Estruturas de Edificações - Portal IDEA
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1Estruturas de Edificações
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2 Sistemas Estruturais Ilustrados
As edifi cações (ou seja, as construções relativamente
permanentes que construímos sobre um terreno para
fi ns habitáveis) se desenvolveram ao longo da história,
partindo de abrigos rudimentares feitos com galhos de
árvores, adobe e pedra até chegar às construções so-
fi sticadas atuais, construídas em concreto, aço e vidro.
No decorrer da evolução da tecnologia da construção,
algo que tem permanecido constante é a presença
permanente de algum tipo de sistema estrutural capaz
de suportar as forças da gravidade, do vento e, com
frequência, dos terremotos.
Os sistemas estruturais podem ser defi nidos como con-
juntos estáveis de elementos projetados e construídos
para agir como um todo no suporte e na transmissão
seguros de cargas aplicadas ao solo, sem exceder os
esforços permissíveis dos componentes. Ainda que as
formas e os materiais dos sistemas estruturais tenham
evoluído conforme os avanços tecnológicos e culturais,
sem falar nas lições aprendidas a partir dos inúmeros
colapsos estruturais, eles ainda são fundamentais para
a existência de todas as edifi cações, independentemen-
te de sua escala, contexto ou uso.
A breve retrospectiva histórica que segue ilustra o
desenvolvimento dos sistemas estruturais com o passar
do tempo, desde as primeiras tentativas de se atender
à necessidade humana fundamental de abrigo contra
o sol, o vento e a chuva, até chegar aos grandes vãos
estruturais, às grandes alturas e à complexidade cada
vez maior da arquitetura moderna.
O período neolítico teve início com o advento da agricul-
tura (cerca de 8.500 a.C.) e entrou na primeira Idade do
Bronze devido ao desenvolvimento das ferramentas de
metal (cerca de 3.500 a.C.). A prática de utilizar cavernas
como abrigo e moradia já existia há milênios e continuou
a se desenvolver como uma forma arquitetônica, variando
de extensões simples das cavernas naturais até templos
e igrejas escavados na rocha, bem como cidades inteiras
escavadas nas laterais das montanhas.
Era Neolítica: China, província do norte de Sha-
anxi. As habitações em cavernas permanecem
até hoje.
3.400 a.C.: Os sumérios inven-
tam o tijolo de barro cozido.
Idade do Bronze
6.500 a.C.: Mehrgarh (Paquistão).
Casas de adobe compartimentadas.
5.000 a.C.
7.500 a.C.: Catal Hüyük (Anató-
lia). Casas de adobe com pare-
des internas rebocadas.
5.000 a.C.: Banpo, China. Casas
em forma de cabana que usam pi-
lares grossos para sustentar suas
coberturas.
9.000 a.C.: Göbekli Tepe (Turquia). Os tem-
plos de pedra mais antigos do mundo.
ESTRUTURAS DE EDIFICAÇÕES
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1 – Estruturas de Edifi cações 3
UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA
2.500 a.C. 1.000 a.C.
Ainda que as habitações em cavernas permaneçam
em várias formas e em diferentes partes do mundo,
a maioria da arquitetura é criada através da reunião
de materiais para defi nir os limites espaciais, além de
fornecer abrigo, acomodar atividades, celebrar eventos
e representar algo. As primeiras habitações consis-
tiam em estruturas rústicas de madeira com paredes
de adobe e coberturas de fi bras vegetais (sapé). Às
vezes, as casas eram escavadas no subsolo para se
obter aquecimento e proteção adicionais; em outras
ocasiões, as habitações eram elevadas sobre palafi tas
para melhorar a ventilação em climas quentes e úmidos
ou para serem construídas junto às margens de rios e
lagos. O uso da madeira pesada para a sustentação de
paredes e coberturas continuou a ser desenvolvido com
o passar do tempo e chegou a um estado de refi namen-
to principalmente na arquitetura da China, da Coreia e
do Japão.3.000 a.C.: Alvastra
(Escandinávia). Casas de
palafi ta.
2.500 a.C.: Grande Pirâmide de Quéops,
Egito. Até o século XIX, essa pirâmide de
pedra era a estrutura mais alta do mundo.
1.500 a.C.: Templo de Amon em Karnak, Egito. O
Salão Hipostilo é um perfeito exemplar de cons-
trução arquitravada em pedra (coluna e lintel).
3.000 a.C.: Os egípcios misturam pa-
lha com lama para reforçar o adobe.
1.500 a.C.: Os egípcios trabalham
com o vidro fundido.
1.350 a.C.: A dinastia Shang (China) de-
senvolve técnicas avançadas de fundição
de bronze.
Idade do Ferro
2.600 a.C.: Harappa e Mohenjo-daro, Vale do In-
dus, atualmente Paquistão e Índia. Tijolos cozidos
e falsos arcos.
Século XII a.C.: Arquitetura da Dinastia
Zhou. As mísulas salientes dos capitéis
ajudam a sustentar os beirais.
1.000 a.C.: Capadócia, Anatólia.
Escavações extensas formavam
casas, igrejas e monastérios.
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4 Sistemas Estruturais Ilustrados
UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA
500 a.C. 1 d.C.
Século V a.C.: Os chineses fun-
dem o ferro.
447 a.C.: Partenon, Atenas. O Templo de Atena Niké
é considerado um paradigma da ordem dórica.
Século IV a.C.: Os babilônios
e os assírios usam o betume
como argamassa de alvenaria
de tijolo e pedra.
Século IV a.C.: Os etruscos desenvol-
vem os arcos e as abóbadas de alve-
naria. Porta Pulchra, Perúgia, Itália.
Século III a.C.: Os romanos fazem
concreto com pozolana.
Século III a.C.: A Grande Estupa de Sanchi,
Índia. Monumento budista de pedra cinzelada.
200 a.C.: Índia. Numerosos exem-
plos das arquiteturas budista, jai-
nista e hindu escavados na rocha.
10 a.C.: Petra, Jordânia. Tú-
mulos do palácio parcialmen-
te escavados na rocha.
70 d.C.: Coliseu, Roma,
Itália. Anfi teatro de
concreto-massa e
alvenaria de tijolo
revestido de pedra.
