Estudo bíblico sobre arrependimento

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1 ARREPENDIMENTO Texto Básico - Mateus 21:28-32 Objetivo da Lição: Convencer o aluno a uma vida cristã coerente A Doutrina do arrependimento é um ensino ausente em muitas Igrejas nos nossos dias. Temos ouvido sermões superficiais que diluem a ideia do pecado, oferecendo muito e exigindo pouco demais. Temos visto “conversões” que não evidenciam na prática o fruto do arrependimento, ou seja, uma transformação, mudança radical de vida. (2Co.5:17 - E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas ; Mt.12:33 - Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.). A palavra grega para arrependimento é metanoia (metanoia), que é derivada de meta - “depois”, e neo - “compreender”, literalmente significa “Reflexão posterior”, ou “mudança de mente”. Todavia o seu sentido bíblico vai além, significando uma mudança de rumo, mudança de direção, de atitude. Este é o significado da palavra. Em nosso texto escolhido de Mateus 21:28-32, o Senhor Jesus nos dá lições claras sobre o arrependimento. 1. A lição do primeiro filho: CONFISSÃO DE FÉ SEM ARREPENDIMENTO GERA UMA DEVOÇÃO MERAMENTO EXTERIOR. a) Os ouvintes de Jesus : Temos que ter em mente quem eram os principais ouvintes de Jesus naquele momento. Um grupo de fariseus (religiosos da época), indivíduos que viviam na ilusão pensando que eram muito justos, não se vendo a si mesmos como pecaminosos e desobedientes. Os fariseus eram hiper- 1

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ARREPENDIMENTO

Texto Básico - Mateus 21:28-32Objetivo da Lição:Convencer o aluno a uma vida cristã coerente

A Doutrina do arrependimento é um ensino ausente em muitas Igrejas nos nossos dias. Temos ouvido sermões superficiais que diluem a ideia do pecado, ofere-cendo muito e exigindo pouco demais. Temos visto “conversões” que não eviden-ciam na prática o fruto do arrependimento, ou seja, uma transformação, mudança ra-dical de vida. (2Co.5:17 - E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas; Mt.12:33 - Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se co-nhece a árvore.).

A palavra grega para arrependimento é metanoia (metanoia), que é derivada de meta - “depois”, e neo - “compreender”, literalmente significa “Reflexão posterior”, ou “mudança de mente”. Todavia o seu sentido bíblico vai além, significando uma mudança de rumo, mudança de direção, de atitude. Este é o significado da palavra.Em nosso texto escolhido de Mateus 21:28-32, o Senhor Jesus nos dá lições claras sobre o arrependimento.

1. A lição do primeiro filho:

CONFISSÃO DE FÉ SEM ARREPENDIMENTO GERA UMA DEVOÇÃO MERAMENTO EXTERIOR.

a) Os ouvintes de Jesus : Temos que ter em mente quem eram os principais ouvintes de Jesus naquele momento. Um grupo de fariseus (religiosos da época), indivíduos que viviam na ilusão pensando que eram muito justos, não se vendo a si mesmos como pecaminosos e desobedientes. Os fariseus eram hiper-legalistas que faziam de sua religião algo puramente exterior. Eles se consideravam os únicos exemplos e modelo de piedade (2Tm.3:5). Mas apesar de serem religiosos conforme é visto nesta parábola, não estavam mais próximos do reino do que uma prostituta (Mt.21:31).

b) Devoção meramente exterior : O primeiro filho na parábola contada por Jesus representa os fariseus e a lição que este personagem nos ensina é que corremos o risco de vivermos um cristianismo só de aparências, pois podemos estar dizendo que vamos fazer, mas nunca fazemos (Mt.23:5).

Isto é bastante comum em nossos dias. Muitos crentes que frequentam os cultos da Igreja, que se batizaram, tornaram-se membros, dão o dízimo (de vez em quando, quando dão) e cumprem algumas normas da Igreja; não obstante,

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vivem absorvidos pelo mundanismo. Estão envolvidos em jogatinas, não abandonaram seus vícios, passam notas fiscais frias; há jovens que adotam um namoro misto e cheio de promiscuidade, estudantes que não veem mal nenhum em colar nas provas, crentes que assistem filmes pornográficos! E no domingo estão lá na Igreja; bem “comportadinhos”, dizendo sim à palavra de Deus.

Estes são como o primeiro filho da parábola que dizem que vão obedecer, mas não obedecem. Por quê? Porque não houve arrependimento. É prática e não o reagir positivamente para com a vontade do Pai (v.31). Jesus disse: “Por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” - Lc.6:46). Uma religião de aparências, chama a Jesus de “Senhor, Senhor”, mas não consegue submeter à vontade de seu Senhor. Dizem, mas não fazem. Uma confissão de fé sem um genuíno arrependimento, só consegue gerar uma devoção meramente exterior (Mt.7:21-23; Mt.6:5,16-18).

Jesus nos alerta quanto ao cristianismo tipo o dos fariseus: “fazei e guardai, pois tudo quanto ele vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem” – Mt.23:37

Temos de ter em mente que Jesus não se impressiona com nossas palavras piedosas. Ele quer ver os frutos, as evidências de nosso cristianismo em obras de obediência.

2. A lição do segundo filho:

CONFISSÃO DE FÉ ACOMPANHADA DE ARREPENDIMENTO GERA UMA VIDA DE OBEDIÊNCIA Á VONTADE DE DEUS.

