Estudo 3 O Propósito da Igreja

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1 Estudo 3 O Propósito da Igreja A Igreja de Atos dos Apóstolos Atos 2:42 IPCci 16/02/2012 Pr. Jorge “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” INTRODUÇÃO Estamos em busca de identificar algumas marcas indeléveis das Igrejas do Novo Testamento e restaurá-las em nosso viver diário. Semana passada pontuamos as três marcas que se tornaram o alicerce daquela Igreja de Atos dos Apóstolos”: Falamos que aigreja nasceu e viver uma dimensão bi-dimensional de tempo: O aqui e agora e o por futuro em momento nenhum foram disassociados pelos cristãos. Falamos também que a Igreja compreendeu que sofrimentos e perseguições iriam acompanhar sua trajetória para toda a sua história na terra. Por fim, falamos que a Igreja nasceu no meio dos escombros da segregação racial. Em Cristo nos todos nos tornamos um. Hoje, no entanto, gostaria de falar sobre o propósito da Igreja à luz das atitudes da Igreja Primitiva. A pergunta chave hoje é “Qual é o propósito da Igreja?” Deixe-me falar algumas coisas importantes à guisa de introdução do nosso assunto: Ao longo dos anos a Igreja Evangélica perdeu um pouco de sua referência de “simplicidade na comunhão” e “devocionalidade na adoração.”

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Estudo biblico sobre marcas da Igreja Primitiva

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Estudo 3 O Propósito da Igreja

A Igreja de Atos dos Apóstolos Atos 2:42

IPCci 16/02/2012 Pr. Jorge

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.”

INTRODUÇÃO Estamos em busca de identificar algumas marcas indeléveis das Igrejas do Novo Testamento e restaurá-las em nosso viver diário. Semana passada pontuamos as três marcas que se tornaram o alicerce daquela Igreja de Atos dos Apóstolos”: Falamos que aigreja nasceu e viver uma dimensão bi-dimensional de tempo: O aqui e agora e o por futuro em momento nenhum foram disassociados pelos cristãos. Falamos também que a Igreja compreendeu que sofrimentos e perseguições iriam acompanhar sua trajetória para toda a sua história na terra. Por fim, falamos que a Igreja nasceu no meio dos escombros da segregação racial. Em Cristo nos todos nos tornamos um. Hoje, no entanto, gostaria de falar sobre o propósito da Igreja à luz das atitudes da Igreja Primitiva. A pergunta chave hoje é “Qual é o propósito da Igreja?” Deixe-me falar algumas coisas importantes à guisa de introdução do nosso assunto: Ao longo dos anos a Igreja Evangélica perdeu um pouco de sua referência de “simplicidade na comunhão” e “devocionalidade na adoração.”

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Duas coisas que existiam na Igreja apóstolica que perdemos (Ou pelo menos os temos de forma muito pálida): simplicidade e devocionalidade. Isso aconteceu porque a Igreja evangélica nasceu dentro de uma luta intensa para restabelecer o padrão Bíblico para a Igreja. A Igreja medieval havia se desencarrilhado do trilho das Escrituras e descia em queda livre para a idolatria, o mundanismo, o comércio eclesiástico, etc. Então os Reformadores precisaram estudar os dogmas da igreja e restabelecer as doutrinas bíblicas. Começamos a ter preocupações plausíveis sobre a forma de adorar a Deus e a forma de viver o Cristianismo. Daí os Reformadores criaram um mapa para andarmos na direção certa. Esse mapa continha as ordenanças pessoais e as coletivas. Pessoalmente Qual é o fim principal do homem? Glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Coletivamente Para que a Igreja existe? A Igreja existe para ser luz para as nações. Mas a gente acabou perdendo um pouco da simplicidade da comunhão entre os cristãos – Isto é, todos são iguais perante Deus e todos nós somos irmãos tanto aqui quanto do lado de fora. Perdemos também um pouco daquela adoração devocional, (sem ser rasa teologicamente) desinstalada e simples (sem ser simplista); alegre (sem ser irreverente); empolgante (sem ser fantasiosa) e em movimento (sem ser anarquista). Perdemos em alguns aspectos essas coisas: Devocionalidade, simplicidade, alegria, empolgação e movimento.

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Eu gostaria de olhar para a Igreja Apostólica e pontuar essas verdades que hoje as vemos apenas como neblina diante de nós.

Pergunta: "Qual o propósito da Igreja?"

Resposta: Atos 2:42 pode ser considerado como a “frase-propósito” para a igreja:

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.”

Então, de acordo com este texto, os propósitos ou atividades da igreja estão definidos em 4 bases que se complementam.

O comentador Bíblico americano Alexander Mclaren define estas quatro bases como “um cordão de quadro dobras.”

(1) O ensino da doutrina bíblica – “Perseveravam na doutrina dos Apostolos...”

(2) Providenciar um espaço de adoração para os crentes – “... na comunhão...”

(3) Observar a Ceia do Senhor – “...no partir do pão...”

(4) Ser uma comunidade de oração – “... e nas orações.”

(1) Uma experiência pessoal com o ensino da doutrina bíblica – “Perseveravam na doutrina dos Apostolos...”

A igreja deve ensinar a doutrina bíblica para que possamos ter os alicerces de nossa fé.

Efésios 4:14 nos diz: “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.”

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Talvez poderemos dizer que o restabelecimento das doutribas bíblicas foi uma das grandes conquistas da Reforma Protestante. Poderemos dizer também que nossa Igreja preza pelas doutrinas bíblicas.

Mas aqui em Atos dos Apóstolos perseverar na doutrina dos Apóstolos é muito mais do que decorar e acreditar nas doutrinas verdadeiras e bíblicas.