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1 – Estruturas de Edifi cações 5
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800 d.C.
460 d.C.: Cavernas Yungang, China. Templos
budistas escavados em penhascos de arenito.
Século II d.C.: O papel é inventado na China.
125 d.C.: O Panteon, Roma, Itália.
Cúpula de concreto-massa com
caixotões, a maior do mundo até
o século XVIII.
Século III d.C.: Tikal, Guatemala. Cidade
maia com pirâmides e palácios de pedra.
752 d.C.: Todaiji, Nara, Japão. O templo budista
que é a maior construção de madeira do mundo. A
reconstrução atual tem dois terços do tamanho do
templo original.
Século VII d.C.: Arquitetura da dinastia Tang.
Estrutura de madeira resistente a terremo-
tos, com colunas, vigas, terças e uma diver-
sidade de mísulas salientes.
532-37 d.C.: Santa Sofi a, Istambul, Turquia. Cúpula central
sobre pendentes que permitem a transição da cúpula redonda
para a planta quadrada. O concreto foi usado na construção
das abóbadas e dos arcos dos pavimentos inferiores.
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6 Sistemas Estruturais Ilustrados
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900 d.C.
1100: Chan Chan, Peru. Muros da cidadela
feitos de adobe revestido de estuque.
Século XV: Filippo Brunelleschi desenvol-
ve a teoria da perspectiva linear.
Sempre que havia pedras disponíveis, elas eram usadas
primeiramente para estabelecer barreiras de defesa,
mas serviam também como paredes portantes para
sustentar os componentes horizontais de madeira dos
pisos e coberturas. As abóbadas e as cúpulas de alve-
naria possibilitaram elevações mais altas e vãos maio-
res, enquanto o desenvolvimento dos arcos apontados,
das colunas fasciculadas e dos arcobotantes permitiu a
criação de estruturas de pedra mais leves, mais abertas
e independentes das vedações externas.
1170: O ferro fundido é produzido na
Europa.
1056: Pagode Sakyamuni, China. Pagode de
madeira mais antigo e edifi cação de madeira
mais alta do mundo, com 67,0 metros de altura.
1100: Lalibela, Etiópia. Conjunto
de igrejas monolíticas escavadas
na rocha.
1163-1250: Catedral de Notre Dame, Paris, França.
A estrutura de pedra aparelhada utiliza arcobotan-
tes de pedra externos para transmitir o empuxo
para baixo e para fora da cobertura e das abóbadas
para um contraforte.
Século XI: Igreja da Abadia de Saint Philibert,
Tournus, França. Colunas cilíndricas desadorna-
das com mais de 1,2 metro de espessura para
sustentar a nave central espaçosa e leve.
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UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA
1400 d.C. 1600 d.C.
Início do século XVI: Os alto-fornos são
capazes de produzir grandes quantidades
de ferro fundido.
1506-1615: Basílica de São Pedro, Roma, Itália, Donato
Bramante, Michelangelo e Giacomo della Porta. Até
recentemente era a maior igreja já construída, cobrindo
uma área de 23 mil metros quadrados.
1687: Isaac Newton publica Princípios Matemáticos da Filosofi a Na-
tural, que descreve a gravitação universal e as três leis da dinâmica,
lançando as bases da mecânica clássica.
Já no início do século VI d.C., as principais arcadas de
Santa Sofi a, em Istambul, incorporaram barras de ferro
como tirantes. Durante a Idade Média e a Renascença,
o ferro foi usado em elementos tanto decorativos como
estruturais (como tarugos, grampos e tensores), para
reforçar as estruturas de alvenaria. Somente no século
XVIII, porém, os novos métodos de produção permitiram
a manufatura de ferro forjado e fundido em quantidades
sufi cientes para que fossem usados como materiais
estruturais nas estruturas em esqueleto de estações fer-
roviárias, mercados e outras edifi cações de uso público.
Das paredes e pilares de pedra maciça se passa para as
estruturas mais leves de ferro e aço.
Século XIII: Catedral de Florença, Itália. Filippo Brunelleschi projetou
a cúpula com duas cascas apoiada sobre um tambor, de forma a
permitir uma construção sem a necessidade de um cimbre apoiado
no chão.
1638: Galileu publica seu primeiro livro, Os Discursos e as Demons-
trações Matemáticas Relacionados a Duas Novas Ciências, sendo
que as duas ciências em questão se referem à resistência dos mate-
riais e à dinâmica dos objetos.
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8 Sistemas Estruturais Ilustrados
UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA
1700 1800
Final do século XVIII e início do século XIX: A Re-
volução Industrial provoca mudanças signifi cativas
na agricultura, na manufatura e no transporte,
alterando o ambiente socioeconômico e cultural da
Grã-Bretanha e outras regiões do mundo.
1801: Thomas Young estuda
a elasticidade e dá seu nome
ao módulo de elasticidade.
1779: Bry Higgins patenteia o cimento hi-
dráulico para uso em rebocos externos.
1738: Daniel Bernoulli associa a
velocidade e a pressão dos fl uidos.
1778: Joseph Bramah patenteia
uma bacia sanitária prática.
1735: Charles Maria de la Condamine
descobre a borracha na América do Sul.
1711: Abraham Darby produz um ferro de alta
qualidade fundido com coque e moldado em areia.
A calefação central foi adotada de maneira generalizada
no início do século XIX, quando a Revolução Industrial
resultou no aumento das edifi cações usadas para fi ns in-
dustriais, residenciais e de serviços.
1777-1779: Ponte de Ferro de Coal-
brookdale, Inglaterra. T. M. Pritchard.
1797: Tecelagem de linho Ditherington, Shrews-
bury, Inglaterra, William Strutt. A edifi cação com
estrutura de aço mais antiga do mundo, com
estrutura independente de pilares e vigas de
ferro fundido.
1653: Taj Mahal, Agra, Índia. Mausoléu de mármore com cúpula
branca jônica, construído em memória de Mumtaz Mahai, esposa
do Imperador mogol, o Xá Jahan.
