ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

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Cíntia Lie Toishikawa Uratani Joyce Bonacorsi de Palma Renan Friedrich Schultze ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO PARA OS RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS DO CEAGESP Orientador: Ronan Cleber Contrera São Paulo (2014) Projeto de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no âmbito do Curso de Engenharia Ambiental

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Cíntia Lie Toishikawa Uratani

Joyce Bonacorsi de Palma

Renan Friedrich Schultze

ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE

TRATAMENTO PARA OS RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS

DO CEAGESP

Orientador:

Ronan Cleber Contrera

São Paulo

(2014)

Projeto de Formatura apresentado

à Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo, no âmbito do Curso de

Engenharia Ambiental

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Agradecimentos

Ao Professor Doutor Ronan Cleber Contrera, pela disponibilidade de nos orientar

ao longo desse ano na execução desse trabalho e por cada sugestão fundamental para o

seu desenvolvimento.

À Professora Doutora Dione Mari Morita que nos acompanhou no desenvolvimento

desse projeto como coordenadora da disciplina.

Ao Angelo Bolzan por nos receber no CEAGESP e explicar todos os processos

válidos para o nosso projeto, bem como a disponibilização de dados e informações úteis

para a realização desse trabalho.

Ao Ubiratan Martins Ferraz pela disponibilidade de nos acompanhar na visita

técnica e pelo detalhamento de dados.

À Karina Meninel Campano por sua disposição de nos ajudar com a troca de

informações com o CEAGESP.

Aos membros da banca, por disponibilizarem de seu tempo e pelas dicas esenciais

ao trabalho.

Por fim, as nossas famílias e amigos por todo amor, confiança, suporte e incentivo

durante todo o período de nossa graduação.

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Lista de figuras

Figura 1: Distribuição dos resíduos Sólidos Coletados no Estado de São Paulo em

2012 e 2013 .......................................................................................................................... 3

Figura 2: Mapa descritivo do CEAGESP ...................................................................... 6

Figura 3: Resíduos gerados no CEAGESP ................................................................... 8

Figura 4: Palha vinda do transporte da melancia ....................................................... 8

Figura 5: Esquema das alternativas a serem contempladas...................................... 10

Figura 6: Gráfico da média anual de resíduos gerados por mês no Ceagesp ........... 12

Figura 7: Linha de tendência com pontos considerados ........................................... 13

Figura 8: Esquema de triagem manual ...................................................................... 15

Figura 9: Influência do diâmetro da partícula na compostagem .............................. 16

Figura 10: Esquema do processo de digestão anaeróbia e grupo de bactérias

envolvidas .......................................................................................................................... 18

Figura 11: Categorias dos biodigestores anaeróbios ..................................................22

Figura 12: Esquema do funcionamento do Reator tipo Dranco ................................24

Figura 13: Redução do Teor de umidade em terreiro secador para grãos de café ....32

Figura 14: Esquema simplicado do processo de compostagem ................................ 33

Figura 15: Esquema das fases de compostagem ao longo do tempo .........................34

Figura 16: Esquema comparativo dos métodos de compostagem ............................ 37

Figura 17: Esquema do processo Dano de uma usina .............................................. 38

Figura 18: Esquema do sistema de leiras revolvidas com equipamento auto

propelido ............................................................................................................................39

Figura 19: Esquema do sistema de leira estática aerada com tratamento de odor em

composto maturado .......................................................................................................... 40

Figura 20: Mapa do percurso do CEAGESP até a cidade de Holambra .................. 69

Figura 21: Terreno em Jaguariúna ............................................................................. 72

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Figura 22: Terreno em Valinhos (procurar um local rural) ...................................... 72

Figura 23: Terreno em Vinhedo e seu entorno .......................................................... 73

Figura 24: Layout de implantação de processos ........................................................ 74

Figura 25: Fluxograma quantitativo dos processos projetados em 2015 no cenário

conservativo ....................................................................................................................... 77

Figura 26: Fluxograma quantitativo dos processos projetados em 2035 no cenário

conservativo ....................................................................................................................... 77

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Lista de tabelas

Tabela 1: Geração de resíduos sólidos no Estado de São Paulo em 2012 e 2013........ 2

Tabela 2: Resumo de alguns dos sistemas de digestão anaeróbia existentes ...........23

Tabela 3: Performance da tecnologia Dranco ............................................................26

Tabela 4: Composição orgânica do resíduo domiciliar por diversos autores (% peso

seco) ................................................................................................................................... 27

Tabela 5: Dados e cálculos feitos para dimensionamento do digestor anaeróbio .... 27

Tabela 6: Dimensionamento dos reatores anaeróbios ............................................. 28

Tabela 7: Dados sobre o composto digerido de saída no tratamento anaeróbio e a

geração do biogás ...............................................................................................................29

Tabela 8: Dados adotados para calcular a geração de energia a partir do biogás ....29

Tabela 9: Resultados obtidos para o biogás .............................................................. 30

Tabela 10: Cacterística dos principais grupos microbianos envolvidos no processo

de compostagem ................................................................................................................ 35

Tabela 11: Índices atendidos para comercialização de composto orgânico .............. 41

Tabela 12: Resumo de dados adotados para compostagem ......................................42

Tabela 13: Dados de entrada na compostagem sem tratamento anaeróbio .............43

Tabela 14: Resultado dos cálculos feitos para a área das leiras e outras instalações

da usina de compostagem sem tratamento aneróbio ...................................................... 44

Tabela 15: Dados de entrada na compostagem com tratamento anaeróbio ............ 44

Tabela 16: Resultado dos cálculos feitos para a área das leiras e outras instalações

da usima de compostagem com tratamento anaeróbio prévio ........................................ 45

Tabela 17: Características do composto final ............................................................. 45

Tabela 18: Dados de entrada para cálculo de área para vermicompostagem .......... 49

Tabela 19: Relação da área total necessária e da porcentagem de composto a ser

vermicompostado ............................................................................................................. 50

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Tabela 20: Resultados do número de leiras e áreas auxiliares para

vermicompostagem .......................................................................................................... 50

Tabela 21: Relatório Comparativo de Coleta de Resíduos ......................................... 51

Tabela 22: Preços dos serviços contratados pelo CEAGESP ..................................... 53

Tabela 23: Tabela de Subcritérios e seus respectivos pesos ...................................... 59

Tabela 24: Área Necessária para cada alternativa ..................................................... 61

Tabela 25: Equipamentos e custos para Alternativa 1 ............................................... 61

Tabela 26: Equipamentos e custos para Alternativa 2 ..............................................62

Tabela 27: Equipamentos e custos para Alternativa 3 ..............................................62

Tabela 28: Equipamentos e custos para Alternativa 4 ..............................................63

Tabela 29: Custo de Implantação para cada alternativa ...........................................63

Tabela 30: Quantidade (em toneladas) de resíduo a ser transportado em cada

alternativa .......................................................................................................................... 65

Tabela 31: Matriz de Decisão com as notas para cada alternativa e notas totais .... 66

Tabela 32: Preço de venda do composto e vermicomposto ....................................... 67

Tabela 33: Resumo de pesos para critérios de escolha do terreno ........................... 71

Tabela 34: Notas atribuídas para os terrenos em estudo .......................................... 74

Tabela 35: Custos de implantação do projeto para 2015 .......................................... 86

Tabela 36: Custos Operacionais com Eletricidade em 2015 ..................................... 87

Tabela 37: Custos Operacionais com Eletricidade em 2035 ..................................... 87

Tabela 38: Custos Com Transporte nos anos de 2015, 2022, 2022, 2034. ............. 88

Tabela 39: Custos com salários em 2015................................................................... 89

Tabela 40: Custos com salários em 2025 .................................................................. 89

Tabela 41: Custos com salários em 2034 .................................................................. 90

Tabela 42: Receitas calculadas para os anos de 2015, 2021, 2027 e 2035 ............... 91

Tabela 43: Balanço de caixa dos 4 primeiros anos de projeto...................................92

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Tabela 44: Balanço de caixa dos 4 últimos anos de pagamento da taxa de

amortização para quitação da dívida. ...............................................................................92

Tabela 45: Balanço de caixa dos 4 últimos anos de projeto, nos quais o lucro líquido

é máximo. ...........................................................................................................................92

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Lista de símbolos

Abracen: Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento

Abrelpe: Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais

BCA: Banco CEAGESP de Alimentos

CEAGESP: Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo

CEASAs: Centrais de Abastecimento

PLA: Portal do Licenciamento Ambiental

PNRS: Política Nacional de Resíduos Sólidos

RSU: Resíduos Sólidos Urbanos

ST: Sólidos Totais

SV: Sólidos Voláteis

SVB: Sólidos Voláteis Biodegradáveis

SVR: Sólidos Voláteis Refratários

TS: Teor de Sólidos

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Sumário

Resumo executivo ....................................................................................................... xii

1 Introdução e Objetivo ............................................................................................ 1

2 Descrição do Local de Estudo – CEAGESP........................................................... 4

2.1 Central de Abastecimento ............................................................................... 4

2.2 Planta do local e vendas .................................................................................. 5

2.3 Resíduos Gerados ............................................................................................ 7

2.4 Processos considerados .................................................................................. 9

3 Levantamento de dados ....................................................................................... 11

3.1 Projeção do aumento da geração de resíduos .............................................. 11

3.2 Estação de Triagem ....................................................................................... 14

3.2.1 Triagem manual com auxílio de esteiras ............................................... 14

3.3 Trituração ...................................................................................................... 15

3.3.1 Introdução .............................................................................................. 15

3.3.2 Equipamentos ........................................................................................ 17

3.4 Tratamento anaeróbio .................................................................................. 17

3.4.1 Processo .................................................................................................. 17

3.4.2 Parâmetros do processo ......................................................................... 19

3.4.3 Biodigestor.............................................................................................. 21

3.4.4 Vantagens da digestão anaeróbia .......................................................... 25

3.4.5 Desvantagens da digestão anaeróbia ..................................................... 25

3.4.6 Área necessária ....................................................................................... 25

3.4.7 Biogás gerado e composto digerido ...................................................... 28

3.5 Desaguamento .............................................................................................. 30

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3.5.1 Área Utilizada ......................................................................................... 31

3.6 Compostagem ................................................................................................ 33

3.6.1 Descrição Básica do Processo ................................................................ 33

3.6.2 Fases da compostagem .......................................................................... 33

3.6.3 Parâmetros de processo .........................................................................34

3.6.4 Sistemas de compostagem .....................................................................36

3.6.5 Vantagens da Compostagem ................................................................. 40

3.6.6 Desvantagens da Compostagem ............................................................ 41

3.6.7 Uso do composto e legislação a ser atendida ........................................ 41

3.6.8 Área necessária e composto final........................................................... 41

3.7 Vermicompostagem ...................................................................................... 45

3.7.1 Processo ................................................................................................. 46

3.7.2 Fatores importantes no processo ......................................................... 46

3.7.3 Fases da vermicompostagem ................................................................. 47

3.7.4 Sistema de vermicompostagem ............................................................ 48

3.7.5 Uso do vermicomposto ......................................................................... 49

3.7.6 Estimativa de área e vermicomposto ................................................... 49

3.8 Terceirização da Compostagem ................................................................... 50

4 Matriz de decisão ................................................................................................. 53

4.1 Definição dos critérios .................................................................................. 54

4.1.1 Custo de Implantação ............................................................................ 54

4.1.2 Qualidade do Composto e Valor Agregado ........................................... 56

4.1.3 Necessidade de mão de obra especializada ........................................... 56

4.1.4 Impacto Ambiental................................................................................. 56

4.2 Atribuição de peso para os critérios .............................................................58

4.3 Atribuição de Notas...................................................................................... 60

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4.3.1 Custo de Implantação ........................................................................... 60

4.3.2 Qualidade do Composto e Valor Agregado ...........................................63

4.3.3 Necessidade de mão de obra especializada .......................................... 64

4.3.4 Impactos Ambientais ............................................................................ 64

4.4 Matriz de Decisão ......................................................................................... 66

5 Receita gerada ...................................................................................................... 67

6 Escolha da área .................................................................................................... 67

6.1.1 Mercados consumidores ....................................................................... 68

6.1.2 Escolha do mercado consumidor e fatores importantes para a área

escolhida 70

6.1.3 Pesos atribuídos para cada critério ....................................................... 71

6.1.4 Estudo de terrenos ................................................................................. 71

6.1.5 Atribuição de notas e escolha da área ................................................... 73

7 Resultados e Discussões ...................................................................................... 75

7.1 Descrição do Funcionamento do Empreendimento .................................... 75

7.2 Manual de operação ...................................................................................... 77

7.2.1 Triagem ................................................................................................... 77

7.2.2 Trituração ............................................................................................... 78

7.2.3 Secagem .................................................................................................. 78

7.2.4 Compostagem ......................................................................................... 79

7.2.5 Vermicompostagem .............................................................................. 80

7.3 Licenciamento Ambiental ............................................................................. 81

7.4 Balanço de Caixa ...........................................................................................85

7.4.1 Investimento...........................................................................................85

7.4.2 Custos Operacionais .............................................................................. 86

7.4.3 Receitas .................................................................................................. 90

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7.4.4 Financiamento........................................................................................ 91

8 Considerações finais ............................................................................................93

Referências Bibliográficas .......................................................................................... 95

Anexos .......................................................................................................................100

Anexo 1: Histórico de resíduos gerados no CEAGESP.........................................100

Anexo 2: Tabela das principais plantas Dranco em operação ............................. 106

Anexo 3: Catálogo peneira rotativa ...................................................................... 107

Apêndices .................................................................................................................. 108

Apêndice A: Projeção de resíduo gerado e receitas obtidas pelo composto e

vermicomposto............................................................................................................. 108

Apêndice B: Memória de cálculo para tratamento anaeróbio ............................. 108

Apêndice C: Memória de cálculo para compostagem .......................................... 110

Apêndice D: Memória de cálculo para vermicompostagem ................................ 111

Apêndice E: Memória de cálculo para Custo Operacional .................................. 112

Apêndice F: Memória de cálculo para Balanço de Caixa ..................................... 113

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Resumo executivo

A gestão apropriada dos resíduos sólidos é um grande desafio da sociedade atual.

Novos métodos sustentáveis devem se concentrar em alternativas que contribuam para

o máximo aproveitamento dos recursos naturais disponíveis. Neste cenário, a

tratamento anaeróbio com aproveitamento energético do biogás, a compostagem e a

vermicompostagem se apresentam como alternativas interessantes para o tratamento

de resíduos de origem orgânica. O presente estudo buscou avaliar a aplicabilidade

destes métodos para o tratamento dos resíduos orgânicos provenientes da venda de

produtos hortifrutigranjeiros que ocorre no CEAGESP, próximo à Cidade Universitária,

em São Paulo. Com isso, buscou-se, neste trabalho, uma alternativa economicamente

viável e ambientalmente adequada para o tratamento e disposição destes resíduos.

Foram levantados dados referentes aos diferentes processos e subprocessos de

tratamento assim como as diferentes tecnologias que podem ser utilizadas para tal, de

forma a propor uma alternativa que melhor se adapte ao caso estudado. Além disso,

foram analisados os parâmetros de projeto, a geração e utilização dos subprodutos, os

pré-tratamentos necessários e comparação com as diversas combinações dos

tratamentos possíveis. Chegou-se a 5 alternativas principais e, através de uma matriz

de decisão que considera fatores técnicos, econômicos, sociais e ambientais, decidiu-se

que o tratamento por compostagem seguido por tratamento parcial de

vermicompostagem além dos pré tratamentos (trituração, triagem e secagem) seria a

melhor solução. A área disponível dentro do CEAGESP é de apenas 2.000 m², sendo

esta o suficiente apenas para a instalação dos pré-tratamentos. Assim, um terreno na

cidade de Jaguariúna foi escolhido como local de destino dos resíduos orgânicos do

CEAGESP para a implantação de uma usina de compostagem e vermicompostagem. No

presente projeto é levantado o investimento necessário, os custos operacionais

envolvidos bem como as receitas que serão geradas a partir da venda do composto

orgânico e do vermicomposto.

Palavras-chave: digestão anaeróbia, biogás, reaproveitamento energético de

resíduos sólidos, compostagem, condicionador de solos, vermicompostagem,

CEAGESP

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1 Introdução e Objetivo

As atividades antrópicas geram muitos resíduos que são, erroneamente,

considerados sem importância ou utilidade e são descartados e dispostos sem uma

segunda avaliação. Essa mentalidade de classificar tudo que não é o produto final

como “descarte” impede que as indústrias e a sociedade aproveitem todo o potencial

inerente aos resíduos. Dessa forma, gera-se um ciclo que, por não aproveitar

completamente o material que se usa, necessita de maiores quantidades de insumos e

matéria prima e dificulta o desenvolvimento sustentável.

A quantidade de resíduos gerada é crescente, principalmente em centros urbanos,

como São Paulo. As características dos resíduos sólidos variam conforme vários

parâmetros, como o tipo de economia local, estágio de desenvolvimento do país,

classe social (locais de classe mais alta tendem a ter um resíduo com maior presença

de recicláveis provenientes de embalagens, em contrapartida, locais de classe mais

baixa têm a tendência de possuir um resíduo sólido com mais matéria orgânica), etc.

A partir de 2010, com a promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos

(PNRS), observa-se a concretização dessa preocupação com a geração e a destinação

desse resíduo. Essa Política define como prioridade uma sequência lógica a ser

obedecida com relação aos resíduos. Trata-se do inciso II do artigo 7º, presente no

capitulo II que discorre sobre os princípios e objetivos da lei, onde se registra a

seguinte ordem de prioridade: Não geração, redução, reutilização, reciclagem,

tratamento e disposição adequada dos rejeitos. Dessa forma, enfoca-se a questão de

um ponto de vista hierárquico no qual a prioridade é a busca de alternativas de

processo para que não ocorra a produção dos resíduos, seguida da melhoria na

eficiência do processo para reduzir sua geração, o reuso do produto sem a presença

de processos físico-químicos, ou seja, reutilizá-lo para o mesmo fim sem alterar suas

características ou funções, modificar o produto e usá-lo em outras funções ou

processos, caracterizando a reciclagem, tratamento do produto para evitar que este

contamine o meio e, somente como última opção, considerar a disposição adequada

deste rejeito.

Ainda a ser ponderado neste projeto, tem-se o artigo 36 da PNRS, presente no

capítulo 3, que trata da responsabilidade compartilhada do Gerador e do Poder

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Público. Diz o artigo que, no âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de

vida dos produtos, deve-se implantar sistema de compostagem para resíduos sólidos

orgânicos e articular com os agentes econômicos e sociais formas de utilização do

composto produzido. Como será visto nos capítulos posteriores, essa resolução está

intrínseca ao caso estudado.

Analisando o Panorama de 2013 dos Resíduos Sólidos no Brasil, produzido e

divulgado pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e

Resíduos Especiais), pode-se avaliar a situação atual da região Sudeste. Os 1.668

municípios dos quatro Estados da região Sudeste geraram, em 2013, a quantidade de

102.088 toneladas/dia de RSU, das quais 97,1% foram coletadas. Os dados indicam

crescimento de 4,2% no total coletado e aumento de 3,9% na geração de RSU em

relação ao ano anterior. A matéria orgânica representa 51,4% do resíduo diário, e

apenas 31,9% é composto de material reciclável (alumínio, plásticos, papel, aço,

metais e vidro).

Os municípios da região Sudeste aplicaram em 2013, em média, R$ 4,48 por

habitante/mês nos serviços de coleta de RSU e R$ 7,63 por habitante/mês na

prestação dos demais serviços de limpeza urbana. Estes valores somados resultam em

uma média mensal de R$ 12,11 por habitante para a realização de todos os serviços

relacionados com a limpeza urbana das cidades.

Em São Paulo a situação atual é mais bem definida na

Tabela 1 e na Figura 1, que tratam, respectivamente, da coleta e geração dos

resíduos e de sua destinação:

Tabela 1: Geração de resíduos sólidos no Estado de São Paulo em 2012 e 2013

Fonte: Abrelpe (2013)

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Figura 1: Distribuição dos resíduos Sólidos Coletados no Estado de São Paulo em 2012 e 2013

Fonte: Abrelpe (2013)

No caso a ser estudado existe uma grande predominância de matéria orgânica,

devido à natureza de negócios do estabelecimento, o que implica em um material de

baixa qualidade para ser disposto em aterro sanitário, pois gera muito percolado

devido ao alto teor de umidade e matéria orgânica, enquanto não fornece estabilidade

suficiente para sustentar o terreno, podendo gerar deslizamentos, além de contrariar

a norma da PNRS destacada neste texto. O acondicionamento dos Resíduos Sólidos

Urbanos (RSU) em aterros sanitários torna-se a cada dia mais dispendioso para a

administração pública, pois demanda grandes áreas para disposição, sempre fora do

perímetro urbano, que deve apresentar características especiais em relação à

proteção dos lençóis, ao seu isolamento com áreas urbanizadas, etc. (Silva e Andreoli,

2010). Por outro lado, a matéria orgânica se mostra rica em nutrientes e possui boas

opções para o aproveitamento de sua energia, como a incineração e a biodigestão

anaeróbia. Este projeto pretende propor soluções para o tratamento desta matéria

orgânica. Os principais processos a serem considerados são trituração, a digestão

anaeróbia com aproveitamento de biogás, redução da umidade, compostagem e

vermicompostagem.

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4

Este trabalho tem por objetivo selecionar a melhor alternativa para o tratamento

dos resíduos sólidos do CEAGESP. Ao se reaproveitar a energia de um produto

destinado à disposição final é possível reduzir gastos (pois a disposição é dispendiosa

e gera passivos ambientais), além de poupar recursos energéticos e físicos para a

geração de energia. Dessa forma, as alternativas serão avaliadas por fatores técnicos,

econômicos e ambientais. Primeiramente avaliou-se o resíduo que é gerado

atualmente no CEAGESP, através de visitas técnicas ao local e de consulta a outros

estudos relacionados para a obtenção de parâmetros, com isso simularam-se as

opções comparando-as nos quesitos definidos como mais relevantes. Após a seleção

da melhor alternativa, este estudo apresenta o detalhamento do projeto, incluindo o

balanço de caixa necessário para o investimento, a área necessária para a execução do

projeto, a quantidade de subproduto e/ou energia a ser gerada, equipamentos e

custos operacionais.

2 Descrição do Local de Estudo – CEAGESP

2.1 Central de Abastecimento

Centrais de abastecimento (CEASA) são empresas destinadas a facilitar a

circulação de produtos Hortifrutigranjeiros nas grandes cidades, facilitando o contato

entre centros urbanos e o campo. O aumento da população urbana em detrimento à

população rural é uma mudança que ocorre há bastante tempo e tem tendência para

aumentar nos próximos anos. Com essa grande aglomeração em locais que não

produzem seus próprios alimentos, é necessário centralizar o comércio para evitar

estrangulamento das vias na distribuição desses produtos em atacado. As centrais de

abastecimento são os diversos mercados atacadistas concentrados em um único

espaço, onde se encontram vendedores e compradores, agentes públicos e informais.

A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) é a maior

central da América Latina.

A CEAGESP surgiu em maio de 1969, da fusão de duas empresas mantidas pelo

Governo de São Paulo: o Centro Estadual de Abastecimento (CEASA) e a Companhia

de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CAGESP). A empresa que centralizava o

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5

abastecimento de boa parte do País rapidamente consolidou sua atuação nas áreas de

comercialização de hortícolas e armazenagem de grãos.

A CEAGESP faz parte da ABRACEN, Associação Brasileira das Centrais de

Abastecimento, que é um sistema que une os CEASA do Brasil e trabalha para

divulgar, promover e incentivar o consumo de frutas, legumes e verduras.

2.2 Planta do local e vendas

Segundo apuração feita pela própria CEAGESP, são vendidas, em uma média

anual, 11 mil toneladas/dia de alimentos. Uma quantidade muito expressiva e que

acarreta, logicamente, em uma também expressiva quantidade de resíduos. É

importante ressaltar que há circulação de aproximadamente 3500 carregadores e

mais de 3000 permissionários por dia. Devido à preferência de consumo, as frutas

compõe a maior parte das vendas, sendo a laranja o produto mais comercializado.

Além de produtos hortifrutigranjeiros, existe também, no local de estudo, vários silos

de armazenagem de grãos e um grande frigorífico utilizado para a manutenção e

prolongamento de vida dos produtos de rápida maturação. Muitos armazéns também

possuem frigoríficos próprios para essa finalidade. É vendida, à noite, uma grande

quantidade de pescado e, para tanto, existe uma venda interna, também bastante

expressiva, de gelo.

