ESTUDO DO DESEMPENHO DE FERRAMENTA DE CORTE NO …motores em ferro fundido vermicular devido à...
Transcript of ESTUDO DO DESEMPENHO DE FERRAMENTA DE CORTE NO …motores em ferro fundido vermicular devido à...
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECAcircNICA
COMISSAtildeO EM POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ENGENHARIA MECAcircNICA
Marco Aurelio Dalo
ESTUDO DO DESEMPENHO DE FERRAMENTA DE
CORTE NO PROCESSO DE MANDRILAMENTO EM
FERRO FUNDIDO VERMICULAR ndash CGI
Campinas2011
922011
i
Marco Aurelio Dalo
ESTUDO DO DESEMPENHO DE FERRAMENTA DE
CORTE NO PROCESSO DE MANDRILAMENTO EM
FERRO FUNDIDO VERMICULAR ndash CGI
Dissertaccedilatildeo de mestrado profissional apresentada
agrave comissatildeo de Poacutes Graduaccedilatildeo da Faculdade de Engenharia
Mecacircnica como requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de
Mestre em Engenharia Automobiliacutestica
Aacuterea de concentraccedilatildeo Manufatura
Orientador Anselmo Eduardo Diniz
Campinas
2011
ii
FICHA CATALOGRAacuteFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA AacuteREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP
D169e
Dalo Marco Aurelio
Estudo do desempenho de ferramenta de corte no
processo de mandrilamento em ferro fundido vermicular
- CGI Marco Aurelio Dalo --Campinas SP [sn]
2011
Orientador Anselmo Eduardo Diniz
Dissertaccedilatildeo de Mestrado (Profissional) -
Universidade Estadual de Campinas Faculdade de
Engenharia Mecacircnica
1 Ferro fundido 2 Metais - Usinabilidade 3
Ceracircmica 4 Fator de potecircncia I Diniz Anselmo
Eduardo II Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Mecacircnica III Tiacutetulo
Tiacutetulo em Inglecircs Performance of the cutting tools in the boring machining process
vermicular cast iron - CGI
Palavras-chave em Inglecircs Cast iron Metals - Machinability Ceramics Power
factor
Aacuterea de concentraccedilatildeo Manufatura
Titulaccedilatildeo Mestre em Engenharia Automobiliacutestica
Banca examinadora Maria Helena Robert Milton Vieira Junior
Data da defesa 08072011
Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo Engenharia Mecacircnica
iii
iv
Dedicatoacuteria
Dedico este trabalho a minha querida esposa Leila e minha filha Priscila que sempre
entenderam a importacircncia do trabalho se privando de tempos de alegria para realizaccedilatildeo e
finalizaccedilatildeo do mesmo
A meus irmatildeos e amigos que me apoiaram durante esta jornada
v
Agradecimentos
Este trabalho natildeo poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas agraves quais presto
minha homenagem
- Primeiramente a Deus por me conceder mais esta etapa de minha vida
- A minha famiacutelia que me apoiaram em todos os momentos
- Ao meu orientador Anselmo Eduardo Diniz pela oportunidade compreensatildeo e paciecircncia de
me orientar
- A empresa MAPAL do Brasil na pessoa do Sr Rogeacuterio e Sr Bighetti pelos insertos
utilizados nos experimentos
- Ao Sr Enrique Devicente pela ajuda no procedimento de mediccedilatildeo do desgaste das pastilhas
- Ao Sr Marcos Hermiacutenio Joseacute Esteves pela ajuda nos testes realizados na linha de produccedilatildeo
- Ao Sr Fabio Luis Gomes Mingutti pela ajuda na captura dos dados de potecircncia do
equipamento em cada experimento
- Ao Sr Sander Gabaldo pela ajuda na revisatildeo bibliograacutefica
- Ao Sr Glevison Torres Ruas pela ajuda na anaacutelise do MEV e EDS dos insertos
vi
Embora ningueacutem possa voltar atraacutes e fazer um novo comeccedilo
qualquer um pode comeccedilar agora e fazer um novo fim
Ningueacutem eacute bom por acaso a virtude deve ser bem aprendida
Chico Xavier
vii
Resumo
DALO Marco Aurelio Estudo do Desempenho de Ferramenta de Corte no Processo de
Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas
Faculdade de Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas 2011 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado)
Existe hoje uma tendecircncia no mercado de veiacuteculos de motor diesel a fabricarem os blocos dos
motores em ferro fundido vermicular devido agrave melhor eficiecircncia de combustatildeo e maior resistecircncia agrave
compressatildeo permitindo paredes de galerias mais finas com consequumlecircncia na reduccedilatildeo do peso do
bloco quando comparado ao bloco usual feito de ferro fundido cinzento Desta forma seria possiacutevel
atender agraves novas exigecircncias do mercado e do meio ambiente
Poreacutem a difiacutecil usinabilidade deste material obriga ao levantamento de condiccedilotildees de usinagem
e ao desenvolvimento de ferramentas que possam melhorar a produtividade dos processos de
usinagem dos blocos O mandrilamento em desbaste dos mancais do bloco do motor eacute uma das
operaccedilotildees de usinagem mais carentes de desenvolvimento dentre as utilizadas na produccedilatildeo do bloco
de ferro fundido vermicular
A variaccedilatildeo do material da ferramenta e as condiccedilotildees de corte utilizadas no processo de
usinagem foram as variaacuteveis testadas neste trabalho para buscar o melhor desempenho do processo
de mandrilamento do bloco Os resultados demonstraram que ferramentas de material ceracircmico
sofreram um desgaste frontal excessivo da aresta de corte por difusatildeo e as ferramentas de metal duro
obtiveram um melhor resultado em comparaccedilatildeo com a ceracircmica Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de corte
resultados com o uso de menores velocidades de corte demonstraram um menor desgaste frontal das
arestas de corte A potecircncia consumida do fuso foi o limitante para o maacuteximo avanccedilo por dente
utilizado nos experimentos
Palavras-chave ferro fundido vermicular CGI mandrilamento usinabilidade
viii
Abstract
DALO Marco Aurelio Performance of the cutting tools in the boring machining process vermicular
cast iron - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas Mechanical Engineering Faculty State
University of Campinas 2009 Thesis (Msc)
Today there is a trend in the market for diesel vehicles manufactured in compacted graphite
iron due to better combustion efficiency of the engine and greater resistance to compression
allowing thinner walls of galleries with a result in reducing the weight of the block when compared
to the usual block made of the gray cast iron Thus it would be possible to meet new market
demands and the environment
However the difficult machinability of this material requires the survey of the machining
conditions and development of the tools that can improve productivity of machining processes of the
blocks The rough boring in the bearings of the engine block is one of the machining operations of
the poorest development among those used in the production of compacted graphite iron block
The variation of the tool material and cutting conditions used in the machining process
variables were tested in this work to get the best performance of the process of boring the block The
results show that ceramic tools have suffered excessive front wear of the cutting edge diffusion and
carbide tools had a better outcome in comparison with the ceramic With respect to cutting
conditions results from the use of lower cutting speeds showed a lower front wear of the cutting
edges The power consumption of the spindle was limited for maximum feed per tooth used in the
experiments
Key words Compacted graphite iron CGI boring machinability
ix
Lista de Figuras
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido Vermicular
(SAHM et al 2002) 2
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010) 5
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002) 13
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000 apud
ROSA 2009) 15
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999) 16
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999) 17
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico 22
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico 22
Figura 19 ndash Mandrilamento radial 23
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970) 23
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010) 24
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos 25
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento 26
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
(YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE 39
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise metalograacutefica
(norma MANN M33402004) 40
Figura 23 ndash Micrografia mostrando a morfologia da grafita 41
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrutura da matriz matriz perliacutetica 41
x
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte 42
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm 42
Figura 27 ndash Inserto de metal duro 43
Figura 28 ndash Inserto de ceracircmica WTXQ090608 0906 MN KS6000 43
Figura 29 ndash Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios 43
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos 44
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado 44
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB 46
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina 46
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER 47
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos insertos 47
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento 48
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura do CGI 51
Figura 32 ndash Face rugosa do cavaco do CGI 51
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte 52
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado 53
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos 53
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte 54
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm 55
Figura 38 - Aresta do inserto de metal duro desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm 55
Figura 39 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica 56
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes 57
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6 insertos57
xi
Figura 312 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes 58
Figura 313 - Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos 59
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por dente
como variaacutevel 60
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de avanccedilo
como variaacutevel 61
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 62
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de
corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 63
Figura 318 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 64
Figura 319 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 64
Figura 320 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 65
Figura 321 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 66
Figura 322 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica)
em fim de vida da ferramenta 67
Figura 323 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 68
Figura 324 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 10 peccedilas usinadas 69
Figura 325 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas 70
Figura 326 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 20 peccedilas usinadas 71
Figura 327 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 20 peccedilas usinadas 72
xii
Figura 328 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 30 peccedilas usinadas 73
Figura 329 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 30 peccedilas usinadas 74
Figura 330 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 40 peccedilas usinadas 75
Figura 331 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 40 peccedilas usinadas 76
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos 77
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido 78
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010) 8
Tabela 12 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular perliacutetico
(SINTERCAST 2001 apud ROSA 2009) 8
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em temperatura
ambiente (CHIAVERINI 2005) 9
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) 11
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI 2005) 19
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970) 32
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro 38
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor 42
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN) 43
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento 45
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 47
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 48
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes 52
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes 53
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes 53
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes 53
xiv
Lista de abreviaturas e nomenclaturas
Fe - Ferro
C - Carbono
Si - Siliacutecio
P - Foacutesforo
Ti - Titacircnio
Mg - Magneacutesio
Mn - Manganecircs
Ni - Niacutequel
Nb - Nioacutebio
Cs - Ceacutesio
Cu - Cobre
Sn - Estanho
S - Enxofre
Co - Cobalto
W - Tungstecircnio
Ce - Ceacuterio
Ca - Caacutelcio
VB MAX - Desgaste de flanco maacuteximo
VB - Desgaste de flanco
vc - Velocidade de corte
Vf - Velocidade de avanccedilo
f - Avanccedilo
ap - Profundidade de corte
Ks - Pressatildeo especiacutefica de corte
Pc - Potecircncia de corte
degC - Grau Celsius
CE - Carbono Equivalente
xv
CGI - Compacted Graphite Iron
MPa - Mega Pascoal
GPa - Giga Pascoal
HB - Hardness Brinell
ISO - International Organization for Standardization
SAE - Society of Automotive Engineers
GJV - Gusseisen mit Vermiculargrafit
ASTM - American Society for Testing Materials
VDG - Verein Deutsche Gieszligereifachleute
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
APC - Aresta Posticcedila de Corte
CBN - Cubic Boron Nitride
PCBN - Polycrystalline Cubic Boron Nitride
CVD - Chemical Vapour Deposition
PVD - Physical Vapour Deposition
EDS - Energy Dispersive x-ray Spectrometer
MEV - Microscoacutepio Eletrocircnico de Varredura
KHO - Hidroacutexido de Potaacutecio
[K4[Fe(CN)6]]- Ferrocianeto de Potaacutecio
xvi
SUMAacuteRIO
Dedicatoacuteria iv
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xiii
SUMAacuteRIO xvi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Motor Diesel 3
12 Propriedades e vantagens do motor diesel 4
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular 4
14 Propriedades do ferro fundido 8
15 Processo de Fabricaccedilatildeo 11
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo 12
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular 13
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade 14
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade 17
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade 18
111 Processo de Mandrilamento 20
112 Tipos de Mandrilamento 21
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17) 21
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18) 22
xvii
1123 Mandrilamento Radial (figura 19) 22
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110) 23
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular 24
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro 24
1132 Mandrilamento com insertos rotativos 25
1133 Freso-mandrilamento 25
1134 Mandrilamento com insertos de PCD 26
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento 26
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento 28
1151 Inserto de Metal Duro 30
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro 34
1153 Insertos de Material Ceracircmico 36
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte 38
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 41
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos 41
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos 41
23 Ferramenta de Corte (insertos) 45
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado 47
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos 48
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos 49
27 Processo de Usinagem 51
28 Procedimento experimental 51
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO 54
xviii
31 Cavaco 54
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel ) 55
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para ferramentas com 3
e 6 insertos) 58
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como variaacutevel) 62
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste 65
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido 82
4 CONCLUSOtildeES 85
5 REFEREcircNCIAS 87
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Haacute uma grande preocupaccedilatildeo da sociedade com relaccedilatildeo ao meio ambiente e com isso as
exigecircncias da Legislaccedilatildeo Ambiental com relaccedilatildeo agrave emissatildeo de poluentes estatildeo se tornando cada vez
mais severas Esta severidade obriga o desenvolvimento de novas tecnologias para reduccedilatildeo destes
poluentes em todos os segmentos automotivos (NICOLELLA et al 2004) O motor diesel tem
maior durabilidade torque e eficiecircncia em comparaccedilatildeo ao motor OTTO mas em contrapartida
emite elevados niacuteveis de materiais particulados e de compostos responsaacuteveis pelo odor caracteriacutestico
da emissatildeo do diesel ao ambiente (BRAUN et al 2003) Devido agraves vantagens relacionadas ao motor
diesel percebeu-se a necessidade de desenvolver soluccedilotildees para reduzir as desvantagens da
aplicaccedilatildeo Um destes desenvolvimentos foi voltado agrave fabricaccedilatildeo dos blocos do motor com material
conhecido como ferro fundido vermicular que permite desenvolver um motor mais eficiente e com
melhor desempenho pois admite maiores pressotildees na cacircmara de combustatildeo devido agraves suas boas
propriedades mecacircnicas (GUESSER et al 2001) Este material tambeacutem eacute conhecido como CGI
(Compacted Graphite Iron) e estaacute se posicionando no mercado com grande potencial para substituir
o Ferro Fundido Cinzento ateacute entatildeo usado pelas empresas Devido agrave maior resistecircncia mecacircnica do
material vermicular eacute possiacutevel obter paredes mais finas nas galerias de um bloco do motor tendo
como consequumlecircncia a reduccedilatildeo do peso do motor e o aumento na potecircncia O meio ambiente eacute
favorecido devido a necessidade de uma menor quantidade de mineacuterio de ferro reduccedilatildeo de energia
para fabricaccedilatildeo do material e reduccedilatildeo da energia para movimentaccedilatildeo do veiacuteculo devido ao peso
A empresa que deteacutem a tecnologia para uso do material vermicular pode ter vantagens sobre
seus concorrentes jaacute que o atual mercado eacute muito competitivo e concorrido Com as vantagens na
utilizaccedilatildeo do material CGI e as muitas liccedilotildees aprendidas na sua fundiccedilatildeo e na sua usinagem em um
futuro natildeo muito longiacutenquo outras peccedilas poderatildeo ser confeccionadas utilizando este mesmo
material para aumentar as exigecircncias em qualquer outro segmento
O bloco eacute a maior e mais importante peccedila de um motor na qual quase todos os componentes
satildeo acoplados Para fabricaccedilatildeo do bloco do motor em ferro fundido vermicular satildeo necessaacuterios
alguns processos de usinagem dentre eles o mandrilamento Poreacutem a ferramenta de corte neste
processo pode atingir apenas 5 da vida alcanccedilada quando se usina ferro fundido cinzento
(XAVIER 2003) como mostra a figura 11
2
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido
Vermicular (SAHM et al 2002)
O mandrilamento do mancal do bloco do motor tambeacutem eacute um aspecto negativo para usinagem
devido agrave deflexatildeo estaacutetica da ferramenta e vibraccedilotildees geradas pelas finas paredes Haacute tambeacutem outros
fatores que influenciam negativamente como a fixaccedilatildeo da peccedila a rigidez da maacutequina-ferramenta o
fluiacutedo de corte e a quantidade de material a ser removido (sobre-metal) A variaccedilatildeo destes fatores
tambeacutem influencia o desempenho da ferramenta (GODINHO 2007)
Com o desenvolvimento de novos conceitos de ferramentas para mandrilamento e de
estrateacutegias de usinagem a operaccedilatildeo de mandrilamento em blocos de motores produzidos em ferro
fundido vermicular tornou-se mais econocircmica e tecnicamente viaacutevel Entretanto o tempo de ciclo
quando comparado com o ferro fundido cinzento ainda eacute significativamente maior assim como as
toleracircncias geomeacutetricas do diacircmetro mandrilado em acabamento (SAHM et al2002)
Devido ao baixo desempenho das ferramentas de corte no processo de mandrilamento em
ferro fundido vermicular cabe uma atenccedilatildeo especial no seu desenvolvimento tecnoloacutegico tanto no
processo de fabricaccedilatildeo quanto no processo de utilizaccedilatildeo da ferramenta de corte
Com estudos para o melhor desempenho da ferramenta eacute possiacutevel reduzir estoques paradas
de maacutequinas e o risco de falha de ferramentas (BELONI 2001) Assim reduz a possibilidade de
retrabalho rejeiccedilatildeo da peccedila e o descarte da ferramenta possibilitando o trabalho de Manufatura
Enxuta
3
Sendo assim o objetivo deste trabalho eacute analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar
influencias positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor
fabricado em ferro fundido vermicular Com tantos aspectos negativos conduzir-se-aacute um estudo de
avaliaccedilatildeo de desempenho da ferramenta alternando paracircmetros de corte (velocidade de corte e
avanccedilo por dente) potecircncia consumida do fuso da maacutequina para cada paracircmetro material do inserto
utilizado e a influecircncia do desgaste VB MAX
Este trabalho foi preparado conforme partes descritas abaixo
CAPIacuteTULO 1
- Este capiacutetulo descreve sobre a histoacuteria do motor diesel suas propriedades e vantagens
Caracteriacutesticas e propriedades do ferro fundido vermicular aleacutem do controle e fabricaccedilatildeo Descreve
tambeacutem sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular e o processo de mandrilamento
CAPIacuteTULO 2
- Este capiacutetulo descreve sobre o material os equipamentos e os experimentos realizados
CAPIacuteTULO 3
- Este capiacutetulo descreve os resultados obtidos nos experimentos
CAPIacuteTULO 4
- As discussotildees estatildeo descritas neste capiacutetulo
CAPIacuteTULO 5
- Este capiacutetulo informa as conclusotildees do trabalho realizado e sugestotildees para futuros
trabalhos
11 Motor Diesel
O motor a diesel foi inventado por Rudolf Christian Karl Diesel e patenteado em 23 de
fevereiro de 1897 Como natildeo foi dada muita importacircncia ao invento na eacutepoca ele disse ldquoO uso de
oacuteleos vegetais como combustiacutevel pode parecer insignificante hoje mas tais oacuteleos podem se tornar ao
longo do tempo tatildeo importantes quanto o petroacuteleo e o carvatildeo de hojerdquo ndash Rudolf Diesel 1912 Rudolf
Diesel engenheiro mecacircnico alematildeo nasceu no dia 18 de marccedilo de 1858 em Paris e morreu dia 30
de setembro de 1913 Sua invenccedilatildeo foi considerada o mais importante invento mecacircnico da histoacuteria
pela simplicidade do motor com pistotildees e reaccedilatildeo oacuteleo-oxigecircnio gerando uma enorme transformaccedilatildeo
no setor industrial em que soacute eram usados sistemas a vapor (MOURA 2010)
4
12 Propriedades e vantagens do motor diesel
Os motores diesel satildeo maacutequinas baacutesicas que geram energia para veiacuteculos utilizados
principalmente em aplicaccedilotildees que precisem de elevado torque o que inclui ocircnibus grandes
caminhotildees tratores e maacutequinas para mineraccedilatildeo e dragagem Atualmente os motores diesel vecircm
atraindo uma porccedilatildeo crescente do mercado mundial de veiacuteculos de carga leve cujos motores
fornecem baixa potecircncia Na Europa por exemplo 100 dos veiacuteculos de carga pesada e cerca de
60 dos de carga leve incluindo os utilitaacuterios e ainda 20 dos carros para transporte de
passageiros o que inclui as vans satildeo movidos a diesel (BRAUN 2003)
A popularidade do motor diesel deve-se principalmente agrave eficiecircncia do diesel como
combustiacutevel em relaccedilatildeo agrave gasolina ou mesmo com relaccedilatildeo a outros combustiacuteveis simples ou
misturados como por exemplo o metanol que chega a conferir ao motor diesel uma economia
relativa de 25 a 45 Os motores diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade Eacute comum
um motor diesel para veiacuteculos de carga pesada ter um tempo de vida superior a um milhatildeo de
quilocircmetros ou seja cerca de dez vezes mais que a durabilidade apresentada por um motor agrave
gasolina Assim as vantagens oferecidas pelos motores a diesel tais como durabilidade seguranccedila e
eficiecircncia justificam sua utilizaccedilatildeo em vaacuterios tipos de maacutequinas apesar dos problemas relacionados
com a composiccedilatildeo de sua emissatildeo e ainda com os niacuteveis de poluentes sob regulamentaccedilatildeo contida
na mesma (BRAUN 2003)
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular
Pelo diagrama de equiliacutebrio Fe-C o ferro fundido eacute uma liga cujo teor de carbono se situa
acima de aproximadamente 20 de carbono Como haacute influecircncia do siliacutecio nesta liga o ferro
fundido eacute considerado uma liga ternaacuteria Fe-C-Si porque o siliacutecio estaacute frequumlentemente presente em
teores superiores ao do proacuteprio carbono Por outro lado o carbono em quantidade superior a que eacute
retida em soluccedilatildeo soacutelida na austenita resulta carbonos parcialmente livres na forma de veios de
grafita (SINTERCAST 2010)
O ferro fundido eacute caracterizado pelo formato de suas partiacuteculas de grafite O ferro fundido
cinzento eacute caracterizado por veios de grafite orientados aleatoriamente enquanto que o grafite no
ferro fundido nodular eacute caracterizado por suas esferas individuais de grafite As partiacuteculas de grafite
5
em CGI satildeo orientadas aleatoriamente e alongadas como em ferro fundido cinzento mas satildeo mais
curtas mais grossas e tecircm bordas arredondadas em forma de ldquovermerdquo daiacute o nome vermicular As
partiacuteculas de grafite do ferro fundido vermicular satildeo entrelaccediladas entre si gerando uma forte adesatildeo
(Figura 12) Aleacutem desta forma de grafite dificultar a inicializaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas as
propriedades mecacircnicas e condutividade teacutermica satildeo melhoradas
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010)
A forma da grafita no ferro fundido vermicular confere propriedades superiores quando
comparadas com as do ferro fundido cinzento resistecircncia mecacircnica tenacidade e resistecircncia a
choques teacutermicos e condutividade teacutermica A sua micro-estrutura resulta em uma adesatildeo mais forte
entre a grafita e a matriz de ferro inibindo assim a iniciaccedilatildeo e o crescimento de trincas e garantindo
com isso propriedades mecacircnicas superiores (DOREacute et al2007) Aleacutem disso observa-se que a
superfiacutecie da grafita vermicular apresenta imperfeiccedilotildees as quais aliadas agrave morfologia complexa
(tambeacutem conhecida como ldquocoralrdquo) resultam em adesatildeo ainda mais forte com a matriz de ferro
(GABALDO 2009)
A formaccedilatildeo do ferro fundido de grafita compactada (vermicular) exige adiccedilotildees de elementos
especiais como terras raras com um elemento adicional como o titacircnio que reduz a formaccedilatildeo de
grafitas esferoidal O ferro fundido vermicular pode ser considerado um material intermediaacuterio entre
o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento
com melhor resistecircncia mecacircnica e alguma ductilidade Possui maior capacidade de amortecimento
e possui tambeacutem condutividade teacutermica mais elevada que o ferro fundido nodular
6
A faixa de carbono e siliacutecio neste tipo de material eacute ampla podendo variar de 30 agrave 38 de
carbono e 10 agrave 35 de siliacutecio Eacute importante tambeacutem a escolha correta da porcentagem do carbono
equivalente (CE) em funccedilatildeo da espessura da seccedilatildeo para evitar flutuaccedilatildeo se tiver elevado CE e
tendecircncia ao coquilhamento quando baixo for o CE O carbono equivalente (CE) considera os
efeitos do siliacutecio(Si) e do foacutesforo(P) podendo usar uma equaccedilatildeo conforme demonstrada abaixo
CE = C + Si + P (CHIAVERINI 2005)
3 3
O teor de manganecircs pode variar proacuteximo de 01 se desejarmos uma estrutura perliacutetica e
variar perto de 06 se desejarmos uma estrutura ferriacutetica O foacutesforo eacute mantido abaixo de 006 de
modo a ter a maacutexima ductilidade O enxofre deve ser inferior 0025 Para produzir a grafita
compactada deve-se adicionar um ou mais dos elementos magneacutesio terras raras (ceacuterio lantacircnio
praseodiacutemio etc) caacutelcio titacircnio e alumiacutenio A quantidade de magneacutesio deve ser tal a resultar um
teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm na presenccedila de 015 a 050 de titacircnio e 10 a 150
ppm de terras raras como o ceacuterio O ferro fundido vermicular tem substituiacutedo com vantagens o
nodular em aplicaccedilotildees em que este uacuteltimo natildeo pode ser empregado devido a sua condutibilidade
teacutermica mais baixa e a sua tendecircncia de empenar (CHIAVERINI 2005)
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
DAWSON (2002) satildeo
- Reduccedilatildeo nas tensotildees residuais devido agrave maior condutividade teacutermica e ao moacutedulo de
elasticidade menor
- Melhor produccedilatildeo de peccedilas complexas fundidas
- Melhor transferecircncia de calor
- Melhor usinabilidade
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
CHIAVERINI (2005) satildeo
- Coeficiente mais baixo de dilataccedilatildeo teacutermica
- Maior condutibilidade teacutermica
- Maior resistecircncia ao choque teacutermico
- Maior capacidade de amortecimento
- Maior fundibilidade
7
Em consequumlecircncia esse material eacute aplicado em situaccedilotildees em que a resistecircncia do ferro fundido
cinzento eacute insuficiente mas a utilizaccedilatildeo do ferro fundido nodular eacute indesejaacutevel devido agraves
propriedades menos favoraacuteveis de fundiccedilatildeo
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
DAWSON(2002) satildeo
- Reduccedilatildeo de espessuras de parede para um mesmo carregamento
- Reduccedilatildeo do fator de seguranccedila devido agrave menor variaccedilatildeo das propriedades do fundido
- Reduccedilatildeo de fraturas fraacutegeis na manufatura montagem e serviccedilo devido agrave maior ductilidade
- Maior resistecircncia sem a necessidade de recorrer a elementos de liga
- Menor profundidade de rosca necessaacuteria portanto parafusos menores podem ser utilizados
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
CHIAVERINI(2005) satildeo
- Maior resistecircncia agrave traccedilatildeo para o mesmo carbono equivalente o que reduz o uso do
elemento de liga de custo elevado como o niacutequel cromo cobre e molibdecircnio
- Relaccedilatildeo mais alta de resistecircnciafadiga
- Maiores ductilidade e tenacidade o que resulta em margem superior de seguranccedila para
fratura
- Menor oxidaccedilatildeo e dilataccedilatildeo em temperaturas elevadas
O ferro fundido vermicular (CGI) tem uma seacuterie de caracteriacutesticas que podem tornaacute-lo uma
alternativa excelente para ferro fundido cinzento para aplicaccedilotildees em motores O material oferece
aumento de 75 na resistecircncia em comparaccedilatildeo com o ferro fundido cinzento Tem tambeacutem
caracteriacutesticas teacutermicas e de impacto intermediaacuterias entre as dos ferros fundidos cinzento e nodular
Aleacutem do mais este aumento na resistecircncia do material proporciona diminuiccedilatildeo na seccedilatildeo de parede
dos produtos produzidos por este material Vaacuterios fabricantes europeus estatildeo usando CGI para
motores tanto diesel como gasolina Embora o material CGI possua propriedades mecacircnicas e
fiacutesicas beneacuteficas a sua aplicaccedilatildeo sua usinagem ainda eacute um problema Comparado com o ferro
fundido cinzento as velocidades de corte utilizadas tem que ser menores implicando em tempo de
ciclo de ateacute trecircs vezes maior que o tradicional (VASILASH 2006)
O ferro fundido vermicular do ponto de vista quiacutemico natildeo apresenta nenhuma diferenccedila
significativa com relaccedilatildeo aos ferros fundidos cinzento e nodular Cada um conteacutem cerca de 94 de
8
ferro (Fe) 3 de carbono(C) 25 de siliacutecio (Si) e o restante eacute dividido entre elementos de liga e
residuais As diferenccedilas entre essas ligas satildeo creditadas aos tipos de morfologias das suas grafitas
que conferem propriedades fiacutesicas e mecacircnicas distintas a cada uma delas
14 Propriedades do ferro fundido
As propriedades de um ferro fundido satildeo definidas em funccedilatildeo da microestrutura e da
composiccedilatildeo quiacutemica A tabela 11 mostra algumas propriedades mecacircnicas e teacutermicas dos ferros
fundidos cinzento vermicular e nodular
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010)
PROPRIEDADES Ferro Fundido
Cinzento
Ferro Fundido
Vermicular
Ferro Fundido
Nodular
Resistecircncia agrave traccedilatildeo (MPa) 250 450 750
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 105 150 160
Alongamento () 0 15 25
Iacutendice de resistecircncia
- Flexatildeo rotativa
- Flexatildeo em trecircs pontos
- Tensatildeo de compressatildeo
035 ndash 050
055 ndash 065
020 ndash 030
045 ndash 050
060 ndash 070
025 ndash 035
045 ndash 050
065 ndash 075
065 - 075
Condutividade Teacutermica (Wm-k) 48 38 32
A microestrutura do grafite no ferro fundido vermicular eacute expressa em porcentagem de
nodularidade Isto significa que parte das partiacuteculas de grafite do ferro vermicular apresenta-se em
forma de noacutedulos como no ferro nodular O ferro fundido vermicular inclui invariavelmente
algumas partiacuteculas esferoidais de grafita nodular que quando a nodularidade aumenta aumenta
tambeacutem a rigidez diminuindo a usinabilidade e a condutividade teacutermica Aleacutem disso com o
aumento da nodularidade a resistecircncia mecacircnica do material tambeacutem eacute elevada prejudicando sua
usinabilidade (DAWSON2007) A tabela 12 mostra a influecircncia da proporccedilatildeo de noacutedulos de grafita
nas propriedades mecacircnicas e fiacutesicas do ferro fundido vermicular
9
Tabela 22 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular
perliacutetico (SINTERCAST2001apud ROSA2009)
Propriedades (25degC) Nodularidade ()
10 30 50 70 90
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo (MPa) 450 520 590 640 700
Limite de Elasticidade 02 (MPa) 370 390 410 440 490
Limite de Fadiga (MPa) 210 220 230 240 255
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 145 150 155 155 160
Alongamento () 1-2 1-3 2-4 2-5 3-6
Expansatildeo Teacutermica (μmmordmC) 110 110 110 115 120
Condutividade Teacutermica (WmordmC) 36 33 31 30 28
A tabela 13 mostra as propriedades de diversas ligas de ferro fundido vermicular em funccedilatildeo
do tipo de matriz (ferriacutetica eou perliacutetica) e em funccedilatildeo da presenccedila de elementos de liga formadores
da grafita compactada
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em
temperatura ambiente (CHIAVERINI 2005) Condiccedilatildeo estrutural Limite Resistecircncia
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Tratados com adiccedilatildeo de ceacuterio
No estado fundido
Ferrita acima de 95
336
257
67
150
FerritaPerlita
Perlita acima de 5
100 Ferrita
298
338
224
245
53
80
140
FerritaPerlita
85 Ferrita
320
242
35
164
Perlita
90 Perlita
10 Ferrita
400
550
320
430
05
15
-
-
10
Tratados com combinaccedilotildees de Magneacutesio mais Titacircnio (mais Ceacutesio)
Condiccedilatildeo estrutural Limite Resist
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Ferrita no estado fundido
0017Mg 0062Ti
0036Cs
380
272
2
179
Ferrita no estado fundido
0024Mg 0084Ti
0030Cs
338
276
25
184
Perlita no estado fundido
0026Mg 0083Ti
0074Cs
473
335
2
217
Perlita no estado fundido
70 Perlita 30 Ferrita
386
278
2
-
A resistecircncia agrave traccedilatildeo do ferro fundido vermicular diminui agrave medida que aumenta o carbono
equivalente mas a velocidade de decreacutescimo desta propriedade eacute menor do que no caso do ferro
fundido cinzento A elevaccedilatildeo do teor de siliacutecio aumenta o limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo limite de
escoamento e dureza tanto na condiccedilatildeo fundida como na recozida
Em um ferro fundido de matriz predominantemente perliacutetica a resistecircncia agrave compressatildeo eacute trecircs
vezes maior do que a resistecircncia agrave traccedilatildeo
O comportamento deste material agrave temperatura de 500degC sob o ponto de vista de dilataccedilatildeo e
formaccedilatildeo de casca de oacutexido eacute mais ou menos idecircntico aos dos ferros fundidos cinzentos de
composiccedilatildeo semelhante Contudo a resistecircncia agrave formaccedilatildeo da casca de oacutexido e agrave expansatildeo a 600degC
eacute superior agrave do ferro fundido cinzento (CHIAVERINI 2005)
No ano de 2006 a ISO criou uma abreviaccedilatildeo ldquoGJVrdquo para ferro fundido vermicular e cinco
classes foram especificadas baseadas no miacutenimo limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo incluindo
GJV300 (ferriacutetico) GJV 350 GJV 400 GJV 450 (perliacutetico) e GJV 500 (ligado)
Haacute vaacuterias organizaccedilotildees desenvolvendo e classificando o Ferro Fundido Vermicular (CGI)
conforme tabela 14
11
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) Paiacutes Norma Nuacutemero Ano
Romecircnia STAS 12443-86 1986
China JB 4403-87 1987
USA ASTM A 842-85 1997
Alemanha VDG W 50 2002
Internacional SAE J 1887 2002
Internacional ISO 161122006 2006
15 Processo de Fabricaccedilatildeo
A grafita esferoidal eacute obtida pela adiccedilatildeo na liga de ferro fundido de elementos denominados
nodulizantes que modificam a forma de crescimento da grafita Os elementos nodulizantes mais
comuns na induacutestria satildeo o magneacutesio o ceacuterio o caacutelcio e terras raras Entre estes elementos o
magneacutesio (Mg) eacute o mais utilizado Recomenda-se teores entre 004 e 005 de Mg No caso de
Ce teores entre 002 e 004 e no caso de Ca entre 001 e 002
A presenccedila de impurezas como enxofre antimocircnio chumbo teluacuterio ou bismuto apresenta
efeito deleteacuterio sobre a nodulizaccedilatildeo DAWSON(2004) cita que teores de magneacutesio (Mg) de apenas
002 seriam suficientes para promover a nodulizaccedilatildeo da grafita desde que os teores de impurezas
principalmente enxofre(S) fossem mantidos baixos O nodulizante eacute adicionado na forma pura (Mg
metaacutelico) ou na forma de ante-ligas Ni-20Mg Cu-15Mg ou Fe-Si-Mg
O ferro fundido vermicular pode ser obtido adicionando elementos nodulizantes como o magneacutesio
na liga mas em uma porcentagem insuficiente para formar ferro fundido nodular resultando em um
material intermediaacuterio ou adicionando elemento nodulizante com porcentagem suficiente para
formar o ferro fundido nodular mas ao mesmo tempo adicionando-se elementos anti-nodulizantes
como o titacircnio
O processo de formaccedilatildeo do ferro fundido vermicular adicionando elementos anti-nodulizante eacute
mais faacutecil de ser realizado porque natildeo eacute necessaacuterio um controle tatildeo rigoroso da adiccedilatildeo de magneacutesio
na liga Entretanto esta adiccedilatildeo implica no uso do titacircnio que tenderaacute a formar carbonetos e
carbonitretos duros que prejudicam bastante a vida da ferramenta de usinagem da liga Para evitar
este problema eacute necessaacuterio um meacutetodo mais criterioso no processo utilizando equipamentos
especiais que garantam composiccedilatildeo de magneacutesio na liga mais adequada (DAWSON et al 2004)
12
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo
A teacutecnica de fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular eacute criacutetica para a usinabilidade da liga A
mudanccedila na forma da grafita a partir dos noacutedulos compactados eacute devido agrave accedilatildeo do magneacutesio que eacute
um elemento nodulizante Para que a grafita compactada seja formada uma quantidade de magneacutesio
deve ser mantida entre 0008 e 0012 conforme figura 13 Como o controle da composiccedilatildeo nesta
estreita faixa eacute muito difiacutecil o titacircnio eacute usado em alguns casos como elemento anti-nodulizante A
quantidade de titacircnio estaacute entre 01 e 02 o que aumenta a possibilidade de obtenccedilatildeo do grafite
compactado para percentuais mais elevados de magneacutesio Contudo a adiccedilatildeo de titacircnio gera um
inconveniente causando atraveacutes da precipitaccedilatildeo de carboneto e carbonitreto de titacircnio que satildeo
inclusotildees riacutegidas que comprometem a usinabilidade do produto (DAWSON 1999)
Apesar da estreita faixa de controle do elemento para fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular
muitas fundiccedilotildees obtiveram bons resultados devidas a teacutecnicas desenvolvidas e muita disciplina
Estas teacutecnicas podem permitir que a maioria dos blocos esteja dentro do especificado mas o sistema
de controle garante que potenciais peccedilas que possam estar fora do especificado sejam identificadas e
corrigidas antes de serem vazadas A necessidade de controle do processo depende do volume de
produccedilatildeo complexidade do componente e especificaccedilatildeo da microestrutura
Haacute um procedimento necessaacuterio para evitar que os flocos de grafite natildeo se formem antes do
processo final de vazamento Este procedimento consiste basicamente de antes da transiccedilatildeo do ferro
fundido cinzento adicionar o magneacutesio em aproximadamente 0001 a cada 5 minutos Este
processo pode demorar ateacute 15 minutos apoacutes o iniacutecio da adiccedilatildeo do magneacutesio
Uma segunda consideraccedilatildeo eacute que mesmo com a porcentagem correta da adiccedilatildeo de magneacutesio
natildeo haacute estabilidade se o iacutendice de oxigecircnio ativo e ou enxofre forem elevados Se isto ocorrer o
magneacutesio ativo eacute consumido deslocando a linha da porcentagem de magneacutesio para esquerda
conforme demonstrado na figura 13 Inversamente se os niacuteveis de oxigecircnio ou de enxofre forem
relativamente baixos a linha de porcentagem de magneacutesio se deslocar para direita Por estas razotildees
as variaccedilotildees na composiccedilatildeo limpeza oxidaccedilatildeo e umidade do material de carga tornam impossiacutevel
definir uma especificaccedilatildeo quiacutemica fixa para o CGI (DAWSON 2002)
13
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002)
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular
Segundo CHIAVERINI (2005) a definiccedilatildeo mais simples da usinabilidade eacute a propriedade
relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ser fabricado por processos de
usinagem A usinabilidade tambeacutem pode ser definida em termos de vida de ferramenta de corte ou
pode relacionar-se com a energia ou tempo necessaacuterio para remover certa quantidade de material
Segundo DINIZ (2008) a usinabilidade de um material pode ser definida como uma grandeza
tecnoloacutegica que expressa por meio de um valor numeacuterico comparativo (iacutendice de usinabilidade) um
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relaccedilatildeo a outro tomado como padratildeo A
usinabilidade depende do estado metaluacutergico da peccedila da dureza das propriedades mecacircnicas do
material de sua composiccedilatildeo quiacutemica das operaccedilotildees anteriores efetuadas sobre o material (sejam a
frio ou a quente) e do eventual encruamento
Atualmente um dos maiores desafios eacute introduzir o CGI nas peccedilas cujos processos de
usinagem apresentam desempenho muito bom nas mesmas peccedilas fabricadas em ferro fundido
cinzento Assim o desafio eacute alcanccedilar o mesmo desempenho das ferramentas mantendo os mesmos
14
custos por peccedila trabalhada e evitando investimento adicional de capital em maacutequinas e ferramentas
de corte (DAWSON 2004)
Segundo DAWSON (1999) haacute alguns fatores de influecircncia na usinabilidade do CGI
bull Efeitos da forma da grafita
bull Efeitos da perlita
bull Efeitos dos elementos quiacutemicos como chumbo manganecircs siliacutecio enxofre titacircnio e cobre
bull Efeitos da inclusatildeo
Em altas velocidades de corte a vida da ferramenta tambeacutem tende a ser ainda menor no CGI
quando comparado com o ferro fundido cinzento (WALTER 2007) Isto eacute devido a natildeo formaccedilatildeo
da camada protetora de sulfeto de manganecircs que reduz o coeficiente de atrito na face da ferramenta
e que age como uma barreira contra o desgaste por difusatildeo Esta camada ocorre na usinagem do
ferro cinzento
A diferenccedila de corte contiacutenuo ou intermitente tem uma influecircncia significativa no desgaste das
ferramentas por oxidaccedilatildeo e difusatildeo No corte contiacutenuo como torneamento e mandrilamento a
ferramenta permanece mais tempo em contato com o material da peca facilitando o mecanismo de
desgaste Em corte intermitente como o fresamento a difusatildeo e a oxidaccedilatildeo satildeo menos intensas
(DAWSON 1999)
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade
A formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido eacute diretamente afetada pela presenccedila da grafita que eacute
conhecida por ter resistecircncia mecacircnica baixa e gerar descontinuidades e efeitos da concentraccedilatildeo de
tensatildeo na matriz portanto ajudando o processo de remoccedilatildeo de material O mecanismo de formaccedilatildeo
de cavaco em ferro fundido cinzento eacute mostrado na figura 14 No iniacutecio a ferramenta
compacta o material sob o flanco criando uma fratura que se propaga em frente e abaixo da aresta
de corte (a) Como o movimento de corte da ferramenta continua o material se torna completamente
independente (b) Para algumas situaccedilotildees principalmente com o ferro fundido cinzento uma parte
de material eacute arrancada agrave frente da ferramenta causando uma perda temporaacuteria do contato entre
ferramenta e peccedila ateacute a ferramenta encontrar a proacutexima porccedilatildeo de material (c) Este processo de
remoccedilatildeo de material contribui para aumentar a rugosidade na superfiacutecie da peccedila (d)
15
A grafita por ser um componente de dureza relativamente baixa se comparada com o material
da matriz produz descontinuidades no material facilitando a quebra do cavaco na usinagem
(CONSALTER 1987)
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000
apud ROSA 2009)
A grafita tambeacutem atua como um agente lubrificante reduzindo o atrito entre a peccedila e a
ferramenta aleacutem de reduzir o risco de micro solda do cavaco com a ferramenta Sendo assim a
consequumlecircncia do efeito eacute o aumento na vida da ferramenta
No processo da formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido nodular as forccedilas de compressatildeo geram
o desprendimento dos noacutedulos da matriz e a deformaccedilatildeo plaacutestica da matriz entre os noacutedulos Esta
deformaccedilatildeo plaacutestica causa o alongamento dos noacutedulos na direccedilatildeo do corte ocasionando fratura
duacutectil
16
Para o ferro fundido cinzento a formaccedilatildeo do cavaco acontece atraveacutes de fraturas das lamelas
de grafita formando cavacos natildeo contiacutenuos Haacute trecircs estaacutegios para formaccedilatildeo destes cavacos ou seja
inicia com a separaccedilatildeo da matriz das lamelas de grafita gerando micro-trincas em consequumlecircncia as
grandes trincas satildeo formadas atraveacutes da junccedilatildeo destas micro-trincas provenientes da interface com a
ferramenta e por uacuteltimo ocorre agrave fragmentaccedilatildeo do cavaco
A formaccedilatildeo do cavaco do ferro fundido vermicular eacute uma mistura dos processos de formaccedilatildeo
de cavaco do ferro fundido nodular e formaccedilatildeo de cavaco do ferro fundido cinzento ou seja os
cavacos se formam por deformaccedilatildeo plaacutestica e tambeacutem por fraturas (MARWANGA et al 1999) A
figura 15 ilustra os diferentes cavacos formados na usinagem destas trecircs formas de ferro fundido
Cinzento Vermicular Nodular
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999)
Grafitas na forma nodular sempre estaratildeo presentes na estrutura do ferro fundido vermicular
Com isto a resistecircncia mecacircnica e a tenacidade aumentam Por outro lado a fundiccedilatildeo usinabilidade
e condutividade teacutermica seratildeo prejudicadas (GUESSER 2001)
A morfologia do ferro fundido vermicular natildeo permite a clivagem e nem a propagaccedilatildeo de
trincas O iniacutecio da fratura no ferro fundido vermicular se daacute na interface da grafita vermicular com
a matriz metaacutelica Este eacute um dos principais fatores para um maior desgaste da ferramenta de corte na
usinagem do CGI Poreacutem esta caracteriacutestica auxilia na maior resistecircncia mecacircnica e maior
tenacidade do CGI (DAWSON 2002)
17
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade
A resistecircncia mecacircnica dos ferros fundidos eacute proporcional agrave relaccedilatildeo entre perlita e
ferrita da matriz se as demais variaacuteveis forem mantidas constantes Contudo um elevado teor de
perlita natildeo eacute necessariamente a maior causa do desgaste da ferramenta de corte
Foram realizados testes de usinagem para o ferro fundido vermicular com diferentes valores de
perlita Cobre e estanho foram utilizados como elementos de estabilizaccedilatildeo A fim de atingir os 100
de perlita manganecircs tambeacutem foi adicionado Foram utilizadas ferramentas de metal duro para os
testes com velocidades de corte de 150 e 250 mmin conforme Figura 16 Pode-se ver nesta figura
que principalmente na velocidade de corte mais alta quando o teor de perlita ultrapassa 75 a vida
da ferramenta cai rapidamente (DAWSON 1999)
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999)
Blocos de motor em ferro fundido vermicular contendo 70 de perlita possuem a mesma
dureza de um bloco do motor em ferro fundido cinzento 100 perliacutetico (DAWSON 1999)
18
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade
O carbono e o siliacutecio satildeo elementos com uma grande influecircncia na estrutura do material o
carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o siliacutecio eacute essencialmente um
elemento grafitizante favorecendo a decomposiccedilatildeo do carboneto de ferro O manganecircs sempre
presente tem efeito oposto ao do siliacutecio isto eacute estabiliza a cementita e compensa de certo modo a
accedilatildeo grafitizante do siliacutecio Todo elemento quiacutemico grafitizante eacute beneacutefico agrave usinalidade pois a
grafita como visto eacute um ponto fraacutegil que em geral facilita a formaccedilatildeo do cavaco Por outro lado
os elementos que estabilizam a cementita (usam o carbono para formar Fe3C e natildeo para formar
grafita) prejudicam a usinabilidade jaacute que a cementita eacute um carboneto duro
A rigor o manganecircs nos ferros fundidos tanto quanto nos accedilos eacute adicionado como
dessulfurante Entretanto como na praacutetica haacute sempre um excesso de manganecircs este atua como
estabilizador da perlita Daiacute o seu efeito oposto ao do siliacutecio e sua utilidade para produzir estruturas
com matriz predominantemente perliacutetica sobretudo em peccedilas fundidas volumosas Ao auxiliar na
formaccedilatildeo de uma estrutura perliacutetica (e natildeo ferriacutetica) o manganecircs aumenta a resistecircncia mecacircnica da
liga e com isso prejudica a usinabilidade Por outro lado o sulfeto de manganecircs atua como
lubrificante soacutelido melhorando a usinabilidade do material
O enxofre e o foacutesforo que satildeo impurezas usualmente encontradas nos ferros fundidos natildeo tecircm
uma accedilatildeo muito significativa do ponto de vista de tendecircncia grafitizante mas o foacutesforo eacute um
estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro Sua principal accedilatildeo eacute na estrutura do material
formando com o ferro e o carbono um composto de natureza euteacutetica (CHIAVERINI 2005) O
enxofre presente no ferro fundido reage com o manganecircs (Mn) formando inclusotildees de
MnS2 as quais podem lubrificar as arestas da ferramenta ao formar uma camada protetora entre esta
e o material usinado servindo como barreira contra os mecanismos de abrasatildeo e difusatildeo
(MOCELLIN et al 2004)
O cromo eacute presente no ferro fundido atraveacutes da sucata de accedilo ou intencionalmente como
elemento de liga para obtenccedilatildeo de maior resistecircncia em altas temperaturas Segrega-se facilmente
promovendo a formaccedilatildeo de carbonetos principalmente nas uacuteltimas regiotildees em solidificaccedilatildeo O
cromo eacute um perlitizante potente quando comparado ao manganecircs pois o aumento do seu teor
provoca a formaccedilatildeo da perlita fina ou seja um aumento da quantidade de cementita que eacute de difiacutecil
19
usinabilidade A reduccedilatildeo de 018 para 010 do teor de Cr no ferro fundido vermicular pode
propiciar aumento de aproximadamente 40 da vida da ferramenta (DAWSON et al2001)
A tabela 15 resume a accedilatildeo dos elementos de liga nos ferros fundidos
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI2005)
ELEMENTO Efeitos durante a Solidificaccedilatildeo Efeitos durante a reaccedilatildeo eutetoacuteide
Alumiacutenio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Antimocircnio
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte estabilizador da perlita
Boro ateacute 015 Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Boro acima de 015 Estabilizador do carboneto Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Cromo Forte accedilatildeo carbonetante Forte tendecircncia agrave formaccedilatildeo da perlita
Cobre Grafitizante fraco Promove a formaccedilatildeo da perlita
Manganecircs Fraca tendecircncia carbonetante Formador de perlita
Molibdecircnio Fraca tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
Niacutequel Grafitizante Fraco promotor de perlita
Siliacutecio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Teluacuterio Forte tendecircncia carbonetante Muito fraco estabilizador da perlita
Estanho
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Titacircnio ateacute 025 Grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Vanaacutedio Forte tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
A velocidade de resfriamento eacute um fator relacionado a solidificaccedilatildeo no interior dos moldes e a
espessura das peccedilas moldadas Em outras palavras as secccedilotildees espessas implicam em velocidades de
resfriamento relativamente baixas e secccedilotildees finas implicam em velocidades altas Isto significa que
em peccedilas de secccedilotildees com diferentes espessuras ocorrem tambeacutem diferentes velocidades de
resfriamento Para elevadas velocidades de resfriamento como as que se verificam em secccedilotildees finas
ou nas aacutereas adjacentes agraves paredes do molde natildeo haacute muito tempo para a decomposiccedilatildeo da
cementita de modo que dependendo dos teores de carbono e de siliacutecio pouca ou nenhuma
grafitizaccedilatildeo ocorre e haacute tendecircncia agrave formaccedilatildeo de ferro fundido branco Com as velocidades de
resfriamento baixas das secccedilotildees mais espessas ocorre uma apreciaacutevel grafitizaccedilatildeo dependendo
sempre do teor de siliacutecio A estrutura seraacute essencialmente de grafita e perlita Para resfriamento
20
ainda mais lento e teor de siliacutecio mais elevado a cementita da perlita pode tambeacutem se decompor
parcialmente originando-se assim a estrutura constituiacuteda de veios de grafita perlita e ferrita Essa
estrutura confere ao material caracteriacutesticas de baixa dureza e excelente usinabilidade aleacutem de
razoaacutevel resistecircncia mecacircnica(CHIAVERINI2005)
111 Processo de Mandrilamento
O processo de mandrilamento eacute normalmente empregado na usinagem de elementos de maior
diacircmetro em um bloco do motor tais como diacircmetro dos cilindros e diacircmetros dos mancais do
virabrequim A operaccedilatildeo de mandrilamento eacute executada em duas ou trecircs etapas dependendo das
toleracircncias exigidas no desenho do produto e do tipo de ferramenta a ser empregado Essencialmente
as condiccedilotildees de mandrilamento diferem um pouco das condiccedilotildees de torneamento mas esta operaccedilatildeo
ilustra a importacircncia da rigidez de todo conjunto ferramenta dispositivo e maacutequina Particularmente
quando um cilindro de grande extensatildeo e pequeno diacircmetro eacute mandrilado o corpo da ferramenta
que natildeo eacute tatildeo riacutegido tende a defletir e consequumlentemente causar vibraccedilotildees Estas vibraccedilotildees podem
afetar natildeo somente a precisatildeo dimensional mas tambeacutem o acabamento das peccedilas e a vida da
ferramenta de corte Mandrilamento eacute um processo em que furos realizados no processo de furaccedilatildeo
furos fundidos na peccedila componentes forjados ou extrudados satildeo ampliados ou acabados com uma
ferramenta de corte montada em uma barra de mandrilar O processo eacute mais usado em aplicaccedilotildees em
que bom acabamento da superfiacutecie interna ou toleracircncia dimensional apertada satildeo requeridos Por
causa das restriccedilotildees geomeacutetricas as barras de mandrilar satildeo em geral longas e compridas o que faz
com que elas estejam facilmente sujeitas a desvios estaacuteticos e dinacircmicos Estes desvios ou vibraccedilatildeo
da ferramenta natildeo somente fazem com que os paracircmetros de usinagem precisem ser alterados como
induz a erros dimensionais e reduz a qualidade da superfiacutecie e a vida da ferramenta O estudo das
forccedilas de corte no processo de mandrilar eacute portanto um preacute-requisito para a seleccedilatildeo adequada das
condiccedilotildees de corte e tambeacutem para preservar a seguranccedila do processo evitando desvios excessivos da
ferramenta ou vibraccedilotildees dinacircmicas O raio da ponta da ferramenta e a variaccedilatildeo do acircngulo da aresta
de corte resultam na distribuiccedilatildeo natildeo-uniforme da espessura do cavaco e consequumlentemente da
forccedila de corte (MOCELLIN 2007)
21
Em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas nas ferramentas de metal duro em
relaccedilatildeo agraves usadas nas ferramentas de ceracircmica ou CBN utiliza-se maior nuacutemero de insertos de metal
duro permitindo maiores velocidades de avanccedilo compensando parcialmente a perda de
produtividade (KOPPKA et al 2003)
Operaccedilotildees de mandrilamento satildeo tradicionalmente realizadas em blocos de motores de ferro
fundido cinzento por ferramentas de ceracircmica e CBN que permitem elevadas velocidades de corte e
alta produtividade (KOPPKA et al 2003) O severo desgaste verificado nas ferramentas de
mandrilar ferro fundido vermicular tem motivado pesquisas com o objetivo de identificar os
mecanismos de desgaste das ferramentas assim como encontrar soluccedilotildees econocircmicas para esta
usinagem envolvendo institutos de pesquisa induacutestrias automobiliacutesticas fundiccedilotildees fabricantes de
ferramentas e fabricantes de maacutequinas Independentemente do material da ferramenta empregada
metal duro ou ceracircmica as velocidades de corte ainda satildeo muito inferiores agravequelas tradicionalmente
utilizadas no ferro fundido cinzento ou seja ainda haacute uma grande necessidade no desenvolvimento
do processo de usinagem de mandrilamento do bloco do motor de maneira integral (KASSACK et
al 2002)
112 Tipos de Mandrilamento
Dependendo do trabalho o mandrilamento que tambeacutem eacute conhecido como mandrilagem ou
broqueamento pode ser ciliacutendrico cocircnico radial ou esfeacuterico Por meio do processo de
mandrilamento pode-se conseguir superfiacutecies ciliacutendricas ou cocircnicas internas em espaccedilos
normalmente difiacuteceis de serem atingidos com eixos perfeitamente paralelos entre si (GUEDES
2006)
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cocircnica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Isto ocorre quando haacute um movimento de
avanccedilo simultacircneo com um movimento radial gerando um diacircmetro interno cocircnico
22
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cilindrica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Neste caso haacute somente o movimento de
avanccedilo gerando um diacircmetro interno ciliacutendrico
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico
1123 Mandrilamento Radial (figura 19)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute plana e perpendicular ao eixo em
torno do qual gira a ferramenta Neste processo haacute somente o movimento radial da ferramenta
gerando um processo de faceamento
23
Figura 19 ndash Mandrilamento radial
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute uma superfiacutecie de revoluccedilatildeo cujo
eixo coincide com o eixo do qual gira a ferramenta Ex Mandrilamento esfeacuterico e mandrilamento
de sangramento
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970)
24
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular
Os processos de mandrilamento do ferro fundido vermicular podem ser divididos em quatro
grupos
- Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
- Mandrilamento com insertos rotativos
- Mandrilamento definido como ldquofreso-mandrilamentordquo
- Mandrilamento com insertos de PCD
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
As ferramentas de mandrilar com insertos de metal-duro conforme mostradas na figura 111
satildeo usadas em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas em comparaccedilatildeo agrave ceracircmica ou
o PCBN Utiliza-se um maior nuacutemero de insertos permitindo maiores velocidades de avanccedilo e
compensando parcialmente a perda de produtividade (REUTER et al 1999) Existem algumas
barras de mandrilar cujos insertos natildeo satildeo montados uniformemente no diacircmetro e ateacute mesmo na
altura Estas barras de mandrilar satildeo chamadas de ferramentas com passo diferencial e o objetivo eacute
evitar vibraccedilotildees devido a problemas de ressonacircncia mesmo em condiccedilotildees de corte favoraacuteveis
modificando a frequumlecircncia de entrada das arestas no corte (SOUTO 2007)
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010)
25
1132 Mandrilamento com insertos rotativos
Ferramentas com insertos rotativos de PCBN Si3N4 ou Metal Duro conforme figura 112
permitem grande produtividade em altas velocidades de corte Este tipo de ferramenta apresenta um
maior potencial principalmente para operaccedilatildeo de desbaste podendo tambeacutem ser utilizadas em
operaccedilatildeo de acabamento dependendo da aplicaccedilatildeo (REUTER et al 2000) Estes insertos giram
devido aos esforccedilos de corte aplicados sobre eles jaacute que suas fixaccedilotildees permitem este grau de
liberdade Assim a seccedilatildeo de contato com a ferramenta e cavaco varia todo instante distribuindo
melhor o desgasteavaria aumentando a vida da ferramenta
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos
1133 Freso-mandrilamento
Define-se freso mandrilamento como um processo de usinagem com corte intermitente por
meio do processo de fresamento helicoidal realizado com ferramentas de diacircmetro menor que o
usinado ou seja a ferramenta realiza movimento de interpolaccedilatildeo circular e avanccedila no sentido do
cilindro conforme figura 113 O fabricante de maacutequinas MAKINO e o fabricante de ferramentas
SANDVIK desenvolveram este processo utilizando a ferramenta CoroMILL 790 e um Centro de
Usinagem Horizontal(a81M) Por meio da melhor precisatildeo de posicionamento dos insertos na
ferramenta e toleracircncias dimensionais dos insertos de metal-duro haacute possibilidades de ganho em
vida de ferramenta e possiacutevel eliminaccedilatildeo da etapa de mandrilamento de semi-acabamento
realizando-se o mandrilamento de desbaste de modo convencional e o mandrilamento de
acabamento com o processo de freso-mandrilamento Este processo tambeacutem possui desvantagem
26
como a necessidade de maacutequinas ferramentas com elevadas rigidez e precisatildeo no movimento de
interpolaccedilatildeo circular uma vez que este movimento tem influecircncia direta na geometria do cilindro
fresado (MAKINO 2011)
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento
1134 Mandrilamento com insertos de PCD
Estudos realizados pela empresa Audi aplicando insertos de PCD em mandrilamento de
acabamento dos cilindros do bloco do motor em ferro fundido vermicular apresentaram altos
valores de vida de ferramenta As principais desvantagens do uso do PCD consistem na limitaccedilatildeo da
temperatura de utilizaccedilatildeo da ferramenta o que limita a velocidade de corte assim como o maior
custo de ferramenta bloco do motor produzido Esta limitaccedilatildeo eacute devido ao problema de afinidade do
ferro com o carbono que em temperaturas acima de 700degC comeccedila a grafitizaccedilatildeo do diamante
tendo como consequumlecircncia o acelerado desgaste da aresta de corte (STEMMER 1993 apud
Xavier2009)
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento
A superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta conforme ilustrada na figura 114 eacute definida pelo acircngulo
da aresta de corte (90deg- χ r) acircngulo de posiccedilatildeo da aresta secundaacuteria de corte (χ‟r) acircngulo de saiacuteda
lateral da ferramenta (γf) e o acircngulo de saiacuteda dorsal da ferramenta (γp)
27
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008)
Quatro diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
podem ser identificadas e ilustradas conforme figura 115 Eacute altamente recomendado que o corte natildeo
envolva o final da aresta de corte da ferramenta ou seja o avanccedilo natildeo pode ser maior que o raio da
ponta da ferramenta para prevenir a quebra da ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da
ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
28
Valores grandes do raio da ponta (rɛ) com uma constante na taxa de avanccedilo(fɛ) e uma
profundidade de corte ldquoaprdquo melhoram a qualidade do acabamento superficial da peccedila reduzindo as
marcas da ferramenta devido ao avanccedilo Em contrapartida estas marcas satildeo mais suscetiacuteveis agrave
vibraccedilotildees devido ao aumento da componente da forccedila radial para ldquoaprdquo menor que ldquorɛrdquo
Consequumlentemente uma soluccedilatildeo deveria ser feito para obter resultados mais favoraacuteveis no corte
O acircngulo de saiacuteda da ferramenta eacute um importante paracircmetro para controlar a deformaccedilatildeo e a forma
dos cavacos Eacute tambeacutem um significativo fator geomeacutetrico que afeta o mecanismo de corte No plano
ortogonal a saiacuteda do cavaco eacute perpendicular agrave aresta de corte entretanto o acircngulo da saiacuteda do
cavaco eacute zero Muitos pesquisadores tentaram prever o acircngulo de saiacuteda do cavaco para usinagem
com o raio da ponta da ferramenta
A forccedila de corte pode ser representada por duas componentes uma componente normal
perpendicular ao plano de saiacuteda e um atrito componente na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta A
forccedila de atrito na superfiacutecie de saiacuteda eacute o uacutenico componente que determina a direccedilatildeo da saiacuteda de
cavaco Para cada elemento cavaco presume-se que a forccedila de atrito eacute colinear com a velocidade do
cavaco e suas magnitudes satildeo proporcionais agrave aacuterea do cavaco (YUSSEFIAN et al2008)
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento
O material da ferramenta de corte deve ser mais duro que o material da peccedila a ser cortada
Utilizando este princiacutepio novos materiais e ligas estruturais com excelente resistecircncia mecacircnica e
elevada dureza contribuem para o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de
usinagem (MACHADO et al 2009)
Alguns fatores para seleccedilatildeo adequada da ferramenta de corte conforme citados por DINIZ
(2008) estatildeo descritos abaixo
Material a ser usinado
- a dureza e o tipo de cavaco formado satildeo caracteriacutesticas do material da peccedila a ser
considerado
Processo de usinagem
29
- ainda existem vaacuterios equipamentos com baixa rotaccedilatildeo e baixa rigidez inviabilizando a
utilizaccedilatildeo de ferramenta de corte com materiais mais nobres
Condiccedilatildeo da maacutequina de usinagem
- deve-se levar em consideraccedilatildeo a potecircncia gama de velocidade e folgas da maacutequina
Dimensotildees e forma da ferramenta de corte
- ferramentas de forma natildeo-padronizada muitas vezes satildeo feitas de accedilo raacutepido ou de um tipo
de metal duro que suporte choques teacutermicos
Custo do material da ferramenta
- alguns materiais de ferramentas apesar de aumentarem a vida da ferramenta de corte ou a
produccedilatildeo muitas vezes natildeo apresentam uma boa relaccedilatildeo custo-benefiacutecio
Condiccedilotildees de usinagem
- consideraccedilatildeo tiacutepica para usinagem em acabamento em que se exigem ferramentas com
maior resistecircncia ao desgaste jaacute que a operaccedilatildeo de desbaste anterior jaacute retirou a casca
endurecida eou desvios de forma da peccedila
Condiccedilotildees da operaccedilatildeo
- usinagem com corte interrompido ou o sistema maacutequinapeccedilaferramentadispositivo
natildeo riacutegidos exige uma ferramenta tenaz
As principais caracteriacutesticas desejaacuteveis a um material da ferramenta satildeo
- Dureza a quente
Algumas regiotildees da ferramenta de usinagem podem ultrapassar 1000degC Portanto
haacute uma contiacutenua procura por materiais que possam suportar esta temperatura com dureza suficiente
para suportar as tensotildees de corte
- Resistecircncia ao desgaste
O material da ferramenta deve ser resistente ao desgaste por abrasatildeo ou seja resistecircncia
ao atrito
- Tenacidade
O material da ferramenta deve ter energia suficiente para resistir ao choques inerentes
do processo
- Estabilidade quiacutemica
Dependendo da temperatura da duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemica do material
da ferramenta e do material da peccedila na zona de cisalhamento secundaacuterio haacute transferecircncia de aacutetomo
30
de um metal para o outro (difusatildeo) O material da ferramenta deve ser resistente agrave difusatildeo (DINIZ et
al 2008)
Haacute diversos materiais de ferramentas distribuiacutedos no mercado atualmente que se
diferem pela dureza (resistecircncia ao desgaste) e tenacidade Os principais satildeo (MACHADO et al
2009)
Accedilo raacutepido
Metal duro
Cermets
Ceracircmicas
Nitreto de Boro Cuacutebico
Diamante natural
Atualmente os materiais das ferramentas de corte utilizados na usinagem do ferro fundido
vermicular satildeo metal duro ceracircmica e CBN
1151 Inserto de Metal Duro
O metal duro surgiu em 1927 com o nome de ldquoWIDIArdquo(Wie Diamant) e eacute um tipo
de material fabricado atraveacutes da metalurgia do poacute em um processo de sinterizaccedilatildeo Este poacute eacute
composto de partiacuteculas duras de carboneto de metais refrataacuterios Os carbonetos satildeo de tungstecircnio e
normalmente satildeo combinados com carbonetos de titacircnio tacircntalo e nioacutebio (DINIZ et al 2008)
O elemento aglomerante mais utilizado na fabricaccedilatildeo do metal duro eacute o cobalto que eacute um
metal do grupo do ferro responsaacutevel pela ligaccedilatildeo das partiacuteculas duras dos carbonetos no processo de
sinterizaccedilatildeo O cobalto eacute responsaacutevel pela tenacidade do material O poacute do cobalto eacute obtido pela
reduccedilatildeo do oacutexido preto que conteacutem aproximadamente 70 de cobalto sob hidrogecircnio e
temperaturas entre 600 e 700degC
Uma composiccedilatildeo tiacutepica de metal conteacutem 81 de tungstecircnio 6 de carbono e 13 de
cobalto O tamanho das partiacuteculas de carbonetos pode variar entre 1 e 10 microns e geralmente
compreendem cerca de 60 agrave 95 do volume do material
31
A variaccedilatildeo da composiccedilatildeo quiacutemica do metal duro influencia na caracteriacutestica (classe) do
material O cobalto eacute um material que agrave medida que aumenta seu teor reduz sua densidade e dureza
mas eleva a resistecircncia agrave ruptura e melhora a tenacidade
Outra caracteriacutestica importante para aplicaccedilatildeo do metal duro eacute o seu coeficiente de dilataccedilatildeo
teacutermica O coeficiente para o metal duro eacute cerca da metade do coeficiente do accedilo em temperaturas
desde a ambiente ateacute 675degC
Hoje em dia haacute metais duros produzidos com partiacuteculas de 01m o que melhora vaacuterias
caracteriacutesticas desejaacuteveis em uma ferramenta de corte Estes metais duros com micro gratildeos podem
ser classificados de acordo com o tamanho do gratildeo de sua estrutura como
- Fino 08 a 13m
- Submicromeacutetrico 05 a 08m
- Ultra fino 02 a 05m
- Nanomeacutetrico menor que 02m
Agrave medida que se diminui o tamanho de gratildeo do metal duro aumenta-se a dureza resistecircncia
ao desgaste e tenacidade do material devido ao maior fator de empacotamento que gratildeos muito
pequenos propiciam (DINIZ et al 2008)
Haacute vaacuterios tipos de metal duro classificados pela norma ISO (International Organization for
Standardization) conforme norma ISO513 1975 sendo que haacute 3 grupos principais como
Grupo bdquoP‟ ndash Compreende os tipos ou classes empregados na usinagem de metais e ligas
ferrosas que apresentam cavacos longos e duacutecteis
Grupo bdquoMrdquo ndash Compreende as classes que empregam na usinagem de metais e ligas ferrosas
de cavacos tanto longos como curtos ou seja eacute uma ferramenta com propriedades intermediaacuteria
Grupo bdquoK‟ ndash Compreende as classes que se destinam a usinagem de metais e ligas ferrosas
que apresentam cavacos curtos e materiais natildeo-metaacutelico
Recentemente a ISO aumentou o nuacutemero de classes de metal duro conforme norma
ISO513 2004 Estas novas classes satildeo
Grupo bdquoN‟ ndash Aplicaacutevel a materiais natildeo ferrosos
Grupo bdquoS‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de superligas e ligas de titacircnio
Grupo bdquoH‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de materiais endurecidos
32
Aleacutem dos grupos de metal duro existe uma subdivisatildeo dentro de cada grupo por exemplo
P01P50
M01M40
K01K40
N01N30
S01S30
H01H30
Para cada grupo de metal duro e seu respectivo subgrupo haacute uma composiccedilatildeo quiacutemica e
caracteriacutestica fiacutesica conforme Tabela 16 Pode-se perceber nesta tabela que agrave medida que a
quantidade de TiC + TaC aumenta a densidade diminui e a dureza aumenta
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970)
Desig-
Naccedilatildeo
Composiccedilatildeo
aproximada em Caracteriacutesticas principais
WC TiC
+
TaC
Co Densidade
(gcm3)
Dureza
(kgmm2)
Resist agrave
ruptura
transversal
(kgmm2)
Moacutedulo de
elasticidade
(kgmm2)
Coeficiente
de dilataccedilatildeo
teacutermica
(10-6
1Cdeg)
P01 30 64 6 72 1800 75 - -
P10 55 36 9 104 1600 140 52000 65
P20 76 14 10 119 1500 150 54000 60
P25 73 19 8 125 1500 170 55000 60
P30 82 8 10 130 1450 170 56000 55
P40 77 12 11 131 1400 180 56000 55
P50 70 14 16 129 1300 200 52000 55
M10 84 10 6 131 1650 140 58000 55
- Classes com maior tenacidade
- Recomendado para usinagem em desbaste
e corte interrompido
- Classes com maior resistecircncia ao desgaste
- Recomendado para usinagem em
acabamento
33
M20 82 10 8 134 1550 160 56000 55
M30 81 10 9 144 1450 180 58000 55
M40 78 7 15 135 1300 200 55000 55
K01 93 2 5 150 1750 120 63000 50
K05 92 2 6 146 1700 135 63000 50
K10 92 2 6 148 1650 150 63000 50
K20 915 25 6 148 1550 170 62000 50
K30 89 2 9 145 1450 190 - 55
K40 88 - 12 143 1300 210 58000 55
A seleccedilatildeo do metal duro para uma determinada aplicaccedilatildeo de usinagem estaacute intimamente
relacionada com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma durante a
usinagem Entre os tipos de cavacos conhecidos tem como cavacos contiacutenuos cavacos cisalhados e
cavacos de ruptura o formado na usinagem dos ferros fundidos eacute o cavaco de ruptura devido a seu
rompimento na zona primaacuteria do plano de cisalhamento causados na interrupccedilatildeo que as grafitas
causam na matriz da liga
Operaccedilotildees de usinagem com avanccedilo e profundidade de cortes altos para desbaste e cortes
interrompidos criam tensotildees elevadas na ferramenta exigindo classes com maior tenacidade ou seja
ferramentas com menor teor de cobalto e maior teor de carbonetos
Operaccedilotildees de usinagem em peccedilas que jaacute sofreram operaccedilotildees anteriores de desbaste retirando
excentricidade e a casca endurecida trabalham com baixos avanccedilos e profundidade de usinagem
poreacutem com altas velocidades de corte o que gera altas temperaturas Sendo assim satildeo necessaacuterias
classes de ferramentas com altas resistecircncias ao calor e a abrasatildeo ou seja menor teor de cobalto
(DINIZ et al 2008)
Operaccedilotildees de usinagem em maacutequinas-ferramentas menos riacutegidas obriga o uso de classe de
ferramentas com maior tenacidade embora reduzindo a vida uacutetil
As primeiras ferramentas de metal duro foram compostas unicamente de carbonetos de
tungstecircnio (WC) e cobalto e eram adequadas somente para a usinagem de materiais de cavacos
curtos e quebradiccedilos ou seja materiais de ferro fundido Na usinagem do accedilo havia formaccedilatildeo de
cratera na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta devido a fenocircmenos de difusatildeo e dissoluccedilatildeo ocorridos
entre o cavaco da peccedila e a ferramenta Para solucionar tais problemas comeccedilou-se a acrescentar
34
outros carbonetos (TiC TaC e NbC) Assim as ferramentas que conteacutem praticamente somente WC
e Co na composiccedilatildeo (ferramentas da classe K ver tabela 15) satildeo destinadas agrave usinagem de ferros
fundidos que natildeo tem a tendecircncia de formaccedilatildeo de desgaste de cratera devido ao fato de que o
cavaco curto rapidamente se quebra e pula fora da regiatildeo de corte sem atritar longamente com a
superfiacutecie de saiacuteda A inclusatildeo de carbonetos do tipo TiC TaC e NbC na ferramenta confere a ela
as seguintes caracteriacutesticas
- Carbonetos de Titacircnio - TiC
Pouca tendecircncia agrave difusatildeo resultando na alta resistecircncia dos metais duros
Reduccedilatildeo da resistecircncia interna e dos cantos
- Carboneto de Tacircntalo - TaC e Carboneto de Nioacutebio NbC
Em pequenas quantidades atuam na diminuiccedilatildeo do tamanho dos gratildeos melhorando a
tenacidade e a resistecircncia dos cantos
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro
A finalidade principal do uso de coberturas em ferramentas de metal duro eacute aumentar a
resistecircncia ao desgaste da camada superior que entra em contato com o cavaco e a peccedila sendo que o
nuacutecleo permanece com a tenacidade caracteriacutestica do metal duro Desta forma consegue-se em
vaacuterios casos aumentar bastante a vida da ferramenta e diminuir os esforccedilos de corte Eacute possiacutevel
tambeacutem conciliar em mesmos materiais caracteriacutesticas como tenacidade resistecircncia ao desgaste e
dureza a quente (DINIZ et al2008)
As principais coberturas utilizadas satildeo de carboneto de titacircnio (TiC) eou oacutexido de alumiacutenio
(Al2O3) nitreto de titacircnio (TiN) e carbonitreto de titacircnio (TiCN) Geralmente satildeo aplicadas no metal
duro utilizando um processo chamado CVD (deposiccedilatildeo quiacutemica a vapor) que utiliza altas
temperaturas e pressotildees levemente negativas Outro processo tambeacutem utilizado para cobertura de
ferramenta eacute o PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica a vapor) que utiliza temperaturas meacutedias (de 400 a 500ordm C) e
pressatildeo muito negativa Este processo eacute em geral mais caro que o processo CVD Como o processo
de CVD precisa de altas temperaturas satildeo geradas tensotildees na ferramenta durante seu resfriamento
que podem enfraquececirc-la Sendo assim novos tipos de processo com temperaturas intermediaacuterias
entre o CVD e o PVD estatildeo sendo desenvolvidos para minimizar este problema (DINIZ et al2008)
35
Normalmente a primeira camada de cobertura logo acima do nuacutecleo eacute o carboneto de titacircnio
ou o carbonitreto de titacircnio que algumas vezes eacute a uacutenica camada Estas camadas possuem
caracteriacutesticas como excelente resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de promover a adesatildeo das
camadas de cobertura com o metal duro do nuacutecleo Outra cobertura como o oacutexido de alumiacutenio natildeo
possui afinidade fiacutesico-quiacutemica com o nuacutecleo do metal duro A diferenccedila na dilataccedilatildeo e contraccedilatildeo
teacutermica das camadas com o substrato de metal duro a uma temperatura de 1000degC como eacute exigido
para o processo de revestimento CVD pode causar trincas se natildeo for utilizado o TiC ou TiCN como
camada intermediaacuteria (DINIZ et al2008)
A dureza da camada de TiC eacute na ordem de 3000HV que eacute maior que todas os outros materiais
utilizados no revestimento do metal duro A espessura da camada eacute de 4 a 8m Outras
caracteriacutesticas importantes deste material eacute a baixa tendecircncia a soldagem com o material da peccedila
dificultando o desgaste por adesatildeo e o baixo coeficiente de dilataccedilatildeo teacutermica O material TiCN tem
propriedades similares ao TiC como dureza agrave quente resistecircncia ao desgaste a capacidade de adesatildeo
ao nuacutecleo mas seu coeficiente de atrito eacute mais baixo que o TiC Geralmente o segundo revestimento
no metal duro eacute de oacutexido de alumiacutenio que garante uma estabilidade teacutermica devido ao fato de ser um
material ceracircmico refrataacuterio e por possuir alta resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de alta
resistecircncia a ataques quiacutemicos e agrave oxidaccedilatildeo Devido a sua alta estabilidade quiacutemica com o ferro
praticamente evita o desgaste difusivo durante o processo de usinagem do accedilo Apresentam tambeacutem
uma pequena resistecircncia a choques teacutermicos e mecacircnicos
A terceira camada geralmente utilizada de TiN tem caracteriacutestica de reduccedilatildeo do coeficiente
de atrito entre a pastilha e o cavaco Eacute quimicamente mais estaacutevel que o TiC e possui uma camada
com espessura entre 5 e 7 m A espessura total das camadas do metal duro estaacute entre 2 e 12 m
Quando se aumenta a espessura da cobertura a resistecircncia ao desgaste aumenta mas a tenacidade
diminui aumentando a tendecircncia ao lascamento das arestas Hoje em dia jaacute satildeo utilizadas outras
coberturas como por exemplo o nitreto de titacircnio alumiacutenio (TiNAl) ou o nitreto de alumino
titacircnio(TiAlN) dependendo da quantidade maior de titacircnio ou alumiacutenio que podem ser aplicadas ao
metal duro atraveacutes do processo PVD Tal processo propicia espessuras de camadas mais finas
mantendo a aresta da ferramenta afiada (DINIZ et al2008)
Estas coberturas podem ser aplicadas em ferramentas multicamadas propiciando
caracteriacutesticas como
36
- Baixa condutividade teacutermica que protege a aresta de corte e aumenta a remoccedilatildeo de calor
atraveacutes do cavaco
- Alta dureza a frio e a quente
- Alta estabilidade quiacutemica (DINIZ et al2008)
1153 Insertos de Material Ceracircmico
Um dos principais tipos de materiais ceracircmicos utilizados como ferramenta de usinagem eacute o
oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) que eacute a forma estaacutevel alfa da alumina Podem-se distinguir dois ramos
nesta famiacutelia
- Materiais contendo alumina sinterizada praticamente pura com no miacutenimo de 98
- Materiais contendo 90 de alumina juntamente com outros oacutexidos como SiO2 MgO
Cr2O3 Fe3O4 etc
Este tipo de material de ferramenta consiste de gratildeos finos (menores que 5 m) de Al2O3 de
alta densidade ou seja conteacutem menos que 2 de porosidade Diferentes meacutetodos satildeo utilizados
para fabricaccedilatildeo de ferramentas ceracircmicas deste tipo
- Prensadas a frio e sinterizadas apresentando uma cor branca Este processo eacute similar ao
processo de fabricaccedilatildeo do metal duro
- Prensadas a quente em grandes cilindros de alumina em moldes de grafite Neste processo
o material se torna acinzentado escuro (FERRARESI 1970)
A ceracircmica possui oacutetima propriedade como dureza a quente permitindo que se possa usinar
em altas velocidades de corte Em contrapartida haacute propriedades como baixa condutividade teacutermica
que logicamente dificulta a transferecircncia de calor e faz com que na regiatildeo proacutexima do contato
cavaco-ferramenta e peccedila ferramenta atinja-se temperaturas muito altas Outra propriedade que
dificulta o uso de material ceracircmico eacute a baixa tenacidade que favorece as trincas e quebras das
ferramentas de corte
Haacute ferramentas ceracircmicas agrave base de oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) podendo ter alumina pura ou
podendo ter algum teor de oacutexido de magneacutesio (MgO) para inibir o crescimento de gratildeo Podem ter
tambeacutem oacutexido de cromo titacircnio e niacutequel para aumentar a resistecircncia mecacircnica ou com baixos
porcentuais de oacutexido de zircocircnio (ZrO2) que aumenta a tenacidade do material (DINIZ et al2008)
37
A ceracircmica mista aleacutem de conter alumina pode conter o carboneto de titacircnio (TiC) ou o
nitreto de titacircnio (NiT) Este tipo de ceracircmica eacute prensado a quente gerando uma cor acinzentada
Como haacute uma melhor dureza a quente e estabilidade quiacutemica a ceracircmica mista eacute indicada para
processo de usinagem em mandrilamento e torneamento em acabamento de accedilos endurecidos onde
a tenacidade natildeo eacute tatildeo exigida (DINIZ et al2008)
Haacute uma ceracircmica com propriedades intermediaacuterias que eacute a reforccedilada com whiskers o qual eacute
adicionado o carboneto de siliacutecio (SiC) como sua tenacidade eacute boa quando comparadas com as
outras ceracircmicas este tipo de material eacute indicado para usinagem de ligas de titacircnio e niacutequel
Tambeacutem pode ser utilizada no processo de usinagem em mandrilamento e torneamento de accedilos
endurecidos com superfiacutecies interrompidas (DINIZ et al2008) Natildeo eacute permitida a fabricaccedilatildeo deste
material em vaacuterios paiacuteses devido ao carboneto de siliacutecio ser canceriacutegeno (BALDACIM 2000) Este
tipo de material tambeacutem eacute perigoso devido agrave facilidade de incecircndio no processo de retificaccedilatildeo
devido a isto o processo deve ser realizado em local extremamente isolado e maacutequinas blindadas
Haacute tambeacutem ferramentas de ceracircmica agrave base de nitreto de siliacutecio (Si3N4) que satildeo cristais com
fase intergranular de oacutexido de siliacutecio (SiO2) que satildeo sinterizados na presenccedila de alumina (sialon)
eou oacutexido de iacutetrio (Y2O3) e magneacutesio (MgO) Este material de ferramenta eacute usualmente chamado de
Sialon (DINIZ et al2008)
A Tabela 17 mostra algumas propriedades dos diversos tipos de material ceracircmico
comparados com o metal duro Como se pode ver na tabela Sialon possui boa tenacidade (melhores
que as ceracircmicas mista e pura) e excelentes durezas a quente e resistecircncia ao choque teacutermico A
uacutenica propriedade necessaacuteria a um material de ferramenta que natildeo possui eacute a estabilidade quiacutemica
com o ferro Assim natildeo pode ser usada para usinar o accedilo Poreacutem como a falta de estabilidade
quiacutemica eacute causadora do desgaste difusivo razatildeo da formaccedilatildeo do desgaste de cratera (desgaste da
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) e como o ferro fundido possui cavacos curtos que natildeo atritam
muito com a superfiacutecie de saiacuteda e portanto natildeo tem grande tendecircncia agrave formaccedilatildeo da cratera esta
ferramenta eacute indicada para a usinagem destas ligas principalmente em cortes interrompidos como o
fresamento em que a temperatura que a ferramenta atinge natildeo eacute tatildeo alta
38
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro
Tenacidade Dureza agrave
quente
Resistecircncia ao
choque teacutermico
Estabilidade
quiacutemica (Fe)
Estabilidade
quiacutemica (Ni)
Ceracircmica Pura 2 2 1 5 5
Ceracircmica
Mista
1 3 2 4 4
Ceracircmica com
Wiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal Duro 5 1 5 3 1
Em geral os insertos de material ceracircmico possuem um chanfro na regiatildeo da aresta de corte
cuja dimensatildeo varia de 005 agrave 03mm e acircngulo entre 20deg e 30deg como proteccedilatildeo de aresta para evitar
quebra ou lascamento (DINIZ et al 2008)
Em processos de usinagem como o fresamento em ferro fundido cinzento eacute possiacutevel substituir
o desbaste e o acabamento para somente um passe utilizando insertos de ceracircmica com alisador
(FERRER 2006) Ferramentas ceracircmicas de nitreto de siliacutecio tecircm mostrado um melhor desempenho
que as de metal duro em operaccedilotildees de faceamento em ferro fundido cinzento Isto porque
ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio apresentam tenacidade suficiente onde o
lascamento natildeo eacute um fator predominante para o fim da vida da ferramenta (FERRER e DINIZ
2005)
Em contrapartida ferramentas de metal duro satildeo consideradas uma melhor opccedilatildeo para
processo de usinagem em fresamento de ferro fundido vermicular O mecanismo de desgaste por
difusatildeo eacute muito acentuado em ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio (GABALDO
2009)
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte
Desgaste eacute a perda contiacutenua e microscoacutepica de partiacuteculas da ferramenta devido agrave accedilatildeo do corte
(DINIZ et al 2008) Haacute alguns desgastes de ferramenta de corte padronizado como desgastes
convencionais Os principais deles satildeo o desgaste de flanco ou frontal (na superfiacutecie de folga da
39
ferramenta) desgaste de entalhe (nos limites de contato ferramentapeccedila) e desgaste de cratera (na
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) Aleacutem dos desgastes diversas outras ocorrecircncias podem acontecer
agrave ferramenta durante seu uso como trincas lascas deformaccedilotildees plaacutesticas e quebra A estas
ocorrecircncias daacute-se o nome de avarias (FERRARESI 1970)
Os principais fenocircmenos causadores do desgaste satildeo
Aresta posticcedila de corte (APC) ndash material da peccedila aderido na aresta de corte da ferramenta
modificando o comportamento da forccedila de corte acabamento superficial da peccedila e desgaste da
ferramenta A APC ocorre quando em baixa velocidade de corte a parte inferior do cavaco sob
pressatildeo de corte na zona de aderecircncia manteacutem o contato sem movimento relativo por um espaccedilo de
tempo suficiente para soldar na ferramenta Agrave medida que a APC cresce torna-se instaacutevel e depois
de algum tempo colapsa levando consigo partiacuteculas da superfiacutecie de folga da ferramenta
incentivando assim o desgaste de flanco em baixa velocidade de corte (DINIZ et al 2008)
Abrasatildeo mecacircnica ndash o desgaste frontal ou o desgaste de cratera podem ser gerados pela
abrasatildeo (atrito) poreacutem eacute mais comum o desgaste frontal porque a superfiacutecie de folga atrita na peccedila
que eacute riacutegida enquanto que a superfiacutecie de saiacuteda atrita com o cavaco que eacute flexiacutevel O desgaste por
abrasatildeo ocorre pela presenccedila de partiacuteculas duras no material da peccedila e pela temperatura de corte que
reduz a dureza da ferramenta Quando o desgaste abrasivo ocorre a superfiacutecie desgastada mostra
sulcos paralelos agrave direccedilatildeo de avanccedilo (TRENT e WRIGHT 2000)
Aderecircncia ndash eacute formada por um extrato metaacutelico provocado pela baixa velocidade de corte e
baixa temperatura entre duas superfiacutecies metaacutelicas postas em contato sob cargas moderadas A
resistecircncia deste extrato eacute elevada a tal ponto que na tentativa de separar as superfiacutecies ocorre agrave
ruptura em um dos metais e natildeo na superfiacutecie de contato Quando este desgaste ocorre a superfiacutecie
desgastada tem aparecircncia aacutespera (TRENT e WRIGHT 2000) Assim partiacuteculas da superfiacutecie de um
material migram para superfiacutecie do outro O fenocircmeno da aderecircncia estaacute presente na formaccedilatildeo da
aresta posticcedila mas pode-se ter desgaste por aderecircncia mesmo sem a formaccedilatildeo da aresta posticcedila Por
meio deste fenocircmeno as partiacuteculas da ferramenta que satildeo removidas pela continuidade do
movimento de escorregamento entre as duas superfiacutecies (cavaco-ferramenta ou ferramenta-peccedila)
seguem aderidas ao fluxo de cavaco ou peccedila Como satildeo bastante duras ao atritarem com regiotildees da
ferramenta mais agrave frente desgastam-nas por abrasatildeo A utilizaccedilatildeo de coberturas com baixo
coeficiente de atrito como o nitreto de titacircnio e o uso de fluiacutedo de corte adequado tem grande
influecircncia na reduccedilatildeo deste tipo de desgaste (DINIZ et al 2008)
40
Difusatildeo ndash eacute um fenocircmeno microscoacutepico ativado pela temperatura na zona de corte
principalmente entre a ferramenta e o cavaco podendo tambeacutem ocorrer entre a ferramenta e a peccedila
depois de jaacute haver ocorrido algum desgaste na superfiacutecie de folga causado por algum outro
mecanismo A difusatildeo no estado soacutelido consiste na transferecircncia de aacutetomos de um metal ao outro
Depende da temperatura duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemico dos dois metais
envolvidos na zona de cisalhamento secundaacuterio Ocorre principalmente na superfiacutecie de saiacuteda da
ferramenta causando o desgaste de cratera porque eacute ali que se tem a zona de aderecircncia entre cavaco
e ferramenta (que garante o tempo de contato) e a zona de fluxo (zona secundaacuteria de cisalhamento)
na qual o cisalhamento eacute intenso e assim a temperatura eacute bastante alta Ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes a este tipo de
desgaste (DINIZ et al 2008)
Oxidaccedilatildeo ndash a maioria dos metais oxidam em altas temperaturas e na presenccedila de aacutegua e ar Na
usinagem isto ocorre devido ao uso de fluiacutedo de corte de baixa concentraccedilatildeo ou fluiacutedo de corte natildeo
adequado para o processo O tungstecircnio e o cobalto durante o corte formam filmes de oacutexido poroso
sobre a ferramenta que satildeo facilmente levados embora pelo atrito gerando o desgaste Poreacutem
alguns oacutexidos como o oacutexido de alumiacutenio satildeo mais duros e resistentes Assim alguns materiais de
ferramentas que natildeo conteacutem oacutexido de alumino desgastam mais facilmente por oxidaccedilatildeo Este
desgaste se forma nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao acesso de ar nesta
regiatildeo causando o desgaste de entalhe Tambeacutem para este desgaste ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes (DINIZ et al
2008)
41
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Este capiacutetulo descreve o material do bloco do motor e o material da ferramenta de corte a ser
utilizada no experimento aleacutem dos equipamentos e o meacutetodo utilizado para o experimento
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos
Uma linha de usinagem flexiacutevel de bloco do motor diesel exclusivo em material de ferro
fundido vermicular jaacute existente na empresa MWM International situado em Santo Amaro SP foi o
laboratoacuterio utilizado para realizaccedilatildeo dos experimentos
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos
Utilizou-se como corpos de prova para os ensaios de mandrilamento blocos para motores de
seis cilindros (ver figura 21) fundidos em material de ferro fundido vermicular e fundido na
empresa TUPY Fundiccedilotildees localizada em Mauaacute Satildeo Paulo A operaccedilatildeo de usinagem objeto deste
estudo foi o mandrilamento dos mancais do bloco
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE
42
O material do bloco do motor eacute o GJV-450 conforme norma MANN (M3340) Foi realizada
uma anaacutelise metalograacutefica de amostras retiradas de corpos de prova do bloco do motor conforme
posiccedilatildeo visualizada na figura 22
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise
metalograacutefica (norma MANN M3340 2004)
A tabela 21 e as figuras 23 e 24 mostram os resultados da anaacutelise metalograacutefica do material
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor
DESCRICcedilAtildeO ESPECIFICADO
Estrutura da Matriz Perlita Lamelar Fina
Ferrita Livre Maacuteximo de 30
Cementita Livre Ausente
Carbonitreto de Titacircnio Metalograficamente natildeo permitidos
Ledeburita Ausente
Rede de Fosfeto - STEADITA Traccedilos isolados como informativo
Forma da Grafita I e II Ausente
Forma da Grafita III Miacutenimo 70
Forma da Grafita IV Maacuteximo 5
Forma da Grafita V e VI Maacuteximo 30
Tamanho da Grafita Forma III 3 ou mais fino
Tamanho da Grafita Forma IV 3 ou mais fino
43
Tamanho da Grafita Forma V e VI 5 ou mais fino
Dureza 150 agrave 250 HB 30
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo 440 agrave 520 Nmm2
Limite de Escoamento Miacutenimo 320 Nmm2
Alongamento Miacutenimo 1
Figura 23 - Micrografia mostrando a morfologia da
grafita
Forma III (80 agrave 85) e tamanho de 4 agrave 5
Forma IV (lt 5) e tamanho de 5 agrave 6
Forma V + VI (10 agrave 15) e tamanho de 5 agrave 6
Sem ataque
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrututa da
matriz matriz perliacutetica
Com ataque NITAL 3
A tabela 22 mostra o resultado do ensaio quiacutemico realizado em uma amostra de bloco
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN)
ESPECIFICADO em ENCONTRADO em
11 Carbono C 350 agrave 380 361
12 Carbono Equivalente C equiv 405 agrave 435 419
13 Silicio Si 200 agrave 230 232
14 Manganecircs Mn 040 maacuteximo 026
15 Foacutesforo P 002 maacuteximo 0009
16 Enxofre S 0005 agrave 0020 0011
17 Cromo Cr 01 maacuteximo 0029
44
18 Cobre Cu 075 agrave 095 084
19 Estanho Sn 004 agrave 007 007
110 Magneacutesio Mg 0010 agrave 0016 0010
111 Titacircnio Ti 0010 maacuteximo 0003
O material de ferro fundido vermicular a ser removido pela ferramenta de corte na operaccedilatildeo de
mandrilamento dos mancais tem espessura entre 25 e 30mm (profundidade de corte) devido agrave
variaccedilatildeo do sobremetal de fundiccedilatildeo conforme figura 25 formando cavacos de ruptura
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte
O bloco do motor contem sete mancais com comprimento de 37mm cada conforme figura 26
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm
45
23 Ferramenta de Corte (insertos)
Nos experimentos foram utilizados insertos de ceracircmica e insertos de metal duro conforme
figuras 27 28 e 29 e tabela 23
Figura 27 - Inserto de Metal Duro
WTXQ090608 K01L10B040 HP425
Figura 28 - Inserto de ceracircmica
WTXQ090608 0906 MN KS6000
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento
METAL DURO CERAcircMICA
Material Classe K10 Nitreto de Silicio
Aresta de Corte Arredondamento 006mm Arredondamento 006mm
Espessura do inserto 635mm 635mm
Aacuterea para corte Maacuteximo 7mm Maacuteximo 7mm
Quantidade de arestas 6 arestas 6 arestas
Cobertura Nitreto de Titanio Alumino (TiNAl) Sem cobertura
46
Figura 29 - Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios
Os insertos foram montados em uma barra de mandrilar na posiccedilatildeo tangencial em um diacircmetro
de 1105mm para desbaste conforme figura 210 Nesta mesma ferramenta tambeacutem estatildeo montados
os seis insertos de semi-acabamento para posterior processo de fratura Esta ferramenta possui guias
de metal duro para reduzir vibraccedilatildeo garantir alinhamento entre os mancais e garantir a precisatildeo
dimensional As guias de metal duro da ferramenta e o diacircmetro do mancal podem estar com folga
entre 0005mm e 0015mm Esta folga eacute coberta pelo fluido de corte com uma concentraccedilatildeo
aproximada de 12 e com isso contribui para reduzir o atrito
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos
47
Antes dos experimentos foram montados vaacuterios insertos na barra de mandrilar para verificar a
variaccedilatildeo do batimento radial e axial Nota-se que radialmente foram encontrados ateacute 004mm de
variaccedilatildeo e axialmente foram encontrados ateacute 002mm conforme demonstra figura 211 Ambos os
resultados encontrados natildeo influenciam no resultado final dos experimentos
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado
O fluido de corte utilizado no experimento tendo tambeacutem como funccedilatildeo reduzir o atrito entre
as guias de metal duro da barra de mandrilar e o mancal guia do bloco foi um oacuteleo semi-sinteacutetico do
tipo EP produzido pelo fabricante CASTROL O nome do produto eacute ldquoSuperedge 6552 BFrdquo com alta
resistecircncia agrave formaccedilatildeo de espuma isento de Boro Cloro Nitritos e Fenois As tabelas 24 e 25
mostram caracteriacutesticas deste fluido
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
Estado fiacutesico Liacutequido
Odor Suave
Cor Acircmbar
pH 90 a 95 (5)
Ponto de fulgor Produto base aacutegua Natildeo inflamaacutevel
Densidade 0937 gmL
Solubilidade Soluacutevel em aacutegua
48
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
DESCRICcedilAtildeO PORCENTAGEM
Aacutegua 5 agrave 10
Amina primaacuteria 20 agrave 40
Amina terciaacuteria 50 agrave 80
Oacuteleo mineral parafiacutenico 45 agrave 50
Benzotriazol 01 agrave 05
