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    OS ESTUDOS HISTRICOS NO BRASIL.

    A histria do Brasil se reveste de extraordinria complexidadepela conjugao de inmeros fatores de ordem geogrfica, social

    e poltica que dificultam a anlise do seu conjunto. Da tornar-sedifcil a apreciao da obra daqueles que, direta ou indiretamente,intencionalmente ou no, se tm ocupado das diferentes fases denossa h istria .

    Assim o sentido dessa histria cresce em amplitude medidaque nos aproximamos dos dias atuais, em que o campo da investi-gao histrica se vai alargando gradativamente, atravs de cin-cias subsidirias, indiSpensveis melhor compreesso do "facies"histrico.

    O problema historiogrfico brasileiro, oferece, na verdade, as-pectos bem caractersticos, cuja interpreto encontra suas razesem momentos bem definidos da civilizao brasileira.

    Destarte, no largo perodo colonial, a historiografia brasileira nopoderia ser seno em funo do acanhado campo cultural da col-nia, onde a Metrpole afogava quase tdas as possibilidades de ,desenvolvimento intelectual. Sem imprensa nem tipografia, falta'de Universidades, ficava a possesso portugusa em evidente infe-rioridade em confronto com os domnios inglses e espanhis, ba-fejados desde o incio com sses fatores indispensveis de progresso.

    Donde a pobreza de informes dos cronistas, testemunhas ocularesdos momentos culminantes de nossa histria, que poderiam ter pro-jetado maior luz sbre tais acontecimentos.

    Dessa probreza de informes basta citar a escassez de documen-tos sbre um dos perodos mais sugestivos' da histria da naciona-lidade o bandeirismo. No houve entre ns, como na AmricaEspanhola, documentrio sbre o movimento de penetrao do s-culo XVII, merc da ignorncia do sertanista, o que privou a bi-bliografia brasileira de preciosa fonte de informao. J no sculoseguinte a necessidade de firmar o direito de posse sbre os desco-bertos e a fixao dos roteiros mudariam a face do problema comdocumentao de grande valia para os estudos atuais.

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    e Frei Vicente do Sovador (sculo XVI) (1) . a VarnhagerzSculo- XIX) (2) a contribuio histrica escassa. No h siste-

    matizao do estudo e o apoucado material existente falho pelaausncia de crtica, pela desconexo e pela, falta de tim objetivonorteante .

    A evoluo da colnia para reinado foi muito lenta. 0 movi-mento renovador, que s se inicia com a chegada dos prncipes por-tugueses nos primrdios do sculo XIX, no poderia produzir ime-diatamente seus frutcs. Foi apenas o incio do perodo de sedimen 7tao que haveria de consolidar o monumento da cultura nacional. Margem da educao poltica que se esboava, projetava-se aestruturao do ambiente cultural que se revelaria mais caracte-rstico durante o largo perodo do Segundo Imprio.

    falta de uma tradio ' cultural com amplas razes no pas-sado, o Brasil-Imprio se eurpeza em suas diretrizes intelectuais.Essa passividade ser caracterstica no apenas dessa fase, mas seprojetar ainda pelos primeiros tempos de vida republicana quan-do caudal europia de cultura se vem juntar o tributrio norte-americano.

    nesse ambiente de reflexos europeus de cultura que. se vaiplasmar o bruxoleante quadro da historiografia. brasileira. Acen-tua-se, no decorrer do sculo XIX, um movimento renovador dahistria . Surge a inspir-lo e a ditar-lhe as diretrizes a personali-dade marcante de Francisco Adolfo de Varnhagen, futuro Viscon-

    de de Prto-Seguro, apontado per muitos, e com justia, como opai da historiografia brasileira. E, se luz da moderna concepohistrica, a obra de V arnhagen se ressente de falhas que o mto-do crtico atual nos aponta, no podemos, entretanto, deixar dereconhecer seus mritos e a grandiosidade da obra que nos deixou.

    Firmase, nessa ocasio, o culto pela docurrientao, a exem-plo do magistral .autor da H i s t r i a G er a l d o B r a s i l que se apoiaem documentrio indito, principalmente em seus estudos sbrea luta contra cs holandeses no Brasil.

    Num sentido amplo pode-se afirmar que os meados do sculoXIX marcam a fase embrionria da historiografia brasileira, emq u e as tentativas bibliogrfiCasse.esboam ao par -da evoluo dcsmtodos de pesquisa . histrica, que j se inspiram no estudo dasfontes, berri corno numa incipiente crtica, falha ; por vzes, msinspiradora de futuras observaes.

