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Estratégias psicoterápicas e a terceira onda em terapia cognitiva

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Estratégias psicoterápicas

e a terceira onda em terapia cognitiva

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E82 Estratégias psicoterápicas e a terceira onda em terapia cog ni­tiva / organizado por Wilson Vieira Melo... [et al.] – Novo Hamburgo : Sinopsys, 2014.

16x23 cm ; 680p.

ISBN 978­85­64468­18­4

1. Psicologia – Psicoterapia –Terapia cognitiva. 2. Psiquia­tria – Psicoterapia –Terapia cognitiva. I. Título

CDU 159.922:616.89

Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 10/1023

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Estratégias psicoterápicas

e a terceira onda em terapia cognitiva

Wilson Vieira Meloorganizador

2014

PrefácioDavid A. Clark

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© Sinopsys Editora e Sistemas Ltda., 2014Estratégias psicoterápicas e a terceira onda em terapia cognitiva

Wilson Vieira Melo (organizador)

Capa: Maurício Pamplona

Revisão: Alexandre Müller Ribeiro

Supervisão editorial: Mônica Ballejo Canto

Editoração: Formato Artes Gráficas

Sinopsys EditoraFone: (51) 3066­3690E­mail: [email protected]: www. sinopsyseditora.com.br

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Wilson Vieira Melo (org.). Doutor em Psicologia (UFRGS), com estágio de pesqui­sa na University of Virginia (USA) estudando o viés cognitivo nos transtornos de an­siedade. Mestre em Psicologia Clínica (PUCRS), foi professor de Graduação em Psi­cologia durante dez anos (FACCAT / ULBRA / IBGEN). Atualmente, é professor de Pós­Graduação em nível de Especialização em Terapia Cognitiva em diversos estados do Brasil. Ministrou curso como Professor Convidado na Palo Alto University (USA) sobre Terapia Comportamental Dialética para o Transtorno da Personalidade Border­line. Ex­Diretor e Ex­Coordenador Técnico da WP – Centro de Psicoterapia Cogniti­vo­Comportamental (2002/2011). Participou dos Estudos de Campo para elaboração do Código Internacional de Doenças – CID 11 (OMS) nas Comissões de Transtornos Especificamente Associados ao Estresse e também na de Transtornos do Comporta­mento Alimentar. Segundo­Secretário da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas – FBTC (Gestão 2011/2013) e Vice­Presidente (Gestão 2013/2015). Coordenador do processo de implementação e da Comissão de Certificação de Terapeutas Cogniti­vos no Brasil pela FBTC (2013/2015). É Membro Fundador da Associação de Tera­pias Cognitivas do Rio Grande do Sul (ATC­RS) e Fundador do Instituto de Terapia Cognitiva do Rio Grande do Sul (ITC­RS) em Porto Alegre – RS, onde atua como psicoterapeuta, presta supervisão clínica e consultoria diagnóstica.

Alcyr Alves de Oliveira Junior. Doutor em Psicologia (Institute of Psychiatry, Univer­sity of London). Professor Adjunto da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Professor do PPG em Ciências da Reabilitação, Membro fundador e Diretor­Secretário do Instituto Brasileiro de Neuropsicologia e Comportamento.

Aline André Rodrigues. Graduada em Medicina (UCPel). Residente de Psiquiatria no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA/UFRGS).

Aline Sardinha. Doutora em Saúde Mental (IPUB/UFRJ). Pesquisadora do Labora­tório de Pânico e Respiração (LABPR/IPUB/UFRJ), Diretoria da Federação Brasileira

Autores

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de Terapias Cognitivas (FBTC, gestões 2011­2013 e 2013­2015), Autora do site Pí­lulas de Bem Estar (www.pilulasdebemestar.com.br).

Ana Carolina Peuker. Doutora em Psicologia (UFRGS). Professora do Departamen­to de Psicologia (Unisinos). Pesquisadora colaboradora do Laboratório de Psicologia e Neurociência do Comportamento (UFRGS).

Anelisa Vaz de Carvalho. Mestranda em Psicologia (USP). Pós­graduanda em Tera­pia Cognitivo­Comportamental (FAMERP), Colaboradora do Laboratório de Pes­quisa e Intervenção Cognitivo­Comportamental (LaPICC ­ USP).

Antonio Egidio Nardi. Doutor em Medicina (UFRJ). Professor Titular de Psiquiatria (UFRJ), Membro Titular da Academia Nacional de Medicina.

Aristides Volpato Cordioli. Doutor em Ciências Médicas: Psiquiatria (UFRGS). Professor Associado aposentado do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal (UFRGS), membro fundador da FBTC.

Bernard Pimentel Rangé. Doutor em Psicologia (UFRJ). Professor do Programa de Pós­Graduação em Psicologia do Instituto de Psicologia (UFRJ), Membro Fundador da Associação Brasileira de Psicoterapias e Medicina Comportamental (ABPMC), Membro Fundador da Federação Brasileira de Psicoterapias Cognitivas (FBTC), psi­coterapeuta em consultório particular.

Carmem Beatriz Neufeld. Doutora em Psicologia (PUCRS). Professor Doutor 2 do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (DP­FFCLRP­USP), Coordenadora do Laborató­rio de Pesquisa e Intervenção Cognitivo­Comportamental (LaPICC­USP), Presidente da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (Gestão 2011­2013/ 2013­2015).

Carolina Baptista Menezes. Doutora em Psicologia (UFRGS). Professora Adjunta de Graduação em Psicologia (UFPEL).

Carolina da Motta. Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde (Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Portugal). Investigadora do CINEICC – Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo­Comportamental. Bolseira de investigação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Conceição Reis de Sousa. Mestre em Psicologia (UFRJ). Psicóloga Clínica no Servi­ço­Escola de Psicologia (UNIFESP), Psicoterapeuta em consultório particular e foi supervisora em Psicologia Clínica, na linha cognitivo­comportamental, no Centro de Psicologia Aplicada da Universidade Paulista.

Daniel Rijo. Doutor em Psicologia Clínica (Universidade de Coimbra, Portugal). Professor na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (Universidade de Coimbra, Portugal). Investigador do CINEICC – Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo­Comportamental. Membro da Associação Portu­

vi Autores

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guesa de Terapias Comportamentais e Cognitivas e membro fundador da Internatio­nal Society for Schema therapy. Psicoterapeuta e supervisor.

Daniela Schneider Bakos. Doutora em Psicologia (UFRGS). Psicóloga da Cognitá – Clínica de Terapia Cognitivo­Comportamental, Professora do curso de Especializa­ção em Terapias Cognitivo­Comportamentais (INFAPA) e professora colaboradora dos cursos de aperfeiçoamento e especialização (IWP).

Daniela Zippin Knijnik. Doutora em Psiquiatria (UFRGS). Mestre em Clínica Médica (UFRGS), Formada em Terapia Cognitiva (Beck Institute for Therapy and Research), Super­visora Credenciada (Beck Institute for Therapy and Research).

David A. Clark. Doutor em Psicologia (University of London, Reino Unido). Profes­sor do Departamento de Psicologia (University of New Brunswick, Canada), Membro fundador da Academy of Cognitive Therapy e autor de diversos livros e artigos científi­cos na área de terapia cognitiva.

Débora Cristina Fava. Mestre em Cognição Humana (PUCRS). Professora de Gra­duação e Supervisora de Estágio no curso de Psicologia (Faculdade IBGEN). Forma­ção em Manejo do Comportamento Infantil (Piedmont Virginia Community College, USA) e Especialista em Terapia Cognitivo­Comportamental (IWP).

Diana Ribeiro da Silva. Mestre em Medicina Legal (Instituto de Ciências Biomédi­cas Abel Salazar da Universidade do Porto, Portugal). Investigadora do CINEICC – Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo­Comporta­mental. Psicóloga em consultório particular.

Eliane Mary de Oliveira Falcone. Doutora em Psicologia Clínica (USP). Professora Associada do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), docente do Programa de Pós­Graduação em Psicologia Social (UERJ), Ex­Presidente da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC) (Gestão 2003­2005) e Fundadora da Revista Brasileira de Terapias Cognitivas (RBTC).

Elisabeth Meyer. Doutora em Psiquiatria (UFRGS). Docente permanente do Progra­ma de Pós­Graduação em Ciências da Saúde (Cardiologia­ IC/FUC) e Pesquisadora do Programa Transtornos de Ansiedade (PROTAN/HCPA). Treinamento Intensivo em Terapia Cognitivo­Comportamental no Programa de Terapia Cognitiva (Beck Ins­titute for Cognitive Therapy and Research), Treinamento Avançado em Entrevista Mo­tivacional com William Miller (USA).

Evelin Franco Kelbert. Mestranda em Psicologia (Programa de Pós­Graduação em Saúde e Comportamento – UCPel). Especialista em Terapia Cognitivo­Comporta­mental (IWP).

Fernanda Machado Lopes. Doutora em Psicologia (UFRGS). Pesquisadora do Pro­grama de Pós­Graduação em Neurociências (Pós­Doc UFRGS), Colaboradora do Centro de Pesquisas em Álcool e Drogas (CPAD/HCPA/UFRGS).

Autores vii

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viii Autores

Fernanda Montero Landeiro. Doutora em Saúde (UFBA). Professora da Pós­Gra­duação (Faculdade Ruy Barbosa), Psicóloga Clínica em consultório particular e Tera­peuta Cognitiva (Beck Institute for Therapy and Research) e (Oxford University).

Giovanni Kuckcartz Pergher. Mestre em Psicologia Social e da Personalidade (PUCRS). Professor de Graduação de Psicologia (FACCAT), Professor de cursos de especializa­ção em Terapia Cognitiva em diversos estados do Brasil e criador do Portal www.tc­cparatodos.com.

Heitor Pontes Hirata. Doutorando em Psicologia (UFRJ). Professor Substituto do De­partamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia (UFRJ), Responsável Técni­co da Clínica Multiprofissional de Saúde Mental Oiti (RJ) e psicoterapeuta em consul­tório particular. Membro da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC).

Irismar Reis de Oliveira. Livre­Docente em Psiquiatria e Doutor em Neurociên­cias (UFBA). Professor Titular de Psiquiatria nos Programas de Pós­Graduação em Medicina e Saúde (Faculdade de Medicina da Bahia) e em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas (Instituto de Ciências da Saúde, UFBA), terapeuta cognitivo (Beck Institute for Cognitive Therapy and Research) e membro fundador da Academy of Cogni­tive Therapy.

Isadora Klamt-Conceição. Mestre em Cognição Humana (PUCRS). Especialista em Psicoterapia Cognitivo­Comportamental (IWP), Psicoterapeuta em consultório par­ticular.

