estudo da vida de prateleira de doces em pasta caseiros

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  • CENTRO UNIVERSITRIO UNIVATES

    CURSO DE QUMICA INDUSTRIAL

    ESTUDO DA VIDA DE PRATELEIRA DE

    DOCES EM PASTA CASEIROS

    Cludia Schlabitz

    Lajeado, dezembro de 2010.

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    Cludia Schlabitz

    ESTUDO DA VIDA DE PRATELEIRA DE DOCES EM PASTA

    CASEIROS

    Monografia apresentada na disciplina de Trabalho de Concluso de Curso do Curso de Qumica Industrial, do Centro Universitrio Univates, como parte da exigncia para a obteno do ttulo de bacharel em Qumica Industrial. Orientadora: Dra. Clucia Fernanda Volken de Souza

    Lajeado, dezembro de 2010

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a meus pais, que no pouparam esforos para auxiliar na minha educao e

    que me deram apoio durante toda a graduao, em especial a ajuda concedida para realizao

    desta monografia.

    Ao senhor Cludio A. Klahr, pela oportunidade de estgio.

    Agradeo aos professores pelo ensino de qualidade, em especial a orientadora deste

    trabalho, a professora Clucia Fernanda Volken de Souza, pela amizade, pacincia,

    ensinamentos e confiana durante toda a graduao.

    Aos monitores dos Laboratrios de Qumica, Microbiologia, Controle de Qualidade e

    Central Analtica, pela ajuda durante as anlises e sem os quais nenhuma anlise seria

    possvel.

    Aos colegas de aula, em especial aos formandos, pela amizade durante este percurso.

    A todos que auxiliaram no desenvolvimento deste trabalho.

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    H algo to doce Que s aqui neste pago

    Sul brasileiro Pode-se provar

    herana alem Gostosa de saborear

    Tem de goiaba, uva , abacaxi De abbora, de batata, de laranja

    De qualquer fruta em fim a schmier docinha

    Num po bem quentinho Do forno recm sado

    Que gostosura! S aqui no meu sul No resto do Brasil

    Dizem gelia Mas para nossa platia

    No serve no O melhor chimia no po!

    (Denise de Souza Severgnini)

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    RESUMO

    O Brasil um grande produtor mundial de vegetais, especialmente frutas. A ausncia de padro no momento da classificao, a falta de cuidado no transporte, o despreparo dos comerciantes e o descuido do consumidor durante o manuseio traz um elevado percentual de perdas, pois os vegetais danificados so rejeitados pelo consumidor. A elaborao de doces de frutas ou mistos uma alternativa para a utilizao destes vegetais e, inclusive, do excedente de produo de determinadas pocas do ano. A schmier, como conhecido o doce em pasta produzido a base de caldo de cana, tem boa aceitao no Vale do Taquari, alm de um processamento simples. Neste trabalho objetivou-se a produo de um doce em pasta com vida de prateleira superior a um ano, que atendesse aos padres sensoriais dos consumidores e com a utilizao de vegetais no-conformes comercializao do ponto de vista visual. Foram realizadas anlises fsico-qumicas, microbiolgicas e sensoriais como forma de verificar a ocorrncia de alteraes ao longo do shelf-life. Foram produzidas quatro formulaes, sendo A isenta de aditivos; B acrescida de cido tartrico; C acrescida de sorbato de potssio; e D adicionada de cido tartrico e sorbato de potssio. As anlises fsico-qumicas realizadas mensalmente foram umidade, pH e atividade de gua, sendo realizadas semestralmente anlises de acidez, acares redutores e no redutores, amido, protenas, lipdios, cinzas e viscosidade. As anlises microbiolgicas de Staphylococcus aureus, coliformes totais e termotolerantes, contagem total e bolores e leveduras foram realizadas trimestralmente. As anlises de umidade demonstraram o decrscimo deste teor ao longo do armazenamento. De maneira geral, a atividade de gua se manteve constante e o pH oscilou durante todo o perodo. A concentrao de protenas decresceu no 12 ms em relao ao 1 dia. A concentrao de lipdios foi nula ou muito baixa nas amostras. Verificou-se uma maior concentrao de acares no-redutores em relao a acares redutores em todas as formulaes e presena de amido no foi detectada. A viscosidade apresentada por todas as formulaes no 12 ms foi superior do 1 dia de armazenamento. Em relao anlise de bolores e leveduras, todas as formulaes esto de acordo com a RDC n 12 de 02 de janeiro de 2001, apresentando formao de colnias apenas na formulao B, porm muito abaixo do limite estabelecido. Nas demais anlises microbiolgicas tambm no houve formao de colnias em todas as formulaes. A anlise sensorial demonstrou a aceitao comercial de todas as formulaes, com ndice de aceitabilidade acima de 70% e maior aceitao da amostra D. O presente estudo possibilitou a elaborao de um doce em pasta caseiro com utilizao de vegetais in natura com partes danificadas e/ou aparncia indesejada pelo consumidor, obtendo-se uma vida de prateleira superior a 1 ano e atendendo aos padres sensoriais dos consumidores. Os resultados demonstram que possvel produzir este doce sem a adio de conservantes ou acidificantes, obtendo-se um produto de qualidade microbiolgica e sensorial similar aos aditivados. Palavras-chave: doce em pasta, schmier, anlises microbiolgicas, anlises fsico-qumicas, anlise sensorial

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Processo de fabricao de gelias e geleiadas.........................................................17

    Figura 2 Partes bsicas de um recipiente de vidro.................................................................30

    Figura 3 Fluxograma do processo de fabricao da schmier.................................................37

    Figura 4 Esterilizao dos vidros em banhomaria e secagem dos mesmos.........................39

    Figura 5 Cozimento da schmier.............................................................................................39

    Figura 6 Schmier embalada....................................................................................................40

    Figura 7 Ficha para anlise sensorial.....................................................................................50

    Figura 8 Grfico da variao do pH das amostras ao longo do tempo de armazenamento...55

    Figura 9 Distribuio de frequncia das notas atribudas pelos provadores ao atributo

    aceitao das quatro formulaes de doce em pasta no primeiro dia de fabricao.................61

    Figura 10 Distribuio de frequncia das notas atribudas pelos provadores ao atributo

    aceitao das quatro formulaes de doce em pasta aos 6 meses de fabricao.......................62

    Figura 11 Distribuio de frequncia das notas atribudas pelos provadores ao atributo

    aceitao das quatro formulaes de doce em pasta aos 12 meses de fabricao.....................62

    Figura 12 ndice de aceitabilidade das quatro formulaes de doces em pasta no 1 dia e no

    6 e 12 ms de armazenamento................................................................................................63

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    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Temperaturas necessrias para a conservao de alimentos de acordo com seu

    pH..............................................................................................................................................23

    Quadro 2 Resistncia trmica dos microorganismos...........................................................24

    Quadro 3 Ao antimicrobiana de aditivos...........................................................................27

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Ingredientes das quatro formulaes para rendimento de 8 kg...............................38

    Tabela 2 Periodicidade das anlises fsicoqumicas, microbiolgicas e sensoriais.............41

    Tabela 3 Metodologias utilizadas nas anlises......................................................................41

    Tabela 4 Resultados das anlises fsicoqumicas mensais das formulaes de schmier.....52

    Tabela 5 Resultados das anlises fsicoqumicas semestrais das formulaes de schmier..55

    Tabela 6 Resultados das contagens de bolores e leveduras das formulaes de schmier......59

    Tabela 7 Mdia das notas atribudas pelos provadores s formulaes de doces em pasta nos

    diferentes perodos analisados..................................................................................................60

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    SUMRIO

    1 INTRODUO...................................................................................................................12

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    2 REFERENCIAL TERICO...............................................................................................15

    2.1 O Brasil e a produo de frutas.......................................................................................15

    2.2 Doces em pasta..................................................................................................................15

    2.2.1 Fabricao de doces em pasta.......................................................................................16

    2.3 Fatores que condicionam a estabilidade dos alimentos em geral.................................17

    2.3.1 Micro-organismos nos alimentos..................................................................................18

    2.3.1.1 Bactrias.......................................................................................................................18

    2.3.1.2 Fungos..........................................................................................................................19

    2.3.1.3 Alteraes qumicas causadas por micro-organismos.............................................21

    2.4 Mtodos de conservao de alimentos em geral.............................................................22

    2.4.1 A conservao pelo calor...............................................................................................22

    2.4.1.1 Pasteurizao...............................................................................................................24

    2.4.1.2 Esterilizao.................................................................................................................25

    2.4.2 Conservao pelo controle da umidade, presso osmtica e atividade de gua.......25

    2.4.3 Alterao do pH como meio de preservao do alimento..........................................26

    2.4.4 Preservao de alimentos pelo uso de conservantes...................................................27

    2.5 Aditivos em alimentos.......................................................................................................28

    2.5.1 Acidificantes...................................................................................................................28

    2.5.2 Conservantes...................................................................................................................29

    2.6 Embalagens........................................................................................................................29

    2.7 A vida de prateleira e controle de qualidade..................................................................31

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    2.7.1 Anlises fsico-qumicas.................................................................................................32

    2.7.1.1 Umidade......................................................................................................................32

    2.7.1.2 Resduo por incinerao ou cinzas...........................................................................33

    2.7.1.3 Protenas......................................................................................................................33

    2.7.1.4 Lipdios.........................................................................................................................33

    2.7.1.5 Carboidratos................................................................................................................34

    2.7.1.6 pH................................................................................................................................34

    2.7.1.7 Acidez titulvel............................................................................................................35

    2.7.1.8 Atividade de gua........................................................................................................35

    2.7.2 Anlises microbiolgicas................................................................................................35

    2.7.3 Anlise sensorial..............................................................................................................36

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    3 MATERIAIS E MTODOS............................................................................................37