O local é composto por 10 armazéns de movimentação (AM), 6 armazéns de

produtores (AP), o box do pescado (BEP), 5 boxes dos produtores (BP), uma casa

lotérica/loja (CLL), o edifício sede (EDESED), a praça de batata, cebola e flores

(PBCF), um frigorífico armazenador polivalente (FAP), um frigorífico de pescado

(FRP), 14 Hortifrutículas (HF), algumas lojas, escritórios e a administração (LEA), 3

locais para mercado de frutas estacionais (MFE), um mercado livre do produtor

(MLP), locais de mercado sobre caminhões (MSC), 29 quiosques (Q), um reservatório

elevado (REL), além de estacionamentos, jardins e das portarias. O mapa está

apresentado na Figura 2.

A limpeza do local é dividida, sendo que os boxes são de responsabilidade dos

permissionários que nelas atuam sem nenhuma interferência do CEAGESP. Apenas

quem pode verificar e autuar um box que não esteja em conformidade é a COVISA

(Coordenação de Vigilância em Saúde), órgão responsável por adotar e recomendar

Page 19: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

6

medidas para prevenir doenças e promover a saúde da população. A varrição e a

coleta de lixo são de responsabilidade do CEAGESP, ainda que esses serviços sejam

terceirizados.

Figura 2: Mapa descritivo do CEAGESP

Page 20: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

7

FONTE: CEAGESP (2014)

2.3 Resíduos Gerados

Atualmente a média anual de geração de resíduos é de aproximadamente de 150

toneladas por dia. Essa quantidade é bastante expressiva, mas reflete a grandeza de

vendas diárias do local. Os frutos compõe a maior parte do resíduo gerado por duas

razões principais: sua rápida maturação e consequente deterioração e o fato de ser o

tipo de produto de maior comercialização no local. Mais especificamente, o produto

de maior venda e, também, de maior presença nos resíduos é a laranja, seguida pelo

tomate. O sistema de coleta é feito através de varrição e limpeza do chão e também

através de caçambas. Há, eventualmente, a introdução ilegal de resíduos que não são

gerados internamente, pois algumas empresas se beneficiam do fato de poderem

entrar com caminhões sem nenhuma inspeção para dispô-los, o que exige fiscalização

constante do local.

Como a maior parte dos resíduos é composta por frutos, o seu teor de umidade é

alto, em torno de 70 a 80%. Além disso, a sua densidade é de aproximadamente 770

kg/m³, variando de acordo com o dia e época do ano, uma vez que em temperaturas

mais elevadas a quantidade de resíduos costuma aumentar.

Os alimentos comercializados ainda percorrerão um grande trajeto antes de

chegar até o consumidor final e, portanto, não podem estar em estado avançado de

maturação quando for feita a venda. Decorrente disso, é comum que sejam

descartados alimentos considerados bons para o consumo, mas que não resistiriam

ao tempo de viagem, como mostrado na

Figura 3. Para evitar tal desperdício, o CEAGESP possui um banco de alimentos

(BCA). Os alimentos lá coletados são doados para serem servidos no mesmo dia.

Outros produtos, que já estão impróprios para venda ou consumo, são

acumulados em uma área de transbordo (vista na Figura 2 do mapa do local) de

aproximadamente 2000 m² que armazena os resíduos até o momento de sua

disposição. No Local já é feito um processo de reciclagem razoavelmente eficaz. Há

um espaço dedicado à separação dos diferentes tipos de materiais, sendo que coco,

madeira, palha e papelão têm destinações mais nobres. A palha, por exemplo, é

utilizada como substrato para a produção de cogumelos, e a madeira é levado para

Page 21: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

8

outra empresa que faz seu reaproveitamento. Essa última transação, entretanto, é

feita sem nenhum custo para ambas as partes. A palha proveniente do transporte de

Melancia e que é utilizada na produção de cogumelos é vista na Figura 4.

Figura 3: Resíduos gerados no CEAGESP

FONTE: Autores

Figura 4: Palha vinda do transporte da melancia

FONTE: Autores

Na área de transbordo ficam armazenados os resíduos orgânicos (na maioria das

vezes, não são puramente orgânicos, numa estimativa aproximada pode-se dizer que

há 95% de frutas, legumes e verduras, sendo o restante composto por madeira, papel,

isopor e plástico). A empresa de compostagem, que se localiza em Campinas, coleta a

parte mais verde desse material e transporta para sua sede. Lá é feita uma triagem

Page 22: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

9

mais rigorosa, que seleciona e trabalha somente com a matéria orgânica, retornando

o que não pode ser utilizado no processo.

O restante, que varia entre 60 – 90% dos resíduos gerados, é enviado para um

aterro sanitário. Esse envio, como explicado anteriormente, é indesejado, pois além

de existirem destinações mais nobres, a matéria orgânica possui elevado teor de

umidade e baixa coesão, ou seja, pode comprometer a estabilidade do aterro.

O Anexo 1 apresenta o histórico de 2003-2013 dos resíduos gerados, sendo divido

em lixo (tudo aquilo que vai para aterro) e reciclados.

A própria CEAGESP reconhece a necessidade de se modificar o plano de

gerenciamento de seus resíduos. Na ocasião do estudo, estava vigente um acordo com

3 empresas tendo seus métodos de tratamento avaliados em unidades pilotos

situadas nos CEAGESP do interior, ratificando a importância e relevância deste

projeto. As unidades se encontram em Sorocaba, São José dos Campos e no ABC.

2.4 Processos considerados

Observando-se as principais características do resíduo gerado, mais

especificamente, um resíduo primordialmente composto de matéria orgânica e,

portanto, com alto teor de umidade e não perigoso, além de se encontrar em

quantidades expressivas. Apesar de ser um resíduo com características bastante

desejáveis para reaproveitamento energético, esse resíduo é depositado, em sua

maior parte, em aterros sanitários. A PNRS, porém, define claramente que resíduos

sólidos orgânicos devem ser encaminhados preferencialmente para a compostagem,

como citado no item 1 deste projeto.

Dessa forma, considerando a legislação, as características do resíduo e as

dimensões de área destinada para resíduos existente no próprio CEAGESP, chegou-se

a 5 alternativas possíveis. As cinco propostas são constituídas de 6 etapas, sendo 3

delas (triagem, trituração e desaguamento) essenciais e comuns a todas as propostas

e as 3 restantes (biodigestão anaeróbia, compostagem e vermicompostagem)

variantes. O processo de compostagem foi considerado como opcional, pois se

considerou a possibilidade de que ele seja terceirizado, ou seja, é opcional que este

processo seja executado pelo CEAGESP, mas ele está presente em todas as opções,

Page 23: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

10

como definido pela PNRS. As propostas são melhores visualizadas na Figura 5, que

apresenta um fluxograma das possibilidades contempladas neste trabalho, que

basicamente se definem pelas seguintes etapas: (1) Somente Compostagem, (2)

Compostagem e Vermicompostagem, (3) Tratamento Anaeróbio e Compostagem, (4)

Tratamento Anaeróbio, Compostagem e Vermicompostagem e (5) Terceirização da

Compostagem.

Figura 5: Esquema das alternativas a serem contempladas

FONTE: Autores

Para a opção de terceirização da compostagem se decidiu considerar o valor pago

atualmente pelo CEAGESP para a companhia que a executa em Campinas. Dessa

forma, feita a projeção de aumento da quantidade de resíduo para o futuro, será

Page 24: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

11

utilizado o valor resultante para calcular o custo da terceirização e será possível, com

isso, utilizar essa quinta alternativa como base de comparação econômica para as

alternativas em que o processo é inteiramente feito pela CEAGESP.

Uma alternativa que poderia ter sido considerada, além dessas 5, foi a

incineração. A incineração é um processo bastante utilizado em países desenvolvidos.

Caracteriza-se por ser um processo de oxidação em alta temperatura, com a

transformação de materiais, redução de volumes e destruição de organismos. Embora

seja considerado eficiente possui algumas desvantagens como o elevado custo de

implantação e operação (Silva e Andreoli, 2010). Usualmente a incineração é aplicada

em resíduos sólidos urbanos coletados em grandes cidades. Devido à composição dos

resíduos gerados pelo CEAGESP, ou seja, um resíduo com presença abundante de

matéria orgânica, elevada umidade e baixa interferência de outros materiais (como

plásticos ou madeiras), se definiu, como mais adequado, que este projeto se focasse

no reaproveitamento energético feito por outros processos, como a biodigestão, e que

se gerasse um subproduto, como o composto para condicionamento do solo. Dessa

forma, também se respeita a hierarquia imposta pela PNRS, pois estará priorizando a

reciclagem, sendo que a incineração se enquadra como tratamento seguido de

disposição final. Ademais, a porcentagem de umidade contida nos resíduos gerados

pelos produtos hortifrutigranjeiros é muito alta, havendo necessidade de grande uso

energético para reduzir drasticamente a umidade e, só então, dar inicio à incineração.

Sendo assim a incineração não será considerada neste estudo.

3 Levantamento de dados

Nesta seção serão analisados todos os processos que foram considerados, bem

como suas principais características e suas funções. Primeiramente, porém, será

definida uma projeção futura de quantidade de resíduos a ser gerada, para a qual se

dimensionará o projeto.

3.1 Projeção do aumento da geração de resíduos

Para se definir a capacidade de fim de plano é necessário estabelecer qual será a

quantidade média de resíduos gerados a cada dia no ano de projeto, adotado como

2035. A geração de resíduos do CEAGESP depende de diversos fatores, como a

Page 25: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

12

população que reside na cidade, a propensão desta população ao consumo de

hortaliças, frutas, legumes, etc., a porcentagem de aproveitamento dos produtos

comercializados, a safra de cada ano dos produtos, as sazonalidades desse valor, entre

outros. Assim sendo, nota-se que a projeção futura de geração de resíduos pode ser

bastante variável e inconstante. O próprio CEAGESP, devido a essas dificuldades, não

possui projeções próprias do aumento (ou redução) de resíduos. Além dos

mecanismos de reciclagem, já em operação, não existe nenhum projeto de incentivo à

redução dos resíduos ou mesmo um projeto de controle e monitoramento dos

resíduos, segundo o CEAGESP. A forma mais adequada encontrada, portanto, para

prever a futura geração de resíduos foi a análise dos resíduos gerados nos anos

anteriores e uma possível extrapolação de sua tendência. Primeiramente se

considerou as médias anuais da quantidade de resíduos gerada por mês, do qual se

chegou ao gráfico apresentado na Figura 6.

Figura 6: Gráfico da média anual de resíduos gerados por mês no Ceagesp

Fonte: Autores

Do gráfico, nota-se que a variação é inconstante de tal forma que para projetar a

geração de resíduos foram desconsiderados os pontos que mostravam uma tendência

de redução na geração dos resíduos seguidos por um aumento. Considerou-se,

portanto, apenas os anos de 2003, 2004, 2005, 2008, 2011, 2012 e 2013 criando uma

linha de tendência apresentada na Figura 7 a partir desses dados.

Page 26: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

13

Figura 7: Linha de tendência com pontos considerados

FONTE: Autores

Através da equação da linha de tendência foi feita a projeção para os próximos 20

anos (até o ano de 2035). Além disso, também se fez uma média do K1 (maior geração

mensal dividido pela média de geração no ano) de 2003 a 2013 para considerar as

variações que ocorrem durante o ano na geração de resíduos. Dessa forma, chegou-se

a um K1 médio de 1,43, geração projetada média de 6351 t/mês e máxima de 9097

t/mês (considerando K1) que corresponde a um valor diário de aproximadamente 413

t/dia (cálculos feitos considerando um mês comercial, ou seja, 22 dias).

Esse valor será adotado como horizonte máximo de planejamento e, a partir dele,

serão feitos os cálculos relativos às quantidades de geração de subprodutos além dos

dimensionamentos necessários.

Apenas para efeitos de cálculos de dimensionamento do biodigestor e da

compostagem/vermicompostagem serão adotados valores diferentes uma vez que

possuem funcionamento contínuo durante toda a sua duração enquanto o Ceagesp

funciona 6 dias/semana. Sendo assim, foi considerada uma quantidade de resíduos

de 86% (6/7) do valor anteriormente citado, ou seja, 354 t/dia (não há necessidade de

obter), para que seja possível receber e tratar todo o resíduo gerado mantando o

funcionamento contínuo dos equipamentos e correto aproveitamento da área

disponível.

Page 27: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

14

3.2 Estação de Triagem

A separação prévia é um processo essencial para que qualquer tipo de tratamento

de resíduos seja eficaz. Cada material tem um tratamento específico para sua

reutilização e, portanto, não é recomendável que haja qualquer outra contaminação

de outros materiais. Quanto menor a interferência de outros tipos de resíduos, mais

eficiente é o tratamento e mais valor é agregado ao produto. Para o trabalho em

questão, se mostra essencial o uso da triagem, pois, para uma eficiente biodigestão e

uma compostagem de produto final satisfatório é indispensável que a matéria

orgânica esteja livre de impurezas. A triagem pode ser feita de três formas: manual,

com auxílio de esteiras ou mecânica.

3.2.1 Triagem manual com auxílio de esteiras

Apesar de possuir um alto volume de resíduos gerados, a quantidade de resíduos

gerada no CEAGESP não justifica o investimento em uma central de triagem

mecanizada, principalmente por já conter uma baixa porcentagem de outros resíduos

não orgânicos, além de a triagem manual garantir uma eficiência de separação

adequada para os tratamentos que serão propostos posteriormente. Dessa forma, o

auxílio das esteiras garante a velocidade de triagem necessária, e a triagem manual

permite a qualidade adequada do resíduo. De acordo com estimativa feita pelo

responsável pelo setor de meio ambiente do CEAGESP, os resíduos costumam conter

mais de 90% de resíduos orgânicos. Isso torna muito mais fácil a separação manual e,

com isso, acelera o processo que precisa ser bastante rápido devido à quantidade

gerada. Na Figura 8 é exibido um exemplo de disposição dos triadores.

Segundo análise do estudo de caso pela universidade de Taubaté (MORAIS,

2010) a cooperativa de resíduos sólidos urbanos descrita ocupa 1600m² e armazena

80t. Considerando que se deve retirar 17,7 toneladas, chega-se a conclusão de que

será necessária uma área em torno de 750 m². Considerando-se um fator de

segurança para a destinação da área, teremos um uso de 800 m².

Page 28: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

15

Figura 8: Esquema de triagem manual

Fonte: Somat Company (2014)

3.3 Trituração

3.3.1 Introdução

Trituração ou moagem de materiais é uma etapa benéfica para os processos de

compostagem e geração do biogás, especialmente quando se trata de compostar

materiais fibrosos, como folhas, plantas com muita madeira ou bagaços de milho. A

trituração aumenta a área de superfície, que deixa o composto muito mais suscetível à

digestão bacteriana e, consequentemente, torna o reator muito mais eficiente.

A trituração torna o material mais uniforme, aumenta sua área de superfície de

contato com o ar e facilita sua umidificação, no caso da compostagem. Partículas

menores favorecem um aquecimento homogêneo e permitem que se controle e

reduza desidratação excessiva na superfície. O controle de moscas também é melhor

em compostos triturados, além de facilitar sua aplicação no solo.

O tamanho mais indicado para partículas, no caso da compostagem, é que sejam

menores que cinco centímetros em sua maior dimensão. A dimensão final do

Page 29: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

16

composto é definida pelas exigências comerciais do produto e pela economia. Se o

material for usado em gramados e jardins, o tamanho da partícula deve ter em torno

de 2,5 centímetros em sua maior dimensão por motivos de estética e pela facilidade

em aplicar e trabalhar no solo. Usar alguns pedaços maiores e irregulares facilita a

aeração e o aprisionamento do oxigênio. Materiais de grande dimensão podem

precisar, entretanto, de moagem para acelerar a decomposição. Ou seja, a utilização

de trituração depende do tipo de material a ser composto. A moagem ou trituração

varia com a matéria prima e com as características desejadas do produto final, como

aparência, tamanho e qualidade. Também dependerá dos requisitos para os próximos

passos da operação. A trituração reduzirá o tempo necessário para a decomposição,

como apresentado na Figura 9 (quanto menor o diâmetro, menor o tempo de

compostagem). Para o caso dos resíduos do CEAGESP, tanto devido ao tipo de

matéria prima quanto aos requerimentos para o produto final, é necessário o uso da

trituração.

Figura 9: Influência do diâmetro da partícula na compostagem

FONTE: Cordeiro (2010) apud Batista e Batista (2007)

Page 30: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

17

3.3.2 Equipamentos

Para atender ao tamanho de partícula ótimo para os usos futuros, baseado na

Figura 9, foi possível associar a necessidade ao modelo de triturador Tritutec 70/35,

especificado.

Sabe-se, também, haverá a necessidade de lidar com uma grande quantidade de

resíduos (354 t/dia). Considerando o resíduo como RSU e, ainda, considerando 2

turnos de 8h para os operadores, serão necessários 3 trituradores (cálculo feito

considerando o desempenho máximo de 7000 kg/h) e, como reserva para eventuais

paradas de manutenção, deve ser adquirido mais 1, totalizando 4 unidades. Sabendo

que as dimensões de largura e profundidade do equipamento são, respectivamente, 3

m e 1,4 m, será necessária, portanto, uma área de 16,8 m² para instalação.

3.4 Tratamento anaeróbio

Após passar pelos pré-tratamentos explicados anteriormente (triagem e

trituraçã0 dos resíduos), inicia-se o processo do tratamento anaeróbio. A digestão

anaeróbia é um processo em que os microorganismos degradam a matéria orgânica

em compostos mais simples na ausência de oxigênio e resulta na formação de sulfeto

de hidrogênio, amônia, nova biomassa bacteriana e predominantemente dióxido de

carbono e metano além do composto já digerido.

3.4.1 Processo

Na digestão anaeróbia, diferentes tipos de bactérias atuam na degradação da

matéria orgânica em um processo de várias etapas e reações paralelas. Tal processo é

usualmente dividido nas seguintes etapas: hidrólise, acidogênese (ou fermentação),

acetogênese (ou β-oxidação) e metanogênese como ilustrado na Figura 10:

Page 31: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

18

Figura 10: Esquema do processo de digestão anaeróbia e grupo de bactérias envolvidas

FONTE: Nayono (2009), Cherchinaro (1997) apud Inoue (2008)

Hidrólise: Primeiramente, polímeros orgânicos complexos como

polissacarídeos, proteínas e lipídios são hidrolisados por enzimas extracelulares em

produtos solúveis. O tamanho desse produto solúvel deve ser pequeno para permitir

o seu transporte através da membrana celular da bactéria. A hidrólise além de ser um

processo muito lento, consome energia e é normalmente considerada a etapa que

limita a digestão anaeróbia completa dos polímeros complexos. (MCCARTY ;

MOSEY, 1991; PACLOSTHATIS ; GIRALDO GOMEZ, 1991; GALLERT ; WINTER,

1999 apud NAYONO, 2009, tradução nossa)

Acidogênese (Fermentação): Nessa etapa, os produtos solúveis produzidos na

hidrólise são metabolizados no interior das bactérias acidogênicas dando origem ao

crescimento microbiano e a compostos mais simples como ácidos orgânicos , dióxido

de carbono, álcoois, sulfeto de hidrogênio e gás hidrogênio. O mais importante dos

Page 32: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

19

ácidos orgânicos é o acetato que pode ser diretamente utilizado pelas bactérias

metanogênicas como substrato. (MCCARTY, 1964 apud FLOR, 2006)

Acetogênese: Essa é a fase intermediária em que é possível obter, a partir dos

compostos gerados na fase acidogênca, os substratos que serão posteriormente

consumidos pelas bactérias metanogênicas. Nessa etapa, os produtos gerados são:

hidrogênio, dióxido de carbono e acetato. Durante a formação de ácido acético e

propiônico, grande quantidade de hidrogênio é formada fazendo com que o valor do

pH decresça. (CHERNICHARO, 1997; PIEROTTI, 2007 apud INOUE, 2008)

Metanogênese: Essa é a etapa final em que ocorre a produção do dióxido de

carbono e metano. As bactérias metanogênicas utilizam somente uma quantidade

limitada de substratos, dentre eles ácido acético, hidrogênio e dióxido de carbono. As

bactérias metanogênicas podem ser divididas em dois grupos de acordo com sua

afinidade para determinado substrato: (FLOR, 2006)

o Acetoclástica: bactérias utilizadoras de acetado;

o Hidrogenotrófica: bactérias utilizadoras de hidrogênio;

Cerca de 66% do metano é formado do acetato através das bactérias

acetoclásticas e os outros 34% pelas bactérias hidrogenotróficas.(VEENSTRA, 2000;

METCALF & EDDY INC., 2003 apud NAYONO, 2009)

Sulfetogênese: em casos em que o composto a ser digerido contém sulfato, as

bactérias sulforedutoras passam a agir, liberando H2S no meio, o que ocasiona uma

alteração das rotas metabólicas no reator. Assim, essas bactérias passam a competir

com as bactérias fermentativas, acetogênicas e metanogênicas pelos substratos

disponíveis. (GUIMARÃES & NOUR, 2001 apud INOUE, 2008).

3.4.2 Parâmetros do processo

Teor de sólidos: com base no conteúdo total de sólidos dos resíduos em estudo,

existem 2 tipos de tecnologia: úmida (recebem resíduos com menos de 15-20% de TS

) ou seca (recebem resíduos com mais que de 15-20% de TS). São relatadas

dificuldades na operação da digestão seca em escalas laboratorial e industrial por

conta dessa alta concentração de sólidos totais. (ABBASSI-GUENDOUZ et al., 2012

apud MAYER, 2013)

Page 33: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

20

Taxa de carregamento orgânico/Sólidos Voláteis: A taxa de carregamento

orgânico é uma medida da capacidade de conversão biológica em um sistema de

digestão anaeróbia. Se o sistema for alimentado acima da taxa limite poderá ocorrer

uma redução na produção de biogás devido ao acúmulo de substâncias inibitórias

como ácidos graxos. Esse parâmetro é especialmente importante em sistemas

contínuos. (VANDEVIVERE, 1999 apud ELIYAN, 2007) Os sólidos voláteis

representam a matéria orgânica e compreende os sólidos voláteis biodegradáveis

(SVB) e refratários (SVR). O conhecimento dos SVB ajuda a estimar melhor a

biodegradabilidade do resíduo, da geração de biogás, a taxa de carregamento

orgânico e a relação carbono/nitrogênio. (KAYHANIAN, 1995 apud VERMA, 2002)

pH: o ponto ótimo na produção de biogás ocorre quando o pH da mistura

entrante está entre 6 e 7 (RISE-AT, 1998). Durante a digestão, os processos de

acidogênese e metanogênese requerem níveis diferentes de pH. A acetogênese pode

levar a um acúmulo de ácidos orgânicos podendo levar o pH abaixo de 5. Essa

condição ácida pode levar à inibição da metanogênese devido à sensibilidade das

bactérias responsáveis por esse processo. Dessa forma, pode ser adicionado cal, por

exemplo, para o controle do pH. Uma vez que a produção de metano está estabilizada

o nível de pH permanece entre 7,2 e 8,2. (ELIYAN, 2007)

Tamanho da partículados substratos particulados. Sendo assim, a área

superficial e o tamanho das partículas são características importantes na

determinação da taxa de degradação, devendo ter tamanho reduzido, caso contrário,

o digestor pode entrar em colapso e inibir o acesso dos microorganismos ao

substrato. (MAYER, 2013)

Temperatura: A digestão anaeróbia pode ocorrer em 2 faixas principais de

temperatura: mesofílica (entre 20 a 45⁰ C, normalmente 35⁰ C) ou termofílica (50 a

65 ⁰ C, normalmente 55⁰ C). A questão do maior rendimento e produção de biogás em

temperatura termofílica causa bastante controvérsia entre os autores. Enquanto uns

dizem que a maior temperatura pode levar ao menor rendimento devido à produção

de gases voláteis (AGV e amônia), que inibem as atividades metanogênicas (FEZZANI

E CHEIKH, 2010 apud MAYER, 2013) outros preconizam que a quantidade de calor

necessária para a operação termofílica pode ser compensada pelo maior rendimento

nas taxas de produção de biogás sendo muito maior que em condições mesofílicas.

(LI et al., 2011 apud MAYER, 2013) Além disso, deve-se levar em consideração não só

Page 34: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

21

a maior necessidade de energia em digestores termofílicos, mas também a sua maior

sensibilidade quando há mudanças no ambiente. (DELA RUBIA et al., 2006 apud

MAYER, 2013). Por outro lado, a operação em temperaturas termofílicas é mais

eficiente em relação à destruição de organismos patogênicos e tempo de retenção

dentro do digestor.

