Estudo dirigido processamento
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIEMENTOS
PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS
ESTUDO DIRIGIDO:
CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS
Henrique Matias R. Silva
Vanito Ferreira A. Borges
Goiânia, novembro de 2012.
INTRODUÇÃO
Como grande ícone do processamento tecnológico, conservação é a arte que consiste em
manter o alimento o mais estável possível, mesmo em condições nas quais isso não seria
viável. Quando falamos em conservar os alimentos precisamos pensar em três
características, são elas: físicas, químicas e biológicas (Camargo, 2006).
Assim, dizemos que conservar é manter as características do alimento estáveis, por isso,
é importante ressaltar que o alimento a ser conservado precisa chegar à etapa de
conservação com boa qualidade, uma vez que o processo de conservação não reverte o
quadro de deterioração já iniciado, podendo apenas retardá-lo (Camargo, 2006).
O ponto de partida, então, para um processo de conservação ideal, é o recebimento de
matérias-primas de boa qualidade. Por exemplo, para produtos de origem vegetal, a
qualidade física depende principalmente dos estágios finais do processo produtivo (a
colheita e o transporte), além de suas condições de armazenamento antes e depois da
ação das etapas conservativas (Camargo, 2006).
A colheita pode ser feita de forma manual ou mecânica, mas independente do tipo,
podem ocorrer danos físicos aos produtos alimentícios, tais como rachaduras,
amassamento, quebra ou formação de fissuras. Neste momento, além da integridade
física ser modificada, ocorrem também alterações químicas e microbiológicas
prejudiciais aos alimentos (Camargo, 2006).
A quebra, as rachaduras e as fissuras abrem a "porta" de entrada para contaminações. A
partir daí, a conservação só pode agir na parte microbiológica, retardando o processo de
proliferação dos microorganismos com o controle de variáveis como a temperatura, o
pH e a umidade. Alternativa é o emprego de esterilização por meio do processo de
irradiação de alimentos, que elimina completamente a carga microbiológica do mesmo,
inclusive ovos e larvas de insetos e artrópodes presentes no interior dos alimentos e
tratamento pelo calor que também trabalha com a morte dos microorganismos
termossensíveis (Camargo, 2006).
As alterações químicas nos alimentos são geralmente causadas pela presença de
microorganismos deterioradores. Os carboidratos, por exemplo, são utilizados como
fonte de energia, além de gerarem produtos que alteram sensorialmente os alimentos. As
proteínas são hidrolisadas a aminoácidos e peptídeos e a degradação de aminoácidos
resulta na formação de compostos como aminas biogênicas que causam odor pútrido
(podre) aos alimentos. E os lipídeos são quebrados por enzimas específicas produzidas
por algumas bactérias provocando o aparecimento de compostos menores, como os
ácidos graxos livres, dos quais alguns conferem odor desagradável aos produtos
(Camargo, 2006).
As alterações microbiológicas são relativas à parte de microbiologia de alimentos. Silva
Junior (2002) define a microbiologia de alimentos como a ciência que estuda as
toxinfecções alimentares e as deteriorações. Neste caso o problema está na presença dos
microorganismos no alimento, ou de toxinas produzidas por eles, uma vez que ambos
irão causar doenças de ordem alimentar nos consumidores.
O fator econômico é muito importante quando se escolhe o método a ser empregado,
pois existem processos que são muito caros para determinados tipos de alimentos, por
exemplo a refrigeração, que tem alto custo devido à necessidade de se manter a cadeia
do frio. Logo, a indústria pode não conseguir repassar este custo para o preço final, uma
vez que o preço do produto ficaria muito alto. Como o consumidor não tem percepção
sobre o valor agregado dos processos, ele não consegue visualizar os benefícios
(Camargo, 2006).
Existem vários métodos para conservar os alimentos. O que difere um do outro é a
forma pela qual o alimento é tratado. A adequação do tipo de conservação ao tipo de
alimento é extremamente importante. Sabemos, porém, que, na maioria das vezes, o
ideal é o emprego de processos combinados. Por exemplo, no leite que é tratado com o
processo de pasteurização (conservação pelo calor) necessitamos de posterior
refrigeração (conservação pelo frio) para conservá-lo bom para o consumo o maior
tempo possível (Camargo, 2006).
OBJETIVO
Esse trabalho tem como objetivo despertar os alunos sobre a importância da
conservação dos alimentos assim como apresentar as principais formas de alterações
nos alimentos e as principais técnicas para preveni-las.
QUESTÕES
1. Quais as principais alterações causadas nos alimentos e quais os agentes dessas
alterações?
2. Relacionar métodos de conservação de alimentos para prevenir essas alterações.
3. Nas práticas de escolha de variedade, de colheita e de armazenamento do fruto
in natura, quais os procedimentos minimizam as alterações, para o
processamento?
RESPOSTAS
1. As principais alterações causadas nos alimentos são de natureza física, química e
microbiológica. As alterações físicas são causadas por danos mecânicos no
tecido do produto, o que acaba ocasionando a ruptura do tecido e posterior
alteração na textura e coloração do alimento.
