ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS...

132
0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS HOSPITALARES DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Juliane Umann Santa Maria, RS, Brasil 2011

Transcript of ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS...

Page 1: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS HOSPITALARES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Juliane Umann

Santa Maria, RS, Brasil 2011

Page 2: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

1

ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS

HOSPITALARES

Juliane Umann

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Área de concentração em Cuidado, Educação e Trabalho em Enfermagem e Saúde, Linha de Pesquisa: Trabalho e Gestão em Enfermagem e

Saúde da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Enfermagem.

Orientadora: Profa. Dra. Laura de Azevedo Guido

Santa Maria, RS, Brasil. 2011

Page 3: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

2

Page 4: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

3

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências da Saúde

Departamento de Enfermagem Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado

ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS HOSPITALARES

elaborada por Juliane Umann

como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Enfermagem

COMISSÃO EXAMINADORA:

Laura de Azevedo Guido, Drª (UFSM) (Presidente/Orientador)

Eliane da Silva Grazziano, Drª (UFSCAR)

Tânia Bosi de Souza Magnago, Drª (UFSM)

Nara M. Oliveira Girardon Perlini, Drª (UFSM)

Santa Maria, 18 de janeiro de 2011.

Page 5: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

4

AGRADECIMENTOS

Algumas pessoas foram fundamentais no decorrer dessa trajetória e para que este trabalho

fosse concretizado e, portanto, não poderia deixar de agradecê-las incansavelmente:

Primeiramente, a Profª Laura, pela confiança e credibilidade em mim depositadas, além do

apoio e dedicação ímpares. Muito mais que orientadora, foste meu exemplo e inspiração de

vida. Tens meu carinho e admiração.

Serei imensa e infinitamente grata.

As colegas Carolina, Onélia, Juliana e Lilian, pelos momentos de escuta e apoio mútuo,

pelas parcerias nas tarefas de classe e momentos de descontração.

Nossas risadas tornaram a caminhada mais leve.

Ao apoio das amigas e companheiras de grupo de pesquisa Graciele e Etiane, que sem data,

hora ou qualquer restrição disponibilizaram sua atenção e ajuda incondicional.

Vocês são muito especiais.

Ao meu amigo e companheiro Alex, que me ofertou conforto e incentivo em momentos de

dúvida e angústia.

És meu maior incentivador!

A minha família, que tolerou com minha ausência por longos oito anos de estudo,

a minha profunda gratidão.

Aos enfermeiros do HUSM, pela confiança e colaboração que possibilitaram a realização

deste estudo.

Aquelas pessoas que me oportunizaram, mesmo que inconscientemente, crescimento e

maturidade para enfrentar as adversidades durante a trilha percorrida.

A todos, meus sinceros e infinitos agradecimentos.

Page 6: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

5

“A grandeza de um ser humano não está no quanto ele sabe,

mas no quanto ele tem consciência que não sabe.

O destino não é frequentemente inevitável,

mas uma questão de escolha.

Quem faz escolha, escreve sua própria história,

constrói seus próprios caminhos.”

(Augusto Cury)

Page 7: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

6

RESUMO

Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

Universidade Federal de Santa Maria

ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS

HOSPITALARES

AUTORA: JULIANE UMANN ORIENTADORA: LAURA DE AZEVEDO GUIDO

Data e Local da Defesa: Santa Maria, 18 de janeiro de 2011.

Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, descritivo transversal contemporâneo, com o objetivo de verificar associações entre estresse, coping e presenteísmo em enfermeiros hospitalares. A pesquisa foi realizada no Hospital Universitário de Santa Maria com 129 enfermeiros atuantes nas unidades de assistência a pacientes críticos e potencialmente críticos. Seguiu-se um protocolo de pesquisa que consta de caracterização individual, com variáveis sociodemográficas e funcionais, além de questionário composto por três instrumentos para a avaliação do estresse (Inventário de estresse em enfermeiros), coping (Escala de Coping Ocupacional) e presenteísmo (Questionário de Limitações no Trabalho). A aplicação destes instrumentos foi realizada nos meses de março e abril de 2010 de maneira que os participantes responderam em único momento e de forma individual, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para o armazenamento e organização das informações construiu-se um banco de dados em uma planilha eletrônica, no programa Excel (Office 2007). As variáveis sociodemográficas e funcionais e os itens que compõem os instrumentos foram analisados estatisticamente com o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS – versão 17.0). A consistência interna das escalas, avaliada pelo Coeficiente Alpha de Cronbach, atestou fidedignidade da medida a que os instrumentos se propõem, com valores que variaram entre 0,78 a 0,95. Identificou-se prevalência de enfermeiros do sexo feminino, casados, com filhos, pós-graduados, que realizaram tratamento de saúde, trabalham no turno da noite, receberam treinamento e fazem horas extras. Obteve-se idade média de 39,47 anos, carga horária média de 34,4 horas semanais e tempo de trabalho na instituição e unidade com médias de 10,96 e 7,10 anos de trabalho, respectivamente. Neste estudo, 66,7% dos enfermeiros de assistência a pacientes críticos e potencialmente críticos apresentaram baixo estresse, 87,6% utilizam estratégias de coping controle, e decréscimo de 3,31% na produtividade. Encontraram-se correlações diretas e significativas entre estresse ocupacional e as variáveis: carga horária semanal, ocorrência de faltas ao trabalho, não ter outro emprego, ausência de treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se relações diretas e estatisticamente significantes entre o fator manejo de sintomas e realização de treinamento e tratamento de saúde. O presenteísmo correlacionou-se diretamente à realização de tratamento de saúde e ocorrência e número de faltas, e indiretamente ao tempo de trabalho na unidade. Relações diretas e significativas entre os escores de estresse e produtividade perdida foram comprovadas. Conclui-se que o estresse ocupacional, decorrente de um processo de trabalho marcado por condições precárias e pelo aumento da jornada de trabalho, interfere no cotidiano profissional e pessoal dos enfermeiros, com repercussões para a produtividade no ambiente ocupacional, opção de coping, saúde e bem estar dos profissionais envolvidos na assistência a pacientes críticos e potencialmente críticos. Os resultados deste estudo contribuem para o avanço do conhecimento multidisciplinar da Saúde do Trabalhador e fornecem subsídios à área da Enfermagem para o planejamento de medidas preventivas ao estresse ocupacional e para a promoção e proteção da saúde e bem estar dos profissionais envolvidos na assistência direta a pacientes críticos e potencialmente críticos no contexto hospitalar. Palavras-chave: Enfermagem. Estresse. Coping. Presenteísmo. Saúde do trabalhador.

Page 8: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

7

ABSTRACT

Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

Universidade Federal de Santa Maria

STRESS, COPING AND PRESENTEEISM IN HOSPITAL NURSES

AUTORA: JULIANE UMANN ORIENTADORA: LAURA DE AZEVEDO GUIDO

Data e Local da Defesa: Santa Maria, 18 de janeiro de 2011.

The following research presented a quantitative, analytical contemporary cross approach, aiming to detect associations between stress, coping and presenteeism in hospital nurses. The research has been conducted at the University Hospital of Santa Maria with 129 nurses working in patient care units and the ones that are potentially critical. A research protocol has been followed consisting of individual characteristics, with sociodemographic and functional variables, besides a survey composed by three instruments for the assessment of stress (Inventory of stress in nurses), coping (Occupational Coping Scale) and presenteeism (Work Limitations Questionnaire). These instruments have been applied in March and April 2010 so that the participants answered them only once anda individually, after signing the informed consent (IC). For storage and organization of information has built up a database in an Excel spreadsheet (Office 2007). Sociodemographic and functional variables composing the instruments were statistically analyzed with the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS – version 17.0). The internal consistency of the scales, assessed by Cronbach’s Alpha Coefficient, testified that the reliability of the measurement for the instruments, with values ranging from 0.78 to 0.95. It has been identified the prevalence of female nurses, married, with children, post-graduates, who underwent medical treatment, work the night shift, undergoing training and overtime. Average age was 39.47 years, average workload of 34.4 hours per week on the job time in the institution and unit respectively of 10.96 and 7.10 years of work. In this study, 66.7% of nurses taking care of critically ill patients and potentially critical presented low stress, 87.6% use control coping strategies, and a decrease of 3.31% in productivity. Direct and significant correlations have been found between occupational stress and the variables: weekly workload, the occurrence of absenteeism, having no other job, no training, and work in open units. Regarding coping, direct and statistically significant relations have been established between management and implementation of training and health care. The presenteeism directly correlated to the performance of health care and the occurrence and number of absences, and indirectly working time in the unit. Direct and significant relations between scores for stress and lost productivity have been proven. It is concluded that occupational stress, resulting from a wprk process market by poor conditions and increasing workload, interferes with the daily work of nurses and staff, with implications for productivity in the workplace, the choice for coping and health welfare of professionals involved in the care of critically ill patients and potentially critical.The results of this study corroborate the advancement of multidisciplinary knowledge on Workers’ Health and provide subsidies to the area of Nursing for the planning of preventive measures to occupational stress and for the promotion and protection of health and welfare of professionals involved in the direct assistance to critical and potentially critical patients in a hospital.

Key words: Nursing. Stress. Coping. Presenteeism. Occupational Health.

Page 9: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE ...........................................45

Figura 2 - Distribuição das categorias do IEE por freqüência de resposta ..............................47

Figura 3 - Valores médios obtidos com resultados da escala ECO .........................................49

Figura 4 - Distribuição dos fatores do ECO por freqüência de resposta .................................51

Figura 5 - Valores médios obtidos com os resultados da escala WLQ ...................................54

Figura 6 - Distribuição dos domínios do WLQ por freqüência de resposta ............................55

Figura 7 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para unidades abertas e

fechadas .................................................................................................................60

Figura 8 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para ter ou não filhos ........61

Figura 9 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para realização ou não de

treinamento ............................................................................................................61

Figura 10 - Valores médios obtidos com resultados da escala ECO para realização ou não de

treinamento ...........................................................................................................62

Figura 11 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para ter ou não outro

emprego ..............................................................................................................63

Figura 12 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para ocorrência ou não

de faltas ................................................................................................................64

Figura 13 - Valores médios obtidos com resultados da escala ECO para ocorrência ou não

de faltas ...............................................................................................................64

Figura 14 - Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ para a

ocorrência ou não de faltas ................................................................................65

Figura 15 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para realização ou não

de tratamento de saúde .......................................................................................66

Figura 16 - Valores médios obtidos com resultados da escala ECO para realização ou não

de tratamento de saúde .......................................................................................66

Figura 17 - Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ para a realização

ou não de tratamento de saúde .............................................................................67

Figura 18 - Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ para a realização

ou não de horas extras ..........................................................................................68

Page 10: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Coeficiente Alfa de Cronbach dos instrumentos WLQ, IEE e ECO ......................40

Tabela 2 - Teste de normalidade dos instrumentos WLQ, IEE e ECO ....................................41

Tabela 3 - Distribuição da população, segundo variáveis qualitativas ....................................42

Tabela 4 - Distribuição da população, segundo variáveis quantitativas ..................................44

Tabela 5 - Valores médios obtidos com resultados da escala IEE ...........................................44

Tabela 6 - Apresentação dos itens da escala IEE de maior e menor pontuação ......................46

Tabela 7 - Distribuição dos valores obtidos para o IEE geral nas unidades de internação ......47

Tabela 8 - Distribuição da população de acordo com resultados do ECO ...............................49

Tabela 9 - Apresentação dos itens da escala ECO de maior e menor pontuação .....................50

Tabela 10 - Distribuição dos valores obtidos para a ECO nas unidades de internação ...........51

Tabela 11 - Valores obtidos para o questionário WLQ ...........................................................53

Tabela 12 - Valores de intervalos interquartil obtidos para o questionário WLQ ...................53

Tabela 13 - Distribuição dos valores obtidos para o questionário WLQ nas unidades de

internação .............................................................................................................56

Tabela 14 - Coeficientes de correlação de Pearson entre variáveis de interesse e IEE ...........58

Tabela 15 - Coeficientes de correlação de Spearman entre variáveis de interesse e WLQ .....58

Tabela 16 - Comparação entre os enfermeiros segundo unidade de trabalho e índice de

estresse geral .........................................................................................................59

Tabela 17 - Comparação entre os enfermeiros segundo unidade de trabalho e índice de

estresse geral .........................................................................................................59

Tabela 18 - Matriz de correlação entre domínios do IEE (Pearson) ........................................69

Tabela 19 - Matriz de correlação entre domínios do ECO (Spearman) ...................................69

Tabela 20 - Matriz de correlação entre domínios do WLQ (Spearman) ..................................70

Tabela 21 - Matriz de correlação entre WLQ x IEE ................................................................70

Page 11: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação dos coeficientes de correlação quanto à intensidade da

associação...............................................................................................................57

Page 12: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

11

LISTA DE REDUÇÕES

CCS – Centro de Ciências da Saúde

CC/SRA – Centro Cirúrgico e Sala de Recuperação anestésica

CHS – Carga horária semanal

CO – Centro Obstétrico

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

DEPE – Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão

ECO – Escala de Coping ocupacional

GAP – Gabinete de Projetos

HUSM – Hospital Universitário de Santa Maria

IEE – Inventário de Estresse em enfermeiros

TTI – Tempo de trabalho na instituição

TTU – Tempo de trabalho na Unidade

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UCI – Unidade Cardiológica Intensiva

UFSM – Universidade Federal de Santa Maria

UHO – Unidade Hemato-oncológica

UTI – Unidade de Terapia intensiva

WLQ – Work Limitations Questionnaire

Page 13: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

12

LISTA DE ANEXOS

ANEXO A - Inventario de Estresse em enfermeiros..............................................................120

ANEXO B - Escala de coping ocupacional............................................................................122

ANEXO C - Questionário de Limitações no Trabalho...........................................................124

ANEXO D - Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa .......................................130

ANEXO E - Carta de liberação WLQ ....................................................................................131

Page 14: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

13

LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A – Formulário para caracterização individual..................................................116

APÊNDICE B –Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................................117

APÊNDICE C – Termo de confidencialidade........................................................................119

Page 15: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

14

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................16

2 OBJETIVOS...................................................................................................19

2.1 Objetivo Geral...................................................................................................................19

2.2 Objetivos Específicos........................................................................................................19

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................20

3.1 Processo de trabalho do enfermeiro na assistência em alta complexidade..................20

3.1.1 Absenteísmo x presenteísmo............................................................................................23

3.2 Estresse: definições e fatores organizacionais................................................................24

3.3 Coping: conceitos, classificações e aplicabilidade no contexto laboral........................27

4 METODOLOGIA...........................................................................................31

4.1 Campo de Estudo..............................................................................................................31

4.2 População do Estudo.........................................................................................................32

4.2.1 Critérios de Inclusão........................................................................................................32

4.2.2 Critérios de Exclusão.......................................................................................................32

4.3 Método de Coleta..............................................................................................................32

4.3.1 Formulário de caracterização sociodemográfica..............................................................33

4.3.2 Inventário de Estresse em enfermeiros............................................................................33

4.3.3 Escala de coping ocupacional..........................................................................................34

4.3.4 Questionário de Limitação no trabalho............................................................................35

4.4 Análise estatística..............................................................................................................37

4.5 Riscos e Benefícios.............................................................................................................37

4.6 Aspectos Éticos da Pesquisa.............................................................................................38

5 RESULTADOS...............................................................................................39

5.1 Análise de confiabilidade dos instrumentos e normalidade dos dados .......................39

5.2 Perfil sociodemográfico e funcional da população ........................................................42

5.3 Estresse em enfermeiros hospitalares ............................................................................44

5.4 Coping ocupacional em enfermeiros hospitalares .........................................................48

5.5 Limitações no trabalho – Produtividade perdida e Presenteísmo ...............................52

5.6 Análise de correlação entre variáveis sociodemográficas e funcionais com escores

das escalas IEE, ECO e WLQ...........................................................................................57

Page 16: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

15

5.7 Análise de correlação inter e intra-escalas IEE, ECO e WLQ ....................................68

6 DISCUSSÕES.................................................................................................72

6.1 Estudo das correlações .....................................................................................................95

7 CONCLUSÕES...............................................................................................98

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................102

REFERÊNCIAS..............................................................................................107

APÊNDICES ...................................................................................................116

ANEXOS .........................................................................................................120

Page 17: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

16

1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento tecnológico, sócio-cultural e as consequências da globalização

proporcionam benefícios ao mundo moderno e, em contrapartida, desencadeiam mudanças no

comportamento biopsicossocial dos indivíduos, interferindo diretamente na qualidade de vida

da população (JODAS; HADADD, 2009). As exigências da dinâmica capitalista vigente no

mundo do trabalho têm exercido influências também sobre o setor da saúde (OLIVEIRA;

TRISTÃO; NEIVA, 2006).

Assim, as contínuas inovações técnicas e tecnológicas e as exigências decorrentes

dessas mudanças introduzidas na organização do trabalho nas instituições hospitalares são

percebidas como condições que, ao alterar frequentemente a dinâmica laboral, podem afetar a

saúde do trabalhador na medida em que ultrapassam a capacidade de adaptação destes

profissionais, com importantes repercussões na organização laboral e força de trabalho em

saúde.

Neste contexto, a enfermagem está presente em setores hospitalares considerados

desgastantes, tanto pela carga de trabalho quanto pelas especificidades das tarefas e

diversidade das funções desempenhadas (BATISTA; BIANCHI, 2006).

A diversidade de funções, a rotina laboral, a falta de controle, a impossibilidade de

tomar decisões relacionadas ao trabalho, a ausência de apoio dos pares e chefia tem sido

indicadas em pesquisas como características e condições que influenciam no processo de

estresse e/ou repercutem no bem estar dos enfermeiros no ambiente laboral (CAVALHEIRO;

MOURA JR; LOPES, 2008; LARANJEIRA, 2009; JODAS; HADADD, 2009; SCHMIDT, et

al., 2009; FERREIRA; DE MARTINO, 2009).

Aliada a essas características, a cobrança no trabalho pela maior produtividade,

associada à redução do contingente de trabalhadores e tempo para realização das atividades e

aumento da complexidade das tarefas, pode gerar tensão, fadiga e esgotamento profissional,

constituindo-se em fatores responsáveis por situações de estresse ocupacional (SCHMIDT, et

al., 2009). Dessa forma, o estresse está presente no cotidiano do trabalho do enfermeiro

decorrente de fatores relacionados ao tipo de ambiente, relações interpessoais, autonomia

profissional, grau de exigência e responsabilidade, e pode levar a alterações fisiológicas,

emocionais e comportamentais que favorecem a diminuição da saúde e do bem estar desses

profissionais (CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008; SCHMIDT, et al.,

2009).

Page 18: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

17

O reconhecimento dos efeitos do trabalho na determinação e evolução do processo

saúde-doença dos trabalhadores tem implicações éticas, técnicas e legais, que se refletem

sobre a organização e a qualidade da assistência prestada. A influência do trabalho como fator

causal de dano ou agravo à saúde está estabelecida e dimensionada em sua importância e

magnitude de maneira que o Ministério da Saúde reconhece a relação entre o trabalho e o

processo saúde-doença, com a classificação dessas doenças para os órgãos e sistemas do

corpo humano (BRASIL, 2001).

Ainda, os danos causados a saúde dos trabalhadores representam custos econômicos

decorrentes do abandono e tratamento dos trabalhadores, bem como a diminuição do

desempenho e produtividade, e destacam-se como condições emergentes com efeitos

negativos para a organização (PASCHOAL; TAMAYO, 2004).

Dessa maneira, as situações peculiares ao ambiente de trabalho em saúde e os

elementos comportamentais envolvidos no processo decisório, como a motivação e a relação

do indivíduo com o trabalho e com seu processo de saúde-doença, são fatores relacionados ao

absenteísmo (PRIMO; PINHEIRO; SAKURAI, 2007).

As ausências no trabalho por motivo de doença, processo denominado absenteísmo,

acarreta sobrecarga àqueles que permanecem no trabalho, pela necessidade em executar

também as atividades dos trabalhadores ausentes, o que pode levar ao aparecimento de novos

problemas de saúde e possibilidade de afastamentos futuros (PRIMO, 2008).

Neste contexto, contrapondo-se ao absenteísmo, tem-se o presenteísmo, que designa a

condição em que as pessoas comparecem ao ambiente laboral, porém realizam as atividades

inerentes às suas funções de um modo não produtivo, ou seja, não apresentam bom

desempenho por problemas físicos e mentais relacionados ao trabalho (LARANJEIRA, 2009).

O presenteísmo relaciona problemas de saúde e perda de produtividade, consequência do

trabalho excessivo e o sentimento de insegurança no trabalho, resultado das novas relações de

trabalho, caracterizadas pelas altas taxas de desemprego, reestruturação nos setores públicos e

privados, diminuição no tamanho da organização, redução do número de trabalhadores,

aumento do número de pessoas com contratos temporários e redução dos benefícios (SANDÍ,

2006).

Compreende-se que o estresse é um fenômeno complexo que, por meio do estímulo e

da interação do indivíduo com o ambiente interno e externo pode causar mudanças

fisiológicas, psicológicas, emocionais e comportamentais e que a organização laboral é capaz

de limitar os esforços do indivíduo em adequar a forma de trabalho às necessidades

individuais e organizacionais.

Page 19: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

18

Nessa perspectiva, o estabelecimento da relação entre um determinado evento de

saúde – dano ou doença – individual ou coletivo, potencial ou instalado, e uma dada condição

de trabalho constitui a condição básica para a implementação das ações de Saúde do

Trabalhador nos serviços de saúde (BRASIL, 2001).

Assim, a identificação do estresse ocupacional bem como das estratégias de

enfrentamento utilizadas nesse processo e a repercussão nas atividades laborais corresponde a

um dos grandes agentes de mudança, uma vez que desenvolvidas as possíveis soluções para

minimizar seus efeitos, estas podem tornar o cotidiano da equipe de enfermagem mais

produtivo, menos desgastante e, possivelmente, valorizá-la mais no que se refere aos aspectos

humanos e profissionais.

Nesse sentido, questiona-se:

- O presenteísmo está relacionado ao estresse e às estratégias de enfrentamento (coping) em enfermeiros hospitalares?

A partir disso defende-se a seguinte hipótese:

- O estresse e as estratégias de enfrentamento (coping) relacionam-se ao presenteísmo na medida em que podem interferir na produtividade do enfermeiro na assistência hospitalar.

Page 20: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

19

2 OBJETIVOS:

2.1 Objetivo geral

Verificar associações entre estresse, coping e presenteísmo em enfermeiros

hospitalares.

2.2 Objetivos específicos

- caracterizar sociodemográfica e funcionalmente os enfermeiros;

- mensurar estresse e coping dos enfermeiros no ambiente ocupacional;

- determinar a produtividade estimada das limitações no trabalho relacionadas à saúde;

- relacionar estresse, coping e presenteísmo (produtividade perdida) entre enfermeiros

hospitalares de unidades de assistência abertas e fechadas.

Page 21: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

20

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta fundamentação teórica terá como propósito apresentar temas referentes ao

processo de trabalho na enfermagem, com ênfase nas características laborais desta categoria

profissional na assistência hospitalar e os conceitos de presenteísmo, estresse e coping no

ambiente ocupacional.

Ao considerar diferentes concepções relativas ao processo de estresse e coping e

entender o modelo interacionista como o mais adequado para esta proposta de pesquisa,

optou-se pela adoção deste referencial teórico para fundamentar este estudo.

3.1 Processo de trabalho da enfermagem na assistência hospitalar

A assistência de enfermagem integra o processo de trabalho em saúde, pela

interdependência e complementaridade das ações em conjunto com a equipe multidisciplinar,

no atendimento ao ser humano que, em determinado momento do seu percurso de vida,

necessita cuidados de prevenção, promoção e reabilitação da saúde para a preservação e

manutenção da vida (LEOPARDI, 2006).

A reestruturação produtiva, consequência da dinâmica capitalista vigente, pela qual o

setor da saúde passa, acarreta em profundas mudanças, com repercussões na organização

laboral e força de trabalho em saúde, particularmente do enfermeiro. Essas mudanças são

percebidas sobre a forma de flexibilização das relações de trabalho, desregulamentação dos

direitos sociais e trabalhistas, reduções no quadro quantitativo de profissionais, incorporação

do subemprego, assim como regime de trabalho pautado na escala extra e/ou multiemprego

(FERNANDES; MEDEIROS; RIBEIRO, 2008).

Dentre as repercussões acarretadas por essas mudanças, a exigência pela maior

produtividade associada a redução do contingente de trabalhadores, a limitação do tempo e a

complexidade das tarefas, além de expectativas irrealizáveis e relações de trabalho

hierárquicas e precárias, podem levar a tensão, fadiga e esgotamento profissional,

constituindo-se em situações de estresse no trabalho (SCHMIDT, et al., 2009).

Page 22: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

21

Ainda, o processo de comunicação dentro do ambiente de trabalho, moldado pela

cultura organizacional, também é considerado fator importante na determinação da saúde dos

trabalhadores no contexto hospitalar. Ambientes que dificultam a comunicação espontânea, a

manifestação de insatisfações, as sugestões dos trabalhadores em relação à organização ou ao

trabalho desempenhado provocarão tensão e, por conseguinte, sofrimento e insatisfação do

trabalhador, que manifestam-se não apenas pela doença, mas nos índices de absenteísmo,

conflitos interpessoais e extra trabalho (BRASIL, 2001).

Nessas circunstâncias, além da possibilidade de desencadeamento de doenças físicas,

pode ocorrer um quadro de esgotamento emocional, caracterizado por sentimentos negativos

como pessimismo, atitudes desfavoráveis em relação ao trabalho, mudança de comportamento

e não aceitação de novas tecnologias (FERREIRA; DE MARTINO, 2009). Estas questões são

fundamentadas por pesquisadores (SOUZA; LISBOA, 2006; PASCHOALINI, et al., 2008;

CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008; COUTO, 2008) ao revelar que os

aspectos organizacionais, como sobrecarga de trabalho, falta de controle, recompensa

insuficiente e conflitos de valores, podem influenciar o desempenho das atividades laborais

hospitalares e, por conseguinte, a qualidade da assistência prestada.

Desta forma, o trabalho do enfermeiro em setores considerados desgastantes, tanto

pelas exigências quanto pela especificidade das tarefas e diversidade das funções

desempenhadas, especialmente nas unidades de assistência em alta complexidade, é

caracterizado por incertezas, instabilidades, imediatismo, e pela necessidade de enfrentamento

de situações de alta variabilidade e emergenciais (BATISTA; BIANCHI, 2006).

O paciente com demanda de cuidados críticos/intensivos, reconhecido como grave e

recuperável, com risco iminente de morte, sujeito à instabilidade das funções vitais, requer

assistência de enfermagem e médica permanente e especializada (BRASIL, 2006), de modo

que a qualificação profissional e disponibilização de treinamentos são condições

fundamentais para o desempenho do trabalho.

Considera-se que a assistência à pacientes críticos e potencialmente críticos seja

prestada em ambientes especializados, como as unidades de tratamento intensivo e semi-

intensivo. Porém, em razão das transformações sociais, econômicas e culturais nas condições

de vida da população brasileira, ocorre aumento da demanda por esses serviços. Estas

transformações se traduzem por mudanças nos problemas e necessidades de saúde, aliadas a

falta de uma rede de atendimento consolidada para esse perfil assistencial, distorções e

déficits na oferta desses serviços. Assim, a demanda aumentada por atendimentos

especializados leva uma parcela significativa de pacientes críticos e potencialmente críticos a

Page 23: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

22

ocuparem outros espaços assistenciais, como: Unidades de Internação Clínica, Unidades

especializadas, Unidades Cirúrgicas, Centros de Diagnóstico e Pronto-Socorros (LINO;

CALIL, 2008).

Julga-se oportuno salientar que a demanda por cuidados de Enfermagem intensivos

não se limita a referenciais fisiopatológicos ou de prognóstico, abrange também a natureza

humana em suas dimensões, expressões e fases evolutivas. Inclui, ainda, a assistência a

pacientes crônicos ou terminais, que necessitam de intervenções e procedimentos de alta

complexidade, devido à dependência total para o atendimento das necessidades de saúde.