Aacutecidos di carboxiacutelicos 20 agrave 50
Aditivo EP a base de foacutesforo 20 agrave 80
Amida de Tall Oil 10 agrave 15
Aacutecido carbacircmico 05 maacuteximo
Metileno bis morfolina 30 agrave 70
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos
A maacutequina de usinar utilizada para realizar os experimentos foi um centro de usinagem
horizontal CNC com 4 eixos (XYZB) da marca GROB modelo BZ640 com palete (mesa) de 630
x630mm (ver figura 212) Esta maacutequina eacute controlada por um comando SIEMENS e pode suportar
uma carga sobre a mesa de ateacute 1000Kg jaacute que a peccedila (bloco do motor) utilizada no experimento
tem aproximadamente 300Kg e o dispositivo para fixar a peccedila tem aproximadamente 500Kg
somando juntos 800Kg A maacutequina tambeacutem tem um giro de palete permitido de ateacute 1200mm para
suportar a peccedila que tem um comprimento de 1060mm O eixo da maacutequina eacute um motofuso com
potecircncia de 26Kw(40ED) e 20Kw(100 ED) O torque eacute de 340Nm (40 ED) e 262Nm(100
ED) A cada 10 minutos de usinagem por 4 minutos pode ser utilizados potecircncia e torque maacuteximos
ou seja pode-se utilizar 26Kw a cada 4 minutos ou 20Kw em todo tempo de usinagem e igualmente
para torque
49
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB
Este equipamento eacute preparado para medir potecircncia consumida do fuso no momento da
usinagem da peccedila conforme demonstrado na figura 213
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos
O equipamento utilizado para realizar as mediccedilotildees de desgaste dos insertos (VB ndash desgaste de
flanco) utilizados no experimento foi uma maacutequina para preacute-ajustagem de ferramentas marca
ZOLLER com cacircmera integrada conforme figura 214 Esta maacutequina tambeacutem possui alguns
benefiacutecios como sistema de fixaccedilatildeo SHRINK (fixaccedilatildeo de ferramenta por contraccedilatildeo teacutermica) e um
50
software de programaccedilatildeo com o procedimento de mediccedilatildeo de cada ferramenta reduzindo a
influecircncia do operador
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER
Ao fim dos ensaios os desgastes das ferramentas foram analisados em um Microacutescoacutepio
Eletrocircnico de Varredura (MEV) contendo sonda para realizaccedilatildeo de testes de EDS(Sistema de
Energia Dispersiva) Este equipamento tem marca FEI modelo Quanta 450 conforme figura 215
Ele eacute capaz de produzir imagens de alta ampliaccedilatildeo
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos
insertos
51
27 Processo de Usinagem
Uma barra de mandrilar com 600mm de comprimento devido agrave sua rigidez pelo curto
comprimento mandrila o primeiro mancal em desbaste para obtenccedilatildeo do Oslash1105mm e acabamento
Oslash111mm simultaneamente No teacutermino da usinagem do primeiro mancal a mesa (palete) gira 180deg
para que a usinagem do seacutetimo mancal (uacuteltimo) seja realizada A funccedilatildeo desta primeira ferramenta eacute
fornecer guia (mancal usinado) para a barra de mandrilar longa com comprimento de 600mm
conforme figura 216 utilizada nos experimentos deste trabalho para usinar do segundo ao sexto
mancal
A barra de mandrilar longa utiliza o primeiro mancal como guia e usina o segundo mancal
conforme demonstrado na figura 216 Apoacutes o segundo mancal acabado a ferramenta avanccedila e
utiliza o segundo mancal como guia para usinar o terceiro mancal e assim sucessivamente ateacute usinar
o quarto mancal Para usinar o quinto e o sexto mancal a mesa da maacutequina gira a 180deg e a
ferramenta utiliza o seacutetimo mancal como guia para usinar o sexto mancal e logo na sequumlecircncia
utiliza o sexto mancal como guia para usinar o quinto mancal
A ferramenta utilizada nos experimentos usina um total de cinco mancais por bloco
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento
28 Procedimento experimental
Primeiramente foi determinado que um ensaio terminaria apoacutes 40 peccedilas usinadas Este nuacutemero
foi determinado para que o desgaste frontal da ferramenta tivesse aproximadamente de 04mm
(mediccedilatildeo VB) ao fim do ensaio Como o laboratoacuterio utilizado no experimento foi uma linha de
produccedilatildeo impossibilitando a mediccedilatildeo do desgaste dos insertos ateacute atingir exatos 04mm foi
definido medir a aresta de 10 em 10 peccedilas ateacute atingir as 40 peccedilas Poreacutem houve exceccedilotildees como
- Ensaios em que o desgaste VB atingiu valores elevados muito antes das 40 peccedilas
600mm
52
- Ensaios em que a potecircncia de seguranccedila do fuso da maacutequina foi acionada antes das 40 peccedilas
A velocidade de corte foi a variaacutevel utilizada para iniciar os ensaios em insertos de metal duro
fixando o avanccedilo por dente e a quantidade de insertos montados conforme tabela 26
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 140mmin 022mm 6 532mmmin
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
A maacutexima velocidade de corte de 155mmin foi determinada devido agrave caracteriacutestica de
seguranccedila que a maacutequina oferece para natildeo danificar o equipamento Como a barra de mandrilar eacute
longa e robusta qualquer quebra ou outro tipo de avaria pode danificar o fuso da maacutequina Mais
caro que o fuso eacute o alto tempo de reparo que um equipamento deste porte pode sofrer Para
seguranccedila haacute um limite de potecircncia consumida do fuso em que o equipamento interrompe a rotaccedilatildeo
para evitar maiores avarias Como a folga entre as guias de metal duro da barra de mandrilar e o
guia dos mancais podem variar entre 0005mm e 0015mm o aumento da rotaccedilatildeo aumenta a forccedila
centriacutepeta e o oacuteleo natildeo suporta reduzir o atrito aumentando a potecircncia consumida do fuso e
limitando a velocidade de corte para maacuteximo de 155mmin
A velocidade miacutenima de corte de 110mmin utilizada foi a jaacute definida no processo antes de
realizaccedilatildeo deste trabalho e a velocidade de corte intermediaacuteria foi a definida pela velocidade de
corte mais proacutexima da meacutedia entre a velocidade maacutexima de 155mmin e a velocidade miacutenima de
110mmin
Continuando na estrateacutegia dos experimentos utilizou-se a maior velocidade de corte permitida
pela maacutequina para os experimentos com ceracircmica o qual precisa de maiores velocidades em
comparaccedilatildeo com o metal duro Para comparar rendimento utilizou as mesmas condiccedilotildees para o
experimento com inserto de metal duro A uacutenica variaccedilatildeo foi o material da ferramenta conforme
mostrado na tabela 27
53
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 6 590mmmin
Como o experimento com ceracircmica natildeo foi possiacutevel devido agrave alta potecircncia consumida do fuso
e a ocorrecircncia de avaria de quebra prematura a terceira fase de testes foi a reduccedilatildeo do nuacutemero de
insertos montados na ferramenta conforme demonstrado na tabela 28
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 3 295mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 3 295mmmin
Na sequumlecircncia dos experimentos fixou-se a menor velocidade de corte utilizada nos
experimentos e o uso apenas de insertos de metal duro ateacute entatildeo a melhor condiccedilatildeo de corte
experimentada variando somente o avanccedilo por dente conforme demonstra a tabela 29
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 110mmin 030mm 6 572mmmin
Metal Duro 110mmin 034mm 6 648mmmin
O maior avanccedilo por dente utilizado nos experimentos foi definido pela seguranccedila da maacutequina
no controle de potecircncia maacutexima utilizada ou seja a utilizaccedilatildeo do avanccedilo por dente de 034mm se
posicionava no limite de potecircncia da maacutequina
Todos os experimentos foram realizados reacuteplicas exceto os experimentos com variaccedilatildeo da
velocidade de corte que foi necessaacuterio realizar uma treacuteplica
54
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO
Este capiacutetulo descreveraacute os resultados dos experimentos As variaacuteveis analisadas satildeo a
evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos em funccedilatildeo da quantidade de peccedilas usinadas o tempo de
usinagem a quantidade de dentes da ferramenta em contato com a peccedila potecircncia consumida do fuso
e volume de cavaco removido
31 Cavaco
A usinagem do ferro fundido cinzento gera cavaco de ruptura na regiatildeo de cisalhamento
(Ferraresi 1970) O cavaco retirado do bloco do motor em ferro fundido vermicular utilizado nos
experimentos tambeacutem pode ser classificado como de ruptura mas eacute um pouco maior que o tiacutepico
gerado na usinagem do ferro fundido cinzento conforme mostra a figura 31
Como a deformaccedilatildeo do cavaco no momento do corte natildeo eacute homogecircnea por causa da
concentraccedilatildeo de tensatildeo ou pontos de baixa resistecircncia na parte traseira do cavaco (Diniz et al
2008) a parte de traz do cavaco eacute bem rugosa mesmo para um cavaco de ruptura conforme
demonstrado na figura 32
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura de CGI
Figura 32 - Face rugosa do cavaco de CGI
55
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel )
Na primeira fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
arestas) e o avanccedilo por dente foram fixados tendo como variaacutevel a velocidade de corte
Na velocidade de corte de 155mmin 30 peccedilas foram usinadas ateacute o desgaste de flanco do
inserto ultrapassar os 04mm (VB) conforme mostrado na figura 33
vc110
mmin
vc140
mmin
vc155
mmin
10 peccedilas 20 peccedilas 30 peccedilas
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte
Para as velocidades de corte de 110mmin e 140mmin foi possiacutevel mandrilar ateacute 40 peccedilas
conforme demonstrado na figura 34 O desgaste dos diversos insertos de uma mesma eram muito
proacuteximos mas foi decidido fazer as mediccedilotildees de insertos montados sempre na mesma posiccedilatildeo da
ferramenta Pode-se verificar que o inserto utilizado no experimento com maior velocidade de corte
resultou em um maior desgaste frontal (ainda figura 33) devido ao acreacutescimo de calor gerado no
processo concordando com a literatura (Diniz et al 2008)
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
56
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado
Como jaacute descrito anteriormente a maior velocidade de corte resulta em uma maior taxa de
desgaste frontal dos insertos Como mostra a figura 35 a influecircncia da velocidade de corte na taxa
de desgaste ficou clara somente a partir de 20 peccedilas usinadas ou seja o comportamento do desgaste
das arestas dos insertos foram muito semelhantes diferenciando em poucos centeacutesimos na usinagem
de ateacute 20 peccedilas O valor do desgaste foi 51 menor na velocidade de corte de 110mmin quando
comparado com a velocidade de corte de 140mmin apoacutes 40 peccedilas usinadas Analisando uma
diferenccedila ainda maior de velocidade de corte como por exemplo velocidade de corte de 110mmin
e 155mmin e fixando 30 peccedilas para comparaccedilatildeo jaacute que o experimento com a velocidade de corte
de 155mmin natildeo atingiu 40 peccedilas a diferenccedila foi de 60 Em outras palavras o valor do desgaste
VB apoacutes 30 peccedilas usinadas era 60 maior na ferramenta utilizada com 155 mmin que o desgaste da
ferramenta que usinou com 110 mmin
04mm
A B
04mm
Vc110mmin Vc140mmin
57
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos
Comparando o graacutefico de desgaste dos insertos com o graacutefico de potecircncia consumida do fuso
(figura 36) vecirc-se que conforme esperado agrave medida em que aumenta o desgaste da ferramenta
aumenta o atrito na interface ferramentapeccedila e consequumlentemente aumenta a potecircncia consumida
do fuso Na usinagem com ferramenta nova (peccedila 1 na figura 36) a potecircncia consumida com vc =
140 mmin foi cerca de 22 maior que quando se usinou com vc = 110 mmin (aumento de 27 no
valor da velocidade) enquanto a potecircncia consumida com velocidade de corte de 155mmin foi 9
maior que quando se usinou com vc = 140 mmin (aumento de 11 no valor da velocidade de corte)
Pode-se verificar que o aumento da potecircncia consumida foi pouco menor que o aumento da proacutepria
velocidade de corte Diniz et all (2008) afirmam que a potecircncia de corte pode ser dada pela equaccedilatildeo
31 Como nem profundidade de usinagem nem avanccedilo foram alterados nestes ensaios este
resultado significa que o aumento da velocidade de corte proporcionou uma pequena reduccedilatildeo no
valor da pressatildeo de corte o que concorda com o que foi tambeacutem afirmado por estes autores
cc vfapKsvFcPc (31)
Onde
Pc = potecircncia de corte
Fc = forccedila de corte
0
01
02
03
04
05
06
07
08
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Velocidade de corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
58
Ks = pressatildeo especiacutefica de corte
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para
ferramentas com 3 e 6 insertos)
Na segunda fase dos experimentos devido agrave utilizaccedilatildeo de insertos de ceracircmica foi utilizada a
velocidade de corte de 155mmin que eacute a maacutexima permitida pela maacutequina Como a intenccedilatildeo eacute
comparar o desempenho dos materiais dos insertos foi fixada a velocidade de corte de 155mmin o
avanccedilo por dente de 022mmin e inicialmente seis arestas na ferramenta tendo como variaacutevel o
material de ceracircmica e metal duro
Poreacutem natildeo foi possiacutevel realizar o experimento em questatildeo O ensaio teve que ser interrompido
porque todos os insertos se quebraram antes da ferramenta completar 10 peccedilas usinadas O desgaste
prematuro das arestas de corte do inserto de ceracircmica e o aumento da pressatildeo de corte devido ao
aumento na quantidade de arestas aumentaram bastante a tendecircncia agrave quebra dos insertos
Como natildeo foi possiacutevel a comparaccedilatildeo dos insertos de ceracircmica com insertos de metal duro
nestas condiccedilotildees decidiu-se realizar esta fase dos experimentos mantendo a velocidade de corte de
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Variaacutevel - Velocidade de Corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
59
155mmin e o avanccedilo por dente de 022mmin mas reduzndo o nuacutemero de arestas da ferramenta
para trecircs Realizou-se estes testes com ferramenta de metal duro e ferramenta ceracircmica
Pode-se verificar que para mandrilamento em desbaste de peccedilas em material de ferro fundido
vermicular insertos de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio natildeo se mostraram adequados ou seja haacute
um desgaste excessivo da aresta de corte conforme mostra a figura 37 Vecirc-se nesta figura que com
apenas 10 peccedilas usinadas o desgaste dos insertos ultrapassava 10mm de VB O inserto de metal duro
para esta mesma quantidade de peccedilas (10 peccedilas) apresentava desgaste de somente 022 mm
conforme demonstrado na figura 38
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm
Figura 38 ndash Aresta do inserto de metal duro
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm
A figura 39 mostra que inicialmente a potecircncia consumida pela maacutequina quando se utilizou
ferramenta ceracircmica era bem proacutexima daquela consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro Como pode ser visto nas figuras 27 e 28 e na tabela 23 as ferramentas utilizadas tecircm
geometrias idecircnticas Entatildeo este resultado mostra que o suposto menor coeficiente de atrito da
camada de TiAlN que recobre a ferramenta de metal duro natildeo teve influecircncia na diminuiccedilatildeo dos
esforccedilos de corte Poreacutem em poucas peccedilas usinadas devido ao excessivo desgaste das arestas de
corte haacute um aumento progressivo na potecircncia consumida do fuso para o experimento com ceracircmica
Apoacutes 10 peccedilas usinadas enquanto a potecircncia consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro aumentou 8 em relaccedilatildeo agrave potecircncia consumida na usinagem da primeira peccedila a potecircncia
quando se usou ferramenta ceracircmica aumentou em cerca de 41
04mm 04mm
60
Figura 39 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica
Como a comparaccedilatildeo entre insertos de metal duro e insertos de ceracircmica foi extremamente
favoraacutevel ao experimento de metal duro decidiu-se comparar a quantidade de insertos em uso na
ferramenta Assim os experimentos foram realizados com ferramenta de metal duro com trecircs
insertos e seis insertos fixando a velocidade de corte de 155mmin e o avanccedilo por dente de 023mm
Fotos das regiotildees desgastadas destas ferramentas estatildeo mostradas na figura 38
Trecircs(3)
insertos
Seis(6)
insertos
10 peccedilas 20 peccedilas
10
11
12
13
14
15
16
17
1 10 20
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Metal Duro x Ceracircmica
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Metal Duro Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Ceracircmica
04mm 04mm
04mm 04mm
61
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes
Verifica-se que o experimento com maior quantidade de insertos (6 insertos) em uso obteve
uma superioridade de 66 de vida com relaccedilatildeo ao experimento de menor quantidade de insertos (3
insertos) confirmando a literatura (REUTER et al1999) quando atingido a quantidade de 20 peccedilas
que foi o limitante para o experimento com trecircs insertos conforme mostra figura 311
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6
insertos
O aumento do nuacutemero de dentes aumenta o volume de cavaco removido por minuto sem
aumentar a carga realizada sobre cada aresta Portanto este aumento deve ser incentivado desde que
haja espaccedilo suficiente entre dentes para armazenar o cavaco e desde que a maacutequina tenha potecircncia e
rigidez para suportar este maior volume de cavaco removido A figura 312 abaixo mostra a maior
potecircncia consumida para o experimento utilizando seis insertos como variaacutevel mas ainda dentro do
permitido pela maacutequina Veja que com 100 no aumento da velocidade de avanccedilo devido ao dobro
da quantidade de dentes em uso a potecircncia consumida do fuso iniciou com uma diferenccedila de 73
ou seja confirma-se que a potecircncia de corte aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo porque o Ks
reduziu devido a maior velocidade de avanccedilo Se o Ks natildeo reduzisse com o aumento do avanccedilo a
diferenccedila da potecircncia consumida do fuso seria de 100
0
02
04
06
08
10 20 30
Des
gast
e V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas - Vb(mm) 3 insertos x 6 insertos
Vc 155mmin - MD fz 022 (3 INSERTOS)
Vc 155mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
62
Figura 312 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como
variaacutevel)
Na quarta fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
facas) a melhor velocidade de corte (vc 110mmin) encontrada nos primeiros experimentos e o
material da ferramenta (Metal Duro) foram fixados tendo como variaacutevel o avanccedilo por dente
Pode-se verificar que para velocidade de corte de 110mmin independente da variaacutevel avanccedilo
por dente a variaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do desgaste das arestas de corte foi muito pequena conforme
demonstrado nas figuras 313 e 314 O aumento do avanccedilo aumenta o volume de cavaco removido
por minuto e com isto aumenta o calor gerado Por outro lado o crescimento do avanccedilo faz com
que o contato do cavaco com a ferramenta se decirc em uma maior porccedilatildeo da superfiacutecie de saiacuteda Como
tem-se maior calor gerado mas com maior aacuterea da ferramenta para receber este calor a temperatura
da ferramenta natildeo se altera muito e por isso a influecircncia do avanccedilo no desgaste da ferramenta
quando existe eacute pequena (Diniz et al 2008)
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Nuacutemero de insertos como variaacutevel
Vc 155mmin (6 ins) fz 022 - MD
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - MD
63
fz
022mm
fz
030mm
fz
034mm
20 peccedilas 30 peccedilas 40 peccedilas
Figura 313 ndash Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos
Este resultado eacute bastante importante para um processo de desbaste como o analisado neste
trabalho O aumento do avanccedilo por dente faz com que o tempo de corte de uma peccedila seja reduzido
Como isto natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta tem-se com certeza um processo mais
produtivo (se a vida da ferramenta tivesse diminuiacutedo seria necessaacuterio cotejar a diminuiccedilatildeo do tempo
de corte contra o aumento de tempo de maacutequina parada para troca de ferramenta para afirmar que o
processo foi mais produtivo) com mesmo custo de ferramentas e menor custo de utilizaccedilatildeo da
maacutequina Haacute que se perguntar qual eacute o limite para o aumento do avanccedilo por dente Com certeza agrave
medida que se aumenta este valor para mesmo raio de ponta da ferramenta cresce o risco de quebra
da mesma A utilizaccedilatildeo de avanccedilos ainda maiores que os aqui utilizados eacute uma sugestatildeo para um
trabalho futuro
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
64
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por
dente como variaacutevel
A figura 315 mostra os resultados de potecircncia consumida versus nuacutemero de peccedilas usinadas
para os ensaios em que se teve variaccedilatildeo do avanccedilo por dente Nela percebe-se que haacute um aumento
na potecircncia consumida agrave medida que se aumenta o avanccedilo por dente Levando-se em consideraccedilatildeo a
potecircncia consumida na usinagem da 1ordf peccedila (ferramenta ainda sem desgaste) houve um aumento de
21 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 022mm para 030mm (36 de aumento
do avanccedilo) e um aumento de 9 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 030mm para
034mm (13 de aumento do avanccedilo) Isto estaacute em acordo com a literatura (Diniz Marcondes e
Coppini2008) que afirma que a Potecircncia de Corte (Pc) aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo da
avanccedilo (f) porque a Pressatildeo Especiacutefica de Corte (Ks) cai com o aumento de f Isto eacute possiacutevel
porque a contribuiccedilatildeo dada pelo fluxo lateral de cavaco (parte do volume de material deformado da
peccedila natildeo se transforma em cavaco mas sim escorrega entre a peccedila e a superfiacutecie de folga da
ferramenta) fica percentualmente menos importante quando se aumenta o avanccedilo
Outro ponto importante a ser destacado nesta figura eacute que a contribuiccedilatildeo do desgaste para o
crescimento da potecircncia consumida eacute significativa Quando se utilizou fz = 030 mm o crescimento
da potecircncia entre a 1ordf peccedila usinada e a 40ordf peccedila foi de 76 enquanto quando se usou fz = 022 mm
este crescimento foi de 20 (maior crescimento percentual dentre as 3 curvas) Esta diferenccedila de
0
01
02
03
04
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Avanccedilo por dente
Vc 110mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 030 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 034 (6 INSERTOS)
65
variaccedilatildeo percentual da potecircncia consumida entre a 1ordf e a 40ordf peccedila deve-se provavelmente ao da
potecircncia ao longo da vida da ferramenta natildeo eacute tatildeo intenso
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de
avanccedilo como variaacutevel
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste
Os insertos utilizados nos experimentos foram submetidos agrave anaacutelise por um microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (MEV) com sistema de energia dispersiva (EDS) Este procedimento
objetivou a anaacutelise do mecanismo de desgaste das arestas de corte
Foram analisadas as arestas dos insertos de metal duro em fim de vida utilizados nos
ensaios em que se variou a velocidade de corte e a quantidade de insertos Os insertos com a
variaccedilatildeo do avanccedilo por dente foram submetidos ao MEV e ao EDS a cada 10 peccedilas mandriladas ateacute
completar o fim de vida Com relaccedilatildeo aos ensaios com ferramenta de ceracircmica somente as arestas
utilizadas no experimento com trecircs insertos puderam ser analisadas porque no experimento
utilizando seis insertos de ceracircmicas os mesmos quebraram no momento do experimento
impossibilitando a anaacutelise
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso
Vc 110mmin fz 022mm
Vc 110mmin fz 030mm
Vc 110mmin fz 034mm
66
Os insertos usados nos experimentos foram limpos por ataque da soluccedilatildeo de 10 gramas de
ferrocianeto de potaacutessio [ K4 [ Fe(CN)6]] 10 gramas de hidroacutexido de potaacutessio (KHO) e 100
mililitro de aacutegua destilada imerso de 4 agrave 6 antes de serem colocados no microscoacutepio
A figura 316 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
Nesta figura natildeo se vecirc riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte que se ocorressem indicariam
desgaste de origem abrasiva Fez-se anaacutelise de EDS nos 3 pontos mostrados na figura e o resultado
destas anaacutelises estatildeo mostrados na figura 317 O ponto 2 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
predominacircncia de titacircnio e alumiacutenio pois ali a cobertura da ferramenta estaacute intacta (a cobertura eacute de
TiAlN) Nos pontos 1 e 3 que estatildeo mais proacuteximos da aresta de corte encontra-se uma alta
quantidade de ferro e manganecircs mostrando que houve adesatildeo de material da peccedila na regiatildeo
desgastada da superfiacutecie de folga
67
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 318 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 140 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Os pontos 1 2
e 3 mostrados na figura estatildeo fora da regiatildeo desgastada e a anaacutelise EDS neles (figura 319) indicou a
presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta como era de se esperar O ponto 3 aleacutem da
presenccedila de elementos da ferramenta mostrou tambeacutem a presenccedila de elementos do fluido de corte
68
como foacutesforo e pequena quantidade de material da peccedila provavelmente devido ao contato com o
material do cavaco retirado da peccedila
Figura 318 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
No ponto 4 verifica-se a presenccedila de elementos como ferro manganecircs e siliacutecio que satildeo
materiais presentes exclusivamente na peccedila usinada e no cavaco mostrando de novo que houve
adesatildeo de material da peccedilacavaco na regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga
69
Figura 319 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 320 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Nesta figura
pode-se tambeacutem ver que o desgaste e a velocidade de ocorrecircncia do desgaste foram tais que a
ferramenta chegou a lascar
70
Figura 320 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
A figura 321 mostra os resultados da anaacutelise EDS O ponto 4 que estaacute fora da regiatildeo
desgastada (ver figura 320) mostra somente a presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta Os
pontos 2 e 3 mostram a forte presenccedila de material da peccedilacavaco aderidos agrave superfiacutecie desgastada
O ponto 1 que estaacute na vizinhanccedila da regiatildeo lascada mostra principalmente a presenccedila de elementos
do substrato da ferramenta como tungstecircnio e cobalto mostrando que ali toda a camada de
cobertura jaacute havia sido removida
71
Figura 321 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
Depois da anaacutelise do desgaste destas 3 ferramentas pode-se concluir que ele ocorreu
principalmente devido ao mecanismo de adesatildeo e arranque de partiacuteculas da ferramenta (attrition) A
pressatildeo de corte foi tal que permitiu que durante a formaccedilatildeo do cavaco parte do material da
peccedilacavaco extrudasse entre ferramenta e peccedila (talvez auxiliado por algum desgaste inicial gerado
por um outro mecanismo) e aderisse agrave superfiacutecie de folga da ferramenta Esta camada aderida era
arrancada pelo atrito entre ferramenta e peccedila levando consigo partiacuteculas da cobertura e do substrato
da ferramenta Ao arrastar partiacuteculas da ferramenta o desgaste era mais ainda incentivado jaacute que
72
estas partiacuteculas bastante duras atritavam com a proacutepria ferramenta Pode-se concluir que o
mecanismo principal de desgaste foi este devido agrave presenccedila de camada do material da peccedilacavaco
aderida em todas as regiotildees desgastadas como tambeacutem pela regiatildeo do substrato exposta na figura
320 Conseguiu-se tirar uma foto da ferramenta no momento que naquela regiatildeo (ponto 1 da figura
320) a camada aderida havia sido removida e ainda natildeo tinha sido substituiacuteda por outra camada
deixando o substrato exposto Eacute loacutegico que na continuidade deste processo de desgaste
principalmente quando a taxa desgaste eacute alta devido agrave alta velocidade de corte (como ocorreu
quando se utilizou vc = 155 mmin) o risco de lascamento da ferramenta (remoccedilatildeo de macro-
partiacuteculas e natildeo de micro-partiacuteculas) eacute alto como se viu na ponta da ferramenta mostrada na figura
320
A figura 322 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 3 insertos
e ferramenta de ceracircmica
Figura 322 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica) em fim de vida da ferramenta
Haacute quatro pontos indicados conforme demonstrado na figura 322 Nos pontos 1 2 e 3
verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de siliacutecio (figura 323) que existe tanto na peccedila quanto no
inserto Poreacutem como o ponto 3 natildeo tem contato com a peccedila haacute grande probabilidade que o siliacutecio
73
encontrado seja somente do inserto Foi encontrado tambeacutem tacircntalo presente somente ao material
do inserto conforme demonstrado na figura 323 No ponto 4 que se refere exatamente agrave fronteira da
regiatildeo de desgaste (fronteira entre a aacuterea de contato com a peccedila e a aacuterea sem contato) verifica-se a
presenccedila de material como siliacutecio alumiacutenio e cobalto referente ao inserto mas tambeacutem zinco e
zircocircnio que satildeo materiais do oacuteleo refrigerante utilizado no experimento Isto significa que o fluido
de corte chegava bem proacuteximo agrave interface peccedila-ferramenta mas natildeo penetrava nela Assim o fluido
tinha uma accedilatildeo refrigerante bastante eficiente jaacute que atingia regiotildees proacuteximas agrave fonte geradora de
calor mas natildeo tinha accedilatildeo lubrificante pois natildeo penetrava nas interfaces para poder ter accedilatildeo de
reduccedilatildeo do coeficiente de atrito
Figura 323 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de
corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
74
Uma anaacutelise visual da figura 322 mostra uma superfiacutecie lisa e a figura 323 mostra a presenccedila
em pequena quantidade de elementos da peccedila Estes pontos satildeo indicaccedilotildees de que o desgaste
difusivo estiver presente Poreacutem a aparecircncia facetada da regiatildeo de desgaste tambeacutem indica que
houve quebra de partiacuteculas macroscoacutepicas da ferramenta talvez causada pela tensatildeo teacutermica gerada
pela alta refrigeraccedilatildeo realizada pelo fluido de corte
Numa tentativa de se entender o processo de desgaste da ferramenta de metal duro desde o
iniacutecio de sua vida fez-se anaacutelise da superfiacutecie desgastada de uma das ferramentas em vaacuterios
momentos de sua vida A figura 324 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie
de folga de uma das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030
mm 6 insertos e ferramenta de metal duro apoacutes 10 peccedilas usinadas
Figura 324 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 10 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 324 estaacute mostrada na figura 325
Nos pontos 1 e 2 verifica-se a presenccedila de elementos da cobertura (titacircnio e alumiacutenio) como
75
tambeacutem elementos do substrato da ferramenta (W) No ponto 3 que eacute um ponto fora da regiatildeo
desgastada encontra-se alta concentraccedilatildeo de alumiacutenio e titacircnio presentes na cobertura do inserto No
ponto 4 encontra-se ainda bastante material da cobertura da ferramenta Al e Ti Vecirc-se que apoacutes 10
peccedilas usinadas ainda natildeo se iniciou o processo de adesatildeo da material da peccedilacavaco na superfiacutecie
de folga da ferramenta (natildeo se verifica a presenccedila marcante de Fe na regiatildeo de desgaste) adesatildeo
esta bastante presente na ferramenta apoacutes 40 peccedilas usinadas Tambeacutem mesmo na regiatildeo desgastada
ainda se verifica bastante a presenccedila de material da cobertura o que demonstra que o desgaste natildeo
era profundo a ponto de remover esta camada de material
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 325 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas
76
A figura 326 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 20 peccedilas usinadas
Figura 326 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 20 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 326 estaacute mostrada na figura 327 No
ponto 1 verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de tungstecircnio referente ao substrato do inserto e
uma pequena concentraccedilatildeo de Fe da peccedila Conclui-se entatildeo que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada a
cobertura jaacute havia sido removida e o processo de adesatildeo de material da peccedilacavaco dava sinais de
sua presenccedila No ponto 2 a presenccedila do Fe proveniente da peccedilacavaco eacute bastante intensa
mostrando que o processo de adesatildeo jaacute havia realmente se iniciado O ponto 3 eacute fora da regiatildeo
desgastada e portanto somente possui elementos da cobertura da ferramenta como alumiacutenio e
titacircnio Algum teor de W aparece porque a anaacutelise EDS eacute capaz de detectar elementos que estaacute a
alguma distacircncia da superfiacutecie analisada Assim o W que estaacute a alguns microns de distacircncia eacute
mostrado na anaacutelise No ponto 4 encontra-se somente alumiacutenio e titacircnio da cobertura mostrando
que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada o processo de adesatildeo ainda natildeo havia se iniciado
77
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 327 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 20 peccedilas usinadas
A figura 328 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 30 peccedilas usinadas
78
Figura 328 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 30 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 328 estaacute mostrada na figura 329
Similarmente ao que ocorreu com a ferramenta apoacutes 20 peccedilas usinadas agora com 30 peccedilas
usinadas a regiatildeo desgastada mostra ponto coberto por material da peccedilacavaco (ponto 1) ponto em
que a cobertura havia sido removida e o substrato estaacute exposto (ponto 2) e ponto em que a cobertura
ainda estava intacta (ponto 4) Logicamente o ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
somente elementos da cobertura e pouco concentraccedilatildeo de elementos do substrato da ferramenta
79
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 329 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 30 peccedilas
A figura 330 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 40 peccedilas usinadas (fim do ensaio)
80
Figura 330 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 40 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 330 estaacute mostrada na figura 331
Nos pontos 1 e 2 constata-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de ferro presente na peccedilacavaco
indicando que o processo de adesatildeo na ferramenta jaacute era bastante acentuado Mesmo assim ainda
havia uma parte da porccedilatildeo desgastada em que o desgaste natildeo havia se aprofundado na ferramenta e
assim a cobertura ainda estava presente (ponto 4 que tem forte concentraccedilatildeo de Ti e Al da
cobertura) No ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada apresenta logicamente somente
elementos da cobertura
81
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 331 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 40 peccedilas usinadas
Apoacutes a anaacutelise destas figuras pode-se tentar definir quais foram os mecanismos de desgaste da
ferramenta ao longo de sua vida Com 10 peccedilas usinadas a adesatildeo ainda natildeo estaacute presente Algum
outro mecanismo de desgaste (provavelmente a difusatildeo dada a aparecircncia lisa da regiatildeo desgastada
tiacutepica do desgaste difusivo sem a presenccedila de riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte tiacutepicos da abrasatildeo)
foi o responsaacutevel pela remoccedilatildeo da camada de cobertura (jaacute se vecirc pontos com o substrato exposto na
figura 331) que gerava o aumento do coeficiente de atrito e propiciava a adesatildeo do material da
peccedilacavaco A presenccedila de algum desgaste tambeacutem facilitou a extrusatildeo deste material entre peccedila e
ferramenta para que a adesatildeo fosse possiacutevel A partir disto a adesatildeo comeccedilou a crescer
82
gradualmente Com 20 peccedilas usinadas jaacute se tinha mais presenccedila de Fe oriundo da peccedila na ferramenta
e tambeacutem porccedilotildees com o substrato exposto (W mostrado na anaacutelise EDS) e a partir da peccedila 30 a
adesatildeo estava bastante presente tornando-se o principal mecanismo de desgaste que conduziu a
ferramenta a valores alto de desgaste
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido
A figura 332 mostra a vida da ferramenta para cada experimento realizado no qual fica
caracterizado que menores velocidades de corte e material de metal duro satildeo os mais indicados para
o processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco do motor fabricado em ferro
fundido vermicular Vecirc-se nesta figura que o uso de inserto com material de ceracircmica agrave base de
nitreto de siliacutecio natildeo se mostrou adequado para este tipo de operaccedilatildeo Vecirc-se tambeacutem que os avanccedilos
por dente utilizados no experimento mantiveram a mesma vida de ferramenta
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos
Para se ter uma ideacuteia de qual foram as melhores condiccedilotildees de usinagem dentre as que foram
testadas neste trabalho e consequumlentemente escolher o conjunto de condiccedilotildees a serem utilizadas no
0
10
20
30
40
50
Vc 110mmin
Fz022mmmin
Vc 110mmin
Fz030mmmin
Vc 110mmin
Fz034mmmin
Vc 140mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 3 insertos MD 3 insertos
Ceracircmica
6 insertos
Ceracircmica
40 40 40
30
23
12
4
Quebra
Nuacute
mer
o d
e p
eccedila
s
Vida da ferramenta de metal duro e ceracircmica no processo de mandrilamento em desbaste do Ferro Fundido Vermicular
83
meio produtivo construiu-se a figura 333 Na construccedilatildeo desta figura os experimentos em que se
utilizou ferramentas ceracircmicas natildeo foram levados em consideraccedilatildeo jaacute que o desempenho destas
ferramentas natildeo foi razoaacutevel Os ensaios em que se utilizou avanccedilo por dente de 022 mm e se
variou a velocidade de corte se a maacutequina utilizada nesta operaccedilatildeo natildeo for gargalo (isto eacute o tempo
da operaccedilatildeo natildeo eacute importante) a condiccedilatildeo a ser utilizada eacute aquela com velocidade de corte de
110mmin jaacute que ela propicia economia de ferramenta Se a maacutequina for gargalo haacute que se calcular
a velocidade de maacutexima produccedilatildeo (vcmxp) para este avanccedilo a fim de se escolher a velocidade a ser
utilizada Diniz et al (2008) definem vcmxp de acordo com a equaccedilatildeo 32
x
ft
cmxptx
Kv
1
))1(
(
(32)
Onde K e x satildeo os expoentes da equaccedilatildeo de vida da ferramenta de Taylor (Tvcx=K) tft eacute o
tempo de troca da ferramenta e T eacute a vida da ferramenta em minutos
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido
Utilizando-se os dados de vida de ferramenta obtidos nos ensaios com as 3 velocidades de
corte utilizadas neste trabalho tem-se que x e K satildeo respectivamente 26 e 79x106 Com isto
considerando-se um tempo de troca das ferramentas de 2 minutos tem-se que a velocidade de
maacutexima produccedilatildeo eacute 2895 mmin Assim em uma maacutequina gargalo utilizando-se o avanccedilo por dente
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Vc110mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 030mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 034mm
Vc140mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc155mmin 6 insertos Fz 022mm
Vo
lum
e d
e ca
vaco
(cm
3)
Tem
po
de
usi
nag
em (
min
)
Tempo de usinagem x Volume de cavaco removido Tempo de usinagem
Volume de material removido
84
de 022 mm dentre as velocidades utilizadas nos ensaios seria interessante utilizar-se a velocidade
de 155 mmin jaacute que a usinagem com este valor de vc apesar de consumir mais ferramentas
propicia menor tempo de produccedilatildeo por peccedila (jaacute que ela a maior velocidade dentre as utilizadas que
ainda eacute menor que vcmxp)
Como visto o uso de maiores avanccedilos natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta Assim
como se estaacute em operaccedilatildeo de desbaste (a rugosidade da peccedila natildeo eacute importante) eacute interessante
utilizar-se o maior avanccedilo possiacutevel Dentre os utilizados neste trabalho seria adequado se utilizar fz
= 034 mm pois com ele consegue-se um corte mais raacutepido sem ainda se ter quebra da aresta de
corte Seria importante tambeacutem se obter a velocidade de maacutexima produccedilatildeo com este avanccedilo a fim
de se saber a velocidade a ser utilizada se a maacutequina for gargalo Esta eacute uma outra sugestatildeo para um
futuro trabalho
85
4 CONCLUSOtildeES
Esta dissertaccedilatildeo teve por objetivo analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar influencias
positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor fabricado
em ferro fundido vermicular
Por meio dos resultados obtidos nas condiccedilotildees experimentadas pode-se concluir que
Quanto maior a velocidade de corte menor a vida final da ferramenta
A utilizaccedilatildeo de um maior nuacutemero de insertos na ferramenta proporcionou maior vida
tanto em termos de tempo de usinagem quanto em termos de volume de material
removido
Insertos de ceracircmica com nitreto de siliacutecio natildeo satildeo indicados para o mandrilamento em
desbaste do ferro fundido vermicular
A alteraccedilatildeo da velocidade de avanccedilo natildeo influencia na vida da ferramenta
Apoacutes definir a melhor velocidade de corte a velocidade de avanccedilo foi limitada pela
potecircncia consumida do fuso e natildeo pelo desgaste das arestas dos insertos
A melhor condiccedilatildeo de corte foi velocidade de corte de 110mmin avanccedilo por dente de
034mm e seis insertos de metal duro montados simultaneamente
O principal mecanismo de desgaste de flanco das pastilhas de metal duro foi o
ldquoattritionrdquo Poreacutem para que a adesatildeo de material da peccedilacavaco sobre a superfiacutecie de
folga pudesse acontecer foi necessaacuterio que inicialmente algum outro mecanismo
(provavelmente a difusatildeo) gerasse o desgaste da ferramenta
Sugestotildees para proacuteximos trabalhos
As informaccedilotildees descritas prevecircem possibilidades das variaccedilotildees sabendo-se que
86
o laboratoacuterio utilizado neste trabalho natildeo as permitiu
o Utilizaccedilatildeo de maiores velocidades de corte conjuntamente com maiores avanccedilos por
dente
o Utilizaccedilatildeo de outros materiais de ferramentas O CBN seria uma opccedilatildeo a ser testada
o Variaccedilatildeo das alturas das pastilhas tanto na direccedilatildeo axial quanto na direccedilatildeo radial
o Verificar se eacute possiacutevel aumentar ainda mais o nuacutemero de arestas da ferramenta para
propiciar ainda maior produccedilatildeo
87
5 REFEREcircNCIAS
BALDACIM Sandro A Desenvolvimento Processamento e Caracterizaccedilatildeo de
Compoacutesitos Ceracircmicos Si3N4 ndash SiC(w) 2000 170p Tese (Doutorado) Departamento de Pesquisas
Energeacuteticas e Nucleares Universidade Estadual de Satildeo Paulo Satildeo Paulo
BELONI AL Metodologia via redes neurais para estimativa da rugosidade e do
desgaste de ferramentas de corte no processo de fresamento frontal 2001 194p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Uberlacircndia Minas
Gerais
BRAUN Silvana Appel LG Schmal M A poluiccedilatildeo gerada por maacutequinas de combustatildeo
interna movidas a diesel - a questatildeo dos particulados Estrateacutegias atuais para a reduccedilatildeo e
controle das emissotildees e tendecircncias futuras Quiacutemica Nova Vol 27 No 3 472-482 2003
CHIAVERINI Vicente Accedilos e Ferros Fundidos Caracteriacutesticas Gerais Tratamento
Teacutermico Principais Tipos 7deg Ediccedilatildeo ampliada e revisada Associaccedilatildeo Brasileira de Metalurgia e
Materiais 2005
CONSALTER L GUEDES L PUREY J - Usinabilidade de ferros fundidos FMP Guia
de Equipamentos e Insumos 1987
DAWSON S Compacted Graphite Iron Mechanical and Physical Properties for Engine
Design SinterCast - Technical Publication 1999
DAWSON S HOLLINGER I ROBBINS H DAETH J REUTER U SCHULZ H
The effect of metallurgical variables on the machinability of compacted graphite iron SAE
World Congress 2001
DAWSON S Process Control for the Production of Compacted Graphite Iron AFS
Casting Congress 2002
88
DAWSON S SCHROEDER T Practical Applications for Compacted Graphite Iron AFS
Transactions 2004
DAWSON S Compacted Graphite Iron ndash A New Material for Highly Stressed Cylinder
Blocks and Cylinder Heads Internationales Wiener Motorensymposium 2007
DINIZ AE MARCONDES FC COPPININL Tecnologia da Usinagem dos
Materiais 6deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Artiliber Editora 2008 262p
DOREacute C BOEHS L GUESSER L W Avaliaccedilatildeo da Usinabilidade do Ferro Fundido
Vermicular com Diferentes Microestruturas 8th Congresso Iberoamericano de Engenharia
Mecacircnica 2007
FERRARESI Dino Fundamentos da Usinagem dos Metais vol 1 Satildeo Paulo
Editora Edgard Bluumlcher LTDA 1970 754p
FERRER Jorge A G Uma Contribuiccedilatildeo ao Fresamento Frontal de Superfiacutecies
Irregulares de Ferro Fundido Cinzento 2006 228p Tese (Doutorado) Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
FERRER Jorge A G DINIZ A E Otimizaccedilatildeo do fresamento frontal de diversas superfiacutecies
de ferro fundido cinzento Anais do III Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricaccedilatildeo -
COBEF Vol 1 pp1 ndash1 Joinville Santa Catarina 2005
GABALDO Sander Uma Contribuiccedilatildeo a Melhoria do Processo de Fresamento de Ferro
Fundido Vermicular ndash CGI 2009 136p Tese (Mestrado) Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
89
GODINHO AF Anaacutelise do Mandrilamento de cilindros de bloco de motores em Ferro
Fundido Vermicular com diferentes concepccedilotildees de ferramentas 2007 128p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
GUEDES Luiz F M FENGPUCRS Processo de usinagem e conformaccedilatildeo 2006
KASSACK J REUTER U AUDI CGI Production Planning In 5th COMPACTED
GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat Darmstadt 2002
KOPPKA Frank ABELE Eberhard Economical processing of compacted graphite iron 6th
COMPACTED GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat
Darmstadt 2003
GUESSER L W SCHROEDER T DAWSON S Production experience with compacted
graphite iron automotive components AFS Transactions 01-071 2001
MACHADO AR ABRAtildeO A M COELHO R T DA SILVA MB Teoria da
Usinagem dos Materiais 1 ed Satildeo Paulo Editora Blucher 2009 384 p
MAKINO Disponiacutevel em ltcompetitiveproductioncom features default aspx articlegt
Acesso em Janeiro de 2011
MAPAL do BRASIL Disponiacutevel em ltMapalcomenproductscatalogues-and-brochuresgt
Acesso em Dezembro de 2010
MARWANGA R O VOIGT R C COHEN P H Influence of Graphite Morphology and
Matrix Structure on Chip Formation During Machining of Gray Irons AFS Transactions
American Foundrysmen Society 1999
90
MOCELLIN Fabiano Desenvolvimento de Tecnologia para Brunimento de Cilindros de
Blocos de Motores em Ferro Fundido Vermicular Tese 2007 264p Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
MOCELLIN Fabiano BOHES Prof Lourival Study of the Machinability of Compacted
Graphite Iron for Drilling Process Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science and
engineering 2004
MOURA Bruna S Transesterificaccedilatildeo Alcalina de Oacuteleos Vegetais para Produccedilatildeo de
Biodiesel Avaliaccedilatildeo Teacutecnica e Econocircmica Dissertaccedilatildeo 2010 166p Departamento de Engenharia
Quiacutemica Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
NICOLELLA Gilberto Marques JF Skorupa L A Sistema de Gestatildeo Ambiental aspectos
teoacutericos e anaacutelise de um conjunto de empresas ISSN 1516-4691 Documento 39 Embrapa Meio
Ambiente 43p Jaguariuacutena SP 2004
REUTER U SCHULZ H Compact and bijou The problems associated with compacted
graphite iron manufacturing can be overcome Engine Technology International 1999
REUTER U SAHM A SCHULZ H CGI production on transfer lines and machining
centers Compacted Graphite Iron Machining Workshop 2000
SAHM A ABELE E SCHULZ H State of the art in CGI machining 5th Compacted
Graphite Iron Machining Workshop 2002
SINTERCAST Compacted Graphite Iron Technical Publication What is CGI Disponiacutevel
emlthttpwwwsintercastcomTecnologygt Acesso em marccedilo de 2010
STEMMER C E Ferramentas de corte I 3 ed Florianoacutepolis Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina 1993 249 p
91
SOUTO Ulisses B Monitoramento do desgaste de ferramenta no processo de
fresamento via emissatildeo acuacutestica Tese 2007 Pag19 Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Federal de Uberlacircndia
TRENT E WRIGHT P Metal Cutting 4ordf ed Woburn Editora Butterworth-Heinemann
2000 446p
VASILASH Gary S Automotive Design amp Production Gardner Publication 2006
WALTER AG Cataacutelogo Geral Cataacutelogo Satildeo Paulo 2007
XAVIER Fabio A Aspectos Tecnoloacutegicos do Torneamento do Ferro Fundido
Vermicular com Ferramentas de Metal Duro Ceracircmica e CBN 2003 146p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
XAVIER Fabio A Estudo dos mecanismos de desgaste em ferramentas de nitreto de
siliacutecio aplicadas no torneamento dos ferros fundidos vermicular e cinzento 2009 267p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
YUSSEFIAN NZ MOETAKEF-IMANI B The prediction of cutting force for boring
process International Journal of Machine Tools amp Manufacture 2008
i
Marco Aurelio Dalo
ESTUDO DO DESEMPENHO DE FERRAMENTA DE
CORTE NO PROCESSO DE MANDRILAMENTO EM
FERRO FUNDIDO VERMICULAR ndash CGI
Dissertaccedilatildeo de mestrado profissional apresentada
agrave comissatildeo de Poacutes Graduaccedilatildeo da Faculdade de Engenharia
Mecacircnica como requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de
Mestre em Engenharia Automobiliacutestica
Aacuterea de concentraccedilatildeo Manufatura
Orientador Anselmo Eduardo Diniz
Campinas
2011
ii
FICHA CATALOGRAacuteFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA AacuteREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP
D169e
Dalo Marco Aurelio
Estudo do desempenho de ferramenta de corte no
processo de mandrilamento em ferro fundido vermicular
- CGI Marco Aurelio Dalo --Campinas SP [sn]
2011
Orientador Anselmo Eduardo Diniz
Dissertaccedilatildeo de Mestrado (Profissional) -
Universidade Estadual de Campinas Faculdade de
Engenharia Mecacircnica
1 Ferro fundido 2 Metais - Usinabilidade 3
Ceracircmica 4 Fator de potecircncia I Diniz Anselmo
Eduardo II Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Mecacircnica III Tiacutetulo
Tiacutetulo em Inglecircs Performance of the cutting tools in the boring machining process
vermicular cast iron - CGI
Palavras-chave em Inglecircs Cast iron Metals - Machinability Ceramics Power
factor
Aacuterea de concentraccedilatildeo Manufatura
Titulaccedilatildeo Mestre em Engenharia Automobiliacutestica
Banca examinadora Maria Helena Robert Milton Vieira Junior
Data da defesa 08072011
Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo Engenharia Mecacircnica
iii
iv
Dedicatoacuteria
Dedico este trabalho a minha querida esposa Leila e minha filha Priscila que sempre
entenderam a importacircncia do trabalho se privando de tempos de alegria para realizaccedilatildeo e
finalizaccedilatildeo do mesmo
A meus irmatildeos e amigos que me apoiaram durante esta jornada
v
Agradecimentos
Este trabalho natildeo poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas agraves quais presto
minha homenagem
- Primeiramente a Deus por me conceder mais esta etapa de minha vida
- A minha famiacutelia que me apoiaram em todos os momentos
- Ao meu orientador Anselmo Eduardo Diniz pela oportunidade compreensatildeo e paciecircncia de
me orientar
- A empresa MAPAL do Brasil na pessoa do Sr Rogeacuterio e Sr Bighetti pelos insertos
utilizados nos experimentos
- Ao Sr Enrique Devicente pela ajuda no procedimento de mediccedilatildeo do desgaste das pastilhas
- Ao Sr Marcos Hermiacutenio Joseacute Esteves pela ajuda nos testes realizados na linha de produccedilatildeo
- Ao Sr Fabio Luis Gomes Mingutti pela ajuda na captura dos dados de potecircncia do
equipamento em cada experimento
- Ao Sr Sander Gabaldo pela ajuda na revisatildeo bibliograacutefica
- Ao Sr Glevison Torres Ruas pela ajuda na anaacutelise do MEV e EDS dos insertos
vi
Embora ningueacutem possa voltar atraacutes e fazer um novo comeccedilo
qualquer um pode comeccedilar agora e fazer um novo fim
Ningueacutem eacute bom por acaso a virtude deve ser bem aprendida
Chico Xavier
vii
Resumo
DALO Marco Aurelio Estudo do Desempenho de Ferramenta de Corte no Processo de
Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas
Faculdade de Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas 2011 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado)
Existe hoje uma tendecircncia no mercado de veiacuteculos de motor diesel a fabricarem os blocos dos
motores em ferro fundido vermicular devido agrave melhor eficiecircncia de combustatildeo e maior resistecircncia agrave
compressatildeo permitindo paredes de galerias mais finas com consequumlecircncia na reduccedilatildeo do peso do
bloco quando comparado ao bloco usual feito de ferro fundido cinzento Desta forma seria possiacutevel
atender agraves novas exigecircncias do mercado e do meio ambiente
Poreacutem a difiacutecil usinabilidade deste material obriga ao levantamento de condiccedilotildees de usinagem
e ao desenvolvimento de ferramentas que possam melhorar a produtividade dos processos de
usinagem dos blocos O mandrilamento em desbaste dos mancais do bloco do motor eacute uma das
operaccedilotildees de usinagem mais carentes de desenvolvimento dentre as utilizadas na produccedilatildeo do bloco
de ferro fundido vermicular
A variaccedilatildeo do material da ferramenta e as condiccedilotildees de corte utilizadas no processo de
usinagem foram as variaacuteveis testadas neste trabalho para buscar o melhor desempenho do processo
de mandrilamento do bloco Os resultados demonstraram que ferramentas de material ceracircmico
sofreram um desgaste frontal excessivo da aresta de corte por difusatildeo e as ferramentas de metal duro
obtiveram um melhor resultado em comparaccedilatildeo com a ceracircmica Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de corte
resultados com o uso de menores velocidades de corte demonstraram um menor desgaste frontal das
arestas de corte A potecircncia consumida do fuso foi o limitante para o maacuteximo avanccedilo por dente
utilizado nos experimentos
Palavras-chave ferro fundido vermicular CGI mandrilamento usinabilidade
viii
Abstract
DALO Marco Aurelio Performance of the cutting tools in the boring machining process vermicular
cast iron - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas Mechanical Engineering Faculty State
University of Campinas 2009 Thesis (Msc)
Today there is a trend in the market for diesel vehicles manufactured in compacted graphite
iron due to better combustion efficiency of the engine and greater resistance to compression
allowing thinner walls of galleries with a result in reducing the weight of the block when compared
to the usual block made of the gray cast iron Thus it would be possible to meet new market
demands and the environment
However the difficult machinability of this material requires the survey of the machining
conditions and development of the tools that can improve productivity of machining processes of the
blocks The rough boring in the bearings of the engine block is one of the machining operations of
the poorest development among those used in the production of compacted graphite iron block
The variation of the tool material and cutting conditions used in the machining process
variables were tested in this work to get the best performance of the process of boring the block The
results show that ceramic tools have suffered excessive front wear of the cutting edge diffusion and
carbide tools had a better outcome in comparison with the ceramic With respect to cutting
conditions results from the use of lower cutting speeds showed a lower front wear of the cutting
edges The power consumption of the spindle was limited for maximum feed per tooth used in the
experiments
Key words Compacted graphite iron CGI boring machinability
ix
Lista de Figuras
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido Vermicular
(SAHM et al 2002) 2
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010) 5
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002) 13
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000 apud
ROSA 2009) 15
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999) 16
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999) 17
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico 22
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico 22
Figura 19 ndash Mandrilamento radial 23
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970) 23
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010) 24
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos 25
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento 26
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
(YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE 39
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise metalograacutefica
(norma MANN M33402004) 40
Figura 23 ndash Micrografia mostrando a morfologia da grafita 41
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrutura da matriz matriz perliacutetica 41
x
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte 42
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm 42
Figura 27 ndash Inserto de metal duro 43
Figura 28 ndash Inserto de ceracircmica WTXQ090608 0906 MN KS6000 43
Figura 29 ndash Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios 43
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos 44
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado 44
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB 46
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina 46
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER 47
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos insertos 47
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento 48
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura do CGI 51
Figura 32 ndash Face rugosa do cavaco do CGI 51
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte 52
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado 53
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos 53
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte 54
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm 55
Figura 38 - Aresta do inserto de metal duro desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm 55
Figura 39 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica 56
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes 57
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6 insertos57
xi
Figura 312 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes 58
Figura 313 - Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos 59
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por dente
como variaacutevel 60
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de avanccedilo
como variaacutevel 61
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 62
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de
corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 63
Figura 318 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 64
Figura 319 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 64
Figura 320 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 65
Figura 321 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 66
Figura 322 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica)
em fim de vida da ferramenta 67
Figura 323 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 68
Figura 324 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 10 peccedilas usinadas 69
Figura 325 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas 70
Figura 326 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 20 peccedilas usinadas 71
Figura 327 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 20 peccedilas usinadas 72
xii
Figura 328 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 30 peccedilas usinadas 73
Figura 329 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 30 peccedilas usinadas 74
Figura 330 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 40 peccedilas usinadas 75
Figura 331 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 40 peccedilas usinadas 76
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos 77
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido 78
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010) 8
Tabela 12 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular perliacutetico
(SINTERCAST 2001 apud ROSA 2009) 8
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em temperatura
ambiente (CHIAVERINI 2005) 9
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) 11
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI 2005) 19
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970) 32
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro 38
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor 42
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN) 43
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento 45
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 47
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 48
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes 52
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes 53
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes 53
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes 53
xiv
Lista de abreviaturas e nomenclaturas
Fe - Ferro
C - Carbono
Si - Siliacutecio
P - Foacutesforo
Ti - Titacircnio
Mg - Magneacutesio
Mn - Manganecircs
Ni - Niacutequel
Nb - Nioacutebio
Cs - Ceacutesio
Cu - Cobre
Sn - Estanho
S - Enxofre
Co - Cobalto
W - Tungstecircnio
Ce - Ceacuterio
Ca - Caacutelcio
VB MAX - Desgaste de flanco maacuteximo
VB - Desgaste de flanco
vc - Velocidade de corte
Vf - Velocidade de avanccedilo
f - Avanccedilo
ap - Profundidade de corte
Ks - Pressatildeo especiacutefica de corte
Pc - Potecircncia de corte
degC - Grau Celsius
CE - Carbono Equivalente
xv
CGI - Compacted Graphite Iron
MPa - Mega Pascoal
GPa - Giga Pascoal
HB - Hardness Brinell
ISO - International Organization for Standardization
SAE - Society of Automotive Engineers
GJV - Gusseisen mit Vermiculargrafit
ASTM - American Society for Testing Materials
VDG - Verein Deutsche Gieszligereifachleute
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
APC - Aresta Posticcedila de Corte
CBN - Cubic Boron Nitride
PCBN - Polycrystalline Cubic Boron Nitride
CVD - Chemical Vapour Deposition
PVD - Physical Vapour Deposition
EDS - Energy Dispersive x-ray Spectrometer
MEV - Microscoacutepio Eletrocircnico de Varredura
KHO - Hidroacutexido de Potaacutecio
[K4[Fe(CN)6]]- Ferrocianeto de Potaacutecio
xvi
SUMAacuteRIO
Dedicatoacuteria iv
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xiii
SUMAacuteRIO xvi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Motor Diesel 3
12 Propriedades e vantagens do motor diesel 4
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular 4
14 Propriedades do ferro fundido 8
15 Processo de Fabricaccedilatildeo 11
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo 12
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular 13
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade 14
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade 17
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade 18
111 Processo de Mandrilamento 20
112 Tipos de Mandrilamento 21
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17) 21
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18) 22
xvii
1123 Mandrilamento Radial (figura 19) 22
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110) 23
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular 24
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro 24
1132 Mandrilamento com insertos rotativos 25
1133 Freso-mandrilamento 25
1134 Mandrilamento com insertos de PCD 26
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento 26
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento 28
1151 Inserto de Metal Duro 30
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro 34
1153 Insertos de Material Ceracircmico 36
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte 38
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 41
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos 41
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos 41
23 Ferramenta de Corte (insertos) 45
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado 47
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos 48
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos 49
27 Processo de Usinagem 51
28 Procedimento experimental 51
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO 54
xviii
31 Cavaco 54
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel ) 55
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para ferramentas com 3
e 6 insertos) 58
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como variaacutevel) 62
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste 65
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido 82
4 CONCLUSOtildeES 85
5 REFEREcircNCIAS 87
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Haacute uma grande preocupaccedilatildeo da sociedade com relaccedilatildeo ao meio ambiente e com isso as
exigecircncias da Legislaccedilatildeo Ambiental com relaccedilatildeo agrave emissatildeo de poluentes estatildeo se tornando cada vez
mais severas Esta severidade obriga o desenvolvimento de novas tecnologias para reduccedilatildeo destes
poluentes em todos os segmentos automotivos (NICOLELLA et al 2004) O motor diesel tem
maior durabilidade torque e eficiecircncia em comparaccedilatildeo ao motor OTTO mas em contrapartida
emite elevados niacuteveis de materiais particulados e de compostos responsaacuteveis pelo odor caracteriacutestico
da emissatildeo do diesel ao ambiente (BRAUN et al 2003) Devido agraves vantagens relacionadas ao motor
diesel percebeu-se a necessidade de desenvolver soluccedilotildees para reduzir as desvantagens da
aplicaccedilatildeo Um destes desenvolvimentos foi voltado agrave fabricaccedilatildeo dos blocos do motor com material
conhecido como ferro fundido vermicular que permite desenvolver um motor mais eficiente e com
melhor desempenho pois admite maiores pressotildees na cacircmara de combustatildeo devido agraves suas boas
propriedades mecacircnicas (GUESSER et al 2001) Este material tambeacutem eacute conhecido como CGI
(Compacted Graphite Iron) e estaacute se posicionando no mercado com grande potencial para substituir
o Ferro Fundido Cinzento ateacute entatildeo usado pelas empresas Devido agrave maior resistecircncia mecacircnica do
material vermicular eacute possiacutevel obter paredes mais finas nas galerias de um bloco do motor tendo
como consequumlecircncia a reduccedilatildeo do peso do motor e o aumento na potecircncia O meio ambiente eacute
favorecido devido a necessidade de uma menor quantidade de mineacuterio de ferro reduccedilatildeo de energia
para fabricaccedilatildeo do material e reduccedilatildeo da energia para movimentaccedilatildeo do veiacuteculo devido ao peso
A empresa que deteacutem a tecnologia para uso do material vermicular pode ter vantagens sobre
seus concorrentes jaacute que o atual mercado eacute muito competitivo e concorrido Com as vantagens na
utilizaccedilatildeo do material CGI e as muitas liccedilotildees aprendidas na sua fundiccedilatildeo e na sua usinagem em um
futuro natildeo muito longiacutenquo outras peccedilas poderatildeo ser confeccionadas utilizando este mesmo
material para aumentar as exigecircncias em qualquer outro segmento
O bloco eacute a maior e mais importante peccedila de um motor na qual quase todos os componentes
satildeo acoplados Para fabricaccedilatildeo do bloco do motor em ferro fundido vermicular satildeo necessaacuterios
alguns processos de usinagem dentre eles o mandrilamento Poreacutem a ferramenta de corte neste
processo pode atingir apenas 5 da vida alcanccedilada quando se usina ferro fundido cinzento
(XAVIER 2003) como mostra a figura 11
2
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido
Vermicular (SAHM et al 2002)
O mandrilamento do mancal do bloco do motor tambeacutem eacute um aspecto negativo para usinagem
devido agrave deflexatildeo estaacutetica da ferramenta e vibraccedilotildees geradas pelas finas paredes Haacute tambeacutem outros
fatores que influenciam negativamente como a fixaccedilatildeo da peccedila a rigidez da maacutequina-ferramenta o
fluiacutedo de corte e a quantidade de material a ser removido (sobre-metal) A variaccedilatildeo destes fatores
tambeacutem influencia o desempenho da ferramenta (GODINHO 2007)
Com o desenvolvimento de novos conceitos de ferramentas para mandrilamento e de
estrateacutegias de usinagem a operaccedilatildeo de mandrilamento em blocos de motores produzidos em ferro
fundido vermicular tornou-se mais econocircmica e tecnicamente viaacutevel Entretanto o tempo de ciclo
quando comparado com o ferro fundido cinzento ainda eacute significativamente maior assim como as
toleracircncias geomeacutetricas do diacircmetro mandrilado em acabamento (SAHM et al2002)
Devido ao baixo desempenho das ferramentas de corte no processo de mandrilamento em
ferro fundido vermicular cabe uma atenccedilatildeo especial no seu desenvolvimento tecnoloacutegico tanto no
processo de fabricaccedilatildeo quanto no processo de utilizaccedilatildeo da ferramenta de corte
Com estudos para o melhor desempenho da ferramenta eacute possiacutevel reduzir estoques paradas
de maacutequinas e o risco de falha de ferramentas (BELONI 2001) Assim reduz a possibilidade de
retrabalho rejeiccedilatildeo da peccedila e o descarte da ferramenta possibilitando o trabalho de Manufatura
Enxuta
3
Sendo assim o objetivo deste trabalho eacute analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar
influencias positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor
fabricado em ferro fundido vermicular Com tantos aspectos negativos conduzir-se-aacute um estudo de
avaliaccedilatildeo de desempenho da ferramenta alternando paracircmetros de corte (velocidade de corte e
avanccedilo por dente) potecircncia consumida do fuso da maacutequina para cada paracircmetro material do inserto
utilizado e a influecircncia do desgaste VB MAX
Este trabalho foi preparado conforme partes descritas abaixo
CAPIacuteTULO 1
- Este capiacutetulo descreve sobre a histoacuteria do motor diesel suas propriedades e vantagens
Caracteriacutesticas e propriedades do ferro fundido vermicular aleacutem do controle e fabricaccedilatildeo Descreve
tambeacutem sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular e o processo de mandrilamento
CAPIacuteTULO 2
- Este capiacutetulo descreve sobre o material os equipamentos e os experimentos realizados
CAPIacuteTULO 3
- Este capiacutetulo descreve os resultados obtidos nos experimentos
CAPIacuteTULO 4
- As discussotildees estatildeo descritas neste capiacutetulo
CAPIacuteTULO 5
- Este capiacutetulo informa as conclusotildees do trabalho realizado e sugestotildees para futuros
trabalhos
11 Motor Diesel
O motor a diesel foi inventado por Rudolf Christian Karl Diesel e patenteado em 23 de
fevereiro de 1897 Como natildeo foi dada muita importacircncia ao invento na eacutepoca ele disse ldquoO uso de
oacuteleos vegetais como combustiacutevel pode parecer insignificante hoje mas tais oacuteleos podem se tornar ao
longo do tempo tatildeo importantes quanto o petroacuteleo e o carvatildeo de hojerdquo ndash Rudolf Diesel 1912 Rudolf
Diesel engenheiro mecacircnico alematildeo nasceu no dia 18 de marccedilo de 1858 em Paris e morreu dia 30
de setembro de 1913 Sua invenccedilatildeo foi considerada o mais importante invento mecacircnico da histoacuteria
pela simplicidade do motor com pistotildees e reaccedilatildeo oacuteleo-oxigecircnio gerando uma enorme transformaccedilatildeo
no setor industrial em que soacute eram usados sistemas a vapor (MOURA 2010)
4
12 Propriedades e vantagens do motor diesel
Os motores diesel satildeo maacutequinas baacutesicas que geram energia para veiacuteculos utilizados
principalmente em aplicaccedilotildees que precisem de elevado torque o que inclui ocircnibus grandes
caminhotildees tratores e maacutequinas para mineraccedilatildeo e dragagem Atualmente os motores diesel vecircm
atraindo uma porccedilatildeo crescente do mercado mundial de veiacuteculos de carga leve cujos motores
fornecem baixa potecircncia Na Europa por exemplo 100 dos veiacuteculos de carga pesada e cerca de
60 dos de carga leve incluindo os utilitaacuterios e ainda 20 dos carros para transporte de
passageiros o que inclui as vans satildeo movidos a diesel (BRAUN 2003)
A popularidade do motor diesel deve-se principalmente agrave eficiecircncia do diesel como
combustiacutevel em relaccedilatildeo agrave gasolina ou mesmo com relaccedilatildeo a outros combustiacuteveis simples ou
misturados como por exemplo o metanol que chega a conferir ao motor diesel uma economia
relativa de 25 a 45 Os motores diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade Eacute comum
um motor diesel para veiacuteculos de carga pesada ter um tempo de vida superior a um milhatildeo de
quilocircmetros ou seja cerca de dez vezes mais que a durabilidade apresentada por um motor agrave
gasolina Assim as vantagens oferecidas pelos motores a diesel tais como durabilidade seguranccedila e
eficiecircncia justificam sua utilizaccedilatildeo em vaacuterios tipos de maacutequinas apesar dos problemas relacionados
com a composiccedilatildeo de sua emissatildeo e ainda com os niacuteveis de poluentes sob regulamentaccedilatildeo contida
na mesma (BRAUN 2003)
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular
Pelo diagrama de equiliacutebrio Fe-C o ferro fundido eacute uma liga cujo teor de carbono se situa
acima de aproximadamente 20 de carbono Como haacute influecircncia do siliacutecio nesta liga o ferro
fundido eacute considerado uma liga ternaacuteria Fe-C-Si porque o siliacutecio estaacute frequumlentemente presente em
teores superiores ao do proacuteprio carbono Por outro lado o carbono em quantidade superior a que eacute
retida em soluccedilatildeo soacutelida na austenita resulta carbonos parcialmente livres na forma de veios de
grafita (SINTERCAST 2010)
O ferro fundido eacute caracterizado pelo formato de suas partiacuteculas de grafite O ferro fundido
cinzento eacute caracterizado por veios de grafite orientados aleatoriamente enquanto que o grafite no
ferro fundido nodular eacute caracterizado por suas esferas individuais de grafite As partiacuteculas de grafite
5
em CGI satildeo orientadas aleatoriamente e alongadas como em ferro fundido cinzento mas satildeo mais
curtas mais grossas e tecircm bordas arredondadas em forma de ldquovermerdquo daiacute o nome vermicular As
partiacuteculas de grafite do ferro fundido vermicular satildeo entrelaccediladas entre si gerando uma forte adesatildeo
(Figura 12) Aleacutem desta forma de grafite dificultar a inicializaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas as
propriedades mecacircnicas e condutividade teacutermica satildeo melhoradas
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010)
A forma da grafita no ferro fundido vermicular confere propriedades superiores quando
comparadas com as do ferro fundido cinzento resistecircncia mecacircnica tenacidade e resistecircncia a
choques teacutermicos e condutividade teacutermica A sua micro-estrutura resulta em uma adesatildeo mais forte
entre a grafita e a matriz de ferro inibindo assim a iniciaccedilatildeo e o crescimento de trincas e garantindo
com isso propriedades mecacircnicas superiores (DOREacute et al2007) Aleacutem disso observa-se que a
superfiacutecie da grafita vermicular apresenta imperfeiccedilotildees as quais aliadas agrave morfologia complexa
(tambeacutem conhecida como ldquocoralrdquo) resultam em adesatildeo ainda mais forte com a matriz de ferro
(GABALDO 2009)
A formaccedilatildeo do ferro fundido de grafita compactada (vermicular) exige adiccedilotildees de elementos
especiais como terras raras com um elemento adicional como o titacircnio que reduz a formaccedilatildeo de
grafitas esferoidal O ferro fundido vermicular pode ser considerado um material intermediaacuterio entre
o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento
com melhor resistecircncia mecacircnica e alguma ductilidade Possui maior capacidade de amortecimento
e possui tambeacutem condutividade teacutermica mais elevada que o ferro fundido nodular
6
A faixa de carbono e siliacutecio neste tipo de material eacute ampla podendo variar de 30 agrave 38 de
carbono e 10 agrave 35 de siliacutecio Eacute importante tambeacutem a escolha correta da porcentagem do carbono
equivalente (CE) em funccedilatildeo da espessura da seccedilatildeo para evitar flutuaccedilatildeo se tiver elevado CE e
tendecircncia ao coquilhamento quando baixo for o CE O carbono equivalente (CE) considera os
efeitos do siliacutecio(Si) e do foacutesforo(P) podendo usar uma equaccedilatildeo conforme demonstrada abaixo
CE = C + Si + P (CHIAVERINI 2005)
3 3
O teor de manganecircs pode variar proacuteximo de 01 se desejarmos uma estrutura perliacutetica e
variar perto de 06 se desejarmos uma estrutura ferriacutetica O foacutesforo eacute mantido abaixo de 006 de
modo a ter a maacutexima ductilidade O enxofre deve ser inferior 0025 Para produzir a grafita
compactada deve-se adicionar um ou mais dos elementos magneacutesio terras raras (ceacuterio lantacircnio
praseodiacutemio etc) caacutelcio titacircnio e alumiacutenio A quantidade de magneacutesio deve ser tal a resultar um
teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm na presenccedila de 015 a 050 de titacircnio e 10 a 150
ppm de terras raras como o ceacuterio O ferro fundido vermicular tem substituiacutedo com vantagens o
nodular em aplicaccedilotildees em que este uacuteltimo natildeo pode ser empregado devido a sua condutibilidade
teacutermica mais baixa e a sua tendecircncia de empenar (CHIAVERINI 2005)
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
DAWSON (2002) satildeo
- Reduccedilatildeo nas tensotildees residuais devido agrave maior condutividade teacutermica e ao moacutedulo de
elasticidade menor
- Melhor produccedilatildeo de peccedilas complexas fundidas
- Melhor transferecircncia de calor
- Melhor usinabilidade
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
CHIAVERINI (2005) satildeo
- Coeficiente mais baixo de dilataccedilatildeo teacutermica
- Maior condutibilidade teacutermica
- Maior resistecircncia ao choque teacutermico
- Maior capacidade de amortecimento
- Maior fundibilidade
7
Em consequumlecircncia esse material eacute aplicado em situaccedilotildees em que a resistecircncia do ferro fundido
cinzento eacute insuficiente mas a utilizaccedilatildeo do ferro fundido nodular eacute indesejaacutevel devido agraves
propriedades menos favoraacuteveis de fundiccedilatildeo
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
DAWSON(2002) satildeo
- Reduccedilatildeo de espessuras de parede para um mesmo carregamento
- Reduccedilatildeo do fator de seguranccedila devido agrave menor variaccedilatildeo das propriedades do fundido
- Reduccedilatildeo de fraturas fraacutegeis na manufatura montagem e serviccedilo devido agrave maior ductilidade
- Maior resistecircncia sem a necessidade de recorrer a elementos de liga
- Menor profundidade de rosca necessaacuteria portanto parafusos menores podem ser utilizados
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
CHIAVERINI(2005) satildeo
- Maior resistecircncia agrave traccedilatildeo para o mesmo carbono equivalente o que reduz o uso do
elemento de liga de custo elevado como o niacutequel cromo cobre e molibdecircnio
- Relaccedilatildeo mais alta de resistecircnciafadiga
- Maiores ductilidade e tenacidade o que resulta em margem superior de seguranccedila para
fratura
- Menor oxidaccedilatildeo e dilataccedilatildeo em temperaturas elevadas
O ferro fundido vermicular (CGI) tem uma seacuterie de caracteriacutesticas que podem tornaacute-lo uma
alternativa excelente para ferro fundido cinzento para aplicaccedilotildees em motores O material oferece
aumento de 75 na resistecircncia em comparaccedilatildeo com o ferro fundido cinzento Tem tambeacutem
caracteriacutesticas teacutermicas e de impacto intermediaacuterias entre as dos ferros fundidos cinzento e nodular
Aleacutem do mais este aumento na resistecircncia do material proporciona diminuiccedilatildeo na seccedilatildeo de parede
dos produtos produzidos por este material Vaacuterios fabricantes europeus estatildeo usando CGI para
motores tanto diesel como gasolina Embora o material CGI possua propriedades mecacircnicas e
fiacutesicas beneacuteficas a sua aplicaccedilatildeo sua usinagem ainda eacute um problema Comparado com o ferro
fundido cinzento as velocidades de corte utilizadas tem que ser menores implicando em tempo de
ciclo de ateacute trecircs vezes maior que o tradicional (VASILASH 2006)
O ferro fundido vermicular do ponto de vista quiacutemico natildeo apresenta nenhuma diferenccedila
significativa com relaccedilatildeo aos ferros fundidos cinzento e nodular Cada um conteacutem cerca de 94 de
8
ferro (Fe) 3 de carbono(C) 25 de siliacutecio (Si) e o restante eacute dividido entre elementos de liga e
residuais As diferenccedilas entre essas ligas satildeo creditadas aos tipos de morfologias das suas grafitas
que conferem propriedades fiacutesicas e mecacircnicas distintas a cada uma delas
14 Propriedades do ferro fundido
As propriedades de um ferro fundido satildeo definidas em funccedilatildeo da microestrutura e da
composiccedilatildeo quiacutemica A tabela 11 mostra algumas propriedades mecacircnicas e teacutermicas dos ferros
fundidos cinzento vermicular e nodular
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010)
PROPRIEDADES Ferro Fundido
Cinzento
Ferro Fundido
Vermicular
Ferro Fundido
Nodular
Resistecircncia agrave traccedilatildeo (MPa) 250 450 750
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 105 150 160
Alongamento () 0 15 25
Iacutendice de resistecircncia
- Flexatildeo rotativa
- Flexatildeo em trecircs pontos
- Tensatildeo de compressatildeo
035 ndash 050
055 ndash 065
020 ndash 030
045 ndash 050
060 ndash 070
025 ndash 035
045 ndash 050
065 ndash 075
065 - 075
Condutividade Teacutermica (Wm-k) 48 38 32
A microestrutura do grafite no ferro fundido vermicular eacute expressa em porcentagem de
nodularidade Isto significa que parte das partiacuteculas de grafite do ferro vermicular apresenta-se em
forma de noacutedulos como no ferro nodular O ferro fundido vermicular inclui invariavelmente
algumas partiacuteculas esferoidais de grafita nodular que quando a nodularidade aumenta aumenta
tambeacutem a rigidez diminuindo a usinabilidade e a condutividade teacutermica Aleacutem disso com o
aumento da nodularidade a resistecircncia mecacircnica do material tambeacutem eacute elevada prejudicando sua
usinabilidade (DAWSON2007) A tabela 12 mostra a influecircncia da proporccedilatildeo de noacutedulos de grafita
nas propriedades mecacircnicas e fiacutesicas do ferro fundido vermicular
9
Tabela 22 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular
perliacutetico (SINTERCAST2001apud ROSA2009)
Propriedades (25degC) Nodularidade ()
10 30 50 70 90
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo (MPa) 450 520 590 640 700
Limite de Elasticidade 02 (MPa) 370 390 410 440 490
Limite de Fadiga (MPa) 210 220 230 240 255
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 145 150 155 155 160
Alongamento () 1-2 1-3 2-4 2-5 3-6
Expansatildeo Teacutermica (μmmordmC) 110 110 110 115 120
Condutividade Teacutermica (WmordmC) 36 33 31 30 28
A tabela 13 mostra as propriedades de diversas ligas de ferro fundido vermicular em funccedilatildeo
do tipo de matriz (ferriacutetica eou perliacutetica) e em funccedilatildeo da presenccedila de elementos de liga formadores
da grafita compactada
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em
temperatura ambiente (CHIAVERINI 2005) Condiccedilatildeo estrutural Limite Resistecircncia
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Tratados com adiccedilatildeo de ceacuterio
No estado fundido
Ferrita acima de 95
336
257
67
150
FerritaPerlita
Perlita acima de 5
100 Ferrita
298
338
224
245
53
80
140
FerritaPerlita
85 Ferrita
320
242
35
164
Perlita
90 Perlita
10 Ferrita
400
550
320
430
05
15
-
-
10
Tratados com combinaccedilotildees de Magneacutesio mais Titacircnio (mais Ceacutesio)
Condiccedilatildeo estrutural Limite Resist
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Ferrita no estado fundido
0017Mg 0062Ti
0036Cs
380
272
2
179
Ferrita no estado fundido
0024Mg 0084Ti
0030Cs
338
276
25
184
Perlita no estado fundido
0026Mg 0083Ti
0074Cs
473
335
2
217
Perlita no estado fundido
70 Perlita 30 Ferrita
386
278
2
-
A resistecircncia agrave traccedilatildeo do ferro fundido vermicular diminui agrave medida que aumenta o carbono
equivalente mas a velocidade de decreacutescimo desta propriedade eacute menor do que no caso do ferro
fundido cinzento A elevaccedilatildeo do teor de siliacutecio aumenta o limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo limite de
escoamento e dureza tanto na condiccedilatildeo fundida como na recozida
Em um ferro fundido de matriz predominantemente perliacutetica a resistecircncia agrave compressatildeo eacute trecircs
vezes maior do que a resistecircncia agrave traccedilatildeo
O comportamento deste material agrave temperatura de 500degC sob o ponto de vista de dilataccedilatildeo e
formaccedilatildeo de casca de oacutexido eacute mais ou menos idecircntico aos dos ferros fundidos cinzentos de
composiccedilatildeo semelhante Contudo a resistecircncia agrave formaccedilatildeo da casca de oacutexido e agrave expansatildeo a 600degC
eacute superior agrave do ferro fundido cinzento (CHIAVERINI 2005)
No ano de 2006 a ISO criou uma abreviaccedilatildeo ldquoGJVrdquo para ferro fundido vermicular e cinco
classes foram especificadas baseadas no miacutenimo limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo incluindo
GJV300 (ferriacutetico) GJV 350 GJV 400 GJV 450 (perliacutetico) e GJV 500 (ligado)
Haacute vaacuterias organizaccedilotildees desenvolvendo e classificando o Ferro Fundido Vermicular (CGI)
conforme tabela 14
11
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) Paiacutes Norma Nuacutemero Ano
Romecircnia STAS 12443-86 1986
China JB 4403-87 1987
USA ASTM A 842-85 1997
Alemanha VDG W 50 2002
Internacional SAE J 1887 2002
Internacional ISO 161122006 2006
15 Processo de Fabricaccedilatildeo
A grafita esferoidal eacute obtida pela adiccedilatildeo na liga de ferro fundido de elementos denominados
nodulizantes que modificam a forma de crescimento da grafita Os elementos nodulizantes mais
comuns na induacutestria satildeo o magneacutesio o ceacuterio o caacutelcio e terras raras Entre estes elementos o
magneacutesio (Mg) eacute o mais utilizado Recomenda-se teores entre 004 e 005 de Mg No caso de
Ce teores entre 002 e 004 e no caso de Ca entre 001 e 002
A presenccedila de impurezas como enxofre antimocircnio chumbo teluacuterio ou bismuto apresenta
efeito deleteacuterio sobre a nodulizaccedilatildeo DAWSON(2004) cita que teores de magneacutesio (Mg) de apenas
002 seriam suficientes para promover a nodulizaccedilatildeo da grafita desde que os teores de impurezas
principalmente enxofre(S) fossem mantidos baixos O nodulizante eacute adicionado na forma pura (Mg
metaacutelico) ou na forma de ante-ligas Ni-20Mg Cu-15Mg ou Fe-Si-Mg
O ferro fundido vermicular pode ser obtido adicionando elementos nodulizantes como o magneacutesio
na liga mas em uma porcentagem insuficiente para formar ferro fundido nodular resultando em um
material intermediaacuterio ou adicionando elemento nodulizante com porcentagem suficiente para
formar o ferro fundido nodular mas ao mesmo tempo adicionando-se elementos anti-nodulizantes
como o titacircnio
O processo de formaccedilatildeo do ferro fundido vermicular adicionando elementos anti-nodulizante eacute
mais faacutecil de ser realizado porque natildeo eacute necessaacuterio um controle tatildeo rigoroso da adiccedilatildeo de magneacutesio
na liga Entretanto esta adiccedilatildeo implica no uso do titacircnio que tenderaacute a formar carbonetos e
carbonitretos duros que prejudicam bastante a vida da ferramenta de usinagem da liga Para evitar
este problema eacute necessaacuterio um meacutetodo mais criterioso no processo utilizando equipamentos
especiais que garantam composiccedilatildeo de magneacutesio na liga mais adequada (DAWSON et al 2004)
12
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo
A teacutecnica de fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular eacute criacutetica para a usinabilidade da liga A
mudanccedila na forma da grafita a partir dos noacutedulos compactados eacute devido agrave accedilatildeo do magneacutesio que eacute
um elemento nodulizante Para que a grafita compactada seja formada uma quantidade de magneacutesio
deve ser mantida entre 0008 e 0012 conforme figura 13 Como o controle da composiccedilatildeo nesta
estreita faixa eacute muito difiacutecil o titacircnio eacute usado em alguns casos como elemento anti-nodulizante A
quantidade de titacircnio estaacute entre 01 e 02 o que aumenta a possibilidade de obtenccedilatildeo do grafite
compactado para percentuais mais elevados de magneacutesio Contudo a adiccedilatildeo de titacircnio gera um
inconveniente causando atraveacutes da precipitaccedilatildeo de carboneto e carbonitreto de titacircnio que satildeo
inclusotildees riacutegidas que comprometem a usinabilidade do produto (DAWSON 1999)
Apesar da estreita faixa de controle do elemento para fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular
muitas fundiccedilotildees obtiveram bons resultados devidas a teacutecnicas desenvolvidas e muita disciplina
Estas teacutecnicas podem permitir que a maioria dos blocos esteja dentro do especificado mas o sistema
de controle garante que potenciais peccedilas que possam estar fora do especificado sejam identificadas e
corrigidas antes de serem vazadas A necessidade de controle do processo depende do volume de
produccedilatildeo complexidade do componente e especificaccedilatildeo da microestrutura
Haacute um procedimento necessaacuterio para evitar que os flocos de grafite natildeo se formem antes do
processo final de vazamento Este procedimento consiste basicamente de antes da transiccedilatildeo do ferro
fundido cinzento adicionar o magneacutesio em aproximadamente 0001 a cada 5 minutos Este
processo pode demorar ateacute 15 minutos apoacutes o iniacutecio da adiccedilatildeo do magneacutesio
Uma segunda consideraccedilatildeo eacute que mesmo com a porcentagem correta da adiccedilatildeo de magneacutesio
natildeo haacute estabilidade se o iacutendice de oxigecircnio ativo e ou enxofre forem elevados Se isto ocorrer o
magneacutesio ativo eacute consumido deslocando a linha da porcentagem de magneacutesio para esquerda
conforme demonstrado na figura 13 Inversamente se os niacuteveis de oxigecircnio ou de enxofre forem
relativamente baixos a linha de porcentagem de magneacutesio se deslocar para direita Por estas razotildees
as variaccedilotildees na composiccedilatildeo limpeza oxidaccedilatildeo e umidade do material de carga tornam impossiacutevel
definir uma especificaccedilatildeo quiacutemica fixa para o CGI (DAWSON 2002)
13
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002)
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular
Segundo CHIAVERINI (2005) a definiccedilatildeo mais simples da usinabilidade eacute a propriedade
relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ser fabricado por processos de
usinagem A usinabilidade tambeacutem pode ser definida em termos de vida de ferramenta de corte ou
pode relacionar-se com a energia ou tempo necessaacuterio para remover certa quantidade de material
Segundo DINIZ (2008) a usinabilidade de um material pode ser definida como uma grandeza
tecnoloacutegica que expressa por meio de um valor numeacuterico comparativo (iacutendice de usinabilidade) um
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relaccedilatildeo a outro tomado como padratildeo A
usinabilidade depende do estado metaluacutergico da peccedila da dureza das propriedades mecacircnicas do
material de sua composiccedilatildeo quiacutemica das operaccedilotildees anteriores efetuadas sobre o material (sejam a
frio ou a quente) e do eventual encruamento
Atualmente um dos maiores desafios eacute introduzir o CGI nas peccedilas cujos processos de
usinagem apresentam desempenho muito bom nas mesmas peccedilas fabricadas em ferro fundido
cinzento Assim o desafio eacute alcanccedilar o mesmo desempenho das ferramentas mantendo os mesmos
14
custos por peccedila trabalhada e evitando investimento adicional de capital em maacutequinas e ferramentas
de corte (DAWSON 2004)
Segundo DAWSON (1999) haacute alguns fatores de influecircncia na usinabilidade do CGI
bull Efeitos da forma da grafita
bull Efeitos da perlita
bull Efeitos dos elementos quiacutemicos como chumbo manganecircs siliacutecio enxofre titacircnio e cobre
bull Efeitos da inclusatildeo
Em altas velocidades de corte a vida da ferramenta tambeacutem tende a ser ainda menor no CGI
quando comparado com o ferro fundido cinzento (WALTER 2007) Isto eacute devido a natildeo formaccedilatildeo
da camada protetora de sulfeto de manganecircs que reduz o coeficiente de atrito na face da ferramenta
e que age como uma barreira contra o desgaste por difusatildeo Esta camada ocorre na usinagem do
ferro cinzento
A diferenccedila de corte contiacutenuo ou intermitente tem uma influecircncia significativa no desgaste das
ferramentas por oxidaccedilatildeo e difusatildeo No corte contiacutenuo como torneamento e mandrilamento a
ferramenta permanece mais tempo em contato com o material da peca facilitando o mecanismo de
desgaste Em corte intermitente como o fresamento a difusatildeo e a oxidaccedilatildeo satildeo menos intensas
(DAWSON 1999)
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade
A formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido eacute diretamente afetada pela presenccedila da grafita que eacute
conhecida por ter resistecircncia mecacircnica baixa e gerar descontinuidades e efeitos da concentraccedilatildeo de
tensatildeo na matriz portanto ajudando o processo de remoccedilatildeo de material O mecanismo de formaccedilatildeo
de cavaco em ferro fundido cinzento eacute mostrado na figura 14 No iniacutecio a ferramenta
compacta o material sob o flanco criando uma fratura que se propaga em frente e abaixo da aresta
de corte (a) Como o movimento de corte da ferramenta continua o material se torna completamente
independente (b) Para algumas situaccedilotildees principalmente com o ferro fundido cinzento uma parte
de material eacute arrancada agrave frente da ferramenta causando uma perda temporaacuteria do contato entre
ferramenta e peccedila ateacute a ferramenta encontrar a proacutexima porccedilatildeo de material (c) Este processo de
remoccedilatildeo de material contribui para aumentar a rugosidade na superfiacutecie da peccedila (d)
15
A grafita por ser um componente de dureza relativamente baixa se comparada com o material
da matriz produz descontinuidades no material facilitando a quebra do cavaco na usinagem
(CONSALTER 1987)
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000
apud ROSA 2009)
A grafita tambeacutem atua como um agente lubrificante reduzindo o atrito entre a peccedila e a
ferramenta aleacutem de reduzir o risco de micro solda do cavaco com a ferramenta Sendo assim a
consequumlecircncia do efeito eacute o aumento na vida da ferramenta
No processo da formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido nodular as forccedilas de compressatildeo geram
o desprendimento dos noacutedulos da matriz e a deformaccedilatildeo plaacutestica da matriz entre os noacutedulos Esta
deformaccedilatildeo plaacutestica causa o alongamento dos noacutedulos na direccedilatildeo do corte ocasionando fratura
duacutectil
16
Para o ferro fundido cinzento a formaccedilatildeo do cavaco acontece atraveacutes de fraturas das lamelas
de grafita formando cavacos natildeo contiacutenuos Haacute trecircs estaacutegios para formaccedilatildeo destes cavacos ou seja
inicia com a separaccedilatildeo da matriz das lamelas de grafita gerando micro-trincas em consequumlecircncia as
grandes trincas satildeo formadas atraveacutes da junccedilatildeo destas micro-trincas provenientes da interface com a
ferramenta e por uacuteltimo ocorre agrave fragmentaccedilatildeo do cavaco
A formaccedilatildeo do cavaco do ferro fundido vermicular eacute uma mistura dos processos de formaccedilatildeo
de cavaco do ferro fundido nodular e formaccedilatildeo de cavaco do ferro fundido cinzento ou seja os
cavacos se formam por deformaccedilatildeo plaacutestica e tambeacutem por fraturas (MARWANGA et al 1999) A
figura 15 ilustra os diferentes cavacos formados na usinagem destas trecircs formas de ferro fundido
Cinzento Vermicular Nodular
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999)
Grafitas na forma nodular sempre estaratildeo presentes na estrutura do ferro fundido vermicular
Com isto a resistecircncia mecacircnica e a tenacidade aumentam Por outro lado a fundiccedilatildeo usinabilidade
e condutividade teacutermica seratildeo prejudicadas (GUESSER 2001)
A morfologia do ferro fundido vermicular natildeo permite a clivagem e nem a propagaccedilatildeo de
trincas O iniacutecio da fratura no ferro fundido vermicular se daacute na interface da grafita vermicular com
a matriz metaacutelica Este eacute um dos principais fatores para um maior desgaste da ferramenta de corte na
usinagem do CGI Poreacutem esta caracteriacutestica auxilia na maior resistecircncia mecacircnica e maior
tenacidade do CGI (DAWSON 2002)
17
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade
A resistecircncia mecacircnica dos ferros fundidos eacute proporcional agrave relaccedilatildeo entre perlita e
ferrita da matriz se as demais variaacuteveis forem mantidas constantes Contudo um elevado teor de
perlita natildeo eacute necessariamente a maior causa do desgaste da ferramenta de corte
Foram realizados testes de usinagem para o ferro fundido vermicular com diferentes valores de
perlita Cobre e estanho foram utilizados como elementos de estabilizaccedilatildeo A fim de atingir os 100
de perlita manganecircs tambeacutem foi adicionado Foram utilizadas ferramentas de metal duro para os
testes com velocidades de corte de 150 e 250 mmin conforme Figura 16 Pode-se ver nesta figura
que principalmente na velocidade de corte mais alta quando o teor de perlita ultrapassa 75 a vida
da ferramenta cai rapidamente (DAWSON 1999)
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999)
Blocos de motor em ferro fundido vermicular contendo 70 de perlita possuem a mesma
dureza de um bloco do motor em ferro fundido cinzento 100 perliacutetico (DAWSON 1999)
18
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade
O carbono e o siliacutecio satildeo elementos com uma grande influecircncia na estrutura do material o
carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o siliacutecio eacute essencialmente um
elemento grafitizante favorecendo a decomposiccedilatildeo do carboneto de ferro O manganecircs sempre
presente tem efeito oposto ao do siliacutecio isto eacute estabiliza a cementita e compensa de certo modo a
accedilatildeo grafitizante do siliacutecio Todo elemento quiacutemico grafitizante eacute beneacutefico agrave usinalidade pois a
grafita como visto eacute um ponto fraacutegil que em geral facilita a formaccedilatildeo do cavaco Por outro lado
os elementos que estabilizam a cementita (usam o carbono para formar Fe3C e natildeo para formar
grafita) prejudicam a usinabilidade jaacute que a cementita eacute um carboneto duro
A rigor o manganecircs nos ferros fundidos tanto quanto nos accedilos eacute adicionado como
dessulfurante Entretanto como na praacutetica haacute sempre um excesso de manganecircs este atua como
estabilizador da perlita Daiacute o seu efeito oposto ao do siliacutecio e sua utilidade para produzir estruturas
com matriz predominantemente perliacutetica sobretudo em peccedilas fundidas volumosas Ao auxiliar na
formaccedilatildeo de uma estrutura perliacutetica (e natildeo ferriacutetica) o manganecircs aumenta a resistecircncia mecacircnica da