As alterações químicas são ocasionadas quando o alimento é susceptível a
determinado composto químico, e como consequência desencadeia alguns
processos de alteração como a oxidação, fermentação, hidrólise, e atuação de
enzimas. Existe também um terceiro grupo responsável pela alteração dos
alimentos que são os microrganismos, principalmente fungos e bactérias que
quando presente no alimento libera compostos químicos que atuam degradando
o alimento e alterando características extremamente importantes como cor,
aroma, sabor e textura dos alimento além de serem agentes causais de patologias
humanas, podendo então o alimento contaminado ser um veículo que
desencadeará um processo de intoxicação alimentar.
2. Existem vários métodos de conservação de alimentos utilizados para prevenir
alterações nos alimentos.
Os processos de conservação têm por objetivo evitar as alterações nos alimentos,
sejam elas de origem microbiana, enzimática, física ou química. Os tipos de
tratamento existentes são:
Conservação pelo calor;
Conservação pelo frio;
Conservação pelo controle da umidade;
Conservação pela adição de um soluto;
Conservação por defumação;
Conservação por fermentação;
Conservação pela adição de aditivos;
Conservação pelo uso da irradiação.
a. Conservação pelo Calor:
Baseia-se no emprego de temperaturas ligeiramente acima das máximas que
permitem a multiplicação dos microrganismos, de forma a provocar a sua morte
ou a inativação de suas células vegetativas. Os principais métodos de
conservação por Calor são:
b. Pasteurização:
A pasteurização é um tratamento térmico relativamente suave, utiliza
temperaturas inferiores a 100 ºC, tem como principal objetivo prolongar a vida
de prateleira dos alimentos, por alguns dias, como no caso do leite ou por alguns
meses, como ocorre com as frutas enlatadas. Este método tem como princípio, a
inativação de enzimas e a destruição dos microorganismos sensíveis a
temperaturas mais elevadas, como as bactérias vegetativas, bolores e leveduras,
sem contudo modificar significativamente o valor nutritivo e as características
organolépticas do alimento submetido a esse tratamento.
c. Esterilização:
A esterelização pelo calor é o tratamento no qual o alimento é aquecido a uma
temperatura relativamente elevada durante períodos variados de tempo,
suficientes para a destruição de microorganismos e inativação de enzimas
capazes de deteriorar o produto durante o armazenamento. Este tratamento pode
ser realizado por diversos processos, e tem ainda como objetivo principal a
destruição dos microorganismos causadores de doenças e deterioradores,
mantendo-o livre de germes nocivos à saúde do consumidor.
d. Tindalização:
Nesse processo, o aquecimento é feito de maneira descontínua. Após o
acondicionamento das matérias primas alimentícias, a serem submetidas ao
tratamento, em recipiente fechado, o produto é submetido ao tratamento térmico.
Dependendo de cada produto e do rigor térmico desejado, as temperaturas
variam de 60 a 90 ºC, durante alguns minutos. As células bacterianas que se
encontram na forma vegetativa são destruídas, porém os esporos sobrevivem.
Depois do resfriamento, os esporos entram em processo de germinação e depois
de 24 horas a operação é repetida. O número de operações pode variar de 3 a 12
vezes até a obtenção da esterilização completa. A vantagem desse processo é que
podem ser mantidos praticamente todos os nutrientes e as qualidades
organolépticas do produto, em proporções maiores do que quando se utilizam
outros tratamentos térmicos.
e. Apertização:
A apertização é a aplicação do processo térmico a um alimento
convenientemente acondicionado em uma embalagem hermética, resistente ao
calor, a uma temperatura e um período de tempo cientificamente determinados,
para atingir a esterilização comercial. Este processo corresponde ao aquecimento
do produto já elaborado, envasado em latas, vidros, plásticos ou outros materiais
e relativamente isentos de ar.
f. Conservação pelo Frio:
Temperaturas abaixo das que se tem registrados no ambiente são utilizadas para
retardar as reações químicas e as atividades enzimáticas, bem como para retardar
ou inibir o crescimento e a atividade dos microrganismos nos alimentos.
Refrigeração
Congelamento
g. Conservação pelo Controle da Umidade:
Secagem natural
Desidratação ou secagem artificial
h. Conservação pela Adição de Solutos:
Adição de sal
Adição de açúcar
A adição elevada de quantidades de açúcar ou sal ao alimento pode reter
quantidades variadas de água, o que resulta em um estado qualificado como
pressão osmótica. A preservação de frutas pela adição de açúcar, transformando-
se em geléia, doces em massa e outros produtos similares ocorre pela elevada
concentração de açúcar. Estes produtos contêm em média de 25 a 33% de
umidade, mas podem ser conservados sem maiores problemas. O sal também é
bastante eficaz na preservação de carnes e peixes.
i. Conservação por Defumação:
Consiste no processo de aplicação de fumaça aos produtos alimentícios,
produzida pela combustão incompleta de algumas madeiras previamente
selecionadas. Normalmente é realizado em conjunto com a salga, a cura, a
fermentação e outros processos. Em carnes, o contato com o calor e a fumaça
provocam a perda da água, a superfície fica ressecada e a coloração estabilizada.
