estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

71
i ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA SOBRE O USO DE TROCADORES DE CALOR EM UNIDADES OFFSHORE DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO Danilo da Silva Esteves Projeto de graduação apresentado ao curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico. Orientador: Prof. Ricardo Manfredi Naveiro, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL NOVEMBRO DE 2014

Transcript of estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

Page 1: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

i

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA SOBRE O USO DE

TROCADORES DE CALOR EM UNIDADES OFFSHORE DE PRODUÇÃO DE

PETRÓLEO

Danilo da Silva Esteves

Projeto de graduação apresentado ao curso

de Engenharia Mecânica da Escola

Politécnica da Universidade Federal do Rio de

Janeiro como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Engenheiro

Mecânico.

Orientador: Prof. Ricardo Manfredi Naveiro,

D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

NOVEMBRO DE 2014

Page 2: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA SOBRE O USO DE TROCADORES DE CALOR EM UNIDADES OFFSHORE DE PRODUÇÃO DE

PETRÓLEO

Danilo da Silva Esteves

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO

DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________ Prof. Ricardo Manfredi Naveiro, D.Sc

________________________________________________ Prof. Carolina Palma Naveira Cotta, D.Sc

________________________________________________ Prof. Antônio MacDowell de Figueiredo, D. Ing.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

NOVEMBRO DE 2014

Page 3: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

iii

ESTEVES, Danilo da Silva

Estudo De Viabilidade Técnica e Econômica Sobre o Uso

de Trocadores de Calor em Unidades Offshore de Produção de

Petróleo / Danilo da Silva Esteves. – Rio de Janeiro: UFRJ/

Escola Politécnica, 2014.

xiii,71 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Ricardo Manfredi Naveiro.

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia Mecânica, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 70-71.

1. Trocadores de Calor 2. Petróleo 3.Transferência de

Calor 4. Estudo de Viabilidade

Page 4: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

iv

“Success usually comes to those who are too busy to be looking for it”

Henry David Thoreau

Page 5: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

v

Agradecimentos

Primeiramente aos meus pais, pelo imenso esforço e enorme dedicação para

que eu pudesse ter a educação e os recursos necessários para concluir este sonho.

Mesmo na dificuldade nunca me deixaram faltar o mais importante: o apoio para seguir

em frente. Minha formação como engenheiro é acima de tudo um presente a vocês por

terem sido meus maiores exemplos e minha maior motivação.

À Fluxo Consultoria, Empresa Júnior de Engenharia da UFRJ, onde aprendi

muito mais do que a teoria da sala de aula. Lá me desenvolvi como pessoa e como

profissional e pude entender durante dois anos e meio a frase: “Escolhe um trabalho de

que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida”. Obrigado por todas as

noites não dormidas, todos os clientes e projetos complexos, todas as viagens em

eventos MEJ e reuniões intermináveis. Felizmente levo comigo pessoas maravilhosas

que conheci neste lugar e para estas pessoas agradeço ainda mais pelos conselhos,

pela compreensão, pelo companheirismo, pelo amor e pela amizade que temos.

Ao EFEJ2013, Encontro Fluminense de Empresários Juniores, onde não

satisfeito de sair da Fluxo, pude me desenvolver ainda mais aplicando tudo que aprendi

no MEJ e durante um ano e meio encarar um projeto gigantesco ao lado de pessoas

sensacionais que me mostraram que conhecimento e organização são elementos de

sucesso, mas quando acompanhados de união e amizade os resultados são

incalculáveis. Obrigado, caveiras!

A Shell Brasil Petróleo que me abriu o caminho do mercado e que, ao

diariamente me ensinar algo novo, me mostra que a decisão de ser engenheiro

mecânico foi acertada. Obrigado pelo apoio e pela compreensão já que não é nada fácil

estagiar / trabalhar numa empresa como esta e se formar engenheiro mecânico na

UFRJ ao mesmo tempo.

A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para minha formação como

engenheiro mecânico, meu muito obrigado.

Page 6: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA SOBRE O USO DE

TROCADORES DE CALOR EM UNIDADES OFFSHORE DE PRODUÇÃO DE

PETRÓLEO

Danilo da Silva Esteves

Novembro/2014

Orientador: Ricardo Manfredi Naveiro

Curso: Engenharia Mecânica

Este projeto tem por objetivo analisar a viabilidade do uso de trocadores de calor

do tipo placas em plantas de produção de petróleo e gás instaladas em plataformas de

produção, armazenamento e descarga em alto mar.

Através de um estudo de viabilidade técnico-econômica apoiado por um caso

real de aplicação, analisaremos a tecnologia da troca térmica, tipos de trocadores de

calor e suas aplicações em uma planta de processo, utilizando software de simulação

de processos integrado a planta de estabelecida em todos os seus estágios para

determinar a viabilidade técnica de três trocadores.

Posteriormente, a análise econômica demonstrará qual das opções

tecnicamente viáveis é a mais adequada do ponto de vista financeiro para o projeto

utilizando-se de métodos de avaliação de retorno financeiro que consideram custos de

investimento e operacionais até o fim da vida útil da plataforma.

Palavras Chave: trocador de calor, processos, petróleo, produção, viabilidade técnica e

econômica, simulação.

Page 7: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Mechanical Engineer.

TECHNICAL AND ECONOMICAL STUDY ABOUT USAGE OF HEAT EXCHANGERS

ON OIL OFFSHORE PLATFORMS

Danilo da Silva Esteves

November/2014

Advisor: Ricardo Manfredi Naveiro

Course: Mechanical Engineering

This project aims to examine the feasibility of using plate heat exchangers type

in production plants installed in oil and gas production, storage and offloading platforms

at sea.

Through a study of technical and economic viability supported by a real case

application, we will analyze the technology of thermal exchange, types of heat

exchangers and their applications in a process plant using process simulation software

integrated plant established in all its stages to determine the technical feasibility of three

heat exchangers.

Subsequently, the economic analysis will show which of the technically feasible

options is the most appropriate from a financial perspective for the project using the

evaluation methods that consider financial return investment costs and operational by

the end of the useful life of the platform.

Keywords: heat exchanger, process, petroleum, production, technical and economic

feasibility, simulation.

Page 8: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

viii

LISTA DE SÍMBOLOS

°𝐴𝑃𝐼 – escala arbitrária criada pela API para medir a densidade de produtos derivados

de petróleo

𝑐𝑝- calor específico do fluido

𝐶𝑝- capacidade térmica do fluido

𝐶𝑝,𝑞- capacidade térmica do fluido quente

𝐶𝑝,𝑓- capacidade térmica do fluido frio

𝑑 - diâmetro das bolhas de água dispersas no óleo

𝐹𝐶𝑛- fluxo de caixa no tempo n

𝐹𝐶𝑡- fluxo de caixa no tempo t

𝑖 – taxa de desconto do fluxo de caixa descontado

ℎ𝑞,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎- entalpia do fluido quente na entrada do trocador

ℎ𝑞,𝑠𝑎í𝑑𝑎- entalpia do fluido quente na saída do trocador

ℎ𝑓,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎- entalpia do fluido frio na entrada do trocador

ℎ𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎- entalpia do fluido frio na saída do trocador

𝑘- condutividade térmica

𝐾- condutividade térmica equivalente

𝐿𝑀𝑇𝐷 – Log Mean Temperature Difference

𝑚𝑞 - vazão mássica do fluido quente

𝑚𝑓 - vazão mássica do fluido frio

𝑇- temperatura

𝑇∞- temperatura no infinito ou de referência

𝑇𝑞- temperatura média do fluido quente

𝑇𝑓- temperatura média do fluido frio

𝑇𝑞,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 - temperatura do fluido quente na entrada do trocador

𝑇𝑞,𝑠𝑎í𝑑𝑎 - temperatura do fluido quente na saída do trocador

𝑇𝑓,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 - temperatura do fluido frio na entrada do trocador

𝑇𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎 - temperatura do fluido frio na saída do trocador

𝑇𝑅- tempo de retorno do investimento no Payback Descontado adaptado

𝑡 - tempo

𝜗 - velocidade de saída da água na emulsão água + óleo

𝜌 - massa específica do fluido

∆𝛾𝑂𝑊 – diferença entre a densidade do óleo e da água na emulsão

𝜇0 – viscosidade dinâmica do óleo

Page 9: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

ix

∆𝑇1– diferença de temperatura entre as entradas quente e fria de um trocador de calor

∆𝑇2– diferença de temperatura entre as saídas quente e fria de um trocador de calor

Page 10: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

x

LISTA DE ABREVIATURAS

AEF – Análise de Elementos Finitos

ANP - Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

API – American Petroleum Institute

ASTM – American Society for Testing and Materials

bbl – barril de petróleo (unidade)

BS&W – Basic Sediment and Water

Btu – British Thermal Units

CAPEX - Custo de capital de investimento

CFD – Computational Fluid Dynamics

EUA – Estados Unidos da América

EVE – Estudo de Viabilidade Econômica

EVT – Estudo de Viabilidade Técnica

EVTE – Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica

FPSO – Floating Production Storage and Offloading

HSSE - Health, Safety, Security and Environment

MMBtu – milhões de Btu

OIW – Oil in Water

OPEX – Custo de capital de operação

PD – Payback com desconto

PS – Payback simples

Psia – pressão absoluta (em unidade psi)

RVP – Reid Vapour Pressure

TIR – Taxa Interna de Retorno

TMA – Taxa Mínima de Atratividade

TVP – True Vapour Pressure

UA – coeficiente global de troca térmica

VPL – Valor Presente Líquido

𝑆𝐺 – Specific Gravity

Page 11: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Produção de Petróleo na América do Sul em 2013 ..................................... 17

Figura 2 - Produção de Petróleo no Brasil em 2013 .................................................... 17

Figura 3 - FPSO Ilhabela ............................................................................................ 19

Figura 4 - Sistema de Turret ....................................................................................... 20

Figura 5 - Exemplo de Produção em um FPSO .......................................................... 20

Figura 6 - Exemplo de Trocador Casco Tubo ............................................................. 21

Figura 7 - Exemplo de Separador Trifásico ................................................................. 21

Figura 8 - Exemplo Trocador de Calor Tipo Placas ..................................................... 22

Figura 9 - Exemplo Tratador Trifásico ......................................................................... 22

Figura 10 - Operação de Offloading ............................................................................ 23

Figura 11 - Comparação entre emulsões .................................................................... 24

Figura 12 - Relação SG x Temperatura ...................................................................... 25

Figura 13 - Relação Viscosidade Cinemática x Temperatura ...................................... 26

Figura 14 - Relação TVP x RVP x Temperatura .......................................................... 30

Figura 15 - Trocador Casco Tubo ............................................................................... 33

Figura 16 - Trocador Casco Tubo ............................................................................... 33

Figura 17 - Corrosão e Incrustações em um Casco Tubo ........................................... 34

Figura 18 - Exemplo Trocador de Placas (PHE NORDIC ®) ....................................... 36

Figura 19 - Modelos de Placas de Titânio ................................................................... 37

Figura 20 - Incrustação Severa em Placas ................................................................. 38

Figura 21 - Vazamento entre Placas ........................................................................... 38

Figura 22 - Diferenças entre Fluxo Paralelo e Contra-Corrente .................................. 39

Figura 27 - Tela do UNISIM® ...................................................................................... 44

Figura 28 - Input de Dados UNISIM® ......................................................................... 45

Figura 29 - Caminho Original do Óleo na Planta de Processo .................................... 51

Figura 30 - Situação Atual da Planta de Processo ...................................................... 52

Figura 31- Situação Atual do Processo e Temperaturas ............................................. 54

Figura 32 - Processo Modelado no UNISIM® ............................................................. 55

Figura 33 - Trocador Óleo-Óleo, Trocador de Óleo e Resfriador ................................ 56

Figura 34 - Expectativa de Produção no FPSO até 2026 ............................................ 57

Figura 35 - Folha de Dados Trocador Óleo-Óleo ........................................................ 59

Page 12: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Seleção do Local dos Fluidos em um Trocador Casco Tubo ..................... 34

Tabela 2 - Vantagens do Trocador de Calor de Placas (adaptada KUPPAN, 2000) ... 36

Tabela 3 - Restrições Técnicas e Ambientais da Produção no FPSO ......................... 52

Tabela 4 - Cenários de Uso dos Trocadores ............................................................... 56

Tabela 5 - Cenários de Produção para a Simulação ................................................... 57

Tabela 6 - Cenários do EVT ........................................................................................ 58

Tabela 7 - Resultado da Análise de Potência ............................................................. 59

Tabela 8 - Cenários de Retorno dos Trocadores ........................................................ 60

