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Roberto Manuel Rodrigues Baptista
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DOIS TIPOS DE
SOLUÇÕES DE REVESTIMENTO INTERIOR DE FACHADAS
DE EDIFÍCIOS: GESSO PROJETADO VERSUS ESTRUTURA
AUTOPORTANTE REVESTIDA A PLACA DE GESSO
CARTONADO
Dissertação apresentada para a obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Civil e do Ambiente
Trabalho efetuado sob a orientação do
Professor Doutor António José Candeias Curado
Professor Doutor José Ferreira da Silva
Agosto de 2018
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
II
INSTITUTO POLITÉCNICO DE VIANA DO CASTELO
ESCOLA SUPERIOR DE TECNOOGIA E GESTÃO
MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL E DO AMBIENTE
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DOIS TIPOS DE SOLUÇÕES DE
REVESTIMENTO INTERIOR DE FACHADAS DE EDIFÍCIOS: GESSO
PROJETADO VERSUS ESTRUTURA AUTOPORTANTE REVESTIDA A
PLACA DE GESSO CARTONADO
Autor: Roberto Manuel Rodrigues Baptista
Orientador: Professor Doutor António José Candeias Curado
Coorientador: Professor Doutor José Ferreira da Silva
Júri:
Presidente: Professor Doutor Pedro da Silva Delgado
Arguente: Professor Doutor Domingos Ribas
Vogal: Professor Doutor António José Candeias Curado
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III
“Os edifícios, sendo indispensáveis à vida e à atividade do homem, devem possuir
caraterísticas que satisfaçam as necessidades humanas. Aos revestimentos de
paredes, como produto ou obra integrante dos edifícios, exigir-se-lhes-á a sua quota-
parte de participação na satisfação dessas necessidades.”
[1]
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IV
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Professor Doutor António Curado, pela oportunidade que me
proporcionou de realizar este trabalho escolhendo este tema e pela ajuda e contributo
fundamental para que o objetivo fosse atingido. Por todos os ensinamentos
transmitidos, opiniões partilhadas, assim como pela disponibilidade e motivação extra
demonstrados, o meu muito obrigado.
À empresa Irmãos Gigante Lda. pela integração e cooperação neste projeto, bem com
toda a motivação e partilha de conhecimento técnico.
Ao Alexandre Rodrigues, pela ajuda e disponibilidade demonstrada no apoio a
questões fundamentais à realização deste trabalho.
À Mariana Coutinho, pelo companheirismo, apoio e motivação incondicional que me
permitiram contornar as dificuldades.
Aos meus pais, irmã e restante família pela compreensão nos momentos de ausência,
mas sobretudo por acreditarem em mim.
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V
RESUMO
A presente dissertação realizada em contexto empresarial subordinado ao tema
“Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas
de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso
cartonado”, teve como base para a sua elaboração, o estágio desenvolvido na empresa
Irmãos Gigante, Construção Civil e Acabamento Lda.
Este trabalho teve como objetivo a análise comparativa entre duas soluções de
revestimentos interiores, nomeadamente o gesso projetado, como solução aderente, e
a estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado, como sistema não
aderente no qual engloba duas soluções, tendo como base o acompanhamento técnico,
a análise de desempenho, e o estudo económico da sua aplicação. Neste contexto, as
soluções construtivas em análise foram avaliadas ao nível do seu desempenho térmico,
acústico, segurança contra incêndios e durabilidade. Complementarmente foi
estabelecido um estudo técnico-económico referente à sua aplicação.
A metodologia do trabalho assentou numa primeira fase no acompanhamento in situ
da aplicação das soluções de revestimento, associado ao estudo da gestão global das
empreitadas. Numa segunda fase foram desenvolvidas diversas análises à luz dos
regulamentos técnicos aplicáveis, a par de uma análise económica dos revestimentos
associados às soluções construtivas implementadas.
Com esta abordagem foi possível avaliar a aplicação no terreno das duas soluções de
revestimento estudadas, bem como a identificação de diversas caraterísticas e aspetos
associados às exigências do utilizador e ao cumprimento da legislação em vigor.
Tendo como base o estudo efetuado, concluiu-se que a solução mais adequada face ao
tipo de aplicação previsto é o sistema de estrutura autoportante revestida a placa de
gesso cartonado. Esta solução apresenta como principais vantagens, a versatilidade, a
rapidez de aplicação e o elevado desempenho térmico e acústico quando
compatibilizado com a solução construtiva subjacente.
Palavras-chave: Análise económica; Desempenho técnico; Estrutura autoportante;
Gesso Cartonado; Gesso Projetado; Revestimento interior.
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VI
ABSTRACT
The following thesis was carried out in a business context under the theme
“Comparative study between two types of solutions of interior coating of building
frontages: projected gypsum versus self-supporting structure coated with gypsum
board” developed in a internship in Irmãos Gigante, Construção Civil e Acabamento
Lda.
This study compared two interior coatings, namely the projected gypsum as an
adherent solution, and the self-supporting structure coated with gypsum board, as a
non-adherent system in which it comprises two solutions, based on technical
monitoring, performance and economic study of its application. The constructive
solutions were evaluated in terms of their thermal, acoustic performance, fire safety
and durability. In addition, a technical-economic study was established regarding its
application.
Firstly, it was necessary following in situ the application of the solutions, associated
to the global study of the works. In a second phase, several analyzes were developed
based on technical regulamentions, along with an economic analysis of the coatings
related with the constructive solutions implemented.
With this approach it was possible to assess the solutions studied, as well as the
identification of several characteristics and aspects related to the user requirements and
compliance with the legislation in force.
In conclusion, the most suitable solution to the type of application provided is the
solution of self-supporting structure coated with gypsum board. This solution presents
the main advantages, the versatility, the speed of application and the high thermal and
acoustic performance when used with the underlying constructive solution.
Keywords: Economic analysis; Technical performance; Self-supporting structure;
Gypsum board; Projected gypsum; Interior coating;
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VII
LISTA DE ABREVIATURAS
BA – Bordo afinado
btr - Coeficiente de redução de perdas
CCP – Certificado de competências pedagógicas
D2m,nT,w – Índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea
EPS – Poliestireno expandido
ETICS – External Thermal Insulation Composite Systems
GD – Graus-dia
L – Litros
Lda. – Sociedade de responsabilidade limitada
Led – Light emitting diode
NUTS – Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatísticos
PVC - Polyvinyl Chloride
R – Resistência térmica
R – Resistência térmica
REH – Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação
REH – Regulamento de Edifícios de Habitação
Rs ext – Resistência térmica superficial exterior
Rs int – Resistência térmica superficial interior
Rw – Isolamento sonoro
U – Coeficiente de transmissão térmica
Uref – Coeficiente de transmissão térmica de referência
XPS – Poliestireno Extrudido
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VIII
LISTA DE SÍMBOLOS
€/ kWh – Euros por quilowatt por hora
cm - Centímetros
dB – Decibel
g/m2 – Grama por metro quadrado
kg – Quilograma
kg/m2 – Quilograma por metro quadrado
kW – Quilowatt
m – Metro
m/m2 – Metro por metro quadrado
m2 – Metro quadrado
m2.ºC/W – metro quadrado por grau Celsius por watt
m2/dia – Metro quadrado por dia
m2/m2 – Metro quadrado por metro quadrado
mm – Milímetros
Ø – Diâmetro
ºC – Grau Celsius
W/(m2.ºC) – Watt por metro quadrado por grau Celsius
ʎ - Condutibilidade térmica
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IX
ÍNDICE
Agradecimentos ......................................................................................................... IV
Resumo ........................................................................................................................ V
Abstract ...................................................................................................................... VI
Lista de Abreviaturas ................................................................................................ VII
Lista de símbolos ..................................................................................................... VIII
Índice ......................................................................................................................... IX
Índice de figuras ......................................................................................................... XI
Índice de tabelas ....................................................................................................... XIII
1 Introdução ............................................................................................................. 1
2 Estado da arte ........................................................................................................ 5
2.1 Revestimentos interiores de parede ............................................................... 5
2.2 Revestimento interior em gesso projetado .................................................. 10
2.3 Revestimento interior em estrutura autoportante revestida a placa de gesso
cartonado ................................................................................................................ 12
2.4 Síntese de conclusões .................................................................................. 15
3 Caraterização arquitetónica e construtiva dos casos de estudo ........................... 16
3.1 Caraterização arquitetónica e construtiva do Caso de Estudo I .................. 16
3.2 Caraterização arquitetónica e construtiva do Caso de Estudo II ................. 20
3.3 Síntese de conclusões .................................................................................. 23
4 Apresentação dos revestimentos em análise ....................................................... 25
4.1 Descrição do revestimento interior no Caso de Estudo I ............................ 25
4.1.1 Acompanhamento técnico dos trabalhos correspondentes ao Caso de
Estudo I 36
4.2 Descrição do revestimento interior no Caso de Estudo II ........................... 38
4.2.1 Acompanhamento técnico dos trabalhos correspondentes ao Caso de
Estudo II ............................................................................................................. 45
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X
4.3 Reforço térmico e acústico das soluções de revestimento correspondentes
aos Casos de Estudo I e II ...................................................................................... 47
4.4 Síntese de conclusões .................................................................................. 50
4.4.1 Caso de Estudo I .................................................................................. 50
4.4.2 Caso de Estudo II ................................................................................. 51
5 Análise técnico-económica das soluções de revestimento ................................. 54
5.1 Análise térmica e acústica ........................................................................... 54
5.2 Análise da segurança contra incêndios ....................................................... 58
5.3 Análise de durabilidade ............................................................................... 60
5.4 Análise económica ...................................................................................... 61
5.5 Síntese de conclusões .................................................................................. 67
6 Conclusão ............................................................................................................ 69
7 Bibliografia ......................................................................................................... 72
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XI
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 3.1 - Imagem aérea da localização da freguesia Seara, Ponte de Lima (in
Google Maps) ............................................................................................................ 16
Figura 3.2 – Moradia tida como Caso de studo I. ...................................................... 17
Figura 3.3 - Imagem aérea da localização da freguesia Seara, Ponte de Lima (in
Google Maps) ............................................................................................................ 20
Figura 3.4 - Moradia tida como Caso de Estudo II. ................................................... 21
Figura 3.5 - Sistema do tipo weber therm classic, na moradia tida como Caso de
Estudo II ..................................................................................................................... 22
Figura 4.1 - Aplicação de uma demão de primário de aderência, do tipo Fondomur ou
equivalente sobre o suporte em betão com baixas caraterísticas de aderência. ......... 27
Figura 4.2 - Tratamento de roços provenientes da passagem de instalações técnicas.
................................................................................................................................... 28
Figura 4.3 - Execução de mestras em gesso com o apoio de régua cainho. .............. 29
Figura 4.4 - Colocação de perfis de esquina perfurados em PVC, nos vértices
exteriores. ................................................................................................................... 29
Figura 4.5 - Equipamento de projeção mecânica, do tipo PFT ou equivalente. ........ 30
Figura 4.6 – Acomodação em obra de gesso pré-doseado, do tipo Proyalbi Plus ou
equivalente ................................................................................................................. 31
Figura 4.7 - Projeção de gesso em camadas horizontais sucessivas. ......................... 31
Figura 4.8 – “Desempenar/sarrafear” com o auxílio de régua HP fechada em
alumínio. .................................................................................................................... 32
Figura 4.9 - Régua trapezoidal em alumínio para tarefa de "apertar". ...................... 32
Figura 4.10 - Régua “I” em alumínio para tarefa de "raspar". ................................... 33
Figura 4.11 - Rapador "quarente patas" em alumínio para aplainamento da superfície.
................................................................................................................................... 33
Figura 4.12 – Talocha de inox lisa (esquerda) e talochas de ângulo (direita) para
aplicação de camada de acabamento. ........................................................................ 34
Figura 4.13 - Revestimento após a aplicação de camada de acabamento do tipo
Albiplas Fino ou equivalente. .................................................................................... 34
Figura 4.14 - Processo de secagem do revestimento em gesso ................................. 35
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XII
Figura 4.15 – Aplicação do revestimento em gesso projetado concluído ................. 35
Figura 4.16 - Marcação de alinhamentos e esquadrias com auxílio de laser. ............ 40
Figura 4.17 – Raia com banda acústica entre a laje de pavimento e pistola de alta
pressão. ...................................................................................................................... 41
Figura 4.18 – Estrutura de montante duplo fixado à raia com o auxílio do alicate
puncionador. .............................................................................................................. 41
Figura 4.19 - Articulação entre as especialidades e a estrutura metálica autoportante.
................................................................................................................................... 42
Figura 4.20 - Equipamento de fixação com parafusos adequados tipo "pente"......... 43
Figura 4.21 – Afastamento de cerca de 10 mm das placas de gesso cartonado à da
laje de suporte. ........................................................................................................... 43
Figura 4.22 - Colagem de fitas e tratamento de juntas e parafusos. .......................... 44
Figura 4.23 - Colocação do material térmico e acústico entre a estrutura metálica. . 48
Figura 4.24 – Exemplos de adaptação arquitetónica do sistema autoportante em gesso
cartonado. ................................................................................................................... 53
Figura 5.1 – Representação do isolamento sonoro para o Caso de Estudo I, através do
Cype. .......................................................................................................................... 57
Figura 5.2 - Representação do isolamento sonoro para o Caso de Estudo II, através
do Cype. ..................................................................................................................... 58
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XIII
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1 - Classificação dos revestimentos para paramentos interiores. .................. 6
Tabela 2.2 - Denominação comercial dos principais tipos de placas de gesso
cartonado [6]. ............................................................................................................. 13
Tabela 3.1 – Análise do coeficiente de transmissão térmico superficial, U (W/m2.ºC).
................................................................................................................................... 18
Tabela 3.2 - Coeficientes de transmissão térmica superficiais de referência de
elementos opacos e de vãos envidraçados, Uref [W/(m2.ºC)], [9]. ............................ 19
Tabela 3.3 - Análise do coeficiente de transmissão térmico superficial, U (W/m2.ºC).
................................................................................................................................... 22
Tabela 3.4 – Coeficientes de transmissão térmica superficiais de referência de
elementos opacos e de vãos envidraçados, Uref [W/(m2.ºC)], [9]. ............................ 23
Tabela 4.1 – Aspetos a analisar no levantamento em obra para revestimento em gesso
projetado. ................................................................................................................... 25
Tabela 4.2 - Mapa de trabalhos a executar. ............................................................... 26
Tabela 4.3 - Consumo do material e mão-de-obra associado ao revestimento
aplicado. ..................................................................................................................... 37
Tabela 4.4 – Análise do levantamento em obra para revestimento em estrutura
autoportante revestida a placa de gesso cartonado. ................................................... 38
Tabela 4.5 - Mapa de trabalhos a executar ................................................................ 39
Tabela 4.6 - Consumo de material e mão de obra associada ao revestimento aplicado
................................................................................................................................... 46
Tabela 4.7 - Consumo de material e mão de obra associada ao revestimento aplicado
com a incrementação de material térmico e acústico ................................................ 49
Tabela 4.8 - Quadro síntese da adaptação e caraterísticas técnicas de um sistema
autoportante ............................................................................................................... 52
Tabela 5.1 - Análise comparativa da evolução do coeficiente de transmissão térmico
superficial, U (W/m2.ºC), após aplicação do revestimento interior, para o Caso de
Estudo I. ..................................................................................................................... 55
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XIV
Tabela 5.2 - Análise comparativa da evolução do coeficiente de transmissão térmico
superficial, U (W/m2.ºC), após aplicação do revestimento interior, para o Caso de
Estudo II. .................................................................................................................... 56
Tabela 5.3 - Reação ao fogo dos revestimentos exteriores das moradias de estudo
face às exigências regulamentares [21]. .................................................................... 59
Tabela 5.4 - Reação ao fogo dos revestimentos interiores das moradias face às
exigências regulamentares [21]. ................................................................................ 59
Tabela 5.5 - Análise económica para o Caso de Estudo I. ......................................... 62
Tabela 5.6 - Análise económica para o Caso de Estudo II. ....................................... 62
Tabela 5.7 - Análise económica das soluções integrais para os casos de estudo I e II
................................................................................................................................... 63
Tabela 5.8 – Relação entre o revestimento interior do Caso de Estudo II com o
elemento base do Caso de Estudo I ........................................................................... 64
Tabela 5.9 – Relação entre o revestimento interior do Caso de Estudo I com o
elemento base do Caso de Estudo II. ......................................................................... 65
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1
1 INTRODUÇÃO
A presente dissertação foi realizada na empresa Irmãos Gigante, Construção Civil e
Acabamento, Lda. com sede no Parque Empresarial da Meadela, Viana do Castelo,
detentora de alvará de construção n.º 37795 e orientada pelo Professor Doutor António
José Candeias Curado.
