Estresse Processos

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Estresse ATKINSON, R. L.; ATKINSON, R. C.; SMITH, E. E.; BEM, D. J.; INOLEN-HOEKSEMA, S. “Estresse, saúde e enfrentamento”, in: Introdução à psicologia de Hilgard. 13 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002, cap. 14, p. 508-525. O que é Estresse? De modo geral estresse significa experimentar situações que são percebidas como ameaçadoras ao nosso bem- estar físico ou psicológico. Situações estas chamadas de estressadores, e as reações das pessoas a elas são denominadas respostas de estresse. Características dos Eventos Estressantes Alguns dos eventos que causam estresse: Grandes mudanças que afetam um grande número de pessoas (ex: guerras, desastres naturais); Grandes mudanças na vida de um indivíduo (ex: casar-se, morte de um parente próximo, doença grave); Atribulações diárias (ex: perda de objetos importantes, engarrafamento no transito); A fonte pode estar no indivíduo (forma de motivos e desejos conflitantes). Situações percebidas como estressantes: Eventos traumáticos fora da faixa usual da experiência humana, eventos incontroláveis, eventos que desafiam os limites da nossa capacidade e autoconceito ou conflitos internos.

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Fichamento de Estresse Hilgard

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Estresse

ATKINSON, R. L.; ATKINSON, R. C.; SMITH, E. E.; BEM, D. J.; INOLEN-HOEKSEMA,

S. “Estresse, saúde e enfrentamento”, in: Introdução à psicologia de Hilgard. 13 ed. Porto

Alegre: Artmed, 2002, cap. 14, p. 508-525.

O que é Estresse?

De modo geral estresse significa experimentar situações que são percebidas como

ameaçadoras ao nosso bem- estar físico ou psicológico. Situações estas chamadas de

estressadores, e as reações das pessoas a elas são denominadas respostas de estresse.

Características dos Eventos Estressantes

Alguns dos eventos que causam estresse: Grandes mudanças que afetam um grande número

de pessoas (ex: guerras, desastres naturais); Grandes mudanças na vida de um indivíduo (ex:

casar-se, morte de um parente próximo, doença grave); Atribulações diárias (ex: perda de

objetos importantes, engarrafamento no transito); A fonte pode estar no indivíduo (forma de

motivos e desejos conflitantes).

Situações percebidas como estressantes: Eventos traumáticos fora da faixa usual da

experiência humana, eventos incontroláveis, eventos que desafiam os limites da nossa

capacidade e autoconceito ou conflitos internos.

Eventos traumáticos

Fontes mais óbvias dos eventos traumáticos, situação de estremo perigo que não

experienciamos comumente. Isto inclui os desastres naturais (terremotos e enchentes),

desastres causados pelos homens (guerras, acidentes nucleares, acidentes catastróficos e

ataques físicos.

Muitas pessoas apresentam uma sequência especifica de reações psicológicas após um

evento traumático (Horowitz, 1986). A princípio os sobreviventes passam por uma confusão,

parecendo não ter consciência dos danos ou do perigo. Na fase seguinte os sobreviventes

ainda estão vulneráveis e são incapazes de realizar tarefas mais simples mas podem seguir

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ordens prontamente. Na terceira fase os sobreviventes ficam ansiosos e inquietos com

dificuldade para se concentrar e podem repetir a história da catástrofe várias vezes.

Um tipo de evento traumático muito comum na nossa sociedade é o abuso sexual. Estudos

constataram que nos primeiros seis meses após o estupro ou outra agressão grave, mulheres e

homens apresentam altos níveis de depressão, ansiedade, desolação e muitos outros

indicadores de sofrimento emocional (Duncan et al., 1996; Kessler et al., 1997)

Contudo, eventos mais simples podem acarretar respostas de estresse. São caracterizados

por: controlabilidade, previsibilidade e grau o que um evento desafia nossa capacidade de

autoconceito. O grau em que um evento se torna estressante é, evidentemente, relativo e difere

de pessoa pra pessoa.

Controlabilidade

Quanto mais incontrolável parece um evento, maior a sua probabilidade de ser percebido

como estressante. Eventos incontroláveis maiores incluem a morte de um ente querido,

demissão do emprego ou doença grave. Eventos incontroláveis menores incluem situações

como a recusa da namorada de aceitar suas desculpas por alguma falha sua ou ser voo por

falha da companhia aérea. São eventos que estressam pelo fato obvio de não podemos

controla-los, não podemos impedir que aconteça.

Previsibilidade

Poder prever a ocorrência de um evento estressante mesmo que o indivíduo não possa

controla-lo geralmente reduz a severidade do estresse; De acordo com estudos, tanto humanos

quanto animais preferem eventos aversivos previsíveis a imprevisíveis. Algumas atividades,

tais como as de bombeiro e medicina emergencial, são repletas de imprevisibilidade e são

consideradas muito estressantes. Doenças gravas são frequentemente imprevisíveis.

Desafiando nossos limites

Algumas situações são predominantemente controláveis e previsíveis, mas mesmo assim são

experimentadas como estressantes porque nos levam aos limites da nossa capacidade e

questionam nosso autoconceito.

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Ainda que ingressemos alegre e entusiasticamente em algumas situações de pressão, elas

podem ser estressantes. O casamento é um bom exemplo, ele envolve muita adaptação e as

pessoas muitas vezes são desafiadas aos limites de sua paciência e tolerância enquanto se

acostumam com os hábitos e idiossincrasias do cônjuge.

Segundo Holmes e Rahe (1967), qualquer mudança da vida que exige muita readaptação

pode ser vista como estressante. Numa tentativa de medir o impacto das mudanças de vida

eles desenvolveram a Escala de Eventos de Vida, a escala classifica os eventos de vida do

mais estressante (morte do cônjuge) ao menos estressante (infrações legais menores).