Relação Carbono/Nitrogênio: o valor ótimo dessa relação é entre 20 e 30. Um

valor alto dessa relação indica o consumo rápido de nitrogênio pelas bactérias e

consequente redução na produção de biogás.Por outro lado, uma relação baixa pode

causar o acúmulo de amônia e um pH excedendo 8,5, que é tóxico para as bactérias

metanogênicas. Para manter um ponto ótimo da relação C/N pode-se misturar a

massa com composto que tenham C/N alto ou baixo. (VERMA, 2002)

Tempo de retenção: o valor varia com o tipo de tecnologia, temperatura e

composição dos resíduos. Em processos mesofílicos esse tempo varia de 10 a 40 dias

e na faixa termofílica o tempo de retenção requerido é menor. Um reator operando

com teor de sólidos alto e temperatura termofílica tem um tempo de retenção de 14

dias. (VERMA, 2002)

Mistura: o propósito da mistura é fazer o material fresco entrar em contato

com o composto digerido contendo microorganismos. Além disso, misturar a massa

fresca com a digerida evita a formação de espuma e gradientes de temperatura dentro

do biodigestor. O tipo de equipamento e a quantidade de mistura varia com o tipo de

reator e teor de sólidos presentes nele. (VERMA, 2002)

3.4.3 Biodigestor

O processamento da matéria orgânica ocorre no biodigestor que é uma câmara

fechada onde o resíduo é colocado para se decompor em um ambiente anaeróbio uma

vez que o tanque é totalmente vedado com exceção dos tubos de entrada e saída.

Os digestores podem ser classificados de acordo com o tipo de alimentação,

número de estágios em que ocorre o processo e o teor de sólidos do composto a ser

tratado. Essa classificação está ilustrada na Figura 11:

Page 35: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

22

Figura 11: Categorias dos biodigestores anaeróbios

FONTE: Autores

Segue a definição de cada uma dessas classificações:

Digestores em batelada: esses reatores recebem o carregamento da matéria

orgânica que é substituído após ela ser totalmente digerida após certo período de

tempo.

Digestores contínuos: podem ser abastecidos diariamente, permitindo a cada

entrada de substrato orgânico a saída de material já tratado.

Estágio único: quando todas as etapas do tratamento anaeróbio ocorrem

simultaneamente em um único reator.

Múltiplo estágio: as reações do tratamento anaeróbio ocorrem em reatores

separados. Usualmente, são utilizados 2 reatores: o primeiro para

hidrólise/liquefação e acetogênese e o outro para metanogênese.

Digestor seco e úmido: quando a matéria a ser decomposta apresenta menos

do que 15-20% de teor de sólidos é considerada úmida enquanto se estiver acima de

15-20% é considerada seca.

Existem vários tipos de sistemas de biodigestores com capacidades de tratamento

e características diversas. Na Tabela 2 estão alguns dos sistemas existentes:

Page 36: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

23

Tabela 2: Resumo de alguns dos sistemas de digestão anaeróbia existentes

FONTE: Rapport et al. (2008)

Após a biodigestão, além de gerar o biogás que poderá ser utilizado para

produção de energia, o composto degradado diminui de volume, fica mais

estabilizado e tem uma relação C/N menor que a do composto inicial.

Como a área disponível dentro do Ceagesp é limitada em apenas 2000 m², optou-

se por escolher um reator vertical de único estágio de modo a ocupar a menor área

possível. Além disso, como já descrito anteriormente, o resíduo orgânico do Ceagesp

tem um teor de umidade de até 80%, ou seja, o teor de sólidos igual ou maior que

20%. Assim, dentre todas as tecnologias apresentadas na tabela anterior, optou-se

pelo reator tipo Dranco por apresentar tais características, já ser uma tecnologia

bastante utilizada em outros países (Anexo 2 ) e ter a possibilidade de operar em

temperaturas termofílicas, o que implica em um tempo de retenção hidráulica menor.

Na Figura 12 está representado o esquema de funcionamento do reator com essa

tecnologia:

Page 37: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

24

Figura 12: Esquema do funcionamento do Reator tipo Dranco

FONTE: Vandevivere apud Rapport et al. (2008)

O sistema de alimentação é feito continuamente pelo topo do reator enquanto o

composto digerido é retirado pelo fundo. Usualmente, uma parte desse composto é

misturada com 6 a 8 partes de substrato fresco para fazer com que os

microorganismos entrem em contato com a massa nova. Essa mistura recebe uma

quantidade de vapor para manutenção da temperatura. O seu bombeamento ocorre

de maneira similar ao bombeamento de concreto. Os sistemas de extração dos

resíduos e recirculação são realizados através de aberturas de válvulas em diferentes

regiões da parte inferior do reator. Não há necessidade de um dispositivo de mistura

já que ele ocorre pela própria gravidade e pela recirculação da massa sólida. Além

disso, esses reatores são construídos em concreto armado ou aço inox, podem operar

tanto na temperatura termofílica quanto mesofílica, com um teor de ST entre 20 a

50%, tempo de retenção hidráulica entre 15 a 30 dias, produz entre 100 a 200 m³ de

biogás por tonelada de resíduo entrante e consome cerca de 50% da energia

produzida. Após a digestão anaeróbia, o composto de saída ainda deve passar por um

processo aeróbio de estabilização e sanitização por um período de aproximadamente

2 semanas. (VANDEVIVERE et. al., 2002 apud NAYONO, 2009; EDELMANN E

ENGELI, 2005 apud NAYONO; DE BAERI, 2008 apud NAYONO, 2009; NICHOLS,

Page 38: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

25

2004 apud NAYONO, 2009; INTERNATIONAL, 2005 apud COLTURATO, L.F.D.B. ,

COLTURATO T.D.B. E SANTANA, 2009; REICHERT, 2005).

3.4.4 Vantagens da digestão anaeróbia

Redução do volume final;

Geração do biogás que pode ser usado para geração de energia por exemplo;

Redução da emissão de gases que aumentam o efeito estufa com o

reaproveitamento do biogás para geração de energia;

Produção de composto que pode passar pela compostagem e ser usado como

condicionador de solo;

Necessidade de uma área menor que a compostagem ou vermicompostagem,

e;

O volume final do composto após a digestão anaeróbia pode reduzir em até

60%;

3.4.5 Desvantagens da digestão anaeróbia

Tecnologia mais complexa, exige maior cuidado na manutenção e operação

uma vez que os microorganismos envolvidos no processo são bastante sensíveis,

sendo imprescindível manter o sistema equilibrado;

Um custo maior se comparado à compostagem e vermicompostagem,

principalmente na utilização da tecnologia Dranco em que é necessário utilizar um

mecanismo de bombas de elevada potência com altos custos de implantação,

operação e manutenção;

Necessidade de mão-de-obra especializada acarretando em maiores custos, e;

Impactos visuais por conta dos reatores de grandes dimensões instalados no

local;

3.4.6 Área necessária

Para efeitos de cálculo, foi considerada uma densidade do resíduo igual a 770

kg/m³ e composição de 95% de matéria orgânica (CEAGESP, 2014). Além disso, um

cenário pessimista foi adotado para que o reator tenha capacidade de receber os

resíduos mesmo com o aumento de sua geração ao longo do tempo. Desta forma, foi

considerada uma geração de 354 t/dia através da projeção já apresentada

Page 39: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

26

anteriormente. Partindo da hipótese de que na triagem todo material não orgânico

será separado (95% dos resíduos totais são orgânicos) , foi utilizada uma geração de

336 t/dia de matéria orgânica para ser tratada no biodigestor. Foi adotada também

uma redução estimada de 20% do volume dos resíduos após o processo de trituração,

uma folga de 15% nos reatores, devido à geração de biogás, e considerado que o reator

será operado em uma temperatura termofílica (50 a 55⁰C).

Foi utilizado como base para o dimensionamento do reator em estudo o projeto

realizado pela Feam, Fundação Estadual do Meio Ambiente (Projeto Conceitual de

um Modelo de Reator Anaeróbio para a Biometanização da Fração Orgânica dos

Resíduos Sólidos Urbanos e de Resíduos Industriais no Estado de Minas Gerais), em

que são citados os reatores com tecnologia Valorga e Dranco como tendo usualmente

alturas iguais ou superiores a 20 metros. Outro exemplo que foi utilizado é o reator

instalado na cidade de Brecht na Bélgica com 21 metros de altura e 7 metros de

diâmetro. Desse modo, serão adotados no projeto reatores com 20 metros de altura e

9 metros de diâmetro.

Além disso, a Tabela 3 mostra algumas características e parâmetros da tecnologia

Dranco para a fração orgânica de resíduos municipais. Para esse estudo, é um resíduo

similar ao gerado pelo Ceagesp e, por isso, serão adotados tempo de retenção

hidráulica de 20 dias, remoção dos sólidos voláteis de 40% e rendimento do metano

de 0,21 N m³/kg SV removido.

Tabela 3: Performance da tecnologia Dranco

FONTE: KARTHIKEYAN;VISVANATHAN (2012)

Para levantamento dos sólidos voláteis presentes no resíduo foi feita uma média

de valores apresentados por 3 autores diferentes. As características levantadas por

eles estão apresentadas na Tabela 4 e, dessa forma, foi adotado o valor de 75,1% de

sólidos voláteis. Para saber o quanto em massa sairá do sistema através da produção

Page 40: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

27

do biogás, foi adotada uma densidade de 0,784 kg/Nm³ supondo que sua composição

seja de 60% metano e 40% dióxido de carbono (SOLOMON;LORA;MONROY, 2007).

Após o processo de tratamento anaeróbio com a liberação do biogás para geração

de energia ocorre não só a redução da massa, mas também de seu volume. Tendo

como base o estudo feito com a tecnologia Waasa que atingiu uma redução de até

60%. (WILLIAMS et al., 2003 apud NAYONO, 2009). Devido às diferenças de

funcionamento entre essa tecnologia e a utilizada no projeto, foi adotada uma

redução estimada de 50%.

Tabela 4: Composição orgânica do resíduo domiciliar por diversos autores (% peso seco)

FONTE:BARLAZ (2004)

Na Tabela 5 e na Tabela 6 estão os cálculos feitos para o dimensionamento e

estimativa da área necessária para implantação do sistema de tratamento anaeróbio

dos resíduos orgânicos.

Tabela 5: Dados e cálculos feitos para dimensionamento do digestor anaeróbio

FONTE: Autores

Page 41: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

28

Tabela 6: Dimensionamento dos reatores anaeróbios

FONTE: Autores

Dessa forma, serão utilizados 4 reatores com tecnologia Dranco de 1272 m³ cada

para realizar o tratamento anaeróbio dos resíduos orgânicos do Ceagesp.

Como a área disponível dentro do Ceagesp é de apenas 2000 m², então um

estudo da área necessária para a implantação de um sistema de tratamento anaeróbio

é essencial.

Após estabelecer o tipo e a quantidade de reatores, o cálculo da área estimada foi

baseado nos equipamentos e instalações que serão:

Reatores com 20 metros de altura e 9 metros de diâmetro cada: 63,6 m² de

área cada, total de 382 m²

Casa de máquina, compressores e passagem de equipamentos: 150 m²

Assim, será necessário uma área de aproximadamente 532 m².

3.4.7 Biogás gerado e composto digerido

O biogás é a mistura de gases produzidos pela conversão microbiológica

anaeróbia de resíduos, sendo sua composição variável de acordo com as condições

ambientais e as características do composto a ser degradado. Devido ao alto poder

calorífico que o biogás apresenta, ele é muitas vezes aproveitado para a geração de

energia elétrica.

Na Tabela 7 estão apresentados os dados adotados para geração de biogás assim

como as características do resíduo digerido:

Page 42: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

29

Tabela 7: Dados sobre o composto digerido de saída no tratamento anaeróbio e a geração do biogás

FONTE: Autores

Para calcular a quantidade de energia que será gerada a partir da geração de

biogás calculada anteriormente foram adotados os dados apresentados na Tabela 8 e

os resultados apresentados na Tabela 9:

Tabela 8: Dados adotados para calcular a geração de energia a partir do biogás

FONTE: (1) FIGUEIREDO, 2011; (2) REICHERT, 2005

Page 43: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

30

Tabela 9: Resultados obtidos para o biogás

FONTE: Autores

3.5 Desaguamento

O desaguamento dos resíduos sólidos é um processo bastante importante no

tratamento de resíduos. Primeiramente, para uma boa compostagem e para

valorização da biomassa no caso de venda, é necessário atingir um nível de umidade

próximo de 50%. Isso porque o ambiente deve estar controlado para que haja maior

proliferação de espécies de bactérias, fungos e actinomicetos que aceleram e tornam o

processo mais eficaz. Além disso, o modelo proposto pretende transportar a biomassa

para outro local antes de se fazer a compostagem ou mesmo a venda. Ao se reduzir a

umidade, há também a redução do volume e peso do resíduo em geral, o que diminui

o valor do transporte (pois serão necessários menos veículos).

Segundo SAMPAIO (2004), a secagem é um processo que envolve os fenômenos

de transferência de calor e massa entre o produto e o ar que o circunda, sendo a

energia solar uma das responsáveis pela remoção de umidade do produto ao ar livre.

Para a escolha tecnicamente apropriada de uma unidade de secagem, é indispensável

conhecer as características operacionais, a capacidade, a eficiência energética do

sistema e a sua influência sobre a qualidade final do produto.

No início da secagem, o resíduo apresenta teor de umidade inicial bastante

elevado, geralmente em torno de 70%. Com isso, a velocidade de deterioração em sua

primeira fase de secagem é maior do que o desejado para o processo. Deve-se,

portanto, promover a sua secagem imediatamente depois da digestão anaeróbia e

antes do transporte. O processo de secagem pode ser classificado em natural e

artificial.

O processo de secagem com ventilação forçada é classificado de acordo com o

aquecimento ou não do ar de secagem em:

Page 44: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

31

1. secagem com ar natural não-aquecido;

2. secagem em baixa temperatura, na qual o ar é aquecido até 10 ºC acima da

temperatura ambiente;

3. secagem em alta temperatura, na qual o ar é aquecido a mais de 10 ºC

acima da temperatura ambiente;

4. secagem com sistema combinado em que se utilizam dois métodos, ou

seja, alta e baixa temperatura; e

5. seca-aeração. (DALPASQUALE apud SAMPAIO, 2004)

Para os processos propostos neste estudo, na qual se deseja apenas uma remoção

parcial da umidade (é desejável manter umidade entre 40 e 50% para a

compostagem, por exemplo), ou seja, o processo de secagem selecionado deve se

adequar a esse valor. Também é necessário ressaltar que o processo proposto a

seguir, a compostagem, necessita da microbiota presente nos resíduos, o que implica

na impossibilidade de um secador que opere com altas temperaturas. Dessa forma, o

processo de secagem mais recomendável passa a ser a secagem em terreiro-secador.

Esta tecnologia, desenvolvida pela UFV e descrita por SILVA et al. (2001),

distribui ar quente pela massa de sólidos sobre os dutos de saída de ar do sistema.

A secagem inicia-se com teor de umidade entre 60 e 75%., e prolonga-se até que os

resíduos atinjam 45 a 50% . A temperatura do ar de secagem não ultrapassa 60ºC,

temperatura esta recomendada para que os resíduos, neste sistema de secagem, não

ultrapassem 40ºC. A temperatura deve ser monitorada durante toda a secagem. Para

isso, desliga-se o ventilador e mede-se a temperatura com um termômetro digital.

Para obter uma secagem homogênea, os resíduos devem ser revolvidos manualmente

em intervalos regulares de uma hora.

3.5.1 Área Utilizada

Para calcular as dimensões de área a serem utilizadas neste processo, foram

retiradas informações de SILVA (2005). O processo é originalmente pensado para a

pré-secagem e secagem de grãos de café, porém, com a granulometria deste projeto e

o tipo de resíduo tratado, é possível assumir que o processo ocorre de forma

semelhante, sendo suficiente para o tipo de secagem necessária.

Page 45: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

32

Segundo Silva (2005) deve-se fazer dutos de distribuição de ar com tubos de PVC

de 150 mm perfurados ou em chapa metálica, para que a distribuição de calor seja

feita de forma homogênea. A cada 150 m² de resíduo são necessários 1,5m³/s de ar

aquecido a serem distribuídos por um ventilador de capacidade equivalente a 5 CV.

Figura 13: Redução do Teor de umidade em terreiro secador para grãos de café

Fonte: Silva (2005)

Dessa forma, tem-se para os grãos a curva descrita na Figura 13. A curva H2T60

representa os grãos que foram secados unicamente pelo secador (sem utilização da

secagem natural) a 60ºC, que é exatamente o tipo de secagem a ser utilizado para os

resíduos. Dessa forma, estima-se por extrapolação que para a retirada de

aproximadamente 20% da umidade (de 75% para 55%) serão necessárias 12 horas,

durante as quais as camadas de resíduo devem ser revolvidas manualmente, de forma

a auxiliar a secagem homogênea.

Como as camadas devem possuir 25 cm de altura, e se possui 349,4m³ de resíduo

(sem utilização do biodigestor. Se este for utilizado serão 174,7 m³), a área requerida

é de 698,8 m² (349,4 caso haja tratamento anaeróbio). Portanto, calculou-se uma

Page 46: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

33

área total de 750 m² e 400m², respectivamente, para se considerar o espaçamento e

os ventiladores-secadores.

3.6 Compostagem

Ao passar pelo processo de secagem, tendo passado ou não pelo tratamento

anaeróbio, o resíduo ou composto digerido pode ser levado ao processo de

tratamento por compostagem.

3.6.1 Descrição Básica do Processo

A compostagem é um processo de decomposição oxidativo biológico aeróbio e

controlado de transformação de resíduos orgânicos em produto estabilizado, com

propriedades e características completamente diferentes do material que lhe deu

origem. É normalmente realizada em pátios nos quais o material é disposto em

montes de forma cônica, conhecidos como pilhas de compostagem, ou montes de

forma prismática com seção aproximadamente triangular, denominados leiras de

compostagem. (BIDONE E POVINELLI, 1999; TEIXEIRA et al., 1999 apud REIS,

2005)

A reação que ocorre no processo de compostagem pode ser resumida como

apresentado na Figura 14:

Figura 14: Esquema simplicado do processo de compostagem

FONTE: FERNANDES E SILVA (1999)

3.6.2 Fases da compostagem

Durante o processo de compostagem é possível observar 3 fases. A primeira fase,

de curta duração, é denominada fitotóxica devido à formação de ácidos orgânicos e

toxinas, é reconhecida pelo desprendimento de calor, vapor d’água e CO2, iniciando-

se 48 horas após a montagem da leira e com duração aproximada de 15 dias. A

segunda fase, de semicura, inicia-se logo após a primeira fase, chamada também de

Page 47: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

34

bioestabilização, com tempo de duração entre 60 e 90 dias. Nessa fase, o composto

deixa de ser prejudicial às raízes e sementes das plantas. A última fase é a maturação,

conhecida também como humificação, que é o estado final da degradação da matéria

orgânica, na qual o composto atinge o auge de suas propriedades benéficas ao solo e

às plantas. O tempo dessa fase pode variar de 1 a 3 meses. (KIEHL, 1998 apud

BRUNI, 2005) Na Figura 15 estão representadas essas fases, com a sua temperatura e

tempo de compostagem relacionadas.

Figura 15: Esquema das fases de compostagem ao longo do tempo

FONTE: D’ALMEIDA & VILHENA (2000) apud OLIVEIRA;SARTORI;GARCEZ (2008)

3.6.3 Parâmetros de processo

Sendo a compostagem um processo biológico, existem vários fatores que

influenciam na sua eficiência sendo a diversidade de microorganismos um deles. Os

principais envolvidos no processo são as bactérias, os fungos e os actinomicetos. Na

Tabela 10 estão descritas as principais características de cada um desses

microorganismos envolvidos:

Page 48: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

35

Tabela 10: Cacterística dos principais grupos microbianos envolvidos no processo de compostagem

FONTE: Nassu (2003) apud HEIDEMANN et al. (2007)

Além disso, outros fatores devem ser levados em consideração para que o

processo de compostagem ocorra de maneira eficiente. Assim, os seguintes

parâmetros devem ser controlados:

Umidade: a umidade ideal para o processo de compostagem situa-se entre 50 e

60%. Quando abaixo de 40%, a umidade inibe a atividade microbiana, bem como

reduz a velocidade de degradação. Por outro lado, se estiver acima de 65% ela pode

promover a anaerobiose quando a água passa a ocupar os espaços vazios, impedindo

a circulação do oxigênio, o que pode provocar também o aumento da temperatura nas

zonas de anaerobiose. (FERNANDES E SILVA, 1999)

Oxigenação: o processo de compostagem deve ocorrer em ambiente aeróbio e

por isso necessita de oxigênio proveniente do ar. Esse fator é essencial em um

processo de compostagem, pois se for mal conduzido pode levar a oxidação

anaeróbia, acompanhada de putrefação e mau cheiro, eliminando na atmosfera

amônia, sulfídrico, mercaptanas e outros produtos contendo enxofre. (KIEHL, 1998

apud OLIVEIRA;SARTORI;GARCEZ, 2008)

Temperatura: a compostagem pode ocorrer tanto na faixa mesofílica quanto

na termofílica. Embora seja interessante manter uma temperatura elevada para a

inativação dos patógenos, ao se exceder 65 ºC o calor limita as populações aptas,

Page 49: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

36

havendo um decréscimo da atividade biológica. Assim, após iniciada a fase

termofílica (em torno de 45 ºC), o ideal é controlar a temperatura entre 55 e 65 ºC,

faixa em que ocorre a máxima intensidade de atividade microbiológica.

(FERNANDES E SILVA, 1999)

Relação Carbono/Nitrogênio: os microorganismos necessitam de carbono

como fonte de energia e o nitrogênio para a síntese de proteínas. Teoricamente, a

relação C/N ótima deve se situar em torno de 30:1, podendo variar de acordo com a

biodegradabilidade do substrato. Se essa relação for muito baixa pode ocorrer grande

perda de nitrogênio pela volatilização da amônia enquanto que se for muito elevada,

não haverá nitrogênio suficiente para a síntese de proteínas, ou seja, ocorre uma

limitação no desenvolvimento dos microorganismos. (FERNANDES E SILVA, 1999)

Caso o composto não apresente uma relação de carbono adequada, podem ser

adicionados outros compostos a fim de aumentá-la ou diminuí-la (por exemplo,

adicionar podas de árvores).

pH: durante o processo de compostagem vários fatores podem fazer o pH

variar. De um modo geral, no início do processo ocorre uma redução do pH devido à

produção dos ácidos orgânicos (fórmico, acético e pirúvico). Posteriormente, estes

ácidos são decompostos até serem totalmente oxidados, assim o pH passa a subir e

normalmente se estabiliza em uma faixa próxima do neutro. (OLIVEIRA; SARTORI;

GARCEZ, 2008)

Tamanho das partículas: o material a ser compostado deve ter não só uma

granulometria adequada com área superficial para a ação eficiente dos

microorganismos, mas também para a homogeneização da massa de compostagem, a

melhoria da porosidade, a redução na compactação e o aumento da capacidade de

aeração. Assim, o tamanho ideal das partículas da massa de compostagem deve

situar-se entre 2 a 5 cm. (ALMEIDA;GARBELINI;PINHEIRO, 2013)

3.6.4 Sistemas de compostagem

Atualmente, existem diversas tecnologias para o tratamento dos resíduos através

da compostagem. Os sistemas mais conhecidos são o de Leiras Revolvidas, Leiras

Estáticas e os Sistemas Fechados, que serão detalhados a seguir. Na Figura 16, está

apresentado um esquema comparativo desses 3 sistemas, relacionando a

complexidade, custo, área para implantação e tecnologia envolvida.

Page 50: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

37

Figura 16: Esquema comparativo dos métodos de compostagem

FONTE: SHAUB E LEONARD (1996) apud REIS (2005)

3.6.4.1 Sistemas Fechados ou Acelerados (in-vessel)

Nesse sistema ocorre a utilização de dispositivos tecnológicos tais como

digestores e bioestabilizadores que além de acelerarem o processo de compostagem

permitem um maior controle dos odores, uma vez que o sistema é fechado e a aeração

controlada. Dessa forma, o processo é executado sem nenhum contato com o meio

ambiente, ou seja, não estão sujeito às variações climática. Além disso, de acordo com

as características dos resíduos e do tipo de equipamento, o tempo de retenção dentro

do reator biológico pode variar de 7 a 20 dias e, por isso, a área de implantação

costuma ser menor se comparado ao Sistema de Leiras Revolvidas ou Leiras

Estáticas. Mesmo tendo a sua fase termófila finalizada, o composto ainda deve passar

por um período de maturação de aproximadamente 60 dias. (MASSUKADO, 2008;

FERNANDES E SILVA, 1999)

O processo mais conhecido é o sistema Dano, no qual cilindros rotativos, com

dimensões aproximadas de 3 metros de diâmetro e 35 metros de comprimento, giram

a uma velocidade baixa de rotação a fim de homogeneizar o material. No seu interior,

diversos obstáculos estão dispostos longitudinalmente para promover um maior

revolvimento da massa. O tempo de detenção da matéria orgânica no cilindro

depende da velocidade de rotação e da inclinação. (MASSUKADO, 2008). O esquema

desse processo está ilustrado na Figura 17.