A empresa Irmãos Gigante, Construção Civil e Acabamentos, Lda., foi constituída em
janeiro de 2001, na sequência da atividade em nome individual pelos sócios e gerentes
José Gigante e Joaquim Gigante, desde maio de 1994, com sede na Meadela, Viana do
Castelo.
A empresa tem vindo a participar em diversos projetos nas áreas da construção civil e
acabamentos de todo o tipo de edifícios, desenvolvendo simultaneamente sólidas
relações e parcerias de confiança com parceiros de negócios, sendo eles fornecedores,
clientes, colaboradores, entidades bancárias, entre outros.
A Irmãos Gigante, Lda. neste momento é constituída por um quadro permanente de
dezassete colaboradores, dos quais, dois sócios gerentes habilitados com CCP
(certificado de competências pedagógicas) de nível 3, um Engenheiro licenciado em
Engenharia Civil e do Ambiente no Instituto Politécnico de Viana do Castelo, dois
colaboradores dedicados à área de gestão financeira e gestão de materiais e doze
colaboradores técnicos especializados nas vertentes que a empresa se foca.
O revestimento interior em argamassa à base de gesso ou reboco são a origem do
crescimento da empresa, foi com esta atividade que em 1994 a Irmãos Gigante Lda.
começou a crescer no seio da construção civil, nessa altura ainda através do processo
manual, rendendo-se no ano de 2001 à aplicação mecânica.
Pelo facto do revestimento leve (gesso cartonado) começar a ter uma maior aceitação
por parte do cliente português e a empresa acreditar na solução, em 2002 amplia o
setor para a aplicação de soluções em gesso cartonado ao nível dos tetos e em 2006
para as paredes divisórias e paredes de encosto no interior das habitações.
Em 2012 com a crescente necessidade de reabilitação do edificado, sobretudo ao nível
da conservação e incrementação de isolamento térmico nos elementos opacos verticais
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2
a Irmão Gigante Lda. inicia o seu trajeto no sistema de isolamento térmico pelo
exterior, ETICS (do inglês, External Thermal Insulation Composite Systems), sendo
desde 2011 reconhecida como “Empresa Aplicadora de Excelência” por uma empresa
de referência na área do sistema ETICS, Weber Saint-Gobain.
Uma visão jovem, crescente e atenta às necessidades dos clientes faz com que a
empresa Irmãos Gigante Lda. desenvolva e execute soluções profissionais na
vanguarda da construção civil, nas áreas de construção nova, reabilitação, restauro,
renovação e acabamentos finais, aliando toda a experiência, qualidade, inovação e
seriedade.
A dissertação envolveu o acompanhamento, orientação e estudo, in situ, em contexto
empresarial. Tendo como objetivo estudar comparativamente dois processos de
revestimentos interiores bastante presentes na construção portuguesa, bem como,
apoiar o utilizador do espaço no momento de escolha através da análise de vários
fatores inerentes.
Na construção civil a visão do trabalho especializado apresenta-se como a vertente
dinâmica do setor. Deste modo, a área de acabamentos focada na vertente estético-
funcional, comportamento térmico e desempenho acústico das habitações proporciona
aos utilizadores o conforto desejado e por sua vez o reconhecimento dos trabalhos
executados pela empresa e a distinção da mesma, razão pela qual incidiu a minha
vontade em realizar o presente estudo.
Atendendo às exigências da construção civil, em que o setor de maior dinamismo se
prende em atividades específicas ligadas à “reabilitação”, isto porque a malha
imobiliária carece de manutenção, o mercado da “construção nova” renasceu trazendo
com ele novas técnicas construtivas, soluções de materiais e exigência na qualidade da
mão-de-obra.
Atendendo que a empresa Irmãos Gigante, Lda. se foca na atividade específica de
acabamentos, o relatório apresenta como tema, “Estudo comparativo entre dois
tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso
projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado”.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
3
O gesso, aquando associado a material de revestimento no setor da construção civil é
facilmente relacionado à típica construção portuguesa, aplicado a centenas de anos
desde o processo manual (argamassa à base de cal e cimento) até à sua aplicação com
o auxílio de máquinas de projeção através de gessos pré-doseados.
Com o aparecimento das placas de gesso cartonado, há mais de 70 anos na Europa, e
com origem e provas dadas na Americano há mais de um século, o sistema de drywall
(em português, parede seca), entrou entrando na construção portuguesa muito pela
influência da emigração, onde este sistema já se tinha tornado prática corrente nas
técnicas construtivas do país, tendo como exemplo a França.
As soluções em estudo como materiais próprios apresentam inúmeras qualidades para
a construção, sendo que, o que os faz sobressair é a sua adaptabilidade ao sistema
construtivo in situ, exigindo uma análise técnica adequada para através de um conjunto
de fatores importantes conseguir adaptar os materiais às soluções e condicionante da
obra, o que resulta numa solução segura e duradoira para o utilizador.
A escolha destes dois materiais distintos, tem como objetivo apresenta dois materiais
de revestimento que englobam e proporcionam à construção, seja do tipo construção
nova ou reabilitação o melhor desempenho, funcionalidade e durabilidade da solução
integral.
A empresa Irmãos Gigante, Lda. direciona-se para a vertente de revestimentos e
soluções construtivas, desde a fase de levantamento em obra, medição e orçamentação,
avaliação de patologias (reabilitação), apresentação das soluções ao cliente,
planeamento de obra, gestão de materiais e mão-de-obra.
Tendo em conta a atividade em que a empresa Irmãos Gigante, Lda. se insere na
Construção Civil, foi-me proporcionada uma total ligação ao empreiteiro geral e ao
cliente final.
De uma forma detalhada e prática, após a recolha de dados que permitem desenvolver
uma proposta de trabalho e consequente adjudicação da mesma por parte do
requerente, é necessário haver uma gestão dos trabalhos, da mão-de-obra e materiais
associados de uma forma bastante ativa, ágil e dotado de conhecimento.
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4
Os sistemas de isolamento térmico pelo exterior, as soluções térmicas e acústicas
interiores e os revestimentos aplicados ao meio habitacional, industrial ou comercial
são o foco da atividade da empresa.
As soluções de gesso projetado e/ou gesso cartonado são solicitadas através dos
empreiteiros gerais de obra, arquitetos, clientes finais, entre outras situações diversas.
Por vezes de uma forma standard da engenharia outras por falta de conhecimentos
técnicos do cliente, cabe à equipa técnica sempre que existe disponibilidade dos meios
intervenientes, a orientação e aconselhamento (com base na experiência técnico-
prática) da solução que mais se adapta ao tipo de construção pretendida, bem como a
articulação de soluções mais económicas para o cliente, salvaguardando sempre a
viabilidade do sistema a aplicar.
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5
2 ESTADO DA ARTE
O revestimento pela face interior do elemento opaco vertical é o elemento que
proporciona ao utilizador em primeiro lugar a vertente estética através do conforto
visual e tátil, cuidados tidos há centenas de anos. Com a evolução das exigências,
sejam elas, económicas, mão de obra especializada, tempos de execução ou mesmo do
conforto, a construção teve a necessidade de procurar e produzir soluções para dar
resposta ao dinamismo do setor.
Desde o processo manual de aplicação do revestimento à base de gesso até à introdução
dos equipamentos de projeção, bem como, da receção do material a granel, passando
pelos silos (associado às grandes intervenções) até aos sacos de 20kg, a empresa
Irmãos Gigante, Lda. teve a oportunidade de prestar serviços em inúmeros edifícios de
tipologia multifamiliares, unifamiliares e outros associados à construção nova e com
maior frequência à reabilitação.
A reabilitação que, juntamente com a branda edificação de pequeno porte e as
exigências regulamentares desencadeou a introdução do revestimento por placas de
gesso cartonado, inicialmente mais aceites ao nível do teto (corrente designação de
teto falso), passando assim para a visível prestação técnica ao nível das paredes de
encosto e divisórias, no qual a empresa também se destaca no setor.
2.1 Revestimentos interiores de parede
Os revestimentos interiores devem conter e conferir determinadas caraterísticas que
proporcionem o melhor acabamento aliado à durabilidade associada à qualidade do
material de acabamento.
A compatibilidade com a natureza dos materiais e a função do suporte são o elemento
base da sua viabilidade, conferindo assim uma superfície isenta de defeitos, resistência
mecânica a ações de caráter abrasivo, mantendo as caraterísticas e aspeto por um
período de tempo compatível com o custo de manutenção e reparação.
Em suma, os revestimentos em paredes interiores, [2] subdividem-se em quatro
categorias quanto às suas exigências funcionais, tais como: os de regularização que
proporcionam à parede o acerto da planimetria e regularidade superficial, os de
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
6
acabamento que proporcionam à parede um complemento de regularização, garantindo
maioritariamente dos casos em aspeto visual agradável. Os resistentes à água
constituem a camada de acabamento das paredes nos locais onde a presença de água
ou vapor de água é frequente ou as exigências de limpeza do local é feita por via
húmida e os de caráter decorativo são os que oferecem o aspeto pretendido pelos
utilizadores ao nível do conforto visual, conforme apresentado na Tabela 2.1.
Tabela 2.1 - Classificação dos revestimentos para paramentos interiores.
Classificação funcional Tipos principais de revestimentos interiores de paredes
Revestimentos de regularização
Rebocos tradicionais
Rebocos pré-doseados
Revestimentos de ligante misto
Estuques tradicionais de gesso e cal
Estuques pré-doseados de gesso
Estuques pré-doseados sintéticos
Revestimentos de acabamento
Estuques tradicionais de gesso e cal
Estuques pré-doseados de gesso
Estuques pré-doseados sintéticos
Revestimentos resistentes à água
Revestimentos cerâmicos colados
Revestimentos de pedra natural colados
Revestimentos de pedra artificial colados
Revestimentos epóxidos
Revestimentos de ligantes sintéticos (esmalte e vernizes)
Revestimentos decorativos
Revestimentos em rolo (de papel, plásticos, têxteis e de cortiça)
Revestimentos de placas de aglomerado de cortiça expandida
Revestimentos por pintura
A partir de meados do século XX até aos dias de hoje, a construção portuguesa
atravessou cinco grandes fases de revestimentos, no qual hoje em dia tira partido do
ensinamento obtido das imensas quantidades aplicadas aperfeiçoando os produtos e as
suas técnicas de aplicação.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
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Os revestimentos em ligantes minerais com base em cimento e cal eram traduzidos
através de rebocos tradicionais, compostos por argamassa (doseada de forma manual
e sem controlo), ligantes, agregados, água, adjuvantes e armaduras (opcional). O
processo de aplicação era composto por três camadas com funções distintas, o salpico
(rico em ligante) com cerca de 3/5mm que permitia uma melhor aderência, a camada
de base (emboço) compreendida entre 10/15mm garante o acerto da planimetria e
regularização superficial e por último a camada de acabamento (baixo teor de ligante,
cimento + cal + areia fina) com uma espessura de 7/10mm, procedida de uma “goma”
à base de cal e cimento com cerca de um 1mm enquanto se dá o processo de cura da
argamassa permitindo a ligação e o acabamento estanhado. O que permite obter um
revestimento pronto para a sua função decorativa, impermeabilizante e de resistência
ao choque, sendo este aplicado através de um processo manual apoiado em ferramentas
adequadas.
O mesmo revestimento em reboco, mas não tradicional, onde a argamassa era uma
mistura pré doseada em fábrica foi uma revolução ao nível da qualidade final do
trabalho bem como o elevado rendimento de aplicação conseguido, sendo este produto
passivo de ser aplicado através de um processo mecânico. A argamassa é controlada
em fábrica sendo no local de aplicação apenas necessária a adição de água e o
amassamento de forma mecânica, bem como todos os cuidados associados à
preparação do suporte para aplicação em forma de monocamada com cerca de 15 mm.
Os revestimentos em ligantes com base em gesso, continuam a ser uma solução
muito direcionada para o interior e sobretudo para zonas secas, pois apresentam um
comportamento reativo desfavorável quando em contacto com a água.
Comparativamente ao revestimento com base em cimento e cal, este apresenta uma
boa aderência ao suporte (nunca dispensando a sua cuidada avaliação e preparação),
moldabilidade, boa resistência ao fogo e um apreciável comportamento térmico e
acústico.
Tal como o anterior este apresentou-se inicialmente como um revestimento de caráter
tradicional, onde não dispensa da camada de salpico preparando assim o suporte e
melhorando a aderência. Seguindo-se a camada base podendo esta ser aplicada numa
única camada compreendida entre 10/15 mm de espessura, finalizando com o
acabamento de estuque composto pela camada de esboço com 3/5 mm conferindo-lhe
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a preparação para receber a segunda e última camada composta somente por gesso
branco e cal apagada que lhe confere um acabamento superficial perfeito para receber
o revestimento colorido a gosto.
Do mesmo modo, o revestimento não tradicional em mistura pré-doseada em fábrica
faz salientar a rapidez de aplicação, a redução de mão-de-obra e sobretudo o maior
controlo de qualidade, pois as suas duas únicas camadas (regularização e acabamento)
são rigorosamente dosificadas e controladas.
Os revestimentos cerâmicos são dos mais antigos do mundo, podendo contatar no
interior de inúmeros edifícios históricos revestidos totalmente ou parcialmente para
complementação estética, os quais apresentam uma durabilidade admirável.
Na construção portuguesa o revestimento cerâmico, aplicado através de colagem ao
suporte, é composto primeiramente pela camada de chapisco e emboço usualmente
com base em cimento e cal e posteriormente é aplicado o revestimento cerâmico
através de uma argamassa de colagem (tradicional ou não tradicional), ficando com
junta adequada à peça e ao local, para posterior betumação à cor pretendida.
A pedra, elemento natural e material de eleição na construção ultrapassou o seu
estatuto de elemento estrutural e foi-lhe atribuída uma nova função, o revestimento
em pedra de alvenarias, entre outra.
O desenvolvimento e aperfeiçoamento mecânico e tecnológico permitiu elevar a
qualidade do material saído dos grandes blocos de rocha, reduzindo assim a espessura
das “placas”, o aperfeiçoamento do acabamento superficial e o manuseamento das
mesmas.
O seu processo de aplicação é bastante idêntico ao descrito no revestimento cerâmico,
mesmo estando perante uma peça de espessura compreendida entre 17 a 27 mm, sendo
necessário um cuidado redobrado quanto à escolha das argamassas de colagem, pois
estas deverão apresentar capacidade de aderência (ao suporte e à peça) capaz de
suportar o peso do revestimento a aplicar.
Por último, o qual deriva do gesso, material já mencionado, as placas de gesso
cartonado apresentam-se como a solução das mais utilizadas atualmente na
construção. Este revestimento de origem norte Americana resulta o conceito de
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drywall, e foi impulsionado pela construção após a I Guerra Mundial devido à sua
rápida aplicação, resistência ao fogo e pelo facto de não requerer de mão-de-obra
especializada. Isto foi o revestimento utilizado como solução para uma altura de
extrema dificuldade num período pós-guerra.
O estado dinâmico da construção foi impondo às placas de gesso cartonado a
necessidade de satisfazer diversas exigências tidas em projeto e obra, fator que fez com
que atualmente o consumidor tenha à sua disposição uma vasta gama de placas para
as diversas situações.
Quanto à sua aplicação, esta é adaptável a três distintos métodos. A aplicação do
painel direto ao suporte através de uma argamassa de colagem adequada, o painel
semi-direto utilizando um elemento metálico entre o suporte e a placa, ambos ligados
através de fixações mecânicas e por último a aplicação autoportante metálica que
utiliza de igual modo elementos metálicos onde é fixada mecanicamente a placa de
gesso cartonado, mas este fica afastado do elemento de suporte, criando assim uma
solução de revestimento totalmente autónoma. Adaptando o tipo de solução às
exigências da obra, posteriormente à aplicação das placas é necessário o tratamento
das juntas com o auxílio de uma pasta adequada pré-doseada e cintas de juntas com a
aplicação das demãos de pasta com os tempos de secagem recomendados. Este
procedimento é recomendado independentemente do tipo de acabamento final, seja
cerâmico, pintura, papel de parede, entre outros.