Embora eventos positivos muitas vezes exijam adaptação e, portanto, às vezes sejam

estressantes, a maioria das pesquisas indica que os eventos negativos têm um impacto muito

maior sobre a saúde física e psicológica do que os eventos positivos, além disso, as pessoas

são afetadas de forma diferente.

Conflitos internos

O estresse também pode ser causado por eventos internos (conflitos não resolvidos que

podem ser conscientes e inconscientes). Ocorre conflito quando uma pessoa precisa escolher

entre objetivos ou formas de agir incompatíveis ou mutuamente excludentes. Muitas das

coisas que as pessoas desejam são incompatíveis. Mesmo que duas metas sejam igualmente

atraentes, você pode sofrer intensamente para tomar a decisão e sentir arrependimento depois

de fazer a sua escolha.

Conflitos também podem surgir quando duas necessidades ou motivos inferiores estão em

oposição. Em nossa sociedade, os conflitos que são mais comuns e difíceis de resolver

geralmente ocorrem entre os seguintes motivos: Independência x dependência, intimidade x

isolamento, cooperação x competição, expressão de impulsos x padrões morais. Essas quatro

áreas apresentam maior potencial para sério conflito, tentar encontrar um meio termo viável

entre motivos opostos pode criar considerável estresse.

Reações psicológicas ao estresse

As situações estressantes produzem reações emocionais que vão desde euforia até a

ansiedade, a cólera, o desanimo e a depressão. Se a situação de estresse continua, nossas

emoções podem ficar se alterando entre qualquer uma dessas, dependendo do êxito de nossos

esforços. Vejamos algumas das reações emocionais mais comuns ao estresse.

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Ansiedade

A resposta mais comum a um estressor é a ansiedade, nos referimos à emoção desagradável

caracterizada por palavras como “preocupação”, “apreensão”, “tensão” e “medo”. A pessoas

que passam por experiências que estão além da faixa normal de sofrimento humano (desastres

naturais, estupro) às vezes desenvolvem um quadro severo de sintomas relacionados com a

ansiedade chamado transtorno de estresse pós traumático, seus principais sintomas incluem:

sentimento de insensibilidade ao mundo, tendência a reviver o trauma muitas vezes em

sonhos e lembranças, perturbação do sono, dificuldade de concentração e excesso de

vigilância.

O transtorno de estresse pós traumático pode-se desenvolver imediatamente após o trauma,

ou pode ser ocasionado por uma pequena experiência semanas, meses e até mesmo anos

depois. Ele pode durar muito tempo, inclusive aumentando a probabilidade de ocorrer o abuso

de substancias, violência e problemas interpessoais.

Os traumas causados pelo homem, tais como ataques sexuais ou físicos, atentados terroristas

e guerras podem ter probabilidade maior de causarem o transtorno do que os desastres

naturais, pelos seguintes motivos pelo menos: estes traumas questionam nossas crenças

básicas sobre a bondade da vida e das outras pessoas e os desastres causados pelo homem

com frequência atingem indivíduos e não comunidades inteiras e sofrer um trauma sozinho

parece aumentar o risco de desenvolver o transtorno.

Cólera e agressão

Outra reação comum a situação estressante é a cólera. A revolta, a hostilidade, a indignação,

o ressentimento, o ódio e a violência são algumas das referências associadas a emoção cólera.

As crianças muitas vezes ficam bravas e exibem comportamento agressivo quando se sentem

frustradas, a hipótese da frustração-agressão assume que sempre que os esforços de uma

pessoa para atingir uma meta são bloqueados, produz-se um impulso agressivo que motiva um

comportamento destinado a agredir o objeto ou pessoa causadora da frustração, o que nem

sempre é possível ou razoável.

Apatia e depressão

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Embora a agressão seja uma resposta frequente à frustração, a resposta contraria, isto é,

retraimento e apatia, também é comum. Se as condições estressantes perduram e a pessoa é

incapaz de lidar com elas, a apatia pode aprofundar-se e transformar-se em depressão.

A teoria do desamparo adquirido (Seligman, 1975) explica como situações negativas

incontroláveis pode levar à apatia e à depressão, mas isso não acontece com todas as pessoas.

Embora algumas pessoas fiquem desamparadas após situações incontroláveis, outras são

revigoradas pelo desafio proposto por essas situações. (Wortman e Brehm, 1975)

Enfraquecimento cognitivo

Além das reações emocionais, as pessoas muitas vezes apresentam, considerável

enfraquecimento cognitivo quando se defrontam com estressores graves. Elas adquirem

dificuldade para se concentrar e organizar seus pensamentos de forma lógica, podem se

distrair com facilidade. Consequentemente seu desempenho em tarefas, principalmente as

complexas tende a se deteriorar. Muitas vezes leva a pessoa a adotarem padrões rígidos de

comportamento porque não conseguem considerar padrões alternativos.

Tal enfraquecimento cognitivo pode provir de duas fontes: altos níveis de excitação

emocional podem interferir no processamento de informações e, portanto, quanto mais

ansioso, bravos e deprimidos estiverem depois de experimentar um estressor, maior nossa

tendência de apresentar enfraquecimento cognitivo; também pode resultar dos pensamentos

que nos distraem quando nos defrontamos com um agressor.

Além das reações psicológicas ao estresse, existem também as reações fisiológicas, porque o

corpo reage aos estressores iniciando uma complexa sequência de respostas que aumentam de

acordo com a permanência da situação de estresse. São elas: Resposta de luta ou fuga,

resistência, distúrbios e doenças que afetam todo o sistema e podem ser fatais a depender do

caso.