Tabela 9 - Valores dos Serviços do Fornecedor ......................................................... 61

Tabela 10 - Valores das Placas e Gaxetas Novas ...................................................... 62

Tabela 11 - Valor dos Serviços de Recuperação das Placas ...................................... 62

Tabela 12 - Gastos Anuais com Demulsificantes ........................................................ 63

Tabela 13 - Custos CAPEX do Cenário #1.1 .............................................................. 63

Tabela 14 - Custos CAPEX do Cenário #1.2 .............................................................. 64

Tabela 15 - Custos CAPEX do Cenário #1.3 .............................................................. 64

Tabela 16 - Custos CAPEX do Cenário #2.1 .............................................................. 64

Tabela 17 - Custos CAPEX do Cenário #2.2 .............................................................. 64

Tabela 18 - Custos OPEX Anual dos Cenários ........................................................... 65

Tabela 19 - Custos OPEX Descontados ..................................................................... 66

Tabela 20 - Valor Descontado de Novas Placas em 5 Anos ....................................... 66

Tabela 21- Montante Investido no Projeto em Todos os Cenários .............................. 67

Tabela 22 - Montante Economizado no Projeto .......................................................... 67

Tabela 23 - Resultado do EVE .................................................................................... 68

Page 13: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

xiii

Sumário

1. Introdução ............................................................................................................... 15

1.1 Motivação Pessoal ............................................................................................ 15

1.2. Justificativa ....................................................................................................... 16

1.3. Relevância ....................................................................................................... 16

1.4. Objetivo ............................................................................................................ 17

1.5. Estrutura ........................................................................................................... 18

2. Exploração, Produção e Armazenamento de Petróleo em um FPSO ..................... 19

2.1 O que é e como funciona a produção de óleo em um FPSO ............................. 19

2.2 Emulsão ............................................................................................................ 23

2.3 Influência da Temperatura ................................................................................. 24

2.4 O papel dos trocadores de calor na Produção de um FPSO ............................. 27

2.5 Restrições de HSSE .......................................................................................... 28

3. Trocadores de Calor ............................................................................................... 32

3.1 Trocadores tipo Casco-Tubo ............................................................................. 32

3.2 Trocadores de Calor Tipo Placas ...................................................................... 35

3.3 Transferência de Calor nos Trocadores de Calor .............................................. 38

4. Estudo de Viabilidade Técnica – EVT ..................................................................... 43

4.1 Simulações Computacionais como EVT ............................................................ 43

4.2 Simulações de Processos Industriais com o UNISIM® Design .......................... 44

5.Estudo de Viabilidade Econômica - EVE .................................................................. 47

5.1 TMA – Taxa Mínima de Atratividade .................................................................. 47

5.2 Método Payback ................................................................................................ 47

5.3 Método VPL (Valor Presente Líquido) ............................................................... 48

5.4 Método TIR (Taxa Interna de Retorno) .............................................................. 49

6. Estudo de Caso ...................................................................................................... 50

6.1 Importância do Estudo de Caso ........................................................................ 50

6.2 Estudo de Caso Real......................................................................................... 50

6.3 Requisitos, Planta e Processo ........................................................................... 51

6.3.1 Os Trocadores de Calor .............................................................................. 55

6.3.2 O Aumento da Produção e Vida Útil do Campo .......................................... 57

6.3.3 Análise dos Dados do EVT ......................................................................... 58

6.3.4 Coleta de Dados para o EVE ...................................................................... 60

6.3.5 Análise dos Dados do EVE ......................................................................... 63

7. Conclusões ............................................................................................................. 69

Referências Bibliográficas .......................................................................................... 70

Page 14: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

xiv

Page 15: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

15

1. Introdução

O Brasil atualmente possui uma das maiores reservas de petróleo e gás natural

do mundo ocupando posição de destaque na economia global. Aliado a isso, nosso país

é o 10º maior produtor de energia no mundo, além de ser o 7º maior consumidor de

derivados do petróleo, segundo levantamento do Departamento de Estatística dos EUA

de 2013.

Os dados acima evidenciam de forma resumida a importância da exploração e

produção de petróleo e gás natural eficiente para o nosso país. Considerando o fato de

que, ainda de acordo com o Departamento de Estatística dos EUA, 90% de toda a

produção nacional é realizada em águas profundas, o que exige uma maior

produtividade pelos altos custos e riscos envolvidos, toda e qualquer melhoria possível

no processo de exploração, produção e armazenamento de petróleo e gás natural em

alto mar é de grande valia.

Para uma boa eficiência e que melhorias no processo possam acontecer, o

conhecimento adquirido por engenheiros mecânicos se faz essencial para o pleno

funcionamento e manutenção dos equipamentos envolvidos na exploração e produção

do petróleo, como vasos de pressão, compressores, bombas, turbinas e trocadores de

calor. Este último tem especial importância para nós, visto que é fruto de estudo do

presente projeto.

Em vista destes fatos, o presente projeto pretende demonstrar através de uma

análise técnica, utilizando-se de conceitos de engenharia mecânica, e econômica

aplicadas a um estudo de caso real, a relevância do uso de trocadores do tipo placas

na produção de óleo e gás natural em uma unidade de produção, armazenamento e

descarga de óleo e gás natural em alto mar – FPSO.

1.1 Motivação Pessoal

Durante a graduação realizei meu estágio obrigatório em uma grande empresa

multinacional do ramo de óleo e gás onde pude aplicar conhecimentos adquiridos

durante minha graduação e aprender mais sobre essa indústria e como a engenharia

mecânica são não só úteis, mas essencial para seu desenvolvimento e sucesso.

Page 16: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

16

Um dos projetos que pude executar como parte do aprendizado e dos requisitos

de efetivação é o utilizado neste trabalho como estudo de caso de forma a demonstrar

a aplicação dos conceitos de engenharia mecânica à indústria de petróleo e gás.

1.2. Justificativa

A empresa A (onde o presente projeto foi desenvolvido), detentora do direito de

exploração de alguns campos de petróleo na costa brasileira, possuía em um de seus

FPSO’s 3 trocadores de calor que estavam fora de serviço há aproximadamente 8 anos.

Naquele tempo foi verificado que possuíam problemas de vazamento e baixa eficiência

na troca térmica e, por isso, foram bypassados por não considerarem naquele momento

vantajoso o custo benefício de reformá-los e mantê-los operando.

No ano de 2013 foi desenvolvido um grande projeto de extensão da vida útil e

aumento da produção do campo de exploração onde este FPSO realizava a extração,

produção e armazenamento do petróleo. Através deste projeto surgiu a oportunidade de

se definir pelo descomissionamento ou recomissionamento dos trocadores, analisando

se seriam úteis ou não frente aos novos desafios que estavam por vir.

O aumento na produção significa vazões maiores de óleo, água e gás na planta,

exigindo mais dos equipamentos de troca de calor da planta de produção. O aumento

da vida útil coloca em xeque a vida útil dos demais equipamentos, tornando os custos

OPEX maiores. Ambas as conclusões se intersectam quando percebemos que o

aumento da produção e o aumento da vida útil tornam mais complexa ainda a produção

do momento atual até o fim desta nova vida útil.

Dessa forma, de posse das informações técnicas e financeiras para um cenário

futuro, um EVTE sobre a necessidade de retorno dos trocadores à produção foi feito de

forma a definir de forma permanente seus respectivos futuros no FPSO.

1.3. Relevância

A produção de óleo e gás no Brasil faz parte da sua base econômica e lhe

confere notoriedade no cenário internacional. Segundos dados de 2013 da ANP –

Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – o Brasil possui destaque

na América do Sul sendo o 2º país com maior número de reservas provadas de óleo e

gás natural além de ocupar o mesmo lugar quando se trata de volume de produção de

óleo, como pode ser visto na figura abaixo.

Page 17: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

17

Figura 1 - Produção de Petróleo na América do Sul em 2013

Internamente ao nosso país, o Estado do Rio de Janeiro se destaca como a

unidade da federação que mais possui reservas e como maior produtor de óleo e gás

natural, sendo essa a base da economia de todo o Estado e responsável direto pelo

crescimento de cidades do Norte Fluminense e da Região dos Lagos. O gráfico abaixo

ilustra a concentração da produção no Estado do Rio de Janeiro.

Figura 2 - Produção de Petróleo no Brasil em 2013

Dada a relevância política e econômica do petróleo para o nosso país e estado,

é notória a importância da aplicação dos conhecimentos adquiridos durante a graduação

em engenharia mecânica no estudo da utilização de trocadores de calor do tipo placas

no processo de produção de óleo e gás natural.

1.4. Objetivo

9%

29%

13%7%

1%

2%

37%

2%

Produção de Petróleo na América do Sul - ANP 2013

Argentina

Brasil

Colômbia

Equador

Peru

Trinidad e Tobago

Venezuela

Outros

2%0%

3%

0% 2%2%

15%

74%

2%

Produção de Petróleo - Brasil

Amazonas

Ceará

Rio Grande do Norte

Alagoas

Sergipe

Bahia

Espírito Santo

Rio de Janeiro

São Paulo

Page 18: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

18

O objetivo deste projeto é realizar um estudo de viabilidade técnica e econômica

sobre a utilização de trocadores de calor do tipo placas em um FPSO.

As análises englobarão aspectos técnicos como eficiência, condições de

processo, restrições ambientais e de segurança, custos capitais, operacionais e retorno

do investimento médio necessário.

1.5. Estrutura

O presente projeto está dividido em 7 capítulos. O capítulo 1 introduz o assunto

do projeto, seus objetivos, estrutura e metodologia de trabalho. O capítulo 2 explica ao

leitor o que é e como funciona um FPSO, como é realizada a produção nesta

embarcação e aborda com detalhes e restrições o processo de separação do óleo em

um FPSO.

O capítulo 3 aborda a engenharia térmica, área da mecânica que engloba a

transferência de calor e utilização de trocadores de calor, detalhando a parte teórica

envolvida além da utilização, simulação, operação e manutenção de trocadores de calor.

Os capítulos 4 e 5 abordam, separadamente, o Estudo de Viabilidade Técnica e

Econômica, abordando metodologias dos mesmos e como podem ser aplicados ao

problema proposto neste projeto, sendo dedicado um capítulo para cada tipo de análise

para pleno entendimento.

No capítulo 6 é apresentado ao leitor métodos de estudo de caso, suas aplicação

e utilidade de forma geral, além da aplicação de todo conhecimento previamente

apresentado a um estudo de caso real. No capítulo 7 as conclusões do projeto são

apresentadas.

Page 19: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

19

2. Exploração, Produção e Armazenamento de Petróleo em um

FPSO

2.1 O que é e como funciona a produção de óleo em um FPSO

Um FPSO é uma embarcação flutuante utilizada para produção, armazenamento

e transferência de óleo e gás. Sua utilização tem grande aplicação em águas profundas

ou mares mais agitados, onde a instalação de gasodutos é mais complicada e custosa.

Sua estrutura pode ser nova, quando construído para tal fim em um estaleiro, ou

a partir da adaptação de um navio tanque já em desuso, pois durante sua vida como

FPSO não irá navegar, sendo ancorado em posição estratégica na superfície acima dos

poços de onde irá acontecer a extração. A unidade possui toda a estrutura comum a

uma unidade offshore com espaço para convivência dos trabalhadores composto por

dormitórios, cozinha, área de lazer, enfermaria, vestiários, academia e etc.

A imagem abaixo mostra a visão aérea do FPSO Cidade de Ilhabela, da

Petrobras, destacando à esquerda o espaço de convivência e à direita a planta de

produção.

Figura 3 - FPSO Ilhabela

(http://www.tnpetroleo.com.br/media/cache/e8/76/e876efd6455985f97d1d4b9b3df5af47.jpg)

Sua produção começa a partir da extração de óleo, gás natural e água de poços

já perfurados anteriormente por unidades perfuradoras, através de risers, que são

longos cabos flexíveis que ligam os equipamentos submarinos, como as árvores de

natal e manifolds, ao turret - espécie de torre ancorada que confere ao FPSO a liberdade

Page 20: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

20

de girar 360°, sofrendo menos impacto do vento e das ondas. A imagem abaixo

demonstra a capacidade de rotação do navio mesmo ancorado.

Figura 4 - Sistema de Turret

http://www.bluewater.com/wp-content/uploads/2013/02/4.1-Image-4-FPSO-rotating.jpg

Após passar pelo turret a emulsão formada pelas três substâncias citadas

anteriormente inicia o seu processo de separação na planta, descrito em um exemplo

de possível planta de processo de um FPSO na figura abaixo:

Figura 5 - Exemplo de Produção em um FPSO

No primeiro equipamento após o turret há um incremento na temperatura da

emulsão em Trocadores de Calor do tipo Casco-Tubo para que a capacidade de

separação do óleo seja aumentada com o decréscimo na densidade e viscosidade.