    Em favor de nossa assertiva fala o confronto estabelecido por0..Tarqunio de Souza entre a obra de Oliveira Lima e Varnhagemem trric do mesmo assunto D . Joo VI no Brasil quandonos diz. "retomando o caminho que o Visconde de Prto-Seguro per-correra, alargndo-os, procurando novos, dando s suas pesquisas

    (1 1 vil dor 1F rtd icente do do BraNil Nova edio.r evista por empistano de Abreu Cia.. Melhoraint.:ntun 5.Pa ulo 391Z+.1). Vortdiagen (F. A. de. Vimgcin de 1 'at.p Seguro) edir:50 integral.axlotda ,pyr RodoIfp -Cia. de Meliairameiacal de 5. Paulo.

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    u m sentido mais profundo O . Lima pde escrever a obra de maiorimportncia at hoje no'tocante ao perodo de 1 8 0 8 a 1821 (3).

    No se pode negar igualmente a essa fase de evoluo a influ-

    ncia decisiva da crte imperial, norteada por um chefe de Esta-do de tendncias filosficas e bizantinices literrias, bafejando osestudos histricos com sua paternal proteo, consubstanciada nateno para com o primeiro ncleo convergente de atividades his-tricas o Instituto Histrico, Geogrfico e Etnogrfico do Riode Janeiro modlo dos organismos que proliferaram a espaosregulares nas demais provncias do pas.

    Na ciclo final do Segundo Imprio, em que se consolida a ex-perincia poltica atravs do parlamentarismo, surge a exposiodos fatos polticos com uma acuidade de anlise que faltava inicial-

    mente s raras tentativas anteriores.. Mas no apenas o aspectopoltico - que, em geral, atraa os nossos pensadores, se constituiuem essncia para a grande diretriz da histria dessa fase: outroselementos preciosos vo contribuir para a evoluo dos estudos his-tricos da poca. J no bastam as fontes para a interpretao dosfatos histricos: acentua-se j o intersse pelo meio fsico, .e pelosfatores sociais para, a explicao dos fenmenos histricos nacio-nais. Avulta nessa. -poca a figura impar da histria moderna bra-sileira, o grande Capistrano de Al:ireu. Sua larga cultura histricapermitiu-lhe concentrar sua ateno em problemas antes descura-dos pelos antecessores. O magistral autor de Caminhos antigos epovoamento do Brasil ampliou os estudos sbre o bandeirismo, fo-calizou o problema da expanso geogrfica, estudou a importnciadas grandes vias de comunicao em relao ao fenmeno da for-mao territorial do pas, esboando um novo mtodo que teria,corno teve, excelentes e devotados continuadores.

    Assim, a poca de Capistrano caracteriza-se pelo trabalho no-tvel de uma elite intelectual, preocupada com a soluo de velhosproblemas da historicgrafia brasileira, em face de fontes originais,tanto nacionais como estrangeiras. Dsse esfro investigador sur-giriam obras da envergadura de Efemrides Brasileira --- dalavra do Baro de Ro Branco, paciente trabalho de pesquisa e deerudio. A dedicao do grande Paranhos s fontes originais deestudo histrico seria consagrada na defesa dos intersses da di-plomacia brasileira e dos legtimos intersses nacionais. '

    E, bem :assim, os relevantes estudos de Joaquim Nbuco, Oliveira Lima, Tcbias Monteiro, Alberto Rangel, Pandi Calgeras,Euclides da Cunha (4) e outros notveis historiadores dedicadoss pesquisas relativas geografia histrica, que so igualmente deindiscutvel intersse e de grande valor.

    in .Manual Bibliogrfico de 1 1, .'stodos Brasileiros Gr: Ed. Souza

    RIO de Janeiro 1949 pg. 419. Lima M Oliveira) O imprio Brasileiro 7, CM. de Melhoa-mentos de So Paulo s. d;

    Monteiro (Toblus) Pe%oalsas e depoimentos para a. histria FranciscoAires Rio d Janeiro 418.