Janaína Thais Barbosa Pacheco. Doutora em Psicologia (UFRGS). Professora Ad­junto do Curso de Psicologia (UFCSPA), Pós­doutora do Programa de Pós­Graduação da Faculdade de Psicologia (PUCRS), Supervisora e Psicoterapeuta em Terapia Cog­nitivo­Comportamental.

Lia Silvia Kunzler. Mestre em Psicologia da Saúde (UnB). Formada em Terapia Cog­nitiva (Beck Institute for Therapy and Research), Vice­presidente da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC, Gestão 2011/2013) e terapeuta cognitiva com atendi­mento em grupo nos Programas Equilíbrio, Preparação para a Aposentadoria e Ofici­na de Habilidades Sociais (CPOS ­ Unidade SIASS).

Lisiane Bizarro. Doutora em Psicologia (Institute of Psychiatry King’s College of London). Professora Associada do Instituto de Psicologia (UFRGS) e Pesquisadora CNPq.

Luciane Benvegnú Piccoloto. Mestre em Psicologia Clínica (PUCRS). Especialista em Psicoterapia Cognitivo­comportamental (UNISINOS), Especialista em Psicolo­gia Hospitalar (ULBRA). Professora de Graduação em Psicologia (FISMA), Professo­ra e Supervisora do Instituto WP.

Luciano Dias de Mattos Souza. Doutor em Psicologia (PUCRS). Professor Adjunto da Faculdade de Psicologia (UCPel), Especialista em Terapia Cognitivo­Comporta­

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Autores ix

mental (INFAPA­TCC), Coordenador e Pesquisador do Programa de Pós­Graduação em Saúde e Comportamento (UCPel).

Marco Aurélio Mendes. Mestre em Ciências pelo Programa de Pós­graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor Auxiliar do Centro Universitário Celso Lisboa (RJ), Psicólogo e Psicoterapeuta.

Marlene Paulo. Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde (Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Portugal). Investigadora do CINEICC – Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo­­Comportamental.

Marina Gusmão Caminha. Especialista em TCC (Unisinos). Coordenadora do Cur­so de Especialização em TCC na Infância e Adolescência (INFAPA­TCC) e do Am­bulatório de atendimento de TCC na infância e adolescência (INFAPA­TCC), Auto­ra e co­autora de cinco publicações na área de TCC na infância e adolescência, cria­dora do protocolo TRI (Terapia de Reciclagem na Infância).

Mario Francisco Juruena. Doutor em Psiquiatria (University of London) e Pós­Dou­torado (USP). Mestre em Affective Neuroscience (Universitei Maastricht, Holanda). Professor de Psiquiatria no Departamento de Neurociências e Comportamento (USP), Coord. Programa de Assistência, Ensino e Pesquisa em Estresse, Trauma e Doenças Afetivas (EsTraDA) do HC (FMRP­USP). Professor Convidado (Senior Lec­turer) (King's College London). Treinamento em Psicoterapia Cognitiva (Beck Institute for Cognitive Therapy and Research), Especialista em Psiquiatria no Reino Unido, de acordo om Medical Royal Colleges.

Nathália Janovik da Silva. Graduada em Medicina (UFPel). Residente de Psiquiatria no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA/UFRGS).

Nélio Brazão. Doutorando em Psicologia Forense (Faculdade de Psicologia e Ciên­cias da Educação da Universidade de Coimbra, Portugal), bolsista de doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde (Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Portugal). Investigador do CINEICC – Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo­Comportamental.

Neri Maurício Piccoloto. Mestre em Psicologia Clínica (PUCRS). Especialista em Psiquiatria (HPSP), Formação em Terapia do Esquema (New York/New Jersey Institute of Schema Therapy), Diretor do Instituto WP.

Paul Gilbert. Doutor em Psicologia Clínica (University of Edinburgh, Reino Uni­do). Chefe da Mental Health Research Unit e Professor de Psicologia Clínica (Derby University, Reino Unido). Criador e fundador da Compassionate Mind Foundation e autor de diversos artigos e livros sobre Terapia Focada na Compaixão.

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x Autores

Renato Maiato Caminha. Mestre em Psicologia Social da Personalidade (PUCRS). Coordenador do Curso de Especialização em TCC e TCC na Infância e Adolescência (INFAPA­TCC) e do Ambulatório de atendimento de TCC na infância e adolescên­cia (INFAPA­TCC), Membro fundador e ex­presidente da FBTC (biênio 2005­2007), criador do protocolo TRI (Terapia de Reciclagem na Infância).

Ricardo da Costa Padovani. Doutor em Educação Especial (UFSCar). Professor Ad­junto do curso de Psicologia (UNIFESP­ Campus Baixada Santista), Especialista em Terapia Comportamental Cognitiva em Saúde Mental pelo IPq­ HC­FMUSP/ Pro­grama de Ansiedade (AMBAN).

Vinícius Ferreira Borges. Mestre em Análise do Comportamento (UEL). Pesquisa­dor no Programa de Assistência, Ensino e Pesquisa em Estresse, Trauma e Doenças Afetivas (EsTraDA) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Univer­sidade de São Paulo (USP). Professor assistente do curso de graduação em Psicologia da Faculdade Patos de Minas (FPM).

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Sumário

Prefácio ....................................................................................................... 15 David A. Clark

Apresentação .............................................................................................. 19 Wilson Vieira Melo

Parte I

Estratégias Psicoterápicas

1 PsicoeducaçãoeReestruturaçãoCognitiva ......................................... 24 Daniela Zippin Knijnik e Lia Silvia Kunzler

2 EntrevistaMotivacional ....................................................................... 57 Elisabeth Meyer

3 AutomonitoramentoeResoluçãodeProblemas ................................. 83 Wilson Vieira Melo, Irismar Reis de Oliveira, DéboraCristinaFavaeDanielaSchneiderBakos

4 EstratégiasdeManejodoEstresseedaAnsiedade ............................ 122 Aline Sardinha e Antonio Egidio Nardi

5 TreinodeHabilidadesSociais .............................................................. 153 CarmemBeatrizNeufeldeAnelisaVazdeCarvalho

6 Estratégias Experienciais ..................................................................... 186 MarcosAurélioMendeseElianeMarydeOliveiraFalcone

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7 Mindfulness ......................................................................................... 209 CarolinaB.Menezes,IsadoraKlamt-ConceiçãoeWilsonVieiraMelo

8 PrevençãodaRecaída .......................................................................... 238 LucianoDiasdeMattosSouza,EvelinFrancoKelbert e Wilson Vieira Melo

Parte II

As Abordagens da Terceira Onda

9 Terapia do Esquema ............................................................................ 264 ElianeMarydeOliveiraFalcone

10 TerapiadoEsquemaEmocional ........................................................... 289 ConceiçãoReisdeSousaeRicardodaCostaPadovani

11 TerapiaComportamentalDialética ...................................................... 314 Wilson Vieira Melo

12 Terapia de Aceitação e Compromisso .................................................... 344 GiovanniKuckartzPerghereWilsonVieiraMelo

13 Terapia Focada na Compaixão ............................................................... 368 DanielRijo,CarolinadaMotta,DianaRibeirodaSilva, NélioBrazão,MarlenePauloePaulGilbert

14 TerapiaCognitivaProcessual ................................................................. 396 IrismarReisOliveiraeFernandaMonteiroLandeiro

15 TerapiadeModificaçãodoViésAtencional ......................................... 435 FernandaLopeseLisianeBizarro

16 TerapiaMetacognitiva ......................................................................... 456 HeitorPontesHirataeBernardPimentelRangé

Parte IIITópicos Especiais

17 TerapiaCognitivaparaCriançasde0 a 6 Anos .................................... 482 DéboraCristinaFavaeWilsonVieiraMelo

xiiSumário

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18 TerapiaCognitivaparaCriançasde7a12Anos .................................. 511 MarinaGusmãoCaminhaeRenatoMaiatoCaminha

19 TerapiaCognitivanoContextoPré-Escolar .......................................... 529 DéboraCristinaFava

20 SupervisãoemTerapiaCognitiva ......................................................... 564 NeriMaurícioPiccolotoeLucianeBenvegnúPiccoloto

21 DoLaboratórioparaaClínica .............................................................. 585 WilsonVieiraMelo,AlcyrAlvesdeOliveiraJunioreLisianeBizarro

22 PsicoterapiaePsicofarmacologiaCombinadas noTratamentodeTranstornosMentais .............................................. 610 AlineAndréRodrigues,NatháliaJanovikdaSilva eAristidesVolpatoCordioli

23 NeurociênciaeTerapiaCognitiva ........................................................ 640 ViníciusFerreiraBorges,NeriMaurícioPiccoloto eMarioFranciscoJuruena

24 Psicoterapia e Ciência .......................................................................... 661 AlcyrAlvesdeOliveiraJunior,AnaCarolinaPeuker eJanaínaThaísBarbosaPacheco

Sumárioxiii

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Embora seja difícil concordar sobre a data de nascimento da terapia cognitivo­comportamental (TCC), há poucas dúvidas de que sua origem pode ser atribuída ao início da década de 1960, com as publicações de Aaron T. Beck e Albert Ellis. O livro de Ellis intitulado Razão e emoção em psicoterapia foi publicado em 1962, na mesma época em que Beck publicou uma série de ensaios de pesquisa empírica sobre a cognição na depressão, que apareceram nos Archives of general psychiatry (Beck, 1963, 1964). Se tomarmos essas publicações como as datas de lançamento da TCC, então essa escola de psicoterapia terá agora 50 anos! Nas últimas cinco décadas, a TCC e seus derivados ge­ra ram um empreendimento de pesquisa prodigioso. Muito se apren­deu sobre a etiologia, a persistência e a recuperação de estados psico pa­tológicos devido ao paradigma cognitivo­comportamental. Temos ago­ra tratamentos comprovados que são eficazes para uma ampla va rie­dade de transtornos psicológicos, oferecendo alívio e esperança a mi­lhões de pessoas no mundo todo. Há poucas dúvidas de que a abor da­gem cognitivo­comportamental tem sido imensamente instrutiva pa ra aqueles envolvidos nas psicoterapias tradicionais. Sua estrutura con cei­tual provou ser uma heurística robusta que continua a oferecer novas percepções (insights) das origens e do tratamento de psicopatologia.

Em seus primeiros dias, a TCC foi principalmente uma inicia­tiva americana e, em seguida, britânica. Ainda hoje Inglaterra e Esta­dos Uni dos continuam a oferecer inovações e novas percepções da TCC,

PrefácioDavid A. Clark

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encabeçando o que foi chamado de a “terceira onda” na TCC (ver Hofmann & Asmundson, 2008).