Esses trocadores são mais aplicados a essa primeira etapa, pois lidam melhor com

fluidos mais viscosos, como é a emulsão neste momento.

Page 21: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

21

Figura 6 - Exemplo de Trocador Casco Tubo

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/59/Straight-tube_heat_exchanger_2-pass.PNG

Após a passagem pelos Trocadores de Calor Casco-Tubo a emulsão entra em

grandes vasos de pressão que são os Vasos Separadores Trifásicos, que utilizam a

gravidade para separação das fases da emulsão além da injeção de químicos com

agentes demulsificantes. Ele é o principal item de uma unidade de produção, pois

distribui os resultados da separação para os demais sistemas: óleo, gás e água. Caso

não haja eficiência nesta separação primária podemos ter problemas como água

salgada nas tubulações de óleo gerando corrosão excessiva.

Figura 7 - Exemplo de Separador Trifásico

https://iqbalalal.files.wordpress.com/2012/04/separator.jpg

Prosseguindo com o fluxograma do óleo na produção chegamos ao primeiro

Trocador de Calor tipo Placas. Este equipamento, que é alvo de maior detalhamento

adiante, pode ser utilizado agora para aumento da temperatura do óleo e aumento de

sua capacidade de separação visto que possui viscosidade menor que a emulsão e a

fase oleosa está em predominância. Geralmente em trocadores desse tipo utilizamos a

água quente advinda do sistema de água para incremento da temperatura do óleo,

reutilizando a água anteriormente separada no separador trifásico.

Page 22: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

22

Figura 8 - Exemplo Trocador de Calor Tipo Placas

Com a temperatura elevada o óleo chega aos tratadores, que são também

grandes vasos de pressão que possuem a função de refinar a separação do óleo,

retirando as últimas moléculas de água e gás que o constituem além de possíveis

sedimentos. Alguns tratadores utilizam campos magnéticos para obter uma separação

melhor, sendo seu funcionamento mais complexo que o tradicional tratador

gravitacional.

Figura 9 - Exemplo Tratador Trifásico

http://www.permianlide.com/technical_info/Horizontal%20Heater%20Treater.jpg

Ao sair de sua última etapa de separação o óleo se encontra a uma temperatura

consideravelmente elevada para ser jogado nos tanques de armazenamento. Apesar do

Page 23: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

23

fato de que nos tanques o óleo com o tempo ficará à pressão e temperatura ambientes,

até que isso ocorra é essencial para a segurança da unidade que ele não possua alta

pressão e temperatura e temos novamente a participação de Trocadores de Calor tipo

Placas para resfriamento do óleo garantindo uma temperatura adequada para

armazenamento.

Após sua passagem pela planta onde foram retirados a água e o gás que o

compunham, o óleo é armazenado nos tanques do FPSO para posterior transferência

para um navio tanque que irá realizar a operação de offloading e levar o óleo para terra

onde será comercializado com as refinarias seguindo para o processo de refino.

Figura 10 - Operação de Offloading

http://www.ogpar.com.br/images/foto%20aerea%20offloading%20Waimea_reduz.jpg

2.2 Emulsão

Segundo MANNING e THOMPSON, 1995, uma emulsão é uma suspensão

instável de pequenas porções de um líquido disperso em outro. Os mesmos autores

afirmam que para a formação da emulsão três requisitos são necessários: que os dois

líquidos sejam imiscíveis, que haja agitação suficiente para que haja a dispersão de

pequenas porções e que exista um agente emulsificante para estabilizar as pequenas

porções.

Page 24: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

24

Figura 11 - Comparação entre emulsões

Para que o processo de separação ocorra é necessária a quebra da emulsão no

início da planta na intenção de separar a água e o óleo e a partir deste último produzir

também o gás natural. Porém esse processo leva em consideração um número

considerável de variáveis onde a temperatura é o foco na presente análise.

2.3 Influência da Temperatura

A temperatura possui um grande efeito na estabilidade da emulsão. Aumentando

a temperatura aumentamos a difusão das pequenas porções (bolhas), diminuímos a

viscosidade da fase externa da emulsão e perturbamos o filme interfacial mudando as

forças de tensão superficial e a solubilidade dos componentes da emulsão (MANNING

e THOMPSON, 1995). Além disso, aumentamos a diferença entre a densidade do óleo

e da água, tornando a separação mais efetiva. Porém esta restrição é dinâmica já que

não existe uma temperatura padrão que acima dela a separação é considerada boa

para qualquer emulsão, pois existem inúmeras composições da mesma, dependendo

da fração molar de cada hidrocarboneto e a quantidade de gás e água associados

presentes.

O aumento na temperatura da emulsão é responsável direto pela diminuição de

sua SG (Specific Gravity – gravidade específica) que é calculada pela fórmula abaixo

em condições de temperatura da amostra igual à 60ºF:

𝑆𝐺 = 141,5

(°𝐴𝑃𝐼+131,5) (1)

Page 25: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

25

Figura 12 - Relação SG x Temperatura

O grau API utilizado no cálculo da SG é uma escala arbitrária feita pela API –

American Petroleum Institute para medir a densidade do petróleo. A escala é dividida

em 3 onde um grau API maior que 30 significa petróleo com base naftênica e é

considerado leve; grau API entre 22 e 30 tem base aromática e é considerado médio;

grau API abaixo de 22 tem base parafínica e é considerado leve.

Quando olhamos para a viscosidade, podemos concluir que o aumento da

temperatura eleva o número de colisões entre as moléculas contribuindo para a quebra

das ligações entre elas, especialmente as que formam o filme interfacial. A diminuição

da viscosidade torna mais fácil o processo de separação e também diminui o trabalho

requerido para movimentá-lo na planta de processo. Abaixo um exemplo da relação

entre a temperatura e viscosidade demonstrando a queda da viscosidade com o

aumento da temperatura:

Page 26: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

26

Figura 13 - Relação Viscosidade Cinemática x Temperatura

O exemplo acima é parte da ASTM-D7402 e pode ser usado como base para

estudo quando não se há dados do óleo, reforçando a ideia de que não existe um padrão

para a temperatura na separação, mas que o aumento da mesma é benéfico para o

processo até o limite das condições operacionais dos equipamentos do processo.

Page 27: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

27

Ao analisarmos as variáveis antes citadas juntamente com a diferença de

densidade entre a água e o óleo, que é diretamente proporcional à temperatura,

podemos chegar através da Lei de Stokes considerando que a força de atração

gravitacional é igual à força de resistência da interface água/óleo na relação abaixo que

calcula a velocidade de separação da água no óleo em uma emulsão do tipo água em

óleo.

𝜗 = (1.78𝑥10−6).∆𝛾𝑂𝑊.𝑑²

𝜇𝑜 (2)

A equação acima comprova a importância da temperatura no processo de

separação na produção de óleo e gás. Maiores temperaturas geram maior diâmetro das

bolhas de água dispersas no óleo, aumentam a diferença de densidade entre ambos

além de diminuir a viscosidade cinemática do óleo, contribuindo de forma significativa

para a velocidade do processo de separação.

2.4 O papel dos trocadores de calor na Produção de um FPSO

Conhecida a importância da temperatura no processo de separação, dispositivos

mecânicos que tenham influência na temperatura se tornam essenciais à produção,

sendo o Trocador de Calor o equipamento mais comum e com maior aplicação em

plantas deste tipo.

O aquecimento da emulsão antes da entrada na planta logo após o turret é

essencial para uma boa separação no resto do processo. No bombeamento da emulsão

desde a cabeça dos poços até a embarcação há uma grande perda de energia interna

devido ao atrito com a tubulação e a troca de calor com a água gelada do mar, fazendo

a emulsão chegar ao turret com temperatura geralmente considerada baixa para uma

boa separação. O aquecimento nesta etapa é vital para o restante do processo e

geralmente é feito em trocadores do tipo casco-tubo devido a ainda alta viscosidade da

emulsão.

Já após um primeiro estágio de separação onde temos na planta óleo, gás e

água sendo tratados em sistemas independentes, os trocadores ainda possuem papel

especial em cada um deles para fins não somente de aquecimento, mas de resfriamento

e auxílio a operação de alguns equipamentos.

Page 28: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

28

Em relação ao óleo separado, podemos destacar a sua importância na elevação

da temperatura, garantindo boas condições de separação final, aquela que possui a

intenção de retirar as menores porções de água, gás e sólidos que ainda permaneceram

dispersos. Também podemos utilizar trocadores de calor para resfriar o óleo, pós-fase

de separação final, para diminuir sua pressão e armazená-lo de forma segura evitando

evaporação e criação de atmosferas explosivas, conforme será descrito em detalhes

posteriormente.

Tratando-se da água separada, é relevante a atuação dos trocadores na troca

térmica visando diminuição da temperatura da água produzida antes do descarte no

mar, processo este regulamentado por órgão ambientais visando preservação da fauna

e flora local. Também podemos considerar o aquecimento da água utilizada nos

processos, especialmente no sistema de reaquecimento que fornece água quente para

outros trocadores da planta e utilização de água quente nas acomodações e cozinha da

embarcação.

Por último, podemos considerar a relevância de trocadores de calor no sistema

de gás, especialmente nos evaporadores e condensadores (tipos específicos de

trocadores de calor) logo antes dos estágios e entre os estágios de compressão do gás

no processo, para resfriamento dos gases e plena execução do processo de

compressão dos mesmos.

Podemos concluir que a existência de trocadores de calor em unidades FPSO é

essencial para uma produção eficiente e segura, conferindo ao óleo produzido a

qualidade necessária para posterior transferência e venda, além de importância em

outras vertentes do processo e utilização de água nas acomodações. Desta forma, o

presente projeto se apresenta como uma das formas de tomar decisões técnicas e

econômicas para utilização destes equipamentos.

2.5 Restrições de HSSE

O fato de a temperatura elevada contribuir para o processo de separação é

limitado nos processos não somente considerando limites de pressão e temperatura de

projeto dos equipamentos e tecnologias disponíveis, mas também em restrições que

concernem sobre a segurança da unidade e todos os trabalhadores envolvidos.

Page 29: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

29

Duas restrições aplicadas à produção de óleo e gás em embarcações do tipo

FPSO são limites para a Pressão de Vapor Reid (RVP, Reid Vapour Pressure em inglês)

e para a Pressão Verdadeira de Vapor (TVP, True Vapour Pressure, em inglês) nos

tanques de armazenamento do óleo totalmente tratado. A existência de hidrocarbonetos

armazenados em local fechado é tratada com muito cuidado pela possibilidade de

desprendimento de gases com uma elevação da pressão e criação de atmosfera

explosiva, em especial em tanques de grandes dimensões como os de um FPSO.

A RVP é uma medida indireta da volatilidade de derivados do petróleo,

comumente utilizado para medir a volatilidade da gasolina, mas também aplicável ao

óleo produzido em unidades de produção. A norma técnica que rege os testes para

determinação da RVP é a ASTM D-323 e estabelece que a RVP seja a pressão de vapor

absoluta exercida por um líquido a 100°F (37,8°C). Por ser uma medida indireta é

calculada relativamente à TVP e à temperatura. A TVP é uma medida direta da

volatilidade de derivados do petróleo, diferindo da RVP apenas por esta desconsiderar

gases dissolvidos como o ar. A norma técnica que estabelece os procedimentos de para

obter a TVP é a ASTM D-2879.

Como forma de rápida consulta e correlação, existem tabelas para amostras

padrão de óleo cru que relacionam a RVP, TVP e temperatura, como segue exemplo

abaixo:

Page 30: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

30

Figura 14 - Relação TVP x RVP x Temperatura

Dessa forma, ao estabelecermos os limites de pressão para os tanques durante

o seu projeto considerando a composição média do óleo a ser produzido, irão existir

Page 31: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

31

temperaturas limites para o lançamento do óleo tratado nos tanques. Os trocadores de

calor ao aumentarem e diminuírem a temperatura do óleo tem, portanto, papel essencial

na qualidade e segurança da produção.

Page 32: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

32

3. Trocadores de Calor

Um trocador de calor é um dispositivo usado para transferência de energia

interna entre dois ou mais fluidos em diferentes temperaturas. Na maioria dos

trocadores, os fluidos são separados por uma área de troca de calor, e idealmente eles

não se misturam. Trocadores de calor são usados em processos, potência, petróleo,

transportes, condicionamento de ar, refrigeração, criogenia, recuperação térmica,

combustíveis alternativos e outras indústrias. Exemplos comuns de troca de calor que

são familiares ao nosso dia-a-dia são radiadores automotivos, condensadores,

evaporadores, pré-aquecedores de ar e aquecedores de óleo (KUPPAN, 2000).

