ESTUDO DA CADEIA PRODUTIVA DO POLIETILENO...

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UFBA

    ESCOLA POLITCNICA DEPARTAMENTO DE HIDRULICA E SANEAMENTO

    REDE DE TECNOLOGIAS LIMPAS -TECLIM

    NGELA MARIA FERREIRA LIMA

    ESTUDO DA CADEIA PRODUTIVA DO POLIETILENO TEREFTALATO (PET) NA

    REGIO METROPOLITANA DE SALVADOR COMO SUBSDIO PARA ANLISE DO CICLO DE VIDA

    Monografia do Curso de Especializao em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na

    Indstria - UFBA

    Orientao: Prof. Dr. Asher Kiperstok - UFBA

    Salvador - 2001

    1

  • AGRADECIMENTOS

    Ao profo Asher Kiperstok pela orientao deste trabalho e ensinamentos na rea de Produo Limpa. As empresas PROPPET, BAHIAPET, ENGEPACK, COOPCICLA, LIMPURB, pelas informaes fornecidas. A COPENE, setor de documentao e informao, pelo acesso ao acervo bibliogrfico. Ao profo Clio Andrade pela valiosa contribuio no aspecto metodolgico.

    2

  • RESUMO

    Esta pesquisa tem como objetivo conduzir um levantamento da cadeia produtiva

    da embalagem de refrigerante de Polietileno Tereftalato (PET), na Regio

    Metropolitana de Salvador (RMS) para servir de subsdio a futuros trabalhos de

    Anlise do Ciclo de Vida (ACV).

    O estudo faz uma abordagem da cadeia produtiva desde a extrao da matria

    prima at a disposio final da embalagem de PET, sendo composta das etapas

    de extrao e refino do petrleo, processos de obteno do etileno, para-xileno,

    etileno glicol, dimetil tereftalato, polietileno tereftalato, transformao da resina,

    moldagem por injeo e sopro, engarrafamento, comercializao, uso, disposio

    final e coleta seletiva.

    Palavras-chave: Polietileno Tereftalato, PET, Anlise do Ciclo de Vida, ACV,

    Plsticos

    ABSTRACT

    This research has the objective to lead a survey of the productive chain of

    Polyethylene Terephthalate ( PET) for soft drink bottles in the Metropolitan Region

    of Salvador (RMS) to subsidize future works of Life Cycle Analysis (LCA). Focuses

    the productive chain since the extraction of raw materials until the final disposal of

    PET bottles. It includes different stages of the plastic production such as the

    extraction and processing of crude oil, production of ethylene, p-xylene, ethylene

    glycol, dimethyl terephthalate, polyethylene terephthalate, injection molding,

    injection blow molding, bottling, trading, use, final disposal and selective collection.

    Keywords: Polyethylene Terephthalate, PET, Life Cycle Analysis, LCA, Plastics

    3

  • SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................................... 5

    LISTA DE TABELAS....................................................................................................................... 6

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...................................................................................... 7

    1. INTRODUO.................................................................................................................... 8

    2. CARACTERIZAO DOS RESDUOS SLIDOS..................................................... 12

    3. OS PLSTICOS E O POLIETILENO TEREFTALATO (PET).................................. 15 3.1 - Reciclagem dos Plsticos ........................................................................................................ 16 3.2 - Polietileno Tereftalato - PET ................................................................................................ 18 3.3 - Demanda de PET no Setor de Embalagens .......................................................................... 20 3.4 - Pet versus Embalagens de Vidro e Alumnio........................................................................ 20

    4. ANLISE DO CICLO DE VIDA ..................................................................................... 22 4.1 - Fases de uma ACV:................................................................................................................ 26

    4.1 .1 - Definio dos objetivos e escopo ................................................................................ 27 4.1.2 - Anlise de inventrio..................................................................................................... 30 4.1.3 - Avaliao de impacto .................................................................................................... 34 4.1.4 - Interpretao.................................................................................................................. 36

    4.2 - Softwares de ACV................................................................................................................... 36 4.3 - Estudo de Caso de ACV na Colmbia................................................................................... 36

    5. CADEIA PRODUTIVA DA EMBALAGEM DE PET NA RMS ........................................... 40 5.1 - Cadeia Produtiva do PET na RMS ....................................................................................... 41 5.2 - Descrio da Cadeia Produtiva.............................................................................................. 45

    5.2.1 - Extrao do Petrleo ..................................................................................................... 45 5.2.2 - Refino do Petrleo......................................................................................................... 45 5.2.3 - Processo do Etileno ....................................................................................................... 50 5.2.4 - Processo do Para-xileno ................................................................................................ 53 5.2.5 - Processo do Etileno Glicol ............................................................................................ 56 5.2.6 - Processo do Dimetiltereftalato (DMT).......................................................................... 57 5.2.7 - Processo de Polimerizao do Polietileno Tereftalato (PET)...................................... 64 5.2.8 - Processo de Moldagem das Embalagens....................................................................... 71 5.2.9 - Engarrafamento ............................................................................................................. 79 5.2.10- Comercializao, Uso e Disposio Final.................................................................... 79

    6. CONCLUSES E RECOMENDAES ........................................................................ 85

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................ 88 8. ANEXOS .............................................................................................................................. 91 8.1 - Mapa da Regio Metropolitana de Salvador................................................................ 91 8.2 - Cadeia Produtiva do PET na RMS............................................................................... 92

    8.3 - Produtos Fabricados com PET Reciclado....................................................................92 8.4 - Legislao Ambiental das Embalagens Plsticas.........................................................93

    4

  • LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Composio mdia das resinas nos resduos plsticos rgidos

    separados em programas de coleta seletiva 12

    Figura 2 - Material reciclvel obtido da coleta seletiva 13 Figura 3 - Produo e reciclagem do PET no Brasil 19 Figura 4 - Pases que desenvolveram ACV 24 Figura 5 - Atividades em 5 estgios de ciclo de vida 25 Figura 6 - Fases de uma ACV 26 Figura 7 - Dimenses da ACV 27 Figura 8 - Ciclo de vida de garrafas de vidro 28 Figura 9 - Exemplo de um sistema do produto para a Anlise de

    Inventrio 31

    Figura 10 - Exemplo de uma unidade de processo dentro do sistema de produto

    32

    Figura 11 - Anlise do Ciclo de Vida de garrafas PET na Colmbia 37 Figura 12 - Comparao de ciclo de vida de garrafas retornveis vs. no

    retornveis 38

    Figura 13 - Comparao das fases do ciclo de vida do PET 39 Figura 14 - Cadeia produtiva do PET na RMS 42 Figura 15 - Localizao das empresas de primeira e segunda gerao do

    PET no Plo Petroqumico de Camaari 44

    Figura 16 - Processo de refino do petrleo 48 Figura 17 - Processo de obteno do etileno 53 Figura 18 - Processo de obteno do Dimetil Tereftalato - DMT 60 Figura 19 - Polimerizao na fase fundida 64 Figura 20 - Polimerizao no estado slido 65 Figura 21 Resina de PET em pellets 70 Figura 22 - Tipos de garrafas de PET - antes e depois 71 Figura 23 - Pr-formas 72 Figura 24 - Planta de localizao da empresa "A" 73 Figura 25 - Garrafa PET de 2 L 74 Figura 26 - Processo de moldagem por injeo e sopro 75 Figura 27 - Container da COOPCICLA 80 Figura 28 - Fardos de embalagens PET 80 Figura 29 - Postos de Entrega Voluntria de Salvador 81 Figura 30 - Embalagens de PET monocamada e multicamada 82

    5

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Composio de plstico no lixo em Salvador - 1995 e 1999 13

    Tabela 2 - Percentual dos materiais reciclveis recolhidos pela COOPCICLA e CENBA

    14

    Tabela 3 - Identificao, caractersticas e aplicaes dos plsticos 17

    Tabela 4 - Produo e reciclagem de PET no Brasil 19

    Tabela 5 - ACV comparando 3 sistemas de embalagens nos EUA 21

    Tabela 6 - Descrio qualitativa das entradas e sadas do processo de refino de petrleo

    49

    Tabela 7 - Descrio qualitativa das entradas e sadas do processo do etileno

    54

    Tabela 8 - Descrio qualitativa das entradas e sadas do processo do para-xileno

    55

    Tabela 9 - Descrio qualitativa das entradas e sadas do processo do dimetil tereftalato

    62

    Tabela 10 - Descrio qualitativa das entradas e sadas do processo do polietileno tereftalato

    69

    Tabela 11 - Relao entre a garrafa de PET tipo base-cup e petalide 70

    Tabela 12 - Descrio qualitativa das entradas e sadas do processo de moldagem por injeo

    76

    Tabela 13 - Descrio qualitativa das entradas e sadas do processo de moldagem por sopro

    77

    6

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ACV - Anlise do Ciclo de Vida

    COOPCICLA - Cooperativa de Agentes Autnomos de Reciclagem

    DMT - Dimetil Tereftalato

    LCA - Life Cycle Analysis

    LIMPURB - Limpeza Pblica de Salvador

    PET - Polietileno Tereftalato

    RMS - Regio Metropolitana de Salvador

    7

  • 1. INTRODUO

    Na sociedade contempornea vem se acentuando cada vez mais o uso dos

    plsticos. A abundncia de produtos plsticos no mundo, por outro lado, tem

    criado srios problemas ambientais. A no biodegradabilidade da maioria dos

    plsticos e os gases produzidos durante a incinerao so algumas das

    dificuldades para o problema do resduo plstico. Este fator se contrape ao

    sucesso da indstria dos plsticos em fabricar seus produtos com propriedades

    funcionais magnficas. Plsticos constituem uma grande poro, especialmente

    no volume, dos resduos slidos coletados pelas municipalidades no mundo. Para

    diminuir os impactos ambientais desde a extrao do petrleo at a sua

    disposio em aterros sanitrios e lixes, necessita-se da formao de dados

    com enfoque do ciclo de vida completo, que inclui diferentes estgios tais como

    extrao, processamento da matria prima, manufatura, transporte, distribuio,

    uso, reuso, reciclagem e disposio final. O conceito de Anlise do Ciclo de Vida

    foi desenvolvido para este propsito e usado em diferentes aplicaes (SONG,

    1999). Este trabalho pretende levantar a cadeia produtiva da embalagem de

    refrigerante de Polietileno Tereftalato (PET) na Regio Metropolitana de Salvador,

    para servir de subsdio para a conduo de futuros estudos de Anlise do Ciclo de

    Vida.

    Nas ultimas dcadas o plstico foi um dos materiais que mais se desenvolveu e

    aumentou de produo. Esta abundncia est acarretando srios problemas

    ambientais.

