificar/analisar novas tecnologias e quantificar novas oportunidades de mercado para
a Dow.
• Fornecer à Dow um fluxo de novos conceitos e avaliações.
• Interagir com fontes emergentes de tecnologia, focando no desenvolvimento de
relacionamentos estratégicos.
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34 •••
RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
• Identificar e interagir com oportunidades emergentes baseadas em tecnologia. Para tanto,
conta com a ajuda do grupo de technology scouting da Dow.
O grupo de technology scouting da Dow conecta-se com o mercado de tecnologias
emergentes, identificando oportunidades de criação de valor em um estágio embrionário. “O
objetivo é combinar necessidades de mercado com invenções tecnológicas”, explica Marcelo
Pasquali. Nesse sentido, busca o desenvolvimento de networking com diversas entidades,
como incubadoras, programas de matchmaker, laboratórios de pesquisa nacionais e de
universidades, assim como empresas start-ups geradas nesses laboratórios. Os esforços desse
grupo são customizados por região geográfica.
Após incubar e promover a comercialização dos negócios nos quais a área de V&BD
investe, a Dow os incorpora ou os transforma em novos negócios da empresa.
Já a área de licensing gerencia a transferência de ativos intelectuais e tecnologias para
dentro e para fora da Dow, considerando como critérios de seleção o retorno financeiro, a
propriedade intelectual e a liberdade para operar.
O processo de avaliação de novos negócios da Dow
A Dow possui um processo disciplinado de avaliação das oportunidades, com base em
dados e dividido nas seguintes etapas:
• 1ª fase – prova de valor: nessa fase a instituição realiza uma avaliação rápida do conceito das
tecnologias capacitantes e das oportunidades de mercado. O escopo do negócio também é
definido.
• 2ª fase – desenvolvimento de opções: “Na fase de desenvolvimento de opções a chave são
os modelos de negócio”, destaca Marcelo Pasquali, diretor de M&A da Dow Brasil. Nessa etapa,
são desenvolvidas as opções de participação da empresa no negócio, buscando um modelo
de investimento adequado, seja ele realizado pela área de venture capital ou de V&BD da Dow.
Em paralelo, são desenvolvidos os planos financeiro e tecnológico do negócio.
• 3ª fase – implementação: a última fase do processo inclui o teste final de mercado e o
lançamento de novos produtos . Todos os investimentos da Dow que envolvem patrimônio
líquido devem ser aprovados pelo menos pelo chief operator officer (CEO) e pelo chief financial
officer (CFO) da empresa. Em alguns casos, também é necessária a aprovação do conselho.
A Dow busca um nível de ingerência nos seus investimentos. Em pequenas empresas, a
sua maior preocupação é com a gestão financeira. Normalmente, um gerente financeiro cuida
de várias joint ventures da Dow.
Ver Anexo 11 – O processo de avaliação de novos negócios da Dow.
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 35
Casos de Sucesso
Alguns exemplos de soluções inovadoras ilustram a prática bem-sucedida de corporate
venturing da empresa, realizada de diversas formas, como investimentos de venture capital,
joint ventures, parcerias e projetos de desenvolvimento conjunto.
As telhas em placas solares Dow Powerhouse™ são um exemplo. Indicadas como uma
das “50 Melhores Invenções de 2009” pela revista Time, essas telhas em placas fotovoltaicas
permitem um maior aproveitamento da energia solar em casas. Elas diferenciam-se por se
integrarem ao telhado de telhas asfálticas tradicionais, que representa 90% das casas na
América do Norte, tornando-as mais agradáveis em termos estéticos e amigáveis à vizinhança
do que a opção de painéis solares. Além disso, as telhas em placas solares podem ser aplicadas
ao mesmo tempo em que é instalado o telhado em telhas asfálticas, portanto, uma aplicação
de uma só etapa.
A Dow Powerhouse é consequência de uma série de investimentos da Dow no setor de
soluções solares. Em 2007, após receber financiamento de US$20 milhões do Departamento
de Energia dos EUA para desenvolver produtos geradores de energia solar na construção
civil, a Dow formou a unidade de negócios Dow Soluções Solares. Dentro dessa unidade,
surgiu a ideia para o desenvolvimento das telhas em placas fotovoltaicas, mas a Dow
precisava desenvolver tecnologia para viabilizar o projeto. “O desafio era transformar em algo
comerciável”, explica Marcelo Pasquali. Assim, a Dow fez um investimento de venture capital
na NuvoSun, especializada em tecnologia para finas películas fotovoltaicas que utilizam cobre
índio gálio selênio (CIGS). Em seguida, trouxe essa tecnologia para sua unidade de negócios,
que viabilizou o desenvolvimento do novo produto.
A Dow também inovou através da joint venture Dow Kokam, estabelecida em 2009
para desenvolver e produzir soluções tecnologicamente avançadas e economicamente viáveis
em baterias para os setores industriais (especialmente o automotivo), médicos, de transporte
e de defesa. A JV uniu a Dow, a TK Advanced Battery LLC (produtora de baterias) e a Dassault
(aplicadora de baterias), promovendo uma inovação tecnológica com o desenvolvimento de
uma bateria mais eficiente. “Essa iniciativa está dentro da megatendência identificada pela
Dow que tem foco na armazenagem de energia”, destaca Marcelo Pasquali.
Também focando essa megatendência, a Dow realizou uma parceria com a Solazyme,
empresa líder em bioprodutos e óleos renováveis. Com a Solazyme, a Dow investiu no
desenvolvimento de óleos com características elétricas através de algas para uso em
fluidos isolantes dielétricos biobaseados, importantes para manter transformadores e outros
dispositivos elétricos.