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    A poltica era uma seduo que no somente fascinava o esp-rito da elite intelectual da poca como daria margem a uma vastabibliografia, cujo trao culminante seria a anlise do ambiente on-

    de pontificava o parlamentarismo brasileiro. Joaquim Nabuco, umadas mais fortes e expressivas intelectualidades da poca, retrataem sua produo histrica o aspecto que apontamos. Uni senadordo Imprio , por exemplo, no uma biografia rpida, mas umaminuciosa anlise do ambiente poltiCo do segundo Imprio ; onde

    liberalismo em marcha se opunha ao esprito duma sociedadeconservadora e tradicionalista.

    Muita delicada a tarefa do pesquisador que se consagra anlise dessa sociedade que se debate no esfro de adaptao auma forma parlamentar extica, errando muitas vezes, mas colhen-

    do profundas lies da experincia para empreg-la judiciosamenteno seu cicio de evoluo poltica. sse, o panorama descortinadopela obra de Nabuco, cuja faculdade de percepo e anlise permi-tiram o bosquejamento dsse quadro sutil, em que tantos aindahoje se inspiram para a compreenso das etapas do progresso denossas elites dirigentes.

    A complexidade da interpretao dsse perodo de nossa evo-luo histrica, marcado por fatores to peculiares, limitou, porcerto, a capacidade de nossos historiadores que, merc dos numero-sos trabalhes parciais, no puderam esgotar fontes to abundantes,deixando ainda aos nossos estudiosos de hoje farto campo de ex-plorao.

    Todavia, cumpre-nos-salientar o valor daS produes de Afon-so de Escragnolle Taunay, Tobias Monteiro, Oliveira Lima, OtvioTarqunio de Souza, Hildebrando de Accioly (5), pesquisadoresnotveis, de amplo descortine , que nos apresentam inmeros as-pectos essenciais daqu ela intrincada fase.

    A transio da monarquia para a repblica seria objeto dumaatividade intelectual de larga amplitude, refletindo as opinies ds-pares dos partidrios de ambas as correntes, marcando fortemente

    advento do novo sculo. luta no so estranhos grandeS vultos

    desse passado to prximo, cujas teses refletem filosofia to diver-

    Rangei (Alberto) -- No rolar do tempo. Jos Olimpio Rio de ia-- 1937.

    Calilgeras (J. PaMlia.) 2 : O Brasil e a Sociedade das Naes So Paulo-- 1929.

    Cunha .(Eluclides dal Canudos: Dirio de uma expedio; introduo de

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    sa: Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Silva Jardim (6) so exem-plos frisantes dsse entrechoque de paixes ,que eclodem em suaobras.

    Se aceitarmos a tese de Oliveira Viana (7) de que a Re-pblica no Brasil foi obra de idealistas utpicos, educados fora dopas sem conhecimento das realidades nacionais cultores de formaspolticas peculiares a outras meias sociais, compreenderemos o ca-rter da obra de Medeiros de Albuquerque, Jos Maria das Santos,Souza Bandeira, Salvador M. D. Furtado de Mendona (8) e ou-tros crticos polticos, divididos entre o parlamentarismo e o presi-dencialismo dentro da esfinge republicana.

    Analisadas assim a largos traos as diretrizes do pensamentohistrico do passado, tentemos fixar as tendncias da histria nomomento presente.

    Seja-nas permitido, entretanto, apresentar, a priori, algumasconsideraes que reputamos essenciais para a compreenso do nos-so objetivo final.

    Acreditamos, com Gilberto Freyre (9), que o Brasil jovemdste ltimo quartel de sculo vem processando a formao dumacultura de carter personalista, que se libertou, por fim, da tutelaintelectual europia, no apenas na histria, mas tambm, na lite-ratura, na arte e em outros setores da atividade cultural. Aquelatimidez diante dos tabus intelectuais criados pelos classicismo eu-ropeu, que tirava ao brasileiro a espontaneidade e a naturalidade,

    (6). Nabuco de Araujo (Joaquim) O povo e o trono: profisses de fpoltica de Juvenal, romano da decadncia Tip. e liv. francesa, Rio, 1869.

    Idem O dever dos monarquistas: carta ao Almirante Jaeegual Tip.Leuzinger. Rio, 1895.

    Barbosa (Rui) Anexos ao relatrio do Ministro da Fazenda, em janeirode 1891 Impr. Nacional,. Rio. 1891.

