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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ENFERMAGEM GEOVANA ELOISA QUEGE ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE UM PRODUTO À BASE DE ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS (AGE) E DE UMA BIOMEMBRANA DE LÁTEX NO TRATAMENTO DE FERIDAS CRÔNICAS INFECTADAS EM PACIENTES CURADOS DE HANSENÍASE Goiânia 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE ENFERMAGEM

GEOVANA ELOISA QUEGE

ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE UM PRODUTO À BASE DE ÁCIDOS GRAXOS

ESSENCIAIS (AGE) E DE UMA BIOMEMBRANA DE LÁTEX NO TRATAMENTO DE

FERIDAS CRÔNICAS INFECTADAS EM PACIENTES CURADOS DE HANSENÍASE

Goiânia

2008

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Termo de Ciência e de Autorização para Publicação de Teses e Dissertações

Eletrônicas (TEDE) na Biblioteca Digital da UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo à Universidade Federal de Goiás – UFG a disponibilizar gratuitamente através da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD/UFG, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.

1. Identificação do material bibliográfico: [ ] Dissertação [ ] Tese

2. Identificação da Tese ou DissertaçãoAutor(a): Geovana Eloisa Quege Afiliação: Carlos Antônio Quege e Maria de Lourdes Pereira Quege CPF: 787.556.111-68 RG: 7359055-08 SSP/PR E-mail: [email protected] e-mail pode ser disponibilizado na página? [ x ]Sim [ ] Não

Vínculo Empregatício do autor: Prefeitura de Goiânia Agência de fomento: Secretaria Municipal de Saúde Sigla: SMS-GO País: Brasil UF: GO CNPJ: Título: Estudo comparativo do uso de um produto à base de ácidos graxos essenciais (AGE) e de uma biomembrana de

látex no tratamento de feridas crônicas infectadas em pacientes curados de hanseníase. Palavras-chave: Infecção dos ferimentos, cicatrização de feridas, hanseníase/complicações, úlcera da

perna/complicações/enfermagem, viabilidade microbiana. Título em outra língua: The use of a latex biomembrane and essential fatty-acid-based product for the treatment of

infected chronic wounds - a comparative study. Palavras-chave em outra língua: Wounds infection, wounds healing, leprosy/complications, leg ulcer/

complications/ nursing, microbial viability. Área de concentração: Processo de Cuidar em Enfermagem e Saúde Data defesa: (dd/mm/aaaa) 31/03/2008 Nº de páginas: 235 Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado, da Faculdade de

Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Orientador(a): Drª. Maria Márcia Bachion (Faculdade de Enfermagem – FEN / UFG) CPF: 081.305.568-71 E-mail: [email protected](a): Dr. Ruy de Souza Lino Junior

(Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - IPTSP / UFG) CPF: 173.570.098-31 E-mail: [email protected]

3. Informações de acesso ao documento: Liberação para publicação?1 [ ] total [ ] parcial

Em caso de publicação parcial, assinale as permissões: [ ] Capítulos. Especifique: _____________________________________________________ [ ] Outras restrições: _________________________________________________________

Havendo concordância com a publicação eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF desbloqueado da tese ou dissertação, o qual será bloqueado antes de ser inserido na Biblioteca Digital.

O Sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contento eletronicamente as teses eou dissertações, antes de sua publicação serão bloqueados através dos procedimentos de segurança (criptografia e para não permitir cópia e extração de conteúdo) usando o padrão do Acrobat Writer.

__________________________________ Data: _____ / _____ / _____ Assinatura do(a) autor(a)

1 Em caso de restrição, esta poderá ser mantida por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Todo resumo e metadados ficarão sempre disponibilizados.

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GEOVANA ELOISA QUEGE

ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE UM PRODUTO À BASE DE ÁCIDOS GRAXOS

ESSENCIAIS (AGE) E DE UMA BIOMEMBRANA DE LÁTEX NO TRATAMENTO DE

FERIDAS CRÔNICAS INFECTADAS EM PACIENTES CURADOS DE HANSENÍASE

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado, da

Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de

Goiás.

Orientadora: Maria Márcia Bachion

Co-orientador: Ruy de Souza Lino Junior

Goiânia

2008

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(GPT/BC/UFG)

Quege, Geovana Eloisa. Q3e Estudo comparativo do uso de um produto à base de ácidos graxos essenciais (AGE) e de uma biomembrana de látex no tratamento de feridas crônicas infectadas [manuscrito] / Geovana Eloisa Quege. – 2008. 235f : il., figs., qds., tabs. Orientadora: Profª. Drª. Maria Márcia Bachion: Co-Orien- tador: Prof. Dr. Ruy de Souza Lino Junior. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás. Faculdade de Enfermagem, 2008.

Bibliografia: f. 198-212.

Inclui listas de abreviaturas, figuras, quadros e de tabelas. Anexos.

1. Ferimentos – Enfermagem 2. Cuidados – Feridas e feri-

mentos. 3. Feridas – Complicações – Hanseníase 4. Feridas –

Complicações – Úlcera de perna 5. Curativos 6. Ferimentos –

Lesões – Tratamento 7. Infecções dos ferimentos I. Bachion,

Maria Márcia II. Lino Junior, Ruy de Souza. III. Universidade

Federal de Goiás. Faculdade de Enfermagem. IV. Título.

CDU: 616-001

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Área de concentração: Cuidado em Enfermagem

Linha de Pesquisa: Processo de Cuidar em Enfermagem e Saúde

Esta pesquisa contou com o apoio da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Ensino Superior (CAPES).

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GEOVANA ELOISA QUEGE

ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE UM PRODUTO À BASE DE ÁCIDOS

GRAXOS ESSENCIAIS (AGE) E DE UMA BIOMEMBRANA DE LÁTEX NO

TRATAMENTO DE FERIDAS CRÔNICAS INFECTADAS

Dissertação defendida no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado, da

Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás, para obtenção do título de

Mestre, aprovada em 31 de março de 2008, pela Banca Examinadora constituída dos seguintes

professores:

______________________________________________

Profª. Drª. Maria Márcia Bachion - FEN/UFG

Presidente da banca

______________________________________________

Profª. Drª. Maria Helena Larcher Caliri - EERP/USP

Membro externo efetivo

______________________________________________

Prof. Dr. Luiz Carlos da Cunha - FF/UFG

Membro efetivo

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Às pessoas que me fazem ser do jeito que eu sou, que me fazem

ver as coisas do jeito que elas são, me motivam a criar, transformar e

crescer: minha família, em especial, Rayssa e Rafaella.

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“Por seu espírito e por sua autoconsistência o ser humano se

mostra sempre concriador. Ele intervém no seu mundo circundante.

Adapta-se a ele e ao seu projeto. Ele se faz responsável pelo sentido de

sua liberdade e de sua criatividade. Emerge então como um ser ético.”

Leonardo Boff

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AGRADECIMENTOS

À professora, orientadora e amiga, Maria Márcia Bachion, pela atenção e cuidado

dispensados a mim durante o período do mestrado, pela pessoa maravilhosa e essência de

otimismo, coerência, inteligência e ética. Agradeço ainda pelos, tão ricos e prazerosos,

momentos de conhecimento que tive a alegria de dividir com este ser humano especial; um

exemplo de motivação e dedicação.

Ao professor e co-orientador Ruy de Souza Lino, por ter acreditado e ter me feito

acreditar que eu seria capaz. Pelas brilhantes sugestões em momentos decisivos do trabalho.

Aos pesquisadores que integraram a equipe responsável por este projeto e que

forneceram apoio técnico científico durante a realização do mesmo. Professores Drª. Fabiana

Cristina Pimenta, Dr. Ruy de Souza Lino Junior, Drª. Fátima Mrué, Drª. Sandra Maria Brunini

de Souza.

Aos alunos de graduação em Enfermagem e profissionais, que colaboraram na

coleta de dados Queiliene Rosa dos Santos, Priscila Santos Ferreira, Márcio Felipe Bastos

Coelho; Laiz Ayres Brito; Dayane Bueno Ribeiro; Enfª. Lara Cândida de Souza Machado;

Enfª. Suelen Gomes Malaquias e à farmacêutica Ana Beatriz Mori Lima, que colaborou com

análise microbiológica no estudo.

Às pessoas que participaram do estudo como sujeitos. Ao longo do tempo, se

tornaram meus queridos amigos.

A direção, equipe administrativa e a todos os profissionais do HDS, que durante a

realização desta pesquisa acreditaram na importância do trabalho desenvolvido. Estas pessoas

nunca deixaram de me apoiar, certamente ficarão em minha memória para toda a vida, como

grandes companheiros.

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Ao Professor Dr. Joaquim Tomé de Souza pela orientação na elaboração do banco

de dados e na análise estatística.

Às Professoras Drª. Anaclara Ferreira Veiga Tipple, Drª. Lílian Varanda Pereira e

Drª. Sheila Araujo Teles, pelos comentários e sugestões valiosas oferecidas durante a

disciplina Seminários de Pesquisa II.

Aos Professores Dr. Cleomenes Reis, Dr. Luiz Carlos da Cunha e Drª. Lilian

Varanda Pereira, integrantes da Banca do exame Geral de qualificação e participação do

processo de refinamento do estudo.

Aos professores que aceitaram o desafio de fazer parte da Banca de Defesa.

Professores Drª. Maria Helena Larcher Caliri, Drª. Anaclara Ferreira Veiga Tipple, Drª. Irene

Kreutz e ao Dr. Luiz Carlos da Cunha, a este agradeço ainda pela ajuda na impressão final dos

exemplares desta disseratação.

Às empresas que apoiaram o estudo oferecendo material de consumo e parte do

recurso financeiro para a realização do mesmo: Pele Nova Biotecnologia®, FAMED® e Doles

Reagentes®.

A CAPES (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior),

pelo apoio financeiro, em bolsa de estudo, no período da pesquisa.

A FUNAPE (Fundação de Apoio a Pesquisa - UFG), pelo apoio financeiro, o que

permitiu a aquisição da máquina fotográfica utilizada no estudo.

Ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado, da Faculdade de

Enfermagem da UFG, que ajudou na aquisição do produto a base de AGE.

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À Faculdade de Odontologia da UFG, que liberou o reprocessamento do material,

bem como a equipe de profissionais atuantes na CME, em especial à Enfermeira Drª. Sandra

Sassamoto, pelas orientações, amizade, compreensão e apoio durante o estudo.

Ao Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG, pelo apoio

técnico e científico, em especial aos Professores Drª. Fabiana Cristina Pimenta e Dr. Ruy de

Souza Lino Junior, que integram as áreas técnicas de microbiologia e patologia,

respectivamente.

À direção, coordenadores e equipe de professores do Colégio Vitória, que me

apoiaram e acreditaram na minha proposta.

Aos meus colegas e professores do Curso de Mestrado, que me agraciaram com

coragem, força e muito conhecimento.

À professora Virginia Visconde Brasil, presente em um momento muito importante

e difícil da minha vida, decisivo neste projeto. Sua presença especial e palavras me ensinaram

e incentivaram a crescer.

À Drª. Fátima Mrué, pelo companheirismo e confiança, desde os primeiros anos da

minha profissão. Por apoiar e motivar minha jornada acadêmica.

Ao meu esposo Reinaldo pela paciência, carinho e ajuda em tantos momentos

felizes e também nos difíceis. Aos meus pais, Maria de Lourdes e Carlos pelo apoio em todas

as etapas da minha vida, pela garra, determinação, ética, fé em Deus e amor ao próximo a nós

ensinado. Às minhas irmãs Carla e Karina, sempre me incentivando a crescer. Aos meus

sobrinhos, luz dos meus dias. À minha afilhada, Jade, e às minhas filhas, Rayssa e Rafaella,

grande motivação da minha vida e essência de tudo o que sou hoje. Aos meus sogros, Elueth e

Cirço, pelo amor dedicado às minhas filhas. Sem estas pessoas, a presença de Deus e o

cuidado de minha orientadora não seria possível a realização deste projeto e de tantos outros

momentos tão importantes em minha história.

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RESUMO

Em pessoas curadas de hanseníase, as úlceras em membros inferiores representam

um desafio aos profissionais, por serem crônicas, geralmente infectadas e recorrentes. Esta

pesquisa teve como objetivo geral comparar o uso de biomembrana de látex (Biocure®, Pele

Nova Biotecnologia®) e de um produto a base de AGE (Dersani®, SANIPLAN®) no

tratamento de feridas crônicas infectadas, em pessoas curadas da hanseníase. Tratou-se de

uma pesquisa clínica de intervenção, realizada no Hospital de Dermatologia Sanitária, de

Goiânia (GO), no período de fevereiro a outubro de 2007. Preencheram os critérios de

inclusão e aceitaram participar 8 pessoas, com 19 feridas infectadas. As lesões foram

alocadas aleatoriamente em grupo A (tratado com Dersani®) e grupo B (tratado com

Biocure®). Os curativos foram realizados diariamente. Mediante acompanhamento durante

28 dias, as feridas foram avaliadas, semanalmente, quanto à presença de microrganismos e

resistência aos antibióticos. Destas, 9 feridas foram acompanhadas por um período estendido

de 42 dias, para avaliação da evolução de: área, macroscopia, satisfação, dor e custo do

tratamento. As lesões foram tratadas diariamente, sendo avaliadas clinicamente a cada

manuseio. A mensuração e o registro fotográfico das mesmas foi realizada, semanalmente e

os pacientes foram questionados, diariamente, quanto à presença de dor e satisfação em

relação ao tratamento. Os custos foram calculados levando em conta os materiais gastos, o

reprocessamento dos mesmos e os recursos humanos envolvidos no tratamento da lesão.

Foram identificados na cultura: Staphylococcus aureus (50%), Pseudomonas aeruginosa

(35,7%), Proteus vulgaris (8,2%), Enterobacter aerogenes (3,3%) e Escherichia coli (2,7%).

Quanto à resistência aos antibióticos observou-se que Staphylococcus aureus foram mais

resistentes à eritromicina (87,9%), Pseudomonas aeruginosa à sulfametoxazol/trimetropina

(81,5%), Proteus vulgaris à sulfametoxazol/trimetropina (80%), Enterobacter aerogenes à

ceftazidima (60%) e Escherichia coli sulfametoxazol/trimetropina (60%). Os resultados

obtidos in vivo sugerem que o Dersani® teve efeito antimicrobiano sobre Enterobacter

aerogenes e o Biocure® sobre Pseudomonas aeruginosa. Houve pequena redução da área

das lesões no período de tratamenteo, a profundidade se manteve praticamente a mesma,

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sendo que a evolução foi um pouco melhor no grupo tratado com a biomembrana. Obsevou-

se que os fatores que agradaram os sujeitos em relação ao tratamento superaram os que

desagradaram, em ambos os grupos, porém houve maior satisfação no grupo tratado com o

AGE. No grupo tratado com a biomembrana, os fatores que mais causaram desagrado

estavam relacionados ao odor ( =15,3), enquanto no AGE ao prurido ( =3,61). Em ambos

os grupos foi relatado a presença mais de dor fora do manuseio da ferida, sendo mais intensa

e freqüente nas lesões tratadas com o AGE. O custo do tratamento, em 42 dias de

intervenção, foi semelhante para os dois grupos. Não foram observados efeitos adversos em

qualquer ferida durante o estudo. Cinco pacientes abandonaram o tratamento. Houve

resultados positivos em ambos os grupos, sob diferentes aspectos. Foi observada melhora

clínica das lesões, contudo, nenhuma ferida acompanhada cicatrizou. Para feridas desta

natureza, sugerem-se estudos com maior tempo de tratamento, além de avaliação de outros

fatores sistêmicos.

Palavras - chave: Infecção dos ferimentos, cicatrização de feridas, hanseníase/complicações,

úlcera da perna/complicações/enfermagem, viabilidade microbiana.

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ABSTRACT

THE USE OF A LATEX BIOMEMBRANE AND ESSENTIAL FATTY-ACID-BASED

PRODUCT FOR THE TREATMENT OF INFECTED CHRONIC WOUNDS- A

COMPARATIVE STUDY

In people cured of leprosy, ulcers in lower limbs pose a challenge to professionals, for

being chronic, usually infected and recurring. This research aimed at comparing the use of

latex biomembrane (Biocure ®, Pele Nova Biotecnologia ®) and an EFA-based product

(Dersani ®, SANIPLAN®) for the treatment of infected chronic wounds, in people discharged

from leprosy treatment. This is an intervention clinical research, carried out at the Hospital de

Dermatologia Sanitária, in Goiânia (GO), from February to October 2007. 8 individuals cured

of leprosy with 19 infected wounds met the inclusion criteria and accepted to participate.

Lesions were randomly allocated in group A (treated with Dersani ®) and group B (treated

with Biocure ®). Bandages were applied daily. The wounds were weekly assessed under a 28-

day follow up concerning the presence of microorganisms and antibiotic resistance. Among

them, 9 wounds were followed up for a period of 42 days for the evolution assessment of:

area, macroscopy, satisfaction, pain, and treatment costs. The lesions were then treated daily,

being clinically assessed every manipulation. The measurements and photographic records

were carried out weekly. Patients were daily asked about the presence of pain and satisfaction

regarding the treatment. Costs were calculated in regards to materials used, their processing,

and human resources involved in the treatment of wounds. In culture we identified:

Staphylococcus aureus (50%), Pseudomonas aeruginosa (35,7%), Proteus vulgaris (8,2%),

Enterobacter aerogenes (3,3%) e Escherichia coli (2,7%). Concerning antibiotic resistance we

observed that Staphylococcus aureus were more resistant to erytromicine (87,9%),

Pseudomonas aeruginosa to sulfametoxazol/trimetropina (81,5%), Proteus vulgaris to

sulfametoxazol/trimetropina (80%), Enterobacter aerogenes to ceftazidime (60%) and

Escherichia coli to sulfametoxazol/trimetropina (60%). Results in vivo suggest that Dersani®

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has positive antimicrobial effect on Enterobacter aerogenes and Biocure® on Pseudomonas

aeruginosa. Little reduction was shown in the area of wounds during the treatment, deepness

was practically the same, although evolution was a little better in the group treated with

biomembrane. We noticed that factors pleasing individuals regarding treatment overcame

those not pleasing them, in both groups, however there was more pleasing feelings reported in

the EFA treated groups. In the groups treated with biomembrane, factors causing more

unpleasant feelings were related to smell ( = 15,3), whereas in the EFA it was related to

fluids ( =3,61). In both groups it was evidenced the presence of pain without the wound

manipulation, being more intense and frequent in the EFA treated wounds.

Key - words: Wounds infection, wounds healing, leprosy/complications, leg ulcer/

complications/ nursing, microbial viability.

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SUMÁRIO

Lista de abreviaturas

Lista de figuras

Lista de pranchas

Lista de quadros

Lista de tabelas

I- INTRODUÇÃO.................................................................................................... 25

1.2.Feridas localizadas em membros inferiores, seqüelares à hanseníase......................................................................................................... 271.1. Feridas infectadas – classificação, materiais e soluções mais utilizadas no tratamento .................................................................................................. 30

II- OBJETIVOS......................................................................................................... 35

III- MARCOS TEÓRICOS CONCEITUAIS...........................................................

36

3.1.Hanseníase.............................................................................................................. 363.1.1.Imunopatologia da hanseníase................................................................. 403.1.2.Formas clínicas da hanseníase................................................................. 413.1.3.Reações hansênicas................................................................................. 433.1.4.Complicações e seqüelas da hanseníase.................................................. 45

3.2. Úlceras Venosas Crônicas..................................................................................... 473.2.1.Avaliação clinica das úlceras de perna.................................................... 52

3.3. Infecção em feridas crônicas................................................................................. 613.3.1. Critérios de identificação da ferida infectada......................................... 62

3.4. Produtos utilizados no estudo................................................................................ 653.4.1.Biomembrana...................................................................................................... 65

3.4.1.1.Estudos realizados com a biomembrana em animais..................... 653.4.1.2. Estudos realizados com a biomembrana em seres humanos......... 69

3.4.2.Ácidos graxos essenciais (AGE)......................................................................... 733.4.2.1.Estudos realizados com o produto a base de ácidos graxos essenciais em animais................................................................................. 763.4.2.2.Estudos realizados com o produto a base de ácidos graxos

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essenciais em humanos............................................................................... 80

IV- METODOLOGIA ...............................................................................................

87

4.1. Tipo de estudo........................................................................................... 874.2. Local do estudo......................................................................................... 874.3.Caracterização das lesões das pessoas atendidas no local do estudo................................................................................................................

88

4.4. População e amostra.................................................................................. 894.5. Intervenção proposta................................................................................. 884.6. Aspectos éticos e legais............................................................................. 994.7.Avaliação das variáveis em estudo............................................................ 100

4.7.1.Acompanhamento dos sujeitos em estudo........................................ 1004.7.2.Caracterização e avaliação macroscópica da ferida – evolução do processo cicatricial e possíveis iatrogenias................................................ 1024.7.3.Avaliação da ação microbiológica do AGE e da biomembrana........ 108

4.7.3.1.Isolamento dos microrganismos............................................ 1094.7.3.2.Identificação das bactérias.................................................... 109

4.7.3.2.1.Identificação de cocos Gram-positivos.................. 1104.7.3.2.2.Identificação de bastonetes Gram-negativos fermentadores e não fermentadores....................................... 1104.7.3.2.3.Identificação de bacilos Gram-positivos corineformes.......................................................................... 1104.7.3.2.4.Teste de suscetibilidade a antimicrobianos............ 1114.7.3.2.5.Teste de suscetibilidade” in vitro” ........................ 111

4.7.4.Caracterização e análise da dor, aceitabilidade do tratamento e eventos adversos......................................................................................... 1124.7.5.Avaliação do custo do tratamento .................................................... 113

4.8.Análise dos dados....................................................................................... 117

V- RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................... 118

VI- CONCLUSÕES.................................................................................................... 195

VII- CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 199 VIII- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 204 IX-ANEXOS.....................................................................................................................

216

Anexo I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Anexo II – Entrevista inicial para seleção dos sujeitos Anexo III – Evolução e acompanhamento diário da lesão Anexo IV – Evolução diária da lesão Anexo V -“Check-list” / materiais utilizados / acompanhamento diário

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADOLEC - Saúde na Adolescência

ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica

AGCC – Ácido graxos de cadeia curta

AGE - Ácidos graxos essenciais

AL - Ácido linolênico

AMIC - Amicacina

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATM - Aztreonam

ATP – Adenosina trifosfato

BCE – Bandagem de curta extensão

BCG – Bacilo de Calmett-Guérin

BDENF - Base de Dados de Enfermagem

BLE – Bandagem de longa extensão

BVS - Biblioteca Virtual em Saúde

CAPES – Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de ensino Superior

CEPMHA - Comitê de Ética em Pesquisa Médica e Animal do Hospital das Clínicas da

Universidade Federal de Goiás

CAZ - Ceftazidima

CCIH – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

CLIN - Clindamicina

CIP – Ciprofloxacina

CME - Central de Material e Esterilização

CTF – Connective tissue fiber (fibra de tecido conjuntivo)

DAOMI - Doença arterial obstrutiva dos membros inferiores

ECG - Eletrocardiograma

EDA - Endoscopia digestiva alta

EGF – Epidermal growth factor (Fator de crescimento epidérmico)

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EMC - Expressão da matriz extracelular

ENH - Eritema nodoso hansênico

ERI - Eritromicina

F- Freqüência

FC-I – Fator de crescimento 1

FC-II – Fator de crescimento 2

FEN - Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás

FGF – Fibroblast growth factor (Fator de crescimento de fibroblastos)

FGF- – Basic fibroblast growth factor (Fator básico de crescimento de fibroblastos)

FUNAPE - Fundação de Apoio a Pesquisa da Universidade Federal de Goiás

GEN - Gentamicina

HD - Hanseníase dimorfa

HDS - Hospital de Dermatologia Sanitária (Goiânia)

HI - Hanseníase indeterminada ou bordeline

HT - Hanseníase tuberculóide

HV - Hanseníase virchowiana

ILGF-1 – Insulin like growth factor (Fator de crescimento semelhante à insulina)

IFN - Interferon

IL1 - Interleucina 1

IL2 - Interleucina 2

IL6 – Interleucina 6

IL10- Interleucina 10

IMC - Índice de massa corpórea

IM - Imipenem

IPTSP - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás

ITB – Índice tornozelo braquial

IVC - Insuficiência venosa crônica

IVP - Insuficiência venosa profunda

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

MRSA – Sthapylococus aureus meticilin resistente

MEDCARIB - Literatura do Caribe em Ciências da Saúde

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16

MEDLINE - Literatura Internacional em Ciências da Saúde

MID – Membro inferior direito

MIE – Membro inferior esquerdo

mmHg – milímetros de mercúrio

MMII - Membros inferiores

MMPS – Matriz metaloproteínas

MS - Ministério da Saúde

N - número de feridas

NADH – Nicotinamida adenina dinucleotídeo ligada ao hidrogênio

NADPH - Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato ligada ao hidrogênio

NHC - Não houve crescimento

NO – Nitric oxide (óxido nítrico)

OXA - Oxacilina

PA – Pressão arterial

PDEGF – Platelets derived endothelial cell growth factor (Fator de crescimento de células

endoteliais derivado de plaquetas)

PDGF - Platelets derived growth factor (Fator de crescimento derivado de plaquetas)

PGL -1 – glicolípideo - fenólico 1

PO – Pós-operatório

POL B - Polimixina B

Pqna. - pequena

PQT – Poliquimioterapia

PSF - Programa Saúde da Família (atualmente Estratégia Saúde da Família)

PVPI - polivinil pirrolidona e iodo

RD - Rifampicina

SF - Solução fisiológica 0,9% (soro fisiológico 0,9%)

TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

TCM - Triglicerídeo de cadeia média

TEWC – Transepidermical water control (controle transepidérmico de água)

SANEAGO – Saneamento de Goiás S/A

SES/GO – Secretaria Estadual de Saúde - Goiás

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17

SVP - Sistema venoso profundo

SVS – Sistema venoso superficial

SUT - Sulfametoxazol/ Trimetoprina

SXT - Sulfametoxazol/ Trimetoprina

TAF - Tríplice açúcar e ferro

TBF- - Transforming growth factor ( Fator alfa transformador de crescimento)

TGF- - Transforming growth factor 1 (Fator beta transformador de crescimento)

TNF- - Tumor necrosis factor (Fator de necrose tumoral )

TVP - Trombose venosa profunda

TZP - Piperacilina/ Tazobactam

Unid. – unidade

UFG - Universidade Federal de Goiás

UTI - Unidade de Terapia Intensiva

UVC – Úlcera venosa crônica

VAN - Vancomicina

VEGF - Fator de crescimento vásculo-endotelial

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18

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Hospital de Dermatologia Sanitária.................................................................

88

FIGURA 2 Imersão dos artigos em solução enzimática e pacote de curativo montado para esterilização..............................................................................................

96

FIGURA 3 Modelo da estufa utilizada para o aquecimento do soro..................................

98

FIGURA 4 Vista interna e externa da sala de curativos. Localização da estufa.................

98

FIGURA 5 Planimetria da ferida........................................................................................

104

FIGURA 6

Passos para a avaliação da área da lesão.......................................................... 104

FIGURA 7 Medida da profundidade no leito da ferida......................................................

105

FIGURA 8 Média da evolução semanal da área das nove feridas, acompanhadas durante 42 dias, em cm2, de acordo com o produto utilizado. HDS, Goiânia, 2007.................................................................................................................

136

FIGURA 9 Média de referência de fatores de agrado e desagrado, relatados pelos sujeitos, em relação a cada ferida (n=9), no período de 1 a 42 dias, de acordo com o produto utilizado para o tratamento das feridas. HDS, Goiânia, 2007..................................................................................................

138

FIGURA 10 Média de freqüência de dor referida nos 42 dias de tratamento, com AGE e biomembrana, em três momentos avaliativos. HDS, Goiânia, 2007...............

145

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19

LISTA DE PRANCHAS

PRANCHA 1 Fotografias: 6.1/A; 6.1/B; 6.1/C; 6.1/D; 6.1/E; 6.1/F; 6.1/G; 6.1/H...............

154

PRANCHA 2 Fotografias: 6.2/A; 6.2/B; 6.2/C; 6.2/D; 6.2/E; 6.2/E-1; 6.2/F; 6.2/F-1; 6.2/G.................................................................................................................

158

PRANCHA 3 Fotografias: 6.3/A; 6.3/B; 6.3/C; 6.3/D; 6.3/E; 6.3/F; 6.3/G...........................

162

PRANCHA 4 Fotografias: 8.1/A; 8.1/B; 8.1/B-1; 8.1/C; 8.1/C-1; 8.1/D; 8.1/D-1; 8.1/E; 8.1/E -1; 8.1/F; 8.1/G; 8.1/G-1.........................................................................

166

PRANCHA 5 Fotografias: 8.2/A; 8.2/A-1; 8.2/B; 8.2/B-1; 8.2/B-2; 8.2/B-3; 8.2/C; 8.2/C-1; 8.2/C-2; 8.2/D; 8.2/D-1; 8.2/E; 8.2/E-1; 8.2/E-2; 8.2/E-3; 8.2/F; 8.2/F-1; 8.2/F-2; 8.2/G; 8.2/G-1; 8.2/G-2; 6.2/G-3........................................................

172

PRANCHA 6 Fotografias: 9.1/A; 9.1/B; 9.1/C; 9.1/D; 9.1/E; 9.1/F; 9.1/G........................... 179 PRANCHA 7 Fotografias: 9.2/A; 9.2/B; 9.2/C; 9.2/D; 9.2/E; 9.2/F; 9.2/G...........................

183

PRANCHA 8 Fotografias: 9.3/A; 9.3/B; 9.3/C; 9.3/D; 9.3/E; 9.3/F; 9.3/G...........................

187

PRANCHA 9 Fotografias: 9.4/A; 9.4/B; 9.4/C; 9.4/D; 9.4/E; 9.4/F; 9.4/G........................... 191

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Comparação entre os indicadores clínicos geralmente obtidos na avaliação das úlceras vasculogênicas e neuropáticas......................................................

53

QUADRO 2

Representação do valor do ITB e sua interpretação.........................................

56

QUADRO 3

Protocolo do tratamento das feridas, conforme o produto a ser utilizado........

92

QUADRO 4 Seleção do manguito a ser utilizado no ITB, de acordo com a circunferência do braço direito.................................................................................................

101

QUADRO 5 Valor dos produtos, especificidade e quantidade, conforme a utilização em curativos............................................................................................................

114

QUADRO 6

Valor estimado para o reprocessamento dos pacotes de curativos...................

115

QUADRO 7 Comparação do custo unitário, aproximado, em Reais (R$), entre curativos realizados com o produto a base de AGE e biomembrana, para uma ferida hipotética de 30cm². HDS,Goiânia, 2007........................................................

152

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Caracterização dos sujeitos conforme o perfil sócio-demográfico. HDS, Goiânia, 2007....................................................................................................

118

TABELA 2 Caracterização dos sujeitos conforme os hábitos de vida. HDS, Goiânia, 2007....................................................................................................................

119

TABELA 3 Distribuição dos sujeitos conforme o medicamento em uso e patologias associadas. HDS, Goiânia, 2007........................................................................

121

TABELA 4 Distribuição dos sujeitos (N= 8) e das feridas (n=19) nos grupos que receberam tratamento com o produto a base de AGE e biomembrana de látex, de acordo com os momentos do estudo. HDS, Goiânia, 2007...................................................................................................................

122

TABELA 5 Distribuição dos microrganismos Gram (+) e Gram (-) isoladas em feridas, durante 28 dias de acompanhamento, de acordo com o produto utilizado. HDS, Goiânia, 2007...........................................................................................

123

TABELA 6 Distribuição da presença das bactérias Gram (-) nas feridas tratadas com o produto a base de AGE e biomembrana, de acordo com a semana e coleta. HDS, Goiânia, 2007..........................................................................................

129

TABELA 7 Distribuição da presença das bactérias Gram (+) nas feridas tratadas com o produto a base de AGE e biomembrana, de acordo com a semana e coleta. HDS, Goiânia, 2007...........................................................................................

131

TABELA 8 Susceptibilidade antimicrobiana dos microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos isolados em feridas. HDS, Goiânia, 2007...............................

133

TABELA 9 Evolução semanal da área (cm2) e profundidade das nove feridas, acompanhadas durante 42 dias, de acordo com o produto utilizado para o tratamento. HDS, Goiânia, 2007.......................................................................

135

TABELA 10 Distribuição da satisfação (fatores que agradam e desagradam), dos participantes, em relação a cada ferida (n=9) no período de 1 a 42 dias, de acordo com o produto utilizado para o tratamento. HDS, Goiânia, 2007........

137

TABELA 11 Distribuição comparativa quanto à satisfação diária, em relação aos fatores que desagradam os participantes, no período de 1 a 42 dias, de acordo com o produto utilizado para o tratamento. HDS, Goiânia, 2007....................................................................................................................

139

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22

TABELA 12 Distribuição comparativa quanto à satisfação diária, em relação aos fatores que agradam, no período de 1 a 42 dias, de acordo com o produto utilizado para o tratamento. HDS, Goiânia, 2007.............................................................

142

TABELA 13 Distribuição comparativa quanto à percepção da dor diária, relatada pelos pacientes, ao longo de 42 dias de tratamento, antes, durante a após a realização dos curativos com AGE e biomembrana. HDS, Goiânia, 2007....................................................................................................................

144

TABELA 14 Distribuição da freqüência de relato de dor percebida pelos pacientes, fora do manejo da ferida, no período de 42 dias, de acordo com a característica da dor. HDS, Goiânia, 2007...............................................................................

146

TABELA 15 Distribuição da freqüência de relato de dor percebida pelos pacientes, imediatamente antes do manejo da ferida, no período de 42 dias, de acordo com a característica da dor. HDS, Goiânia, 2007....................................................................................................................

147

TABELA 16 Distribuição da freqüência de relato de dor percebida pelos pacientes, imediatamente depois do manejo da ferida, no período de 42 dias, de acordo com a característica da dor. HDS, Goiânia, 2007..............................................

148

TABELA 17 Intensidade média da dor, nas feridas tratadas com o produto a base de AGE e biomembrana, num período de 42 dias. HDS, Goiânia, 2007......................... 150

TABELA 18 Custo total dos curativos segundo as feridas, no período de 42 dias, e médio conforme o produto utilizado. HDS, Goiânia, 2007...................................................................................................................

151

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I – INTRODUÇÃO

Existem várias descrições quanto a conceitos, definições e formas de classificação

de ferida. Para Dealey (2003) a ferida é definida como sendo a interrupção da continuidade de

um tecido corpóreo, em maior ou menor extensão, de localização interna ou externa, podendo

ser causada por trauma físico, químico, mecânico ou desencadeada por uma afecção clínica, o

que promove sucessivas alterações na fisiologia tissular acionando o sistema de defesa do

organismo.

A ferida pode levar a dor e ao desconforto físico e emocional, fragilizando e

incapacitando o indivíduo.

Quando o organismo é lesado inicia-se o processo de reparação. Nos organismos

superiores o reparo pode acontecer por regeneração, havendo recomposição da atividade

funcional e anatômica do tecido ou pela cicatrização, onde há o surgimento de um tecido

aproximado com reestabelecimento da homeostase tecidual, porém com perda de sua atividade

funcional, devido a formação de cicatriz fibrótica (BALBINO, MADEIRA, CURI, 2005).

Existem fatores sistêmicos e/ou locais que podem afetar a trajetória de reparação tissular,

melhorando ou piorando o desenvolvimento do processo de cicatrização. Os fatores sistêmicos

mais comuns são: o estado nutricional do indivíduo, o uso de medicamentos sistêmicos e

drogas imunossupressoras, doenças sistêmicas, vascularização, imobilidade, hiperatividade,

obesidade e idade avançada, sendo necessário algumas mudanças de hábitos e implantação de

medidas preventivas. Entre os fatores locais incluem infecção na ferida, presença de tecido

necrótico, quantidade de tecido perdido na lesão, localização da lesão, suprimento sanguíneo

no leito da ferida, linhas de tensão, presença de corpos estranhos, curativos e uso de

medicamentos tópicos (GOGIA, 2003).

Dentro da perspectiva do cuidado é importante lembrar que várias complicações

podem afetar o processo cicatricial, bem como a qualidade de vida e o quadro clínico de

pessoas portadoras de feridas crônicas, entre elas as celulites, as formações de abscessos,

osteomielites, gangrenas, em muitos casos as sepses, estão relacionadas às infecções. Para

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Menke et al, (2007) outras complicações importantes devem ser consideradas como, as

evoluções para a malignidade, e em úlceras de membros inferiores (MMII), as amputações.

Quando se refere às feridas infectadas e crônicas o processo de cicatrização é

retardado por diversos fatores orgânicos, físicos e emocionais, além de fatores externos. Trata-

se, portanto, de um problema duradouro e com possíveis recidivas, sendo responsável por

grande prejuízo aos seus portadores; de ordem econômica, estética, entre outros, podendo

gerar restrições no desenvolvimento das atividades cotidianas.

Por outro lado, em nossa prática no atendimento a pessoas com feridas infectadas,

observamos os dilemas e as dificuldades da equipe que realiza o tratamento tópico da lesão, no

que se refere à detecção de processo infeccioso e sua diferenciação de uma fase inflamatória

com produção de fibrina, a escolha de produtos, a decisão de periodicidade de trocas, a

utilização de antimicrobianos locais e sistêmicos.

Outra questão desafiadora é a acessibilidade. Nas instituições de saúde a contenção

de gastos pode levar à restrição na escolha de produtos utilizados no tratamento de feridas, por

outro lado, quando a pessoa tem condições de manusear a lesão no próprio domicílio, pode ter

dificuldade para obter o material necessário ao seu tratamento, quando dispuser de recursos

financeiros escassos.

Em pessoas curadas de hanseníase, as seqüelas podem favorecer o surgimento de

lesões recorrentes em membros inferiores, crônicas, apresentando-se freqüentemente

infectadas, sendo tratadas em nível ambulatorial ou domiciliário. Essas lesões representam um

desafio para os profissionais de saúde, uma vez que persistem por vários anos, sendo comuns

em nosso contexto relatos de tempo de presença de feridas há mais de 20 anos.

Pretendemos na presente pesquisa abordar o manejo de feridas crônicas infectadas

em pessoas curadas de hanseníase, com a finalidade de proporcionar elementos que possam

subsidiar os profissionais na escolha de produtos mais adequados nesse contexto, e, dessa

forma, melhorar a qualidade do atendimento a esses usuários dos serviços de saúde.

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1.1- FERIDAS LOCALIZADAS EM MEMBROS INFERIORES, SEQÜELARES

À HANSENÍASE

As feridas, em pacientes com hanseníase ou com seqüelas da doença, podem ser

únicas ou disseminadas, em sua maioria localizadas nos membros inferiores (plantas dos pés,

calcâneo, úlceras nas pernas). Sua causa básica está relacionada à perda da sensibilidade

protetora ou anestesia completa nas inervações locais. Também podem ser influenciadas por

paralisia e perda de volume da musculatura intrínseca, garras de artelhos, pele anidrótica,

deformidades, entre outros fatores. Segundo Duerksen & Virmond (1997; p.276) “(...) As

úlceras podem surgir a partir de pequenos ferimentos provocados por uma unha no sapato,

ou um espinho, ou pedra afilada (...)”- com a perda de sensibilidade e não percepção do

paciente, o trauma poderá desenvolver uma infecção profunda com formação de abscesso e,

posteriormente, se apresentará como uma lesão profunda e infectada, podendo evoluir para

necrose. Estas úlceras também podem resultar de distúrbios circulatórios (úlceras de estase

plantares), comprometimento dos vasos linfáticos, traumas por repetição, pequenas pressões

por longo tempo sobre a mesma área, de um curativo, sapato ou gesso apertados, sendo em sua

maioria desenvolvidas pelo caminhar dos pacientes com pés anestésicos.

A etiologia das úlceras de estase, em pacientes com hanseníase é pouco conhecida

e, portanto, pouco descrita na literatura. Supõe-se que tenha a mesma causa da úlcera de estase

venosa: a incompetência valvar com aumento da pressão venosa repercute na microcirculação

levando a isquemia e necrose tegumentar. As origens de tais úlceras são diferentes, porém é

certo que o Micobacterium leprae leva a alterações importantes da fisiologia circulatória e ao

comprometimento venoso (DUERKSEN & VIRMOND; 1997).

O Manual de condutas para úlceras neurotróficas e traumáticas, desenvolvido pelo

Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), destaca alguns tipos de úlceras como sendo importantes

quanto a atenção e assistência em pacientes com hanseníase: as úlceras neurotróficas, as

venosas, as arteriais, as úlceras mistas (arterial e venosa), as de pressão, as hipertensivas e as

diabéticas. Evidencia as úlceras neurotróficas, causadas por neuropatia periférica, como sendo

as mais comuns.

Pacientes com hanseníase têm acometimento de nervos periféricos e risco

aumentado para lesões das fibras autonômicas, sensitivas e motoras. A mudança na anatomia

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(forma) do pé, a paralisia muscular, o desajuste na marcha, a falta de sensibilidade protetora

ou anestesia na região plantar, a anidrose, a presença de objetos estranhos nos sapatos, as

calosidades e aumento de áreas de tensão nos MMII contribuem para o desenvolvimento das

úlceras neurotróficas. Estas são classificadas em graus, podendo evoluir desde uma lesão

superficial até infecções, necrose e perda dos segmentos ósseos. A anidrose decorrente da

disfunção das fibras autonômicas responsáveis pela manutenção das glândulas sebáceas e

sudoríparas pode favorecer a presença de rachaduras e fissuras, que quando não tratadas

aumentam o risco de infecção (BRASIL, 2002).

Devido a sua aparência o paciente passa a conhecer o preconceito e os estigmas,

variáveis dentro do conteúdo cultural de cada população. Verifica-se a rejeição social e

familiar e, mais freqüentemente, a auto-rejeição e falta de motivação do paciente. Sabemos

que o diagnóstico precoce, o tratamento adequado – inclusive das feridas incapacitantes - e as

atividades de prevenção de incapacidades permite uma melhor condição de ajuste social do

paciente, uma vez que estas ações possibilitem, com os atuais esquemas terapêuticos, um

tratamento mais curto, uma necessidade de menor absenteísmo ao trabalho, uma diminuição

mais rápida da cadeia de contágio, provável diminuição da incidência de incapacidades e

deformidades (DUERKSEN & VIRMOND, 1997; BRASIL, 2002). O tratamento das lesões

hansenianas ajudaria o paciente a superar várias situações desagradáveis, evitaria a instalação

de problemas sociais, com conseqüente afastamento do paciente do meio social, familiar e do

emprego.

Em relação ao tratamento das lesões em hanseníase. Focaliza-se o tratamento

tópico da lesão, a fim de evitar a colonização por agentes infectantes. São realizados curativos

com solução fisiológica, pomadas a base de neomicina e colagenase, AGE, carvão ativado,

hidrogéis e hidrocolóides, Dermacérium®, bota de Unna, entre outros. Estudos comprovam a

eficácia de tratamentos tópicos com curativos de última geração (ABDALLA & DADALTI,

2003; CARDOSO, 2003). O estudo realizado por Jayaseelan & Aithal (2004) descreve o

sucesso dos enxertos de pele em pacientes com úlceras de perna hansênicas, desde que haja

boa vascularização local e tecido de granulação.

Soares (2002) ao pesquisar, cita o uso de produtos utilizados para o tratamento de

feridas desta etiologia, cita em ordem crescente de utilização, solução fisiológica a

temperatura ambiente, soluções de iodo - polivinilpirrolidona (PVPI), água e sabão, água

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oxigenada álcool iodado, solução de dakin, água destilada, solução fisiológica aquecida,

nitrato de prata, água, sulfadiazina de prata e pergamanato de potássio. Sabe-se portanto, que

alguns destes produtos têm sua utilização restrita, alguns são indicados em feridas com

presença de infecção e outros são, inclusive, contra indicados em feridas onde prevaleça tecido

de granulação.

Ao utilizar a biomembrana, em diversas situações, foram observados resultados

positivos envolvendo o tempo de cicatrização e os aspectos melhorados da lesão. Em outras

situações os efeitos não ocorreram como se esperava, chegando a ser interrompido o uso do

produto.

Não foram encontradas na literatura pesquisas sobre a utilização da biomembrana

em feridas infectadas.

Trata-se de um polímero biocompatível, a base de látex natural da seringueira

Hevea brasiliensis, hipoalergênico devido ao seu processo de fabricação. É uma membrana

fina, elástica, opaca e de fácil manuseio (MRUÉ, 1996; FRADE et al, 2001; COUTINHO-

NETTO & MRUÉ, 2003; FRADE, 2003; MRUÉ et al, 2004) e de custo acesível

(MANDEBAUM et al, 2003; ERENO, 2003; CÂNDIDO, 2006). Em 2003 foi patenteada pela

Pele Nova Biotecnologia® e em 2004 aprovada para utilização em seres humanos pela

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Tendo em vista o avanço das tecnologias pra o tratamento de feridas, bem como a

necessidade de avaliação criteriosa de sua utilização, emergiu o interesse em realizar este

estudo que tem como objeto o tratamento das feridas infectadas em pacientes que tiveram

Hanseníase, utilizando a Biomembrana – um biopolímero de látex natural da seringueira

Hevea brasiliensis, em comparação com outro produto de uso mais difundido: os AGE.

O estudo realizado por Borges et al, (1999) evidencia o baixo custo do tratamento

de feridas realizado com produtos de alta tecnologia, porém não traz referência a utilização da

Biomembrana. Assim, este estudo pode trazer mais uma contribuição, que é comparar a

relação custo benefício da utilização biomembrana, em comparação com os produtos a base de

AGE, para o tratamento de feridas infectadas.

Esta pesquisa poderá colaborar, ainda, para a obtenção de subsídios para práticas

mais resolutivas quanto ao tratamento das feridas infectadas, bem como influenciar a

elaboração de outros estudos científicos acerca deste produto ainda tão pouco utilizado.

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1.2 - FERIDAS INFECTADAS - CLASSIFICAÇÃO, MATERIAIS E

SOLUÇÕES MAIS UTILIZADAS NO TRATAMENTO

A ocorrência de infecção em feridas leva ao aumento de custos tanto na assistência

prestada no contexto hospitalar, como para o próprio paciente quando cuidado em domicilio;

ao uso elevado de antibióticos, que por sua vez são acompanhados de repercussões nem

sempre desejadas; a alterações de ordem física, emocional, psicológica, social e econômica

para os pacientes; ao receio, medo e preconceito por parte da instituição hospitalar e dos

próprios profissionais de saúde no contato com a pessoa que apresenta infecção; aos riscos

aumentados para a saúde do paciente tanto pela cronificação da lesão, bem como pelo risco de

sepse, entre outros agravos e cujas conseqüências podem ser incompatíveis a vida do paciente

(FERNANDES et al, 2000; JORGE & DANTAS, 2003; COLLIER, 2004; SAINI et al, 2004).

Os fatores, considerados básicos, para que ocorra a infecção da ferida estão

relacionados ao reservatório, ao microrganismo (quantidade de agente inoculado, sua

virulência e a capacidade de defesa do organismo hospedeiro) e a maneira de propagação do

agente infeccioso. Classifica-se a infecção da ferida como superficial (ocorre dentro de 30 dias

após a lesão, comprometendo pele, tecido subcutâneo) ou profunda (ocorre dentro de 30 dias

após a lesão, compromete os tecidos moles profundos - fáscias e músculos). Devem ser

acompanhadas de ao menos um dos seguintes sinais: a) drenagem de exsudato purulento

através da ferida; b) cultura positiva do exsudato ou fragmentos de tecidos, devendo ainda

estar presente um dos sinais ou sintomas inflamatórios locais: odor fétido, dor relatada pelo

paciente, edema, hiperemia ou eritema, calor local e podendo nos caso das feridas infectadas

profundas podem estar presentes os abscessos ou deiscências (FERNANDES et al, 2000;

SAINI et al, 2004).

Bowler, Duerden, Armstrong (2001); Shultz et al, (2003); Sibbald et al, (2003),

Collier (2004) abordam os termos para definir as feridas com presença de infecção e salienta a

importância de conhecê-los, para definir o tipo de limpeza e substâncias utilizadas em seu

tratamento: a) ferida contaminada, b) ferida colonizada, c) colonização critica e d) ferida

infectada (há deposição e multiplicação de bactérias no tecido, associado com a reação do

hospedeiro).

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Fernandes et al, (2000); Cândido (2001, 2006); Borges (2001); Bajay et al, (2002);

Frade (2003); Mandelbaum et al, (2003) e Pereira (2006); Borges et al, (2008) descrevem os

seguintes produtos mais utilizados, na atualidade, para o tratamento das feridas infectadas:

1- Alginatos de Cálcio (Algoderm®, Kaltostat®, Tegagen®, Suprasorb®,

Curasorb®, Melgisob®, Seasorb®, Sorbsan®, Sorbalgor®, Sorbalgor Plus®, Restore

Calcicare®). É composto por fibras orgânicas derivadas de substratos extraídos das algas

marinhas marrons (Laminaria) incorporadas por alginato de cálcio e sódio. Sua ação é

efetivada pela troca de íons Ca++/Na++ transformando as fibras do alginato em gel suave não

aderente; promove umidificação do leito da ferida e desbridamento autolítico. Está indicado

no tratamento de feridas cavitárias e sangrantes e feridas com exsudato abundante havendo ou

não infecção. Pode permanecer na ferida por um período de 3 a 5 dias ou trocado conforme a

saturação do curativo, é contra-indicado na presença de hipersensibilidade e requer cobertura

secundária. Tem por vantagem a alta capacidade de absorção e o fato de poder associá-lo a

outros produtos. Porém quando em contato com a pele integra pode causar destruição celular.

2- Carvão ativado (Carbo Flex 25®, Actisorb Plus®,Vliwaktiv®). É composto

por camadas de carvão ativado, podendo ser impregnado ou não por prata e coberto por uma

camada de não-tecido, selada em toda a sua extensão (BORGES, 1999; BORGES et al, 2008).

O carvão ativado filtra o odor, remove e retém moléculas de exsudato e bactérias; a prata tem

efeito bactericida. O curativo tem efeito hemostático, estimula a granulação e promove a

cicatrização em meio úmido, sendo indicado em feridas fétidas, feridas infectadas ou com

grande quantidade de exsudato e feridas neoplásicas. A troca acontece mediante a saturação do

curativo, em média 48 ou 72 horas, sendo contra-indicado em dermatites de contato e

hipersensibilidade. Sua vantagem está associada à não aderência ao leito da ferida, não

prejudicando o tecido neoformado; favorece o desbridamento autolítico; controla o odor e a

umidade. Requer curativo secundário ou fixação externa direta com fita adesiva. O produto

deve ser administrado em sua forma integra/original, não podendo ser recortado.

3- Solução fisiológica 0,9%: Usado para limpar o leito da ferida, favorece o

desbridamento autolítico e a granulação. Mantido na lesão para umidificação com auxílio de

uma cobertura secundária, devendo ser trocado em média a cada 4 horas, não possui contra-

indicações, o custo é baixo, porém necessita de múltiplas substituições.

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4- Sulfadiazina de prata (Dermazine®, Pratazine®, Dermacerium®,

Pratacerium®). A prata tem ação bactericida imediata e bacteriostática residuais, provoca

precipitação protéica e age diretamente na membrana citoplasmática bacteriana. O nitrato de

cério (presente no Dermacerium® e Pratacerium®) potencializa o efeito bactericida. Pode ser

utilizado no tratamento de queimaduras, e lesões crônicas refratárias, devendo ser trocado

mediante a saturação do curativo, em média 12 ou 24 horas. É contra-indicado na

hipersensibilidade, tem baixo custo, porém são necessárias várias trocas, requerendo cobertura

secundária.

5- Açúcar: é um poderoso bactericida, provoca lise protéica bacteriana e tem efeito

osmótico na membrana da parede celular da bactéria; acelera o processo de granulação. É

indicado em feridas limpas e infectadas com exsudação moderada e intensa. Deve ser trocado

a cada 2 horas, pois se dissolve rapidamente no leito da ferida, é contra indicado na presença

de dor. É vantajoso por ser de fácil disponibilidade, de baixo custo, podendo ser associado a

outras soluções e desvantajoso por atrair insetos, requerer muitas trocas e coberturas

secundárias (PIEPER & CALIRI, 2003).

6- Pomadas enzimáticas (Iruxol®, Kolollagenase®, Fibrase®). A colagenase atua

seletivamente degradando o colágeno nativo provocando a necrólise; a Fibrinolisina dissolve o

exsudato e os tecidos necróticos. Podem ser utilizadas em feridas limpas e infectadas e

requerem troca sempre que houver a saturação do curativo, em média 12 ou 24 horas. São

contra-indicadas em hipersensibilidade, são de fácil disponibilidade e baixo custo, porém,

pouco efetivas em grandes áreas necróticas.

7- Papaína. É extraída do látex do mamão verde (Carica papaya), promove

desbridamento químico atraumático, pela ação das enzimas proteolíticas e peroxidases; tem

ação antiinflamatória e bactericida; estimula a síntese de colágeno; acelera o processo de

cicatrização; diminui o edema local e contribui para a estética da cicatriz. É indicada para

feridas necróticas e na presença de fibrina, sendo contra-indicada em casos de lesão

isquêmica, levando a dor por irritação das terminações nervosas e em casos de

hipersensibilidade. Não pode ser misturada ou diluída com substâncias derivadas ou

compostas de ferro, água oxigenada, oxigênio e iodo, pois é facilmente oxidada; é

desaconselhável sua diluição e armazenamento em recipientes metálicos; não deve ser exposta

a luz; tem validade de 24 horas. A troca dos curativos deve ser feita a cada 12 ou 24 horas.

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Tem baixo custo, é de fácil disponibilidade e de fácil utilização. Porém, requer cobertura

secundária e oxida facilmente (DEALEY, 2001; JORGE & DANTAS, 2003, PIEPER &

CALIRI, 2003, PEREIRA, 2006).

8 - Curativos de espumas de poliuretano - hidropolímeros – (Allevyn®,

Tielle®, Oprasorb®, Elasto-Gel®, ToeAid®, Lyofoam®, Flexzan®, Stegossaurus dressing®).

São curativos planos ou em diferentes formatos de soluções de polímeros. São utilizados em

feridas com grande quantidade de exsudato, feridas em fase de granulação, feridas com

cavidades e em alguns casos em áreas receptoras de enxerto. Possui como vantagem absorver

uma grande quantidade de exsudato, não aderir ao leito da ferida; alguns têm uma ação

especial para diminuir o odor; protegem a ferida isolando-a e acolchoando-a; mantém o meio

úmido que favorece a cicatrização; promove granulação tecidual; alguns são fáceis de aplicar,

não necessitando de curativo secundário. Quanto às desvantagens é possível destacar:

algumas marcas não têm a capacidade de adesão e precisam ser fixados ou necessitam de

cobertura secundária; podem apresentar dificuldade de uso; não devem ser usados em feridas

secas ou que não tenham exsudato; podem macerar a pele perilesional se não forem trocados

quando saturados pelo exsudato. O período de permanência máximo é de 07 dias.

9 - AGE (ácidos graxo essenciais) - (Dersani®, Ativoderm®, AGE Derm®, Ativo

Derm®, Sommacare®, Saniskin®, Hig Med®), a principal indicação dos produtos contendo

AGE é na prevenção de úlceras de pressão e auxilio no tratamento de lesões infectadas ou não.

Sua composição pode conter elementos derivados do ácido linoléico, do ácido linolênico,

caprílico, capróico, cáprico, vitaminas A e E e lecitina de soja. Algumas marcas podem conter

ácido linoléico com lanolina e ácido ricinoléico – da mamona (CÂNDIDO, 2001, 2006). Não

é agente desbridante, porém estimula o desbridamento autolítico. Age promovendo a

quimiotaxia de leucócitos, o que facilita o crescimento das células e promove mitose

aumentando a proliferação celular. Sua fórmula pode conter lanolina que tem efeito emoliente,

favorecendo a troca dos curativos por não destruir o tecido de granulação e evitar o

ressecamento das bordas. Não são descritos efeitos colaterais, sendo este produto estudado

desde 1929. É um produto acessível e de fácil utilização, porém exige curativo oclusivo. A

troca do curativo deve ser feita a cada 24 horas, caso haja excesso do exsudato é necessário

fazer a troca antes deste período.

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10 – Biomembrana – (Biocure®) é um biopolímero vegetal, derivada do

poliisopreno e constituída de látex da seringueira Hevea brasiliensis, indicada em feridas

limpas e infectadas, em feridas crônicas de difícil cicatrização, em feridas cutâneas agudas. É

hipoalergênica, devido ao seu processo de fabricação, porém é contra-indicada em pacientes

alérgicos ao látex. Os curativos costumam ser indolores e não lesivos para o tecido íntegro.

