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PARANÁ

GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

SONIA SATIKO KOHATSU TAYAMA

ESTRATÉGIAS MOTIVACIONAIS NO PROCESSO ENSINO-

APRENDIZAGEM: UMA PROPOSTA PARA O 7º ANO DO

ENSINO FUNDAMENTAL

Londrina

2012

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ESTRATÉGIAS MOTIVACIONAIS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM:

UMA PROPOSTA PARA O 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Autora: Sonia SatikoKohatsuTayama1

Orientadora: AnildeTombolato Tavares da Silva2

Resumo O presente trabalho trata de estratégias motivacionais traçadas no processo ensino-aprendizagem, com alunos de 7º ano do ensino fundamental do Colégio Estadual Souza Naves – Ensino Fundamental, Médio e Profissional. Objetivou identificar estratégias motivacionais em sala de aula, para criar um ambiente que propicie um envolvimento mais significativo no processo de ensino, melhorando seu nível de aprendizagem e seu potencial cognitivo. Pretendemos assim, minimizar os comportamentos que interferem negativamente na dinâmica das aulas. Numa abordagem da pesquisa qualitativa foi traçado o perfil da turma e seus interesses. Diante do resultado, foi realizado um grupo de estudo com os professores sobre motivação e estratégias motivacionais (Anagrama Target), proporcionando a reflexão, discussão e questionamentos da prática cotidiana em cada encontro. Foi implementado a atividade diversificada, o desafio, o feedback individualizado, valorização e reconhecimento, autonomia, trabalho em grupo, recompensa externa (elogio). Contamos com a contribuição dos estudos realizados por José Aloyseo Bzuneck e Sueli Édi Rufini Guimarães da Universidade Estadual de Londrina que pesquisaram sobre o assunto na literatura com abordagem na Psicologia. Concluimos que a motivação do aluno resulta de medidas educacionais, que são usadas como estratégias de ensino. Essas estratégias devem levar o aluno a aprender, desenvolver a motivação para o domínio dos conteúdos e assim,valorizar o aprender como objetivo pessoal.

Palavras-chave: Motivação. Estratégias motivacionais. Processo ensino-aprendizagem.

1Graduada em Psicologia pela UEL e em Pedagogia pela Faculdade de Ciências, letras e educação

de Presidente Prudente; pós-graduação em Administração, supervisão e orientação educacional. Atua como Pedagoga no Colégio Estadual Souza Naves - Ensino Fundamental, Médio e Profissional – Rolândia. 2 Doutora em Educação pela UNESP/Marília. Docente do Departamento de Educação da

Universidade estadual de Londrina na área de Formação de Professores.

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Introdução

É observado no cotidiano escolar que muitas variáveis interferem no

processo ensino-aprendizagem dos alunos, tais como: falta de perspectivas e metas

a atingir, falta de orientação e acompanhamento por parte dos responsáveis,

problemas emocionais e a falta de motivação.

É frequente a queixa dos professores sobre a desmotivação dos alunos,

demonstrando através de comportamentos que não condizem com o fazer

pedagógico. Há uma insatisfação diante das queixas sobre alunos que não revelam

dedicação às atividades acadêmicas, não se empenham para melhorar, enfim, não

estão comprometidos, e devido a grande energia física inerente a idade, se

destacam através da agitação, agressividade, sexualidade emergente, apresentando

dessa forma, comportamentos indisciplinares. São despendidos muitos esforços por

parte dos professores e os demais segmentos para mudar essa situação, sem

conseguir o resultado desejado. Essa desmotivação acarreta um prejuízo muito

grande para a aprendizagem efetiva dos alunos e, portanto, exigiu um trabalho para

que os professores refletissem sobre suas práticas em sala de aula para a criação

de expectativas positivas, uma metodologia que evocasse a motivação, num esforço

coletivo dos educadores, para reverter esse quadro. Sabemos que a motivação é um

fator muito importante nesse contexto, sendo responsável pelo sucesso ou fracasso

dos alunos.

Definimos trabalhar com alunos e professores do 7 ano do Colégio Estadual

Souza Naves – Ensino Fundamental, Médio e Profissional, localizado na área central

do município de Rolândia, pois é nessa faixa etária que se observa intensa mudança

física, emocional e intelectual, com grande incidência de problemas nas relações

sociais, sobretudo na escola. Daí surge a indagação: Como motivá-los para que

tenham um envolvimento maior no contexto, minimizando os comportamentos

inadequados, e dessa forma qualificar sua aprendizagem e explorar seu

potencial cognitivo?

Para que o professor desempenhe com excelência a prática docente ele

também deve estar motivado e se qualificando, para estar sempre construindo e

reconstruindo novas competências, mobilizando desta forma seus saberes para

garantir o envolvimento no processo ensino-aprendizagem, desenvolvendo a

docência com qualidade e significância ao contexto vivenciado. A necessidade de

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desenvolver este projeto, buscando um estudo mais aprofundado sobre a motivação

do aluno e estratégias motivacionais, pretendeu assim, contribuir para a

possibilidade de levar o aluno a ter um maior comprometimento e participação nas

atividades acadêmicas, minimizando os comportamentos que dificultam o processo

epropiciando uma aprendizagem mais efetiva.

Optamos pela realização de um grupo de estudos com professores,

totalizando 32 horas com certificação da Universidade Estadual de Londrina, sobre a

motivação e suas especificidades; motivação intrínseca; extrínseca; uso de

recompensas; meta de realização; a estruturação da escola e da sala de aula,

utilizando como estratégia motivacional, o anagrama “Target”, que trabalha com os

elementos: tarefa, autoridade/autonomia, reconhecimento/valorização, agrupamento,

avaliação e tempo;envolvimento de toda a escola. Esses elementos fazem parte do

trabalho rotineiro das escolas, e podem ser organizados pelos professores de forma

que torne o ambiente mais motivador resultando em relações mais positivas e

saudáveis.

A metodologia de pesquisa foi qualitativa, pois, após a coleta de dados,

realizou-se a análise para verificar as relações interpessoais existentes na turma

para subsidiar a forma de implementação das estratégias motivacionais. Foi aplicado

questionário aos alunos e alguns professores, informações do conselho de classe,

para traçar o perfil da turma e seus interesses. Foi constatado que no geral são

bastante agitados; alguns com a sexualidade emergente pois mandam bilhetinhos,

os meninos fazem desenhos obscenos e as meninas começam a usar calças mais

justas e camisetas mais curtas e andam na frente dos meninos para chamar a

atenção; conversam muito em tom alto com os colegas; andam pela sala; alguns

alunos sempre esquecem o material necessário as aulas; não fazem as tarefas de

casa; não entregam trabalhos de pesquisa na data marcada; os professores ficam o

tempo todo mandando realizar as atividades e chamando sua atenção; alguns com

defasagem de conteúdo; uma aluna com deficiência neuromotora.