    Idem O ano poltico de 1887 -- Gazeta de Notcia-9,...,1U, 1888.Idem Finanas e polticas da Repblica: discursos e escritos Cia. im-

    pressora, aio, 1892.Idem Contra o militarismo: campanha eleitoral . d 1909 a 1910 .1. Ribei-

    ro do Santos, Rio, 1911.Idem Campanha presidencial Liv. Catilina, Bahia, 1921.Idem Queda do imprio Liv. Castilho, Rio. 1921.Idem Correspondncia coligida, revista e anotada por Homero. Pires

    Liv. Acadmica, S. Paulo, 1932.Jardim (Antnio da Silva) A ptria cm perigo: Bragaiacas e Orleans

    (iIicina do Jornal do. Brasil, Rio. 1925.Idem A repblica no Brasil: compndio de teorias e apreciaes polticas

    destinadas propaganda republicana. Imprensa Mont'Alvarne, Rio, 188$.-- Viana (Oliveira) O idealismo na evoluo poltica. do Imprio e da

    Repblica Bibl.; do Estado de S. Paulo S. Paulo, 1922.(8) Medeiros de Albuquerque :0 regime presidencial no Brasil Fran-

    cisco Alvos, Rio, 1914. .Santos (Jos Maria dos) A poltica geral do Brasil J. Magalhes, So

    Paulo, 1930.Souza Bandeira Reformas Tip. Leuzinger, Rio, 1909.

    Mendona (Salvador Menezes D. Furtado de) A situao internacional doBrasil Garnier, Rio, 1913.(9). -- Freyre '(Gilhe:to) Interpretao do Brasil Jos OlImpi^.),

    Rio, 1947.

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    converteu-se hoje num personalismo por vzes ousado, como o quetransparece na moderna legislao brasileira, na pintura, na lite-ratura etc.

    Neste ciclo que analisamos, vem o Brasil aparelhando-se comvrias instituies culturais capazes de orientarem a civilizaobrasileira num sentido eminentemente renovador de cultura . Bas-ta que apreciemos, no conjunto das instituies culturais contem-porneas, aquelas que mais prximamente vm contribuindo parao desenvolvimento dos estudos histricos, para que possamos aqui-latar a extenso do progresso nacional. Aos tradicionais centros decultura que foram no passado o Museu Nacional, a Biblioteca Na-cional, o Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro, o Museu Pau-lista, o Arquivo Nacional, o Museu Goeldi inccrpram-se hoje asFaculdades de Filosofia, Cincias e Letras do pas, o Museu de Arte,o Departamento Municipal ele Cultura de So Paulo, a Faculdadede Cincias Econmicas da Universidade de So Paulo, centros deprimeira grandeza na projeo dos estudos histricos.

    A predominncia dum esprito "universitrio" de cultura his-trica vem norteando um progressivo incremento das pesquisas his-tricas calcadas em preciosos subsdios dos arquivos, que vm au-mentando extraordnriamente o acervo documental de pocas no-tveis de nossa histria . Assim, por exemplo, o bandeirismo seaclara luz das contribuies de Afonso de Escr.agnolle Taunay,Alfredo Ellis Jr., Baslio de Magalhes, Srgio Buarque de Holan-

    da, Oliveira Viana, Pedro Calmon, Alberto Lamego (10) e muitosoutros historiadores regionais cujas memrias engrossaram grande-mente a caudal dcs estudos modernos sbre a matria. Muito con-tribuiram para tanto as publicaeS e documentrio dos institutosculturais, sendo dignos de meno, entre outros:

    (10). Tsunav (Afonso de Eseraenolle) Coletnea de mapas na carta- grana paulista antiga, abrangendo nove cartas, de 1612 a 1937, reproduzidas daroler o do Base% Paulista e acompanhada. de breves vomentrio Vol T Cia: Melhoramentos S.. Paulo, 19 22

    Idem Cm grande handeintate: Bartolomeu Pai,, de Abreu (1674-17:I9)..Kxploritro do Purand. Riu Grande do Sul e Mato Grosso: a conquista de

    Golaztilais do Museu Paulista Vol. I S. Paulo, 1022.Idem A grande vida de 1Ferno Dias Pais Anais do Museu Paulista,

    Vol. 4 So Paulo. 1931.idem -- Histria da vila de (So Paulo no fiCule Y V111 (1701-1:11) Im-

    prensa oficial. So Paulo. 1931.idem istria geral das bandeiras paulistas Tip. Ideal, Silo. Paulo,

    1924/36. Idem istria et e c en t i s t a d a tile de So Paulo Ideal, So

    Paulo, 1926/29.Ellis Jnior (Alfredo) O Bandeirismo Paulista e o r e c u o do meridiano

    So Paulo. Ed. :Nacional, 1934.Idem Raa der Gigantes. A civilizaro do planalto paulista. So Paulo,Helioa Udu., 1926.