liga e com isso prejudica a usinabilidade Por outro lado o sulfeto de manganecircs atua como
lubrificante soacutelido melhorando a usinabilidade do material
O enxofre e o foacutesforo que satildeo impurezas usualmente encontradas nos ferros fundidos natildeo tecircm
uma accedilatildeo muito significativa do ponto de vista de tendecircncia grafitizante mas o foacutesforo eacute um
estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro Sua principal accedilatildeo eacute na estrutura do material
formando com o ferro e o carbono um composto de natureza euteacutetica (CHIAVERINI 2005) O
enxofre presente no ferro fundido reage com o manganecircs (Mn) formando inclusotildees de
MnS2 as quais podem lubrificar as arestas da ferramenta ao formar uma camada protetora entre esta
e o material usinado servindo como barreira contra os mecanismos de abrasatildeo e difusatildeo
(MOCELLIN et al 2004)
O cromo eacute presente no ferro fundido atraveacutes da sucata de accedilo ou intencionalmente como
elemento de liga para obtenccedilatildeo de maior resistecircncia em altas temperaturas Segrega-se facilmente
promovendo a formaccedilatildeo de carbonetos principalmente nas uacuteltimas regiotildees em solidificaccedilatildeo O
cromo eacute um perlitizante potente quando comparado ao manganecircs pois o aumento do seu teor
provoca a formaccedilatildeo da perlita fina ou seja um aumento da quantidade de cementita que eacute de difiacutecil
19
usinabilidade A reduccedilatildeo de 018 para 010 do teor de Cr no ferro fundido vermicular pode
propiciar aumento de aproximadamente 40 da vida da ferramenta (DAWSON et al2001)
A tabela 15 resume a accedilatildeo dos elementos de liga nos ferros fundidos
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI2005)
ELEMENTO Efeitos durante a Solidificaccedilatildeo Efeitos durante a reaccedilatildeo eutetoacuteide
Alumiacutenio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Antimocircnio
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte estabilizador da perlita
Boro ateacute 015 Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Boro acima de 015 Estabilizador do carboneto Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Cromo Forte accedilatildeo carbonetante Forte tendecircncia agrave formaccedilatildeo da perlita
Cobre Grafitizante fraco Promove a formaccedilatildeo da perlita
Manganecircs Fraca tendecircncia carbonetante Formador de perlita
Molibdecircnio Fraca tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
Niacutequel Grafitizante Fraco promotor de perlita
Siliacutecio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Teluacuterio Forte tendecircncia carbonetante Muito fraco estabilizador da perlita
Estanho
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Titacircnio ateacute 025 Grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Vanaacutedio Forte tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
A velocidade de resfriamento eacute um fator relacionado a solidificaccedilatildeo no interior dos moldes e a
espessura das peccedilas moldadas Em outras palavras as secccedilotildees espessas implicam em velocidades de
resfriamento relativamente baixas e secccedilotildees finas implicam em velocidades altas Isto significa que
em peccedilas de secccedilotildees com diferentes espessuras ocorrem tambeacutem diferentes velocidades de
resfriamento Para elevadas velocidades de resfriamento como as que se verificam em secccedilotildees finas
ou nas aacutereas adjacentes agraves paredes do molde natildeo haacute muito tempo para a decomposiccedilatildeo da
cementita de modo que dependendo dos teores de carbono e de siliacutecio pouca ou nenhuma
grafitizaccedilatildeo ocorre e haacute tendecircncia agrave formaccedilatildeo de ferro fundido branco Com as velocidades de
resfriamento baixas das secccedilotildees mais espessas ocorre uma apreciaacutevel grafitizaccedilatildeo dependendo
sempre do teor de siliacutecio A estrutura seraacute essencialmente de grafita e perlita Para resfriamento
20
ainda mais lento e teor de siliacutecio mais elevado a cementita da perlita pode tambeacutem se decompor
parcialmente originando-se assim a estrutura constituiacuteda de veios de grafita perlita e ferrita Essa
estrutura confere ao material caracteriacutesticas de baixa dureza e excelente usinabilidade aleacutem de
razoaacutevel resistecircncia mecacircnica(CHIAVERINI2005)
111 Processo de Mandrilamento
O processo de mandrilamento eacute normalmente empregado na usinagem de elementos de maior
diacircmetro em um bloco do motor tais como diacircmetro dos cilindros e diacircmetros dos mancais do
virabrequim A operaccedilatildeo de mandrilamento eacute executada em duas ou trecircs etapas dependendo das
toleracircncias exigidas no desenho do produto e do tipo de ferramenta a ser empregado Essencialmente
as condiccedilotildees de mandrilamento diferem um pouco das condiccedilotildees de torneamento mas esta operaccedilatildeo
ilustra a importacircncia da rigidez de todo conjunto ferramenta dispositivo e maacutequina Particularmente
quando um cilindro de grande extensatildeo e pequeno diacircmetro eacute mandrilado o corpo da ferramenta
que natildeo eacute tatildeo riacutegido tende a defletir e consequumlentemente causar vibraccedilotildees Estas vibraccedilotildees podem
afetar natildeo somente a precisatildeo dimensional mas tambeacutem o acabamento das peccedilas e a vida da
ferramenta de corte Mandrilamento eacute um processo em que furos realizados no processo de furaccedilatildeo
furos fundidos na peccedila componentes forjados ou extrudados satildeo ampliados ou acabados com uma
ferramenta de corte montada em uma barra de mandrilar O processo eacute mais usado em aplicaccedilotildees em
que bom acabamento da superfiacutecie interna ou toleracircncia dimensional apertada satildeo requeridos Por
causa das restriccedilotildees geomeacutetricas as barras de mandrilar satildeo em geral longas e compridas o que faz
com que elas estejam facilmente sujeitas a desvios estaacuteticos e dinacircmicos Estes desvios ou vibraccedilatildeo
da ferramenta natildeo somente fazem com que os paracircmetros de usinagem precisem ser alterados como
induz a erros dimensionais e reduz a qualidade da superfiacutecie e a vida da ferramenta O estudo das
forccedilas de corte no processo de mandrilar eacute portanto um preacute-requisito para a seleccedilatildeo adequada das
condiccedilotildees de corte e tambeacutem para preservar a seguranccedila do processo evitando desvios excessivos da
ferramenta ou vibraccedilotildees dinacircmicas O raio da ponta da ferramenta e a variaccedilatildeo do acircngulo da aresta
de corte resultam na distribuiccedilatildeo natildeo-uniforme da espessura do cavaco e consequumlentemente da
forccedila de corte (MOCELLIN 2007)
21
Em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas nas ferramentas de metal duro em
relaccedilatildeo agraves usadas nas ferramentas de ceracircmica ou CBN utiliza-se maior nuacutemero de insertos de metal
duro permitindo maiores velocidades de avanccedilo compensando parcialmente a perda de
produtividade (KOPPKA et al 2003)
Operaccedilotildees de mandrilamento satildeo tradicionalmente realizadas em blocos de motores de ferro
fundido cinzento por ferramentas de ceracircmica e CBN que permitem elevadas velocidades de corte e
alta produtividade (KOPPKA et al 2003) O severo desgaste verificado nas ferramentas de
mandrilar ferro fundido vermicular tem motivado pesquisas com o objetivo de identificar os
mecanismos de desgaste das ferramentas assim como encontrar soluccedilotildees econocircmicas para esta
usinagem envolvendo institutos de pesquisa induacutestrias automobiliacutesticas fundiccedilotildees fabricantes de
ferramentas e fabricantes de maacutequinas Independentemente do material da ferramenta empregada
metal duro ou ceracircmica as velocidades de corte ainda satildeo muito inferiores agravequelas tradicionalmente
utilizadas no ferro fundido cinzento ou seja ainda haacute uma grande necessidade no desenvolvimento
do processo de usinagem de mandrilamento do bloco do motor de maneira integral (KASSACK et
al 2002)
112 Tipos de Mandrilamento
Dependendo do trabalho o mandrilamento que tambeacutem eacute conhecido como mandrilagem ou
broqueamento pode ser ciliacutendrico cocircnico radial ou esfeacuterico Por meio do processo de
mandrilamento pode-se conseguir superfiacutecies ciliacutendricas ou cocircnicas internas em espaccedilos
normalmente difiacuteceis de serem atingidos com eixos perfeitamente paralelos entre si (GUEDES
2006)
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cocircnica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Isto ocorre quando haacute um movimento de
avanccedilo simultacircneo com um movimento radial gerando um diacircmetro interno cocircnico
22
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cilindrica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Neste caso haacute somente o movimento de
avanccedilo gerando um diacircmetro interno ciliacutendrico
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico
1123 Mandrilamento Radial (figura 19)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute plana e perpendicular ao eixo em
torno do qual gira a ferramenta Neste processo haacute somente o movimento radial da ferramenta
gerando um processo de faceamento
23
Figura 19 ndash Mandrilamento radial
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute uma superfiacutecie de revoluccedilatildeo cujo
eixo coincide com o eixo do qual gira a ferramenta Ex Mandrilamento esfeacuterico e mandrilamento
de sangramento
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970)
24
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular
Os processos de mandrilamento do ferro fundido vermicular podem ser divididos em quatro
grupos
- Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
- Mandrilamento com insertos rotativos
- Mandrilamento definido como ldquofreso-mandrilamentordquo
- Mandrilamento com insertos de PCD
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
As ferramentas de mandrilar com insertos de metal-duro conforme mostradas na figura 111
satildeo usadas em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas em comparaccedilatildeo agrave ceracircmica ou
o PCBN Utiliza-se um maior nuacutemero de insertos permitindo maiores velocidades de avanccedilo e
compensando parcialmente a perda de produtividade (REUTER et al 1999) Existem algumas
barras de mandrilar cujos insertos natildeo satildeo montados uniformemente no diacircmetro e ateacute mesmo na
altura Estas barras de mandrilar satildeo chamadas de ferramentas com passo diferencial e o objetivo eacute
evitar vibraccedilotildees devido a problemas de ressonacircncia mesmo em condiccedilotildees de corte favoraacuteveis
modificando a frequumlecircncia de entrada das arestas no corte (SOUTO 2007)
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010)
25
1132 Mandrilamento com insertos rotativos
Ferramentas com insertos rotativos de PCBN Si3N4 ou Metal Duro conforme figura 112
permitem grande produtividade em altas velocidades de corte Este tipo de ferramenta apresenta um
maior potencial principalmente para operaccedilatildeo de desbaste podendo tambeacutem ser utilizadas em
operaccedilatildeo de acabamento dependendo da aplicaccedilatildeo (REUTER et al 2000) Estes insertos giram
devido aos esforccedilos de corte aplicados sobre eles jaacute que suas fixaccedilotildees permitem este grau de
liberdade Assim a seccedilatildeo de contato com a ferramenta e cavaco varia todo instante distribuindo
melhor o desgasteavaria aumentando a vida da ferramenta
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos
1133 Freso-mandrilamento
Define-se freso mandrilamento como um processo de usinagem com corte intermitente por
meio do processo de fresamento helicoidal realizado com ferramentas de diacircmetro menor que o
usinado ou seja a ferramenta realiza movimento de interpolaccedilatildeo circular e avanccedila no sentido do
cilindro conforme figura 113 O fabricante de maacutequinas MAKINO e o fabricante de ferramentas
SANDVIK desenvolveram este processo utilizando a ferramenta CoroMILL 790 e um Centro de
Usinagem Horizontal(a81M) Por meio da melhor precisatildeo de posicionamento dos insertos na
ferramenta e toleracircncias dimensionais dos insertos de metal-duro haacute possibilidades de ganho em
vida de ferramenta e possiacutevel eliminaccedilatildeo da etapa de mandrilamento de semi-acabamento
realizando-se o mandrilamento de desbaste de modo convencional e o mandrilamento de
acabamento com o processo de freso-mandrilamento Este processo tambeacutem possui desvantagem
26
como a necessidade de maacutequinas ferramentas com elevadas rigidez e precisatildeo no movimento de
interpolaccedilatildeo circular uma vez que este movimento tem influecircncia direta na geometria do cilindro
fresado (MAKINO 2011)
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento
1134 Mandrilamento com insertos de PCD
Estudos realizados pela empresa Audi aplicando insertos de PCD em mandrilamento de
acabamento dos cilindros do bloco do motor em ferro fundido vermicular apresentaram altos
valores de vida de ferramenta As principais desvantagens do uso do PCD consistem na limitaccedilatildeo da
temperatura de utilizaccedilatildeo da ferramenta o que limita a velocidade de corte assim como o maior
custo de ferramenta bloco do motor produzido Esta limitaccedilatildeo eacute devido ao problema de afinidade do
ferro com o carbono que em temperaturas acima de 700degC comeccedila a grafitizaccedilatildeo do diamante
tendo como consequumlecircncia o acelerado desgaste da aresta de corte (STEMMER 1993 apud
Xavier2009)
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento
A superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta conforme ilustrada na figura 114 eacute definida pelo acircngulo
da aresta de corte (90deg- χ r) acircngulo de posiccedilatildeo da aresta secundaacuteria de corte (χ‟r) acircngulo de saiacuteda
lateral da ferramenta (γf) e o acircngulo de saiacuteda dorsal da ferramenta (γp)
27
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008)
Quatro diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
podem ser identificadas e ilustradas conforme figura 115 Eacute altamente recomendado que o corte natildeo
envolva o final da aresta de corte da ferramenta ou seja o avanccedilo natildeo pode ser maior que o raio da
ponta da ferramenta para prevenir a quebra da ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da
ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
28
Valores grandes do raio da ponta (rɛ) com uma constante na taxa de avanccedilo(fɛ) e uma
profundidade de corte ldquoaprdquo melhoram a qualidade do acabamento superficial da peccedila reduzindo as
marcas da ferramenta devido ao avanccedilo Em contrapartida estas marcas satildeo mais suscetiacuteveis agrave
vibraccedilotildees devido ao aumento da componente da forccedila radial para ldquoaprdquo menor que ldquorɛrdquo
Consequumlentemente uma soluccedilatildeo deveria ser feito para obter resultados mais favoraacuteveis no corte
O acircngulo de saiacuteda da ferramenta eacute um importante paracircmetro para controlar a deformaccedilatildeo e a forma
dos cavacos Eacute tambeacutem um significativo fator geomeacutetrico que afeta o mecanismo de corte No plano
ortogonal a saiacuteda do cavaco eacute perpendicular agrave aresta de corte entretanto o acircngulo da saiacuteda do
cavaco eacute zero Muitos pesquisadores tentaram prever o acircngulo de saiacuteda do cavaco para usinagem
com o raio da ponta da ferramenta
A forccedila de corte pode ser representada por duas componentes uma componente normal
perpendicular ao plano de saiacuteda e um atrito componente na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta A
forccedila de atrito na superfiacutecie de saiacuteda eacute o uacutenico componente que determina a direccedilatildeo da saiacuteda de
cavaco Para cada elemento cavaco presume-se que a forccedila de atrito eacute colinear com a velocidade do
cavaco e suas magnitudes satildeo proporcionais agrave aacuterea do cavaco (YUSSEFIAN et al2008)
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento
O material da ferramenta de corte deve ser mais duro que o material da peccedila a ser cortada
Utilizando este princiacutepio novos materiais e ligas estruturais com excelente resistecircncia mecacircnica e
elevada dureza contribuem para o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de
usinagem (MACHADO et al 2009)
Alguns fatores para seleccedilatildeo adequada da ferramenta de corte conforme citados por DINIZ
(2008) estatildeo descritos abaixo
Material a ser usinado
- a dureza e o tipo de cavaco formado satildeo caracteriacutesticas do material da peccedila a ser
considerado
Processo de usinagem
29
- ainda existem vaacuterios equipamentos com baixa rotaccedilatildeo e baixa rigidez inviabilizando a
utilizaccedilatildeo de ferramenta de corte com materiais mais nobres
Condiccedilatildeo da maacutequina de usinagem
- deve-se levar em consideraccedilatildeo a potecircncia gama de velocidade e folgas da maacutequina
Dimensotildees e forma da ferramenta de corte
- ferramentas de forma natildeo-padronizada muitas vezes satildeo feitas de accedilo raacutepido ou de um tipo
de metal duro que suporte choques teacutermicos
Custo do material da ferramenta
- alguns materiais de ferramentas apesar de aumentarem a vida da ferramenta de corte ou a
produccedilatildeo muitas vezes natildeo apresentam uma boa relaccedilatildeo custo-benefiacutecio
Condiccedilotildees de usinagem
- consideraccedilatildeo tiacutepica para usinagem em acabamento em que se exigem ferramentas com
maior resistecircncia ao desgaste jaacute que a operaccedilatildeo de desbaste anterior jaacute retirou a casca
endurecida eou desvios de forma da peccedila
Condiccedilotildees da operaccedilatildeo
- usinagem com corte interrompido ou o sistema maacutequinapeccedilaferramentadispositivo
natildeo riacutegidos exige uma ferramenta tenaz
As principais caracteriacutesticas desejaacuteveis a um material da ferramenta satildeo
- Dureza a quente
Algumas regiotildees da ferramenta de usinagem podem ultrapassar 1000degC Portanto
haacute uma contiacutenua procura por materiais que possam suportar esta temperatura com dureza suficiente
para suportar as tensotildees de corte
- Resistecircncia ao desgaste
O material da ferramenta deve ser resistente ao desgaste por abrasatildeo ou seja resistecircncia
ao atrito
- Tenacidade
O material da ferramenta deve ter energia suficiente para resistir ao choques inerentes
do processo
- Estabilidade quiacutemica
Dependendo da temperatura da duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemica do material
da ferramenta e do material da peccedila na zona de cisalhamento secundaacuterio haacute transferecircncia de aacutetomo
30
de um metal para o outro (difusatildeo) O material da ferramenta deve ser resistente agrave difusatildeo (DINIZ et
al 2008)
Haacute diversos materiais de ferramentas distribuiacutedos no mercado atualmente que se
diferem pela dureza (resistecircncia ao desgaste) e tenacidade Os principais satildeo (MACHADO et al
2009)
Accedilo raacutepido
Metal duro
Cermets
Ceracircmicas
Nitreto de Boro Cuacutebico
Diamante natural
Atualmente os materiais das ferramentas de corte utilizados na usinagem do ferro fundido
vermicular satildeo metal duro ceracircmica e CBN
1151 Inserto de Metal Duro
O metal duro surgiu em 1927 com o nome de ldquoWIDIArdquo(Wie Diamant) e eacute um tipo
de material fabricado atraveacutes da metalurgia do poacute em um processo de sinterizaccedilatildeo Este poacute eacute
composto de partiacuteculas duras de carboneto de metais refrataacuterios Os carbonetos satildeo de tungstecircnio e
normalmente satildeo combinados com carbonetos de titacircnio tacircntalo e nioacutebio (DINIZ et al 2008)
O elemento aglomerante mais utilizado na fabricaccedilatildeo do metal duro eacute o cobalto que eacute um
metal do grupo do ferro responsaacutevel pela ligaccedilatildeo das partiacuteculas duras dos carbonetos no processo de
sinterizaccedilatildeo O cobalto eacute responsaacutevel pela tenacidade do material O poacute do cobalto eacute obtido pela
reduccedilatildeo do oacutexido preto que conteacutem aproximadamente 70 de cobalto sob hidrogecircnio e
temperaturas entre 600 e 700degC
Uma composiccedilatildeo tiacutepica de metal conteacutem 81 de tungstecircnio 6 de carbono e 13 de
cobalto O tamanho das partiacuteculas de carbonetos pode variar entre 1 e 10 microns e geralmente
compreendem cerca de 60 agrave 95 do volume do material
31
A variaccedilatildeo da composiccedilatildeo quiacutemica do metal duro influencia na caracteriacutestica (classe) do
material O cobalto eacute um material que agrave medida que aumenta seu teor reduz sua densidade e dureza
mas eleva a resistecircncia agrave ruptura e melhora a tenacidade
Outra caracteriacutestica importante para aplicaccedilatildeo do metal duro eacute o seu coeficiente de dilataccedilatildeo
teacutermica O coeficiente para o metal duro eacute cerca da metade do coeficiente do accedilo em temperaturas
desde a ambiente ateacute 675degC
Hoje em dia haacute metais duros produzidos com partiacuteculas de 01m o que melhora vaacuterias
caracteriacutesticas desejaacuteveis em uma ferramenta de corte Estes metais duros com micro gratildeos podem
ser classificados de acordo com o tamanho do gratildeo de sua estrutura como
- Fino 08 a 13m
- Submicromeacutetrico 05 a 08m
- Ultra fino 02 a 05m
- Nanomeacutetrico menor que 02m
Agrave medida que se diminui o tamanho de gratildeo do metal duro aumenta-se a dureza resistecircncia
ao desgaste e tenacidade do material devido ao maior fator de empacotamento que gratildeos muito
pequenos propiciam (DINIZ et al 2008)
Haacute vaacuterios tipos de metal duro classificados pela norma ISO (International Organization for
Standardization) conforme norma ISO513 1975 sendo que haacute 3 grupos principais como
Grupo bdquoP‟ ndash Compreende os tipos ou classes empregados na usinagem de metais e ligas
ferrosas que apresentam cavacos longos e duacutecteis
Grupo bdquoMrdquo ndash Compreende as classes que empregam na usinagem de metais e ligas ferrosas
de cavacos tanto longos como curtos ou seja eacute uma ferramenta com propriedades intermediaacuteria
Grupo bdquoK‟ ndash Compreende as classes que se destinam a usinagem de metais e ligas ferrosas
que apresentam cavacos curtos e materiais natildeo-metaacutelico
Recentemente a ISO aumentou o nuacutemero de classes de metal duro conforme norma
ISO513 2004 Estas novas classes satildeo
Grupo bdquoN‟ ndash Aplicaacutevel a materiais natildeo ferrosos
Grupo bdquoS‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de superligas e ligas de titacircnio
Grupo bdquoH‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de materiais endurecidos
32
Aleacutem dos grupos de metal duro existe uma subdivisatildeo dentro de cada grupo por exemplo
P01P50
M01M40
K01K40
N01N30
S01S30
H01H30
Para cada grupo de metal duro e seu respectivo subgrupo haacute uma composiccedilatildeo quiacutemica e
caracteriacutestica fiacutesica conforme Tabela 16 Pode-se perceber nesta tabela que agrave medida que a
quantidade de TiC + TaC aumenta a densidade diminui e a dureza aumenta
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970)
Desig-
Naccedilatildeo
Composiccedilatildeo
aproximada em Caracteriacutesticas principais
WC TiC
+
TaC
Co Densidade
(gcm3)
Dureza
(kgmm2)
Resist agrave
ruptura
transversal
(kgmm2)
Moacutedulo de
elasticidade
(kgmm2)
Coeficiente
de dilataccedilatildeo
teacutermica
(10-6
1Cdeg)
P01 30 64 6 72 1800 75 - -
P10 55 36 9 104 1600 140 52000 65
P20 76 14 10 119 1500 150 54000 60
P25 73 19 8 125 1500 170 55000 60
P30 82 8 10 130 1450 170 56000 55
P40 77 12 11 131 1400 180 56000 55
P50 70 14 16 129 1300 200 52000 55
M10 84 10 6 131 1650 140 58000 55
- Classes com maior tenacidade
- Recomendado para usinagem em desbaste
e corte interrompido
- Classes com maior resistecircncia ao desgaste
- Recomendado para usinagem em
acabamento
33
M20 82 10 8 134 1550 160 56000 55
M30 81 10 9 144 1450 180 58000 55
M40 78 7 15 135 1300 200 55000 55
K01 93 2 5 150 1750 120 63000 50
K05 92 2 6 146 1700 135 63000 50
K10 92 2 6 148 1650 150 63000 50
K20 915 25 6 148 1550 170 62000 50
K30 89 2 9 145 1450 190 - 55
K40 88 - 12 143 1300 210 58000 55
A seleccedilatildeo do metal duro para uma determinada aplicaccedilatildeo de usinagem estaacute intimamente
relacionada com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma durante a
usinagem Entre os tipos de cavacos conhecidos tem como cavacos contiacutenuos cavacos cisalhados e
cavacos de ruptura o formado na usinagem dos ferros fundidos eacute o cavaco de ruptura devido a seu
rompimento na zona primaacuteria do plano de cisalhamento causados na interrupccedilatildeo que as grafitas
causam na matriz da liga
Operaccedilotildees de usinagem com avanccedilo e profundidade de cortes altos para desbaste e cortes
interrompidos criam tensotildees elevadas na ferramenta exigindo classes com maior tenacidade ou seja
ferramentas com menor teor de cobalto e maior teor de carbonetos
Operaccedilotildees de usinagem em peccedilas que jaacute sofreram operaccedilotildees anteriores de desbaste retirando
excentricidade e a casca endurecida trabalham com baixos avanccedilos e profundidade de usinagem
poreacutem com altas velocidades de corte o que gera altas temperaturas Sendo assim satildeo necessaacuterias
classes de ferramentas com altas resistecircncias ao calor e a abrasatildeo ou seja menor teor de cobalto
(DINIZ et al 2008)
Operaccedilotildees de usinagem em maacutequinas-ferramentas menos riacutegidas obriga o uso de classe de
ferramentas com maior tenacidade embora reduzindo a vida uacutetil
As primeiras ferramentas de metal duro foram compostas unicamente de carbonetos de
tungstecircnio (WC) e cobalto e eram adequadas somente para a usinagem de materiais de cavacos
curtos e quebradiccedilos ou seja materiais de ferro fundido Na usinagem do accedilo havia formaccedilatildeo de
cratera na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta devido a fenocircmenos de difusatildeo e dissoluccedilatildeo ocorridos
entre o cavaco da peccedila e a ferramenta Para solucionar tais problemas comeccedilou-se a acrescentar
34
outros carbonetos (TiC TaC e NbC) Assim as ferramentas que conteacutem praticamente somente WC
e Co na composiccedilatildeo (ferramentas da classe K ver tabela 15) satildeo destinadas agrave usinagem de ferros
fundidos que natildeo tem a tendecircncia de formaccedilatildeo de desgaste de cratera devido ao fato de que o
cavaco curto rapidamente se quebra e pula fora da regiatildeo de corte sem atritar longamente com a
superfiacutecie de saiacuteda A inclusatildeo de carbonetos do tipo TiC TaC e NbC na ferramenta confere a ela
as seguintes caracteriacutesticas
- Carbonetos de Titacircnio - TiC
Pouca tendecircncia agrave difusatildeo resultando na alta resistecircncia dos metais duros
Reduccedilatildeo da resistecircncia interna e dos cantos
- Carboneto de Tacircntalo - TaC e Carboneto de Nioacutebio NbC
Em pequenas quantidades atuam na diminuiccedilatildeo do tamanho dos gratildeos melhorando a
tenacidade e a resistecircncia dos cantos
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro
A finalidade principal do uso de coberturas em ferramentas de metal duro eacute aumentar a
resistecircncia ao desgaste da camada superior que entra em contato com o cavaco e a peccedila sendo que o
nuacutecleo permanece com a tenacidade caracteriacutestica do metal duro Desta forma consegue-se em
vaacuterios casos aumentar bastante a vida da ferramenta e diminuir os esforccedilos de corte Eacute possiacutevel
tambeacutem conciliar em mesmos materiais caracteriacutesticas como tenacidade resistecircncia ao desgaste e
dureza a quente (DINIZ et al2008)
As principais coberturas utilizadas satildeo de carboneto de titacircnio (TiC) eou oacutexido de alumiacutenio
(Al2O3) nitreto de titacircnio (TiN) e carbonitreto de titacircnio (TiCN) Geralmente satildeo aplicadas no metal
duro utilizando um processo chamado CVD (deposiccedilatildeo quiacutemica a vapor) que utiliza altas
temperaturas e pressotildees levemente negativas Outro processo tambeacutem utilizado para cobertura de
ferramenta eacute o PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica a vapor) que utiliza temperaturas meacutedias (de 400 a 500ordm C) e
pressatildeo muito negativa Este processo eacute em geral mais caro que o processo CVD Como o processo
de CVD precisa de altas temperaturas satildeo geradas tensotildees na ferramenta durante seu resfriamento
que podem enfraquececirc-la Sendo assim novos tipos de processo com temperaturas intermediaacuterias
entre o CVD e o PVD estatildeo sendo desenvolvidos para minimizar este problema (DINIZ et al2008)
35
Normalmente a primeira camada de cobertura logo acima do nuacutecleo eacute o carboneto de titacircnio
ou o carbonitreto de titacircnio que algumas vezes eacute a uacutenica camada Estas camadas possuem
caracteriacutesticas como excelente resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de promover a adesatildeo das
camadas de cobertura com o metal duro do nuacutecleo Outra cobertura como o oacutexido de alumiacutenio natildeo
possui afinidade fiacutesico-quiacutemica com o nuacutecleo do metal duro A diferenccedila na dilataccedilatildeo e contraccedilatildeo
teacutermica das camadas com o substrato de metal duro a uma temperatura de 1000degC como eacute exigido
para o processo de revestimento CVD pode causar trincas se natildeo for utilizado o TiC ou TiCN como
camada intermediaacuteria (DINIZ et al2008)
A dureza da camada de TiC eacute na ordem de 3000HV que eacute maior que todas os outros materiais
utilizados no revestimento do metal duro A espessura da camada eacute de 4 a 8m Outras
caracteriacutesticas importantes deste material eacute a baixa tendecircncia a soldagem com o material da peccedila
dificultando o desgaste por adesatildeo e o baixo coeficiente de dilataccedilatildeo teacutermica O material TiCN tem
propriedades similares ao TiC como dureza agrave quente resistecircncia ao desgaste a capacidade de adesatildeo
ao nuacutecleo mas seu coeficiente de atrito eacute mais baixo que o TiC Geralmente o segundo revestimento
no metal duro eacute de oacutexido de alumiacutenio que garante uma estabilidade teacutermica devido ao fato de ser um
material ceracircmico refrataacuterio e por possuir alta resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de alta
resistecircncia a ataques quiacutemicos e agrave oxidaccedilatildeo Devido a sua alta estabilidade quiacutemica com o ferro
praticamente evita o desgaste difusivo durante o processo de usinagem do accedilo Apresentam tambeacutem
uma pequena resistecircncia a choques teacutermicos e mecacircnicos
A terceira camada geralmente utilizada de TiN tem caracteriacutestica de reduccedilatildeo do coeficiente
de atrito entre a pastilha e o cavaco Eacute quimicamente mais estaacutevel que o TiC e possui uma camada
com espessura entre 5 e 7 m A espessura total das camadas do metal duro estaacute entre 2 e 12 m
Quando se aumenta a espessura da cobertura a resistecircncia ao desgaste aumenta mas a tenacidade
diminui aumentando a tendecircncia ao lascamento das arestas Hoje em dia jaacute satildeo utilizadas outras
coberturas como por exemplo o nitreto de titacircnio alumiacutenio (TiNAl) ou o nitreto de alumino
titacircnio(TiAlN) dependendo da quantidade maior de titacircnio ou alumiacutenio que podem ser aplicadas ao
metal duro atraveacutes do processo PVD Tal processo propicia espessuras de camadas mais finas
mantendo a aresta da ferramenta afiada (DINIZ et al2008)
Estas coberturas podem ser aplicadas em ferramentas multicamadas propiciando
caracteriacutesticas como
36
- Baixa condutividade teacutermica que protege a aresta de corte e aumenta a remoccedilatildeo de calor
atraveacutes do cavaco
- Alta dureza a frio e a quente
- Alta estabilidade quiacutemica (DINIZ et al2008)
1153 Insertos de Material Ceracircmico
Um dos principais tipos de materiais ceracircmicos utilizados como ferramenta de usinagem eacute o
oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) que eacute a forma estaacutevel alfa da alumina Podem-se distinguir dois ramos
nesta famiacutelia
- Materiais contendo alumina sinterizada praticamente pura com no miacutenimo de 98
- Materiais contendo 90 de alumina juntamente com outros oacutexidos como SiO2 MgO
Cr2O3 Fe3O4 etc
Este tipo de material de ferramenta consiste de gratildeos finos (menores que 5 m) de Al2O3 de
alta densidade ou seja conteacutem menos que 2 de porosidade Diferentes meacutetodos satildeo utilizados
para fabricaccedilatildeo de ferramentas ceracircmicas deste tipo
- Prensadas a frio e sinterizadas apresentando uma cor branca Este processo eacute similar ao
processo de fabricaccedilatildeo do metal duro
- Prensadas a quente em grandes cilindros de alumina em moldes de grafite Neste processo
o material se torna acinzentado escuro (FERRARESI 1970)
A ceracircmica possui oacutetima propriedade como dureza a quente permitindo que se possa usinar
em altas velocidades de corte Em contrapartida haacute propriedades como baixa condutividade teacutermica
que logicamente dificulta a transferecircncia de calor e faz com que na regiatildeo proacutexima do contato
cavaco-ferramenta e peccedila ferramenta atinja-se temperaturas muito altas Outra propriedade que
dificulta o uso de material ceracircmico eacute a baixa tenacidade que favorece as trincas e quebras das
ferramentas de corte
Haacute ferramentas ceracircmicas agrave base de oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) podendo ter alumina pura ou
podendo ter algum teor de oacutexido de magneacutesio (MgO) para inibir o crescimento de gratildeo Podem ter
tambeacutem oacutexido de cromo titacircnio e niacutequel para aumentar a resistecircncia mecacircnica ou com baixos
porcentuais de oacutexido de zircocircnio (ZrO2) que aumenta a tenacidade do material (DINIZ et al2008)
37
A ceracircmica mista aleacutem de conter alumina pode conter o carboneto de titacircnio (TiC) ou o
nitreto de titacircnio (NiT) Este tipo de ceracircmica eacute prensado a quente gerando uma cor acinzentada
Como haacute uma melhor dureza a quente e estabilidade quiacutemica a ceracircmica mista eacute indicada para
processo de usinagem em mandrilamento e torneamento em acabamento de accedilos endurecidos onde
a tenacidade natildeo eacute tatildeo exigida (DINIZ et al2008)
Haacute uma ceracircmica com propriedades intermediaacuterias que eacute a reforccedilada com whiskers o qual eacute
adicionado o carboneto de siliacutecio (SiC) como sua tenacidade eacute boa quando comparadas com as
outras ceracircmicas este tipo de material eacute indicado para usinagem de ligas de titacircnio e niacutequel
Tambeacutem pode ser utilizada no processo de usinagem em mandrilamento e torneamento de accedilos
endurecidos com superfiacutecies interrompidas (DINIZ et al2008) Natildeo eacute permitida a fabricaccedilatildeo deste
material em vaacuterios paiacuteses devido ao carboneto de siliacutecio ser canceriacutegeno (BALDACIM 2000) Este
tipo de material tambeacutem eacute perigoso devido agrave facilidade de incecircndio no processo de retificaccedilatildeo
devido a isto o processo deve ser realizado em local extremamente isolado e maacutequinas blindadas
Haacute tambeacutem ferramentas de ceracircmica agrave base de nitreto de siliacutecio (Si3N4) que satildeo cristais com
fase intergranular de oacutexido de siliacutecio (SiO2) que satildeo sinterizados na presenccedila de alumina (sialon)
eou oacutexido de iacutetrio (Y2O3) e magneacutesio (MgO) Este material de ferramenta eacute usualmente chamado de
Sialon (DINIZ et al2008)
A Tabela 17 mostra algumas propriedades dos diversos tipos de material ceracircmico
comparados com o metal duro Como se pode ver na tabela Sialon possui boa tenacidade (melhores
que as ceracircmicas mista e pura) e excelentes durezas a quente e resistecircncia ao choque teacutermico A
uacutenica propriedade necessaacuteria a um material de ferramenta que natildeo possui eacute a estabilidade quiacutemica
com o ferro Assim natildeo pode ser usada para usinar o accedilo Poreacutem como a falta de estabilidade
quiacutemica eacute causadora do desgaste difusivo razatildeo da formaccedilatildeo do desgaste de cratera (desgaste da
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) e como o ferro fundido possui cavacos curtos que natildeo atritam
muito com a superfiacutecie de saiacuteda e portanto natildeo tem grande tendecircncia agrave formaccedilatildeo da cratera esta
ferramenta eacute indicada para a usinagem destas ligas principalmente em cortes interrompidos como o
fresamento em que a temperatura que a ferramenta atinge natildeo eacute tatildeo alta
38
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro
Tenacidade Dureza agrave
quente
Resistecircncia ao
choque teacutermico
Estabilidade
quiacutemica (Fe)
Estabilidade
quiacutemica (Ni)
Ceracircmica Pura 2 2 1 5 5
Ceracircmica
Mista
1 3 2 4 4
Ceracircmica com
Wiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal Duro 5 1 5 3 1
Em geral os insertos de material ceracircmico possuem um chanfro na regiatildeo da aresta de corte
cuja dimensatildeo varia de 005 agrave 03mm e acircngulo entre 20deg e 30deg como proteccedilatildeo de aresta para evitar
quebra ou lascamento (DINIZ et al 2008)
Em processos de usinagem como o fresamento em ferro fundido cinzento eacute possiacutevel substituir
o desbaste e o acabamento para somente um passe utilizando insertos de ceracircmica com alisador
(FERRER 2006) Ferramentas ceracircmicas de nitreto de siliacutecio tecircm mostrado um melhor desempenho
que as de metal duro em operaccedilotildees de faceamento em ferro fundido cinzento Isto porque
ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio apresentam tenacidade suficiente onde o
lascamento natildeo eacute um fator predominante para o fim da vida da ferramenta (FERRER e DINIZ
2005)
Em contrapartida ferramentas de metal duro satildeo consideradas uma melhor opccedilatildeo para
processo de usinagem em fresamento de ferro fundido vermicular O mecanismo de desgaste por
difusatildeo eacute muito acentuado em ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio (GABALDO
2009)
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte
Desgaste eacute a perda contiacutenua e microscoacutepica de partiacuteculas da ferramenta devido agrave accedilatildeo do corte
(DINIZ et al 2008) Haacute alguns desgastes de ferramenta de corte padronizado como desgastes
convencionais Os principais deles satildeo o desgaste de flanco ou frontal (na superfiacutecie de folga da
39
ferramenta) desgaste de entalhe (nos limites de contato ferramentapeccedila) e desgaste de cratera (na
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) Aleacutem dos desgastes diversas outras ocorrecircncias podem acontecer
agrave ferramenta durante seu uso como trincas lascas deformaccedilotildees plaacutesticas e quebra A estas
ocorrecircncias daacute-se o nome de avarias (FERRARESI 1970)
Os principais fenocircmenos causadores do desgaste satildeo
Aresta posticcedila de corte (APC) ndash material da peccedila aderido na aresta de corte da ferramenta
modificando o comportamento da forccedila de corte acabamento superficial da peccedila e desgaste da
ferramenta A APC ocorre quando em baixa velocidade de corte a parte inferior do cavaco sob
pressatildeo de corte na zona de aderecircncia manteacutem o contato sem movimento relativo por um espaccedilo de
tempo suficiente para soldar na ferramenta Agrave medida que a APC cresce torna-se instaacutevel e depois
de algum tempo colapsa levando consigo partiacuteculas da superfiacutecie de folga da ferramenta
incentivando assim o desgaste de flanco em baixa velocidade de corte (DINIZ et al 2008)
Abrasatildeo mecacircnica ndash o desgaste frontal ou o desgaste de cratera podem ser gerados pela
abrasatildeo (atrito) poreacutem eacute mais comum o desgaste frontal porque a superfiacutecie de folga atrita na peccedila
que eacute riacutegida enquanto que a superfiacutecie de saiacuteda atrita com o cavaco que eacute flexiacutevel O desgaste por
abrasatildeo ocorre pela presenccedila de partiacuteculas duras no material da peccedila e pela temperatura de corte que
reduz a dureza da ferramenta Quando o desgaste abrasivo ocorre a superfiacutecie desgastada mostra
sulcos paralelos agrave direccedilatildeo de avanccedilo (TRENT e WRIGHT 2000)
Aderecircncia ndash eacute formada por um extrato metaacutelico provocado pela baixa velocidade de corte e
baixa temperatura entre duas superfiacutecies metaacutelicas postas em contato sob cargas moderadas A
resistecircncia deste extrato eacute elevada a tal ponto que na tentativa de separar as superfiacutecies ocorre agrave
ruptura em um dos metais e natildeo na superfiacutecie de contato Quando este desgaste ocorre a superfiacutecie
desgastada tem aparecircncia aacutespera (TRENT e WRIGHT 2000) Assim partiacuteculas da superfiacutecie de um
material migram para superfiacutecie do outro O fenocircmeno da aderecircncia estaacute presente na formaccedilatildeo da
aresta posticcedila mas pode-se ter desgaste por aderecircncia mesmo sem a formaccedilatildeo da aresta posticcedila Por
meio deste fenocircmeno as partiacuteculas da ferramenta que satildeo removidas pela continuidade do
movimento de escorregamento entre as duas superfiacutecies (cavaco-ferramenta ou ferramenta-peccedila)
seguem aderidas ao fluxo de cavaco ou peccedila Como satildeo bastante duras ao atritarem com regiotildees da
ferramenta mais agrave frente desgastam-nas por abrasatildeo A utilizaccedilatildeo de coberturas com baixo
coeficiente de atrito como o nitreto de titacircnio e o uso de fluiacutedo de corte adequado tem grande
influecircncia na reduccedilatildeo deste tipo de desgaste (DINIZ et al 2008)
40
Difusatildeo ndash eacute um fenocircmeno microscoacutepico ativado pela temperatura na zona de corte
principalmente entre a ferramenta e o cavaco podendo tambeacutem ocorrer entre a ferramenta e a peccedila
depois de jaacute haver ocorrido algum desgaste na superfiacutecie de folga causado por algum outro
mecanismo A difusatildeo no estado soacutelido consiste na transferecircncia de aacutetomos de um metal ao outro
Depende da temperatura duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemico dos dois metais
envolvidos na zona de cisalhamento secundaacuterio Ocorre principalmente na superfiacutecie de saiacuteda da
ferramenta causando o desgaste de cratera porque eacute ali que se tem a zona de aderecircncia entre cavaco
e ferramenta (que garante o tempo de contato) e a zona de fluxo (zona secundaacuteria de cisalhamento)
na qual o cisalhamento eacute intenso e assim a temperatura eacute bastante alta Ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes a este tipo de
desgaste (DINIZ et al 2008)
Oxidaccedilatildeo ndash a maioria dos metais oxidam em altas temperaturas e na presenccedila de aacutegua e ar Na
usinagem isto ocorre devido ao uso de fluiacutedo de corte de baixa concentraccedilatildeo ou fluiacutedo de corte natildeo
adequado para o processo O tungstecircnio e o cobalto durante o corte formam filmes de oacutexido poroso
sobre a ferramenta que satildeo facilmente levados embora pelo atrito gerando o desgaste Poreacutem
alguns oacutexidos como o oacutexido de alumiacutenio satildeo mais duros e resistentes Assim alguns materiais de
ferramentas que natildeo conteacutem oacutexido de alumino desgastam mais facilmente por oxidaccedilatildeo Este
desgaste se forma nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao acesso de ar nesta
regiatildeo causando o desgaste de entalhe Tambeacutem para este desgaste ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes (DINIZ et al
2008)
41
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Este capiacutetulo descreve o material do bloco do motor e o material da ferramenta de corte a ser
utilizada no experimento aleacutem dos equipamentos e o meacutetodo utilizado para o experimento
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos
Uma linha de usinagem flexiacutevel de bloco do motor diesel exclusivo em material de ferro
fundido vermicular jaacute existente na empresa MWM International situado em Santo Amaro SP foi o
laboratoacuterio utilizado para realizaccedilatildeo dos experimentos
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos
Utilizou-se como corpos de prova para os ensaios de mandrilamento blocos para motores de
seis cilindros (ver figura 21) fundidos em material de ferro fundido vermicular e fundido na
empresa TUPY Fundiccedilotildees localizada em Mauaacute Satildeo Paulo A operaccedilatildeo de usinagem objeto deste
estudo foi o mandrilamento dos mancais do bloco
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE
42
O material do bloco do motor eacute o GJV-450 conforme norma MANN (M3340) Foi realizada
uma anaacutelise metalograacutefica de amostras retiradas de corpos de prova do bloco do motor conforme
posiccedilatildeo visualizada na figura 22
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise
metalograacutefica (norma MANN M3340 2004)
A tabela 21 e as figuras 23 e 24 mostram os resultados da anaacutelise metalograacutefica do material
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor
DESCRICcedilAtildeO ESPECIFICADO
Estrutura da Matriz Perlita Lamelar Fina
Ferrita Livre Maacuteximo de 30
Cementita Livre Ausente
Carbonitreto de Titacircnio Metalograficamente natildeo permitidos
Ledeburita Ausente
Rede de Fosfeto - STEADITA Traccedilos isolados como informativo
Forma da Grafita I e II Ausente
Forma da Grafita III Miacutenimo 70
Forma da Grafita IV Maacuteximo 5
Forma da Grafita V e VI Maacuteximo 30
Tamanho da Grafita Forma III 3 ou mais fino
Tamanho da Grafita Forma IV 3 ou mais fino
43
Tamanho da Grafita Forma V e VI 5 ou mais fino
Dureza 150 agrave 250 HB 30
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo 440 agrave 520 Nmm2
Limite de Escoamento Miacutenimo 320 Nmm2
Alongamento Miacutenimo 1
Figura 23 - Micrografia mostrando a morfologia da
grafita
Forma III (80 agrave 85) e tamanho de 4 agrave 5
Forma IV (lt 5) e tamanho de 5 agrave 6
Forma V + VI (10 agrave 15) e tamanho de 5 agrave 6
Sem ataque
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrututa da
matriz matriz perliacutetica
Com ataque NITAL 3
A tabela 22 mostra o resultado do ensaio quiacutemico realizado em uma amostra de bloco
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN)
ESPECIFICADO em ENCONTRADO em
11 Carbono C 350 agrave 380 361
12 Carbono Equivalente C equiv 405 agrave 435 419
13 Silicio Si 200 agrave 230 232
14 Manganecircs Mn 040 maacuteximo 026
15 Foacutesforo P 002 maacuteximo 0009
16 Enxofre S 0005 agrave 0020 0011
17 Cromo Cr 01 maacuteximo 0029
44
18 Cobre Cu 075 agrave 095 084
19 Estanho Sn 004 agrave 007 007
110 Magneacutesio Mg 0010 agrave 0016 0010
111 Titacircnio Ti 0010 maacuteximo 0003
O material de ferro fundido vermicular a ser removido pela ferramenta de corte na operaccedilatildeo de
mandrilamento dos mancais tem espessura entre 25 e 30mm (profundidade de corte) devido agrave
variaccedilatildeo do sobremetal de fundiccedilatildeo conforme figura 25 formando cavacos de ruptura
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte
O bloco do motor contem sete mancais com comprimento de 37mm cada conforme figura 26
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm
45
23 Ferramenta de Corte (insertos)
Nos experimentos foram utilizados insertos de ceracircmica e insertos de metal duro conforme
figuras 27 28 e 29 e tabela 23
Figura 27 - Inserto de Metal Duro
WTXQ090608 K01L10B040 HP425
Figura 28 - Inserto de ceracircmica
WTXQ090608 0906 MN KS6000
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento
METAL DURO CERAcircMICA
Material Classe K10 Nitreto de Silicio
Aresta de Corte Arredondamento 006mm Arredondamento 006mm
Espessura do inserto 635mm 635mm
Aacuterea para corte Maacuteximo 7mm Maacuteximo 7mm
Quantidade de arestas 6 arestas 6 arestas
Cobertura Nitreto de Titanio Alumino (TiNAl) Sem cobertura
46
Figura 29 - Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios
Os insertos foram montados em uma barra de mandrilar na posiccedilatildeo tangencial em um diacircmetro
de 1105mm para desbaste conforme figura 210 Nesta mesma ferramenta tambeacutem estatildeo montados
os seis insertos de semi-acabamento para posterior processo de fratura Esta ferramenta possui guias
de metal duro para reduzir vibraccedilatildeo garantir alinhamento entre os mancais e garantir a precisatildeo
dimensional As guias de metal duro da ferramenta e o diacircmetro do mancal podem estar com folga
entre 0005mm e 0015mm Esta folga eacute coberta pelo fluido de corte com uma concentraccedilatildeo
aproximada de 12 e com isso contribui para reduzir o atrito
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos
47
Antes dos experimentos foram montados vaacuterios insertos na barra de mandrilar para verificar a
variaccedilatildeo do batimento radial e axial Nota-se que radialmente foram encontrados ateacute 004mm de
variaccedilatildeo e axialmente foram encontrados ateacute 002mm conforme demonstra figura 211 Ambos os
resultados encontrados natildeo influenciam no resultado final dos experimentos
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado
O fluido de corte utilizado no experimento tendo tambeacutem como funccedilatildeo reduzir o atrito entre
as guias de metal duro da barra de mandrilar e o mancal guia do bloco foi um oacuteleo semi-sinteacutetico do
tipo EP produzido pelo fabricante CASTROL O nome do produto eacute ldquoSuperedge 6552 BFrdquo com alta
resistecircncia agrave formaccedilatildeo de espuma isento de Boro Cloro Nitritos e Fenois As tabelas 24 e 25
mostram caracteriacutesticas deste fluido
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
Estado fiacutesico Liacutequido
Odor Suave
Cor Acircmbar
pH 90 a 95 (5)
Ponto de fulgor Produto base aacutegua Natildeo inflamaacutevel
Densidade 0937 gmL
Solubilidade Soluacutevel em aacutegua
48
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
DESCRICcedilAtildeO PORCENTAGEM
Aacutegua 5 agrave 10
Amina primaacuteria 20 agrave 40
Amina terciaacuteria 50 agrave 80
Oacuteleo mineral parafiacutenico 45 agrave 50
Benzotriazol 01 agrave 05
Aacutecidos di carboxiacutelicos 20 agrave 50
Aditivo EP a base de foacutesforo 20 agrave 80
Amida de Tall Oil 10 agrave 15
Aacutecido carbacircmico 05 maacuteximo
Metileno bis morfolina 30 agrave 70
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos
A maacutequina de usinar utilizada para realizar os experimentos foi um centro de usinagem
horizontal CNC com 4 eixos (XYZB) da marca GROB modelo BZ640 com palete (mesa) de 630
x630mm (ver figura 212) Esta maacutequina eacute controlada por um comando SIEMENS e pode suportar
uma carga sobre a mesa de ateacute 1000Kg jaacute que a peccedila (bloco do motor) utilizada no experimento
tem aproximadamente 300Kg e o dispositivo para fixar a peccedila tem aproximadamente 500Kg
somando juntos 800Kg A maacutequina tambeacutem tem um giro de palete permitido de ateacute 1200mm para
suportar a peccedila que tem um comprimento de 1060mm O eixo da maacutequina eacute um motofuso com
potecircncia de 26Kw(40ED) e 20Kw(100 ED) O torque eacute de 340Nm (40 ED) e 262Nm(100
ED) A cada 10 minutos de usinagem por 4 minutos pode ser utilizados potecircncia e torque maacuteximos
ou seja pode-se utilizar 26Kw a cada 4 minutos ou 20Kw em todo tempo de usinagem e igualmente
para torque
49
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB
Este equipamento eacute preparado para medir potecircncia consumida do fuso no momento da
usinagem da peccedila conforme demonstrado na figura 213
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos
O equipamento utilizado para realizar as mediccedilotildees de desgaste dos insertos (VB ndash desgaste de
flanco) utilizados no experimento foi uma maacutequina para preacute-ajustagem de ferramentas marca
ZOLLER com cacircmera integrada conforme figura 214 Esta maacutequina tambeacutem possui alguns
benefiacutecios como sistema de fixaccedilatildeo SHRINK (fixaccedilatildeo de ferramenta por contraccedilatildeo teacutermica) e um
50
software de programaccedilatildeo com o procedimento de mediccedilatildeo de cada ferramenta reduzindo a
influecircncia do operador
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER
Ao fim dos ensaios os desgastes das ferramentas foram analisados em um Microacutescoacutepio
Eletrocircnico de Varredura (MEV) contendo sonda para realizaccedilatildeo de testes de EDS(Sistema de
Energia Dispersiva) Este equipamento tem marca FEI modelo Quanta 450 conforme figura 215
Ele eacute capaz de produzir imagens de alta ampliaccedilatildeo
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos
insertos
51
27 Processo de Usinagem
Uma barra de mandrilar com 600mm de comprimento devido agrave sua rigidez pelo curto
comprimento mandrila o primeiro mancal em desbaste para obtenccedilatildeo do Oslash1105mm e acabamento
Oslash111mm simultaneamente No teacutermino da usinagem do primeiro mancal a mesa (palete) gira 180deg
para que a usinagem do seacutetimo mancal (uacuteltimo) seja realizada A funccedilatildeo desta primeira ferramenta eacute
fornecer guia (mancal usinado) para a barra de mandrilar longa com comprimento de 600mm
conforme figura 216 utilizada nos experimentos deste trabalho para usinar do segundo ao sexto
mancal
A barra de mandrilar longa utiliza o primeiro mancal como guia e usina o segundo mancal
conforme demonstrado na figura 216 Apoacutes o segundo mancal acabado a ferramenta avanccedila e
utiliza o segundo mancal como guia para usinar o terceiro mancal e assim sucessivamente ateacute usinar
o quarto mancal Para usinar o quinto e o sexto mancal a mesa da maacutequina gira a 180deg e a
ferramenta utiliza o seacutetimo mancal como guia para usinar o sexto mancal e logo na sequumlecircncia
utiliza o sexto mancal como guia para usinar o quinto mancal
A ferramenta utilizada nos experimentos usina um total de cinco mancais por bloco
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento
28 Procedimento experimental
Primeiramente foi determinado que um ensaio terminaria apoacutes 40 peccedilas usinadas Este nuacutemero
foi determinado para que o desgaste frontal da ferramenta tivesse aproximadamente de 04mm
(mediccedilatildeo VB) ao fim do ensaio Como o laboratoacuterio utilizado no experimento foi uma linha de
produccedilatildeo impossibilitando a mediccedilatildeo do desgaste dos insertos ateacute atingir exatos 04mm foi
definido medir a aresta de 10 em 10 peccedilas ateacute atingir as 40 peccedilas Poreacutem houve exceccedilotildees como
- Ensaios em que o desgaste VB atingiu valores elevados muito antes das 40 peccedilas
600mm
52
- Ensaios em que a potecircncia de seguranccedila do fuso da maacutequina foi acionada antes das 40 peccedilas
A velocidade de corte foi a variaacutevel utilizada para iniciar os ensaios em insertos de metal duro
fixando o avanccedilo por dente e a quantidade de insertos montados conforme tabela 26
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 140mmin 022mm 6 532mmmin
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
A maacutexima velocidade de corte de 155mmin foi determinada devido agrave caracteriacutestica de
seguranccedila que a maacutequina oferece para natildeo danificar o equipamento Como a barra de mandrilar eacute
longa e robusta qualquer quebra ou outro tipo de avaria pode danificar o fuso da maacutequina Mais
caro que o fuso eacute o alto tempo de reparo que um equipamento deste porte pode sofrer Para
seguranccedila haacute um limite de potecircncia consumida do fuso em que o equipamento interrompe a rotaccedilatildeo
para evitar maiores avarias Como a folga entre as guias de metal duro da barra de mandrilar e o
guia dos mancais podem variar entre 0005mm e 0015mm o aumento da rotaccedilatildeo aumenta a forccedila
centriacutepeta e o oacuteleo natildeo suporta reduzir o atrito aumentando a potecircncia consumida do fuso e
limitando a velocidade de corte para maacuteximo de 155mmin
A velocidade miacutenima de corte de 110mmin utilizada foi a jaacute definida no processo antes de
realizaccedilatildeo deste trabalho e a velocidade de corte intermediaacuteria foi a definida pela velocidade de
corte mais proacutexima da meacutedia entre a velocidade maacutexima de 155mmin e a velocidade miacutenima de
110mmin
Continuando na estrateacutegia dos experimentos utilizou-se a maior velocidade de corte permitida
pela maacutequina para os experimentos com ceracircmica o qual precisa de maiores velocidades em
comparaccedilatildeo com o metal duro Para comparar rendimento utilizou as mesmas condiccedilotildees para o
experimento com inserto de metal duro A uacutenica variaccedilatildeo foi o material da ferramenta conforme
mostrado na tabela 27
53
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 6 590mmmin
Como o experimento com ceracircmica natildeo foi possiacutevel devido agrave alta potecircncia consumida do fuso
e a ocorrecircncia de avaria de quebra prematura a terceira fase de testes foi a reduccedilatildeo do nuacutemero de
insertos montados na ferramenta conforme demonstrado na tabela 28
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 3 295mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 3 295mmmin
Na sequumlecircncia dos experimentos fixou-se a menor velocidade de corte utilizada nos
experimentos e o uso apenas de insertos de metal duro ateacute entatildeo a melhor condiccedilatildeo de corte
experimentada variando somente o avanccedilo por dente conforme demonstra a tabela 29
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 110mmin 030mm 6 572mmmin
Metal Duro 110mmin 034mm 6 648mmmin
O maior avanccedilo por dente utilizado nos experimentos foi definido pela seguranccedila da maacutequina
no controle de potecircncia maacutexima utilizada ou seja a utilizaccedilatildeo do avanccedilo por dente de 034mm se
posicionava no limite de potecircncia da maacutequina
Todos os experimentos foram realizados reacuteplicas exceto os experimentos com variaccedilatildeo da
velocidade de corte que foi necessaacuterio realizar uma treacuteplica
54
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO
Este capiacutetulo descreveraacute os resultados dos experimentos As variaacuteveis analisadas satildeo a
evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos em funccedilatildeo da quantidade de peccedilas usinadas o tempo de
usinagem a quantidade de dentes da ferramenta em contato com a peccedila potecircncia consumida do fuso
e volume de cavaco removido
31 Cavaco
A usinagem do ferro fundido cinzento gera cavaco de ruptura na regiatildeo de cisalhamento
(Ferraresi 1970) O cavaco retirado do bloco do motor em ferro fundido vermicular utilizado nos
experimentos tambeacutem pode ser classificado como de ruptura mas eacute um pouco maior que o tiacutepico
gerado na usinagem do ferro fundido cinzento conforme mostra a figura 31
Como a deformaccedilatildeo do cavaco no momento do corte natildeo eacute homogecircnea por causa da
concentraccedilatildeo de tensatildeo ou pontos de baixa resistecircncia na parte traseira do cavaco (Diniz et al
2008) a parte de traz do cavaco eacute bem rugosa mesmo para um cavaco de ruptura conforme
demonstrado na figura 32
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura de CGI
Figura 32 - Face rugosa do cavaco de CGI
55
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel )
Na primeira fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
arestas) e o avanccedilo por dente foram fixados tendo como variaacutevel a velocidade de corte
Na velocidade de corte de 155mmin 30 peccedilas foram usinadas ateacute o desgaste de flanco do
inserto ultrapassar os 04mm (VB) conforme mostrado na figura 33
vc110
mmin
vc140
mmin
vc155
mmin
10 peccedilas 20 peccedilas 30 peccedilas
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte
Para as velocidades de corte de 110mmin e 140mmin foi possiacutevel mandrilar ateacute 40 peccedilas
conforme demonstrado na figura 34 O desgaste dos diversos insertos de uma mesma eram muito
proacuteximos mas foi decidido fazer as mediccedilotildees de insertos montados sempre na mesma posiccedilatildeo da
ferramenta Pode-se verificar que o inserto utilizado no experimento com maior velocidade de corte
resultou em um maior desgaste frontal (ainda figura 33) devido ao acreacutescimo de calor gerado no
processo concordando com a literatura (Diniz et al 2008)
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
56
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado
Como jaacute descrito anteriormente a maior velocidade de corte resulta em uma maior taxa de
desgaste frontal dos insertos Como mostra a figura 35 a influecircncia da velocidade de corte na taxa
de desgaste ficou clara somente a partir de 20 peccedilas usinadas ou seja o comportamento do desgaste
das arestas dos insertos foram muito semelhantes diferenciando em poucos centeacutesimos na usinagem
de ateacute 20 peccedilas O valor do desgaste foi 51 menor na velocidade de corte de 110mmin quando
comparado com a velocidade de corte de 140mmin apoacutes 40 peccedilas usinadas Analisando uma
diferenccedila ainda maior de velocidade de corte como por exemplo velocidade de corte de 110mmin
e 155mmin e fixando 30 peccedilas para comparaccedilatildeo jaacute que o experimento com a velocidade de corte
de 155mmin natildeo atingiu 40 peccedilas a diferenccedila foi de 60 Em outras palavras o valor do desgaste
VB apoacutes 30 peccedilas usinadas era 60 maior na ferramenta utilizada com 155 mmin que o desgaste da
ferramenta que usinou com 110 mmin
04mm
A B
04mm
Vc110mmin Vc140mmin
57
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos
Comparando o graacutefico de desgaste dos insertos com o graacutefico de potecircncia consumida do fuso
(figura 36) vecirc-se que conforme esperado agrave medida em que aumenta o desgaste da ferramenta
aumenta o atrito na interface ferramentapeccedila e consequumlentemente aumenta a potecircncia consumida
do fuso Na usinagem com ferramenta nova (peccedila 1 na figura 36) a potecircncia consumida com vc =
140 mmin foi cerca de 22 maior que quando se usinou com vc = 110 mmin (aumento de 27 no
valor da velocidade) enquanto a potecircncia consumida com velocidade de corte de 155mmin foi 9
maior que quando se usinou com vc = 140 mmin (aumento de 11 no valor da velocidade de corte)
Pode-se verificar que o aumento da potecircncia consumida foi pouco menor que o aumento da proacutepria
velocidade de corte Diniz et all (2008) afirmam que a potecircncia de corte pode ser dada pela equaccedilatildeo
31 Como nem profundidade de usinagem nem avanccedilo foram alterados nestes ensaios este
resultado significa que o aumento da velocidade de corte proporcionou uma pequena reduccedilatildeo no
valor da pressatildeo de corte o que concorda com o que foi tambeacutem afirmado por estes autores
cc vfapKsvFcPc (31)
Onde
Pc = potecircncia de corte
Fc = forccedila de corte
0
01
02
03
04
05
06
07
08
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Velocidade de corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
58
Ks = pressatildeo especiacutefica de corte
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para
ferramentas com 3 e 6 insertos)
Na segunda fase dos experimentos devido agrave utilizaccedilatildeo de insertos de ceracircmica foi utilizada a
velocidade de corte de 155mmin que eacute a maacutexima permitida pela maacutequina Como a intenccedilatildeo eacute
comparar o desempenho dos materiais dos insertos foi fixada a velocidade de corte de 155mmin o
avanccedilo por dente de 022mmin e inicialmente seis arestas na ferramenta tendo como variaacutevel o
material de ceracircmica e metal duro
Poreacutem natildeo foi possiacutevel realizar o experimento em questatildeo O ensaio teve que ser interrompido
porque todos os insertos se quebraram antes da ferramenta completar 10 peccedilas usinadas O desgaste
prematuro das arestas de corte do inserto de ceracircmica e o aumento da pressatildeo de corte devido ao
aumento na quantidade de arestas aumentaram bastante a tendecircncia agrave quebra dos insertos
Como natildeo foi possiacutevel a comparaccedilatildeo dos insertos de ceracircmica com insertos de metal duro
nestas condiccedilotildees decidiu-se realizar esta fase dos experimentos mantendo a velocidade de corte de
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Variaacutevel - Velocidade de Corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
59
155mmin e o avanccedilo por dente de 022mmin mas reduzndo o nuacutemero de arestas da ferramenta
para trecircs Realizou-se estes testes com ferramenta de metal duro e ferramenta ceracircmica
Pode-se verificar que para mandrilamento em desbaste de peccedilas em material de ferro fundido
vermicular insertos de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio natildeo se mostraram adequados ou seja haacute
um desgaste excessivo da aresta de corte conforme mostra a figura 37 Vecirc-se nesta figura que com
apenas 10 peccedilas usinadas o desgaste dos insertos ultrapassava 10mm de VB O inserto de metal duro
para esta mesma quantidade de peccedilas (10 peccedilas) apresentava desgaste de somente 022 mm
conforme demonstrado na figura 38
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm
Figura 38 ndash Aresta do inserto de metal duro
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm
A figura 39 mostra que inicialmente a potecircncia consumida pela maacutequina quando se utilizou
ferramenta ceracircmica era bem proacutexima daquela consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro Como pode ser visto nas figuras 27 e 28 e na tabela 23 as ferramentas utilizadas tecircm
geometrias idecircnticas Entatildeo este resultado mostra que o suposto menor coeficiente de atrito da
camada de TiAlN que recobre a ferramenta de metal duro natildeo teve influecircncia na diminuiccedilatildeo dos
esforccedilos de corte Poreacutem em poucas peccedilas usinadas devido ao excessivo desgaste das arestas de
corte haacute um aumento progressivo na potecircncia consumida do fuso para o experimento com ceracircmica
Apoacutes 10 peccedilas usinadas enquanto a potecircncia consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro aumentou 8 em relaccedilatildeo agrave potecircncia consumida na usinagem da primeira peccedila a potecircncia
quando se usou ferramenta ceracircmica aumentou em cerca de 41
04mm 04mm
60
Figura 39 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica
Como a comparaccedilatildeo entre insertos de metal duro e insertos de ceracircmica foi extremamente
favoraacutevel ao experimento de metal duro decidiu-se comparar a quantidade de insertos em uso na
ferramenta Assim os experimentos foram realizados com ferramenta de metal duro com trecircs
insertos e seis insertos fixando a velocidade de corte de 155mmin e o avanccedilo por dente de 023mm
Fotos das regiotildees desgastadas destas ferramentas estatildeo mostradas na figura 38
Trecircs(3)
insertos
Seis(6)
insertos
10 peccedilas 20 peccedilas
10
11
12
13
14
15
16
17
1 10 20
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Metal Duro x Ceracircmica
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Metal Duro Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Ceracircmica
04mm 04mm
04mm 04mm
61
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes
Verifica-se que o experimento com maior quantidade de insertos (6 insertos) em uso obteve
uma superioridade de 66 de vida com relaccedilatildeo ao experimento de menor quantidade de insertos (3
insertos) confirmando a literatura (REUTER et al1999) quando atingido a quantidade de 20 peccedilas
que foi o limitante para o experimento com trecircs insertos conforme mostra figura 311
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6
insertos
O aumento do nuacutemero de dentes aumenta o volume de cavaco removido por minuto sem
aumentar a carga realizada sobre cada aresta Portanto este aumento deve ser incentivado desde que
haja espaccedilo suficiente entre dentes para armazenar o cavaco e desde que a maacutequina tenha potecircncia e
rigidez para suportar este maior volume de cavaco removido A figura 312 abaixo mostra a maior
potecircncia consumida para o experimento utilizando seis insertos como variaacutevel mas ainda dentro do
permitido pela maacutequina Veja que com 100 no aumento da velocidade de avanccedilo devido ao dobro
da quantidade de dentes em uso a potecircncia consumida do fuso iniciou com uma diferenccedila de 73
ou seja confirma-se que a potecircncia de corte aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo porque o Ks
reduziu devido a maior velocidade de avanccedilo Se o Ks natildeo reduzisse com o aumento do avanccedilo a
diferenccedila da potecircncia consumida do fuso seria de 100
0
02
04
06
08
10 20 30
Des
gast
e V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas - Vb(mm) 3 insertos x 6 insertos
Vc 155mmin - MD fz 022 (3 INSERTOS)
Vc 155mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
62
Figura 312 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como
variaacutevel)
Na quarta fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
facas) a melhor velocidade de corte (vc 110mmin) encontrada nos primeiros experimentos e o
material da ferramenta (Metal Duro) foram fixados tendo como variaacutevel o avanccedilo por dente
Pode-se verificar que para velocidade de corte de 110mmin independente da variaacutevel avanccedilo
por dente a variaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do desgaste das arestas de corte foi muito pequena conforme
demonstrado nas figuras 313 e 314 O aumento do avanccedilo aumenta o volume de cavaco removido
por minuto e com isto aumenta o calor gerado Por outro lado o crescimento do avanccedilo faz com
que o contato do cavaco com a ferramenta se decirc em uma maior porccedilatildeo da superfiacutecie de saiacuteda Como
tem-se maior calor gerado mas com maior aacuterea da ferramenta para receber este calor a temperatura
da ferramenta natildeo se altera muito e por isso a influecircncia do avanccedilo no desgaste da ferramenta
quando existe eacute pequena (Diniz et al 2008)
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Nuacutemero de insertos como variaacutevel
Vc 155mmin (6 ins) fz 022 - MD
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - MD
63
fz
022mm
fz
030mm
fz
034mm
20 peccedilas 30 peccedilas 40 peccedilas
Figura 313 ndash Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos
Este resultado eacute bastante importante para um processo de desbaste como o analisado neste
trabalho O aumento do avanccedilo por dente faz com que o tempo de corte de uma peccedila seja reduzido
Como isto natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta tem-se com certeza um processo mais
produtivo (se a vida da ferramenta tivesse diminuiacutedo seria necessaacuterio cotejar a diminuiccedilatildeo do tempo
de corte contra o aumento de tempo de maacutequina parada para troca de ferramenta para afirmar que o
processo foi mais produtivo) com mesmo custo de ferramentas e menor custo de utilizaccedilatildeo da
maacutequina Haacute que se perguntar qual eacute o limite para o aumento do avanccedilo por dente Com certeza agrave
medida que se aumenta este valor para mesmo raio de ponta da ferramenta cresce o risco de quebra
da mesma A utilizaccedilatildeo de avanccedilos ainda maiores que os aqui utilizados eacute uma sugestatildeo para um
trabalho futuro
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
64
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por
dente como variaacutevel
A figura 315 mostra os resultados de potecircncia consumida versus nuacutemero de peccedilas usinadas
para os ensaios em que se teve variaccedilatildeo do avanccedilo por dente Nela percebe-se que haacute um aumento
na potecircncia consumida agrave medida que se aumenta o avanccedilo por dente Levando-se em consideraccedilatildeo a
potecircncia consumida na usinagem da 1ordf peccedila (ferramenta ainda sem desgaste) houve um aumento de
21 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 022mm para 030mm (36 de aumento
do avanccedilo) e um aumento de 9 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 030mm para
034mm (13 de aumento do avanccedilo) Isto estaacute em acordo com a literatura (Diniz Marcondes e
Coppini2008) que afirma que a Potecircncia de Corte (Pc) aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo da
avanccedilo (f) porque a Pressatildeo Especiacutefica de Corte (Ks) cai com o aumento de f Isto eacute possiacutevel
porque a contribuiccedilatildeo dada pelo fluxo lateral de cavaco (parte do volume de material deformado da
peccedila natildeo se transforma em cavaco mas sim escorrega entre a peccedila e a superfiacutecie de folga da
ferramenta) fica percentualmente menos importante quando se aumenta o avanccedilo
Outro ponto importante a ser destacado nesta figura eacute que a contribuiccedilatildeo do desgaste para o
crescimento da potecircncia consumida eacute significativa Quando se utilizou fz = 030 mm o crescimento
da potecircncia entre a 1ordf peccedila usinada e a 40ordf peccedila foi de 76 enquanto quando se usou fz = 022 mm
este crescimento foi de 20 (maior crescimento percentual dentre as 3 curvas) Esta diferenccedila de
0
01
02
03
04
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Avanccedilo por dente
Vc 110mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 030 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 034 (6 INSERTOS)
65
variaccedilatildeo percentual da potecircncia consumida entre a 1ordf e a 40ordf peccedila deve-se provavelmente ao da
potecircncia ao longo da vida da ferramenta natildeo eacute tatildeo intenso
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de
avanccedilo como variaacutevel
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste
Os insertos utilizados nos experimentos foram submetidos agrave anaacutelise por um microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (MEV) com sistema de energia dispersiva (EDS) Este procedimento
objetivou a anaacutelise do mecanismo de desgaste das arestas de corte
Foram analisadas as arestas dos insertos de metal duro em fim de vida utilizados nos
ensaios em que se variou a velocidade de corte e a quantidade de insertos Os insertos com a
variaccedilatildeo do avanccedilo por dente foram submetidos ao MEV e ao EDS a cada 10 peccedilas mandriladas ateacute
completar o fim de vida Com relaccedilatildeo aos ensaios com ferramenta de ceracircmica somente as arestas
utilizadas no experimento com trecircs insertos puderam ser analisadas porque no experimento
utilizando seis insertos de ceracircmicas os mesmos quebraram no momento do experimento
impossibilitando a anaacutelise
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso
Vc 110mmin fz 022mm
Vc 110mmin fz 030mm
Vc 110mmin fz 034mm
66
Os insertos usados nos experimentos foram limpos por ataque da soluccedilatildeo de 10 gramas de
ferrocianeto de potaacutessio [ K4 [ Fe(CN)6]] 10 gramas de hidroacutexido de potaacutessio (KHO) e 100
mililitro de aacutegua destilada imerso de 4 agrave 6 antes de serem colocados no microscoacutepio
A figura 316 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
Nesta figura natildeo se vecirc riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte que se ocorressem indicariam
desgaste de origem abrasiva Fez-se anaacutelise de EDS nos 3 pontos mostrados na figura e o resultado
destas anaacutelises estatildeo mostrados na figura 317 O ponto 2 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
predominacircncia de titacircnio e alumiacutenio pois ali a cobertura da ferramenta estaacute intacta (a cobertura eacute de
TiAlN) Nos pontos 1 e 3 que estatildeo mais proacuteximos da aresta de corte encontra-se uma alta
quantidade de ferro e manganecircs mostrando que houve adesatildeo de material da peccedila na regiatildeo
desgastada da superfiacutecie de folga
67
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 318 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 140 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Os pontos 1 2
e 3 mostrados na figura estatildeo fora da regiatildeo desgastada e a anaacutelise EDS neles (figura 319) indicou a
presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta como era de se esperar O ponto 3 aleacutem da
presenccedila de elementos da ferramenta mostrou tambeacutem a presenccedila de elementos do fluido de corte
68
como foacutesforo e pequena quantidade de material da peccedila provavelmente devido ao contato com o
material do cavaco retirado da peccedila
Figura 318 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
No ponto 4 verifica-se a presenccedila de elementos como ferro manganecircs e siliacutecio que satildeo
materiais presentes exclusivamente na peccedila usinada e no cavaco mostrando de novo que houve
adesatildeo de material da peccedilacavaco na regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga
69
Figura 319 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 320 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Nesta figura
pode-se tambeacutem ver que o desgaste e a velocidade de ocorrecircncia do desgaste foram tais que a
ferramenta chegou a lascar
70
Figura 320 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
A figura 321 mostra os resultados da anaacutelise EDS O ponto 4 que estaacute fora da regiatildeo
desgastada (ver figura 320) mostra somente a presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta Os
pontos 2 e 3 mostram a forte presenccedila de material da peccedilacavaco aderidos agrave superfiacutecie desgastada
O ponto 1 que estaacute na vizinhanccedila da regiatildeo lascada mostra principalmente a presenccedila de elementos
do substrato da ferramenta como tungstecircnio e cobalto mostrando que ali toda a camada de
cobertura jaacute havia sido removida
71
Figura 321 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
Depois da anaacutelise do desgaste destas 3 ferramentas pode-se concluir que ele ocorreu
principalmente devido ao mecanismo de adesatildeo e arranque de partiacuteculas da ferramenta (attrition) A
pressatildeo de corte foi tal que permitiu que durante a formaccedilatildeo do cavaco parte do material da
peccedilacavaco extrudasse entre ferramenta e peccedila (talvez auxiliado por algum desgaste inicial gerado
por um outro mecanismo) e aderisse agrave superfiacutecie de folga da ferramenta Esta camada aderida era
arrancada pelo atrito entre ferramenta e peccedila levando consigo partiacuteculas da cobertura e do substrato
da ferramenta Ao arrastar partiacuteculas da ferramenta o desgaste era mais ainda incentivado jaacute que
72
estas partiacuteculas bastante duras atritavam com a proacutepria ferramenta Pode-se concluir que o
mecanismo principal de desgaste foi este devido agrave presenccedila de camada do material da peccedilacavaco
aderida em todas as regiotildees desgastadas como tambeacutem pela regiatildeo do substrato exposta na figura
320 Conseguiu-se tirar uma foto da ferramenta no momento que naquela regiatildeo (ponto 1 da figura
320) a camada aderida havia sido removida e ainda natildeo tinha sido substituiacuteda por outra camada
deixando o substrato exposto Eacute loacutegico que na continuidade deste processo de desgaste
principalmente quando a taxa desgaste eacute alta devido agrave alta velocidade de corte (como ocorreu
quando se utilizou vc = 155 mmin) o risco de lascamento da ferramenta (remoccedilatildeo de macro-
partiacuteculas e natildeo de micro-partiacuteculas) eacute alto como se viu na ponta da ferramenta mostrada na figura
320
A figura 322 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 3 insertos
e ferramenta de ceracircmica
Figura 322 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica) em fim de vida da ferramenta
Haacute quatro pontos indicados conforme demonstrado na figura 322 Nos pontos 1 2 e 3
verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de siliacutecio (figura 323) que existe tanto na peccedila quanto no
inserto Poreacutem como o ponto 3 natildeo tem contato com a peccedila haacute grande probabilidade que o siliacutecio
73
encontrado seja somente do inserto Foi encontrado tambeacutem tacircntalo presente somente ao material
do inserto conforme demonstrado na figura 323 No ponto 4 que se refere exatamente agrave fronteira da
regiatildeo de desgaste (fronteira entre a aacuterea de contato com a peccedila e a aacuterea sem contato) verifica-se a
presenccedila de material como siliacutecio alumiacutenio e cobalto referente ao inserto mas tambeacutem zinco e
zircocircnio que satildeo materiais do oacuteleo refrigerante utilizado no experimento Isto significa que o fluido
de corte chegava bem proacuteximo agrave interface peccedila-ferramenta mas natildeo penetrava nela Assim o fluido
tinha uma accedilatildeo refrigerante bastante eficiente jaacute que atingia regiotildees proacuteximas agrave fonte geradora de
calor mas natildeo tinha accedilatildeo lubrificante pois natildeo penetrava nas interfaces para poder ter accedilatildeo de
reduccedilatildeo do coeficiente de atrito
Figura 323 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de
corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
74
Uma anaacutelise visual da figura 322 mostra uma superfiacutecie lisa e a figura 323 mostra a presenccedila
em pequena quantidade de elementos da peccedila Estes pontos satildeo indicaccedilotildees de que o desgaste
difusivo estiver presente Poreacutem a aparecircncia facetada da regiatildeo de desgaste tambeacutem indica que
houve quebra de partiacuteculas macroscoacutepicas da ferramenta talvez causada pela tensatildeo teacutermica gerada
pela alta refrigeraccedilatildeo realizada pelo fluido de corte
Numa tentativa de se entender o processo de desgaste da ferramenta de metal duro desde o
iniacutecio de sua vida fez-se anaacutelise da superfiacutecie desgastada de uma das ferramentas em vaacuterios
momentos de sua vida A figura 324 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie
de folga de uma das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030
mm 6 insertos e ferramenta de metal duro apoacutes 10 peccedilas usinadas
Figura 324 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 10 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 324 estaacute mostrada na figura 325
Nos pontos 1 e 2 verifica-se a presenccedila de elementos da cobertura (titacircnio e alumiacutenio) como
75
tambeacutem elementos do substrato da ferramenta (W) No ponto 3 que eacute um ponto fora da regiatildeo
desgastada encontra-se alta concentraccedilatildeo de alumiacutenio e titacircnio presentes na cobertura do inserto No
ponto 4 encontra-se ainda bastante material da cobertura da ferramenta Al e Ti Vecirc-se que apoacutes 10
peccedilas usinadas ainda natildeo se iniciou o processo de adesatildeo da material da peccedilacavaco na superfiacutecie
de folga da ferramenta (natildeo se verifica a presenccedila marcante de Fe na regiatildeo de desgaste) adesatildeo
esta bastante presente na ferramenta apoacutes 40 peccedilas usinadas Tambeacutem mesmo na regiatildeo desgastada
ainda se verifica bastante a presenccedila de material da cobertura o que demonstra que o desgaste natildeo
era profundo a ponto de remover esta camada de material
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 325 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas
76
A figura 326 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 20 peccedilas usinadas
Figura 326 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 20 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 326 estaacute mostrada na figura 327 No
ponto 1 verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de tungstecircnio referente ao substrato do inserto e
uma pequena concentraccedilatildeo de Fe da peccedila Conclui-se entatildeo que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada a
cobertura jaacute havia sido removida e o processo de adesatildeo de material da peccedilacavaco dava sinais de
sua presenccedila No ponto 2 a presenccedila do Fe proveniente da peccedilacavaco eacute bastante intensa
mostrando que o processo de adesatildeo jaacute havia realmente se iniciado O ponto 3 eacute fora da regiatildeo
desgastada e portanto somente possui elementos da cobertura da ferramenta como alumiacutenio e
titacircnio Algum teor de W aparece porque a anaacutelise EDS eacute capaz de detectar elementos que estaacute a
alguma distacircncia da superfiacutecie analisada Assim o W que estaacute a alguns microns de distacircncia eacute
mostrado na anaacutelise No ponto 4 encontra-se somente alumiacutenio e titacircnio da cobertura mostrando
que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada o processo de adesatildeo ainda natildeo havia se iniciado
77
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 327 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 20 peccedilas usinadas
A figura 328 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 30 peccedilas usinadas
78
Figura 328 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 30 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 328 estaacute mostrada na figura 329
Similarmente ao que ocorreu com a ferramenta apoacutes 20 peccedilas usinadas agora com 30 peccedilas
usinadas a regiatildeo desgastada mostra ponto coberto por material da peccedilacavaco (ponto 1) ponto em
que a cobertura havia sido removida e o substrato estaacute exposto (ponto 2) e ponto em que a cobertura
ainda estava intacta (ponto 4) Logicamente o ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
somente elementos da cobertura e pouco concentraccedilatildeo de elementos do substrato da ferramenta
79
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 329 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 30 peccedilas
A figura 330 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 40 peccedilas usinadas (fim do ensaio)
80
Figura 330 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 40 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 330 estaacute mostrada na figura 331
Nos pontos 1 e 2 constata-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de ferro presente na peccedilacavaco
indicando que o processo de adesatildeo na ferramenta jaacute era bastante acentuado Mesmo assim ainda
havia uma parte da porccedilatildeo desgastada em que o desgaste natildeo havia se aprofundado na ferramenta e
assim a cobertura ainda estava presente (ponto 4 que tem forte concentraccedilatildeo de Ti e Al da
cobertura) No ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada apresenta logicamente somente
elementos da cobertura
81
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 331 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 40 peccedilas usinadas
Apoacutes a anaacutelise destas figuras pode-se tentar definir quais foram os mecanismos de desgaste da
ferramenta ao longo de sua vida Com 10 peccedilas usinadas a adesatildeo ainda natildeo estaacute presente Algum
outro mecanismo de desgaste (provavelmente a difusatildeo dada a aparecircncia lisa da regiatildeo desgastada
tiacutepica do desgaste difusivo sem a presenccedila de riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte tiacutepicos da abrasatildeo)
foi o responsaacutevel pela remoccedilatildeo da camada de cobertura (jaacute se vecirc pontos com o substrato exposto na
figura 331) que gerava o aumento do coeficiente de atrito e propiciava a adesatildeo do material da
peccedilacavaco A presenccedila de algum desgaste tambeacutem facilitou a extrusatildeo deste material entre peccedila e
ferramenta para que a adesatildeo fosse possiacutevel A partir disto a adesatildeo comeccedilou a crescer
82
gradualmente Com 20 peccedilas usinadas jaacute se tinha mais presenccedila de Fe oriundo da peccedila na ferramenta
e tambeacutem porccedilotildees com o substrato exposto (W mostrado na anaacutelise EDS) e a partir da peccedila 30 a
adesatildeo estava bastante presente tornando-se o principal mecanismo de desgaste que conduziu a
ferramenta a valores alto de desgaste
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido
A figura 332 mostra a vida da ferramenta para cada experimento realizado no qual fica
caracterizado que menores velocidades de corte e material de metal duro satildeo os mais indicados para
o processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco do motor fabricado em ferro
fundido vermicular Vecirc-se nesta figura que o uso de inserto com material de ceracircmica agrave base de
nitreto de siliacutecio natildeo se mostrou adequado para este tipo de operaccedilatildeo Vecirc-se tambeacutem que os avanccedilos
por dente utilizados no experimento mantiveram a mesma vida de ferramenta
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos
Para se ter uma ideacuteia de qual foram as melhores condiccedilotildees de usinagem dentre as que foram
testadas neste trabalho e consequumlentemente escolher o conjunto de condiccedilotildees a serem utilizadas no
0
10
20
30
40
50
Vc 110mmin
Fz022mmmin
Vc 110mmin
Fz030mmmin
Vc 110mmin
Fz034mmmin
Vc 140mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 3 insertos MD 3 insertos
Ceracircmica
6 insertos
Ceracircmica
40 40 40
30
23
12
4
Quebra
Nuacute
mer
o d
e p
eccedila
s
Vida da ferramenta de metal duro e ceracircmica no processo de mandrilamento em desbaste do Ferro Fundido Vermicular
83
meio produtivo construiu-se a figura 333 Na construccedilatildeo desta figura os experimentos em que se
utilizou ferramentas ceracircmicas natildeo foram levados em consideraccedilatildeo jaacute que o desempenho destas
ferramentas natildeo foi razoaacutevel Os ensaios em que se utilizou avanccedilo por dente de 022 mm e se
variou a velocidade de corte se a maacutequina utilizada nesta operaccedilatildeo natildeo for gargalo (isto eacute o tempo
da operaccedilatildeo natildeo eacute importante) a condiccedilatildeo a ser utilizada eacute aquela com velocidade de corte de
110mmin jaacute que ela propicia economia de ferramenta Se a maacutequina for gargalo haacute que se calcular
a velocidade de maacutexima produccedilatildeo (vcmxp) para este avanccedilo a fim de se escolher a velocidade a ser
utilizada Diniz et al (2008) definem vcmxp de acordo com a equaccedilatildeo 32
x
ft
cmxptx
Kv
1
))1(
(
(32)
Onde K e x satildeo os expoentes da equaccedilatildeo de vida da ferramenta de Taylor (Tvcx=K) tft eacute o
tempo de troca da ferramenta e T eacute a vida da ferramenta em minutos
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido
Utilizando-se os dados de vida de ferramenta obtidos nos ensaios com as 3 velocidades de
corte utilizadas neste trabalho tem-se que x e K satildeo respectivamente 26 e 79x106 Com isto
considerando-se um tempo de troca das ferramentas de 2 minutos tem-se que a velocidade de
maacutexima produccedilatildeo eacute 2895 mmin Assim em uma maacutequina gargalo utilizando-se o avanccedilo por dente
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Vc110mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 030mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 034mm
Vc140mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc155mmin 6 insertos Fz 022mm
Vo
lum
e d
e ca
vaco
(cm
3)
Tem
po
de
usi
nag
em (
min
)
Tempo de usinagem x Volume de cavaco removido Tempo de usinagem
Volume de material removido
84
de 022 mm dentre as velocidades utilizadas nos ensaios seria interessante utilizar-se a velocidade
de 155 mmin jaacute que a usinagem com este valor de vc apesar de consumir mais ferramentas
propicia menor tempo de produccedilatildeo por peccedila (jaacute que ela a maior velocidade dentre as utilizadas que
ainda eacute menor que vcmxp)
Como visto o uso de maiores avanccedilos natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta Assim
como se estaacute em operaccedilatildeo de desbaste (a rugosidade da peccedila natildeo eacute importante) eacute interessante
utilizar-se o maior avanccedilo possiacutevel Dentre os utilizados neste trabalho seria adequado se utilizar fz
= 034 mm pois com ele consegue-se um corte mais raacutepido sem ainda se ter quebra da aresta de
corte Seria importante tambeacutem se obter a velocidade de maacutexima produccedilatildeo com este avanccedilo a fim
de se saber a velocidade a ser utilizada se a maacutequina for gargalo Esta eacute uma outra sugestatildeo para um
futuro trabalho
85
4 CONCLUSOtildeES
Esta dissertaccedilatildeo teve por objetivo analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar influencias
positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor fabricado
em ferro fundido vermicular
Por meio dos resultados obtidos nas condiccedilotildees experimentadas pode-se concluir que
Quanto maior a velocidade de corte menor a vida final da ferramenta
A utilizaccedilatildeo de um maior nuacutemero de insertos na ferramenta proporcionou maior vida
tanto em termos de tempo de usinagem quanto em termos de volume de material
removido
Insertos de ceracircmica com nitreto de siliacutecio natildeo satildeo indicados para o mandrilamento em
desbaste do ferro fundido vermicular
A alteraccedilatildeo da velocidade de avanccedilo natildeo influencia na vida da ferramenta
Apoacutes definir a melhor velocidade de corte a velocidade de avanccedilo foi limitada pela
potecircncia consumida do fuso e natildeo pelo desgaste das arestas dos insertos
A melhor condiccedilatildeo de corte foi velocidade de corte de 110mmin avanccedilo por dente de
034mm e seis insertos de metal duro montados simultaneamente
O principal mecanismo de desgaste de flanco das pastilhas de metal duro foi o
ldquoattritionrdquo Poreacutem para que a adesatildeo de material da peccedilacavaco sobre a superfiacutecie de
folga pudesse acontecer foi necessaacuterio que inicialmente algum outro mecanismo
(provavelmente a difusatildeo) gerasse o desgaste da ferramenta
Sugestotildees para proacuteximos trabalhos
As informaccedilotildees descritas prevecircem possibilidades das variaccedilotildees sabendo-se que
86
o laboratoacuterio utilizado neste trabalho natildeo as permitiu
o Utilizaccedilatildeo de maiores velocidades de corte conjuntamente com maiores avanccedilos por
dente
o Utilizaccedilatildeo de outros materiais de ferramentas O CBN seria uma opccedilatildeo a ser testada
o Variaccedilatildeo das alturas das pastilhas tanto na direccedilatildeo axial quanto na direccedilatildeo radial
o Verificar se eacute possiacutevel aumentar ainda mais o nuacutemero de arestas da ferramenta para
propiciar ainda maior produccedilatildeo
87
5 REFEREcircNCIAS
BALDACIM Sandro A Desenvolvimento Processamento e Caracterizaccedilatildeo de
Compoacutesitos Ceracircmicos Si3N4 ndash SiC(w) 2000 170p Tese (Doutorado) Departamento de Pesquisas
Energeacuteticas e Nucleares Universidade Estadual de Satildeo Paulo Satildeo Paulo
BELONI AL Metodologia via redes neurais para estimativa da rugosidade e do
desgaste de ferramentas de corte no processo de fresamento frontal 2001 194p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Uberlacircndia Minas
Gerais
BRAUN Silvana Appel LG Schmal M A poluiccedilatildeo gerada por maacutequinas de combustatildeo
interna movidas a diesel - a questatildeo dos particulados Estrateacutegias atuais para a reduccedilatildeo e
controle das emissotildees e tendecircncias futuras Quiacutemica Nova Vol 27 No 3 472-482 2003
CHIAVERINI Vicente Accedilos e Ferros Fundidos Caracteriacutesticas Gerais Tratamento
Teacutermico Principais Tipos 7deg Ediccedilatildeo ampliada e revisada Associaccedilatildeo Brasileira de Metalurgia e
Materiais 2005
CONSALTER L GUEDES L PUREY J - Usinabilidade de ferros fundidos FMP Guia
de Equipamentos e Insumos 1987
DAWSON S Compacted Graphite Iron Mechanical and Physical Properties for Engine
Design SinterCast - Technical Publication 1999
DAWSON S HOLLINGER I ROBBINS H DAETH J REUTER U SCHULZ H
The effect of metallurgical variables on the machinability of compacted graphite iron SAE
World Congress 2001
DAWSON S Process Control for the Production of Compacted Graphite Iron AFS
Casting Congress 2002
88
DAWSON S SCHROEDER T Practical Applications for Compacted Graphite Iron AFS
Transactions 2004
DAWSON S Compacted Graphite Iron ndash A New Material for Highly Stressed Cylinder
Blocks and Cylinder Heads Internationales Wiener Motorensymposium 2007
DINIZ AE MARCONDES FC COPPININL Tecnologia da Usinagem dos
Materiais 6deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Artiliber Editora 2008 262p
DOREacute C BOEHS L GUESSER L W Avaliaccedilatildeo da Usinabilidade do Ferro Fundido
Vermicular com Diferentes Microestruturas 8th Congresso Iberoamericano de Engenharia
Mecacircnica 2007
FERRARESI Dino Fundamentos da Usinagem dos Metais vol 1 Satildeo Paulo
Editora Edgard Bluumlcher LTDA 1970 754p
FERRER Jorge A G Uma Contribuiccedilatildeo ao Fresamento Frontal de Superfiacutecies
Irregulares de Ferro Fundido Cinzento 2006 228p Tese (Doutorado) Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
FERRER Jorge A G DINIZ A E Otimizaccedilatildeo do fresamento frontal de diversas superfiacutecies
de ferro fundido cinzento Anais do III Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricaccedilatildeo -
COBEF Vol 1 pp1 ndash1 Joinville Santa Catarina 2005
GABALDO Sander Uma Contribuiccedilatildeo a Melhoria do Processo de Fresamento de Ferro
Fundido Vermicular ndash CGI 2009 136p Tese (Mestrado) Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
89
GODINHO AF Anaacutelise do Mandrilamento de cilindros de bloco de motores em Ferro
Fundido Vermicular com diferentes concepccedilotildees de ferramentas 2007 128p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
GUEDES Luiz F M FENGPUCRS Processo de usinagem e conformaccedilatildeo 2006
KASSACK J REUTER U AUDI CGI Production Planning In 5th COMPACTED
GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat Darmstadt 2002
KOPPKA Frank ABELE Eberhard Economical processing of compacted graphite iron 6th
COMPACTED GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat
Darmstadt 2003
GUESSER L W SCHROEDER T DAWSON S Production experience with compacted
graphite iron automotive components AFS Transactions 01-071 2001
MACHADO AR ABRAtildeO A M COELHO R T DA SILVA MB Teoria da
Usinagem dos Materiais 1 ed Satildeo Paulo Editora Blucher 2009 384 p
MAKINO Disponiacutevel em ltcompetitiveproductioncom features default aspx articlegt
Acesso em Janeiro de 2011
MAPAL do BRASIL Disponiacutevel em ltMapalcomenproductscatalogues-and-brochuresgt
Acesso em Dezembro de 2010
MARWANGA R O VOIGT R C COHEN P H Influence of Graphite Morphology and
Matrix Structure on Chip Formation During Machining of Gray Irons AFS Transactions
American Foundrysmen Society 1999
90
MOCELLIN Fabiano Desenvolvimento de Tecnologia para Brunimento de Cilindros de
Blocos de Motores em Ferro Fundido Vermicular Tese 2007 264p Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
MOCELLIN Fabiano BOHES Prof Lourival Study of the Machinability of Compacted
Graphite Iron for Drilling Process Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science and
engineering 2004
MOURA Bruna S Transesterificaccedilatildeo Alcalina de Oacuteleos Vegetais para Produccedilatildeo de
Biodiesel Avaliaccedilatildeo Teacutecnica e Econocircmica Dissertaccedilatildeo 2010 166p Departamento de Engenharia
Quiacutemica Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
NICOLELLA Gilberto Marques JF Skorupa L A Sistema de Gestatildeo Ambiental aspectos
teoacutericos e anaacutelise de um conjunto de empresas ISSN 1516-4691 Documento 39 Embrapa Meio
Ambiente 43p Jaguariuacutena SP 2004
REUTER U SCHULZ H Compact and bijou The problems associated with compacted
graphite iron manufacturing can be overcome Engine Technology International 1999
REUTER U SAHM A SCHULZ H CGI production on transfer lines and machining
centers Compacted Graphite Iron Machining Workshop 2000
SAHM A ABELE E SCHULZ H State of the art in CGI machining 5th Compacted
Graphite Iron Machining Workshop 2002
SINTERCAST Compacted Graphite Iron Technical Publication What is CGI Disponiacutevel
emlthttpwwwsintercastcomTecnologygt Acesso em marccedilo de 2010
STEMMER C E Ferramentas de corte I 3 ed Florianoacutepolis Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina 1993 249 p
91
SOUTO Ulisses B Monitoramento do desgaste de ferramenta no processo de
fresamento via emissatildeo acuacutestica Tese 2007 Pag19 Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Federal de Uberlacircndia
TRENT E WRIGHT P Metal Cutting 4ordf ed Woburn Editora Butterworth-Heinemann
2000 446p
VASILASH Gary S Automotive Design amp Production Gardner Publication 2006
WALTER AG Cataacutelogo Geral Cataacutelogo Satildeo Paulo 2007
XAVIER Fabio A Aspectos Tecnoloacutegicos do Torneamento do Ferro Fundido
Vermicular com Ferramentas de Metal Duro Ceracircmica e CBN 2003 146p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
XAVIER Fabio A Estudo dos mecanismos de desgaste em ferramentas de nitreto de
siliacutecio aplicadas no torneamento dos ferros fundidos vermicular e cinzento 2009 267p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
YUSSEFIAN NZ MOETAKEF-IMANI B The prediction of cutting force for boring
process International Journal of Machine Tools amp Manufacture 2008
ii
FICHA CATALOGRAacuteFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA AacuteREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP
D169e
Dalo Marco Aurelio
Estudo do desempenho de ferramenta de corte no
processo de mandrilamento em ferro fundido vermicular
- CGI Marco Aurelio Dalo --Campinas SP [sn]
2011
Orientador Anselmo Eduardo Diniz
Dissertaccedilatildeo de Mestrado (Profissional) -
Universidade Estadual de Campinas Faculdade de
Engenharia Mecacircnica
1 Ferro fundido 2 Metais - Usinabilidade 3
Ceracircmica 4 Fator de potecircncia I Diniz Anselmo
Eduardo II Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Mecacircnica III Tiacutetulo
Tiacutetulo em Inglecircs Performance of the cutting tools in the boring machining process
vermicular cast iron - CGI
