ESTUDO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE UM … · EVAPORATIVO DIRETO POR ASPERSÃO TAUBATÉ – SP...

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1 UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Gilberto Elias da Silva ESTUDO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE UM CONDICIONADOR DE AR POR COMPRESSÃO DE VAPOR INTEGRADO A UM SISTEMA DE RESFRIAMENTO EVAPORATIVO DIRETO POR ASPERSÃO TAUBATÉ – SP 2012

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Gilberto Elias da Silva

ESTUDO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE UM

CONDICIONADOR DE AR POR COMPRESSÃO DE VAPOR

INTEGRADO A UM SISTEMA DE RESFRIAMENTO

EVAPORATIVO DIRETO POR ASPERSÃO

TAUBATÉ – SP

2012

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Gilberto Elias da Silva

ESTUDO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE UM

CONDICIONADOR DE AR POR COMPRESSÃO DE VAPOR

INTEGRADO A UM SISTEMA DE RESFRIAMENTO

EVAPORATIVO DIRETO POR ASPERSÃO

TAUBATÉ – SP 2012

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade de Taubaté Área de Concentração: Projeto Mecânico - Energia Orientador: Professor Dr. José Rui Camargo

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GILBERTO ELIAS DA SILVA

ESTUDO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE UM CONDICIONADOR DE AR POR

COMPRESSÃO A VAPOR INTEGRADO A UM SISTEMA DE RESFRI AMENTO

EVAPORATIVO DIRETO POR ASPERSÃO

Data:

Resultado: _____________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. José Rui Camargo Universidade de Taubaté

Assinatura ____________________

Prof. Dr. Sebastião Cardoso Universidade Estadual Paulista

Assinatura _______________________

Prof. Dr.Carlos Alberto Chaves Universidade de Taubaté

Assinatura _______________________

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade de Taubaté Área de Concentração: Projeto Mecânico - Energia Orientador: Professor Dr. José Rui Camargo

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A minha mãe, Theresinha que tanto se dedicou

para minha educação, construindo os alicerces da

realização deste sonho.

MINHA ETERNA HOMENAGEM

Dedico este trabalho a todos que me

apoiaram e me incentivaram.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Theresinha Marcelina da Silva e Vercedino Oliveira da Silva pelo amor,

carinho e orientação na vida, que me permitiram chegar até aqui.

À minha esposa Rosane Viccari pelo amor, cumplicidade, apoio, carinho, paciência e

incentivo.

Aos meus irmãos Claudia e Paulo pelo amor, cuidado e incentivo.

Ao Prof. Dr. José Rui Camargo pela paciência na orientação, ajuda incondicional e

exemplo de inspiração incessante para os trabalhos de pesquisa na área de Energia.

Ao Prof. Dr. Carlos Alberto Chaves, pela orientação, incentivo e exemplo de dedicação

e humildade.

Ao Prof. Dr. Ederaldo Godoy Júnior pelo incentivo nos trabalhos do INIC e conselhos,

um grande exemplo de pessoa batalhadora.

Ao Prof. Dr. Álvaro Azevedo Cardoso, pelos conselhos, ensinamentos e exemplos de

dedicação, competência e humildade.

Ao Prof. Dr. Sebastião Cardoso membro da banca, pelas belas palavras ditas em minha

qualificação, pela orientação e incentivo.

Assim como a todos aqueles Professores da Graduação e do Programa de Pós-

Graduação da Unitau, pelo entusiasmo e apoio ao lecionar.

Ao meu Gerente de Projetos Arthur Ciscato Ferreira da HITACHI, que apoiou essa

pesquisa e acreditou na realização desse trabalho, o meu eterno agradecimento.

Ao amigo no trabalho Ademilson Xavier por seu incentivo e auxílio.

Aos amigos da faculdade André Barra, Antônio Eduardo e Claudio Faria pelo

companheirismo, amizade e apoio.

Aos amigos Renato Braga e Solange, Antônio Aleixo e Paula, Márcio Cordeiro e Ana,

Seu Chico e Dona Teresinha que se constituíram uma extensão de minha família e

foram responsáveis pelos momentos sublimes de descontração e alegrias.

Sobretudo a DEUS que propiciou tudo isso em harmonia, por ter me rodeado de

pessoas de tão alta estima e permitiu que meus esforços tivessem êxito.

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SILVA, G. E. Estudo da eficiência energética de um condicionador de ar por

compressão de vapor integrado a sistemas de resfriamento evaporativo direto por

aspersão. 2012. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Universidade

de Taubaté – UNITAU, Taubaté – SP

RESUMO

Este trabalho apresenta o resultado do estudo realizado sobre o ganho energético do

emprego integrado do sistema de resfriamento evaporativo direto por aspersão com o

sistema de compressão de vapor, em uma unidade condensadora de condensação a

ar, com trocador de calor do tipo aletado. O sistema de compressão de vapor

atualmente é o mais utilizado para condicionamento do ar em aplicações de conforto e

processos, suas unidades condensadoras podem ser tanto de condensação a ar quanto

de condensação a água. Estes sistemas apesar de sua consagrada aplicação são

grandes vilões de consumo de energia. Uma alternativa econômica para minimizar este

impacto é o emprego do resfriamento evaporativo como pré-resfriador do ar no sistema

convencional. Este fluxo de ar resfriado é utilizado na entrada da unidade

condensadora do ciclo de compressão de vapor com o objetivo de reduzir o trabalho

realizado pelo compressor, através da redução da temperatura de condensação do

ciclo frigorífico aumentando o Coeficiente de Performance Operacional (COP). No

entanto sua aplicação efetiva em unidades condensadoras a ar com trocador do tipo

aletado ainda geram muitas dúvidas, quanto sua efetividade e implicações. Tendo em

vista este problema foi promovida a integração destes sistemas, analisado sua

efetividade. Foram utilizados bicos (aspersores, pulverizadores ou micro-

pulverizadores) que borrifam a água na forma de gotículas ou névoas, acionados por

bomba de média pressão. Por meio dos resultados obtidos, pode-se concluir que há

uma melhora significativa de desempenho e eficiência do sistema de refrigeração, que

utilize um sistema evaporativo direto por aspersão de forma conjugada.

PALAVRAS CHAVE: Ar condicionado, resfriamento evaporativo, eficiência energética.

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ABSTRACT

This paper presents the results of the study on the energy gain of the integrated

employment of the system of direct evaporative cooling spray system with vapor

compression in a condensing unit condensing the air heat exchanger of the finned type.

The vapor compression system is currently the most widely used for air conditioning

applications and processes of comfort, its condenser units can be either air

condensation and condensation water. These systems in spite of its application are

allocated villains large power consumption. An economical alternative to minimize this

impact is the use of evaporative cooling as a pre-cooler air in the conventional system.

This flow of cooling air is utilized at the entrance of the condensing unit of the vapor

compression cycle in order to reduce the work of the compressor by reducing the

temperature of condensation of the refrigeration cycle by increasing the coefficient

operational performance (COP). However their effective implementation in the air

condensing units with finned heat exchanger of the type still generate many questions,

and their effectiveness and implications. In view of this problem has been promoted the

integration of these systems, analyzed its effectiveness. Were used nozzles (nozzles,

spray nozzles or microwave) to spray water in the form of droplets or mist, actuated by

pressure medium pump. Through the results obtained, it can be concluded that there is

a significant improvement in performance and efficiency of the refrigeration system

which uses a system of direct evaporative spray conjugated.

