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VELHOGENERAL.COM.BR SÉRIE DOCUMENTOS DA GUERRA FRIA – ESTRATÉGIA NAVAL SOVIÉTICA: CONCEITOS E FORÇAS PARA O TEATRO DE GUERRA CONTRA A OTAN 1 19/11/2019 | VELHOGENERAL.COM.BR | CATEGORIAS: EUA, EUROPA, GUERRA FRIA, GUERRA NAVAL, RÚSSIA/URSS ESTRATÉGIA NAVAL SOVIÉTICA: CONCEITOS E FORÇAS PARA O TEATRO DE GUERRA CONTRA A OTAN SÉRIE DOCUMENTOS DA GUERRA FRIA Traduzido e adaptado por Albert Caballé Marimón* Representação gráfica da Marinha Soviética na Guerra Fria (naval-encyclopedia.com) Este Relatório de Inteligência da CIA, de janeiro de 1975, faz uma análise da doutrina, forças e possíveis ações das marinhas soviética e dos países do Pacto de Varsóvia num eventual cenário de guerra contra as forças da OTAN. Parece ter sido produzido com base em documentos confidenciais do Pacto de Varsóvia obtidos pela inteligência americana. Foi liberado em junho de 2017 através da FOIA (Freedom of Information Act, a lei de liberdade de informação dos EUA). Partes não liberadas estão marcadas como trechos ou parágrafos suprimidos. RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA – JANEIRO DE 1975 PRINCIPAIS CONCLUSÕES Durante a última década, os estrategistas navais soviéticos tornaram-se mais flexíveis em sua visão do possível curso de desenvolvimento de uma guerra com a OTAN. Eles agora veem as operações navais numa guerra evoluindo em até cinco estágios: Um período de crescente tensão durante o qual as operações de vigilância começariam; Possivelmente um período de hostilidades convencionais (não nucleares);

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19/11/2019 | VELHOGENERAL.COM.BR | CATEGORIAS: EUA, EUROPA, GUERRA FRIA, GUERRA NAVAL, RÚSSIA/URSS

ESTRATÉGIA NAVAL SOVIÉTICA: CONCEITOS E FORÇAS PARA O TEATRO DE GUERRA CONTRA A OTAN SÉRIE DOCUMENTOS DA GUERRA FRIA

TraduzidoeadaptadoporAlbertCaballéMarimón*

RepresentaçãográficadaMarinhaSoviéticanaGuerraFria(naval-encyclopedia.com)

EsteRelatóriodeInteligênciadaCIA,dejaneirode1975,fazumaanálisedadoutrina,forçasepossíveisaçõesdasmarinhassoviéticaedospaísesdoPactodeVarsóvianumeventualcenáriodeguerracontraasforçasdaOTAN.ParecetersidoproduzidocombaseemdocumentosconfidenciaisdoPactodeVarsóviaobtidospelainteligênciaamericana.Foiliberadoemjunhode2017atravésdaFOIA(FreedomofInformationAct,aleideliberdadedeinformaçãodosEUA).Partesnãoliberadas

estãomarcadascomotrechosouparágrafossuprimidos.

RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA – JANEIRO DE 1975

PR INCIPA IS CONCLUSÕES Durante a última década, os estrategistas navais soviéticos tornaram-se maisflexíveisemsuavisãodopossívelcursodedesenvolvimentodeumaguerracoma OTAN. Eles agora veem as operações navais numa guerra evoluindo em atécincoestágios:

• Umperíododecrescentetensãoduranteoqualasoperaçõesdevigilânciacomeçariam;

• Possivelmenteumperíododehostilidadesconvencionais(nãonucleares);

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• UmpossívelumperíododeoperaçõesnucleareslimitadasnaEuropa,queprovavelmenteseriaacompanhadoporoperaçõesnuclearesgeneralizadasnomar(atualmenteaguerranuclearnomarconcomitanteaumconflitoconvencionalnaEuropanãoéumelementodaestratégiasoviética);

• GuerranuclearemtodooTO(TeatrodeOperações);

• Umafasefinalduranteaqualoladovencedorconsolidariaseusganhos.

AsforçasnavaissoviéticaseoutrasdoPactodeVarsóviaestãoorganizadasemvários comandos para uma guerra contra a OTAN. Cada comando naval temváriasmissõesdeguerraàsquaisasforçasdevemseralocadas.Osplanejadoressoviéticos provavelmente acreditam que as forças atualmente reservadas paracada teatro são adequadas para defender o território do Pacto contra ataquesmarítimoseparalimitarosdanoscausadosporataquesdeaeronavesbaseadasem porta-aviões. Eles provavelmente consideram que suas forças ASW (Anti-SubmarineWarfare, Guerra Antissubmarina) e de interdição são inadequadaspararealizarsuasmissõesemtodososteatros.

ProváveisdesenvolvimentosfuturosdaestratégianavalsoviéticaparaaguerracontraaOTANincluem:

• Maiorênfasenaguerraantissubmarinaemmaraberto;

• Maiorusodemísseisbalísticoslançadosporsubmarinosnoteatrodeguerra;

• Desenvolvimentodemaiorescapacidadesparaaguerraconvencionalnomar.

Os soviéticos também podem adotar uma doutrina que permita operaçõesnuclearesnomardurantehostilidades convencionais em terranaEuropa. Issopoderia ser feito em reação às discussões ocidentais de tal estratégia ou porreconhecer as vantagens que ataques nucleares selecionados no mar teriamsobre ataques nucleares limitados em terra – por exemplo, a ausência doproblemadedanoscolaterais.

Essas considerações provavelmente estimularão a produção soviética desubmarinosdeataque,naviosdesuperfíciedelongocursoeaeronavesASWedeataque,alémdeprovidênciasparaapoiologístico.

PREFÁCIO Desde meados dos anos sessenta, a estratégia soviética para empregar forçasnavais em um cenário de guerra OTAN-Pacto de Varsóvia sofreu mudançasimportantes. Essas mudanças foram discutidas em documentos classificadossoviéticos e do Pacto de Varsóvia escritos no final dos anos sessenta. Osdocumentos, obtidos recentemente pela CIA, forneceram informaçõesimportantes sobre os planos soviéticos para operações navais em tempo deguerraeformamabaseparaasprincipaisconclusõesdesteestudo.

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Este relatório discute a evolução da estratégia naval soviética na era pós-Kruschev,ocenáriosoviéticoparaaçõesnavaisemumaguerraOTAN-PactodeVarsóvia e a provável visão soviética da adequação dos recursos navais paraoperaçõesemtempodeguerra.Eleforneceumaestimativa–consistentecomosdocumentos soviéticos [TRECHOSUPRIMIDO] –dos tipos enúmerosde forçasnavaisdoPactodeVarsóviaquepodemseratribuídasaváriastarefasdeguerraemmarabertoeemáreascosteiras.Oestudoterminacomumadiscussãosobreosprováveisdesenvolvimentosdaestratégianavalsoviéticanospróximoscincoanosesuas implicaçõesparaosprogramasnavaissoviéticos.Elenãodiscuteoemprego soviético de forças navais em uma guerra nuclear intercontinentaldecorrentedeumconflitoentreaOTANeoPactodeVarsóvia.

Nota: este relatório foi preparado pelo Escritório de Pesquisa Estratégica[TRECHOSUPRIMIDO] comconsultas a analistasdaAgênciade InteligênciadeDefesa (DIA,Defense IntelligenceAgency) e do Escritório de InteligênciaNaval,mas sem a participação formal dos escritórios de inteligência fora da CIA.Comentárioseconsultaspodemserdirecionadospara[TRECHOSUPRIMIDO].

EVOLUÇÃO DA ESTRATÉGIA NAVAL SOVIÉT ICA O PERÍODO PÓS-KRUSCHEV

Noiníciodosanossessenta,aestratégianavalsoviéticaparaumaguerracontraaOTANsebaseavanumconflitonuclearbreveedecisivo.Essadoutrinadefendiaousomaciçoeprecocedearmasnuclearesparaimpedirataquesinimigosapartirdomar.Asprincipaisforçasaseremempregadaseramsubmarinosdemísseisdecruzeiroetorpedoseaeronavesdeataqueequipadascommísseis.Elesdeveriamestabelecer uma defesa profunda contra as forças-tarefa de porta-aviõesocidentais que tentariam penetrar dentro da impressionante área da URSS. Adefesa contra submarinos de mísseis balísticos ocidentais seria realizada porumacombinaçãodebarreirassubmarinasebuscasconduzidasporsubmarinoseaeronaves.Osprincipaisnaviosdesuperfíciedeveriamdesempenharumpapelsecundário nas buscas ASW e na defesa contra porta-aviões. A interdição daslinhasmarítimas de comunicação daOTAN recebeu baixa prioridade, uma vezque os estrategistas soviéticos acreditavam que a guerra seria concluída comsucessoantesqueoreforçodaEuropaporviamarítimativesseimpacto.