Diante da avaliação reflexiva, o grupo definiu os conteúdos e os professores

receberam algumas sugestões de trabalho com os alunos, sendo um resumo de

tudo, e tiveram a autonomia para escolher a forma da implementação.

As estratégias utilizadas foram: atividade diversificada (gincana sobre as

regiões do Brasil e pintura no mapa fornecido pela professora, aula prática sobre os

órgãos do sentido, avaliação, valorização, feedback e orientação individual aos

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alunos nas atividades de Artes, tarefa/fantasia (jogo tangram no conteúdo de

matemática), agrupamento, tempo, avaliação, reconhecimento, no conteúdo de

história, tarefa, autonomia, reconhecimento, agrupamento, avaliação, tempo, no

conteúdo de geografia.

De acordo com os relatos dos professores e alunos os resultados foram

positivos, gostaram das atividades diferentes, havendo uma maior participação entre

eles, houve uma conscientização do empenho de cada aluno. Em relação a

avaliação dos professores, houve a indicação de reivindicar mais tempo para esses

planejamentos, turmas menos numerosas pois a diversidade de alunos é muito

grande. Para obter resultados mais efetivos faz-se necessário um trabalho com o

coletivo escolar.

1 Fundamentação Teórica

A motivação estudada pela Psicologia foi concebida como um objeto

altamente complexo devido sua construção histórica e com aplicações educacionais

limitada.

As concepções contemporâneas sobre motivação têm ampliado a

abordagem mecanicista do comportamento como os instintos e, consideram as

metas pessoais que exprimem cognitivamente o motivo e o esforço para

determinadas escolhas de ação (BZUNECK, 2009b, p.10).

Bzuneck(2009b, p. 9) define o termo motivação:

Uma primeira idéia sugestiva sobre motivação, normalmente aplicável a qualquer tipo de atividade humana, é fornecida pela própria origem etimológica da palavra, que vem do verbo latino movere, cujo tempo supino motum e o substantivo motivum, do latim tardio, deram origem ao nosso termo semanticamente aproximado, que é motivo. Assim, genericamente, a motivação, ou o motivo, é aquilo que move uma pessoa ou que a põe em ação ou a faz mudar o curso.

Dependemos da motivação para iniciar a realização e manter a persistência

nas atividades humanas. No contexto de sala de aula ela possui características

peculiares porque requer do aluno atividades de natureza cognitiva, como, prestar

atenção, concentração, processamento, elaboração e integração da informação,

raciocínio e resolução de problemas. São processos cognitivos que cada aluno deve

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fazer por ele mesmo, ninguém pode estar fazendo por ele, integrando os

componentes próprios do contexto. Esse contexto está relacionado ao currículo

obrigatório das disciplinas; as formas de execução das atividades; ao espaço da sala

de aula com agrupamento de alunos; ao tempo disposto das aulas; à divisão por

séries; conteúdos variados às vezes extensos, árduos, com evidência ou não de

serem significativos e relevantes para o aluno e, ainda a avaliação que tem

implicações socioemocionais.

1.1 Efeitos da Motivação do Aluno

Podemos identificar dois níveis de efeito da motivação que são: os imediatos

e os finais.

Por efeito imediato, entendemos que seja o curso da ação escolhido pelo

aluno dentre outras possíveis em relação as atividades do processo de

aprendizagem e, a persistência na sua realização. Desmotivado será aquele que

não empreender esforço para a realização da atividade e se desistir perante as

dificuldades surgidas. Maehr e Meyer (apud BZUNECK, 2009a, p. 12) relatam que a

motivação positiva na escola requer um envolvimento de qualidade nas tarefas,

empreender esforço para aprender tarefas desafiadoras em que o novo

conhecimento seja construído pelo denominado processamento de profundidade.

Efeito final são os conhecimentos construídos e as habilidades adquiridas,

ou seja, a ocorrência de aprendizagem ou desempenhos que são socialmente

valorizados.

Nem sempre podemos observar esses resultados de imediato, às vezes

levam algum tempo para serem revelados. E também é certo que não dependem

sóda motivação. Adelman e Taylor (1983 apud BZUNECK, 2009b, p. 12), afirma que

um aluno motivado para uma determinada tarefa pode apresentar resultados

surpreendentes mais do que se poderia esperar com base em outras características

pessoais. E um aluno desmotivado pode apresentar um sub-rendimento, medíocre,

em relação à sua capacidade, as vezes talentosa.

A motivação está relacionada com a quantificação que são as notas, pois

nas escolas espera-se que atinjam o mais alto grau que possam conseguir.

Existem pesquisas relacionando a motivação com o desenvolvimento da

criatividade; para o pensamento crítico e a mudança conceitual; estratégias

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adaptadoras de aprendizagem; o desenvolvimento social; motivação para a leitura e,

para formar aprendizes permanentes, que pela vida toda continuem a investir na

construção de novos conhecimentos.

1.2 Problemas de Motivação nos Alunos

A motivação tem sido alvo de estudos porque em paridade com outras

condições, sua ausência causa uma queda de investimento pessoal e de qualidade

nas atividades acadêmicas e resulta em um nível baixo de aprendizagem e

desenvolvimento cognitivo, impedindo a formação de indivíduos competentes para

exercerem a cidadania e continuar aprendendo pela vida futura.

Professores estão fazendo uma relação de causalidade, quando dizem que

os alunos estão desmotivados por isso não se empenham nas tarefas e apresentam

comportamentos de indisciplina. Stipek (1993 apud BZUNECK, 2009a, p. 14) afirma

que devemos ter cautela, visto a dificuldade em identificar qual é o aluno que está

motivado e o desmotivado. Exemplificando: um aluno parece estar atento à aula,

mas de repente pode estar pensando em outras coisas. Um mau rendimento às

vezes pode não estar associado à desmotivação ou à falta de esforço.

A identificação de problemas motivacionais de alunos depende da avaliação

de desempenho, a consideração de comportamentos abertos, de um conhecimento

mais profundo do aluno, de seu nível de capacidade, seus conhecimentos prévios,

os métodos de estudo e até a disponibilidade de recursos. Infelizmente no cotidiano

da sala de aula não se possibilita essa diagnose.

Stipek (1993 apud BZUNECK, 2009a, p. 14) fala sobre problema

motivacional de acordo com as séries escolares. Um aluno de pré-escola

praticamente não apresenta problema de motivação. Quando passa para a 1ª série,

algumas exigências começam a aparecer e ele deve se adaptar, como ficar quieto

no seu lugar e a seguir instruções mais elaboradas, entre muitas outras mudanças.