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1 – Estruturas de Edifi cações 9
UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA
1860
1824: Joseph Aspdin paten-
teia a manufatura do cimento
Portland.
1827: George Ohm formula sua lei que
relaciona a corrente, a voltagem e a
resistência.
Há evidências de que os chineses usaram uma mistura
de cal e cinzas vulcânicas para construir as pirâmides
de Shaanxi há milhares de anos, mas foram os romanos
que desenvolveram o concreto hidráulico com uma
cinza vulcânica (pozolana) semelhante ao concreto
moderno feito com cimento Portland. A formulação
do cimento Portland por Joseph Aspdin em 1824 e a
invenção do concreto armado, atribuída a Joseph-Louis
Lambot em 1848, estimularam o uso do concreto em
estruturas arquitetônicas.
1853: Elisha Otis introduz o elevador de
segurança para evitar a queda da cabina
em caso de rompimento do cabo. O pri-
meiro elevador Otis foi instalado em Nova
York em 1857.
1850: Henry Waterman inventa o elevador.
1867: Joseph Monier pa-
tenteia o concreto armado.
1855: Alexander Parkes patenteia
o celulóide, o primeiro material de
plástico sintético.
1851: Palácio de Cristal, Hyde Park,
Londres, Inglaterra, John Paxton.
Unidades pré-fabricadas de ferro for-
jado e vidro foram usadas para criar
um espaço de exposições com mais
de 90 mil metros quadrados.
1868: Estação Saint Pancras, Londres, Inglaterra, William
Barlow. Arcos treliçados com tirantes abaixo do pavimento
térreo para resistir ao empuxo para fora.
A manufatura de aço moderna teve início em 1856, quando
Henry Bessemer descreveu um processo relativamente barato
para a produção do aço em larga escala.
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10 Sistemas Estruturais Ilustrados
UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA
1875 1900
1896: Pavilhão da Rotunda, Exposição Industrial e Artística de Toda a
Rússia, Nizhny Novgorod, Vladimir Shukhov. A primeira estrutura ten-
sionada em malhas de cabo de aço do mundo.
1881: Charles Louis Strobel padroniza os per-
fi s laminados de ferro forjado e os vínculos
rebitados.
1889: Torre Eiffel, Paris, França, Gustave Eiffel.
A torre substituiu o Monumento a Washington
como a estrutura mais alta do mundo – título que
reteve até a construção do Edifício Chrysler em
Nova York, no ano de 1930.
1884: Edifício Home Insurance, Chicago,
Estados Unidos, William Le Baron Jenney.
A estrutura de aço e ferro fundido com
10 pavimentos sustenta a maior parte do
peso dos pisos e das paredes externas.
1898: Piscina Coberta Pública, Gebweiler,
França, Eduard Züblin. Estrutura abobadada
de concreto armado que consiste em cinco
pórticos indeformáveis com cascas fi nas
conectando cada pórtico.
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1 – Estruturas de Edifi cações 11
UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA
1940
1919: Walter Gropius
funda a Bauhaus.
1928: Eugène Freyssinet inven-
ta o concreto protendido.
1903: Alexander Graham Bell faz experimentos com as formas
estruturais espaciais, levando ao desenvolvimento posterior das
treliças espaciais por Buckminster Fuller, Max Mengeringhausen e
Konrad Wachsmann.
1913: Jahrhunderthalle (Salão do Centenário), Breslau, Alemanha, Max Berg.
Estrutura de concreto armado, incluindo uma cúpula com 65 metros de diâ-
metro, que infl uenciou o uso do concreto no fechamento de grandes espaços
para uso público.
1922: Planetário, Jena, Alemanha, Walter
Bauerfeld. Primeira cúpula geodésica con-
temporânea, derivada de um icosaedro.
1931: Edifício Empire State, Nova York, Estados
Unidos, Shreve, Lamb e Harmon. O edifício mais
alto do mundo até 1972.
1903: Edifício Ingalls, Cincinnati,
Ohio, Estados Unidos, Elzner &
Anderson. Primeiro arranha-céu
de concreto armado.
443 m
Com o advento dos aços aperfei-
çoados e das técnicas de análise de
esforços computadorizadas, as estru-
turas de aço se tornaram mais leves
e seus vínculos mais complexos,
permitindo uma grande variedade de
formatos estruturais.
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12 Sistemas Estruturais Ilustrados
UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA
1955: Desenvolve-se o uso comercial de compu-
tadores.
1973: A elevação dos preços do petróleo estimula a
pesquisa de fontes alternativas de energia, fazendo
com que a conservação de energia se torne um elemen-
to importantíssimo para o projeto de arquitetura.
1950 1975
1972: Arena Olímpica de Natação, Munique, Alemanha, Frei Otto. Os
cabos de aço foram combinados com membranas de lona para criar
uma estrutura extremamente leve, capaz de vencer grandes vãos.
1943-59: Museu Guggenheim, Nova York, Estados Unidos, Frank Lloyd Wright.
1961: Arena Olímpica, Tóquio, Japão, Kenzo Tan-
ge. A maior estrutura de cobertura suspensa do
mundo na época da construção; seus cabos de
aço são suspensos por dois pilares de concreto
armado.
1960: Palazzo dello Sport (Palácio do Esporte), Roma, Itália,
Pier Luigi Nervi. Cúpula de concreto armado nervurada com
100 metros de diâmetro, construída para os Jogos Olímpicos
de Verão de 1960.
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1 – Estruturas de Edifi cações 13
UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA
750 m
600 m
450 m
300 m
150 m
1998: Torres Petronas, Kuala Lumpur, Malásia,
Cesar Pelli. Os edifícios mais altos do mundo até a
construção do Taipei 101, em 2004.
2004: Taipei 101, Taiwan, C. Y. Lee & Partners.
Um edifício com estrutura de concreto e aço
que utiliza um atenuador
dinâmico de massa
sintonizado.
Início em 2004: Burj Dubai, Emirados Árabes
Unidos, Adrian Smith & SOM. É atualmente o
edifício mais alto do mundo.
2000
1973: Casa de Ópera de Sydney, Austrália, Jørn Utzon. Suas famosas cascas de coberturas consistem em ner-
vuras de concreto pré-fabricadas e solidarizadas por uma capa de concreto moldado in loco.