KEYWORDS: Air conditioning, evaporative cooling, energy efficiency.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclo teórico ideal de compressão a vapor 22

Figura 2 - Diferenças entre o ciclo real e teórico de compressão a vapor 24

Figura 3 - Carta Psicrométrica para o nível do mar 27

Figura 4 - Resfriador evaporativo direto (RED) 28

Figura 5 - Resfriador evaporativo tipo spray com circulação constante de água 30

Figura 6 - Resfriador evaporativo indireto (REI) 30

Figura 7 - Esquema básico de um RED 31

Figura 8 - Calorímetro psicrométrico – Hitachi Ar Condicionado do Brasil 33

Figura 9 - Desenho esquemático do calorímetro psicrométrico 35

Figura 10 - Túnel de Medição de Ar 36

Figura 11- Túnel de Medição de Ar – Sistema de medição das temperaturas 37

Figura 12- Túnel de Medição de Ar – Bocais (Nozzles) 37

Figura 13 - Unidade Condensadora 40

Figura 14 - Unidade Evaporadora 40

Figura 15 - Sistema evaporativo direto por aspersão acoplado ao sistema de

compressão de vapor 41

Figura 16 - Unidade Condensadora no arranjo experimental 42

Figura 17 - Unidade Condensadora no arranjo experimental – Bicos aspersão 42

Figura 18 - Amostradores de Ar 44

Figura 19 - Amostradores de Ar – Ventilador de exaustão e sensor 45

Figura 20 - Umidostato – Novus 45

Figura 21 - Sala de controle e monitoramento 46

Figura 22 - Transdutor de pressão – Yokogawa 47

Figura 23 - Manômetro digital – Yokogawa 47

Figura 24 - Balança digital 48

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Figura 25 - Proveta graduada 48

Figura 26 - Medidor de grandezas elétricas 49

Figura 27 - Módulo de Aquisição de Dados 49

Figura 28 - Interface MW100 via navegador de internet 50

Figura 29 - Data Viewer 51

Figura 30 - Tela painel de controle túnel de medição de ar 52

Figura 31 - Comportamento da pressão de descarga x consumo de água 58

Figura 32 - Consumo elétrico 59

Figura 33 - Comportamento do COP 60

Figura 34 - Capacidade frigorífica 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características técnicas do bico nebulizador Magnojet Série X 43

Tabela 2 - Condições de temperatura para testes de capacidade na

condição nominal 54

Tabela 3 - Bicos utilizados x Consumo de água 55

Tabela 4 - Valores médios das temperaturas registradas no

calorímetro - Evaporador 56

Tabela 5 - Valores médios das temperaturas registradas no

calorímetro - Condensador 56

Tabela 6 - Valores médios das grandezas obtidas no calorímetro 57

Tabela 7 - Valores médios das grandezas para análise do sistema 57

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning Engineers

C Ponto crítico

CLP Controlador lógico programável

COP Coeficiente de desempenho

D Diâmetro

h Entalpia

Ps Pressão de sucção

Pd Pressão de descarga

SH Superaquecimento

SC Sub-resfriamento

TBS Temperatura de bulbo seco

TBU Temperatura de bulbo úmido

Tc Temperatura de condensação

Td Temperatura de descarga

TPO Temperatura de ponto de orvalho

Ts Temperatura de sucção

Tsub Temperatura de sub-resfriamento

Tsup Temperatura de superaquecimento

To Temperatura de evaporação

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LISTA DE SÍMBOLOS

EF Efeito frigorífico [kW]

EER Razão de eficiência energética [adimensional]

QL Capacidade de refrigeração [kW]

QH Calor rejeitado pelo condensador [kW]

Win Trabalho do compressor [W]

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LETRAS GREGAS

ρ Densidade do ar seco [kg/m3]

ε Efetividade do resfriador evaporativo direto [%]

ν Volume específico [m³/kg]

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SUB ÍNDICES

a ar seco

ant antes da

comp compressor

d descarga

exp dispositivo de expansão

liq água na fase líquida

H energia transferida ao corpo à alta temperatura

Inf inferior

iso isoentrópico

s sucção

sup superior

in entrada

r refrigerante

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 17

1.1 Objetivo Geral e Importância 17

1.1.1 Objetivos específicos 18

2. REVISÃO DA LITERATURA 19

3. SISTEMAS UTILIZADOS 22

3.1 Sistema de compressão de vapor 22

3.1.2 Sistemas reais de refrigeração 23

3.1.3 Eficiência e coeficiente de eficácia (COP) 24

3.1.4 O ciclo de compressão a vapor 25

3.2 Sistemas de resfriamento evaporativo 27

3.2.1 Princípio 27

3.2.2 Sistema de resfriamento evaporativo direto 28

3.2.3 Eficiência do sistema evaporativo 29

3.2.4 Componentes dos resfriadores evaporativos 31

4. MÉTODO 33

4.1 A sala de testes 33

4.2 Metodologia de cálculo da vazão mássica 35

4.3 Arranjo experimental para ensaios do sistema convencional e conjugado 40

4.4 Instrumentação para ensaio e medição 43

4.5 Software para aquisição de dados Data Viewer 50

4.6 Procedimento de teste 51

4.7 Procedimento de teste para os sistemas conjugados 53

4.8 Condições de teste 53

5. RESULTADOS 55

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6. DISCUSSÃO 59

7. CONCLUSÃO 61

REFERÊNCIAS 62

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1 INTRODUÇÃO

O aumento constante da conscientização global para o uso racional das fontes

de energia, aliadas as políticas governamentais, tem provocado grandes mudanças no

comportamento dos mercados consumidores. No Brasil estas mudanças iniciaram com

maior ênfase a partir da regulamentação da lei nacional de eficiência energética (Lei n°

10.295), criada após a crise de abastecimento que forçou grande parte do país a um

racionamento em 2001.

Tais mudanças têm exigido dos fabricantes e importadores de máquinas e

aparelhos consumidores de energia, o atendimento de níveis mínimos de eficiência

energética.

Pensando neste tema este trabalho pretende realizar um estudo técnico

econômico para o emprego de dois sistemas de condicionamento de ar conhecidos

(ciclo de compressão de vapor; sistema evaporativo) de forma conjugada, visando

aumentar a eficiência energética em unidades condensadoras de condensação a ar

com trocador do tipo aletado.

Segundo CAMARGO (2009), a integração do resfriamento evaporativo com

sistemas de refrigeração por compressão de vapor está aumentando por diversas

razões. Dentre uma destas está a utilização para pré-resfriar o ar dos condensadores,

pois nestes sistemas sabe-se que quanto menor a temperatura de condensação, menor

é a potência do compressor, ou seja, menor é o consumo elétrico do sistema. Com este

estudo busca-se quantificar este ganho energético, visando definir uma forma

adequada de promover esta aplicação em escala.

1.1 Objetivo Geral e Importância

O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo do emprego integrado do sistema

de resfriamento evaporativo direto por aspersão com o sistema de compressão de

vapor, em unidades condensadoras de condensação a ar, com trocador de calor do tipo

aletado, afim de obter o desempenho de refrigeração com os sistemas atuando de

forma conjugada, avaliando o desempenho termodinâmico e energético com o sistema

convencional, a fim de quantificar e avaliar sua utilização.

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A água, ao entrar em contato com a superfície quente do trocador de calor, irá

evaporar, retirando uma quantidade de calor equivalente ao calor latente de

evaporação. Logo o condensador, além de trocar calor com o ar do ambiente externo,

também perderá calor para a água em evaporação, o que resulta em um aumento da

eficiência do sistema.

A importância deste trabalho é demonstrar o benefício energético do uso

integrado dos sistemas estudados, possibilitando aos fabricantes de unidades

condensadoras de condensação a ar a exploração deste recurso, para o aumento da

eficiência de seus equipamentos.