    Os resduos plsticos podem ser classificados quanto origem, em industriais,

    urbanos e agrcolas. Os rejeitos plsticos industriais provm principalmente de

    refugos de indstrias de transformao, como peas fora de especificao tcnica,

    aparas e rebarbas do processo. O material j selecionado conhecido e muitas

    vezes reaproveitado na prpria indstria ou vendido a terceiros para reciclagem.

    Os resduos slidos urbanos so gerados tanto pelo comrcio e servios como

    nas residncias por consumidores finais. No Brasil, o destino principal desses

    8

  • resduos tem sido vazadouros, rios, manguezais, lagoas, aterros etc. Sem maiores

    preocupaes tcnicas, econmicas e ambientais, tal prtica ocasiona um

    desperdcio irracional desses materiais. Alm de poluio visual, pode ocasionar

    deslizamento de encostas, entupimentos de canais e valas (CEMPRE, 1998).

    Os plsticos se degradam muito lentamente no meio ambiente. Possuem como

    caractersticas a resistncia a radiaes, calor, ar e gua. Os tipos mais

    encontrados no lixo urbano so: Polietileno de Alta Densidade (PEAD) usado

    em embalagens para detergentes e leos automotivos, sacolas de

    supermercados, garrafeiras, tampas, tambores para tintas, potes, utilidades

    domsticas; Polietileno de Baixa Densidade (PEBD) - sacolas para

    supermercados e lojas, filmes para embalar leite e outros alimentos, sacaria

    industrial, filmes para fraldas descartveis, bolsa para soro medicinal, sacos de

    lixo etc; Polietileno Tereftalato (PET) - frascos e garrafas para uso

    alimentcio/hospitalar, cosmticos, bandejas para microondas, filmes para udio e

    vdeo, fibras txteis; Policloreto de Vinila (PVC) - embalagens para gua mineral,

    leos comestveis, maioneses, sucos, perfis para janelas, tubulaes de gua e

    esgoto, mangueiras, embalagens para remdios, brinquedos, bolsas de sangue,

    material hospitalar etc; Polipropileno (PP) - filmes para embalagens e alimentos,

    embalagens industriais, cordas, tubos para gua quente, fios e cabos, frascos,

    caixas de bebidas, autopeas, fibras para tapetes, utilidades domsticas, potes,

    fraldas, seringas descartveis etc; Poliestireno (PS) - potes para iogurtes,

    sorvetes, doces, frascos, bandejas de supermercados, geladeiras (parte interna da

    porta), pratos, tampas, aparelhos de barbear descartveis, brinquedos etc

    (CEMPRE, 1998; PLASTIVIDA, 2001).

    . Esta pesquisa tem como objetivo conduzir um levantamento da cadeia produtiva

    da embalagem de refrigerante PET de 2 litros, na Regio Metropolitana de

    Salvador (RMS) para servir de subsdio a futuros trabalhos de Anlise do Ciclo de

    Vida (ACV).

    9

  • Anlise de Ciclo de Vida (ACV) um instrumento de avaliao do impacto

    ambiental associado a um produto ou processo, compreendendo etapas que vo

    desde a retirada das matrias-primas elementares da natureza, que entram no

    sistema produtivo, disposio do produto final, aps o uso. Serve como base

    para detectar a estratgia mais conveniente para a minimizao dos impactos.

    O estudo pretende fazer uma abordagem da cadeia produtiva desde a extrao da

    matria prima at a sua disposio final da embalagem de PET, por tratar-se de

    um plstico que possui um dos maiores percentuais de separao, 21 %, em

    programas de coleta seletiva.

    Esta pesquisa se insere dentro da linha de capacitao na metodologia de ACV,

    desenvolvido pela Rede de Tecnologias Limpas da Bahia, TECLIM, no

    Departamento de Hidrulica e Saneamento, da Escola Politcnica da Universidade

    Federal da Bahia, visando formar profissionais capazes de desenvolver a

    metodologia no estado.

    Este trabalho est estruturado da seguinte forma:

    No captulo 2, Caracterizao dos Resduos Slidos, abordam-se questes relacionadas aos resduos slidos, com enfoque para os plsticos, bem como o

    aumento no lixo domstico nos ltimos anos e os ndices de reciclagem de

    diversos materiais.

    No captulo 3, Os Plsticos e o Polietileno Tereftalato, apresenta-se um breve histrico dos plsticos e suas definies, destacando o Polietileno Tereftalato

    pelos ndices de crescimento nos ltimos anos.

    O captulo 4, Anlise do Ciclo de Vida, fornece a fundamentao terica de ACV, enfocando as principais fases: Definio dos objetivos e escopo de trabalho;

    anlise de inventrio; avaliao de impacto e interpretao.

    J o captulo 5, Cadeia Produtiva da Embalagem de Polietileno Tereftalato na RMS, descreve os principais processos da cadeia produtiva do PET na RMS. Os dados ambientais apresentados so qualitativos.

    10

  • Na Concluso incluem-se as sugestes e recomendaes sobre a cadeia produtiva do PET na Regio Metropolitana de Salvador.

    11

  • 2. CARACTERIZAO DOS RESDUOS SLIDOS

    Este captulo aborda questes relacionadas aos resduos slidos, com enfoque

    para os plsticos, bem como o aumento no lixo domstico nos ltimos anos e os

    ndices de reciclagem de diversos materiais.

    ultrapassando o papel/papelo que at ento predom

    participao no lixo domstico (Tabela 1). Este aumento de

    PET (refrigerante) 21%

    PEAD/PEBD (produtos de limpeza, leite) 37%

    PVC (gua m ineral, produtos de limpeza)

    14%

    PP (potes de margarina) 10%

    Outros plsticos rgidos 18%

    Segundo dados da empresa de Limpeza Pblica de Salvador, LIMPURB (1999),

    os plsticos (moles e duros) representam 17,11% do lixo c letado em Salvador,

    A composio de resduos slidos urbanos em algumas cidades do Brasil, em

    programas de coleta seletiva mostrado na Figura 1. Os tipos de plsticos mais

    encontrados no lixo urbano so: PEAD/PEBD, PET, PVC, PP e PS (CEMPRE,

    1998). O PET, oriundo das embalagens de refrigerante, possui um dos maiores

    percentuais de separao entre os plsticos encontrados em programas de coleta

    seletiva, 21 %, ficando somente atrs dos Polietilenos (PEAD e PEBD), 37 %.

    Esta uma indicao de nvel de consumo deste material, demandando ateno

    para a importncia de novos estudos com foco ambiental, que sejam dirigidos

    no s para o destino destes resduos, mas tambm para a sua gerao no

    processo produtivo.

    Figura 1 - Composio mdia das resinas nos resduos plsticos rgidos separados em programas de coleta seletiva

    Fonte: CEMPRE, 1998

    o

    inava como a maior

    ve-se a substituio do

    12

  • papel por plstico nas embalagens, assim como a mudana de hbito da

    populao no uso de alimentos preparados industrialmente (LIMPURB, 1999).

    Tabela 1 Composio de plstico no lixo em Salvador, 1995 e 1999

    ANO Tipo de Plstico 1995 1999

    Variao

    Plstico Mole 8,16 % 12,04 % +47,55 %

    Plstico Duro 3,12 % 5,07 % +62,50 %

    Total 11,28 % 17,11 Fonte: LIMPURB, 1999

    O acompanhamento da coleta seletiva executada pela Cooperativa de Agentes

    Autnomos de Reciclagem, COOPCICLA, em 14 bairros de Salvador, indicou que

    761 t de resduos foram captados em 2000 (Figura 2 e Tabela 2).

    Alm da coleta dos reciclveis nos domiclios, a COOPCICLA separa materiais

    reciclveis na Central de Badameiros, CENBA, localizada prximo ao Aterro de

    Canabrava obtendo 3.584 t/ano (LIMPURB, 2000).

    0

    500.000

    1.000.000

    1.500.000

    2.000.000

    2.500.000

    3.000.000

    Papel Papelo Vidro Plstico Metal Alumnio Outros

    material reciclvel

    kg/a

    no

    Figura 2 Material reciclvel obtido da coleta seletiva Fonte: LIMBURB, 2000

    13

  • Tabela 2 - Percentual dos materiais reciclveis recolhidos pela COOPCICLA e CENBA

    Materiais Reciclveis ( kg/ano) Componentes COOPECICLA CENBA Total %

    Papel 204.731 2.490.142 2.694.873 62,01 Papelo 190.076 363.201 553.277 12,72 Vidro 148.669 8.279 156.948 3,61 Plstico 50.288 485.288 535.576 12,31 Metal 107.788 216.730 324.518 7,47 Alumnio 59.941 19.149 79.090 1,81 Outros 0 1.185 1.185 0,07 Total 761.493 3.583.974 4.345.467 100

    Fonte: Limpurb/2000

    Dados da caracterizao dos resduos slidos urbanos em Salvador, apontam

    para um crescimento dos materiais plsticos nos ltimos anos.

    Os plsticos coletados no programa de coleta seletiva em Salvador representam

    12,31 %, do total de materiais reciclveis. No foram considerados os diferentes

    tipos de resinas no levantamento realizado pela Limpurb.

    No prximo captulo sero abordadas as questes relacionadas aos plsticos,

    tais como sua origem e caractersticas, com destaque para o Polietileno

    Tereftalato.

    14

  • 3. OS PLSTICOS E O POLIETILENO TEREFTALATO (PET)

    Depois das idades da pedra, bronze e ferro a sociedade industrializada

    parece estar vivendo a era dos plsticos. Na atualidade a presena dos plsticos

    uma constante. A maioria deles no existia antes dos anos 30. Na segunda

    metade do sculo XIX deu-se o desenvolvimento da celulide, um material plstico

    baseado em celulose modificada de material natural que era produzido da madeira

    ou palha. Em seguida novos compostos, como a resina de acetato de celulose,

    surgiram para explorar as caractersticas deste produto. Entre 1900 e 1940 muitos

    progressos cientficos e tecnolgicos foram atingidos. Em 1907 o primeiro

    termorrgido, a baquelite, foi patenteado. A primeira guerra mundial estimulou o

    desenvolvimento de materiais como o Policloreto de Vinila (PVC) na Alemanha.

    No comeo dos anos 30, a estrutura e sntese das substncias chamadas de

    materiais polimricos, foram adequados pela teoria cientfica. Este progresso

    criou a base para a sntese de um grande nmero de novos polmeros (MULDER,

    1998).

    So considerados polmeros as molculas relativamente grandes, de peso

    molecular da ordem de 103 a 106 cuja estrutura composta de unidades qumicas

    repetidas, os monmeros (MANO, 1988).