MEADOS DOS ANOS 1960 – REAÇÃO À “RESPOSTA FLEXÍVEL”

Emmeadosdos anos sessenta, a visão soviética sobre anatureza e o cursodeumaguerraOTAN-PactodeVarsóviacomeçaramamudar.Umfatorimportanteparaamudança foiaestratégiade “resposta flexível” introduzidanosplanoseexercícios dos EUA e da OTAN. Em resposta a essa mudança na estratégiaocidental,osteóricosmilitaressoviéticosderammaioratençãoàimportânciadeforçasarmadasequipadasetreinadasparaoperaçõesconvencionaisenucleares.

Osdocumentosclassificadosda[TRECHOSUPRIMIDO],incluindopalestrassobreestratégiaministrada em cursos para oficiais não-soviéticos do Pacto, indicamque,emmeadosdosanossessenta,osplanosdeguerranaEuropaincluíamum

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possível breve período de hostilidades convencionais anteriores às operaçõesnucleares.Previa-sequeacampanhatodaseriabreve,noentanto,comamaiorparte da ação concluída em poucas semanas. Os estrategistas navaiscompartilhavamdospontosdevistadeoutrosanalistasmilitaressoviéticos.Emum documento classificado escrito em 1966, o contra-almirante Kruchenykh,instrutordaAcademiadeEstado-Maior,argumentouqueadoutrina flexíveldaOTANobrigavaaMarinhaSoviéticaaestarprontaparaaguerraconvencionalenuclearnomar.

Um problema específico para os estrategistas navais era determinar acombinação adequada de armas nucleares e convencionais. Kruchenykhrecomendouqueamaioriadasunidadescarregasseosdoistiposdearmas:eleobservou, no entanto, que submarinos equipados com mísseis antinavio, mascom poucos tubos de mísseis, poderiam ser armados apenas com armasnucleares.EleprovavelmenteestavasereferindoàclasseJ(quatrolançadores)eàsclassesWmodificadas(doisouquatrolançadores).

MUDANÇAS RECENTES NO CONCEITO SOVIÉT ICO DE GUERRA NAVAL

Aestratégianavalsoviéticacontinuouaevoluirnofinaldosanossessenta,eostextosnavais[TRECHOSUPRIMIDO]daqueleperíodoenfatizaramaflexibilidadenoempregodasforçasnavais.

Asmissõesdas forçasnavais soviéticas– excetoalguns submarinosdemísseisbalísticos – foram reexaminadas no contexto de guerra nuclear convencional,limitada e em todo o TO. Vários autores navais enfatizaram a necessidade deatacar submarinos Polaris durante uma possível fase convencional. Essa visãotambémserefletiuempalestrasclassificadasdoPactodeVarsóvianofinaldosanossessenta(verboxabaixo).

Em1969,omarechalZakharov,entãochefedoEstadoMaior,discutiunumartigoclassificado a possibilidade de uma guerra que incluísse fases convencionais,

Missões antissubmarinas e contra porta-aviões em operações convencionais

Trechos das palestras do Pacto de Varsóvia sobre estratégia de guerra na Europa feitas em 1969-1970:

O inimigo, em condições de situação crítica, pode passar a empregar armas nucleares... portanto, é necessário usar todos os meios [durante uma possível fase convencional] para destruir seus lançadores e aeronaves com capacidade nuclear...

Peculiaridades na condução de uma operação ofensiva com armas convencionais [incluem a necessidade de] ...envolver-se em operações conjuntas de aeronaves navais e de longo alcance para destruir as principais forças da frota inimiga, especialmente os submarinos de mísseis.

Aspectos da condução de operações com emprego de meios convencionais de destruição [incluem] ...no mar, a operação conjunta de frotas e Aviação de Longo Alcance para destruir forças navais inimigas – porta-aviões e submarinos de mísseis.

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táticasnuclearesenuclearesdelargaescala.Oconceitodeoperaçõesnucleareslimitadas na Europa pode ter sido avaliado [TRECHO SUPRIMIDO], masoperaçõesnucleares limitadasnomarnão foramdiscutidasexplicitamentenostextossoviéticosdisponíveis[TRECHOSUPRIMIDO].

AdiçõesrecentesàMarinhaSoviética(WikimediaCommons)

Umartigo classificado, escrito em1968peloCaptainFirstRank1Vyunenko e ocontra-almirante Tuz, discutiu a possibilidade de um período de hostilidadesnucleares limitadas em uma guerra OTAN-Pacto de Varsóvia, na qual haveriaamplo uso de armas nucleares táticas no mar. Eles defendiam que as forçasnavais soviéticas usassem todos os meios nucleares à sua disposição duranteoperações nucleares limitadas na Europa, com exceção de alguns mísseisbalísticos lançados por submarinos destinados a serem usados contra alvosterrestres estratégicos. Outros mísseis balísticos lançados por submarinos –aquelesdemenorrendimento–deveriamserusadoscomoarmastáticascontraalvosnoteatroeuropeu:concentraçõesdetropasinimigas,portos,basesnavais,aeródromos, sistemas de detecção de submarinos e estações de navegação ecomunicaçãodeapoioasubmarinosdemísseis.

AmudançadeconceitostrouxeuminteresserenovadonainterdiçãodaslinhasdecomunicaçõesmarítimasdaOTAN.Zakharovobservouemseuartigode1969queainterdiçãopoderiasetornarimportantenosestágiosfinaisdeumaguerraOTAN-PactodeVarsóvia,paraimpediroreforçomarítimodasforçasterrestresdaOTAN.Umartigode1974observouaimportânciaparaaOTANdaslinhasde1Captain 1st Rank (“Capitão de 1º Escalão”): posto daMarinha Soviética equiparado ao OF-5 da OTAN. Para efeito decomparação,seriaequivalenteaCapitãodeMar-e-GuerranaMarinhadoBrasil.

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comunicaçãomarítimaparaoapoiomilitareeconômicodaEuropa.Noentanto,atacarotransportemarítimodaOTANaindatinhaprioridademaisbaixadoqueaguerraantissubmarinaecontraporta-aviões,eosestrategistassoviéticosaindaenfatizavamumaguerrarelativamentecurta–aqualprovavelmenteterminariaantesqueaOTANpudessemontarumgrandereforçoporviamarítima.

DESENVOLVIMENTO DE FORÇA

Os novos sistemas navais soviéticos que entraram em operação no início dosanos setenta refletiramo conceito estratégico desenvolvidonos anos sessenta.Classes mais recentes de combatentes de superfície foram construídas commelhorescondiçõesdevidaparaatripulaçãoemaioralcancedoqueasclassesanteriores,permitindoqueosnaviospermanecessemnomarporperíodosmaisprolongados.Eles foramequipados comsistemasdedefesaaéreaaprimoradosparaaumentarsuaeficáciaemcombateemáreas foradacoberturadaaviaçãoterrestre.Oapoio logísticonaval tambémrecebeumaior atençãoeduasnovasclasses de navios auxiliares foram introduzidas, embora poucos desses naviostenhamsidoconstruídos,sugerindoqueosplanejadoressoviéticosvirampoucaurgência em fornecer apoio logístico para operações de combate prolongadas.Uma nova aeronave ASW de longo alcance – o TU-142, uma modificação dobombardeiropesadoTU-95Bear–foidesenvolvidaedesdobradaempequenasquantidades, emreconhecimentoànecessidadede realizaroperaçõesASWemmaraberto.

ESTRATÉGIA NAVAL PARA A GUERRA NA EUROPA: CONCEITOS SOVIÉT ICOS ATUAIS CENÁRIO GERAL

Os documentos soviéticos classificados [TRECHO SUPRIMIDO] refletem umcenárioflexívelparaumaguerraOTAN-PactodeVarsóvia.OartigodeZakharov,de1969,descreveucincoestágiospossíveisnessaguerra:

• Umperíododealerta,comtensõescrescentesedeterioraçãodasrelaçõespolíticas,duranteasquaisosdoisladossepreparariamparaoconflito;

• Umafasedeoperaçõesconvencionais.OfocoprincipaldasoperaçõesdoPactonestafaseestáemromperasdefesasavançadasdaOTANeinterrompersuacapacidadedeataquenuclear,incluindoasforçasnavais;

• Umpossívelperíododeoperaçõesnucleareslimitadas.Aescaladaatividadenuclearnestafasenãoestábemdefinida.OusolimitadodearmasnuclearesnaEuropapodetersidoavaliado[TRECHOSUPRIMIDO],masnãoháevidênciasdequeoperaçõesnucleareslimitadasnomartenhamsidotratadasemexercícios.AlgunsestrategistasnavaissoviéticossustentaramqueoperaçõesnucleareslimitadasnaEuropasinalizariamguerranucleargeneralizadanomar;

• GuerranuclearemtodooTO,consideradaumperíodode“açãonucleardecisiva”.Duranteessafase,ataquesnuclearesmaciçosseriamrealizados.