Outra parceria da Dow ocorreu em 2011, junto à Opxbio, empresa de biotecnologia, a fim
de provar a viabilidade técnica (tecnologia de desenvolvimento genético) e econômica de um
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36 •••
RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
processo industrial de grande escala para produzir ácido acrílico utilizando açúcar fermentável
(exemplo: milho e/ou cana-de-açúcar) como matéria-prima. Nesse projeto de desenvolvimento
conjunto do ácido acrílico com fonte renovável, a Dow e a Opxbio buscaram obter o mesmo
desempenho do ácido acrílico baseado em petróleo, criando opção de substituição direta no
mercado. O ácido acrílico é um componente químico utilizado em diversos bens de consumo,
incluindo tintas, adesivos, fraldas e detergentes.
Investimentos no Brasil
Apesar de a estrutura de corporate venturing da Dow ser coordenada globalmente (as
decisões de investimentos devem ser aprovadas pela matriz), recentemente a matriz percebeu
que os mercados em crescimento precisavam de maior atenção da empresa e promoveu
um processo de descentralização das suas atividades de CV. Nesse processo, a empresa
estabeleceu, em 2011, uma equipe de V&BD para a América Latina. Essa equipe, baseada no
Brasil, tem buscado oportunidades de crescimento para a Dow na região, especialmente nos
seguintes setores:
• Energia: inovações no plástico, incluindo alternativas de energia renováveis; materiais mais
leves para veículos.
• Saúde e nutrição: agrociência (desenvolvimento de germoplasma).
• Consumo: embalagens sustentáveis para bebidas, produtos de casa e de cuidado pessoal.
• Transporte e infraestrutura: coberturas, produtos e adesivos de isolamento (investimentos do
governo em infraestrutura e crescimento da classe média têm contribuído para o aumento do
mercado desses produtos), produção de automóveis robustos.
No Brasil a sustentabilidade direciona as inovações. O recente investimento da Dow
para a produção de etanol com base em cana-de-açúcar em joint venture com a Mitsui no país
ilustra esse direcionamento.
O objetivo da joint venture é criar uma plataforma de produção de biopolímeros para
atender os mercados de produtos de higiene, médicos e de embalagens. A novidade desse
projeto em relação aos investimentos de outras empresas em biopolímeros (exemplo: fábricas
da Braskem) é a integração das plantações com a usina e a fábrica de resinas. “As instalações
deverão ser totalmente integradas com a cana-de-açúcar renovável, possibilitando a produção
ambientalmente sustentável de plástico de alto desempenho com redução da pegada de
carbono”, diz o diretor de negócios para alternativas verdes e de desenvolvimento de novos
negócios da Dow para a América Latina, Luís Cirihal.
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 37
Luís Cirihal também destaca que o projeto será competitivo globalmente e que a
tecnologia possui um grande potencial para avançar, especialmente no desenvolvimento de
novas tecnologias para a rota verde de resinas e em pesquisas sobre a cana-de-açúcar. “A
produtividade comercial da cana, que em regiões mais competitivas é de 90 a 100 toneladas
por hectare ao ano, poderá atingir 180 a 200 toneladas por hectare ao ano dentro de 10, 15 ou
20 anos”, diz o gerente de desenvolvimento estratégico do Centro de Tecnologia Canavieira
(CTC), Jaime Finguerut. A cana-de-açúcar, segundo o especialista, tem capacidade para
produzir em média o dobro de biomassa do milho, o mais próximo dentre seus concorrentes.
O objetivo da Dow é ter um produto viável financeiramente e capaz de abrir novos
mercados para a resina “verde”. “O futuro dos renováveis não pode ser dependente de nichos.
O plástico verde produzido pela Dow no Brasil será competitivo com o plástico fóssil”, explica
Marcelo Pasquali, diretor de M&A da Dow Brasil.
Enquanto o investimento em biopolímeros da Dow no Brasil constitui uma integração
para trás em relação aos seus negócios de especialidades, os demais negócios de V&BD da Dow
no país não possuem essa característica. O portfólio inclui investimentos no desenvolvimento
de germoplasma no Brasil (utilizando tecnologia de agrociência desenvolvida na matriz da
Dow) e de resinas para o tratamento de água.
4.4. IBM
A IBM, uma das maiores empresas de tecnologia da informação do mundo, é líder
em soluções completas de TI, que envolvem serviços, consultoria, hardware, software e
financiamento. Nos seus 94 anos de presença no Brasil, a companhia acompanhou – e muitas
vezes orientou – as mudanças e avanços da indústria. Hoje, a IBM possui soluções de ponta
a ponta, adequadas a empresas de todos os portes e perfis de negócios. Presente em mais
de 170 países, a IBM opera no modelo de empresa globalmente integrada e emprega cerca
de 400 mil pessoas em todo o mundo. Em 2010, atingiu um faturamento global de US$99,9
bilhões.
Ao longo dos últimos anos, a IBM transformou completamente seu modelo de negócios.
A empresa desfez-se de várias atividades que já tinham se transformado em commodities,
como os segmentos de PCs e impressoras, e ampliou os investimentos em áreas-chave de alto
valor, como consultoria, informação on demand e serviços.
No Brasil, a empresa mais do que dobrou de tamanho nos últimos quatro anos. Hoje, o
país possui um dos quatro centros de prestação mundial de serviços da IBM, em Hortolândia,
além de unidades em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Nessas quatro unidades estão
localizados aproximadamente 80% da força de trabalho da IBM Brasil, que também possui
escritórios em outras 13 cidades brasileiras.