1.1.1 Objetivos específicos

Tendo em vista a proposta central do trabalho, pretende-se atingir os seguintes

objetivos específicos:

a) Promover a integração do sistema de compressão de vapor com o sistema

evaporativo por aspersão.

b) Analisar o desempenho termodinâmico e energético da integração dos sistemas.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

O ciclo de compressão de vapor, também conhecido como sistema

convencional, é considerado o mais importante, pois permite diferentes aplicações em

refrigeração e ar condicionado, sendo assim é o mais utilizado na prática. Nesse ciclo, o

vapor é comprimido, condensado, tendo posteriormente a sua pressão diminuída de

modo que o fluido refrigerante possa se evaporar a uma baixa pressão (STOECKER e

JONES, 1985).

O resfriamento evaporativo ocorre através de processos simultâneos de

transferência de calor e massa entre a corrente de ar a ser resfriada e uma superfície

úmida de tal forma que a água e o ar são os fluidos de trabalho utilizados no sistema

(CASTRO e PIMENTA, 2004).

WATT (1963) realizou a primeira análise rigorosa dos sistemas evaporativos

direto e indireto, enumerando suas vantagens e desvantagens, indicando suas

aplicações e estabelecendo considerações sobre o projeto. Pode-se dizer que, a partir

de seus trabalhos, a refrigeração evaporativa começou a ser investigada

cientificamente.

WATT e BROWN (1997) relacionam as diversas aplicações dos sistemas

evaporativos nos segmentos da indústria, comércio e residências norte americanas,

abordando desempenho dos resfriadores descritos em cartas psicrométricas. Os

sistemas de múltiplos estágios e diferentes tipos de materiais construtivos das colméias

evaporativas são alvos de suas análises.

SCHIBUOLA (1997) comenta que, nas aplicações de ar condicionado

tradicionais, nas quais a serpentina de resfriamento desumidifica o ar, é possível

aumentar a reutilização do ar de retorno para recuperar energia. O sistema apresentado

por ele utiliza o resfriamento evaporativo para pré-resfriar o ar de retorno e trocadores

de calor para resfriar o ar externo captado. Esse sistema, aplicado em Milão, Atenas e

Roma, cidades caracterizadas por clima ameno, resulta em uma economia de energia

entre 5% e 35%, dependendo da vazão de ar e da taxa de ocupação do ambiente.

FOSTER (1998) apresenta dados de desempenho, de economia de energia, de

benefícios e de manufatura de sistemas evaporativos para diversas cidades nos EUA e

no México.

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CARDOSO, CAMARGO e TRABELHO (1999) apresentam um sistema de pré-

desumidificação por adsorção, descrevendo a vaporização da água a baixas pressões e

a aplicação automotiva de sistema de ar, vapor e combustível.

SILVA (2002) realizou ensaios de condicionamento de ar em galpões avícolas

para frangos de corte, usando o sistema evaporativo direto com painel de argila

expandida e painel de celulose. O resultado foi observado na taxa de crescimento das

aves ao longo do tempo de criação.

CAMARGO (2000) realizou um estudo de caracterização do clima brasileiro,

identificando as regiões onde o sistema evaporativo é mais eficiente para

condicionamento do ar para conforto, por meio do emprego de quatro métodos que

podem ser utilizados para classificar e verificar a viabilidade de utilização de

equipamentos de resfriamento evaporativo, adaptados as condições existentes no

Brasil. Em seu estudo através do emprego do método denominado “Índice de

Desempenho (ID) do resfriamento evaporativo”, gerou uma tabela onde apresenta uma

série de localidades onde o emprego do sistema pode ser verificado por este indicador.

CAMARGO, EBINUMA e CARDOSO (2003) desenvolveram um modelo

matemático para sistema de resfriamento evaporativos diretos. Experimentos foram

conduzidos dentro da Universidade de Taubaté, para demonstrar o método baseado na

equação de conservação de energia para volumes de controle.

CAMARGO (2003) desenvolveu um sistema de resfriamento evaporativo

adsortivo avaliando o potencial de sua aplicação, além de suas restrições observando o

conforto térmico e a conservação de energia. Um sistema evaporativo direto foi

ensaiado e através dele, foi proposto um novo conjunto adsortivo para suprir a

demanda de regiões onde a depressão de bulbo úmido não é significativa.

SILVA (2004) desenvolveu um estudo que aborda o resfriamento evaporativo por

microaspersão d’água, no qual obteve ao final da pluma do spray, a vazão, temperatura

e umidade do ar tratado. Este estudo permite a incorporação destes dados a programas

de simulação de desempenho térmico de edifícios, que não incorporam modelos de

resfriamento evaporativo direto por sprays, devido à dificuldade em estabelecer um

prognóstico preciso da evaporação do spray, frente aos complexos fenômenos físicos

envolvidos.

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CASTRO e PIMENTA (2005) apresentaram modelo teórico e modelo

matemático de transferência de calor e queda de pressão, para avaliação de um

sistema evaporativo com colméia de celulose convencional.

SANTOS (2005) realizou estudo combinado do resfriamento evaporativo direto e

adsorção, complementando o estudo técnico-econômico de viabilidade para sua

implantação, usando insumos como a água da chuva e o calor do processo do gás

natural, condensado de caldeira e energia elétrica.

SANTOS (2005) desenvolveu o dimensionamento teórico de um ciclo de

refrigeração a compressão de vapor, para atender a carga térmica requerida de um

automóvel de passeio. Fez também a comparação experimental através dos resultados

obtidos em simulação do veículo em ensaio dentro de túnel de vento.

CAROSSI (2006) desenvolveu um modelo matemático para avaliação do

potencial do resfriamento evaporativo no Brasil. Através dele foi gerado um mapa de

cada região. O modelo foi validado, através de procedimento de ensaio através de

aparelho evaporativo de janela.

URENÃ (2008) desenvolveu um aparato experimental para o resfriamento

evaporativo direto, comparando os resultados de bancada com modelos teóricos

baseados no balanço de energia e na análise psicrométrica.

SANTOS (2011) realizou um estudo experimental do emprego conjugado do

sistema de resfriamento evaporativo direto e compressão de vapor para

condicionamento de ar em veículos.

ACUNHA JUNIOR (2011) realizou um estudo experimental da transferência de

calor e de massa de um condensador evaporativo, bem como, da relação existente

entre as grandezas envolvidas durante a sua operação. Destas investigações, resultou

uma correlação para o coeficiente global de transferência de calor que visa determinar

esta grandeza através das condições operacionais e das características geométricas do

condensador.

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3 SISTEMAS UTILIZADOS

Foram utilizados o sistema de compressão de vapor e o sistema evaporativo

direto por aspersão no desenvolvimento desta pesquisa.

3.1 SISTEMA DE COMPRESSÃO DE VAPOR

O ciclo de refrigeração por compressão de vapor é bastante difundido em

aplicações de ar condicionado. Neste ciclo, o fluido de trabalho é comprimido e

condensado em alta pressão e temperatura por rejeição de calor para um meio externo.

Posteriormente, após esta condensação o fluido refrigerante é expandido através de um

dispositivo de expansão até atingir a pressão de evaporação, onde será evaporado em

baixa pressão e temperatura devido à troca de calor com o ambiente a ser resfriado.

A Figura 1 ilustra um esquema básico de um sistema de refrigeração por

compressão de vapor com seus principais componentes, e o seu respectivo ciclo teórico

ideal representado sobre um diagrama Pxh (pressão-entalpia, diagrama de Mollier). Os

equipamentos esquematizados na Figura 1 representam, genericamente, qualquer

dispositivo capaz de realizar os respectivos processos específicos indicados.

