Estudo de Identificação e Quantificação de Trihalometanos em...
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Sabrina Firme Rosalém
Estudo de Identificação e Quantificação deTrihalometanos em Água de Abastecimento
Vitória - ES, Brasil
29 de agosto de 2007
Sabrina Firme Rosalém
Estudo de Identificação e Quantificação deTrihalometanos em Água de Abastecimento
Dissertação apresentada para obtenção do títulode mestre em Engenharia Ambiental pela Uni-versidade Federal do Espírito Santo.
Orientador:
Edumar Ramos Cabral Coelho
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
Vitória - ES, Brasil
29 de agosto de 2007
Dissertação de mestrado sob o título “Estudo de Identificação e Quantificação de Trihalo-
metanos em Água de Abastecimento ”, defendida por Sabrina Firme Rosalém e aprovada em 29
de agosto de 2007, em Vitória, Estado do Espírito Santo, pela banca examinadora constituída
pelos professores:
Prof. Msc. Dr. Edumar Ramos Cabral CoelhoOrientador
Prof. Msc. Dr. Edmilson Costa TeixeiraUniversidade Federal do Espírito Santo
Prof. Dr. Giovana Katie WiecheteckUniversidade Estadual de Ponta Grossa
Prof. Dr. Junko TsukamoUniversidade Federal do Espírito Santo
Resumo
O cloro tem sido muito utilizado como oxidante principal de matéria orgânica e também,para inativação de organismos patogênico que vivem em águas naturais. A matéria orgânica en-contrada em mananciais superficiais é também chamada de substâncias húmicas. Essas substân-cias, quando entram em contato com o cloro ou um de seus derivados (na etapa de pré-oxidaçãoou desinfecção), reagem, e geram compostos orgânicos halogenados potencialmente canceríge-nos, entre eles, encontra-se os trialometanos (TAMs). As estruturas dos trialometanos que seformam em maior quantidade são o clorofórmio, o diclorobromometano, o dibromoclorome-tano e o bromofórmio, e, a soma dos quatro compostos são chamados de trialometanos totais.Geralmente, esses compostos não são formados instantaneamente em condições naturais, po-dendo levar dias para que apareçam nas redes de abastecimento. Nas estações de tratamentode água para abastecimento público (ETAs), a etapa de pré-oxidação com o cloro, fornece umacontribuição maior para a formação desses compostos do que qualquer outra fase do tratamentode água. Esse trabalho teve como objetivo a determinação de trialometanos totais e o potencialde formação de TAMs após o tratamento de água em ETA utilizando a técnica de cromatografiagasosa com headspace-trap (CG/HS-trap), que elimina a necessidade de realizar uma extraçãolíquido-líquido ou qualquer outro tipo de extração das amostras. Para a realização dessa pes-quisa, foram usadas águas naturais, utilizando amostras de dois mananciais com cor aparente eabsorbância 254 nm diferentes. Foi feito o estudo para a determinação da dosagem do oxidanteem relação ao tempo de contato, utilizando o hipoclorito de cálcio e o permanganato de potás-sio. Foi realizada uma avaliação sobre a influência do tratamento convencional na formação detrialometanos totais e no potencial de formação de TAMs, quando a pré-oxidação é realizadacom os oxidantes estudados. Os resultados obtidos mostraram que a formação de trialometanosfoi menor quando as águas de estudo foram tratadas com permanganato de potássio na etapa depré-oxidação quando comparadas com as águas tratadas com cloro. Esse resultado se repetiuna avaliação do potencial de formação de trialometanos.
Abstract
Chlorine has been often used as the main oxidant for organic material, as well as for de-activating patogenic organisms that live under natural waters. The organic material found insuperficial manancials is also known as humic substance. These substances, when reacting withchlorine or one of its derived products (in the preoxidation or desinfection phase), produce halo-genated organic compounds, which are potentially cancerigenous, such as the trihalomethanes(THMs). Quantitatively, most of the resulted trihalomethanes structure are cloroform, bromodi-chloromethane, dibromochloromethane and bromoform. The sum of these four compounds arecalled total trihalomethanes. Usually, the reaction doesn’t produce these compounds in naturalconditions, and it could take several days until they arrive in the water supply system. In thewater treatment public supplying, the chlorine pre-oxidation phase is the one that mostly contri-bute to these compounds formation. This research propose the use of gas cromatography withheadspace-trap (CG/HS-trap) for determining the total THM and their formation potential afterthe water treatment public supplying. This technique eliminates the need of sample extraction.Natural waters were used, with samples from two river with differents apparent color and absor-bance 254nm. For determining the oxidant dosagem with respect to the contact time, we useda technique based on calcium hypochlorite and potassium permanganate. We also evaluated ofthe influence of the conventional water treatment, when the pre-oxidation phase uses the studiedoxidants. Experimentally, we reduced the THM formation in 98% in one sample and 50% inthe other one when the water was treated with potassium permanganate instead of chorine inthe pre-oxidation phase. The same ocurred for the THM formation potential.
Agradecimentos
Agradeço a meus pais, Gilson e Ednéa, e a meu irmão, pela paciência e apoio.
Ao meu namorado Rodrigo, pelo carinho e atenção, pelas dicas e apoio prestado.
A professora Edumar, pela amizade, orientação e viabilização desse projeto.
A FUNASA, Fundação Nacional de saúde, em especial ao laboratório de análises de com-
postos voláteis que gentilmente cederam o cromatógrafo para a realização de todas as análises
de trialometanos.
Aos colegas do grupo do laboratório de águas: Márcia, Marcus, Cristal e Deivyson, pela
disponibilidade e ajuda na parte técnica do trabalho.
E a todas as pessoas, que de alguma forma contribuiram para o desenvolvimento e conclu-
sação desse trabalho.
“Faz-se ciência com fatos, como se faz uma casa com pedras;
mas uma acumulação de fatos não é ciência,
assim como um montão de pedras não é uma casa”
Henri Poincaré
Sumário
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Lista de abreviaturas e siglas
Lista de símbolos
1 Introdução p. 17
2 Objetivos p. 19
2.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19
2.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19
3 Revisão Bibliográfica p. 20
3.1 Características dos Mananciais de Superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20
3.1.1 Matéria Orgânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24
3.1.2 Conformação das Substâncias Húmicas . . . . . . . . . . . . . . . . p. 26
3.2 Sistema de Abastecimento de Água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28
3.2.1 Pré-Oxidação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 29
3.2.2 Desinfecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 33
3.3 Trialometanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 34
3.3.1 Formação de Trialometanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35
3.3.2 Metodologias Utilizadas para Determinação de Trialometanos . . . . p. 37
4 Materiais e Métodos p. 39
4.1 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 39
4.2 Análises Físico-Químicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 40
4.2.1 Cor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 40
4.3 Diagrama de Coagulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 42
4.4 Ensaios de Demanda dos Oxidantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 43
4.4.1 Demanda de Permanganato de Potássio . . . . . . . . . . . . . . . . p. 43
4.4.2 Demanda de Cloro Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 46
4.5 Trialometanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 47
4.5.1 Escolha da coluna capilar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 47
4.5.2 Análises de Trialometanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 48
4.5.3 Trialometanos Totais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 52
4.5.4 Potencial de Formação de Trialometanos . . . . . . . . . . . . . . . p. 52
5 Resultados e Discussão p. 53
5.1 Caracterização Físico-Química da Água Bruta . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 53
5.2 Estudo do Diagrama de Coagulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 53
5.3 Pré-Oxidação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 56
5.3.1 Estudo da Demanda de Permanganato de Potássio . . . . . . . . . . . p. 56
5.3.2 Estudo da Demanda de Cloro Ativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 60
5.4 Trialometanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 62
5.4.1 Escolha da Coluna Capilar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 67
5.4.2 Análises de Trialometanos Totais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 71
5.4.3 Potencial de Formação de Trialometanos . . . . . . . . . . . . . . . p. 77
6 Conclusões e Recomendações p. 83
6.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 83
6.2 Recomendações para Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 85
Referências Bibliográficas p. 86
Apêndice A -- Cromatogramas Utilizados na Curva de Calibração p. 89
Apêndice B -- Cromatogramas de Trialometanos para as águas Brutas dos Rios
de Estudo p. 91
Apêndice C -- Cromatogramas das Análises de Trialometanos Totais p. 93
Apêndice D -- Cromatogramas das Análises de Potencial de Formação de Trialo-
metanos p. 95
Lista de Figuras
3.1 Fracionamento do material orgânico e das substâncias húmicas . . . . . . . . p. 25
3.2 Duas estruturas diferentes de ácidos húmicos aquáticos. A estrutura (a) foi
proposta por Gamble e Schnitzer e a estrutura (b) foi proposta por Steinberg
e Muenster. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 27
3.3 A estrutura de um ácido húmico apresentada por Schulten. . . . . . . . . . . p. 28
3.4 Reação da Matéria Orgânica e cloro livre. Fonte: Van Bremem. . . . . . . . . p. 35
3.5 Estruturas possíveis de trialometanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 36
4.1 Fluxograma geral das etapas realizadas no estudo, considerando as condições
operacionais dos ensaios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 41
4.2 Curva de calibração externa de cor realizada no espectrofotômetro HACH
(Modelo DR-2000) no comprimento de onda 465 nm . . . . . . . . . . . . . p. 42
4.3 Etapas do estudo de demanda de pré-oxidantes . . . . . . . . . . . . . . . . p. 44
4.4 Curva de calibração do permanganato de potássio feita em um espectrofotô-
metro DR-2000 em um comprimento de onda 525 nm . . . . . . . . . . . . . p. 45
4.5 Curva de calibração do cloro feita em um espectrofotômetro DR-2000 da
HACH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 46
4.6 Etapas realizadas para a determinação de trialometanos em tratamento de
água convencional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 49
4.7 Curva de calibração do Clorofórmio em que a equação da reta é y = 6566,86
+ 267319,67.x e o R2 é igual a 0,978814. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 50
4.8 Curva de calibração do Diclorobromometano em que a equação da reta é y
= -156811,23 + 832537,13.x e o R2 é igual a 0,979804. . . . . . . . . . . . . p. 50
4.9 Curva de calibração do Diclorobromometano em que a equação da reta é y
= -29602,70 + 481385,21.x e o R2 é igual a 0,990943. . . . . . . . . . . . . . p. 51
4.10 Curva de calibração do Diclorobromometano em que a equação da reta é y
= 11480,23 + 148926,62.x e o R2 é igual a 0,989425. . . . . . . . . . . . . . p. 51
5.1 Diagrama de cor aparente do rio Santa Maria da Vitória. Os parâmetros dos
ensaios foram: Mistura Rápida: G = 700 s−1 e T = 20 s; Floculação: G = 15
s−1 e T = 25 min; Sedimentação: Vs = 1,0 cm min−1 . . . . . . . . . . . . . p. 54
5.2 Diagrama de cor aparente do rio Preto. Os parâmetros dos ensaios foram:
Mistura Rápida: G = 700 s−1 e T = 20 s; Floculação: G = 15 s−1 e T = 25
min; Sedimentação: Vs = 1,0 cm min−1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 55
5.3 Residual de permanganato de potássio em diferentes tempos de contato do
rio Santa Maria da Vitória a diferentes concentrações iniciais do oxidante. . p. 57
5.4 Variação da cor real devido a diferentes dosagens de permanganato de po-
tássio em relação ao tempo de contato do rio Santa Maria da Vitória. As
curvas representam diferentes concentrações iniciais do oxidante. . . . . . . . p. 57
5.5 Relação entre o residual de permanganato de potássio e o tempo de contato
para diferentes concentrações iniciais de permanganato de potássio na água
bruta do rio Preto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 59
5.6 Variação da cor devido a diferentes dosagens iniciais de permanganato de
potássio em relação ao tempo de contato na água bruta do rio Preto . . . . . p. 59
5.7 Variação da cor devido a diferentes dosagens de cloro ativo em relação ao
tempo de contato Santa Maria da Vitória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 61
5.8 Variação da cor devido a diferentes dosagens de cloro ativo em relação ao
tempo de contato nas amostras do rio Santa Maria da Vitória . . . . . . . . p. 61
5.9 Cromatograma da mistura de padrões diluído em água milli-Q fervida para a
determinação dos picos dos trialometanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 63
5.10 Comparação da cor real da água bruta do rio Preto e das amostras de água
tratada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 65
5.11 Comparação da absorbância de comprimento de onda igual a 254 nm da água
bruta do rio Preto e das amostras de água tratada. . . . . . . . . . . . . . . . p. 65
5.12 Comparação da cor real da água bruta do rio Santa Maria da Vitória e das
amostras de água tratada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 66
5.13 Comparação da absorbância 254 nm da água bruta do rio Santa Maria da
Vitória e das amostras de água tratada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 66
5.14 Sobreposição dos cromatogramas da água milli-Q e do padrão de misturas de
trialometanos com coluna capilar Elite-5 (30m x 0,45mm ID x 1,0µmD f ), e
o fluxo do gás de arraste é igual a 15 mL min−1. Onde, 1 é o pico do clorofór-
mio, 2 é o pico referente ao diclorobromometano, o pico 3 é o dibromometano
e o pico 4 é o pico do bromofórmio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 67
5.15 Sobreposição dos cromatogramas da água milli-Q e do padrão de misturas de
trialometanos com coluna capilar Elite-5 (30m x 0,32mm ID x 1,0µmD f ), e
o fluxo do gás de arraste é igual a 15 mL min−1. Onde, 1 é o pico do clorofór-
mio, 3 é o pico referente ao diclorobromometano, o pico 4 é o dibromometano
e o pico 5 é o pico do bromofórmio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 68
5.16 Sobreposição dos cromatogramas da água milli-Q e do padrão de misturas de
trialometanos com coluna capilar Elite-5 (30m x 0,32mm ID x 1,0µmD f ) e
o fluxo do gás de arraste é igual a 10 mL min−1. Onde, 1 é o pico do clorofór-
mio, 3 é o pico referente ao diclorobromometano, o pico 4 é o dibromometano
e o pico 5 é o pico do bromofórmio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 69
5.17 Sobreposição dos cromatogramas da água milli-Q e do padrão de misturas de
trialometanos com coluna capilar Elite-5 (30m x 0,32mm ID x 1,0µmD f ) e o
fluxo do gás de arraste é igual a 7 mL min−1. Onde, 1 é o pico do clorofórmio,
2 é o pico referente ao diclorobromometano, o pico 3 é o dibromometano e o
pico 4 é o bromofórmio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 69
5.18 Comparação entre as concentrações de TAMs nas amostras de trialometanos
totais obtidas nas diferentes rotas do tratamento da água bruta do Rio Preto. . p. 72
5.19 Comparação entre as concentrações de TAMs nas amostras de trialometanos
totais obtidas nas diferentes rotas do tratamento da água bruta do Rio Santa
Maria da Vitória. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 73
5.20 Comparação da formação de trialometanos totais com as diferentes rotas ana-
líticas no tratamento de água nas amostras dos rios Preto e Santa Maria da
Vitória. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 73
5.21 Comparação da formação de trialometanos totais nas águas de estudo após
tratamento completo, com e sem pré-oxidação utilizando o permanganato de
potássio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 74
5.22 Comparação da formação de trialometanos totais nas águas de estudo após
tratamento completo, com e sem pré-oxidação utilizando o hipoclorito de
cálcio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 75
5.23 Comparação entre as concentrações de TTAMs obtidas quando a etapa de
pré-oxidação não foi realizada nas águas de estudo. . . . . . . . . . . . . . . p. 75
5.24 Comparação entre as concentrações de TTAMs obtidas ao utilizar o perman-
ganato de potássio na etapa de pré-oxidação nas águas de estudo. . . . . . . . p. 76
5.25 Comparação entre as concentrações de TTAMs obtidas ao utilizar o hipoclo-
rito de cálcio na etapa de pré-oxidação nas águas de estudo. . . . . . . . . . . p. 76
5.26 Comparação entre as concentrações de TAMs nas amostras de potencial de
formação de trialometanos obtidas nas diferentes rotas do tratamento da água
bruta do Rio Preto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 78
5.27 Comparação entre as concentrações de TAMs nas amostras de potencial de
formação de trialometanos obtidas nas diferentes rotas do tratamento da água
bruta do Rio Santa Maria da Vitória. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 78
5.28 Comparação do potencial de formação de trialometanos nas águas de estudo
após tratamento convencional, com e sem pré-oxidação utilizando o perman-
ganato de potássio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 79
5.29 Comparação do potencial de formação de trialometanos nas águas de estudo
após tratamento completo, com e sem pré-oxidação utilizando o hipoclorito
de cálcio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 80
5.30 Comparação do potencial de formação de trialometanos com as diferentes