    3.1 Produo das amostras.....................................................................................................37

    3.2 Procedimentos analticos..................................................................................................42

    3.2.1 Anlises Microbiolgicas.............................................................................................42

    3.2.1.1 Preparo das amostras e diluies...............................................................................42

    3.2.1.2 Contagem padro de micro-organismos mesfilos aerbios estritos e facultativos

    viveis.......................................................................................................................................42

    3.2.1.3 Contagem de bolores e leveduras.............................................................................42

    3.2.1.4 Contagem de Staphylococcus aureus.........................................................................42

    3.2.1.5 Contagem de Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes em Alimentos....43

    3.3 Anlises Fsico-Qumicas..................................................................................................43

    3.3.1 Determinao do pH......................................................................................................43

    3.3.2 Determinao da umidade.............................................................................................43

    3.3.3 Determinao da atividade de gua.............................................................................44

    3.3.4 Determinao da acidez.................................................................................................45

    3.3.5 Determinao de Glicdios Redutores em Glicose......................................................45

    3.3.6 Determinao de Glicdios No-redutores em sacarose.............................................45

    3.3.7 Determinao de Amido................................................................................................46

    3.3.8 Determinao de protenas pelo mtodo de Kjeldahl modificado.............................47

    3.3.9 Determinao de lipdios...............................................................................................48

    3.3.10 Determinao de cinzas...............................................................................................49

    3.3.11 Determinao da viscosidade......................................................................................49

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    3.4 Anlise Sensorial...............................................................................................................49

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    4 RESULTADOS E DISCUSSO.......................................................................................51

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    5 CONCLUSO......................................................................................................................64

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    REFERNCIAS......................................................................................................................66

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    1 INTRODUO

    O Brasil um grande produtor mundial de vegetais, especialmente frutas. A ausncia

    de padro no momento da classificao e, principalmente, a falta de cuidado no transporte, o

    despreparo dos comerciantes e o descuido do consumidor durante o manuseio traz um elevado

    percentual de perdas. Estes, por no apresentarem a aparncia desejada, permanecem nas

    prateleiras e nos balces das feiras. Geralmente o seu destino o lixo ou, na melhor das

    hipteses, alimentao animal.

    Em determinadas pocas do ano o excedente de produo causa o desperdcio de

    toneladas de alimentos em todo o mundo. Frutas, legumes e hortalias, por serem altamente

    perecveis, representam grande parte deste excedente. A abundncia de produo nestes

    perodos aliada exigncia do mercado de determinadas caractersticas fsicas destes vegetais

    como peso, tamanho e formato ocasiona a eliminao desnecessria de alimentos no

    conformes do ponto de vista visual.

    Estas situaes resultam em um desperdcio de alimentos que pode ser considerado

    irracional quando se vive em uma realidade em que milhes de pessoas passam fome.

    Vegetais so ricos em vitaminas, minerais e fibras e, mesmo danificados, no perdem

    suas qualidades nutricionais. As frutas representam o principal grupo de alimentos

    responsveis pelo fornecimento de vitaminas e minerais. Junto com as hortalias, so boas

    fontes de potssio, sdio, magnsio, clcio, vitaminas A, C, D, E, K e do grupo B. Estes

    micronutrientes so importantes para diversas funes metablicas do organismo e a ingesto

    inadequada destes pode levar a carncia nutricional.

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    A elaborao de doces de frutas ou mistos uma alternativa para utilizao de vegetais

    danificados ou excedentes que pode agregar valor a estes produtos e diminuir prejuzos. O

    doce em pasta caseiro produzido com caldo de cana, frutas e outros vegetais diversos,

    popularmente conhecido como schmier colonial, possui boa aceitao na regio do Vale do

    Taquari, RS. O processamento segue uma metodologia simples que exige poucos

    equipamentos e que, associada s boas prticas de fabricao, pode possibilitar o

    aproveitamento de frutas e outros vegetais que so rejeitados pelo consumidor mesmo sendo

    adequados para o consumo.

    Os doces em pasta caseiros esto sujeitos contaminao microbiolgica proveniente

    da falta de cuidados higinicos durante a produo, atravs do contato de mos e instrumentos

    contaminados, bem como do ambiente. Dentre os contaminantes podem-se citar os bolores e

    leveduras, presentes em todos os alimentos no processados, e Staphylococcus aureus e

    coliformes, que so provenientes do contato direto com superfcies contaminadas. As

    leveduras e os bolores so micro-organismos de fcil propagao pelo ar e encontrados em

    vrios ambientes. Assim, sua presena considerada natural nos alimentos, respeitando-se os

    limites saudveis. Mesmo em doces em pasta preparados com boas prticas higinicas estes

    micro-organismos podem estar presentes, j que durante o processo de envase a frio, como

    geralmente feito na produo caseira, podem adquiri-los atravs do ar.

    Neste contexto o presente trabalho teve como objetivo geral estudar a vida de

    prateleira de quatro formulaes de doces mistos em pasta base de caldo de cana e frutas e

    legumes no conformes comercializao, sob o aspecto de aparncia visual, por meio de

    anlises fsico-qumicas e microbiolgicas, bem como avaliar sua aceitao mediante anlise

    sensorial.

    Com essa finalidade foram propostos os seguintes objetivos especficos:

    - Elaborar doce em pasta caseiro que tenha uma vida de prateleira superior a um ano;

    - Observar se ocorre alterao microbiolgica, fsico-qumica e sensorial nas amostras

    durante o shelf-life;

    - Obter produtos que atendam aos padres sensoriais dos consumidores;

    - Possibilitar a utilizao de vegetais in natura com partes danificadas e/ou aparncia

    indesejada pelo consumidor;

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    - Comparar a vida de prateleira de formulaes de doce em pasta caseiro com e sem

    adio de cido tartrico e sorbato de potssio.

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    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 O Brasil e a produo de frutas

    O Brasil, por ser um pas tropical, possui grande variedade de frutas, legumes e

    verduras e ocupa o terceiro lugar entre os maiores produtores de frutas do mundo

    (SALGADO, 2009). Pereira (2006) aponta que o segmento de frutas processadas cresce

    nacional e internacionalmente como forma de atrair os consumidores e agregar valor a frutas

    inadequadas para venda in natura:

    [...] Enquanto na agrocomercializao, planta-se, colhe-se e distribui-se a fruta in natura, a agroindustrializao transforma a fruta, de modo mais ou menos sofisticado, em produtos diversificados e de alto valor agregado, explica. [...]. Um papel importante da agroindstria [...] a possibilidade de aproveitamento de frutas inadequadas para o consumo in natura. Um cacho de uva malformado pode virar uva-passa; mangas com manchas na casca podem ser vendidas sob a forma de polpa, cubos ou em pedaos, desde que as partes aproveitadas sejam sadias e as variedades sejam adequadas ao processamento, exemplifica.

    2.2 Doces em pasta

    Junto com as primeiras mudas de cana-de-acar, o colonizador trouxe ao Brasil o

    hbito de comer doce. A grande quantidade de acar produzida nas fazendas e a variedade de

    frutas existente possibilitou a mistura das culturas e surgimento de novos doces. No h

    registro exato de quando estes doces passaram a ser comercializados, porm acredita-se que

    na poca do Imprio negras escravas j vendiam este produto e, hoje, existe uma variedade

    muito grande de tipos sendo que muitos nem sequer so conhecidos nacionalmente. A

    diversidade de frutas com propriedades adequadas para a elaborao deste produto demonstra

    que este um mercado com potencial de crescer (Doces e gelias, 2007, p. 4 - 8).

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    A schmier, como conhecido popularmente o doce em pasta caseiro comercializado

    na regio do Vale do Taquari, RS, foi produzida originalmente como forma de

    aproveitamento de frutas sazonais (WOORTMANN, 2004, p. 56). Comercialmente ela

    encontrada com a denominao de doce de frutas ou doce em pasta. Segundo a Resoluo

    Normativa n 9 de 11 de dezembro de 1978 (BRASIL, 1978), doce em pasta o produto

    resultante do processamento adequado das partes comestveis desintegradas de vegetais com

    acares, com ou sem adio de outros componentes permitidos e acondicionado de forma a

    permitir sua conservao. Este doce pode apresentar pedaos de vegetais que podem ser

    frutas, tubrculos e outras partes comestveis apropriadas para este fim. Segundo a mesma

    resoluo, os doces em pasta so classificados quanto ao vegetal empregado (simples ou

    misto) e quanto consistncia (cremoso ou em massa).

    Camargo (1986, p. 116) classifica conservas de frutas em dois grupos. O Grupo A

    composto pelo xarope, polpa, nctar, pur e sucos de frutas, sendo que estes devem ser

    esterilizados e conservados hermeticamente fechados. No Grupo B est a compota, gelia,

    geleiada, doce em massa, polpada, pasta de frutas, entre outros. Estes produtos, devido ao

    baixo valor de umidade e alta concentrao de slidos, principalmente sacarose, podem ser

    conservados em recipientes no hermeticamente fechados.

    2.2.1 Fabricao de doces em pasta

    O processo de produo de gelias e geleiadas esquematizado na Figura 1. A

    elaborao da schmier bastante similar, porm para o cozimento utilizado caldo de cana ou

    melado (caldo de cana j cozido), no ocorrendo a adio de sacarose ou glicose e de pectina.

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    Figura 1 Processo de fabricao de gelias e geleiadas Fonte: Adaptado pelo autor com base em KROLOW, 2005, p. 15-16.

    Segundo Souza e Bragana (1999), o caldo da cana-de-acar obtido pela prensagem

    em moendas especficas e deve ser submetido decantao em decantador com chicanas e,

    aps, ser filtrado com telas de malhas intermedirias (mdia, fina e finssima). Este caldo,

    mesmo filtrado, ainda contm impurezas oriundas do bagao que no so removidas com a

    filtrao realizada (SOUZA; BRAGANA, 1999). Estas impurezas so albuminas e

    impurezas coloidais, que, conforme descrito por Cesar e Silva (s.d.) podem ser floculadas por

    uma etapa de purificao qumica e trmica, podendo ser facilmente removidas.