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14 Sistemas Estruturais Ilustrados
ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS
A retrospectiva histórica apresentada nos dá uma ideia
não apenas da evolução dos sistemas estruturais, mas
da importância que eles tiveram, e continuam a ter,
para o projeto de arquitetura. A arquitetura engloba
qualidades estéticas inefáveis, porém sensíveis, que
resultam da união do espaço, da forma e da estrutura.
Ao fornecer a sustentação para outros sistemas de uma
edifi cação e para nossas atividades, um sistema estru-
tural viabiliza o formato e a forma de uma edifi cação e
de seus espaços – assim como nosso esqueleto dá for-
ma ao nosso corpo e sustenta nossos órgãos e tecidos.
Logo, quando falamos de estruturas arquitetônicas,
estamos nos referindo aos elementos que se unem com
a forma e com o espaço de maneira coerente.
Portanto, o projeto de uma estrutura arquitetônica
envolve mais do que o dimensionamento adequado de
qualquer elemento ou componente único, ou mesmo
o projeto de qualquer vínculo estrutural específi co.
Não se trata simplesmente de equilibrar e solucionar
os esforços. Pelo contrário: exige-se a maneira pela
qual a confi guração e a escala geral dos elementos
estruturais, dos vínculos e das conexões encapsulam
uma ideia arquitetônica, reforçam a forma estrutural e
a composição espacial de um projeto proposto, e per-
mitem sua construtibilidade. Isso, então, demanda uma
compreensão da estrutura como um sistema de partes
interconectadas e inter-relacionadas, e um entendimen-
to dos tipos genéricos de sistemas estruturais, além
da análise da capacidade de certos tipos de elementos
estruturais e de seus vínculos.
Corte
Planta baixa do
pavimento térreo
Esquema da estruturaO terreno e o contexto
Edifício do Parlamento, Chandigarh, Índia, 1951-63, Le Corbusier.
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1 – Estruturas de Edifi cações 15
ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS
Para que possamos compreender o impacto dos siste-
mas estruturais no projeto de arquitetura, devemos ter
ciência de como eles se relacionam com o conceito,
com a experiência e com o contexto da edifi cação.
• A composição formal e espacial.
• A defi nição, a escala e as proporções dos volumes e
dos espaços.
• As características das confi gurações, formas,
espaços, luz, cor, textura e padrões.
• A organização das atividades humanas conforme sua
escala e dimensão.
• O zoneamento funcional dos espaços de acordo com
a atividade-fi m e o uso.
• A acessibilidade e as rotas de circulação horizontais
e verticais dentro da edifi cação.
• A consideração das edifi cações como componentes
integrais dentro do ambiente natural e construído.
• As características sensoriais e culturais do lugar.
As próximas seções deste capítulo descrevem em
linhas gerais os principais aspectos dos sistemas es-
truturais que sustentam, reforçam e, em última análise,
dão forma a uma ideia de arquitetura.
Iluminação natural
Diagrama compositivo
Estrutura de sustentação da organização espacial Estrutura de sustentação da ideia formal
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16 Sistemas Estruturais Ilustrados
ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS
Intenção formalO sistema estrutural pode se relacionar ao projeto
arquitetônico de três maneiras fundamentais. Essas
estratégias fundamentais são:
• Exposição da estrutura
• Ocultação da estrutura
• Destaque da estrutura
Exposição da estruturaHistoricamente, os sistemas com paredes portantes
de alvenaria de pedra e tijolo dominaram a arquitetura
até o advento da construção em ferro e aço, no fi nal
do século XVIII. Esses sistemas estruturais também
funcionavam como os principais sistemas de vedação
externa, e, consequentemente, expressavam a forma da
arquitetura – em geral, de maneira objetiva e direta.
As modifi cações formais que eram feitas geralmente
resultavam da modelagem ou do entalhe do material
estrutural, de maneira a criar elementos por adição,
vazios por subtração ou relevos no interior da massa da
estrutura.
Até na era moderna há exemplos de edifi cações que
exibem seus sistemas estruturais (sejam eles de ma-
deira, aço ou concreto) e os utilizam de maneira efi caz
como os principais “criadores” da forma arquitetônica.
Planta baixa
Igreja de São Sérgio e São Baco, Istambul, Turquia,
527-36 a.C.. Os otomanos converteram essa igreja
ortodoxa oriental em uma mesquita. Essa igreja inclui
uma planta com cúpula centralizada, e muitos acredi-
tam que tenha servido como modelo para Santa Sofi a.
Corte
Centro Le Corbusier / Pavilhão Heidi Weber, Zurique, Suíça, 1965,
Le Corbusier. Uma estrutura de aço em forma de guarda-sol paira
sobre uma estrutura independente de aço modulada, com late-
rais compostas por painéis e vidros de aço esmaltado.
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1 – Estruturas de Edifi cações 17
ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS
Ocultação da estruturaNessa estratégia, o sistema estrutural é ocultado ou obs-
curecido pelo revestimento externo e pela cobertura da
edifi cação. Algumas razões para a ocultação da estrutura
são práticas (como o revestimento dos elementos estru-
turais para torná-los resistentes ao fogo) ou contextuais
(quando a forma externa desejada difere das necessida-
des espaciais internas). No último caso, a estrutura pode
organizar os espaços internos, enquanto a forma da pele
externa responde ao terreno ou a outros condicionantes.
O projetista talvez opte pela liberdade de expressão
quando se trata da pele, sem considerar como o sis-
tema estrutural possa ajudar ou afetar as decisões
formais. Por outro lado, o sistema estrutural pode ser
obscurecido por pura negligência, e não de maneira in-
tencional. Em ambos os casos, surgem questões legíti-
mas sobre o projeto, pois não se sabe se ele resulta de
uma intenção, se é acidental, proposital ou, em último
caso, se decorre da falta de cuidado.
Orquestra Filarmônica, Berlim, Alemanha, 1960-63,
Hans Scharoun. Um exemplo do movimento expres-
sionista, essa sala de concertos tem uma estrutura
assimétrica com cobertura de concreto semelhante
a uma tenda e um palco centralizado em relação às
arquibancadas. Sua aparência externa é subordinada às
exigências acústicas e funcionais da sala de concertos.