Conforme avança nas séries, fatores curriculares se tornam mais complexos, o

interesse cai e se instalam dúvidas em relação à capacidade de aprender

determinadas matérias. E, quanto mais avançam, os problemas tendem a ser mais

complexos e profundos, por terem raízes nas séries iniciais, por sofrerem influências

das exigências das diferentes disciplinas, junto com as características evolutivas dos

alunos.

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A motivação apresenta dois aspectos, a saber: o quantitativo e o qualitativo.

Em termos quantitativos, ela pode ser maior ou menor, mais ou menos intensa. Em

relação às tarefas desafiadoras, não se espera que os alunos tenham os níveis

baixos de motivação ou que atinjam o valor zero. Se isso acontecer, o aluno está

desmotivado. Pode ocorrer oscilação em relação a determinadas tarefas, mas o

preocupante é a freqüência ou a persistência dessa condição negativa.

Também não podemos estabelecer uma relação linear, quanto mais

motivado, melhor o desempenho. Para algumas atividades, é necessário um alto

nível de motivação, como na situação de “arrombar uma porta”. Mas, quando

falamos de tarefas acadêmicas complexas, pode acarretar a fadiga. Pode surgir

também emoção negativa que é a ansiedade e, essa preocupação prejudica o

raciocínio e a recuperação de informações armazenadas na memória,

consequentemente pode afetar o desempenho acadêmico e a aprendizagem.

Portanto, a motivação no contexto de atividades acadêmicas, não deve ser fraca,

nem muito alta, pois os extremos são prejudiciais. Brophy (1983 apud BZUNECK,

2009a, p. 18) considera que o ideal é que seja branda e vigilante, que seja

caracterizada mais pela qualidade do que pela intensidade.

Podemos notar no cotidiano escolar que os alunos estão motivados para

algumas situações e desmotivados para outras. Alguns deles não se empenham

com qualidade nas tarefas acadêmicas, demoram a iniciar ou o fazem rápido sem

qualidade e se mostram até indisciplinados. Outros, se mostram apáticos. Em

contrapartida, eles gostam de vir à escola para encontrar com os amigos, comer a

merenda, jogar na quadra, entre outras coisas mais.

Em relação ao aspecto qualitativo da motivação, pode levar o aluno a ter um

maior ou menor envolvimento com a aprendizagem. Alguns alunos estão

interessados em aprender, em adquirir conhecimentos. Outros apresentam

problemas, pois realizam as atividades muito rápido e não se preocupam com a

qualidade. Alguns estão preocupados com diplomas, certificados e, aqueles que

estão preocupados em não se mostrarem como incompetentes e, ainda os que

querem aparecer como os melhores da classe sem se importar com a qualidade. O

que leva esses alunos a se envolver com a aprendizagem são outros objetivos e não

o de realizar com esforço e qualidade para aprender. Essas distorções são

acompanhadas de emoções negativas como medo do fracasso, alta ansiedade,

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frustração, irritação e, que contribuem para o decréscimo na qualidade das tarefas

escolares (BZUNECK,2009a,p.18).

Outras duas especificações em relação aos problemas de motivação dos

alunos são quanto a sua generalidade ou abrangência e da gradação.

Em relação a generalidade, pode variar quanto ao aluno ser desmotivado

para todas as disciplinas, professores ou só a determinados conteúdos das

disciplinas, alguns professores, ou até da fase evolutiva desses alunos.

O aspecto da gradação dos problemas, de acordo com Adelman e Taylor

(1983 apud BZUNECK, 2009a, p. 19) considera que eles se situam num continuum.

Numa das pontas os casos mais simples e menos importantes e, no outro extremo

os casos mais graves, daqueles alunos que evadiram da escola e não querem mais

estudar e nem discutir sobre o assunto para buscar uma solução.

Há uma necessidade de cada professor e da escola como um todo de se

remediar os problemas de motivação de alguns alunos e manter otimizada a

motivação para aprender em todos eles.

1.3 O Professor e a Escola na Motivação do Aluno

Para compreendermos o papel do professor e da escola na motivação do

aluno, primeiramente é preciso esclarecer um mal entendido e, posturas extremistas

quando dizemos que a motivação e seus problemas são do aluno. Isso quer dizer

que ele é o portador e o maior prejudicado, mas não que ele seja o responsável,

muito menos o único por essa condição. Ele tem um papel ativo no processo, pois

seleciona e processa as informações que recebe.

Pesquisas confirmam que tanto a motivação positiva como a ausência ou

distorção dela, resultam de complexas interações entre as características do aluno

efatores do contexto, sobretudo em sala de aula (BZUNECK, 2009a,p.24).

Ao professor cabe duas funções distintas e complementares em sala de

aula. A primeira é de caráter remediador em que o professor recupera o aluno

desmotivado ou reorienta aquele que apresenta uma motivação distorcida se tiver

sido diagnosticada. A segunda função é preventiva e de caráter permanente, para

todos os alunos da classe, a cada série e ao longo do ano letivo e, consiste em

implementar e manter otimizada a motivação para aprender. As duas funções

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referem-se a alunos em condições diferentes, mas que na prática tem muitos

elementos em comum.

Em alguns casos, a utilização de novas e adequadas estratégias em sala de

aula, vai recuperar a motivação dos alunos, mas em alguns casos com problemas

mais sérios, é necessário um programa mais específico para cada caso. Nessas

situações em que os alunos perderam o interesse pelas aprendizagens ou a

motivação para aprender, muitos professores desistem de tentar e atribuem a causa

à família ou o sistema educacional, por não proporcionarem condições adequadas

para um bom trabalho docente. Muitas vezes essas atribuições não são infundadas.

Pelo foco psicoeducacional, o professor não deve se descuidar do seu papel

de remediar a motivação, para que não ocorra o tédio crônico, a apatia e a alta

ansiedade. Deve estar sempre desenvolvendo e mantendo a motivação positiva em

todos os alunos e todas as séries.

A motivação positiva é que vai direcionar os esforços educacionais

empreendidos pelos alunos. Eles devem valorizar o aprender como um objetivo

pessoal, buscando tirar o maior proveito possível do processo, como um fim em si

mesmo, independente de motivadores extrínsecos. Devem seguir na busca de

domínio de conteúdos e o crescimento intelectual e não só para passar de ano.

O aluno não chega à escola num completo vazio motivacional. Ele sempre

traz consigo seus objetivos e expectativas. Toda criança traz a curiosidade para

explorar o que é novo e que traduz a motivação humana.

Partindo da curiosidade, levar a criança a explorar, estar motivada a

aprender conteúdos disciplinares requer do professor a escolha criteriosa de um

conjunto de medidas educacionais e que ele tem amplo poder para isso. Seja em

relação às formas de se dar tarefas, de avaliar e dar o retorno, de como lidar com a

autoridade em classe, entre outros.

