ESTUDO DE PROCESSOS CONSTRUTIVOS MODULARES DO...

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ESTUDO DE PROCESSOS CONSTRUTIVOS MODULARES DO PONTO DE VISTA DA SUSTENTABILIDADE Felipe Ribeiro Amorim Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Profº. Eduardo Linhares Qualharini RIO DE JANEIRO Setembro de 2016

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ESTUDO DE PROCESSOS CONSTRUTIVOS MODULARES DO PONTO DE

VISTA DA SUSTENTABILIDADE

Felipe Ribeiro Amorim

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Profº. Eduardo Linhares Qualharini

RIO DE JANEIRO

Setembro de 2016

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ESTUDO DE PROCESSOS CONSTRUTIVOS MODULARES DO PONTO DE

VISTA DA SUSTENTABILIDADE

Felipe Ribeiro Amorim

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

______________________________________________

Prof. Eduardo Linhares Qualharini (Orientador).

______________________________________________

Profª. Elaine Garrido Vasquez – DS.c

______________________________________________

Profª. Isabeth da Silva Mello – MS.c

RIO DE JANEIRO

Setembro de 2016

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Amorim, Felipe Ribeiro.

Estudo de processos construtivos modulares do ponto de

vista da sustentabilidade / Felipe Ribeiro Amorim – Rio de

Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2016.

XII, 56 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Eduardo Linhares Qualharini

Projeto de graduação – UFRJ/ Escola Politécnica / Curso

de Engenharia Civil, 2016.

Referências bibliográficas: p. 54-56.

1. Introdução. 2. Sustentabilidade na Construção Civil. 3.

Industrialização na Construção Civil. 4. Análise da

Sustentabilidade nos Processos Estudados. 5. Considerações

Finais.

I. Eduardo Linhares Qualharini. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia

Civil. III. Engenheiro Civil.

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha família, a meu pai Sr. TADEU WILSON RAMOS

AMORIM, a minha mãe, Sra. MATILDE RIBEIRO AMORIM, e a minha irmã

FERNANDA AMORIM MATEINI.

Agradeço à UFRJ representada pelo meu orientador EDUARDO LINHARES

QUALHARINI que me deu a oportunidade de trabalhar no NPPG, onde pude ganhar

experiência, conhecer ótimos profissionais e cumprir meus créditos.

A todos os colegas de faculdade, em especial os amigos do NPPG que me deram um

grande apoio nessa reta final, me dando força e tranquilidade para continuar buscando

meu objetivo final.

v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ESTUDO DE PROCESSOS CONSTRUTIVOS MODULARES DO PONTO DE

VISTA DA SUSTENTABILIDADE

Felipe Ribeiro Amorim

Setembro/2016

Orientador: Eduardo Linhares Qualharini

Curso: Engenharia Civil

Resumo

A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais e que mais

consome matéria prima. Por isso, a inserção de práticas sustentáveis ao processo

construtivo se torna cada vez mais imprescindível. Ao longo dos anos, houve um

crescimento significativo de discussões em torno do desenvolvimento sustentável e o

surgimento de certificações que incentivam a sustentabilidade na construção civil. O

objetivo deste trabalho é identificar e analisar aspectos dos principais processos

construtivos industrializados que contribuem para otimizar a sustentabilidade na

construção civil, com ênfase na modulação e padronização. A metodologia adotada para

o desenvolvimento do tema em questão foi a pesquisa através de livros, revistas, artigos

publicados e pesquisas em internet. Após a conclusão do estudo, verifica-se a efetividade

de alguns métodos sobre os outros e como atendem o princípio da sustentabilidade, e que

ainda há muito potencial para exploração desses métodos, podendo alcançar os objetivos

traçados de desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave: processos construtivos, sustentabilidade, modulação.

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Abstract of Monograph present to Poli/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements

for degree of Civil Engineer.

Study of modular constructive processes in the sustainability point of view

Felipe Ribeiro Amorim

September/2016

Advisor: Eduardo Linhares Qualharini

Course: Civil Engineering

Abstract

The construction is the sector that most generates ambiental impacts and the most

consumes natural resourses. That is why the inserption of sustainability pratices to the

construction process is becoming more indispensable. Over the years, there was a

significative growth in discussions around sustainable development and the raise of

certifications that encourages the sustainability in constructions sites. The objective of

this paper is identify and analyse the aspects of the most important industrialized

constructive processes that contribute to optimize the sustainability in constructions sites,

with enfasis in modulation and padronization. The metodology to develop the theme was

the research throght books, magazines, published articles and internet search. After the

conclusion of this paper, verifies the effectiveness of some methods over the others and

how they meet the sustainability principles, and that there is a lot of more to explore of

this methods, may reaching the sustainability development goals.

Keywords: Construtive processes, Sustainability, Modulation.

vii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................... 1

1.2 OBJETIVO ..................................................................................................................... 2

1.3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 2

1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ............................................................................. 2

2. SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................................................. 4

2.1 CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE ........................................................................ 4

2.2 DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO ....................................... 6

2.3 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................ 8

2.3.1. LEED ............................................................................................................................. 9

2.3.2. AQUA .......................................................................................................................... 13

2.3.3. SELO CASA AZUL CAIXA ........................................................................................ 16

2.3.4. PROCEL EDIFICA ...................................................................................................... 18

2.3.5. HQE ............................................................................................................................. 19

3. INDUSTRIALIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................ 20

3.1 HISTÓRICO ................................................................................................................. 20

3.2 DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS INDUSTRIALIZADOS ........................................... 22

3.2.1. LIGHT STEEL FRAMING ........................................................................................... 22

3.2.1.1. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO LIGHT STEEL FRAMING .................................. 23

3.2.1.2. MÉTODOS CONSTRUTIVOS DO LSF ....................................................................... 25

3.2.2. SISTEMAS CONSTRUTIVOS EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO ............................. 27

3.2.2.1. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DOS PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO .................. 29

3.2.2.2. MÉTODOS CONSTRUTIVOS PARA PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO ................ 33

3.2.3. PAINÉIS PRÉ-FABRICADOS COM BLOCOS CERÂMICOS ..................................... 35

3.2.3.1. MÉTODO CONSTRUTIVO DE PAINÉIS PRÉ-FABRICADOS COM BLOCOS

CERÂMICOS ........................................................................................................................... 35

4. ANÁLISE DA SUSTENTABILIDADE NOS PROCESSOS ESTUDADOS .................. 39

4.1. AS VANTAGENS SUSTENTÁVEIS DOS MÉTODOS ESTUDADOS ........................ 39

4.1.1. LIGHT STEEL FRAMING ........................................................................................... 39

4.1.2. SISTEMAS CONSTRUTIVOS EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO ............................. 40

4.1.3. PAINÉIS PRÉ FABRICADOS COM BLOCOS CERÂMICOS ..................................... 41

4.2. MODULAÇÃO ............................................................................................................ 41

4.2.1. NORMALIZAÇÃO ...................................................................................................... 43

4.2.2. O CONCEITO DE MÓDULO ....................................................................................... 43

4.2.3. COORDENAÇÃO DIMENSIONAL ............................................................................. 44

4.2.4. COORDENAÇÃO MODULAR .................................................................................... 45

4.2.5. AJUSTE MODULAR ................................................................................................... 46

4.2.6. VANTAGENS DA MODULAÇÃO .............................................................................. 46

4.2.7. APLICAÇÃO DA MODULAÇÃO PARA O PROJETO COM PAINÉIS....................... 48

viii

4.3. MODULAÇÃO COMO FERRAMENTA SUSTENTÁVEL .......................................... 48

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 52

5.1 COMENTÁRIOS .......................................................................................................... 53

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................... 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 54

INDICAÇÕES ELETRÔNICAS ................................................................................................... 55

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diferença entre situação com e sem projeto e seu impacto ambiental .............2

Figura 2 - Desenho esquemático relacionando parâmetros para se alcançar o

desenvolvimento sustentável.............................................................................................5

Figura 3 – Foto do Rochaverá Corporate Towers - São Paulo – SP................................11

Figura 4 – Foto do Ventura Corporate Towers – Rio de Janeiro – RJ................................12

Figura 5 – Foto da Leroy Merlin - Niterói - RJ ................................................................15

Figura 6 – Progressão anual da concentração dos principais gases estufa na atmosfera....20

Figura 7 – Desenho esquemático de uma residência em Light Steel Framing...................22

Figura 8 – Foto de LSF com OSB.....................................................................................23

Figura 9 – Foto do piso com vigas LSF ............................................................................24

Figura 10 – Foto demonstrando uma casa com paredes e cobertura em LSF....................24

Figura 11 – Steel Framing montado pelo método Stick....................................................25

Figura 12 – Elementos estruturais pré-fabricados em oficinas .........................................26

Figura 13 – Unidades modulares empilhadas...................................................................27

Figura 14 – Uso de elementos pré-moldados na execução de edifícios.............................28

Figura 15 – Conjunto de cilindros pré-moldados para projetos de fundações...................29

Figura 16 – Pilares pré-moldados.....................................................................................30

Figura 17 – Esquema de um pilar pré-moldado destacando o duto central para passagem

de águas pluviais..............................................................................................................31

Figura 18 – Viga pré-moldada de perfil I sendo posicionada no local...............................31

Figura 19 – Laje pré-moldada posicionada no local.........................................................32

Figura 20 – Escada pré-moldada......................................................................................32

Figura 21 – Transporte de laje pré-moldada.....................................................................33

Figura 22 – Içamento de viga pré-moldada.......................................................................34

Figura 23 – Linha de produção em obra............................................................................35

Figura 24 – Molde e mesa para fabricação dos painéis.....................................................36

x

Figura 25 – Painel em processo de fabricação..................................................................36

Figura 26 – Painel em processo de secagem.....................................................................37

Figura 27 – Painel curado, pronto para montagem...........................................................37

Figura 28 – Execução da sapata corrida............................................................................38

Figura 29 – Instalação das paredes...................................................................................38

Figura 30 – Montagem da laje..........................................................................................38

Figura 31 – Casa pronta....................................................................................................38

Figura 32 - Resíduo por perda de material durante a construção.......................................49

Figura 33 – Contraste com foto anterior com modulação.................................................49

xi

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Impacto Ambientais gerados pela cadeia produtiva da construção..................1

Quadro 2 - Conferências das Partes para discutir e monitorar o desenvolvimento

sustentável.........................................................................................................................6

Quadro 3 - Princípios para o desenvolvimento sustentável...............................................7

Quadro 4A – Benefícios da certificação LEED ................................................................9

Quadro 4B – Benefícios da certificação LEED ...............................................................10

Quadro 5 – Aspectos avaliados pelo AQUA.....................................................................13

Quadro 6 – Benefícios do certificado AQUA .................................................................14

Quadro 7A - Resumo categorias, critérios e classificação................................................17

Quadro 7B - Resumo categorias, critérios e classificação................................................18

Quadro 8 - Apresentação dos métodos estudados e seus elementos estruturais................22

Quadro 9 - Vantagens e desvantagens do método Stick....................................................25

Quadro 10 - Vantagens e desvantagens do método por painéis.........................................26

Quadro 11 - Fatores importantes na escolha dos equipamentos........................................34

Quadro 12 - Sequência de etapas para produção dos painéis...........................................36

Quadro 13 - Sequência de etapas para montagem dos painéis na obra..............................37

Quadro 14A - Vantagens sustentáveis do LSF.................................................................39

Quadro 14B - Vantagens sustentáveis do LSF..................................................................40

Quadro 15 - Vantagens sustentáveis do Sistema de Concreto pré-moldado.....................40

Quadro 16 - Vantagens sustentáveis do Sistema construtivo de painéis pré-fabricados com

blocos cerâmicos..............................................................................................................41

Quadro 17 - Vantagens proporcionadas pela adoção da Coordenação Dimensional......45

Quadro 18 - Vantagens de projetar com princípios da modulação segundo Rosso..........47

Quadro 19 - Vantagens de projetar com princípios da modulação segundo Machado.....47

Quadro 20 - Como erros podem ser mitigados pela modulação........................................50

Quadro 21 - Quadro comparativo entre Sistemas Modulares...........................................51

xii

GLOSSÁRIO

CIC – Conselho Internacional da Construção;

PNUD – Programa das Nções Unidas para o Desenvolvimento;

COP - Conferência das Partes;

UNFCCC - Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima;

CMP - Reunião Partes no Protocolo de Quioto;

CMMAD - Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento;

CBCS - Conselho Brasileiro de Costrução Sustentável;

LEED - Leadership in Energy and Environmental Design

USGBC - United States Green Building Council

AQUA - Alta Qualidade Ambiental

SGE - Sistema de Gestão do Empreendimento

QAE - Qualidade Ambiental do Edifício

1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Muito se debate, hoje em dia, em torno consciência ecológica que surgiu baseada no temor da

escassez de matéria prima que vem se intensificando cada dia mais. A partir da década de 90

começaram a crescer movimentos que questionavam o modelo de desenvolvimento adotado

pelo mundo desde o período pós-guerra, com isso surgiu o conceito de Sustentabilidade.