Page 51: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

38

Figura 17: Esquema do processo Dano de uma usina

FONTE: D’ALMEIDA E VILHENA (2000) apud BARREIRA (2005)

3.6.4.2 Sistema de Leiras Revolvidas (Windrow)

É a tecnologia mais utilizada para a compostagem de resíduos sólidos

domiciliares, sendo também a que apresenta um valor mais baixo de investimento e

manutenção e, geralmente, não precisa empregar equipamentos de alta tecnologia.

(CARMICHAEL, 1999 apud MASSUKADO, 2008)

O resíduo é disposto em longas leiras que são periodicamente revolvidas. A altura

e a seção das leiras dependem do resíduo estruturante e do método de construção da

leira. Sendo leiras triangulares, a altura pode variar de 1,50 a 1,80 m e a largura de

4,00 a 4,50 m com reviramento manual ou mecânico constante. O espaçamento das

leiras deve ser estabelecido de acordo com as características do equipamento que fará

o revolvimento. Para a pá-raspadeira, por exemplo, 3 metros é o suficiente. O

processo de leiras revolvidas está ilustrado na Figura 18.

O revolvimento periódico pelo menos 3 vezes por semana das leiras tem como

objetivos:

Aerar a massa dos resíduos;

Aumentar a porosidade do meio que vai sofrendo compactação devido ao

próprio peso;

Homogeneizar a mistura;

Expor as camadas externas às temperaturas mais elevadas no interior da leira

melhorando a eficiência da desinfecção;

Reduzir a granulometria dos resíduos, e;

Page 52: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

39

Reduzir o teor de umidade do composto.

Normalmente, um período de 1 a 2 meses é suficiente para que a fase termófila

complete o seu ciclo. Na etapa seguinte, a maturação, o composto é levado para um

pátio onde a necessidade de aeração é menor. Esta fase tem a duração média de 2 a 3

meses. (FERNANDES E SILVA, 2008)

Figura 18: Esquema do sistema de leiras revolvidas com equipamento auto propelido

FONTE: FERNANDES E SILVA (1999)

3.6.4.3 Sistema de Leiras Estáticas Aeradas (Static piles)

Nesse processo a compostagem ocorre através do insuflamento de ar fazendo

com que a degradação da massa ocorra em menor tempo se comparado ao método

Windrow. O processo de aeração de pilhas estáticas consiste em um sistema de tubos

perfurados para aeração ou exaustão sobre os quais é depositada a fração orgânica a

ser decomposta. A pilha pode ter de 2 a 2,5 m de altura e tem um soprador ou

exaustor individual para melhor controlar a aeração. O ar é introduzido para prover

de oxigênio a transformação biológica que ocorre dentro da pilha. O tempo de

Page 53: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

40

compostagem é de três a quatro semanas, e depois mais quatro a cinco semanas para

a cura do material. Cavacos de madeira podem ser utilizados para melhorar e

controlar a granulometria e a temperatura do material a ser compostado. Uma

camada estruturante ou de composto já curado de aproximadamente 5 cm cobrindo a

pilha é importante para proteger o composto de ressecamento superficial, isolar a

massa de resíduos de mosca e isolar parcialmente os resíduos do meio externo. Além

disso, para o tratamento de odores, pode-se fazer o ar aspirado passar por uma leira

de composto já maturado, pois esse composto tem a capacidade de reter moléculas

orgânicas voláteis causadoras do mau odor. Esse sistema está ilustrado na Figura 19.

(TCHOBANOGLOUS, 1993; KIEHL, 1998 apud BRUNI, 2005; FERNANDES E

SILVA, 1999)

Figura 19: Esquema do sistema de leira estática aerada com tratamento de odor em composto maturado

FONTE: FERNANDES E SILVA (1999)

3.6.5 Vantagens da Compostagem

Menor custo de operação e manutenção;

Operação mais simples;

Processo menos complexo;

Permite aproveitamento agrícola do composto, ou seja, o produto pode ser

vendido trazendo retorno financeiro, e;

Page 54: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

41

Devolve ao solo os nutrientes, melhora a capacidade de infiltração de água

reduzindo a erosão e evitando o uso de fertilizantes.

3.6.6 Desvantagens da Compostagem

Os sistemas mais simples de compostagem exigem áreas maiores;

Depende do mercado de composto produzido, e;

Risco de contaminação devido à infiltração de chorume se sistema for mal

operado.

3.6.7 Uso do composto e legislação a ser atendida

O composto obtido a partir da biodegradação da matéria orgânica possui diversas

aplicações, dentre elas:

Engorda de peixes e suínos;

Agricultura como condicionador de solo;

Jardinagem;

Recuperação de áreas degradadas;

Recomposição da camada fértil na cobertura de aterros sanitários, e;

Parques públicos e praças.

O composto orgânico deve atender aos índices estabelecidos por lei para que

possa ser comercializado. Esses índices estão apresentados na Tabela 11.

Tabela 11: Índices atendidos para comercialização de composto orgânico

FONTE: Ministério da Agricultura (2010)

3.6.8 Área necessária e composto final

Para o cálculo da área, foi considerado que no processo de trituração houve uma

redução de 20% do volume e adotado que serão removidos todos os sólidos não

Item Valor Tolerância

Matéria Orgânica Total Minimo 40% Menos 10%

Nitrogênio Total Mínimo de 1% Menos 10%

Umidade Máximo de 40% Mais 10%

Relação C/N Máximo de 18/1 21/1

Índice de pH Mínimo de 6 Menos 10%

Page 55: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

42

orgânicos (cerca de 5% do total). Vale ressaltar também que o processo de

desaguamento dos resíduos irá retirar cerca de 30% da umidade de modo que o

composto permaneça com o teor ideal para a compostagem (entre 50 e 60%),

ocorrendo nesse processo uma redução do volume estimada em 25%. Será adotada a

hipótese de que a umidade será mantida na faixa de 55% durante todo o processo.

A distância entre as leiras foi estabelecida considerando um revolvedor auto-

propelido, ou seja, sua distância depende das dimensões do revolvedor.

Segundo NETO (2007), um processo de compostagem considerado eficiente deve

apresentar redução média do teor inicial dos sólidos voláteis de 40%. Assim, será

definido nesse estudo que o composto final terá 40% de sólidos voláteis. Além disso,

após a compostagem, existe também uma redução de volume que pode ser de 50 a

85% (SHARHOLY et al., 2007). Assim, será adotada uma redução de 60% do volume

em relação à entrada na compostagem. Entretanto, quando o resíduo passa por um

tratamento anaeróbio antes, essa redução passa a ser menor uma vez que ele já se

encontra estabilizado. Independente de a digestão anaeróbia ocorrer antes da

compostagem, é razoável adotar que o volume final do composto será o mesmo nos

dois casos. Na Tabela 12 está o resumo dos dados adotados para os dois casos (com

ou sem digestão anaeróbia):

Tabela 12: Resumo de dados adotados para compostagem

FONTE: Autores

As áreas consideradas no calculo foram as ocupadas pelas leiras e o espaço entre

elas, instalações auxiliares (área administrativa, guarita, balança, estacionamento

para funcionários e visitantes), outras áreas para funcionamento da usina de

Page 56: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

43

compostagem (pátio de recepção dos resíduos, armazenamento do composto final,

lavagem e local para guardar os equipamentos) e lagoa de contenção de líquidos.

Assim, serão analisados dois cenários diferentes: o primeiro será o processo em

que o resíduo passa pela trituração, desaguamento e compostagem, o segundo em

que ocorre o tratamento anaeróbio antes de ir para compostagem. Para o processo de

compostagem, devido à maior simplicidade de operação do sistema além de não

consumirem energia para insuflação de ar nas leiras, foi escolhida a compostagem

por leiras revolvidas.

3.6.8.1 Trituração, Desaguamento e Compostagem

Nesse cenário, o resíduo orgânico não passa pelo tratamento aneróbio, apenas

pelos processos de triagem, trituração e desaguamento. Os dados de entrada estão

apresentados na Tabela 13 e resultado dos cálculos feitos para chegar ao total da área

necessária para a implantação da usina de compostagem estão apresentados na

Tabela 14.

Tabela 13: Dados de entrada na compostagem sem tratamento anaeróbio

FONTE: Autores

Page 57: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

44

Tabela 14: Resultado dos cálculos feitos para a área das leiras e outras instalações da usina de

compostagem sem tratamento aneróbio

FONTE: Autores

3.6.8.2 Trituração, Tratamento Anaeróbio, Desaguamento e

Compostagem

Nesse cenário, existe um tratamento anearóbio prévio. Dessa forma, o volume de

entrada na compostagem é menor assim como o tempo de processo (de 120 para 60

dias). Assim, para os dados de entrada na compostagem foram considerados os dados

de saída do tratamento anaeróbio (Tabela 7) e o desaguamento para o teor de

umidade em torno de 55%. Esses dados e os resultados obtidos estão apresentados na

Tabela 15 e na Tabela 16.

Tabela 15: Dados de entrada na compostagem com tratamento anaeróbio

FONTE: Autores

Page 58: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

45

Tabela 16: Resultado dos cálculos feitos para a área das leiras e outras instalações da usima de

compostagem com tratamento anaeróbio prévio

FONTE: Autores

3.6.8.3 Composto final

Após a compostagem, foi adotado uma redução de 60% do volume no cenário em

que não há tratamento anaeróbio prévio. Entretanto, o volume final independente de

existir ou não esse processo intermediário será aproximadamente o mesmo, pois

quando ocorre a digestão anaeróbia a redução do volume durante a compostagem

será menor uma vez que o resíduo já está estabilizado e a quantidade de sólidos

voláteis também será a mesma (40%).

Dessa forma, a Tabela 17 mostra as características do composto final:

Tabela 17: Características do composto final

FONTE: Autores

3.7 Vermicompostagem

Após o processo de compostagem, pode-se fazer um segundo tratamento para

melhorar as características do composto final. Esse processo é a vermicompostagem.

Page 59: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

46

3.7.1 Processo

A vermicompostagem é um tipo de compostagem na qual se utilizam minhocas

para digerir a matéria orgânica, provocando sua degradação, melhorando o

arejamento e a drenagem do material em fase de maturação. (BIDONE E

POVINELLI, 1999)

Esse procedimento é ecologicamente correto, economicamente viável e

socialmente justo, uma vez que diminui sensivelmente o descarte de lixo orgânico no

meio ambiente, tem baixo custo, não exige pessoas treinadas para sua manutenção e

possui fácil implantação.

A função das minhocas é muito mais mecânica do que propriamente bioquímica.

Entretanto, após a ingestão de um determinado material as minhocas o excretam em

uma forma especial: são os coprólitos. Esses são os produtos da biotransformacão,

que é levada a efeito pelos microrganismos naturalmente existentes nos intestinos

das minhocas. Uma minhoca chega a se alimentar do equivalente ao próprio peso,

podendo, assim, reduzir em até dois terços o resíduo orgânico doméstico de um dia

(LOURENÇO, 2014).

3.7.2 Fatores importantes no processo

Alguns fatores podem interferir no processo, fazendo com que haja necessidade

e/ou restrição imposta pelas minhocas para garantir a sua adaptação ao meio em

vermicompostagem. Abaixo segue os principais fatores:

Umidade: a umidade abiótica do material a ser vermicompostado deve situar-

se na faixa de 70% a 75%; (BIDONE E POVINELLI, 1999)

Oxigenação: a vermicompostagem deve ser realizada em ambiente aeróbio.

Sabe-se que os 3mg/L de O2, que são satisfatórios para a sobrevivência e proliferação

das minhocas, são obtidos a partir do ar atmosférico com a adoção de leiras de

vermicompostagem de pequena altura, em torno de 0,30 m; (BIDONE E

POVINELLI, 1999)

Temperatura: O material a ser vermicompostado deve estar em torno de 20C

e 28C, temperaturas fora dessa faixa fazem com que as minhocas fujam ou morram.

A temperatura preferencial pode variar de acordo com o tipo de minhoca que será

introduzido no meio; (OLIVEIRA, 2010)

Page 60: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

47

Relação carbono/nitrogênio: as necessidades nutricionais no processo é uma

relação entre 26 a 35 que proporciona uma rápida e eficiente estabilização. Situam-se

na mesma faixa de relação C/N da compostagem; (BIDONE E POVINELLI, 1999)

pH: A faixa de pH deve estar entre 6,5 e 7. Apesar de preferirem estercos a

outros alimentos, consomem toda a matéria orgânica desde que ela não seja muito

ácida e não tenha cheiro pronunciado, e; (BIDONE E POVINELLI, 1999; BIDONE,

2001 apud OLIVEIRA, 2010)

Tamanho das partículas: quanto menor a granulometria do substrato, mais

fácil se torna a ingestão e, com isso, também o trabalho dos vermes onde ocorre a

aceleração do processo. Pesquisas realizadas tiveram ótimos resultados com

substrato triturado e peneirados em malhas de 2 mm; (BIDONE E POVINELLI,

1999)

3.7.3 Fases da vermicompostagem

O processo de vermicompostagem pode ser dividida em 2 estágios. O primeiro, já

estudado na parte de compostagem anteriormente, a matéria orgânica é compostada,

ocorrendo uma redução dos microorganismos patogênicos e retorno de condição da

temperatura ambiente. O segundo, o material compostado é transferido para leiras

rasas para não se aquecer demasiadamente e nem compactar. Faz a inoculação das

minhocas, e 60 a 90 dias após, obtém-se o vermicomposto pronto, com aumento de

macro e micronutrientes e a formação de um húmus mais estável. (KIEHL,

1985;KNÄPPER, 1990; HARRIS, 1990 apud REICHERT, 1999)

Para períodos de 60 a 90 dias de processo, tem-se que o máximo crescimento de

minhocas ocorre entre 2 a 5 semanas do processo, com sobrevivência de 100% dos

indivíduos de 2 a 7 semanas, presença de 90% de 8 a 9 semanas e somente 40% de

animais após 10 semanas de processamento, devido ao meio estar praticamente

repleto de seus excrementos, o que faz as minhocas não sobrevivam nele

Dessa maneira, a fase inicial do processamento tem um crescimento exponencial

de minhocas e com ativa atuação destas, depois uma fase de equilíbrio, estabilizando

o número de indivíduos, uma fase pequena de diminuição de minhocas e, por fim, um

intenso declínio quando o material se apresenta quase que completamente

humificado. (BIDONE E POVINELLI, 1999)

Page 61: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

48

3.7.4 Sistema de vermicompostagem

Para a produção de vermicompostado em escala industrial (processamento de

grandes volumes), as leiras são normalmente instaladas em pátios amplos, levemente

inclinados, bem-compactados e não necessariamente revestidos. Os canteiros são

executados com larguras por volta de 1,50 m . A altura útil de substrato é de 0,30 m e

com uma drenagem adequada de fundo onde se remove o excesso de água (água de

chuva já que as leiras ficam expostas ao intemperismo).

Para proteger as leiras contra insolação e evaporação, coloca-se uma cobertura do

material em processamento com uma grossa camada de capim palha e ramos secos,

por exemplo, (há outras opções), mas, para casos mais sofisticados, utiliza-se uma

tela conhecida como sombrite.

Após a montagem das leiras, é realizado o inóculo com minhocas durante a

manhã em dia ensolarado, que determinará uma rápida penetração dos vermes ao

substrato (pois o contato das minhocas com a radiação solar pode ser fatal). Existem

dois critérios para que o inóculo seja efetivado em relação à quantidade de minhocas

em cada leira:

1) Número de minhocas adultas por metro quadrado de superfície de leira:

utiliza-se cerca de 1.500 a 2.500 minhocas por metro quadrado de superfície de leira.

Com uma altura útil de 0,30 m de substrato a humificação do material em

processamento ocorre em 45 a 60 dias.

2) Peso de minhocas adultas relacionado ao peso de substrato posto nas leiras e

no tempo previamente estabelecido para o desenvolvimento do processo: sabendo

que cada minhoca ingere por dia o equivalente a seu peso, assim, estabelecendo-se

como 60 dias o período de processamento, basta que inocular o meio a humificar com

1/60 de minhocas em peso para que se obtenha os resultados esperados. Esse critério

é mais confiável, pois permite um manejo mais efetivo sobre as leiras, relacionando

os pesos de substrato e minhocas.

A manutenção da umidade no processo - cerca de 60% a 80% - é conseguida com

uma sistemática de rega por água bruta de boa qualidade, quando essa não é possível,

pode-se ter como alternativa utilizar água tratada desde que acondicionada

previamente e posta em descanso para a fuga do cloro, pois pode ser danoso aos

Page 62: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

49

microrganismos que realizam a biotransformacão. Deve-se fazer um monitoramento

constante, com amostras de dois níveis de superfícies diferentes, o mais comum é

utilizar amostra de 0,10 m e 0,20 m contando da superfície.

Outro monitoramento importante a ser realizado nesse processo são as

concentrações de carbono e nitrogênio. Estes permitirão saber o estagio que se

encontra a humificação da massa de matéria orgânica. Se as amostras coletadas

apresentarem uma proporção de 10:1 a 5:1 na proporção de carbono/nitrogênio,

pode-se dizer que o substrato atingiu a estabilização biológica. (BIDONE E

POVINELLI, 1999)

3.7.5 Uso do vermicomposto

O principal uso do vermicompostado é na agricultura como corretivo e

fertilizantes de solos. As suas características orgânicas, quando em contato com o

solo, trazem enormes benefícios, pois é um produto natural, que pode ser utilizado

em qualquer tipo de cultura, diminui o uso de fertilizantes, melhora a porosidade do

solo, disponibiliza nutrientes para as plantas, melhora a aeração e absorção da

umidade do solo, corrige a acidez do solo, entre outras.

Outro uso, ainda não comum, é a utilização como substrato atenuador de

efluentes tóxicos. Isso se deve à elevada capacidade de troca de cátions e o efeito

quelante exercido pelo material humificado, que “aprisiona” os metais pesados e

oxida o nitrogênio amoniacal a nitritos e nitratos pela biota existente no ambiente das

leiras (LOURENÇO, 2010).

3.7.6 Estimativa de área e vermicomposto

Para estimar a área necessária para a o sistema de vermicompostagem foram

considerados os dados de entrada apresentados na Tabela 18. O espaçamento entre as

leiras será de 1 metro, o suficiente para permitir a passagem do funcionário.

Tabela 18: Dados de entrada para cálculo de área para vermicompostagem

Page 63: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

50

FONTE: Autores

Com esses dados, foram obtidos os resultados apresentados na Tabela 19,

mostrando a relação da porcentagem de composto que irá passar pela

vermicompostagem e a área total necessária para as leiras.

Tabela 19: Relação da área total necessária e da porcentagem de composto a ser vermicompostado

FONTE: Autores

Portanto, pode-se concluir que para tratar 100% do composto por

vermicompostagem seria necessário uma área muito grande. Dessa forma, foi

definido para esse projeto que seria vermicompostado apenas 20% do composto total.

Os resultados da área necessária estão apresentados na Tabela 20.

Tabela 20: Resultados do número de leiras e áreas auxiliares para vermicompostagem

FONTE: Autores

Portanto, pode-se concluir que para tratar 100% do composto por

vermicompostagem seria necessário uma área muito grande. Dessa forma, foi

definido para esse projeto que seria vermicompostado apenas 20% do composto total.

3.8 Terceirização da Compostagem

A CEAGESP possui um sistema de reciclagem para parte dos seus resíduos

gerados, que, ao final de cada mês, gera uma receita para a empresa. Essa relação

entre o que é gerado e o que pode ser reciclado é variável devido às diferenças em

quantidades e proporções de recicláveis em relação ao resíduo que será encaminhado.

Page 64: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

51

Os produtos que são reciclados são separados em cinco categorias: B.C.A, madeira,

palha, ração e coco verde.

Para um controle interno a empresa utiliza duas planilhas. Ambas as planilhas

são separadas por ano e subdivididas nos meses. A primeira planilha trata de um

enfoque maior na economia com os processos de reciclagem, gerando, com isso, uma

receita mensal que pode ser verificada na Tabela 21.

Tabela 21: Relatório Comparativo de Coleta de Resíduos

FONTE: CEAGESP (2014)

Na Tabela 21, o composto refere-se ao material orgânico enviado à Compostagem

para produção de “adubo orgânico”, de acordo com a norma NP-OP-038, aprovado

pela diretoria da CEAGESP e a terceira coluna Reciclagem, refere-se aos outros

resíduos reaproveitados, como palha, madeira, coco verde, os alimentos

reaproveitados pelo Banco CEAGESP de alimentos, etc.. O cálculo da Economia com

Reciclagem é feito com base nos valores que seriam pagos por toneladas à empresa

Construrban, caso o material fosse enviado ao Aterro Sanitário, já a Receita de

Reciclagem é o valor arrecadado através do boleto GRU, ou depósito na conta da

CEAGESP, referente aos materiais de reciclagem vendidos para terceiros.

Dessa forma, sabe-se que essa quantidade de material é transportada para

Campinas-SP, onde é feita a compostagem. Esse acordo não demanda investimentos

Page 65: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

52

em infraestrutura ou em compra de equipamentos e, portanto, não possui custo de

investimento, mas é uma medida que exige gasto contínuo do CEAGESP, o que

implica num método de simples aplicação, cumpridor da lei atual em relação aos

resíduos sólidos, mas que, ao mesmo tempo, não oferece nenhum tipo de retorno ou

compensação para o CEAGESP.

Assim sendo, essa foi considerada também como uma opção de atuação neste

projeto. Após os tratamentos prévios, que devem se estender até a secagem, os

resíduos deixariam de ser tratados pelo CEAGESP, apesar de esse ainda possuir

responsabilidade pela destinação dos resíduos, segundo a PNRS. Para referência e

futura comparação, a Tabela 22 apresenta o contrato vigente de custo para a

contratação desse serviço. Dessa forma, supondo que seja possível a empresa receber

todos os resíduos para tratamento, o valor para destinação em unidade de

compostagem é de R$59,57 por tonelada. Assim, considerando um cenário

conservador para 2035 em que a geração de resíduos orgânicos é de 336,3 t/dia, o

custo total será de R$20.033,39 por dia apenas para a disposição, sem considerar o

transporte.

A contratação de serviço (como será referido o ato de pagar para outra empresa

que se faça a compostagem dos resíduos gerados pela CEAGESP) estará em uma das

opções de ação e, ainda que não seja escolhida, será usada como referência para as

comparações, de custo, receita, benefícios, etc., a serem feitas com a alternativa que

mais se adeque ao projeto.

Desse modo, fica afixado o valor de R$72,27/massa (t)/distância (km) para

referência do custo de transporte, assumindo que esse custo permaneça constante,

alterando-se apenas a quantidade e, consequentemente, a massa dos resíduos a

serem compostados.

Page 66: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

53

Tabela 22: Preços dos serviços contratados pelo CEAGESP

FONTE: CEAGESP (2014)

4 Matriz de decisão

A tomada de decisão em um projeto de engenharia é uma das fases mais

importantes. Especialmente em uma comparação de multicritérios, se torna

imprescindível o uso de uma ferramenta de auxílio, para que se possa fazer a escolha

Page 67: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

54

mais adequada sem tratar levianamente nenhum aspecto intrínseco das alternativas.

Uma ferramenta bastante utilizada para este fim é a matriz de decisão, que confronta

as alternativas através de pontuações atribuídas aos diferentes critérios e somadas no

fim do processo. Tendo maior nota, portanto, a solução que mais se destaca de acordo

com os critérios pré-estabelecidos.

Primeiramente é necessário rever as alternativas, citadas no fluxograma presente

no item 2.4., para, em sequência, atribuir critérios e notas em todos os critérios para

cada alternativa. Do fluxograma, se considerou relevantes 5 alternativas, sendo que

em todas estão presentes a triagem, trituração e secagem:

(1) Somente Compostagem

(2) Compostagem e Vermicompostagem

(3) Tratamento Anaeróbio e Compostagem

(4) Tratamento Anaeróbio, Compostagem e Vermicompostagem.

(5) Terceirização da Compostagem.

4.1 Definição dos critérios

Para se produzir uma matriz de decisão adequada, é necessário que se defina

previamente os critérios a serem adotados, para que estes sejam coerentes com a

proposta do projeto. Dessa forma, foram caracterizados quatro critérios que foram

julgados como relevantes: Custo de implantação, Qualidade do produto a ser

vendidos, Necessidade de Mão de obra especializada e Impactos ambientais. Esses

quatro critérios serão definidos e a escolha destes será justificada neste capítulo.

4.1.1 Custo de Implantação

O custo de implantação é um critério bastante relevante na definição de um

projeto. O custo em geral é utilizado como fator decisivo principal em muitos estudos

de alternativa, porém este fator, sozinho, não reflete perfeitamente sua viabilidade.