1.4 Crenças Sobre Motivação

Temos que atentar para a idéia errônea e muito difundida entre os

professores de que nada podem fazer pela motivação. Isso acarreta um

impedimento para qualquer ação nesse sentido. Fica exposto que a situação aí está

colocada e nada pode ser mudado

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Em nosso país, observamos lugares onde as condições são mais difíceis de

serem enfrentadas do que outras e, também sabemos através da mídia de trabalhos

extraordinários de professores que inicialmente acreditavam que não seria possível.

Em qualquer situação a motivação dos alunos se esbarra na motivação dos

professores que devem ter entusiasmo, paixão pelo trabalho, o compromisso com a

educação. Isso é que leva o professor a acreditar que pode motivar todos os alunos

(BZUNECK, 2009a,p.28).

Bandura (1993 apud BZUNECK, 2009a,p.29) acredita que a motivação dos

professores está relacionada com a própria capacidade percebida de autoeficácia e

as condições reais dos desafios. Essas percepções de autoeficácia são adquiridas

através das relações sociais positivas existentes no ambiente de trabalho, tais como

de professores com seus pares, diretores, enfim com o coletivo escolar. A crença de

eficácia é a primeira condição para o professor trabalhar com a tarefa de motivar

seus alunos.

1.5 Limitações no Uso de Estratégias Motivacionais

Para o professor conseguir êxito em motivar seus alunos ele deve conhecer

os mecanismos psicológicos inerentes a eles, dominar uma grande variedade de

técnicas e saber utilizá-las com flexibilidade e senso criativo. As situações de sala de

aula são muito complexas e imprevisíveis, por isso é impossível ter receitas prontas.

Stipek (1996 apud BZUNECK, 2009a, p. 30) acredita que as diferentes

técnicas para motivar os alunos podem atuar de maneira interdependentes.

Exemplificado: a estratégia de deixar os alunos fazerem a escolha das tarefas e que

contribui para a motivação intrínseca. Mas, a turma está habituada a avaliação

externa e valoriza resultados sem erros. Pode-se esperar que escolherão tarefas

fáceis, que evitam fracassos, mas que não proporcionarão o desenvolvimento de

novas habilidades. Portanto, a motivação para aprender nessa situação não

depende só da autonomia para escolher a tarefa. A autora ainda salienta que deve-

se considerar o nível evolutivo dos alunos, sua história passada e suas expectativas.

Por exemplo: tirar repentinamente as recompensas externas para alunos que estão

acostumados a elas, diminuirão seus esforços; dar atividades muito desafiadoras

para alunos com história de fracassos também não dará resultado positivo; deixar

que os alunos possam ter escolhas se torna inviável quando eles ainda não têm

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autonomia para trabalhar independentemente. É preciso ser preparado, treinado

nessas habilidades prévias.

Para obter sucesso nessa caminhada, é importante e necessário que se

trabalhe num envolvimento da escola toda. O coletivo trabalhando em cooperação,

num clima de interações positivas e, de apoio um ao outro faz com que os alunos

percebam as atitudes como sendo uma cultura da escola e, não como cada

professor trabalha na sala de aula.

2 Relato de Experiências

A implementação do projeto foi iniciada com a palestra do Professor Dr. José

Aloyseo Bzuneck, na semana pedagógica do 2º semestre letivo, ao coletivo escolar,

fazendo uma panorâmica geral da motivação do professor e a motivação do aluno

com orientações práticas. Para sensibilizar os participantes ao tema, foi aplicada a

dinâmica de grupo “Mensagem motivacional”. Depois seguiram-se mais 6 encontros

realizados no 2º semestre, para reflexão e discussão dos conteúdos, relacionando-

os à prática pedagógica conforme indicação e escolha dos professores.

Para esse encontro de estudo, os professores receberam previamente o

material impresso, para leitura e realização das atividades para serem discutidas.

Como introdução do assunto foi realizado uma reflexão sobre o pensamento:

A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas como ele se mantém

em tempos de controvérsia e desafio. (Martin Luther King).

Dando continuidade, explanação dos conceitos importantes do texto sempre

com a participação dos professores e exposição de slides, exemplos de situações

reais do dia-a-dia e comentários das questões respondidas.Foi apresentado aos

professores o perfil da turma, definido junto aos seus professores e, a partir dele

propor possibilidades tecer para comentários e refletir sobre a atuação do professor.

Perfil da turma: Foi constatado que no geral são bastante agitados, alguns

com a sexualidade emergente pois mandam bilhetinhos, os meninos fazem

desenhos obscenos e as meninas começam a usar calças mais justas e camisetas

mais curtas e andam na frente dos meninos para chamar a atenção, conversam

muito em tom alto com os colegas, andam pela sala, alguns alunos sempre

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esquecem o material necessário as aulas, não fazem as tarefas de casa, não

entregam trabalhos de pesquisa na data marcada, os professores ficam o tempo

todo mandando realizar as atividades e chamando sua atenção, alguns com

defasagem de conteúdo, uma aluna com deficiência neuromotora.

Em seguida foi realizada explanação dos conceitos importantes do texto

sempre com a participação dos professores e exposição de slides, exemplos de

situações reais do dia-a-dia e comentários das questões respondidas.

1º Encontro:

Texto de apoio: “Motivação e suas especificidades” do Professor Dr. José

Aloyseo Bzuneck da Universidade Estadual de Londrina.

Diante da leitura de texto proposto reflita sobre as questões:

1 Qual a relação entre motivação do aluno e ensino-aprendizagem?”

Os professores apresentaram as seguintes reflexões:

“A motivação contribui para que ocorra o ensino-aprendizagem. O aluno

motivado sente-se interessado pelas aulas e busca investir nos recursos

pessoais e aspira por resultados mais altos que possa conseguir.”

“No dicionário, motivação quer dizer motivo, causas, animação,

entusiasmo e o aluno com essas características será construtor do seu

próprio conhecimento.”

“De acordo com a definição do termo motivação, aquilo que move uma

pessoa ou a faz com que mude o curso, vemos essa conotação explícita

na vida de alunos e professores. Quando ambos, encontram-se motivados

e ou comprometidos, há fluência e prazer entre o ensino e a

aprendizagem.”

2 Quais os fatores que influem na motivação dos alunos?

Respostas dos professores:

“Muitos fatores interferem na motivação dos alunos, sendo possível ao

professor através da sua motivação própria, ser capaz de contagiar os

alunos e transmitir além de conteúdos curriculares a sua visão acerca do

que já foi para ele tido como objeto motivador.”

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“Outros fatores são: aulas bem planejadas, diferenciadas, dinâmicas,

estratégias diferentes; os conhecimentos prévios dos alunos; os métodos

de estudo e até a disponibilidade de recursos.”

3 Na escola, quais as causas da desmotivação dos nossos alunos?

Resposta dos professores:

“Aulas sem planejamento, professores que não trabalham de forma

diferenciada cansam os alunos e dificultam o processo ensino-

aprendizagem.”