No entanto, em sua maturidade a TCC se tornou uma escola de psicoterapia global. Pesquisadores e clínicos do mundo todo estão trans­formando a TCC, dando contribuições importantes nos campos da psicopatologia e do tratamento. Em nenhum lugar isso é mais evidente do que nas contribuições substanciais de pesquisadores e clí nicos brasi­lei ros para o avanço da TCC e de suas mais recentes refor mulações e extensões – mindfulness, terapia de aceitação e compro mis so e terapia comportamental dialética. Em 1998, foi formada a Fede ra ção Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC), que é a associação na cional de profis­sionais e estudantes dedicada à promoção, à pesquisa e ao treinamento em diferentes formas de TCC no Brasil. Além disso, a FBTC estabeleceu parcerias com órgãos representativos de outros paí ses, a fim de dar visibilidade internacional à pesquisa e às inovações bra sileiras na TCC. Ela tem vínculos fortes com a Academy of Cognitive Therapy e com a Asso ciation of Behavioral and Cognitive Therapies, sen do membro da As­so ciação Latino­Americana de Psicoterapia Cognitiva.

Hoje, universidades e pesquisadores brasileiros estão fazendo avan ços significativos no desenvolvimento da TCC, com vários institu­tos dedicados ao treinamento de profissionais da saúde mental nas terapias cognitivas. A criação de revistas científicas especializadas que publicam artigos sobre terapia cognitiva, tais como a Revista Brasileira de Terapias Cognitivas e a Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, é um outro marco importante na criação de um ambiente vibrante e fértil para o desenvolvimento da TCC no Brasil.

O livro atual, Estratégias psicoterápicas e a terceira onda em te rapia cognitiva, organizado pelo Dr. Wilson Melo, professor de Pós­Gra­duação em Terapia Cognitiva, é um compêndio avançado das mais recentes inovações na TCC e nas modalidades de terapia da terceira onda. O material que compõe este livro oferece um panorama fiel e embasado do estado atual da TCC no Brasil. O Dr. Melo tem um vasto conhecimento e experiência em treinamento, pesquisa e prática

16Prefácio

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EstratégiasPsicoterápicaseaTerceiraOndaemTerapiaCognitiva17

de TCC no Brasil. Ele tem as condições para fornecer a energia criativa necessária para levar esse projeto ambicioso à publicação. Além disso, com capítulos escritos pelos principais pesquisadores e profis sionais brasileiros, portugueses e britânicos em psicoterapia cognitivo­com­por tamental, o material apresentado neste livro promete esclarecer tan­to os novatos quanto os especialistas. Ele abrange uma ampla variedade de abordagens psicoterapêuticas em todas as fases da vida, de modo que aqueles que trabalham com crianças e adolescentes acharão este livro tão útil quanto aqueles que trabalham com adultos.

Os primeiros oito capítulos oferecem uma análise profunda das estratégias terapêuticas fundamentais dentro da TCC. Alguns dos tópi­cos como entrevista motivacional, estratégias emocionais e mindfulness são ênfases mais recentes dentro da TCC. Aqueles que estão familia­rizados com as estratégias­padrão cognitivas e comportamentais serão beneficiados pela inclusão dessas abordagens mais recentes, juntamente com estratégias de intervenção comprovadas, como, por exemplo, a rees truturação cognitiva, o treinamento de habilidades sociais e a so­lução de problemas.

O segundo conjunto de oito capítulos tem como foco as aborda­gens da psicoterapia pela “terceira onda”. Isso inclui capítulos sobre terapia do esquema, terapia comportamental dialética, modifi cação do viés de atenção e terapia de aceitação e compromisso. Há uma mistura interessante de abordagens terapêuticas dentro dessa se ção, que o leitor achará instigante e criativa. Embora a evidência empí rica não caminhe no mesmo ritmo que a criatividade clínica nesses capítulos, o leitor, mesmo assim, encontrará nessas páginas uma dis cus são estimulante de novas ideias que podem infundir uma maior pers picácia nos nossos modos de oferecer serviços de psicoterapia.

Os oito capítulos finais no livro tratam de temas especiais de con siderável relevância para os clínicos. Três dos capítulos se focalizam especialmente em crianças e adolescentes. A inclusão de um capítulo sobre processos cognitivos básicos e de outro sobre a neurociência da terapia cognitiva articula, no conjunto deste trabalho, temas que não

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são tratados com muita frequência nos manuais de psicoterapia. Con­siderando os processos cognitivos básicos e a neurociência de um pon­to de vista mais prático e clínico, esses capítulos têm muito a oferecer aos leitores em termos de novas ideias estimulantes para pes qui sa e prática de TCC. O capítulo sobre psicofarmacologia e TCC é uma conclusão adequada que lembra a todos que a maioria dos indivíduos tratados no mundo real da saúde mental estão utili zando tratamentos combinados.

Sinto­me muito honrado por ter sido convidado a oferecer este prefácio em apoio a Estratégias psicoterápicas. Este livro promete dar uma contribuição valiosa para a pesquisa, o treinamento e a prática de TCC e para suas elaborações no Brasil. Ele equilibra espaço, profun­didade e inovação de uma forma que atenderá a comunidade de TCC no Brasil com uma referência fidedigna e atualizada sobre as aborda­gens de psicoterapia mais promissoras para os transtornos psicológicos.

Referências

Beck, A. T. (1963). Thinking and de pres sion: 1. Idiosyncratic content and cog nitive distor tions. Archives of General Psy chiatry, 9, 324­333.

Beck, A. T. (1964). Thinking and de pression: 2. Theory and therapy. Archives of General Psychiatry, 10, 561­571.

Ellis, A. (1962). Reason and emotion in psy­chotherapy. New York: Stuart.

Hofmann, S. G. & Asmundson, G. J. G. (2008). Acceptance and mindfulness­ba sed the­rapy: New wave or old hat? Cli nical Psychology Review, 28, 1­16.

18Prefácio

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Apresentação

Todas as abordagens oriundas das terapias comportamentais, cog nitivas e abordagens da terceira onda possuem muitas técnicas. Te­nho percebido, por parte de muitos alunos e profissionais, ao longo dos últimos anos, uma imensa dificuldade em organizar as inúmeras técnicas dentro das diferentes estratégias psicoterápicas. O objetivo des ta obra é o de contribuir para a organização e o entendimento, de uma maneira didática, prática e esclarecedora, de para que servem as téc nicas em terapia cognitiva e quais as suas principais aplicabilidades.

A terapia cognitivo­comportamental, ou simplesmente tera pia cog nitiva, tem demonstrado grande efetividade nos mais diferentes con­textos clínicos. Iniciou­se com os trabalhos da terapia compor ta mental, ainda no início do século passado, principalmente com inter ven ções que se mostraram eficazes no tratamento das fobias e outros transtornos de ansiedade. Surgia então a terapia comportamental co mo a segunda gran­de força dentro das escolas psicoterápicas, vindo atrás apenas da psica­nálise, que, no início do século passado, era a principal abordagem de en tendimento e de tratamento das então chama das neuroses e psicoses.

A partir da década de 1960, principalmente, iniciaram os traba lhos daquela que se tornaria a principal abordagem psicoterápica dos últimos tempos e a responsável por trazer para o campo das psico tera pias as abor­dagens baseadas em evidências. Tais abordagens se preo cupam em res­ponder à seguinte questão: o que funciona para tratar o quê? A terapia cog nitiva surge como alternativa para o tratamento dos transtornos de­

Wilson Vieira Melo

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pressivos, campo onde a terapia comportamental não ti nha os mesmos resultados que demonstrava ter nos transtornos de an siedade.

Apesar de surgir como um modelo diferente e alternativo ao modelo comportamental, rapidamente as técnicas eficazes de trata­mento foram incorporadas pelos cognitivistas em sua prática clínica. Surgiram então os primeiros modelos cognitivo­comportamentais para o entendimento das diversas psicopatologias. Atualmente, quando al­guém diz trabalhar com terapia cognitiva, já está implícito que esse profissional também se utiliza das ferramentas da terapia compor ta­mental em sua prática clínica.

Alguns teóricos definem as diferentes abordagens das terapias cog ni­tivo­comportamentais (TCC’s) em três “ondas” (Hayes, 2004). Dessa for­ma, o modelo comportamental, calcado nos fundamentos comporta men­tais de Watson (1913), Skinner (1938), Bandura (1986), Wolpe (1973) e outros, estariam na chamada primeira onda. A segun da onda inc lui as terapias cognitivo­comportamentais argumentativas, que focam nos ele­men tos cognitivos, tais como a Terapia Cognitiva (Beck, 1997), a Tera pia Racional­Emotiva (Albert Ellis, 1957a), a Te ra pia Cognitivo­Constru tivista (Guidano & Liotti, 1983); Mahoney (1998), Neymeier (1997), dentre outras. Entretanto, o conhecimento não para, e muitas abordagens surgi­ram, principalmente após a década de 1990, quando grandes avanços co­me çaram a se desenhar no cenário das psicoterapias baseadas em evidências (para uma revisão completa, ver Melo, Sardinha, & Levitan, 2014).

A terceira onda, então, é definida pelos modelos mais integra ti­vos e conceituais como a Terapia Comportamental Dialética (Linehan, 1993), a Terapia do Esquema (Young, Klosko, & Weishaar, 2008), a Terapia de Aceitação e Compromisso (Hayes, Luoma, Bond, Masuda, & Lillis, 2006), a Terapia do Esquema Emocional (Leahy, Tirch & Na­po litano, 2012), a Terapia Cognitiva Processual (De Oliveira, 2013), a Terapia Focada na Compaixão (Gilbert, 2009), a Terapia Metacogni­tiva (Wells, 2008), a Terapia de Modificação do Viés Atencional (MacLeod, Rutherford, Campbell, Ebsworthy & Holker, 2002), den­tre outras abordagens.

20 Apresentação

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EstratégiasPsicoterápicaseaTerceiraOndaemTerapiaCognitiva21

Os modelos integrativos da terceira onda são todos aqueles que se valem dos pressupostos das terapias cognitivo­comportamentais. Tais pressuposições dão conta de que a atividade cognitiva afeta a emo­ção e o comportamento. Além disso, indicam que a cognição é pas sível de ser monitorada e alterada. Por fim, pressupõem que, alte rando­se as estruturas cognitivas, é possível se modificar também as emoções e o com portamento subjacente. São chamadas terapias de ter ceira onda porque compartilham desse entendimento, e avançaram em conceitos e entendimentos, além de integrar técnicas de diferentes abordagens. Muitas dessas teorias utilizam práticas meditacionais como ferramentas complementares na sua prática clínica, e o Mindfulness é uma das mais estudadas e aplicadas.