    2.3 Fatores que condicionam a estabilidade dos alimentos em geral

    O ar, a luz, as reaes qumicas e os micro-organismos so fatores responsveis pela

    alterao ou deteriorao dos alimentos. O ar promove a oxidao de gorduras, pigmentos e

    vitaminas. A luz tem papel importante na formao de radicais livres, os quais aceleram

    reaes de decomposio (BARUFFALDI; OLIVEIRA, 1998, p. 13-14). Micro-organismos

    ocasionam alteraes nos alimentos como fermentaes, decomposio de hidratos de

    carbono com desprendimento ou no de gases, formando produtos no-txicos; putrefaes,

    decomposio anaerbia de substncias nitrogenadas com desprendimento de gases de mau

    cheiro e algumas vezes com produo de toxinas; e alteraes de aparncia, modificao do

    ponto de vista visual (CAMARGO, 1986, p. 35-36).

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    Reaes qumicas enzimticas ocorrem pela presena de enzimas no alimento e micro-

    organismos. As reaes mais importantes so as de decomposio de gorduras por lipases,

    fosfolipases e lipoxidases e as de escurecimento enzimtico de vegetais e frutas por

    peroxidases e as fenoloxidases (BARUFFALDI; OLIVEIRA, 1998, v. 3, p. 15).

    Reaes qumicas no enzimticas podem ser rano oxidativo (ocorre em alimentos

    que contm lipdios) ou escurecimento qumico, que pode ser do tipo Reao de Maillard,

    mecanismo do cido ascrbico e caramelizao, sendo o ltimo de maior importncia por sua

    aplicao em alimentos aucarados. Caramelizao ocorre quando acares so aquecidos a

    altas temperaturas, ocorrendo sua desidratao com formao de aldedos (e pigmentos

    castanhos) (GAVA, 1986, p. 50-55).

    2.3.1 Micro-organismos nos alimentos

    Os micro-organismos nos alimentos podem ser causadores de alteraes qumicas que

    resultam no que chamado de deteriorao microbiana, que so alteraes de cor, odor,

    sabor, textura e aspecto dos alimentos. Alguns podem representar risco sade (micro-

    organismos patognicos), podendo chegar ao alimento por diversas vias e refletindo

    condies inadequadas de higiene durante a produo, armazenamento, distribuio e

    manuseio domstico. Em alguns casos, podem os micro-organismos causar alteraes

    benficas em alimentos, como o caso de alguns que so adicionados intencionalmente para

    fermentao e produo de queijos, vinhos, pes e etc. (FRANCO; LANDGRAF, 2008, p. 2).

    2.3.1.1 Bactrias

    As bactrias so organismos unicelulares e procariticos1, cujas clulas podem ter

    vrias formas (basto, oval, curvada,...). Algumas espcies so capazes de formar esporos, um

    tipo de diferenciao celular que ocorre como resposta a uma situao desfavorvel do meio

    ambiente. Uma clula bacteriana composta de gua, protenas, lipdios, lipopolissacardios,

    entre outros. Essas macromolculas so sintetizadas a partir de compostos mais simples

    encontrados no meio ambiente (chamados nutrientes), dos quais carbono, oxignio,

    hidrognio, nitrognio e enxofre (macronutrientes) totalizam cerca de 90% da composio

    1Organismos cujas clulas no possuem ncleo definido.

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    celular e potssio, clcio, ferro, mangans, entre outros (micronutrientes) constituem os 10%

    restantes (TRABULSI, 2002, p. 9-47).

    Poucas bactrias tm importncia no estudo de alimentos, quando comparado ao

    nmero total de espcies existentes na natureza. De maneira geral, os gneros bacterianos

    importantes para alimentos so: Acinetobacter, Aeromonas, Alcaligenes, Alteromonas,

    Bacillus, Brochotrix, Campylobacter, Citrobacter, Clostridium, Corynebacterium,

    Enterobacter, Enterococcus, Erwinia, Escherichia, Flavobacterium, Hafinia, Lactobacillus,

    Lactococcus, Leuconostoc, Listeria, Micrococcus, Moraxella, Pediococcus, Proteus,

    Pseudomonas, Psychrobacter, Salmonella, Serratia, Shewanella, Shigella, Staphylococcus,

    Streptococcus, Vibrio e Yersinia. Alguns gneros mais conhecidos, a exemplo de

    Staphylococcus, tm sua principal fonte de contaminao nos manipuladores dos alimentos;

    outros,como Lactobacillus e Listeria, nas plantas; e alguns, como Clostridium, principalmente

    no solo (SILVA, 2000).

    2.3.1.2 Fungos

    Os fungos so organismos eucariticos2, unicelulares ou multicelulares. As nicas

    formas unicelulares so as leveduras, micro-organismos ovais, maiores que as bactrias. Os

    fungos so capazes de formar esporos como meio de reproduo (bactrias formam os

    endoesporos como meio de sobrevivncia), que pode ser sexuada ou assexuada (TRABULSI,

    2002, p. 365-376).

    Os bolores so os mais tpicos e formam uma massa visvel chamada miclio,

    composto de longos filamentos (hifas) que se ramificam no interior do substrato, servindo

    tambm como elemento de sustentao e de absoro de nutrientes (TRABULSI, 2002, p.

    365-376). So, em sua maioria, aerbios, pouco exigentes em relao umidade, pH,

    temperatura e nutrientes (FRANCO; LANDGRAF, 2008, p.3-4). Exemplos de gneros

    bolores que apresentam importncia para a rea de alimentos so: Alternaria, Aspergillus,

    Aureobasidium, Botrytis, Byssochlamys, Cladosporium, Claviceps, Colletotrichum, Fusarium,

    Geotrichum, Monilia, Mucor, Neurospora, Peniccilium, Rhizopus, Scapulariopsis,

    Thamnidium, etc. (JAY, 2008, p. 32).

    2Organismos cujas clulas possuem ncleo definido.

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    Leveduras, de maneira geral, requerem menos umidade que a maioria das bactrias e

    mais umidade que a maioria dos bolores, sua temperatura ideal de crescimento est entre 25 e

    30C e o crescimento favorecido por pH cido. Acares so sua melhor fonte de energia

    (FRANCO; LANDGRAF, 2008, p. 5-6). Exemplos de gneros de leveduras importantes para

    alimentos so Brettanomyces, Cndida, Cryptococcus, Deboramyces, Hanseniaspora,

    Issatchenkia, Kluyveromyces, Pichia, Rhodothorula, Sacharomyces, Schizosaccharomyces,

    Torulospora, Trichosporon, Zygosaccharomyces (JAY, 2008, p. 33).

    As bactrias apresentam menor tempo de gerao quando comparadas aos fungos.

    Porm, o pH cido, a atividade de gua inferior a 0,94, temperatura entre 25-28C e substrato

    rico em carboidratos favorecem o crescimento das leveduras. Estes micro-organismos podem

    ser usados como promotores do processo tecnolgico ou podem ser agentes deteriorantes,

    dependendo do caso. Um exemplo a Sacharomyces cerevisiae, utilizada na obteno de

    vinhos, que presente em sucos de frutas considerada um agente deteriorante (FRANCO;

    LANDGRAF, 2008, p. 90-91).

    A ao de leveduras sobre protenas praticamente nula e alguns gneros como

    Candida e Torulopsis so capazes de atuar sobre lipdios. J os carboidratos so substncias

    importantes para seu desenvolvimento. Estas substncias podem ser usadas em aerobiose ou

    anaerobiose. Leveduras oxidativas crescem na superfcie de alimentos cidos elevando o pH

    do produto, pois utilizam cidos orgnicos e alcois em seu metabolismo, fato que pode

    propiciar desenvolvimento de patgenos pouco resistentes a cidos como C. botulinum. O

    Zigosacharomyces bailii uma levedura osmoflica que cresce em meios com at 70% de

    glicose, tolera concentraes moderadas de etanol e resiste a alguns conservantes como o

    sorbato de sdio (FRANCO; LANDGRAF, 2008, p. 91-92).

    Bolores aerbios apresentam como produtos finais do metabolismo de carboidratos

    CO2 e H2O pela ao de enzimas que hidrolisam amido e pectina. Existem alguns anaerbios,

    como o Byssochlamys, que possuem atividade pectinoltica e causam alteraes em alimentos

    envasados. O crescimento visvel, por isso fcil detectar a contaminao. Algumas

    espcies produzem micotoxinas3. A presena de miclio e esporos indica a utilizao de

    matrias-primas inadequadas e falta de higiene no processo de produo de alimentos

    industrializados (FRANCO; LANDGRAF 2008, p. 92).

    3Metablitos secundrios resultante da ao de fungos, os quais so txicos e, quando ingeridos, causam micotoxicoses alteraes biolgicas no homem e em animais (FRANCO, 2008, p. 76).

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    2.3.1.3 Alteraes qumicas causadas por micro-organismos

    Devido ao desenvolvimento de micro-organismos os alimentos podem apresentar

    alteraes em sua composio, propriedades organolpticas e estrutura. Este processo

    conhecido como biodeteriorao (FRANCO; LANDGRAF, 2008, p. 83).