Um dos aspetos a salientar no revestimento de gesso cartonado em estrutura
autoportante, é a sua capacidade de compatibilizar com outros materiais que em
conjunto permitem obter uma solução extremamente eficiente quanto ao desempenho
térmico, acústico e outros a apresentar.
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2.2 Revestimento interior em gesso projetado
O revestimento em gesso ou gesso estuque foi durante muitos anos preparado em obra,
com base sobretudo no conhecimento e experiência dos aplicadores, sendo um
processo que inevitavelmente nunca mantinha a mesma formulação quantitativa, fator
inerente a possíveis patologias.
A exigência da construção civil e a edificação em massa fizeram com que o processo
mecânico entrasse no procedimento de aplicação com base num produto pré-doseado,
onde o controlo do produto em fábrica atualmente se mantém extremamente
controlado, bem como o rendimento da sua aplicação passou a ser bastante superior.
O aumento da produtividade face à aplicação do revestimento foi conseguido atrás do
apoio das máquinas de projeção, [3] que automaticamente mistura continuamente
argamassa seca (fornecida em sacos ou silos) com água. Isto é, o material seco é
colocado no depósito, o misturador da célula (depósito) que funciona separadamente
é responsável pela alimentação da zona de mistura dosificando o material para o
próximo processo. O motor principal é encarregue de misturar o material seco com a
água na zona de mistura onde ao mesmo tempo devido à sua rotação pressiona a
argamassa através do “fuso” ao longo da “camisa” (elemento que define a velocidade
de projeção) para criar a pressão adequada ao bombeamento. Estas máquinas são
dotadas de motores com cerca de 5,5 kW alimentados vulgarmente a energia elétrica
de 3 fases (trifásica), possibilitando a projeção com mangueira de Ø 25mm até 30 m
de comprimento e Ø 35 mm até 50 m de comprimento, com um caudal aproximado de
22 L/minuto de argamassa projetada.
Direcionando a atenção para o revestimento pré-doseado de gesso, [4], este chega ao
aplicador em forma de pó pronto a amassar mecanicamente com água, através do
recurso à mesma máquina que executa o processo de projeção. Os revestimentos de
estuque pré-doseados são aplicados diretamente sobre a maior parte dos suportes, tais
como o betão, alvenaria de tijolo e bloco de betão (não dispensando em algumas
situações a aplicação prévia de um primário de aderência), tendo deste modo, a
capacidade de regularização o que evita a aplicação antecipada de uma camada de
reboco. Devido à sua caraterística, tal como mencionado anteriormente, este
revestimento é constituído por uma camada de regularização compreendida entre 10 a
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20 mm (normalmente aplicada através de projeção) e uma camada de acabamento
aplicada manualmente com uma espessura fina (pelicular).
O revestimento em estuque pré-doseado tem que cumprir diversos requisitos para que,
após a sua aplicação apresente o desempenho exigido, conferindo uma excelente
proteção às ações mecânicas, físicas e químicas, comportamento térmico e acústico,
comportamento contra o fogo (produto incombustível) e conforto visual.
O processo de aplicação segundo [5] carece de duas condições importantíssimas.
Primeiramente é necessário estar perante um ambiente seco (proteção à chuva) e
segundo a temperatura do espaço superior a 2ºC. Quando confirmadas estas condições
o processo de aplicação resume-se às seguintes tarefas apresentadas:
1. Preparação prévia das paredes;
1.1. Limpeza do suporte;
1.2. Reforço da ligação entre diferentes elementos (pilares, vigas, palas de
estore) com rede fibra de vidro antialcalina e argamassa de colagem;
1.3. Execução de mestras com régua cainho e colocação de perfis de
esquina em PVC, do português policloreto de vinilo;
1.4. Humedecimento do suporte (dependendo da temperatura);
2. Preparação da máquina de projeção;
3. Processo de projeção (10/20 mm de espessura)
3.1. Desempenar/ sarrafear (alinhar planimetria);
4. Apertar argamassa;
4.1. Após 30 minutos a 1 hora da projeção;
5. Raspagem
5.1. Após 2 a 3 horas do aperto;
6. Afagamento (0,5/1 mm de espessura)
6.1. Após 4 a 5 horas da projeção;
Os tempos entre processos de trabalho variam consoante as condições climatéricas,
temperatura e humidade relativa do ar, onde deverá haver um cuidado acrescido e uma
análise minuciosa da ficha técnica do produto a aplicar para que este seja compatível
com as condições externas. Os trabalhos apresentados carecem de diversas ferramentas
adequadas posteriormente apresentadas no capítulo 4.1.
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2.3 Revestimento interior em estrutura autoportante revestida a placa
de gesso cartonado
Face às exigências da construção civil e do próprio utilizador, o sistema de gesso
cartonado aplicado sobre uma estrutura autoportante sobressai entre as técnicas
construtivas utilizadas ao nível da construção nova, bem com da reabilitação.
Ao nível da estrutura, sendo esta designada por estrutura autoportante, ou seja,
apresenta capacidades para se suportar a si mesmo, é constituída por uma estrutura
resistente de aço galvanizado, a qual se subdivide em perfis do tipo “guia” em forma
de U (vulgarmente designada por “raia”), tratando-se de um elemento horizontal da
estrutura de suporte na laje de pavimento (guia inferior) e de teto (guia superior), e
perfis em forma de C do tipo “montante” (elementos colocados na vertical que
encaixam nas guias) com uma espessura de chapa de 0,60 mm. Os elementos metálicos
(elementos de perímetro) são fixados à alvenaria e outros elementos estruturais
adjacentes através de elementos de fixação em aço, os montantes intermédios são
encaixados nas guias através de um processo de “entalhe” conseguido através de um
alicate puncionador.
O tipo de espaço, utilização e as exigências associadas (normativas ou outras) são
fatores importantes aquando da primeira análise. Uma vez que reúne um conjunto de
informações importantes para a determinação e seleção do tipo de placa de gesso
cartonado a implementar, face às suas caraterísticas naturais de resistência, conforme
destacado na Tabela 2.2 segundo designação comercial utilizada pelos principais
fabricantes espanhóis e franceses (mercado potencializador deste material). As
espessuras das placas mais correntes variam entre 12,5 mm e 15 mm, podendo estas
serem aplicadas em camada dupla através das soluções mais frequentes 12,5+12,5 mm
ou 15+15 mm para soluções mais específicas) [6].
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Tabela 2.2 - Denominação comercial dos principais tipos de placas de gesso cartonado [6] .
Referência Descrição
Tipo A Placa standard utilizada em espaços isentos de produção de vapores, identificada pela cor branca na face a revestir.
Tipo H1 Placa com tratamento hidrófugo para diminuir a absorção de água, utilizada em espaços com baixa produção de vapores, identificada pela sua cor verde.
Tipo F Placa reforçada com fibras para melhor prestação/ reação ao fogo da alma de gesso, identificada pela sua cor vermelha.
Tipo DI
Placa composta por gesso de alta qualidade com maior densidade e resistência ao impacto, adequado para zonas de alto tráfego pedonal e outros locais com exigência de resistência superficial, normalmente identificadas pela cor cinza/ azul.
Tipo
Anti-Radiação
Placa composta por um núcleo de gesso laminado corta-fogo e revestida numa face com uma lâmina de celulose com propriedades antirradiação sem adição de chumbo, existindo a mesma solução com placa de chumbo numa face, ambas para proteção radiológica.
Tipo Vinil Placa com as caraterísticas standard, acabada na face exterior com uma lâmina de PVC branca, adequada para locais estéreis de limpeza exigente.
Isolantes Placa com as caraterísticas standard, acrescida numa face de isolamento térmico/ acústico, do tipo lã de rocha, poliestireno expandido, extrudido e cortiça, de várias espessuras.
Acústicas Placa com as caraterísticas standard, com um véu na face interior, composta por diversas furações consoante desempenho acústico pretendido.
As placas são fixadas à estrutura metálica através de elementos de fixação e aço
fosfatado com diversos comprimentos que variam consoante a solução de placa
aplicadas.
Após fixação das placas de gesso cartonado segue-se a colagem de bandas e tratamento
de juntas, onde são aplicadas nas juntas de união de placas uma banda de papel (ou
malha de rede) embebida e recoberta com reboco em pó à base de carbonato de sódio,
resina e aditivos. Para melhor acabamento as placas apresentam no seu bordo
longitudinal um rebaixe arredondado (bordo afinado, BA), permitindo que a banda de
papel e o seu enchimento não fiquem salientes face à planimetria da parede. Quando a
existência de juntas transversais não é possível evitar, estas são tratadas da mesma
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forma tendo o cuidado em pressionar bem a banda contra a placa para que estas tenham
a melhor planimetria. O mesmo acontece nos elementos de fixação, os quais deverão
penetrar a face da placa em cerca de 1 mm e posteriormente ser recoberto com a mesma
argamassa.
Existem várias soluções de argamassas de acabamento para a face das placas de gesso,
bem como diferentes técnicas de aplicação, em que todas elas poderão estar bem e
permitem de igual modo um perfeito acabamento superficial, sendo que compreende
as seguintes etapas:
1. Colagem da banda de papel com argamassa de secagem entre 2 a 4 horas;
2. Recobrimento com a mesma argamassa no momento seguida;
3. Aplicação de uma demão de argamassa com tempo de secagem entre 4 a 8
horas com um recobrimento mais largo que a banda em cerca de 10 cm para
cada lado;
4. Aplicação de uma demão de argamassa com tempo de secagem entre 4 a 8
horas com um recobrimento mais largo que a banda em cerca de 10 cm para
cada lado;
5. Aplicação de uma demão final de argamassa com tempo de secagem lenta (24
horas) com um recobrimento da banda de papel superior a 20 cm para cada
lado;
5.1. Atendendo à exigência do acabamento superficial da superfície,
sobretudo quando exposta a luzes rasantes (sancas, ranhuras led, etc.)
esta passagem de argamassa é aconselhável estender a toda a superfície.
De salientar que quanto maior for o tempo de secagem entre passagens de argamassa
(mínimo aconselhável é de 48 horas entre demãos) melhor será a qualidade do
acabamento final, pois as massas terão o tempo necessário de cura e posteriormente
são corrigidas ou “compensadas” com o passe de argamassa seguinte. Caso contrário,
podem surgir anomalias traduzidas pela retração (abatimento) das argamassas que têm
um impacto desagradável visível após pintura decorativa final.
Este sistema para além da sua caraterística de baixa incrementação de peso e rápida
instalação, apresenta um excelente desempenho térmico e acústico (podendo ser ainda
melhorado com a incrementação de uma camada de isolamento térmico e acústico),
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fácil integração de diversas instalações técnicas e acabamento estético superior, face
aos revestimentos aplicados diretamente ao suporte (menor suscetibilidade de fissurar
e fendilhar).
2.4 Síntese de conclusões
Neste capítulo foi abordada a evolução temporal dos revestimentos interiores de
paredes: revestimentos em ligantes minerais com base em cimento e cal, revestimentos
em ligantes com base em gesso, revestimentos cerâmicos, revestimento em pedra,
revestimento através de placas de gesso cartonado associado a um sistema de estrutura
metálica autoportante.
Tendo sido dado especial atenção aos revestimentos em estudo, o revestimento interior
em gesso projetado onde foi detalhada a sua evolução no âmbito do processo de
aplicação e da receção em obra do próprio produto, bem como, o processo detalhado
de aplicação do revestimento. O sistema de revestimento interior em estrutura
autoportante revestida a placa de gesso cartonado, foi de igual modo pormenorizado
os seus constituintes, desde a estrutura metálica até ao elemento de revestimento em
gesso cartonado atendendo ás exigências do meio de aplicação, até ao seu processo
construtivo.
Os revestimentos apresentados aliados à sua histórica evolução transparecem
sobretudo a sua capacidade de adaptação, seja ao nível do processo de aplicação ou
das exigências construtivas. Estas exigências, sendo impulsionadas pela necessidade
de resposta ao volume da construção, às exigências dos utilizadores e às exigências
regulamentares, dinamizam o setor dos revestimentos atraindo a versatilidade e o
contributo que estes podem trazer à construção.
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3 CARATERIZAÇÃO ARQUITETÓNICA E CONSTRUTIVA DOS CASOS DE ESTUDO
A arquitetura para além da sua questão estética apresenta uma grande importância
quanto ao “funcionamento” da própria construção, atendendo sobretudo à sua
implantação, elementos constituintes e soluções construtivas compatíveis às
exigências arquitetónicas.
As soluções construtivas visam principalmente satisfazer as exigências dos
utilizadores e as exigências regulamentares em vigor, salvaguardando a qualidade da
própria construção e a durabilidade da mesma.
3.1 Caraterização arquitetónica e construtiva do Caso de Estudo I
A moradia tomada como caso de estudo, trata-se, originalmente de um edifício com
caraterísticas de habitação unifamiliar, edificada no ano de 2017. Localiza-se a norte
de Portugal, no distrito de Viana do Castelo, inserida no interior de uma malha com
caraterísticas rurais na freguesia de Seara, pertencente ao concelho de Ponte de Lima,
como é possível avaliar na Figura 3.1.
Figura 3.1 - Imagem aérea da localização da freguesia Seara, Ponte de Lima (in Google Maps)
Segundo requisitos de qualidade térmica da envolvente são definidas zonas
climatéricas com base na Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins
Estatísticos de nível III (NUTS III), conforme [7] apresentado no [8] o qual, com base
na localização de implantação do imóvel (distrito), análise dos graus-dias e
temperatura média, a moradia encontra-se situada na zona I2, relativamente à estação
de inverno e zona V3 na estação de verão.
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A moradia apresenta uma área de habitacional de 180 m2, com uma tipologia do tipo
T3, contendo 1 piso, sendo este acima do nível térreo (rés-de-chão), com um pé-direito
livre de 2,60 m.
A arquitetura do edifício apresenta-se como típica na zona norte, não despendendo de
uma cobertura inclinada com telha cerâmica e cimalha (saliência na parte mais alta da
parede onde pousa o beirado do telhado) em todo o perímetro, conforme apresentado
na Figura 3.2. A solução arquitetónica de cimalha em termos de sombreamento
apresenta um baixo impacto, mas nos períodos de chuva funciona como um “chapéu-
de-chuva” para com os elementos verticais da envolvente exterior. Caraterística esta
que afasta/reduz o contacto direto com as águas da chuva, reduzindo a probabilidade
de infiltrações e os escorrimentos propícios ao desenvolvimento de fungos que
colocam em causa a conservação estética das fachadas e as caraterísticas técnicas do
revestimento final. As palas de sombreamento horizontal acabam por aperfeiçoar a
redução de incidência solar sobre os maiores vãos envidraçados permitindo um
equilíbrio térmico nas necessidades associadas.
Figura 3.2 – Moradia tida como Caso de studo I.
Mesmo sendo uma construção recente de uma arquitetura atualizada, o sistema
construtivo dos elementos opacos verticais manteve-se fiel à dupla alvenaria de tijolo
cerâmico, composto por tijolo 30x20x15 cm na face exterior e tijolo 30x20x11 cm na
face interior, mantendo entres ambos uma caixa de 8 cm preenchida no seu interior por
poliestireno extrudido de 5 cm de espessura.
Na face exterior foi aplicado um revestimento em reboco (sem informações técnicas)
com um acabamento areado, com uma espessura total de 20 mm. Pela face interior da
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moradia a alvenaria foi revestimento a gesso projetado, pré-doseado com acabamento
afagado liso, com uma espessura média de 12 mm.
Deste modo, estamos perante uma solução construtiva robusta, de elevada inércia
térmica conseguida através dos materiais com elevada massa volúmica, ficando na
solução o desempenho térmico aquém das expectativas, Tabela 3.1, através da análise
global do elemento, o qual apresenta um coeficiente de transmissão térmico superficial
de 0,43 W/(m2.ºC).
Tabela 3.1 – Análise do coeficiente de transmissão térmico superficial, U (W/m2.ºC).