A perda de água e a ação dos constituintes da fumaça conferem ao alimento
barreiras físicas e químicas eficientes contra a penetração e a atividade de
microorganimos. Essa capa protetora pode ser devido à desidratação que se
processa na superfície do produto, principalmente na defumação a quente, à
coagulação protéica que ocorre durante a defumação e ao depósito das
substâncias antimicrobianas que existem na fumaça, que se condensam e ficam
depositadas na superfície do produto.
j. Conservação por Fermentação:
É um processo que utiliza o crescimento controlado de microrganismos
selecionados, capazes de modificar sua textura, sabor e aroma, como também
suas propriedades nutricionais.
k. Fermentação alcoólica:
A fermentação alcoólica é usada na elaboração de bebidas alcoólicas entre as
quais temos as fermentadas (vinhos e cervejas) e as fermento-destiladas
(aguardente, run, uísque, conhaque, tequila, gin, etc.). Transforma-se açúcares
solúveis em etanol como produto principal. A transformação de glicose ou outro
monossacarídeo em duas moléculas de álcool e gás carbônico é feita graças a
presença de certas enzimas elaboradas por leveduras. Entre as leveduras mais
utilizadas na fermentação alcoólica encontra-se Saccharomycies cerevisiae,
usada na elaboração de vinhos, na produção de cervejas são utilizadas as
espécies S. carlsbergensis e S. uvarum.
l. Fermentação acética:
Na indústria de alimentos é largamente utilizada na produção de vinagre, pela
oxidação do álcool por bactérias acéticas, como Acinobacter e Gluconobacter.
Porém, várias espécies acéticas podem oxidar o álcool a ácido acético, mas
muitas delas também podem oxidar o ácido acético a gás carbônico e água, o que
é indesejável, quando se tem como objetivo a produção do vinagre.
m. Fermentação láctica:
A fermentação láctica é largamente utilizada na preservação dos alimentos.
Importantes produtos de origem vegetal como picles, chucrute e azeitonas e de
origem animal como queijo e salames são elaborados por meio da fermentação
láctica. Na fermentação de produtos pouco ácidos como leite e carnes, realizada
com objetivo de aumentar a concentração de microorganismos fermentadores,
para reduzir o tempo de fermentação e inibir o crescimento de germes
patogênicos e deterioradores, adiciona-se uma determinada quantidade de
microorganismos selecionados, com o objetivo de iniciar a fermentação; essa
cultura de microorganismos é conhecida como "cultura starter".
n. Conservação pela Utilização de Aditivos:
Os aditivos podem contribuir muito para a conservação dos alimentos. Mas essa
prática deve ser encarada com bastante atenção, uma vez que, a ingestão
excessiva de alimentos conservados por aditivos químicos pode provocar
perturbações no equilíbrio fisiológico do consumidor.
o. Conservação pelo Uso da Irradiação:
O emprego da irradiação, sob ponto de vista tecnológico, satisfaz plenamente o
objetivo de proporcionar aos alimentos, a estabilidade química e microbiológica,
condições de sanidade e longo período de armazenamento.
O uso comercial da radiação ionizante na preservação de alimentos é
relativamente recente, embora os primeiros estudos e idéias de aplicabilidade do
método, remotam do início do século passado.
3. Os procedimentos que minimizam as alterações, para o processamento são muito
importantes como a escolha de variedades com um maior tempo de prateleira, ou
seja, um alimento que conserve suas características desejáveis por um tempo
maior como coloração, textura, aroma e sabor.
A colheita de alimentos in natura quando manual deve ser feita por profissionais
capacitados para tal, com o objetivo de não danificar mecanicamente o alimento,
quando mecanizada a escolha da máquina é fundamental buscando aquela que
apresenta uma tecnologia menos agressiva, e após a escolha do maquinário é
fundamental que efetuem manutenções periódicas a fim de manter o
equipamento sempre regulado.
O alimento depois de colhido deve ser armazenado em condições que
minimizem os efeitos do ambiente, como por exemplo, encaixotados de forma
adequada, em ambientes isentos de odores, umidade excessiva, calor intenso e
em alguns casos luminosidade. Pode ser necessário em casos específicos o uso
de câmaras frias como no caso de carnes.
CONCLUSÃO
Conclui-se que a conservação de alimentos é uma prática essencial nos dias de
hoje, uma vez que a produção de alimentos no campo cresce em passos largos e
a demanda de alimento segue a mesma tendência.
REFERÊNCIAS
Camargo, A. C. Conservação de alimentos. Disponível em:
<http://www.cena.usp.br/irradiacao/cons_alim.html> Acesso em: 18 de nov. de 2012.
SILVA JUNIOR, E.O. Manual de controle higiênico-sanitário em alimentos. 5.ed. São
Paulo. Livraria Varela, 2002. 479 p.