    Os carboidratos so metabolizados pelos micro-organismos a fim de obter energia para

    seu crescimento. Alguns micro-organismos so capazes de utilizar carboidratos complexos,

    como amido e celulose, degradando-os em acares simples (JAY, 2008, p. 63) Quando h

    predominncia de bactrias aerbias ou anaerbias facultativas, com produo de gua e gs

    carbnico, ocorre o metabolismo oxidativo. O metabolismo fermentativo ocorre na ausncia

    de oxignio, quando bactrias anaerbias estritas ou facultativas realizam seu metabolismo

    acumulando produtos intermedirios ou finais que afetam as caractersticas organolpticas dos

    produtos. Devido produo de cidos, ocorre a diminuio do pH do alimento (FRANCO;

    LANDGRAF, 2008, p. 83-84).

    Os aminocidos so a principal fonte de nitrognio, podendo um grande nmero de

    compostos nitrogenados ser utilizado com esta funo por diferentes micro-organismos (JAY,

    2008, p. 63). A degradao de protenas ocorre pela ao de enzimas que as hidrolisam a

    peptdeos e em seguida a aminocidos, pois a estrutura da protena intacta no capaz de

    atravessar a membrana celular. Em alguns casos ocorre a putrefao, quando substncias de

    odor caracterstico so formadas pela ao de micro-organismos sobre aminocidos e outros

    compostos nitrogenados de baixo peso molecular, alm de ocorrer alteraes em outras

    caractersticas do alimento, como a textura. Um indicador de biodegradao de protenas a

    elevao do pH em decorrncia da formao de amnia (FRANCO; LANDGRAF, 2008, p.

    88-89).

    leos puros e gorduras no so atacados por micro-organismos, pois estes no

    crescem na ausncia de gua. Em alimentos gordurosos, porm, reaes de hidrlise de

    origem enzimtica podem causar modificaes desagradveis (rancificao hidroltica).

    Alguns fungos, como Penicillium roquefort; leveduras, a exemplo da Candida lipolytica; e

    bactrias, como Pseudomonas fragi, so exemplos de micro-organismos que produzem

    enzimas lipolticas que degradam as gorduras e leos com liberao de cidos graxos de

    cadeia curta liberando odores desagradveis (FRANCO; LANDGRAF, 2008, p. 89-90).

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    Outras deterioraes podem ocorrer em alimentos. A viscosidade, que diminui pela

    hidrlise de polissacardeos, pode aumentar pela ao de micro-organismos como

    Leuconostoc mesenteroides, por exemplo, que produz amiloses e dextranas a partir de

    sacarose e maltose. A colorao pode ser afetada pela ao de bactrias produtoras de

    pigmentos, a exemplo das do gnero Serratia (FRANCO; LANDGRAF, 2008, p. 90-91).

    2.4 Mtodos de conservao de alimentos em geral

    Em determinados alimentos mtodos suaves de conservao no bastam, desta forma

    necessrio combinar dois ou mais processos para obter um produto final adequado e com

    maior vida de prateleira. Os processos de conservao de alimentos consistem na aplicao de

    princpios fsicos ou qumicos, como o uso de baixas temperaturas, eliminao de gua,

    aplicao de aditivos e conservantes, armazenamento em atmosfera controlada, uso de certas

    radiaes, etc., visando eliminao total ou parcial dos agentes que alteram os produtos

    (BARUFFALDI; OLIVEIRA, 1998, v. 3, p. 13-14). Segundo Evangelista (2008, p. 285-427),

    os mtodos de conservao dos alimentos so:

    Conservao pelo calor;

    Conservao por adio de elementos;

    Conservao por osmose;

    Conservao por defumao;

    Conservao por radiao;

    Conservao pelo frio;

    Conservao por secagem;

    Conservao por fermentao.

    Somente sero comentados os trs primeiros mtodos, os quais esto relacionados ao

    presente trabalho.

    2.4.1 A conservao pelo calor

    O tratamento trmico utilizado pelos efeitos desejveis na qualidade sensorial dos

    alimentos e pelo seu efeito de conservao por meio da destruio das enzimas, micro-

    organismos, insetos e parasitas. Dependendo das caractersticas do alimento e da finalidade, o

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    processamento trmico pode ser de vrias formas. Entre os mais conhecidos esto o

    branqueamento, a pasteurizao, a esterilizao, entre outros (FELLOWS, 2006, p. 239-275).

    A destruio dos micro-organismos pela ao do calor um dos procedimentos fsicos

    mais utilizados para aumentar a vida til dos alimentos. Os micro-organismos se comportam

    de diferentes maneiras diante de diferentes temperaturas, sendo que este parmetro um dos

    que mais influencia no crescimento microbiano, na atividade das enzimas e na velocidade de

    reaes qumicas (FELLOWS, 2006, p. 239-275).

    A conservao pelo calor se d pela coagulao das protenas e sistemas enzimticos

    dos micro-organismos. A eficincia do tratamento depende de fatores como tipo de micro-

    organismo, a forma em que este se encontra e o ambiente de aquecimento (OETTERER,

    2006, p. 512). Para se obter uma esterilizao comercial deve-se destruir os micro-organismos

    patognicos e deterioradores mais resistentes ao calor que poderiam desenvolver-se e

    deteriorar o produto durante o tempo normal de comercializao deste (CAMARGO, 1986, p.

    80). O tempo e a temperatura do tratamento trmico so fatores importantes na conservao

    dos alimentos. Para a escolha da temperatura e tempo adequado deve-se conhecer as

    caractersticas do alimento como a umidade, atividade de gua, pH, entre outros e o

    micro-organismo a ser destrudo (OETTERER, 2006, p. 512-515). Destes, o pH o mais

    importante. Os alimentos so separados em dois grandes grupos de acordo com seu pH (este

    fato abordado no item 2.4.3) e, por esta razo, diferem muito na severidade do tratamento

    trmico que devem receber (CAMARGO, 1986, p. 81). Esta situao ilustrada no Quadro 1.

    pH do alimento Temperatura de aquecimento

    < 4,5 Em torno de 100C

    Devido ao pH do meio, micro-organismos e seus esporos que eventualmente resistam ao aquecimento no tero condies de se desenvolver. Devem ser aquecidos em recipientes j hermeticamente fechados. Este tratamento chamado esterilizao em banho-maria.

    > 4,5 Superior a 100C

    Alimentos pouco cidos necessitam de uma temperatura mais elevada para destruir os esporos das bactrias, pois neste caso o fator pH no auxilia na inibio do seu desenvolvimento. A 100C seria necessrio um tempo muito longo, porm ao fim do aquecimento o alimento poderia perder suas caractersticas. Neste caso necessria a utilizao de autoclaves.

    Quadro 1 Temperaturas necessrias para a conservao de alimentos de acordo com seu pH Fonte: Adaptado de CAMARGO, 1986, p. 89.

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    No Quadro 2 possvel observar a resistncia trmica dos micro-organismos ao calor.

    Micro-organismo Descrio

    Leveduras e seus esporos

    5 a 10C a mais do que as clulas. A maioria dos esporos destruda a 60C/10-15 minutos. Destruio total a 100C. Leveduras e seus esporos no resistem pasteurizao.

    Fungos e seus esporos

    A maioria dos esporos destruda a 60C por 10-15 minutos. Esporos de fungos so muito resistentes a calor seco. Maioria das clulas e esporos no resiste pasteurizao.

    Bactrias e seus esporos

    Muito varivel. Clulas termoflicas requerem 80-90C por muitos minutos. Esporos: 100C e podem variar de 1 minuto at 20 horas.

    Quadro 2 Resistncia trmica dos micro-organismos Fonte: CAMARGO, 1986, p. 85.

    2.4.1.1 Pasteurizao

    Este tratamento visa destruir micro-organismos patognicos no-esporulados e

    destruio ou reduo do nmero de micro-organismos deteriorantes, oferecendo um alimento

    seguro, com vida til aceitvel (ORDOEZ, 2005, p. 121). Muitos mesfilos e termfilos

    sobrevivem, desta forma este alimento deve ser embalado hermeticamente ou ainda mantido

    em baixas temperaturas (CAMARGO, 1986, p. 87).

    Em alimentos pouco cidos (pH > 4,5), a pasteurizao atua principalmente

    minimizando contaminaes com micro-organismos patognicos, aumentando sua vida de

    prateleira por diversos dias. J em alimentos com pH inferior a 4,5, pode aumentar a vida de

    prateleira por vrios meses, pois o baixo pH auxilia na inibio de micro-organismos

    (FELLOWS, 2006, p. 251).

    Alguns alimentos so pasteurizados aps serem embalados. Quando a embalagem de

    vidro, geralmente se utiliza gua quente para reduzir o risco de choque trmico na

    embalagem. Misturas de ar e vapor podem ser utilizadas para embalagens de plstico e metal.

    O mais simples dos equipamentos em batelada, que utiliza gua quente, consiste em um cesto

    onde os alimentos embalados so aquecidos temperatura e tempo pr-determinados

    (FELLOWS, 2006, p. 252-253).

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    2.4.1.2 Esterilizao

    Este tratamento tem o objetivo de destruir todas as clulas viveis que possam ser

    enumeradas pela tcnica de semeadura, sendo capaz de destruir bactrias esporuladas. Pode

    ser feito em embalagens j preenchidas ou aquecendo o alimento e embalando-o

    assepticamente. Para esta modalidade utilizam-se como embalagens latas, sacos de plstico

    termoestvel ou frascos de vidro (CAMARGO, 1986, p. 87-88).

    2.4.2 Conservao pelo controle da umidade, presso osmtica e atividade de gua

    A atividade de gua indica a intensidade das foras que unem a gua a outros

    componentes no-aquosos e o fator individual que mais influencia nas alteraes dos

    alimentos. Em termos gerais, graas a esse conceito possvel calcular a estabilidade de

    muitos alimentos e melhorar o processo de conservao e desidratao. Quanto menor a

    atividade de gua, menor a quantidade de gua disponvel para o crescimento dos micro-

    organismos e para que possam ocorrer diferentes reaes qumicas e bioqumicas. A maioria

    dos micro-organismos cresce otimamente em valores elevados de atividade de gua (0,98 a

    0,995). De maneira geral, as bactrias so menos tolerantes s redues de atividade de gua

    (mnimo 0,85), aps seguem-se as leveduras (mnimo 0,7) e, aps, os mofos (mnimo 0,61).