Elemento opaco vertical: gesso – Caso de Estudo I
Material Espessura
(m) ʎ
R (m2.ºC/W)
Rs ext
Rs int
U (W/m2.ºC)
Reboco areado 0,02 1,30 0,015
0,04 0,13 0,43
Tijolo cerâmico 0,15 - 0,420
Poliestireno extrudido 0,05 0,036 1,389
Tijolo cerâmico 0,11 - 0,290
Gesso afagado liso 0,012 0,30 0,04
Segundo o Regulamento do Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação [7],
mais concretamente a [9], onde se encontram definidos os valores de referência dos
coeficientes de transmissão térmico superficial, conforme Tabela 3.2, o elemento
opaco do Caso de Estudo I apresenta um desempenho térmico inferior para o conforto
de utilização pretendido, quando comparado com o valor de referência estabelecido
para o local de implantação, 0,40 W/(m2.ºC).
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Tabela 3.2 - Coeficientes de transmissão térmica superficiais de referência de elementos opacos e de vãos envidraçados, Uref [W/(m2.ºC)], [9] .
Uref [W/(m2.ºC)] Zona Climática
Portugal Continental
Zona corrente da envolvente Com a entrada em vigor do presente regulamento
A partir de 1 de janeiro de 2016
I1 I2 I3 I1 I2 I3
Em contacto com o exterior ou com
espaços não úteis com o coeficiente de redução de perdas
btr>0,7
Elementos opacos
verticais 0,50 0,40 0,35 0,50 0,40 0,35
Elementos opacos
horizontais 0,40 0,35 0,30 0,40 0,35 0,30
Em contacto com outros edifícios ou espaços não úteis
com coeficiente de redução de perdas
btr0,7
Elementos opacos
verticais 1,00 0,80 0,70 0,80 0,70 0,60
Elementos opacos
horizontais 0,80 0,7 0,60 0,60 0,60 0,50
Vãos envidraçados (portas e janelas) (Uw)
2,90 2,60 2,40 2,80 2,40 2,20
Elementos em contacto com o solo 0,5 0,5
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3.2 Caraterização arquitetónica e construtiva do Caso de Estudo II
A moradia tomada como segundo caso de estudo, apresenta de igual forma uma
tipologia de habitação unifamiliar, edificada no ano de 2017. Esta habitação localiza-
se a norte de Portugal, no concelho e distrito de Viana do Castelo, na freguesia
resultante da união de Santa Marta de Portuzelo e Meadela, numa zona de caraterísticas
rurais, como é possível avaliar na Figura 3.3.
Figura 3.3 - Imagem aérea da localização da freguesia Seara, Ponte de Lima (in Google Maps)
Segundo requisitos de qualidade térmica da envolvente são definidas zonas
climatéricas com base na NUTS III, conforme [7] apresentado no [8], com base na
localização de implantação do imóvel (distrito), análise dos graus-dias e temperatura
média, a moradia encontra-se situada na zona I2, relativamente à estação de inverno e
zona V3 na estação de verão.
A moradia detém uma área habitacional de 140 m2, apresentando-se como de tipologia
T3 de 1 piso (rés-de-chão), acima da cota de soleira, com um pé-direito livre interior
de 2,90 m.
A arquitetura do edifício sobressai pela sua simplicidade e objetividade, a qual concilia
na perfeição com técnicas e soluções construtivas práticas para o utilizador, conforme
ilustra a Figura 3.4. Composta por um traçado de fachada retilíneo em forma de “L”
para melhor proveito do logradouro e exposição solar, sendo também dotada de
elementos de sombreamento horizontais e verticais. Dando assim expressão à
importância de conciliar soluções de arquitetura passiva, [10], traduzindo-se pela
capacidade do edifício atingir níveis de conforto desejados de forma autónoma, sendo
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21
neste caso direcionado para um maior controlo de incidência de radiação solar sobre
os envidraçados na estação de arrefecimento (estação do ano em que o sol apresenta
maior verticalidade em relação à superfície terreste, face à localização em estudo). A
cobertura do edifício é do tipo plana (técnica construtiva de cobertura invertida) de
utilização não acessível.
Figura 3.4 - Moradia tida como Caso de Estudo II.
Esta moradia apresenta-se com uma solução construtiva ao nível dos elementos opacos
verticais com alvenaria simples, composta por um único pano edificado através de
blocos com caraterísticas térmicas de dimensão 49x20x19 cm. A face exterior,
executada pela empresa Irmãos Gigante, Lda., Figura 3.5, ostenta um sistema de
isolamento térmico contínuo através da solução ETICS, do tipo weber therm classic
da Weber Saint-Gobain. Sendo composto por placas de poliestireno expandido (EPS)
de 6 cm, coladas e barradas com argamassa do tipo weber therm pro e reforçada com
fixação de buchas em PVC e rede de fibra de vidro anti-alcalina de 160 g/m2 do tipo
weber therm rede normal, revestido na face com acabamento acrílico do tipo weber
therm plast decor, antecedido de primário de regularização do tipo weber prim
regulador, proporcionando uma excelente solução de fachada eficiente.
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Figura 3.5 - Sistema do tipo weber therm classic, na moradia tida como Caso de Estudo II
Por último e o mais importante, pois trata-se da solução em estudo, o interior do
elemento opaco vertical é composto por uma estrutura autoportante de perfil montante
48mm simples. Revestida por uma placas de gesso cartonado, do tipo Knauf, com 15
mm de espessura e caraterísticas standard (em contacto com zonas sem produção de
vapor) e hidrófugas (em contacto com zonas expostas à produção de vapores, com
instalações sanitárias e cozinha). O que inclui uma camada de isolamento térmico e
acústico em lã mineral, do tipo ultracoustic da Knauf, com 45 mm de espessura em
painéis, colocados entre a estrutura metálica da solução autoportante.
Deste modo, estamos perante uma solução construtiva contemporânea, salientando o
seu desempenho térmico conseguido através de soluções e materiais de referência
nesta categoria, Tabela 3.3, apresentando assim um coeficiente de transmissão térmico
superficial de 0.26 W/(m2.ºC), relembrando que estamos perante uma solução única
de alvenaria.
Tabela 3.3 - Análise do coeficiente de transmissão térmico superficial, U (W/m2.ºC).
Elemento opaco vertical: estrutura autoportante e gesso cartonado – Caso de Estudo II
Material Espessura
(m) ʎ
R (m2.ºC/W)
Rs exterior
Rs interior
U (W/m2.ºC)
Weber therm classic 0,06 0,036 1,67
0,04 0,13 0,26 Bloco térmico 0,2 - 0,77
Lã mineral 0,045 0,037 1,22
Gesso Cartonado BA15 0,015 0,21 0,07
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23
Face ao Regulamento do Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação [7],
alterada no ponto em análise pela [9], segundo os valores de referência dos coeficientes
de transmissão térmica, conforme Tabela 3.4, o elemento opaco referente ao Caso de
Estudo II, apresenta um desempenho térmico de excelência, superando o valor de
referência estabelecido para o local de implantação e contributivo para o conforto de
utilização.
Tabela 3.4 – Coeficientes de transmissão térmica superficiais de referência de elementos opacos e de vãos envidraçados, Uref [W/(m2.ºC)], [9] .
Uref [W/(m2.ºC)] Zona Climática
Portugal Continental
Zona corrente da envolvente Com a entrada em vigor do presente regulamento
A partir de 1 de janeiro de 2016
I1 I2 I3 I1 I2 I3
Em contacto com o exterior ou com
espaços não úteis com o coeficiente de redução de perdas
btr>0,7
Elementos opacos
verticais 0,50 0,40 0,35 0,50 0,40 0,35
Elementos opacos
horizontais 0,40 0,35 0,30 0,40 0,35 0,30
Em contacto com outros edifícios ou espaços não úteis
com coeficiente de redução de perdas
btr0,7
Elementos opacos
verticais 1,00 0,80 0,70 0,80 0,70 0,60
Elementos opacos
horizontais 0,80 0,7 0,60 0,60 0,60 0,50
Vãos envidraçados (portas e janelas) (Uw)
2,90 2,60 2,40 2,80 2,40 2,20
Elementos em contacto com o solo 0,5 0,5
3.3 Síntese de conclusões
As moradias tidas como Caso de Estudo I e II, apresentam algumas semelhanças
sendo elas notórias ao nível da sua localização geográfica e de um modo geral ao
nível dos seus traços arquitetónicos. O que as distinguem sobretudo é a solução
construtivas do elemento opaco vertical, bem como os seus revestimentos.
O Caso de Estudo I, apresenta uma solução construtiva de dupla alvenaria com a
camada de isolamento térmico no seu interior e revestida em ambas as faces do
elemento opaco através de um revestimento do tipo aderente. Esta solução
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24
construtiva quando analisada à luz das exigências térmicas [9] apresenta um
desempenho superior ao regulamentar exigido (0.43 > 0.40 W/m2.ºC), conforme
apresentado nas Tabela 3.1 e Tabela 3.2.
A moradia tida como Caso de Estudo II, apresenta uma solução construtiva composta
por um único pano de alvenaria, apresentando pela face exterior uma solução de
isolamento térmico exterior e pela face interior uma solução não aderente através de
uma estrutura autoportante revestida com placa de gesso cartonado acrescida no seu
interior de uma camada de lã mineral. Esta solução construtiva através dos elementos
que a compõem apresenta um excelente desempenho térmico comparativamente ao
valor regulamente de referência (0.26 < 0.40 W/m2.ºC) , conforme apresentado nas
Tabela 3.3 e Tabela 3.4.
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25
4 APRESENTAÇÃO DOS REVESTIMENTOS EM ANÁLISE
Os revestimentos interiores independentemente da sua natureza e funcionalidades
carecem de uma análise pormenorizada do projeto no qual é sugerido a sua aplicação.
Caso o planeamento dos trabalhos necessite de uma análise antecipada, é importante
que esta seja realizada no local, com o intuito de verificar que aplicação do
revestimento não é uma tarefa standard, pois direta ou indiretamente interfere com
diversas análises e especialidades da engenharia civil.
Desta forma, este capítulo tem como objetivo apresentar uma visão geral desde o
processo de levantamento em obra, conceção dos trabalhos e análise dos mesmos.
4.1 Descrição do revestimento interior no Caso de Estudo I
O revestimento em gesso projetado, tal como qualquer outro tipo de trabalho terá de
ser previamente analisado e recolhida toda a informação passiva de um planeamento
que permita a melhor fluidez da execução dos trabalhos, com o material adequado,
quantidades necessárias e um acabamento de excelência.
Na primeira visita à obra é necessário, conforme apresentado na Tabela 4.1, analisar
algumas caraterísticas importantes, tal como ocorrido no Caso de Estudo I.
Tabela 4.1 – Aspetos a analisar no levantamento em obra para revestimento em gesso projetado.
Aspetos a analisar no levantamento em obra Considerações
Tipo de moradia (quantos pisos)? Unifamiliar, rés-do-chão
Altura livre entre lajes? 2,60 m
Possui luz trifásica em obra (caso não, é necessário gerador)? Sim
Tipo de suporte a projetar (alvenaria tijolo, betão…)? Tijolo cerâmico
Necessário primário de aderência? Sim
Planimetria do suporte (espessura média a considerar)? Mínimo 12 mm
Necessário tratamento de roços (passagem de instalações)? Sim
Necessário tratamento na ligação a elementos estruturais? Sim
Revestimento de ombreiras em vãos envidraçados? Não
Levantamento fotográfico? Realizado
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26
As considerações apresentadas são importantes para a fase de orçamentação (de forma
a ter a melhor e mais aproximada razão entre a mão-de-obra e material necessário para
uma venda sustentável do serviço), para o setor de armazém (melhor gestão entre stock
disponível e/ou entrega do material em obra atempadamente) e para a equipa
especializada (proporcionando condições para melhor rentabilidade/ execução dos
trabalhos).
Com base nas informações obtidas, aliadas à experiência técnica e prática da empresa,
foi apresentada a solução mais adequada atendendo às exigências da obra, bem como
do próprio cliente.
Os trabalhos executados desenvolvem-se com base no trabalho detalhado e
apresentado na Tabela 4.2:
Tabela 4.2 - Mapa de trabalhos a executar.
1 Gesso projetado
1.1 Revestimento a gesso projetado, com acabamento afagado liso, em paredes, numa espessura mínima de 12 mm, incluindo limpeza adequada do suporte. Nas paredes exteriores pelo interior exceto nas casas de banho e lavandaria.
Observações
• Aplicação de rede fibra de vidro, nas ligações entre a alvenaria de tijolo com o betão, palas de estore, roços e superfícies das armações metálicas das portas de correr (caixilhos).
• Aplicar baguetes em PVC nas arestas.
• Tirar prumos, mestras, níveis, alinhamentos e esquadrias nas paredes.
Após a conclusão de todos os trabalhos preparatórios da obra em escritório, onde é
necessário criar uma base sustentável de informação e formação para os técnicos
aplicadores e técnico que executam e para o gestor dos trabalhos, procede-se à a
preparação do suporte existente em obra e revestimento do mesmo até obter o produto
final.
Embora o revestimento em gesso tenha uma boa capacidade de deformação, teve-se
um cuidado acrescido com os pontos suscetíveis de eventuais fendilhações ou
degradação prematura, tais como: vértices dos vãos, ligação entre diferentes elementos
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
27
(zonas heterogéneas) e interseção de planos, suportes com fracas garantias de
aderência, Figura 4.1, estando perante um suporte em betão armado com vestígios de
descofrante que impossibilita a melhor aderência do revestimento. A aplicação de um
primário de caraterísticas adequadas permite a criar uma “ponte de aderência” entre o
suporte e o produto a receber, [11] e roços provenientes da passagem de
infraestruturas, Figura 4.2.
Nestes pontos específicos, antes da projeção do revestimento é importante a
incrementação de um reforço adicional, sendo armandos os pontos singulares com rede
fibra de vidro 80 g/m2, com proteção antialcalina (resistência à alcalinidade dos
materiais cimentícios) fixada ao suporte através de uma argamassa de colagem com
caraterísticas flexíveis.
Figura 4.1 - Aplicação de uma demão de primário de aderência, do tipo Fondomur ou equivalente sobre o suporte em betão com baixas caraterísticas de aderência.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
28
Figura 4.2 - Tratamento de roços provenientes da passagem de instalações técnicas.
Após o tratamento adequado do suporte, os trabalhos prosseguem para a fase de
preparação, isto é, para a projeção do revestimento. Com o apoio de equipamentos
adequados (fita métrica, nível, laser e fio de marcação), tiram-se os alinhamentos e
esquadrias das paredes através de “pontos mestre”. De forma a perceber a planimetria
existente e programar o acerto da mesma caso necessário (enchimento máxima
admissível de 25 mm de espessura), executando mestras em gesso (material com as
mesmas caraterísticas do revestimento) com o apoio de réguas cainho, Figura 4.3, a
serem removidas após secagem das mesmas, ditando assim a espessura de enchimento
que o paramento irá receber, o que permite obter uma planimetria final de excelência.
Assim, o Caso de Estudo I encontra-se com uma alvenaria de planimetria aceitável,
tendo sido aplicado de um modo geral 12 mm de camada de regularização
(revestimento à base de gesso).
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
29
Figura 4.3 - Execução de mestras em gesso com o apoio de régua cainho.
Em simultâneo, aproveitando os alinhamentos e esquadrias são colocados uns
elementos de reforço nos vértices salientes (encontro exterior de dois panos, vértices
de pilar, etc.), através de perfis de esquina perfurados em PVC fixados com o próprio
gesso ao elemento a projetar, Figura 4.4. Os quais para além de incrementar maior
resistência ao choque permitem um acabamento final rigoroso, sendo parcialmente
embebidos na camada fina de acabamento.
Figura 4.4 - Colocação de perfis de esquina perfurados em PVC, nos vértices exteriores.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
30
Concluindo os trabalhos inerentes à preparação do suporte, apoio ao acerto da
planimetria e colocação de acessórios associados, é dado o passo de aplicação do
revestimento.
O revestimento em gesso projetado do tipo Proyalbi Plus ou equivalente, é um produto
pré-doseado aligeirado constituído por gesso sob a forma de sulfato de cálcio hemi-
hidratado (anidrite), cargas minerais constituídas por areias siliciosas e silicatos
expandidos (perlite) e diversos adjuvantes. Comercializado em forma de pó pronto a
amassar mecanicamente com água para a projeção em camada única, apresentando
uma cor cinzento-clara, [12].