Deve ser aplicado diretamente no tecido após abundante limpeza com solução fisiológica a

0,9%. O material possui fator de crescimento vásculo-endotelial (VEGF), que proporciona

aderência celular e propriedade angiogênica, estimulando a síntese e a liberação de citocinas

para células inflamatórias, o que acelera a formação de tecido de granulação, epitelização e o

processo cicatricial. Promove aumento da vascularização local. Mantém o leito da ferida

úmido, facilitando o desbridamento autolítico, promove fibrinólise em áreas de necrose. A

troca deve ser realizada a cada 24 a 48 horas. É de fácil aplicação. Sua maior desvantagem é a

contra-indicação de uso em pessoas com alergia ao látex. Requer cobertura secundária.

11- Bota de Unna ou Pasta de Unna – O produto manipulado consiste em

gaze/tecido inelástica saturada com produtos hidratantes e cicatrizantes (óxido de zinco,

glicerina, gelatina em pó, calamin, difenidramina e água). O produto comercializado é

acrescido de glicerina, acácia, óleo de rícino (castor oil) e petrolato branco para evitar o

endurecimento. A concentração dos produtos pode variar conforme o fabricante, embora possa

ser manipulado conforme prescrição do profissional de saúde. É uma bandagem tipo-gesso,

não complacente, logo após aplicação é úmida, secando gradualmente por volta de 12 horas.

As trocas podem ocorrer em até 07 dias e em feridas infectadas este tempo é encurtado para

até 03 dias, sendo a avaliação do cuidador essencial, uma vez que a saturação da cobertura

deve ser observada como critério de troca. É contra-indicada na presença de miíase e em

úlceras arteriais, arteriovenosas e mistas. Seu mecanismo de ação age facilitando o retorno

venoso, por meio de compressão nas regiões críticas (tornozelo e músculo da panturrilha),

evita o edema nos MMII e as potenciais complicações advindas do mesmo, além de auxiliar na

cicatrização. Sua aplicação deve ser cuidadosa, de modo a evitar compressão excessiva. Para

sua utilização é necessário avaliação especializada, pois sua indicação é restrita para úlceras de

origem venosa localizada nas pernas ou para o tratamento do edema linfático.

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II - OBJETIVOS

Objetivo geral

Comparar o uso de biomembrana de látex (Biocure®, Pele Nova

Biotecnologia®) e de um produto a base de AGE (Dersani®, SANIPLAN®) no tratamento

de feridas crônicas infectadas, em pessoas que receberam alta do tratamento para hanseníase.

Objetivos específicos

- Analisar a ação do AGE e da biomembrana sobre a microbiota da ferida in vivo e in

vitro;

- Avaliar a taxa de progressão da cicatrização das feridas tratadas com AGE e com

biomembrana;

- Avaliar a satisfação dos pacientes quanto ao aspecto estético, de conforto, de contenção

do exsudato, odor e prurido, das feridas tratadas com AGE e com biomembrana;

- Avaliar a presença de dor (fora do período de manejo da ferida e durante o manejo da

lesão);

- Analisar o custo médio do tratamento de feridas com os AGE e a biomembrana;

- Identificar a ocorrência de reações adversas causados pela utilização dos produtos;

- Analisar as características macroscópicas do leito das feridas, tratadas com AGE e com

biomembrana;

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III - MARCOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS

3.1 -HANSENÍASE

O bacilo Mycobacterium leprae, agente causador da hanseníase, foi descrito em

1873 pelo norueguês Amauer Hansen, sendo denominado também por Mycobacterium

hansenii. É um bacilo cultivado em tecidos, sendo os macrófagos humanos as células mais

utilizadas. Necessita de temperatura inferior à média de 37ºC do corpo humano para se

desenvolver, preferindo as partes frias (ARAÚJO, 2003; PINTO-NETO, 2004).

É uma doença infecciosa crônica, granulomatosa, de evolução lenta, o

Mycobacterium leprae é um bacilo álcool-ácido-resistente, parasita intracelular obrigatório - e

se manifesta inicialmente na pele e nervos periféricos e ocasionalmente outros órgãos e

sistemas, acomete principalmente o nervo e a célula de Schwann, sendo o dano neurólogico,

responsável pelas principais seqüelas. O tempo de multiplicação do bacilo pode durar, em

média, 11 a 16 dias (GELBER, 1993; SOUZA, 1997; BRASIL, 2002; ARAÚJO, 2003;

MARQUES et al, 2003).

O bacilo apresenta alto poder infectante e baixo poder patogênico, sendo

eliminado principalmente pelas vias aéreas superiores, de doentes das formas multibacilares

ou formas abertas da doença, porém para que a hanseníase ocorra é necessário contato direto

com o doente não tratado. A erosão na pele pode ser uma porta de entrada para a infecção, no

entanto é pouco comum; demais secreções orgânicas podem ser vias de eliminação de bacilos,

mas não possuem importância na disseminação da doença. O período médio de incubação vai

de 02 a 07 anos (SOUZA 1997; GELBER, 1993; BRASIL, 2002; GOULART, PENNA,

CUNHA, 2002; ARAÚJO, 2003; WALKER & LOCKWOOD, 2007).

Mesmo havendo relatos de animais naturalmente infectados, o homem é

considerado o único reservatório da doença, podendo ser acometidos indivíduos de várias

idades, raças e de ambos os sexos, porém há maior proporção em indivíduos adultos e do sexo

masculino. Nos últimos anos tem havido uma diminuição na diferenciação entre os sexos, uma

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vez que a doença vem acometendo mulheres em idade fértil (OLIVEIRA &

ROMANELLI,1998). Este dado é importante quando analisadas questões de gênero,

necessidades específicas de saúde, a maternidade, o papel social da mulher na família,

algumas destas situações culminam em colocar a mulher a em situação de duplicidade de

discriminação.

Para Brasil (2002) e Araújo (2003) o risco de adoecimento está relacionado a

precárias condições de vida e insalubridade, estando associadas á países com baixas condições

socioeconômicas, porém não se sabe ao certo o nível de influencia relacionado às condições

de moradia, alimentação, infecções concomitantes e infecções prévias por outras

micobactérias. Alguns estudos sugerem a possibilidade de estar associada a antecedentes

genéticos e familiares.

A hanseníase é uma doença de origem bastante antiga, apresenta-se como um

problema de saúde pública em nível mundial, prevalecendo nos continentes africano e asiático.

É endêmica em países da América Latina especialmente no Brasil (na Amazônia) e em áreas

do Pacífico, sendo comuns nas fronteiras dos Estados Unidos com países da América Latina e

Central (GELBER,1993).

Martelli et al, (2002) e Lockowood & Suneetha (2005) citam em seus estudos, a

resolução da 44ª Assembléia Mundial (1991) como marco histórico para a eliminação da

doença, que definiu como meta programática a ser alcançada até 2005, a eliminação da

hanseníase com prevalência de registro abaixo de 01 caso para 10.000 habitantes, em todos os

países endêmicos, e discutem o sucesso da poliquimioterapia (PQT), no controle e redução à

prevalência da doença.

Tendo em vista a constatação do não alcance desta meta por nenhum país

signatário, a partir de 2006 foi estabelecida uma nova estratégia mundial que deve ser

cumprida até 2010. O objetivo é a maior redução da carga da hanseníase e a sustentação das

atividades de controle da doença, na qual vários países elaboraram planos de ação para tratar

os desafios remanescentes. O princípio cardeal é o controle da morbidade, inclusos ainda, a

detecção precoce da doença, seu tratamento com quimioterapia eficaz (PQT), a prevenção de

incapacidades e a reabilitação (WHO, 2005).

O Brasil ocupa o 1º lugar nas Américas em número absoluto de casos de

hanseníase possuindo alto índice de detecção de casos novos. Em 2003 foram diagnosticados

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49.206 casos novos, e conforme dados da Organização Pan-americana de Saúde, houve um

aumento de detecção de casos em 2004 para 49.384, reduzindo em 2005, sendo detectados

38.410 casos (OPAS, 2007). Estes dados colocam a prevalência acima da meta proposta pela

OMS, e denota uma situação hiperendêmica em alguns municípios brasileiros.

A doença é endêmica em todo o território nacional, embora com distribuição

irregular, as maiores áreas de concentração da doença localizam-se nas regiões Norte,

Nordeste e Centro-Oeste (PINTO-NETO, 2004; ARAÚJO, 2005).

Conforme dados fornecidos pela Secretaria de Vigilância em Saúde, em 2007, a

região Norte destaca-se como tendo a quarta maior população do Brasil (15.022,071 hab.),

sendo registrados 8.663 casos novos de hanseníase; a região Nordeste, segunda maior

população brasileira (51.609,036 hab.) também foi a segunda em números de casos detectados

(15,239 casos novos) e a região Centro-Oeste, menos populosa (13.269,564 hab.) possuía

6.070 casos novos detectados neste período.

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) apresentou um documento em

2007, sobre a situação da Lepra na Américas. Este documento confirma a situação do Brasil

como líder em casos novos detectados em 2006 (44.436), seguido pela Venezuela (768 casos)

e Argentina (412). Este documento destaca a hanseníase como sendo uma doença prioritária

na agenda política, estando as ações de controle integradas aos serviços de atenção básica.

Mundialmente, conforme a World Health Organization (WHO), no período de

2003 a 2005, a Ásia Sul-Oriental vem ocupando o primeiro lugar do mundo em detecção de

casos novos, em especial na Índia. A seguir vem a América Latina, destacando-se o Brasil, a

África, o Mediterrâneo Oriental e Oeste do Pacífico (WHO, 2005, 2007).

Outros pesquisadores evidenciam a hanseníase como sendo um problema mundial

prevalente na Índia, Brasil, República Democrática do Congo, Tanzânia, Nepal, entre outros

(WALKER & LOCKWOOD, 2007).

Segundo orientações do Ministério da Saúde (Portarias 816 e 817 de 26 de julho de

2000 e 1943 de 18 de outubro de 2001), a hanseníase é uma doença de notificação

compulsória, ou seja, ao ser diagnosticada, deve ser notificada às autoridades de saúde que as

mantêm em registro individual. Devem ser desenvolvidas ações de controle na atenção básica,

com a responsabilidade pela detecção precoce dos casos e distribuição (em nível ambulatorial)

dos esquemas poliquimioterápicos, na tentativa de por fim à política de isolamento dos

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pacientes. Estas medidas tornam-se importantes, pois partem da tentativa de eliminar o

estigma e o preconceito aos portadores, bem como controlar, tratar e prevenir as possíveis

seqüelas conseqüentes da doença (BRASIL, 2000; 2000; 2001; 2001; 2002; MARTELLI et al,

2002; PINTO-NETO, 2004).

Para Lockowood (2005) a detecção de novos casos é o melhor indicador do

sucesso do controle da doença, pois não é afetado por mudanças nos casos definidos ou pela

duração do tratamento. Por se tratar de doença curável, a autora valoriza o conjunto de ações

na busca pela eliminação da doença. Dá importância às drogas utilizadas no tratamento, desde

que sejam associadas a outras medidas como: o esclarecimento da população, a vacinação com

a BCG (Bacilo de Calmett-Guérin), campanhas e parcerias com outras entidades, diagnóstico

precoce, treinamento constante das equipes, vigilância epidemiológica efetiva, prevenção das

deformidades e complicações subseqüentes a doença, reintegração social do paciente e

reabilitação socioeconômica, entre outros. Pinto-Neto (2004) destaca ainda importância do

controle dos comunicantes (“Vigilância dos Contatos”), acrescentando que é realizado de

maneira superficial no Brasil.

No estado de Goiás, destacam-se 10 municípios prioritários, em relação ao número de casos

para a atenção em hanseníase (Anápolis, Aparecida de Goiânia, Goiânia, Goiás, Jussara,

Minaçu, Niquelândia, São Miguel do Araguaia, Senador Canedo e Trindade) (Área Técnica de

Controle e Eliminação da Hanseníase – MS /SES /SPAIS/ GDSAS, 2002).

Os principais problemas encontrados em Goiás, que dificultam o controle da

hanseníase são: baixo envolvimento dos gestores com a proposta de integração da hanseníase

aos serviços de atenção básica; falta de interesse dos profissionais com a proposta de

integração da hanseníase com a rede básica; cobertura insuficiente da população ao

diagnóstico e tratamento; serviços de saúde não acessíveis diária e permanentemente; baixa

divulgação dos sinais e sintomas da doença; alta rotatividade dos profissionais do Programa de

Saúde da Família (PSF); necessidade constante de capacitação aos profissionais da rede de

atenção básica (Área Técnica de Controle e Eliminação da Hanseníase – MS /SES /SPAIS/

GDSAS, 2002).

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3.1.1- Imunopatologia da hanseníase

A hanseníase apresenta aspectos imunológicos complexos e chama a atenção de

vários estudiosos, por sua variância nas respostas imunes, isto é devido às várias interações

entre o patógeno e o sistema imune.

A doença apresenta diversificações clínicas, podendo variar de uma forma

paucibacilar para uma multibacilar. A lesão nervosa é devida à proliferação do bacilo ou ao

nível da resposta imune do hospedeiro (GOULART, PENNA, CUNHA, 2001).

Segundo Talhari & Neves (1997) a reação de Mitsuda continua sendo,

isoladamente o maior valor para inferência imunológica da doença. Os resultados deste teste

podem ser positivos ou negativos dependendo da forma clínica e evolução da doença.

Em uma infecção hansênica o organismo pode agir de duas maneiras: a)

benignamente, onde há uma tendência a cura, sendo a resposta de Mitsuda positiva (+) o que

caracteriza uma hiperreatividade imunológica e, b) malignamente, onde a infecção assume

caráter progressivo, a resposta de Mitsuda é negativa (-) o que significa falência de imunidade

celular (ausência de resposta imune). Na hanseníase a imunidade celular (mediada pelos

linfócitos T) permite observar a incapacidade do macrófago em destruir o bacilo

(Mycobacterium leprae), conforme ocorre a evolução do bacilo há a formação de células de

Virchow (macrófagos ricos em bacilos) o que caracteriza a resistência bacteriana, a

disseminação do bacilo e a incapacidade do macrófago em lesar a bactéria. O processo

reacional celular acontece em paciente não virchovianos, traduzindo alteração para mais na

hipersensibilidade celular (TALHARI & NEVES, 1997).

A imunidade humoral (mediada pelos linfócitos B) pode ser do tipo específica –

produção de anticorpos específicos contra o glicolipídeo-fenólico 1 (PGL-1), antígeno

específico de Mycobacterium leprae, encontrando-se em maior escala na HV e em menor

escala na HD e inespecífica. O processo reacional humoral ocorre no pólo virchoviano

(lepromatoso), apresentando características básicas do eritema nodoso e decorrem da presença

de complexos imunes, induzindo a instalação de um quadro clinico caracterizado por uma

sintomatologia inespecífica grave (TALHARI & NEVES, 1997). A proteção contra o bacilo é

insuficiente por haver grande disseminação bacilar, o resultado é um aumento da proliferação

bacteriana, no soro e tecidos, descompensação do sistema imune, podendo culminar em

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recidivas da doença (GOULART, PENNA, CUNHA, 2001). As respostas imunes na

hanseníase são dinâmicas e inconstantes de forma que as variações de reatividade, associadas

ao tempo e ao tratamento caracterizam as reações hansênicas agudas (GOULART, PENNA,

CUNHA, 2001).

O diagnóstico da doença é clinico, sendo observado a presença de lesões na pele, e

constatação de ausência de sensibilidade nos nervos periféricos, e laboratorial, por meio da

presença do Mycobacterium leprae nas semeaduras das lesões ou na histologia dos tecidos

(pele e nervos) (WALKER & LOCKWOOD, 2007).

3.1.2 - Formas clínicas da hanseníase

- Hanseníase Indeterminada (HI): destaca-se pelo aparecimento de manchas

hipocrômicas distribuídas assimetricamente na pele, em pequena quantidade, podendo ser

eritematosas, visíveis ou não. É evidente a alteração de sensibilidade ou áreas de hipoestesia

na pele. Esta forma é considerada a primeira manifestação clinica da doença, podendo estar

relacionada a uma resposta imune não definida diante do bacilo. Pode evoluir para a cura

espontânea ou para outra forma clínica.

- Hanseníase Tuberculóide (HT): tanto a forma indeterminada quanto a

tuberculóide são paucibacilares, com baciloscopia geralmente negativa. Na HT as lesões

envolvem pele e/ou nervos próximos apresentando características próprias: únicas ou em

pequeno número e assimetricamente distribuídas, podendo ser hipoanestésicas ou anestésicas

com delimitação visível por bordas. A pele adquire um aspecto seco, hipoidrótico, havendo a

diminuição ou ausência de pêlos. Pode se manifestar em placas, máculas, nódulos, infiltrações

e lesões tricofitóides ou sarcoidícas. Quando em máculas, as bordas são delimitadas por

pápulas, as manchas são eritematosas ou hipocrômicas; quando em placa as lesões são

eritematosas ou acobreadas, com limites externos bem definidos, havendo a presença de um

infiltrado difuso ou aplainamento central. Quanto à resistência, esta forma clínica é tida como

forma de contenção da multiplicação bacilar, dentro do espectro da doença. Mesmo havendo

possibilidade de cura espontânea é orientado o tratamento com quimioterápicos, a fim de

reduzir a evolução da doença e o risco de dano neural (SOUZA, 1997; BRASIL, 2001;

ARAÚJO, 2003; WALKER & LOCKWOOD, 2007).

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- Hanseníase Virchowiana (HV): é uma forma multibacilar, indica

susceptibilidade ao bacilo, ou seja, baixa resistência o que resulta em multiplicação e

disseminação da doença. A baciloscopia é fortemente positiva, representando forte foco

infeccioso. A progressão é lenta, envolvendo difusamente áreas extensas da pele e mucosas,

várias inervações e troncos nervosos, outros órgãos podem ser afetados (trato respiratório

superior, olhos, baço, rins, fígado, testículos, ossos, linfonodos) até que o paciente perceba os

sintomas. Ocorrem múltiplas lesões que são representadas na pele por máculas, nódulos,

pápulas e tubérculos, sem definições de limites e distribuídas simetricamente. É comum que

surjam infiltrações e eritemas na face e nos membros. A pele adquire um aspecto grosseiro e

enrugado, torna-se luzida e xerótica, com coloração acobreada. Há perda e/ou rarefação de

pêlos, principalmente nos membros e na face, o comprometimento estrutural da região frontal,

centromedial do rosto e dos pavilhões auriculares modificam significativamente a fisionomia

do indivíduo, caracterizando a chamada face leonina. Conforme a doença evolui, múltiplos

troncos nervosos são acometidos - estes vão de tornando espessos, fibrosos e endurecidos

sobrevindo à perda sensitiva e motora, o que ocasiona a perda da função, atrofia muscular,

paralisias, deformidades e contraturas (SOUZA, 1997; ARAÚJO, 2003).

Souza (1997) atribui o surgimento das úlceras plantares às lesões ósseas tardias.

Estas podem resultar de traumas devido à perda da sensibilidade, osteomielite recorrente,

osteoporose do desuso, paralisias - o que levaria as atrofias e absorção das falanges com

inadequada distribuição do peso corporal.

- Hanseníase Bordeline ou dimorfa (HD): representa um grupo de grande

instabilidade imunológica, havendo variações quanto às manifestações clínicas e

dermatológicas; o aspecto e a morfologia das lesões varia entre os pólos virchoviano e

tuberculóide. São observadas reações cutâneas que vão desde máculas, pápulas, tubérculos,

nódulos e placas com alteração da tonalidade da pele. As lesões neurais são mais precoces,

assimétricas, podendo levar a incapacidade física (SOUZA, 1997; ARAÚJO, 2003).

Representam o grupo bordeline formas clínicas mais instáveis, geralmente, lesões

cutâneas numerosas (tipo queijo-suíço ou renda), de superfície seca, com placas eritematosas

ferruginosas ou violáceas, as bordas podem ser bem delineadas ou imprecisas, com certo grau

de anestesia, sendo simetricamente distribuídas; apresentam-se em vários tipos, formas e

dimensões. Pode haver disseminação de máculas, pápulas e nódulos, que são melhores

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definidos, porém com distribuição menos simétrica e que poderão evoluir para infiltrações

difusas. Todos estes fatores determinariam um aspecto polimórfico das lesões. Há raridade ou

ausência de bacilos. Esta forma clínica é classificada em grupo boderline-tuberculóide;

boderline-boderline e boderline-virchoviana, onde são apresentadas manifestações clínicas

com algum grau de diferenciação, inclusive quanto á evolução (SOUZA, 1997; GOULART,

PENNA, CUNHA, 2001). Para Walker & Lockwood (2007) forma Boderline apresenta lesões

intermediárias entre as 2 formas polares. A morfologia das lesões podem ser maculares,

papomaculares, em placas, anulares ou com aparência geográfica. As placas são bem

demarcadas, deprimidas ou perfuradas (mas não ulceradas), dando a impressão de queijo

suíço.

A evolução da doença e o não tratamento podem conduzir alguns pacientes ao

pólo virchoviano, onde as lesões são mais numerosas, brilhantes, de limites menos precisos,

perda de sensibilidade menos acentuada, porém com maior número de bacilos (SOUZA,

1997).

3.1.3-Reações hansênicas

Referem-se aos diferentes tipos de estados reacionais da doença e que são

produzidos por mecanismos imunológicos específicos, sendo responsáveis por

comprometimento tecidual variado. Apresentam-se por meio de episódios inflamatórios

agudos e sub-agudos, podendo acometer indivíduos paucibacilares e multibacilares. Os surtos

reacionais podem se intercalar no decorrer da doença, devendo ser diagnosticados e tratados.

O diagnóstico é realizado através de exame físico e dermatológico do paciente (GELBER,

1993; SOUZA, 1997; GOULART, PENNA, CUNHA, 2001; BRASIL, 2002; ARAÚJO, 2003;

CARDOSO, 2003).

Os estados reacionais podem ocorrer durante os primeiros meses do tratamento

quimioterápico, bem como antes ou depois do mesmo. São a principal causa de lesões

nervosas e de incapacidades. As reações hansênicas mais importantes são ditas como:

Reação reversa ou reação do tipo 1: de evolução lenta, ocorrem mais comumente

em pacientes tuberculóides e dimorfos (forma paucibacilar), está associada a um aumento

considerável da resposta imune celular. As lesões preexistentes tornam-se eritematovioláceas,

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com algum grau de sensibilidade, intumescidas e elevadas. Apresentam novas lesões

dermatológicas, infiltrações, as máculas tornam-se placas. Ocorre dor ou espessamento dos

nervos (neurites), sendo estes menos evidenciados nos casos tuberculóides. Podem ocorrer

ulcerações (GELBER, 1993; SOUZA, 1997; GOULART, PENNA, CUNHA, 2001; BRASIL,

2002; ARAÚJO, 2003; CARDOSO, 2003).

Reação tipo Eritema Nodoso Hansênico (ENH) ou reação do tipo 2: de evolução

rápida, ocorre em pacientes dimorfos avançados ou virchovianos (forma multibacilar), onde a

imunidade celular não existe. Caracteriza-se por uma reação inflamatória sistêmica,

apresentando imunopatologia mais complexa. Em alguns pacientes esta reação inflamatória

pode se tornar crônica quando não tratada, porém pode aparecer mesmo após o término do

tratamento. Além da pele e nervos, outros órgãos podem ser envolvidos (baço, fígado,

peritônio, linfonodos, músculos, tendões, ossos, olhos, articulações, testículo, entre outros). O

estado geral do paciente pode estar comprometido, há febre, dores articulares, dor e

espessamento dos nervos, anorexia, insônia, depressão, neurites, linfadenites, entre outros.

Surgem nódulos eritematovioláceos dolorosos na pele, com bordos mal definidos, que

evoluem para descamação central, podendo se tornar hemorrágicos e vesicobolhosos podendo

ulcerar (eritema nodoso necrosante). A distribuição das lesões é simétrica, bilateral, difusa,

atingindo face, tronco e membros. Infecções inter-recorrentes, estado gestacional, vacinação,

estresse emocional, alguns fármacos podes precipitar o aparecimento desta reação (GELBER,

1993; SOUZA, 1997; GOULART, PENNA, CUNHA, 2001; BRASIL, 2001, 2002; ARAÚJO,

2003; CARDOSO, 2003).

- Para Walquer & Locwood, é uma desordem sitêmica afetando muitas vezes, o sistema

orgânico. Depois de agudo pode passar para uma fase crônica e recorrente. È causado por

deposição de complexos imunes associado com altos níveis de Fator de necrose tumoral

(TNF- ).

- Fenômeno de Lúcio: pode ser reconhecido como 3º tipo reacional da hanseníase, sendo

uma variante do estado reacional tipo 2, podendo ser mediado por imunocomplexos; está

associada à doentes portadores da HV não nodular (baixa resistência ao bacilo). É

caracterizado por necrose das arteríolas (vasculite necrotizante), quando o endotélio é

maciçamente invadido pelo Mycobacterium leprae, levando a uma reação cutânea necrosante

considerada grave (SOUZA, 1997; HELMER; 2004).

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3.1.4- Complicações e seqüelas da Hanseníase

São várias as complicações oriundas da hanseníase, podem ser reversíveis ou

irreversíveis. Incluem desde danos inaparentes a danos na aparência e estética do individuo.

Rotberg (1979) descreve como uma das conseqüências mais graves da hanseníase o

estado acentuado de angústia, que poderia ocasionar complicações psico-neuróticas, e a

rejeição social, quase sempre acentuado pela repulsa do paciente frente às manifestações

somáticas que apresenta. O preconceito, o temor da piora e do ostracismo leva o doente a

ocultar-se, levando a piora do seu estado físico e ao agravamento da endemia.

Os olhos exigem cuidadoso exame físico, em relação ao diagnóstico de doenças

como: blefarocalase (excesso de pele na pálpebra superior) catarata (opacidade do critalino),

conjuntivite (infecção da conjuntiva), decriocistite (infecção e saco lacrimal), ectrópio

(eversão e desabamento da pálpebra inferior), entrópio (inversão da margem palpebral

superior e/ou inferior), esclarite (inflamação da esclera), glaucoma (aumento da pressão intra-

ocular), madarose (queda dos cílios da região superciliar e/ou cilar), úlceras de córnea com

possíveis infecções secundárias, paralisias musculares palpebrais, hansenomas, nódulos de

eritema nodoso hansênico, entre outros. Sendo o tratamento cirúrgico, o único método para a

resolução de grande parte dos processos patológicos supracitados. Quanto ao nariz, é comum

que haver ressecamento e sangramento nasal, bem como desabamento do nariz, perfuração do

septo, infiltrações e ulcerações na mucosa (BRASIL, 2001; 2002).

Os envolvimentos dos nervos afetam as habilidades sensórias, motoras e as funções

anatômicas dos nervos periféricos. A ausência de sensibilidade pode ser responsável pela

prematuridade das complicações em muitas modalidades afetadas, porém predominam a

dificuldade motora. As inflamações granulomatosas dos nervos periféricos causam

enlarguecimentos palpáveis e tunelizações fibrosas com conseqüentes danificações e

disfunções nervosas (sensitivas e motoras). A doença pode afetar a parte posterior do nervo da

tíbia, causando anestesia nas solas dos pés, posteriormente atingem os nervos ulnares, mediais,

poplíteos laterais e faciais. O envolvimento das fibras autonômicas causa redução do suor na

pele, hipoidrose ou anidrose. As neurites que afetam os nervos periféricos podem levar a

abscessos cutâneos. Os efeitos das disfunções e deformidades nervosas, associadas à

diminuição e falta de sensibilidade podem levar a traumas e infecções secundárias (incluindo

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osteomelites) e lesões na pele. As disfunções motoras com grandes áreas de pressão e o

ressecamento da pele tornam-na mais vulneráveis e sujeitas a feridas (WALKER &

LOCKWOOD, 2007).

Nos membros além da falta de sensibilidade e alterações motoras, observa-se

hipotrofia óssea e muscular, lesões na pele e deformidades causadas pelas lesões nervosas.

Nos membros superiores a lesão do nervo ulnar pode ser evidenciada com a hipertensão da

articulação metacarpo-falangiana e flexão das falanges distais do segundo ao quinto dedos,

levando a mão a assumir aparência de “garras”. A lesão provocada pelo nervo mediano, leva a

incapacidade de movimentar o polegar. Por estar mais protegida a lesão do nervo radial é vista

apenas em casos graves, quando há comprometimento dos nervos ulnar e mediano, levando a

impotência de movimentação de todos os segmentos da mão, fazendo com que a mesma fique

caída – denomina-se “mão caída”. Processos inflamatórios, infiltrações, lesões e ulcerações,

diminuição da força, também podem estar presentes (BRASIL, 2001; 2002).

Nos membros inferiores, observam-se alterações da marcha provocadas por

contrações musculares e nervosas, levando a deformidades anatômicas e restritivas. Os nervos

mais afetados são o fibular comum e o tibial inferior. Quando a lesão atinge o nervo fibular a

deformidade é ocasionada pelas retrações estruturais posteriores do tornozelo, limitação da

dorsiflexão do pé e rigidez do tornozelo, denominado-se de “pé-eqüino” e suas variações

ocorrem de acordo com os músculos comprometidos. As lesões no nervo tibial posterior levam

a retrações plantares, e ao enrijecimento das articulações metatarso-falangianas e

interfalangianas, formando as “garras de artelho”. As lesões ou comprometimentos destes

nervos acarretam em perdas sensitivas em todo o pé, sendo a mais grave a da região plantar,

devido a sua função de sustentação corporal. É comum que ocorram traumas, devido á

incapacidade ou comprometimento da marcha (BRASIL, 2001; 2002).

Algumas complicações nos membros inferiores incluem ainda, o pé reacional e as

artropatias neurogênicas do pé (Charcot) (BRASIL, 2001; 2002; 2002).

O termo úlcera plantar perfurante foi introduzido por Prince em 1959, sendo

definido como uma ulceração crônica, de fator anestésico nos pés, situada em áreas de

proeminências, resistente a terapêutica local ou sistêmica e caracterizada por uma tendência a

recorrência (PRINCE, 1964 apud GAHALAUT et al, 2005). A falta de sensibilidade torna os

pés propensos às ulceras e a um ciclo vicioso de cicatriz-úlcera-cicatirz (ANDERSEN, 1961

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apud GAHALAUT et al, 2005). A anestesia plantar, a marcha incorreta, a baixa qualidade das

cicatrizes das ulcerações prévias, a resistência excessiva das cicatrizes e a persistência do foco

de infecção são algumas das maiores razões de recorrência das úlceras plantares

(SRINIVASAN, 1964 apud GAHALAUT et al, 2005). O estudo de Gahalaut et al, (2005) nos

faz refletir sobre a necessidade da mobilização das bordas da pele (próximo á úlcera), o

desbridamento (como forma de remover agentes contaminantes e tecidos desvitalizados), a

atenção quanto à vascularização periférica, próxima a lesão, e a adoção de medidas que evitem

traumas nos pés como sendo importantes fatores para que seja evitado o reaparecimento da

úlcera.

Estas úlceras podem iniciar com hematoma sub-dérmico e edema, podendo

comprometer tecidos mais profundos e evoluir para abscesso, ulcerações, osteomielites,

necrose e perda de seguimento ósseo e amputações (BRASIL, 2001; 2002; 2002).

As úlceras plantares são decorrentes das artrites e perda de sensibilidade protetora

ou anestesia na região plantar. As alterações na estrutura óssea geram áreas de pressão, falhas

na biomecânica, deformidades ou alinhamento incorreto dos pés, facilitando o rompimento da

solução de continuidade. As deficiências vasculares, arteriais e neuropáticas podem contribuir

aumentando o risco para as lesões (MITCHELL, 2001; FEENSTRA et al, 2001; BRASIL,

2001; 2002; OOMMEN et al, 2003; GAHALAUT et al, 2005)

3.2- ÚLCERAS VENOSAS CRÔNICAS

As úlceras venosas crônicas, embora consideradas curáveis, representam um grande

problema de saúde pública, uma vez que seu tratamento é lento, significativamente oneroso,

estando relacionado a morbidade e diminuição da qualidade de vida, de forma direta ao

portador e indireta para a família do paciente.

Ferreira, et al (2006), defendem a idéia de que se tratam de feridas complexas, já que

as lesões apresentam cicatrização lenta com extenso comprometimento e inviabilidade de

tecidos, devido ao risco aumentado para infecções freqüentes e a associações com patologias

sistêmicas. Para estes autores as úlceras venosas crônicas são consideradas problemas

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mundiais, acometem entre 0,06% a 1,5% da população, são reincidentes, de difícil tratamento

às vezes sendo necessário intervenções cirúrgicas, gerando ainda considerável impacto

econômico. Para Doughty; Waldrop; Ramundo (2000) as características mais marcantes dos

indivíduos com úlceras nos membros inferiores devido á insuficiência venosa crônica (IVC)

são: a dificuldades de cicatrização, o número elevado de úlceras, sua cronificação, e as altas

taxas de recidivas das úlceras, sendo esta última relacionada a manutenção da hipertensão

venosa com a deambulação.

No Brasil, o estudo conduzido por Borges (2000) com 40 portadores de feridas

crônicas, identificou que 85% das feridas eram de origem venosa, 6% provocadas por anemia

falciforme; 6% diabéticas e 3% traumáticas. Quanto á evolução das feridas: 50% dos sujeitos

tinham feridas com menos de 01 ano e 26,4% feridas tinham entre 11 e 30 anos de evolução.

Frade et al, (2005) em um estudo realizado com 124 pessoas em Juiz de Fora e região

identificou que estavam associadas às úlceras insuficiência venosa (90,3%), hipertensão

arterial sistêmica (54%), obesidade (20,2%) e diabetes mellitus (16,1%). Quanto á etiologia

79% das úlceras foram classificadas como venosas, 15,4% como hipertensivas e 5,6 % como

mistas ou tiveram outras causas. Destas, 90% acometiam o terço distal das pernas

apresentando tamanho grande (>5cm). Ao exame clinico estavam acompanhadas por

hipercromia (92,7%), lipodermatoesclerose (68,5%) e varicosidades (66,9%). A duração

média das feridas era de 94,2 meses (aproximadamente 8 anos), e 50% das úlceras eram

recidivantes. Os autores concluem que as úlceras de perna são crônicas, predominantes na

população idosa e de baixa renda de Juiz de Fora e região.

Bergonse & Rivittti (2006) no estudo conduzido no Hospital das Clinicas da Faculdade

de Medicina da USP com 40 doentes com úlcera venosa crônica, verificaram que 37,5% das

úlceras eram múltiplas e de tamanhos variados, 25,7% eram reincidentes em relação á duração

da úlcera estas variavam entre menos de 01 ano e mais de 20 anos, predominando aquelas com

tempo superior a 20 anos (25% dos casos).

As úlceras venosas são responsáveis diretas na mudança da qualidade de vida dos

portadores e das pessoas que convivem e/ou dependem destes. Estas afetam o paciente

causando dor, desconforto, vergonha, déficit de auto-estima, depressão, isolamento social,

sofrimento, angústia. O odor provocado pelas feridas pode contribuir para alguns destes

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fatores. Por vezes pode levar á mutilação, a inabilidade para o trabalho. Os curativos implicam

em tempo, custos e dependência de terceiros.

Etufugh & Phillips (2007) relatam que é a doença é comum em pessoas entre 60 e 80

anos de idade, sendo que as primeiras úlceras aparecem antes dos 60 anos de idade, embora,

presente em pessoas de ambos os sexos, predomina entre as mulheres. A doença causa grande

impacto na população que sofre com o problema. Entre eles a diminuição da qualidade de

vida, afastamento do trabalho, redução da produtividade, a dependência para as constantes

visitas constantes aos profissionais de saúde.

O estudo de Yamada (2001) ressalta a comprometimento na qualidade de vida dos

portadores de úlceras venosas crônicas, e associa a este fato o sentimento de revolta, tristeza,

vergonha, desânimo, complexos, desprazer, limitações na escolha de vestimentas e calçados,

dificuldade de mobilização e dependência. A autora cita o comprometimento da vida social,

espiritual, afetiva e psicológica destas pessoas. Franks et al, (2006) relacionam a redução na

qualidade de vida das pessoas com úlceras de perna, com ao tempo de tratamento (demora na

cicatrização) - à medida que aumenta o tempo de cicatrização das úlceras há uma deterioração

na qualidade de vida das pessoas. Os autores observam como pontos críticos a redução na

emoção, mobilidade, sono e energia, o auto-isolamento social e a dor causada pelas feridas. As

condições psico-emocionais e a idade avançada podem contribuir para o agravamento destas

situações.

A causa mais comum da úlcera venosa é a insuficiência venosa crônica (IVC)

provocada principalmente por incompetência do sistema venoso superficial (SVS) associado

ou não à incompetência do sistema venoso profundo (SVP) o que acarreta em disfunção

(insuficiência) valvular e/ou a obstrução venosa. Isto faz com haja refluxo de sangue desde o

sistema venoso profundo até a superfície, provocando intensa hipertensão venosa durante a

deambulação. Esta desordem é acompanhada por disfunções na microcirculação, causando

danos as paredes dos vasos e aumentando a permeabilidade dos mesmos, acarretando em

perda localizada de líquido intravascular, proteínas e elementos figurados do tecido celular

subcutâneo. Com o ingurgitamento venoso o membro torna-se edemaciado, inicialmente

devido ao volume intravascular aumentado e, após, face ao aumento da pressão venosa e

capilar, o que leva a transudação de líquido para o espaço extravascular. O progressivo

depósito de proteínas e fibrinas do espaço perivascular interfere no metabolismo e na

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oxigenação tissular, levando a esteatonecrose, engrossamento e fibroses secundárias. Com a

inapropriada ativação dos leucócitos (seqüestro de leucócitos) e sua interação com o endotélio

seguido de ativação de fatores imunocitoquímicos, observa-se anóxia do tecido e morte

celular, seguida de ulceração. A saída de eritrócitos intravascular e sua destruição no espaço

intersticial originam depósitos de hemosiderina subdérmicas, dando á pele uma progressiva e

permanente pigmentação ocre-acastanhada (BEVILACQUA et al, 1992; DOUGHTY,

WALDROP, RAMUNDO, 2000; DEALEY, 2001; BOMBIN et al, 2002; IRION, 2005;

TRENT et al, 2005; ETUFUGH & PHILLIPS, 2007).

Em posição ortostática, em repouso, a pressão venosa, no terço inferior da perna pode

variar de 95 a 100 mmHg, tanto nos pacientes com varizes e comprometimento do SVS, como

naqueles com acometimento do SVP. Durante a marcha esta pressão cai para 36 mmHg no

individuo normal, enquanto que no sujeito com comprometimento do SVS esta redução é

pequena, chegando á 66 mmHg. No paciente com insuficiência no SVP, a pressão permanece

a mesma quando em repouso (95 mmHg). Durante o exercício, em presença de válvulas

íntegras, a ação da bomba muscular da panturrilha faz com que o sangue seja impulsionado

para o coração, ocorrendo uma queda da pressão de 95 a 100 mmHg para 36 mmHg. No

entanto, quando as válvulas estão insuficientes ou a parede da veia sofreu processo

inflamatório pós-trombose, o sangue é impelido em todas as direções; e durante o relaxamento

muscular, as válvulas insuficientes permitem o refluxo venoso estabelecendo e perpetuando

um estado de hipertensão, não permitindo que a pressão venosa de deambulação, caia abaixo

de 60 mmHg. Surge aí o quadro de hipertensão na microcirculação, primeiro sinal da IVC

(FONSECA, 1999). Esta hipertensão venosa é responsável pelo impedimento do fechamento

efetivo das válvulas (DOUGHTY, WALDROP, RAMUNDO, 2000; BOMBIN F. et al, 2002;

TRENT et al, 2005).

As causas da hipertensão venosa são bastante discutidas. Furtado (2003), Jorge &

Dantas (2003), Borges (2005) trazem referências á quatro teorias, consideradas mais aceitas:

1) Teoria da Bainha de mielina ou Teoria de cuff de fibrina; 2) Teoria da retenção dos glóbulos

brancos (Teoria dos leucócitos); 3) Teoria mecânica ou clássica e 4) Teoria da migração de

fatores de crescimento (Hipótese bloqueio). As causas da falência do músculo da panturrilha

também são discutidas e amplamente relacionadas ao envelhecimento e sua representação

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fisiológica no organismo, ao sedentarismo, ás doenças reumatóides e á diversas anormalidades

músculo-esqueléticas (DOUGHTY, WALDROP, RAMUNDO, 2000).

A teoria clássica traz evidencias de que a origem da úlcera venosa é decorrente da

hipertensão venosa e suas conseqüências sobre as células e tecidos do organismo, como a

formação de trombos e a cronificação da inflamação tissular. A hipertensão venosa aumenta o

gradiente de pressão entre a artéria e o sistema venoso, resultando na redução da perfusão

capilar, fluxo capilar e pressão de difusão ruins. As características mais fortes são o edema, o

aumento de fibrinogênio plasmático e a diminuição da fibrinólise, estando os dois últimos

contribuintes para a hiperviscosidade intravascular com formações de tampões de leucócitos e

plaquetas. As alterações hemodinâmicas e linfodinâmicas no membro afetado permitem a

passagem de elementos sanguíneos responsáveis por uma série de alterações cutâneas

(descritas no quadro 1) (DOUGHTY, WALDROP, RAMUNDO, 2000).

A teoria do cuff de fibrina procura explicar que o endurecimento dérmico

(lipodermatoesclerose ou lipoesclerose), bem como o aparecimento da úlcera venosa são

alterações desencadeadas por uma anóxia tecidual, sem redução do sangue circulante na

microcirculação. A hipertensão venosa constante, devido a manutenção elevada das pressões

nas veias superficiais durante a deambulação, leva a formação de capilares deficientes

(distendidos) em sua função, permitindo a passagem de macromoléculas para o espaço

extravascular. O fibrinogênio polimerizado em fibrinas insolúveis forma uma bainha (cuff) de

fibrina em torno dos capilares da derme, o que impede as trocas de elementos fundamentais

(oxigênio, metabólitos, sangue, nutrientes, etc). Isto explicaria a alta concentração de oxigênio

no sangue venoso na vigência de IVC (DOUGHTY, WALDROP, RAMUNDO, 2000;

ETUFUGH & PHILLIPS, 2007).

A teoria dos leucócitos procura mostrar que na presença da hipertensão venosa, ocorre

diminuição na velocidade do fluxo sanguíneo, permitindo o agrupamento de células brancas

na parede do endotélio. A obstrução vascular leva a isquemia tecidual local e bloqueio da

passagem de oxigênio pelas hemácias. A liberação de mediadores inflamatórios conseqüentes

a este processo causa danos celulares, morte tecidual e formação de úlceras venosas

(DOUGHTY, WALDROP, RAMUNDO, 2000).

A teoria da migração de fatores de crescimento descreve que a fibrina e outras

macromoléculas, decorrentes do extravasamento dos capilares permeáveis, bloqueiam os

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fatores de crescimento e outras substâncias fundamentais para a manutenção do tecido normal

e conseqüente cicatrização da lesão (DOUGHTY, WALDROP, RAMUNDO, 2000).

Embora não sejam encontradas referências de estudos de úlceras venosas em pessoas

hansenianas ou curadas de hanseníase, podemos deduzir que as alterações na musculatura da

perna e nos vasos dessa população sejam prováveis fatores de envolvimento no surgimento de

feridas dessa natureza. Por outro lado, a insuficiência venosa pode atingir este grupo, assim

como os demais, na população em geral.

3.2.1- Avaliação clínica das úlceras de perna

As úlceras de perna precisam ser diferenciadas pelo profissional quanto à etiologia

venosa, arterial e neuropática, para que a abordagem sistêmica e local seja segura. Para isto

pode contar-se com a história do paciente e da lesão, além do exame clínico (CHERRY &

CAMERON 1991; THOMAZ, 1997; CABRAL, 2000; BORGES, 2001; DEALEY, 2001;

BURIHAN & BAPTISTA-SILVA 2003; FURTADO, 2003; GOGIA, 2003; JORGE &

DANTAS, 2003; IRION, 2005; CHIESA et al, 2007; SILVA, FIGUEIREDO, MEIRELES,

2007; ETUFUGH & PHILLIPS, 2007; MENKE et al, 2007; BORGES et al, 2008).

Ao iniciar o exame avaliativo é necessário proceder à investigação geral, a fim e

conhecer a história do paciente; é fundamental conhecer o sexo e a idade do paciente, o tipo de

moradia, bem como os fatores sócio-culturais e os hábitos de vida (etilismo, tabagismo,

medicações em uso, costumes diários, higienização, sono e repouso, sedentarismo,

mobilidade, entre outros), pois estes fatores trazem influência direta sobre a recuperação do

paciente/ferida (BORGES, 2001; DEALEY, 2001). Durante o exame físico precede-se a

avaliação do estado geral do paciente incluindo avaliação da dor, perfusão e oxigenação

tissular e das condições de hidratação e estado nutricional, presença de alergias, além dos

exames laboratoriais de rotina (a fim de detectar anemia, diabetes, infecções sistêmicas, níveis

séricos de proteínas entre outros). É importante verificar a existência de patogenias crônicas e

agudas, bem como os fatores de risco, por exemplo, história prévia de doenças venosas ou

arteriais a presença de hipertensão e doenças cardíacas, doenças renais, câncer, artrite

reumatóide, lupus eritematoso sistêmico, diabetes, entre outros (THOMAZ, 1997; BURIHAN

& BAPTISTA-SILVA, 2003; FURTADO, 2003). Coleta-se ainda informações sobre a história

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da ferida, quando e como iniciou, tratamentos que já foram utilizados, bem como evolução e

complicações decorrentes (JORGE & DANTAS, 2003).

Na avaliação das úlceras ou das feridas localizadas nas pernas é importante examinar

vários indicadores. Para melhor visualização destes e de como geralmente se apresentam nas

úlceras venosas, arteriais e neuropáticas, elaboramos o Quadro 1, embasados em literatura

sobre o assunto (THOMAZ, 1997; CHERRY & CAMERON 1991; CABRAL, 2000;

BORGES, 2001; DEALEY, 2001; BURIHAN & BAPTISTA-SILVA 2003; FURTADO,

2003; GOGIA, 2003; JORGE & DANTAS, 2003; IRION, 2005; ROSSI et al, 2005; CHIESA

et al, 2007; SILVA, FIGUEIREDO, MEIRELES, 2007; ETUFUGH & PHILLIPS, 2007;

MENKE et al, 2007; BORGES et al, 2008).

QUADRO 1- Comparação entre os indicadores clínicos geralmente obtidos na avaliação das úlceras vasculogênicas e neuropáticas. INDICADORES ÚLCERA VENOSA ÚLCERA ARTERIAL ULCERA NEUROPÁTICA Gravidade Menos severa Grave Grave Localização - topografia

Terço inferior da perna maléolo medial e região perimaleolar

Terço inferior da face lateral dos membros inferior, face dorsal dos pés e maléolos

Presente especialmente na região plantar, podendo aparecer próxima aos tornozelos.

Profundidade Superficial/ Rasas Média á profunda Média á profundo Evolução Lenta Rápida Pode assumir características de

ulcera isquêmica (arterial) ou vascular, quando de caráter misto.

Leito e margens Leito vermelho vivo e margens irregulares, aderidas ao leito e planas (presença de edema, com bordos espessados e grossos).

Leito pálido com margens definidas, regulares e uniformes. É comum a formação de escaras e esfacelos.

Normalmente há a presença de calos e queratoses.

Formato da lesão

Irregular Regular e Irregular Regular

Tamanho Grande/Extensas Pequena á média extensão Delimitadas. Podendo variar de média á extensa

Exsudato Moderado ou abundante Pouco exsudativas Moderado ou abundante Edema Presente e endurecido, com piora

ao final do dia. Pode assumir grande parte do membro, porém é mais comum na região maleolar.

Diminuído devido a estase ou ausente.

Geralmente ausente, porém pode aparecer em ulceras mistas vasculares.

Dor Pouca ou moderada. Tem intensidade variada, dependendo das condições locais e dos fatores sistêmicos.

Extrema. Associada á Claudicação intermitente. Presente quando em repouso ou em elevação, sendo aliviadas quando as pernas ficam pendentes. Pode ser necessário analgesia.

Nenhuma. A pele circundante pode aparecer dormente, com formigamento ou anestésica.

Pressão sistólica digital

Reduzida ou inalteradas. Menor ou igual a 20mmHg Reduzida ou inalteradas.

ITB 0,8 - 1,0 Menor ou igual a 0,5 0,9 - 1,30 Pulsos Presentes e normais Filiformes/débeis ou ausentes Variável, de acordo com a

patologia

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QUADRO 1- Continuação INDICADORES ÚLCERA VENOSA ÚLCERA ARTERIAL ULCERA NEUROPÁTICAColoração Róseo-avermelhada;

Hiperemiada; Hiperpigmatada azulada

Cianosada ou arroxeada (membro abaixado); Palidez á elevação das pernas; Rubor postural; Formação de necrose úmida (esfacelo) ou seca (escara).

Comumente branco-amarelada. Rosada. Normal ou alterada. Pode assumir características de ulcera isquêmica (arterial) ou vascular, quando de caráter misto.

Temperatura Membros isotérmicos ou aquecidos

Extremidades frias Membros isotérmicos ou aquecidos

Alteração da marcha

Associado á dor e ao edema Sim – claudicação intermitente

Associada á deformidades nos pés.

Sensibilidadetátil

Inalterada Inalterada Reduzida ou ausente

Pêlos Reduzidos ou inalterados. Ausência de pêlos Ausência de pêlos Formação calosa

Ausente Ausente Presente, especialmente na região plantar.

Unhas Atrofiadas Atrofiadas, espessadas. Atrofiadas Deformidade dos pés

Ausente Ausente Presente: dedos em garra, atrofia dos artelhos, pé de Charcot, pé eqüino, “joanetes”. As deformações podem estar associadas aos processos inflamatórios, ás infiltrações, lesões e ulcerações, á diminuição da força e falta de sensibilidade que conduzem ao posicionamento inadequado dos pés e má distribuição do peso corporal (pontos de pressão alterações na biomecânica do pé).

Enchimento venoso

Reduzidos ou inalterados. Retardado Reduzidos ou inalterados.

Controle da patologia de base

Normalmente são decorrentes de traumas ou infecção. Associadas á vida sedentária, flebite, varizes, TVP, história familiar. História de refluxo venoso e estase venosa.

Doença cardiovascular, DM, HA, Artrite reumatóide, vasculite, doenças vasoespáticas, embolia arterial, tabagismo e etilismo crônicos, arteriosclerose, malformações arteriovenosas.

Hanseníase; Diabetes mellitus; Osteopenia diabética; Tabes dorsal; Siringomiella; Neuropatia periférica.

Sinais e sintomas

alterações na pele, subcutâneo e musculatura da perna

Ulceras e presença de cicatrizes (perda de pele em sua espessura total); veias varicosas (varizes); telangectasias; veias reticulares; varicosite, varicoflebite; veias perimaleolares dilatadas; edema e linfedema; celulite ou erisipela (linfangite); prurido associado á dermatites; distúrbios tróficos: atrofia branca, lipodermatoesclerose, hiperpigmentação difusa (eczema varicoso, hemosiderose) dermatite venosa (dermatite de estase, eczema de estase, dermatite estática) dermatite de contato

Hipoidrose ou anidrose; ausência de tecido adiposo adjacente; espessamento das unhas; pele fria, pálida, cianóticas ou rubra,, brilhante Gangrena pode estar presente; Dermatites são pouco comuns

Pele fina, ressecada; áspera; Presença de escamas. Necrose intensa com gangrena, celulite, sepse, erisipela (linfangite). Varizes podem estar presentes ou não.

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QUADRO 1- Continuação INDICADORES ÚLCERA VENOSA ÚLCERA ARTERIAL ULCERA NEUROPÁTICA sintomas

alterações na pele, subcutâneo e musculatura da perna

(eczema de contato) coroa flebectásica (ankle flare), espessamento (endurecimento) da pele e musculatura. Na presença de TVP podem, ainda, estar presentes os seguintes sinais: aumento da consistência muscular, aumento da temperatura e da dor no trajeto venoso; sinal de Homans (presença de dor muscular na panturrilha quando realizada dorso flexão do pé sobre a perna); sinal de Mahler-Michaelis (taquicardia com febre baixa sinal de manisfestação podrômica); sinal de Pratt (trajetos venosos superficiais visíveis na face anterior do pé e da perna veias sentinelas); sinal de Bancroft ( presença de dor á palpação da pele e músculo sobre a estrutura óssea); sinal de Godet – edema subcutâneo; sinal da Bandeira – edema muscular; cianose: pode ser discreta.

Necessidade de compressão

SIM. (Silva, 1995 apud Jorge & Dantas, 2003; Choucair & Phillips, 1998 apud Jorge & Dantas, 2003; Etufugh & Phillips, 2007)

Classe I (20 a 30mmHg)– veias varicosas simples; Casse II (30a 40mmHg) – edema moderado, varicosite severa e IVC moderada; Classe III (40 a 50 mmHg) e classe IV (> de 60mmHg) – casos de IVC severo e linfedema (Morison& Moffatt, 1994 apud Jorge & Dantas, 2003)

* Classe I (14 a 17 mmHg) – suave compressão;

* Classe II (18 a 24 mmHg) – média compressão TVPA, tratamento e prevenção de úlceras venosas;

* Classe III (25 a 35 mmHg) – alta compressão hipertensão venosa e varizes severas.

Contra-indicado Opta-se por enfaixamento

sem compressão.

Se a úlcera for mista (venosa) pode estar indicada compressão. Nas úlceras neuropáticas podem, ainda, estar indicado o uso de botas gessadas a fim de melhorar a biomecânica do pé e reduzir os pontos de pressão (ROSSI et al, 2005). Quando se tratar de úlcera mista isquêmica a compressão é contra indicada.

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Entre as medidas que possibilitam a avaliação circulatória temos o Índice

Tornozelo Braquial (ITB) que é um método não invasivo, sendo realizado por meio de um

manguito na medida apropriada adaptado a um esfignomanômetro, um estetoscópio e um

doppler-ultra-som vascular manual e portátil. Sua medida é possível utilizando-se um cálculo

simples, sendo empregadas para isto as pressões maiores tornozelo/braço. O cálculo do ITB

deve ser realizado em ambos os membros e é dado pela divisão entre a maior pressão do

tornozelo direito ou esquerdo (pediosa ou tibial posterior) e a maior pressão do braço, sendo:

Sua importância na prática clínica se deve ao fato de ser uma ferramenta útil,

enquanto coadjuvante, no diagnóstico diferencial de doenças vasculares ou arteriais graves nos

membros inferiores, entre outros (DEALEY, 2001; JORGE & DANTAS, 2003; MAKDISSE,

2004; BORGES; 2005; IRION, 2005; TRENT et al, 2005; BERGONSE & RIVITTI, 2006;

ROBSON et al, 2006).

A interpretação correta do ITB permite que a equipe de saúde tome decisões

assistenciais mais seguras em relação ao caso, adotando medidas mais eficientes durante o

acompanhamento do sujeito. No Quadro 2 é possível verificar a interpretação do ITB.

Makdisse (2004) Sugere encaminhamento à angiologia os pacientes que apresentarem valores

inferiores que 0,90 mmHg e valores superiores á 1,30 mmHg.

QUADRO 2 - Representação do valor do ITB e sua interpretação. Valor do ITB Interpretação

> 1,30 Artérias não compressíveis 0,91 – 1,30 Normal 0,41 – 0,90 DAOMI Leve a Moderada

0,40 DAOMI Grave Fonte: Makdisse, 2004.

O objetivo terapêutico no tratamento das úlceras venosas crônicas é fazer com que o

paciente alcance a maior satisfação possível (IRION, 2005) e para isto é necessário

ITB direito: maior pressão do tornozelo D _________________________ maior pressão do braço

ITB esquerdo: maior pressão do tornozelo E _______________________ maior pressão do braço

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envolvimento multiprofissional. O tratamento inclui três pontos básicos: tratar os mecanismos

fisiopatológicos, identificar e corrigir os fatores predisponentes e contribuintes;

proporcionar/providenciar medidas que promovam a cicatrização das úlceras.

O tratamento sistêmico inclui mudança nos hábitos de vida, suplementação

nutricional, tratamento para a dor, fármacos mediante prescrição médica (antibióticos,

antiinflamatórios, analgésicos, antiagragantes plaquetários, anticoagulantes, antitrombolíticos,

entre outros), além de intervenção cirúrgica (MAFFEI, LASTORIA, YOSHIDO, 2002;

TRENT et al, 2005).

