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ESTUDO DA EVOLUÇÃO TERMOMECÂNICA DA BACIA DO PARNAÍBA Regina Freitas Fernandes Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientador: Luiz Landau Rio de Janeiro Outubro de 2011

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ESTUDO DA EVOLUÇÃO TERMOMECÂNICA DA BACIA DO PARNAÍBA

Regina Freitas Fernandes

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Engenharia Civil.

Orientador: Luiz Landau

Rio de Janeiro

Outubro de 2011

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ESTUDO DA EVOLUÇÃO TERMOMECÂNICA DA BACIA DO PARNAÍBA

Regina Freitas Fernandes

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE)

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.

Examinada por:

________________________________________________ Prof. Luiz Landau, D.Sc.

________________________________________________ Prof. Fernando Pellon de Miranda, D.Sc.

________________________________________________ Dr. Luiz Felipe Carvalho Coutinho, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

OUTUBRO DE 2011

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Fernandes, Regina Freitas

Estudo da evolução termomecânica da Bacia do

Parnaíba/ Regina Freitas Fernandes. – Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPE, 2011.

XIV, 102 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Luiz Landau

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Civil, 2011.

Referências Bibliográficas: p. 96-102.

1. Bacia do Parnaíba. 2. Avaliação termomecânica. 3.

Maturação térmica. I. Landau, Luiz. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Civil.

III. Título.

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"...E não há melhor resposta que o espetáculo da vida:

vê-la desfiar seu fio, que também se chama vida, ver a fábrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica, vê-la brotar como há pouco

em nova vida explodida; mesmo quando é assim pequena a explosão, como a ocorrida; mesmo quando é uma explosão como a de há pouco, franzina; mesmo quando é a explosão de uma vida severina.”

(Morte e Vida Severina, João Cabral de Melo Neto)

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Para meu querido Eduardo

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Agradecimentos

Agradeço ao professor Luiz Landau e aos professores do Programa pela oportunidade

e aprendizado a mim oferecidos.

À professora Jaci Maria Bernardo da Silva Guigon, que me acompanhou neste

trabalho com competência e dedicação. Agradeço-a também pelo apoio em todos os

momentos, inclusive na difícil e necessária decisão de mudar de área. E, pela

paciência com que lidou com minha falta de tempo.

À EPE – Empresa de Pesquisa Energética, por permitir e liberar para a realização

deste trabalho, mais especificamente, agradeço, ao Diretor Elson Ronaldo Nunes e ao

Reneu Rodrigues Silva, além de toda a equipe de E&P da qual me orgulho de fazer

parte.

Aos geólogos Norival Brisola e Sergio Martins de Souza pelo companheirismo, pelos

ensinamentos, e pelo incentivo para a realização (e conclusão!) deste trabalho, e

claro, por nossos prazerosos almoços. Ao Sergio, agradeço também pela revisão do

meu texto.

Aos colegas da equipe de E&P da EPE, pelas contribuições para esta dissertação.

Ao meu querido Eduardo, pela paciência e companhia nos finais de semana que estive

na Universidade.

À minha querida irmã Raquel, com quem pude compartilhar tudo, em todo momento,

pelo seu incentivo e positivismo (“...ela me faz tão bem, que eu também quero fazer

isso por ela...”).

As minhas amigas da EPE, Angela de Oliveira Costa, Rachel Martins Henriques e

Adriana Queiroz Ramos, com quem sempre pude contar. Elas que me receberam com

tanta prontidão nesta cidade, que agora, também é minha. À Rachel agradeço também

pela ajuda com o índice.

Aos meus amigos: Alessandra Brito, Cleide Rejane A. dos Santos, Daniele Abdiel,

Débora F. Pereira, Janaina Trindade, Jefferson Acioli, Kelly Stanicch, Rodrigo Teixeira,

Wanderley Oliveira, de quem tenho sentido muita falta nestes tempos, pelos passos

que deram comigo, sempre avançando junto, cada um a seu modo e a seu tempo.

Muito obrigada a todos!

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Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ESTUDO DA EVOLUÇÃO TERMOMECÂNICA DA BACIA DO PARNAÍBA

Regina Freitas Fernandes

Outubro/2011

Orientadores: Luiz Landau

Programa: Engenharia Civil

A Bacia do Parnaíba situada na região nordeste brasileira, possui uma área de

aproximadamente 675.000 km² e, apesar do fomento exploratório ocorrido nos últimos

anos, é considerada pouco explorada. Possui características inerentes a uma bacia

paleozoica, com uma longa história evolutiva, marcada por discordâncias expressivas

e com uma cunha sedimentar relativamente rasa se comparada às bacias cretáceas

brasileiras, o que levanta controvérsia a respeito da suficiência do soterramento para

a eficiência de geração. Contudo, ocorrem na bacia rochas vulcânicas básicas

intrusivas e extrusivas, eotriássicas e eocretáceas, que representam um aspecto

importante na evolução térmica. O efeito térmico destas intrusões seria responsável

pelo acréscimo de calor necessário à maturação da matéria orgânica e consequente

geração de hidrocarbonetos. Este trabalho contribui com a reconstrução da história

térmica desta bacia a partir da modelagem das variáveis termais e da história de

soterramento. Para isso, foram utilizados modelos consagrados na literatura, que

permitem, de forma simples, a estimativa do fluxo térmico do embasamento. Na

análise da influência de intrusões ígneas na estrutura térmica da bacia, o modelo

bidimensional desenvolvido pelo método de diferenças finitas se mostrou apropriado.

Utilizou-se o fluxo térmico basal calculado nas condições de contorno da modelagem

da influência térmica das ígneas. Como resultado obteve-se a estruturação térmica da

bacia e a maturação de suas rochas geradoras.

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Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

STUDY OF THE PARNAÍBA BASIN THERMOMECHANICAL EVOLUTION

Regina Freitas Fernandes

October/2011

Advisors: Luiz Landau

Department: Civil Engineering

The Parnaiba Basin located in the Northeast of Brazil has an area nearly to 675.000

km² and despite of the intense exploring activities in the latest years, it is considered an

exploration frontier. It has inherent features to a Paleozoic basin, with a long evolution

history marked by significant unconformities and a sedimentary wedge that is relatively

shallow if it is compared to the Brazilian Cretacics basins. This raises controversy

regarding to the burial sufficiency for its hydrocarbon generation. However, there are

intrusive and extrusive basic volcanic rocks in the eotriassics and eocretaceous basin,

what represent an important factor in the thermal evolution. The thermal effect of these

intrusions would be responsible for the heating increase required for organic matter

maturation and following hydrocarbons generation. This study contributes to the

Parnaiba Basin thermal history reconstruction from the thermal variables modeling and

burial history. For this were used models established in the literature. They allow a

heat flow estimation from the basement. In the analysis of igneous intrusions influence

on the basin thermal structure the two-dimensional model using finite difference

method was proved to be suitable. The basal heat flow calculated was used in the

boundary conditions of the igneous rocks thermal effects modeling. As outcome, were

obtained the basin thermal structure and the source rocks maturation.

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Sumário

1. Introdução .............................................................................................................. 1

1.1 Motivação e objetivos ..................................................................................... 2

1.2 Desenvolvimento do trabalho ......................................................................... 3

2. Caracterização da Bacia do Parnaíba .................................................................... 5

2.1 Localização..................................................................................................... 5

2.2 Geologia Regional .......................................................................................... 7

2.2.1 Arcabouço estratigráfico .......................................................................... 7

2.2.2 Rochas magmáticas .............................................................................. 12

2.2.3 Arcabouço Estrutural ............................................................................. 13

2.3 Evolução tectônica da Bacia do Parnaíba ..................................................... 15

2.4 Sistemas Petrolíferos .................................................................................... 16

2.5 Histórico exploratório .................................................................................... 20

3. Intrusões ígneas em rochas sedimentares: um problema físico-geológico ........... 24

4. Fundamentos físicos envolvidos na transferência de calor em bacias ................. 28

4.1 Mecanismos de condução de calor ............................................................... 28

4.2 Lei de Fourier e a equação de difusão de calor ............................................ 29

4.3 Parâmetros físicos usados em modelagem térmica ...................................... 33

5. Modelos termomecânicos que descrevem a estruturação térmica de bacias sedimentares .............................................................................................................. 37

5.1 Modelos de extensão litosférica .................................................................... 37

5.1.1 Modelo de extensão uniforme ................................................................ 38

5.1.2 Modelo de extensão não-uniforme ......................................................... 42

5.1.3 Modelo de reconstrução geológica da profundidade do embasamento: técnica de backstripping ...................................................................................... 45

6. Metodologia Aplicada .......................................................................................... 47

6.1 Introdução .................................................................................................... 47

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6.2 Base de dados e informações ...................................................................... 48

6.2.1 Construção do bloco 3D para extração das seções geológicas ............. 48

6.2.2 Estratigrafia ........................................................................................... 55

6.2.3 Unidades litológicas, composição litológica, porosidade e constante de decaimento .......................................................................................................... 55

6.2.4 Massa específica e propriedades termais .............................................. 60

6.2.5 Dados geotérmicos ................................................................................ 60

6.2.6 Dados de Maturação ............................................................................. 62

6.3 Modelagem térmica por contato intrusivo ..................................................... 63

6.3.1 Modelo bidimensional para análise da influência de intrusões ígneas ... 63

6.3.2 Ambiente de desenvolvimento ............................................................... 65

6.4 Reconstrução do embasamento (história térmica da bacia) .......................... 66

6.5 Modelagem da maturação da matéria orgânica ............................................ 66

6.5.1 Método Easy%Ro .................................................................................. 67

7. Modelagem da estrutura térmica da Bacia do Parnaíba ....................................... 70

7.1 Calibração do modelo ................................................................................... 70

7.2 Modelagem termomecânica .......................................................................... 76

7.2.1 Reconstrução sedimentar ...................................................................... 78

7.3 Subsidência termal ....................................................................................... 82

7.4 Fluxo térmico ................................................................................................ 86

7.5 Estruturação térmica da Bacia do Parnaíba considerando fluxo térmico basal e de intrusões ígneas .............................................................................................. 87

7.6 Maturação térmica ........................................................................................ 90

8. Conclusões .......................................................................................................... 94

9. Referências Bibliográficas ................................................................................... 96

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Lista de Figuras

Figura 2-1: Localização da Bacia do Parnaíba. ............................................................. 5

Figura 2-2: Divisão da Bacia Parnaíba em quatro sítios deposicionais distintos ........... 6

Figura 2-3: Carta estratigráfica da Bacia do Parnaíba (veja próxima página). ............. 10

Figura 2-4: Mapa com os principais lineamentos e feições estruturais da Bacia do Parnaíba. .................................................................................................................... 14

Figura 2-5: Principais ocorrências de hidrocarbonetos na Bacia do Parnaíba. ............ 17

Figura 2-6: Carta de eventos do sistema Tianguá-Ipu (.). ........................................... 18

Figura 2-7: Carta de eventos do sistema Pimenteiras-Cabeças (!). ............................ 19

Figura 2-8: Seção sísmica que passa pelo poço 2-CP-1-MA, localizado na região de Capinzal. ..................................................................................................................... 22

Figura 2-9: Esforço exploratório na Bacia do Parnaíba. .............................................. 23

Figura 3-1: Diagrama de ilustração do mecanismo de intrusão de uma soleira de diabásio. ..................................................................................................................... 25

Figura 3-2: Modelos de intrusão de soleiras. .............................................................. 26

Figura 4-1: Mecanismos de transferência de calor. ..................................................... 29

Figura 4-2: Volume de controle infinitesimal, para a análise da condução de calor ..... 31

Figura 5-1: Modelo de Extensão Uniforme de MCKENZIE (1978). .............................. 40

Figura 5-2: Modelo de duas camadas de ROYDEN & KEEN (1980) ........................... 43

Figura 6-1: Resumo da metodologia aplicada. ............................................................ 48

Figura 6-2: Domínio do bloco 3D ................................................................................ 49

Figura 6-3: Bloco 3D da Bacia do Parnaíba ................................................................ 51

Figura 6-4: Bloco 3D e os poços, em corte. ................................................................ 52

Figura 6-5: Comparação entre seção sísmica que passa pelo poço 2-CP-1-MA com a seção extraída do bloco 3D da Bacia do Parnaíba. .................................................... 53

Figura 6-6: Seções, em planta, sobre o bloco 3D da Bacia do Parnaíba. .................... 54

Figura 6-7: Seção N-CP-SW. ...................................................................................... 56

Figura 6-8: Seção W-CP-E. ........................................................................................ 57

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Figura 6-9: Seção NE-CP-SE. .................................................................................... 58

Figura 6-10: Gráfico de porosidade versus permeabilidade vertical ............................ 59

Figura 6-11: Gradientes geotérmicos da Bacia do Parnaíba. ...................................... 62

Figura 6-12: Dados de carbono orgânico e reflectância de vitrinita do poço 2-CP-1-MA ................................................................................................................................... 63

Figura 6-13: Exemplificação da malha aplicada na seção N-CP-SW .......................... 65

Figura 6-14: Diagrama com a evolução térmica da matéria orgânica. ......................... 67

Figura 7-1: Modelagem térmica bidimensional avaliando o efeito de intrusões ígneas nas camadas da seção N-CP-SW. .............................................................................. 71

Figura 7-2: Modelagem térmica bidimensional avaliando o efeito de intrusões ígneas nas camadas da seção W-CP-E. ................................................................................ 72

Figura 7-3: Modelagem térmica bidimensional avaliando o efeito de intrusões ígneas nas camadas da seção NE-CP-SE. ............................................................................ 73

Figura 7-4: Modelagem térmica bidimensional avaliando o efeito de intrusões ígneas no poço 2-CP-1-MA. ................................................................................................... 73

Figura 7-5: Efeito da maturação térmica através do modelo Easy%Ro após o evento de intrusão ígnea. ....................................................................................................... 74

Figura 7-6: Comparação dos índices de reflectância da vitrinita com dados reais obtidos de RODRIGUES (1995). ................................................................................ 75

Figura 7-7: Localização dos sete poços utilizados na determinação da história termomecânica da Bacia do Parnaíba. ....................................................................... 77

Figura 7-8: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 2-CP-1-MA que corta as seções N-CP-SW, W-CP-E e NE-CP-SE. ........................................ 79

Figura 7-9: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 9-PAF-3-MA ........................................................................................................................... 79

Figura 7-10: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 1-TM-1-MA que corta as seções N-CP-SW. ......................................................................... 80

Figura 7-11: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 1-IZ-2-MA que corta a seção W-CP-E. .................................................................................. 80

Figura 7-12: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 1-MA-1-PI que corta as seções W-CP-E. ............................................................................. 81

Figura 7-13: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 2-BGST-1-MAque corta a seção NE-CP-SE. ................................................................. 81

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Figura 7-14: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 2-VGST-1-MA que corta a seção NE-CP-SE. ................................................................ 82

Figura 7-15: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 2-CP-1-MA. ................................................ 83

Figura 7-16: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 9-PAF-3-MA. .............................................. 84

Figura 7-17: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 1-TM-1-MA. ................................................ 84

Figura 7-18: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 1-IZ-2-MA. .................................................. 84

Figura 7-19: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 1-MA-1-PI................................................... 85

Figura 7-20: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 2-VGST-1-MA. ........................................... 85

Figura 7-21: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 2-BGST-1-MA. ........................................... 85

Figura 7-22: Variação temporal do fluxo térmico nos poços que cortam as seções .... 86

Figura 7-23: Efeito térmico das intrusões ígneas e maturação térmica na seção N-CP-SW. ............................................................................................................................. 89

Figura 7-24: Efeito térmico das intrusões ígneas e maturação térmica na seção W-CP-E. ................................................................................................................................ 89

Figura 7-25: Efeito térmico das intrusões ígneas e maturação térmica na seção NE-CP-SE. ....................................................................................................................... 90

Figura 7-26: Perfil de maturação térmica para o poço 2-CP-1-MA na seção N-CP-SW. ................................................................................................................................... 91

Figura 7-27: Perfil de maturação térmica para o poço 2-CP-1-MA na seção W-CP-E. 92

Figura 7-28: Perfil de maturação térmica para o poço 2-CP-1-MA na seção NE-CP-SE. ................................................................................................................................... 92

Figura 7-29: Comparação dos índices de reflectância da vitrinita com dados reais obtidos de RODRIGUES (1995). ................................................................................ 93

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Lista de Tabelas

Tabela 6-1 – Poços da Bacia do Parnaíba utilizados na construção do Bloco 3D ....... 50

Tabela 6-2: Unidades litológicas e idades geocronológicas das seções modeladas. Tempo em milhões de anos (M.a.) .............................................................................. 55

Tabela 6-3: Composição litológica, porosidade (Φ), e constante de decaimento (c) para cada unidade litoestratigráfica. ................................................................................... 60

Tabela 6-4: Parâmetros físicos usados no modelo, aplicados à Bacia do Parnaíba por unidade litológica. ....................................................................................................... 61

Tabela 6-5: Malha utilizada nas seções geológicas. ................................................... 64

Tabela 7-1: Valores dos parâmetros utilizados na aplicação dos modelos .................. 77

Tabela 7-2: Valores dos graus de estiramento para δ e β ........................................... 83

Tabela 7-3: Fluxo térmico calculado para os sete poços ............................................. 88

Tabela 7-4: Temperatura no embasamento para os poços que cortam as seções. .... 88

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1. Introdução

Alguns estudos foram realizados na Bacia do Parnaíba acerca da maturação térmica

das potenciais rochas geradoras. De fato, estas rochas apresentam diferentes níveis

de maturação térmica (Rodrigues, 1995). Entretanto, poucos estudos abordam de

forma contundente a história da evolução térmica desta bacia. Desta forma, a

evolução termomecânica e as implicações na estruturação térmica ainda carecem de

estudos mais conclusivos.

A Bacia do Parnaíba, por características inerentes a uma bacia paleozoica, com uma

longa história evolutiva, marcada por discordâncias expressivas e com uma cunha

sedimentar relativamente rasa se comparada às cretáceas brasileiras, apresenta

controvérsia a respeito da suficiência do soterramento para a geração de

hidrocarbonetos. Contudo, ocorrem na bacia rochas vulcânicas básicas intrusivas

(diques e soleiras) e extrusivas, associadas à eventos magmáticos do Eotriássico e

Eocretáceo, que representam um aspecto importante na sua evolução térmica. O

efeito térmico destas intrusões seria responsável pelo acréscimo de calor necessário à

maturação da matéria orgânica e consequente potencial de geração de petróleo.

Vários autores avaliaram o efeito termal que as intrusões ígneas básicas produzem

nas bacias paleozoicas brasileiras (RODRIGUES, 1995, ALVES & RODRIGUES 1985,

BENDER, 2001). Conforme sugerido por THOMAS FILHO et al. (2007), considerando

que nestas bacias ocorrem boas rochas geradoras de hidrocarbonetos no Devoniano e

no Permiano, pode-se prognosticar que quantidades de petróleo podem ter sido

geradas pela ação dos corpos ígneos intrusivos.

O exemplo de sucesso nas bacias paleozoicas brasileiras que consolida a eficácia de

sistemas petrolíferos não convencionais, cuja maturação se dá pelo efeito térmico de

intrusões, é o da Bacia do Solimões. Além da expressiva produção de 34,8 mil barris

de petróleo por dia (em junho de 2011), tal bacia possui a terceira maior produção de

gás natural do país, com cerca de 11,8 milhões de metros cúbicos diários (ANP,

2011).