Dotados de materiais que possuem boa condutibilidade térmica e isolam o

interior do equipamento, onde acontece a troca térmica, geralmente possuem canais ou

placas de metais como o titânio, construídos de variadas formas visando aumentar a

área de contato dos fluidos com o material para aumentar a eficiência da troca e diminuir

o tempo que os fluidos permanecem em seu interior.

Existem inúmeros tipos de trocadores de calor voltados cada um para sua

específica aplicação e descrevê-los aqui em sua totalidade foge do escopo do presente

projeto. Porém, descreveremos aqui dois tipos comuns à indústria de produção de óleo

e gás: casco-tubo e placas. O último é o foco da análise posterior neste projeto.

3.1 Trocadores tipo Casco-Tubo

Trocadores do tipo Casco-Tubo possuem uma estrutura consideravelmente

robusta, formada essencialmente por um grande casco que serve para passagem de

um dos fluidos envolvidos e invólucro para os tubos onde o outro fluido atravessa seu

comprimento.

Page 33: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

33

Figura 155 - Trocador Casco Tubo

http://72.29.69.19/~nead/disci/2012/op_uni/img/mod8/2.png

Sua eficiência é considerada baixa frente a novos modelos de trocadores,

especialmente quando comparado com equipamentos compactos. Seu tamanho é um

fator a ser considerado em projetos, especialmente em plataformas offshore, pois ocupa

espaço relevante na unidade e para sua manutenção os tubos devem ser retirados e

lavados internamente, ocupando mais que duas vezes seu comprimento quando posto

em manutenção.

Um trocador de calor casco-tubo, como seu nome diz, é formado por um grande

casco que tem basicamente duas funções: permitir a passagem de um fluido que irá

trocar calor e isolar a parte interna do equipamento do meio externo, servindo como

invólucro para os tubos. Os tubos, em grande número, representam a outra grande

estrutura desse trocador, sendo responsável pela condução dos demais fluidos

utilizados no equipamento, sendo geralmente finos e dispostos de forma a maximizar a

área de troca térmica.

Figura 166 - Trocador Casco Tubo

http://www.evacon.com.br/trocadores_de_calor/imagens/aletados_2Grde.jpg

Quando posto em operação, sobretudo em unidades produtoras de óleo e gás,

devemos tomar alguns cuidados que vão desde o seu start até sua parada para

Page 34: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

34

manutenção. A primeira delas é a correta seleção das entradas e saídas dos fluidos

envolvidos no processo. Como já dito anteriormente, um dos fluidos passa no interior

dos tubos e o outro passa pela casca, conforme figura 15:

Do ponto de vista de manutenção, é claramente muito mais fácil realizar limpeza

química e mecânica nos tubos do trocador do que no casco. Por vezes é impraticável a

entrada no casco para limpeza mecânica e pelo tamanho do mesmo a limpeza química

se torna complicada. Nos feixes tubulares há a possibilidade de lavagem com jatos

utilizando água e demais produtos químicos que devido ao pequeno diâmetro dos tubos,

torna-se eficiente.

Figura 17 - Corrosão e Incrustações em um Casco Tubo

http://www.inspection-for-industry.com/images/in-service-vessel.JPG

Dessa forma, a seleção do fluido e seu caminho dentro do equipamento devem

levar em conta critérios de manutenção e de projeto, como descritos abaixo:

Tabela 1 - Seleção do Local dos Fluidos em um Trocador Casco Tubo

Tipo Caminho Justificativa

Fluidos com potencial

de incrustação

Feixe

Tubular A limpeza mecânica e química é mais fácil nos tubos

Fluido Corrosivo Feixe

Tubular

Caso haja perda de material dos tubos, perde-se

pouco e somente em um tubo. Caso houvesse a

ocorrência de “pites” na casca, haveria vazamento

para fora do trocador.

Page 35: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

35

Fluido com

temperatura ou

pressão elevada

Feixe

Tubular

Altas pressões e temperaturas podem danificar o

material onde o fluido passa. Economicamente é

melhor perder alguns tubos do que a casca.

Fluido com menor

velocidade de

escoamento

Casco

Fluidos com baixa velocidade trocam menos calor,

porém no casco há a “chicana” ou defletores que

conferem ao fluido incremento na troca térmica.

Fluidos mais viscosos Casco

Fluidos mais viscosos trocam menos calor, portanto

é melhor colocá-lo no casco onde há maior

possibilidade de turbulência e aumento da troca

térmica.

Fluido com diferença

entre as temperaturas

terminais mais

elevadas

Casco

Uma grande diferença de temperatura terminal pode

causar danos estruturais às estruturas envolvidas.

No caso do casco-tubo, o casco é projeto para

suportar tais esforços de acordo com as restrições

de projeto.

3.2 Trocadores de Calor Tipo Placas

Um trocador de calor do tipo placas é geralmente composto de uma pilha de

placas de metal corrugado ou com relevo em contato mútuo, cada placa com quatro

aberturas que servem como portas de entrada e saída, e de vedantes concebidos de

forma a direcionar o fluido em passagens de fluxo alternado. As duas passagens de

fluxo são formadas por placas adjacentes, de modo que os dois fluxos de troca de calor

durante a passagem através de canais alternados não se misturem.

As placas são unidas por juntas / gaxetas que evitam o vazamento dos fluidos

envolvidos no processo, além do suporte dado pelo frame fixo e móvel, que conferem

pressão ao fechamento do equipamento e coesão entre as placas e o fluxo dos fluidos.

Page 36: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

36

Figura 18 - Exemplo Trocador de Placas (PHE NORDIC ®)

Por ser o foco do presente projeto a sua utilização em unidades FPSO, desde já

iremos analisá-lo de forma comparativa ao trocador casco-tubo, visando as vantagens

de utilização do mesmo através da tabela abaixo:

Tabela 2 - Vantagens do Trocador de Calor de Placas (adaptada KUPPAN, 2000)

VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO TROCADOR DE CALOR TIPO PLACAS

Menos Incrustação A turbulência criada pelas rugosidades no

fluxo interno, a ausência de fluxo

estagnado e vazão uniforme reduzem a

criação de incrustações no equipamento

e o número de manutenções por

conseqüência.

Menor Peso O peso de todo o conjunto é

consideravelmente mais leve que todo o

conjunto casco-tubo para uma mesma

operação.

Fluidos Cruzados Em trocadores tipo placas os fluidos

podem ser de fato cruzados, aumentando

a eficiência da troca térmica.

Maior Flexibilidade Por serem construídos em módulos, os

trocadores de calor tipo placas podem ser

expandidos ou diminuídos, conforme

necessidade técnica.

Page 37: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

37

Facilidade de Abertura, Inspeção e

Limpeza

Como é formado basicamente pelos

frames e pelas placas com suas gaxetas,

e fechado por porcas, parafusos e

rolamentos, sua abertura para inspeção e

limpeza se caracteriza muito mais

simples e rápida.

Menor Custo Por ter maior eficiência, menor freqüência

de manutenção e maior flexibilidade, o

custo de aquisição e operação do

equipamento é consideravelmente

menor.

Figura 19 - Modelos de Placas de Titânio

http://www.wcrhx.com/images/uploads/1386345753/product_range_all.jpg

A manutenção de trocadores de calor do tipo placas é feita de forma rápida e

sem maiores complexidades técnicas, dada a facilidade de abertura e fechamento do

equipamento.

Manutenções preventivas não são comuns em trocadores deste tipo, sendo

necessário, através de instrumentos de medição de vazão e temperatura na entrada e

saída do equipamento, o contínuo acompanhamento da eficiência do mesmo com

tolerância de 15% de perda de eficiência até que haja interferência para uma inspeção.

Os piores casos de manutenção em trocadores do tipo placas são a existência

de incrustação severa nas placas, onde se faz necessária limpeza química e mecânica

para remoção e retorno da eficiência, e vazamentos através das gaxetas, onde

Page 38: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

38

dependendo do fluido de trabalho, pode trazer sérios riscos ao operador ou mesmo à

planta de processo.

Figura 200 - Incrustação Severa em Placas

http://www.merus.es/images/stories/merus_eigene/casestudies/FWG_Tokyo/fwg_before2.jpg

Figura 211 - Vazamento entre Placas

http://www.virginiaheattransfer.com/forum/uploads/876fdd2cd419c1e272b479e95086a74c.gif

3.3 Transferência de Calor nos Trocadores de Calor

A transferência de calor nos trocadores de calor é comumente calculada, seja

no modelo casco-tubo ou placas, pela diferença logarítmica média de temperatura –

LMTD, Log Mean Temperature Difference, em inglês – das temperaturas de entrada e

saída das partes quente e fria, além de levar em consideração a direção dos fluxos dos

fluidos envolvidos.

Para ambas os modelos, temos equação global abaixo:

Page 39: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

39

𝑄 = 𝑈𝐴∆𝑇𝑚 = 𝑈𝐴 (∆𝑇2−∆𝑇1

ln∆𝑇2∆𝑇1

) = 𝑈𝐴(𝐿𝑀𝑇𝐷) (3)

Onde ∆𝑇𝑚 é a LMTD do sistema, que depende ainda da direção dos fluxos

internos do trocador. Abaixo temos uma ilustração que demonstra a influência da

direção dos fluidos nas temperaturas finais do processo:

Figura 222 - Diferenças entre Fluxo Paralelo e Contra-Corrente (LIENHARD IV, J. H., LIENHARD V,

J. H., 2008)

Há de se salientar que o uso da LMTD é menos efetivo quando temos mais de

uma passada do fluido dentro do trocador antes de sair do mesmo, sendo necessário

um fator de correção que não será abordado neste trabalho, pois trocadores deste tipo

não fazem parte do escopo do projeto. Iremos, portanto, focar na obtenção da LMTD

para equipamentos de uma passada somente.

Para o cálculo da LMTD e uso nos trocadores precisamos de considerações

como: a troca de calor só ocorre entre os fluidos envolvidos; a condução axial ao longo

dos tubos é desprezada; variações de energia cinética e potencial são desprezíveis; os

calores específicos envolvidos são constantes; não há mudança de fase e o coeficiente

global de transferência de calor é constante (𝑈).

Iniciando o processo de obter a LMTD, consideramos a troca de calor como um

processo sem perdas onde todo calor do fluido quente é cedido ao fluido frio, conforme

equações abaixo:

𝑞𝑞 = 𝑞𝑓 (4)

𝑚𝑞 (ℎ𝑞,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − ℎ𝑞,𝑠𝑎í𝑑𝑎) = 𝑚𝑓 (ℎ𝑓,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − ℎ𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎) (5)

Page 40: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

40

Como temos calor específico constante e não há mudança de fases, podemos

considerar:

��𝑞𝑐𝑝,𝑞 (𝑇𝑞,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑇𝑞,𝑠𝑎í𝑑𝑎) = ��𝑓𝑐𝑝,𝑓

(𝑇𝑓,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑇𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎) (6)

Diferenciando-se cada lado da equação separadamente:

𝑑𝑞 = −��𝑞𝑐𝑝,𝑞 (𝑇𝑞,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑇𝑞,𝑠𝑎í𝑑𝑎) = −𝐶𝑞𝑑𝑇𝑞 (7)

𝑑𝑞 = ��𝑓𝑐𝑝,𝑓 (𝑇𝑓,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑇𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎) = 𝐶𝑓𝑑𝑇𝑓 (8)

Lembrando que:

𝑑𝑞 = 𝑈∆𝑇𝑑𝐴 = 𝑈(𝑇𝑞 − 𝑇𝑓)𝑑𝐴 (9)

Para integrarmos a equação acima precisamos retomar as equações anteriores

na forma diferencial:

𝑑∆𝑇 = 𝑑𝑇𝑞 − 𝑑𝑇𝑓 (10)

𝑑∆𝑇 = −𝑑𝑞 (1

𝐶𝑞+

1

𝐶𝑓) (11)

∫𝑑∆𝑇

∆𝑇= −𝑈 (

1

𝐶𝑞+

1

𝐶𝑓) ∫ 𝑑𝐴

2

1

2

1 (12)

ln∆𝑇2

∆𝑇1= −𝑈𝐴 (

1

𝐶𝑞+

1

𝐶𝑓) (13)

ln∆𝑇2

∆𝑇1= −𝑈𝐴 (

(𝑇𝑞,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎−𝑇𝑞,𝑠𝑎í𝑑𝑎)

𝑞+

(𝑇𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎−𝑇𝑓,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎)

𝑞) (14)

ln∆𝑇2

∆𝑇1 =

−𝑈𝐴

𝑞((𝑇𝑞,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑇𝑓,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎) + (𝑇𝑞,𝑠𝑎í𝑑𝑎 − 𝑇𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎)) (15)

𝑞 = 𝑈𝐴∆𝑇2−∆𝑇1

ln∆𝑇2∆𝑇1

= 𝑈𝐴(∆𝑇𝑚) (16)

Para fluxos paralelos temos a seguinte formulação matemática:

𝑞𝑃 = 𝑈𝐴∆𝑇𝑚 = 𝑈𝐴 (∆𝑇2−∆𝑇1

ln∆𝑇2∆𝑇1

) = 𝑈𝐴 ((𝑇𝑞,𝑠𝑎í𝑑𝑎−𝑇𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎)−(𝑇𝑞,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎−𝑇𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎)

ln(𝑇𝑞,𝑠𝑎í𝑑𝑎−𝑇𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎)

(𝑇𝑞,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎−𝑇𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎)

) (17)

Já para fluxos contracorrente, temos a seguinte formulação:

Page 41: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

41

𝑞𝐶𝐶 = 𝑈𝐴∆𝑇𝑚 = 𝑈𝐴 (∆𝑇2−∆𝑇1

ln∆𝑇2∆𝑇1

) = 𝑈𝐴 ((𝑇𝑞,𝑠𝑎í𝑑𝑎−𝑇𝑓,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎)−(𝑇𝑞,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎−𝑇𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎)

ln(𝑇𝑞,𝑠𝑎í𝑑𝑎−𝑇𝑓,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎)

(𝑇𝑞,𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎−𝑇𝑓,𝑠𝑎í𝑑𝑎)

) (18)

INCROPERA, 2007, ressaltou que no fluxo contracorrente, para uma mesma

taxa de transferência U e mesmas temperaturas, é necessária uma área de troca

térmica menor do que no arranjo paralelo já que a LMTD contracorrente é maior.