Palavras-chave em Inglecircs Cast iron Metals - Machinability Ceramics Power
factor
Aacuterea de concentraccedilatildeo Manufatura
Titulaccedilatildeo Mestre em Engenharia Automobiliacutestica
Banca examinadora Maria Helena Robert Milton Vieira Junior
Data da defesa 08072011
Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo Engenharia Mecacircnica
iii
iv
Dedicatoacuteria
Dedico este trabalho a minha querida esposa Leila e minha filha Priscila que sempre
entenderam a importacircncia do trabalho se privando de tempos de alegria para realizaccedilatildeo e
finalizaccedilatildeo do mesmo
A meus irmatildeos e amigos que me apoiaram durante esta jornada
v
Agradecimentos
Este trabalho natildeo poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas agraves quais presto
minha homenagem
- Primeiramente a Deus por me conceder mais esta etapa de minha vida
- A minha famiacutelia que me apoiaram em todos os momentos
- Ao meu orientador Anselmo Eduardo Diniz pela oportunidade compreensatildeo e paciecircncia de
me orientar
- A empresa MAPAL do Brasil na pessoa do Sr Rogeacuterio e Sr Bighetti pelos insertos
utilizados nos experimentos
- Ao Sr Enrique Devicente pela ajuda no procedimento de mediccedilatildeo do desgaste das pastilhas
- Ao Sr Marcos Hermiacutenio Joseacute Esteves pela ajuda nos testes realizados na linha de produccedilatildeo
- Ao Sr Fabio Luis Gomes Mingutti pela ajuda na captura dos dados de potecircncia do
equipamento em cada experimento
- Ao Sr Sander Gabaldo pela ajuda na revisatildeo bibliograacutefica
- Ao Sr Glevison Torres Ruas pela ajuda na anaacutelise do MEV e EDS dos insertos
vi
Embora ningueacutem possa voltar atraacutes e fazer um novo comeccedilo
qualquer um pode comeccedilar agora e fazer um novo fim
Ningueacutem eacute bom por acaso a virtude deve ser bem aprendida
Chico Xavier
vii
Resumo
DALO Marco Aurelio Estudo do Desempenho de Ferramenta de Corte no Processo de
Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas
Faculdade de Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas 2011 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado)
Existe hoje uma tendecircncia no mercado de veiacuteculos de motor diesel a fabricarem os blocos dos
motores em ferro fundido vermicular devido agrave melhor eficiecircncia de combustatildeo e maior resistecircncia agrave
compressatildeo permitindo paredes de galerias mais finas com consequumlecircncia na reduccedilatildeo do peso do
bloco quando comparado ao bloco usual feito de ferro fundido cinzento Desta forma seria possiacutevel
atender agraves novas exigecircncias do mercado e do meio ambiente
Poreacutem a difiacutecil usinabilidade deste material obriga ao levantamento de condiccedilotildees de usinagem
e ao desenvolvimento de ferramentas que possam melhorar a produtividade dos processos de
usinagem dos blocos O mandrilamento em desbaste dos mancais do bloco do motor eacute uma das
operaccedilotildees de usinagem mais carentes de desenvolvimento dentre as utilizadas na produccedilatildeo do bloco
de ferro fundido vermicular
A variaccedilatildeo do material da ferramenta e as condiccedilotildees de corte utilizadas no processo de
usinagem foram as variaacuteveis testadas neste trabalho para buscar o melhor desempenho do processo
de mandrilamento do bloco Os resultados demonstraram que ferramentas de material ceracircmico
sofreram um desgaste frontal excessivo da aresta de corte por difusatildeo e as ferramentas de metal duro
obtiveram um melhor resultado em comparaccedilatildeo com a ceracircmica Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de corte
resultados com o uso de menores velocidades de corte demonstraram um menor desgaste frontal das
arestas de corte A potecircncia consumida do fuso foi o limitante para o maacuteximo avanccedilo por dente
utilizado nos experimentos
Palavras-chave ferro fundido vermicular CGI mandrilamento usinabilidade
viii
Abstract
DALO Marco Aurelio Performance of the cutting tools in the boring machining process vermicular
cast iron - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas Mechanical Engineering Faculty State
University of Campinas 2009 Thesis (Msc)
Today there is a trend in the market for diesel vehicles manufactured in compacted graphite
iron due to better combustion efficiency of the engine and greater resistance to compression
allowing thinner walls of galleries with a result in reducing the weight of the block when compared
to the usual block made of the gray cast iron Thus it would be possible to meet new market
demands and the environment
However the difficult machinability of this material requires the survey of the machining
conditions and development of the tools that can improve productivity of machining processes of the
blocks The rough boring in the bearings of the engine block is one of the machining operations of
the poorest development among those used in the production of compacted graphite iron block
The variation of the tool material and cutting conditions used in the machining process
variables were tested in this work to get the best performance of the process of boring the block The
results show that ceramic tools have suffered excessive front wear of the cutting edge diffusion and
carbide tools had a better outcome in comparison with the ceramic With respect to cutting
conditions results from the use of lower cutting speeds showed a lower front wear of the cutting
edges The power consumption of the spindle was limited for maximum feed per tooth used in the
experiments
Key words Compacted graphite iron CGI boring machinability
ix
Lista de Figuras
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido Vermicular
(SAHM et al 2002) 2
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010) 5
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002) 13
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000 apud
ROSA 2009) 15
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999) 16
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999) 17
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico 22
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico 22
Figura 19 ndash Mandrilamento radial 23
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970) 23
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010) 24
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos 25
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento 26
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
(YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE 39
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise metalograacutefica
(norma MANN M33402004) 40
Figura 23 ndash Micrografia mostrando a morfologia da grafita 41
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrutura da matriz matriz perliacutetica 41
x
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte 42
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm 42
Figura 27 ndash Inserto de metal duro 43
Figura 28 ndash Inserto de ceracircmica WTXQ090608 0906 MN KS6000 43
Figura 29 ndash Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios 43
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos 44
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado 44
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB 46
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina 46
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER 47
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos insertos 47
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento 48
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura do CGI 51
Figura 32 ndash Face rugosa do cavaco do CGI 51
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte 52
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado 53
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos 53
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte 54
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm 55
Figura 38 - Aresta do inserto de metal duro desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm 55
Figura 39 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica 56
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes 57
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6 insertos57
xi
Figura 312 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes 58
Figura 313 - Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos 59
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por dente
como variaacutevel 60
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de avanccedilo
como variaacutevel 61
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 62
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de
corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 63
Figura 318 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 64
Figura 319 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 64
Figura 320 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 65
Figura 321 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 66
Figura 322 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica)
em fim de vida da ferramenta 67
Figura 323 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 68
Figura 324 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 10 peccedilas usinadas 69
Figura 325 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas 70
Figura 326 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 20 peccedilas usinadas 71
Figura 327 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 20 peccedilas usinadas 72
xii
Figura 328 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 30 peccedilas usinadas 73
Figura 329 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 30 peccedilas usinadas 74
Figura 330 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 40 peccedilas usinadas 75
Figura 331 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 40 peccedilas usinadas 76
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos 77
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido 78
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010) 8
Tabela 12 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular perliacutetico
(SINTERCAST 2001 apud ROSA 2009) 8
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em temperatura
ambiente (CHIAVERINI 2005) 9
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) 11
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI 2005) 19
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970) 32
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro 38
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor 42
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN) 43
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento 45
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 47
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 48
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes 52
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes 53
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes 53
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes 53
xiv
Lista de abreviaturas e nomenclaturas
Fe - Ferro
C - Carbono
Si - Siliacutecio
P - Foacutesforo
Ti - Titacircnio
Mg - Magneacutesio
Mn - Manganecircs
Ni - Niacutequel
Nb - Nioacutebio
Cs - Ceacutesio
Cu - Cobre
Sn - Estanho
S - Enxofre
Co - Cobalto
W - Tungstecircnio
Ce - Ceacuterio
Ca - Caacutelcio
VB MAX - Desgaste de flanco maacuteximo
VB - Desgaste de flanco
vc - Velocidade de corte
Vf - Velocidade de avanccedilo
f - Avanccedilo
ap - Profundidade de corte
Ks - Pressatildeo especiacutefica de corte
Pc - Potecircncia de corte
degC - Grau Celsius
CE - Carbono Equivalente
xv
CGI - Compacted Graphite Iron
MPa - Mega Pascoal
GPa - Giga Pascoal
HB - Hardness Brinell
ISO - International Organization for Standardization
SAE - Society of Automotive Engineers
GJV - Gusseisen mit Vermiculargrafit
ASTM - American Society for Testing Materials
VDG - Verein Deutsche Gieszligereifachleute
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
APC - Aresta Posticcedila de Corte
CBN - Cubic Boron Nitride
PCBN - Polycrystalline Cubic Boron Nitride
CVD - Chemical Vapour Deposition
PVD - Physical Vapour Deposition
EDS - Energy Dispersive x-ray Spectrometer
MEV - Microscoacutepio Eletrocircnico de Varredura
KHO - Hidroacutexido de Potaacutecio
[K4[Fe(CN)6]]- Ferrocianeto de Potaacutecio
xvi
SUMAacuteRIO
Dedicatoacuteria iv
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xiii
SUMAacuteRIO xvi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Motor Diesel 3
12 Propriedades e vantagens do motor diesel 4
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular 4
14 Propriedades do ferro fundido 8
15 Processo de Fabricaccedilatildeo 11
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo 12
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular 13
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade 14
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade 17
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade 18
111 Processo de Mandrilamento 20
112 Tipos de Mandrilamento 21
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17) 21
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18) 22
xvii
1123 Mandrilamento Radial (figura 19) 22
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110) 23
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular 24
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro 24
1132 Mandrilamento com insertos rotativos 25
1133 Freso-mandrilamento 25
1134 Mandrilamento com insertos de PCD 26
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento 26
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento 28
1151 Inserto de Metal Duro 30
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro 34
1153 Insertos de Material Ceracircmico 36
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte 38
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 41
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos 41
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos 41
23 Ferramenta de Corte (insertos) 45
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado 47
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos 48
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos 49
27 Processo de Usinagem 51
28 Procedimento experimental 51
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO 54
xviii
31 Cavaco 54
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel ) 55
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para ferramentas com 3
e 6 insertos) 58
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como variaacutevel) 62
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste 65
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido 82
4 CONCLUSOtildeES 85
5 REFEREcircNCIAS 87
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Haacute uma grande preocupaccedilatildeo da sociedade com relaccedilatildeo ao meio ambiente e com isso as
exigecircncias da Legislaccedilatildeo Ambiental com relaccedilatildeo agrave emissatildeo de poluentes estatildeo se tornando cada vez
mais severas Esta severidade obriga o desenvolvimento de novas tecnologias para reduccedilatildeo destes
poluentes em todos os segmentos automotivos (NICOLELLA et al 2004) O motor diesel tem
maior durabilidade torque e eficiecircncia em comparaccedilatildeo ao motor OTTO mas em contrapartida
emite elevados niacuteveis de materiais particulados e de compostos responsaacuteveis pelo odor caracteriacutestico
da emissatildeo do diesel ao ambiente (BRAUN et al 2003) Devido agraves vantagens relacionadas ao motor
diesel percebeu-se a necessidade de desenvolver soluccedilotildees para reduzir as desvantagens da
aplicaccedilatildeo Um destes desenvolvimentos foi voltado agrave fabricaccedilatildeo dos blocos do motor com material
conhecido como ferro fundido vermicular que permite desenvolver um motor mais eficiente e com
melhor desempenho pois admite maiores pressotildees na cacircmara de combustatildeo devido agraves suas boas
propriedades mecacircnicas (GUESSER et al 2001) Este material tambeacutem eacute conhecido como CGI
(Compacted Graphite Iron) e estaacute se posicionando no mercado com grande potencial para substituir
o Ferro Fundido Cinzento ateacute entatildeo usado pelas empresas Devido agrave maior resistecircncia mecacircnica do
material vermicular eacute possiacutevel obter paredes mais finas nas galerias de um bloco do motor tendo
como consequumlecircncia a reduccedilatildeo do peso do motor e o aumento na potecircncia O meio ambiente eacute
favorecido devido a necessidade de uma menor quantidade de mineacuterio de ferro reduccedilatildeo de energia
para fabricaccedilatildeo do material e reduccedilatildeo da energia para movimentaccedilatildeo do veiacuteculo devido ao peso
A empresa que deteacutem a tecnologia para uso do material vermicular pode ter vantagens sobre
seus concorrentes jaacute que o atual mercado eacute muito competitivo e concorrido Com as vantagens na
utilizaccedilatildeo do material CGI e as muitas liccedilotildees aprendidas na sua fundiccedilatildeo e na sua usinagem em um
futuro natildeo muito longiacutenquo outras peccedilas poderatildeo ser confeccionadas utilizando este mesmo
material para aumentar as exigecircncias em qualquer outro segmento
O bloco eacute a maior e mais importante peccedila de um motor na qual quase todos os componentes
satildeo acoplados Para fabricaccedilatildeo do bloco do motor em ferro fundido vermicular satildeo necessaacuterios
alguns processos de usinagem dentre eles o mandrilamento Poreacutem a ferramenta de corte neste
processo pode atingir apenas 5 da vida alcanccedilada quando se usina ferro fundido cinzento
(XAVIER 2003) como mostra a figura 11
2
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido
Vermicular (SAHM et al 2002)
O mandrilamento do mancal do bloco do motor tambeacutem eacute um aspecto negativo para usinagem
devido agrave deflexatildeo estaacutetica da ferramenta e vibraccedilotildees geradas pelas finas paredes Haacute tambeacutem outros
fatores que influenciam negativamente como a fixaccedilatildeo da peccedila a rigidez da maacutequina-ferramenta o
fluiacutedo de corte e a quantidade de material a ser removido (sobre-metal) A variaccedilatildeo destes fatores
tambeacutem influencia o desempenho da ferramenta (GODINHO 2007)
Com o desenvolvimento de novos conceitos de ferramentas para mandrilamento e de
estrateacutegias de usinagem a operaccedilatildeo de mandrilamento em blocos de motores produzidos em ferro
fundido vermicular tornou-se mais econocircmica e tecnicamente viaacutevel Entretanto o tempo de ciclo
quando comparado com o ferro fundido cinzento ainda eacute significativamente maior assim como as
toleracircncias geomeacutetricas do diacircmetro mandrilado em acabamento (SAHM et al2002)
Devido ao baixo desempenho das ferramentas de corte no processo de mandrilamento em
ferro fundido vermicular cabe uma atenccedilatildeo especial no seu desenvolvimento tecnoloacutegico tanto no
processo de fabricaccedilatildeo quanto no processo de utilizaccedilatildeo da ferramenta de corte
Com estudos para o melhor desempenho da ferramenta eacute possiacutevel reduzir estoques paradas
de maacutequinas e o risco de falha de ferramentas (BELONI 2001) Assim reduz a possibilidade de
retrabalho rejeiccedilatildeo da peccedila e o descarte da ferramenta possibilitando o trabalho de Manufatura
Enxuta
3
Sendo assim o objetivo deste trabalho eacute analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar
influencias positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor
fabricado em ferro fundido vermicular Com tantos aspectos negativos conduzir-se-aacute um estudo de
avaliaccedilatildeo de desempenho da ferramenta alternando paracircmetros de corte (velocidade de corte e
avanccedilo por dente) potecircncia consumida do fuso da maacutequina para cada paracircmetro material do inserto
utilizado e a influecircncia do desgaste VB MAX
Este trabalho foi preparado conforme partes descritas abaixo
CAPIacuteTULO 1
- Este capiacutetulo descreve sobre a histoacuteria do motor diesel suas propriedades e vantagens
Caracteriacutesticas e propriedades do ferro fundido vermicular aleacutem do controle e fabricaccedilatildeo Descreve
tambeacutem sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular e o processo de mandrilamento
CAPIacuteTULO 2
- Este capiacutetulo descreve sobre o material os equipamentos e os experimentos realizados
CAPIacuteTULO 3
- Este capiacutetulo descreve os resultados obtidos nos experimentos
CAPIacuteTULO 4
- As discussotildees estatildeo descritas neste capiacutetulo
CAPIacuteTULO 5
- Este capiacutetulo informa as conclusotildees do trabalho realizado e sugestotildees para futuros
trabalhos
11 Motor Diesel
O motor a diesel foi inventado por Rudolf Christian Karl Diesel e patenteado em 23 de
fevereiro de 1897 Como natildeo foi dada muita importacircncia ao invento na eacutepoca ele disse ldquoO uso de
oacuteleos vegetais como combustiacutevel pode parecer insignificante hoje mas tais oacuteleos podem se tornar ao
longo do tempo tatildeo importantes quanto o petroacuteleo e o carvatildeo de hojerdquo ndash Rudolf Diesel 1912 Rudolf
Diesel engenheiro mecacircnico alematildeo nasceu no dia 18 de marccedilo de 1858 em Paris e morreu dia 30
de setembro de 1913 Sua invenccedilatildeo foi considerada o mais importante invento mecacircnico da histoacuteria
pela simplicidade do motor com pistotildees e reaccedilatildeo oacuteleo-oxigecircnio gerando uma enorme transformaccedilatildeo
no setor industrial em que soacute eram usados sistemas a vapor (MOURA 2010)
4
12 Propriedades e vantagens do motor diesel
Os motores diesel satildeo maacutequinas baacutesicas que geram energia para veiacuteculos utilizados
principalmente em aplicaccedilotildees que precisem de elevado torque o que inclui ocircnibus grandes
caminhotildees tratores e maacutequinas para mineraccedilatildeo e dragagem Atualmente os motores diesel vecircm
atraindo uma porccedilatildeo crescente do mercado mundial de veiacuteculos de carga leve cujos motores
fornecem baixa potecircncia Na Europa por exemplo 100 dos veiacuteculos de carga pesada e cerca de
60 dos de carga leve incluindo os utilitaacuterios e ainda 20 dos carros para transporte de
passageiros o que inclui as vans satildeo movidos a diesel (BRAUN 2003)
A popularidade do motor diesel deve-se principalmente agrave eficiecircncia do diesel como
combustiacutevel em relaccedilatildeo agrave gasolina ou mesmo com relaccedilatildeo a outros combustiacuteveis simples ou
misturados como por exemplo o metanol que chega a conferir ao motor diesel uma economia
relativa de 25 a 45 Os motores diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade Eacute comum
um motor diesel para veiacuteculos de carga pesada ter um tempo de vida superior a um milhatildeo de
quilocircmetros ou seja cerca de dez vezes mais que a durabilidade apresentada por um motor agrave
gasolina Assim as vantagens oferecidas pelos motores a diesel tais como durabilidade seguranccedila e
eficiecircncia justificam sua utilizaccedilatildeo em vaacuterios tipos de maacutequinas apesar dos problemas relacionados
com a composiccedilatildeo de sua emissatildeo e ainda com os niacuteveis de poluentes sob regulamentaccedilatildeo contida
na mesma (BRAUN 2003)
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular
Pelo diagrama de equiliacutebrio Fe-C o ferro fundido eacute uma liga cujo teor de carbono se situa
acima de aproximadamente 20 de carbono Como haacute influecircncia do siliacutecio nesta liga o ferro
fundido eacute considerado uma liga ternaacuteria Fe-C-Si porque o siliacutecio estaacute frequumlentemente presente em
teores superiores ao do proacuteprio carbono Por outro lado o carbono em quantidade superior a que eacute
retida em soluccedilatildeo soacutelida na austenita resulta carbonos parcialmente livres na forma de veios de
grafita (SINTERCAST 2010)
O ferro fundido eacute caracterizado pelo formato de suas partiacuteculas de grafite O ferro fundido
cinzento eacute caracterizado por veios de grafite orientados aleatoriamente enquanto que o grafite no
ferro fundido nodular eacute caracterizado por suas esferas individuais de grafite As partiacuteculas de grafite
5
em CGI satildeo orientadas aleatoriamente e alongadas como em ferro fundido cinzento mas satildeo mais
curtas mais grossas e tecircm bordas arredondadas em forma de ldquovermerdquo daiacute o nome vermicular As
partiacuteculas de grafite do ferro fundido vermicular satildeo entrelaccediladas entre si gerando uma forte adesatildeo
(Figura 12) Aleacutem desta forma de grafite dificultar a inicializaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas as
propriedades mecacircnicas e condutividade teacutermica satildeo melhoradas
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010)
A forma da grafita no ferro fundido vermicular confere propriedades superiores quando
comparadas com as do ferro fundido cinzento resistecircncia mecacircnica tenacidade e resistecircncia a
choques teacutermicos e condutividade teacutermica A sua micro-estrutura resulta em uma adesatildeo mais forte
entre a grafita e a matriz de ferro inibindo assim a iniciaccedilatildeo e o crescimento de trincas e garantindo
com isso propriedades mecacircnicas superiores (DOREacute et al2007) Aleacutem disso observa-se que a
superfiacutecie da grafita vermicular apresenta imperfeiccedilotildees as quais aliadas agrave morfologia complexa
(tambeacutem conhecida como ldquocoralrdquo) resultam em adesatildeo ainda mais forte com a matriz de ferro
(GABALDO 2009)
A formaccedilatildeo do ferro fundido de grafita compactada (vermicular) exige adiccedilotildees de elementos
especiais como terras raras com um elemento adicional como o titacircnio que reduz a formaccedilatildeo de
grafitas esferoidal O ferro fundido vermicular pode ser considerado um material intermediaacuterio entre
o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento
com melhor resistecircncia mecacircnica e alguma ductilidade Possui maior capacidade de amortecimento
e possui tambeacutem condutividade teacutermica mais elevada que o ferro fundido nodular
6
A faixa de carbono e siliacutecio neste tipo de material eacute ampla podendo variar de 30 agrave 38 de
carbono e 10 agrave 35 de siliacutecio Eacute importante tambeacutem a escolha correta da porcentagem do carbono
equivalente (CE) em funccedilatildeo da espessura da seccedilatildeo para evitar flutuaccedilatildeo se tiver elevado CE e
tendecircncia ao coquilhamento quando baixo for o CE O carbono equivalente (CE) considera os
efeitos do siliacutecio(Si) e do foacutesforo(P) podendo usar uma equaccedilatildeo conforme demonstrada abaixo
CE = C + Si + P (CHIAVERINI 2005)
3 3
O teor de manganecircs pode variar proacuteximo de 01 se desejarmos uma estrutura perliacutetica e
variar perto de 06 se desejarmos uma estrutura ferriacutetica O foacutesforo eacute mantido abaixo de 006 de
modo a ter a maacutexima ductilidade O enxofre deve ser inferior 0025 Para produzir a grafita
compactada deve-se adicionar um ou mais dos elementos magneacutesio terras raras (ceacuterio lantacircnio
praseodiacutemio etc) caacutelcio titacircnio e alumiacutenio A quantidade de magneacutesio deve ser tal a resultar um
teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm na presenccedila de 015 a 050 de titacircnio e 10 a 150
ppm de terras raras como o ceacuterio O ferro fundido vermicular tem substituiacutedo com vantagens o
nodular em aplicaccedilotildees em que este uacuteltimo natildeo pode ser empregado devido a sua condutibilidade
teacutermica mais baixa e a sua tendecircncia de empenar (CHIAVERINI 2005)
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
DAWSON (2002) satildeo
- Reduccedilatildeo nas tensotildees residuais devido agrave maior condutividade teacutermica e ao moacutedulo de
elasticidade menor
- Melhor produccedilatildeo de peccedilas complexas fundidas
- Melhor transferecircncia de calor
- Melhor usinabilidade
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
CHIAVERINI (2005) satildeo
- Coeficiente mais baixo de dilataccedilatildeo teacutermica
- Maior condutibilidade teacutermica
- Maior resistecircncia ao choque teacutermico
- Maior capacidade de amortecimento
- Maior fundibilidade
7
Em consequumlecircncia esse material eacute aplicado em situaccedilotildees em que a resistecircncia do ferro fundido
cinzento eacute insuficiente mas a utilizaccedilatildeo do ferro fundido nodular eacute indesejaacutevel devido agraves
propriedades menos favoraacuteveis de fundiccedilatildeo
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
DAWSON(2002) satildeo
- Reduccedilatildeo de espessuras de parede para um mesmo carregamento
- Reduccedilatildeo do fator de seguranccedila devido agrave menor variaccedilatildeo das propriedades do fundido
- Reduccedilatildeo de fraturas fraacutegeis na manufatura montagem e serviccedilo devido agrave maior ductilidade
- Maior resistecircncia sem a necessidade de recorrer a elementos de liga
- Menor profundidade de rosca necessaacuteria portanto parafusos menores podem ser utilizados
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
CHIAVERINI(2005) satildeo
- Maior resistecircncia agrave traccedilatildeo para o mesmo carbono equivalente o que reduz o uso do
elemento de liga de custo elevado como o niacutequel cromo cobre e molibdecircnio
- Relaccedilatildeo mais alta de resistecircnciafadiga
- Maiores ductilidade e tenacidade o que resulta em margem superior de seguranccedila para
fratura
- Menor oxidaccedilatildeo e dilataccedilatildeo em temperaturas elevadas
O ferro fundido vermicular (CGI) tem uma seacuterie de caracteriacutesticas que podem tornaacute-lo uma
alternativa excelente para ferro fundido cinzento para aplicaccedilotildees em motores O material oferece
aumento de 75 na resistecircncia em comparaccedilatildeo com o ferro fundido cinzento Tem tambeacutem
caracteriacutesticas teacutermicas e de impacto intermediaacuterias entre as dos ferros fundidos cinzento e nodular
Aleacutem do mais este aumento na resistecircncia do material proporciona diminuiccedilatildeo na seccedilatildeo de parede
dos produtos produzidos por este material Vaacuterios fabricantes europeus estatildeo usando CGI para
motores tanto diesel como gasolina Embora o material CGI possua propriedades mecacircnicas e
fiacutesicas beneacuteficas a sua aplicaccedilatildeo sua usinagem ainda eacute um problema Comparado com o ferro
fundido cinzento as velocidades de corte utilizadas tem que ser menores implicando em tempo de
ciclo de ateacute trecircs vezes maior que o tradicional (VASILASH 2006)
O ferro fundido vermicular do ponto de vista quiacutemico natildeo apresenta nenhuma diferenccedila
significativa com relaccedilatildeo aos ferros fundidos cinzento e nodular Cada um conteacutem cerca de 94 de
8
ferro (Fe) 3 de carbono(C) 25 de siliacutecio (Si) e o restante eacute dividido entre elementos de liga e
residuais As diferenccedilas entre essas ligas satildeo creditadas aos tipos de morfologias das suas grafitas
que conferem propriedades fiacutesicas e mecacircnicas distintas a cada uma delas
14 Propriedades do ferro fundido
As propriedades de um ferro fundido satildeo definidas em funccedilatildeo da microestrutura e da
composiccedilatildeo quiacutemica A tabela 11 mostra algumas propriedades mecacircnicas e teacutermicas dos ferros
fundidos cinzento vermicular e nodular
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010)
PROPRIEDADES Ferro Fundido
Cinzento
Ferro Fundido
Vermicular
Ferro Fundido
Nodular
Resistecircncia agrave traccedilatildeo (MPa) 250 450 750
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 105 150 160
Alongamento () 0 15 25
Iacutendice de resistecircncia
- Flexatildeo rotativa
- Flexatildeo em trecircs pontos
- Tensatildeo de compressatildeo
035 ndash 050
055 ndash 065
020 ndash 030
045 ndash 050
060 ndash 070
025 ndash 035
045 ndash 050
065 ndash 075
065 - 075
Condutividade Teacutermica (Wm-k) 48 38 32
A microestrutura do grafite no ferro fundido vermicular eacute expressa em porcentagem de
nodularidade Isto significa que parte das partiacuteculas de grafite do ferro vermicular apresenta-se em
forma de noacutedulos como no ferro nodular O ferro fundido vermicular inclui invariavelmente
algumas partiacuteculas esferoidais de grafita nodular que quando a nodularidade aumenta aumenta
tambeacutem a rigidez diminuindo a usinabilidade e a condutividade teacutermica Aleacutem disso com o
aumento da nodularidade a resistecircncia mecacircnica do material tambeacutem eacute elevada prejudicando sua
usinabilidade (DAWSON2007) A tabela 12 mostra a influecircncia da proporccedilatildeo de noacutedulos de grafita
nas propriedades mecacircnicas e fiacutesicas do ferro fundido vermicular
9
Tabela 22 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular
perliacutetico (SINTERCAST2001apud ROSA2009)
Propriedades (25degC) Nodularidade ()
10 30 50 70 90
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo (MPa) 450 520 590 640 700
Limite de Elasticidade 02 (MPa) 370 390 410 440 490
Limite de Fadiga (MPa) 210 220 230 240 255
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 145 150 155 155 160
Alongamento () 1-2 1-3 2-4 2-5 3-6
Expansatildeo Teacutermica (μmmordmC) 110 110 110 115 120
Condutividade Teacutermica (WmordmC) 36 33 31 30 28
A tabela 13 mostra as propriedades de diversas ligas de ferro fundido vermicular em funccedilatildeo
do tipo de matriz (ferriacutetica eou perliacutetica) e em funccedilatildeo da presenccedila de elementos de liga formadores
da grafita compactada
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em
temperatura ambiente (CHIAVERINI 2005) Condiccedilatildeo estrutural Limite Resistecircncia
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Tratados com adiccedilatildeo de ceacuterio
No estado fundido
Ferrita acima de 95
336
257
67
150
FerritaPerlita
Perlita acima de 5
100 Ferrita
298
338
224
245
53
80
140
FerritaPerlita
85 Ferrita
320
242
35
164
Perlita
90 Perlita
10 Ferrita
400
550
320
430
05
15
-
-
10
Tratados com combinaccedilotildees de Magneacutesio mais Titacircnio (mais Ceacutesio)
Condiccedilatildeo estrutural Limite Resist
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Ferrita no estado fundido
0017Mg 0062Ti
0036Cs
380
272
2
179
Ferrita no estado fundido
0024Mg 0084Ti
0030Cs
338
276
25
184
Perlita no estado fundido
0026Mg 0083Ti
0074Cs
473
335
2
217
Perlita no estado fundido
70 Perlita 30 Ferrita
386
278
2
-
A resistecircncia agrave traccedilatildeo do ferro fundido vermicular diminui agrave medida que aumenta o carbono
equivalente mas a velocidade de decreacutescimo desta propriedade eacute menor do que no caso do ferro
fundido cinzento A elevaccedilatildeo do teor de siliacutecio aumenta o limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo limite de
escoamento e dureza tanto na condiccedilatildeo fundida como na recozida
Em um ferro fundido de matriz predominantemente perliacutetica a resistecircncia agrave compressatildeo eacute trecircs
vezes maior do que a resistecircncia agrave traccedilatildeo
O comportamento deste material agrave temperatura de 500degC sob o ponto de vista de dilataccedilatildeo e
formaccedilatildeo de casca de oacutexido eacute mais ou menos idecircntico aos dos ferros fundidos cinzentos de
composiccedilatildeo semelhante Contudo a resistecircncia agrave formaccedilatildeo da casca de oacutexido e agrave expansatildeo a 600degC
eacute superior agrave do ferro fundido cinzento (CHIAVERINI 2005)
No ano de 2006 a ISO criou uma abreviaccedilatildeo ldquoGJVrdquo para ferro fundido vermicular e cinco
classes foram especificadas baseadas no miacutenimo limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo incluindo
GJV300 (ferriacutetico) GJV 350 GJV 400 GJV 450 (perliacutetico) e GJV 500 (ligado)
Haacute vaacuterias organizaccedilotildees desenvolvendo e classificando o Ferro Fundido Vermicular (CGI)
conforme tabela 14
11
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) Paiacutes Norma Nuacutemero Ano
Romecircnia STAS 12443-86 1986
China JB 4403-87 1987
USA ASTM A 842-85 1997
Alemanha VDG W 50 2002
Internacional SAE J 1887 2002
Internacional ISO 161122006 2006
15 Processo de Fabricaccedilatildeo
A grafita esferoidal eacute obtida pela adiccedilatildeo na liga de ferro fundido de elementos denominados
nodulizantes que modificam a forma de crescimento da grafita Os elementos nodulizantes mais
comuns na induacutestria satildeo o magneacutesio o ceacuterio o caacutelcio e terras raras Entre estes elementos o
magneacutesio (Mg) eacute o mais utilizado Recomenda-se teores entre 004 e 005 de Mg No caso de
Ce teores entre 002 e 004 e no caso de Ca entre 001 e 002
A presenccedila de impurezas como enxofre antimocircnio chumbo teluacuterio ou bismuto apresenta
efeito deleteacuterio sobre a nodulizaccedilatildeo DAWSON(2004) cita que teores de magneacutesio (Mg) de apenas
002 seriam suficientes para promover a nodulizaccedilatildeo da grafita desde que os teores de impurezas
principalmente enxofre(S) fossem mantidos baixos O nodulizante eacute adicionado na forma pura (Mg
metaacutelico) ou na forma de ante-ligas Ni-20Mg Cu-15Mg ou Fe-Si-Mg
O ferro fundido vermicular pode ser obtido adicionando elementos nodulizantes como o magneacutesio
na liga mas em uma porcentagem insuficiente para formar ferro fundido nodular resultando em um
material intermediaacuterio ou adicionando elemento nodulizante com porcentagem suficiente para
formar o ferro fundido nodular mas ao mesmo tempo adicionando-se elementos anti-nodulizantes
como o titacircnio
O processo de formaccedilatildeo do ferro fundido vermicular adicionando elementos anti-nodulizante eacute
mais faacutecil de ser realizado porque natildeo eacute necessaacuterio um controle tatildeo rigoroso da adiccedilatildeo de magneacutesio
na liga Entretanto esta adiccedilatildeo implica no uso do titacircnio que tenderaacute a formar carbonetos e
carbonitretos duros que prejudicam bastante a vida da ferramenta de usinagem da liga Para evitar
este problema eacute necessaacuterio um meacutetodo mais criterioso no processo utilizando equipamentos
especiais que garantam composiccedilatildeo de magneacutesio na liga mais adequada (DAWSON et al 2004)
12
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo
A teacutecnica de fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular eacute criacutetica para a usinabilidade da liga A
mudanccedila na forma da grafita a partir dos noacutedulos compactados eacute devido agrave accedilatildeo do magneacutesio que eacute
um elemento nodulizante Para que a grafita compactada seja formada uma quantidade de magneacutesio
deve ser mantida entre 0008 e 0012 conforme figura 13 Como o controle da composiccedilatildeo nesta
estreita faixa eacute muito difiacutecil o titacircnio eacute usado em alguns casos como elemento anti-nodulizante A
quantidade de titacircnio estaacute entre 01 e 02 o que aumenta a possibilidade de obtenccedilatildeo do grafite
compactado para percentuais mais elevados de magneacutesio Contudo a adiccedilatildeo de titacircnio gera um
inconveniente causando atraveacutes da precipitaccedilatildeo de carboneto e carbonitreto de titacircnio que satildeo
inclusotildees riacutegidas que comprometem a usinabilidade do produto (DAWSON 1999)
Apesar da estreita faixa de controle do elemento para fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular
muitas fundiccedilotildees obtiveram bons resultados devidas a teacutecnicas desenvolvidas e muita disciplina
Estas teacutecnicas podem permitir que a maioria dos blocos esteja dentro do especificado mas o sistema
de controle garante que potenciais peccedilas que possam estar fora do especificado sejam identificadas e
corrigidas antes de serem vazadas A necessidade de controle do processo depende do volume de
produccedilatildeo complexidade do componente e especificaccedilatildeo da microestrutura
Haacute um procedimento necessaacuterio para evitar que os flocos de grafite natildeo se formem antes do
processo final de vazamento Este procedimento consiste basicamente de antes da transiccedilatildeo do ferro
fundido cinzento adicionar o magneacutesio em aproximadamente 0001 a cada 5 minutos Este
processo pode demorar ateacute 15 minutos apoacutes o iniacutecio da adiccedilatildeo do magneacutesio
Uma segunda consideraccedilatildeo eacute que mesmo com a porcentagem correta da adiccedilatildeo de magneacutesio
natildeo haacute estabilidade se o iacutendice de oxigecircnio ativo e ou enxofre forem elevados Se isto ocorrer o
magneacutesio ativo eacute consumido deslocando a linha da porcentagem de magneacutesio para esquerda
conforme demonstrado na figura 13 Inversamente se os niacuteveis de oxigecircnio ou de enxofre forem
relativamente baixos a linha de porcentagem de magneacutesio se deslocar para direita Por estas razotildees
as variaccedilotildees na composiccedilatildeo limpeza oxidaccedilatildeo e umidade do material de carga tornam impossiacutevel
definir uma especificaccedilatildeo quiacutemica fixa para o CGI (DAWSON 2002)
13
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002)
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular
Segundo CHIAVERINI (2005) a definiccedilatildeo mais simples da usinabilidade eacute a propriedade
relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ser fabricado por processos de
usinagem A usinabilidade tambeacutem pode ser definida em termos de vida de ferramenta de corte ou
pode relacionar-se com a energia ou tempo necessaacuterio para remover certa quantidade de material
Segundo DINIZ (2008) a usinabilidade de um material pode ser definida como uma grandeza
tecnoloacutegica que expressa por meio de um valor numeacuterico comparativo (iacutendice de usinabilidade) um
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relaccedilatildeo a outro tomado como padratildeo A
usinabilidade depende do estado metaluacutergico da peccedila da dureza das propriedades mecacircnicas do
material de sua composiccedilatildeo quiacutemica das operaccedilotildees anteriores efetuadas sobre o material (sejam a
frio ou a quente) e do eventual encruamento
Atualmente um dos maiores desafios eacute introduzir o CGI nas peccedilas cujos processos de
usinagem apresentam desempenho muito bom nas mesmas peccedilas fabricadas em ferro fundido
cinzento Assim o desafio eacute alcanccedilar o mesmo desempenho das ferramentas mantendo os mesmos
14
custos por peccedila trabalhada e evitando investimento adicional de capital em maacutequinas e ferramentas
de corte (DAWSON 2004)
Segundo DAWSON (1999) haacute alguns fatores de influecircncia na usinabilidade do CGI
bull Efeitos da forma da grafita
bull Efeitos da perlita
bull Efeitos dos elementos quiacutemicos como chumbo manganecircs siliacutecio enxofre titacircnio e cobre
bull Efeitos da inclusatildeo
Em altas velocidades de corte a vida da ferramenta tambeacutem tende a ser ainda menor no CGI
quando comparado com o ferro fundido cinzento (WALTER 2007) Isto eacute devido a natildeo formaccedilatildeo
da camada protetora de sulfeto de manganecircs que reduz o coeficiente de atrito na face da ferramenta
e que age como uma barreira contra o desgaste por difusatildeo Esta camada ocorre na usinagem do
ferro cinzento
A diferenccedila de corte contiacutenuo ou intermitente tem uma influecircncia significativa no desgaste das
ferramentas por oxidaccedilatildeo e difusatildeo No corte contiacutenuo como torneamento e mandrilamento a
ferramenta permanece mais tempo em contato com o material da peca facilitando o mecanismo de
desgaste Em corte intermitente como o fresamento a difusatildeo e a oxidaccedilatildeo satildeo menos intensas
(DAWSON 1999)
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade
A formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido eacute diretamente afetada pela presenccedila da grafita que eacute
conhecida por ter resistecircncia mecacircnica baixa e gerar descontinuidades e efeitos da concentraccedilatildeo de
tensatildeo na matriz portanto ajudando o processo de remoccedilatildeo de material O mecanismo de formaccedilatildeo
de cavaco em ferro fundido cinzento eacute mostrado na figura 14 No iniacutecio a ferramenta
compacta o material sob o flanco criando uma fratura que se propaga em frente e abaixo da aresta
de corte (a) Como o movimento de corte da ferramenta continua o material se torna completamente
independente (b) Para algumas situaccedilotildees principalmente com o ferro fundido cinzento uma parte
de material eacute arrancada agrave frente da ferramenta causando uma perda temporaacuteria do contato entre
ferramenta e peccedila ateacute a ferramenta encontrar a proacutexima porccedilatildeo de material (c) Este processo de
remoccedilatildeo de material contribui para aumentar a rugosidade na superfiacutecie da peccedila (d)
15
A grafita por ser um componente de dureza relativamente baixa se comparada com o material
da matriz produz descontinuidades no material facilitando a quebra do cavaco na usinagem
(CONSALTER 1987)
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000
apud ROSA 2009)
A grafita tambeacutem atua como um agente lubrificante reduzindo o atrito entre a peccedila e a
ferramenta aleacutem de reduzir o risco de micro solda do cavaco com a ferramenta Sendo assim a
consequumlecircncia do efeito eacute o aumento na vida da ferramenta
No processo da formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido nodular as forccedilas de compressatildeo geram
o desprendimento dos noacutedulos da matriz e a deformaccedilatildeo plaacutestica da matriz entre os noacutedulos Esta
deformaccedilatildeo plaacutestica causa o alongamento dos noacutedulos na direccedilatildeo do corte ocasionando fratura
duacutectil
16
Para o ferro fundido cinzento a formaccedilatildeo do cavaco acontece atraveacutes de fraturas das lamelas
de grafita formando cavacos natildeo contiacutenuos Haacute trecircs estaacutegios para formaccedilatildeo destes cavacos ou seja
inicia com a separaccedilatildeo da matriz das lamelas de grafita gerando micro-trincas em consequumlecircncia as
grandes trincas satildeo formadas atraveacutes da junccedilatildeo destas micro-trincas provenientes da interface com a
ferramenta e por uacuteltimo ocorre agrave fragmentaccedilatildeo do cavaco
A formaccedilatildeo do cavaco do ferro fundido vermicular eacute uma mistura dos processos de formaccedilatildeo
de cavaco do ferro fundido nodular e formaccedilatildeo de cavaco do ferro fundido cinzento ou seja os
cavacos se formam por deformaccedilatildeo plaacutestica e tambeacutem por fraturas (MARWANGA et al 1999) A
figura 15 ilustra os diferentes cavacos formados na usinagem destas trecircs formas de ferro fundido
Cinzento Vermicular Nodular
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999)
Grafitas na forma nodular sempre estaratildeo presentes na estrutura do ferro fundido vermicular
Com isto a resistecircncia mecacircnica e a tenacidade aumentam Por outro lado a fundiccedilatildeo usinabilidade
e condutividade teacutermica seratildeo prejudicadas (GUESSER 2001)
A morfologia do ferro fundido vermicular natildeo permite a clivagem e nem a propagaccedilatildeo de
trincas O iniacutecio da fratura no ferro fundido vermicular se daacute na interface da grafita vermicular com
a matriz metaacutelica Este eacute um dos principais fatores para um maior desgaste da ferramenta de corte na
usinagem do CGI Poreacutem esta caracteriacutestica auxilia na maior resistecircncia mecacircnica e maior
tenacidade do CGI (DAWSON 2002)
17
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade
A resistecircncia mecacircnica dos ferros fundidos eacute proporcional agrave relaccedilatildeo entre perlita e
ferrita da matriz se as demais variaacuteveis forem mantidas constantes Contudo um elevado teor de
perlita natildeo eacute necessariamente a maior causa do desgaste da ferramenta de corte
Foram realizados testes de usinagem para o ferro fundido vermicular com diferentes valores de
perlita Cobre e estanho foram utilizados como elementos de estabilizaccedilatildeo A fim de atingir os 100
de perlita manganecircs tambeacutem foi adicionado Foram utilizadas ferramentas de metal duro para os
testes com velocidades de corte de 150 e 250 mmin conforme Figura 16 Pode-se ver nesta figura
que principalmente na velocidade de corte mais alta quando o teor de perlita ultrapassa 75 a vida
da ferramenta cai rapidamente (DAWSON 1999)
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999)
Blocos de motor em ferro fundido vermicular contendo 70 de perlita possuem a mesma
dureza de um bloco do motor em ferro fundido cinzento 100 perliacutetico (DAWSON 1999)
18
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade
O carbono e o siliacutecio satildeo elementos com uma grande influecircncia na estrutura do material o
carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o siliacutecio eacute essencialmente um
elemento grafitizante favorecendo a decomposiccedilatildeo do carboneto de ferro O manganecircs sempre
presente tem efeito oposto ao do siliacutecio isto eacute estabiliza a cementita e compensa de certo modo a
accedilatildeo grafitizante do siliacutecio Todo elemento quiacutemico grafitizante eacute beneacutefico agrave usinalidade pois a
grafita como visto eacute um ponto fraacutegil que em geral facilita a formaccedilatildeo do cavaco Por outro lado
os elementos que estabilizam a cementita (usam o carbono para formar Fe3C e natildeo para formar
grafita) prejudicam a usinabilidade jaacute que a cementita eacute um carboneto duro
A rigor o manganecircs nos ferros fundidos tanto quanto nos accedilos eacute adicionado como
dessulfurante Entretanto como na praacutetica haacute sempre um excesso de manganecircs este atua como
estabilizador da perlita Daiacute o seu efeito oposto ao do siliacutecio e sua utilidade para produzir estruturas
com matriz predominantemente perliacutetica sobretudo em peccedilas fundidas volumosas Ao auxiliar na
formaccedilatildeo de uma estrutura perliacutetica (e natildeo ferriacutetica) o manganecircs aumenta a resistecircncia mecacircnica da
liga e com isso prejudica a usinabilidade Por outro lado o sulfeto de manganecircs atua como
lubrificante soacutelido melhorando a usinabilidade do material
O enxofre e o foacutesforo que satildeo impurezas usualmente encontradas nos ferros fundidos natildeo tecircm
uma accedilatildeo muito significativa do ponto de vista de tendecircncia grafitizante mas o foacutesforo eacute um
estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro Sua principal accedilatildeo eacute na estrutura do material
formando com o ferro e o carbono um composto de natureza euteacutetica (CHIAVERINI 2005) O
enxofre presente no ferro fundido reage com o manganecircs (Mn) formando inclusotildees de
MnS2 as quais podem lubrificar as arestas da ferramenta ao formar uma camada protetora entre esta
e o material usinado servindo como barreira contra os mecanismos de abrasatildeo e difusatildeo
(MOCELLIN et al 2004)
O cromo eacute presente no ferro fundido atraveacutes da sucata de accedilo ou intencionalmente como
elemento de liga para obtenccedilatildeo de maior resistecircncia em altas temperaturas Segrega-se facilmente
promovendo a formaccedilatildeo de carbonetos principalmente nas uacuteltimas regiotildees em solidificaccedilatildeo O
cromo eacute um perlitizante potente quando comparado ao manganecircs pois o aumento do seu teor
provoca a formaccedilatildeo da perlita fina ou seja um aumento da quantidade de cementita que eacute de difiacutecil
19
usinabilidade A reduccedilatildeo de 018 para 010 do teor de Cr no ferro fundido vermicular pode
propiciar aumento de aproximadamente 40 da vida da ferramenta (DAWSON et al2001)
A tabela 15 resume a accedilatildeo dos elementos de liga nos ferros fundidos
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI2005)
ELEMENTO Efeitos durante a Solidificaccedilatildeo Efeitos durante a reaccedilatildeo eutetoacuteide
Alumiacutenio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Antimocircnio
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte estabilizador da perlita
Boro ateacute 015 Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Boro acima de 015 Estabilizador do carboneto Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Cromo Forte accedilatildeo carbonetante Forte tendecircncia agrave formaccedilatildeo da perlita
Cobre Grafitizante fraco Promove a formaccedilatildeo da perlita
Manganecircs Fraca tendecircncia carbonetante Formador de perlita
Molibdecircnio Fraca tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
Niacutequel Grafitizante Fraco promotor de perlita
Siliacutecio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Teluacuterio Forte tendecircncia carbonetante Muito fraco estabilizador da perlita
Estanho
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Titacircnio ateacute 025 Grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Vanaacutedio Forte tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
A velocidade de resfriamento eacute um fator relacionado a solidificaccedilatildeo no interior dos moldes e a
espessura das peccedilas moldadas Em outras palavras as secccedilotildees espessas implicam em velocidades de
resfriamento relativamente baixas e secccedilotildees finas implicam em velocidades altas Isto significa que
em peccedilas de secccedilotildees com diferentes espessuras ocorrem tambeacutem diferentes velocidades de
resfriamento Para elevadas velocidades de resfriamento como as que se verificam em secccedilotildees finas
ou nas aacutereas adjacentes agraves paredes do molde natildeo haacute muito tempo para a decomposiccedilatildeo da
cementita de modo que dependendo dos teores de carbono e de siliacutecio pouca ou nenhuma
grafitizaccedilatildeo ocorre e haacute tendecircncia agrave formaccedilatildeo de ferro fundido branco Com as velocidades de
resfriamento baixas das secccedilotildees mais espessas ocorre uma apreciaacutevel grafitizaccedilatildeo dependendo
sempre do teor de siliacutecio A estrutura seraacute essencialmente de grafita e perlita Para resfriamento
20
ainda mais lento e teor de siliacutecio mais elevado a cementita da perlita pode tambeacutem se decompor
parcialmente originando-se assim a estrutura constituiacuteda de veios de grafita perlita e ferrita Essa
estrutura confere ao material caracteriacutesticas de baixa dureza e excelente usinabilidade aleacutem de
razoaacutevel resistecircncia mecacircnica(CHIAVERINI2005)
111 Processo de Mandrilamento
O processo de mandrilamento eacute normalmente empregado na usinagem de elementos de maior
diacircmetro em um bloco do motor tais como diacircmetro dos cilindros e diacircmetros dos mancais do
virabrequim A operaccedilatildeo de mandrilamento eacute executada em duas ou trecircs etapas dependendo das
toleracircncias exigidas no desenho do produto e do tipo de ferramenta a ser empregado Essencialmente
as condiccedilotildees de mandrilamento diferem um pouco das condiccedilotildees de torneamento mas esta operaccedilatildeo
ilustra a importacircncia da rigidez de todo conjunto ferramenta dispositivo e maacutequina Particularmente
quando um cilindro de grande extensatildeo e pequeno diacircmetro eacute mandrilado o corpo da ferramenta
que natildeo eacute tatildeo riacutegido tende a defletir e consequumlentemente causar vibraccedilotildees Estas vibraccedilotildees podem
afetar natildeo somente a precisatildeo dimensional mas tambeacutem o acabamento das peccedilas e a vida da
ferramenta de corte Mandrilamento eacute um processo em que furos realizados no processo de furaccedilatildeo
furos fundidos na peccedila componentes forjados ou extrudados satildeo ampliados ou acabados com uma
ferramenta de corte montada em uma barra de mandrilar O processo eacute mais usado em aplicaccedilotildees em
que bom acabamento da superfiacutecie interna ou toleracircncia dimensional apertada satildeo requeridos Por
causa das restriccedilotildees geomeacutetricas as barras de mandrilar satildeo em geral longas e compridas o que faz
com que elas estejam facilmente sujeitas a desvios estaacuteticos e dinacircmicos Estes desvios ou vibraccedilatildeo
da ferramenta natildeo somente fazem com que os paracircmetros de usinagem precisem ser alterados como
induz a erros dimensionais e reduz a qualidade da superfiacutecie e a vida da ferramenta O estudo das
forccedilas de corte no processo de mandrilar eacute portanto um preacute-requisito para a seleccedilatildeo adequada das
condiccedilotildees de corte e tambeacutem para preservar a seguranccedila do processo evitando desvios excessivos da
ferramenta ou vibraccedilotildees dinacircmicas O raio da ponta da ferramenta e a variaccedilatildeo do acircngulo da aresta
de corte resultam na distribuiccedilatildeo natildeo-uniforme da espessura do cavaco e consequumlentemente da
forccedila de corte (MOCELLIN 2007)
21
Em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas nas ferramentas de metal duro em
relaccedilatildeo agraves usadas nas ferramentas de ceracircmica ou CBN utiliza-se maior nuacutemero de insertos de metal
duro permitindo maiores velocidades de avanccedilo compensando parcialmente a perda de
produtividade (KOPPKA et al 2003)
Operaccedilotildees de mandrilamento satildeo tradicionalmente realizadas em blocos de motores de ferro
fundido cinzento por ferramentas de ceracircmica e CBN que permitem elevadas velocidades de corte e
alta produtividade (KOPPKA et al 2003) O severo desgaste verificado nas ferramentas de
mandrilar ferro fundido vermicular tem motivado pesquisas com o objetivo de identificar os
mecanismos de desgaste das ferramentas assim como encontrar soluccedilotildees econocircmicas para esta
usinagem envolvendo institutos de pesquisa induacutestrias automobiliacutesticas fundiccedilotildees fabricantes de
ferramentas e fabricantes de maacutequinas Independentemente do material da ferramenta empregada
metal duro ou ceracircmica as velocidades de corte ainda satildeo muito inferiores agravequelas tradicionalmente
utilizadas no ferro fundido cinzento ou seja ainda haacute uma grande necessidade no desenvolvimento
do processo de usinagem de mandrilamento do bloco do motor de maneira integral (KASSACK et
al 2002)
112 Tipos de Mandrilamento
Dependendo do trabalho o mandrilamento que tambeacutem eacute conhecido como mandrilagem ou
broqueamento pode ser ciliacutendrico cocircnico radial ou esfeacuterico Por meio do processo de
mandrilamento pode-se conseguir superfiacutecies ciliacutendricas ou cocircnicas internas em espaccedilos
normalmente difiacuteceis de serem atingidos com eixos perfeitamente paralelos entre si (GUEDES
2006)
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cocircnica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Isto ocorre quando haacute um movimento de
avanccedilo simultacircneo com um movimento radial gerando um diacircmetro interno cocircnico
22
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cilindrica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Neste caso haacute somente o movimento de
avanccedilo gerando um diacircmetro interno ciliacutendrico
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico
1123 Mandrilamento Radial (figura 19)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute plana e perpendicular ao eixo em
torno do qual gira a ferramenta Neste processo haacute somente o movimento radial da ferramenta
gerando um processo de faceamento
23
Figura 19 ndash Mandrilamento radial
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute uma superfiacutecie de revoluccedilatildeo cujo
eixo coincide com o eixo do qual gira a ferramenta Ex Mandrilamento esfeacuterico e mandrilamento
de sangramento
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970)
24
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular
Os processos de mandrilamento do ferro fundido vermicular podem ser divididos em quatro
grupos
- Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
- Mandrilamento com insertos rotativos
- Mandrilamento definido como ldquofreso-mandrilamentordquo
- Mandrilamento com insertos de PCD
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
As ferramentas de mandrilar com insertos de metal-duro conforme mostradas na figura 111
satildeo usadas em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas em comparaccedilatildeo agrave ceracircmica ou
o PCBN Utiliza-se um maior nuacutemero de insertos permitindo maiores velocidades de avanccedilo e
compensando parcialmente a perda de produtividade (REUTER et al 1999) Existem algumas
barras de mandrilar cujos insertos natildeo satildeo montados uniformemente no diacircmetro e ateacute mesmo na
altura Estas barras de mandrilar satildeo chamadas de ferramentas com passo diferencial e o objetivo eacute
evitar vibraccedilotildees devido a problemas de ressonacircncia mesmo em condiccedilotildees de corte favoraacuteveis
modificando a frequumlecircncia de entrada das arestas no corte (SOUTO 2007)
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010)
25
1132 Mandrilamento com insertos rotativos
Ferramentas com insertos rotativos de PCBN Si3N4 ou Metal Duro conforme figura 112
permitem grande produtividade em altas velocidades de corte Este tipo de ferramenta apresenta um
maior potencial principalmente para operaccedilatildeo de desbaste podendo tambeacutem ser utilizadas em
operaccedilatildeo de acabamento dependendo da aplicaccedilatildeo (REUTER et al 2000) Estes insertos giram
devido aos esforccedilos de corte aplicados sobre eles jaacute que suas fixaccedilotildees permitem este grau de
liberdade Assim a seccedilatildeo de contato com a ferramenta e cavaco varia todo instante distribuindo
melhor o desgasteavaria aumentando a vida da ferramenta
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos
1133 Freso-mandrilamento
Define-se freso mandrilamento como um processo de usinagem com corte intermitente por
meio do processo de fresamento helicoidal realizado com ferramentas de diacircmetro menor que o
usinado ou seja a ferramenta realiza movimento de interpolaccedilatildeo circular e avanccedila no sentido do
cilindro conforme figura 113 O fabricante de maacutequinas MAKINO e o fabricante de ferramentas
SANDVIK desenvolveram este processo utilizando a ferramenta CoroMILL 790 e um Centro de
Usinagem Horizontal(a81M) Por meio da melhor precisatildeo de posicionamento dos insertos na
ferramenta e toleracircncias dimensionais dos insertos de metal-duro haacute possibilidades de ganho em
vida de ferramenta e possiacutevel eliminaccedilatildeo da etapa de mandrilamento de semi-acabamento
realizando-se o mandrilamento de desbaste de modo convencional e o mandrilamento de
acabamento com o processo de freso-mandrilamento Este processo tambeacutem possui desvantagem
26
como a necessidade de maacutequinas ferramentas com elevadas rigidez e precisatildeo no movimento de
interpolaccedilatildeo circular uma vez que este movimento tem influecircncia direta na geometria do cilindro
fresado (MAKINO 2011)
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento
1134 Mandrilamento com insertos de PCD
Estudos realizados pela empresa Audi aplicando insertos de PCD em mandrilamento de
acabamento dos cilindros do bloco do motor em ferro fundido vermicular apresentaram altos
valores de vida de ferramenta As principais desvantagens do uso do PCD consistem na limitaccedilatildeo da
temperatura de utilizaccedilatildeo da ferramenta o que limita a velocidade de corte assim como o maior
custo de ferramenta bloco do motor produzido Esta limitaccedilatildeo eacute devido ao problema de afinidade do
ferro com o carbono que em temperaturas acima de 700degC comeccedila a grafitizaccedilatildeo do diamante
tendo como consequumlecircncia o acelerado desgaste da aresta de corte (STEMMER 1993 apud
Xavier2009)
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento
A superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta conforme ilustrada na figura 114 eacute definida pelo acircngulo
da aresta de corte (90deg- χ r) acircngulo de posiccedilatildeo da aresta secundaacuteria de corte (χ‟r) acircngulo de saiacuteda
lateral da ferramenta (γf) e o acircngulo de saiacuteda dorsal da ferramenta (γp)
27
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008)
Quatro diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
podem ser identificadas e ilustradas conforme figura 115 Eacute altamente recomendado que o corte natildeo
envolva o final da aresta de corte da ferramenta ou seja o avanccedilo natildeo pode ser maior que o raio da
ponta da ferramenta para prevenir a quebra da ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da
ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
28
Valores grandes do raio da ponta (rɛ) com uma constante na taxa de avanccedilo(fɛ) e uma
profundidade de corte ldquoaprdquo melhoram a qualidade do acabamento superficial da peccedila reduzindo as
marcas da ferramenta devido ao avanccedilo Em contrapartida estas marcas satildeo mais suscetiacuteveis agrave
vibraccedilotildees devido ao aumento da componente da forccedila radial para ldquoaprdquo menor que ldquorɛrdquo
Consequumlentemente uma soluccedilatildeo deveria ser feito para obter resultados mais favoraacuteveis no corte
O acircngulo de saiacuteda da ferramenta eacute um importante paracircmetro para controlar a deformaccedilatildeo e a forma
dos cavacos Eacute tambeacutem um significativo fator geomeacutetrico que afeta o mecanismo de corte No plano
ortogonal a saiacuteda do cavaco eacute perpendicular agrave aresta de corte entretanto o acircngulo da saiacuteda do
cavaco eacute zero Muitos pesquisadores tentaram prever o acircngulo de saiacuteda do cavaco para usinagem
com o raio da ponta da ferramenta
A forccedila de corte pode ser representada por duas componentes uma componente normal
perpendicular ao plano de saiacuteda e um atrito componente na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta A
forccedila de atrito na superfiacutecie de saiacuteda eacute o uacutenico componente que determina a direccedilatildeo da saiacuteda de
cavaco Para cada elemento cavaco presume-se que a forccedila de atrito eacute colinear com a velocidade do
cavaco e suas magnitudes satildeo proporcionais agrave aacuterea do cavaco (YUSSEFIAN et al2008)
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento
O material da ferramenta de corte deve ser mais duro que o material da peccedila a ser cortada
Utilizando este princiacutepio novos materiais e ligas estruturais com excelente resistecircncia mecacircnica e
elevada dureza contribuem para o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de
usinagem (MACHADO et al 2009)
Alguns fatores para seleccedilatildeo adequada da ferramenta de corte conforme citados por DINIZ
(2008) estatildeo descritos abaixo
Material a ser usinado
- a dureza e o tipo de cavaco formado satildeo caracteriacutesticas do material da peccedila a ser
considerado
Processo de usinagem
29
- ainda existem vaacuterios equipamentos com baixa rotaccedilatildeo e baixa rigidez inviabilizando a
utilizaccedilatildeo de ferramenta de corte com materiais mais nobres
Condiccedilatildeo da maacutequina de usinagem
- deve-se levar em consideraccedilatildeo a potecircncia gama de velocidade e folgas da maacutequina
Dimensotildees e forma da ferramenta de corte
- ferramentas de forma natildeo-padronizada muitas vezes satildeo feitas de accedilo raacutepido ou de um tipo
de metal duro que suporte choques teacutermicos
Custo do material da ferramenta
- alguns materiais de ferramentas apesar de aumentarem a vida da ferramenta de corte ou a
produccedilatildeo muitas vezes natildeo apresentam uma boa relaccedilatildeo custo-benefiacutecio
Condiccedilotildees de usinagem
- consideraccedilatildeo tiacutepica para usinagem em acabamento em que se exigem ferramentas com
maior resistecircncia ao desgaste jaacute que a operaccedilatildeo de desbaste anterior jaacute retirou a casca
endurecida eou desvios de forma da peccedila
Condiccedilotildees da operaccedilatildeo
- usinagem com corte interrompido ou o sistema maacutequinapeccedilaferramentadispositivo
natildeo riacutegidos exige uma ferramenta tenaz
As principais caracteriacutesticas desejaacuteveis a um material da ferramenta satildeo
- Dureza a quente
Algumas regiotildees da ferramenta de usinagem podem ultrapassar 1000degC Portanto
haacute uma contiacutenua procura por materiais que possam suportar esta temperatura com dureza suficiente
para suportar as tensotildees de corte
- Resistecircncia ao desgaste
O material da ferramenta deve ser resistente ao desgaste por abrasatildeo ou seja resistecircncia
ao atrito
- Tenacidade
O material da ferramenta deve ter energia suficiente para resistir ao choques inerentes
do processo
- Estabilidade quiacutemica
Dependendo da temperatura da duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemica do material
da ferramenta e do material da peccedila na zona de cisalhamento secundaacuterio haacute transferecircncia de aacutetomo
30
de um metal para o outro (difusatildeo) O material da ferramenta deve ser resistente agrave difusatildeo (DINIZ et
al 2008)
Haacute diversos materiais de ferramentas distribuiacutedos no mercado atualmente que se
diferem pela dureza (resistecircncia ao desgaste) e tenacidade Os principais satildeo (MACHADO et al
2009)
Accedilo raacutepido
Metal duro
Cermets
Ceracircmicas
Nitreto de Boro Cuacutebico
Diamante natural
Atualmente os materiais das ferramentas de corte utilizados na usinagem do ferro fundido
vermicular satildeo metal duro ceracircmica e CBN
1151 Inserto de Metal Duro
O metal duro surgiu em 1927 com o nome de ldquoWIDIArdquo(Wie Diamant) e eacute um tipo
de material fabricado atraveacutes da metalurgia do poacute em um processo de sinterizaccedilatildeo Este poacute eacute
composto de partiacuteculas duras de carboneto de metais refrataacuterios Os carbonetos satildeo de tungstecircnio e
normalmente satildeo combinados com carbonetos de titacircnio tacircntalo e nioacutebio (DINIZ et al 2008)
O elemento aglomerante mais utilizado na fabricaccedilatildeo do metal duro eacute o cobalto que eacute um
metal do grupo do ferro responsaacutevel pela ligaccedilatildeo das partiacuteculas duras dos carbonetos no processo de
sinterizaccedilatildeo O cobalto eacute responsaacutevel pela tenacidade do material O poacute do cobalto eacute obtido pela
reduccedilatildeo do oacutexido preto que conteacutem aproximadamente 70 de cobalto sob hidrogecircnio e
temperaturas entre 600 e 700degC
Uma composiccedilatildeo tiacutepica de metal conteacutem 81 de tungstecircnio 6 de carbono e 13 de
cobalto O tamanho das partiacuteculas de carbonetos pode variar entre 1 e 10 microns e geralmente
compreendem cerca de 60 agrave 95 do volume do material
31
A variaccedilatildeo da composiccedilatildeo quiacutemica do metal duro influencia na caracteriacutestica (classe) do
material O cobalto eacute um material que agrave medida que aumenta seu teor reduz sua densidade e dureza
mas eleva a resistecircncia agrave ruptura e melhora a tenacidade
Outra caracteriacutestica importante para aplicaccedilatildeo do metal duro eacute o seu coeficiente de dilataccedilatildeo
teacutermica O coeficiente para o metal duro eacute cerca da metade do coeficiente do accedilo em temperaturas
desde a ambiente ateacute 675degC
Hoje em dia haacute metais duros produzidos com partiacuteculas de 01m o que melhora vaacuterias
caracteriacutesticas desejaacuteveis em uma ferramenta de corte Estes metais duros com micro gratildeos podem
ser classificados de acordo com o tamanho do gratildeo de sua estrutura como
- Fino 08 a 13m
- Submicromeacutetrico 05 a 08m
- Ultra fino 02 a 05m
- Nanomeacutetrico menor que 02m
Agrave medida que se diminui o tamanho de gratildeo do metal duro aumenta-se a dureza resistecircncia
ao desgaste e tenacidade do material devido ao maior fator de empacotamento que gratildeos muito
pequenos propiciam (DINIZ et al 2008)
Haacute vaacuterios tipos de metal duro classificados pela norma ISO (International Organization for
Standardization) conforme norma ISO513 1975 sendo que haacute 3 grupos principais como
Grupo bdquoP‟ ndash Compreende os tipos ou classes empregados na usinagem de metais e ligas
ferrosas que apresentam cavacos longos e duacutecteis
Grupo bdquoMrdquo ndash Compreende as classes que empregam na usinagem de metais e ligas ferrosas
de cavacos tanto longos como curtos ou seja eacute uma ferramenta com propriedades intermediaacuteria
Grupo bdquoK‟ ndash Compreende as classes que se destinam a usinagem de metais e ligas ferrosas
que apresentam cavacos curtos e materiais natildeo-metaacutelico
Recentemente a ISO aumentou o nuacutemero de classes de metal duro conforme norma
ISO513 2004 Estas novas classes satildeo
Grupo bdquoN‟ ndash Aplicaacutevel a materiais natildeo ferrosos
Grupo bdquoS‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de superligas e ligas de titacircnio
Grupo bdquoH‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de materiais endurecidos
32
Aleacutem dos grupos de metal duro existe uma subdivisatildeo dentro de cada grupo por exemplo
P01P50
M01M40
K01K40
N01N30
S01S30
H01H30
Para cada grupo de metal duro e seu respectivo subgrupo haacute uma composiccedilatildeo quiacutemica e
caracteriacutestica fiacutesica conforme Tabela 16 Pode-se perceber nesta tabela que agrave medida que a
quantidade de TiC + TaC aumenta a densidade diminui e a dureza aumenta
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970)
Desig-
Naccedilatildeo
Composiccedilatildeo
aproximada em Caracteriacutesticas principais
WC TiC
+
TaC
Co Densidade
(gcm3)
Dureza
(kgmm2)
Resist agrave
ruptura
transversal
(kgmm2)
Moacutedulo de
elasticidade
(kgmm2)
Coeficiente
de dilataccedilatildeo
teacutermica
(10-6
1Cdeg)
P01 30 64 6 72 1800 75 - -
P10 55 36 9 104 1600 140 52000 65
P20 76 14 10 119 1500 150 54000 60
P25 73 19 8 125 1500 170 55000 60
P30 82 8 10 130 1450 170 56000 55
P40 77 12 11 131 1400 180 56000 55
P50 70 14 16 129 1300 200 52000 55
M10 84 10 6 131 1650 140 58000 55
- Classes com maior tenacidade
- Recomendado para usinagem em desbaste
e corte interrompido
- Classes com maior resistecircncia ao desgaste
- Recomendado para usinagem em
acabamento
33
M20 82 10 8 134 1550 160 56000 55
M30 81 10 9 144 1450 180 58000 55
M40 78 7 15 135 1300 200 55000 55
K01 93 2 5 150 1750 120 63000 50
K05 92 2 6 146 1700 135 63000 50
K10 92 2 6 148 1650 150 63000 50
K20 915 25 6 148 1550 170 62000 50
K30 89 2 9 145 1450 190 - 55
K40 88 - 12 143 1300 210 58000 55
A seleccedilatildeo do metal duro para uma determinada aplicaccedilatildeo de usinagem estaacute intimamente
relacionada com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma durante a
usinagem Entre os tipos de cavacos conhecidos tem como cavacos contiacutenuos cavacos cisalhados e
cavacos de ruptura o formado na usinagem dos ferros fundidos eacute o cavaco de ruptura devido a seu
rompimento na zona primaacuteria do plano de cisalhamento causados na interrupccedilatildeo que as grafitas
causam na matriz da liga
Operaccedilotildees de usinagem com avanccedilo e profundidade de cortes altos para desbaste e cortes
interrompidos criam tensotildees elevadas na ferramenta exigindo classes com maior tenacidade ou seja
ferramentas com menor teor de cobalto e maior teor de carbonetos
Operaccedilotildees de usinagem em peccedilas que jaacute sofreram operaccedilotildees anteriores de desbaste retirando
excentricidade e a casca endurecida trabalham com baixos avanccedilos e profundidade de usinagem
poreacutem com altas velocidades de corte o que gera altas temperaturas Sendo assim satildeo necessaacuterias
classes de ferramentas com altas resistecircncias ao calor e a abrasatildeo ou seja menor teor de cobalto
(DINIZ et al 2008)
Operaccedilotildees de usinagem em maacutequinas-ferramentas menos riacutegidas obriga o uso de classe de
ferramentas com maior tenacidade embora reduzindo a vida uacutetil
As primeiras ferramentas de metal duro foram compostas unicamente de carbonetos de
tungstecircnio (WC) e cobalto e eram adequadas somente para a usinagem de materiais de cavacos
curtos e quebradiccedilos ou seja materiais de ferro fundido Na usinagem do accedilo havia formaccedilatildeo de
cratera na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta devido a fenocircmenos de difusatildeo e dissoluccedilatildeo ocorridos
entre o cavaco da peccedila e a ferramenta Para solucionar tais problemas comeccedilou-se a acrescentar
34
outros carbonetos (TiC TaC e NbC) Assim as ferramentas que conteacutem praticamente somente WC
e Co na composiccedilatildeo (ferramentas da classe K ver tabela 15) satildeo destinadas agrave usinagem de ferros
fundidos que natildeo tem a tendecircncia de formaccedilatildeo de desgaste de cratera devido ao fato de que o
cavaco curto rapidamente se quebra e pula fora da regiatildeo de corte sem atritar longamente com a
superfiacutecie de saiacuteda A inclusatildeo de carbonetos do tipo TiC TaC e NbC na ferramenta confere a ela
as seguintes caracteriacutesticas
- Carbonetos de Titacircnio - TiC
Pouca tendecircncia agrave difusatildeo resultando na alta resistecircncia dos metais duros
Reduccedilatildeo da resistecircncia interna e dos cantos
- Carboneto de Tacircntalo - TaC e Carboneto de Nioacutebio NbC
Em pequenas quantidades atuam na diminuiccedilatildeo do tamanho dos gratildeos melhorando a
tenacidade e a resistecircncia dos cantos
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro
A finalidade principal do uso de coberturas em ferramentas de metal duro eacute aumentar a
resistecircncia ao desgaste da camada superior que entra em contato com o cavaco e a peccedila sendo que o
nuacutecleo permanece com a tenacidade caracteriacutestica do metal duro Desta forma consegue-se em
vaacuterios casos aumentar bastante a vida da ferramenta e diminuir os esforccedilos de corte Eacute possiacutevel
tambeacutem conciliar em mesmos materiais caracteriacutesticas como tenacidade resistecircncia ao desgaste e
dureza a quente (DINIZ et al2008)
As principais coberturas utilizadas satildeo de carboneto de titacircnio (TiC) eou oacutexido de alumiacutenio
(Al2O3) nitreto de titacircnio (TiN) e carbonitreto de titacircnio (TiCN) Geralmente satildeo aplicadas no metal
duro utilizando um processo chamado CVD (deposiccedilatildeo quiacutemica a vapor) que utiliza altas
temperaturas e pressotildees levemente negativas Outro processo tambeacutem utilizado para cobertura de
ferramenta eacute o PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica a vapor) que utiliza temperaturas meacutedias (de 400 a 500ordm C) e
pressatildeo muito negativa Este processo eacute em geral mais caro que o processo CVD Como o processo
de CVD precisa de altas temperaturas satildeo geradas tensotildees na ferramenta durante seu resfriamento
que podem enfraquececirc-la Sendo assim novos tipos de processo com temperaturas intermediaacuterias
entre o CVD e o PVD estatildeo sendo desenvolvidos para minimizar este problema (DINIZ et al2008)
35
Normalmente a primeira camada de cobertura logo acima do nuacutecleo eacute o carboneto de titacircnio
ou o carbonitreto de titacircnio que algumas vezes eacute a uacutenica camada Estas camadas possuem
caracteriacutesticas como excelente resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de promover a adesatildeo das
camadas de cobertura com o metal duro do nuacutecleo Outra cobertura como o oacutexido de alumiacutenio natildeo
possui afinidade fiacutesico-quiacutemica com o nuacutecleo do metal duro A diferenccedila na dilataccedilatildeo e contraccedilatildeo
teacutermica das camadas com o substrato de metal duro a uma temperatura de 1000degC como eacute exigido
para o processo de revestimento CVD pode causar trincas se natildeo for utilizado o TiC ou TiCN como
camada intermediaacuteria (DINIZ et al2008)
A dureza da camada de TiC eacute na ordem de 3000HV que eacute maior que todas os outros materiais
utilizados no revestimento do metal duro A espessura da camada eacute de 4 a 8m Outras
caracteriacutesticas importantes deste material eacute a baixa tendecircncia a soldagem com o material da peccedila
dificultando o desgaste por adesatildeo e o baixo coeficiente de dilataccedilatildeo teacutermica O material TiCN tem
propriedades similares ao TiC como dureza agrave quente resistecircncia ao desgaste a capacidade de adesatildeo
ao nuacutecleo mas seu coeficiente de atrito eacute mais baixo que o TiC Geralmente o segundo revestimento
no metal duro eacute de oacutexido de alumiacutenio que garante uma estabilidade teacutermica devido ao fato de ser um
material ceracircmico refrataacuterio e por possuir alta resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de alta
resistecircncia a ataques quiacutemicos e agrave oxidaccedilatildeo Devido a sua alta estabilidade quiacutemica com o ferro
praticamente evita o desgaste difusivo durante o processo de usinagem do accedilo Apresentam tambeacutem
uma pequena resistecircncia a choques teacutermicos e mecacircnicos
A terceira camada geralmente utilizada de TiN tem caracteriacutestica de reduccedilatildeo do coeficiente
de atrito entre a pastilha e o cavaco Eacute quimicamente mais estaacutevel que o TiC e possui uma camada
com espessura entre 5 e 7 m A espessura total das camadas do metal duro estaacute entre 2 e 12 m
Quando se aumenta a espessura da cobertura a resistecircncia ao desgaste aumenta mas a tenacidade
diminui aumentando a tendecircncia ao lascamento das arestas Hoje em dia jaacute satildeo utilizadas outras
coberturas como por exemplo o nitreto de titacircnio alumiacutenio (TiNAl) ou o nitreto de alumino
titacircnio(TiAlN) dependendo da quantidade maior de titacircnio ou alumiacutenio que podem ser aplicadas ao
metal duro atraveacutes do processo PVD Tal processo propicia espessuras de camadas mais finas
mantendo a aresta da ferramenta afiada (DINIZ et al2008)
Estas coberturas podem ser aplicadas em ferramentas multicamadas propiciando
caracteriacutesticas como
36
- Baixa condutividade teacutermica que protege a aresta de corte e aumenta a remoccedilatildeo de calor
atraveacutes do cavaco
- Alta dureza a frio e a quente
- Alta estabilidade quiacutemica (DINIZ et al2008)
1153 Insertos de Material Ceracircmico
Um dos principais tipos de materiais ceracircmicos utilizados como ferramenta de usinagem eacute o
oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) que eacute a forma estaacutevel alfa da alumina Podem-se distinguir dois ramos
nesta famiacutelia
- Materiais contendo alumina sinterizada praticamente pura com no miacutenimo de 98
- Materiais contendo 90 de alumina juntamente com outros oacutexidos como SiO2 MgO
Cr2O3 Fe3O4 etc
Este tipo de material de ferramenta consiste de gratildeos finos (menores que 5 m) de Al2O3 de
alta densidade ou seja conteacutem menos que 2 de porosidade Diferentes meacutetodos satildeo utilizados
para fabricaccedilatildeo de ferramentas ceracircmicas deste tipo
- Prensadas a frio e sinterizadas apresentando uma cor branca Este processo eacute similar ao
processo de fabricaccedilatildeo do metal duro
- Prensadas a quente em grandes cilindros de alumina em moldes de grafite Neste processo
o material se torna acinzentado escuro (FERRARESI 1970)
A ceracircmica possui oacutetima propriedade como dureza a quente permitindo que se possa usinar
em altas velocidades de corte Em contrapartida haacute propriedades como baixa condutividade teacutermica
que logicamente dificulta a transferecircncia de calor e faz com que na regiatildeo proacutexima do contato
cavaco-ferramenta e peccedila ferramenta atinja-se temperaturas muito altas Outra propriedade que
dificulta o uso de material ceracircmico eacute a baixa tenacidade que favorece as trincas e quebras das
ferramentas de corte
Haacute ferramentas ceracircmicas agrave base de oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) podendo ter alumina pura ou
podendo ter algum teor de oacutexido de magneacutesio (MgO) para inibir o crescimento de gratildeo Podem ter
tambeacutem oacutexido de cromo titacircnio e niacutequel para aumentar a resistecircncia mecacircnica ou com baixos
porcentuais de oacutexido de zircocircnio (ZrO2) que aumenta a tenacidade do material (DINIZ et al2008)
37
A ceracircmica mista aleacutem de conter alumina pode conter o carboneto de titacircnio (TiC) ou o
nitreto de titacircnio (NiT) Este tipo de ceracircmica eacute prensado a quente gerando uma cor acinzentada
Como haacute uma melhor dureza a quente e estabilidade quiacutemica a ceracircmica mista eacute indicada para
processo de usinagem em mandrilamento e torneamento em acabamento de accedilos endurecidos onde
a tenacidade natildeo eacute tatildeo exigida (DINIZ et al2008)
Haacute uma ceracircmica com propriedades intermediaacuterias que eacute a reforccedilada com whiskers o qual eacute
adicionado o carboneto de siliacutecio (SiC) como sua tenacidade eacute boa quando comparadas com as
outras ceracircmicas este tipo de material eacute indicado para usinagem de ligas de titacircnio e niacutequel
Tambeacutem pode ser utilizada no processo de usinagem em mandrilamento e torneamento de accedilos
endurecidos com superfiacutecies interrompidas (DINIZ et al2008) Natildeo eacute permitida a fabricaccedilatildeo deste
material em vaacuterios paiacuteses devido ao carboneto de siliacutecio ser canceriacutegeno (BALDACIM 2000) Este
tipo de material tambeacutem eacute perigoso devido agrave facilidade de incecircndio no processo de retificaccedilatildeo
devido a isto o processo deve ser realizado em local extremamente isolado e maacutequinas blindadas
Haacute tambeacutem ferramentas de ceracircmica agrave base de nitreto de siliacutecio (Si3N4) que satildeo cristais com
fase intergranular de oacutexido de siliacutecio (SiO2) que satildeo sinterizados na presenccedila de alumina (sialon)
eou oacutexido de iacutetrio (Y2O3) e magneacutesio (MgO) Este material de ferramenta eacute usualmente chamado de
Sialon (DINIZ et al2008)
A Tabela 17 mostra algumas propriedades dos diversos tipos de material ceracircmico
comparados com o metal duro Como se pode ver na tabela Sialon possui boa tenacidade (melhores
que as ceracircmicas mista e pura) e excelentes durezas a quente e resistecircncia ao choque teacutermico A
uacutenica propriedade necessaacuteria a um material de ferramenta que natildeo possui eacute a estabilidade quiacutemica
com o ferro Assim natildeo pode ser usada para usinar o accedilo Poreacutem como a falta de estabilidade
quiacutemica eacute causadora do desgaste difusivo razatildeo da formaccedilatildeo do desgaste de cratera (desgaste da
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) e como o ferro fundido possui cavacos curtos que natildeo atritam
muito com a superfiacutecie de saiacuteda e portanto natildeo tem grande tendecircncia agrave formaccedilatildeo da cratera esta
ferramenta eacute indicada para a usinagem destas ligas principalmente em cortes interrompidos como o
fresamento em que a temperatura que a ferramenta atinge natildeo eacute tatildeo alta
38
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro
Tenacidade Dureza agrave
quente
Resistecircncia ao
choque teacutermico
Estabilidade
quiacutemica (Fe)
Estabilidade
quiacutemica (Ni)
Ceracircmica Pura 2 2 1 5 5
Ceracircmica
Mista
1 3 2 4 4
Ceracircmica com
Wiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal Duro 5 1 5 3 1
Em geral os insertos de material ceracircmico possuem um chanfro na regiatildeo da aresta de corte
cuja dimensatildeo varia de 005 agrave 03mm e acircngulo entre 20deg e 30deg como proteccedilatildeo de aresta para evitar
quebra ou lascamento (DINIZ et al 2008)
Em processos de usinagem como o fresamento em ferro fundido cinzento eacute possiacutevel substituir
o desbaste e o acabamento para somente um passe utilizando insertos de ceracircmica com alisador
(FERRER 2006) Ferramentas ceracircmicas de nitreto de siliacutecio tecircm mostrado um melhor desempenho
que as de metal duro em operaccedilotildees de faceamento em ferro fundido cinzento Isto porque
ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio apresentam tenacidade suficiente onde o
lascamento natildeo eacute um fator predominante para o fim da vida da ferramenta (FERRER e DINIZ
2005)
Em contrapartida ferramentas de metal duro satildeo consideradas uma melhor opccedilatildeo para
processo de usinagem em fresamento de ferro fundido vermicular O mecanismo de desgaste por
difusatildeo eacute muito acentuado em ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio (GABALDO
2009)
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte
Desgaste eacute a perda contiacutenua e microscoacutepica de partiacuteculas da ferramenta devido agrave accedilatildeo do corte
(DINIZ et al 2008) Haacute alguns desgastes de ferramenta de corte padronizado como desgastes
convencionais Os principais deles satildeo o desgaste de flanco ou frontal (na superfiacutecie de folga da
39
ferramenta) desgaste de entalhe (nos limites de contato ferramentapeccedila) e desgaste de cratera (na
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) Aleacutem dos desgastes diversas outras ocorrecircncias podem acontecer
agrave ferramenta durante seu uso como trincas lascas deformaccedilotildees plaacutesticas e quebra A estas
ocorrecircncias daacute-se o nome de avarias (FERRARESI 1970)
Os principais fenocircmenos causadores do desgaste satildeo
Aresta posticcedila de corte (APC) ndash material da peccedila aderido na aresta de corte da ferramenta
modificando o comportamento da forccedila de corte acabamento superficial da peccedila e desgaste da
ferramenta A APC ocorre quando em baixa velocidade de corte a parte inferior do cavaco sob
pressatildeo de corte na zona de aderecircncia manteacutem o contato sem movimento relativo por um espaccedilo de
tempo suficiente para soldar na ferramenta Agrave medida que a APC cresce torna-se instaacutevel e depois
de algum tempo colapsa levando consigo partiacuteculas da superfiacutecie de folga da ferramenta
incentivando assim o desgaste de flanco em baixa velocidade de corte (DINIZ et al 2008)
Abrasatildeo mecacircnica ndash o desgaste frontal ou o desgaste de cratera podem ser gerados pela
abrasatildeo (atrito) poreacutem eacute mais comum o desgaste frontal porque a superfiacutecie de folga atrita na peccedila
que eacute riacutegida enquanto que a superfiacutecie de saiacuteda atrita com o cavaco que eacute flexiacutevel O desgaste por
abrasatildeo ocorre pela presenccedila de partiacuteculas duras no material da peccedila e pela temperatura de corte que
reduz a dureza da ferramenta Quando o desgaste abrasivo ocorre a superfiacutecie desgastada mostra
sulcos paralelos agrave direccedilatildeo de avanccedilo (TRENT e WRIGHT 2000)
Aderecircncia ndash eacute formada por um extrato metaacutelico provocado pela baixa velocidade de corte e
baixa temperatura entre duas superfiacutecies metaacutelicas postas em contato sob cargas moderadas A
resistecircncia deste extrato eacute elevada a tal ponto que na tentativa de separar as superfiacutecies ocorre agrave
ruptura em um dos metais e natildeo na superfiacutecie de contato Quando este desgaste ocorre a superfiacutecie
desgastada tem aparecircncia aacutespera (TRENT e WRIGHT 2000) Assim partiacuteculas da superfiacutecie de um
material migram para superfiacutecie do outro O fenocircmeno da aderecircncia estaacute presente na formaccedilatildeo da
aresta posticcedila mas pode-se ter desgaste por aderecircncia mesmo sem a formaccedilatildeo da aresta posticcedila Por
meio deste fenocircmeno as partiacuteculas da ferramenta que satildeo removidas pela continuidade do
movimento de escorregamento entre as duas superfiacutecies (cavaco-ferramenta ou ferramenta-peccedila)
seguem aderidas ao fluxo de cavaco ou peccedila Como satildeo bastante duras ao atritarem com regiotildees da
ferramenta mais agrave frente desgastam-nas por abrasatildeo A utilizaccedilatildeo de coberturas com baixo
coeficiente de atrito como o nitreto de titacircnio e o uso de fluiacutedo de corte adequado tem grande
influecircncia na reduccedilatildeo deste tipo de desgaste (DINIZ et al 2008)
40
Difusatildeo ndash eacute um fenocircmeno microscoacutepico ativado pela temperatura na zona de corte
principalmente entre a ferramenta e o cavaco podendo tambeacutem ocorrer entre a ferramenta e a peccedila
depois de jaacute haver ocorrido algum desgaste na superfiacutecie de folga causado por algum outro
mecanismo A difusatildeo no estado soacutelido consiste na transferecircncia de aacutetomos de um metal ao outro
Depende da temperatura duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemico dos dois metais
envolvidos na zona de cisalhamento secundaacuterio Ocorre principalmente na superfiacutecie de saiacuteda da
ferramenta causando o desgaste de cratera porque eacute ali que se tem a zona de aderecircncia entre cavaco
e ferramenta (que garante o tempo de contato) e a zona de fluxo (zona secundaacuteria de cisalhamento)
na qual o cisalhamento eacute intenso e assim a temperatura eacute bastante alta Ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes a este tipo de
desgaste (DINIZ et al 2008)
Oxidaccedilatildeo ndash a maioria dos metais oxidam em altas temperaturas e na presenccedila de aacutegua e ar Na
usinagem isto ocorre devido ao uso de fluiacutedo de corte de baixa concentraccedilatildeo ou fluiacutedo de corte natildeo
adequado para o processo O tungstecircnio e o cobalto durante o corte formam filmes de oacutexido poroso
sobre a ferramenta que satildeo facilmente levados embora pelo atrito gerando o desgaste Poreacutem
alguns oacutexidos como o oacutexido de alumiacutenio satildeo mais duros e resistentes Assim alguns materiais de
ferramentas que natildeo conteacutem oacutexido de alumino desgastam mais facilmente por oxidaccedilatildeo Este
desgaste se forma nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao acesso de ar nesta
regiatildeo causando o desgaste de entalhe Tambeacutem para este desgaste ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes (DINIZ et al
2008)
41
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Este capiacutetulo descreve o material do bloco do motor e o material da ferramenta de corte a ser
utilizada no experimento aleacutem dos equipamentos e o meacutetodo utilizado para o experimento
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos
Uma linha de usinagem flexiacutevel de bloco do motor diesel exclusivo em material de ferro
fundido vermicular jaacute existente na empresa MWM International situado em Santo Amaro SP foi o
laboratoacuterio utilizado para realizaccedilatildeo dos experimentos
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos
Utilizou-se como corpos de prova para os ensaios de mandrilamento blocos para motores de
seis cilindros (ver figura 21) fundidos em material de ferro fundido vermicular e fundido na
empresa TUPY Fundiccedilotildees localizada em Mauaacute Satildeo Paulo A operaccedilatildeo de usinagem objeto deste
estudo foi o mandrilamento dos mancais do bloco
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE
42
O material do bloco do motor eacute o GJV-450 conforme norma MANN (M3340) Foi realizada
uma anaacutelise metalograacutefica de amostras retiradas de corpos de prova do bloco do motor conforme
posiccedilatildeo visualizada na figura 22
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise
metalograacutefica (norma MANN M3340 2004)
A tabela 21 e as figuras 23 e 24 mostram os resultados da anaacutelise metalograacutefica do material
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor
DESCRICcedilAtildeO ESPECIFICADO
Estrutura da Matriz Perlita Lamelar Fina
Ferrita Livre Maacuteximo de 30
Cementita Livre Ausente
Carbonitreto de Titacircnio Metalograficamente natildeo permitidos
Ledeburita Ausente
Rede de Fosfeto - STEADITA Traccedilos isolados como informativo
Forma da Grafita I e II Ausente
Forma da Grafita III Miacutenimo 70
Forma da Grafita IV Maacuteximo 5
Forma da Grafita V e VI Maacuteximo 30
Tamanho da Grafita Forma III 3 ou mais fino
Tamanho da Grafita Forma IV 3 ou mais fino
43
Tamanho da Grafita Forma V e VI 5 ou mais fino
Dureza 150 agrave 250 HB 30
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo 440 agrave 520 Nmm2
Limite de Escoamento Miacutenimo 320 Nmm2
Alongamento Miacutenimo 1
Figura 23 - Micrografia mostrando a morfologia da
grafita
Forma III (80 agrave 85) e tamanho de 4 agrave 5
Forma IV (lt 5) e tamanho de 5 agrave 6
Forma V + VI (10 agrave 15) e tamanho de 5 agrave 6
Sem ataque
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrututa da
matriz matriz perliacutetica
Com ataque NITAL 3
A tabela 22 mostra o resultado do ensaio quiacutemico realizado em uma amostra de bloco
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN)
ESPECIFICADO em ENCONTRADO em
11 Carbono C 350 agrave 380 361
12 Carbono Equivalente C equiv 405 agrave 435 419
13 Silicio Si 200 agrave 230 232
14 Manganecircs Mn 040 maacuteximo 026
15 Foacutesforo P 002 maacuteximo 0009
16 Enxofre S 0005 agrave 0020 0011
17 Cromo Cr 01 maacuteximo 0029
44
18 Cobre Cu 075 agrave 095 084
19 Estanho Sn 004 agrave 007 007
110 Magneacutesio Mg 0010 agrave 0016 0010
111 Titacircnio Ti 0010 maacuteximo 0003
O material de ferro fundido vermicular a ser removido pela ferramenta de corte na operaccedilatildeo de
mandrilamento dos mancais tem espessura entre 25 e 30mm (profundidade de corte) devido agrave
variaccedilatildeo do sobremetal de fundiccedilatildeo conforme figura 25 formando cavacos de ruptura
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte
O bloco do motor contem sete mancais com comprimento de 37mm cada conforme figura 26
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm
45
23 Ferramenta de Corte (insertos)
Nos experimentos foram utilizados insertos de ceracircmica e insertos de metal duro conforme
figuras 27 28 e 29 e tabela 23
Figura 27 - Inserto de Metal Duro
WTXQ090608 K01L10B040 HP425
Figura 28 - Inserto de ceracircmica
WTXQ090608 0906 MN KS6000
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento
METAL DURO CERAcircMICA
Material Classe K10 Nitreto de Silicio
Aresta de Corte Arredondamento 006mm Arredondamento 006mm
Espessura do inserto 635mm 635mm
Aacuterea para corte Maacuteximo 7mm Maacuteximo 7mm
Quantidade de arestas 6 arestas 6 arestas
Cobertura Nitreto de Titanio Alumino (TiNAl) Sem cobertura
46
Figura 29 - Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios
Os insertos foram montados em uma barra de mandrilar na posiccedilatildeo tangencial em um diacircmetro
de 1105mm para desbaste conforme figura 210 Nesta mesma ferramenta tambeacutem estatildeo montados
os seis insertos de semi-acabamento para posterior processo de fratura Esta ferramenta possui guias
de metal duro para reduzir vibraccedilatildeo garantir alinhamento entre os mancais e garantir a precisatildeo
dimensional As guias de metal duro da ferramenta e o diacircmetro do mancal podem estar com folga
entre 0005mm e 0015mm Esta folga eacute coberta pelo fluido de corte com uma concentraccedilatildeo
aproximada de 12 e com isso contribui para reduzir o atrito
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos
47
Antes dos experimentos foram montados vaacuterios insertos na barra de mandrilar para verificar a
variaccedilatildeo do batimento radial e axial Nota-se que radialmente foram encontrados ateacute 004mm de
variaccedilatildeo e axialmente foram encontrados ateacute 002mm conforme demonstra figura 211 Ambos os
resultados encontrados natildeo influenciam no resultado final dos experimentos
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado
O fluido de corte utilizado no experimento tendo tambeacutem como funccedilatildeo reduzir o atrito entre
as guias de metal duro da barra de mandrilar e o mancal guia do bloco foi um oacuteleo semi-sinteacutetico do
tipo EP produzido pelo fabricante CASTROL O nome do produto eacute ldquoSuperedge 6552 BFrdquo com alta
resistecircncia agrave formaccedilatildeo de espuma isento de Boro Cloro Nitritos e Fenois As tabelas 24 e 25
mostram caracteriacutesticas deste fluido
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
Estado fiacutesico Liacutequido
Odor Suave
Cor Acircmbar
pH 90 a 95 (5)
Ponto de fulgor Produto base aacutegua Natildeo inflamaacutevel
Densidade 0937 gmL
Solubilidade Soluacutevel em aacutegua
48
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
DESCRICcedilAtildeO PORCENTAGEM
Aacutegua 5 agrave 10
Amina primaacuteria 20 agrave 40
Amina terciaacuteria 50 agrave 80
Oacuteleo mineral parafiacutenico 45 agrave 50
Benzotriazol 01 agrave 05
Aacutecidos di carboxiacutelicos 20 agrave 50
Aditivo EP a base de foacutesforo 20 agrave 80
Amida de Tall Oil 10 agrave 15
Aacutecido carbacircmico 05 maacuteximo
Metileno bis morfolina 30 agrave 70
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos
A maacutequina de usinar utilizada para realizar os experimentos foi um centro de usinagem
horizontal CNC com 4 eixos (XYZB) da marca GROB modelo BZ640 com palete (mesa) de 630
x630mm (ver figura 212) Esta maacutequina eacute controlada por um comando SIEMENS e pode suportar
uma carga sobre a mesa de ateacute 1000Kg jaacute que a peccedila (bloco do motor) utilizada no experimento
tem aproximadamente 300Kg e o dispositivo para fixar a peccedila tem aproximadamente 500Kg
somando juntos 800Kg A maacutequina tambeacutem tem um giro de palete permitido de ateacute 1200mm para
suportar a peccedila que tem um comprimento de 1060mm O eixo da maacutequina eacute um motofuso com
potecircncia de 26Kw(40ED) e 20Kw(100 ED) O torque eacute de 340Nm (40 ED) e 262Nm(100
ED) A cada 10 minutos de usinagem por 4 minutos pode ser utilizados potecircncia e torque maacuteximos
ou seja pode-se utilizar 26Kw a cada 4 minutos ou 20Kw em todo tempo de usinagem e igualmente
para torque
49
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB
Este equipamento eacute preparado para medir potecircncia consumida do fuso no momento da
usinagem da peccedila conforme demonstrado na figura 213
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos
O equipamento utilizado para realizar as mediccedilotildees de desgaste dos insertos (VB ndash desgaste de
flanco) utilizados no experimento foi uma maacutequina para preacute-ajustagem de ferramentas marca
ZOLLER com cacircmera integrada conforme figura 214 Esta maacutequina tambeacutem possui alguns