Figura 1 - Ciclo teórico ideal de compressão a vapor – Adaptação (STOECKER, 1985)

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Os processos termodinâmicos que constituem o ciclo teórico em seus

respectivos equipamentos são:

a) Processo 1→2. Ocorre no compressor, sendo um processo adiabático

reversível e, portanto, isoentrópico, como mostra a Figura 1. O refrigerante entra no

compressor à pressão do evaporador (Ps) e com título igual a 1 (x =1). O refrigerante é

então comprimido até atingir a pressão de condensação (Pc) e, ao sair do compressor

está superaquecido à temperatura T2, que é maior que a temperatura de condensação

Tc.

b) Processo 2→3. Ocorre no condensador, sendo um processo de rejeição de

calor, do refrigerante para o meio de resfriamento, à pressão constante. Neste processo

o fluido frigorífico é resfriado da temperatura T2 até a temperatura de condensação Tc

e, a seguir, condensado até se tornar líquido saturado na temperatura T3, que é igual à

temperatura Tc.

c) Processo 3→4. Ocorre no dispositivo de expansão, sendo uma expansão

irreversível a entalpia constante (processo isentálpico), desde a pressão PC e líquido

saturado (x=0), até a pressão de vaporização (Ps). O processo é irreversível e,

portanto, a entropia do refrigerante na saída do dispositivo de expansão (s4) será maior

que a entropia do refrigerante na sua entrada (s3).

d) Processo 4→1. Ocorre no evaporador, sendo um processo de transferência de

calor a pressão constante (Ps), conseqüentemente a temperatura constante (Tc), desde

vapor úmido (estado 4), até atingir o estado de vapor saturado seco (x=1). O calor

transferido ao refrigerante no evaporador não modifica a temperatura do refrigerante,

mas somente muda sua qualidade (título).

3.1.2 Sistemas Reais de Refrigeração

O ciclo real de compressão a vapor apresenta algumas diferenças em relação ao

ciclo teórico, caracterizando-se pela ineficiência dos processos envolvido (STOECKER,

1985). Na Figura 2 podem ser vistas as principais diferenças entre esses ciclos, que

residem nas perdas de carga no evaporador e no condensador, não admitidas no ciclo

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teórico, o sub-resfriamento do líquido que deixa o condensador e no superaquecimento

do vapor na aspiração do compressor.

O sub-resfriamento do líquido que deixa o condensador é uma prática utilizada,

para garantir que o fluido refrigerante que entra no dispositivo de expansão seja líquido.

O superaquecimento também é um processo importante que tem a finalidade de evitar

a entrada de líquido no compressor, evitando assim sua quebra.

Outro processo importante é o processo de compressão, que no ciclo real é

politrópico (s1 ≠ s2), e no processo teórico é isentrópico, ocorrendo ineficiência devido

ao atrito e outras perdas.

Figura 2 - Diferenças entre o ciclo real e teórico de compressão a vapor – Adaptação

(STOECKER, 1985)

3.1.3 Eficiência e Coeficiente de Eficácia (COP)

A eficiência na termodinâmica é definida como o resultado da quantidade de

energia obtida num processo de conversão em relação ao montante que foi gasto para

a conversão.

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25

No caso de ciclos frigoríficos, o objetivo é produzir um efeito de refrigeração, ao

passo que o trabalho líquido representa aquela quantidade que foi consumida. Embora

o COP do ciclo real seja sempre menor que o ciclo teórico, para as mesmas condições

de operação, pode-se, com o ciclo teórico, verificar que parâmetros influenciam no

desempenho do sistema. Assim, o COP é definido por:

Gasta EnergiaÚtil Energia

COP = (1.1)

Pode-se inferir da Eq. (1.1) que, para ciclo teórico, o COP é função somente das

propriedades do refrigerante, consequentemente, depende das temperaturas de

condensação e vaporização. Para o ciclo real, entretanto o desempenho é para um

sistema completo de refrigeração, composto do próprio compressor e dos demais

equipamentos do sistema.

Outra maneira bastante usual de indicar a eficiência energética de um sistema de

refrigeração é a Razão de Eficiência Energética (EER), cujo nome se deriva do inglês

“Energy Efficiency Rate”. Segundo a norma ASHRAE 90.1 é definida pela razão entre a

capacidade total de resfriamento e a potência requerida sob condições operacionais

estabelecidas.

Wc EF

EER = (1.2)

3.1.4 O ciclo de compressão a vapor

Considerando a equação de Regime permanente, desprezando as energias

cinética e potencial, temos para o volume de controle no evaporador, que a capacidade

de refrigeração ( Lq•

) é dada por:

)( 41 hhmq rL −=••

[kW] (1.3)

A diferença de entalpias (h1 – h4) é conhecida por efeito de refrigeração,

conforme STOECKER (1985).

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26

Para o volume de controle no compressor, consideramos a potência de

compressão ( compW•

) adiabática:

)( 12 hhmW rcomp −=••

[kW] (1.4)

O calor rejeitado pelo condensador ( Hq•

) pode ser calculado também com o

volume de controle no condensador:

)( 23 hhmq rH −=••

[kW] (1.5)

Considerando a expansão ocorrida na válvula de expansão como adiabática, ou

seja,

h4 = h3. (1.6)

Onde:

rm•

- vazão mássica do refrigerante [kg/s]

4321 ;;; hhhh - entalpias nos estados 1, 2, 3 e 4 respectivamente [kJ/Kg]

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27

3.2 SISTEMAS DE RESFRIAMENTO EVAPORATIVO

O resfriamento evaporativo ocorre na natureza, próximo às quedas d’água e aos

córregos, acima de lagos e oceanos, sob densas folhagens, e sobre superfícies úmidas,

em particular, sobre a pele humana. Nos processos industriais utiliza-se dois sistemas,

o resfriamento evaporativo direto e indireto.

3.2.1 Princípio

Independente do processo, se natural ou artificial, se direto ou indireto, o

resfriamento evaporativo tem como princípio a evaporação da água e a troca de calor

sensível por calor latente (SILVA, 2004).

O resfriamento evaporativo é um método simples ambientalmente amigável e

prático de climatização, consiste na evaporação da água através da passagem de um

fluxo de ar, provocando uma redução em sua temperatura por meio da saturação

adiabática. Neste processo o ar transfere calor necessário para evaporação de uma

determinada quantidade de água até que sua saturação seja alcançada. Dessa forma o

ar é resfriado em função do calor sensível transferido para a água.

Os aparelhos de resfriamento evaporativo mudam o ar atmosférico, segundo a

carta psicrométrica que trata da mistura binária do ar seco e vapor d’água (Figura 3).

Figura 3 - Carta psicrométrica para o nível do mar - Adaptação de Universal Industrial

Gases Inc (2011)

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28

3.2.2 Sistema de resfriamento evaporativo direto

Podem ser de dois tipos: direto (RED) e indireto (REI). No direto, o ar é resfriado

e umidificado adiabaticamente ao entrar em contato com uma superfície úmida

apropriada (painel evaporativo ou meio úmido). Quando o ar passa pela superfície

molhada, ocorre a evaporação da água pela diferença de pressão entre o ar não

saturado, região de menor pressão, e a água de contato, a região de maior pressão

onde a água está evaporando.

A superfície úmida também pode ser substituída por jatos de gotículas de água

dentro da corrente de ar. No tipo indireto, o ar se mantém separado do processo de

evaporação da água, transferindo apenas calor sensível para uma corrente de ar

secundária (SILVA, 2004).