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Ocenáriomaisdiscutidoepraticadoenvolveumataquenuclearpreventivo,lançadoaoreceberoalertadeumiminenteataquenuclearemlargaescaladaOTAN.Essafasepodecoincidircomoiníciodeumaguerranuclearintercontinental,masossoviéticospodemnãovermaisumaconexãonecessáriaentreosdois,comonoiníciodosanossessenta;

• UmafasefinalduranteaqualasforçasdoPactoconsolidariamseusganhosterritoriais,eliminariambolsõesderesistênciainimigaeavaliariamosrequisitosparaoperaçõesadicionais.

Osanalistassoviéticosapontamqueessaprogressãonãoéinevitávelequeumaguerra na Europa poderia começar não apenas com operações convencionais,mas tambémcomumaguerranuclear limitadaouem largaescala.Noentanto,continuam a enfatizar a probabilidade de escalada para uma guerra nucleargeneralizada.

OPERAÇÕES NAVAIS EM UM TEATRO DE GUERRA COM A OTAN

Durante a última década, a Marinha Soviética praticou [TRECHO SUPRIMIDO]todas as tarefas de combate aplicáveis a uma guerraOTAN-Pacto de Varsóvia,mas as ensaiou em fragmentos – nunca integradas num cenário de guerracompleto. Textos classificados e palestras especialmente classificadas sobreestratégiade guerranaEuropa,ministradas aoficiaisdoPactodeVarsóvianofinal dos anos sessenta, deram estrutura [TRECHO SUPRIMIDO] aos planos deguerra soviéticos. Segundo essas fontes, as ações navais numa guerra OTAN-PactodeVarsóviaseguiriamocenáriobásicodaguerranaEuropaeaescaladado conflito naval seria essencial para o curso das operações no continente. Aevidência documental [TRECHOSUPRIMIDO] indica que os soviéticos esperamqueasaçõesnavaissedesenvolvamconformedescritoabaixo.

PeríododeAlarme:duranteoPeríododeAlerta,ossoviéticosaumentariamaprontidãodasforçasnavaisdoPactoeenviariamunidadesnavaisparaestaçõespróximas da costa soviética e paramar aberto para o início das operações devigilância,concentrando-seemporta-aviõesesubmarinosdemísseisbalísticos.AsforçasnormalmenteempregadasduranteoperíododepazseriamsuficientespararealizaravigilâncianaságuasdomésticasdoPactodeVarsóviaenosmaresNegro e Báltico. O esquadrão naval soviético do Mediterrâneo tem forçasuficienteparaconduziravigilânciaderotinadosnaviosdesuperfíciedaOTAN,massuaforçaASWexigiriareforçoadicionalmesmoparaoperaçõeslimitadas.Oreforço do esquadrão do Mediterrâneo para o nível necessário à guerra totalprovavelmente exigiria cerca de duas semanas. As forças navais destacadasrotineiramentenoAtlânticoenoPacíficosãoapenasumafraçãodosrequisitosestimados de guerra, e o reforço a essas áreas provavelmente exigiria de umasemanaadezdias.

FaseConvencional:ossoviéticosachamprovávelqueumaguerraOTAN-PactodeVarsóvialogosetornenucleare,portanto,planejamoperaçõesconvencionaispara enfraquecer a capacidade nuclear do inimigo. As forças navais do Pacto(incluindo elementos aeronavais), auxiliadas por alguns bombardeiros daAviação de Longo Alcance provavelmente tentariam destruir unidades navais

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inimigas no mar e em suas bases na Europa no início da fase convencional,concentrando-se novamente em porta-aviões e submarinos lançadores demísseis balísticos2. [TRECHO SUPRIMIDO] esses ataques seriam coordenadoscom a Operação Aérea conduzida pelas forças aéreas táticas do Pacto e porelementosdaAviaçãodeLongaDistânciacontraossistemasdeentreganucleardaOTANbaseadosnaEuropa[TRECHOSUPRIMIDO].DeacordocomaspalestrasestratégicasdoPactodeVarsóvia,osataquesanfíbioscomeçariamnosprimeirosdias do conflito e seriam feitos esforços para controlar oMar Báltico e oMarNegro. As forças ASW da OTAN seriam atacadas num esforço para facilitar odesdobramentodesubmarinossoviéticos.

OperaçõesNuclearesLimitadas:Nãoháevidênciadiretanostextos[TRECHOSUPRIMIDO] que indique que a Marinha Soviética planeja realizar operaçõesnucleareslimitadasnomar,mesmoquesuasforçastenhamcapacidadedefazê-lo. Segundo um artigo classificado soviético, operações nucleares limitadas nocontinente europeu podem desencadear uma guerra nuclear generalizada nomar, mas outros artigos [TRECHO SUPRIMIDO] não refletem esse conceito. Adoutrina soviética também não parece sancionar a guerra nuclear no marenquanto a guerra na Europa for convencional. Se os soviéticos empregassemarmas nucleares no mar durante uma fase nuclear limitada, provavelmentealocariam alguns bombardeiros pesados da Aviação de Longa Distância paraaumentar os ataques navais contra porta-aviões usando mísseis nucleares[TRECHO SUPRIMIDO]. Houve pouca discussão nos textos militares soviéticossobreousodemísseisbalísticosterrestrescontranavios[TRECHOSUPRIMIDO].Épossível–masimprovável–quealgunssubmarinosdemísseisbalísticosfaçamataquesnuclearesseletivoscontraalvosterrestres.

Guerra Nuclear em todo o Teatro de Operações: Com a transição para aguerra nuclear em todo o teatro, as forças navais soviéticas iniciariam o usoquase ilimitado de armas nucleares táticas, se já não o tivessem feito antes.AlgunssubmarinosantigosdemísseisbalísticosdasclassesGeHprovavelmentelançariam ataques nucleares contra alvos europeus. As notas das palestras doPactoindicamqueseusalvosseriaminstalaçõesnavais,concentraçãodetropaseaeródromos.MísseisestratégicostransportadosporsubmarinosdasclassesYeDprovavelmenteseriamretidoscomodissuasãoestratégica,desdequeoconflitopermanecesseconfinadoàEuropaeaosmareseoceanosvizinhos.

Fase Final: Elementos da força submarina soviética provavelmente tentariaminterditarreforçosmarítimosdaOTANduranteafasefinaldeumaguerraOTAN-Pacto deVarsóvia. Àmedida que essa fase avançar – assumindoum resultadofavorávelaoPacto–asforçasnavaisajudariamasforçasterrestresaestabelecercontrole sobre o território ocupado e eliminariam a resistência das unidadesnavaisinimigas.

2Épossívelque,seossoviéticosenxergassemumaoportunidadedeconteroconflitoemnívelconvencionalehouvesseumaprobabilidade muito baixa de que eles poderiam realmente destruir um submarino inimigo de mísseis balísticos, que aliderança soviética se abstivesse de atacar os SSBN para reduzir as chances de escalada. Uma política de proibição deataquesaosSSBNtrariaproblemasparaaMarinhaSoviética,umavezquesuas forçasseriamincapazesdedistinguiremmarabertosubmarinosdemísseisbalísticosdesubmarinosdeataquequerepresentariamameaçaparasubmarinosenaviosdesuperfíciesoviéticos.

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TEATROS DE OPERAÇÕES

Um artigo classificado, escrito em 1970 pelo comandante-chefe da MarinhaSoviética,almiranteS.G.Gorshkov,indicouqueasoperaçõesnavaisdoPactodeVarsóvia seriam organizadas em base regional, com forças alocadas em vários“Teatros de Operações Militares” no teatro de guerra europeu. Dois tipos deteatros de operações – continentais e oceânicos – são citados em textossoviéticos classificados. Esses textos [TRECHO SUPRIMIDO] indicam que asforças navais seriam atribuídas aos dois tipos, mas seus relacionamentos decomando(videorganograma)esuastarefasseriamdiferentes.

Em uma guerra com a OTAN, a Europa e os mares vizinhos provavelmenteseriamdivididosemtrês teatroscontinentaisdeoperaçõesmilitares–onorte,centroesuldaEuropa.OsoceanosAtlânticoePacíficoseriamdesignadoscomoteatrosoceânicos.OMediterrâneopodeserdesignadocomoteatrooceânicoouse tornar parte do teatro do sul da Europa, dependendo da maneira como oconflito evoluir. As operações navais soviéticas noMediterrâneo em tempo deguerra seriam semelhantes às doAtlântico, portanto oMediterrâneo é tratadoneste artigo como um teatro oceânico independente. Outras áreas distantes,comooOceanoÍndico,tambémpodemserdesignadasteatrosoceânicos,masasoperações navais soviéticas nessas áreas provavelmente seriam extremamentelimitadas,amenosqueaOTANtivesseforçasnavaisconsideráveisali.

TEATROS OCEÂNICOS

Os documentos soviéticos [TRECHO SUPRIMIDO] indicam que a tarefa dedestruiras forçasnavaiscomcapacidadenucleardaOTANe impediroreforçomarítimo da Europa caberiam principalmente aos comandantes dos teatrosoceânicos–doAtlântico,PacíficoeprovavelmentedoMediterrâneo.