O livro Estratégias psicoterápicas e a terceira onda em terapia cogni tiva apresenta 24 capítulos, divididos em três partes distintas. A pri meira delas aborda as diferentes estratégias psicoterápicas utilizadas nas terapias cogni­tivas na atualidade. Já a segunda parte apresenta algumas das principais abordagens da terceira onda em terapia cognitiva. A ter ceira parte, por fim, traz alguns dos temas que, apesar do grande po ten cial de interesse em terapia cognitiva, têm pouca ou nenhuma bi bliografia em português.

Foram convidados alguns dos maiores especialistas no Brasil, em Portugal e no Reino Unido para escreverem sobre os diversos assuntos abordados nesta obra. Espero que você aprecie a leitura e que os co­nhecimentos apresentados neste livro possam ser úteis para melhorar a prática dos milhares de terapeutas cognitivos que atuam no Brasil.

Gostaria de agradecer a todos os colaboradores, nacionais e es­tran geiros, que brilhantemente contribuíram para que esta obra fosse rea lizada. Em especial, agradeço ao professor David A. Clark, Ph.D, da University of New Brunswick (Canadá), que representa hoje uma das maiores autoridades mundiais em terapia cognitiva e que gentilmente escreveu o prefácio desta obra, prestigiando a todos os nossos leitores. Desejo a todos uma excelente leitura e espero que apreciem a qualidade de cada um dos capítulos aqui apresentados.

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Referências

Bandura, A. (1986) Social foundations of thought and action: A social cognitive the or y. Englewood Cliffs, NJ: Prentice­Hall.

Beck, A. T. (1997). The past and future of cognitive therapy. Journal of Psychotherapy Prac­tice and Research, 6, 276­284.

De Oliveira, I.R. (2013). Trial­based cog nitive therapy (TBCT): A new cognitive­behavior the rapy approach. In I. R. De Oliveira; T. Schwartz, & S.M. Stahl. In tegrating psycho­therapy and psychopharma cology: A handbook for clinicians (pp. 24­65, Clinical topics in psy­chology and psy chiatry). New York: Routledge.

Ellis, A. (1957a). Rational psychotherapy and individual psychology. Journal of In divi­dual Psychology, 13(1), 38­44.

Gilbert, P. (2009). Introduction to com pas­sion focused therapy. Advances in psy chiatric treatment, 5, 199­208.

Guidano V.F., Liotti G. (1983) Cognitive pro­cesses and emotional disorders: A struc tural ap­proach to psychotherapy. New York: Guil ford.

Hayes, S. C. (2004). Acceptance and com­mitment therapy, relational frame theory, and the third wave of behavioral and cog ni tive therapies. Behavior Therapy, 35(4), 639­655.

Hayes, S. C., Luoma, J., Bond, F., Ma suda, A., & Lillis, J. (2006). Acceptance and com mi t­ment therapy: Model, pro ces ses, and outcomes. Behaviour Research and Therapy, 44, 1­25.

Leahy, R., Tirch, D., & Napolitano, L.A. (2012). Regulação emocional em psico te ra pia: Um guia para o terapeuta cogni ti vo­compor­tamental. Porto Alegre: Artmed.

Linehan, M. M. (1993). Cognitive­beha vioral treatment of borderline personality disorder. New York: The Guilford Press.

MacLeod, C., Rutherford, E., Campbell, L., Ebsworthy, G., & Holker, L. (2002). Selec­tive attention and emotional vulne rability: Assessing the causal basis of their association through the experimental ma ni pulation of attentional bias. Journal of Abnormal Psycho­logy, 111(1), 107­123.

Mahoney, M. J. (1998). Processos huma nos de mudança: As bases científicas da psi coterapia. Porto Alegre: Artmed.

Melo, M.V., Sardinha, A., & Levitan, M.N. (2014). O desenvolvimento das terapias cog­nitivo­comportamentais e a terceira onda. In B.P Rangé, C.B. Neufeld, & E.M. Falcone. Programa de atualização em terapia cognitivo­comportamental. Porto Alegre: Artmed.

Neimeyer, R. A. (1997). Psicoterapias cons tru­tivistas: Características, funda men tos e fu turas di reções. In R. A. Neimeyer & M. J. Mahoney (Orgs.). Construtivismo em psi co terapia (pp. 15­37). Porto Alegre: Art med.

Skinner, B.F. (1938). The behaviour of orga­nisms: An experimental analysis, New York: Appleton­Century­Crofts.

Watson, J.B. (1913) Psychology as the be­ha viourist views it. Psychological Re view, 20, 158­77.

Wells, A. (2008). Metacognitive therapy: Cog­nition applied to regulating cogni tion. Beha­vioural and Cognitive Psychothe rapy, 36, 651­658.

Wolpe, J. (1973). The practice of behavior the­rapy (2. ed). Oxford, England: Pegamon.

Young, J. E., Klosko, J. S. & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do esquema: Guia de téc­nicas cognitivo­comportamentais ino va doras. Porto Alegre: Artmed.

22 Apresentação

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Parte I

Estratégias Psicoterápicas

Nas terapias cognitivas, de um modo geral, existe um número incontável de técnicas, e muitas vezes não fi ca clara para o clínico a

sua real aplicabilidade, tanto em termos de objetivos quanto no que diz respeito ao aspecto prático de como ela deva ser utilizada. Um artifício bastante útil é o de organizar o conhecimento acerca da aplicabilidade da técnica, categorizando-a de acordo com a estratégia psi co terápica à qual se destina. Na Parte I deste livro, serão apre sentadas as estratégias psicoterápicas de uma maneira didática, que auxilie o leitor na compreensão de como as prin cipais técnicas em terapia cognitiva podem ser utilizadas e a quais estratégias psicoterápicas se destinam.

W.V.M.

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A Psicoeducação e a Reestruturação Cognitiva são duas das principais estra tégias psicoterápicas utilizadas em terapia cognitiva. Elas serão apresentadas em conjunto neste capítulo, uma vez que a primeira está diretamente atrelada à segunda. O caráter psicoeducativo da te rapia cognitiva inclui munir o pa ciente de informações acerca do mo delo cog nitivo, bem como do transtorno em questão, quando isso for indicado. Tais informações precisam ser terapêuticas e persona lizadas, de forma que não existe uma instrução-padrão que sirva para todos os pacientes. Já a reestruturação cognitiva, que pode ocorrer direta ou in-diretamente, dependendo da técnica utilizada, está dire ta mente ligada às pressu posições básicas da terapia cognitiva, pois: “Não so fre mos com o mal em si, mas da opinião que extraímos dele” (Epic te to, século I d.C.). Mo dificando as representações mentais, ou seja, as cog nições, é possível modificar o afeto e o comportamento subjacente.

W.V.M.

Este capítulo tem como objetivo apresentar métodos de estru­tu ração e psicoeducação bem como técnicas para conceituação e rees­tru turação cognitivas. Os conceitos estão interligados e a divisão em itens teve um objetivo puramente didático. O texto está organizado em qua tro seções: Métodos de estruturação e psicoeducação; Técnicas para a psi coe ducação; Técnicas de reestruturação cognitiva e utiliza­

Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

Daniela Zippin Knijnik e Lia Silvia Kunzler

1

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 25

ção de duas técnicas da terapia cognitivo­comportamental na prática clí nica. Devido à impossibilidade de abordarmos todas as técnicas e todas as dificuldades enfrentadas pelos pacientes acompanhados, al­guns itens, ao longo do tex to, serão exemplificados com a descrição de quadros de ansiedade agu da, de consumo excessivo de álcool e dro gas, de ansiedade social, de transtorno da personalidade evitativa e de depressão.

Métodos de estruturação e psicoeducação

A estruturação (“Fique focado nos problemas principais, e as res­postas virão”) e a psicoeducação (“Esses métodos podem funcionar para você”) são processos complementares na terapia cognitivo­com­por ta men tal (TCC). A estruturação pode gerar esperança, organizar a di reção da terapia, gerar um foco para que os objetivos sejam alcan­çados, e promover o aprendizado da TCC em si. A psicoeducação é primariamente direcio nada ao ensino dos conceitos centrais da TCC, mas também favorece a estruturação da terapia porque utiliza métodos educacionais em cada ses são (como blocos de notas) (Wright, Basco, & Thase, 2008).

O terapeuta cognitivo­comportamental, de forma colaborativa com o paciente, estrutura o tratamento ao estabelecer objetivos e agen­das, checar sintomas, dar e receber feedbacks, e preparar e conferir as ta refas de casa. Ao conduzir as sessões com efetividade, o terapeuta tem ainda o papel de ser um bom professor ou coach. Nos moldes do diá logo socrático, o terapeuta ministra miniaulas, sugere leituras e po­de utilizar métodos mais modernos e inovadores como a TCC com pu­tadorizada. A reestruturação cognitiva e a psicoeducação funcio­ nam melhor quando integradas na sessão de terapia e utilizadas para apoiar e facilitar os componentes mais expressivos e emocionais da mesma (Wright et al., 2008). Nesse sentido, tais estratégias psico te rá­picas ca mi nham juntas por serem processos terapêuticos comple men­

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26 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

tares quan to à promoção de conhecimento. Técnicas de estruturação efetivas aumentam o aprendizado por manterem o tratamento orga­nizado, efi ciente e no foco. Boas intervenções de psicoeducação, como exercícios de tarefa de casa e uso de bloco de notas, são elementos importantes para a estrutura da TCC. Os objetivos gerais da estru­turação e da psi coeducação são gerar esperança, aumentar o processo de aprendi zado e a eficácia da terapia, e auxiliar os pacientes a cons­truir estratégias efe tivas de enfrentamento.

Durante a fase mais inicial do tratamento, o terapeuta deve de­dicar boa parte de seu trabalho à Reestruturação Cognitiva e à Psico­educação. No entanto, na medida em que a TCC avança para o final, o paciente se encarrega com mais responsabilidade de definir e manejar os problemas, sempre com o objetivo de trabalhar no sentido de uma mudança e aplicar os conceitos principais da TCC em sua rotina diária.