    (Baslio de) Expanso (leoa rtila. do Brasil So Paulo. Ed.Nacional. 19:15 (2.. ed IGo).

    Holanda (Srgio I3uarque) Mones - Liv. da asa do Estudante cio Era- li 1045.Oliveira Viana -- Populaes meridionais do Brasil: histria, organizao,

    psicologia 4.4 'edio. Editora Naconal., 1936 (1.4 edio, 1020).

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    Anais da Biblioteca Nacional;Anais da Biblioteca e Arquivo Pblico do Par;

    Anais do Museu Paulista;Atas da Cmara de So Paulo;Documentos interessantes para a histria e costunes de So

    Paulo;Documentos Histricos (Arquivo Nacional);Inventrics e Testamentos;Revista do Arquivo Municipal de So Paulo;Revista do Arquivo Pblico Mineiro;Revista do Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro;Revista do Instituto Histrico e Geogrfico de So Paulo;Registro Geral da Cmara de So Paulo;Publicaes do Instituto de Administrao da Faculdade de

    Cincias Econmicas da Universidade de So Paulo;Boletins da Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras da Uni-

    versidade de So Paulo Departamento de Histria .Revista de Histria .

    Infelizmente o mesmo no se verifica com relao ao estudo,entre outros, do domnio holands no Brasil, at hoje muito descu-rado entre ns, apesar do vivo interesse que desperta e aos inume-rveis aspectos que se oferecem ao investigador, quer quanto aofcies cultural, quer quanto ao econmico ou 'sociolgico das rela-es entre o Brasil e o dominadores de ento.

    Eis porque, -talvez, tenhamos ganho, no setor histrico dopresente, mais em profundidade do que em extenso. J no pre-dominam as obras macias -abrangendo largos perodos, como o fo-ram no passado as de Varnhagen, Rocha Pombo e outros: prepon-deram, antes, as teses abrangendo perodos restritos, mas fortaleci-dos por uma anlise mais objetiva, mais fecunda em observao,mais profunda em seus fundamentos, como as que tem produzido

    Departamento de Histria da Faculdade Filosofia, Cincias e Le-

    tras da Universidade de So Paulo neste decnio de atividade (11).

    C4(non (Pedro) A conquista histrica das Bandeiras Bahlanas Imp.Nacional, Rio, 1929.

    idem Histria da casa da Trre Uma dinastia de pioneiros Rio, 1939.1 . , : rnego (Alberto) A terra Koitaca luz de documentos inditos

    d'Art Paris, 1913, 1925. (11). -- Antnio Piccarolo Augusto e seu sculo Boletim ri,o X tn. 1

    da Cadeira. de Histria da Civilizao Antiga e Medieval) 1939.,E. Simes de Paula Tacteias e a rota do estanho Boletim n.o XX (n.o 2Caieir:: de, Histria da' Civilizao Antiga e Medieval) 1940.Astrogildo Rodrigues de Meio O 'comrcio europeu nos sculos XV e X 1 1

    e o florescimento de .liiiipanha e Portugal Boletim n.o XX (n.o 2 da Cadeirade Histria da Civilizao' Antiga e Medieval) 1940,

    Jean Ga.g Gatis, as navegaes :atlnticas e a rota das ndias na Anti-z uldade n.o XX (n. 2 da Cadeira de Histria da Civilizao Antigae MedieNal) 1940.

    Jean sota acirra das origens e do nome da antiga cidade dei N'olu-ialiis Tingitana) Boletim n XX

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    Da moderna produo histrica do Brasil contemporneo muito

    caracterstica tem sido o estudo biogrfico, rtravs do qual ainterpretao do perodo republicano e mesmo do Imprio encon-

    tram ein geral urna explicao mais convincente do entrechoque

    de paixes polticas que balisam estas pocas., Para avaliao da

    extenso de nosso conceito, citaramos a notvel produo de To-

    bias Monteiro que, com larga viso, analisou os primeiros temposrepublicanos em seus aspectos polticos e financeiros, bem comooutros notveis historiadores dessa fase, dos quais destacaremos en-tre muitos Oliveira Viana e V. Licnio Cardoso (12).