“Não ouvir os alunos, deixar que participem e perceber quais os seus

interesses.”

“O medo do fracasso, alta ansiedade, frustração, irritação, problemas

familiares, causam a desmotivação havendo queda de investimento

pessoal de qualidade nas tarefas de aprendizagem.”

“Os alunos não conseguem visualizar o fator conhecimento como algo

importante e primordial na vida dos seres humanos.”

4 É possível reverter esse quadro? Como?

Resposta dos professores:

“A motivação não apresenta um caráter imutável, desde que haja

empenho é passível de mudança. Ela resulta de um conjunto de medidas

educacionais, que são estratégias de ensino. Elas devem levar o aluno a

aprender, desenvolver a motivação para o domínio dos conteúdos,

precisam valorizar o aprender como objetivo pessoal.”

“Aulas bem preparadas, planejadas com atividades diversificadas e

procurando a participação dos alunos.”

“Hoje a educação passa pelo que é por alguns autores denominado de

jogo de empurra-empurra, onde as pessoas envolvidas ( família,

sociedade e professores) delega sempre ao outro a tarefa e cobra das

outras instâncias a resolução dos problemas, estabelecendo a

culpabilidade ao outro, em vez de admitir às próprias falhas e tentar de

maneira consciente buscar uma solução. É necessário trabalhar na

conscientização de planos e metas.”

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5 Qual a influência do professor em relação à meta de realização e o seu

trabalho em sala de aula?

Respostas dos professores:

“O professor é o grande agente motivador de uma sala de aula. Ele é o

responsável pela orientação dos alunos para que ocorra a meta de

realização e pelo emprego das estratégias. Precisam estar melhor

preparados, pois os alunos percebem quando as aulas foram planejadas e

com objetivos.”

Podemos perceber que diante das respostas dadas pelos professores que

as aulas sem planejamento, o descaso e o desinteressepelos alunos leva a

desmotivação ao estudo. Acreditamos que é possível reverter essa situação através

de estratégias de ensino que leve o aluno a valorizar o aprender como objetivo

pessoal. Para isso, o professor deve estar também motivado,se qualificar e ser o

agente motivador em sala de aula, pois, alunos motivados se interessam pelo

aprender e constroem o seu próprio conhecimento.

2ºEncontro

Texto de apoio:“Motivação intrínseca, extrínseca e uso de recompensas” da

ProfessoraDra. Sueli Édi Rufini Guimarães da Universidade Estadual de Londrina.

Esse texto proporciona uma compreensão da motivação intrínseca,

extrínseca e o uso de recompensas na escola. Saber os determinantes e suas

conseqüências serviu de embasamento teórico aos professores para conduzir seu

trabalho com critério e eficácia.

ATIVIDADES

Para esse encontro os professores receberam previamente o material

impresso, para leitura e realização das atividades, a serem discutidas.

Foi realizada explanação dos conceitos importantes do texto sempre com a

participação dos professores e exposição de slides, exemplos de situações reais do

dia-a-dia e comentários das questões respondidas.

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Questões:

De acordo com sua experiência como professor, responda:

1- De maneira geral, como você motiva seus alunos intrinsecamente ou

extrinsecamente? Como você analisa essa situação?

Respostas dos professores:

“Alguns professores utilizam a motivação extrínseca com restrição.”

“Trabalham com a motivação intrínseca, dando autonomia para escolherem

entre várias atividades e deixando que escolham”. “Trabalham também com

textos reais ou fictícios”.

“Aproveitam os conhecimentos dos alunos, partindo da realidade deles,

aprimorando suas habilidades, tornando assim a aprendizagem mais

significativa.”

“O primeiro passo para a motivação dos alunos deve ser intrinsecamente a

do professor, para que exprima a paixão em suas aulas. Nas aulas

expositivas é necessário elencar vários recursos para as aulas não se

tornarem entediantes. Estimular discussões sobre o tema questionando a

turma, buscando a participação de todos, perceber o motivo daqueles que

não respondem e ajudá-los fazendo atendimentos individuais mas sem

constrangimento.”

2- Quais os cuidados devemos ter no uso de recompensas externas?

Respostas dos professores:

“Em relação as recompensas externas é preciso dosá-las, pois os alunos

podem se habituar a elas e só produzirem se houver recompensas.”

“Além de ser menos eficaz, pode ser prejudicial a motivação intrínseca.”

“Vincular a motivação somente a recompensas pode produzir uma falsa

idéia de alunos motivados, que acabam por não realizar o processo de

ensino-aprendizagem, buscando simplesmente uma boa nota, mas

deixando de adquirir o conhecimento.”

“Motivar ou até mesmo premiar alunos ou a turma com recompensas

esporadicamente pode ser benéfico, porém as atividades devem ser

realizadas no dia-a-dia sem que se crie essa expectativa de troca.”

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Esta atividade nos proporcionou a possibilidade de perceber o quanto a

motivação extrínseca deve ser utilizada com restrições, pois ela pode ser prejudicial

à motivação intrínseca. Os alunos devem produzir com o intuito de adquirir

conhecimento, não só para conseguir alguma recompensa, só com a expectativa de

troca

3ºEncontro

Texto de apoio: Elementos do Target: tarefa, autoridade/autonomia,

reconhecimento/valorização” da Professora Sueli Édi Rufini Guimarães e “Motivação

para aprender: orientações educacionais”do Professor José Aloyseo Bzuneck da

Universidade Estadual de Londrina.

Estes textosproporcionam a reflexão de estratégias motivacionais, criando a

possibilidade de serem implementadas em sala de aula e na política da escola, com

o intuito de propiciar condições que suscite a meta aprender e, disso decorre um

maior envolvimento dos alunos no processo ensino-aprendizagem, desenvolvendo

seu potencial cognitivo.

Usamos os elementos do anagrama de Target como direcionamento das

atividades como segue

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Tabela 1 – Descrevendo cada elemento do “Target”.

ÁREATARGET FOCO DE ATENÇÃO OBJETIVOS

Tarefa

O planejamento e a estrutura

das tarefas ou atividades que

os estudantes são solicitados

a fazer.

Aumentar a atração intrínseca

das tarefas de aprendizagem,

torná-las significativas, despertar

a curiosidade, desafio, fantasia e

proporcionar controle.

Autoridade/

Autonomia

A participação dos estudantes

nas decisões sobre a escola e

a aprendizagem.

Promover liberdade adequada

para os estudantes fazerem

escolhas e assumirem

responsabilidades.

Reconhecimento

(Valorização)

A natureza e o uso do

reconhecimento e atribuição

de recompensas na situação

escolar.