Na década de oitenta, quando o mecanismo de geração não-convencional de petróleo

pela ação direta do calor dos corpos intrusivos ainda não era adequadamente

equacionado, as atividades exploratórias da bacia foram estagnadas. Hoje, técnicas e

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ferramentas modernas de aquisição e interpretação de dados aliadas ao estudo de

sistemas petrolíferos, incluindo os não convencionais, abrem novas oportunidades

exploratórias.

Segundo GÓES & FEIJÓ (1994), os efeitos térmicos devido ao calor gerado pelas

intrusões, somados aos efeitos naturais de soterramento causaram a maturação dos

principais níveis geradores na Bacia do Parnaíba. Baseado nessa assertiva, este

trabalho propõe um estudo que contribua com a reconstrução da história térmica desta

bacia a partir da modelagem das variáveis termais associadas ao magmatismo e à

história de soterramento.

Desde a década de 1970, diversos modelos foram formulados objetivando quantificar

os processos de subsidência e fluxo térmico em bacias sedimentares. Os modelos

termomecânicos de MCKENZIE (1978) e ROYDEN & KEEN (1980) são amplamente

usados e resultam, de forma simples, em uma estimativa aproximada do fluxo térmico

ao nível do embasamento. Já para a análise da influência de intrusões ígneas na

estrutura térmica da bacia, o modelo de VASCONCELOS (2010) mostra-se

apropriado, uma vez que foi elaborado e aplicado em função de uma bacia similar.

Soma-se a isto o fato dos inputs necessários não serem influenciados pela baixa

disponibilidade de dados, viabilizando a modelagem.

1.1 Motivação e objetivos

A analogia com as outras bacias paleozoicas brasileiras, produtoras ou portadoras de

acumulações importantes, o esforço exploratório atualmente realizado nos blocos

exploratórios com descobertas potenciais e a convicção de que sistemas petrolíferos

não convencionais contribuem com novas oportunidades exploratórias na Bacia do

Parnaíba constituem o conjunto de fatores motivacionais que sustentam o tema desta

dissertação.

Com isso, a motivação principal deste trabalho é contribuir com a reconstrução da

evolução térmica da Bacia do Parnaíba através da modelagem da história térmica

devido ao afinamento da litosfera e ao efeito térmico devido às intrusões ígneas. E a

partir da resultante deste estudo, avaliar a possibilidade de geração de

hidrocarbonetos, através dos resultados dos indicadores de maturação.

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Os dados disponíveis ainda são restritos para as dimensões da Bacia do Parnaíba

dificultando o desenvolvimento de modelos que busquem entender a sua estruturação

térmica regional. Contudo, procurou-se aplicar uma metodologia que se adaptasse aos

dados públicos disponíveis na literatura.

Com base nas motivações acima, foram listados os principais objetivos desta

dissertação:

1) elaborar seções geológicas da Bacia do Parnaíba para a aplicação da

modelagem térmica e da reconstrução sedimentar;

2) calcular a estrutura térmica da bacia:

a. com base na história térmica do soterramento; utilizando a técnica de

backstripping, bem como os modelos de extensão litosférica de

MCKENZIE (1978) e ROYDEN & KEEN (1980);

b. com base no efeito térmico das intrusões ígneas: empregando o modelo

numérico bidimensional de VASCONCELOS (2010).

3) avaliar a geração de petróleo na bacia, utilizando o modelo Easy%Ro para a

determinação teórica dos índices de reflectância da vitrinita e consequente

delimitação das janelas de geração de óleo e gás.

1.2 Desenvolvimento do trabalho

Primeiramente, foi feita uma caracterização geológica da Bacia do Parnaíba. Intrusões

ígneas ocorridas nesta bacia podem ter contribuído com a evolução térmica e ter

estabelecido uma influência importante na maturação da matéria orgânica,

consequentemente, na geração de hidrocarbonetos, similar ao que ocorre nas bacias

paleozoicas amazônicas. Para entendimento do efeito térmico de intrusões ígneas

sobre as rochas geradoras da Bacia do Parnaíba, buscou-se encadear atividades que

integrassem uma sequência metodológica. Essa sequência é composta por três

etapas principais: construção das seções geológicas; cálculo da estrutura térmica da

bacia; e avaliação da maturação da matéria orgânica.

A primeira etapa foi destinada à construção de seções geológicas mais próximas da

realidade, que suportassem a modelagem do efeito térmico devido às intrusões.

Foram correlacionados dados de 31 poços perfurados na bacia pela Petrobras até

1986 (CUNHA, 1986, GÓES et al., 1994). Os dados dos poços foram

georreferenciados e integrados no Temis, um software convencional para modelagem

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de sistemas petrolíferos desenvolvido pelo Instituto Francês do Petróleo (IFP). No

Temis foi gerado um bloco 3D, a partir do qual foram extraídas as seções utilizadas na

modelagem.

A segunda etapa tratou da modelagem térmica em 2D, relacionando a estrutura

térmica ao fluxo térmico basal e ao efeito térmico devido a intrusões ígneas comuns na

bacia. Na modelagem do fluxo térmico basal e da história térmica devido ao

estiramento litosférico foram utilizados os modelos de MCKENZIE (1978) e ROYDEN

& KEEN (1980) e a técnica de backstripping (STECKLER & WATTS, 1978). Na

modelagem para avaliação do efeito térmico devido às intrusões, foi utilizado o modelo

numérico bidimensional implementado por VASCONCELOS (2010). Neste modelo, o

tratamento físico da condução de calor, em uma bacia sedimentar influenciada por

intrusões ígneas, é resolvido pelo Método das Diferenças Finitas (MDF), mais

especificamente a classe de Método de Direções Alternadas (ADI).

A terceira etapa, uma vez conhecida a estrutura térmica, refere-se à determinação dos

índices de maturação do querogênio e consecutiva determinação das janelas de

geração de óleo e gás. Neste trabalho, a modelagem da maturidade térmica foi

baseada no modelo Easy%Ro desenvolvido por SWEENEY & BURNHAM (1990).

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2. Caracterização da Bacia do Parnaíba

2.1 Localização

A Bacia do Parnaíba ocupa uma área de 675.000 km², no nordeste brasileiro,

recobrindo os estados do Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará, Ceará e Bahia. Está

situada geograficamente entre os paralelos 2º00” e 12º00”S e meridianos 41º00” e

50º00”W (Figura 2-1). Encontra-se posicionada entre as faixas de dobramentos que

bordejam os crátons do Guaporé, São Luís e São Francisco (GÓES et al., 1990). Está

limitada geologicamente a norte pelo arco Ferrer–Urbano Santos, que a separa das

bacias de São Luís e Barreirinhas na margem continental; a sul, pelo arco do Médio

São Francisco, separando-a da bacia Sanfranciscana; a noroeste, pelo arco de

Tocantins, que a separa da bacia de Marajó (SILVA et al., 2003).

Figura 2-1: Localização da Bacia do Parnaíba. Fonte: Elaboração própria, a partir de dados da ANP/BDEP (2011).

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A espessura sedimentar alcança cerca de 3.000 m, com uma coluna sedimentar

constituída, em sua maior parte, por rochas de idade ordoviciana a cretácea, com

delgada cobertura terciária e quaternária (ZEMBRUSCKI & CAMPOS, 1988).

A Bacia do Parnaíba, em sua extensa área de ocorrência apresenta uma evolução

tectono-sedimentar complexa. Por conseguinte, é subdividida por alguns autores em

sub-bacias com as características geológicas e tectônicas de determinados sítios

deposicionais. SILVA et al. (2003) denominaram a região de Província Parnaíba, que

segundo esses autores, é caracterizada por uma evolução policíclica,

compartimentada em bacias com gêneses, estilos tectônicos, preenchimento

sedimentar e idades distintas, o que corroborou a divisão em quatro sub-bacias: Bacia

do Parnaíba propriamente dita, Bacia das Alpercatas, Bacia do Grajaú e Bacia do

Espigão-Mestre (Figura 2-2).

Figura 2-2: Divisão da Bacia Parnaíba em quatro sítios deposicionais distintos: Bacia do Parnaíba, Bacia das Alpercatas, Bacia do Grajaú e Bacia do Espigão-Mestre.

Fonte: SILVA et al. (2003).

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Neste trabalho, com perspectivas regionais, a Província é tratada como uma única

entidade sedimentar.

2.2 Geologia Regional

2.2.1 Arcabouço estratigráfico

O embasamento da Bacia do Parnaíba é constituído de rochas metamórficas, ígneas e

sedimentares, cujas idades abrangem um longo intervalo do Arqueano ao Ordoviciano,

Contudo, possivelmente, há predominância de rochas neoproterozóicas e

eopaleozoicas, que correspondem ao tempo de consolidação da Plataforma Sul-

Americana (VAZ et al., 2007). As unidades que compõem o embasamento são a

Formação Riachão e o Grupo Jaibaras constituídas por rochas sedimentares

continentais que preenchem estruturas grabenformes.

Para VAZ et al. (2007), movimentos eustáticos do nível do mar são os principais

responsáveis pelas discordâncias entre as sequências, uma vez que a eustasia

controla os ciclos transgressivos-regressivos. A proposta estratigráfica destes autores

sugere uma relação de cinco supersequências deposicionais que seguem do período

Siluriano até o Cretáceo (Figura 2-3):

1. Sequência Siluriana – compreende um ciclo transgressivo-regressivo

completo. Está depositada sobre rochas proterozóicas. A unidade

litoestratigráfica correlaciona-se ao Grupo Serra Grande (formações Ipu,

Tianguá, Jaicós). A Formação Ipu é composta por arenitos com seixos e

conglomerados com matriz argilosa, que caracterizam grande variedade de

ambientes deposicionais de glacial a fluvial e leques deltaicos (CAPUTO, 1984

in VAZ et al., 2007). Na Formação Tianguá prevalecem os folhelhos cinza

escuros bioturbados depositados em ambiente de plataforma rasa (GÓES, et

al., 1990). Esta unidade representa a superfície de inundação máxima,

enquanto que a Formação Jaicós é o intervalo regressivo dessa sequência. Na

Formação Jaicós predominam os arenitos grossos, mal selecionados, com

pelitos subordinados, depositados em sistema fluvial entrelaçado. Para GÓES

et al. (1990), o término da sedimentação do Serra Grande é marcada pela

Orogenia Caledoniana;

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2. Sequência Mesodevoniana-Eocarbonífera – a unidade litoestratigráfica

correspondente é composta pelo Grupo Canindé (formações Itaim,

Pimenteiras, Cabeças, Longá e Poti). A Formação Itaim é constituída por

arenitos finos a médios, com intercalações de folhelhos bioturbados

depositados em ambientes deltaicos e plataformais. Nesta sequência se

destaca a Formação Pimenteiras, composta por folhelhos escuros ricos em

matéria orgânica, que representam a transgressão marinha mais importante

da bacia (VAZ et al., 2007). Na Formação Cabeças predominam os arenitos

depositados em ambiente plataformal sob influência de correntes decorrentes

de processos de marés. Esses arenitos são considerados reservatórios

potenciais da Bacia do Parnaíba. A Formação Longá consiste de folhelhos

escuros, por vezes laminados e bioturbados, de ambiente plataformal

dominado por tempestade (GÓES & FEIJÓ, 1994). Segundo estes autores a

Formação Poti é composta por arenitos esbranquiçados, com lâminas de siltito

subordinadas, associados a deltas e a planícies de maré. O encerramento do

ciclo deposicional do Grupo Canindé é marcado por uma notável discordância

regional associada por GÓES et al. (1990), GÓES & FEIJÓ, (1994) e VAZ et

al. (2007) à Orogenia EoHerciniana. Após a deposição dos sedimentos do

Grupo Canindé, a Bacia do Parnaíba teria entrado em um processo erosivo

conduzido por movimentos epirogênicos ascendentes e uma regressão de

âmbito global (VAZ et al., 2007).

3. Sequência Neocarbonífera-Eotriássica – a unidade estratigráfica é composta

pelo Grupo Balsas (formações Piauí, Pedra de Fogo, Motuca e Sambaíba). Na

Formação Piauí, predominam arenitos intercalados com folhelhos. GÓES &

FEIJÓ (1994) atribuem à deposição um ambiente continental e litorâneo, sob

um clima extremamente árido. Entretanto, há outras interpretações que

associam a um ambiente fluvial, com contribuição eólica e breves incursões

marinhas. A Formação Pedra do Fogo é caracterizada por uma grande

variedade de rochas, com presença de sílex, calcário oolítico e psolítico,

eventualmente estromatolítico, intercalado com arenito fino a médio, folhelho,

siltito, anidrita e por vezes dolomito. As rochas desta formação são associadas

por GÓES & FEIJÓ (1994) a um ambiente marinho raso a litorâneo, com

planícies de sabkha. A Formação Motuca é composta predominantemente por

siltitos, arenitos e folhelhos. Ocorrem subordinadamente anidrita e raros

calcários depositados em um sistema desértico. Na Formação Sambaíba

predominam arenitos bem selecionados associados a um sistema eólico em

ambiente desértico (GÓES & FEIJÓ, 1994). Essa sequência marca mudanças

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ambientais e tectônicas profundas na região, que levaram à mudança dos

eixos deposicionais com direção NE-NW para o centro da Bacia e restringiram

a circulação dos mares abertos (GÓES et al., 1990). Segundo tais autores,

essa sequência também compõe um ciclo transgressivo-regressivo, porém sob

condições marinhas rasas e restritas, em clima quente e árido, propiciando a

deposição de evaporitos e a desertificação progressiva da área. Rochas

basálticas recobrem a Formação Sambaíba (VAZ et al., 2007).

4. Sequência Jurássica – constituída pela Formação Pastos Bons, que é

composta por arenitos nas porções basal e superior. A porção intermediária é

constituída por siltitos e folhelhos por vezes intercalados com arenito (VAZ et

al., 2007). A deposição dessa sequência seria relacionada à subsidência

causada pela soma dos pesos da carga de derrames basálticos e da carga

sedimentar existente (GÓES et al., 1990). O fim dessa fase sedimentar seria

consequência de processos tectônicos associados à abertura do Atlântico

Equatorial (VAZ et al., 2007).

5. Sequência Cretácea – essa unidade litoestratigáfica é composta pelas

formações: Codó, Corda, Grajaú e Itapecuru. A formação Corda é composta

essencialmente por arenitos com estratificação cruzada de grande porte e

outras estruturas que sugerem a deposição em sistema desértico (VAZ et al.,

2007). Na Formação Grajaú, predominam arenitos esbranquiçados, finos a

conglomeráticos. A Formação Codó é composta por folhelhos, calcários,

siltitos, gipsita/anidrita e por arenito com níveis de sílex e estromatólitos. A

Formação Itapecuru se constitui predominantemente de arenitos, com

ocorrência subordinada de pelitos e arenitos conglomeráticos. A tectônica que

atuou na abertura do Atlântico Equatorial refletiu na estrutura interna da bacia

durante o Cretáceo, acarretando o deslocamento dos depocentros, que se

mantinham até então na região central, para norte e nordeste (VAZ et al.,

2007).

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Figura 2-3: Carta estratigráfica da Bacia do Parnaíba (veja próxima página).

Fonte: VAZ et al. (2007).

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(continuação) Carta estratigráfica da Bacia do Parnaíba.

Fonte: VAZ et al. (2007).

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2.2.2 Rochas magmáticas

Um magmatismo jurocretáceo, de caráter básico a alcalino, relacionado à ruptura do

Supercontinente Gondwana, ocorreu por toda a extensão que corresponde hoje ao

território do Brasil. O magmatismo básico pronunciado, sob a forma de diques, soleiras

e derrames, concentrou-se nas bacias intracontinentais (MIZUSAKI & THOMAZ

FILHO, 2004).

Na Bacia do Parnaíba, ocorrem rochas ígneas intrusivas (diques e soleiras) e

extrusivas de composição básica, que estratigraficamente foram divididas em duas

unidades: Formação Sardinha e Formação Mosquito (VAZ et al., 2007). Estes autores

atribuem uma idade média de 124 milhões de anos (Ma), Eocretáceo, para a

Formação Sardinha e de 178 Ma (Eojurássico) para a Formação Mosquito. Essas

duas unidades diferem também com relação à sua natureza química e isotópica, à

forma de ocorrência em superfície (Sardinha em grandes diques e pequenas soleiras;

Mosquito em grandes derrames e pequenas soleiras) e à sua localização na bacia

(VAZ et al., 2007).

Para MIZUSAKI & THOMAZ FILHO (2004) e ZALÀN (2004), a Formação Mosquito tem

correlação com as soleiras de diabásio relacionadas ao magmatismo Penatecaua das

bacias do Solimões e Amazonas, cuja idade gira entre 210 e 201 Ma. As rochas

básicas da Formação Sardinha seriam correlatas aos derrames da Formação Serra

Geral, na Bacia do Paraná, com idade entre 137 a 127 Ma.

MIZUSAKI & THOMAZ FILHO (2004) sugerem que as manifestações magmáticas com

idade em torno de 130 Ma podem estar relacionadas com o processo de rifteamento e

consequente formação do Oceano Atlântico Sul. Dentro de um contexto evolutivo de

extensão crustal, o rifte precursor do Atlântico Sul teria se propagado de SW para NE

induzindo às manifestações magmáticas que hoje podem ser reconhecidas na Bacia

do Parnaíba (MIZUSAKI & THOMAZ FILHO, 2004). Essas manifestações seriam

referentes às rochas ígneas da Formação Sardinha. Já o magmatismo que originou a

Formação Mosquito estaria relacionado ao rifteamento e posterior abertura do

Atlântico Central (MILANI & THOMAZ FILHO, 2000 in VAZ et al., 2007).

Segundo VAZ et al., (2007), a partir de interpretação sísmica, é possível verificar

soleiras em uma grande extensão da Bacia do Parnaíba, sem, no entanto, estarem

classificadas como Formação Mosquito ou Sardinha. Entretanto, esses autores

admitem possível predominância da Formação Mosquito (magmatismo Penatecaua),

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por correlação com as bacias do Solimões e Amazonas.

Com relação à ocorrência nas sequências estratigráficas, os diques e soleiras estão

presentes em maior quantidade na Sequência Mesodevoniana-Eocarbonífera e na

Siluriana, contudo são raros na Sequência Neocarbonífera-Eotriássica (VAZ et al.,

2007).

2.2.3 Arcabouço Estrutural

A Bacia do Parnaíba é classificada como intracratônica, possui forma circular e

depocentro levemente elíptico com orientação NW-SE. Desenvolveu-se sobre um

embasamento continental durante a fase de estabilização da Plataforma Sul-

Americana (ALMEIDA & CARNEIRO, 2004).

A sedimentação pós-ordoviciana da Bacia do Parnaíba foi fortemente influenciada pelo

período terminal do Ciclo Brasiliano, cujos pulsos propiciaram a formação de grabens

distribuídos por toda a bacia (GÓES et al., 1990, VAZ et al., 2007). Esses autores

corroboram que estruturas grabenformes interpretadas no substrato da Bacia do

Parnaíba teriam controlado o depocentro inicial desta bacia. Esses sítios

deposicionais, ou riftes precursores da Bacia do Parnaíba, seriam correlacionáveis ao

Graben Jaibaras e a outros grabens, situados na Província Borborema, que foram

gerados em um sistema de riftes do final do Proterozóico e início do Paleozóico (VAZ

et al., 2007), conforme Figura 2-4.

O Lineamento Picos-Santa Inês e a Zona de Falha Transbrasiliana constituem fraturas

e falhas herdadas do embasamento, com relevante importância desde a fase inicial da

bacia e por toda a sua evolução, pois controlaram as direções dos eixos deposicionais

até o Eocarbonífero (VAZ et al., 2007). Esses lineamentos destacam-se entre as

principais feições estruturais da Bacia do Parnaíba.