rotas analíticas no tratamento de água nas amostras dos rios Preto e Santa
Maria da Vitória. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 80
5.31 Comparação entre as concentrações de potencial de formação de trialometa-
nos obtidas quando a etapa de pré-oxidação não foi realizada nas águas de
estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 81
5.32 Comparação entre as concentrações de potencial de formação de trialometa-
nos obtidas ao utilizar o permanganato de potássio na etapa de pré-oxidação
nas águas de estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 82
5.33 Comparação entre as concentrações de potencial de formação de trialometa-
nos obtidas ao utilizar o hipoclorito de cálcio na etapa de pré-oxidação nas
águas de estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 82
A.1 Cromatograma da mistura de padrões de concentração igual a 1,0 µg L−1
utilizado para a construção da curva de calibração dos trialometanos. . . . . . p. 89
A.2 Cromatograma da mistura de padrões de concentração igual a 2,0 µg L−1
utilizado para a construção da curva de calibração dos trialometanos. . . . . . p. 90
B.1 Cromatograma da análise de trialometanos totais realizada na água bruta do
rio Preto, no momento da coleta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 91
B.2 Cromatograma da análise de trialometanos totais realizada na água bruta do
rio Santa Maria da Vitória, no momento da coleta. . . . . . . . . . . . . . . . p. 92
C.1 Segundo cromatograma da análise de trialometanos totais na água do rio
Preto em que foi realizado o tratamento completo com a etapa de pré-oxi-
dação utilizando o Cl2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 93
C.2 Cromatograma da análise de trialometanos totais na água do rio Preto. A
amostra foi retirada logo após a etapa de pré-oxidação utilizando o Cl2. . . . p. 94
D.1 Cromatograma da análise de potencial de formação de trialometanos totais
na água do rio Preto em que foi realizado o tratamento completo com a etapa
de pré-oxidação utilizando o Cl2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 95
D.2 Segundo cromatograma da análise de potencial de formação de trialometanos
totais na água do rio Santa Maria da Vitória. A amostra foi retirada logo após
a etapa de pré-oxidação utilizando o Cl2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 96
Lista de Tabelas
4.1 Parâmetros e reagentes utilizados para construção do diagrama de coagulação p. 42
4.2 Parâmetros utilizados para as análises de determinação de trialometanos . . . p. 47
4.3 Concentrações dos analitos fornecidas pela Supelco . . . . . . . . . . . . . . p. 49
5.1 Características físico-química da água bruta dos rios estudados . . . . . . . . p. 53
5.2 Estudo da variação da cor real na pré-oxidação da água bruta do rio Santa
Maria da Vitória, utilizando diferentes dosagens de permanganato de potás-
sio em relação ao tempo de contato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 56
5.3 Variação da cor real na pré-oxidação da água bruta do rio Preto utilizando
diferentes dosagens de permanganato de potássio em relação ao tempo de
contato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 58
5.4 Estudo da variação do residual de cloro na pré-oxidação da água bruta do rio
Santa Maria da Vitória, utilizando diferentes dosagens de cloro livre em
relação ao tempo de contato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 60
5.5 Resultados obtidos após o tratamento completo (coagulação, floculação, se-
dimentação, filtração e desinfecção das amostras de água do rio preto e do rio
Santa Maria da Vitória com e sem pré-oxidação, na temperatura de 25oC ±2oC. NR = Não Realizado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 63
5.6 Valores de tempo de retenção obtidos utilizando colunas capilares com diâ-
metro interno diferentes e variando-se o fluxo do gás de arraste (nitrogênio). . p. 68
5.7 Valores da concentração dos analitos detectados pelo CG, após a realização
da curva de calibração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 70
5.8 Resultados obtidos de trialometanos totais das amostras da água do rio preto
e do rio Santa Maria da Vitória. ND = Não Detectado. . . . . . . . . . . . . p. 71
5.9 Resultados obtidos do potencial de formação de trialometanos das amostras
da água do rio preto e do rio Santa Maria da Vitória. ND = Não Detectado. . p. 77
Lista de abreviaturas e siglas
CG Cromatógrafo a gás
DCE Detector de Captura de Elétrons
DBCM Dibromoclorometano
DCBM Diclorobromometano
DPD N,N - Dietil - 1,4 - Sulfato de Fenilenedramino
ETA’s Estações de Tratamento de Água
HS Headspace
MEFS Microextração de Fase Sólida
MON Matéria Orgânica Natural
MOND Matéria Orgânica Natural Dissolvida
RP Rio Preto
SHs Substâncias Húmicas
SMV Rio Santa Maria da Vitória
TBM Bromofórmio
TCM Clorofórmio
THMs Trialometanos
TTHM Trialometanos Totais
Cl2 Cloro ativo
Ca(OCl)2 Cloro ativo
KMnO4 Permanganato de potássio
Lista de símbolos
G Gradiente de velocidade
V s Velocidade de sedimentação
17
1 Introdução
O ser humano necessita de água de qualidade e em quantidade suficiente para atender suas
necessidades físicas, sociais e econômicas (1) e (2). Para o consumo humano, todos os com-
ponentes da água, desde sólidos suspensos até os microrganismos que vivem no meio aquático,
devem estar no valor máximo permitido pela legislação brasileira de padrão de potabilidade,
Portaria 518/2004. O cloro ativo é muito utilizado na etapa de desinfecção em estações de trata-
mento de água com o objetivo de destruir ou inativar microrganismos responsáveis por doenças
como a cólera, febre tifóide, diarréia entre outras. A escolha do cloro como oxidante é devido
ao baixo custo, fácil manuseio e possui alta eficiência à temperatura ambiente e em tempo re-
lativamente curto. A determinação de sua concentração na água é fácil, e é capaz de fornecer
quantidade remanescente nos sistemas de abastecimento, o que protege a água de posteriores
contaminações. No entanto, o cloro pode reagir com a matéria orgânica da água bruta, gerando
subprodutos de reação chamados de compostos orgânicos halogenados, como por exemplo, os
trialometanos (TAMs), que são comprovadamente cancerígenos.
Os principais subprodutos de formação que podem ser gerados são (3):
• Trialometanos (TAMs): clorofórmio, bromodiclorometano, clorodibromometano, bro-
mofórmio;
• Ácidos Haloacéticos (AHAs): ácido monocloroacético, ácido dicloroacético, ácido tri-
cloroacético, ácido monobromoacético, ácido dibromocloroacético, ácido tribromoacé-
tico, ácido bromocloroacético, ácido dibromocloroacético;
• Haloacetonitrilas (HANs): dicloroacetonitrila, tricloroacetonitrila, dibromoacetonitrila,
tribromoacetontrila, bromocloroacetonitrila;
• Haletos Cianogênicos (HCs): cloreto cianogênico, brometo, cianogênico.
• Halopicrinas (HPs): cloropicrina, bromopicrina;
1 Introdução 18
• Haloacetonas (HKs): 1,1 - dicloropropanona, 1,1,1 - tricloropropanona, 1,1 - dicloro - 2
- butanona, 3,3 - dicloro - 2 - butanona, 1,1,1 - tricloro - 2 - butanona;
• Haloaldeídos (HADs): dicloroacetaldeído. tricloroacetaldeído;
• Halofenóis (HFs): 2 - clorofenol, 2,4 - diclorofenol, 2,4,6 - triclorofenol.
Por esta razão, outros oxidantes tem sido avalidos com o objetivo de diminuir ou eliminar
os subprodutos de formação que aparecem através da reação entre o cloro com as substâncias
húmicas. Dentre os compostos estudados encontram-se o permanganato de potássio, o peróxido
de hidrogênio, o ozônio e o dióxido de cloro.
Nas Estações de Tratamento de Água, a dificuldade de monitoramento dos trialometanos
é em função do grau de dificuldade da metodologia analítica, o custo elevado das análises e
a necessidade de técnicos preparados para realização dessas análises. A Portaria 518/2004 do
Ministério da Saúde determina que o valor máximo permitido de TAMs em água potável, é de
100µg L−1. Todas as técnicas de identificação de trialometanos em águas de abastecimento
utilizam a cromatografia a gás para identificação de trialometanos, variando-se as técnicas de
extração desses compostos e o tipo de detector, o qual, o mais utilizado é o DCE (detector de
captura de elétrons). Paschoalato(3) utilizou a técnica líquido-líquido para extrair os trialome-
tanos das amostras e em seguida, os analitos foram injetados no cromatógrafo a gás (CG). Os
valores de trialometanos obtidos foram da ordem de µg L−1, esse valor encontra-se na faixa
limitada pela Portaria 518/2004. A microextração de fase sólida (MEFS) é uma técnica mais
recente de extração de trialometanos, e tem fornecido bons resultados (4). É uma técnica de
extração sem solventes e de transferência direta dos analitos ao cromatógrafo gasoso. Os estu-
dos feitos para detecção de trialometanos utilizando essa técnica foi da ordem de µg L−1 (4),
(5), (6), porém, há relatos de limite de detecção da ordem de 15 ppt (parte por trilhão) (5). No
trabalho de Budziak e Carasek(7), a técnica de extração utilizada foi purge and trap. A faixa de
concentração de TAMs analisada foi de 0,1 a 8,0 µg L−1.
A técnica utilizada para determinação de trialometanos nesse trabalho foi HS-trap / CG
(Headspace-trap / Cromatógrafo a gás) com detector de captura de elétrons (DCE).
19
2 Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Identificar e Quantificar Trihalometanos em Água de Abastecimento e implementar a téc-
nica de identificação de Trialometanos no Espírito Santo utilizando a técnica Headspace-trap /
GC com detector de captura de elétrons.
2.2 Objetivos Específicos
1. Caracterizar a água bruta através de parâmetros físico-químicos;
2. Construir o diagrama de coagulação;
3. Determinar a dosagem e o tempo de contato na etapa de pré-oxidação utilizando os oxi-
dantes: permanganato de potássio e hipoclorito de cálcio;
4. Testar a configuração "Headspace-trap/GC" na identificação e quantificação de TAMs;
5. Verificar o potencial de formação de trialometanos na linha de tratamento utilizando a
pré-oxidação e a cloração para desinfecção;
20
3 Revisão Bibliográfica
3.1 Características dos Mananciais de Superfície
Na natureza a água quimicamente pura só é encontrada na forma de vapor. No instante
em que as moléculas de água condensam, impurezas passam a acumular na superfície dessas
moléculas. Porém, para o consumo, a água quimicamente pura é indesejável, pois os sais
minerais dissolvidos nela contribui para o equilíbrio osmótico das células dos seres vivos(8).
No entanto, o excesso de impurezas pode causar sérios problemas à saúde humana. Por isso
é necessário fazer a caracterização biológica, física e química do manancial, para realizar um
tratamento de água eficiente. De acordo com Di Bernardo (9) grande parte das doenças que
se alastram pelos países em desenvolvimento é devido à qualidade da água insatisfatória. As
doenças mais comuns transmitidas à população através da água são: disenteria, cólera, febre
tifóide, hepatite, giardíase e criptosporidíase.
As características biológicas das águas referem-se aos diferentes microrganismos que ha-
bitam o meio aquático e que podem possibilitar a transmissão de doenças e na transformação
de matéria orgânica do ciclo biogeoquímico. Para um estudo de caracterização do manancial,
ensaios microbiológicos são feitos através de exames bacteriológicos e hidrobiológicos. Uma
forma de realizar o controle da qualidade da água de consumo é utilizar indicadores biológicos
nas amostras retiradas dos mananciais. As bactérias coliformes são utilizadas como indicadores
de contaminação por fezes. Os protozoários são resistentes à ação dos desinfetantes, o que pode
acarretar ineficiência do tratamento de água, por isso passaram a ser utilizados como indica-
dores microbiológicos para o controle da qualidade da água; as algas e cianobactérias geram
maior consumo de produtos químicos, redução de sedimentabilidade dos flocos e aumento no
consumo de cloro na etapa da desinfecção na estação de tratamento de água, o que possibilita
a formação de subprodutos tóxicos chamados de trialometanos. De acordo com Libânio(1) os
compostos orgânicos excretados por alguns tipos de algas possuem a mesma importância na
formação de trialometanos que os ácidos húmicos e fúlvicos. Além de serem precursores de tri-
alometanos, as algas e cianobactérias podem gerar odor e sabor à água, e quando encontram-se
3.1 Características dos Mananciais de Superfície 21
em maiores concentrações também podem conferir toxicidade.
Em relação às características físicas, abaixo são citadas as mais importantes:
• A temperatura indica a magnitude da energia cinética do movimento aleatório das mo-
léculas. A temperatura possui relação direta com a velocidade das reações químicas que
ocorrem no leito, com a solubilidade das substâncias e com o metabolismo dos organis-
mos presentes na água (1).
• A cor é outra importante característica a ser considerada, pois trata-se de minúsculas
partículas chamadas de colóides, finamente dispersas, de origem predominantemente or-
gânica (10), também pode indicar a presença de ferro e manganês ou lançamento de
diversos resíduos industriais. A importância da cor como parâmetro de qualidade da água
adquiriu maior evidência após confirmação de sua participação na formação de produtos
cancerígenos chamados de trialometanos (TAMs) (1). A Portaria 518 determina que a cor
aparente da água após o tratamento de água deve ser menor do que 15 uH (11).
• A turbidez é a presença de matéria particulada em suspensão na massa líquida. A turbi-
dez tende a ser maior em cursos d’água devido sua constante agitação e menor em lagos
e represas em que a velocidade de escoamento é mais baixa o que facilita a sedimentação
das partículas (1) (10). O uso do parâmetro turbidez também é usado como indicador da
eficiência no tratamento, associando a remoção dessa característica física à cistos, oocis-
tos e protozoários. Por isso, o Padrão de Potabilidade da Portaria 518/2004 do Ministério
da Saúde, estabelece que o limite máximo da turbidez de águas para consumo humano
deve ser de 1,0 Unidade de Turbidez (UT), recomendando enfaticamente valores menores
que 0,5 UT para 95% das amostras quando o tratamento é feito com filtração rápida (11).
• Os parâmetros odor e sabor são difíceis de ser quantificados, pois, são resultados de
várias substâncias dissolvidas como: fenóis, clorofenóis, matéria excretadas por algumas
espécies de algas e em alguns casos, devido a despejos de indústrias (9). Esses parâmetros
são importantes devido à possibilidade de rejeição da água pela população abastecida. O
padrão de potabilidade mais recente cita o controle desses parâmetros, porém não os
quantifica.
• A condutividade elétrica indica a capacidade da água natural de transmitir a corrente
elétrica em função da presença de sais dissolvidos. Relaciona-se ao teor de salinidade,
parâmetro importante para águas subterrâneas ou próximas ao litoral que podem sofrer
intrusão de água salgada. A condutividade elétrica em águas naturais normalmente são
3.1 Características dos Mananciais de Superfície 22
inferior a 100µS cm−1, podendo atingir 1000µS cm−1 em corpos d’água receptores de
elevadas cargas de efluentes domésticos e industriais.
Em relação às características químicas da água, pode-se classificar:
• O potencial de hidrogênio (pH) indica a concentração de íons H+ na água. É determinado
a partir da fórmula pH = −log10[H+] em uma escala que varia de 0 a 14 e expressa
a intensidade de condições ácidas (pH < 7,0) e condições básicas (pH > 7,0) do meio
(1) (10). O pH do meio influencia no grau de solubilidade e na toxicidade de muitas
substâncias, além disso o pH é um parâmetro importante na etapa de coagulação nas
estações de tratamento de água (8). Águas naturais de superfície apresentam pH próximo
à neutralidade, devido a seu efeito tamponante (8). De acordo com Libânio(1) o pH em
águas naturais variam de 6,0 a 8,5 o que favorece à vida aquática. A Portaria 518 do
Ministério da Saúde recomenda que o pH da água no sistema de distribuição seja matido
na faixa de 6,0 a 9,5 (11).
• A alcalinidade e acidez é a capacidade de neutralizar ácidos (íons H+) ou minimizar
variações significativas de pH (efeito de tamponamento) (1). A alcalinidade é devida
à concentração de carbonatos (CO2−3 ), bicarbonatos (HCO1−
3 ) e hidróxidos (OH−) (8),
as formas de alcalinidade citadas manifesta-se através do pH. Quando a alcalinidade é
influenciada pela espécie bicarbonado a água apresentará pH entre 4,4 e 8,3; quando o
pH da água for entre 8,3 e 9,4 a influência será das espécies carbonato e bicarbonatos;
e quando houver a presença de íons hidróxido e carbonatos na água o pH será maior do
que 9,4 (1) (9). Para o tratamento de água, esse parâmetro é importante minimizando a
redução brusca de pH devido à dispersão do coagulante.
A acidez, ao contrário da alcalinidade, é a capacidade de neutralizar bases e também de
evitar alterações bruscas do pH. A acidez é devido à presença do dióxido de carbono
dissolvido na água (CO2), que fornece o pH entre 4,4 a 8,3. PH menores do que 4,4 só
ocorrem na presença de ácidos fortes, o que não é comum em águas naturais (9) (1).
• A definição de dureza é a soma de cátions polivalentes presentes na água, principalmente
os íons de Cálcio (Ca2+) e Magnésio (Mg2+) e em concentrações menores dos íons de
Alumínio (Al3+), Manganês (Mn2+), Ferro (Fe2+) e Estrôncio (Sr2+). De acordo com
Libânio(1) a dureza pode ser classificada como dureza carbonato e dureza não-carbonato,
em que, a primeira precipita o carbonato com o aumento da temperatura, enquanto que a
segunda, corresponde à alcalinidade. O padrão de potabilidade do Brasil determina que a
dureza da água deve ser no máximo de 500 mg L−1 (11).
3.1 Características dos Mananciais de Superfície 23
• O teor de cloreto caracterizam os sólidos totais dissolvidos. A presença dos íons cloreto
pode indicar a presença de algum tipo de poluição, porém, em mananciais superficiais
próximos ao litoral pode haver presença de cloretos sem que haja contaminação humana.
O teor máximo permitido de cloreto em águas para abastecimento público é de 250 mg/L.