O tratamento local é fundamentado na redução da hipertensão venosa or meio de

terapia compressiva e na manutenção da ferida limpa (com micro-ambiente úmido) mediante

terapia tópica, para isto são utilizadas coberturas absorventes. Este tipo de cobertura além de

absorver o exsudato media o desenvolvimento do processo cicatricial (BORGES, 2005;

Etufugh & Phillips, 2007). O curativo, bem como sua troca, deve promover conforto e

segurança ao paciente, isto possibilita sua adesão ao tratamento.

O objetivo da terapia compressiva é reverter ou minimizar os efeitos da hipertensão

venosa crônica sobre a pele e rede vascular (hiperpigmentação, eczema, lipodermatoesclerose,

úlceras, varizes, telangectasias). A compressão externa age obrigando o líquido dos espaços

intersticiais a retornar para o compartimento vascular ou linfático e/ou impedindo seu

extravasamento, melhorando, ainda, o retorno venoso, o que contribui para a redução do

edema nas extremidades. Pode ser usada também, para prevenir a reincidência das úlceras. A

aplicação da pressão ideal deve-se a três condições básicas: estado clínico e físico do paciente,

peso do paciente e medida (tamanho) do membro afetado; podendo ser conseguida através de

meias de compressão ou bandagens (elásticas e inelásticas, camadas múltiplas). Recomenda-se

que a pressão reduza progressivamente na perna, da parte inferior para a superior, sendo que a

maior pressão seja aplicada na região do tornozelo (CHERRY, 1991; MAFFEI, LASTORIA,

YOSHIDO, 2002; NELSON, BELL-SYER, CULLUM, 2003; BORGES, 2005; TRENT et al,

2005; ETUFUGH & PHILLIPS, 2007).

As bandagens são utilizadas em vários países, são de fácil aplicação, exigindo,

porém preparo do profissional ou do cuidador. Estes devem ser orientados sobre as formas

corretas de manuseio dos produtos, devendo tomar certos cuidados como: evitar dobras

durante a aplicação, realizar proteção prévia das proeminências ósseas, evitar tensão excessiva

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ou reduzida das sub-bandagens, prevenir áreas de alta pressão localizada, observar o período

correto das trocas, observar sinais de comprometimento circulatório, estado de hidratação e

integridade da pele, orientar quanto a importância do repouso e elevação das pernas, bem

como movimentação das mesmas; utilizar técnica adequada de aplicação, entre outros. Para

Borges (2005) e Etufugh & Phillips (2007). a técnica adequada é fundamental, deve fornecer

compressão graduada de modo que a maior compressão parta dos dedos ou tornozelo sendo

reduzida gradualmente até o joelho e deve ser aplicada em forma de espiral com 50% de

sobreposição entre as voltas, produzindo efetivamente uma dupla camada em todos os ponto

do membro.

Os efeitos da compressão na microcirculação incluem a aumento do fluxo

sangüíneo nos capilares, redução da filtragem capilar e melhora da reabsorção pelo aumento

da pressão tecidual, ativando a drenagem linfática local e os efeitos dos mediadores

envolvidos na resposta inflamatória local (MAFFEI, LASTORIA, YOSHIDO, 2002).

As bandagens rígidas ou inelásticas de curta extensão (BCE) são de 100%

algodão, podendo ser reutilizadas depois de lavadas. Tem efeito apenas durante o movimento,

quando ocorre a contração e o relaxamento dos músculos da perna, o resultado dessa pressão

flutuante é o trabalho de reduzir o edema massageando durante o aumento de volume da

extremidade. A pressão exercida pelos músculos da panturrilha, durante o caminhar, é

redirecionada para perna, de modo que atuam auxiliando o retorno venoso. As bandagens

elásticas de longa extensão (BLE), podem ser lavadas e reaplicadas. A compressão elástica se

ajusta às alterações de volume do membro e exerce uma tensão elástica contínua na superfície

da pele. Sua ação se dá durante o exercício quando elas se expandem, fazendo com que a força

de contração exercida pelos músculos da panturrilha, se dissipem pelo membro e em repouso

por meio de tensão contínua. Bandagens de multicamadas: trata-se de um sistema de alta

compressão contínua, divido em camadas cada qual com sua função e constituída de materiais

diferentes. A primeira camada é constituída de lã ortopédica, fornece enchimento, redistribui a

pressão em pontos localizados, absorve o exsudato e permite a evaporação da umidade; a

segunda camada é constituída de crepe, fixa a primeira camada; a terceira camada é elástica

sua função é produzir pressão de compressão entre 18 e 20 mmHg; a quarta camada é

aderente e elástica de modo a fixar as demais e fornecer compressão adicional ao sistema, em

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torno de 22 a 25 mmHg sobre o membro (CULLUM et al, 2001; NELSON, BELL-SYER,

CULLUM, 2003; BORGES, 2005; TRENT et al, 2005).

A terapia tópica inclui desde a limpeza da ferida com soro fisiológico á aplicação

de produtos estimuladores/ aceleradores do processo cicatricial.

O tratamento da ferida deve incluir:

- obrigatoriamente a limpeza, não há contra-indicações a respeito da técnica

limpa, desde que não haja maior contaminação da ferida (BORGES, GOMES, SAAR, 1999;

KRASNER et al, 1998). Há restrições sobre o uso de soluções anti-sépticas, e sobre a forma

como aplicar o soro (pressão, distância e temperatura) (JORGE & DANTAS, 2003);

- o desbridamento, podendo ser cirúrgico, mecânico, autolítico, enzimático ou

combinado, dependendo da necessidade e parecer da equipe multiprofissional. Tem o objetivo

de remover esfacelo (slough) e excisionar necrose tecidual (BALE, 1997; KRASNER &

SIBBALD, 1999; SIBBALD et al, 2000; 2003; JORGE & DANTAS, 2003; SHULTZ et al,

2003; ROBSON, 2006);

- eliminação/ redução das bactérias colonizadoras da ferida. Amostras para

cultura e antibiograma devem estar incluídas na rotina, a fim de direcionar a melhor terapia

tópica e sistêmica (SIBBALD et al, 2000; 2003; JORGE & DANTAS, 2003; SHULTZ et al,

2003);

- controle da dor. Este item está a critério da equipe de saúde, uma vez que

medicamentos precisam ser prescritos com cautela, devido às interações medicamentosas

indesejadas. O controle da dor pode ser conseguido através do diálogo e orientação contínua,

manutenção de um ambiente provido de ótimos recursos humanos e materiais, ambiente calmo

e capaz de promover relação empática, autoconfiança, sensação de conforto (OLIVEIRA &

YAMADA, 2004; RIGOTTI & FERREIRA, 2005). Rigotti & Ferreira (2005), citam, ainda, a

prática da negociação e das distrações como forma de desviar a atenção do paciente.Terapias

alternativas podem ser associadas para o alivio da dor, bem como a escolha da cobertura

correta (SUSAN et al, 2003; OLIVEIRA & YAMADA, 2004);

- a redução do exsudato é conseguida por meio da cobertura adequada, exigindo

do profissional conhecimento sobre a patologia e sobre os tipos de coberturas disponíveis no

mercado. A úlcera venosa exige coberturas não aderentes, com ação semipermeável e

impermeável a microorganismos, de fácil troca e manuseio, estéreis e sem contaminantes, não

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alergêrnicos, que sejam capazes de manter o leito da ferida úmido, removendo o excesso de

exsudato e que reduza a dor (BORGES, 2005).

Wada et al, (2006) em um estudo realizado com aplicação de pressão negativa em

pacientes portadores de feridas complexas, incluindo úlceras de perna obteve ótimo com esta

terapêutica, concluindo ser um método novo, eficaz e indolor, capaz de acelerar o processo

cicatricial, com complicações mínimas, permitindo, ainda, preparar o leito da ferida para

cirurgia corretiva/ plástica.

Palfreyman et al, (2006), num estudo baseado em evidências (revisão sistemática)

citam as coberturas mais utilizadas para o tratamento das úlceras venosas crônicas,

destacando-se: os alginatos, os curativos absorventes com espumas, os hidrocolóides, as

coberturas com hidrogel e hidrofibra, os filmes semipermeáveis, os curativos com enchimento

não aderentes e os curativos em forma de pérolas ou grânulos, porém os pesquisadores

concluem não haver evidências fortes e que sejam suficientes para considerar um tipo de

cobertura como sendo a mais ideal. Os autores consideram haver evidência insuficiente para

recomendar um tipo de cobertura sobre outro, revelando haver necessidade de grandes

experimentos e de alta qualidade neste tópico, pois a falta de evidência não se iguala á falta de

eficácia.

Outro estudo baseado em evidências (revisão sistemática) realizado por Borges,

Caliri, Haas (2007) traz resultados que confirmam os obtidos pelos autores citados

anteriormente. Evidencia que não há um produto superior para o tratamento das feridas

venosas crônica, mas que a terapia tópica é essencial no controle do odor e prevenção das

complicações, devendo ainda, ser associado a um método compressivo. Os autores destacam a

importância da terapia compressiva, por aumentar a taxa de cicatrização da úlcera, não

devendo, porém, ser usada em pacientes com comprometimento arterial.

Entre as maiores possibilidades de complicações da úlcera venosa se encontram a

osteomielite, a infecção das feridas e a malignidade, este último, comum nas lesões crônicas

que não respondem adequadamente ao tratamento (ETUFUGH & PHILLIPS, 2007).

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3.3. INFECÇÃO EM FERIDAS CRÔNICAS

Em grande parte das feridas o processo de cicatrização (hemostasia, inflamação,

proliferação e maturação) acontece ordenadamente. Nas feridas crônicas há uma alteração que

culmina na estagnação da fase inflamatória.

Em outras, ditas como complexas (FERREIRA et al, 2006), o processo cicatricial é

alterado e conseqüentemente o tempo de evolução da ferida. Nas feridas crônicas a

cicatrização das úlceras é caracterizada por um remodelamento defeituoso na expressão da

matriz extracelular (EMC) com falhas na reepitelização e prolongamento da inflamação. Diz-

se que há uma permanência ou prologanção da fase inflamatória com inibição da atividade

mitogênica celular, com aumento de citocinas pró-inflamatórias (TNF- e IL- e aumento

nos níveis de matriz-metaloproteínases (MMPs) (SHULTZ et al, 2003). Isto faz com que haja

desproporção anormal de enzimas protetoras e deteriorativas, fazendo com que haja

degradação da ferida.

O excessivo número de células inflamatórias afetam o perfil de citocinas na ferida,

passando a predominar, fazem com haja um aumento na concentração de TNF- reduzindo a

concentração de fatores que promovem a proliferação, inclusive de fator de crescimento de

células endoteliais derivado de plaquetas (PDEGF) e de deposição de matriz que as

transformam em fator de crescimento- . Portanto a atividade mitogênica das células é

reprimida nas feridas crônicas, sendo o resultado da inflamação patogênica, uma

descontrolada cadeia que leva a mais inflamação. Como resultado da inflamação observa-se o

aumento do número e atividade dos neutrófilos, hipersíntese e degradação de fibrobastos, e

queda na quantidade de proteases de colágeno, o que previne a maturação e a formação da

cicatriz. Um estímulo para a propagação da fase inflamatória (MENKE et al, 2007).

Nas regiões distais, onde há comprometimento vascular e acometimento do aporte

de oxigênio, o influxo de neutrófilos e macrófagos ativados para esta região aumenta a

demanda por oxigênio com conseqüente elevação das concentrações de ácido lático e queda

do Ph. Esta combinação entre, hipóxia, Ph baixo e alta concentração de ácido lático, ativa o

macrófago para a produção de fatores de crescimento. O descontrole lítico pode resultar em

prejuízo a evolução do reparo, uma vez que as células inflamatórias ativadas são produtoras de

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outras substâncias letais sobre as membranas celulares. Alguns mediadores inflamatórios

(TNFs e TGF- embora mitogênico para fibroblastos podem induzir a morte descontrolada

das células . Durante a evolução do reparo é comum haver momentos onde a lise predomine

sobre a reposição e vice-versa, porém numa situação anômala (cronificação da lesão) os

mediadores químicos (IL-6, IL-10) são reduzidos, conseqüentemente há uma desordem nos

níveis dos mediadores inflamatórios, resultando em declínio de queratinócitos e defeitos na

EMC, desta forma observa-se queda na cicatrização (BALBINO, PEREIRA, CURI; 2005), o

que poderia contribuir a para a cronificação da lesão.

As bactérias contribuem com a cronificação da lesão direta e indiretamente. O

mecanismo direto inclui basicamente a produção de toxinas, elevando a quantidade citocinas

pró-inflamatórias. As exotoxinas produzidas em comum, pelas bactérias, atacam muitos tipos

de células produzindo necrose tecidual. As bactérias contribuem ainda na diminuição das

proteínas que favorecem quimiotaxia, aumentam a produção de enzimas citotóxicas e dos

radicais livres, acentuam a hipóxia, que é exacerbada pelos metabólitos vasocrontrictivos,

promovendo amento da lesão tecidual. O aumento das interleucinas e do fator TNF

contribuem para o desarranjo nos níveis de MMPs e seus inibidores (JONES, EDWARDS,

THOMAS, 2004).

A inflamação é mediada por sinais, manifestados por meio de dor, eritema, edema

e calor. Nas úlceras crônicas, devido ao prolongamento da fase inflamatória, estão presentes

sintomas e sinais de interação entre o processo inflamatório e a patogênese, sendo importante

considerar o diagnóstico de úlcera infectada. (BOWLER, DUERDEN, ARMSTRONG, 2001;

SHULTZ et al, 2003; AYELLO & CUDDIGAN, 2004; FRANK, BAYOMI, WESTENDORP,

2005).

3.3.1- Critérios de identificação da ferida infectada

Para Frank, Bayomi, Westendorp (2005), toda ferida crônica pode ser considerada

contaminada, devendo ser considerada estratégias de prevenção a patógenos de microbiota

exógena. Ayello & Cuddigan (2004) definem a ferida contaminada como sendo aquela que há

a presença de microrganismos, porém sem sua replicação. Frank, Bayomi, Westendorp (2005)

citam a possibilidade de contaminação da ferida por bactérias vizinhas a região da lesão, e

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ainda por bactérias colonizadoras do trato gastrointestinal ou oral, que poderiam ser

importantes vetores de contaminação da úlcera.

Os sinais que caracterizam uma ferida colonizada, ainda são incertos, mas estão

associados a espécies facultativas de microrganismos aeróbios, como Staphylococcus aureus,

Pseudomonas aerginosa e Streptococus beta-hemolitico (KINGSLEY, 2001; SHULTZ et al,

2003). As bactérias anaeróbias são mais difíceis de serem encontrados pelos métodos

tradicionais de cultura, pois representam apenas 30% do total de microrganismos isolados.

Para Frank, Bayomi, Westendorp (2005), em feridas agudas os microrganismos Gram-

positivos tendem a predominar, enquanto nas feridas crônicas há um espectro maior de

organismos Gram-negativos, sendo encontrados inclusive, coliformes, anaeróbios e outras

espécies de pseudomonas. Shultz et al, (2003), define a colonização como sendo a presença e

replicação de microrganismos aderidos a ferida, sem que lhe cause danos.

A colonização critica é entendida como sendo o aumento da microbiota bacteriana

sobre a lesão, podendo fazer com que seja convertida em infecção. As bactérias podem liberar

as matriz-metaloproteínases (MMPs) e outros mediadores pró-inflamatórios provocando

deterioração da lesão. Clinicamente pode estar associada ao aumento na drenagem do

exsudato, acompanhado por alteração no tecido de granulação que pode variar do branco-

acinzentado ao vermelho com característica friável; isto se deve a debilidade vascular ou a

anomalia da matriz extracelular. A bactéria pode estimular a angiogênese levando ao

comprometimento na produção da matriz ou degradação da mesma (SHULTZ et al, 2003).

Além dos sinais clínicos de inflamação, a ferida, é acompanhada, por odor fétido, necrose e

esfacelo.

A infecção ocorre na presença e replicação dos microrganismos na ferida, com

presença de danos em toda a sua extensão. É determinada pela presença, tipo e número (acima

de 105 UFC/0g) dos organismos colonizadores, além dos seus fatores de resistência, afetando

as condições gerais, nutricionais, de perfusão e oxigenação dos tecidos. A cicatrização da

ferida infectada é alterada pela destruição das células em virtude da competição por

fornecimento de oxigênio, no leito da lesão; liberação local de toxinas das bactérias causando

necrose, e exsudação purulenta; liberação sistêmica de toxinas de bactérias, causando toxemia

e sepse. Os sinais clássicos de infecção em feridas incluem, calor, drenagem purulenta,

eritema ou hiperemia avançada, dor local e edema, podendo ser diferenciados em feridas

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crônicas. Observa-se ainda, nas lesões infectadas: atraso na cicatrização, a presença de

friabilidade do tecido de granulação com alterações da cor ou descoloração (tons

esbranquiçados, acinzentados, amarelados, esverdeados ou marrons podem estar presentes),

ausência de tecido no leito ou presença de tecido anormal (endurecido / empedrado), formação

de bolsas ou pontes nas bases da ferida, aumento do odor ou odor anormal, deterioração e

reabertura da ferida, aumento na drenagem do exsudato (seroso com inflamação,

seropurulento, serosanguinolento, purulento), maceração devido à quantidade aumentada do

exsudato, inflamação e celulite, desconforto ou aumento da dor, ou dor de natureza

inesperada, na região da lesão e formação de abscesso (s) (CUTTING, 1994; BOWLER,

DUERDEN, ARMSTRONG, 2001; SHULTZ et al, 2003; KINGSLEY, 2001; KINGSLEY et

al, 2003; AYELLO & CUDDIGAN, 2004; FRANK, BAYOMI, WESTENDORP, 2005).

Sibbald et al, (2003) ainda citam, a possibilidade de aumento da área satélite e inferior aos

planos superficiais, osteomielite, com possível exposição óssea e em caso de infecção

sistêmica derivada da ferida, sinais e sintomas como: febre, calafrios intensos, hipotensão e

falência de múltiplos órgãos.

O diagnóstico de infecção em feridas além de obedecer aos sinais clínicos, deve ser

sustentado por cultura. O AHCPR - Pressure Ulcer Treatament Guideline (1994) recomenda a

cultura por análise quantitativa dos tecidos, que é obtido por meio de biópsia. O manual em

questão cita o meio como padrão ouro, porém concorda com suas desvantagens devido à

invasividade e em alguns casos a complexidade da técnica, a exigência de pré-requisito

profissional, a dor causada pelo procedimento, necessitando de analgesia prévia, bem como

seu o alto custo. Levine et al, (1976) descrevem a utilização de uma técnica para coleta de

amostras em feridas, apliacando-a e obtendo resultados positivos quanto a quantificação de

microrganismos. Gardner et al, (2006), em um estudo realizado para avaliar a eficiência de

três técnicas de identificação de infecção em ferida crônicas, conclui que a técnica de Levine é

aplicável e o resultado é seguro, validando a mesma. Ferreira & Andrade (2006) e Davies et

al, (2007) comprovam os resultados positivos a respeito da técnica de Levine, sendo esta a que

mais se aproxima da análise comprovada por meio de biópsia quantitativa. Sibbald et al,

(2003), aceitam o uso do swab, e sua eficácia semelhante a da biópsia, porém confere cuidado

quanto a sua utilização devido a possível ocorrência de resultados falsos negativos ou

positivos. No estudo realizado por Ferreira, Santos, Sampaio (2004) os autores utilizam duas

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técnicas para avaliar a eficácia qualitativa dos resultados de cultura, concluindo que a técnica

de irrigação-aspiração é eficaz quando comparada ao swab.

3.4- PRODUTOS UTILIZADOS NO ESTUDO

3.4.1 - Biomembrana

As pesquisas com a biomembrana começaram em 1994, no Brasil, e vêm se

destacando, com grande sucesso, em várias especialidades da área médica. O Setor de

Neuroquímica do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Faculdade de Medicina de

Ribeirão Preto – USP/Brasil desenvolveu um polímero biocompatível, a base de látex natural

da seringueira Hevea. As proteínas alérgicas do látex são diminuídas por um processo de

centrifugação após a coleta, o que o torna um material inócuo e com menores chances de

rejeição quando utilizado em órgãos e tecidos. O material se apresenta como uma membrana

fina, elástica, opaca e de fácil manuseio (MRUÉ, 1996; FRADE et al, 2001; COUTINHO-

NETTO & MRUÉ, 2003; FRADE, 2003; MRUÉ et al, 2004). Mandebaum et al, (2003),

Ereno (2003) e Cândido (2006) descrevem em suas publicações que a biomembrana pode ser

material promissor, devido às suas qualidades terapêuticas e ao custo 10 vezes menor do que

os similares importados.

O produto vem sendo utilizado em pesquisas experimentais com animais e passou

por várias etapas até chegar a testes em humanos. Em 2003 foi patenteado, por uma fundação

brasileira, e em 2004 foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

3.4.1.1- Estudos realizados com a biomembrana em animais

A biomembrana foi utilizada para substituição de parte do esôfago cervical em

24 cães, por Mrué (1996), sendo que os cães foram dispostos em 04 grupos com 08 elementos

cada um. Foram utilizadas 03 tipos de próteses de látex. No grupo A, as próteses eram

constituídas somente de látex; no grupo B, constituídas de látex e polilisina 0,01%; no grupo

C, de látex e polilisina 0,10%; e o grupo D, o controle, no qual se procedeu a secção de

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esôfago cervical, sem ressecção, seguida de anastomose termino-terminais. O preparo pré e

pós-operatório, a anestesia e a técnica operatória foram a mesma para todos os grupos, com

exceção do grupo controle, que não recebeu prótese de látex natural. Foram avaliados:

infecção da ferida operatória, coleções de líquidos da ferida, fístula anastomótica e estenose,

por meio de métodos semiológicos clássicos de inspeção e palpação, punção percutânea,

análise radiográfica contrastada, endoscopia digestiva alta (EDA) e exame anatomopatológico.

O tempo de permanência da prótese foi determinado por EDA após 15, 30 e 60 dias da

operação, e pela constatação de eliminação espontânea da prótese. A neoformação de tecido

foi constatada por EDA e por exames histológicos. Foram constatados 03 casos de infecção da

ferida operatória, sendo 01 caso no grupo B, C e D, e que estiveram associados à presença de

fistula. Houve formação de se secreção sero-sangüínea fluída em 04 animais do grupo D;

ssecreção sero-sangüínea densa e viscosa em 03 animais do grupo A, em 02 animais do grupo

B e em 02 do grupo C, contudo, todos foram tratados com boa evolução. As fístulas estiveram

presentes em 01 animal dos grupos A e D e em 03 animais dos grupos B e C. Quanto à

presença de estenose, foi identificado 01 caso do grupo D, associado à fistula, evoluindo à

óbito no 53º pós-operatório. Nos demais grupos, todos os animais apresentaram algum grau de

estenose após a saída da prótese. Observou-se mais disfagia entre os animais do grupo A. Em

todos os animais avaliados a prótese permaneceu no local até a completa neoformação

tecidual, sendo desprendidas espontaneamente e gradativamente. O tempo de maior

permanência da prótese nos animais do grupo A, foi de 4 a 8 semanas, enquanto que nos

grupos B e C entre a 1 e 4 semanas. Observou-se neoformação tecidual e vascular em todos os

animais examinados: no grupo C as características do tecido eram semelhantes aos da mucosa

esofágica adjacente, no grupo A e B o tecido neoformado apresentava, em alguns casos, leve

enantema. A pesquisadora conclui que as próteses de látex apresentam as características

essenciais de um substituto esofágico, e que os 03 modelos de próteses, foram capazes de

induzir ou favorecer neoformação tecidual compatível ao esôfago dos animais.

No estudo de Mrué et al, (2004), realizado em cães, ratos e coelhos. Os cães

(n=6) receberam fragmentos de biomembrana implantados na parede abdominal, cada um

recebendo 8 implantes. Semanalmente da 1ª a 4ª semana, dois fragmentos eram removidos de

cada cão, incluindo-se o tecido circundante, os quais eram submetidos a exame

histopatológico. Os fragmentos foram removidos em intervalos que variaram entre 0 e 2 horas

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após o implante e submetidos a análise de DNA. O objetivo era avaliar as reações de corpo

estranho e presença de tecido fibrótico. Os ratos tiveram implantados fragmentos do

biomaterial em sua cavidade peritoneal, sendo avaliadas as características morfológicas das

células aderidas através de microscopia eletrônica de varredura co 12 e 24 horas após o

implante. Também fizeram parte do estudo coelhos, que tiveram úlceras provocadas em

cartilagem (orelhas), e foram divididos em dois grupos: um tratado com a biomembrana e

outro tratado com fibrinolisina, desoxirribonuclease e clorafenicol; os dois grupos foram

acompanhados por um período que variou de 01 a 14 dias; as ulcerações tratadas foram

removidas para estudo histológico. O objetivo era avaliar a presença de novos vasos,

epitelização e fibrose. Foi verificado que o biomaterial de látex levou a um aumento de células

inflamatórias após a primeira semana de uso (implante), que diminuiu, desaparecendo até a 4ª

semana, assemelhando-se ao processo de cicatrização normal. Observaram-se poucas células

de Langerhans e a presença de fibras de colágeno com aumento gradual e ordenado,

semelhante ao natural, sem sinais de fibrose. Evidenciaram-se também adesão celular nos

grupos tratados com a biomembrana, semelhantes ao reparo tecidual normal. Os autores

concluíram que a biomembrana foi capaz de promover um reparo organizado no tecido lesado

(orelhas de coelhos), com boa reação tissular, sem sinais de fibrose ou rejeição, com processo

de cicatrização semelhante ao fisiológico; o produto induziu a neoangiogênese e a

epitelização. Não foram observadas reações alérgicas e toxicidade ao látex.

Em estudo realizado em 15 coelhos com o objetivo de verificar o efeito da

biomembrana de látex no processo de reparo da conjuntiva ocular, os animais foram

submetidos à cirurgia sendo realizado exérese de um retalho conjuntival de ambos os olhos.

Os olhos esquerdos não foram reconstruídos, permanecendo com a esclera nua. Os olhos

direitos receberam implantes de retalhos de biomembrana de látex. No pós-operatório (PO),

ambos os olhos foram tratados com colírio de neomicina, polimixina B e dexametasona. Os

coelhos foram divididos em 05 grupos conforme a época do sacrifício, que variou entre o 5º e

28º dia, para avaliação histológica. Os autores deixam claro que o tempo de apenas 28 dias de

uso da membrana é insuficiente para promover total recuperação das feridas cirúrgicas

conjuntivais, porém em 60% dos olhos com biomembrana (09 em 15 casos) apresentaram

cicatrização satisfatória, com aumento do número de vasos e epitelização sob o biomaterial

implantado, enquanto que nos olhos com esclera nua houve resultados positivos em apenas

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20% dos casos (03 em 15 casos), concluindo que a biomembrana é capaz de acelerar a

cicatrização na conjuntiva. Foi observado ainda que, o número médio de vasos por campo

óptico, na ferida cirúrgica dos olhos com biomembrana, foi maior. Em relação à infecção não

foram observadas diferenças significativas, entre os grupos. Células calciformes se fizeram

presentes apenas quando o epitélio já estava bem organizado, o que significa que o processo

de cicatrização ocorreu sem prejudicar a funcionalidade da conjuntiva (PINHO et al, 2004).

Cláudio, Diogo-Filho, Mamede-Filho (2006) com o objetivo de avaliar se o

revestimento da tela de polipropileno com látex leva a menor formação de aderência, utilizou

90 ratos, distribuídos em 03 grupos de 30 animais: grupo A – o controle, em que os animais

submetidos à laparotomia mediana e sutura; grupo B – o tratado com polipropileno, em que os

animais eram submetidos à ressecção de segmento da parede abdominal e sutura com tela de

polipropileno; grupo C – tratado com polipropileno revestido por látex (em que os animais

eram submetidos à ressecção de segmento da parede abdominal e sutura com tela de

polipropileno revestido por látex). Os animais foram avaliados, por 45 dias, conforme um

protocolo de uniformização dos procedimentos. Depois deste período forma sacrificados e as

aderências avaliadas conforme sua classificação em graus e de acordo com a área aderida,

calculada corando-se o segmento da parede contendo as aderências. Posteriormente estes

segmentos foram ressecados observando-se a alteração da coloração (uma região clara em

contraste com o restante da peça). No grupo controle (A) não foram evidenciadas

complicações graves ou mortes, no grupo B, 08 animais morreram, 01 deles por hemorragia

pós-operatória, sendo excluído do estudo, 05 apresentaram fístulas, 01 apresentou obstrução e

01 evisceração. No grupo C, 09 ratos morreram, 01 deles por complicações da anestesia

(excluído), 04 apresentaram fistulas entéricas, 02 obstrução e 02 evisceração. Os animais do

grupo C apresentaram menor formação de aderências, em relação ao grau. Não houve

diferença entre os grupos em relação á área de aderência. Os autores concluem que o

revestimento da tela de polipropileno por látex leva a menor formação de aderência, porém

não diminui as complicações graves precoces.

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3.4.1.2- Estudos realizados com a biomembrana em seres humanos

No estudo da biomembrana como curativo em pacientes portadores de feridas

crônicas, foram selecionados pacientes que apresentavam úlceras com evolução entre 02 e 18

anos, refratárias a vários tratamentos e de etiologias diversas (diabetes, úlceras flebostáticas,

hipertensivas, por anemia falciforme, isquêmica, de decúbito, induzidas por esclerose

sistêmica, induzidas por lúpus eritematoso e vasculites). As lesões eram lavadas com solução

fisiológica a 0,9% e tratadas com a biomembrana, sendo trocadas a cada 24 horas. Foi

realizado exames imunohistoquimico (biópsia). A partir do 3º dia de tratamento houve

formação de tecido de granulação, com aumento e preenchimento completo da lesão em torno

de 12 dias. Após a granulação, o processo de epitelização ocorreu em aproximadamente 75%

dos pacientes e o fechamento das lesões se deu em aproximadamente 06 meses. Em 25% dos

casos restantes, a epitelização foi considerada não satisfatória, embora houvesse formação de

tecido de granulação, o que determinou a colocação de enxerto parcial epidérmico com 100%

de sucesso. Os autores relatam que os pacientes não queixaram dor na realização dos

curativos; houve redução da fibrina e de pequenas áreas de necrose, síntese e liberação de

citocinas levando a uma boa resposta inflamatória, sendo propícia a acelerar o processo de

formação do tecido de granulação, epitelização e cicatrização. Concluiu-se que o tratamento

de lesões, utilizando a biomembrana pode criar condições favoráveis para a enxertia posterior

(COUTINHO-NETTO & MRUE, 2003).

Frade et al, (2001) realizaram um estudo de caso com uma pessoa idosa

apresentando 01 úlcera venosa de perna e 01 no dorso do pé, recorrentes, e de 25 anos de

evolução. As úlceras apresentavam sinais de necrose e na ferida localizada no pé havia, ainda,

exposição de tendão. Os autores consideraram a ferida na perna como controle, e realizaram

limpeza diariamente com solução fisiológica a 0,9% (SF 0,9%) e posteriormente, aplicação de

pomada de clorafenicol associado à fibrinolítico, e a ferida no pé como experimental, em que

a lesão era limpa com SF 0,9% e aplicado sobre ela o curativo com biomembrana, sendo

trocado em dias alternados. Em ambos os casos foram coletados material para estudo

histopatológico (biópsia no 1º, 15º e 120º dia). A ferida do caso controle permaneceu

inalterada por 30 dias e na ferida tratada com a biomembrana, após 15 dias, foram observados

sinais de estimulação da granulação, clinicamente visível e constatado laboratorialmente, com

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redução da dor. O aumento do tecido de granulação e melhora nas bordas ocorreram em

aproximadamente 02 meses de tratamento com o biomaterial de látex. Depois de 4 meses,

embora presente, a ferida mostrou redução de área. Não foram registrados efeitos colaterais

em nenhum dos casos. Os autores concluíram que os curativos com biomembrana podem

estimular a vascularização local devido a resposta angiogênica o que induz o processo de

granulação tissular e epitelização.

Para caracterizar a clínica e o perfil imunohistopatológico da cicatrização nas

úlceras de perna, Frade (2003) realizou um estudo com 21 pacientes portadores de úlceras

venosas há mais de 02 meses, e que se incluíssem nos critério de inclusão (portador de úlcera

venosa apresentando sinais clássicos, com mais de 02 meses de evolução, em número de uma

ou mais feridas maiores que 1cm2, e hipertensão controlada) sendo 14 tratados com a

biomembrana e 07 tratados com pomadas de fibrase®. Os curativos foram realizados por um

período de até 90 dias. Durante o estudo as feridas foram medidas, fotografadas e analisadas

sob os pontos de vista histopatológico (biópsia cutânea, realizada pré-tratamento a fim de

descartar neoplasias e após 30 dias para verificação de granulação) e imunohistoquímico

(amostras de tecido congelado, para elucidação da participação das citocinas e fatores de

crescimento envolvidos). Os pacientes tratados do grupo controle se recusaram a manter o

mesmo tipo de tratamento por mais de 30 dias, devido a freqüência de trocas e incômodos

relacionados ao medicamento. Do grupo tratrado com a biomembrana 100% dos casos foram

acompanhados por 30 dias, 78,6% por 60 dias e 35,7% por 90 dias. Não houve diferenças

estatísticas que comprovaram a redução da área em ambos os grupos. O tempo de granulação

também foi semelhante. Os achados laboratoriais indicaram que o biomaterial, tende a reduzir

o período de cicatrização, com diminuição do tecido necrótico e organização do reparo

tecidual. O autor do estudo observou que a biomembrana induziu a uma diferenciação clinica

e histopatológica do tecido de cicatrização, com aumento da detecção de fatores de

crescimento como VEGF e TGF 1 associada a redução da expressão da enzima NO-sintase

induzida, quando comparado ao grupo controle. A análise global dos dados sugere que o

tratamento com a biomembrana conduz a organização do tecido cicatricial conseqüente a

maior produção de fatores de crescimento celular. A biomembrana se caracterizou com uma

boa opção terapêutica para úlceras de perna, com alta potencialidade na indução da

cicatrização. De acordo com observações pessoais do autor a não adesão do material ao leito

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da ferida facilitou as trocas dos curativos, que se mostraram indolores e mais cômodos ao

paciente.

No estudo de Oliveira et al, (2003) com 200 pacientes com perfuração crônica

da membrana timpânica e história clínica de otite média crônica simples, com mais de um ano

de evolução e otorréias crônicas intermitentes, foram submetidos às técnicas clássicas de

miringoplastia e enxerto de fáscia do músculo temporal. Apoiada a face externa dos bordos da

membrana timpânica remanescente e em contato com a fáscia temporal foi colocada

biomembrana de látex, e os pacientes foram observados por 30 dias. Após a alta, no primeiro

dia de pós-operatório, foram avaliados otomicroscopicamente, para o diagnóstico precoce de

infecção, não sendo usados antibióticos tópicos. Os objetivos do trabalho foram: observar a

interação da biomembrana de látex com o tecido timpânico humano; observar a

biocompatibilidade da biomembrana de látex, a toxicidade do biomaterial, a presença de

reações alérgicas, a possibilidade do uso da membrana natural de látex como implante

transitório em miringoplastia, e observar a neovascularização induzida pelo biomaterial. Como

resultado: 181 orelhas foram consideradas sucesso cirúrgico (pega total do enxerto), com

ótima vascularização e hiperemia da área circundante ao enxerto e membrana timpânica

remanescente; 90,5% (181 orelhas) aprestaram sucesso quanto ao fechamento da perfuração,

em tempo médio de 28 dias e normalidade da membrana timpânica, com dois meses de

enxerto. Em 9,5% (19 orelhas) o resultado foi considerado negativo (insucesso cirúrgico). Os

autores concluem que a biomembrana mostrou excelente interação com os tecidos da

membrana timpânica humana, excelente biocompatibilidade, nenhuma toxicidade e ausência

de manifestações alérgicas.

Foi realizado um estudo caso-controle por Oliveira et al, (2003) no qual 100

olhos tiveram a biomembrana implantada de modo a recobrir toda a esclera nua após a

pterigioplastia, enquanto 25 olhos foram submetidos a pterigioplastia com transplante

autólogo. Do grupo que recebeu o implante ocular com a biomembrana 25% apresentaram

recidivas, embora 70% estivessem assintomáticos (ausência de irritação e fotofobia); do grupo

submetido a transplante autólogo, 8% apresentaram sinais de recidiva. Não houve

complicações maiores, nem sinais de alergia. Este estudo indica a biocompatibilidade da

biomembrana com a superfície ocular e sua propriedade cicatrizante.

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Frade et al, (2004) conduziram relataram um caso em que participaram 04

pessoas. Tratavam-se de pacientes com idade entre 54 e 75 anos de idade, diabéticos, com taxa

de hemoglobina glicada em média de 8,75mg/dl. Destes pacientes, 02 possuíam ainda doença

hipertensiva e 1 doença hipertensiva mais insuficiência venosa crônica, além de carcinoma de

células basais. As descompensações orgânicas e metabólicas foram supridas durante o estudo.

Estas pessoas apresentavam úlceras de etiologias distintas (02 ulcera hipertensiva necrótica,

01 queimadura química, 01 cirúrgica de carcinoma) nos MMIII, de extensões variadas, entre

04 meses e 03 anos de evolução, sendo classificadas como úlceras cutâneas crônicas, de difícil

cicatrização. Os curativos eram trocados em dias alternados (48 horas) e consistiam de

limpeza das úlceras com SF 0,9%. A biomembrana era aplicada sobre a lesão, evitando o

contato sobre a pele integra, a cobertura secundária consistia de gazes e bandagens.

Observou-se durante o estudo que a biomembrana estimulou a atividade desbridante, a

exsudação, a atividade neoangiogênica das células, ocasionando aceleração no processo de

granulação (cicatrização). No 1º caso (11x5cm) houve reepitelização da ferida após 4 meses

de tratamento, foi observado destruição das crostas e cicatrização gradativa da ferida. No 2º

caso (4.2x2.0cm), ferida causada por solução de bateria, houve cicatrização total em 30 dias.

No 3º caso, houve desbridamento da lesão depois do terceiro curativo, redução da dor e

granulação com 01 mês, a cicatrização ocorreu no terceiro mês. No 4º caso, paciente com

história de carcinoma e células basais, em que, 03 anos depois foi submetida a cirurgia,

resultando em uma úlcera cirúrgica medindo (10x10cm), foi observado sinais de granulação

no terceiro curativo e preenchimento até o nível epidérmico, no secundo mês. Antes do quarto

mês a lesão apresentava modificações no tecido de granulação e melhora das bordas, e 1 cm

de epitelização das margens, sendo a paciente submetida a enxerto de pele. Os autores, em

suas conclusões, sugerem que o material pode ajudar nas diferentes fases do processo

cicatricial, promovendo proliferação e granulação tecidual (neoangiogênse) e reepitelização.

Os resultados sugerem que a biomembrana pode auxiliar no tratamento de feridas de pacientes

com complicações diabéticas (microangiopatia diabética), hipertensivas e deiscência de

cirurgias e que, nas feridas crônicas, pode ser usado para remover tecido necrosado

(desbridamento). Relatam que o curativo é eficaz, econômico, de fácil manuseio,

principalmente pelo seu potencial desbridante e neoangiogênico o que torna o processo

cicatricial dinâmico e rápido.

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O relatório emitido por Semer (2005) à Pele Nova Biotecnologia, a fim de

avaliar a eficácia da biomembrana para o tratamento das lesões de pernas, constou da

avaliação de 30 pacientes, sendo 15 tratados com o biomaterial e 15 “tratados

convencionalmente, de acordo com o prescrito e seguido” (não especificado). Os pacientes

foram tratados em instituições diferentes, tinham entre 40 e 90 anos, apresentavam úlceras

com evolução entre 04 e 30 anos e de localização variada, de etiologia diabética, neuro-

isquêmicas e neuropáticas de moderadas a graves. O tratamento seguia um protocolo que

assegurava métodos quanto à aplicação dos curativos, e conforme o mesmo, foram excluídos 3

pacientes tratados com a biomembrana e 06 do grupo controle. As exclusões foram devidas a

óbito (01 caso), abandono do tratamento (03 pacientes), lesão ativa por ocasião do

encerramento do estudo (02 pacientes) e passagem do paciente para o grupo de tratamento

ativo após o mesmo ter sido estudado como controle por 08 semanas. A variável de desfecho

clínico, ou seja, a redução porcentual da área aproximada da lesão, ocorreu após 08 semanas

de tratamento, sendo maior no grupo tratado com a biomembrana (76%, contra 38% no grupo

controle). A variável secundária de desfecho, ou seja, o tempo necessário para a cicatrização

total da lesão, não diferiu nos dois grupos. Embora o autor justifique este resultado pela

variabilidade numérica e da área de ferida nos dois grupos, podemos supor ainda que a ação

dos produtos possa ser mais eficaz em determinada fase da cicatrização apenas, que não é

suficiente para interferir no tempo total de evolução da cicatrização.

3.4.2- Ácidos Graxos Essenciais (AGE)

Os ácidos graxos essenciais são os principais constituintes dos lipídeos e de

acordo com o número de átomos de carbono que comportam (03 a 24 átomos), são

denominados de cadeia curta, média ou longa. A saturação é determinada pelo número de

duplas ligações entre os átomos de carbono. Os ácidos graxos insaturados, por possuírem

duplas ligações, são quimicamente mais instáveis (MOREIRA, CURI, MANCINI-FILHO,

2002).

Os ácidos graxos essenciais são substâncias de origem natural, derivam dos óleos

vegetais poliinsaturados. Esses ácidos não podem ser produzidos pelo organismo animal,

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porém são absorvidos e metabolizados de maneira diferente dos demais triglicerídeos,

compostos de ácidos graxos.

Há duas famílias de ácidos graxos poliinsaturados, -3 (ácido -linolênico) e -6

(ácido linoléico) que são consideradas essenciais na dieta. Estas famílias de ácidos graxos não

são conversíveis, têm funções bioquímicas diferentes e são compostos se origem para outros

ácidos graxos biologicamente ativos. Seu uso via oral é justificado no auxílio e tratamento de

esclerose múltipla, algumas doenças inflamatórias e prevenção de aterosclerose (KRUMMEL,

1998).

O ácido linoléico (C18:2 6) sofre dessaturação e elongação, sendo convertido em

ácido -linoléico (C18:3 6) e ácido araquidônico (C20:4 6). O ácido -linolênico (C18:3 3)

é dessaturado e elongado para o ácido eicosapentaenóicos (20:5 3). Essas famílias de ácido

graxo são percussoras de eicosanóides (prostraglandinas, tromboxanos, leucotrienos,

lipoxinas, ácidos hidroperoxieicosatetraenóico e ácidos hidroxieicosatetraenóico) que podem

vir a ajudar no controle da pressão sanguínea, freqüência cardíaca, dilatação vascular,

coagulação sanguínea, lipólise e resposta imunológica. Cada família dá origem a uma série

diferente de eicosanóides. O ácido araquidônico (família -6), por exemplo, é um precursor de

prostraglandina tromboxano A2, que tem ação sobre as paredes dos vasos sangüíneos, células

do sangue e sistema imunológico. Tem a capacidade de induzir a agregação plaquetária,

formação de coágulo e vasoconstrição. Os ácidos graxos -3 favorecem a produção de

prostaciclinas, que tem os efeitos opostos, isto é, previnem a formação de coágulo e levam a

vasodiltação. Eles também inibem a enzima desaturase, levando a diminuição da produção de

ácido araquidônico. Um dos sintomas da deficiência de ácido linoléico são as dermatites. Esta

família de AGE é encontrada nos óleos de girassol, açafrão, óleos vegetais e de sementes,

leguminosas entre outros (KRUMMEL, 1998; MOREIRA, CURI, MANCINI-FILHO, 2002).

A família de ácidos graxos -3 é formada pelo ácido -linolênico (C18:3 3) que,

dessaturado e elongado é convertido para o ácido eicosapentaenóicos (20:5 3) e seus

derivados, ácidos docosaexaenóicos (C22:6 3), entre outros. É encontrada nos óleos de

saladas, canola, peixe (KRUMMEL, 1998; MOREIRA, CURI, MANCINI-FILHO, 2002).

Os triglicérides de cadeia média (TCM), também chamados de triacilgliceróis, são

compostos que contém uma molécula de glicerol (um álcool triídrico) e um a três ácidos

graxos na ligação do éster e de 8 a 10 átomos de carbono. Suas propriedades são determinadas

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pela proporção e estrutura química dos seus ácidos graxos, o que os faz líquidos, macios ou

sólidos. Suas propriedades também são influenciadas pelo número - e pela posição dos

ácidos graxos nas moléculas de glicerol. Os TCM são fonte de gordura dietética para pessoas

com má absorção de lípidios (KRUMMEL, 1998).

Os TCM, utilizados pra o tratamento de feridas, apresentam-se como óleos vegetais

de cor amarelo-claro, quimicamente constituído de 96% de ácidos graxos de cadeia média,

absorvidos muito rapidamente pelo organismo. Sua ação está relacionada à estimulação da

resposta imune e do processo inflamatório, acelerando a angiogênese e a epitelização. Devido

a sua grande absorção tópica, forma uma película protetora na pele, favorecendo sua

integridade e prevenindo escoriações. Devido a sua alta capacidade de hidratação, proporciona

nutrição celular local e evita a perda de água pela pele (DECLAIR, 1994; GOLDMEIER,

1997).

Prottey (1977) apud Marques et al, (2004) relatam que o ácido linoléico e o ácido

araquidônico são importantes para a manutenção da barreira cutânea de água, restaurando a

permeabilidade natural da epiderme e a elasticidade da derme. Por serem percussores de

prostraglandinas, tromboxanos e prostaciclinas interferem na regulação, divisão e

diferenciação celular dérmica. O ácido linoléico é importante para o transporte e metabolismo

de gorduras, assim como na manutenção da função e integridade das membrnas (BAJAY,

2002).

Conforme Declair (2002) o ácido linoléico (AL) exerce papel quimiotáxico para

macrófagos, sendo fundamental na expressão de componentes do sistema fibrinolítico. Uma

reação orgânica complexa é responsável por estimular a reprodução de fibroblastos e regular a

produção de colagenase. Esta enzima é sintetizada por macrófagos e monócitos e é

responsável pela degradação do colágeno, muito encontrado no tecido necrótico. De acordo

com seus estudos, a autora nos leva a crer que o AL aumenta a produção de metaloproteínas, o

que contribui para o desbridamento autolítico do leito da ferida, auxiliando na indução da

granulação e podendo acelerar o processo de cicatrização. O AL tem ação bactericida devido

ao seu baixo pH, o que interfere na permeabilidade da membrana celular do microrganismo,

inibindo, inclusive a proliferação de Staphylococcus aureus.

Outros ácidos graxos podem compor os produtos utilizados nas formulações para

tratamento de feridas, à base de AGE. Entre os ácidos graxos saturados podemos citar:

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capróico (C-6:0), caprílico (C-8:0), cáprico (C10:0) e láurico (C12:0) e entre os insaturados

temos: caproléico (C9:10) e lauroléico (C9:12).

Os compostos à base de ácido linoléico, podem, ainda, ser acrescidos com vitamina

A, E e lecitina de soja. A vitamina A favorece a integridade da pele e sua cicatrização,

enquanto a vitamina E tem função antioxidante, protegendo a membrana celular do ataque de

radicais livres (Nos ferimentos isquêmicos, paradoxalmente, ocorre aumento da lesão como

conseqüência da reperfusão tecidual. Os radicais livres são produzidos em níveis reduzidos,

porém com a restauração do fluxo sanguíneo, após a isquemia, ocorre aumento da liberação

destas substâncias que são tóxicas e capazes de promover lesões nas membranas celulares e

em sua estrutura interna) (DECLAIR, 1994; GOLDMEIER, 1997). A lecitina de soja protege,

mantém a hidratação dos tecidos e auxilia no processo de restauração tecidual (cicatrização da

pele) (DECLAIR, 1994; BAJAY, 2002; DE NARDI, 2004).

3.4.2.1- Estudos realizados com produtos a base de ácidos graxos

essenciais em animais

Para avaliar a ação dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) na cicatrização

de anastomoses colônicas em ratos, foi realizado um estudo com 50 ratos Wistar-TECPAR.

Dos 50 animais 26 foram submetidos á cirurgia de Hartman (exclusão do segmento distal do

cólon); destes, 13 animais (grupo HF) receberam infusões diárias de no pós-operatório (PO) de

solução salina isotônica a 0,9% e 13 ratos (grupo HA) receberam solução isosmolar de

butirato de sódio a 80mmol/l (AGCC). Ainda, 24 ratos foram submetidos a anastomoses

colônica termino-terminal (interferência do trânsito intestinal) a 4cm da borda anal; destes, 12

animais (grupo AF) receberam infusões retais de solução fisiológica a 0,9% e 12 animais

(grupo AA) solução com AGCC. Todos os ratos receberam os mesmos cuidados pré-

operatórios e anestésicos. Após a anti-sepsia, realizou-se a laparotomia mediana do cólon a 2,5

cm da reflexão peritoneal. A operação de Hartamn foi realizada com o fechamento do coto

intestinal distal e exteriorização do coto proximal em forma de uma colostomia terminal,

posteriormente suturado com fio monofilamentar. A colostomia foi localizada a 1,5 cm acima

da púbis, e 1,0 cm à direita em relação à linha abdominal mediana. Nos animais submetidos a

anastomoses colônicas, por meio da mesma via de acesso, foi realizada a 2,5 cm da reflexão

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peritoneal. Os animais receberam as devidas infusões através de seringa descartável conectada

à sonda e introduzida via retal até perto a região de sutura, no coto intestinal distal ou da

região da anastomose. As soluções foram infundidas duas vezes ao dia, com intervalos de 12

horas, em volume variando entre 0,5 e 1 ml, até que houvesse extravasamento. Os animais

foram sacrificados no 7º e 14º PO. Foi realizada nova laparotomia e retirada a porção

desfuncionalizada do intestino para análise histopatológica. Como resultados, não ocorreram

óbitos antes do dia estipulado para a morte. Os animais do grupo HA que foram examinados

no 7º PO, mostraram maior área ocupada por colágeno tipo I, com média de 62%, e por

colágeno total (Tipo I e III) em média 27,2%. No grupo HF, esses resultados foram,

respectivamente, uma média de 6,8% e 19,3%. No 14º PO a quantidade se colágeno I e total

foi maior nos animais que receberam AGCC, porém o colágeno tipo III esteve presente em

quantidade menor. No grupo AA houve aumento da maturação do colágeno tanto no 7º como

no 14º dia. Os cólons dos animais do grupo AF apresentaram maior quantidade de colágeno

III, quando comparados aos cólons do grupo que recebeu AGCC. Não havendo, ainda,

diferença estatisticamente significativa na quantidade de colágeno total entre os dois grupos

(AA e AF). Na avaliação da evolução do processo cicatricial, houve aumento da maturação do

colágeno, tanto no grupo controle, como no grupo experimental. Os autores concluem que a

administração retal de ácidos graxos, no PO de cirurgia de cólon, interfere aumentando a

concentração e síntese de colágeno, bem como auxiliando em sua maturação, o que influi

positivamente na cicatrização (GRECA et al, 2003).

Para avaliar a capacidade de promover resposta inflamatória dos AGE, Cardoso

et al, (2003) desenvolveram um estudo experimental em 96 ratos. Foram padronizados

cuidados quanto ao pré-operatório, anestesia e realização da cirurgia, que constava de abertura

elíptica de ferida em dorso com 20mm2. Os ratos foram divididos igualmente em grupos:

Grupo I (ácido -linolênico ou -3), Grupo II (ácido linoléico ou -6), Grupo III (ácido oléico

ou -9), e Grupo IV ou controle. As feridas foram tratadas, imediatamente, com solução

tópicade 30 μM de cada óleo, exceto o controle cujas feridas, foram lavadas com 50 μl de

solução oleosa não especificada (veículo). Este processo foi repetido diariamente por 20 dias.

Três (3) animais de cada grupo foram sacrificados em períodos de 15 minutos, 3 horas, 24

horas, 48 horas, 05 dias, 10 dias, 15 dias e 20 dias. Amostras de tecido eram coletadas e

processadas para detecção de óxido nítrico (NO), morfometria microscópica e

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imunofluorescência. Os resultados mostram que não é possível afirmar a influência dos ácidos

-3, -6 e -9 no fechamento das feridas avaliadas nos primeiros períodos, sendo observado

melhora significativa da feridas tratadas com o -6, no grupo sacrificado com 48 horas.

Depois de 5 dias de tratamento com -9, houve redução significativa da área em comparação

aos demais grupos. Foi observada uma tendência de redução das áreas, mais acentuada nos

grupos -6 e -9, depois do 10º dia de tratamento. No grupo -3, somente foi vista alguma

alteração nas áreas após o 5º dia. As características macroscópicas das feridas indicavam

presença de edema depois de 48 horas em comparação ao controle. No 5º dia o grupo -3

apresentou edema e tecido fibrinoso nas bordas. Depois de 14 dias houve completo

fechamento nas feridas tratadas com -9 e -6. No grupo controle as feridas fecharam com 16

dias e no grupo -3 com 17 dias. As amostras das lesões tratadas com -6 apresentaram

grande produção de NO, comparadas aos controles depois de 15 minutos de cirurgia. No grupo

-9 houve inibição significativa de produção NO acima e 3 horas de PO. No grupo -3 o pico

de produção NO aconteceu em 3 horas, sugerindo que o tratamento reduz gradualmente seus

níveis em menos de 48 horas. Na analise de morfometria microscópica, o resultado do

tratamento com -3, -6 e -9, não permite afirmar que estes produtos podem influenciar no

número de células inflamatórias, vascularização e depósito de fibras de tecido conectivo

(CTF) no leito da ferida. Medindo a porcentagem da área total foi determinado o número de

neutrófilos, eosinófilos, células mestre (mast cells) e vasos sangúineos. Foi observado

diminuição de CTF no grupo -3 depois de 5 cinco dias de tratamento, comparado ao

controle, -6 e -9. No 10º dia de tratamento os animais do grupo -3 apresentaram aumento

de área ocupada por CTF’s em relação ao grupo -9. Não foram observados resultados

significativos em nenhum dos 04 grupos, quanto a neoangiogênese e a produção de células

imunes. Os autores concluem que os ácidos graxos exercem influência positiva sobre a

cicatrização. Houve diferenças macroscópicas que refletem no fechamento da ferida entre os

três produtos estudados. O -6 parece ter algum efeito específico na fase inicial da resposta

cicatricial, nas primeiras 48 horas. O -9 possui uma tendência a adiantar o fechamento da

ferida nos primeiros 10 dias, porém há menores áreas de deposição de colágeno e tecido

conectivo neste período, o produto tem capacidade maior quanto a inibição de NO, parecendo

contribuir melhor para a re-epitelização da lesão. A feridas tratadas com ácidos -3,

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apresentaramm maior área de ocupação por CTF’s, sendo que o fechamemento da lesão foi

mais lentificado, havendo momentos em que ocoreu aumento da área (no 5º dia).

A fim de avaliar os efeitos da aplicação tópica de óleo de semente de girassol

em feridas cutâneas, foi realizado um estudo com 18 carneiros, que foram subdivididos em 03

grupos de 06 animais. Seguindo a critérios pré-estabelecidos foram abertas feridas de 4 cm2,

na região escapular, dos animais, uma de cada lado. Posteriormente foram divididos em

grupos de acordo com a observação pós-operatória (07, 14 e 21 dias) que incluiu evolução

clinica, planimetria e análise histopatológica. As feridas do lado direito foram tratadas com

gaze de Rayon embebidas em óleo de semente de girassol, contendo alta concentração de

ácido linoléico. As feridas do lado esquerdo (controle) foram tratadas com gaze embebida em

petrolato puro esterilizado. Posteriormente as feridas foram cobertas com gazes e bandagens,

envolvendo todo o perímetro torácico. Os animais receberam dieta específica, e não receberam

antibióticos ou antiinflamatórios. As feridas eram avaliadas a cada 24 horas e lavadas com SF

0,9%, sendo recoberta da mesma maneira, citada anteriormente. O procedimento foi repetido

por 07, 14 e 21 dias para o 1º, 2º e 3º grupos respectivamente, e avaliados sob o ponto de vista

clinico (existência de edema, hiperemia, exsudado, granulação tecidual e crosta) e

histopatológico. Depois da biópsia, as feridas foram medidas com um paquímetro e

fotografadas. Como resultado, comprovado estatisticamente, houve maior redução da área da

lesão no grupo experimental, já no 7º dia. No 14º dia os dois produtos se assemelharam. No

21º as feridas do grupo experimental apresentavam menor área. Quanto à avaliação clinica as

feridas controle, evoluíram bem, sendo observado necrose, hiperemia, vascularização e tecido

de granulação, edema, crosta, bordas bem definidas geometricamente. À medida que

completavam os 21 dias observou-se redução das áreas. No grupo experimental havia presença

de tecido de granulação bem desenvolvido, edema e hiperemia discretas, ausência de crostas e

aumento da contração à medida que se completavam os 21 dias. As feridas, deste grupo,

apresentavam contração em evolução centrípeta, com pelos nas linhas das bordas. Alguns

animais apresentavam 99% de epitelização. Quanto à evolução histológica, no grupo controle,

foi observada maior infiltração de células inflamatórias, boa organização do tecido de

granulação, porém com certo desarranjo de fibroblastos. No grupo experimental, embora a

epiderme tivesse aparência de hiperplasia, foi detectado movimento em direção ao tecido

conectivo. Além disso, os fibroblastos apresentavam-se arranjados, exibiam alta atividade de

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síntese de matriz extracelular (especialmente fibras de colágeno) e pouca infiltração

inflamatória no tecido subepidérmico, com total regeneração epitelial. Os autores concluem

que o óleo de semente de girassol pode ser uma alternativa de tratamento para feridas de

cicatrização por secunda intenção, podendo auxiliar no processo de cicatrização (MARQUES

et al, 2004).