A influência do trabalho como fator causal de dano ou agravo à saúde está hoje bem

estabelecida e dimensionada em sua importância e magnitude de maneira que o Ministério da

Saúde reconhece a relação entre o trabalho e o processo saúde-doença, classificando essas

doenças para os órgãos e sistemas do corpo humano (BRASIL, 2001). O trabalho em saúde é

considerado uma fonte de vários fatores de risco, motivo pelo qual recebeu tratamento

específico do Ministério do Trabalho com a promulgação da Norma Regulamentadora número

32 (NR-32) que trata das condições e necessidades dos trabalhadores em atividades de

atenção à saúde e estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de

proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores em estabelecimentos de assistência à saúde

(BRASIL, 2005).

A relação saúde-doença-trabalho tem sido permeada por fatores que causam prejuízos

a saúde física e mental dos trabalhadores, tais como: prolongadas jornadas de trabalho,

relações interpessoais autoritárias no ambiente laboral, monotonia ou ritmo acelerado de

trabalho pelas exigências de produtividade, automação devido a realização de ações

repetitivas, com parcelamento de tarefas e remuneração baixa em relação a responsabilidade e

complexidade dos serviços executados (FARIAS; ZEITOUNE, 2004; COUTO, 2008;

CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008).

Dessa maneira, os fatores organizacionais e suas implicações no adoecimento dos

trabalhadores referem-se a aspectos da natureza da instituição (pública/privada) e condições

de trabalho, como também se relacionam ao clima organizacional, pela exigência de

assiduidade e baixa capacidade de flexibilidade dentro da organização (SOUZA; LISBOA,

2006; PRIMO, 2008).

Além disso, as contínuas inovações técnicas e tecnológicas e as exigências decorrentes

dessas mudanças introduzidas na organização do trabalho no setor da saúde, são percebidas

como condições que, ao alterar frequentemente a dinâmica laboral, podem afetar a saúde do

trabalhador na medida em que ultrapassam a capacidade de adaptação destes profissionais.

Page 24: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

23

Assim, os efeitos e consequências dessas condições podem levar ao estresse

ocupacional e, por conseguinte, ao adoecimento no trabalho, caracterizado por altos índices de

absenteísmo, redução na produtividade e qualidade dos serviços prestados, com prejuízo para

a saúde dos trabalhadores e para as organizações (COUTO, 2008).

Diante da multiplicidade de funções e atividades executadas, da organização do

trabalho fragmentada, e dos reflexos da globalização e características da assistência de

enfermagem hospitalar, os enfermeiros estão constantemente expostos a riscos ocupacionais,

sejam físicos, químicos ou biológicos, e ao adoecimento pelo desgaste físico e mental

decorrente da atividade laboral, fatores que resultam em absenteísmo e presenteísmo.

3.1.1 Absenteísmo e presenteísmo

O absenteísmo, processo em que ocorrem ausências no trabalho por motivo de doença,

tem repercussão na organização hospitalar, uma vez que indicam o processo de adoecimento

dos trabalhadores e têm impacto econômico, pois interferem na produção, aumentam o custo

operacional e reduzem a eficiência no trabalho (LARANJEIRA, 2009). Dessa maneira, o

absenteísmo acarreta sobrecarga àqueles que permanecem no trabalho, pela necessidade em

executar também as atividades dos colegas ausentes, o que pode levar ao aparecimento de

novos problemas de saúde e possibilidade de afastamentos futuros (PRIMO, 2008).

As situações peculiares ao ambiente de trabalho em saúde e os elementos

comportamentais envolvidos no processo decisório, como a motivação e a relação do

indivíduo com o trabalho e com seu processo de saúde-doença, são fatores relacionados ao

absenteísmo (PRIMO; PINHEIRO; SAKURAI, 2007).

O absenteísmo na equipe de enfermagem foi avaliado em estudo que constatou

frequência entre auxiliares (62,4%) e técnicos (65,2%) de enfermagem maior que em

enfermeiros (45,7%), porém a taxa de gravidade (dias de licença/trabalhador) foi maior entre

enfermeiros (8,38), seguido dos auxiliares (7,48) e dos técnicos (6,07) de enfermagem

(PRIMO, 2008).

Contrapondo-se ao absenteísmo, foi identificado, nos últimos anos, um novo conceito:

o presenteísmo. Nesta situação, há presença do trabalhador, ainda que doente, no seu local de

trabalho, de maneira que a realização de atividades inerentes a suas funções pode ocorrer de

um modo não produtivo (LARANJEIRA, 2009).

Page 25: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

24

O termo presenteísmo foi criado para descrever a relação entre a enfermidade e perda

de produtividade, consequência do trabalho excessivo e o sentimento de insegurança no

trabalho. Resultado das novas relações de trabalho, caracterizadas pelas altas taxas de

desemprego, reestruturação nos setores públicos e privados, diminuição no tamanho da

organização, redução do número de trabalhadores, aumento do número de pessoas com

contratos temporários e redução dos benefícios (SANDÍ, 2006).

Estudo com trabalhadores de hospital constatou que quanto mais alta a pressão no

ambiente de trabalho, maiores serão os índices de presenteísmo e a possibilidade de erros,

apontando os riscos do presenteísmo para este grupo de profissionais que, em seu processo

cumulativo, pode levar a eventos adversos ou mesmo a acidentes de trabalho e comprometer a

qualidade da assistência prestada (SANDÍ, 2006).

Resultados de um estudo que investigou os efeitos do tempo para o trabalho e

eficiência no cumprimento das demandas ocupacionais sobre a prevalência do absenteísmo e

presenteísmo apontou para forte associação com à auto-avaliação do trabalhador sobre sua

saúde. Nesta investigação, trabalhadores que percebem como bom seu estado de saúde

apresentam maiores níveis de absenteísmo, e aqueles que avaliam sua saúde como regular tem

alta prevalência de presenteísmo (BOCKERMAN; ERKKI, 2009).

A partir disso, pode-se evidenciar que a percepção dos trabalhadores acerca do seu

estado de saúde tem influencia sobre as relações pessoa/ambiente e, consequentemente, o

desgaste enquanto profissional.

3.2 Estresse: definições e fatores organizacionais

Selye (1959) definiu estresse como uma reação inespecífica do organismo a qualquer

demanda, descreveu a Síndrome da Adaptação Geral ou do Estresse Biológico caracterizada

como uma reação defensiva fisiológica do organismo em resposta a qualquer estímulo

aversivo (GUIDO, 2003). Mas, no século XX, pesquisadores iniciaram as investigações sobre

seus efeitos na saúde física e mental das pessoas, apresentando o modelo interacionista, que

considera a subjetividade do indivíduo como fator determinante da severidade do estressor.

Neste modelo, o estresse é definido como qualquer evento que demande do ambiente

externo ou interno, que taxe ou exceda a capacidade de adaptação de um indivíduo ou sistema

social (LAZARUS; LAUNIER, 1978).

Page 26: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

25

A avaliação cognitiva do individuo frente a um evento potencialmente estressor pode

ser primária e secundária, e ocorre em momentos interdependentes e concomitantes

(CHAVES, et al., 2000). Na avaliação primária o indivíduo avalia rapidamente o significado

de determinado estímulo ambiental quanto à relevância, possibilidade de perigo, dano e

influência sobre a situação, ou seja, quanto menor o controle sobre o evento ou maior a

possibilidade de perigo, mais intensa será a reação do organismo na tentativa de minimizar a

situação (LAZARUS; FOLKMAN, 1984). O processo avaliativo secundário é mais refinado,

reflexivo sobre a possibilidade de ação frente ao problema. É, portanto, realizado tomando-se

em consideração as opções e recursos disponíveis à pessoa (CHAVES, et al., 2000).

Essa avaliação inicial resulta em esforço de coping e a reavaliação determinará o

sucesso ou não da resposta, fornecendo retroalimentação a forma de coping utilizada

(GUIDO, 2003). Juntas a avaliação primaria e secundária determinam a extensão em que a

situação é percebida pelo individuo como estressora (MOSKOWITZ, 2007).

Desta forma, a avaliação cognitiva constitui-se em um processo que, ao considerar a

interação pessoa-ambiente e os resultados desta interação, percebidos como danos, ameaças

ou desafios, é considerada como mediadora da resposta de estresse já que coloca a

subjetividade do individuo como fator determinante da severidade do estressor (GUIDO,

2003).

O estresse e suas relações com a saúde e qualidade de vida no trabalho tem sido foco

de investigações com profissionais de enfermagem, nas quais o ambiente laboral é abordado

por alguns autores (CAVALHEIRO; MOURA JR; LOPES, 2008; JODAS; HADADD, 2009;

SCHIMIDT, et al., 2009; FERREIRA; DE MARTINO, 2009) como um contexto

determinante para a avaliação dos estressores específicos relacionados a demandas

ocupacionais. Essas demandas do trabalho referem-se a condições laborais que interferem nas

habilidades do trabalhador para o desempenho de suas atividades e responsabilidades

(KRANTZ; MCCENEY, 2002).

Estudo realizado com trabalhadores de enfermagem de um pronto atendimento

concluiu que a dinâmica organizacional nesta unidade gera sobrecarga de movimento e tensão

ocupacional, o que está diretamente relacionado a degradação da saúde física e mental destes

profissionais (JODAS; HADADD, 2009).

O estresse ocupacional em profissionais de enfermagem de Centro cirúrgico foi foco

de uma pesquisa em que os resultados apontaram para associações significativas entre as

demandas no trabalho e categoria profissional, de maneira que os enfermeiros apresentaram

maiores médias em relação aos demais profissionais da equipe de enfermagem (SCHIMIDT,

Page 27: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

26

et al., 2009). Para estes autores este achado justifica-se pelo fato dos enfermeiros serem

responsáveis pelas atividades de administração e gestão de pessoal, da assistência de

enfermagem e de conflitos no ambiente de trabalho.

A adequação das características do ritmo biológico do trabalhador ao seu horário de

trabalho foi comprovada em uma pesquisa com profissionais da equipe de enfermagem em

uma instituição hospitalar, porém este estudo constatou alto nível de estresse nesses

trabalhadores, o que denota a presença de outras características organizacionais e individuais

na percepção dos estressores laborais (FERREIRA; DE MARTINO, 2009).

Em pesquisa realizada com enfermeiros de unidades de terapia intensiva, a avaliação

do estresse foi correlacionada com condições de trabalho referentes à satisfação profissional,

sendo constatado que altos níveis de estresse relacionam-se a insatisfação e surgimento de

sintomas cardiovasculares, alterações músculo-esqueléticas e do aparelho digestivo

(CAVALHEIRO; MOURA JR; LOPES, 2008).

Nota-se que nessas investigações o estresse ocupacional refere-se a estímulos do

ambiente de trabalho, os chamados estressores organizacionais; às respostas (psicológicas,

fisiológicas e comportamentais) dos indivíduos frente a esses estressores; e ao processo

estressor-resposta (PASCHOAL; TAMAYO, 2004). Nesse processo o estresse ocupacional

pode ser definido pela interação das condições de trabalho com as características do

trabalhador, nas quais a demanda do trabalho excede suas habilidades de enfrentá-las

(STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2000).

Os estressores organizacionais podem ser de natureza física, tais como ventilação e

iluminação do local de trabalho, barulho; ou psicossocial, considerados relacionamento

interpessoal, fatores intrínsecos ao trabalho e papéis estressores da carreira (STACCIARINI;

TRÓCCOLI, 2000; PASCHOAL; TAMAYO, 2004).

Estressores decorrentes do relacionamento interpessoal podem envolver as relações

no ambiente de trabalho com outros profissionais, com pacientes e familiares, com alunos,

com o grupo de trabalho, e também com a própria família do profissional. Aqueles

relacionados aos fatores intrínsecos ao trabalho incluem as funções desempenhadas com a

jornada de trabalho e com os recursos inadequados, como repetição de tarefas, pressões de

tempo e sobrecarga decorrente do excesso de atribuições, ambigüidade ou polivalência de

atividades. Ainda, papéis estressores da carreira referem-se à indefinição, à falta de

reconhecimento e à autonomia da profissão, à impotência diante da impossibilidade de

executar algumas tarefas e a aspectos sobre a organização institucional e ao ambiente físico

Page 28: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

27

(STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2000; PASCHOAL; TAMAYO, 2004; FERNANDES;

MEDEIROS; RIBEIRO, 2008; CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008).

No ambiente laboral a relação entre as demandas e a possibilidade de controle também

são determinantes na maneira como o profissional administra as atividades do trabalho, de

modo que a ausência de controle indica limitação de autonomia, e freqüentemente contribui

para o aumento da insatisfação profissional que interfere na qualidade de vida no trabalho dos

profissionais (SCHMIDT, et al., 2009).

Estas situações podem originar um conjunto de respostas restritivas que podem ser

psicológicas (aumento da insatisfação, do desinteresse, da irritabilidade), fisiológicas

(aumento da pressão sanguínea, do ritmo cardíaco e dos níveis hormonais) e comportamentais

(fragilidade das relações interpessoais, dificuldades de concentração) que favorecem a

diminuição da saúde e do bem estar do individuo (LARANJEIRA, 2009). Tais respostas são

inerentes ao processo de estresse e permeiam o enfrentamento às demandas ocupacionais,

denominado coping, que pode ser considerado mediador entre a avaliação e repercussão do

estressor para o indivíduo.

3.3 Coping: conceitos, classificações e aplicabilidade no contexto laboral

Numa perspectiva inicial, o coping foi concebido enquanto correlato aos mecanismos

de defesa, porém, após algumas distinções, uma nova tendência buscou enfatizar os

comportamentos de coping e seus determinantes cognitivos e situacionais, conceitualizando-o

como um processo transacional entre pessoa e ambiente (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO;

BANDEIRA, 1998).

Compreendido como um processo dinâmico e modulável, o coping é definido como

uma constante mudança cognitiva e comportamental para manejar demandas externas e/ou

internas específicas que são avaliadas como excedentes aos recursos da pessoa (LAZARUS;

FOLKMAN, 1984).

Desta forma, o coping é considerado qualquer tentativa individual de adaptação a

circunstâncias adversas e consideradas estressantes, tenha ela ou não sucesso no resultado

(GUIDO, 2003). Desta forma, o processo de coping pode incluir tanto respostas efetivamente

positivas sobre o estressor, como respostas negativas para a saúde e bem estar do indivíduo.

Page 29: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

28

A maneira como as pessoas lidam com as situações desgastantes depende, em parte,

dos recursos disponíveis e das restrições que inibem seu uso, que podem ser pessoais (físico,

psicológico, competências) sociais (rede de suporte social) e materiais (financeiros)

(FOLKMAN; MOSKOWITZ, 2000; CHAVES, et al., 2000). A disponibilidade de recursos

varia de pessoa para pessoa, e também em um mesmo indivíduo, de acordo com o estágio do

desenvolvimento em que se encontra e a avaliação do estressor (LAZARUS; FOLKMAN,

1984).

Para melhor compreensão deste referencial, é necessária a abordagem das categorias

classificatórias para o coping, quais sejam: os estilos e as estratégias de enfrentamento. Os

estilos de enfrentamento são estáveis, inconscientes e ligados a fatores disposicionais do

indivíduo, ou seja, estão associados a características da personalidade ou resultados de

enfrentamento. Contraditoriamente, as estratégias refletem ações, pensamentos ou

comportamentos relacionados a fatores situacionais, e podem mudar em função do momento e

avaliação específica do estressor em questão (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA,

1998; SEILD; TRÓCCOLI; ZANNON, 2001; CHAMON, 2006).

Além desses enfoques, no modelo interacionista cognitivo de Lazarus e Folkman

(1984), propõe-se a divisão das estratégias de coping em duas categorias funcionais: coping

focalizado na emoção e focalizado no problema. O coping centralizado na emoção é definido

como um esforço para substituir ou regular o impacto emocional que é associado ao estresse

ou que é o resultado dos eventos estressantes (CHAVES, et al., 2000). Corresponde a

estratégias que derivam, principalmente, de processos defensivos, o que faz com que os

indivíduos evitem confrontar-se com a ameaça e realizem uma série de manobras cognitivas

(fuga, distanciamento, aceitação, entre outras) com o objetivo de modificar o significado da

situação (GUIDO, 2003). A função destas estratégias é reduzir a sensação física desagradável

de um estado de estresse.

O coping focalizado no problema constitui-se em um esforço para atuar na situação

que deu origem ao estresse, tentando mudá-la (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA,

1998). É necessário definir o problema, enumerar as alternativas e compará-las, escolhendo

uma ação. São estratégias voltadas para a realidade, consideradas mais adaptativas, pois são

capazes de modificar as pressões ambientais, de diminuir ou eliminar o estressor (GUIDO,

2003).

Usualmente, em resposta a um determinado estressor, pode haver utilização conjunta e

interdependente dessas categorias funcionais de coping, de maneira que o sucesso na

utilização de estratégias com foco no problema para o enfrentamento do estresse pode

Page 30: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

29

minimizar os sentimentos decorrentes do estressor e, assim, reduzir as estratégias focadas na

emoção (MOSKOWITZ, 2007).

Pesquisa realizada com enfermeiros de unidades de terapia intensiva aponta para a

utilização em maior proporção de estratégias focadas no problema, em detrimento das

estratégias com foco na emoção. Porém, mesmo que em proporções diferentes, há utilização

dos dois tipos de foco, que confirma o caráter de interdependência e complementaridade entre

as duas categorias funcionais de coping (BRITTO; CARVALHO, 2004).

Provenientes da focalização no problema e emoção, surgem diferentes fatores

classificatórios das estratégias de enfrentamento que podem indicar uma ação direta

(confrontação, controle, suporte social) ou afastamento e inibição da ação em relação ao

estressor (distanciamento, negação, evitação-fuga) (SAVOIA, 1999; SEILD; TRÓCCOLI;

ZANNON, 2001; PINHEIRO; TRÓCCOLI; TAMAYO, 2003; CHAMON, 2006).

Nesta perspectiva, uma estratégia de coping não pode ser considerada como

intrinsecamente adaptativa ou mal adaptativa, tornando-se necessário considerar a natureza do

estressor, a disponibilidade de recursos de coping e o resultado do esforço de coping

(FOLKMAN; MOSKOWITZ, 2004).

O coping, por ser um processo multidimensional complexo relacionado ao ambiente,

às demandas físicas e materiais, como também às características da personalidade e vivencias

do indivíduo, precisa ser avaliado em um contexto específico de estresse em que ocorre.

Dessa maneira, a abordagem contextual para o enfrentamento das demandas

ocupacionais no trabalho do enfermeiro tem sido tema de pesquisas (TAMAYO; TRÓCCOLI,

2002; RODRIGUES; CHAVES, 2008; MURTA; TRÓCCOLI, 2009) em que são abordadas

estratégias individuais e organizacionais para o enfrentamento das demandas ocupacionais no

ambiente hospitalar. O coping individual envolve as habilidades e o desenvolvimento de

estratégias pessoais para enfrentar estressores, e podem incluir: práticas de relaxamento,

exercícios físicos regulares, alimentação adequada, reavaliação de objetivos, lazer e

participação em atividades de grupos; o coping organizacional está relacionado à produção

de ambientes relaxantes, interações pessoais saudáveis e condições de trabalho adequadas

(ARAÚJO; SANTO; SERVO, 2009).

Estratégias individuais são abordadas em estudo que identificou o coping em

enfermeiros que atuam em oncologia e constatou ter o foco na emoção, essencialmente a

reavaliação positiva, a estratégia mais utilizada por estes profissionais como forma de

amenizar a carga emotiva da situação, em que há concentração nos aspectos positivos, no

intuito de amenizar os estressores (RODRIGUES; CHAVES, 2008).

Page 31: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

30

A relação entre percepção do suporte organizacional, coping no trabalho e exaustão

emocional foi objetivo de uma investigação que evidenciou que o uso de estratégias de

esquiva aumenta a percepção de desgaste e exaustão psicológica, enquanto que a utilização de

estratégias de controle diminui a exaustão psicológica dos trabalhadores (TAMAYO;

TRÓCCOLI, 2002).

Assim, as organizações podem desenvolver intervenções para a prevenção e controle

dos estressores ocupacionais que incluam mudanças na estrutura organizacional e condições

de trabalho, treinamento e desenvolvimento dos profissionais, participação e autonomia no

ambiente laboral e relações interpessoais (CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER,

2008).

Estudo que comparou intervenções focadas em habilidades individuais e sociais para o

manejo do estresse ocupacional comprovou que, ao final do programa, os participantes de

ambas as intervenções apresentaram similaridade na avaliação do estresse e coping, não

havendo, portanto, superioridade entre um tipo de intervenção sobre outro (MURTA;

TRÓCCOLI, 2009).

Dessa maneira, para que as estratégias de enfrentamento no ambiente de trabalho

sejam eficazes é necessário que sejam implementadas ações conjuntas, tanto no âmbito

individual como no organizacional, o que poderá favorecer a produtividade, o desempenho e a

saúde dos trabalhadores.

Page 32: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

31

4 METODOLOGIA

Estudo descritivo transversal contemporâneo, com abordagem quantitativa.

4.1 Campo de Estudo

A pesquisa foi desenvolvida no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM),

instituição pública de alta complexidade considerada referência regional em saúde no âmbito

médico e hospitalar, que tem por finalidade promover a assistência, ensino, pesquisa e

extensão de serviços à comunidade*.

As unidades de atuação do enfermeiro que compõem a referida instituição serão

classificadas em abertas e fechadas levando-se em consideração o estado de saúde de

pacientes, críticos e potencialmente críticos. Por pacientes críticos, entende-se: pacientes

graves, com comprometimento de um ou mais sistemas fisiológicos, com perda de sua auto-

regulação, necessidade de substituição artificial de funções e assistência contínua; e

potencialmente críticos: os pacientes graves, que apresentam estabilidade clínica, com

potencial risco de agravamento do quadro e que necessita de cuidados contínuos (BRASIL,

2006).

Para este estudo serão consideradas unidades abertas aquelas que recebem pacientes

potencialmente críticos, como: Unidades de Internação Clínica Médica I e II, Cirúrgica, Toco-

ginecológica, Pediátrica, Psiquiátrica, Pronto Socorro. E unidades fechadas aquelas em que

são atendidos pacientes críticos, quais sejam: Unidades de Terapia Intensiva (UTI) adulto,

pediátrica e neonatal, Unidade Cardiológica Intensiva (UCI), Unidade Hemato-oncológica

(UHO), Centro Obstétrico (CO), Centro Cirúrgico e Sala de Recuperação Anestésica

(CC/SRA), Laboratório de Hemodinâmica e Serviço de Nefrologia.

* informações disponibilizadas pelo setor de acessoria e comunicação do Hospital Universitário de Santa Maria, no endereço eletrônico <http://www.husm.ufsm.br/index.php?secao=apresentacao> Acesso em outubro de 2009.

Page 33: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

32

4.2 População de Estudo

A população do estudo foi composta por 147 enfermeiros atuantes nas referidas

unidades hospitalares, elegidos de acordo com os critérios descritos abaixo:

4.2.1 Critérios de inclusão

- enfermeiros servidores públicos (quadro permanente);

- enfermeiros na assistência direta aos pacientes.

4.2.2 Critérios de exclusão

- profissionais afastados por licença de qualquer natureza no período estabelecido para a

coleta de dados;

- não assinar o termo de consentimento livre esclarecido.

4.3 Coleta de dados

Para atender aos objetivos propostos neste estudo, seguiu-se o protocolo de pesquisa

que consta de caracterização sociodemográfica e funcional (APÊNDICE A), além de

questionário composto por três instrumentos, para a avaliação do estresse (ANEXO A),

coping (ANEXO B) e presenteísmo (ANEXO C).

A aplicação destes instrumentos foi realizada nos meses de março e abril de 2010 a

partir da tramitação e aprovação no Comitê de ética em Pesquisa. Os enfermeiros foram

contatados em reuniões de equipe, em momento previamente acordado entre mestranda e

coordenadores de área, quando foi apresentada a proposta do estudo, realizado o convite aos

profissionais e solicitado a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) (APÊNDICE B). O termo de confidencialidade, em cujos pesquisadores se

comprometeram em preservar a privacidade dos sujeitos e resguardaram que estas

informações seriam utilizadas única e exclusivamente para execução do presente estudo

consta no Apêndice C.

A coleta de dados foi realizada por meio dos questionários entregues em mãos aos

participantes, com retorno agendado pela pesquisadora de acordo com a disponibilidade

Page 34: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

33

referida por eles para tal, em envelopes fechados que permitiram o anonimato dos

respondentes.

Procedeu-se com a conferência dos dados, no momento em que foram recolhidos,

sendo solicitados preenchimentos faltantes quando necessário.

Para o armazenamento e organização das informações foi construído um banco de

dados em uma planilha eletrônica, no programa Excel (Office 2007), onde foram distribuídas

as variáveis sociodemográficas e os itens que compõem os instrumentos.

4.3.1 Formulário para caracterização individual

Inclui dados referentes às variáveis sociodemográficas (data de nascimento, sexo,

escolaridade, estado civil, número de filhos, realização de algum tratamento de saúde) como

também variáveis funcionais (carga horária semanal, tempo de trabalho, turno, unidade de

trabalho, faltas ao trabalho por doenças no último ano).

4.3.2 Inventário de Estresse em enfermeiros (IEE)

Desenvolvido para a população brasileira e validado por Stacciarini e Tróccoli (2000),

a partir das propostas de Cooper e Banglioni (1988), que investigaram os principais

estressores na profissão de enfermagem. Este instrumento recorre aos estressores e a

frequência destes nas atividades laborais do enfermeiro de maneira que o estresse ocupacional

é investigado pela identificação dos estressores no trabalho.

Composta por 38 itens referentes à estressores no ambiente laboral, os quais devem ser

avaliados de acordo com uma escala de frequência de cinco pontos, que variam de um ponto

para a opção nunca e cinco para sempre.

Propõe categorias para os estressores do ambiente de trabalho: relações interpessoais,

papéis estressores da carreira e fatores intrínsecos ao trabalho.

- Relações interpessoais: contém 17 itens (2, 3, 11, 13, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 27,

28, 33, 35, 37, 38) que abordam relações no ambiente de trabalho com outros profissionais,

Page 35: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

34

com pacientes e familiares, com alunos, com o grupo de trabalho, e também com a própria

família do profissional.

- Papéis estressores da carreira: possui 11 itens (15, 16, 17, 18, 26, 29, 30, 31, 32,

34, 36) e refere-se à indefinição, à falta de reconhecimento e à autonomia da profissão, à

impotência diante da impossibilidade de executar algumas tarefas e a aspectos sobre a

organização institucional e ao ambiente físico.

- Fatores intrínsecos ao trabalho: composto por 10 itens (1, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 12,

14) que se referem à funções desempenhadas com a jornada de trabalho e com os recursos

inadequados.

O IEE (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2000) fornece uma medida geral de estresse

ocupacional do enfermeiro a partir da média dos itens que compõe a escala. A avaliação dos

domínios será feita pela média dos atributos. Dessa forma, o índice IEE bem como seus

domínios tem valores que variam entre um e cinco, que correspondem respectivamente a

menor e maior pontuação na escala de estresse.

4.3.3 Escala de coping ocupacional (ECO)

Escala desenvolvida por Latack (1986), posteriormente traduzida, adaptada para a

realidade brasileira e submetida a avaliação psicométrica (PINHEIRO; TRÓCCOLI;

TAMAYO, 2003) para mensurar coping no ambiente ocupacional. Trata-se de uma escala

tipo Likert, de cinco pontos que variam de um (1) nunca faço isso a cinco (5) sempre faço

isso, composta por 29 itens relacionados a maneira como as pessoas lidam com os problemas

do ambiente de trabalho, distribuídos em três fatores classificatórios:

- Fator controle: composto por 11 itens (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11) consiste em

ações e reavaliações cognitivas proativas;

- Fator esquiva: possui nove itens (12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20) relativos a ações

e reavaliações que sugerem fuga ou um modo de evitação;

Page 36: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

35

- Fator manejo de sintomas: inclui nove itens (21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29) e

refere-se a estratégias utilizadas pelo indivíduo para administrar situações estressoras, tais

como relaxamento ou atividades físicas.

Os escores de cada fator classificatório do ECO (PINHEIRO; TRÓCCOLI;

TAMAYO, 2003) são realizados pela média dos itens que os compõe. Assim, o fator que

apresentar maior média será considerado o prevalente para cada enfermeiro.