    Excees a esse comportamento so bactrias halfilas, que suportam atividade de gua at

    0,75, micro-organismos osmoflicos, que toleram atividade de gua de at 0,62 e micro-

    organismos xerfilos, que crescem em meios com atividade de gua muito baixa

    (OETTERER, 2006, p. 512-515).

    O controle da umidade pela manipulao da presso osmtica a torna indisponvel

    para os processos de deteriorao. O sal (NaCl) e o acar so as substncias mais utilizadas

    para controlar a presso osmtica. Conforme Oetterer (2006, p. 551), a preservao de

    conservas de frutas, como gelias, marmeladas e outros doces em massa deve-se a alta

    presso osmtica causada pela adio de acar, e no pela retirada de gua. Com a adio

    de solutos, como sal e acar, ocorre o aumento da presso osmtica e conseqente

    diminuio da atividade de gua. Como este segundo fator de mais fcil entendimento,

    mais comumente usado no lugar da presso osmtica (OETTERER, 2006, p. 512-551).

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    Em alta concentrao, o acar tem efeito desidratante. Como aumenta a presso

    osmtica do meio, torna a gua indisponvel para bactrias, bolores e leveduras. Entretanto, se

    a quantidade de acar no for suficientemente alta, ir atuar simplesmente como preservativo

    auxiliar, sendo necessrio utilizar outros processos de conservao concomitantemente

    (SILVA, 2001, apud LOPES, 2007, p. 4).

    2.4.3 Alterao do pH como meio de preservao do alimento

    Grande parte dos alimentos frescos so ligeiramente cidos (pH 5,0 a 6,5), a exemplo

    da carne, pescados e alguns produtos vegetais; alguns esto prximos neutralidade, como o

    leite; poucos tm pH alcalino e a maioria das frutas, em especial as ctricas, possuem pH

    bastante cido (

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    acidificante: o primeiro utilizado como recurso para a melhoria dos sabores, devido ao seu

    baixo grau de acidez; os acidificantes possuem um alto grau de acidez, sendo utilizados como

    modificadores do pH do meio. O mecanismo mais provvel de ao de cidos orgnicos como

    auxiliares de conservao pela associao com lipdios da membrana celular, o que

    interromperia o processo normal de transporte ativo dentro das clulas (COULTATE, 2004, p.

    260).

    2.4.4 Preservao de alimentos pelo uso de conservantes

    Conservantes so substncias com propriedades de impedir ou retardar a alterao dos

    alimentos por micro-organismos ou enzimas. Estes, aliados s boas condies higinicas de

    fabricao e, muitas vezes, em conjunto com outras formas de conservao de alimentos,

    configuram-se como importantes ferramentas na elaborao de produtos a partir de alimentos

    altamente perecveis (BARUFFALDI; OLIVEIRA, 1998, v. 3, p. 171).

    O Codex Alimentarius, da Food and Agriculture Organization (FAO), estabelece os

    limites dirios para a maioria dos aditivos, como forma de impedir riscos sade pblica.

    Este limite expresso em mg/kg de peso corpreo (FRANCO; LANDGRAF, 2008, p. 139).

    Diversos fatores afetam a eficincia de um conservante, como concentrao,

    temperatura de armazenamento, tipo e quantidade de micro-organismos presentes, etc.

    (EVANGELISTA, 2008, p. 452). No Quadro 3 pode-se observar a ao antimicrobiana de

    alguns aditivos.

    Micro-organismos inibidos Aditivos Fungos Leveduras Bactrias

    cido benzico e seus sais X X

    cido propinico e sais X (1) X (2)

    cido srbico X (3) X X

    (1) Sobre esporos (2) Bacillus mesentericus (3) Ataca a desidrogenase e fumrico oxidase

    Quadro 3 Ao antimicrobiana de aditivos Fonte: EVANGELISTA, 2008, p. 452.

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    Conforme Franco e Landgraf (2008, p. 139) os conservadores permitidos no Brasil so

    agrupados da seguinte forma:

    cidos lipoflicos e derivados (cido benzico, cido srbico e cido propinico e

    seus sais de sdio, potssio e clcio, alm dos parabens" - steres de cido p-

    hidrxido benzico);

    Nitratos e nitritos;

    Dixido de enxofre e derivados;

    Nisina;

    Natamicina.

    2.5 Aditivos em alimentos

    A Resoluo RDC n 65 de 4 de outubro de 2007 (BRASIL, 2007) estabelece quais

    aditivos podem ser utilizados para elaborao de gelias e seus limites. Os principais aditivos

    permitidos so classificados em acidulantes, agentes de firmeza, antiespumantes,

    antioxidantes, aromatizantes, conservadores, corantes e espessantes. A Resoluo Normativa

    n 9 de 1978 (BRASIL, 1978) fixa o limite para o emprego de alguns aditivos especificamente

    em doces em pasta, porm os limites so superiores aos da RDC citada.

    2.5.1 Acidificantes

    Acidificantes so utilizados como auxiliares na conservao dos alimentos. Quando

    associado a um tratamento trmico e controle da atividade de gua, este aditivo se configura

    em um importante meio de inibio dos micro-organismos que sobreviveram ao tratamento

    trmico, atravs do abaixamento pH. A utilizao destes aditivos pode ser feita como forma

    de diminuir o tempo de tratamento trmico ou a temperatura deste (BARUFFALDI;

    OLIVEIRA, 1998, p. 156-157).

    Alguns exemplos de acidificantes so cido ctrico, fumrico, gliclico, tartrico, etc.,

    sendo o ltimo utilizado em diversos produtos, como balas e produtos similares, biscoitos,

    bombons, doces em massa, gelias, etc. (EVANGELISTA, 2008, p. 444). O cido tartrico e

    seus sais so os nicos acidificantes permitidos para gelias segundo a RDC n 65, de 04 de

    outubro de 2007 (BRASIL, 2007).

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    2.5.2 Conservantes

    O uso de conservantes em alimentos visa evitar a sua deteriorao por micro-

    organismos, principalmente. Gava (1986) lista como os principais conservantes em alimentos

    o cido benzico e seus sais, cido srbico e seus sais de potssio ou clcio, nitratos, nitritos,

    entre outros.

    O cido benzico e seus sais atuam melhor em alimentos cidos. Nitratos e nitritos so

    amplamente utilizados na preservao de produtos de origem animal (GAVA, 1986, p. 261-

    263). Os sorbatos so eficientes em pH cido, inibindo o crescimento de bolores, leveduras e

    um grande nmero de bactrias, como Staphylococcus aureus e coliformes. Agem pela

    inibio de desidrogenases em fungos e pela preveno da multiplicao de esporos

    bacterianos. Sua metabolizao no organismo animal semelhante de outros cidos graxos,

    produzindo CO2 e H2O (FRANCO; LANDGRAF, 2008, p. 140-141).

    2.6 Embalagens

    A embalagem uma parte importante de todas as operaes de processamento de

    alimentos e tem as seguintes funes (FELLOWS, 2006, p. 473-474):

    a) tornar mais fcil e mais seguro transportar um produto;

    b) proteger um produto contra contaminaes;

    c) proteger o produto contra danos ou degradaes;

    d) prover um meio conveniente para servir o produto.

    Segundo Fellows (2006, p. 743-474), a embalagem deve ser esteticamente agradvel,

    sem vazamentos, reter o alimento de modo conveniente para o consumidor, abrir com

    facilidade, propiciar seu descarte, reciclagem ou reutilizao fcil, entre outros. Ela

    proporciona uma barreira entre o alimento e o ambiente, controla a transmisso da luz, taxa de

    transferncia de calor, umidade, gases, etc.

    Existem diversos tipos de embalagens, entre elas as de metal, vidro, filmes flexveis e

    plsticos rgidos e semi-rgidos. As latas de metal so impermeveis luz, umidade, odores,

    micro-organismos, prova de adulteraes e, em geral, podem ser recicladas. Existem

    diversos tipos utilizados em diferentes tipos de alimentos, como as latas de trs peas a

    exemplo das latas de leo de cozinha - e de duas peas latas de refrigerante, por exemplo.

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    As embalagens metlicas de alumnio so as mais comuns hoje em dia, pois este tem boa

    aparncia, pode ser laminado com papis ou plsticos, alm de facilmente reciclvel. Todas as

    latas metlicas, porm, exigem equipamentos especiais para vedao. As tampas de latas

    devem ser fechadas por uma mquina de recravao dupla, o que no pode ser feito

    manualmente (FELLOWS, 2006, p. 485-487; 530).

    Os recipientes de vidro so impermeveis umidade, gases, odores e micro-

    organismos; inertes, no reagem ou migram para os alimentos; apropriado ao processamento

    pelo calor; transparentes; reutilizveis e reciclveis, entre outras vantagens. Apresentam as

    desvantagens de serem mais pesados e terem menor resistncia trmica em relao s

    embalagens de metal, alm de haver o risco de presena de lascas e fragmentos nos alimentos

    (FELLOWS, 2006, p. 489-491). O fechamento da embalagem pode ser feito com o uso de

    coroas metlicas, tampas, etc., com auxlio de arruelas de borracha, gomas, etc., para

    fechamento hermtico (GAVA, 1986, p. 119). As partes bsicas de um recipiente de vidro

    podem ser observadas na Figura 2.

    Figura 2 Partes bsicas de um recipiente de vidro Fonte: GAVA, 1986, p. 116.