3.4.1.2- Estudos realizados com produtos a base de ácidos graxos

essenciais em humanos

Devido a sua influência na estratificação do esterol, o ácido linolênico, pode

afetar a taxa de esteróis estratificados livres, nas camadas da barreira. Este ácido também é

precursor do ácido araquidônico e prostraglandinas na epiderme, tendo importante função na

regulação da divisão e diferenciação celular da pele, e mantendo sua homeostasia. Possuem,

ainda, ação quimiotática e quimiocinética auxiliando na aceleração dos processos cicatriciais.

A deficiência de AGE levaria a um estado de hiperproliferação e descamação, provocando

disfunção da barreira da pele. Desta forma o uso tópico de AGE, além de restaurar os sinais de

hiperproliferação, regula os componentes lipídicos da membrana celular, protegendo a pele

contra maceração e lesões. Em sua conclusões a autora cita algumas vantagens do uso dos

AGE para o tratamento da dermatite irritativa de fraldas: agem como modulador da membrana

celular protegendo a célula da lesão; agem como protetor da pele contra agentes químicos e

enzimáticos; protege a pele das ações macerativas da umidade, provocada pela diurese e fezes;

formam naturalmente uma barreira de impermeabilidade para a pele, por ser um lipídio; agem

como importante agente restaurador tecidual; protegem a pele contra infecções por

Staphylococus aureus; regula o controle transepidérmico de água (TEWC), o qual seria um

dos fatores que predispõe a criança a apresentar a dermatite irritativa de fraldas (DECLAIR,

1996).

Com o objetivo de comparar a ação dos TCM associados à AGE e do

polivinilpirrolidona-iodo (PVPI) no tratamento de úlceras de decúbito em estágio II e III, foi

realizado um ensaio clinico randomizado, com 27 pacientes cardiopatas. Os pacientes foram

dispostos em dois grupos, no primeiro grupo as feridas foram tratadas com TCM com AGE e

no segundo grupo foram tratadas com PVPI tópico. Foram coletados dados sobre a data de

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inicio das úlceras, fatores demográficos e fatores de risco associados. A ferida foi medida com

régua milimetrada. Os resultados revelam que a idade média dos casos era de 64,7 anos, 17

pacientes possuíam diabetes mellitos, com taxas de glicose entre 148-390 mg/dl, sendo que 07

sujeitos eram obesos e um significativamente emagrecido. Nove (9) pacientes apresentavam

estado de consciência diminuído ou ausente. Quinze (15) pacientes apresentavam mobilidade

física prejudicada. Dezessete (17) pacientes apresentavam perfusão tissular e integridade da

pele prejudicada. Observou-se que as úlceras predominavam na região glútea (8 casos) e

interglútea (04 casos). Os sujeitos do 1º grupo apresentaram uma redução de área de 22,7cm²

em três semanas de tratamento (8cm² na primeira semana), enquanto os pacientes tratados com

PVPI tópico apresentaram aumento de área de 7cm² durante as três semanas de tratamento.

Conclui-se melhor efetividade do TCM com AGE, no tratamento de feridas desta etiologia,

em comparação ao PVPI tópico (GOLDMEIER, 1997).

Um estudo, envolvendo relato de 03 casos, foi realizado para avaliar o efeito

dos AGE, em feridas graves de crianças. O primeiro caso, menina de 07 anos, com ferida

extensa em couro cabeludo, acometendo parte da região frontal e parietal esquerda, ocasionada

por mordedura de cão de grande porte. Ao primeiro atendimento foram realizados cuidados de

prevenção para a raiva, antibioticoterapia venosa, desbridamento e sutura da lesão, com

curativos diários com solução iodada. Após 10 dias de trauma a ferida apresentava extensa

área de necrose, com perda de substância. Os pontos foram retirados e foi iniciado o

tratamento com solução salina a 0,9% e AGE. Após uma semana de tratamento, observou-se

boa evolução da lesão, processo de cicatrização em andamento com formação de tecido de

granulação, sangramento e eliminação parcial do tecido necrótico. Em 30 dias houve regressão

da lesão e aumento de pelos recobrindo a lesão. O segundo caso, uma recém nascida de 8

horas de vida, com diagnóstico de gastrosquise. Foram prestados cuidados de hidratação

venosa, correção da hipotermia, drenagem com sonda nasogástrica, e encaminhamento para o

centro cirúrgico onde foi constatado o diagnóstico e verificado grande evisceração, com

exteriorização do estômago, baço, fígado e intestinos, com aspecto de massa endurecida e

discrepância entre a cavidade abdominal e este conteúdo. Durante o ato operatório houve

restrição respiratória com conseqüente cianose generalizada. O silo para contenção das

vísceras foi improvisado com uma bolsa de transfusão sanguínea infantil, posteriormente

suturado. Na UTI, iniciou-se nutrição parenteral total, antibioticoterapia venosa e curativo

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diário com AGE, em volta e por cima da bolsa, com posterior oclusão com compressa

esterilizada. No 8º PO formou-se um processo de cicatrização em nível da linha de sutura e a

bolsa começou a se desprender naturalmente. Não foi observado drenagem ou exsudação. O

curativo foi continuado por 02 dias, até o desprendimento completo da bolsa, neste período a

ferida apresentava-se coberta por tecido de granulação neoformado. Com o restabelecimento

das funções do intestino a criança passou a se alimentar na mãe. O exame histopatológico

mostrou grande quantidade de fibroblastos e acentuada neovascularização. No 3º caso, criança

de 08 meses, com uma ferida extensa em face ântero-lateral e posterior da coxa esquerda

causada por provável picada de inseto. Apresentava necrose e drenagem purulenta, edema e

impotência funcional do membro. Seguiram-se os cuidados iniciais com hidratação venosa,

antibióticoterapia venosa e curativo local com SF 0,9% e AGE. No 3º dia houve descolamento

do tecido necrosado e separação do mesmo. No 5º dia houve presença de tecido de granulação

e sangramento local. A lesão apresentou regressão de 80% com aderência da pele ao tecido

subcutâneo e cicatrização em movimento centrípeta (HAMÚ, PINTO, CHAGAS, 1999).

Com o objetivo de observar a capacidade do ácido linoléico (AL) em estimular

o desenvolvimento do tecido de granulação e, conseqüentemente, a cicatrização de lesões

crônicas, avaliando a segurança e a tolerabilidade do paciente ao uso do AL. Foi realizado um

estudo randomizado, multicêntrico, duplo-cego, placebo-controlado. Antes da randomização

levantou-se a história dos clinica dos pacientes e foi realizada avaliação física dos mesmos.

Conforme os critérios de inclusão, participaram do estudo 100 pacientes, homens e mulheres,

com idade entre 33 e 67 anos, portadores de úlceras crônicas de diferentes etiologias e com

mais de 06 meses de evolução, com resultados laboratoriais que indicaram albumina sérica >

2,5g/dl, linfócitos > 1.100 e balanço de nitrogênio positivo. Todos os participantes receberam

complementação de vitamina C e E, e se indicado, suporte nutricional (não especificado pelo

autor). No grupo 1 (n=50 pacientes - 63 úlceras) as feridas foram tratadas com AL acrescido

de vitamina A e E, no grupo 02 (n=50 – 65 úlceras) receberam placebo (não descrito pela

autora). Antes de iniciar o tratamento as úlceras foram desbridadas. Para todas as feridas foi

realizada bacteriologia quantitativa (swab). As lesões foram observadas, fotografadas,

traçadas, avaliadas nos dias 0, 3º e, posteriormente, a cada 07 dias. Não foram usados

antibioticoterapia ou anti-sépticos, pois não havia sinais clínicos de infecção. A avaliação dos

efeitos adversos foi feita por meio de monitorização dos sinais e sintomas clínicos. Ao

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decorrer do tratamento as feridas foram limpas e posteriormente foi aplicado o

medicamento/placebo cobrindo todo o leito da ferida; os curativos foram trocados e avaliados

uma vez ao dia sendo buscados a presença de efeitos colaterais e a tolerabilidade ao

tratamento. O estudo obteve os seguintes resultados: o tempo médio de tratamento das úlceras

antes do estudo era de 01 ano e 8 meses. Das lesões que foram tratadas com o AL, 100%

apresentaram desenvolvimento do tecido de granulação, com duas semanas de uso do produto,

sendo que 90,4% cicatrizaram. No grupo placebo 1,5% apresentou granulação, após a quarta

semana de tratamento, 1,5% cicatrizou até o fim do estudo (não especificado pela autora). Em

relação ao teste de culturas, o grupo tratado com o AL, apresentou negativação dos testes entre

o 7º e 28º dia de uso do produto. Foi observado que 28 feridas apresentaram culturas positivas

para Staphylococcus aureus e 14 para Staphylococcus epidermidis, negativando após o 7º dia

de tratamento; 02 úlceras positivas para Staphylococus epidermidis negativaram após 14 dias;

01 úlcera positiva para Escherichia coli e 02 positivas para Pseudomonas aeruginosa

negativaram com 14 dias de tratamento; 03 positivas para Pseudomonas aeruginosa

negativaram no 28º dia. Não são apresentados dados sobre os achados microbiológicos no

grupo placebo, exceto que nenhuma das úlceras, tratadas com o placebo, apresentou

negativação das culturas. Não ocorreram efeitos adversos severos (prorrogação de internação,

câncer ou morte) em nenhum dos grupos. Tanto no grupo 01 e 02 esteve presente,

respectivamente, dor local (03 e 02 casos), coceira (02 e 01 casos), sangramento discreto

proveniente do tecido de granulação (22 e 0 casos), edema (01 e 06 casos), eczema

perilesional (0 e 10 casos). A autora conclui que o ácido linoléico não apresentou

citotoxicidade e foi bem tolerado por todos os pacientes. Parece ter sido capaz de interferir nas

3 fases do processo de cicatrização, sendo uma alternativa para o tratamento de lesões crônicas

de difícil cicatrização. Mostrou-se efetivo contra os microrganismos colonizadores daquelas

feridas entre o 7º e 28º dia de uso do produto (não foi descrito neste estudo os resultados de

antibiograma) (DECLAIR, 2002).

Os AGE podem ser utilizados em associação com outros produtos conforme o

relato de um caso de um paciente de 68 anos, portador de insuficiência coronariana, sem

diabetes, hipertensão ou alergias (conforme exames pré-operatórios). O sujeito foi submetido

à cirurgia cardíaca, sendo utilizadas as artérias mamárias e radial direita e duas pontes de

safena, evoluindo bem. No quinto pós-operatório (PO) apresentou febre e grande quantidade

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de secreção “achocolatada”, na incisão esternal. Retornou a o centro-cirúrgico por duas vezes:

para limpeza da cavidade esternal e colocação de drenos (pleural direito e esquerdo e

mediastinal), e posteriormente para limpeza cirúrgica esternal e irrigação dos drenos. No 19º

PO foi encaminhado para a unidade de internação; a ferida esternal apresentava-se profunda e

com exsudação purulenta pela ferida e pelos drenos. As incisões dos membros apresentavam-

se em processo de inflamação e com exsudato seroso, à cultura e antibiograma foi evidenciado

Staphylococcus aureus resistente a oxacilina. Optou-se por isolamento de contato,

sistematização do cuidado de enfermagem, adoção de musicoterapia durante a realização dos

curativos e continuação do uso de antibioticoterapia. As ações no cuidado da ferida incluíram

um sistema de sucção e irrigação formando um circuito de lavagem pressurizado, como

objetivo de remover exsudato e fibrina. Os curativos foram realizados seguindo um protocolo,

duas vezes ao dia, sempre ao som de música clássica (a escolha do paciente), a ferida foi

fotografada semanalmente. Durante todo o período de internação a dieta foi reforçada e houve

a colaboração do paciente e de sua família. Inicialmente, a ferida foi tratada com solução

salina morna e carvão ativado. Na 1ª semana a incisão se encontrava com exsudato purulento,

células desvitalizadas e hiperemia nas bordas, apresentando deiscência profunda e exposição

dos arcos costais. Após 2ª semana foram retirados os fios de aço, a incisão apresentava

exsudato purulento em média quantidade, tecido de granulação, com áreas de epitelização,

presença de fibrina, com fechamento significativo da deiscência. Foi iniciado o suspensório

esternal diário. Na 3ª semana de intervenção foi associado aos dois produtos o AGE. A ferida

apresentava tecido de granulação, pouca secreção purulenta, presença de fibrina nas bordas em

menor intensidade, com fechamento mais acentuado da deiscência. Na 4ª semana a incisão

evoluiu com melhora do aspecto de epitelização, presença de tecido de granulação, discretas

áreas de fibrina nas bordas e com exsudato sero-purulento. Havia fechamento gradativo da

deiscência e foi suspensa a aspiração. Na 5ª semana o carvão ativado foi suspenso e mantido o

AGE, a ferida apresentava fechamento da deiscência esternal , tecido de granulação intenso,

fibrina discreta nas bordas e secreção serosa local. Com 06 semanas houve aproximação total

do esterno, foi mantido o AGE e indicado tratamento com câmara hiperbárica (sendo

realizadas 22 seções). No 98º PO o paciente recebeu alta, sendo orientado pela Comissão de

Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), quanto ao uso do antibiótico. Os autores concluem

que a técnica de realização dos curativos e os produtos utilizados na ferida, associados a

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terapia medicamentosa, as técnicas de relaxamento, a dieta e ao apoio da família constituíram

fatores importantes para a cura (MARQUES et al, 2002).

Foi realizado um estudo descritivo exploratório com o objetivo de avaliar,

evoluir e descrever a ação da papaína gel 3%, dos AGE e do carvão ativado com prata, usados

para auxiliar na cicatrização de feridas. Foram selecionados 14 pacientes, entre homens e

mulheres, portadores de feridas complicadas pós-cirúrgicas abdominais e atendidos em

ambulatório. Destes, 07 pacientes foram tratados com papaína gel, 03 com AGE e 04 com

carvão ativado com prata. Após a avaliação das condições gerais do paciente e da lesão, as

feridas foram fotografadas, limpas com SF 0,9% e gaze (auxiliados por pinças e luvas

estéreis), foram pesquisadas lojas e tecidos acometidos pelo processo de deiscência, e, então

selecionados os produtos. Os pacientes eram orientados sobre os procedimentos e a forma

como realizar os curativos no domicílio (seguindo-se um procedimento padrão). O retorno era

estabelecido conforme a avaliação dos autores e da possibilidade dos pacientes. Desta forma o

intervalo de avaliação se deu em momentos diferentes, nesta ocasião eram tiradas fotografias e

feitas as anotações sobre a evolução das lesões. Do total de pacientes, 05 eram fumantes, 02

alcoolistas e todos apresentavam emagrecimento após o aparecimento da lesão. As deiscências

se deram entre o 2º e o 11º dia de PO; 13 pacientes apresentavam infecção como fator

desencadeante do processo de deiscência, havendo comprometimento até a camada muscular e

em 1 paciente até o tecido subcutâneo. A presença de infecção nestes pacientes foi avaliada

pela presença de extravasamento de exsudato serossanguinolento, heperemia, afastamento dos

pontos da pele, odor fétido e sensação dolorosa afirmada pelo paciente. O AGE foi usado

quando as feridas estavam limpas, os curativos foram trocados a cada 24 horas, sendo

observado após a 1ª avaliação, uma resposta rápida na evolução a lesão, com diminuição de

sua área e crescimento do tecido de granulação. Com 07 dias observava-se a ausência de lojas

e presença de tecido epitelial em toda a borda, sendo observado no 44º dia epitelização total.

Os pacientes que apresentavam exsudato purulento em grande quantidade, foram tratados com

o carvão ativado acrescido de prata, tiveram as trocas de seus curativos realizadas a cada 07

dias. Em 2 pacientes houve ausência de exsudato purulento em 07 dias e em 1 paciente, em

torno de 28 dias. Após a ausência da drenagem purulenta o carvão ativado foi substituído pelo

AGE, persistindo até a cicatrização total da ferida; no 40º dia após a primeira avaliação houve

epitelização. Foi observado que o processo infeccioso regrediu mais rapidamente. As feridas

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que continham tecidos desvitalizados e com pouca drenagem foram tratadas com a papaína gel

a 3% e os curativos foram trocados a cada 24 horas. Foi obtida remoção completa de tecido

desvitalizado e surgimento de tecido de granulação e epitelização por volta de 30 dias de

tratamento. O produto foi mantido até a cicatrização da ferida (FERREIRA et al, 2002).

Pieper & Caliri (2003) realizaram uma revisão sobre o uso de açúcar, papaína e

AGEs. Em relação a estes últimos as autoras trazem referências que citam seu uso para:

promover melhora do estado de hidratação e elasticidade da pele; prevenir lesões na pele, em

pessoas com acometimento nutricional severo; promover e acelerar a cicatrização em

deiscências cirúrgicas com e sem drenagem purulenta e ainda, sobre sua capacidade de reparar

a função da barreira da pele em pessoas com deficiência lipídicas; como estimulador da

proliferação epitelial; como mediadores de substâncias imunológicas, inflamatórias e

vasoconstrictoras; como antioxidante, atuando protegendo a pele e mantendo sua

permeabilidade; como terapia ajunta para queimaduras; nos estágio prodrômicos em feridas

resultantes de processos radiológicos; entre outras. As autoras relatam que seu uso na

promoção da cicatrização ainda carece mais estudos, uma vez que o número de pesquisas

clínicas disponíveis ainda é reduzido, sendo que muitos estudos apresentam lacunas ou falhas

metodológicas e informações muitas vezes pobres.

Esta carência de produção científica sobre o uso de AGE também foi encontrada no

estudo de Pereira (2006), que realizou uma revisão sistemática da literatura sobre produtos

utilizados no tratamento de feridas, nas bases de dados a BVS (Biblioteca Virtual de Saúde):

MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), LILACS (Literatura Latino-

Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), BDENF (Base de Dados de Enfermagem),

MEDCARIB (Literatura do Caribe em Ciências da Saúde) e ADOLEC (Saúde na

Adolescência), no período de 1995 a 2004, não sendo encontrados estudos sobre o uso de

AGE, que pudessem ser incluídos, considerando-se os critérios de adoção utilizados.

Apesar disso, estas substâncias ainda são as que mais largamente têm sido

utilizadas na prática em nosso contexto de atividade profissional, há mais de 10 anos, para

tratamento de feridas abertas, crônicas ou agudas, com resultados positivos no que se refere à

formação de tecido de granulação, neoangiogênese e epitelização.

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IV – METODOLOGIA

4.1 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo experimental.

Este tipo de delineamento caracteriza-se de uma intervenção, controle e

randomização, com o propósito de testar as relações de causa e efeito sobre determinada

realidade, de maneira que ajudem a eliminar explicações, alternativas potenciais, para algumas

descobertas (LoBIONDO-WOOD & HABER, 2001; HADDAD, 2004; HULLEY et al,

2006).

4.2 Local de estudo

O estudo foi realizado no Hospital de Dermatologia Sanitária (HDS), no município

de Goiânia, de fevereiro a outubro de 2007.

O HDS está localizado na região do entorno de Goiânia – Distrito de Senador

Canedo, ocupa uma área de aproximadamente 81 alqueires Goianos 2 , destes apenas 12

alqueires são efetivamente ocupados, sendo uma área de pavilhões onde residem pessoas que

estão em tratamento para hanseníase, uma área de enfermarias, nas quais as pessoas adoecidas

são atendidas em regime de internação, um ambulatório, e uma vila, com casas que,

originalmente, foram construídas para os ex-internos do HDS, curados de hanseníase.

Atualmente o HDS atende aproximadamente 110 pessoas, que já fizeram o tratamento para

hanseníase e foram curados ou que apresentaram recidiva, que residem na vila ou nos

pavilhões.

Na unidade ambulatorial (FIGURA 1) são realizados atendimentos conforme a

demanda dos moradores da vila. Nela são realizadas pequenas cirurgias e curativos. Em

outubro de 2006 havia 28 pacientes em tratamento de feridas crônicas, sendo que parte delas já

2 alqueire Goiano = 48.400m² = 4,84 ha

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se apresentava curada e outras estavam em tratamento para hanseníase. Estas pessoas

apresentavam de uma a sete lesões, somando aproximadamente 60 feridas e destas, segundo a

equipe de saúde local, a maioria eram infectadas.

A escolha do local se deveu ao fato de nele ser atendido um grande número de

pessoas, na maioria das vezes, idosas, que apresentam úlceras de pernas recorrentes,

provocadas pelas complicações tardias inerentes da hanseníase.

FIGURA 1- Hospital de Dermatologia Sanitária.

Central de curativos em primeiro plano. Ao fundo Ambulatório da Unidade Básica de Saúde– HDS – 2007.

Entrada do HDS, com vista dos pavilhões. Patrimônio histórico - 2007.

4.3 Caracterização das lesões das pessoas atendidas no local do estudo

As lesões encontradas eram de natureza crônica, tendo em média duração de 10

anos, em sua maioria úlceras de origem venosa, arterial, mista ou neuropática, de grande

extensão e com características clínicas de feridas infectadas. Estas pessoas eram conhecidas

pelo agente de saúde local, que ajudou a identificar sujeitos potenciais do estudo.

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4.4 População e amostra

Os sujeitos desta pesquisa foram os moradores do HDS, atendidos na sala de

curativos do local, curados de hanseníase. Na época de início do estudo eram atendidos,

diariamente, na sala de curativos do HDS, 18 pacientes possuindo entre uma a sete feridas

cada, o que somava 47 lesões, destas, 12 feridas eram plantares e 38 localizadas nas pernas.

Dos 18 pacientes atendidos na respectiva sala, apenas 03 (16,66%) eram mulheres, enquanto

15 (83,33%) eram homens.

Seleção da amostra

Para a seleção dos participantes foi avaliada a presença dos seguintes critérios de

inclusão:

ter o registro no prontuário do HDS de constatação de cura de hanseníase, não estar

fazendo uso de PQT;

não estar fazendo uso de antibioticoterapia;

não ser portador de diabetes mellitus; e/ou de anemia falciforme; e/ou câncer; e/ou

doença infecciosa sistêmica; e/ou insuficiência renal; e/ou hipertensão não

controlada (pressão arterial basal superior a 140 x 90 mmHg);

apresentar ferida crônica de origem venosa, arterial, mista ou neuropática com as

seguintes características:

presença de sinais clínicos de infecção;

área superior a 5 cm2;

localização nas pernas.

Para o recrutamento, a pesquisadora inseriu-se no cenário de estudo, inicialmente

na sala de curativos, como observadora, e, ao presenciar o atendimento aos usuários analisava

a presença ou não dos critérios de inclusão.

Verificadas estas condições, após o término do curativo, a pessoa atendida foi

convidada para fazer parte do estudo, mediante os devidos esclarecimentos, em ambiente

reservado, sendo garantida sua liberdade, respeito à dignidade e anonimato.

Após a inclusão no estudo, foram considerados os seguintes critérios de exclusão,

interrompendo a participação dos pacientes:

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desistência voluntária do paciente;

não comprovação de infecção à primeira cultura;

aplicação tópica, no local da ferida, após o inicio do estudo, de produtos que não

fossem adotados no presente protocolo;

desestabilização do controle da hipertensão arterial;

presença de eventos adversos 3 que indicassem a necessidade de suspender a

participação da pessoa no estudo;

presença de reação adversa 4 que indicassem a necessidade de suspensão da

intervenção proposta.

Se os sujeitos possuíssem mais de uma ferida, e algumas destas não atendessem aos

critérios de inclusão, estas feridas também eram limpas e tratadas com AGE, porém não

incluídas no estudo.

4.5 Intervenção proposta

As feridas dos pacientes foram distribuídas em 02 grupos: A e B.

As feridas do grupo A foram tratadas com o Dersani®, um produto composto do

AGE ácido linoléico, vitamina A e E e lecitina de soja, registrado no Ministério da Saúde

(MS) sob o nº 2.0732.0013, fabricado pela SANIPLAN®.

As feridas do grupo B foram tratadas com a biomembrana – Biocure® (curativo,

aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sob o registro

80177640001, fabricado pela Pele Nova Biotecnologia®.

3 São considerados eventos adversos, durante a realização de uma pesquisa, qualquer fato novo ou imprevisto que tenha impacto negativo na vida e/ou saúde da pessoa/sujeito, sem necessariamente possuir uma relação direta ou causal com o tratamento durante sua participação na pesquisa. 4 São consideradas reações adversas, em uma pesquisa, qualquer fato que tenha impacto negativo na vida e/ou saúde da pessoa/sujeito decorrente da intervenção realizada na pesquisa. É uma reação nociva, indesejada e não-intencional, na qual se suspeita de relação causal com o uso de determinado medicamento ou tratamento adotado. Na pesquisa clinica a reação adversa pode ser classificada como leve, moderada e grave/ severa.

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A escolha dos produtos utilizados no estudo se deve a importância em estar

pesquisando materiais de fácil acessibilidade, de boa aceitabilidade pelos pacientes, com

efeitos colaterais mínimos aos pacientes e que possam ser utilizadas em feridas de densidade

total ou parcial, infectadas. Estas propriedades foram descritas na literatura, tanto para o AGE

como para a biomembrana. No HDS o AGE vem sendo utilizado para o tratamento de feridas

(infectadas e não infectadas), apresentando bons resultados e sendo aceito pela maioria dos

pacientes. A biomembrana é um produto recente, cujas características o tornam compatível ao

AGE. Estudos recentes comprovam sua biocompatibilidade e a capacidade angiogênica do

curativo, porém evidencia a necessidade de estudos que demonstrem sua ação antimicrobiana

(FRADE et al, 2001; FRADE, 2003; MRUÉ, et al, 2004; FRADE et al, 2005).

Ambos os produtos apresentam semelhanças quanto ao manejo, à periodicidade das

trocas na fase inflamatória, à indicação em feridas de diversas etiologias, à indicação

conforme o potencial de infecção das feridas.

A alocação das feridas nos grupos foi por meio de sorteio, realizado mediante uso de

envelopes, da seguinte forma: foram colocados dentro de 30 envelopes (escuros e idênticos),

os nomes de cada grupo (AGE e biomembrana), de maneira que 15 envelopes possuíam no seu

interior a palavra AGE e 15 a palavra biomembrana. Os 30 envelopes foram lacrados e

embaralhados. A cada inclusão foi retirado um envelope e conhecida a alocação da ferida. Em

caso de 02 feridas ou mais, em um mesmo paciente, foram sorteados 02 ou mais envelopes.

Foi elaborado um protocolo de acompanhamento dos casos, a fim de padronizar a

técnica de realização dos curativos e avaliar a evolução dos resultados, bem como monitorar e

identificar eventos adversos e reações indesejadas. Depois de sorteados os envelopes, foi

utilizada a seqüência de etapas descrita no Quadro 3.

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QUADRO 3 - PROTOCOLO DO TRATAMENTO DAS FERIDAS, CONFORME O PRODUTO A SER UTILIZADO (utilizando-se técnica asséptica). Grupo A (AGE) - Dersani®

Grupo B (Biomembrana) - Biocure®

Primeira intervenção na lesão no estudo: 1º passo: preparação da sala e acomodação do mobiliário; 2º passo: separação dos materias para registro fotográfico, de mensuração da ferida, do material para anotação dos dados e de consumo; 3º passo: higienização básica das mãos com água e sabão (MARTINS, 2001; APECIH, 2003; MS-SES-GO, 2003; WHO, 2006; ANVISA, 2007); 4º passo: paramentação com capote não - estéril e gorro; 5º passo: acolhimento do paciente; 6º passo: aferição dos sinais vitais do paciente, ITB e checagem da temperatura no membro; 7º passo: preenchimento dos dados principais da entrevista inicial e da avaliação clínica da lesão (Entrevita Inicial – ANEXO II); 8º passo: sorterio do envelope com o material a ser utilizado para o tratamento da lesão, caso o paciente correspondeda aos critérios de inclusão no estudo (biomembrana ou AGE); 9º passo: checagem da temperatura do soro a ser utilizado para a limpeza da ferida (37ºC); 10º passo: separação dos materiais necessários sobre a mesa de curativos; 11º passo: desinfecção do frasco de soro e colocação do mesmo sobre a mesa de curativos; 12º passo: posicionamento do paciente e do mobiliário; 13º passo: paramentação com máscara e óculos; 14º passo: anti-sepsia das mãos com PVP-I a 10% ou clorexidina a 4% realizando fricção por 30 segundos (MARTINS, 2001; APECIH, 2003; MS-SES-GO, 2003; WHO, 2006; ANVISA, 2007); 15º passo: perfuração do frasco do soro, na parte superior, no ângulo de junção da parede lateral com a superior, com agulha estéril 40x12; 16º passo: calçamento de luvas de procedimento; 17º passo: acionamento do cronômetro e checagem dos horários por um auxiliar de pesquisa; 18 º passo: abertura de todos os pacotes (pelo auxiliar de pesquisa); 19º passo: retirada da cobertura de curativo anterior, removendo a atadura, a seguir retirar as gazes externas; 20º passo: retirada de luvas de procedimento; 21º passo: anti-sepsia das mãos; 22ºª passo: calçamento de luvas estéreis; 23º passo: contagem de gazes e organização dos materiais estéreis; 24º passo: preenchimento das seringas com os conteúdos oleosos, a serem utilizados durante procedimento (com ajuda do auxiliar de pesquisa); 25º passo: lavagem a ferida com soro fisiológico aquecido (37ºC). Em caso de presença de tecido fibrótico/necrótico foi utilizada gaze de algodão montada em pinça; em caso de tecido de granulação ser predominante, foi utilizado jato de soro fisiológico furado por meio de uma agulha de calibre 19 (40x12); 26º passo: secagem d as bordas e a pele externa à lesão, utilizando gazes de algodão; 27º passo: coleta para amostras de análises microbiológicas, por meio da técnica de Levine (LEVINE, et al.,1976; FERREIRA & ANDRADE, 2006; GARDER et al, 2006). Foi coletada 01 amostra com swab, que foi colocado em tubo de ensaio contendo caldo tioglicolato com indicador, o qual foi utilizado como meio para transporte da amostra (OPLUSTIL et al, 2000). Este material foi identificado e colocado em caixa de isopor, provida de grade, à temperatura ambiente, e posteriormente,, encaminhado para o Laboratório de Bacteriologia Médica do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG; 28º passo: mensuração da profundidade e planimetria da ferida. A Profundidade foi realizada

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QUADRO 3 – continuação Grupo A (AGE) - Dersani®

Grupo B (Biomembrana) - Biocure®

com auxílio de agulha Corrente® nº 16, em aço, estéril e sem ponta e régua de aço inox, estéril. A planimetria foi realizada por meio de papel Grau Cirúrgica estéril e caneta com marcador permanente; 29º passo: fixação das bordas do filme tranparente ao papel grau cirúrgico, com fita crepe; 30º passo: retirada das luvas estéreis; 31º passo: higienização básica das mãos; 32º passo: preparo do paciente e ambiente para o registro fotográfico; 33º passo: realização das fotografias; 34º passo: anti-sepsia das mãos; 35º passo: calçamento de luvas estéreis; 36º passo: aplicação de vaselina embebida em gaze estéril (em caso de necessidade - ressecamento da pele em volta da ferida); 37º passo: cobertura da área da ferida com o produto indicado (se AGE embeber 15 cm de atadura de Rayon com AGE, como cobertura primária e colocar coxins de gazes de algodão sobre Rayon. Se biomembrana, recortá-la com tesoura estéril, no tamanho exato da área da lesão e colocá-la diretamente sobre o leito da ferida, cobrindo-a com com coxins de gazes de algodão e compressa); 38º passo: oclusão com atadura de crepe, aplicado em camada dupla; 39º passo: retirada de luvas etéreis; 40º passo: higienização básica das mãos; 41º passo: desacionamento do cronômetro digital (pelo auxiliar de pesquisa); 42 º passo: auxílio para recomposição do paciente e liberação para sua retirada da sala; 43º passo: calçamento de luvas de procedimento; 44º passo: transposição dos desenhos das feridas para o papel de seda; 45º passo: retirada das luvas de procedimento; 47º passo: higienização básica das mãos; 48º passo: recomposição do ambiente. 49º passo: troca da paramentação; 50º passo: transposição dos desenhos para o papel milimetrado (fora da sala de curativos);

Intervenções subseqüentes (momentos de troca dos curativos): 1º passo: preparação da sala e acomodação do mobiliário; 2º passo: a cada 3 dias, separação dos materias para registro fotográfico, de mensuração da ferida. Diariamente, separação do material para anotação dos dados e de consumo; 3º passo: higienização básica das mãos com água e sabão (MARTINS, 2001; APECIH, 2003; MS-SES-GO, 2003; WHO, 2006; ANVISA, 2007); 4º passo: paramentação com capote não - estéril e gorro; 5º passo: acolhimento do paciente; 6º passo: aferição da pressão arterial e checagem da temperatura no membro; 7º passo: preenchimento dos dados principais do roteiro de coleta de dados (Evolução e Acompanhamento Diário da Lesão – ANEXO III); 8º passo: checagem da temperatura do soro a ser utilizado para a limpeza da ferida (37ºC); 9º passo: separação dos materiais necessários sobre a mesa de curativos; 10º passo: desinfecção do frasco de soro e colocação do mesmo sobre a mesa de curativos; 11º passo: posicionamento do paciente e do mobiliário; 12º passo: paramentação com máscara e óculos; 13º passo: anti-sepsia das mãos com PVP-I a 10% ou clorexidina a 4% realizando fricção por 30 segundos (MARTINS, 2001; APECIH, 2003; MS-SES-GO, 2003; WHO, 2006; ANVISA, 2007); 14º passo: perfuração do frasco do soro, na parte superior, no ângulo de junção da parede lateral

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QUADRO 3 – continuação Grupo A (AGE) - Dersani®

Grupo B (Biomembrana) - Biocure®

com a superior, com agulha estéril 40x12; 15º passo: calçamento de luvas de procedimento; 16º passo: acionamento do cronômetro e checagem dos horários pelo auxiliar de pesquisa 17 º passo: abertura de todos os pacotes (pelo auxiliar de pesquisa); 18º passo: retirar o curativo anterior, removendo a atadura, a seguir retirar as gazes em contato com a lesão; 19º passo: retirada de luvas de procedimento; 20º passo: anti-sepsia das mãos; 21º passo: calçamento de luvas estéreis; 22º passo: contagem de gazes e organização dos materiais estéreis; 23º passo: preenchimento das seringas com os conteúdos oleosos, a serem utilizados durante procedimento (com ajuda do auxiliar de pesquisa); 24º passo: lavagem a ferida com soro fisiológico aquecido (37ºC). Em caso de presença de tecido fibrótico/necrótico foi utilizada gaze de algodão montada em pinça; em caso de tecido de granulação ser predominante, foi utilizado jato de soro fisiológico furado por meio de uma agulha de calibre 19 (40x12); 25º passo: secagem das bordas e a pele externa à lesão, utilizando gazes de algodão; 26º passo: semanalmente, coleta para amostras de análises microbiológicas, por meio da técnica de Levine (LEVINE, et al.,1976; FERREIRA & ANDRADE, 2006; GARDER et al, 2006). Foi coletada 01 amostra com swab, que foi colocado em tubo de ensaio contendo caldo tioglicolato com indicador, o qual foi utilizado como meio para transporte da amostra (OPLUSTIL et al, 2000). Este material foi identificado e colocado em caixa de isopor, provida de grade, à temperatura ambiente, e posteriormente,, encaminhado para o Laboratório de Bacteriologia Médica do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG; 27º passo: a intervalos de três e quatro dias, de modo a possibilitar acompanhamento intermediário e semanal, mensuração da profundidade e planimetria da ferida. A mensuração da profundidade foi realizada com auxílio de agulha Corrente® nº 16, em aço, estéril e sem ponta e régua de aço inox, estéril. A planimetria foi realizada por meio de papel grau cirúrgico estéril e caneta com marcador permanente; 28º passo: fixação das bordas do filme tranparente ao papel grau cirúrgico, com fita crepe; 29º passo: retirada das luvas estéreis; 30º passo: higienização básica das mãos; 31º passo: a intervalos de três e quatro dias, de modo a possibilitar acompanhamento intermediário e semanal, preparo do paciente e ambiente para o registro fotográfico; 32º passo: realização das fotografias, nos intervalos de acompanhamento intermediário e semanal; 33º passo: anti-sepsia das mãos; 34º passo: calçamento de luvas estéreis; 35º passo: aplicação de vaselina embebida em gaze estéril (em caso de necessidade - ressecamento da pele em volta da ferida); 36º passo: cobertura da área da ferida com o produto indicado e curativo oclusivo (conforme modelo a seguir);

Aplicação de AGE: embeber 15 cm de atadura de Rayon com AGE, como cobertura primária e colocar coxins de gazes de algodão sobre Rayon. Troca: a cada 24 horas.

Aplicação da Biomembrana: aplicação da biomembrana, recortada com tesoura estéril, no tamanho exato da área da lesão e colocada diretamente sobre o leito da ferida, cobrindo a seguir com coxins de gazes de algodão e compressa. Troca: a cada 24 horas.

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QUADRO 3 – continuação Grupo A (AGE) - Dersani®

Grupo B (Biomembrana) - Biocure®

37º passo: oclusão com atadura de crepe, aplicado em camada dupla; 38º passo: retirada de luvas etéreis; 39º passo: higienização básica das mãos; 40º passo: desacionamento do cronômetro digital (pelo auxiliar de pesquisa); 41 º passo: auxílio para recomposição do paciente e liberação para sua retirada da sala; 42º passo: calçamento de luvas de procedimento; 43º passo: transposição dos desenhos das feridas para o papel de seda; 44º passo: retirada das luvas de procedimento; 45º passo: higienização básica das mãos; 46º passo: recomposição do ambiente; 48º passo: troca da paramentação; 49º passo: transposição dos desenhos para o papel milimetrado (fora da sala de curativos);

Aspectos gerais de biossegurança para o risco biológico

Os curativos foram realizados, no período matutino, de modo a garantir conforto ao

paciente e alterando o mínimo possível a rotina assistencial prestada na instituição. Foram

realizados, sempre pela mesma pesquisadora, devidamente paramentada (gorro, máscara,

capote de algodão, luvas e óculos de acrílico). Alguns cuidados foram tomados para evitar a

contaminação cruzada entre pacientes e feridas: utilização de pacotes de curativos individuais

para cada ferida; uso de lençóis individuais para cada paciente; a correta higienização das

mãos e troca de EPI entre os pacientes; a desinfecção do mobiliário da sala (carro de curativos,

bandeja, maca e escada), utilizando para isto fricção com panos limpos, embebidos com água

e detergente neutro e após a secagem, fricção com álcool a 70%, por três vezes.

Os pacotes de curativos utilizados nos procedimentos continham uma pinça

anatômica, uma pinça Kelly, uma tesoura de Mayo (para recortar a biomembrana, se

necessário), uma régua milimetrada em aço inox, uma agulha Corrente nº 16 e gazes. Estes

materiais são de propriedade da pesquisadora, sendo, portanto identificados.

Logo após a realização dos procedimentos os resídos foram destinados a locais

apropriados. Os perfuro-cortantes (agulhas e lâminas bisturi) foram descartados em recipiente

próprios e os infectantes (gazes, ataduras, frascos de soro, entre outros) em sacos plásticos de

cor branco-leitoso, identificados e lacrados, em seguida armazenados em recipientes forrados

com plástico e com tampa.

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O preparo dos pacotes foi realizado pela pesquisadora, devidamente paramentada,

logo após o procedimento (FIGURA 2). O invólucro utilizado foi o papel grau cirúrgico

(AMCOR®) com fita de verificação de temperatura. Os instrumentais foram imersos em

solução desincrostante ou detergente enzimático, obedecendo às recomendações do fabricante,

indicadas nos rótulos dos produtos. Foram lavados e secados em área própria, na central de

curativos do HDS, acondicionados no grau cirúrgico. Posteriormente os pacotes eram

colocados em sacos plásticos de cor branco-leitoso, lacrados, colocados dentro de caixas de

papelão forradas e identificadas e transportados a CME para reprocessamento.

FIGURA 2 - Imersão dos artigos em solução enzimática e pacotes de curativos e montados para esterilização.

Iimersão dos artigos em solução enzimática, imediatamente após o procedimento. A limpeza foi realizada posteriormente, ao final de todos os procedimentos, com a paramentação adequada.

Pacotes de curativo montadadeo apara ser enviado à esterilização.

A esterilização dos pacotes ocorreu pelo vapor úmido sob pressão (autoclave), na

Central de Materiais e Esterilização (CME) da Faculdade de Odontologia da UFG, seguindo

todos os padrões de validação necessários. Foram utilizados: o teste químico Integrador, classe

D/ISO 05, SteriTec® e o teste biológico (Bacillus stearothermophilus) da 3M®, ampola

autocontida de 48 horas.

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Depois de esterilizados os pacotes de curativos e/ou de materiais de uso único

foram acondicionados em sacos plásticos, colocados em caixas de papelão forradas com sacos

brancos em toda a sua extensão, a fim de serem transportados até o HDS. Este processo foi

utilizado devido à necessidade em manter a integridade dos pacotes após esterilização. Na

unidade eram armazenados em armários de aço e divididos por categoria (pacotes de curativos

e pacotes de materiais de uso único). Foram acondicionados em organizadores (caixas de

plástico transparentes com tampa), e devidamente identificados, de modo a facilitar a

localização do material. Os pacotes permaneciam armazenados por 72 horas até sua

reutilização.

Antes de iniciar os procedimentos do dia, os materiais necessários, para uso no

mesmo, eram separados e colocados em bandejas fora da sala de curativos. Os materiais

excedentes, uma vez fora dos recipientes eram utilizados no dia seguinte, porém armazenados

em caixas separadas.

Para o aquecimento do soro fisiológico, utilizado para a limpeza das feridas, foi

construída uma estufa (FIGURA 3), em madeira tipo MDF, na cor branca. Esta estufa estava

localizada fora da sala de curativos (FIGURA 4). Esta caixa possui os seguintes diâmetros:

58cm de altura, 64cm x 45cm de largura. Na primeira altura da base (20cm) foram afixados

dois soquetes com lâmpadas de 200 wats, e acima destas uma grade de metal, que serve de

apoio para os frascos de soro. Os soquetes foram instalados de modo que as lâmpadas

pudessem ser acesas de forma independente uma da outra. Ao centro da estufa foi adicionado

um termômetro para estufa com escala interna entre - 10ºC e + 60ºC, de modo que nos fosse

assegurado o aquecimento dos frascos de soro à temperatura considerada ideal (37ºC). No

fundo da caixa foram feitos quatro aberturas, que eram utilizadas para controlar o calor dentro

da estufa. Com as duas lâmpadas acesas e à temperatura interna da estufa em torno de +60ºC,

verificada por termômetro, o soro chega à temperatura de 37ºC por um tempo médio de 20

minutos.

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FIGURA 3 - Modelo da estufa utilizada para o aquecimento do soro

64 cm

FIGURA 4 - Vista interna e externa da sala de curativos do HDS. Localização da estufa.

Vista interna da sala de curativos. Auxiliar de pesquisa devidamente paramentada, maca à direita, carrinho para curativos e mesa com material de suporte, localizado fora da sala.

Vista externa da sala de curativos. Ilustração da estufa à esquerda, mesa com material de suporte à direita e pia utilizada para higienização das mãos ao fundo.

58 cm

20 cm

45 cmSoro no interior da estufa

64 cm

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Condutas frente a reações adversas que colocariam os pacientes em condição de

suspensão do uso da Biomembrana:

reações alérgicas locais e/ou sistêmicas;

sinais de necrose hemorrágica ou coagulativa;

Ao serem contatadas estas reações o uso da biomembrana seria, imediatamente

interrompido e a ferida passaria a ser tratada com o AGE, dando-se continuidade aos

curativos e monitoramento da evolução até o desaparecimento da reação, porém com

exclusão do caso.

4.6 Aspectos éticos e legais

Para realizar este estudo foram assegurados os direitos e o respeito à dignidade. O

projeto foi aprovado pela Comissão de Pesquisa e pelo Conselho Diretor da Faculdade de

Enfermagem (FEN) da Universidade Federal de Goiás, pela Diretoria Geral do HDS, e pelo

Comitê de Ética em Pesquisa Médica e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade

Federal de Goiás (CEPMHA) (protocolo nº 181/06), seguindo normas estabelecidas pela

Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996, 2002).

Conforme o disposto da Resolução 196/96, foi assegurado aos usuários do HDS

inteira liberdade de participar ou não da pesquisa sem quaisquer penalidades ou represálias.

Foram adotadas medidas de monitoramento da coleta de dados garantindo aos indivíduos

envolvidos nesta pesquisa: segurança, medidas de proteção a confidencialidade, anonimato e o

sigilo.

Os indivíduos foram convidados a participar do estudo de forma voluntária, sendo

informados pelo mesmo pesquisador sobre todos os aspectos, objetivos e condições que

envolvam a pesquisa, em linguagem adequada para que a pessoa convidada entenda a natureza

da pesquisa e os procedimentos, riscos e benefícios nela envolvidos. Aqueles que concordaram

em participar receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (ANEXO-I)

para assinatura, em conformidade com as diretrizes em vigor para pesquisa envolvendo seres

humanos (BRASIL, 1996, 2002). Foi assegurado aos participantes que poderiam solicitar

esclarecimentos a qualquer tempo, bem como retirar seu consentimento, sem qualquer

prejuízo ou penalidade, podendo, caso se sentisse lesado, procurar seus direitos quanto à

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indenização que achar meritória. Também foi informado aos mesmos que os resultados da

pesquisa seriam divulgados em eventos científicos da área de saúde e publicados em revistas

especializadas, sendo garantido o anonimato dos participantes.

Ao término dos 42 dias de intervenção, os participantes voltaram a ser atendidos

pelos profissionais da instituição, com os produtos disponíveis no local (soro fisiológico,

AGE, carvão ativado e açúcar), com orientação, durante os próximos 03 meses, do

pesquisador que esteve em campo.

Depois de delineado o estudo os pesquisadores buscaram financiamento junto aos

fabricantes dos produtos, deixando claro que não haveria interferência dos mesmos sobre o

delineamento e os resultados do trabalho.

A Pele Nova Biotecnologia® forneceu toda a biomembrana utilizada no estudo,

além de apoio financeiro no valor de R$ 5.000,00. A SANIPLAN não forneceu o produto a

base de AGE, contudo, a FAMED®, representante comercial do produto no estado de Goiás,

concedeu desconto de 15% na aquisição do material de consumo utilizado no estudo, o que

totalizou aproximadamente R$ 900,00.

O Doles Reagentes® forneceu parte do material de consumo, no valor

aproximado de R$ 1.800,00.

O Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado da FEN/UFG apoiou

esta pesquisa, adquirindo parte do AGE, no valor aproximado de R$ 3.600,00.

O laboratório de microbiologia do IPTSP/UFG apoiou esta pesquisa, fornecendo o

material necessário para arealização das culturas e antibiograma, no valor aproximado de

R$5.000,00.

Demais custos foram arcados pelos pesquisadores, que conduziram o estudo com

isenção.

4.7 Avaliação das variáveis em estudo:

4.7.1 Acompanhamento dos sujeitos em estudo:

Para avaliar o atendimento dos critérios de inclusão no estudo, por parte da

população atendida no ambulatório do HDS, foi inicialmente aplicado um protocolo, que

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prevê uma entrevista contendo perguntas fechadas, além do exame clínico dos MMII

(ANEXO-II). Constam desse roteiro de avaliação inicial alguns dados tais como:

identificação, perfil sócio-cultural e econômico, hábitos de vida e alimentação, atividades

desenvolvidas, exame geral, exame físico, exame da ferida, sinais e sintomas locais, avaliação

terapêutica, verificado peso, altura e calculado Índice de Massa Corpórea (IMC), dentre

outros. Para o calculo de IMC utilizamos a seguinte fórmula: IMC = peso / (altura)².

Nesta primeira entrevista foi avaliado ainda, o comprometimento vascular dos

membros inferiores. O exame clínico constou de palpação e gradação dos pulsos das artérias

tibial posterior e dorsal dos pés, observação dos fâneros, coloração e temperatura da pele. O

Índice Tornozelo Braquial (ITB) foi realizado no inicio do estudo, seguindo os parâmetros

citados por Makdisse (2004). Utilizamos manguito adequado de acordo com a circunferência,

em cm, do braço direito, no ponto médio entre o acrômio e o olecrano, representado no

Quadro 4; esfignomanômetro e estetoscópio BD® e Doppler vascular ultra-som manual

Martec®.

QUADRO 4 - Seleção do manguito, a ser utilizado no ITB, de acordo com a circunferência do braço direito.

Circunferência do braço (cm)

Largura da bolsa inflável (cm)

Denominação do manguito

< 25 10 -11 Adulto pequeno ou magro 25 – 32 12 - 13 Adulto

> 32 15 - 17 Adulto grande ou obeso Fonte: Makdisse, 2004.

Após a entrevista inicial e em caso de inclusão no estudo, o participante foi

acompanhado mediante outro instrumento, intitulado Evolução e Acompanhamento Diário da

Lesão (ANEXO-III). Este se trata de um roteiro de acompanhamento da lesão, da pressão

arterial do sujeito e das possíveis condições que levam à satisfação e/ou insatisfação do

tratamento, bem como questões relacionadas a dor, que foi avaliada em 4 momentos (fora do

manuseio da lesão, imediatamente antes a troca do curativo, durante o procedimento e

imediatamente depois do curativo). O roteiro em questão foi aplicado diariamente, logo depois

o procedimento, na presença do paciente, durante todo o estudo.

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Foi montado um “prontuário individual de pesquisa”, onde para cada sujeito

participante do estudo, foi anexado a uma pasta: uma cópia do TCLE (ANEXO-I), a Entrevista

Inicial (ANEXO-II), os impressos de Evolução e Acompanhamento Diário da Lesão

(ANEXO-III) e os impressos de “Check- List” / Materiais Utilizados Diariamente (ANEXO-

V).

Em ambos os grupos foram anotados no prontuário da instituição que os mesmos

participavam no estudo. Esta ficha é intitulada por Evolução Diária da Lesão (ANEXO-IV) e

consta a indicação do título da pesquisa, Comitê que aprovou o projeto, nome e contatos da

investigadora, bem como informações sobre os tratamentos realizados e evolução das feridas,

para segurança dos mesmos. Portanto constaram no prontuário da instituição: uma ficha de

Evolução Diária da Lesão (ANEXO-V), devidamente preenchida.

4.7.2 Caracterização e avaliação macroscópica da ferida – evolução do

processo cicatricial e possíveis iatrogenias:

A ferida foi delimitada com campos e panos de fundo de cor escura, de maneira a

não identificar o paciente. Foi fotografada em vários ângulos e distâncias, com uma câmera

digital (NIKON®), com resolução de 8.0 megapixels.

As fotos foram feitas procurando seguir o padrão anatômico dos membros. Pedia-

se ao paciente que colocasse os pés sobre uma escada de metal forrada com tecido de algodão.

Depois que o mesmo se sentia à vontade e confortável, colocava-se a placa de identificação do

plano anatômico, os tecidos de algodão que serviam como plano de fundo e régua para

identificação, acompanhamento e mensuração do caso. O caso (a ferida) foi identificado com

uma etiqueta contendo: a senha e localização do caso, a data da foto e o dia de intervenção.

As fotos foram realizadas no primeiro dia de intervenção e posteriormente duas

vezes na semana (a intervalos de três e quatro dias, caracterizando uma avaliação

intermediária e uma avaliação semanal). Adotamos as quartas-feiras, como “intervalo padrão

de acompanhamento semanal”, e os domingos como “intervalos ou períodos intermediários”.

Para Dealey (2001), Gogia (2003), Jorge & Dantas (2003) o tempo de reparação

tissular nas feridas agudas pode ocorrer entre 07 e 14 dias e em algumas feridas, este intervalo

pode sofrer variações conforme a etiologia da ferida, o quadro clinico do paciente e a presença

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de barreiras físicas (infecção, necrose, presença de corpos estranhos). Devido a isto se optou

por tomar para a análise dos aspectos macroscópicos as fotografias realizadas nos intervalos

de 07 dias, isto é, 1º, 7º, 14º, 21º, 28º, 35º, 42º.

As fotografias realizadas nos períodos intermediários foram utilizadas apenas para

auxiliar no acompanhamento de eventos adversos, e tomadas de decisões, que poderiam ser

necessárias durante o estudo.

As fotografias semanais, apresentadas nos resultados do estudo sofreram ajustes

em relação ao recorte da moldura, tamanho, centralização da imagem, no software Fotoshop®,

conforme a necessidade, porém, sem que houvesse modificação da imagem registrada.

As imagens foram gravadas em pastas, identificadas apenas pelas senhas das

feridas e posteriormente salvas em Compact Disc (CD), que foi enviado para dois

pesquisadores para análise das características macroscópicas. Estes profissionais integram a

equipe de pesquisa, mas não participaram da realização dos curativos, desconhecendo os

pacientes e o produto utilizado para o tratamento de cada lesão. Os mesmos elaboraram

relatórios, de modo independente, que depois foram confrontados e as divergências discutidas

entre si até a obtenção de consenso.

A avaliação das fotografias foi realizada no Word®, versão 97-2003, com

ampliação de 200% e a análise na tela do computador. Foi utlizado este programa por atender

os objetivos da análise, ser de fácil acesso e manuseio pelos membros da equipe.

Como foi informado anteriormente, a planimetria da ferida foi realizada a partir do

desenho/ decalque da lesão com a película transparente do papel grau cirúrgico estéril. Para a

realização do desenho da ferida (FIGURA 5): cobriu-se a lesão, em toda sua extensão, com a

película, posteriormente foram assinaladas suas margens externas, com caneta tipo marcador

permanente. A seguir, foi depositada a película no papel cirúrgico, com a face que entrou em

contato com a lesão voltada para baixo, e as suas extremidades foram fixadas ao papel com

fita crepe (por questões de biossegurança). Depois, foi colocada por cima uma folha de papel

de seda, para transposição da imagem e finalmente, este registro foi transportado para papel

milimetrado. Desta forma, obteve-se uma imagem plana da ferida. Para determinação da

largura e do comprimento da lesão, foram tomadas medida da planigrafia no eixo de maior

comprimento e de maior largura.

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FIGURA 5 - Planimetria da ferida.

Desenho da ferida diretamente na película transparente do papel grau cirúrgico estéril, com caneta tipo marcados permanete. O pesquisador estava usando luvas estéreis.

Película tranparente com o desenho da lesão, fixada ao papel cirúrgico.

Transposição da imagem da película transparente para o papel de seda. Pesquisador estava usando luvas de procedimento.

Posteriormente, o desenho foi escaneado e as imagens foram transferidas para o

computador e analisadas por meio do programa Image J®, versão 1.38x. Este programa

permite medir a área e o diâmetro maior e menor de cada ferida (FIGURA 6).

FIGURA 6 - Passos para a avaliação da área da lesão.

2

3

4

5

1

Avaliação da área da ferida

67

9

8

1-Desenho escaneado; 2,3-Calibração do programa; 4-Análise da medida; 5-Confirmação da medida; 6-Ajustamento do desenho (zoom e posicionamento); 7,8-Traçado da figura; 9-Área do desenho.

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A medida da profundidade do leito da ferida foi realizada com uma agulha

Corrente® nº 16, em aço e sem ponta, auxiliada por régua milimetrada, também de aço, ambas

esterilizadas em autoclave. A agulha foi colocada suavemente no ponto mais profundo da

ferida, tendo como medidor a régua sobre as bordas da lesão. A altura da agulha que estava

abaixo da linha superficial foi demarcada com o dedo enluvado da pesquisadora, que foi então

justaposta à base da régua (bordas) (FIGURA 7). Esta técnica permitiu obter a medida indireta

da profundidade no leito da lesão, que posteriormente foi convertida para centímetros com o

auxilio da régua. Optou-se por material em metal (aço) para preservar a segurança do paciente

e minimizar a possibilidade de contaminação das coletas (amostras para cultura), uma vez que

estes equipamentos são passíveis de esterilização física pelo calor e validação do método.