A importância da psicoeducação reside, primeiramente, no fato de a TCC se basear na ideia de que os pacientes podem aprender novas habilidades para modificar as cognições, controlar o humor, e fazer mu danças produtivas no comportamento, com consequente aumento de motivação e promoção de saúde. Logo, o sucesso de um terapeuta es tá diretamente ligado a como essas questões são transmitidas. Em se­gundo lugar, uma psicoeducação efetiva ao longo do processo tera pêu­tico deverá munir o paciente de conhecimentos e habilidades, tais co­mo identificar a situação­problema e os pensamentos automáticos, cren ças condicionais e crença nuclear associados, e encontrar soluções alternativas para os mesmos. Tais conhecimentos e habilidades podem auxiliar na redução do risco de recaída. Finalmente, a TCC é guiada no sentido de auxiliar os pacientes a se tornarem seus próprios terapeu­tas. Nesse sentido, o terapeuta deve educar o seu paciente para que ele continue a utilizar métodos cognitivos e comportamentais de autoa­juda após a conclusão da terapia, para que o mesmo participe ativa­mente de sua recuperação.

Alguns métodos para a promoção da psicoeducação são citados no Quadro 1.1.

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 27

Quadro 1. 1 Métodos de Psicoeducação para TCC

Métodos de psicoeducação para TCC

Ministrar miniaulas

Usar um bloco de notas

Recomendar leituras

Utilizar TCC computadorizada

Realizar exercício sistemático na sessão (ABC, registro de pensamentos disfuncionais, diagrama cognitivo, entre outros)

Fonte: Adaptado de Wright et al., 2008.

Miniaulas

Para auxiliar os pacientes no entendimento de conceitos, são ne cessárias, em certos momentos das sessões de terapia, pequenas expli ca ções ou ilustrações sobre a teoria ou intervenções da TCC. Reco men da­se o uso de um estilo amigável, interativo e envolvente em vez de um estilo de palestra. Para estimular o envolvimento do paciente no processo de aprendizado, perguntas socráticas podem ser utilizadas. Diagramas cog nitivos por escrito ou outras técnicas de aprendizado podem con tribuir para um incremento da psicoeducação. O diagrama deve mostrar a ligação entre a situação, o pensamento, a emoção e o comportamento associado. Idealmente, deve ser feito com um exemplo do próprio pa cien te. O entendimento adquirido com essa intervenção de psicoedu cação prepara o paciente para o estágio seguinte da terapia, quando as cog nições disfuncionais e estratégias de enfrentamento serão abordadas.

Bloco de notas da terapia

Exercícios por escrito de sessões de terapia, tarefas de casa, fol­ders, escalas, anotações sobre insights importantes e outros materiais

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28 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

escritos ou impressos podem ser organizados em um bloco de notas da terapia. O bloco de notas da terapia sabidamente promove o apren­dizado, aumenta a adesão às tarefas de casa, e pode auxiliar os pa­cientes a lembrar de utilizar os conceitos da TCC por anos após o término da terapia. É importante introduzir essa ideia de bloco de notas da terapia nas primeiras duas sessões e então reforçar o uso desse método ao longo das sessões. Outra vantagem desse método é o seu auxílio à estruturação da TCC, quando pode ser utilizado como rotina de cada sessão. Existe evidência sobre os benefícios proporcionados pelo seu uso em pacientes internados por ser um método onde o aprendizado fica retido (Wright, Thase, & Beck, 1993).

Leituras

Livros, artigos, folhetos informativos, e material da internet são fre quentemente utilizados na TCC para educar os pacientes e para envolvê­los em exercícios de aprendizagem fora das sessões de terapia. Recomenda­se que o terapeuta, ao sugerir uma leitura, assinale para o paciente o que julga ser interessante naquele material, naquele mo­mento da terapia. O terapeuta deve considerar também, ao reco men­dar uma leitura, o nível edu cacional do paciente, sua capacidade cog­nitiva e sofisticação psico lógica, bem como os seus sintomas, de modo que a sugestão seja apro priada para cada paciente. Em terapias em grupo o mesmo cuidado deve ser tomado. Atenção especial deve ser dada a pacientes com necessidades especiais, como dificuldades vi suais (letras maiores) ou auditivas. Desse mo do, o terapeuta deve estar aten­to a cada situação, bem como possuir um amplo arsenal de ma terial de leitura, áudio e vídeo.

TCC computadorizada

O uso da tecnologia de computadores para auxiliar os tera­peutas a educar e tratar os seus pacientes é um dos desenvolvimentos

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 29

mais novos na TCC. Nos últimos anos, tem havido um interesse cres­cente pela ideia de integrar a terapia computadorizada ao processo de trata mento (Wright, 2004). No tratamento do transtorno de ansie da de so cial (TAS), por exemplo, resultados preliminares apontam para uma possível efetividade de protocolos de TCC virtual devido ao maior acesso ao tratamento e ao melhor custo­benefício (realidade virtual ou internet). Há quem questione a perda da relação terapeuta­paciente e/ou a percepção negativa dos pacientes acerca dos softwares de trata mento. No entanto, alguns estudos em TCC têm mostrado resultados promis­sores quanto à aceitação por parte dos pacientes (Wright, J. H., Wright, A. S., & Salmon, 2002; Wright, 2004; Acar turk, Cuijpers, van Straten & Graaf, 2009; Canton, Scott, & Glue, 2012).

Exercício sistemático na sessão

Uma maneira interessante de educar os pacientes sobre os méto dos da TCC consiste em escrever um exemplo de exercício na própria sessão, durante a explicação do mesmo. Isso pode acelerar o apren dizado do con­ceito do exercício e a sua fixação. Dessa forma, o pa ciente adquire um modelo­padrão de exercício, o qual pode utilizar ao longo da terapia, por exemplo, o diagrama cognitivo da TCC, o re gistro de pensamentos (Ellis, 1962; Beck, J, 2013; Greenberger & Padesky, 1999), o Pense saudável (Figura 1.8) – tomada de decisão e qualidade de vida (Kunzler, 2014) –, ou, em casos específicos de trans torno de ansiedade social (TAS), o do ciclo da ansiedade social (Kni jnik, 2014) (Figura 1.4).

Os exercícios sistematizados são utilizados para a psicoeducação, conceituação cognitiva e reestruturação cognitiva de um ou mais níveis de pensamento: pensamento automático (PA), crença intermediária – também denominada condicional (CC) – e crença central – também denominada nuclear (CN).

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30 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

Técnicas para a psicoeducação

Uma das características da TCC é a educação sobre os problemas enfrentados e os métodos disponíveis de terapia. Com a psicoeducação, os conceitos são explicados e ilustrados. Ela permeia todo o processo psicoterápico (Wright, Turkington, Kingdon, & Basco, 2010).

Análise A-B-C e registro de pensamentos disfuncionais (RPD)

Albert Ellis (1962) propôs um modelo para explicar ao paciente (e familiarizá­lo com ele) o modelo cognitivo e também para auxiliar na identificação das cognições (B) que estão situadas entre a situação em si (A) e as consequências (C). Segundo Ellis, o “A” refere­se aos eventos ativadores (activating events); o “B” refere­se às cognições (be­liefs), e inclui pensamentos automáticos, crenças condicionais e nuclea­res e/ou esquemas; e o “C” refere­se às consequências (consequences) emocionais, comportamentais ou físicas.

A análise A­B­C poderá ser realizada na sessão, com o terapeuta, bem como na tarefa de casa. Mais adiante na terapia, ao trabalhar com o RPD – cinco colunas (Beck, J., 2013) –, o terapeuta poderá reforçar que as três primeiras colunas (situação, pensamento automático e emoção) correspondem ao A­B­C de Ellis (1962) e as demais colunas referem­se à resposta adaptativa e ao resultado. Já Greenberger e Padesky (1999) preferem colocar a emoção (C) antes da cognição (B), por acreditarem que a emoção esteja, em geral, mais acessível. Em seu livro A mente vencendo o humor, os autores acrescentam mais duas co­lunas ao RPD (sete colunas): uma para evidências que comprovam os pensamentos e outra para evidências que desconfirmam os pensa­mentos (Greenberg & Padesky, 1999). Cabe ressaltar que o RPD (cin­co e sete colunas) também pode ser utilizado como técnica de rees­truturação cognitiva.

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 31

Conceituação cognitiva

É a formulação do caso com base na concepção cognitiva do pa­ciente e do modelo cognitivo específico de sua psicopatologia. De acor do com Persons (1989), a conceituação cognitiva é a habilidade clínica mais importante de domínio do terapeuta cognitivo, pois é a base de todo o planejamento da terapia. De acordo com Knapp e Rocha (2003), “sem o entendimento cognitivo do paciente, todo o tratamento será apenas a aplicação de um punhado de técnicas cog nitivas e comportamentais com resultado pobre, quando não ineficaz”. As autoras enfatizam que a con­ceituação cognitiva não é uma técnica de reestruturação cognitiva e sim uma forma de compreensão do caso clínico.

Seta descendente

Após a identificação de pensamentos automáticos, a técnica so­crática denominada seta descendente envolve o processo de desvendar camadas das cognições mais profundas para chegar nas crenças condi­cionais (pressupostos e regras) e nas crenças nucleares. Judith Beck (2013) sugere que ao perguntar­se o que um pensamento significa para o paciente, evocam­se crenças condicionais, tais como: “se eu mostrar minha insegurança, ruborizando, serei humilhado”; ou “se eu não for impecável no meu comportamento, serei desprezado”. E a pergunta ao paciente acerca do que o pensamento sugere sobre ele evoca crenças nucleares, tais como: “eu sou incompetente/incapaz”, “eu sou estranho/diferente” e “eu sou insignificante/sem valor”. A identificação do nível de distorção cognitiva é primordial na escolha da técnica mais eficaz para a reestruturação cognitiva.

Greenberger e Padesky (1999) oferecem a sistematização dos cin co aspectos das experiências de vida – ambiente, estados de humor, pensamentos, reações físicas e comportamentos. A título de ilustração, a Figura 1.1, utilizada para psicoeducação, apresenta a conceituação cognitiva em um caso de abuso de drogas ilícitas.

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32 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

Técnicas de reestruturação cognitiva

A TCC ensina ao paciente que existe mais de uma maneira de ver uma situação e que o seu ponto de vista é uma questão de escolha (Butler & Hope, 2007). Os pacientes praticam as técnicas de reestruturação cognitiva nas sessões e fora delas, quando as cognições são identificadas, analisadas e relativizadas (Picon & Knijnik, 2004). A seguir apresentaremos algumas técnicas que podem ser usadas para reestruturar os três níveis de cognição – PA, CC e CN.