Neste contexto de preocupação com o meio ambiente, a construção civil precisou realizar

algumas mudanças no processo construtivo para se adaptar ao novo modelo de desenvolvimento

solicitado, dito como o desenvolvimento sustentável. A construção civil tem papel fundamental

para a realização dos objetivos globais, sendo apontada como setor de atividades humanas que

mais consome recursos naturais, utilizando energia de forma intensiva, gerando consideráveis

impactos ambientais, segundo o Conselho Internacional da Construção. Tais aspectos

ambientais, somados a qualidade de vida que o ambiente construtivo proporciona, sintetizam

as relações entre construção e meio ambiente.

Quadro 1 – Impactos ambientais gerados pela cadeia produtiva da construção

Impactos ambientais gerados pela cadeia produtiva da construção

A construção é responsável por 12% do consumo de água total;

A cadeia de emissões de gases de efeito estufa significativos: a

produção de cimento é responsável por 5% e o uso de energia em

edifícios, 33%.

As atividades de construção geram 40% de todos os resíduos

gerados pela sociedade;

Grandes empreendimentos de infraestrutura geram pressão sobre

diferentes ecossistemas.

Fonte: PNUD, 2012

Os processos construtivos praticados no Brasil ainda são muito ineficientes, em sua maioria,

gerando muitos resíduos e produtos finais questionáveis, devido a maneira de serem conduzidos

por planos informais e elaborados por executores de obras. Desta forma, a industrialização

assim como a modulação e padronização dos processos construtivos, surgem como resposta

para ganhar na qualidade e produtividade, e principalmente, atender ao novo modelo de

desenvolvimento sustentável.

2

O impacto ambiental é a variação de um parâmetro no ambiente, em função de uma ação

humana, ou seja, é a diferença incremental de um parâmetro ambiental entre a situação sem e

com projeto de engenharia (Simonetti, 2010). A figura 1 abaixo ilustra tal situação.

Figura 1 – Diferença entre situação com e sem projeto e seu impacto ambiental

Fonte: Simonetti, 2010

1.2 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é identificar e analisar aspectos dos principais processos construtivos

industrializados que contribuem para otimizar a sustentabilidade na construção civil, com

ênfase na modulação e padronização de edificações no Brasil.

1.3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para o desenvolvimento do tema em questão foi a pesquisa através de

livros, revistas, artigos publicados, pesquisas em internet especificados nas referências

bibliográficas ao final do trabalho. Após a fundamentação teórica, foi apresentada uma análise

dos processos construtivos estudados no contexto atual da construção civil.

1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho é composto de cinco capítulos desenvolvidos de forma a promover um

entendimento dos processos industrializados dentro do cenário que visa priorizar médodos

construtivos sustentáveis

O primeiro capítulo trata do objetivo do presente trabalho, descreve a metodologia e os

fundamentos teóricos que serviram de base para a pesquisa.

3

O segundo capítulo apresenta o uma visão geral do conceito de sustentabilidade, tanto no Brasil

como no mundo, o porque e como ele surgiu. A partir deste ponto, contextualiza este tema na

construção civil e apresenta selos criados para garantir tal conceito em construções e seus

desafios.

No terceiro capítulo o enfoque é a industrialização da construção civil no Brasil, onde é feita

uma apresentação histórica das iniciativas de industrialização, passando por um apanhado geral

das experiências passadas. São apresentados os principais métodos construtivos

industrializados, seus elementos estruturais e métodos construtivos. É feita referência ainda a

obstáculos existentes, ainda hoje, à implantação de sistemas industriais no Brasil.

O quarto capítulo faz uma análise dos processos industrializados estudados no capítulo anterior

com o foco nos conceitos de sustentabilidade do capítulo dois.

No último capítulo serão expostas as considerações finais, com críticas e sugestões a respeitos

dos temas apresentados ao longo da monografia.

4

2. SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1 CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE

Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam suprir as

necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou

seja, a sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material

sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se

mantenham no futuro. Seguindo estes parâmetros, a humanidade pode garantir o

desenvolvimento sustentável. (Dias, 2012)

O termo “desenvolvimento sustentável” surgiu a partir de estudos da Organização das Nações

Unidas sobre as mudanças climáticas, como uma resposta para a humanidade perante a crise

social e ambiental pela qual o mundo passava a partir da segunda metade do século XX. Na

Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), também conhecida

como Comissão de Brundtland, presidida pela norueguesa Gro Haalen Brundtland, no processo

preparatório a Conferência das Nações Unidas – também chamada de “Rio 92” foi desenvolvido

um relatório que ficou conhecido como “Nosso Futuro Comum”. Tal relatório contém

informações colhidas pela comissão ao longo de três anos de pesquisa e análise, destacando-se

as questões sociais, principalmente no que se refere ao uso da terra, sua ocupação, suprimento

de água, abrigo e serviços sociais, educativos e sanitários, além de administração do

crescimento urbano. Neste relatório está exposta uma das definições mais difundidas do

conceito: “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem

comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”.

(Barbosa, 2008)

O Relatório, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,

faz parte de uma série de iniciativas, anteriores à Agenda 21, as quais reafirmam uma visão

crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas

nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais

sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório aponta para a

incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo

vigentes.

A figura a seguir demonstra como o desenvolvimento deve ser alcançado, sendo o resultado de

esforços para o edenvolvimento social, econômico e preservação Ambiental. O

desenvolvimento sustentável deve ser alcançado pela consequência do desenvolvimento social,

econômico e da preservação ambiental.

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Figura 2 - Desenho esquemático relacionando parâmetros para se alcançar o desenvolvimento sustentável

Fonte: Barbosa, 2008

Desde então, uma série de conferências se deram para discutir e monitorar o andamento do

desenvolvimento sustentável. A Conferência das Partes (COP) na Convenção-Quadro das

Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e a Reunião das Partes no Protocolo de

Quioto (CMP) reúnem-se anualmente para debater o aprofundamento das regras e da

implementação da Convenção e seu Protocolo:

A Rio +20, também conhecida como Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento

Sustentável, ocorreu em junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro. A reunião marcou os vinte

anos da realização da Rio 92 e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável

para as próximas décadas.

A Conferência teve como objetivo a renovação do engajamento político com o desenvolvimento

sustentável, através da análise dos progressos atingidos e das falhas na implementação das

decisões adotadas pelas principais cúpulas. Os dois temas principais da Rio +20 foram: A

economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e A

estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.

O termo “economia verde” aponta para a utilização de políticas e programas que visam

fortalecer a implantação dos compromissos de desenvolvimento sustentável por parte de todos

os países da ONU. Para o Brasil, em especial, a economia verde deve ser focada no

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desenvolvimento sustentável e na erradicação da pobreza, já que o desenvolvimento sustentável

só poderá ser plenamente realizado com a redução das desigualdades. (Rio +20, 2012)

Quadro 2 –Conferências das Partes para discutir e monitorar o desenvolvimento sustentável

Fonte: Rio +20, 2012

2.2 DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

As indústrias de construção, de materiais, serviços, comércio de materiais de construção,

máquinas e equipamentos para construção e outros fornecedores estão inseridos dentro da

Cadeia Produtiva da Construção Civil. Dentro do setor industrial, a cadeia produtiva da

construção civil representa 8% das emissões no Brasil, valor estimado gerado pelos

fornecedores de materiais utilizados na construção, tais como na produção de cimento e de aço,

no transporte, e, por último, na extração madeireira.

A avaliação e necessária minimização do impacto sobre o meio ambiente causados por todos

os tipos de ações está adquirindo cada vez maior importância, face a evidente limitação dos

recursos disponíveis, da importância de preservar o ambiente natural e da necessidade de se ter

um desenvolvimento sustentável. Diante desde importância, o setor da construção civil tem

como estimativa futura a responsabilidade de reduzir para 1% as emissões totais de GEE (gases

de efeito estufa) até 2030 junto à área de edificações. O setor de cimento é o que tem

Conferência de Partes

COP I – Berlim (1995);

COP II – Genebra (1996);

COP III – Quioto (1997): adota o Protocolo de Quioto;

COP IV – Buenos Aires (1998);

COP V – Bonn (1999);

COP VI – Haia e Bonn (2000);

COP VII – Marrakech (2001);

COP VIII – Nova Délhi (2002);

COP IX – Milão (2003);

COP X – Buenos Aires (2004);

COP XI/CMP I – Montreal (2005): entra em vigor o Protocolo de Quioto;

COP XII/CMP II – Nairóbi (2006);

COP XIII/ CMP III – Bali (2007): adota o Mapa do Caminho de Bali;

COP XIV/ CMP IV – Poznan (2008);

COP XV/ CMP V – Copenhague (2009);

COP XVI/ CMP VI – Cancun (2010): adota os Acordos de Cancun;

COP XVII/ CMP VII – Durban (2011): decidiu o segundo período de

cumprimento do Protocolo de Quioto tendo início em 1º de janeiro de 2013 e

lançou a Plataforma de Durban para Ação Aprofundada. 

7

perspectivas de maior crescimento de emissões de tais gases até 2030, e o de edificações é o

que apresenta potencial limitado de abatimento dos mesmos. (Campos, 2012).

A indústria da construção civil exerce impacto significativo sobre a economia de uma nação e,

portanto, pequenas alterações nas diversas fases do processo construtivo podem promover

mudanças importantes na eficiência ambiental, além da redução dos gastos operacionais de uma

obra. Nesse mercado de competitividade crescente e submetido a instrumentos de comando de

controle, pautado por legislação e normas e de melhoria contínua, a escolha de materiais de

construção representa um importante campo da engenharia ambientalmente responsável.

Existem hoje várias ferramentas que podem auxiliar as empresas a alcançarem seus objetivos

em relação ao meio ambiente: auditoria ambiental, avaliação do ciclo de vida, estudos de

impactos ambientais, sistemas de gestão ambiental, relatórios ambientais, gerenciamento de

riscos ambientais, etc. Alguns são específicos, outros podem ser aplicados em qualquer

empresa, como os sistemas de gestão ambiental (Heuser, 2007).

Neste contexto, o Conselho Brasileiro de Costrução Sustentável – CBCS e outras instituições

apresentaram alguns princípios para que a indústria da construção civil possa atingir as metas

do desenvolvimento sustentável, apresentados no quadro a seguir:

Quadro 3 –Princípios para o desenvolvimento sustentável

Fonte: CBCS, 2012

Princípios para o desenvolvimento sustentável

Aproveitamento de condições naturais locais;

Utilizar mínimo de terreno e integra-se ao ambiente natural;

Implantação e análise do entorno;

Não provocar ou reduzir impactos no entorno - paisagem,

temperaturas e concentração de calor, sensação de bem-estar;

Qualidade ambiental interna e externa;

Gestão sustentável da implantação da obra;

Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;

Uso de matérias-primas que contribuam com a ecoeficiência do

processo;

Redução do consumo energético;

Redução do consumo de água;

Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos

sólidos;

Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável;

Educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.

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2.3 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Muitos encontros e conferências que foram realizadas durante os anos procuravam buscar a

qualidade ambiental, mediante novas tecnologias, com ajuda das organizações e a criação de

novos modelos de gestão. Surgindo assim, ferramentas voltadas para a responsabilidade

ambiental e social, a certificação na construção civil.

Em um processo de certificação necessita-se da criação de referências que irão estabelecer

critérios de conferência para a certificação do empreendimento, incluindo as preocupações com

o meio ambiente, com os recursos naturais, usuários e da sociedade.

A nível mundial, encontramos alguns órgãos certificadores que possuem sistemas de

classificação e parâmetros diferentes, porém todos eles incluem a certificação energética com

fonte de energia renováveis, reciclagem e consumo racional de água, minimizando o impacto

com o meio ambiente e com utilizaçõ de materiais recicláveis.

A certificação na construção civil é uma ferramenta de grane importância que estabelece um

processo de gerenciamento de seus impactos da edificação sobre o meio ambiente,

consolidando a responsabilidaded de todas as partes envolvidas como as empresas e os órgãos

de controle ambiental.

O objetivo da certificação é promover uma conscientização de todos os envolvidos no processo,

desde a fase de projeto, passando pela construção, até o usuário final, incorporando soluções

que irão permitir uma redução no uso de recursos naturais, promovendo conforto e qualidade

para seus usuários.