A Zona de Falha Transbrasiliana, também chamada de Lineamento Transbrasiliano,

constitui uma faixa altamente estruturada no sentido NE-SW, que abrange um

complexo de falhas normais e transcorrentes, altos estruturais e grabens com eixos

paralelos às falhas. Apresenta uma feição alongada com cerca de 2.700 km, que cruza

o território brasileiro do Ceará ao Mato Grosso do Sul. No interior da Bacia do

Parnaíba, o Lineamento Transbrasiliano é demarcado por falhas orientadas no sentido

NE-SW que cortam seções paleozoicas e mesozoicas, bem como por diques de

diabásio orientados no mesmo sentido (CUNHA, 1986).

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As evidências do Lineamento Picos-Santa Inês não são tão explícitas quanto às do

Transbrasiliano; entretanto, se refletem em uma série de alinhamentos orientados para

noroeste que possivelmente interagiram com o desenvolvimento da bacia, controlando

um expressivo eixo deposicional NW-SE (CUNHA, 1986). As principais feições

estruturais da Bacia do Parnaíba estão representadas na Figura 2-4.

Acompanhando os efeitos da separação dos continentes sul-americano e africano com

consequente abertura do Oceano Atlântico Equatorial, ocorreu um significativo

processo magmático intrusivo e extrusivo (GÓES et al., 1990), que foi responsável por

falhamentos de pequeno rejeito, dobras e outras estruturas (VAZ et al., 2007).

Figura 2-4: Mapa com os principais lineamentos e feições estruturais da Bacia do Parnaíba.

Fonte: Elaboração própria a partir de informações obtidas de CUNHA (1986), GÓES et al. (1990), SILVA et al. (2003).

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2.3 Evolução tectônica da Bacia do Parnaíba

As sedimentações paleozoicas desenvolveram-se em extensas sinéclises, que tiveram

como base uma plataforma consolidada a partir de colagens de placas tectônicas

isoladas, cuja união aconteceu no Ciclo Brasiliano, acompanhada de todos os eventos

deformacionais, metamórficos, ígneos, sedimentares e geomorfológicos típicos de

orogêneses (ZALÁN, 2004). Um estágio de estabilização, ocorrido do Siluriano ao

Jurássico, marcado por calmaria tectônica e mudança no padrão de sedimentação, foi

essencial para o desenvolvimento das sinéclises paleozoicas. As sinéclises formaram-

se independentemente das estruturas subjacentes locais e passaram a sofrer

extensas transgressões e regressões marinhas regionais. Em resposta à subsidência,

arcos regionais ergueram-se e circundaram as sinéclises, terminando por separá-las.

Entre o Jurássico e o Triássico, sob extrema calma tectônica, toda a plataforma sofreu

ascensão, limitando a sedimentação e ocasionando o fim das ingressões marinhas.

Entretanto, a origem da subsidência inicial, que localiza geograficamente as sinéclises

e os mecanismos de subsidências adicionais que vão aprisionando as

supersequências superiores, refletem aspectos ainda considerados controversos

(ZALÁN, 2004).

Estudos recentes levantam a hipótese de que a subsidência inicial das bacias

paleozoicas seria originada em um processo semelhante a de um rifte ativo,

caracterizado pela presença de vulcanismo na base de algumas delas, evidenciando

prenúncio de esforços distensionais (ZALÁN, 2004).

Na Bacia do Parnaíba, no fim do evento do Ciclo Brasiliano, durante a transição do

Cambriano para o Ordoviciano, o resfriamento e a contração da litosfera favoreceram

a formação de falhas normais e a ativação de antigas estruturas lineares. Deste modo,

surgiu um quadro tectônico e estrutural dominado por extensos falhamentos normais e

fossas desenvolvidas ao longo de zonas de fraqueza crustal anteriormente instaladas.

De acordo com CUNHA (1986), estas zonas são bem representadas na Bacia do

Parnaíba por expressivos lineamentos, destacando-se o Transbrasiliano e Picos-Santa

Inês.

As fossas assim instaladas foram sincronicamente preenchidas por clásticos cambro-

ordovicianos, que chegam a atingir milhares de metros de espessura e que em

conjunto, constituem a estruturação precursora da Bacia do Parnaíba, demarcando no

tempo e no espaço o início de sua subsidência (CUNHA, 1986).

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Como resultado da evolução termomecânica da área, estabeleceu-se a grande

depressão ordoviciana, sobre a qual se depositou a Sequência Siluriana, composta

pelos sedimentos flúvio-deltaicos a marinhos rasos do Grupo Serra Grande.

Posteriormente, com o prosseguimento dos processos termais, já com efeitos

flexurais, foi depositada a Sequência Mesodevoniana-Eocarbonífera, constituída

principalmente pelos sedimentos devonianos do Grupo Canindé (GÓES et al., 1990).

Do Neocarbonífero até o Jurássico, os depocentros deslocaram-se para a parte central

da bacia (GÓES et al., 1990; VAZ et al., 2007), a sedimentação passou a ter um

padrão concêntrico e a forma externa da região deprimida tornou-se ovalada, típica de

uma sinéclise interior (VAZ et al., 2007).

2.4 Sistemas Petrolíferos

Um sistema petrolífero é definido por MAGOON & DOW (1994) como um sistema

natural que relaciona uma rocha geradora a um determinado tipo de óleo ou gás em

uma bacia sedimentar e que inclui todos os processos que são essenciais para a

existência e acumulação de hidrocarbonetos. Constitui uma combinação de elementos

e processos que, sob condições adequadas propiciam a geração, acumulação e

armazenamento de petróleo. Dentro de um sistema petrolífero a rocha geradora

matura expulsa os hidrocarbonetos gerados, que migram por falhas ou carrier beds até

rochas porosas que servem de reservatórios, onde são armazenados e aprisionados

por estruturas ou descontinuidades de diferentes tipos litológicos. Uma capa selante,

formada por rocha de baixa permeabilidade, garante que o hidrocarboneto mantenha-

se acumulado. Para que acumulações ocorram, todo o processo deve ocorrer de

maneira contínua e simultânea.

O sistema petrolífero pode ser classificado de acordo com o nível de incerteza em:

conhecido (!), hipotético (.) e especulativo (?). Em um sistema conhecido existe

correlação geoquímica entre a rocha geradora e os hidrocarbonetos da acumulação.

Em um sistema hipotético a geradora é identificada, mas não há correlação com

acumulação de hidrocarbonetos. No especulativo, a existência da rocha geradora ou

de hidrocarbonetos é postulada com base em evidências geológicas e geofísicas

(MAGOON & DOW, 1994). A nomenclatura para sistemas petrolíferos, proposta por

tais autores, consiste no nome da rocha geradora, seguido pelo nome da rocha

reservatório e do nível de incerteza.

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MAGOON & DOW (1994) classificaram ainda os sistemas petrolíferos em típicos e

atípicos. Nos sistemas típicos a rocha geradora sofre maturação por soterramento

devido ao aumento das temperaturas em profundidade. Já nos sistemas atípicos a

geração de hidrocarbonetos ocorre de outro modo que não por soterramento. Inclui-se

nesta categoria a maturação da rocha geradora por condução do fluxo térmico

proveniente de intrusões ígneas.

Os sistemas petrolíferos comumente mencionados para a Bacia do Parnaíba, na

literatura disponível (GÓES et al., 1990; RODRIGUES, 1995; MENDONÇA et al.,

2004; ANP, 2007), são o Tianguá-Ipu (.) e o Pimenteiras-Cabeças (!). Corroboram a

existência de pelo menos um desses sistemas as ocorrências de hidrocarbonetos em

Teste de Formação (TF), poços com indícios em amostras de calha, exsudações de

gás, além de anomalias geoquímicas de superfície verificadas na bacia (ANP, 2007),

como observado na Figura 2-5. A acumulação, até então tida como subcomercial, do

poço 2-CP-1-MA confirma especificamente o sistema Pimenteiras-Cabeças (!),

conforme Figura 2-7.

Figura 2-5: Principais ocorrências de hidrocarbonetos na Bacia do Parnaíba. Fonte ANP/Nona Rodada (2007).

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18

O sistema petrolífero Tianguá-Ipu (.) foi postulado por GÓES et al. (1990),

relacionando como rocha geradora os folhelhos da Formação Tianguá e como

reservatórios, os conglomerados e arenitos da Formação Ipu. Neste sistema, a rocha

selante seria também os folhelhos da Formação Tianguá (Figura 2-6). Caracterizada

como a rocha geradora siluriana na Bacia do Parnaíba, os folhelhos marinhos da

Formação Tianguá possuem teor de carbono orgânico (COT) normalmente inferiores a

1%, mas em raros níveis podem atingir 1,2%. A matéria orgânica é do tipo III,

originada de vegetais superiores e suscetível a oxidação. Segundo RODRIGUES

(1995), a maturação estaria associada ao efeito térmico das intrusões juro-triássicas.

Figura 2-6: Carta de eventos do sistema Tianguá-Ipu (.). Fonte: Elaboração própria a partir de informações obtidas de GÓES et al. (1990), CUNHA

(1986), RODRIGUES (1995), VAZ et al. (2007), ANP/Nona Rodada (2007).

O sistema Pimenteiras-Cabeças (!) é aqui classificado como conhecido com base no

trabalho de RODRIGUES (1995), que associou os melhores indícios de óleo (no poço

1-TB-2-MA) e gás (no poço 2-CP-1-MA) aos folhelhos geradores devonianos da

Formação Pimenteiras, considerando suas características geoquímicas. O estudo

mostrou ainda que estes folhelhos apresentam COT entre 2% e 5%, com a influência

de intrusões ígneas, em vista de sua elevada maturação, incompatível com a evolução

térmica por soterramento da bacia. O tipo de matéria orgânica associada aos folhelhos

devonianos da Formação Pimenteiras constitui uma mistura em diferentes proporções

dos tipos II e III (RODRIGUES, 1995). Segundo GÓES et al. (1990), a Formação

Pimenteiras é considerada a principal unidade potencialmente geradora de petróleo na

Bacia do Parnaíba, distribuindo-se amplamente e alcançando espessuras superiores a

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500 m. A relativa riqueza orgânica nesta formação é restrita a níveis de radiação

elevada, atingindo valores de carbono orgânico total residual de até 6 % e isólitas

máximas em torno de 60 m (GÓES et al., 1990). Os reservatórios são os arenitos da

Formação Cabeças, enquanto que os selos são representados por folhelhos, tanto da

Formação Cabeças, quanto da Formação Longá (RODRIGUES, 1995). A carta de

eventos do sistema Pimenteiras-Cabeças (!) pode ser verificada na Figura 2-7.

Figura 2-7: Carta de eventos do sistema Pimenteiras-Cabeças (!). Fonte: Elaboração própria a partir de informações obtidas de GÓES et al. (1990), CUNHA

(1986), RODRIGUES (1995), VAZ et al. (2007), ANP/Nona Rodada (2007).

Diversos autores (GÓES et al., 1990; YOUNG, 2003; SANTOS et al., 2007) sugerem

ainda a possibilidade da existência do sistema petrolífero Pimenteiras-Pimenteiras (?).

YOUNG (2006) analisou os corpos arenosos situados dentro da Formação

Pimenteiras, constatando valores elevados de porosidade e permeabilidade, além de

fornecer uma nova interpretação geológica para o posicionamento destes corpos

dentro desta formação. Um novo modelo estratigráfico baseado em regressões

forçadas, obtido através da análise estratigráfica de alta resolução em testemunhos de

sondagem na borda Leste da Bacia do Parnaíba (YOUNG & BORGHI, 2003; YOUNG,

2006), propõe a deposição de arenitos em corpos isolados intercalados com os

folhelhos da Formação Pimenteiras. Embora o estudo não permita a compreensão das

heterogeneidades macro e mesoscópicas relacionadas às potenciais rochas

reservatório, abre novas perspectivas para um sistema petrolífero Pimenteiras-

Pimenteiras (?).

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2.5 Histórico exploratório

A evolução exploratória das bacias paleozoicas brasileiras teve seu ápice entre os

anos de 1954 a 1968, durante o período de monopólio da Petrobras. Durante esses

anos de atuação, a Petrobras buscou manter duas estratégias principais: descobrir

novas reservas petrolíferas com eficiência e rentabilidade; incluir no esforço

exploratório as bacias que então pareciam menos atraentes. Contudo, investimentos

relativamente baixos foram destinados às bacias de novas fronteiras, pelo menos até

1997 (BACOCCOLI, et al., 2003).

Além disso, a falta de sucesso nas bacias paleozoicas, aliada, em parte, às

dificuldades logísticas da época e à baixa qualidade dos dados, direcionaram os

esforços exploratórios para as bacias cretáceas (BACOCCOLI, et al., 2003).

As bacias paleozoicas foram então privadas de uma evolução tecnológica que poderia

dar outro rumo à suas histórias exploratórias, bem como ao conhecimento de seus

potenciais petrolíferos. Nesse contexto, um exemplo que pode ser evidenciado é a

presença de rochas ígneas nestas bacias, então consideradas como um problema que

dificultaria a obtenção de dados sísmicos confiáveis, assim como a interpretação

gravimétrica, magnetométrica e de geologia de superfície (BACOCCOLI, et al., 2003).

Hoje, alguns autores defendem que as rochas ígneas, em alguns casos, são, em

alguns casos, essenciais para a maturação térmica da matéria orgânica em sistemas

petrolíferos não convencionais (LUTHI & O’BRIEN, 1993; RODRIGUES, 1995;

BENDER, 2001; WANDERLEY FILHO et al. 2006). A Bacia do Solimões é um

exemplo clássico do efeito magmático no processo de geração de óleo e gás.

O encerramento das atividades exploratórias nas bacias terrestres paleozoicas

propiciou um círculo vicioso, onde a ausência de dados exploratórios ou sua baixa

qualidade levou à falta de interesse por parte da indústria devido ao insucesso

exploratório, o que impossibilitou a coleta de novos dados com maior qualidade e em

maior quantidade (ÁVILA, 2010).

Os primeiros estudos aplicados à exploração de petróleo na Bacia do Parnaíba foram

realizados na década de 50, quando o Conselho Nacional do Petróleo (CNP)

desenvolveu estudos de geologia de superfície e perfurou dois poços no Estado do

Maranhão. Entre 1956 e 1966, uma nova fase exploratória foi iniciada, já sobre a

responsabilidade da Petrobras criada em 1953. Nessa ocasião foram desenvolvidas

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atividades de mapeamento geológico e fotogeológico, gravimetria, levantamentos

localizados de sísmica e a perfuração 22 poços exploratórios. Tal esforço resultou na

detecção de alguns indícios de óleo e gás (GÓES et al., 1990). Em 1975 os trabalhos

foram retomados com uma nova campanha de levantamento sísmico,

aeromagnetometria e a perfuração de mais quatro poços pioneiros (GÓES et al.,

1990).

No início dos anos de 1980, a ESSO e a Anschutz, após assinarem contrato de risco,

empreenderam nova campanha exploratória, que possibilitou a obtenção de novos

dados (GÓES, et al., 1990). Essa fase se caracterizou pela implementação do uso da

sísmica de reflexão como ferramenta principal nas atividades exploratórias (ANP,

2007).

A partir de 1988 a Petrobras iniciou nova fase exploratória, que priorizou a

reinterpretação sistemática dos dados disponíveis. A partir desses esforços, vários

indícios de hidrocarbonetos foram encontrados, destacando-se o poço 2-CP-1-MA

(GÓES et al., 1990). Segundo MENDONÇA et al. (2004), a locação do 2-CP-1-MA foi

posicionada em feição antiforme no depocentro da bacia, apoiada por dados sísmicos

de boa qualidade, embora o poço tivesse a finalidade primeira de amostrar os

folhelhos devonianos e verificar suas condições de potencial gerador e maturidade.

Em testes de formação, um intervalo de diabásio fraturado intrudido na rocha geradora

e outro em arenitos da Formação Itaim exibiram surgência de gás. Nos perfis, revelou-

se um terceiro intervalo possivelmente portador de gás, este na Formação Cabeças,

porém o mesmo não foi testado (Figura 2-8).

Com o advento da lei 9.478, em 1997, conhecida como Lei do Petróleo, a Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíves (ANP) passou a contratar áreas,

a partir de licitações de blocos exploratórios, que concretizaram a abertura do mercado

petrolífero no Brasil. Entre os objetivos principais, pode-se citar a busca por

investimentos para acelerar a cadeia exploratória, visando atingir a autossuficiência. A

primeira rodada de licitação aconteceu no ano de 1999. Em 2002, durante a quarta

rodada de licitação, foi ofertado o bloco BT-PN-1, com 12.261 km², na Bacia do

Parnaíba, que foi rejeitado pelo mercado sem nenhum lance ofertado.

Em 2007, a ANP lançou o Programa Plurianual de Geologia e Geofísica (PPA 2007-

2011), o qual previa um plano exploratório para as bacias brasileiras. O PPA

contemplou a Bacia do Parnaíba com a previsão de realização de levantamento

geofísico e geoquímico, levantamento sísmico 2D e perfuração de dois poços. Parte

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dessas atividades já foram concluídas e outras estão atualmente em andamento.

Em 2007, por ocasião da nona rodada de licitação, a ANP ofertou dez blocos

exploratórios do setor SPN-N-NF. Os blocos PN-T-48, PN-T-49, PN-T-50, PN-T-67,

PN-T-68, PN-T-84 e PN-T-85 foram arrematados pela Petra Energia; o PN-T-66 foi

arrematado pela Devon; o PN-T-86 foi arrematado pela Petrobras e o PN-T-102 pela

Comp E&P de Petróleo e Gás S.A. Atualmente, a OGX possui 70% da concessão de

sete blocos até então pertencentes à Petra Energia.

Figura 2-8: Seção sísmica que passa pelo poço 2-CP-1-MA, localizado na região de Capinzal-MA.

Fonte: ANP/Nona Rodada (2007)

Apesar dos esforços exploratórios desenvolvidos na Bacia do Parnaíba entre 2007 e

2010, pode-se dizer que ainda há uma carência de dados geofísicos e geológicos que

suportem os estudos dessa região sedimentar (Figura 2-9).

Atualmente 35 poços perfurados na Bacia proporcionam uma densidade de 19.285,7

km² por poço perfurado. Quatro destes poços foram perfurados entre 2009 e 2010 e a

concessionária sustenta ainda um cronograma que contempla um total de quinze

poços até 2013. O investimento previsto para a campanha exploratória é de

aproximadamente R$ 700 milhões. Os esforços até então empenhados resultaram na

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declaração de comercialidade dos campos de Gavião Azul e Gavião Real, cujos

planos de desenvolvimento encontram-se sob análise da ANP (OGX, 2011).

Figura 2-9: Esforço exploratório na Bacia do Parnaíba. Fonte: Elaboração própria a partir de dados da ANP/BDEP (2011).

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3. Intrusões ígneas em rochas sedimentares: um problema

físico-geológico

Fenômenos geológicos, como intrusões ígneas, causam anomalias térmicas em

bacias sedimentares, proporcionando um aumento de temperatura nas regiões de

ocorrência. A análise transiente de temperatura pode favorecer a identificação de

regiões propícias à geração e expulsão de petróleo, no caso de sistemas petrolíferos

atípicos (MAGOON & DOW, 1994).