O calor necessário para a mudança de fase da água líquida para vapor é

transferido do ar, que passa pela colméia evaporativa, resfriando-o.

O calor requerido para vaporização é entregue pelo ar, reduzindo sua

temperatura e aumentando o calor latente da água. A entalpia se mantêm no processo,

não havendo ganho ou perda de calor.

O resultado final é o umedecimento do ar agora saturado e queda na

temperatura de bulbo seco, proporcionando conforto térmico.

Segundo STOECKER (2002), o processo pode ser caracterizado pela

transferência de calor e massa que envolve vapor d’água e ar. Isso é representado por

um processo isoentálpico do ar, elevando a umidade, o que caracteriza a Lei da linha

reta. A Figura 4 mostra o processo psicrométrico para um sistema RED.

Figura 4 - Resfriador evaporativo direto (RED) (CAMARGO, 2009)

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3.2.3 Eficiência do sistema evaporativo

Quanto maior é o diferencial de temperatura entre as temperaturas de bulbo seco

e úmido de cada região, maior a eficiência dos aparelhos de resfriamento evaporativo.

Assim um macro-clima com umidade relativa do ar muito grande, como as faixas

litorâneas ou costeiras ou ainda micro-climas como beiras de represas, podem afetar de

maneira negativa o processo evaporativo.

Pelas características geográficas, podemos dizer com certa precisão se o

aparelho terá bom desempenho. Quanto mais próximos da região equatorial, maior a

média de temperatura anuais. Agora, se for adicionado grande quantidade de

evaporação natural, como aquelas ocorridas, devido ao ciclo das águas, quando as

águas dos rios e mares se evaporam, condensam-se e causam chuvas, reduzimos

muito o espaço entre as temperaturas de bulbo seco e úmido. Esta é uma situação

crítica para o ciclo evaporativo artificial (SANTOS, 2010).

A energia que se consome para transformação de fase de um litro de água de

líquido para vapor é aproximadamente 580Kcal. Essa energia é a usada para obter a

queda de temperatura do bulbo seco.

A efetividade de um resfriador evaporativo é definida como a taxa entre a queda

real da temperatura de bulbo seco e a máxima queda teórica que a temperatura de

bulbo seco poderia ser se o resfriador fosse 100% eficiente e o ar saísse saturado.

Nesse caso, a temperatura de bulbo seco na saída seria igual a temperatura de bulbo

úmido do ar na entrada.

A temperatura de bulbo seco na saída do sistema RED é dada por:

)( 1112 TBUTBSTBSTBS D −−= ε (1.7)

Onde Dε é a efetividade do resfriador evaporativo direto

A Figura 5 ilustra o que ocorre com as temperaturas de bulbo seco (TBS), de

bulbo úmido (TBU) e de ponto de orvalho (TPO) quando o ar passa através de um

resfriador evaporativo direto.

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Figura 5 - Resfriador evaporativo tipo spray com circulação constante de água

(CAMARGO, 2009)

No resfriador evaporativo indireto (REI), o ar que será utilizado para condicionar

o ambiente (ar primário) transfere calor para uma corrente de ar secundária ou para um

líquido, que foram resfriados evaporativamente. A entalpia do ar do lado seco é assim

reduzida, em contraste à redução adiabática de temperatura de um refrigerador

evaporativo direto. Um avanço na tecnologia do resfriamento evaporativo deve-se à

introdução dos equipamentos de resfriamento indireto, nos quais o ar, relativamente

seco, é mantido separado do ar do lado molhado, onde o líquido está sendo vaporizado

(CAMARGO, 2009).

A Figura 6 mostra dois tipos de sistemas de resfriamento evaporativo indireto:

tipo placa (Figura 6 a) e tipo tubo (Figura 6 b).

Figura 6 - Resfriador evaporativo indireto (REI): (a) tipo placa, (b) tipo tubo (CAMARGO,

2009)

(a) (b)

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3.2.4 Componentes dos resfriadores evaporativos

A Figura 7 ilustra esquematicamente um sistema de resfriamento evaporativo

direto composto basicamente por:

a) Painel Evaporativo, local onde haverá a passagem lenta da água com grande contato

com o ar;

b) Recipiente, reservatório de água fonte de água limpa e tratada;

c) Bomba d’água usada para adicionar energia hidráulica ao fluido;

d) Ventilador usado para acelerar o processo evaporativo da colméia evaporativa e do

mecanismo termorregulador do homem, isto é, auxilia a obter as condições mínimas de

conforto térmico, segundo a ASHRAE.

Figura 7 - Esquema básico de um sistema RED (CAMARGO, 2009)

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

Os calorímetros psicrométrico são, basicamente, equipamentos destinados a

medir a capacidade de refrigeração ou aquecimento de condicionadores de ar. São

constituídos de duas câmaras contíguas, com temperaturas e umidades controladas,

além de instrumentação que permite o cálculo das capacidades térmicas dos

condicionadores de ar.

Para a análise do desempenho do sistema híbrido e convencional, foi utilizado

um calorímetro psicrométrico no qual os equipamentos ensaiados foram acoplados.

Uma das câmaras simula o ambiente de um recinto a ser condicionado e é

chamada, neste trabalho, simplesmente por “ambiente interno”. A outra câmara simula

o ambiente externo e é chamada neste trabalho simplesmente por “ambiente externo”.

Uma parede, devidamente isolada, separa os dois ambientes.

Os ambientes interno e externo do calorímetro devem ser equipados com

sistemas compensadores com aquecedores, resfriadores e umidificadores capazes de

compensar os efeitos do condicionador de ar em ensaio e manter constantes as

temperaturas e umidades dos ambientes.

Os sistemas compensadores devem ter ventiladores capazes de vencer as

resistências dos equipamentos e assegurar, pelo menos, duas vezes a quantidade de

ar recirculado pelo condicionador de ar, tanto para o ambiente interno como para o

externo.

As superfícies internas dos ambientes do calorímetro devem ser constituídas de

materiais não porosos, cujas juntas devem ser vedadas contra fugas de ar e umidade.

As portas de acesso devem ficar hermeticamente fechadas ao ar e umidade,

empregando juntas ou qualquer outros meios apropriados.

Em ambos os ambientes do calorímetro, externo e interno, os gradientes de

temperatura e distribuição do fluxo de ar são resultantes da interação dos sistemas

compensadores e do condicionador em ensaio, devendo garantir que as temperaturas

ao redor do condicionador de ar em ensaio simulem aquelas de uma instalação normal,

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isto é, a unidade operando em ambientes e condições de temperaturas idênticas

aquelas especificadas no ensaio (NBR 5882).

4.1 A sala de testes

Os experimentos foram realizados em um calorímetro psicrométrico, que fica

situado dentro da área fabril da Hitachi Ar Condicionado do Brasil (Figura 8).

Figura 8 - Calorímetro psicrométrico: (a) ambiente de teste da unidade externa, (b)

ambiente de teste da unidade interna – Hitachi Ar Condicionado do Brasil

A determinação da capacidade de refrigeração pelo método psicrométrico,

baseia-se na quantidade de ar que flui através do evaporador e na variação de entalpia

entre as condições de entrada e saída de ar no aparelho (evaporador). O ar interno é

succionado e devolvido ao ambiente com temperaturas de bulbo seco e de bulbo úmido

medidas. Com esses dois valores é possível obter o valor da entalpia do ar através da

(a)

(b)

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carta psicrométrica. A definição da capacidade de refrigeração de um aparelho, num

calorímetro psicrométrico, segue a seguinte equação:

)( saídaentrada hhmQ −⋅=••

(1.8)

Onde •Q é a capacidade de refrigeração ou aquecimento, em W;

•m é a vazão

mássica de ar, em kg/s; entradah é a entalpia de entrada do ar no evaporador, em J/kg de

ar seco; e saídah é a entalpia de saída do ar no evaporador, em J/kg de ar seco.