Muitas vezes, ocorre que o custo inicial de um projeto, mesmo quando se mostra

bastante elevado, pode ser um bom investimento desde que o ganho posterior venha

a compensar esse valor.

Page 68: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

55

Ainda assim, é necessário levá-lo em consideração, portanto o custo de

implantação será um dos critérios presentes na matriz de decisão.

Fará parte do custo de implantação o custo com equipamentos, infraestrutura e

compra de terreno. Para tal serão utilizados dois subcritérios.

4.1.1.1 Área Necessária

A área necessária influencia diretamente no custo de implantação de uma

alternativa. É preciso, porém, definir a alternativa escolhida para posteriormente

buscar terrenos compatíveis com a necessidade e, só então, fazer uma pesquisa de

custo de terreno. Dessa forma, criou-se esse subcritério para ser possível avaliar todas

as alternativas de forma igual e, portanto, não é necessário considerar o custo do

terreno, apenas a área necessária para a execução. A área de compra é bastante

relevante, pois, considerando as alternativas, 4 das 5 necessitam de uma área maior

do que a encontrada nas dependências do CEAGESP.

Este critério será, como dito anteriormente, apenas avaliado pela área calculada

através das necessidades de cada alternativa e as notas serão atribuídas de forma

proporcional aos valores encontrados.

4.1.1.2 Infraestrutura

Outro subcritério imprescindível para compor a análise do custo inicial

compreende a infraestrutura necessária em cada alternativa. Por infraestrutura,

define-se o conjunto de equipamentos, construções e máquinas que devem ser

adquiridas ou concluídas para que a alternativa possa ser posta em prática. Em

relação a infraestrutura, não há modo melhor de comparação do que a estimativa de

valores para cada alternativa e a comparação dos mesmos em moeda.

Cada alternativa incluirá uma série de processos e, para cada processo será

atribuído um valor específico que dependerá dos equipamentos a serem utilizados.

Dessa forma, calcula-se o custo inicial total da alternativa como a soma dos custos de

cada processo. As notas a serem atribuídas serão normalizadas de modo a ficarem

proporcionais a essa diferença.

Page 69: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

56

4.1.2 Qualidade do Composto e Valor Agregado

Outro fator considerado decisivo neste projeto é a caracterização e a qualidade do

produto a ser vendido. Dentre as opções consideradas, têm-se diferentes processos de

modificação e reaproveitamento do resíduo gerado. Dessa forma é importante levar

em consideração a utilização prática dos resíduos tratados ao fim destes processos.

Um vermicomposto, por exemplo, apresenta melhores características para utilização

em plantações. Segundo Steffen et al (2011), Para o melhoramento de mudas

florestais, os substratos têm se destacado como um importante insumo agrícola pela

sua ampla utilização no sistema produtivo de mudas e influência direta no

desempenho das plantas no campo. Steffen et al (2011) ainda complementa que, na

produção de mudas de qualidade é indispensável a utilização de substratos que

ofereçam, principalmente, boas características físicas e químicas, com boa estrutura,

consistência, alta capacidade de retenção e fornecimento de águas e nutrientes.

Dessa forma, é necessária uma diferenciação deste aspecto na escolha da

alternativa, levando-se ainda em consideração, que um composto de melhor

qualidade também acarretará em uma renda maior.

4.1.3 Necessidade de mão de obra especializada

Outro critério relevante a ser considerado nesta análise é a necessidade de mão

de obra especializada. Um dos grandes fatores que acrescem ao custo de operação de

um determinado projeto é sua complexidade, ou seja, a necessidade de um operador

que tenha conhecimento pleno de seu funcionamento e, portanto, que possa

compreender e fazer uma análise crítica de seu desempenho e dos parâmetros que

possam ser alterados.

A necessidade de mão de obra especializada dificulta a contratação de

funcionários e exige um gasto maior com o mesmo, porém, de forma similar ao

investimento inicial, isso pode ser vantajoso caso o custo-benefício se mostre

favorável, ou seja, uma solução que tenha desempenho muito melhor que as outras

podem compensar e até justificar o gasto com um funcionário melhor qualificado.

4.1.4 Impacto Ambiental

Por fim, o último critério a ser analisado é de impacto ambiental. Este é um

critério bastante relevante. A proposta deste projeto é afetar positivamente o

Page 70: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

57

ambiente e, portanto, reduzir ao máximo os possíveis impactos negativos. Dessa

forma, serão confrontados três aspectos neste critério, sendo dois deles possíveis

impactos positivos e o outro um possível impacto negativo.

4.1.4.1 Uso de Transporte Rodoviário

O uso de transporte rodoviário implica num provável impacto negativo. O

transporte rodoviário depende do uso de combustíveis fósseis, incrementando a

emissão de gases do efeito estufa. Outros tipos de poluentes também são gerados

nesse modal de transporte, como o ozônio, os óxidos nitrosos, o monóxido de

carbono, o material particulado, etc.

Em todas as alternativas será necessário o transporte de resíduos e/ou produto,

portanto as opções serão avaliadas com base na quantidade de quilômetros a serem

percorridos. Dessa forma se poderá dar preferência à alternativa que exija menor

deslocamento e, com isso, que menos impacte o meio ambiente.

Neste caso, quando a alternativa exigir que se faça aquisição de algum terreno,

será usada a média de distância que há entre os terrenos possíveis. Ou seja, será

utilizada uma simplificação semelhante à utilizada no cálculo de compra de área do

custo inicial, que resultará em uma aplicação equivalente de peso para todas as

alternativas que exijam essa nova área.

4.1.4.2 Máximo aproveitamento da Matéria Orgânica

O aproveitamento, ou reaproveitamento, da matéria orgânica envolve a melhor

utilização possível da energia presente no resíduo sólido. Dessa forma, julga-se a

alternativa em questão com base na quantidade de processos envolvida e na mais

completa utilização do resíduo. Uma alternativa que contemple, por exemplo, a

utilização de energia gerada a partir da biomassa e também o utilize como composto é

mais recomendável do que uma alternativa que apenas use o resíduo tratado para

estabilizar o terreno.

Esse critério é ambientalmente favorável porque, com um mesmo recurso, passa-

se a produzir tipos diferentes de produtos ou insumos e, aumentando essa

produtividade, se reduz a necessidade de busca de matéria prima em outros quesitos,

além de não desperdiçar nenhuma possibilidade de uso. Mais que uma alternativa de

impacto positivo para o meio, esse critério também aponta uma alternativa que

Page 71: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

58

beneficia a empresa, pois garante um uso mais adequado de um recurso que já se

possui.

4.1.4.3 Impacto Social

Além de critérios técnicos e referentes ao meio em que vivemos, também é

importante analisar como este projeto afetará a sociedade onde ele será implantado.

O impacto social, de forma bastante geral, se apresenta em vários quesitos, como na

geração de empregos, aumento do tráfego, produção de mau odor, transtornos por

obras, aceitação da solução por parte do público, etc. A avaliação social depende de

diversos aspectos e da forma como as pessoas são afetadas pelo empreendimento.

Para este projeto, se decidiu avaliar a característica que nele será mais relevante.

Sendo assim, neste caso o termo “impacto social” terá associação com a quantidade

de empregos gerados por cada alternativa, sendo que, quanto maior a quantidade,

maior será o benefício social acarretado.

É necessário reforçar que serão apenas considerados os empregos adicionais

gerados por cada alternativa. No caso de contratação de serviços de outra empresa,

por exemplo, não há geração de empregos, apenas uma terceirização para uma

empresa já existente. Para que haja um impacto social positivo advindo dessa

alternativa, é necessário que se gere novas vagas reais, e não que haja apenas uma

troca de funções de funcionários já existentes.

4.2 Atribuição de peso para os critérios

Definidos os critérios, a próxima etapa em uma matriz de decisão consiste na

atribuição de peso para cada um deles. Através da atribuição de peso se define a nota

máxima que uma alternativa poderá receber. No caso deste estudo, foi feita uma

normalização para que, ao final, a somatória dos pesos dos critérios fosse equivalente

a 1.

A atribuição de pesos considerou a relevância comparativa de cada alternativa.

Apesar de ser considerável a presença de um especialista e, portanto, de ser um

critério relevante para a escolha das alternativas, a presença de mão de obra

especializada é, facilmente, compensada por um retorno adequado a partir desse

serviço. Sendo assim, se estabeleceu que este critério tivesse uma nota baixa em

relação aos outros. Seu peso adotado foi 3.

Page 72: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

59

A qualidade do produto, diretamente associada com o retorno de investimento

através de receita, foi adotada como tendo um peso dobrado em relação ao critério de

necessidade de mão de obra especializada, justamente por ser capaz de justificá-lo

satisfatoriamente. Dessa forma, atribui-se valor 5,5 ao peso deste critério.

O custo inicial, por apresentar um investimento de grandes proporções, infere em

um critério ainda mais relevante que a necessidade de mão de obra especializada.

Entretanto, este critério também pode ser comparado à qualidade do produto a ser

comercializado e, diante deste, pode ser relevado, pois o investimento, caso retorne

um produto de alta qualidade, terá seu tempo de retorno após alguns anos. Dessa

forma, também se atribuiu um peso de 5 para esse critério, considerando que cada

subcritério possui igual importância perante a análise, ambos deverão ter peso 2,5.

Para o último critério, impacto ambiental, se atribuiu o maior peso dentre os

quatro. Por ser considerado um dos principais focos do estudo, associou-se esse

critério com um peso acima da qualidade do composto, sendo seu peso final 6. Sobre

esse critério, também é importante ressaltar que existem três subcritérios a ele

associados. Deu-se igual importância a ambos os subcritérios e, dessa forma, o peso

de cada um passa a ser 2. Dessa forma, têm-se a Tabela 23 normalizada.

Tabela 23: Tabela de Subcritérios e seus respectivos pesos

FONTE: Autores

Page 73: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

60

4.3 Atribuição de Notas

A próxima etapa em uma matriz de decisão consiste na avaliação das alternativas

e atribuição de nota para cada um delas. Ou seja, atribuindo-se valores de 0 a 5 como

‘notas’ para cada um dos critérios, a somatória final apresentará um valor entre 0 e 5

para cada alternativa e que indicará aquela que mais esteja de acordo com os critérios

estabelecidos. Definiu-se que a maior nota (5) se referirá à alternativa mais adequada,

enquanto a menor nota (0) indicará total inadequação.

Dessa forma, será explicitado a seguir o raciocínio que se fez para cada nota

respectiva a cada critério, o que comporá a nota final de cada alternativa na matriz de

decisão. As notas podem ser observadas na Tabela 31.

4.3.1 Custo de Implantação

4.3.1.1 Área Necessária

Em todas as alternativas consideradas, o espaço disponível no CEAGESP para o

transbordo dos resíduos é suficiente para os primeiros processos, ou seja, para a

triagem, trituração, tratamento anaeróbio (se houver) e secagem, sendo assim a área

a ser adquirida corresponde somente ao necessário para os processos de

compostagem e vermicompostagem. Quando existe tratamento anaeróbio, porém,

existe uma redução da área, devido à redução de volume decorrente desta etapa. A

quinta alternativa, por outro lado, não exige compra de área alguma, pois os

processos serão executados por uma empresa terceirizada, desta forma essa

alternativa receberá o valor máximo com nota.

A nota foi atribuída de forma proporcional ao valor de área necessário, sendo

“cinco” o valor para a alternativa que não necessite compra de área alguma e “zero” a

nota para o máximo valor necessário. É possível observar os valores de área

necessários na Tabela 24.

Page 74: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

61

Tabela 24: Área Necessária para cada alternativa

FONTE: Autores

4.3.1.2 Infraestrutura

O critério infraestrutura, como dito anteriormente, avalia principalmente o

orçamento de equipamentos, construções e máquinas para cada alternativa e avalia o

investimento inicial necessário nestes quesitos. As alternativas consideram os custos

do tratamento anaeróbio, secagem, compostagem e vermicompostagem. Os outros

processos, por estarem presentes em todos os casos, não caracterizam diferença entre

as alternativas possíveis. É necessário ressaltar que para a alternativa 5 não é

necessário nenhum investimento, apenas um pagamento mensal à empresa

terceirizada, ou seja, neste quesito ela também recebe nota máxima, 5. As outras

alternativas recebem notas de forma proporcional ao custo calculado. Os

equipamentos e seus respectivos custos para cada alternativa estão descritos nas

Tabela 25, Tabela 26, Tabela 27 e Tabela 28. As notas atribuídas e os custos totais

para cada uma delas podem ser observados na Tabela 29.

Tabela 25: Equipamentos e custos para Alternativa 1

Page 75: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

62

FONTE: (1) MFRural (2014); (2)Caetano et al. (2012); (3) Empresa fornecedora de balança rodoviária;

(4)Tecnosan (2014); (5)Gonçalvez e Pissolato LTDA

Tabela 26: Equipamentos e custos para Alternativa 2

FONTE: (1) MFRural (2014); (2)Caetano et al. (2012); (3) Empresa fornecedora de balança rodoviária;

(4)Tecnosan (2014); (5)Gonçalvez e Pissolato LTDA; (7) OLX (2014)

Tabela 27: Equipamentos e custos para Alternativa 3

FONTE: (1) MFRural (2014); (2)Caetano et al. (2012); (3) Empresa fornecedora de balança rodoviária;

(4)Tecnosan (2014); (5)Gonçalvez e Pissolato LTDA; (6) Empresa fornecedora do reator anaeróbio;

Page 76: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

63

Tabela 28: Equipamentos e custos para Alternativa 4

FONTE: (1) MFRural (2014); (2)Caetano et al. (2012); (3) Empresa fornecedora de balança rodoviária;

(4)Tecnosan (2014); (5)Gonçalvez e Pissolato LTDA; (6) Empresa fornecedora do reator anaeróbio; (7) OLX (2014)

Tabela 29: Custo de Implantação para cada alternativa

FONTE: Autores

4.3.2 Qualidade do Composto e Valor Agregado

A qualidade do composto envolve o tratamento que resulta no melhor tipo de

composto e, portanto, no que trará maior retorno financeiro ao final do processo.

Dessa forma, só se tem 3 tipos de nota devido às semelhanças entre as propostas. As

alternativas que propõe vermicompostagem recebem nota máxima, por possuírem

um produto de maior qualidade e com um público alvo mais exigente. As alternativas

cuja compostagem é feita pelo próprio CEAGESP receberão nota intermediária, pois

tratam de composto, que é algo de boa qualidade para o condicionamento do solo,

mas possui menos qualidade do que um vermicomposto. Por fim, a quinta alternativa

Page 77: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

64

recebe nota zero neste quesito, pois não gera um produto a ser vendido pelo

CEAGESP. O composto será de posse da empresa terceirizada.

4.3.3 Necessidade de mão de obra especializada

O critério relacionado com a mão de obra especializada receberá nota de acordo

com a necessidade de contratação de funcionários especializados tecnicamente para o

manejo de equipamentos nos processos destacados. Novamente neste caso, a quinta

alternativa recebe a nota máxima, pois é uma alternativa que não exige a contratação

de nenhum funcionário. As alternativas que contemplam a utilização de biodigestor

são as que necessitam de maio especialização e, por isso, recebem a menor nota. A

compostagem e a vermicompostagem possuem operação simples e não há requisito

de mão de obra especializada, mas por necessitar de pessoas mais experientes para a

gestão dos recursos, receberá uma nota intermediária.

4.3.4 Impactos Ambientais

4.3.4.1 Transporte Rodoviário

O transporte Rodoviário é relevante devido a emissão de gases nocivos ao

ambiente, além do consumo de combustíveis fósseis e outros impactos diversos. Uma

forma adequada de avaliar este critério é a quantidade de resíduo a ser transportada

multiplicada pela distância a ser percorrida. A distância, porém, é irrelevante na

comparação de alternativas por ser muito semelhante. O fator decisivo passa a ser a

quantidade de resíduos a serem transportados. Dessa forma, se passa a ter 2 cenários

diferentes. O tratamento anaeróbio reduz a quantidade a ser transportada. Dessa

forma, as melhores notas se dispõe para as alternativas 3 e 4, sendo que as outras

alternativas recebem nota igual e menos favorável. Neste caso não se usou nota

máxima ou mínima, por não haver alternativa que absolutamente não utilize

transporte, mas sim uma nota devida à diferença entre as quantidades. A Tabela 30

evidencia as notas e os valores usados no cálculo.

Page 78: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

65

Tabela 30: Quantidade (em toneladas) de resíduo a ser transportado em cada alternativa

FONTE: Autores

4.3.4.2 Impacto Social

O impacto social é avaliado pela geração de empregos decorrente da aplicação de

novos métodos. Quanto maior o número de processos consequentemente aumenta o

número de empregos gerados. Neste caso, a maior nota corresponde a alternativa

com mais processos. A biodigestão exige menos funcionários do que a

vermicompostagem, sendo assim, a alternativa 3 possui menos funcionários do que a

alternativa 2 e, portanto, possui uma nota inferior. A alternativa 1, que contempla

apenas a compostagem, recebe a menor nota dentre os processos a serem

administrados pelo CEAGESP, mas a compostagem exige bastantes funcionários, e

por isso sua nota não é tão próxima de zero. A quinta alternativa, porém, não gera

nenhum emprego e, portanto, recebe nota zero.

4.3.4.3 Máximo aproveitamento da Matéria Orgânica

Este último subcritério define a alternativa que usufrui maximamente o resíduo

sólido que se possui. Dessa forma, o tratamento com maior número de processos

recebe a nota máxima, por retirar o máximo de produtos possíveis do mesmo resíduo.

As outras alternativas recebem nota de acordo com a quantidade de processos

presentes. As alternativas 1 e 5 recebem a menor nota, por se tratarem apenas da

compostagem, mas não recebem 0, por aproveitarem o resíduo como composto.

Page 79: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

66

4.4 Matriz de Decisão

A matriz de decisão final é apresentada, com todas as notas, na Tabela 31.

Analisando a tabela pode-se verificar que a alternativa mais indicada é a alternativa 2,

ou seja, alternativa que envolve a compostagem e a vermicompostagem, sem,

contudo, compreender o tratamento anaeróbio. Isso se deve, principalmente, ao alto

custo associado ao tratamento anaeróbio, que é muito superior ao das alternativas

devido ao custo de aquisição dos equipamentos. Ainda assim, o produto final gerado

possuirá alta qualidade, devido à vermicompostagem, e possui impacto ambiental

bastante positivo, devido à alta geração de empregos e do nobre aproveitamento do

resíduo.

Tabela 31: Matriz de Decisão com as notas para cada alternativa e notas totais

FONTE: Autores

Tendo, portanto, escolhido a alternativa mais adequada, será feita a escolha da

área a ser adquirida e, então, a descrição do processo completo, que mostrará as

quantidades de produto gerado e detalhará o uso dos equipamentos.

Page 80: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

67

5 Receita gerada

A partir da equação obtida na Figura 7, foi feita uma projeção até o ano de 2035.

Com base nessa projeção, foi calculada a receita ano a ano, adotando os valores de

venda apresentados na Tabela 32. Os valores de venda utilizados para cálculo foram

obtidos através de uma média de preços em pesquisa feita nos sites MFRural,

AnHumus e Cia da Minhoca.

O resultado das receitas obtidas, considerando que 80% serão de composto

orgânico e 20% de vermicomposto, está apresentado no Apêndice.

Tabela 32: Preço de venda do composto e vermicomposto

FONTE: Autores

6 Escolha da área

Após a escolha da melhor alternativa para o tratamento dos resíduos orgânicos,

conclui-se que não será possível fazer o processo completo dentro da área disponível

no CEAGESP (2000 m²). Por isso, será feito nessa área apenas os pré-tratamentos:

triagem, trituração e desaguamento dos resíduos. Dessa forma, será necessário

estudar possíveis locais de implantação para o sistema de compostagem e

vermicompostagem.

Para que seja viável esses dois tratamentos propostos, é imprescindível que exista

mercado consumidor para o composto/vermicomposto que serão gerados, trazendo

assim, retorno financeiro. Foram levantados duas regiões com grande potencial de

consumir esses produtos: Holambra e o Cinturão Verde. As suas características serão

descritas a seguir:

Preço do Composto: 160 R$/t

Preço do Vermicomposto 340 R$/t

Page 81: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

68

6.1.1 Mercados consumidores

6.1.1.1 Holambra

A cidade de Holambra, localizada a cerca de 130 km do CEAGESP (Figura 20), é

um dos 19 municípios que integram a Região Metropolitana de Campinas com uma

população de 12707 (estimada em 2013) e um território de 65,5 km². Atualmente, o

município conta com cerca de 300 produtores rurais e é responsável por

aproximadamente 40% da comercialização no setor de plantas e flores no Brasil.

A partir da década de 1960, as flores e plantas surgiram como uma opção rentável

para os imigrantes holandeses que trouxeram para o Brasil técnicas que permitiram a

produção de plantas e flores atingisse níveis de qualidades muito altos. Assim,

Holambra, também conhecida como “Cidade das Flores” é reconhecida

nacionalmente por seu potencial para a produção de flores e plantas ornamentais, o

que faz dela o principal exportador e expoente do setor em toda a América Latina.

Além disso, Holambra é conhecida nacionalmente pelas grandes feiras voltadas para

os setores de horticultura e floricultura. Dentre esses eventos estão a Hortitec

(Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas), Enflor

(Encontro Nacional de Floristas, Produtores, Atacadistas e Empresas de Acessórios) e

Gardenfair.

Em 1989, a CAPH (Cooperativa Agropecuária de Holambra) passou a instalar um

sistema holandês de leilão, chamado de Veiling. Esse sistema consiste na

comercialização dos produtos através de pregão, onde a oferta e procura possibilita a

formação de preços se tornando referência para todo o mercado. O Veiling possui um

departamento de controle de qualidade que atua em conjunto com os produtores,

assegurando que os produtores cheguem aos clientes atendendo aos altos padrões

exigidos pelo mercado. Caso o produto não atenda aos padrões mínimos de qualidade

ele não pode ser vendido.

Nota-se assim, uma característica marcante em relação aos produtores de

Holambra: a importância da qualidade agregada ao produto a ser vendido. Portanto,

o comércio de composto e vermicomposto junto a esses produtores deve garantir que

tais produtos tenham a qualidade exigida pelos clientes.

Page 82: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

69

Figura 20: Mapa do percurso do CEAGESP até a cidade de Holambra

FONTE: GoogleMaps (2014)

6.1.1.2 Cinturão Verde

Por volta da década de 1960, o Cinturão Verde surgiu como área de cultivo

agrícola. Hortaliças e frutíferas são plantados em um anel em torno de São Paulo e

abastecem os CEASAs tanto do próprio estado como de outros próximos.

A Região do Alto Tietê contribui significativamente para o abastecimento dos

produtos agrícolas. QUEIROZ(2012) ressalta tal importância em seu estudo

apresentando uma produção diária de 1300 toneladas de hortifrutigranjeiros e flores

que abastece 35% do mercado consumidor da Região Metropolitana de São Paulo

(55% do volume destes produtos no Ceagesp) e 5% do Rio de Janeiro. Fazem parte

dessa região 11 municípios: Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema,

Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e

Page 83: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

70

Suzano. Essas cidades são apenas uma parte do Cinturão Verde, mas que

correspondem a uma parcela significativa da sua produção agrícola.

Os produtores do Cinturão Verde são consumidores em potencial de composto e

vermicomposto uma vez que estes ajudam a melhorar as características do solo,

disponilizando também nutrientes importantes às plantas. Entretanto, para atingir

esse mercado de produtores, um fator é importante: o custo do

composto/vermicomposto. Como padrões de qualidade não são frequentemente

exigidos pelos clientes desses produtores, para eles o custo do produto irá prevalecer

sobre a sua qualidade.

6.1.2 Escolha do mercado consumidor e fatores importantes

para a área escolhida

A compostagem/vermicompostagem a partir de resíduos de boa qualidade (restos

de frutas e vegetais em sua maioria), somadas a uma operação adequada dos

processos de tratamento gerará um produto final com um bom padrão de qualidade.

Desse modo, o mercado consumidor no qual será focada a venda de composto e

vermicomposto serão os produtores de flores e plantas da cidade de Holambra.

A partir disso, foram localizadas três regiões que estivessem entre a cidade de

Holambra e o CEAGESP. Para a escolha da melhor área dentre as três, foram

considerados os seguintes fatores:

Área do terreno: deve ser suficiente para a implantação da usina. Quanto

maior a área, menor será a nota atribuída. Vale ressaltar que a pesquisa foi feita

apenas para terrenos entre 70.000 e 100.000 m², ou seja, já foi definida, como pré-

requisito, a mínima área necessária para a implantação da usina, garantindo ao

mesmo tempo em que não seja levantado como opção um terreno muito extenso.

Dessa forma, quanto maior for a área, o custo acima do realmente necessário para o

tratamento dos resíduos também será.