benefiacutecios como sistema de fixaccedilatildeo SHRINK (fixaccedilatildeo de ferramenta por contraccedilatildeo teacutermica) e um
50
software de programaccedilatildeo com o procedimento de mediccedilatildeo de cada ferramenta reduzindo a
influecircncia do operador
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER
Ao fim dos ensaios os desgastes das ferramentas foram analisados em um Microacutescoacutepio
Eletrocircnico de Varredura (MEV) contendo sonda para realizaccedilatildeo de testes de EDS(Sistema de
Energia Dispersiva) Este equipamento tem marca FEI modelo Quanta 450 conforme figura 215
Ele eacute capaz de produzir imagens de alta ampliaccedilatildeo
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos
insertos
51
27 Processo de Usinagem
Uma barra de mandrilar com 600mm de comprimento devido agrave sua rigidez pelo curto
comprimento mandrila o primeiro mancal em desbaste para obtenccedilatildeo do Oslash1105mm e acabamento
Oslash111mm simultaneamente No teacutermino da usinagem do primeiro mancal a mesa (palete) gira 180deg
para que a usinagem do seacutetimo mancal (uacuteltimo) seja realizada A funccedilatildeo desta primeira ferramenta eacute
fornecer guia (mancal usinado) para a barra de mandrilar longa com comprimento de 600mm
conforme figura 216 utilizada nos experimentos deste trabalho para usinar do segundo ao sexto
mancal
A barra de mandrilar longa utiliza o primeiro mancal como guia e usina o segundo mancal
conforme demonstrado na figura 216 Apoacutes o segundo mancal acabado a ferramenta avanccedila e
utiliza o segundo mancal como guia para usinar o terceiro mancal e assim sucessivamente ateacute usinar
o quarto mancal Para usinar o quinto e o sexto mancal a mesa da maacutequina gira a 180deg e a
ferramenta utiliza o seacutetimo mancal como guia para usinar o sexto mancal e logo na sequumlecircncia
utiliza o sexto mancal como guia para usinar o quinto mancal
A ferramenta utilizada nos experimentos usina um total de cinco mancais por bloco
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento
28 Procedimento experimental
Primeiramente foi determinado que um ensaio terminaria apoacutes 40 peccedilas usinadas Este nuacutemero
foi determinado para que o desgaste frontal da ferramenta tivesse aproximadamente de 04mm
(mediccedilatildeo VB) ao fim do ensaio Como o laboratoacuterio utilizado no experimento foi uma linha de
produccedilatildeo impossibilitando a mediccedilatildeo do desgaste dos insertos ateacute atingir exatos 04mm foi
definido medir a aresta de 10 em 10 peccedilas ateacute atingir as 40 peccedilas Poreacutem houve exceccedilotildees como
- Ensaios em que o desgaste VB atingiu valores elevados muito antes das 40 peccedilas
600mm
52
- Ensaios em que a potecircncia de seguranccedila do fuso da maacutequina foi acionada antes das 40 peccedilas
A velocidade de corte foi a variaacutevel utilizada para iniciar os ensaios em insertos de metal duro
fixando o avanccedilo por dente e a quantidade de insertos montados conforme tabela 26
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 140mmin 022mm 6 532mmmin
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
A maacutexima velocidade de corte de 155mmin foi determinada devido agrave caracteriacutestica de
seguranccedila que a maacutequina oferece para natildeo danificar o equipamento Como a barra de mandrilar eacute
longa e robusta qualquer quebra ou outro tipo de avaria pode danificar o fuso da maacutequina Mais
caro que o fuso eacute o alto tempo de reparo que um equipamento deste porte pode sofrer Para
seguranccedila haacute um limite de potecircncia consumida do fuso em que o equipamento interrompe a rotaccedilatildeo
para evitar maiores avarias Como a folga entre as guias de metal duro da barra de mandrilar e o
guia dos mancais podem variar entre 0005mm e 0015mm o aumento da rotaccedilatildeo aumenta a forccedila
centriacutepeta e o oacuteleo natildeo suporta reduzir o atrito aumentando a potecircncia consumida do fuso e
limitando a velocidade de corte para maacuteximo de 155mmin
A velocidade miacutenima de corte de 110mmin utilizada foi a jaacute definida no processo antes de
realizaccedilatildeo deste trabalho e a velocidade de corte intermediaacuteria foi a definida pela velocidade de
corte mais proacutexima da meacutedia entre a velocidade maacutexima de 155mmin e a velocidade miacutenima de
110mmin
Continuando na estrateacutegia dos experimentos utilizou-se a maior velocidade de corte permitida
pela maacutequina para os experimentos com ceracircmica o qual precisa de maiores velocidades em
comparaccedilatildeo com o metal duro Para comparar rendimento utilizou as mesmas condiccedilotildees para o
experimento com inserto de metal duro A uacutenica variaccedilatildeo foi o material da ferramenta conforme
mostrado na tabela 27
53
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 6 590mmmin
Como o experimento com ceracircmica natildeo foi possiacutevel devido agrave alta potecircncia consumida do fuso
e a ocorrecircncia de avaria de quebra prematura a terceira fase de testes foi a reduccedilatildeo do nuacutemero de
insertos montados na ferramenta conforme demonstrado na tabela 28
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 3 295mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 3 295mmmin
Na sequumlecircncia dos experimentos fixou-se a menor velocidade de corte utilizada nos
experimentos e o uso apenas de insertos de metal duro ateacute entatildeo a melhor condiccedilatildeo de corte
experimentada variando somente o avanccedilo por dente conforme demonstra a tabela 29
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 110mmin 030mm 6 572mmmin
Metal Duro 110mmin 034mm 6 648mmmin
O maior avanccedilo por dente utilizado nos experimentos foi definido pela seguranccedila da maacutequina
no controle de potecircncia maacutexima utilizada ou seja a utilizaccedilatildeo do avanccedilo por dente de 034mm se
posicionava no limite de potecircncia da maacutequina
Todos os experimentos foram realizados reacuteplicas exceto os experimentos com variaccedilatildeo da
velocidade de corte que foi necessaacuterio realizar uma treacuteplica
54
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO
Este capiacutetulo descreveraacute os resultados dos experimentos As variaacuteveis analisadas satildeo a
evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos em funccedilatildeo da quantidade de peccedilas usinadas o tempo de
usinagem a quantidade de dentes da ferramenta em contato com a peccedila potecircncia consumida do fuso
e volume de cavaco removido
31 Cavaco
A usinagem do ferro fundido cinzento gera cavaco de ruptura na regiatildeo de cisalhamento
(Ferraresi 1970) O cavaco retirado do bloco do motor em ferro fundido vermicular utilizado nos
experimentos tambeacutem pode ser classificado como de ruptura mas eacute um pouco maior que o tiacutepico
gerado na usinagem do ferro fundido cinzento conforme mostra a figura 31
Como a deformaccedilatildeo do cavaco no momento do corte natildeo eacute homogecircnea por causa da
concentraccedilatildeo de tensatildeo ou pontos de baixa resistecircncia na parte traseira do cavaco (Diniz et al
2008) a parte de traz do cavaco eacute bem rugosa mesmo para um cavaco de ruptura conforme
demonstrado na figura 32
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura de CGI
Figura 32 - Face rugosa do cavaco de CGI
55
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel )
Na primeira fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
arestas) e o avanccedilo por dente foram fixados tendo como variaacutevel a velocidade de corte
Na velocidade de corte de 155mmin 30 peccedilas foram usinadas ateacute o desgaste de flanco do
inserto ultrapassar os 04mm (VB) conforme mostrado na figura 33
vc110
mmin
vc140
mmin
vc155
mmin
10 peccedilas 20 peccedilas 30 peccedilas
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte
Para as velocidades de corte de 110mmin e 140mmin foi possiacutevel mandrilar ateacute 40 peccedilas
conforme demonstrado na figura 34 O desgaste dos diversos insertos de uma mesma eram muito
proacuteximos mas foi decidido fazer as mediccedilotildees de insertos montados sempre na mesma posiccedilatildeo da
ferramenta Pode-se verificar que o inserto utilizado no experimento com maior velocidade de corte
resultou em um maior desgaste frontal (ainda figura 33) devido ao acreacutescimo de calor gerado no
processo concordando com a literatura (Diniz et al 2008)
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
56
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado
Como jaacute descrito anteriormente a maior velocidade de corte resulta em uma maior taxa de
desgaste frontal dos insertos Como mostra a figura 35 a influecircncia da velocidade de corte na taxa
de desgaste ficou clara somente a partir de 20 peccedilas usinadas ou seja o comportamento do desgaste
das arestas dos insertos foram muito semelhantes diferenciando em poucos centeacutesimos na usinagem
de ateacute 20 peccedilas O valor do desgaste foi 51 menor na velocidade de corte de 110mmin quando
comparado com a velocidade de corte de 140mmin apoacutes 40 peccedilas usinadas Analisando uma
diferenccedila ainda maior de velocidade de corte como por exemplo velocidade de corte de 110mmin
e 155mmin e fixando 30 peccedilas para comparaccedilatildeo jaacute que o experimento com a velocidade de corte
de 155mmin natildeo atingiu 40 peccedilas a diferenccedila foi de 60 Em outras palavras o valor do desgaste
VB apoacutes 30 peccedilas usinadas era 60 maior na ferramenta utilizada com 155 mmin que o desgaste da
ferramenta que usinou com 110 mmin
04mm
A B
04mm
Vc110mmin Vc140mmin
57
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos
Comparando o graacutefico de desgaste dos insertos com o graacutefico de potecircncia consumida do fuso
(figura 36) vecirc-se que conforme esperado agrave medida em que aumenta o desgaste da ferramenta
aumenta o atrito na interface ferramentapeccedila e consequumlentemente aumenta a potecircncia consumida
do fuso Na usinagem com ferramenta nova (peccedila 1 na figura 36) a potecircncia consumida com vc =
140 mmin foi cerca de 22 maior que quando se usinou com vc = 110 mmin (aumento de 27 no
valor da velocidade) enquanto a potecircncia consumida com velocidade de corte de 155mmin foi 9
maior que quando se usinou com vc = 140 mmin (aumento de 11 no valor da velocidade de corte)
Pode-se verificar que o aumento da potecircncia consumida foi pouco menor que o aumento da proacutepria
velocidade de corte Diniz et all (2008) afirmam que a potecircncia de corte pode ser dada pela equaccedilatildeo
31 Como nem profundidade de usinagem nem avanccedilo foram alterados nestes ensaios este
resultado significa que o aumento da velocidade de corte proporcionou uma pequena reduccedilatildeo no
valor da pressatildeo de corte o que concorda com o que foi tambeacutem afirmado por estes autores
cc vfapKsvFcPc (31)
Onde
Pc = potecircncia de corte
Fc = forccedila de corte
0
01
02
03
04
05
06
07
08
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Velocidade de corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
58
Ks = pressatildeo especiacutefica de corte
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para
ferramentas com 3 e 6 insertos)
Na segunda fase dos experimentos devido agrave utilizaccedilatildeo de insertos de ceracircmica foi utilizada a
velocidade de corte de 155mmin que eacute a maacutexima permitida pela maacutequina Como a intenccedilatildeo eacute
comparar o desempenho dos materiais dos insertos foi fixada a velocidade de corte de 155mmin o
avanccedilo por dente de 022mmin e inicialmente seis arestas na ferramenta tendo como variaacutevel o
material de ceracircmica e metal duro
Poreacutem natildeo foi possiacutevel realizar o experimento em questatildeo O ensaio teve que ser interrompido
porque todos os insertos se quebraram antes da ferramenta completar 10 peccedilas usinadas O desgaste
prematuro das arestas de corte do inserto de ceracircmica e o aumento da pressatildeo de corte devido ao
aumento na quantidade de arestas aumentaram bastante a tendecircncia agrave quebra dos insertos
Como natildeo foi possiacutevel a comparaccedilatildeo dos insertos de ceracircmica com insertos de metal duro
nestas condiccedilotildees decidiu-se realizar esta fase dos experimentos mantendo a velocidade de corte de
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Variaacutevel - Velocidade de Corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
59
155mmin e o avanccedilo por dente de 022mmin mas reduzndo o nuacutemero de arestas da ferramenta
para trecircs Realizou-se estes testes com ferramenta de metal duro e ferramenta ceracircmica
Pode-se verificar que para mandrilamento em desbaste de peccedilas em material de ferro fundido
vermicular insertos de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio natildeo se mostraram adequados ou seja haacute
um desgaste excessivo da aresta de corte conforme mostra a figura 37 Vecirc-se nesta figura que com
apenas 10 peccedilas usinadas o desgaste dos insertos ultrapassava 10mm de VB O inserto de metal duro
para esta mesma quantidade de peccedilas (10 peccedilas) apresentava desgaste de somente 022 mm
conforme demonstrado na figura 38
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm
Figura 38 ndash Aresta do inserto de metal duro
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm
A figura 39 mostra que inicialmente a potecircncia consumida pela maacutequina quando se utilizou
ferramenta ceracircmica era bem proacutexima daquela consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro Como pode ser visto nas figuras 27 e 28 e na tabela 23 as ferramentas utilizadas tecircm
geometrias idecircnticas Entatildeo este resultado mostra que o suposto menor coeficiente de atrito da
camada de TiAlN que recobre a ferramenta de metal duro natildeo teve influecircncia na diminuiccedilatildeo dos
esforccedilos de corte Poreacutem em poucas peccedilas usinadas devido ao excessivo desgaste das arestas de
corte haacute um aumento progressivo na potecircncia consumida do fuso para o experimento com ceracircmica
Apoacutes 10 peccedilas usinadas enquanto a potecircncia consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro aumentou 8 em relaccedilatildeo agrave potecircncia consumida na usinagem da primeira peccedila a potecircncia
quando se usou ferramenta ceracircmica aumentou em cerca de 41
04mm 04mm
60
Figura 39 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica
Como a comparaccedilatildeo entre insertos de metal duro e insertos de ceracircmica foi extremamente
favoraacutevel ao experimento de metal duro decidiu-se comparar a quantidade de insertos em uso na
ferramenta Assim os experimentos foram realizados com ferramenta de metal duro com trecircs
insertos e seis insertos fixando a velocidade de corte de 155mmin e o avanccedilo por dente de 023mm
Fotos das regiotildees desgastadas destas ferramentas estatildeo mostradas na figura 38
Trecircs(3)
insertos
Seis(6)
insertos
10 peccedilas 20 peccedilas
10
11
12
13
14
15
16
17
1 10 20
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Metal Duro x Ceracircmica
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Metal Duro Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Ceracircmica
04mm 04mm
04mm 04mm
61
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes
Verifica-se que o experimento com maior quantidade de insertos (6 insertos) em uso obteve
uma superioridade de 66 de vida com relaccedilatildeo ao experimento de menor quantidade de insertos (3
insertos) confirmando a literatura (REUTER et al1999) quando atingido a quantidade de 20 peccedilas
que foi o limitante para o experimento com trecircs insertos conforme mostra figura 311
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6
insertos
O aumento do nuacutemero de dentes aumenta o volume de cavaco removido por minuto sem
aumentar a carga realizada sobre cada aresta Portanto este aumento deve ser incentivado desde que
haja espaccedilo suficiente entre dentes para armazenar o cavaco e desde que a maacutequina tenha potecircncia e
rigidez para suportar este maior volume de cavaco removido A figura 312 abaixo mostra a maior
potecircncia consumida para o experimento utilizando seis insertos como variaacutevel mas ainda dentro do
permitido pela maacutequina Veja que com 100 no aumento da velocidade de avanccedilo devido ao dobro
da quantidade de dentes em uso a potecircncia consumida do fuso iniciou com uma diferenccedila de 73
ou seja confirma-se que a potecircncia de corte aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo porque o Ks
reduziu devido a maior velocidade de avanccedilo Se o Ks natildeo reduzisse com o aumento do avanccedilo a
diferenccedila da potecircncia consumida do fuso seria de 100
0
02
04
06
08
10 20 30
Des
gast
e V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas - Vb(mm) 3 insertos x 6 insertos
Vc 155mmin - MD fz 022 (3 INSERTOS)
Vc 155mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
62
Figura 312 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como
variaacutevel)
Na quarta fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
facas) a melhor velocidade de corte (vc 110mmin) encontrada nos primeiros experimentos e o
material da ferramenta (Metal Duro) foram fixados tendo como variaacutevel o avanccedilo por dente
Pode-se verificar que para velocidade de corte de 110mmin independente da variaacutevel avanccedilo
por dente a variaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do desgaste das arestas de corte foi muito pequena conforme
demonstrado nas figuras 313 e 314 O aumento do avanccedilo aumenta o volume de cavaco removido
por minuto e com isto aumenta o calor gerado Por outro lado o crescimento do avanccedilo faz com
que o contato do cavaco com a ferramenta se decirc em uma maior porccedilatildeo da superfiacutecie de saiacuteda Como
tem-se maior calor gerado mas com maior aacuterea da ferramenta para receber este calor a temperatura
da ferramenta natildeo se altera muito e por isso a influecircncia do avanccedilo no desgaste da ferramenta
quando existe eacute pequena (Diniz et al 2008)
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Nuacutemero de insertos como variaacutevel
Vc 155mmin (6 ins) fz 022 - MD
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - MD
63
fz
022mm
fz
030mm
fz
034mm
20 peccedilas 30 peccedilas 40 peccedilas
Figura 313 ndash Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos
Este resultado eacute bastante importante para um processo de desbaste como o analisado neste
trabalho O aumento do avanccedilo por dente faz com que o tempo de corte de uma peccedila seja reduzido
Como isto natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta tem-se com certeza um processo mais
produtivo (se a vida da ferramenta tivesse diminuiacutedo seria necessaacuterio cotejar a diminuiccedilatildeo do tempo
de corte contra o aumento de tempo de maacutequina parada para troca de ferramenta para afirmar que o
processo foi mais produtivo) com mesmo custo de ferramentas e menor custo de utilizaccedilatildeo da
maacutequina Haacute que se perguntar qual eacute o limite para o aumento do avanccedilo por dente Com certeza agrave
medida que se aumenta este valor para mesmo raio de ponta da ferramenta cresce o risco de quebra
da mesma A utilizaccedilatildeo de avanccedilos ainda maiores que os aqui utilizados eacute uma sugestatildeo para um
trabalho futuro
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
64
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por
dente como variaacutevel
A figura 315 mostra os resultados de potecircncia consumida versus nuacutemero de peccedilas usinadas
para os ensaios em que se teve variaccedilatildeo do avanccedilo por dente Nela percebe-se que haacute um aumento
na potecircncia consumida agrave medida que se aumenta o avanccedilo por dente Levando-se em consideraccedilatildeo a
potecircncia consumida na usinagem da 1ordf peccedila (ferramenta ainda sem desgaste) houve um aumento de
21 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 022mm para 030mm (36 de aumento
do avanccedilo) e um aumento de 9 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 030mm para
034mm (13 de aumento do avanccedilo) Isto estaacute em acordo com a literatura (Diniz Marcondes e
Coppini2008) que afirma que a Potecircncia de Corte (Pc) aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo da
avanccedilo (f) porque a Pressatildeo Especiacutefica de Corte (Ks) cai com o aumento de f Isto eacute possiacutevel
porque a contribuiccedilatildeo dada pelo fluxo lateral de cavaco (parte do volume de material deformado da
peccedila natildeo se transforma em cavaco mas sim escorrega entre a peccedila e a superfiacutecie de folga da
ferramenta) fica percentualmente menos importante quando se aumenta o avanccedilo
Outro ponto importante a ser destacado nesta figura eacute que a contribuiccedilatildeo do desgaste para o
crescimento da potecircncia consumida eacute significativa Quando se utilizou fz = 030 mm o crescimento
da potecircncia entre a 1ordf peccedila usinada e a 40ordf peccedila foi de 76 enquanto quando se usou fz = 022 mm
este crescimento foi de 20 (maior crescimento percentual dentre as 3 curvas) Esta diferenccedila de
0
01
02
03
04
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Avanccedilo por dente
Vc 110mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 030 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 034 (6 INSERTOS)
65
variaccedilatildeo percentual da potecircncia consumida entre a 1ordf e a 40ordf peccedila deve-se provavelmente ao da
potecircncia ao longo da vida da ferramenta natildeo eacute tatildeo intenso
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de
avanccedilo como variaacutevel
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste
Os insertos utilizados nos experimentos foram submetidos agrave anaacutelise por um microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (MEV) com sistema de energia dispersiva (EDS) Este procedimento
objetivou a anaacutelise do mecanismo de desgaste das arestas de corte
Foram analisadas as arestas dos insertos de metal duro em fim de vida utilizados nos
ensaios em que se variou a velocidade de corte e a quantidade de insertos Os insertos com a
variaccedilatildeo do avanccedilo por dente foram submetidos ao MEV e ao EDS a cada 10 peccedilas mandriladas ateacute
completar o fim de vida Com relaccedilatildeo aos ensaios com ferramenta de ceracircmica somente as arestas
utilizadas no experimento com trecircs insertos puderam ser analisadas porque no experimento
utilizando seis insertos de ceracircmicas os mesmos quebraram no momento do experimento
impossibilitando a anaacutelise
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso
Vc 110mmin fz 022mm
Vc 110mmin fz 030mm
Vc 110mmin fz 034mm
66
Os insertos usados nos experimentos foram limpos por ataque da soluccedilatildeo de 10 gramas de
ferrocianeto de potaacutessio [ K4 [ Fe(CN)6]] 10 gramas de hidroacutexido de potaacutessio (KHO) e 100
mililitro de aacutegua destilada imerso de 4 agrave 6 antes de serem colocados no microscoacutepio
A figura 316 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
Nesta figura natildeo se vecirc riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte que se ocorressem indicariam
desgaste de origem abrasiva Fez-se anaacutelise de EDS nos 3 pontos mostrados na figura e o resultado
destas anaacutelises estatildeo mostrados na figura 317 O ponto 2 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
predominacircncia de titacircnio e alumiacutenio pois ali a cobertura da ferramenta estaacute intacta (a cobertura eacute de
TiAlN) Nos pontos 1 e 3 que estatildeo mais proacuteximos da aresta de corte encontra-se uma alta
quantidade de ferro e manganecircs mostrando que houve adesatildeo de material da peccedila na regiatildeo
desgastada da superfiacutecie de folga
67
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 318 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 140 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Os pontos 1 2
e 3 mostrados na figura estatildeo fora da regiatildeo desgastada e a anaacutelise EDS neles (figura 319) indicou a
presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta como era de se esperar O ponto 3 aleacutem da
presenccedila de elementos da ferramenta mostrou tambeacutem a presenccedila de elementos do fluido de corte
68
como foacutesforo e pequena quantidade de material da peccedila provavelmente devido ao contato com o
material do cavaco retirado da peccedila
Figura 318 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
No ponto 4 verifica-se a presenccedila de elementos como ferro manganecircs e siliacutecio que satildeo
materiais presentes exclusivamente na peccedila usinada e no cavaco mostrando de novo que houve
adesatildeo de material da peccedilacavaco na regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga
69
Figura 319 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 320 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Nesta figura
pode-se tambeacutem ver que o desgaste e a velocidade de ocorrecircncia do desgaste foram tais que a
ferramenta chegou a lascar
70
Figura 320 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
A figura 321 mostra os resultados da anaacutelise EDS O ponto 4 que estaacute fora da regiatildeo
desgastada (ver figura 320) mostra somente a presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta Os
pontos 2 e 3 mostram a forte presenccedila de material da peccedilacavaco aderidos agrave superfiacutecie desgastada
O ponto 1 que estaacute na vizinhanccedila da regiatildeo lascada mostra principalmente a presenccedila de elementos
do substrato da ferramenta como tungstecircnio e cobalto mostrando que ali toda a camada de
cobertura jaacute havia sido removida
71
Figura 321 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
Depois da anaacutelise do desgaste destas 3 ferramentas pode-se concluir que ele ocorreu
principalmente devido ao mecanismo de adesatildeo e arranque de partiacuteculas da ferramenta (attrition) A
pressatildeo de corte foi tal que permitiu que durante a formaccedilatildeo do cavaco parte do material da
peccedilacavaco extrudasse entre ferramenta e peccedila (talvez auxiliado por algum desgaste inicial gerado
por um outro mecanismo) e aderisse agrave superfiacutecie de folga da ferramenta Esta camada aderida era
arrancada pelo atrito entre ferramenta e peccedila levando consigo partiacuteculas da cobertura e do substrato
da ferramenta Ao arrastar partiacuteculas da ferramenta o desgaste era mais ainda incentivado jaacute que
72
estas partiacuteculas bastante duras atritavam com a proacutepria ferramenta Pode-se concluir que o
mecanismo principal de desgaste foi este devido agrave presenccedila de camada do material da peccedilacavaco
aderida em todas as regiotildees desgastadas como tambeacutem pela regiatildeo do substrato exposta na figura
320 Conseguiu-se tirar uma foto da ferramenta no momento que naquela regiatildeo (ponto 1 da figura
320) a camada aderida havia sido removida e ainda natildeo tinha sido substituiacuteda por outra camada
deixando o substrato exposto Eacute loacutegico que na continuidade deste processo de desgaste
principalmente quando a taxa desgaste eacute alta devido agrave alta velocidade de corte (como ocorreu
quando se utilizou vc = 155 mmin) o risco de lascamento da ferramenta (remoccedilatildeo de macro-
partiacuteculas e natildeo de micro-partiacuteculas) eacute alto como se viu na ponta da ferramenta mostrada na figura
320
A figura 322 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 3 insertos
e ferramenta de ceracircmica
Figura 322 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica) em fim de vida da ferramenta
Haacute quatro pontos indicados conforme demonstrado na figura 322 Nos pontos 1 2 e 3
verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de siliacutecio (figura 323) que existe tanto na peccedila quanto no
inserto Poreacutem como o ponto 3 natildeo tem contato com a peccedila haacute grande probabilidade que o siliacutecio
73
encontrado seja somente do inserto Foi encontrado tambeacutem tacircntalo presente somente ao material
do inserto conforme demonstrado na figura 323 No ponto 4 que se refere exatamente agrave fronteira da
regiatildeo de desgaste (fronteira entre a aacuterea de contato com a peccedila e a aacuterea sem contato) verifica-se a
presenccedila de material como siliacutecio alumiacutenio e cobalto referente ao inserto mas tambeacutem zinco e
zircocircnio que satildeo materiais do oacuteleo refrigerante utilizado no experimento Isto significa que o fluido
de corte chegava bem proacuteximo agrave interface peccedila-ferramenta mas natildeo penetrava nela Assim o fluido
tinha uma accedilatildeo refrigerante bastante eficiente jaacute que atingia regiotildees proacuteximas agrave fonte geradora de
calor mas natildeo tinha accedilatildeo lubrificante pois natildeo penetrava nas interfaces para poder ter accedilatildeo de
reduccedilatildeo do coeficiente de atrito
Figura 323 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de
corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
74
Uma anaacutelise visual da figura 322 mostra uma superfiacutecie lisa e a figura 323 mostra a presenccedila
em pequena quantidade de elementos da peccedila Estes pontos satildeo indicaccedilotildees de que o desgaste
difusivo estiver presente Poreacutem a aparecircncia facetada da regiatildeo de desgaste tambeacutem indica que
houve quebra de partiacuteculas macroscoacutepicas da ferramenta talvez causada pela tensatildeo teacutermica gerada
pela alta refrigeraccedilatildeo realizada pelo fluido de corte
Numa tentativa de se entender o processo de desgaste da ferramenta de metal duro desde o
iniacutecio de sua vida fez-se anaacutelise da superfiacutecie desgastada de uma das ferramentas em vaacuterios
momentos de sua vida A figura 324 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie
de folga de uma das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030
mm 6 insertos e ferramenta de metal duro apoacutes 10 peccedilas usinadas
Figura 324 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 10 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 324 estaacute mostrada na figura 325
Nos pontos 1 e 2 verifica-se a presenccedila de elementos da cobertura (titacircnio e alumiacutenio) como
75
tambeacutem elementos do substrato da ferramenta (W) No ponto 3 que eacute um ponto fora da regiatildeo
desgastada encontra-se alta concentraccedilatildeo de alumiacutenio e titacircnio presentes na cobertura do inserto No
ponto 4 encontra-se ainda bastante material da cobertura da ferramenta Al e Ti Vecirc-se que apoacutes 10
peccedilas usinadas ainda natildeo se iniciou o processo de adesatildeo da material da peccedilacavaco na superfiacutecie
de folga da ferramenta (natildeo se verifica a presenccedila marcante de Fe na regiatildeo de desgaste) adesatildeo
esta bastante presente na ferramenta apoacutes 40 peccedilas usinadas Tambeacutem mesmo na regiatildeo desgastada
ainda se verifica bastante a presenccedila de material da cobertura o que demonstra que o desgaste natildeo
era profundo a ponto de remover esta camada de material
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 325 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas
76
A figura 326 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 20 peccedilas usinadas
Figura 326 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 20 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 326 estaacute mostrada na figura 327 No
ponto 1 verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de tungstecircnio referente ao substrato do inserto e
uma pequena concentraccedilatildeo de Fe da peccedila Conclui-se entatildeo que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada a
cobertura jaacute havia sido removida e o processo de adesatildeo de material da peccedilacavaco dava sinais de
sua presenccedila No ponto 2 a presenccedila do Fe proveniente da peccedilacavaco eacute bastante intensa
mostrando que o processo de adesatildeo jaacute havia realmente se iniciado O ponto 3 eacute fora da regiatildeo
desgastada e portanto somente possui elementos da cobertura da ferramenta como alumiacutenio e
titacircnio Algum teor de W aparece porque a anaacutelise EDS eacute capaz de detectar elementos que estaacute a
alguma distacircncia da superfiacutecie analisada Assim o W que estaacute a alguns microns de distacircncia eacute
mostrado na anaacutelise No ponto 4 encontra-se somente alumiacutenio e titacircnio da cobertura mostrando
que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada o processo de adesatildeo ainda natildeo havia se iniciado
77
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 327 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 20 peccedilas usinadas
A figura 328 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 30 peccedilas usinadas
78
Figura 328 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 30 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 328 estaacute mostrada na figura 329
Similarmente ao que ocorreu com a ferramenta apoacutes 20 peccedilas usinadas agora com 30 peccedilas
usinadas a regiatildeo desgastada mostra ponto coberto por material da peccedilacavaco (ponto 1) ponto em
que a cobertura havia sido removida e o substrato estaacute exposto (ponto 2) e ponto em que a cobertura
ainda estava intacta (ponto 4) Logicamente o ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
somente elementos da cobertura e pouco concentraccedilatildeo de elementos do substrato da ferramenta
79
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 329 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 30 peccedilas
A figura 330 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 40 peccedilas usinadas (fim do ensaio)
80
Figura 330 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 40 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 330 estaacute mostrada na figura 331
Nos pontos 1 e 2 constata-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de ferro presente na peccedilacavaco
indicando que o processo de adesatildeo na ferramenta jaacute era bastante acentuado Mesmo assim ainda
havia uma parte da porccedilatildeo desgastada em que o desgaste natildeo havia se aprofundado na ferramenta e
assim a cobertura ainda estava presente (ponto 4 que tem forte concentraccedilatildeo de Ti e Al da
cobertura) No ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada apresenta logicamente somente
elementos da cobertura
81
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 331 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 40 peccedilas usinadas
Apoacutes a anaacutelise destas figuras pode-se tentar definir quais foram os mecanismos de desgaste da
ferramenta ao longo de sua vida Com 10 peccedilas usinadas a adesatildeo ainda natildeo estaacute presente Algum
outro mecanismo de desgaste (provavelmente a difusatildeo dada a aparecircncia lisa da regiatildeo desgastada
tiacutepica do desgaste difusivo sem a presenccedila de riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte tiacutepicos da abrasatildeo)
foi o responsaacutevel pela remoccedilatildeo da camada de cobertura (jaacute se vecirc pontos com o substrato exposto na
figura 331) que gerava o aumento do coeficiente de atrito e propiciava a adesatildeo do material da
peccedilacavaco A presenccedila de algum desgaste tambeacutem facilitou a extrusatildeo deste material entre peccedila e
ferramenta para que a adesatildeo fosse possiacutevel A partir disto a adesatildeo comeccedilou a crescer
82
gradualmente Com 20 peccedilas usinadas jaacute se tinha mais presenccedila de Fe oriundo da peccedila na ferramenta
e tambeacutem porccedilotildees com o substrato exposto (W mostrado na anaacutelise EDS) e a partir da peccedila 30 a
adesatildeo estava bastante presente tornando-se o principal mecanismo de desgaste que conduziu a
ferramenta a valores alto de desgaste
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido
A figura 332 mostra a vida da ferramenta para cada experimento realizado no qual fica
caracterizado que menores velocidades de corte e material de metal duro satildeo os mais indicados para
o processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco do motor fabricado em ferro
fundido vermicular Vecirc-se nesta figura que o uso de inserto com material de ceracircmica agrave base de
nitreto de siliacutecio natildeo se mostrou adequado para este tipo de operaccedilatildeo Vecirc-se tambeacutem que os avanccedilos
por dente utilizados no experimento mantiveram a mesma vida de ferramenta
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos
Para se ter uma ideacuteia de qual foram as melhores condiccedilotildees de usinagem dentre as que foram
testadas neste trabalho e consequumlentemente escolher o conjunto de condiccedilotildees a serem utilizadas no
0
10
20
30
40
50
Vc 110mmin
Fz022mmmin
Vc 110mmin
Fz030mmmin
Vc 110mmin
Fz034mmmin
Vc 140mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 3 insertos MD 3 insertos
Ceracircmica
6 insertos
Ceracircmica
40 40 40
30
23
12
4
Quebra
Nuacute
mer
o d
e p
eccedila
s
Vida da ferramenta de metal duro e ceracircmica no processo de mandrilamento em desbaste do Ferro Fundido Vermicular
83
meio produtivo construiu-se a figura 333 Na construccedilatildeo desta figura os experimentos em que se
utilizou ferramentas ceracircmicas natildeo foram levados em consideraccedilatildeo jaacute que o desempenho destas
ferramentas natildeo foi razoaacutevel Os ensaios em que se utilizou avanccedilo por dente de 022 mm e se
variou a velocidade de corte se a maacutequina utilizada nesta operaccedilatildeo natildeo for gargalo (isto eacute o tempo
da operaccedilatildeo natildeo eacute importante) a condiccedilatildeo a ser utilizada eacute aquela com velocidade de corte de
110mmin jaacute que ela propicia economia de ferramenta Se a maacutequina for gargalo haacute que se calcular
a velocidade de maacutexima produccedilatildeo (vcmxp) para este avanccedilo a fim de se escolher a velocidade a ser
utilizada Diniz et al (2008) definem vcmxp de acordo com a equaccedilatildeo 32
x
ft
cmxptx
Kv
1
))1(
(
(32)
Onde K e x satildeo os expoentes da equaccedilatildeo de vida da ferramenta de Taylor (Tvcx=K) tft eacute o
tempo de troca da ferramenta e T eacute a vida da ferramenta em minutos
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido
Utilizando-se os dados de vida de ferramenta obtidos nos ensaios com as 3 velocidades de
corte utilizadas neste trabalho tem-se que x e K satildeo respectivamente 26 e 79x106 Com isto
considerando-se um tempo de troca das ferramentas de 2 minutos tem-se que a velocidade de
maacutexima produccedilatildeo eacute 2895 mmin Assim em uma maacutequina gargalo utilizando-se o avanccedilo por dente
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Vc110mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 030mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 034mm
Vc140mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc155mmin 6 insertos Fz 022mm
Vo
lum
e d
e ca
vaco
(cm
3)
Tem
po
de
usi
nag
em (
min
)
Tempo de usinagem x Volume de cavaco removido Tempo de usinagem
Volume de material removido
84
de 022 mm dentre as velocidades utilizadas nos ensaios seria interessante utilizar-se a velocidade
de 155 mmin jaacute que a usinagem com este valor de vc apesar de consumir mais ferramentas
propicia menor tempo de produccedilatildeo por peccedila (jaacute que ela a maior velocidade dentre as utilizadas que
ainda eacute menor que vcmxp)
Como visto o uso de maiores avanccedilos natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta Assim
como se estaacute em operaccedilatildeo de desbaste (a rugosidade da peccedila natildeo eacute importante) eacute interessante
utilizar-se o maior avanccedilo possiacutevel Dentre os utilizados neste trabalho seria adequado se utilizar fz
= 034 mm pois com ele consegue-se um corte mais raacutepido sem ainda se ter quebra da aresta de
corte Seria importante tambeacutem se obter a velocidade de maacutexima produccedilatildeo com este avanccedilo a fim
de se saber a velocidade a ser utilizada se a maacutequina for gargalo Esta eacute uma outra sugestatildeo para um
futuro trabalho
85
4 CONCLUSOtildeES
Esta dissertaccedilatildeo teve por objetivo analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar influencias
positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor fabricado
em ferro fundido vermicular
Por meio dos resultados obtidos nas condiccedilotildees experimentadas pode-se concluir que
Quanto maior a velocidade de corte menor a vida final da ferramenta
A utilizaccedilatildeo de um maior nuacutemero de insertos na ferramenta proporcionou maior vida
tanto em termos de tempo de usinagem quanto em termos de volume de material
removido
Insertos de ceracircmica com nitreto de siliacutecio natildeo satildeo indicados para o mandrilamento em
desbaste do ferro fundido vermicular
A alteraccedilatildeo da velocidade de avanccedilo natildeo influencia na vida da ferramenta
Apoacutes definir a melhor velocidade de corte a velocidade de avanccedilo foi limitada pela
potecircncia consumida do fuso e natildeo pelo desgaste das arestas dos insertos
A melhor condiccedilatildeo de corte foi velocidade de corte de 110mmin avanccedilo por dente de
034mm e seis insertos de metal duro montados simultaneamente
O principal mecanismo de desgaste de flanco das pastilhas de metal duro foi o
ldquoattritionrdquo Poreacutem para que a adesatildeo de material da peccedilacavaco sobre a superfiacutecie de
folga pudesse acontecer foi necessaacuterio que inicialmente algum outro mecanismo
(provavelmente a difusatildeo) gerasse o desgaste da ferramenta
Sugestotildees para proacuteximos trabalhos
As informaccedilotildees descritas prevecircem possibilidades das variaccedilotildees sabendo-se que
86
o laboratoacuterio utilizado neste trabalho natildeo as permitiu
o Utilizaccedilatildeo de maiores velocidades de corte conjuntamente com maiores avanccedilos por
dente
o Utilizaccedilatildeo de outros materiais de ferramentas O CBN seria uma opccedilatildeo a ser testada
o Variaccedilatildeo das alturas das pastilhas tanto na direccedilatildeo axial quanto na direccedilatildeo radial
o Verificar se eacute possiacutevel aumentar ainda mais o nuacutemero de arestas da ferramenta para
propiciar ainda maior produccedilatildeo
87
5 REFEREcircNCIAS
BALDACIM Sandro A Desenvolvimento Processamento e Caracterizaccedilatildeo de
Compoacutesitos Ceracircmicos Si3N4 ndash SiC(w) 2000 170p Tese (Doutorado) Departamento de Pesquisas
Energeacuteticas e Nucleares Universidade Estadual de Satildeo Paulo Satildeo Paulo
BELONI AL Metodologia via redes neurais para estimativa da rugosidade e do
desgaste de ferramentas de corte no processo de fresamento frontal 2001 194p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Uberlacircndia Minas
Gerais
BRAUN Silvana Appel LG Schmal M A poluiccedilatildeo gerada por maacutequinas de combustatildeo
interna movidas a diesel - a questatildeo dos particulados Estrateacutegias atuais para a reduccedilatildeo e
controle das emissotildees e tendecircncias futuras Quiacutemica Nova Vol 27 No 3 472-482 2003
CHIAVERINI Vicente Accedilos e Ferros Fundidos Caracteriacutesticas Gerais Tratamento
Teacutermico Principais Tipos 7deg Ediccedilatildeo ampliada e revisada Associaccedilatildeo Brasileira de Metalurgia e
Materiais 2005
CONSALTER L GUEDES L PUREY J - Usinabilidade de ferros fundidos FMP Guia
de Equipamentos e Insumos 1987
DAWSON S Compacted Graphite Iron Mechanical and Physical Properties for Engine
Design SinterCast - Technical Publication 1999
DAWSON S HOLLINGER I ROBBINS H DAETH J REUTER U SCHULZ H
The effect of metallurgical variables on the machinability of compacted graphite iron SAE
World Congress 2001
DAWSON S Process Control for the Production of Compacted Graphite Iron AFS
Casting Congress 2002
88
DAWSON S SCHROEDER T Practical Applications for Compacted Graphite Iron AFS
Transactions 2004
DAWSON S Compacted Graphite Iron ndash A New Material for Highly Stressed Cylinder
Blocks and Cylinder Heads Internationales Wiener Motorensymposium 2007
DINIZ AE MARCONDES FC COPPININL Tecnologia da Usinagem dos
Materiais 6deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Artiliber Editora 2008 262p
DOREacute C BOEHS L GUESSER L W Avaliaccedilatildeo da Usinabilidade do Ferro Fundido
Vermicular com Diferentes Microestruturas 8th Congresso Iberoamericano de Engenharia
Mecacircnica 2007
FERRARESI Dino Fundamentos da Usinagem dos Metais vol 1 Satildeo Paulo
Editora Edgard Bluumlcher LTDA 1970 754p
FERRER Jorge A G Uma Contribuiccedilatildeo ao Fresamento Frontal de Superfiacutecies
Irregulares de Ferro Fundido Cinzento 2006 228p Tese (Doutorado) Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
FERRER Jorge A G DINIZ A E Otimizaccedilatildeo do fresamento frontal de diversas superfiacutecies
de ferro fundido cinzento Anais do III Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricaccedilatildeo -
COBEF Vol 1 pp1 ndash1 Joinville Santa Catarina 2005
GABALDO Sander Uma Contribuiccedilatildeo a Melhoria do Processo de Fresamento de Ferro
Fundido Vermicular ndash CGI 2009 136p Tese (Mestrado) Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
89
GODINHO AF Anaacutelise do Mandrilamento de cilindros de bloco de motores em Ferro
Fundido Vermicular com diferentes concepccedilotildees de ferramentas 2007 128p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
GUEDES Luiz F M FENGPUCRS Processo de usinagem e conformaccedilatildeo 2006
KASSACK J REUTER U AUDI CGI Production Planning In 5th COMPACTED
GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat Darmstadt 2002
KOPPKA Frank ABELE Eberhard Economical processing of compacted graphite iron 6th
COMPACTED GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat
Darmstadt 2003
GUESSER L W SCHROEDER T DAWSON S Production experience with compacted
graphite iron automotive components AFS Transactions 01-071 2001
MACHADO AR ABRAtildeO A M COELHO R T DA SILVA MB Teoria da
Usinagem dos Materiais 1 ed Satildeo Paulo Editora Blucher 2009 384 p
MAKINO Disponiacutevel em ltcompetitiveproductioncom features default aspx articlegt
Acesso em Janeiro de 2011
MAPAL do BRASIL Disponiacutevel em ltMapalcomenproductscatalogues-and-brochuresgt
Acesso em Dezembro de 2010
MARWANGA R O VOIGT R C COHEN P H Influence of Graphite Morphology and
Matrix Structure on Chip Formation During Machining of Gray Irons AFS Transactions
American Foundrysmen Society 1999
90
MOCELLIN Fabiano Desenvolvimento de Tecnologia para Brunimento de Cilindros de
Blocos de Motores em Ferro Fundido Vermicular Tese 2007 264p Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
MOCELLIN Fabiano BOHES Prof Lourival Study of the Machinability of Compacted
Graphite Iron for Drilling Process Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science and
engineering 2004
MOURA Bruna S Transesterificaccedilatildeo Alcalina de Oacuteleos Vegetais para Produccedilatildeo de
Biodiesel Avaliaccedilatildeo Teacutecnica e Econocircmica Dissertaccedilatildeo 2010 166p Departamento de Engenharia
Quiacutemica Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
NICOLELLA Gilberto Marques JF Skorupa L A Sistema de Gestatildeo Ambiental aspectos
teoacutericos e anaacutelise de um conjunto de empresas ISSN 1516-4691 Documento 39 Embrapa Meio
Ambiente 43p Jaguariuacutena SP 2004
REUTER U SCHULZ H Compact and bijou The problems associated with compacted
graphite iron manufacturing can be overcome Engine Technology International 1999
REUTER U SAHM A SCHULZ H CGI production on transfer lines and machining
centers Compacted Graphite Iron Machining Workshop 2000
SAHM A ABELE E SCHULZ H State of the art in CGI machining 5th Compacted
Graphite Iron Machining Workshop 2002
SINTERCAST Compacted Graphite Iron Technical Publication What is CGI Disponiacutevel
emlthttpwwwsintercastcomTecnologygt Acesso em marccedilo de 2010
STEMMER C E Ferramentas de corte I 3 ed Florianoacutepolis Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina 1993 249 p
91
SOUTO Ulisses B Monitoramento do desgaste de ferramenta no processo de
fresamento via emissatildeo acuacutestica Tese 2007 Pag19 Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Federal de Uberlacircndia
TRENT E WRIGHT P Metal Cutting 4ordf ed Woburn Editora Butterworth-Heinemann
2000 446p
VASILASH Gary S Automotive Design amp Production Gardner Publication 2006
WALTER AG Cataacutelogo Geral Cataacutelogo Satildeo Paulo 2007
XAVIER Fabio A Aspectos Tecnoloacutegicos do Torneamento do Ferro Fundido
Vermicular com Ferramentas de Metal Duro Ceracircmica e CBN 2003 146p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
XAVIER Fabio A Estudo dos mecanismos de desgaste em ferramentas de nitreto de
siliacutecio aplicadas no torneamento dos ferros fundidos vermicular e cinzento 2009 267p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
YUSSEFIAN NZ MOETAKEF-IMANI B The prediction of cutting force for boring
process International Journal of Machine Tools amp Manufacture 2008
iii
iv
Dedicatoacuteria
Dedico este trabalho a minha querida esposa Leila e minha filha Priscila que sempre
entenderam a importacircncia do trabalho se privando de tempos de alegria para realizaccedilatildeo e
finalizaccedilatildeo do mesmo
A meus irmatildeos e amigos que me apoiaram durante esta jornada
v
Agradecimentos
Este trabalho natildeo poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas agraves quais presto
minha homenagem
- Primeiramente a Deus por me conceder mais esta etapa de minha vida
- A minha famiacutelia que me apoiaram em todos os momentos
- Ao meu orientador Anselmo Eduardo Diniz pela oportunidade compreensatildeo e paciecircncia de
me orientar
- A empresa MAPAL do Brasil na pessoa do Sr Rogeacuterio e Sr Bighetti pelos insertos
utilizados nos experimentos
- Ao Sr Enrique Devicente pela ajuda no procedimento de mediccedilatildeo do desgaste das pastilhas
- Ao Sr Marcos Hermiacutenio Joseacute Esteves pela ajuda nos testes realizados na linha de produccedilatildeo
- Ao Sr Fabio Luis Gomes Mingutti pela ajuda na captura dos dados de potecircncia do
equipamento em cada experimento
- Ao Sr Sander Gabaldo pela ajuda na revisatildeo bibliograacutefica
- Ao Sr Glevison Torres Ruas pela ajuda na anaacutelise do MEV e EDS dos insertos
vi
Embora ningueacutem possa voltar atraacutes e fazer um novo comeccedilo
qualquer um pode comeccedilar agora e fazer um novo fim
Ningueacutem eacute bom por acaso a virtude deve ser bem aprendida
Chico Xavier
vii
Resumo
DALO Marco Aurelio Estudo do Desempenho de Ferramenta de Corte no Processo de
Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas
Faculdade de Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas 2011 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado)
Existe hoje uma tendecircncia no mercado de veiacuteculos de motor diesel a fabricarem os blocos dos
motores em ferro fundido vermicular devido agrave melhor eficiecircncia de combustatildeo e maior resistecircncia agrave
compressatildeo permitindo paredes de galerias mais finas com consequumlecircncia na reduccedilatildeo do peso do
bloco quando comparado ao bloco usual feito de ferro fundido cinzento Desta forma seria possiacutevel
atender agraves novas exigecircncias do mercado e do meio ambiente
Poreacutem a difiacutecil usinabilidade deste material obriga ao levantamento de condiccedilotildees de usinagem
e ao desenvolvimento de ferramentas que possam melhorar a produtividade dos processos de
usinagem dos blocos O mandrilamento em desbaste dos mancais do bloco do motor eacute uma das
operaccedilotildees de usinagem mais carentes de desenvolvimento dentre as utilizadas na produccedilatildeo do bloco
de ferro fundido vermicular
A variaccedilatildeo do material da ferramenta e as condiccedilotildees de corte utilizadas no processo de
usinagem foram as variaacuteveis testadas neste trabalho para buscar o melhor desempenho do processo
de mandrilamento do bloco Os resultados demonstraram que ferramentas de material ceracircmico
sofreram um desgaste frontal excessivo da aresta de corte por difusatildeo e as ferramentas de metal duro
obtiveram um melhor resultado em comparaccedilatildeo com a ceracircmica Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de corte
resultados com o uso de menores velocidades de corte demonstraram um menor desgaste frontal das
arestas de corte A potecircncia consumida do fuso foi o limitante para o maacuteximo avanccedilo por dente
utilizado nos experimentos
Palavras-chave ferro fundido vermicular CGI mandrilamento usinabilidade
viii
Abstract
DALO Marco Aurelio Performance of the cutting tools in the boring machining process vermicular
cast iron - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas Mechanical Engineering Faculty State
University of Campinas 2009 Thesis (Msc)
Today there is a trend in the market for diesel vehicles manufactured in compacted graphite
iron due to better combustion efficiency of the engine and greater resistance to compression
allowing thinner walls of galleries with a result in reducing the weight of the block when compared
to the usual block made of the gray cast iron Thus it would be possible to meet new market
demands and the environment
However the difficult machinability of this material requires the survey of the machining
conditions and development of the tools that can improve productivity of machining processes of the
blocks The rough boring in the bearings of the engine block is one of the machining operations of
the poorest development among those used in the production of compacted graphite iron block
The variation of the tool material and cutting conditions used in the machining process
variables were tested in this work to get the best performance of the process of boring the block The
results show that ceramic tools have suffered excessive front wear of the cutting edge diffusion and
carbide tools had a better outcome in comparison with the ceramic With respect to cutting
conditions results from the use of lower cutting speeds showed a lower front wear of the cutting
edges The power consumption of the spindle was limited for maximum feed per tooth used in the
experiments
Key words Compacted graphite iron CGI boring machinability
ix
Lista de Figuras
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido Vermicular
(SAHM et al 2002) 2
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010) 5
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002) 13
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000 apud
ROSA 2009) 15
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999) 16
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999) 17
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico 22
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico 22
Figura 19 ndash Mandrilamento radial 23
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970) 23
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010) 24
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos 25
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento 26
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
(YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE 39
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise metalograacutefica
(norma MANN M33402004) 40
Figura 23 ndash Micrografia mostrando a morfologia da grafita 41
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrutura da matriz matriz perliacutetica 41
x
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte 42
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm 42
Figura 27 ndash Inserto de metal duro 43
Figura 28 ndash Inserto de ceracircmica WTXQ090608 0906 MN KS6000 43
Figura 29 ndash Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios 43
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos 44
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado 44
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB 46
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina 46
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER 47
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos insertos 47
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento 48
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura do CGI 51
Figura 32 ndash Face rugosa do cavaco do CGI 51
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte 52
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado 53
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos 53
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte 54
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm 55
Figura 38 - Aresta do inserto de metal duro desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm 55
Figura 39 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica 56
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes 57
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6 insertos57
xi
Figura 312 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes 58
Figura 313 - Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos 59
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por dente
como variaacutevel 60
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de avanccedilo
como variaacutevel 61
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 62
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de
corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 63
Figura 318 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 64
Figura 319 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 64
Figura 320 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 65
Figura 321 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 66
Figura 322 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica)
em fim de vida da ferramenta 67
Figura 323 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 68
Figura 324 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 10 peccedilas usinadas 69
Figura 325 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas 70
Figura 326 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 20 peccedilas usinadas 71
Figura 327 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 20 peccedilas usinadas 72
xii
Figura 328 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 30 peccedilas usinadas 73
Figura 329 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 30 peccedilas usinadas 74
Figura 330 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 40 peccedilas usinadas 75
Figura 331 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 40 peccedilas usinadas 76
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos 77
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido 78
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010) 8
Tabela 12 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular perliacutetico
(SINTERCAST 2001 apud ROSA 2009) 8
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em temperatura
ambiente (CHIAVERINI 2005) 9
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) 11
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI 2005) 19
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970) 32
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro 38
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor 42
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN) 43
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento 45
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 47
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 48
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes 52
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes 53
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes 53
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes 53
xiv
Lista de abreviaturas e nomenclaturas
Fe - Ferro
C - Carbono
Si - Siliacutecio
P - Foacutesforo
Ti - Titacircnio
Mg - Magneacutesio
Mn - Manganecircs
Ni - Niacutequel
Nb - Nioacutebio
Cs - Ceacutesio
Cu - Cobre
Sn - Estanho
S - Enxofre
Co - Cobalto
W - Tungstecircnio
Ce - Ceacuterio
Ca - Caacutelcio
VB MAX - Desgaste de flanco maacuteximo
VB - Desgaste de flanco
vc - Velocidade de corte
Vf - Velocidade de avanccedilo
f - Avanccedilo
ap - Profundidade de corte
Ks - Pressatildeo especiacutefica de corte
Pc - Potecircncia de corte
degC - Grau Celsius
CE - Carbono Equivalente
xv
CGI - Compacted Graphite Iron
MPa - Mega Pascoal
GPa - Giga Pascoal
HB - Hardness Brinell
ISO - International Organization for Standardization
SAE - Society of Automotive Engineers
GJV - Gusseisen mit Vermiculargrafit
ASTM - American Society for Testing Materials
VDG - Verein Deutsche Gieszligereifachleute
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
APC - Aresta Posticcedila de Corte
CBN - Cubic Boron Nitride
PCBN - Polycrystalline Cubic Boron Nitride
CVD - Chemical Vapour Deposition
PVD - Physical Vapour Deposition
EDS - Energy Dispersive x-ray Spectrometer
MEV - Microscoacutepio Eletrocircnico de Varredura
KHO - Hidroacutexido de Potaacutecio
[K4[Fe(CN)6]]- Ferrocianeto de Potaacutecio
xvi
SUMAacuteRIO
Dedicatoacuteria iv
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xiii
SUMAacuteRIO xvi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Motor Diesel 3
12 Propriedades e vantagens do motor diesel 4
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular 4
14 Propriedades do ferro fundido 8
15 Processo de Fabricaccedilatildeo 11
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo 12
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular 13
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade 14
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade 17
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade 18
111 Processo de Mandrilamento 20
112 Tipos de Mandrilamento 21
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17) 21
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18) 22
xvii
1123 Mandrilamento Radial (figura 19) 22
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110) 23
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular 24
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro 24
1132 Mandrilamento com insertos rotativos 25
1133 Freso-mandrilamento 25
1134 Mandrilamento com insertos de PCD 26
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento 26
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento 28
1151 Inserto de Metal Duro 30
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro 34
1153 Insertos de Material Ceracircmico 36
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte 38
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 41
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos 41
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos 41
23 Ferramenta de Corte (insertos) 45
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado 47
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos 48
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos 49
27 Processo de Usinagem 51
28 Procedimento experimental 51
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO 54
xviii
31 Cavaco 54
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel ) 55
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para ferramentas com 3
e 6 insertos) 58
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como variaacutevel) 62
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste 65
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido 82
4 CONCLUSOtildeES 85
5 REFEREcircNCIAS 87
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Haacute uma grande preocupaccedilatildeo da sociedade com relaccedilatildeo ao meio ambiente e com isso as
exigecircncias da Legislaccedilatildeo Ambiental com relaccedilatildeo agrave emissatildeo de poluentes estatildeo se tornando cada vez
mais severas Esta severidade obriga o desenvolvimento de novas tecnologias para reduccedilatildeo destes
poluentes em todos os segmentos automotivos (NICOLELLA et al 2004) O motor diesel tem
maior durabilidade torque e eficiecircncia em comparaccedilatildeo ao motor OTTO mas em contrapartida
emite elevados niacuteveis de materiais particulados e de compostos responsaacuteveis pelo odor caracteriacutestico
da emissatildeo do diesel ao ambiente (BRAUN et al 2003) Devido agraves vantagens relacionadas ao motor
diesel percebeu-se a necessidade de desenvolver soluccedilotildees para reduzir as desvantagens da
aplicaccedilatildeo Um destes desenvolvimentos foi voltado agrave fabricaccedilatildeo dos blocos do motor com material
conhecido como ferro fundido vermicular que permite desenvolver um motor mais eficiente e com
melhor desempenho pois admite maiores pressotildees na cacircmara de combustatildeo devido agraves suas boas
propriedades mecacircnicas (GUESSER et al 2001) Este material tambeacutem eacute conhecido como CGI
(Compacted Graphite Iron) e estaacute se posicionando no mercado com grande potencial para substituir
o Ferro Fundido Cinzento ateacute entatildeo usado pelas empresas Devido agrave maior resistecircncia mecacircnica do
material vermicular eacute possiacutevel obter paredes mais finas nas galerias de um bloco do motor tendo
como consequumlecircncia a reduccedilatildeo do peso do motor e o aumento na potecircncia O meio ambiente eacute
favorecido devido a necessidade de uma menor quantidade de mineacuterio de ferro reduccedilatildeo de energia
para fabricaccedilatildeo do material e reduccedilatildeo da energia para movimentaccedilatildeo do veiacuteculo devido ao peso
A empresa que deteacutem a tecnologia para uso do material vermicular pode ter vantagens sobre
seus concorrentes jaacute que o atual mercado eacute muito competitivo e concorrido Com as vantagens na
utilizaccedilatildeo do material CGI e as muitas liccedilotildees aprendidas na sua fundiccedilatildeo e na sua usinagem em um
futuro natildeo muito longiacutenquo outras peccedilas poderatildeo ser confeccionadas utilizando este mesmo
material para aumentar as exigecircncias em qualquer outro segmento
O bloco eacute a maior e mais importante peccedila de um motor na qual quase todos os componentes
satildeo acoplados Para fabricaccedilatildeo do bloco do motor em ferro fundido vermicular satildeo necessaacuterios
alguns processos de usinagem dentre eles o mandrilamento Poreacutem a ferramenta de corte neste
processo pode atingir apenas 5 da vida alcanccedilada quando se usina ferro fundido cinzento
(XAVIER 2003) como mostra a figura 11
2
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido
Vermicular (SAHM et al 2002)
O mandrilamento do mancal do bloco do motor tambeacutem eacute um aspecto negativo para usinagem
devido agrave deflexatildeo estaacutetica da ferramenta e vibraccedilotildees geradas pelas finas paredes Haacute tambeacutem outros
fatores que influenciam negativamente como a fixaccedilatildeo da peccedila a rigidez da maacutequina-ferramenta o
fluiacutedo de corte e a quantidade de material a ser removido (sobre-metal) A variaccedilatildeo destes fatores
tambeacutem influencia o desempenho da ferramenta (GODINHO 2007)
Com o desenvolvimento de novos conceitos de ferramentas para mandrilamento e de
estrateacutegias de usinagem a operaccedilatildeo de mandrilamento em blocos de motores produzidos em ferro
fundido vermicular tornou-se mais econocircmica e tecnicamente viaacutevel Entretanto o tempo de ciclo
quando comparado com o ferro fundido cinzento ainda eacute significativamente maior assim como as
toleracircncias geomeacutetricas do diacircmetro mandrilado em acabamento (SAHM et al2002)
Devido ao baixo desempenho das ferramentas de corte no processo de mandrilamento em
ferro fundido vermicular cabe uma atenccedilatildeo especial no seu desenvolvimento tecnoloacutegico tanto no
processo de fabricaccedilatildeo quanto no processo de utilizaccedilatildeo da ferramenta de corte
Com estudos para o melhor desempenho da ferramenta eacute possiacutevel reduzir estoques paradas
de maacutequinas e o risco de falha de ferramentas (BELONI 2001) Assim reduz a possibilidade de
retrabalho rejeiccedilatildeo da peccedila e o descarte da ferramenta possibilitando o trabalho de Manufatura
Enxuta
3
Sendo assim o objetivo deste trabalho eacute analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar
influencias positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor
fabricado em ferro fundido vermicular Com tantos aspectos negativos conduzir-se-aacute um estudo de
avaliaccedilatildeo de desempenho da ferramenta alternando paracircmetros de corte (velocidade de corte e
avanccedilo por dente) potecircncia consumida do fuso da maacutequina para cada paracircmetro material do inserto
utilizado e a influecircncia do desgaste VB MAX
Este trabalho foi preparado conforme partes descritas abaixo
CAPIacuteTULO 1
- Este capiacutetulo descreve sobre a histoacuteria do motor diesel suas propriedades e vantagens
Caracteriacutesticas e propriedades do ferro fundido vermicular aleacutem do controle e fabricaccedilatildeo Descreve
tambeacutem sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular e o processo de mandrilamento
CAPIacuteTULO 2
- Este capiacutetulo descreve sobre o material os equipamentos e os experimentos realizados
CAPIacuteTULO 3
- Este capiacutetulo descreve os resultados obtidos nos experimentos
CAPIacuteTULO 4
- As discussotildees estatildeo descritas neste capiacutetulo
CAPIacuteTULO 5
- Este capiacutetulo informa as conclusotildees do trabalho realizado e sugestotildees para futuros
trabalhos
11 Motor Diesel
O motor a diesel foi inventado por Rudolf Christian Karl Diesel e patenteado em 23 de
fevereiro de 1897 Como natildeo foi dada muita importacircncia ao invento na eacutepoca ele disse ldquoO uso de
oacuteleos vegetais como combustiacutevel pode parecer insignificante hoje mas tais oacuteleos podem se tornar ao
longo do tempo tatildeo importantes quanto o petroacuteleo e o carvatildeo de hojerdquo ndash Rudolf Diesel 1912 Rudolf
Diesel engenheiro mecacircnico alematildeo nasceu no dia 18 de marccedilo de 1858 em Paris e morreu dia 30
de setembro de 1913 Sua invenccedilatildeo foi considerada o mais importante invento mecacircnico da histoacuteria
pela simplicidade do motor com pistotildees e reaccedilatildeo oacuteleo-oxigecircnio gerando uma enorme transformaccedilatildeo
no setor industrial em que soacute eram usados sistemas a vapor (MOURA 2010)
4
12 Propriedades e vantagens do motor diesel
Os motores diesel satildeo maacutequinas baacutesicas que geram energia para veiacuteculos utilizados
principalmente em aplicaccedilotildees que precisem de elevado torque o que inclui ocircnibus grandes
caminhotildees tratores e maacutequinas para mineraccedilatildeo e dragagem Atualmente os motores diesel vecircm
atraindo uma porccedilatildeo crescente do mercado mundial de veiacuteculos de carga leve cujos motores
fornecem baixa potecircncia Na Europa por exemplo 100 dos veiacuteculos de carga pesada e cerca de
60 dos de carga leve incluindo os utilitaacuterios e ainda 20 dos carros para transporte de
passageiros o que inclui as vans satildeo movidos a diesel (BRAUN 2003)
A popularidade do motor diesel deve-se principalmente agrave eficiecircncia do diesel como
combustiacutevel em relaccedilatildeo agrave gasolina ou mesmo com relaccedilatildeo a outros combustiacuteveis simples ou
misturados como por exemplo o metanol que chega a conferir ao motor diesel uma economia
relativa de 25 a 45 Os motores diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade Eacute comum
um motor diesel para veiacuteculos de carga pesada ter um tempo de vida superior a um milhatildeo de
quilocircmetros ou seja cerca de dez vezes mais que a durabilidade apresentada por um motor agrave
gasolina Assim as vantagens oferecidas pelos motores a diesel tais como durabilidade seguranccedila e
eficiecircncia justificam sua utilizaccedilatildeo em vaacuterios tipos de maacutequinas apesar dos problemas relacionados
com a composiccedilatildeo de sua emissatildeo e ainda com os niacuteveis de poluentes sob regulamentaccedilatildeo contida
na mesma (BRAUN 2003)
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular
Pelo diagrama de equiliacutebrio Fe-C o ferro fundido eacute uma liga cujo teor de carbono se situa
acima de aproximadamente 20 de carbono Como haacute influecircncia do siliacutecio nesta liga o ferro
fundido eacute considerado uma liga ternaacuteria Fe-C-Si porque o siliacutecio estaacute frequumlentemente presente em
teores superiores ao do proacuteprio carbono Por outro lado o carbono em quantidade superior a que eacute
retida em soluccedilatildeo soacutelida na austenita resulta carbonos parcialmente livres na forma de veios de
grafita (SINTERCAST 2010)
O ferro fundido eacute caracterizado pelo formato de suas partiacuteculas de grafite O ferro fundido
cinzento eacute caracterizado por veios de grafite orientados aleatoriamente enquanto que o grafite no
ferro fundido nodular eacute caracterizado por suas esferas individuais de grafite As partiacuteculas de grafite
5
em CGI satildeo orientadas aleatoriamente e alongadas como em ferro fundido cinzento mas satildeo mais
curtas mais grossas e tecircm bordas arredondadas em forma de ldquovermerdquo daiacute o nome vermicular As
partiacuteculas de grafite do ferro fundido vermicular satildeo entrelaccediladas entre si gerando uma forte adesatildeo
(Figura 12) Aleacutem desta forma de grafite dificultar a inicializaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas as
propriedades mecacircnicas e condutividade teacutermica satildeo melhoradas
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010)
A forma da grafita no ferro fundido vermicular confere propriedades superiores quando
comparadas com as do ferro fundido cinzento resistecircncia mecacircnica tenacidade e resistecircncia a
choques teacutermicos e condutividade teacutermica A sua micro-estrutura resulta em uma adesatildeo mais forte
entre a grafita e a matriz de ferro inibindo assim a iniciaccedilatildeo e o crescimento de trincas e garantindo
com isso propriedades mecacircnicas superiores (DOREacute et al2007) Aleacutem disso observa-se que a
superfiacutecie da grafita vermicular apresenta imperfeiccedilotildees as quais aliadas agrave morfologia complexa
(tambeacutem conhecida como ldquocoralrdquo) resultam em adesatildeo ainda mais forte com a matriz de ferro
(GABALDO 2009)
A formaccedilatildeo do ferro fundido de grafita compactada (vermicular) exige adiccedilotildees de elementos
especiais como terras raras com um elemento adicional como o titacircnio que reduz a formaccedilatildeo de
grafitas esferoidal O ferro fundido vermicular pode ser considerado um material intermediaacuterio entre
o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento
com melhor resistecircncia mecacircnica e alguma ductilidade Possui maior capacidade de amortecimento
e possui tambeacutem condutividade teacutermica mais elevada que o ferro fundido nodular
6
A faixa de carbono e siliacutecio neste tipo de material eacute ampla podendo variar de 30 agrave 38 de
carbono e 10 agrave 35 de siliacutecio Eacute importante tambeacutem a escolha correta da porcentagem do carbono
equivalente (CE) em funccedilatildeo da espessura da seccedilatildeo para evitar flutuaccedilatildeo se tiver elevado CE e
tendecircncia ao coquilhamento quando baixo for o CE O carbono equivalente (CE) considera os
efeitos do siliacutecio(Si) e do foacutesforo(P) podendo usar uma equaccedilatildeo conforme demonstrada abaixo
CE = C + Si + P (CHIAVERINI 2005)
3 3
O teor de manganecircs pode variar proacuteximo de 01 se desejarmos uma estrutura perliacutetica e
variar perto de 06 se desejarmos uma estrutura ferriacutetica O foacutesforo eacute mantido abaixo de 006 de
modo a ter a maacutexima ductilidade O enxofre deve ser inferior 0025 Para produzir a grafita
compactada deve-se adicionar um ou mais dos elementos magneacutesio terras raras (ceacuterio lantacircnio
praseodiacutemio etc) caacutelcio titacircnio e alumiacutenio A quantidade de magneacutesio deve ser tal a resultar um
teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm na presenccedila de 015 a 050 de titacircnio e 10 a 150
ppm de terras raras como o ceacuterio O ferro fundido vermicular tem substituiacutedo com vantagens o
nodular em aplicaccedilotildees em que este uacuteltimo natildeo pode ser empregado devido a sua condutibilidade
teacutermica mais baixa e a sua tendecircncia de empenar (CHIAVERINI 2005)
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
DAWSON (2002) satildeo
- Reduccedilatildeo nas tensotildees residuais devido agrave maior condutividade teacutermica e ao moacutedulo de
elasticidade menor
- Melhor produccedilatildeo de peccedilas complexas fundidas
- Melhor transferecircncia de calor
- Melhor usinabilidade
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
CHIAVERINI (2005) satildeo
- Coeficiente mais baixo de dilataccedilatildeo teacutermica
- Maior condutibilidade teacutermica
- Maior resistecircncia ao choque teacutermico
- Maior capacidade de amortecimento
- Maior fundibilidade
7
Em consequumlecircncia esse material eacute aplicado em situaccedilotildees em que a resistecircncia do ferro fundido
cinzento eacute insuficiente mas a utilizaccedilatildeo do ferro fundido nodular eacute indesejaacutevel devido agraves
propriedades menos favoraacuteveis de fundiccedilatildeo
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
DAWSON(2002) satildeo
- Reduccedilatildeo de espessuras de parede para um mesmo carregamento
- Reduccedilatildeo do fator de seguranccedila devido agrave menor variaccedilatildeo das propriedades do fundido
- Reduccedilatildeo de fraturas fraacutegeis na manufatura montagem e serviccedilo devido agrave maior ductilidade
- Maior resistecircncia sem a necessidade de recorrer a elementos de liga
- Menor profundidade de rosca necessaacuteria portanto parafusos menores podem ser utilizados
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
CHIAVERINI(2005) satildeo
- Maior resistecircncia agrave traccedilatildeo para o mesmo carbono equivalente o que reduz o uso do
elemento de liga de custo elevado como o niacutequel cromo cobre e molibdecircnio
- Relaccedilatildeo mais alta de resistecircnciafadiga
- Maiores ductilidade e tenacidade o que resulta em margem superior de seguranccedila para
fratura
- Menor oxidaccedilatildeo e dilataccedilatildeo em temperaturas elevadas
O ferro fundido vermicular (CGI) tem uma seacuterie de caracteriacutesticas que podem tornaacute-lo uma
alternativa excelente para ferro fundido cinzento para aplicaccedilotildees em motores O material oferece
aumento de 75 na resistecircncia em comparaccedilatildeo com o ferro fundido cinzento Tem tambeacutem
caracteriacutesticas teacutermicas e de impacto intermediaacuterias entre as dos ferros fundidos cinzento e nodular
Aleacutem do mais este aumento na resistecircncia do material proporciona diminuiccedilatildeo na seccedilatildeo de parede
dos produtos produzidos por este material Vaacuterios fabricantes europeus estatildeo usando CGI para
motores tanto diesel como gasolina Embora o material CGI possua propriedades mecacircnicas e
fiacutesicas beneacuteficas a sua aplicaccedilatildeo sua usinagem ainda eacute um problema Comparado com o ferro
fundido cinzento as velocidades de corte utilizadas tem que ser menores implicando em tempo de
ciclo de ateacute trecircs vezes maior que o tradicional (VASILASH 2006)
O ferro fundido vermicular do ponto de vista quiacutemico natildeo apresenta nenhuma diferenccedila
significativa com relaccedilatildeo aos ferros fundidos cinzento e nodular Cada um conteacutem cerca de 94 de
8
ferro (Fe) 3 de carbono(C) 25 de siliacutecio (Si) e o restante eacute dividido entre elementos de liga e
residuais As diferenccedilas entre essas ligas satildeo creditadas aos tipos de morfologias das suas grafitas
que conferem propriedades fiacutesicas e mecacircnicas distintas a cada uma delas
14 Propriedades do ferro fundido
As propriedades de um ferro fundido satildeo definidas em funccedilatildeo da microestrutura e da
composiccedilatildeo quiacutemica A tabela 11 mostra algumas propriedades mecacircnicas e teacutermicas dos ferros
fundidos cinzento vermicular e nodular
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010)
PROPRIEDADES Ferro Fundido
Cinzento
Ferro Fundido
Vermicular
Ferro Fundido
Nodular
Resistecircncia agrave traccedilatildeo (MPa) 250 450 750
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 105 150 160
Alongamento () 0 15 25
Iacutendice de resistecircncia
- Flexatildeo rotativa
- Flexatildeo em trecircs pontos
- Tensatildeo de compressatildeo
035 ndash 050
055 ndash 065
020 ndash 030
045 ndash 050
060 ndash 070
025 ndash 035
045 ndash 050
065 ndash 075
065 - 075
Condutividade Teacutermica (Wm-k) 48 38 32
A microestrutura do grafite no ferro fundido vermicular eacute expressa em porcentagem de
nodularidade Isto significa que parte das partiacuteculas de grafite do ferro vermicular apresenta-se em
forma de noacutedulos como no ferro nodular O ferro fundido vermicular inclui invariavelmente
algumas partiacuteculas esferoidais de grafita nodular que quando a nodularidade aumenta aumenta
tambeacutem a rigidez diminuindo a usinabilidade e a condutividade teacutermica Aleacutem disso com o
aumento da nodularidade a resistecircncia mecacircnica do material tambeacutem eacute elevada prejudicando sua
usinabilidade (DAWSON2007) A tabela 12 mostra a influecircncia da proporccedilatildeo de noacutedulos de grafita
nas propriedades mecacircnicas e fiacutesicas do ferro fundido vermicular
9
Tabela 22 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular
perliacutetico (SINTERCAST2001apud ROSA2009)
Propriedades (25degC) Nodularidade ()
10 30 50 70 90
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo (MPa) 450 520 590 640 700
Limite de Elasticidade 02 (MPa) 370 390 410 440 490
Limite de Fadiga (MPa) 210 220 230 240 255
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 145 150 155 155 160
Alongamento () 1-2 1-3 2-4 2-5 3-6
Expansatildeo Teacutermica (μmmordmC) 110 110 110 115 120
Condutividade Teacutermica (WmordmC) 36 33 31 30 28
A tabela 13 mostra as propriedades de diversas ligas de ferro fundido vermicular em funccedilatildeo
do tipo de matriz (ferriacutetica eou perliacutetica) e em funccedilatildeo da presenccedila de elementos de liga formadores
da grafita compactada
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em
temperatura ambiente (CHIAVERINI 2005) Condiccedilatildeo estrutural Limite Resistecircncia
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Tratados com adiccedilatildeo de ceacuterio
No estado fundido
Ferrita acima de 95
336
257
67
150
FerritaPerlita
Perlita acima de 5
100 Ferrita
298
338
224
245
53
80
140
FerritaPerlita
85 Ferrita
320
242
35
164
Perlita
90 Perlita
10 Ferrita
400
550
320
430
05
15
-
-
10
Tratados com combinaccedilotildees de Magneacutesio mais Titacircnio (mais Ceacutesio)
Condiccedilatildeo estrutural Limite Resist
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Ferrita no estado fundido
0017Mg 0062Ti
0036Cs
380
272
2
179
Ferrita no estado fundido
0024Mg 0084Ti
0030Cs
338
276
25
184
Perlita no estado fundido
0026Mg 0083Ti
0074Cs
473
335
2
217
Perlita no estado fundido
70 Perlita 30 Ferrita
386
278
2
-
A resistecircncia agrave traccedilatildeo do ferro fundido vermicular diminui agrave medida que aumenta o carbono
equivalente mas a velocidade de decreacutescimo desta propriedade eacute menor do que no caso do ferro
fundido cinzento A elevaccedilatildeo do teor de siliacutecio aumenta o limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo limite de
escoamento e dureza tanto na condiccedilatildeo fundida como na recozida
Em um ferro fundido de matriz predominantemente perliacutetica a resistecircncia agrave compressatildeo eacute trecircs
vezes maior do que a resistecircncia agrave traccedilatildeo
O comportamento deste material agrave temperatura de 500degC sob o ponto de vista de dilataccedilatildeo e
formaccedilatildeo de casca de oacutexido eacute mais ou menos idecircntico aos dos ferros fundidos cinzentos de
composiccedilatildeo semelhante Contudo a resistecircncia agrave formaccedilatildeo da casca de oacutexido e agrave expansatildeo a 600degC
eacute superior agrave do ferro fundido cinzento (CHIAVERINI 2005)
No ano de 2006 a ISO criou uma abreviaccedilatildeo ldquoGJVrdquo para ferro fundido vermicular e cinco
classes foram especificadas baseadas no miacutenimo limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo incluindo
GJV300 (ferriacutetico) GJV 350 GJV 400 GJV 450 (perliacutetico) e GJV 500 (ligado)
Haacute vaacuterias organizaccedilotildees desenvolvendo e classificando o Ferro Fundido Vermicular (CGI)
conforme tabela 14
11
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) Paiacutes Norma Nuacutemero Ano
Romecircnia STAS 12443-86 1986
China JB 4403-87 1987
USA ASTM A 842-85 1997
Alemanha VDG W 50 2002
Internacional SAE J 1887 2002
Internacional ISO 161122006 2006
15 Processo de Fabricaccedilatildeo
A grafita esferoidal eacute obtida pela adiccedilatildeo na liga de ferro fundido de elementos denominados
nodulizantes que modificam a forma de crescimento da grafita Os elementos nodulizantes mais
comuns na induacutestria satildeo o magneacutesio o ceacuterio o caacutelcio e terras raras Entre estes elementos o
magneacutesio (Mg) eacute o mais utilizado Recomenda-se teores entre 004 e 005 de Mg No caso de
Ce teores entre 002 e 004 e no caso de Ca entre 001 e 002
A presenccedila de impurezas como enxofre antimocircnio chumbo teluacuterio ou bismuto apresenta
efeito deleteacuterio sobre a nodulizaccedilatildeo DAWSON(2004) cita que teores de magneacutesio (Mg) de apenas
002 seriam suficientes para promover a nodulizaccedilatildeo da grafita desde que os teores de impurezas
principalmente enxofre(S) fossem mantidos baixos O nodulizante eacute adicionado na forma pura (Mg
metaacutelico) ou na forma de ante-ligas Ni-20Mg Cu-15Mg ou Fe-Si-Mg
O ferro fundido vermicular pode ser obtido adicionando elementos nodulizantes como o magneacutesio
na liga mas em uma porcentagem insuficiente para formar ferro fundido nodular resultando em um
material intermediaacuterio ou adicionando elemento nodulizante com porcentagem suficiente para
formar o ferro fundido nodular mas ao mesmo tempo adicionando-se elementos anti-nodulizantes
como o titacircnio
O processo de formaccedilatildeo do ferro fundido vermicular adicionando elementos anti-nodulizante eacute
mais faacutecil de ser realizado porque natildeo eacute necessaacuterio um controle tatildeo rigoroso da adiccedilatildeo de magneacutesio
na liga Entretanto esta adiccedilatildeo implica no uso do titacircnio que tenderaacute a formar carbonetos e
carbonitretos duros que prejudicam bastante a vida da ferramenta de usinagem da liga Para evitar
este problema eacute necessaacuterio um meacutetodo mais criterioso no processo utilizando equipamentos
especiais que garantam composiccedilatildeo de magneacutesio na liga mais adequada (DAWSON et al 2004)
12
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo
A teacutecnica de fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular eacute criacutetica para a usinabilidade da liga A
mudanccedila na forma da grafita a partir dos noacutedulos compactados eacute devido agrave accedilatildeo do magneacutesio que eacute
um elemento nodulizante Para que a grafita compactada seja formada uma quantidade de magneacutesio
deve ser mantida entre 0008 e 0012 conforme figura 13 Como o controle da composiccedilatildeo nesta
estreita faixa eacute muito difiacutecil o titacircnio eacute usado em alguns casos como elemento anti-nodulizante A
quantidade de titacircnio estaacute entre 01 e 02 o que aumenta a possibilidade de obtenccedilatildeo do grafite
compactado para percentuais mais elevados de magneacutesio Contudo a adiccedilatildeo de titacircnio gera um
inconveniente causando atraveacutes da precipitaccedilatildeo de carboneto e carbonitreto de titacircnio que satildeo
inclusotildees riacutegidas que comprometem a usinabilidade do produto (DAWSON 1999)
Apesar da estreita faixa de controle do elemento para fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular
muitas fundiccedilotildees obtiveram bons resultados devidas a teacutecnicas desenvolvidas e muita disciplina
Estas teacutecnicas podem permitir que a maioria dos blocos esteja dentro do especificado mas o sistema
de controle garante que potenciais peccedilas que possam estar fora do especificado sejam identificadas e
corrigidas antes de serem vazadas A necessidade de controle do processo depende do volume de
produccedilatildeo complexidade do componente e especificaccedilatildeo da microestrutura
Haacute um procedimento necessaacuterio para evitar que os flocos de grafite natildeo se formem antes do
processo final de vazamento Este procedimento consiste basicamente de antes da transiccedilatildeo do ferro
fundido cinzento adicionar o magneacutesio em aproximadamente 0001 a cada 5 minutos Este
processo pode demorar ateacute 15 minutos apoacutes o iniacutecio da adiccedilatildeo do magneacutesio
Uma segunda consideraccedilatildeo eacute que mesmo com a porcentagem correta da adiccedilatildeo de magneacutesio
natildeo haacute estabilidade se o iacutendice de oxigecircnio ativo e ou enxofre forem elevados Se isto ocorrer o
magneacutesio ativo eacute consumido deslocando a linha da porcentagem de magneacutesio para esquerda
conforme demonstrado na figura 13 Inversamente se os niacuteveis de oxigecircnio ou de enxofre forem
relativamente baixos a linha de porcentagem de magneacutesio se deslocar para direita Por estas razotildees
as variaccedilotildees na composiccedilatildeo limpeza oxidaccedilatildeo e umidade do material de carga tornam impossiacutevel
definir uma especificaccedilatildeo quiacutemica fixa para o CGI (DAWSON 2002)
13
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002)
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular
Segundo CHIAVERINI (2005) a definiccedilatildeo mais simples da usinabilidade eacute a propriedade
relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ser fabricado por processos de
usinagem A usinabilidade tambeacutem pode ser definida em termos de vida de ferramenta de corte ou
pode relacionar-se com a energia ou tempo necessaacuterio para remover certa quantidade de material
Segundo DINIZ (2008) a usinabilidade de um material pode ser definida como uma grandeza
tecnoloacutegica que expressa por meio de um valor numeacuterico comparativo (iacutendice de usinabilidade) um
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relaccedilatildeo a outro tomado como padratildeo A
usinabilidade depende do estado metaluacutergico da peccedila da dureza das propriedades mecacircnicas do
material de sua composiccedilatildeo quiacutemica das operaccedilotildees anteriores efetuadas sobre o material (sejam a
frio ou a quente) e do eventual encruamento
Atualmente um dos maiores desafios eacute introduzir o CGI nas peccedilas cujos processos de
usinagem apresentam desempenho muito bom nas mesmas peccedilas fabricadas em ferro fundido
cinzento Assim o desafio eacute alcanccedilar o mesmo desempenho das ferramentas mantendo os mesmos
14
custos por peccedila trabalhada e evitando investimento adicional de capital em maacutequinas e ferramentas
de corte (DAWSON 2004)
Segundo DAWSON (1999) haacute alguns fatores de influecircncia na usinabilidade do CGI
bull Efeitos da forma da grafita
bull Efeitos da perlita
bull Efeitos dos elementos quiacutemicos como chumbo manganecircs siliacutecio enxofre titacircnio e cobre
bull Efeitos da inclusatildeo
Em altas velocidades de corte a vida da ferramenta tambeacutem tende a ser ainda menor no CGI
quando comparado com o ferro fundido cinzento (WALTER 2007) Isto eacute devido a natildeo formaccedilatildeo
da camada protetora de sulfeto de manganecircs que reduz o coeficiente de atrito na face da ferramenta
e que age como uma barreira contra o desgaste por difusatildeo Esta camada ocorre na usinagem do
ferro cinzento
A diferenccedila de corte contiacutenuo ou intermitente tem uma influecircncia significativa no desgaste das
ferramentas por oxidaccedilatildeo e difusatildeo No corte contiacutenuo como torneamento e mandrilamento a
ferramenta permanece mais tempo em contato com o material da peca facilitando o mecanismo de
desgaste Em corte intermitente como o fresamento a difusatildeo e a oxidaccedilatildeo satildeo menos intensas
(DAWSON 1999)
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade
A formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido eacute diretamente afetada pela presenccedila da grafita que eacute
conhecida por ter resistecircncia mecacircnica baixa e gerar descontinuidades e efeitos da concentraccedilatildeo de
tensatildeo na matriz portanto ajudando o processo de remoccedilatildeo de material O mecanismo de formaccedilatildeo
de cavaco em ferro fundido cinzento eacute mostrado na figura 14 No iniacutecio a ferramenta
compacta o material sob o flanco criando uma fratura que se propaga em frente e abaixo da aresta
de corte (a) Como o movimento de corte da ferramenta continua o material se torna completamente
independente (b) Para algumas situaccedilotildees principalmente com o ferro fundido cinzento uma parte
de material eacute arrancada agrave frente da ferramenta causando uma perda temporaacuteria do contato entre
ferramenta e peccedila ateacute a ferramenta encontrar a proacutexima porccedilatildeo de material (c) Este processo de
remoccedilatildeo de material contribui para aumentar a rugosidade na superfiacutecie da peccedila (d)
15
A grafita por ser um componente de dureza relativamente baixa se comparada com o material
da matriz produz descontinuidades no material facilitando a quebra do cavaco na usinagem
(CONSALTER 1987)
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000
apud ROSA 2009)
A grafita tambeacutem atua como um agente lubrificante reduzindo o atrito entre a peccedila e a
ferramenta aleacutem de reduzir o risco de micro solda do cavaco com a ferramenta Sendo assim a
consequumlecircncia do efeito eacute o aumento na vida da ferramenta
No processo da formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido nodular as forccedilas de compressatildeo geram
o desprendimento dos noacutedulos da matriz e a deformaccedilatildeo plaacutestica da matriz entre os noacutedulos Esta
deformaccedilatildeo plaacutestica causa o alongamento dos noacutedulos na direccedilatildeo do corte ocasionando fratura
duacutectil
16
Para o ferro fundido cinzento a formaccedilatildeo do cavaco acontece atraveacutes de fraturas das lamelas
de grafita formando cavacos natildeo contiacutenuos Haacute trecircs estaacutegios para formaccedilatildeo destes cavacos ou seja
inicia com a separaccedilatildeo da matriz das lamelas de grafita gerando micro-trincas em consequumlecircncia as
grandes trincas satildeo formadas atraveacutes da junccedilatildeo destas micro-trincas provenientes da interface com a
ferramenta e por uacuteltimo ocorre agrave fragmentaccedilatildeo do cavaco
A formaccedilatildeo do cavaco do ferro fundido vermicular eacute uma mistura dos processos de formaccedilatildeo
de cavaco do ferro fundido nodular e formaccedilatildeo de cavaco do ferro fundido cinzento ou seja os
cavacos se formam por deformaccedilatildeo plaacutestica e tambeacutem por fraturas (MARWANGA et al 1999) A
figura 15 ilustra os diferentes cavacos formados na usinagem destas trecircs formas de ferro fundido
Cinzento Vermicular Nodular
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999)
Grafitas na forma nodular sempre estaratildeo presentes na estrutura do ferro fundido vermicular
Com isto a resistecircncia mecacircnica e a tenacidade aumentam Por outro lado a fundiccedilatildeo usinabilidade
e condutividade teacutermica seratildeo prejudicadas (GUESSER 2001)
A morfologia do ferro fundido vermicular natildeo permite a clivagem e nem a propagaccedilatildeo de
trincas O iniacutecio da fratura no ferro fundido vermicular se daacute na interface da grafita vermicular com
a matriz metaacutelica Este eacute um dos principais fatores para um maior desgaste da ferramenta de corte na
usinagem do CGI Poreacutem esta caracteriacutestica auxilia na maior resistecircncia mecacircnica e maior
tenacidade do CGI (DAWSON 2002)
17
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade
A resistecircncia mecacircnica dos ferros fundidos eacute proporcional agrave relaccedilatildeo entre perlita e
ferrita da matriz se as demais variaacuteveis forem mantidas constantes Contudo um elevado teor de
perlita natildeo eacute necessariamente a maior causa do desgaste da ferramenta de corte
Foram realizados testes de usinagem para o ferro fundido vermicular com diferentes valores de
perlita Cobre e estanho foram utilizados como elementos de estabilizaccedilatildeo A fim de atingir os 100
de perlita manganecircs tambeacutem foi adicionado Foram utilizadas ferramentas de metal duro para os
testes com velocidades de corte de 150 e 250 mmin conforme Figura 16 Pode-se ver nesta figura
que principalmente na velocidade de corte mais alta quando o teor de perlita ultrapassa 75 a vida
da ferramenta cai rapidamente (DAWSON 1999)
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999)
Blocos de motor em ferro fundido vermicular contendo 70 de perlita possuem a mesma
dureza de um bloco do motor em ferro fundido cinzento 100 perliacutetico (DAWSON 1999)
18
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade
O carbono e o siliacutecio satildeo elementos com uma grande influecircncia na estrutura do material o
carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o siliacutecio eacute essencialmente um
elemento grafitizante favorecendo a decomposiccedilatildeo do carboneto de ferro O manganecircs sempre
presente tem efeito oposto ao do siliacutecio isto eacute estabiliza a cementita e compensa de certo modo a
accedilatildeo grafitizante do siliacutecio Todo elemento quiacutemico grafitizante eacute beneacutefico agrave usinalidade pois a
grafita como visto eacute um ponto fraacutegil que em geral facilita a formaccedilatildeo do cavaco Por outro lado
os elementos que estabilizam a cementita (usam o carbono para formar Fe3C e natildeo para formar
grafita) prejudicam a usinabilidade jaacute que a cementita eacute um carboneto duro
A rigor o manganecircs nos ferros fundidos tanto quanto nos accedilos eacute adicionado como
dessulfurante Entretanto como na praacutetica haacute sempre um excesso de manganecircs este atua como
estabilizador da perlita Daiacute o seu efeito oposto ao do siliacutecio e sua utilidade para produzir estruturas
com matriz predominantemente perliacutetica sobretudo em peccedilas fundidas volumosas Ao auxiliar na
formaccedilatildeo de uma estrutura perliacutetica (e natildeo ferriacutetica) o manganecircs aumenta a resistecircncia mecacircnica da
liga e com isso prejudica a usinabilidade Por outro lado o sulfeto de manganecircs atua como
lubrificante soacutelido melhorando a usinabilidade do material
O enxofre e o foacutesforo que satildeo impurezas usualmente encontradas nos ferros fundidos natildeo tecircm
uma accedilatildeo muito significativa do ponto de vista de tendecircncia grafitizante mas o foacutesforo eacute um
estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro Sua principal accedilatildeo eacute na estrutura do material
formando com o ferro e o carbono um composto de natureza euteacutetica (CHIAVERINI 2005) O
enxofre presente no ferro fundido reage com o manganecircs (Mn) formando inclusotildees de
MnS2 as quais podem lubrificar as arestas da ferramenta ao formar uma camada protetora entre esta
e o material usinado servindo como barreira contra os mecanismos de abrasatildeo e difusatildeo
(MOCELLIN et al 2004)
O cromo eacute presente no ferro fundido atraveacutes da sucata de accedilo ou intencionalmente como
elemento de liga para obtenccedilatildeo de maior resistecircncia em altas temperaturas Segrega-se facilmente
promovendo a formaccedilatildeo de carbonetos principalmente nas uacuteltimas regiotildees em solidificaccedilatildeo O
cromo eacute um perlitizante potente quando comparado ao manganecircs pois o aumento do seu teor
provoca a formaccedilatildeo da perlita fina ou seja um aumento da quantidade de cementita que eacute de difiacutecil
19
usinabilidade A reduccedilatildeo de 018 para 010 do teor de Cr no ferro fundido vermicular pode
propiciar aumento de aproximadamente 40 da vida da ferramenta (DAWSON et al2001)
A tabela 15 resume a accedilatildeo dos elementos de liga nos ferros fundidos
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI2005)
ELEMENTO Efeitos durante a Solidificaccedilatildeo Efeitos durante a reaccedilatildeo eutetoacuteide
Alumiacutenio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Antimocircnio
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte estabilizador da perlita
Boro ateacute 015 Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Boro acima de 015 Estabilizador do carboneto Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Cromo Forte accedilatildeo carbonetante Forte tendecircncia agrave formaccedilatildeo da perlita
Cobre Grafitizante fraco Promove a formaccedilatildeo da perlita
Manganecircs Fraca tendecircncia carbonetante Formador de perlita
Molibdecircnio Fraca tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
Niacutequel Grafitizante Fraco promotor de perlita
Siliacutecio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Teluacuterio Forte tendecircncia carbonetante Muito fraco estabilizador da perlita
Estanho
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Titacircnio ateacute 025 Grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Vanaacutedio Forte tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
A velocidade de resfriamento eacute um fator relacionado a solidificaccedilatildeo no interior dos moldes e a
espessura das peccedilas moldadas Em outras palavras as secccedilotildees espessas implicam em velocidades de
resfriamento relativamente baixas e secccedilotildees finas implicam em velocidades altas Isto significa que
em peccedilas de secccedilotildees com diferentes espessuras ocorrem tambeacutem diferentes velocidades de