Os tipos mais comuns de intrusões ígneas em bacias sedimentares são diques e

soleiras. Os diques são estruturas discordantes, geralmente perpendiculares ou

inclinadas em relação ao acamamento intrudido. As soleiras são estruturas

concordantes, paralelas ou subparalelas às camadas sedimentares, possuindo

normalmente uma grande razão entre comprimento e espessura. Na Bacia do

Parnaíba e demais bacias paleozoicas brasileiras são comuns manifestações de

magmatismo básico permo-triássico, que ocorrem em sequências espessas de

derrames e soleiras associadas a diques (MIZUSAKI et al., 2008).

Magmas básicos, devido à sua composição mineralógica (geralmente mais pobres em

sílica), são mais quentes, com temperaturas entre 1.000 e 1.200 ºC e têm viscosidade

menor (SZABÓ et al., 2000). As características físicas do magma básico podem

influenciar na disposição e espessura das soleiras intrudidas nas camadas

sedimentares de uma bacia sedimentar.

WANDERLEY FILHO et al. (2006), analisando o mapa de isólitas da Bacia dos

Solimões, notaram que a espessura do pacote intrusivo diminui nos altos estruturais

anteriores à intrusão, ao passo que, no depocentro da bacia, há um espessamento

dessas rochas. Tais autores citam que o diabásio ainda fluido tende a migrar mergulho

abaixo, por gravidade, para o depocentro da bacia, buscando rotas mais acessíveis

para continuar o fluxo no sentido da calha estrutural (Figura 3-1).

Segundo NEUMANN et al. (2003), o conhecimento dos parâmetros que controlam

intrusões magmáticas gera importantes informações sobre os caminhos de migração

de fluidos e sobre o desenvolvimento térmico e estrutural de bacias sedimentares

afetadas por vulcanismo, caracterizadas por conter expressivos complexos intrusivos e

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extrusivos. Tais informações são importantes em estudos sobre recursos petrolíferos e

hidrogeológicos.

Figura 3-1: Diagrama de ilustração do mecanismo de intrusão de uma soleira de diabásio.

Fonte: WANDERLEY FILHO et al. (2006).

Os parâmetros que controlam a intrusão de soleiras em bacias sedimentares são:

densidade e pressão do magma; espessura da sobrecarga; barreiras de fluidos e

produção de vapor (interação com sedimentos úmidos); descontinuidades mecânicas

(acamamento); stress horizontalmente estratificado; existência de fraturas e falhas; o

nível de inversão de densidades entre o magma e a rocha encaixante (NEUMANN et

al., 2003).

Três modelos de intrusão de soleiras (Figura 3-2), considerados bem conhecidos são

destacados por NEUMANN et al. (2003): 1) o modelo de FRANCIS (1982), no qual a

intrusão segue o fluxo gravitacional para o depocentro da bacia, com a consequente

inversão da densidade do magma para a da rocha hospedeira; para o posterior

restabelecimento do equilíbrio hidrostático do magma, pode haver ascensão para um

dos flancos da bacia; 2) o modelo de CHEVALLIER & WOODFORD (1999), no qual o

magma, alimentado por um dique, ascende e segue na estratigrafia da bacia formando

a soleira externa; depois, o soerguimento resultante dos sedimentos sobrepostos

àquela soleira gera uma fratura na parte central, em níveis inferiores da estrutura,

formando uma soleira interna; 3) o modelo de MALTHE- SØRENSSEN et al. (2004),

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baseado em modelagem numérica, que difere dos outros modelos, pois não considera

os diques alimentadores. Este último modelo sugere que em bacias com campo

isotrópico de esforços, as soleiras tendem a adotar a forma de pires. Durante a

intrusão da soleira, campos de tensão anisotrópicos se formam nas bordas, devido à

elevação da sobrecarga dos estratos. Esta assimetria de stress leva à formação de

segmentos de soleiras transgressivas, quando o comprimento do segmento horizontal

superior excede 2 a 3 vezes a espessura da sobrecarga.

Considerando uma soleira de diabásio intrudida em uma sequência sedimentar, pode-

se intuir que existe uma preferência da direção do transporte de calor através desse

corpo ígneo, proporcionando o efeito chaminé. O efeito chaminé consiste no transporte

de calor, através de um corpo mais condutivo, das porções mais profundas para as

mais rasas, como ocorre no efeito do sal. Como rochas magmáticas possuem alta

capacidade térmica, vão aquecendo as camadas sedimentares a sua volta e, no caso

da existência de matéria orgânica podem causar o fenômeno de maturação.

Figura 3-2: Modelos de intrusão de soleiras. a) modelo deFrancis (1982 apud Neumann et al., 2003); b) modelo de Chevallier & Woodford (1999 apud Neumann et al., 2003); c)

modelo de Malthe-Sørenssen et al. (2004). Os números indicam os estágios individuais de desenvolvimento da soleira. Note que as geometrias do fluxo do magma dentro da

intrusão são diferentes nos modelos individuais. Fonte: Modificado de NEUMANN et al. (2003).

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O tempo de acomodação dos corpos ígneos nas rochas encaixantes é de poucas

horas (GALUSHKIN, 1997), enquanto que seu tempo de resfriamento total dura

poucos milhares de anos. O efeito térmico das intrusões em rochas sedimentares

depende de diversas variáveis, tais como: temperatura inicial e tipo do magma, tempo

de formação e espessura do corpo intrusivo, grau de maturação inicial da encaixante,

além dos fatores que determinam a condutividade térmica das rochas encaixantes,

como composição mineralógica, grau de compactação, teor de matéria orgânica,

porosidade, permeabilidade, saturação de fluidos e tipos de fluidos presentes

(RODRIGUES, 1995; GALUSHKIN, 1997).

O efeito termal que as intrusões ígneas básicas produzem nas rochas sedimentares

pode atingir distâncias superiores à espessura do corpo intrusivo ou ainda ser a ela

superior, conforme analisado por RODRIGUES (1995), na Bacia do Parnaíba, e

ALVES & RODRIGUES (1985), na Bacia do Amazonas. Segundo THOMAZ FILHO et

al. (2007), esse processo pode variar em suas dimensões em função da profundidade

em que se implantou a intrusão, sendo maior o calor transmitido quanto maior for a

profundidade.

De acordo com GALUSHKIN (1997), em relação às rochas encaixantes afetadas por

intrusões, o halo térmico geralmente se estende, a partir do contato, até uma distância

de 50% a 90% da espessura da intrusiva. Este trabalho, baseado em estudos

geoquímicos e petrológicos de diversas partes do mundo, concluiu que raramente o

efeito térmico sobre as encaixantes ultrapassa 100% da espessura da intrusiva.

SOUSA et al. (2008), estudando os efeitos térmicos provocados por intrusões de

basaltos e microgabros em rochas sedimentares da Bacia Potiguar, observaram que

os corpos ígneos mais rasos, com textura fina a média, ainda contendo matriz vítrea

ou criptocristalina, produzem efeitos a pequenas distâncias das encaixantes. Por sua

vez, os corpos hipoabissais, com textura média a grossa (diabásica), com velocidade

de resfriamento mais lenta, ocasionam efeitos mais expressivos.

O estudo do efeito térmico proporciona um histórico da influência do fluxo e de eventos

térmicos nas diversas camadas que compõem uma bacia, até chegar ao estado

estacionário. No caso da Bacia do Parnaíba, a estrutura térmica foi influenciada pelo

fluxo térmico relacionado com sua evolução termomecânica e pelo efeito das intrusões

ígneas.

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4. Fundamentos físicos envolvidos na transferência de calor

em bacias sedimentares

Este capítulo busca apresentar os fundamentos físicos envolvidos na transferência de

calor, visando ao entendimento do efeito causado por desequilíbrios na estrutura

térmica original e na maturação da matéria orgânica de bacias sedimentares.

4.1 Mecanismos de condução de calor

A energia transferida pelo fluxo térmico não pode ser medida diretamente, porém, por

estar relacionada à temperatura, pode ser inferida indiretamente. O processo através

do qual a energia é transferida é conhecido como transferência de calor. Sempre que

houver um gradiente térmico entre dois pontos, ocorrerá um processo dinâmico que

visa ao estabelecimento do equilíbrio, tendo como resultado a diminuição desse

gradiente. A transferência de calor ocorre do ponto mais quente para o mais frio,

segundo a direção do gradiente térmico, e é estabelecida a partir de três mecanismos:

condução, convecção e radiação (Figura 4-1).

A condução é o tipo de transferência de calor onde a troca de energia ocorre a partir

da região de maior temperatura em direção à região de menor temperatura, através da

propagação da vibração das moléculas em um meio sólido ou líquido estacionário.

A transferência de calor por convecção é particularmente importante quando existe um

fluido em movimento nas vizinhanças de uma superfície sólida. Portanto este

processo inclui os efeitos combinados da condução e do movimento do fluido. A

transferência de calor, neste caso, é tanto mais elevada quanto mais rapidamente o

fluido se desloca.

A transferência de calor por radiação é a emitida por todos os corpos e transferida no

espaço sob a forma de ondas eletromagnéticas, conforme a teoria clássica de

Maxwell, ou como fótons discretos de acordo com Planck.

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Figura 4-1: Mecanismos de transferência de calor. T é a temperatura média dos meios e q o fluxo térmico entre os meios.

Fonte: KING (2003).

4.2 Lei de Fourier e a equação de difusão de calor

A lei básica da condução de calor baseia-se nas observações experimentais de

Fourier. A Lei de Fourier afirma que o calor trocado por condução em uma certa

direção é proporcional à área normal à direção e ao gradiente de temperaturas na tal

direção:

dx

dTAqx λ−= , (1)

onde λ é a condutividade térmica.

Quando há um gradiente térmico, o conhecimento da distribuição da temperatura

permite a determinação do fluxo térmico. Para um objeto unidimensional que

apresenta uma distribuição de temperatura )(xT , a equação do fluxo térmico é dada

por:

dx

dT

A

qQ x λ−== (2)

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O fluxo térmico ( )Q é a taxa de transferência de calor na direção x , proporcional ao

gradiente de temperatura )/( dxdT , por unidade de área perpendicular à direção da

transferência. A constante λ (condutividade térmica), em uma determinada direção x ,

é uma propriedade de transporte de energia, característica de cada material, e vem

exprimir a maior ou menor facilidade que o material apresenta à condução de calor. O

sinal negativo é uma consequência do fato do calor ser transferido no sentido da

diminuição da temperatura. Sob condições estacionárias, a distribuição de temperatura

é linear.

A Lei de Fourier, implicitamente, nos diz que o fluxo térmico é uma grandeza

direcional, o que nos permite escrever a equação de forma abrangente, considerando

um sistema de coordenadas bidimensional:

∂+

∂−=∇−=

y

Tj

x

TikTkQ (3)

A direção do fluxo térmico será sempre perpendicular à superfície com temperatura

constante, conhecida como superfície isotérmica. A Lei de Fourier pode ser escrita de

uma forma alternativa:

n

Tqn

∂−= λ (4)

Com a aplicação na presente dissertação do modelo de VASCONCELOS (2010), para

uma seção bidimensional, tem-se a seguinte equação obtida da Lei de Fourier:

y

T

yx

T

xt

Tc yxp

∂+

∂=

∂λλρ , (5)

onde c é o calor específico e ρ a massa específica do material.

A equação de difusão de calor calcula a distribuição de temperatura de um meio, dada

suas condições de contorno, e é resultante da combinação da Lei de Fourier

(transmissão de calor) com a Lei de Conservação de Energia.

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31

A Figura 4-2, obtida de INCROPERA & DEWIT (1998), ajuda na estruturação da

equação e no entendimento do processamento da transferência de calor por difusão.

Deve-se, entretanto, considerar um meio homogêneo, onde a distribuição de

temperatura é representada em coordenadas cartesianas bidimensionais.

qx+dx

x

yz

qz+dz

dz

dydx

qy+dy

qx

qy

qzx

yz

qz+dz

dz

dydx

qy+dy

qx

qy

qz

Figura 4-2: Volume de controle infinitesimal, para a análise da condução de calor em coordenadas cartesianas.

Fonte: Modificado de INCROPERA & DEWIT (1998).

Nesta figura, xd e yd são os contornos definidos, enquanto xq e yq representam a

transferência de calor respectivamente, nas direções x e y por superfícies

perpendiculares às direções de transferências. Temos também que xx dq + e yy dq +

correspondem às taxas de transferências de calor nas superfícies opostas a xq e yq .

A entrada de energia no sistema ou no meio é representada por xq e a saída por

xx dq + , e assim, respectivamente, para yq e yy dq + . Simplificando, podemos

escrever que as taxas de transferência de calor por condução para as superfícies

opostas são:

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32

dyy

qqq

dxx

qqq

y

ydyy

x

xdxx

∂+=

∂+=

+

+

(6)

A forma geral da equação de conservação de energia, dada pela primeira lei da

termomecânica é:

acsge Ε=Ε−Ε+Ε &&&&, (7)

onde: eE é a taxa de condução de calor, que corresponde à entrada de energia no

meio; gE é um termo de fonte de energia térmica que pode ocorrer no meio, gerada a

partir do produto da transformação de outras formas de energia. No modelo

bidimensional aplicado neste trabalho, por simplificação, este termo foi ignorado; sE

refere-se à energia de saída; e acE refere-se à energia interna acumulada no meio.

Podem ocorrer variações na quantidade de energia térmica acumulada pela matéria

no interior do volume de controle. Supondo que não há mudança de fase e

considerando ρ e c constantes, conforme o previsto no modelo de VASCONCELOS

(2010), o termo acE pode ser escrito da seguinte forma:

dxdyt

Tcac

∂=Ε ρ&

, (8)

onde ρ e c são, respectivamente, a massa específica e o calor específico do

material. A expressão t

Tc∂

∂ρ é a taxa de variação com o tempo da energia térmica

do meio por unidade do domínio.

Substituindo os termos da equação geral de conservação de energia temos:

dxdyt

Tcqqqq dyydxxyx

∂=−−+ ++ ρ (9)

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33

Substituindo as equações (6) na equação (9), obtém-se:

dxdyt

Tcdy

y

qdx

x

q yx

∂=

∂−

∂− ρ (10)

As taxas de transferência de calor por condução são dadas pela Lei de Fourier:

y

Tdxq

x

Tdyq

y

x

∂−=

∂−=

λ

λ

(11)

Substituindo a equação dada pela Lei de Fourier na equação (11), obtém-se a forma

geral da Equação da Difusão do Calor:

t

Tc

y

T

yx

T

xyx

∂=

∂+

∂ρλλ (12)

4.3 Parâmetros físicos usados em modelagem térmica

Ao analisar a distribuição da temperatura em uma bacia sedimentar, é preciso levar

em conta os diferentes tipos litológicos que a compõe. As propriedades dessas

litologias relevantes para a análise da distribuição da temperatura são: porosidade,

densidade, condutividade térmica e calor específico. Essas propriedades serão abaixo

descritas.

a) porosidade )(φ : é definida pela relação entre o volume de poros pV e o volume

total de rocha TV , ou seja,

T

p

V

V=φ (13)

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34

A porosidade dita primária refere-se ao volume, geometria e distribuição de poros

do sedimento no momento de sua deposição, influenciada pelos tamanhos e

formas das partículas, seu grau de seleção e sem a presença de cimentação

(GIANNINI, 2003). Essa feição é facilmente modificada pela suscetibilidade que os

sedimentos têm ao soterramento e consequente compactação.

Quanto maior a porosidade de uma rocha, menor será a sua condutividade

térmica, ou seja, estas duas propriedades físicas possuem relações inversas de

proporcionalidade, que influenciarão nas variações térmicas de uma bacia

sedimentar. A variação da porosidade com a profundidade, durante o soterramento

de uma bacia, foi definida por ATHY (1930) como uma curva exponencial, na

forma:

( ) czez

−=0

φφ , (14)

onde φ é a porosidade na profundidade z ,0

φ é a porosidade superficial ( 0=z ) e

c é o fator de decréscimo exponencial da porosidade em profundidade.

b) massa específica )(ρ : é calculada levando em consideração o valor da

porosidade, da massa específica da água e da massa específica do tipo

litológico, de acordo com a expressão

( ) ( ) ( )( )z

g

z

wz φφ ρρρ −= 1

, (15)

onde wρ é a massa específica da água, gρ a do grão, z refere-se à profundidade e φ

é a porosidade.

De fato, a massa específica guarda relação com porosidade. Trabalhos sobre essas

duas grandezas mostram que a compactação de uma rocha tende a aumentar com a

profundidade, com a diminuição da espessura sedimentar, refletindo o aumento na

massa específica e a diminuição da porosidade (ATHY, 1930).

Devido à heterogeneidade das rochas, é necessário considerar a massa específica de

quatro formas (BEICIP FRANLAB, 2011):

a) a massa específica média de um volume de rocha;

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35

b) a massa específica de um componente individual da rocha, por exemplo, um

mineral;

c) a massa específica média da matriz sólida;

d) a massa específica média do fluido (água, óleo, etc.) preenchendo os poros (ou

fraturas).

A massa específica de uma rocha que compreende n componentes é dada por:

∑=

=

n

i

diV

Vid

1

* , (16)

onde, id e iV são a densidade e o volume do componente i , respectivamente.

c) condutividade térmica ( )λ : indica a qualidade de um material para conduzir

calor. Deste modo, quanto maior o valor de λ , mais condutor de calor é o

material. É um parâmetro que influencia na quantificação da distribuição de

temperatura. Entretanto, a condutividade térmica das rochas é um tema

relativamente complexo, pois depende da condutividade e proporção relativa

dos minerais que as constitui, além de seus fluidos intersticiais (COSTA DE

JESUS, 2004). Deste modo, o cálculo para obtenção da condutividade térmica

de uma rocha pode ser expresso da seguinte forma (ATHY, 1930):

( ) ( )( ) ( )z

w

z

rz φφ λλλ −= 1

, (17)

onde z é profundidade (m) da camada, rλ é a condutividade dos minerais

constituintes da rocha, wλ é a condutividade do fluido intersticial e φ é a porosidade

da rocha.

Uma vez que a condutividade dos sedimentos varia com a temperatura, deve-se

definir um parâmetro de dependência da temperatura (BEICIP FRANLAB, 2011). Este

parâmetro é utilizado para calcular a condutividade térmica de uma rocha sedimentar

cujos poros são preenchidos com água:

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36

+

T

w

s

sαλ

λλ

φλ

1

1*

0

, (18)

onde α é a dependência térmica em C

ο1 , λ é a maior condutividade térmica em

11 −−CWmo , sλ é a condutividade térmica da matriz de sedimentos em 11 −−

CWmo , wλ

é a condutividade da água em 11 −−CWmo , φ é a porosidade e T é a temperatura

em Cο .

d) capacidade térmica )(C : é uma grandeza física que define a quantidade de

calor requerido, em 3−Jm , para aumentar a temperatura de um corpo em Ko1 .

A capacidade térmica é o produto da massa especifica ( )ρ de um corpo, por

seu calor específico ( )c .

cC ⋅= ρ (19)

O calor específico é a grandeza física, constante para cada substância, cuja unidade

usual é 11 −− KJKg o , que define a variação térmica ao receber determinada quantidade

de calor. Pode-se dizer que o calor específico caracteriza uma substância em um

determinado estado físico.

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37

5. Modelos termomecânicos que descrevem a estruturação

térmica de bacias sedimentares

5.1 Modelos de extensão litosférica

A evolução termomecânica da litosfera durante o processo de formação de uma bacia

envolve duas fases: uma de estiramento, seguida por outra de subsidência térmica. A

fase de estiramento da litosfera é geralmente associada a processos de rifteamento,

com afinamento e falhamento da crosta acompanhado pela ascensão positiva da

litosfera que gera um aumento do fluxo térmico. A fase de subsidência termal é

relacionada ao restabelecimento do equilíbrio térmico no manto litosférico, com o seu

resfriamento e aumento da massa específica. Processos geodinâmicos da litosfera

são suportados por compensação isostática.