• O oxigênio dissolvido (OD) é importante para toda a forma de vida aquática (8), porém
devido à sua baixa solubilidade do oxigênio a quatidade de OD que a água pode conter é
pequena, apenas 9,1 mg L−1 à 20oC. A concentração de oxigênio dissolvido é diretamente
proporcional à pressão atmosférica e inversamente proporcional à temperatura do meio.
Outro fator limitante de OD é a salinidade do meio. Quando dois mananciais nas mesmas
condições de temperatura e pressão são comparados, o meio que possuir maior salinidade
apresentará menor quantidade de oxigênio dissolvido (1).
• As Demanda química (DQO) e bioquímica de oxigênio (DBO) expressam a presença
de matéria orgânica, pois indicam a magnitude do consumo de oxigênio pelas bacté-
rias na estabilização da matéria orgânica. A DBO é um indicador do metabolismo dos
organismos vivos, ou seja, refere-se à matéria orgânica passível de ser estabilizada bio-
quimicamente. A DQO é a matéria orgânica estabilizada quimicamente.
• O parâmetro que indica a quantidade de matéria orgânica nas águas naturais é chamado
de carbono orgânico total (COT). Esse parâmetro pode ser dividido em frações refe-
rentes às parcelas dissolvidas ou particuladas. O COT na forma dissolvida é importante
para o desenvolvimento da comunidade algal no ecossistema aquático. Os constituintes
orgânicos na água podem ser de origem natural e atividades antrópicas. O COT de origem
antrópica resulta do lançamento de águas residuárias sanitárias ou industriais, tratadas ou
não, do escoamento superficial urbano ou rural e do escoamento subsuperficial em solos
contaminados. No caso do COT natural têm-se as substâncias húmicas, microrganismos
e seus metabólitos e hidrocarbonetos aromáticos. De acordo com Bernardo, Bernardo e
Centurione(9), apesar dessas substâncias não serem tóxicas aos seres humanos, algumas
delas podem agir como precursores de substâncias cancerígenas chamadas de trialometa-
nos e outros compostos organo-halogenados, quando cloradas em estações de tratamento
de água na etapa de desinfecção (9) (1) (8). A Portaria 518/2004 não estabele limite de
carbono orgânico total devido ao alto custo das análises, porém determina a concentração
máxima de alguns subprodutos da desinfecção na água tratada, entre eles os trialometanos
totais que não podem ultrapassar a concentração de 0,1 mg/L ou 100 µg L−1 (11).
3.1 Características dos Mananciais de Superfície 24
3.1.1 Matéria Orgânica
A matéria orgânica encontrada em rios é uma complexa mistura de compostos orgânicos,
denominadas de substâncias húmicas e não húmicas. O termo "HUMUS"’originado em Roma
era comumente utilizado e significava "dentro do solo". Mais tarde o termo foi usado para
determinar a matéria orgânica do solo. A principal definição do termo humus, como matéria
orgânica decomposta, apareceu em 1762 (12). Portanto, são compostos naturais que surgem da
degradação química e biológica, de resíduos de plantas e animais e de atividade microbiana.
De acordo com Rosa(13) a identificação das substâncias húmicas é feita a partir da definição da
estrutura das substâncias não húmicas, que podem ser: aminoácidos, carboidratos, proteínas e
ácidos orgânicos.
As diferenças na constituição das substâncias húmicas podem ser classificadas de acordo
com a solubilidade em meio aquoso: o ácido húmico é insolúvel em meio ácido e solúvel em
meio alcalino; ácido fúlvico é solúvel em meio alcalino e em meio ácido, e humina, insolúvel
em ambos os meios conforme mostra a figura 3.1. Dentre essas frações, o ácido húmico (HA)
está presente em maior quantidade (14).
De acordo com Stevenson et al.(15) as substâncias húmicas são encontradas não apenas em
rios, mas também em solos, pântanos, turfas, sedimentos aquáticos e marinhos. Nos rios essas
substâncias podem alterar as características físicas e químicas do ecossistema. As substâncias
húmicas (SHs) possuem propriedades ambiental, bioquímica e terapêuticas extraordinárias. Al-
gumas dessas propriedades estão relacionadas abaixo:
• Possuem um importante papel na atenuação de pH alto e no transporte de espécies solú-
veis e insolúveis em água (16);
• Reduzem a toxicidade de alguns metais (p.e. Cu2+ e Al3+) para organismos aquáticos
incluindo peixes (13);
• No tratamento de água podem reagir com o cloro na etapa de pré-oxidação e desinfecção
e formar subprodutos altamente tóxicos chamados trialometanos.
No solo, essas substâncias possuem grande capacidade de retenção de calor, influenciando
na germinação de raízes, ajudam na transferência dos nutrientes do solo para as plantas, estimula
o desenvolvimento da população da microflora no solo, além de possuírem papel importante no
transporte de compostos orgânicos no ambiente (14). As SHs fornecem a coloração escura; o
auxílio na retenção da umidade, ajudando na germinação de sementes; a retenção de água no
3.1 Características dos Mananciais de Superfície 25
Figura 3.1: Fracionamento do material orgânico e das substâncias húmicas
3.1 Características dos Mananciais de Superfície 26
solo, o que impede a erosão entre muitas outras características (13). Na água, essas substâncias
podem ser definidas como compostos coloridos e polieletrolíticos (THURMAN, 1985).
Cor
Como já foi dito anteriormente, a matéria orgânica é a principal responsável pela colora-
ção da água, solo, pântanos entre outros meios em que esteja presente. Hautala, Peuravuori e
k.Pihlaja(17) pesquisaram a caracterização de ácidos húmicos e fúlvicos através de medições de
cor aparente, absorbância, fluorescência e por cromatografia de alta performance por exclusão,
em mananciais superficiais na Finlândia. Os autores estudaram as faixas de comprimento de
onda mais adequadas, em nm, para a medição da cor aparente em amostras de água naturais
contendo substâncias húmicas. As amostras foram analisadas em vários comprimentos de onda
(350, 400, 410, 456, 465 e 490 nm) em pH 4,4 e 7,0. Os índices mais satisfatórios foram nos
comprimentos de onda de 400 nm (pH 4,4) e 465 nm (pH 7,0) com as amostras fracionadas
com resina DAX-8. Medidas com as amostras não fracionadas geraram resultados mais próxi-
mos entre as técnicas a 465 nm (pH original) e a 400 e 465 nm (pH 7,0), validando o uso de
comprimentos de onda de 465 e 400 nm para a medição de cor em amostras de água (17).
Absorbância 254 nm
Uma maneira de determinar a quantidade de matéria orgânica na água é através da análise
espectrofotométrica com comprimento de onda na faixa do UV-Vis 254 nm. Marmo(18) rea-
firma esse conceito ao dizer que o carbono orgânico total (COT) é um indicativo da concentração
de substâncias húmicas nas águas, porém ele não define a natureza das ligações do carbono no
meio. A presença de duplas ligações na molécula de ácido húmico propicia a absorção de ener-
gia na faixa do ultravioleta - UV a 254 nm. O fator SUVA (specific ultraviolet absorbance) é
um parâmetro operacional que indica a natureza da composição da matéria orgânica de origem
natural. Este é definido como a absorbância da amostra submetida a uma fonte de comprimento
de onda igual a 254 nm dividida pela concentração de carbono orgânico dissolvido (COD). Este
fator é um indicador que sinaliza sobre a origem da matéria orgânica, bem como correlaciona a
concentração de carbono aromático na molécula de ácido húmico.
3.1.2 Conformação das Substâncias Húmicas
As substâncias húmicas são criadas pela associação de vários componentes presentes no
processo de humificação, como os aminoácidos, carboidratos, moléculas aromáticas e alifáticas
3.1 Características dos Mananciais de Superfície 27
com grupos carboxilicos, fenólicos, carbonílicos, hidroxilas alcóolicos e grupos funcionais me-
toxilicos e através das forças intermoleculares (iônicas, hidrofílicas e hidrofóbicas) (19) (20). A
estrutura desses compostos são estudadas exaustivamente pela comunidade científica mundial,
porém, a estrutura detalhada desse complexo natural não foi completamente compreendida até
hoje (20). Os mecanismos de formação das substâncias húmicas são diferentes e dependem da
geografia, clima e das atividades físicas, biológicas e humanas que existem em cada localidade
(12) (21). Por isso, há uma incrível diversidade de estruturas desses compostos (14).
Marmo(18) mostra através da figura 3.2, as diferenças estruturais dos ácidos húmicos aquá-
ticos em dois trabalhos de pesquisas diferentes.
Figura 3.2: Duas estruturas diferentes de ácidos húmicos aquáticos. A estrutura (a) foi propostapor Gamble e Schnitzer e a estrutura (b) foi proposta por Steinberg e Muenster.
De acordo com Rosa(13), a estrutura mais recente estudada de ácidos húmicos é a figura
3.3, porém esta estrutura ainda não é um resultado satisfatório:
As estruturas apresentadas demonstram a dificuldade em prever a formação de subprodutos
3.2 Sistema de Abastecimento de Água 28
Figura 3.3: A estrutura de um ácido húmico apresentada por Schulten.
nas estações de tratamento de água, pois não é possível determinar a estrutura dos ácidos húmi-
cos encontrados nos ambientes aquáticos sem realizar um estudo detalhado da matriz orgânica
do leito utilizado.
3.2 Sistema de Abastecimento de Água
Segundo a OPAS/OMS(22) a água e a saúde das populações são duas coisas inseparáveis.
A disponibilidade de água de qualidade é uma condição indispensável para a própria vida e
mais que qualquer outro fator, a qualidade da água condiciona a qualidade de vida, sendo assim
todas as pessoas, em quaisquer estágios de desenvolvimento e condições sócio-econômicas, têm
o direito de ter acesso a um suprimento adequado e seguro de água potável (OPAS/OMS, 2001).
Por isso, o tratamento da água se faz necessário, pois tem como objetivo a adequação da
água de abastecimento às exigências do padrão de potabilidade. O objetivo é fornecer uma
água à população que esteja livre de microrganismos patogênicos, sólidos suspensos e coloidais,
matéria orgânica ou outra substância que possa ser prejudicial à saúde, especialmente humana.
3.2 Sistema de Abastecimento de Água 29
3.2.1 Pré-Oxidação
A oxidação química é utilizada para a remoção de matéria orgânica em estações de trata-
mento de água (ETA’s) e nos tratamentos de águas residuárias industriais. Muitas ETA’s utilizam
o cloro gasoso ou seus derivados (hipoclorito de sódio ou hipoclorito de cálcio) como oxidante
nessa etapa devido seu baixo custo, alto poder oxidante e eficiência na remoção de cor e odor.
Essa prática têm sofrido questionamento quando o cloro é utilizado em águas com presença de
substâncias húmicas e algas, devido à possibilidade de formação de subprodutos (compostos
halogenados) formados durante a cloração (3).
O controle da concentração de trialometanos totais em águas para abastecimento passou
a ser exigido pela legislação brasileira, a partir de 2004. Por isso, outros tipos de oxidantes
passaram a ser estudados com o objetivo de substituir o cloro na etapa de pré-oxidação.
A remoção da matéria orgânica natural dissolvida (MOND) tem sido definida como uma
estratégia para reduzir os riscos da formação de trialometanos após a etapa de desinfecção da
água natural (20).
Paschoalato(3) estudou a contribuição de oxidantes alternativos (dióxido de cloro, perman-
ganato de potássio, ozônio, peróxido de hidrogênio e peroxônio) na formação de compostos
orgânicos halogenados na etapa de pré-oxidação. As amostras de água foram analisadas a partir
de água de poço e ácido húmico extraído de turfa. De acordo com os resultados obtidos, a me-
nor concentração de trialometanos totais formados em um período de 24 horas ocorreu quando
o íon hipoclorito foi usado como pré-oxidante, quando os ensaios foram realizados com a etapa
de coagulação. Porém, quando a água de estudo foi tratada sem a etapa de coagulação, a menor
concentração de trialometanos formada ocorreu quando o peróxido de hidrogênio utilizado na
etapa de pré-oxidação.
Cloro
O cloro é um poderoso oxidante e tem fornecido vários benefícios adicionais na etapa de
pré-oxidação no tratamento de água como a remoção de cor, ferro e manganês, assim como têm
sido efetivo na redução de sabor e odor da água. No Brasil, muitas estações de tratamento de
água utilizam o cloro como pré-oxidante. Essa prática pode levar à formação de subprodutos
que podem afetar à saúde da população, pois, o cloro reage com os ácidos húmicos contidos na
matéria orgânica natural formando subprodutos de formação altamente tóxicos, chamados de
trialometanos (TAMs). De acordo com o manual da USEPA (23) existe uma forte relação entre
o câncer de bexiga, cólon e reto e a ingestão de água potável contendo trialometanos (TAMs).
3.2 Sistema de Abastecimento de Água 30
Essa ambiguidade em relação ao uso do cloro como oxidante, têm provado uma aparente
contradição no meio científico. Enquanto o uso reduzido do desinfetante é encorajado para
um limite de formação de subprodutos, a preocupação em torno de doenças mais resistentes
da água desencorajam a redução da concentração do cloro (24). Para essa questão, deve-se
encontrar uma condição ótima para que haja pequena formação de subprodutos de desinfecção
e, ao mesmo tempo seja possível controlar doenças infecciosas de veiculação hídrica.
A formação dos subprodutos é altamente dependente da concentração de matéria orgânica
natural, porém, existem muitos outros fatores que podem contribuir para a formação dos subpro-
dutos, como: a composição da MON, o método utilizado para o tratamento de água, temperatura
e pH do meio. De acordo com Meyer(25) a reatividade do cloro diminui com o aumento do pH,
e sua velocidade de reação aumenta com o aumento da temperatura. As reações do cloro com
compostos inorgânicos redutores como sulfito, sulfetos, íon ferroso e nitrito, são geralmente
muito rápidas. Alguns compostos orgânicos reagem rapidamente com o cloro, porém, para a
maioria dos compostos orgânicos a reação com o cloro é lenta, podendo levar horas até que seja
completada.
Em água pura, o cloro na forma gasosa (Cl2) forma o ácido hipocloroso, na temperatura
ambiente conforme a reação abaixo:
Cl2 + H2O ⇀↽ HOCl + H+ + Cl2
A reação desloca-se para a direita, quando o pH do meio encontra-se acima de 4,0; for-
mando residual de Cl2. Porém, quando o pH do meio é menor do que 4, a reação desloca
somente para a esquerda, formando o ácido hipocloroso.
A ação desinfetante e oxidante do cloro pelo ácido hipocloroso é controlada pelo ácido
hipocloroso. É um ácido fraco que se dissocia formando o íon hipoclorito:
HOCl ⇀↽ H+ + ClO1−
A dissociação do ácido hipocloroso é fraca, quando o pH do meio é inferior a 6. Em
soluções em pH menor que 2, a espécie predominante é o Cl2, para valores próximos à 5, a
concentração maior é do HClO, Em pH igual a 10, a predomina-se o composto ClO1−.
As águas de abastecimento apresentam valores de pH entre 5 e 10. Nesse intervalo de pH,
as espécies que se encontram em maior quantidade no meio são o ácido hipocloroso (HOCl) e
o íon hipoclorito (ClO1−). Esses compostos são definidos de cloro residual (25).
A aplicação do cloro também pode ser feita utilizando o hipoclorito de cálcio ou o hipoclo-
rito de sódio, conforme as reações abaixo:
3.2 Sistema de Abastecimento de Água 31
Ca(ClO)2 + H2O ⇀↽ Ca2+ + 2ClO1− + H2O
NaClO + H2O ⇀↽ Na1+ + ClO1− + H2O
Permanganato de potássio
No manual da EPA(26) diz que o permanganato de potássio é utilizado para o controle de
gosto e odor, remoção de cor, controle do crescimento biológico nas estações de tratamento de
água, e na remoção de ferro e manganês. Uma segunda utilidade do permanganato de potássio é
o controle de formação de trialometanos (TAMs) e outros subprodutos que podem ser formados
na etapa de oxidação e na etapa de desinfecção do tratamento de água (24). Apesar do perman-
ganato de potássio ser uma alternativa de oxidante em substituição ao cloro, ele ainda têm sido
pouco utilizado.
O permanganato de potássio pode reagir com uma enorme variedade de substâncias orgâ-
nicas e inorgânicas na água. O cátion Mn7+ é reduzido a dióxido de manganês MnO2 (Mn4+)
em meio ácido e ocorrem as seguintes reações parciais (27):
1. MnO−4 +4H+ +3e−⇐⇒MnO2 +2H2O
Eo = 1.68V
2. MnO2 +8H+ +5e−⇐⇒Mn2+ +4H2O
Eo = 1.51V
Para o meio alcalino, as reações parciais de permanganato de potássio são (27):
MnO−4 +2H2O+3e−⇐⇒MnO2 +4OH−
Eo = 0.60V
Observa-se que o oxidante possui maior poder de oxidação no meio alcalino, já que o po-
tencial de redução do permanganato de potássio é maior para o meio ácido. De acordo com
EPA(26), as condições alcalinas pontencializam a capacidade de oxidação da matéria orgânica
pelo permanganato de potássio, porém, o maior poder de desinfecção ocorre quando o perman-
ganato de potássio encontra-se em meio ácido. Nos trabalhos de Cleasby, Baumann e Black(28)
definiram que a melhor ação biocida do permanganato de potássio acontece em meio ácido. Os
resultados são coerentes em relação a trabalhos mais recentes.