Museu Guggenheim, Bilbao, Espanha, 1991-97, Frank
Gehry. Uma novidade quando concluído, esse museu de
arte contemporânea é famoso por suas formas escultóri-
cas revestidas de chapas de titânio. Ainda que seja difícil
compreendê-lo nos termos da arquitetura tradicional, a
defi nição e a construtibilidade das formas aparentemente
aleatórias se tornaram possíveis devido ao uso dos apli-
cativos CATIA, uma suíte integrada do CAD (Computer
Aided Design, ou Projeto Assistido por Computador), CAE
(Computer Aided Engineering, ou Engenharia Assistida
por Computador) e CAM (Computer Aided Manufacturing,
ou Manufatura Assistida por Computador).
Planta baixa do nível inferior
Corte
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18 Sistemas Estruturais Ilustrados
ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS
Destaque da estrutura
Em vez de fi car meramente exposto, o sistema estrutu-
ral pode ser explorado como uma característica do pro-
jeto, celebrando a forma e a materialidade da estrutura.
O aspecto geralmente exuberante das estruturas em
casca e membrana faz com que elas sejam as candida-
tas mais adequadas para essa categoria.
Também existem estruturas que dominam pela força
pura utilizada para expressar a maneira como lidam
com os esforços que agem sobre elas. Esses tipos de
estruturas geralmente se tornam ícones devido à sua
imagem impressionante. Dentre os exemplos, desta-
cam-se a Torre Eiffel e a Ópera de Sidney.
Para determinar se uma edifi cação tira partido ou não
de sua estrutura, precisamos diferenciar com cuidado
a expressão estrutural das formas expressivas que não
são realmente estruturais, mas apenas aparentam ser.
Los Manantiales, Xochimilco, México, 1958, Félix
Candela. A estrutura de concreto em casca é for-
mada por uma série de paraboloides hiperbólicos,
interseccionados numa planta baixa radial.
Capela da Academia da Força Aérea, Colorado Springs,
Colorado, Estados Unidos, 1956-62, Walter Netsch/
Skidmore, Owings e Merril. A estrutura ascendente,
composta por 100 tetraedros idênticos, desenvolve a
estabilidade através da triangulação das unidades estru-
turais individuais, além dos volumes triangulares.
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1 – Estruturas de Edifi cações 19
ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS
Terminal Principal, Aeroporto Internacional Dulles, Chantilly,
Virgínia, Estados Unidos, 1958-62, Eero Saarinen. Cabos em
catenária, suspensos entre duas longas colunatas inclinadas
para fora e com colunas de seção variável, sustentam uma
bela casca de concreto curva que nos remete à ideia de voar.
Banco HSBC, Hong Kong, China, 1979-85, Norman Foster. Oito
grupos de quatro colunas de aço revestidas de alumínio se
erguem e sustentam cinco megatreliças planas em forma de
cabide, às quais estão atirantadas as lajes de piso de todos os
pavimentos.
Planta baixa parcialElevação e planta baixa esquemática da estrutura
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20 Sistemas Estruturais Ilustrados
ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS
Composição espacialA forma de um sistema estrutural e o padrão de seus ele-
mentos de transferência de cargas e cobertura podem se
relacionar com o leiaute espacial e com a composição do
projeto de duas maneiras fundamentais. A primeira trata
da correspondência entre a forma do sistema estrutural e
a forma da composição espacial. A segunda consiste num
encaixe menos rígido, no qual a forma e o padrão estruturais
permitem mais liberdade ou fl exibilidade no leiaute espacial.
CorrespondênciaQuando há uma correspondência entre a forma estrutural e a
composição espacial, o padrão dos sistemas de transferên-
cia de cargas e cobertura talvez determine a disposição dos
espaços no interior de uma edifi cação, ou o leiaute espacial
talvez sugira um tipo específi co de sistema estrutural. O que
vem primeiro no processo de elaboração do projeto?
Em casos ideais, consideramos que tanto o espaço como a
estrutura determinam a forma arquitetônica. No entanto,
a composição dos espaços conforme as necessidades e os
desejos costuma preceder a refl exão referente à estrutura.
Por outro lado, às vezes a forma estrutural pode ser a força
motriz do processo de elaboração do projeto.
De qualquer maneira, os sistemas estruturais que determi-
nam um padrão espacial com tamanhos e dimensões espe-
cífi cos, ou mesmo um padrão de uso, talvez não viabilizem
a fl exibilidade necessária para usos ou adaptações futuros.
Diagramas estruturais e espaciais na planta baixa e no corte. Casa do Fascismo, Como, Itália, 1932-35, Giuseppe Terragni.
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1 – Estruturas de Edifi cações 21
ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS
ContrasteSempre que há uma falta de correspondência entre a
forma estrutural e a composição espacial, qualquer um
dos fatores pode ser o dominante. A estrutura talvez seja
grande o bastante para proteger ou abarcar uma série de
espaços dentro de seu volume, ou a composição espacial
talvez domine uma estrutura internalizada. Um sistema
estrutural irregular ou assimétrico é capaz de criar uma
vedação externa para uma composição espacial mais regu-
lar; por outro lado, uma grelha estrutural talvez forneça um
conjunto ou uma rede uniforme de pontos contra os quais
uma composição espacial mais livre pode ser calibrada ou
contrastada.
Uma distinção entre o espaço e a estrutura talvez seja
necessária para fazer com que o leiaute seja fl exível, para
permitir o crescimento e a ampliação, para tornar visível a
identidade dos diferentes sistemas e instalações da edifi -
cação, ou para expressar as diferenças entre as necessida-
des, os desejos e as relações internas e externas.
Sala Sinopoli, Parque da Música, Roma, Itália, 1994-2002,
Renzo Piano. Uma estrutura secundária sustenta a cober-
tura revestida de folhas de chumbo e projetada de forma a
reduzir o ingresso de ruídos externos no auditório, enquan-
to a estrutura principal sustenta as superfícies internas em
cerejeira, que podem ser reguladas para melhorar o desem-
penho acústico do espaço.