Teatro do Oceano Atlântico: Durante um período de tensões crescentes – oPeríododeAlerta–asunidadesnavaisdaFrotaSoviéticadoNortedesignadasparaoTeatrodoOceanoAtlânticoquase certamente sedeslocariamdasbasesdomésticasetentariamlocalizarporta-aviõesesubmarinosdemísseisbalísticosdaOTAN.AsunidadesdesuperfícieesubmarinasatribuídasàsestaçõesnoMardaNoruegapoderiamalcançá-lasemdoisoutrêsdias.Aquelasdesignadasparaoperaçõesemáreasmaisdistantesprecisariamdeumasemanaadezdiasparachegaraseuspostos.(Videmapanapágina11).

Provavelmente,algumasaeronavesdereconhecimentoBearDdelongoalcanceseriamdesdobradasemaeródromosavançadosnaURSSe,possivelmente,paraCuba e a Guiné, uma vez que participaram de grandes exercícios da frota nosúltimosanos.Aaeronaveprovavelmenteiniciariavarredurasdereconhecimentonoiníciodoperíododetensão.NoMardaNoruega,elasprovavelmenteseriamreforçadas por bombardeiros médios navais e da Aviação de Longo Alcance.AeronavesASW–BearFeIL-38May–provavelmenteseriamdesdobradasembasesavançadasparavarredurasnoMardaNoruegaeaosulrumoaoAtlântico.

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ORGANOGRAMA1–PactodeVarsóvia:RelaçõesdoComandoNavalparaosTeatrosdeGuerracontraaOTAN

As embarcações de coleta de informações provavelmente fariam surtidas parasuplementar continuamente as que estavam operando em tempo de paz. Asestaçõesocupadasporessesnavios[TRECHOSUPRIMIDO]geralmenteincluíamduasnacostalestedosEUA,duasoutrêsnoeixoGroenlândia–Islândia–ReinoUnido,eduasnasbasesPolarisamericanasemHolyLoch,naEscócia,eemRota,naEspanha.

Alguns submarinos de ataque nuclear – principalmente das classes V e U –provavelmentepatrulhariamasbasesPolarisnatentativadedetectarerastrearo desdobramento de submarinos americanos. [TRECHO SUPRIMIDO] Asunidadesmovidasaenergianuclearprovavelmenteseriamapoiadasporváriossubmarinos movidos a diesel e navios ASW. Outros submarinos de ataquemovidosaenergianuclearprovavelmentefariambuscasemáreasadequadasàoperaçõesdosPolarisnoAtlânticoNorteenoMardaNoruega,emconjuntocomaeronaves ASW. Essa estratégia foi defendida por vários analistas navais nadécadadesessenta[TRECHOSUPRIMIDO].OutrosprovavelmenteescoltariamodesdobramentodesubmarinosdemísseisbalísticosparaimpedirqueasforçasdaOTANosrastreassem.[TRECHOSUPRIMIDO].

Váriosexercícios–“Norte”em1968,“Oceano”em1970[TRECHOSUPRIMIDO]apresentaramumaimagembastantecompletadosplanossoviéticosdeusarseusoutrossubmarinosnoAtlântico.Ossubmarinosdemísseisdecruzeiro,apoiadospor grandes combatentes de superfície equipados commísseis, provavelmente

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estabeleceriam várias barreiras de defesa contra porta-aviões no Mar daNoruega e no Atlântico Norte. Provavelmente um submarino de mísseis decruzeiro classe C seria designado para cada porta-aviões. Submarinos maisantigos de ataque nuclear e unidades movidas a diesel provavelmenteestabeleceriam barreiras submarinas e antinavio – dirigidas em parte contrasubmarinosocidentaisdemísseisbalísticos–noMardaNoruega.

MAPA1–TeatrodeOperaçõesMilitaresdoOceanoAtlântico:PostuladodaDisposiçãoInicialemTempodeGuerradasForçasNavaisSoviéticas

[TRECHO SUPRIMIDO] as unidades de longo alcance classe F provavelmenteseriam empregadas nas barreiras mais distantes e na entrada do Mar daNoruega,enquantoasclassesdemenoralcanceWeRformariamamaioriadasunidadesdesignadasparaestações foradaNoruegaounasentradaparaoMardeBarents.Aoestabeleceressasbarreiras,ossoviéticosprocurariamdividiraspotenciaisáreasoperacionaisemzonasdevigilância–comopreconizadoemumartigoclassificadoescritopelocontra-almiranteGoncharem1968.Asforçasdevigilância submarina, de superfície e aérea procurariam nessas zonas e asbarreiras submarinas alertariam sobre os movimentos inimigos de uma zonaparaoutra.

Mais longe no Atlântico, patrulhas submarinas provavelmente seriamestabelecidas para alerta antecipado de movimentos inimigos. Os soviéticos

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completariamseusesforçosdevigilânciaoceânicanestafaseusandosatélitesdereconhecimento–ELINT(ElectronicIntelligence,InteligênciaEletrônica),radarepresumivelmente fotográfico – para escanear as áreas oceânicas. [TRECHOSUPRIMIDO]

Outras forças navais destinadas a um eventual uso em combate no Teatro doAtlântico quase certamente poderiam ser colocados em prontidão de combatedurante esseperíodo.Para isso, pequenos reparos emnavios e submarinosdesuperfície seriam concluídos e munições e estoques seriam carregados. AsaeronavesdeataquenavaldaFrotadoNorteprovavelmenteestariamemestadode prontidão ampliada e algumas unidades de aviação de outras frotasprovavelmente seriam transferidas para a área da Frota do Norte. O contra-almiranteBrezinskiysugeriuessamudançaemumartigoclassificadopublicadoem1968,[TRECHOSUPRIMIDO].

Com o início das operações convencionais, neste estágio as forças navaissoviéticasnoTeatrodoAtlânticoquasecertamentetentariamataquesmaciçosecoordenados contra porta-aviões – [TRECHO SUPRIMIDO] usando mísseis decruzeirolançadosdasuperfície,doaredesubmarinoseprovavelmentetambémtorpedoslançadosporsubmarinos.Bombardeirosnavaismédiosprovavelmenteseriamempregadosemforçaregimental–cercade20aeronaveslançadorasdemísseis e unidades de apoio – contra cada grupo de ataque de porta-aviões.Alguns bombardeiros da Aviação de Longo Alcance também podem participardessasmissões.Osataquesiniciais[TRECHOSUPRIMIDO]provavelmenteseriamfeitos em coordenação com a Operação Aérea na Europa. Após os primeirosataques,asforçassoviéticasanti-porta-aviõesprovavelmentesereagrupariameconduziriamataquesrepetidosatéqueasforçasinimigasfossemcolocadasforadeaçãoouashostilidadespassassemaumestágionuclear.

Artigos classificados enotasdepalestrasdoPactodeVarsóvia indicamqueasforças ASW soviéticas não se absteriam de atacar submarinos de mísseisbalísticos durante uma fase convencional, mas provocariam ataquesconvencionais contraqualquer submarino inimigo sendo rastreado3.AsbuscasdeáreaeaspatrulhasdebarreiraprovavelmentecontinuariampelosmaresdeBarents, da Noruega e no Atlântico Norte. Unidades ASW operando perto dasbases Polaris em Holy Loch provavelmente engajariam desdobramentos desubmarinosdemísseis.

Adoutrinasoviética,conformerefletidanumlivrosobreASWescritoem1968enum artigo em uma conceituada revista militar em 1973, preconiza ataquescontra quaisquer forçasASW inimigas detectadas emmar abertodurante esseperíodo.

AsoutrasgrandesdefesasASWdaOTAN–sistemasdevigilânciasonora(SOSUS,Sound Surveillance Systems) e bases de aeronaves de patrulha na Islândia, naNoruegaenoReinoUnido–tambémpodemseratacadasduranteestafase,mas

3Vernotaderodapénapágina8.

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poucos recursos navais soviéticos estariam disponíveis para tais missões noiníciodashostilidades.[TRECHOSUPRIMIDO]

Se houver um período limitado de operações nucleares na Europa, as forçasnavais soviéticas noAtlântico continuarão sua principal tarefa de combater asforçasnavaisdeataquenucleardaOTAN.Amarinhaestarialivreparausarpelomenosalgumasarmasnuclearesepoderiarealizaroperaçõesnuclearesemumaescalabastantegrande.Alémdisso,bombardeirospesadosdaAviaçãodeLongoAlcance equipados com mísseis nucleares podem ser disponibilizados paraaumentar as forças navais contra porta-aviões, [TRECHO SUPRIMIDO] Issopoderialiberaralgunsativosnavais–particularmentesubmarinos–paraoutrastarefas,especialmenteASW.