O pré-tratamento com Permanganato de Potássio combinado com a cloração (desinfec-
ção) mostra concentrações menores de subprodutos de formação do que ocorre quando a pré-
oxidação é feita com cloro. Esses resultados mostram que o permanganato de potássio pode
3.2 Sistema de Abastecimento de Água 32
substituir o cloro na etapa de pré-oxidação e assim, reduzir as concentrações de matéria orgâ-
nica natural.
Abaixo estão relacionadas as vantangens e desvantagens no uso do permanganato de potás-
sio na etapa de pré-oxidação.
De acordo com o manual da USEPA (1999) as vantagens são:
• Oxidação do ferro e manganês que fornecem cor e gosto à água;
• Oxidação de compostos que fornecem cor e odor;
• Controle de organismos indesejados
• Controle de formação de subprodutos.
De acordo com o manual da USEPA (1999) as desvantagens são:
• É necessário um longo tempo de contato;
• O residual pode gerar uma coloração rósea na solução;
• O permanganato de potássio é irritante à pele e mucosas
• Pode ser fatal se for ingerida.
No trabalho de Paschoalato(3), foi estudada a influência do cloro na formação de vários
compostos orgânicos halogenados, e também, a contribuição na formação desses compostos
quando o cloro é substituído pelo permanganato de potássio. As análises foram realizadas em
reatores estáticos (jarteste) para simular uma estação de tratamento de água (ETA). O primeiro
ensaio foi feito utilizando o permanganato de potássio, que foi adicionado como pré-oxidante,
seguido de coagulação, filtração, pós-cloração e, o segundo ensaio experimental, foi realizado
com as mesmas condições, porém sem a etapa da coagulação. Neste estudo, foi realizado o
monitoramento da formação de subprodutos por um tempo de 24h a uma temperatura de 25oC.
Paschoalato(3) concluiu que a coagulação contribuiu para reduzir a formação de subprodutos e
que o permanganato de potássio pode ser uma boa opção em substituição ao cloro na etapa da
pré-oxidação
3.2 Sistema de Abastecimento de Água 33
3.2.2 Desinfecção
As doenças de origem hídricas como: cólera e febre tifóide passaram a ser mais efetiva-
mente controladas devido a utilização de desinfetante, mais especificamente, o cloro, na etapa
de desinfecção no tratamento de água. A utilização do cloro como desinfetante foi aprovado
pela American Public Health Association (APHA), em 1986 e passou a ter uso contínuo a partir
de 1902, na Bélgica, na forma de cloro combinado ou livre e a cloração baseada no controle
bacteriológico(29) (30). No Brasil, a utilização do cloro na etapa de desinfecção foi mais re-
cente, somente a partir de 1926 que passou a ser utilizado. O uso do cloro continua produzindo
excelentes resultados no que se diz respeito a matar ou inativar microrganismos patogênicos,
com a vantagem que esta ação se dá à temperatura ambiente e em tempo relativamente curto
(24). Outras características que fazem do cloro um excelente desinfetante são (31) (25):
1. Capacidade de destruir, em um tempo razoável, os organismos patogênicos a serem eli-
minados, na quantidade em que se apresentam e nas condições encontradas na água;
2. O desinfetante não deve ser tóxico para o homem e para os animais domésticos e, nas
dosagens usuais, não deve causar à água cheiro e gosto que prejudiquem o seu consumo;
3. Seu custo de utilização deve ser razoável, além de apresentar facilidade e segurança no
transporte, armazenamento, manuseio e aplicação;
4. A concentração na água tratada deve ser fácil e rapidamente determinável;
5. Deve produzir concentrações residuais resistentes na água, de maneira a constituir uma
barreira sanitária contra eventual recontaminação antes do uso.
Porém, outros reagentes químicos ou não químicos na etapa de desinfecção em Estações
de Tratamento de água são frequentemente utilizados com a finalidade de exterminar (esteri-
lizar) ou inativar microrganismos que possam gerar problemas de saúde (25) (24). Dentre os
processos químicos que são utilizados para desativar esses organismos têm-se os que utilizam
reagentes químicos como: dióxido de cloro, ozônio, permanganato de potássio, peróxido de
hidrogênio, hipoclorito de sódio e hipoclorito de cálcio. Também podem ser usados processos
físicos como a sedimentação, o calor e a radiação ultravioleta. Dentre os reagentes citados, o
cloro é o agente mais usado, pois, qualquer um dos seus diversos compostos, destrói ou inativa
os organismos causadores de enfermidades, sendo que esta ação ocorre à temperatura ambiente
e em tempo relativamente curto (32).
3.3 Trialometanos 34
Dentre todos os oxidantes citados acima, o cloro é o reagente que mais satisfaz às exi-
gências para um bom desinfetante. Nenhum outro reagente consegue reunir tantos atributos
simultaneamente como cloro.
O cloro é um agente fortemente oxidante, e por esta característica ele pode ser consumido
em reações de redução de compostos orgânicos, o que pode diminuir seu poder desinfetante e
propiciar a formação de trialometanos.
3.3 Trialometanos
Os subprodutos de formação originados da reação entre as substâncias húmicas e o cloro são
chamados de trialometanos, devido à substituição de três átomos de hidrogênio por três átomos
de halogênio em uma molécula de metano. Como já foi dito em capítulo anterior, o cloro
utilizado nas etapas de pré-oxidação e desinfecção reage com os ácidos fúlvicos e húmicos
(precursores) dissolvidos na água e forma compostos halogenados, entre eles os TAMs. A
reação geral pode ser observada através da equação abaixo:
Espécies previamente halogenadas + Cloro livre + Matéria orgânica −→ TAMs + Subpro-
dutos.
De todos os trialometanos possíveis de serem formados, quatro aparecem com concentração
mais elevada (29), são eles: clorofórmio (CHCl3), diclorobromometano (CHBrCl2), dibromo-
clorometanto (CHClBr2) e bromofórmio (CHBr3).
Dos trialometanos formados, o clorofórmio é o composto que se apresenta em maior con-
centração. Mas, existem exceções, pois quando o manancial possui um teor considerável de
brometo, ocorre a oxidação do íon pelo hipoclorito formando hipobromito, o qual reage com os
precursores formando os trialometanos bromados ISAAC (citado por COMINOT, 2004).
Estudos de CANTOR et al (citado por PASCHOALATO,2005) associaram a mortalidade
por câncer com halometanos em água potável e determinaram a correlação com vários tipos de
câncer, incluindo o de bexiga e de cérebro.
Em 1979, a USEPA (U.S. Environmental Protection Agency) adotou o limite máximo de
trialometanos totais (TTHM) igual a 100 µg L−1 como medida de segurança à saúde.
Outros países também adotaram um limite máximo de TTHM em águas de abastecimento
público: no Canadá, 350 µg L−1; na Holanda, 75 µg L−1; na Alemanha, 25 µg L−1 e, na
França, 10 µg L−1 (30)
3.3 Trialometanos 35
No Brasil, a Portaria 36 de 1990, do Ministério da Saúde, determinou que o limite máximo
de trialometanos permitido para as águas de abastecimento público deveria ser de 100 µg L−1.
O limite máximo permanece o mesmo na legislação atual, Portaria 518/2004 do Ministério da
Saúde.
3.3.1 Formação de Trialometanos
De acordo com Meyer(25), apesar das estruturas dos ácidos húmicos ainda não serem com-
pletamente conhecidas, a maioria desses ácidos contém radicais cetona, que podem causar a
formação de halofórmios após a reação com o cloro. A reação entre a matéria orgânica e o
cloro pode ser observada na figura 3.4. A presença do cloro e bromo na água gera uma compe-
tição na substituição do hidrogênio do carbono ativo da matéria orgânica, gerando os compostos
halogenados (33).
Figura 3.4: Reação da Matéria Orgânica e cloro livre. Fonte: Van Bremem.
Além da formação do clorofórmio, como mostrado na figura, existe a possibilidade de
formação de outros compostos que também se encaixam na denominação "trialometanos". A
figura 3.5 mostra as possíveis estruturas de serem formadas, sendo que as quatro primeiras
são as estruturas mais importantes para o estudo de trialometanos, devido à freqüência desses
compostos ser maior do que a das outras estruturas formadas.
Os fatores que influenciam a reação de formação de trialometanos, são: o tempo de contato,
pH, temperatura, concentração do brometo e iodeto, concentração do cloro, a concentração e as
características estruturais dos precursores (25).
3.3 Trialometanos 36
Figura 3.5: Estruturas possíveis de trialometanos.
3.3 Trialometanos 37
Em relação ao tempo de contato, a reação de formação de trialometanos, nas condições
normais de temperatura e pressão (CNTP), não ocorrem instantaneamente. Quanto maior o
tempo de contato entre o cloro e o material precursor maior será a probabilidade de formação
de THM.
O aumento da temperatura e do pH do meio favorece o aumento da formação de trialome-
tanos. O aumento do pH no meio, aumento a formação de trialometanos devido à ação catalítica
sobre o halofórmio.
Os brometos e iodetos presentes na água tratada podem participar da reação de formação de
trialometanos, porque, o cloro oxida os íons transformando-os em espécies capazes de participar
da reação. O bromo reage primeiro que o cloro com os compostos orgânicos, mesmo que este
esteja em excesso no meio.
Outra característica importante para a formação dos trialometanos é a concentração das
substâncias húmicas no meio, quanto maior, maior será a formação de TAMs. A matriz da
matéria orgânica também influencia na formação de TAMs. Quanto maior a concentração de
cloro no meio, maior será a chance de formar trialometanos. A forma que o cloro se apresenta
também interfere, o cloro livre possui maior poder de oxidação.
3.3.2 Metodologias Utilizadas para Determinação de Trialometanos
A lei que estabelece o limite máximo permitido de trialometanos no Brasil, sugere que as
análises de determinação de TAMs sejam feitas de acordo com as metodologias descritas no
"Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater" de publicação mais recente
até que sejam publicadas normas nacionais (11). Muitos métodos estão disponíveis para medir
as concentrações de trialometanos e de solventes orgânicos clorados e alguns desses métodos
são específicos para esses compostos.
As metodologias de determinação de trialometanos propostas no APHA(34), são: extra-
ção líquido-líquido, detecção por CG/DCE (cromatografia gasosa/detector com captura de elé-
trons); extração “purge and trap”, detecção por CG/EM (cromatografia gasosa/Espectrometria
de massa); extração “purge and trap”, detecção por CG/DCEL (cromatografia gasosa/detector
de condutividade eletrolítica). De acordo com APHA(34) todos esses métodos tem aproxima-
damente a mesma sensibilidade para trialometanos; e o método a ser escolhido depende da
capacidade do equipamento, escolha do operador, e a lista de compostos desejados.
Paschoalato(3) utilizou a técnica de extração líquido-líquido para que os compostos haloge-
nados fossem separados pelo cromatógrafo a gás acoplado com o detector de captura de elétrons
3.3 Trialometanos 38
(ECD). Essa técnica baseia-se na extração da amostra através de um solvente, a qual é injetada
no equipamento cromatógrafo a gás com detector ECD para separação, o tempo de extração e de
análises é de 10 a 30 minutos por amostra. Os valores de trialometanos obtidos foram da ordem
de µg L−1, que encontra-se dentro do valor limite definido pela Portaria 518/2004. Esse estudo
foi realizado com água sintética, em que o ácido húmico, extraído de turfa, foi adicionado à
água de poço, até que a água atingisse cor aparente igual a 200 uH. Os resultados apresentaram
ótima sensibilidade.
Budziak e Carasek(7) utilizaram a técnica purge and trap para a extração de trialometanos.
As amostras foram feitas em água naturais de três mananciais. Os resultados obtidos nas águas
do manancial que tinham maior contato com a vegetação, apresentou a maior quantidade de
formação de trialometanos e a média de trialometanos formados foi de 152,3 µg L−1. Nas
amostras provenientes de poços artesianos, a média de trialometanos totais foi de 19,4 µg L−1.
O limite de detecção desses ensaios foi de 0,01 - 0,03 µg L−1 para os trialometanos (clorofór-
mio, diclorobromometano, dibromoclorometanto e bromofórmio).
Uma técnica de extração de trialometanos mais recente e que ainda não foi listada no Stan-
dard Methods e que tem fornecido bons resultados é a microextração de fase sólida (MEFS)(4).
É uma técnica de extração sem solventes e de transferência direta dos analitos ao cromatógrafo
gasoso. A redução do tempo de preparo da amostra, elimina os erros da extração líquido-líquido
e os erros experimentais provenientes da injeção (5). Para a extração da amostra, é utilizado um
sorvente com uma fibra que adsorve o analito. Uma das desvantagens do método é a necessi-
dade da amostra estar livre de sólidos suspensos, o que pode contaminar ou danificar a fibra.
Os estudos feitos para detecção de trialometanos utilizando essa técnica foi da ordem de µg
L−1 (4), (5), (6), porém, há relatos de limite de detecção da ordem de 15ppt (parte por trilhão)
(5). Nesses trabalhos, as concentrações mais elevada de trialometanos totais foram detecta-
das quando a pré-cloração foi realizada, obtendo em média 117,52 µg L−1, enquanto que o
tratamento sem a pré-oxidação obteve valores médios de 56,67 µg L−1 (5).
O princípio do método headspace-trap (HS-trap) baseia-se na pressurização das amostras
dentro dos vials de forma que os compostos de estudo volatilizem. Os gases são levados ao trap
para que a umidade seja removida dos analitos através dos gases de arraste. Por esse processo,
os analitos são pré-concentrados antes de serem enviados para a separação no cromatógrafo a
gás. A principal aplicação do headspace-trap, são as análises de poluentes atmosféricos e a
determinação de compostos orgânicos voláteis (35).
Neste projeto foi realizado análises de trialometanos totais e potencial de formação de tria-
lometanos por um cromatógrafo a gás equipado com headspace-trap (CG/HS-Trap).
39
4 Materiais e Métodos
4.1 Metodologia
Nesse trabalho foi utilizado águas coletadas em dois mananciais diferentes, uma amostra
foi retirada do Rio Santa Maria da Vitória, localizado no município da Serra e tratada pela
Companhia Espírito Santense de Saneamento (CESAN), a outra água de estudo foi retirada
do rio Preto localizado no município de Aracruz. Este rio não é utilizado como manancial
de abastecimento público, mas é utilizado como complementação de vazão do rio Maricu em
período de estiagem. Ambos mananciais encontram-se na região norte do estado do Espírito
Santo e possuem características bem diferentes devido, principalmente, à cor e à absorbância
254 nm, que são medidas indiretas de matéria orgânica. A escolha dos mananciais foi realizada
devido a diferença na cor, alcalinidade e turbidez entre eles. O rio Preto possui cor alta, tubidez
baixa e alcalinidade alta em relação ao rio Santa Maria da Vitória.
Os ensaios foram realizados em bancada, em teste de jarros, considerando a seqüência: pré-
oxidação, coagulação, floculação, decantação, filtração e desinfecção. Todas as análises foram
aplicadas na água do rio Santa Maria da Vitória e na água do rio Preto. As variações de dosagem
dos oxidantes ocorreram devido às diferentes características da água bruta dos dois mananciais.
O trabalho foi dividido em 06 (seis) etapas:
1. Coleta de água, na qual foi estocada reservatório fechado, com ausência de luz, com
acondicionamento do ambiente com temperatura máxima de 22oC;
2. Caracterização da água: pH, turbidez, alcalinidade, cor aparente e cor real, absorbância
254nm, condutividade elétrica;
3. Elaboração do diagrama de coagulação das águas de estudo;
4. Estudo da demanda de oxidantes utilizando dois diferentes compostos químicos (perman-
ganato de potássio e hipoclorito de cálcio) e determinação da dosagem do oxidante em
relação ao tempo de contato para a pré-oxidação;
4.2 Análises Físico-Químicas 40
5. Realização das etapas do tratamento completo: com e sem pré-oxidação, coagulação,
floculação, decantação, filtração e desinfecção para as duas águas de estudo. Análise de
trialometanos ao final do tratamento.
6. Determinação de trialometanos totais e do potencial de formação dos trialometanos.
Para o estudo de formação de trialometanos, as amostras foram preparadas com a etapa
de pré-oxidação com permanganato de potássio e com hipoclorito de cálcio na pré-oxidação,
e outro grupo de amostras foi preparado sem pré-oxidação. Todas as amostras passaram por
tratamento completo finalizando na etapa de desinfecção com cloro obtendo uma concentração
final de 6,0 mg Cl2 L−1.
Foi separada uma amostra de cada água para análise de potencial de formação de trialome-
tano. Em cada uma das amostras foi adicionado tampão fosfato e 1,0 mg Cl2 L−1.
Na figura 4.1 está representado o fluxograma com os parâmetros de tratamento utilizado
para cada etapa do estudo.
4.2 Análises Físico-Químicas
As análises físico-químicas realizadas para caracterização da água bruta foram as análi-
ses de cor aparente, cor real, turbidez, pH, Absorbância 254 nm, alcalinidade e condutividade
elétrica.