Para cálculo da capacidade de refrigeração é necessário, primeiro, o cálculo da

vazão mássica de ar definida pela seguinte equação:

••⋅= Vm ρ (1.9)

Onde ρ é a massa específica do ar seco na entrada ou saída, em kg de ar

seco/m³, e •V a vazão volumétrica na entrada ou saída, Nm³/s. A vazão volumétrica

pode ser calculada por:

VAV ⋅=•

(1.10)

Onde A é a área transversal na seção em m² e V a velocidade média na seção

em m/s.

A norma ANSI/AHRI Standard 210/240-2008 descreve os requisitos de teste para

avaliação de desempenho de equipamentos de ar condicionado e a bombas de calor

unitários. Na Figura 9 pode-se observar a imagem esquemática de um calorímetro

psicrométrico com os principais equipamentos e dispositivos de medição.

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Figura 9 - Desenho esquemático do calorímetro psicrométrico

(Fonte: Norma ANSI/AHRI Standard 210/240 - 2008)

4.2 Metodologia de cálculo da vazão mássica

No interior do calorímetro há um dispositivo chamado Túnel de Medição de Ar

(Figura 10), que tem a função de medir a vazão e as temperaturas do ar do

condicionador de ar. Fica acoplado a descarga do evaporador. Este dispositivo fica

acoplado a descarga do evaporador no ambiente interno. Seu projeto é baseado nas

normas NBR5882 e ASHRAE STANDARD 51-1985 e fornecido pela empresa Mecalor.

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Figura 10 - Túnel de Medição de Ar: (a) descarga do evaporador, (b) duto de adaptação

dos aparelhos, (c) ponto de saída do ar do equipamento

O ar insuflado pelo aparelho de ar condicionado na entrada do túnel é captado

por um sistema de coleta da amostra de ar que tem a função de medir a temperatura de

bulbo seco e bulbo úmido (Figura 11). Uma tomada de pressão instalada na entrada do

Túnel enviará um sinal analógico através de um transdutor de pressão ao CLP que por

sua vez atuará sobre o ventilador para manter a pressão na entrada do túnel nula (zero)

sobre a descarga do condicionador.

(c)

(b)

(a)

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Figura 11 - Túnel de Medição de Ar: (a) sistema de medição da TBU e TBS – Sistema

de medição das temperaturas

A passagem do ar através dos Bocais (Nozzles, Figura 12) criará uma diferença

de pressão que será medida por um segundo transdutor de pressão. As variáveis serão

processadas em um CLP que exibirá a vazão volumétrica do ar que atravessa o túnel.

Figura 12 - Túnel de Medição de Ar – Bocais (Nozzles)

(a)

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As equações que definem a vazão mássica são as seguintes:

v

Qm m=•

(1.11)

Onde:

VAcQm ..= (1.12)

sendo que:

mQ = Fluxo de massa de ar através de um só bocal

c = coeficiente de descarga do bocal, que é relação da descarga real através do

dispositivo para descarga ideal

A = área da garganta em m²

V = velocidade do bocal m/s

ghV ..2= (1.13)

onde

g = aceleração da gravidade e

g

ph d

.ρ= (1.14)

onde

Pd = diferencial pressão no trecho reto do bocal em Pa

ρ = densidade do ar fluindo no bocal em kg/m³

Com isso tem-se que:

ρdP

V.2

= ↔ ρdP

V .41,1= (1.15)

logo:

ρd

m

PVAcQ ....41,1= (1.16)

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mas, ρ = 1/ν onde ν = volume especifico em m³/kg

Então,

vPVAcQ dm .....41,1= (1.17)

4

. 2DA

π= (1.18)

mas ν é o volume específico da mistura ar/vapor d`água no bocal em m³/kg de

mistura de ar, calculado por:

)1(

.'

w

v

P

Pv

b

o

+= (1.19)

onde ν ’ é o volume específico do ar existente no bocal nas TBS e TBU, mas

com um valor padrão de pressão barométrica (nível do mar) em m³/kg de ar seco.

Po = pressão atmosférica padrão

Pb = pressão atmosférica na entrada do bocal em Pa

Se a pressão atmosférica real não diferir da pressão atmosférica por mais de

3kPa, ν pode ser considerado igual a ν ’.

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4.3 Arranjo experimental para ensaios do sistema conven cional e conjugado

Os experimentos foram realizados em um condicionador de ar do tipo split

system de capacidade nominal de 50640kJ (48000Btu/h), composto por uma unidade

evaporadora do tipo teto aparente e uma unidade condensadora de condensação a ar,

de descarga horizontal com trocador de calor em formato de “L”.

Nas Figuras 13 e 14 tem-se as imagens das duas unidades que compõem o

condicionador de ar do estudo.

Figura 13 - Unidade Condensadora

Figura 14 - Unidade Evaporadora

A Figura 15 mostra a configuração do sistema proposto e utilizado neste

trabalho, que é composto pelo sistema de compressão de vapor conjugado ao sistema

evaporativo direto por aspersão.

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Figura 15 - Sistema evaporativo direto por aspersão acoplado ao sistema de

compressão de vapor

A unidade condensadora, objeto de estudo deste trabalho, foi disposta sobre

uma bandeja com um ponto de dreno para coleta da água residual do sistema. Na

parte superior do trocador foi montado o sistema de aspersão composto de uma

tubulação, com furações para montagem dos bicos de aspersão e de um ponto de

tomada de pressão da rede hidráulica. Foi utilizado um tanque auxiliar para o

fornecimento de água, composto de uma motobomba para transferência da água ao

recipiente utilizado no sistema conjugado conforme ilustram as Figura 16 e 17.

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Figura 16 - Unidade Condensadora no arranjo experimental: (a) bandeja, (b) dreno, (c)

tanque auxiliar com motobomba, (d) recipiente de armazenagem da água aspergida no

sistema

Figura 17 - Unidade Condensadora no arranjo experimental: (a) tomada de pressão, (b)

bicos aspersão – Bicos aspersão

(a)

(b)

(c)

(d)

(a)

(b)

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Para pressurização da água aspergida, foi utilizado uma bomba centrífuga

monobloco KSB modelo Hydrobloc P500, 1/2CV, monofásica, 220v, sucção 1”, recalque

1”, pressão máxima 37mca, vazão máxima 2,4m³/h. Para aspersão da água, foram

utilizados bicos fabricados em poliacetal com inserto cerâmico, da Magnojet Série X

com cone vazio. Na Tabela 1 tem-se as características técnicas dos bicos utilizados nos

experimentos.

Tabela 1 – Características técnicas bico nebulizador Magnojet Série X

4.4 Instrumentação para ensaio e medição

Para determinar a capacidade de refrigeração durante os experimentos foram

utilizados os seguintes instrumentos de medição de temperatura:

• Medição de temperatura do ar da sala: foram utilizadas termoresistências

“PT100”, classe A, simples, com diâmetro de 4 mm, comprimento igual a 100 mm

e precisão de ± 0,06ºC.

• Medição de temperatura do ar dos equipamentos: foram utilizados termopares do

tipo T, com condutor positivo de cobre e condutor negativo de constatam, faixa

de utilização de -60ºC a 100ºC e precisão de ± 0,5ºC.

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• Medição de temperatura do refrigerante: foram utilizados termopares do tipo T,

com condutor positivo de cobre e condutor negativo de constatam, faixa de

utilização de -60ºC a 100ºC e precisão de ± 0,5ºC.