Promover oportunidades para

que todos os estudantes sejam

reconhecidos pela

aprendizagem, enfatizar o

esforço e o progresso na

obtenção de uma meta, a busca

de desafios e inovações.

Agrupamento

(grouping)

A organização da

aprendizagem e das

experiências escolares.

Construir um ambiente de

aceitação e apreciação para

todos os estudantes. Promover

uma ampla interação social,

particularmente com os

estudantes com risco de

fracasso. Propiciar o

desenvolvimento de habilidades

sociais.

Avaliação

A natureza e o uso da

avaliação e dos

procedimentos avaliativos.

Tratar a avaliação como parte o

processo de ensino-

aprendizagem, fornecer amplas

informações sobre o

desempenho e estratégias de

aprendizagem, utilizar padrões

autorreferencidos.

Tempo

A agenda do dia escolar. Utilizar as tarefas de

aprendizagem e as

necessidades dos estudantes

para organizar a agenda.

Fonte: (BORUCHOVITCH apud GUIMARÃES, 2009a, p. 82-83).

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A maior parte do tempo nas escolas é referente à execução de atividades.

Nem sempre essas tarefas atraem o aluno para executá-las. Vai depender da

percepção que ele tem delas para ter um maior ou menor envolvimento na sua

realização.

Aos alunos, deve ficar evidente então, quais são os objetivos reais daquela

atividade. O seu conteúdo deve estar relacionado a seus interesses pessoais, deve

expressar metas definidas e de curto prazo, quer dizer, com um certo grau de

esforço é possível sua realização.

Outra forma de atribuir valor a uma atividade ou conteúdo é mostrando a sua

utilidade, deve ser visto como meio para se atingir determinado objetivo

desejado;que ele é meio ou instrumental para se obter sucesso na profissão

pretendida; que é pré-requisito para outros conteúdos que virão adiante e também

contribui para desenvolver a inteligência.

Outra forma de mostrar o valor de uma disciplina, conteúdo ou atividade é a

forma como o professor atribui essa importância ao transparecer aos alunos uma

dedicação no preparo das aulas, provas, sua pontualidade, mostrando entusiasmo e

vitalidade, servindo de modelo, Bzuneck (2010,p.19).

Outro aspecto importante para a motivação dos alunos consiste em

diversificar as atividades de aprendizagem. Devemos criar um clima animador para

que trabalhem, utilizando de algumas estratégias tais como: levar a novidade para a

sala de aula, mudar o tipo de respostas exigidas dos alunos, fazer um rodízio de

lugar entre eles e fazer algumas mudanças em relação ao aspecto físico.

Pintrick e Schunk (1996 apud GUIMARÃES, 2009a,p.84) baseados em

pesquisas, sugerem quatro elementos que devem ser contemplados ao planejar as

atividades para que sejam potencializadoras da motivação: o desafio, a curiosidade,

o controle e a fantasia.

Relacionado ao assunto tarefas Bzuneck (2010,p.23) acrescenta, falando

que os embelezamentos são utilizados para provocar o interesse pelas atividades,

para quebrar a mesmice, para diminuir o caráter de obrigatoriedade das tarefas,

para acabar com o tédio e amenizar a aridez de alguns conteúdos.

Bergin (1999 apud BZUNECK, 2010,p.23) cita alguns embelezamentos

motivacionais utilizados por professores:

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Manipulação de objetos e movimento físico; conflito cognitivo; introdução de novidades; relação com comestíveis; interação com amigos no grupo; autor explícito, nas narrativas escritas; modelação; jogos; escolha de conteúdos atraentes para aquela classe (atualmente, seriam tópicos ligados ao aquecimento global, violência, etc); relacionamento com a vida, animal ou vegetal; fantasia; humor; e apresentação de casos ilustrativos.

Vários autores afirmam que os embelezamentos devem ser usados com

cautela.

A primeira é que esses fatores ambientais têm potencial de provocar o

interesse, mas não necessariamente de mantê-lo (BZUNECK, 2010,p.26).

A segunda é que os embelezamentos podem não ser bem vistos por alunos

mais maduros e que estão motivados pelo conteúdo em si (BZUNECK, 2010,p.27).

A terceira é que eles não garantem um trabalho mental de profundidade, isto

é, uma aprendizagem de qualidade (PINTRICK; GARCIA,1994 apud BZUNECK,

2010,p.27).

Portanto, os embelezamentos devem ser utilizados junto com o desafio,

numa atividade que desperte o interesse, mas que faça o aluno a pensar. Sua

validade educacional consiste no seu poder de envolvimento cognitivo não apenas

em sua força de sedução.

A forma como o professor opta em conduzir as atividades em sala de aula

mostra sua concepção e forma de lidar com a autoridade e isso reflete nas atitudes,

desempenho e emoções dos alunos em relação à escola.

De acordo com os pesquisadores Deci, Schwartz, Sheinman e Ryan (1981);

Reeve, Bolt e Yi Cai (1999) citados por Guimarães (2009a,p.85) citam três

necessidades dos alunos, a saber no trabalho em sala de aula, que é sensível ao

estilo do professor: a necessidade de pertencer, a necessidade de sentir-se

competente e a necessidade de autodeterminação.

Nas interações entre professores e alunos vão se estabelecendo as regras

de convivência em grupo. Um professor pode mostrar através da fala, gestos,

indícios que valoriza mais a assiduidade, outro enaltece a participação nas aulas e,

algum outro pode valorizar a nota, e algumas escolas enaltecem e recompensam

alunos que obtiveram as melhores notas em maratonas, concursos e provas

desmerecendo o esforço daqueles que por algum motivo no percurso, não

conseguiram o esperado.

20

ATIVIDADE

Nesseencontro os professores receberam previamente o material impresso,

para leitura ea realização da atividade proposta.

Foi realizada a explanação dos conceitos importantes do texto sempre com

a participação dos professores, exposição de slides e exemplos de situações reais

do dia-a-dia.

Receberam também impresso, “Sugestões para serem utilizadas nas aulas”,

baseadas em todo o conteúdo estudado e que poderiam ser utilizadas na

implementação.

Questão:

1- Quais os conhecimentos necessários ao professor, que possibilite

trabalhar de forma que motive seus alunos a aprender?

Respostas obtidas dos professores:

“Procurar diversificar a metodologia de ensino como: jogos, trabalhos em

grupo, atividades em duplas, apresentar a novidade, a mudança do tipo de

resposta exigida”.

“Criar situações que despertem a curiosidade”.

“Fazer uma reorganização da sala de aula”.

“Proporcionar atividades desafiadoras sendo em níveis intermediários de

dificuldade, como por exemplo, no jogo o desafio é um aspecto sempre

presente, por mais que existam certos objetivos, nunca se sabe o caminho

que se percorrerá, pois a cada jogada existe uma nova jogada, despertando

assim a curiosidade e o interesse do aluno, pois à medida que jogam ele

interage de maneira natural, desenvolvendo autoconfiança e habilidades”.