Fácil acesso: a área deve estar localizada próxima a grandes rodovias para

facilitar a circulação de veículos. Esse fator leva em consideração também a condição

das vias de acesso ao terreno. Portanto, quanto melhor forem elas, maior será a sua

nota.

Page 84: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

71

Custo do terreno: leva em consideração o custo para a compra do terreno. Esse

custo será analisado por m² de área, assim, quanto maior for, menor será a sua nota.

Distância do CEAGESP: quanto menor for a distância entre o CEAGESP e o

terreno maior será a nota atribuída, pois o custo com combustível será menor uma

vez que o volume de resíduos antes do tratamento é maior. Além disso, sendo o

terreno próximo do CEAGESP, existe também a possibilidade de retornar o

composto/vermicomposto para ser vendido no local.

6.1.3 Pesos atribuídos para cada critério

Como a distância de grandes centros urbanos e a facilidade de acesso são fatores

muito importantes para viabilizar a implantação da usina de compostagem e

vermicompostagem, serão atribuídos pesos maiores (Peso 3). Em seguida, está o

custo de terreno que implicará diretamente no investimento necessário para o

tratamento dos resíduos orgânicos do CEAGESP. Por isso, a este fator será atribuído

Peso 2. Por fim, a área do terreno que também poderá possibilitar uma maior

quantidade de vermicomposto para venda no futuro será atribuído Peso 1. Dessa

forma, segue na deles:

Tabela 33 os critérios e pesos de cada um deles:

Tabela 33: Resumo de pesos para critérios de escolha do terreno

FONTE: Autores

6.1.4 Estudo de terrenos

Serão apresentados a seguir 3 terrenos localizados entre o CEAGESP e a cidade

de Holambra. Todos eles foram escolhidos com base na área do terreno (entre 70.000

e 100.000 m²) e na sua localização.

Terreno 1: localizada na cidade de Jaguariúna, o terreno está em uma região

industrial da cidade, próximo de grandes rodovias. Com 75.000 m² de área, o custo

Page 85: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

72

do terreno é de R$4.500.000,00, ou seja, R$60,00/m². Além disso, está a

aproximadamente 117 km do CEAGESP. Segue na Figura 21 a localização do terreno.

Figura 21: Terreno em Jaguariúna

FONTE: Google Earth (2014)

Terreno 2: área de 90.000 m² localizada na região industrial do município de

Valinhos. Algumas das vias de acesso são estreitas e encontra-se um pouco mais

distante da rodovia do que os outros terrenos descritos anteriormente. O seu custo é

de R$9.000.000,00 ou R$100,00/m² e está localizado a cerca de 75,5 km do

CEAGESP. Na Figura 22 está a localização e o entorno desse terreno.

Figura 22: Terreno em Valinhos (procurar um local rural)

Page 86: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

73

FONTE: Google Earth (2014)

Terreno 3: área de 80.000 m² localizada no distrito industrial de Vinhedo.

Encontra-se a 500 metros da Rodovia Anhanguera e o custo do terreno é de

R$120,00/m², ou seja, R$9.600.000,00 no total. O terreno encontra-se a

aproximadamente 68 km do CEAGESP. Na Figura 23 está a localização do terreno e

do seu entorno.

Figura 23: Terreno em Vinhedo e seu entorno

FONTE: Google Earth (2014)

6.1.5 Atribuição de notas e escolha da área

Para cada um dos critérios será atribuído uma nota de 0 a 5 de acordo com as

características levantadas de cada terreno e que foram apresentadas no item anterior.

Assim, a Tabela 34 mostra a pontuação de cada terreno:

Page 87: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

74

Tabela 34: Notas atribuídas para os terrenos em estudo

FONTE: Autores

Assim, o local em que será implantada a usina de compostagem e

vermicompostagem será na cidade de Jaguariúna.

Escolhida a área, apresenta-se a disposição dos setores de tratamentos relativos à

compostagem e vermicompostagem. Na Figura 24 pode-se observar o esquema

básico de distribuição de equipamentos e setores de armazenamento a ser seguido no

momento de implantação.

Figura 24: Layout de implantação de processos

Fonte: Autores

Page 88: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

75

7 Resultados e Discussões

7.1 Descrição do Funcionamento do

Empreendimento

Escolhidos o método de tratamento dos resíduos e a área para implantar o

tratamento, descrevem-se agora os processos que ocorrerão neste projeto.

Inicialmente, em 2015, haverá a produção de aproximadamente 223 toneladas de

resíduo por dia, em 2035 está prevista uma geração máxima de 354 toneladas por

dia. Os resíduos são depositados na área de transbordo. Da área de transbordo o

resíduo passa a ser transportado por uma esteira de triagem mecanizada de 20

metros.

Em 2035 serão 15 funcionários no horário de pico trabalhando na esteira, mas

haverá 2 turnos, cada um com 10 funcionários. São necessários mais funcionários

devido à necessidade de transporte de resíduos retirados, transporte dos resíduos

triados na estação de trituração, pausas para almoço, etc. Em 2015 o total de

funcionários cai de 20 para 10, com 5 em cada turno.

A etapa seguinte consiste da trituração. Nesta etapa, em 2015, haverá 211,9

toneladas a serem trituradas, pois 11,1 t foram retirados durante a triagem. Para 2035

esses valores serão de 336,3 t e 17,7 t, respectivamente. A trituração será feita,

inicialmente, por duas máquinas trituradoras, com capacidade de 7 t por hora e na

qual ocorrerá a redução de 10% do volume original. Em 2035 serão utilizadas 3

máquinas de trituração. Nesta etapa será necessário um funcionários por

equipamento por turno. Dois funcionários da estação de triagem trarão os resíduos

aos equipamentos. Será necessário apenas um funcionário por equipamento nesta

etapa, para controlar a trituração e transportar o resíduo triturado para a estação de

secagem, que será auxiliado durante uma parte do período. No total haverá 3

funcionários neste setor em 2015 e 4 em 2035.

A estação de secagem consiste inicialmente em 2 setores e posteriormente em 3

setores. Cada setor possui 1 ventilador de 5 cavalos de potência, 1 fornalha elétrica e

150 m² de área destinada para a secagem dos resíduos. Para cada setor serão

necessários 1 operador para o ventilador, 1 funcionário para revolver os resíduos,

Page 89: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

76

além de um funcionário para conduzir os resíduos para os caminhões. Nesta etapa,

em 2015, serão retirados 94,2 t em água, resultando em 117,7 t a serem transportadas

para Jaguariúna, a fim de se operar a compostagem. Em 2035 os valores serão,

respectivamente, 149,4 t de água e 186,9 toneladas de resíduo.

Após a secagem do resíduo e seu transporte para o terreno, o caminhão será

pesado em uma balança rodoviária, sendo o funcionário da guarita responsável por

anotar essa medida na entrada e na saída do veículo.

O caminhão irá descarregar o resíduo no pátio de compostagem por onde um

operador de máquina irá levar esses resíduos para formar a leira com a pá-

raspadeira. Estima-se que para o ano de 2035 chegará cerca de 186,9 t/dia na usina.

Após a formação das leiras, um operador será responsável pelo revolvimento das

leiras na frequência adequada. Além disso, este será responsável pela anotação da

temperatura das leiras diariamente.

Após 120 dias, o composto será levado para a peneira rotativa para separação das

impurezas, havendo um operador responsável por essa etapa. Existe uma redução do

volume e dos sólidos voláteis significativa nessa etapa. Assim, o composto final

gerado nessa etapa para o cenário de 2035 será de 77,6 t/dia. Como se optou por

tratar apenas 20% desse composto por vermicompostagem, então 62,1 t/dia do

composto irá para a empacotadora de sacos para ser vendido como composto

orgânico enquanto o restante irá passar pela vermicompostagem.

Um operador responsável pelas leiras da vermicompostagem terá também o

papel de transportar esse composto. Outro operador deve ser responsável pela

manutenção da umidade nas leiras garantindo que esteja na faixa ideal além de

garantir também que sejam adicionadas a quantidade adequada de minhocas. Após

60 dias de processo, o vermicomposto será peneirado e levado para o empacotador

para ser futuramente comercializado.

Por fim, todos os produtos empacotados serão armazenados em um pátio coberto

para serem transportados para Holambra.

É importante ressaltar que como são considerados 2 turnos de trabalho, o

número de funcionários também irá dobrar.

Page 90: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

77

Observa-se na Figura 25 e na Figura 26, o esquema de balanço de massa com as

quantidadesutilizadas no processo, em toneladas, para os anos de 2015 e 2035. É

importante ressaltar que na vermicompostagem a minhoca expele cerca de 60% do

quantidade de alimento que ingeriu sob a forma de húmus (Escola Profissional de

Desenvolvimento Rural de Serpa) e, por isso, a quantidade de vermicomposto

formado será menor que a quantidade de entrada.

Figura 25: Fluxograma quantitativo dos processos projetados em 2015 no cenário conservativo

FONTE: Autores

Figura 26: Fluxograma quantitativo dos processos projetados em 2035 no cenário conservativo

FONTE: Autores

7.2 Manual de operação

O manual de operação deste projeto indicará quais cuidados devem ser

observados durante cada processo para que haja máximo aproveitamento dos

equipamentos e para que se gere um produto de maior qualidade ao fim da operação.

7.2.1 Triagem

O processo de triagem exige poucos cuidados. É necessário observar, durante a

seleção, a presença de materiais nocivos aos outros processos, como metais e vidros,

posicionar a esteira em altura adequada para os operadores (pois ela possui altura

ajustável), utilização de EPIs no contato com resíduos, pois estes podem ser nocivos

Page 91: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

78

ao trabalhador, observar a velocidade adequada para balancear a seleção eficiente de

materiais com a demanda existente possuir um plano de contingência, para casos de

emergência e identificar claramente o botão de parada emergencial da esteira para o

caso de um acidente.

7.2.2 Trituração

A etapa de trituração possui mais situações a serem observadas e controladas

durante sua operação:

Observar o resíduo a ser triturado para evitar que metais ou outros materiais

mais resistentes entrem e destruam as lâminas. Para atingir a meta de granulometria

deste projeto, o fabricante ofereceu um triturador com facas de espessura de 15 mm

Estas facas, porém, são menos resistentes e, portanto, o cuidado deve ser incessante

para que não haja nenhum material que possa danificá-las.

Os funcionários devem estar devidamente equipados com os EPIs e devem

frequentar um curso sobre segurança para que possam manusear adequadamente

esse equipamento.

A troca das lâminas deve ser feita a cada 5 anos, ou se houver algum tipo de

dano devido à presença de materiais indesejados

É importante fazer a limpeza do triturador 1 vez por semana, para evitar

acumulo de resíduos já triturados e consequente perda de eficiência

7.2.3 Secagem

A secagem em terreiro secador aquecido por fornalha é bastante simples, mas

deve observar determinadas práticas para que se consiga a redução de umidade

necessária. Os cuidados mais importantes são:

Revolver o resíduo pelo menos 4 vezes por turno.

Não ultrapassar 25 cm de altura para as camadas de resíduos.

Fazer camadas grandes, na direção da declividade do terreiro.

Cobrir bem as camadas para que não haja interferência de águas pluviais.

Observar a limpeza semanal dos ventiladores para que não haja obstrução na

passagem de vento.

Page 92: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

79

Adequação e monitoramento da temperatura para que esta não ultrapasse os

60ºC.

Observar a vida útil das fornalhas elétricas, que são, em média, de 10 anos.

(FREIRE, A. T., 1998)

7.2.4 Compostagem

Para que não ocorram problemas durante o processo de compostagem, alguns

cuidados e medidas para evitá-los devem ser tomadas. Por isso, a seguir, vão ser

descritos os parâmetros que devem ser medidos e quais devem ser as ações caso isso

não ocorra. Dessa forma, com uma operação adequada, a qualidade do composto não

será comprometida e seu valor e benefícios ao solo serão garantidos.

O composto, ao chegar no terreno (pátio de compostagem), não deve

permanecer muito tempo a céu aberto uma vez que o processo de degradação irá

começar podendo trazer problemas de odor

O teor de umidade deve ser controlado regularmente. Deve sempre

permanecer em torno de 50 a 60%. Caso ele esteja muito abaixo desse valor, pode-se

utilizar a água na lagoa de contenção de líquidos para aumentar a umidade. Caso não

tenha água suficiente, deve-se irrigar as leiras com água. Se a umidade estiver muito

elevada, deve-se aumentar o número de revolvimentos até reduzir essa umidade.

A temperatura das leiras costuma diminuir após 90 dias. Ela deve ser

controlada pelo menos no meio da leira. Se apresentar um valor acima de 65⁰C deve-

se aumentar o número de revolvimentos ou modificar a sua configuração geométrica.

Quando a temperatura demorar a subir aos limites desejáveis, significa que

está com pouca atividade microbiológica. Pode-se adicionar matéria orgânica e deve-

se verificar se a umidade está dentro do ideal.

Para disponibilizar os nutrientes necessários caso esteja faltando, pode-se

adicionar material carbonáceo (folhas, capim, resíduos de poda) e nitrogenados

(legumes e grama) para estabelecer a relação C/N ideal.

O ciclo de reviramento deve ser feito a cada 3 dias nos primeiros 30 dias e a

cada 6 dias até o término da degradação ativa.

Ler e anotar diariamente a temperatura das leiras.

Limpar mensalmente os ralos e as canaletas de drenagem.

Page 93: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

80

Verificar as condições de impermeabilização do pátio de compostagem

(BIDONE E POVINELLI, 1999; OLIVEIRA, 2010; OLIVEIRA;SARTORI;GARCEZ,

2008)

7.2.5 Vermicompostagem

A operação da vermicompostagem é bem simples, ao ponto de ser utilizada por

muitas residências e escolas com o objetivo de reciclar os resíduos orgânicos gerados

evitando seu descarte e atentar as pessoas para questões ambientais.

Para se obter um processo de vermicompostagem satisfatório deve-se atentar a

alguns parâmetros e características básicas para que não ocorram alterações que

possam vir a comprometer todo o processo. A seguir estão os principais tópicos a

serem monitorados e controlados para a atividade de vermicompostagem:

As minhocas se desenvolvem em ambientes úmidos. Logo, deve-se atentar ao

uso dos sombrites nas leiras para evitar o contato direto dos raios solares.

Construção da vermicomposteira deve ser feita de uma maneira que seja

compatível com a quantidade de minhocas utilizadas/m² e utilização de materiais

que possibilitem fácil construção e proporcionem ambiente favorável a

vermicompostagem.

O povoamento da unidade deve ser feita nas primeiras horas da manhã, para

que as minhocas tenham o máximo período diurno para adaptação.

Durante os primeiros 30 dias não será necessário a inserção de mais matéria-

prima compostada. Após esse tempo, devem ser alimentadas consoantes as suas

necessidades.

O composto de entrada na vermicompostagem deve ter a granulometria

adequada visando aperfeiçoar o processo e garantir um ambiente mais aerado.

Deve ser feito um peneiramento para separar o vermicomposto das minhocas.

Além disso, o peneiramento em malha de 1 mm seguido por outro de 2 mm deve ser

feito para separar as impurezas que possam eventualmente estar pesentes.

Monitorar, controlar e manter um local propício ao desenvolvimento das

minhocas pelos seguintes parâmetros:

- Grau de umidade: entre 70 e 75%. Como o composto saído do processo de

compostagem terá um grau de umidade abaixo do ideal, deve ser adicionada água ou

Page 94: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

81

mesmo o lixiviado desse processo se houver. Esse processo deve ser controlado, pois

um meio com uma umidade muito elevada leva também a uma redução do

arejamento no meio, podendo comprometer a sobrevivência das minhocas.

- Temperatura ideal entre 16 e 22 graus Celsius. Para evitar que a temperatura

eleve-se para uma faixa acima do ideal, é importante o uso do sombrite.

- Arejamento: compostos devem ter pequena granulometria para garantir um

meio arejado.

- pH do meio: deve ser monitorado, sendo o ideal entre 5 e 9.

- Longe do ruído de máquinas.

(REICHERT, 1999; BIDONE E POVINELLI, 1999; OLIVEIRA, 2010; LOURENÇO,

2014)

7.3 Licenciamento Ambiental

Visando que todo o processo do estudo esteja de acordo com as leis ambientais

vigentes, as etapas operacionais existentes foram separadas a fim de analisar para

cada etapa o licenciamento ambiental específico e seu custo. No final da descrição de

todas as etapas terá o custo total que será incluído no valor final do projeto.

As etapas operacionais são: armazenamento dos resíduos sólidos, o seu

transporte, atividade de secagem, atividade de compostagem, vermicompostagem e

venda de produto in natura.

1. Armazenamento de resíduos sólidos

Sabe-se que a classificação dos nossos resíduos sólidos, quanto sua natureza, são

resíduos classe II-A segundo a NBR10004/04 (Norma Brasileira de Classificação de

Resíduos Sólidos), que significa que são resíduos não perigosos e não inertes, que por

suas características intrínsecas, possuem propriedades tais como: biodegradabilidade

e solubilidade em água, podendo comprometer a saúde humana se forem dispostos

irregularmente. Para adquirir o licenciamento ambiental para armazenamento, deve-

se entregar os documentos exigidos pela CETESB bem como o formulário de

solicitação que serão gerados pelo Portal do Licenciamento Ambiental - PLA.

2. Transporte de resíduo sólidos

Page 95: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

82

Para possuir a licença ambiental deve-se possuir o documento Central de

reciclagem de caminhões e outros veículos da CETESB onde terá a documentação da

Licença Prévia e de Instalação concomitantes.

Para tal solicitação deve-se entregar uma lista de documentos exigidas pela

CETESB, dentre elas a Manifestação do órgão ambiental municipal, que no nosso

caso se enquadra no item a. por ser um sistema privado de armazenamento,

transferência e tratamento de resíduos sólidos e o preenchimento do formulário de

solicitação pelo PLA.

No documento de controle de resíduo deverá conter as seguintes informações:

a) sobre o resíduos:

- nome apropriado para embarque, conforme Portaria n0 204 do Ministério dos

Transportes;

- estado físico (sólido, pó, líquido, gasoso, lodo ou pastoso);

- classificação conforme Portaria n0 204 do Ministério dos Transportes;

- quantidade;

- tipo de acondicionamento;

- n⁰ da ONU;

- n⁰ de risco;

- grupo de embalagem

b) sobre o gerador, receptor e transportador do resíduo:

- atividade;

- razão social;

- endereço;

- telefone;

- fax;

- e-mail;

c) nome(s) da(s) pessoa(s), com respectivo(s) número(s) de telefone(s), a ser(em)

contatada(s) em caso de emergência;

Page 96: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

83

3. Atividade de secagem

Para essa atividade também é dispensado o licenciamento ambiental, uma vez

que, considerando a atividade de secagem, sem transformação, não estão incluídas no

rol das atividades licenciáveis elencadas na Resolução CONAMA n0 237/97.

4. Atividade de compostagem

Diferentemente dos outros itens, esse item tem que atender o licenciamento de

Usina de compostagem com capacidade superior a 100t/dia da CETESB, já que o

projeto em estudo tratará 186,8t/dia no cenário de 2035. Para atender tais exigências

deve-se enviar uma lista de documentos onde um documento que difere dos demais

trata-se do Estudo Ambiental para Unidade de Compostagem onde o roteiro desse

estudo encontra-se no site da CETESB. Além disso, o licenciamento prévio de

empreendimentos potenciais ou efetivamente causadores de degradação ambiental

deve ser realizado com base nos estudos ambientais (EIA, RAP ou EAS) definidos

pela resolução CONAMA 01/86 e também o preenchimento do formulário de

solicitação de PLA.

5. Atividade de vermicompostagem

Segundo a CETESB, o tratamento dos resíduos especificados no artigo 2o pela

vermicompostagem (o resíduo estudado nesse projeto se enquadra na classe I do Art.

– restos de legumes, verduras, frutas e outros alimentos de origem vegetal ). No caso

em estudo, o projeto não estará dispensado do licenciamento ambiental, pois o limite

de 100ton/dia foi ultrapassado, já que serão tratados 38,8t/dia na

vermicompostagem.

Seja realizada em empreendimentos de pequeno porte, que tratem no máximo

100t resíduos/dia;

Não trate resíduos de origem industrial;

Seja realizada no local de geração dos resíduos a serem tratados;

Seja precedida da devida segregação no ponto de geração;

Não seja realizada diretamente no solo sem impermeabilização, e;

Não faça uso de aditivos químicos de qualquer natureza.

Page 97: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

84

Foi optado pela emissão da Licença Prévia concomitante com a Licença de

Instalação e Licença de Operação, pois será cobrada apenas a Licença Prévia.

Após a descrição de todos os licenciamentos necessários de cada etapa do estudo,

precisa-se apenas de uma Licença Prévia concomitante com a Licença de Instalação e

uma Licença de Operação. Segundo o site da CETESB o valor dessas licenças se dá

por um cálculo realizado no próprio site a partir do valor da área da atividade em

questão.

Para a simulação dos custos do licenciamento não foram incluídas as etapas de

transporte de resíduos, pois será necessária apenas a documentação exigida já que

esses resíduos não são perigosos para circulação terrestre. A vermicompostagem

também não foi incluída, pois se trata de uma quantidade inferior a limitante (110

t/dia) pela CETESB sendo dispensado o seu licenciamento. A atividade de secagem

foi dispensada segundo a Resolução CONAMA n0 237/97 e o armazenamento de

resíduos também, pois só exige documentos específicos por se tratar de resíduos não

-perigosos, ou seja, o custo do licenciamento ambiental caberá apenas ao valor do

licenciamento da atividade de compostagem.

Para uma área de compostagem de 81.910 m² para uma área total de 97.336 m²

com fator de complexidade da fonte (W) igual a 2,0 ( fator adotado para

compostagem) e a fórmula abaixo encontrada no site da CETESB:

Indústria de Transformação: Atividades/empreendimentos consideradas como

fonte de poluição exceto mineração.

Para LP concomitante com LI, e LO

P= 70 + (1,5 x W x AC)

onde:

P= preço a ser cobrado, expresso em UFESP

AC= raiz quadrada da soma da área construída + área de atividade ao ar livre

(m2)

W= fator de complexidade da fonte

Para LP = 0,30 x P

Desse modo:

Page 98: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

85

P = 70 + (1,5 x 2,0 x (81.910 + 97.336)^(1/2))

P = 1270,12

LP = 0,3 x (1270,12)

LP = 381,04

Concluindo, o valor gasto no projeto referente às licenças ambientais será de

R$381,04.

7.4 Balanço de Caixa

7.4.1 Investimento

O investimento, ou custo de implantação, foi um dos critérios relevantes para a

escolha da alternativa adotada, justamente por representar uma quantidade

expressiva de capital a ser empregado e do qual se poderá ter retorno dentro de

alguns anos.

Os custos utilizados no cálculo deste item foram pesquisados entre empresas e

sites de equipamentos agrícolas ou industriais. Essencialmente, se busca saber a

média do mercado para tais valores para que se possa produzir um balanço de caixa

condizente com a realidade, no caso da implantação deste projeto. Desta forma,

estima-se que o custo total de investimentos para este empreendimento seja de R$

7.411.131,04. Na Tabela 35 podem-se observar os custos detalhados de cada

equipamento.

Page 99: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

86

Tabela 35: Custos de implantação do projeto para 2015

FONTE: Autores

7.4.2 Custos Operacionais

Os custos operacionais fazem parte crucial na montagem de um balanço de caixa

e avaliação da viabilidade de um empreendimento. É importante, portanto, projetar

os custos de forma verossímil para que se tenha conhecimento aproximado do quanto

é possível amortizar a dívida causada pelo investimento inicial e, dessa forma,

calcular o tempo de retorno do investimento.

Os custos operacionais do projeto estão relacionados principalmente em três

categorias: 1- Custos com energia elétrica; 2- Custos com transporte; 3- Pagamento

dos salários dos funcionários.

Os custos com energia elétrica foram projetados de acordo com a quantidade de

equipamentos necessários para cada etapa do projeto e inclui o aumento necessário

para que se possa atender a demanda final projetada. Optou-se por considerar como

constante o valor cobrado pela companhia de energia elétrica, para simplificação do

modelo sem que haja perda significativa na verossimilhança dos resultados. Foi

Custos de Implantação Número de Equipamentos

Custo por Unidade

(litros, no caso das

minhocas) (R$)

Custo Total (R$)

Área (m²) 75000 60 4500000

esteira de triagem 1 39600,00 39600,00

trituração 3 5000,00 15000,00

ventiladores 3 6000,00 18000,00

aquecedor para secagem 3 75000,00 225000,00

tubulação 3 5000,00 15000,00

Pá raspadeira 2 123000,00 246000,00

Revolvedor de leiras 1 400000,00 400000,00

Empacotadora de sacos 1 80000,00 80000,00

Balança rodoviária 1 37600,00 37600,00

Peneira rotativa 1 38000,00 38000,00

Minhocas 15750000 20,00 1050000,00

Sombrite (m²) 17400 2,00 34800,00

Licenciamento - - 381,04

Total R$ 6.699.381,04

Page 100: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

87

utilizado, portanto, o valor de 0,28117R$/kWh, disponibilizado pela Eletropaulo.