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38 •••
RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
Em 2009, estabeleceu um laboratório de pesquisas no país, o 9º da empresa no mundo
e o primeiro no Hemisfério Sul. Atualmente a IBM tem laboratórios de pesquisa nos EUA, na
China, na Suíça, em Israel, na Índia, no Japão e no Brasil, dedicados à busca de inovações para
negócios estratégicos da IBM.
Além do laboratório de pesquisas, a IBM Brasil conta com atividades da matriz
que estimulam o empreendedorismo em todo o mundo, incluindo o Programa Global de
Empreendedorismo e o grupo de venture capital. Dessa forma, vem desenvolvendo novos
negócios alinhados com as iniciativas estratégicas de crescimento da empresa.
Estratégia Corporativa Global da IBM
Considerando as mudanças em curso na indústria mundial de tecnologia da informação
(TI) desde o início do século XXI, incluindo a emergente importância da integração global,
a introdução de um novo modelo computacional e as novas necessidades de integração e
inovação dos clientes, a IBM reformulou os seus negócios, deixando de atuar em segmentos
comoditizados e aumentando a sua presença em áreas de maior valor, como serviços, software
e soluções integradas.
Os princípios-chave da estratégia atual da IBM são:
• Entregar valor para as empresas clientes através de negócios integrados e inovação em TI.
• Alterar o mix de negócios para áreas de maior valor.
• Ser a primeira empresa globalmente integrada.
Essas prioridades refletem uma ampla mudança do padrão de consumo dos clientes,
que deixaram de investir em “produtos pontuais” e passaram a buscar soluções integradas, ou
seja, maior valor de negócio nos seus investimentos de TI.
Como parte dessa mudança, a empresa adquiriu 116 empresas desde o final de 2000,
com investimentos líquidos de 27 bilhões de dólares, complementando seu portfólio de
produtos e ofertas.
O reposicionamento competitivo da IBM significou um aumento expressivo da
participação dos segmentos de software e de serviços nos lucros da empresa de 2000 a 2010,
concomitantemente à diminuição da participação do segmento de hardware/financing nos
negócios da empresa nesse período .
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 39
Principais Frentes para o Crescimento
Dentro da sua estratégia corporativa global, a IBM selecionou quatro principais frentes
para suas iniciativas de crescimento. São elas:
• Mercados em crescimento: mercados emergentes mundiais têm apresentado uma expansão
econômica histórica, com a migração das suas populações para a classe média e a entrada
das suas economias no mercado global. Nos maiores mercados emergentes mundiais, como
China, Índia e Brasil, a IBM está ampliando sua base de habilidades e competências já bem
estabelecidas, quase dobrando o número de localidades das suas filiais. Em mercados menos
desenvolvidos, como a África, está alavancando clientes-âncora nos setores bancários e de
comunicações. Sua parceria recente com a Bharti Airtel Africa para fornecer telecomunicações
sem fio para 16 países da África ao sul do Saara é um exemplo.
• Planeta mais inteligente: inclui a visão da IBM de que a próxima revolução na indústria de TI
será a instrumentação e a integração dos processos e infraestruturas mundiais, desde matrizes
energéticas e dutos de energia a cadeias de fornecimento, segurança e sistemas de trânsito. A
empresa busca capturar e analisar dados desses sistemas, a fim de desenvolver maior eficiência,
produtividade e receptividade.
A IBM tem investido recursos significativos na captura de oportunidades relacionadas
a essa frente de crescimento. No Rio de Janeiro, a empresa está desenvolvendo um sistema
para integrar informações e processos em tempo real entre diversos departamentos da cidade,
incluindo a defesa civil, transportes e meteorologia, buscando uma infraestrutura de operações
sustentável em face do seu crescimento sem precedentes.
Projetos similares de infraestrutura estão sendo desenvolvidos em outras cidades
ao redor do mundo, tais como a Cidade de Ho Chi Minh, Xangai, Seul, Sydney, Helsinque,
Amsterdam, Rotterdam, San Francisco e Washington, D.C.
• Business analytics e otimização: permitem que os clientes identifiquem padrões nos dados que
não eram identificados anteriormente, entender sua exposição a riscos e prever os resultados
das suas decisões de negócio com maior certeza. A IBM identificou logo essa necessidade
emergente, tornando-se líder mundial na prática analítica, com 7,8 mil consultores especializados,
a principal função matemática não acadêmica do mundo e a aquisição de 25 empresas para
aprofundar suas competências. Seus cientistas receberam mais de 500 patentes analíticas.
Eles estão expandindo as fronteiras tecnológicas através de inovações radicais como o novo
computador denominado Watson, que ganhou US$1 milhão no Jeopardy!, o jogo de perguntas
e respostas mais popular da tevê norte-americana.
Com a aplicação do uso de analítica avançada do Watson, a IBM está trabalhando para
identificar melhores formas de diagnóstico na área de saúde e potenciais interações entre
Ver Anexo 12 – Faturamento da IBM por segmentos de negócio (2000/2010).
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40 •••
RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
medicamentos, melhorar páginas de suporte em sistemas de help desk e construir cenários em
finanças.
A abordagem da IBM nessa frente de crescimento é de ponta a ponta, fornecendo
soluções entre empresas e por indústrias.