Como todo equipamento capaz de realizar trabalho, os trocadores de calor

possuem uma potência associada que depende, dentre outros fatores, do LMTD

previamente demonstrado. A potência de um trocador de calor do tipo placas pode ser

calculada utilizando-se a seguinte expressão:

𝑃 = ��𝑐𝑝∆𝑇 = 𝐾𝐴(𝐿𝑀𝑇𝐷) (19)

É notório que, quanto maior for a diferença de temperatura, ∆𝑇, desejada no

fluido de processo, maior a potência requerida do trocador de calor. Além disto, altas

vazões �� ou fluidos com alto calor específico 𝑐𝑝também demandam uma potência

elevada. Para contrabalancear estes problemas, os trocadores utilizam material de alta

condutividade térmica 𝑘 e aumentam o número de placas para aumentar a área 𝐴 de

troca térmica.

Algumas variáveis do equipamento e do conjunto equipamento-fluido

influenciam na condutividade térmica do cálculo acima. Abaixo segue a fórmula para o

cálculo da condutividade equivalente:

1

𝐾(𝑡)=

1

𝛼1+

1

𝛼2+

𝛿

𝜎+ 𝑅𝑖(𝑡) (20)

As variáveis 𝛼1 e 𝛼2 são os coeficientes de troca de calor entre o fluido quente e

a superfície das placas e do fluido frio e a superfícies das placas, respectivamente. A

espessura das placas é 𝛿, a condutividade térmica do material das placas é 𝜎 e 𝑅𝑖 é um

fator de incrustação que aumenta com o tempo de utilização do equipamento, de acordo

com o nível de incrustação presente após determinado tempo de utilização.

A potência acima é utilizada para um cálculo prévio da potência teórica a ser

instalada, porém outras variáveis precisam ser adicionadas ao estudo para uma análise

completa, como composição química, viscosidade e densidade dos fluidos. Estas

variáveis serão incluídas no EVT, no software de simulação de processos.

Page 42: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

42

Ainda teremos, neste projeto, uma variável 𝑈𝐴 que é utilizada pelo software

como uma taxa de transferência de calor onde ele leva em consideração as variáveis

não utilizadas em nossa equação global anterior. As unidades são em Btu/ºF.h,

originárias do sistema inglês, e que demonstram ser uma relação entre potência e

variação de temperatura.

Page 43: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

43

4. Estudo de Viabilidade Técnica – EVT

Podemos considerar o EVT – Estudo de Viabilidade Técnica – como um estudo

direcionado de aprofundado conhecimento técnico e composto por diversas disciplinas,

realizado para guiar uma tomada de decisão em relação à implementação de um

processo ou projeto.

O EVT não possui na literatura disponível métodos formais ou estabelecidos de

forma que possamos seguir. Em sua concepção é comum partir de um problema e

teórica ou empiricamente desenvolver solução personalizada, que seja adequada às

condições intrínsecas aos desafios existentes no momento.

Dessa forma, é comum usarmos como base outros EVT’s realizados em projetos

e/ou aplicações semelhantes às que o nosso projeto possui ou então construir um

modelo partindo do zero para chegar à solução.

4.1 Simulações Computacionais como EVT

Em plena era da informação, é comum a utilização de softwares de simulação

computacional para resolução de problemas. A velocidade e capacidade de realização

de cálculos e iterações que os computadores atuais possuem servem de grande

ferramenta para melhorias em processos, projetos e produtos que demorariam até anos

para que uma equipe de profissionais chegasse sem a ajuda destas máquinas.

Na engenharia mecânica não é diferente quando tratamos não somente de

problemas da engenharia térmica, mas também de análises de vibrações, esforços e,

claro, transferência de calor.

Um projeto de um contêiner de transporte marítimo, por exemplo, pode passar

por uma análise computacional de elementos finitos (AEF) sob condição de carga

estática ou dinâmica para determinar se de fato todos os seus componentes possuem

a resistência estrutural necessária para as cargas projetadas. Já o projeto do aerofólio

de um carro de competição provavelmente passará por uma análise CFD

(Computational Fluid Dynamics, em inglês) visando garantir que todos os parâmetros

foram considerados e os cálculos estão corretos, dando maior segurança ao piloto.

Análises mais complexas podem ser vistas em softwares voltados para análise

e melhoria de processos industriais, com utilização de diversos equipamentos

Page 44: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

44

mecânicos e aplicação de conhecimentos de engenharia mecânica e química

especialmente na indústria de óleo e gás.

4.2 Simulações de Processos Industriais com o UNISIM® Design

O UNISIM® Design Suite é um software desenvolvido pela Honeywell para

modelagem de processos estáticos e dinâmicos e usado também para monitoramento

de desempenho, solução de problemas e otimização auxiliando em decisões técnicas e

estratégicas no gerenciamento das plantas de processo.

Figura 23 - Tela do UNISIM®

O software possui modelos pré-estabelecidos de equipamentos como trocadores

de calor, compressores, turbinas e separadores, fazendo com que seu foco seja no

processo e não no dimensionamento dos equipamentos do mesmo. Não é possível

determinar, por exemplo, a quantidade de placas ou tubos dos trocadores, porém somos

capazes de com ele determinarmos outras variáveis como a perda de carga,

temperatura de saída, propriedades do fluido na saída dos equipamentos e a potência

necessária, o que nos é de grande utilidade nesse projeto.

Portanto, a correta inserção dos inputs no software é essencial para que ele

possa predizer o que irá acontecer e assim possamos tomar a melhor decisão técnica

possível. A correta composição do fluido, por exemplo, é de suma importância para que

o software possa realizar os cálculos e iterações de forma correta, acompanhado

Page 45: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

45

geralmente de informações como temperaturas de entrada e vazão que são facilmente

medidas por equipamentos básicos de instrumentação, como termopares.

Figura 24 - Input de Dados UNISIM®

O UNISIM® é um software que não possui um padrão de inputs que vão gerar

outputs padronizados. Por lidar com processos e nesse sentido muitas vezes não

termos todas as variáveis, o UNISIM® possui grande capacidade de iterações para

resolver os problemas propostos mesmo numa situação comum que é a falta de valores

de algumas variáveis ou então quando a própria intenção é descobrir esta para que o

projeto do equipamento possa ser desenvolvido.

Neste projeto o UNISIM® será a ferramenta utilizada no EVT para que possamos

achar a melhor solução técnica para o projeto. Buscaremos a solução através de um

balanço de massa e energia onde toda vazão de entrada – água, gás e óleo – deve ser

mantida ao final do processo e que as leis da termodinâmica sejam obedecidas sempre.

Os cálculos são feitos pelo software que é amplamento usado na empresa A, que possui

seu próprio pacote de aplicações para garantir que a teoria envolvida por trás dos

cálculos está de acordo com os padrões estabelecidos por ela.

Page 46: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

46

Para garantir que os pacotes de simulação sejam aderentes à realidade é muito

importante que a planta de processo seja reproduzida em sua totalidade, com as

informações de projeto dos equipamentos

Page 47: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

47

5.Estudo de Viabilidade Econômica - EVE

O EVE é parte de algo mais amplo que costumamos chamar de Engenharia

Econômica. Segundo MOTTA, 2012, o desafio da Engenharia Econômica consiste em

definir, tão precisamente quanto possível, alternativas de investimentos e prever suas

consequências, reduzidas a termos monetários, elegendo-se um instante de referência

temporal e considerando o valor do dinheiro no tempo. A partir desta definição podemos

partir para uma análise usando ferramentas da Engenharia Econômica a fim de buscar

a melhor solução financeira para um projeto considerando seu tempo de vida e

movimentação financeira ao longo deste período.

A relação custo-benefício tão difundida socialmente é baseada geralmente em

análises simples e rápidas onde verificamos se o que teremos que gastar em

determinado projeto nos trará um retorno que, de alguma forma, nos satisfaça. E na

engenharia não é diferente, pois nem sempre a resposta puramente técnica é a melhor

considerando-se seus custos e retorno financeiro.

Para uma resposta mais assertiva, combinamos a análise do EVT à análise do

EVE de forma a minimizar os riscos e custos, melhorar a produção industrial e maximizar

as receitas e lucros. Algumas das ferramentas tal análise serão descritas abaixo.

5.1 TMA – Taxa Mínima de Atratividade

Chamamos de TMA uma determinada taxa de juros do investimento, aplicada

em métodos com fluxo de caixa descontado, feito no projeto e que o investidor tem os

recursos necessários para cumpri-lo. Quando aplicada, os valores monetários

envolvidos no período são trazidos para o presente, descontados da TMA (ROSA,

2010).

De posse deste conhecimento, vamos analisar os métodos que usam o desconto

e a TMA.

5.2 Método Payback

Segundo FABOZZI (2003), o payback de um projeto é o período de tempo que

ele demora para ter seu investimento de volta. É o período desde o primeiro gasto no

fluxo de caixa até o momento que as entradas do mesmo sejam iguais ao gasto inicial,

Page 48: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

48

sendo também visto como o tempo de retorno do capital. Sendo assim, o investimento

com menor payback em uma análise meramente financeira é o mais vantajoso.

Existem dois tipos de payback: o simples, descrito acima, onde não há desconto

algum no período considerado e não leva em consideração flutuações no valor

monetário, juros ou amortizações. E também existe o payback com descontos, onde os

descontos que ocorrerão no tempo no fluxo de caixa são considerados através de uma

taxa específica. Por levar em consideração estes descontos, normalmente o payback

com descontos é maior para o mesmo projeto do que um sem descontos.

O payback simples que irá trazer o tempo, em anos, do retorno pode ser

calculado de forma direta como abaixo:

𝑃𝑆 = 𝑚𝑜𝑛𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑎 𝑠𝑒𝑟 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜

𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑎𝑑𝑜 (21)

Já o payback com desconto leva em consideração o fluxo de caixa descontado,

que é calculado com base em uma taxa de desconto 𝑖 e no período de tempo que se

deseja saber como estará o fluxo de caixa. Para calcular o valor de um bem ou do fluxo

de caixa em 𝑡 anos usamos a seguinte fórmula:

𝐹𝐶𝑛 = ∑𝐹𝐶𝑡

(1+𝑖)𝑡𝑛𝑡=0 (22)

E assim o payback com desconto passa a ser:

𝑃𝐷 = 𝑚𝑜𝑛𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑎 𝑠𝑒𝑟 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜

𝐹𝐶𝑛 (23)

Como visto o método acima pode ser aplicado ao fluxo de caixa de uma empresa

como a um projeto específico, sendo assim este método será o aplicado a este projeto

no seu estudo de caso, considerando que 𝐹𝐶𝑡 será somente positivo, pois representará

o valor do equipamento e custos CAPEX e OPEX e também sua simplicidade na

aplicação. Outra vantagem é que funciona muito bem em períodos menores, o que

também se aplica a este projeto já que ele terá uma visão de 5 anos adiante da sua data

de realização.