Apresentam um maior investimento de início, porém possuem custos operacionais mais baixos,

valorizando o imóvel, sendo mais saudável para seus usuários, conservando água e energia,

reduzindo a emissão de gases.

As certificações são um meio de valorização do empreendimento no mercado, não existindo

um padrão único de referência. O que pode ocorrer, é que um determinado tipo de certificação

pode não se adequar a todos os projetos devido ao seu próprio conceito.

A empresa fica reconhecida no mercado como ecologicamente correta, associando a marca ao

produto, tendo potencial para conquistar novos mercados, reduzindo os custos de produção e

atraindo novos investimentos, facilitando a obtenção de financiamentos. Sendo assim, o

aumento da consciência dos consumidores melhora a qualidade do produto. (Valente, 2009)

9

2.3.1. LEED

A certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) foi criada em 2000 e

é aplicada pelo United States Green Building Council (USGBC) que leva em conta o impacto

gerado ao meio ambiente em consequência dos processos relacionados ao empreendimento

(projeto, construção e operação). A LEED orienta e atesta o comprometimento de uma

edificação com os princípios da sustentabilidade para a construção civil.

O selo é emitido em mais de 130 países e atualmente é considerado como a principal

certificação de construção sustentável para empreendimentos realizados no Brasil, onde é

representado pelo GBC-Brasil – Conselho de Construção Sustentável do Brasil, criado em

2007.

A obtenção da certificação LEED se dá em função da pontuação de soluções nos quesitos:

espaço sustentável, localização, entorno, eficiência no uso de água e de energia, qualidade do

ar, uso de materiais qualidade ambiental interna, inovação e processos. A pontuação tem

classificação em Platinum, Gold e Silver. (COELHO, 2010)

No Brasil existem oito tipos de selos LEED diferentes, são eles: LEED NC - para novas

construções ou grandes projetos de renovação; LEED ND - para projetos de desenvolvimento

de bairro; LEED CS - para projetos na envoltória e parte central do edifício; LEED Retail NC

e CI - para lojas de varejo; LEED Healthcare - para unidades de saúde; LEED EB_OM - para

projetos de manutenção de edifícios já existentes; LEED Schools - para escolas e LEED CI -

para projetos de interior ou edifícios comerciais. (COELHO, 2010)

Após o pedido de certificação na categoria pretendida, a edificação interessada deve passar pelo

processo de avaliação do GBC e, ao final, deve atender ao Programa Mínimo de Requisitos,

que são características mínimas que um empreendimento deve ter para poder entrar no processo

de certificação.

A certificação LEED possui diversos benefícios, que são apresentados no Quadro abaixo:

Quadro 4A –Benefícios da certificação LEED

Fonte: GBC, 2008

Diminuição dos custos operacionais;

Diminuição dos riscos regulatórios;

Valorização do imóvel para revenda ou arrendamento;

Aumento da retenção;

Modernização e menor obsolência da edificação.

Econômicos

Benefícios da cetificação LEED

10

Quadro 4B –Benefícios da certificação LEED

Fonte: GBC, 2008

A Certificação internacional LEED possui sete dimensões a serem avaliadas nas edificações.

Todas elas possuem pré-requisitos (práticas obrigatórias) e créditos, recomendações que

quando atendidas garantem pontos a edificação. As dimensões avaliadas pelo GBC estão

dispostas a seguir. (GBC, 2008)

Espaço Sustentável: Encoraja estratégias que minimizam o impacto no ecossistema durante a

implantação da edificação e aborda questões fundamentais de grandes centros urbanos, como

redução do uso do carro e das ilhas de calor.

Eficiência do uso da água: Promove inovações para o uso racional da água, com foco na redução

do consumo de água potável e alternativas de tratamento e reuso dos recursos.

Energia e Atmosfera: Promove eficiência energética nas edificações por meio de estratégias

simples e inovadoras, como por exemplo simulações energéticas, medições, comissionamento

de sstemas e utilização de equipamentos e sistemas eficientes.

Materiais e Recursos: Encoraja o uso de materiais de baixo impacto ambiental (reciclados,

regionais, recicláveis, de reuso, etc) e reduz a geração de resíduos, além de promover o descarte

consciente, desviando o volume de reíduos gerados dos aterros sanitários.

Qualidade ambiental interna: Promove a qualidade ambiental interna do ar, essencial para

ambientes com alta permanência de pessoas, com foco na escolha de materiais com baixa

Melhora na segurança e priorização da saúde dos trabalhadores

e ocupantes;

Inclusão social e aumento do senso de comunidade;

Aumento da produtividade do funcionário, melhora na

recuperação de pacientes, melhora no desempenho de alunos,

aumento no ímpeto de compra de consumidores.

Incentivo a fornecedores com maiores responsabilidades

socioambientais;

Aumento da satisfação e bem estar dos usuários;

Estímulo a políticas públicas de fomento a Construção

Sustentável.

Uso racional e redução da extração dos recursos naturais;

Redução do consumo de água e energia;

Implantação consciente e ordenada;

Mitigação dos efeitos das mudanças climáticas;

Uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental;

Redução , tratamento e reuso dos resíduos da construção e

operação.

Sociais

Ambientais

11

emissão de comportos orgânicos voláteis, controlabilidade de sistemas, conforto térmico e

priorização de espaços com vista externa e luz natural.

Inovação e Processos: Incentiva a busca de conhecimento sobre Green Buildings, assim como

a criação de medidas projetuais não descritas nas categorias do LEED. Pontos de desempenho

exemplar estão habilitados para esta categoria.

Créditos de Prioridade Regional: Incentiva os créditos definidos como prioridade regional para

cada país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e econômicas existentes em cada

local. Quatro pontos estão disponíveis para esta categoria.

Como exemplos de sucesso de certificação LEED temos:

O Rochaverá Corporate Towers em São Paulo, complexo de escritórios de alto padrão em São

Paulo recebeu a certificação Leed CS - Core and Shell Development Project, na categoria Gold,

que comprova que o empreendimento atende a todos os requisitos necessários para aliar o

máximo aproveitamento dos recursos naturais com a redução do impacto ambiental da

construção - durante a obra e, também, no período de funcionamento do edifício.

Para otimizar o funcionamento do sistema de refrigeração do edifício, houve um estudo

detalhado da fachada, que ganhou planos inclinados e ficou com 59% de sua superfície opaca

e 41% translúcida. Ela foi dividida em módulos para a realização de estudos do tratamento

externo conforme a orientação solar.

As mesmas soluções implantadas em outros edifícios certificados projetados pelo escritório,

como o Eldorado Business, de São Paulo, e o Ventura Corporate Towers, no Rio de Janeiro,

também estão presentes no Rochaverá, como o uso de vidros de alto desempenho, esquadrias

com o máximo de estanqueidade, além da medição individualizada de água e energia elétrica.

Somente a redução no consumo de energia elétrica deste empreendimento chega a 15%.

Figura 3 – Foto do Rochaverá Corporate Towers - São Paulo – SP

Fonte: Téchne, 2010

12

O Edifício Ventura Corporate Towers (RJ) recebeu a Certificação Leed CS - Core and Shell

Development Project, na categoria Gold, que trata da envoltória do empreendimento, suas áreas

comuns e internamente com o sistema de ar-condicionado e elevadores.

Nas fachadas, a proporção entre as superfícies opaca e a translúcida (WWR) ficou em 58%

translúcido e 42% opaco. O edifício incorpora vidros de alto desempenho, que reduzem os

efeitos da incidência solar sem comprometer a entrada de luz.

Foram planejadas esquadrias com o máximo de estanqueidade, visando minimizar a penetração

de ar (o que eleva a eficiência energética do sistema de ar-condicionado), sem comprometer a

visão externa e a iluminação natural.

No quesito consumo, o Ventura conta com medição individualizada de água e energia elétrica.

O elevador oferece sistema de antecipação de chamada (ADC) e regenerador de energia - que

gerencia a energia gasta nas frenagens e arranques. Já o sistema de ar-condicionado é do tipo

VRV (Volume de Refrigeração Variável), que opera individualmente por ambiente. Há, ainda,

o sistema de dimerização da iluminação junto à fachada.

Para reduzir ao máximo o consumo de água, o edifício oferece reservatório para retenção de

água de chuva com tratamento para reutilização. A água é destinada à irrigação. Há também o

aproveitamento da água de condensação do sistema de ar-condicionado e em todo o edifício há

aparelhos economizadores nas bacias, lavatórios e mictórios.

O projeto do Ventura priorizou o máximo de área verde permeável e o uso de acabamentos

claros para evitar absorção de calor na cobertura. Os espaços destinados ao estacionamento têm

ampla área coberta também para evitar ilhas de calor. Oferecem ainda vagas exclusivas para

veículos movidos a álcool e GNV e um bicicletário.

Figura 4 – Foto do Ventura Corporate Towers – Rio de Janeiro - RJ

Fonte: Téchne, 2010

13

No edifício, foram utilizadas madeiras certificadas e o projeto priorizou o uso de materiais

fornecidos em regiões próximas ao empreendimento, minimizando o impacto com transporte

na cidade. E o lixo produzido no empreendimento conta com depósitos especiais identificando

baias e prateleiras para plásticos, metais, papel, papelão, vidro e orgânicos.

2.3.2. AQUA

O processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) de certificação, criado em 2008 pela Fundação

Vanzolini, é o primeiro selo de certificação de construções sustentáveis adaptado à realidade

brasileira, inspirado no selo francês Démarche HQE.

A certificação tem como objetivo obter a qualidade ambiental de um empreendimento de

construção ou de reabilitação. O selo é emitido por fases, onde são avaliados: Programa -

definição das necessidades e o desempenho do projeto; Concepção - o sistema de gestão

proposto é mantido e há correção de eventuais desvios; Realização – a meta é alcançar o

máximo de eficiência com a menor presença de desvios e Operação – obra até sua conclusão.

O controle do projeto em todas as suas fases deve ser feito pelo Sistema de Gestão do

Empreendimento (SGE), de forma que sejam atendidos os critérios de desempenho da

Qualidade Ambiental do Edifício (QAE).

Quadro 5 –Aspectos avaliados pelo AQUA

Fonte: Nova arquitetura, 2007

1. Relação do edifício com seu entorno

2. Escolha integrada de produtos, sistemas e

processos construtivos

3. Canteiro de obra com baixo impacto

ambiental

4. Gestao de energia

5. Gestão de água

6. Gestão de resíduos de uso e operação do

edifício

7. Manutenção - Permanência do desempenho

ambiental

8. Conforto hidrotérmico

9. Conforto acústico

10. Conforto visual

11. Conforto olfativo

12. Qualidade sanitária dos ambientes

13. Qualidade sanitária do ar

14. Qualidade sanitária da água

Criar espaço interno sadio e confortável

Eco-construção

Eco-gestão

Conforto

Saúde

Gerenciar impactos sobre o ambiente externo

14

O AQUA leva em conta as especificidades do Brasil para elaborar 14 critérios avaliam a gestão

ambiental das obras e as especificidades técnicas e arquitetônicas. Esses critérios estão

apresentados no quadro acima:

A certificação é concedida ao final de cada fase, mediante verificação de atendimento ao

Referencial Técnico. O AQUA possui três classificações: bom, superior e excelente. Para obter

a certificação, o projeto deve conseguir classificar no mínimo três categorias em nível excelente

e não mais do que sete categorias em nível bom.

O processo AQUA oferece benefícios para o empreendedor, para o comprador e sócio-

ambientais, os quais estão listados no quadro a seguir.

Quadro 6: Benefícios do certificado AQUA

Fonte: FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2010

A seguir podemos conferir exemplos de certificação AQUA.

Provar a Alta Qualidade Ambiental das suas

construções

Diferenciar seu portifólio no mercado

Aumentar a velocidade de vendas ou locação

Manter o valor do seu patrimônio ao longo do

tempo

Associar a imagem da empresa à Alta Qualidade

Ambiental

Melhorar o relacionamento com orgão ambientais

e comunidades

Economia direta de água e energia

Conservação e manutenção

Menores custos de condomínio - energia e água

Conservação e manutenção

Melhores condições de conforto, saúde e estética

Maior valor patrimonial ao longo do tempo

Menor consumo de energia

Menor consumo de água

Redução das emissões de Gases de efeito estufa

Redução da poluição

Melhores condições de saúde nas edificações

Melhor aproveitamento da infraestrutura local

Menor impacto na vizinhança

Melhores condições de trabalho

Redução da produção de resíduos

Gestão de riscos naturais, solo, água, ar...