• Computação em nuvem : criação de novos modelos computacionais que permitam a entrega
de serviços de TI de alto valor agregado. A importância da computação em nuvem provém
da junção de amplas reservas subutilizadas de tecnologia com virtualização e gerenciamento
altamente eficientes, interfaces amigáveis com os usuários e uma banda larga onipresente.
A IBM tem ajudado milhares de clientes a adotar a computação em nuvem, seja através
da construção de suas próprias infraestruturas baseadas em nuvem, do fornecimento de
serviços de segurança e integração, ou através da oferta de serviços de negócio e infraestrutura
(incluindo analítica avançada, colaboração e infraestrutura de TI, com servidores virtuais
e armazenagem ou acesso a ferramentas para o teste de softwares). A empresa agrega a
expertise dos seus consultores, tecnologia de ponta e um portfólio de serviços de computação
em nuvem focado nas exigências das empresas.
Corporate Venturing na IBM
As atividades de corporate venturing da IBM são realizadas através de um grupo de
venture capital, do Programa Global de Empreendedorismo e dos laboratórios de pesquisa
da empresa. Além disso, a empresa possui atividades de fusões e aquisições, joint ventures e
parcerias, que não serão abordadas neste documento.
Grupo de Venture Capital da IBM
Em 1999, quando a IBM tomou a decisão estratégica de sair do negócio de aplicativos,
percebeu que a construção de um ecossistema de parceiros que pudessem trabalhar juntos,
ao invés de competir, seria essencial para o seu sucesso no mercado.
Como parte dessa estratégia, a IBM formou em 2000 o seu grupo de venture capital.
Baseado nos EUA, ele atua globalmente em busca de inovações, mas sem investir em empresas.
Sua forma de atuação é o desenvolvimento proativo de relacionamentos estratégicos com
empresas de VC de primeira linha, focando em mercados em crescimento e em tecnologias
emergentes importantes para a IBM. O objetivo é estabelecer um ecossistema forte que favoreça
a inovação, através da identificação de tecnologias novas, complementares e relevantes para
as indústrias e clientes que a IBM atende.
O grupo de VC da IBM possui uma proposição de valor com três pilares:
Computação em nuvem é uma categoria de soluções de computação na qual uma tecnologia e/ou serviço permite aos usuários acessar recursos de computação on demand, conforme necessário, sejam os recursos físicos ou virtuais, dedicados ou compartilhados, independentemente de como eles são acessados (por meio de uma conexão direta, LAN, WAN ou da internet). Normalmente, a nuvem é caracterizada por interfaces de autoatendimento que permitem aos clientes adquirir recursos quando e pelo tempo que for necessário.
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 41
1) Empresas líderes de VC ganham insight sobre a visão e estratégia da IBM e a oportunidade
de gerar lucros nos seus investimentos.
2) Start-ups ganham acesso à expertise tecnológica da IBM, entrada no mercado, maior
credibilidade e validação das suas soluções.
3) A IBM ganha a possibilidade de aproveitamento das melhores tecnologias e potenciais
parceiros para o desenvolvimento de soluções inovadoras.
“ Trata-se de uma parceria em que todos ganham. A IBM expande o número de parceiros
comerciais, enquanto os parceiros aumentam seu portfólio de clientes e podem conquistar
alcance global”, explica Claudia Fan Munce, vice-presidente de estratégia corporativa e diretora
do IBM Venture Capital Group.
Programa Global de Empreendedorismo da IBM
Empresas parceiras da IBM podem se beneficiar do Programa Global de
Empreendedorismo da empresa, desenvolvido para empresas privadas com mais de três anos
de atividades, engajadas no desenvolvimento de produtos ou serviços baseados em softwares.
O programa é uma iniciativa que oferece às start-ups, sem nenhum custo, acesso às tecnologias
específicas da sua indústria-alvo em um ambiente de computação em nuvem. Além de ajudar
as start-ups a desenvolver, promover e vender seus produtos ou serviços, o programa facilita
a colaboração com outros integrantes do ecossistema da IBM.
Dentre os benefícios oferecidos às empresas estão:
• Visibilidade pela parceria com a IBM.
• Acesso sem custos ao portfólio de software da IBM, incluindo as tecnologias por indústria, a
fim de acelerar o desenvolvimento.
• Possibilidade de trabalhar lado a lado com cientistas e especialistas da IBM para desenvolver
novas tecnologias.
• Acesso aos gerentes de projetos da IBM para auxílio necessário no desenvolvimento de
produtos.
• Participação em tutoriais e oficinas em rede para construir planos de negócios junto com
empresas de venture capital, líderes governamentais, acadêmicos e especialistas da indústria
na rede global de 40 Centros de Inovação da IBM.
• Participação e interação no developerWorks, rede social de tecnologia da IBM, para se
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42 •••
RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
conectar com outros empreendedores e mais de 8 milhões de profissionais de TI ao redor do
mundo.
• Participação nos IBM SmartCamps, que buscam identificar start-ups que estão desenvolvendo
soluções alinhadas à visão da IBM de Planeta mais Inteligente. Este tipo de programa
proporciona às start-ups mentoring e networking. Ocorre o contato direto com as empresas de
investimento, acadêmicos e especialistas de marketing, comunicação e tecnologia que podem
ajudar a acelerar a entrada das soluções dos empreendedores no mercado.
Laboratório de Pesquisas da IBM Brasil
A IBM Brasil inaugurou em março de 2011 um laboratório de pesquisas e um Centro de
Soluções para Recursos Naturais no Rio de Janeiro, com foco em petróleo, gás e mineração.