Buscamos através deste encontro, refletir sobre a importância de motivar os

alunos e dos professores planejarem suas aulas de forma dinâmica, utilizando jogos,

atividades que despertem a curiosidade, diversificando para proporcionar a

novidade, o desafio. Mostrar que a aprendizagem se dá pelo próprio esforço e com

isso o aprendente adquire a autoconfiança.

21

4º Encontro

Texto de apoio: “Elementos do Target: agrupamento, avaliação, tempo” e

“Envolvimento de toda a escola”da Professora Sueli ÉdiRufini Guimarães e o texto

“Motivação para aprender: aplicações educacionais”. José AloyseoBzuneck da

Universidade Estadual de Londrina.

AGRUPAMENTO

A forma como o professor verbaliza e se relaciona com os grupos em sala

de aula, mostra o que está sendo valorizado naquele momento e pode também

fomentar a comparação social.

Para garantir a participação ativa de todos os membros do grupo, o

professor deve sempre diversificar e agrupar os alunos que nunca trabalharam

juntos, pois propicia experimentar diferentes formas de trabalhar as tarefas,

diferentes ritmos e interesses são aproximados, criando novas interações,

expectativas e novas modalidades de desempenho.

AVALIAÇÃO

A forma como o professor trabalha com a avaliação, revela a sua concepção

de ensino-aprendizagem e tem influência na motivação dos alunos.

Se considera ensinar como transmissão de conhecimentos, as avaliações

serão para verificar se assimilaram o conteúdo e estão aptos para reproduzi-los. Se

concebe como construção do conhecimento, fará a análise e interpretação do

conhecimento adquirido e proporcionará mais um momento de aprendizagem. Ela é

indicativa ainda, do que é valorizado naquele contexto e cria um clima que vai levar

os alunos a desenvolverem um certo tipo de objetivos, crenças e expectativas, que

influenciam no tipo de motivação dos alunos.

Se a avaliação faz parte do processo, valorizada como fornecedora de

informações do processo de desempenho, há uma maior chance de se levar a meta

aprender.

A maneira como é trabalhado o seu resultado, também é importante. Não

pode ser enaltecida só a nota em si. Deve ser fornecido sobre o desempenho do

aluno com seus acertos e erros, pontos fortes e fracos e estratégias de como

superar os pontos fracos. Deve ser dado num período breve à execução da prova e,

de forma individual para evitar comparação entre os colegas.

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Bzuneck (2010) reforça a importância do feedback fornecido ao aluno e que

exerce influência no processo de aprendizagem e na motivação.

Ligado à motivação, fala sobre feedback positivo e negativo e, o importante

não é só a comunicação de acerto e erro, mas as verbalizações complementares do

professor em cada situação.

Portanto, os erros podem ser benéficos para uma aprendizagem de melhor

qualidade e os fracassos podem ser bem sucedidos dependendo de como forem

tratados no feedback.

O feedback positivo simples junto com o elogio, vai acompanhado de

afetividade por parte do professor, em relação a aprovação, enaltecimento e

valorização pelo esforço do aluno.

A utilização do elogio deve atentar para as regras descritas no “uso de

recompensas”.

TEMPO

A organização do tempo na escola também influi no clima motivacional dos

alunos. O tempo destinado para a realização das atividades deve ser coerente com

sua real necessidade, respeitando seus diferentes ritmos.

A forma como são organizados os períodos; duração das aulas , recreio,

intervalos entre as aulas, a facilidade ou não em dispensar as aulas em dias letivos,

contribuem para se criar um clima favorável a meta aprender.

ENVOLVIMENTO DE TODA A ESCOLA

Pesquisas afirmam que o contexto sala de aula, junto com a cultura da

escola tem influência nas metas assumidas pelos alunos.

A cultura escolar, que são as normas, crenças e valores vividos pelo coletivo

é sobreposto, interdependente e interage com a organização da escola que são os

elementos do “Target”. Eles refletem nas ações da escola, que conduzem os

comportamentos dos professores e alunos (PINTRICK; SCHUNK, 1996 apud

GUIMARÃES, 2009a,p.92).

Os diversos níveis da política da escola interferem na motivação dos alunos,

tais como: a escolha do livro didático, o currículo, horário das aulas, a forma de

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utilização dos recursos disponíveis, o tratamento do processo avaliativo, entre

outros.

Para Maehr e Anderman (1993 apud GUIMARÃES, 2009a,p.93) um

ambiente escolar que prioriza os aspectos que incrementam a meta a aprender

levam os alunos a serem mais participativos e motivados devido às ações dos

professores em sala de aula. Essas ações devem estar contempladas no

planejamento e política de toda a escola.

ATIVIDADE

Nesseencontro os professores receberam previamente o material impresso,

para leitura.

Foi realizada a explanação dos conceitos importantes do texto sempre com

a participação dos professores,exposição de slides e exemplos de situações reais do

dia-a-dia.

Receberam também impresso, “Sugestões para serem utilizadas nas aulas”,

baseadas em todo o conteúdo estudado e que poderiam ser utilizadas na

implementação.

Comentários dos professores sobre o conteúdo estudado nesse encontro:

“Valorizar o aprender e conscientizá-los que a nota é simplesmente uma

consequência do que aprendeu”.

“A avaliação deve representar o desempenho do aluno com seus acertos e

erros, sempre que possível questioná-lo individualmente de maneira que ele

coloque as suas dificuldades, assim o professor poderá usar de estratégias

diferenciadas”.

“As normas e regras da escola devem ser cumpridas por todo o coletivo para

facilitar a incorporação pelos alunos”.

Análise conclusiva:

Reforçamos a necessidade de que o que é valorizado na escola pode levar o

aluno a aprender, e o professor através da avaliação fornece feedback ao discente e

a metodologia a ser utilizada para superar as dificuldades. Todos devem falar a

mesma linguagem, como uma cultura da mesma.

24

5º Encontro .

Foi realizado uma discussão geral do conteúdo estudado e sobre a

implementação na sala de aula.

Os professores tiveram a liberdade para escolher quais estratégias

implementariam nas aulas, no conteúdo que já estavam trabalhando, sem

interferências no momento do processo.

Anotar as dificuldades e facilidades encontradas na implementação e,

sugestões, se houver.

Implementação realizada pelos professores:

Atividade diversificada (gincana sobre as regiões do Brasil e pintura no mapa

fornecido pela professora), aula prática (sobre os órgãos do sentido) nas aulas de

ciências, avaliação, valorização, feedback e orientação individual aos alunos nas

atividades de Artes; tarefa/fantasia (jogo tangram) em matemática; agrupamento,

tempo, avaliação, reconhecimento, em história; tarefa, autonomia, reconhecimento,

agrupamento, avaliação, tempo, em geografia.