A. Pensamentos Automáticos (PAs)Descoberta guiada (busca de significados) e questionamento socrático

Uma das pedras angulares da terapia cognitiva é a descoberta guiada – processo colaborativo em que o terapeuta orienta o paciente no entendimento de seus problemas e auxilia na exploração de pos­

AMBIENTE

Pensamento/Imagem

– Sobre mim: Eu não conseguirei concluir– Sobre os outros: Julgam que sou responsável– Sobre o mundo: O mundo é assustador– Sobre o futuro: Eu não sobreviverei

TurbilhãoInquietação

Alteração do apetite

TristezaRaiva

AnsiedadeComportamento

FugaIsolamento

AgressividadeUso de drogas

EmoçãoCorpo

Figura 1.1 Conceituação cognitiva de um caso de abuso de drogas (Padesk, 1999). Exemplificada por Lia Silvia Kunzler.

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 33

síveis soluções e no desenvolvimento de um plano para lidar com as dificuldades. Realiza­se mediante o questionamento socrático – per­gun tas diretas sobre os pensamentos com respostas abertas, como en­sinava o filósofo Sócrates (Padesky & Greenberger, 1999).

O seu objetivo é conscientizar a informação para o paciente, correlacionando as cognições disfuncionais (pensamentos, crenças con­dicionais e nucleares) a significados idiossincráticos dados à situação, à emoção e ao comportamento. De acordo com Beck et al. (1979), “o terapeuta cognitivo deve conversar sobre os dados objetivos e não convencer o paciente mediante a força dos argumentos”.

Exemplo: “O que está passando pela sua cabeça (pensamento ou imagem)?”; “E, então?”; “Qual o significado disso?”; “O que poderia acontecer?”.

Registro de Pensamentos Disfuncionais (RPD)

O RPD também é usado como técnica de reestruturação cogni­tiva (ver item “Análise A­B­C e registro de pensamentos disfuncionais (RPD)”). Nessa etapa da terapia, além das técnicas de identificação de pensamentos disfuncionais, emoções, avaliação do grau de emoção associada com o pensamento (e do grau de crédito do pensamento), dispomos das técnicas arroladas a seguir.

Categorização das distorções cognitivas

O fato de identificar a distorção cognitiva e nomeá­la pode pro­duzir um impacto cognitivo e enfraquecer tais distorções. O enten­dimento do conceito de cada distorção cognitiva possibilitará que o pa ciente fique atento às mesmas em seu cotidiano (Knapp, 2004). Exis te uma lista de distorções cognitivas que deve ser fornecida ao paciente, e o registro das mesmas é feito na terceira coluna do RPD (Green berg & Padesky, 1999) no item “Pensamentos automáticos (imagens)” ou em uma planilha de automonitoramento. Geralmente as distorções cognitivas têm intersecções e sobreposições, por isso o

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34 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

paciente apresenta, concomitantemente, mais de uma distorção em uma mesma situação (Knapp, 2004).

Pacientes que apresentam sintomas de transtorno de ansiedade social ou ansiedade aguda comumente apresentam comorbidade com transtorno de personalidade evitativo. Quando o desequilíbrio da emo ção é importante, o paciente pode expressar suas crenças con di­cionais e nucleares em forma de pensamentos automáticos. Para ilus­trar algumas distorções cognitivas (para mais informações, ver Capí­tulo 3), são apresentados alguns exemplos a seguir:

Rotulação: “Eu sou estranho e diferente”.Leitura Mental: “Ele está pensando que eu sou inferior e não está gos tando da minha conversa”.Personalização: “Os outros me rejeitarão porque eu não saberei o que di zer quando nos encontrarmos no bar”.Desqualificando o positivo: “Não importa que eu tenha apresen­tado bem o trabalho, porque foi muito fácil”; “Eles só estão elo gian­do o meu trabalho por pena”. Catastrofização: “Eu sou tão fracassado em encontros sociais, que não sa be rei o que falar com os meus colegas”; ou “Se eu não me en­vol ver em con versas e fingir que estou bem, os outros nunca não me aceitarão”.

Exame de evidências

Uma forma efetiva de modificação dos pensamentos automáticos é ensinar o paciente a pesar as evidências disponíveis pró e contra o seu pensamento e a buscar interpretações alternativas, adaptativas, racionais e mais adequadas às evidências (Knapp, 2004). Greenberger e Padesky (1999), no RPD de sete colunas, incluem duas colunas para análise de evidências que apoiam (coluna 4) e que não apoiam (colu­na 5) o pensamento “quente”, para posterior construção de pensamen­tos alternativos e compensatórios (coluna 6).

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 35

Exemplo clínico de ansiedade aguda

Como instrumento de psicoeducação e para a conceituação cog nitiva de um caso de ansiedade aguda, a Figura 1.2 chama a atenção para os sin­tomas de ansiedade e fatores que mantêm o cenário da mes ma, como o fato de prestar atenção na sensação física com o conse quente uso de uma distor­ção cognitiva (catastrofização). Nesse sentido, a reestruturação cog ni tiva será utilizada para identificar, analisar e rela tivizar os pensamentos dis funcionais, através das diferentes técnicas citadas no presente capítulo.

Pensamento automático/imagem

O que pode acontecer de pior?

Quanto acreditava

naquele momento? (%)

Quanto acredita

agora (%)

Vou morrer! 90 30

Posso perder o controle 100 20

Não tenho saída 85 40

Estou caída no chão 90 10

Gatilho

Emoção

Ansiedade aguda

Má interpretação/Catartrofização

As sensações ficam mais intensas

Prestar atenção na sensação.

O que acontece?

Reação física

Meu coração disparou!

Medo, ansiedade, vergonha.

Taquicardia, falta de ar...

Ansiedade = perigo

recursos

Figura 1.2 Modelo de pânico criado por David Clark, Oxford University, 1986. Esque matizado em 1988 pelo Centro de Terapia Cognitiva. Traduzido e adaptado para um exemplo clínico de ansiedade aguda por Lia Silvia Kunzler.

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36 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

Outras técnicas para reestruturação cognitiva de pensamentos automáticos

Entre tais técnicas, podem­se destacar as seguintes: análise se­mân tica, análise de custo benefício (vantagens e desvantagens), coloca­ção da situa ção em perspectiva, construção de explicações alternativas, descatas trofização, reatribução, ressignificação, padrões duplos (dois pesos, duas me didas), distinção de comportamentos de pessoas, exame de contradições internas, transformação de adversidade em vantagem, a própria educação sobre o transtorno, uso de metáforas e exposição à imaginação.

B. Crenças Condicionais (CCs)

A técnica da seta descendente e a identificação de temáticas re­correntes auxiliam na identificação de pressupostos e regras – CCs. Com frequência, elas são identificadas pela estrutura “Se ..., então ...”. Quando o paciente apresenta dificuldade em sua construção, o tera­peuta fornece a primeira parte “Se ...,” e solicita que o paciente com­plete com “então...”.

O desenvolvimento de pressupostos e regras adaptativas, o role play racional­emocional, o uso da imaginação e a adequação histórica fundamentam a reestruturação cognitiva em nível de CCs. A CC é testada por meio dos experimentos comportamentais.

Na presente seção, ilustraremos essas técnicas mediante um exem plo clínico de um caso de uso abusivo de drogas (item ” Exemplo clínico de modificação de crenças condicionais em uso abusivo de drogas”; Figura 1.3) em que foi utilizada a técnica de análise de custo­benefício por meio de listas de vantagens e desvantagens e de exemplos de cartões de enfrentamento (item “A construção de cartões de enfren­tamento”).

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 37

Crença condicional mais saudável:

Se eu não usar drogas, eu lidarei com a ansiedade.

Fazer experimentos comportamentais

Situação:Passo em frente ao bar, perto do meu trabalho.

Percebo a ansiedade crescendo!

Crença condicional atual:“Se eu não usar drogas, então eu explodirei de ansiedade!”

Comportamento Comportamento de até agora: agora em diante:

Emoção: Entrar no bar Ansiedade, medo Não entrar no bar Consumir várias drogas Aumento da ansiedade Diminuição da ansiedade Aprender a lidar com a ansiedade

Desvantagens em manter as suposições atuais:

Vantagens em construir suposições mais saudáveis:

Eu não alcanço os meus objetivos.•Eu não trato a minha ansiedade.•Eu vejo as pessoas progredirem e eu não.•Perderei o controle da situação.•Meu corpo sofre.•Eu sinto cada vez mais ansiedade.•Eu sinto vergonha e culpa.•Eu não consigo me relacionar com •as pessoas.Eu perco o horário e os prazos.•As pessoas perdem a paciência.•

Tenho uma alternativa que não seja •acabar comigo.Eu alcançarei os meus objetivos.•Melhora da minha autoestima.•Dominarei a situação e não serei dominada.•Terminarei a universidade.•As pessoas poderão confiar em mim.•Eu poderei confiar mais em mim.•Trabalharei.•Estabelecerei boas relações com •as pessoas.Sentirei menos ansiedade.•

Figura 1.3 Terapia cognitiva para desafios clínicos. Judith S. Beck, 2007. Adapta do para um exemplo clínico de uso de drogas por Lia Silvia Kunzler .

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38 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

Exemplo clínico de modificação de crenças condicionais em uso abusivo de drogas

Apresentar o cenário do comportamento abusivo do uso de dro gas ajudou uma paciente a entender porque estava sendo tão difícil “largar as drogas e ficar limpa”. O uso de drogas era mantido por uma amenização imediata da ansiedade. Foi proposta a reestruturação em nível de CI e a análise de custo­benefício (vantagens e desvantagens) para posterior prepa­ração cognitiva para os experimentos comporta mentais.

A construção de cartões de enfrentamento

Blackburn e Davidson (conforme citados por Knapp, 2004) pro puseram que os pacientes substituam as suposições e regras dis­funcionais por cognições saudáveis. Essa técnica foi chamada por Burns, em 1980, de “reescrever as regras” (Knapp, 2004). As cognições saudáveis são escritas em cartões maiores ou menores, que podem ser carregados na carteira ou em blocos e cadernos maiores, e são co­nhecidos como cartões de enfrentamento. Eles são utilizados pelos pacientes em situações de desequilíbrio da emoção, o que facilita a interpretação ponderada dos fatos e ajuda a evitar o retorno dos sinto­mas. O paciente é orientado a lê­los regularmente, por exemplo, três vezes ao dia (Beck, J. 2013; Knapp, Luz Jr., & Baldisserotto, 2001; Wright J. H., 2008).

Após o preenchimento dos exercícios da presente seção, algumas ponderações foram anotadas no bloco de notas e cartões de enfren ta­mento foram registrados. Cada paciente deve construir os seus car tões de enfrentamento com frases que o ajudem a alcançar seus objetivos determinados na terapia. Alguns exemplos são apresentados a seguir:

• “Sentir ansiedade e medo é natural, porém eu posso aprender a reagir com a minha razão e não com a minha emoção.”• “Para investir em minha autoestima, é importante que eu es­

teja atento às minhas qualidades. Para melhorar minha au­ to con fiança, o melhor é valorizar os meus progressos.”