    E. Simes de Paula - (1 comercio saregue e o Gro-Principado de Kiev -Boletim ri.o XX Cl uno 2 da Cadeira de Histria da Civilizao Antiga e Me-

    ilicval) - 1942.E. Simes de Paula - Marrocos suas relaes com a Ibria na Antiguidade- Boletim n. 0 X. N 11 (n. 4 de Histria de Civilizao Antiga e :Medieval)1946.

    Pedro 'Moacir Campos -- Alguns aspectos da Oermania Antiga atravs dos~ores clssicos -- Boletins n.o 1....X1V (n. 0 5 da Cadeira de Histria da CiViii-7.ao Antiga e Medieval) -- 1946.

    Bauai do o oliveira rrania - O poder real em Portugal e as origens doat.solutismo - Boletim mo .(n. 0 da Cadeira de Histria da Civilizaao.entiga e Mediei.al) - 1946.

    viga Pantaleo -- A penetrao comercial da Inglaterra na Amrica Es-panhola dc 1713 e 1:83. - .1.30ictur. (n. , 1 da Cad. de Histria da Liai-dzao .1sioderna e Liontemporanea) 1546.

    Astrognao riodrigues ue ateus -- eneomiendas e a politica colonial deEspanha. .uoiotitn n.o (n.o 1 da Cadeira de Historia da Civilizao.Americana.) -- 1942.

    A. Canaoraiia - O ',minrio portugus uo Rio da Prata (1580-1640) -Boletim n.o A_XXV (ri. 1 da Cadeira de Histria da Civilizao Americana)- 1944.Astron ildo Rodrigues de Mello - O trabalho forado de indgenas nas lii-

    vouras de Nova Espanha. - Boletim n.o LXiX. (Boletim n.o 3 da. Cadeira deHistoria da Civiiizaao Arnerica.na - 1946.

    .airredo Edis jnior sculo do Bandeirismo - 1590-1640. --- Boletimn.o IX (n.o 1 da Cadeira de Histria da Civilizao Brasileira) - 1939.

    Adrede) Bilis Jnior - e sua poca - Boletim n.o XVI (n.o 2 daCadeira de Histria da Civilizao Brasileira) - 1940.

    Alfredo Edis Jnior - h istria de S. Paulo - Boletim n.o XXXVII (n. 0da Cadeira 'cie Histria. da. Civilizao Brasileira) 1944:

    Alfredo Bilis Jnior - Amador hueno e a evoluo da psicologia planai-tina - Boletim n.o Xi..11 (u. , 4 da Cadeira de Histria da Civilizao Brasi-..e.ra) 1944.

    AlfredoEllis Jnior - Captulos dc Histria de 8. Paulo - Boletim n.o1111 imo 5 da Cadeira de Historia da Civilizao Brasileira) - 1945.

    Alfredo Edis Junior - Panoramas Histricos - Boletim n.o L.XXIII (n.o da Cadeira de Historia da Civilizao Brasileira) - 1946.

    lfredo Buis Jnior - Amador Bucho e seu tempo - Boletim n.o ',XXXVI(n.o 7 da Cadeira de Historia da Civilizao Brasileira) - 1148.

    Alfredo Edis Jnior - t/ ouro e a Paulistana - Boletim n.o XCVI (n. 0 .8. da Cadeira da Civilizao Brasileira) - 1948.

    Alfredo 11111s Jnior .- Um Parlamentar Paulista da Repblica - BoletimCII (n.o 9 da Cadeira de Histria da Civilizao Brasileira) - 1949.Thomaz Osdar Marcondes de Sousa - Amrico Vespucei e suas Viagens. -

    Roletiin n.o CV (n.o 10 da Cadeira de Histria da Civilizao Brasileira) - 1949.Alfredo Ells Jnior - Miriam Ellis - A economia Paulista no Sculo XVIII

    - Boletim mo CXV (n.s 1,1 da Cadeira de Histria da Civilizao Brasileira.>- 1950..

    (12). -.Monteiro (Tobias) Pe AlliSUs e depoimentos para a histria -Francistm Alves, Rio, 1913.

    Idem - O presidente Campos Sanes ta Europa - Briguiet, Rio, 1928.VJa r1 : : : (Oliveira e outros) -- margem da histria da Repblica - Ed.

    And:rio da Brasil - Rio 1924.