“O laboratório da IBM Research no Brasil é o nono laboratório de pesquisas da IBM no
mundo. Sua missão é desenvolver inovação e tecnologia para um planeta mais inteligente. As
pesquisas conduzidas têm foco em quatro áreas: descoberta, exploração e logística ligada
a recursos naturais; dispositivos inteligentes utilizando avanços na área de semicondutores;
inovação com ênfase em eventos de larga escala, como a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos
Olímpicos de 2016; e ciências de serviços, com foco no entendimento, modelagem e simulação
de sistemas com foco em qualidade, eficiência e produtividade”, diz o Dr. Robert Morris, vice-
presidente de laboratórios globais da IBM Research.
A primeira grande realização do laboratório brasileiro é o PMAR, sistema de previsão
meteorológica criado para o Centro de Operações Rio. Trata-se de um modelo matemático
que pode prever a incidência de chuvas e possíveis enchentes com 48 horas de antecedência.
Em junho de 2011, foram inauguradas também instalações do laboratório de pesquisa
na sede da empresa, em São Paulo. A previsão é que o laboratório da IBM Research Brasil tenha
mais de 100 pesquisadores altamente qualificados nos próximos cinco anos. Os cientistas no
Brasil trabalham de forma integrada com os cerca de 3 mil pesquisadores que a IBM tem hoje
em laboratórios espalhados em cinco países.
O laboratório de pesquisas do Brasil trabalhará de forma integrada com o Centro
de Soluções para Recursos Naturais (NRSC). O objetivo do centro é ajudar empresas nos
segmentos de petróleo, gás e mineração a acelerar a adoção de tecnologias e estratégias de
negócios inovadoras.
O NRSC é o 3º Centro de Excelência da IBM no mundo com foco em petróleo e gás e
o 2º dedicado à mineração. A empresa agregará o conhecimento de outros centros no mundo,
para fazer um trabalho colaborativo com os clientes e parceiros de negócio.
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 43
O novo espaço possibilita a realização de workshops executivos, seminários de
arquitetura, provas de conceito junto aos clientes, pesquisas e demonstrações em tempo real
de soluções tecnológicas. Entre as áreas de inteligência do centro, destacam-se: gestão de
ativos, sustentabilidade e logística.
5. Open Innovation Seminar
O corporate venturing, segundo Vanhaverbeke, Van de Vrande e Chesbrough (2008),
pode se beneficiar das práticas de open innovation. Bruno Rondani, diretor do Centro de
Open Innovation Brasil, afirma que as empresas adotam o CV para atrair internamente ideias
desenvolvidas externamente. Assim, a firma pode aproveitar algo que seja relevante para o seu
negócio e que é criado externamente à companhia, com o intuito de alimentar o seu sistema
de P&D e ampliar a sua capacidade de desenvolver novos produtos.
Segundo Rondani, a companhia também pode utilizar o CV para explorar externamente
ideias desenvolvidas internamente por seus funcionários. Isso é possível através da criação de
novos negócios como forma de exploração dessas linhas de negócios que não se enquadram
a sua atividade principal. Essas ações seriam uma alternativa para as grandes empresas que
investem grande quantidade de recurso em laboratórios de P&D e se encontram em um dilema
resultante da ineficiência desse processo de desenvolver todo o novo conhecimento gerado
na organização para torná-la mais competitiva. Essas opções para a firma são abordadas na
contextualização do conceito de open innovation. Sua relação com o CV resultou na realização
por parte do Núcleo Bradesco de Inovação e do Núcleo de Empreendedorismo da Fundação
Dom Cabral, em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), de
uma arena sobre o corporate venturing no Open Innovation Seminar entre os dias 23 e 25 de
novembro de 2011, na cidade de São Paulo.
O evento contou com uma apresentação do professor Henry Chesbrough, da University
of California – Berkeley, um dos autores mais renomados sobre CV e open innovation.
Chesbrough afirma que o tradicional modelo de pesquisa e desenvolvimento (P&D) é baseado
no sistema de inovação fechada, com o desenvolvimento de novos produtos para o mercado
dentro da empresa. Porém, este modelo vem apresentando custos crescentes, em que os
gastos 25 anos atrás eram de US$50 milhões para o desenvolvimento de uma nova droga na
indústria farmacêutica e menos de US$10 milhões no desenvolvimento de um produto para
o mercado consumidor. Atualmente, os custos chegam a US$800 milhões para a indústria
farmacêutica e mais de US$50 milhões para desenvolver um novo produto para o mercado
consumidor. Uma alternativa a isso seria a adoção de um modelo de inovação aberta, em que
há o acesso a tecnologias de origem interna e externa na pesquisa. A companhia pode licenciar
o que foi desenvolvido para outras empresas ou acessar novos mercados através de spin-offs.
Outra possibilidade é a absorção de fontes de tecnologias externas para o desenvolvimento
de produtos para o seu mercado de atuação. O reconhecimento de tais conceitos requer que a
firma altere “no que inovar”, buscando inovações no modelo de negócios através da procura de
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44 •••
RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
novos meios de capturar valor. A empresa também deve alterar “como ela inova”, tornando-se
um parceiro para a inovação. A combinação dessas duas alterações resulta em uma inovação
no ecossistema.