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22 Sistemas Estruturais Ilustrados
SISTEMAS ESTRUTURAIS
Os sistemas podem ser defi nidos como um conjunto
de partes inter-relacionadas ou interdependentes que
formam um todo mais complexo e unifi cado, servindo a
um fi m comum. As edifi cações podem ser vistas como
uma materialização de vários sistemas e subsistemas
que precisam, necessariamente, estar relacionados, co-
ordenados e integrados entre si, e também com a forma
dimensional e com a organização espacial do prédio
como um todo.
O sistema estrutural de uma edifi cação, em particu-
lar, é formado por um conjunto estável de elementos
estruturais, projetados e construídos para sustentar e
transmitir as cargas impostas até o solo de maneira
segura, sem exceder os esforços permissíveis de seus
elementos. Cada elemento estrutural possui caracterís-
ticas únicas e se comporta de maneira única sob cargas
impostas. Contudo, antes que os elementos e compo-
nentes estruturais possam ser isolados para fi ns de es-
tudo e resolução, é importante que o projetista entenda
como o sistema estrutural acomoda e sustenta, de
maneira holística, as formas, os espaços e as relações
programáticas e contextuais do projeto arquitetônico.
Independentemente do tamanho e da escala da edifi -
cação, seu sistema estrutural contém sistemas físicos
de estrutura e vedação que defi nem e organizam suas
formas e espaços. Esses elementos, por sua vez, podem
ser divididos em subestrutura e superestrutura.
SubestruturaA subestrutura é a divisão inferior de uma edifi cação
(suas fundações), construída parcial ou completamen-
te abaixo da superfície do solo. Sua função primária
consiste em sustentar e ancorar a superestrutura, além
de transmitir suas cargas para o solo com segurança.
Uma vez que funciona como um vínculo crítico para a
distribuição e a resolução das cargas da edifi cação, o
sistema de fundações (mesmo que, em geral, não fi que
à vista) deve ser projetado para acomodar a forma e o
leiaute da superestrutura, e também para responder
às condições variáveis do solo, das rochas e da água
subterrâneas.
As principais cargas impostas sobre a fundação con-
sistem numa combinação das cargas mortas (peso
próprio) e das cargas acidentais (ou de serviço), que
agem verticalmente sobre a superestrutura. Além disso,
o sistema de fundação deve ancorar a superestrutura
contra oscilações provocadas pelo vento, tombamento
e pressões ascendentes ou sucção do vento suportar
movimentos súbitos do solo em caso de terremoto e de
resistir à pressão imposta pela água do lençol freático e
pela massa do solo lateral sobre as paredes do subsolo.
Em alguns casos, o sistema de fundação precisa resistir
também ao empuxo das estruturas tensionadas ou com
arcos.
Solo ou rochas de sustentação
Su
pe
rest
rutu
raS
ub
est
rutu
ra
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1 – Estruturas de Edifi cações 23
SISTEMAS ESTRUTURAIS
O terreno e o contexto de uma edifi cação infl uenciam o tipo de
subestrutura selecionada e, consequentemente, o padrão espacial
projetado.
• Relação com a superestrutura: O tipo e o padrão dos elementos
de fundação exigidos infl uenciam, ou até determinam, o leiaute
dos apoios da superestrutura. Para a efi ciência estrutural,
sempre que possível é preciso manter a continuidade vertical
na transmissão de cargas.
• Tipo de solo: A integridade da estrutura de uma edifi cação
depende, em última análise, da estabilidade e da resistência
sob carregamento do solo ou rocha sob a edifi cação. A
capacidade de carregamento do solo ou rocha pode, portanto,
limitar o dimensionamento de uma edifi cação ou exigir
fundações mais profundas.
• Relação com a topografi a: As características topográfi cas
de um terreno possuem implicações e consequências tanto
ecológicas como estruturais, exigindo que todas as implantações
considerem os padrões de escoamento naturais, as condições
que podem acarretar o alagamento, a erosão ou o recalque, e as
providências a serem tomadas para a proteção do hábitat.
Fundações superficiaisAs fundações superfi ciais são usadas sempre que um solo estável
e com capacidade de carregamento adequada estiver relativa-
mente perto da superfície. Elas são colocadas diretamente sob a
parte mais baixa de uma subestrutura, e transferem as cargas da
edifi cação diretamente para o solo de apoio, por meio da pressão
vertical. As fundações superfi ciais podem assumir uma das for-
mas geométricas a seguir:
• Pontuais: sapatas
• Em linha: muros de arrimo e sapatas corridas
• Planas: radiers – lajes de concreto espessas e extremamente
armadas, que atuam como uma única sapata monolítica para
vários pilares ou uma edifi cação inteira – são usados sempre
que a capacidade de carregamento permissível de um solo de
fundação é baixa em relação às cargas da edifi cação, e quando
as sapatas dos pilares internos se tornam tão grandes que é
mais econômico fundi-las numa laje única. Os radiers podem ser
enrijecidos por meio de uma grelha de nervuras, vigas ou paredes.
Fundações profundasAs fundações profundas são formadas por tubulões ou estacas
cravadas que descem em um solo inadequado para transferir as
cargas da edifi cação até um estrato rochoso com capacidade de
carregamento mais adequada, ou areias densas e pedras bem
abaixo da superestrutura.
O tamanho de uma sapata é
determinado por sua carga e pela
capacidade de carregamento do
solo de apoio.
Sapatas
Radiers
Sapatas corridas
Fundações profundas
Apoio direto
Fric
ção
do s
olo
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24 Sistemas Estruturais Ilustrados
SISTEMAS ESTRUTURAIS
SuperestruturaA superestrutura, ou o comprimento vertical da edifi cação
acima das fundações, é formada pelas vedações externas
e pela estrutura interna que defi ne a forma da edifi cação,
bem como por seu leiaute e sua composição espaciais.
PeleA pele ou vedação externa de uma edifi cação (composta
pela cobertura e pelas paredes externas, janelas e portas)
fornece proteção e abrigo para os espaços internos da
edifi cação.