Observe o contexto dessa afirmação de Lucas: A Igreja acabara de sair de 120 para 3.000 membros. E com isso a Igreja acabara de mudar de uma comunidade pequena de judeus convertidos para uma grande comunidade eclética com pessoas de todas as regiões.

Mais do que isso 95% (3.000 pessoas) daquela “nova igreja” não tinha tido tempo de aprender todas as doutrinas que os Apóstolos ensinavam. Nem eles mesmos ainda tinham ensinado tudo o que iria nortear a igreja.

Pergunta: Então o que eles aprenderam? O que Lucas está querendo dizer ao afirmar que “eles perseveravam na doutrina dos apóstolos?”

Duas possibilidades: (1) Há um espaço grande de tempo do versículo 41 para versículo 42. Isso é realmente possível. (2) Que aqueles convertidos aprenderam os princípios elementares no sermão de Pedro no início do capítulo.

Se esse segundo ponto é o caso aqui, Alexander McLaren está certo ao afirmar que o “conteúdo da fé daquela igreja era muito incompleto, mas o poder de sua fé é imensurável.”

Então, se olharmos para o sermão de Pedro vamos ver algo interessante nele. Primeiro, não encontramos alguns elementos fundamentais para a compreensão teológica desenvolvidos posteriormente. Exemplo: Não há descrição sobre a divindade de Cristo, sobre trindade, sobre expiação limitada, sobre escatologia, etc.

Mas o sermão de Pedro está fundamentado na morte e ressurreição de Cristo e na Sua presença como agente de transformação na vida daqueles que se encontram com Ele. Isso tem tudo a ver com o poder de uma vida transformada.

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Aqui há o primeiro e grande ensinamento para nós; a saber: É preciso que tenhamos uma experiência pessoal e transformadora com a verdade bíblica da presença viva de Jesus.

Você precisa perseverar nisso: Cristo está vivo em nós e este viver que agora vivemos, diz Paulo, precisamos viver pela fé no filho de Deus.

Muitas vezes somos mestres no saber teológico, mas meninos no viver teológico; não submetemos nosso viver, ser e vontade a Cristo.

(2) Providenciar um espaço de adoração para os crentes – “... na comunhão...”

Houve algo extraordinário naquela comunidade.

Até aquele momento, os judeus tinham ajuntamento, mas não tinham comunhão. Ninguém produzia um culto mais organizado, ordenado do que os judeus. Mas havia paredes de separação dentro do próprio Templo, onde homens, mulheres, estrangeiros, etc estavam distantes um do outro na hora da adoração.

Isso precisou mudar: Primeiro porque a igreja por não ter um Templo começou a se reunir em casas.

Então eles começaram a ir para o Templo no sábado como espaço para envangelização e se reunirem nas casas no domingo como espaço para a adoração e comunhão.

A igreja deve ser um lugar de comunhão, onde os cristãos possam se devotar uns aos outros e honrar uns aos outros (Romanos 12:10), instruir uns aos outros (Romanos 15:14), ser benignos e misericordiosos uns com os outros (Efésios 4:32), encorajar uns aos outros (I Tessalaonicenses 5:11), e principalmente, amar uns aos outros (I João 3:11).

Efésios 5:18 “... enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos; entoando e louvando de coração com hinos e cânticos espirituais...”

A Igreja precisa prover um espaço de adoração. E a adoração emgloba vários aspectos:

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(1) Nos reunimos para dizer ao Senhor de nossa gratidão por sua salvação e louvá-lo por aquilo que Ele é e que Ele faz;

(2) Nos reunimos para instruir-nos mutuamente, para compartilharmos de nossas experiências com o Senhor e edificarmos com isso o nosso irmão;

(3) Também nos reunimos para ser luz para as nações, para compartilharmos com aqueles que ainda não conhecem a Jesus sobre a grande maravilha da salvação.

Portanto, esse espaço de adoração que a igreja se propõe a ser possui três aspectos: (1) Louvor a Deus; (2) Edificação do irmão; (3) Evangelização do perdido.

A Igreja deve se reunir apenas com esses objetivos.

(3) Observar a Ceia do Senhor – “...no partir do pão...”

A administração dos sacramentos – Batismo e Ceia – passou a ser algo “natural” na vida diária da Igreja.

A igreja deve ser um lugar onde os crentes possam observar a Ceia do Senhor, lembrando-se da morte de Cristo e Seu sangue derramado em nosso favor (I Coríntios 11:23-26).

O conceito de “partir o pão” (Atos 2:42) também carrega a idéia de refeições compartilhadas. Este é outro exemplo da igreja promovendo a comunhão.

Jesus disse: “Fazei isso em memória de mim...” Não é algo opcional. É na verdade um mandamento de Deus.

(4) Ser uma comunidade de oração – “... e nas orações.”

O propósito final da igreja, de acordo com Atos 2:42 é a oração.

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A igreja deve ser um lugar que promova a oração, ensine a oração e pratique a oração.

Filipenses 4:6-7 nos encoraja: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.”

Infelizmente nós oramos muito pouco; tanto individual como coletivamente.

A Igreja primitiva respirava oração. Esse ponto aqui é assunto para outro estudo.

CONCLUSÃO

Então, tudo dito, qual o propósito da igreja? Gosto da ilustração em I Coríntios 12:12-27. A igreja é o “corpo” de Deus: somos Suas mãos, boca e pés neste mundo. Devemos fazer as coisas que Jesus Cristo faria se Ele estivesse aqui na terra, fisicamente. A igreja deve ser “cristã”: “como Cristo” e “seguidora de Cristo”.

A Igreja vai viver por uma experiência pessoal de cada membro, promovendo um espaço da adoração, observando a ceia do Senhor e exercendo um grande ministério de oração.