Benefícios da certificação AQUA

Empreendedor

Comprador

Sócios-ambientais

15

Desde outubro, o Brasil mantém a primeira loja de varejo a receber a Certificação Aqua (Alta

Qualidade Ambiental). Trata-se da unidade da Leroy Merlin - loja especializada em materiais

de construção - que fica em Niterói (RJ). Quando resolveu certificar o empreendimento, o

gerente de obras Pedro Sarro sabia que enfrentaria dificuldades para atingir seus objetivos, mas

usou sua experiência pessoal em gestão de obras para alcançá-los.

Mesmo a certificação Aqua, baseada na HQE francesa, precisava de ajustes.

As iniciativas favoráveis ao meio ambiente no empreendimento são o uso de piso de concreto

polido, que dispensa cera ou removedor e requer pouca água para a limpeza; a criação de um

depósito de 150 mil litros de água de reúso para os vasos sanitários, limpeza da loja e

manutenção dos jardins; reaproveitamento do piso do antigo estacionamento que havia no local

de implantação da loja; uso de tintas à base de água; válvulas sanitárias de duplo fluxo nos

banheiros; mictórios que não utilizam água e nem produtos químicos na descarga; ar-

condicionado com ajuste automático de temperatura; coletores solares para aquecimento da

água e iluminação da fachada com leds, que gastam três vezes menos energia. A loja com mais

de 17 mil m2 oferece 50% de economia de água e 17% de energia elétrica em relação a um

empreendimento convencional deste porte.

Em todo o mundo, a Leroy Merlin mantém 800 lojas e a de Niterói, no Brasil, é a primeira a

ser certificada. A obra levou 130 dias para ser concluída e todo o projeto - desde seu programa,

concepção até a realização - exigiu oito meses de trabalho. Com a certificação, o custo da obra

teve um acréscimo de 8%, mas Sarro calcula que o retorno financeiro deve acontecer em seis

anos.

Figura 5 – Foto da Leroy Merlin – Niterói - RJ

Fonte: Téchne, 2010

16

O conjunto habitacional a ser implantado pela Incorporadora e Construtora Trisul na cidade de

São Carlos (SP) poderá ser o primeiro empreendimento desta categoria a receber uma

certificação ambiental no Brasil.

A empresa optou pelo processo Aqua, por julgá-lo adaptado à realidade brasileira. O conjunto,

que atualmente está em fase de aprovação junto aos órgãos públicos, prevê a construção de seis

edifícios de 12 andares cada, com seis apartamentos por andar, além de 167 casas com dois e

três dormitórios cada. O local abrigava um antigo hotel-fazenda e oferece uma ampla área verde

com mata nativa, que será recuperada e preservada, onde é possível encontrar espécies

protegidas, como as araucárias.

Além de um programa de preservação e manutenção da área verde, o empreendimento deve

contar com soluções para a captação e o reaproveitamento da água da chuva, ventilação e

iluminação naturais, reciclagem de lixo etc.

2.3.3. SELO CASA AZUL CAIXA

O Selo Casa Azul CAIXA, desenvolvido pela Caixa em 2010, é o primeiro instrumento de

classificação socioambiental de projetos habitacionais direcionado para a realidade da

construção habitacional disponível no Brasil. O objetivo da certificação é reconhecer os

projetos habitacionais que apresentam contribuições para a redução dos impactos ambientais.

O sistema busca identificar os empreendimentos que adotam soluções mais eficientes aplicadas

à construção, ao uso, à ocupação e à manutenção das edificações.

O Selo Casa Azul CAIXA possui três categorias, sendo elas: ouro, prata e bronze. A obtenção

do selo de determinada categoria depende da quantidade de critérios atendidos pelo

empreendimento solicitante, que pode obter auxílio através do Guia CAIXA de

Sustentabilidade Ambiental – Selo Casa Azul. A certificação possui seis preceitos analisados,

são eles: Qualidade Urbana, Projeto e Conforto, Eficiência Energética, Conservação de

Recursos Materiais, Gestão da Água e Práticas Sociais. (CAIXA, 2010) A implementação do

selo busca o incentivo do uso racional de recursos ambientais na construção de

empreendimentos habitacionais, a redução do custo de manutenção dos edifícios e as despesas

mensais de seus usuários, bem como a promoção da conscientização de empreendedores e

moradores sobre as vantagens das construções sustentáveis. (CAIXA, 2010)

17

Quadro 7A: Resumo categorias, critérios e classificação

Fonte: CAIXA, 2010

Bronze Prata Ouro

1. QUALIDADE URBANA obrigatório

1.1. Qualidade do Entorno - Infraestrutura obrigatório

1.2. Qualidade do entorno - Impactos

1.3. Melhorias no Entorno

1.4. Recuperação de áreas degradadas

1.5 Reabilitação de imóveis

2. PROJETO E CONTORNO

2.1. Paisagismos obrigatório

2.2. Flexibilidade de projeto

2.3. Relação com a Vizinhança

2.4. Solução Alternativa para o transporte

2.5. Local para Coleta Seletiva obrigatório

2.6. Equipamentos de Lazer, Sociais e Esportivos obrigatório

2.7 Desempenho térmico - Vedações obrigatório

2.8 Desempenho Térmico - Orientação ao Sol e Ventos obrigatório

2.9 Iluminação Natural de áreas comuns

2.10. Ventilação e Iluminação Natural de Banheiros

2.11 Adequação às condições Físicas do Terreno

3.1. Lâmpadas de Baixo consumo - áreas privativas obrigatório

3.2 Dispositivos economizadores - áreas comuns obrigatório

3.3 Sistema de aquecimento solar

3.4. Sistemas de aquecimento à Gás

3.5 Medição individualizada - Gás obrigatório

3.6 Elevadores Eficientes

3.7 Eletrodomésticos Eficientes

3.8 Fontes alternativas de energia

4 CONSERVAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

4.1 Coordenação modular

4.2 Qualidade de Materiais e Componentes obrigatório

4.3. Componentes Industrializados ou Pré-fabricados

4.4. Formas e Escoras Reutilizaveis obrigatório

4.5. Gestão de Resíduos de construção e Demolição (RCD) obrigatório

4.6 Concreto com dosagem otimizada

4.7 Cimento de Alto-forno (CPIII) e Pozolânico (CP IV)

4.8 Pavimentação com RCD

4.9 Facilidade de Manutenção da fachada

5. GESTÃO DA ÁGUA

5.1. Medição individualizada - água obrigatório

5.2 Dispositivos economizadores - sistema de descarga obrigatório

5.3 Dispositivos economizadores - arejadores

5.4 Dispositivos economizadores - registro reguladore de vazão

5.5 Aproveitamento de águas pluviais

5.6. Retenão de águas pluviais

5.7 Infiltração de águas pluviais

5.8 Áreas permeáveis obrigatório

Critérios

obrigatórios

+ 6 itens de

livre

escolha

Critérios

obrigatórios

+ 12 itens

de livre

escolha

Quadro Resumo - Categorias, Critérios e Classificação

ClassificaçãoCategorias/ Critérios

18

Quadro 7B: Resumo categorias, critérios e classificação

Fonte: CAIXA, 2010

2.3.4. PROCEL EDIFICA

O Procel Edifica, voltado à Eficiência Energética das Edificações (EEE) e ao Conforto

Ambiental (CA), consiste numa etiquetagem elaborada pelo subprograma do Procel (Programa

Nacional de Conservação de Energia Elétrica) do Governo Federal com o intuito de promover

a eficiência energética nas edificações brasileiras, de forma a contribuir para a conservação de

energia elétrica.

Sua criação foi estimulada pela possibilidade de aproveitar o potencial de conservação de

energia no setor das edificações através de intervenções tipo retrofit. A economia pode superar

50% do consumo nas novas edificações, através do uso de tecnologias energeticamente

eficientes desde a concepção até o final do projeto.

A etiqueta aplica-se tantos aos edifícios comerciais, de serviços e públicos quanto as

residências. Nos três primeiros são avaliados três sistemas individuais, sendo eles: envoltória,

iluminação e condicionamento de ar. Nos edifícios residências são avaliados: envoltória e o

sistema de aquecimento de água, além dos sistemas presentes nas áreas comuns dos edifícios

multifamiliares, como iluminação, elevadores, bombas centrífugas. (PROCEL INFO, 2003)

A etiqueta é concedida em dois momentos: na fase de concepção do projeto e após a construção

do edifício. É realizada uma classificação geral, que pode ser acrescida de bonificações

relacionadas ao uso eficiente da água, emprego de fontes alternativas de energia ou qualquer

inovação tecnológica que promova a eficiência energética. Os níveis de eficiência variam de A

Bronze Prata Ouro

6. PRÁTICAS SOCIAIS

6.1 Educação para gestão de RCD obrigatório

6.2 Educação Ambiental dos empregados obrigatório

6.3 Desenvolvimento pessoal dos empregados

6.4 capacitação profissional dos empregados

6.5 Inclusão de trabalhadores locais

6.6 Participação da Comunidade na Elaboração do projeto

6.7 Orientação aos moradores

6.8 Educação Ambiental dos Moradores obrigatório

6.9 Capacitação para Gestão do Empreendimento

6.10 Ações para Mitigação de Riscos Sociais

6.11 Ações para a geração de emprego e renda

Categorias/ Critérios

Quadro Resumo - Categorias, Critérios e Classificação

Classificação

Critérios

obrigatórios

+ 6 itens de

livre

escolha

Critérios

obrigatórios

+ 12 itens

de livre

escolha

19

(mais eficiente), até E (menos eficiente). O projeto do edifício pode ser avaliado pelo método

prescritivo ou pelo método da simulação, enquanto o edifício construído deve ser avaliado por

meio de inspeção in loco. (PROCEL INFO, 2003)

2.3.5. HQE

A certificação HQE (Haute Qualité Environnementale) foi desenvolvida na França em 2002,

fruto da ECO 92, baseada nos referenciais de desempenho elaborados pelo CSTB (Centre

Scientifique et Technique du Bâtiment), criado em 1947. O selo é um processo de gestão de

projeto que orienta o projeto fornecendo experiência em qualidade ambiental.

Esse processo de certificação proporciona benefícios como a qualidade de vida para o usuário,

economia de água e energia, disposição de resíduos e manutenção e contribuição para o

desenvolvimento sócio-econômico-ambiental da região.

Para obter a certificação HQE é preciso obedecer aos critérios especificados como:

gerenciamento dos impactos sobre o ambiente ar livre; promover uma relação harmoniosa entre

o empreendimento e seu entorno; escolha integrada de métodos de construção e de materiais;

minimização do consumo de energia; diminuição do uso de água; redução de perdas em

operação. (HQE, 2010)

20

3. INDUSTRIALIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

3.1 HISTÓRICO

Já foi constatado que a atividade humana no planeta aumenta a concentração de gases efeito

estufa na atmosfera. A criação da primeira máquina a vapor é considerada um marco importante

como o início da revolução industrial, época que onde houve o aumento da produtividade, das

exportações, do processo de urbanização e das primeiras teorias sobre a economia moderna

através da obra “A Riqueza das Nações” de Adam Smith (1776). Não por acaso, na mesma

época, é constatado o início do aumento significativo da concentração de CO2 na atmosfera

como pode ser visto na figura a seguir. (SACHS, 2014).

Figura 6 – Progressão anual da concentração dos principais gases estufa na atmosfera

Fonte: SACHS, 2014

Muito se tem dito, no mundo da construção, sobre a definição da industrialização. Porém não

existe mais que uma definição: a industrialização é a utilização de tecnologias que substituem

a habilidade do artesanato pelo uso da máquina.

As máquinas, que o homem inventou desde a mais remota antigüidade, somente na idade média

passam a assumir formas que já trazem implícitos os princípios da padronização.

Mais tarde, com o advento da revolução industrial, a construção passa a utilizar máquinas de

toda a espécie. A mecanização, entretanto, é utilizada subsidiariamente para a execução de

operações pesadas, mais que para operações repetitivas. Da mecanização se sobressai

especialmente a indústria de materiais, que se desenvolve rapidamente. Nesta, porém, a

máquina desempenha um papel mais eficiente.

21

A máquina gera uma ambigüidade sempre acentuada entre a construção como atividade

principal que realiza o produto final e a indústria de materiais que a supre. Embora ainda não

completamente desvinculada do regime de produção por encomendas, a indústria de materiais

pode em geral organizar a produção em ciclos definidos, com séries repetitivas.

A causa do fenômeno deve ser procurada na própria essência do ato de construir. Em primeiro

lugar se destacam a variabilidade e a descentralização da produção. O produto é geralmente

único e executado em local diferente. O ciclo de produção é fracionado em fases, realizadas em

postos de trabalho diferentes, o que obriga os operários a se locomover enquanto o produto fica

imóvel. Fábrica e oficina são substituídas pelo canteiro, que é sempre de caráter temporário, em

condições mais de adaptação à produção do que propriamente de organização. O próprio caráter

do produto dificulta a proteção da influência desfavorável de perturbações externas

imprevisíveis.