OutraopçãoabertaaossoviéticosnesseperíodoseriaousodeaeronavesnavaisoudaAviaçãodeLongoAlcancepara ataquesnucleares a instalações SOSUSebasesdeaeronavesdepatrulhamarítimanoTeatrodoAtlântico.Algunsmísseisbalísticos lançados por submarinos – provavelmente os SS-N-4 e SS-N-5transportadospelasclassesGeH–tambémpodemserempregadoscontraessesalvos.IssoseriaconsistentecomasopiniõesdeVyunenkoeTuz,quedefendiamousodealgunssubmarinosdemísseisbalísticosnopapeldeataque,[TRECHOSUPRIMIDO]

AescaladaparaumaguerranuclearemtodooTOpermitiriaqueasforçasnavaissoviéticas no Atlântico empregassem quase todos os seus sistemas de armasnucleares,sejánãootivessemfeitoantes.Seoconflitopermanecesseconfinadoao teatro de guerra europeu e não tivesse se espalhado para incluir ataquesnuclearescontraaURSS,elescontinuariamretendomísseisbalísticos lançadosporsubmarinosdestinadosaataquesintercontinentais.Nestafase,ossoviéticospodemdestinarsubmarinosdeataqueadicionaisparaprotegerseussubmarinosdemísseisbalísticos.

NafasefinaldeumaguerranaEuropa,asunidadesnavaissoviéticasnoAtlânticoprovavelmentecontinuariamasoperaçõesdestinadasadestruirasforçasnavaisinimigas. Eles provavelmente também conduziriam um esforço de interdiçãosubmarina para impedir o reforço da OTAN pelos Estados Unidos. Artigos doComandanteemChefedaMarinhaGorshkoveoutrosautoresnavaisindicamqueas barreiras de interdição submarina seriam reforçadas por aeronaves dereconhecimentonavaldelongoalcance.

Teatro doMediterrâneo:Os textos soviéticos [TRECHOSUPRIMIDO] indicamqueasaçõesnavaisemtempodeguerranoMediterrâneoseriamsemelhantesàsdoAtlântico.Oesquadrãonavalmediterrâneosoviéticonormalmentepossuide12 a 15 grandes combatentes de superfície e um número semelhante desubmarinos–osuficienteparainiciaroperaçõesdecombate.AsaçõessoviéticasemváriascrisesnoOrienteMédio [SUPRIMIDA] indicam,noentanto,quenumperíodode tensão crescente o esquadrão seria reforçado. Provavelmente seriaaumentadotantoporsubmarinosdaFrotadoNortequantoporcombatentesdesuperfíciedoMarNegro.Levariapelomenosumasemanaparaos submarinosnucleares da Frota do Norte e cerca de duas semanas para os submarinos a

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dieselchegaremaoMediterrâneo.Provavelmenteseriamnecessáriostrêsasetediasparaaumentarasforçasdasuperfíciedoesquadrão.

MAPA2–TeatroMediterrâneodeOperaçõesMilitares:PostuladodaDisposiçãoInicialemTempodeGuerradasForçasNavaisSoviéticas

A forçaaumentadaquasecertamente tentariamanter contato contínuocomasprincipais unidades americanas, especialmente os porta-aviões, durante operíodo de tensões crescentes, como foi feito durante a crise da Jordânia em1970 e a guerra noOrienteMédio em 1973. As operações ASWdo esquadrãomediterrâneodurante oPeríododeAlerta provavelmente incluiriamvigilânciaintensivadabasesubmarinaPolarisdosEUAemRota,Espanha,porumaforçacombinadadenaviosdecoletadeinformações,submarinosenaviosASW.

Barreiras submarinas e de superfície adicionais provavelmente seriamestabelecidasnoMediterrâneo.[TRECHOSUPRIMIDO]

[TRECHO SUPRIMIDO] Submarinos nucleares de ataque provavelmenteconduziriambuscasASWnaáreanoMediterrâneooriental,centraleocidental.[TRECHOSUPRIMIDO] umoudois gruposASWde superfície – compostos porum cruzador porta-helicópteros classeMoskva e vários destróieres – tambémvarreriamasprováveisáreasoperacionaisdosPolaris.

OsataquesiniciaisASWecontraporta-aviõesnoMediterrâneo,assimcomonoAtlântico,provavelmenteseriamrealizadosnoiníciodareaçãosoviética–sejamconvencionaisounucleares4.Umartigoclassificadodeumoficialtáticodaforçaaérea soviética indicou que as aeronaves da Aviação Estratégica tentariamneutralizarasdefesasaéreasdaOTANnosuldaEuropaequeosbombardeirosmédiosnavaissoviéticospoderiamsairdoMarNegroparaparticipardeataques4Vernotaderodapénapágina8.

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contraporta-aviões.Osataquesantinavioquese seguiriam–convencionaisounucleares – provavelmente seriam realizados pelos navios e submarinos queconseguissemsobreviveraoscontra-ataquesdaOTANeporaeronavesnavaisdeataquebaseadasemterra.SeossoviéticospudessemobtersuperioridadeaéreasobreoMediterrâneo,elespoderiamimplantarumdestacamentodeaeronavesASWparaoperarlá.

Se os soviéticos adotassem uma política de operações nucleares limitadas nomar, poderiam empregar mísseis antinavio nucleares contra porta-aviõesamericanos no Mediterrâneo, enquanto as hostilidades em outras áreasoceânicas continuassem convencionais. Os porta-aviões que operam noMediterrâneocentralouorientalestãoaoalcancedealvosnaURSSenaEuropaOrientale,portanto,sãoalvosmaisurgentesparaasforçasantinaviosoviéticasdo que os porta-aviões do Teatro do Atlântico, que devem passar por váriosescalõesdedefesasantesquepossamchegaraoalcancedeataquedeobjetivosnoterritóriodoPactodeVarsóvia.Ousodearmasnuclearescontraporta-aviõesno Mediterrâneo aumentaria bastante as chances da Marinha Soviética dedesabilitaraforçadeporta-aviõesdaSextaFrotanoiníciodoconflito[TRECHOSUPRIMIDO] Comuma transição para a guerra nuclear em todo o TO, a ForçaNaval Soviética do Mediterrâneo poderia empenhar todos os seus mísseisnuclearesantinavioearmasASW.

TeatrodoOceanoPacífico:EmboraasprincipaisaçõesdeumaguerraOTAN-Pacto de Varsóvia ocorram no teatro europeu, os soviéticos também esperamuma ameaça dos porta-aviões e submarinos demísseis balísticos dos EUA noPacífico. As tarefas atribuídas às forças navais soviéticas no Teatro doOceanoPacífico [TRECHO SUPRIMIDO] são as mesmas do Atlântico. Elas incluemvigilânciaintensificadanoPeríododeAlerta,concentrando-seemporta-aviõeseempossíveisáreasdeoperaçãodesubmarinosdemísseisbalísticose,umaveziniciadas as hostilidades, ataques convencionais ou nucleares contra forçasnavais dos EUA, especialmente às unidades com capacidade nuclear. OssoviéticospodemsermaiscautelososaoatacarsubmarinosdemísseisbalísticosdosEUAnoPacíficodoquenoAtlântico, jáquenão representamumaameaçadiretaàsoperaçõesdopactodeVarsóvianaEuropa.

TEATROS CONTINENTAIS

DeacordocomaspalestrasclassificadasdoPactodeVarsóvia,as forçasnavaisatribuídas aos teatros de operações continentais têm a tarefa de estabelecercontrole sobremares fechados e áreas costeiras, realizar ataques anfíbios emapoio àsoperaçõesdoPactonaEuropaeproteger anavegação costeira.Essasmissõesexigemumaestreitacoordenaçãocomasforçasterrestreseaéreas.Asoperações seriam semelhantes seja numa guerra convencional ou nuclear. Asoperaçõesnavaisparaestabelecerocontroledosmaresnosteatroscontinentaispoderiamseriniciadascompoucoavisoprévio.Noentanto,osataquesanfíbiosexigiriam vários dias de preparação, e seriamnecessáriosmais um a três diasparaasforçasanfíbiassemovimentarematésuasáreasdeataque.

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TeatrodoNortedaEuropa:Asforças[TRECHOSUPRIMIDO]designadasparaoTeatro doNorte da Europa têm amissão de defender o norte daURSS contraataques vindos da Noruega ou pelo mar e possivelmente conduzir operaçõesofensivas na Escandinávia, através da Finlândia ou diretamente naNoruega.Oobjetivo de tais operações não é claro, mas pode ser a neutralização dascapacidades de vigilância da OTAN na área. As unidades navais no Teatro doNorte da Europa incluiriam elementos da Frota do Norte e possivelmentealgumasunidadesdaFrotadoBáltico5.

Durante um período de tensão, as forças de defesa da Frota do Norte quasecertamente estabeleceriam patrulhas ASW de superfície, por submarinos eelementosaéreosnoMardeBarentsetentariamdetectarerastrearsubmarinosocidentaisnaságuasdomésticassoviéticas.Nofinaldoperíodo,provavelmenteseriamestabelecidoscamposminadosdefensivospróximosdacostasoviética.