FIGURA 7- Medida da profundidade no leito da ferida.

Agulha e régua utilizadas para a verificação da profundidade no leito da ferida. Foi escolhido material em aço, devido a facilidade de esterilização.

A régua é colocada sobre as margens e agulha, delicadamente sobre o leito, verificando-se a parte mais profunda da ferida.

Verificação da medida da profundidade em cm.

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Foram observados e analisados parâmetros como: processo inflamatório, exsudato,

velocidade de cicatrização, características macroscópicas do leito da ferida e de suas bordas. O

instrumento de avaliação desses parâmetros foi adaptado do modelo proposto por Ohnishi, et

al (2001, p.121) e Orosco & Martins (2006) para avaliação de feridas.

A evolução da lesão foi avaliada pela característica da lesão, aparência das bordas,

presença de tecido de granulação, presença de exsudato, evolução do edema, presença de

crosta, presença de necrose e de epitelização, além do acompanhamento fotográfico,

microbiológico, das medidas das áreas e profundidade da ferida em diferentes momentos.

Para avaliação da quantidade de tecido de granulação, ou seja, o tecido de

coloração vermelho-vivo ou róseo translúcido, presente no leito da ferida foi considerado: (0)

ou ausente; < 25%; 25% a < 50%; 50 a < 75% e 75%.

Para a avaliação do exsudato foi adotado o sistema de cruzes, que possibilita

avaliar a quantidade de exsudato em relação à saturação da cobertura da ferida. Este método

se baseia nas seguintes informações, para que possa ser mensurado posteriormente: (-) ausente

= 0; (+) discreto = 1 para saturação das gazes menor ou igual a 30%; (++) moderado = 2 para

saturação das gazes entre 30 a 60%; (+++) acentuado = 3 para saturação das gazes maior ou

igual a 60%. Foram observados, ainda, a característica (seroso, sanguinolento, sero-

sanguinolento, purulento, sero-purulento e fibrinoso), a consistência (translúcido, opaco,

fluído, espesso), a coloração (leitoso/esbranquiçado, amarelo-palha, amarelo-citrino,

avermelhado, esverdeado, bilioso, achocolatado, castanho-ocre e hialino) e odor do exsudato

(inodoro e fétido).

O edema no membro inferior foi avaliado conforme o modelo descrito por

Lueckenotte (2002), que sugere: 1+/4+: e ligeira depressão sem distorção visível - desaparece

rapidamente; 2+/4+: depressão um pouco mais profunda, mas ainda não há distorção

prontamente detectável - a depressão desaparece em 10 a 15 segundos; 3+/4+: a depressão é

perceptivamente profunda e pode durar mais de um minuto – a extremidade pendente parece

mais cheia e inchada; 4+/4+: a depressão é muito profunda; dura até 02 a 04 minutos e a

extremidade pendente está visivelmente distorcida.

Considerou-se crosta o conceito de Guedes (2006) que a descreve como sendo

“placas irregulares que se formam na superfície cutânea pelo dessecamento de exsudato

composto por células e serosidade”.

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Considerou-se necrose a presença de tecido desvitalizado que acometesse, total ou

parcialmente, o leito da ferida de aparência espessa ou de crosta endurecida com coloração

preta, marrom-acastanhada, esverdeada, cinza ou esbranquiçada. De aderência e consistência

variada, por vezes relacionada a profundidade, ou seja, quanto mais se aprofunda mais o

tecido desvitalizado se encontra aderido, consistente e desidratado (Cotran et al (1996);

DEALEY, 2001). Para Jorge & Dantas (2003) e a necrose coagulativa preserva o contorno

básico da estrutura coagulada, por alguns dias, sendo característico da morte celular por

hipóxia, causada por fatores exógenos.

Foi considerado como esfacelo o material fibroso, desvitalizado, de consistência

úmida e amolecida, coberto por exsudato, aderido ao leito da lesão e podendo cobrir áreas

variáveis, devendo ser removido (desbridado) para não comprometer a cicarização (DEALEY,

2001).

Considerou-se necrose hemorrágica o conceito de Frabris (1992) que a denomina

como sendo a presença de hemorragia predominante no local da necrose. A área necrótica

pode assumir coloração avermelhada, ou arroxeada. Essa hemorragia pode complicar a

eliminação do tecido necrótico.

Para epitelização considerou-se a como a cobertura do leito da ferida por matriz

celular de derme e epiderme, translúcida.

A evolução das feridas, a forma de realização dos curativos, as respostas clínicas,

físicas e algumas respostas emocionais acerca dos procedimentos foram anotadas em registro

impresso específico (ANEXO-III), logo que finalizado o procedimento, pelo próprio

pesquisador ou por auxiliares de pesquisa a fim de evitar a perda de informações relevantes.

Todos os impressos foram arquivados em “prontuários individuais de pesquisa”. Este registro

é identificado por uma senha.

A senha de identificação das feridas foi utilizada a fim de manter sigilo sobre a

identidade do sujeito. Trata-se de uma senha numérica: o primeiro número refere-se ao

paciente e separado por ponto, há os números subseqüentes. Estes se referem a ferida que está

sendo acompanhada, por exemplo: senha 11.1 (paciente nº 11; ferida nº 1). Quando a dezena

se repete e alteram-se os números após o ponto, nos referimos a feridas distintas em um

mesmo sujeito, por exemplo: senha 11.2 (paciente nº 11; ferida nº 2), isto quer dizer que

estavam sendo acompanhadas 02 feridas (1 e 2) em um mesmo paciente (11).

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Para a realização desta pesquisa foi necessário o apoio de 07 auxiliares de pesquisa.

Estes eram voluntários, graduandos em enfermagem, que receberam orientações prévias sobre

o estudo e treinamento para aplicação das fichas de avaliação entre outras funções. As

atividades destes auxiliares constaram de: preparo da sala de curativos com separação prévia

dos materiais que serão utilizados durante o procedimento, aferição de pressão arterial,

conferência junto ao pesquisador dos materiais e auxilio na condução dos passos a serem

seguidos pelo protocolo descrito no Quadro 1, preenchimento dos instrumentos (fichas de

avaliação) mediante resposta do pesquisador e dos pacientes durante o procedimento,

questionamentos sobre satisfação e dor nos momentos adequados (conforme metodologia do

estudo), ajuda no posicionamento do paciente e das placas para formação dos fundos durante

as fotografias, abertura de pacotes, estufa, frascos de soro e afins, utilizados durante o

procedimento, acionamento e desacionamento do cronômetro digital, posicionamento do

paciente para realização do ITB.

4.7.3 Avaliação da ação antimicrobiana do AGE e da biomembrana

Amostras para análises microbiológicas foram coletas semanalmente (dia 1º, 7º, 14º,

21º, 28º) utilizando swab/zaragatoa estéril, por meio da “técnica de Levine”. Após limpeza

rigorosa da superfície da lesão com solução salina 0,9% foi separado swab, umedecendo-o

com a mesma solução, procedendo à coleta do material a partir do tecido de granulação viável.

O swab foi pressionado e realizando movimento de rotação em 1 cm2 durante cinco segundos,

obtém-se o fluído no local e logo a seguir coloca-se o swab em meio de transporte adequado.

(LEVINE et al, 1976; FERREIRA & ANDRADE, 2006; GARDNER et al, 2006).

As amostras foram coletadas com swabs que eram colocados em tubos contendo caldo

tioglicolato com indicador, o qual foi utilizado como meio para transporte da amostra

(OPLUSTIL et al, 2000). Este material foi identificado com o número e data da coleta, a senha

e nome do paciente, acondicionado em caixa de isopor, com grades e mantidos á temperatura

ambiente, durante todo o transporte até o Laboratório de Bacteriologia Médica do Instituto de

Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG. Os resultados foram dispostos em

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planilhas de modo a facilitar a visualização e análise da resposta microbiológica dos produtos

em estudo (AGE e Biomembrana).

Os resultados das culturas foram disponibilizados para o médico que atende aos

pacientes no ambulatório, do HDS. A antibioticoterapia sistêmica ficou a cargo da conduta

médica seguida na instituição, e a sua administração a cargo da equipe profissional da mesma.

4.7.3.1 Isolamento dos microrganismos

Os swabs foram embebidos em agar sangue, agar manitol salgado e agar

MacConkey e as placas incubadas à 37ºC por 24 a 48 horas. Os tubos com o caldo

tioglicolato também foram incubados à 37ºC em microaerofilia por 24 a 48 horas e

examinados diariamente para a detecção de sinais de multiplicação microbiana, como

hemólise, turvação, produção de gás ou formação de depósito (KONEMAN et al, 2001).

Evidenciada ou não a presença de desenvolvimento microbiano, os caldos foram

repicados após 48 horas de incubação em agar sangue de carneiro 5% e incubados à 37ºC em

microaerofilia por 24 a 48 horas, na tentativa de se isolar os possíveis microrganismos

presentes na amostra.

Os microrganismos isolados foram inicialmente submetidos a uma identificação

presuntiva de acordo com suas características morfológicas e tintoriais, pela coloração de

Gram. Os resultados obtidos a partir desta coloração foram empregados como triagem para a

seleção dos meios de cultura e das provas de identificação apropriadas.

As bactérias isoladas foram armazenadas em ágar nutriente (Difco - BD

Diagnostic Systems/USA), conservados à 4ºC ou a temperatura ambiente, para posterior

identificação.

4.7.3.2 Identificação das bactérias

As bactérias foram identificadas com base em seu desenvolvimento colonial em meios

de cultura seletivos e não-seletivos, e por meio de provas bioquímicas/enzimáticas

(KONEMAN et al, 2001). Foram utilizadas bactérias controles quando da realização da

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identificação microbiana (Staphylococcus aureus ATCC 29213, Escherichia coli ATCC

25922 e Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027).

4.7.3.2.1 Identificação de cocos Gram-positivos

Os cocos Gram-positivos foram inicialmente submetidos a crescimento em agar

sangue a 5%, agar nutriente e agar manitol salgado (Bio-Rad Laboratories/USA)

posteriormente as colônias foram repicadas para tubos contendo agar simples e submetidos à

prova da catalase. Os estafilococos também foram avaliados quanto à produção da enzima

coagulase livre (prova da coagulase em tubo) e em lâmina (aglutinase, além da prova de

fermentação de glicose, lactose, sacarose, manitol, suscetibilidade à bacitracina e

novobiocina) (KONEMAN et al, 2001).

4.7.3.2.2 Identificação de bastonetes Gram-negativos

fermentadores e não fermentadores

Os bastonetes Gram-negativos tiveram sua identificação iniciada pela observação

morfológica (bastões ou cocobacilos), coloração pelo Gram (vermelho ou róseo – Gram

negativos) e submetidos ao crescimento das colônias em agar MacConkey (Bio-Rad

Laboratories/USA). Posteriormente forma repicados para o tríplice açúcar com ferro (TAF)

(Bio-Rad Laboratories/USA), agar sangue de carneiro à 5%, agar nutriente, seguido por

provas bioquímicas de fermentação (glicose, lactose, sacarose, manitol e dulcitol),

desenvolvimento colonial em agar citrato de Simons, provas de uréase, fenilalaminá-

desaminase, vermelho de metila e Voges-Proskauer (KONEMAN et al, 2001).

4.7.3.2.3 Identificação de bacilos Gram-positivos

corineformes

Após a observação pela coloração de Gram, o isolado caracterizado como bacilo

Gram-positivo de forma irregular semelhante ao aspecto de letra chinesa foi avaliado quanto à

produção da enzima catalase; fermentação da glicose, sacarose, salicina, manitol, lactose e

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xilose; produção de indol e H2S; motilidade; perfil de hemólise em ágar sangue de carneiro à

5%; hidrólise da esculina e observação de grânulos metacromáticos em esfregaços corados

com azul de metileno (KONEMAN et al, 2001).

4.7.3.2.4 Teste de suscetibilidade a antimicrobianos

O perfil de suscetibilidade das bactérias foi avaliado pelo teste de difusão de disco.

A suscetibilidade dos isolados foi determinada pela medida dos halos de inibição e os

resultados reportados como sensível, resistência intermediária ou resistente com base na

interpretação dos breakpoints, segundo as recomendações da National Committees of Clinical

and Laboratory Satandards (NCCLS, 2005), recentemente denominada de Clinical and

Laboratory Standards Institute (CLSI).

A seleção dos agentes antimicrobianos a serem avaliados foi realizada de acordo com a

espécie isolada e com base nos relatos de literatura e na prática médica. Para os bacilos Gram

positivos foi testada suscetibilidade e resistência à oxacilina, eritromicina, gentamicina,

clindamicina, vancomicina, sulfametoxazol/trimetropina, ciprofloxacina, rifanpicina. Para

Gram negativos foi testada a susceptibilidade e resistência à amicacina, ceftazidima,

piperacilina/tazobactan, sulfametoxazol/trimetropina, ciprofloxacina, imipenem, polixima B e

aztreonam.

4.7.3.2.5 Teste de suscetibilidade in-vitro

Com a ajuda do perfurador de papel, foram recortados discos de papel filtro e

autoclavados dentro de um recipiente de vidro. Os meios (Mueller Hinton) foram distribuídos

em placas de Petri e depois de solidificados, permanecendo em estufa por 24 horas (teste de

esterilidade).

Os dois produtos (Dersani® e Biocure®) foram avaliados in vitro frente as bactérias

controles (Staphylococcus aureus ATCC 29213, Escherichia coli ATCC 25922 e

Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027) e um representante de cada bacteria isolada das lesões

pela técnica de difusão em Agar (KONEMAN et al, 2001).

As bactérias testes foram repicadas em agar nutriente e incubadas à 37ºC por 24 horas.

Foi preparada uma suspensão equivalente a metade da escala 1 de MacFarland, a qual foi

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distribuida com o auxílio de um swab na superfície de placas de agar Mueller Hinton. Em

seguida foi colocada uma tira de biomenbrana de 2cm de diâmetro na superficie do agar. Com

relação a AGE, três gotas foram inoculadas na superfície nos discos de papel de filtro, e as

placas foram incubadas a 37º C, por 24 horas. A presença de inibição do desenvolvimento

bacteriano seria indicativo da atividade antimicrobiana.

4.7.4 Caracterização e análise da dor, aceitabilidade do tratamento, reações

e eventos adversos

Para a análise da dor foi utilizada a escala de copos, descrita por Whaley & Wong

(1987). Trata-se de uma escala quantitativa não numérica esquematizada por uma seqüência

de 05 copos, com quantidades diferentes de líquido, que corresponde à intensidade da dor. O

copo vazio significa sem dor e o copo número cinco, totalmente cheio, significa a pior dor.

Esta escala é de fácil compreensão e uso, sendo úteis em pacientes de baixa escolaridade e

naqueles com dificuldade em compreender a escala numérica. O paciente foi informado,

previamente, sobre como avaliar a dor, sendo pedido ao mesmo que a identificasse fora da

manipulação da lesão (dor sentida horas depois do procedimento anterior, realizado nas

últimas 24 horas, que persistisse ou não), imediatamente antes da troca do curativo, durante o

curativo e imediatamente após o procedimento, estando livre para mensurá-la sempre que

achasse necessário.

O tipo de dor também foi avaliado, perguntando ao mesmo que a identificasse. Em

relação á tipificação da dor o questionário continha 12 opções de resposta e estavam

relacionadas aos tipos de dor mais comuns em paciente portadores de úlceras neuropáticas,

venosas e arteriais (DEALEY, 2001; JORGE & DANTAS, 2003; OLIVEIRA & YAMADA,

2004). As opções de respostas, em relação á dor sentida pelo paciente, foram modificadas do

questionário de MgGill de avaliação da dor, descrito por Sousa & Hortense (2004). Este

questionário e a avaliação da dor permitem múltiplas respostas.

Este questionário foi aplicado diariamente, enquanto parte do registro individual do

paciente e foi aplicado da seguinte maneira: logo que o paciente entrava na sala de curativos,

era acolhido e recebido com a pergunta: “O senhor (a) sentiu dor depois que saiu da sala de

curativos ontem? Quando e como era essa dor? O senhor (a) está sentindo dor agora? Como é

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esta dor?” Durante a realização da limpeza da ferida as perguntas eram repetidas, da mesma

forma que após a colocação da atadura.

Para avaliar a aceitabilidade do tratamento foi utilizado um questionário (parte do

ANEXO-III), contendo 10 ítens/fatores que estariam agradando o paciente, num intervalo de

24 horas (entre trocas de curativos) e 10 itens/fatores que estariam desgradando no mesmo

período. Durante o procedimento o paciente era orientado a visualizar a ferida e o membro

acometido, citando os fatores que lhe agradavam e/ou não, desde a ultima troca de curativos.

O mesmo esteve livre para relatar sua insatisfação e/ou satisfação, podendo, inclusive

acrescentar outros fatores que considerasse importantes. Estes questionários foram aplicados

diariamente, fazendo parte do registro individual do paciente.

A avaliação das reações e eventos adversos foi realizada por meio da observação

diária da lesão sendo consideradas as alterações na coloração no leito da ferida e no aspecto

das bordas que pudessem ser associados à necrose, reações alérgicas locais e/ou sistêmicas e

sinais de necrose hemorrágica depois de iniciado o tratamento.

4.7.5 Avaliação do custo do tratamento

Para avaliar o custo do tratamento foi elaborado um “check-list”, adaptado do

modelo de Borges, et al (1999). O impresso foi intitulado como: “Check- List” / Materiais

Utilizados Acompanhamento Diário (ANEXO-V).

O custo diferencial entre curativos pode estar relacionado a vários fatores, entre

eles: a freqüência das trocas; o tempo gasto/energia para a realização do mesmo; o tipo e as

características da ferida, bem como alguns fatores individuais inerentes ao sujeito e condições

que favoreçam ou não o processo de cicatrização; a habilidade do profissional que realiza o

procedimento, em detectar iatrogenia; o custo gerado pela limpeza da ferida e as coberturas

utilizadas (BORGES, et al 1999).

Neste instrumento foram anotados todos os materiais utilizados durante o

procedimento, e seus respectivos valores, conforme mostra o Quadro 5, posteriormente estas

informações foram computadas. As feridas foram categorizadas de acordo com sua extensão,

profundidade, e quantidade de exsudato.

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QUADRO 5 – Valor dos produtos, especificidade e quantidade, conforme a utilização em curativos.

Valor dos produtos conforme especificidade e quantidade

MATERIAIS MARCA Descrição do produto

PREÇO (pacote) PREÇO (unidade/volume)

Gorro Sky Descarte Cx. com 100 unidades

R$ 10,00 R$ 0,10 1U

Máscara descartável Descarpack Cx. com 50 unidades

R$ 6,56 R$ 0,13 1U

Luva de procedimento Embramac Cx. com 100 unidades

R$ 9,50 R$ 0,10 1U

Luva cirúrgica - 7,0 Lemgruber 1 unidade R$ 0,91 R$ 0,91 1USoro fisiológico 100 ml Equiplex 1 unidade R$ 0,90 R$ 0,90 1USoro fisiológico 250 ml Equiplex 1 unidade R$ 1,54 R$ 1,54 1USoro fisiológico 500 ml Equiplex 1 unidade R$ 1,55 R$ 1,55 1UAgulha 40x12 BD 1 unidade R$ 0,13 R$ 0,13 1USeringa 10 ml SR 1 unidade R$ 0,46 R$ 0,46 1USeringa 20 ml Plascalp 1 unidade R$ 0,59 R$ 0,59 1UVaselina Líquida Real

puríssimo 100 ml R$ 5,88 R$ 0,06 1 ml

Gaze de algodão - 10 U 7,5 x 7,5 (estéril 11 fios)

MB têxtil 1 unidade R$ 0,42 R$ 0,42 1 U

Compressa cirurgica 23 x 25 MB têxtil Pcte. com 50 unidades

R$ 35,85 R$ 0,72 1 U

Atadura de Rayon Polarfix Atadura não estéril - 7,5cm

x 5m

R$ 3,50

R$ 0,03

15 cm

Atadura de crepon -10 cm x 3 Cremer 1 unidade R$ 1,88 R$ 1,88 1 U AGE Saniplan 500 ml R$ 70,00 R$ 0,14 1 ml

Biomembrana - Biocure 8 x 8

Pele Nova

Cx. com 20

R$ 71,00 (para instituição hospitalar)

R$400,00 (pessoa física)

R$ 3,55

R$ 20,00

1 U

1 U

Swab- Zaragatoa MB têxtil Pcte. com 100 unidades

R$ 30,00 R$ 0,30 1 U

Cultura + antibiograma (IPTSP)

R$ 15,00 R$ 15,00

Esparadrapo 10cmx4,5 m Missner 1 unidade R$ 4,48 R$ 0,20 10 cm Pacote de curativo – esterilização em autoclave

CME odontologia

UFG

1 unidade

R$ 5,30

R$ 5,30

Capote (lavagem/secagem/passada) Lavanderia da instituição - HDS ( mantida pelo Estado de Goiás).

HDS Lavanderia SES-GO

1 unidade

R$ 8,00

R$ 8,00

1 U

Gaze tipo queijo 91x91 Nataly 1 unidade R$ 31,74 R$ 1,05 30 cm Coxim - pacote com 2 U (60 cm) Nataly 1 unidade R$ 31,74 R$ 2,10 (60cm de

gaze tipo queijo cortada para coxim)

2U

Lâmina de bisturi nº 20 Wiltex 1 unidade R$ 0,29 R$ 0,29 1 ULâmina de bisturi nº 21 Solidor 1 unidade R$ 0,14 R$ 0,14 1 U

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QUADRO 5- Continuação Valor dos produtos conforme especificidade e quantidade Lâmina de bisturi nº 22 Solidor 1 unidade R$ 0,14 R$ 0,14 1 ULâmina de bisturi nº 23 Solidor 1 unidade R$ 0,14 R$ 0,14 1 ULâmina de bisturi nº 24 Fheater 1 unidade R$ 0,96 R$ 0,96 1 UGrau cirúrgico 12 cm Amcor 120 cm x 100m R$ 57,00 R$ 0,06 01 cm Grau cirúrgico 15 cm Amcor 150 cm x 100m R$ 71,00 R$ 0,07 01 cm Salário mensal do enfermeiro na unidade

R$ 1.900,00

Enfermeiro/1 dia (24 horas) R$ 63,00 24 h Enfermeiro/1 hora (60 minutos) R$ 2,625 1 h Enfermeiro/1 minuto R$ 0,05 1min

Pesquisa sobre os respectivos valores realizada em distribuidoras para revenda/fornecimento de grandes centros (instituições hospitalares e afins). Goiânia-2007.

O material em líquido ou óleo foi medido por meio de seringa estéril a cada

aplicação. O material têxtil (os capotes) foi reprocessado na lavanderia do HDS, sendo o valor

calculado pelo gerente da lavanderia. O mesmo levou em consideração, o grau (peso) de

sujidade das peças de roupas, os produtos utilizados durante o reprocessamento das roupas, o

gasto mensal em água, energia elétrica na lavanderia, manutenção das máquinas, salários dos

profissionais por dia de serviço, tempo transcorrido para o completo reprocessamento das

roupas e durabilidade das roupas, posteriormente este cálculo foi revertido para peças de roupa

conforme o seu peso.

Os custos referentes ao reprocessamento dos pacotes esterilizados (Kits curativo)

foram repassados pela enfermeira responsável pela CME da Faculdade de Odontologia da

UFG, conforme mostra o Quadro 6.

QUADRO 6 - Valor estimado para o reprocessamento dos pacotes de curativos. Tempo (minutos) Custo (R$) Tempo de funcionamento por ciclo 90 min. - 1h e 30min.

Alimentação 10 min. Aquecimento 40 min. Esterilização 10 min. Secagem 20 min. Resfriamento 20 min.

Custo hora do trabalhador R$ 8,88 Custo do trabalhador em 1h e 30min. R$ 13,32 Tempo de preparo do material – média de 7 pacotes 30 min. R$ 4,44 Custo do preparo do material R$ 17,76 Custo da água por m3 - 1.000 litros (SANEAGO) R$ 3,40 Consumo de água por ciclo - 472 litros R$ 1,60

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QUADRO 6- Continuação Tempo (minutos) Custo (R$) Custo por Kw/h – Grupo A (CELG) R$ 0,12625 Consumo energia por ciclo - 120 kw R$ 15,15 Energia seladora por hora R$ 5,00 Tempo gasto durante as selagens – média 7 pacotes 10 min. R$ 0,83 Custo grau cirúrgico (AMCOR®) - 150cmx100m R$ 71,00 Custo grau cirúrgico por 01 cm R$ 0,07 Custo do grau cirúrgico por 25 cm R$ 1,75 TOTAL R$ 37,09 * Valor aproximado a ser cobrado por pacote de curativo com 05 peças. 2 pinças, 1 tesoura, 1 agulha, 1 régua

R$ 5,30

* Valores estimados por ciclo. Cada vez que o material é esterilizado. Fonte: CME – Faculdade de Odontologia-UFG, 2007.

Para avaliar o tempo gasto em cada curativo foi utilizado um cronômetro digital,

(Speedo®) sendo acionada a contagem após a paramentação da pesquisadora, o

posicionamento adequado do paciente e o material reunido. A contagem do cronômetro foi

pausada após a cobertura da ferida. Este tempo foi marcado, imediatamente após o término do

procedimento, nos impressos de Evolução e Acompanhamento Diário da Lesão (ANEXO-III)

e de “Check- List” / Materiais Utilizados Diariamente (ANEXO-V).

O tempo de realização do procedimento, em minutos, foi multiplicado pelo valor

trabalhado em um minuto, de acordo com cálculos sobre o salário mensal, do profissional

enfermeiro no HDS, conforme mostra o Quadro 6.

Foi criada uma planilha, padrão aos dois produtos em estudo/comparação, para

isto utilizou-se o Microsoft Excel®. Posteriormente elas foram dispostas como planilhas

individuais, para cada caso. Optamos por criar colunas de identificação do material e linhas

que se referiam aos dias de intervenção, nestes espaços eram dispostas as quantidades dos

materiais utilizados diariamente. Em colunas paralelas aos materiais, seguiam-se os valores,

em reais (R$), referentes a cada um. As últimas colunas traziam referência aos horários de

inicio, término e tempo gasto (cronometrado) durante a manipulação da feridas, desde a

desinfecção dos frascos de soro até a retirada das luvas. Esta formatação da planilha, bem

como este programa (software), facilitou a soma dos quantitativos em reais (R$). Ao final de

cada procedimento/dia era possível saber o valor de cada curativo. Desta forma, a soma dos

mesmos representa o valor total dos curativos durante o estudo.

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Assim, foi tomada a troca de um curativo, com cada produto, como referencial,

sendo avaliado o tempo gasto para o procedimento, o número de trocas, intervalo entre as

trocas dos curativos e os materiais gastos. A disposição destes valores, em um quadro

comparativo, ao final do estudo, representa a avaliação do custo total do tratamento com cada

produto.

4.8 Análise dos dados

Para análise estatística foi inicialmente elaborado um banco de dados eletrônico,

em planilhas no Microsoft Excel®. Foi criada uma planilha padrão, individualizada para cada

caso no estudo e, posteriormente, houve o agrupamento das mesmas. As colunas da planilha

representavam as variáveis em estudo, enquanto as linhas se referiam aos dias de intervenção,

nestes espaços eram dispostas às respostas das variáveis. Para que fossem evitadas perdas de

informações relevantes e importantes para a análise dos resultados, o preenchimento das

planilhas foi realizado diariamente, conforme a avaliação e observação da evolução das feridas

(dos casos).

Tendo em vista a randomização dos grupos, a origem da amostra da mesma área

geográfica, com características históricas, sociais, econômicas, de saneamento e atendimento à

saúde semelhantes, esperou-se que as características dos participantes dos grupos A e B

fossem distribuídas homogeneamente.

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V- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram do estudo 08 pessoas (N=8) sendo incluídas 19 lesões (n=19), embora

estas pessoas tivessem de uma a sete feridas cada uma. A Tabela 01 evidencia a caracterização

dos sujeitos em estudo, do ponto de vista sócio-demográfico e a tabela 2 seus hábitos de vida.

TABELA 1- Caracterização dos sujeitos (N=8) conforme o perfil sócio-demográfico. HDS, Goiânia, 2007.

A partir desta tabela é possível observar que a maioria (87,5%), 07 sujeitos

pertencia ao sexo masculino; 04 (50%) indivíduos tinham entre 66 e 68 anos de idade, a média

de idades foi de 64,42 anos; 05 (62,5%) dos sujeitos eram de raça branca; 08 (100%) eram

F %

Sexo

Masculino 07 87,5 Feminino 01 12,5

Idade 44 |-- 55 01 12,5 55 |-- 66 03 37,5 66 |--| 78 04 50

Raça Branco 05 62,5 Negro 01 12,5 Pardo 02 25

Ocupação Aposentado 08 100

Situação escolar Não alfabetizado 03 37,5 Fundamental incompleto 05 62,5

Estado civil Casado 02 37,5 Solteiro 02 25 Separado 02 12,5 Viúvo 02 25

Renda mensal < 1 salário mínimo - - 1-2 salário mínimo 08 100

Nº de pessoas que dependem deste salário 1 pessoa 06 75 2 a 3 pessoas 01 12,5 4 a 5 pessoas 01 12,5

Saneamento básico Água tratada 08 100 Esgoto tratado 06 75 Coleta de lixo 08 100 Energia elétrica 08 100

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aposentados e recebiam entre 01 e 02 salários mínimos; 06 (75%) indivíduos relataram que

viviam sozinhos, dependendo de seu salário apenas uma pessoa; 06 (62,5%) indivíduos

possuíam o nível fundamental incompleto, 08 (100%) dos sujeitos possuíam saneamento

básico dotado de água tratada, coleta de lixo e energia elétrica, destes apenas 06 (75%)

usufruíam de esgoto tratado, 02 (25%) utilizavam fossa; 05 (62,5%) moravam em residência e

03 (37,5%), residiam nos pavilhões.

TABELA 2- Caracterização dos sujeitos (N=8) conforme os hábitos de vida. HDS, Goiânia, 2007.

Hábitos de vida F %

Nº de refeições diárias 2 refeições 01 12,5 3 refeições 04 50 4 refeições 02 25 > de 4 refeições 01 12,5

IMC* Não foi possível avaliar 01 12,5 < 18,5 - 18,5 a 24,9 04 50 25 a 29,9 03 37,5 30 a 34,9 - -

Dificuldades cotidianas Ferida dificulta as atividades diárias 07 87,5 Ferida dificulta o sono 07 87,5 Esbarram os MMII com freqüência 05 62,5

Banhos diários 1x ao dia 03 37,5 2x ao dia 04 50 3x ao dia 01 12,5

Lavavam a ferida durante o banho 05 62,5 Lavam as mãos ao tocar na ferida 08 100 Faziam curativos em casa utilizando:

PVPI 08 100 Açúcar 06 75 Antibiótico tópico 08 100 Antiinflamatório tópico 08 100 Medicamento caseiro 07 87,5 Crendices populares 06 75 AGE 08 100 Óleos 08 100 Outros 06 75

Possuem animais domésticos 02 25 Etilista 03 37,5 Tabagista 02 25 Não praticam atividade física 06 75

* Conforme padrões recomendados pela ABESO-2007.

A Tabela 2 mostrou que em relação aos hábitos da vida diária: 06 (75%) dos

sujeitos faziam três a quatro refeições diárias. Todos os pacientes relataram que frutas,

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verduras, legumes, carboidratos e proteínas faziam parte da alimentação diária, não havendo

mudanças na rotina alimentar nos últimos 06 meses. Em relação ao Índice de Massa Corpórea

(IMC), 04 (50%) dos pacientes tinham IMC entre 18,5 a 24,9 Kg/m2, sendo considerado

normal conforme medidas estabelecidas pela ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da

Obesidade e Síndrome metabólica), 03 (37,5%) dos pacientes tinham IMC entre 25,0 e 29,9

Kg/m2, o que caracteriza sobrepeso, em 01 paciente não foi possível realizar as medidas de

peso e altura.

Estavam inclusos nos hábitos cotidianos os cuidados com as feridas: 05 (62,5%)

dos sujeitos afirmaram ter o hábito de lavar as feridas durante o banho; 08 (100%) afirmaram

realizar curativos em casa e lavar as mãos antes e/ou depois de tocar nas lesões. Em relação

aos produtos utilizados para o tratamento das feridas, no domicílio: 08 (100%) utilizavam ou

já utilizaram PVPI, antibiótico tópico, atiinflamatório tópico, AGE ou outros óleos (o mais

citado foi o óleo de pau – óleo de Copaíba). Estes produtos eram comumente utilizados na sala

de curativos do HDS. Quase todos os pacientes (87,5%) já utilizaram ou utilizavam

medicamentos caseiros, entre eles foram citados chás, garrafadas, pomadas caseiras, babosa,

“leite de mamão”, argila e barro, folhas de pimenta e pimenta sobre as lesões, entre outros. O

uso das crendices populares no tratamento das feridas foi citado por 06 pacientes (75%),

faziam parte as benzeções e o uso de cataplasmas ou substâncias e exóticas como fezes de

gado e cães e lambedura dos mesmos.

Quanto aos animais domésticos: 02 (25%) dos sujeitos disseram possuir animais de

estimação, mas fora de casa.

Em relação ao hábito de consumir bebidas alcoólicas, 03 (37,5%) referiram ser

etilistas, destes 02 disseram ser etilistas crônicos. Apenas 02 (25%) dos sujeitos disseram ser

tabagistas e 06 (75%) não praticavam atividades físicas. Quanto as atividades físicas, apenas 2

sujeitos (25%) referiram andar de bicicleta.

A Tabela 3 mostra dados referentes ao consumo de medicamentos sistêmicos nos

30 dias antecedentes a entrevista e as doenças existentes ou pré-existentes.

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119

TABELA 3- Distribuição dos sujeitos (N=8) conforme o medicamento em uso e doenças associadas. HDS, Goiânia, 2007.

F %

Faziam uso de medicamentos

Antiinflamatório sistêmico 01 12,5Antibiótico sistêmico - - Antihipertensivo 05 50 Hipoglicemiante - - PQT - - Outro 02 25

Doenças associadas Anemia - - Diabetes mellitus - - Hipertensão arterial 05 1 62,5 Lesões nos MMII 08 100 Varizes 03 37,5DAOMI - - Trombose - - Tromboflebite - - Câncer ou doenças associadas - - Gangrena - - Erisipela 08 2 Infecção diagnosticada em outro sítio 3 - - Doença Cardíaca 01 12,5Doença Renal 01 12,5Outras - - Diagnóstico de cura de Hanseníase 08 100

Fazem fisioterapia para os MMII - - ITD D

> 1,30 - - 0,91 – 1,30 07 87,50,41 – 0,90 01 12,5

0,40 - - ITB E

> 1,30 - - 0,91 – 1,30 07 87,50,41 – 0,90 01 12,5

0,40 - - 1- Hipertensão controlada 2- Erisipela de repetição 3- Outro sítio que não sejam as feridas

Quanto ao uso de medicamentos 05 (62,5%) dos pacientes fizeram uso de

antihipertensivo regularmente, 01(12,5%) fez uso de antiinflamatório sistêmico (Diclofenaco

sódico), quando apresentava dor nas lesões e/ou nevralgias, 02 (25%) utilizaram medicações

analgésicas (compostos por dipirona ou paracetamol). Todos os medicamentos utilizados pelos

pacientes foram prescritos pelos médicos da unidade.

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120

Sobre as doenças associadas, 05 (62,5%) sofriam de hipertensão, porém controlada,

08 (100%) apresentavam lesões nas pernas e já tiveram erisipela, sendo esta de repetição.

Sopro foi referido por 01 (12,5%) sujeito e 01 (12,5%) referiu já ter tido litíase renal. Todos os

pacientes, 08 (100%), tinham diagnóstico de cura de hanseníase, confirmado em prontuário

médico, nenhum esteve em uso de PQT nos últimos 24 meses.

Quanto ao Índice Tornozelo Braquial (ITB): 07 (87,5%) sujeitos apresentaram

índices, em ambos o membros, entre 0,91 – 1,30, sendo considerado normal, e 01 (12,5%)

apresentou índice entre 0,41 – 0,90, o que se relaciona a DAOMI, leve (MAKDISSE, 2004).

Para a construção da tabela 4 foi levado em consideração a avaliação da ação

antimicrobiana, que constou da coleta de material e ocorreu nas primeiras quatro semanas de

tratamento (1º dia de intervenção até o 28º dia de intervenção); e a avaliação da evolução

macroscópica das lesões durante sete semanas (1º dia de intervenção até 42º dia de

intervenção). Nesta tabela é possível visualizar a distribuição dos sujeitos que participaram

do estudo, e sua respectiva alocação nos grupos tratados com a biomembrana e tratados com o

produto a base de AGE.

TABELA 4 - Distribuição dos sujeitos (N= 8) e das feridas (n=19) nos grupos que receberam tratamento com o produto a base de AGE e biomembrana de látex, de acordo com os momentos do estudo.HDS, Goiânia, 2007.

Como pode ser visto na Tabela 4 o tempo de permanência no estudo foi diferente,

sendo que os pacientes P1, P2, P3, P4 e P5 foram acompanhados até 28 dias e faziam parte do

grupo piloto. Os pacientes P6, P7 e P8 foram acompanhados até 42 dias.

Senha sujeito

Avaliação da ação antimicrobiana

01-28 dias n=19

Avaliação da evolução macroscópica

01-42dias n= 9

AGE BIOM AGE BIOM P1 1 - 2 - - P2 3 - 2 - - P3 4 4 - - - P4 5 1 - - - P5 10 1 - - - P6 6 2 1 2 1 P8 8 1 1 1 1 P9 9 2 2 2 2 TOTAL 11 8 5 4

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121

Das 19 feridas acompanhadas para avaliação da ação antimicrobiana dos produtos

(01-28dias) haviam quatro feridas no grupo experimental (biomembrana) e seis feridas no

grupo controle. Das 09 feridas acompanhadas para evolução macroscópica de sete semanas

haviam quatro feridas no grupo experimental (biomembrana) e cinco feridas no grupo

controle.

Para facilitar a visualização dos resultados obtidos por meio da cultura foi

elaborada a Tabela 5.

TABELA 5 – Distribuição dos microrganismos Gram (+) e Gram (-) isolados em feridas, durante 28 dias de acompanhamento, de acordo com o produto utilizado. HDS, Goiânia, 2007.

1º D 7ºD 14ºD 21º D 28ºD TOTAL AGE BIO AGE BIO AGE BIO AGE BIO AGE BIO

Microorganismos N % Gram (-)

Escherichia coli 01 - 01 - 01 - 01 - 01 - 05 2,7 Enterobacter aerogenes 02 01 - - 02 - - - - 01 06 3,3 Proteus vulgaris - - 02 - - 01 03 03 02 04 15 8,2 Pseudomonas aeruginosa 08 07 07 08 07 07 07 05 08 01 65 35,7 NHC* - - 01 - 01 - - - - 02 04 - Subtotal 11 08 10 08 10 08 11 08 11 06 91 50

Gram (+) Staphylococccus. aureus

11 08 09 08 10 08 11 08 10 08 91 50

NHC* - - 02 - 01 - - - 01 - 04 - Subtotal 11 08 09 08 10 08 11 08 10 08 91 50 Total 22 16 19 16 20 16 22 16 21 14 182 100 * Não houve crescimento

Entre os 182 resultados positivos encontrados nas quatro semanas de avaliação das

19 feridas em estudo, observou-se predomínio de Staphylococcus aureus, sendo encontrado

em 91 (50%) amostras. Dentre as bactérias Gram (-) prevaleceu Pseudomonas aeruginosa,

encontrada em 65 (35,7%) das amostras, seguida por Proteus vulgaris 15 (8,2%),

Enterobacter aerogenes 06 (3,3%) e Escherichia coli 05 (2,7%). Este resultado foi semelhante

com o encontrado nos estudos de Brook e Frazier (1999); Howell-Jones et al, (2005); Santos,

Silveira, Caffaro (2006), Murray (2006).

Nos estudos conduzidos por Howel-Jones et al, 2005; Santos, Silveira, Caffaro

2006; Murray, 2006, as bactérias Gram (+), em especial, Staphylococcus aureus foram

predominantes em feridas crônicas.

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Murray, Rosenthal, Pfaller (2006), associaram o componente estrutural, as toxinas,

exotoxinas e enzimas deste microrganismo aos seus potenciais efeitos destrutivos sobre o

tecido orgânico, entre eles a predominância da coloração amarelo-dourado sob o tecido,

advindo da capacidade de adesão entre estes microorganismos, o retardamento do processo

cicatricial, pela indução e prolongamento da fase inflamatória em tecidos expostos. Fernandes

et al, 2000; Murray, Rosenthal, Pfaller; 2006; Sanches-Saldaña & Sáenz-Anduaga; 2006,

citaram, ainda estas bactérias como principais colonizadoras da microbiota residente. O que

poderia acarretar em contaminação da ferida, por contato, em decorrência da proximidade

entre microrganismos e área exposta.

Para alguns autores como Bowler, Duerden, Armstrong (2001); Ferreira & Santos

(2003); Sibbald et al, (2003); Shultz et al (2003); Ayello & Cuddigan (2004) Feank, Bayomi,

Westendorp (2005); Sanches-Saldaña & Sáenz-Anduaga (2006), a presença de infecções nas

feridas está relacionada às bactérias colonizadoras do próprio indivíduo, sendo a localização

da ferida um fator indispensável para a detecção de certos patógenos. Sanches-Saldaña &

Sáenz-Anduaga (2006), traz uma revisão bibliográfica considerando a possibilidade das

infecções cutâneas, não só em feridas, estarem relacionadas com as localizações da mesma,

uma vez o corpo humano é colonizado por vasta microbiota.

Fernandes et al, (2000); Saini et al, (2004); Sanches-Saldaña & Sáenz-Anduaga

(2006), referiram que a microbiota cutânea normal é constituída por microbiota residente, cujo

número de organismo oscila entre 200 e 500.000/ cm2, sendo considerados constituintes

dominantes da pele e microbiota transitória, que são os organismos que provém do meio

ambiente, permanecendo na pele por períodos curtos e, ainda assim, relacionando-se com ela.

A microbiota normal pode ser modificada por alguns fatores endógenos, próprios do

indivíduo, ou secundários a fatores ambientais, destacando-se: efeitos climáticos, idade, sexo,

raça, ocupação, localização corporal, hospitalização, efeitos de doenças sistêmicas, efeitos e

medicamentos e efeitos da aderência bacteriana.

A microbiota transitória se encontra com maior freqüência na pele exposta, sendo

incapazes de crescer e se multiplicar em ambiente relativamente inóspito; porém podem variar

conforme a espécie e número de microorganismos, podendo persistir, em alguns casos. É

representada pelos Estreptococos piógenos beta hemolítico do grupo A, Streptococcus do

grupo viridans, Neisseria sp., Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Proteus sp.,

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Enterobacter sp., Pseudomonas sp., Mycobacterium sp. Os Staphylococcus coagulase

positivos constituem o patógeno principal e estão associados as infecções recorrentes e/ou

persistentes (para nosso interesse: erisipela (linfangites) dermatites, celulites, fasciites

necrosantes, infecções em feridas) e podem ser encontrados, principalmente, nas fossas nasais

(35%), região perineal (20%), axilas (5% a 10%), umbigo e regiões intergitais (13%). A

microbiota residente é composta por bactérias aeróbias e anaeróbias, leveduras, ácaros entre

outros. Predominam algumas bactérias dos gêneros Micrococcaceae (Staphylococccus

coagulase negativas, alguns Peptococus, Micrococcus), alguns organismos corineformes

(Corynebacterium, Brevibacterium, Propionibacterium), alguns bacilos Gram negativos

(Acinetobacter), entre outros (FERNANDES et al, 2000; MURRAY, ROSENTHAL,

PFALLER; 2006; SANCHES-SALDAÑA & SÁENZ-ANDUAGA; 2006).

Bowler (1998) descreveu em uma revisão de literatura composta por 62 estudos

entre 1969-1997, os microrganismos mais comumente encontrados em feridas infectadas, bem

como sua variedade por tipo de feridas, chegando aos seguintes resultados: predominaram as

bactérias anaeróbias, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa, estando associadas a

feridas em tecidos moles, feridas nos seios (mamas), úlceras de pés, úlceras malignas, e

úlceras por pressão, bem como nas complicações de úlceras das pernas. Brook e Frazier

(1999) em um estudo realizado com 605 pacientes portadores de feridas malignas encontraram

608 amostras de microrganismos infectantes em feridas. Entre as bactérias aeróbias

facultativas houve predominância de Escherichia coli (133) Staphylococcus aureus (100),

seguidas por Klebsiella pneumoniae (48), Pseudomonas aeruginosa (45), Enterobacter sp.

(40), Proteu sp. (31), algumas espécies de estreptococus entre outros microorganismos

incluindo fungos. Santos, Silveira, Caffaro (2006), relacionaram como principais fatores de

risco nas amputações em pacientes diabéticos as infecções, e assim como nos estudos citados

anteriormente, predominaram em 118 amostras de 99 feridas: Gram positivos -

Staphylococcus aureus (42,4%), Enterococcus sp. (22,9%); Gram negativos – Proteus

mirabilis (22%), Pseudomonas aeruginosa (12,7%), Mora morganii (7,6%), Klebsiella

pneumoniae (7,6%), Escherichia coli (7,6%), Providencia rettgeri (6,8%), Proteus vulgaris

(4,2%), Enterobacter sp. (1,7%), entre outros. Murray (2006), pesquisando a predominância

de bactérias e a susceptibilidade antimicrobiana em fluidos corpóreos, da tropa americana

admitidos no hospital militar em Bagdad (2003/2004), como sangue, urina, escarro e exsudato

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de feridas, encontram uma predominância de bactérias Gram negativas (Klebsiella

pneumoniae, Acinetobacter baumanni e Pseudomonas aeruginosa) e Gram positivas

(Staphylococcus aureus e Streptococcus sp.), em relação à susceptibilidade antimicrobiana,

encontrou 69% de Staphylococcus aureus resistentes a oxacilina, entre os Gram (-) resistência

à vários antimicrobianos, predominando carbapenemas e amicacina.

Howell-Jones et al (2005), afirmaram que os Staphylococcus aureus (incluindo

Staphylococcus aureus meticilin resistente (MRSA)), e os Staphylococccus coagulase-

negativos predominavam em feridas crônicas, inclusive de pés e pernas, seguidos por

Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Enterobacter cloacae, Proteus sp., Klebsiella sp.

e Streptococcus sp.. Os autores sugerem que o suporte antibioticoterápico é um recurso

aceitável no tratamento das feridas crônicas infectadas, desde que acertados a escolha, a dose e

a duração. A melhor maneira de fazê-lo é por via sistêmica.

Mesaros et al, (2007) refereriram-se às Pseudomonas como sendo as principais

responsáveis pelas infecções nosocomiais (hospitalares), e ainda, por possuírem alta

capacidade de resistência a vários antibióticos. Isto se deve também, ao seu alto nível de

transformações genéticas (DNA e RNA – transcriptase e pós-transcriptase) o que lhe confere

multirresistência. Hamood, Griswold, Duhan (1996); Rumbaugh, Griswold, Hamood (1999);

descrevem as Pseudomonas como sendo bactérias oportunistas responsáveis pela maior parte

das infecções hospitalares. Estando seu elevado poder de resistência antimicrobiana

relacionada á fatores de replicação intracelulares, incluindo níveis de regulação (toxinas e

exoenzimas) e rearranjamentos genético, sendo estes ainda, responsáveis pela adaptação da

bactéria quanto aos sistemas de regulação, função e produção de diferentes fatores de

virulência, de acordo com sua necessidade em diferentes estágios no processo de infecção.

Bowler (1998) e Kinsley (2001) referiram haver certa relação de simbiose entre os

microrganismos Gram (+) e Gram (-), no que diz respeito ao fenecimento de oxigênio e

nutrientes para a manutenção de suas funções vitais.

Ferreira & Santos (2003) descreveram, resumidamente, a ação deletéria de

toxinas e enzimas, de algumas bactérias, sobre os tecidos das feridas infectadas, retardando

sua cicatrização. Murray, Rosenthal, Pfaller (2006), relacionaram os fatores de virulência

(componentes estruturais, toxinas e enzimas) das bactérias aos efeitos biológicos provocados

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pelas mesmas, permitindo fazer um paralelo entre o descrito e tecidos da ferida crônica

infectada.

Staphylococcus aureus: sua cápsula protege-o contra quimiotaxia e fagocitose

além de facilitar a aderência a corpos estranhos, a proteína A (inibe a eliminação mediada

por anticorpos, inibe a quimiotaxia de leucócitos), liberam coagulase (convertem

fibrinogênio em fibrina), hialunoridase (promove a disseminação de estafilococcus nos

tecidos, decompõe o material básico do tecido conectivo, estendendo a infecção), liberam

Toxina 1 (superantígenos responsáveis por estimular a produção de células T e a liberação

de citocinas, o que provoca a destruição celular do endotélio), liberam citotoxinas –

(tóxicas para as leucócitos, eritrócitos, fibroblastos, macrófagos e plaquetas,

retardando a cicatrização), entre outros. Baroni et al (1997) sugerem que os componentes

estruturais desta bactéria e seus produtos induzem a liberação de citocinas pro-

inflamatórias, queratinócitos e fagocitose mononuclear. Alguns fatores de crescimento

liberadas por esta bactéria induzem a formação de IL 1- e HGL e fibroblastos, havendo

aumento de monócitos e macrófagos. Estes e outros fatores retardam a cicatrização.

Pseudomonas aeruginosa: é constituído por piocianina que impede a função

celular, aumenta o estímulo a resposta inflamatória e media o dano tissular através da

produção de radicais tóxicos e oxigênio, liberam exotoxina A e exotoxina S, que inibem a

síntese protéica e produzem danos tissulares, imunossupressor. Liberam elastase que é

decompositora dos tecidos, contém elastina, colágeno, imunoglobulinas e fatores do

complemento. Liberam protease alcalina capaz de provocar destruição dos tecidos,

inativação do INF e INF- retardando a cicatrização, entre outros, além da forte

resistência antimicrobiana.

Para Kingsley (2003) os bastonetes Gram-negativos (Pseudomonas aeruginosa,

Escherichi. coli, Klebsiella sp., Proteus sp., Acinetobacter sp., e Enterobacter sp.) tendem a

aparecer na ferida aberta em aproximadamente 4 semanas depois. Este grupo geralmente não

penetra na ferida, mas adiciona à lesão um grande número de organismos. Os bastonetes

Gram-negativos possuem mecanismos anti-fagocitose e de aderência, endotoxinas, e alguns

exotoxinas, tornando-os difíceis de serem removidos e eliminados, permitindo, ainda, que suas

toxinas prolonguem a resposta inflamatória em um processo crônico. As exotoxinas de

Pseudomonas (piocianina) produzem mancha azul/verde e são capazes de estender os

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prejuízos a lesão. Em uma determinada quantidade, estes organismos podem comunicar-se

quimicamente aumentando seus os fatores de virulência e a produção do biofilme, causando

incômodo, prolongando a infecção, a celulite, os sinais não clássicos de infecção, sendo

vantajoso o uso de terapia antimicrobiana.

Nas tabelas subseqüentes, 6 e 7, é possível visualizar a disposição e evolução

destas bactérias, semanalmente. Estas tabelas permitiram traçar parâmetros comparativos entre

as feridas onde foram isolados as bactérias e os produtos utilizados para o seu tratamento.

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TABELA 6 – Distribuição da presença das bactérias Gram (-) nas feridas tratadas com o produto a base de AGE e biomembrana, de acordo com a semana e coleta. HDS, Goiânia, 2007.

N P Senha

Gram (-)

E. coli ___________________________________

E. aerogenes ______________________________________

P. vulgaris __________________________________

P. aeruginosa _______________________________________

_

1ºD 7º D 14ºD 21ºD 28ºD 1ºD 7º D 14ºD 21ºD 28ºD 1ºD 7º D 14ºD 21ºD 28ºD 1ºD 7º D 14ºD 21ºD 28ºD

4.1 - - - - - + - + - - - - - - - - 0 - + + 4.2 - - - - - - - - - - - - - - - + + + + + 4.3 - - - - - + - + - - - + - + - - - - - + 4.4 - - - - - - - - - - - + - - - + - 0 + +

A 5.1 - - - - - - - - - - - - - - - + + + + + 11 G 6.1 - - - - - - - - - - - - - - - + + + + + E 6.3 - - - - - - - - - - - - - - - + + + + +

8.1 - - - - - - - - - - - - - - - + + + + + 9.1 - - - - - - - - - - - - - + + + + + - - 9.2 - - - - - - - - - - - - - + + + + + - - 10.1 + + + + + - - - - - - - - - - - - - - -

Subtotal: 1 1

1 1 1 2 - 2 - - - 2 - 3 2 8 7 7 7 8

1.1 - - - - - + - - - + - - + - - - + - + - 1.2 - - - - - - - - - - - - - + + + + + - -

B 3.1 - - - - - - - - - - - - - - + + + + + - 08 I 3.2 - - - - - - - - - - - - - - - + + + + 0 O 6.2 - - - - - - - - - - - - - - - + + + + 0 M 8.2 - - - - - - - - - - - - - - - + + + + +

9.3 - - - - - - - - - - - - - + + + + + - - 9.4 - - - - - - - - - - - - - + + + + + - -

Subtotal: - - - - - 1 - - - 1 - - 1 3 4 7 8 7 5 -

Total: 19

1

1

1

1

1

3

-

2

-

1

-

2

1

6

6

15

15

14

12

9

(+) = presença do microrganismo ( -) = ausência do microrganismo ( 0) = não houve crescimento de microrganismos

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Nas feridas tratadas com o produto a base de AGE não houve ação sobre

Escherichia coli, foram eliminadas as infecções por Enterobacter aerogenes, a ação sobre

Proteus vulgaris foi inconclusiva, uma vez que este microrganismo foi eliminado em algumas

feridas, enquanto que surgiram outras. No 23º dia, das 10 feridas infectadas por Pseudomonas

aeruginosa houve eliminação do microrganismo em apenas 02. Esse resultado é semelhante

aos relatos de Rodrigues et al (2004), que encontraram ação antimicrobiana parcial dos AGE

sobre Pseudomonas aeruginosa.

Nas feridas tratadas com a biomembrana não foi encontrada Escherichia coli. A

infecção por Enterobacter aerogenes identifica que a ferida permaneceu negativa do 7º até o

21º dia reaparecendo no 28º dia. A ação sobre o Proteus vulgaris mostrou-se inconclusiva.

Nos 28 dias, das 08 feridas infectadas por Pseudomonas aeruginosa houve negatividade em

07.

Esse resultado levanta a hipótese que o produto a base de AGE tenha efeito

antimicrobiano (bactericida/bacteriostático) sobre o Enterobacter aerogenes e a biomembrana

sobre o Pseudomonas aeruginosa. Não foram encontradas na literatura informações que

pudessem subsidiar análises para este achado.

Outro aspecto que nos chama a atenção está relacionado à possibilidade da

microbiota transitória da pele poder interferir na evolução da microbiota das feridas, uma vez

que no paciente 8 – P8 (feridas 9.1, 9.2, 9.3, 9.4), mesmo tratado com produtos diferentes e as

feridas estarem localizadas em membros diferentes observou-se o mesmo padrão de evolução

das bactérias nas lesões.

A Tabela 7 permite fazer uma análise comparativa em relação aos

microorganismos Gram (+) isolados nas feridas em estudo e sua evolução de acordo com o

tratamento adotado.

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TABELA 7 – Distribuição da presença das bactérias Gram (+) nas feridas tratadas com produto a base de AGE e biomembrana, de acordo com a semana e coleta. HDS, Goiânia, 2007. n Pr. Senha

FeridaGram (+)

Staphylococccus aureus ___________________________________________________________________

1ºD 7º D 14ºD 21ºD 28ºD

4.1 + + + + + 4.2 + + + + + 4.3 + + + + + 4.4 + + + + +

A 5.1 + 0 + + 0 11 G 6.1 + + + + + E 6.3 + + + + +

8.1 + + + + + 9.1 + + + + + 9.2 + + + + +

10.1 + 0 0 + + Subtotal: 11 9 10 11 10

1.1 + + + + + 1.2 + + + + +

B 3.1 + + + + + 08 I 3.2 + + + + + O 6.2 + + + + + M 8.2 + + + + +

9.3 + + + + + 9.4 + + + + +

Subtotal: 8 8 8 8 8 Total: 19

19 17 18 19

18

Esta tabela permitiu observar que houve crescimento de Staphylococcus aureus em

todas as feridas incluídas no estudo.