O professor Chesbrough também apresentou o exemplo do corporate venturing da
Exxon em 1975. A organização desenvolveu uma estratégia de venturing de dois estágios,
na busca por crescimento e por diversificação. A primeira etapa consistia em investir US$12
milhões em 18 ventures externas, enquanto a segunda etapa seria o investimento em 19 ventures
internas nos setores mais promissores identificados a partir da primeira etapa. A Exxon obteve
resultados positivos com o primeiro estágio, redundando em IPOs de cinco ventures, venda
lucrativa de três empresas, chegando a US$218 milhões de capital em 1982, com uma taxa de
retorno acima dos 50%. Porém, o segundo estágio foi um desastre: nenhuma das 19 ventures
obteve lucro e nenhuma chegou a ser vendida com lucratividade. Chesbrough afirma que esse
resultado se deve a objetivos errados que a Exxon possuía. A companhia tentou simplesmente
diversificar, como um investidor qualquer, sem buscar atividades relacionadas. A firma também
possuía os processos errados, os quais não visavam à compensação, apresentando falhas
na tomada de decisão e na governança. A Exxon também não conseguiu recrutar talentos
especializados externos à empresa e seus investimentos não possuíam sinergia com a atividade
principal da organização. Uma das conclusões de Chesbrough é que a Exxon não foi capaz de
aprender os processos do primeiro estágio para aplicá-los na segunda etapa.
Chesbrough apresenta algumas recomendações que visam a tornar mais fácil para a
empresa atingir um CV de sucesso. Os investimentos em potenciais “falsos positivos” (ventures
que parecem atender a atividade principal da firma investidora, mas que não estão ligados)
exigem novos modelos de negócios, sendo essa uma das motivações para a adoção do CV.
O processo de venturing é necessário para dar suporte ao risco na busca de um modelo de
negócios. O novo modelo deve ser balanceado com o processo vigente de suporte à atividade
principal. A governança do corporate venturing também é importante, pois permite agilidade
nas ações da venture que recebem investimentos, assim como investir ou abandonar mais
rapidamente o investimento.
6. Análise
A análise do contexto do CV, em particular dos casos apresentados, ilustra os tipos
e objetivos das práticas de CV externas e internas realizadas no Brasil e revela algumas
características da realização dessas práticas no país, tais como a autonomia das empresas
recebedoras do investimento, a limitada autonomia da estrutura brasileira na tomada de
decisão de investimento e a formalização dos projetos de CV na implementação dos novos
negócios como forma de minimizar o risco.
A Intel Capital é um caso típico de CV externo com o objetivo de desenvolvimento
de ecossistema. A empresa investe em firmas externas de diferentes estágios de
desenvolvimento.
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 45
A Intel Capital investe para atender os objetivos estratégicos da Intel. Porém esses
investimentos também devem trazer retornos financeiros, mesmo que não seja a curto prazo.
O caso Telefônica Brasil mostra a prática de CV interno para a geração de inovações
radicais. Nesse caso, o corporate venturing contribui para o desenvolvimento de uma cultura
inovadora dentro da firma, proporcionando a criação de um ambiente semelhante ao de
uma empresa start-up nos projetos de novos negócios, menos hierárquico. Com isso, o
desenvolvimento do novo negócio ocorre com maior autonomia em relação à empresa-mãe, o
que permite agilidade na tomada de decisões.
A Dow adota o corporate venturing externo para a busca de novas oportunidades
de mercado por meio de inovações tecnológicas, visando a atender a estratégia da empresa.
Com a análise de megatendências, a empresa decide as suas áreas de interesse que receberão
investimentos.
A IBM envolve o grupo de venture capital, o Programa Global de Empreendedorismo e
os laboratórios de pesquisa da empresa para atender a sua estratégia no desenvolvimento do
seu ecossistema e de novos negócios por meio do corporate venturing.
Como apresentado, as empresas possuem particularidades ao utilizarem o CV como
um instrumento de investimento, porém os modelos de CV possuem pontos em comum.
Um dos pontos de semelhança é a autonomia das empresas recebedoras do investimento.
A Intel Capital possui participação minoritária no assento do Conselho das empresas na qual
investe, enquanto as empresas que surgem dentro da Telefônica para o desenvolvimento de
uma ideia de origem interna à empresa não estão vinculadas à empresa-mãe. Isso garante
autonomia às empresas que recebem o investimento, o que permite agilidade no processo
de tomada de decisão e de atuação dessas firmas. Assim, a empresa investida não necessita
seguir os processos já determinados pela empresa-mãe, que são mais burocráticos e rígidos e
consomem mais tempo. A agilidade garantida por essa autonomia aumenta a possibilidade de
sucesso do CV (CHESBROUGH, 2000).
Outro ponto em comum é a decisão final do investimento em um novo negócio a
partir do país-sede da empresa. Apesar de as companhias pesquisadas atuarem no Brasil, são
empresas multinacionais com sedes localizadas nos EUA (Intel, Dow e IBM) e na Espanha
(Telefônica). Essas empresas possuem autonomia de atuação no país, porém o CV é uma
atividade que envolve riscos mais elevados (MAINE, 2008), o que resulta na participação da
diretoria situada no país-sede em algum momento da tomada de decisão sobre o investimento
em um novo negócio no Brasil.
O último ponto em comum é a formalização dos projetos de CV na implementação dos
novos negócios como forma de minimizar o risco. Essa formalização garante a estruturação do
CV. Isso permite a criação de metas e indicadores de acompanhamento e facilita a estruturação
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
da empresa iniciante, de maneira a direcionar corretamente os investimentos para o
desenvolvimento do novo negócio. Essa estruturação minimiza as perdas e, consequentemente,
o risco. A minimização do risco em um projeto de CV facilita a sua aprovação pela alta gerência,
porém a estrutura adotada em um projeto de CV por essas empresas no Brasil é padronizada
para todos os investimentos em CV no mundo, não sendo exclusivo ao modelo adotado no
país.