A isostasia é justamente a compensação, ou a contrapartida pelo equilíbrio, da placa

litosférica, quando alguma carga geológica é adicionada ou retirada. Os mecanismos

de compensação isostática buscam o equilíbrio de massas para manter uma

distribuição uniforme de tensões na litosfera.

Segundo QUINTAS (2002), o objetivo original desses estudos isostáticos foi

determinar a forma de compensação de massas associadas com feições geológicas

individuais em continentes e oceanos. Deste modo, o modelo de compensação local é

aplicado diretamente sob feições geológicas caracterizadas pelo espessamento da

crosta, como os modelos de AIRY (1855) e PRATT (1855). No modelo de AIRY

(1855), a massa específica da litosfera é constante, porém sem resistência lateral e

com rigidez flexural nula. Já o modelo de PRATT (1855) considera variações laterais

de massa específica.

Para uma escala regional, ocorre o modelo de compensação flexural. Neste modelo, a

litosfera apresenta resistência mecânica às cargas impostas. Assim, quando uma

carga é aplicada, a litosfera comporta-se como uma placa elástica, homogênea e

isotrópica superposta a uma astenosfera fluida.

Os mecanismos de compensação isostática ajudam a entender como funcionam os

modelos aplicados na avaliação da história térmica de bacias sedimentares. Diversos

modelos tratam da história térmica de uma bacia sedimentar, porém serão descritos os

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38

modelos clássicos de extensão uniforme e não-uniforme (duas camadas), por estarem

incluídos na proposta metodológica deste trabalho.

Os modelos de extensão litosférica são ferramentas importantes para a análise da

evolução térmica de bacias sedimentares, pois sugerem como a crosta e manto

litosférico podem se comportar quando submetidos a esforços distensivos, muitas

vezes responsáveis pela gênese e por mecanismos de propagação de calor nas

bacias. Os modelos de extensão litosférica são uniformes quando assumem que os

estiramentos crustal e subcrustal são coincidentes na vertical, como também que a

deformação se dá por cisalhamento puro. São ditos não-uniformes quando assumem

comportamento reológico rúptil para a crosta e dúctil para o manto litosférico,

considerando assim, diferentes taxas de estiramento quando submetidas a mesma

tensão.

5.1.1 Modelo de extensão uniforme

O modelo básico de distensão litosférica foi primeiro proposto por MCKENZIE (1978),

admitindo o afinamento de uma litosfera sem rigidez flexural e mecanismos de

compensação isostática local do tipo Airy. Os estiramentos crustal e subcrustal não

são distintos e a quantificação de deformação é expressa pelo fator de afinamento

litosférico ( β ):

'yy=β , (20)

onde y é a espessura litosférica inicial e 'y é a espessura litosférica após a

distensão.

O modelo de Mckenzie assume que, no tempo 0=t , a litosfera possui condições de

equilíbrio térmico (Figura 5-1). O afinamento litosférico proporcionado pelo estiramento

causa depressões, seguida por uma subsidência tectônica inicial, rápida, que

preenche a bacia sedimentar com água e sedimentos. A diferença de massa

específica desses materiais tenderá a ser compensada localmente pela ascensão da

astenosfera, menos densa que a litosfera. Com o afinamento, a então espessura y da

litosfera passa a β

y , resultando em alto valor de gradiente térmico, com

comportamento linear. Esta fase corresponde ao desenvolvimento da bacia e é

conhecida como fase rifte, pois ocorre durante e logo após a formação destas

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39

estruturas. A subsidência inicial (Si) ou fase rifte está relacionada à falhamentos,

ocasionados pelo afinamento crustal e consequentes reajustes de compensação

isostática, que levam em consideração mudanças de massa específica e expansão

térmica. Contudo, este modelo desconsidera os efeitos de calor radiogênico da crosta

continental e as perdas laterais de calor ocorridas na transição entre a litosfera

estirada e a não estirada.

Duas premissas adotadas por MCKENZIE (1978) são importantes nesta fase: o efeito

extensional é considerado instantâneo no tempo geológico, impedindo que a anomalia

térmica seja dissipada durante a subsidência inicial; além disso a isostasia é mantida

durante e após o estiramento.

Após o reequilíbrio térmico e consecutivo espessamento da litosfera, ocorre uma nova

e lenta fase chamada de subsidência termal (St). A subsidência termal é causada pelo

processo de resfriamento associado à perda de calor por condução e consequentes

contrações térmicas da litosfera. O resfriamento é devido à dissipação da anomalia

térmica e inicia logo após a fase rifte. A anomalia térmica que propaga calor para a

bacia é um fator determinante na história térmica.

A separação entre as fases de Si e St previstas pelo modelo original de MCKENZIE

(1978), foi revisada por JARVIS & MCKENZIE (1980). Estes autores mostram que

existe uma nítida separação entre Si e St para casos de fase de rifte de até 20 M.a. No

entanto, nas fases riftes mais longas (> 20 M.a.) ocorre perda de calor ainda durante o

rifteamento, transferindo parte da subsidência da fase termal para a fase rifte.

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40

Figura 5-1: Modelo de Extensão Uniforme de MCKENZIE (1978). Fonte: CARDOSO (2007).

A história da evolução térmica de uma bacia sedimentar se relaciona com sua

subsidência, já que anomalias térmicas influenciam diretamente as taxas de

estiramento envolvidas nos processos de desenvolvimento de tal subsidência, seja

mecânica ou termal.

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41

O modelo de Mckenzie calcula a subsidência mecânica pela seguinte equação:

( ) ( )

( ) wmvm

mmv

l

cm

v

l

c

cm

sT

T

y

yT

y

y

yραρ

βρα

αρρ

−−

−−

=1

/1122

1

*

*

**

, (21)

onde mρ , cρ e wρ representam as massas específicas respectivas do manto, crosta

e água à temperatura de 0 ºC, cy a espessura da crosta, α o coeficiente de dilatação

térmica e T a temperatura da astenosfera.

Com o término da fase inicial de subsidência mecânica, onde o efeito extensional é

considerado instantâneo, ocorre a distribuição de temperatura por condução de calor

que dá início a subsidência termal, que é variante no tempo e dependente do fator de

estiramento.

O cálculo da subsidência termal é dado por:

( )( ) ( )

( ) ( )∑∞

=

+−

+

++=

0

12

20

1212

1212

1

m

me

msen

mmEtS τ

β

π

π

β, (22)

onde λπ

τ2

2

ly= é uma constante termal de tempo e

( )wm

mvmL TyE

ρρπ

αρ

−=

*2

*

0

4.

A subsidência total também chamada de subsidência tectônica é o somatório de Si e

St, amplificada pelos efeitos da sedimentação, ou seja, é a resposta do embasamento

ao peso dos sedimentos (MCKENZIE,1978; SCLATER & CHRISTIE, 1980). Neste

modelo, para cálculo do fluxo térmico, a distribuição de temperatura assume as

seguintes condições iniciais:

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42

mTT = em β

l

l

yyy −<<0

−=

yl

yTT m 1β em ll yy

yly <<−

β

Com base na Lei de Fourier (veja capítulo 4) para obtenção da variação do fluxo

térmico e nas condições de contorno estabelecidas no modelo de Mckenzie, chega-se

à equação do fluxo térmico:

mTT = em 0=y

0=T em lyy =

( )

+= ∑

=

1

2

21),n

tn

l

m en

senny

TtylQ τ

β

π

π

βλ (23)

5.1.2 Modelo de extensão não-uniforme

O modelo de extensão não-uniforme ou de duas camadas, desenvolvido por ROYDEN

& KEEN (1980), assume os princípios básicos do modelo de MCKENZIE (1978). Ele

traz, entretanto, como diferença essencial, a proposta de que a crosta e o manto

litosférico, sob estiramento, podem se comportar de maneira distinta, levando a

diferentes taxas de afinamento crustal e subcrustal. Este modelo considera que as

diferenças reológicas da crosta rúptil e do manto litosférico dúctil proporcionarão

deformações definidas por fatores de estiramento diferentes. Assim, acima da

interface que limita essas diferenças, na região crustal da litosfera, o fator de

estiramento é δ , enquanto que abaixo, na região subcrustal é β (Figura 5-2).

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43

Figura 5-2: Modelo de duas camadas de ROYDEN & KEEN (1980), onde a é a espessura da litosfera, Tm a temperatura na base da litosfera e Si a subsidência inicial.

Fonte: CARDOSO (2007).

A relação entre os fatores de estiramento influenciará nas subsidências inicial e

térmica da bacia. Deste modo, se δ é menor que β tem-se uma subsidência térmica

mais intensa que no modelo de MCKENZIE (1978). Caso contrário, quando o

estiramento β , subcrustal, é menor, a anomalia térmica não é suficiente para

influenciar uma subsidência de grande porte após o estiramento inicial (rifteamento). A

mesma avaliação é feita para uma subsidência mecânica favorecida por valores

maiores de δ . Se os estiramentos crustal e subcrustal foram iguais, ou seja, βδ = , o

modelo de extensão é uniforme conforme o modelo de MCKENZIE (1978).

Outro aspecto que diferencia o modelo duas camadas diz respeito a uma mudança na

elevação da crosta em resposta ao estiramento, que irá depender da espessura

crustal inicial, da profundidade do limite de diferença reológica e das magnitudes dos

parâmetros δ e β .

ROYDEN & KEEN (1980) alertam que, no modelo de duas camadas, não é possível

haver conservação de massa durante a extensão sem que ocorram consequências

nas regiões adjacentes que não sofreram estiramento. Como uma possível solução, as

autoras sugerem a combinação da extensão com a intrusão magmática durante o

processo de rifteamento.

Neste modelo, como já visto, a subsidência dependerá dos fatores de estiramentos

crustal e subcrustal. A subsidência mecânica será dada pela seguinte equação:

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44

( )( )

+−

−−

−=

L

m

v

wmvm

cm

iy

zTz

TS

21

11

1*

**

αδ

γ

δραρ

ρρ

(24)

( )

+−

+−−+

L

cm

vcy

yzTzy

21

11 α

β

γ

β

A subsidência termal é obtida por:

( ) ( )

( )

( )

∑∞

=

+−+

+=

0

12

2

12

0

2

12m

tmm

em

xEtS τ

(25)

,onde

( )wm

mmvTyE

ρρ

ρ

π

α

−=

*

*

2

1

0

4

( ) ( ) ( ) ( )[ ]( ),

11

1

πππβδγγ

nGnsenHnsenx

n

n

+−

+−−+=

,1δly

zH −=

βδl

l

yz

y

zG

/11

−−−=

Na equação acima as letras n e m denotam os números inteiros da série de Fourier e

as letras G e H são utilizadas para simplificar a equação para nx .

No modelo de duas camadas, são usadas as mesmas condições de contorno e

condições iniciais usadas no modelo de Mckenzie. Com base na Lei de Fourier (veja

capítulo 4) para obtenção da variação do fluxo térmico e nas condições de contorno

estabelecidas, chega-se à equação do fluxo térmico para o modelo de ROYDEN &

KEEN (1980):

+= ∑∞

=

1

2

21n

tn

n

l

m exy

TKQ τ

(26)

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45

5.1.3 Modelo de reconstrução geológica da profundidade do embasamento:

técnica de backstripping

A técnica de backstripping (STECKLER & WATTS, 1978) consiste na remoção das

camadas de uma bacia sedimentar e a consequente descompactação das camadas

adjacentes com o objetivo de obter a subsidência tectônica da bacia. Não obstante

essa técnica seja amplamente aceita no estudo de bacias marginais, sua aplicação em

bacias interiores tem sido contestada pela dificuldade em estabelecer os parâmetros

para análise da subsidência, principalmente a idade dos horizontes, dados

paleobatimétricos e a quantidade de material removido por erosão (BOCARDI et al.,

2008). Segundo estes autores, a dificuldade na estimativa dos eventos erosivos

subsequentes aos períodos de subsidência é um dos aspectos mais importantes no

questionamento do uso do backstripping nestas bacias, que normalmente possuem

expressivas discordâncias, intrínsecas à sua longa história evolutiva. Entretanto, a

partir de estimativas de erosão fundamentadas em análises estratigráficas regionais e

correlação entre poços profundos, estes autores aplicaram o backstripping na Bacia do

Paraná.

A curva de backstripping aproxima-se da curva de subsidência real, uma vez que

considera que a espessura e a densidade dos sedimentos são variáveis a medida que

a técnica é aplicada e a descompactação efetuada. Deste modo, a curva de

backstripping pode ser comparada com a curva de subsidência tectônica modelada a

partir dos modelos de MCKENZIE (1978) e ROYDEN & KEEN (1980). Pode, até

mesmo, constituir uma ferramenta de calibração para estes modelos. A curva de

subsidência resultante dos modelos de estiramento dependerá dos fatores δ e β ,

pois quanto maiores, maior a subsidência tectônica. A comparação das curvas obtidas

utilizando os modelos com a curva de backstripping permite estabelecer um grau de

estiramento, ou seja, a escolha do fator de estiramento necessário para gerar a

subsidência tectônica da bacia (PINTO, 2008). Essa calibração é importante, pois os

fatores de estiramento estão relacionados ao fluxo térmico que compõe, junto com o

efeito termal das intrusivas, a estrutura térmica responsável pela história termal da

bacia. A curva de backstripping é dada pela equação abaixo:

( )wm

msli

wm

sim

idii SWYρρ

ρ

ρρ

ρρ

−∆−

+=

* (27)

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46

onde diW , iS e iY são, respectivamente, a paleobatimetria, a espessura de sedimento

descompactada e a subsidência tectônica das inúmeras ( )i camadas estratigráficas.

A letra ρ indica as massas específicas para o manto ( )m , água ( )w e sedimento ( )si

referente a cada unidade estratigráfica.

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47

6. Metodologia Aplicada

6.1 Introdução

Conforme abordado anteriormente, as bacias paleozoicas brasileiras, embora

possuam extensas áreas sedimentares, são relativamente pouco exploradas. O baixo

esforço exploratório faz com que haja uma escassez de dados e informações, que

muitas vezes dificultam a realização de trabalhos e pesquisas acadêmicas. No caso

desta dissertação, a falta de dados foi tratada como uma premissa, o que contribuiu

para que uma aplicação metodológica simplificada fosse adaptada a essa condição.

Todos os dados e informações utilizados são públicos e disponíveis na literatura.

Os dados e informações angariados contribuíram para a obtenção de seções

geológicas que foram modeladas para verificação da estrutura térmica da Bacia do

Parnaíba, relacionadas aos gradientes geotérmicos e ao efeito térmico de intrusões

ígneas comuns na região. Para isso, foram integradas técnicas de reconstrução

sedimentar e o uso de um aplicativo bidimensional (VASCONCELOS, 2010)

embasado por um modelo matemático, o qual descreve a evolução térmica devido ao

efeito de intrusões ígneas em bacias sedimentares.

Reconhecida a estrutura térmica, partiu-se para a avaliação da maturação da matéria

orgânica e determinação das janelas de geração de óleo e gás pelo método Easy%Ro.

A Figura 6-1 sintetiza a metodologia aplicada nesta dissertação. Em resumo, busca-se

o valor do fluxo térmico ao nível do embasamento, utilizando a técnica de

backstripping e os modelos termomecânicos de estiramento. O fluxo térmico calculado

é utilizado como condição de contorno basal no modelo bidimensional para avaliação

do efeito térmico das intrusões. Paralelamente foi feita a calibração do modelo

bidimensional, mediante a comparação com os resultados de um software

convencional. Tais modelos foram aplicados em seções extraídas do bloco 3D,

construído para a bacia.

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48

SeçõesBloco 3D

Técnica de backstripping

Modelos termomecânicos

Modelo 2D de avaliação do

efeito térmico

Calibração com software

convencional

Fluxo térmico no

embasamento

Fluxo térmico devido

intrusões

Figura 6-1: Resumo da metodologia aplicada.

6.2 Base de dados e informações

6.2.1 Construção do bloco 3D para extração das seções geológicas

O bloco 3D foi elaborado com o módulo 3DView do software Temis (BEICIP-

FRANLAB). O objetivo foi a obtenção de seções geológicas da Bacia do Parnaíba.

Estabeleceu-se um domínio no ponto à extrema esquerda do sul bloco 3D,

coordenadas métricas X = 9003792 e Y = 170112, com 800 km na direção N-S e 600

km na E-W, respeitando a concentração de poços na bacia (Figura 6-2).

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49

Figura 6-2: Domínio do bloco 3D construído com o módulo 3DView do software Temis, a partir de dados de 31 poços com informações públicas disponíveis.

Foram utilizados 30 poços perfurados pela Petrobras até 1985, extraídos de CUNHA

(1986), mais o poço 2-CP-1-MA, perfurado em 1986, retirado de GÓES & FEIJÓ

(1994) (Tabela 6-1). CUNHA (1986), ao estudar a evolução paleozoica da Bacia do

Parnaíba, com base em poços, utilizou para cada uma das unidades: as espessuras

em metros; altura da mesa rotativa; profundidade do topo; espessura das intrusões

ígneas.

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Com essas informações foi possível correlacionar os poços na seção paleozoica.

Contudo, para as camadas da seção mesozóica, foi necessário fazer uma estimativa

extrapolando as espessuras de um poço de referência, no caso o 2-CP-1-MA (GÓES

& FEIJÓ, 1994). Tal pacote sedimentar vai do EoTriássico ao NeoCretáceo, contempla

a Formação Pastos Bons da Sequência Jurássica e as formações Codó, Grajaú,

Corda e Itapecuru da Sequência Cretácea, conforme a descrição de VAZ et al. (2007)

(Figura 2-3).

Tabela 6-1 – Poços da Bacia do Parnaíba utilizados na construção do Bloco 3D

CoordX CoordY Poço 9166247 395280 1-CA-1-MA 9187437 228451 1-CL-1-MA 9285622 742908 1-FL-1-PI 9087614 380160 1-FM-1-MA 9115494 363765 1-FO-1-MA 9619509 274794 1-GI-1-PA 9397051 239527 1-IZ-2-MA 9466039 744110 1-MA-1-PI 9463628 746716 1-MA-2-PI 9294360 577417 1-MD-1-MA 9227147 445792 1-MS-1-MA 9538612 427276 1-PA-1-MA 9414150 548016 1-PD-1-MA 9112264 380990 1-RB-1-MA 9179240 378613 1-TB-1-MA 9178726 382622 1-TB-2-MA 9036854 290219 1-TM-1-MA 9182156 320795 1-VG-IR-MA 9285450 704329 2-BGst-1-MA 9473400 577964 2-CP-1-MA 9388503 224077 2-IZst-1-MA 9357975 375933 2-NGst-1-MA 9380405 767435 2-NLst-1-PI 9598387 455576 2-PMst-1-MA 9558033 442002 2-SLst-1-MA 9173977 355502 2-VBst-1-MA 9607700 623712 2-VGst-1-MA 9603984 515900 9-PAF-1-MA 9636097 480749 9-PAF-3-MA 9634302 564806 9-PAF-7-MA

Fonte: BDEP/ANP (2011).

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Os poços foram georreferenciados a partir do cruzamento com o mapa de poços do

Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP) e organizados em planilhas

contendo dados estratigráficos, idades, espessuras das formações, porcentagem dos

litotipos e coordenadas geográficas.