A fase de aplicação do revestimento é o momento fundamental de maior programação
e coordenação ao nível da gestão de materiais, onde não poderá faltar durante o
processo mão-de-obra face às horas de trabalho e interrupções inerentes, pois as fases
associadas à aplicação do revestimento e tempos de secagem deverão ser respeitadas
minuciosamente.
Desta forma, é preparado o equipamento de projeção mecânica do tipo PFT [3], Figura
4.5, fornecido de luz trifásica e água existente em obra, equipada com uma mangueira
de Ø 25 mm com 30 m de comprimento, sendo suficiente a sua projeção em toda a
moradia mantendo a máquina de projetar junto ao local de armazenamento em obra.
O produto é comercializado em sacos de 20 kg transportados em paletes de 72 sacos,
Figura 4.6.
Figura 4.5 - Equipamento de projeção mecânica, do tipo PFT ou equivalente.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
31
Figura 4.6 – Acomodação em obra de gesso pré-doseado, do tipo Proyalbi Plus ou equivalente
Iniciando a tarefa de projeção, o produto é amassado no interior da máquina com uma
relação ponderal entre água de amassadura e produto em pó, aproximadamente 60 %,
isto é, a cada saco de 20 kg do produto adicionam-se cerca de 12 L de água.
O produto é aplicado em camada única através de um espalhador montado na
extremidade livre da mangueira flexível e aplicado em faixas horizontais sucessivas,
Figura 4.7, através do controlo da quantidade a projetar ditado pela experiência do
operador, reduzindo desperdício de material. Posteriormente é espalhada e acertada a
planimetria do pano projetado através do processo de “desempenar” ou “sarrafear”
com o auxílio de uma régua “HP fechada” em alumínio, Figura 4.8, seguindo como
referência as mestras em gesso anteriormente executadas para o efeito.
Figura 4.7 - Projeção de gesso em camadas horizontais sucessivas.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
32
Figura 4.8 – “Desempenar/sarrafear” com o auxílio de régua HP fechada em alumínio.
Após 30 a 60 minutos (consoante as condições atmosféricas) prossegue-se a tarefa de
“apertar”, com o auxílio de uma régua “trapezoidal” em alumínio, Figura 4.9,
pressionando o revestimento para remoção do ar no interior do revestimento, numa
fase onde é denotado o endurecimento do mesmo.
Figura 4.9 - Régua trapezoidal em alumínio para tarefa de "apertar".
Com o processo de presa visível, após 2:3 a 3 horas da projeção é necessário “raspar”
pontualmente o revestimento, removendo os eventuais excessos com uma régua “I”
em alumínio, Figura 4.10. Procede-se igualmente ao acerto de arestas reentrantes e
aplainamento da superfície através da passagem de um raspador “quarenta patas” em
alumínio constituído por oito lâminas, Figura 4.11, assegurando uma superfície
desempenada e lisa quanto possível.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
33
Figura 4.10 - Régua “I” em alumínio para tarefa de "raspar".
Figura 4.11 - Rapador "quarente patas" em alumínio para aplainamento da superfície.
Concluída a camada de regularização e endurecimento suficiente da camada
subjacente (4 a 5 horas em condições normais), prossegue-se a camada de acabamento.
A camada de acabamento do tipo Albiplas Fino ou equivalente, é um produto pré-
doseado aligeirado constituído por gesso sob a forma de sulfato de cálcio hemi-
hidratado, cargas minerais de carbonato de cálcio e diversos adjuvantes. Este produto
é comercializado em forma de pó (sacos de 25 kg), pronto a amassar através do
processo mecânico (misturador elétrico), com uma relação ponderada entre água de
amassadura e produto em pó em cerca de 65 %. Isto é, a cada saco de 25 kg de produto
deve-se adicionar 16 L de água, o qual apresenta uma cor branca, [12].
Aplicado manualmente com o auxílio de uma talocha e espátulas metálicas adequadas,
Figura 4.12 numa espessura pelicular (cerca de 0.5 mm). Esta camada tem como
objetivo acabar a superfície do revestimento aplicado, transparecendo uma superfície
desempenada e lisa, Figura 4.13, pronta para receber um acabamento final decorativo,
geralmente não texturado, a determinar consoante as exigências dos locais a aplicar.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
34
Figura 4.12 – Talocha de inox lisa (esquerda) e talochas de ângulo (direita) para aplicação de camada de acabamento.
Figura 4.13 - Revestimento após a aplicação de camada de acabamento do tipo Albiplas Fino ou equivalente.
Concluída a aplicação integral do revestimento a gesso e antecedendo qualquer tipo de
acabamento decorativo é necessário que este passe por um período de secagem de 30
dias, conforme condições climatéricas, exposição solar e ventilação natural.
O processo de secagem consiste na evaporação da água contida nos poros do
revestimento após o endurecimento da pasta, formando-se assim um escorrimento na
superfície acabada, Figura 4.14, sendo essencial que a obra permaneça aberta e com
ventilação moderada para uma correta secagem.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
35
Figura 4.14 - Processo de secagem do revestimento em gesso
O revestimento em gesso projetado associado a um processo de aplicação
especializado, proporciona um acabamento final de excelência onde a planimetria e a
sensação tátil traduzem as capacidades do revestimento e fazem esquecer as fraquezas
e fragilidades do revestimento tradicional,
Figura 4.15.
Figura 4.15 – Aplicação do revestimento em gesso projetado concluído
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
36
4.1.1 Acompanhamento técnico dos trabalhos correspondentes ao Caso de
Estudo I
Para além dos trabalhos inerentes à preparação de obra é de igual modo importante a
análise durante e após conclusão dos mesmos.
Durante a execução dos trabalhos de revestimento em gesso projetado é essencial
controlar os tempos de execução e os materiais utilizados, face aos estipulados no
processo de orçamentação, para que haja um controlo eficaz no desenvolvimento dos
trabalhos. O que evita que estes derrapem face ao previsto, podendo desencadear a
falta inesperada de material, diminuição da produtividade e aumento da mão-de-obra,
resultando consequentemente na redução das margens de lucro inicialmente previstas.
Na conclusão dos trabalhos esta análise é realizada com maior detalha e rigor, devido
a dois grandes objetivos internos. Em primeiro lugar, ter um controlo e uma perceção
conclusiva do fecho dos trabalhos face à venda dos mesmos (avaliação financeira) e
em segundo lugar, o cariz histórico (avaliação técnica), ou seja, os dados relativos à
mão-de-obra utilizada e o material consumido, permitindo um aperfeiçoamento futuro
da gestão e coordenação de intervenções com caraterísticas idênticas.
A análise dos trabalhos realizados no Caso de Estudo I foca-se na produtividade
(rendimento) e no material consumido, sendo estes comparados com os valores
históricos (análises internas da empresa) e técnicos referidos pelos próprios produtos.
Através da razão entre o tempo total de execução e a área de trabalho, Tabela 4.3,
obteve-se uma produtividade diária por homem de 30,27 m2, representando um valor
bastante positivo segundo os registos internos da empresa (30,00 m2/dia, valor este
obtido através da razão entre o custo de um colaborador por dia sobre o custo associado
à mão de obra por m2 do revestimento), para uma intervenção de quantidades não
muito expressivas e uma intervenção com algum pormenor técnico e qualidade final
de excelência.
Relativamente ao material consumido, Tabela 4.3, segundo indicações do fabricante,
[12], o produto aplicado apresenta um consumo de 7,5 a 8,5 kg/m2 para uma espessura
média de 10 mm (9 a 10 kg/m2 para 12 mm de espessura), obtendo-se após aplicação
um consumo médio de 16,45 kg/m2. Este valor é razoável e expectável segundo
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
37
histórico interno, mas díspar dos dados técnicos fator este justificado pelo elevado
enchimento exigido em algumas situações (planimetria das alvenarias com elevados
empenos). A camada de acabamento obteve um consumo médio de 0,60 kg/m2, valor
este totalmente enquadrado com o estipulado pelo fabricante que apresenta valores
entre 0,5 e 1 kg/m2.
Tabela 4.3 - Consumo do material e mão-de-obra associado ao revestimento aplicado.
Revestimento interior em gesso projetado
Área total de intervenção
(m2) Material Quantidades
aplicadas Quantidades referência*2
Quantidades históricas*3
140
Gesso pré-doseado Proyalbi-Plus* 1 (kg/m2)
16,45 9,50 14,50
Albiplas Fino* 1 (kg/m2) 0,60 0,75 0,60
Produção diária
Mão-de-obra (m2/dia) 30,27 - 30,00
* 1 Soluções comerciais adotadas para o caso de estudo em análise; * 2 Quantidades de referência com base em documento técnico, [12]; * 3 Quantidades históricas (dados internos da empresa Irmãos Gigante, Lda.) obtidas com base na análise fecho de obras ao longo da sua atividade;
Permitindo assim maior sensibilidade na fase de encomendas e consequentemente
melhor gestão do armazém, reduzindo os desperdícios em obra e aumentando a
produtividade (através da disponibilização atempada dos materiais necessários),
perspetivando um aumento do valor da receita, mantendo sempre a qualidade dos
produtos aplicados e mão-de-obra associada.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
38
4.2 Descrição do revestimento interior no Caso de Estudo II
O sistema de revestimento interior aplicado no Caso de Estudo II, apresenta uma
caraterística fulcral que o distingue à primeira vista do anterior, pois estamos perante
um sistema de revestimento do tipo “não aderente”, ou seja, encontra-se totalmente
independente do elemento a ser revestido.
Após breve apresentação com base na sua melhor caraterística, é essencial relembrar
o quão importante é o trabalho de preparação, gestão e coordenação das várias fases
dos trabalhos associados.
No primeiro contacto com a obra, seja in situ ou em projeto, é fundamental filtrar
diversas informações, analisando pormenores e detalhes da obra, técnicas construtivas
e materiais compatíveis, e mais importante a viabilidade da sua aplicação nos locais
pretendidos. Com o intuito de ter conhecimento para alertar e gerir com todos os
intervenientes em obra, de forma a melhorar a coordenação da alteração dos trabalhos,
caso se justifique.
Com base na experiência prática e interação com os diversos técnicos em obra, que de
forma direta ou indireta acabam por interferir no trabalho por nós executado ou vice-
versa, é realizado um breve levantamento, Tabela 4.4, importante para a fase de
orçamentação, bem como para a fase de execução, prevendo antecipadamente diversos
pormenores técnicos e funcionais.
Tabela 4.4 – Análise do levantamento em obra para revestimento em estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado.
Aspetos a analisar no levantamento em obra Considerações
Tipo de moradia (número de pisos)? Unifamiliar, rés-do-chão
Altura livre entre lajes? 2,90 m
Altura pé direita acabado? 2,55 m
Tipo de suporte a fixar estrutura metálica (betão ou madeira)? Betão
Tipo de rodapé (embutido ou saliente)? Saliente
Tipo de guarnição (embutido, saliente ou sem)? Saliente
Tipo de fixação dos vãos interiores (dobradiça ou pivotante)? Dobradiças
Altura dos vãos interiores (2,00 m, 2,10 m, até ao teto…)? 2,00 m
Revestimento de ombreiras em vãos envidraçados? Não
Levantamento fotográfico? Realizado
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39
Tarefa importante para a fase de orçamentação e execução caso se concretize, como já
referido, é também essencial para a atividade de coordenação e gestão do armazém
(stock de materiais), gestão das equipas (internas ou subempreitadas) e fornecedores,
sendo estes pontos de igual modo fulcrais para uma excelente execução dos trabalhos.
Deste modo, após a preparação da proposta de orçamento e respetiva adjudicação dos
trabalhos, os mesmos desenvolvem-se com base no mapa de trabalhos apresentado na
Tabela 4.5, salvo algumas alterações solicitadas pelo dono da obra ou pormenores da
obra.
Tabela 4.5 - Mapa de trabalhos a executar
1 Gesso cartonado
1.1
Parede encosto com estrutura metálica de perfil montante 48 mm, duplo, afastado entre si 60 cm, com uma placa de gesso cartonado BA15 Standard, na face, incluindo colagem de fitas e tratamento de juntas. Isolamento térmico/acústico, com lã mineral, Ultracoustic Knauf 45 (espessura de 45 mm), em painel, colocado entre a estrutura metálica. Nas paredes exteriores pelo interior, em contacto com as zonas secas (isentas de produção de vapores).
Observações
• Revestimento de ombreiras com placa de gesso cartonado;
Exclusões
• Revestimento no interior das instalações sanitárias e cozinha (zona da banca);
Assim, é focada a atenção na tarefa de execução dos trabalhos previstos, tendo como
princípio a melhor solução, técnica de execução e materiais, atendendo à informação
recolhida na primeira visita à obra e previamente pensada em gabinete.
É importante garantir antes de iniciar os trabalhos em obra que estes não serão expostos
a fenómenos adversos, tal como, entrada de água direta ou elevada humidade
(inexistência de vãos envidraçados ou telas de impermeabilização), aplicação de
revestimentos em estado de elevada taxa de humidade retida (reboco, gesso ou
betonilhas), entre outras condições que possam por em causa a qualidade do material.
Estando esses fatores controlados é iniciada a fase de interpretação e preparação do
espaço e toda a envolvente inerente. A interpretação da moradia prende-se pela análise
arquitetónica e “ergonómica” do espaço a intervir, de forma a proceder à marcação de
alinhamentos e esquadrias das paredes caso estas já assim estejam ou então esta seja
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
40
corrigida na fase de montagem da estrutura metálica. Com o apoio de equipamentos
adequados (fita métrica, nível, laser e fio de marcação), é realizada a devida
verificação, retificação caso necessário e respetivas marcações, conforme visível na
Figura 4.16.
Figura 4.16 - Marcação de alinhamentos e esquadrias com auxílio de laser.
Tendo a solução por base uma estrutura autoportante, é possível melhorar o acerto da
planimetria face ao elemento estrutural. Deste modo, o acabamento final será de
qualidade superior, o que não necessita de um maior consumo de material e de mão-
de-obra.
Quanto ao processo de montagem da solução de suporte e revestimento em obra [13],
após devida análise do estado da obra e marcações associadas prossegue-se para a
etapa de aplicação dos elementos estruturais, sendo em primeiro lugar aplicados os
elementos horizontais da estrutura de suporte na laje de pavimento (sobre a camada de
betonilha de regularização) e de teto, vulgarmente designados por “raias”.
Posteriormente é aplicado no mesmo alinhamento uma faixa de perímetro elástica de
vedação autoadesiva à base de poliuretano elástico com 3,2 mm de espessura, do tipo
Knauf Banda Acústica [14], impedindo assim o contacto direto com o elemento de
suporte, aspeto fundamental para a redução dos ruídos de percussão e aéreos, e
eventual humidade ascensional que possa surgir.
A fixação das “raias” à laje do teto e pavimento são conseguidas através de elementos
de fixação em aço com 18/20 mm de comprimento com pistola de alta pressão através
de ar comprimido, considerando o suporte existente do tipo betonilha (revestimento
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
41
horizontal primário à base de argamassa de cimento e areia), como é possível avaliar
na Figura 4.17.
Figura 4.17 – Raia com banda acústica entre a laje de pavimento e pistola de alta pressão.
Em segundo lugar são aplicados os elementos verticais da estrutura de suporte,
designados por “montantes”, através do encaixe no interior das “raias” inferiores e
superiores e devidamente fixados através de “entalhe” com o alicate puncionador.
Para um melhor reforço de todo o elemento de suporte os “montantes” intermédios são
colocados dois a dois, formando um elemento forma de “H”, Figura 4.18, sendo o
conjunto de dois espaçados de 0,60 m a 0,60 m, bem como a incrementação de
“montantes” suplementares junto das aberturas de vãos, estratégias estas de execução
que permitem maior estabilidade e rigidez da camada de revestimento.
Figura 4.18 – Estrutura de montante duplo fixado à raia com o auxílio do alicate puncionador.
Concluída a fase de montagem da estrutura de suporte, é necessária a articulação com
as diversas especialidades em obra, principalmente eletricidade e pichelaria, realçando
assim um dos aspetos importantes da solução, pois é fácil passar diversas
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42
infraestruturas entre os elementos metálicos devido aos orifícios adequados dos
montantes, conforme visível na Figura 4.19. Deste modo, podem prosseguir os
trabalhos sem condicionar o ritmo dos vários intervenientes, nem mesmo a necessidade
de intervenção destrutiva nos elementos estruturais (abertura de roços).