    Os recipientes plsticos tm peso inferior aos metlicos e de vidro, originam custos de

    produo mais baixos que os citados, podem ser moldados com preciso, tm alta resistncia

    ao impacto e presso, entre outras vantagens. No podem, porm, ser reutilizados e so menos

    rgidos (FELLOWS, 2006, p. 498-501). Para que estes recipientes ofeream garantia contra

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    violao, necessria a utilizao de selos abaixo da tampa, na maior parte das vezes.

    Algumas embalagens plsticas so flexveis. De qualquer forma, para fechamento adequado

    necessria a utilizao de maquinrio especfico (GAVA, 1986, p. 122-124).

    A seleo de recipientes depende de fatores que vo desde o tipo de alimento,

    distncia a que sero enviados, tempo de consumo, at atratividade comercial que se queira e

    possa dar ao alimento, fatores econmicos do acondicionamento, etc. (CAMARGO, 1986, p.

    111).

    2.7 A vida de prateleira e controle de qualidade

    Evangelista (2008) afirma que o controle de qualidade deve ser visto como um

    investimento, pois traz maior ndice de rentabilidade comercial. Segundo o mesmo autor, o

    controle de qualidade propicia o reconhecimento e a remoo de falhas surgidas em qualquer

    das etapas de fabricao, garantindo a elaborao de um produto alimentcio de agradvel

    categoria, que apresenta sempre um mesmo padro e transmite ao consumidor maior

    confiana. Esta prtica garante ainda economia com perda de matria-prima

    (EVANGELISTA, 2008, p. 647-648).

    A respeito da estabilidade dos doces, ALBUQUERQUE apud MENEZES et al., 2009,

    destaca que

    [...] fatores intrnsecos, como o grau de esterificao da pectina e o pH do doce, e fatores extrnsecos, como pr-processamento da fruta, temperatura de coco, tamanho da embalagem, tempo e temperatura de geleificao, alm da ordem na colocao dos ingredientes, afetam o processo de fabricao de gelias e doces, por conseguinte, a qualidade do produto final.

    A vida de prateleira ou shelf-life o perodo em que um produto apresenta condies

    sensoriais e microbiolgicas de ser consumido. A vida de prateleira de doces artesanais pode

    variar de seis meses a um ano, de acordo com as condies de processamento,

    armazenamento e embalagem, podendo ser prolongada pelo uso de cido srbico e seus sais,

    os quais tm atuao apropriada em pH de 4,0 a 6,0 (TFOUNI; TOLEDO apud MENEZES et

    al., 2009, p. 618-619).

    O controle de qualidade possibilita, desta forma, avaliar se os mtodos de conservao

    do alimento esto sendo eficientes, permitindo a determinao do shelf-life do produto e

    assegurando a obteno de um alimento estvel e seguro (BARUFFALDI; OLIVEIRA, 1998,

    p. 13).

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    Conforme mostrado no item 2.3 vrias so as causas das alteraes dos alimentos.

    Estas alteraes refletem nas suas caractersticas organolpticas, composio qumica, estado

    fsico, estado de sanidade e valor nutritivo (EVANGELISTA, 2008, p. 192). Desta forma, as

    anlises fsico-qumicas, microbiolgicas e sensoriais do produto so ferramentas para

    avaliao de sua qualidade e verificao de sua estabilidade.

    2.7.1 Anlises fsico-qumicas

    As anlises fsico-qumicas mais importantes em alimentos caracterizam o seu

    contedo de gua, protenas, carboidratos, lipdios e cinzas, bem como avaliam atributos

    como pH e acidez. A seguir so descritos os fundamentos dos mtodos utilizados para

    avaliao fsico-qumica de alimentos em geral.

    2.7.1.1 Umidade

    Segundo Cecchi (2003) a determinao da umidade uma das medidas mais

    importantes na anlise de alimentos, pois est relacionada com a estabilidade destes. Apesar

    de aparentemente ser um mtodo simples, a determinao de umidade pode tornar-se

    complicada devido a fatores como separao incompleta da gua, decomposio do alimento

    e perda de substncias volteis do produto (CECCHI, 2003, p. 36-37).

    Geralmente a umidade representa a gua contida no alimento, sendo que esta pode ser

    livre, ou seja, presente como dispersante ou solvente das substncias presentes no alimento;

    absorvida, quando foras de Van der Waals ou pontes de hidrognio a ligam a

    macromolculas como amido, pectina, celulose ou protenas; ou ligada quimicamente a

    substncias do alimento. Devido aos fatores j mencionados anteriormente, umidade no pode

    ser definida como a gua contida no alimento e, por definio, representa a perda de peso

    sofrida pelo produto quando aquecido em condies nas quais a gua removida (alm de

    outras substncias que se volatilizam nessas condies). O mtodo mais comum a secagem

    em estufa a 105C, porm produtos que se decompem devem ser aquecidos em estufa a

    vcuo a 70C (BRASIL, 2005, cap. 4; CECCHI, 2003, p. 38).

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    2.7.1.2 Resduo por incinerao ou cinzas

    o resduo obtido pelo aquecimento de um produto em temperaturas prximas a 550-

    570C, o qual representa a substncia inorgnica presente na amostra. As cinzas geralmente

    so constitudas de potssio, sdio, clcio e magnsio em grandes quantidades; alumnio,

    ferro, cobre, mangans e zinco em pequenas quantidades; argnio, iodo, flor e outros

    elementos-trao. Estes elementos podem estar presentes sob a forma de xidos, sulfatos,

    fosfatos, etc. e algumas vezes alguns sais (compostos de mercrio, cdmio, chumbo e zinco)

    podem sofrer volatilizao durante o aquecimento (BRASIL, 2005, cap. 4; CECCHI, 2003, p.

    49-50).

    2.7.1.3 Protenas

    Nos alimentos as protenas podem estar combinadas com lipdios e carboidratos e tm,

    alm da funo nutricional, propriedades relacionadas textura e aspectos sensoriais deste

    (CECCHI, 2003, p. 60).

    O mtodo mais utilizado o denominado mtodo de Kjeldahl, o qual tem sofrido

    muitas adaptaes desde sua idealizao em 1883. Este mtodo possui 3 etapas: digesto,

    destilao e titulao. Durante a digesto a matria orgnica decomposta com cido

    sulfrico com auxlio de um catalisador, transformando o nitrognio em um sal amoniacal. A

    amnia liberada durante a destilao devido reao com hidrxido de sdio e coletada

    numa soluo cida de volume e concentrao conhecidos. No mtodo clssico a quantidade

    de nitrognio presente determinada pela titulao do excesso de cido utilizado na

    destilao, enquanto no mtodo modificado a determinao feita pela titulao do sal

    formado com soluo cida de concentrao conhecida. O contedo de nitrognio das

    diferentes protenas 16%, desta forma utiliza-se o fator emprico 6,25 para transformar o

    nmero de gramas de nitrognio em gramas de protdeos (em alguns casos, utilizam-se outros

    fatores) (BRASIL, 2005, cap. 4).

    2.7.1.4 Lipdios

    O contedo de lipdios varia de acordo com o tipo de alimento. A carne, por exemplo,

    possui de 16 a 25% enquanto as frutas possuem de 0,1 a 1% destas substncias (CECCHI,

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    2003, p. 86). Lipdios so compostos orgnicos que contm cidos graxos essenciais ao

    organismo, so insolveis em gua e solveis em solventes orgnicos, como ter, clorofrmio,

    acetona, dentre outros. Esta caracterstica possibilita sua extrao com solvente e a

    determinao da frao lipdica de um alimento. A extrao com Soxhlet (extrao com

    solvente a quente) a mais utilizada, onde a extrao contnua com solvente adequado

    seguida da evaporao deste solvente resulta em um resduo que composto, alm de lipdios

    (cidos graxos livres, mono, di e triacilgliceris, fosfolipdios, etc.), por outros componentes

    que possam ser extrados nas condies utilizadas. Os compostos extrados so cidos graxos

    livres, steres de cidos graxos, lecitinas, ceras, carotenides, esteris, vitaminas

    lipossolveis, leos essenciais, entre outros, que no representam uma frao expressiva a

    ponto de causar uma diferena significativa na determinao. A determinao do extrato

    etreo dificultada pela alta concentrao de acares, protenas e umidade (BRASIL, 2005,

    cap. 4; CECCHI, 2003, p. 86).

    2.7.1.5 Carboidratos

    Acares, como sacarose e glicose, e polissacardeos como amido e celulose, so os

    principais componentes deste grupo. So os mais abundantes componentes distribudos entre

    os alimentos e tm funo nutricional, como adoantes, como matria-prima para produtos

    fermentados, etc. Esto presentes em frutas em quantidades de 6 a 12% (sacarose) (BRASIL,

    2005, cap. 4; CECCHI, 2003, p. 71).

    O mtodo para a determinao de acares e amido baseado na reduo do cobre em

    meio alcalino pelos grupos redutores dos acares. A mistura 1:1 das solues de Fehling4 em

    ebulio forma um complexo de Cu2+ e tartarato em meio alcalino e, pela titulao com uma

    soluo do acar redutor, forma xido cuproso (Cu2O) e o cido do acar (BRASIL, 2005,

    cap. 4).

    2.7.1.6 pH

    O pH considerado a concentrao de H+ em uma soluo. Sua determinao

    importante para verificar possvel deteriorao causada por micro-organismos em alimentos,

    determinar e possibilitar a estabilidade de corantes artificiais em produtos de frutas, entre

    4 As solues de Fehling so misturadas no momento da anlise, sendo que a soluo de Fehling A composta por sulfato de cobre e a B por tartarato de sdio e potssio e hidrxido de sdio.

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    outros (CECCHI, 2003, p. 107). O processo mais utilizado para a determinao do pH o

    eletromtrico, onde se utiliza o potencimetro para a determinao direta e precisa deste

    parmetro (BRASIL, 2005, cap. 4).