O resultado dessa análise indica o CV como um instrumento de superação das
dificuldades enfrentadas nos processos de inovação dentro de grandes empresas, como
burocracia, perda de capital humano, resistência por parte dos acionistas.
7. Considerações Finais
A análise dos resultados da survey sugere que o corporate venturing é ainda uma prática
incipiente no Brasil. De um conjunto de 100 grupos empresariais estudados, 21 empresas, entre
24 respondentes, adotam tal prática. Outro indicador dessa incipiência é o tempo de realização
dessa atividade no Brasil. O maior número de empresas possui uma estratégia voltada para
o CV por um período de 0 a 5 anos. Uma característica do CV apresentado na survey é que,
apesar da adoção de ambos os tipos de corporate venturing pelas empresas respondentes,
há ainda uma predominância de corporate venture externo (ou corporate venture capital),
18 para 15, o que confirma os resultados de outras pesquisas realizadas no país (ZAFFALON,
SANTOS e KUNIYOSHI, 2005; VIEGAS, JARDIM e SCHECHTMANN, 2010), que identificaram
uma grande predominância das práticas de CV externo em empresas brasileiras. Poderíamos
neste ponto considerar que a adoção de práticas de corporate venture externo poderia ser
vista como uma etapa no desenvolvimento dessa prática por empresas brasileiras. Em um
primeiro ciclo, as empresas poderiam investir em fundos de privaty equity ou em fundos de
venture capital geridos por terceiros, mas com empresas relacionadas aos negócios da firma.
Em uma segunda etapa, as empresas criariam o seu próprio portfólio de investimentos (caso
Intel), identificando empresas alinhadas a suas atividades ou ao seu ecossistema. Em uma
etapa mais avançada, as empresas poderiam identificar, promover e atrair empreendedores
internamente (caso Telefônica).
As principais ações de CV das empresas que participaram da survey são a transformação
de atividades de P&D em novos negócios, o investimento em empresas start-ups e a criação
de uma unidade autônoma que pode ser incorporada ao sistema operacional da empresa
investidora.
Os dados mostram que a maioria das companhias que adota o corporate venturing
está em estágios extremos. O CV das empresas que afirmaram adotá-lo por um período de 0
a 5 anos tem uma média de 3,6 anos de existência, enquanto aquelas que afirmaram adotar
o CV por mais de 20 anos, o segundo grupo com o maior número de empresas, o corporate
venturing tem uma média de 44 anos de duração.
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 47
Para a maioria das firmas que adota atividades de CV, tais ações visam, como principais
objetivos, ao crescimento estratégico, ao acesso a novos mercados e à ampliação da cadeia de
valor. A “obtenção de ganho financeiro” e a “diversificação de riscos”, objetivos mais financeiros
em relação aos demais objetivos listados na pesquisa, são menos frequentes nas empresas
brasileiras pesquisadas. Esses resultados sinalizam que as práticas de CV das empresas
brasileiras visam a dar suporte às suas estratégias, o que corrobora também os resultados dos
trabalhos de Zaffalon, Santos e Kuniyoshi (2005) e de Viegas, Jardim e Schechtmann (2010).
Os estudos de caso apresentados ilustram os objetivos estratégicos das práticas de CV
dessas empresas no Brasil. Na Intel Capital, o CV de origem externa promove o desenvolvimento
do ecossistema, enquanto na Telefônica ocorre a geração de inovação radical através do
investimento em novas ideias originadas internamente ou externamente.
A análise dos casos nos permite identificar outros pontos em comum em suas práticas
de CV, como o objetivo estratégico prioritariamente ao financeiro, conforme discutido, a elevada
autonomia das empresas recebedoras do investimento em relação à empresa investidora, a
limitada autonomia das subsidiárias brasileiras na tomada de decisão sobre os investimentos e
a existência de processos formais para a aprovação e implementação dos novos negócios. Isto
contribui para a redução do risco dos novos empreendimentos. Esses processos são adotados
mundialmente pelas empresas analisadas.
Essa formalização garante a estruturação dos projetos de CV, com a criação de metas
e indicadores de acompanhamento, contribuindo para a estruturação da empresa iniciante, de
maneira a direcionar corretamente os investimentos para o desenvolvimento do novo negócio.
Essa pesquisa apresenta limitações importantes, como o tamanho pequeno da amostra
e a origem das empresas analisadas nos estudos de caso. Dentre os fatores que dificultaram a
obtenção de um maior número de respostas aos questionários está o fato de muitas empresas
não possuírem uma área específica voltada para corporate venturing ou preferirem não
responder por considerarem o assunto estratégico. Outra limitação é o fato de as empresas
analisadas nos estudos de caso serem de origem estrangeira, o que impediu a reflexão
aprofundada sobre as práticas de CV em empresas com sede no Brasil.
Apesar das limitações descritas, o presente trabalho apresenta uma contribuição
exploratória para futuros trabalhos em amostras maiores e mais diversificadas de empresas
brasileiras, que visem a caracterizar um modelo brasileiro de corporate venturing. Estudos
futuros poderiam analisar como empresas brasileiras investem no desenvolvimento de novos
negócios e se há a prática de spin-offs de conhecimentos e competências desenvolvidos
internamente e que não sejam aproveitados nos negócios centrais da firma. Outros estudos
poderiam examinar os resultados econômicos e financeiros gerados por práticas de corporate
venturing em empresas brasileiras e multinacionais e seu impacto para o crescimento e
sustentabilidade das empresas.