4.3.4 Questionário de Limitações no Trabalho (Work Limitations Questionnaire - WLQ)

O WLQ é um instrumento desenvolvido por Lerner, et al. (1998) traduzido, adaptado

culturalmente e validado para a realidade brasileira por Soárez, et al. (2007) para a avaliação

de presenteísmo a partir da medida de produtividade perdida associada à interferência dos

problemas de saúde no desempenho das atividades no trabalho. O documento de liberação

para a utilização nesta investigação, disponibilizado pela equipe de autoria, consta no Anexo

E.

Composto por 25 itens agrupados em quatro domínios de limitação de trabalho, que

abrangem o caráter multidimensional das funções desenvolvidas no ambiente ocupacional,

quais sejam:

- Gerência de tempo: contém cinco itens (questão 1) que abordam dificuldades em

cumprir horários e tarefas no tempo previsto;

- Demanda física: inclui seis itens (questão 2) que avaliam a capacidade de realizar

tarefas que exijam força corporal, resistência, movimento, coordenação e flexibilidade;

- Demanda mental-interpessoal: composta por nove itens (questões 3 e 4) que

avaliam a dificuldade em realizar tarefas cognitivas no trabalho e interagir com pessoas no

trabalho;

Page 37: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

36

- Demanda de produção: possui cinco itens (questão 5) que se referem a decréscimos

na habilidade da pessoa de conseguir, em tempo hábil, a quantidade e qualidade de trabalho

concluído necessárias.

Cada item recebeu pontuação referente às opções: nenhuma parte do tempo (1 ponto),

uma pequena parte do tempo (2 pontos), alguma parte do tempo (3 pontos), a maior parte do

tempo (4 pontos) todo o tempo (5 pontos). Das cinco questões, somente a questão de número

dois, correspondente ao domínio demanda física, possui direção reversa, neste caso: todo o

tempo (1 ponto), a maior parte do tempo (2 pontos), alguma parte do tempo (3 pontos), uma

pequena parte do tempo (4 pontos) nenhuma parte do tempo (5 pontos).

Os domínios do WLQ (SOÁREZ, et al., 2007) apresentam um escore que varia de

zero (sem limitação) a 100 (todo tempo com limitação) que indica a porcentagem de tempo

nas duas últimas semanas em que o indivíduo esteve limitado para realizar suas tarefas no

trabalho. Para se calcular o escore dos domínios, todas as respostas válidas são somadas e

colocadas numa escala de zero a 100, utilizando-se a seguinte fórmula:

Escore da escala = 100 X (soma total itens da escala – escore mínimo da escala)/(escore

máximo da escala - escore mínimo da escala)

Após o cálculo do escore de todos os domínios é possível calcular o índice do WLQ,

que é uma soma ponderada dos escores dos quatro domínios (gerência de tempo, demanda

física, demanda mental-interpessoal e demanda de produção). Para gerar o índice do WLQ,

multiplica-se o escore de cada domínio do WLQ pelo seu determinado peso e soma os

resultados, usando a seguinte fórmula:

Índice do WLQ = (β1 X WLQ Gerência de tempo + β 2 X WLQ Demanda física + β 3 X

WLQ Demanda mental-interpessoal + β 4 X WLQ Demanda de produção)

Onde,

β 1 = 0,00048, β 2 = 0,00036, β 3 = 0,00096 e β 4 = 0,00106

Page 38: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

37

4.4 Análise estatística

As variáveis sociodemográficas e os itens que compõem os instrumentos foram

analisados estatisticamente com o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS

– versão 17.0). Realizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a aderência dos

dados a distribuição normal (FIELD, 2009).

As variáveis qualitativas foram descritas por meio da frequência absoluta e relativa,

enquanto que as quantitativas pela média e desvio padrão, quando satisfizessem a suposição

de normalidade, ou mediana e intervalo interquartil, no caso de não atenderem a distribuição

normal.

As correlações entre os índices WLQ e de estresse, bem como os domínios

correspondentes, e os fatores de coping, foram realizadas pelo coeficiente de correlação de

Pearson e Spearman. Para associações entre os índices das escalas à condição da unidade de

trabalho (abertas e fechadas) utilizou-se o teste t e teste qui-quadrado. As relações entre dados

sociodemográficos e funcionais com os resultados das escalas de estresse, coping e WLQ

foram feitas por meio do Teste t, Mann-Whitney, análise de variância e Kruskal-Wallis.

A consistência interna das escalas foi avaliada pelo Coeficiente Alpha de Cronbach, a

fim de verificar a fidedignidade da medida a que os instrumentos se propõem, de maneira que

valores acima de 0,70 são confirmativos para este fim (BISQUERRA, SARRIELA,

MARTINEZ, 2004; FIELD, 2009).

4.5 Riscos e Benefícios

Os participantes desta pesquisa expuseram-se a riscos como: cansaço, desconforto

pelo tempo gasto no preenchimento do questionário e relembrar algumas sensações diante do

vivido com situações desgastantes. Os benefícios para os integrantes deste estudo foram

indiretos, pois esta investigação permitiu uma avaliação da repercussão do estresse e

estratégias de enfrentamento sobre a produtividade no trabalho, o que poderá desencadear

subsídios para a construção de conhecimento em saúde e Enfermagem, numa perspectiva de

promoção e educação em serviço, proporcionando benefícios ao trabalhador e à sociedade em

geral.

Page 39: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

38

4.6 Aspectos éticos da pesquisa

O projeto de pesquisa foi registrado junto ao Gabinete de Projetos (GAP) do Centro de

Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), assim como,

encaminhado a Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão (DEPE) do Hospital Universitário de

Santa Maria (HUSM) e Comitê de Ética em Pesquisa (CEP – Reitoria/UFSM) para registro,

avaliação e posterior liberação para a execução da pesquisa (ANEXO D).

Atendendo as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres

Humanos (Resolução CNS 196/96), disponibilizou-se aos participantes da pesquisa um

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o qual foi assinado após exposição e

esclarecimentos por parte dos pesquisadores acerca da natureza da pesquisa, seus objetivos,

métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incomodo que esta pode acarretar,

formulada no termo de consentimento, autorizando sua participação voluntária na pesquisa

(BRASIL, 1996). Além disso, os pesquisadores comprometeram-se com a privacidade e a

confidencialidade (APENDICE C) dos dados utilizados, preservando integralmente o

anonimato dos sujeitos.

Após a análise, elaboração e divulgação dos resultados da pesquisa, os dados foram

armazenados pela pesquisadora responsável, assim como os instrumentos da coleta e os

TCLE, na sala 1305 do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFSM por um período de

cinco anos, sendo posteriormente destruídos.

Page 40: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

39

5 RESULTADOS

A apresentação dos resultados será realizada de acordo com o protocolo de pesquisa

proposto de maneira a contemplar a sequência dos objetivos estabelecidos para este estudo.

Inicialmente prosseguir-se-á com a análise da confiabilidade e avaliação de normalidade das

variáveis.

Após, procede-se com a descrição do perfil da população com a apresentação e análise

dos dados (variáveis quantitativas e qualitativas) referentes à caracterização sociodemográfica

e funcional.

A seguir, os escores das escalas IEE, ECO e WLQ serão apresentados, bem como os

itens que obtiveram maior e menor pontuação.

O estudo das associações e correlações estabelecidas entre os dados será descrito na

sequência, a saber:

- análise entre variáveis sociodemográficas e funcionais com escores das escalas IEE, ECO e

WLQ;

- avaliação inter e intra-escalas IEE, ECO e WLQ.

5.1 Análise de confiabilidade dos instrumentos e normalidade dos dados

O Coeficiente Alfa de Cronbach mede consistência interna de um instrumento, ou seja,

a confiabilidade de uma escala quanto à medida do construto a que se propõe avaliar, e se esta

medida está perturbada por outros efeitos (erros de medida). Permite avaliar o grau de

coerência e precisão dos instrumentos, ou seja, se os entrevistados respondem de forma

similar as questões que foram idealizadas para medir o mesmo atributo. O parâmetro varia

entre 0 (zero) e 1 (um), sendo que 0 (zero) corresponde a um conjunto de medidas totalmente

aleatório (sem relação com o construto) e 1 (um) corresponde a um conjunto de medidas

perfeito (BISQUERRA; SARRIELA; MARTINEZ, 2004). Para a avaliação dos índices de

confiabilidade, foram consideradas as respostas válidas para cada instrumento e o número de

itens que os compõe.

Destaca-se que o instrumento WLQ apresenta como forma de avaliação dos seus itens

a opção “Não se aplica ao meu trabalho”, que corresponde ao valor “zero” na pontuação em

escala tipo Likert. Assim, foram consideradas respostas válidas aquelas que diferiram de zero

Page 41: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

40

para o cálculo dos escores correspondentes e do índice de confiabilidade. Os outros dois

instrumentos utilizados para coleta de dados, IEE e ECO, apresentam a pontuação na escala

Likert com variação de um a cinco, não ocorrendo, portanto perdas, ou seja necessidade de

desconsiderar quaisquer itens destas escalas.

Assim, seguem dispostos na tabela 1 os valores dos Coeficientes alfa de Cronbach dos

instrumentos e seus respectivos domínios, bem como o número de itens e de respostas válidas

considerados para o cálculo dos índices.

Tabela 1 – Coeficiente Alfa de Cronbach dos instrumentos WLQ, IEE e ECO. Santa Maria/RS, 2011.

Instrumentos/domínios

Confiabilidade

Coeficiente Alfa de

Cronbach

Nº de itens Nº de respostas válidas

IEE 0,954 38 129

Relações interpessoais 0,931 17 129

Papéis estressores da carreira 0,841 11 129

Fatores intrínsecos ao trabalho 0,880 10 129

ECO 0,847 29 129

Fator controle 0,792 11 129

Fator manejo de sintomas 0,905 9 129

Fator esquiva 0,808 9 129

WLQ 0,854 25 114*

Gerencia de tempo 0,897 5 121*

Demanda Física 0,789 6 120*

Demanda mental-interpessoal 0,902 9 127*

Demanda de Produção 0,871 5 127*

* respostas válidas diferentes de zero.

Neste estudo, encontrou-se valores para o Coeficiente alfa de Cronbach que variam de

0,789 a 0,954, o que atesta, dessa forma, a fidedignidade das escalas para avaliação dos

construtos a que se propõem.

No intuito de avaliar a melhora dos índices gerais dos instrumentos, prosseguiu-se

com a análise da confiabilidade em caso de remoção de cada item que compõem as escalas.

Constatou-se que a remoção de quaisquer itens não acarretaria em aumento para os valores do

Page 42: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

41

Coeficiente Alfa de Cronbach, portanto todos os itens foram mantidos sem prejuízo na

avaliação da confiabilidade para este constructo.

Assim, tem-se neste estudo valores de Coeficiente Alfa de Cronbach que atingem

valores confiáveis para a medida e avaliação dos constructos: estresse, coping e presenteísmo.

Para verificar a aderência das variáveis a normalidade, foi realizado o teste

Kolmogorov-Smirnov, de maneira que valores para p>0,05 denotam distribuição normal

(Tabela 2).

Tabela 2 – Teste de normalidade dos instrumentos WLQ, IEE e ECO. Santa Maria/RS, 2011.

Instrumentos/domínios Kolmogorov-smirnov

Estatística Sig.

IEE 0,040 0,200*

Relações interpessoais 0,067 0,200*

Papéis estressores da carreira 0,049 0,200*

Fatores intrínsecos ao trabalho 0,062 0,200*

ECO 0,514 <0,001

Fator controle 0,064 0,200*

Fator esquiva 0,068 0,200*

Fator manejo de sintomas 0,081 0,042

WLQ 0,164 <0,001

Gerencia de tempo 0,248 <0,001

Demanda física 0,178 <0,001

Demanda mental-interpessoal 0,191 <0,001

Demanda de produção 0,267 <0,001

*p>0,05

A partir do exposto, tem-se aderência à normalidade para as escalas IEE e ECO, com

exceção do fator manejo de sintomas desta última escala que não atende a distribuição

normal, assim como a escala WLQ e seus domínios.

Page 43: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

42

5.2 Perfil sociodemográfico e funcional da população

Da população de 147 enfermeiros atuantes em unidades de assistência a pacientes

críticos e potencialmente críticos do Hospital Universitário de Santa Maria, participaram do

estudo 129. De acordo com os critérios de seleção estabelecidos, 18 enfermeiros foram

excluídos, dos quais sete apresentavam-se em licença tratamento de saúde (LTS) no período

estabelecido para a coleta de dados, seis estavam deslocados para cargos administrativos, três

aposentados e dois negaram-se a participar do estudo. Desconsiderando-se os afastamentos

(LTS e aposentadorias) e deslocamentos, tem-se 98,4% de representatividade para os

enfermeiros que prestam assistência a pacientes críticos e potencialmente críticos nesta

instituição.

As características sociodemográficas e funcionais constam de variáveis qualitativas,

tais como: sexo, situação conjugal, turno de trabalho, ter outro emprego e faltas ao trabalho,

motivo das faltas, realização de horas extras, pós graduação, tratamento de saúde e

treinamento para atuar na unidade em questão; e quantitativas, a saber: idade, número de

filhos, tempo de trabalho na instituição e unidade, carga horária semanal e número de faltas.

As variáveis qualitativas estão dispostas na tabela 3, com valores percentuais e

absolutos.

(continua)

Tabela 3 – Distribuição da população, segundo variáveis qualitativas. Santa Maria/RS, 2011.

Variáveis qualitativas Frequência

Absoluta (n) Percentual (%)

Sexo

Mulheres 119 92,2

Homens 10 7,8

Situação conjugal

Casado 84 65,1 Solteiro 27 20,9

Viúvo 1 0,8

Divorciado 17 13,2

Page 44: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

43

(conclusão)

Variáveis qualitativas Freqüência

Absoluta (n) Percentual (%)

Turno de trabalho Manhã 21 16,3

Tarde 17 13,2

Noite 54 41,9

Manhã,tarde, noite 11 8,5

Manhã,tarde 25 19,4

Manhã, noite 1 0,8

Treinamento

Sim 86 66,7

Não 43 33,3

Outro emprego

Sim 31 24,0

Não 98 76,0

Horas extras

Sim 100 77,5

Não 29 22,5

Faltas ao trabalho

Sim 49 38,0

Não 80 62,0

Motivo das faltas

Doenças diagnosticadas 30 61,2

Razões diversas de caráter familiar 15 30,6

Ambos 4 8,2

Tratamento de saúde

Sim 53 41,1

Não 76 62,50

Pós graduação

Sim 116 89,9

Não 13 10,1

Na tabela 4 estão apresentados os dados referentes às variáveis quantitativas da

população, com valores máximos e mínimos, média e desvio padrão.

Page 45: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

44

Tabela 4 – Distribuição da população, segundo variáveis quantitativas. Santa Maria/RS, 2011.

Variáveis Quantitativas Valores

Mínimo Máximo Média DP

Idade (anos) 25 63 39,47 8,99

Número de filhos 0 5 1,27 1,07

Tempo de trabalho na instituição (anos) 2 34 10,96 8,66 Tempo de trabalho na unidade (anos) 0* 26 7,10 6,06

Carga horária semanal (horas) 20 60 34,46 5,09

Numero de faltas (dias) 1 300 7,47 28,08

* referente a 11 enfermeiros com tempo inferior a um ano.

Destaca-se que 11 enfermeiros deste estudo relataram tempo inferior a um ano na

unidade de lotação no período de coleta de dados, ou seja, foram deslocados de outros setores

desta instituição para a unidade referida recentemente.

5.3 Estresse em enfermeiros hospitalares

Para a avaliação do estresse em enfermeiros hospitalares, têm-se escores referentes à

escala IEE geral e suas categorias (Tabela 5). Na análise dos resultados escala geral, a média

representa baixo ou alto estresse para a população, sendo que valores abaixo de três são

afirmativos para a primeira hipótese (baixo estresse) e acima de três para a segunda (alto

estresse). As médias referentes aos domínios da escala indicam aquela que, com maior

pontuação, foi considerada estressor prevalente para os enfermeiros deste estudo, ou seja,

englobam situações consideradas mais desgastantes para estes profissionais.

(continua)

Tabela 5 – Valores médios obtidos com resultados da escala IEE. Santa Maria-RS, 2011.

Instrumento IEE/domínios Valores

Mínimo Máximo Média DP CV

IEE geral 1,26 4,29 2,70 0,63 23,3%

Relações interpessoais 1,00 4,82 3,59 0,73 20,3%

Page 46: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

45

(conclusão)

Instrumento IEE/domínios Valores

Mínimo Máximo Média DP CV

Papéis estressores da carreira 1,36 4,36 2,70 0,62 22,9%

Fatores intrínsecos ao trabalho 1,20 4,50 2,90 0,72 24,8%

Os dados apresentados indicam baixa intensidade de estresse para esta população,

visto que a média da escala IEE geral foi de 2,7. Dentre as situações que representam maior

desgaste, aquelas vinculadas ao relacionamento interpessoal foram prevalentes, com média de

3,59, ou seja, foram estressores percebidos com maior frequência no cotidiano dos

profissionais (Figura 1). As categorias fatores intrínsecos ao trabalho (2,90) e papéis

estressores da carreira (2,70) obtiveram médias inferiores a três, e portanto, consideradas

como de baixa intensidade de estresse em sua avaliação.

Destaca-se que houve pequena variabilidade nas respostas, percebidas pelos valores de

coeficientes de variação inferiores a 25%, o que denota a uniformidade de avaliação dos

estressores no ambiente ocupacional, relacionadas ao atendimento a pacientes críticos e

potencialmente críticos.

Figura 1 – Valores médios obtidos com resultados da escala IEE, Santa Maria, 2011.

Page 47: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

46

Considerando-se as médias para cada item que compõe a escala IEE, foram captados

aqueles de maior e menor pontuação, ou seja, as situações/condições relacionadas ao

ambiente ocupacional que representam mais ou menos desgaste para os enfermeiros no

cotidiano de trabalho (Tabela 6).

Destaca-se que os itens mais pontuados estão incluídos na categoria fatores

intrínsecos ao trabalho (itens 12 e 14), e papéis estressores da carreira (item 15), de maneira

que não compõem a categoria indicada como a de maior estresse, ou seja, as relações

interpessoais. Já os itens menos pontuados fazem parte das três categorias: relações

interpessoais (item 23), papéis estressores da carreira (item 36), fatores intrínsecos ao trabalho

(item 9).

Tabela 6 – Apresentação dos itens da escala IEE de maior e menor pontuação. Santa Maria/RS, 2011.

Itens da escala IEE Valores

Média DP

Mais pontuados

falta de material necessário para o trabalho (12) 3,50 0,928

falta de recursos humanos (14) 3,64 0,942

trabalhar com pessoas despreparadas (15) 3,31 0,891

Menos pontuados

levar serviço para fazer em casa (9) 2,16 0,942

trabalhar em equipe (23) 2,22 1,03

impossibilidade de prestar assistência direta ao paciente (36) 2,12 0,941

Pela análise dos estressores de acordo com a freqüência em que foram avaliados nas

categorias do IEE pelos enfermeiros, obteve-se que 31,1% destes profissionais perceberam o

os fatores intrínsecos ao trabalho presente sempre e muitas vezes no ambiente ocupacional

(Figura 2).

Page 48: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

47

Figura 2- Distribuição das categorias do IEE por freqüência de resposta, Santa Maria, 2011.

Os resultados da análise do IEE nas unidades pesquisadas, de acordo com a

classificação em abertas e fechadas, estão dispostos na tabela 7.

(continua)

Tabela 7 – Distribuição dos valores obtidos para o IEE geral nas unidades de internação. Santa Maria/RS, 2011.

UNIDADES DE INTERNAÇÃO Valores

Mínimo Máximo Média DP

ABERTAS 1,38 4,21 2,81 0,62

Clínica Médica I (n=6) 1,47 3,13 2,45 0,70

Clínica Médica II (n=5) 2,00 3,08 2,56 0,44

Clínica Cirúrgica (n=10) 2,47 3,42 2,89 0,33

Toco-ginecológica (n=6) 2,29 3,79 2,82 0,54

Pediátrica(n=6) 2,53 3,39 3,01 0,35

Psiquiátrica (n=8) 1,39 3,39 2,41 0,81

Pronto socorro(n=19) 1,58 4,21 3,01 0,76

FECHADAS 1,26 4,29 2,60 0,63

Hemato-oncológica(n=18) 1,26 4,16 2,53 0,62

Terapia intensiva adulto (n=7) 2,34 3,32 2,76 0,29

Page 49: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

48

(conclusão)

UNIDADES DE INTERNAÇÃO Valores

Mínimo Máximo Média DP

Terapia intensiva pediátrica (n=6) 2,03 2,74 2,50 0,29

Terapia intensiva neonatal (n=8) 1,47 3,89 2,85 0,84

Cardiológica intensiva (n=5) 1,61 2,58 2,23 0,42

Centro obstétrico (n=6) 1,55 3,58 2,66 0,80

Centro cirúrgico e recuperação (n=13) 1,32 3,84 2,49 0,69

Laboratório de Hemodinâmica (n=3) 2,18 3,08 2,48 0,52

Serviço de Nefrologia(n=3) 2,89 4,29 3,48 0,72

Evidencia-se que, a equipe no serviço de nefrologia alcançou maior índice de estresse

geral (3,48) e a unidade cardiológica intensiva obteve a menor média de estresse geral (2,23)

frente às demais unidades de internação deste estudo. Dentre as unidades abertas, a Pediátrica

(3,01) e o Pronto Socorro (3,01) obtiveram as maiores pontuações na avaliação do estresse

ocupacional geral. Já nas unidades fechadas, as médias mantiveram-se entre 2,23 e 2,85, a

exceção do serviço de nefrologia, com média 3,48.

5.4 Coping ocupacional em enfermeiros hospitalares

Na avaliação do coping a partir da escala ECO, as pontuações são direcionadas a

estratégias de enfretamento específicas (controle, esquiva, manejo de sintomas), sem que haja

avaliação conjunta de valores para o grupo de itens que a compõe. Portanto, para este

instrumento, não há medida geral. A seguir, os valores máximos, mínimos, de média e Desvio

padrão, resultados da escala ECO, apresentados na tabela 8.

Page 50: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

49

Tabela 8 – Distribuição da população de acordo com resultados do ECO, Santa Maria/RS, 2011.

Instrumento ECO/domínios Valores

Mínimo Máximo Média DP CV

Fator controle 2,18 5,00 3,68 0,51 13,8%

Fator esquiva 1,00 4,56 2,46 0,65 26,4%

Fator manejo de sintomas 1,00 4,89 2,50 0,77 30,8%

O fator controle foi o que obteve maior média (3,68) na avaliação de seus itens,

considerado, portanto, prevalente para esta população (87,6%). Os fatores esquiva e manejo

de sintomas representam, respectivamente, a opção de coping para 4,7 e 7,8% dos enfermeiros

(Figura 3).

Os coeficientes de variação denotam variabilidade superior a 30% para o fator manejo

de sintomas, o que representa haver maior divergência para a utilização desta estratégia do

que para as demais entre os participantes da pesquisa.

Figura 3 – Valores médios obtidos com resultados da escala ECO, Santa Maria, 2011.

Pela análise conjunta do grupo de itens que compõe o instrumento, têm-se aqueles que

obtiveram maiores e menores pontuações, e correspondem, portanto às ações mais

Page 51: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

50

empregadas por esta população para administrar os estressores decorrentes do ambiente

ocupacional (Tabela 9).

Tabela 9 – Apresentação dos itens da escala ECO de maior e menor pontuação. Santa Maria/RS, 2011.

Itens da escala ECO Valores

Média DP

Mais pontuados

esforço para fazer o que se espera de mim ( 8) 4,12 0,81

converso com colegas que também estejam envolvidos com o problema (1)

3,92 0,86

tento ver a situação como uma oportunidade para aprender e desenvolver novas habilidades (2)

3,88 0,75

me envolvo ainda mais nas minhas tarefas, se acho que isso pode ajudar a resolver a questão (11)

3,88 0,93

Menos pontuados

delego minhas tarefas a outras pessoas (17) 1,74 0,78

procuro a companhia de outras pessoas (23) 2,22 1,03

mantenho a maior distancia possível das pessoas que causaram a

situação (18) 2,33

1,04

Os itens mais pontuados pelos enfermeiros fazem parte do domínio controle desta

escala e representam uma atitude positiva frente ao estressor, ou seja, tentativa de resolução

ativa dos problemas relacionados ao ambiente ocupacional.

Entre os itens menos pontuados, tem-se aqueles cujas ações estão voltadas para as

estratégias esquiva (itens 17 e 18) e manejo de sintomas (item 23), significam passividade e

evitação do estressor em questão e, portanto, pouco utilizadas pelos sujeitos deste estudo.

Analisando-se as frequências com que foram sinalizadas as estratégias de coping nos

fatores propostos na escala, tem-se que 51,7% e 53,6% dos enfermeiros raramente ou nunca

utilizam o fator manejo de sintomas e esquiva, respectivamente (Figura 4).

Page 52: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

51

Figura 4 - Distribuição dos fatores do ECO por freqüência de resposta, Santa Maria/RS, 2011.

Prosseguiu-se com a avaliação do coping ocupacional nas unidades de assistência a

pacientes críticos e potencialmente críticos, classificadas em abertas e fechadas, apresentadas

na tabela a seguir:

(continua)

Tabela 10 – Distribuição dos valores obtidos para a ECO nas unidades de internação. Santa Maria/RS, 2011.

UNIDADES DE INTERNAÇÃO Controle Esquiva Manejo de Sintomas

Média DP Média DP Média DP

ABERTAS 3,74 0,55 2,47 0,70 2,62 0,73

Clínica Médica I (n=6) 3,97 0,54 2,48 0,91 2,44 0,94

Clínica Médica II (n=5) 3,53 0,32 2,11 0,87 2,44 0,46

Clínica Cirúrgica (n=10) 3,65 0,50 2,06 0,48 2,61 0,49

Toco-ginecológica (n=6) 3,88 0,46 2,24 0,34 2,59 0,83

Pediátrica (n=6) 3,62 0,26 2,98 0,23 2,98 0,39

Psiquiátrica (n=8) 3,58 0,70 2,00 0,28 2,19 0,68

Pronto socorro (n=19) 3,81 0,72 2,92 0,70 2,75 0,90

Page 53: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

52

(conclusão)

UNIDADES DE INTERNAÇÃO Controle Esquiva Manejo de Sintomas

Média DP Média DP Média DP

FECHADAS 3,62 0,46 2,44 0,61 2,40 0,80

Hemato-oncológica (n=18) 3,66 0,42 2,55 0,76 2,41 0,72

Terapia intensiva adulto (n=7) 3,39 0,51 2,48 0,70 2,56 0,48

Terapia intensiva pediátrica (n=6) 3,70 0,43 2,50 0,53 2,19 0,51

Terapia intensiva neonatal (n=8) 3,76 0,53 2,15 0,62 2,79 1,21

Cardiológica intensiva (n=5) 3,42 0,25 2,31 0,60 1,89 0,51

Centro obstétrico (n=6) 3,62 0,23 2,17 0,50 2,33 0,80

Centro cirúrgico e recuperação (n=13)

3,80 0,46 2,59 0,60 2,22 0,94

Laboratório de Hemodinâmica (n=3) 3,91 0,09 2,44 0,19 2,22 0,40

Serviço de Nefrologia (n=3) 2,79 0,59 2,63 0,32 3,44 0,59

Constatou-se no serviço de nefrologia a maior média para o fator manejo de sintomas

(3,44), o que indica, portando, ser a estratégia mais utilizada pelos enfermeiros desta unidade.

Contrariamente, a unidade de cardiologia intensiva foi a de menor média neste fator, o que

aponta para menor utilização deste tipo de estratégia por estes profissionais. A exceção do

serviço de nefrologia, os enfermeiros das demais unidades obtiveram predomínio da estratégia

controle.

5.5 Limitações no trabalho – Produtividade perdida e Presenteísmo

Os escores do WLQ variam de um valor menor para maior, de acordo com o aumento

da perda da produtividade. Na tabela 11, dispõem-se os valores dos escores para esta escala

com valores máximos e mínimos, média e desvio padrão.

Page 54: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

53

Tabela 11 – Valores obtidos para o questionário WLQ. Santa Maria/RS, 2011.