Comaaberturadashostilidades,asforçasdaFrotadoNorteatacariamtodosossubmarinos ocidentais detectados noMar de Barents. A doutrina do Pacto deVarsóviapreconizaataquesaéreoscontra instalaçõesnavaisdaOTANepostosde vigilância no norte da Noruega. Conforme o cronograma estabelecido naspalestras do Pacto de Varsóvia, forças anfíbias com força de regimento (1.800homens)dainfantarianavalsoviéticaprovavelmentedeixariamsuasbaseslogoapós o início dos combates. Os desembarques começariam no segundo outerceirodiadaguerra.Asoperaçõesparamanterocontroledaságuascosteiraseparaprotegeranavegaçãoprovavelmentecontinuariamportodaacampanha,eataquesanfíbiosadicionaisempequenaescalapoderiamserrealizados.

Teatro da Europa Central: as forças navais do Pacto deVarsóvia designadaspara o Teatro da Europa Central provavelmente incluem a Frota Soviética doBáltico e as marinhas da Polônia e da Alemanha Oriental. Os documentos doPacto [TRECHO SUPRIMIDO] confirmaram que essas forças formam umcomando naval integrado com duas tarefas principais – controlar o Báltico eapoiarasoperaçõesofensivasdoPactocomoobjetivodecapturaraDinamarcaeacostabálticadaAlemanhaOcidental.

Segundoessasfontes,asmarinhasdoBálticoconduziriamoperaçõesdeassaltoanfíbio, provavelmente utilizando o equivalente a até três regimentos, paraajudar na captura do estreito dinamarquês em coordenação com as tropas eforças aéreas do Pacto. Eles também realizariam operações antinavio e ASWcontraas forçasnavaisdaOTANoperandonoBálticoou tentandopenetrarnoestreito e ataques aéreos contra os portos e bases navais da OTAN. As forçasnavaisdopactoprovavelmentetambémdefenderiamas linhasdecomunicaçãomarítima no Báltico, portos e bases navais. [SUPRIMIDA] A Frota Soviética doBálticotambémpodefornecerunidadesdesuperfície,submarinaseaéreasparaoperações coma FrotadoNortenoTeatrodoOceanoAtlântico, como fizeramnumgrandeexercíciodaFrotadoNorteem1971.

5AfrotadoBálticonormalmentefuncionariacomopartedoTeatrodaEuropaCentral.Suasoperaçõesemtempodeguerrasãodiscutidasaseguir.

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MAPA3–TeatrodeOperaçõesMilitaresdaEuropaCentral:OperaçõesNavaiseAnfíbiasPlanejadaspeloPactodeVarsóvia

MAPA4–TeatrodeOperaçõesMilitaresdoSuldaEuropa:OperaçõesNavaiseAnfíbiasPlanejadaspeloPactodeVarsóvia

Teatro do Sul da Europa: as forças navais no Teatro do Sul da Europa sãoencarregadasdedefenderascostassoviética,búlgaraeromena,estabelecendoocontrolesobreoMarNegroeconduzindodesembarquesanfíbiosutilizandoatédois regimentos de 1.800 homens cada para ajudar na captura do Estreito daTurquia e outros objetivos na Turquia e na Grécia. Os planos do Pacto –conformereveladopordocumentosclassificados[TRECHOSUPRIMIDO]exigemoperações combinadas de elementos da Frota do Mar Negro e das marinhas

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búlgaraeromena.Contudo,acooperaçãoentreasmarinhasdoPactonãoétãodesenvolvidaaquicomonoBáltico.Osromenostentarammanterummaiorgraudecontrolenacionalsobresuasforças.Éprovávelqueosplanejadoressoviéticostenham criado planos de contingência para operações no Mar Negro, caso aRomênianãoparticipasse.

ÁREAS D ISTANTES

O pequeno número de unidades navais soviéticas desdobradas em áreasdistantescomooMardoCaribeouoOceanoÍndicoprovavelmentetemmissõesdecontingêncianocasodeumaguerraOTAN-PactodeVarsóvia.Essasunidadesprovavelmente tentariam rastrear as forças navais ocidentais em suas áreasduranteumacriseeengaja-lascomarmasconvencionaisounucleares.Devidoaoseupequenotamanhoecapacidadelimitada,essasforçasseriamextremamentevulneráveisacontra-ataques.Seelaspuderemrealizarsuastarefasesobreviver,provavelmentetentariamsejuntaràsforçassoviéticasnosteatrosoceânicosou–sepudessemserreabastecidas–perturbarotransportemarítimoocidental.

DISPOSIÇÃO DE FORÇAS A variedade de tarefas atribuídas às forças navais soviéticas e do Pacto deVarsóvia e a exigência – ditada pela geografia – demanter frotas amplamenteseparadas e independentes exigem que os planejadores navais soviéticosdefinamprioridadesparaaalocaçãodeforçasentreasváriasmissõeseteatros.A mudança de conceitos estratégicos – especialmente a necessidade de seprepararparaaguerraconvencionalenuclear–agravouoproblemasoviético.

ALOCAÇÃO DE FORÇAS DE COMBATE AOS TEATROS

[PARÁGRAFOSUPRIMIDO]

[PÁGINASUPRIMIDA]

[PÁGINASUPRIMIDA]

[PÁGINASUPRIMIDA]

ALOCAÇÃO DE FORÇAS PARA MISSÕES

Os comandantes dos teatros soviéticos provavelmente têm planos decontingênciaparaalocaçãodesuasforçasnavaisparaatenderaosrequisitosdemissões concorrentes. No início das hostilidades, os comandantes dos teatrosoceânicos teriamquedividir suas forçaspara enfrentar as ameaçasdosporta-aviões e submarinos, além de realizar tarefas complementares, tais comoreconhecimentodeáreasdistantes.Nosteatroscontinentais,emboraatarefadealocação fosse mais fácil, os comandantes teriam que fornecer forças para ocontroledemaresfechados,escoltadenavioseataquesaalvosnavaisemterra.

Os documentos soviéticos indicam que, nos teatros oceânicos, quase todos osprincipais combatentes de superfície e submarinos equipados com mísseis

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antinavio seriamdesignados paramissões contra porta-aviões. Essas unidadesprovavelmente seriam apoiadas por vários outros grandes combatentes desuperfície, por vários regimentos de aeronaves de ataque e reconhecimento epor umou dois regimentos de bombardeiros pesados emédios daAviação deLongoAlcance.Amaioriadosoutrosgrandesnaviosdesuperfícieesubmarinosnucleares,ealgunssubmarinosadiesel,provavelmenteseriamdesignadosparaASW, juntamente com todas as aeronaves ASW. Os submarinos restantesmovidos a diesel, e possivelmente algumas unidades de ataque com torpedosmovidos a energia nuclear, provavelmente seriam usados em patrulhas debarreira ou de alerta precoce, onde poderiam atacar unidades inimigas, sejamnaviosdesuperfícieousubmarinos.

UmaalocaçãoilustrativadeforçasnoTeatrodoOceanoAtlântico–comalertade30 dias – atribuiria à guerra contra porta-aviões cerca de 15 grandescombatentes de superfície, 20 submarinos, 60 aeronaves de ataque naval, 40aeronavesdereconhecimentoe50bombardeirosdaAviaçãodeLongoAlcance;à guerra antissubmarina, cerca de 25 combatentes de superfície grandes e 10menores,25submarinose35aeronaves;eparapatrulhasdealertaantecipadooubarreira,cercade5combatentesdesuperfíciee25submarinos.

NoMediterrâneo, aprovávelalocação inicialparaaguerracontraporta-aviõesseriadecercade15combatentesdesuperfície,15submarinos,50aeronavesdeataquee5aeronavesdereconhecimento;àguerraantissubmarina,cercade20combatentes de superfície e 10 submarinos; e patrulhas de alerta, váriossubmarinosecombatentesdesuperfície.

Para operações contra porta-aviões no Pacífico, os soviéticos podem designarcerca de 15 grandes combatentes de superfície, 15 submarinos, 70 aviões deataquenavaise45aeronavesdereconhecimento,e talvez30bombardeirosdaAviaçãodeLongoAlcance.AsforçasASWnoPacíficopodemincluircercade25grandes combatentes de superfície, 10 submarinos e até 50 aeronaves. Algunscombatentes menores de superfície e 20 submarinos provavelmente seriamenviados inicialmenteparaestaçõesdepatrulhadealertanasproximidadesdacostadoPacíficosoviético.

PERCEPÇÕES SOVIÉT ICAS SOBRE AS RESTRIÇÕES NOS N ÍVE IS DAS FORÇAS

Os planejadores soviéticos provavelmente acreditam que suas forças têm umaboa capacidade de combater a ameaça dos porta-aviões ocidentais. Um artigoclassificadodocontra-almiranteBrezinskiycalculaquesãonecessáriosde6a10ataquesdemísseisantinaviocomogivasconvencionaisparapôrforadeaçãoumporta-aviões,masossoviéticosaparentementeacreditamquepelomenosquatrovezesmaismísseisdevemserlançadosparaalcançaresteobjetivo.