    Seguem alguns exemplos de polmeros:

    Macromolculas lineares

    cadeias C - C

    H H H H H C C C C C H R H R H

    15

  • heterotomos

    H H H C X C X C H H H

    A matria-prima do plstico derivada do petrleo, que formado por uma

    complexa mistura de compostos. Pelo fato destes compostos possurem diferentes

    grupos aromticos

    R

    C X R

    temperaturas de ebulio, possvel separ-los em misturas ou cortes atravs de

    colunas de destilao. Um desses cortes, a nafta, fornecida para as centrais

    petroqumicas, onde passa por uma srie de processos, dando origem aos

    principais monmeros, como por exemplo, o eteno. Processos diversos

    transformam os monmeros em polmeros que se classificam, de acordo com as

    caractersticas de fusibilidade, em:

    Termoplsticos - polmeros lineares ou ramificados, que permitem fuso por

    aquecimento e solidificao por resfriamento. Ex. PET.

    Termorrgidos - So aqueles que por aquecimento ou outra forma de

    tratamento, assumem a estrutura tridimensional, reticulada, com ligaes

    cruzadas, tornando-se insolveis ou infusveis. Ex. Resina fenolformaldedo

    (MANO, 1988).

    3.1 - Reciclagem dos Plsticos Para facilitar a etapa de separao manual dos artefatos plsticos as empresas de

    transformao e entidades ligadas reciclagem adotaram um sistema de

    codificao de recipientes plsticos que consiste de um smbolo com 3 setas em

    sequncia, normatizada pela norma NBR 13.230 de 1994, "Simbologia indicativa

    de reciclabilidade e identificao de materiais plsticos" da Associao Brasileira

    de Normas Tcnicas - ABNT. Na maioria das embalagens, o tringulo aplicado

    em alto relevo na parte de baixo da mesma (CEMPRE, 1997). Cada tipo de

    plstico recebeu uma numerao especfica e todas as embalagens plsticas

    16

  • devem ter o respectivo tringulo com a identificao. A Tabela 3 apresenta os

    vrios tipos de plsticos com identificaes e principais aplicaes.

    Tabela 3 - Identificao, caractersticas e aplicaes dos plsticos

    PLSTICO CARACTERSTICAS PRODUTOS

    POLIETILENO TEREFTALATO

    Transparente, inquebrvel,

    impermevel e leve.

    POLIETILENO

    DE ALTA DENSIDADE

    Inquebrvel, leve, rgido e

    impermevel

    POLICLORETO

    DE VINILA

    Rgido, transparente,

    impermevel, resistente temperatura e inquebrvel

    POLIETILENO

    DE BAIXA DENSIDADE

    Flexvel, leve, transparente e

    impermevel

    POLIPROPILENO

    Conserva o aroma,

    inquebrvel, transparente, brilhante, rgido e resistente a

    mudanas de temperatura

    POLIESTIRENO

    Impermevel, rgido,

    transparente e brilhante

    OUTROS

    Neste grupo encontram-se os seguintes plsticos:

    ABS1/SAN2, EVA3 e PA4.

    Flexibilidade, leveza, resistncia abraso,

    possibilidade de design diferenciado

    Fonte: PLASTIVIDA, 2001; CEMPRE, 1998

    1 ABS = copolmero de acrilonitrila-butadieno-estireno 2 SAN = copolmero de estireno-acrilonitrila 3 EVA = copolmero de etileno-acetato de vinila 4 PA = Poliamidas alifticas

    17

  • 3.2 - Polietileno Tereftalato - PET

    O Polietileno Tereftalato foi desenvolvido em 1941 pelos qumicos ingleses

    Whinfield e Dicson. A partir de 1950, ele foi utilizado na fabricao de fibras pela

    ICI na Inglaterra e pela E.I. Du Pont de Nemours, nos Estados Unidos. Mas as

    garrafas produzidas com este polmero s comearam a ser fabricadas na dcada

    de 70, aps cuidadosa reviso dos aspectos de segurana e meio ambiente

    (CEMPRE, 1998).

    No Brasil o PET surgiu em 1988, seguindo a mesma trajetria do resto do mundo.

    Primeiramente foi utilizado na indstria txtil. Somente em 1993 que passou a

    ser utilizado com expresso no mercado de embalagens nacional (CEMPRE,

    1998; CEMPRE-Informa, 2001). A Tabela 4 e a Figura 3 apresentam nmeros

    sobre a produo e reciclagem de PET no Brasil. Observa-se que existe um

    aumento da demanda da resina de PET nos ltimos anos, alm da demanda

    deste produto para refrigerantes. um indicativo do segmento de novos

    mercados para a resina, como o de gua mineral, detergentes, leo etc. Neste

    mesmo perodo houve um aumento na reciclagem de PET, devido aos programas

    de reciclagem nas principais cidades brasileiras.

    O Polietileno Tereftalato um polister, transparente, brilhante, leve com boa

    performance de design e facilidade de moldagem, que proporciona alta resistncia

    mecnica (impactos) e qumica alm de ter barreiras para gases e odores. Devido

    s caractersticas acima e ao seu peso ser muito menor que as embalagens

    tradicionais, ao ser usado pelas indstrias de bebidas, ele reduziu os custos de

    transporte e produo.

    Atualmente o mercado de PET ps-consumo no Brasil para produo de cordas

    (multifilamento), fios de costura (monofilamento) e cerdas de vassouras e escovas.

    Outros usos so: moldagem de autopeas, lminas para termoformadores,

    garrafas de detergentes, mantas no tecidas e carpetes (CEMPRE,1998).

    18

  • Tabela 4 - Produo e reciclagem de PET no Brasil

    ANO Demanda Nacional (t)

    (resina PET)

    Demanda para

    Refrigerantes (t)

    Reciclagem

    Ps-consumo

    (t) (%)

    reciclado/demanda

    nacional

    1994

    80 mil

    - 3 mil 3.75

    1995 120 mil - 18 mil 15

    1996 150 mil - 22 mil 14,70

    1997 211 mil 185,7 mil 30mil 14,22

    1998 260 mil 223,6 mil 40 mil 15,38

    1999 286 mil 237,4 mil 50 mil 17,48

    2000 315 mil 255,1 mil 67 mil 21,27

    Fonte: CEMPRE-INFORMA, 2001

    Figura 3 - Produo e reciclagem do PET no Brasil

    0

    50000

    100000

    150000

    200000

    250000

    300000

    350000

    ANO

    PRO

    DU

    O (t

    )

    Demanda Nacional (t) - resinaDemanda para RefrigerantesReciclagem ps consumo

    ANO

    11994 21995 31996 41997 51998 61999 72000

    Fonte: Baseado em CEMPRE-INFORMA, 2001

    19

  • 3.3 - Demanda de PET no Setor de Embalagens

    A resina PET est em expanso no mercado de refrigerante, substituindo cada

    vez mais outros tipos de embalagens, como o vidro, pois apresenta diversas

    vantagens na produo e transporte. Outros mercados de embalagens de PET,

    envase de gua mineral e leo comestvel, esto contribuindo para o aumento da

    quantidade de PET produzido. Uma outra resina, Polietileno Naftalato (PEN), tambm recomendada para o

    segmento de garrafas retornveis. As principais caractersticas da embalagem

    PEN so: temperatura de lavagem a 850 C , alta barreira ao oxignio e a luz UV e

    resistncia a vcuo e presso (ANJOS, 2001).

    3.4 - Pet versus Embalagens de Vidro e Alumnio

    Na dcada de 80, vrios estudos de ciclo de vida foram realizados comparando

    os diferentes tipos de embalagens. Alguns destes estudos foram discrepantes

    nos resultados. Este fato ilustra a importncia da qualidade dos dados que entram

    num estudo e a metodologia a ser seguida (CHEHEBE, 1998).

    Segundo estudos comandados pelo NAPCOR (National Association for Plastics

    Container Recovery) nos EUA e conduzidos pela empresa "Franklim Associates"

    existem vantagens na reduo do uso de recursos naturais com a utilizao de

    embalagens de PET (Tabela 5) (FRANKLIM ASSOCIATES,1993). Compara o

    impacto ambiental do PET com vidro e o alumnio e com exceo da taxa de

    reciclagem para a lata de alumnio, a garrafa PET apresenta vantagens para todos

    os outros itens.

    A embalagem de alumnio tem sido no Brasil, a embalagem de maior taxa de

    reciclagem devido ao seu maior valor de compra, fomentando uma economia

    informal para este tipo de recipiente. Essa varivel, valor de compra da

    embalagem ps-consumo, tem sido um dos principais alavancadores da sua

    20

  • reciclagem, o que um ponto importante a ser considerado num estudo de

    Anlise do Ciclo de Vida.

    Tabela 5 ACV comparando 3 sistemas de embalagens nos EUA

    Itens

    Garrafa PET

    (567 mL)

    Garrafa de

    vidro (453 mL)

    Lata de

    Alumnio (340 mL)

    Garrafa PET

    (2000 mL)

    Taxa de reciclagem, 1993 (%)

    36 34 62 36

    Para produzir e entregar 1000 gal: Peso do container (lb)

    360

    3.843

    374

    262

    Energia (MBTU)

    19,9 33,1 23,8 12,7

    Energia de combustvel fssil (MBTU)

    17,6 29,4 19,7 11,2

    Energia nuclear, madeira e outras (MBTU)

    2,3 3,7 4,5 1,5

    Emisses atmosfricas (lb)

    48 99 83 30

    Efluente lquido (lb)

    9 12 16 5

    Resduo slido (lb)

    474 3.214 774 295

    Fonte: FRANKLIM ASSOCIATES,1993. Para uma melhor divulgao dos conceitos bsicos de Anlise do Ciclo de Vida, o

    captulo 4 apresenta um referencial terico desse assunto.

    21

  • 4. ANLISE DO CICLO DE VIDA

    Este captulo fornece a fundamentao terica bsica de ACV, enfocando as principais fases: Definio dos objetivos e escopo de trabalho; Anlise de

    inventrio; Avaliao de impacto e; Interpretao.

    Anlise do Ciclo de Vida um instrumento de avaliao do impacto ambiental

    associado a um produto ou processo, compreendendo etapas que vo desde a

    retirada das matrias-primas elementares da natureza que entram no sistema

    produtivo (bero) disposio do produto final, aps uso (tmulo). Inclui extrao,

    processamento da matria prima, manufatura, transporte, distribuio, uso, reuso,

    manuteno, reciclagem e disposio final. Permite uma viso abrangente dos

    diversos impactos provocados ao meio ambiente, possibilitando a identificao

    das medidas mais adequadas do ponto de vista ambiental e econmico para sua

    minimizao, constituindo-se assim numa tcnica de gerenciamento ambiental e

    de desenvolvimento sustentvel (CHEHEBE, 1998; JENSEN,1997;

    GRAEDEL,1998)

    Nos ltimos anos tem aumentado o interesse em ACV pelas indstrias,

    especialistas ambientais, autoridades, associaes de consumidores,

    organizaes ambientais e o pblico em geral que querem conhecer a qualidade

    ambiental dos processos de produo e dos produtos. Est se tornando um

    instrumento comum nos pases da Europa, nos Estados Unidos. Sua aplicao

    tem iniciado no BrasiI com a Mercedes-Benz do Brasil S/A e o Centro de

    Tecnologia de Embalagem - CETEA do Instituto Tcnico de Alimentao - ITAL

    (CHEHEBE, 1998). A Mercedes-Benz do Brasil S/A desenvolveu entre 1996 e

    1997, um projeto piloto onde fez um comparativo entre almofadas de bancos

    confeccionadas a partir da fibra de coco e outra confeccionada com espuma de

    poliuretano. O CETEA/ITAL desenvolveu um estudo denominado "Anlise do Ciclo

    de Vida de embalagens para o mercado brasileiro" com o objetivo de conduzir um

    22

  • estudo em vinte sistemas de embalagens no mercado nacional, considerando as

    condies e o nvel de tecnologias.