Instrumento WLQ/domínios Valores

Mínimo Máximo Média DP

Índice WLQ 0,60 14,37 3,31 2,78

Gerencia de tempo 0,0 70,0 9,1 13,39

Demanda física 8,33 62,5 26,33 10,77

Demanda mental-interpessoal 0,0 58,33 11,54 12,75

Demanda de produção 0,0 55,0 8,8 12,09

O escore do índice representa o percentual de produtividade perdida em relação a

pessoas saudáveis. Neste estudo, os enfermeiros apresentam um decréscimo de 3,31% na

produtividade quando comparados a indivíduos completamente sadios.

As médias dos domínios do WLQ situam-se entre oito e 12, com exceção do domínio

demanda física que avalia a capacidade de realizar tarefas que exijam força corporal,

resistência, movimento, coordenação e flexibilidade. Neste domínio, o valor médio obtido foi

maior que nos demais (26,33), o que significa que nas duas últimas semanas os enfermeiros

tiveram limitação maior que 25% do seu tempo para realizar este tipo de tarefa no seu

trabalho.

Na análise dos resultados do questionário WLQ, ao considerar a variabilidade das

medidas, representadas por altos valores de desvio padrão e a distribuição não normal, optou-

se pela apresentação por meio de mediana e intervalos interquatis (Tabela 12), que distribuem

os escores em intervalos de 25, 50 (mediana) e 75%, como forma de garantir melhor

representatividade dos dados para a população. Assim, tem-se para 75% dos enfermeiros um

índice de produtividade perdida de até 4,84%.

(continua)

Tabela 12 – Valores de intervalos interquartil obtidos para o questionário WLQ. Santa Maria/RS, 2011.

Instrumento WLQ/domínios Intervalos interquartil

25 50 75

Índice WLQ 1,15 2,36 4,84

Gerência de tempo 0,0 5,0 15,0

Page 55: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

54

(conclusão)

Instrumento WLQ/domínios Intervalos interquartil

25 50 75

Demanda física 16,66 25,0 33,33

Demanda mental-interpessoal 0,0 8,33 18,05

Demanda de produção 0,0 0,0 15,0

A partir da análise dos valores de mediana, tem-se a maior perda de produtividade

relacionada ao domínio demanda física (25%). Para a demanda de produção, obteve-se valor

de mediana ‘zero’, ou seja, metade da população não sinalizou perda de produtividade

relacionada à capacidade de conseguir em tempo hábil, a quantidade e qualidade de trabalho

concluído necessárias. A perda de produtividade relacionada à gerência de tempo e demanda

mental-interpessoal obtiveram percentuais de 5 e 8,3% (Figura 5).

Figura 5 - Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ, Santa Maria, 2011.

Page 56: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

55

Destaca-se que os sinais “*” e “º” representam valores extremos (valores três vezes

superiores ao 3º quartil) e outliers (valores 1,5vez superior ao 3ºquartil), respectivamente, em

virtude da não normalidade na distribuição dos dados para esta escala.

A partir das opções da escala Likert, constatou-se que a demanda física representou

perda de produtividade com a frequência “todo o tempo” em 12,04% das respostas. Os

domínios demanda de produção, demanda mental-interpessoal e gerência de tempo obtiveram

entre 63 e 70,2% das respostas para a freqüência “nenhuma parte do tempo”, ou seja,

correspondem a domínios de limitação no trabalho que não interferem na produtividade para

esta porcentagem de enfermeiros no ambiente hospitalar (Figura 6).

Figura 6 - Distribuição dos domínios do WLQ por frequência de resposta, Santa Maria, 2011.

Quanto às unidades de internação, tem-se para o WLQ escores que variam de 1,39 a

6,43%, de maneira que as unidades abertas apresentaram índice geral de produtividade

perdida mais elevado (2,74%) que as unidades fechadas (2,13%) (Tabela 13).

Page 57: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

56

Tabela 13 – Distribuição dos valores obtidos para o questionário WLQ nas unidades de internação. Santa Maria/RS, 2011.

UNIDADES DE INTERNAÇÃO Valores

Mínimo Máximo 25% Mediana 75%

ABERTAS 0,60 10,59 1,13 2,74 5,41

Clínica Médica I (n=6) 0,60 4,24 0,60 1,70 4,06

Clínica Médica II (n=5) 1,13 3,61 1,20 1,39 2,69

Clínica Cirúrgica (n=10) 0,60 9,61 0,95 4,37 5,78

Toco-ginecológica (n=6) 0,60 6,33 0,60 2,56 5,80

Pediátrica (n=6) 0,60 10,52 2,20 6,43 8,48

Psiquiátrica (n=8) 1,04 9,08 1,77 3,29 6,32

Pronto socorro (n=19) 0,60 10,59 1,01 2,59 5,70

FECHADAS 0,60 14,37 1,16 2,13 4,11

Hemato-oncológica (n=18) 0,60 14,37 0,86 2,74 4,73

Terapia intensiva adulto (n=7) 1,95 5,95 2,71 4,42 5,55

Terapia intensiva pediátrica (n=6) 0,75 5,87 0,83 2,49 4,35

Terapia intensiva neonatal (n=8) 0,60 12,14 1,70 2,12 3,38

Cardiológica intensiva (n=5) 1,16 2,40 1,35 1,91 2,28

Centro obstétrico (n=6) 0,86 8,46 1,26 1,72 3,94

Centro cirúrgico (n=13) 0,60 6,25 0,75 2,60 0,60

Laboratório de Hemodinâmica (n=3) 0,75 2,13 0,75 1,44 -

Serviço de Nefrologia (n=3) 1,53 9,15 1,53 5,82 -

A unidade pediátrica obteve maior índice geral de produtividade perdida dentre as

demais (6,43%). Já as unidades Laboratório de hemodinâmica e Clínica Médica II

apresentaram os menores índices gerais de produtividade perdida, com valores de 1,44 e

1,39%, respectivamente.

Page 58: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

57

5.6 Análise de correlação entre variáveis sociodemográficas e funcionais com escores das

escalas IEE, ECO e WLQ

Para as associações e correlações selecionaram-se variáveis de interesse,

correspondente aos dados que obtiveram variabilidade, para os cruzamentos. Assim, a

variável sexo (92,2% feminino), realização de pós graduação (89,9%) e o domínio controle da

escala ECO (87,6%) não foram associados às demais variáveis em função de sua prevalência

para esta população. Ainda agrupamentos não representativos para esta população, tais como

situação conjugal e turnos de trabalho, foram desconsiderados para fins de associações.

Foram utilizadas para a análise das variáveis e escores IEE as provas de correlação de

Pearson, mediante observação do nível de significância de 0,05.

Para correlações entre escores da escala WLQ e IEE com as variáveis de interesse,

utilizou-se o teste de Correlação de Spearman, tendo em vista a não aderência a normalidade.

Serão apresentadas as análises que obtiveram diferenças estatísticas, de maneira que a

intensidade das associações será classificada de acordo com o quadro que segue:

Quadro 1 – Classificação dos coeficientes de correlação quanto a intensidade da associação. Santa Maria/RS, 2011.

Muito alta r= 0,8 a 1,0

Alta r=0,6 a 0,8

Moderada r=0,4 a 0,6

Baixa r= 0,2 a 0,4

Muito baixa r=0,0 a 0,2

Fonte: BISQUERRA, SARRIELA, MARTINEZ, 2004.

Tem-se, pela avaliação entre variáveis de interesse e escores do IEE, correlações

diretas e estatisticamente significantes, que variam de baixa a muito baixa, entre carga horária

semanal (CHS) e índice geral IEE e seus domínios (Tabela 14).

Page 59: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

58

Tabela 14 – Coeficientes de correlação de Pearson entre variáveis de interesse e IEE. Santa Maria/RS, 2011.

Variáveis de interesse x IEE Coeficiente Correlação de Pearson

Idade TTI CHS TTU nº faltas

Relações interpessoais 0,013 -0,017 0,185* -0,064 0,092

Papéis estressores da carreira -0,042 -0,061 0,186* -0,107 -0,030

Fatores intrínsecos ao trabalho -0,044 -0,027 0,286* -0,118 0,000

IEE geral -0,018 -0,035 0,234* -0,099 0,039

*nível de significância 0,05; TTI=tempo de trabalho na instituição; CHS=carga horária semanal; TTU=tempo de trabalho na unidade.

A correlação entre WLQ e variáveis de interesse resultou em associações diretas,

significantes, porém baixas, entre o número de faltas apresentado por estes profissionais com

o índice geral desta escala e o domínio gerência de tempo (Tabela 15). Este resultado indica

que quanto maior o número de faltas, maior a perda de produtividade geral e relacionada à

gerência de tempo.

Já para correlação do domínio demanda mental-interpessoal com a variável tempo de

trabalho na unidade, obteve-se associação significativa, indireta e de intensidade muito baixa,

o que significa que, quanto maior o tempo de trabalho no setor em questão, menor a limitação

relacionada a realização de tarefas cognitivas e dificuldade de interação com pessoas no

trabalho (Tabela 15).

Tabela 15 – Coeficientes de correlação de Spearman entre variáveis de interesse e WLQ. Santa Maria/RS, 2011.

Variáveis de interesse x WLQ Coeficiente Correlação de Spearman

Idade TTI CHS TTU nº faltas

Gerência de tempo -0,023 -0,044 0,004 -0,036 0,274*

Demanda física 0,085 0,057 0,031 0,122 0,165

Demanda mental-interpessoal -0,150 -0,134 -0,082 -0,177* 0,171

Demanda de produção -0,022 -0,067 -0,017 -0,109 0,123

Índice WLQ -0,032 -0,055 -0,002 -0,089 0,244*

*nível de significância 0,05; TTI=tempo de trabalho na instituição; CHS=carga horária semanal; TTU=tempo de trabalho na unidade.

Page 60: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

59

Associações entre unidades abertas e fechadas e escores de estresse (IEE) foram

feitas mediante teste quiquadrado e test T.

Constatou-se que existe diferença para avaliação de estresse entre enfermeiros de

unidades abertas e fechadas, sendo que dentre os enfermeiros com alto estresse, 62,8%

trabalham em unidades abertas. Em unidades fechadas, mais de 60% dos enfermeiros

apresentaram baixo estresse, ou seja, pontuaram escores até três para o índice IEE geral

(Tabela 16).

Tabela 16 - Comparação entre os enfermeiros segundo unidade de trabalho e índice de estresse geral. Santa Maria/RS, 2011.

Unidades de internação IEE GERAL TOTAL

ALTO BAIXO

ABERTAS 27(62,8%) 33(38,4%) 60 FECHADAS 16 (37,2%) 53(61,6%) 69

Total 43 (100%) 86(100%) 129

p=0,015 (teste qui-quadrado)

Fazendo-se a análise pelas categorias do IEE, pode-se identificar uma tendência a alto

estresse relacionado aos fatores intrínsecos ao trabalho para enfermeiros de unidades abertas

(Tabela 17). Destaca-se que não foram encontradas associações entre unidades abertas e

fechadas para as demais categorias do IEE e para as estratégias de coping.

Tabela 17 - Comparação entre os enfermeiros segundo unidade de trabalho e índice de estresse geral. Santa Maria/RS, 2011.

Unidades de internação Fatores intrínsecos ao trabalho TOTAL

ALTO BAIXO

ABERTAS 30(56,6%) 30(39,5%) 60 FECHADAS 23(43,4%) 46(60,6%) 69

Total 53 (100%) 76(100%) 129

p=0,082 (teste qui-quadrado)

Page 61: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

60

Comparando-se as médias dos escores de estresse entre enfermeiros de unidades

abertas e fechadas (Figura 7), encontrou-se tendência a maior estresse em unidades abertas

vinculado ao IEE geral (p=0,063), papéis estressores (p=0,087), relacionamento interpessoal

(p=0,052).

Figura 7 – Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para unidades abertas e fechadas, Santa Maria, 2011.

Para os escores do WLQ não foram encontradas tendências ou diferenças estatísticas

na comparação entre unidades abertas e fechadas.

Comparou-se as diferenças entre médias do IEE e ECO e as variáveis ter ou não

filhos, realização de treinamento, outro emprego, faltas ao trabalho, tratamento de saúde, e

horas extras com a utilização o teste T. Para as relações entre estas variáveis e os escores

WLQ foi utilizado o teste não paramétrico Mann-Whitney. As relações entre turnos e

escores IEE, ECO e WLQ foram feitas mediante análise de variância e o teste Kruskal-

Wallis.

Ter filhos representa tendência a maiores médias de estresse (2,66) em comparação ao

grupo de enfermeiros que não os têm (2,41) vinculada ao relacionamento interpessoal

(p=0,072) (Figura 8).

Page 62: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

61

Figura 8 – Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para ter ou não filhos, Santa Maria, 2011.

Foram encontradas associações não significativas entre ter ou não filhos para as

estratégias de coping. De maneira semelhante, não foram encontradas correlações entre esta

variável e os escores do WLQ.

Para o grupo que não realizou treinamento houve uma tendência para maior índice de

estresse geral (p=0,071) e estresse vinculado ao relacionamento interpessoal (p=0,066)

(Figura 9).

Figura 9 – Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para realização ou não de treinamento, Santa Maria, 2011.

Page 63: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

62

O grupo de enfermeiros que não realizou treinamento diferiu estatisticamente daquele

que o fez quanto a utilização de estratégias de manejo de sintomas (p=0,031), ou seja, o grupo

que não realizou treinamento utiliza mais estratégias de manejo de sintomas quando

comparados ao grupo que recebeu treinamento (Figura 10).

Figura 10 – Valores médios obtidos com resultados da escala ECO para realização ou não de treinamento, Santa Maria, 2011.

O grupo que não possuía outro emprego apresentou maiores índices de estresse

relacionado aos fatores intrínsecos ao trabalho (p=0,01), e tendência para maiores índices

gerais (p=0,079) e relacionados aos papéis estressores da carreira (p=0,066) (Figura 11).

Page 64: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

63

Figura 11– Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para ter ou não outro emprego, Santa Maria, 2011.

Existem diferenças estatísticas entre escores de estresse e ocorrência ou não de faltas,

sendo que o grupo de enfermeiros que faltaram ao trabalho apresentaram maiores índices de

estresse geral (p=0,032), estresse relacionado aos papéis estressores da carreira (p=0,043) e

relações interpessoais (p=0,029) (Figura 12).

Page 65: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

64

Figura 12– Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para ocorrência ou não de faltas, Santa Maria, 2011.

Em relação à utilização de estratégias de coping, constatou-se tendência a utilização

do fator de manejo de sintomas para o grupo que apresentou faltas ao trabalho (p=0,078)

(Figura 13).

Figura 13– Valores médios obtidos com resultados da escala ECO para ocorrência ou não de faltas, Santa Maria, 2011.

Page 66: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

65

No que se refere aos escores do WLQ, tem-se diferenças estatísticas entre enfermeiros

que faltaram ou não ao trabalho, de maneira que aqueles que apresentaram faltas obtiveram

maiores índices gerais de produtividade perdida (p=0,004), como também vinculada aos

domínios demanda física (p=0,03) e gerência de tempo (p=0,001) (Figura 14).

Figura 14 – Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ para a ocorrência ou não de faltas. Santa Maria, 2011.

Para o domínio demanda de produção, obteve-se tendência a ser significativo para o

grupo de enfermeiros faltantes (p=0,057). Destaca-se que para o domínio demanda mental-

interpessoal não foram detectadas diferenças estatísticas.

Os enfermeiros que realizaram tratamento de saúde apresentaram maiores índices de

estresse geral (p=0,009) e nas três categorias: relações interpessoais (p=0,018), papéis

estressores da carreira (p=0,022) e fatores intrínsecos ao trabalho (p=0,04) quando

comparados ao grupo de enfermeiros que indicou não ter realizado (Figura 15).

Page 67: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

66

Figura 15 – Valores médios obtidos com resultados da escala IEE para realização ou não de tratamento de saúde, Santa Maria, 2011.

A estratégia manejo de sintomas foi mais utilizada pelos enfermeiros que realizaram

tratamento de saúde (p=0,015) em relação aos profissionais que não o fizeram (Figura 16).

Figura 16 – Valores médios obtidos com resultados da escala ECO para realização ou não de tratamento de saúde, Santa Maria, 2011.

Page 68: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

67

Quanto às limitações no trabalho, constatou-se que enfermeiros que realizaram

tratamento de saúde apresentam diferenças estatísticas significativas no que se refere à

gerência de tempo (p=0,047) e índice WLQ (p=0,023). A partir destes dados, tem-se que os

maiores índices de produtividade perdida foram encontrados para os enfermeiros que

realizaram tratamento de saúde. Ainda, foi constatada uma tendência a maior perda de

produtividade relacionada domínio demanda mental-interpessoal (p=0,095) para aqueles

profissionais que relataram estar ou ter realizado tratamento de saúde (Figura 17).

Figura 17 – Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ para a realização ou não de tratamento de saúde. Santa Maria, 2011.

A partir das relações entre escores do WLQ, obteve-se que os profissionais que não

fazem horas extras tendem a ter maior índice geral de produtividade perdida quando

comparados ao grupo de enfermeiros que as realizam (p=0,085) (Figura 18).

Page 69: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

68

Figura 18 – Valores de mediana obtidos com os resultados da escala WLQ para a realização ou não de horas extras. Santa Maria, 2011.

Foram feitas comparações entre os turnos de trabalho e escores das escalas IEE e

ECO por meio de análise de variância, e WLQ pelo teste Kruskal-Wallis, porém não foram

estabelecidas correlações significativas nesta avaliação. A partir disso, tem-se que o turno de

trabalho não interfere na avaliação do estresse, opção de coping e produtividade perdida em

enfermeiros atuantes na assistência direta a pacientes críticos e potencialmente críticos.

5.7 Análise de correlação inter e intra-escalas IEE, ECO e WLQ

Neste estudo, as correlações entre escores obtidos nas escalas foram avaliadas pelos

coeficientes de correlação de Pearson e Spearman, sendo que a ocorrência de correlações

diretas e estatisticamente significativas (p<0,01 e/ou p<0,05) permite confirmá-las.

Page 70: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

69

Os valores obtidos para a análise da escala IEE encontram-se dispostos na tabela 18.

Nesta escala, os escores estão relacionados diretamente entre si, por meio de correlações com

intensidade alta a muito alta. Portanto, na medida em que aumenta o escore de estresse em

qualquer uma de suas categorias, o índice geral de estresse também será elevado. Desta forma,

comprova-se a coerência do instrumento com o referencial teórico no qual está pautado.

Tabela 18 - Matriz de correlação entre domínios do IEE (Pearson). Santa Maria/RS, 2011.

Instrumento IEE/domínios

Coeficiente Correlação de Pearson (r) Relações

interpessoais

Papéis estressores

da carreira

Fatores intrínsecos ao

trabalho

IEE geral

Relações interpessoais 1

Papéis estressores da carreira 0,734*

1

Fatores intrínsecos ao trabalho 0,744*

0,672*

1

IEE geral 0,950*

0,866*

0,876*

1

*nível de significância 0,01

Na tabela 19, apresenta-se a avaliação das correlações para a escala ECO. Destaca-se

que para a escala ECO não há medida geral para o constructo e, dessa forma, não necessita

avaliação da correlação para o grupo de itens que a compõe. Pela avaliação, tem-se correlação

direta, significativa e muito baixa entre os fatores esquiva e manejo de sintomas. O fator

controle é estatisticamente independente dos demais.

Tabela 19 - Matriz de correlação entre domínios do ECO (Spearman). Santa Maria/RS, 2011.

Instrumento

ECO/domínios

Coeficiente Correlação de Spearman (r) Fator controle Fator esquiva Fator manejo de sintomas

Fator controle 1

Fator esquiva 0,108 1

Fator manejo de sintomas 0,008 0,199* 1

*nível de significância 0,05

Page 71: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

70

Os valores de correlação encontrados para a escala WLQ estão dispostos na tabela 20.

Tabela 20 - Matriz de correlação entre domínios do WLQ (Spearman). Santa Maria/RS, 2011.

Instrumento

WLQ/domínios

Coeficiente Correlação de Spearman Demanda

de tempo

Demanda

física

Demanda mental-

interpessoal

Demanda de

produção

Índice

WLQ

Gerência de tempo 1

Demanda física 0,408* 1

Demanda mental-interpessoal

0,644* 0,287* 1

Demanda de produção 0,591* 0,287* 0,635* 1

Índice WLQ 0,799* 0,493* 0,870* 0,848* 1

*nível de significância 0,01

O domínio demanda mental-interpessoal correlacionou-se direta e significativamente,

com intensidade alta a muito alta, à gerência de tempo, demanda de produção e índice WLQ.

Entre os demais escores do WLQ obtiveram-se correlações diretas e significativas, de

intensidade baixa a moderada.

A hipótese de relação entre estresse e produtividade perdida pode ser comprovada

mediante correlações diretas e significativas entre os escores destas duas escalas (Tabela 21).

A partir dos valores apresentados, têm-se correlações de intensidade baixa a moderada,

porém, em sua maioria, com nível de significância a 0,01.

Tabela 21 – Matriz de correlação entre WLQ x IEE. Santa Maria/RS, 2011.

WLQ X IEE

Coeficiente Correlação de Spearman Demanda

de tempo

Demanda

física

Demanda mental-

interpessoal

Demanda de

produção

Índice

WLQ

Relações interpessoais 0,335* 0,328 0,317* 0,307* 0,395*

Papéis estressores da carreira

0,329* 0,214** 0,389* 0,365* 0,431*

Fatores intrínsecos ao trabalho

0,235* 0,296* 0,258* 0,292* 0,353*

IEE geral 0,323* 0,332* 0,323* 0,339* 0,416*

*nível de significância 0,01 **nível de significância 0,05

Page 72: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

71

Vale destacar que para a escala ECO, a prevalência do fator controle inviabiliza

quaisquer associações com os escores dos demais instrumentos, visto a impossibilidade de

serem encontradas diferenças referentes a esta variável para o grupo de enfermeiros desta

pesquisa em função da alta representatividade da população neste fator.

Page 73: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

72

6 DISCUSSÃO

À semelhança desta investigação, a confiabilidade das escalas IEE, ECO, WLQ

também foi ratificada nos estudos realizados por outros autores (STACCIARINI;

TRÓCCOLI, 2000; PINHEIRO; TRÓCCOLI; TAMAYO, 2003; SOÁREZ, et al., 2007). Os

autores afirmam que estes instrumentos satisfazem às exigências dos pesquisadores quanto

aos três parâmetros avaliados - estresse, coping e produtividade perdida. Tem-se, a partir da

avaliação da normalidade dos dados, uniformidade para a população deste estudo, percebida

pela normalidade dos dados e concentração de respostas nas variáveis, o que denota que este

agrupamento possui características semelhantes em relação ao perfil sociodemográfico e

avaliação dos constructos estresse, coping e produtividade perdida.

Dados referentes ao perfil sociodemográfico para esta população são semelhantes

aqueles encontrados em investigações nacionais (GRAZZIANO, 2009; JODAS; HADADD,

2009; SHIMIDT, et al., 2009) e internacionais (TARRANT; SABO, 2010; DENIS, et al.,

2010; WU, et al., 2010), discutidos e detalhados a seguir.

Para análise do perfil sociodemográfico, consideraram-se as variáveis: sexo, idade,

situação conjugal, número de filhos, realização de tratamento de saúde e pós-graduação.

Verificou-se predominância de enfermeiros do sexo feminino (92,2%), o que

tradicionalmente caracteriza a profissão de enfermagem. Em comparação com outras

investigações (GUIDO, 2003; MAGNAGO, et al., 2010) realizadas na mesma instituição,

verifica-se estabilidade no quantitativo de enfermeiras mulheres, mesmo diante da inserção de

novos trabalhadores mediante concurso público, cuja última reposição deu-se no ano de 2007.

Dados publicados pelo Ministério do Trabalho e Emprego indicam que as mulheres

representam 73% dos empregos formais da área da saúde e, embora no mercado de trabalho

brasileiro a participação feminina tenha se intensificado a partir da década de 70, no trabalho

de enfermagem, a predominância de mulheres sempre foi e continua presente (GIRARDI;

CARVALHO, 2003).

No que se refere à idade, observou-se média de 39,47 anos, com variação entre 25 e

63. Tem-se uma população predominantemente jovem, na faixa etária de 25 a 35 anos

(38%), seguida por enfermeiros com idade entre 36 a 45 anos (31%) e 46 a 55 (30%), sendo

que 0,8% da população, que corresponde a um enfermeiro, esta na faixa etária de 56 a 65

anos, com idade acima de 60 anos. Destaca-se que 69% dos enfermeiros têm até 45 anos

(56% até 40 anos), o que caracteriza uma população relativamente jovem, em plena fase de

Page 74: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

73

produtividade, e leva ao entendimento de que os profissionais mais jovens se envolvem com

áreas de grande complexidade. Este achado é similar ao de investigação (PRETO; PEDRÃO,

2009) realizada com enfermeiros de unidade de terapia intensiva, cujos resultados apontaram

que a redução do número de enfermeiros com mais de 40 anos nestes setores pode estar

relacionada ao indício de que, quando atingem essa idade, são absorvidos em outros setores,

procuram cargos administrativos, buscam a área de ensino ou até mesmo desistem da

profissão.

Constatou-se que 65,1% dos enfermeiros pesquisados são casados, e que 69,5% têm

filhos, em números que variam de um a cinco, sendo que para 32% destes o número de filhos

é de dois. Acredita-se que o convívio familiar e social está relacionado a estilos de vida

saudáveis, uma vez que pode contribuir para o estabelecimento de relações solidárias que

permitem lidar com os problemas de forma mais positiva (OPAS, 2008). Porém, quando há

dificuldade para conciliar trabalho, família e vida pessoal, podem ocorrer consequências para

os trabalhadores, como sentimentos de desconforto, déficit de atenção e problemas de saúde; e

repercussões para a organização, que incluem, risco de acidentes de trabalho, e elevação dos

índices de absenteísmo (LEITE JR, 2009).

Em relação a tratamento de saúde no momento, 62,5% revelaram não estar

realizando ou ter se tratado nos últimos 12 meses, dado corroborado pelo percentual de

enfermeiros que alegaram não ter faltado ao trabalho (62%). No que se refere a cursos de

pós-graduação, notou-se percentual expressivo de enfermeiros (89,9%) que realizaram ou

estão cursando, o que denota interesse na busca de aperfeiçoamento profissional mesmo

diante da estabilidade do vínculo empregatício em instituições federais. Essa demanda pode

ser decorrente da concessão de benefícios salariais em virtude de titulação, estabelecidos pela

Lei Federal 11.091/2005 de incentivo a qualificação de cargos técnico-administrativos. Em

estudo realizado em hospital privado, de grande porte, na cidade de São Paulo, foi constatado

percentual de 93,3% de enfermeiros pós-graduados (CAVALHEIRO; MOURA JR; LOPES,

2008). Para estes autores, a pós-graduação pode aumentar a auto-estima, e contribuir para o

melhor desempenho e maior segurança no desenvolvimento das atividades profissionais.

Situação inversa foi encontrada em investigação realizada com trabalhadores de enfermagem

de hospitais no Paraná, cujos resultados apontaram para percentual de 7,6% para a realização

de cursos de pós-graduação (SCHIMIDT, et al., 2009). Esta oposição pode ser,

empiricamente, justificada pela inclusão de auxiliares e técnicos de enfermagem à população

estudada.

Page 75: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

74

Para a caracterização funcional da população, foram considerados os dados

investigados referentes ao turno de trabalho, tempo de trabalho na instituição e unidade,

treinamento para atuar na unidade em questão; carga horária semanal, ter outro emprego e

realização de horas extras, faltas ao trabalho, motivo das faltas, e número de faltas.

Evidenciou-se que o turno da noite corresponde à maior porcentagem entre os

enfermeiros (41,9%) uma vez que para a organização do trabalho, de acordo com a

Consolidação das Leis do Trabalho, no artigo 73 que discorre sobre o trabalho noturno, estão

estabelecidos os direitos dos trabalhadores quanto à insalubridade, horas de trabalho e

intervalos de descanso, e assim torna-se necessário quantitativo maior para este turno. Há de

se considerar que o trabalho noturno pode ser um fator que contribui para o aparecimento de

doenças relacionadas tanto a mudanças nos hábitos alimentares do trabalhador, quanto às

implicações desse horário de trabalho na saúde dos trabalhadores (MORENO; LOUZADA,

2004).