Em ambos os grupos a presença de infecção com resultado positivo para o

crescimento destas bactérias persistiu, sendo eliminado apenas em 01 ferida do grupo AGE.

Esse achado é contrário aos resultados descritos por Declair (1996, 2002) e Rodrigues et al

(2004).

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132

Declair (1996) descreveu várias propriedades do AGE, inclusive sua ação

protetora, potencial, da pele contra infecções por Staphylococcus aureus. Rodrigues et al

(2004), estudando o óleo de girassol ozonizado com 0,5% de ácido lipóico, encontrou

propriedades cicatrizantes, antiinflamatórias e antimicrobianas contra Staphylococcus aureus.

Os resultados foram contraditórios aos resultados de Declair (2002) quanto ás

bactérias Gram (+), visto que foi observado que das 50 feridas tratatadas com AGE, 28

apresentaram culturas positivas para Staphylococcus aureus e 14 para Staphylococcus

epidermidis, negativando após o 7º dia de tratamento; 2 úlceras positivas para Staphylococus

epidermidis negativaram após 14 dias; 01 ulcera positiva para Escherichia coli e 02 positivas

para Pseudomonas aeruginosa negativaram com 14 dias de tratamento; 03 positivas para

Pseudomonas aeruginosa negativaram no 28º dia.

Na análise “in-vitro” realizada pelo laboratório do IPSTP, com a finalidade de

verificar e possibilitar a confirmação da atividade antimicrobiana dos dois produtos (AGE e

biomembrana) não foi encontrado atividade positiva destes, sobre o grupo de bactérias

isoladas das feridas em tratamento (Pseudomonas aeruginosa, Proteus vulgaris; Enterobacter

aerogenes; Escherichia coli e Staphylococcus aureus).

O conjunto de resultados das avaliações “in-vivo” e “in-vitro” sugerem que a

possível ação dos produtos encontrados “in-vivo” pode ter ocorrido mediante a modificação da

microbiota das feridas, sendo necessários estudos futuros.

Na Tabela 8 é possível observar a susceptibilidade antimicrobiana dos agentes

contaminantes isolados nas feridas.

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133

TABELA 8- Susceptibilidade antimicrobiana dos microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos isolados em feridas – HDS, Goiânia, 2007.

R= Resistente.

S= Susceptível.

Staphylococccus aureus

n= 91 Escherichia coli

n= 05 Enterobacter aerogenes

n=10Proteus vulgaris

n=15Pseudomonas aeruginosa

n= 65 Antimicrobianos R S R S R S R S R S

F % F % F % F % F % n % F % F % F % F %

Drogas com ação potencial contra bactérias do grupo Gram (+) Oxacilina OXA 40 43,9 51 56,0 - - - - - - - - - - - - - - - - Eritromicina ERI 80 87,9 11 12,0 - - - - - - - - - - - - - - - - Gentamicina GEN 18 19,8 73 80,2 - - - - - - - - - - - - - - - - Clindamicina CLIN 19 20,9 72 79,1 - - - - - - - - - - - - - - - - Vancomicina VAN - - 91 100 - - - - - - - - - - - - - - - - Sulfametoxazol/ Trimetoprin

SUT 11 12,0 62 68,1 - - - - - - - - - - - - - - - -

Ciprofloxacina CIP 40 43,9 51 56,0 - - - - - - - - - - - - - - - - Rifampicina RD 03 3,29 88 96,7 - - - - - - - - - - - - - - - -

Drogas com ação potencial contra bactérias do grupo Gram (-) Amicacina AMIC - - - - 01 20 04 80 02 20 04 40 9 60 6 40 24 36,9 41 63,1 Ceftazidima CAZ - - - - - - 05 100 06 60 - - 4 26,6 11 73,3 29 44,6 36 55,4 Piperacilina/ Tazobactam

TZP - - - - - - 05 100 - - 06 60 - - 15 100 02 3,07 63 96,9

Sulfametoxazol/ Trimetoprin

SXT - - - - 03 60 02 40 02 20 01 10 12 80 01 6.66 53 81,5 - -

Ciprofloxacina CIP - - - - - - 05 100 01 10 05 50 5 33,3 10 66.6 23 35,4 42 64,6 Imipenem IM - - - - - - 05 100 - - 06 60 - - 15 100 - - 65 100Polimixina B POL B - - - - - - 05 100 - - 06 60 - - 15 100 - - 65 100Aztreonam ATM - - - - - - 05 100 01 10 05 50 01 6.66 14 93,3 03 4,61 62 95,4

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134

Staphylococcus aureus apresentaram resistência à eritromicina (87,9%), à

oxacililina (43,9%) e ciprofloxacina (43,9%). A maior susceptibilidade ocorreu para

vancomicina (100%), gentamicina (80,2%) e clindamicina (79,1%), além do

sulfametoxazol/trimetropin (68,1%).

As colônias de Escherichia coli mostraram considerável resistência ao

sulfametoxazol/trimetropin (60%) e susceptibilidade para todos os demais antibióticos.

As colônias de Enterobacter aerogenes mostraram resistência a ceftazidima (60%),

sendo susceptíveis as demais drogas testadas.

As colônias de Proteus vulgaris apresentaram resistência a

sulfametoxazol/trimetropin (80%), a amicacina (60%) e a ciprofloxacina (33,3%), sendo

susceptível aos demais antibióticos.

As colônias de Pseudomonas aeruginosa foram resistentes a

sulfametoxazol/trimetropin (81,5%), a ceftazidima (44,6%), apresentando susceptibilidade a

todas as demais drogas testadas.

Depois de completadas 28 semanas de tratamento, ocorreram progressivamente

exclusões, sendo duas devido ao uso de produtos fora de protocolo pelo paciente, três por

abandono do tratamento. Acredita-se que a participação na pesquisa gerou nos sujeitos a

expectativa de uma evolução rápida e significativa, como isto não aconteceu, alguns pacientes

iniciaram condutas próprias e outros voltaram ao atendimento anterior na instituição, em que

os curativos eram realizados num tempo menor do que o gasto no protocolo da pesquisa.

Assim, para análise da evolução da área e macroscopia das feridas, estimativa de

custo de tratamento, fatores de satisfação e insatisfação no tratamento, dor relatada pelo

paciente, foram considerados os resultados referentes àqueles pacientes que permaneceram no

estudo por 42 dias, o que corresponde a três pessoas, com nove feridas, sendo quatro tratadas

com biomembrana e cinco com AGE.

Para avaliação da evolução da área das feridas, foram calculados os percentuais de

aumento ou diminuição entre as medidas (TABELA 9), de uma avaliação para outra e

comparando–se a avaliação inicial e final.

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135

TABELA 9 – Evolução semanal da área (cm2) e profundidade das nove feridas, acompanhadas durante 42 dias, de acordo com o produto utilizado para o tratamento. HDS, Goiânia, 2007.

01-42dias ___________________________________________________________________________________________________

1ºD 7º D 14ºD 21ºD 28ºD 35ºD 42ºD Diferença Área % Área % Área % Área % Área % Área % Área % Área % Medida da área (cm²)

Ferid

as tr

atad

as

com

A

GE

6.1 7,72 - 7,10 - 8,03 7,12 + 0,28 7,41 + 4,07 7,39 - 2,69 7,92 + 7,17 7,72 - 3,25 - - 6.3 31,29 - 31,89 + 1,91 31,90 + 0,03 31,74 - 050 31,28 + 6,93 33,45 + 6,93 30,88 - 7,68 +0,41 -1,31 8.1 60,37 - 57,34 - 5,01 57,22 - 0,20 57,63 + 0,71 52,60 - 1,02 52,06 - 1,02 51,13 - 1,78 +9,24 +15,30 9.1 12,00 - 12,95 + 7,91 12,57 - 2,93 13,56 + 7,87 14,68 - 5,38 13,89 - 5,38 14,13 + 1,72 -2,13 -17,75 9.2 20,31 - 20,59 - 1,37 20,68 + 0,43 22,87 +10,58 25,78 + 0,62 25,94 + 0,62 26,30 + 1,38 -5,99 -29,49

26,34 - 25,98 - 25,90 - 26,64 - 26,35 - 26,65 - 26,03 - 3,55 - dp 21,04 - 19,84 - 19,84 - 19,63 - 17,39 - 17,37 - 16,82 - 3,96 -

Ferid

as tr

atad

as

com

B

IOM

EMB

RA

NA

6.2 13,26 - 11,80 - 11,01 14,58 +23,55 13,18 -0,53 13,11 - 0,53 11,39 -13,11 11,18 - 1,84 +2,08 +15,68 8.2 176,17 - 175,29 - 0,49 146,71 -16,30 149,16 -15,11 126,61 - 1,51 144,30 +13,97 132,55 - 8,14 +46,62 +26,46 9.3 38,74 - 44,55 +14,99 39,72 - 10,84 36,26 - 8,71 31,41 - 13,37 38,24 +21,74 35,78 - 6,43 +2,96 +7,64 9.4 35,90 - 37,12 - 3,39 36,93 - 0,51 39,33 + 6,49 35,59 - 9,50 39,51 +11,01 36,16 - 8,47 -0,26 -0,72

66,02 - 67,19 - 59,49 - 59,48 - 51,68 - 58,36 - 53,92 - 12,85 - dp 74,31 - 73,41 - 59,21 - 60,91 - 50,90 - 58,74 - 53,70 - 22,55 -

Medida da profundidade (mm)

Ferid

as tr

atad

as

com

A

GE

Prof. % Prof. % Prof. % Prof. % Prof. % Prof. % Prof. % Prof. % 6.1 0,5 - 0,4 - 20 0,4 - 0,4 - 0,4 - 0,4 - 0,3 - 25 0,2 40 6.3 0,4 - 0,5 + 25 0,4 - 20 0,5 + 25 0,3 - 40 0,3 - 0,3 - 0,1 25 8.1 0,5 - 0,7 + 40 0,6 - 14,28 0,5 -16,66 0,5 - 0,5 - 0,4 -20 0,1 20 9.1 0,6 - 0,6 - 0,5 - 16,66 0,5 - 0,4 - 20 0,4 - 0,4 - 0,2 33,3 9.2 1,0 - 1,0 - 1,0 - 1,0 - 0,9 - 10 0,9 - 0,9 - 0,1 10

0,6 - 0,7 0,6 0,6 0,5 0,5 0,5 0,14 - dp 0,26 - 0,21 0,26 0,25 0,26 0,26 0,27 0,05 -

Ferid

as tr

atad

as

com

B

IOM

EMB

RA

NA

6.2 0,4 - 0,4 - 0,4 - 0,4 - 0,2 - 50 0,2 - 0,2 - 0,2 50 8.2 0,5 - 0,5 - 0,5 - 0,4 - 20 0,4 - 0,4 - 0,4 - 0,1 20 9.3 1,0 - 0,7 - 30 0,7 - 0,5 - 28,57 0,7 + 40 0,7 - 0,7 - 0,3 30 9.4 0,7 - 0,6 -14,28 0,7 +16,66 0,5 -28,75 0,7 + 40 0,7 - 0,7 - - -

0,7 - 0,6 0,6 0,5 0,5 0,5 0,5 0,15 - dp 0,26 - 0,13 0,15 0,058 0,24 0,24 0,24 0,13 -

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136

Embora em ambos os grupos o período de avaliação tenha sido insuficiente para

levar à total reepitelização das lesões, nas feridas do grupo experimental (Biomembrana)

observou-se redução média maior da área ( =12,85 cm2 ± 22,55) quando comparado ao grupo

controle - produto a base de AGE ( =3,55 cm2 ± 3,96). Porém, ao analisar a evolução média

de cada ferida observou-se que se trata de feridas de tamanhos diferenciados, o que leva a

concluir que a velocidade de redução da área se mostrou semelhante nos dois grupos (FIGURA

8).

Em relação à evolução da profundidade, os dois produtos se mostraram

semelhantes quanto ao preenchimento da lesão.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Tempo (dias)

Áre

a (c

m²)

BIOM.AGE

BIOM. 66,02 67,19 59,49 59,48 51,68 58,36 53,92

AGE 26,34 25,98 25,9 26,64 26,35 26,65 26,03

1º Dia 7º Dia 14º Dia 21º Dia 28º Dia 35º Dia 42º Dia

FIGURA 8 - Média da evolução semanal da área das nove feridas,

acompanhadas durante 42 dias, em cm2, de acordo com o produto utilizado. HDS, Goiânia, 2007.

A Figura 8 permitiu visualizar que houve semelhança entre os resultados do uso

dos dois produtos, no que se refere à evolução da área e velocidade de cicatrização neste tipo

de feridas. Observou-se que no grupo da biomembrana houve maior oscilação da curva,

havendo momentos de declínio da mesma, alternados com momentos de elevação, nos quais

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houve maceração das bordas. Sugerem-se ajustes no produto, tais como a confecção de poros

de diâmetro suficiente para permitir a drenagem vertical da exsudação para as camadas mais

superficiais do curativo, sem comprometer as bordas.

No grupo do AGE, embora tenha sido observada melhora quanto às características

no leito e nas bordas na maioria das feridas, isto foi insuficiente para levar a redução da área.

A Tabela 10 permite comparar a satisfação dos pacientes em relação aos fatores

que agradaram ou desagradaram durante os 42 dias de tratamento das feridas, com os dois

produtos.

TABELA 10 – Distribuição da satisfação (fatores que agradam e desagradam), dos participantes, em relação a cada ferida (n=9) no período de 1 a 42 dias, de acordo com o produto utilizado para o tratamento. HDS, Goiânia, 2007.

Em relação à satisfação relatada pelos sujeitos quanto à utilização dos produtos,

observou-se que em ambos os grupos os fatores que agradam superaram os que desagradam.

No grupo tratado com AGE o percentual de agrado foi de 94,36% enquanto o de desagrado foi

de 5,63%. No grupo tratado com biomembrana estes valores foram de 87,39% e 12,60%

Senha- ferida

Fatores que agradam ________________________

Fatores que desagradam ______________________

TOTAL 01-42dias

01-42dias

Ferid

as tr

atad

as

com

A

GE

F % F % 6.1 290 98,63 04 1,36 294 6.3 275 97,86 06 2,13 281 8.1 187 98,42 03 1,57 190 9.1 219 89,02 27 10,97 246 9.2 202 87,06 30 12,93 232

TOTAL 1.173 94,36 70 5,63 1.243

234,60 94,20 14,00 5,79 - dp 45,48 5,67 13,32 5,67 -

Ferid

as tr

atad

as c

om

BIO

MEM

BR

AN

A

6.2 281 99,64 01 0,35 282 8.2 179 95,21 09 4,78 188 9.3 179 76,82 54 23,17 233 9.4 165 76,03 52 23,96 217

TOTAL 804 87,39 116 12,60 920

201,00 86,93 29,00 9,43 - dp 53,74 12,26 27,92 12,10 -

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138

respectivamente. Assim, percebe-se que existem mais fatores que levaram à satisfação no

grupo tratado com o produto a base de AGE, em comparação a biomembrana. Existem mais

fatores que desagradam os usuários no grupo tratado com a Biomembrana.

0

50

100

150

200

250

AGEBIOM.

AGE 234,6 14BIOM. 201 29

Agrado Desagrado

FIGURA 9 – Média de referência de fatores de agrado e desagrado, relatados pelos sujeitos, em relação a cada ferida (n=9), no período de 1 a 42 dias, de acordo com o produto utilizado para o tratamento das feridas. HDS, Goiânia, 2007.

A Figura 9 permitiu observar, que em 42 dias de tratamento das feridas, em ambos

os grupos (AGE e Biomembrana), surgiram mais fatores que levaram a satisfação.

Comparando-se os dois produtos, os pacientes tratados com AGE relataram mais fatores de

agrado.

Nas Tabelas 11 e 12 foi realizada uma análise mais detalhada a respeito destes

fatores.

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TABELA 11 - Distribuição comparativa quanto à satisfação diária, em relação aos fatores que desagradam os participantes, no período de 1 a 42 dias, de acordo com o produto utilizado para o tratamento. HDS, Goiânia, 2007. Fatores que desagradam Percepção do paciente em relação à satisfação do tratamento

no período de 01 a 42 dias

AGE BIOMEMBRANA 6.1 6.3 8.1 9.1 9.2 dp 6.2 8.2 9.3 9.4 dp

Incômodo e/ou desconforto - 03 - - 01 2,0 1,41 - - 01 01 1,0 -

Odor - - - 06 02 4,0 2,83 - 05 19 22 15,3 9,07

Aumento do exsudato - - - 03 03 3,0 - 01 02 06 05 3,5 2,38

Prurido - 01 - 06 08 5,0 3,61 - - 07 07 7,0 -

Alergia/hemorragia - - - - 01* 1,0 - - - 01* 01* 1,0 -

Dor e/ou piora da dor 01 02 03 07 08 4,2 3,11 - 01 08 03 4,0 3,61

Edema 03 - - 02 03 2,7 0,58 - 01 02 02 1,7 0,58

Vermelhidão local - - - 01 01 1,0 - - - 01 01 1,0 -

Ardor - - - 01 01 1,0 - - - 01 01 1,0 -

Outro - - - 01 02 1,5 0,71 - - 08 09 8,5 0,71

TOTAL 04 06 03 27 30 25,37 - 01 09 54 52 44,0 -

* O paciente apresentou dermatite irritativa por contato na perna, antes de iniciar o tratamento.

A Tabela 11, relativa aos fatores que mais desagradaram, mostra que ocorreu, de

modo semelhante, entre os grupos o desagrado em relação ao incômodo/desconforto, aumento

do exsudato, hemorragia, dor, edema, vermelhidão local e ardor. No grupo de feridas tratadas

com a Biomembrana ocorreram mais desagrados em relação ao odor e ao prurido, em

comparação as feridas tratadas com o produto a base de AGE.

No grupo tratado com AGE, a presença de prurido foi o principal causador de

incômodos ao pacientes ( =5,0 ± 3,61), seguido de dor ( =4,2 ±3,11), odor ( =4,0 ± 2,83),

aumento do exsudato ( =3,0), edema ( =2,7 ± 0,58), incômodo ou desconforto ( =2,0 ± 1,41),

outros fatores ( =1,5 ± 0,71), vermelhidão local, ardor e alergia ( =1,0). No que se refere a

outros fatores foram encontrados relatos de sensação de queimação na ferida.

No grupo tratado com biomembrana, o fator de desagrado mais relatado esteve

relacionado ao odor da ferida ( =15,3 ± 9,07), seguido por outros fatores ( =8,5 ± 0,71),

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140

destes, o que mais chamou a atenção foi a cor no leito da ferida (verde-acinzentada) depois de

iniciado o tratamento. Ainda foram relatados fatores como: prurido ( =7,0), dor e/ou piora da

dor ( =4,0 ± 3,61), aumento do exsudato ( =3,5 ± 2,38), edema ( =1,7 ± 0,58), incômodo ou

desconforto, alergias, vermelhidão local e ardor ( =1,0).

Percebeu-se que o odor provocado pela biomembrana e a cor do leito da ferida

foram considerados características marcantes de desagrado. À procura de informações sobre

estes fatores, foi contatado o Dr. Joaquim Coutinho-Netto, professor do Departamento de

Bioquímica e Imunologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) que também

estuda a biomembrana. Em correspondência eletrônica, o mesmo ponderou sobre algumas

possibilidades5:

nas úlceras flebostáticas há lentificação do fluxo sanguíneo, necessitando ser corrigido

concomitantemente ao tratamento das feridas. Nas úlceras venosas a quantidade de sangue que

existe no local é maior. Se a estase não for solucionada, durante estimulação para a

neoangiogênese e, portanto, para a granulação, o tecido permanece em hipóxia, o que gera a

formação de metahemoglobina (hemoglobina na forma férrica e não transportando oxigênio,

intensificando sua cor azul intenso), o que poderia explicar a coloração azulada. As hemácias,

ao saírem da área de hipóxia, terão sua hemoglobina restaurada na presença de glicose, para a

produção de Adenosina Trifosfato (ATP), nicotinamida adenina dinucleotídeo ligado ao

hidrogênio (NADH) e/ou nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato ligado ao hidrogênio

(NADPH), necessários pra reduzir o Ferro +3 em Ferro +2, ou seja, a metahemoglobina

(azulada) é reduzida a hemoglobina (avermelhada), restaurando a função carreadora de

oxigênio (hemoglobina oxigenada, mais avermelhada);

muitas espécies de bactérias Gram (-) e Gram (+) colonizadoras, contaminantes e ou

infectantes, nas feridas crônicas, sobrevivem utilizando as proteínas do tecido necrosado

podendo converter o enxofre dos aminoácidos metionina, cistina e cisteína em ácido

sulfídrico (gás de odor fétido, nauseante). Podem ainda, converter o enxofre da biomembrana

(na forma de enxofre S8) em H2S (ácido sulfídrico). Este ácido reage com a hemoglobina

formando sulfohemoglobina de cor verde-azulada. O odor é provocado pelo H2S. Esta forma

de hemoglobina não é tóxica, sendo reabsorvida e metabolizada pelo organismo, excretada

pelo fígado na forma de bilirrubina conjugada.

5 A publicação deste texto foi autorizada pelo autor.

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Em relação aos fatores que geraram agrado entre os participantes, conforme pode

ser visto na Tabela 12, foi semelhante entre os grupos a satisfação quanto à redução do edema,

conforto, melhora da dor, melhora para movimentar o membro e/ou aspecto do membro,

diminuição da vermelhidão em volta da ferida.

No grupo tratado com AGE, houve em média, mais satisfação quanto à redução do

edema, redução do exsudato, melhora do odor, redução do exsudato, e melhora da aparência

no leito da ferida, seguido por outros fatores, quando comparado ao grupo tratado com a

biomembrana. Neste grupo, por outro lado, houve em média, maior satisfação dos

participantes em relação á melhora quanto à movimentação do membro e/ou melhora do

aspecto do membro.

Obervou-se que em ambos os grupos os fatores que agradam estavam relacionados

ao conforto proporcionado pelos curativos. Desta forma a realização dos curativos, com

limpeza da ferida e da área adjacente pode ser considerado um fator de agrado.

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142

TABELA 12 - Distribuição comparativa quanto à satisfação diária, em relação aos fatores que agradam, no período de 1 a 42 dias, de acordo com o produto utilizado para o tratamento. HDS, Goiânia, 2007.

Fatores que agradam Percepção do paciente em relação à satisfação do tratamentono período de 01 a 42 dias

AGE BIOMEMBRANA

6.1 6.3 8.1 9.1 9.2 dp 6.2 8.2 9.3 9.4 dp

Melhora do odor 36 30 28 20 20 26,8 6,87 33 19 09 11 18,0 10,89

Conforto 34 34 27 24 27 29,2 4,55 35 27 21 19 25,5 7,19

Redução do exsudato 29 31 24 25 23 26,4 3,43 28 23 15 13 19,8 6,99

Melhora da aparência no leito 30 37 - 31 32 26,0 14,78 30 - 27 26 20,8 13,94

Melhora da aparência nas bordas (fora da ferida) 38 37 - 22 15 22,4 15,91 35 - 17 16 17,0 14,31

Melhora para movimentar o membro e/ou aspecto do membro 37 15 35 19 08 22,8 12,70 28 35 18 18 24,8 8,30

Redução do edema 31 34 37 30 26 31,6 4,16 34 37 26 25 30,5 5,92

Diminuição da vermelhidão em volta da ferida 21 25 - 20 20 17,2 9,83 29 - 25 15 17,3 12,92

Melhora da dor 19 24 23 16 22 20,8 3,27 20 22 14 12 17,0 4,76

Outro 15 08 13 12 09 11,4 2,88 09 16 07 10 10,5 3,84

TOTAL 290 275 187 219 202 234,6 - 281 179 179 165 201 -

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143

No grupo tratado com AGE a redução do edema após o inicio do tratamento foi o

fator mais citado ( =31,6 ± 4,16), seguido por conforto ( =29,2 ± 4,55, melhora do odor

( =26,8 ± 6,87), redução do exsudato ( =26,4 ± 3,43), melhora da aparência no leito ( =26,0

± 14,78), melhora para movimentar o membro e/ou aspecto do membro ( =22,8 ± 12,7).

No grupo tratado com biomembrana os resultados se assemelham em alguns

momentos, a redução do edema após o inicio do tratamento também foi o fator mais citado

( =30,5 ± 5,91), seguido por conforto ( =25,5 ± 7,18), melhora para movimentar o membro

e/ou aspecto do membro ( =24,8 ± 8,3), melhora da aparência do leito ( =20,80 ± 13,94).

Para análise destes resultados deve-se, ainda, levar em consideração que, embora

o inquérito tenha sido feito pelos auxiliares de pesquisa a presença da pesquisadora durante a

aplicação do instrumento, que mesmo em silêncio, pode ter contribuído ou influenciado nas

respostas, contudo, como isso ocorreu em todos os casos, o fato de haver, em média, mais

fatores que agradam para as feridas tratadas com o produto a base de AGE, e mais fatores de

desagrado para a biomembrana, pode ser considerado válido.

As Tabelas 13 a 16 caracterizam a dor, antes do manuseio da lesão, fora do

manuseio da lesão, durante o manuseio da lesão e depois do manuseio da lesão.

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144

TABELA 13 - Distribuição comparativa quanto à percepção da dor diária, relatada pelos pacientes, ao longo de 42 dias de tratamento, antes, durante a após a realização dos curativos com AGE e biomembrana. HDS, Goiânia, 2007.

Na Tabela 13 foi possível avaliar a dor relatada pelos pacientes em 03 momentos

do tratamento: a) fora do manuseio da lesão, que corresponde à dor percebida na ferida depois

da realização do curativo, depois que o paciente se retirava da sala de curativos, desde o

retorno à casa do paciente, em momentos de lazer, durante a noite, antes de retornar à sala de

curativos no dia seguinte, b) dor imediatamente antes do manuseio da lesão, que corresponde à

dor sentida assim que o paciente se acomodava na sala de curativos para receber o tratamento,

c) dor imediatamente depois do manuseio da ferida, que corresponde à dor sentida

imediatamente depois de terminado o procedimento.

Em ambos os grupos observaram-se maior número de vezes de relato de dor fora

do manuseio da lesão, seguida por dor relatada imediatamente antes do manuseio da lesão e

dor relatada imediatamente depois do manuseio da lesão.

Produto Senha- ferida

Dor fora do manuseioda ferida

________________

Dor imediatamenteantes do manuseio

da ferida ___________________

Dor imediatamente depois do manuseio da

ferida___________________

TOTAL

01-42dias

01-42dias

01-42dias

Ferid

as tr

atad

as

com

A

GE

F % F % F % F 6.1 03 7,14 04 9,52 - - 07 6.3 01 2,38 03 7,14 - - 04 8.1 16 38,09 07 16,66 08 19,04 31 9.1 10 23,80 08 19,04 01 2,38 19 9.2 28 66,66 19 45,23 02 4,76 49

TOTAL 58 138 41 98 11 26 110 11,60 27,61 8,20 19,52 2,20 8,73 -

dp 10,92 26,00 6,38 15,19 3,35 9,01 -

Feri

das t

rata

das c

om

BIO

MEM

BRAN

A

6.2 01 2,38 01 2,38 01 2,38 03 8.2 11 26,19 04 9,52 04 9,52 19 9.3 17 40,47 05 11,90 01 2,38 23 9.4 15 35,71 09 21,42 01 2,38 25

TOTAL 44 105 19 45 07 17 70 11,00 26,19 4,75 11,31 1,75 4,17 -

dp 7,12 16,95 3,30 7,86 1,50 3,57 -

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145

0

2

4

6

8

10

12

AGEBIOM.

AGE 11,6 8,2 2,2BIOM. 11 4,75 1,75

Fora do manuseio

Antes do manuseio

Depois do manuseio

FIGURA 10 – Média de freqüência de dor referida nos 42 dias de tratamento, com AGE e biomembrana, em três momentos avaliativos. HDS, Goiânia, 2007.

A Figura 10 permitiu observar, conforme os relatos dos pacientes e durante o

período de tratamento das lesões, que a dor foi mais percebida fora do manuseio da ferida.

Comparando-se os dois produtos é possível verificar que foi mais perceptível nos sujeitos

tratados com o AGE, nos três momentos investigados, em especial, antes do manuseio da

lesão.

Conforme as médias observou-se que no grupo tratado com AGE: dor referida

fora do manuseio da lesão ( =11,60 ± 10,92), dor referida imediatamente antes do manuseio

da lesão ( =8,20 ± 6,38), dor referida depois do manuseio da lesão ( =2,20 ± 3,35). No grupo

tratado com biomembrana: dor referida fora do manuseio da lesão ( =11,0 ± 7,12), dor

referida imediatamente antes do manuseio da lesão ( =4,75 ± 3,30), dor referida depois do

manuseio da lesão ( =1,75 ± 1,50).

Dessa forma, em ambos os grupos houve, em média, mais episódios de percepção

dolorosa fora do período do manuseio da ferida, de modo semelhante.

No grupo tratado com AGE foi observado, em comparação ao tratado com

biomembrana, em média, mais episódios de dor imediatamente antes do manuseio e após do

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146

manuseio da ferida. Isto nos leva a acreditar que o tratamento com a biomembrana, mesmo

havendo maior necessidade de desbridamento foi melhor tolerado pelos pacientes em relação

à dor.

A Tabela 14 mostra a característica da dor referida pelo paciente, conforme sua

percepção, fora da manipulação da lesão, no período de 42 dias.

TABELA 14- Distribuição da freqüência de relato de dor percebida pelos pacientes, fora do manuseio da ferida, no período de 42 dias, de acordo com a característica da dor. HDS, Goiânia, 2007.

Característica da dor Relato da percepção do paciente em relação a dor fora do manuseio da ferida, no período de 01 a 42 dias

AGE BIOMEMBRANA

6.1 6.3 8.1 9.1 9.2 dp 6.2 8.2 9.3 9.4 dp

Dor contínua

02 01 01 04 04 2,40 1,52 01 01 04 04 2,50 1,7

Dor esporádica

01 - 07 01 08 3,40 3,78 - 04 05 02 2,70 2,22

Dor em pontada - - 03 03 09 3,00 3,67 - 03 05 02 2,50 2,08

Dor tipo queimação - - - - - - - - 01 - 01 0,50 0,58

Dor tipo ardência - - 01 - - 0,25 0,45 - 01 - - 0,25 0,45

Dor que irradia - - 01 - 01 0,40 0,55 - - - - - -

Dor em fisgada - - 03 01 01 1,00 1,22 - 01 02 03 1,50 1,29

Dor pulsátil - - - - 01 0,20 0,45 - - - - - -

Dor repentina - - - - - - - - - - - - -

Dor tipo formigamento - - - 01 04 1,00 1,73 - - 02 03 1,25 1,50

Dor tipo claudicação - - - - - - - - - - - - -

Dor á elevação do membro - - - - - - - - - - - - -

TOTAL 03 01 16 10 28 15,3 - 01 11 17 15 15,2 15,2

Quanto à característica da dor relatada pelo paciente, fora do manuseio da lesão,

analisando as médias observou-se que, no grupo tratado com AGE o tipo de dor mais

freqüentemente citado foi a dor esporádica ( =3,4 ± 3,78), seguido por dor em pontada ( =3,0

± 3,67), dor contínua ( =2,4 ± 1,52), tipo formigamento ( =1,0 ± 1,73) e dor em fisgada

( =1,0 ± 1,22). Não foram mencionadas dor tipo queimação, repentina, claudicação ou á

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147

elevação do membro, esta última relacionada mais freqüentemente à doença arterial nos

MMII.

No grupo tratado com biomembrana foram relatadas: dor esporádica ( =2,75 ±

2,22), dor em pontada ( =2,5 ± 2,08), dor contínua ( =2,5 ± 1,7), dor tipo formigamento

( =1,25 ± 1,5), dor em fisgada ( =1,5 ± 1,29) entre outras menos freqüentes.

Foi possível observar a semelhança entre os dois grupos no que se refere a

percepção da dor, neste momento.

A Tabela 15 mostra a característica da dor referida pelo paciente, conforme sua

percepção, imediatamente antes da manipulação da lesão, no período de 42 dias

TABELA 15- Distribuição da freqüência de relato de dor percebida pelos pacientes, imediatamente antes do manuseio da ferida, no período de 42 dias, de acordo com a característica da dor. HDS, Goiânia, 2007.

Característica da dor

Relato da percepção do paciente em relação a dor imediatamente antes do manuseio da ferida, no período de 01 a 42 dias

AGE BIOMEMBRANA

6.1 6.3 8.1 9.1 9.2 dp 6.2 8.2 9.3 9.4 dp

Dor contínua

- 01 - 02 02 1,00 1,00 - - 02 03 1,25 1,50

Dor esporádica

02 - 02 03 07 2,80 2,59 - - 01 02 0,75 0,96

Dor em pontada - - 01 - 03 0,80 1,30 - 01 - - 0,25 0,50

Dor tipo queimação

- - - - - - - - 01 - - 0,25 0,50

Dor tipo ardência - - 02 - - 0,40 0,89 - 01 - - 0,25 0,50

Dor que irradia - - - - 01 0,20 0,45 - - - 02 0,5 1,00

Dor em fisgada 02 02 01 01 01 1,40 0,55 01 01 01 - 0,75 0,50

Dor pulsátil - - - - 02 0,40 0,89 - - - - - -

Dor repentina - - - 02 - 0,40 0,89 - - - - - -

Dor tipo formigamento

- - 01 - 03 0,80 1,30 - - 01 02 0,75 0,96

Dor tipo claudicação

- - - - - - - - - - - - -

Dor á elevação do membro

- - - - - - - - - - - - -

TOTAL 04 03 07 08 19 8,20 - 01 04 05 09 4,75 -

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148

Analisando as médias foi possível notar que no grupo tratado com AGE a dor

esporádica foi mais citada ( =2,80 ± 2,59), seguida por dor em fisgada ( =1,40 ± 0,55), dor

contínua ( =1,0 ± 1,0), dor em pontada ( =0,80 ± 1,3) e formigamento ( =0,80 ± 1,3).

No grupo tratado com biomembrana os pacientes relataram em maior freqüência

dor contínua ( =1,25 ± 1,5), dor esporádica ( =0,75 ± 0,96) tipo formigamento ( =0,75 ±

0,96), em fisgada ( =0,75 ± 0,5) e dor que irradia ( =0,5 ± 1,0).

A Tabela 16 mostra a característica da dor referida pelo paciente, conforme sua

percepção, imediatamente depois do manuseio da lesão, no período de 42 dias.

TABELA 16- Distribuição da freqüência de relato de dor percebida pelos pacientes, imediatamente depois do manuseio da ferida, no período de 42 dias, de acordo com a característica da dor. HDS, Goiânia, 2007.

Característica da dor

Relato da percepção do paciente em relação a dor imediatamente depois do manuseio da ferida, no período de 01 a 42 dias

AGE BIOMEMBRANA

6.1 6.3 8.1 9.1 9.2 sd 6.2 8.2 9.3 9.4 sd

Dor contínua

- - - 01 01 0,40 0,55 - - 01 01 0,50 0,58

Dor esporádica

- - - - - - - - - - - - -

Dor em pontada - - - - - - - - 03 - - 0,75 1,50

Dor tipo queimação

- - 02 - - 0,40 0,89 - - - - - -

Dor tipo ardência

- - 03 - - 0,60 1,34 - - - - - -

Dor que irradia - - 01 - - 0,20 0,45 - - - - - -

Dor em fisgada - - 02 - - 0,40 0,89 01 01 - - 0,50 0,58

Dor pulsátil - - - - 01 0,20 0,45 - - - - - -

Dor repentina - - - - - - - - - - - - -

Dor tipo formigamento

- - - - - - - - - - - - -

Dor tipo claudicação

- - - - - - - - - - - - -

Dor a elevação do membro

- - - - - - - - - - - - -

TOTAL 0 0 08 01 02 2,20 - 01 04 01 01 1,75 -

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149

Ainda avaliando a dor imediatamente depois do manuseio das feridas, observou-

se que foi citada mais vezes durante o tratamento pelo paciente 7 (P7), portador das duas

feridas com maior área (8.1 e 8.2) e cuja necessidade de desbridamento mecânico também foi

maior.

No grupo tratado com AGE, foram citadas dor tipo ardência ( =0,6 ± 1,34), dor

tipo queimação ( =0,4 ± 0,89), em fisgada ( =0,4 ± 0,89), e contínua ( =0,4 ± 0,55). No

grupo tratado com biomembrana foi maior a ocorrência de dor em pontada ( =0,75 ± 1,5), dor

contínua ( =0,5 ± 0,58) e em fisgada ( =0,5 ± 0,58).

Em nenhum dos três momentos, em que se procurou caracterizar a dor, houve

relato de dores características de doença arterial dos membros inferiores, por parte dos

sujeitos.

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150

A Tabela 17 mostra a intensidade da dor relatada pelos pacientes durante o tratamento, no período de acompanhamento

das feridas. Apresentamos dados sobre a dor em quatro momentos: a) fora do manuseio da ferida, b) dor imediatamente antes do

manuseio da ferida, c) dor durante o manuseio da ferida, d) dor imediatamente depois do manuseio da ferida. A dor referida

durante o manuseio da ferida corresponde à sentida durante procedimento, desde a retirada da cobertura primária do curativo

anterior, incluindo o momento da limpeza, possível desbridamento até a aplicação das coberturas primárias e secundárias do novo

curativo.

TABELA 17- Intensidade média da dor, nas feridas tratadas com o produto a base de AGE e biomembrana, num período de 42 dias. HDS, Goiânia, 2007.

Intensidade da dor fora do manuseio da ferida

_____________________________________

Intensidade da dor imediatamente antes do manuseio da ferida

___________________________

Intensidade da dor durante o manuseio da ferida

_________________________________

Intensidade da dor imediatamente depois do manuseio da ferida

___________________________________ N

0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 Feridas tratadas com o AGE 6.1 39 03 - - - - 38 04 - - - - 42 - - - - - 42 - - - - - 42 6.3 40 01 - - - - 39 03 - - - - 41 01 - - - - 42 - - - - - 42 8.1 26 - 05 05 06 - 35 05 02 - - - 28 10 02 02 - - 34 03 03 - 02 - 42

9.1 32 01 03 03 03 - 34 05 03 - - - 36 - 04 - 02 - 41 01 - - - - 42 9.2 14 03 08 10 07 - 23 13 04 02 - - 39 01 01 01 - - 40 - 01 - 01 - 42

30,20 1,60 3,20 3,60 3,20 - 33,80 6,00 1,80 0,40 - - 37,2 2,40 1,40 0,60 0,40 - 39,8 0,80 0,80 - 0,60 - dp 10,69 1,34 3,42 4,16 3,27 - 6,38 4,00 1,79 0,89 - - 5,63 4,28 1,67 0,89 0,89 - 3,35 1,30 1,30 - 0,89 - Feridas tratadas com a BIMEMBRANA 6.2 41 01 - - - - 41 01 - - - - 42 - - - - - 41 01 - - - - 42 8.2 37 05 03 03 - - 38 03 01 - - 36 04 01 01 - - 38 02 01 - 01 - 42 9.3 25 02 12 01 01 01 37 - 03 02 - - 37 - 01 03 01 - 41 - - 01 - - 42 9.4 27 01 07 04 02 01 33 03 04 02 - - 38 - 02 - 01 01 41 01 - - - - 42

32,50 2,25 5,50 2,00 0,75 0,50 37,25 2,33 2,00 1,00 - - 38,25 1,00 1,00 1,00 0,50 0,25 40,25 1,00 0,25 0,25 0,25 - dp 7,72 1,89 5,20 1,83 0,96 0,58 3,30 1,15 1,83 1,15 - - 2,63 2,00 0,82 1,41 0,58 0,50 1,50 0,82 0,50 0,50 0,50 -

* Usado escala de copos, onde 0= ausência de dor e 5= pior dor possível.

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151

Frente a estes resultados, em relação ao período fora do manuseio da ferida, pode-

se afirmar que a dor foi mais freqüente e mais intensa no grupo tratado com AGE.

Neste grupo a intensidade da dor referida fora do manuseio das feridas foi

predominantemente grau 3 ( =3,6 ± 4,16), 2 ( =3,2 ± 3,42) ou 4 ( =3,2 ± 3,27); imediatamente

antes do manuseio foi grau 1 ( =5,80 ± 3,56) ou 2 ( =1,4 ± 1,34); durante o manuseio da lesão

predominou dor de intensidade 1 ( =2,40 ± 4,28) ou 2 ( =1,4 ± 1,67) e imediatamente após

varia de 1 a 2 ( =0,8 ± 1,30) ou 4 ( =0,6 ± 0,89).

No grupo tratado com biomembrana a intensidade da dor referida foi

predominantemente grau 2. Fora do manuseio foi 2 e 1; imediatamente antes do manuseio foi

grau 1 e 2; durante o manuseio variou de 1 a 5 e imediatamente após variou entre 1 a 4.

Comparando as médias de intensidade de dor referida nos quatro momentos

investigados, pode-se observar que houve semelhança dos relatos nos 02 grupos para todas as

fases, exceto no período fora do manuseio da ferida, em que a intensidade de dor relatada foi

maior no grupo do AGE.

Somando todos os curativos realizados com o produto a base de AGE, obteve-se a

uma média de gastos de R$ 1.119,83 para cada paciente em 42 dias de tratamento, enquanto que

com a biomembrana estes gastos foram de R$ 1.226,96. Desta forma, os custos foram

praticamente equivalentes (TABELA 18).

TABELA 18 – Custo total dos curativos segundo as feridas, no período de 42 dias, e médio conforme o produto utilizado. HDS, Goiânia, 2007.

Senha - ferida Custo em R$ 01-42 dias

Ferid

as tr

atad

as

com

o

AG

E

06.1 1.023,37 06.3 1.118,03

08.1 1.276,15 09.1 1.089,81 09.2 1.091,80

1.119,83

dp 94,11

Ferid

as tr

atad

as

com

a

BIO

MEM

BR

AN

A 06.2 1.034,84

08.2 1.545,40 09.3 1.161,87 09.4 1.165,751

1.226,96 dp

220,83

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Durante o período de tratamento de 42 dias das nove feridas, os curativos foram

realizados diariamente. Caso o tratamento tivesse sido realizado até uma fase mais tardia,

chegando a uma etapa em que as trocas com a biomembrana fossem superiores há 24 horas,

poderia haver uma diferença mais marcante. Para confirmar esta suposição serão necessários

estudos de acompanhamento mais longo.

Para se ter uma idéia do custo unitário do tratamento de lesões equivalentes,

conforme o produto utilizado, foi elaborado o Quadro 7, que apresenta uma demonstração dos

cálculos diários dos curativos em feridas hipotéticas de 30cm².

QUADRO 7 - Comparação do custo unitário, aproximado, em Reais (R$), entre curativos realizados com o produto à base de AGE e a biomembrana, para uma ferida hipotética de 30cm². HDS, Goiânia, 2007.

*V.U = Valor unitário

Material AGE BIOMEMBRANA Quantidade V.U. (R$)* Quantidade V.U. *(R$) Gorro 01 0,10 01 0,10 Máscara descartável 01 0,13 01 0,13 Luva de procedimento 01 0,1 01 0,1 Luva cirúrgica 01 0,91 01 0,91 Soro fisiológico 250 ml 1,54 250 ml 1,54

01 01 0,13 01 0,13 5 ml - 0,46 01 0,46

Vaselina líquida - 0,30 5 ml 0,30 Gaze de algodão (10 unid.) 01 0,42 01 0,42 Compressa cirúrgica (pqna.) - - 01 0,72 Atadura de crepom 01 1,88 01 1,88 AGE 10 ml 1,40 - - Biomembrana - - 3/4 (30cm²) 2,66 Esparadrapo 20 cm 0,40 20 cm 0,40 Pacote de curativo 01 5,30 01 5,30 Capote 01 8,00 01 8,00 Coxim (pacote com 2 unid.) 01 1,88 01 2,10 Rayon estéril 15 cm 01 0,03 - - Tempo gasto em minutos (’) e segundos (’’) X custo hora/profissional enfermeiro da instituição

13’30’’ 0,66 17’52” 0,87

TOTAL 23,64 25,77

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Neste estudo não foram observados eventos adversos, relacionados ao produto a base

de AGE e a biomembrana, que pudesse comprometer a evolução das feridas. Não foram

encontradas alterações na coloração no leito da ferida e no aspecto das bordas que pudessem ser

associados à necrose, reações alérgicas locais e/ou sistêmicas e sinais de necrose hemorrágica

depois de iniciado o tratamento.

Para avaliação macroscópica das nove lesões acompanhadas até 42 dias, foram

produzidas pranchas com uma série de sete fotografias, sendo a primeira referente ao primeiro

dia, antes de ser iniciado o tratamento e as demais, com intervalos de 07 dias (1º, 7º, 14º, 21º,

28º, 35º, 42º dia).

Adotaram-se nestas apresentações as seguintes abreviaturas: D= Dia; L= Largura;

C= Comprimento; P= Profundidade; A= Área calculada pelo Programa Image-J ®; IMC=

Índice de Massa Corporal; ITB=Índice Tornozelo Braquial; PA=Pressão arterial; PVPI=

Ploivinilpirrolidona iodo; MID= Membo inferior direito; MIE= Membro inferior esquerdo.

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Prancha 01

Paciente 6 – P6. Sexo feminino, 71 anos, viúva, que apresentava 03 feridas com características clínicas de infecção, IMC: 25,8 kg/m2. ITB D: 1,0. ITB E: 1,13. Fazia uso de medicação anti-hipertensiva esporadicamente, PA: 140 x 80 mmHg na entrevista inicial, mantendo-se controlada durante todo o experimento. Possuía o hábito de lavar as feridas durante o banho e realizar curativos em casa com óleos (copaíba, AGE) ou PVPI. Possuía artelhos em forma de garras.

Senha da ferida: 6.1. Grupo: AGE. Tempo aproximado de lesão: 12 anos. Localização: MID lateral - maleolar.

Fig. 6.1/A - vista lateral: 1º D. Medidas: L=3,5cm; C=4,0cm; P=0,5mm; A=7,72cm2. Macroscopia: Pele perilesional hidratada, hiperemiada. Borda hiperemiada, descamativa e edemaciada. Leito com área de granulação < 25%, de coloração avermelhada, prevalesceu crosta de coloração amarelada, espessa nas bordas e delgada no leito. Presença de sangramento no centro. Cultura: Positiva para Pseudomonas aeruginosa e Sthaphylococcus aureus. Outras informações: Pele perilesional fina, isotérmica, sem anidrose. Edema em MID (3+/4+). Exsudato pio-sanguinolento, em quantidade moderada (++), de coloração amarelada, com rajas avermelhadas, opaco e de consistência espessa. Odor fétido (1+/4+). Fig. 6.1/B - vista lateral: 7ºD. Medidas: L=3,5cm; C=4,0cm; P=0,4mm; A=7,10cm2. Macroscopia: Presença de hemosiderose acastanhada (ocre) e aspecto semelhante à lipodermatoesclerose. Pele perilesional hidratada, hiperemiada. Borda hiperemiada, edemaciada, descamativa, esbranquiçada na região posterior. Na borda inferior observaram-se áreas de congestão vascular de coloração azul escuro. Leito com área de granulação < 25%, de coloração rósea, desaparecimento do sangramento e espessamento da crosta amarelada, quando comparado à fig. 6.1/A. Cultura: Permaneceu positiva para Sthaphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele perilesional isotérmica. Edema em MID (3+/4+). Exsudato purulento, em quantidade moderada (++), de coloração amarelada-esverdeada, opaco, de consistência espessa, com redução do odor fétido, quando comparado ao primeiro curativo.

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Fig. 6.1/C - vista lateral: 14º D. Medidas: L=3,5cm; C=4,0cm; P=0,4mm; A=7,12cm2. Macroscopia: Pele perilesional hidratada, hiperemiada. Borda descativa, hiperemiada, esbranquiçada e edemaciada, com sangramento na região superior. Perceptível lipodermatoesclerose e hemosiderose acastanhada (ocre). Leito com aumento da área granulada, ainda < 25%, prevalecendo crosta de coloração amarelada, espessa nas bordas e delgada no centro. Observou-se presença de sangramento ao centro. Cultura: Continuou positiva para Pseudomonas aeruginosa e Sthaphylococcus aureus. Outras informações: Pele perilesional isotérmica e fina. Edema em MID (3+/4+). Exsudato sero-purulento, de coloração amarelado-esverdeada, opaca, de consistência fluída em quantidade moderada (++). Odor fétido permaneceu reduzido. Fig. 6.1/D - vista lateral: 21ºD. Medidas: L=3,0cm; C=4,5cm; P=0,4mm; A=7,41cm2. Macroscopia: Pele perilesional descamativa, macerada, esbranquiçada e hiperemida. Presença de hemosiderose acastanhada (ocre) Borda hiperemiada, macerada, mais esbranqeuiçada e descamativa, com presença de hiperqueratose à região posterior. Leito apresentou aumento da espessura da crosta amarelada e esverdeada, em comparação à fig. 6.1/C. Granulação com área < 25%, rósea-avermelhada e com uma região de sangramento ao centro. Cultura: Permaneceu positiva para Sthaphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele perilesional fna e isotérmica. Edema em MID aumentado (4+/4+). Exsudato seroso, de coloração amarelada, levemente opaco, e consistência fluída, em menor quantidade (+), manteve odor fétido, porém, reduzido em comparação aos curativos anteriores.

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Ivã e esbranqeuiçada

Fig. 6.1/E/F - vista lateral: 28º D. Medidas: L=3,5cm; C=4,0cm; P=0,4mm; A=7,39cm2. Macroscopia: Pele perilesional mais hiperemiada, perceptível no plano mais próximo (6.1/E). Pele hidratada, menos descamativa e esbranquiçada comparado à fig. 6.1/D. Borda menos edemacida, macerada e esbranquiçada quando comparada a avaliação anterior. Na borda superior observou-se descolamento da crosta amarelada e granulação. Leito coberto por crosta amarelada mais delgada; granulação< 25%, de coloração róseo-avermelhada. Cultura: Permaneceu positiva para Pseudomonas aeruginosa e Sthaphylococcus aureus. Outras informações: Pele perilesional fina e isotérmica. Edema em MID 3+/4+. Exsudato seroso, de coloração amarelada, levemente opaco, de consistência fluída, em quantidade discreta (+), mantendo odor fétido reduzido.

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Fig. 6.1/G - vista lateral: 35ºD. Medidas: L=3,5cm; C=4,0cm; P=0,4mm; A=7,92cm2. Macroscopia: Pele perilesional hiperemiada e hidratada. Borda levemente esbranquiçada, edemaciada, hiperemiada, com redução da hiperqueratose. Leito com tecido de granulação < 25%, prevalecendo ao centro, ainda róseo-avermelhado. Crosta amarelada mais delgada e brilhante, comparadas às figuras 6.1/E/F. Outras informações: Pele isotérmica e fina. Edema na perna (3+/4+). Exsudato seroso, de coloração amarelada, levemante opaco, em quantidade discreta (+), de consistência fluída e mantendo odor fétido reduzido.Fig. 6.1/H - vista lateral: 42ºD. Medidas: L=3,5cm; C=4,0cm; P=0,3mm; A=7,72cm2. Macroscopia: Pele perilesional hiperemiada, hidratada e pouco descamativa. Borda levemente esbranquiçada, descamativa, menos edemaciada comparada a avaliação anterior, hiperemiada, Observou-se descolamento da hiperqueratose e linha de granulção na borda lateral posterior (A). Na borda superior presença de uma região de congestão vascular de coloração azul escuro. Leito com tecido de granulação < 25%, prevalecendo ao centro, mais róseo-avermelhado. Crosta amarelada mais brilahante, delgada ao centro e espessa na periferia. Outras informações: Pele isotérmica e fina. Edema na perna (3+/4+). Exsudato seroso, de coloração amarelada, levemante opaco, reduzido,em quantidade discreta (+), de consistência fluída e mantendo odor fétido reduzido.Fig. 6.1/A - vista lateral: 1ºD. Analisando a evolução macroscópica da ferida, comparando a fig.6.1/A (1º dia de tratamento) e a fig.6.1/H (42º dia de tratamento), foi possível observar manutenção da hiperemia e ressecamento da área perilesional. As bordas apresentaram descolamento da hiperqueratose e linha de granulação. No leito observou-se aumentodo da crosta amarelada, com variação de sua densidade. Em relação aos demais parâmetros de avaliação destacaram-se: redução da quantidade de exsudato, que passou de acentuado a discreto e da consitência, que ao longo do tratamento passou de espesso a fluído e em relação ao tipo de sero-purulento a seroso. Observou-se ainda redução do odor fétido. Não houve melhora quanto ao edema e lipodermatoesclerose no MID.

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Prancha 02

Paciente 6 – P6 (descrição do caso na prancha 01). Senha da ferida: 6.2. Grupo: BIOMEMBRANA. Tempo aproximado de lesão: 12 anos. Localização: MID medial – maleolar.

Fig. 6.2/A - vista medial: 1º D. Medidas: L=3,5cm; C=7,0cm; P=0,4mm; A=13,26cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada e pouco descamativa com bordas hiperemiadas. Observou-se presença de hemosiderose acastanhada (ocre) e acinzentada. Bordas edemacidas, hiperemiadas, levemente descamativas e pouco esbranquiçadas. Borda interna (lateral) com área de necrose de cor acastanhada. Leito com granulação < 25% e presença de material amarelado, com distribuição difusa e irregular. Cultura: Cultura positiva para Pseudomonas aeruginosa e Sthaphylococcus aureus. Outras informações: Pele isotérmica próxima a lesão, sem anidrose. Presença de edema em MID (3+/4+). Exsudato sero-purulento, de coloração amarelo-avermelhado, opaco, de consistência levemente espessa, em quantidade moderada (++). Odor fétido (3+/4+). Fig. 6.2/B - vista medial: 7º D. Medidas: L=3,0cm; C=6,5cm; P=0,4mm; A=11,80cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, hiperemiada, macerada e esbranquiçada na região inferior. Bordas mantiveram-se hiperemiadas e com indícios de maceração na região inferior. Bordas internas mais granuladas, quando comparada à primeira avaliação. Redução da área de necrose. O leito foi coberto por crosta amarea, levemente esverdeada, com presença de áreas irregulares e difusas de tecido de granulação < 25%, de coloração rósea, presença de um ponto de sangramento na porção mais superior. Cultura: Cultura positiva para Pseudomonas aeruginosa e Sthaphylococcus aureus. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MID (3+/4+). Exsudato fibrinoso-sanguinolento, de coloração amarelo-esverdeado com rajas avermelhadas em quantidade moderada (++). Odor fétido (2+/4+) característico da biomembrana.

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Fig. 6.2/C - vista medial: 14º D. Medidas: L=3,0cm; C=7,0cm; P=0,4mm; A=14,58cm2. Macroscopia: Pele perilesional brilhante, com mais áreas de maceração, comparado à fig. 6.2/B. Borda edemaciada, hiperemiada, esbranquiçada e macerada, podendo ser percebida linha de granulação em sua extenção látero-posterior. Leito com presença de tecido de granulação (pontos róseo-avermelhados) com área < 25% e sangrante em algumas regiões da periferia. Leito coberto por crosta amarela, levemente esverdeada, mais espessa nas bordas. Cultura: Permanece positiva para Pseudomonas aeruginosa e Sthaphylococcus aureus. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MID (3+/4+). Exsudato fibrinoso-sanguinolento de coloração amarelo-esverdeado e levemente avermelhado, opaco e de consistência espessa, em quantidade moderada (++). Odor fétido (2+/4+) característico da biomembrana. Fig. 6.2/D - vista medial: 21º D. Medidas: L=3,0cm; C=7,0cm; P=0,4mm; A=13,18cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, com aumento considerável da área macerada e da coloração esbranquiçada em comparação à análise anterior. Bordas maceradas, esbranquiçadas, hiperemiadas e edemaciadas. Bordas internas com acentuação da coloração avermelhada. Leito coberto por material amarelo, mais esverdeado, mais delagado e brilhante em relação à avaliação anterior. Aumento da área granulada, atingindo percentual 25% e < 50%. Cultura: Permaneceu positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MID (4+/4+). Exsudato fibrinoso-sanguinolento, de coloração amarelo-esverdeado e mais avermelhado, opaco e de consistência mais fluída, em menor quantidade (+). Redução do odor fétido (1+/4+), quando comparado aos curativos anteriores, porém característico do biomaterial.