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 39

• “Investir na autoestima e na autoconfiança é a melhor opção para me sentir bem.”• “Ao sentir medo, me pergunto: O que é mais provável que

aconteça nesta situação?”.• “Para controlar a ansiedade, devo descomplicar a situação e

reconhecer os recursos que tenho para lidar com ela.”• “Quando sinto ansiedade, devo lembrar que não posso acre di­

tar em tudo o que passa pela minha cabeça, até porque será sempre algo catastrófico.” • “Se o meu objetivo é ficar livre das drogas, então qual é a opção

mais saudável de pensar e agir? Agindo assim, como é que eu me sentirei?”• “O que é que eu diria para um amigo fazer nessa situação?”

C. Crenças nucleares (CNs)

As crenças formam os esquemas e estão no nível mais profundo da cognição. Nesse nível as técnicas anteriormente citadas, tanto para Pensa­mentos Automáticos (PAs) quanto para Crenças Condicionais (CCs) po­dem ser utilizadas. As CNs e esquemas demandam mais tempo para serem modificadas, por serem inflexíveis. De acordo com Padesky (1994) quatro técnicas podem ser utilizadas: continuum, registro de CN (evi dências de que não são 100% válidas para a construção das crenças mais adaptativas), agir “como se” e reestruturar memória. A psico edu cação, abordada no iní­cio deste capítulo, é de extrema valia nessa etapa da terapia. Mais recen­temente, a terapia cognitivo­processual (TCP) vem sendo proposta como técnica para reestruturação de crenças nucleares.

Terapia cognitivo-processual (TCP)

Landeiro e de Oliveira (2014) apresentam a terapia cognitivo­processual (TCP) como uma abordagem desenvolvida para modificar crenças nucleares. O Processo I e o Processo II são duas das principais

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40 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

técnicas da TCP. Landeiro et al. (2014) e Powell et al. (2013) con du­ziram um ensaio clínico randomizado no qual o Processo I (n = 17) foi comparado com técnicas cognitivas­padrão (n = 19). No Ques tio nário de Qualidade de Vida – SF 36, o Processo I mostrou­se mais efi caz nos domínios: dor corporal, funcionamento social e papel emo cio nal (para maiores informações, ver Capítulo 14).

Utilização de duas técnicas da Tcc na prática clínica

Beck et al. (1987) propõem a hipótese da especificidade de conteúdo, onde cada transtorno mental possui o seu conteúdo cogni­tivo específico, ou seja, um modelo cognitivo próprio. A aplicação das técnicas será ilustrada através de um caso clínico de Transtorno de An­siedade Social (TAS).

Nas fobias em geral, o cerne do conteúdo cognitivo é a intrusão de pensamentos involuntários e ameaçadores em determinadas situa ções. Mais especificamente no TAS, também conhecido como fobia social, existe um medo intenso e persistente (mínimo seis meses de duração) de agir de determinada forma ou mostrar sintomas de ansiedade que serão avaliados negativamente pelos outros. Os medos incluem situações de interação social (por exemplo, conversar com pessoas), de ser observado (ao comer, beber ou escrever em público, por exem plo) ou de desempenho (por exemplo, falar em público), nas quais o indivíduo teme estar sendo julgado pelos outros. As situações sociais são evitadas ou enfrentadas com intenso medo ou ansiedade (APA­DSM­V). Nesse sentido, a psicoedu­cação no TAS é elemento crucial no manejo da ansiedade (Acarturk et al., 2009; Canton, Scott, & Glue, 2012).

Na TCC para o TAS são realizadas duas sessões de psicoeducação no início do tratamento. O objetivo é esclarecer o maior numero de infor ma­ções para maximizar o entendimento acerca do transtorno e de seu trata­mento (TCC, medicamentoso ou combinado) e minimizar o uso de colo­cações oriundas da falta de informação por parte dos familiares. A impor­

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 41

tân cia de incluir a família e/ou professores no tratamento faz parte do pro­cesso de psicoeducação e pode auxiliar na reestruturação cognitiva.

Nesse sentido, é fundamental que, nas sessões de psicoeducação, as seguintes informações sejam incluídas: modelo etiológico múltiplo do TAS (fatores genéticos, ambientais, modelagem), diferença entre timidez e TAS, gravidade do TAS, grau de sofrimento e comprome timento da qualidade de vida (acadêmica, profissional, familiar, inter pessoal e afetiva) bem como diminuição ou ausência de habilidades sociais.

Ao longo do processo de psicoeducação, deve ser enfatizada a im­portância do reconhecimento das situações sociais temidas, das cogni­ções disfuncionais a elas associados e do papel dos comportamentos de segurança na evitação das situações sociais e consequente manutenção do TAS. Com o intuito de “empoderar” o paciente, é importante que o mesmo compreenda o papel dos pensamentos alternativos – reestru­turação cognitiva – como ferramenta para aumento da capacidade de lidar com as situações sociais temidas.

Sentir medo de ser julgado e criticado não é por si só um pro­blema. Ele é natural e experimentado por diversas pessoas em dife­rentes situações e contextos sociais. Esse medo faz com que, em geral, as pessoas mantenham comportamentos para alcançar objetivos e pro­curem interagir da melhor forma com os demais. Porém, quando esse medo é excessivo, ele passa a ser um problema. A pessoa mantém o foco somente na avaliação que as outras pessoas possam estar fazendo dela e prejudica o seu investimento em comportamentos necessários para que alcance os seus objetivos. Com isso, a evitação de situações sociais e o isolamento parecem ser a solução, mas, na verdade, passam a ser um problema e são mantidos por suposições distorcidas, tais como: “Se eu entrar em sala de aula ficarei muito ansioso e todos me julgarão. Então, para que eu consiga acalmar, a melhor opção é evitar a situação temida”. A emoção em desequilíbrio faz com que a pessoa não questione o que está passando pela sua cabeça – ela simplesmente acredita. Os exercícios proporcionam que algumas reflexões sejam feitas quando o paciente perceba uma piora da emoção e tome a sua

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42 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

decisão sobre a forma mais saudável de pensar, de se comportar e, consequentemente, de se sentir.

Duas técnicas são apresentadas e sua aplicação é baseada no exemplo clínico de Paulo. A primeira delas – Ciclos da ansiedade social (Figuras 1.4 e 1.5) e Ciclo alternativo da ansiedade social (Figuras 1.6 e 1.7) – foi elaborada especificamente para os casos de TAS. A segunda delas – Pense saudável: tomada de decisão e qualidade de vida – pode ser aplicada em diversos casos, adaptando­se o seu preenchimento à conceituação específica do problema (Figuras 1.8 e 1.9). Na presente seção, utilizamos também os sintomas depressivos associados à ansiedade social para o preenchimento do exercício sistematizado (Figura 1.10). As duas técnicas são eficazes para a reestruturação dos três níveis de cognição (PA, CC e CN).

Exemplo clínico

Paulo, 22 anos é estudante do segundo semestre de arquitetura. Na avaliação inicial, teve o diagnóstico de TAS grave, depressão grave secundá­ria e transtorno de personalidade evitativa com prejuízo im por tante em qualidade de vida em vários âmbitos: familiar, acadêmico e afetivo.

Apresentava dificuldades inclusive em casa, referindo vergonha por não ter amigos e por ficar calado em reuniões de família, evitando chamar atenção sobre si mesmo e desconfiando quando algum familiar “puxava” conversa. O local onde sentia menos ansiedade era no seu quarto, passando várias horas do dia isolado diante do computador.

Na universidade, apresentava dificuldade em falar em sala de au la com os colegas (e mesmo em cumprimentá­los) e de sair da sala nos in­tervalos (permanecia em sua classe, com fones de ouvido, tor cendo para que ninguém falasse com ele). Quando o professor pro pu nha uma ativi da­de em grupo, Paulo sobrava, pois não conseguia con vidar colegas e nem ser convidado, devido à sua inabilidade social. Quando havia uma apresentação de trabalho em sala de aula (falar em público), a primeira coisa que passava em sua mente era faltar aula ou, conforme o grau de ansiedade, minutos antes de ser chamado, retirar­se. So men te em duas ocasiões, conseguiu fazê­

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 43

lo, com muita dificul dade e sofri mento (decorou o texto, falou sem pausas e rápido e não olhou nos olhos dos colegas e professor).

Nas situações sociais apresentadas, experimentava medo e ansiedade intensos (taquicardia, brancos, rubor facial, sudorese) e qua se incapaci tan­tes. Paulo era invadido pelas seguintes cognições: “os meus colegas perce­berão que eu sou estranho e me rejeitarão”; “eles são su periores porque apresentam trabalhos naturalmente”; “na hora eu não saberei o que falar”; “eu nunca serei aprovado nessa cadeira” e “se sempre que eu tento apre­sentar um trabalho, é um ‘fiasco’, então não tem porque eu seguir na fa­cul dade”. Sendo assim, em sala de aula, temia o julgamento negativo por parte dos colegas e receava que o percebessem como estranho e inferior, com consequente diminuição de sua autoestima.

A primeira opção terapêutica foi prescrever medicação antide­pre s siva, para combater os sintomas de ansiedade e depressão associados, e iniciar a psicoeducação do paciente e de seus familiares. Em 12 sema­nas, Paulo apresentou melhora leve dos sintomas. Nesse momento, foi indicado TCC individual (protocolo específico para TAS).

Os dados apresentados em forma de texto no exemplo clínico de Paulo foram resumidos e utilizados no preenchimento de dois exercí cios propostos para reestruturação cognitiva (Figuras 1.5 e 1.7 – Kni jnik, 2014 – e Figuras 1.8, 1.9 e 1.10 – Kunzler, 2014). Exercícios em branco são oferecidos nos Anexos 1, 2 e 3 para que sejam utilizados em outras situações, tanto durante as sessões de terapia quanto fora delas, quando as habilidades cognitivas e comportamentais devem ser praticadas para a manutenção da melhora e prevenção de recaídas.

Como é feito em uma sessão de terapia, o paciente aborda e de­talha o seu raciocínio e, colaborativamente com o terapeuta, os dados mais relevantes são utilizados tanto para o preenchimento dos exercí­cios quanto para registro no seu bloco de notas e para a construção de cartões de enfrentamento. Esse processo auxilia o paciente a ter a mesma conduta fora das sessões – no seu dia a dia, pois torna claro que ele toma a sua decisão de manter o foco nas dificuldades e no descontrole da emoção ou em uma maneira alternativa de “pensar e agir” naquela situação geradora de ansiedade aguda e depressão.