Julga-se interessante considerar o número de enfermeiros sem turno definido, que

realizam plantões entre manhã, tarde e noite, dos quais totalizam 28,7% da população deste

estudo. A alteração e instabilidade de turnos de trabalho podem ocasionar conflitos e

insegurança para o enfermeiro que, diante da necessidade do serviço ou por problemas de

desempenho do funcionário, realiza trocas para o cumprimento da jornada de trabalho. Além

disso, podem representar situações de desgaste para esses trabalhadores em virtude da

necessidade de ajustes na jornada de trabalho em função da existência de outro vínculo

empregatício. Aliada a essas situações, a organização do trabalho em regime de plantão e

turnos rotativos, dificulta o amparo social, principalmente no que diz respeito à interação com

a família, a participação em atividades sociais, lazer, entre outras.

Com relação ao tempo de trabalho na instituição e na unidade em que se encontram

alocados, obtiveram-se médias de 10,96 e 7,10 anos, respectivamente, o que pode ser

entendido como favorável ao desempenho profissional, pela maior segurança na realização

das atividades diárias em função da estabilidade e adaptação às normas institucionais e rotinas

de cada setor.

Quanto à realização de treinamentos para atuar na unidade em questão, observou-se

que 66,7% dos enfermeiros o fizeram, o que permite constatar que mais da metade dos

enfermeiros tiveram oportunidade de melhor adaptação aos serviços, o que pode amenizar o

desgaste decorrente de situações desconhecidas. Autores corroboram com esta suposição ao

afirmar que a realização de treinamentos, ao prover aos enfermeiros conhecimento e

Page 76: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

75

habilidades para enfrentar as demandas do trabalho, pode auxiliar no manejo dos estressores

no ambiente laboral e, consequentemente, reduzir o estresse ocupacional (WU, et al., 2010).

No que se refere à carga horária, constatou-se média de 34,4 horas semanais, com

variação de 20 a 60 horas, sendo que para 26,4% dos enfermeiros a carga horária corresponde

a 40 horas. Esta realidade está posta em outras instituições, em que pesquisas a nível nacional

(ARAÚJO, et al., 2003; CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008; JODAS;

HADADD, 2009) e internacional (WU, et al., 2010) foram realizadas e os resultados

apontaram para a execução de cargas horárias que ultrapassam 40 horas semanais. Estudo que

avaliou a carga horária total dos profissionais de enfermagem, e considera a existência de

outro vínculo empregatício, constatou que percentual significativo de trabalhadores (35%)

realizava até 79 horas de trabalho por semana (CALDERERO; MIASSO; CORRADI-

WEBSTER, 2008).

No Brasil, há divergências quanto ao número de horas semanais de trabalho para a

categoria, com exigências que variam entre as instituições. Em função disso, foi criada a

norma regulamentadora 2.295/2000, sob forma de Projeto de Lei em tramitação no Congresso

Nacional, que regulamenta a jornada de trabalho dos profissionais da enfermagem em 30

horas semanais. Estes resultados estão distantes do proposto por essa normativa, e com isso

evidencia-se a excessiva quantidade de horas trabalhadas, de maneira a contribuir para a

sobrecarga dos profissionais e consequentemente levar ao desgaste físico e emocional.

Ao contrário do que tem sido encontrado em outras pesquisas (ARAÚJO, et al., 2003;

PAFARO; MARTINO, 2004; PRETO; PEDRÃO, 2009), nas quais a maioria da população

faz dupla jornada e atribui a isto a necessidade econômica devido aos baixos a salários na

categoria de enfermagem, neste estudo 76% referiram não possuir outro emprego. Porém, ao

considerar que 24% dos enfermeiros têm outro emprego, e 77,5% realizam horas extras,

percebe-se que o número de vínculos empregatícios aliado a realização de horas extras

incrementam a carga horária de trabalho, o que pode contribuir para maior desgaste destes

profissionais além de ampliar os riscos ocupacionais pelo quantitativo de horas trabalhadas.

Nesta perspectiva, é preciso ponderar a ocorrência de faltas em 38% dos enfermeiros,

sendo que destes, 36,7% com números que variam de um a cinco dias de ausência ao trabalho.

Ao considerar que 49 enfermeiros referiram ausências nos últimos 12 meses, representadas

por 963 dias perdidos no trabalho, fica evidente a repercussão destes afastamentos para os

demais membros das equipes envolvidas, interligada às necessidades de alterações na

organização do serviço, tais como reajuste na escala de trabalho, duração da jornada, turnos

trabalhados e autonomia no desenvolvimento de suas atividades.

Page 77: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

76

Comparando-se aos achados de outro estudo realizado em um hospital universitário

de Minas Gerais, constatou-se semelhança nos resultados, tidos por 52 ausências de

enfermeiros que contabilizaram 1102 dias perdidos de trabalho (ABREU; SIMÕES, 2009).

Porém, estes autores apontaram que, frente às demais categorias profissionais na equipe de

enfermagem, os enfermeiros apresentaram menor número de ausências e relacionam a isso o

reduzido número destes profissionais nas instituições e ao seu grau de responsabilidade para

com a equipe, características que determinam maior permanência no trabalho.

Informações referentes ao motivo das faltas constaram de doenças diagnosticadas

(61,2%) e razões de caráter familiar (30,6%), sendo que ambos motivos foram apontados por

8,2% dos enfermeiros que faltaram ao trabalho. Estes dados se assemelham aos de outro

estudo (CASTRO; BERNARDINO; RIBEIRO, 2008) em que foi constatado percentual maior

para ausências decorrentes de problemas de saúde em relação às razões de caráter familiar.

Ainda, sobre o percentual de faltas por adoecimento, outra pesquisa apontou para associação

inversa à taxa de ocupação, e sugere que os profissionais ausentaram-se por doença após

terem sido submetidos a ritmos maiores de trabalho (SANCINETTI, et al., 2009). Este tipo de

análise merece atenção e constante avaliação, em virtude da iminência de novos afastamentos

e pela possibilidade de alterações inesperadas no quantitativo de trabalhadores, de maneira a

representar sobrecarga aos que permanecem no ambiente de trabalho e repercutir na saúde

destes profissionais.

Pela análise do estresse ocupacional, obtiveram-se percentuais de 66,7% de

enfermeiros com estresse baixo, ou seja, valores para a média de até três pontos na escala tipo

Likert. Assim, deve-se considerar que 33,3% da população atingiu média acima de três,

considerados com alto estresse. De maneira semelhante, estudo realizado com enfermeiros de

um hospital psiquiátrico, por meio da avaliação de sintomas, evidenciou maior porcentagem

para ausência de estresse nestes profissionais (62%) e atribui a isto a presença de resposta

adaptativa, equilíbrio homeostático e utilização de estratégias de coping resolutivas (COSTA;

LIMA; ALMEIDA, 2003).

Em investigação com enfermeiros portugueses foi concluído que 56% avaliaram-se

com nenhum ou pouco estresse, enquanto que 29% assinalaram níveis moderados e 15% dos

participantes consideraram muito estressante a profissão (SILVA; GOMES, 2009). Foi

constatado por estes autores que a instabilidade profissional, o excesso de trabalho e a

possibilidade de cometer erros consistiram em situações apontadas como mais estressantes.

A nível hospitalar, em pesquisa realizada com profissionais de enfermagem, foi

detectado médio estresse para enfermeiros, e demonstrado que estes profissionais

Page 78: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

77

apresentaram maiores escores de estresse geral quando comparados aos técnicos e auxiliares

de enfermagem (PASCHOALINI, et al., 2008). Neste mesmo estudo, os autores ainda

revelaram haver intensidades variadas em diferentes setores de um mesmo hospital, resultado

que se assemelha ao identificado por esta investigação, cujos escores de estresse diferiram

entre baixo e alto nas unidades pesquisadas.

Neste estudo, as unidades fechadas apresentaram menores médias para a avaliação do

estresse, sendo que mais de 60% dos enfermeiros nestas unidades apresentaram baixo

estresse. Dentre elas, a unidade de cardiologia intensiva foi a que obteve menor média nesta

investigação. A exceção das demais unidades fechadas, o Serviço de Nefrologia alcançou

maior escore para o índice de estresse geral. Contrariamente, outro estudo apontou para baixo

estresse em enfermeiros que atuam na assistência a pacientes com problemas renais, o que

pode ser decorrente da identificação do uso de estratégias centradas no problema (BRITTO;

CARVALHO, 2004). Porém, os autores atribuem ao baixo estresse a resignação e aceitação

histórica da submissão na profissão de enfermagem e consideram que tais avaliações

compreendem um senso de compromisso com o trabalho e aceitação de riscos.

Em unidades fechadas, pesquisas têm apontado para resultados de baixo estresse em

enfermeiros nos setores específicos como unidade de terapia intensiva, portadores de AIDS e

problemas hematológicos (BRITTO; CARVALHO, 2003; PRETO; PEDRÃO, 2009).

Acredita-se que estes resultados estejam vinculados a estrutura física destes serviços, uma vez

que existe a maior disponibilização e proximidade de equipamentos para situações de

emergência que permitem aos profissionais agilidade e segurança em procedimentos que

exigem rapidez e efetividade. Além disso, a capacitação técnico-científica da equipe que atua

nestes setores específicos bem como a presença permanente de profissionais médicos também

é favorável para a avaliação de baixo estresse.

Constatou-se que enfermeiros que atuam em unidades abertas obtiveram maiores

índices de estresse geral, de maneira que 62,8% pontuaram alto estresse. Nas unidades

Pediátrica e o Pronto Socorro verificaram-se os maiores escores de estresse. Resultados

semelhantes foram identificados por pesquisadores que avaliaram o estresse na equipe de

enfermagem de Pronto Atendimento e constataram que 97% destes profissionais relataram

sentir-se estressados, e os estressores referidos estavam relacionados a fatores organizacionais

e relacionamento com equipe e clientela (CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER,

2008). Nestas unidades, o contato direto com familiares e acompanhantes pode ser

responsável pelos maiores índices de estresse nos profissionais enfermeiros, uma vez que o

gerenciamento da equipe e a realização de procedimentos ocorrem em meio aos olhares,

Page 79: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

78

julgamentos e questionamentos dos mesmos, sendo necessárias orientações e justificativas

frequentes. Presume-se que inserção do familiar e acompanhante no cuidado ao paciente no

ambiente hospitalar pode ser percebida como um motivo de preocupação para a equipe, visto

as frequentes interferências e solicitações, que tornam difícil o cumprimento das atribuições

de trabalho. Autores respaldam essa suposição ao afirmar que a dificuldade de

relacionamento, seja pelo envolvimento emocional excessivo ou ausente, pode ser prejudicial

na relação enfermeiro–cliente–familiares e limitar suas ações. (SIQUEIRA, et al., 2006)

Dentre as categorias do inventário de estresse em enfermeiros de acordo com as

médias encontradas, tem-se prevalência para estressores relacionados às relações

interpessoais, seguida por fatores intrínsecos ao trabalho e papéis estressores da carreira.

Acredita-se que as relações de trabalho, que envolvem o apoio social dos colegas,

chefes e subordinados, são determinantes fundamentais na saúde do trabalhador.

Pesquisadores afirmam que competitividade e a falta de confiança levam à superficialidade no

relacionamento interpessoal, e prejudicam a qualidade e quantidade do trabalho (SILVA;

YAMADA, 2008). A partir disso, pode-se inferir que o desenvolvimento de relacionamentos

menos humanos e mais técnicos contribui para esta avaliação de estresse ocupacional e podem

ser estabelecidos em resposta às pressões vividas no cotidiano do trabalho dos enfermeiros

nas unidades de assistência a pacientes críticos e potencialmente críticos.

Dificuldades de relacionamento profissional entre os colegas no ambiente de trabalho

foram indicadas como fator desencadeador de estresse em trabalhadores de enfermagem de

um hospital universitário do Estado de São Paulo (BELANCIERI; BIANCO, 2004). Este

achado foi justificado pela influência das relações de poder existentes na organização

hospitalar, determinadas pela hierarquia vigente e a divisão de saberes (concepção do trabalho

e execução) no surgimento de crises e conflitos.

Além disso, a inobservância da ética pelos colegas, representadas por brincadeiras

inoportunas, banalização e desrespeito frente a equipe e pacientes em um centro cirúrgico foi

apontada como principal motivo de conflitos entre os profissionais que atuam neste setor

(STUMM, et al., 2008). Questões como indefinição do papel profissional, incompreensões,

cobranças e insensibilidades também foram identificadas como determinantes na dificuldade

de integração e relacionamento com a equipe multiprofissional no contexto hospitalar

(STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001; FERNANDES; MEDEIROS; RIBEIRO, 2008)

Com a análise baseada nas frequências com que os enfermeiros percebem cada

situação como estressante, obteve-se que 31,1% destes profissionais perceberam os fatores

intrínsecos ao trabalho presente sempre e muitas vezes no ambiente ocupacional. Estes

Page 80: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

79

dados permitem constatar que existe desgaste relacionado às funções desempenhadas com a

jornada de trabalho e recursos inadequados.

Resultado de pesquisa realizada com enfermeiros de unidade de emergência indicou

nível médio de estresse, e que as condições de trabalho e atividades relacionadas à

administração de pessoal foram consideradas as mais estressantes (BATISTA; BIANCHI,

2006). A estrutura organizacional da instituição hospitalar, para estes autores, tem parcela de

responsabilidade na ocorrência de estresse para o enfermeiro de unidade de emergência, e por

conseguinte interfere na vida pessoal e profissional deste indivíduo.

As situações de emergência também foram alvo de investigação em enfermeiros

oncológicos, que referiram ser os procedimentos como parada cardiorespiratória e piora no

quadro clínico e óbito dos pacientes, bem como problemas de relacionamento com a equipe

de enfermagem os estressores intensamente percebidos nesta unidade de assistência

(RODRIGUES; CHAVES, 2008).

Altos níveis de estresse foram relacionados à insatisfação com o trabalho em

enfermeiros que trabalham em unidades de terapia intensiva, com repercussões para a saúde

destes profissionais pela presença de sintomas cardiovasculares, alterações do aparelho

digestivo e músculo-esqueléticas (CAVALHEIRO; MOURA JR; LOPES, 2008).

Evidenciou-se que, dentre os itens que compõe a escala IEE, aqueles que abordaram as

condições relacionadas ao quantitativo e qualitativo de recursos humanos e a carência de

recursos materiais, representam maior desgaste para os enfermeiros.

Fatores relacionados à estrutura do ambiente de trabalho, bem como a deficiência no

número de funcionários da equipe de enfermagem também foram relatados como estressores

pelos enfermeiros de unidade de emergência (BATISTA; BIANCHI, 2006) e unidade de

terapia intensiva (SANTOS; OLIVEIRA; MOREIRA, 2006). Para estes autores, o ambiente

físico e o tempo mínimo para a realização da assistência de enfermagem apresentam-se como

determinantes na carga de trabalho do enfermeiro. De maneira semelhante, em outro estudo

foi constatado que as demandas de trabalho, afastamento da assistência, e urgência de tempo

correspondem às condições que representam maior desgaste para os enfermeiros em unidade

de emergência hospitalar (SILVEIRA; STUMM; KIRCHNER, 2009).

Situações relacionadas à realização do serviço, trabalhar em equipe, prestar assistência

a pacientes foram consideradas pelos enfermeiros desta pesquisa como aquelas menos

desgastantes e, portanto, representam situações de menor estresse para estes profissionais.

Estas questões são fundamentadas quando autores (JODAS; HADDAD, 2009)

revelam que aspectos organizacionais como sobrecarga de trabalho, falta de controle,

Page 81: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

80

recompensa insuficiente e conflitos de valores podem influenciar a qualidade do trabalho em

maior caráter que comparado ao relacionamento com o paciente.

Porém, em estudo realizado com enfermeiras chinesas, o relacionamento com os

pacientes foi apontado como situação no trabalho associada ao estresse ocupacional (WU, et

al., 2010). Para os autores, este resultado está vinculado à insatisfação frente ao modelo de

assistência vigente no país (centrado na doença), e a escassez de enfermeiros em relação ao

contingente populacional. Assim, as altas demandas de atendimento, o reduzido número de

profissionais e o consequente aumento da carga de trabalho, tornam tensa a relação

enfermeiro-paciente e favorecem o desgaste no ambiente ocupacional.

Da mesma forma, a assistência a pacientes críticos foi referida em pesquisa com

enfermeiros de unidade de terapia intensiva, como situação de desgaste em face da

instabilidade do quadro clínico e necessidade de monitorização rigorosa e constante

(SANTOS; OLIVEIRA; MOREIRA, 2006).

Com relação às características sociodemográficas e funcionais, estudo realizado

com profissionais da saúde portugueses demonstrou maior tendência ao estresse ocupacional

para a categoria profissional de enfermeiros, mulheres, mais novos e com menor experiência

profissional, e que realizam trabalho em turnos rotativos (SILVA; GOMES, 2009).

Pesquisa realizada com trabalhadores de uma universidade pública demonstrou que o

gênero feminino apresenta mais fatores psicossociais de risco, estresse no trabalho, alterações

de saúde, com maior risco de adoecimento físico e/ou mental do que o gênero masculino

(AREAS; GUIMARÃES, 2004). Contraditoriamente aos resultados deste estudo, com

população predominantemente feminina (92,2%), esta constatação não foi confirmada, o que

leva a crer que a relação gênero e estresse ocupacional precisa ser avaliada pela vinculação ao

tipo de trabalho realizado, em função dos fatores contextuais específicos. Esta suposição está

respaldada no referencial de estresse já que reafirma a interação pessoa ambiente, a

subjetividade na avaliação dos estressores no ambiente laboral, considerando a história de

vida e experiências anteriores do indivíduo.

Acredita-se que a prevalência de enfermeiros casados e com filhos neste estudo está

em consonância com os resultados da avaliação de baixo estresse geral nestes indivíduos,

visto que essas condições, ao ampliar os relacionamentos e contatos sociais, permitem

assegurar a rede de suporte social. Porém, foi constatada tendência a maiores médias de

estresse vinculadas ao relacionamento interpessoal para enfermeiros que tem filhos. A partir

disso, pode-se inferir que o suporte social interfere na percepção do estresse no ambiente

ocupacional quando há dificuldade de conciliar trabalho, família e vida pessoal. O suporte

Page 82: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

81

social foi indicado como um recurso pessoal importante na avaliação do estresse ocupacional

em estudo com enfermeiras chinesas a partir de correlações significativas e indiretas entre

estas variáveis (WU, et al., 2010). Para estes autores, esta condição aliada a atividades

recreacionais, utilização de estratégias de coping efetivas e auto-cuidado, permite aos

profissionais reduzir a tensão no trabalho, resolver conflitos e melhorar habilidades para

tolerar o estresse.

O tempo de trabalho na instituição e unidade, com médias relativamente altas

(10,96 e 7,10), pode ser considerado situação favorável para a avaliação do estresse e coping.

Este resultado foi corroborado em investigação que atestou correlação inversa entre estresse e

tempo de experiência profissional dos enfermeiros (CAVALHEIRO; MOURA JR; LOPES,

2008). Para estes autores, o tempo oferece subsídios para adequação e melhor avaliação da

atividade profissional, mediando o impacto negativo do estresse no trabalho. Em oposição,

pesquisa realizada com profissionais da equipe de enfermagem constatou sintomas de estresse

em indivíduos com maior tempo de serviço na instituição (FERREIRA; DE MARTINO,

2009). Os autores atribuem a este resultado o fato de ser uma investigação realizada em

instituição privada, em virtude da instabilidade de vínculo e necessidade de atualizações

técnico-científicas representarem desgaste para estes profissionais.

Neste estudo, os enfermeiros que realizaram tratamento de saúde apresentaram

maiores índices de estresse geral e nas categorias relações interpessoais, papéis estressores da

carreira e fatores intrínsecos ao trabalho. Autores demonstraram que o adoecimento está

fortemente associado a escores elevados de estresse e acreditam, portanto, que a manutenção

da saúde é fundamental para a redução do estresse ocupacional entre enfermeiros (WU, et al.,

2010).

Apesar de ter sido encontrada baixa intensidade de estresse para 66,7% da população

deste estudo, é preciso considerar os resultados apresentados sobre carga horária, realização

de horas extras e múltiplos vínculos empregatícios, uma vez que o excesso de trabalho

pode produzir gradualmente a exaustão emocional e física, e assim reduzir a eficiência,

prejudicar a saúde e bem estar dos profissionais.

Foram constatadas correlações diretas e estatisticamente significantes entre carga

horária semanal e índice geral IEE e seus domínios, ou seja, profissionais que cumprem

jornadas extensas de trabalho apresentam maiores índice de estresse. Este achado também foi

constatado em outro estudo, cujos resultados apontaram para associações significativas entre

o escore de estresse ocupacional e a variável carga horária semanal maior que 40 horas (WU,

et al., 2010). Entende-se que o ritmo intenso de trabalho aumenta a exposição dos

Page 83: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

82

trabalhadores de enfermagem às diversas cargas de trabalho, com destaque para as cargas

fisiológicas decorrentes da demanda aumentada de trabalho e as cargas psíquicas, oriundas da

pressão organizacional para o atendimento das necessidades e cumprimento das atividades

num dado período. Dessa maneira, percebe-se que aliada à carga horária semanal a realização

de horas extras por 77,5% dos enfermeiros nesta instituição torna elevado o quantitativo de

horas de trabalho, o que representa aumento dos riscos de acidentes e contribui para o estresse

dos enfermeiros.

Em oposição ao esperado, enfermeiros que não possuíam outro emprego

apresentaram maiores índices de estresse relacionado aos fatores intrínsecos ao trabalho e

tendência a maiores médias de estresse geral. Estes resultados são contrários aos de pesquisa

em que foi constatado que os enfermeiros com dupla jornada estavam mais estressados em

relação aos sujeitos com jornada única (PARAFO; DE MARTINO, 2004). Os autores

justificam este achado pelo acúmulo de atribuições advindas do duplo vínculo empregatício, e

por ser uma profissão prevalentemente feminina, em cuja inserção das mulheres no mercado

de trabalho não as desvinculou das tarefas domésticas e da educação dos filhos, resultando em

multiplicidade de papéis.

Julga-se a insatisfação com as condições de trabalho, a falta de recursos materiais e

humanos como condições fundamentais para a avaliação de estresse dos enfermeiros com

único emprego. Esta situação pode ser, empiricamente, justificada, pela não convivência

destes profissionais em realidades de trabalho de outras instituições que apresentam

problemas similares, que podem não considerar esta uma situação comum aos serviços de

saúde. Porém, sabe-se que a carência de recursos, seja quantitativa e qualitativamente, é uma

realidade nas instituições de saúde no Brasil, e a ausência de confronto entre duas ou mais

realidades institucionais pode afetar a percepção de estresse destes enfermeiros, ao sentirem-

se prejudicados no seu ambiente de trabalho em detrimento de outrem.

Neste estudo, mesmo que relações não tenham sido estatisticamente estabelecidas

entre estresse ocupacional e turnos de trabalho, acredita-se que o fato de grande parte desta

população não possuir outro emprego (76%) ameniza a percepção de estresse em relação à

distribuição de turnos de trabalho, uma vez que não existe a necessidade de conciliar a escala

de serviço em diferentes instituições e/ou entre distintas equipes de trabalho.

Pesquisa apontou correlação direta entre o turno da noite e o escore de estresse, o que

denota a existência de repercussão na realização do trabalho no período da noite (WU, et al.,

2010). Outra investigação, ainda aponta a interferência acentuada na saúde dos profissionais

da enfermagem que trabalham no noturno, representadas pelo sobrepeso, alteração no padrão

Page 84: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

83

do sono e aparecimento de doenças cardiovasculares e gástricas (MORENO; LOUZADA,

2004).

Mesmo diante da adequação ao cronótipo e turno de trabalho, foi identificada presença

de estresse na equipe de enfermagem em um hospital privado de São Paulo, por meio da

prevalência de sintomas nos profissionais do turno na manha e da noite (FERREIRA; DE

MARTINO, 2009). A elevada incidência no turno da manhã foi atrelada a intensa rotina do

hospital neste turno, uma vez que a maior parte dos procedimentos de enfermagem, como

banhos, curativos, medicações, coletas de exames e encaminhamento de pacientes, são

realizados neste período. Estes autores ainda afirmaram que o trabalho noturno altera o ritmo

circadiano, provoca alterações no padrão do sono e consequentemente desencadeia e/ou

acentua o processo de estresse nestes indivíduos.

Em profissionais da saúde portugueses, foi constatado que aqueles que realizavam

trabalho por turnos rotativos apresentaram maior estresse ocupacional, bem como menor

comprometimento organizacional (SILVA; GOMES, 2009). Tais resultados realçam o fato do

trabalho por turnos rotativos representar prejuízos à saúde dos trabalhadores, com efeitos

individuais e institucionais.

Além disso, a realização de treinamentos para atuar na unidade em questão também

precisa ser ponderada na avaliação de estresse já que, neste estudo, houve uma tendência para

maior índice de estresse geral e estresse vinculado ao relacionamento interpessoal para o

grupo que não realizou treinamento. Desta forma, visualiza-se que a inexistência de

atividades de adaptação e compartilhamento de normas e rotinas, além de representar desgaste

para o profissional em seu novo ambiente de trabalho, pode ocasionar problemas de

relacionamento entre os membros da equipe advindos de dificuldades de entrosamento e

realização das tarefas.

De maneira semelhante, a insuficiência de treinamento e de conhecimento dos

profissionais, assim como a falta de familiarização com normas e rotinas de cada setor, foram

situações identificadas em estudos como associadas a falhas e erros inaceitáveis (STUMM, et

al., 2008; WU, et al., 2010). Estes autores consideram a complexidade do trabalho e

instabilidade na assistência a pacientes críticos, pela frequência de situações inesperadas e de

rápida reação, como condições atreladas a necessidade de realização de atividades de

treinamento e atualizações.

A ocorrência de faltas em 38% da população é um dado importante para a avaliação

do estresse, uma vez que as ausências podem acelerar o ritmo de trabalho, devido a

Page 85: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

84

sobreposição de tarefas que deveriam ser divididas com os outros membros da equipe e que, a

longo prazo, podem desencadear e/ou acelerar o processo de estresse ocupacional.

Enfermeiros que referiram faltar ao trabalho apresentaram maiores índices de estresse

geral, estresse relacionado aos papéis estressores da carreira e relações interpessoais. Ao

considerar que a redução no quantitativo de profissionais na equipe é a consequência

primordial das faltas ao trabalho, evidencia-se que as relações interpessoais serão

automaticamente prejudicadas, uma vez que a redistribuição do trabalho para os demais

membros da equipe que permanecem no ambiente laboral, propiciam conflitos e acentuam as

desavenças, além de desajustar a rotina e o ritmo habituais de trabalho.

Na avaliação do coping ocupacional, o fator controle apresentou prevalência para

esta população. Sinalizada por 87,6% dos enfermeiros deste estudo como a estratégia mais

utilizada, significa que os indivíduos fazem uso de ações e reavaliações cognitivas proativas

no ambiente ocupacional.

Partindo-se do princípio de que o enfrentamento é considerado uma ação intencional,

física ou mental, que tem início em resposta a um estressor percebido e é dirigido para

circunstâncias externas ou estados internos, é possível afirmar que os problemas no ambiente

de trabalho são reconhecidos pelos enfermeiros deste estudo, bem como as repercussões

destes na sua saúde e bem estar. Assim, a possibilidade de agir ativamente frente aos

problemas identificados é benéfica para a avaliação do estresse e direcionada as causas

principais de desgaste no trabalho.

Estudo realizado com a equipe de enfermagem de uma unidade médico cirúrgica de

um hospital escola constatou alta demanda psicológica, elevado poder de controle e baixo

apoio social (SILVA; YAMADA, 2008). Para estes autores quando grandes demandas e alto

controle coexistem, os indivíduos vivenciam o processo de trabalho de forma ativa, já que as

demandas são menos danosas na medida em que o trabalhador tem liberdade para planejar as

horas de trabalho de acordo com seu ritmo biológico e utilizar estratégias para lidar com suas

dificuldades. Porém, o baixo apoio social apontado nesse estudo denota dificuldades nas

relações interpessoais, o que pode interferir negativamente na saúde dos trabalhadores.