Dessa forma, os custos de 2015 e 2034 com a energia elétrica são apresentados na

Tabela 36 e na Tabela 37.

Tabela 36: Custos Operacionais com Eletricidade em 2015

FONTE: Autores

Tabela 37: Custos Operacionais com Eletricidade em 2035

FONTE: Autores

Os custos com transporte foram baseados na quantidade de viagens feitas hoje

para o transporte dos resíduos, eficiência do caminhão na relação entre quilômetros

percorridos por litro de combustível, distância entre o CEAGESP e o local de

tratamento dos resíduos e o custo do combustível. Novamente, para simplificação do

modelo, foi considerado o custo do combustível como constante ao longo dos anos.

Apesar das flutuações inevitáveis, é impraticável prever a alteração de valor a cada

ano e, portanto, adotou-se o modelo como estagnado. A quantidade de viagens varia

Custos operacionais com

eletricidade

Potência dos Equipamentos

(kW)

Energia

utilizada

diariamente

(kWh)

Custo Diário (R$) Custo Anual (R$)

Esteira de triagem 7,29 116,58 32,64 10184,64

Triturador 60,00 960,00 268,80 83865,60

Secador 105,89 1694,24 474,39 148008,81

Empacotadora de sacos 40,00 640,00 179,20 55910,40

Balança rodoviária 0,50 8,00 2,24 698,88

Peneira rotativa 1,10 17,66 4,95 1543,13

Total R$ 300.211,45

Custos operacionais com

eletricidade

Potência dos Equipamentos

(kW)

Energia

utilizada

diariamente

(kWh)

Custo Diário (R$) Custo Anual (R$)

Esteira de triagem 7,29 116,58 45,47 14185,38

Triturador 80,00 1280,00 499,19 155746,41

Secador 158,84 2541,36 991,10 309224,76

Empacotadora de sacos 40,00 640,00 249,59 77873,20

Balança rodoviária 0,50 8,00 3,12 973,42

Peneira rotativa 1,10 17,66 6,89 2149,30

Total R$ 560.152,46

Page 101: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

88

ao longo dos anos, devido ao aumento de produção de resíduos e, portanto, se

considerou que nos anos 2017, 2023 e 2029 seria necessário aumentar em 1 viagem o

número de total de transportes com resíduos. É possível verificar o custo de

transporte em 4 anos diferentes na Tabela 38.

Tabela 38: Custos Com Transporte nos anos de 2015, 2022, 2022, 2034.

FONTE: Autores

Por fim, considera-se ainda como custo operacional o salário a ser pago aos

funcionários do CEAGESP. Os cálculos foram baseados no salário mínimo vigente e

estão demonstrados na Tabela 39. Para o salário mínimo, considerou-se reajuste de

0,5% a.a. e este reajuste foi também aplicado aos benefícios que os funcionários

recebem. Além disso, devido ao aumento de resíduos a serem tratados, é necessário

ao longo do período de projeto aumentar o número de funcionários. Sendo assim, a

Tabela 40 e a Tabela 41 mostram a quantidade de funcionários e o custo total dos

gastos para os anos de 2025 e 2034.

Custos com

transporte

Distância

(km)

Massa de

Resíduos (t)

Eficiencia do

caminhão

(Km/l)

Nº de

viagens

Custo do

Combustível

(R$/l)

Custo Total

DiárioTotal no Ano

2015 117 117,7 3,2 8 2,5 731,25R$ 193.050,00R$

2022 117 143,2 3,2 10 2,5 914,06R$ 241.312,50R$

2028 117 165,0 3,2 12 2,5 1.096,88R$ 289.575,00R$

2034 117 186,9 3,2 14 2,5 1.279,69R$ 337.837,50R$

Page 102: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

89

Tabela 39: Custos com salários em 2015

FONTE: Autores

Tabela 40: Custos com salários em 2025

Quantidade FuncionárioN⁰ salários

mínimos

Salário por

funcionário (R$)Salário (R$) VR+VT (R$)

13⁰ salário

(R$)Custo anual (R$)

1 gestores no CEAGESP 3,5 2534,00 2534,00 462,00 2534,00 38486,00

10 triagem de resíduos 1 724,00 7240,00 4620,00 7240,00 149560,00

3 trituração de resíduos 1 724,00 2172,00 1386,00 2172,00 44868,00

3revolvedores para secagem

do resíduo1 724,00 2172,00 1386,00 2172,00 44868,00

3 operadores de máquina no 1,5 1086,00 3258,00 1386,00 3258,00 58986,00

1 Gestor Ambiental 5 3620,00 3620,00 462,00 3620,00 52604,00

2 supervisores 2 1448,00 2896,00 924,00 2896,00 48736,00

2 administrativo 1 724,00 1448,00 924,00 1448,00 29912,00

1 faxineira 1 724,00 724,00 462,00 724,00 14956,00

2 revolvedores de leira 1 724,00 1448,00 924,00 1448,00 29912,00

2 embaladores de saco 1 724,00 1448,00 924,00 1448,00 29912,00

2 peneira rotativa 1 724,00 1448,00 924,00 1448,00 29912,00

4operadores de máquina na

compostagem e 1,5 1086,00 4344,00 1848,00 4344,00 78648,00

2 recepção (guarita) 1 724,00 1448,00 924,00 1448,00 29912,00

2operadores para leira de

vermicompostagem1 724,00 1448,00 924,00 1448,00 29912,00

2operadores para controlar

umidade das leiras de 1 724,00 1448,00 924,00 1448,00 29912,00

Total (R$): 741096,00

Quantidade FuncionárioN⁰ salários

mínimos

Salário por

funcionário (R$)Salário (R$) VR+VT (R$)

13⁰ salário

(R$)Custo anual (R$)

1 gestores no CEAGESP 3,5 2663,59 2663,59 462,00 2663,59 40170,66

15 triagem de resíduos 1 761,03 11415,45 6930,00 11415,45 231560,85

4 trituração de resíduos 1 761,03 3044,12 1848,00 3044,12 61749,56

4

revolvedores para secagem

do resíduo 1 761,03 3044,12 1848,00 3044,12 61749,56

4

operadores de máquina no

CEAGESP 1,5 1141,55 4566,18 1848,00 4566,18 81536,34

1 Gestor Ambiental 5 3805,15 3805,15 462,00 3805,15 55010,95

2 supervisores 2 1522,06 3044,12 924,00 3044,12 50661,56

2 administrativo 1 761,03 1522,06 924,00 1522,06 30874,78

1 faxineira 1 761,03 761,03 462,00 761,03 15437,39

2 revolvedores de leira 1 761,03 1522,06 924,00 1522,06 30874,78

2 embaladores de saco 1 761,03 1522,06 924,00 1522,06 30874,78

2 peneira rotativa 1 761,03 1522,06 924,00 1522,06 30874,78

4

operadores de máquina na

compostagem e

vermicompostagem 1,5 1141,55 4566,18 1848,00 4566,18 81536,34

2 recepção (guarita) 1 761,03 1522,06 924,00 1522,06 30874,78

2

operadores para leira de

vermicompostagem 1 761,03 1522,06 924,00 1522,06 30874,78

2

operadores para controlar

umidade das leiras de

compostagem 1 761,03 1522,06 924,00 1522,06 30874,78

Total (R$): 895536,67

Page 103: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

90

FONTE: Autores

Tabela 41: Custos com salários em 2034

FONTE: Autores

7.4.3 Receitas

O cálculo relativo às receitas foi feito com base na geração de composto e

vermicomposto, calculados a cada ano, e multiplicados pelo valor de venda,

admitindo-se que todo o produto gerado será vendido. Inicialmente optou-se por um

preço encontrado no mercado, ou seja, R$160,00/tonelada de composto orgânico e

R$340,00/tonelada de vermicomposto. Admitiu-se também que haveria aumento de

0,3% a.a. no preço de venda dos produtos. Dessa forma, o aumento da receita ao

longo dos anos decorre do aumento na quantidade de produto gerado e no reajuste

do preço de venda. É importante ressaltar que, apesar de utilizar 20% de

vermicompostagem, o processo tem rendimento de apenas 60%, e, por isso, a

quantidade disponível de vermicomposto para venda é inferior à quantidade de

composto orgânico. Na Tabela 42 é possível observar o cálculo da receita em 4 dos

anos de projeto.

Quantidade FuncionárioN⁰ salários

mínimos

Salário por

funcionário (R$)Salário (R$) VR+VT (R$)

13⁰ salário

(R$)Custo anual (R$)

1 gestores no CEAGESP 3,5 2785,86 2785,86 462 2785,86 41760,18

20 triagem de resíduos 1 795,96 15919,2 9240 15919,2 317829,6

4 trituração de resíduos 1 795,96 3183,84 1848 3183,84 63565,92

4

revolvedores para secagem

do resíduo 1 795,96 3183,84 1848 3183,84 63565,92

4

operadores de máquina no

CEAGESP 1,5 1193,94 4775,76 1848 4775,76 84260,88

1 Gestor Ambiental 5 3979,8 3979,80 462 3979,8 57281,4

2 supervisores 2 1591,92 3183,84 924 3183,84 52477,92

2 administrativo 1 795,96 1591,92 924 1591,92 31782,96

1 faxineira 1 795,96 795,96 462 795,96 15891,48

2 revolvedores de leira 1 795,96 1591,92 924 1591,92 31782,96

2 embaladores de saco 1 795,96 1591,92 924 1591,92 31782,96

2 peneira rotativa 1 795,96 1591,92 924 1591,92 31782,96

4

operadores de máquina na

compostagem e

vermicompostagem 1,5 1193,94 4775,76 1848 4775,76 84260,88

2 recepção (guarita) 1 795,96 1591,92 924 1591,92 31782,96

2

operadores para leira de

vermicompostagem 1 795,96 1591,92 924 1591,92 31782,96

2

operadores para controlar

umidade das leiras de

compostagem 1 795,96 1591,92 924 1591,92 31782,96

Total (R$): 1003374,9

Page 104: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

91

Tabela 42: Receitas calculadas para os anos de 2015, 2021, 2027 e 2035

FONTE: Autores

7.4.4 Financiamento

Com estes dados, foi possível encontrar um financiamento que se adequa-se ao

projeto em questão. Com simulações de empréstimos em bancos e instituições

financeiras privadas para financiamento de pessoa jurídica. Dessa forma, simulou-se

um empréstimo de R$ 6.699.381,04 a uma taxa de juros de 2,5% a.a. e tempo retorno

previsto para 15 anos.

O tipo de pagamento considerado foi o pagamento de amortização crescente em

período tetranual, ou seja, a cada 4 anos o valor a ser amortizado é aumentado, até

2023. A partir de 2024 o reajuste passa a ser bianual e em 2029 se conclui o

pagamento. Pode-se obter, com isso, um lucro líquido variável ao longo dos anos,

sendo este entre R$9.000,00 e R$264.262,00. A partir do ano de quitação da dívida,

o lucro passa a ser superior a R$ 0,8 milhão. A Tabela 43 apresenta os cálculos feitos

neste balanço de caixa para os primeiros 4 anos. A Tabela 44 apresenta os ultimo 4

anos de pagamento de amortização, enquanto que a Tabela 45 exibe os últimos 4

anos de projeto, nos quais o lucro líquido é máximo. Tem-se, apesar de um

investimento alto e um tempo de retorno alto, um investimento economicamente

viável e em acordo com as normas ambientais atualmente vigentes.

Ano 2015 2021 2027 2035

Composto (t) 8429,93 9990,34 11550,76 13631,31

Vermicomposto (t) 2107,48 2497,59 2887,69 3407,83

Receita com Composto

(R$)1348788,28 1628425,61 1917425,43 2317322,40

Receita com

Vermicomposto (RS)429926,26 518747,59 610649,17 738118,98

Receita Final (R$) 1.778.714,55R$ 2.147.173,21R$ 2.528.074,60R$ 3.055.441,38R$

Page 105: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

92

Tabela 43: Balanço de caixa dos 4 primeiros anos de projeto.

FONTE: Autores

Tabela 44: Balanço de caixa dos 4 últimos anos de pagamento da taxa de amortização para quitação da dívida.

FONTE: Autores

Tabela 45: Balanço de caixa dos 4 últimos anos de projeto, nos quais o lucro líquido é máximo.

2015 2016 2017 2018

Investimento Total 6.699.381,04R$ -R$ -R$ -R$

Dívida 6.699.381,04R$ 6.349.381,04R$ 5.999.381,04R$ 5.649.381,04R$

Juros 167.484,53R$ 158.734,53R$ 149.984,53R$ 141.234,53R$

Amortização 350.000,00R$ 350.000,00R$ 350.000,00R$ 350.000,00R$

Valor Pago 517.484,53R$ 508.734,53R$ 499.984,53R$ 491.234,53R$

Salários 741.096,00R$ 744.801,48R$ 748.525,49R$ 752.268,11R$

Custos Energia 300.211,45R$ 300.211,45R$ 300.211,45R$ 300.211,45R$

Custos Transporte 193.050,00R$ 193.050,00R$ 241.312,50R$ 241.312,50R$

Receita 1778714,545 1839089,887 1900156,587 1961237,044

Lucro Líquido 26.872,57R$ 92.292,43R$ 110.122,62R$ 176.210,45R$

2026 2027 2028 2029

Investimento Total -R$ -R$ -R$ -R$

Dívida 1.949.381,04R$ 1.349.381,04R$ 749.381,04R$ 19.381,04R$

Juros 48.734,53R$ 33.734,53R$ 18.734,53R$ 484,53R$

Amortização 600.000,00R$ 600.000,00R$ 730.000,00R$ 19.381,04R$

Valor Pago 648.734,53R$ 633.734,53R$ 748.734,53R$ 19.865,57R$

Salários 913.582,18R$ 918.150,09R$ 922.740,84R$ 927.354,55R$

Custos Energia 560.152,46R$ 560.152,46R$ 560.152,46R$ 560.152,46R$

Custos Transporte 289.575,00R$ 289.575,00R$ 289.575,00R$ 337.837,50R$

Receita 2.463.667,03R$ 2.528.074,60R$ 2.592.750,02R$ 2.657.820,99R$

Lucro Líquido 51.622,85R$ 126.462,52R$ 71.547,18R$ 812.610,91R$

2032 2033 2034 2035

Investimento Total -R$ -R$ -R$ -R$

Dívida -R$ -R$ -R$ -R$

Juros -R$ -R$ -R$ -R$

Amortização -R$ -R$ -R$ -R$

Valor Pago -R$ -R$ -R$ -R$

Salários 993.415,91R$ 998.382,99R$ 1.003.374,90R$ 1.008.391,77R$

Custos Energia 560.152,46R$ 560.152,46R$ 560.152,46R$ 560.152,46R$

Custos Transporte 337.837,50R$ 337.837,50R$ 337.837,50R$ 337.837,50R$

Receita 2.855.108,16R$ 2.921.501,23R$ 2.988.389,57R$ 3.055.441,38R$

Lucro Líquido 963.702,29R$ 1.025.128,28R$ 1.087.024,71R$ 1.149.059,64R$

Page 106: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

93

FONTE: Autores

8 Considerações finais

Diante de todo o estudo, chegou-se a solução viável para o tratamento dos

resíduos orgânicos gerados pela atividade de comércio no CEAGESP. O processo de

triagem, seguido da secagem, transporte para um terreno na cidade de Jaguariúna,

onde serão realizados os processos de compostagem e vermicompostagem e, por fim,

a comercialização de composto orgânico e vermicomposto, mostrou-se a alternativa

mais viável, levando em consideração fatores técnicos, econômicos, ambientais e

sociais. O tratamento anaeróbio mostrou-se inviável apesar de permitir o

reaproveitamento energético a partir dos resíduos. Esse fato deve-se, principalmente,

pela necessidade de um investimento extremamente elevado.

A grande geração de resíduos no CEAGESP somado à inviabilidade do tratamento

anaeróbio prévio implicou na necessidade de um terreno com uma área extensa,

impactando significativamente no custo de implantação e de transporte para o

terreno externo.

Apesar disso, os tratamentos por compostagem e vermicompostagem apresentam

operação relativamente simples, não exigindo funcionários especializados, o que

reduz o custo com mão de obra. Entretanto, é imprescindível o treinamento dos

funcionários para assegurar que todo o processo seja operado adequadamente,

evitando problemas como odor. Além disso, a operação sendo adequada garante

também produtos finais de boa qualidade. Esse fator é essencial para que o mercado

consumidor seja atingido uma vez que o foco é a comercialização do composto e

vermicomposto para os produtores da cidade de Holambra, que como citado

anteriormente, preza, essencialmente, pela qualidade do produto.

Considerando o custo de implantação (equipamentos, terreno, materiais) e custos

operacionais (mão de obra, combustível, energia elétrica), chegou-se a um retorno do

investimento em 15 anos, com base na receita a partir do composto e vermicomposto.

Portanto, conclui-se que a solução levantada exige um investimento alto

mesmo sem o tratamento anaeróbio dos resíduos. Entretanto, em longo prazo torna-

se uma alternativa interessante e menos custosa se comparado à disposição final dos

resíduos sólidos urbanos em aterro sanitário.

Page 107: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

94

Page 108: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

95

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100

Anexos

Anexo 1: Histórico de resíduos gerados no CEAGESP

Lixo (t)

Composto -

Reciclagem

(t) (¹)

Reciclagem

(t) (²)

Total

Reciclagem

(t)

Total

Resíduos

(t)

%

Composto

%

Reciclagem

(total)

Economia

R$

Receita

Reciclagem

R$

JANEIRO 3,326.79 3,326.79

FEVEREIRO 2,763.05 2,763.05

MARÇO 3,017.88 86.27 19.22 105.49 3,123.37 2.76% 3.38% 13,072.32

ABRIL 2,550.40 0.00 26.45 26.45 2,576.85 0.00% 1.03% 3,277.68

MAIO 2,234.31 19.60 52.24 71.84 2,306.15 0.85% 3.12% 8,902.41

JUNHO 2,241.68 103.46 55.97 159.43 2,401.11 4.31% 6.64% 19,756.57

JULHO 2,181.67 0.00 74.66 74.66 2,256.33 0.00% 3.31% 9,251.87

AGOSTO 2,095.95 65.60 49.75 115.35 2,211.30 2.97% 5.22% 10,701.26

SETEMBRO 2,130.11 67.22 98.87 166.09 2,296.20 2.93% 7.23% 19,435.30

OUTUBRO 2,356.25 344.29 82.19 426.48 2,782.73 12.37% 15.33% 39,090.27

NOVEMBRO 2,573.75 401.08 89.70 490.78 3,064.53 13.09% 16.01% 43,726.03

DEZEMBRO 3,308.22 318.60 94.51 413.11 3,721.33 8.56% 11.10% 37,108.28

TOTAL: 30,780.06 1,406.12 643.56 2,049.68 32,829.74 4.28% 6.24% 204,321.99

MÉDIA: 2,565.00 140.61 64.36 204.97 2,735.81 20,432.20

SE

M IN

FO

RM

ÃO

ANO / MÊS

2003

Lixo (t)

Composto -

Reciclagem

(t) (¹)

Reciclagem

(t) (²)

Total

Reciclagem

(t)

Total

Resíduos

(t)

%

Composto

%

Reciclagem

(total)

Economia

(R$)

Receita de

Reciclagem

R$

JANEIRO 2,977.56 52.09 158.19 210.28 3,187.84 1.63% 6.60% 25,433.54 0.00

FEVEREIRO 3,076.98 21.51 155.48 176.99 3,253.97 0.66% 5.44% 23,486.89 0.00

MARÇO 2,992.68 75.47 45.71 121.18 3,113.86 2.42% 3.89% 10,903.50 400.00

ABRIL 2,372.86 349.94 119.67 469.61 2,842.47 12.31% 16.52% 30,703.49 1,200.00

MAIO 2,134.44 338.69 154.70 493.39 2,627.83 12.89% 18.78% 34,863.30 2,000.00

JUNHO 2,343.04 33.95 238.73 272.68 2,615.72 1.30% 10.42% 35,720.89 1,650.00

JULHO 2,443.84 18.97 150.29 169.26 2,613.10 0.73% 6.48% 22,366.56 1,475.00

AGOSTO 2,023.04 33.53 162.03 195.56 2,218.60 1.51% 8.81% 24,768.36 3,850.00

SETEMBRO 2,236.08 47.93 152.81 200.74 2,436.82 1.97% 8.24% 24,629.98 1,000.00

OUTUBRO 2,333.38 65.42 212.49 277.91 2,611.29 2.51% 10.64% 37,495.34 800.00

NOVEMBRO 2,740.58 102.71 217.78 320.49 3,061.07 3.36% 10.47% 38,522.95 3,100.00

DEZEMBRO 3,382.27 94.17 206.09 300.26 3,682.53 2.56% 8.15% 35,235.23 2,375.00

TOTAL: 31,056.75 1,234.38 1,973.97 3,208.35 34,265.10 3.60% 9.36% 344,130.03 17,850.00

MÉDIA: 2,588.06 102.87 164.50 267.36 2,855.43 28,677.50 1,487.50

ANO / MÊS

2004

Page 114: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

101

Lixo (t)

Composto -

Reciclagem

(t) (¹)

Reciclagem

(t) (²)

Total

Reciclagem

(t)

Total

Resíduos

(t)

%

Composto

%

Reciclagem

(total)

Economia

R$

Receita

Reciclagem

R$

JANEIRO 3,432.27 23.14 290.94 314.08 3,746.35 0.62% 8.38% 40,505.05 1,450.00

FEVEREIRO 2,668.25 60.81 245.39 306.20 2,974.45 2.04% 10.29% 38,884.84 1,200.00

MARÇO 3,128.26 55.05 237.23 292.28 3,420.54 1.61% 8.54% 38,375.85 4,100.00

ABRIL 3,049.95 16.76 225.00 241.76 3,291.71 0.51% 7.34% 36,005.83 380.00

MAIO 4,150.90 11.61 287.10 298.71 4,449.61 0.26% 6.71% 44,659.44 3,853.80

JUNHO 2,532.20 10.08 257.35 267.43 2,799.63 0.36% 9.55% 42,025.82 1,380.00

JULHO 1,937.94 42.35 242.20 284.55 2,222.49 1.91% 12.80% 23,682.51 2,680.00

AGOSTO 2,168.46 100.66 278.04 378.70 2,547.16 3.95% 14.87% 30,776.16 2,187.00

SETEMBRO 2,252.32 71.99 280.05 352.04 2,604.36 2.76% 13.52% 28,961.34 1,133.75

OUTUBRO 2,656.78 61.62 296.94 358.56 3,015.34 2.04% 11.89% 28,574.03 1,000.00

NOVEMBRO 2,276.71 276.86 290.41 567.27 2,843.98 9.73% 19.95% 36,772.78 1,163.75

DEZEMBRO 2,913.23 550.45 331.96 882.41 3,795.64 14.50% 23.25% 48,406.89 810.81

TOTAL: 33,167.27 1,281.38 3,262.61 4,543.99 37,711.26 3.40% 12.05% 437,630.54 21,339.11

MÉDIA: 2,763.94 106.78 271.88 378.67 3,142.61 36,469.21 1,778.26

ANO / MÊS

2005

Lixo (t)

Composto -

Reciclagem

(t) (¹)

Reciclagem

(t) (²)

Total

Reciclagem

(t)

Total

Resíduos

(t)

%

Composto

%

Reciclagem

(total)

Economia

(R$)

Receita de

Reciclagem

R$

JANEIRO 2,750.81 308.21 386.72 694.93 3,445.74 8.94% 20.17% 42,991.31 400.00

FEVEREIRO 2,706.81 211.03 397.81 608.84 3,315.65 6.36% 18.36% 40,032.39 3,652.00

MARÇO 3,095.04 202.15 534.57 736.72 3,831.76 5.28% 19.23% 50,141.72 11,286.25

ABRIL 2,332.79 472.49 311.04 783.53 3,116.32 15.16% 25.14% 42,885.97 5,217.25

MAIO 2,201.95 465.07 205.26 670.33 2,872.28 16.19% 23.34% 34,960.81 0.00

JUNHO 2,427.11 184.59 242.66 427.25 2,854.36 6.47% 14.97% 26,932.68 2,000.00

JULHO 2,079.99 239.47 215.79 455.26 2,535.25 9.45% 17.96% 26,873.84 3,345.75

AGOSTO 1,532.37 747.14 256.77 1,003.91 2,536.28 29.46% 39.58% 48,805.79 2,500.00

SETEMBRO 1,343.30 893.05 290.73 1,183.78 2,527.08 35.34% 46.84% 56,575.93 150.00

OUTUBRO 1,752.63 992.58 361.22 1,353.80 3,106.43 31.95% 43.58% 65,997.34 2,583.50

NOVEMBRO 2,076.98 1,010.10 358.77 1,368.87 3,445.85 29.31% 39.73% 66,858.65 2,700.00

DEZEMBRO 3,038.52 1,005.02 342.92 1,347.94 4,386.46 22.91% 30.73% 64,204.21 500.00

TOTAL: 27,338.30 6,730.90 3,904.26 10,635.16 37,973.46 17.73% 28.01% 567,260.64 34,334.75

MÉDIA: 2,278.19 560.91 325.36 886.26 3,164.46 47,271.72 2,861.23

ANO / MÊS

2006

Page 115: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

102

Lixo (t)