Figura 4.19 - Articulação entre as especialidades e a estrutura metálica autoportante.
A fixação do material de revestimento aos montantes, tendo sido considerada e
aplicada a placa de gesso cartonado com 15 mm de espessura de caraterísticas
adequadas aos espaços, do tipo Knauf standard (zonas sem produção de vapores),
realiza-se por intermédio de uma máquina parafusadora com parafusos fosfatados de
25 mm de comprimento (correspondendo à espessura da placa mais 10 mm), Figura
4.20, com um afastamento máximo de 25 cm entre si. Como boa prática, as placas são
aplicadas na vertical (situação de uma placa na face) ficando assim, os rebordos
rebaixados entre placas lado a lado evitando a existência de juntas transversais, pois
acresce maior dificuldade na tarefa seguinte de acabamento.
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43
Figura 4.20 - Equipamento de fixação com parafusos adequados tipo "pente"
Na tarefa de fixação das placas é extremamente importante que estas não fiquem em
contacto com os elementos estruturais de pavimento e teto, criando uma folga média
de 10/13 mm face aos elementos principalmente do pavimento, Figura 4.21, o que
evita a absorção de humidade que possa eventualmente existir.
Figura 4.21 – Afastamento de cerca de 10 mm das placas de gesso cartonado à da laje de suporte.
Concluída a aplicação das placas de gesso cartonado sobre a estrutura autoportante, é
necessário a colagem de bandas e o tratamento de juntas da face à vista do
revestimento, conforme Figura 4.22. Com recurso a uma equipa interna ou
subcontratada especializada na área do emaçamento, no qual se rege pela linha de
qualidade final do trabalho ao qual a empresa Irmãos Gigante, Lda. idealiza e
estabelece, os trabalhos começam a aproximar-se da sua conclusão.
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44
O emaçador recorrendo às massas finas de acabamento e bandas de papel do tipo CE78
da Semin, inicia a sua colagem através de uma máquina ou manualmente colando as
bandas de papel sobre as juntas entre as placas de revestimento no local adequado onde
apresenta um rebaixamento do bordo, o que evita a saliência excessiva na zona da
banda de papel. A colagem e seguintes aplicações de massas são aplicadas com massas
finas com caraterísticas de tempos de secagens crescentes, ou seja, de uma forma geral
e uniformizando as opções de mercado e técnicas de execução a banda é colada com
uma massa fina com secagem de 4 horas. Posteriormente carregada com uma massa
fina com secagem de 8h e por fim emaçada com uma massa fina com secagem de 24
horas.
Pelo que é necessário garantir que os tempos de secagem entre aplicação das demãos
são cumpridos, conforme as indicações técnicas do produto. Neste caso em particular
a última das três fases de emaçamento foi aplicada na superfície integral da placa de
forma a obter a melhor planimetria possível. Caso contrário após a colocação do
sistema de iluminação indireta (luz rasante) poderiam ser visíveis algumas
imperfeições, salvaguardando que a qualidade final e a ausência de imperfeições não
é possível sem uma equipa de pintores especializada e dedicada aos pormenor do
acabamento final para complementar a linha de trabalho tida na execução da solução.
Figura 4.22 - Colagem de fitas e tratamento de juntas e parafusos.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
45
4.2.1 Acompanhamento técnico dos trabalhos correspondentes ao Caso de
Estudo II
De reforçar a importância da preparação, coordenação e gestão dos trabalhos, onde se
englobam os técnicos de montagem, materiais a utilizar e prazos a cumprir, bem como,
a análise final da empreitada para desta forma se obter a rentabilidade concreta do
executado. A nível da mão-de-obra tem como objetivo avaliar a rentabilidade dos
colaboradores e aperfeiçoar coordenações futuras, enquanto a nível económico
consiste na análise da receita da empreitada.
A análise dos trabalhos realizados no Caso de Estudo II, foca-se na produção
(rendimento) e no material consumido, sendo estes comparados com os valores
históricos (análises internas da empresa) e técnicos referidos pelos próprios produtos.
Mantendo o mesmo método analítico, através da razão entre o tempo total de execução
e os m2 de trabalho, Tabela 4.6, obteve-se uma produção diária por homem de 13,95
m2, o que representa um valor positivo segundo registos internos da empresa (13,50
m2/dia, valor este obtido através da razão entre o custo de um colaborador por dia sobre
o custo associado à mão de obra por m2 do revestimento), para uma intervenção de
quantidades reduzidas e de qualidade final exigente.
O sistema utilizada no Caso de Estudo II apresenta um gasto tal como se pode observar
na Tabela 4.6, onde se obteve valores próximos segundo as indicadas pelo fabricante,
[13] e do registo histórico da empresa Irmãos Gigante, Lda.
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46
Tabela 4.6 - Consumo de material e mão de obra associada ao revestimento aplicado
Revestimento interior em estrutura metálica autoportante e placas de gesso cartonado
Área Total intervenção
(m2) Material Quantidades
aplicadas Quantidades referência*2
Quantidades históricas*3
99,27
Estrutura metálica – Raia*1
(m/m2) 0,77 0,70 0,80
Estrutura metálica – Montante*1
(m/m2) 3,65 4,00 3,50
Placa de gesso cartonado standard* 1 (m2/m2) 1,09 1,00 1,05
Produção diária
Mão de obra*4 (m2/dia) 13,95 - 13,50 * 1 Soluções comerciais adotadas para o caso de estudo em análise; * 2 Quantidades de referência com base num documento técnico, [13]; * 3 Quantidades históricas (dados internos da empresa Irmãos Gigante, Lda. obtidas com base na análise dos fechos de obras ao longo da sua atividade; * 4 Mão de obra sem a especialidade de emaçador (especialidade subcontratada)
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47
4.3 Reforço térmico e acústico das soluções de revestimento
correspondentes aos Casos de Estudo I e II
A solução de revestimento interior aplicável ao Caso de Estudo I, sendo do tipo
aderente não se traduz numa solução passiva de compatibilização com reforço de um
material de caraterísticas térmico a acústico acrescidas.
O Caso de Estudo II, através da versatilidade do sistema em estrutura autoportante
revestida com placas de gesso cartonado permite a polivalência de lhe ser
incrementada ou acrescidas caraterísticas que lhe conferem um melhor desempenho
do sistema e por sua vez, de toda a funcionalidade do conjunto habitacional (edifício).
Tendo sido um requisito por parte do cliente, o material foi escolhido pela empresa
aplicadora, sendo sugerido ao dono de obra a aplicação de um material de base mineral,
tendo como referência por excelência face às suas caraterísticas técnicas o qual
conjuga uma ótima relação qualidade/preço, [15] , o isolamento térmico e acústico do
tipo Ultracoustic Knauf 45 (espessura de 45 mm) em painel com 1,35 m x 0,60m,
colocada entre a estrutura metálica da solução autoportante.
O material de isolamento aplicado apresenta três caraterísticas de extrema relevância,
sendo um material que sobressai entre as variadas soluções no mercado. Relativamente
ao aspeto ambiental, o produto apresenta uma “tecnologia revolucionária de resina,
livre de formaldeídos, baseado em materiais rapidamente renováveis que substituem
os componentes químicos derivados do petróleo. O que permite reduzir a energia
utilizada na sua produção e obter uma maior sustentabilidade ambiental” designada
por Ecose Tecnology, [16]. A segunda caraterística a realçar é referente à fase de
colocação/ instalação, sendo um material leve, agradável ao tato, apresenta uma
reduzida emissão de partículas, isento de odor e sem corantes nem tintas artificias, ou
seja, inócuo (não causa irritação ou alergia), salvaguardando assim a saúde e bem-estar
do técnico bem como do utilizador a curto e longo prazo. Por último as suas
caraterísticas térmicas, propriedades acústicas, resistência ao fluxo de ar e reação ao
fogo fazem com que este material esteja presente em diversas soluções da construção
civil.
Relativamente à instalação, o material chega à obra ou ao armazém devidamente
embalado e compactado o que é importante pois, caso não seja entregue nestas
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
48
condições este apresenta um volume considerável (após abertura do atado), o que
poderá ser um transtorno na acomodação em local a designar ou deslocações internas.
A aplicação do material, tendo em vista o processo apresentado no capítulo anterior,
situa-se após a conclusão da montagem da estrutura metálica e antecedendo a
colocação do revestimento em placas de gesso cartonado, conforme detalhado na
Figura 4.23.
Tendo em conta a sequência de montagem da estrutura metálica, ao nível dos
elementos verticais (montantes), afastados 0,60 m entre si, o painel devido às suas
dimensões (1,35 m x 0,60 m) encaixa na perfeição, evitando cortes longitudinais
(largura) e consequentes desperdícios, aspeto que resulta numa maior eficiência e
rentabilidade de execução da tarefa.
Figura 4.23 - Colocação do material térmico e acústico entre a estrutura metálica.
Mantendo o mesmo método analítico, através da razão entre o tempo total de execução
e área de trabalho, Tabela 4.7, tendo em conta a incrementação da aplicação de um
material térmico e acústico entre a estrutura metálica autoportante, obteve-se uma
produção diária por homem de 12,15 m2. Este registo é bastante positivo segundo
avaliações internas da empresa (11,75 m2/dia, valor este obtido através da razão entre
o custo de um colaborador por dia sobre o custo associado à mão de obra por m2 da
solução), atendendo ao facto de estarmos perante uma intervenção de quantidades
reduzidas e de qualidade final exigente.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
49
Tabela 4.7 - Consumo de material e mão de obra associada ao revestimento aplicado com a incrementação de material térmico e acústico
Revestimento interior em estrutura metálica autoportante e placas de gesso cartonado
Área total de intervenção
(m2) Material Quantidades
aplicadas Quantidades referência*2
Quantidades históricas*3
99,27
Estrutura metálica – Raia*1
(m/m2) 0,77 0,70 0,80
Estrutura metálica – Montante*1
(m/m2) 3,65 4,00 3,50
Placa de gesso cartonado standard* 1
(m2/m2) 1,09 1,00 1,05
Isolamento térmico/acústico*1
(m2/m2) 1,07 1,00 1,10
Produção diária
Mão-de-obra*4 (m2/dia) 12,15 - 11,75
* 1 Soluções comerciais adotadas para o caso de estudo em análise; * 2 Quantidades de referência com base em documento técnico, [13]; * 3 Quantidades históricas (dados internos da empresa Irmãos Gigante, Lda. obtidas com base na análise fecho de obras ao longo da sua atividade; * 4 Mão de obra sem a especialidade de emaçador (especialidade subcontratada)
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
50
4.4 Síntese de conclusões
Nos subcapítulos 0 e 4.4.2 estabelece-se uma síntese de conclusões correspondentes
aos processos de aplicação dos casos de estudo I e II.
4.4.1 Caso de Estudo I
O revestimento interior em gesso projetado, tendo como base a formulação pré-
doseada, apresenta-se entre os diversos acabamentos como um elemento “maduro” e
“experiente”, ultrapassando várias fases e níveis de produção e aplicação, sofrendo
vários ajustes com base nas informações dos técnicos que aplicam e registos históricos
do aplicado. Tendo tirado partido de todo o seu trajeto de forma a atingir uma
formulação capaz de ser aplicada e recomendada com uma confiança fundamentada
ao cliente final, [17].
O gesso projetado (com base nas caraterísticas do produto aplicado pela empresa),
quando aliado a uma mão-de-obra especializada apresenta um acabamento final
surpreendente, com uma planimetria a destacar e um acabamento ao toque e estético
do qual, qualquer tipo de luz rasante tira partido do seu efeito.
Todavia, o seu processo de aplicação apresenta à partida duas implicações, a
disponibilização de uma máquina de projeção especifica, bem como, energia trifásica
(equipamento disponível na empresa Irmãos Gigante Lda.). Contornada a situação o
revestimento a gesso projetado não permite a compatibilidade de trabalho entre várias
especialidades aquando a sua aplicação (pelo menos no piso onde decorrem os
trabalhos), resultando assim na interrupção das mesmas e numa maior articulação entre
os intervenientes em obra.
Após a sua aplicação este revestimento continua a requerer outros cuidados, entre eles
a secagem do qual necessita de um período variável entre 30 dias, conforme as
condições climáticas, circulação de ar e exposição solar. O que não possibilita o
“fecho” da obra com a aplicação de vãos envidraçados ou caso a situação não seja
passível de ser prorrogada, é necessária a obrigação intransigente da circulação do ar
natural durante o máximo tempo possível e a climatização mecânica como recurso
adicional.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
51
Sendo este um revestimento aplicado diretamente ao elemento de suporte não permite
deformações externas elevadas, sendo que, caso se registe poderá apresentar várias
anomalias (fissuração e destacamento parcial) resultando em elevadas consequências
estéticas e por sua vez económicas.
Apresentando caraterísticas térmicas e acústica interessantes, mas que representam um
baixo impacto na solução integral devido à sua espessura, implica que o material de
relevância térmica seja aplicado na caixa-de-ar do elemento opaco vertical (situação
de dupla alvenaria) ou pelo exterior através do sistema ETICS, solução esta que
resultando num maior aproveitamento de área habitacional, fator extremamente
importantes nas intervenções de reabilitação interior nos centros históricos onde quase
sempre é uma condicionante.
Dentro do aspeto económico negativo acima referido, o revestimento em gesso
projetado apresenta-se como um acabamento interior de valor modesto na hora da
adjudicação, conseguindo sobressair entre as várias soluções do mercado como um
revestimento bastante em conta atendendo às suas caraterísticas técnicas e acabamento
final em obra.
4.4.2 Caso de Estudo II
O revestimento em placas de gesso cartonado aplicadas sobre uma base autoportante
de estrutura metálica apresenta-se como uma solução de sistema aligeirado da
construção “moderna”, devido aos prós que o distinguem e valorizam das diversas
soluções que o mercado oferece, tendo em conta a elevada dinâmica do setor da
construção civil.
Atendendo à sua aplicação, a referida solução exige uma enorme sinergia entre três
elementos fundamentais, tais como: o material de suporte (estrutura metálica), o
material de revestimento (gesso cartonado) e o material de incrementação de
desempenho (material térmico, acústico, entre outros), caso se aplique. Esta situação
carece de um rigoroso levantamento e análise técnica em obra na fase de levantamento
e execução, na fase de gestão e coordenação de material requer a existência de stocks
e articulação entre fornecedores, bem como, um conhecimento adquirido por parte do
técnico que aplica na fase de execução da solução integral.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
52
A execução do sistema prima pela sua capacidade de adaptação à obra, seja ela de
nível técnico ou arquitetónico. Avaliando a sua adaptação técnica, Tabela 4.8, a
solução permite uma interação saudável com as diversas especialidades
(infraestruturas), bem como presumíveis condicionantes (acessibilidades técnicas,
necessidade de maior enchimento, etc.), permitindo que as diversas equipas
desenvolvam os seus trabalhos de forma simultânea, o que resulta na redução dos
prazos de execução dos trabalhos (aspeto chave para muitos clientes) sem que a
qualidade do resultado final esteja em causa. Para além de que, em termos técnicos a
solução reduz a probabilidade de aparecerem patologias com origem na humidade
ascensional, bem como a diminuição do desenvolvimento de fungos nas ombreiras dos
vãos envidraçados (revestidas a gesso cartonado), pois não existe contacto entre os
dois elementos. A possibilidade de incrementação através de materiais que vão de
encontro ao cumprimento das exigências normativa e da utilização do próprio cliente,
podendo resultar no aumento do nível de eficiência do espaço.
Tabela 4.8 - Quadro síntese da adaptação e caraterísticas técnicas de um sistema autoportante
Tipo de Sistema Sistema do tipo
autoportante
Caraterísticas da
Parede de
Suporte
Irregularidades inferiores a 10 mm OK
Irregularidades compreendidas entre 10 e 60 mm OK
Suporte com aderência reduzida OK
Tipo de
Elemento de
Revestimento
Placa de gesso cartonado (diversas caraterísticas) OK
Outros elementos de revestimento não aderentes OK
Interação com
infraestruturas
(instalações)
Tubagens com desenvolvimento vertical OK
Tubagens com desenvolvimento horizontal OK
Outros aspetos e
caraterísticas
Eliminação de pontes térmicas KO
Desempenho térmico e acústico OK
Resistência ao fogo OK
OK – Utilização recomendável e corrente; KO – Utilização não recomendável e não aplicável;
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
53
A nível arquitetónico a sua adaptação é notória, Figura 4.24, através da sua ágil
interação com os elementos estruturais (betão, metálica, madeira), revestimentos em
madeira ou pedra, revestimentos futuristas (grés porcelânico de reduzida espessura,
etc.), sendo que estamos perante uma solução que abrange o setor da nova construção
bem como, o setor da reabilitação.