Estes resultados fornecem sustentação à suposição dos autores da ECO, de que a

utilização da estratégia controle associa-se diretamente a percepção favorável do ambiente de

trabalho e indiretamente ao estresse, enquanto que sob circunstâncias como a sobrecarga de

trabalho ou exaustão emocional, a esquiva seja a estratégia mais utilizada, mesmo que não

necessariamente a mais eficaz (PINHEIRO; TRÓCCOLI; TAMAYO, 2003).

Page 86: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

85

Segundo o modelo interacionista cognitivo de Lazarus e Folkman (1984), tem-se neste

estudo, predominância de estratégias focadas no problema uma vez que foram constatadas

atitudes positivas e efetivas para a resolução dos problemas no ambiente laboral. Supõe-se a

utilização desta estratégia como benéfica, uma vez que, para estes indivíduos existe a

possibilidade de intervenção sobre o estressor no ambiente ocupacional no intuito de mantê-lo

no limite que estas pessoas são capazes de suportar.

Com o intuito de manejar o estresse advindo das situações do trabalho, em

investigação realizada com enfermeiros em unidade de emergência hospitalar foram listadas

ações praticadas por estes profissionais, quais sejam: estabelecer e manter diálogo, ajuda

mútua de colegas, buscar aperfeiçoamento profissional e resolver situações conflitantes

(SILVEIRA; STUMM; KIRCHNER, 2009). Estas estratégias correspondem a atitudes

positivas e ativas frente aos problemas no trabalho, e atuam diretamente no gerenciamento do

estresse ocupacional, com repercussões benéficas para o desempenho dos enfermeiros,

preservação da saúde e qualidade da assistência.

De maneira semelhante, as estratégias centradas no problema prevaleceram em

enfermeiros de unidades de terapia intensiva e problemas renais (BRITTO; CARVALHO,

2004). Este resultado condiz com a avaliação de baixo estresse e de saúde satisfatória indicada

por este estudo, de maneia a confirmar a resolutividade das estratégias com foco no problema

em prol da saúde dos profissionais enfermeiros.

Em oposição, a unidade de nefrologia apresentou, neste estudo, prevalência para a

estratégia manejo de sintomas. Evidenciou-se o maior escore de estresse frente às demais

unidades pesquisadas, o que viabiliza a constatação das dificuldades apresentadas por esta

equipe no gerenciamento do estresse ocupacional visto que são utilizadas estratégias de cunho

emotivo no enfrentamento dos estressores decorrentes do trabalho. Acredita-se que a

constância e permanência de pacientes neste setor, decorrentes da condição crônica de saúde,

seja um fator importante relacionado à avaliação de alto estresse e utilização de estratégias

não resolutivas pela equipe, em função da reduzida perspectiva de cura. Conviver com o óbito

e frequente instabilidade no quadro clínico são circunstâncias que representam desgaste aos

profissionais que atuam em unidades a pacientes críticos, tanto pelo sentimento de impotência

frente à doença quanto pela necessidade de vigilância e aperfeiçoamento técnico-científico

constantes (LEITE; VILA, 2005). Além disso, supõe-se que a dificuldade no enfrentamento

da doença crônica, bem como a resistência ao tratamento pelos pacientes, situação

constantemente vivenciada neste setor, reflita na opção de coping dos enfermeiros envolvidos

na assistência, voltadas para ações emotivas.

Page 87: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

86

De maneira geral, foram identificadas menores frequências na utilização das

estratégias esquiva (4,7%) e manejo de sintomas (7,8%), que apontam para reduzida

utilização de estratégias com foco na emoção.

Há evidências de que o uso de estratégias de escape incrementa a exaustão emocional,

percebida como sensação de super exigência e sentimentos de esgotamento e cansaço como

consequência do trabalho (TAMAYO; TRÓCCOLI, 2002). Pesquisadores afirmam que,

frente às restrições impostas pelo ambiente ocupacional, a esquiva pode ser a estratégia mais

adaptativa em um contexto altamente estressante (PINHEIRO; TRÓCCOLI; TAMAYO,

2003). Estas constatações justificam a reduzida frequência de utilização desta estratégia na

população deste estudo, cuja avaliação de estresse ocupacional foi predominantemente baixa.

Em enfermeiros atuantes em unidades de oncologia foram constatadas estratégias

como foco na emoção, essencialmente a reavaliação positiva, visto que lidar com a

impossibilidade terapêutica e a morte recorrente dos pacientes foram descritas como os

principais estressores por estes profissionais (RODRIGUES; CHAVES, 2008).

Em oposição aos resultados aqui apresentados, a simultaneidade dos focos problema e

emoção foi apontada por autores que avaliaram as estratégias utilizadas pela equipe de

enfermagem em Pronto Atendimento e revelaram a opção destes trabalhadores por estratégias

de evitamento, como adiar e bloquear emoções, e de confronto, que incluem ações como

buscar informações, falar sobre o assunto e negociar alternativas (CALDERERO; MIASSO;

CORRADI-WEBSTER, 2008). Para estes autores, as ações de caráter emocional podem levar

a um relaxamento temporário, mas que não modificam o estressor em questão, já as

estratégias focadas no problema podem minimizar os sentimentos decorrentes do estressor,

além de atuar diretamente para a resolução do mesmo.

É preciso considerar que a organização hospitalar fundamenta-se no poder, por vezes

disciplinar e coercitivo, que tem por finalidade a organização do espaço, por meio do controle

do tempo e pela vigilância, que poderá provocar ou potencializar situações conflitivas e

ansiógenas, que evidenciam sintomas de estresse (BELANCIERI; BIANCO, 2004). Assim, o

trabalhador da área de enfermagem está imerso num ambiente onde estão presentes as

relações de poder, determinadas pela hierarquia vigente na força de trabalho em enfermagem.

Ou seja, poder de que é investido o enfermeiro que domina e controla, mas que ao mesmo

tempo é dominado e controlado, as categorias consideradas subalternas: os técnicos e

auxiliares.

Constata-se que essa alternância entre controlar e ser controlado pode ocasionar

mudança de atitude e adoção de estratégias diferentes frente a situações diversas postas no

Page 88: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

87

ambiente de trabalho, justificando na utilização de estratégias de coping simultâneas e

conjuntas.

A complementaridade na seleção das estratégias é defendida por Lazarus e Folkman

(1984) quando a situação é considerada altamente desgastante. Assim, o coping focado na

emoção pode facilitar o coping focado no problema por amenizar a tensão e, similarmente, o

coping focado no problema pode diminuir a ameaça, reduzindo assim a tensão emocional.

Dentre os itens mais pontuados nesta escala, obteve-se aqueles cujas ações estão

voltadas predominantemente para resolução de problemas no trabalho, de maneira que os

enfermeiros apontaram proceder ativa e positivamente frente a uma situação considerada

desgastante no intuito de manejar o estressor em questão. Resultado este corroborado pela

prevalência do fator controle para esta população.

Evidencia-se que dentre os itens de maior pontuação, tem-se a busca pela aquisição de

novas habilidades como atitude frequente diante de estressores ocupacionais. O

aperfeiçoamento técnico e científico para profissionais que atuam na assistência a pacientes

críticos e potencialmente críticos é importante ferramenta para o cumprimento das demandas

de trabalho com efetividade e segurança, o que garante resolutividade de problemas e assim, o

reconhecimento e respeito profissional frente a equipe multidisciplinar, pacientes e familiares.

A busca de apoio com os colegas de trabalho também foi uma das atitudes mais frequentes

neste estudo. Além de fortalecer as relações interpessoais, o compartilhamento e

aconselhamento com demais membros da equipe pode auxiliar na elucidação das situações e

colaborar para a tomada de decisão mais acertiva, conjunta e co-responsável, que pode

garantir efetividade, agilidade e resolutividade.

Já os itens com pontuações menores, correspondem a ações como delegar suas

tarefas, procurar a companhia de outras pessoas e afastar-se das pessoas que causaram o

problema e, portanto são pouco utilizadas por estes profissionais para o manejo do estresse

decorrente de diferentes situações de trabalho. Desta forma, atitudes passivas e de evitação

não são frequentemente utilizadas quando os enfermeiros defrontam-se com problemas

relacionados ao ambiente ocupacional.

Neste estudo não foram encontradas correlações entre variáveis sociodemográficas e

utilização das estratégias de enfrentamento no ambiente ocupacional, porém faz-se necessário

considerar o contexto e condições em que estes profissionais atuam. Dados como idade, sexo,

estado civil, presença de filhos podem influenciar na opção de coping, uma vez que a maneira

como as pessoas lidam com situações desgastantes varia de acordo com a disponibilidade de

Page 89: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

88

recursos e restrições que inibem seu uso, sejam estas pessoais, sociais e materiais

(FOLKMAN; MOSKOWITZ, 2000; CHAVES, et al., 2000).

Dentre os trabalhadores de saúde colombianos, ser enfermeiro, pertencer ao gênero

feminino e ter menor idade são preditores significativos para o aumento na utilização de todas

as estratégias de enfrentamento, especialmente a focalização na solução de problemas e a

reavaliação positiva (CONTRERAS; JUARÉZ; MURRAIN, 2008).

Mesmo que não tenham sido estabelecidas correlações entre as variáveis como tempo

de formação e de experiência profissional, realização de pós-graduações e vínculo

empregatício, considera-se que estas podem interferir na opção e utilização de estratégias de

coping. Assim, quanto maior o tempo de formado e experiência profissional, aliados a

busca de aprimoramentos e especializações, acredita-se que estes profissionais podem

apresentar maior segurança técnica e, consequentemente, facilidade no controle de situações,

principalmente aquelas decorrentes da instabilidade característica da assistência a pacientes

críticos.

Ainda, a estabilidade do vínculo empregatício, tida pelo cargo público em uma

instituição hospitalar federal e universitária, pode ter contribuído para a prevalência do fator

controle nesta população, visto que existe a possibilidade de sugestões e intervenções capazes

de modificar as pressões ambientais sem que isso represente riscos ou prejuízos para a

manutenção do cargo público.

A realização de treinamentos pode ser benéfica para a opção de coping na medida em

que proporciona subsídios para a tomada de decisão e solução de problemas, pela adequação

as normas e rotinas institucionais e setoriais. A possibilidade de controle e intervenção ativa

em realidades conhecidas e identificação dos problemas pode ser, empiricamente, confirmada

quando há reconhecimento dos recursos disponíveis e suporte dos colegas de trabalho,

promoção de abertura e co-responsabilização. Esta constatação pode ser confirmada pela

ocorrência de diferença entre enfermeiros que realizaram treinamento e aqueles que não o

fizeram quanto à utilização da estratégia manejo de sintomas. Desta maneira, tem-se que

enfermeiros que não treinaram para atuar na unidade de lotação utilizaram em maior

frequência a estratégia manejo de sintomas, ou seja, estes profissionais apresentam atitudes

passivas e permissivas para mediar o impacto negativo do estresse no trabalho vinculado as

dificuldades de adaptação ao serviço.

A estratégia manejo de sintomas também foi mais utilizada por enfermeiros que

relataram realizar tratamento de saúde e ter faltado ao trabalho. Pode-se inferir que a

opção pela estratégia manejo de sintomas no grupo que realiza tratamento de saúde pode ter

Page 90: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

89

caráter de manutenção e/ou recuperação da saúde e bem estar destes profissionais. A relação

entre faltas e manejo de sintomas, pode ser justificada pela tentativa de preservação da

integridade física e mental aos danos oriundos de situações de estresse ocupacional.

Pela análise do presenteísmo, avaliado pela perda de produtividade, contatou-se um

índice de até 4,84% para 75% dos enfermeiros, de maneira que é possível considerar reduzido

o percentual de produtividade perdida nesta população.

A perda da produtividade, mesmo que em com baixo percentual, é indício de que co-

existem, mesmo que sutilmente, interferências e consequências, sejam para a organização do

serviço, e instituição como para os profissionais e assistência prestada.

A inadequação entre a capacidade para o trabalho e a exigência da tarefa a ser efetuada

tem influência na produtividade e sua inobservância pode ser uma causa de desgaste, mal-

estar, doenças e limitações ligadas à profissão (COSTA, 2009). Nesta perspectiva, é mister

considerar a multidimensionalidade relacionada a perda de produtividade no contexto

hospitalar e enfatizar a interação entre pessoa e ambiente e sua interferência à saúde. A

percepção do trabalhador sobre seu ambiente, determinada por aspectos culturais, sociais e

individuais, pode afetar seu desempenho físico, cognitivo e assim, exercer influência sobre a

saúde dos profissionais.

Essa constatação é confirmada quando pesquisadores apontam características pessoais

e atitudes como responsáveis por acentuar a ocorrência do presenteísmo, e fatores

relacionados ao trabalho como os principais determinantes na decisão de comparecer ao

ambiente laboral mesmo em condições de debilidade física e emocional ou doenças

diagnosticadas (HANSEN; ANDERSEN, 2008).

Neste estudo, o domínio que representou maior limitação para os enfermeiros é a

demanda física (25%), seguido por demanda mental-interpessoal, gerência de tempo e

demanda de produção, com escores que variam de 5 e 8,3%. Assim, a capacidade de realizar

tarefas que exijam força corporal, resistência, movimento, coordenação e flexibilidade foi

percebida como a limitação mais influente para perda de produtividade dos enfermeiros deste

estudo. Isto significa que nas duas últimas semanas esses profissionais tiveram limitação de

25% do seu tempo para realizar tarefas relacionadas à demanda física no seu trabalho.

Visualiza-se, a partir deste resultado, a repercussão à saúde dos enfermeiros das

peculiaridades que envolvem o atendimento a pacientes críticos e potencialmente críticos,

pelas exigências de mobilização de pacientes e equipamentos, transporte e manobras inerentes

ao atendimento de pacientes instáveis.

Page 91: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

90

De maneira similar, estudo identificou que quanto mais afetada a saúde física dos

enfermeiros, pior a saúde psicológica e a capacidade para o trabalho reduz-se

consideravelmente (COSTA, 2009). A pesquisadora justifica este resultado ao considerar que

a capacidade para o trabalho satisfatória é sustentada e promovida pela boa saúde física e

mental e por condições favoráveis de trabalho.

Em outra investigação foi constatado que a atividade física laboral aumenta as chances

para a presença de morbidades (FONSECA, 2009). A autora constatou que a identificação de

doenças como hipertensão e problemas osteomusculares podem explicar esta associação, e

afirma que o tipo de atividade física realizada interfere na relação desta com o adoecimento

do trabalhador.

Por meio de avaliação da dor lombar e incapacidade de identificar redução da adptidão

física pelos enfermeiros, foi verificado que a habilidade destes profissionais para fazer seu

trabalho é diminuída com o aumento da intensidade da dor e aptidão diminuída, ou seja,

correspondem a condições que representam maior limitação no trabalho (DENIS, et al.,

2007). Esses autores consideram que o diagnóstico e prognóstico são ferramentas

fundamentais, em se tratando de presenteísmo ou absenteísmo, para avaliação das condições

individuais e decisão de permanência no ambiente de trabalho ou afastamento para

reabilitação da saúde.

A demanda de produção não representou limitação no trabalho para metade da

população deste estudo, ou seja, estes profissionais não apresentaram decréscimo na

habilidade de conseguir, em tempo hábil, a qualidade e quantidade de trabalho concluído

necessários. Ressalta-se que, mesmo diante da limitação física sinalizada, os enfermeiros

consideram atender ao quantitativo de tarefas com qualidade e no tempo disponível para tal.

Nesse sentido, questiona-se os critérios com os quais a qualidade da assistência é avaliada por

estes profissionais e mesmo a percepção e reconhecimento de sua debilidade física para o

trabalho, especialmente em setores em cuja instabilidade clínica dos pacientes constantemente

altera as demandas e requer reordenação de prioridades.

As tarefas cognitivas no trabalho e de interação com as pessoas (domínio demanda

mental-interpessoal) não determinaram perda de produtividade expressivas no trabalho

(8,33%). Estes achados são surpreendentes ao considerar que o estressor relacionamento

interpessoal foi prevalente para esta população. Acredita-se que a perda de produtividade

relacionada a problemas de interação na equipe possa ser, empiricamente, amenizada pela

utilização da estratégia controle nesta população e assim, representar reduzida influência

sobre a produtividade dos enfermeiros.

Page 92: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

91

De maneira semelhante, o cumprimento de horários e tarefas no tempo previsto

representaram limitações em menor freqüência (5%) para estes profissionais (domínio

gerência de tempo). Por se tratar de trabalho em turnos, em cuja continuidade do plano

assistencial ocorre pelo sistema de passagem de plantão, atividades não vencidas no período, e

que não emergentes, podem ser transferidas ao turno progressivo, desde que sem prejuízo.

Esta possibilidade pode aliviar o sentimento de limitação imposta pela falta de tempo ou

recursos para realização de suas atribuições.

Deve-se considerar a carência de recursos como fator interveniente para o alcance da

produtividade exigida no ambiente de trabalho. Esta suposição foi confirmada por

pesquisadores que comprovaram que recursos insuficientes não só aumentam os casos de

presenteísmo, como elevaram os níveis de dor musculoesquelética, também são preditores de

absenteísmo e acentuam a probabilidade do aparecimento de doenças crônicas (HANSEN;

ANDERSEN, 2008). Assim, os autores referem que a inedaquação de condições para a

realização das funções no ambiente laboral é duplo fator de risco, ao promover a insegurança

no trabalho, e exacerbar ocorrência de acidentes e erros.

Neste estudo, as unidades abertas apresentaram índice geral de produtividade perdida

mais elevado que as unidades fechadas. A unidade pediátrica obteve maior índice geral de

produtividade perdida dentre as demais. Já as unidades Laboratório de hemodinâmica e

Clínica Médica II apresentaram os menores índices gerias de produtividade perdida. Julga-se

que a assistência a crianças determine maior perda de produtividade pelo reconhecimento dos

enfermeiros sobre a resistência desse tipo de paciente ao tratamento e procedimentos

necessários, fato que pode ser amenizado no atendimento a pacientes adultos e,

empiricamente mais colaborativos. Pode-se inferir que nas unidades abertas, por sua estrutura

física e funcional, tem-se menor vigilância e proximidade em detrimento das fechadas, o que

acredita-se contribuir para a percepção de produtividade diminuída. Por outro lado, a cultura

histórica da profissão de enfermagem precisa ser levada em consideração, uma vez que

quanto maior a demanda e a quantidade de tarefas executadas, melhor a percepção de

rendimento por parte destes profissionais.

Enfermeiros que apresentaram faltas obtiveram maiores índices gerais de

produtividade perdida (3,78%) e nos domínios demanda física (29,17%) e gerência de tempo

(5%). Ainda, quanto maior o número de faltas, maior a perda de produtividade geral e

relacionada à gerência de tempo. É importante considerar que diante do percentual de faltas e

número de dias perdidos de trabalho, a redução da produtividade toma uma dimensão

acentuada pelo encargo aumentado aos membros da equipe que permanecem no ambiente de

Page 93: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

92

trabalho, uma vez que as demandas precisam ser redistribuídas sem prejuízos às necessidades

de assistência aos pacientes críticos e potencialmente críticos.

Nessas circunstâncias, a redistribuição das atividades pode ocasionar ou acentuar

conflitos e dificuldades de relacionamento, pelo aumento da demanda no mesmo período de

tempo. O relacionamento com colegas foi identificado em pesquisas como fator que aumenta

a probabilidade de presenteísmo (SANDÍ, 2006; HANSEN; ANDERSEN, 2008). Julga-se

que dificuldades de entrosamento e integração à equipe podem comprometer a execução de

algumas tarefas e mesmo levar a fragmentação da assistência.

Neste estudo, quanto maior o tempo de trabalho na unidade em questão, menor a

limitação relacionada a realização de tarefas cognitivas e dificuldade de interação com

pessoas no trabalho (demanda mental-interpessoal). A partir desse resultado, pode-se inferir

que a ambientação, tida pela permanência e manutenção em um determinado setor, pode

facilitar a negociação e ajuste às demandas pela proximidade de vínculos estabelecidos no

decorrer do tempo, e possibilidade de solicitar alterações que contribuem para a execução do

trabalho. Além disso, há evidencias de que a flexibilização das exigências no cumprimento

das demandas de trabalho diminuem a ocorrência do presenteísmo (BOCKERMAN; ERKKI,

2008).

Maiores índices de produtividade perdida foram encontrados para os enfermeiros que

realizaram tratamento de saúde, o que demonstra, mesmo diante da busca pela solução do

problema, que a debilidade física e/ou mental interfere no rendimento, compromete a

efetividade das tarefas no ambiente de trabalho e acentuam os riscos e predispõe a erros, com

prejuízo para a qualidade da assistência prestada. Ainda, a permanência no trabalho daqueles

trabalhadores doentes, mesmo que em tratamento de saúde, pode provocar disseminação em

caso de afecções infecciosas, em prejuízo a saúde dos demais membros da equipe, além de

representar possibilidade de agravo àqueles pacientes sob seu cuidado. Autores enfatizam essa

possibilidade e sugerem que avaliações criteriosas sejam preconizadas em cada caso, para

respaldar a decisão de permanência ou afastamento do profissional (SANDÍ, 2006; DENIS, et

al., 2007).

Destaca-se que neste estudo não foram encontradas relações entre presenteísmo e

carga horária, porém julga-se oportuno reforçar que o quantitativo de horas de trabalho,

mesmo que não sequenciais, pode levar ao desgaste do trabalhador e consecutivamente

desencadear o adoecimento. Em respaldo a esta inferência, pesquisadores revelaram que o

presenteísmo é mais sensível ao regime de horas de trabalho do que absenteísmo, e existem

fatores causais comuns entre estes, que incluem o trabalho em instituições públicas e em

Page 94: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

93

turnos indefinidos (BOCKERMAN; ERKKI, 2008). Em instituições públicas a cobrança pelo

rendimento e assiduidade é tênue em detrimento dos setores privados, em cuja qualidade e

quantidade de trabalho são lucro-dependentes e asseguram a sobrevivência do serviço no

mercado de trabalho. O cumprimento de cargas horárias em turnos rotativos é igualmente

prejudicial para produtividade e saúde de profissionais em ambos os tipos de instituição, em

função da dificuldade de organização pessoal de vida e limitações sociais impostas por essa

condição. A partir dessas constatações pode-se justificar a ocorrência de presenteísmo em

instituições públicas em cuja organização do trabalho inclui sistema de turnos rotativos,

condições que envolvem incremento da carga horária para suprir carências de rendimento e

cumprir as demandas excedidas.

Outros autores afirmaram que pessoas que trabalham mais de 45 horas semanais ou

tem instabilidade na carga horária apresentam menores índices de absenteísmo, porém

aumento nos episódios de presenteísmo, ou seja, os profissionais comparecem ao trabalho

doentes ao invez de pedir licença, mesmo tendo que cumprir horas de trabalho não

programadas pela carga horária estendida (HANSEN; ANDERSEN, 2008).

Relações entre presenteísmo e duplo vínculo empregatício não foram encontradas

neste estudo. Dados semelhantes foram identificados em estudo com enfermeiros portugueses,

que relacionam esse achado às características individuais de cada pessoa e sugerirem que os

enfermeiros que têm um segundo emprego fazem-no porque se “sentem bem” ou enquanto se

sentem “capazes” (COSTA, 2009). Presume-se que profissionais que não se percebem

capazes e/ou apresentam recursos psicológicos para tal, não possuem outro emprego paralelo

ou acabam por abandoná-lo.

Enfermeiros que não fazem horas extras tendem a ter maior índice geral de

produtividade perdida (3,78%). Este resultado pode ser decorrente da ausência de necessidade

em organizar e reordenar as tarefas no tempo disponível para atender as demandas externas ao

horário habitual de trabalho. Julga-se que profissionais que fazem horas extras, além de auto

desafiarem-se, gerenciam melhor o tempo, em vista da menor quantidade de tempo livre para

o atendimento das tarefas que lhe são atribuídas, e por isso pode-se, empiricamente, justificar

a maior produtividade destes enfermeiros em comparação com aqueles que não as fazem.

Em oposição, foi constatado em estudo que a realização de horas extras regularmente é

indiretamente proporcional ao absenteísmo por doença, mas aumenta a ocorrência do

presenteísmo (BOCKERMAN; ERKKI, 2008). Acredita-se que a relização de horas extras,

quando opcional, é feita mediante boas condições de saúde, porém o acúmulo com a carga

Page 95: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

94

horária exigida seja condição que gradativamente leva ao desgaste e esgotamento físico e

mental, com prejuízos a saúde dos profissionais e limitações para a realização do trabalho.

Neste contexto, há de se considerar que o presenteísmo está conceitualmente pautado

na perda de produtividade relacionada a problemas de saúde, especialmente o adoecimento.

Por ter esta base conceitual, autores enfatizam a necessidade de considerar, além das situações

relacionadas a saúde, a inserção da dimensão psicossocial como fator envolvido no

surgimento do presenteísmo (ARTEGA, et al., 2007). Assim, situações que envolvem

problemas sociais e familiares, dificuldades de adaptação ao trabalho, aspectos culturais,

locais e regionais, condições e carcaterísticas do mercado de trabalho, podem, da mesma

forma, predispor ao presenteísmo por acarretarem, a longo prazo, alterações na saúde e bem

estar dos profissionais e, consequentemente, interferir na capacidade dos indivíduos para o

trabalho (ROJAS, 2007).

Há evidências de que os aspetos biopsicossociais afetam as interações pessoais,

comportamentos e habilidades, concentração, forma de pensamento e resposta a processos

patológicos (SANDÍ, 2006; ARTEGA, et al., 2007). Neste sentido, o referencial de estresse e

coping respalda essa constatação ao considerar que a relação pessoa-ambiente é dinâmica e

passível de alterações na percepção de desgaste em função das mudanças de

condição/situação e possibilidade de intervenções frente aos problemas que se colocam em

determinadas circunstâncias.

A partir dessas constatações, acredita-se que o presenteísmo limita a produtividade

tanto em quantidade, pela diminuição do rendimento físico e mental, como para a qualidade

do trabalho, pela possibilidade de erros e diminuição da atenção no desenvolvimento das

atividades laborais.

Apesar das críticas ao pensamento capitalista, em cuja produtividade é elemento

primordial no mundo do trabalho com reflexos para a economia mundial, julga-se que

avaliações deste constructo mereçam especial atenção, principalmente em profissionais da

saúde, em virtude da especificidade do processo de trabalho, e suas repercussões no contexto

laboral, que envolvem as relações interpessoais e satisfação com o trabalho e qualidade da

assistência prestada.

Page 96: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

95

6.1 Estudo das correlações (intra e inter-escalas)

Foram encontradas correlações diretas e estatisticamente significantes entre os escores

e seus domínios para as escalas IEE e WLQ, a exceção da escala ECO. Estes resultados

justificam-se pela congruência das categorias da escala para a aferição do constructo a que se

propõe, ou seja, o aumento de escore em quaisquer categorias promove o aumento do índice

geral de estresse. O mesmo ocorre com o instrumento WLQ, em cujo índice de produtividade

perdida se eleva proporcionalmente ao aumento dos escores dos seus domínios.

Na escala ECO a forma de avaliação difere, uma vez que a avaliação conjunta dos

fatores que a compõe não estabelece uma medida geral, e sim significam a utilização ou não

de cada tipo de estratégia. Identificou-se o fator controle como estatisticamente independente

dos demais, o que vai ao encontro do referencial teórico, uma vez que a estratégia controle

não se vincula a utilização dos fatores manejo de sintomas e esquiva e, portanto, não devem

estar correlacionadas. Os fatores manejo de sintomas e esquiva correlacionaram-se

diretamente. Assim, na medida em que os enfermeiros utilizam de ações que sugerem fuga e

evitação podem ocorrer atitudes voltadas ao manejo de sintomas, numa proporção direta.

Entre estresse e produtividade perdida (presenteísmo) a hipótese de relação foi

comprovada mediante correlações diretas e significativas entre os escores destas duas escalas,

o que demonstra haver interferência entre eles. Considera-se que a inter-relação entre as

condições de vida e de trabalho e as características individuais, pode determinar a tolerância

ao trabalho, sendo distinta para cada trabalhador. O grau de tolerância e a forma como o

trabalhador se adapta ao trabalho determina, em grande parte, a sua saúde e a capacidade para

o trabalho (COSTA, 2009).

