Estudo 6 de Marcos

4

Click here to load reader

description

Paixão e morte de Jesus

Transcript of Estudo 6 de Marcos

Page 1: Estudo 6 de Marcos

Paixão, morte e ressurreição ( Marcos 14.1-16.20)

Jesus é o filho amado de Deus (Mc 1.11) e o Evangelho de Marcos motiva a comunidade a descobrir nele o “Servo de Deus”. Esta boa noticia vai se revelando progressivamente às pessoas conforme percebemos na nossa tarefa da leitura continua e orientada do Evangelho de Marcos. A atuação de Jesus não leva automaticamente a crer nele, mas ao contrário, provoca a oposição e a incompreensão dos que o rodeiam. Este contraste entre a revelação crescente de Jesus e a crescente incompreensão que provoca, projeta a sombra da cruz. A partir de Mc 8.31 o seguimento a Jesus se dá no caminho da cruz. Somente quem está disposto a seguir a Jesus no caminho da cruz, está em condições de compreender o serviço de dar a vida pelos outros. É fundamental a revelação de que Jesus foi livre e conscientemente até a cruz para dar sua vida pelos outros. Somente pela cruz, chegou à ressurreição. E isso também é condição da vida cristã, referindo-se as perseguições que terão de sofrer os cristãos por serem seguidores de Jesus, o Cristo. Marcos é o evangelista que mais destaca a dureza e o escândalo da paixão e morte de Jesus.

O servo de Deus – o justo que sofre.

São os últimos dias de Jesus. E ele está em Jerusalém para a festa da Páscoa que era comemorada por causa da libertação da escravidão no Egito. O bloco de textos que vamos ler é o coração do Evangelho. São os momentos culminantes da sua paixão, morte e ressurreição. Ali está Jesus com toda a sua serenidade e firmeza defendendo a causa do Evangelho até as ultimas consequências.

“Os chefes dos sacerdotes e os doutores da lei procuravam um modo esperto de prender Jesus e depois mata-lo.” Esse jeito esperto foi oportunizado por meio da traição de Judas Iscariotes, um dos doze, o qual entrega Jesus às autoridades em troca de dinheiro (Mc 14.10-11). Entre essa trama sórdida está o gesto significativo de uma mulher, que reconhecendo o verdadeiro sentido da pessoa de Jesus, o unge como Messias que vai morrer (Mc 14.3-9). O gesto é também uma confissão de fé: esse é o Cristo. Diferente de Pedro que o confessa a partir de sua expectativa pessoal (Mc 8.29 ), ela expressa a sua confissão de fé com um gesto lúcido, afirmando que Jesus a ser morto é o Cristo. Jesus se sentiu muito confortado com o gesto da mulher, porque viu que tinha sido

Page 2: Estudo 6 de Marcos

compreendido pelo menos por algumas pessoas. Mas também ficou muito chateado porque os seus próprios discípulos mostraram que ainda não tinham entendido o que estava acontecendo e o que haveria de acontecer.

Todos os acontecimentos se dão em torno da celebração da Páscoa judaica, que lembra a libertação da escravidão do Egito. Uma nova libertação se desenrola: Jesus vai ser morto, sua vida e morte vão trazer nova vida. A ceia pascal celebrada com seus discípulos (Mc 14.22-25) torna-se o centro vital da comunidade cristã por:

- afirmar a presença de Jesus Cristo em meio a comunidade;- manifestar o sentido profundo de sua vida e morte como entrega

de sim mesmo aos outros;- comprometer a comunidade a fazer o mesmo, partilhar e viver

com os outros, opondo-se a uma sociedade em que as pessoas vivem para si mesmas e para seus interesses.

A falta de sintonia entre Jesus e os seus discípulos presente em todo o Evangelho continua a deixar as suas marcas. Agora assume um tom decepcionante de traição e abandono. Jesus anuncia que um dos discípulos vai traí-lo (Mc 14.17-21). Cada um deles teme por isso. A dúvida está na pergunta de cada um deles: “Será que sou eu?”. Um o fará. Será que os outros estavam próximos de fazer o mesmo? Se aqui há dúvidas e tristeza por causa da traição, logo adiante, no desenrolar dos textos, mais sentimentos afloram. Pedro o negará (Mc 14.26-31), o grupo ficará desorientado e Jesus será abandonado pelos seus seguidores (Mc 14.32-52). Sob esse pano de fundo é profundamente humano o que se passa no intimo de Jesus, o qual Marcos faz questão de destacar (Mc 14.32-42). A expectativa por companhia resulta na experiência da solidão, confrontam-se medo e serenidade, a coragem de continuar até o fim e a vontade de desistir e fugir. Há entre Jesus e os seus seguidores uma contradição flagrante. Mesmo os seus amigos mais íntimos estão longe de compreender o que estava acontecendo. Se os discípulos, testemunhas privilegiadas e escolhidas pessoalmente por Jesus, fracassaram tantas vezes, isto pode ocorrer com qualquer outro seguidor se não tomar consciência de que a vida cristã se dá no seguimento à Jesus pelo caminho da cruz. Isto está presente desde o inicio da atuação pública de Jesus quando a lógica do anuncio do Reino (Mc 3.4) traz como resultado o conflito com poderes civis e religiosos (Mc 3.6) e conforme o caso, o levará até a morte. A palavra “vigiar”, dita várias vezes por Jesus, alertava

Page 3: Estudo 6 de Marcos

para todas as situações que podiam impedir o seguimento a ele, dando-lhe as costas.

Paixão e morte

O processo contra Jesus foi tramado desde o início com todos os requintes de mentiras e falsidades (Mc 14.55-65). São necessárias falsas testemunhas para que se possa acusar Jesus de blasfêmia. É um julgamento e uma condenação no âmbito religioso. Jesus é acusado e condenado por ser o Messias e por menosprezar as autoridades religiosas e uma instituição que é considerada divina. O fim do julgamento e a condenação dão inicio a métodos de tortura. Jesus foi torturado.

As aparições pascais e o anuncio da ressurreição.xxxxxxxxxx