    Segundo CHEHEBE (1998), HOOF (2000) e JENSEN (1997) os primeiros estudos

    de ACV foram realizados pela Coca-Cola em 1969 com o objetivo de analisar

    diferentes tipos de embalagens para refrigerantes e qual apresentava ndices mais

    adequados de emisses.

    O processo de quantificao do uso dos recursos naturais e dos ndices de

    emisses tornou-se conhecido como REPA (Resource and Environmental Profile

    Analysis). Na Europa os primeiros estudos de comparao ecolgica de produtos,

    foram chamados de ecobalano, e foram realizados na Suia em 1974. Logo em

    1984 a agncia Suia de Proteo ao Meio Ambiente publicou um boletim de

    ecobalano para materiais de embalagem.

    Os ecobalanos mostram uma estrutura para o clculo dos dados dentro da

    metodologia. Em cada fase existem entradas e sadas de materiais, energia e

    emisses. Nem todos os componentes tem a mesma unidade de contribuio.

    Atravs do ecobalano se elabora uma estrutura para inventariar, calcular e

    comparar os dados.

    O pas que mais desenvolveu casos de ACV foi a Alemanha, por causa dos

    resduos slidos que estavam no centro das atenes da opinio pblica nos anos

    80. A Figura 4 mostra a participao individual de cada pas em termos do

    nmero de estudos realizados (HOOF, 2000).

    A Sociedade Internacional para a Qumica e Toxicologia Ambiental (SETAC) foi

    uma das fomentadoras da metodologia de ACV na Amrica do Norte (1990),

    seguido pela mesma organizao em Leiden, Holanda. Muitos conceitos adotados

    pela SETAC foram adotados pela Organizao Internacional de Padronizao,

    ISO. (CHEHEBE, 1998; HOOF, 2000).

    23

  • Alemanha40%

    Suia18%

    Sucia5%

    Reino Unido7%

    EUA12%

    Frana3%

    Austria5%

    Holanda4%

    Outros6%

    Figura 4 - Pases que desenvolveram estudos de ACV Fonte: HOOF, 2000

    As principais normas padronizadas pela ISO sobre Anlise do Ciclo de Vida, so:

    ISO 14040 - International Standard. Environmental Management - Life

    Cycle Assessment - Principles and Framework. 1997.

    ISO 14041 - International Standard. Environmental Management - Life Cycle

    Assessment Goal and Scope Definition and Inventory Analysis.1998.

    ISO 14042 - International Standard. Environmental Management - Life Cycle

    Assessment - Life Cycle Impact Assessment. 2000.

    ISO 14043 - International Standard. Environmental Management - Life Cycle

    Assessment - Life Cycle Interpretation. 2000.

    Segundo GRAEDEL (1998), algumas anlises que tratam de todos os estgios de

    ciclo de vida, conforme a Figura 5, incluem:

    Estgio 1 - Pr manufatura;

    Estgio 2 - Operao de manufatura;

    Estgio 3 - Entrega do produto;

    Estgio 4 - Uso pelo consumidor;

    Estgio 5 - Reuso, reciclagem ou descarte.

    24

  • Uso pelo consumidor

    Transporte Reuso ou reciclagem

    Descarte

    Embalagem

    Montagem domdulo

    Processamento dos materiais

    Montagem do

    produto

    Manufatura dos materiais

    Manufatura do componente

    Extrao da matria prima

    Figura 5 - Atividades em 5 estgios de ciclo de vida Fonte: GRAEDEL, 1998 ACV pode ser usada para:

    Identificar oportunidades de melhoramento dos aspectos ambientais de

    produtos em vrios pontos de seu ciclo de vida;

    Avaliar tomada de deciso na indstria, assim como nas organizaes

    governamentais e no governamentais (planejamento estratgico, projeto de

    produto ou processo);

    Selecionar indicadores relevantes da performance ambiental, incluindo

    tcnicas de medio;

    Promover marketing institucional e de produto (ISO 14.040, 1997).

    ACV uma tcnica de gerenciamento ambiental (avaliao de risco, evoluo da

    performance ambiental, auditorias ambientais e avaliao de impacto ambiental).

    25

  • Como toda tcnica tambm possui limitaes. Algumas delas so:

    Resultados de estudos de ACV focados nas questes regionais podem no

    ser apropriado para aplicaes locais;

    Qualidade dos dados utilizados. importante que venham de fontes

    seguras;

    A natureza da seleo feita em ACV (escolha dos limites do sistema,

    seleo da origem dos dados e categoria de impacto) podem ser subjetivos;

    Modelos utilizados para anlise de inventrio ou para avaliao de impacto

    ambiental, so limitados por suas hipteses e podem no ser disponveis para

    todos os impactos e aplicaes (ISO 14.040, 1997).

    4.1 - Fases de uma ACV:

    A Anlise do Ciclo de Vida inclui as seguintes fases, conforme a Figura 6:

    4.1.1 - Definio dos objetivos e escopo de trabalho;

    4.1.2 - Anlise de inventrio;

    4.1.3 - Avaliao de impacto;

    4.1.4 Interpretao.

    26

  • Figura 6 - Fases de uma ACV

    Aplicaes diretas: Desenvolvimento e

    melhoria do produto Planejamento estratgico Elaborao de polticas

    pblicas Marketing Outros

    Interpretao

    Avaliao de Impacto

    Anlise do Inventrio

    Objetivo e Escopo

    Fonte: ISO 14.040, 1997 4.1 .1 - Definio dos objetivos e escopo

    Os objetivos e escopo de um estudo de ACV devem ser claramente

    definidos e consistentes com a aplicao pretendida. A definio do objetivo deve

    incluir de forma clara os propsitos pretendidos e conter todos os aspectos

    considerados relevantes para direcionar as aes que devero ser realizadas.

    Segundo CHEHEBE, 1998, "o contedo mnimo de ACV deve referir-se s suas

    trs dimenses: onde iniciar e parar o estudo do ciclo de vida (a extenso da

    ACV), quantos e quais subsistemas incluir (a largura da ACV) e o nvel de

    detalhes do estudo (a profundidade da ACV)". Estas dimenses devem ser

    definidas de forma compatvel e suficiente para atender o estabelecido nos

    objetivos do estudo, conforme ilustrado na Figura 7.

    27

    PROFUNDIDADE (Nvel de detalhes)

    EXTENSO (incio e fim do

  • Figura 7 - Dimenses da ACV Fonte: CHEHEBE,1998

    Exemplos das dimenses de uma ACV:

    Garrafas de vidro: a extenso vai desde da matria prima, a areia, at o fim

    de vida da embalagem, incluindo extrao da areia, produo da embalagem

    (lavagem, mistura, fundio, prensagem, formao da boca, sopro,

    transferncia do molde e sopro), engarrafamento, distribuio, consumo, fim

    de vida e lavagem. A largura o detalhamento de cada subsistema que faz

    parte da cadeia principal. A profundidade est focada com mais detalhes no

    processo de produo. A Figura 8 mostra o fluxograma deste processo.

    Areia

    28

    Prod

    uo

    Pedra Caulisa

    Fundio

    Prensagem

    Formao da boca

    dSopro

    a boca

    Transferncia do molde Pr-forma

    Soprorrafamento Distribuio Consumo Fim de Vida Enga

    reci

    clag

    em

    Lavagem Garrafa retornvel

    Mistura

    Impurezas Lavagem Na H OAl 2 ONa

    3 2

    Na SO 4 CO 3 2

    2 O 3 Fe

  • Figura 8 - Ciclo de Vida de garrafas de vidro Fonte: HOOF, 2000 Garrafas de PET: a extenso vai desde a extrao do petrleo at a sua

    disposio final, onde inicia e para o estudo do ciclo de vida, ou seja, nas

    etapas de extrao e refino de petrleo, processos de obteno do etileno,

    para-xileno, etileno glicol, polimerizao do PET, moldagem das embalagens,

    engarrafamento, uso, coleta e disposio; a largura est no detalhamento de

    cada um desses processos e a profundidade no processo de polimerizao do

    PET.

    O escopo deve ser bem definido para que a largura, a profundidade e a extenso

    do estudo sejam compatveis e suficientes para atingir o objetivo. ACV uma

    tcnica interativa. O escopo do estudo pode ser modificado a medida que

    informaes adicionais forem sendo coletadas.

    Na definio do escopo, alguns itens devem ser considerados e claramente

    descritos:

    As funes do sistema estudado - a definio clara das caractersticas do

    produto a ser modelado;

    A unidade funcional - Um sistema pode ter um nmero de funes definidas.

    A selecionada para o estudo dependente da meta e escopo do estudo. A

    unidade funcional deve ser definida e mensurvel. Se define a partir de

    funes que cumprem o produto.

    Exemplos:

    1000 L de refrigerantes vendidos em embalagens de PET de 2 L;

    1000 L de gua mineral em embalagens de bebidas;

    1000 Kg de Ketchup consumido.

    Os limites do sistema - Determinam quais as unidades de processos devem

    ser includas na ACV. Vrios fatores determinam este limite, como a aplicao

    29

  • pretendida do estudo, a hiptese realizada, o critrio de corte, restries de

    dados e custo. Os limites so geralmente apresentados em fluxogramas que

    mostram a seqncia principal do sistema de produto em estudo.

    A seleo das entradas e sadas, e o nvel de agregao em categorias dos

    dados devem ser consistentes com os objetivos do estudo. O critrio utilizado para

    o estabelecimento dos limites do sistema deve ser identificado e justificado no

    escopo do estudo (CHEHEBE, 1998; ISO 14.040)

    4.1.2 - Anlise de inventrio

    A anlise de inventrio a fase de coleta e quantificao de todas as variveis

    (matria-prima, energia, transporte, emisses atmosfricas, efluentes lquidos,

    resduos slidos etc), relacionados com a anlise de vida de um produto ou

    processo. A conduo do inventrio um processo interativo. A seqncia de

    eventos envolve a checagem de procedimentos de forma a assegurar que os

    requisitos de qualidade estabelecidos na primeira fase sejam obedecidos

    (CHEHEBE, 1998).