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48 •••
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 55
Anexo 1– Portfólio da Intel Capital América Latina (Março 2011)
Empresa Subsetor Descrição País
Software e Soluções
A Automatos é uma empresa de software focada em
gestão de infraestrutura de tecnologia e segurança
da informação. (www.automatos.com)Brasil
Software e Soluções
Com a mais avançada tecnologia para gestão do
ciclo de vida e uso de certificados digitais, fornece
soluções, produtos, consultoria e treinamentos
que garantem autenticidade, sigilo, integridade e
validade jurídica aos documentos eletrônicos.
(www.certisign.com.br)
Brasil
Outro
A Digitron é a maior fabricante de placas-mãe para
computadores do Brasil. (www.digitron.com.br) Brasil
Software e Soluções
A Infoserver é uma empresa de serviços e produtos
em tecnologia da informação, focada em serviços
financeiros, varejo e manufatura. Os produtos
incluem soluções de mobilidade e segurança.
(www.infoserver.com.br)
Brasil
Software e Soluções
Middleware que combina Arquitetura Orientada
para serviços e Ajax em uma plataforma web 2.0,
que permite a criação de “mashups” e a troca de
informações. (www.jackbe.com)
México
4. ANEXOS
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
Comunicação Móvel
Oferece serviços de conexão internet banda larga
sem fio no estado de São Paulo (frequências
licenciadas e não licenciadas). Pioneira na oferta
comercial da tecnologia WiMax, o novo padrão
de transmissões wireless (sem fio) para longas
distâncias. (www.neovia.com.br)
Brasil
Software e Soluções
Desenvolve tecnologia para comunicação por e-mail,
intercâmbio e assinatura digital de documentos.
(www.tralix.com.mx)México
Redes Sociais e Mídia Social
A Vostu é uma plataforma de redes sociais para o
público da América Latina. (www.vostu.com)Argentina,
Brasil
Comunicação Móvel
Empresa mexicana de comunicação móvel com
tecnologia WiMax, que transmite voz e dados em
frequências licenciadas de 2,5GHz. Planeja operar
serviços triple play (voz, dados e imagem).
(www.mvs.com.mx)
México
Mídia Social e Publicidade
A boo-box é a primeira empresa brasileira de
tecnologia de publicidade e mídias sociais. A
empresa exibe 2 bilhões de anúncios por mês para
34 milhões de pessoas no Brasil em mais de 50 mil
blogs e sites. (www.boo-box.com)
Brasil
Software e Soluções
Pioneira e líder de mercado, a TecTotal atua nos
principais varejistas e provedores de serviços com
oferta de instalação, configuração, integração e
suporte técnico para equipamentos e serviços
digitais, nas áreas de informática; TV e áudio; e
celular e smartphone em todo o Brasil.
(www.tectotal.com.br)
Brasil
Fonte: Intel Capital Latin America.
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 57
Anexo 2 – Sindicato de Coinvestidores da Intel Capital na América Latina
Anexo 3 – Exemplo de Saídas Recentes da Intel Capital no Brasil
Fonte: ARANTES, Ricardo. Intel Capital: Investing in Global Innovation.
Serviços e Aplicações Móveis
para Empresas
Saída em 2008 – Venda Privada (Goldman e NEA)
– A Spring Wireless é líder da América Latina na
oferta de plataformas de aplicações móveis para
empresas, com base em modelo ponta a ponta
único.
Serviços de Conteúdo Móvel
Saída em 2009 – F&A (Naspers/Movile) – A
empresa era uma integradora e agregadora de
conteúdo móvel, com um leque de serviços amplo
em SMS. Foi adquirida pela Compera Ntime – hoje
denominada Movile.
Serviços de Conteúdo Móvel
Saída em 2010 – F&A (Euronet) – Telecom Net
(conhecida como Ativi) é uma distribuidora de
créditos digitais. Focada em recarga de celulares
pré-pagos, foi adquirida pela e-Pay, divisão da
Euronet.
Fonte: Intel Capital Latin America.
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
Anexo 4 – Inovação da Telefônica em Nível Global
Anexo 5 – Funil Permeável de Inovação da Telefônica
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Anexo 6 – Incubadora de Negócios da Telefônica
Anexo 7 – O Centro de Inovação da Telefônica no Brasil
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
Anexo 8 – Projeto Wayra
Anexo 9 – Receitas por Divisões da Dow em 2011
Fonte: Apresentação da Dow Brasil. Making Innovation Move: Connecting, Cultivating, Commercializing. Seminário da
FDC/ABDI sobre corporate venturing no Brasil. Outubro de 2011.
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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ••• 61
Anexo 10 – Focos da Estratégia de Inovação da Dow
Fonte: Apresentação da Dow Brasil. Making Innovation Move: Connecting, Cultivating, Commercializing. Seminário da
FDC/ABDI sobre corporate venturing no Brasil. Outubro de 2011.
Anexo 11 – O Processo de Avaliação de Novos Negócios da Dow
Fonte: Apresentação da Dow Brasil. Making Innovation Move: Connecting, Cultivating, Commercializing. Seminário da
FDC/ABDI sobre corporate venturing no Brasil. Outubro de 2011.
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
Anexo 12 – Faturamento da IBM por Segmentos de Negócio (2000/2010)
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RELATÓRIO DE PESQUISA - ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE CORPORATE VENTURING NO CONTEXTO BRASILEIRO
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