5.3 Método VPL (Valor Presente Líquido)

O VPL é a soma atual de todas as movimentações do fluxo de caixa (FABOZZI,

2003). Para calcularmos o VPL consideraremos as entradas como positivas, as saídas

Page 49: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

49

como negativas e a TMA como fator de desconto. Neste método buscamos

essencialmente a diferença entre as entradas e saídas do projeto, em um determinado

tempo estipulado e a regra para a tomada de decisão, segundo MOTTA (2001) é:

𝑉𝑃𝐿(𝑖) > 0: projeto viável

𝑉𝑃𝐿(𝑖) < 0: projeto inviável

𝑉𝑃𝐿(𝑖) = 0: indiferente investir ou não nessa alternativa, mas ela é ainda viável

E para o cálculo do VPL usamos:

𝑉𝑃𝐿 = ∑𝐹𝐶𝑡

(1+𝑇𝑀𝐴)𝑡𝑛𝑡=0 (24)

O VPL não será usado no projeto pois não contaremos com fluxo de caixa

negativo e o mesmo, por isso, não demonstrará de fato a realidade do projeto

financeiramente. Podemos considerar o VPL muito robusto para utilização neste projeto,

sendo mais adequado para aplicações empresariais onde se deseja tomar decisões

estratégicas de investimentos em longo prazo considerando-se os riscos, valores

monetários e temporais do dinheiro.

5.4 Método TIR (Taxa Interna de Retorno)

A TIR de um projeto de investimento é definida como sendo a taxa de desconto

que torna o VPL do seu fluxo de caixa igual a zero (FABOZZI, 2003). Neste caso, a

intenção é substituir a TMA pela TIR e se TIR>TMA o projeto é viável. Podemos

considerar a TIR como uma taxa intrínseca ao projeto, pois independe da taxa de

desconto externa, sendo calculada como uma taxa dependente dos fluxos de caixa do

projeto. Daí sua comparação com a TMA e caso acima, significa que é mais rentável

que a taxa externa.

𝑉𝑃𝐿 = ∑𝐹𝐶𝑡

(1+𝑇𝐼𝑅)𝑡𝑛𝑡=0 = 0 (25)

O método, assim como o VPL, se mostra robusto para o projeto proposto e, além

disso, representa uma porcentagem, sendo de difícil assimilação em um projeto de

engenharia.

Page 50: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

50

6. Estudo de Caso

6.1 Importância do Estudo de Caso

Partindo da definição de PONTE (2006), podemos iniciar o entendimento acerca

dos estudos de caso: “É uma investigação que se assume como particularística, isto é,

que se debruça deliberadamente sobre uma situação específica que se supõe ser única

ou especial, pelo menos em certos aspectos, procurando descobrir a que há nela de

mais essencial e característico e, desse modo, contribuir para a compreensão global de

um certo fenômeno de interesse. ”

Em plena era da informação a quantidade e complexidade dos dados existentes

são incalculáveis. Nesse mar de informações é essencial produtivamente saber onde

achá-los, aferir a qualidade dos dados obtidos e, sobretudo saber organizá-los e usá-

los de maneira correta. Desta maneira, o uso de métodos de estudo de caso se mostram

extremamente úteis a serviço também dos projetos de engenharia, onde também é

característica determinante o prazo e os custos intrínsecos aos mesmos.

Seguiremos neste projeto com as definições de YIN (2001) que versam sobre o

método de coleta e análise dos dados, definindo o estudo de caso com base nas

características do fenômeno em estudo e com base num conjunto de características

associadas ao processo de recolha de dados e às estratégias de análise dos mesmos.

A coleta de dados neste projeto utilizou-se de normas técnicas nacionais e

internacionais, padrões de produção e segurança internos da empresa utilizada,

entrevistas técnicas com engenheiros e coordenadores de áreas envolvidas, preços

praticados pelos fornecedores de mercado e da bibliografia técnica e econômica

descritas ao final do presente projeto. Já análise dos dados baseou-se no software

UNISIM, sendo esta a principal ferramenta para o processo decisório, complementado

ao final pela análise financeira realizada através de planilhas eletrônicas através das

fórmulas apresentadas no capítulo 5.

6.2 Estudo de Caso Real

Após o entendimento sobre a Engenharia Térmica, o EVTE e Estudos de Caso

iremos utilizar um exemplo real de aplicação integrada destes conceitos para tirarmos

conclusões sobre as vantagens e desvantagens técnico-econômicas da utilização de

Trocadores de Calor do tipo Placas em um FPSO. Para fins de proteção, as empresas

envolvidas não serão citadas explicitamente, bem como informações que possam

Page 51: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

51

comprometer seus respectivos funcionários e patrimônios. Todas elas serão

devidamente identificadas de forma que o entendimento do leitor não seja

comprometido.

6.3 Requisitos, Planta e Processo

O primeiro estudo feito foi o EVT de forma a definirmos quais soluções técnicas

seriam possíveis e para que assim posteriormente pudéssemos aplicar o EVE como

parte final da decisão às soluções técnicas possíveis.

Nosso foco neste projeto será a produção de óleo, sendo a planta de gás e de

água pós-separação da emulsão irrelevantes para nossa análise visto que os 3

trocadores de calor atuam na etapa de separação da emulsão e no fim da produção do

óleo. O fluxograma que demonstra o caminho do óleo na planta:

Figura 255 - Caminho Original do Óleo na Planta de Processo

Como visto, temos trocadores casco tubo antes dos separadores trifásicos. Eles

servem pra aumentar a temperatura da emulsão antes da separação devido a perda de

calor por atrito nas tubulações. Este trocador será parte da simulação no UNISIM®

porém não será parte do estudo direcionado deste projeto. Os trocadores alvo do projeto

são: Trocador Óleo-Óleo, Trocador Óleo e Resfriador. Como citado anteriormente, todos

estavam fora de serviço, deixando a planta da seguinte forma:

Page 52: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

52

Figura 26 - Situação Atual da Planta de Processo

Dessa forma, a produção corrente no FPSO não considerava qualquer

equipamento de troca térmica após a separação, confiando somente na capacidade de

separação dos equipamentos posteriores e deixando a cargo destes todo o trabalho

necessário que é baseado em algumas restrições que estão descritas na tabela abaixo:

Tabela 3 - Restrições Técnicas e Ambientais da Produção no FPSO

Variável do Processo Valor Origem

Temperatura Máxima nos

Tanques 45°C HSSE

RVP Máxima nos Tanques 12psia HSSE

Máximo BS&W nos

Tanques 1,0% em volume ANP

Temperatura Máxima da

Água Produzida 40°C IBAMA/CONAMA

Máximo OIW na Água

Produzida 18ppm IBAMA/CONAMA

Mínima Temperatura para

Separação 40°C

Manuais internos da

empresa A

Vamos analisar todas as restrições apresentadas para pleno entendimento dos

requisitos técnicos:

Temperatura Máxima nos Tanques: essa temperatura está ligada à RVP Máxima

nos tanques, já que a Reid Vapour Pressure é função da temperatura no local.

Temperaturas acima destas levam à RVP’s maiores que a permitida e possível

criação de atmosfera explosiva;

Máximo BS&W nos Tanques: o BS&W é uma medida de impureza do óleo

tratado, calculando-se a quantidade de sólidos suspensos e água diluída no óleo

Page 53: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

53

logo antes da sua transferência. Sua quantidade é regulada pela ANP para uma

equidade na venda de óleo no Brasil;

Temperatura Máxima da Água Produzida: a água produzida é a água removida

da emulsão e tratada no processo para descarte no mar. A especificação de

temperatura obedece a CONAMA 430 para preservação de fauna e flora

marítima no local.

Máximo OIW na Água Produzida: como água descartada no mar, existe uma

tolerância à quantidade de óleo diluído na água que será descartada de forma a

proteger fauna e flora local.

Mínima Temperatura para Separação: através das análises experimentais e de

históricos, a empresa A definiu a temperatura de 40°C como a mínima aceitável

para o processo de separação do óleo do campo em questão.

Antes de avaliarmos, vamos detalhar algumas das novas variáveis presentes no

projeto:

- BS&W: por medir a quantidade água e sedimentos no óleo ao fim do processo,

é como uma medida da qualidade não só do óleo em si mas também do processo de

separação da unidade. Quanto mais tempo passa para o poço produtor, menos óleo

vem na emulsão, trazendo para a planta mais água e sólidos. Logo, podemos concluir

que conforme os anos passam, mais difícil fica o processo de separação e crescem as

chances de um BS&W maior.

- OIW: por medir a quantidade de óleo diluída na água produzida que é

descartada no mar, oferece uma medida de qualidade do processo de separação da

planta, sendo usada para estabelecer limites aceitáveis de poluição no mar onde ocorre

a exploração.

As variáveis que podem ser controladas diretamente pelos trocadores são as

temperaturas nos tanques e nos equipamentos de separação. É importante reparar que

a diferença entre a temperatura que o óleo deve ser levado aos tanques e a mínima

para o processo é de apenas 5°C, exigindo para a segurança e eficiência do processo

um bom controle de temperatura.

De posse das restrições, começamos pela análise da situação atual da planta

com foco especial nas temperaturas no processo. O esquema com as temperaturas

indicadas pode ser visto abaixo:

Page 54: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

54

Figura 27- Situação Atual do Processo e Temperaturas

As temperaturas da figura acima foram obtidas através dos instrumentos de

medição dos equipamentos, sejam eles por visualização direta ou eletrônica em um

sistema de controle remoto.

A diferença de temperatura nos separadores se justifica pelas diferentes

composições de óleo que vão para cada um, já que o campo de petróleo em questão é

compostos por diversos poços diferentes com diferentes composições de

hidrocarbonetos. O primeiro ponto relevante da situação atual é que a temperatura de

separação mínima é atingida com a atual produção e composição, sendo um ponto a se

preocupar para o futuro com o aumento da produção (vazão nos separadores) e

envelhecimento dos poços. Já o segundo ponto a se destacar é que o óleo é jogado nos

tanques atualmente com temperatura acima da máxima especificada, gerando uma

condição insegura e um risco à operação.

Uma análise preliminar puramente teórica nos mostra que o aumento da

temperatura durante o processo tende a ser necessária com o envelhecimento dos

poços e aumento da produção, além do resfriamento do óleo logo antes dos tanques

haja visto a temperatura atual que já se encontra maior do que a especificada. Para que

as conclusões sejam mais assertivas, o processo foi modelado de forma completa no

UNISIM® para uma simulação completa na tentativa de prever as condições do

processo com o aumento da produção.

Page 55: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

55

Figura 28 - Processo Modelado no UNISIM®

Na figura acima podemos ver a planta completa, com sistema de água e gás

incluídos e os três trocadores alvos do projeto. Eles são necessários ao software pois

ele precisa que haja a separação da emulsão e que os produtos continuem um caminho

até o armazenamento. Dessa forma, na modelagem foi necessário o entendimento

sobre o papel dos compressores, compressores de flash, flotadores, válvulas e todos

os demais equipamentos componentes de uma planta de processo.

6.3.1 Os Trocadores de Calor

Da coleta de dados concluiu-se primariamente que seria benéfico tecnicamente

à planta o aumento da temperatura durante o processo e diminuição da temperatura ao

fim do mesmo. Para que possamos simular alguns casos devemos entender os 3

trocadores disponíveis, suas condições e utilidade.

O primeiro deles é o Trocador Óleo-Óleo, fabricado pela Alfa Laval com placas

modelo MX25-BFD, que possui dois estágios de aquecimento e resfriamento, podendo

atuar em ambas das nossas necessidades. Como seu nome diz, ele pega o óleo quente

depois dos separadores trifásicos e efetua troca térmica com o óleo frio que vem depois

dos tratadores eletrostáticos já parcialmente resfriado. Por possuir dois estágios tem

936 placas de titânio, sendo maior em comprimento e altura do que os demais, com

manutenção mais complexa e cara.

Page 56: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

56

O segundo é o Trocador de Óleo, fabricado pela Alfa Laval com placas modelo

AV-110, que possui apenas um estágio e pega o óleo pós Trocador Óleo-Óleo. Este

possui 331 placas de titânio, tendo como função apenas elevar a temperatura do óleo

ao fazê-lo trocar energia térmica com água quente advinda do sistema de água.

O terceiro e último é o Resfriador, fabricado pela Alfa Laval com placas modelo

AV-110, que possui apenas um estágio e pega o óleo final, depois de passar pelo

tratador eletrostático e Trocador Óleo-Óleo, tem como função apenas retirar energia

térmica do óleo fazendo-o trocar calor com água gelada do sistema de água. Possui 224

placas.