4.2.1 Cor
Para as análises de cor, foi feita a curva de calibração externa, utilizando como padrão uma
mistura de hexacloroplatinato de potássio e cloreto de cobalto, em meio ácido. A curva foi
analisada no espectrofotômetro da marca HACH modelo DR-2000. A figura 4.2 mostra a curva
de calibração externa de cor realizada em comprimento de onda 465 nm e caminho óptico de
1,0 cm.
Para a determinação de cor aparente, foi feita a leitura da absorbância de amostra de água
bruta de acordo com o método 2120-B e C, obtido pelo APHA(34). Para avaliação da cor real
utilizou-se uma membrana de fibra de vidro em um sistema de filtração à vácuo.
4.2 Análises Físico-Químicas 41
Figura 4.1: Fluxograma geral das etapas realizadas no estudo, considerando as condições ope-racionais dos ensaios
4.3 Diagrama de Coagulação 42
Figura 4.2: Curva de calibração externa de cor realizada no espectrofotômetro HACH (ModeloDR-2000) no comprimento de onda 465 nm
4.3 Diagrama de Coagulação
Para determinar a dosagem de coagulante e alcalinizante para as duas águas de estudo
nos ensaios de jarteste, foi realizada a construção do diagrama de coagulação para cada água
usada nesse trabalho. O equipamento jarteste utilizado é equipado com 06 reatores estáticos
descontínuo, aos quais foram adicionados concentrações de coagulante variando-se de 2 em 2
mg L−1, nas amostras do rio Santa Maria da Vitória, e de 5 em 5 mg L−1, nas amostras do
rio Preto, e fixada a concentração de alcalinizante. A construção do diagrama foi feita com as
etapas de um tratamento de água, coagulação, floculação, decantação. Os parâmetros adotados
para os ensaios estão descritos na tabela 4.1.
O diagrama foi construído com três variáveis: os valores de pH no eixo das abscissas, os
valores da concentração do coagulante (mg L−1) no eixo das coordenadas e os valores de cor
aparente (uH) foram distribuídos nos pontos da área do gráfico.
Tabela 4.1: Parâmetros e reagentes utilizados para construção do diagrama de coagulaçãoParâmetros e Reagentes CondiçõesDosagem do Coagulante Sulfato de Alumínio 2%Alcalinizante Hidróxido de Sódio 0,1 mol L−1
Mistura Rápida G = 700 s-1 e T = 20 sFloculação G = 15 s-1 e T = 25 minDecantação V = 1,0 cm/min
4.4 Ensaios de Demanda dos Oxidantes 43
4.4 Ensaios de Demanda dos Oxidantes
As concentrações dos oxidantes utilizadas para as análises de TAMs foram determinadas
em ensaio de bancada com regime hidráulico descontínuo utilizando reatores estáticos (jarteste)
da marca Nova Ética. O equipamento usado possui 06 (seis) jarros de capacidade igual a 02
(dois) litros e o gradiente de velocidade varia de 10 a 2000s−1.
Os oxidantes utilizados foram permanganato de potássio (KMnO4), e hipoclorito de cálcio
(Ca(ClO)2). A metodologia usada para os ensaios de demanda de oxidantes foi de acordo com
as recomendações de Di Bernardo (9):
1. A água foi agitada e colocada em porções simultâneas nos jarros para se obter a homoge-
neidade da água em cada um dos jarros;
2. Os agitadores mecânicos foram programados para uma velocidade de rotação constante
90 rpm (100s−1);
3. A solução de oxidante foi colocada em frascos, de forma a obter a concentração desejada
nos jarros. Os oxidantes foram colocados simultaneamente nos jarros.
4. As amostras foram coletadas em tempos de contato diferentes: 10, 20, 30, 60, 90 e 120
minutos, as quais foram filtradas em membrana de vidro SS GF-1 de diâmetro igual
a 47 mm, em seguida, realizaram-se análises de residual do oxidante e de cor real no
espectrofotômetro.
O fluxograma 4.3 representa as etapas do estudo da pré-oxidação.
A determinação da dosagem do oxidante e o tempo de contato foi definida quando a amostra
apresentou cor real numa faixa de 15-30 uH, combinando baixa dosagem do oxidante e no
menor tempo de contato necessário para atingir a cor desejada. Esse intervalo encontra-se
acima do limite permitido pela legislação brasileira, que determina o valor máximo de 15 uH,
porém a escolha dessa faixa foi para determinar a influência das etapas do tratamento de água
(pré-oxidação, coagulação, floculação, sedimentação, filtração e desinfecção) na formação de
trialometanos.
4.4.1 Demanda de Permanganato de Potássio
A solução de permanganato de potássio foi preparada diluindo-se 1,0g em 1000 mL de
água destilada e deionizada. A concentração real dessa solução foi determinada através de
4.4 Ensaios de Demanda dos Oxidantes 44
Figura 4.3: Etapas do estudo de demanda de pré-oxidantes
4.4 Ensaios de Demanda dos Oxidantes 45
uma padronização utilizando a solução de oxalato de sódio como padrão primário , e ácido
sulfúrico 20%. O ensaio de titulação foi realizado em triplicata para minimizar os possíveis
erros operacionais. A concentração calculada da solução estoque de Permanganato de Potássio
foi de 979,6 mg L−1. A partir de uma diluição da solução estoque, preparou-se uma solução de
10 mg L−1 de permanganato de potássio.
A curva de calibração externa foi feita usando um espectrofotômetro em comprimento de
onda de 525 nm. Para a preparação da curva analítica de calibração foram realizadas leituras
de absorbância para sete concentrações de KMnO4 diferentes que variaram de 0,5 a 3,5 mg L−1
em meio ácido (pH < 2,0). Na figura 4.4 está representada a curva de calibração utilizada para
a leitura de residual de permanganato de potássio.
Figura 4.4: Curva de calibração do permanganato de potássio feita em um espectrofotômetroDR-2000 em um comprimento de onda 525 nm
Para o estudo de demanda de permanganato de potássio na etapa de pré-oxidação, foram
utilizadas dosagens de concentrações variáveis de KMnO4 em pH < 2,0 acidificado pelo ácido
sulfúrico 6N e as alíquotas foram retiradas em tempos de contato de 10, 20, 30, 60, 90 e 120
min. Todas as amostras foram filtradas com membrana de fibra de vidro em um sistema de
filtração à vácuo e em seguida foram realizadas as análises de residual de permanganato de
potássio e de cor.
4.4 Ensaios de Demanda dos Oxidantes 46
4.4.2 Demanda de Cloro Livre
Nas análises de demanda de cloro livre foi utilizada a solução de hipoclorito de cálcio. A
determinação de cloro ativo em uma amostra, assim como a preparação da curva de calibração,
foram feitas através do método espectrofotométrico com DPD de acordo com o método 4500
do Standard Methods (34).
A solução foi preparada pesando 1,0 g de hipoclorito de cálcio e diluído para 1000 mL de
solução. A determinação da concentração de cloro ativo nas soluções de hipoclorito foi reali-
zada pelo método indireto iodométrico. O titulante escolhido foi o tiossulfato de sódio 0,1N,
o qual foi padronizado com o padrão primário iodato de potássio, iodeto de potássio e ácido
sulfúrico 20%, de acordo com a metodologia do Voguel(36). A concentração foi confirmada
em um espectrofotômetro no comprimento de onda de 515 nm com uma solução de tampão
fosfato e DPD.
A curva de calibração externa foi utilizada para o cálculo da concentração de cloro residual
nos ensaios com hipoclorito de cálcio. O ensaio para a construção da curva foi realizado com
DPD, solução tampão de fosfato e oito concentrações de permanganato de potássio diferentes
que variaram de 0,0 a 3,5 mg L−1. A figura 4.5 mostra a curva de calibração do cloro feita no
espectrofotômetro da HACH modelo DR-2000 em comprimento de onda 515 nm.
Figura 4.5: Curva de calibração do cloro feita em um espectrofotômetro DR-2000 da HACH
Após determinar a concentração de oxidante para cada água de estudo foram realizados os
testes necessários para simular uma estação de tratamento de água com tratamento convenci-
onal. As amostras foram retiradas após os ensaios no jarteste e filtradas com papel de filtro
4.5 Trialometanos 47
quantitativo da marca quanty 28 µm, foi adicionado hipoclorito de cálcio com o objetivo de
obter uma concentração final de 6 mgCl2 L−1. De acordo com o padrão de potabilidade, Porta-
ria 518/2004 do Ministério da saúde, o teor máximo de cloro ativo na estação de tratamento de
água deve ser de 0,5 mg L−1 e na rede, o residual não pode ultrapassar 2,0 mg L−1, por isso a
escolha de baixas concentrações do cloro na etapa de desinfecção.
4.5 Trialometanos
As análises de determinação de trialometanos foram realizadas em um cromatógrafo a gás
da Perkin Elmer modelo Clarus 500 acoplado a um sistema Headspace-trap e o detector utili-
zado foi DCE (Detector de Captura de Elétrons). Devido à configuração do equipamento não
foi necessário realizar derivatização da amostra ou qualquer outro tipo de extração.
Na determinação das condições de análise para uma boa separação dos compostos na co-
luna capilar, o parâmetro que sofreu variação foi o fluxo do gás de arraste (nitrogênio). Todas
as outras variáveis permaneceram constante. Os parâmetros adotados para as análises de trialo-
metanos estão representadas na tabela 4.2.
Tabela 4.2: Parâmetros utilizados para as análises de determinação de trialometanos
4.5.1 Escolha da coluna capilar
A escolha da coluna capilar e das condições ótimas de trabalho, foram observadas pelas
análises de corridas das amostras de água milli-Q fervida e de uma mistura de padrões de TAMs
4.5 Trialometanos 48
de 4 µg mL−1 diluído em água milli-Q. As colunas testadas e os parâmetros para cada corrida
foram:
1. Coluna capilar Elite-5 (crossband 5% difenil - 95%dimetil polisiloxane) com as dimen-
sões (30m x 0,32mm ID x 1,0µmD f ). Os parâmetros de análises adotados foram con-
forme citado na tabela 4.2, o fluxo do gás de arraste foi de 15 mL min−1;
2. Coluna capilar Elite-5 (crossband 5% difenil - 95%dimetil polisiloxane) com as dimen-
sões (30m x 0,32mm ID x 1,0µmD f ), porém, a vazão do gás de arraste (nitrogênio) foi
modificado para 10 mL min−1 os demais parâmetros mantiveram-se iguais aos da tabela
4.2;
3. Coluna capilar Elite-5 (crossband 5% difenil - 95%dimetil polisiloxane) com as dimen-
sões (30m x 0,32mm ID x 1,0µmD f ), porém, a vazão do gás de arraste (nitrogênio) foi
modificado para 7,0 mL min−1 os demais parâmetros mantiveram-se iguais aos da tabela
4.2;
4. Coluna capilar Elite-5 (crossband 5% difenil - 95%dimetil polisiloxane) com as dimen-
sões (30m x 0,45mm ID x 1,0µmD f ), e os parâmetros de análises adotados foram con-
forme já citado na tabela 4.2, o fluxo do gás de arraste foi de 15 mL L−1.
4.5.2 Análises de Trialometanos
Foram realizadas duas rotas de tratamento de água para a realização das análises de tria-
lometanos. Na primeira rota, realizou-se o tratamento convencional (coagualação, floculação,
sedimentação, filtração e desinfecção), na segunda rota, foram realizadas todas as etapas do tra-
tamento convencional e também a pré-oxidação. Na figura 4.6 está representado o fluxograma
das rotas realizadas para o estudo de trialometanos.
Para quantificar as concentrações de TAMs nas amostras, foi construída uma curva de ca-
libração para cada um dos quatro principais compostos de trialometanos. A solução padrão de
trialometanos foi preparada a partir de uma mistura de padrões de trialometanos que continha
dibromoclorometano (DBCM), clorofórmio (TCM), diclorobromometano (DCBM) e bromo-
fórmio (TBM) da marca Supelco (37). A concentração de cada analito na mistura era de apro-
ximadamente 200 µg mL−1, conforme demostrado na tabela 4.3. A solução estoque de padrões
foi preparada, adicionando-se 1,0 mL da mistura da Supelco em um balão volumétrico de 50
mL e completado com metanol da marca Vetec de 99,8% de pureza, obtendo-se uma solução
com concentração final de 4.000 µg L−1 para cada um dos analitos.
4.5 Trialometanos 49
Figura 4.6: Etapas realizadas para a determinação de trialometanos em tratamento de águaconvencional
Tabela 4.3: Concentrações dos analitos fornecidas pela SupelcoTrialometanos % Pureza Concentração (µg mL−1) Desvio Padrão (±)Diclorobromometano 98 200,4 16,8Bromofórmio 99,9 199,6 21,2Clorofórmio 97,5 200,3 13,1Dibromoclorometano 99,9 99,9 18,8
A curva de calibração foi construída com quatro pontos, em que as concentrações dos quatro
analitos foram de 0,8; 1,0; 2,0 e 4,0 µg mL−1. As curvas de calibração de cada analito podem
ser observadas nas figuras 4.7; 4.8; 4.9 e 4.10.
Todos os testes para determinação de trialometanos totais e do potencial de formação de
trialometanos foram realizados em duplicata, com o objetivo de testar a repetibilidade dos re-
sultados das análises.
As águas brutas dos rios Preto e Santa Maria da Vitória foram utilizadas como branco nas
análises de TTAMs e PFTAMs.
As amostras das águas utilizadas para determinação de TTAMs e PFTAMs, que passaram
pelo tratamento descrito no fluxograma 4.3, foram diluídas 10 vezes com água destilada e dei-
onizada fervida, para garantir a leitura completa da área dos picos referentes aos TAMs.
O cálculo de correção da concentração de TTAMs e PFTAMs realizado em todas as amos-
4.5 Trialometanos 50
Figura 4.7: Curva de calibração do Clorofórmio em que a equação da reta é y = 6566,86 +267319,67.x e o R2 é igual a 0,978814.
Figura 4.8: Curva de calibração do Diclorobromometano em que a equação da reta é y =-156811,23 + 832537,13.x e o R2 é igual a 0,979804.
4.5 Trialometanos 51
Figura 4.9: Curva de calibração do Diclorobromometano em que a equação da reta é y =-29602,70 + 481385,21.x e o R2 é igual a 0,990943.
Figura 4.10: Curva de calibração do Diclorobromometano em que a equação da reta é y =11480,23 + 148926,62.x e o R2 é igual a 0,989425.
4.5 Trialometanos 52
tras foi:
[TAMS]C = [TAMs]A - [TAMs]Br x 10
Onde,
[TAMS]C é a concentração de trialometanos (TTAMs ou PFTAMs) da amostra corrigida;
[TAMS]A é a concentração de trialometanos (TTAMs ou PFTAMs) da amostra detectada no
DCE;
[TAMS]Br é a concentração de trialometanos (TTAMs ou PFTAMs) detectada na amostra
de água bruta (Branco).
4.5.3 Trialometanos Totais
O termo Trialometanos Totais significa a soma das concentrações dos quatro compostos
principais (clorofórmio, bromofórmio. diclorobromometano e dibromoclorometano) produzi-
dos a qualquer hora.
As análises de Trialometanos Totais foram feitas de acordo com o método 5710B do Stan-
dard Methods (20a edição), no qual determina que as amostras coletadas devem ser analisadas
nas primeiras 24 horas. O pH foi ajustado para 7,0 ± 0,2 e as amostras foram mantidas a uma
temperatura de 25oC, e, no tempo estabelecido, as amostras foram analisadas no cromatógrafo
a gás conectado ao sistema headspace-trap.
4.5.4 Potencial de Formação de Trialometanos
Para as análises de Formação de Trialometanos foram separadas as amostras em duplicatas
e estocadas em um frasco de vidro âmbar. As amostras foram colocadas nos frascos e em se-
guida foi adicionado hipoclorito de cálcio para obter 6,0 mg L−1 de cloro ativo em cada frasco.
Os frascos foram totalmente preenchidos com amostra, fechados com batoque, lacrados com
parafilm, e estocados em ambiente escuro e com temperatura de 25oC ± 2oC para evitar perdas
de trialometanos, após esse período, as amostras foram acondicionadas a uma temperatura de
4oC ± 2oC. Depois de 7 dias de reação, foi adicionado aproximadamente 1,0 g de ácido ascór-
bico como agente desclorante. 10 mL da amostra foi adicionada vagarosamente ao vial e levada
ao sistema headspace-trap-cromatógrafo a gás.
53
5 Resultados e Discussão
As amostras de água para a realização desse trabalho foram retiradas dos rios Preto e Santa
Maria da Vitória, nas quais foram feitas as seguintes análises: caracterização físico-química
da água bruta, elaboração e construção do diagrama de coagulação, avaliação da demanda de
oxidante (permanganato de potássio e hipoclorito de cálcio) e o tempo de contato ideal para
cada amostra; avaliação de trialometanos após o tratamento completo das águas dos mananciais
estudados; e, avaliação do potencial de formação de trialometanos.
5.1 Caracterização Físico-Química da Água Bruta
As análises físico-química das águas brutas dos rio Santa Maria da Vitória e do rio Preto
foram realizadas no mesmo dia da coleta e foram estocadas em ambiente fechado protegidas
da luz, a uma temperatura de 22 ± 2oC. Os mananciais escolhidos possuem características
distintas que podem ser comparadas na tabela 5.1.