    2.7.1.7 Acidez titulvel

    a determinao da concentrao de cidos presentes em uma amostra pela titulao

    com uma soluo alcalina, sendo um dado importante na avaliao do estado de conservao

    de um alimento (BRASIL, 2005, cap. 4). Os cidos que geralmente esto presentes em

    alimentos e so determinados nesta tcnica so orgnicos, a exemplo dos cidos ctrico,

    mlico, oxlico e tartrico, sendo o primeiro encontrado em grande quantidade em frutas

    como limo, laranja e morango e o segundo, em ma e algumas verduras. O grau de

    maturao influi consideravelmente na concentrao de cidos, que, geralmente, esto

    presentes em maior quantidade nos vegetais mais novos (verdes) (CECCHI, 2003, p. 116-

    117).

    2.7.1.8 Atividade de gua

    Atividade de gua o termo que exprime a quantidade de gua livre presente no

    alimento e definida como sendo a relao entre a presso de vapor da soluo (P) e presso

    de vapor do solvente (P0). Sendo a presso de vapor da gua pura igual a 1, a atividade de

    gua dos alimentos sempre menor que 1 (BARUFFALDI; OLIVEIRA, 1998, p. 14).

    A atividade de gua medida em laboratrios utilizando equipamentos que

    determinam o ponto de orvalho. Estes equipamentos possuem uma superfcie espelhada onde

    o orvalho se forma e detectado por um sensor infravermelho. A atividade de gua medida

    quando ocorre o equilbrio da presso de vapor da amostra (BRASEQ, s.d.).

    2.7.2 Anlises microbiolgicas

    A anlise microbiolgica utilizada para verificar a presena ou ausncia, identificar e

    quantificar micro-organismos no produto. Existem diversos mtodos laboratoriais, sendo os

    convencionais os mais utilizados (FRANCO; LANDGRAF 2008, p. 4).

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    O mtodo utilizado para anlises microbiolgicas em alimentos o de plaqueamento,

    a contagem dos micro-organismos em placas contendo meios de cultura slidos. Permite a

    visualizao da formao de colnias, sendo o resultado obtido em unidades formadoras de

    colnias (UFC). Este mtodo subdividido em semeadura em profundidade e semeadura em

    superfcie, sendo o primeiro feito pela aplicao de uma alquota em placa vazia seguida da

    adio do meio de cultura e o segundo pela adio da alquota em placa j contendo o meio

    slido. Para micro-organismos anaerbios, como os coliformes, necessria a aplicao de

    uma sobrecamada do meio de cultura aps o procedimento de semeadura em profundidade.

    2.7.3 Anlise sensorial

    A anlise sensorial caracteriza-se pela identificao de propriedades sensoriais, como

    cor e sabor, seleo do mtodo mais adequado de quantificao ou qualificao do estmulo

    provocado pelo alimento e anlise e interpretao dos resultados. Desta forma, a anlise

    sensorial utilizada para evocar, medir, analisar e interpretar reaes s caractersticas de

    alimentos e outros materiais da forma como so percebidas pelos sentidos da viso, olfato,

    tato e audio (MINIM, 2006, p. 14).

    A anlise sensorial pode ser aplicada nas etapas de desenvolvimento do produto, como

    forma de estabelecer a formulao com maior aceitao, no controle de qualidade de produtos

    acabados ou matria-prima, como forma de verificar variaes das caractersticas

    organolpticas, entre outros.

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    3 MATERIAIS E MTODOS

    3.1 Produo das amostras

    Para a realizao deste trabalho foram produzidas 4 formulaes de schmier colonial.

    O processo bsico ilustrado na Figura 3.

    Figura 3 Fluxograma do processo de fabricao da schmier

    A cana-de-acar foi lavada em gua corrente e higienizada com soluo clorada 200

    ppm atravs de imerso por 15 minutos seguida de lavagem em gua corrente potvel,

    conforme recomendaes da Portaria n 06 de 10 de maro de 1999 (BRASIL, 1999).

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    A seguir, o caldo de cana-de-acar foi extrado pela prensagem da cana-de-acar em

    moenda especfica e filtrado em coador de malha 1 mm. Procedeu-se a fervura do caldo de

    cana de forma a provocar a floculao das substncias coloidais no removidas na filtrao. A

    camada formada foi retirada com auxlio de escumadeira e peneiras. Determinou-se o brix

    (utilizou-se brix igual a 21, procedendo-se os ajustes antes de efetuar as medidas5) e mediu-

    se a quantidade necessria de caldo para a formulao de 8 kg.

    Os vegetais foram previamente lavados em gua corrente com auxlio de esponja para

    remoo de sujidades visveis e higienizados conforme j foi descrito para a cana-de-acar.

    Aps o descascamento (quando necessrio), retirada das sementes e diviso em pequenos

    pedaos, os vegetais foram cozidos no caldo e, aps amolecimento destes, foram modos e

    devolvidos ao tacho, sendo a mistura mantida em cozimento e agitao lenta e constante at

    atingir brix muito prximo a 63,56.

    As formulaes dos produtos constam na Tabela 1.

    Tabela 1 Ingredientes das quatro formulaes para rendimento de 8 kg

    Formulao Ingredientes

    A

    21,6 litros de caldo de cana previamente fervido e limpo*

    715 g de abbora descascada e sem sementes

    540 g de aipim descascado

    900 g de mamo descascado e sem sementes

    720 g de batata-doce descascada

    720 g de laranja descascada, sem sementes e com o mnimo de albedo

    720 g de ma sem sementes

    B Formulao A acrescida de 8 g de cido tartrico

    C Formulao A acrescida de 8 g de sorbato de potssio

    D Formulao A acrescida de 8 g de cido tartrico e 8 g de sorbato de potssio

    * A limpeza foi feita atravs da retirada da camada sobrenadante que se forma atravs da fervura do caldo, que

    promove a coagulao de substncias presentes e partculas provenientes da casca da cana-de-acar, com

    auxlio de escumadeira ou peneira. 5 Aps a remoo do material floculado, o brix foi ajustado pela adio de gua ou concentrao do caldo. 6 Valor obtido aps diversos testes onde a viscosidade do produto foi avaliada empiricamente.

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    As Figuras 4 e 5 ilustram etapas do processo de preparo da schmier.

    Figura 4- Esterilizao dos vidros em banho-maria e secagem dos mesmos

    Figura 5 - Cozimento da schmier

    As amostras foram embaladas a temperatura superior a 85C em frascos de vidro

    previamente esterilizados em gua fervente durante 20 minutos. Cada amostra foi armazenada

    em 24 frascos com capacidade aproximada de 200 mL (para anlises fsico-qumicas e

    microbiolgicas) e trs frascos com capacidade de 1 litro (para anlise sensorial). Aps o

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    40 envase os frascos foram fervidos submersos em gua por 20 minutos a fim de garantir a

    vedao.

    Figura 6 Schmier embalada

    As amostras foram armazenadas em um ambiente fresco e seco, ao abrigo de luz e

    submetidas a anlises fsico-qumicas, microbiolgicas e sensoriais durante o perodo de um

    ano. As anlises foram iniciadas em novembro de 2009, sendo as primeiras realizadas no dia

    posterior ao preparo, onde foram avaliados todos os parmetros constantes na Tabela 2, e as

    demais nos meses seguintes, conforme a periodicidade apresentada na mesma tabela. As

    metodologias utilizadas constam na Tabela 3.

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    41 Tabela 2 Periodicidade das anlises fsico-qumicas, microbiolgicas e sensoriais

    Anlises Periodicidade

    Contagem de bolores e leveduras Trimestral

    Contagem de Staphylococcus aureus Contagem padro de microrg. mesfilos aerbios estritos e facultativos viveis Contagem de coliformes totais e termotolerantes

    Trimestral

    Acares redutores Acares no-redutores Amido Protenas Lipdios Acidez Cinzas Viscosidade

    Semestral

    pH Umidade Atividade de gua

    Mensal

    Anlise sensorial Semestral

    Tabela 3 Metodologias utilizadas nas anlises

    Anlise Metodologia

    Contagem de Bolores e Leveduras Contagem de Staphylococcus aureus Contagem padro de micro-organismos mesfilos aerbios estritos e facultativos viveis Contagem de Coliformes totais e termotolerantes

    Instruo Normativa n 62, de 26 de agosto de 2003 (BRASIL, 2003).

    Acares redutores Acares no-redutores Amido Protenas Lipdios Acidez pH Umidade Cinzas

    Manual de Mtodos Fsico-qumicos para Anlise de Alimentos do Instituto Adolfo Lutz. IV ed. (BRASIL, 2005, cap. 4).

    Atividade de gua Medidor Decagon Aqualab mod. CX2 (conforme recomendaes da AOAC, 2002).

    Viscosidade Viscosmetro de Brookfield mod. RVDV-I.

    Anlise Sensorial

    Teste de aceitao por escala hednica, conforme Manual de Mtodos Fsico-qumicos para Anlise de Alimentos do Instituto Adolfo Lutz. IV ed. (BRASIL, 2005, p. 315-316).

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    42 3.2 Procedimentos analticos

    3.2.1 Anlises Microbiolgicas

    3.2.1.1 Preparo das amostras e diluies

    O preparo da amostra e as diluies foram feitos da mesma forma para todas as

    anlises microbiolgicas. Pesaram-se 25 gramas da amostra, transferiu-se para um frasco

    contendo 225 mL de soluo salina peptonada 0,1% estril e homogeneizou-se, sendo esta

    denominada diluio 10-1. Tomou-se 1 mL da diluio 10-1 e transferiu-se para um tubo

    contendo 9 mL de soluo salina peptonada 0,1% estril, sendo esta denominada a diluio

    10-2. Tomou-se 1 mL da diluio 10-2 preparada e transferiu-se para outro tubo contendo 9 mL

    de soluo salina peptonada 0,1% estril, sendo esta denominada a diluio 10-3.