Figura 4.24 – Exemplos de adaptação arquitetónica do sistema autoportante em gesso cartonado.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
54
5 ANÁLISE TÉCNICO-ECONÓMICA DAS SOLUÇÕES DE REVESTIMENTO
Nos capítulos 3 e 4 analisou-se, de forma isolada, cada elemento de estudo atendendo
às soluções aplicadas. No presente capítulo será realizada uma análise do ponto de
vista comparativo, para tal é necessário aplicar custos para que seja possível realizar
um estudo entre o desempenho técnico-económico de ambas as soluções de
revestimento aplicadas.
O estudo técnico-económico estabelecido tem em conta dois fatores determinantes,
por um lado a regulamentação aplicável, de forma a poder atender a questões legais
relacionadas, por outro o conforto e a segurança para o utilizador.
Na fase de investimento o fator económico deverá ser analisado a curto e longo prazo,
tendo sempre presente medidas sustentáveis com um retorno positivo para quem
usufrui de forma direta ou indireta.
5.1 Análise térmica e acústica
O conforto na habitação é o ponto fulcral para o bem-estar do seu utilizador, a ausência
desta qualidade ou caraterística transmite-se numa rejeição que impossibilita ao
utilizador obter a satisfação necessária para as suas exigências.
As exigências, transparecidas através de requisitos, são fasquias implementadas por
medidas que visam satisfazer as necessidades funcionais.
O atual regulamento de térmica [7] do qual procedem alterações inerentes, é um
exemplo de evolução das exigências desde 1990 [18], basta constatar as evoluções
previstas e ocorridas após o final do ano de 2016. Porém analisando de uma forma
prática e transparente será constatado o impacto sentido quanto à aplicação dos
revestimentos nas soluções base.
Relativamente ao Caso de Estudo I, existe uma solução tradicional de um elemento
opaco vertical com dupla alvenaria de tijolo cerâmico associada a um revestimento
interior aderente, do tipo gesso aplicado através de projeção mecânica (gesso
projetado), conforme apresentado na Tabela 5.1. Analisando a mesma, os resultados
sugerem um reduzido impacto positivo, ou seja, uma contribuição baixa para o
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
55
aumento das caraterísticas térmicas da solução global. Algo espectável pois estamos
perante um revestimento com uma condutibilidade térmica alta (fator que quanto mais
próximo de zero mais favorável é para o desempenho térmico), aliado a uma espessura
reduzida, proporcionando assim uma melhoria de 1,72% à solução base, obtendo-se
uma solução final com um coeficiente de transmissão térmico de 0.43 W/m2.ºC.
Tabela 5.1 - Análise comparativa da evolução do coeficiente de transmissão térmico superficial, U (W/m2.ºC), após aplicação do revestimento interior, para o Caso de Estudo I.
Elemento opaco vertical: elemento base – Caso de Estudo I
Material Espessura
(m) ʎ
R (m2.ºC/W)
Rs exterior
Rs interior
U (W/m2.ºC)
Reboco areado 0,020 1,300 0,015
0,04 0,13 0,44 Tijolo cerâmico 0,150 - 0,420
Poliestireno extrudido 0,050 0,036 1,389
Tijolo cerâmico 0,110 - 0,290
Elemento opaco vertical: elemento base e revestimento (gesso) - Caso de Estudo I
Material Espessura
(m) ʎ
R (m2.ºC/W)
Rs exterior
Rs interior
U (W/m2.ºC)
Reboco areado 0,02 1,30 0,015
0,04 0,13 0,43
Tijolo cerâmico 0,15 - 0,420
Poliestireno extrudido 0,05 0,036 1,389
Tijolo cerâmico 0,11 - 0,290
Gesso afagado liso 0,012 0,30 0,040
Resultado da incrementação do revestimento U (W/m2.ºC) 0,01
Resultado da incrementação do revestimento U (%) 1,72%
O Caso de Estudo II, apresenta-se com uma solução de alvenaria de parede simples
através de um bloco térmico, reforçado termicamente pelo lado exterior através de
sistema ETICS à base de poliestirenos expandido. A solução fica completa pelo lado
interior através de um revestimento não aderente, tendo por base uma estrutura
metálica autoportante revestida com gesso cartonado na face, incluindo a
compatibilização com uma camada de isolamento térmico, obtendo assim a solução
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
56
apresentada na Tabela 5.2. O revestimento interior implementado na solução base
transparece os dados obtidos, através da sua contribuição significativo em cerca de
33% para a melhoria das caraterísticas térmicas da solução global obtendo o valor de
U de 0,26 W/m2.ºC. Esta moradia inicialmente já apresentava valores positivos face
ao estipulado pela [9], onde no final se obtém uma solução de excelente referência face
às caraterísticas contributivas para o conforto térmico do meio habitacional.
Tabela 5.2 - Análise comparativa da evolução do coeficiente de transmissão térmico superficial, U (W/m2.ºC), após aplicação do revestimento interior, para o Caso de Estudo II.
Elemento opaco vertical: elemento base – Caso de Estudo II
Material Espessura
(m) ʎ
R (m2.ºC/W)
Rs exterior
Rs interior
U (W/m2.ºC)
Weber therm classic 0,06 0,036 1,67 0,04 0,13 0,38
Bloco térmico 0,20 - 0,77
Elemento opaco vertical: elemento base e revestimento (estrutura autoportante, isolamento térmico e gesso cartonado) –
Caso de Estudo II
Material Espessura
(m) ʎ
R (m2.ºC/W)
Rs exterior
Rs interior
U (W/m2.ºC)
Weber therm classic 0.06 0.036 1.67
0.04 0.13 0.26 Bloco térmico 0.20 - 0.77
Lã mineral 0.045 0.037 1.22
Gesso cartonado BA15 0.015 0.21 0.07
Resultado da incrementação do revestimento U (W/m2.ºC) 0.13
Resultado da incrementação do revestimento U (%) 33%
O conforto não se atribui apenas ao bem-estar obtido pela relação térmica natural entre
a temperatura exterior e interior da habitação, pois esta pode ser melhorada através de
medidas ativas (equipamentos de aquecimento e arrefecimento), [19]. Todavia,
quando falamos em conforto acústico somos remetidos de forma direta para as
barreiras que separam o espaço exterior do interior, e assim será, sendo realizada uma
abordagem face ao elemento opaco vertical em conjunto com a legislação em vigor
[20] numa análise muito direta, pois para uma avaliação geral seria necessário avaliar
todos os elementos de fachada como um todo.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
57
Através da modulação gráfica no software Cype das soluções em estudo, obteve-se
como output o comportamento e o desempenho acústico. Conforme apresentado na
Figura 5.1 e Figura 5.2, ambas as soluções apresentam um excelente desempenho de
forma “isolada”, podendo ser feita uma comparação direta ao atual regulamento em
vigor [20], relativamente aos edifícios habitacionais. Segundo o Artigo 5º “O índice
de isolamento sonoro a sons de condução aérea D2m,nT,w entre o exterior do
edifício e quartos ou zonas de estar dos fogos deve satisfazer o seguinte: i)
D2m,nT,w ≥ 33 dB, em zonas mistas ou em zonas sensíveis reguladas pelas alíneas
c), d) e e) do n.º 1 do artigo 11.º do Regulamento Geral do Ruído;”, constatando
assim, que ambas as soluções apresentam um índice de redução sonora superior aos
33 dB regulamentares, o que demonstra um desempenho satisfatório no conjunto
habitacional.
Figura 5.1 – Representação do isolamento sonoro para o Caso de Estudo I, através do Cype.
1 - Reboco areado (2 cm)
2 - Tijolo cerâmico furado (15 cm)
3 - Poliestireno extrudido (5 cm)
4 - Tijolo cerâmico furado (11 cm) 5 - Gesso projetado afagado liso (1,2 cm)
Massa Superficial: 274,61 kg/m2 Isolamento Sonoro, Rw: 51,30 dB
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58
Figura 5.2 - Representação do isolamento sonoro para o Caso de Estudo II, através do Cype.
5.2 Análise da segurança contra incêndios
O conceito de segurança atribui-se a medidas implementadas que, de forma direta ou
indireta contribuem para a prevenção de um determinado risco ou perigo. Desta forma
a especialidade de Segurança Contra Incêndios em Edifícios, tem como objetivo dotar
o edifício de meios de combate a um incêndio, bem como reduzir o risco de propagação
e prevenir o desabamento do edifício em fase de evacuação e intervenção.
Atendendo à legislação em vigor [21] e aos edifícios de habitação em análise, sendo
que ambos não apresentam necessidades específicas para implementação de medidas
regulamentares será realizada uma análise quanto às exigências dos materiais de
revestimento das soluções em estudo, relativamente à reação ao fogo.
Esta caraterística mencionada (reação ao fogo), tem como principal objetivo perceber
a contribuição ou não contribuição dos mesmos materiais para a propagação de um
incêndio, quer na fase inicial, quer na fase de desenvolvimento. No que diz respeita às
“Limitações à propagação do incêndio pelo exterior”, Capítulo II, Artigo 7º, Quadro
III e V, [21], relativamente aos revestimentos exteriores em paredes, conforme a
Tabela 5.3, verifica-se a conformidade em ambas as soluções em estudo face às
exigências regulamentares estabelecidas.
1 - Weber therm classic, EPS (6 cm)
2 - Alvenaria de bloco térmico (20 cm)
3 - Lã mineral 45 (4,5 cm) 4 - Placa de gesso cartonado, BA15 (1,5 cm)
Massa Superficial: 253,61 kg/m2
Isolamento Sonoro, Rw: 47,10 dB
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59
Tabela 5.3 - Reação ao fogo dos revestimentos exteriores das moradias de estudo face às exigências regulamentares [21] .
Material Reação ao fogo Exigência mínima SCIE
Caso de Estudo I Reboco areado A1 D-s3, d1
Caso de Estudo II Weber therm classic
(Isolante) E-d2 E-d2
(Sistema) B-s1, d0 C-s3, d0
Quanto aos revestimentos interiores em estudo, sendo estes o principal foco a ter em
consideração, no que respeita à “Reação ao fogo”, Capítulo VII, Artigo 39º, Quadro
XXIII, XXIV e XXV, [21], é possível comprovar conforme Tabela 5.4, a concordância
das reações dos materiais face às exigências regulamentar impostas. Desta forma fica
assim um excelente indicativo dos revestimentos associados aos elementos opacos
verticais, concluindo com esta breve análise que os próprios fabricantes não se limitam
simplesmente a atingir os patamares mínimos exigidos, mas sim a supera-los de forma
a proporcionar ao utilizador maior conforto, mas sobretudo segurança.
Tabela 5.4 - Reação ao fogo dos revestimentos interiores das moradias face às exigências regulamentares [21] .
Material Reação ao
fogo
Exigência mínima SCIE
Quadro XXIII
Quadro XXI V
Quadro XXV
Caso de Estudo I Gesso afagado liso A1 C-s3, d1 A2-s1, d0 D-s2, d2
Caso de Estudo II
Lã mineral 45mm A1 C-s3, d1 A2-s1, d0 D-s2, d2
Gesso cartonado BA15 A2-s1, d0 C-s3, d1 A2-s1, d0 D-s2, d2
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60
5.3 Análise de durabilidade
A durabilidade é um conceito facilmente influenciável por diversos fatores sejam eles
a curto ou longo prazo, tais como o tipo de utilização do espaço, o tipo de suporte, o
tipo de construção, a qualidade dos materiais, bem como, um dos fatores
importantíssimos e normalmente pouco tido em consideração, a manutenção e
conservação dos revestimentos.
Numa perspetiva a longo prazo, sem nunca descurar a seleção cuidada dos materiais
associados à aplicação por uma equipa técnica especializada, garantindo um elemento
de suporte com as caraterísticas e condições adequadas a receber o tipo de
revestimento. Sendo o gesso projetado do tipo aderente, este é mais suscetível de sofrer
com as pequenas deformações dos elementos de suporte, resultando assim em fissuras
e até mesmo destacamentos pontuais.
O gesso cartonado em sistema de estrutura autoportante, devido à sua caraterística de
revestimento não aderente, apresenta uma maior capacidade de absorver deformações
estruturais (situação suscetível de ocorrer em construções novas conforme casos de
estudo tidos em consideração) e eventuais comportamentos distintos dos materiais.
Quando ao tipo de utilização, o gesso comparativamente ao gesso cartonado
dependendo do tipo de choque apresenta maior resistência, podendo ser visível um
amolgamento enquanto que no gesso cartonado poderá resultar na perfuração completa
do revestimento, sendo que para além do inconveniente em ambas as situações a
reparação pontual são viáveis.
Em ambos os revestimentos deverá existir o cuidado de uma limpeza pontual com o
apoio de um pano humedecido com produtos adequados à base de água para eliminar
poeiras, bactérias e fungos preservando as caraterísticas do suporte, bem como, uma
pintura (intervenção a curto prazo, antes da utilização) e repintura com tintas
adequadas ao suporte e à utilização do espaço de forma a preservar os revestimentos.
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5.4 Análise económica
Todos os investimentos têm a sua vertente económica associada, sendo que uns
apresentam maior impacto de imediato e outros a longo prazo, seja este na fase de
investir ou no momento previsto de retorno.
Deste modo, os revestimentos interiores estudados, bem como as soluções construtivas
associadas, poderão ser vistos como um investimento económico traduzido pela sua
eficiência no desempenho térmico. A estação de aquecimento (inverno) é o período
anual mais exigente quanto ao conforto interior das habitações. Para tal é solicitado o
apoio de equipamentos de aquecimento para compensar a temperatura interior, fator
este que poderá ser traduzido em energia elétrica, considerando deste modo para
análise académica que ambas as moradias serão dotadas de um equipamento elétrico
para aquecimento do ar interior.
Tendo em conta a análise térmica dos elementos opacos verticais realizada no capítulo
5.1, aliada aos custos energéticos [22], GD (graus-dia, define-se como o somatório das
diferenças positivas registadas à temperatura base de 18ºC e à temperatura do ar
exterior ao longo da estação de aquecimento) e uma área modelo de 100 m2, é possível
constatar as melhorias implementadas, sendo umas mais expressivas do que outras
atendendo às diferentes soluções. O Caso de Estudo I, conforme detalhado na Tabela
5.1, apresenta uma redução do desempenho térmico traduzido pelo coeficiente de
transmissão térmico de 0,01 W/m2.ºC após a implementação da camada de
revestimento interior, resultando assim num impacto reduzido que, consequentemente
apresenta uma redução do custo de energia elétrica muito baixo, conforme apresentado
na Tabela 5.5.
O Caso de Estudo II apresenta-se com uma solução base de maior eficiência
energética, comparativamente à anterior, como é passivo de verificar na Tabela 5.2.
Após incrementação do revestimento interior esta melhora consideravelmente a sua
caraterística térmica em cerca de 0,12 W/m2.ºC, o que a nível energético (redução
consumo de eletricidade) resulta numa diminuição significativa no qual apresenta uma
capacidade de amortização face ao investimento em cerca de 28 anos, conforme a
Tabela 5.6.
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Tabela 5.5 - Análise económica para o Caso de Estudo I.
Elemento opaco vertical: elemento base – Caso de Estudo I
Fases W.dia - kW.hora U
(W/m2.ºC) Área (m2)
GD (ºC)
Energia (€/ kWh)
Custo exploração
Elemento base 0,024 0,44 100 1629 0,1633 279,49 €
Elemento opaco vertical: elemento base e revestimento (gesso) - Caso de Estudo I
Fases W.dia - kW.hora U
(W/m2.ºC) Área (m2)
GD (ºC)
Energia (€/ kWh)
Custo exploração
Elemento base e revestimento
0,024 0,43 100 1629 0,1633 274,68 €
Redução da eletricidade anual (€/ano) 4,81 €
Custo médio do revestimento interior (€/100m2) 750,00 €
Amortização do revestimento interior (anos) 155,93
Tabela 5.6 - Análise económica para o Caso de Estudo II.