    Pode-se identificar as seguintes etapas:

    Sistema do produto

    uma relao de unidades de processos conectadas por fluxos de produtos. A

    Figura 9 mostra um exemplo de sistema do produto. A sua descrio inclui fluxos

    elementares que atravessam os limites do sistema (entradas e sadas).

    Os "limites do sistema" separam o sistema de sua vizinhana. Esta age como

    fonte de todos os insumos que entram no sistema bem como abrange tudo que

    deixa o sistema (CHEHEBE, 1998; ISO14.041, 1998).

    30

  • Figura 9 - Exemplo de um sistema do produto para a Anlise de Inventrio

    Fluxos elementares

    Outros sistemas

    Fluxos elementares

    Outros sistemas

    Reciclagem / Reuso

    Tratamento do resduo

    Uso

    Produo

    Aquisio de matria prima

    Suprimento de Energia

    Transporte

    Fonte: ISO14.041, 1998

    Unidades de Processos

    So ligadas umas s outras por fluxos intermedirios de produtos e/ou resduos

    para tratamento, que podem alimentar outros sistemas por fluxos de produtos e

    ao meio ambiente por fluxos elementares (Figura 10).

    31

  • Exemplos de fluxo elementar entrando na unidade de processo so petrleo

    bruto e radiao solar. Exemplos de fluxo elementar saindo do processo so

    emisses para o ar, para a gua e radiao (ISO14.041, 1998).

    Fluxo elementar de entrada

    Fluxo elementar de entrada

    Fluxo elementar de entrada

    Fluxo elementar de sada

    Fluxo elementar de sada

    Fluxo elementar de sada

    Unidades de processo

    Unidades de processo

    Unidades de processo

    Figura 10 - Exemplo de uma unidade de processo dentro do sistema de produto Fonte: ISO14.041, 1998

    Preparando a coleta de dados

    Alguns cuidados devem ser tomados na coleta de dados, para assegurar o

    entendimento das informaes solicitadas. So eles:

    Desenho de fluxogramas especficos que mostram todas as unidades de

    processo, incluindo suas inter-relaes;

    Desenvolvimento de uma lista que especifique as unidades de medidas;

    Descrio das tcnicas de coleta e/ou dados para cada categoria de

    dados, de forma a ajudar os tcnicos locais a melhor entender que

    informaes sero necessrias para os estudos (CHEHEBE, 1998).

    Coleta de dados

    Os procedimentos usados para coleta de dados variam com cada unidade de

    processo nos diferentes estudos de ACV. Podem tambm variar devido a

    32

  • composio e qualificao dos participantes no estudo, necessrios para

    satisfazer os requerimentos de propriedade e confidencialidade. Estes

    procedimentos devem ser relatados no documento.

    A coleta de dados requer conhecimento sobre cada unidade de processo. Quando

    os dados so coletados de literatura publicada, a origem destes deve ser

    referenciada (ISO14.041, 1998).

    Alguns exemplos de fontes de dados:

    Literatura tcnica;

    Normas tcnicas;

    Licenas ambientais;

    Informaes internas das empresas;

    Internet;

    Bancos de dados. Validao dos dados

    Assim que as informaes forem recebidas ser importante validar se esto

    compatveis com os dados de outras fontes. A validao dos dados pode ser

    conduzida durante a sua coleta de dados. Deve envolver, por exemplo, balano de

    massa, de energia, e/ou anlises comparativas de fatores de emisses

    (ISO14.041, 1998; CHEHEBE, 1998).

    33

  • Exemplo de folha de coleta de dados:

    PROCESSO: DATA:

    BALANO DE MASSA

    ENTRADA DE MATRIAS-PRIMAS (kg/t) SADAS

    OUTRAS ENTRADAS (kg/t) Comentrios:

    ENTRADA DE ENERGIA

    FONTES ENERGTICAS

    TRANSPORTES

    ATIVIDADES

    DE TRANSPORTES

    (por t)

    meio (rodovirio, ferrovirio, martimo)

    DISTNCIA (km) CARGA (t)

    Fonte: Baseado em CHEHEBE, 1998

    4.1.3 - Avaliao de impacto

    O propsito da Avaliao de impacto traduzir os diferentes impactos (emisses,

    matrias-primas, energia) calculados na fase de inventrio, em um eco-indicador

    integral. Para este fim necessrio calcular o efeito que tem estes impactos sobre

    os problemas ambientais (HOOF, 2000).

    34

  • Os elementos da avaliao de impacto so:

    Seleo e definio das categorias

    So identificados os grandes focos de preocupao ambiental, as categorias e os

    indicadores que o estudo utilizar. As categorias devem ser estabelecidas com

    base no conhecimento cientfico dos processos e mecanismos ambientais

    (CHEHEBE, 1998).

    Algumas categorias consideradas so:

    Exausto dos recursos no renovveis;

    Uso do solo;

    Aquecimento global;

    Reduo do oznio na estratosfera;

    Impactos toxicolgicos humanos;

    Oxidantes fotoqumicos;

    Acidificao;

    Reduo do espao em aterros;

    Ambiente de trabalho.

    Classificao Os dados do inventrio so classificados e agrupados nas categorias

    anteriormente selecionadas (relacionadas a efeitos ou impactos ambientais

    conhecidos). Uma classificao adequada importante para contribuir com a

    relevncia e validade da avaliao de impacto (CHEHEBE, 1998).

    Caracterizao Os dados do inventrio atribudos a uma determinada categoria so modelados

    para que os resultados possam ser expressos na forma de um indicador numrico

    para aquela categoria (CHEHEBE, 1998).

    35

  • 4.1.4 - Interpretao Consiste na identificao e anlise dos resultado obtidos nas fases de inventrio

    e/ou avaliao de impacto de acordo com o objetivo e o escopo previamente

    definidos pelo estudo. Os resultados dessa fase podem tomar forma de

    concluses e recomendaes aos tomadores de deciso. O objetivo da fase de

    interpretao analisar os resultados, tirar concluses, explicar as limitaes e

    fornecer recomendaes para a melhoria do inventrio do ciclo de vida.

    (CHEHEBE, 1998).

    4.2 - Softwares de ACV

    Muitas instituies e companhias tem desenvolvido softwares para implementar

    ACV. Alguns destes programas so elaborados para desenvolver uma ACV

    completa, contemplando o Inventrio, a Avaliao de Impacto e algum tipo de

    Interpretao. Outros s dispe a parte de Inventrio (JENSEN, 1997). Muitos

    programas disponibilizam a verso demo sem custos, comos os softwares

    Simapro, da Pr Consulting (http://www.pre.nl) e PEMS, da PIRA

    (http://www.pira.co.uk).

    4.3 - Estudo de Caso de ACV na Colmbia

    Este estudo de Anlise de Ciclo de Vida de garrafas de PET foi desenvolvido em

    Bogot, Colmbia, atravs da Universidade dos Andes, coordenado pelo Prof.

    Bart Van Hoof. A anlise deste estudo foi realizada para embalagem de PET

    para bebidas gasosas de 1,5 L para sistema retornvel e no retornvel

    (descartvel), usando o software Simapro. Os dados para a anlise foram

    aplicados por uma empresa produtora das embalagens de PET, que possui sua

    planta em Bogot e uma empresa engarrafadora. Os tipos de embalagens

    considerados foram: embalagens de bebidas gasosas de 1,5 L retornveis (120

    g) e descartveis (80 g). A empresa produtora importa a matria prima e realiza

    todo o processo de fabricao das embalagens para distribuir a nvel nacional.

    Para esta ACV a unidade funcional foi definida como 1000 L de lquido colocado

    36

  • no mercado local. A anlise considerou que uma garrafa retornvel reutilizvel

    20 vezes. A Figura 11 mostra o ciclo de vida das garrafas de PET na Colmbia.

    Retorno

    Etiqueta Tampa

    Impresso

    Injeo Injeo

    SoproSopro

    InjeoInjeo

    PET PE PVC PP

    Fim de Vida

    Consumo

    Distribuio

    Engarrafamento

    Figura 11 - Anlise do Ciclo de Vida de Garrafas PET na Colmbia Fonte: HOOF, 2000

    O resultado desta ACV mostra que a embalagem no retornvel tem maiores

    impactos ambientais em comparao com a retornvel, conforme Figura 12.

    Para 1000 L de bebida gaseificada engarrafada (unidade funcional) se requerem

    750 garrafas no retornveis. No sistema retornvel necessita-se de 38

    embalagens (cada garrafa retornvel se reutiliza aproximadamente 20 vezes).

    37

  • Legenda: Bot = garrafa solid = slidos pesticid. = pesticidas PETNR = PET no retornvel ozone = oznio h. metals = metais pesados PETR = PET retornvel w. smog / s. smog = oxidantes

    fotoqumicos energy = energia

    greenh. = efeito estufa acidif = acidificao carcin. = carcinognicos eutroph. = eutrofizao Figura 12 - Comparao de ciclo de vida de garrafas retornveis vs. no retornveis Fonte: HOOF, 2000 Para a retornvel, a Figura 13 mostra que a etapa com maior impacto o

    transporte, seguido das etapas de matria prima e produo. A prioridade de cada

    etapa de distribuio e uso se aplica ao transporte do sistema retornvel , onde

    cada garrafa realiza dois trajetos 20 vezes. A mesma forma de garrafa

    submetida a um processo de lavagem 20 vezes. A no retornvel, a prioridade se

    encontra na matria prima, seguida pelas etapas de produo, distribuio, uso e

    reciclagem. Isto se deve a quantidade de material que se deseja para produo

    das embalagens necessrias para engarrafar 1000 L de bebida gaseificada. O fim

    de vida (impactos no aterro sanitrio) no se identifica como etapa prioritria

    quando se considera todo o ciclo de vida da embalagem, pois os impactos

    ambientais ao longo da cadeia produtiva so bem maiores.

    38

  • Figura 13 - Comparao das fases do ciclo de vida do PET Fonte: HOOF, 2000 Esta ACV mostra que o impacto ambiental da garrafa retornvel menor que a

    no retornvel, principalmente pela diminuio da extrao de matria prima, uma

    das etapas prioritrias do ciclo de vida da garrafa PET (HOOF, 2000).

    O prximo captulo apresenta o levantamento da cadeia produtiva do PET na

    Regio Metropolitana de Salvador.

    39

  • 5. CADEIA PRODUTIVA DA EMBALAGEM DE PET NA RMS Este captulo descreve os principais processos da cadeia produtiva do PET na

    RMS5 e aponta os dados ambientais de forma qualitativa.

    As tendncias em materiais de embalagem nos segmentos de bebidas esto

    voltadas para a reduo de peso mantendo o mesmo desempenho. A partir de

    1993 verificou-se no Brasil mudanas no consumo de embalagens retornveis de

    vidro pelas descartveis de PET no segmento de refrigerantes carbonatados,

    devendo segundo estimativas, crescer nos prximos anos. Trata-se de uma

    mudana devido a baixa demanda pelas embalagens de vidro que no vem

    apresentando viabilidade econmica segundo as indstrias engarrafadoras de

    bebidas (ANJOS, 2001).