Primeiro, as informações foram integradas no modelo, gerando o contorno estrutural

para cada camada. Posteriormente, os horizontes foram interpolados concretizando a

construção do bloco 3D (Figura 6-3). A Figura 6-4 mostra, através de um corte, o bloco

3D com os poços.

Figura 6-3: Bloco 3D da Bacia do Parnaíba, em perspectiva, elaborado com dados de 31 poços públicos e disponíveis na literatura.

X

Y

Z

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Figura 6-4: Bloco 3D e os poços, em corte.

Os parâmetros de compactação e as propriedades térmicas das rochas podem ser

preenchidos com dados reais ou com os padrões da biblioteca de litologias do

software Temis (BEICIP-FRANLAB, 2011). Os principais litotipos e demais parâmetros

constituintes desta biblioteca de litologias foram elaborados e caracterizados de

acordo com a biblioteca do programa. Na falta de parâmetros específicos das rochas

da bacia, foram utilizados tais padrões. O programa calcula os parâmetros com base

na composição litológica e percentual dos litotipos inseridos como dados de entrada.

Apenas com a intenção de apresentar o resultado do bloco 3D, foi plotada sobre o

mesmo, a linha sísmica 0059-0048 (Figura 2-8). Esta linha foi adquirida em 1980,

passa pelo poço 2-CP-1-MA e possui uma interpretação divulgada pela Petrobras

(MENDONÇA et al., 2004). Isto permitiu a extração de uma seção geológica com

mesmo posicionamento geográfico da linha. Nota-se que, guardadas as devidas

características de cada método, incluindo as diferenças de escalas, as semelhanças

são claras. Ambas retratam camadas tabulares, sem deformações expressivas e com

intrusões ígneas em pontos coincidentes (Figura 6-5). Com isso podemos inferir que o

bloco possui boa aproximação com a realidade, portanto é adequado para a obtenção

das seções a serem utilizadas na modelagem térmica da Bacia do Parnaíba.

X

Y

Z

N

800 km 600 km

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F m. L ong á

F m. T ing uá

F m. J aic ós

F m. Itaim

F m. Ipú

F m. P oti

F m. P edra de F og o

F m. C abeç as

F m. P imenteiras

E oTriás s ic o-

J urás s ic o

B as e do

C retác eo

F m. P iauí

F m. L ong á

F m. T ing uá

F m. J aic ós

F m. Itaim

F m. Ipú

F m. P oti

F m. P edra de F og o

F m. C abeç as

F m. P imenteiras

E oTriás s ic o-

J urás s ic o

B as e do

C retác eo

F m. P iauí

Figura 6-5: Comparação entre seção sísmica que passa pelo poço 2-CP-1-MA com a seção extraída do bloco 3D da Bacia do Parnaíba.

Diversas seções podem ser extraídas do bloco 3D construído para a Bacia do

Parnaíba. Entretanto, para um melhor aproveitamento dos dados disponíveis nesta

dissertação optou-se por trabalhar com três seções (Figura 6-6):

a) A – A’: seção Norte-Capinzal-Sudoeste (N-CP-SW), que corta a bacia de norte

a sul, considerando a maior concentração de poços. É limitada pelos poços 9-

PAF-3, 2-CP-1-M e 1-TM-1-MA;

b) B – B’: seção Oeste-Capinzal-Leste (W-CP-E), que corta a bacia de leste a

oeste, passando pelos poços 1-IZ-2MA, 2-CP-1-MA, 1-MA-1-PI;

c) C – C’: seção Nordeste-Capinzal-Sudeste (NE-CP-SE), que corta a bacia na

direção NE do poço 1-VGST-1-MA até o 2-CP-1-MA e continua o corte para SE

até o poço 1-BGST-1-MA.

O poço 2-CP-1-MA foi adotado como ponto central entre as seções por constituir o

perfil tipo da bacia, que deu origem a coluna estratigráfica da Petrobras (GÓES &

FEIJÓ, 1994), posteriormente revisada por VAZ et al. (2007). Além disso, contém os

dados de vitrinita (RODRIGUES, 1995) utilizados na calibração da maturação térmica.

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Figura 6-6: Seções, em planta, sobre o bloco 3D da Bacia do Parnaíba. A - A’) seção N-CP-SW; B - B’) seção W-CP-E; C - C’) seção NE-CP-SE.

A correlação entre os poços foi feita a partir das descrições contidas em CUNHA

(1986), porém com limitação de dados estruturais. Contudo, as bacias sedimentares

paleozoicas brasileiras do Parnaíba, Paraná, e Amazonas caracterizam-se pela

carência de deformações estruturais intensas, o que as diferencia das prolíferas

bacias paleozoicas da plataforma do Leste Europeu (MIZUSAKI et al., 2008). Não

obstante, julga-se necessário, em uma próxima versão, agregar a componente

estrutural. As seções escolhidas para a simulação do efeito termal das intrusões

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55

ígneas na Bacia do Parnaíba, conforme localização na Figura 6-6, são apresentadas

nas Figuras 6-7 a 6-8.

6.2.2 Estratigrafia

Devido à escassez de informações disponíveis na literatura com relação a datações

geocronológicas da bacia e às simplificações estratigráficas, foi feita uma aproximação

das idades, o que não afeta significativamente o resultado final da simulação

(GONZAGA, 2005). As idades das unidades geocronológicas são referenciadas à

carta estratigráfica oficial da Petrobras (VAZ et al., 2007), conforme Tabela 6-2.

Tabela 6-2: Unidades litológicas e idades geocronológicas das seções modeladas. Tempo em milhões de anos (M.a.)

Unidades litológicas Tempo (M.a.)

EoTriássico-Neocretáceo Recente Fm Pedra do Fogo 255 Fm Piauí 297 Fm Poti 331 Fm Longa 349 Fm Cabeças 363 Fm Pimenteiras 380 Fm Itaim 400 Fm Jaicós 405 Fm Tianguá 430 Fm Ipu 439 Embasamento 540 Vulcânica (diabásio) 178

Fonte: Modificada de VAZ et al. (2007).

6.2.3 Unidades litológicas, composição litológica, porosidade e constante de

decaimento

Devido à baixa quantidade ou ausência de dados específicos da bacia na bibliografia

consultada, o preenchimento litológico das camadas foi simplificado. Para a seção

paleozoica, cada formação teve a espessura obtida do trabalho de CUNHA (1986).

Entretanto, as litologias foram compiladas de várias publicações, principalmente da

atualização da carta estratigráfica da bacia (VAZ et al., 2007). Para a seção

mesozoica, como citado anteriormente, foi necessário fazer uma estimativa

extrapolando as espessuras das camadas de um poço de referência, no caso o

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Seção Mesozóica Fm. Pedra do Fogo Fm. Piauí Fm. Poti Fm. Longá Fm. Cabeças

Fm. Pimenteiras Fm. Itaim Fm. Jaicós Fm. Tianguá Fm. Ipu Vulcânicas

Figura 6-7: Seção N-CP-SW.

2-CP-1-MA N SW

2-CP-1-MA

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Seção Mesozóica Fm. Pedra do Fogo Fm. Piauí Fm. Poti Fm. Longá Fm. Cabeças

Fm. Pimenteiras Fm. Itaim Fm. Jaicós Fm. Tianguá Fm. Ipu Vulcânicas

Figura 6-8: Seção W-CP-E.

W E 2-CP-1-MA

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Seção Mesozóica Fm. Pedra do Fogo Fm. Piauí Fm. Poti Fm. Longá Fm. Cabeças

Fm. Pimenteiras Fm. Itaim Fm. Jaicós Fm. Tianguá Fm. Ipu Vulcânicas

Figura 6-9: Seção NE-CP-SE.

SE NE 2-CP-1-MA

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o 2-CP-1-MA (GÓES & FEIJÓ, 1994).

Os dados de porosidade utilizados na modelagem proposta neste trabalho são

padrões da biblioteca de litologias do programa Temis, estabelecidos a partir da

composição litológica por formação inserida na construção do bloco 3D.

As porosidades estão coerentes com as apresentadas por YOUNG (2006), que,

visando identificar e caracterizar potenciais intervalos de reservatório, analisou

estratigraficamente, com alta-resolução, intervalos da Formação Pimenteiras e suas

formações limítrofes, Itaim e Cabeças, gerando um gráfico de porosidade versus

permeabilidade vertical (Figura 6-10). Também mantêm consistência com a

porosidade variável de até 28% da Formação Uerê, que corresponde ao Devoniano

Superior na Bacia dos Solimões (BARATA & CAPUTO, 2007), bem como com a

porosidade calculada por CORRÊA (2007) para os folhelhos da Formação Irati, na

Bacia do Paraná.

Figura 6-10: Gráfico de porosidade versus permeabilidade vertical, elaborado com amostras das formações Itaim (A e B), Pimenteiras (C, D e G), e Cabeças (I).

Fonte: YOUNG (2006).

A constante de decaimento da porosidade (c) foi calculada pela equação de ATHY

(1930), conforme equação (14) do capítulo 4. As litologias, porosidades e constantes

de decaimento da porosidade consideradas para cada formação podem ser

consultadas na Tabela 6-3.

c c’

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60

Tabela 6-3: Comp litológica, porosidade (Φ), e constante de decaimento (c) para cada unidade litoestratigráfica.

Unidades Litológicas

(Formações)

Composição Litológica (%) Φ (%)

c km-1

Arenito Folhelho Siltito Carbonato Evaporito

Seç

ão

Mes

ozo

ica

Bons Pastos, Codó, Grajaú,

Itapecuru 43 9 41 6 1 40 0,4

Seç

ão P

aleo

zoic

a

Pedra do Fogo 24 37 27 3 9 34 0,5 Piauí 53 40 2 5 34 0,4 Poti 100 36 0,2 Longa 100 22 0,7 Cabeças 100 32 0,2 Pimenteiras 12 88 14 0,6 Itaim 100 29 0,2 Jaicos 85 15 22 0,3 Tiangua 48 52 16 0,4 Ipu 100 26 0,2

Fonte: Modificada de BEICIP-FRANLAB (2011).

6.2.4 Massa específica e propriedades termais

Os dados de massa específica, condutividade térmica e capacidade térmica utilizados

na modelagem proposta neste trabalho são padrões da biblioteca de litologias do

software Temis, estabelecidos a partir da composição litológica por formação inserida

na construção do bloco 3D.

Contudo, com relação a estas propriedades, para a rocha vulcânica intrusiva foram

utilizados os valores propostos por HANTSCHEL & KAUERAUF (2009) (Tabela 6-4).

6.2.5 Dados geotérmicos

Os gradientes geotérmicos são utilizados na calibração das temperaturas de contorno

utilizadas na modelagem. As informações sobre os gradientes da Bacia do Parnaíba

foram extraídas do trabalho de ZEMBRUSCKI & CAMPOS (1988). Esses autores, com

base em 27 poços, elaboraram mapas do gradiente geotérmico da Bacia do Parnaíba

para diferentes níveis de profundidade, a fim de estabelecer um panorama térmico

espacial tridimensional. O trabalho de ZEMBRUSCKI & CAMPOS (1988) configura o

mais completo estudo com resultados públicos e disponíveis sobre o gradiente

geotérmico da Bacia do Parnaíba, embora os autores admitam que estes resultados

possam ser considerados preliminares, pela precariedade dos dados geológicos

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61

disponíveis e pela pequena quantidade e concentração aleatória de poços. O mapa do

gradiente geotérmico médio total (CGMT) mostra o comportamento térmico médio

regional da bacia, interrelacionando os gradientes geotérmicos médios de todos os

poços, obtidos pela interpolação gráfica dos respectivos valores de temperatura e

profundidades de medição. Também foram preparados mapas do gradiente

geotérmico médio parcial (GGMP) para fatias sucessivas de 500 m, desde o nível do

mar até - 2 500 m, convertendo-se a profundidade correspondente a cada medida de

temperatura em cota relativa ao nível do mar (Figura 6-11).

A temperatura superficial de referência (TSR) foi fixada em 27,7 °C (82°F). A TSR, que

localmente pode alcançar de 28 °C a 30 °C, é superior às encontradas nas bacias do

Tabela 6-4: Parâmetros físicos usados no modelo, aplicados à Bacia do Parnaíba por

unidade litológica.

Unidade Litológicas Formação

k (W/m K)

C (J/kgK)

ρ (kg/m³)

EoTriássico-Neocretáceo 3,92 750,0 2679,8 Fm Pedra do Fogo 3,40 771,9 2613,4 Fm Piauí 4,10 752,7 2665,5 Fm Poti 6,32 700,0 2675,0 Fm Longa 2,37 815,0 2645,0 Fm Cabeças 6,32 700,0 2675,0 Fm Pimenteiras 2,67 801,2 2648,6 Fm Itaim 6,32 700,0 2675,0 Fm Jaicós 5,46 717,3 2670,5 Fm Tianguá 3,80 759,8 2659,4 Fm Ipu 6,32 700,0 2675,0 Vulcânica (diabásio) 2,60 800,0 2800,0

Fonte: Modificada de BEICIP-FRANLAB (2011). Os parâmetros em vermelho foram extraídos de HANTSCHEL & KAUERAUF (2009).

Acre e Médio Amazonas, cuja TSR máxima é de 26,6 °C (80 °F), ou na Bacia do

Paraná de 24 °C (75 °F). Os limites mínimo e máximo do gradiente geotérmico da

bacia se encontram entre 13 °C/km (23,5 °F/km) e 27,0 °C/km (48,7 °F/km)

respectivamente. A média corresponde ao gradiente de 19,4 °C/km (35,0 °F/km).

Os valores de gradiente geotérmico encontrados para a Bacia do Parnaíba excedem

os 25 °C/km em 48% dos casos e ocorrem em todas as faixas de profundidade. Essas

características atribuem para a Bacia uma condição geotérmica superior à de outras

paleozoicas intracratônicas brasileiras.

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62

Figura 6-11: Gradientes geotérmicos da Bacia do Parnaíba. Fonte: ZEMBRUSCKI & CAMPOS (1988)

6.2.6 Dados de Maturação

Embora, num contexto amplo, haja poucas informações disponíveis sobre a maturação

térmica na Bacia do Parnaíba, dados preciosos foram obtidos do trabalho de

RODRIGUES (1995). Um trabalho completo acerca da geoquímica orgânica da bacia

foi realizado por este autor com os dados disponíveis na época.

São disponibilizados dados de reflectância de vitrinitas para os poços 1-PA-1-MA; 1-

CI-1-MA; 1-IZ-2-MA; e 2-CP-1-MA, que foram utilizados na calibração da modelagem

térmica e extrapolados para outros pontos. O efeito térmico das intrusões ígneas pode

ser observado no poço 2-CP-1-MA, em que o índice de reflectância de vitrinita

apresenta um salto chegando ao valor de 3 %Ro na profundidade de 2.350 m, à

medida que se aproxima das intrusões (Figura 6-12). Segundo RODRIGUES (1995),

considerando apenas a subsidência da bacia, este intervalo sedimentar não atingiu

uma evolução térmica compatível a geração de hidrocarbonetos e, neste caso, essa

seção seria praticamente eliminada como potencial geradora de óleo e gás.

Entretanto, o modelo alternativo de geração, que considera o efeito térmico das

intrusões de diabásio, possibilita delinear algumas áreas de interesse segundo os

valores de maturação medidos (RODRIGUES, 1995).

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63

Figura 6-12: Dados de carbono orgânico e reflectância de vitrinita do poço 2-CP-1-MA Fonte: RODRIGUES (1995)

6.3 Modelagem térmica por contato intrusivo

6.3.1 Modelo bidimensional para análise da influência de intrusões ígneas

A principal proposta desse trabalho é aplicação do modelo bidimensional proposto por

VASCONCELOS (2010) para a análise da influência térmica de intrusões de diabásio

na Bacia do Parnaíba. Fenômenos térmicos, inclusive em bacias sedimentares, são

modelados pela equação de transferência de calor.

A equação de transferência de calor é obtida mediante a realização do balanço de

energia dentro de um volume de controle previamente estabelecido. Significa que a

variação de energia interna é uma combinação do calor conduzido para dentro e fora

do volume, da energia transferida por convecção e da energia adicionada ao sistema

devido à radiação ou geração (veja capítulo 4). A análise individualizada de cada

termo da equação permite uma melhor compreensão dessa combinação:

( )

{SumikdouroFonte

r

Convecção

ppp

Difusão

Acumulação

r QTvcTt

Tc

/

+⋅∇=∇⋅∇−

44344214342143421

ρλρ , (28)

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64

onde ρ , λ e rc são, respectivamente, a massa específica, condutividade térmica e

calor específico da rocha; pρ , pc , pv são, respectivamente, a densidade, calor

específico e velocidade do fluido no poro e rQ é uma densidade de energia produzida

devido à radioatividade.

O modelo aqui aplicado assume as seguintes simplificações: a) ρ , λ e rc são

considerados constantes; b) o termo relativo à convecção é abandonado, pois a baixa

permeabilidade das rochas intrudidas levaria a uma baixa velocidade de escoamento

de fluido, portanto com influência reduzida no balanço global de energia; c) o termo

relativo à radioatividade seria abandonado, devido ao baixo efeito térmico do

decaimento radiométrico de minerais radioativos nas rochas do embasamento, se

comparado ao das intrusões. Pela simplificação, temos a equação difusiva conhecida

como equação de condução do calor (veja capítulo 4).

Os perfis térmicos do modelo bidimensional (VASCONCELOS, 2010) requerem a

adaptação de uma malha que divide as seções em blocos e posteriormente distribui as

propriedades físicas ao longo do domínio discreto (Figura 6-13). A Tabela 6-5,

apresenta o número de blocos gerados para cada perfil, mostrando que a malha foi

diferenciada, variando conforme o do tamanho da seção.

Tabela 6-5: Malha utilizada nas seções geológicas.

Seção Malha considerada Nº de blocos

N-CP-SW 7865 (65 x 121) W-CP-E 7378 (62 x 119) NE-CP-SE 7623 (63 x 121)

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65

Figura 6-13: Exemplificação da malha aplicada na seção N-CP-SW, preparando-a para a discretização das propriedades físicas. A linha amarela representa os limites dos blocos

que compõem a malha desta seção. O procedimento foi estendido às outras seções utilizadas no projeto.

6.3.2 Ambiente de desenvolvimento

A avaliação da história térmica da bacia, neste trabalho, foi produto de um modelo

numérico implementado em linguagem C++ (Vasconcelos, 2010). Neste modelo, o

tratamento físico da condução de calor em uma bacia sedimentar influenciada por

intrusões ígneas foi desenvolvido pelo Método das Diferenças Finitas (MDF), mais

especificamente, a classe de Método de Direções Alternadas (ADI). Este método é

geralmente útil na solução de equações diferenciais multi-dimensionais e transientes,

pois consiste na separação de variáveis que são tratadas independentemente. Para

modelos bidimensionais, como o utilizado neste trabalho, em uma malha igualmente

dividida, a aplicação do método ADI resulta na formação de 2n sistemas lineares

tridiagonais (equivalente à solução de 2n problemas unidimensionais), o que leva a

uma resolução extremamente simples e com maior facilidade para implementação

(VASCONCELOS, 2010).

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66

6.4 Reconstrução do embasamento (história térmica da bacia)

As seções geológicas extraídas do bloco 3D (Figuras 6-7 a 6-9) foram utilizadas na

aplicação da técnica de backstripping. O objetivo é a reconstrução do embasamento,

obtido pela curva também chamada de backstripping. A reconstrução do

embasamento é possível porque esta técnica consiste na remoção das camadas de

uma bacia sedimentar e consequente descompactação das camadas subjacentes,

obtendo-se a subsidência tectônica da bacia. Neste trabalho, o backstripping foi obtido

a partir de aplicativo anteriormente implementado. Tal aplicativo consiste no

processamento da equação que define a curva de backstripping (veja capítulo 5).