Autores evidenciaram que o estresse se relaciona diretamente com a produtividade do

indivíduo, uma vez que a reação do organismo é no intuito de manter o equilíbrio e garantir a

adaptação às circunstâncias adversas. Porém, quando o estressor extrapola os limites

suportáveis e a capacidade de adaptação de cada pessoa, ocorrem prejuízos à produtividade e

à suscetibilidade a doenças aumenta (PAFARO, 2004).

No contexto organizacional, a presença de trabalhadores com estresse na equipe pode

provocar o desenvolvimento das atividades com ineficiência, comunicação deficitária,

desorganização do trabalho, insatisfação, diminuição da produtividade, o que trará

consequências ao cuidado prestado à clientela.

Page 97: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

96

Estudos apontaram que altas demandas no trabalho, estresse e menor controle sob as

atividades são elementos preditores para o presenteísmo que por conseguinte acentuam a

perda da produtividade (SANDÍ, 2006; ARTEGA, et al., 2007, DENIS, et al., 2007).

Neste estudo não foram estabelecidas relações entre presenteísmo e coping, visto a

prevalência do fator controle para esta população. Porém, a partir do referencial teórico, é

possível confirmar a ligação existente entre a utilização de uma estratégia de coping

resolutiva, o baixo estresse apresentado para esta população e os pequenos índices de

produtividade perdida encontrados neste estudo.

A partir de outros estudos, pode-se verificar conotações distintas para a utilização da

estratégia controle: uma, na qual o profissional percebe-se como insubstituível e visualiza a

realização do trabalho dependente de sua presença; e outra em que a possibilidade de controle

viabiliza a reordenação do trabalho e adaptação a limitação temporária imposta pela

debilidade ocasionada pelo adoencimento, seja de ordem física ou mental.

Trabalhar em tempo integral e realizar longas jornadas de trabalho semanais (carga

horária superior a 48 horas) foram identificados por pesquisadores como fatores que

aumentam a prevalência do presenteísmo (BOCKERMAN; ERKKI, 2008). Os autores

relacionam estes achados ao alto grau de controle em trabalhadores que executam seu trabalho

em tempo integral, principalmente em cargos de supervisão e chefia, em comparação com

aqueles que trabalham em turno único, que os “impossibilita” de afastarem-se e/ou serem

substituídos enquanto doentes. Esta situação é recorrente para profissionais enfermeiros, uma

vez que a coordenação da equipe e da prestação do cuidado é de responsabilidade do mesmo.

Pela intensa inserção no processo de trabalho e a condução das ações passam a ser

requisitadas a este profissional que possivelmente desenvolve um sentimento de ser

insubstituível.

Em oposição, em outra investigação foi verificado que o único fator relacionado ao

trabalho que não interfere nos casos de presenteísmo é o controle sobre as tarefas (HANSEN;

ANDERSEN, 2008). Os autores afirmam que pessoas com alto grau de controle sobre as

tarefas no trabalho sejam capazes de gerir a limitação temporária imposta pelo defict de saúde

(física ou mental) e ajustar-se a sua capacidade de trabalho momentânia. Delegar funções e

atribuir atividades podem ser privilégios do profissional que detém o controle sobre seu

processo de trabalho e mesmo tem o poder de coordenar e conduzir as atividades no ambiente

ocupacional, de maneira que o trabalho (cumprimento das tarefas e atendimento às demandas)

pode transcorrer sem a intervenção e atuação direta do mesmo.

Page 98: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

97

Acredita-se que para estabelecer e implementar intervenções que reduzam ou atenuem

os efeitos do presenteísmo, seja necessário ampliar a percepção para além da causa

adoecimento, e considerar situações determinantes da alteração da condição de saúde e bem

estar dos profissionais, as quais incluem o reconhecimento dos estressores no ambiente

ocupacional e das estratégias utilizadas por eles.

Page 99: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

98

7 CONCLUSÕES

Quanto ao perfil sociodemográfico, verificou-se entre os enfermeiros deste estudo

que:

» sexo feminino prevalente (92,2%);

» idade média de 39,47 anos, com variação entre 25 e 63;

» situação conjugal casados para 65,1%, seguido por 20,9% de solteiros, 13,2%

divorciados e 0,8% viúvos;

» 69,5% dos enfermeiros têm filhos, com variação de um a cinco, dos quais 32% em

número de dois filhos;

» tratamento de saúde no momento ausente para 62,5%;

» cursos de pós graduação presentes em 89,9%.

Em relação à caracterização funcional da população, constatou-se:

» prevalência para turno da noite (41,9%);

» tempo de trabalho na instituição e unidade com médias de 10,96 e 7,10 anos de

trabalho, respectivamente;

» realização de treinamento em 66,7% dos enfermeiros;

» carga horária média de 34,4 horas semanais, sendo que para 26,4% dos enfermeiros

a carga horária corresponde a 40horas;

» 24% dos enfermeiros têm outro emprego;

» 77,5% realizam horas extras,

» ocorrência de faltas em 38% dos enfermeiros, sendo que para 13,95% com o número

de um a cinco dias de ausência ao trabalho;

» motivo das faltas constaram de doenças diagnosticadas (23,3%) e razões de caráter

familiar (11,6%), e ambos motivos foram apontados por 3,1% dos enfermeiros.

Page 100: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

99

Resultados para o Inventário de Estresse em Enfermeiros –IEE

» média da escala IEE geral foi de 2,7, o que representa baixa intensidade de estresse

para esta população;

» a categoria relacionamento interpessoal foi considerado estressor prevalente (média

de 3,59);

» as categorias fatores intrínsecos ao trabalho (2,90) e papéis estressores da carreira

(2,70) obtiveram em sua avaliação baixa intensidade de estresse;

» os itens mais pontuados estão incluídos na categoria fatores intrínsecos ao trabalho

(itens 12 e 14), e papéis estressores da carreira (item 15);

» os itens menos pontuados fazem parte das três categorias: relações interpessoais

(item 23), papéis estressores da carreira (item 36), fatores intrínsecos ao trabalho (item 9);

» 31,1% dos enfermeiros perceberam os fatores intrínsecos ao trabalho presente

sempre e muitas vezes no ambiente ocupacional;

» o Serviço de Nefrologia alcançou maior escore para o índice de estresse geral e a

unidade cardiológica intensiva obteve a menor média de estresse geral (2,23).

Resultados para a Escala de Coping Ocupacional – ECO

» O fator controle prevalente para esta população (87,6%), seguido pelos fatores

esquiva (4,7%) e manejo de sintomas (7,8%);

» os itens mais pontuados pelos enfermeiros neste estudo fazem parte do domínio

controle;

» itens menos pontuados, tem-se aqueles cujas ações estão voltadas para as estratégias

esquiva (itens 17 e 18) e manejo de sintomas (item 23);

» 51,7% e 53,6% dos enfermeiros raramente ou nunca utilizam o fator manejo de

sintomas e esquiva, respectivamente;

» serviço de nefrologia apresentou maior média para o fator manejo de sintomas e a

unidade de cardiologia intensiva foi a que pontuou menor média neste fator.

Page 101: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

100

Resultados para o Questionário de Limitações no Trabalho – WLQ

» 75% desta população tem um índice de produtividade perdida de até 4,84%;

» limitação de 5% para gerência de tempo, 25% para demanda física, 8,33% para

demanda mental-interpessoal e zero para demanda de produção;

» demanda física representou perda de produtividade com a frequência “todo o tempo”

em 12,04% das respostas;

» os domínios demanda de produção, demanda mental-interpessoal e gerência de

tempo obtiveram entre 63 e 70,2% das respostas para a freqüência nenhuma parte do tempo;

» as unidades abertas apresentaram índice geral de produtividade perdida mais

elevado (2,74%) que as unidades fechadas (2,13%);

» a unidade pediátrica obteve maior índice geral de produtividade perdida (6,43%);

» as unidades Laboratório de hemodinâmica e Clínica Médica II apresentaram os

menores índices gerais de produtividade perdida, com valores de 1,44 e 1,39%,

respectivamente.

Resultados para associações e correlações entre variáveis e escores IEE, ECO e WLQ

» direta entre carga horária semanal (CHS) e índice geral IEE e seus domínios;

» direta entre ocorrência de faltas e índices de estresse geral (p=0,032), estresse

relacionado aos papéis estressores da carreira (p=0,043) e relações interpessoais (p=0,029);

» direta entre número de faltas apresentado por estes profissionais com o índice geral

WLQ e o domínio demanda de tempo;

» indireta entre domínio demanda mental-interpessoal e a variável tempo de trabalho

na unidade;

» associações significativas enfermeiros de unidades abertas e alto estresse (p=0,015);

» direta entre realização de treinamento e a utilização de estratégias de manejo de

sintomas (p=0,031),

» direta entre não ter outro emprego e índices de estresse relacionado aos fatores

intrínsecos ao trabalho (p=0,01);

Page 102: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

101

» direta entre ocorrência de faltas e índices gerais de produtividade perdida (p=0,004),

como também vinculada aos domínios demanda física (p=0,03) e gerência de tempo

(p=0,001);

» direta entre ausência de treinamento e índices de estresse geral (p=0,009) e nas três

categorias: relações interpessoais (p=0,018), papéis estressores da carreira (p=0,022) e fatores

intrínsecos ao trabalho (p=0,04);

» direta entre realização de tratamento de saúde e estratégia manejo de sintomas

(p=0,015);

» direta entre realização de tratamento de saúde e escores dos domínios gerência de

tempo (p=0,047) e índice WLQ (p=0,023);

» correlações diretas e significantes foram estabelecidas entre os escores das escalas

IEE e WLQ.

Page 103: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

102

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Houve valorização do estudo por parte dos profissionais contatados, visto o percentual

de representatividade da população (98,4%), o que pode ser decorrente da estratégia utilizada

para captação dos dados via participação da mestranda em reuniões de equipe nas diferentes

unidades para apresentação do projeto e convite aos enfermeiros. Contou-se com a

flexibilidade para o agendamento dos retornos, o que favoreceu o resgate dos questionários

preenchidos, mesmo diante de múltiplas remarcações. Procedeu-se com uma rápida

conferência dos dados, no momento em que foram recolhidos, sendo solicitados

preenchimentos faltantes quando necessário, o que garantiu pequena perda de informações.

Salienta-se que um pequeno percentual de profissionais (1,6%) se negou a participar

do estudo, situação favorável para a avaliação do estresse, coping e presenteísmo e que torna

satisfatória a abrangência do estudo para a população, ou seja, alcançou-se representatividade

de enfermeiros que prestam assistência a pacientes críticos e potencialmente críticos nesta

instituição.

Sobre os instrumentos utilizados nesta investigação, é valido destacar que houveram

algumas dificuldades referentes a análise e comparações com outros estudos. Quanto ao IEE,

mesmo que publicado e validado para a população brasileira, foram encontradas divergências

quanto à forma de apresentação e análise nas investigações que aplicaram este instrumento.

Acredita-se que a não especificação no artigo de validação quanto a leitura dos dados

tenha sido um fator importante para essa diversidade. Frente à isso, houve dificuldade quanto

às comparações com outros estudos.

Para a ECO, o fato de não ter sido utilizada em outras investigações com enfermeiros

inviabilizou comparações entre estudos com a mesma escala de medida, sendo estas

realizadas mediante aproximação com resultados de avaliação obtidos por outros constructos.

Salienta-se que, para a escala WLQ, por abranger um referencial relativamente novo e ter

validação recente (2007), não foram encontrados estudos a nível nacional. Encontrou-se uma

investigação a nível internacional com a utilização desta escala, na qual a população constou

de enfermeiros. Acredita-se que a complexidade no processo de autorização para aplicação do

instrumento WLQ escala seja um fator limitante para sua utilização, visto a necessidade de

contatar com a equipe de autoria para liberação de sua utilização, e exigências, via contrato,

de retorno dos resultados.

Page 104: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

103

Neste estudo, 66,7% dos enfermeiros de assistência a pacientes críticos e

potencialmente críticos apresentaram baixo estresse, 87,6% utilizam estratégias de coping

controle, e decréscimo de até 4,84% na produtividade. Deve-se considerar que estes

profissionais podem, em outro momento, alterar a percepção do estresse em virtude das

mudanças frequentes que ocorrem na interação pessoa-ambiente, de acordo com a avaliação

cognitiva do indivíduo frente a situações diferenciadas em seu ambiente de trabalho. Desta

forma, no processo contínuo de avaliação e reavaliação, a subjetividade do indivíduo é

determinante para a severidade do estressor e, portanto, para a repercussão do mesmo na

saúde e bem estar destes profissionais.

Destaca-se que 33,3% dos participantes pontuaram alto estresse, frequência

considerada preocupante. No ambiente laboral, o estresse do enfermeiro pode se justificar

pela alta responsabilidade e pela baixa autonomia, as quais refletem situações de tensão,

determinantes do estresse e, por conseguinte, interferir na produtividade dos enfermeiros.

O estresse ocupacional decorrente de um processo de trabalho marcado por condições

precárias e pelo aumento da jornada de trabalho tem importantes repercussões no cotidiano

profissional e pessoal dos enfermeiros. Constata-se que as condições de trabalho a que estão

expostos os trabalhadores, favorecem a exposição ao estresse ocupacional, pelas

características inerentes a profissão e natureza do trabalho.

Os dados apresentados apontaram para a prevalência de estressores vinculados a

categoria relações interpessoais revelando que o relacionamento com outros profissionais,

com pacientes, familiares, e com o grupo de trabalho é percebido como desgastante no

cotidiano dos enfermeiros na assistência ao paciente critico e potencialmente crítico. De

maneira geral, os estressores que representaram maior desgaste para os enfermeiros, foram

aqueles relacionados ao quantitativo e qualitativo de recursos humanos e a carência de

recursos materiais. Este resultado era esperado, por se tratar de uma pesquisa realizada em

hospital público cujos problemas comumente enfrentados referem-se às dificuldades

financeiras e de falta de material de trabalho. Porém, por mais que existam problemas com

infra-estrutura e material, eles não são os principais desencadeadores de estresse visto que

obteve-se a prevalência para estressores relacionados às relações interpessoais.

É preciso ponderar o significativo número de enfermeiros (31,1%) que avaliaram as

situações vinculadas aos fatores intrínsecos ao trabalho como presente sempre e muitas vezes

no ambiente ocupacional. Assim, situações e condições relacionadas ao cumprimento das

atividades durante a jornada de trabalho, como repetição de tarefas, pressões de tempo e

sobrecarga decorrente do excesso de atribuições, ambiguidade ou polivalência, mesmo que

Page 105: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

104

não prevalentes, podem representar ameaça e prejudicar as relações interpessoais e devem ser

consideradas como estressores importantes para estes profissionais.

O fato da maioria dos trabalhadores deste estudo sinalizar a estratégia de coping

controle está em consonância com os resultados de estresse ocupacional encontrados, pois

representam atitudes ativas e positivas frente aos estressores do ambiente laboral. Esse

aspecto pode ser justificado, pois o grau de controle pode indicar uma medida de autonomia,

de liberdade para uso das habilidades, compensando os efeitos negativos provenientes das

excessivas demandas no trabalho.

É necessário enfatizar que as pessoas diferem em sua sensibilidade e vulnerabilidade

ante os estressores, assim como em suas interpretações, reações e avaliações. A forma com

que as pessoas lidam com estressores depende, em grande parte, dos recursos disponíveis e

das restrições que inibem seu uso, que podem ser pessoais, sociais, entre outros.

Constata-se que há influência de fatores organizacionais ou individuais na

produtividade do indivíduo frente às circunstâncias que envolvem a assistência ao adulto

crítico e potencialmente crítico. Atenção especial precisa ser dada às limitações de ordem

física, apontadas como as responsáveis pela maior perda de produtividade e por afetar a saúde

dos enfermeiros. Características inerentes à assistência a pacientes instáveis, recursos

insuficientes e dificuldades de relacionamento interpessoal são condições que podem acarretar

em danos à saúde física e mental destes profissionais. A ocorrência de faltas e realização de

tratamento de saúde também precisam ser ponderadas, por representarem tentativas de

preservação e reabilitação da saúde.

Em uma realidade técnica e tecnológica em cujas relações trabalhistas ocorrem em

pressão/exigência a produtividade e redução de custos, o presenteísmo é percebido como uma

condição negativa ao satisfatório rendimento econômico nas organizações. Em se tratando de

instituições de saúde, o produto do trabalho envolve a promoção, reabilitação e recuperação

da saúde e bem estar dos indivíduos. Portanto, os trabalhadores que atuam nesse setor

merecem especial atenção, uma vez que é resultante de sua força de trabalho (física e

intelectual) o benefício da sociedade em geral.

O tipo de instituição em que foi realizado o estudo pode ser considerado um fator

limitante para a avaliação do presenteísmo nestes profissionais, visto que, em hospitais

públicos a estabilidade de vínculo permite o afastamento para reabilitação e recuperação da

saúde. Situação esta que difere em instituições privadas, que lhes conferem outras exigências

em relação à produtividade e assiduidade.

Page 106: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

105

Por se tratar de um estudo de corte transversal, que proporciona uma imagem

instantânea das variáveis estudadas, há necessidade de outros estudos com delineamentos

distintos que possam avaliar o estresse ocupacional, coping e presenteísmo entre os

enfermeiros no decorrer do tempo.

Em detrimento do absenteísmo, avaliar o presenteísmo é um desafio por ser uma

condição não palpável, aparentemente encoberta, que necessita do reconhecimento do

profissional sobre sua melhor e pior condição para o desenvolvimento das atividades no

trabalho. Considera-se também um desafio a incorporação deste referencial na instância

administrativa das instituições, por ter repercussões que, muitas vezes, tornam-se visíveis com

a ocorrência de faltas e afastamentos. Além disso, a medição direta da produtividade é uma

tarefa difícil, principalmente para ocupações de trabalho mental e cognitivo já que engloba

fatores de natureza subjetiva.

Constatada a variedade de situações que os enfermeiros avaliaram como estressantes

no ambiente laboral, justifica-se a necessidade de estudos nessa área, tanto em termos de

avaliação e diagnóstico, como em relação à prevenção e intervenção psicológica.

Sugere-se a realização de investigações que testem a relação entre estresse

ocupacional e aspectos pessoais (ansiedade, satisfação, motivação, hardiness), interpessoais

(competências para a gestão de conflitos, suporte social) e situacionais (exaustão emocional,

percepção do suporte organizacional, índices de absenteísmo). Ainda, estudos em setores

específicos, como o serviço de nefrologia, merecem ser realizados, visto o resultado de alto

estresse e utilização de estratégias menos resolutivas nesta equipe.

É indispensável considerar, a partir da investigação produzida, que com o

conhecimento das estratégias, seu efeito sobre o indivíduo em relação a um contexto

específico, torna-se possível levantar os recursos internos e/ ou externos disponíveis e

melhorar as habilidades do indivíduo para enfrentamento das situações, considerando-se tanto

a doença como suas necessidades pessoais.

Assim, exalta-se a relevância do desenvolvimento de estratégias de intervenção que

visem promover melhores condições de trabalho em cada contexto laboral. Acredita-se que a

combinação entre esforço individual e suporte organizacional pode ser uma junção favorável

para o bom desempenho profissional e produtividade adequada as demandas de trabalho.

Os resultados deste estudo contribuem também para o avanço do conhecimento

multidisciplinar da Saúde do Trabalhador e fornecem subsídios à área da Enfermagem para o

planejamento de medidas preventivas ao estresse ocupacional e para a promoção e proteção

Page 107: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

106

da saúde e bem estar dos profissionais envolvidos na assistência direta a pacientes críticos e

potencialmente críticos no contexto hospitalar.

Este estudo não esgota o assunto, tampouco revela soluções imediatas para a

problemática, mas levanta alguns pontos de reflexão, ampliando as discussões em torno da

relação trabalho-saúde, especialmente na área da enfermagem.

Page 108: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

107

REFERÊNCIAS

ABREU, R. M. D.; SIMÕES, A. L. A. Ausências por adoecimento na equipe de enfermagem de um hospital de ensino. Ciência cuidado e saúde. v.8, n.4, p.637-44, 2009. ANTONIAZZI, A. S.; DELL’AGLIO, D. D.; BANDEIRA, D. R. O conceito de coping: uma revisão teórica. Estudos de Psicologia. v. 3, n. 2, p. 273-294, 1998. ARAUJO, P. O.; SANTO, E. E.; SERVO, M. L. S. Analise do estresse e suas implicações no processo de trabalho do enfermeiro. Diálogos & Ciência: revista eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. ano III, n.9, 2009. Disponível em: <http://dialogos.ftc.br/index.php?option=com_content&task=view&id=174&Itemid=4> Acesso em: 29 set. 2009. ARAÚJO, T.M., et al. Aspectos psicossociais do trabalho e distúrbios psíquicos entre trabalhadores de enfermagem. Revista de Saúde Pública. v.37, n.4,p. 424-33, 2003. AREAS, M. E. Q.; GUIMARÃES, L. A. M. Gênero e estresse em trabalhadores de uma universidade pública do estado de São Paulo. Psicologia em Estudo. v.9, n.2, p. 255-62, 2004. ARTEGA, O; et al. Presentismo y su relevancia para la Salud ocupacional em Chile. Ciencia Y Trabalho. v.9, n.24, p.61-3, 2007. BATISTA, K. M.; BIANCH, E. R. F. Estresse do enfermeiro em unidade de emergência. Revista Latino-americana de Enfermagem. v. 14, n. 4, p. 534-9, 2006. BELANCIERI, M. F.; BIANCO, M. H. B. C. Estresse e repercussões psicossomáticas em trabalhadores da área da enfermagem de um hospital universitário. Revista Texto & Contexto Enfermagem. v.13, n.1, p.124-31, 2004. BISQUERRA, R.; SARRIELA, J. C.; MARTINEZ, F. Introdução à estatística: enfoque informático com o pacote SPSS. Porto Alegre: Artmed, 2004. BOCKERMAN, P.; ERKKI, L. Predictors of sickness absence and presenteeism: does the pattern by a respondent’s health? Munich Personal RePec Archive, 2009. Disponível em: <http://mpra.ub.uni-muenchen.de/17067/> Acesso em: 7 out. 2009.

Page 109: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

108

______. What makes you work while you are sick? Evidence from a survey of union members. ? Munich Personal RePec Archive, 2008. Disponível em: <http://mpra.ub.uni-muenchen.de/10556/ > Acesso em: 3 nov. 2010. BRASIL. Ministério da Saúde, Representação do Brasil da OPAS OMS. Organizado por Elizabeth Costa Dias. Doenças Relacionadas ao Trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Ministério da Saúde do Brasil. Brasília. 2001. Disponível em: <http://www.ims.uerj.br/espmedtrab/doenca_trabalhador.pdf > Acesso em: 25 out. 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública n. 21, de 27 de abril de 2006. Minuta de Resolução, que define o regulamento técnico para funcionamento de serviços de atenção ao paciente crítico e potencialmente crítico. Diário Oficial da União, Brasília, 28 abr. 2006. Seção 1, p. 136. Disponível em: <http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP%5B14558-1-0%5D.PDF> Acesso em: 22 out. 2009. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11 de novembro de 2005. Aprova a Norma Regulamentadora nº 32- Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 nov. 2005. Disponível em: <http://www.bd.com/resource.aspx?IDX=6328 > Acesso em: 25 out. 2009. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa em seres humanos. Resolução Nº 196, de 10 de outubro de 1996. Brasília, 1996. BRITTO, E. D. S.; CARVALHO, A. M. P. Stress, coping (enfrentamento) e saúde geral dos enfermeiros que atuam em unidades de terapia intensiva e problemas renais. Enfermería global. 2004. Disponível em: < http://revistas.um.es/eglobal/article/view/589/627> Acesso em: 11 set. 2009. ______. Stress, coping (enfrentamento) e saúde geral dos enfermeiros que atuam em unidades de assistência a portadores de AIDS e problemas hematológicos. Revista Gaúcha de Enfermagem. v.24, n.3, p.365-72, 2003. CALDERERO, A. R. L.; MIASSO, A. I.; CORRADI-WEBSTER, C.M. Estresse e estratégias de enfrentamento em uma equipe de enfermagem de pronto atendimento. Revista Eletrônica de Enfermagem.v. 10, n.1, p. 51-62, 2008. CASTRO, I.; BERNARDINO, E.; RIBEIRO, E. L. Absenteísmo na enfermagem em UTI neonatal: perfil do profissional e motivos das ausências. Revista Cogitare Enfermagem. v.13, n.3, p. 34-9, 2008.

Page 110: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

109

CAVALHEIRO, A. M.; MOURA JUNIOR, D. F.; LOPES, A.C. Estresse de enfermeiros com atuação em unidade de terapia intensiva. Revista Latino-americana de Enfermagem. v.16, n.1, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010411692008000100005&script=sci_arttext&tlng=p> Acesso em: 11 set. 2009. CHAMON, E. M. Q. O. Estresse e estratégias de enfrentamento: o uso da escala toulousaine no Brasil. Revista de Psicologia. v.6, n.2, p. 43-64, 2006. CHAVES, E.C. et al. Coping: significados, interferência no processo saúde-doença e relevância para a enfermagem. Revista da escola de enfermagem da USP. v. 34, n.4, p. 370-5, 2000. COOPER, C.L.; BANGLIONI JR, A.J. A structural model approach toward the development of a theory of the link between stress and mental health. British Journal of Medical Psychology.v. 61, p. 87-102, 1988. CONTRERAS, F.; JUARÉZ, F. A.; MURRAIN, E.K. Influencia Del Burnout, la calidad de vida y los factores socioeconômicos en las estratégias de afrontamiento utilizadas por los professionales y auxiliares de enfermería. Pensamiento Psicológico. V.4, n.11, p.29-44, 2008. COSTA, I.M.A.R. Trabalho por turnos, saúde e capacidade para o trabalho dos enfermeiros. 2009. 204f. Dissertação (Mestrado em saúde ocupacional) - Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2009. COSTA, J. R. A.; LIMA, J. V.; ALMEIDA, P. C. Stress no trabalho do enfermeiro. Revista da Escola de Enfermagem da USP. v.37, n.3, p. 63-71, 2003. COUTO, D.T. Prazer, sofrimento e risco de adoecimento dos enfermeiros e técnicos de enfermagem em unidade de terapia intensiva de um hospital público do DF. 2008. 91f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) - Faculdade de ciências da saúde da Universidade de Brasília, Brasília, 2008. DENIS, S.; et al. Association of Low Back Pain, Impairment, Disability & Work Limitations in Nurses. Journal of Occupational Rehabilitation. v.17, p.213–226, 2007.