O impacto da revolução industrial e do surgimento das ciências das construções fraciona, mais

profundamente, o processo de edificações em duas fases: de concepção e de execução,

diferenciando a atuação dos profissionais envolvidos e acrescentando o industrial, isto é, o

fabricante de materiais.

Rompida a unidade original do processo de edificação, desaparecidos os mestres construtores,

os arquitetos se colocando, em muitos casos, mais preocupados com a forma do que com a

técnica, estimulada a especialização profissional com intervenção de outros profissionais

especialistas nas mais variadas áreas, a conseqüência, devido a uma dificuldade inicial de

coordenação do todo, é um rendimento operacional da indústria da construção mais baixo do

que se registra em outros setores industriais.

Por outro lado, a indústria de edificação, operando por ciclos de produção relativamente longos,

toma decisões que se referem a um mercado futuro, assumindo riscos e enfrentando incertezas.

Esta falta freqüente de domínio do mercado, decorrente também da dificuldade, em muitos

casos, de fazer previsões face às flutuações da demanda e à influência de fenômenos

conjunturais, obriga este setor da produção a assumir uma atitude de defesa que se baseia,

principalmente, num fracionamento da sua estrutura, visando distribuir e diluir os prejuízos.

Tem-se várias definições que não são verdadeiras sobre o que seria a industrialização,

chegando-se até a dizer que, para ser industrializado, o produto tem de ser feito em fábricas

cobertas e não ao ar livre, o que colocaria o trabalho no canteiro de obras sem condições de ser

industrializado. Isto é uma incorreção pois, na verdade, a industrialização não se caracteriza

22

pelo espaço onde é desenvolvida, mas sim pela tecnologia que é utilizada, baseada nos conceitos

de normalização, padronização e série.

Segundo Blachere 1977, “A produção em série é uma condição necessária para o emprego de

uma tecnologia industrializada. Unicamente a determinante de um processo industrial e só

existe industrialização se há uma tecnologia mecanizada envolvida no processo”.

3.2 DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS INDUSTRIALIZADOS

Os sistemas construtivos escolhidos para serem descritos são os mais relevantes para uma

posterior análise sobre sua modulação e seu impacto sobre o desenvolvimento sustentável:

Quadro 8: Apresentação dos métodos estudados e seus elementos estruturais

Fonte: Autor

3.2.1. LIGHT STEEL FRAMING

O Light Steel Framing (LSF) é um sistema construtivo que utiliza perfis de aço dobrados a frio

como estrutura, que trabalha em conjunto com os subsistemas racionalizados, proporcionando

uma construção industrializada e a seco. O sistema é caracterizado pela concepção de

racionalização e modulação, que é, cada vez mais, utilizado no Brasil (RODRIGUES, 2006).

Sua base estrutural que formula o projeto em LSF é fundamentada em um grande número de

elementos estruturais resistindo a uma pequena parcela da carga total aplicada, assim é possível

elementos mais esbeltos e painéis mais leves e com facilidade de manipulação (RODRIGUES,

2006).

Figura 7 – Desenho esquemático de uma residência em Light Steel Framing

Fonte: CASTRO, 2005

Processos Construtivos Estudados Elementos Construtivos modulares

Light Steel Framing Paredes, Pilares, Vigas e Cobertura

Sistemas construtivos pré-moldados de concreto Lajes, Pilares, Vigas, Blocos de fundação e Escadas

Painéis pré-moldados com blocos cerâmicos Paredes e Lajes

23

3.2.1.1.ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO LIGHT STEEL FRAMING

Basicamente a estrutura em Steel Framing é composta de paredes, pisos e cobertura. Reunidos

possibilitam a integridade estrutural da edificação, resistindo aos esforços que solicitam a

estrutura. (CASTRO, 2005)

As paredes que constituem a estrutura são denominadas de painéis estruturais ou autoportantes

e são compostos por grande quantidade de perfis galvanizados muito leves denominados

montantes, que são separados entre si 400 ou 600 mm. Esta dimensão é definida de acordo com

o cálculo estrutural, e determina a modulação do projeto. A modulação otimiza custos e mão-

de-obra na medida que se padronizam os componentes estruturais, os de fechamento e de

revestimento. Os painéis têm a função de distribuir uniformemente as cargas e encaminhá-las

até o solo. O fechamento desses painéis pode ser feito por vários materiais, mas, normalmente,

utilizam-se placas cimentícias ou placas de OSB (oriented strand board) externamente, e chapas

de gesso acartonado.

Figura 8 – Foto de LSF com OSB

Fonte: TÉCHNE, 2013

Os pisos, partindo do mesmo princípio dos painéis, utilizam perfis galvanizados na horizontal

e obedecem à mesma modulação dos montantes. Esses perfis compõem as vigas de piso,

servindo de estrutura de apoio aos materiais que formam a superfície do contrapiso. As vigas

de piso estão apoiadas aos montantes de forma a permitir que suas almas estejam em

coincidência com as almas dos montantes, dando origem ao conceito de estrutura alinhada ou

24

“in-line framing”. Essa disposição permite garantir que predomine esforços axiais nos

elementos da estrutura.

Figura 9 – Foto do piso com vigas LSF

Fonte: CASTRO, 2005

Atualmente, com a pluralidade de manifestações arquitetônicas, o arquiteto dispõe de várias

soluções para coberturas de seus edifícios. Muitas vezes, a escolha do telhado pode remeter a

um estilo ou uma tendência de época. Independente da tipologia adotada, desde a coberta plana

até telhados mais elaborados, a versatilidade do Steel Framing possibilita ao arquiteto liberdade

de expressão. Quando se trata de coberturas inclinadas, a solução se assemelha muito à da

construção convencional com o uso de tesouras, porém substituindo o madeiramento por perfis

galvanizados. As telhas utilizadas para a cobertura podem ser cerâmicas, metálicas, de cimento

reforçado por fios sintéticos ou de concreto. Também é comum o uso de telhas “shingles”, que

são compostas de material asfáltico (CASTRO, 2005).

Figura 10 – Foto demonstrando uma casa com paredes e cobertura em LSF

Fonte: TÉCHNE, 2010

25

3.2.1.2.MÉTODOS CONSTRUTIVOS DO LSF

Basicamente existem cinco métodos de construção usando o Light Steel Framing:

A) Método “Stick”

Neste método de construção os perfis são cortados no canteiro de obra, e painéis, lajes, colunas,

contraventamentos e tesouras de telhados são montados no local. Os perfis podem vir

perfurados para a passagem de instalações elétricas e hidráulicas e os demais subsistemas são

instalados posteriormente a montagem da estrutura. Essa técnica pode ser usada e locais onde

a pré-fabricação não é viável. As vantagens e desvantagens desse método construtivo estão

descritos a seguir:

Quadro 9: Vantagens e desvantagens do método Stick

Fonte: CASTRO, 2005

Figura 11 – Steel Framing montado pelo método Stick

Fonte: CASTRO, 2005

Vantagens Desvantagens

Não há a necessidade do construtor possuir um

local para a pré-fabricação do sistema;Montagem muito mais lenta;

Facilidade de transporte das peças até o canteiro;Requer mão-de-obra mais especializada no canteiro

se comparado ao método por painéis

As ligações são de fácil execução.

Vantagens e Desvantagens do método Stick

26

B) Método por painéis:

Painéis estruturais ou não estruturais, contraventamento, lajes e tesouras de telhado podem ser

pré-fabricadas fora do canteiro e montadas no local. Alguns materiais de acabamento podem

também ser aplicados na fábrica para diminuir o tempo da construção. Os painéis e subsistemas

são conectados no local usando as técnicas convencionais (parafusos auto-brocantes e auto-

atarrachantes). As principais vantagens e desvantagens desse método são:

Quadro 10: Vantagens e desvantagens do método por painéis

Fonte: CASTRO, 2005

Figura 12 – Elementos estruturais pré-fabricados em oficinas e levados a obra

Fonte: CASTRO, 2005

C) Construção modular:

As construções modulares são unidades completamente pré-fabricadas na indústria e podem ser

entregues no local da obra com todos os acabamentos internos como revestimentos, louças

sanitárias, bancadas, mobiliários fixos, metais, instalações elétricas e hidráulicas. As unidades

podem ser estocadas lado a lado, ou uma sobre as outras já na forma da construção final.

Vantagens Desvantagens

Velocidade de montagem;

Alto controle de qualidade na produção dos

sistemas;

Minimização do trabalho na obra;

Aumento da precisão dimensional devido às

condições mais propícias de montagem dos sitemas

na fábrica.

Vantagens e Desvantagens do método por painéis

Construtor necessita de um ambiente apropriado

como uma oficina para confecção dos

componentes.

27

Exemplo muito comum desse tipo de construção são os módulos de banheiros para obras

comerciais ou residenciais de grande porte.

Figura 13 – Unidades modulares empilhadas.

Fonte: CASTRO, 2005

D) Balloon Framing e Platform Framing

A construção tipo stick ou por painéis podem ser montadas na forma de “balloon” ou

“platform”. Na construção “balloon” a estrutura do piso é fixada nas laterais dos montantes e

os painéis são geralmente muito grandes e vão além de um pavimento.

Na construção “platform”, pisos e paredes são construídos sequencialmente em pavimento a

cada vez, e os painéis não são estruturalmente contínuos. As cargas de piso são descarregadas

axialmente aos montantes. É um método bastante utilizado nas construções atuais (CASTRO,

2005).

3.2.2. SISTEMAS CONSTRUTIVOS EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO

Uma estrutura feita em concreto pré-moldado é aquela em que os elementos estruturais, como

pilares, vigas, lajes e outros, são moldados e adquirem certo grau de resistência, antes do seu

posicionamento definitivo na estrutura. Por este motivo, este conjunto de peças é também

conhecido pelo nome de estrutura pré-fabricada.

Estas estruturas podem ser adquiridas junto a empresas especializadas, ou moldadas no próprio

canteiro da obra, para serem montadas no momento oportuno. A decisão de produzi-las na

própria obra depende sempre de características específicas de cada projeto.

28

O uso de concreto pré-moldado em edificações está amplamente relacionado à uma forma de

construir econômica, durável, estruturalmente segura e com versatilidade arquitetônica. A

indústria de pré-moldados está continuamente fazendo esforços para atender as demandas da

sociedade, como por exemplo: economia, eficiência, desempenho técnico, segurança,

condições favoráveis de trabalho e como principalmente no foco deste trabalho, a

sustentabilidade.

Figura 14 – Uso de elementos pré-moldados na execução de edifícios

Fonte: TECHNE, 2015

A norma brasileira NBR 9062 define a diferença entre pré-moldado e pré-fabricado. Pré-

fabricado são os elementos produzidos em usina ou instalações analogamente adequadas os

recursos para produção e que disponham de pessoal, organização de laboratório e demais

instalações permanentes para o controle de qualidade, devidamente inspecionada pela

fiscalização do proprietário. Pré-moldado são os elementos produzidos em condições menos

rigorosas de controle de qualidade e classificados como pré-moldados devem ser inspecionados

individualmente ou por lotes, através de inspetores do próprio construtor, da fiscalização do

proprietário ou de organizações especializadas, dispensando-se a existência de laboratório e

demais instalações congêneres próprias.

29

É de fundamental importância, portanto, um estudo criterioso dos custos que envolvem

transportes, dimensões das peças, aquisição de formas, tempo de execução, espaço no canteiro,

equipamentos disponíveis, controle tecnológico, acabamento e qualidade.

3.2.2.1.ELEMENTOS ESTRUTURAIS DOS PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO

A) Fundação:

As fundações para estruturas que recebem elementos pré-moldados são diferentes do modelo

construtivo tradicional. No modelo tradicional em que a estrutura é moldada in loco com os

pilares engastados no bloco de fundação compondo uma estrutura rígida e travada. Com o uso

de pré-moldado isto não ocorre, as fundações são executadas de acordo com o projeto e recebem

os pilares posteriormente.

Figura 15 – Conjunto de cilindros pré-moldados para projeto de fundações

Fonte: GOMES E GUERRA, 2016

B) Pilar:

Os pilares pré-moldados possuem seções de diferentes dimensões e formas de acordo com a

necessidade do projeto. As formas mais comuns são quadradas ou retangulares, sua superfície

de concreto é lisa e as bordas são chanfradas podendo ser maciços ou possuir um furo central

para escoamento de água proveniente de uma estrutura do telhado.