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Fig. 6.2/E; 6.2/E.1 - vista medial: 28º D. Medidas: L=3,0cm; C=7,0cm; P=0,2mm; A=13,11cm2. Macroscopia: Pele perilesional, ressecada, descamativa, hiperemiada, com área macerada. Bordas hiperemiadas, esbranquiçadas, maceradas, edemaciadas. Pode ser observada área de epitelização nas bordas, mais visível na área próxima à região plantar (na figura, corresponde à borda lateral direita). Leito coberto por crosta amarela-esverdeada, com maior densidade na periferia, mais brilhante. Área granulada com percentual 25% e < 50%, de coloração róseo-avermelhada. Cultura: Permaneceu positiva para Sthaphylococcus aureus, mas negativa paraPseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MID (3+/4+). Exsudato sero-fibrinoso, em quantidade discreta (+), de coloração amarelo-esverdeado, opaco e de consistência mais fluída, comparado às avaliações antriores. Redução do odor fétido (1+/4+). Fig. 6.2/F; 6.2/F.1 - vista medial: 35ºD. Medidas: L=2,5cm; C=6,5cm; P=0,2mm; A=11,39cm2. Macroscopia: Pele perilesional mais hidratada, com redução da maceração, da coloração esbranquiçada e da descamação, ainda com hiperemia. Na fig. 6.2/F.1 observou-se hemosiderose acastanhada (ocre). Borda edemaciada, hipremiada, esbranquiçada e macerada, com progreção da epitelização. Aumento considerável da área granulada em todo o leito da lesão, principalmente na periferia, atingindo aproximadamente 50%, de coloração vermelho-vivo e brilhante. Redução e adelgaçamento da crosta amarelada e menos esverdeada. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MID (3+/4+). Exsudato sero-fibrinoso, discreto (+), amarelado, opaco e fluído. Redução do odor.

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Ora enconb

Fig. 6.2/G - vista medial: 42ºD. Medidas: L=2,5cm; C=6,5cm; P=0,1mm; A=11,17cm2. Macroscopia: Pele mais hidratada, com redução da maceraçãoda coloração esbranquiçada e da hiperemia em comparação à útima avaliação. Bordas menos edemaciada, esbranquiçada e macerada, ainda hiperemiada. Observou-se aumento da área epitelizada, mais visível nas bordas. Redução da granulação, em relação à figrua 6.1/F, com coloração rósea. Difusão de material amarelado-esverdeado, mais denso na periferia da lesão, brilhante. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MID (3+/4+). Exsudato sero-fibrinoso, discreto (+), amarelado, levemente opaco e fluído. Redução do odor.Fig. 6.2/A - vista medial: 1ºD. Analisando a evolução macroscópica da ferida, com base na fig.6.2/A (1º dia de tratamento) e a fig.6.2/G (42º dia de tratamento), foi possível observar aproximação das bordas, no eixo transversal, redução da hiperemia e do ressecamento da pele perilesional. O leito embora coberto por material amarelado encontrou-se mais brilhante. Houve desaparecimento da necrose de coloração marrom-acastanhado. Em relação aos demais parâmetros de avaliação destacaram-se: redução da quantidade de exsudato, que passou de acentuado a discreto e da consitência, que sofreu variações entre espesso e fluído e em relação ao tipo de sero-purulento a sero-fibrinoso. Observou-se ainda redução significativa do odor fétido. Não houve melhora quanto ao edema e lipodermatoesclerose no MID.

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Prancha 03

Paciente 6 – P6 (descrição do caso na prancha 01) Senha da ferida: 6.3. Grupo: AGE. Tempo aproximado de lesão: 18 anos. Localização: MIE medial – maleolar.

Fig. 6.3/A - vista medial: 1ºD. Medida: L=4,0cm; C=11,0cm; P= 0,4mm; A=31,28cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, descamativa, com bordas hiperemiadas e edemaciadas. Observou-se hemosiderose acastanhada (ocre) e presença de hiperqueratose na borda inferior. Leito com granulação e com duas áreas de necrose hemorrágica, sendo uma ao centro e outra na borda. Presença de crosta amarelada difusa e irregular na lesão, de espessura variada. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica, apresentando sudorese local. MID com edema (4+/4+), e lipodermatoesclerose. Exsudato pio-sanguinolento, opaco, de consistência espessa, de quantidade acentuada (+++) e odor fétido (3+/4+). Fig. 6.3/B - vista medial: 7ºD. Medidas: L=4,0cm; C=11,0cm; P=0,4mm; A=31,28cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada e descamativa, com diminuição da área de hiperqueratose. Presença de hemosiderose acastanhada (ocre). Borda edemaciada e menos hiperemiada. Leito com aspecto mais hidratado, apresentando tecido avermelhado com área < 25%, com ausência de áreas de necrose hemorrágica e crosta amarelada difusa. Cultura: Cultura positiva para Sthaphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica, mais hidratada. Manteve a lipodermatoesclerose, com redução do edema no MIE (3+/4+) Exsudato pio-sanguinolento de coloração amarelo-esverdeado e avermelhado, opaco, de consistência espessa, redução da quantidade de exsudato, porém continua acentuado (+++) e com odor fétido (3+/4+).

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Fig. 6.3/C - vista medial: 14º D. L=4,0cm; C=11,0cm; P=0,4mm; A=31,28cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada e hiperemiada, com áreas de sangramento em porção lateral esquerda (superior posterior) e maceração com inicio de formação de fibrose na região inferior. Presença de hemosiderose acastanhada. Borda esbranquiçada, macerada, hiperemiada e edemaciada. No leito houve predomínio de tecido de coloração amarelado, difuso, irregular, com espessura variáveis, de aspecto mais hidratado em comparação à figura 6.3/B. Granulação < 25%. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Peleisotérmica, mais amolecida, sem anidrose. MIE com edema (4+/4+). Exsudato purulento de coloração amarelo-esverdeado, opaco, de consistência mais fluída, de quantidade moderada (++) e odor fétido (2+/4+). Fig. 6.3/D - vista medial: 21ºD. Medidas: L=4,0cm; C=11,5cm; P=0,5mm; A=31,76 cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, descamativa, hiperemiada, com aumento de áreas de maceração e aumento da fibrose na região inferor. Presença de hemosiderose acastanhada. Borda esbranquiçada, macerada, hiperemiada e edemaciada. Abertura da borda na região inferior. Leito coberto por crosta de coloração amarelada, mais densa, porém desprendendo-se da periferia. Granulação < 25%. Cultura: Positiva Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MIE (3+/4+). Exsudato fibrinoso de coloração amarelada e opaca, de consistência espessa, de quantidade moderada (++) e odor fétido (2+/4+).

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Fig. 6.3/E - vista medial: 28ºD. Medidas: L=4,0cm; C=11,5cm; P=0,3mm; A=30,28cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada e descamativa. Presença de hemosiderose acastanhada. Borda edemaciada, hiperemiada, com redução considerável da área macerada e esbranquiçada na região inferior. Observou-se redução da hiperqueratose e formação de cicatriz de colágeno. Bordas internas com mais áreas de granulação. A maior parte do leito da ferida encontrou-se coberto pela crosta amarelada, mais brilhante e delgada. Melhora da granulação, de coloração mais avermelhada, permanecendo com área < 25%. Presença de duas áreas próximas, de necrose acastanhada, na parte látero-superior. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MIE (3+/4+). Exsudato fibrinoso de coloração amarelada e opaca, de consistência espessa, de quantidade moderada (++) e odor fétido (2+/4+). Fig. 6.3/F - vista medial: 35ºD. L=4,0cm; C=11,5cm; P=0,3mm, A=33,45cm2 Macroscopia: Pele perilesional ainda ressecada, e descamativa. Presença de hemosiderose acastanhada. Bordas edemaciadas, menos hiperemiadas, com presença de pequena área de hiperqueratose na parte inferior e linha fina de maceração. Aumento do tecido de granulação nas bordas, embora nas demais áreas tenha havido aumento do tecido amarealado. Leito com diminuição da área de granulação, apresentado pontos de coloração róseo-avermelha. Presença de área de necrose acastanhada na porção látero-superior. Outras informações: Pele isotérmica. Permanece edema em MIE (3+/4+). Exsudato sero-fibrinoso-sanguinolento de coloração amarelada, opaca e pouco avermelhada, de consistência espessa, de quantidade moderada (++) e redução do dor fétido (1+/4+).

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Fig. 6.3/G - vista medial: 42º D. Medidas: L=4,0cm; C=11,0cm; P=0,3mm; A=30,88cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressacada e descamativa. Presença de hemosiderose acastanhada. Borda edemaciada e mais hiperemiada comparada á analise anterior. Borda lateral anterior com aumento de área de granulação. Borda lateral póstero-inferior com tecido amarelado. Presença de hiperqueratose. Leito apresentando crosta de coloração amarelada, mais brilhante e delgada. No centro há presença de granulação de coloração róseo-avermelhada, < 25%, com uma área de sangramento. Outras informações: Pele isotérmica. Redução do edema em MIE (2+/4+). Exsudato sero-fibrinoso de coloração amarelada, opaca e pouco avermelhada, de consistência espessa, de quantidade moderada (++) e odor fétido (1+/4+). Fig. 6.3/A - vista medial: 1ºD. Analisando a evolução macroscópica das feridas, comparando a fig.6.3/G e a fig. 6.3/A, observou-se melhora da hidratação perilesional, aumento da maceração, manutenção do fenômeno de hiperqueratose, houve dininuição daa áreas de necrose coagulativa. Na borda observou-se aumento da linha de formação do tecido de granulação. No leito, o tecido amarelado tornou-se mais espesso e mais brilhante. A extenção da granulação permaneceu estável, contudo, com melhora do aspecto (mais brilhante). Em relação aos demais parâmetros de avaliação destacaram-se: redução daquantidade de exsudato, que passou de acentuado a moderado, quanto ao tipo passou de purulento a fibrinoso. Observou-se ainda redução do odor fétido e do edema no MIE. Não houve melhora da lipodermatoesclerose e da hemosiderose.

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Prancha 04

Paciente 7 – P7. Sexo masculino, 69 anos, solteiro, portador de 02 feridas com características clínicas de infecção, IMC: 24,13 kg/m2. ITB D: 1,25. ITB E: 0,91. Faz uso de medicação anti-hipertensiva esporadicamente, PA: 120 x 80 mmHg na entrevista inicial, mantendo-se controlada durante todo o experimento. O paciente reside no pavilhão do HDS, relatando que não tem o costume de fazer seus próprios curativos. As feridas eram tratadas no passado com antibióticos tópicos, óleos, e outros tipos de coberturas, como o carvão ativado e alginato. Senha da ferida: 8.1. Grupo: AGE. Tempo aproximado de lesão: 30 anos. Localização: MID face lateral interna, na região - maleolar.

Fig. 8.1/A - vista medial: 1ºD. Medidas: L=11,5cm; C=12,5cm; P=0,5mm; A = 60,36cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, descamativa. Presença de hemosiderose em coloração castanho acinzentada. Borda edemaciada, com presença de coloração esbranquiçada e hiperqueratose em algumas regiões. Na borda inferior presença de crostas de coloração amarelada. Leito com granulação e sangramento, entremeado com tecido róseo e crosta amarelada. Observaram-se duas áreas de necrose hemorrágica. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica, dura como carapaça, com ausência de mobilidade próxima a ferida, presença de contratura muscular na perna e na coxa, atrapalhando inclusive a marcha. Edema em MID (3+/4+). Exsudato pio-sero-sanguinoleto em quantidade acentuada (+++), de coloração amarelo esverdeada, opaca, com rajas avermelhada e acastanhada, de consistência espessa. Odor fétido (4+/4+).

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Fig. 8.1/B vista medial: 7ºD. L=13,0cm; C=9,0cm; P=0,5mm; A=60,36cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, descamativa. Presença de hemosiderose em coloração castanho ocre e castanha acinzentada. Borda edemaciada, com presença de coloração róseo-esbranquiçada, com fibrose em ilha de epitelização. Na região inferior observou-se redução da área de hiperqueratose amarelada, dura e da descamação, em relação fotografia 8.1/A. Leito com redução da área de granulação e do sangramento; aumento de área tomada pela crosta amarelada. Alteração da localização das regiões com necrose hemorrágica. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica, dura como carapaça, com ausência de mobilidade próxima a ferida, presença de contratura muscular na perna e na coxa, atrapalhando inclusive a marcha. Edema em MID (3+/4+). Exsudato pio-sero-sanguinoleto em quantidade acentuada (+++), de coloração amarela esverdeada, opaca, com rajas avermelhadas, acastanhadas e de consistência espessa. Odor fétido (4+/4+). Fig. 8.1/B-1 vista ântero-lateral: visualização da ferida em toda a sua extenção. Granulação com área < 25%.

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Fig. 8.1/C vista medial: 14ºD. Medidas: L=13,0cm; C=9,0cm; P=0,6mm; A=57.22cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, descamativa, com hemosiderose castanho acinzentada. Borda edemaciada, esbranquiçada e rósea, com áreas de maceração. Adelgaçamento da área de hiperqueratose na parte inferior, extenamente à ferida. Leito com aumento da granulação contudo, ainda < 25%, sem sangramentos, redução da área da crosta de coloração amarelada. Observaram-se duas áreas de necrose hemorrágica. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e paraPseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica, com ausência de mobilidade próxima a ferida, presença de contratura muscular na perna e na coxa. Edema em MID (3+/4+). Exsudato pio-sero-sanguinolento em quantidade acentuada (+++), de coloração amarela esverdeada, opaca, com rajas avermelhadas, acastanhadas e de consistência espessa. Odor fétido (4+/4+). Paciente relata que já consegue realizar movimentos de flexão e extensão do pé, diminuição de exsudato durante o período noturno e melhora do odor. Fig. 8.1/C-1 ântero-lateral: 14ºD. Observou-se redução das crostas, das escamas e de fibrose em ilha de epitelização.

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Fig. 8.1/D vista medial: 21ºD. Medidas: L=11,5cm; C=8,0cm; P=0,5mm; A=57,63cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, espessamento da área de hiperqueratose, na face lateral externa. Prevalesceu bordas róseo-esbranquiçadas, hiperemiadas, edemaciadas, porém, observou-se presença de coloração amarelada na porção inferior, posterior e na ilha de epitelização. Alteração da coloração no leito da lesão, com áreas de granualção avermelhadas < 25%, entremeadas com crostas mais amareladas e espessa em relação a figura 8.1/C. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica, com ausência de mobilidade próxima a ferida, presença de contratura muscular na perna e na coxa, que contribuiu para dificuldade de movimentação do membro, que mostrou edema (3+/4+). Exsudato pio-sero-sanguinolento em quantidade acentuada (+++), de coloração amarela esverdeada, opaca, com rajas avermelhadas, acastanhadas e de consistência espessa. Odor fétido (4+/4+). Fig. 8.1/D-1 ântero-lateral: 21ºD. Bordas apresentaram granulação de cor rósea, com início de epitelização na região lateral inferior. Ilhas de epitelização com redução da fibrose.

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Fig. 8.1/E vista medial: 28ºD. Medidas: L=12,0cm; C=8,5cm; P=0,4mm; A=52,59cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, com área de hiperqueratose próximo à região, presença de hemosiderose de coloração castanho acinzentada, maceração em borda lateral posterior. Redução do edema nas bordas da lesão, comparada à análise anterior. Leito da ferida apresentou granulção < 25%, de coloração vermelho acastanhado, entremeado com crosta amarelada, mais delgada em relação à figura 8.1/D. Presença de uma área de necrose hemorrágica em região lateral superior. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica, com ausência de mobilidade da pele próxima à região da ferida. Musculatura menos enrijecida. Edema em MID 3+/4+. Exsudato pio-sero-sanguinolento em quantidade acentuada (+++), de coloração amarelada, opaca, menos esverdeado e menos avermelhado, de consistência ainda espessa. Odor fétido (4+/4+). Fig. 8.1/E-1 vista ântero-lateral: 28ºD. Pele perilesional com coloração rósea e esbranqueiçada, com áreas epitelizadas na região laterla inferior. Presença de tecido de granulação na borda, na região lateral-externa, nas demais áreas presença de crosta amarelada. Ilhas de epitelização com aumento de da fibrose.

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Fig. 8.1/F vista anterior: 35ºD. Medidas: L=12,5cm; C=8,0cm; P=0,4mm; A=52,05cm2. Macroscopia: Pele perilesional menos ressecada em relação à figura 8.1/D. Presença de hiperqueratose na região inferior, próximo a área plantar, maceração na ilha de epitelização. Observaram-se regiões de formação de tecido de epitelização neoformado. Bordas menos edemaciadas, com granulação na região lateral inferior, redução das crostas amareladas nas demais áreas. Manteve granulação < 25%, com áreas vermelho acastanhada, rósea e entremeada crosta amarelada difusa. Outras informações: Pele isotérmica, com ausência de mobilidade da pele próxima a região da lesão. Contratura muscular e edema em MID 3+/4+, prejudicando a movimentação. Exsudato permaneceu pio-sero-sanguinolento em quantidade acentuada (+++), de coloração amarelada, opaca, menos esverdeado e menos avermelhado, de consistência espessa. Odor fétido (4+/4+). Fig. 8.1/G vista medial: 42ºD. Medidas: L=12,0cm; C=8,0cm; P=0,4mm, A=51,13cm2. Macroscopia: Pele perilesional levemente ressecada e descamativa. Hiperqueratose aumentada na região ínfero-anterior. Bordas menos edemaciadas, de coloração rósea, esbranquiçada, com áreas de crosta amarelada. No leito manteve-se área de granulação < 25%, com predomínio de crosta amarelada. Outras informações: Pele isotérmica, com ausência de mobilidade da pele próxima a região da lesão. Contratura muscular e edema em MID 3+/4+, prejudicando a movimentação. Exsudato permaneceu pio-sero-sanguinolento em quantidade acentuada (+++), de coloração amarelada, opaca, menos esverdeado e menos avermelhado, de consistência espessa. Odor fétido (4+/4+). Fig. 8.1/G-1 vista ântero-lateral: 42ºD. Observou-se sangramento em ilha de epitelização, manteve área de maceração e fibrose.

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Prancha 05

Paciente 7 – P7 (descrição do caso na prancha 04). Senha da ferida: 8.2. Grupo: BIOMEBRANA. Tempo aproximado de lesão: 30 anos. Localização: MIE ocupando as faces lateral, medial, anterior e posterior de pé, com sobreposição da lesão sobre os maléolos.

Fig. 8.2/A vista lateral: 1ºD. Medidas: L=19,5cm; C=13,5cm; P=0,5mm; A=176,17cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada e descamativa, com coloração enegrecida e esbranquiçada. Presença de hemosiderose de coloração acastanhada (ocre) e acinzentada e quelóides. Bordas irregulares com presença de sangramentos na parte anterior inferior e látero-medial , no plano anatômico do pé. Observou-se presença de hiperemia, edema e maceração nas bordas da lesão. Presença de granulação no leito da lesão, de coloração avermelhada entremeadas com áreas de crosta amarelada e esverdeada, visível principalmente na porção ântero-inferior. Observou-se presença de ilha de pele irregular, provavelmente conseqüência de cicatrizes antigas. Cultura: Positivas para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica, dura como carapaça, com ausência de mobilidade próxima a ferida, presença de contratura muscular na perna e na coxa, atrapalhando inclusive a marcha. Edema em MID (3+/4+). Exsudato pio-sanguinoleto em quantidade acentuada (+++), de coloração amarela esverdeada, opaca, com rajas avermelhada e acastanhada, de consistência espessa. Odor fétido (4+/4+). Fig. 8.2/A-1 vista anterior-medial: 1ºD. Destacou-se a presença de crosta amarelada, ressecada, nas bordas e e difusas no leito. Predominou a coloração avermelhada no centro com presença de sangramento na região medial inferior e na região lateral. Presença de ilha de pele na região medial e península de pele na região anterior. Fig. 8.2/A-2 vista medial: 1ºD. Destacou-se a presença de necrose hemorrágica localizana na região póstero-superior.

Obs: os planos referenciados nesta prancha estão em conformidade ao plano anatômico do pé.

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Fig. 8.2/B vista medial: 7ºD. Medidas: L=20,5cm; C=13,0cm; P=0,5mm; A=175,28cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, descamativa, hiperemiada, róseo-esbranquiçada e macerada. Presença de hemosiderose na coloração acastanhada (ocre) e acinzentada. Borda irregular hiperemiada, esbranquiçada e macerada, com edema. Leito com coloração róseo-avermelhada, área de granulação < 25%; presença de crosta amarela-esverdeada mais densa na periferia. Observou-se uma área de sangramento na borda inferior anterior e uma área de necrose hemorrágica na borda póstero-superior. Presença de ilhas de pele. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações Pele isotérmica, endurecida, áspera, grossa, com ausência de mobilidade próxima a ferida, presença de contratura muscular na perna e na coxa, atrapalhando inclusive a marcha. Edema em MID (3+/4+). Exsudato pio-sanguinoleto em quantidade acentuada (+++), de coloração amarela-esverdeada, opaca, com rajas avermelhada e acastanhada, de consistência espessa. Odor fétido (4+/4+). Fig. 8.2/B-1 vista anterior: 7ºD. Pele perilesional macerada, esbranquiçada e descamativa. Presença de crosta amarelada, ressecada e hiperemia nas bordas da lesão. No leito presença de crosta amarelada, granulação avermelhada e regiões de sangramento. Destacou-se a presença de um ponto enegrecido, semelhante à necrose coagulativa, próximo a península de pele, ao lado direito (plano da imagem). Fig. 8.2/B-2 vista lateral: 7ºD. Bordas internas cobertas por material amarelo-esverdeado e mais denso e brilhante na periferia. Redução da aérea de granulação e visualização de um ponto de necrose coagulativa próximo a borda lateral anterior (plano anatômico do pé). Fig. 8.2/B-3 vista posterior: 7ºD. Pele perilesional ressecada, descamativa, com presença de hiperqueratose na coloração amarelada. Bordas hiperemiadas, maceradas, edemaciadas e ressecadas, com presença de sangramento na porção lateral. O leito encontrou-se coberto por crosta amarelada, mais delagada na porção inferior e densa na rgião superior (plano anatômico do pé), foi possível observar granulção róseo-avermelhada.

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Fig. 8.2/C vista lateral: 14ºD. Medidas: L=21,0cm; C=10,0cm; P=0,5mm; A=146,71cm2. Macroscopia: Pele

perilesional ressecada e descamativa, de coloração róseo-esbranquiçada. Presença de hemosiderose acastanhada e acinzentada. Borda irregular, macerada, hiperemiada, edemaciada, róseo-esbranquiçada. Leito com predomínio da coloração amarelo-esverdeada, brilhante, com rajas acinzentadas; coberto por crosta mais densa na periferia. Granulação <25%, de coloração róse-avermelha, presença de três regiões de sangramento ao centro. Outras informações: Pele isotérmica, endurecida, ápera e grossa, com ausência de mobilidade próxima a ferida, discreta redução da contratura muscular na perna e na coxa. Edema em MID (3+/4+). Exsudato fibrinoso em quantidade acentuada (+++), de coloração amarelo esverdeada, opaca, com rajas acastanhada e de consistência mais espessa. Odor fétido (4+/4+), característico do biomaterial. Paciente relata que já consegue realizar movimentos de flexão e extensão do pé, diminuição de exsudato durante o período noturno e melhora do odor. Fig. 8.2/C-1 vista medial: 14ºD. Aumento da maceração e da coloração esbranquiçada na região inferior. Linha de sangramento na região superior. Presença de crosta de coloração verde-acinzentada e amarelada em maior parte do leito, granulação < 25%. Fig. 8.2/C-2 vista posterior: 14ºD. Pele perilesional menos ressecada, descamativa, com redução da hiperqueratose quando comparada a fig. 8.2/B-3. Leito com aumento da crosta amarelada e presença de região acinzentada na porção superior.

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Fig. 8.2/D vista medial: 21ºD. Medidas: L=20,0cm; C=11,0cm; P=0,4mm; A=149,16cm2. Macroscopia: Pele perilesional permanece ressecada e descamativa, mais esbranquiçada e macerada, com presença de fibrose. Manteve-se hemosiderose acastanhada e acinzentada. Borda edemacia, macerada, predominando coloração esbranquiçada. Presença de duas linhas de necrose hemorrágica, uma na borda inferior (ao centro) e outra na borda inferior mais ao plano anterior do pé. Maior parte do leito coberto por crosta verde-acinzentada e amarelada, mais densa em comparação às análises anteriores. Esta formação de crosta é própria do biomaterial. Granulação < 25%. Presença de um ponto escuro na periferia inferior, semelhante a necrose hemorrágica. Ausência de sangramentos. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica, endurecida, grossa e áspera, com ausência de mobilidade próxima a ferida, presença de contratura muscular na perna e na coxa e redução do edema (2+/4+). Exsudato fibrinoso em quantidade acentuada (+++), de coloração amarelo esverdeada, opaca, com rajas acastanhada e de consistência espessa. Odor fétido (4+/4+), característico do biomaterial. Fig. 8.2/D-1 vista lateral: 21ºD. Pele perilesional e borda macerada e esbranquiçada. Presença de crosta amarela, esverdeada e acinzentada, densa e brilhante. Observou-se presença de sangramento, próximo a ilha de pele.

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Fig. 8.2/E vista medial: 28ºD. Medidas: L=18,0cm; C=10,0cm; P=0,4mm; A=126,60cm2. Macroscopia: Pele perilesional hiperemiada e rósea, ressecada e descamativa, com redução da maceração e da coloração esbranquiçada. Presença de hemosiderose castanho-acinzentada e hiperqueratose amarelada inferiormente, na península de pele. Borda hiperemiada, macerada, esbranquiçada, edemaciada. Ainda com predomínio da crosta verde-acinzentada e amarelada, mais delagada no leito. Aumento da coloração rósea no leito comparada a analise anterior; granulação <25%. Presença de duas áreas de necrose hemorrágica, próximas as ilhas de pele, uma na porção inferior e outra na superior. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica, grossa, áspera e endurecida, sem mobilidade próxima a ferida, presença de contratura muscular na perna e na coxa, com melhora da articulação do tornozelo. Edema em MIE (2+/4+). Exsudato fibrinoso, de coloração amarelo-esverdeado, com raja acastanhada e opaco, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++). Odor fétido (4+/4+), característico do biomaterial. Fig. 8.2/E-1 vista ântero-lateral: 28ºD. Presença de maceração nas bordas e pele perilesional. Predomínio de crosta amarelo-esverdeada, densa. Observou-se diminuição das regiões de sangramento. Fig. 8.2/E-2 vista lateral: 28ºD. Destacou-se a redução da maceração e da coloração esbranquiçada na pele perilesional e nas bordas. Bordas menos edemaciadas, ainda hiperemiadas. Redução da quantidade e adelgaçamento da crosta de coloração verde-acinzentada e amarelada, mais opaca. Desaparecimento da necrose hemorrágica próxima a ilha de pele e presença de sangramento na região mais inferior do leito. Fig. 8.2/E-3 vista posterior: 28ºD. Pele perilesional com presença de hiperqueratose e sangramento. Borda superior com presença de linha de sangramento e inferior apresentando necrose hemorrágica. Predomínio de crosta amarelo-esverdeada e acinzentada no leito.

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Fig. 8.2/F vista medial: 35ºD. Medidas: L=17,0cm; C=12,0cm; P= 0,4 mm; A=144,29cm2. Macroscopia: Pele perilesional hiperemiada e rósea, ressecada e descamativa, macerada e esbranquiçada, com presença de fibrose. Presença de hemosiderose castanho-acinzentada. Borda hiperemiada, macerada, esbranquiçada, edemaciada. Presença de um área de necrose hemorrágica na borda inferior e outra de necrose coagulativa na borda superior. Ainda com predomínio da crosta verde-acinzentada e amarelada, mais delagada no leito e densa na periferia (observável principalmente na região superior posterior). Aumento da coloração rósea no leito, mais visível na região posterior comparada a analise anterior; granulação <25%. Outras informações: Pele isotérmica, endurecida, sem mobilidade de próxima a ferida, presença de contratura muscular na perna e na coxa. Aumento do edema em MIE (3+/4+), não prejudicando a articulação do tornozelo Exsudato fibrinoso, de coloração amarelo-esverdeado e opaco, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++). Odor fétido (4+/4+), característico do biomaterial. Fig. 8.2/F-1 vista lateral: 35ºD. Pele perilesional e bordas maceradas, hiperemiadas. Redução e adelgaçamento da crosta de coloração verde-acinzentada e amarelo-palha. Aumento da granulação de coloração róseo-avermelhada (porém <25%). Presença de duas regiões de necrose hemorrágica de coloração vermelho-rubro, uma na região superior, outra na póstero-inferior; sangramento ao centro. Fig. 8.2/F-2 vista posterior: 35ºD. Pele perilesional ressecada e descamativa, com presença de hiperqueratose. Redução da crosta verde-amarelada e acinzentada no leito, mais delgado na parte inferior. Presença de necrose hemorrágica de coloração vermelho-acastanhada, na borda inferor.

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Fig. 8.2/G vista lateral: 42ºD. Medidas: L=18,0cm; C=12,0cm; P=0,4mm; A=132,45cm2. Macroscopia: Pele perilesional róseo-esbranquiçada, macerada, hiperemiada, ressecada, descamativa. Presença de hemosiderose castanho-acinzentada. Borda hiperemiada, macerada, esbranquiçada, menos edemaciada. Mantiveram-se as áreas de necrose hemorrágica. Redução da crosta verde-acinzentada e amarelada, mais delagada. Aumento da coloração rósea, mais avermelahada e brilhante, compatível com áraea de granulação <25%. Outras informações: Pele isotérmica, grossa, endurecida, menos áspera, sem mobilidade próxima a ferida, presença de contratura muscular na perna e na coxa. Aumento do edema em MIE (3+/4+), não prejudicando a articulação do tornozelo. Exsudato fibrinoso, de coloração amarelo, esverdeado e opaco, de consistência espessa, em quantidade moderada (++). Odor fétido (3+/4+), característico do biomaterial. Observou-se melhora do odor e da quantidade e espessura do exsudato. Fig. 8.2/G-1 vista medial: 42ºD. Pele perilesional e bordas com redução da maceração e da coloração esbranquiçada. Redução do edma nas bordas. Leito com aumento da área granulada da coloração avermelhada (ainda < 25 %). Presença de sangramentento na periferia, na região póstero-superior. Fig. 8.2/G-2 vista ântero-lateral: 42ºD. Observou-se (em destaque) presença de crsota amarelo-esverdeado e acinzentado, denso, compatível a necrose. Fig. 8.2/G-3 vista posterior: Aumento da descamação, do ressecamento e da hiperqueratose na pele perilesional. Crosta marelada-esverdeada e acinzentada mais densa, difusa no leito.Manteve-se região de necrose hemorrágica vermelho-acastanhada na região inferior.

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Prancha 6

Paciente 8 – P8. Sexo masculino, 63 anos, separado, portador de 07 feridas com características de infecção, destas, 4 fazem parte do estudo. IMC: 21,30. ITB D: 0,91, ITB E:1,10. Faz uso de medicação anti-hipertensiva. PA: 140x80mmHg á entrevista, mantendo-se controlada durante todo o experimento. Possuía o hábito de lavar a ferida durante o banho e realizar curativos em casa com óleos, PVPI e chás diversos. Paciente relata profunda tristeza em virtude das feridas e dor, chegando a fazer uso de vários comprimidos de Dipirona e Paracetamol por dia. Apresenta pele anidrótica. Senha da ferida: 9.1. Grupo: AGE. Tempo aproximado de lesão: 08 anos. Localização: MID medial-maleolar.

9.1/A 9.1/C 9.1/D

9.1/G 9.1/G.1

Fig. 9.1/A - vista medial: 1ºD. Medidas: L=3,5cm; C=5,5cm; P=0,6mm; A=12,00cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, com aspecto de casca de laranja, descamativa e hipermiada, com hemosiderose castanho acinzentada, hiperqueratose e maceração. Bordas esbranquiçadas e maceradas. Leito da ferida apresentou tecido de granulação avermelhado com área < 25%. Presença de crosta amarela-acastanhada, esverdeada, com densidade variada, mais espessa na porção superior. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Temperatura da pele levemente alterada, ao tato (hipertermia). Apresentava celulite e dermatite irritativa, com história de PVPI prolongado. Edema em MID (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato pio-sanguinolento, opaco, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++) e odor fétido (4+/4+). Fig. 9.1/B - vista medial: 7ºD. Medidas: L=3,5cm; C=5,5cm; P=0,6mm; A=12,95cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, ainda com aspecto de casca de laranja, mais hipermiada, com menos áreas esbranquiçadas, comparando-se à avaliação anterior. Presença de hemosiderose acastanhada (ocre). Borda edemaciada, com coloração predominate róseo-avermelhada, menos macerada em comparação à fig. 9.1/A. Leito apresentando granulação de coloração avermelhada, em maior quantidade ( 50% e < 75%). Presença de crosta amarelada, difusa, predominantemente tênue, exceto na porção superior. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e paraPseudomonas aeruginosa. Outras informações: Temperatura da pele levemente alterada, ao tato (hipertermia). Pele próxima a lesão endurecida e eczematosa. Edema em perna (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato pio--sanguinolento, opaco, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++) e odor fétido (4+/4+).

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Fig. 9.1/C - vista medial: 14ºD. Medidas: L=3.5cm; C=5,5cm; P=0,5mm; A=12,57cm2. Macroscopia: Pele perilesional hiperemiada, com mais áreas esbranquiçadas, comparando-se à avaliação anterior Ainda ressecada, descamativa, com aspecto de casca de laranja, com fissuras, próximo ao calcâneo, devido ao ressecamento intenso da pele. Presença de hemosiderose acastanhada (ocre) e acinzentada. Bordas, edemacidas e hiperemiadas com redução da hiperqueratose. Prevaleceu a presença de crosta amarelo-esverdeado mais concentrada na parte superior da borda interna. Leito apresentando redução da granulação ( 25 e < 50%), de coloração róseo-avermelhada. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica, endurecida e eczematosa. Redução do edema em MID (2+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato purulento, de coloração amarelo-esverdeada e opaca, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++) e redução do odor fétido (3+/4+). Fig. 9.1/D - vista medial: 21ºD. Medidas: L=3,0cm; C=5,5cm; P=0,4mm; A=13,56cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, descamativa, hiperemida. Presença de hemosiderose acastanhada (ocre) e acinzentada. Ao comparar com a fig 9.1/C e 9.1/D observou-se mudança no contorno da lesão, embora as bordas permaneçam irregulares; houve redução da coloração esbranquiçada na região inferior e aparecimento de linha de maceração na porção látero-anterior. Bordas ainda edemaciadas. Aumento da crosta amarela-esverdeada, mais opaca e espessa na periferia, mais aderida á porção superior (superior-anterior e posterior) da lesão; no centro granulação ( 25 e < 50%) mais avermelhada e uma área de sangramento na região inferior. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e Proteus vulgaris. Outras informações: Pele isotérmica, endurecida e eczematosa. Edema em MID (2+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato purulento, de coloração amarelo-esverdeado e opaco, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (3+/4+).

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E presença de sangrmant

Fig. 9.1/E - vista medial: 28ºD. Medidas: L=3,5, C=5,5, P=0,4mm, A=14,68cm2. Macroscopia: Pele perilesional hiperemiada, mais ressecada, descamativa e esbranquiçada, com redução da hiperqueratose em comparação às análises anteriores. Observou-se presença de edema e pele em casca de laranja. Presença de hemosiderose acinzentada. Bordas hiperemiadas, edemaciadas e menos esbranquiçadas, comparada à fig. 9.1/D. Área degranulação < 25, de coloração rósea-avermelhada, com alguns pontos de sangramento, mais evidenciado na região superior. Aumento da quantidade e espessura da crosta amarelada e mais esverdeada. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e Proteus vulgaris. Outras informações: Pele isotérmica, endurecida, com celulite e dermatite irritativa. Edema em MID (2+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato purulento, de coloração amarelo-esverdeado e opaco, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (3+/4+). Fig. 9.1/F - vista medial: 35ºD. Medidas: L=4,0cm; C=5,5cm; P=0,4mm; A=13,89cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, descamativa, hiperemiada e esbranquiçada. Presença de hemosiderose acinzentada e hiperqueratose. Bordas edemaciadas, hiperemiadas, irregulares com presença de sangramento em região ântero-superior e linha azulada (congestão vasular) na região lateral ântero-lateral. No leito observou-se coloração róseo e mais avermelhada, brilhante e granulação 25 e <50%, na periferia redução e adelgaçamento do material amarelo-esverdeado. Presença de sangramento na parte superior. Outras informações: Pele isotérmica, endurecida e com dermatite irritativa e celulite. Edema em MID (2+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato purulento, de coloração amarelo-esverdeado e opaco, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (3+/4+).

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Fig. 9.1/G - vista medial: 42ºD. Medidas: L=4,0cm; C=5,5cm; P=0,4mm; A=14,13cm2. Macroscopia: Pele perilesional hiperemiada, menos ressecada, descamativa, macerada e esbranquiçada em comparação a análise anterior. Ainda com edema e aspecto de casca de laranja. Observou-se presença de hemosiderose castanho (ocre) e acinzentada e redução da hiperqueratose. Bordas hiperemiadas, esbranquiçadas, maceradas e edemaciadas, com uma região de sangramento na porção superior. No leito granulação 25 e <50%, de coloração róseo- avermelhada, e redução do sangramento; na periferia concentração da crosta amarela-esverdeada, mais difusa, delgada e brilhante quando comparado à fig. 9.1/F. Outras informações: Pele isotérmica, endurecida e com presença de dermatite irritativa. Edema em MID (2+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato purulento, de coloração amarelo-esverdeada e opaca, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (3+/4+). Fig. 9.1/A - vista medial: 1ºD. Comparando-se a evolução macroscópica da ferida, entre as figuras 9.1/A e 9.1/G, foi possível observar redução do edema, da coloração esbranquiçada, da maceração e da hierqueratose na pele perilesional. Manteve-se edema em casaca de laranja. Bordas menos edemaciadas, maceradas e esbranquiçadas. Observou-se mudança no desenho da ferida. No leito houve alteração da quantidade e densidade da crosta amarela-esverdeada, porém concentrada na região superior. Ocorreram variações mínimas da área de granulação, mas com modificação de sua aparência e coloração. Em relação aos demais parâmetros de avaliação destacaram-se: redução da quantidade de exsudato, que passou de acentuado a moderado, quanto ao tipo passou de pio-sanguinolento a purulento. Observou-se ainda redução do odor fétido e do edema no MID. Houve manutenção da hemosiderose e da dermatite irritiva na pele perilesional.

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Prancha 07

Paciente 8 – P8 (descrição do caso na prancha 06). Senha da ferida: 9.2. Grupo: AGE. Tempo aproximado de lesão: 06 anos. Localização: MID lateral-maleolar.

Fig. 9.2/A - vista lateral: 1ºD. Medidas: L=4,0cm; C=8,5cm; P=1,0cm; A=20,31cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, descamativa, hiperemiada, edemaciada, com hemosiderose acastanhada (ocre), hiperqueratose e fibrose. Bordas hiperemiadas, com presença de áreas esbranquiçadas, maceradas. Na margem lateral superior verificou-se área de coloração azulada, linear. Leito da ferida apresentando tecido de granulação < 25%, de coloração róseo-avermelhada e uma região no formato de J invertido, de necrose hemorrágica, na porção inferior. Presença de crosta amarelo esverdeada, delgado e difuso. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Temperatura da pele levemente alterada, ao tato (hipertermia). Presença de eritema eczematoso, além de cicatrizes na parte ântero-lateral do pé, proveniente de ferimentos anteriores, celulite e dermatite irritativa, com história de uso de PVPI prolongado anteriormente ao início do estudo. Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Edema em MID (3+/4+). Presença de exsudato purulento, de coloração amarela-esverdeada e opaca, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++) e odor fétido (4+/4+). Fig. 9.2/B - vista lateral: 7ºD. Medidas: L=4,5cm; C=8,5cm; P=1,0cm; A=20,59cm2. Macroscopia: Pele perilsional menos macerada e esbranquiçada, menos ressecada e descamativa, mais hiperemiada, menos edemaciada, com aparecimento de vilosidades, quando comparado a fig. 9.2/A. Manteve-se a hemosiderose acastanhada (ocre). Borda com predomínio de coloração róseo-avermelhada, com diminuição da maceração. Na margem lateral superior verificou-se persistência da área de coloração azulada, linear. Leito apresentou aumento da proporção de tecido de granulação 25 e <50%, predominado a coloração avermelhada. Notaram-se áreas de necrose hemorrágica e coloração azulada na porção ântero-lateral. Verificou-se diminuição e adelgaçamento do tecido amarelado. Presença de uma região de sangramento na parte inferior. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Temperatura da pele levemente alterada, ao tato (hipertermia). Observou-se hiperemia e dermatite irritativa nas bordas externas. Edema em MID (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato pio-sanguilolento e opaco, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (4+/4+).

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Fig. 9.2/D - vista lateral: 14ºD. Medidas: L=4,0cm; C=8,5cm; P=1,0mm; A=20,68cm2. Macroscopia: Pele perilesional edemaciada, menos hiperemiada, menos esbranquiçada e menos macerada; mais ressecada e descamativa quando comparada à fig. 9.2/B. Presença de hiperqueratose em penínsulas de pele e de hemosiderose castanho-acinzentada. Bordas hiperemiadas e esbranquiçadas com redução da maceração. Observou-se presença de linha de granulação em bordas internas da lesão. Leito mais hidratado e brilhante, com desaparecimento da coloração azulada; observaram-se áreas amareladas, com predomínio de coloração róseo-avermelhada, condinzente com granulação ( 25 e <50%), presença de regiões de sangramento, mais localizadas na periferia. Cultura: Positivas para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica, eczematosa e endurecida. Edema em MID (2+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato purulento, de coloração amarelo-esverdeado e opaco, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (3+/4+). Fig. 9.2/C - vista lateral: 21º D. Medidas: L=4,0cm; C=8,5cm; P=1,0mm; A= 22,87cm2. Macroscopia: Pele perilesional permaneceu ressecada e descamativa; edemaciada e com aspecto de casca de laranja. Hiperemiada, esbranquiçada e macerada. Presença de hemosiderose acastanhada. Bordas hiperemiadas, descamativas com melhora da maceração e redução da coloração esbranquiçada. Presença de linha de granulação em bordas internas da lesão e um ponto de congestão vascular azulado na região superior. Leito com aumento da crosta de coloração amarelada e levemente esverdeada; presença de necrose hemorrágica na região pôstero-inferior, em forma circular; mantendo granulação 25 e <50%, de coloração róseo-avermelha e sem sangramentos. Bordas internas granuladas com pouca quantidade de material amarelado e delgado. Leito com granulação 25% e <50%. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e Proteus vulgaris. Outras informações: Pele isotérmica, eczematosa e endurecida. Edema em MID (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato pio-sanguinolento, de coloração amarelada, pouco avermelhada e opaca, menos esverdeada, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (3+/4+).

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zaaaaaaaaM

Fig. 9.2/E - vista lateral: 28º D. Medidas: L=4,0cm; C=8,5cm; P=0,9mm; A=25,78cm2. Macroscopia: Pele perilesional mais ressecada e descamativa em relação à avaliação anterior. Ainda edemaciada e com aspecto de casca de laranja, com aumento da hiperemia e redução da coloração esbranquiçada e da maceração. Observou-se presença de crostas amareladas na pele perilesional, na região látero-posterior e inferior. Bordas hiperemiadas, menos esbranquiçadas, maceradas e edemaciadas, quando comparadas à fig. 9.2/D. Observou-se descolamento da crosta e linha de granulação na borda interna inferior. Leito com granulação <25%, predominando coloração avermelhada, com aumento da quantidade e densidade da crosta amarelada e levemente esverdeada no centro. Presença de necrose hemorrágica em forma circular, na região pôstero-inferior. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e Proteus vulgaris. Outras informações: Pele isotérmica, eczematosa e endurecida, com presença de dermatite irritativa e história de uso prolongado de PVPI. Edema em MID (2+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade da crosta na boda interna inferior.de ausentes. Presença de exsudato pio-sanguilolento, de coloração amarelada e opaca, com rajas esverdeada e avermelhada, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (2+/4+). Fig. 9.2/F - vista lateral: 35º D. Medidas: L=4,5cm; C=8,5cm; P=0,9mm; A=25,94cm2. Macroscopia: Pele perilesional menos ressecada, descamativa. Com presença de hemosiderose acastanhada, edema, hiperemia e reaparecimento da maceração e coloração esbranquiçada; pôde-se ser observado formação de hiperqueratose e fibrose. Borda hiperemiada, esbranquiçada e macerada. Leito com área de granulação < 25%, mais avermelhada e brilhante, quando comparada a analise anterior. Redução da crosta amarelada, mais difusa no leito e mais densa. Outras informações: Pele isotérmica, eczematosa e endurecida, com presença de dermatite irritativa e história de uso prolongado de PVPI. Edema em MID (2+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato pio-sanguinolento, amarelo-esverdeado, opaco, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (2+/4+).

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Fig. 9.2/G - vista lateral: 42º D. Medidas: L=4,5cm; C=8,5cm; P=0,9mm; A=26,30cm2. Macroscopia: Pele perilesional, hiperemiada, edemaciada, esbranquiçada, macerada, ressecada e descamativa. Presença de hemosiderose acastanhada. Hiperqueratose amarelada e fibrose esbranquiçada na região pôstero-inferior. Borda hiperemiada, esbranquiçada e macerada em algumas regiões. Maior parte da borda interna encontrou-se contornada por tecido de granulação avermelhado. Leito hidratado, apresentando aumento da área do tecido de granulação 25% e <50%, predominando a coloração avermelhadosa e brilhante. Houve redução e adelgaçamentredo da crosta amarelada. Outras informações: Pele isotérmica, eczematosa e endurecida. Edema em MID (2+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato purulento, de coloração amarelada, menos opaco, de consistência mais fluída, em quantidade moderada (++) e odor fétido (2+/4+). Fig. 9.2/A - vista lateral: 1º D.Comparando-se a evolução macroscópica da ferida entre as figuras 9.2/A e 9.2/G foi possível observar redução da coloração esbranquiçada, da maceração, hiperqueratose e fibrose. A pele perilesional evoluiu com redução do ressecamento e da descamação. Nas bordas foi possível visualizar redução da maceração e aparecimento de linha de granulação avermelhada. No leito houve aumento e melhora do aspecto do tecido de granulação, com redução e adelgaçamento da crosta amarela-esverdeada. Em relação aos demais parâmetros de avaliação destacaram-se: redução da quantidade de exsudato, que passou de acentuado a moderado, quanto ao tipo manteve-se de purulento, porém com alteração da coloração, opacicidade, consitência e redução do odor. Observou-se ainda redução do odor fétido e do edema no MID.

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Prancha 08

Paciente 8 – P8 (descrição do caso na prancha 06). Senha da ferida: 9.3. Grupo: BIOMEMBRANA. Tempo aproximado de lesão: 04 anos. Localização: MIE medial-maleolar. Presença de pequenas ulcerações próximas á lesão.

Fig. 9.3/A - vista medial: 1ºD. Medidas: L=5,5cm; C=11,0cm; P=1,0mm; A=38,74cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada e levemente descamativa, espessada, esbranquiçada, com hemosiderose castanho acinzentada, aspecto de casca de laranja devido ao edema. Presença e duas outras ulcerações próximas a ferida em tratamento. Bordas externas hiperemiadas, esbranquiçada, maceradas e com presença de fibrose. Bordas internas irregulares. Leito da ferida apresentou coloração amarelo-esverdeado na periferia e granulação avermelhada no centro (área 50% e < 75%). Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Temperatura da pele levemente alterada, ao tato (hipertermia). Presença de eritema eczematoso, celulite e dermatite irritativa, com história de uso de PVPI prolongado. Edema em MIE (4+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato pio-sero-sanguinolento, de coloração amarelo-esverdeada e opaca, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++) e odor fétido (4+/4+). Fig. 9.3/B - vista medial: 7ºD. Medidas: L=6,5cm; C=12,0cm; P=0,7mm; A=44,55cm2. Macroscopia: Pele perilsional menos esbranquiçada, mais hidratada, menos macerada, comparado a análise anterior. Aspecto de casca de laranja ainda presente. Borda menos edemaciada, esbranquiçada, apresentando área de sangramento na região póstero superior. Leito coberto por crosta amarela-esverdeada e acinzentada, mais delgada no centro e espessa na periferia; redução do tecido de granulação (< 25%), que se apresentou róseo. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica. Edema reduzido em MIE (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato fibrinoso, de coloração amarela, esverdeado e opaco, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (4+/4+), característico do biomaterial.

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Ornadas por tecido de

Fig. 9.3/C - vista medial: 14º D. Medidas: L=6,0cm; C=11,0cm; P=0,7mm; A= 39,72cm2. Macroscopia: Pele perilesional, descamativa e ressecada, com presença de hemosiderose acinzentada. Bordas edemaciadas hiperemiadas, menos maceradas e esbranquiçadas comparado a fig. 9.3/B, com sangramento em algumas regiões. Leito com redução da crosta amarela-esverdeada, menos acinzentada, mais delagada no centro e densa na periferia. Aumento do tecido de granulção, de coloração róseo-avermelhada e brilhante, ocupando área < 25%. Observou-se desaparecimento do sangramento na região póstero superior. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa .Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MIE (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato fibrinoso, de coloração amarelo-esverdeado e opaco, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (4+/4+), característico do biomaterial. Fig. 9.3/D - vista medial: 21º D. Medidas: L=5,0cm; C=11,0cm; P=0,5mm; A=36,26cm2. Macroscopia: Pele perilsional com aspecto de casca de laranja, ressecada e descamativa. Melhora da maceração e redução da coloração esbranquiçada, quando comparada à avaliação anterior. Borda menos edemaciada, menos esbranquiçada e macerada, hiperemiada e com presença de linha de granulação. Leito com crosta amarelada, mais esverdeada e acinzentada na região superior, mais concentrada e espessa na periferia. Presença de granulação < 25%; de coloração róseo-avermelhada, com sangramento na porção pôstero-inferior. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e Proteus vulgaris. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MIE (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato fibrinoso, de coloração amarelo-esverdeado, com raja avermelhada e opaco, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++) e redução do odor fétido (4+/4+), característico do biomaterial.

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Fig. 9.3/E - vista medial: 28º D. Medidas: L=5,5cm; C=5,5cm; P=0,7mm; A=38,24cm2. Macroscopia: Pele perilesional, com aspecto de casca de laranja, ressecada e descamativa, com presença de hiperemia, maceração e coloração esbranquiçada. Borda esbranquiçada e macerada, com redução do edema, quando comparado a fig. 9.3/D. Leito com área de granulação 25% e < 50%, de coloração rósea e avermelhada. Observou-se uma área de necrose hemorrágica mais ao centro, na parte ântero-inferior. Redução de crosta amarelada, mais esverdeada na periferia, principalmente na região ântero-superior. A crosta encontrou-se delgada no centro e densa na periferia. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e Proteus vulgaris. Outras informações: Pele isotérmica, endurecida. Edema em MIE (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de fibrinoso-sanguilolento, de coloração amarelo-esverdeado, discretamente avermelhado e opaco, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (4+/4+), característico do biomaterial. Fig. 9.3/F - vista medial: 35º D. Medidas: L=5,5cm; C=11,0cm; P=0,7mm; A=38,24cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada e descamativa, hiperemiada, mais esbranquiçada e macerada. Presença de hemosiderose castanho (ocre) e acinzentada. Bordas edemaciadas, hiperemiadas, maceradas e esbranquiçadas. Leito mais avermelhado, com tecido de granulação 50% e < 75%, com regiões de sangramento. Crosta amarela-esverdeada, mais concentrada e densa na periferia, acinzentada na porção ântero-superior. Outras informações: Pele isotérmica, endurecida. Edema em MIE (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato fibrinoso-sanguilolento, de coloração opaca, amarelo-esverdeado, mais avermelhado, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (4+/4+), característico do biomaterial.

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nja

Fig. 9.3/G - vista medial: 42º D. Medidas: L=5,5cm; C=11,0cm; P=0,7mm; A=35,77cm2. Macroscopia: Macroscopia: Pele perilesional ressecada e descamativa, hiperemiada, esbranquiçada e macerada. Presença de hemosiderose castanho (ocre) e acinzentada. Bordas menos edemaciadas, hiperemiadas, maceradas e esbranquiçadas. Leito róseo-avermelhado, com tecido de granulação 25% e < 50%, sem sangramento. Aumento da crosta de coloração amarela-esverdeada, mais concentrada e densa na periferia, e com mais regiões acinzentadas, quando comparado a análise anterior. Outras informações: Pele isotérmica, endurecida. Edema em MIE (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato fibrinoso, de coloração opaca, amarelo-esverdeado, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (4+/4+), característico do biomaterial. Fig. 9.3/A - vista medial: 1º D. Comparando-se a evolução macroscópica da ferida entre as figuras 9.3/A e 9.3/G, é possível observar redução da coloração esbranquiçada, da maceração e fibrose. Pele menos ressecada e descamativa, melhora do aspecto de casca de laranja. As bordas tornaram-se menos esbranquiçadas, maceradas e edemaciadas. No leito o tecido de granulação tornou-se mais brilhante, ocupando área 25% e < 50. Durante o tratamento com a biomembrana houve variação da densidade e extensão do material amarelo-esverdeado e acinzentado. Em relação aos demais parâmetros de avaliação destacaram-se: redução da quantidade de exsudato, que passou de acentuado a moderado, quanto ao tipo passou de pio-sero-purulento a fibrinoso. Houve melhora do edema no MIE e alteração do odor da ferida, mesmo se mantendo fétido (4+/4+), após o tratamento da ferida assumiu odor característico do biomaterial.

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Prancha 09

Paciente 9 – P9 (descrição do caso na prancha 06). Senha da ferida: 9.4. Grupo: BIOMEMBRANA. Tempo aproximado de lesão: 05 anos. Localização: MIE, região maleolar externa.

Fig. 9.4/A - vista lateral: 1ºD. Medidas: L=5,0cm; C=11,0cm; P=0,7mm; A=35,9cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, descamativa, levemente hiperemiada, com hemosiderose castanho acinzentada e fibrose. Bordas edemaciadas, esbranquiçadas, maceradas. Presença de crosta amarela-esverdeada difusa no leito, predominando na periferia, em direção ao calcâneo. Observou-se presença de granulação 25% e < 50%, de coloração vermelho escuro, com uma região de necrose coagulativa. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Temperatura da pele levemente alterada, ao tato (hipertermia). Presença de celulite e dermatite irritativa, provavelmente devido ao uso de PVPI prolongado antes do início da intervenção no presente estudo. Edema em MIE (4+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato pio-sero-sanguinolento, de coloração amarelo-esverdeada, com rajas avermelhada e opaco, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++) e odor fétido (4+/4+). Fig. 9.4/B - vista lateral: 7ºD. Medidas: L=5,0cm; C=11,0cm; P=0,6cm; A=37,1cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, menos descamativa, porém mais hiperemiada, comparado a fig. 9.4/A. Presença de hemosiderose castanho (ocre) Bordas edemaciadas, maceradas, esbranquiçadas, com áreas esparsas de granulação. Leito da ferida coberto por crosta amarela-palha, esverdeada e acinzentada, mais densa no centro e delgada na periferia; redução da área de granulação (< 25%), passando para a coloração rósea avermelhada. Observaram-se regiões de sangramento na periferia. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MIE (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato fibrinoso-sanguinolento, de coloração amarelo-esverdeada, com rajas avermelhada e opaca, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++) e odor fétido (4+/4+).

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Fig. 9.4/C - vista lateral: 14º D. Medidas: L=6,0cm; C=11,0cm; P=0,7mm; A= 36,9cm2. Macroscopia: Pele perilesional permaneceu ressecada, descamativa, levemente hiperemiada e com hemosiderose castanho acinzentada e aparecimento de vilosidades. Bordas edemaciadas, esbranquiçadas, maceradas. Presença de linha de granulação na região superior, lateral anterior e inferior posterior da borda. Observou-se no leito, adelgaçamento da crosta amarela-esverdeada agora com áreas acinzentadas, no leito e aumento da área granulada, principalmente na região superior, ainda, 25% e < 50% e de coloração róseo-avermelhada. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e para Pseudomonas aeruginosa. Outras informações: Pele isotérmica. Redução do edema em MIE (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato fibrinoso, de coloração amarelo-esverdeada, com rajas avermelhada e opaco, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++) e odor fétido (4+/4+). Fig. 9.4/D - vista lateral: 21º D. Medidas: L=6,0cm; C=10,5cm; P=0,5mm; A=39,3cm2. Macroscopia: Pele perilesional menos ressecada e menos descamativa, em comparacão à figura 9.4/C, ainda hiperemiada e podendo ser visualizadas vilosidades. Redução da coloração esbranquiçada e das áreas de maceração nas bordas e na pele perilesional. Presença de linha de granulação nas bordas. Diminuição da crosta amarela-esverdeada no centro da lesão, com maior concentração e espessura na periferia. Coloração mais acinzentada na região látero-superior da lesão. Granulação 25% e < 50%, de coloração rósea e levemente avermelhada. Observou-se uma região de sangramento na parte superior posterior e duas áreas de coloração acastanhada na parte lateral osterior e lateral anterior. Cultura: Cultura positiva para Sthaphylococcus aureus e Proteus vulgaris. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MIE (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Pele perilesional menos endurecida. Presença de exsudato fibrinoso, de coloração amarelo-esverdeada, com rajas avermelhadas e opaco, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++) e odor fétido (4+/4+).