Figura 29 - Trocador Óleo-Óleo e o Trocador de Óleo

De posse das informações dos 3, montamos os cenários de utilização dos

mesmos da seguinte forma:

Tabela 4 - Cenários de Uso dos Trocadores

Cenário Equipamentos

#1 Resfriador + Trocador Óleo

#2 Resfriador + Trocador Óleo + Trocador Óleo-Óleo

#3 Trocador Óleo + Trocador Óleo-Óleo

#4 Resfriador + Trocador Óleo-Óleo

#5 Trocador Óleo-Óleo

Sabendo a forma como iremos combiná-los, o input que falta para realizamos as

simulações é a expectativa de aumento da produção para os próximos anos.

Page 57: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

57

6.3.2 O Aumento da Produção e Vida Útil do Campo

O projeto de aumento da vida útil do campo de exploração estava em andamento

durante o desenvolvimento do atual projeto, estando disponíveis à época os dados

estimados de produção para os próximos 10 anos. Abaixo está ilustrada esta estimativa,

considerando no eixo horizontal os meses de 2014 e os anos de 2015 até 2026. E no

eixo vertical a produção média daquele período, medida em bbl (barris de petróleo).

Figura 30 - Expectativa de Produção no FPSO até 2026

Para fins de cálculos técnicos e econômicos, ficou estabelecido que a mínima

produção rentável à empresa A seria de 10.000bbl, fazendo-se então uma análise

focada nos próximos 5 anos de operação da plataforma.

A máxima produção planejada está estimada em 32.000bbl a acontecer na

metade do ano de 2014. Portanto, para os cálculos das simulações usaremos este

número como base, aplicando um fator de segurança a ele em caso de descoberta de

novos poços ou então sobrecarga de produção em determinado período. Ficou

estabelecido então os seguintes cenários de produção a serem simulados:

Tabela 5 - Cenários de Produção para a Simulação

Cenário Produção Máxima BS&W depois dos Separadores Trifásicos

A 32,000 bpd

10% B 40,000 bpd

C 45,000 bpd

Page 58: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

58

Com uma segurança de aproximadamente 40% para a situação máxima de

produção esperada e um BS&W de 10% em volume já depois dos separadores trifásicos

(o que é considerado crítico), esperamos simular o processo em condições realmente

críticas para que coloquemos os equipamentos para trabalhar em situações adversas,

eliminando assim qualquer eventual surpresa no futuro.

6.3.3 Análise dos Dados do EVT

Com todos os inputs necessários ao software, podemos combinar os cenários e

realizar as simulações desejadas. Cada cenário de combinação de equipamentos foi

testado com cada cenário de produção planejado, considerando todas as restrições

técnicas apresentadas na tabela 3.

Tabela 6 - Cenários do EVT

Cenário Equipamentos Produção (bpd) BS&W

#1A

Resfriador + Trocador Óleo

32,000

10%

#1B 40,000

#1C 45,000

#2A Resfriador + Trocador Óleo +

Trocador Óleo-Óleo

32,000

#2B 40,000

#2C 45,000

#3A

Trocador Óleo + Trocador Óleo-Óleo

32,000

#3B 40,000

#3C 45,000

#4A

Resfriador +Trocador Óleo-Óleo

32,000

#4B 40,000

#4C 45,000

#5A

Trocador Óleo-Óleo

32,000

#5B 40,000

#5C 45,000

A decisão do EVT tem como bases a maior potência térmica necessária para

estarmos de acordo com as restrições, seja para a temperatura de separação ou para

temperatura final do processo, e a taxa de transferência de calor dos equipamentos. Os

trocadores possuem, na folha de dados fornecida pelo fabricante, a potência (em

MMBtu/h) e a taxa de transferência de calor (em Btu/°F.hr) máximas projetadas que

podem fornecer quando utilizados dentro das especificações técnicas dadas por eles.

Page 59: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

59

Figura 31 - Folha de Dados Trocador Óleo-Óleo

O UNISIM® irá nos fornecer a potência térmica necessária para o que queremos,

além de demais variáveis, e ao final das simulações faremos a comparação entre o que

temos disponível e o que queremos.

Dessa forma, os resultados obtidos (convertidos para kW) para a potência estão

resumidos na tabela abaixo:

Tabela 7 - Resultado da Análise de Potência Térmica dos Equipamentos

Cenário Equipamentos Potência Disponível (kW)

Potência Mínima Requerida (kW)

Potência Máxima Requerida (kW)

Resultado para a Potência

#1

Trocador Óleo-Óleo 1.919 858 1.175 SIM

Trocador Óleo 2.930 219 574 SIM

Resfriador 1.846 688 937 SIM

#2 Trocador Óleo 2.930 970 1729 SIM

Resfriador 1.846 1.002 1.418 NÃO

#3 Trocador Óleo-Óleo 1.919 2.110 2.329 NÃO

Trocador Óleo 2.930 105 410 NÃO

#4 Trocador Óleo-Óleo 1.919 1.861 2154 NÃO

Page 60: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

60

Resfriador 1.846 1.345 1.790 NÃO

#5 Trocador Óleo-Óleo 1.919 2.013 2376 NÃO

Como visto, na análise da comparação entre potência disponível versus potência

necessária, os cenários #3, #4 e #5 foram descartados, mostrando que o Trocador Óleo-

Óleo não suportaria sozinho o ponto mais alto de produção planejado e nem qualquer

sobrecarga que porventura exista. Isso se dá pelo fato de que, mesmo com dois

estágios, ele sozinho não possui como auxílio um equipamento que tenha como função

apenas aumentar ou diminuir a temperatura do óleo. Além disso, os outros trocadores

utilizam água do sistema de água da unidade, que pode ter sua temperatura controlada

mesmo que em poucos graus.

Com a conclusão do EVT indicando a necessidade de retorno de pelo menos 2

trocadores, entramos em outro questionamento: como retorná-los à produção? Quando

falamos de trocadores de calor do tipo placas temos duas opções: comprar placas novas

ou recuperar mecânica e quimicamente as existentes – o que está associado com uma

inevitável perda de eficiência.

No EVE em seguida iremos abordar os custos CAPEX – de investimento – e

OPEX – de manutenção – do retorno à operação de cada trocador e definir quais dos

cenários #1 e #2 é o melhor técnica e economicamente.

6.3.4 Coleta de Dados para o EVE

Com base na conclusão técnica, partimos para a coleta de dados para o EVE na

tentativa de selecionar qual dos cenários #1 e #2 é o melhor financeiramente à empresa

A.

Basearemos nossos dados nos valores de equipamentos e serviços do

fornecedor selecionado pela empresa A. Foram pensados 5 cenários de retorno dos

equipamentos, considerando que podemos comprar placas de titânio novas ou

recuperar as existentes nos trocadores.

Tabela 8 - Cenários de Retorno dos Trocadores

Cenário de Retorno

Descrição

#1.1 Recuperar todas as placas dos Trocador Óleo-Óleo e

Resfriador

Page 61: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

61

#1.2 Recuperar 50% das placas do Trocador Óleo-Óleo, trocar

50% das placas do Trocador Óleo-Óleo e recuperar as placas do Resfriador

#1.3 Trocar todas as placas dos Trocador Óleo-Óleo e recuperar

as placas do Resfriador

#2.1 Recuperar todas as placas do Resfriador

#2.2 Trocar todas as placas do Resfriador

As placas do Trocador Óleo-Óleo não serão consideradas no EVE dado que à

época do projeto a empresa A possuía um jogo completo de placas novas com gaxetas

que foram compradas para teste do próprio trocador. Além disso, em análise técnica

prévia foi verificado que as placas do Resfriador estão em boas condições, sendo

grandes as chances de 100% de eficiência em uma recuperação.

Como custos OPEX foram planejadas manutenções anuais que têm seu preço

estipulado na quantidade de dias offshore da equipe de manutenção, que está

diretamente ligado à quantidade de placas em serviço. Abaixo segue a tabela de diárias

da equipe de manutenção para o cálculo dos serviços de remoção das placas,

instalação e futura manutenção (já incluídos seguros e taxa de periculosidade por

trabalho em ambiente offshore):

Tabela 9 - Valores dos Serviços do Fornecedor

Descrição Valor da Diária Observações

Supervisor de Serviço R$3.500,00 É necessária a presença de um supervisor a

cada 3 mecânicos.

Mecânico R$2.500,00 Recomenda-se 2 mecânicos para o serviço de remoção, instalação e manutenção offshore.

Taxa de Mobilização R$5.000,00 Valor cobrado por embarque para cobrir despesas de transporte e alimentação.

Além dos serviços, teremos obviamente os custos com as placas que vem

acompanhada das suas gaxetas para que haja aderência entre uma e outra, servindo

também de selagem mecânica evitando vazamentos do fluido de processo. Abaixo

segue o valor dos equipamentos, em Reais, a uma taxa de câmbio da época R$2,37

para U$D1,00:

Page 62: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

62

Tabela 10 - Valores das Placas e Gaxetas Novas

Equipamento Valor Unitário

Placa Trocador Óleo-Óleo R$1.218,75

Gaxeta Trocador Óleo-Óleo R$89,60

Placa Resfriador R$1.567,16

Gaxeta Resfriador R$89,60

Os valores acima se referem a placas novas, seguindo os mesmos modelos das

originais porém de um fornecedor diferente do fabricante original dos trocadores. Essa

escolha se deu pelo alto preço de placas novas originais e falta de assistência técnica

imediata da fabricante no Brasil. As cotações são de Novembro de 2013 com a empresa

WCR.

Os serviços de recuperação das placas foram negociados com o fornecedor

Gates CPSI de forma a reduzí-lo em 10%, ficando conforme tabela abaixo:

Tabela 11 - Valor dos Serviços de Recuperação das Placas

Placas Valor da Recuperação

Trocador Óleo-Óleo R$420,00

Resfriador R$400,00

O serviço de recuperação das placas consiste em tratamento com ácido

dissolvido para remoção da corrosão e incrustações, remoção mecânica dos mesmos,

troca e colagem das gaxetas e conformação mecânica visando restaurar a forma original

da placa de titânio.

Coletados todos os dados para projeção dos custos há de se coletar os dados

de possíveis receitas e economias que serão feitas com o projeto. Optou-se por não

pegar o aumento da receita advinda do aumento da produção dada a dificuldade e

incerteza envolvidas no processo devido ao tamanho da empresa A, multinacional com

atuação em todos os continentes.

Dessa forma, focamos nas possíveis economias que poderiam ser feitas.

Durante o processo há a utilização de demulsificantes, que são produtos químicos

utilizados nos separadores trifásicos para ajudar no processo de separação. Um

aumento na temperatura do processo pode reduzir a quantidade de químicos

Page 63: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

63

demulsificantes utilizados em até 10% ao ano, segundo estimativas dos engenheiros

químicos da empresa A. De posse desta informação, a economia que poderia ser feita

com o retorno dos trocadores está descrita abaixo:

Tabela 12 - Gastos Anuais com Demulsificantes

Produto Custo Médio Anual

Demulsificante R$210.000,00

De posse de todos os custos e economias, podemos partir para o EVE de fato.

6.3.5 Análise dos Dados do EVE

Usaremos o método do Payback Descontado por dois fatores: sua simplicidade

de aplicação e o por contemplar a desvalorização dos ativos no tempo. Usarmos aqui

VPL ou TIR seria até útil, porém estes métodos são robustos demais para aplicação em

projetos isolados como este. Dessa forma, a partir de agora partiremos para o cálculo

dos custos e economias do projeto com foco num cenário futuro de 5 anos a partir de

Abril de 2014.