    3.2.1.2 Contagem padro de micro-organismos mesfilos aerbios estritos e facultativos

    viveis

    A partir da amostra preparada e suas diluies, procedeu-se o plaqueamento. Semeou-

    se 1 mL de cada diluio em placas de Petri estreis, procedendo-se a anlise em duplicata

    para as trs diluies. Adicionaram-se aproximadamente 20 mL de gar Padro para

    contagem em placas (PCA) fundido a 46-48C. Homogeneizou-se e, aps solidificao,

    incubaram-se as placas invertidas a 36C por 48 horas.

    3.2.1.3 Contagem de bolores e leveduras

    Esta anlise foi realizada pelo laboratrio Unianlises.

    3.2.1.4 Contagem de Staphylococcus aureus

    Em placas de Petri contendo meio Baird-Parker, inoculou-se 0,1 mL de cada uma das

    diluies preparadas e espalhou-se com a ala. Incubaram-se as placas por 48 horas a 36C.

    Transferiram-se 3 colnias tpicas e 3 atpicas para tubos contendo caldo crebro-corao

    (BHI), incubando-os por 24 horas a 36C. Transferiu-se 0,3 mL deste caldo para outro tubo

    contendo 0,3 mL de plasma de coelho, incubando-o a 36C por 6 horas.

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    43 3.2.1.5 Contagem de Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes em Alimentos

    Semeou-se 1 mL de cada diluio em placas de Petri estreis, procedendo-se a anlise

    em duplicata para as trs diluies. Adicionaram-se aproximadamente 15 mL de gar cristal

    violeta vermelho neutro bile (VRBA) fundido a 46-48C. Homogeneizou-se e, aps

    solidificao, adicionou-se uma pequena camada de VRBA de forma a cobrir toda a

    superfcie do meio solidificado. Incubaram-se as placas invertidas a 36C por 24 horas.

    Transferiram-se 3 colnias tpicas e 3 atpicas para tubos contendo caldo verde

    brilhante bile lactose 2% (BRILA), incubando-os por 24 a 48 horas a 36C, e para tubos

    contendo caldo EC 24 a 48 horas a 45C.

    3.3 Anlises Fsico-Qumicas

    3.3.1 Determinao do pH

    Pesaram-se 10 g da amostra e diluiu-se com 100 mL de gua. Efetuou-se a

    homogeneizao com auxlio de agitador magntico e procedeu-se a leitura em pHmetro,

    devidamente verificado, com agitao constante.

    3.3.2 Determinao da umidade

    Devido s caractersticas da amostra (alta concentrao de acares), as determinaes

    de umidade devem ser realizadas em estufa a vcuo a 70C. Como os laboratrios de ensino

    da Univates no possuem este equipamento, realizaram-se as anlises de umidade das

    amostras recm elaboradas na estufa a vcuo do laboratrio de prestao de servios

    analticos da Univates, o Unianlises, e tambm em estufa comum a 105C, determinando-se

    a diferena obtida nos resultados. Esta diferena foi utilizada para calcular a umidade das

    amostras nas anlises seguintes em estufa a 105C.

    Para as anlises em estufa comum pesaram-se 2 gramas da amostra, em triplicata, em

    cpsulas de porcelana previamente secas e pesadas, j contendo areia para melhor

    homogeneizao da temperatura. Secou-se o material durante 2 horas em estufa a 105. Aps

    resfriamento em dessecador, pesaram-se as amostras. A umidade foi calculada utilizando-se a

    equao a seguir:

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    100 x n P

    x F= Umidade a 105C por centro m/m

    Sendo

    n = n de gramas de umidade (perda de massa em g);

    P = n de gramas da amostra;

    F = fator de correo para anlise em estufa a vcuo (obtido experimentalmente).

    3.3.3 Determinao da atividade de gua

    A determinao da atividade de gua foi feita com equipamento da marca Aqualab,

    modelo CX-2, seguindo as recomendaes da AOAC (2002).

    3.3.4 Determinao da acidez

    Pesaram-se 5 gramas da amostra em um bquer de 100 mL, em triplicata, adicionando

    em seguida 50 mL de gua. Titulou-se com soluo de hidrxido de sdio 0,1 M at pH 8,17.

    Para o clculo da acidez das amostras, utilizou-se a equao a seguir:

    V x [NaOH] x 100 m

    = Acidez em soluo molar por cento v/m

    Sendo:

    V = n de mL da soluo de hidrxido de sdio gasto na titulao;

    [NaOH] = concentrao da soluo de hidrxido de sdio utilizada;

    m = n de g da amostra usado na titulao;

    7Devido colorao das amostras, utilizou-se o mtodo potenciomtrico para a determinao do ponto final da titulao. Segundo descrito por CECCHI, 2003, o pH de viragem 8,1, pois em alimentos os cidos titulados so fracos, formando, na reao com NaOH, um on que se hidrolisa e forma o on hidroxila que ter concentrao maior que o on H+ no ponto de equivalncia.

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    3.3.5 Determinao de Glicdios Redutores em Glicose

    Pesaram-se 2 gramas da amostra em bquer de 100 mL. Transferiu-se a amostra,

    previamente solubilizada, para balo volumtrico de 100 mL com auxlio de gua.

    Adicionaram-se 5 mL de soluo de ferrocianeto de potssio 6% e 5 mL de acetato de zinco

    12%, completou-se o volume do balo com gua e homogeneizou-se. Aps 15 minutos em

    descanso, filtrou-se o contedo do balo em papel filtro qualitativo seco. Verificou-se o pH e

    procedeu-se o ajuste para 9 com soluo de hidrxido de sdio 40% e filtrou-se novamente.

    Transferiu-se o filtrado para uma bureta de 25 mL. Preparou-se, em triplicata, a soluo a ser

    titulada colocando 10 mL de solues de Fehling A e B, 40 mL de gua e algumas prolas de

    ebulio em um erlenmeyer de 250 mL. Aqueceu-se esta soluo at ebulio e procedeu-se a

    titulao com a soluo obtida da amostra. Aps a mudana da colorao da soluo titulada,

    adicionou-se uma gota de soluo de azul de metileno 1% e procedeu-se a titulao at que a

    soluo passasse de azul a incolor, com precipitado vermelho, observando-se um limite de

    tempo para a titulao de at 3 minutos. O clculo para determinao da concentrao de

    acares redutores em glicose foi feito utilizando-se a seguinte equao:

    100 x A x a P x V

    = Glicdios redutores em glicose, por cento, m/m

    Sendo:

    A = volume do balo volumtrico com a massa de amostra (aprox. 2 g);

    a = n de g de glicose correspondente a 10 mL das solues de Fehling;

    P = massa da amostra em g;

    V = n de mL da soluo da amostra gasto na titulao.

    3.3.6 Determinao de Glicdios No-redutores em sacarose

    Transferiram-se 20 mL do filtrado obtido para acares redutores em glicose para um

    balo volumtrico de 100 mL. Acidificou-se a soluo com 1 mL de cido clordrico

    concentrado. Aqueceu-se o balo em banho-maria (100C) por 45 minutos e, aps o

    resfriamento, a amostra foi neutralizada com soluo de hidrxido de sdio a 40%, com

    auxlio de papel indicador. Transferiu-se o filtrado para uma bureta de 25 mL. Preparou-se,

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    46 em triplicata, a soluo a ser titulada colocando 10 mL de solues de Fehling A e B, 40 mL

    de gua e algumas prolas de ebulio em um erlenmeyer de 250 mL. Aqueceu-se esta

    soluo at ebulio e procedeu-se a titulao com a soluo obtida da amostra. Aps a

    mudana da colorao da soluo titulada, adicionou-se uma gota de soluo de azul de

    metileno 1% e procedeu-se a titulao at que a soluo passasse de azul a incolor, com

    precipitado vermelho, observando-se um limite de tempo para a titulao de at 3 minutos. O

    clculo para determinao da concentrao de acares no-redutores em sacarose foi feito

    utilizando-se a seguinte equao:

    100 x A x a P x V

    - B x 0,95= Glicdios no-redutores em sacarose, por cento, m/m

    Sendo:

    A = volume do balo volumtrico com a massa de amostra (aprox. 0,4 g);

    a = n de g de glicose correspondente a 10 mL das solues de Fehling;

    P = massa da amostra em g;

    V = n de mL da soluo da amostra gasto na titulao;

    B = n de g de glicose por cento obtido em glicdios redutores, em glicose;

    0,95 = fator de converso do acar invertido em sacarose.

    3.3.7 Determinao de Amido

    Pesaram-se 5 gramas da amostra em cpsula de porcelana. Adicionaram-se 20 mL de

    ter etlico e agitou-se. Aps a decantao, retirou-se o sobrenadante. Efetuou-se a operao

    de extrao com ter mais duas vezes. Transferiu-se o material desengordurado para

    erlenmeyer de 500 mL com auxlio de 100 mL de lcool etlico a 70%. Agitou-se o material

    contido no erlenmeyer e aqueceu-se em banho-maria a temperatura entre 83 e 87C por 1

    hora, usando um pequeno funil no gargalo do frasco para condensar os vapores. Aps o

    resfriamento, adicionaram-se 50 mL de lcool etlico e filtrou-se em papel filtro qualitativo

    seco. Lavou-se o resduo com 500 mL de lcool etlico a 70%. Transferiu-se o resduo

    juntamente com o papel de filtro para um frasco erlenmeyer de 500 mL com auxlio de 150

    mL de gua. Adicionaram-se 5 gotas de soluo de hidrxido de sdio a 10% e aqueceu-se

    em autoclave a uma atmosfera por 1 hora. Aps o resfriamento, adicionaram-se 5 mL de cido

    clordrico concentrado e aqueceu-se em autoclave