30

São elementos que apresentam maior dificuldade para serem padronizados devido a sua alta

complexidade, pois tem tamanhos variados de acordo com a arquitetura do projeto e recebem

os consoles que dão apoio as vigas. Sua dimensão mínima é de 30 cm, para facilitar a fabricação

obedecem a variações múltiplas de 10 cm e o seu comprimento máximo é definido pela

limitação do transporte que é 24 m. Para elementos maiores em comparação aos custos de

transporte é mais econômico a confecção no canteiro de obras.

Na sua produção, são posicionados furos de acordo com o cálculo estrutural que servirão de

guia para facilitar o içamento dos elementos para transporte e montagem da estrutura. No nível

das lajes os pilares recebem consoles que darão apoio às vigas.

Figura 16 – Pilares pré-moldados

Fonte: CASSOL, 2016

Em concreto armado, os pilares possuem, quando necessário, duto central para escoamento das

águas pluviais, e consolos para apoio das vigas. Os consolos podem ser de forma trapezoidal

ou retangular. As dimensões transversais dos pilares podem variar de 5 cm em 5 cm.

31

Figura 17 – Esquema de um pilares pré-moldados destacando o duto central para passagem de águas pluviais

Fonte: CASSOL, 2016

C) Viga:

São elementos que tem um estudo mais detalhado dentro do cálculo estrutural, usualmente tem

uma tendência de repetição para facilitar a fabricação. Podem ser de concreto armado ou

protendido, sua principal função estrutural é dar suporte a laje de piso, elementos de cobertura,

painéis de fechamento e etc. Suas formas variam em formatos “I”, “T” e retangulares.

(SENDEN, 2015)

Figura 18 – Viga pré-moldada de perfil I sendo posicionada no local

Fonte AUTOR, 2015

32

D) Laje

As lajes em concreto pré-moldado são muito vantajosas, pois apresentam uma rapidez na sua

montagem, não necessitam de escoramentos, possuem alto desempenho mecânico, conseguem

vencer grandes vãos e as suas faces inferiores possuem acabamento satisfatório para ficarem

aparentes.

Figura 19 – Laje pré-moldada posicionada no local.

Fonte: PDG, 2016

E) Escada:

Os elementos pré-fabricados de escadas possuem acabamento de superfície liso, rugoso e

polido. São muito versáteis, pois após a sua instalação não necessitam de acabamentos como

ocorre nas escadas moldadas in loco. As escadas pré-moldadas mais comuns são as retas, elas

posem ser divididas em patamares. As escadas tipo monobloco são usadas para compor caixas

de escada ou andares individualmente.

Figura 20 – Escada pré-moldada

Fonte: CASSOL, 2016

33

3.2.2.2.MÉTODOS CONSTRUTIVOS PARA PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO

Os elementos de concreto pré-moldado chegam à obra transportados por caminhões e carretas.

O canteiro de obra deve apresentar uma área destinada à manobra destes caminhões e

descarregamento das peças. Caso a obra não tenha este espaço, a chegada dos carregamentos

deve ocorrer em um horário onde não cause transtornos nas ruas próximas. Os elementos pré-

moldados deverão ser apoiados em terreno firme sobre calços de madeira macia.

Figura 21 – Transporte de laje pré-moldada

Fonte: SENDEN, 2015

A disposição dos elementos pré-moldados dentro do caminhão não deve ultrapassar a sua tara

e a forma como são apoiados deve ser observada para evitar trincas ou fissuras durante o

transporte que poderão comprometer a qualidade da peça. Furos para colocação de pinos,

chapas e alças de içamento devem estar totalmente livres de obstrução para o correto içamento

dos elementos.

Segundo EL DEBS (2000), para movimentação dos elementos pré-moldados, são necessários

equipamentos e dispositivos auxiliares, exceto nos casos de elementos muito pequenos, em que

essa operação é realizada de forma manual. Os dispositivos auxiliares para manuseio dos

elementos são necessários para o içamento.

34

Existem vários fatores que influenciam na escolha correta do equipamento que será utilizado

para realizar a montagem dos elementos pré-moldados. Desde as condições do terreno, etapas

de montagem de trechos até o período de tempo em que se propõe durar a fase de montagem da

estrutura. EL DEBS (2000) lista uma relação de fatores que são importantes na hora da escolha

dos equipamentos no quadro a seguir:

Quadro 11: Fatores importantes na escolha dos equipamentos

Fonte: EL DEBS (2000)

Figura 22 – Içamento de viga pré-moldada

Fonte: SINDTRAN, 2016

Fatores importantes na escolha dos equipamentos:

Pesos, dimensões e raios de levantamento das peças

mais pesadas e maiores.

Número de levantamentos a serem feitos e frequência

das operações.

Mobilidade requerida, condições de campo e espaço

disponível.

Necessidade de transporte os elementos levantados.

Necessidades de manter os elementos no ar por longos

períodos.

Condições topográficas de acesso.

Disponibilidade e custo do equipamento

35

3.2.3. PAINÉIS PRÉ-FABRICADOS COM BLOCOS CERÂMICOS

A maneira mais utilizada de construir no Brasil para vedação é a utilização de tijolos cerâmicos.

Com o intuito de gerar produtividade e economia de capital humano e econômico, idealizou-se

um sistema construtivo pré-fabricado que utiliza tijolos cerâmicos, e que por natureza obriga o

construtor a planejar previamente toda sua obra, o qual denominou “Sistema Construtivo de

Painéis Pré Fabricados em Blocos Cerâmicos”.

Este sistema construtivo consiste na utilização de painéis pré-fabricados com blocos cerâmicos

furados, unidos com argamassa, reforçados com concreto armado em seu perímetro e revestidos

nas duas faces com argamassa de cimento, cal e areia.

3.2.3.1.MÉTODO CONSTRUTIVO DE PAINÉIS PRÉ-FABRICADOS COM BLOCOS

CERÂMICOS

Os painéis são constituídos de blocos cerâmicos vazados e nervuras de concreto armado.

O sistema caracteriza-se pela união entre painéis pré-fabricados, apoiados sobre fundação

projetada e executada sob supervisão da Kit Casa. Oitões pré-fabricados com blocos cerâmicos

e nervuras de concreto armado são apoiados sobre os painéis das paredes ou sobre lajes pré-

fabricadas de concreto armado.

Figura 23 – Linha de produção em obra

Fonte: Téchne, 2010

Segue a seguir a sequência de etapas para produção dos painéis:

36

Quadro 12: Sequência de etapas para produção dos painéis

Fonte: Autor, 2016

Figura 24 – Molde e mesa para fabricação dos painéis

Fonte: Casas Olé, 2016

Figura 25 – Painel em processo de fabricação

Fonte: Téchne, 2010

1º Preparação das pistas de concretagem;

2ºColocação dos gabaritos metálicos (contorno de

painel e vãos)

3º Posicionamento dos blocos cerâmicos

4º Posicionamento da armadura

5º Concretagem das nervuras

6º Aplicação de argamassa nas juntas

7ºAplicação de argamassa de revestimento na face do

painel

8º Cura do painel

9ºIçamento e aplicação da argamassa de revestimento

na outra face, com o painel na vertical

Etapas de produção em fábrica:

37

Figura 26 – Painel em processo de secagem

Fonte: Casas OLÉ, 2016

Figura 27 – Painel curado, pronto para montagem

Fonte: Casas OLÉ, 2016

Segue abaixo a sequencia de etapas para montagem na obra dos painéis:

Quadro 13: Sequência de etapas para montagem dos painéis na obra

Fonte: Casas OLÉ, 2016

1º Transporte para a obra

2º Preparação da fundação

3º Colocação dos painéis

4º Solidarizarão entre painéis com solda

5º Colocação das lajes

6º Execução da cobertura

7ºProteção e vedação das juntas entre painéis

de parede

8º Retoques e revestimento final – pintura

Etapas para montagem na obra dos painéis:

38

Figura 28 – Execução da sapata corrida

Fonte: Téchne, 2010

Figura 29 – Instalação das paredes

Fonte: Téchne, 2010

Figura 30 – Montagem da laje

Fonte: Téchne, 2010

Figura 31 – Casa pronta

Fonte: Téchne, 2010

39

4. ANÁLISE DA SUSTENTABILIDADE NOS PROCESSOS ESTUDADOS

Nesse trabalho foram estudados 3 sistemas construtivos. Cada sistema possui suas

peculiaridades e busca elevar a eficiência nas obras em que ele é utilizado, o que é uma

necessidade crescente no mercado altamente competitivo da Construção Civil no Brasil e no

Mundo. Ter uma alta eficiência é sinônimo de rapidez na execução da obra, de ter uma redução

no custo final do empreendimento, de ter um alto grau de satisfação do cliente e de ter uma obra

que gere impactos reduzidos no meio ambiente aonde ela está sendo inserida, que é o mesmo

que ter uma obra com conceitos de sustentabilidade.

Dentre as características citadas, o conceito de obra sustentável foi uma das motivações para a

criação desse trabalho, já que os sistemas estudados são industrializados e esses sistemas são,

atualmente, vistos como uma solução para os problemas de sustentabilidade na Construção

Civil.

Todos os 3 sistemas possuem partes pré-moldadas fora do canteiro de obras, o que faz com que

seja necessária apenas a montagem dessas peças no local. Essa é uma característica que

contribui muito para o ganho de velocidade na execução obra, pois as peças já chegam prontas.

Além disso, sob o ponto de vista da sustentabilidade isso faz com que a quantidade resíduos

descartados no canteiro seja menor, pois não há a concretagem no local.

4.1.AS VANTAGENS SUSTENTÁVEIS DOS MÉTODOS ESTUDADOS

4.1.1. LIGHT STEEL FRAMING

Segundo Castro (2006), o Sistema construtivo Light Steel Framing, apresenta vantagens

sustentáveis da seguinte maneira:

Quadro 14A: Vantagens Sustentáveis do LSF

Vantagens Sustentáveis do LSF

Os produtos que constituem o sistema são padronizados de tecnologia avançada, em que os

elementos construtivos são produzidos industrialmente, onde a matéria prima utilizada, os

processos de fabricação, suas características técnicas e acabamento passam por rigorosos

controles de qualidade;

Aço é reciclável, podendo ser reciclado diversas vezes sem perder suas propriedades;

Causam poucos impactos negativos no meio ambiente, já que os materiais utilizados

emitem baixos índices de CO2 (cerca de cinco vezes menos do que construções

tradicionais); Fonte: CASTRO, 2006

40

Quadro 14B: Vantagens Sustentáveis do LSF

Fonte: CASTRO, 2006

4.1.2. SISTEMAS CONSTRUTIVOS EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO

A utilização de pré-moldados na obra facilita bastante na organização das etapas da construção

gera uma grande velocidade de execução, diminuição na quantidade de pessoal e material

estocado e nas perdas geradas pelo desperdício de material no canteiro de obras.

O sistema construtivo em concreto pré-moldado apresenta vantagens sustentáveis da seguinte

maneira:

Quadro 15: Vantagens Sustentáveis do Sistema de Concreto pré-moldado

Fonte: SENDEM, 2015

Vantagens Sustentáveis do LSF

Geram poucos resíduos, evitando a poluição;

Apresentam estruturas mais resistentes, suportando ventos de até 300 km/h, além de um

excelente isolamento térmico e acústico;

Proporciona economia de energia elétrica em função do isolamento térmico, pois reduz o uso de

aquecedor ou ar condicionado.

Propiciam tempo de construção reduzido: os materiais já são comercializados prontos para uso,

dispensando procedimentos que atrasam a obra;

Oferecem durabilidade e praticidade, evitando as tradicionais reformas e reduzindo os custos de

manutenção em 1/3 do habitual;

Também economiza o consumo de água no processo construtivo, sendo conhecida como

“construção a seco”;

Possibilitam aumento da área útil do ambiente: as paredes e estruturas são mais estreitas do que

as equivalentes em alvenaria, ampliando o espaço interno em até 4%.

Vantagens Sustentáveis do Sistema de Concreto pré-moldado

Melhor qualidade do concreto: o concreto utilizado para produção dos elementos passa por

processo rigoroso de controle de qualidade.

Maior precisão dimensional: como os elementos são produzidos com uso de formas metálicas e

em local adequado (fábricas) com um controle de qualidade rigoroso a qualidade dimensional

da peça aumenta.

Montagem rápida e silenciosa: a montagem é feita por guindastes e como são encaixes não tem

barulhos.

Redução de entulhos: não gera entulhos, pois as peças já vem prontas e não há necessidade de

formas ou escoras.

Redução de estoque de material na obra: não necessita de área de estoque para areia, pedra,

brita ou madeira.