    Na produo de plsticos as empresas de primeira gerao so as fabricantes de

    matrias primas, como o etileno e para-xileno. As de segunda gerao so

    representadas pelo setor de resinas plsticas e o segmento de terceira gerao

    pelas indstrias de transformao, que fabricam os produtos para o consumidor

    final.

    A partir da nafta - uma frao lquida do petrleo - so gerados produtos bsicos

    como eteno e para-xileno que constituem as matrias-primas da segunda gerao.

    Atravs de processos de purificao e adio de outros materiais produzem-se as

    resinas plsticas, como o Polietileno Tereftalato.

    5 A Regio Metropolitana de Salvador constituda por 10 municpios, so eles: Salvador, Candeias, Simes Filho, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Itaparica, Vera Cruz, Camaari, Dias dvila e So Francisco do Conde (BASE CARTOGRFICA..., 1999). (Ver mapa da RMS no anexo 8.1 ).

    40

  • Os dados da cadeia produtiva da garrafa de PET so apresentados a seguir. Os

    processos de fabricao com seus respectivos fluxogramas tambm so

    descritos.

    5.1 - Cadeia Produtiva do PET na RMS

    A cadeia produtiva da embalagem de refrigerante de PET na Regio

    Metropolitana de Salvador engloba desde a extrao da matria-prima at a

    disposio final. Conforme descrito na Figura 14 e Anexo 8.2, as etapas so:

    extrao e refino do petrleo, processos de obteno do etileno e para-xileno,

    etileno glicol, dimetil tereftalato, polietileno tereftalato, processos de

    transformao da resina, moldagem por injeo e sopro, engarrafamento do

    refrigerante, comercializao, uso, coleta seletiva e disposio final. Na coleta

    seletiva o material repassado para intermedirios e vendido para outros estados

    para se fazer a sua reciclagem.

    As empresas da primeira e segunda gerao do PET, se localizam no Plo

    Petroqumico de Camaari (Figura 15). As da terceira gerao localizam-se nos

    municpios de Simes Filho, no Centro Industrial de Aratu, e em Salvador, no

    bairro de Piraj.

    Matria - prima

    O processo inicia-se com a extrao e o refino de petrleo de onde se produz a

    nafta, que segue para ser manufaturada e atravs de processos petroqumicos

    distintos obtm-se os produtos eteno e para-xileno. O eteno segue para fabricao

    do etileno glicol e o para-xileno para formao do dimetiltereftalato. O etileno glicol

    e o dimetiltereftalato seguem para produtora do PET.

    Moldagem das garrafas

    Os produtores de garrafas compram o PET virgem no produtor local. A resina

    sofre um processo de injeo na qual se obtm a pr-forma da garrafa.

    41

  • me

    petrleo

    etileno

    para-xileno

    tanol

    PET - Pellets

    Resduos (pr-formas defeituosas)

    pr-formas

    garrafas

    pos de Transporte: =oleoduto / tubovia

    =Rodovirio

    Figura 14 - Cadeia produtiva do PET na RMS

    nafta

    garrafas envasadas

    etileno glicol

    5.2.1 Extrao de Petrleo

    5.2.10.2Consumidor

    5.2.10.3Disposio Final(aterro sanitrio)

    5.2.8.1 Moldagem por injeo

    5.2.10.5Intermedirio

    5.2.2Refino do Petrolo (nafta)

    5.2.9Engarrafamento

    5.2.10.4Coleta seletiva

    5.2.10.6Reciclagem

    5.2.5Processo do etileno

    glicol

    5.2.3 Processo do etileno

    5.2.4Processo do para-

    xileno

    5.2.6Processo do DMT

    5.2.7Polimerizao do PET

    5.2.8.2Moldagem por

    Injeo

    5.2.10

    5.2.10.1Comercializao

    Ti

    42

  • Engarrafamento

    Os fabricantes de refrigerante compram as pr-formas de PET para serem

    transformadas na forma final, atravs do processo de sopro. Em seguida passam

    pelo processo de engarrafamento do refrigerante para serem comercializados.

    Comercializao

    A comercializao do refrigerantes se faz atravs de distribuidores, redes de

    supermercados e outros postos de vendas.

    Uso

    O consumidor compra o refrigerante e faz o descarte da garrafa.

    Coleta seletiva

    As garrafas de PET so coletadas porta a porta pela Cooperativa de Agentes

    Autnomos de Reciclagem - COOPCICLA, em 14 bairros de Salvador. Na sede

    so prensadas com rtulo e armazenadas em fardos.

    Aterro final

    A maioria das embalagens tem como destino final o aterro sanitrio.

    Intermedirios

    Compram os fardos da COOPCICLA, prensam com equipamentos de maior

    capacidade e vendem para outras cidades do Brasil. Outras fontes so os refugos

    de pr-formas e garrafas oriundas das empresas de moldagem.

    43

  • Figura 1 - Localizao das empresas de primeira e segunda gerao do PET no Plo Petroqumico de Camaari

    PROPPET - Empresa produtora de DMT e PET

    OXITENO - Empresa produtora do etileno glicol

    COPENE - Empresa produtora do etileno e para-xileno

    Fonte: Material publicitrio da COPENE, 2000

    44

  • A seguir cada etapa do ciclo ser detalhada. 5.2 - Descrio da Cadeia Produtiva Na descrio da cadeia produtiva do PET algumas etapas so relatadas de

    maneira sucinta, por no fazer parte do escopo deste estudo,

    um maior detalhamento.

    5.2.1 - Extrao do Petrleo

    A perfurao e extrao de petrleo pode ser em terra (onshore) e no mar

    (offshore). A principal diferena na perfurao entre elas est na distribuio dos

    equipamentos de perfurao, layout da sonda e no apoio logstico. Em terra os

    equipamentos so montados em volta da boca do poo, previamente preparado

    para receber a sonda; no mar, os equipamentos so dispostos sobre uma

    plataforma, com diferentes caractersticas, dependendo da profundidade e das

    condies martimas. No mar devido as condies de transporte areo e martimo,

    do pessoal e material, do uso das instalaes fixas e de equipamentos mveis

    para diversas finalidades, os custos so maiores.

    Previses indicam que no futuro para cada barril de petrleo descoberto em terra

    firme, dois sero no mar (NEIVA, 1993). No caso do estado da Bahia a maior parte

    da explorao se d em terra (ANP, 2000).

    .

    5.2.2 - Refino do Petrleo O petrleo, para que tenha seu potencial energtico aproveitado, deve ser

    desdobrado em cortes de faixas de ebulio caractersticas, denominadas fraes.

    Assim o leo bruto submetido ao processo de destilao. A Figura 16 ilustra as

    etapas do processo de refino de petrleo.

    A destilao um processo fsico de separao, baseado na diferena de pontos

    de ebulio entre compostos coexistentes numa mistura lquida. O ponto de

    ebulio do hidrocarboneto aumenta com o crescimento de seu peso molecular.

    Assim, variando-se as condies de aquecimento de um petrleo, possvel

    45

  • vaporizar-se compostos leves, intermedirios e pesados, que podem ser

    separados para posterior condensao.

    O processo de destilao tem incio com o bombeamento contnuo de petrleo

    frio atravs de vrios trocadores de calor, onde o leo frio progressivamente

    aquecido ao mesmo tempo que resfria os produtos acabados que deixam a

    unidade. O conjunto de permutadores de calor dessa seo conhecido como

    bateria de pr-aquecimento.

    Antes do petrleo ser enviado seo de fracionamento, dever passar pela

    dessalgadora (ou dessalinizadora), para a remoo de sais, gua e suspenso de

    partculas slidas, permitindo uma maior flexibilidade operacional em relao aos

    tipos de petrleo processados.

    O processo de dessalgao acontece quando o leo cru pr-aquecido recebe uma

    corrente de gua de processo para misturar com a gua residual, sais e slidos

    presentes no cru. Uma vlvula misturadora provoca o ntimo contato entre a gua

    injetada com os sais e sedimentos. A seguir a mistura de petrleo, gua e

    impurezas, penetra no vaso de dessalgao caminhando atravs de um campo

    eltrico de alta voltagem.

    O petrleo dessalgado flui pelo topo do tambor e continua seu fluxo dentro da

    unidade, enquanto a salmoura formada (gua, sais e sedimentos)

    continuamente descartada do vaso de dessalgao.

    Na sada dos fornos, com a temperatura prxima de 4000C, boa parte do petrleo

    se encontra vaporizado, e nestas condies a carga introduzida na torre de

    destilao.

    O ponto de entrada conhecido como zona de vaporizao ou zona de flash, e

    o local onde ocorre a separao do petrleo em duas correntes: uma constituda

    de fraes vaporizadas que sobe em direo ao topo da torre, e outra lquida que

    desce em direo ao fundo. Quanto mais prximo ao topo as temperaturas so

    menores. Os hidrocarbonetos cujos pontos de ebulio so maiores ou iguais

    temperatura de uma determinada bandeja, a ficam retidos, enquanto a parte

    46

  • restante prossegue em direo ao topo at encontrar outra bandeja, mais fria,

    onde o fenmeno se repete.

    Os componentes mais leves da carga, que no se condensam em nenhum prato,

    saem pelo topo e so condensados em trocadores de calor fora da torre, e o

    lquido depois de resfriado, recolhido num tambor de acmulo.

    Uma torre de destilao de petrleo que trabalha em condies prximas da

    atmosfricas tem como produtos laterais o leo diesel, o querosene e a nafta

    pesada.

    A torre de pr-fracionamento (pr-flash) utilizada quando se deseja ampliar a

    carga de uma unidade de destilao. Esta torre retira do petrleo os cortes mais

    leves (GLP e nafta leve), permitindo desta forma ampliar a carga total da unidade

    ou dimensionar-se os fornos e o sistema de destilao atmosfrica de menor

    tamanho (ABADIE, ....).

    A nafta leve e a pesada so enviadas como nafta bruta para as petroqumicas

    onde serviro como matria prima para a produo do etileno e o para-xileno, as

    outras unidades que compem o sistema de produo do PET. A

    Tabela 6 descreve qualitativamente as entradas e sadas do processo do etileno.

    47

  • Figura 16 - Processo de Refino do Petrleo

    Ret

    if.

    Forno

    Dessalinizao e pr-aquecimento

    Des

    tila

    o a

    tmos

    fri

    ca

    pr-

    frac

    iona

    men

    to

    Des

    tila

    o a

    vc

    uo

    Est

    abili

    za

    o

    resduo de vcuo

    gasleo pesado

    gasleo leve

    diesel pesado

    diesel leve

    querosene

    nafta pesada

    nafta leve

    GLP

    Ret

    if.