Tabela 5.1: Características físico-química da água bruta dos rios estudadosParâmetros Rio Preto Rio Santa Maria da ViróriaCor Real (uH) 137,4 35,1Cor Aparente (uH) 219,3 49,7pH 7,3 7,4Turbidez (UT) 8,5 5,8Alcalinidade (mg CaCO3 L−1) 25,9 10,8Condutividade Elétrica (µS cm−1) 28,9 5,3Absorbância 254 (nm) 0,651 0,032Temperatura (oC) 25,0 25,0
5.2 Estudo do Diagrama de Coagulação
O diagrama de coagulação foi realizado para auxiliar na escolha da dosagem de coagulante
e alcalinizante na simulação do tratamento de água para abastecimento público.
5.2 Estudo do Diagrama de Coagulação 54
O diagrama obtido no estudo de coagulação do rio Santa Maria da Vitória pode ser obser-
vado na figura 5.1. Através dessa avaliação pode-se determinar a concentração de coagulante e
de alcalinizante para o estudo de formação de trialometanos.
Figura 5.1: Diagrama de cor aparente do rio Santa Maria da Vitória. Os parâmetros dos ensaiosforam: Mistura Rápida: G = 700 s−1 e T = 20 s; Floculação: G = 15 s−1 e T = 25 min;Sedimentação: Vs = 1,0 cm min−1
O ponto escolhido para a realização das análises de simulação de um tratamento de água
completo foi utilizando 10 mg L−1 de Sulfato de Alumínio (Al2(SO4)3) em um pH = 6,7. Esse
ponto fornece uma cor aparente igual a 26 uH. Com essa condição, há a necessidade da realiza-
ção da etapa de pré-oxidação no tratamento de água.
O diagrama do estudo de coagulação realizado no rio Preto pode ser observado através do
diagrama de cor representado através da figura5.2.
A concentração do coagulante, sulfato de alumínio (Al2(SO4)3), escolhido foi de 70 mg
L−1 e o pH igual a 6,7. Esse ponto fornece uma cor igual a 73 uH.
Nos dois casos houve um abaixamento da cor aparente após o tratamento de água conven-
cional (coagulação, floculação, sedimentação, filtração e desinfecção), utilizando o sulfato de
5.2 Estudo do Diagrama de Coagulação 55
Figura 5.2: Diagrama de cor aparente do rio Preto. Os parâmetros dos ensaios foram: MisturaRápida: G = 700 s−1 e T = 20 s; Floculação: G = 15 s−1 e T = 25 min; Sedimentação: Vs = 1,0cm min−1
5.3 Pré-Oxidação 56
alumínio como coagulante, porém, observa-se que em todos os pontos estudados, não houve
redução da cor aparente, para que atendesse a legislação, que limita a cor aparente ao final da
estação de tratamento com um valor máximo de 15 uH. Isso deve-se ao fato que a matéria orgâ-
nica dissolvida nos dois mananciais não foi removida totalmente com esse tipo de coagulante,
o que leva às estações de tratamento de água realizar a etapa de pré-oxidação.
5.3 Pré-Oxidação
O estudo de pré-oxidação foi realizado com dois oxidantes diferentes: permanganato de
potássio e hipoclorito de cálcio.
5.3.1 Estudo da Demanda de Permanganato de Potássio
A coleta de água bruta do rio Santa Maria da Vitória foi feita em um período de estiagem
(maio/2007) e portanto apresentava cor aparente baixa, igual 55,6 uH. Para que toda a matéria
orgânica fosse consumida, foram necessárias pequenas concentrações do permanganato de po-
tássio. As dosagens aplicadas variaram de 0,25 a 2,5 mg KMnO4 L−1 em pH < 2,0 e as amostras
foram retiradas nos tempos de contato: 10, 20, 30, 60, 90 e 120 min. A tabela 5.2 representa o
residual de permanganato de potássio e também a cor final das amostras em relação ao tempo
de contato.
Tabela 5.2: Estudo da variação da cor real na pré-oxidação da água bruta do rio Santa Mariada Vitória, utilizando diferentes dosagens de permanganato de potássio em relação ao tempode contato
Nos gráficos 5.3 e 5.4 estão apresentados os testes realizados para a determinação da dosa-
gem de permanganto de potássio necessária para a oxidação da matéria orgânica.
No gráfico 5.4 de variação da cor real em relação ao tempo de contato, observou-se que as
dosagens de 0,25 e 0,5 mg L−1 apresentaram valores de cor real abaixo de 6,0 uH no tempo
5.3 Pré-Oxidação 57
Figura 5.3: Residual de permanganato de potássio em diferentes tempos de contato do rio SantaMaria da Vitória a diferentes concentrações iniciais do oxidante.
Figura 5.4: Variação da cor real devido a diferentes dosagens de permanganato de potássio emrelação ao tempo de contato do rio Santa Maria da Vitória. As curvas representam diferentesconcentrações iniciais do oxidante.
5.3 Pré-Oxidação 58
de contato igual a 10 minutos, enquanto para dosagens acima de 1,0 mg L−1, o tempo de
contato necessário para que a cor ficasse abaixo do limite definido pela Portaria 518/2004 foi
maior. Esse comportamento ocorreu devido a presença da cor rósea persistente, característica
do permanganato de potássio, o que interferiu na leitura de cor no espectrofotômetro.
A dosagem escolhida de permanganato de potássio foi de 0,25 mg L−1 para a pré-oxidação
em um tempo de contato igual a 10 min. A escolha foi baseada na pequena quantidade de
reagente necessária para fornecer um bom resultado. Essa dosagem fornece um residual igual
a 0,15 mg L−1 de permanganato de potássio e a cor da água no final do processo de oxidação
nessa dosagem é 5,8 uH.
Devido à cor elevada nas amostras coletadas do rio Preto, as dosagens utilizadas de per-
manganato de potássio variaram de 5,0 a 30 mg L−1, em pH < 2,0 e os tempos de contato em
que foram coletadas as amostras, foram: 10, 20, 30, 60, 90 e 120 min. As comparações entre
a demanda do oxidante e a cor resultante ao final do processo em relação ao tempo de contato
estão representados na tabela 5.3
Tabela 5.3: Variação da cor real na pré-oxidação da água bruta do rio Preto utilizando diferentesdosagens de permanganato de potássio em relação ao tempo de contato
Os gráficos 5.5 e 5.6 demonstram os resultados do estudo de demanda de oxidante neces-
sária para consumir a matéria orgânica da água do rio Preto.
No tempo de contanto de 10 minutos, todas as curvas obtiveram baixos valores de residual
de permanganato de potássio que variaram na faixa de 0,2 - 0,7 mg L−1, com exceção da curva
que representa a concentração inicial de 30 mg L−1, em que o valor do residual do oxidante
foi de 3,1 mg L−1. Essa concentração de permanganato de potássio gera uma coloração rósea,
característica do composto. Ao comparar o gráfico de residual de permanganato de potássio e
o gráfico de cor real remanescente, observou-se que as dosagens do oxidante abaixo de 10 mg
L−1 forneceram cor maior que 15 uH até o tempo de contato igual a 90 min, demonstrando que
as concentrações do reagente de 5,0 e 10,0 mg L−1, nesse tempo, não foram suficientes para
oxidar toda a matéria orgânica do meio.
5.3 Pré-Oxidação 59
Figura 5.5: Relação entre o residual de permanganato de potássio e o tempo de contato paradiferentes concentrações iniciais de permanganato de potássio na água bruta do rio Preto
Figura 5.6: Variação da cor devido a diferentes dosagens iniciais de permanganato de potássioem relação ao tempo de contato na água bruta do rio Preto
5.3 Pré-Oxidação 60
A partir desses resultados, foi definido a concentração de permanganato de potássio igual
a 10 mg L−1 em 20 minutos de tempo de contato, sendo que 9,8 mg L−1 do oxidante foi
consumido e a cor obtida nessas condições foi igual a 29,2 uH.
Após a definição da concentração de permanganato de potássio e o tempo de contato, foram
realizados os ensaios de simulação em uma estação de tratamento de água, conforme descrito
no ítem 4.6.
5.3.2 Estudo da Demanda de Cloro Ativo
No estudo da pré-oxidação da água utilizando o hipoclorito de cálcio, foram adicionadas
concentrações iniciais de 0,25 a 2,5 mg L−1 de cloro nos jarros contendo água bruta do rio Santa
Maria da Vitória. Os resultados de demanda do oxidante e a cor correspondente em relação ao
tempo de contato das amostras estão representados na tabela 5.4. E, nos gráficos 5.7 e 5.8 de
residual de cloro e cor, mostram os testes realizados para determinação da dosagem de cloro
ativo necessária para a oxidação da matéria orgânica do rio Santa Maria da Vitória.
Tabela 5.4: Estudo da variação do residual de cloro na pré-oxidação da água bruta do rio SantaMaria da Vitória, utilizando diferentes dosagens de cloro livre em relação ao tempo de contato
Os residuais de cloro ativo para as concentrações de 0,25 e 0,5 mg L−1 foram 0,08 e 0,23
mg L−1, respectivamente, no tempo de contato igual a 10 min. As outras curvas demonstram
que dosagens acima de 1,0 mg L−1 geraram residual maior.
Em relação à cor da água após a pré-oxidação, apenas as curvas referentes às concentrações
iniciais do oxidante iguais a 1,5; 2,0 e 2,5 mg L−1 alcançaram o limite determinado pela legis-
lação brasileira na Portaria 518 do Ministério da Saúde que é igual a 15 uH. As concentrações
de 0,25 a 1,0 mg L−1 de cloro ativo não foram suficientes para oxidar a matéria orgânica para
que a cor atingisse o valor limite exigido, em um tempo de contato igual a 120 min.
Após o estudo de oxidação com o cloro para a água do rio Santa Maria da Vitória, a dosagem
escolhida para a etapa de pré-oxidação foi de 1,0 mg L−1 em um tempo de contato de 10 min,
5.3 Pré-Oxidação 61
Figura 5.7: Variação da cor devido a diferentes dosagens de cloro ativo em relação ao tempo decontato Santa Maria da Vitória
Figura 5.8: Variação da cor devido a diferentes dosagens de cloro ativo em relação ao tempo decontato nas amostras do rio Santa Maria da Vitória
5.4 Trialometanos 62
que gerou uma demanda de 0,25 mg L−1 de cloro ativo e cor igual a 17,5 uH. Foi estabelecida
essa dosagem, pois, foi o ponto em que pôde-se conciliar uma dosagem baixa e obter uma cor
acima da estabelecida pela legislação, para considerar a influência da coagulação, floculação e
filtração na formação de trialometanos ao final do tratamento.
No estudo da demanda de cloro para a água do rio Preto, obtiveram-se resultados duvidosos
quanto ao consumo de concentração do cloro. A dificuldade de leitura do cloro utilizando o
método DPD já era prevista, devido o método ser capaz de realizar as leituras de cloro apenas
para o residual, ou seja, concentrações muito pequenas. A água do rio Preto é muito colorida,
o que exige concentrações mais elevadas do oxidante para que toda a matéria orgânica fosse
oxidada. Para todas as dosagens de cloro utilizadas, ocorreu pouca redução de cor real da água,
mesmo com longo tempo de contato, o que demonstra que para a matriz orgânica dessa água o
cloro não é o reagente mais indicado para etapa de pré-oxidação. Devido a esses resultados, o
cloro foi utilizado nessa etapa, com objetivo de testar a formação de trialometanos. Foi colocado
15 mg/L de cloro ativo em tempo de contato igual a 20 minutos, que gerou cor real igual a 87,7
uH.
5.4 Trialometanos
Nesse capítulo será discutido a eficiência das colunas e das melhores condições de análises
para determinação de trialometanos através de comparações de cromatogramas. Também será
realizada a determinação de trialometanos totais e de potencial de formação de trialometanos
para as águas do rio Santa Maria da Vitória e do rio Preto após o tratamento de água completo
com e sem pré-oxidação.
Para a identificação dos picos dos trialometanos, foi adicionada a mistura de padrões no
sistema HS-Trap/CG, com o objetivo de determinar os picos referentes aos compostos: cloro-
fórmio, diclorobromometano, dibromoclorometano e bromofórmio. A figura 5.9 mostra um
cromatograma feito em uma coluna capilar Elite-5, em que a matriz é composta de cross-
band 5% difenil - 95%dimetil polisiloxane e as dimensões da coluna são (30m x 0,32mm ID
x 1,0µmD f ). O primeiro composto detectado pelo DCE (Detector de Captura de Elétrons)
foi o clorofórmio, o segundo composto detectado foi o diclorobromometano, seguido do dibro-
moclorometano, e por fim, o bromofórmio. A determinação dos picos dos trialometanos foi
realizada adicionando-se diferentes concentrações da mistura de padrões, e os picos em que as
áreas foram modificadas foram marcados como os picos de interesse. A ordem da separação dos
compostos foi definida a partir do cromatograma fornecido pela Perkin Elmer para as colunas
5.4 Trialometanos 63
Elite-5.
Figura 5.9: Cromatograma da mistura de padrões diluído em água milli-Q fervida para a deter-minação dos picos dos trialometanos.
Nas amostras coletadas após o tratamento de água, para a determinação do teor de trialo-
metanos formados (fluxograma 4.6), as amostras foram analisadas para determinação de pH,
cor real, condutividade elétrica, turbidez, residual de permanganato (etapa de pré-oxidação),
residual de cloro (etapa de pré-oxidação com hipoclorito de cálcio) e absorbância de 254 nm.
A tabela 5.5 mostra os resultados obtidos neste experimento.
Tabela 5.5: Resultados obtidos após o tratamento completo (coagulação, floculação, sedimen-tação, filtração e desinfecção das amostras de água do rio preto e do rio Santa Maria da Vitóriacom e sem pré-oxidação, na temperatura de 25oC ± 2oC. NR = Não Realizado.
Parâmetros RP SPO RP KMnO4 RP Cl2 SMV SPO SMV KMnO4 SMV Cl2Cor Real (uH) 19,1 9,5 35,0 12,7 35,0 12,7pH 7,3 9,8 7,3 6,9 9,5 7,0Turbidez (UT) 0,6 0,3 0,4 0,2 1,7 0,2Condut. El. (µS cm−1) 26,6 27,6 25,8 1,8 3,0 2,0Absorbância 254 (nm) 0,234 0,152 0,163 0,029 0,015 0,020KMnO4 mg L−1 NR 0,11 NR NR 0,22 NRCl2 mg L−1 0,12 0,08 0,46 0,14 0,34 0,16
Onde,
Amostra RP SPO: amostra do rio Preto; não foi realizada a etapa da pré-oxidação (SPO),
apenas a desinfecção com cloro ativo.
Amostra RP KMnO4: amostra do rio Preto; a etapa da pré-oxidação foi realizada com 10
mg L−1 de permanganato de potássio no tempo de contato igual a 20 minutos.
Amostra RP após KMnO4: amostra do rio Preto; a amostra foi retirada após os 20 minutos
5.4 Trialometanos 64
da etapa de pré-oxidação utilizando permanganato de potássio.
Amostra RP Cl2: amostra do rio Preto; a etapa da pré-oxidação foi realizada com 15 mg
L−1 de cloro ativo no tempo de contato igual a 10 minutos.
Amostra RP após Cl2: amostra do rio Preto; a amostra foi retirada após 10 minutos da
etapa de pré-oxidação utilizando hipoclorito de cálcio.
Amostra SMV SPO: amostra do rio Santa Maria da Vitória; não foi realizada a etapa da
pré-oxidação, apenas a desinfecção com cloro ativo.
Amostra SMV KMnO4: amostra do rio Santa Maria da Vitória; a etapa da pré-oxidação
foi realizada com 0,25 mg L−1 de permanganato de potássio no tempo de contato igual a 10
minutos.
Amostra SMV após KMnO4: amostra do rio Santa Maria da Vitória; a amostra foi retirada
após os 10 minutos da etapa de pré-oxidação utilizando permanganato de potássio.
Amostra SMV Cl2: amostra do rio Santa Maria da Vitória; a etapa da pré-oxidação foi
realizada com 1,0 mg L−1 de cloro ativo no tempo de contato igual a 10 minutos.
Amostra SMV após Cl2: amostra do rio Preto; a amostra foi retirada após 10 minutos da
etapa de pré-oxidação utilizando hipoclorito de cálcio.
As três rotas de tratamentos de água realizados nas amostras do rio Preto reduziram a cor
real da água bruta do rio. A medição da cor real da água antes do tratamento foi igual a 137,4 uH,
após o tratamento convencional sem a etapa de pré-oxidação a cor obtida foi igual a 19,1 uH.
A cor real obtida depois do tratamento convencional com a etapa de pré-oxidação utilizando
permanganato de potássio e hipoclorito de cálcio foi 9,5 uH e 35,0 uH, respectivamente. Os
resultados indicam que o tratamento convencional utilizando o permanganato de potássio foi o
mais eficiente para a redução da cor real e da absorbância no comprimento de onda 254 nm nas
amostras do rio preto, conforme está representado nas figuras 5.10 e 5.11.