As temperaturas de bulbo seco do ar da sala, tanto no lado do evaporador

quanto no condensador (temperaturas do ambiente interno e externo), são medidas

com auxílio de um dispositivo chamado amostrador de ar (Figura 18). Composto por um

sensor de temperatura do tipo PT100, uma mangueira flexível para transporte do ar até

o sensor, e um ventilador de exaustão, que irá promover, além da sucção do ar, o

controle da velocidade do escoamento do ar através do sensor (Figura 19). Para o

controle da umidade relativa do ar da sala nos dois ambientes, foi utilizado

transmissores de umidade e temperatura (umidostato) estrategicamente posicionados

para realização das leituras (Figura 20). Estes instrumentos interligados ao sistema de

controle da sala mantêm as condições de temperatura e umidade definidas nas

condições de teste.

Figura 18 - Amostradores de ar: (a) amostradores de ar, (b) ventilador de exaustão e

sensor PT100, (c) mangueira flexível

(a)

(c)

(b) (a)

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Figura 19 - Amostradores de Ar: (a) ventilador de exaustão, (b) sensor PT100 –

Ventilador de exaustão e sensor

Figura 20 - Umidostato – Novus

(a) (b)

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A Figura 21 mostra a sala de controle do calorímetro onde estão localizados os

instrumentos de ajuste e controle das temperaturas.

Figura 21 - Sala de controle e monitoramento: (a) controle temperatura lado

condensador, (b) controle temp. lado evaporador, (c) controle umidade lado

condensador, (d) controle umidade lado evaporador

Instrumentos de medição de pressão do ciclo de refrigeração:

• Medição das pressões de descarga (PD) e pressão de sucção (PS): foram

utilizados transdutores de pressão com precisão de ±0,3kgf/cm² (Figura 22).

Através do sistema aquisição de dados as leituras são armazenadas e impressas

na tela do computador.

(d)

(c)

(b)

(a)

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Figura 22 - Transdutor de pressão – Yokogawa

Instrumento de medição de pressão do sistema motobomba:

• Medição da pressão gerada pelo sistema motobomba, foi utilizado manômetro

digital modelo 2654 Yokogawa, com precisão de ±0,001kgf/cm² (Figura 23).

Figura 23 - Manômetro digital – Yokogawa

Instrumento de medição de massa:

• Medição da massa de fluido refrigerante adicionada ao ciclo de refrigeração, bem

como a massa de água no sistema conjugado, foi utilizado uma balança digital

de capacidade 110kg, precisão ±0,01kg com resolução de 0,01kg (Figura 24).

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Figura 24 - Balança digital

Instrumento de medição de volume (líquidos):

• Medição do volume de líquidos: foi utilizado uma proveta graduada de 500ml,

com divisão de escala de 5ml (Figura 25).

Figura 25 - Proveta graduada

Instrumento de medição grandezas elétricas:

• Medição das grandezas elétricas: foi utilizado o medidor Power Meter CW240 da

Yokogawa, para leitura e armazenagem da voltagem (V), corrente (A), potência

(W), freqüência (Hz) e fator de potência (%) (Figura 26). As leituras são

armazenadas em um cartão de memória com intervalo de tempo pré-

estabelecido, transferidas posteriormente para um computador por meio do

software ToolBox240 dedicado para comunicação com o aparelho.

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Figura 26 - Medidor de grandezas elétricas

Sistema de aquisição de dados:

As leituras das temperaturas da sala, dos equipamentos e das pressões de

descarga (PD) e sucção (PS), foram monitorados e através do uso de um módulo de

aquisição de dados MW-100 Yokogawa (Figura 27).

Figura 27 - Módulo de Aquisição de Dados: (a) sensores tipo T conectados ao MW100

(a)

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4.5 Software para aquisição de dados Data Viewer

O MW100 Viewer Data Viewer R3.01 (Figura 28) é um software, desenvolvido

pela Yokogawa Eletric Corporation, que permite a aquisição, processamento e

visualização de dados, através de uma interface gráfica simples e intuitiva (Figura 29).

Os sinais captados pelos sensores são préprocessados pelo módulo de aquisição, e

convertidos em sinais elétricos. O Data Viewer converte tais sinais em valores das

grandezas físicas medidas (pressão, temperatura, por exemplo), estes dados podem

ser visualizados em forma de gráficos e planilhas, bem como exportados para uso em

outros programas. Por meio de um navegador de internet também é possível visualizar

em tempo real as medições instantâneas, configurar os intervalos de gravação de

dados (10ms a 60s) e iniciar o registro de dados.

Figura 28 - Interface MW100 via navegador de internet

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Figura 29 - Data Viewer

4.6 Procedimento de teste

A região de insuflamento de ar do aparelho é acoplado ao túnel de medição de

ar, que é o instrumento responsável pela medição da vazão e das condições de

temperatura do ar insuflado pelo condicionador de ar. Primeiramente, se iguala a

pressão estática na entrada do túnel com a pressão da câmara, por meio de sensores

de pressão de membrana capacitiva, com tomadas de pressão na câmara e na entrada

do túnel. O túnel possui um ventilador de exaustão para a compensação dessa pressão

estática, garantindo que a vazão de ar no túnel seja a mesma que a vazão do ar

insuflado pelo aparelho.

As temperaturas de bulbo seco e úmido do ar insuflado também são medidas

através de um amostrador de ar, localizado dentro do túnel, que capta uma amostra do

ar, passando pelos sensores do tipo PT100 e retornando ao túnel. Depois de passar

pelo amostrador de ar, o ar escoa através de um bocal, com restrição de área de

passagem do escoamento pré-estabelecida, que irá provocar uma perda de pressão do

mesmo. Esse diferencial de pressão é então medido através de um sensor de pressão

localizado no interior do túnel, com tomadas de pressão estática na entrada e saída do

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bocal. Uma vez conhecidas a queda de pressão e a relação entre as áreas de entrada e

saída do bocal, obtém-se a vazão. A metodologia utilizada para o cálculo da vazão

segue uma norma da ASHRAE denominada “Standard Methods for Laboratory Air-Flow

Measurement”. A Figura 30 mostra a tela do painel de controle do túnel de medição de

ar.

Figura 30 - Tela painel de controle do túnel de medição de ar

As grandezas apresentadas são:

SP: Set Point de pressão do túnel (1);

Qv: Vazão volumétrica instantânea;

TBS: Temperatura de bulbo seco no interior do túnel;

TBU: Temperatura de bulbo úmido no interior do túnel;

TPD1: Pressão diferencial na entrada do túnel;

TPD2: Pressão diferencial no bocal selecionado.

(1) O Set Point da pressão diferencial deve em geral ser igual a “zero”. Pode se

programar pressões (positivas ou negativas) diferentes para compensar a perda de

carga no duto de adaptação dos aparelhos, mas este valor deve ser previamente

conhecido pelos operadores.

As temperaturas envolvidas no ciclo de refrigeração do aparelho foram medidas

através de termopares fixados rigidamente aos tubos de cobre e isolados termicamente

por massa de calafetar nos seguintes pontos do circuito:

• Tubo de sucção (antes do acumulador do compressor);

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• Tubo de descarga (logo após o compressor).

As temperaturas do ar na entrada e saída dos equipamentos também foram

medidas nos seguintes pontos:

• Entrada do condensador - três sensores TBS e um sensor TBU;

• Saída do condensador - um sensor TBS;

• Entrada do evaporador - sensores TBS e um sensor TBU;

• Saída do evaporador - três sensores TBS e um sensor TBU.