• A cobertura e as paredes externas protegem os espaços
internos contra os rigores do clima, e também controlam
a umidade, o calor e o fl uxo de ar através das diversas
camadas de uma construção.
• As paredes externas e a cobertura também reduzem os
ruídos e proporcionam segurança e privacidade para os
usuários da edifi cação.
• As portas possibilitam o acesso físico.
• As janelas fornecem o acesso da luz, do ar e das vistas.
EstruturaO sistema estrutural é necessário para sustentar a pele da
edifi cação, bem como seus pisos internos e paredes exter-
nas e internas; além disso, transfere as cargas impostas
para a subestrutura.
• Os pilares, as vigas e as paredes portantes sustentam as
estruturas do piso e do telhado.
• As estruturas de piso são as bases planas e niveladas
do espaço interno que sustentam nossas atividades
internas e o mobiliário.
• As paredes estruturais internas e as paredes internas
não portantes subdividem o interior da edifi cação em
unidades espaciais (cômodos).
• Os elementos que resistem aos esforços laterais são
lançados para fornecer estabilidade lateral.
No processo de construção, a superestrutura se eleva
a partir da subestrutura, seguindo o mesmo caminho
utilizado para transmitir suas cargas.
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1 – Estruturas de Edifi cações 25
SISTEMAS ESTRUTURAIS
A intenção formal de um projeto de arquitetura pode
ser sugerida ou determinada pelo terreno e pelo con-
texto, pelo programa e pela função, ou pelos objetivos e
pelo signifi cado. Além de considerar as opções formais
e espaciais, também devemos contemplar nossas
opções estruturais (a palheta de materiais, os tipos de
apoios e elementos horizontais, e os sistemas de re-
sistência aos esforços laterais). Essas escolhas são ca-
pazes de infl uenciar, sustentar e reforçar as dimensões
formais e espaciais de um projeto.
• Tipo de sistema estrutural
• Leiaute e padrão dos apoios
• Vãos vencidos e proporções
• Tipos de sistemas de vencimento de vãos
• Sistemas de travamento lateral (contraventamento)
• Palheta de materiais estruturais
Numa etapa posterior do processo de elaboração do
projeto, também será preciso investigar a forma e a
dimensão dos componentes estruturais, além dos deta-
lhes das conexões. Porém, as decisões de larga escala
supracitadas vêm em primeiro lugar, uma vez que deter-
minam a direção e estabelecem os parâmetros para o
desenvolvimento do projeto e dos detalhes.
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26 Sistemas Estruturais Ilustrados
SISTEMAS ESTRUTURAIS
Tipos de sistemas estruturaisConsiderando uma atitude específi ca em relação à função
expressiva do sistema estrutural e da composição espacial
desejada, é possível fazer escolhas adequadas para um
sistema estrutural desde que entendamos os atributos
formais que os vários sistemas desenvolvem ao responder
aos esforços impostos e ao redirecionar essas solicitações
para suas fundações.
• As estruturas de massa ativa redirecionam as forças
externas principalmente através do volume e da
continuidade do material, como vigas e pilares.
• As estruturas de vetor ativo redirecionam as forças
externas principalmente através da composição dos
elementos de tração e compressão, como uma treliça.
• As proporções dos elementos estruturais (como paredes
portantes, lajes de piso e de cobertura, abóbadas e
cúpulas) nos fornecem evidências visuais de suas
funções dentro do sistema estrutural, bem como da
natureza de seu material. Uma parede de alvenaria, que
é resistente à compressão, mas relativamente fraca
em termos de fl exão, será mais espessa do que uma
parede de concreto armado exercendo a mesma função.
Um pilar de aço é mais fi no do que um pilar de madeira
suportando a mesma carga. Uma laje de concreto
armado de 10,0 centímetros, por exemplo, vencerá um
vão superior ao vencido por um tablado de madeira com
a mesma espessura.
• As estruturas de superfície ativa redirecionam as forças
externas principalmente ao longo da continuidade de uma
superfície, como uma estrutura em lâmina ou casca.
• As estruturas de forma ativa redirecionam as forças
externas principalmente através da forma de
seu material, como um sistema em arco ou cabo.
• Para fi ns de estabilidade, as estruturas dependem
menos do peso e da rigidez dos materiais, e mais de sua
geometria, como ocorre com as estruturas em membrana
e as treliças espaciais. Nesse caso, os elementos fi carão
cada vez mais fi nos até perder sua capacidade de gerar a
escala e a dimensão de um espaço.
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1 – Estruturas de Edifi cações 27
SISTEMAS ESTRUTURAIS
Análise e projeto da estruturaAntes de se passar para a discussão do projeto da estru-
tura, talvez seja útil estabelecer uma distinção entre o
projeto estrutural e a análise estrutural. A análise estru-
tural busca determinar a capacidade de uma estrutura,
ou qualquer dos elementos que a constituem, sejam eles
existentes ou pressupostos, de transmitir com segurança
um determinado conjunto de cargas sem sobrecarregar
os materiais ou provocar deformações excessivas, consi-
derando o arranjo, o formato e as dimensões dos elemen-
tos, os tipos de vínculos e apoios utilizados e os esforços
permissíveis dos materiais utilizados. Em outras palavras,
a análise estrutural ocorre somente com uma estrutura
específi ca e com certas condições de carregamento.
O projeto de estruturas, por outro lado, se refere ao
processo de distribuir, conectar, dimensionar e propor-
cionar os elementos de um sistema estrutural, de forma
a transferir com segurança um determinado conjunto
de cargas sem exceder os esforços permissíveis dos
materiais utilizados. Similarmente a outras atividades
de projeto, o projeto da estrutura deve operar num am-
biente de incertezas, ambiguidades e arredondamentos.
Ele é a busca por um sistema estrutural que atenda à
demanda das cargas, mas que também aborde o projeto
arquitetônico, de urbanismo e as questões do programa
de necessidades em questão.
O primeiro passo no processo de projeto da estrutura
talvez seja estimulado pela natureza do projeto arquite-
tônico, pelo terreno e pelo contexto, ou pela disponibili-
dade de determinados materiais.
• A ideia por trás do projeto de arquitetura talvez gere
um tipo específi co de confi guração ou padrão.