Page 111: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

110

FARIAS, S. N. P.; ZEITOUNE, R. C. G. A interferência da globalização na qualidade de vida no trabalho: a percepção dos trabalhadores de enfermagem. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem.v.8, n.3, n. 386-92, 2004. FERNANDES, S. M. B. A.; MEDEIROS, S. M.; RIBEIRO, L. M. Estresse ocupacional e o mundo do trabalho atual: repercussões na vida cotidiana das enfermeiras. Revista Eletrônica de Enfermagem. v. 10, n. 2. p. 414-427, 2008. FERREIRA, L. R. C.; DE MARTINO, M. M. F. Stress no cotidiano da equipe de enfermagem e sua correlação com o cronótipo. Estudos de Psicologia. v. 26, n.1, p. 65-72, 2009. FIELD, A. Descobrindo a Estatística usando o SPSS. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 688p. FOLKMAN, S.; MOSKOWITZ, J. T. Positive affect and the other side of coping. American Psychologist. v. 55, n. 6, p. 647-654, 2000. FOLKMAN, S.; MOSKOWITZ, J. T. Coping: Pitfalls and promise. Annu. Rev Psychol. v. 55, p.745-74, 2004. FONSECA, V. Atividade física, absenteísmo e demanda por atendimento à saúde em funcionários de uma indústria automobilística de São Caetano do Sul. 2009. 154f. Tese (Doutorado em Cardiologia)- Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. GRAZZIANO, E. S. Estratégia para redução do stress e bunout entre enfermeiros hospitalares. 2009. 232 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. GIRARDI, S.M.; CARVALHO, C.L. Configurações do mercado de trabalho dos assalariados em saúde no Brasil [on line]. Organização Pan-Americana de saúde; 2003 [acesso em 2008 Jun]. Disponível em: http://www.opas.org.br/rh/admin/documentos/mtlast.PDF GUIDO, L.A. Stress e coping entre enfermeiros de Centro Cirúrgico e Recuperação Anestésica. 2003. 199f. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

Page 112: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

111

HANSEN, C.D.; ANDERSEN, J.H. Going ill to work – what personal circumsntances, attitudes and work-related factors are associated whith sickness presenteeism? Social Science & Medicine. n.67, p.956-64, 2008. HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SANTA MARIA – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria. Disponível em: < http://www.husm.ufsm.br/>. Acesso em: 10 out. 2009. JODAS, D.A.; HADADD, M. C. L. Sindrome de burnout em trabalhadores de enfermagem de um pronto socorro de hospital universitário. Acta Paulista de Enfermagem. v. 22, n.2, p. 192-7, 2009. KRANTZ, D. S.; MCCENEY, M. K. Effects of phychological and social factors on organic disease: a critical assessment of research on coronary heart disease. Annu. Rev Psychol. v.53, p. 341-69, 2002. LARANJEIRA, C. A. O contexto organizacional e a experiência de stress: uma perspectiva integrativa. Revista de Salud Pública. v.11, n.1, p.123-133, 2009. LATACK, J. C. Coping with job stress: measures and future directions for scale development. Journal of Applied Psychology. v.71, n.3, p. 377-385, 1986. LAZARUS, R. S.; LAUNIER, S. Stress related transaction between person and enviorment. In: DERVIN, L. A.; LEWIS, M. Perpectives in international psychology. New York: Plenum, 1978, p.287-327. LAZARUS, R.S.; FOLKMAN, S. Stress, appraisal and coping. New York: Springer Publishing Copany, 1984. LEOPARDI, M. T. Teoria e método em assistência de enfermagem. 2 ed. Florianópolis: Soldasoft, 2006. LEITE JR, J, A. P. Estresse, estratégias de enfrentamento e qualidade de vida no ambiente de trabalho: um estudo em um instituto de pesquisas. 2009. 219 f. Dissertação (Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional) – Universidade de Taubaté, São Paulo, 2009. LEITE, M.A.; VILA, V.S.C. Dificuldades vivenciadas pela equipe multiprofissional na unidade de terapia intensiva Revista Latino-americana de Enfermagem. v.13, n.2, p. 145-50, 2005.

Page 113: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

112

LERNER, D. et al. Relationship of employee-reported work limitations to work productivity. Medical Care. v. 41, n.5, p. 649–59, 2003. LINO, M. M.; CALIL, A. M. O ensino de cuidados críticos/intensivos na formação do enfermeiro: momento para reflexão. Revista da Escola de Enfermagem da USP. v. 42, n.4, p. 777-83, 2008. MAGNAGO, T. S. B. S. et al. Aspectos psicossociais do trabalho e distúrbio musculoesquelético em trabalhadores de enfermagem. Revista Latino-americana de Enfermagem .v.18, n.3, p. 429-435, 2010. MORENO, C.R. C.; LOUZADA, F. M. What happens to the body when one works at night? Caderno de Saúde Pública, v.20, n.6, p.1739-1745, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0102- 311X20040006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 3 dez. 2010. MOSKOWITZ, J. T. Stress and Coping. In K. Vohs & R. Baumeister (Eds). Encyclopedia of Social Psychology. v. 2, p. 948-951, 2007. MURTA, S. G.; TRÓCCOLI, B. T. Intervenções psicoeducativas para o manejo de estresse ocupacional: um estudo comparativo. Revista brasileira de terapia comportamental e cognitiva. v. 11, n.1, p. 25-42, 2009. OLIVEIRA, P. R.; TRISTAO, R. M.; NEIVA, E. R. Burnout e suporte organizacional em profissionais de UTI-neonatal. Educação Profissional: ciência e tecnologia. v.1, n.1, p. 27-37, 2006. OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde. Promoção da Saúde-Temas-Estilos de Vida.2008. Disponível em: <http://www.opas.org.br/coletiva/temas>. Acesso em: 20 out. 2010. PASCHOAL, T.; TAMAYO, A. Validação da escala de estresse no trabalho. Estudos de Psicologia. v.9, n.1, p. 45-52, 2004. PAFARO, R.C.; DE MARTINO, M.M.F. Estudo do estresse do enfermeiro com dupla jornada de trabalho em um hospital de oncologia pediátrica de Campinas. Revista da Escola de Enfermagem da USP. v.38, n.2, p.152-60, 2004.

Page 114: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

113

PASCHOALINI, B. et al. Efeitos cognitivos e emocionais do estresse ocupacional em profissionais de enfermagem. Acta Paulista de Enfermagem. v. 21, n. 3, p. 487-92, 2008. PINHEIRO, F. A.; TRÓCCOLI, B. T.; TAMAYO, M. R. Mensuração de Coping no Ambiente Ocupacional. Psicologia: Teoria e Pesquisa. v.19, n. 2, p. 153-158, 2003. PRETO, V. A.; PEDRÃO, L. J. O estresse entre enfermeiros que atuam em unidade de terapia intensiva. Revista da Escola de Enfermagem da USP. v.43, n.4, p.841-8, 2009. PRIMO, G. M. G.; PINHEIRO, T. M. M.; SAKURAI, E. Absenteísmo no trabalho em saúde: fatores relacionados. Revista Medica de Minas Gerais. v.17, n.1/2, Supl 4, p. S260-S268, 2007. PRIMO, G.M.G. O perfil dos trabalhadores, seu adoecimento e absenteísmo em um hospital público universitário. 2008. 110f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Universidade Federal de Minas Gerias, Belo Horizonte, 2008. RODRIGUES, A. B.; CHAVES, E. C. Fatores estressantes e estratégias de coping dos enfermeiros atuantes em oncologia. Revista Latino-americana de Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 16, n. 1, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v16n1/pt_03.pdf> Acesso em: 26 out. 2009. ROJAS, R. Enfoque del Presentismo en Empresas de Salud. Ciencia Y Trabalho. v.9, n.24, p.64-8, 2007. SANCINETTI, T.R.; et al. Absenteísmo–doença na equipe de enfermagem: relação com a taxa de ocupação. Revista da Escola de Enfermagem da USP. v.43, n.2, p.1277-83, 2009. SANDÍ, G.F. Presentismo: potencialidad en accidentes de salud. Acta médica Costarricense. v.48, n.1, p. 30-34, 2006. SANTOS, J. M.; OLIVEIRA, E.B.; MOREIRA, A.C. Estresse, fator de risco para a saúde do enfermeiro em centro de terapia intensiva. Revista de Enfermagem da UERJ. V.14, n.4, p.580-5, 2006. SAVOIA, M. G. Escalas de eventos vitais e de estratégias de enfrentamento (coping). Revista de psiquiatria clínica. v. 26, n. 2, p.57-67, 1999.

Page 115: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

114

SCHMIDT, D. R. C. et al. Estresse ocupacional entre profissionais de enfermagem do bloco cirúrgico. Revista Texto & Contexto Enfermagem. v.18, n.2, p. 330-7, 2009. SEILD, E. M. F.; TRÓCCOLI, B. T.; ZANNON, C. M. L. C. Analise fatorial de uma medida de estratégias de enfrentamento. Psicologia: Teoria e Pesquisa. v.17, n.3, p.225-234, 2001. SELYE, H. Stress, a tensão da vida. 2 ed. São Paulo: Ibrasa, 1959. SILVA, L. G.; YAMADA, K.N. Estresse ocupacional em trabalhadores de uma unidade de internação de um hospital escola.Ciência cuidado e saúde. v.7, n.1, p.99-106, 2008. SILVA, M. C. M.; GOMES, A. R. S. Stress ocupacional em profissionais da saúde: um estudo com médicos e enfermeiros portugueses. Estudos de Psicologia. v.14, n.3, p.239-48, 2009. SILVEIRA, M. M.; STUMM, E.M. F.; KIRCHNER, R.M. Estressores e coping: enfermeiros de uma unidade de emergência hospitalar. Revista eletrônica de enfermagem. v.11, n.4, p. 894-903, 2009. SIQUEIRA, A.B.; et al. Relacionamento enfermeiro, paciente e família: fatores comportamentais associados a qualidade da assistência. Arquivos de Medicina do ABC. v.31, n., p.73-7, 2006. SOÁREZ, P. C. et al. Tradução para português brasileiro e validação de um questionário de avaliação de produtividade. Revista Panamericana de Salud Pública. v. 22, n.1, p. 21–8, 2007. SOUZA, N. V. D. O, LISBOA, M. T. L. Os múltiplos e contraditórios sentidos do trabalho para as enfermeiras: repercussões da organização e do processo laboral. Ciência cuidado e saúde. v.5, n.3, p. 326-334, 2006. STACCIARINI, J. M. R.; TRÓCCOLI, B. T. Instrumento para mensurar o estresse ocupacional: inventario de estresse em enfermeiros (IEE). Revista Latino-americana de Enfermagem. v.8, n.6, p.40-9, 2000. ______.O estresse na atividade ocupacional do enfermeiro. Revista Latino-americana de Enfermagem. v.9, n.2, p. 17-25, 2001.

Page 116: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

115

STUMM, E.M.F., et al. Estressores e sintomas de estresse vivenciados por profissionais em um centro cirúrgico. Revista Mineira de Enfermagem. v.12, n.1, p. 54-66, 2008. TAMAYO, M. R.; TRÓCCOLI, B. T. Exaustão emocional: relações com a percepção do suporte organizacional e com as estratégias de coping no trabalho. Estudos de psicologia. v.7, n.1, p. 37-46, 2002. TARRANT, T.; SABO, C. E. Role conflict, role ambiguity, and job satisfaction in nurse executives. Nursing Administration Quarterly. v.43, n.1, p. 72-82, 2010. WU, H. et al. Occupacional stress among hospital nurses: cross-sectional survey. Journal of Advanced Nursing. v.66, n.3, p.627-34, 2010.

Page 117: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

116

APÊNDICES APÊNDICE A – FORMULÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO INDIVIDUAL

Data: ___ /___ /______ Nº Controle: _______________

1- Sexo: ( ) Feminino ( )Masculino 2- Data nascimento: ___________________

3- Situação conjugal: ( ) casado ( ) solteiro ( ) viúvo ( ) divorciado/separado ( ) outro

4- Nº de Filhos: ( ) nenhum ( )um ( ) dois ( ) três ( ) outro _____

5- Tempo de trabalho na instituição:______________ 6- Carga horária semanal:______________

7- Unidade de trabalho:_____________________ 8- Tempo de trabalho na unidade:___________

9- Turno de trabalho: ______________________

SIM NÃO

10- Possui outro emprego?

11- Recebeu treinamento para atuar nesta unidade?

12- Possui Pós graduação?

13- Realiza algum tratamento de saúde no momento?

14- Faltas ao trabalho nos últimos 12 meses devido a problemas de saúde:___________________

15- Motivo:

( ) Doenças diagnosticadas (efetivamente comprovadas) ( ) Doenças não diagnosticadas (não comprovadas) ( ) Razões diversas de caráter familiar ( ) Falta voluntaria por motivos diversos

Page 118: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

117

APENDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

Título do estudo: “ESTRESSE, COPING E PRESENTEISMO EM ENFERMEIROS HOSPITALARES”. Pesquisador(es) responsável(is): Profª Drª Laura Azevedo Guido, Enfª Mstª Juliane Umann. Instituição/Departamento: Programa de Pós graduação em Enfermagem – Universidade Federal de Santa Maria (PPGEnf/UFSM) Telefone para contato: (55) 3025-4554 ou (55) 8125-6929 Local da coleta de dados: Hospital Universitário de Santa Maria - HUSM Prezado(a) Senhor(a):

• Você está sendo convidado(a) a responder às perguntas deste questionário de forma totalmente voluntária.

• Antes de concordar em participar desta pesquisa e responder este questionário, é muito importante que você compreenda as informações e instruções contidas neste documento.

• Os pesquisadores deverão responder todas as suas dúvidas antes que você se decida a participar.

• Você tem o direito de desistir de participar da pesquisa a qualquer momento, sem nenhuma penalidade e sem perder os benefícios aos quais tenha direito.

Objetivo do estudo: verificar associações entre estresse, coping e presenteísmo em enfermeiros hospitalares. Procedimentos. Sua participação nesta pesquisa consistirá apenas no preenchimento deste questionário, respondendo às perguntas formuladas. Benefícios. Os benefícios para os integrantes desta pesquisa serão indiretos, pois as informações coletadas fornecerão subsídios para a construção de conhecimento em saúde e Enfermagem, bem como para novas pesquisas a serem desenvolvidas sobre essa temática. Riscos. Os participantes desta pesquisa poderão expor-se a riscos mínimos como: cansaço, desconforto pelo tempo gasto no preenchimento do questionário e relembrar algumas sensações diante do vivido com situações altamente desgastantes. Sigilo. As informações fornecidas por você terão sua privacidade garantida pelos pesquisadores responsáveis. Os sujeitos da pesquisa não serão identificados em nenhum momento, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados em qualquer forma.

Page 119: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

118

Ciente e de acordo com o que foi anteriormente exposto, eu ___________________________________________, estou de acordo em participar desta pesquisa, assinando este consentimento em duas vias, ficando com a posse de uma delas.

Santa Maria, ____ de __________ de 2010.

____________________________________________ _________________

Assinatura do sujeito de pesquisa N. identidade

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido deste sujeito de pesquisa ou representante legal para a participação neste estudo.

Santa Maria, ____ de __________ de 2010.

____________________________________________

Mestranda/Pesquisadora Juliane Umann

Telefone: (55) 8125-6929

____________________________________________

Profª Coordenadora Dra Laura de Azevedo Guido

Telefone: (55) 3220-8029 ___________________________________________________________________ Em caso de duvida ou consideração sobre a ética da pesquisa entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa – CEP-UFSM, na Av. Roraima, 1000 – Prédio da Reitoria – 7º andar – Campus Universitário – 97105-900 – Santa Maria-RS. Telefone: (55) 3220-9362 – email: [email protected]

Page 120: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

119

APENDICE C - TERMO DE CONFIDENCIALIDADE

Projeto de pesquisa: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS

HOSPITALARES

Pesquisador Responsável: Enfª. Drª Laura de Azevedo Guido

Autor: Enfª. Mst Juliane Umann

Instituição/departamento: Programa de Pós graduação em Enfermagem da Universidade

Federal de Santa Maria (PPGEnf/UFSM)

Telefone para contato: (55) 81256929

Local de Coleta de dados: Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM)

Os pesquisadores do presente projeto se comprometem a preservar a privacidade dos

sujeitos cujos dados serão coletados por questionários auto-aplicáveis. Concordam,

igualmente, que estas informações serão utilizadas única e exclusivamente para execução do

presente projeto. As informações somente poderão ser divulgadas de forma anônima e serão

mantidas em planilha eletrônica no programa Excel (Office 2007) por um período de cinco

anos sob a responsabilidade do (a) Sr. (a) Drª Laura de Azevedo Guido. Após este período, os

dados serão destruídos. Este projeto de pesquisa foi revisado e aprovado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa da UFSM em ...../....../......., com o número do CAAE .........................

Santa Maria, .............de ............................de 2010.

.........................................................................

Drª Laura de Azevedo Guido

RG: 5007594665

COREN: 22213

Page 121: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

120

ANEXO A

INVENTÁRIO DE ESTRESSE DE ENFERMEIROS

Leia cuidadosamente cada uma das sentenças listadas abaixo, que apontam situações

comuns à atuação do(a) enfermeiro(a).

Considerando o ambiente de trabalho onde se encontra no momento, indique se nos

últimos seis meses elas representaram para você fontes de tensão ou estresse, de acordo com a

seguinte escala:

(1) nunca (2) raramente (3) algumas vezes (4) muitas vezes (5) sempre

01. Executar tarefas distintas simultaneamente 1 2 3 4 5

02. Resolver imprevistos que acontecem no local de

trabalho

1 2 3 4 5

03. Fazer um trabalho repetitivo 1 2 3 4 5

04. Sentir desgaste emocional com o trabalho 1 2 3 4 5

05. Fazer esforço físico para cumprir o trabalho 1 2 3 4 5

06. Desenvolver atividades além da minha função

ocupacional

1 2 3 4 5

07. Responder por mais de uma função neste emprego 1 2 3 4 5

08. Cumprir na prática uma carga horária maior 1 2 3 4 5

09. Levar serviço para fazer em casa 1 2 3 4 5

10. Administrar ou supervisionar o trabalho de outras

pessoas

1 2 3 4 5

11. Conciliar as questões profissionais com as familiares 1 2 3 4 5

12. Falta de material necessário ao trabalho 1 2 3 4 5

13. Manter-se atualizada 1 2 3 4 5

14. Falta de recursos humanos 1 2 3 4 5

15. Trabalhar com pessoas despreparadas 1 2 3 4 5

16. Trabalhar em instalações físicas inadequadas 1 2 3 4 5

17. Trabalhar em ambiente insalubre 1 2 3 4 5

Page 122: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

121

(1) nunca (2) raramente (3) algumas vezes (4) muitas vezes (5) sempre

18. Trabalhar em clima de competitividade 1 2 3 4 5

19. Relacionamento com os colegas enfermeiros 1 2 3 4 5

20. Relacionamento com a equipe médica 1 2 3 4 5

21. Relacionamento com a chefia 1 2 3 4 5

22. Trabalhar em equipe 1 2 3 4 5

23. Prestar assistência ao paciente 1 2 3 4 5

24. Prestar assistência a pacientes graves 1 2 3 4 5

25. Atender familiares de pacientes 1 2 3 4 5

26. Distanciamento entre a teoria e a prática 1 2 3 4 5

27. Ensinar o aluno 1 2 3 4 5

28. Executar procedimentos rápidos 1 2 3 4 5

29. Ter um prazo curto para cumprir ordens 1 2 3 4 5

30. Restrição da autonomia profissional 1 2 3 4 5

31. Interferência da Política Institucional no trabalho 1 2 3 4 5

32. Sentir-se impotente diante das tarefas a serem

realizadas

1 2 3 4 5

33. Dedicação exclusiva à profissão 1 2 3 4 5

34. Indefinição do papel do enfermeiro 1 2 3 4 5

35. Responsabilizar-se pela qualidade de serviço que a

Instituição presta

1 2 3 4 5

36. Impossibilidade de prestar assistência direta ao

paciente

1 2 3 4 5

37. A especialidade em que trabalho 1 2 3 4 5

38. Atender um número grande de pessoas 1 2 3 4 5

Page 123: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

122

ANEXO B

ESCALA COPING OCUPACIONAL

A terceira parte da pesquisa tem como finalidade conhecer como as pessoas lidam com

os problemas do ambiente de trabalho. No questionário, você encontrará uma série de

afirmativas sobre possíveis maneiras de enfrentá-los.

Sua tarefa consiste em indicar com que freqüência você utiliza cada uma dessas

maneiras. Para assinalar a sua resposta, marque o número que represente melhor a sua

opinião, de acordo com a escala abaixo:

1

Nunca faço isso

2

Raramente faço

isso

3

Às vezes faço isso

4

Freqüentemente

faço isso

5

Sempre faço isso

QUANDO TENHO UM PROBLEMA NO TRABALHO, EU ...

01. converso com colegas que também estejam

envolvidos no problema

1 2 3 4 5

02. tento ver a situação como uma oportunidade para

aprender e desenvolver novas habilidades

1 2 3 4 5

03. dou atenção extra ao planejamento 1 2 3 4 5

04. penso em mim como alguém que sempre

consegue se sair bem em situações como essa

1 2 3 4 5

05. penso na situação como um desafio 1 2 3 4 5

06. tento trabalhar mais rápida e eficientemente 1 2 3 4 5

07. decido sobre o que deveria ser feito e comunico às

demais pessoas envolvidas

1 2 3 4 5

08. me esforço para fazer o que eu acho que se espera de

mim

1 2 3 4 5

09. peço conselho a pessoas que, embora estejam fora da

situação, possam me ajudar a pensar sobre o que fazer

1 2 3 4 5

10. tento modificar os fatores que causaram a situação 1 2 3 4 5

11. me envolvo mais ainda nas minhas tarefas, se acho

que isso pode ajudar a resolver a questão

1 2 3 4 5

Page 124: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

123

1

Nunca faço isso

2

Raramente faço

isso

3

Às vezes faço isso

4

Freqüentemente

faço isso

5

Sempre faço isso

12. evito a situação, se possível 1 2 3 4 5

13. digo a mim mesmo que o tempo resolve problemas

desta natureza

1 2 3 4 5

14. tento manter distância da situação 1 2 3 4 5

15. procuro lembrar que o trabalho não é tudo na vida 1 2 3 4 5

16. antecipo as conseqüências negativas, preparando-me

assim para o pior

1 2 3 4 5

17. delego minhas tarefas a outras pessoas 1 2 3 4 5

18. mantenho a maior distância possível das pessoas que

causaram a situação

1 2 3 4 5

19. tento não me preocupar com a situação 1 2 3 4 5

20. concentro-me em fazer prioritariamente aquilo que

gosto

1 2 3 4 5

21. pratico mais exercícios físicos 1 2 3 4 5

22. uso algum tipo de técnica de relaxamento 1 2 3 4 5

23. procuro a companhia de outras pessoas 1 2 3 4 5

24. mudo os meus hábitos alimentares 1 2 3 4 5

25. procuro me envolver em mais atividades de lazer 1 2 3 4 5

26. compro alguma coisa 1 2 3 4 5

27. tiro alguns dias para descansar 1 2 3 4 5

28. faço uma viagem 1 2 3 4 5

29. me torno mais sonhador(a) 1 2 3 4 5

Page 125: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

124

ANEXO C

QUESTIONÁRIO DE LIMITAÇÃO NO TRABALHO

Problemas de saúde podem dificultar a realização de certas tarefas referentes ao

trabalho das pessoas.

As perguntas do questionário pedem que você pense sobre sua saúde física e/ou

emocional, ou seja, qualquer problema de saúde que você já teve há algum tempo ou esteja

tendo no momento e quaisquer efeitos causados por tratamentos que você fez ou esteja

fazendo devido a algum problema de saúde física ou emocional. Problemas emocionais

podem incluir depressão ou ansiedade.

As perguntas são de múltipla escolha. Você deverá respondê-las marcando os

quadrados que retratam sua situação.

Atenção:

• Somente marque o quadrado “Não se aplica ao meu trabalho” se a pergunta descrever algo

que não faça parte do seu trabalho.

Page 126: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

125

Estas perguntas pedem que você avalie como os PROBLEMAS FÍSICOS OU

EMOCIONAIS dificultaram a realização de tarefas de seu trabalho.

1. Nas 2 últimas semanas, por quanto tempo a sua saúde física e/ou seus problemas

emocionais dificultaram você a fazer as seguintes tarefas?

Todo o tempo

A maior parte do tempo

Alguma parte do tempo

(cerca de 50%)

Uma pequena parte do tempo

Nenhuma parte do tempo

Não se aplica ao

meu trabalho

a. Seus problemas dificultaram trabalhar o número de horas exigidas

1

2

3

4

5

0

b. Seus problemas dificultaram começar facilmente o trabalho, no início do dia

1

2

3

4

5

0

c. Seus problemas dificultaram começar o trabalho logo ao chegar ao local de trabalho

1

2

3

4

5

0

d. Seus problemas dificultaram fazer seu trabalho continuamente, exigindo que você parasse para pequenos intervalos ou descanso

1

2

3

4

5

0

e. Seus problemas dificultaram manter a rotina ou horário de trabalho.

1

2

3

4

5

0

Page 127: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

126

Estas perguntas pedem que você avalie a quantidade de tempo em que você foi

CAPAZ DE FAZER certas tarefas do seu trabalho sem dificuldade.

2. Nas 2 últimas semanas, por quanto tempo você foi capaz de fazer as seguintes tarefas sem dificuldades causadas por sua saúde física e/ou seus problemas emocionais?

Todo o tempo

A maior parte do tempo

Alguma parte do tempo

(cerca de 50%)

Uma pequena parte do tempo

Nenhuma parte do tempo

Não se aplica ao

meu trabalho

a. Caminhar ou deslocar-se no local de trabalho (por exemplo, ir a reuniões)

1

2

3

4

5

0

b. Levantar,carregar ou mover objetos com mais que 4,5 kg no trabalho.

1

2

3

4

5

0

c. Sentar-se, ficar de pé ou permanecer na mesma posição por mais de 15 minutos enquanto trabalhava

1

2

3

4

5

0

d. Repetir várias vezes o mesmo movimento enquanto trabalhava.

1

2

3

4

5

0

e. Curvar-se, contorcer-se, ou esticar-se para alcançar objetos enquanto trabalhava.

1

2

3

4

5

0

f. Usar ferramentas ou equipamentos com as mãos (por exemplo, um telefone, uma caneta, um teclado, um mouse de computador, uma furadeira, um secador de cabelo ou uma lixa).

1

2

3

4

5

0

Page 128: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

127

Estas perguntas referem-se às DIFICULDADES que você pode ter tido no trabalho.

3. Nas 2 últimas semanas, por quanto tempo a sua saúde física e/ou seus problemas emocionais dificultaram você a fazer as seguintes tarefas?

Todo o tempo

A maior parte do tempo

Alguma parte do tempo

(cerca de 50%)

Uma pequena parte do tempo

Nenhuma parte do tempo

Não se aplica ao

meu trabalho

a. Seus problemas dificultaram manter sua cabeça no trabalho

1

2

3

4

5

0

b. Seus problemas dificultaram pensar claramente enquanto trabalhava

1

2

3

4

5

0

c. Seus problemas dificultaram fazer o trabalho cuidadosamente

1

2

3

4

5

0

d. Seus problemas dificultaram concentrar-se no seu trabalho.

1

2

3

4

5

0

e. Seus problemas dificultaram trabalhar sem perder sua linha de pensamento

1

2

3

4

5

0

f. Seus problemas dificultaram ler ou usar facilmente seus olhos enquanto trabalhava

1

2

3

4

5

0

Page 129: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

128

As próximas perguntas referem-se às DIFICULDADES COM RELAÇÃO ÀS

PESSOAS com quem você entrou em contato no trabalho. Elas incluem patrões,

supervisores, colegas de trabalho, clientes, ou o público.

4. Nas 2 últimas semanas, por quanto tempo a sua saúde física e/ou seus problemas emocionais dificultaram você a fazer as seguintes tarefas?

Todo o tempo

A maior parte do tempo

Alguma parte do tempo

(cerca de 50%)

Uma pequena parte do tempo

Nenhuma parte do tempo

Não se aplica ao

meu trabalho

a. Seus problemas dificultaram falar, pessoalmente, com outros em reuniões ou ao telefone.

1

2

3

4

5

0

b. Seus problemas dificultaram controlar seu temperamento ao lidar com as pessoas enquanto trabalhava

1

2

3

4

5

0

c. Seus problemas dificultaram ajudar outras pessoas a terminar o trabalho

1

2

3

4

5

0

Page 130: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

129

Estas perguntas referem-se ao como as coisas aconteceram no trabalho, em TERMOS

GERAIS.

5. Nas 2 últimas semanas, quanto tempo a sua saúde física ou seus problemas emocionais dificultaram você fazer as seguintes tarefas?

Todo o tempo

A maior parte do tempo

Alguma parte do tempo

(cerca de 50%)

Uma pequena parte do tempo

Nenhuma parte do tempo

Não se aplica ao

meu trabalho

a. Seus problemas dificultaram dar conta da carga de trabalho

1

2

3

4

5

0

b. Seus problemas dificultaram trabalhar rápido o suficiente

1

2

3

4

5

0

c. Seus problemas dificultaram terminar o trabalho no tempo certo

1

2

3

4

5

0

d. Seus problemas dificultaram fazer o seu trabalho sem cometer erros.

1

2

3

4

5

0

e. Seus problemas dificultaram sentir que você tem realizado o que você é capaz de fazer

1

2

3

4

5

0

Questionnaire is based upon the English language version of the Work Limitations Questionnaire, © 1998, The Health Institute; Debra Lerner, Ph.D.; Benjamin Amick III, Ph.D.; and GlaxoWellcome, Inc. All Rights Reserved.

OBRIGADA PELA SUA COLABORAÇÃO!

Page 131: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

130

ANEXO D

Page 132: ESTRESSE, COPING E PRESENTEÍSMO EM ENFERMEIROS …coral.ufsm.br/ppgenf/images/Mestrado/Dissertacoes/... · treinamento, trabalhar em unidades abertas. Para o coping, estabeleceram-se

131

ANEXO E