Do mesmo modo, o cálculo do estiramento crustal, objetivando a obtenção do fluxo

térmico no embasamento a partir modelos termomecânicos, foi obtido a partir de

aplicativo previamente implementado. Tal aplicativo foi desenvolvido em linguagem

CC+ e reproduz analiticamente as formulações publicadas nos trabalhos de

MCKENZIE (1978) e de ROYDEN & KEEN (1980).

6.5 Modelagem da maturação da matéria orgânica

O processo de evolução térmica de uma bacia sedimentar está relacionado

diretamente à maturação térmica da matéria orgânica presente em rochas

sedimentares. A partir do soterramento, a matéria orgânica transformada em

querogênio alcança diversas mudanças composicionais impostas pela ação da

temperatura e pressão. A evolução térmica culmina com a geração de

hidrocarbonetos, cujo tempo e a profundidade de geração podem ser identificados

pela modelagem térmica da bacia. O conhecimento da evolução térmica e as

temperaturas envolvidas no processo requerem o uso de métodos geoquímicos que

traduzam a história térmica a partir de indicadores de paleotemperaturas.

Neste trabalho, o indicador do estágio de maturação orgânica é a vitrinita, um maceral

de origem lenhosa contido na matéria orgânica, que possui uma reflectância (%Ro)

característica sob luz refletida em miscroscópios petrográficos, o que a difere de

outros macerais. A reflectância da vitrinita (%Ro) constitui um dos mais importantes

parâmetros utilizados para estudos da evolução térmica da matéria orgânica contida

nos sedimentos (SWEENEY & BURNHAM, 1990). Parte-se do princípio que a

reflectância da vitrinita é sensível à variação positiva das temperaturas ao longo do

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67

tempo geológico, uma vez que o aumento da temperatura provoca alterações

irreversíveis na estrutura molecular deste maceral.

Em termos práticos, considerando a história térmica da rocha, quanto maiores os

valores de %Ro, maior o estágio de maturação. No processo de evolução térmica da

matéria orgânica, os intervalos de geração de hidrocarbonetos podem ser definidos

pelos índices de reflectância de vitrinitas (Figura 6-14). A “janela de geração de óleo”

está entre 0,6 a 1,3% Ro e a “janela de geração de gás” entre 1,3 a 4,0% Ro, com o

limite entre gás úmido e seco sendo 2,0% Ro (SANTOS NETO, 2004).

Figura 6-14: Diagrama com a evolução térmica da matéria orgânica. Fonte: SANTOS NETO (2004).

Para o cálculo das reflectâncias de vitrinitas como indicador de maturação de rochas

geradoras, foi usado método EasyRo de SWEENEY & BURNHAM (1990), que será

descrito adiante.

6.5.1 Método Easy%Ro

Atualmente, o modelo Easy%Ro proposto por SWEENEY & BURNHAM (1990) é o

mais aceito nas análises de bacia para cálculo de %Ro. Neste método, se integram

equações de cinética química ao longo do tempo e temperatura, sendo aplicável na

faixa de valores de refletividade da vitrinita (%Ro) de 0,3 a 4,5% e taxas de

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68

aquecimento desde condições de laboratório, ºC/semana, a geológicos, ºC/milhão de

anos.

O método consiste em quantificar o grau de maturação da matéria orgânica, a partir de

reações paralelas de cinética química, baseadas em balanços de massa obtidos dos

resultados de pirólise experimental. Sua utilização é permitida em conjunto com

qualquer tipo de história térmica. Modelos baseados em cinética de reatividades

distribuídas, nas quais as reações se processam em taxas dependentes da

temperatura e da quantidade de reagente disponível, são amplamente utilizados.

Essas reações podem ser descritas como de primeira ordem de acordo com a Lei de

Arrhenius, onde a quantidade do componente x em função do tempo dada por:

RT

E

Ae−

=κ (28)

onde κ é a taxa de reação, sA /100,113×= o fator de frequência, T é a temperatura

em Ko , E a energia de ativação e KmolWsR o//31447,8= é constante universal dos

gases.

O fator de frequência representa a frequência em que as moléculas são

transformadas. A energia de ativação descreve o limiar de energia necessário para

que a reação inicie.

O modelo Easy%Ro considera um conjunto paralelo de quatro reações de primeira

ordem que compreendem: eliminações de água (H2O), de dióxido de carbono (CO2),

de metano (CH4) de hidrocarbonetos pesados (CHn). Para cada reação há uma

distribuição de energia, porém com um mesmo fator de frequência. Desse modo, cada

uma dessas reações é descrita como uma reação paralela de decomposição que

apresenta um conjunto discreto de energias de ativação:

vitrinita → i1κ vitrinita residual + H2O

vitrinita → i2κ vitrinita residual + CO2

vitrinita → i3κ vitrinita residual + CH4

vitrinita → i4κ vitrinita residual + CHn

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69

O modelo Easy%Ro foi implementado no modelo numérico bidimensional para análise

da influência do efeito térmico de intrusões ígneas em bacias sedimentares,

desenvolvido por Vasconcelos (2010), que será aplicado nesse trabalho. O modelo

químico-matemático foi detalhadamente descrito em VASCONCELOS (2010), além de

(SWEENEY & BURNHAM, 1990).

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70

7. Modelagem da estrutura térmica da Bacia do Parnaíba

7.1 Calibração do modelo

Os processos físico-químicos atuantes em uma bacia sedimentar que possibilitam a

acumulação do petróleo podem ser simulados a partir de modelos matemáticos

incluídos em programas específicos que descrevem sua evolução geométrica, térmica,

de pressões, além dos fenômenos de geração, expulsão e migração do petróleo

(COUTINHO, 2008). Os modelos em 1D, 2D ou 3D abordam diferentes aspectos do

mesmo problema e devem ser utilizados de forma integrada (COUTINHO, 2008).

Neste trabalho, utilizou-se o programa Temis3D (Instituto Francês do Petróleo) para

construção do bloco 3D (veja item 6.2.1 do capítulo 6), do qual foram extraídas as

seções para a modelagem térmica. Uma vez extraídas as seções (Figura 6-6), utilizou-

se o programa Temis2D (IFP) para a reprodução da história térmica e da maturação

das rochas geradoras. O objetivo foi a comparação dos resultados do efeito das

intrusões sobre as camadas sedimentares das seções com os obtidos com o modelo

bidimensional de VASCONCELOS (2010).

Na simulação térmica realizada com o Temis2D, utilizou-se os módulos de

descompactação e térmico. O módulo de descompactação permite simular a evolução

geométrica de cada célula da seção que representa a camada sedimentar. Considera

que a alteração do espaço poroso no curso da sedimentação e soterramento pode ser

descrita por leis de compactação normais, invariáveis no tempo geológico. O módulo

térmico calcula a distribuição de temperaturas ao longo das células da seção 2D, que

representa a bacia sedimentar, considerando a evolução geométrica fornecida

previamente pelo módulo de descompactação e a variação do fluxo de calor no

sistema. Desta forma foi obtido o efeito térmico devido a ocorrência da intrusão.

Para a reconstrução da história térmica nas bacias sedimentares, é necessário

estabelecer as condições de contorno do modelo térmico. Para a simulação com o

Temis2D, acerca das intrusões ígneas, essas condições envolveram uma temperatura

de superfície estimada de 22 ºC para a época da intrusão. O fluxo térmico basal

considerado foi de 50 mW/m2, conforme proposto por POLLACK et al., (1993) como

valor aproximado para bacias paleozoicas. O efeito térmico adicional inicia a partir do t

(tempo) = 178 milhões de anos, quando ocorreu a intrusão das rochas básicas

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71

eojurássicas (VAZ et al., 2007). No modelo proposto estas intrusões são consideradas

instantâneas (Figura 7-1 a 3).

Os dados disponíveis permitiram, no caso da seção N-CP-SW, inferir intrusões ígneas

de grandes extensões. Como resultado, esta seção foi fortemente influenciada pelos

efeitos térmicos proporcionados pelo calor emanado por estas rochas. As intrusões

estão presentes na Sequência Siluriana na porção basal da bacia, formações Ipu e

Tianguá, e na Sequência Mesodevoniana-Eocarbonífera, porção intermediária,

formações Pimenteiras e Longá. Percebe-se que sob o poço 2-CP-1-MA, ocorrem

várias soleiras sobrepostas, tornando expressivos os efeitos térmicos, que alcançam,

a partir do contato, até o dobro da espessura da intrusão (Figura 7-1).

A palheta de cores ao lado direito da simulação mostra os intervalos de refletividade

da vitrinita. Influenciado pelo aumento da temperatura o índice %Ro registra os

estágios de maturação térmica das rochas sedimentares.

Figura 7-1: Modelagem térmica bidimensional avaliando o efeito de intrusões ígneas nas camadas da seção N-CP-SW. Resultados obtidos com o Temis2D. Conforme legenda

que acompanha a seção, a profundidade e o comprimento estão em metros.

As intrusões da seção W-CP-E, com base nas informações disponíveis, ocorrem

localmente. Estão presentes na Sequência Siluriana, formações Ipu e Tianguá, mas

predominam na Sequência Mesodevoniana-Eocarbonífera, nas formações Pimenteiras

e Longá. A simulação térmica mostra que a maior influência está nos contatos das

intrusões, alcançando até o dobro da espessura das mesmas. Nota-se que acima e

N-CP-SW

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72

abaixo das intrusões o efeito é maior que nas laterais devido ao empilhamento das

soleiras. Os intervalos com os índice de %Ro na legenda, registram os estágios de

maturação térmica das rochas sedimentares (Figura 7-2).

Figura 7-2: Modelagem térmica bidimensional avaliando o efeito de intrusões ígneas nas camadas da seção W-CP-E. Resultados obtidos com o Temis2D. Conforme legenda que

acompanha a seção, a profundidade e o comprimento estão em metros.

As intrusões da seção NE-CP-SE, com base nas informações disponíveis, também

são locais e apresentam similaridade com a seção W-CP-E quanto à ocorrência nas

sequências. A simulação térmica mostra que a maior influência está nos contatos das

intrusões, alcançando até, aproximadamente, o dobro da espessura. Nota-se que

acima e abaixo das intrusões o efeito é maior que nas laterais, devido ao

empilhamento de soleiras. Os intervalos com os índice de %Ro, na legenda, registram

os estágios de maturação térmica (Figura 7-3).

A Figura 7-4 mostra a curva de variação do índice %Ro em profundidade. Os índices

alcançam valores superiores a 4% nas Sequências Siluriana (Formação Tianguá) e

Mesodevoniana-Eocarbonífero (formações, Pimenteiras e Tianguá) à medida que se

aproximam das intrusões ígneas.

W-CP-E

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73

Figura 7-3: Modelagem térmica bidimensional avaliando o efeito de intrusões ígneas nas camadas da seção NE-CP-SE. Resultados obtidos com o Temis2D. Conforme legenda

que acompanha a seção, a profundidade e o comprimento estão em metros.

Figura 7-4: Modelagem térmica bidimensional avaliando o efeito de intrusões ígneas no poço 2-CP-1-MA. Resultados obtidos com o Temis2D, extraídos da seção N-CP-SW.

Neocretáceo

Eotriássico

Pedra de Fogo

Piauí

Poti

Vulcânica

Cabeças

Vulcânica

Pimenteiras

Itaim

Jaicós

Tianguá

NE-CP-SE

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74

Os pontos na cor laranja correspondem a dados reais de vitrinita do poço 2-CP-1-MA

(RODRIGUES, 1995) que corrobora com um bom ajuste para a curva. A palheta à

direita da curva representa as espessuras aproximadas das formações que compõem

a seção no poço.

O petróleo, que por um processo convencional de soterramento, se forma a uma

temperatura relativamente baixa, porém em um longo período do tempo geológico,

também pode ocorrer quase instantaneamente nas proximidades das intrusões devido

às altas temperaturas ali presentes. A Figura 7-5 mostra a simulação do efeito térmico

das intrusões obtido pelo modelo bidimensional de VASCONCELOS (2010). A escala

à direita mostra a maturação térmica para a seção N-CP-SW, utilizando a técnica

Easy%Ro implementada no modelo. As condições de contorno estabelecidas para

esta simulação envolveram uma temperatura de superfície de 22 ºC. O fluxo térmico

basal considerado foi de 50 mW/m2. O efeito térmico inicia a partir do t (tempo) = 178

milhões de anos, quando ocorreu a intrusão das rochas básicas Eojurássicas (VAZ et

al., 2007). Estas condições são compatíveis com aquelas utilizadas nas simulações do

Temis2D (Figura 7-1), justamente para permitir a comparação entre os resultados.

Os resultados deste modelo, para o efeito térmico das intrusões eojurássicas na

seção N-CP-SW, apresentam, nas proximidades das mesmas, índices de evolução

térmica que alcançam entre 2% a 3,5% representados, segundo a graduação da

palheta, pelas cores azul claro e laranja respectivamente. No contato com as intrusões

e suas adjacências os valores superam 4% (cor marrom). O efeito termal é maior na

vertical, como ocorre também com a simulação do Temis2D.

Figura 7-5: Efeito da maturação térmica através do modelo Easy%Ro após o evento de intrusão ígnea. A escala da esquerda representa a profundidade em metros e a da direita

o índice %Ro para a refletividade da vitrinita. Resultados obtidos pelo modelo bidimensional de VASCONCELOS (2010).

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75

Os resultados de ambos, Temis2D e do modelo bidimensional, permitem concluir que

nas regiões próximas às intrusões magmáticas de grande extensão, como a seção N-

CP-SW, a maturação da matéria orgânica foi fortemente controlada pelo calor liberado,

evidenciada pelos altos valores de vitrinita.

Dados teóricos de índices de reflectância da vitrinita do poço 2-CP-1-MA em cada uma

das seções N-CP-SW, NE-CP-SE e W-CP-E, obtidos do perfil de maturação gerado

pela simulação com o modelo bidimensional, foram comparados com dados reais

publicados por RODRIGUES (1995). Na Figura 7-6 observa-se, para um determinado

intervalo de profundidade, a variação nos índices obtidos. A comparação entre os

índices de maturação térmica obtidos é de grande importância na validação do

modelo, pois, embora tenha sido aplicado anteriormente na Bacia do Solimões, é a

primeira vez que pôde ser calibrado com dados reais.

2250

2300

2350

2400

2450

2500

1 1,5 2 2,5 3 3,5

%Ro

Pro

fun

did

ade

(m)

W-CP-E N-CP-SW NE-CP-SE Dados Reais

Figura 7-6: Comparação dos índices de reflectância da vitrinita com dados reais obtidos de RODRIGUES (1995). Simulação considerando o efeito térmico das intrusões e fluxo

térmico constante no embasamento.

A diferença no ajuste da curva pode ser explicada pela resolução da malha. Dada uma

malha única, uma seção menor será mais refinada, e por sua vez terá uma resposta

mais efetiva à influência do fluxo térmico por unidade de área. Este é o caso da seção

NE-CP-SW que possui uma extensão menor que as demais. A seção N-CP-SW possui

uma malha de 122 pontos (em x) no seu comprimento, por 65 pontos (em y) na

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76

profundidade. Isto representa a escala de 1:6150 metros (em x) e 1:50 metros (em y),

o que indica que a malha deveria ser refinada, em função da sua extensão. Diferenças

nos ajustes das curvas também podem ser explicadas pelas aproximações assumidas

na elaboração do bloco 3D, devido a interpolação das camadas no Temis3D. Outras

implicações no ajuste podem decorrer do tratamento dado às discordâncias regionais,

sem detalhamento na geometria das seções.

Para esta simulação utilizou-se um fluxo térmico constante, entretanto, de acordo com

a metodologia discutida, as correções para o fluxo térmico basal podem influenciar o

comportamento dos valores, proporcionando um melhor ajuste aos dados reais.

7.2 Modelagem termomecânica

A avaliação termomecânica de uma bacia sedimentar envolve a determinação da

subsidência tectônica e da subsidência termal (veja capítulo 5). A subsidência

tectônica é calculada a partir da reconstrução da sequência evolutiva da bacia que

define o histórico de subsidência da mesma sob o peso dos sedimentos depositados.

Neste trabalho foi utilizada a técnica de backstripping para esta finalidade.

Entretanto, a determinação da subsidência termal define o comportamento do

embasamento considerando apenas os efeitos térmicos atuantes na bacia. Foi

utilizado o modelo de estiramento litosférico não-uniforme de ROYDEN & KEEN

(1980). Esse modelo de estiramento litosférico, permite o cálculo do fluxo térmico no

embasamento, principal aplicação neste trabalho. A Tabela 7-1 apresenta os valores

dos parâmetros utilizados na aplicação dos modelos. Os modelos foram aplicados à

sete poços situados ao longo das seções modeladas (Figura 7-7).

O cálculo do fluxo térmico basal obtido com a restauração do embasamento e com o

modelo termomecânico permitiu o uso de condições de contorno variáveis na

modelagem dos efeitos térmicos de intrusões ígneas na bacia.

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77

Tabela 7-1: Valores dos parâmetros utilizados na aplicação dos modelos Parâmetros Descrição dos parâmetros Valor Unidade

ρw densidade da água 1

ρm densidade do manto 3,3

ρc densidade da crosta 2,8a espessura inicial da litosfera 200tc espessura inicial da crosta 35

α coeficiente de expansão térmica da litosfera 3,28 10-5 ºC-1

τ constante de tempo da litosfera 62,8 Maλ condutividade térmica do embasamento 4,6kw condutividade térmica da água 0,56

T1 temperatura na base da litosfera 1333 ºC-1

k difusibilidade da litosfera 8,0 10-7 m²/s

g/cm³

km

W/m.K

Fonte: QUINTAS et al. (1999) e CARDOSO et al. (2007).

Figura 7-7: Localização dos sete poços utilizados na determinação da história termomecânica da Bacia do Parnaíba. Seções: em vermelho N-CP-SW; em rosa W-CP-E;

em azul NE-CP-SE. Fonte: Elaboração própria a partir de dados da ANP/BDEP (2011).

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78

7.2.1 Reconstrução sedimentar

O objetivo da reconstrução sedimentar é a reconstituição dos movimentos verticais do

embasamento e das camadas sedimentares sobrejacentes, depositadas desde a fase

de formação da bacia, fase rifte, até o tempo Recente, nos fornecendo a subsidência

tectônica da bacia. No caso da Bacia do Parnaíba, a fase inicial de formação da bacia,

está associada ao final do Ciclo Brasiliano, por volta de 500 milhões de anos.

Na avaliação da subsidência tectônica através do processo de backstripping é

necessário adotar, inicialmente, um modelo de ajustamento isostático representativo

do processo de evolução geológica da bacia em questão (CARDOSO, 2007). Nesta

modelagem, o mecanismo de ajustamento isostático indicado é do tipo local, também

denominado Airy.

A aplicação da técnica do backstripping requereu um algoritmo para implementar a

equação 27 (veja capítulo 5). No entanto, neste modelo, as correções para a

batimetria e a eustasia foram desconsideradas. A partir do procedimento do

backstripping foram elaboradas as curvas de subsidência tectônica das camadas

sedimentares e do embasamento para os sete poços que cortam as seções

modeladas. Da Figura 7-8 a 7-14 são retratadas as curvas que caracterizam a

variação vertical das camadas ao longo do tempo geológico. É importante ressalvar

que este modelo não contemplou de forma detalhada o estudo das discordâncias

regionais da bacia.