Eliminação de desperdícios de materiais: com os elementos prontos para uso, existe menos

erros de execução evitando retrabalho.

41

4.1.3. PAINÉIS PRÉ FABRICADOS COM BLOCOS CERÂMICOS

Os processos de construção em painéis pré-fabricados de cerâmica tem sido utilizados cada vez

mais em países como Inglaterra, Estados Unidos da América, Alemanha e outros. O uso deste

método de construção visa, ao mesmo tempo, conservar as vantagens funcionais e estéticas das

construções em alvenaria e eliminar os problemas mais sérios deste processo, ou seja, perdas

de tempo devido à s condições climáticas desfavoráveis, dificuldade de implementação de

métodos de estocagem de materiais e dificuldade de controle de qualidade (ROMAN, 2000).

Os processos de pré-fabricação de painéis podem ser total ou parcial. Os painéis de alvenaria

convencional produzidos fora do canteiro, têm sido propostos e realizados nos casos em que o

fator tempo é prioritário. Estes procedimentos exercem influência direta nos empreendimentos

habitacionais, uma vez que permitem a redução de custos e a manutenção do cronograma físico

dentro dos prazos estipulados. No caso dos painéis pré-fabricados serem armados ou

protendidos, as vantagens residem na possibilidade das cargas da construção serem transferidas

diretamente para os painéis, reduzindo custos e tempo de construção e diminuindo o número de

trabalhadores no canteiro.

O sistema construtivo de painéis pré-fabricados com blocos cerâmicos apresenta vantagens

sustentáveis da seguinte maneira:

Quadro 16: Vantagens Sustentáveis do Sistema construtivo de painéis pré-fabricados com blocos cerâmicos

Fonte: Roman, 2000

4.2. MODULAÇÃO

O Brasil foi um dos primeiros países, em âmbito mundial, a aprovar uma norma de Coordenação

Modular, a NB-25R, em 1950. Além disso, teve os anos 70 e início dos 80 tomados pelos

conceitos e estudos a respeito, promovidos, principalmente, pelo Banco Nacional da Habitação

(BNH), por Universidades e pelo Centro Brasileiro da Construção Bouwcentru (CBC). No

Vantagens Sustentáveis de painéis pré-fabricados com blocos cerâmicos

Menor custo de construção, tanto para painéis estruturais quanto para painéis

de vedação;

Aumento do controle de qualidade associado a maior velocidade de

construção e produção efetiva de elementos simultaneamente;

Diminuição de custo e de desperdício pela replicação e transparência do

processo;

Maior efetividade na monitoração do produto com eliminação de desperdício;

Possibilidade de uso de sistemas de fixação padronizados para os painéis de

alvenaria;

42

entanto, mesmo com tantos esforços para a promoção da Coordenação Modular, verifica-se

hoje que ela não está sendo utilizada, tanto pela interrupção abrupta de bibliografia a partir do

início da década de 80 e pela lacuna de estudos que, a partir de então, se formou, quanto pelo

caos dimensional de grande parte dos components construtivos (GREVEN, 2007).

Poucos objetivos foram alcançados, mesmo com toda a promoção para a racionalização da

construção. O fato é que, hoje, a indústria da construção civil apresenta-se como um setor de

caráter heterogêneo em relação à sua produção, marcada, de um lado, por obras com um alto

índice de produtividade e, de outro, por obras artesanais com altos índices de desperdício

associados à baixa produtividade (GREVEN, 2007).

Para que a construção civil torne-se apta a desempenhar o papel a que é exigida pela realidade

moderna, é necessário que esteja capacitada a produzir edificações que, além de respeitarem

condições indispensáveis – como habilidade, funcionalidade, durabilidade, segurança e

acabamento – também apresentem características relacionadas à produtividade,

construtividade, baixo custo e desempenho ambiental, quesitos de grande importância, que

atualmente representam um desafio para os profissionais da área (GREVEN, 2007).

Nos esforços em busca do desenvolvimento dessas características na indústria da construção

civil no país, é que o presente trabalho tem a intenção de reativar conceitos, trazendo À pauta a

questão da Coordenação Modular, esta já “antiga” inovação. CAda vez mais necessária e mais

óbvia, a Coordenação Modular é ponto elementar para que vários problemas sejam

solucionados, do projeto dos components à manutenção das edificações (GREVEN, 2007).

A Coordenação Modular é um Sistema que qualificou a indústria da construção em um grande

número de países, e, no context atual da produção de edificações, é imprescindível que ela volte

a ser considerada, agora aliada a questões econômicas e de sustentabilidade (GREVEN, 2007).

Com relação à sustentabilidade, a utilização da Coordenação Modular traz um melhor

aproveitamento dos components construtivos e, em consequência disso, otimização do consume

de matérias-primas, de consume energético para produção desses componentes e, por fim, de

sobras desses componentes em função dos inúmeros cortes que sofrem na etapa de construção.

Segundo Yeang (1999), que faz um balanço dos unputs (insumos) e outputs (produtos) da

construção civil, 40% das matérias-primas (por peso) do mundo são usadas na construção de

edificações a cada ano; 36% a 45% do input de energia de uma nação é usado nas edificações

e 20% a 26% do lixo de aterros vem das construções (GREVEN, 2007).

43

4.2.1. NORMALIZAÇÃO

Por definição, “a normalização é a regulamentação de qualquer fenômeno de produção com o

intuito de obter sua ordenação racional e unívoca. Em outras palavras, a normalização se propõe

a obtenção de produtos idênticos, aplicando a mesma tecnologia, permitindo a sua

permutabilidade: estabelece, portanto, uma linguagem comum constituída de símbolos e

termos, define os objetos, seu campo de aplicação, seus característicos básicos, as tolerâncias

de fabricação e seus limites, as normas de uso e desempenho e os controles e métodos de ensaio”

(ROSSO, 1976).

Ao se considerar a edificação/produto como um sistema e as suas partes como subsistemas, por

sua vez constituídos de unidades elementares representadas pelos componentes intermediários,

a normalização estabelece entre os sub-sistemas e as suas unidades, vinculações que os tornam

organicamente relacionados com o todo. Este relacionamento proporciona a unidade,

continuidade e congruência do processo e do produto final (ROSSO, 1976).

4.2.2. O CONCEITO DE MÓDULO

Encontra-se a seguinte definição no dicionário Aurélio:

“[Do lat. modulu.] S.m. 1. Medida reguladora das proporções de uma obra arquitetônica. 2.

Quantidade que se toma como unidade de qualquer medida. (...) 4. Unidade (de mobiliário, de

material de construção, etc.) planejada segundo determinadas proporções e destinada a reunir-

se ou ajustar-se a outras unidades análogas, de várias maneiras, formando um todo homogêneo

e funcional (...)”.

O módulo é uma medida utilizada como unidade padrão, à qual se sujeitam as dimensões do

projeto a fim de simplificar e ordenar seu desenvolvimento e facilitar a execução da obra. Seu

emprego é essencial quando são utilizados materiais pré-fabricados. Um sistema de módulos

deve ser entendido como um sistema de referência e de orientação tanto para o processo de

planejamento como também para o processo de execução.

O módulo na arquitetura é uma unidade de medida convencional adotada para estabelecer

dimensões, proporções (na fase de concepção) e organizar a construção de elementos de um

determinado organismo arquitetônico (ROSSO, 1976). Qualquer que seja o seu valor, ele é

adotado como unitário. A utilização de módulos na arquitetura há muito é estimulada. Como

unidade de medida remonta desde a Antigüidade para a função estética. Seu uso na atualidade

apresenta finalidades técnicas, utilitárias e construtivas.

44

Desde a revolução industrial, arquitetos e engenheiros de várias escolas e nacionalidades, tais

como Walter Gropius, Ernest Neufert e Le Corbusier, sensíveis às novas modificações geradas

pela industrialização crescente e pela produção em massa, começaram a submeter o processo

arquitetônico a um profundo trabalho de revisão para colocar os recursos da industrialização ao

serviço de uma nova revolução, a social, cujos anseios deveriam ser satisfeitos (ROSSO, 1976).

Desde então, o estudo e a aplicação da coordenação modular assumiram um caráter universal e

passaram a ser conduzidos em nível de cooperação internacional.

4.2.3. COORDENAÇÃO DIMENSIONAL

No momento em que se qualifica o espaço, atribuindo-lhe condições de habitabilidade,

representadas por requisitos de segurança, higiene e conforto, tornando-o tangível, este espaço

está sendo dimensionado (ROSSO, 1976).

Para este mesmo autor, o objeto arquitetônico é uma entidade concreta na qual identificam-se

espaços disponíveis (ambientes) e espaços ocupados (invólucros). A coordenação dimensional

faz a compatibilização das dimensões dos espaços disponíveis e dos espaços ocupados de forma

racional e orgânica.

A coordenação dimensional não deve ser entendida meramente como um instrumento

geométrico, mas também como um instrumento físico e econômico. Não está apenas vinculada

à composição arquitetônica, mas também à tecnologia e à produção (ROSSO, 1976). A

coordenação dimensional é uma prática que tem reflexos em praticamente todas as etapas do

empreendimento pois, se por um lado permite a introdução de procedimentos padronizados na

execução e aumenta a precisão com que se produz a obra, facilitando a introdução de técnicas

que exigem maior precisão, por outro agiliza a execução do projeto, já que possibilita a criação

de métodos de execução e a padronização de detalhes.

Desde que a coordenação dimensional utilize uma unidade de medida representada por um

módulo-objeto, ela passa a ser uma coordenação modular.

Este mesmo autor aponta as seguintes vantagens proporcionadas pela adoção da coordenação

dimensional:

45

Quadro 17: Vantagens proporcionadas pela adoção da coordenação dimensional

Fonte: Rosso, 1976

4.2.4. COORDENAÇÃO MODULAR

Quando a coordenação dimensional faz uso de uma dimensão básica para coordenar o tamanho

de todos os componentes e equipamentos do edifício, esta passa a ser regida por um módulo, e

denominada de coordenação modular. Logo, a coordenação modular é um instrumento

geométrico, físico e econômico que tem por função compatibilizar dimensionalmente os

espaços disponíveis e ocupados de uma edificação. Enquanto instrumento de projeto, tem por

objetivo contribuir para a melhoria da qualidade do mesmo, facilitando a concepção, elaboração

e construção das edificações (ANDRADE, 2001).

Rosso (1976) caracteriza ainda a coordenação modular como uma metodologia sistemática de

industrialização.

Segundo a NBR5731, “a coordenação modular é a técnica que permite relacionar as medidas

de projeto com as medidas modulares por meio de um reticulado espacial modular de

referência”.

A utilização da coordenação modular requer o estabelecimento de um sistema que coordene as

dimensões do projeto, aliado ao ordenamento racional dos componentes de construção, em suas

partes e totalidade. Para que isso ocorra, a coordenação modular faz uso de três princípios,

considerados como fundamentais: o sistema de referência, o módulo e o ajuste modular

(ANDRADE, 2001).

As seguintes definições são encontradas na NBR5731:

Vantagens proporcionadas pela adoção da coordenação dimensional

Simplificação da atividade de elaboração do projeto;

Padronização dos materiais e componentes;

Possibilidade de normalização, tipificação, substituição e composição entre os

componentes padronizados;

Diminuição dos problemas de interface entre os componentes, elementos e

subsistemas;

Facilidade na utilização de técnicas pré-definidas, facilitando inclusive o controle de

produção;

Redução dos desperdícios com adaptações;

Maior precisão dimensional;

Diminuição de erros da mão-de-obra, com o conseqüente aumento da qualidade e

produtividade.

46

a) Sistema de referência: “formado por pontos, linhas e planos aos quais devem relacionar-

se as medidas e posições dos componentes da construção”.

b) Módulo básico: “Distância entre dois planos consecutivos do sistema que origina o

reticulado espacial modular de referência”.

c) Ajuste modular: “Medida que relaciona a medida de projeto com a medida modular”.

Na construção com painéis pré-fabricados, as dimensões destes deverão se coordenar com a

malha modular, sendo então definidas em múltiplos dos módulos horizontais e verticais,

ficando assim todas as medidas coordenadas planimetricamente e altimetricamente.

Com a modulação, a padronização é estabelecida para os componentes construtivos, criados a

partir da razão do módulo de referência e multimódulos, considerando as tolerâncias das

junções necessárias no ajuste modular.