Nas amostras do rio Santa Maria da Vitória, as leituras de cor real da água bruta e da água
tratada com pré-oxidação utilizando permanganato de potássio foram iguais. A medição da cor
real da água antes do tratamento foi igual a 35,1 uH, após o tratamento convencional sem a
etapa de pré-oxidação a cor obtida foi igual a 12,7 uH. A cor real obtida depois do tratamento
convencional com a etapa de pré-oxidação utilizando permanganato de potássio e hipoclorito de
cálcio foi 35,0 uH e 12,7 uH, respectivamente. Os resultados indicam que para a matriz orgânica
desse manancial, o tratamento convencional sem a etapa de pré-oxidação e com a pré-oxidação
utilizando o cloro ativo foram mais eficientes para a redução da cor real com comprimento de
5.4 Trialometanos 65
Figura 5.10: Comparação da cor real da água bruta do rio Preto e das amostras de água tratada.
Figura 5.11: Comparação da absorbância de comprimento de onda igual a 254 nm da água brutado rio Preto e das amostras de água tratada.
5.4 Trialometanos 66
onda igual a 465 nm. Em relação à medida da absorbância no comprimento de onda 254 nm, a
amostra tratada com permanganato de potássio foi a que obteve o menor valor, conforme está
representado nas figuras 5.12 e 5.13.
Figura 5.12: Comparação da cor real da água bruta do rio Santa Maria da Vitória e das amostrasde água tratada.
Figura 5.13: Comparação da absorbância 254 nm da água bruta do rio Santa Maria da Vitória edas amostras de água tratada.
Na simulação do tratamento de água utilizando-se o permanganato de potássio na pré-
oxidação, observou-se a dificuldade em controlar o pH durante o processo, devido a variação
brusca do pH, quando adicionados pequenas quantidades de soluções alcalinas ou ácidas. A
utilização do KMnO4 na pré-oxidação necessita de pH abaixo de 2,0 para que a oxidação da
matéria orgânica seja eficiente. Para a redução do pH foi utilizado ácido sulfúrico 6,0 N. Para
5.4 Trialometanos 67
ajustar o pH para 7,0, após a oxidação, foi utilizado hidróxido de sódio 0,1 mol L−1 ou ácido
clorídrico 0,1 mol L−1. A utilização de várias espécies químicas contraria as exigências atuais
em relação ao tratamento de água.
5.4.1 Escolha da Coluna Capilar
Primeiro, foi realizada a comparação das colunas capilares de diâmetro interno diferentes
(0,45 mm e 0,32 mm), com a vazão do gás de arraste igual a 15 mL min−1 no cromatógrafo à
gás. Os demais parâmetros adotados nas análises estão listados na tabela 4.2. As figuras 5.14 e
5.15 representam os cromatogramas obtidos.
Figura 5.14: Sobreposição dos cromatogramas da água milli-Q e do padrão de misturas detrialometanos com coluna capilar Elite-5 (30m x 0,45mm ID x 1,0µmD f ), e o fluxo do gásde arraste é igual a 15 mL min−1. Onde, 1 é o pico do clorofórmio, 2 é o pico referente aodiclorobromometano, o pico 3 é o dibromometano e o pico 4 é o pico do bromofórmio.
Na coluna capilar de diâmetro interno igual a 0,45 mm, os analitos foram detectados em
tempos de retenção muito próximos e os picos não foram bem definidos, o que pode gerar difi-
culdade na avaliação desses compostos em uma amostra natural, figura 5.14. A separação dos
analitos na coluna de diâmetro interno igual a 0,32 mm foi melhor, os picos foram detectados
em tempos de retenção bem distintos, e portanto, foi a coluna escolhida para as análises de
determinação de trialometanos, figura 5.15. Na tabela 5.6 encontram-se os tempos de retenção
dos analitos nas análises para determinação da coluna capilar e do fluxo do gás de arraste.
5.4 Trialometanos 68
Figura 5.15: Sobreposição dos cromatogramas da água milli-Q e do padrão de misturas detrialometanos com coluna capilar Elite-5 (30m x 0,32mm ID x 1,0µmD f ), e o fluxo do gásde arraste é igual a 15 mL min−1. Onde, 1 é o pico do clorofórmio, 3 é o pico referente aodiclorobromometano, o pico 4 é o dibromometano e o pico 5 é o pico do bromofórmio.
Em seguida, foram realizados os ensaios de variação do fluxo do gás: 15,0; 10,0 e 7,0 mL
min−1. Nos ensaios em que o fluxo do gás de arraste foram 15,0 mL min−1 (figura 5.15) e
10,0 mL min−1 (figura 5.16) observou-se que o pico referente ao clorofórmio encontra-se muito
próximo à um pico de base larga. Para obter uma separação melhor do clorofórmio, diminuiu-se
o fluxo do gás para 7,0 mL min−1. A figura 5.17 mostra o cromatograma obtido ao reduzir a
vazão do gás de arraste para 7,0 mL min−1. A diminuição do fluxo do gás de arraste afastou o
pico de base larga do pico referente ao clorofórmio, o que melhorou a definição dos picos, além
de aumentar a distância entre os tempos de retenção dos compostos analisados.
Tabela 5.6: Valores de tempo de retenção obtidos utilizando colunas capilares com diâmetrointerno diferentes e variando-se o fluxo do gás de arraste (nitrogênio).
AnalitosTempo de retenção (min)1 2 3 4
Clorofórmio 0,85 1,40 1,78 2,81Diclorobromometano 1,05 2,40 2,92 4,97Dibromoclorometano 1,48 4,31 5,31 7,57Bromofórmio 2,39 7,08 7,86 9,88
A Condição 1: relaciona os tempos de retenção dos quatro analitos quando utilizada a
5.4 Trialometanos 69
Figura 5.16: Sobreposição dos cromatogramas da água milli-Q e do padrão de misturas detrialometanos com coluna capilar Elite-5 (30m x 0,32mm ID x 1,0µmD f ) e o fluxo do gásde arraste é igual a 10 mL min−1. Onde, 1 é o pico do clorofórmio, 3 é o pico referente aodiclorobromometano, o pico 4 é o dibromometano e o pico 5 é o pico do bromofórmio.
Figura 5.17: Sobreposição dos cromatogramas da água milli-Q e do padrão de misturas detrialometanos com coluna capilar Elite-5 (30m x 0,32mm ID x 1,0µmD f ) e o fluxo do gásde arraste é igual a 7 mL min−1. Onde, 1 é o pico do clorofórmio, 2 é o pico referente aodiclorobromometano, o pico 3 é o dibromometano e o pico 4 é o bromofórmio.
5.4 Trialometanos 70
coluna capilar Elite-5 (30m x 0,45mm ID x 1,0µmD f ) com o fluxo do gás de arraste = 15,0
mL min−1; a Condição 2: relaciona os tempos de retenção com o uso da coluna capilar Elite-5
(30m x 0,32mm ID x 1,0µmD f ) com o fluxo do gás de arraste = 15,0 mL min−1; a Condição
3: relaciona os tempos de retenção da coluna capilar Elite-5 (30m x 0,32mm ID x 1,0µmD f )
com o fluxo do gás de arraste = 10,0 mL min−1; a Condição 4: relaciona os tempos de retenção
dos padrões utilizando a coluna capilar Elite-5 (30m x 0,32mm ID x 1,0µmD f ) e com o fluxo
do gás de arraste = 7,0 mL min−1.
Após a realização dos ensaios para a escolha da coluna que separa melhor os compostos
em estudo, baseada na sobreposição dos cromatogramas e nos valores de tempo de retenção
obtidos, decidiu-se utilizar a coluna capilar Elite-5 com as dimensões (30m x 0,32mm ID x
1,0µmD f ) e o fluxo do gás de arraste igual a 7,0 mL min−1 para as análises de trialometanos
totais e o potencial de formação.
As curvas de calibração foram construídas a partir da leitura dos analitos nas seguintes con-
centrações: 0,8; 1,0; 2,0 e 4,0 µg L−1. Os cromatogramas dos padrões podem ser visualizados
no Anexo A. De acordo com a tabela 5.7, os valores de concentrações dos compostos analisa-
dos são diferentes das amostras dos padrões. O diclorobromometano e o dibromoclorometano
obtiveram resultados elevados. Presume-se que esses compostos possuem maior afinidade com
o detector DCE utilizado.
Tabela 5.7: Valores da concentração dos analitos detectados pelo CG, após a realização da curvade calibração.
AnalitosConcentração dos analitos (min)
0,8 µg L−1 1,0 µg L−1 2,0 µg L−1 4,0 µg L−1
Clorofórmio 0,7 0,9 2,5 2,4Diclorobromometano 17,5 26,3 51,2 99,7Dibromoclorometano 15,7 22,4 46,3 92,6Bromofórmio 0,8 7,08 2,0 3,5
Os cromatogramas obtidos das análises de água bruta dos rios Preto e Santa Maria estão
representados no Anexo B.
Os resultados em duplicata das análises de TAMs e PFTAMs obtidos, demonstraram que a
metodologia adotada e os equipamentos utilizados reproduziram resultados com valores apro-
ximados, garatindo a repetibilidade das análises. Os cromatogramas das análises de TTAMs e
PFTAMs encontram-se nos Anexos C e D.
5.4 Trialometanos 71
5.4.2 Análises de Trialometanos Totais
As amostras de trialometanos totais foram analisadas no cromatógrafo a gás Clarus 500 da
Perkin Elmer acoplado ao sistema Headspace-trap. Na tabela 5.8 estão representados os valores
de trialometanos totais detectados.
Tabela 5.8: Resultados obtidos de trialometanos totais das amostras da água do rio preto e dorio Santa Maria da Vitória. ND = Não Detectado.
Amostras CHCl3(ppb)
CHCl2Br(ppb)
CHBr2Cl(ppb)
CHBr3(ppb)
TAHMs(ppb)
RP SPO 7 ND 16 10 32,7RP KMnO4 7 9 27 8 50,7RP Cl2 7 237 1015 203 1461,7RP após KMnO4 5 1 4 2 11,7RP após Cl2 7 294 1461 240 2001,7SMV SPO 9 29 9 2 48,5SMV KMnO4 8 12 5 2 26,5SMV Cl2 5 41 10 2 57,5SMV após KMnO4 6 ND 4 2 11,5SMV após Cl2 8 96 26 1 131,5
A formação de trialometanos totais nas amostras de água bruta dos rios Preto e Santa Maria
da Vitória, apresentaram comportamentos diferentes quando realizadas as seguintes rotas de
tratamento: tratamento convencional sem pré-oxidação, tratamento completo com pré-oxidação
utilizando permanganato de potássio e tratamento completo com pré-oxidação utilizando cloro
ativo.
O gráfico 5.18 representa a concentração de trialometanos formados nas amostras de água
do rio Preto. A concentração de TAMs formadas quando o tratamento foi realizado com a etapa
de pré-oxidação utilizando cloro ativo foi igual a 1460,7 µg L−1. Quando o tratamento foi rea-
lizado com pré-oxidação utilizando permanganato de potássio, a concentração de TAMs detec-
tada foi igual a 50,7 µg L−1, bem menor em relação ao tratamento com cloro ativo, encontrando-
se dentro do limite estabelecido pela Portaria 518/2004 que define o valor máximo igual a 100
µg L−1. A concentração de trialometanos totais formada quando a água do rio Preto foi tratada
sem a etapa de pré-oxidação foi igual a 32,7 µg L−1, o que demonstra que para a matriz orgâ-
nica encontrada nesse rio, a melhor rota de tratamento estudada foi com a ausência da etapa de
pré-oxidação.
Observou-se que a formação de trialometanos totais no rio Preto foi 29 vezes maior no pro-
cesso de tratamento utilizando cloro ativo na pré-oxidação em relação ao tratamento utilizando
o permanganato de potássio. A formação de TAMs foi 44 vezes maior quando o Cl2 foi utilizado
5.4 Trialometanos 72
na pré-oxidação, em relação ao tratamento sem pré-oxidação. A quantidade de trialometanos
formados quando o tratamento foi realizado sem pré-oxidação foi 1,5 vezes menor do que no
tratamento realizado com pré-oxidação utilizando o KMnO4.
Figura 5.18: Comparação entre as concentrações de TAMs nas amostras de trialometanos totaisobtidas nas diferentes rotas do tratamento da água bruta do Rio Preto.
Em relação às amostras do rio Santa Maria da Vitória, a maior formação de TAMs também
ocorreu quando a água foi tratada com pré-oxidação utilizando o cloro ativo, obtendo-se um
valor igual a 57,5 µg L−1. Quando o tratamento foi realizado sem a etapa de pré-oxidação, a
concentração de TAMs formada foi igual a 48,5 µg L−1. A menor concentração de trialometa-
nos detectados ocorreu na rota de tratamento utilizando-se permanganato de potássio, 26,5 µg
L−1, os resultados estão representados no gráfico 5.19. Para o manancial Santa Maria da Vitó-
ria, todas as rotas de tratamento realizadas, formam concentrações de TAMs abaixo do limite
estabelecido pela Portaria 518/2004.
A formação de trialometanos totais foi 2,2 vezes maior no processo de tratamento utilizando
cloro ativo na pré-oxidação em relação ao tratamento utilizando o permanganato de potássio. A
formação de TAMs foi 1,2 vezes maior quando o Cl2 foi utilizado na pré-oxidação, em relação
ao tratamento sem pré-oxidação. A quantidade de trialometanos formados quando o tratamento
foi realizado sem pré-oxidação foi 1,7 vezes maior do que no tratamento realizado com pré-
oxidação utilizando o KMnO4.
No gráfico 5.20 está representada a comparação da formação de trialometanos totais nos
tratamentos realizados nas águas brutas dos rios Preto e Santa Maria da Vitória. De acordo com
os resultados esboçados no gráfico, observou-se que a concentração de trialometanos formada
nas amostras do rio Santa Maria da Vitória foi maior do que a formação de trialometanos nas
5.4 Trialometanos 73
Figura 5.19: Comparação entre as concentrações de TAMs nas amostras de trialometanos totaisobtidas nas diferentes rotas do tratamento da água bruta do Rio Santa Maria da Vitória.
amostras do rio Preto, somente na rota do tratamento em que não foi realizada a etapa de pré-
oxidação.
Figura 5.20: Comparação da formação de trialometanos totais com as diferentes rotas analíticasno tratamento de água nas amostras dos rios Preto e Santa Maria da Vitória.
Os gráficos 5.21 e 5.22 representam a contribuição da etapa de pré-oxidação na formação
de trialometanos nas estações de tratamento de água. No gráfico 5.21, em que as águas brutas
dos rios Preto e Santa Maria, sofreram tratamento em que a etapa da pré-oxidação foi realizada
utilizando permanganato de potássio. Observou-se que a formação de TAMs na água do rio
Santa Maria da Vitória foi maior quando o tratamento da água foi completo, obtendo-se um
valor igual a 26,5 µg L−1. Quando a amostra foi retirada após a etapa de pré-oxidação, a
5.4 Trialometanos 74
formação de TAMs obteve valor igual a 11,5 µg L−1. No rio Preto, esse comportamento se
repetiu, a concentração de TAMs obtida quando a água passou pelo tratamento completo foi
igual a 50,7µg L−1. Quando a amostra foi retirada após a etapa de pré-oxidação, obteve-se a
concentração de TAMs igual a 11,7 µg L−1. Presume-se que a concentração de TAMs após o
tratamento completo é mais elevada devido a contribuição do cloro ativo na formação desses
compostos durante a etapa de desinfecção.
O gráfico 5.22, mostra a comparação da formação de trialometanos totais nas amostras do
rio Preto e do rio Santa Maria da Vitória, quando a etapa de pré-oxidação foi realizada com
cloro ativo. Ao contrário do comportamento observado quando a pré-oxidação foi feita com
permanganato de potássio, as amostras de água dos dois mananciais estudados apresentaram
valores maiores de trialometanos totais, quando coletadas após a etapa de pré-oxidação. No rio
Santa Maria da Vitória a concentração de TTAMs formada após a pré-oxidação foi igual a 131,5
µg L−1, enquanto o valor detectado pelo DCE foi igual a 2001,7 µg L−1. Quando as amostras
foram análisadas depois da realização do tratamento convencional com a etapa de pré-oxidação,
a concentração de TAMs na água do rio Santa Maria da Vitória obtida foi igual a 57,5 µg L−1,
na amostra do rio Preto, a concentração de TTAMs detectadas foi igual a 1460,7 µg L−1.
Figura 5.21: Comparação da formação de trialometanos totais nas águas de estudo após trata-mento completo, com e sem pré-oxidação utilizando o permanganato de potássio.
Os gráficos 5.23; 5.24 e 5.25 mostram a comparação dos quatro compostos (clorofórmio,
diclorobromometano, dibromoclorometano e bromofórmio) detectados nas amostras das águas
do rio Preto e Santa Maria da Vitória após o tratamento convencional sem pré-oxidação e após
o tratamento convencional com pré-oxidação (KMnO4 e Cl2). Os resultados demonstram que
nas três rotas de tratamento estudadas, as concentrações dos compostos dibromoclorometano
5.4 Trialometanos 75
Figura 5.22: Comparação da formação de trialometanos totais nas águas de estudo após trata-mento completo, com e sem pré-oxidação utilizando o hipoclorito de cálcio.
(CHBr2Cl) e bromofórmio (CHBr3) foram maiores nas amostras do rio Preto. De acordo com
os resultados, as amostras do rio Preto formam preferencialmente os trialometanos que pos-
suem o bromo em maior quantidade em sua composição (dibromoclorometano - CHClBr2) e
bromofórmio (CHBr3). De acordo com EPA(26) os mananciais em que o brometo encontra-se
presente, o íon reage primeiro com os compostos orgânicos do que o cloro, mesmo que o cloro
esteja em excesso. A partir dessa afirmação, presume-se que o rio Preto contenha íons brometos
em sua composição. O mesmo resultado não ocorre no rio Santa Maria da Vitória.