Os lançadores navais demísseis antinavio – navios, submarinos e aeronaves –disponíveisparaoscomandantesdosteatrosoceânicosnoiníciodeumaguerraprovavelmente totalizariam cerca de 200 no Atlântico e no Pacífico e 150 noMediterrâneo.Todosessesmísseisprovavelmentenãoestariamdisponíveisparaum ataque inicial em um conflito envolvendo apenas armas convencionais.Provavelmentecercadametadeseriausadaemataquesconvencionaisiniciaise

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orestanteseriaretidoparaumsegundoataqueconvencionaloucomoproteçãocontraaescaladaparaaguerranuclear.Assim,usandometadedeseusrecursosantinavio disponíveis, os soviéticos poderiam alocar cerca de 25 mísseisconvencionaisnoprimeiroataquecontracadaumdosseisaoitoporta-aviõesdaOTANqueelesesperamqueoperemnoAtlânticoenoMediterrâneo.Umnúmerosemelhantepoderiaserempregadocontraquatroporta-aviõesnoPacífico.Suaconfiançaprovavelmenteé reforçadapelacapacidadedecoordenarataquesdetorpedoscomataquesdemísseis,utilizarrecursosdaAviaçãodeLongoAlcanceparareforçarasforçasnavaisederealizarataquesdemísseissubsequentes.

Os planejadores soviéticos provavelmente estão menos confiantes sobre ascapacidadesdesuaforçaASW.Umoficialaéreonavalsoviético,omajor-generalNevzorov, em um artigo classificado publicado em 1966, calculou que seriamnecessárias 500 missões de submarinos ou 1.000 surtidas de aeronaves paravarrer as prováveis áreas operacionais de Polaris. Outro oficial damarinha, omajor-general Sukhanov, forneceu números que sugerem que milhares desubmarinosouaeronavesseriamnecessáriosparaestamissão.Osníveisatuaisdasforçassoviéticascomportamapenasumapequenafraçãodessesnúmeros.

EssesautoresestavamescrevendoantesdaentradaemoperaçãodasforçasASWsoviéticasdeúltimageração.Asnovas forçasmelhoraramsuas capacidadesdebuscaASW,masessamelhoriaaindanãoreduziuosrequisitosdeníveldeforçasoviética a proporções gerenciáveis. Mesmo assumindo uma busca e detecçãobem-sucedidas,ossoviéticosnãopossuemonúmerodesubmarinosnecessáriospararastrearcontinuamentetodosossubmarinosdemísseisbalísticosdaOTAN.Documentos soviéticos classificados estimam que cerca de 23 submarinos dosEUAeváriossubmarinosaliadosdemísseisbalísticosoperariamnosteatrosdoAtlântico e do Mediterrâneo, mas a Marinha Soviética provavelmente poderiadesdobrarnomáximo20submarinosdeataquedetorpedosmovidosaenergianuclearnessasáreas.

De formasimilar,elesprovavelmentepoderiamimplantarapenascercadeseissubmarinos nucleares de ataque no Pacífico para combater os cerca de setesubmarinosPolaris.

Alémdisso,ossubmarinossoviéticosdisponíveissãomuitomaisbarulhentosdoque os submarinos Polaris [FRASE SUPRIMIDA] Para ajudar a compensar essedesequilíbrio nas capacidades de detecção, os planejadores soviéticosprovavelmente gostariam de ter um inventário de submarinos de ataque aenergia nuclear suficiente para atribuir várias unidades para cada submarinoPolarisempatrulha.

AMarinhaSoviéticaprovavelmentegostariadetermais flexibilidadeparausarseussubmarinosparainterdição.NosestágiosfinaisdeumaguerracomaOTAN,osplanejadoressoviéticospodemsedepararcomumrequisitode interdiçãoetransferir alguns submarinos para essa tarefa. A menos que concluíssem comêxitosuacampanhaASW–umasituaçãoaltamenteimprovável–,provavelmentenãopoderiampouparmaisde20submarinosnoAtlânticoe15noPacíficoparainterdição.Amaioriadestesprovavelmenteseriamovidaadiesel.

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PERSPECT IVAS Os próximos cinco anos, sem dúvida, verão uma continuação das tendênciasrecentesdaestratégianavalsoviética.AstarefasdeguerradaMarinhaSoviéticaprovavelmente permanecerão praticamente as mesmas de hoje, mas osestrategistassoviéticosprovavelmentedarãomaisatençãoàASW,àflexibilidadenoempregodearmasnucleareseàsforçasdeguerraconvencionalnomar.

GUERRA ANT ISSUBMARINA E O EQUIL ÍBRIO ESTRATÉGICO

Tendo concordado, no Tratado ABM (Anti-Ballistic Missiles treaty, Tratado deMísseis Antibalísticos) de 1972, em renunciar à implantação de uma redenacionaldedefesaantimísseisqueajudariaalimitarosdanoscausadosporumataquedemíssilbalísticolançadoporsubmarinosocidentais,ossoviéticosagoratêm duas alternativas no planejamento de suas forças ASW. Eles poderiamrenunciaraumintensoesforçoanti-Polaris–alegandoqueaeficácialimitadadesuasforçasASWcontribuiriapoucoparalimitarosdanosdeumataquenuclearintercontinentaldosEUA–edependeriamdesuaprópriacapacidadedeataquenuclear intercontinental para impedir o Ocidente de usar seus submarinos demísseis.OupoderiamprestarmaisatençãoàASW,nãoapenasparacompensaraperdadaopçãodeimplantarumaredeABMnacional,mastambémparalimitaracapacidade da OTAN de usar submarinos de mísseis balísticos para ataquesnuclearesnoteatroeuropeu.

[TRECHO SUPRIMIDO] evidências nas pesquisas em guerra antissubmarinasugerem que a Marinha Soviética optou por intensificar seus esforços ASW –especialmente contra submarinos de mísseis balísticos. Documentosclassificados indicamque os estrategistas navais soviéticos consideram aASWcomoseuprincipalproblemaestratégiconãoresolvido.[TRECHOSUPRIMIDO]

Os soviéticos ainda enfrentam grandes obstáculos, no entanto, na tentativa dedesenvolver uma defesa ASW eficaz. Eles teriam que encontrar um métodoconfiável de detecção e provavelmente precisam de melhores maneiras dedistinguirsubmarinosdemísseisbalísticosdeoutrostiposdesubmarinos.Elestambémteriamqueprogramarmaisforçasoperacionais–submarinos,naviosdesuperfícieeaeronaves–paramissõesASW.Elesprovavelmentedesenvolverãoeempregarãomais forças capazes de conduzir uma guerra antissubmarina,masnão há evidências de que serão capazes de resolver os problemas críticos dedetecçãoeidentificaçãonapróximadécada.

FORÇAS NAVAIS NO TEATRO DE GUERRA NUCLEAR

Aevoluçãorecentenasforçassoviéticassugerequeelesvemtomandomedidaspara melhorar a capacidade do Pacto de Varsóvia de conduzir uma guerranuclearnaEuropacommenordependênciadesistemasdeentregabaseadosnaURSSeemreduzirapossibilidadedequeataquesnuclearessoviéticoscontraasforças da OTAN resultassem em retaliação nuclear ocidental contra a UniãoSoviética.

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O aumento da dependência de sistemas nucleares marítimos complementariaesses esforços. Os submarinos de mísseis balísticos – com a sua relativainvulnerabilidadeeisolamentogeográficonãoapenasdaURSS,mastambémdecentrospopulacionaiseuropeus–poderiamserdestinadosaalvosnoTO.Paraexplorarplenamenteessasvantagens,os soviéticos teriamquemelhoraraindamaissuascomunicaçõescom[TRECHOSUPRIMIDO]

[PARÁGRAFOSUPRIMIDO]

submarinos de mísseis em patrulha e precisão e flexibilidade de mísseisbalísticoslançadosporsubmarinos.

GUERRA NUCLEAR NO MAR

Fontes documentadas [TRECHO SUPRIMIDO] indicam que os estrategistas doPacto de Varsóvia provavelmente acreditam que sua capacidade de conduziruma guerra convencional no continente europeu é superior à da OTAN. Osestrategistasnavaisdosanossessentaacreditavamqueaceitaraopçãodeumaguerra convencional enfraqueceriaa capacidadedamarinhade realizar todooseuamploecomplexolequedemissões.Asoluçãosoviéticamaisprovávelparaessedilema seriamelhorar as capacidadesdeguerra convencionaldamarinhaparaestarmaisdeacordocomascapacidadesdasforçasterrestresdoPactodeVarsóvia.Outrapossibilidadeseriadesenvolverumaestratégiaquepermitisseouso de armas nucleares no mar mesmo que a guerra na Europa continuasseconvencional.[TRECHOSUPRIMIDO]

Nãoháevidênciasdiretasdequeossoviéticostenhamadotado–oumesmoqueestejamconsiderando–,estasestratégias,emboraataquesnuclearesseletivosnomar tenham vantagens sobre ataques nucleares limitados em terra. Todos osalvosseriamclaramentemilitares,portantonãohaveriaoproblemadosdanoscolaterais. A guerra nuclear no mar vem sendo discutida abertamente pelosestrategistas ocidentais e isso pode estimular a adoção soviética de conceitossemelhantes. O míssil balístico tático SS-NX-13, em desenvolvimento, poderiamelhorarascapacidadesdaMarinhaSoviéticacontraporta-aviõesnumaguerranuclearnomar.