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Fig. 9.4/E- vista lateral: 28º D. Medidas: L=4,5cm; C=11,5cm; P=0,7mm; A=35,6cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada, descamativa, hiperemiada, com hemosiderose castanha e acinzentada (ocre) e coloração esbranquiçada. Bordas edemaciadas, hiperemiadas, maceradas e esbranquiçadas. Leito róseo-avermelhado, com granulação 25% e < 50%. Redução da crosta amarela-esverdeada, mais delgada no centro e concentrada na periferia; redução da coloração acinzentada. Cultura: Positiva para Sthaphylococcus aureus e Proteus vulgaris. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MIE (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato fibrinoso, de coloração amarelo-esverdeada e opaca, de consistência espessa, em quantidade acentuada (+++), redução do odor fétido (3+/4+). Fig. 9.4/F- vista lateral: 35º D. Medidas: L=5,0cm; C=11,0cm; P=0,7mm; A=39,5cm2. Macroscopia: Pele perilesional macerada e esbranquiçada, ressecada e descamativa, hiperemiada, com presença de hemosiderose castanha (ocre) e acinzentada. Nas bordas observou-se aumento de regiões maceradas e hiperemiadas. Aumento da granulação no leito, de coloração mais avermelhada e percentual 50% e < 75%. Redução da crosta amarela-esverdeada; mais delgada, em comparação a avaliação anterior. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MIE (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato fibrinoso, de coloração amarelo-esverdeado e opaco, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido.

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Fig. 9.4/G - vista lateral: 42º D. Medidas: L=5,0cm; C=11,0cm; P=0,7mm; A=36,2cm2. Macroscopia: Pele perilesional ressecada e descamativa, macerada e esbranquiçada, hiperemiada. Presença de hemosiderose castanho (ocre) e acinzentada. Bordas maceradas e esbranquiçadas, apresentando áreas de granulação. Leito com granulação

50% e < 75%, de coloração róseo, embora mais avermelhado e brilhante, quando comparado à figura 9.4/F. Redução da crosta amarela-esverdeada; de densidade mais delagada. Presença de sangramento na região pôstero-superior. Outras informações: Pele isotérmica. Edema em MIE (3+/4+). Mobilidade da pele e elasticidade ausentes. Presença de exsudato fibrinoso, de coloração amarelo-esverdeado e opaco, de consistência espessa, em quantidade moderada (++) e odor fétido (3+/4+). Fig. 9.4/A – vista lateral: 1º D. Comparando-se a evolução macroscópica da ferida entre as figuras 9.4/A e 9.4/G, foi possível observar aumento da maceração, persistência da coloração esbranquiçada e redução da hiperemia. Pele menos ressecada e descamativa. Bordas menos edemaciadas, com desaparecimento da fibrose e presença de linha de granulação. No leito o tecido de granulação assumiu aspecto melhorado, ocupando uma área 50% e < 75%, de coloração rósea, avermelhada e brilhante. Houve desaparecimento da necrose coagulativa e dos pontos de sangramento no centro da lesão, porém com nova região de sangramento na região pôstero-superior. Durante o tratamento com a bioembrana houve variação da densidade e extensão da crosta amarela-esverdeada e acinzentada. Observou-se alteração do contorno da ferida. Em relação aos demais parâmetros de avaliação, destacou-se: redução da quantidade de exsudato, que passou de acentuado a moderado, quanto ao tipo passou de pio-sero-purulento a fibrinoso. Houve melhora do edema no MIE e redução do odor da ferida, que após o tratamento da ferida assumiu odor característico do biomaterial.

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VI – CONCLUSÕES

Comparando-se o uso de biomembrana de látex (Biocure® - Pele Nova

Biotecnologia®) com um produto a base de AGE (Dersani® - SANIPLAN®) no tratamento de

feridas crônicas infectadas em pessoas que receberam alta do tratamento para hanseníase,

verificou-se que nas lesões tratadas com AGE (Dersani®), durante 28 dias, foi encontrada ação

antimicrobiana, apenas para Enterobacter aerogenes (resistente a ceftazidina).

Não foi observada ação sobre os demais microrganismos identificados nas lesões,

ou seja, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Proteus vulgaris, Escherichia coli o

que é divergente da literatura encontrada.

Mediante tratamento das lesões, tratadas com a biomembrana à base de látex

(Biocure®), verificou-se negativação de crescimento de Pseudomonas aeruginosa em 07 casos,

a partir do 21º dia de intervenção. Não foi encontarada ação sobre os demais microrganismos

identificados nas lesões, ou seja, Staphylococcus aureus, Proteus vulgaris, Escherichia coli e

Enterobacter aerogenes.

Em relação à resistência aos antimicrobianos foi observado: Staphylococcus

aureus (resistentes a eritromicina, ciprofloxacina e oxacilina) e Pseudomonas aeruginosa

(freqüentemente resistentes a sulfametoxazol/trimetopim, a ceftazidina, amicacina e

ciprofloxacina), Proteus vulgaris (resistentes principalmente a sulfametoxazol/trimetopim,

amicacina e ciprofloxacina), Enterobacter aerogenes (freqüentemente resistentes a ceftazidina,

amicacina e sulfametoxazol/trimetopim), e Escherichia coli (sulfametoxazol/trimetopim e

amicacina).

Tendo em vista que vários autores alertam que nem sempre a antibioticoterapia

sistêmica seja a melhor solução na abordagem de feridas crônicas infectadas, a busca de outras

possibilidades, que não favoreçam a resistência microbiana representa um desafio. Neste estudo

a biomembrana mostrou indícios de uma contribuição positiva.

Contudo, no estudo in vitro, utilizando-se os dois produtos, não ocorreu inibição

do crescimento destes microrganismos.

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Em relação à evolução da cicatrização, observou-se que o período de 42 dias foi

insuficiente para observar resultados de maior impacto neste tipo de feridas, porém as lesões

tratadas com a biomembrana de látex apresentaram maior redução da média da área ( =12,85

cm2 ± 22,55) quando comparado às lesões tratadas com o produto à base de AGE ( =3,55 cm2 ±

3,96). Quanto à profundidade, os dois produtos mostraram-se semelhantes quanto ao

preenchimento do leito lesão.

Analisando a satisfação relatada pelos sujeitos, bem como os fatores que causam

agrado e desagrado em relação aos curativos realizados com os dois produtos observaram-se

que, no geral, houve mais fatores que geraram agrado em relação aos que geram desagrado. Nas

feridas tratadas com o AGE os pacientes relatam mais fatores de agrado (94,36%) em relação

àquelas tratadas com a biomembrana (87,39%). No grupo tratado com o AGE prevaleceram o

prurido e a dor como fator de maior desagrado, enquanto que no grupo tratado com a

biomembrana predominaram as referências ao desagrado quanto ao odor e a outros fatores.

No grupo tratado com biomembrana foi referida como fator de desagrado à cor do

leito da lesão, que às vezes mostrava-se em tom que mesclava o amarelo com verde e cinza. Isto

não ocorreu no grupo tratado com AGE.

Obervou-se, logo ao início do tratamento com a biomembrana, alteração na cor do

leito, odor, aumento de exsudato nas feridas e maceração em parte das bordas, o que gerou

desconfiança em alguns pacientes, porém com a evolução do tratamento verificou-se melhora

destes sinais, inclusive quanto à aceitação dos pacientes.

Comparando os relatos dos grupos tratados quanto à freqüência da presença de

dor, em três momentos da intervenção (fora do manuseio da ferida, imediatamente antes do

manuseio da ferida e imediatamente depois do manuseio da ferida) observou-se semelhança

entre eles. Houve maior número de relatos de dor fora do manuseio da lesão em ambos os

grupos, seguida por dor relatada imediatamente antes do manuseio da lesão e dor relatada

imediatamente depois do manuseio da lesão. Observou-se maior média de relatos de dor

imediatamente antes e imediatamente após o manuseio da lesão nas feridas tratadas com o

produto a base de AGE, o leva a concluir-se que o tratamento com a biomembrana foi mais bem

tolerado pelos pacientes.

Quanto à intensidade da dor, relatada em quatro momentos do tratamento (fora do

manuseio da ferida, imediatamente antes do manuseio da ferida, durante o manuseio da ferida e

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imediatamente depois do manuseio da ferida) observou-se maior intensidade da dor fora da

manipulação da lesão, especialmente nas pessoas tratadas com o produto a base de AGE.

Na avaliação do custo do tratamento, em 42 dias de intervenção, em que as trocas

dos curativos foram diárias, conclui-se que os produtos tiverem resultados equivalentes.

Destaca-se que, conforme especificações do fabricante, as trocas dos curativos com a

biomembrana de látex podem ocorrer em períodos variáveis entre 24 e 72 horas, o que

reduziriam os custos do tratamento com este produto. Contudo, na fase de cicatrização das

feridas tratadas, ao longo de 42 dias, predominou a fase inflamatória, tornando necessário,

nestas circunstâncias o uso diário.

Quanto à análise macroscópica da lesão, observaram-se padrões semelhantes na

evolução das feridas tratadas com a biomembrana de látex. Entre eles: a alteração da coloração

no leito da lesão e seu preenchimento com material amarelo-esverdeado e acinzentado, de

densidade variável, porém mais espesso nas bordas em relação ao centro da ferida, a aceleração

da granulação na periferia da lesão, a maceração da bordas devido ao aumento da quantidade de

exsudato nos primeiros dias de tratamento, a mudança no tipo de exsudato assemelhando ao

fibrinoso, a alteração do odor característico ao biomaterial. Esclarecemos que alguns destes

fatores não prejudicaram a evolução da lesão, devendo, portanto ser observados, para que

auxiliem na implementação de medidas para diminuir alguns eventos, como o controle do

exsudato e a da maceração, por exemplo.

As feridas tratadas com AGE mostraram padrão de evolução variada, com

granulações mais ou menos intensas, alternadas com a formação heterogênea de crosta

amarelada.

O exsudato das feridas tratadas com AGE apresentava coloração

predominantemente amarelada, com rajas avermelhadas, enquanto que nas feridas tratadas com

biomembrana, a coloração era amarelo esverdeado.

Em ambos os grupos observaram-se momentos em que intercalaram melhora e

piora do aspecto no leito e nas bordas das lesões, influenciando inclusive na evolução da área e

profundidade da ferida. Houve períodos de grande variabilidade do tecido de granulação,

sangramento, viabilidade das bordas, entre outros. O que justifica, ainda, a importância de um

profissional habilitado durante o acompanhamento de feridas complexas, crônicas infectadas

mistas.

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Alguns pacientes tiveram feridas incluídas tanto para tratamento com

biomembrana como para o AGE, o que se considera ser positivo durante o desenvolvimento

deste estudo. Nestas pessoas, observaram-se semelhanças quanto à evolução das características

macroscópicas e dos relatos pessoais em relação à satisfação e dor.

Não foram observados eventos adversos em nenhuma ferida tratada durante a

realização deste estudo.

Finalizando, podemos concluir que não houve indícios para se afirmar que o o uso

de um produto seja mais recomendado do que o outro.

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VII - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a realização do estudo foi utilizada a expressão produto à base de AGE,

neste caso foi o Dersani®, sendo necessário esclarecer que são bem variadas as formulações a

base de AGE, existentes no mercado. Portanto, estudos com outras formulações do produto,

podem levar a resultados diferentes.

Da mesma forma existem outras apresentações de biomembrana, com outros

compostos. A utilizada neste estudo tinha como matéria prima o látex. Neste sentido, estudos

com outras biomembrana podem chegar a resultados diferentes.

As características das feridas apresentadas neste trabalho foram bem particulares.

Feridas crônicas, infectadas, com longo tempo de evolução, de extensão variada, sequelares a

hanseníase, desta forma estudos realizados com outros grupos, podem determinar diferenças,

quando comparado a este estudo. Da mesma forma, a limitação do tamanho da amostra

evidencia a necessidade de estudos futuros, para gerar melhores evidências para a prática

clínica.

Este estudo representou um grande desafio e, certamente contribuiu com o

aprendizado de várias pessoas que compuseram a equipe de trabalho. Algumas dificuldades

estiveram presentes durante a realização desta pesquisa clínica, entretanto alguns fatores

facilitaram esta jornada.

Devido à natureza deste estudo houve a exigência pela demanda de uma equipe

maior de pesquisadores e com especialidades diferentes, de tempo, financiamento e material

para a realização dos procedimentos. Houve a necessidade de um ambiente adequado para a

realização dos curativos, armazenamento e transporte dos produtos, inclusive os esterilizados. E

da construção de uma caixa para o aquecimento do soro, garantindo a metodologia proposta.

Para iniciar a realização dos procedimentos foi necessário adequar a sala de

curativos, para que o cenário/campo se mostrasse o mais próximo do ideal. Foram verificadas as

condições de instalação da sala, sendo necessárias algumas mudanças quanto à estrutura física,

biossegurança e disposição do mobiliário, a fim de facilitar os procedimentos e os registros das

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imagens. Para isto foi possível contar com o apoio da instituição, que se dispôs a ajudar em

todas as etapas da coleta de dados, inclusive com material de consumo e suporte profissional.

Antes de iniciar o estudo a pesquisadora se inseriu no cenário de trabalho,

procurando aproximar-se e interagir com os profissionais e com as pessoas que realizavam seus

curativos na instituição. Essa aproximação foi um desafio, uma vez que não se pretendia alterar

a rotina da instituição e dos pacientes.

Verificou-se que os moradores do HDS, por serem portadores de feridas crônicas

de longa duração, haviam estabelecido um lidar próprio com as lesões e se encontravam

receosos quanto ao desenvolvimento de pesquisas, uma vez que alguns já haviam participado de

outros estudos anteriormente. No entanto, para dois pacientes, no estudo, não foi possível abrir

mão, por muito tempo, do modo de lidar com suas lesões, uma vez que voltaram as práticas

habituais após 28 dias de intervenção.

Tendo como preocupação o seguimento da metodologia, na tentativa de minimizar

os erros que poderiam vir a ocorrer, o período de adaptação, foi também o de desenvolvimento

de planos de ação como: a criação de um protocolo para acompanhamento dos casos, análise e

readaptação do instrumento de coleta de dados, capacitação para a abordagem do paciente, para

a realização dos procedimentos, para registro e avaliação das informações e das imagens das

feridas. Nesta fase foi observada a complexidade de organização de algumas ações, para efeito

de pesquisa.

Houve uma preocupação incessante quanto ao preparo da pesquisadora para o

registro fotográfico, realização do ITB e montagem da documentação visando à fidelidade

científica. Para isto foram necessários exercícios para o manuseio do doppler, manejo da câmera

digital e dos programas de computador utilizados no estudo. Foi preciso qualificação para

entender o efeito dos fatores externos sobre a imagem como luminosidade, distância,

posicionamento do paciente e do pesquisador, entre outros.

Mesmo tendo realizado este treinamento, previamente à captação das imagens,

algumas dificuldades estiveram presentes. Verificou-se, portanto imprecisões nos planos das

fotografias, nas distâncias entre o objeto e a lente, intervenções da luz externa, entre outros.

Estes fatores provavelmente interferiram na análise macroscópica das lesões e na qualidade das

fotografias, mas não invalidaram as imagens registradas.

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Divergências de autores para descrever tecidos e conceituá-los, a exemplo de

livros de patologia humana e de tratamento de feridas, dificultou a classificação das imagens

das feridas observadas e a análise do material.

Foi difícil conseguir auxiliares de pesquisa interessados no projeto e com

disponibilidade de tempo para a execução do trabalho de campo. Como eram alunos do curso de

graduação em enfermagem, não poderia haver prejuízos no cronograma nem em suas atividades

acadêmicas. Por outro lado destacou-se, como ponto facilitador, a disponibilidade e desejo de

aprender dos alunos que se dispuseram a participar da pesquisa, e que poderiam ter suas

atividades mais diretamente voltadas para o currículo acadêmico.

Assim como a dificuldade para encontrar os auxiliares de pesquisa, foi exigida do

pesquisador responsável pelo tratamento das feridas, uma presença muito intensa no campo de

trabalho e que não pudesse ser interrompida durante as intervenções diárias. Isto ocasionou uma

situação de estresse, quase que constante, do pesquisador e dos auxiliares nas atividades meio

(abertura de pacotes, preenchimento das fichas, entre outros). Foi uma fase complicada, mas ao

mesmo tempo de muito conhecimento sobre valores humanos, compromisso e equilíbrio

emocional.

Constatou-se que a realização dos curativos diários, conforme uma técnica

padronizada gerou conforto e segurança nos pacientes, agradando mesmo aqueles que

inicialmente mostraram-se reticentes. Por outro lado, o rigor quanto ao procedimento para

efeito de pesquisa, levou ao atendimento com maior tempo (em média 40 minutos), sendo

superior àqueles das abordagens exclusivamente assistenciais. Para três pacientes esse tempo

gerou descontentamento. O que fez com que preferissem voltar ao atendimento institucional.

Reconheceu-se, portanto, que o procedimento de pesquisa é, muitas vezes, mais

elaborado e demorado que uma intervenção convencional. Neste sentido é necessário enaltecer

a colaboração dos participantes de pesquisa desta natureza, que se dispõe a contribuir para o

progresso do conhecimento científico.

Mesmo não criando falsas expectativas em relação à evolução e ao tempo de

cicatrização das feridas, a lentidão da resposta ao tratamento gerou certa frustração no

pesquisador e nos pacientes.

Outro problema, que teve de ser superado, foi o encaminhamento dos pacientes,

após 42 dias de tratamento, para a equipe que realizava o atendimento no cenário de estudo.

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Este desprendimento ou desenlace do relacionamento interpessoal foi difícil, devido aos

vínculos estabelecidos.

O desenvolvimento de um estudo clínico é certamente um desafio, podendo ser

facilitado por vários tipos de apoio. Não seria possível realizar esta pesquisa se não fossem as

colaborações emocionais dos amigos, da responsabilidade e entrosamento entre a equipe de

pesquisa e do apoio financeiro de algumas instituições, entre elas: a FUNAPE-UFG, que

possibilitou a compra da máquina fotográfica.

Depois de escolhidos os produtos, os pesquisadores buscaram apoio dos

fabricantes e apoio institucional entre eles: o Programa de Pós-Graduação, Mestrado da

Faculdade de Enfermagem da UFG, que ajudou na aquisição do produto a base de AGE; Pele

Nova Biotecnologia®, que forneceu suporte financeiro além da biomembrana utilizada no

estudo; FAMED®, que favoreceu a compra de produtos de consumo; Doles Reagentes®, que

forneceu parte do material de consumo; laboratório de microbiologia do IPTSP-UFG, que

realizou as análises clínicas; Faculdade de Odontologia, que liberou o reprocessamento dos

materiais e a enfermeira responsável pela CME que apoiou o projeto; HDS, que ajudou em

parte do material de consumo e apoio profissional.

A inserção no cenário de pesquisa e a receptividade dos profissionais do HDS foi

outro fator que facilitou a realização deste estudo. Desde a construção do projeto houve apoio

de todos os setores, destacando-se a ajuda da enfermeira responsável pelo serviço, seguida pela

contribuição dos profissionais médicos, da direção geral e da direção clínica, da equipe

administrativa e de Recursos Humanos, lavanderia, CME, segurança, técnicos em enfermagem,

agente comunitário de saúde, entre outros.

Foi percebido, durante o tempo de intervenção no HDS (quase um ano) o interesse

no trabalho em desenvolvimento, por parte dos profissionais da enfermagem e dos pacientes.

Foi um período de troca de conhecimento e transformações. Houve mudanças na conduta

profissional de algumas feridas, inclusive quanto à prevenção. Em relação aos pacientes foram

observadas mudanças no manejo de suas feridas e cuidado com as pernas.

Tendo em vista os fatores históricos, a exemplo do HDS, enfatiza-se o papel do

Estado quanto à atenção à saúde das pessoas, em especial ao cuidado das feridas. Neste caso

destaca-se ainda o investimento em recursos humanos, financeiros e manutenção do patrimônio.

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Desta forma, o estudo reforça a convicção já propagada pela literatura, que o

manejo de feridas, em especial as complexas, requer abordagem multiprofissional e dos vários

setores de atendimento.

Este trabalho apresentou contribuições para a construção de novos conhecimentos

relativos ao tratamento e intervenção de feridas, além do rico aprendizado profissional e

pessoal. Pessoalmente e profissionalmente quanto ao exercício de uma enfermagem assistencial

voltada para os aspectos humanos, psico-sociais, éticos, de ações voltadas para a educação

continuada e educação em saúde, de relacionamento interpessoal com resgate da convivência e

da abordagem holística.

O estudo permitiu o aperfeiçoamento quanto à elaboração de bancos de dados

informatizados e a utilização de programas como o Image J®. Possibilitou o preparo para a

realização de pesquisas clínicas futuras, com uma ótica mais apurada, na área de intervenção no

tratamento de feridas. Revelou a importância dos estudos clínicos e do rigor em sua

metodologia nas evidências para a prática clínica. Entretanto mostra o quão flexível e ético deve

ser o profissional que lida com seres humanos.

De modo geral a enfermagem é uma profissão que, tanto no âmbito da atenção

básica ou na atenção secundária, tem uma atuação mais marcante na realização dos curativos de

feridas cônicas, sendo necessário que os enfermeiros dediquem-se cada vez mais para a

realização de pesquisas nesta área, a fim de justificar sua prática nas melhores evidências.

Principalmente por saber que, constantemente vários produtos novos são lançados no mercado,

cabendo ao profissional o estudo criterioso de sua utilização em seu contexto.

Destaca-se ainda a urgência quanto ao investimento em profissionais habilitados

para prevenção e tratamento de feridas, o que poderia reduzir as complicações e o custo do

tratamento de lesões complexas.

Tratar uma ferida é muito mais que realizar um curativo, o momento das trocas

pode ser também de interação com a outra pessoa, cabendo ao enfermeiro saber utilizar sua

visão holística, detectar os problemas relacionados e intervir com maior proximidade ao caso,

auxiliando o paciente a encontrar respostas para os seus problemas de saúde em potencial.

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IX – ANEXOS

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ANEXO I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O(a) sr(a) está sendo convidado(a) para participar, como voluntário (a), desta pesquisa.

Após ter sido esclarecido(a) sobre o estudo e não tiver dúvidas, se aceitar fazer parte do estudo,

assine ao final deste documento, que está em duas vias (uma delas é sua e a outra é do

pesquisador responsável). Em caso de recusa, não haverá penalidade alguma e você continuará

sendo atendido como sempre nesta instituição.

Em caso de dúvida você poderá entrar em contato com a pesquisadora Geovana Eloisa

Quege, no telefone (62) 8137-1850 ou (62) 36073716 de dúvidas sobre os seus direitos ao

participar nesta pesquisa, você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa

Médica e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (CEPMHA), nos

telefones: (62)269-8338 ou (62)269-8426.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

TÍTULO: Estudo comparativo do uso do AGE e Biomembrana no tratamento de feridas

infectadas.

Este estudo está sendo feito numa parceria de pesquisadores da Faculdade de

Enfermagem, do Hospital das Clínicas e do Instituto de Patologias Tropicais e Saúde Coletiva

da Universidade Federal de Goiás. Cada pesquisador tem uma atividade diferente no estudo. A

pesquisadora que estará diretamente em contato com os participantes é a enfermeira Geovana

Eloísa Quege, que pode ser encontrada nos telefones citados anteriormente.

COORDENAÇÃO DA PESQUISA

Maria Márcia Bachion: enfermeira, doutora em Enfermagem, Professora Titular da Faculdade

de Enfermagem (FEN/UFG); orientadora do trabalho em desenvolvimento;

Equipe de Pesquisadores Participantes

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Sandra Maria Brunini de Souza: enfermeira, doutoranda em enfermagem, Professora

Assistente da Faculdade de Enfermagem (FEN-UFG);

Fátima Mrué: médica, doutora em Medicina, Hospital da Clinicas da Faculdade de Medicina de

Goiás –UFG.

Ruy de Souza Lino Junior: enfermeiro, doutor em Patologia. Professor Adjunto do Instituto de

Patologias Tropicais e Saúde Pública (IPTSP).

Fabiana Cristina Pimenta: Farmacêutica, Doutora em Ciências (Microbiologia), Professora

Adjunto do de Patologias Tropicais e Saúde Pública (IPTSP).

Geovana Eloísa Quege: enfermeira, aluna do Programa de Pós-Graduação Mestrado em

Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás.

OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA:

Esta pesquisa tem por objetivo comparar os resultados de dois produtos no tratamento de

feridas infectadas: um dos produtos se chama biomembrana e o outro se chama AGE. A

Biomembrana é um produto mais novo, ainda não muito utilizado, feito à base de látex, que é a

matéria prima da borracha. Esse produto, embora mais novo, tem licença para utilização para o

tratamento de feridas. O outro produto é feito à base de óleo composto de substâncias que nosso

organismo não produz, chamados ácidos graxos essenciais, daí a sigla AGE. Esse produto é o

que tem sido tradicionalmente utilizado, desde os anos 90. Para comparar os resultados dos dois

produtos gostaríamos de analisar o tempo que leva para as feridas cicatrizarem, quando usamos

um ou outro produto, os efeitos dessas substâncias nos micróbios que estão causando infecção

nas feridas, a satisfação do paciente ao usar cada um desses produtos, a dor que as pessoas

podem sentir ou não, os custos do tratamento feito com cada um dos produtos testados.

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Para isso, estamos convidando as pessoas que estão curadas de hanseníase, atendidas aqui

no HDS, que tenham feridas nas pernas, com suspeita de infecção nas lesões. Estas feridas são

difíceis de cicatrizar e estamos tentando verificar qual dos dois produtos seria a melhor opção.

Caso o(a) senhor(a) aceite participar, será feito um sorteio para decidir qual dos dois

produtos será usado no seu tratamento, que será feito por mim, Geovana, aqui no ambulatório,

todos os dias. Os participantes não terão nenhum tipo de gasto com a pesquisa. Terão apenas

que vir ao ambulatório, como de costume, todos os dias, pela manhã.

Esta pesquisa pode trazer ou não benefícios para as pessoas que participarem. Caso um

dos produtos seja superior ao outro, imediatamente todos passam a receber o produto que for

melhor. No caso de um dos produtos não levar a bons resultados, seu uso será interrompido, e a

pessoa passa a receber o produto que for melhor. O(a) sr(a) não receberá benefícios financeiros

em decorrência de sua participação na pesquisa.

Cada participante será tratado durante 42 dias ou menos, se a ferida cicatrizar antes.

Caso a ferida persista após 42 dias, o pessoal aqui do ambulatório dará continuidade ao seu

atendimento, como de costume.

Após assinar o termo de consentimento, você será entrevistado e examinado, em relação

à suas feridas. Após o sorteio do produto que será utilizado em seu tratamento, faremos seu

atendimento a partir de hoje, sendo realizados curativos em suas feridas todos os dias, com a

coleta de material, por meio de um cotonete especial, para avaliação da presença de infecção em

suas feridas e avaliação se os produtos estão agindo nesses micróbios. As feridas precisam ser

fotografadas, para podermos comparar os resultados do tratamento, mas asseguramos só

focalizaremos a área da ferida. Seu rosto não sairá na fotografia, assim como qualquer parte de

seu corpo que não esteja próximo à ferida.

Os curativos serão realizados obedecendo a intervalos de 24 a 48 horas, dependendo do

produto e da fase de cicatrização da ferida, no período matutino, por um período de 42 dias. O

procedimento poderá durar cerca de 30 minutos, lembrando que este tempo poderá sofrer

alterações para mais ou para menos tempo, dependendo da evolução da lesão.

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Este processo será cronometrado e seguirá normas de segurança e esterilização de modo

que sua saúde não seja prejudicada. Em seguida lhe perguntaremos o que sentiu e sua opinião

sobre a realização dos curativos e sobre o tratamento (dor, incômodo, ardor, coceira, inchaço,

etc.).

Para que a pesquisa seja feita de modo correto, precisamos de sua colaboração em alguns

aspectos que são muito importantes. É necessário que o(a) senhor(a) não retire os curativos

durante o tratamento, em casa e nem utilize outros medicamentos sem avisar ao pesquisador

previamente. Em caso de haver algum incidente e o curativo molhar, sujar ou se soltar,

solicitamos que a pesquisadora Geovana seja avisada, por meio de ligações a cobrar, a qualquer

hora. Serão tomadas as providências para refazer o curativo sem comprometer os métodos

utilizados na pesquisa.

Assim que o resultado dos exames de sua ferida ficarem prontos, avisaremos a(o)

senhor(a) e ao médico aqui do ambulatório, para decidir se é necessário tomar alguma

providência.

Ambos os produtos utilizados não apresentam riscos descritos na literatura conhecida, mas

é possível que ocorram reações indesejadas, como ocorre com qualquer produto que entre em

contato com o organismo humano. Acreditamos ter tomado todos os cuidados necessários para

minimizar riscos decorrentes de sua participação da pesquisa, tais como detecção precoce e

acompanhamento de reações adversas. Em caso de sentir-se lesado(a), o sr(a) poderá procurar

seus direitos em relação à indenizações.

Todas as informações que obtivermos a seu respeito, as fotografias e os resultados dos

exames serão sigilosas, de modo que seu nome não seja citado e sua imagem não seja

reconhecida por outras pessoas. Sua participação na pesquisa, em caso de aceite será registrada

em seu prontuário de atendimento no HDS, para sua segurança, como recomendam diretrizes

nacionais e internacionais de boas práticas em pesquisa.

Os resultados deste estudo serão apresentados em congressos e publicados em revistas

científicas, sem que sua identidade seja revelada.

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Reforçamos que o(a) sr(a) poderá entrar em contato com a pesquisadora Geovana a

qualquer momento, se achar necessário ou sempre que tiver dúvidas sobre seu tratamento.

Geovana Eloisa Quege Enfermeira – COREn –GO: 96310

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO

Eu:________________________________________________________________________,

RG / CPF / Certidão de nascimento: ____________________abaixo assinado, concordo em

participar da pesquisa “Estudo comparativo do uso do AGE e Biomembrana no tratamento de

feridas infectadas”. Declaro que fui informado (a) e esclarecido(a) pela pesquisadora Geovana

Eloisa Quege, recebi por escrito, li e compreendi o objetivo do trabalho, bem como os

procedimentos a serem realizados, os riscos e os benefícios e concordo em participar neste

estudo como sujeito, voluntariamente. Foi me garantido que posso retirar meu consentimento a

qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade. Em caso de sentir-me lesado(a),

fui informado(a) que posso procurar meus direitos quanto à indenizações que achar cabíveis.

Goiânia,______de _____________de________.

Assinatura do participante _______________________________________________

Eu _________________________________________ presenciei o convite para participação

em pesquisa de ____________________________, as orientações fornecidas e testemunhei o

aceite do mesmo em fazer parte do estudo.

Nome e Assinatura de testemunha (no caso de participante analfabeto)

_____________________________________________________

Espaço para impressão dactiloscópica do participante, se necessário

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ANEXO II ENTREVISTA INICIAL

Data da coleta de dados: ____/_______/_______

Incluído no estudo? : ( )a) Não

( )b) Sim - Grupo: ( )1) Controle ( )2) Experimental Senha: _____________

1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: Nome:_____________________________________________________________RG:___________________

Nome da mãe:_____________________________________________________________________________

Data de nascimento:_____/______/_____ Idade:_____________ Sexo: ( )a) masculino ( )b) feminino

Endereço: ________________________________________________ ( )a) pavilhões ( )b) residência

Telefones para contato:_____________________________________Raça: ____________________________

Profissão:_________________________Ocupação:______________Escolaridade:______________________

Religião:__________________________Estado civil:_____________________________________________

2- DADOS E ASPECTOS DA LESÃO: História da ferida:

_________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

Quais os medicamentos/ produtos já utilizou para o tratamento desta ferida, inclusive os caseiros:

_________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

Faz uso de algum medicamento: ( )a) Não ( ) b)Sim

Se sim: Quais e Como?____________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ Classificação: ( )a) antiinflamatório ( )b) antibiótico ( )c) antihipertensivo ( )d) hiploglicemiantes Faz curativos em casa: ( )a) Não ( )b) Sim. Modo de realização, substâncias utilizadas e freqüência: _________________________________________________________________________________________

Faz fisioterapia para os MMII: ( )a) Não ( )b) Sim – Tipo e Freqüência: _____________________________ _________________________________________________________________________________________

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Exame clínico da lesão: Senha:______________ - Localização da (s) ferida(s):

( )a) MID anterior; ( )b) MID posterior;

( )c) MID lateral;

( )c.1) maléolo lateral D

( )d) MID medial;

( )d.1) maléolo medial D

( )e) MID plantar;

( )f) MID lesão circundante;

( )g) MIE anterior;

( )h) MIE posterior;

( )i) MIE lateral;

( ) i.1) maléolo lateral E

( )j) MIE medial;

( ) j.1) maléolo medial E

( )k) MIE plantar;

( )l) MIE lesão circundante;

- Tipo de ferida: ( ) a) aberta ( )b) fechada ( )c) cirúrgica: ______________ ( )d) traumática: _______________ ( )e) U. pressão ( )f) U. neurogênica ( )g) U. arterial ( )h)U. venosa -Tempo aproximado de lesão: _____________ ( )a) aguda:__________ ( )b) crônica: ____________ - Extensão do dano tissular: - Tamanho da ferida: Largura: ____________________cm Comprimento: ___________________ cm - Espessura: ( )a) ferida superficial (limitada à epiderme); ( )b) ferida com perda parcial de tecido (limitada à epiderme e porção superior da derme); ( )c) ferida com perda total de tecido (destruição da epiderme, derme, tecido subcutâneo, podendo invadir músculos, tendões e ossos). - Profundidade: ( ) < 1 mm ( ) de 1 a < 2 mm ( ) de 1 a < 2 mm ( ) de 2 a < 3 mm ( ) de 3 a < 5 mm ( ) de 5 a < 7 mm ( ) de 7 mm a < 1, 0 cm ( ) de 1,0 a < 1,5 cm ( ) de 1,5 cm a < 2,0 cm ( ) 2,0 cm (especificar) ______________________ - Presença de túnel:__________________________________ - Área da ferida em cm2: __________________________

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- Característica do leito da ferida: ( )a) granulação saudável ( )b)granulação friável ( )c) fibrina ( )d) necrose ( )e) esfacelo ( )e) epitelização

- Coloração no leito da ferida: ( )a) esbranquiçado ( ) b) amarelo-palha ( )c) amarelo-citrino ( )d) rosado ( )e) avermelhado ( )f) esverdeado ( )g) acinzentado ( )h) enegrecido/preto

TABELA DE CORES – LEITO DA FERIDA:

A B C D E F G H -Exsudato: ( )a) ausente ( )p) presente: ( )a) seroso ( )b) sanguinolento ( )c) sero-sanguinolento ( )d) purulento ( )e) sero-purulento ( )f) fibrinoso - Quantidade de exsudato (considerando o % aproximado de saturação da cobertura):

( )0 – ausente ( )1 + discreto (saturação <30%) ( )2 ++ moderado (30-60%) ( )3 +++ acentuado (>60%)

- Coloração da exsudato: ( )a) leitoso/ esbranquiçado ( )b) amarelo-palha ( )c) amarelo-citrino ( )d) avermelhado ( )e) esverdeado ( )f) bilioso ( )g) achocolatado ( )h) castanho/ocre ( )i) hialino TABELA DE CORES - ESXUDATO: A B C D E F G H I

- Consistência do exudado: ( )a)translúcido ( )b) fluido ( )c)opaco ( )d) espesso

- Odor da exsudato: ( )a) inodora ( )b) fétida - Característica do tecido em volta da ferida: -Textura da pele :( )a) fina ( )b) grossa ( )c) frágil ( )d) áspera ( )e) descamativa

( )f) enrugada ( )g) amolecida ( )h) friável ( )i) endurecida ( )j) lisa ( )k) inflamada ( ) l) macerada ( )m) bordas regulares ( )n) bordas irregulares

- Turgor: ( )a) hidratada ( )b) desidratada/ seca/ ressecada

- Cor: ( )a) esbranquiçada (pálida) ( )b) hiperemiada (vermelha) ( )c) escurecida (preta) ( )d) mancha ocre/acastanhada ( )e) cianosada (arroxeada ou azulada)

( )f) amarelada ( )g) rósea TABELA DE CORES -AREA PERILESIONAL: A B C D E F G

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- Umidade: ( )a) normal ( ) b) excessiva -Mobilidade da pele sobre os planos adjacentes: ( ) a)mobilidade normal ( )b) mobilidade diminuída ( ) c) ausente ( )d) mobilidade aumentada.

- Lesões na pele perilesional (até 10 cm): ( )a) manchas ou máculas ( )b) nódulos ( )c) queratoses ( )d) vegetações

( )e) vesículas ( )f) bolhas ( )g) pústulas ( )h) abscesso ( )i) fissuras ( )j) fístulas ( )k) escamas ( )l) crostas ( )m) ulcera ( )n) escara ( )o) cicatriz ( )p) pápulas ( )q) tubérculos ( )r) edema ( )s) maceração

( )t) celulite ( )u) tunelização ( )v) descolamento/desnivelamento das bordas X leito ( )w) rompimento da/de lesão(ões) / Deterioração e reabertura da ferida /abertura das

bases/bordas ( )x) hemosiderose ( )y) lipodermatoesclerose ( )z) Formação de bolsas ou pontes na base da ferida ( ) z.1) dermatites ( )z.2) ausência de pelos ( )z.3) lesões fungoídes ( )z.4) calo epitelial ( )z.5) angiteletasia ( )z.6) anidrose ( )z.7) hiperidrose

- Queixa de dor na área da lesão fora de manipulação do leito da ferida ( )a) Não ( )b) Sim - Característica da dor: ( )a) contínua ( )b) esporádica ( )c) pontada ( )d) queimação

( )e) ardência ( )f) dor que irradia ( )g) fisgada ( )h) pulsátil ( )i) repentina ( )j) formigamento ( ) k) claudicação ( )I) decorrente da elevação do MI – presente a ferida

- Intensidade da dor:

0 1 2 3 4 5

3- Índice Tornozelo-Braquial (ITB)

Circunferência do braço D em cm =________________ Manguito nº = _____________

Pressão sistólica (mmHg) DIREITA PD ESQUERDA PDArtéria braquial Artéria pediosa Artéria tibial posterior

*Se ausente ao Doppler = descrever PA

ITB direito: ITB esquerdo:

Maior pressão do tornozelo D= Maior pressão do tornozelo E= Maior pressão do braço D= Maior pressão do braço E= Valor do ITB= Valor do ITB=

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4-DOENÇAS ASSOCIADAS: 1 ( )Anemia; 2 ( )Diabetes: -glicemia usual __________mg/dl. Está controlado? ( )a) Sim ( )b) Não 3 ( )Hipertensão: -valores usuais __________mmHg. Está controlada? ( )a) Sim ( )b) Não 4 ( )Lesões em pernas ou pés; 5 ( )Varizes; 6 ( )DAOMI; 7 ( )Trombose; 8 ( )Tromboflebite; 9 ( )Câncer; 10 ( )Gangrena; 11( )Erisipela É de repetição? ( )a) Sim ( )b) Não 12( )Doenças de origem infecciosa: Qual?_________________________________________________ 13( )Doença de origem cardíaca ou vascular: Qual?__________________________________________ 14( )Doença de origem renal: Qual?______________________________________________________ 15( )Outras__________________________________________________________________________ 5-QUANTO Á HANSENÍASE: Há quanto tempo desenvolveu a doença:____________________Qual a forma clinica:_______________ Por quanto tempo usou a medicação:_______________________Usa alguma medicação:_____________ Atualmente faz alguma tipo de tratamento:__________________________________________________ ( ) Neuropatia sensitiva/sensorial ( )neuropatia motora ( )neuropatia autonômica Em caso de inclusão inicial, prosseguir na coleta dos dados:

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5-DADOS DE CARACTERIZÇÃO SÓCIO-ECONÔMICOS: Reside com família: ( )a) Não ( )b) Sim nº de pessoas na residência:_________ nº de cômodos nas casa:____________ Renda mensal: ( )a) < 1 salário ( )b) 1-2 salários ( )c) 3-4 salários ( )d) > 4 salários Quantas pessoas vivem com esta renda ( )a) 1 ( )b) 2-3 ( )c) 4-5 ( )d) > 5 Saneamento básico: - Água da rede pública: ( )a) Não:_______________________________ ( )b) Sim - Esgoto: ( )a) Não: _______________________________( )b) Sim - Coleta de lixo: ( )a) Não: _______________________________( )b) Sim - Energia elétrica: ( )a) Não: _______________________________( )b) Sim

6-ALIMENTAÇÃO E HIDRATAÇÃO: A água que bebe é filtrada: ( )a) Não: _______________________________( )b) Sim Ingere bebida alcoólica: ( )a) Não

( )a) Sim – Quantidade diária e tipo de bebida :_________________________________ Considerando líquidos como água, leite, suco, chás, refrigerante, quantos copos ingere, ao todo, por dia: ( )a) < 1l/dia (até 3 copos) ( )b) 1-2 l/dia (de 4 a 8) ( )c) mais que 2 l/dia (mais de 9 copos) Condições de hidratação oral Mucosa úmida ( )a) Não ( )b) Sim Classificação do estado de hidratação: ( )a) adequada ( )b) inadequada Faz quantas refeições diárias: ( )a) até 2 ( )b) 3 ( )c) 4 ( )d) > 4 Considerando as últimas 24 horas, quais foram os alimentos presentes em suas refeições: ( )a) frutas:________________ ( )b) carnes e ovos ( ) c) frituras, pão de queijo:_____________ ( )d) hortaliças/verduras (folhas em geral, tomate, berinjela, quiabo, beterraba, cenoura, chuchu, abobrinha, cabotiá, repolho, pepino, jiló) ( )e) leguminosas (feijão, lentilha, ervilha, soja) ( )f) massas, granola, aveia, pães, bolachas salgada, arroz, macarrão, batata, milho, mandioca, batata doce, cará, inhame ( )g) açúcar e doce: ___________________ ( ) h) Leite e derivados ( ) i)Outros _______________________________ Essas refeições representam sua rotina? ( )a) Não_________________________________ ( )b) Sim Peso:___________ Altura:_______________ IMC:______________ Teve mudança de peso nos últimos 6 meses? Especificar ___________________________________________ Teve mudanças na alimentação nos últimos 6 meses? _____________________________________________ Classificação da situação alimentar: ( )a) adequada ( )b) inadequada 7-ELIMINAÇÃO URINÁRIA E INTESTINAL: Eliminação intestinal: freqüência / 24 h: _________________ aspecto: _______________________________ anormalidade/ queixas :_____________________________________________________________________ Diurese: freqüência / 24 h: ______________volume:________________coloração:__________________ anormalidade/queixas:______________________________________________________________________ 8-ATIVIDADE DE VIDA DIÁRIA: Costuma ficar muito tempo na mesma posição (sentado, de pé, ou deitado), sem se movimentar? ( )a) Não ( )b) Sim – especificar as posições e o respectivo tempo de permanência sem movimento ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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A ferida dificulta a sua vida diária: ( )a) Não ( )b) Sim Como?__________________________________________________ A ferida dificulta seu sono e/ou repouso: ( )a) Não ( )b) Sim Toma medicamentos para dormir: ( )a) Não ( )b) Sim Faz algum tipo de atividade física: ( )a) Não ( )b) Sim - Qual e freqüência________________________________________ Esbarra os MMII com freqüência: ( )a) Não ( )b) Sim Banho/dia: ( )a) 1 x/dia ( )b) 2 x/dia ( )c) 3 x/dia ( )d) 4 x/dia Lava a ferida durante o banho: ( )a) Não ( )b) Sim Lava as mãos antes e depois de tocar na ferida: ( )a) Não ( )b) Sim Possui animais domésticos: ( )a) Não ( )b) Sim Dentro de casa ( )a) Não ( )b) Sim Possui algum tipo de alergia: ( )a) Não ( )b) Sim

Qual o alérgeno?_________________________________________________________ 9-OXIGENAÇÃO:Você fuma: ( )a) Não ( )b) Sim Quantidade:__________________ Mucosa ocular: ( )a) corada ( )b) descorada _______________________ - SINAIS VITAIS: P________________PA__________________T________________R_____________

Condições de coloração e perfusão dos MMII:

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

QUEIXAS RELACIONADAS AOS MMII: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10-FUNÇÃO COGNITIVA/SENSOPERCEPÇÃO: Visão:___________________________________________________________________________________ Audição:_________________________________________________________________________________ Olfato/consegue diferenciar odores:____________________________________________________________ Tato/sensação térmica e dolorosa: _____________________________________________________________ PESQUISADOR RESPONSÁVEL:______________________________________________________ AUXILIAR DE PESQUISA:__________________________________________________

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ANEXO III

EVOLUÇÃO E ACOMPANHAMENTO DIÁRIO DA LESÃO

Nome do paciente: _________________________________________________________ Grupo:______________________ Senha:_______________________________________ Número de feridas que possui este paciente: _________________Em tratamento: _______

- Especificações gerais:

PA___________________mmHg

Data:___/___/_____ Inicio: ___________Término:__________Duração do proced._________________ Dia de Intevenção:__________________ Intervalo entre a última troca:________________________ Dia de fotografia da lesão: ( )1 data ________ ( )4 data ________ ( )7 data ________ ( )11 data ________ ( )14 data ________ ( )18 data ________ ( )21 data ________ ( )25 data ________ ( )28 data ________ ( )32 data ________ ( )35 data ________ ( )39 data ________ ( )42 data ________ Dia de coleta de material para cultura: ( )1 data_______ ( )7 data____________ ( )14 data_________ ( )21 data _________ ( )28 data ________ ( )35 data ________ ( )42 data ______________ Resultado da cultura: ( )a) cultura negativa ( )b) cultura positiva__________________________________________________________________ Desbridamento/Patologia: ( )a) Não ( )b) Sim:______________Data agendada da próxima coleta da cultura:_____/_______/_________ Foi realizado desbridamento? ( )a) Não ( )b) Sim (especificar)

( ) mecânico com gaze ( ) lâmina de bisturi:________

- Exame clínico da lesão:

- Dimensões da ferida: - Tamanho da ferida: Largura: ____________________cm Comprimento: ___________________ cm - Extensão: ( )a) ferida superficial (limitada à epiderme) ( )b) ferida com perda parcial de tecido (limitada à epiderme e porção superior da derme) ( )c) ferida com perda total de tecido (destruição da epiderme, derme, tecido subcutâneo, podendo invadir músculos, tendões e ossos) - Profundidade: ( ) < 1 mm ( ) de 1 a < 2 mm ( ) de 1 a < 2 mm ( ) de 2 a < 3 mm ( ) de 3 a < 5 mm ( ) de 5 a < 7 mm ( ) de 7 mm a < 1, 0 cm ( ) de 1,0 a < 1,5 cm ( ) de 1,5 cm a < 2,0 cm ( ) 2,0 cm (especificar) ______________________ - Presença de túnel:__________________________________ - Área da ferida em cm2: __________________________

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-Característica do tecido: ( )a) granulação saudável- [ ] ( )b) granulação friável- [ ]

( )c) fibrina- [ ] ( )d) necrose - [ ] ( )e) esfacelo- [ ] ( )f) epitelização- [ ]

-Caracterização da fibrina: ( )a) amolecida ( )b) endurecida ( )c) densa ( )d) fina ( )e) aderida ao leito ( )f) aderida á borda interna da lesão

- Coloração presente no leito da ferida: ( )a) esbranquiçado [ ] ( ) b) amarelo -palha [ ] ( )c) amarelo-citrino [ ] ( )d) rosado- [ ] ( )e) avermelhado- [ ] ( )f) esverdeado- [ ] ( )g) acinzentado- [ ] ( ) h) enegrecido/preto- [ ]

TABELA DE CORES – LEITO DA FERIDA: A B C D E F G H -Exsudato: ( )a) ausente ( )p) presente: ( )a) seroso- [ ] ( )b) sanguinolento- [ ]

( )c)sero-sanguinolento- [ ] ( )d) purulento- [ ] ( )e) sero-purulento- [ ] ( )f) fibrinoso- [ ]

- Quantidade de exsudato (considerando a saturação da cobertura): ( )0 – ausente ( )1 + discreto (saturação<30%)

( )2 ++ moderado (30-60%) ( )3 +++ acentuado (>60%)

- Coloração da exsudato: ( )a) leitoso/ esbranquiçado- [ ] ( )b) amarelo-palha- [ ] ( )c) amarelo-citrino- [ ] ( )d) avermelhado- [ ] ( )e) esverdeado- [ ] ( )f) bilioso- [ ] ( )g) achocolatado- [ ] ( )h) castanho/ocre- [ ] ( )i) hialino- [ ]

TABELA DE CORES - ESXUDATO: A B C D E F G H I - Consistência do exudado: ( )a) translúcido- [ ] ( )b) fluido - [ ]

( )c) opaco - [ ] ( )d) espesso- [ ]

- Odor da exsudato: ( )a) inodora- [ ] ( )b) fétida- [ ] - Característica do tecido em volta da ferida (área perilesional):

-Textura: ( )a) fina- [ ] ( )b) grossa- [ ] ( )c) frágil- [ ] ( )d) áspera- [ ] ( )e) descamativa - [ ] ( )f) enrugada- [ ] ( )g) amolecida- [ ] ( )h) friável- [ ] ( )i) endurecida- [ ] ( )j) lisa- [ ] ( )k) inflamada- [ ]

- Turgor: ( )a) hidratada- [ ] ( )b) desidratada/ seca / ressecada- [ ]

- Cor: ( )a) esbranquiçada (pálida)- [ ] ( )b) hiperemiada (vermelha) - [ ] ( )c) escurecida (preta) - [ ] ( )d) mancha ocre/acastanhada- [ ] ( )e) cianosada- [ ] ( )f) amarelada- [ ] ( )g) rósea- [ ]

Para os dados abaixo considerar a seguinte legenda: [ 0] ausente [1] +/4+ até 25% [2] ++/4+ 26% a 50%

[3] +++/4+ 51% a 75% [4] ++++/4+ acima de 76%

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TABELA DE CORES -AREA PERILESIONAL: A B C D E F G

- Umidade: ( )a) normal- [ ] ( ) b) excessiva- [ ] -Mobilidade da pele: ( ) a)mobilidade normal- [ ] ( )b) mobilidade diminuída- [ ]

( ) c) ausente- [ ] ( )d) mobilidade aumentada- [ ]

- Lesões na pele perilesional (até 10 cm): Obs: circular o que predomina. ( )a) manchas ou máculas- [ ] ( )b) nódulos- [ ] ( )c) queratoses- [ ]

( )d) vegetações- [ ] ( )e) vesículas- [ ] ( )f) bolhas- [ ] ( )g) pústulas- [ ] ( )h) abscesso- [ ] ( )i) fissura- [ ]

( )j) fístula- [ ] ( )k) escamas- [ ] ( )l) crostas- [ ] ( )m) ulcera- [ ] ( )n) escara- [ ] ( )o) cicatriz- [ ] ( )p) pápulas- [ ] ( )q) tubérculos- [ ] ( )r) edema- [ ] ( )s) maceração- [ ] ( )t) celulite- [ ] ( )u) tunelização- [ ] ( )v)) descolamento/desnivelamento das bordas X leito- [ ] ( )w) rompimento da/de lesão(ões) / Deterioração e reabertura da ferida /abertura das

bases/bordas - [ ] ( )x) hemosiderose- [ ] ( )y) lipodermatoesclerose- [ ] ( )z) Formação de bolsas ou pontes na base da ferida- [ ] ( )z.1) dermatites- [ ] ( )z.2) ausência de pelos- [ ] ( )z.3) lesões fungoídes- [ ] ( )z.4) calo epitelial- [ ] ( )z.5) angiteletasia- [ ] ( )z.6) anidrose- [ ] ( )z.7) hiperidrose- [ ]

- Temperatura ao redor da ferida verificada ao tato: ( )a) isotérmica ( )b) aumentada ( )c) diminuída

- Queixa de dor na área da lesão em período fora da manipulação da ferida ( )a) Não ( )b) Sim -Intensidade:_______________ - Característica/Tipo da dor: ( )a) contínua ( )b) esporádica ( )c) pontada ( )d) queimação

( )e) ardência ( )f) dor que irradia ( )g) fisgada ( )h) pulsátil ( )i) repentina ( )j) formigamento ( )k) claudicação ( )l) decorrente da elevação do MI - presente a ferida

- Intensidade da dor – durante o procedimento:

0 1 2 3 4 5

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Caracterização da dor antes do procedimento e após o procedimento: imediatamente ANTES: Tipo:___________________ Intensidade:__________________ Local:_________________________ Imediatamente DEPOIS Tipo:____________________ Intensidade:__________________ Local:_________________________

- Quais suas considerações desde o último curativo?

1-Notou algo que lhe agradasse? ( )a) melhora do odor ( )b) conforto ( )c) redução do exsudato ( )d) melhora da aparência no leito ( )e) melhora da aparência nas bordas (fora da ferida ( )f) redução do edema ( )h) diminuição da vermelhidão em volta da ferida ( )i) melhora da dor ( )j) outro. Descreva.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2-Notou algo que lhe desagradasse? ( )a) incômodo/desconforto ( )b) odor ( )c) aumento do exsudato ( )d) prurido ( )e) alergia/ e/ou hemorragia ( )f) dor e/ou piora da dor ( )g) edema ( )h) ardor ( )i) vermelhidão local ( )j) outro. Descreva.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3-Como você se sente em relação ao seu curativo (Escala de Likert de 5 pontos):

Totalmente insatisfeito

Muito insatisfeito

Pouco insatisfeito - satisfeito

Muito satisfeito

Totalmente satisfeito

Aparência do Membro onde a ferida está localizada

Aparência nas bordas da ferida

Aparência no leito da ferida

Quantidade do exsudato

Cor do exsudato Odor do exsudato

Cor da ferida Dor/ ardor na ferida

Dor/ ardor no membro da ferida

Prurido Conforto Comodidade Edema Tempo de realização do curativo

Forma de realização do curativo

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4- Outros aspectos que deseje comentar: ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

- Observações do pesquisador responsável pelo procedimento: Relato a respeito da evolução da ferida:____________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

- Iatrogenias, dificuldades e eventos adversas encontrados durante o procedimento/experimento:

Iatrogenias Dificuldades Eventos adversos Perguntar se alguma coisa ocorreu nas

últimas 24 horas, de diferente, que seja negativo, na vida dele. Perguntar também se algo ocorreu em relação à ferida ou ao curativo: molhou, bateu, etc

PESQUISADOR RESPONSÁVEL:_________________________________________________________ AUXILIAR DE PESQUISA:______________________________________________________________

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234

ANEXO IV

Projeto de pesquisa: ESTUDO COMPARATIVO DO USO DO AGE E BIOMEMBRANA NO TRATAMENTO DE FERIDAS INFECTADAS. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (CEPMHA), protocolo nº 181/06. Investigador: Geovana Eloisa Quege /[email protected] / Fone: (62) 36073716 ou (62) 81371850

EVOLUÇÃO DIÁRIA DA LESÃO

Nome do paciente: ________________________________________________________________ Grupo:______________________Senha:______________________________________________ Número de feridas que possui este paciente:__________________Em tratamento:______________ Localização das feridas: ___________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXO V

“CHECK- LIST” / MATERIAIS UTILIZADOS DIARIAMENTE

Nome do paciente: _________________________________________________________ Grupo:______________________ Senha:________________________________ Data:______/________/______ Dia de Intevenção:______________________ Inicio: ___________Término:__________ Duração do proced.______________________

Material Quantidade Dose (ml) Valor unitário (R$) Custo total (R$) Gorro Máscara descartável Luva de procedimento Luva cirúrgica Soro fisiológico Agulha 40x12 Agulha - __________ Seringa – ______ ml Óleo mineral Vaselina líquida Éter Gaze de algodão (10 unid.) Compressa cirúrgica (pqna.) Atadura de crepom AGE Biomembrana Swab/zaragatoa Meio de cultura Esparadrapo Pacote de curativo Capote Coxim (pacote com 2 unid.) Lâmina de bisturi nº_________ Tempo gasto em horas X custo hora/profissional enfermeiro da instituição

Grau cirúrgico - ________cm Rayon estéril 15 cm (R$) (R$)

PESQUISADOR RESPONSÁVEL:_________________________________________________________ AUXILIAR DE PESQUISA:_______________________________________________________________

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