A curva de subsidência tectônica obtida com o backstripping, também chamada de

subsidência real, é usada na obtenção dos fatores de estiramento dos modelos de

estiramento litosférico, pois as variações destes fatores refletem diretamente no

espaço deposicional criado. Portanto, a subsidência tectônica funciona como uma

calibração para a curva de subsidência termal modelada com os modelos

termomecânicos, que relacionam a taxa de subsidência tectônica com a história do

fluxo térmico no embasamento.

O perfil de subsidência tectônica apresenta-se regular para todos os poços analisados,

o que pode ser evidenciado na similaridade entre os parâmetros de estiramento

encontrados (Tabela 7-2). Estes resultados refletirão no valor da média do fluxo

térmico basal obtido, como veremos à frente.

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79

2-CP-1-MA

0

400

800

1.200

1.600

2.000

2.400

2.800

3.200

0297349380405439Idade (Ma)

Pro

fun

did

ad

e (m

)

Subsidência Tectônica Subsidência Total

Figura 7-8: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 2-CP-1-MA que corta as seções N-CP-SW, W-CP-E e NE-CP-SE.

9-PAF-3-MA

0

400

800

1200

1600

2000

2400

0297349380405439Idade (Ma)

Pro

fun

didad

e (m)

Subsidência Tectônica Subsidência Total

Figura 7-9: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 9-PAF-3-MA que corta a seção N-CP-SW.

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80

1-TM-1-MA

0

400

800

1200

1600

2000

0297349380405439Idade (Ma)

Pro

fun

did

ad

e (m

)

Subsidência Tectônica Subsidência Total

Figura 7-10: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 1-TM-1-MA que corta as seções N-CP-SW.

1-IZ-2-MA

0

400

800

1200

1600

2000

2400

0297349380405439Idade (Ma)

Profu

ndid

ade

(m)

Subsidência Tectônica Subsidência Total

Figura 7-11: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 1-IZ-2-MA que corta a seção W-CP-E.

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81

1-MA-1-PI

0

400

800

1200

1600

2000

2400

0297349380405439Idade (Ma)

Profund

idad

e (m)

Subsidência Tectônica Subsidência Total

Figura 7-12: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 1-MA-1-PI que corta as seções W-CP-E.

2-BGST-1-MA

0

400

800

1200

1600

2000

2400

2800

0297349380405439Idade (Ma)

Pro

fun

did

ad

e (m

)

Subsidência Tectônica Subsidência Total

Figura 7-13: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 2-BGST-1-MA que corta a seção NE-CP-SE.

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82

2-VGST-1-MA

0

400

800

1200

1600

2000

2400

2800

3200

0297349380405439Idade (Ma)

Pro

fun

did

ad

e (m

)

Subsidência Tectônica Subsidência Total

Figura 7-14: Curvas de subsidência tectônica e total do embasamento do poço 2-VGST-1-MA que corta a seção NE-CP-SE.

7.3 Subsidência termal

Como visto em detalhe no capítulo 4, a subsidência termal é causada pelo processo

de resfriamento associado à perda de calor por condução e consequentes contrações

térmicas da litosfera. Isto permite determinar a subsidência do embasamento em

consequência apenas dos processos térmicos ocorridos na evolução da bacia. Com

base na evolução tectônica e termal da bacia torna-se possível a avaliação do campo

térmico da litosfera desde o período inicial da formação da bacia.

A subsidência termal, neste trabalho, foi modelada pelo modelo de duas camadas, ou

modelo de extensão não-uniforme de ROYDEN & KEEN (1980). Para isso foram

aplicadas as formulações 24, 25 e 26 (veja capítulo 5) que se referem ao cálculo da

subsidência inicial, subsidência termal e fluxo térmico respectivamente. Os fatores de

estiramento δ e β foram determinados pelo ajuste entre as curvas do backstripping e

a modelada, conforme descrito acima, pelo modelo de duas camadas.

A relação entre as curvas está na proporção direta entre o estiramento e a

subsidência. Entretanto, devido à imprecisão ou ausência de informações sobre

paleobatimetria nem sempre é possível obter um ajuste exato (PINTO, 2008). Uma

medida que ajuda a minimizar a incerteza é calibrar os pontos da profundidade da

subsidência inicial (rifte) e do tempo presente obtida diretamente a partir de dados dos

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83

poços. Os valores dos graus de estiramento para δ e β encontrados por este método

estão na Tabela 7-2.

Tabela 7-2: Valores dos graus de estiramento para δ e β obtidos pelo modelo de ROYDEN & KEEN (1980).

δ β

2-CP-1-MA 1,046 1,0879-PAF-3-MA 1,030 1,0651-TM-1-MA 1,030 1,0481-IZ-2-MA 1,040 1,0701-MA-1-PI 1,032 1,0702-VGST-1-MA 1,026 1,0472-BGST-1-MA 1,037 1,070

PoçoModelo Não-Uniforme

Royden & Keen

δδδδ ββββ

Os estiramentos crustais (δ ) encontrados estão entre 1,03 e 1,05 e os subcrustais

( β ) entre 1,05 e 1,09. Esses valores variam pouco entre os setes poços

considerados. Valores muito próximos de δ e β , no modelo de duas camadas,

indicam um padrão de subsidência similar do manto litosférico e da crosta (ROYDEN,

& KEEN, 1980). Os ajustes das curvas teóricas de subsidência tectônica determinadas

pelo backstripping e as curvas de subsidência termal obtida pelo modelo

termomecânico de ROYDEN & KEEN (1980) são apresentados da Figura 7-15 à 7-21.

Figura 7-15: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 2-CP-1-MA.

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84

Figura 7-16: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 9-PAF-3-MA.

Figura 7-17: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 1-TM-1-MA.

Figura 7-18: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 1-IZ-2-MA.

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85

Figura 7-19: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 1-MA-1-PI.

Figura 7-20: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 2-VGST-1-MA.

Figura 7-21: Curvas de subsidência tectônica obtida pelo backstripping e termal obtida pelo modelo de ROYDEN & KEEN, poço 2-BGST-1-MA.

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86

7.4 Fluxo térmico

Uma vez determinados os parâmetros de estiramento, foi aplicada a formulação 25

(veja capítulo 5) para aplicação do modelo de ROYDEN & KEEN (1980) na obtenção

do fluxo térmico e reconstituição da sua história evolutiva. Posteriormente foi a

utilizado o fluxo térmico calculado, para a época da intrusão, na modelagem do efeito

térmico.

A Figura 7-22 apresenta a variação do fluxo térmico após o estiramento inicial até o

Recente, na localização dos sete poços que cortam as seções estudadas (Figura 7-7).

A diminuição do fluxo térmico ao longo do tempo geológico indica a dissipação

gradativa da anomalia térmica, gerada no período do estiramento inicial, nos primeiros

30 milhões de anos da bacia. O fluxo térmico apresenta uma baixa variação no tempo,

contudo no momento inicial os valores apresentam-se mais altos. Os valores máximo

e mínimo encontrados para o fluxo térmico no momento inicial correspondem a 57,69

mW/m² e 57,02 mW/m², respectivamente, para os poços 2-CP-1-MA e 2-VGST-1-MA.

54

55

56

57

58

0 100 200 300 400 500

Tempo após estiramento inicial (Ma)

Flu

xo T

érm

ico

(mW

/m²)

1-IZ-2-MA

1-MA-1PI

1-TM-1MA

2-BGST-1-MA

2-CP-1-MA

9-PAF-3-MA

2-VGST-1-MA

Figura 7-22: Variação temporal do fluxo térmico nos poços que cortam as seções

estudadas, a partir do modelo de ROYDEN & KEEN (1980).

Observa-se ainda que no período de subsidência inicial, ou seja, nos primeiros 10

milhões de anos, o fluxo térmico apresenta uma queda acentuada, característica

dessa fase. Entre 30 e 40 milhões de anos ocorre uma suave elevação.

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87

Posteriormente, com a dissipação da anomalia, o fluxo térmico decai

progressivamente até o presente.

Através da observação do comportamento do fluxo térmico ao longo da história da

bacia, é possível notar sua relação com a subsidência termal ocorrida, ou melhor, com

o grau de estiramento da litosfera. Quando ocorre diminuição no grau de estiramento

da litosfera há uma queda no valor do fluxo térmico. Segundo MCKENZIE (1978),

fatores de extensão litosférica menores que 1,5 não induzem variações significativas

no fluxo térmico, o que pode ser constatado na Figura 7-22.

Os resultados obtidos para o fluxo térmico basal apresentam uma regularidade, onde

se conclui que o valor médio de 55,1 mW/m² poderia ser aplicado como constante à

base da bacia na modelagem térmica das intrusões. Entretanto uso de condições de

contorno variáveis, que se propõe, é admitido como uma melhoria na análise da

estrutura térmica de bacias sedimentares.

7.5 Estruturação térmica da Bacia do Parnaíba considerando fluxo

térmico basal e de intrusões ígneas

Visando analisar o efeito térmico das intrusões ígneas nas rochas sedimentares da

bacia, propõe-se o uso do modelo bidimensional implementado por VASCONCELOS

(2010). Originalmente, este modelo foi aplicado na Bacia do Solimões

(VASCONCELOS, 2010), entretanto utilizou-se como condição de contorno um fluxo

térmico basal constante. Para a avaliação da evolução termomecânica da Bacia do

Parnaíba foram implementadas modificações no algoritmo numérico do modelo

bidimensional. Estas modificações possibilitaram a definição de condição de contorno

variável no embasamento, mediante a interpolação dos diferentes valores de fluxo

térmico dos poços existentes ao longo da seção. Na Tabela 7-3 encontram-se os

fluxos térmicos basais utilizados no modelo bidimensional.

A temperatura de superfície considerada é de 27 ºC, calibrada com dados

geotérmicos apresentados em ZEMBRUSCKI & CAMPOS (1988). O efeito térmico

inicia a partir do t (tempo) = 178 milhões de anos, quando ocorreu a intrusão das

rochas básicas eojurássicas (VAZ et al., 2007), consideradas instantâneas.

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88

A temperatura da base da bacia foi calculada considerando o fluxo térmico, os

parâmetros físicos e as propriedades das rochas (veja capítulo 6). A Tabela 7-4

apresenta a temperatura no embasamento para os sete poços que cortam as seções.

Tabela 7-3: Fluxo térmico calculado para os sete poços, na idade aproximada de ocorrência da intrusão.

Poço Intrusão (Ma)

Fluxo Térmico (mW/m²)

2-CP-1-MA ~180 55,119 9-PAF-3-MA ~180 55,099 1-TM-1-MA ~180 55,090 1-IZ-2-MA ~180 55,107 1-MA-1-PI ~180 55,103 2-VGST-1-MA ~180 55,087 2-BGST-1-MA ~180 55,109

Da Figura 7-23 a 7-25 são apresentados os resultados obtidos com o modelo

bidimensional para a simulação do efeito térmico das intrusões. É possível observar o

contorno das intrusões ígneas nas porções com alto índice de evolução térmica.

Nessas proximidades os índices alcançam valores de reflectância superiores a 4,5%.

Ainda próximo às intrusões, porém fora do contato, apresenta-se um intervalo com

uma maturação térmica progressiva, com um intervalo de índices de 3,5% a 2%,

representados pelas cores laranja e azul claro respectivamente e à medida que se

afastam da intrusão. Observa-se a proeminência do fluxo térmico na vertical.

Tabela 7-4: Temperatura no embasamento para os poços que cortam as seções. Temperatura em Kelvin.

Seção/poço Temperatura

basal (K)

Seção N-CP-SW 9-PAF-3-MA 323 2-CP-1-MA 340 1-TM-1-MA 331

Seção W-CP-E 1-IZ-2-MA 331 2-CP-1-MA 337 1-MA-1-PI 320

Seção NE-CP-SE 2-VGST-1-MA 324 2-CP-1-MA 337 2-BGST-1-MA 330

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89

Figura 7-23 representa a influência do calor das intrusões na seção N-CP-SW. Neste

caso, são indicadas nas janelas de geração de gás áreas ainda não exploradas, com

potencial para a existência de hidrocarbonetos. Mostra-se favorável a região situada a

oeste da figura, na profundidade aproximada de 2.300m, localização do poço 2-CP-1-

MA. Outro ponto de interesse refere-se à porção entre intrusões situada a leste da

figura na profundidade aproximada de 1.700m.

Figura 7-23: Efeito térmico das intrusões ígneas e maturação térmica na seção N-CP-SW. Obtido a partir do modelo de VASCONCELOS (2010)

A Figura 7-24 representa a influência do calor das intrusões na seção W-CP-E. O

efeito térmico mostra-se pontual, de acordo com a ocorrência de intrusões. Nas

proximidades das intrusões, a uma profundidade aproximada de 2.300m, são

observadas regiões com potencial exploratório, propícias à existência de gás natural.

Figura 7-24: Efeito térmico das intrusões ígneas e maturação térmica na seção W-CP-E. Obtido a partir do modelo de VASCONCELOS (2010)

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90

A Figura 7-25 representa a influência do calor das intrusões na seção NE-CP-SE. O

efeito térmico nesta seção também é localizado, mas a 2000m de profundidade, em

camadas intercaladas por intrusões, são observadas regiões com potencial

exploratório, propícias à existência de gás natural.

Figura 7-25: Efeito térmico das intrusões ígneas e maturação térmica na seção NE-CP-SE. Obtido a partir do modelo de VASCONCELOS (2010).

7.6 Maturação térmica

A Figura 7-26 mostra a simulação da maturação térmica para a seção N-CP-SW,

utilizando a técnica Easy%Ro implementada no modelo de VASCONCELOS (2010).

Os valores indicam, no caso da seção avaliada, a favorabilidade para a geração de

gás. Este resultado é corroborado por RODRIGUES (1995), que considerou as áreas

senis, com alta maturação térmica devido às intrusões de diabásio, as melhores para a

prospecção de gás na bacia do Parnaíba.

A análise de gás do poço 2-CP-1-MA, que corta a seção N-CP-SW (Figura 7-1)

demonstra que o mesmo foi gerado em nível de evolução térmica correspondente a

aproximadamente 2% de reflectância de vitrinita a partir do efeito térmico

(RODRIGUES, 1995).

O efeito térmico das intrusões é facilmente visualizado no perfil de maturação invertido

(dados de reflectância da vitrinita), indicando um efeito térmico decrescente à medida

que se afasta do corpo intrusivo (Figura 7-26). Os maiores índices da curva são

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91

referentes às profundidades de ocorrência das intrusões nas formações Pimenteiras e

Longá, conforme também observado na Figura 7-4.

Os resultados obtidos no perfil de maturação para o poço 2-CP-1-MA na seção W-CP-

E (Figura 7-27) e na NE-CP-SE (Figura 7-28) são similares aos da seção N-CP-SW,

com níveis de evolução térmica variáveis, que alcançam até 4,5% de reflectância de

vitrinita nas adjacências das intrusões. Contudo, observa-se que a seção NE-CP-SE

(Figura 7-28) apresenta uma calibração maior com relação ao perfil obtido com o

programa Temis2D (Figura 7-4).

Dados teóricos de índices de reflectância da vitrinita do poço 2-CP-1-MA, em cada

uma das seções N-CP-SW, NE-CP-SE e W-CP-E, obtidos do perfil de maturação

gerado pela simulação com o modelo bidimensional, foram novamente comparados

com dados reais (Figura 7-29). Esta comparação considera as modificações

implementadas no algoritmo numérico, que possibilita a definição de condição de

contorno variável no embasamento. Os resultados obtidos mostram que embora haja

regularidade no fluxo térmico, o uso de condição de contorno variável na base da

bacia permitiram uma melhor calibração com dados reais.

Seção N-CP-SW

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

Easy%Ro

Pro

fun

did

ad

e (

m)

Figura 7-26: Perfil de maturação térmica para o poço 2-CP-1-MA na seção N-CP-SW. Obtido pelo método EASY%Ro, implementado no modelo bidimensional de Vasconcelos

(2010).

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92

S eç ão W-C P -E

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

E a sy%R o

Pro

fun

did

ad

e (

m)

Figura 7-27: Perfil de maturação térmica para o poço 2-CP-1-MA na seção W-CP-E. Obtido pelo método EASY%Ro implementado no modelo bidimensional de Vasconcelos

(2010).

Seção NE-CP-SE

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

Easy%Ro

Pro

fun

did

ad

e (

m)

Figura 7-28: Perfil de maturação térmica para o poço 2-CP-1-MA na seção NE-CP-SE. Obtido pelo método EASY%Ro, implementado no modelo bidimensional de Vasconcelos

(2010).

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93

2250

2300

2350

2400

2450

2500

1 1,5 2 2,5 3 3,5

%Ro

Pro

fun

did

ade

(m)

W-CP-E N-CP-SW NE-CP-SE Dados Reais

Figura 7-29: Comparação dos índices de reflectância da vitrinita com dados reais obtidos de RODRIGUES (1995).

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94

8. Conclusões

Foi elaborado o bloco 3D para a Bacia do Parnaíba utilizando as espessuras de poços

disponíveis. O objetivo foi utilizar seções extraídas deste bloco para as modelagens

térmicas bidimensionais propostas.

Na modelagem das seções geológicas, relacionou-se a estrutura térmica ao fluxo

térmico basal e ao efeito térmico devido a intrusões ígneas comuns na bacia. Obteve-

se a história térmica do soterramento e o fluxo térmico no embasamento pela técnica

de backstripping e pelos modelos de extensão litosférica de MCKENZIE (1978) e

ROYDEN & KEEN (1980). Os valores de temperatura calculados na base foram

utilizados nas condições de contorno da modelagem, para avaliação do efeito térmico

devido às intrusões.

Estudos detalhados das discordâncias regionais e do arcabouço estrutural são

recomendados, pois proporcionarão uma melhoria dos resultados da reconstrução

sedimentar, logo das curvas de subsidência tectônica, que ajustam os modelos

teóricos.

Utilizou-se o modelo numérico bidimensional implementado por VASCONCELOS

(2010) na avaliação do efeito térmico das intrusões eojurássicas ocorridas na bacia.

Este modelo permitiu extrair perfis de temperatura e avaliar a maturação térmica da

bacia pelo método Easy%RO.

As simulações mostraram que o fluxo térmico do embasamento não foi suficiente para

a maturação térmica da bacia. Contudo, a soma do fluxo térmico basal com o fluxo

emanado das intrusões é responsável pela sua maturação térmica. Estas duas fontes

estão diretamente relacionadas com a geração de hidrocarbonetos confirmada pelos

sistemas petrolíferos lá existentes.

O fluxo térmico obtido possui regularidade, portanto, na modelagem do efeito térmico

por intrusões, poderia ter seu valor médio aplicado como condição de contorno

constante na base da bacia. Contudo, a definição de uma condição de contorno

variável no embasamento, mediante a interpolação dos diferentes valores de fluxo

térmico dos poços existentes ao longo da seção, proporcionou perfis de maturação

térmica com melhores ajustes com dados reais.

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95

As simulações com o modelo bidimensional permitiram a verificação da abrangência

do efeito térmico das intrusões nas seções, a história térmica a partir de perfis de

maturação térmica pelo modelo Easy%Ro, e a identificação de janelas de gás.

Os valores de %Ro obtidos mostram que as intrusões foram fundamentais para o

potencial de geração hidrocarbonetos da bacia. Indicam potencial exploratório de

regiões ainda não exploradas e a favorabilidade para gás natural.

A influência do efeito térmico de intrusões ígneas na maturação térmica da Bacia do

Parnaíba mostra-se determinante para a geração de hidrocarbonetos, validando os

sistemas ditos não convencionais.

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96

9. Referências Bibliográficas

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