    Ret

    if.

    Petrleo

    Fonte: ABADIE.....

    48

  • Tabela 6 - Descrio qualitativa das entradas e sadas do processo de refino de petrleo

    PROCESSO: Refino de Petrleo

    ENTRADAS DE MATRIAS-PRIMAS SADAS

    Petrleo bruto

    Nafta, querosene, diesel, gasleo

    gua Efluentes lquidos

    Emisses atmosfricas

    Resduos slidos

    OUTRAS ENTRADAS Comentrios:

    ENTRADA DE ENERGIA

    FONTES ENERGTICAS

    Gs e leo combustvel Energia Trmica

    TRANSPORTES

    ATIVIDADES

    DE TRANSPORTES

    Meio (rodovirio, ferrovirio, martimo)

    DISTNCIA (km) CARGA (t)

    Nafta tubovia 33 (entre as empresas

    produtoras e

    consumidoras de nafta)

    49

  • 5.2.3 - Processo do Etileno

    A nafta bruta, utilizada como matria prima na produo de todos os

    petroqumicos bsicos incluindo-se o etileno, uma mistrura de hidrocarbonetos

    cujo ponto inicial de destilao situa-se em torno de 30 oC e final a 200 oC. A

    Figura 17 ilustra o processo de obteno do etileno.

    Em alguns processos h uma segregao em leve, mdia e pesada atravs da

    diferena de temperatura onde a frao leve a corrente que destila entre 30 e

    80 oC, a mdia entre 80 e 140 oC e a pesada acima de 140 oC. Essa separao se

    faz para otimizar a fase seguinte (craqueamento) pois dos trs tipos de estruturas

    qumicas nela contida, parafinas, ciclo-parafinas e aromticas, esta ltima que

    possui ponto de destilao entre 80 e 140 oC altamente estvel em presena de

    calor, diminuindo assim o rendimento na produo do etileno. Essa corrente, nafta

    mdia, tima carga para a produo de correntes aromticas (benzeno, tolueno

    e xilenos) enquanto que as duas outras, leve e pesada, so timas matrias-

    primas para a produo do etileno.

    Na etapa de craqueamento, a nafta bruta aquecida previamente por correntes

    de processos e alimentada junto com outra corrente de vapor d'gua, cujo objetivo

    diminuir a presso parcial da nafta nos fornos de craqueamento, atingindo a

    temperatura aproximada de 830 oC. Imediatamente aps deixarem os fornos

    essas correntes so resfriadas em trocadores de calor para 400 oC interrompendo

    a reao de quebra das molculas e em seguida para 200 oC, indo para a etapa

    seguinte que o fracionamento primrio. Concentra-se na rea dos fornos o maior

    consumo de energia de uma planta petroqumica, atravs do consumo de gs

    combustvel oriundo do prprio processo. Consequentemente essa rea a maior

    fonte de emisso atmosfrica (Dixido de Carbono -CO2, xido de Nitrognio -

    NOx, Dixido de Enxofre - SO2, Material Particulado - MP, Hidrocarbonetos - HC e

    Monxido de Carbono - CO). Uma grande quantidade de efluente lquido tambm

    se d em fases de decoqueamento (limpeza interna com vapor e ar) das

    serpentinas desses fornos. Parte desse vapor condensado e descartado em alta

    vazo atravs do sistema de efluente lquido.

    50

  • No fracionamento primrio a corrente a 200 oC alimentada na fracionadora de

    gasolina cujo objetivo separar em trs fraes: A de fundo (resduo de pirlise),

    a retirada lateralmente (gasleo) e a de topo (vapor d'gua, frao leve e

    gasolina). Na frao de resduo de pirlise concentram-se os compostos mais

    pesados e polmeros formados no craqueamento. Esse circuito possui um sistema

    de filtros onde se retira as impurezas, sendo portanto a principal fonte de gerao

    de resduos slidos, classificados como Classe I (resduos perigosos). A retirada

    lateral, gasleo, incorporada a outras correntes que formaro subprodutos e a

    de topo segue para a fracionadora seguinte, a Torre de Quench. Na frao de

    fundo dessa torre so condensadas as correntes de vapor d'gua sendo uma

    pequena parte dela descartada gerando efluente contaminado com HC.

    Dessa fracionadora retirada a frao de gasolina para as unidades de

    aromticos e na frao de topo so recuperadas as correntes de hidrocarbonetos

    leves onde se encontra o etileno, tambm chamado de gs de carga.

    A corrente do gs de carga alimentar o sistema de compresso, onde atravs de

    resfriamento e variao de presso sero condensados a gua e gasolina

    remanescente. As correntes de hidrocarbonetos que permanecerem na fase

    gasosa passaro por secadores retirando a umidade para evitar a formao de

    hidratos na fase seguinte que ser a separao do etileno.

    Na primeira fase de separao do etileno a corrente passa por uma fracionadora

    (Demetanizadora) onde retira-se o hidrognio e o metano. A corrente

    remanescente segue para a fracionadora seguinte (Deetanizadora), onde a frao

    de fundo composta por substncias mais pesadas que o etileno (propileno

    propanos, butanos). A do topo o etileno.

    51

  • Vapor d'gua

    nafta

    gs combustvel

    FornoFracionamento

    primrio compresso

    mistura de hidrocarbonetose gs de carga

    Sepa

    ra

    o m

    etan

    o /

    H2

    H2

    CH4

    mistura de hidrocarbonetos

    (s/ gua e gasolina)

    gasolina

    gua mistura de

    hidrocarboneto(C2 a C4)

    Dee

    tani

    zado

    o s

    conversoacetileno

    Fracionadora

    etan

    o,

    eten

    o e

    acet

    ileno

    gasleo, resduo de pirlise e

    resduos perigosos

    gua

    etileno

    etano

    ra

    utro

    Dee

    tani

    zado

    ra

    Figura 17 Processo de obteno do etileno Fonte: TANIMOTO, 1988

    52

  • A ltima etapa consiste na purificao da corrente de etileno, onde traos de

    acetilenos so convertidos para etilenos ao passar por um conversor. Na ltima

    fracionadora retirada uma corrente concentrada de etano que retorna para ser

    realimentada nos fornos como matria prima. A corrente de topo dessa

    fracionadora (fracionadora de etileno) est com a pureza elevada e pronta para

    ser consumida pelos clientes (TANIMOTO, 1988).

    O etileno enviado para outra empresa onde servir como matria prima para a

    produo do etileno glicol.

    A Tabela 7 descreve qualitativamente as entradas e sadas do processo do etileno. 5.2.4 - Processo do Para-xileno

    O para-xileno tambm chamado de dimetil benzeno, xilol e metil tolueno.

    A corrente de nafta mdia, anteriormente citada, rica em aromticos e naftnicos,

    processada em uma unidade de reforma cataltica com o objetivo de aumentar a

    concentrao dos compostos aromticos. Aps uma separao usando destilao

    extrativa, obtm-se uma corrente rica em benzeno, tolueno, xilenos e etilbenzeno,

    que vai ser matria prima para a produo do para-xileno. Essa corrente passa

    pelo primeiro processo de destilao saindo no topo uma corrente rica em para-

    xileno, meta-xileno e etilbenzeno. A corrente de fundo saem o orto-xileno e

    correntes mais pesadas (C9+). A mistura de para-xileno, meta-xileno e etilbenzeno

    passa pelo processo de adsoro, separando o para-xileno dos demais

    componentes. Neste processo usado um adsorvente que posteriormente

    facilmente separado do para-xileno e recuperado para novamente ser usado no

    processo, enquanto o produto final armazenado e enviado aos clientes.

    Para a otimizao do processo, a corrente de meta-xileno e etilbenzeno passa por

    um reator com o objetivo converter mais para-xileno que retornado a carga da

    sua unidade.

    Neste processo existem fornos que consomem gs combustvel e leo. Gera-se

    53

  • Tabela 7 - Descrio qualitativa das entradas e sadas do processo do etileno

    PROCESSO: Etileno Capacidade de Produo: 1.200.000 ton/ano

    ENTRADAS DE MATRIAS-PRIMAS SADAS

    Nafta etileno

    Vapor de gua Etano, hidrognio, metano, propeno, GLP,

    butano, gasolina

    gua de refrigerao Resduo de pirlise

    Utilidades (ar comprimido, nitrognio, etc) Efluente contaminado, emisses atmosfricas e

    resduos

    OUTRAS ENTRADAS Comentrios:

    ENTRADA DE ENERGIA

    FONTES ENERGTICAS

    Gs combustvel (metano) Emisses atmosfricas

    Energia Eltrica

    Vapor d'gua com alta presso Vapor d'gua de baixa presso

    ATIVIDADES

    DE TRANSPORTES (por t)

    Meio (rodovirio, ferrovirio, martimo)

    DISTNCIA (km) CARGA (t)

    Etileno tubovia 1 (entre a empresa

    produtora de etileno e a

    de etileno glicol)

    54

  • ao final de uma campanha catalisadores, adsorventes usados, argilas e peneira

    molecular e, durante o processo, emisses fugitivas, emisses atmosfricas,

    efluentes contaminados e resduos slidos (TANIMOTO,1998).

    O para-xileno enviado para outra empresa onde servir como matria prima

    para a produo do polietileno tereftalato. A Tabela 8 descreve qualitativamente

    as entradas e sadas do processo do para-xileno.

    Tabela 8 - Descrio qualitativa das entradas e sadas do processo do para-xileno

    PROCESSO: para-xileno Capacidade de Produo: 230.000 t/ano

    ENTRADAS DE MATRIAS-PRIMAS SADAS

    Nafta Para-xileno

    Vapor de gua Solventes

    gua de refrigerao

    Utilidades (ar comprimido, nitrognio, etc) Efluente contaminado, emisses atmosfricas e

    resduos

    OUTRAS ENTRADAS Comentrios:

    ENTRADA DE ENERGIA

    FONTES ENERGTICAS

    Energia Eltrica, gs e leo combustvel

    Vapor d'gua com alta presso Vapor d'gua de baixa presso

    TRANSPORTES

    ATIVIDADES

    DE TRANSPORTES (por t)

    Meio (rodovirio, ferrovirio, martimo)

    DISTNCIA (km) CARGA (t)

    Para-xileno tubovia 1 (entre a empresa

    produtora de para-

    xileno e a de dimetil-

    tereftalato)

    55

  • 5.2.5 - Processo do Etileno Glicol

    O monoetilenoglicol (MEG) o mais simples dos etilenoglicis

    e produzido pela reao de gua com xido de etileno.

    xido de etileno um dos mais importantes derivados do

    etileno, produzido a partir da sua reao com o oxignio por

    processo de oxidao cataltica. Segue a reao qumica.