Composto -

Reciclagem

(t) (¹)

Reciclagem

(t) (²)

Total

Reciclagem

(t)

Total

Resíduos

(t)

%

Composto

%

Reciclagem

(total)

Economia

R$

Receita

Reciclagem

R$

JANEIRO 2,768.85 674.71 400.65 1,075.36 3,844.21 17.55% 27.97% 56,344.40 0.00

FEVEREIRO 2,381.15 1,128.33 427.15 1,555.48 3,936.63 28.66% 39.51% 75,776.66 3,000.00

MARÇO 2,917.57 812.21 360.67 1,172.88 4,090.45 19.86% 28.67% 59,171.46 4,000.00

ABRIL 1,888.04 1,133.90 253.04 1,386.94 3,274.98 34.62% 42.35% 63,271.73 4,350.00

MAIO 2,011.19 853.25 207.13 1,060.38 3,071.57 27.78% 34.52% 48,534.85 2,886.10

JUNHO 1,525.20 990.67 223.96 1,214.63 2,739.83 36.16% 44.33% 54,822.97 0.00

JULHO 2,031.18 442.24 219.84 662.08 2,693.26 16.42% 24.58% 33,819.58 8,620.00

AGOSTO 2,470.21 13.68 229.56 243.24 2,713.45 0.50% 8.96% 18,657.76 0.00

SETEMBRO 2,423.22 35.10 257.66 292.76 2,715.98 1.29% 10.78% 22,128.43 1,545.05

OUTUBRO 2,983.57 36.59 278.35 314.94 3,298.51 1.11% 9.55% 23,825.96 1,062.00

NOVEMBRO 2,938.66 27.31 181.78 209.88 3,148.54 0.87% 6.67% 15,764.86 2,000.00

DEZEMBRO 3,662.36 3.58 292.93 296.51 3,958.87 0.09% 7.49% 22,974.12 1,000.00

TOTAL: 30,001.20 6,151.57 3,332.72 9,485.08 39,486.28 495,092.78 28,463.15

MÉDIA: 2,500.10 512.63 277.73 790.42 3,290.52 15.41% 23.78% 41,257.73 2,371.93

ANO / MÊS

2007

Lixo (t)

Composto -

Reciclagem

(t) (¹)

Reciclagem

(t) (²)

Total

Reciclagem

(t)

Total

Resíduos

(t)

%

Composto

%

Reciclagem

(total)

Economia

(R$)

Receita de

Reciclage

m R$

JANEIRO 3,683.58 0.00 404.44 404.44 4,088.02 0.00% 9.89% 31,422.48 500.00

FEVEREIRO 3,902.58 0.00 347.00 347.00 4,249.58 0.00% 8.17% 31,302.87 2,300.00

MARÇO 4,323.00 0.00 314.46 314.46 4,637.46 0.00% 6.78% 28,367.80 3,500.00

ABRIL 3,788.41 0.00 248.39 248.39 4,036.80 0.00% 6.15% 22,407.26 2,350.00

MAIO 3,052.39 0.00 210.34 210.34 3,262.73 0.00% 6.45% 18,974.68 640.00

JUNHO 2,870.41 0.00 221.21 221.21 3,091.62 0.00% 7.16% 19,955.08 3,250.00

JULHO 2,518.01 50.29 173.61 223.90 2,741.91 1.83% 8.17% 18,339.03 700.00

AGOSTO 2,834.77 63.58 284.11 347.69 3,182.46 2.00% 10.93% 29,015.38 3,700.00

SETEMBRO 2,591.69 56.01 259.29 315.30 2,906.99 1.93% 10.85% 26,640.35 3,950.00

OUTUBRO 3,228.94 207.53 348.09 555.62 3,784.56 5.48% 14.68% 36,545.28 1,600.00

NOVEMBRO 2,595.48 688.48 250.65 939.13 3,534.61 19.48% 26.57% 25,991.89 2,862.40

DEZEMBRO 2,969.30 778.98 365.08 1,144.06 4,113.36 18.94% 27.81% 37,858.69 3,377.74

TOTAL: 38,358.56 1,844.87 3,426.67 5,271.54 43,630.10 326,820.79 28,730.14

MÉDIA: 3,196.55 153.74 285.56 439.30 3,635.84 4.14% 11.97% 27,235.07 2,394.18

ANO / MÊS

2008

Page 116: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

103

Lixo (t)

Composto -

Reciclagem

(t) (¹)

Reciclagem

(t) (²)

Total

Reciclagem

(t)

Total

Resíduos

(t)

%

Composto

%

Reciclagem

(total)

Economia

R$

Receita

Reciclagem

R$

JANEIRO 2,701.18 1,000.34 397.00 1,397.34 4,098.52 24.41% 34.09% 41,168.80 4,742.20

FEVEREIRO 2,449.45 997.48 359.40 1,356.88 3,806.33 26.21% 35.65% 37,269.88 3,895.40

MARÇO 2,237.45 1,449.58 442.96 1,892.54 4,129.99 35.10% 45.82% 45,934.95 10,572.20

ABRIL 2,126.78 1,293.25 369.29 1,662.54 3,789.32 34.13% 43.87% 38,295.79 6,275.62

MAIO 2,187.94 1,396.29 312.17 1,708.46 3,896.40 35.84% 43.85% 32,371.93 4,357.38

JUNHO 1,739.29 1,162.34 225.25 1,387.59 3,126.88 37.17% 44.38% 23,358.53 3,762.55

JULHO 1,875.53 1,274.90 252.40 1,527.30 3,402.83 37.47% 44.88% 26,174.29 3,969.80

AGOSTO 1,470.39 1,308.32 268.69 1,577.01 3,047.40 42.93% 51.75% 27,863.36 6,076.30

SETEMBRO 2,222.42 1,207.02 472.38 1,679.40 3,901.82 30.93% 43.04% 49,793.58 3,652.40

OUTUBRO 1,866.41 1,764.68 450.77 2,215.45 4,081.86 43.23% 54.28% 47,516.09 7,982.36

NOVEMBRO 2,153.48 1,958.31 553.29 2,511.60 4,665.08 41.98% 53.84% 58,322.09 6,394.40

DEZEMBRO 3,461.56 1,528.41 498.43 2,026.84 5,488.40 27.85% 36.93% 52,526.31 2,381.28

TOTAL: 26,491.88 16,340.92 4,602.03 20,942.95 47,434.83 480,595.60 64,061.89

MÉDIA: 2,207.66 1,361.74 383.50 1,745.25 3,952.90 34.77% 44.37% 40,049.63 5,338.49

ANO / MÊS

2009

Lixo (t)

Composto -

Reciclagem

(t) (¹)

Reciclagem

(t) (²)

Total

Reciclagem

(t)

Total

Resíduos

(t)

%

Composto

%

Reciclagem

(total)

Economia

R$

Receita

Reciclage

m R$

JANEIRO 2,426.620 2,180.06 431.98 2,612.044 5,038.66 43.27% 51.84% 45,535.43 7,545.84

FEVEREIRO 3,846.530 559.77 451.92 1,011.693 4,858.22 11.52% 20.82% 47,637.20 4,030.00

MARÇO 3,151.460 933.15 582.50 1,515.650 4,667.11 19.99% 32.48% 61,401.33 6,100.00

ABRIL 2,933.230 1,081.46 600.12 1,681.579 4,614.81 23.43% 36.44% 63,258.54 3,372.70

MAIO 2,276.950 1,722.83 405.26 2,128.085 4,405.04 39.11% 48.31% 42,717.93 7,470.00

JUNHO 1,853.410 1,206.16 357.42 1,563.583 3,416.99 35.30% 45.76% 37,675.96 5,253.00

JULHO 2,486.750 1,027.76 545.68 1,573.443 4,060.19 25.31% 38.75% 57,520.45 6,890.00

AGOSTO 2,214.830 525.89 396.80 922.694 3,137.52 16.76% 29.41% 41,827.11 6,391.60

SETEMBRO 2,531.490 874.04 565.23 1,439.265 3,970.76 22.01% 36.25% 59,580.37 3,006.00

OUTUBRO 2,978.000 756.38 415.41 1,171.788 4,149.79 18.23% 28.24% 43,788.16 8,996.80

NOVEMBRO 3,899.470 272.24 518.70 790.944 4,690.41 5.80% 16.86% 57,617.64 2,486.40

DEZEMBRO 4,907.950 433.08 576.57 1,009.653 5,917.60 7.32% 17.06% 64,045.73 3,750.00

TOTAL: 35,506.69 11,572.82 5,847.60 17,420.42 52,927.11 622,605.85 65,292.34

MÉDIA: 2,958.89 964.40 487.30 1,451.70 4,410.59 22.34% 33.52% 51,883.82 5,441.03

ANO / MÊS

2010

Page 117: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

104

Lixo (t)

Composto -

Reciclagem

(t) (¹)

Reciclagem

(t) (²)

Total

Reciclagem

(t)

Total

Resíduos

(t)

%

Composto

%

Reciclagem

(total)

Economia

R$

Receita

Reciclagem

R$

JANEIRO 4,762.86 264.08 354.02 618.10 5,380.96 4.91% 11.49% 60,735.21 5,580.00

FEVEREIRO 3,825.90 731.02 462.41 1,193.43 5,019.33 14.56% 23.78% 67,423.89 11,440.00

MARÇO 4,382.40 560.94 422.31 983.25 5,365.65 10.45% 18.32% 70,487.81 8,850.00

ABRIL 3,338.61 945.52 335.68 1,281.20 4,619.81 20.47% 27.73% 47,380.40 4,603.60

MAIO 2,787.33 1,004.09 288.02 1,292.11 4,079.44 24.61% 31.67% 48,377.12 7,800.00

JUNHO 2,650.81 329.81 270.41 600.22 3,251.03 10.14% 18.46% 40,207.96 12,751.48

JULHO 3,257.76 589.78 262.70 852.48 4,110.24 14.35% 20.74% 58,833.63 8,920.30

AGOSTO 2,752.30 749.58 316.26 1,065.84 3,818.14 19.63% 27.92% 61,909.45 9,158.70

SETEMBRO 2,320.29 913.03 307.24 1,220.27 3,540.56 25.79% 34.47% 61,659.54 2,880.00

OUTUBRO 3,553.16 437.12 216.78 653.90 4,207.06 10.39% 15.54% 50,673.70 5,273.85

NOVEMBRO 2,741.83 1,514.53 276.85 1,791.38 4,533.21 33.41% 39.52% 62,576.52 15,246.40

DEZEMBRO 4,433.54 1,053.33 229.14 1,282.47 5,716.01 18.43% 22.44% 62,220.10 10,021.50

TOTAL: 40,806.79 9,092.83 3,741.82 12,834.65 53,641.44 692,485.33 102,525.83

MÉDIA: 3,400.57 757.74 311.82 1,069.55 4,470.12 17.26% 24.34% 57,707.11 8,543.82

ANO / MÊS

2011

Lixo (t)

Composto -

Reciclagem

(t) (¹)

Reciclagem

(t) (²)

Total Reciclagem

(t)

Total

Resíduos

(t)

% Composto

%

Reciclagem

(total)

Economia

R$

Receita

Reciclagem

R$

JANEIRO 3,883.86 907.98 295.96 1,203.94 5,087.80 17.85% 23.66% 56,353.81 8,013.00

FEVEREIRO 4,205.60 325.59 307.19 632.78 4,838.38 6.73% 13.08% 56,945.00 16,487.40

MARÇO 3,898.96 1,097.02 331.46 1,428.48 5,327.44 20.59% 26.81% 74,438.40 8,187.00

ABRIL 3,185.59 1,597.24 256.19 1,853.43 5,039.02 31.70% 36.78% 78,694.70 4,956.00

MAIO 3,727.17 773.08 303.87 1,076.95 4,804.12 16.09% 22.42% 59,779.78 7,258.50

JUNHO 3,981.89 154.64 226.29 380.93 4,362.82 3.54% 8.73% 42,340.39 5,192.80

JULHO 2,744.83 755.79 220.64 976.43 3,721.26 20.31% 26.24% 68,442.40 6,856.65

AGOSTO 2,459.10 1,303.55 271.49 1,575.04 4,034.14 32.31% 39.04% 51,732.98 7,017.20

SETEMBRO 2,923.21 652.06 182.29 834.35 3,757.56 17.35% 22.20% 53,473.52 6,316.40

OUTUBRO 3,617.16 175.93 232.29 408.22 4,025.38 4.37% 10.14% 53,355.62 6,278.20

NOVEMBRO 3,984.80 350.44 227.57 578.01 4,562.81 7.68% 12.67% 41,078.98 7,277.70

DEZEMBRO 5,175.47 420.14 192.83 612.97 5,788.44 7.26% 10.59% 52,465.32 3,672.88

TOTAL: 43,787.64 8,513.46 3,048.07 11,561.53 55,349.17 689,100.90 87,513.73

MÉDIA: 3,648.97 709.46 254.01 963.46 4,612.43 15.48% 21.03% 57,425.08 7,292.81

ANO / MÊS

2012

Page 118: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

105

FONTE: CEAGESP, 2014

Lixo (t)Composto

(t) (¹)

Reciclagem

(t) (²)B.C.A (t)

Total

Resíduos

(t)

%

Composto

%

Reciclagem

+ B.C.A

Economia

R$

Receita

Reciclagem

R$

JANEIRO 4,629.17 238.24 316.35 56.83 5,240.59 4.55% 7.12% 44,004.72 8,746.24

FEVEREIRO 3,995.30 690.96 263.47 239.62 5,189.35 13.31% 9.69% 63,372.10 13,619.50

MARÇO 4,433.68 322.96 357.39 32.70 5,146.73 6.28% 7.58% 44,853.36 4,687.01

ABRIL 3,732.03 638.52 273.26 62.15 4,705.96 13.57% 7.13% 38,800.45 10,511.20

MAIO 3,320.51 1,003.58 257.33 150.01 4,731.43 21.21% 8.61% 49,600.50 5,482.40

JUNHO 2,630.45 1,679.61 222.38 81.90 4,614.34 36.40% 6.59% 36,526.99 10,218.40

JULHO 3,092.42 1,019.14 226.17 97.42 4,435.15 22.98% 7.30% 39,094.35 7,771.80

AGOSTO 2,566.50 891.95 262.99 106.65 3,828.09 23.30% 9.66% 45,049.76 6,216.90

SETEMBRO 3,539.67 264.45 248.56 187.28 4,239.96 6.24% 10.28% 53,350.97 8,791.10

OUTUBRO 3,715.36 741.29 230.46 229.50 4,916.61 15.08% 9.36% 57,307.14 7,639.70

NOVEMBRO 4,561.89 59.68 227.95 137.58 4,987.10 1.20% 7.33% 43,523.71 6,816.80

DEZEMBRO 5,439.38 119.09 175.02 140.76 5,874.25 2.03% 5.38% 38,478.55 4,664.00

TOTAL: 45,656.36 7,669.47 3,061.33 1,522.40 57,909.56 553,962.60 95,165.05

MÉDIA: 3,804.70 639.12 255.11 126.87 4,825.80 16.43% 8.22% 46,163.55 7,930.42

ANO / MÊS

2013

Page 119: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

106

Anexo 2: Tabela das principais plantas Dranco em

operação

FONTE: Reichert, 2005

Planta/Local Ano de início Tipo de Resíduo Capacidade (t/ano)

Brecht, Bélgica 1992 RSU + Papel 12.000

Salzburg, Áustria 1993 RSU + Lodo de esgoto 13.500

Kaiseser-slautern, Alemanha 1998 Res. Orgânico 20.000

Brecht, Bélgica 1998 Res. Orgânico 35.000

Page 120: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

107

Anexo 3: Catálogo peneira rotativa

FONTE: Tecnosan (2014)

Page 121: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

108

Apêndices

Apêndice A: Projeção de resíduo gerado e receitas

obtidas pelo composto e vermicomposto

Apêndice B: Memória de cálculo para tratamento

anaeróbio

SVentrada = TS * Fsv * Morg

Sendo:

SVentrada: Sólidos voláteis na entrada do sistema (t/dia)

TS: Teor de Sólidos = 1- Teor de umidade = 0,25

Ano

Composto

Orgânico Gerado

(t)

Vermicomposto

Gerado (t)

Receita obtida

com o Composto

(R$)

Receita Obtida

com o

Vermicomposto

(R$)

Receita Total

2015 8429,93 2107,48 1348788,28 429926,26 1.778.714,55R$

2016 8690,00 2172,50 1394570,53 444519,36 1.839.089,89R$

2017 8950,06 2237,52 1440960,45 459196,14 1.900.156,59R$

2018 9210,13 2302,53 1487280,06 473956,98 1.961.237,04R$

2019 9470,20 2367,55 1534172,89 488802,25 2.022.975,15R$

2020 9730,27 2432,57 1581033,00 503732,33 2.084.765,33R$

2021 9990,34 2497,59 1628425,61 518747,59 2.147.173,21R$

2022 10250,41 2562,60 1675829,32 533848,41 2.209.677,74R$

2023 10510,48 2627,62 1723718,61 549035,17 2.272.753,78R$

2024 10770,55 2692,64 1771669,05 564308,24 2.335.977,29R$

2025 11030,62 2757,65 1820051,88 579668,01 2.399.719,89R$

2026 11290,69 2822,67 1868552,17 595114,85 2.463.667,03R$

2027 11550,76 2887,69 1917425,43 610649,17 2.528.074,60R$

2028 11810,82 2952,71 1966478,69 626271,33 2.592.750,02R$

2029 12070,89 3017,72 2015839,26 641981,73 2.657.820,99R$

2030 12330,96 3082,74 2065448,61 657780,75 2.723.229,36R$

2031 12591,03 3147,76 2115293,36 673668,79 2.788.962,15R$

2032 12851,10 3212,78 2165461,92 689646,24 2.855.108,16R$

2033 13111,17 3277,79 2215787,74 705713,49 2.921.501,23R$

2034 13371,24 3342,81 2266518,63 721870,94 2.988.389,57R$

2035 13631,31 3407,83 2317322,40 738118,98 3.055.441,38R$

Page 122: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

109

Fsv: Fração de Sólidos Voláteis do resíduo orgânico = 0,751

Morg: Massa de resíduo orgânico entrando no sistema = % orgânicos * resíduo

total gerado no CEAGESP = 0,95*354 (t/dia)

Sendo:

Vtotal: Volume total necessário para o biodigestor (m³)

TDH: Tempo de detenção hidráulica = 20 dias

TCO: Taxa de Carregamento Orgânico = 10 kg SV/m³dia

Fbiogás: Folga no volume para biogás = 0,15

Sendo:

Nreatores: Número de reatores necessários

H: Altura do reator = 20 metros

D: Diâmetro do reator = 9 metros

Sendo:

Ebiogás: Energia total gerada pelo biogás (kWh/dia)

PCbiogás: Poder calorífico do biogás (kWh/m³)

Kmetano: Produção de metano através do resíduo (m³ CH4/kg sólido seco)

%metano: Composição de metano no biogás = 0,6

Ƞ: Eficiência do gerador = 28%

Sendo:

Eeconomizada: Energia economizada (kWh/dia)

Page 123: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

110

Ebiogás: Energia total gerada pelo biogás (kWh/dia)

Esistema: Energia consumida pelo sistema de geração de energia (kWh/dia)

%sistema: Porcentagem da energia consumida pelo sistema de geração = 5%

Ereator: Energia consumida pelo reator anaeróbio (kWh/dia)

%reator: Porcentagem da energia consumida pelo reator anaeróbio = 50%

Mdigerido seco = Morg-Mbiogás-Mágua remov=Morg-ρbiogás*MbiogásSendo:

Mdigerido: Massa do resíduo ao final do tratamento anaeróbio e secagem (t/dia)

ρbiogás: Densidade do biogás (kg/m³)

SVapós reator=(1-%remoção)*SVinicial

Sendo:

SVapós reator:Sólidos voláteis após tratamento anaeróbio (t/dia)

%remoção: Remoção de Sólidos Voláteis no processo = 40%

Vapós reator=(1-%red.volume reator)* ρresíduo*Morg

Sendo:

Vapós reator: Volume final após o tratamento anaróbio (m³/dia)

ρresíduo: Densidade do resíduo orgânico = 770 kg/m³

Apêndice C: Memória de cálculo para compostagem

Ventrada= Vapós reator*(1-%redução reator)*(1-%redução secagem)

Sendo:

Ventrada: Volume na entrada da compostagem (m³/dia)

%redução reator: Redução do volume no processo de tratamento anaeróbio = 0,5

%redução secagem: Redução do volume no processo de secagem = 0,25

Sendo:

Nleiras: Número de leiras necessárias para a compostagem de todos os resíduos

Tcompostagem: Tempo de compostagem (dias)

Lleira: Largura da leira = 4,3 metros

Hleira: Altura da leira = 1,6 metros

Cleira: Comprimento da leira = 100 metros

Page 124: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

111

Aleiras=(Nleiras*Lleira+ (Nleiras-1)*Sleiras)* Cleira

Sendo:

Aleiras: Área necessário para as leiras (m²)

Sleiras: Espaçamento entre as leiras = 2 metros

Sendo:

SVapós compostagem: Sólidos voláteis presentes no final da compostagem (t/dia)

%SVapós compostagem: Porcentagem de Sólidos Voláteis ao final da compostagem =

40%

Vapós compostagem=Ventrada*%redução compostagem

Sendo:

Vapós compostagem: Volume após compostagem (m³/dia)

%redução compostagem: Redução do volume na compostagem

Mcomposto=Mágua+MSV+MSF

Sendo:

Mcomposto: Massa de composto gerado no final (t)

Mágua: Massa de água no composto (t)

MSV: Massa de Sólidos Voláteis no composto (t)

MSF: Massa de Sólidos Fixos no composto (t)

Apêndice D: Memória de cálculo para

vermicompostagem

Sendo:

Nleiras vermicompostagem: Número de leiras para vermicompostagem

Tvermicompostagem: Tempo de processo para vermicompostagem = 60 dias

Lvermi: Largura da leira da vermicompostagem = 1,5 metros

Hvermi: Altura da leira = 0,3 metros

Cvermi: Comprimento da leira = 100 metros

Page 125: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

112

Aleiras vermicompostagem=(Nleiras vermicompostagem*Lvermi+ (Nleiras vermicompostagem-1)*Svermi)*

Cvermi

Sendo:

Aleiras vermicompostagem=Área para as leiras da vermicompostagem (m²)

Svermi=Espaçamento entre as leiras = 1 metro

Mvermicomposto=%rendimento vermicompostagem*Mcomposto*%vermicompostado

Sendo:

Mvermicomposto: Massa de vermicomposto gerado no processo (t)

%rendimento vermicompostagem: Porcentagem de vermicomposto gerado a partir de

composto tratado no processo = 0,6

%vermicompostado: Porcentagem de composto gerado que será tratado na

vermicompostagem

Apêndice E: Memória de cálculo para Custo

Operacional

Sendo:

CE = Custo Energético (R$)

P = Potência do(s) equipamento(s) (kW)

t = Tempo (h)

Tee = Taxa de Custo da Energia Elétrica (R$/kWh)

Sendo:

CT = Custo de Transporte (R$)

D = Distância (km)

n = Número de viagens realizadas por dia

Tc = Taxa de custo do litro de combustível (R$/l)

Page 126: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

113

= Eficiência do motor (%)

Sendo:

Cs = Custo com Salários (R$)

N = Número de funcionários com determinada função

SM = Valor Crrespondente ao Salário Mínimo (R$)

VR = Vale Refeição (R$)

VT = Vale Transporte (R$)

B = Bônus de 13º Salário (R$)

Apêndice F: Memória de cálculo para Balanço de Caixa

Sendo:

J= Juro (R$)

i= Taxa de juros (para a qual se utilizou 2% a.a.)

Di = Valor da Dívida (R$)

Sendo:

RLa = Receita Líquida Anual

Ra = Receita Anual

Am = Amortização da Dívida

J= Juro (R$)

CE = Custo com Energia Elétrica

CT = Custo com Transporte

Page 127: ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO …

114

Cs = Custo com Salários

i= Taxa de juros (para a qual se utilizou 2% a.a.)

Di = Valor da Dívida (R$)