resfriamento Para elevadas velocidades de resfriamento como as que se verificam em secccedilotildees finas
ou nas aacutereas adjacentes agraves paredes do molde natildeo haacute muito tempo para a decomposiccedilatildeo da
cementita de modo que dependendo dos teores de carbono e de siliacutecio pouca ou nenhuma
grafitizaccedilatildeo ocorre e haacute tendecircncia agrave formaccedilatildeo de ferro fundido branco Com as velocidades de
resfriamento baixas das secccedilotildees mais espessas ocorre uma apreciaacutevel grafitizaccedilatildeo dependendo
sempre do teor de siliacutecio A estrutura seraacute essencialmente de grafita e perlita Para resfriamento
20
ainda mais lento e teor de siliacutecio mais elevado a cementita da perlita pode tambeacutem se decompor
parcialmente originando-se assim a estrutura constituiacuteda de veios de grafita perlita e ferrita Essa
estrutura confere ao material caracteriacutesticas de baixa dureza e excelente usinabilidade aleacutem de
razoaacutevel resistecircncia mecacircnica(CHIAVERINI2005)
111 Processo de Mandrilamento
O processo de mandrilamento eacute normalmente empregado na usinagem de elementos de maior
diacircmetro em um bloco do motor tais como diacircmetro dos cilindros e diacircmetros dos mancais do
virabrequim A operaccedilatildeo de mandrilamento eacute executada em duas ou trecircs etapas dependendo das
toleracircncias exigidas no desenho do produto e do tipo de ferramenta a ser empregado Essencialmente
as condiccedilotildees de mandrilamento diferem um pouco das condiccedilotildees de torneamento mas esta operaccedilatildeo
ilustra a importacircncia da rigidez de todo conjunto ferramenta dispositivo e maacutequina Particularmente
quando um cilindro de grande extensatildeo e pequeno diacircmetro eacute mandrilado o corpo da ferramenta
que natildeo eacute tatildeo riacutegido tende a defletir e consequumlentemente causar vibraccedilotildees Estas vibraccedilotildees podem
afetar natildeo somente a precisatildeo dimensional mas tambeacutem o acabamento das peccedilas e a vida da
ferramenta de corte Mandrilamento eacute um processo em que furos realizados no processo de furaccedilatildeo
furos fundidos na peccedila componentes forjados ou extrudados satildeo ampliados ou acabados com uma
ferramenta de corte montada em uma barra de mandrilar O processo eacute mais usado em aplicaccedilotildees em
que bom acabamento da superfiacutecie interna ou toleracircncia dimensional apertada satildeo requeridos Por
causa das restriccedilotildees geomeacutetricas as barras de mandrilar satildeo em geral longas e compridas o que faz
com que elas estejam facilmente sujeitas a desvios estaacuteticos e dinacircmicos Estes desvios ou vibraccedilatildeo
da ferramenta natildeo somente fazem com que os paracircmetros de usinagem precisem ser alterados como
induz a erros dimensionais e reduz a qualidade da superfiacutecie e a vida da ferramenta O estudo das
forccedilas de corte no processo de mandrilar eacute portanto um preacute-requisito para a seleccedilatildeo adequada das
condiccedilotildees de corte e tambeacutem para preservar a seguranccedila do processo evitando desvios excessivos da
ferramenta ou vibraccedilotildees dinacircmicas O raio da ponta da ferramenta e a variaccedilatildeo do acircngulo da aresta
de corte resultam na distribuiccedilatildeo natildeo-uniforme da espessura do cavaco e consequumlentemente da
forccedila de corte (MOCELLIN 2007)
21
Em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas nas ferramentas de metal duro em
relaccedilatildeo agraves usadas nas ferramentas de ceracircmica ou CBN utiliza-se maior nuacutemero de insertos de metal
duro permitindo maiores velocidades de avanccedilo compensando parcialmente a perda de
produtividade (KOPPKA et al 2003)
Operaccedilotildees de mandrilamento satildeo tradicionalmente realizadas em blocos de motores de ferro
fundido cinzento por ferramentas de ceracircmica e CBN que permitem elevadas velocidades de corte e
alta produtividade (KOPPKA et al 2003) O severo desgaste verificado nas ferramentas de
mandrilar ferro fundido vermicular tem motivado pesquisas com o objetivo de identificar os
mecanismos de desgaste das ferramentas assim como encontrar soluccedilotildees econocircmicas para esta
usinagem envolvendo institutos de pesquisa induacutestrias automobiliacutesticas fundiccedilotildees fabricantes de
ferramentas e fabricantes de maacutequinas Independentemente do material da ferramenta empregada
metal duro ou ceracircmica as velocidades de corte ainda satildeo muito inferiores agravequelas tradicionalmente
utilizadas no ferro fundido cinzento ou seja ainda haacute uma grande necessidade no desenvolvimento
do processo de usinagem de mandrilamento do bloco do motor de maneira integral (KASSACK et
al 2002)
112 Tipos de Mandrilamento
Dependendo do trabalho o mandrilamento que tambeacutem eacute conhecido como mandrilagem ou
broqueamento pode ser ciliacutendrico cocircnico radial ou esfeacuterico Por meio do processo de
mandrilamento pode-se conseguir superfiacutecies ciliacutendricas ou cocircnicas internas em espaccedilos
normalmente difiacuteceis de serem atingidos com eixos perfeitamente paralelos entre si (GUEDES
2006)
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cocircnica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Isto ocorre quando haacute um movimento de
avanccedilo simultacircneo com um movimento radial gerando um diacircmetro interno cocircnico
22
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cilindrica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Neste caso haacute somente o movimento de
avanccedilo gerando um diacircmetro interno ciliacutendrico
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico
1123 Mandrilamento Radial (figura 19)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute plana e perpendicular ao eixo em
torno do qual gira a ferramenta Neste processo haacute somente o movimento radial da ferramenta
gerando um processo de faceamento
23
Figura 19 ndash Mandrilamento radial
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute uma superfiacutecie de revoluccedilatildeo cujo
eixo coincide com o eixo do qual gira a ferramenta Ex Mandrilamento esfeacuterico e mandrilamento
de sangramento
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970)
24
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular
Os processos de mandrilamento do ferro fundido vermicular podem ser divididos em quatro
grupos
- Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
- Mandrilamento com insertos rotativos
- Mandrilamento definido como ldquofreso-mandrilamentordquo
- Mandrilamento com insertos de PCD
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
As ferramentas de mandrilar com insertos de metal-duro conforme mostradas na figura 111
satildeo usadas em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas em comparaccedilatildeo agrave ceracircmica ou
o PCBN Utiliza-se um maior nuacutemero de insertos permitindo maiores velocidades de avanccedilo e
compensando parcialmente a perda de produtividade (REUTER et al 1999) Existem algumas
barras de mandrilar cujos insertos natildeo satildeo montados uniformemente no diacircmetro e ateacute mesmo na
altura Estas barras de mandrilar satildeo chamadas de ferramentas com passo diferencial e o objetivo eacute
evitar vibraccedilotildees devido a problemas de ressonacircncia mesmo em condiccedilotildees de corte favoraacuteveis
modificando a frequumlecircncia de entrada das arestas no corte (SOUTO 2007)
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010)
25
1132 Mandrilamento com insertos rotativos
Ferramentas com insertos rotativos de PCBN Si3N4 ou Metal Duro conforme figura 112
permitem grande produtividade em altas velocidades de corte Este tipo de ferramenta apresenta um
maior potencial principalmente para operaccedilatildeo de desbaste podendo tambeacutem ser utilizadas em
operaccedilatildeo de acabamento dependendo da aplicaccedilatildeo (REUTER et al 2000) Estes insertos giram
devido aos esforccedilos de corte aplicados sobre eles jaacute que suas fixaccedilotildees permitem este grau de
liberdade Assim a seccedilatildeo de contato com a ferramenta e cavaco varia todo instante distribuindo
melhor o desgasteavaria aumentando a vida da ferramenta
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos
1133 Freso-mandrilamento
Define-se freso mandrilamento como um processo de usinagem com corte intermitente por
meio do processo de fresamento helicoidal realizado com ferramentas de diacircmetro menor que o
usinado ou seja a ferramenta realiza movimento de interpolaccedilatildeo circular e avanccedila no sentido do
cilindro conforme figura 113 O fabricante de maacutequinas MAKINO e o fabricante de ferramentas
SANDVIK desenvolveram este processo utilizando a ferramenta CoroMILL 790 e um Centro de
Usinagem Horizontal(a81M) Por meio da melhor precisatildeo de posicionamento dos insertos na
ferramenta e toleracircncias dimensionais dos insertos de metal-duro haacute possibilidades de ganho em
vida de ferramenta e possiacutevel eliminaccedilatildeo da etapa de mandrilamento de semi-acabamento
realizando-se o mandrilamento de desbaste de modo convencional e o mandrilamento de
acabamento com o processo de freso-mandrilamento Este processo tambeacutem possui desvantagem
26
como a necessidade de maacutequinas ferramentas com elevadas rigidez e precisatildeo no movimento de
interpolaccedilatildeo circular uma vez que este movimento tem influecircncia direta na geometria do cilindro
fresado (MAKINO 2011)
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento
1134 Mandrilamento com insertos de PCD
Estudos realizados pela empresa Audi aplicando insertos de PCD em mandrilamento de
acabamento dos cilindros do bloco do motor em ferro fundido vermicular apresentaram altos
valores de vida de ferramenta As principais desvantagens do uso do PCD consistem na limitaccedilatildeo da
temperatura de utilizaccedilatildeo da ferramenta o que limita a velocidade de corte assim como o maior
custo de ferramenta bloco do motor produzido Esta limitaccedilatildeo eacute devido ao problema de afinidade do
ferro com o carbono que em temperaturas acima de 700degC comeccedila a grafitizaccedilatildeo do diamante
tendo como consequumlecircncia o acelerado desgaste da aresta de corte (STEMMER 1993 apud
Xavier2009)
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento
A superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta conforme ilustrada na figura 114 eacute definida pelo acircngulo
da aresta de corte (90deg- χ r) acircngulo de posiccedilatildeo da aresta secundaacuteria de corte (χ‟r) acircngulo de saiacuteda
lateral da ferramenta (γf) e o acircngulo de saiacuteda dorsal da ferramenta (γp)
27
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008)
Quatro diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
podem ser identificadas e ilustradas conforme figura 115 Eacute altamente recomendado que o corte natildeo
envolva o final da aresta de corte da ferramenta ou seja o avanccedilo natildeo pode ser maior que o raio da
ponta da ferramenta para prevenir a quebra da ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da
ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
28
Valores grandes do raio da ponta (rɛ) com uma constante na taxa de avanccedilo(fɛ) e uma
profundidade de corte ldquoaprdquo melhoram a qualidade do acabamento superficial da peccedila reduzindo as
marcas da ferramenta devido ao avanccedilo Em contrapartida estas marcas satildeo mais suscetiacuteveis agrave
vibraccedilotildees devido ao aumento da componente da forccedila radial para ldquoaprdquo menor que ldquorɛrdquo
Consequumlentemente uma soluccedilatildeo deveria ser feito para obter resultados mais favoraacuteveis no corte
O acircngulo de saiacuteda da ferramenta eacute um importante paracircmetro para controlar a deformaccedilatildeo e a forma
dos cavacos Eacute tambeacutem um significativo fator geomeacutetrico que afeta o mecanismo de corte No plano
ortogonal a saiacuteda do cavaco eacute perpendicular agrave aresta de corte entretanto o acircngulo da saiacuteda do
cavaco eacute zero Muitos pesquisadores tentaram prever o acircngulo de saiacuteda do cavaco para usinagem
com o raio da ponta da ferramenta
A forccedila de corte pode ser representada por duas componentes uma componente normal
perpendicular ao plano de saiacuteda e um atrito componente na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta A
forccedila de atrito na superfiacutecie de saiacuteda eacute o uacutenico componente que determina a direccedilatildeo da saiacuteda de
cavaco Para cada elemento cavaco presume-se que a forccedila de atrito eacute colinear com a velocidade do
cavaco e suas magnitudes satildeo proporcionais agrave aacuterea do cavaco (YUSSEFIAN et al2008)
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento
O material da ferramenta de corte deve ser mais duro que o material da peccedila a ser cortada
Utilizando este princiacutepio novos materiais e ligas estruturais com excelente resistecircncia mecacircnica e
elevada dureza contribuem para o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de
usinagem (MACHADO et al 2009)
Alguns fatores para seleccedilatildeo adequada da ferramenta de corte conforme citados por DINIZ
(2008) estatildeo descritos abaixo
Material a ser usinado
- a dureza e o tipo de cavaco formado satildeo caracteriacutesticas do material da peccedila a ser
considerado
Processo de usinagem
29
- ainda existem vaacuterios equipamentos com baixa rotaccedilatildeo e baixa rigidez inviabilizando a
utilizaccedilatildeo de ferramenta de corte com materiais mais nobres
Condiccedilatildeo da maacutequina de usinagem
- deve-se levar em consideraccedilatildeo a potecircncia gama de velocidade e folgas da maacutequina
Dimensotildees e forma da ferramenta de corte
- ferramentas de forma natildeo-padronizada muitas vezes satildeo feitas de accedilo raacutepido ou de um tipo
de metal duro que suporte choques teacutermicos
Custo do material da ferramenta
- alguns materiais de ferramentas apesar de aumentarem a vida da ferramenta de corte ou a
produccedilatildeo muitas vezes natildeo apresentam uma boa relaccedilatildeo custo-benefiacutecio
Condiccedilotildees de usinagem
- consideraccedilatildeo tiacutepica para usinagem em acabamento em que se exigem ferramentas com
maior resistecircncia ao desgaste jaacute que a operaccedilatildeo de desbaste anterior jaacute retirou a casca
endurecida eou desvios de forma da peccedila
Condiccedilotildees da operaccedilatildeo
- usinagem com corte interrompido ou o sistema maacutequinapeccedilaferramentadispositivo
natildeo riacutegidos exige uma ferramenta tenaz
As principais caracteriacutesticas desejaacuteveis a um material da ferramenta satildeo
- Dureza a quente
Algumas regiotildees da ferramenta de usinagem podem ultrapassar 1000degC Portanto
haacute uma contiacutenua procura por materiais que possam suportar esta temperatura com dureza suficiente
para suportar as tensotildees de corte
- Resistecircncia ao desgaste
O material da ferramenta deve ser resistente ao desgaste por abrasatildeo ou seja resistecircncia
ao atrito
- Tenacidade
O material da ferramenta deve ter energia suficiente para resistir ao choques inerentes
do processo
- Estabilidade quiacutemica
Dependendo da temperatura da duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemica do material
da ferramenta e do material da peccedila na zona de cisalhamento secundaacuterio haacute transferecircncia de aacutetomo
30
de um metal para o outro (difusatildeo) O material da ferramenta deve ser resistente agrave difusatildeo (DINIZ et
al 2008)
Haacute diversos materiais de ferramentas distribuiacutedos no mercado atualmente que se
diferem pela dureza (resistecircncia ao desgaste) e tenacidade Os principais satildeo (MACHADO et al
2009)
Accedilo raacutepido
Metal duro
Cermets
Ceracircmicas
Nitreto de Boro Cuacutebico
Diamante natural
Atualmente os materiais das ferramentas de corte utilizados na usinagem do ferro fundido
vermicular satildeo metal duro ceracircmica e CBN
1151 Inserto de Metal Duro
O metal duro surgiu em 1927 com o nome de ldquoWIDIArdquo(Wie Diamant) e eacute um tipo
de material fabricado atraveacutes da metalurgia do poacute em um processo de sinterizaccedilatildeo Este poacute eacute
composto de partiacuteculas duras de carboneto de metais refrataacuterios Os carbonetos satildeo de tungstecircnio e
normalmente satildeo combinados com carbonetos de titacircnio tacircntalo e nioacutebio (DINIZ et al 2008)
O elemento aglomerante mais utilizado na fabricaccedilatildeo do metal duro eacute o cobalto que eacute um
metal do grupo do ferro responsaacutevel pela ligaccedilatildeo das partiacuteculas duras dos carbonetos no processo de
sinterizaccedilatildeo O cobalto eacute responsaacutevel pela tenacidade do material O poacute do cobalto eacute obtido pela
reduccedilatildeo do oacutexido preto que conteacutem aproximadamente 70 de cobalto sob hidrogecircnio e
temperaturas entre 600 e 700degC
Uma composiccedilatildeo tiacutepica de metal conteacutem 81 de tungstecircnio 6 de carbono e 13 de
cobalto O tamanho das partiacuteculas de carbonetos pode variar entre 1 e 10 microns e geralmente
compreendem cerca de 60 agrave 95 do volume do material
31
A variaccedilatildeo da composiccedilatildeo quiacutemica do metal duro influencia na caracteriacutestica (classe) do
material O cobalto eacute um material que agrave medida que aumenta seu teor reduz sua densidade e dureza
mas eleva a resistecircncia agrave ruptura e melhora a tenacidade
Outra caracteriacutestica importante para aplicaccedilatildeo do metal duro eacute o seu coeficiente de dilataccedilatildeo
teacutermica O coeficiente para o metal duro eacute cerca da metade do coeficiente do accedilo em temperaturas
desde a ambiente ateacute 675degC
Hoje em dia haacute metais duros produzidos com partiacuteculas de 01m o que melhora vaacuterias
caracteriacutesticas desejaacuteveis em uma ferramenta de corte Estes metais duros com micro gratildeos podem
ser classificados de acordo com o tamanho do gratildeo de sua estrutura como
- Fino 08 a 13m
- Submicromeacutetrico 05 a 08m
- Ultra fino 02 a 05m
- Nanomeacutetrico menor que 02m
Agrave medida que se diminui o tamanho de gratildeo do metal duro aumenta-se a dureza resistecircncia
ao desgaste e tenacidade do material devido ao maior fator de empacotamento que gratildeos muito
pequenos propiciam (DINIZ et al 2008)
Haacute vaacuterios tipos de metal duro classificados pela norma ISO (International Organization for
Standardization) conforme norma ISO513 1975 sendo que haacute 3 grupos principais como
Grupo bdquoP‟ ndash Compreende os tipos ou classes empregados na usinagem de metais e ligas
ferrosas que apresentam cavacos longos e duacutecteis
Grupo bdquoMrdquo ndash Compreende as classes que empregam na usinagem de metais e ligas ferrosas
de cavacos tanto longos como curtos ou seja eacute uma ferramenta com propriedades intermediaacuteria
Grupo bdquoK‟ ndash Compreende as classes que se destinam a usinagem de metais e ligas ferrosas
que apresentam cavacos curtos e materiais natildeo-metaacutelico
Recentemente a ISO aumentou o nuacutemero de classes de metal duro conforme norma
ISO513 2004 Estas novas classes satildeo
Grupo bdquoN‟ ndash Aplicaacutevel a materiais natildeo ferrosos
Grupo bdquoS‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de superligas e ligas de titacircnio
Grupo bdquoH‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de materiais endurecidos
32
Aleacutem dos grupos de metal duro existe uma subdivisatildeo dentro de cada grupo por exemplo
P01P50
M01M40
K01K40
N01N30
S01S30
H01H30
Para cada grupo de metal duro e seu respectivo subgrupo haacute uma composiccedilatildeo quiacutemica e
caracteriacutestica fiacutesica conforme Tabela 16 Pode-se perceber nesta tabela que agrave medida que a
quantidade de TiC + TaC aumenta a densidade diminui e a dureza aumenta
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970)
Desig-
Naccedilatildeo
Composiccedilatildeo
aproximada em Caracteriacutesticas principais
WC TiC
+
TaC
Co Densidade
(gcm3)
Dureza
(kgmm2)
Resist agrave
ruptura
transversal
(kgmm2)
Moacutedulo de
elasticidade
(kgmm2)
Coeficiente
de dilataccedilatildeo
teacutermica
(10-6
1Cdeg)
P01 30 64 6 72 1800 75 - -
P10 55 36 9 104 1600 140 52000 65
P20 76 14 10 119 1500 150 54000 60
P25 73 19 8 125 1500 170 55000 60
P30 82 8 10 130 1450 170 56000 55
P40 77 12 11 131 1400 180 56000 55
P50 70 14 16 129 1300 200 52000 55
M10 84 10 6 131 1650 140 58000 55
- Classes com maior tenacidade
- Recomendado para usinagem em desbaste
e corte interrompido
- Classes com maior resistecircncia ao desgaste
- Recomendado para usinagem em
acabamento
33
M20 82 10 8 134 1550 160 56000 55
M30 81 10 9 144 1450 180 58000 55
M40 78 7 15 135 1300 200 55000 55
K01 93 2 5 150 1750 120 63000 50
K05 92 2 6 146 1700 135 63000 50
K10 92 2 6 148 1650 150 63000 50
K20 915 25 6 148 1550 170 62000 50
K30 89 2 9 145 1450 190 - 55
K40 88 - 12 143 1300 210 58000 55
A seleccedilatildeo do metal duro para uma determinada aplicaccedilatildeo de usinagem estaacute intimamente
relacionada com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma durante a
usinagem Entre os tipos de cavacos conhecidos tem como cavacos contiacutenuos cavacos cisalhados e
cavacos de ruptura o formado na usinagem dos ferros fundidos eacute o cavaco de ruptura devido a seu
rompimento na zona primaacuteria do plano de cisalhamento causados na interrupccedilatildeo que as grafitas
causam na matriz da liga
Operaccedilotildees de usinagem com avanccedilo e profundidade de cortes altos para desbaste e cortes
interrompidos criam tensotildees elevadas na ferramenta exigindo classes com maior tenacidade ou seja
ferramentas com menor teor de cobalto e maior teor de carbonetos
Operaccedilotildees de usinagem em peccedilas que jaacute sofreram operaccedilotildees anteriores de desbaste retirando
excentricidade e a casca endurecida trabalham com baixos avanccedilos e profundidade de usinagem
poreacutem com altas velocidades de corte o que gera altas temperaturas Sendo assim satildeo necessaacuterias
classes de ferramentas com altas resistecircncias ao calor e a abrasatildeo ou seja menor teor de cobalto
(DINIZ et al 2008)
Operaccedilotildees de usinagem em maacutequinas-ferramentas menos riacutegidas obriga o uso de classe de
ferramentas com maior tenacidade embora reduzindo a vida uacutetil
As primeiras ferramentas de metal duro foram compostas unicamente de carbonetos de
tungstecircnio (WC) e cobalto e eram adequadas somente para a usinagem de materiais de cavacos
curtos e quebradiccedilos ou seja materiais de ferro fundido Na usinagem do accedilo havia formaccedilatildeo de
cratera na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta devido a fenocircmenos de difusatildeo e dissoluccedilatildeo ocorridos
entre o cavaco da peccedila e a ferramenta Para solucionar tais problemas comeccedilou-se a acrescentar
34
outros carbonetos (TiC TaC e NbC) Assim as ferramentas que conteacutem praticamente somente WC
e Co na composiccedilatildeo (ferramentas da classe K ver tabela 15) satildeo destinadas agrave usinagem de ferros
fundidos que natildeo tem a tendecircncia de formaccedilatildeo de desgaste de cratera devido ao fato de que o
cavaco curto rapidamente se quebra e pula fora da regiatildeo de corte sem atritar longamente com a
superfiacutecie de saiacuteda A inclusatildeo de carbonetos do tipo TiC TaC e NbC na ferramenta confere a ela
as seguintes caracteriacutesticas
- Carbonetos de Titacircnio - TiC
Pouca tendecircncia agrave difusatildeo resultando na alta resistecircncia dos metais duros
Reduccedilatildeo da resistecircncia interna e dos cantos
- Carboneto de Tacircntalo - TaC e Carboneto de Nioacutebio NbC
Em pequenas quantidades atuam na diminuiccedilatildeo do tamanho dos gratildeos melhorando a
tenacidade e a resistecircncia dos cantos
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro
A finalidade principal do uso de coberturas em ferramentas de metal duro eacute aumentar a
resistecircncia ao desgaste da camada superior que entra em contato com o cavaco e a peccedila sendo que o
nuacutecleo permanece com a tenacidade caracteriacutestica do metal duro Desta forma consegue-se em
vaacuterios casos aumentar bastante a vida da ferramenta e diminuir os esforccedilos de corte Eacute possiacutevel
tambeacutem conciliar em mesmos materiais caracteriacutesticas como tenacidade resistecircncia ao desgaste e
dureza a quente (DINIZ et al2008)
As principais coberturas utilizadas satildeo de carboneto de titacircnio (TiC) eou oacutexido de alumiacutenio
(Al2O3) nitreto de titacircnio (TiN) e carbonitreto de titacircnio (TiCN) Geralmente satildeo aplicadas no metal
duro utilizando um processo chamado CVD (deposiccedilatildeo quiacutemica a vapor) que utiliza altas
temperaturas e pressotildees levemente negativas Outro processo tambeacutem utilizado para cobertura de
ferramenta eacute o PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica a vapor) que utiliza temperaturas meacutedias (de 400 a 500ordm C) e
pressatildeo muito negativa Este processo eacute em geral mais caro que o processo CVD Como o processo
de CVD precisa de altas temperaturas satildeo geradas tensotildees na ferramenta durante seu resfriamento
que podem enfraquececirc-la Sendo assim novos tipos de processo com temperaturas intermediaacuterias
entre o CVD e o PVD estatildeo sendo desenvolvidos para minimizar este problema (DINIZ et al2008)
35
Normalmente a primeira camada de cobertura logo acima do nuacutecleo eacute o carboneto de titacircnio
ou o carbonitreto de titacircnio que algumas vezes eacute a uacutenica camada Estas camadas possuem
caracteriacutesticas como excelente resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de promover a adesatildeo das
camadas de cobertura com o metal duro do nuacutecleo Outra cobertura como o oacutexido de alumiacutenio natildeo
possui afinidade fiacutesico-quiacutemica com o nuacutecleo do metal duro A diferenccedila na dilataccedilatildeo e contraccedilatildeo
teacutermica das camadas com o substrato de metal duro a uma temperatura de 1000degC como eacute exigido
para o processo de revestimento CVD pode causar trincas se natildeo for utilizado o TiC ou TiCN como
camada intermediaacuteria (DINIZ et al2008)
A dureza da camada de TiC eacute na ordem de 3000HV que eacute maior que todas os outros materiais
utilizados no revestimento do metal duro A espessura da camada eacute de 4 a 8m Outras
caracteriacutesticas importantes deste material eacute a baixa tendecircncia a soldagem com o material da peccedila
dificultando o desgaste por adesatildeo e o baixo coeficiente de dilataccedilatildeo teacutermica O material TiCN tem
propriedades similares ao TiC como dureza agrave quente resistecircncia ao desgaste a capacidade de adesatildeo
ao nuacutecleo mas seu coeficiente de atrito eacute mais baixo que o TiC Geralmente o segundo revestimento
no metal duro eacute de oacutexido de alumiacutenio que garante uma estabilidade teacutermica devido ao fato de ser um
material ceracircmico refrataacuterio e por possuir alta resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de alta
resistecircncia a ataques quiacutemicos e agrave oxidaccedilatildeo Devido a sua alta estabilidade quiacutemica com o ferro
praticamente evita o desgaste difusivo durante o processo de usinagem do accedilo Apresentam tambeacutem
uma pequena resistecircncia a choques teacutermicos e mecacircnicos
A terceira camada geralmente utilizada de TiN tem caracteriacutestica de reduccedilatildeo do coeficiente
de atrito entre a pastilha e o cavaco Eacute quimicamente mais estaacutevel que o TiC e possui uma camada
com espessura entre 5 e 7 m A espessura total das camadas do metal duro estaacute entre 2 e 12 m
Quando se aumenta a espessura da cobertura a resistecircncia ao desgaste aumenta mas a tenacidade
diminui aumentando a tendecircncia ao lascamento das arestas Hoje em dia jaacute satildeo utilizadas outras
coberturas como por exemplo o nitreto de titacircnio alumiacutenio (TiNAl) ou o nitreto de alumino
titacircnio(TiAlN) dependendo da quantidade maior de titacircnio ou alumiacutenio que podem ser aplicadas ao
metal duro atraveacutes do processo PVD Tal processo propicia espessuras de camadas mais finas
mantendo a aresta da ferramenta afiada (DINIZ et al2008)
Estas coberturas podem ser aplicadas em ferramentas multicamadas propiciando
caracteriacutesticas como
36
- Baixa condutividade teacutermica que protege a aresta de corte e aumenta a remoccedilatildeo de calor
atraveacutes do cavaco
- Alta dureza a frio e a quente
- Alta estabilidade quiacutemica (DINIZ et al2008)
1153 Insertos de Material Ceracircmico
Um dos principais tipos de materiais ceracircmicos utilizados como ferramenta de usinagem eacute o
oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) que eacute a forma estaacutevel alfa da alumina Podem-se distinguir dois ramos
nesta famiacutelia
- Materiais contendo alumina sinterizada praticamente pura com no miacutenimo de 98
- Materiais contendo 90 de alumina juntamente com outros oacutexidos como SiO2 MgO
Cr2O3 Fe3O4 etc
Este tipo de material de ferramenta consiste de gratildeos finos (menores que 5 m) de Al2O3 de
alta densidade ou seja conteacutem menos que 2 de porosidade Diferentes meacutetodos satildeo utilizados
para fabricaccedilatildeo de ferramentas ceracircmicas deste tipo
- Prensadas a frio e sinterizadas apresentando uma cor branca Este processo eacute similar ao
processo de fabricaccedilatildeo do metal duro
- Prensadas a quente em grandes cilindros de alumina em moldes de grafite Neste processo
o material se torna acinzentado escuro (FERRARESI 1970)
A ceracircmica possui oacutetima propriedade como dureza a quente permitindo que se possa usinar
em altas velocidades de corte Em contrapartida haacute propriedades como baixa condutividade teacutermica
que logicamente dificulta a transferecircncia de calor e faz com que na regiatildeo proacutexima do contato
cavaco-ferramenta e peccedila ferramenta atinja-se temperaturas muito altas Outra propriedade que
dificulta o uso de material ceracircmico eacute a baixa tenacidade que favorece as trincas e quebras das
ferramentas de corte
Haacute ferramentas ceracircmicas agrave base de oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) podendo ter alumina pura ou
podendo ter algum teor de oacutexido de magneacutesio (MgO) para inibir o crescimento de gratildeo Podem ter
tambeacutem oacutexido de cromo titacircnio e niacutequel para aumentar a resistecircncia mecacircnica ou com baixos
porcentuais de oacutexido de zircocircnio (ZrO2) que aumenta a tenacidade do material (DINIZ et al2008)
37
A ceracircmica mista aleacutem de conter alumina pode conter o carboneto de titacircnio (TiC) ou o
nitreto de titacircnio (NiT) Este tipo de ceracircmica eacute prensado a quente gerando uma cor acinzentada
Como haacute uma melhor dureza a quente e estabilidade quiacutemica a ceracircmica mista eacute indicada para
processo de usinagem em mandrilamento e torneamento em acabamento de accedilos endurecidos onde
a tenacidade natildeo eacute tatildeo exigida (DINIZ et al2008)
Haacute uma ceracircmica com propriedades intermediaacuterias que eacute a reforccedilada com whiskers o qual eacute
adicionado o carboneto de siliacutecio (SiC) como sua tenacidade eacute boa quando comparadas com as
outras ceracircmicas este tipo de material eacute indicado para usinagem de ligas de titacircnio e niacutequel
Tambeacutem pode ser utilizada no processo de usinagem em mandrilamento e torneamento de accedilos
endurecidos com superfiacutecies interrompidas (DINIZ et al2008) Natildeo eacute permitida a fabricaccedilatildeo deste
material em vaacuterios paiacuteses devido ao carboneto de siliacutecio ser canceriacutegeno (BALDACIM 2000) Este
tipo de material tambeacutem eacute perigoso devido agrave facilidade de incecircndio no processo de retificaccedilatildeo
devido a isto o processo deve ser realizado em local extremamente isolado e maacutequinas blindadas
Haacute tambeacutem ferramentas de ceracircmica agrave base de nitreto de siliacutecio (Si3N4) que satildeo cristais com
fase intergranular de oacutexido de siliacutecio (SiO2) que satildeo sinterizados na presenccedila de alumina (sialon)
eou oacutexido de iacutetrio (Y2O3) e magneacutesio (MgO) Este material de ferramenta eacute usualmente chamado de
Sialon (DINIZ et al2008)
A Tabela 17 mostra algumas propriedades dos diversos tipos de material ceracircmico
comparados com o metal duro Como se pode ver na tabela Sialon possui boa tenacidade (melhores
que as ceracircmicas mista e pura) e excelentes durezas a quente e resistecircncia ao choque teacutermico A
uacutenica propriedade necessaacuteria a um material de ferramenta que natildeo possui eacute a estabilidade quiacutemica
com o ferro Assim natildeo pode ser usada para usinar o accedilo Poreacutem como a falta de estabilidade
quiacutemica eacute causadora do desgaste difusivo razatildeo da formaccedilatildeo do desgaste de cratera (desgaste da
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) e como o ferro fundido possui cavacos curtos que natildeo atritam
muito com a superfiacutecie de saiacuteda e portanto natildeo tem grande tendecircncia agrave formaccedilatildeo da cratera esta
ferramenta eacute indicada para a usinagem destas ligas principalmente em cortes interrompidos como o
fresamento em que a temperatura que a ferramenta atinge natildeo eacute tatildeo alta
38
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro
Tenacidade Dureza agrave
quente
Resistecircncia ao
choque teacutermico
Estabilidade
quiacutemica (Fe)
Estabilidade
quiacutemica (Ni)
Ceracircmica Pura 2 2 1 5 5
Ceracircmica
Mista
1 3 2 4 4
Ceracircmica com
Wiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal Duro 5 1 5 3 1
Em geral os insertos de material ceracircmico possuem um chanfro na regiatildeo da aresta de corte
cuja dimensatildeo varia de 005 agrave 03mm e acircngulo entre 20deg e 30deg como proteccedilatildeo de aresta para evitar
quebra ou lascamento (DINIZ et al 2008)
Em processos de usinagem como o fresamento em ferro fundido cinzento eacute possiacutevel substituir
o desbaste e o acabamento para somente um passe utilizando insertos de ceracircmica com alisador
(FERRER 2006) Ferramentas ceracircmicas de nitreto de siliacutecio tecircm mostrado um melhor desempenho
que as de metal duro em operaccedilotildees de faceamento em ferro fundido cinzento Isto porque
ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio apresentam tenacidade suficiente onde o
lascamento natildeo eacute um fator predominante para o fim da vida da ferramenta (FERRER e DINIZ
2005)
Em contrapartida ferramentas de metal duro satildeo consideradas uma melhor opccedilatildeo para
processo de usinagem em fresamento de ferro fundido vermicular O mecanismo de desgaste por
difusatildeo eacute muito acentuado em ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio (GABALDO
2009)
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte
Desgaste eacute a perda contiacutenua e microscoacutepica de partiacuteculas da ferramenta devido agrave accedilatildeo do corte
(DINIZ et al 2008) Haacute alguns desgastes de ferramenta de corte padronizado como desgastes
convencionais Os principais deles satildeo o desgaste de flanco ou frontal (na superfiacutecie de folga da
39
ferramenta) desgaste de entalhe (nos limites de contato ferramentapeccedila) e desgaste de cratera (na
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) Aleacutem dos desgastes diversas outras ocorrecircncias podem acontecer
agrave ferramenta durante seu uso como trincas lascas deformaccedilotildees plaacutesticas e quebra A estas
ocorrecircncias daacute-se o nome de avarias (FERRARESI 1970)
Os principais fenocircmenos causadores do desgaste satildeo
Aresta posticcedila de corte (APC) ndash material da peccedila aderido na aresta de corte da ferramenta
modificando o comportamento da forccedila de corte acabamento superficial da peccedila e desgaste da
ferramenta A APC ocorre quando em baixa velocidade de corte a parte inferior do cavaco sob
pressatildeo de corte na zona de aderecircncia manteacutem o contato sem movimento relativo por um espaccedilo de
tempo suficiente para soldar na ferramenta Agrave medida que a APC cresce torna-se instaacutevel e depois
de algum tempo colapsa levando consigo partiacuteculas da superfiacutecie de folga da ferramenta
incentivando assim o desgaste de flanco em baixa velocidade de corte (DINIZ et al 2008)
Abrasatildeo mecacircnica ndash o desgaste frontal ou o desgaste de cratera podem ser gerados pela
abrasatildeo (atrito) poreacutem eacute mais comum o desgaste frontal porque a superfiacutecie de folga atrita na peccedila
que eacute riacutegida enquanto que a superfiacutecie de saiacuteda atrita com o cavaco que eacute flexiacutevel O desgaste por
abrasatildeo ocorre pela presenccedila de partiacuteculas duras no material da peccedila e pela temperatura de corte que
reduz a dureza da ferramenta Quando o desgaste abrasivo ocorre a superfiacutecie desgastada mostra
sulcos paralelos agrave direccedilatildeo de avanccedilo (TRENT e WRIGHT 2000)
Aderecircncia ndash eacute formada por um extrato metaacutelico provocado pela baixa velocidade de corte e
baixa temperatura entre duas superfiacutecies metaacutelicas postas em contato sob cargas moderadas A
resistecircncia deste extrato eacute elevada a tal ponto que na tentativa de separar as superfiacutecies ocorre agrave
ruptura em um dos metais e natildeo na superfiacutecie de contato Quando este desgaste ocorre a superfiacutecie
desgastada tem aparecircncia aacutespera (TRENT e WRIGHT 2000) Assim partiacuteculas da superfiacutecie de um
material migram para superfiacutecie do outro O fenocircmeno da aderecircncia estaacute presente na formaccedilatildeo da
aresta posticcedila mas pode-se ter desgaste por aderecircncia mesmo sem a formaccedilatildeo da aresta posticcedila Por
meio deste fenocircmeno as partiacuteculas da ferramenta que satildeo removidas pela continuidade do
movimento de escorregamento entre as duas superfiacutecies (cavaco-ferramenta ou ferramenta-peccedila)
seguem aderidas ao fluxo de cavaco ou peccedila Como satildeo bastante duras ao atritarem com regiotildees da
ferramenta mais agrave frente desgastam-nas por abrasatildeo A utilizaccedilatildeo de coberturas com baixo
coeficiente de atrito como o nitreto de titacircnio e o uso de fluiacutedo de corte adequado tem grande
influecircncia na reduccedilatildeo deste tipo de desgaste (DINIZ et al 2008)
40
Difusatildeo ndash eacute um fenocircmeno microscoacutepico ativado pela temperatura na zona de corte
principalmente entre a ferramenta e o cavaco podendo tambeacutem ocorrer entre a ferramenta e a peccedila
depois de jaacute haver ocorrido algum desgaste na superfiacutecie de folga causado por algum outro
mecanismo A difusatildeo no estado soacutelido consiste na transferecircncia de aacutetomos de um metal ao outro
Depende da temperatura duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemico dos dois metais
envolvidos na zona de cisalhamento secundaacuterio Ocorre principalmente na superfiacutecie de saiacuteda da
ferramenta causando o desgaste de cratera porque eacute ali que se tem a zona de aderecircncia entre cavaco
e ferramenta (que garante o tempo de contato) e a zona de fluxo (zona secundaacuteria de cisalhamento)
na qual o cisalhamento eacute intenso e assim a temperatura eacute bastante alta Ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes a este tipo de
desgaste (DINIZ et al 2008)
Oxidaccedilatildeo ndash a maioria dos metais oxidam em altas temperaturas e na presenccedila de aacutegua e ar Na
usinagem isto ocorre devido ao uso de fluiacutedo de corte de baixa concentraccedilatildeo ou fluiacutedo de corte natildeo
adequado para o processo O tungstecircnio e o cobalto durante o corte formam filmes de oacutexido poroso
sobre a ferramenta que satildeo facilmente levados embora pelo atrito gerando o desgaste Poreacutem
alguns oacutexidos como o oacutexido de alumiacutenio satildeo mais duros e resistentes Assim alguns materiais de
ferramentas que natildeo conteacutem oacutexido de alumino desgastam mais facilmente por oxidaccedilatildeo Este
desgaste se forma nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao acesso de ar nesta
regiatildeo causando o desgaste de entalhe Tambeacutem para este desgaste ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes (DINIZ et al
2008)
41
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Este capiacutetulo descreve o material do bloco do motor e o material da ferramenta de corte a ser
utilizada no experimento aleacutem dos equipamentos e o meacutetodo utilizado para o experimento
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos
Uma linha de usinagem flexiacutevel de bloco do motor diesel exclusivo em material de ferro
fundido vermicular jaacute existente na empresa MWM International situado em Santo Amaro SP foi o
laboratoacuterio utilizado para realizaccedilatildeo dos experimentos
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos
Utilizou-se como corpos de prova para os ensaios de mandrilamento blocos para motores de
seis cilindros (ver figura 21) fundidos em material de ferro fundido vermicular e fundido na
empresa TUPY Fundiccedilotildees localizada em Mauaacute Satildeo Paulo A operaccedilatildeo de usinagem objeto deste
estudo foi o mandrilamento dos mancais do bloco
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE
42
O material do bloco do motor eacute o GJV-450 conforme norma MANN (M3340) Foi realizada
uma anaacutelise metalograacutefica de amostras retiradas de corpos de prova do bloco do motor conforme
posiccedilatildeo visualizada na figura 22
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise
metalograacutefica (norma MANN M3340 2004)
A tabela 21 e as figuras 23 e 24 mostram os resultados da anaacutelise metalograacutefica do material
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor
DESCRICcedilAtildeO ESPECIFICADO
Estrutura da Matriz Perlita Lamelar Fina
Ferrita Livre Maacuteximo de 30
Cementita Livre Ausente
Carbonitreto de Titacircnio Metalograficamente natildeo permitidos
Ledeburita Ausente
Rede de Fosfeto - STEADITA Traccedilos isolados como informativo
Forma da Grafita I e II Ausente
Forma da Grafita III Miacutenimo 70
Forma da Grafita IV Maacuteximo 5
Forma da Grafita V e VI Maacuteximo 30
Tamanho da Grafita Forma III 3 ou mais fino
Tamanho da Grafita Forma IV 3 ou mais fino
43
Tamanho da Grafita Forma V e VI 5 ou mais fino
Dureza 150 agrave 250 HB 30
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo 440 agrave 520 Nmm2
Limite de Escoamento Miacutenimo 320 Nmm2
Alongamento Miacutenimo 1
Figura 23 - Micrografia mostrando a morfologia da
grafita
Forma III (80 agrave 85) e tamanho de 4 agrave 5
Forma IV (lt 5) e tamanho de 5 agrave 6
Forma V + VI (10 agrave 15) e tamanho de 5 agrave 6
Sem ataque
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrututa da
matriz matriz perliacutetica
Com ataque NITAL 3
A tabela 22 mostra o resultado do ensaio quiacutemico realizado em uma amostra de bloco
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN)
ESPECIFICADO em ENCONTRADO em
11 Carbono C 350 agrave 380 361
12 Carbono Equivalente C equiv 405 agrave 435 419
13 Silicio Si 200 agrave 230 232
14 Manganecircs Mn 040 maacuteximo 026
15 Foacutesforo P 002 maacuteximo 0009
16 Enxofre S 0005 agrave 0020 0011
17 Cromo Cr 01 maacuteximo 0029
44
18 Cobre Cu 075 agrave 095 084
19 Estanho Sn 004 agrave 007 007
110 Magneacutesio Mg 0010 agrave 0016 0010
111 Titacircnio Ti 0010 maacuteximo 0003
O material de ferro fundido vermicular a ser removido pela ferramenta de corte na operaccedilatildeo de
mandrilamento dos mancais tem espessura entre 25 e 30mm (profundidade de corte) devido agrave
variaccedilatildeo do sobremetal de fundiccedilatildeo conforme figura 25 formando cavacos de ruptura
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte
O bloco do motor contem sete mancais com comprimento de 37mm cada conforme figura 26
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm
45
23 Ferramenta de Corte (insertos)
Nos experimentos foram utilizados insertos de ceracircmica e insertos de metal duro conforme
figuras 27 28 e 29 e tabela 23
Figura 27 - Inserto de Metal Duro
WTXQ090608 K01L10B040 HP425
Figura 28 - Inserto de ceracircmica
WTXQ090608 0906 MN KS6000
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento
METAL DURO CERAcircMICA
Material Classe K10 Nitreto de Silicio
Aresta de Corte Arredondamento 006mm Arredondamento 006mm
Espessura do inserto 635mm 635mm
Aacuterea para corte Maacuteximo 7mm Maacuteximo 7mm
Quantidade de arestas 6 arestas 6 arestas
Cobertura Nitreto de Titanio Alumino (TiNAl) Sem cobertura
46
Figura 29 - Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios
Os insertos foram montados em uma barra de mandrilar na posiccedilatildeo tangencial em um diacircmetro
de 1105mm para desbaste conforme figura 210 Nesta mesma ferramenta tambeacutem estatildeo montados
os seis insertos de semi-acabamento para posterior processo de fratura Esta ferramenta possui guias
de metal duro para reduzir vibraccedilatildeo garantir alinhamento entre os mancais e garantir a precisatildeo
dimensional As guias de metal duro da ferramenta e o diacircmetro do mancal podem estar com folga
entre 0005mm e 0015mm Esta folga eacute coberta pelo fluido de corte com uma concentraccedilatildeo
aproximada de 12 e com isso contribui para reduzir o atrito
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos
47
Antes dos experimentos foram montados vaacuterios insertos na barra de mandrilar para verificar a
variaccedilatildeo do batimento radial e axial Nota-se que radialmente foram encontrados ateacute 004mm de
variaccedilatildeo e axialmente foram encontrados ateacute 002mm conforme demonstra figura 211 Ambos os
resultados encontrados natildeo influenciam no resultado final dos experimentos
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado
O fluido de corte utilizado no experimento tendo tambeacutem como funccedilatildeo reduzir o atrito entre
as guias de metal duro da barra de mandrilar e o mancal guia do bloco foi um oacuteleo semi-sinteacutetico do
tipo EP produzido pelo fabricante CASTROL O nome do produto eacute ldquoSuperedge 6552 BFrdquo com alta
resistecircncia agrave formaccedilatildeo de espuma isento de Boro Cloro Nitritos e Fenois As tabelas 24 e 25
mostram caracteriacutesticas deste fluido
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
Estado fiacutesico Liacutequido
Odor Suave
Cor Acircmbar
pH 90 a 95 (5)
Ponto de fulgor Produto base aacutegua Natildeo inflamaacutevel
Densidade 0937 gmL
Solubilidade Soluacutevel em aacutegua
48
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
DESCRICcedilAtildeO PORCENTAGEM
Aacutegua 5 agrave 10
Amina primaacuteria 20 agrave 40
Amina terciaacuteria 50 agrave 80
Oacuteleo mineral parafiacutenico 45 agrave 50
Benzotriazol 01 agrave 05
Aacutecidos di carboxiacutelicos 20 agrave 50
Aditivo EP a base de foacutesforo 20 agrave 80
Amida de Tall Oil 10 agrave 15
Aacutecido carbacircmico 05 maacuteximo
Metileno bis morfolina 30 agrave 70
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos
A maacutequina de usinar utilizada para realizar os experimentos foi um centro de usinagem
horizontal CNC com 4 eixos (XYZB) da marca GROB modelo BZ640 com palete (mesa) de 630
x630mm (ver figura 212) Esta maacutequina eacute controlada por um comando SIEMENS e pode suportar
uma carga sobre a mesa de ateacute 1000Kg jaacute que a peccedila (bloco do motor) utilizada no experimento
tem aproximadamente 300Kg e o dispositivo para fixar a peccedila tem aproximadamente 500Kg
somando juntos 800Kg A maacutequina tambeacutem tem um giro de palete permitido de ateacute 1200mm para
suportar a peccedila que tem um comprimento de 1060mm O eixo da maacutequina eacute um motofuso com
potecircncia de 26Kw(40ED) e 20Kw(100 ED) O torque eacute de 340Nm (40 ED) e 262Nm(100
ED) A cada 10 minutos de usinagem por 4 minutos pode ser utilizados potecircncia e torque maacuteximos
ou seja pode-se utilizar 26Kw a cada 4 minutos ou 20Kw em todo tempo de usinagem e igualmente
para torque
49
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB
Este equipamento eacute preparado para medir potecircncia consumida do fuso no momento da
usinagem da peccedila conforme demonstrado na figura 213
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos
O equipamento utilizado para realizar as mediccedilotildees de desgaste dos insertos (VB ndash desgaste de
flanco) utilizados no experimento foi uma maacutequina para preacute-ajustagem de ferramentas marca
ZOLLER com cacircmera integrada conforme figura 214 Esta maacutequina tambeacutem possui alguns
benefiacutecios como sistema de fixaccedilatildeo SHRINK (fixaccedilatildeo de ferramenta por contraccedilatildeo teacutermica) e um
50
software de programaccedilatildeo com o procedimento de mediccedilatildeo de cada ferramenta reduzindo a
influecircncia do operador
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER
Ao fim dos ensaios os desgastes das ferramentas foram analisados em um Microacutescoacutepio
Eletrocircnico de Varredura (MEV) contendo sonda para realizaccedilatildeo de testes de EDS(Sistema de
Energia Dispersiva) Este equipamento tem marca FEI modelo Quanta 450 conforme figura 215
Ele eacute capaz de produzir imagens de alta ampliaccedilatildeo
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos
insertos
51
27 Processo de Usinagem
Uma barra de mandrilar com 600mm de comprimento devido agrave sua rigidez pelo curto
comprimento mandrila o primeiro mancal em desbaste para obtenccedilatildeo do Oslash1105mm e acabamento
Oslash111mm simultaneamente No teacutermino da usinagem do primeiro mancal a mesa (palete) gira 180deg
para que a usinagem do seacutetimo mancal (uacuteltimo) seja realizada A funccedilatildeo desta primeira ferramenta eacute
fornecer guia (mancal usinado) para a barra de mandrilar longa com comprimento de 600mm
conforme figura 216 utilizada nos experimentos deste trabalho para usinar do segundo ao sexto
mancal
A barra de mandrilar longa utiliza o primeiro mancal como guia e usina o segundo mancal
conforme demonstrado na figura 216 Apoacutes o segundo mancal acabado a ferramenta avanccedila e
utiliza o segundo mancal como guia para usinar o terceiro mancal e assim sucessivamente ateacute usinar
o quarto mancal Para usinar o quinto e o sexto mancal a mesa da maacutequina gira a 180deg e a
ferramenta utiliza o seacutetimo mancal como guia para usinar o sexto mancal e logo na sequumlecircncia
utiliza o sexto mancal como guia para usinar o quinto mancal
A ferramenta utilizada nos experimentos usina um total de cinco mancais por bloco
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento
28 Procedimento experimental
Primeiramente foi determinado que um ensaio terminaria apoacutes 40 peccedilas usinadas Este nuacutemero
foi determinado para que o desgaste frontal da ferramenta tivesse aproximadamente de 04mm
(mediccedilatildeo VB) ao fim do ensaio Como o laboratoacuterio utilizado no experimento foi uma linha de
produccedilatildeo impossibilitando a mediccedilatildeo do desgaste dos insertos ateacute atingir exatos 04mm foi
definido medir a aresta de 10 em 10 peccedilas ateacute atingir as 40 peccedilas Poreacutem houve exceccedilotildees como
- Ensaios em que o desgaste VB atingiu valores elevados muito antes das 40 peccedilas
600mm
52
- Ensaios em que a potecircncia de seguranccedila do fuso da maacutequina foi acionada antes das 40 peccedilas
A velocidade de corte foi a variaacutevel utilizada para iniciar os ensaios em insertos de metal duro
fixando o avanccedilo por dente e a quantidade de insertos montados conforme tabela 26
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 140mmin 022mm 6 532mmmin
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
A maacutexima velocidade de corte de 155mmin foi determinada devido agrave caracteriacutestica de
seguranccedila que a maacutequina oferece para natildeo danificar o equipamento Como a barra de mandrilar eacute
longa e robusta qualquer quebra ou outro tipo de avaria pode danificar o fuso da maacutequina Mais
caro que o fuso eacute o alto tempo de reparo que um equipamento deste porte pode sofrer Para
seguranccedila haacute um limite de potecircncia consumida do fuso em que o equipamento interrompe a rotaccedilatildeo
para evitar maiores avarias Como a folga entre as guias de metal duro da barra de mandrilar e o
guia dos mancais podem variar entre 0005mm e 0015mm o aumento da rotaccedilatildeo aumenta a forccedila
centriacutepeta e o oacuteleo natildeo suporta reduzir o atrito aumentando a potecircncia consumida do fuso e
limitando a velocidade de corte para maacuteximo de 155mmin
A velocidade miacutenima de corte de 110mmin utilizada foi a jaacute definida no processo antes de
realizaccedilatildeo deste trabalho e a velocidade de corte intermediaacuteria foi a definida pela velocidade de
corte mais proacutexima da meacutedia entre a velocidade maacutexima de 155mmin e a velocidade miacutenima de
110mmin
Continuando na estrateacutegia dos experimentos utilizou-se a maior velocidade de corte permitida
pela maacutequina para os experimentos com ceracircmica o qual precisa de maiores velocidades em
comparaccedilatildeo com o metal duro Para comparar rendimento utilizou as mesmas condiccedilotildees para o
experimento com inserto de metal duro A uacutenica variaccedilatildeo foi o material da ferramenta conforme
mostrado na tabela 27
53
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 6 590mmmin
Como o experimento com ceracircmica natildeo foi possiacutevel devido agrave alta potecircncia consumida do fuso
e a ocorrecircncia de avaria de quebra prematura a terceira fase de testes foi a reduccedilatildeo do nuacutemero de
insertos montados na ferramenta conforme demonstrado na tabela 28
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 3 295mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 3 295mmmin
Na sequumlecircncia dos experimentos fixou-se a menor velocidade de corte utilizada nos
experimentos e o uso apenas de insertos de metal duro ateacute entatildeo a melhor condiccedilatildeo de corte
experimentada variando somente o avanccedilo por dente conforme demonstra a tabela 29
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 110mmin 030mm 6 572mmmin
Metal Duro 110mmin 034mm 6 648mmmin
O maior avanccedilo por dente utilizado nos experimentos foi definido pela seguranccedila da maacutequina
no controle de potecircncia maacutexima utilizada ou seja a utilizaccedilatildeo do avanccedilo por dente de 034mm se
posicionava no limite de potecircncia da maacutequina
Todos os experimentos foram realizados reacuteplicas exceto os experimentos com variaccedilatildeo da
velocidade de corte que foi necessaacuterio realizar uma treacuteplica
54
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO
Este capiacutetulo descreveraacute os resultados dos experimentos As variaacuteveis analisadas satildeo a
evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos em funccedilatildeo da quantidade de peccedilas usinadas o tempo de
usinagem a quantidade de dentes da ferramenta em contato com a peccedila potecircncia consumida do fuso
e volume de cavaco removido
31 Cavaco
A usinagem do ferro fundido cinzento gera cavaco de ruptura na regiatildeo de cisalhamento
(Ferraresi 1970) O cavaco retirado do bloco do motor em ferro fundido vermicular utilizado nos
experimentos tambeacutem pode ser classificado como de ruptura mas eacute um pouco maior que o tiacutepico
gerado na usinagem do ferro fundido cinzento conforme mostra a figura 31
Como a deformaccedilatildeo do cavaco no momento do corte natildeo eacute homogecircnea por causa da
concentraccedilatildeo de tensatildeo ou pontos de baixa resistecircncia na parte traseira do cavaco (Diniz et al
2008) a parte de traz do cavaco eacute bem rugosa mesmo para um cavaco de ruptura conforme
demonstrado na figura 32
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura de CGI
Figura 32 - Face rugosa do cavaco de CGI
55
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel )
Na primeira fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
arestas) e o avanccedilo por dente foram fixados tendo como variaacutevel a velocidade de corte
Na velocidade de corte de 155mmin 30 peccedilas foram usinadas ateacute o desgaste de flanco do
inserto ultrapassar os 04mm (VB) conforme mostrado na figura 33
vc110
mmin
vc140
mmin
vc155
mmin
10 peccedilas 20 peccedilas 30 peccedilas
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte
Para as velocidades de corte de 110mmin e 140mmin foi possiacutevel mandrilar ateacute 40 peccedilas
conforme demonstrado na figura 34 O desgaste dos diversos insertos de uma mesma eram muito
proacuteximos mas foi decidido fazer as mediccedilotildees de insertos montados sempre na mesma posiccedilatildeo da
ferramenta Pode-se verificar que o inserto utilizado no experimento com maior velocidade de corte
resultou em um maior desgaste frontal (ainda figura 33) devido ao acreacutescimo de calor gerado no
processo concordando com a literatura (Diniz et al 2008)
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
56
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado
Como jaacute descrito anteriormente a maior velocidade de corte resulta em uma maior taxa de
desgaste frontal dos insertos Como mostra a figura 35 a influecircncia da velocidade de corte na taxa
de desgaste ficou clara somente a partir de 20 peccedilas usinadas ou seja o comportamento do desgaste
das arestas dos insertos foram muito semelhantes diferenciando em poucos centeacutesimos na usinagem
de ateacute 20 peccedilas O valor do desgaste foi 51 menor na velocidade de corte de 110mmin quando
comparado com a velocidade de corte de 140mmin apoacutes 40 peccedilas usinadas Analisando uma
diferenccedila ainda maior de velocidade de corte como por exemplo velocidade de corte de 110mmin
e 155mmin e fixando 30 peccedilas para comparaccedilatildeo jaacute que o experimento com a velocidade de corte
de 155mmin natildeo atingiu 40 peccedilas a diferenccedila foi de 60 Em outras palavras o valor do desgaste
VB apoacutes 30 peccedilas usinadas era 60 maior na ferramenta utilizada com 155 mmin que o desgaste da
ferramenta que usinou com 110 mmin
04mm
A B
04mm
Vc110mmin Vc140mmin
57
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos
Comparando o graacutefico de desgaste dos insertos com o graacutefico de potecircncia consumida do fuso
(figura 36) vecirc-se que conforme esperado agrave medida em que aumenta o desgaste da ferramenta
aumenta o atrito na interface ferramentapeccedila e consequumlentemente aumenta a potecircncia consumida
do fuso Na usinagem com ferramenta nova (peccedila 1 na figura 36) a potecircncia consumida com vc =
140 mmin foi cerca de 22 maior que quando se usinou com vc = 110 mmin (aumento de 27 no
valor da velocidade) enquanto a potecircncia consumida com velocidade de corte de 155mmin foi 9
maior que quando se usinou com vc = 140 mmin (aumento de 11 no valor da velocidade de corte)
Pode-se verificar que o aumento da potecircncia consumida foi pouco menor que o aumento da proacutepria
velocidade de corte Diniz et all (2008) afirmam que a potecircncia de corte pode ser dada pela equaccedilatildeo
31 Como nem profundidade de usinagem nem avanccedilo foram alterados nestes ensaios este
resultado significa que o aumento da velocidade de corte proporcionou uma pequena reduccedilatildeo no
valor da pressatildeo de corte o que concorda com o que foi tambeacutem afirmado por estes autores
cc vfapKsvFcPc (31)
Onde
Pc = potecircncia de corte
Fc = forccedila de corte
0
01
02
03
04
05
06
07
08
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Velocidade de corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
58
Ks = pressatildeo especiacutefica de corte
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para
ferramentas com 3 e 6 insertos)
Na segunda fase dos experimentos devido agrave utilizaccedilatildeo de insertos de ceracircmica foi utilizada a
velocidade de corte de 155mmin que eacute a maacutexima permitida pela maacutequina Como a intenccedilatildeo eacute
comparar o desempenho dos materiais dos insertos foi fixada a velocidade de corte de 155mmin o
avanccedilo por dente de 022mmin e inicialmente seis arestas na ferramenta tendo como variaacutevel o
material de ceracircmica e metal duro
Poreacutem natildeo foi possiacutevel realizar o experimento em questatildeo O ensaio teve que ser interrompido
porque todos os insertos se quebraram antes da ferramenta completar 10 peccedilas usinadas O desgaste
prematuro das arestas de corte do inserto de ceracircmica e o aumento da pressatildeo de corte devido ao
aumento na quantidade de arestas aumentaram bastante a tendecircncia agrave quebra dos insertos
Como natildeo foi possiacutevel a comparaccedilatildeo dos insertos de ceracircmica com insertos de metal duro
nestas condiccedilotildees decidiu-se realizar esta fase dos experimentos mantendo a velocidade de corte de
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Variaacutevel - Velocidade de Corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
59
155mmin e o avanccedilo por dente de 022mmin mas reduzndo o nuacutemero de arestas da ferramenta
para trecircs Realizou-se estes testes com ferramenta de metal duro e ferramenta ceracircmica
Pode-se verificar que para mandrilamento em desbaste de peccedilas em material de ferro fundido
vermicular insertos de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio natildeo se mostraram adequados ou seja haacute
um desgaste excessivo da aresta de corte conforme mostra a figura 37 Vecirc-se nesta figura que com
apenas 10 peccedilas usinadas o desgaste dos insertos ultrapassava 10mm de VB O inserto de metal duro
para esta mesma quantidade de peccedilas (10 peccedilas) apresentava desgaste de somente 022 mm
conforme demonstrado na figura 38
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm
Figura 38 ndash Aresta do inserto de metal duro
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm
A figura 39 mostra que inicialmente a potecircncia consumida pela maacutequina quando se utilizou
ferramenta ceracircmica era bem proacutexima daquela consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro Como pode ser visto nas figuras 27 e 28 e na tabela 23 as ferramentas utilizadas tecircm
geometrias idecircnticas Entatildeo este resultado mostra que o suposto menor coeficiente de atrito da
camada de TiAlN que recobre a ferramenta de metal duro natildeo teve influecircncia na diminuiccedilatildeo dos
esforccedilos de corte Poreacutem em poucas peccedilas usinadas devido ao excessivo desgaste das arestas de
corte haacute um aumento progressivo na potecircncia consumida do fuso para o experimento com ceracircmica
Apoacutes 10 peccedilas usinadas enquanto a potecircncia consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro aumentou 8 em relaccedilatildeo agrave potecircncia consumida na usinagem da primeira peccedila a potecircncia
quando se usou ferramenta ceracircmica aumentou em cerca de 41
04mm 04mm
60
Figura 39 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica
Como a comparaccedilatildeo entre insertos de metal duro e insertos de ceracircmica foi extremamente
favoraacutevel ao experimento de metal duro decidiu-se comparar a quantidade de insertos em uso na
ferramenta Assim os experimentos foram realizados com ferramenta de metal duro com trecircs
insertos e seis insertos fixando a velocidade de corte de 155mmin e o avanccedilo por dente de 023mm
Fotos das regiotildees desgastadas destas ferramentas estatildeo mostradas na figura 38
Trecircs(3)
insertos
Seis(6)
insertos
10 peccedilas 20 peccedilas
10
11
12
13
14
15
16
17
1 10 20
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Metal Duro x Ceracircmica
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Metal Duro Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Ceracircmica
04mm 04mm
04mm 04mm
61
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes
Verifica-se que o experimento com maior quantidade de insertos (6 insertos) em uso obteve
uma superioridade de 66 de vida com relaccedilatildeo ao experimento de menor quantidade de insertos (3
insertos) confirmando a literatura (REUTER et al1999) quando atingido a quantidade de 20 peccedilas
que foi o limitante para o experimento com trecircs insertos conforme mostra figura 311
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6
insertos
O aumento do nuacutemero de dentes aumenta o volume de cavaco removido por minuto sem
aumentar a carga realizada sobre cada aresta Portanto este aumento deve ser incentivado desde que
haja espaccedilo suficiente entre dentes para armazenar o cavaco e desde que a maacutequina tenha potecircncia e
rigidez para suportar este maior volume de cavaco removido A figura 312 abaixo mostra a maior
potecircncia consumida para o experimento utilizando seis insertos como variaacutevel mas ainda dentro do
permitido pela maacutequina Veja que com 100 no aumento da velocidade de avanccedilo devido ao dobro
da quantidade de dentes em uso a potecircncia consumida do fuso iniciou com uma diferenccedila de 73
ou seja confirma-se que a potecircncia de corte aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo porque o Ks
reduziu devido a maior velocidade de avanccedilo Se o Ks natildeo reduzisse com o aumento do avanccedilo a
diferenccedila da potecircncia consumida do fuso seria de 100
0
02
04
06
08
10 20 30
Des
gast
e V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas - Vb(mm) 3 insertos x 6 insertos
Vc 155mmin - MD fz 022 (3 INSERTOS)
Vc 155mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
62
Figura 312 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como
variaacutevel)
Na quarta fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
facas) a melhor velocidade de corte (vc 110mmin) encontrada nos primeiros experimentos e o
material da ferramenta (Metal Duro) foram fixados tendo como variaacutevel o avanccedilo por dente
Pode-se verificar que para velocidade de corte de 110mmin independente da variaacutevel avanccedilo
por dente a variaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do desgaste das arestas de corte foi muito pequena conforme
demonstrado nas figuras 313 e 314 O aumento do avanccedilo aumenta o volume de cavaco removido
por minuto e com isto aumenta o calor gerado Por outro lado o crescimento do avanccedilo faz com
que o contato do cavaco com a ferramenta se decirc em uma maior porccedilatildeo da superfiacutecie de saiacuteda Como
tem-se maior calor gerado mas com maior aacuterea da ferramenta para receber este calor a temperatura
da ferramenta natildeo se altera muito e por isso a influecircncia do avanccedilo no desgaste da ferramenta
quando existe eacute pequena (Diniz et al 2008)
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Nuacutemero de insertos como variaacutevel
Vc 155mmin (6 ins) fz 022 - MD
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - MD
63
fz
022mm
fz
030mm
fz
034mm
20 peccedilas 30 peccedilas 40 peccedilas
Figura 313 ndash Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos
Este resultado eacute bastante importante para um processo de desbaste como o analisado neste
trabalho O aumento do avanccedilo por dente faz com que o tempo de corte de uma peccedila seja reduzido
Como isto natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta tem-se com certeza um processo mais
produtivo (se a vida da ferramenta tivesse diminuiacutedo seria necessaacuterio cotejar a diminuiccedilatildeo do tempo
de corte contra o aumento de tempo de maacutequina parada para troca de ferramenta para afirmar que o
processo foi mais produtivo) com mesmo custo de ferramentas e menor custo de utilizaccedilatildeo da
maacutequina Haacute que se perguntar qual eacute o limite para o aumento do avanccedilo por dente Com certeza agrave
medida que se aumenta este valor para mesmo raio de ponta da ferramenta cresce o risco de quebra
da mesma A utilizaccedilatildeo de avanccedilos ainda maiores que os aqui utilizados eacute uma sugestatildeo para um
trabalho futuro
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
64
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por
dente como variaacutevel
A figura 315 mostra os resultados de potecircncia consumida versus nuacutemero de peccedilas usinadas
para os ensaios em que se teve variaccedilatildeo do avanccedilo por dente Nela percebe-se que haacute um aumento
na potecircncia consumida agrave medida que se aumenta o avanccedilo por dente Levando-se em consideraccedilatildeo a
potecircncia consumida na usinagem da 1ordf peccedila (ferramenta ainda sem desgaste) houve um aumento de
21 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 022mm para 030mm (36 de aumento
do avanccedilo) e um aumento de 9 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 030mm para
034mm (13 de aumento do avanccedilo) Isto estaacute em acordo com a literatura (Diniz Marcondes e
Coppini2008) que afirma que a Potecircncia de Corte (Pc) aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo da
avanccedilo (f) porque a Pressatildeo Especiacutefica de Corte (Ks) cai com o aumento de f Isto eacute possiacutevel
porque a contribuiccedilatildeo dada pelo fluxo lateral de cavaco (parte do volume de material deformado da
peccedila natildeo se transforma em cavaco mas sim escorrega entre a peccedila e a superfiacutecie de folga da
ferramenta) fica percentualmente menos importante quando se aumenta o avanccedilo
Outro ponto importante a ser destacado nesta figura eacute que a contribuiccedilatildeo do desgaste para o
crescimento da potecircncia consumida eacute significativa Quando se utilizou fz = 030 mm o crescimento
da potecircncia entre a 1ordf peccedila usinada e a 40ordf peccedila foi de 76 enquanto quando se usou fz = 022 mm
este crescimento foi de 20 (maior crescimento percentual dentre as 3 curvas) Esta diferenccedila de
0
01
02
03
04
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Avanccedilo por dente
Vc 110mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 030 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 034 (6 INSERTOS)
65
variaccedilatildeo percentual da potecircncia consumida entre a 1ordf e a 40ordf peccedila deve-se provavelmente ao da
potecircncia ao longo da vida da ferramenta natildeo eacute tatildeo intenso
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de
avanccedilo como variaacutevel
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste
Os insertos utilizados nos experimentos foram submetidos agrave anaacutelise por um microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (MEV) com sistema de energia dispersiva (EDS) Este procedimento
objetivou a anaacutelise do mecanismo de desgaste das arestas de corte
Foram analisadas as arestas dos insertos de metal duro em fim de vida utilizados nos
ensaios em que se variou a velocidade de corte e a quantidade de insertos Os insertos com a
variaccedilatildeo do avanccedilo por dente foram submetidos ao MEV e ao EDS a cada 10 peccedilas mandriladas ateacute
completar o fim de vida Com relaccedilatildeo aos ensaios com ferramenta de ceracircmica somente as arestas
utilizadas no experimento com trecircs insertos puderam ser analisadas porque no experimento
utilizando seis insertos de ceracircmicas os mesmos quebraram no momento do experimento
impossibilitando a anaacutelise
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso
Vc 110mmin fz 022mm
Vc 110mmin fz 030mm
Vc 110mmin fz 034mm
66
Os insertos usados nos experimentos foram limpos por ataque da soluccedilatildeo de 10 gramas de
ferrocianeto de potaacutessio [ K4 [ Fe(CN)6]] 10 gramas de hidroacutexido de potaacutessio (KHO) e 100
mililitro de aacutegua destilada imerso de 4 agrave 6 antes de serem colocados no microscoacutepio
A figura 316 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
Nesta figura natildeo se vecirc riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte que se ocorressem indicariam
desgaste de origem abrasiva Fez-se anaacutelise de EDS nos 3 pontos mostrados na figura e o resultado
destas anaacutelises estatildeo mostrados na figura 317 O ponto 2 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
predominacircncia de titacircnio e alumiacutenio pois ali a cobertura da ferramenta estaacute intacta (a cobertura eacute de
TiAlN) Nos pontos 1 e 3 que estatildeo mais proacuteximos da aresta de corte encontra-se uma alta
quantidade de ferro e manganecircs mostrando que houve adesatildeo de material da peccedila na regiatildeo
desgastada da superfiacutecie de folga
67
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 318 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 140 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Os pontos 1 2
e 3 mostrados na figura estatildeo fora da regiatildeo desgastada e a anaacutelise EDS neles (figura 319) indicou a
presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta como era de se esperar O ponto 3 aleacutem da
presenccedila de elementos da ferramenta mostrou tambeacutem a presenccedila de elementos do fluido de corte
68
como foacutesforo e pequena quantidade de material da peccedila provavelmente devido ao contato com o
material do cavaco retirado da peccedila
Figura 318 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
No ponto 4 verifica-se a presenccedila de elementos como ferro manganecircs e siliacutecio que satildeo
materiais presentes exclusivamente na peccedila usinada e no cavaco mostrando de novo que houve
adesatildeo de material da peccedilacavaco na regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga
69
Figura 319 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 320 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Nesta figura
pode-se tambeacutem ver que o desgaste e a velocidade de ocorrecircncia do desgaste foram tais que a
ferramenta chegou a lascar
70
Figura 320 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
A figura 321 mostra os resultados da anaacutelise EDS O ponto 4 que estaacute fora da regiatildeo
desgastada (ver figura 320) mostra somente a presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta Os
pontos 2 e 3 mostram a forte presenccedila de material da peccedilacavaco aderidos agrave superfiacutecie desgastada
O ponto 1 que estaacute na vizinhanccedila da regiatildeo lascada mostra principalmente a presenccedila de elementos
do substrato da ferramenta como tungstecircnio e cobalto mostrando que ali toda a camada de
cobertura jaacute havia sido removida
71
Figura 321 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
Depois da anaacutelise do desgaste destas 3 ferramentas pode-se concluir que ele ocorreu
principalmente devido ao mecanismo de adesatildeo e arranque de partiacuteculas da ferramenta (attrition) A
pressatildeo de corte foi tal que permitiu que durante a formaccedilatildeo do cavaco parte do material da
peccedilacavaco extrudasse entre ferramenta e peccedila (talvez auxiliado por algum desgaste inicial gerado
por um outro mecanismo) e aderisse agrave superfiacutecie de folga da ferramenta Esta camada aderida era
arrancada pelo atrito entre ferramenta e peccedila levando consigo partiacuteculas da cobertura e do substrato
da ferramenta Ao arrastar partiacuteculas da ferramenta o desgaste era mais ainda incentivado jaacute que
72
estas partiacuteculas bastante duras atritavam com a proacutepria ferramenta Pode-se concluir que o
mecanismo principal de desgaste foi este devido agrave presenccedila de camada do material da peccedilacavaco
aderida em todas as regiotildees desgastadas como tambeacutem pela regiatildeo do substrato exposta na figura
320 Conseguiu-se tirar uma foto da ferramenta no momento que naquela regiatildeo (ponto 1 da figura
320) a camada aderida havia sido removida e ainda natildeo tinha sido substituiacuteda por outra camada
deixando o substrato exposto Eacute loacutegico que na continuidade deste processo de desgaste
principalmente quando a taxa desgaste eacute alta devido agrave alta velocidade de corte (como ocorreu
quando se utilizou vc = 155 mmin) o risco de lascamento da ferramenta (remoccedilatildeo de macro-
partiacuteculas e natildeo de micro-partiacuteculas) eacute alto como se viu na ponta da ferramenta mostrada na figura
320
A figura 322 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 3 insertos
e ferramenta de ceracircmica
Figura 322 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica) em fim de vida da ferramenta
Haacute quatro pontos indicados conforme demonstrado na figura 322 Nos pontos 1 2 e 3
verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de siliacutecio (figura 323) que existe tanto na peccedila quanto no
inserto Poreacutem como o ponto 3 natildeo tem contato com a peccedila haacute grande probabilidade que o siliacutecio
73
encontrado seja somente do inserto Foi encontrado tambeacutem tacircntalo presente somente ao material
do inserto conforme demonstrado na figura 323 No ponto 4 que se refere exatamente agrave fronteira da
regiatildeo de desgaste (fronteira entre a aacuterea de contato com a peccedila e a aacuterea sem contato) verifica-se a
presenccedila de material como siliacutecio alumiacutenio e cobalto referente ao inserto mas tambeacutem zinco e
zircocircnio que satildeo materiais do oacuteleo refrigerante utilizado no experimento Isto significa que o fluido
de corte chegava bem proacuteximo agrave interface peccedila-ferramenta mas natildeo penetrava nela Assim o fluido
tinha uma accedilatildeo refrigerante bastante eficiente jaacute que atingia regiotildees proacuteximas agrave fonte geradora de
calor mas natildeo tinha accedilatildeo lubrificante pois natildeo penetrava nas interfaces para poder ter accedilatildeo de
reduccedilatildeo do coeficiente de atrito
Figura 323 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de
corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
74
Uma anaacutelise visual da figura 322 mostra uma superfiacutecie lisa e a figura 323 mostra a presenccedila
em pequena quantidade de elementos da peccedila Estes pontos satildeo indicaccedilotildees de que o desgaste
difusivo estiver presente Poreacutem a aparecircncia facetada da regiatildeo de desgaste tambeacutem indica que
houve quebra de partiacuteculas macroscoacutepicas da ferramenta talvez causada pela tensatildeo teacutermica gerada
pela alta refrigeraccedilatildeo realizada pelo fluido de corte
Numa tentativa de se entender o processo de desgaste da ferramenta de metal duro desde o
iniacutecio de sua vida fez-se anaacutelise da superfiacutecie desgastada de uma das ferramentas em vaacuterios
momentos de sua vida A figura 324 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie
de folga de uma das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030
mm 6 insertos e ferramenta de metal duro apoacutes 10 peccedilas usinadas
Figura 324 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 10 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 324 estaacute mostrada na figura 325
Nos pontos 1 e 2 verifica-se a presenccedila de elementos da cobertura (titacircnio e alumiacutenio) como
75
tambeacutem elementos do substrato da ferramenta (W) No ponto 3 que eacute um ponto fora da regiatildeo
desgastada encontra-se alta concentraccedilatildeo de alumiacutenio e titacircnio presentes na cobertura do inserto No
ponto 4 encontra-se ainda bastante material da cobertura da ferramenta Al e Ti Vecirc-se que apoacutes 10
peccedilas usinadas ainda natildeo se iniciou o processo de adesatildeo da material da peccedilacavaco na superfiacutecie
de folga da ferramenta (natildeo se verifica a presenccedila marcante de Fe na regiatildeo de desgaste) adesatildeo
esta bastante presente na ferramenta apoacutes 40 peccedilas usinadas Tambeacutem mesmo na regiatildeo desgastada
ainda se verifica bastante a presenccedila de material da cobertura o que demonstra que o desgaste natildeo
era profundo a ponto de remover esta camada de material
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 325 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas
76
A figura 326 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 20 peccedilas usinadas
Figura 326 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 20 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 326 estaacute mostrada na figura 327 No
ponto 1 verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de tungstecircnio referente ao substrato do inserto e
uma pequena concentraccedilatildeo de Fe da peccedila Conclui-se entatildeo que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada a
cobertura jaacute havia sido removida e o processo de adesatildeo de material da peccedilacavaco dava sinais de
sua presenccedila No ponto 2 a presenccedila do Fe proveniente da peccedilacavaco eacute bastante intensa
mostrando que o processo de adesatildeo jaacute havia realmente se iniciado O ponto 3 eacute fora da regiatildeo
desgastada e portanto somente possui elementos da cobertura da ferramenta como alumiacutenio e
titacircnio Algum teor de W aparece porque a anaacutelise EDS eacute capaz de detectar elementos que estaacute a
alguma distacircncia da superfiacutecie analisada Assim o W que estaacute a alguns microns de distacircncia eacute
mostrado na anaacutelise No ponto 4 encontra-se somente alumiacutenio e titacircnio da cobertura mostrando
que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada o processo de adesatildeo ainda natildeo havia se iniciado
77
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 327 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 20 peccedilas usinadas
A figura 328 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 30 peccedilas usinadas
78
Figura 328 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 30 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 328 estaacute mostrada na figura 329
Similarmente ao que ocorreu com a ferramenta apoacutes 20 peccedilas usinadas agora com 30 peccedilas
usinadas a regiatildeo desgastada mostra ponto coberto por material da peccedilacavaco (ponto 1) ponto em
que a cobertura havia sido removida e o substrato estaacute exposto (ponto 2) e ponto em que a cobertura
ainda estava intacta (ponto 4) Logicamente o ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
somente elementos da cobertura e pouco concentraccedilatildeo de elementos do substrato da ferramenta
79
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 329 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 30 peccedilas
A figura 330 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 40 peccedilas usinadas (fim do ensaio)
80
Figura 330 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 40 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 330 estaacute mostrada na figura 331
Nos pontos 1 e 2 constata-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de ferro presente na peccedilacavaco
indicando que o processo de adesatildeo na ferramenta jaacute era bastante acentuado Mesmo assim ainda
havia uma parte da porccedilatildeo desgastada em que o desgaste natildeo havia se aprofundado na ferramenta e
assim a cobertura ainda estava presente (ponto 4 que tem forte concentraccedilatildeo de Ti e Al da
cobertura) No ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada apresenta logicamente somente
elementos da cobertura
81
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 331 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 40 peccedilas usinadas
Apoacutes a anaacutelise destas figuras pode-se tentar definir quais foram os mecanismos de desgaste da
ferramenta ao longo de sua vida Com 10 peccedilas usinadas a adesatildeo ainda natildeo estaacute presente Algum
outro mecanismo de desgaste (provavelmente a difusatildeo dada a aparecircncia lisa da regiatildeo desgastada
tiacutepica do desgaste difusivo sem a presenccedila de riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte tiacutepicos da abrasatildeo)
foi o responsaacutevel pela remoccedilatildeo da camada de cobertura (jaacute se vecirc pontos com o substrato exposto na
figura 331) que gerava o aumento do coeficiente de atrito e propiciava a adesatildeo do material da
peccedilacavaco A presenccedila de algum desgaste tambeacutem facilitou a extrusatildeo deste material entre peccedila e
ferramenta para que a adesatildeo fosse possiacutevel A partir disto a adesatildeo comeccedilou a crescer
82
gradualmente Com 20 peccedilas usinadas jaacute se tinha mais presenccedila de Fe oriundo da peccedila na ferramenta
e tambeacutem porccedilotildees com o substrato exposto (W mostrado na anaacutelise EDS) e a partir da peccedila 30 a
adesatildeo estava bastante presente tornando-se o principal mecanismo de desgaste que conduziu a
ferramenta a valores alto de desgaste
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido
A figura 332 mostra a vida da ferramenta para cada experimento realizado no qual fica
caracterizado que menores velocidades de corte e material de metal duro satildeo os mais indicados para
o processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco do motor fabricado em ferro
fundido vermicular Vecirc-se nesta figura que o uso de inserto com material de ceracircmica agrave base de
nitreto de siliacutecio natildeo se mostrou adequado para este tipo de operaccedilatildeo Vecirc-se tambeacutem que os avanccedilos
por dente utilizados no experimento mantiveram a mesma vida de ferramenta
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos
Para se ter uma ideacuteia de qual foram as melhores condiccedilotildees de usinagem dentre as que foram
testadas neste trabalho e consequumlentemente escolher o conjunto de condiccedilotildees a serem utilizadas no
0
10
20
30
40
50
Vc 110mmin
Fz022mmmin
Vc 110mmin
Fz030mmmin
Vc 110mmin
Fz034mmmin
Vc 140mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 3 insertos MD 3 insertos
Ceracircmica
6 insertos
Ceracircmica
40 40 40
30
23
12
4
Quebra
Nuacute
mer
o d
e p
eccedila
s
Vida da ferramenta de metal duro e ceracircmica no processo de mandrilamento em desbaste do Ferro Fundido Vermicular
83
meio produtivo construiu-se a figura 333 Na construccedilatildeo desta figura os experimentos em que se
utilizou ferramentas ceracircmicas natildeo foram levados em consideraccedilatildeo jaacute que o desempenho destas
ferramentas natildeo foi razoaacutevel Os ensaios em que se utilizou avanccedilo por dente de 022 mm e se
variou a velocidade de corte se a maacutequina utilizada nesta operaccedilatildeo natildeo for gargalo (isto eacute o tempo
da operaccedilatildeo natildeo eacute importante) a condiccedilatildeo a ser utilizada eacute aquela com velocidade de corte de
110mmin jaacute que ela propicia economia de ferramenta Se a maacutequina for gargalo haacute que se calcular
a velocidade de maacutexima produccedilatildeo (vcmxp) para este avanccedilo a fim de se escolher a velocidade a ser
utilizada Diniz et al (2008) definem vcmxp de acordo com a equaccedilatildeo 32
x
ft
cmxptx
Kv
1
))1(
(
(32)
Onde K e x satildeo os expoentes da equaccedilatildeo de vida da ferramenta de Taylor (Tvcx=K) tft eacute o
tempo de troca da ferramenta e T eacute a vida da ferramenta em minutos
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido
Utilizando-se os dados de vida de ferramenta obtidos nos ensaios com as 3 velocidades de
corte utilizadas neste trabalho tem-se que x e K satildeo respectivamente 26 e 79x106 Com isto
considerando-se um tempo de troca das ferramentas de 2 minutos tem-se que a velocidade de
maacutexima produccedilatildeo eacute 2895 mmin Assim em uma maacutequina gargalo utilizando-se o avanccedilo por dente
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Vc110mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 030mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 034mm
Vc140mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc155mmin 6 insertos Fz 022mm
Vo
lum
e d
e ca
vaco
(cm
3)
Tem
po
de
usi
nag
em (
min
)
Tempo de usinagem x Volume de cavaco removido Tempo de usinagem
Volume de material removido
84
de 022 mm dentre as velocidades utilizadas nos ensaios seria interessante utilizar-se a velocidade
de 155 mmin jaacute que a usinagem com este valor de vc apesar de consumir mais ferramentas
propicia menor tempo de produccedilatildeo por peccedila (jaacute que ela a maior velocidade dentre as utilizadas que
ainda eacute menor que vcmxp)
Como visto o uso de maiores avanccedilos natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta Assim
como se estaacute em operaccedilatildeo de desbaste (a rugosidade da peccedila natildeo eacute importante) eacute interessante
utilizar-se o maior avanccedilo possiacutevel Dentre os utilizados neste trabalho seria adequado se utilizar fz
= 034 mm pois com ele consegue-se um corte mais raacutepido sem ainda se ter quebra da aresta de
corte Seria importante tambeacutem se obter a velocidade de maacutexima produccedilatildeo com este avanccedilo a fim
de se saber a velocidade a ser utilizada se a maacutequina for gargalo Esta eacute uma outra sugestatildeo para um
futuro trabalho
85
4 CONCLUSOtildeES
Esta dissertaccedilatildeo teve por objetivo analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar influencias
positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor fabricado
em ferro fundido vermicular
Por meio dos resultados obtidos nas condiccedilotildees experimentadas pode-se concluir que
Quanto maior a velocidade de corte menor a vida final da ferramenta
A utilizaccedilatildeo de um maior nuacutemero de insertos na ferramenta proporcionou maior vida
tanto em termos de tempo de usinagem quanto em termos de volume de material
removido
Insertos de ceracircmica com nitreto de siliacutecio natildeo satildeo indicados para o mandrilamento em
desbaste do ferro fundido vermicular
A alteraccedilatildeo da velocidade de avanccedilo natildeo influencia na vida da ferramenta
Apoacutes definir a melhor velocidade de corte a velocidade de avanccedilo foi limitada pela
potecircncia consumida do fuso e natildeo pelo desgaste das arestas dos insertos
A melhor condiccedilatildeo de corte foi velocidade de corte de 110mmin avanccedilo por dente de
034mm e seis insertos de metal duro montados simultaneamente
O principal mecanismo de desgaste de flanco das pastilhas de metal duro foi o
ldquoattritionrdquo Poreacutem para que a adesatildeo de material da peccedilacavaco sobre a superfiacutecie de
folga pudesse acontecer foi necessaacuterio que inicialmente algum outro mecanismo
(provavelmente a difusatildeo) gerasse o desgaste da ferramenta
Sugestotildees para proacuteximos trabalhos
As informaccedilotildees descritas prevecircem possibilidades das variaccedilotildees sabendo-se que
86
o laboratoacuterio utilizado neste trabalho natildeo as permitiu
o Utilizaccedilatildeo de maiores velocidades de corte conjuntamente com maiores avanccedilos por
dente
o Utilizaccedilatildeo de outros materiais de ferramentas O CBN seria uma opccedilatildeo a ser testada
o Variaccedilatildeo das alturas das pastilhas tanto na direccedilatildeo axial quanto na direccedilatildeo radial
o Verificar se eacute possiacutevel aumentar ainda mais o nuacutemero de arestas da ferramenta para
propiciar ainda maior produccedilatildeo
87
5 REFEREcircNCIAS
BALDACIM Sandro A Desenvolvimento Processamento e Caracterizaccedilatildeo de
Compoacutesitos Ceracircmicos Si3N4 ndash SiC(w) 2000 170p Tese (Doutorado) Departamento de Pesquisas
Energeacuteticas e Nucleares Universidade Estadual de Satildeo Paulo Satildeo Paulo
BELONI AL Metodologia via redes neurais para estimativa da rugosidade e do
desgaste de ferramentas de corte no processo de fresamento frontal 2001 194p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Uberlacircndia Minas
Gerais
BRAUN Silvana Appel LG Schmal M A poluiccedilatildeo gerada por maacutequinas de combustatildeo
interna movidas a diesel - a questatildeo dos particulados Estrateacutegias atuais para a reduccedilatildeo e
controle das emissotildees e tendecircncias futuras Quiacutemica Nova Vol 27 No 3 472-482 2003
CHIAVERINI Vicente Accedilos e Ferros Fundidos Caracteriacutesticas Gerais Tratamento
Teacutermico Principais Tipos 7deg Ediccedilatildeo ampliada e revisada Associaccedilatildeo Brasileira de Metalurgia e
Materiais 2005
CONSALTER L GUEDES L PUREY J - Usinabilidade de ferros fundidos FMP Guia
de Equipamentos e Insumos 1987
DAWSON S Compacted Graphite Iron Mechanical and Physical Properties for Engine
Design SinterCast - Technical Publication 1999
DAWSON S HOLLINGER I ROBBINS H DAETH J REUTER U SCHULZ H
The effect of metallurgical variables on the machinability of compacted graphite iron SAE
World Congress 2001
DAWSON S Process Control for the Production of Compacted Graphite Iron AFS
Casting Congress 2002
88
DAWSON S SCHROEDER T Practical Applications for Compacted Graphite Iron AFS
Transactions 2004
DAWSON S Compacted Graphite Iron ndash A New Material for Highly Stressed Cylinder
Blocks and Cylinder Heads Internationales Wiener Motorensymposium 2007
DINIZ AE MARCONDES FC COPPININL Tecnologia da Usinagem dos
Materiais 6deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Artiliber Editora 2008 262p
DOREacute C BOEHS L GUESSER L W Avaliaccedilatildeo da Usinabilidade do Ferro Fundido
Vermicular com Diferentes Microestruturas 8th Congresso Iberoamericano de Engenharia
Mecacircnica 2007
FERRARESI Dino Fundamentos da Usinagem dos Metais vol 1 Satildeo Paulo
Editora Edgard Bluumlcher LTDA 1970 754p
FERRER Jorge A G Uma Contribuiccedilatildeo ao Fresamento Frontal de Superfiacutecies
Irregulares de Ferro Fundido Cinzento 2006 228p Tese (Doutorado) Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
FERRER Jorge A G DINIZ A E Otimizaccedilatildeo do fresamento frontal de diversas superfiacutecies
de ferro fundido cinzento Anais do III Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricaccedilatildeo -
COBEF Vol 1 pp1 ndash1 Joinville Santa Catarina 2005
GABALDO Sander Uma Contribuiccedilatildeo a Melhoria do Processo de Fresamento de Ferro
Fundido Vermicular ndash CGI 2009 136p Tese (Mestrado) Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
89
GODINHO AF Anaacutelise do Mandrilamento de cilindros de bloco de motores em Ferro
Fundido Vermicular com diferentes concepccedilotildees de ferramentas 2007 128p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
GUEDES Luiz F M FENGPUCRS Processo de usinagem e conformaccedilatildeo 2006
KASSACK J REUTER U AUDI CGI Production Planning In 5th COMPACTED
GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat Darmstadt 2002
KOPPKA Frank ABELE Eberhard Economical processing of compacted graphite iron 6th
COMPACTED GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat
Darmstadt 2003
GUESSER L W SCHROEDER T DAWSON S Production experience with compacted
graphite iron automotive components AFS Transactions 01-071 2001
MACHADO AR ABRAtildeO A M COELHO R T DA SILVA MB Teoria da
Usinagem dos Materiais 1 ed Satildeo Paulo Editora Blucher 2009 384 p
MAKINO Disponiacutevel em ltcompetitiveproductioncom features default aspx articlegt
Acesso em Janeiro de 2011
MAPAL do BRASIL Disponiacutevel em ltMapalcomenproductscatalogues-and-brochuresgt
Acesso em Dezembro de 2010
MARWANGA R O VOIGT R C COHEN P H Influence of Graphite Morphology and
Matrix Structure on Chip Formation During Machining of Gray Irons AFS Transactions
American Foundrysmen Society 1999
90
MOCELLIN Fabiano Desenvolvimento de Tecnologia para Brunimento de Cilindros de
Blocos de Motores em Ferro Fundido Vermicular Tese 2007 264p Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
MOCELLIN Fabiano BOHES Prof Lourival Study of the Machinability of Compacted
Graphite Iron for Drilling Process Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science and
engineering 2004
MOURA Bruna S Transesterificaccedilatildeo Alcalina de Oacuteleos Vegetais para Produccedilatildeo de
Biodiesel Avaliaccedilatildeo Teacutecnica e Econocircmica Dissertaccedilatildeo 2010 166p Departamento de Engenharia
Quiacutemica Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
NICOLELLA Gilberto Marques JF Skorupa L A Sistema de Gestatildeo Ambiental aspectos
teoacutericos e anaacutelise de um conjunto de empresas ISSN 1516-4691 Documento 39 Embrapa Meio
Ambiente 43p Jaguariuacutena SP 2004
REUTER U SCHULZ H Compact and bijou The problems associated with compacted
graphite iron manufacturing can be overcome Engine Technology International 1999
REUTER U SAHM A SCHULZ H CGI production on transfer lines and machining
centers Compacted Graphite Iron Machining Workshop 2000
SAHM A ABELE E SCHULZ H State of the art in CGI machining 5th Compacted
Graphite Iron Machining Workshop 2002
SINTERCAST Compacted Graphite Iron Technical Publication What is CGI Disponiacutevel
emlthttpwwwsintercastcomTecnologygt Acesso em marccedilo de 2010
STEMMER C E Ferramentas de corte I 3 ed Florianoacutepolis Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina 1993 249 p
91
SOUTO Ulisses B Monitoramento do desgaste de ferramenta no processo de
fresamento via emissatildeo acuacutestica Tese 2007 Pag19 Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Federal de Uberlacircndia
TRENT E WRIGHT P Metal Cutting 4ordf ed Woburn Editora Butterworth-Heinemann
2000 446p
VASILASH Gary S Automotive Design amp Production Gardner Publication 2006
WALTER AG Cataacutelogo Geral Cataacutelogo Satildeo Paulo 2007
XAVIER Fabio A Aspectos Tecnoloacutegicos do Torneamento do Ferro Fundido
Vermicular com Ferramentas de Metal Duro Ceracircmica e CBN 2003 146p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
XAVIER Fabio A Estudo dos mecanismos de desgaste em ferramentas de nitreto de
siliacutecio aplicadas no torneamento dos ferros fundidos vermicular e cinzento 2009 267p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
YUSSEFIAN NZ MOETAKEF-IMANI B The prediction of cutting force for boring
process International Journal of Machine Tools amp Manufacture 2008
iv
Dedicatoacuteria
Dedico este trabalho a minha querida esposa Leila e minha filha Priscila que sempre
entenderam a importacircncia do trabalho se privando de tempos de alegria para realizaccedilatildeo e
finalizaccedilatildeo do mesmo
A meus irmatildeos e amigos que me apoiaram durante esta jornada
v
Agradecimentos
Este trabalho natildeo poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas agraves quais presto
minha homenagem
- Primeiramente a Deus por me conceder mais esta etapa de minha vida
- A minha famiacutelia que me apoiaram em todos os momentos
- Ao meu orientador Anselmo Eduardo Diniz pela oportunidade compreensatildeo e paciecircncia de
me orientar
- A empresa MAPAL do Brasil na pessoa do Sr Rogeacuterio e Sr Bighetti pelos insertos
utilizados nos experimentos
- Ao Sr Enrique Devicente pela ajuda no procedimento de mediccedilatildeo do desgaste das pastilhas
- Ao Sr Marcos Hermiacutenio Joseacute Esteves pela ajuda nos testes realizados na linha de produccedilatildeo
- Ao Sr Fabio Luis Gomes Mingutti pela ajuda na captura dos dados de potecircncia do
equipamento em cada experimento
- Ao Sr Sander Gabaldo pela ajuda na revisatildeo bibliograacutefica
- Ao Sr Glevison Torres Ruas pela ajuda na anaacutelise do MEV e EDS dos insertos
vi
Embora ningueacutem possa voltar atraacutes e fazer um novo comeccedilo
qualquer um pode comeccedilar agora e fazer um novo fim
Ningueacutem eacute bom por acaso a virtude deve ser bem aprendida
Chico Xavier
vii
Resumo
DALO Marco Aurelio Estudo do Desempenho de Ferramenta de Corte no Processo de
Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas
Faculdade de Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas 2011 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado)
Existe hoje uma tendecircncia no mercado de veiacuteculos de motor diesel a fabricarem os blocos dos
motores em ferro fundido vermicular devido agrave melhor eficiecircncia de combustatildeo e maior resistecircncia agrave
compressatildeo permitindo paredes de galerias mais finas com consequumlecircncia na reduccedilatildeo do peso do
bloco quando comparado ao bloco usual feito de ferro fundido cinzento Desta forma seria possiacutevel
atender agraves novas exigecircncias do mercado e do meio ambiente
Poreacutem a difiacutecil usinabilidade deste material obriga ao levantamento de condiccedilotildees de usinagem
e ao desenvolvimento de ferramentas que possam melhorar a produtividade dos processos de
usinagem dos blocos O mandrilamento em desbaste dos mancais do bloco do motor eacute uma das
operaccedilotildees de usinagem mais carentes de desenvolvimento dentre as utilizadas na produccedilatildeo do bloco
de ferro fundido vermicular
A variaccedilatildeo do material da ferramenta e as condiccedilotildees de corte utilizadas no processo de
usinagem foram as variaacuteveis testadas neste trabalho para buscar o melhor desempenho do processo
de mandrilamento do bloco Os resultados demonstraram que ferramentas de material ceracircmico
sofreram um desgaste frontal excessivo da aresta de corte por difusatildeo e as ferramentas de metal duro
obtiveram um melhor resultado em comparaccedilatildeo com a ceracircmica Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de corte
resultados com o uso de menores velocidades de corte demonstraram um menor desgaste frontal das
arestas de corte A potecircncia consumida do fuso foi o limitante para o maacuteximo avanccedilo por dente
utilizado nos experimentos
Palavras-chave ferro fundido vermicular CGI mandrilamento usinabilidade
viii
Abstract
DALO Marco Aurelio Performance of the cutting tools in the boring machining process vermicular
cast iron - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas Mechanical Engineering Faculty State
University of Campinas 2009 Thesis (Msc)
Today there is a trend in the market for diesel vehicles manufactured in compacted graphite
iron due to better combustion efficiency of the engine and greater resistance to compression
allowing thinner walls of galleries with a result in reducing the weight of the block when compared
to the usual block made of the gray cast iron Thus it would be possible to meet new market