    O

    H2C = CH2 + 1/2 O2 H2C - CH2 Etileno xido de etileno Etileno glicol um consumidor de xido de etileno. A

    maioria das plantas de etileno glicol e xido de etileno

    esto localizadas no mesmo site, minimizando assim o

    armazenamento e transporte. Outras denominaes dadas a este

    produto so: monoetilenoglicol, etilenoglicol, glicol

    etilnico e 1,2-etanodiol.

    O

    H2C - CH2 + H2O HO-CH2 -CH2 -OH

    xido de etileno gua

    MEG

    Os etilenoglicis so lquidos lmpidos, incolores, inodoros

    e miscveis com gua em qualquer proporo. MEG empregado

    na sntese do polietileno tereftalato (PET).

    As reaes de processo do etileno glicol so fortemente exotrmicas e so

    realizadas na fase lquida. No se utiliza catalisador, a presso do reator 1,76

    kgf/cm2, a uma temperatura de 2000C, e tempo de residncia de 1 hora

    (OXITENO, 2001; SRI, 1997).

    56

  • 5.2.6 - Processo do Dimetiltereftalato (DMT)

    O dimetiltereftalato (DMT) um dos produtos utilizados na fabricao do

    polietileno tereftalato.

    A empresa localizada na Bahia a nica produtora nacional de DMT. A maior

    parte da produo consumida no mercado interno para produzir o PET.

    O processo de obteno de DMT com pureza superior a 99.9% a partir de p-xileno

    dividido nas etapas abaixo e ilustrado na Figura 18 :

    5.2.6.1 Oxidao

    5.2.6.2 Esterificao

    5.2.6.3 Destilao de ster Cru

    5.2.6.4 Cristalizao

    5.2.6.5 Destilao de DMT

    5.2.6.6 Escamao e Ensacamento

    O p-xileno e o metanol so as matrias primas utilizadas no processo do DMT. Os

    subprodutos do processo, uma frao de resduo utilizado como combustvel

    em fornos e uma corrente de benzoato de metila (BME) pode ser comercializada

    ou usada como combustvel. No processo tambm se obtm uma corrente de

    gua cida gerada na etapa de oxidao que depois de neutralizada enviada

    para a central de tratamento de efluentes do plo petroqumico.

    5.2.6.1 - Oxidao

    O processo consiste na oxidao de uma mistura de p-xileno e de p-toluato de

    metila (PTE) que reciclado de vrias sees do processo, com ar na presena

    de catalisadores. A reao ocorre em dois sistemas paralelos, cada um com trs

    reatores de coluna de borbulhamento em srie.

    57

  • As reaes ocorrem a uma presso de 6 kgf/cm2 e a 160 0C. O calor gerado

    utilizado na produo de vapor de 0,3 e 2,5 kgf/cm2.

    As principais reaes so :

    Oxidao de p-xileno

    Oxidao de pt-ster

    CH3 + 1.5 O2 --------> . + H2O cido p-tolico

    COOH

    CH3

    CH3

    p-xileno

    + 1.5 O2 -------> + H2O

    CH3

    COOCH3 COOCH3

    COOH

    p-toluato de metila (pte) cido monometilester tereftlico

    Oxidao de p-xileno + 3 O2 --------> + 2H2O

    COOH

    COOH CH3

    CH3

    p-xileno cido tereftlico

    O p-xileno no reagido retorna ao tanque alimentador e depois alinhado para os

    reatores de oxidao e a gua cida removida na s o de destilao de

    efluentes. No topo obtm-se uma frao de gua com m

    seo de recuperao de metanol, e no fundo o efluente aq

    e

    etanol, que vai para a

    uoso.

    58

  • 5.2.6.2 - Esterificao O DMT obtido nesta etapa a partir da reao dos cidos tereftlico e

    monometilester tereftlico (MMT) com metanol. O cido p-tolico, tambm

    formado na oxidao, esterificado a p-toluato de metila (PTE) que reciclado

    para a oxidao via destilao de ster cru.

    As reaes ocorrem a 250 0C e 25 kgf/cm2 com excesso de metanol em duas

    colunas de pratos.

    5.2.6.3- Destilao de ster cru

    A corrente de ster cru, que obtida no fundo das colunas esterificadoras,

    consiste de PTE, DMT e resduos (produtos de alto ponto de ebulio).

    A separao se d em duas colunas que operam a vcuo. O PTE recuperado

    reciclado oxidao, o DMT enviado para a cristalizao e o resduo

    encaminhado seo de recuperao do catalisador.

    5.2.6.4 - Cristalizao O principal objetivo desta etapa a purificao de DMT cru, atravs da sua

    cristalizao sucessiva em dois estgios na presena de metanol.

    O DMT juntamente com os ismeros e impurezas so totalmente dissolvidos em

    metanol. Com a diminuio da temperatura, por ser ele menos solvel no metanol

    que as impurezas, torna-se possvel a obteno de cristais de DMT de alta pureza.

    A corrente de metanol contendo os ismeros de DMT e outras impurezas,

    chamada de Filtrado, enviada para ser destilada obtendo-se no topo o metanol

    puro que enviado ao tanque de metanol e no fundo uma mistura de steres que

    59

  • recirculada para a oxidao ou para a esterificao .

    60

  • Destilao deEster

    Escamaoe

    Ensacamento

    p-Xileno

    Catalisador

    PTE

    Ar

    FILTRADO

    RESDUO

    BMEAR

    EXAUSTO

    METANOL

    CristalizaoEsterificao Lquido

    Escama

    DMT

    Oxidao

    gua cidapara

    Tratamento

    Metanol

    Destilao doDMT

    Figura 18 - Processo de obteno do DMT Fonte: PROPPET, 2001

    61

  • 4.3.6.5 - Destilao do DMT

    A purificao do DMT completada com mais uma destilao, obtendo-se no topo

    o DMT purssimo e no fundo uma mistura de DMT com impurezas que

    recirculada para a etapa de destilao de ster cru.

    5.2.6.6 - Escamao e ensacamento

    A grande maioria do DMT produzido na planta, vendido na forma lquida, para a

    produo de PET e fibra. A outra parte, em escamas, comercializada na forma

    slida (PROPPET, 2001)

    Durante o processo de obteno do DMT geram-se efluente lquido (orgnico e

    inorgnico), resduos slidos e emisses atmosfricas.

    A Tabela 9 ilustra as entradas e sadas qualitativas do processo do DMT. A planta de DMT e a do processo de PET so interligadas.

    62

  • Tabela 9 - Descrio qualitativa das entradas e sadas do processo do dimetil tereftalato

    PROCESSO: DIMETIL TEREFTALATO Produo: 78.120 t/ano (Base: ano 2000)

    ENTRADAS DE MATRIAS-PRIMAS SADAS

    Para-xileno DMT

    Metanol

    gua Efluente Lquido (orgnico e inorgnico)

    Emisses Atmosfricas

    Resduos

    OUTRAS ENTRADAS Comentrios:

    ENTRADA DE ENERGIA

    FONTES ENERGTICAS

    Energia Eltrica

    TRANSPORTES

    ATIVIDADES

    DE TRANSPORTES (por t)

    Meio (rodovirio, ferrovirio, martimo)

    DISTNCIA (km) CARGA (t)

    DMT

    Planta interligada com

    a de PET

    63

  • 5.2.7 - Processo de Polimerizao do Polietileno Tereftalato (PET)

    O Polietileno Tereftalato (PET) aqui descrito, grau garrafa, forma-se a partir dos

    monmeros Dimetil Tereftalato (DMT) e Etileno Glicol (EG), atravs de

    transesterificao, para formar o Dihidroxetileno Tereftalato (DHET) que um

    monmero do PET. A reao ocorre na presena de um catalisador e liberao

    de metanol (MEOH). O excesso de glicol presente no DHET removido

    posteriormente na reao de policondensao .

    DHET

    +

    DMT

    O -C-O-CH3

    O CH3-O-C- + 2 HO-CH2-CH2-OH 2 CH3-OH

    EG Metanol

    O -C-O-CH2-CH2-OH O

    HO-CH2-CH2-O-C-

    No monmero puro (DHET) tem-se n igual a 1, o qual aumentado em

    aproximadamente 80 vezes para se obter a cadeia final do PET. O fator n

    referido como grau de polimerizao.

    5.2.7.1 - As fases do processo de polimerizao so:

    5.2.7.1.1 - Polimerizao na Fase Fundida (Melt-Phase) - onde produzido o pellet amorfo (Figura 19).

    5.2.7.1.2 - Polimerizao no Estado Slido (SSP) - onde produzido o pellet semi-cristalino (Figura 20).

    64

  • Figura 19 - Polimerizao na Fase Fundida Fonte: PROPPET, 2001

    EG Catalisador

    Transesterificao.

    SILO

    Blender de Chip amorfo

    Ar

    Ar

    PARA SSP

    Class.

    Chipers

    Filtros de Polmeros

    Finalizador.

    Monmero

    UFPP

    EG

    EG

    METANOL

    ADITIVOS

    DMT

    Adio de catalisador

    Adio do co-monomero

    65

  • SILO DEALIM.

    Pr-cristalizadorDespoeirador

    Primeiro Cristalizador

    Segundo Cristalizador

    REATOR DA NPU

    LeitoFluidizado

    Ar

    ArPET

    PET

    N2 Fresco

    Ar

    N2

    N2

    SECADORDA NPU

    N2

    N2

    N2

    N2

    N2

    N2

    N2

    N2

    REATOR

    Figura 20 - Polimerizao no Estado Slido Fonte: PROPPET, 2001

    66

  • 5.2.7.1.1 - Polimerizao na Fase Fundida (Melt-Phase) - (Polimerizao Contnua - CP):

    Transesterificao - Ocorre a reao do DMT com EG, formando o

    monmero DHET, com liberao de metanol, em coluna reativa com 23 pratos

    valvulado. O EG catalilisado alimentado no prato 18, a 140 0C, e DMT no

    prato 16, a 170 0C. O metanol do processo reutilizado na produo de DMT

    na planta existente ou diretamente vendido.

    A policondensao para formar o polmero PET ocorre em dois equipamentos:

    Pr-polimerizador de Fluxo Ascendente (UFPP) - Possui 16 pratos

    especialmente projetado e um pr-aquecedor no fundo. Opera sobre vcuo,

    pois necessrio remover o excesso de EG para continuar com a reao de

    polimerizao.

    Reao:

    nDHET nPET + (n-1)EG

    O -C - O-CH2-CH2-OH O

    H - O-CH2-CH2-O-C-

    Finalizador - um vaso encamisado montado horizontalmente. Possui um

    agitador especialmente projetado para promover a transferncia de massa,

    gerando uma larga rea superficial no polmero por evoluo de EG.

    O processo completo de Polimerizao Contnua dura cerca de 4 horas

    aproximadamente: 1 hora no transesterificador, 1 hora no pr polimerizador de

    fluxo ascendente e 2 horas no finalizador.

    67