Observe que o segundo filho, quando recebeu a ordem do pai disse: “Não quero”. Esta é por natureza a nossa resposta às ordens de Deus - não quero. No texto lemos que este filho disse: “Não quero; depois, arrependido, foi” (v.30). Como já vimos a palavra arrependimento significa um redirecionamento da vontade humana, um desejo, uma decisão de repudiar a injustiça e buscar a retidão (Confissão de Fé, Cap. XV – Do arrependimento para vida). A evidência segura de uma vida cristã, não é como falamos, e sim como vivemos e o que fazemos. O “Fruto digno de arrependimento” (Lc.3:8 - Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão) é uma vida de obediência às ordens do Pai.

Em Lc.19:8 e 9 temos uma boa ilustração de alguém realmente arrependido: “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão”.

Observe que Jesus só declarou Zaqueu como um homem salvo, quando este deu provas de seu arrependimento. A decisão de devolver o que havia sido roubado era a clara evidência de que seu coração fora de fato transformado (2Co.5:17).

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O segundo filho embora a princípio não quisesse fazer a vontade do pai, após se arrepender mudou de posição. Igualmente, precisamos desprezar nossos pecados, confessá-los, abandoná-los, fazer as devidas reparações e tomar providências a fim de não os repetir. Poderemos pecar (1Jo. 2:1); iremos pecar, mas o processo de santificação jamais poderá ser obstruído (Fl.1:6 - tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus; 2:13 - porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.). O Pr. John F. McArthur diz que o arrependimento engloba a pessoa como um todo:

a) Engloba a pessoa intelectualmente:

(Mt.12:41; Lc.11:32) O arrependimento da pessoa se inicia quando há reconhecimento do pecado. A pessoa desperta para a seriedade que seu pecado tem para Deus. Há uma consciência de que as coisas não são como deveriam, e que algo está errado. Este é o primeiro estágio do arrependimento. É quando eu chego a compreender que algo está errado.

b) Engloba a pessoa emocionalmente :

(2Co.7:10; Jó42:6) Uma pessoa pode até entristecer sem estar arrependida, como foi o caso de Judas (Mt.27:3-5), ou do moço rico (Mt.19:16-22). Entretanto, o genuíno arrependimento sempre vem acompanhado por tristeza (Sl.51:17).

c) Engloba a pessoa volitivamente :

(Lc.15:17-20) A vontade da pessoa é afetada. John F. McArthur Jr. afirmou que: “Onde não há mudança visível de conduta, não se pode confiar que haja ocorrido arrependimento”. Lembra-se do filho pródigo? Em Lc.15:17-20 somos informados que ele “caiu em si”, compreendeu que algo estava erra-do, mas não ficou só nisso, “Levantou-se e foi”. Houve uma tomada de decisão. Não haverá arrependimento verdadeiro até que tenhamos feito algo a respeito do pecado. Não basta saber que é errado, ou ficar triste por ter pecado. O pecado precisa ser abandonado.

3. A lição para todos os cristãos:

O ARREPENDIMENTO EVIDENCIA A GRAÇA SALVADORA DE DEUS.

A nossa Confissão de Fé, nos Caps. XV, ponto IV, diz o seguinte: “como não há pecado tão pequeno que não mereça a condenação, assim também não há pecado tão grande que possa trazer a condenação sobre os que se arrependem verdadeiramente” Até mesmo o pior dos pecados (se podemos dizer assim) não excluirá do céu em pecador, se ele se arrepender. É isso que Jesus quer dizer quando falou que “Meretrizes e publicanos vos precedem no Reino de Deus” (v.31). Um

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publicano (coletor de impostas) era considerado um ladrão (cf. Lc.19:1-10), pois amontoavam fortunas às custas aos oprimidos. Jesus afirma que até os publicanos precederiam os fariseus (que se consideravam justos aos olhos de Deus) na entrada do Reino. Isto, porque o Reino de Deus é para aqueles que se veem a si mesmos como pecadores. O ensino de Jesus é que o não reconhece o seu pecado, e dele não se arrepende, não pode ser alcançado pela Graça Salvadora. Todos são pecadores, mas nem todos admitem isso.

Jesus veio para chamar pecadores ao arrependimento. Segue-se que não importa a situação da pessoa e não importa o tamanho do pecado, não importa até onde ela chegou ao fundo do poço. A verdade é que: se ela se arrepender, será perdoada (Lc.5:32 - “Não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento”). Lemos em Isaías 1:18: “... ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã.”

CONCLUSÃO

Iniciamos o nosso estudo dizendo que a doutrina do arrependimento anda muito ausente em nossas Igrejas, talvez esteja aí a razão de tantas incoerências na vida dos cristãos. As nossas Igrejas precisam de pessoas praticantes da palavra e não apenas ouvintes. Pessoas que dizem sim à voz do Senhor, mas que também obedecem a esta voz.

Observe as palavras de George MacDonald (autor de romances e fantasias como a obra famosa: “a princesa e o duende” – acreditava no amor universal entre todos os povos e que Deus Salvará todas as pessoas): “Um homem pode afundar-se tão vagarosamente que, muito depois de ter-se tornado um demônio pode ainda continuar a ser bom clérigo ou bom dissidente e considerar-se bom cristão”.

Que Deus em sua misericórdia nos conceda sempre a graça do arrependimento para não chegarmos neste ponto.

PONTOS PARA DISCUTIR

1. Que critério Deus usou para avaliar o arrependimento dos ninivitas? Jonas 3:102. O que podemos entender por ateísmo prático?

3. Como entender as palavras de Jesus: “Não vim chamar justos e sim pecadores ao arrependimento” (Lc.5:32), se todos somos pecadores? 4.

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