demands and the environment
However the difficult machinability of this material requires the survey of the machining
conditions and development of the tools that can improve productivity of machining processes of the
blocks The rough boring in the bearings of the engine block is one of the machining operations of
the poorest development among those used in the production of compacted graphite iron block
The variation of the tool material and cutting conditions used in the machining process
variables were tested in this work to get the best performance of the process of boring the block The
results show that ceramic tools have suffered excessive front wear of the cutting edge diffusion and
carbide tools had a better outcome in comparison with the ceramic With respect to cutting
conditions results from the use of lower cutting speeds showed a lower front wear of the cutting
edges The power consumption of the spindle was limited for maximum feed per tooth used in the
experiments
Key words Compacted graphite iron CGI boring machinability
ix
Lista de Figuras
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido Vermicular
(SAHM et al 2002) 2
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010) 5
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002) 13
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000 apud
ROSA 2009) 15
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999) 16
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999) 17
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico 22
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico 22
Figura 19 ndash Mandrilamento radial 23
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970) 23
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010) 24
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos 25
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento 26
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
(YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE 39
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise metalograacutefica
(norma MANN M33402004) 40
Figura 23 ndash Micrografia mostrando a morfologia da grafita 41
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrutura da matriz matriz perliacutetica 41
x
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte 42
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm 42
Figura 27 ndash Inserto de metal duro 43
Figura 28 ndash Inserto de ceracircmica WTXQ090608 0906 MN KS6000 43
Figura 29 ndash Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios 43
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos 44
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado 44
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB 46
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina 46
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER 47
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos insertos 47
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento 48
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura do CGI 51
Figura 32 ndash Face rugosa do cavaco do CGI 51
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte 52
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado 53
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos 53
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte 54
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm 55
Figura 38 - Aresta do inserto de metal duro desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm 55
Figura 39 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica 56
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes 57
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6 insertos57
xi
Figura 312 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes 58
Figura 313 - Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos 59
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por dente
como variaacutevel 60
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de avanccedilo
como variaacutevel 61
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 62
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de
corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 63
Figura 318 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 64
Figura 319 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 64
Figura 320 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 65
Figura 321 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 66
Figura 322 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica)
em fim de vida da ferramenta 67
Figura 323 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 68
Figura 324 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 10 peccedilas usinadas 69
Figura 325 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas 70
Figura 326 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 20 peccedilas usinadas 71
Figura 327 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 20 peccedilas usinadas 72
xii
Figura 328 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 30 peccedilas usinadas 73
Figura 329 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 30 peccedilas usinadas 74
Figura 330 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 40 peccedilas usinadas 75
Figura 331 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 40 peccedilas usinadas 76
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos 77
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido 78
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010) 8
Tabela 12 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular perliacutetico
(SINTERCAST 2001 apud ROSA 2009) 8
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em temperatura
ambiente (CHIAVERINI 2005) 9
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) 11
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI 2005) 19
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970) 32
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro 38
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor 42
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN) 43
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento 45
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 47
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 48
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes 52
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes 53
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes 53
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes 53
xiv
Lista de abreviaturas e nomenclaturas
Fe - Ferro
C - Carbono
Si - Siliacutecio
P - Foacutesforo
Ti - Titacircnio
Mg - Magneacutesio
Mn - Manganecircs
Ni - Niacutequel
Nb - Nioacutebio
Cs - Ceacutesio
Cu - Cobre
Sn - Estanho
S - Enxofre
Co - Cobalto
W - Tungstecircnio
Ce - Ceacuterio
Ca - Caacutelcio
VB MAX - Desgaste de flanco maacuteximo
VB - Desgaste de flanco
vc - Velocidade de corte
Vf - Velocidade de avanccedilo
f - Avanccedilo
ap - Profundidade de corte
Ks - Pressatildeo especiacutefica de corte
Pc - Potecircncia de corte
degC - Grau Celsius
CE - Carbono Equivalente
xv
CGI - Compacted Graphite Iron
MPa - Mega Pascoal
GPa - Giga Pascoal
HB - Hardness Brinell
ISO - International Organization for Standardization
SAE - Society of Automotive Engineers
GJV - Gusseisen mit Vermiculargrafit
ASTM - American Society for Testing Materials
VDG - Verein Deutsche Gieszligereifachleute
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
APC - Aresta Posticcedila de Corte
CBN - Cubic Boron Nitride
PCBN - Polycrystalline Cubic Boron Nitride
CVD - Chemical Vapour Deposition
PVD - Physical Vapour Deposition
EDS - Energy Dispersive x-ray Spectrometer
MEV - Microscoacutepio Eletrocircnico de Varredura
KHO - Hidroacutexido de Potaacutecio
[K4[Fe(CN)6]]- Ferrocianeto de Potaacutecio
xvi
SUMAacuteRIO
Dedicatoacuteria iv
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xiii
SUMAacuteRIO xvi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Motor Diesel 3
12 Propriedades e vantagens do motor diesel 4
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular 4
14 Propriedades do ferro fundido 8
15 Processo de Fabricaccedilatildeo 11
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo 12
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular 13
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade 14
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade 17
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade 18
111 Processo de Mandrilamento 20
112 Tipos de Mandrilamento 21
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17) 21
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18) 22
xvii
1123 Mandrilamento Radial (figura 19) 22
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110) 23
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular 24
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro 24
1132 Mandrilamento com insertos rotativos 25
1133 Freso-mandrilamento 25
1134 Mandrilamento com insertos de PCD 26
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento 26
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento 28
1151 Inserto de Metal Duro 30
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro 34
1153 Insertos de Material Ceracircmico 36
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte 38
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 41
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos 41
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos 41
23 Ferramenta de Corte (insertos) 45
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado 47
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos 48
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos 49
27 Processo de Usinagem 51
28 Procedimento experimental 51
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO 54
xviii
31 Cavaco 54
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel ) 55
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para ferramentas com 3
e 6 insertos) 58
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como variaacutevel) 62
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste 65
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido 82
4 CONCLUSOtildeES 85
5 REFEREcircNCIAS 87
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Haacute uma grande preocupaccedilatildeo da sociedade com relaccedilatildeo ao meio ambiente e com isso as
exigecircncias da Legislaccedilatildeo Ambiental com relaccedilatildeo agrave emissatildeo de poluentes estatildeo se tornando cada vez
mais severas Esta severidade obriga o desenvolvimento de novas tecnologias para reduccedilatildeo destes
poluentes em todos os segmentos automotivos (NICOLELLA et al 2004) O motor diesel tem
maior durabilidade torque e eficiecircncia em comparaccedilatildeo ao motor OTTO mas em contrapartida
emite elevados niacuteveis de materiais particulados e de compostos responsaacuteveis pelo odor caracteriacutestico
da emissatildeo do diesel ao ambiente (BRAUN et al 2003) Devido agraves vantagens relacionadas ao motor
diesel percebeu-se a necessidade de desenvolver soluccedilotildees para reduzir as desvantagens da
aplicaccedilatildeo Um destes desenvolvimentos foi voltado agrave fabricaccedilatildeo dos blocos do motor com material
conhecido como ferro fundido vermicular que permite desenvolver um motor mais eficiente e com
melhor desempenho pois admite maiores pressotildees na cacircmara de combustatildeo devido agraves suas boas
propriedades mecacircnicas (GUESSER et al 2001) Este material tambeacutem eacute conhecido como CGI
(Compacted Graphite Iron) e estaacute se posicionando no mercado com grande potencial para substituir
o Ferro Fundido Cinzento ateacute entatildeo usado pelas empresas Devido agrave maior resistecircncia mecacircnica do
material vermicular eacute possiacutevel obter paredes mais finas nas galerias de um bloco do motor tendo
como consequumlecircncia a reduccedilatildeo do peso do motor e o aumento na potecircncia O meio ambiente eacute
favorecido devido a necessidade de uma menor quantidade de mineacuterio de ferro reduccedilatildeo de energia
para fabricaccedilatildeo do material e reduccedilatildeo da energia para movimentaccedilatildeo do veiacuteculo devido ao peso
A empresa que deteacutem a tecnologia para uso do material vermicular pode ter vantagens sobre
seus concorrentes jaacute que o atual mercado eacute muito competitivo e concorrido Com as vantagens na
utilizaccedilatildeo do material CGI e as muitas liccedilotildees aprendidas na sua fundiccedilatildeo e na sua usinagem em um
futuro natildeo muito longiacutenquo outras peccedilas poderatildeo ser confeccionadas utilizando este mesmo
material para aumentar as exigecircncias em qualquer outro segmento
O bloco eacute a maior e mais importante peccedila de um motor na qual quase todos os componentes
satildeo acoplados Para fabricaccedilatildeo do bloco do motor em ferro fundido vermicular satildeo necessaacuterios
alguns processos de usinagem dentre eles o mandrilamento Poreacutem a ferramenta de corte neste
processo pode atingir apenas 5 da vida alcanccedilada quando se usina ferro fundido cinzento
(XAVIER 2003) como mostra a figura 11
2
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido
Vermicular (SAHM et al 2002)
O mandrilamento do mancal do bloco do motor tambeacutem eacute um aspecto negativo para usinagem
devido agrave deflexatildeo estaacutetica da ferramenta e vibraccedilotildees geradas pelas finas paredes Haacute tambeacutem outros
fatores que influenciam negativamente como a fixaccedilatildeo da peccedila a rigidez da maacutequina-ferramenta o
fluiacutedo de corte e a quantidade de material a ser removido (sobre-metal) A variaccedilatildeo destes fatores
tambeacutem influencia o desempenho da ferramenta (GODINHO 2007)
Com o desenvolvimento de novos conceitos de ferramentas para mandrilamento e de
estrateacutegias de usinagem a operaccedilatildeo de mandrilamento em blocos de motores produzidos em ferro
fundido vermicular tornou-se mais econocircmica e tecnicamente viaacutevel Entretanto o tempo de ciclo
quando comparado com o ferro fundido cinzento ainda eacute significativamente maior assim como as
toleracircncias geomeacutetricas do diacircmetro mandrilado em acabamento (SAHM et al2002)
Devido ao baixo desempenho das ferramentas de corte no processo de mandrilamento em
ferro fundido vermicular cabe uma atenccedilatildeo especial no seu desenvolvimento tecnoloacutegico tanto no
processo de fabricaccedilatildeo quanto no processo de utilizaccedilatildeo da ferramenta de corte
Com estudos para o melhor desempenho da ferramenta eacute possiacutevel reduzir estoques paradas
de maacutequinas e o risco de falha de ferramentas (BELONI 2001) Assim reduz a possibilidade de
retrabalho rejeiccedilatildeo da peccedila e o descarte da ferramenta possibilitando o trabalho de Manufatura
Enxuta
3
Sendo assim o objetivo deste trabalho eacute analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar
influencias positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor
fabricado em ferro fundido vermicular Com tantos aspectos negativos conduzir-se-aacute um estudo de
avaliaccedilatildeo de desempenho da ferramenta alternando paracircmetros de corte (velocidade de corte e
avanccedilo por dente) potecircncia consumida do fuso da maacutequina para cada paracircmetro material do inserto
utilizado e a influecircncia do desgaste VB MAX
Este trabalho foi preparado conforme partes descritas abaixo
CAPIacuteTULO 1
- Este capiacutetulo descreve sobre a histoacuteria do motor diesel suas propriedades e vantagens
Caracteriacutesticas e propriedades do ferro fundido vermicular aleacutem do controle e fabricaccedilatildeo Descreve
tambeacutem sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular e o processo de mandrilamento
CAPIacuteTULO 2
- Este capiacutetulo descreve sobre o material os equipamentos e os experimentos realizados
CAPIacuteTULO 3
- Este capiacutetulo descreve os resultados obtidos nos experimentos
CAPIacuteTULO 4
- As discussotildees estatildeo descritas neste capiacutetulo
CAPIacuteTULO 5
- Este capiacutetulo informa as conclusotildees do trabalho realizado e sugestotildees para futuros
trabalhos
11 Motor Diesel
O motor a diesel foi inventado por Rudolf Christian Karl Diesel e patenteado em 23 de
fevereiro de 1897 Como natildeo foi dada muita importacircncia ao invento na eacutepoca ele disse ldquoO uso de
oacuteleos vegetais como combustiacutevel pode parecer insignificante hoje mas tais oacuteleos podem se tornar ao
longo do tempo tatildeo importantes quanto o petroacuteleo e o carvatildeo de hojerdquo ndash Rudolf Diesel 1912 Rudolf
Diesel engenheiro mecacircnico alematildeo nasceu no dia 18 de marccedilo de 1858 em Paris e morreu dia 30
de setembro de 1913 Sua invenccedilatildeo foi considerada o mais importante invento mecacircnico da histoacuteria
pela simplicidade do motor com pistotildees e reaccedilatildeo oacuteleo-oxigecircnio gerando uma enorme transformaccedilatildeo
no setor industrial em que soacute eram usados sistemas a vapor (MOURA 2010)
4
12 Propriedades e vantagens do motor diesel
Os motores diesel satildeo maacutequinas baacutesicas que geram energia para veiacuteculos utilizados
principalmente em aplicaccedilotildees que precisem de elevado torque o que inclui ocircnibus grandes
caminhotildees tratores e maacutequinas para mineraccedilatildeo e dragagem Atualmente os motores diesel vecircm
atraindo uma porccedilatildeo crescente do mercado mundial de veiacuteculos de carga leve cujos motores
fornecem baixa potecircncia Na Europa por exemplo 100 dos veiacuteculos de carga pesada e cerca de
60 dos de carga leve incluindo os utilitaacuterios e ainda 20 dos carros para transporte de
passageiros o que inclui as vans satildeo movidos a diesel (BRAUN 2003)
A popularidade do motor diesel deve-se principalmente agrave eficiecircncia do diesel como
combustiacutevel em relaccedilatildeo agrave gasolina ou mesmo com relaccedilatildeo a outros combustiacuteveis simples ou
misturados como por exemplo o metanol que chega a conferir ao motor diesel uma economia
relativa de 25 a 45 Os motores diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade Eacute comum
um motor diesel para veiacuteculos de carga pesada ter um tempo de vida superior a um milhatildeo de
quilocircmetros ou seja cerca de dez vezes mais que a durabilidade apresentada por um motor agrave
gasolina Assim as vantagens oferecidas pelos motores a diesel tais como durabilidade seguranccedila e
eficiecircncia justificam sua utilizaccedilatildeo em vaacuterios tipos de maacutequinas apesar dos problemas relacionados
com a composiccedilatildeo de sua emissatildeo e ainda com os niacuteveis de poluentes sob regulamentaccedilatildeo contida
na mesma (BRAUN 2003)
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular
Pelo diagrama de equiliacutebrio Fe-C o ferro fundido eacute uma liga cujo teor de carbono se situa
acima de aproximadamente 20 de carbono Como haacute influecircncia do siliacutecio nesta liga o ferro
fundido eacute considerado uma liga ternaacuteria Fe-C-Si porque o siliacutecio estaacute frequumlentemente presente em
teores superiores ao do proacuteprio carbono Por outro lado o carbono em quantidade superior a que eacute
retida em soluccedilatildeo soacutelida na austenita resulta carbonos parcialmente livres na forma de veios de
grafita (SINTERCAST 2010)
O ferro fundido eacute caracterizado pelo formato de suas partiacuteculas de grafite O ferro fundido
cinzento eacute caracterizado por veios de grafite orientados aleatoriamente enquanto que o grafite no
ferro fundido nodular eacute caracterizado por suas esferas individuais de grafite As partiacuteculas de grafite
5
em CGI satildeo orientadas aleatoriamente e alongadas como em ferro fundido cinzento mas satildeo mais
curtas mais grossas e tecircm bordas arredondadas em forma de ldquovermerdquo daiacute o nome vermicular As
partiacuteculas de grafite do ferro fundido vermicular satildeo entrelaccediladas entre si gerando uma forte adesatildeo
(Figura 12) Aleacutem desta forma de grafite dificultar a inicializaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas as
propriedades mecacircnicas e condutividade teacutermica satildeo melhoradas
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010)
A forma da grafita no ferro fundido vermicular confere propriedades superiores quando
comparadas com as do ferro fundido cinzento resistecircncia mecacircnica tenacidade e resistecircncia a
choques teacutermicos e condutividade teacutermica A sua micro-estrutura resulta em uma adesatildeo mais forte
entre a grafita e a matriz de ferro inibindo assim a iniciaccedilatildeo e o crescimento de trincas e garantindo
com isso propriedades mecacircnicas superiores (DOREacute et al2007) Aleacutem disso observa-se que a
superfiacutecie da grafita vermicular apresenta imperfeiccedilotildees as quais aliadas agrave morfologia complexa
(tambeacutem conhecida como ldquocoralrdquo) resultam em adesatildeo ainda mais forte com a matriz de ferro
(GABALDO 2009)
A formaccedilatildeo do ferro fundido de grafita compactada (vermicular) exige adiccedilotildees de elementos
especiais como terras raras com um elemento adicional como o titacircnio que reduz a formaccedilatildeo de
grafitas esferoidal O ferro fundido vermicular pode ser considerado um material intermediaacuterio entre
o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento
com melhor resistecircncia mecacircnica e alguma ductilidade Possui maior capacidade de amortecimento
e possui tambeacutem condutividade teacutermica mais elevada que o ferro fundido nodular
6
A faixa de carbono e siliacutecio neste tipo de material eacute ampla podendo variar de 30 agrave 38 de
carbono e 10 agrave 35 de siliacutecio Eacute importante tambeacutem a escolha correta da porcentagem do carbono
equivalente (CE) em funccedilatildeo da espessura da seccedilatildeo para evitar flutuaccedilatildeo se tiver elevado CE e
tendecircncia ao coquilhamento quando baixo for o CE O carbono equivalente (CE) considera os
efeitos do siliacutecio(Si) e do foacutesforo(P) podendo usar uma equaccedilatildeo conforme demonstrada abaixo
CE = C + Si + P (CHIAVERINI 2005)
3 3
O teor de manganecircs pode variar proacuteximo de 01 se desejarmos uma estrutura perliacutetica e
variar perto de 06 se desejarmos uma estrutura ferriacutetica O foacutesforo eacute mantido abaixo de 006 de
modo a ter a maacutexima ductilidade O enxofre deve ser inferior 0025 Para produzir a grafita
compactada deve-se adicionar um ou mais dos elementos magneacutesio terras raras (ceacuterio lantacircnio
praseodiacutemio etc) caacutelcio titacircnio e alumiacutenio A quantidade de magneacutesio deve ser tal a resultar um
teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm na presenccedila de 015 a 050 de titacircnio e 10 a 150
ppm de terras raras como o ceacuterio O ferro fundido vermicular tem substituiacutedo com vantagens o
nodular em aplicaccedilotildees em que este uacuteltimo natildeo pode ser empregado devido a sua condutibilidade
teacutermica mais baixa e a sua tendecircncia de empenar (CHIAVERINI 2005)
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
DAWSON (2002) satildeo
- Reduccedilatildeo nas tensotildees residuais devido agrave maior condutividade teacutermica e ao moacutedulo de
elasticidade menor
- Melhor produccedilatildeo de peccedilas complexas fundidas
- Melhor transferecircncia de calor
- Melhor usinabilidade
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
CHIAVERINI (2005) satildeo
- Coeficiente mais baixo de dilataccedilatildeo teacutermica
- Maior condutibilidade teacutermica
- Maior resistecircncia ao choque teacutermico
- Maior capacidade de amortecimento
- Maior fundibilidade
7
Em consequumlecircncia esse material eacute aplicado em situaccedilotildees em que a resistecircncia do ferro fundido
cinzento eacute insuficiente mas a utilizaccedilatildeo do ferro fundido nodular eacute indesejaacutevel devido agraves
propriedades menos favoraacuteveis de fundiccedilatildeo
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
DAWSON(2002) satildeo
- Reduccedilatildeo de espessuras de parede para um mesmo carregamento
- Reduccedilatildeo do fator de seguranccedila devido agrave menor variaccedilatildeo das propriedades do fundido
- Reduccedilatildeo de fraturas fraacutegeis na manufatura montagem e serviccedilo devido agrave maior ductilidade
- Maior resistecircncia sem a necessidade de recorrer a elementos de liga
- Menor profundidade de rosca necessaacuteria portanto parafusos menores podem ser utilizados
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
CHIAVERINI(2005) satildeo
- Maior resistecircncia agrave traccedilatildeo para o mesmo carbono equivalente o que reduz o uso do
elemento de liga de custo elevado como o niacutequel cromo cobre e molibdecircnio
- Relaccedilatildeo mais alta de resistecircnciafadiga
- Maiores ductilidade e tenacidade o que resulta em margem superior de seguranccedila para
fratura
- Menor oxidaccedilatildeo e dilataccedilatildeo em temperaturas elevadas
O ferro fundido vermicular (CGI) tem uma seacuterie de caracteriacutesticas que podem tornaacute-lo uma
alternativa excelente para ferro fundido cinzento para aplicaccedilotildees em motores O material oferece
aumento de 75 na resistecircncia em comparaccedilatildeo com o ferro fundido cinzento Tem tambeacutem
caracteriacutesticas teacutermicas e de impacto intermediaacuterias entre as dos ferros fundidos cinzento e nodular
Aleacutem do mais este aumento na resistecircncia do material proporciona diminuiccedilatildeo na seccedilatildeo de parede
dos produtos produzidos por este material Vaacuterios fabricantes europeus estatildeo usando CGI para
motores tanto diesel como gasolina Embora o material CGI possua propriedades mecacircnicas e
fiacutesicas beneacuteficas a sua aplicaccedilatildeo sua usinagem ainda eacute um problema Comparado com o ferro
fundido cinzento as velocidades de corte utilizadas tem que ser menores implicando em tempo de
ciclo de ateacute trecircs vezes maior que o tradicional (VASILASH 2006)
O ferro fundido vermicular do ponto de vista quiacutemico natildeo apresenta nenhuma diferenccedila
significativa com relaccedilatildeo aos ferros fundidos cinzento e nodular Cada um conteacutem cerca de 94 de
8
ferro (Fe) 3 de carbono(C) 25 de siliacutecio (Si) e o restante eacute dividido entre elementos de liga e
residuais As diferenccedilas entre essas ligas satildeo creditadas aos tipos de morfologias das suas grafitas
que conferem propriedades fiacutesicas e mecacircnicas distintas a cada uma delas
14 Propriedades do ferro fundido
As propriedades de um ferro fundido satildeo definidas em funccedilatildeo da microestrutura e da
composiccedilatildeo quiacutemica A tabela 11 mostra algumas propriedades mecacircnicas e teacutermicas dos ferros
fundidos cinzento vermicular e nodular
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010)
PROPRIEDADES Ferro Fundido
Cinzento
Ferro Fundido
Vermicular
Ferro Fundido
Nodular
Resistecircncia agrave traccedilatildeo (MPa) 250 450 750
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 105 150 160
Alongamento () 0 15 25
Iacutendice de resistecircncia
- Flexatildeo rotativa
- Flexatildeo em trecircs pontos
- Tensatildeo de compressatildeo
035 ndash 050
055 ndash 065
020 ndash 030
045 ndash 050
060 ndash 070
025 ndash 035
045 ndash 050
065 ndash 075
065 - 075
Condutividade Teacutermica (Wm-k) 48 38 32
A microestrutura do grafite no ferro fundido vermicular eacute expressa em porcentagem de
nodularidade Isto significa que parte das partiacuteculas de grafite do ferro vermicular apresenta-se em
forma de noacutedulos como no ferro nodular O ferro fundido vermicular inclui invariavelmente
algumas partiacuteculas esferoidais de grafita nodular que quando a nodularidade aumenta aumenta
tambeacutem a rigidez diminuindo a usinabilidade e a condutividade teacutermica Aleacutem disso com o
aumento da nodularidade a resistecircncia mecacircnica do material tambeacutem eacute elevada prejudicando sua
usinabilidade (DAWSON2007) A tabela 12 mostra a influecircncia da proporccedilatildeo de noacutedulos de grafita
nas propriedades mecacircnicas e fiacutesicas do ferro fundido vermicular
9
Tabela 22 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular
perliacutetico (SINTERCAST2001apud ROSA2009)
Propriedades (25degC) Nodularidade ()
10 30 50 70 90
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo (MPa) 450 520 590 640 700
Limite de Elasticidade 02 (MPa) 370 390 410 440 490
Limite de Fadiga (MPa) 210 220 230 240 255
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 145 150 155 155 160
Alongamento () 1-2 1-3 2-4 2-5 3-6
Expansatildeo Teacutermica (μmmordmC) 110 110 110 115 120
Condutividade Teacutermica (WmordmC) 36 33 31 30 28
A tabela 13 mostra as propriedades de diversas ligas de ferro fundido vermicular em funccedilatildeo
do tipo de matriz (ferriacutetica eou perliacutetica) e em funccedilatildeo da presenccedila de elementos de liga formadores
da grafita compactada
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em
temperatura ambiente (CHIAVERINI 2005) Condiccedilatildeo estrutural Limite Resistecircncia
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Tratados com adiccedilatildeo de ceacuterio
No estado fundido
Ferrita acima de 95
336
257
67
150
FerritaPerlita
Perlita acima de 5
100 Ferrita
298
338
224
245
53
80
140
FerritaPerlita
85 Ferrita
320
242
35
164
Perlita
90 Perlita
10 Ferrita
400
550
320
430
05
15
-
-
10
Tratados com combinaccedilotildees de Magneacutesio mais Titacircnio (mais Ceacutesio)
Condiccedilatildeo estrutural Limite Resist
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Ferrita no estado fundido
0017Mg 0062Ti
0036Cs
380
272
2
179
Ferrita no estado fundido
0024Mg 0084Ti
0030Cs
338
276
25
184
Perlita no estado fundido
0026Mg 0083Ti
0074Cs
473
335
2
217
Perlita no estado fundido
70 Perlita 30 Ferrita
386
278
2
-
A resistecircncia agrave traccedilatildeo do ferro fundido vermicular diminui agrave medida que aumenta o carbono
equivalente mas a velocidade de decreacutescimo desta propriedade eacute menor do que no caso do ferro
fundido cinzento A elevaccedilatildeo do teor de siliacutecio aumenta o limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo limite de
escoamento e dureza tanto na condiccedilatildeo fundida como na recozida
Em um ferro fundido de matriz predominantemente perliacutetica a resistecircncia agrave compressatildeo eacute trecircs
vezes maior do que a resistecircncia agrave traccedilatildeo
O comportamento deste material agrave temperatura de 500degC sob o ponto de vista de dilataccedilatildeo e
formaccedilatildeo de casca de oacutexido eacute mais ou menos idecircntico aos dos ferros fundidos cinzentos de
composiccedilatildeo semelhante Contudo a resistecircncia agrave formaccedilatildeo da casca de oacutexido e agrave expansatildeo a 600degC
eacute superior agrave do ferro fundido cinzento (CHIAVERINI 2005)
No ano de 2006 a ISO criou uma abreviaccedilatildeo ldquoGJVrdquo para ferro fundido vermicular e cinco
classes foram especificadas baseadas no miacutenimo limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo incluindo
GJV300 (ferriacutetico) GJV 350 GJV 400 GJV 450 (perliacutetico) e GJV 500 (ligado)
Haacute vaacuterias organizaccedilotildees desenvolvendo e classificando o Ferro Fundido Vermicular (CGI)
conforme tabela 14
11
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) Paiacutes Norma Nuacutemero Ano
Romecircnia STAS 12443-86 1986
China JB 4403-87 1987
USA ASTM A 842-85 1997
Alemanha VDG W 50 2002
Internacional SAE J 1887 2002
Internacional ISO 161122006 2006
15 Processo de Fabricaccedilatildeo
A grafita esferoidal eacute obtida pela adiccedilatildeo na liga de ferro fundido de elementos denominados
nodulizantes que modificam a forma de crescimento da grafita Os elementos nodulizantes mais
comuns na induacutestria satildeo o magneacutesio o ceacuterio o caacutelcio e terras raras Entre estes elementos o
magneacutesio (Mg) eacute o mais utilizado Recomenda-se teores entre 004 e 005 de Mg No caso de
Ce teores entre 002 e 004 e no caso de Ca entre 001 e 002
A presenccedila de impurezas como enxofre antimocircnio chumbo teluacuterio ou bismuto apresenta
efeito deleteacuterio sobre a nodulizaccedilatildeo DAWSON(2004) cita que teores de magneacutesio (Mg) de apenas
002 seriam suficientes para promover a nodulizaccedilatildeo da grafita desde que os teores de impurezas
principalmente enxofre(S) fossem mantidos baixos O nodulizante eacute adicionado na forma pura (Mg
metaacutelico) ou na forma de ante-ligas Ni-20Mg Cu-15Mg ou Fe-Si-Mg
O ferro fundido vermicular pode ser obtido adicionando elementos nodulizantes como o magneacutesio
na liga mas em uma porcentagem insuficiente para formar ferro fundido nodular resultando em um
material intermediaacuterio ou adicionando elemento nodulizante com porcentagem suficiente para
formar o ferro fundido nodular mas ao mesmo tempo adicionando-se elementos anti-nodulizantes
como o titacircnio
O processo de formaccedilatildeo do ferro fundido vermicular adicionando elementos anti-nodulizante eacute
mais faacutecil de ser realizado porque natildeo eacute necessaacuterio um controle tatildeo rigoroso da adiccedilatildeo de magneacutesio
na liga Entretanto esta adiccedilatildeo implica no uso do titacircnio que tenderaacute a formar carbonetos e
carbonitretos duros que prejudicam bastante a vida da ferramenta de usinagem da liga Para evitar
este problema eacute necessaacuterio um meacutetodo mais criterioso no processo utilizando equipamentos
especiais que garantam composiccedilatildeo de magneacutesio na liga mais adequada (DAWSON et al 2004)
12
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo
A teacutecnica de fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular eacute criacutetica para a usinabilidade da liga A
mudanccedila na forma da grafita a partir dos noacutedulos compactados eacute devido agrave accedilatildeo do magneacutesio que eacute
um elemento nodulizante Para que a grafita compactada seja formada uma quantidade de magneacutesio
deve ser mantida entre 0008 e 0012 conforme figura 13 Como o controle da composiccedilatildeo nesta
estreita faixa eacute muito difiacutecil o titacircnio eacute usado em alguns casos como elemento anti-nodulizante A
quantidade de titacircnio estaacute entre 01 e 02 o que aumenta a possibilidade de obtenccedilatildeo do grafite
compactado para percentuais mais elevados de magneacutesio Contudo a adiccedilatildeo de titacircnio gera um
inconveniente causando atraveacutes da precipitaccedilatildeo de carboneto e carbonitreto de titacircnio que satildeo
inclusotildees riacutegidas que comprometem a usinabilidade do produto (DAWSON 1999)
Apesar da estreita faixa de controle do elemento para fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular
muitas fundiccedilotildees obtiveram bons resultados devidas a teacutecnicas desenvolvidas e muita disciplina
Estas teacutecnicas podem permitir que a maioria dos blocos esteja dentro do especificado mas o sistema
de controle garante que potenciais peccedilas que possam estar fora do especificado sejam identificadas e
corrigidas antes de serem vazadas A necessidade de controle do processo depende do volume de
produccedilatildeo complexidade do componente e especificaccedilatildeo da microestrutura
Haacute um procedimento necessaacuterio para evitar que os flocos de grafite natildeo se formem antes do
processo final de vazamento Este procedimento consiste basicamente de antes da transiccedilatildeo do ferro
fundido cinzento adicionar o magneacutesio em aproximadamente 0001 a cada 5 minutos Este
processo pode demorar ateacute 15 minutos apoacutes o iniacutecio da adiccedilatildeo do magneacutesio
Uma segunda consideraccedilatildeo eacute que mesmo com a porcentagem correta da adiccedilatildeo de magneacutesio
natildeo haacute estabilidade se o iacutendice de oxigecircnio ativo e ou enxofre forem elevados Se isto ocorrer o
magneacutesio ativo eacute consumido deslocando a linha da porcentagem de magneacutesio para esquerda
conforme demonstrado na figura 13 Inversamente se os niacuteveis de oxigecircnio ou de enxofre forem
relativamente baixos a linha de porcentagem de magneacutesio se deslocar para direita Por estas razotildees
as variaccedilotildees na composiccedilatildeo limpeza oxidaccedilatildeo e umidade do material de carga tornam impossiacutevel
definir uma especificaccedilatildeo quiacutemica fixa para o CGI (DAWSON 2002)
13
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002)
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular
Segundo CHIAVERINI (2005) a definiccedilatildeo mais simples da usinabilidade eacute a propriedade
relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ser fabricado por processos de
usinagem A usinabilidade tambeacutem pode ser definida em termos de vida de ferramenta de corte ou
pode relacionar-se com a energia ou tempo necessaacuterio para remover certa quantidade de material
Segundo DINIZ (2008) a usinabilidade de um material pode ser definida como uma grandeza
tecnoloacutegica que expressa por meio de um valor numeacuterico comparativo (iacutendice de usinabilidade) um
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relaccedilatildeo a outro tomado como padratildeo A
usinabilidade depende do estado metaluacutergico da peccedila da dureza das propriedades mecacircnicas do
material de sua composiccedilatildeo quiacutemica das operaccedilotildees anteriores efetuadas sobre o material (sejam a
frio ou a quente) e do eventual encruamento
Atualmente um dos maiores desafios eacute introduzir o CGI nas peccedilas cujos processos de
usinagem apresentam desempenho muito bom nas mesmas peccedilas fabricadas em ferro fundido
cinzento Assim o desafio eacute alcanccedilar o mesmo desempenho das ferramentas mantendo os mesmos
14
custos por peccedila trabalhada e evitando investimento adicional de capital em maacutequinas e ferramentas
de corte (DAWSON 2004)
Segundo DAWSON (1999) haacute alguns fatores de influecircncia na usinabilidade do CGI
bull Efeitos da forma da grafita
bull Efeitos da perlita
bull Efeitos dos elementos quiacutemicos como chumbo manganecircs siliacutecio enxofre titacircnio e cobre
bull Efeitos da inclusatildeo
Em altas velocidades de corte a vida da ferramenta tambeacutem tende a ser ainda menor no CGI
quando comparado com o ferro fundido cinzento (WALTER 2007) Isto eacute devido a natildeo formaccedilatildeo
da camada protetora de sulfeto de manganecircs que reduz o coeficiente de atrito na face da ferramenta
e que age como uma barreira contra o desgaste por difusatildeo Esta camada ocorre na usinagem do
ferro cinzento
A diferenccedila de corte contiacutenuo ou intermitente tem uma influecircncia significativa no desgaste das
ferramentas por oxidaccedilatildeo e difusatildeo No corte contiacutenuo como torneamento e mandrilamento a
ferramenta permanece mais tempo em contato com o material da peca facilitando o mecanismo de
desgaste Em corte intermitente como o fresamento a difusatildeo e a oxidaccedilatildeo satildeo menos intensas
(DAWSON 1999)
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade
A formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido eacute diretamente afetada pela presenccedila da grafita que eacute
conhecida por ter resistecircncia mecacircnica baixa e gerar descontinuidades e efeitos da concentraccedilatildeo de
tensatildeo na matriz portanto ajudando o processo de remoccedilatildeo de material O mecanismo de formaccedilatildeo
de cavaco em ferro fundido cinzento eacute mostrado na figura 14 No iniacutecio a ferramenta
compacta o material sob o flanco criando uma fratura que se propaga em frente e abaixo da aresta
de corte (a) Como o movimento de corte da ferramenta continua o material se torna completamente
independente (b) Para algumas situaccedilotildees principalmente com o ferro fundido cinzento uma parte
de material eacute arrancada agrave frente da ferramenta causando uma perda temporaacuteria do contato entre
ferramenta e peccedila ateacute a ferramenta encontrar a proacutexima porccedilatildeo de material (c) Este processo de
remoccedilatildeo de material contribui para aumentar a rugosidade na superfiacutecie da peccedila (d)
15
A grafita por ser um componente de dureza relativamente baixa se comparada com o material
da matriz produz descontinuidades no material facilitando a quebra do cavaco na usinagem
(CONSALTER 1987)
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000
apud ROSA 2009)
A grafita tambeacutem atua como um agente lubrificante reduzindo o atrito entre a peccedila e a
ferramenta aleacutem de reduzir o risco de micro solda do cavaco com a ferramenta Sendo assim a
consequumlecircncia do efeito eacute o aumento na vida da ferramenta
No processo da formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido nodular as forccedilas de compressatildeo geram
o desprendimento dos noacutedulos da matriz e a deformaccedilatildeo plaacutestica da matriz entre os noacutedulos Esta
deformaccedilatildeo plaacutestica causa o alongamento dos noacutedulos na direccedilatildeo do corte ocasionando fratura
duacutectil
16
Para o ferro fundido cinzento a formaccedilatildeo do cavaco acontece atraveacutes de fraturas das lamelas
de grafita formando cavacos natildeo contiacutenuos Haacute trecircs estaacutegios para formaccedilatildeo destes cavacos ou seja
inicia com a separaccedilatildeo da matriz das lamelas de grafita gerando micro-trincas em consequumlecircncia as
grandes trincas satildeo formadas atraveacutes da junccedilatildeo destas micro-trincas provenientes da interface com a
ferramenta e por uacuteltimo ocorre agrave fragmentaccedilatildeo do cavaco
A formaccedilatildeo do cavaco do ferro fundido vermicular eacute uma mistura dos processos de formaccedilatildeo
de cavaco do ferro fundido nodular e formaccedilatildeo de cavaco do ferro fundido cinzento ou seja os
cavacos se formam por deformaccedilatildeo plaacutestica e tambeacutem por fraturas (MARWANGA et al 1999) A
figura 15 ilustra os diferentes cavacos formados na usinagem destas trecircs formas de ferro fundido
Cinzento Vermicular Nodular
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999)
Grafitas na forma nodular sempre estaratildeo presentes na estrutura do ferro fundido vermicular
Com isto a resistecircncia mecacircnica e a tenacidade aumentam Por outro lado a fundiccedilatildeo usinabilidade
e condutividade teacutermica seratildeo prejudicadas (GUESSER 2001)
A morfologia do ferro fundido vermicular natildeo permite a clivagem e nem a propagaccedilatildeo de
trincas O iniacutecio da fratura no ferro fundido vermicular se daacute na interface da grafita vermicular com
a matriz metaacutelica Este eacute um dos principais fatores para um maior desgaste da ferramenta de corte na
usinagem do CGI Poreacutem esta caracteriacutestica auxilia na maior resistecircncia mecacircnica e maior
tenacidade do CGI (DAWSON 2002)
17
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade
A resistecircncia mecacircnica dos ferros fundidos eacute proporcional agrave relaccedilatildeo entre perlita e
ferrita da matriz se as demais variaacuteveis forem mantidas constantes Contudo um elevado teor de
perlita natildeo eacute necessariamente a maior causa do desgaste da ferramenta de corte
Foram realizados testes de usinagem para o ferro fundido vermicular com diferentes valores de
perlita Cobre e estanho foram utilizados como elementos de estabilizaccedilatildeo A fim de atingir os 100
de perlita manganecircs tambeacutem foi adicionado Foram utilizadas ferramentas de metal duro para os
testes com velocidades de corte de 150 e 250 mmin conforme Figura 16 Pode-se ver nesta figura
que principalmente na velocidade de corte mais alta quando o teor de perlita ultrapassa 75 a vida
da ferramenta cai rapidamente (DAWSON 1999)
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999)
Blocos de motor em ferro fundido vermicular contendo 70 de perlita possuem a mesma
dureza de um bloco do motor em ferro fundido cinzento 100 perliacutetico (DAWSON 1999)
18
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade
O carbono e o siliacutecio satildeo elementos com uma grande influecircncia na estrutura do material o
carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o siliacutecio eacute essencialmente um
elemento grafitizante favorecendo a decomposiccedilatildeo do carboneto de ferro O manganecircs sempre
presente tem efeito oposto ao do siliacutecio isto eacute estabiliza a cementita e compensa de certo modo a
accedilatildeo grafitizante do siliacutecio Todo elemento quiacutemico grafitizante eacute beneacutefico agrave usinalidade pois a
grafita como visto eacute um ponto fraacutegil que em geral facilita a formaccedilatildeo do cavaco Por outro lado
os elementos que estabilizam a cementita (usam o carbono para formar Fe3C e natildeo para formar
grafita) prejudicam a usinabilidade jaacute que a cementita eacute um carboneto duro
A rigor o manganecircs nos ferros fundidos tanto quanto nos accedilos eacute adicionado como
dessulfurante Entretanto como na praacutetica haacute sempre um excesso de manganecircs este atua como
estabilizador da perlita Daiacute o seu efeito oposto ao do siliacutecio e sua utilidade para produzir estruturas
com matriz predominantemente perliacutetica sobretudo em peccedilas fundidas volumosas Ao auxiliar na
formaccedilatildeo de uma estrutura perliacutetica (e natildeo ferriacutetica) o manganecircs aumenta a resistecircncia mecacircnica da
liga e com isso prejudica a usinabilidade Por outro lado o sulfeto de manganecircs atua como
lubrificante soacutelido melhorando a usinabilidade do material
O enxofre e o foacutesforo que satildeo impurezas usualmente encontradas nos ferros fundidos natildeo tecircm
uma accedilatildeo muito significativa do ponto de vista de tendecircncia grafitizante mas o foacutesforo eacute um
estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro Sua principal accedilatildeo eacute na estrutura do material
formando com o ferro e o carbono um composto de natureza euteacutetica (CHIAVERINI 2005) O
enxofre presente no ferro fundido reage com o manganecircs (Mn) formando inclusotildees de
MnS2 as quais podem lubrificar as arestas da ferramenta ao formar uma camada protetora entre esta
e o material usinado servindo como barreira contra os mecanismos de abrasatildeo e difusatildeo
(MOCELLIN et al 2004)
O cromo eacute presente no ferro fundido atraveacutes da sucata de accedilo ou intencionalmente como
elemento de liga para obtenccedilatildeo de maior resistecircncia em altas temperaturas Segrega-se facilmente
promovendo a formaccedilatildeo de carbonetos principalmente nas uacuteltimas regiotildees em solidificaccedilatildeo O
cromo eacute um perlitizante potente quando comparado ao manganecircs pois o aumento do seu teor
provoca a formaccedilatildeo da perlita fina ou seja um aumento da quantidade de cementita que eacute de difiacutecil
19
usinabilidade A reduccedilatildeo de 018 para 010 do teor de Cr no ferro fundido vermicular pode
propiciar aumento de aproximadamente 40 da vida da ferramenta (DAWSON et al2001)
A tabela 15 resume a accedilatildeo dos elementos de liga nos ferros fundidos
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI2005)
ELEMENTO Efeitos durante a Solidificaccedilatildeo Efeitos durante a reaccedilatildeo eutetoacuteide
Alumiacutenio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Antimocircnio
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte estabilizador da perlita
Boro ateacute 015 Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Boro acima de 015 Estabilizador do carboneto Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Cromo Forte accedilatildeo carbonetante Forte tendecircncia agrave formaccedilatildeo da perlita
Cobre Grafitizante fraco Promove a formaccedilatildeo da perlita
Manganecircs Fraca tendecircncia carbonetante Formador de perlita
Molibdecircnio Fraca tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
Niacutequel Grafitizante Fraco promotor de perlita
Siliacutecio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Teluacuterio Forte tendecircncia carbonetante Muito fraco estabilizador da perlita
Estanho
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Titacircnio ateacute 025 Grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Vanaacutedio Forte tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
A velocidade de resfriamento eacute um fator relacionado a solidificaccedilatildeo no interior dos moldes e a
espessura das peccedilas moldadas Em outras palavras as secccedilotildees espessas implicam em velocidades de
resfriamento relativamente baixas e secccedilotildees finas implicam em velocidades altas Isto significa que
em peccedilas de secccedilotildees com diferentes espessuras ocorrem tambeacutem diferentes velocidades de
resfriamento Para elevadas velocidades de resfriamento como as que se verificam em secccedilotildees finas
ou nas aacutereas adjacentes agraves paredes do molde natildeo haacute muito tempo para a decomposiccedilatildeo da
cementita de modo que dependendo dos teores de carbono e de siliacutecio pouca ou nenhuma
grafitizaccedilatildeo ocorre e haacute tendecircncia agrave formaccedilatildeo de ferro fundido branco Com as velocidades de
resfriamento baixas das secccedilotildees mais espessas ocorre uma apreciaacutevel grafitizaccedilatildeo dependendo
sempre do teor de siliacutecio A estrutura seraacute essencialmente de grafita e perlita Para resfriamento
20
ainda mais lento e teor de siliacutecio mais elevado a cementita da perlita pode tambeacutem se decompor
parcialmente originando-se assim a estrutura constituiacuteda de veios de grafita perlita e ferrita Essa
estrutura confere ao material caracteriacutesticas de baixa dureza e excelente usinabilidade aleacutem de
razoaacutevel resistecircncia mecacircnica(CHIAVERINI2005)
111 Processo de Mandrilamento
O processo de mandrilamento eacute normalmente empregado na usinagem de elementos de maior
diacircmetro em um bloco do motor tais como diacircmetro dos cilindros e diacircmetros dos mancais do
virabrequim A operaccedilatildeo de mandrilamento eacute executada em duas ou trecircs etapas dependendo das
toleracircncias exigidas no desenho do produto e do tipo de ferramenta a ser empregado Essencialmente
as condiccedilotildees de mandrilamento diferem um pouco das condiccedilotildees de torneamento mas esta operaccedilatildeo
ilustra a importacircncia da rigidez de todo conjunto ferramenta dispositivo e maacutequina Particularmente
quando um cilindro de grande extensatildeo e pequeno diacircmetro eacute mandrilado o corpo da ferramenta
que natildeo eacute tatildeo riacutegido tende a defletir e consequumlentemente causar vibraccedilotildees Estas vibraccedilotildees podem
afetar natildeo somente a precisatildeo dimensional mas tambeacutem o acabamento das peccedilas e a vida da
ferramenta de corte Mandrilamento eacute um processo em que furos realizados no processo de furaccedilatildeo
furos fundidos na peccedila componentes forjados ou extrudados satildeo ampliados ou acabados com uma
ferramenta de corte montada em uma barra de mandrilar O processo eacute mais usado em aplicaccedilotildees em
que bom acabamento da superfiacutecie interna ou toleracircncia dimensional apertada satildeo requeridos Por
causa das restriccedilotildees geomeacutetricas as barras de mandrilar satildeo em geral longas e compridas o que faz
com que elas estejam facilmente sujeitas a desvios estaacuteticos e dinacircmicos Estes desvios ou vibraccedilatildeo
da ferramenta natildeo somente fazem com que os paracircmetros de usinagem precisem ser alterados como
induz a erros dimensionais e reduz a qualidade da superfiacutecie e a vida da ferramenta O estudo das
forccedilas de corte no processo de mandrilar eacute portanto um preacute-requisito para a seleccedilatildeo adequada das
condiccedilotildees de corte e tambeacutem para preservar a seguranccedila do processo evitando desvios excessivos da
ferramenta ou vibraccedilotildees dinacircmicas O raio da ponta da ferramenta e a variaccedilatildeo do acircngulo da aresta
de corte resultam na distribuiccedilatildeo natildeo-uniforme da espessura do cavaco e consequumlentemente da
forccedila de corte (MOCELLIN 2007)
21
Em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas nas ferramentas de metal duro em
relaccedilatildeo agraves usadas nas ferramentas de ceracircmica ou CBN utiliza-se maior nuacutemero de insertos de metal
duro permitindo maiores velocidades de avanccedilo compensando parcialmente a perda de
produtividade (KOPPKA et al 2003)
Operaccedilotildees de mandrilamento satildeo tradicionalmente realizadas em blocos de motores de ferro
fundido cinzento por ferramentas de ceracircmica e CBN que permitem elevadas velocidades de corte e
alta produtividade (KOPPKA et al 2003) O severo desgaste verificado nas ferramentas de
mandrilar ferro fundido vermicular tem motivado pesquisas com o objetivo de identificar os
mecanismos de desgaste das ferramentas assim como encontrar soluccedilotildees econocircmicas para esta
usinagem envolvendo institutos de pesquisa induacutestrias automobiliacutesticas fundiccedilotildees fabricantes de
ferramentas e fabricantes de maacutequinas Independentemente do material da ferramenta empregada
metal duro ou ceracircmica as velocidades de corte ainda satildeo muito inferiores agravequelas tradicionalmente
utilizadas no ferro fundido cinzento ou seja ainda haacute uma grande necessidade no desenvolvimento
do processo de usinagem de mandrilamento do bloco do motor de maneira integral (KASSACK et
al 2002)
112 Tipos de Mandrilamento
Dependendo do trabalho o mandrilamento que tambeacutem eacute conhecido como mandrilagem ou
broqueamento pode ser ciliacutendrico cocircnico radial ou esfeacuterico Por meio do processo de
mandrilamento pode-se conseguir superfiacutecies ciliacutendricas ou cocircnicas internas em espaccedilos
normalmente difiacuteceis de serem atingidos com eixos perfeitamente paralelos entre si (GUEDES
2006)
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cocircnica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Isto ocorre quando haacute um movimento de
avanccedilo simultacircneo com um movimento radial gerando um diacircmetro interno cocircnico
22
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cilindrica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Neste caso haacute somente o movimento de
avanccedilo gerando um diacircmetro interno ciliacutendrico
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico
1123 Mandrilamento Radial (figura 19)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute plana e perpendicular ao eixo em
torno do qual gira a ferramenta Neste processo haacute somente o movimento radial da ferramenta
gerando um processo de faceamento
23
Figura 19 ndash Mandrilamento radial
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute uma superfiacutecie de revoluccedilatildeo cujo
eixo coincide com o eixo do qual gira a ferramenta Ex Mandrilamento esfeacuterico e mandrilamento
de sangramento
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970)
24
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular
Os processos de mandrilamento do ferro fundido vermicular podem ser divididos em quatro
grupos
- Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
- Mandrilamento com insertos rotativos
- Mandrilamento definido como ldquofreso-mandrilamentordquo
- Mandrilamento com insertos de PCD
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
As ferramentas de mandrilar com insertos de metal-duro conforme mostradas na figura 111
satildeo usadas em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas em comparaccedilatildeo agrave ceracircmica ou
o PCBN Utiliza-se um maior nuacutemero de insertos permitindo maiores velocidades de avanccedilo e
compensando parcialmente a perda de produtividade (REUTER et al 1999) Existem algumas
barras de mandrilar cujos insertos natildeo satildeo montados uniformemente no diacircmetro e ateacute mesmo na
altura Estas barras de mandrilar satildeo chamadas de ferramentas com passo diferencial e o objetivo eacute
evitar vibraccedilotildees devido a problemas de ressonacircncia mesmo em condiccedilotildees de corte favoraacuteveis
modificando a frequumlecircncia de entrada das arestas no corte (SOUTO 2007)
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010)
25
1132 Mandrilamento com insertos rotativos
Ferramentas com insertos rotativos de PCBN Si3N4 ou Metal Duro conforme figura 112
permitem grande produtividade em altas velocidades de corte Este tipo de ferramenta apresenta um
maior potencial principalmente para operaccedilatildeo de desbaste podendo tambeacutem ser utilizadas em
operaccedilatildeo de acabamento dependendo da aplicaccedilatildeo (REUTER et al 2000) Estes insertos giram
devido aos esforccedilos de corte aplicados sobre eles jaacute que suas fixaccedilotildees permitem este grau de
liberdade Assim a seccedilatildeo de contato com a ferramenta e cavaco varia todo instante distribuindo
melhor o desgasteavaria aumentando a vida da ferramenta
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos
1133 Freso-mandrilamento
Define-se freso mandrilamento como um processo de usinagem com corte intermitente por
meio do processo de fresamento helicoidal realizado com ferramentas de diacircmetro menor que o
usinado ou seja a ferramenta realiza movimento de interpolaccedilatildeo circular e avanccedila no sentido do
cilindro conforme figura 113 O fabricante de maacutequinas MAKINO e o fabricante de ferramentas
SANDVIK desenvolveram este processo utilizando a ferramenta CoroMILL 790 e um Centro de
Usinagem Horizontal(a81M) Por meio da melhor precisatildeo de posicionamento dos insertos na
ferramenta e toleracircncias dimensionais dos insertos de metal-duro haacute possibilidades de ganho em
vida de ferramenta e possiacutevel eliminaccedilatildeo da etapa de mandrilamento de semi-acabamento
realizando-se o mandrilamento de desbaste de modo convencional e o mandrilamento de
acabamento com o processo de freso-mandrilamento Este processo tambeacutem possui desvantagem
26
como a necessidade de maacutequinas ferramentas com elevadas rigidez e precisatildeo no movimento de
interpolaccedilatildeo circular uma vez que este movimento tem influecircncia direta na geometria do cilindro
fresado (MAKINO 2011)
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento
1134 Mandrilamento com insertos de PCD
Estudos realizados pela empresa Audi aplicando insertos de PCD em mandrilamento de
acabamento dos cilindros do bloco do motor em ferro fundido vermicular apresentaram altos
valores de vida de ferramenta As principais desvantagens do uso do PCD consistem na limitaccedilatildeo da
temperatura de utilizaccedilatildeo da ferramenta o que limita a velocidade de corte assim como o maior
custo de ferramenta bloco do motor produzido Esta limitaccedilatildeo eacute devido ao problema de afinidade do
ferro com o carbono que em temperaturas acima de 700degC comeccedila a grafitizaccedilatildeo do diamante
tendo como consequumlecircncia o acelerado desgaste da aresta de corte (STEMMER 1993 apud
Xavier2009)
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento
A superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta conforme ilustrada na figura 114 eacute definida pelo acircngulo
da aresta de corte (90deg- χ r) acircngulo de posiccedilatildeo da aresta secundaacuteria de corte (χ‟r) acircngulo de saiacuteda
lateral da ferramenta (γf) e o acircngulo de saiacuteda dorsal da ferramenta (γp)
27
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008)
Quatro diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
podem ser identificadas e ilustradas conforme figura 115 Eacute altamente recomendado que o corte natildeo
envolva o final da aresta de corte da ferramenta ou seja o avanccedilo natildeo pode ser maior que o raio da
ponta da ferramenta para prevenir a quebra da ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da
ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
28
Valores grandes do raio da ponta (rɛ) com uma constante na taxa de avanccedilo(fɛ) e uma
profundidade de corte ldquoaprdquo melhoram a qualidade do acabamento superficial da peccedila reduzindo as
marcas da ferramenta devido ao avanccedilo Em contrapartida estas marcas satildeo mais suscetiacuteveis agrave
vibraccedilotildees devido ao aumento da componente da forccedila radial para ldquoaprdquo menor que ldquorɛrdquo
Consequumlentemente uma soluccedilatildeo deveria ser feito para obter resultados mais favoraacuteveis no corte
O acircngulo de saiacuteda da ferramenta eacute um importante paracircmetro para controlar a deformaccedilatildeo e a forma
dos cavacos Eacute tambeacutem um significativo fator geomeacutetrico que afeta o mecanismo de corte No plano
ortogonal a saiacuteda do cavaco eacute perpendicular agrave aresta de corte entretanto o acircngulo da saiacuteda do
cavaco eacute zero Muitos pesquisadores tentaram prever o acircngulo de saiacuteda do cavaco para usinagem
com o raio da ponta da ferramenta
A forccedila de corte pode ser representada por duas componentes uma componente normal
perpendicular ao plano de saiacuteda e um atrito componente na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta A
forccedila de atrito na superfiacutecie de saiacuteda eacute o uacutenico componente que determina a direccedilatildeo da saiacuteda de
cavaco Para cada elemento cavaco presume-se que a forccedila de atrito eacute colinear com a velocidade do
cavaco e suas magnitudes satildeo proporcionais agrave aacuterea do cavaco (YUSSEFIAN et al2008)
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento
O material da ferramenta de corte deve ser mais duro que o material da peccedila a ser cortada
Utilizando este princiacutepio novos materiais e ligas estruturais com excelente resistecircncia mecacircnica e
elevada dureza contribuem para o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de
usinagem (MACHADO et al 2009)
Alguns fatores para seleccedilatildeo adequada da ferramenta de corte conforme citados por DINIZ
(2008) estatildeo descritos abaixo
Material a ser usinado
- a dureza e o tipo de cavaco formado satildeo caracteriacutesticas do material da peccedila a ser
considerado
Processo de usinagem
29
- ainda existem vaacuterios equipamentos com baixa rotaccedilatildeo e baixa rigidez inviabilizando a
utilizaccedilatildeo de ferramenta de corte com materiais mais nobres
Condiccedilatildeo da maacutequina de usinagem
- deve-se levar em consideraccedilatildeo a potecircncia gama de velocidade e folgas da maacutequina
Dimensotildees e forma da ferramenta de corte
- ferramentas de forma natildeo-padronizada muitas vezes satildeo feitas de accedilo raacutepido ou de um tipo
de metal duro que suporte choques teacutermicos
Custo do material da ferramenta
- alguns materiais de ferramentas apesar de aumentarem a vida da ferramenta de corte ou a
produccedilatildeo muitas vezes natildeo apresentam uma boa relaccedilatildeo custo-benefiacutecio
Condiccedilotildees de usinagem
- consideraccedilatildeo tiacutepica para usinagem em acabamento em que se exigem ferramentas com
maior resistecircncia ao desgaste jaacute que a operaccedilatildeo de desbaste anterior jaacute retirou a casca
endurecida eou desvios de forma da peccedila
Condiccedilotildees da operaccedilatildeo
- usinagem com corte interrompido ou o sistema maacutequinapeccedilaferramentadispositivo
natildeo riacutegidos exige uma ferramenta tenaz
As principais caracteriacutesticas desejaacuteveis a um material da ferramenta satildeo
- Dureza a quente
Algumas regiotildees da ferramenta de usinagem podem ultrapassar 1000degC Portanto
haacute uma contiacutenua procura por materiais que possam suportar esta temperatura com dureza suficiente
para suportar as tensotildees de corte
- Resistecircncia ao desgaste
O material da ferramenta deve ser resistente ao desgaste por abrasatildeo ou seja resistecircncia
ao atrito
- Tenacidade
O material da ferramenta deve ter energia suficiente para resistir ao choques inerentes
do processo
- Estabilidade quiacutemica
Dependendo da temperatura da duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemica do material
da ferramenta e do material da peccedila na zona de cisalhamento secundaacuterio haacute transferecircncia de aacutetomo
30
de um metal para o outro (difusatildeo) O material da ferramenta deve ser resistente agrave difusatildeo (DINIZ et
al 2008)
Haacute diversos materiais de ferramentas distribuiacutedos no mercado atualmente que se
diferem pela dureza (resistecircncia ao desgaste) e tenacidade Os principais satildeo (MACHADO et al
2009)
Accedilo raacutepido
Metal duro
Cermets
Ceracircmicas
Nitreto de Boro Cuacutebico
Diamante natural
Atualmente os materiais das ferramentas de corte utilizados na usinagem do ferro fundido
vermicular satildeo metal duro ceracircmica e CBN
1151 Inserto de Metal Duro
O metal duro surgiu em 1927 com o nome de ldquoWIDIArdquo(Wie Diamant) e eacute um tipo
de material fabricado atraveacutes da metalurgia do poacute em um processo de sinterizaccedilatildeo Este poacute eacute
composto de partiacuteculas duras de carboneto de metais refrataacuterios Os carbonetos satildeo de tungstecircnio e
normalmente satildeo combinados com carbonetos de titacircnio tacircntalo e nioacutebio (DINIZ et al 2008)
O elemento aglomerante mais utilizado na fabricaccedilatildeo do metal duro eacute o cobalto que eacute um
metal do grupo do ferro responsaacutevel pela ligaccedilatildeo das partiacuteculas duras dos carbonetos no processo de
sinterizaccedilatildeo O cobalto eacute responsaacutevel pela tenacidade do material O poacute do cobalto eacute obtido pela
reduccedilatildeo do oacutexido preto que conteacutem aproximadamente 70 de cobalto sob hidrogecircnio e
temperaturas entre 600 e 700degC
Uma composiccedilatildeo tiacutepica de metal conteacutem 81 de tungstecircnio 6 de carbono e 13 de
cobalto O tamanho das partiacuteculas de carbonetos pode variar entre 1 e 10 microns e geralmente
compreendem cerca de 60 agrave 95 do volume do material
31
A variaccedilatildeo da composiccedilatildeo quiacutemica do metal duro influencia na caracteriacutestica (classe) do
material O cobalto eacute um material que agrave medida que aumenta seu teor reduz sua densidade e dureza
mas eleva a resistecircncia agrave ruptura e melhora a tenacidade
Outra caracteriacutestica importante para aplicaccedilatildeo do metal duro eacute o seu coeficiente de dilataccedilatildeo
teacutermica O coeficiente para o metal duro eacute cerca da metade do coeficiente do accedilo em temperaturas
desde a ambiente ateacute 675degC
Hoje em dia haacute metais duros produzidos com partiacuteculas de 01m o que melhora vaacuterias
caracteriacutesticas desejaacuteveis em uma ferramenta de corte Estes metais duros com micro gratildeos podem
ser classificados de acordo com o tamanho do gratildeo de sua estrutura como
- Fino 08 a 13m
- Submicromeacutetrico 05 a 08m
- Ultra fino 02 a 05m
- Nanomeacutetrico menor que 02m
Agrave medida que se diminui o tamanho de gratildeo do metal duro aumenta-se a dureza resistecircncia
ao desgaste e tenacidade do material devido ao maior fator de empacotamento que gratildeos muito
pequenos propiciam (DINIZ et al 2008)
Haacute vaacuterios tipos de metal duro classificados pela norma ISO (International Organization for
Standardization) conforme norma ISO513 1975 sendo que haacute 3 grupos principais como
Grupo bdquoP‟ ndash Compreende os tipos ou classes empregados na usinagem de metais e ligas
ferrosas que apresentam cavacos longos e duacutecteis
Grupo bdquoMrdquo ndash Compreende as classes que empregam na usinagem de metais e ligas ferrosas
de cavacos tanto longos como curtos ou seja eacute uma ferramenta com propriedades intermediaacuteria
Grupo bdquoK‟ ndash Compreende as classes que se destinam a usinagem de metais e ligas ferrosas
que apresentam cavacos curtos e materiais natildeo-metaacutelico
Recentemente a ISO aumentou o nuacutemero de classes de metal duro conforme norma
ISO513 2004 Estas novas classes satildeo
Grupo bdquoN‟ ndash Aplicaacutevel a materiais natildeo ferrosos
Grupo bdquoS‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de superligas e ligas de titacircnio
Grupo bdquoH‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de materiais endurecidos
32
Aleacutem dos grupos de metal duro existe uma subdivisatildeo dentro de cada grupo por exemplo
P01P50
M01M40
K01K40
N01N30
S01S30
H01H30
Para cada grupo de metal duro e seu respectivo subgrupo haacute uma composiccedilatildeo quiacutemica e
caracteriacutestica fiacutesica conforme Tabela 16 Pode-se perceber nesta tabela que agrave medida que a
quantidade de TiC + TaC aumenta a densidade diminui e a dureza aumenta
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970)
Desig-
Naccedilatildeo
Composiccedilatildeo
aproximada em Caracteriacutesticas principais
WC TiC
+
TaC
Co Densidade
(gcm3)
Dureza
(kgmm2)
Resist agrave
ruptura
transversal
(kgmm2)
Moacutedulo de
elasticidade
(kgmm2)
Coeficiente
de dilataccedilatildeo
teacutermica
(10-6
1Cdeg)
P01 30 64 6 72 1800 75 - -
P10 55 36 9 104 1600 140 52000 65
P20 76 14 10 119 1500 150 54000 60
P25 73 19 8 125 1500 170 55000 60
P30 82 8 10 130 1450 170 56000 55
P40 77 12 11 131 1400 180 56000 55
P50 70 14 16 129 1300 200 52000 55
M10 84 10 6 131 1650 140 58000 55
- Classes com maior tenacidade
- Recomendado para usinagem em desbaste
e corte interrompido
- Classes com maior resistecircncia ao desgaste
- Recomendado para usinagem em
acabamento
33
M20 82 10 8 134 1550 160 56000 55
M30 81 10 9 144 1450 180 58000 55
M40 78 7 15 135 1300 200 55000 55
K01 93 2 5 150 1750 120 63000 50
K05 92 2 6 146 1700 135 63000 50
K10 92 2 6 148 1650 150 63000 50
K20 915 25 6 148 1550 170 62000 50
K30 89 2 9 145 1450 190 - 55
K40 88 - 12 143 1300 210 58000 55
A seleccedilatildeo do metal duro para uma determinada aplicaccedilatildeo de usinagem estaacute intimamente
relacionada com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma durante a
usinagem Entre os tipos de cavacos conhecidos tem como cavacos contiacutenuos cavacos cisalhados e
cavacos de ruptura o formado na usinagem dos ferros fundidos eacute o cavaco de ruptura devido a seu
rompimento na zona primaacuteria do plano de cisalhamento causados na interrupccedilatildeo que as grafitas
causam na matriz da liga
Operaccedilotildees de usinagem com avanccedilo e profundidade de cortes altos para desbaste e cortes
interrompidos criam tensotildees elevadas na ferramenta exigindo classes com maior tenacidade ou seja
ferramentas com menor teor de cobalto e maior teor de carbonetos
Operaccedilotildees de usinagem em peccedilas que jaacute sofreram operaccedilotildees anteriores de desbaste retirando
excentricidade e a casca endurecida trabalham com baixos avanccedilos e profundidade de usinagem
poreacutem com altas velocidades de corte o que gera altas temperaturas Sendo assim satildeo necessaacuterias
classes de ferramentas com altas resistecircncias ao calor e a abrasatildeo ou seja menor teor de cobalto
(DINIZ et al 2008)
Operaccedilotildees de usinagem em maacutequinas-ferramentas menos riacutegidas obriga o uso de classe de
ferramentas com maior tenacidade embora reduzindo a vida uacutetil
As primeiras ferramentas de metal duro foram compostas unicamente de carbonetos de
tungstecircnio (WC) e cobalto e eram adequadas somente para a usinagem de materiais de cavacos
curtos e quebradiccedilos ou seja materiais de ferro fundido Na usinagem do accedilo havia formaccedilatildeo de
cratera na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta devido a fenocircmenos de difusatildeo e dissoluccedilatildeo ocorridos
entre o cavaco da peccedila e a ferramenta Para solucionar tais problemas comeccedilou-se a acrescentar
34
outros carbonetos (TiC TaC e NbC) Assim as ferramentas que conteacutem praticamente somente WC
e Co na composiccedilatildeo (ferramentas da classe K ver tabela 15) satildeo destinadas agrave usinagem de ferros
fundidos que natildeo tem a tendecircncia de formaccedilatildeo de desgaste de cratera devido ao fato de que o
cavaco curto rapidamente se quebra e pula fora da regiatildeo de corte sem atritar longamente com a
superfiacutecie de saiacuteda A inclusatildeo de carbonetos do tipo TiC TaC e NbC na ferramenta confere a ela
as seguintes caracteriacutesticas
- Carbonetos de Titacircnio - TiC
Pouca tendecircncia agrave difusatildeo resultando na alta resistecircncia dos metais duros
Reduccedilatildeo da resistecircncia interna e dos cantos
- Carboneto de Tacircntalo - TaC e Carboneto de Nioacutebio NbC
Em pequenas quantidades atuam na diminuiccedilatildeo do tamanho dos gratildeos melhorando a
tenacidade e a resistecircncia dos cantos
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro
A finalidade principal do uso de coberturas em ferramentas de metal duro eacute aumentar a
resistecircncia ao desgaste da camada superior que entra em contato com o cavaco e a peccedila sendo que o
nuacutecleo permanece com a tenacidade caracteriacutestica do metal duro Desta forma consegue-se em
vaacuterios casos aumentar bastante a vida da ferramenta e diminuir os esforccedilos de corte Eacute possiacutevel
tambeacutem conciliar em mesmos materiais caracteriacutesticas como tenacidade resistecircncia ao desgaste e
dureza a quente (DINIZ et al2008)
As principais coberturas utilizadas satildeo de carboneto de titacircnio (TiC) eou oacutexido de alumiacutenio
(Al2O3) nitreto de titacircnio (TiN) e carbonitreto de titacircnio (TiCN) Geralmente satildeo aplicadas no metal
duro utilizando um processo chamado CVD (deposiccedilatildeo quiacutemica a vapor) que utiliza altas
temperaturas e pressotildees levemente negativas Outro processo tambeacutem utilizado para cobertura de
ferramenta eacute o PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica a vapor) que utiliza temperaturas meacutedias (de 400 a 500ordm C) e
pressatildeo muito negativa Este processo eacute em geral mais caro que o processo CVD Como o processo
de CVD precisa de altas temperaturas satildeo geradas tensotildees na ferramenta durante seu resfriamento
que podem enfraquececirc-la Sendo assim novos tipos de processo com temperaturas intermediaacuterias
entre o CVD e o PVD estatildeo sendo desenvolvidos para minimizar este problema (DINIZ et al2008)
35
Normalmente a primeira camada de cobertura logo acima do nuacutecleo eacute o carboneto de titacircnio
ou o carbonitreto de titacircnio que algumas vezes eacute a uacutenica camada Estas camadas possuem
caracteriacutesticas como excelente resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de promover a adesatildeo das
camadas de cobertura com o metal duro do nuacutecleo Outra cobertura como o oacutexido de alumiacutenio natildeo
possui afinidade fiacutesico-quiacutemica com o nuacutecleo do metal duro A diferenccedila na dilataccedilatildeo e contraccedilatildeo
teacutermica das camadas com o substrato de metal duro a uma temperatura de 1000degC como eacute exigido
para o processo de revestimento CVD pode causar trincas se natildeo for utilizado o TiC ou TiCN como
camada intermediaacuteria (DINIZ et al2008)
A dureza da camada de TiC eacute na ordem de 3000HV que eacute maior que todas os outros materiais
utilizados no revestimento do metal duro A espessura da camada eacute de 4 a 8m Outras
caracteriacutesticas importantes deste material eacute a baixa tendecircncia a soldagem com o material da peccedila
dificultando o desgaste por adesatildeo e o baixo coeficiente de dilataccedilatildeo teacutermica O material TiCN tem
propriedades similares ao TiC como dureza agrave quente resistecircncia ao desgaste a capacidade de adesatildeo
ao nuacutecleo mas seu coeficiente de atrito eacute mais baixo que o TiC Geralmente o segundo revestimento
no metal duro eacute de oacutexido de alumiacutenio que garante uma estabilidade teacutermica devido ao fato de ser um
material ceracircmico refrataacuterio e por possuir alta resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de alta
resistecircncia a ataques quiacutemicos e agrave oxidaccedilatildeo Devido a sua alta estabilidade quiacutemica com o ferro
praticamente evita o desgaste difusivo durante o processo de usinagem do accedilo Apresentam tambeacutem
uma pequena resistecircncia a choques teacutermicos e mecacircnicos
A terceira camada geralmente utilizada de TiN tem caracteriacutestica de reduccedilatildeo do coeficiente
de atrito entre a pastilha e o cavaco Eacute quimicamente mais estaacutevel que o TiC e possui uma camada
com espessura entre 5 e 7 m A espessura total das camadas do metal duro estaacute entre 2 e 12 m
Quando se aumenta a espessura da cobertura a resistecircncia ao desgaste aumenta mas a tenacidade
diminui aumentando a tendecircncia ao lascamento das arestas Hoje em dia jaacute satildeo utilizadas outras
coberturas como por exemplo o nitreto de titacircnio alumiacutenio (TiNAl) ou o nitreto de alumino
titacircnio(TiAlN) dependendo da quantidade maior de titacircnio ou alumiacutenio que podem ser aplicadas ao
metal duro atraveacutes do processo PVD Tal processo propicia espessuras de camadas mais finas
mantendo a aresta da ferramenta afiada (DINIZ et al2008)
Estas coberturas podem ser aplicadas em ferramentas multicamadas propiciando
caracteriacutesticas como
36
- Baixa condutividade teacutermica que protege a aresta de corte e aumenta a remoccedilatildeo de calor
atraveacutes do cavaco
- Alta dureza a frio e a quente
- Alta estabilidade quiacutemica (DINIZ et al2008)
1153 Insertos de Material Ceracircmico
Um dos principais tipos de materiais ceracircmicos utilizados como ferramenta de usinagem eacute o
oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) que eacute a forma estaacutevel alfa da alumina Podem-se distinguir dois ramos
nesta famiacutelia
- Materiais contendo alumina sinterizada praticamente pura com no miacutenimo de 98
- Materiais contendo 90 de alumina juntamente com outros oacutexidos como SiO2 MgO
Cr2O3 Fe3O4 etc
Este tipo de material de ferramenta consiste de gratildeos finos (menores que 5 m) de Al2O3 de
alta densidade ou seja conteacutem menos que 2 de porosidade Diferentes meacutetodos satildeo utilizados
para fabricaccedilatildeo de ferramentas ceracircmicas deste tipo
- Prensadas a frio e sinterizadas apresentando uma cor branca Este processo eacute similar ao
processo de fabricaccedilatildeo do metal duro
- Prensadas a quente em grandes cilindros de alumina em moldes de grafite Neste processo
o material se torna acinzentado escuro (FERRARESI 1970)
A ceracircmica possui oacutetima propriedade como dureza a quente permitindo que se possa usinar
em altas velocidades de corte Em contrapartida haacute propriedades como baixa condutividade teacutermica
que logicamente dificulta a transferecircncia de calor e faz com que na regiatildeo proacutexima do contato
cavaco-ferramenta e peccedila ferramenta atinja-se temperaturas muito altas Outra propriedade que
dificulta o uso de material ceracircmico eacute a baixa tenacidade que favorece as trincas e quebras das
ferramentas de corte
Haacute ferramentas ceracircmicas agrave base de oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) podendo ter alumina pura ou
podendo ter algum teor de oacutexido de magneacutesio (MgO) para inibir o crescimento de gratildeo Podem ter
tambeacutem oacutexido de cromo titacircnio e niacutequel para aumentar a resistecircncia mecacircnica ou com baixos
porcentuais de oacutexido de zircocircnio (ZrO2) que aumenta a tenacidade do material (DINIZ et al2008)
37
A ceracircmica mista aleacutem de conter alumina pode conter o carboneto de titacircnio (TiC) ou o
nitreto de titacircnio (NiT) Este tipo de ceracircmica eacute prensado a quente gerando uma cor acinzentada
Como haacute uma melhor dureza a quente e estabilidade quiacutemica a ceracircmica mista eacute indicada para
processo de usinagem em mandrilamento e torneamento em acabamento de accedilos endurecidos onde
a tenacidade natildeo eacute tatildeo exigida (DINIZ et al2008)
Haacute uma ceracircmica com propriedades intermediaacuterias que eacute a reforccedilada com whiskers o qual eacute
adicionado o carboneto de siliacutecio (SiC) como sua tenacidade eacute boa quando comparadas com as
outras ceracircmicas este tipo de material eacute indicado para usinagem de ligas de titacircnio e niacutequel
Tambeacutem pode ser utilizada no processo de usinagem em mandrilamento e torneamento de accedilos
endurecidos com superfiacutecies interrompidas (DINIZ et al2008) Natildeo eacute permitida a fabricaccedilatildeo deste
material em vaacuterios paiacuteses devido ao carboneto de siliacutecio ser canceriacutegeno (BALDACIM 2000) Este
tipo de material tambeacutem eacute perigoso devido agrave facilidade de incecircndio no processo de retificaccedilatildeo
devido a isto o processo deve ser realizado em local extremamente isolado e maacutequinas blindadas
Haacute tambeacutem ferramentas de ceracircmica agrave base de nitreto de siliacutecio (Si3N4) que satildeo cristais com
fase intergranular de oacutexido de siliacutecio (SiO2) que satildeo sinterizados na presenccedila de alumina (sialon)
eou oacutexido de iacutetrio (Y2O3) e magneacutesio (MgO) Este material de ferramenta eacute usualmente chamado de
Sialon (DINIZ et al2008)
A Tabela 17 mostra algumas propriedades dos diversos tipos de material ceracircmico
comparados com o metal duro Como se pode ver na tabela Sialon possui boa tenacidade (melhores
que as ceracircmicas mista e pura) e excelentes durezas a quente e resistecircncia ao choque teacutermico A
uacutenica propriedade necessaacuteria a um material de ferramenta que natildeo possui eacute a estabilidade quiacutemica
com o ferro Assim natildeo pode ser usada para usinar o accedilo Poreacutem como a falta de estabilidade
quiacutemica eacute causadora do desgaste difusivo razatildeo da formaccedilatildeo do desgaste de cratera (desgaste da
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) e como o ferro fundido possui cavacos curtos que natildeo atritam
muito com a superfiacutecie de saiacuteda e portanto natildeo tem grande tendecircncia agrave formaccedilatildeo da cratera esta
ferramenta eacute indicada para a usinagem destas ligas principalmente em cortes interrompidos como o
fresamento em que a temperatura que a ferramenta atinge natildeo eacute tatildeo alta
38
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro
Tenacidade Dureza agrave
quente
Resistecircncia ao
choque teacutermico
Estabilidade
quiacutemica (Fe)
Estabilidade
quiacutemica (Ni)
Ceracircmica Pura 2 2 1 5 5
Ceracircmica
Mista
1 3 2 4 4
Ceracircmica com
Wiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal Duro 5 1 5 3 1
Em geral os insertos de material ceracircmico possuem um chanfro na regiatildeo da aresta de corte
cuja dimensatildeo varia de 005 agrave 03mm e acircngulo entre 20deg e 30deg como proteccedilatildeo de aresta para evitar
quebra ou lascamento (DINIZ et al 2008)
Em processos de usinagem como o fresamento em ferro fundido cinzento eacute possiacutevel substituir
o desbaste e o acabamento para somente um passe utilizando insertos de ceracircmica com alisador
(FERRER 2006) Ferramentas ceracircmicas de nitreto de siliacutecio tecircm mostrado um melhor desempenho
que as de metal duro em operaccedilotildees de faceamento em ferro fundido cinzento Isto porque
ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio apresentam tenacidade suficiente onde o
lascamento natildeo eacute um fator predominante para o fim da vida da ferramenta (FERRER e DINIZ
2005)
Em contrapartida ferramentas de metal duro satildeo consideradas uma melhor opccedilatildeo para
processo de usinagem em fresamento de ferro fundido vermicular O mecanismo de desgaste por
difusatildeo eacute muito acentuado em ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio (GABALDO
2009)
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte
Desgaste eacute a perda contiacutenua e microscoacutepica de partiacuteculas da ferramenta devido agrave accedilatildeo do corte
(DINIZ et al 2008) Haacute alguns desgastes de ferramenta de corte padronizado como desgastes
convencionais Os principais deles satildeo o desgaste de flanco ou frontal (na superfiacutecie de folga da
39
ferramenta) desgaste de entalhe (nos limites de contato ferramentapeccedila) e desgaste de cratera (na
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) Aleacutem dos desgastes diversas outras ocorrecircncias podem acontecer
agrave ferramenta durante seu uso como trincas lascas deformaccedilotildees plaacutesticas e quebra A estas
ocorrecircncias daacute-se o nome de avarias (FERRARESI 1970)
Os principais fenocircmenos causadores do desgaste satildeo
Aresta posticcedila de corte (APC) ndash material da peccedila aderido na aresta de corte da ferramenta
modificando o comportamento da forccedila de corte acabamento superficial da peccedila e desgaste da
ferramenta A APC ocorre quando em baixa velocidade de corte a parte inferior do cavaco sob
pressatildeo de corte na zona de aderecircncia manteacutem o contato sem movimento relativo por um espaccedilo de
tempo suficiente para soldar na ferramenta Agrave medida que a APC cresce torna-se instaacutevel e depois
de algum tempo colapsa levando consigo partiacuteculas da superfiacutecie de folga da ferramenta
incentivando assim o desgaste de flanco em baixa velocidade de corte (DINIZ et al 2008)
Abrasatildeo mecacircnica ndash o desgaste frontal ou o desgaste de cratera podem ser gerados pela
abrasatildeo (atrito) poreacutem eacute mais comum o desgaste frontal porque a superfiacutecie de folga atrita na peccedila
que eacute riacutegida enquanto que a superfiacutecie de saiacuteda atrita com o cavaco que eacute flexiacutevel O desgaste por
abrasatildeo ocorre pela presenccedila de partiacuteculas duras no material da peccedila e pela temperatura de corte que
reduz a dureza da ferramenta Quando o desgaste abrasivo ocorre a superfiacutecie desgastada mostra
sulcos paralelos agrave direccedilatildeo de avanccedilo (TRENT e WRIGHT 2000)
Aderecircncia ndash eacute formada por um extrato metaacutelico provocado pela baixa velocidade de corte e
baixa temperatura entre duas superfiacutecies metaacutelicas postas em contato sob cargas moderadas A
resistecircncia deste extrato eacute elevada a tal ponto que na tentativa de separar as superfiacutecies ocorre agrave
ruptura em um dos metais e natildeo na superfiacutecie de contato Quando este desgaste ocorre a superfiacutecie
desgastada tem aparecircncia aacutespera (TRENT e WRIGHT 2000) Assim partiacuteculas da superfiacutecie de um
material migram para superfiacutecie do outro O fenocircmeno da aderecircncia estaacute presente na formaccedilatildeo da
aresta posticcedila mas pode-se ter desgaste por aderecircncia mesmo sem a formaccedilatildeo da aresta posticcedila Por
meio deste fenocircmeno as partiacuteculas da ferramenta que satildeo removidas pela continuidade do
movimento de escorregamento entre as duas superfiacutecies (cavaco-ferramenta ou ferramenta-peccedila)
seguem aderidas ao fluxo de cavaco ou peccedila Como satildeo bastante duras ao atritarem com regiotildees da
ferramenta mais agrave frente desgastam-nas por abrasatildeo A utilizaccedilatildeo de coberturas com baixo
coeficiente de atrito como o nitreto de titacircnio e o uso de fluiacutedo de corte adequado tem grande
influecircncia na reduccedilatildeo deste tipo de desgaste (DINIZ et al 2008)
40
Difusatildeo ndash eacute um fenocircmeno microscoacutepico ativado pela temperatura na zona de corte
principalmente entre a ferramenta e o cavaco podendo tambeacutem ocorrer entre a ferramenta e a peccedila
depois de jaacute haver ocorrido algum desgaste na superfiacutecie de folga causado por algum outro
mecanismo A difusatildeo no estado soacutelido consiste na transferecircncia de aacutetomos de um metal ao outro
Depende da temperatura duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemico dos dois metais
envolvidos na zona de cisalhamento secundaacuterio Ocorre principalmente na superfiacutecie de saiacuteda da
ferramenta causando o desgaste de cratera porque eacute ali que se tem a zona de aderecircncia entre cavaco
e ferramenta (que garante o tempo de contato) e a zona de fluxo (zona secundaacuteria de cisalhamento)
na qual o cisalhamento eacute intenso e assim a temperatura eacute bastante alta Ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes a este tipo de
desgaste (DINIZ et al 2008)
Oxidaccedilatildeo ndash a maioria dos metais oxidam em altas temperaturas e na presenccedila de aacutegua e ar Na
usinagem isto ocorre devido ao uso de fluiacutedo de corte de baixa concentraccedilatildeo ou fluiacutedo de corte natildeo
adequado para o processo O tungstecircnio e o cobalto durante o corte formam filmes de oacutexido poroso
sobre a ferramenta que satildeo facilmente levados embora pelo atrito gerando o desgaste Poreacutem
alguns oacutexidos como o oacutexido de alumiacutenio satildeo mais duros e resistentes Assim alguns materiais de
ferramentas que natildeo conteacutem oacutexido de alumino desgastam mais facilmente por oxidaccedilatildeo Este
desgaste se forma nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao acesso de ar nesta
regiatildeo causando o desgaste de entalhe Tambeacutem para este desgaste ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes (DINIZ et al
2008)
41
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Este capiacutetulo descreve o material do bloco do motor e o material da ferramenta de corte a ser
utilizada no experimento aleacutem dos equipamentos e o meacutetodo utilizado para o experimento
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos
Uma linha de usinagem flexiacutevel de bloco do motor diesel exclusivo em material de ferro
fundido vermicular jaacute existente na empresa MWM International situado em Santo Amaro SP foi o
laboratoacuterio utilizado para realizaccedilatildeo dos experimentos
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos
Utilizou-se como corpos de prova para os ensaios de mandrilamento blocos para motores de
seis cilindros (ver figura 21) fundidos em material de ferro fundido vermicular e fundido na
empresa TUPY Fundiccedilotildees localizada em Mauaacute Satildeo Paulo A operaccedilatildeo de usinagem objeto deste
estudo foi o mandrilamento dos mancais do bloco
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE
42
O material do bloco do motor eacute o GJV-450 conforme norma MANN (M3340) Foi realizada
uma anaacutelise metalograacutefica de amostras retiradas de corpos de prova do bloco do motor conforme
posiccedilatildeo visualizada na figura 22
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise
metalograacutefica (norma MANN M3340 2004)
A tabela 21 e as figuras 23 e 24 mostram os resultados da anaacutelise metalograacutefica do material
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor
DESCRICcedilAtildeO ESPECIFICADO
Estrutura da Matriz Perlita Lamelar Fina
Ferrita Livre Maacuteximo de 30
Cementita Livre Ausente
Carbonitreto de Titacircnio Metalograficamente natildeo permitidos
Ledeburita Ausente
Rede de Fosfeto - STEADITA Traccedilos isolados como informativo
Forma da Grafita I e II Ausente
Forma da Grafita III Miacutenimo 70
Forma da Grafita IV Maacuteximo 5
Forma da Grafita V e VI Maacuteximo 30
Tamanho da Grafita Forma III 3 ou mais fino
Tamanho da Grafita Forma IV 3 ou mais fino
43
Tamanho da Grafita Forma V e VI 5 ou mais fino
Dureza 150 agrave 250 HB 30
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo 440 agrave 520 Nmm2
Limite de Escoamento Miacutenimo 320 Nmm2
Alongamento Miacutenimo 1
Figura 23 - Micrografia mostrando a morfologia da
grafita
Forma III (80 agrave 85) e tamanho de 4 agrave 5
Forma IV (lt 5) e tamanho de 5 agrave 6
Forma V + VI (10 agrave 15) e tamanho de 5 agrave 6
Sem ataque
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrututa da
matriz matriz perliacutetica
Com ataque NITAL 3
A tabela 22 mostra o resultado do ensaio quiacutemico realizado em uma amostra de bloco
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN)
ESPECIFICADO em ENCONTRADO em
11 Carbono C 350 agrave 380 361
12 Carbono Equivalente C equiv 405 agrave 435 419
13 Silicio Si 200 agrave 230 232
14 Manganecircs Mn 040 maacuteximo 026
15 Foacutesforo P 002 maacuteximo 0009
16 Enxofre S 0005 agrave 0020 0011
17 Cromo Cr 01 maacuteximo 0029
44
18 Cobre Cu 075 agrave 095 084
19 Estanho Sn 004 agrave 007 007
110 Magneacutesio Mg 0010 agrave 0016 0010
111 Titacircnio Ti 0010 maacuteximo 0003
O material de ferro fundido vermicular a ser removido pela ferramenta de corte na operaccedilatildeo de
mandrilamento dos mancais tem espessura entre 25 e 30mm (profundidade de corte) devido agrave
variaccedilatildeo do sobremetal de fundiccedilatildeo conforme figura 25 formando cavacos de ruptura
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte
O bloco do motor contem sete mancais com comprimento de 37mm cada conforme figura 26
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm
45
23 Ferramenta de Corte (insertos)
Nos experimentos foram utilizados insertos de ceracircmica e insertos de metal duro conforme
figuras 27 28 e 29 e tabela 23
Figura 27 - Inserto de Metal Duro
WTXQ090608 K01L10B040 HP425
Figura 28 - Inserto de ceracircmica
WTXQ090608 0906 MN KS6000
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento
METAL DURO CERAcircMICA
Material Classe K10 Nitreto de Silicio
Aresta de Corte Arredondamento 006mm Arredondamento 006mm
Espessura do inserto 635mm 635mm
Aacuterea para corte Maacuteximo 7mm Maacuteximo 7mm
Quantidade de arestas 6 arestas 6 arestas
Cobertura Nitreto de Titanio Alumino (TiNAl) Sem cobertura
46
Figura 29 - Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios
Os insertos foram montados em uma barra de mandrilar na posiccedilatildeo tangencial em um diacircmetro
de 1105mm para desbaste conforme figura 210 Nesta mesma ferramenta tambeacutem estatildeo montados
os seis insertos de semi-acabamento para posterior processo de fratura Esta ferramenta possui guias
de metal duro para reduzir vibraccedilatildeo garantir alinhamento entre os mancais e garantir a precisatildeo
dimensional As guias de metal duro da ferramenta e o diacircmetro do mancal podem estar com folga
entre 0005mm e 0015mm Esta folga eacute coberta pelo fluido de corte com uma concentraccedilatildeo
aproximada de 12 e com isso contribui para reduzir o atrito
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos
47
Antes dos experimentos foram montados vaacuterios insertos na barra de mandrilar para verificar a
variaccedilatildeo do batimento radial e axial Nota-se que radialmente foram encontrados ateacute 004mm de
variaccedilatildeo e axialmente foram encontrados ateacute 002mm conforme demonstra figura 211 Ambos os
resultados encontrados natildeo influenciam no resultado final dos experimentos
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado
O fluido de corte utilizado no experimento tendo tambeacutem como funccedilatildeo reduzir o atrito entre
as guias de metal duro da barra de mandrilar e o mancal guia do bloco foi um oacuteleo semi-sinteacutetico do
tipo EP produzido pelo fabricante CASTROL O nome do produto eacute ldquoSuperedge 6552 BFrdquo com alta
resistecircncia agrave formaccedilatildeo de espuma isento de Boro Cloro Nitritos e Fenois As tabelas 24 e 25
mostram caracteriacutesticas deste fluido
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
Estado fiacutesico Liacutequido
Odor Suave
Cor Acircmbar
pH 90 a 95 (5)
Ponto de fulgor Produto base aacutegua Natildeo inflamaacutevel
Densidade 0937 gmL
Solubilidade Soluacutevel em aacutegua
48
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
DESCRICcedilAtildeO PORCENTAGEM
Aacutegua 5 agrave 10
Amina primaacuteria 20 agrave 40
Amina terciaacuteria 50 agrave 80
Oacuteleo mineral parafiacutenico 45 agrave 50
Benzotriazol 01 agrave 05
Aacutecidos di carboxiacutelicos 20 agrave 50
Aditivo EP a base de foacutesforo 20 agrave 80
Amida de Tall Oil 10 agrave 15
Aacutecido carbacircmico 05 maacuteximo
Metileno bis morfolina 30 agrave 70
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos
A maacutequina de usinar utilizada para realizar os experimentos foi um centro de usinagem
horizontal CNC com 4 eixos (XYZB) da marca GROB modelo BZ640 com palete (mesa) de 630
x630mm (ver figura 212) Esta maacutequina eacute controlada por um comando SIEMENS e pode suportar
uma carga sobre a mesa de ateacute 1000Kg jaacute que a peccedila (bloco do motor) utilizada no experimento
tem aproximadamente 300Kg e o dispositivo para fixar a peccedila tem aproximadamente 500Kg
somando juntos 800Kg A maacutequina tambeacutem tem um giro de palete permitido de ateacute 1200mm para
suportar a peccedila que tem um comprimento de 1060mm O eixo da maacutequina eacute um motofuso com
potecircncia de 26Kw(40ED) e 20Kw(100 ED) O torque eacute de 340Nm (40 ED) e 262Nm(100
ED) A cada 10 minutos de usinagem por 4 minutos pode ser utilizados potecircncia e torque maacuteximos
ou seja pode-se utilizar 26Kw a cada 4 minutos ou 20Kw em todo tempo de usinagem e igualmente
para torque
49
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB
Este equipamento eacute preparado para medir potecircncia consumida do fuso no momento da
usinagem da peccedila conforme demonstrado na figura 213
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos
O equipamento utilizado para realizar as mediccedilotildees de desgaste dos insertos (VB ndash desgaste de
flanco) utilizados no experimento foi uma maacutequina para preacute-ajustagem de ferramentas marca
ZOLLER com cacircmera integrada conforme figura 214 Esta maacutequina tambeacutem possui alguns
benefiacutecios como sistema de fixaccedilatildeo SHRINK (fixaccedilatildeo de ferramenta por contraccedilatildeo teacutermica) e um
50
software de programaccedilatildeo com o procedimento de mediccedilatildeo de cada ferramenta reduzindo a
influecircncia do operador
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER
Ao fim dos ensaios os desgastes das ferramentas foram analisados em um Microacutescoacutepio
Eletrocircnico de Varredura (MEV) contendo sonda para realizaccedilatildeo de testes de EDS(Sistema de
Energia Dispersiva) Este equipamento tem marca FEI modelo Quanta 450 conforme figura 215
Ele eacute capaz de produzir imagens de alta ampliaccedilatildeo
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos
insertos
51
27 Processo de Usinagem
Uma barra de mandrilar com 600mm de comprimento devido agrave sua rigidez pelo curto
comprimento mandrila o primeiro mancal em desbaste para obtenccedilatildeo do Oslash1105mm e acabamento
Oslash111mm simultaneamente No teacutermino da usinagem do primeiro mancal a mesa (palete) gira 180deg
para que a usinagem do seacutetimo mancal (uacuteltimo) seja realizada A funccedilatildeo desta primeira ferramenta eacute
fornecer guia (mancal usinado) para a barra de mandrilar longa com comprimento de 600mm
conforme figura 216 utilizada nos experimentos deste trabalho para usinar do segundo ao sexto
mancal
A barra de mandrilar longa utiliza o primeiro mancal como guia e usina o segundo mancal
conforme demonstrado na figura 216 Apoacutes o segundo mancal acabado a ferramenta avanccedila e
utiliza o segundo mancal como guia para usinar o terceiro mancal e assim sucessivamente ateacute usinar
o quarto mancal Para usinar o quinto e o sexto mancal a mesa da maacutequina gira a 180deg e a
ferramenta utiliza o seacutetimo mancal como guia para usinar o sexto mancal e logo na sequumlecircncia
utiliza o sexto mancal como guia para usinar o quinto mancal
A ferramenta utilizada nos experimentos usina um total de cinco mancais por bloco
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento
28 Procedimento experimental
Primeiramente foi determinado que um ensaio terminaria apoacutes 40 peccedilas usinadas Este nuacutemero
foi determinado para que o desgaste frontal da ferramenta tivesse aproximadamente de 04mm
(mediccedilatildeo VB) ao fim do ensaio Como o laboratoacuterio utilizado no experimento foi uma linha de
produccedilatildeo impossibilitando a mediccedilatildeo do desgaste dos insertos ateacute atingir exatos 04mm foi
definido medir a aresta de 10 em 10 peccedilas ateacute atingir as 40 peccedilas Poreacutem houve exceccedilotildees como
- Ensaios em que o desgaste VB atingiu valores elevados muito antes das 40 peccedilas
600mm
52
- Ensaios em que a potecircncia de seguranccedila do fuso da maacutequina foi acionada antes das 40 peccedilas
A velocidade de corte foi a variaacutevel utilizada para iniciar os ensaios em insertos de metal duro
fixando o avanccedilo por dente e a quantidade de insertos montados conforme tabela 26
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 140mmin 022mm 6 532mmmin
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
A maacutexima velocidade de corte de 155mmin foi determinada devido agrave caracteriacutestica de
seguranccedila que a maacutequina oferece para natildeo danificar o equipamento Como a barra de mandrilar eacute
longa e robusta qualquer quebra ou outro tipo de avaria pode danificar o fuso da maacutequina Mais
caro que o fuso eacute o alto tempo de reparo que um equipamento deste porte pode sofrer Para
seguranccedila haacute um limite de potecircncia consumida do fuso em que o equipamento interrompe a rotaccedilatildeo
para evitar maiores avarias Como a folga entre as guias de metal duro da barra de mandrilar e o
guia dos mancais podem variar entre 0005mm e 0015mm o aumento da rotaccedilatildeo aumenta a forccedila
centriacutepeta e o oacuteleo natildeo suporta reduzir o atrito aumentando a potecircncia consumida do fuso e
limitando a velocidade de corte para maacuteximo de 155mmin
A velocidade miacutenima de corte de 110mmin utilizada foi a jaacute definida no processo antes de
realizaccedilatildeo deste trabalho e a velocidade de corte intermediaacuteria foi a definida pela velocidade de
corte mais proacutexima da meacutedia entre a velocidade maacutexima de 155mmin e a velocidade miacutenima de
110mmin
Continuando na estrateacutegia dos experimentos utilizou-se a maior velocidade de corte permitida
pela maacutequina para os experimentos com ceracircmica o qual precisa de maiores velocidades em