Elemento opaco vertical: elemento base – Caso de Estudo II
Fases W.dia - kW.hora U
(W/m2.ºC) Área (m2)
GD (ºC)
Energia (€/ kWh)
Custo exploração
Elemento base 0,024 0,38 100 1629 0,1633 245,00 €
Elemento opaco vertical: elemento base e revestimento (estrutura autoportante e gesso cartonado) – Caso de Estudo II
Fases W.dia - kW.hora U
(W/m2.ºC) Área (m2)
GD (ºC)
Energia (€/ kWh)
Custo exploração
Elemento base e revestimento
0,024 0,26 100 1629 0,1633 163,94 €
Redução da eletricidade anual (€/ano) 81,06 €
Custo médio do revestimento interior (€/100m2) 2.300,00 €
Amortização do revestimento interior (anos) 28,38
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Alargando a análise económica, para possibilitar uma visão geral das soluções
integrais no qual se inserem os revestimentos interiores tidos como principais
elementos de estudo, e privilegiando a solução integral do Caso de Estudo II (alvenaria
única com isolamento na face exterior e interior) atendendo somente ao facto de esta
apresentar um melhor desempenho térmico, é apresentado na Tabela 5.7, o
investimento económico necessário ao ser adotada a solução II em detrimento da
solução I (acréscimo de 1.650,00 €).
Deste modo, é passivo de análise que através da poupança energética anual (110,74 €
anual) o investimento obtém uma amortização final de aproximadamente 15 anos,
sendo que, a poupança energética persiste até as caraterísticas da solução serem
mantidas, sugerindo os resultados uma amortização viável face ao investimento da
implementação da solução.
Tabela 5.7 - Análise económica das soluções integrais para os casos de estudo I e II
Elemento opaco vertical: solução integral para o Caso de Estudo I
Fases W.dia - kW.hora U
(W/m2.ºC) Área (m2)
GD (ºC)
Energia (€/ kWh)
Custo exploração
Solução integral
0,024 0,43 100 1629 0,1633 274,68 €
Elemento opaco vertical: solução integral para o Caso de Estudo II
Fases W.dia - kW.hora U
(W/m2.ºC) Área (m2)
GD (ºC)
Energia (€/ kWh)
Custo exploração
Solução integral
0,024 0,26 100 1629 0,1633 163,94 €
Redução da eletricidade anual (€/ano) 110,74 €
Custo médio da solução I (€/100m2) 5.650,00 €
Custo médio da solução II (€/100m2) 7.300,00 €
Diferença do custo médio das soluções (€) 1.650,00 €
Amortização (anos) 14,90
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A análise seguinte, baseia-se em todos os elementos tidos em consideração até ao
momento, mantendo as caraterísticas dos elementos base, bem como, dos
revestimentos tidos como caso de estudo, com a particularidade de existir uma ligação
entre as soluções e os revestimentos estudados.
Segundo a Tabela 5.8, é possível analisar a solução integral base do Caso de Estudo I
comparativamente à solução resultante da fusão entre o elemento base do Caso de
Estudo I e o revestimento do Caso de Estudo II, onde resulta uma solução com uma
caraterística térmica positiva o que melhora em 35% face à inicialmente estudada.
Tabela 5.8 – Relação entre o revestimento interior do Caso de Estudo II com o elemento base do Caso de Estudo I
Elemento opaco vertical: elemento base e revestimento (gesso) – Caso de Estudo I
KO>
0,40
Material Espessura
(m) ʎ
R (m2.ºC/W)
Rs exterior
Rs interior
U (W/m2.ºC)
Reboco areado 0,02 1,300 0,015
0,04 0,13 0,43
Tijolo cerâmico 0,15 - 0,420
Poliestireno extrudido
0,05 0,036 1,389
Tijolo cerâmico 0,11 - 0,290
Gesso afagado liso
0,012 0,300 0,040
Caso de Estudo I (elemento base) e Caso de Estudo II (revestimento interior)
OK <
0,40
Material Espessura
(m) ʎ
R (m2.ºC/W)
Rs exterior
Rs interior
U (W/m2.ºC)
Reboco areado 0,02 1,300 0,015
0,04 0,13 0,28
Tijolo cerâmico 0,15 - 0,420
Poliestireno extrudido
0,05 0,036 1,389
Tijolo cerâmico 0,11 - 0,290
Lã mineral 0,045 0,037 1,22
Gesso cartonado BA15
0,015 0,21 0,07
Resultado da incrementação do revestimento U (W/m2.ºC) 0,150
Resultado da incrementação do revestimento U (%) 35%
Custo médio da solução integral (€/m2) 67,00 €
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O caso em análise apresentado na Tabela 5.9, provém da comparação entre a solução
integral do Caso de Estudo II e o resultado da junção do elemento base do Caso de
Estudo II com o revestimento aderente do Caso de Estudo I.
A solução inicialmente estudada apresenta naturalmente uma caraterística térmica
bastante apelativa. Após a alteração do revestimento interior por um de caraterística
térmica inferior (gesso), esta conseguiu mesmo assim superar o coeficiente de
transmissão térmica tido como referência e valor máximo, segundo o regulamento em
vigor [9].
Tabela 5.9 – Relação entre o revestimento interior do Caso de Estudo I com o elemento base do Caso de Estudo II.
Elemento Opaco Vertical: elemento base e revestimento (estrutura autoportante e gesso cartonado) – Caso de Estudo II
OK <
0,40
Material Espessura
(m) ʎ
R (m2.ºC/W)
Rs exterior
Rs interior
U (W/m2.ºC)
Weber therm classic 0,06 0,036 1,67
0,04 0,13 0,26 Bloco térmico 0,20 - 0,77
Lã mineral 0,045 0,037 1,22
Gesso cartonado BA15
0,015 0,21 0,07
Caso de Estudo II (elemento base) e Caso de Estudo I (revestimento interior)
OK <
0,40
Material Espessura
(m) ʎ
R (m2.ºC/W)
Rs exterior
Rs interior
U (W/m2.ºC)
Weber therm classic 0,06 0,036 1,67
0,04 0,13 0,38 Bloco térmico 0,20 - 0,77
Gesso afagado liso 0,012 0,300 0,04
Resultado da incrementação do revestimento U (W/m2.ºC) -0,12
Resultado da incrementação do revestimento U (%) -47%
Custo médio da solução integral (€/m2) 62,50 €
Com base na análise da Tabela 5.8 e Tabela 5.9, os resultados obtidos sugerem a
possibilidade de conjugar diversas soluções e materiais de forma a obter resultados
satisfatórios ao nível dos vários requisitos de utilização. A análise foi realizada ao nível
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66
do desempenho térmico, de forma, a expressar a redução energética e
consequentemente económica das soluções durante a fase de utilização,
independentemente da época do ano.
Desta forma, obteve-se duas soluções com caraterísticas térmicas positivas, bem como,
custos integrais associados próximos.
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5.5 Síntese de conclusões
Numa vertente mais analítica, evidenciando as caraterísticas próprias dos
revestimentos e comportamentos dos mesmos, quando inseridos num conjunto de
elementos resultando assim numa determinada solução, a análise passa por diversos
fatores tidos em consideração sempre com o objetivo de garantir ao utilizar as
condições mínimas exigidas de conforto e segurança.
Conforme descrito no capítulo 5.1, relativamente ao desempenho térmico o Caso de
Estudo I, reúne as suas caraterísticas na solução base, ou seja, antes das camadas de
revestimento sejam eles na face exterior ou interior, situação que não se verifica no
Caso de Estudo II, onde as caraterísticas térmicas são “construídas” de fora para
dentro, sendo que, os elementos constituintes na face interior tem um peso elevado na
caraterística obtida, fazendo assim com que esta sobressaia.
Ao nível de desempenho acústico, no qual a densidade é um ponto fulcral, o Caso de
Estudo I destaca-se com base no sistema de dupla alvenaria com espessuras variadas
(fator contributivo para a dissipação das ondas sonoras), desempenho que o Caso de
Estudo II se aproxima através das caraterísticas de referência que a alvenaria simples
de bloco apresenta. Associada está a solução de revestimento interior autoportante com
placa de gesso cartonado dotada de um material de excelente caraterística de redução
acústica.
A segurança contra incêndios, mesmo a legislação em vigor não sendo exigente ao
nível das moradias unifamiliares isoladas é necessário haver sensibilidade presente ao
nível dos técnicos projetistas e mesmo dos utilizadores. Deste modo, e segundo análise
no capítulo 5.2, verifica-se que os materiais de revestimento aplicados nas faces
interiores e exteriores cumprem as exigências mínimas de um edifício classificado de
risco.
Quando abordada a questão de durabilidade dos revestimentos e materiais associados
esta acaba por ser um pouco subjetiva, como é denotado no capítulo 5.3, pois pode ser
influenciada por vários fatores sobretudo os que derivam da própria construção e os
relacionados com a utilização, salientando e relembrando particularmente a
importância da manutenção periódica dos elementos, atitude esta beneficia a favor da
durabilidade seja ela a que nível for.
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Como análise não menos importante, pois por vezes torna-se um fator decisivo de
diversas opções e escolhas tomadas pelos intervenientes em obra, é analisado no
capítulo 5.4 não apenas a fase do investimento inicial, mas também a sensibilização
para o possível retorno num determinado espaço de tempo em detrimento das soluções
adotadas. Após a análise, as soluções que apresentam melhores caraterísticas,
particularmente no desempenho térmico pois é passivo de ser relacionado diretamente
com a necessidade de consumo por parte de uma fonte de energia, detêm capacidades
que reduzem essa carência (consumo). O que resulta numa poupança económica, ou
seja, num ganho que pode e deve ser relacionando com o investimento inerente à
solução para um estudo mais concreto e realista.
O desempenho da solução inerente à análise económica é algo passivo de ser tido em
consideração a longo prazo, tratando-se de um “motor” de poupança constante sempre
que as caraterísticas da mesma sejam preservadas.
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6 CONCLUSÃO
A dissertação desenvolvida teve como objetivo detalhar o processo construtivo
correspondente à aplicação de dois tipos de soluções de revestimento interiore com
caraterísticas e processos de aplicação distintos.
Para o efeito foram utilizados dois casos de estudo onde se efetuou uma análise tendo
como base um estudo comparativo entre os dois cenários de aplicação de revestimentos
interiores. Tendo como ponto de partida a aplicação sobre um suporte com
caraterísticas homogéneas, foram avaliados os comportamentos de um ponto de vista
técnico. Neste contexto, avaliou-se o desempenho térmico, desempenho acústico,
segurança contra incêndios, durabilidade e complementarmente foi efetuado um
estudo técnico.
No primeiro capítulo 1, foi apresentado o tema da presente dissertação. Neste capítulo
resumiram-se as atividades desenvolvidas, focando a importância do apoio técnico
tanto na fase de preparação como na execução, sendo este um dos pilares da empresa.
No segundo capítulo 2, apresentou-se uma breve evolução dos principais
revestimentos interiores, dando especial ênfase aos revestimentos em estudo. O gesso,
solução em análise, apresenta-se como o revestimento mais dinâmico quanto à
evolução desde a conceção do produto até ao método de aplicação. O sistema de
revestimento em gesso cartonado associado a uma estrutura autoportante apesar de
manter de um modo geral a sua base, respondeu às diversas solicitações e exigências
do mercado, através do melhoramento e incrementações de caraterísticas no seu
elemento base.
No capítulo 3, foram apresentadas as moradias e caraterísticas que as definem, sendo
estes edifícios unifamiliares os elementos base que receberam os revestimentos
interiores estudados, e que posteriormente avaliados de diversas perspetivas.
Para uma melhor compreensão dos elementos em estudo, análises regulamentares e
outras considerações futuras, caraterizou-se a localização das moradias, descrição da
sua tipologia e arquitetura, bem como a descriminação dos elementos opacos verticais
acompanhadas do seu desempenho térmico associado, percebendo assim a sua posição
face às atuais exigência regulamentares térmicas.
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No capítulo 4, apresentaram-se os principais elementos em estudo, o revestimento
interior em gesso projetado e o sistema estruturas autoportantes revestidas a placas de
gesso cartonado. Estes elementos, sempre associados aos seus casos de estudo foram
detalhados através dos métodos de aplicação in situ. Onde se descreveu a aplicação de
todo o processo desde o primeiro contacto com o cliente, apresentação da proposta de
orçamento, adjudicação da mesma, planeamento dos trabalhos e gestão dos materiais,
coordenação e acompanhamento de obra, salvaguardando e garantindo a qualidade
final dos trabalhos executados.
O capítulo 5, é focado na análise de diversos aspetos na área técnico-económica. As
análises realizadas prenderam-se sobretudo na avaliação de forma isolada dos
revestimentos e das soluções integrais associadas, perante as exigências
regulamentares, tal como se verificou na análise térmica, acústica e segurança contra
incêndios.
A análise inerente à durabilidade das soluções para além da especificidade de cada
solução em estudo, apresenta-se também perante um contexto de sensibilização para a
necessidade dos trabalhos de manutenção e conservação que os revestimentos
carecem, relembrando que toda a construção apresenta de igual modo essa
necessidade.
Quanto à análise económica realizada, esta teve por base a análise do desempenho
térmico das soluções, por sua vez associado ao consumo energético de eletricidade
necessário para aquecimento na estação de inverno, concluindo assim o impacto
económico inerente ao investimento necessário para implementação dos revestimentos
interiores nas soluções base e a amortização possível através da redução de energia
consumida na estação de aquecimento.
Concluída a dissertação, é possível constatar o quão importante é conciliar a integração
da componente técnica dos processos construtivos na componente prática ligada à sua
aplicação.
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A possibilidade de integrar uma empresa de referência no mercado, pela atividade que
desenvolve e princípios dos quais não abdica, permitiu-me uma visão técnica
aprofundada relativamente aos casos de estudo apresentados, bem como, um
crescimento social e intelectual a nível profissional e ainda mais importante, a nível
pessoal.
Futuramente nesta dissertação podem ser aplicadas diversas e diferentes estratégias
com o intuito de obter melhores resultados.
Primeiramente analisar in situ as habitações de carater unifamiliar em fase de
utilização durante a estação de aquecimento, com o apoio de equipamentos de medição
adequados para o efeito, de modo a aprimorar os resultados obtidos e com isto
fundamentar a melhor solução.
Em segundo lugar seria interessante evoluir o fator escala, algo que numa moradia
unifamiliar não tem expressão, mas num edifício multifamiliar seria interessante
avaliar as soluções de revestimento e o seu impacto na fase de utilização.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
72
7 BIBLIOGRAFIA
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[8] Despacho n.º 15793-F/2013, REH.
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Interior de Paredes e Tectos, 2016.
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[14] Knauf, Ficha técnica, Espanha, 2016.
Estudo comparativo entre dois tipos de soluções de revestimento interior de fachadas de edifícios: gesso projetado versus estrutura autoportante revestida a placa de gesso cartonado
73
[15] Knaufinsulation, Ficha técnica, Portugal, 2017.
[16] knaufinsulation, “ecose-technology,” [Online]. Available:
http://www.knaufinsulation.pt/ecose-technology.
[17] P. Pontífice, M. Veiga e F. Carvalho, “Homologação do LNEC e a Marcação
CE de Produtos de Construção. O caso das argamassas pré-prédoseadas,” em 1º
Congresso Nacional de Argamassas de Construção, Lisboa, 2005.
[18] Decreto-Lei n.º 40/90, RCCTE, Lisboa, 1990.
[19] Ordem dos Engenheiros, 12ª Joranas da Climatização, Lisboa, 2012.
[20] Decreto de Lei 96/2008, RGR, 2008.
[21] Portaria 1532/2008, SCIE, 2008.
[22] EDP, “EDP,” 2018. [Online]. Available:
https://www.edp.pt/particulares/energia/tarifarios/?prod=15421. [Acedido em
30 junho 2018].
[23] G. Kumi Naidoo, “Cimeira de Paris,” 12 Dezembro 2015. [Online]. Available:
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[24] ESYEDEBRO S.L., C6: Yeso de terminación - MAX FINO.
[25] Guia Weber, Saint-Goban, Saint-Goban Weber Portugal, SA, Aveiro, 2015, p.
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