Além disso, foram adotados os seguintes procedimentos:

• Medição da temperatura da base da carcaça do compressor; e

• Medição da temperatura da parte superior da carcaça do compressor.

As pressões de sucção e descarga do compressor foram medidas nas linhas de

pressão do calorímetro, acopladas às linhas de sucção e descarga do aparelho através

de transdutores de pressão.

4.7 Procedimento de teste para os sistemas conjugad os

Para medir o desempenho térmico e energético do sistema devido à troca de

calor entre o condensador e a água em evaporação, foram realizados oito testes de

verificação da capacidade de refrigeração em calorímetro psicrométrico, variando o

volume de água aspergida sobre a superfície do trocador da unidade condensadora.

Nestes ensaios a quantidade de bicos aspersores foi alterada para aumentar

volume de água aspergido, sendo este medido por meio de uma balança digital antes

da entrada da bomba. O registro do teste foi efetuado por quinze minutos (gravação de

dados) após a estabilização do sistema com o ciclo em regime.

4.8 Condições de teste

Os testes de determinação da capacidade de refrigeração de um ar condicionado

foram realizados no calorímetro psicrométrico, em condições de temperatura e umidade

controladas. Tais condições são determinadas por inúmeras normas existentes de

diversos órgãos como: ABNT, ISO, ASHRAE, AHRI, etc. A Tabela 2 mostra as

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condições de temperatura de bulbo seco e temperatura de bulbo úmido estabelecidas

pela norma AHRI, todos os testes foram realizado segundo a norma AHRI.

Tabela 2 - Condições de temperatura para testes de capacidade na condição nominal

(fonte: ARI Standard 210/240 - 2008)

NORMA DE REFERÊNCIA AMB. INTERNO AMB. EXTERNO

TBS TBU TBS TBU

AHRI 26,7ºC 19,4ºC 35,0ºC 23,9ºC

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5 RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os dados obtidos nos experimentos, nas

formas de tabelas e gráficos. Inicialmente foi realizado um teste sem a aspersão de

água no trocador de calor (Convencional), para coleta dos dados de referência do

sistema, posteriormente foram realizados ensaios variando o volume de água

pulverizada no trocador (Testes 2 ao 8), para verificação do comportamento do sistema

atuando de forma conjugada.

Na Tabela 3 tem-se o detalhamento dos testes realizados com o sistema

conjugado, bem como os valores do volume de água aspergida, de retorno e a parcela

de água que evaporou no processo. Pode-se observar, em função do sistema

motobomba utilizado para pressurização da água aspergida não ter sofrido modificação

entre os testes, que ocorre uma redução na pressão na linha de aspersão a medida que

o volume de água aumentou com a troca dos bicos aspersores nos testes realizados.

Tabela 3 - Bicos utilizados x Consumo de água

As Tabelas 4 e 5 mostram os valores médios das temperaturas resultante da

aquisição de dados do ensaio do sistema de resfriamento convencional (Teste 1 -

compressão de vapor) e dos demais testes com o sistema conjugado (Testes de 2 a 8).

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Tabela 4 - Valores médios das temperaturas registradas no calorímetro - Evaporador

Tabela 5 - Valores médios das temperaturas registradas no calorímetro - Condensador

Os resultados apresentados na Tabela 6 são provenientes dos valores médios

das grandezas medidas, para os cálculos da capacidade de refrigeração. A partir

destes dados obtidos nos testes, foram calculadas a capacidade de refrigeração e a

eficiência do sistema, através das leis da termodinâmica, sendo então comparados com

o ciclo convencional sem o sistema conjugado (Teste 1). A capacidade Standard do

sistema está baseada no valor declarado pelo fabricante e que nos testes deve ser

≥92% do valor declarado.

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Na Tabela 6 tem-se primeiramente o valor da vazão de ar em [m³/h] calculada

pelo túnel de medição de ar, o valor do dreno [ml] resultante da desumidificação do ar

que passou pelo trocador de calor da unidade evaporadora, o calor sensível e latente

em [kJ/h] calculados pela variação da entalpia do ar, a quantidade de vapor do

ambiente em [kg/h], a capacidade frigorífica dos equipamentos expressa em [kJ/h] e

[W], o consumo elétrico do sistema em [W], a capacidade standard calculada dividindo

o valor da capacidade encontrada no teste pelo valor declarado pelo fabricante, a

variação da capacidade frigorífica do sistema conjugado comparativamente com o

sistema convencional [%], o coeficiente de performance (COP) dos testes e sua

variação comparativa com o sistema convencional.

Tabela 6 - Valores médios das grandezas obtidas no calorímetro

Na Tabela 7 tem-se os valores médios da aquisição de dados das medições

realizadas no ciclo frigorífico utilizadas para as análises do sistema.

Tabela 7 - Valores médios das grandezas para análise do sistema

A Figura 31 fornece a queda da pressão de descarga em função do volume de

água aspergido sobre o trocador. Conforme esperado, à medida que o volume de água

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ultrapassa o ponto de equilíbrio da taxa de evaporação do sistema, o valor do

decréscimo da pressão tem seu valor diminuído.

Figura 31 - Comportamento da pressão de descarga x consumo de água

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6 DISCUSSÃO

Observando em um primeiro momento o consumo elétrico dos testes com o

sistema conjugado, mostrados na Figura 32, em comparação com o sistema

convencional (1), percebe-se um ligeiro aumento do consumo elétrico. Este aumento foi

devido ao acréscimo da motobomba utilizada no sistema de aspersão, nos testes em

que o efeito termodinâmico resultante da evaporação da água foi menos acentuado. Já

nos testes em que o efeito termodinâmico foi maior, pode-se observar uma redução no

consumo elétrico proveniente da redução do trabalho executado pelo compressor.

Figura 32 - Consumo elétrico

Analisando os valores demonstrados na Tabela 6 referentes a variação da

capacidade e COP, que estão sendo comparados com o sistema convencional, pode-se

observar um incremento tanto da capacidade frigorífica quanto da performance do

sistema, em todos os testes realizados.

Nas Figuras 33 e 34 pode-se observar separadamente os incrementos na

performance do sistema e da capacidade frigorífica. A principal diferença no

desempenho do sistema com a inclusão do sistema evaporativo direto por aspersão é a

redução na temperatura de condensação e conseqüentemente no consumo de energia

do compressor.

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Figura 33 - Comportamento do COP

Figura 34 - Capacidade frigorífica

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7 CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos nos ensaios realizados, pode-se concluir que há

uma melhora significativa de desempenho e eficiência do sistema de refrigeração, que

utilize um sistema evaporativo direto por aspersão integrado a unidade condensadora,

para maximizar a troca de calor. Esta melhora é evidenciada pelo aumento da razão da

potência de resfriamento pelo consumo de energia elétrica (COP), devido a redução da

pressão de descarga/condensação do sistema, nos indicando que o compressor está

operando com uma menor potência.

Este estudo revelou que alguns desafios precisam ser vencidos para o emprego

integrado destes sistemas, dentre estes está análise do ciclo de vida do equipamento,

na qual devem ser avaliados os efeitos das incrustações que podem ocorrer sobre a

superfície do trocador, que podem trazer um efeito inverso com aumento do consumo e

redução da eficiência térmica do trocador, bem como o custo do conjunto de

bombeamento e acessórios, que precisa ser analisado para justificar sua implantação.

Uma análise de custo considerando o consumo da água pluvial versus o custo da água

tratada, também precisa ser realizado. Contudo, considerando edificações que

possuam sistemas de captação de águas pluviais para fins não potáveis, seu emprego

torna-se uma alternativa interessante.

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