Os elementos do Target ocorreram de forma inter-relacionada entre si.

Os professores receberam as questões para serem discutidas no 6º

encontro.

Questões:

Quais as mudanças necessárias e viáveis na escola para garantir a melhora

na motivação para aprender dos nossos alunos?

Que contribuição o estudo sobre motivação do aluno trouxe para o seu

trabalho em sala de aula?

6º Encontro:Avaliação e sugestão

No geral os alunos gostaram porque fizeram aulas mais práticas diferentes.

Os professores observaram uma maior participação dos alunos, mas sempre

com muita agitação.

Foi percebido que gostam das participações orais, pois querem falar, mas

devem ser conduzidos, orientados.

Nos trabalhos em grupo, inicialmente não gostaram da formação feita pela

professora, mas depois reconheceram que puderam conhecer melhor outros

colegas, formas diferentes de trabalhar, ajudar um ao outro e houve a participação

de todos os membros.

25

O grupo de estudo proporcionou um momento de reflexão para perceber que

as aulas devem ser bem conduzidas, com critérios para cada turma com suas

especificidades, e que devemos olhar mais para o nosso aluno. Muitas vezes

ficamos preocupados em cumprir com o currículo (conteúdo) e deixamos de motivar,

pois demanda tempo e conversa. É necessário repensar: qualidade e não

quantidade. Nos proporcionou possibilidade para rever nossos próprios conceitos.

Houve pouco tempo para utilizar as estratégias motivacionais, mas

possibilitou a qualificação no assunto e que poderão fazer parte do dia-a-dia nas

aulas.

Uma dificuldade encontrada foi o número de alunos na turma (36), mas não

podemos ficar lamentando, temos que buscar formas de enfrentar o problema

qualificando e trabalhando com os professores para que estejam motivados e dessa

forma saberão como superar a diversidade.

5 Considerações Finais

Com a globalização do sistema social e econômico, as pessoas tiveram que

rever seus conceitos e práticas no cotidiano particular e do trabalho. Esse

dinamismo profissional envolve responsabilidade e comprometimento.

O professor para acompanhar essas mudanças na sua formação,

desempenho profissional e mediando a formação de seus alunos com vistas a

atender a estas novas demandas precisa estar motivado. Para que esteja, sempre

construindo e reconstruindo novas competências, mobilizando desta forma seus

saberes para garantir o envolvimento no processo de ensino e aprendizagem

desenvolvendo a docência com qualidade e significância ao contexto vivenciado.

Em todo processo educativo, a competência profissional dos professores e a

sua capacidade para planejar situações de aprendizagens, realizar processos de

adaptação do currículo e elaborar pautas de trabalhos em equipe, adquiriram

relevância. Essas atitudes são decisivas para o êxito ou o fracasso do ensino-

aprendizagem.

O grupo de estudo realizado com professores foi positivo e veio contribuir

para a reflexão e discussão em relação a sua prática, a importância na qualidade

das relações professor/aluno e também acrescentou em relação ao conteúdo

motivação e estratégias motivacionais para serem incorporadas no trabalho

26

cotidiano, incentivando os alunos a uma participação mais ativa nas aulas. Mas é

necessário que essas informações façam parte de seu contexto pessoal, intelectual

e emocional, tornando realmente significativa na sua formação. É preciso estar

aberto às mudanças, que não só reproduzam as tarefas do ano passado, só pela

transmissão do conhecimento, mas que leve o aluno a discussão e reflexão dos

conteúdos apresentados, um mundo em processo de construção e representação

para que não perca a curiosidade e o interesse em aprender.

Os professores têm a consciência da possibilidade de criar o clima

adequado para a interação e a cooperação, motivar os alunos produzindo

expectativas positivas e introduzir reforços de auto estima e reconhecimento,

fazendo a diferença como um componente da normalidade, e fazer um trabalho em

equipe. Perceberam também que nessa relação professor/aluno estão embutidas as

suas concepções, crenças, histórias de vida e outros aspectos emergentes, e essa

dinâmica influencia nas escolhas e opções a serem realizadas.

A responsabilidade como educadores é enorme para nos manter motivados

a aprender e motivar o aluno a aprender a aprender. Por isso, a necessidade da

escola em criar mecanismos para resgatar e manter otimizada a motivação do

coletivo escolar.

Precisamos também contar com a presença da família na escola e no

processo de aprendizagem do aluno. Pais que saibam manter o equilíbrio

comportamental de seus filhos.

As estratégias pedagógicas devem possibilitar um ambiente interativo, cuja

comunicação seja estimulada e estruturada dentro de relações de confiança,

possibilitando alunos cada vez mais interessados, participativos, reflexivos e

cooperativos.

É necessário também trabalhar com os alunos sobre valores, limites,

sexualidade, etc.

O projeto foi desenvolvido com um grupo muito pequeno, pouco tempo para

implementação e num período que não foi muito satisfatório. Seria mais significativo

um trabalho com o coletivo escolar, mais constante e no início do período letivo, pois

com sintonia os alunos perceberiam melhor o que é valorizado naquele contexto e a

direção a ser seguida.

Esse estudo contribuiu para o trabalho do professor em sala de aula e

justifica a afirmação de que a prática pedagógica e a motivação precisam caminhar

27

juntas para contribuir na formação do cidadão preparado para a vida e para o

trabalho de maneira consciente e reflexiva.

REFERÊNCIAS

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GUIMARÃES, S. É. R. A organização da escola e da sala de aula como determinante da motivação intrínseca e da meta aprender. In: BORUCHOVITCH, E.; BZUNECK, J. A. (Org.). A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea.4.ed. Petrópolis: Vozes, 2009a. p. 78-95.

______. Motivação intrínseca, extrínseca e o uso de recompensas em sala de aula. In: BORUCHOVITCH, E.; BZUNECK, J. A. (Org.). A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2009b. p. 37-57.

______. Necessidade de pertencer: um motivo humano fundamental. In: BORUCHOCITCH, E.; BZUNECK, J. A. (Org.). Aprendizagem: processos psicológicos e o contexto social na escola. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2010. p. 177-199.

KAUART, F.; MUNIZ, I. Motivação no ensino e na aprendizagem: competências e criatividade na prática pedagógica. Rio de Janeiro: Wak, 2008.

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STIPEK, Deborah J. Profiles of motivation problems. In: Motivation to learn: from theory to practice. EnglewoodCliffs: Prentice Hall, 1988.

TACCA, M. C. V. R. Estratégias pedagógicas: conceituação e desdobramentos com

o foco nas relações professor-aluno. In: TACCA, M. C. V. R. (Org.). Aprendizagem

e trabalho pedagógico. 2. Ed. Campinas: Alínea, 2008. p. 45-68.