Começaremos por calcular os custos CAPEX de cada cenário na Tabela 9,

considerando uma janela de 14 dias de serviço offshore para remoção das placas do

Trocador Óleo-Óleo, 5 dias para remoção das placas do Resfriado e 14 dias para o

serviço de instalação das placas novas e/ou recuperadas de ambos. As tabelas abaixo

resumem os resultados obtidos:

Tabela 13 - Custos CAPEX do Cenário #1.1

Trocador Remoção Recuperação Instalação Total

Trocador Óleo-

Óleo R$89.000,00 R$393.120,00 R$89.000,00 R$571.120,00

Resfriador R$35.000,00 R$132.400,00 R$89.000,00 R$256.400,00

R$827.520,00

Page 64: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

64

Tabela 14 - Custos CAPEX do Cenário #1.2

Trocador Remoção Recuperação Novas Placas Instalação Total

Trocador Óleo-

Óleo R$89.000,00 R$196.560,00 R$612.311,00 R$89.000,00 R$986.671,00

Resfriador R$35.000,00 R$132.400,00 R$0,00 R$89.000,00 R$256.400,00

R$1.243.071,00

Tabela 15 - Custos CAPEX do Cenário #1.3

Trocador Remoção Recuperação Novas Placas Instalação Total

Trocador Óleo-

Óleo R$89.000,00 R$0,00 R$ 1.226.773,00 R$89.000,00 R$1.404.773,00

Resfriador R$35.000,00 R$132.400,00 R$0,00 R$89.000,00 R$256.400,00

R$1.661.173,00

Tabela 16 - Custos CAPEX do Cenário #2.1

Trocador Remoção Recuperação Instalação Total

Trocador Óleo-

Óleo R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00

Resfriador R$35.000,00 R$132.400,00 R$89.000,00 R$256.400,00

R$256.400,00

Tabela 17 - Custos CAPEX do Cenário #2.2

Trocador Remoção Novas Placas Instalação Total

Trocador Óleo-

Óleo R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00

Resfriador R$35.000,00 R$518.730,00 R$89.000,00 R$642.730,00

R$642.730,00

Uma análise direta somente dos custos CAPEX nos levaria a selecionar o

cenário #2.1 já que é o de menor custo de investimento. De certa forma podemos prever

que os cenários #1.1, #1.2 e #1.3 deverão ser descartados pois o custo CAPEX já é

maior e por termos mais equipamentos envolvidos é fácil imaginar que os custos OPEX

destes cenários serão também maiores. Para comprovar isto prosseguiremos com a

estimativa dos custos OPEX abaixo.

Page 65: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

65

Para o cálculo das manutenções (OPEX) nos próximos 5 anos foi considerada 1

intervenção por ano, onde haveria a inspeção visual dos trocadores, troca das gaxetas

para proteção contra vazamentos e eventual limpeza com água desalinizada no local,

conforme descrito na tabela abaixo:

Tabela 18 - Custos OPEX Anual dos Cenários

Cenários Descrição Valor

#1.1, #1.2 e

#1.3

5 dias para abertura e fechamento dos trocadores;

14 dias de serviço R$142.000,00

#2.1 e #2.2 3 dias para abertura e fechamento dos trocadores; 7

dias de serviço R$66.000,00

O agrupamento em dois grandes prazos se dá pelo fato que no primeiro no valor

de R$142.000,00 lidaríamos com um número maior de placas para limpeza e/ou troca.

Em contrapartida, no cenário de R$66.000,00 teríamos um número bem reduzido de

placas para lidar durante o serviço. O cálculo do valor do serviço foi feito baseado no

valor das diárias dos funcionários.

Estes custos OPEX sofrerão o desconto aplicado ao método Payback pelo fato

de serem dependentes do tempo com duração de 5 anos. O mesmo acontecerá com as

economias feitas com os demulsificantes.

Utilizaremos uma adaptação do método do Payback Descontado conforme

abaixo em que os custos serão dividos pelas economias no prazo de 5 anos buscando

uma razão custo/benefício entre eles:

𝑃𝐷 = ∑

𝐹𝐶𝑡(1+𝑖)𝑡

𝑛𝑡=0

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠

∑𝐹𝐶𝑡

(1+𝑖)𝑡𝑛𝑡=0

𝐸𝑐𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎𝑠

(26)

Esta fórmula irá nos mostrar se nos 5 anos planejados para continuação da

operação do FPSO o projeto se pagará sozinho ou dependerá de demais receitas.

Dessa forma se 𝑃𝐷 ≤ 1,0 é válido ser feito, pois caso contrário o projeto irá ter mais

custos do que economias e não será economicamente viável. Esta adaptação é

necessária já que o montante investido será desenvolvido ao longo de 5 anos e não

como parcela única no início do projeto, forçando a utilizarmos também uma taxa de

desconto nele. Para saber em quantos anos o investimento retornará basta fazer:

𝑇𝑅 = 𝑃𝐷 ∗ 5 (27)

Page 66: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

66

Sendo assim, vamos calcular o denominador da equação, focando nos custos.

Para isso foi usado o valor de desconto 𝑖 = 0,07 (padrão para cálculos econômicos de

projeto na empresa A) e o tempo calculado em anos. Abaixo seguem os custos OPEX

nos próximos 5 anos:

Tabela 19 - Custos OPEX Descontados

Nos cenários #1.1, #1.2 e #2.1, dos quais existe recuperação de placas,

estipulamos a compra de placas novas ao fim dos 5 anos planejados como uma

manutenção preventiva ao fim da vida útil das placas recuperadas. A esses custos

também aplicamos a taxa de desconto devido a sua variação no tempo:

Tabela 20 - Valor Descontado de Novas Placas em 5 Anos

Cenário Valor das Novas Placas em 5 anos

#1.1 R$1.304.216,60

#1.2 R$ 822.469,66

#2.1 R$ 340.722,73

Dessa forma, chegamos ao somatório dos custos somando-se os custos

CAPEX, as novas placas em cinco anos nos seus devidos cenários e o total de custos

OPEX ao fim dos cinco anos. A tabela abaixo resume os resultados:

1 2 3 4 5Cenários

R$ 142.000,00 #1.1, #1.2 e

#1.3

R$ 66.000,00 #2.1 e #2.2

Custos OPEXAno

R$ 132.710,28 R$ 124.028,30 R$ 115.914,30 R$ 108.331,12 R$ 101.244,04

R$ 61.682,24 R$ 57.646,96 R$ 53.875,66 R$ 50.351,08 R$ 47.057,09

Total OPEX

R$ 582.228,04

R$ 270.613,03

Page 67: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

67

Tabela 21- Montante Investido no Projeto em Todos os Cenários

Com o montante investido ao fim dos cinco anos podemos agora calcular o

montante economizado ao fim do mesmo período, considerando uma economia anual

de R$1.050.000,00 (R$210.000,00 anuais por 5 anos) dada a redução no uso de

demulsificantes com a melhoria do processo de separação. O valor das economias

descontados os cinco anos está resumido abaixo:

Tabela 22 - Montante Economizado no Projeto

E com todos os dados calculados podem enfim calcular o 𝑃𝐷 e o 𝑇𝑅de cada

cenário e definir qual a melhor escolha para o projeto:

CAPEXMontante Investido

em 5 Anos

R$ 827.500,00 R$ 2.713.944,64

Cenários

#1.1

R$ 1.243.071,00 R$ 2.647.768,70

R$ 1.661.173,00 R$ 2.243.401,04 #1.3

#1.2

R$ 256.400,00 R$ 867.735,76

R$ 642.730,00 R$ 913.343,03

#2.1

#2.2

R$ 822.469,66

Novas Placas em 5

anos (Descontado)

R$ 1.304.216,60

R$ -

R$ -

R$ 340.722,73

Total OPEX

R$ 582.228,04

R$ 582.228,04

R$ 582.228,04

R$ 270.613,03

R$ 270.613,03

1 2 3 4 5

Economia com

Demulsificantes

R$ 1.050.000,00

Ano

R$ 196.261,68 R$ 183.422,13 R$ 171.422,55 R$ 160.207,99 R$ 149.727,10

Total Ecomonizado

em 5 anos

R$ 861.041,46

Page 68: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

68

Tabela 23 - Resultado do EVE

Ao analisarmos os resultados do EVE comprovamos o que já vinha sendo

mostrado: o cenário 2 se fazia mais vantajoso devido a considerável diferença de

investimento CAPEX. Porém a análise puramente focada no investimento inicial sem

considerar OPEX e taxa de desconto não iria perceber que existe uma diferença mínima

no valor final entre os cenários #1.1 e #1.2 (2,4%) e também entre os cenários #2.1 e

#2.2 (5,2%).

Ficou decidido, portanto, o cenário #2.1 que caracteriza o descomissionamento

do Trocador Óleo-Óleo e recomissionamento com recuperação das placas do

Resfriados. O Trocador de Óleo será recomissionado também, porém sem custos.

Montante Investido

em 5 Anos PD

R$ 2.713.944,64 3,2

Cenários

#1.1

R$ 2.647.768,70 3,1

R$ 2.243.401,04 2,6 #1.3

#1.2

R$ 867.735,76 1,0

R$ 913.343,03 1,1

#2.1

#2.2

Total Ecomonizado

em 5 anos

R$ 861.041,46

R$ 861.041,46

R$ 861.041,46

R$ 861.041,46

R$ 861.041,46

13,0

5,0

5,3

TR

15,8

15,4

Page 69: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

69

7. Conclusões

O presente projeto analisou cinco cenários tecnicamente diferentes em relação

a configuração dos trocadores de calor e taxas diárias de produção. Como entrada de

informações tivemos as restrições e requisitos técnicos para uma operação segura,

além de toda a planta modelada no UNISIM® para uma análise holística do processo e

não somente dos trocadores.

Como saída de informação tínhamos a potência necessária para cada trocador

de calor em cada um dos cenários projetados, sendo possível, portanto, comparar a

potência necessária com a potência disponível e assim tecnicamente dizer quais

cenários eram viáveis. Dos cinco cenários estudados apenas dois mostraram-se

tecnicamente viáveis de acordo com as simulações.

De forma a definir qual das duas opções era a melhor economicamente, uma

análise econômica foi feita considerando uma vida útil da unidade de cinco anos e que

a melhor opção seria aquela que se pagaria, dadas as taxas de desconto e custos

CAPEX e OPEX, neste intervalo de tempo. Entre os dois cenários utilizados um deles

mostrou-se economicamente viável e foi escolhido como o cenário a ser aplicado na

unidade de produção. Podemos dizer que com a análise econômica, através da tabela

23, escolhemos uma opção tecnicamente viável e que salvaria em torno de

R$1.500.000,00 para a empresa A.

Page 70: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

70

Referências Bibliográficas

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS, ASTM D 2879,Standard Test

Method for Vapor Pressure-Temperature Relationship and Initial Decomposition

Temperature of Liquids by Isoteniscope.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS, ASTM D 323-99a, Standard

Test Method for Vapor Pressure of Petroleum Products (Reid Method)

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS, ASTM D 7402, Standard

Practice for Identifying Cationic Emulsified Asphalts

Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2013,

Disponível em:

http://www.cogen.com.br/paper/2013/Anuario_Estatistico_Brasileiro_Petroleo_Gas_Bio

combustiveis_ANP_2013.pdf> Acesso em:01/09/2014

BELL, Judith, 1989 Doing Your Research Project: a guide for the first-time researchers

in education and social science. 2. reimp. Milton Keynes, England: Open University

Press.

FABOZZI, F. J., et al., 2003, Financial Management and Analysis. 2 ed. Hoboken, Wiley.

INCROPERA, F.P. et al., 2007, Fundamentos de Transferência de Calor e Massa. 6 ed.

Rio de Janeiro, LTC.

KUPPAN, T., 2000, Heat Exchanger Design Handbook. 1 ed. New York, CRC Press.

LIENHARD IV, J. H., LIENHARD V, J. H., 2008, A Heat Transfer Text Book. 3 ed.

Cambridge, MA, Phlogiston Press.

Mestrado em Educação - Tecnologia Educativa - Métodos de investigação em

Educação: <http://grupo4te.com.sapo.pt/mie2.html>, Acesso em 02/09/2014

MOTTA, R., CALÔBA, G.M., 2012, Análise de Investimentos: Tomada de Decisão em

Projetos Industriais. 1 ed. São Paulo, Atlas.

ÖZISIK, M. N., 1984, Heat Transfer, A Basic Approach. 1 ed. Singapura, Mc-Graw Hill

Book Co.

PONTE, J. P. (2006). Estudos de caso em educação matemática. Bolema, 25, 105-132.

(Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática do IGCE – Instituto

Page 71: estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o uso de ...

71

de Geociências e Ciências Exatas, UNESP – Universidade Estadual Paulista, Rio Claro,

Brasil)

ROSA, L. C., Estudo de Viabilidade Econômica das Formas de Aproveitamento do Gás

Natural. Tese de M.Sc., EQ/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2010.

UNISIM® Design – Dynamic Modeling, Honeywell, Disponível em:

<ftp://ftp.feq.ufu.br/Sergio/Documentation/USD/UniSim%20Design/Tutorials%20and%2

0Applications.pdf> Acesso em01/09/2014

UNISIM® Design – Operations Guide; Honeywell, Disponível em:

<ftp://ftp.feq.ufu.br/Sergio/Documentation/USD/UniSim%20Design/Operations%20Guid

e.pdf>, Acesso em 01/09/2014

UNISIM® Design – User Guide, Honeywell, Disponível em:

<ftp://ftp.feq.ufu.br/Sergio/Documentation/USD/UniSim%20Design/Simulation%20Basi

s.pdf> Acesso em: 01/09/2014

YIN, R. K., 2001, Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 2 ed. Porto Alegre,

Bookman.