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    Sob a influncia marcante de Euclides da Cunha (13) que, emseu monumental estudo Os sertes traou uma nova rotapara , os estudos sociolgos, fixando em cres vivas a personalida-de do sertanejo, intensificam-se hoje as produes sociolgicas queencontram em Gilberto Freyre a sua mais alta expresso. Assim,aps seu magnfico estudo Casa Grande e Senzala projeta-se uma corrente de historiadores patrcios, cuja orientao estvoltada para o problema social, principalmente em seu fcies regio-nal. de se esperar que a coletnea dsses estudos permita nofuturo urna compreenso mais ntida do problema social brasileiroe da evoluo de nossa cultura, to importantes num pas como onosso, em que tantas influncias tnicas diversas se fazem sentir.

    Acs dois eminentes socilogos, cumpre-nos acrescentar os no-mes de J. F. de Almeida Prado, Afrnio Peixoto, Belizrio Pena,Alberto Trres, Jos Verssimo, Monteiro Lobato, Roquette-Pinto,Slvio Romero e Oliveira Viana (14) ste ltimo, autor de notvelestudo histrico-sociolgico sbre as populaes meridionais . do

    Brasil, admirvel contribuio aos modernos estudos sociais de nos-so pas.

    Outro aspecto, no menos importante de nossa bibliografiavem sendo consagrado aos assuntos econmicos. J nos primrdiosdo perodo republicano o tema despertava desusado intersse deautoridades da envergadura de Joaquim Murtinho, Davi Campista,

    Rui Barbosa, Leopoldo Bulhes e Pandi Calgeras:Estudos monumentais foram. realizados nos ltimos tempospor abalizados historiadores, dentre os quais avulta a figura mxi-ma de Afonso de Escragnoile Taunay, com o seu erudito estudo s-bre o caf, base da economia nacional.

    Infelizmente ainda no se constituiu uma sntese de conjuntosbre a nossa histria econmica pois, excetuados o acar e oouro, estudados sob mltiplos prismas, faltam-nos estudos coorde-nados sbre inmeros aspectos da nossa atividade produtora nasdiversas fases de nossa histria, que explicariam melhor a nossaevoluo. Estudos recentes, porm incompletos, foram esboados,como o de Roberto C. Simonsen (15), que ficou apenas super-fcie do manancial profundo representado pelo importante proble-

    Cardoso (Vicente margem da Histria do Brasil cional , S. Paulo, 1933.

    Idem Pensamentos americanos Rio. 1537.Idem Pensamentos brasileiros: golpes dg._ vista Anurio do .13n-isil.

    MO, s/d.(1.3). Cunha (EuclideS da) m argem da histria -- Lis." Ciiardron.

    l')rto, 1909.idem Os sertes: campanha de Canudos 13.. edio, Franclaco

    F. Paulo, 1936.Prado (J. F. de Almeida) Primeiros potoadores do Brasil:

    1500-Ui:lb a edio, E. Nacional, S. Paulo. 1939.Idem Pernambuco e as capitanias do norte do Brasil: 1330-1630..1i)38.

    Simonsen (Roberto " Cochrane) -- Histria ...,4on mica do 'Brasil17,04-1810 So Paulo, 1937.

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    ma. de se destacar, entretanto, a obra de Caio Prado jr, Formao do Brasil Contemporneo admirvel sntese sbre os trssculos de colonizao. Do laboratrio de pesquisas, que o De-partamento de Histria da Faculdade de Filosofia da Universidadede So Pau lo, tem-se esboado vrios estudos interessantes que, em-bora sem uma diretriz delineada, contribuiro, por certo, para me-lhor e maior compreenso de nossa histria econmica.

    Finalmente estamos com Gilberto Freyre quando, com tdaa autoridade, afirma que ainda est por elaborar-se a histria datcnica e da teoria essencialmente' brasileira da valorizao nascidacom a Repblica, a quem coube antecipar-se a teorias europias enorte-americanas de interveno do Estado na regulamentao de'suprimentos de determinados produtos, estabilizando-lhes o preoatravs de reteno em armazens.E sse um campo onde os histo-rigrafos podero colher farta messe, principalmente a pliade deestudiosos que integra o Instituto de Administrao da Faculdade deCincias Econmicas e o Departamento de Histria da Faculdadede Filosofia, Cincias e Letras da Universidade de So Paulo.

    ASTROGILDO RODRIGUES DE MELLOProfessor da Cadeira de Histria da Civilizaro