IMPLICAÇÕES NA FORÇA

Possíveis evoluções futuras na estratégia naval provavelmente estimularãoalteraçõesnaspolíticasdecomprasdaMarinhaSoviética.Essasmudançasserãoreforçadas pelos requisitos – provavelmente reconhecidos pelos planejadoressoviéticos–desubstituirmuitosdosnavios,submarinoseaeronavesadquiridosnosanoscinquentaequeaindacompõemamaiorpartedaforçanavalsoviética.

As dificuldades das missões ASW provavelmente exigirão maior produção desubmarinosnuclearesdeataque.Seoacordodelimitaçãodearmasestratégicasde Vladivostok for implementado com sucesso, serão necessárias algumasreduçõesno tamanhoepossivelmentemudançasnomixde forçasestratégicassoviéticas.Nãoestáclarocomoissoafetariaaforçasubmarina,masumaopçãoseriamanteraforçasubmarinademísseisbalísticosnas62unidadespermitidas

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peloAcordoProvisório (oupoucoabaixodisso) e transferirmais recursosdosestaleirosparaosprogramasdesubmarinosdeataque.

Diantedointeresserenovadopelainterdiçãodasrotasmarítimas,ossoviéticostambémpodem intensificaraproduçãode submarinosmovidosadiesel.Essessubmarinosseriameficazescontracomboiosocidentaislevementedefendidoseseriammuitomais baratos do que submarinosmovidos a energia nuclear. Osrequisitosdeguerraconvencionalprovavelmenteresultarãoemmaiorinteresseemnaviosdesuperfícieflexíveisedelongocurso,comoocruzadorclasseKaraeo porta-aviões ASW classe Kiev em construção, em navios de apoio logístico,comoonavio-tanquedereabastecimentodaclasseBorisChilikin;enoacessoabasesnoexterior.

Provavelmente, será buscada uma maior flexibilidade no poder aeronavalbaseado em terra com a implantação do bombardeiro Backfire nas unidadesaeronavaissoviéticas.OBackfiremelhoraráacapacidadedaMarinhadeatingiralvosnavaisagrandesdistânciasepenetrarasdefesasdaOTANaoatacaralvosmarítimos e terrestres relacionados à marinha. Provavelmente também serádadamaisatençãoaodesenvolvimentoeproduçãodeaeronavesASWdelongoalcance–muitomaisdoqueaspoucomaisdedozeatualmentenoinventário.

SUMÁRIO Duranteoiníciodosanossessenta,aestratégianavalsoviéticaparaumapossívelguerra contra a OTAN se baseava na probabilidade de que a guerra fosse umconflitonuclearbreveedecisivo.Emmeadosdosanossessenta,essavisãohaviamudadoeaMarinhaSoviéticaestavaplanejandoedesenvolvendoforçasparaaguerra convencional e nuclear. No final dos anos sessenta e início dos anossetenta,ousoseletivodearmasnuclearestáticasnaguerranavalprovavelmentefoi consideradopelos estrategistas soviéticos.Eles continuarama acreditar, noentanto,queumaguerracomaOTANseriabreve,comacampanhaprincipalnãoexcedendováriassemanasequehaviaumaaltaprobabilidadedeescaladaparaumaguerranuclearemtodooTO.

Navisãosoviéticaatual,asoperaçõesnavaisdoPactodeVarsóviacontraaOTANestariam relacionadas às hostilidades na Europa e sua duração dependeria docursodaguerraterrestre.Asoperaçõesnavaispodemsedesenvolveremváriasetapas:

• Umperíododetensõescrescentesedeterioraçãodasrelaçõespolíticas,duranteoqualasforçasnavaisseriammobilizadasparaasestaçõesdecombateeiniciariamoperaçõesdevigilância;

• UmpossívelperíododehostilidadesconvencionaisemqueasmarinhasdoPactodeVarsóviatentariamestabelecercontrolesobreosmaresBálticoeNegro,conduziriamdesembarquesanfíbiosnosestreitosdinamarquêseturcoepossivelmentenonortedaNoruegaetentariamdestruirasforçasnavaisdaOTAN–especialmenteossistemascomcapacidadenuclearcomo

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porta-aviõesesubmarinosdemísseisbalísticos–usandoarmasconvencionais6;

• Possivelmenteumperíododeamplasoperaçõesnuclearesmarítimas,desencadeadoporoperaçõesnucleareslimitadasnaEuropa.AatualdoutrinasoviéticanãopareceapoiarumaguerranuclearnomarenquantoaguerranaEuropapermanecerconvencional;

• GuerranuclearemtodooTO,incluindoousoilimitadodearmasnuclearesnomareprovavelmenteataquecontraalvosdaOTANnaEuropaporsubmarinosmaisantigosdemísseisbalísticossoviéticos;

• UmafasefinaldaguerraduranteaqualasmarinhasdoPactodeVarsóviaajudariamasforçasterrestresnocontroledoterritórioocupadoetentariaminterditarreforçosdaOTANnaEuropaporviamarítima.

Pararealizaressastarefas,asmarinhasdoPactodeVarsóviaseriamorganizadasemcomandos regionais chamados “TeatrosdeOperaçõesMilitares”.As tarefasdedestruirasforçasnavaiscomcapacidadenucleardaOTANeimpediroreforçomarítimo da Europa recairiam principalmente sobre as forças dos teatrosoceânicos – o Atlântico, o Pacífico e provavelmente oMediterrâneo. As forçasnavais designadas para os três teatros continentais de operaçõesmilitares naEuropa–EuropadoNorte,CentraledoSul–teriamatarefadecontrolarmaresfechados, realizar ataques anfíbios e apoiar as forças terrestres do Pacto deVarsóvia.OPactoprovavelmentelevariadeumaaduassemanasparaaumentaras forças navais em todos os teatros aos níveis necessários para uma guerra,embora operações limitadas de combate em algumas áreas provavelmentepossamcomeçarquasequeimediatamente.

Devidoà grandevariedadede tarefasnavais em tempodeguerra, à separaçãogeográficadasfrotasdoPactodeVarsóviaeàcrescenteexigênciadepreparaçãopara a guerra convencional e nuclear, os planejadores soviéticos tiveram queestabelecer prioridades na alocação de forças para as missões em tempo deguerra. Eles provavelmente estão confiantes de que as atuais forças de defesacosteira e contra porta-aviões – convencionais ou nucleares – podem impediruma invasão da OTAN ao território do Pacto e limitar significativamente osdanoscausadosporataquesaéreosbaseadosemporta-aviões.Noentanto,elescertamente consideram inadequadoo nível de sua forçaASWe acreditamqueseusrequisitosdeASWlimitamseveramentesuacapacidadededesignarforçaspara missões de prioridade mais baixa, como a interdição das comunicaçõesmarítimasdaOTAN.

Ospróximos cinco anosprovavelmente verãouma continuaçãodas tendênciasrecentes da estratégia naval soviética. A ênfase em ASW em mar abertoprovavelmenteaumentará,masnãoháevidênciasdequeossoviéticospossamresolver os problemas críticos de detecção e identificação de submarinos napróxima década [TRECHO SUPRIMIDO] Os submarinos de mísseis balísticos6Osataquesconvencionaisaporta-aviõesesubmarinosdemísseissão justificadosnadoutrinasoviéticacomonecessáriosparamelhoraraposiçãodoPactonaprovávelfasenuclear.Épossívelque,seoslíderessoviéticosachassempossívelconteroconflito comsucessononível convencional, evitassematacar submarinosdemísseisbalísticos inimigosa fimde reduzirachancedeescalada.

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podem ter um papelmaior numa guerra nuclear, e os estrategistas soviéticospodem considerar a possibilidade de uma guerra nuclear no mar mesmoenquantoashostilidadesnaEuropapermaneceremconvencionais.Ossoviéticosprovavelmente tentarão aumentar o poder de fogo, alcance e capacidade desobrevivênciadaMarinhanumaguerraconvencional.Essasconsiderações,bemcomo a necessidade de modernizar sua força, provavelmente estimularão oaumento da produção de submarinos de ataque, navios de superfície de longocurso, navios de apoio logístico e aeronaves ASW e de ataque. ProvavelmentetambéminduzirãoaURSSatentarobtermaioracessoaportoseaeródromosnoexteriorparasuasforçasaeronavais.

*AlbertCaballéMarimónpossuiformaçãosuperioremmarketing,éfotógrafoprofissionaleeditordoBlogVelhoGeneral.JáatuounacoberturadeeventoscomoaFeiraLAAD,oExercícioCRUZEXeaOperaçãoAcolhida.ÉcolaboradordoCanalArtedaGuerraedarevistaTecnologia&Defesa.Podesercontatadoatravé[email protected].