• O terreno e o contexto podem sugerir um
determinado tipo de resposta estrutural.
• Os materiais estruturais talvez sejam determinados
pelas exigências impostas pelo código de obras, pelo
fornecimento dos materiais, pela disponibilidade de
mão de obra ou pelos custos.
Assim que o tipo de sistema estrutural, sua confi gu-
ração ou padrão e a palheta de materiais estruturais
forem projetados, o processo de projeto poderá passar
para o dimensionamento e para a proporção dos víncu-
los e dos elementos individuais, além dos detalhes das
conexões.
• Por questões de clareza, os elementos que resistem
aos esforços laterais foram omitidos. Veja o Capítulo
5 para os sistemas e estratégias de resistência aos
esforços laterais.
Projeto de estruturas
Análise estrutural
O projeto de estruturas e a construção
da edifi cação geralmente operam do solo
para cima, enquanto a análise estrutural é
feita de cima para baixo.
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28 Sistemas Estruturais Ilustrados
SISTEMAS ESTRUTURAIS
Detalhamento das conexõesA maneira como as forças são transferidas de um ele-
mento estrutural para outro e como o sistema estrutural
funciona como um todo dependem, em grande parte, dos
tipos de vínculos e conexões utilizados. Há três maneiras
de conectar os elementos estruturais entre si.
• As juntas de topo permitem que um dos elementos
seja contínuo, e, em geral, exigem um terceiro
elemento mediador para fazer a conexão.
• As juntas sobrepostas permitem que todos os
elementos conectados passem uns pelos outros e
atuem de maneira contínua ao longo da junta.
• Os elementos de conexão também podem ser
moldados ou confi gurados de maneira a formar uma
conexão estrutural.
Também é possível categorizar as conexões estruturais
conforme uma base geométrica.
• Pontuais: conexões parafusadas
• Em linha: conexões soldadas
• Planas: conexões coladas
Existem três tipos fundamentais de conexões estruturais.
• As juntas de pino permitem a rotação, mas resistem
à translação em qualquer direção.
• As juntas articuladas com roletes permitem a
rotação, mas resistem à translação numa direção
perpendicular para dentro ou em direção contrária à
sua face.
• As juntas rígidas mantêm a relação regular entre
os elementos conectados, impedem a rotação e a
translação em qualquer direção e fornecem tanto
força como resistência a momentos fl etores.
• Os suportes em cabo, ou ancoragens, permitem a
translação, mas resistem à translação somente na
direção do cabo.
Juntas de
topo
Juntas sobrepostas Juntas de encaixe
Pontuais: conexões para-
fusadas
Em linha: conexões sol-
dadas
Planas: conexões coladas
Juntas de pino Juntas articuladas com
roletes
Juntas rígidas
Ancoragem com cabos e suportes
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1 – Estruturas de Edifi cações 29
PLANEJAMENTO ESTRUTURAL
No processo de projeto, costumamos pensar primeiro
no padrão holístico mais amplo antes de considerar as
unidades estruturais elementares que compõem o todo
maior. Portanto, quando estabelecemos estratégias
para desenvolver a planta baixa estrutural de uma
edifi cação, é preciso considerar tanto a natureza da
composição arquitetônica como o tipo e a confi guração
dos elementos estruturais. Isso leva a uma série de
questões fundamentais:
Projeto da edificação• Existe uma forma geral obrigatória ou a composição
arquitetônica é formada por partes articuladas? Em
caso positivo, essas partes devem ser ordenadas de
maneira hierárquica?
• Os principais elementos arquitetônicos são planos ou
lineares por natureza?
Programa de necessidades• Há relações obrigatórias entre a escala desejável e
a proporção dos espaços do programa, a capacidade
de vencimento de vãos do sistema estrutural e o
leiaute resultante e os espaçamentos dos apoios?
• Há alguma razão espacial que justifi que o uso de
sistemas horizontais unidirecionais ou bidirecionais?
Integração das instalações• Como é possível integrar os sistemas mecânicos e as
demais instalações do prédio ao sistema estrutural?
Exigências dos códigos de obras• Quais são as exigências dos códigos de obras para o
uso previsto, a ocupação e a escala da edifi cação?
• Quais são os tipos de construção e materiais de
construção necessários?
Viabilidade econômica• Como a disponibilidade de materiais, os processos
de fabricação, as exigências de transporte, as
exigências de mão de obra e equipamentos e o
tempo de execução infl uenciam a escolha do sistema
estrutural?
• É necessário prever a ampliação e a expansão, seja
horizontal ou verticalmente?
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30 Sistemas Estruturais Ilustrados
PLANEJAMENTO ESTRUTURAL
Condicionantes legaisExiste uma relação regulamentada entre o tamanho
(altura e área) da edifi cação e o uso previsto, o nível de
ocupação e o tipo de construção. A compreensão da
escala projetada para a edifi cação é importante, já que
o tamanho da edifi cação está associado ao tipo de sis-
tema estrutural necessário e aos materiais que podem
ser usados na estrutura e na construção.
Regulamentos municipais de ocupação dos
terrenosOs regulamentos municipais de ocupação de terrenos
delimitam o volume permitido (altura e área) e o formato
da edifi cação com base em sua localização no município
e sua posição dentro do terreno, geralmente mediante a
especifi cação de vários aspectos do dimensionamento.
• A parcela do solo que pode ser coberta por
uma estrutura e a área de piso total que pode
ser construída costumam ser expressas como
percentuais da área do terreno.
• A largura e a profundidade máximas de uma
edifi cação podem ser expressas como percentuais
das dimensões do terreno.
• Os regulamentos municipais também podem
especifi car a altura do prédio para uma área específi ca,
de forma a garantir a luz, o ar e o espaço adequados,
além de melhorar o ambiente urbano e para os
pedestres.
O tamanho e a forma da edifi cação também são con-
trolados indiretamente através da especifi cação das
distâncias obrigatórias mínimas entre a edifi cação e as
divisas do terreno, fornecendo ar, luz, acesso solar e
privacidade.
• Divisas
• Recuos frontal, lateral e de fundos
Uso e ocupação
Tipo de construção
Altura e área da edifi cação
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