Figura 5.23: Comparação entre as concentrações de TTAMs obtidas quando a etapa de pré-oxidação não foi realizada nas águas de estudo.
Dentre todas as amostras analisadas, apenas a amostra do rio Preto, em que foi adicionado
15,0mgCl2 L−1 na etapa de pré-oxidação, foi a que obteve valores de trialometanos totais acima
5.4 Trialometanos 76
Figura 5.24: Comparação entre as concentrações de TTAMs obtidas ao utilizar o permanganatode potássio na etapa de pré-oxidação nas águas de estudo.
Figura 5.25: Comparação entre as concentrações de TTAMs obtidas ao utilizar o hipoclorito decálcio na etapa de pré-oxidação nas águas de estudo.
5.4 Trialometanos 77
do valor máximo permitido pela portaria 518.
5.4.3 Potencial de Formação de Trialometanos
As amostras de potencial de formação de trialometanos foram analisadas no cromatógrafo
a gás após 7 dias da coleta. Os resultados obtidos estão descritos na tabela 5.9.
Tabela 5.9: Resultados obtidos do potencial de formação de trialometanos das amostras da águado rio preto e do rio Santa Maria da Vitória. ND = Não Detectado.Amostras CHCl3
(ppb)CHCl2Br(ppb)
CHBr2Cl(ppb)
CHBr3(ppb)
PFTHM(ppb)
RP SPO 2 6 30 10 48RP KMnO4 2 7 29 9 47RP Cl2 3 236 1091 221 1551RP após KMnO4 4 3 4 2 13RP após Cl2 4 376 1618 278 2275SMV SPO 4 30 11 3 48SMV KMnO4 7 12 ND 2 21SMV Cl2 7 45 12 2 66SMV após KMnO4 3 2 ND 2 7SMV após Cl2 10 89 23 3 127
O gráfico 5.26 representa o potencial de formação de trialometanos (PFTAMs) nas amos-
tras de água do rio Preto. A concentração de TAMs formada no tratamento realizado com a
etapa de pré-oxidação utilizando cloro ativo foi igual a 1550,7 µg L−1. Quando o tratamento
foi realizado com pré-oxidação utilizando permanganato de potássio, a concentração de TAMs
detectada foi igual a 46,7 µg L−1. Nas amostras de água coletadas após o tratamento conven-
cional sem pré-oxidação gerou uma concentração do potencial de formação de trialometanos
igual a 47,7 µg L−1.
Observou-se que o potencial de formação de trialometanos nas amostras do rio Preto foi
33 vezes maior no processo de tratamento utilizando cloro ativo na pré-oxidação em relação ao
tratamento utilizando o permanganato de potássio. A formação de TAMs foi 32 vezes maior
quando o Cl2 foi utilizado na pré-oxidação, em relação ao tratamento sem pré-oxidação. A
quantidade de trialometanos formados quando o tratamento foi realizado sem pré-oxidação foi
aproximadamente igual a concentração detectada ao realizar o tratamento de água com pré-
oxidação utilizando o KMnO4.
Em relação às amostras do rio Santa Maria da Vitória, a maior formação de TAMs também
ocorreu quando a água foi tratada com pré-oxidação utilizando o cloro ativo, obtendo-se um
valor igual a 65,5 µg L−1. Quando o tratamento foi realizado sem a etapa de pré-oxidação, a
5.4 Trialometanos 78
Figura 5.26: Comparação entre as concentrações de TAMs nas amostras de potencial de forma-ção de trialometanos obtidas nas diferentes rotas do tratamento da água bruta do Rio Preto.
concentração de TAMs formada foi igual a 47,5 µg L−1. A menor concentração de trialometa-
nos detectados ocorreu na rota de tratamento utilizando-se permanganato de potássio, 20,5 µg
L−1, os resultados estão representados no gráfico 5.27.
Figura 5.27: Comparação entre as concentrações de TAMs nas amostras de potencial de for-mação de trialometanos obtidas nas diferentes rotas do tratamento da água bruta do Rio SantaMaria da Vitória.
O potencial de formação de trialometanos foi 3,1 vezes maior no processo de tratamento
utilizando cloro ativo na pré-oxidação em relação ao tratamento utilizando o permanganato de
potássio. A formação de TAMs foi 1,4 vezes maior quando o Cl2 foi utilizado na pré-oxidação,
em relação ao tratamento sem pré-oxidação. A quantidade de trialometanos formados quando
o tratamento foi realizado sem pré-oxidação foi 2,3 vezes maior do que no tratamento realizado
5.4 Trialometanos 79
com pré-oxidação utilizando o KMnO4.
Na análise da contribuição da etapa de pré-oxidação na formação de trialometanos, o gráfico
5.28, mostra a comparação entre as águas brutas dos rios Preto e Santa Maria da Vitória, em que
a etapa da pré-oxidação foi realizada utilizando permanganato de potássio. Observou-se que a
formação de TAMs na água do rio Santa Maria da Vitória foi maior quando foram realizadas
todas as etapas do tratamento convencional, obtendo-se um valor igual a 20,5 µg L−1. Quando
a amostra foi retirada após a etapa de pré-oxidação, a formação de TAMs obteve valor igual
a 6,5 µg L−1. No rio Preto, esse comportamento se repetiu; a concentração de TAMs obtida
quando a água passou pelo tratamento completo foi igual a 46,7 µg L−1. Quando a amostra foi
retirada após a etapa de pré-oxidação, obteve-se a concentração de TAMs igual a 12,7 µg L−1.
O mesmo resultado foi obtido nas análises de trialometanos totais.
Figura 5.28: Comparação do potencial de formação de trialometanos nas águas de estudo apóstratamento convencional, com e sem pré-oxidação utilizando o permanganato de potássio.
O gráfico 5.29, mostra a comparação da formação de potencial de formação de trialometa-
nos nas amostras do rio Preto e do rio Santa Maria da Vitória, quando a etapa de pré-oxidação
foi realizada com cloro ativo. Como observado na análise de trialometanos totais, a concen-
tração de TAMs detectada nas amostras de água dos dois mananciais estudados apresentaram
valores maiores de potencial de formação de trialometanos, quando coletadas após a etapa de
pré-oxidação. No rio Santa Maria da Vitória a concentração de PFTAMs formada após a pré-
oxidação foi igual a 126,5 µg L−1, enquanto o valor detectado na amostra do rio Preto foi igual
a 2274,7 µg L−1. Quando as amostras foram analisadas depois da realização do tratamento con-
vencional com a etapa de pré-oxidação, a concentração de TAMs na água do rio Santa Maria da
Vitória obtida foi igual a 65,5 µg L−1, e na amostra do rio Preto, a concentração de PFTAMs
detectadas foi igual a 1550,7 µg L−1.
5.4 Trialometanos 80
Figura 5.29: Comparação do potencial de formação de trialometanos nas águas de estudo apóstratamento completo, com e sem pré-oxidação utilizando o hipoclorito de cálcio.
No gráfico 5.30 está representada a comparação do potencial de formação de trialometanos
formados nos tratamentos realizados nas águas brutas dos rios Preto e Santa Maria da Vitória.
De acordo com os resultados mostrados no gráfico, observou-se que a concentração de trialome-
tanos formada nas amostras do rio Santa Maria da Vitória foi igual à formação de trialometanos
na amostra do rio Preto, somente na rota do tratamento em que não foi realizada a etapa de pré-
oxidação. Quando foi realizado o tratamento de água convencional com etapa de pré-oxidação
utilizando permanganato de potássio ou cloro ativo, observou-se que as amostras da água do rio
Preto obteve valores de trialometanos maiores do que os valores obtidos nas amostras de água
do rio Santa Maria da Vitória.
Figura 5.30: Comparação do potencial de formação de trialometanos com as diferentes rotasanalíticas no tratamento de água nas amostras dos rios Preto e Santa Maria da Vitória.
5.4 Trialometanos 81
A comparação dos quatro compostos (clorofórmio, diclorobromometano, dibromoclorome-
tano e bromofórmio) detectados nas amostras das águas do rio Preto e Santa Maria da Vitória
após o tratamento convencional sem pré-oxidação e após o tratamento convencional com pré-
oxidação (KMnO4 e Cl2) depois de 7 dias de reação, pode ser melhor visualizada nos gráficos
5.31; 5.32 e 5.33.
Observou-se que o comportamento obtido nas análises de trialometanos totais repetiu-se
nas análises de potencial de formação de trialometanos, em que as concentrações dos compostos
dibromoclorometano (CHBr2Cl) e bromofórmio (CHBr3) foram maiores nas amostras do rio
Preto. O caminho preferencial na formação dos trialometanos que possuem o bromo em maior
quantidade em sua composição (dibromoclorometano - CHClBr2) e bromofórmio (CHBr3) foi
confirmada após os 7 dias de reação.
Figura 5.31: Comparação entre as concentrações de potencial de formação de trialometanosobtidas quando a etapa de pré-oxidação não foi realizada nas águas de estudo.
No estudo de potencial de formação de trialometanos, a concentração de THM’s ultrapas-
saram o limite máximo permitido pelo padrão de potabilidade apenas nas amostras do rio Preto
tratadas com a etapa de pré-oxidação utilizando cloro ativo, obtendo um valor igual a 1550,7
µg L−1.
5.4 Trialometanos 82
Figura 5.32: Comparação entre as concentrações de potencial de formação de trialometanosobtidas ao utilizar o permanganato de potássio na etapa de pré-oxidação nas águas de estudo.
Figura 5.33: Comparação entre as concentrações de potencial de formação de trialometanosobtidas ao utilizar o hipoclorito de cálcio na etapa de pré-oxidação nas águas de estudo.
83
6 Conclusões e Recomendações
Nesse capítulo serão apresentadas as conclusões referentes aos resultados obtidos e as re-
comendações para trabalhos futuros.
6.1 Conclusões
As amostras coletadas no rio Preto apresetaram cor real e aparente maior do que o rio Santa
Maria da Vitória, o mesmo resultado foi observado com a absorbância na região do Ultravioleta
(254 nm).
No estudo de demanda do oxidante permanganato de potássio, este reagente foi eficiente
no estudo de águas dos dois mananciais. A cor real obtida das amostras do rio Preto foi igual a
11,7 uH em 10 minutos de reação, quando a dosagem inicial do oxidante foi igual a 20 mg L−1.
Nas amostras do rio Santa Maria da Vitória, a cor real obtida foi igual a 2,9 uH em 10 minutos
de reação com dosagem inicial igual a 0,5 mg L−1. Estes resultados encontram-se dentro do
limite estabelecido pela Portaria 518/2004 que define o valor máximo igual a 15 mg L−1.
Para a água do rio Santa Maria da Vitória, o hipoclorito de cálcio reduziu a cor real das
amostras a um valor igual a 14,6 uH no tempo de contato igual a 30 min, no qual a dosagem
inicial foi igual a 2,5 mg L−1. Para a água do rio Preto, o hipoclorito de cálcio reduziu pouco a
cor das amostras, devido à ineficiência do poder oxidativo do reagente na matriz orgânica desse
rio.
Apesar do permanganato de potássio apresentar-se como um melhor oxidante para as duas
matrizes de matéria orgânica estudadas, percebeu-se a dificuldade em controlar o pH durante
o processo de tratamento, além de ser um procedimento de alto custo, devido a variedade de
reagentes utilizada.
Quando as colunas capilares: Elite-5, similar à DB-5, (30 m x 0,32 mm ID x 1,0µmD f );
Elite-5 (30 m x 0,42 mm ID x 1,0µmD f ) foram utilizadas nas mesmas condições de trabalho, a
coluna com diâmetro interno menor, permitiu uma melhor separação dos compostos na mistura
6.1 Conclusões 84
dos padrões, e picos mais definidos no cromatograma. No caso da coluna ser a mesma (Elite-5,
30 m x 0,32 mm ID x 1,0µmD f ) e todos os parâmetros permanecerem constantes com variação
apenas da vazão do gás de arraste (nitrogênio), o cromatograma que obteve melhor separação
dos compostos, foi o de menor vazão do gás de arraste (7,0 mL min−1).
As amostras ao serem tratadas com cloro ativo na etapa de pré-oxidação, obtiveram va-
lores de TTAMs e PFTAMs muito superiores aos valores detectados nas duas outras rotas de
tratamento, nos dois mananciais estudados. Apenas no tratamento utilizando-se o cloro na pré-
oxidação nas amostras do rio Preto é que foram detectados valores de TAMs e PFTAMs acima
do valor permitido pela Portaria 518/2004 (100 µg L−1).
A concentração de trialometanos totais nas amostras do rio Preto formada no tratamento
convencional sem a etapa de pré-oxidação foi menor do que a concentração de TAMs detectada
quando foi utilizado o permanganato de potássio na pré-oxidação. Resultado inverso, foi obtido
para a análise de potencial de formação de trialometanos no tratamento sem pré-oxidação.
As amostras do rio Santa Maria da Vitória obtiveram valores de trialometanos maiores no
tratamento sem pré-oxidação em relação ao tratamento com a etapa de pré-oxidação utilizando
o permanganato de potássio. Este resultado foi obtido nas análises de trialometanos totais e
nas análises de potencial de formação de trialometanos, levando-se à conclusão que para o
manancial de Santa Maria da Vitória, o tratamento com permanganato de potássio na etapa de
pré-oxidação foi o mais eficiente.
O estudo da contribuição da etapa de pré-oxidação utilizando permanganato de potássio,
demonstrou que as concentrações de TTAMs e PFTAMs aumentam após a etapa de desinfecção
com cloro ativo. No estudo da contribuição da etapa de pré-oxidação utilizando cloro ativo,
observou-se que a maior concentração de TTAMs e PFTAMs foi detectada após a pré-oxidação,
reduzindo os valores de TAMs quando as amostras foram tratadas com cloro ativo na etapa de
desinfecção.
A comparação das concentrações detectadas dos quatro analitos estudados (clorofórmio,
diclorobromometano, dibromoclorometano e bromofórmio) nas rotas de tratamento estudadas,
os compostos dibromometano e bromofórmio obtiveram valores mais elevadas nas amostras do
rio Preto do que nas amostras do rio Santa Maria da Vitória nas análises de TTAMs e PFTAMs.
O equipamento escolhido para a realização de análises de trialometanos, mostrou-se sa-
tisfatório devido às concentrações encontradas de trialometanos nas amostras. Uma vantagem
encontrada na utilização da configuração Headspace-trap/CG em relação aos métodos utilizados
é o fato da eliminação da etapa de extração das amostras.
6.2 Recomendações para Trabalhos Futuros 85
6.2 Recomendações para Trabalhos Futuros
A montagem Headspace-trap/CG é mostrou-se adequada para se trabalhar com compostos
voláteis, devido a facilidade do manuseio, e as técnicas de extração do composto são desneces-
sárias para esse tipo de montagem. Porém, por ser novidade, há pouco estudo utilizando essa
configuração. A recomendação desse trabalho é que se faça estudos de validação de metodolo-
gia.
Outra recomendação para trabalhos futuros seria o estudo da presença do íon brometo no
manancial superficial denominado rio Preto.
86
Referências Bibliográficas
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APÊNDICE A -- Cromatogramas Utilizados naCurva de Calibração
Figura A.1: Cromatograma da mistura de padrões de concentração igual a 1,0 µg L−1 utilizadopara a construção da curva de calibração dos trialometanos.
Apêndice A -- Cromatogramas Utilizados na Curva de Calibração 90
Figura A.2: Cromatograma da mistura de padrões de concentração igual a 2,0 µg L−1 utilizadopara a construção da curva de calibração dos trialometanos.
91
APÊNDICE B -- Cromatogramas de Trialometanospara as águas Brutas dos Rios deEstudo
Figura B.1: Cromatograma da análise de trialometanos totais realizada na água bruta do rioPreto, no momento da coleta.
Apêndice B -- Cromatogramas de Trialometanos para as águas Brutas dos Rios de Estudo 92
Figura B.2: Cromatograma da análise de trialometanos totais realizada na água bruta do rioSanta Maria da Vitória, no momento da coleta.
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APÊNDICE C -- Cromatogramas das Análises deTrialometanos Totais
Figura C.1: Segundo cromatograma da análise de trialometanos totais na água do rio Preto emque foi realizado o tratamento completo com a etapa de pré-oxidação utilizando o Cl2.
Apêndice C -- Cromatogramas das Análises de Trialometanos Totais 94
Figura C.2: Cromatograma da análise de trialometanos totais na água do rio Preto. A amostrafoi retirada logo após a etapa de pré-oxidação utilizando o Cl2.
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APÊNDICE D -- Cromatogramas das Análises dePotencial de Formação deTrialometanos
Figura D.1: Cromatograma da análise de potencial de formação de trialometanos totais na águado rio Preto em que foi realizado o tratamento completo com a etapa de pré-oxidação utilizandoo Cl2.
Apêndice D -- Cromatogramas das Análises de Potencial de Formação de Trialometanos 96
Figura D.2: Segundo cromatograma da análise de potencial de formação de trialometanos totaisna água do rio Santa Maria da Vitória. A amostra foi retirada logo após a etapa de pré-oxidaçãoutilizando o Cl2.