4.2.5. AJUSTE MODULAR

Ao se estabelecerem as operações de colocação, associação e montagem de um componente

numa posição previamente estabelecida no projeto e univocamente relacionada com o sistema

de referência, deve-se observar que este componente de forma geométrica definida, está sujeito

à variações dimensionais em relação às medidas modulares, decorrentes de erros de fabricação

e de posição, ou de dilatações, contrações, deformações originadas por fenômenos físico-

químicos, posteriores à montagem e que exigem portanto um jogo na união. Requisitos

funcionais das juntas por sua vez podem obrigar a respeitar determinadas espessuras mínimas

de suas cavidades (ROSSO, 1976).

Segundo a NBR5731, “ajuste modular é uma medida que relaciona a medida de projeto com a

medida modular. Deve ser determinado pelo tipo de união, pela natureza e superfície dos

materiais a unir, pelas características intrínsecas dos elementos que se utilizem na união e pela

necessidade de se obter o ajuste das medidas dos componentes da construção com o reticulado

espacial de referência”

4.2.6. VANTAGENS DA MODULAÇÃO

Têm-se como objetivo principal da aplicação de sistemas modulares na construção, a

possibilidade de se racionalizar todo o empreendimento, desde o planejamento até a execução.

São listadas abaixo as vantagens de projetar com os princípios da modulação:

47

Quadro 18: Vantagens de projetar com princípios da modulação segundo Rosso.

Fonte: Rosso, 1976

Machado, 1999, aponta ainda as seguintes vantagens:

Quadro 19: Vantagens de projetar com princípios da modulação segundo Machado.

Fonte: Machado, 1999.

Como resultado do uso efetivo da coordenação modular, tem-se a normalização dos elementos

de construção, aumentando o nível de industrialização do processo.

Vantagens de projetar com os princípios da modulação

Simplificação do projeto arquitetônico, de instalações e estruturas, e das

operações de execução (marcação da obra é facilitada pelo reticulado

modular);

Facilita a melhoria da compatibilização dos projetos;

Proporciona intercâmbio nacional e internacional das tecnologias de construir e

desenvolve inovações nos materiais;

Permite flexibilização;

Reduzem falhas porque implicam em sistema de montagem através de

seqüências operacionais repetitivas;

Simplifica a elaboração do projeto pela apresentação no quadriculado modular

de referência;

Simplifica a execução da obra pela racionalização do traçado, da posição e

montagem de seus elementos.

Vantagens adicionais da modulação

Aumento de precisão da produção, facilitando a normalização;

Diminuição da variedade e número de peças complementares produzidas e

empregadas, facilitando a padronização e a produção em série;

Introdução de procedimentos padronizados, que agilizam a execução;

Facilidade no controle da produção;

Redução de perdas, de peças especiais, evitando cortes, quebras de

componentes, enchimentos e improvisação na execução, e ajustes no canteiro;

Abre caminho para importantes medidas de racionalização, como a utilização de

formas modulares para execução das lajes;

Utilização de uma sistemática de projeto baseada em regras definidas, isto é, além

de facilitar a elaboração do próprio projeto, permite a utilização de um pequeno

número de detalhes;

Facilidade da mão de obra em assimilar estes detalhes.

48

4.2.7. APLICAÇÃO DA MODULAÇÃO PARA O PROJETO COM PAINÉIS

A altura dos painéis deve guardar uma coerência dimensional com o processo como um todo,

e com todas as dimensões dos elementos da escala industrial. As dimensões do componente

bloco indicarão as alturas possíveis de serem estabelecidas. Estas deverão ser em função da

compatibilidade com outros componentes, como a dimensão e a locação de aberturas

intersecções, ou atendimento de requisitos legais como dimensão do pé direito dos edifícios e

outras medidas altimétricas.

Os painéis devem se coordenar com a malha modular, ou seja, estes elementos ou subsistemas

deverão ser constituídos de múltiplos ou submúltiplos das medidas modulares, respeitadas as

devidas tolerâncias para cada situação. Além da consideração das dimensões dos painéis, para

o dimensionamento dos compartimentos, o projetista deve levar em conta o processo

construtivo, principalmente no sistema de amarração dos painéis, para atender requisitos de

ordem estrutural, sem comprometer a produtividade na execução, nem tornar complexo o

desenvolvimento dos projetos (MACHADO, 1999).

Deve-se considerar que a obediência de todos subsistemas à modulação leva a necessidade de

se trabalhar com uma precisão acima da comumente utilizada nos edifícios convencionais. Se

por um lado isto pode parecer desvantagem, por outro os pequenos custos e esforços adicionais

decorrentes deste aumento da precisão são amplamente compensados pela diminuição dos

desperdícios provocados pelas improvisações (MACHADO, 1999).

4.3. MODULAÇÃO COMO FERRAMENTA SUSTENTÁVEL

Foi proposta uma Agenda 21 para indústria da construção civil do Brasil. Segundo PNUD a

Agenda 21 Brasileira é um processo e instrumento de planejamento participativo para o

desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a sustentabilidade, compatibilizando

a conservação ambiental, a justiça social e o crescimento econômico. Esta Agenda foi

implementada em 2003 e baseia-se nas seguintes propostas:

a) Redução das perdas de materiais com o melhoramento dos processos construtivos;

b) Reciclagem dos resíduos da indústria da construção civil, para que estes sejam

empregados como materiais de construção;

c) Durabilidade e manutenção de edificações.

A indústria da construção civil, para ser sustentável, deve investir na redução da geração de

resíduos, na utilização de materiais recicláveis, reutilizáveis ou secundários, no

desenvolvimento tecnologias limpas e na coleta e deposição de materiais inertes.

49

Figura 32: Resíduo por perda de material durante a construção

Fonte: IBDA, 2016

A modulação serve então como uma importante ferramenta sustentável, como alternativa às

perdas de materiais durante o processo de construção, como foi citado no primeiro item da

Agenda 21 para a indústria da construção civil no Brasil.

No quadro a seguir poderemos analisar como as perdas são grandes no Brasil, pois os processos

construtivos atrasados como temos hoje em dia e como a modulação poderia mitigar tais

problemas evitando as perdas de material:

Figura 33: Contraste com foto anterior com modulação

Fonte: Téchne, 2009

50

Quadro 20: Como erros podem ser mitigados pela modulação

Fonte: Autor

Natureza ExemploMomento de

IncidênciaOrigem Modulação

Superprodução

Produção de

argamassa em

quantidade superior

à necessária para

um dia de trabalho

Produção

Planejamento: Falta

de procedimentos

de controle

Por ser fabricada

previamente de acordo

com o projeto, não há

desperdícios, ainda mais

passando por rigorosos

processos de controle

de qualidade

Substituição

Utilização de tijolos

à vista em paredes

a serem rebocadas

Produção

Suprimentos: Falta

do material em

canteiro por falha

na programação de

compras

Produtos pré-fabricados

possuem maior precisão

de cronograma,

reduzindo falhas de

programação

Transporte Duplo manuseio

Recebimento,

Transporte,

produção

Gerência da obra:

Falha no

planejamento de

locais de estocagem

Como geralmente são

peças robustas, já vem

preparadas devidamente

para serem

transportadas apenas

por equipamentos

capazes.

Processamento

Necessidade de

refazer uma parede

por não atender aos

requisitos de

controle

Produção

Planejamento:

Falhas no sistema

de controle

Passam por um rígido

contole de qualidade na

fase de pré-fabricação,

evitando retrabalho por

má qualidade

EstoquesDeteriorização do

cimento estocadoArmazenamento

Planejamento: Falta

de procedimentos

referentes às

condições

adequadas de

armazenamento

Não é necessário

grandes espaços de

estocagem. Os pré-

moldados geralmente

são pré-fabricados e

chegam na obra prontos

e na hora da montagem

Elaboração de

produtos

defeituosos

Desníveis na

estrutura

Produção,

inspeção

Projeto: Falhas no

sistema de fôrmas

utilizado

Passam por um rígido

contole de qualidade na

fase de pré-fabricação,

evitando retrabalho por

má qualidade

51

Com base nos princípios sustentáveis do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável,

CBCS, segue um quadro comparativo entre os Sistemas modulares estudados para determinar

o sistema mais efetivo entre eles.

Quadro 21: Quadro comparativo entre Sistemas Modulares

Fonte: Autor

Como pode-se ver, o LSF atende mais princípios do que os demais métodos, o que não o torna

mais efetivo dentre eles, mas o torna mais significativo e representative, pois se trata de um

processo altamente industrializado e por isso tecnologicamente avançado se comparado com os

demais sistemas construtivo. A grande resistência do aço também contribui para este fato, com

sua grande durabilidade e facilidade de manuseio e montagem. Além disso, a construção em

LSF é seca, diminuindo o uso de recursos naturais e desperdícios de materiais, e tem um bom

desempenho termo-acústico

Princípios sustentáveis segundo CBCS Light Steel Framing Pré-moldados de concretoPainéis pré-fabricados com

blocos cerâmicos

Aproveitamento das condições naturais

locais

Utilização mínima do terreno Atende Atende Atende

Implantação e análise do entorno Atende Atende Atende

Redução do impactos no entorno Atende Atende Atende

Qualidade ambiental interna e externa Atende

Gestão sustentável da implantação da

obraAtende Atende Atende

Adaptação às necessidades atuais e

futuras dos usuáriosAtende

Uso de matérias-primas que

contribuam com ecoeficiênciaAtende

Redução do consumo energético Atende Atende Atende

Redução do consumo de água Atende Atende Atende

Redução e reutilização dos resíduos

sólidosAtende Atende Atende

Inovações tecnológicas Atende

Educação ambiental: Conscientização

dos envolvidos no processoAtende Atende Atende

Total de princípios atendidos 12 8 8

Quadro comparativo

52

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a elaboração de um sistema construtivo industrializado sustentável, alguns fatores devem

ser levados em consideração. Primeiramente, deve-se pensar nos objetivos desse processo

construtivo, casas populares ou galpões industriais, por exemplo. Conhecer bem o público alvo

ajuda no momento de definir os detalhes técnicos.

Definida a finalidade se deve pensar na maneira como os módulos desse sistema serão

produzidos industrialmente, sempre buscando reduzir os custos e ganhar tempo durante a

produção dessas peças. Um bom sistema construtivo que seja sustentável deve ter uma baixa

geração de resíduos, seja no local de produção das peças seja no canteiro de obra. O concreto

despejado no meio ambiente o afeta muito, então deve ser criada uma maneira de minimizar a

utilização do concreto ou minimizar os resíduos gerados, quando se tem certeza de que será

utilizado concreto em um processo construtivo.

Eventuais resíduos químicos gerados durante a produção dos módulos ou na obra também

devem ser evitados ou, no mínimo, serem devidamente tratados antes de serem jogados no meio

ambiente.

Por último, é preciso que se tenha em mente que custo e sustentabilidade são dois fatores que

andam juntos e devem sempre ser bem balanceados para que a obra possa ser sustentável e não

seja inviável de ser executada.

Pretende-se com a modularidade de um espaço habitacional, responder ás várias necessidades

das famílias, desde a compra da habitação, da decisão no processo de execução, da resposta ás

questões da diversidade e da adaptabilidade até á participação do utente no ambiente construído.

O ambiente construído é apresentado, como um produto em constante em mudança pela acção

humana, com as características centrais do ambiente, resultando das decisões feitas em vários

níveis, a fim de fornecer aos ocupantes, em perspectiva, a oportunidade de influenciar a sua

habitação. Assim, algumas premissas da habitação modular vão envolver o utilizador nas

decisões a respeito do ambiente, aumentar a adaptabilidade, ajudar no sentido das exigências

da acessibilidade numa sociedade que vai envelhecendo, e promover o desenvolvimento

sustentável distinguindo as peças do edifício de acordo com as suas extensões de vida.

53

5.1 COMENTÁRIOS

O levantamento realizado mostra a grande variedade de sistemas construtivos industrializados

hoje disponíveis no mercado nacional. Salienta a necessidade de conhecimento de todas as

informações pertinentes para tomada de decisão.

A elaboração de um banco de dados torna a informação acessível e organizada, permitindo

maior rapidez no conhecimento de informações básicas sobre o tema e pode facilitar futuras

pesquisas na área de Sistemas Construtivos Industrializados.

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como sugestões para trabalhos futuros pode-se citar o aprimoramento do banco de dados

através da aquisição de uma quantidade maior de sistemas construtivos industrializados, já que

o objetivo maior é conhecer a vasta variedade de sistemas construtivos existentes. Outra

sugestão é focar nos sistemas listados nesse banco de dados atual e tentar conseguir mais

informações sobre cada um deles, especialmente sobre os custos de implementação de cada

sistema, já que foi bastante complicado obtê-los descritos pelas empresas. Uma continuidade

interessante também pode ser uma avaliação crítica, in loco, dos diferentes sistemas, buscando

conhecer melhor as limitações de cada um deles, bem como as dificuldades de implantação.

54

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