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44 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

O ciclo da ansiedade social e o ciclo alternativo da ansiedade social

O ciclo da ansiedade social (Figura 1.4) foi desenvolvido especi­ficamente para pacientes com TAS com o objetivo de ilustrar o papel das disfunções cognitivas (em seus três níveis) na manutenção desse transtorno. A figura de um pneu de carro “quadrado” é composta por seis caselas. Em um modelo meramente didático, consideramos a casela “situação social temida” como o ponto de partida do ciclo. No sentido horário, a segunda casela refere­se aos pensamentos auto­máticos na situação social temida; a terceira, aos sintomas físicos de medo e ansiedade na situação social temida; a quarta, aos compor­tamentos de segurança adotados na situação social temida, a quinta, refere­se às crenças condicionais negativas, e a sexta, às crenças nuclea­res associadas a autoestima diminuída. A Figura 1.5 representa o ciclo da ansiedade social do caso clínico de Paulo.

O ciclo alternativo da ansiedade social (Figura 1.6) foi desen­volvido especificamente para pacientes com TAS com o objetivo de ilustrar o papel da psicoeducação e das técnicas de reestruturação cog­ni tiva na modificação das disfunções cognitivas (em seus três níveis) com consequente melhora do TAS. A figura de um pneu de carro “redondo” é composta por seis caselas. Em um modelo meramente didático, consi deramos a casela “situação social temida” como o ponto de partida do ciclo. No sentido horário, a segunda casela refere­se aos pensamentos automáticos na situação social temida; a terceira, aos sintomas físicos de medo e ansiedade na situação social temida; a quarta, aos compor tamentos de enfrentamento adotados na situação social temida, a quinta refere­se às crenças condicionais positivas e a sexta, às crenças nucleares associadas ao aumento da autoestima. A Figura 1.7 representa o ciclo alternativo da ansiedade social do caso clínico de Paulo.

O mesmo material é fornecido em branco ao paciente, de modo que possa praticar entre as sessões (Anexos 1 e 2).

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 45

Figura 1.4 Ciclo da ansiedade social.

Figura 1.5 Ciclo da ansiedade social. Exemplo típico.

Situação social

Apresentar um trabalho em sala de aula

Crença nuclear + diminuição

de autoestima

Eu sou estranho incapaz e inferior.

Crenças condicionais negativas

“Se sempre que eu apresento um trabalho é um ‘fiasco’, não tem porque eu seguir

na faculdade.”

Comportamentos de segurança

Decorar textos, falar rápido, sem pausas e não olhar

nos olhos da plateia

Pensamentos automáticos

“Os meus colegas perceberão que eu sou estranho e me

rejeitarão”; “eles são superiores porque apresentam trabalhos

naturalmente”; “eu não saberei o que falar”; “eu não serei aprovado nessa cadeira”.

Sintomas de medo e ansiedade

Taquicardia, brancos, rubor facial, sudorese intensos

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46 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

Figura 1.6 Ciclo alternativo da ansiedade social.

Figura 1.7 Ciclo alternativo da ansiedade social. Exemplo típico.

Situação social

Pensamentos automáticos

Crença nuclear + aumento

de autoestima

Sintomas de medo e ansiedade

Comportamento de enfrentamento

Crenças condicionais positivas

Apresentar um trabalho em sala de aula

Taquicardia e rubor facial leves

As vezes eu sou capaz.Eu sou estranho, mas

não inferior.

“Se em algumas apresentações de trabalho eu conseguir ao

menos me fazer entender, então poderei seguir na faculdade.”

Falar mais pausadamente, gesticular, interagir

com a plateia

“Os meus colegas poderão perceber que eu sou tímido, mas

isso não significa que me rejeitarão”; “eles apresentam trabalhos

naturalmente, pois não tem TAS”; “eu preparei o trabalho, logo saberei o que falar”; “eu tentarei apresentar

o trabalho para quem sabe ser aprovado nessa cadeira.”

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 47

Pense saudável – tomada de decisão e qualidade de vida

Em 2006, uma figura contendo somente um abacate era utili­zada para abordar a conceituação da doença e da saúde. A partir dela, uma técnica de intervenção específica denominada “Pense saudável – tomada de decisão e qualidade de vida” foi elaborada, sendo perio dica­mente aprimorada (Kunzler, 2008; Kunzler, 2011; Kunzler & Araujo, 2013; Kunzler, 2014). A fotografia de um “abacate acinzen tado” repre­senta as emoções, os pensamentos e os comportamentos não saudáveis e o mesmo “abacate natural” representa as emoções, os pensamentos e os comportamentos saudáveis – também observado no “comporta­men to de pensar saudável”. Além de facilitar a conceituação cognitiva da doença e da saúde, a sistematização da técnica tem como objetivo a reestruturação cognitiva, a construção e manutenção de com porta­men tos saudáveis e a amenização de emoções em dese qui líbrio. A téc­nica também é chamada de “Pense saudável e sinta a di ferença”.

Apesar da doença ou de uma dificuldade, o paciente percebe seu padrão não saudável e investe em um padrão saudável. A principal reflexão é: “Se o meu objetivo é investir em minha saúde física e men­tal, o que é que eu devo fazer agora?”.

A Figura 1.8 oferece as orientações para o preenchimento do exercício proposto para reestruturação cognitiva. As Figuras 1.9 e 1.10, respectivamente no TAS e na depressão secundária ao TAS, apresentam o caso clínico de Paulo, em cinco Etapas.

O ponto de partida do exercício é a identificação da situação vi­vida e da emoção em desequilíbrio, dos pensamentos associados e dos comportamentos não saudáveis ou indesejados (Etapa 1).

Na Etapa 2 é promovida a aceitação da situação e da emoção em desequilíbrio (o que não significa concordar) e são reestruturados seus pensamentos e comportamentos, saudáveis e possíveis. Cabe ressaltar que a emoção em desequilíbrio aciona sucessivamente os pensamentos e comportamentos não saudáveis, voltando ao padrão não saudável e distorcido (Etapa 3), semelhante à Etapa 1.

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48 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

Figura 1.8 Pense saudável – tomada de decisão e qualidade de vida: orientações para o preenchimento.

VerdeCinza

A emoção em desequilíbrio e o pen­samento distorcido refletem no com­portamento não saudável

Ao identificar e aceitar a situação e a emoção e também ao reestruturar o pensamento, o comportamento saudável e planejado é construído

Para investir no lado saudável: A – Fazer uma lista das des­van tagens em permanecer no “lado cinza” – no problema

B – Fazer uma lista das van tagens em investir no “lado colorido” – na saúdeC – De acordo com o meu objetivo, o que é que eu posso fazer de melhor agora? O que é que eu diria para um amigo fazer e pensar e como ele se sentiria?

A emoção aciona novamente o pensamento distorcido e o com­portamento não saudável

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 49

Figura 1.9 Pense saudável – tomada de decisão e qualidade de vida: exemplo clínico de TAS.

Verde

Cinza

Insegurança, ansiedade e medo. Uso qualquer desculpa para evitar as si­tuações que me causam emoções e sensações desagradáveis.

A insegurança faz com que eu acre­dite que a situação é a mais difícil, que eu não sei fazer nada direito e que as pessoas só sabem me criticar. É melhor eu pensar saudável

Eu sou inseguro, perco o con­trole e não consigo me expres­sar. Todos percebem que sou an sioso e fraco.

Eu perco oportunidades, preju­dico meus relacionamentos, an­te cipo somente coisas ruins, e sin to cansaço físico e mental.

Meu objetivo é acertar desafios, executar meus planos e sentir emoções sem perder a ca­beça. Sentir ansiedade e medo é natural. Eu posso aprender a reagar com minha razão e não com minha emoção. “Descomplicar” a si­tuação e me valorizar é a solução.

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50 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

Figura 1.10 Pense saudável – tomada de decisão e qualidade de vida: depressão secundária ao TAS.

VerdeCinza

Pensar em minhas qualidades e reconhecer meus progressos melhora a minha autoes ti­ma e a minha autoconfiança. Devo escolher meus objetivos e fazer as coisas aos poucos. É importante lembrar que aprender a lidar com a ansiedade não é o problema, é a solução.

Pensar em fracasso piora a minha vida. O medo de fracassar cada vez aumenta mais. Desisto de tu­do, sempre. Eu soufro muito.

Mas eu não tenho força para enfrentar. É melhor esperar ter vontade para tentar. Eu sou incompetente.

Depressão. Eu planejo fazer as coisas e não faço nada. Se eu não for impecável, serei humilhado. Eu sou um fracasso, mesmo. É melhor desistir.

Estar deprimido é o esperado. Se eu dividir meus objetivos em etapas, há mais chance de conseguir. Eu já fiz muita coisa, preciso me valorizar e o importante é fazer aos poucos.

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Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 51

A mudança de comportamento é facilitada pela maximização das desvantagens em manter os sintomas, mediante uma lista que com põe a Etapa 4. A mudança também é facilitada pela reflexão sobre as vantagens em aprender a lidar com a emoção em desequilíbrio, equi librando­a, com o auxílio das técnicas cognitivas e comporta men­tais aprendidas nas sessões de terapia (Etapa 5).

A Etapa 5 também é composta por (A) pensamentos alternativos e compensatórios, objetivos traçados, comportamentos saudáveis, rela­tivização da gravidade da situação e valorização das qualidades pes­soais e dos progressos e (B) reflexões, tais como: “O que é que eu diria para uma pessoa, de que gosto e que está passando pelo mesmo problema que eu? O que pensar? Como se comportar? E como é que ela se sentiria?”, e “De acordo com meu objetivo, o que é mais sau­dável fazer agora?”.

considerações finais

O presente capítulo apresenta métodos de estruturação e psi­coedu cação e técnicas de psicoeducação, conceituação e reestrutu­ração cognitivas. Os conceitos estão interligados e a divisão em itens teve um objetivo puramente didático. Existem diversas técnicas cog­ni tivo­com por tamentais e algumas delas são descritas neste ca pítulo. Duas técnicas elaboradas e aprimoradas servem de exemplo de rees­tru turação cognitiva nos três níveis de pensamento. A TCC requer um inves ti mento constante, uma postura ativa e uma aliança tera­pêutica sau dá vel. É importante que o terapeuta esteja atento às suas próprias emo ções, pensamentos e comportamentos em relação ao pa­ciente e à sua evolução.

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52 Psicoeducação e Reestruturação Cognitiva

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