comparaccedilatildeo com o metal duro Para comparar rendimento utilizou as mesmas condiccedilotildees para o
experimento com inserto de metal duro A uacutenica variaccedilatildeo foi o material da ferramenta conforme
mostrado na tabela 27
53
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 6 590mmmin
Como o experimento com ceracircmica natildeo foi possiacutevel devido agrave alta potecircncia consumida do fuso
e a ocorrecircncia de avaria de quebra prematura a terceira fase de testes foi a reduccedilatildeo do nuacutemero de
insertos montados na ferramenta conforme demonstrado na tabela 28
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 3 295mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 3 295mmmin
Na sequumlecircncia dos experimentos fixou-se a menor velocidade de corte utilizada nos
experimentos e o uso apenas de insertos de metal duro ateacute entatildeo a melhor condiccedilatildeo de corte
experimentada variando somente o avanccedilo por dente conforme demonstra a tabela 29
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 110mmin 030mm 6 572mmmin
Metal Duro 110mmin 034mm 6 648mmmin
O maior avanccedilo por dente utilizado nos experimentos foi definido pela seguranccedila da maacutequina
no controle de potecircncia maacutexima utilizada ou seja a utilizaccedilatildeo do avanccedilo por dente de 034mm se
posicionava no limite de potecircncia da maacutequina
Todos os experimentos foram realizados reacuteplicas exceto os experimentos com variaccedilatildeo da
velocidade de corte que foi necessaacuterio realizar uma treacuteplica
54
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO
Este capiacutetulo descreveraacute os resultados dos experimentos As variaacuteveis analisadas satildeo a
evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos em funccedilatildeo da quantidade de peccedilas usinadas o tempo de
usinagem a quantidade de dentes da ferramenta em contato com a peccedila potecircncia consumida do fuso
e volume de cavaco removido
31 Cavaco
A usinagem do ferro fundido cinzento gera cavaco de ruptura na regiatildeo de cisalhamento
(Ferraresi 1970) O cavaco retirado do bloco do motor em ferro fundido vermicular utilizado nos
experimentos tambeacutem pode ser classificado como de ruptura mas eacute um pouco maior que o tiacutepico
gerado na usinagem do ferro fundido cinzento conforme mostra a figura 31
Como a deformaccedilatildeo do cavaco no momento do corte natildeo eacute homogecircnea por causa da
concentraccedilatildeo de tensatildeo ou pontos de baixa resistecircncia na parte traseira do cavaco (Diniz et al
2008) a parte de traz do cavaco eacute bem rugosa mesmo para um cavaco de ruptura conforme
demonstrado na figura 32
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura de CGI
Figura 32 - Face rugosa do cavaco de CGI
55
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel )
Na primeira fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
arestas) e o avanccedilo por dente foram fixados tendo como variaacutevel a velocidade de corte
Na velocidade de corte de 155mmin 30 peccedilas foram usinadas ateacute o desgaste de flanco do
inserto ultrapassar os 04mm (VB) conforme mostrado na figura 33
vc110
mmin
vc140
mmin
vc155
mmin
10 peccedilas 20 peccedilas 30 peccedilas
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte
Para as velocidades de corte de 110mmin e 140mmin foi possiacutevel mandrilar ateacute 40 peccedilas
conforme demonstrado na figura 34 O desgaste dos diversos insertos de uma mesma eram muito
proacuteximos mas foi decidido fazer as mediccedilotildees de insertos montados sempre na mesma posiccedilatildeo da
ferramenta Pode-se verificar que o inserto utilizado no experimento com maior velocidade de corte
resultou em um maior desgaste frontal (ainda figura 33) devido ao acreacutescimo de calor gerado no
processo concordando com a literatura (Diniz et al 2008)
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
56
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado
Como jaacute descrito anteriormente a maior velocidade de corte resulta em uma maior taxa de
desgaste frontal dos insertos Como mostra a figura 35 a influecircncia da velocidade de corte na taxa
de desgaste ficou clara somente a partir de 20 peccedilas usinadas ou seja o comportamento do desgaste
das arestas dos insertos foram muito semelhantes diferenciando em poucos centeacutesimos na usinagem
de ateacute 20 peccedilas O valor do desgaste foi 51 menor na velocidade de corte de 110mmin quando
comparado com a velocidade de corte de 140mmin apoacutes 40 peccedilas usinadas Analisando uma
diferenccedila ainda maior de velocidade de corte como por exemplo velocidade de corte de 110mmin
e 155mmin e fixando 30 peccedilas para comparaccedilatildeo jaacute que o experimento com a velocidade de corte
de 155mmin natildeo atingiu 40 peccedilas a diferenccedila foi de 60 Em outras palavras o valor do desgaste
VB apoacutes 30 peccedilas usinadas era 60 maior na ferramenta utilizada com 155 mmin que o desgaste da
ferramenta que usinou com 110 mmin
04mm
A B
04mm
Vc110mmin Vc140mmin
57
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos
Comparando o graacutefico de desgaste dos insertos com o graacutefico de potecircncia consumida do fuso
(figura 36) vecirc-se que conforme esperado agrave medida em que aumenta o desgaste da ferramenta
aumenta o atrito na interface ferramentapeccedila e consequumlentemente aumenta a potecircncia consumida
do fuso Na usinagem com ferramenta nova (peccedila 1 na figura 36) a potecircncia consumida com vc =
140 mmin foi cerca de 22 maior que quando se usinou com vc = 110 mmin (aumento de 27 no
valor da velocidade) enquanto a potecircncia consumida com velocidade de corte de 155mmin foi 9
maior que quando se usinou com vc = 140 mmin (aumento de 11 no valor da velocidade de corte)
Pode-se verificar que o aumento da potecircncia consumida foi pouco menor que o aumento da proacutepria
velocidade de corte Diniz et all (2008) afirmam que a potecircncia de corte pode ser dada pela equaccedilatildeo
31 Como nem profundidade de usinagem nem avanccedilo foram alterados nestes ensaios este
resultado significa que o aumento da velocidade de corte proporcionou uma pequena reduccedilatildeo no
valor da pressatildeo de corte o que concorda com o que foi tambeacutem afirmado por estes autores
cc vfapKsvFcPc (31)
Onde
Pc = potecircncia de corte
Fc = forccedila de corte
0
01
02
03
04
05
06
07
08
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Velocidade de corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
58
Ks = pressatildeo especiacutefica de corte
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para
ferramentas com 3 e 6 insertos)
Na segunda fase dos experimentos devido agrave utilizaccedilatildeo de insertos de ceracircmica foi utilizada a
velocidade de corte de 155mmin que eacute a maacutexima permitida pela maacutequina Como a intenccedilatildeo eacute
comparar o desempenho dos materiais dos insertos foi fixada a velocidade de corte de 155mmin o
avanccedilo por dente de 022mmin e inicialmente seis arestas na ferramenta tendo como variaacutevel o
material de ceracircmica e metal duro
Poreacutem natildeo foi possiacutevel realizar o experimento em questatildeo O ensaio teve que ser interrompido
porque todos os insertos se quebraram antes da ferramenta completar 10 peccedilas usinadas O desgaste
prematuro das arestas de corte do inserto de ceracircmica e o aumento da pressatildeo de corte devido ao
aumento na quantidade de arestas aumentaram bastante a tendecircncia agrave quebra dos insertos
Como natildeo foi possiacutevel a comparaccedilatildeo dos insertos de ceracircmica com insertos de metal duro
nestas condiccedilotildees decidiu-se realizar esta fase dos experimentos mantendo a velocidade de corte de
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Variaacutevel - Velocidade de Corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
59
155mmin e o avanccedilo por dente de 022mmin mas reduzndo o nuacutemero de arestas da ferramenta
para trecircs Realizou-se estes testes com ferramenta de metal duro e ferramenta ceracircmica
Pode-se verificar que para mandrilamento em desbaste de peccedilas em material de ferro fundido
vermicular insertos de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio natildeo se mostraram adequados ou seja haacute
um desgaste excessivo da aresta de corte conforme mostra a figura 37 Vecirc-se nesta figura que com
apenas 10 peccedilas usinadas o desgaste dos insertos ultrapassava 10mm de VB O inserto de metal duro
para esta mesma quantidade de peccedilas (10 peccedilas) apresentava desgaste de somente 022 mm
conforme demonstrado na figura 38
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm
Figura 38 ndash Aresta do inserto de metal duro
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm
A figura 39 mostra que inicialmente a potecircncia consumida pela maacutequina quando se utilizou
ferramenta ceracircmica era bem proacutexima daquela consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro Como pode ser visto nas figuras 27 e 28 e na tabela 23 as ferramentas utilizadas tecircm
geometrias idecircnticas Entatildeo este resultado mostra que o suposto menor coeficiente de atrito da
camada de TiAlN que recobre a ferramenta de metal duro natildeo teve influecircncia na diminuiccedilatildeo dos
esforccedilos de corte Poreacutem em poucas peccedilas usinadas devido ao excessivo desgaste das arestas de
corte haacute um aumento progressivo na potecircncia consumida do fuso para o experimento com ceracircmica
Apoacutes 10 peccedilas usinadas enquanto a potecircncia consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro aumentou 8 em relaccedilatildeo agrave potecircncia consumida na usinagem da primeira peccedila a potecircncia
quando se usou ferramenta ceracircmica aumentou em cerca de 41
04mm 04mm
60
Figura 39 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica
Como a comparaccedilatildeo entre insertos de metal duro e insertos de ceracircmica foi extremamente
favoraacutevel ao experimento de metal duro decidiu-se comparar a quantidade de insertos em uso na
ferramenta Assim os experimentos foram realizados com ferramenta de metal duro com trecircs
insertos e seis insertos fixando a velocidade de corte de 155mmin e o avanccedilo por dente de 023mm
Fotos das regiotildees desgastadas destas ferramentas estatildeo mostradas na figura 38
Trecircs(3)
insertos
Seis(6)
insertos
10 peccedilas 20 peccedilas
10
11
12
13
14
15
16
17
1 10 20
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Metal Duro x Ceracircmica
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Metal Duro Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Ceracircmica
04mm 04mm
04mm 04mm
61
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes
Verifica-se que o experimento com maior quantidade de insertos (6 insertos) em uso obteve
uma superioridade de 66 de vida com relaccedilatildeo ao experimento de menor quantidade de insertos (3
insertos) confirmando a literatura (REUTER et al1999) quando atingido a quantidade de 20 peccedilas
que foi o limitante para o experimento com trecircs insertos conforme mostra figura 311
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6
insertos
O aumento do nuacutemero de dentes aumenta o volume de cavaco removido por minuto sem
aumentar a carga realizada sobre cada aresta Portanto este aumento deve ser incentivado desde que
haja espaccedilo suficiente entre dentes para armazenar o cavaco e desde que a maacutequina tenha potecircncia e
rigidez para suportar este maior volume de cavaco removido A figura 312 abaixo mostra a maior
potecircncia consumida para o experimento utilizando seis insertos como variaacutevel mas ainda dentro do
permitido pela maacutequina Veja que com 100 no aumento da velocidade de avanccedilo devido ao dobro
da quantidade de dentes em uso a potecircncia consumida do fuso iniciou com uma diferenccedila de 73
ou seja confirma-se que a potecircncia de corte aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo porque o Ks
reduziu devido a maior velocidade de avanccedilo Se o Ks natildeo reduzisse com o aumento do avanccedilo a
diferenccedila da potecircncia consumida do fuso seria de 100
0
02
04
06
08
10 20 30
Des
gast
e V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas - Vb(mm) 3 insertos x 6 insertos
Vc 155mmin - MD fz 022 (3 INSERTOS)
Vc 155mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
62
Figura 312 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como
variaacutevel)
Na quarta fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
facas) a melhor velocidade de corte (vc 110mmin) encontrada nos primeiros experimentos e o
material da ferramenta (Metal Duro) foram fixados tendo como variaacutevel o avanccedilo por dente
Pode-se verificar que para velocidade de corte de 110mmin independente da variaacutevel avanccedilo
por dente a variaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do desgaste das arestas de corte foi muito pequena conforme
demonstrado nas figuras 313 e 314 O aumento do avanccedilo aumenta o volume de cavaco removido
por minuto e com isto aumenta o calor gerado Por outro lado o crescimento do avanccedilo faz com
que o contato do cavaco com a ferramenta se decirc em uma maior porccedilatildeo da superfiacutecie de saiacuteda Como
tem-se maior calor gerado mas com maior aacuterea da ferramenta para receber este calor a temperatura
da ferramenta natildeo se altera muito e por isso a influecircncia do avanccedilo no desgaste da ferramenta
quando existe eacute pequena (Diniz et al 2008)
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Nuacutemero de insertos como variaacutevel
Vc 155mmin (6 ins) fz 022 - MD
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - MD
63
fz
022mm
fz
030mm
fz
034mm
20 peccedilas 30 peccedilas 40 peccedilas
Figura 313 ndash Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos
Este resultado eacute bastante importante para um processo de desbaste como o analisado neste
trabalho O aumento do avanccedilo por dente faz com que o tempo de corte de uma peccedila seja reduzido
Como isto natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta tem-se com certeza um processo mais
produtivo (se a vida da ferramenta tivesse diminuiacutedo seria necessaacuterio cotejar a diminuiccedilatildeo do tempo
de corte contra o aumento de tempo de maacutequina parada para troca de ferramenta para afirmar que o
processo foi mais produtivo) com mesmo custo de ferramentas e menor custo de utilizaccedilatildeo da
maacutequina Haacute que se perguntar qual eacute o limite para o aumento do avanccedilo por dente Com certeza agrave
medida que se aumenta este valor para mesmo raio de ponta da ferramenta cresce o risco de quebra
da mesma A utilizaccedilatildeo de avanccedilos ainda maiores que os aqui utilizados eacute uma sugestatildeo para um
trabalho futuro
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
64
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por
dente como variaacutevel
A figura 315 mostra os resultados de potecircncia consumida versus nuacutemero de peccedilas usinadas
para os ensaios em que se teve variaccedilatildeo do avanccedilo por dente Nela percebe-se que haacute um aumento
na potecircncia consumida agrave medida que se aumenta o avanccedilo por dente Levando-se em consideraccedilatildeo a
potecircncia consumida na usinagem da 1ordf peccedila (ferramenta ainda sem desgaste) houve um aumento de
21 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 022mm para 030mm (36 de aumento
do avanccedilo) e um aumento de 9 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 030mm para
034mm (13 de aumento do avanccedilo) Isto estaacute em acordo com a literatura (Diniz Marcondes e
Coppini2008) que afirma que a Potecircncia de Corte (Pc) aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo da
avanccedilo (f) porque a Pressatildeo Especiacutefica de Corte (Ks) cai com o aumento de f Isto eacute possiacutevel
porque a contribuiccedilatildeo dada pelo fluxo lateral de cavaco (parte do volume de material deformado da
peccedila natildeo se transforma em cavaco mas sim escorrega entre a peccedila e a superfiacutecie de folga da
ferramenta) fica percentualmente menos importante quando se aumenta o avanccedilo
Outro ponto importante a ser destacado nesta figura eacute que a contribuiccedilatildeo do desgaste para o
crescimento da potecircncia consumida eacute significativa Quando se utilizou fz = 030 mm o crescimento
da potecircncia entre a 1ordf peccedila usinada e a 40ordf peccedila foi de 76 enquanto quando se usou fz = 022 mm
este crescimento foi de 20 (maior crescimento percentual dentre as 3 curvas) Esta diferenccedila de
0
01
02
03
04
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Avanccedilo por dente
Vc 110mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 030 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 034 (6 INSERTOS)
65
variaccedilatildeo percentual da potecircncia consumida entre a 1ordf e a 40ordf peccedila deve-se provavelmente ao da
potecircncia ao longo da vida da ferramenta natildeo eacute tatildeo intenso
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de
avanccedilo como variaacutevel
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste
Os insertos utilizados nos experimentos foram submetidos agrave anaacutelise por um microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (MEV) com sistema de energia dispersiva (EDS) Este procedimento
objetivou a anaacutelise do mecanismo de desgaste das arestas de corte
Foram analisadas as arestas dos insertos de metal duro em fim de vida utilizados nos
ensaios em que se variou a velocidade de corte e a quantidade de insertos Os insertos com a
variaccedilatildeo do avanccedilo por dente foram submetidos ao MEV e ao EDS a cada 10 peccedilas mandriladas ateacute
completar o fim de vida Com relaccedilatildeo aos ensaios com ferramenta de ceracircmica somente as arestas
utilizadas no experimento com trecircs insertos puderam ser analisadas porque no experimento
utilizando seis insertos de ceracircmicas os mesmos quebraram no momento do experimento
impossibilitando a anaacutelise
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso
Vc 110mmin fz 022mm
Vc 110mmin fz 030mm
Vc 110mmin fz 034mm
66
Os insertos usados nos experimentos foram limpos por ataque da soluccedilatildeo de 10 gramas de
ferrocianeto de potaacutessio [ K4 [ Fe(CN)6]] 10 gramas de hidroacutexido de potaacutessio (KHO) e 100
mililitro de aacutegua destilada imerso de 4 agrave 6 antes de serem colocados no microscoacutepio
A figura 316 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
Nesta figura natildeo se vecirc riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte que se ocorressem indicariam
desgaste de origem abrasiva Fez-se anaacutelise de EDS nos 3 pontos mostrados na figura e o resultado
destas anaacutelises estatildeo mostrados na figura 317 O ponto 2 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
predominacircncia de titacircnio e alumiacutenio pois ali a cobertura da ferramenta estaacute intacta (a cobertura eacute de
TiAlN) Nos pontos 1 e 3 que estatildeo mais proacuteximos da aresta de corte encontra-se uma alta
quantidade de ferro e manganecircs mostrando que houve adesatildeo de material da peccedila na regiatildeo
desgastada da superfiacutecie de folga
67
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 318 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 140 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Os pontos 1 2
e 3 mostrados na figura estatildeo fora da regiatildeo desgastada e a anaacutelise EDS neles (figura 319) indicou a
presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta como era de se esperar O ponto 3 aleacutem da
presenccedila de elementos da ferramenta mostrou tambeacutem a presenccedila de elementos do fluido de corte
68
como foacutesforo e pequena quantidade de material da peccedila provavelmente devido ao contato com o
material do cavaco retirado da peccedila
Figura 318 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
No ponto 4 verifica-se a presenccedila de elementos como ferro manganecircs e siliacutecio que satildeo
materiais presentes exclusivamente na peccedila usinada e no cavaco mostrando de novo que houve
adesatildeo de material da peccedilacavaco na regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga
69
Figura 319 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 320 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Nesta figura
pode-se tambeacutem ver que o desgaste e a velocidade de ocorrecircncia do desgaste foram tais que a
ferramenta chegou a lascar
70
Figura 320 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
A figura 321 mostra os resultados da anaacutelise EDS O ponto 4 que estaacute fora da regiatildeo
desgastada (ver figura 320) mostra somente a presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta Os
pontos 2 e 3 mostram a forte presenccedila de material da peccedilacavaco aderidos agrave superfiacutecie desgastada
O ponto 1 que estaacute na vizinhanccedila da regiatildeo lascada mostra principalmente a presenccedila de elementos
do substrato da ferramenta como tungstecircnio e cobalto mostrando que ali toda a camada de
cobertura jaacute havia sido removida
71
Figura 321 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
Depois da anaacutelise do desgaste destas 3 ferramentas pode-se concluir que ele ocorreu
principalmente devido ao mecanismo de adesatildeo e arranque de partiacuteculas da ferramenta (attrition) A
pressatildeo de corte foi tal que permitiu que durante a formaccedilatildeo do cavaco parte do material da
peccedilacavaco extrudasse entre ferramenta e peccedila (talvez auxiliado por algum desgaste inicial gerado
por um outro mecanismo) e aderisse agrave superfiacutecie de folga da ferramenta Esta camada aderida era
arrancada pelo atrito entre ferramenta e peccedila levando consigo partiacuteculas da cobertura e do substrato
da ferramenta Ao arrastar partiacuteculas da ferramenta o desgaste era mais ainda incentivado jaacute que
72
estas partiacuteculas bastante duras atritavam com a proacutepria ferramenta Pode-se concluir que o
mecanismo principal de desgaste foi este devido agrave presenccedila de camada do material da peccedilacavaco
aderida em todas as regiotildees desgastadas como tambeacutem pela regiatildeo do substrato exposta na figura
320 Conseguiu-se tirar uma foto da ferramenta no momento que naquela regiatildeo (ponto 1 da figura
320) a camada aderida havia sido removida e ainda natildeo tinha sido substituiacuteda por outra camada
deixando o substrato exposto Eacute loacutegico que na continuidade deste processo de desgaste
principalmente quando a taxa desgaste eacute alta devido agrave alta velocidade de corte (como ocorreu
quando se utilizou vc = 155 mmin) o risco de lascamento da ferramenta (remoccedilatildeo de macro-
partiacuteculas e natildeo de micro-partiacuteculas) eacute alto como se viu na ponta da ferramenta mostrada na figura
320
A figura 322 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 3 insertos
e ferramenta de ceracircmica
Figura 322 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica) em fim de vida da ferramenta
Haacute quatro pontos indicados conforme demonstrado na figura 322 Nos pontos 1 2 e 3
verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de siliacutecio (figura 323) que existe tanto na peccedila quanto no
inserto Poreacutem como o ponto 3 natildeo tem contato com a peccedila haacute grande probabilidade que o siliacutecio
73
encontrado seja somente do inserto Foi encontrado tambeacutem tacircntalo presente somente ao material
do inserto conforme demonstrado na figura 323 No ponto 4 que se refere exatamente agrave fronteira da
regiatildeo de desgaste (fronteira entre a aacuterea de contato com a peccedila e a aacuterea sem contato) verifica-se a
presenccedila de material como siliacutecio alumiacutenio e cobalto referente ao inserto mas tambeacutem zinco e
zircocircnio que satildeo materiais do oacuteleo refrigerante utilizado no experimento Isto significa que o fluido
de corte chegava bem proacuteximo agrave interface peccedila-ferramenta mas natildeo penetrava nela Assim o fluido
tinha uma accedilatildeo refrigerante bastante eficiente jaacute que atingia regiotildees proacuteximas agrave fonte geradora de
calor mas natildeo tinha accedilatildeo lubrificante pois natildeo penetrava nas interfaces para poder ter accedilatildeo de
reduccedilatildeo do coeficiente de atrito
Figura 323 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de
corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
74
Uma anaacutelise visual da figura 322 mostra uma superfiacutecie lisa e a figura 323 mostra a presenccedila
em pequena quantidade de elementos da peccedila Estes pontos satildeo indicaccedilotildees de que o desgaste
difusivo estiver presente Poreacutem a aparecircncia facetada da regiatildeo de desgaste tambeacutem indica que
houve quebra de partiacuteculas macroscoacutepicas da ferramenta talvez causada pela tensatildeo teacutermica gerada
pela alta refrigeraccedilatildeo realizada pelo fluido de corte
Numa tentativa de se entender o processo de desgaste da ferramenta de metal duro desde o
iniacutecio de sua vida fez-se anaacutelise da superfiacutecie desgastada de uma das ferramentas em vaacuterios
momentos de sua vida A figura 324 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie
de folga de uma das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030
mm 6 insertos e ferramenta de metal duro apoacutes 10 peccedilas usinadas
Figura 324 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 10 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 324 estaacute mostrada na figura 325
Nos pontos 1 e 2 verifica-se a presenccedila de elementos da cobertura (titacircnio e alumiacutenio) como
75
tambeacutem elementos do substrato da ferramenta (W) No ponto 3 que eacute um ponto fora da regiatildeo
desgastada encontra-se alta concentraccedilatildeo de alumiacutenio e titacircnio presentes na cobertura do inserto No
ponto 4 encontra-se ainda bastante material da cobertura da ferramenta Al e Ti Vecirc-se que apoacutes 10
peccedilas usinadas ainda natildeo se iniciou o processo de adesatildeo da material da peccedilacavaco na superfiacutecie
de folga da ferramenta (natildeo se verifica a presenccedila marcante de Fe na regiatildeo de desgaste) adesatildeo
esta bastante presente na ferramenta apoacutes 40 peccedilas usinadas Tambeacutem mesmo na regiatildeo desgastada
ainda se verifica bastante a presenccedila de material da cobertura o que demonstra que o desgaste natildeo
era profundo a ponto de remover esta camada de material
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 325 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas
76
A figura 326 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 20 peccedilas usinadas
Figura 326 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 20 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 326 estaacute mostrada na figura 327 No
ponto 1 verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de tungstecircnio referente ao substrato do inserto e
uma pequena concentraccedilatildeo de Fe da peccedila Conclui-se entatildeo que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada a
cobertura jaacute havia sido removida e o processo de adesatildeo de material da peccedilacavaco dava sinais de
sua presenccedila No ponto 2 a presenccedila do Fe proveniente da peccedilacavaco eacute bastante intensa
mostrando que o processo de adesatildeo jaacute havia realmente se iniciado O ponto 3 eacute fora da regiatildeo
desgastada e portanto somente possui elementos da cobertura da ferramenta como alumiacutenio e
titacircnio Algum teor de W aparece porque a anaacutelise EDS eacute capaz de detectar elementos que estaacute a
alguma distacircncia da superfiacutecie analisada Assim o W que estaacute a alguns microns de distacircncia eacute
mostrado na anaacutelise No ponto 4 encontra-se somente alumiacutenio e titacircnio da cobertura mostrando
que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada o processo de adesatildeo ainda natildeo havia se iniciado
77
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 327 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 20 peccedilas usinadas
A figura 328 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 30 peccedilas usinadas
78
Figura 328 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 30 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 328 estaacute mostrada na figura 329
Similarmente ao que ocorreu com a ferramenta apoacutes 20 peccedilas usinadas agora com 30 peccedilas
usinadas a regiatildeo desgastada mostra ponto coberto por material da peccedilacavaco (ponto 1) ponto em
que a cobertura havia sido removida e o substrato estaacute exposto (ponto 2) e ponto em que a cobertura
ainda estava intacta (ponto 4) Logicamente o ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
somente elementos da cobertura e pouco concentraccedilatildeo de elementos do substrato da ferramenta
79
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 329 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 30 peccedilas
A figura 330 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 40 peccedilas usinadas (fim do ensaio)
80
Figura 330 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 40 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 330 estaacute mostrada na figura 331
Nos pontos 1 e 2 constata-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de ferro presente na peccedilacavaco
indicando que o processo de adesatildeo na ferramenta jaacute era bastante acentuado Mesmo assim ainda
havia uma parte da porccedilatildeo desgastada em que o desgaste natildeo havia se aprofundado na ferramenta e
assim a cobertura ainda estava presente (ponto 4 que tem forte concentraccedilatildeo de Ti e Al da
cobertura) No ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada apresenta logicamente somente
elementos da cobertura
81
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 331 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 40 peccedilas usinadas
Apoacutes a anaacutelise destas figuras pode-se tentar definir quais foram os mecanismos de desgaste da
ferramenta ao longo de sua vida Com 10 peccedilas usinadas a adesatildeo ainda natildeo estaacute presente Algum
outro mecanismo de desgaste (provavelmente a difusatildeo dada a aparecircncia lisa da regiatildeo desgastada
tiacutepica do desgaste difusivo sem a presenccedila de riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte tiacutepicos da abrasatildeo)
foi o responsaacutevel pela remoccedilatildeo da camada de cobertura (jaacute se vecirc pontos com o substrato exposto na
figura 331) que gerava o aumento do coeficiente de atrito e propiciava a adesatildeo do material da
peccedilacavaco A presenccedila de algum desgaste tambeacutem facilitou a extrusatildeo deste material entre peccedila e
ferramenta para que a adesatildeo fosse possiacutevel A partir disto a adesatildeo comeccedilou a crescer
82
gradualmente Com 20 peccedilas usinadas jaacute se tinha mais presenccedila de Fe oriundo da peccedila na ferramenta
e tambeacutem porccedilotildees com o substrato exposto (W mostrado na anaacutelise EDS) e a partir da peccedila 30 a
adesatildeo estava bastante presente tornando-se o principal mecanismo de desgaste que conduziu a
ferramenta a valores alto de desgaste
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido
A figura 332 mostra a vida da ferramenta para cada experimento realizado no qual fica
caracterizado que menores velocidades de corte e material de metal duro satildeo os mais indicados para
o processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco do motor fabricado em ferro
fundido vermicular Vecirc-se nesta figura que o uso de inserto com material de ceracircmica agrave base de
nitreto de siliacutecio natildeo se mostrou adequado para este tipo de operaccedilatildeo Vecirc-se tambeacutem que os avanccedilos
por dente utilizados no experimento mantiveram a mesma vida de ferramenta
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos
Para se ter uma ideacuteia de qual foram as melhores condiccedilotildees de usinagem dentre as que foram
testadas neste trabalho e consequumlentemente escolher o conjunto de condiccedilotildees a serem utilizadas no
0
10
20
30
40
50
Vc 110mmin
Fz022mmmin
Vc 110mmin
Fz030mmmin
Vc 110mmin
Fz034mmmin
Vc 140mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 3 insertos MD 3 insertos
Ceracircmica
6 insertos
Ceracircmica
40 40 40
30
23
12
4
Quebra
Nuacute
mer
o d
e p
eccedila
s
Vida da ferramenta de metal duro e ceracircmica no processo de mandrilamento em desbaste do Ferro Fundido Vermicular
83
meio produtivo construiu-se a figura 333 Na construccedilatildeo desta figura os experimentos em que se
utilizou ferramentas ceracircmicas natildeo foram levados em consideraccedilatildeo jaacute que o desempenho destas
ferramentas natildeo foi razoaacutevel Os ensaios em que se utilizou avanccedilo por dente de 022 mm e se
variou a velocidade de corte se a maacutequina utilizada nesta operaccedilatildeo natildeo for gargalo (isto eacute o tempo
da operaccedilatildeo natildeo eacute importante) a condiccedilatildeo a ser utilizada eacute aquela com velocidade de corte de
110mmin jaacute que ela propicia economia de ferramenta Se a maacutequina for gargalo haacute que se calcular
a velocidade de maacutexima produccedilatildeo (vcmxp) para este avanccedilo a fim de se escolher a velocidade a ser
utilizada Diniz et al (2008) definem vcmxp de acordo com a equaccedilatildeo 32
x
ft
cmxptx
Kv
1
))1(
(
(32)
Onde K e x satildeo os expoentes da equaccedilatildeo de vida da ferramenta de Taylor (Tvcx=K) tft eacute o
tempo de troca da ferramenta e T eacute a vida da ferramenta em minutos
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido
Utilizando-se os dados de vida de ferramenta obtidos nos ensaios com as 3 velocidades de
corte utilizadas neste trabalho tem-se que x e K satildeo respectivamente 26 e 79x106 Com isto
considerando-se um tempo de troca das ferramentas de 2 minutos tem-se que a velocidade de
maacutexima produccedilatildeo eacute 2895 mmin Assim em uma maacutequina gargalo utilizando-se o avanccedilo por dente
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Vc110mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 030mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 034mm
Vc140mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc155mmin 6 insertos Fz 022mm
Vo
lum
e d
e ca
vaco
(cm
3)
Tem
po
de
usi
nag
em (
min
)
Tempo de usinagem x Volume de cavaco removido Tempo de usinagem
Volume de material removido
84
de 022 mm dentre as velocidades utilizadas nos ensaios seria interessante utilizar-se a velocidade
de 155 mmin jaacute que a usinagem com este valor de vc apesar de consumir mais ferramentas
propicia menor tempo de produccedilatildeo por peccedila (jaacute que ela a maior velocidade dentre as utilizadas que
ainda eacute menor que vcmxp)
Como visto o uso de maiores avanccedilos natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta Assim
como se estaacute em operaccedilatildeo de desbaste (a rugosidade da peccedila natildeo eacute importante) eacute interessante
utilizar-se o maior avanccedilo possiacutevel Dentre os utilizados neste trabalho seria adequado se utilizar fz
= 034 mm pois com ele consegue-se um corte mais raacutepido sem ainda se ter quebra da aresta de
corte Seria importante tambeacutem se obter a velocidade de maacutexima produccedilatildeo com este avanccedilo a fim
de se saber a velocidade a ser utilizada se a maacutequina for gargalo Esta eacute uma outra sugestatildeo para um
futuro trabalho
85
4 CONCLUSOtildeES
Esta dissertaccedilatildeo teve por objetivo analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar influencias
positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor fabricado
em ferro fundido vermicular
Por meio dos resultados obtidos nas condiccedilotildees experimentadas pode-se concluir que
Quanto maior a velocidade de corte menor a vida final da ferramenta
A utilizaccedilatildeo de um maior nuacutemero de insertos na ferramenta proporcionou maior vida
tanto em termos de tempo de usinagem quanto em termos de volume de material
removido
Insertos de ceracircmica com nitreto de siliacutecio natildeo satildeo indicados para o mandrilamento em
desbaste do ferro fundido vermicular
A alteraccedilatildeo da velocidade de avanccedilo natildeo influencia na vida da ferramenta
Apoacutes definir a melhor velocidade de corte a velocidade de avanccedilo foi limitada pela
potecircncia consumida do fuso e natildeo pelo desgaste das arestas dos insertos
A melhor condiccedilatildeo de corte foi velocidade de corte de 110mmin avanccedilo por dente de
034mm e seis insertos de metal duro montados simultaneamente
O principal mecanismo de desgaste de flanco das pastilhas de metal duro foi o
ldquoattritionrdquo Poreacutem para que a adesatildeo de material da peccedilacavaco sobre a superfiacutecie de
folga pudesse acontecer foi necessaacuterio que inicialmente algum outro mecanismo
(provavelmente a difusatildeo) gerasse o desgaste da ferramenta
Sugestotildees para proacuteximos trabalhos
As informaccedilotildees descritas prevecircem possibilidades das variaccedilotildees sabendo-se que
86
o laboratoacuterio utilizado neste trabalho natildeo as permitiu
o Utilizaccedilatildeo de maiores velocidades de corte conjuntamente com maiores avanccedilos por
dente
o Utilizaccedilatildeo de outros materiais de ferramentas O CBN seria uma opccedilatildeo a ser testada
o Variaccedilatildeo das alturas das pastilhas tanto na direccedilatildeo axial quanto na direccedilatildeo radial
o Verificar se eacute possiacutevel aumentar ainda mais o nuacutemero de arestas da ferramenta para
propiciar ainda maior produccedilatildeo
87
5 REFEREcircNCIAS
BALDACIM Sandro A Desenvolvimento Processamento e Caracterizaccedilatildeo de
Compoacutesitos Ceracircmicos Si3N4 ndash SiC(w) 2000 170p Tese (Doutorado) Departamento de Pesquisas
Energeacuteticas e Nucleares Universidade Estadual de Satildeo Paulo Satildeo Paulo
BELONI AL Metodologia via redes neurais para estimativa da rugosidade e do
desgaste de ferramentas de corte no processo de fresamento frontal 2001 194p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Uberlacircndia Minas
Gerais
BRAUN Silvana Appel LG Schmal M A poluiccedilatildeo gerada por maacutequinas de combustatildeo
interna movidas a diesel - a questatildeo dos particulados Estrateacutegias atuais para a reduccedilatildeo e
controle das emissotildees e tendecircncias futuras Quiacutemica Nova Vol 27 No 3 472-482 2003
CHIAVERINI Vicente Accedilos e Ferros Fundidos Caracteriacutesticas Gerais Tratamento
Teacutermico Principais Tipos 7deg Ediccedilatildeo ampliada e revisada Associaccedilatildeo Brasileira de Metalurgia e
Materiais 2005
CONSALTER L GUEDES L PUREY J - Usinabilidade de ferros fundidos FMP Guia
de Equipamentos e Insumos 1987
DAWSON S Compacted Graphite Iron Mechanical and Physical Properties for Engine
Design SinterCast - Technical Publication 1999
DAWSON S HOLLINGER I ROBBINS H DAETH J REUTER U SCHULZ H
The effect of metallurgical variables on the machinability of compacted graphite iron SAE
World Congress 2001
DAWSON S Process Control for the Production of Compacted Graphite Iron AFS
Casting Congress 2002
88
DAWSON S SCHROEDER T Practical Applications for Compacted Graphite Iron AFS
Transactions 2004
DAWSON S Compacted Graphite Iron ndash A New Material for Highly Stressed Cylinder
Blocks and Cylinder Heads Internationales Wiener Motorensymposium 2007
DINIZ AE MARCONDES FC COPPININL Tecnologia da Usinagem dos
Materiais 6deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Artiliber Editora 2008 262p
DOREacute C BOEHS L GUESSER L W Avaliaccedilatildeo da Usinabilidade do Ferro Fundido
Vermicular com Diferentes Microestruturas 8th Congresso Iberoamericano de Engenharia
Mecacircnica 2007
FERRARESI Dino Fundamentos da Usinagem dos Metais vol 1 Satildeo Paulo
Editora Edgard Bluumlcher LTDA 1970 754p
FERRER Jorge A G Uma Contribuiccedilatildeo ao Fresamento Frontal de Superfiacutecies
Irregulares de Ferro Fundido Cinzento 2006 228p Tese (Doutorado) Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
FERRER Jorge A G DINIZ A E Otimizaccedilatildeo do fresamento frontal de diversas superfiacutecies
de ferro fundido cinzento Anais do III Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricaccedilatildeo -
COBEF Vol 1 pp1 ndash1 Joinville Santa Catarina 2005
GABALDO Sander Uma Contribuiccedilatildeo a Melhoria do Processo de Fresamento de Ferro
Fundido Vermicular ndash CGI 2009 136p Tese (Mestrado) Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
89
GODINHO AF Anaacutelise do Mandrilamento de cilindros de bloco de motores em Ferro
Fundido Vermicular com diferentes concepccedilotildees de ferramentas 2007 128p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
GUEDES Luiz F M FENGPUCRS Processo de usinagem e conformaccedilatildeo 2006
KASSACK J REUTER U AUDI CGI Production Planning In 5th COMPACTED
GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat Darmstadt 2002
KOPPKA Frank ABELE Eberhard Economical processing of compacted graphite iron 6th
COMPACTED GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat
Darmstadt 2003
GUESSER L W SCHROEDER T DAWSON S Production experience with compacted
graphite iron automotive components AFS Transactions 01-071 2001
MACHADO AR ABRAtildeO A M COELHO R T DA SILVA MB Teoria da
Usinagem dos Materiais 1 ed Satildeo Paulo Editora Blucher 2009 384 p
MAKINO Disponiacutevel em ltcompetitiveproductioncom features default aspx articlegt
Acesso em Janeiro de 2011
MAPAL do BRASIL Disponiacutevel em ltMapalcomenproductscatalogues-and-brochuresgt
Acesso em Dezembro de 2010
MARWANGA R O VOIGT R C COHEN P H Influence of Graphite Morphology and
Matrix Structure on Chip Formation During Machining of Gray Irons AFS Transactions
American Foundrysmen Society 1999
90
MOCELLIN Fabiano Desenvolvimento de Tecnologia para Brunimento de Cilindros de
Blocos de Motores em Ferro Fundido Vermicular Tese 2007 264p Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
MOCELLIN Fabiano BOHES Prof Lourival Study of the Machinability of Compacted
Graphite Iron for Drilling Process Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science and
engineering 2004
MOURA Bruna S Transesterificaccedilatildeo Alcalina de Oacuteleos Vegetais para Produccedilatildeo de
Biodiesel Avaliaccedilatildeo Teacutecnica e Econocircmica Dissertaccedilatildeo 2010 166p Departamento de Engenharia
Quiacutemica Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
NICOLELLA Gilberto Marques JF Skorupa L A Sistema de Gestatildeo Ambiental aspectos
teoacutericos e anaacutelise de um conjunto de empresas ISSN 1516-4691 Documento 39 Embrapa Meio
Ambiente 43p Jaguariuacutena SP 2004
REUTER U SCHULZ H Compact and bijou The problems associated with compacted
graphite iron manufacturing can be overcome Engine Technology International 1999
REUTER U SAHM A SCHULZ H CGI production on transfer lines and machining
centers Compacted Graphite Iron Machining Workshop 2000
SAHM A ABELE E SCHULZ H State of the art in CGI machining 5th Compacted
Graphite Iron Machining Workshop 2002
SINTERCAST Compacted Graphite Iron Technical Publication What is CGI Disponiacutevel
emlthttpwwwsintercastcomTecnologygt Acesso em marccedilo de 2010
STEMMER C E Ferramentas de corte I 3 ed Florianoacutepolis Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina 1993 249 p
91
SOUTO Ulisses B Monitoramento do desgaste de ferramenta no processo de
fresamento via emissatildeo acuacutestica Tese 2007 Pag19 Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Federal de Uberlacircndia
TRENT E WRIGHT P Metal Cutting 4ordf ed Woburn Editora Butterworth-Heinemann
2000 446p
VASILASH Gary S Automotive Design amp Production Gardner Publication 2006
WALTER AG Cataacutelogo Geral Cataacutelogo Satildeo Paulo 2007
XAVIER Fabio A Aspectos Tecnoloacutegicos do Torneamento do Ferro Fundido
Vermicular com Ferramentas de Metal Duro Ceracircmica e CBN 2003 146p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
XAVIER Fabio A Estudo dos mecanismos de desgaste em ferramentas de nitreto de
siliacutecio aplicadas no torneamento dos ferros fundidos vermicular e cinzento 2009 267p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
YUSSEFIAN NZ MOETAKEF-IMANI B The prediction of cutting force for boring
process International Journal of Machine Tools amp Manufacture 2008
v
Agradecimentos
Este trabalho natildeo poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas agraves quais presto
minha homenagem
- Primeiramente a Deus por me conceder mais esta etapa de minha vida
- A minha famiacutelia que me apoiaram em todos os momentos
- Ao meu orientador Anselmo Eduardo Diniz pela oportunidade compreensatildeo e paciecircncia de
me orientar
- A empresa MAPAL do Brasil na pessoa do Sr Rogeacuterio e Sr Bighetti pelos insertos
utilizados nos experimentos
- Ao Sr Enrique Devicente pela ajuda no procedimento de mediccedilatildeo do desgaste das pastilhas
- Ao Sr Marcos Hermiacutenio Joseacute Esteves pela ajuda nos testes realizados na linha de produccedilatildeo
- Ao Sr Fabio Luis Gomes Mingutti pela ajuda na captura dos dados de potecircncia do
equipamento em cada experimento
- Ao Sr Sander Gabaldo pela ajuda na revisatildeo bibliograacutefica
- Ao Sr Glevison Torres Ruas pela ajuda na anaacutelise do MEV e EDS dos insertos
vi
Embora ningueacutem possa voltar atraacutes e fazer um novo comeccedilo
qualquer um pode comeccedilar agora e fazer um novo fim
Ningueacutem eacute bom por acaso a virtude deve ser bem aprendida
Chico Xavier
vii
Resumo
DALO Marco Aurelio Estudo do Desempenho de Ferramenta de Corte no Processo de
Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas
Faculdade de Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas 2011 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado)
Existe hoje uma tendecircncia no mercado de veiacuteculos de motor diesel a fabricarem os blocos dos
motores em ferro fundido vermicular devido agrave melhor eficiecircncia de combustatildeo e maior resistecircncia agrave
compressatildeo permitindo paredes de galerias mais finas com consequumlecircncia na reduccedilatildeo do peso do
bloco quando comparado ao bloco usual feito de ferro fundido cinzento Desta forma seria possiacutevel
atender agraves novas exigecircncias do mercado e do meio ambiente
Poreacutem a difiacutecil usinabilidade deste material obriga ao levantamento de condiccedilotildees de usinagem
e ao desenvolvimento de ferramentas que possam melhorar a produtividade dos processos de
usinagem dos blocos O mandrilamento em desbaste dos mancais do bloco do motor eacute uma das
operaccedilotildees de usinagem mais carentes de desenvolvimento dentre as utilizadas na produccedilatildeo do bloco
de ferro fundido vermicular
A variaccedilatildeo do material da ferramenta e as condiccedilotildees de corte utilizadas no processo de
usinagem foram as variaacuteveis testadas neste trabalho para buscar o melhor desempenho do processo
de mandrilamento do bloco Os resultados demonstraram que ferramentas de material ceracircmico
sofreram um desgaste frontal excessivo da aresta de corte por difusatildeo e as ferramentas de metal duro
obtiveram um melhor resultado em comparaccedilatildeo com a ceracircmica Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de corte
resultados com o uso de menores velocidades de corte demonstraram um menor desgaste frontal das
arestas de corte A potecircncia consumida do fuso foi o limitante para o maacuteximo avanccedilo por dente
utilizado nos experimentos
Palavras-chave ferro fundido vermicular CGI mandrilamento usinabilidade
viii
Abstract
DALO Marco Aurelio Performance of the cutting tools in the boring machining process vermicular
cast iron - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas Mechanical Engineering Faculty State
University of Campinas 2009 Thesis (Msc)
Today there is a trend in the market for diesel vehicles manufactured in compacted graphite
iron due to better combustion efficiency of the engine and greater resistance to compression
allowing thinner walls of galleries with a result in reducing the weight of the block when compared
to the usual block made of the gray cast iron Thus it would be possible to meet new market
demands and the environment
However the difficult machinability of this material requires the survey of the machining
conditions and development of the tools that can improve productivity of machining processes of the
blocks The rough boring in the bearings of the engine block is one of the machining operations of
the poorest development among those used in the production of compacted graphite iron block
The variation of the tool material and cutting conditions used in the machining process
variables were tested in this work to get the best performance of the process of boring the block The
results show that ceramic tools have suffered excessive front wear of the cutting edge diffusion and
carbide tools had a better outcome in comparison with the ceramic With respect to cutting
conditions results from the use of lower cutting speeds showed a lower front wear of the cutting
edges The power consumption of the spindle was limited for maximum feed per tooth used in the
experiments
Key words Compacted graphite iron CGI boring machinability
ix
Lista de Figuras
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido Vermicular
(SAHM et al 2002) 2
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010) 5
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002) 13
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000 apud
ROSA 2009) 15
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999) 16
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999) 17
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico 22
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico 22
Figura 19 ndash Mandrilamento radial 23
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970) 23
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010) 24
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos 25
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento 26
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
(YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE 39
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise metalograacutefica
(norma MANN M33402004) 40
Figura 23 ndash Micrografia mostrando a morfologia da grafita 41
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrutura da matriz matriz perliacutetica 41
x
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte 42
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm 42
Figura 27 ndash Inserto de metal duro 43
Figura 28 ndash Inserto de ceracircmica WTXQ090608 0906 MN KS6000 43
Figura 29 ndash Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios 43
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos 44
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado 44
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB 46
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina 46
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER 47
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos insertos 47
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento 48
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura do CGI 51
Figura 32 ndash Face rugosa do cavaco do CGI 51
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte 52
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado 53
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos 53
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte 54
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm 55
Figura 38 - Aresta do inserto de metal duro desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm 55
Figura 39 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica 56
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes 57
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6 insertos57
xi
Figura 312 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes 58
Figura 313 - Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos 59
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por dente
como variaacutevel 60
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de avanccedilo
como variaacutevel 61
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 62
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de
corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 63
Figura 318 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 64
Figura 319 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 64
Figura 320 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 65
Figura 321 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 66
Figura 322 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica)
em fim de vida da ferramenta 67
Figura 323 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 68
Figura 324 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 10 peccedilas usinadas 69
Figura 325 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas 70
Figura 326 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 20 peccedilas usinadas 71
Figura 327 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 20 peccedilas usinadas 72
xii
Figura 328 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 30 peccedilas usinadas 73
Figura 329 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 30 peccedilas usinadas 74
Figura 330 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 40 peccedilas usinadas 75
Figura 331 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 40 peccedilas usinadas 76
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos 77
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido 78
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010) 8
Tabela 12 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular perliacutetico
(SINTERCAST 2001 apud ROSA 2009) 8
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em temperatura
ambiente (CHIAVERINI 2005) 9
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) 11
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI 2005) 19
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970) 32
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro 38
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor 42
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN) 43
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento 45
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 47
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 48
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes 52
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes 53
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes 53
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes 53
xiv
Lista de abreviaturas e nomenclaturas
Fe - Ferro
C - Carbono
Si - Siliacutecio
P - Foacutesforo
Ti - Titacircnio
Mg - Magneacutesio
Mn - Manganecircs
Ni - Niacutequel
Nb - Nioacutebio
Cs - Ceacutesio
Cu - Cobre
Sn - Estanho
S - Enxofre
Co - Cobalto
W - Tungstecircnio
Ce - Ceacuterio
Ca - Caacutelcio
VB MAX - Desgaste de flanco maacuteximo
VB - Desgaste de flanco
vc - Velocidade de corte
Vf - Velocidade de avanccedilo
f - Avanccedilo
ap - Profundidade de corte
Ks - Pressatildeo especiacutefica de corte
Pc - Potecircncia de corte
degC - Grau Celsius
CE - Carbono Equivalente
xv
CGI - Compacted Graphite Iron
MPa - Mega Pascoal
GPa - Giga Pascoal
HB - Hardness Brinell
ISO - International Organization for Standardization
SAE - Society of Automotive Engineers
GJV - Gusseisen mit Vermiculargrafit
ASTM - American Society for Testing Materials
VDG - Verein Deutsche Gieszligereifachleute
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
APC - Aresta Posticcedila de Corte
CBN - Cubic Boron Nitride
PCBN - Polycrystalline Cubic Boron Nitride
CVD - Chemical Vapour Deposition
PVD - Physical Vapour Deposition
EDS - Energy Dispersive x-ray Spectrometer
MEV - Microscoacutepio Eletrocircnico de Varredura
KHO - Hidroacutexido de Potaacutecio
[K4[Fe(CN)6]]- Ferrocianeto de Potaacutecio
xvi
SUMAacuteRIO
Dedicatoacuteria iv
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xiii
SUMAacuteRIO xvi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Motor Diesel 3
12 Propriedades e vantagens do motor diesel 4
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular 4
14 Propriedades do ferro fundido 8
15 Processo de Fabricaccedilatildeo 11
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo 12
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular 13
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade 14
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade 17
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade 18
111 Processo de Mandrilamento 20
112 Tipos de Mandrilamento 21
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17) 21
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18) 22
xvii
1123 Mandrilamento Radial (figura 19) 22
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110) 23
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular 24
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro 24
1132 Mandrilamento com insertos rotativos 25
1133 Freso-mandrilamento 25
1134 Mandrilamento com insertos de PCD 26
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento 26
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento 28
1151 Inserto de Metal Duro 30
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro 34
1153 Insertos de Material Ceracircmico 36
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte 38
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 41
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos 41
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos 41
23 Ferramenta de Corte (insertos) 45
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado 47
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos 48
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos 49
27 Processo de Usinagem 51
28 Procedimento experimental 51
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO 54
xviii
31 Cavaco 54
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel ) 55
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para ferramentas com 3
e 6 insertos) 58
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como variaacutevel) 62
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste 65
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido 82
4 CONCLUSOtildeES 85
5 REFEREcircNCIAS 87
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Haacute uma grande preocupaccedilatildeo da sociedade com relaccedilatildeo ao meio ambiente e com isso as
exigecircncias da Legislaccedilatildeo Ambiental com relaccedilatildeo agrave emissatildeo de poluentes estatildeo se tornando cada vez
mais severas Esta severidade obriga o desenvolvimento de novas tecnologias para reduccedilatildeo destes
poluentes em todos os segmentos automotivos (NICOLELLA et al 2004) O motor diesel tem
maior durabilidade torque e eficiecircncia em comparaccedilatildeo ao motor OTTO mas em contrapartida
emite elevados niacuteveis de materiais particulados e de compostos responsaacuteveis pelo odor caracteriacutestico
da emissatildeo do diesel ao ambiente (BRAUN et al 2003) Devido agraves vantagens relacionadas ao motor
diesel percebeu-se a necessidade de desenvolver soluccedilotildees para reduzir as desvantagens da
aplicaccedilatildeo Um destes desenvolvimentos foi voltado agrave fabricaccedilatildeo dos blocos do motor com material
conhecido como ferro fundido vermicular que permite desenvolver um motor mais eficiente e com
melhor desempenho pois admite maiores pressotildees na cacircmara de combustatildeo devido agraves suas boas
propriedades mecacircnicas (GUESSER et al 2001) Este material tambeacutem eacute conhecido como CGI
(Compacted Graphite Iron) e estaacute se posicionando no mercado com grande potencial para substituir
o Ferro Fundido Cinzento ateacute entatildeo usado pelas empresas Devido agrave maior resistecircncia mecacircnica do
material vermicular eacute possiacutevel obter paredes mais finas nas galerias de um bloco do motor tendo
como consequumlecircncia a reduccedilatildeo do peso do motor e o aumento na potecircncia O meio ambiente eacute
favorecido devido a necessidade de uma menor quantidade de mineacuterio de ferro reduccedilatildeo de energia
para fabricaccedilatildeo do material e reduccedilatildeo da energia para movimentaccedilatildeo do veiacuteculo devido ao peso
A empresa que deteacutem a tecnologia para uso do material vermicular pode ter vantagens sobre
seus concorrentes jaacute que o atual mercado eacute muito competitivo e concorrido Com as vantagens na
utilizaccedilatildeo do material CGI e as muitas liccedilotildees aprendidas na sua fundiccedilatildeo e na sua usinagem em um
futuro natildeo muito longiacutenquo outras peccedilas poderatildeo ser confeccionadas utilizando este mesmo
material para aumentar as exigecircncias em qualquer outro segmento
O bloco eacute a maior e mais importante peccedila de um motor na qual quase todos os componentes
satildeo acoplados Para fabricaccedilatildeo do bloco do motor em ferro fundido vermicular satildeo necessaacuterios
alguns processos de usinagem dentre eles o mandrilamento Poreacutem a ferramenta de corte neste
processo pode atingir apenas 5 da vida alcanccedilada quando se usina ferro fundido cinzento
(XAVIER 2003) como mostra a figura 11
2
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido
Vermicular (SAHM et al 2002)
O mandrilamento do mancal do bloco do motor tambeacutem eacute um aspecto negativo para usinagem
devido agrave deflexatildeo estaacutetica da ferramenta e vibraccedilotildees geradas pelas finas paredes Haacute tambeacutem outros
fatores que influenciam negativamente como a fixaccedilatildeo da peccedila a rigidez da maacutequina-ferramenta o
fluiacutedo de corte e a quantidade de material a ser removido (sobre-metal) A variaccedilatildeo destes fatores
tambeacutem influencia o desempenho da ferramenta (GODINHO 2007)
Com o desenvolvimento de novos conceitos de ferramentas para mandrilamento e de
estrateacutegias de usinagem a operaccedilatildeo de mandrilamento em blocos de motores produzidos em ferro
fundido vermicular tornou-se mais econocircmica e tecnicamente viaacutevel Entretanto o tempo de ciclo
quando comparado com o ferro fundido cinzento ainda eacute significativamente maior assim como as
toleracircncias geomeacutetricas do diacircmetro mandrilado em acabamento (SAHM et al2002)
Devido ao baixo desempenho das ferramentas de corte no processo de mandrilamento em
ferro fundido vermicular cabe uma atenccedilatildeo especial no seu desenvolvimento tecnoloacutegico tanto no
processo de fabricaccedilatildeo quanto no processo de utilizaccedilatildeo da ferramenta de corte
Com estudos para o melhor desempenho da ferramenta eacute possiacutevel reduzir estoques paradas
de maacutequinas e o risco de falha de ferramentas (BELONI 2001) Assim reduz a possibilidade de
retrabalho rejeiccedilatildeo da peccedila e o descarte da ferramenta possibilitando o trabalho de Manufatura
Enxuta
3
Sendo assim o objetivo deste trabalho eacute analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar
influencias positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor
fabricado em ferro fundido vermicular Com tantos aspectos negativos conduzir-se-aacute um estudo de
avaliaccedilatildeo de desempenho da ferramenta alternando paracircmetros de corte (velocidade de corte e
avanccedilo por dente) potecircncia consumida do fuso da maacutequina para cada paracircmetro material do inserto
utilizado e a influecircncia do desgaste VB MAX
Este trabalho foi preparado conforme partes descritas abaixo
CAPIacuteTULO 1
- Este capiacutetulo descreve sobre a histoacuteria do motor diesel suas propriedades e vantagens
Caracteriacutesticas e propriedades do ferro fundido vermicular aleacutem do controle e fabricaccedilatildeo Descreve
tambeacutem sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular e o processo de mandrilamento
CAPIacuteTULO 2
- Este capiacutetulo descreve sobre o material os equipamentos e os experimentos realizados
CAPIacuteTULO 3
- Este capiacutetulo descreve os resultados obtidos nos experimentos
CAPIacuteTULO 4
- As discussotildees estatildeo descritas neste capiacutetulo
CAPIacuteTULO 5
- Este capiacutetulo informa as conclusotildees do trabalho realizado e sugestotildees para futuros
trabalhos
11 Motor Diesel
O motor a diesel foi inventado por Rudolf Christian Karl Diesel e patenteado em 23 de
fevereiro de 1897 Como natildeo foi dada muita importacircncia ao invento na eacutepoca ele disse ldquoO uso de
oacuteleos vegetais como combustiacutevel pode parecer insignificante hoje mas tais oacuteleos podem se tornar ao
longo do tempo tatildeo importantes quanto o petroacuteleo e o carvatildeo de hojerdquo ndash Rudolf Diesel 1912 Rudolf
Diesel engenheiro mecacircnico alematildeo nasceu no dia 18 de marccedilo de 1858 em Paris e morreu dia 30
de setembro de 1913 Sua invenccedilatildeo foi considerada o mais importante invento mecacircnico da histoacuteria
pela simplicidade do motor com pistotildees e reaccedilatildeo oacuteleo-oxigecircnio gerando uma enorme transformaccedilatildeo
no setor industrial em que soacute eram usados sistemas a vapor (MOURA 2010)
4
12 Propriedades e vantagens do motor diesel
Os motores diesel satildeo maacutequinas baacutesicas que geram energia para veiacuteculos utilizados
principalmente em aplicaccedilotildees que precisem de elevado torque o que inclui ocircnibus grandes
caminhotildees tratores e maacutequinas para mineraccedilatildeo e dragagem Atualmente os motores diesel vecircm
atraindo uma porccedilatildeo crescente do mercado mundial de veiacuteculos de carga leve cujos motores
fornecem baixa potecircncia Na Europa por exemplo 100 dos veiacuteculos de carga pesada e cerca de
60 dos de carga leve incluindo os utilitaacuterios e ainda 20 dos carros para transporte de
passageiros o que inclui as vans satildeo movidos a diesel (BRAUN 2003)
A popularidade do motor diesel deve-se principalmente agrave eficiecircncia do diesel como
combustiacutevel em relaccedilatildeo agrave gasolina ou mesmo com relaccedilatildeo a outros combustiacuteveis simples ou
misturados como por exemplo o metanol que chega a conferir ao motor diesel uma economia
relativa de 25 a 45 Os motores diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade Eacute comum
um motor diesel para veiacuteculos de carga pesada ter um tempo de vida superior a um milhatildeo de
quilocircmetros ou seja cerca de dez vezes mais que a durabilidade apresentada por um motor agrave
gasolina Assim as vantagens oferecidas pelos motores a diesel tais como durabilidade seguranccedila e
eficiecircncia justificam sua utilizaccedilatildeo em vaacuterios tipos de maacutequinas apesar dos problemas relacionados
com a composiccedilatildeo de sua emissatildeo e ainda com os niacuteveis de poluentes sob regulamentaccedilatildeo contida
na mesma (BRAUN 2003)
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular
Pelo diagrama de equiliacutebrio Fe-C o ferro fundido eacute uma liga cujo teor de carbono se situa
acima de aproximadamente 20 de carbono Como haacute influecircncia do siliacutecio nesta liga o ferro
fundido eacute considerado uma liga ternaacuteria Fe-C-Si porque o siliacutecio estaacute frequumlentemente presente em
teores superiores ao do proacuteprio carbono Por outro lado o carbono em quantidade superior a que eacute
retida em soluccedilatildeo soacutelida na austenita resulta carbonos parcialmente livres na forma de veios de
grafita (SINTERCAST 2010)
O ferro fundido eacute caracterizado pelo formato de suas partiacuteculas de grafite O ferro fundido
cinzento eacute caracterizado por veios de grafite orientados aleatoriamente enquanto que o grafite no
ferro fundido nodular eacute caracterizado por suas esferas individuais de grafite As partiacuteculas de grafite
5
em CGI satildeo orientadas aleatoriamente e alongadas como em ferro fundido cinzento mas satildeo mais
curtas mais grossas e tecircm bordas arredondadas em forma de ldquovermerdquo daiacute o nome vermicular As
partiacuteculas de grafite do ferro fundido vermicular satildeo entrelaccediladas entre si gerando uma forte adesatildeo
(Figura 12) Aleacutem desta forma de grafite dificultar a inicializaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas as
propriedades mecacircnicas e condutividade teacutermica satildeo melhoradas
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010)
A forma da grafita no ferro fundido vermicular confere propriedades superiores quando
comparadas com as do ferro fundido cinzento resistecircncia mecacircnica tenacidade e resistecircncia a
choques teacutermicos e condutividade teacutermica A sua micro-estrutura resulta em uma adesatildeo mais forte
entre a grafita e a matriz de ferro inibindo assim a iniciaccedilatildeo e o crescimento de trincas e garantindo
com isso propriedades mecacircnicas superiores (DOREacute et al2007) Aleacutem disso observa-se que a
superfiacutecie da grafita vermicular apresenta imperfeiccedilotildees as quais aliadas agrave morfologia complexa
(tambeacutem conhecida como ldquocoralrdquo) resultam em adesatildeo ainda mais forte com a matriz de ferro
(GABALDO 2009)
A formaccedilatildeo do ferro fundido de grafita compactada (vermicular) exige adiccedilotildees de elementos
especiais como terras raras com um elemento adicional como o titacircnio que reduz a formaccedilatildeo de
grafitas esferoidal O ferro fundido vermicular pode ser considerado um material intermediaacuterio entre
o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento
com melhor resistecircncia mecacircnica e alguma ductilidade Possui maior capacidade de amortecimento
e possui tambeacutem condutividade teacutermica mais elevada que o ferro fundido nodular
6
A faixa de carbono e siliacutecio neste tipo de material eacute ampla podendo variar de 30 agrave 38 de
carbono e 10 agrave 35 de siliacutecio Eacute importante tambeacutem a escolha correta da porcentagem do carbono
equivalente (CE) em funccedilatildeo da espessura da seccedilatildeo para evitar flutuaccedilatildeo se tiver elevado CE e
tendecircncia ao coquilhamento quando baixo for o CE O carbono equivalente (CE) considera os
efeitos do siliacutecio(Si) e do foacutesforo(P) podendo usar uma equaccedilatildeo conforme demonstrada abaixo
CE = C + Si + P (CHIAVERINI 2005)
3 3
O teor de manganecircs pode variar proacuteximo de 01 se desejarmos uma estrutura perliacutetica e
variar perto de 06 se desejarmos uma estrutura ferriacutetica O foacutesforo eacute mantido abaixo de 006 de
modo a ter a maacutexima ductilidade O enxofre deve ser inferior 0025 Para produzir a grafita
compactada deve-se adicionar um ou mais dos elementos magneacutesio terras raras (ceacuterio lantacircnio
praseodiacutemio etc) caacutelcio titacircnio e alumiacutenio A quantidade de magneacutesio deve ser tal a resultar um
teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm na presenccedila de 015 a 050 de titacircnio e 10 a 150
ppm de terras raras como o ceacuterio O ferro fundido vermicular tem substituiacutedo com vantagens o
nodular em aplicaccedilotildees em que este uacuteltimo natildeo pode ser empregado devido a sua condutibilidade
teacutermica mais baixa e a sua tendecircncia de empenar (CHIAVERINI 2005)
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
DAWSON (2002) satildeo
- Reduccedilatildeo nas tensotildees residuais devido agrave maior condutividade teacutermica e ao moacutedulo de
elasticidade menor
- Melhor produccedilatildeo de peccedilas complexas fundidas
- Melhor transferecircncia de calor
- Melhor usinabilidade
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
CHIAVERINI (2005) satildeo
- Coeficiente mais baixo de dilataccedilatildeo teacutermica
- Maior condutibilidade teacutermica
- Maior resistecircncia ao choque teacutermico
- Maior capacidade de amortecimento
- Maior fundibilidade
7
Em consequumlecircncia esse material eacute aplicado em situaccedilotildees em que a resistecircncia do ferro fundido
cinzento eacute insuficiente mas a utilizaccedilatildeo do ferro fundido nodular eacute indesejaacutevel devido agraves
propriedades menos favoraacuteveis de fundiccedilatildeo
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
DAWSON(2002) satildeo
- Reduccedilatildeo de espessuras de parede para um mesmo carregamento
- Reduccedilatildeo do fator de seguranccedila devido agrave menor variaccedilatildeo das propriedades do fundido
- Reduccedilatildeo de fraturas fraacutegeis na manufatura montagem e serviccedilo devido agrave maior ductilidade
- Maior resistecircncia sem a necessidade de recorrer a elementos de liga
- Menor profundidade de rosca necessaacuteria portanto parafusos menores podem ser utilizados
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
CHIAVERINI(2005) satildeo
- Maior resistecircncia agrave traccedilatildeo para o mesmo carbono equivalente o que reduz o uso do
elemento de liga de custo elevado como o niacutequel cromo cobre e molibdecircnio
- Relaccedilatildeo mais alta de resistecircnciafadiga
- Maiores ductilidade e tenacidade o que resulta em margem superior de seguranccedila para
fratura
- Menor oxidaccedilatildeo e dilataccedilatildeo em temperaturas elevadas
O ferro fundido vermicular (CGI) tem uma seacuterie de caracteriacutesticas que podem tornaacute-lo uma
alternativa excelente para ferro fundido cinzento para aplicaccedilotildees em motores O material oferece
aumento de 75 na resistecircncia em comparaccedilatildeo com o ferro fundido cinzento Tem tambeacutem
caracteriacutesticas teacutermicas e de impacto intermediaacuterias entre as dos ferros fundidos cinzento e nodular
Aleacutem do mais este aumento na resistecircncia do material proporciona diminuiccedilatildeo na seccedilatildeo de parede
dos produtos produzidos por este material Vaacuterios fabricantes europeus estatildeo usando CGI para
motores tanto diesel como gasolina Embora o material CGI possua propriedades mecacircnicas e
fiacutesicas beneacuteficas a sua aplicaccedilatildeo sua usinagem ainda eacute um problema Comparado com o ferro
fundido cinzento as velocidades de corte utilizadas tem que ser menores implicando em tempo de
ciclo de ateacute trecircs vezes maior que o tradicional (VASILASH 2006)
O ferro fundido vermicular do ponto de vista quiacutemico natildeo apresenta nenhuma diferenccedila
significativa com relaccedilatildeo aos ferros fundidos cinzento e nodular Cada um conteacutem cerca de 94 de
8
ferro (Fe) 3 de carbono(C) 25 de siliacutecio (Si) e o restante eacute dividido entre elementos de liga e
residuais As diferenccedilas entre essas ligas satildeo creditadas aos tipos de morfologias das suas grafitas
que conferem propriedades fiacutesicas e mecacircnicas distintas a cada uma delas
14 Propriedades do ferro fundido
As propriedades de um ferro fundido satildeo definidas em funccedilatildeo da microestrutura e da
composiccedilatildeo quiacutemica A tabela 11 mostra algumas propriedades mecacircnicas e teacutermicas dos ferros
fundidos cinzento vermicular e nodular
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010)
PROPRIEDADES Ferro Fundido
Cinzento
Ferro Fundido
Vermicular
Ferro Fundido
Nodular
Resistecircncia agrave traccedilatildeo (MPa) 250 450 750
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 105 150 160
Alongamento () 0 15 25
Iacutendice de resistecircncia
- Flexatildeo rotativa
- Flexatildeo em trecircs pontos
- Tensatildeo de compressatildeo
035 ndash 050
055 ndash 065
020 ndash 030
045 ndash 050
060 ndash 070
025 ndash 035
045 ndash 050
065 ndash 075
065 - 075
Condutividade Teacutermica (Wm-k) 48 38 32
A microestrutura do grafite no ferro fundido vermicular eacute expressa em porcentagem de
nodularidade Isto significa que parte das partiacuteculas de grafite do ferro vermicular apresenta-se em
forma de noacutedulos como no ferro nodular O ferro fundido vermicular inclui invariavelmente
algumas partiacuteculas esferoidais de grafita nodular que quando a nodularidade aumenta aumenta
tambeacutem a rigidez diminuindo a usinabilidade e a condutividade teacutermica Aleacutem disso com o
aumento da nodularidade a resistecircncia mecacircnica do material tambeacutem eacute elevada prejudicando sua
usinabilidade (DAWSON2007) A tabela 12 mostra a influecircncia da proporccedilatildeo de noacutedulos de grafita
nas propriedades mecacircnicas e fiacutesicas do ferro fundido vermicular
9
Tabela 22 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular
perliacutetico (SINTERCAST2001apud ROSA2009)
Propriedades (25degC) Nodularidade ()
10 30 50 70 90
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo (MPa) 450 520 590 640 700
Limite de Elasticidade 02 (MPa) 370 390 410 440 490
Limite de Fadiga (MPa) 210 220 230 240 255
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 145 150 155 155 160
Alongamento () 1-2 1-3 2-4 2-5 3-6
Expansatildeo Teacutermica (μmmordmC) 110 110 110 115 120
Condutividade Teacutermica (WmordmC) 36 33 31 30 28
A tabela 13 mostra as propriedades de diversas ligas de ferro fundido vermicular em funccedilatildeo
do tipo de matriz (ferriacutetica eou perliacutetica) e em funccedilatildeo da presenccedila de elementos de liga formadores
da grafita compactada
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em
temperatura ambiente (CHIAVERINI 2005) Condiccedilatildeo estrutural Limite Resistecircncia
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Tratados com adiccedilatildeo de ceacuterio
No estado fundido
Ferrita acima de 95
336
257
67
150
FerritaPerlita
Perlita acima de 5
100 Ferrita
298
338
224
245
53
80
140
FerritaPerlita
85 Ferrita
320
242
35
164
Perlita
90 Perlita
10 Ferrita
400
550
320
430
05
15
-
-
10
Tratados com combinaccedilotildees de Magneacutesio mais Titacircnio (mais Ceacutesio)
Condiccedilatildeo estrutural Limite Resist
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Ferrita no estado fundido
0017Mg 0062Ti
0036Cs
380
272
2
179
Ferrita no estado fundido
0024Mg 0084Ti
0030Cs
338
276
25
184
Perlita no estado fundido
0026Mg 0083Ti
0074Cs
473
335
2
217
Perlita no estado fundido
70 Perlita 30 Ferrita
386
278
2
-
A resistecircncia agrave traccedilatildeo do ferro fundido vermicular diminui agrave medida que aumenta o carbono
equivalente mas a velocidade de decreacutescimo desta propriedade eacute menor do que no caso do ferro
fundido cinzento A elevaccedilatildeo do teor de siliacutecio aumenta o limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo limite de
escoamento e dureza tanto na condiccedilatildeo fundida como na recozida
Em um ferro fundido de matriz predominantemente perliacutetica a resistecircncia agrave compressatildeo eacute trecircs
vezes maior do que a resistecircncia agrave traccedilatildeo
O comportamento deste material agrave temperatura de 500degC sob o ponto de vista de dilataccedilatildeo e
formaccedilatildeo de casca de oacutexido eacute mais ou menos idecircntico aos dos ferros fundidos cinzentos de
composiccedilatildeo semelhante Contudo a resistecircncia agrave formaccedilatildeo da casca de oacutexido e agrave expansatildeo a 600degC
eacute superior agrave do ferro fundido cinzento (CHIAVERINI 2005)
No ano de 2006 a ISO criou uma abreviaccedilatildeo ldquoGJVrdquo para ferro fundido vermicular e cinco
classes foram especificadas baseadas no miacutenimo limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo incluindo
GJV300 (ferriacutetico) GJV 350 GJV 400 GJV 450 (perliacutetico) e GJV 500 (ligado)
Haacute vaacuterias organizaccedilotildees desenvolvendo e classificando o Ferro Fundido Vermicular (CGI)
conforme tabela 14
11
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) Paiacutes Norma Nuacutemero Ano
Romecircnia STAS 12443-86 1986
China JB 4403-87 1987
USA ASTM A 842-85 1997
Alemanha VDG W 50 2002
Internacional SAE J 1887 2002
Internacional ISO 161122006 2006
15 Processo de Fabricaccedilatildeo
A grafita esferoidal eacute obtida pela adiccedilatildeo na liga de ferro fundido de elementos denominados
nodulizantes que modificam a forma de crescimento da grafita Os elementos nodulizantes mais
comuns na induacutestria satildeo o magneacutesio o ceacuterio o caacutelcio e terras raras Entre estes elementos o
magneacutesio (Mg) eacute o mais utilizado Recomenda-se teores entre 004 e 005 de Mg No caso de
Ce teores entre 002 e 004 e no caso de Ca entre 001 e 002
A presenccedila de impurezas como enxofre antimocircnio chumbo teluacuterio ou bismuto apresenta
efeito deleteacuterio sobre a nodulizaccedilatildeo DAWSON(2004) cita que teores de magneacutesio (Mg) de apenas
002 seriam suficientes para promover a nodulizaccedilatildeo da grafita desde que os teores de impurezas
principalmente enxofre(S) fossem mantidos baixos O nodulizante eacute adicionado na forma pura (Mg
metaacutelico) ou na forma de ante-ligas Ni-20Mg Cu-15Mg ou Fe-Si-Mg
O ferro fundido vermicular pode ser obtido adicionando elementos nodulizantes como o magneacutesio
na liga mas em uma porcentagem insuficiente para formar ferro fundido nodular resultando em um
material intermediaacuterio ou adicionando elemento nodulizante com porcentagem suficiente para
formar o ferro fundido nodular mas ao mesmo tempo adicionando-se elementos anti-nodulizantes
como o titacircnio
O processo de formaccedilatildeo do ferro fundido vermicular adicionando elementos anti-nodulizante eacute
mais faacutecil de ser realizado porque natildeo eacute necessaacuterio um controle tatildeo rigoroso da adiccedilatildeo de magneacutesio
na liga Entretanto esta adiccedilatildeo implica no uso do titacircnio que tenderaacute a formar carbonetos e
carbonitretos duros que prejudicam bastante a vida da ferramenta de usinagem da liga Para evitar
este problema eacute necessaacuterio um meacutetodo mais criterioso no processo utilizando equipamentos
especiais que garantam composiccedilatildeo de magneacutesio na liga mais adequada (DAWSON et al 2004)
12
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo
A teacutecnica de fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular eacute criacutetica para a usinabilidade da liga A
mudanccedila na forma da grafita a partir dos noacutedulos compactados eacute devido agrave accedilatildeo do magneacutesio que eacute
um elemento nodulizante Para que a grafita compactada seja formada uma quantidade de magneacutesio
deve ser mantida entre 0008 e 0012 conforme figura 13 Como o controle da composiccedilatildeo nesta
estreita faixa eacute muito difiacutecil o titacircnio eacute usado em alguns casos como elemento anti-nodulizante A
quantidade de titacircnio estaacute entre 01 e 02 o que aumenta a possibilidade de obtenccedilatildeo do grafite
compactado para percentuais mais elevados de magneacutesio Contudo a adiccedilatildeo de titacircnio gera um
inconveniente causando atraveacutes da precipitaccedilatildeo de carboneto e carbonitreto de titacircnio que satildeo
inclusotildees riacutegidas que comprometem a usinabilidade do produto (DAWSON 1999)
Apesar da estreita faixa de controle do elemento para fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular
muitas fundiccedilotildees obtiveram bons resultados devidas a teacutecnicas desenvolvidas e muita disciplina
Estas teacutecnicas podem permitir que a maioria dos blocos esteja dentro do especificado mas o sistema
de controle garante que potenciais peccedilas que possam estar fora do especificado sejam identificadas e
corrigidas antes de serem vazadas A necessidade de controle do processo depende do volume de
produccedilatildeo complexidade do componente e especificaccedilatildeo da microestrutura
Haacute um procedimento necessaacuterio para evitar que os flocos de grafite natildeo se formem antes do
processo final de vazamento Este procedimento consiste basicamente de antes da transiccedilatildeo do ferro
fundido cinzento adicionar o magneacutesio em aproximadamente 0001 a cada 5 minutos Este
processo pode demorar ateacute 15 minutos apoacutes o iniacutecio da adiccedilatildeo do magneacutesio
Uma segunda consideraccedilatildeo eacute que mesmo com a porcentagem correta da adiccedilatildeo de magneacutesio
natildeo haacute estabilidade se o iacutendice de oxigecircnio ativo e ou enxofre forem elevados Se isto ocorrer o
magneacutesio ativo eacute consumido deslocando a linha da porcentagem de magneacutesio para esquerda
conforme demonstrado na figura 13 Inversamente se os niacuteveis de oxigecircnio ou de enxofre forem
relativamente baixos a linha de porcentagem de magneacutesio se deslocar para direita Por estas razotildees
as variaccedilotildees na composiccedilatildeo limpeza oxidaccedilatildeo e umidade do material de carga tornam impossiacutevel
definir uma especificaccedilatildeo quiacutemica fixa para o CGI (DAWSON 2002)
13
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002)
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular
Segundo CHIAVERINI (2005) a definiccedilatildeo mais simples da usinabilidade eacute a propriedade
relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ser fabricado por processos de
usinagem A usinabilidade tambeacutem pode ser definida em termos de vida de ferramenta de corte ou
pode relacionar-se com a energia ou tempo necessaacuterio para remover certa quantidade de material
Segundo DINIZ (2008) a usinabilidade de um material pode ser definida como uma grandeza
tecnoloacutegica que expressa por meio de um valor numeacuterico comparativo (iacutendice de usinabilidade) um
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relaccedilatildeo a outro tomado como padratildeo A
usinabilidade depende do estado metaluacutergico da peccedila da dureza das propriedades mecacircnicas do
material de sua composiccedilatildeo quiacutemica das operaccedilotildees anteriores efetuadas sobre o material (sejam a
frio ou a quente) e do eventual encruamento
Atualmente um dos maiores desafios eacute introduzir o CGI nas peccedilas cujos processos de
usinagem apresentam desempenho muito bom nas mesmas peccedilas fabricadas em ferro fundido
cinzento Assim o desafio eacute alcanccedilar o mesmo desempenho das ferramentas mantendo os mesmos
14
custos por peccedila trabalhada e evitando investimento adicional de capital em maacutequinas e ferramentas
de corte (DAWSON 2004)
Segundo DAWSON (1999) haacute alguns fatores de influecircncia na usinabilidade do CGI
bull Efeitos da forma da grafita
bull Efeitos da perlita
bull Efeitos dos elementos quiacutemicos como chumbo manganecircs siliacutecio enxofre titacircnio e cobre
bull Efeitos da inclusatildeo
Em altas velocidades de corte a vida da ferramenta tambeacutem tende a ser ainda menor no CGI
quando comparado com o ferro fundido cinzento (WALTER 2007) Isto eacute devido a natildeo formaccedilatildeo
da camada protetora de sulfeto de manganecircs que reduz o coeficiente de atrito na face da ferramenta
e que age como uma barreira contra o desgaste por difusatildeo Esta camada ocorre na usinagem do
ferro cinzento
A diferenccedila de corte contiacutenuo ou intermitente tem uma influecircncia significativa no desgaste das
ferramentas por oxidaccedilatildeo e difusatildeo No corte contiacutenuo como torneamento e mandrilamento a
ferramenta permanece mais tempo em contato com o material da peca facilitando o mecanismo de
desgaste Em corte intermitente como o fresamento a difusatildeo e a oxidaccedilatildeo satildeo menos intensas
(DAWSON 1999)
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade
A formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido eacute diretamente afetada pela presenccedila da grafita que eacute
conhecida por ter resistecircncia mecacircnica baixa e gerar descontinuidades e efeitos da concentraccedilatildeo de
tensatildeo na matriz portanto ajudando o processo de remoccedilatildeo de material O mecanismo de formaccedilatildeo
de cavaco em ferro fundido cinzento eacute mostrado na figura 14 No iniacutecio a ferramenta
compacta o material sob o flanco criando uma fratura que se propaga em frente e abaixo da aresta
de corte (a) Como o movimento de corte da ferramenta continua o material se torna completamente
independente (b) Para algumas situaccedilotildees principalmente com o ferro fundido cinzento uma parte
de material eacute arrancada agrave frente da ferramenta causando uma perda temporaacuteria do contato entre
ferramenta e peccedila ateacute a ferramenta encontrar a proacutexima porccedilatildeo de material (c) Este processo de
remoccedilatildeo de material contribui para aumentar a rugosidade na superfiacutecie da peccedila (d)
15
A grafita por ser um componente de dureza relativamente baixa se comparada com o material
da matriz produz descontinuidades no material facilitando a quebra do cavaco na usinagem
(CONSALTER 1987)
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000
apud ROSA 2009)
A grafita tambeacutem atua como um agente lubrificante reduzindo o atrito entre a peccedila e a
ferramenta aleacutem de reduzir o risco de micro solda do cavaco com a ferramenta Sendo assim a
consequumlecircncia do efeito eacute o aumento na vida da ferramenta
No processo da formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido nodular as forccedilas de compressatildeo geram
o desprendimento dos noacutedulos da matriz e a deformaccedilatildeo plaacutestica da matriz entre os noacutedulos Esta
deformaccedilatildeo plaacutestica causa o alongamento dos noacutedulos na direccedilatildeo do corte ocasionando fratura
duacutectil
16
Para o ferro fundido cinzento a formaccedilatildeo do cavaco acontece atraveacutes de fraturas das lamelas
de grafita formando cavacos natildeo contiacutenuos Haacute trecircs estaacutegios para formaccedilatildeo destes cavacos ou seja
inicia com a separaccedilatildeo da matriz das lamelas de grafita gerando micro-trincas em consequumlecircncia as
grandes trincas satildeo formadas atraveacutes da junccedilatildeo destas micro-trincas provenientes da interface com a
ferramenta e por uacuteltimo ocorre agrave fragmentaccedilatildeo do cavaco
A formaccedilatildeo do cavaco do ferro fundido vermicular eacute uma mistura dos processos de formaccedilatildeo
de cavaco do ferro fundido nodular e formaccedilatildeo de cavaco do ferro fundido cinzento ou seja os
cavacos se formam por deformaccedilatildeo plaacutestica e tambeacutem por fraturas (MARWANGA et al 1999) A
figura 15 ilustra os diferentes cavacos formados na usinagem destas trecircs formas de ferro fundido
Cinzento Vermicular Nodular
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999)
Grafitas na forma nodular sempre estaratildeo presentes na estrutura do ferro fundido vermicular
Com isto a resistecircncia mecacircnica e a tenacidade aumentam Por outro lado a fundiccedilatildeo usinabilidade
e condutividade teacutermica seratildeo prejudicadas (GUESSER 2001)
A morfologia do ferro fundido vermicular natildeo permite a clivagem e nem a propagaccedilatildeo de
trincas O iniacutecio da fratura no ferro fundido vermicular se daacute na interface da grafita vermicular com
a matriz metaacutelica Este eacute um dos principais fatores para um maior desgaste da ferramenta de corte na
usinagem do CGI Poreacutem esta caracteriacutestica auxilia na maior resistecircncia mecacircnica e maior
tenacidade do CGI (DAWSON 2002)
17
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade
A resistecircncia mecacircnica dos ferros fundidos eacute proporcional agrave relaccedilatildeo entre perlita e
ferrita da matriz se as demais variaacuteveis forem mantidas constantes Contudo um elevado teor de
perlita natildeo eacute necessariamente a maior causa do desgaste da ferramenta de corte
Foram realizados testes de usinagem para o ferro fundido vermicular com diferentes valores de
perlita Cobre e estanho foram utilizados como elementos de estabilizaccedilatildeo A fim de atingir os 100
de perlita manganecircs tambeacutem foi adicionado Foram utilizadas ferramentas de metal duro para os
testes com velocidades de corte de 150 e 250 mmin conforme Figura 16 Pode-se ver nesta figura
que principalmente na velocidade de corte mais alta quando o teor de perlita ultrapassa 75 a vida
da ferramenta cai rapidamente (DAWSON 1999)
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999)
Blocos de motor em ferro fundido vermicular contendo 70 de perlita possuem a mesma
dureza de um bloco do motor em ferro fundido cinzento 100 perliacutetico (DAWSON 1999)
18
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade
O carbono e o siliacutecio satildeo elementos com uma grande influecircncia na estrutura do material o
carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o siliacutecio eacute essencialmente um
elemento grafitizante favorecendo a decomposiccedilatildeo do carboneto de ferro O manganecircs sempre
presente tem efeito oposto ao do siliacutecio isto eacute estabiliza a cementita e compensa de certo modo a
accedilatildeo grafitizante do siliacutecio Todo elemento quiacutemico grafitizante eacute beneacutefico agrave usinalidade pois a
grafita como visto eacute um ponto fraacutegil que em geral facilita a formaccedilatildeo do cavaco Por outro lado
os elementos que estabilizam a cementita (usam o carbono para formar Fe3C e natildeo para formar
grafita) prejudicam a usinabilidade jaacute que a cementita eacute um carboneto duro
A rigor o manganecircs nos ferros fundidos tanto quanto nos accedilos eacute adicionado como
dessulfurante Entretanto como na praacutetica haacute sempre um excesso de manganecircs este atua como
estabilizador da perlita Daiacute o seu efeito oposto ao do siliacutecio e sua utilidade para produzir estruturas
com matriz predominantemente perliacutetica sobretudo em peccedilas fundidas volumosas Ao auxiliar na
formaccedilatildeo de uma estrutura perliacutetica (e natildeo ferriacutetica) o manganecircs aumenta a resistecircncia mecacircnica da
liga e com isso prejudica a usinabilidade Por outro lado o sulfeto de manganecircs atua como
lubrificante soacutelido melhorando a usinabilidade do material
O enxofre e o foacutesforo que satildeo impurezas usualmente encontradas nos ferros fundidos natildeo tecircm
uma accedilatildeo muito significativa do ponto de vista de tendecircncia grafitizante mas o foacutesforo eacute um
estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro Sua principal accedilatildeo eacute na estrutura do material
formando com o ferro e o carbono um composto de natureza euteacutetica (CHIAVERINI 2005) O
enxofre presente no ferro fundido reage com o manganecircs (Mn) formando inclusotildees de
MnS2 as quais podem lubrificar as arestas da ferramenta ao formar uma camada protetora entre esta
e o material usinado servindo como barreira contra os mecanismos de abrasatildeo e difusatildeo
(MOCELLIN et al 2004)
O cromo eacute presente no ferro fundido atraveacutes da sucata de accedilo ou intencionalmente como
elemento de liga para obtenccedilatildeo de maior resistecircncia em altas temperaturas Segrega-se facilmente
promovendo a formaccedilatildeo de carbonetos principalmente nas uacuteltimas regiotildees em solidificaccedilatildeo O
cromo eacute um perlitizante potente quando comparado ao manganecircs pois o aumento do seu teor
provoca a formaccedilatildeo da perlita fina ou seja um aumento da quantidade de cementita que eacute de difiacutecil
19
usinabilidade A reduccedilatildeo de 018 para 010 do teor de Cr no ferro fundido vermicular pode
propiciar aumento de aproximadamente 40 da vida da ferramenta (DAWSON et al2001)
A tabela 15 resume a accedilatildeo dos elementos de liga nos ferros fundidos
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI2005)
ELEMENTO Efeitos durante a Solidificaccedilatildeo Efeitos durante a reaccedilatildeo eutetoacuteide
Alumiacutenio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Antimocircnio
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte estabilizador da perlita
Boro ateacute 015 Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Boro acima de 015 Estabilizador do carboneto Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Cromo Forte accedilatildeo carbonetante Forte tendecircncia agrave formaccedilatildeo da perlita
Cobre Grafitizante fraco Promove a formaccedilatildeo da perlita
Manganecircs Fraca tendecircncia carbonetante Formador de perlita
Molibdecircnio Fraca tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
Niacutequel Grafitizante Fraco promotor de perlita
Siliacutecio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Teluacuterio Forte tendecircncia carbonetante Muito fraco estabilizador da perlita
Estanho
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Titacircnio ateacute 025 Grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Vanaacutedio Forte tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
A velocidade de resfriamento eacute um fator relacionado a solidificaccedilatildeo no interior dos moldes e a
espessura das peccedilas moldadas Em outras palavras as secccedilotildees espessas implicam em velocidades de
resfriamento relativamente baixas e secccedilotildees finas implicam em velocidades altas Isto significa que
em peccedilas de secccedilotildees com diferentes espessuras ocorrem tambeacutem diferentes velocidades de
resfriamento Para elevadas velocidades de resfriamento como as que se verificam em secccedilotildees finas
ou nas aacutereas adjacentes agraves paredes do molde natildeo haacute muito tempo para a decomposiccedilatildeo da
cementita de modo que dependendo dos teores de carbono e de siliacutecio pouca ou nenhuma
grafitizaccedilatildeo ocorre e haacute tendecircncia agrave formaccedilatildeo de ferro fundido branco Com as velocidades de
resfriamento baixas das secccedilotildees mais espessas ocorre uma apreciaacutevel grafitizaccedilatildeo dependendo
sempre do teor de siliacutecio A estrutura seraacute essencialmente de grafita e perlita Para resfriamento
20
ainda mais lento e teor de siliacutecio mais elevado a cementita da perlita pode tambeacutem se decompor
parcialmente originando-se assim a estrutura constituiacuteda de veios de grafita perlita e ferrita Essa
estrutura confere ao material caracteriacutesticas de baixa dureza e excelente usinabilidade aleacutem de
razoaacutevel resistecircncia mecacircnica(CHIAVERINI2005)
111 Processo de Mandrilamento
O processo de mandrilamento eacute normalmente empregado na usinagem de elementos de maior
diacircmetro em um bloco do motor tais como diacircmetro dos cilindros e diacircmetros dos mancais do
virabrequim A operaccedilatildeo de mandrilamento eacute executada em duas ou trecircs etapas dependendo das
toleracircncias exigidas no desenho do produto e do tipo de ferramenta a ser empregado Essencialmente
as condiccedilotildees de mandrilamento diferem um pouco das condiccedilotildees de torneamento mas esta operaccedilatildeo
ilustra a importacircncia da rigidez de todo conjunto ferramenta dispositivo e maacutequina Particularmente
quando um cilindro de grande extensatildeo e pequeno diacircmetro eacute mandrilado o corpo da ferramenta
que natildeo eacute tatildeo riacutegido tende a defletir e consequumlentemente causar vibraccedilotildees Estas vibraccedilotildees podem
afetar natildeo somente a precisatildeo dimensional mas tambeacutem o acabamento das peccedilas e a vida da
ferramenta de corte Mandrilamento eacute um processo em que furos realizados no processo de furaccedilatildeo
furos fundidos na peccedila componentes forjados ou extrudados satildeo ampliados ou acabados com uma
ferramenta de corte montada em uma barra de mandrilar O processo eacute mais usado em aplicaccedilotildees em
que bom acabamento da superfiacutecie interna ou toleracircncia dimensional apertada satildeo requeridos Por
causa das restriccedilotildees geomeacutetricas as barras de mandrilar satildeo em geral longas e compridas o que faz
com que elas estejam facilmente sujeitas a desvios estaacuteticos e dinacircmicos Estes desvios ou vibraccedilatildeo
da ferramenta natildeo somente fazem com que os paracircmetros de usinagem precisem ser alterados como
induz a erros dimensionais e reduz a qualidade da superfiacutecie e a vida da ferramenta O estudo das
forccedilas de corte no processo de mandrilar eacute portanto um preacute-requisito para a seleccedilatildeo adequada das
condiccedilotildees de corte e tambeacutem para preservar a seguranccedila do processo evitando desvios excessivos da
ferramenta ou vibraccedilotildees dinacircmicas O raio da ponta da ferramenta e a variaccedilatildeo do acircngulo da aresta
de corte resultam na distribuiccedilatildeo natildeo-uniforme da espessura do cavaco e consequumlentemente da
forccedila de corte (MOCELLIN 2007)
21
Em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas nas ferramentas de metal duro em
relaccedilatildeo agraves usadas nas ferramentas de ceracircmica ou CBN utiliza-se maior nuacutemero de insertos de metal
duro permitindo maiores velocidades de avanccedilo compensando parcialmente a perda de
produtividade (KOPPKA et al 2003)
Operaccedilotildees de mandrilamento satildeo tradicionalmente realizadas em blocos de motores de ferro
fundido cinzento por ferramentas de ceracircmica e CBN que permitem elevadas velocidades de corte e
alta produtividade (KOPPKA et al 2003) O severo desgaste verificado nas ferramentas de
mandrilar ferro fundido vermicular tem motivado pesquisas com o objetivo de identificar os
mecanismos de desgaste das ferramentas assim como encontrar soluccedilotildees econocircmicas para esta
usinagem envolvendo institutos de pesquisa induacutestrias automobiliacutesticas fundiccedilotildees fabricantes de
ferramentas e fabricantes de maacutequinas Independentemente do material da ferramenta empregada
metal duro ou ceracircmica as velocidades de corte ainda satildeo muito inferiores agravequelas tradicionalmente
utilizadas no ferro fundido cinzento ou seja ainda haacute uma grande necessidade no desenvolvimento
do processo de usinagem de mandrilamento do bloco do motor de maneira integral (KASSACK et
al 2002)
112 Tipos de Mandrilamento
Dependendo do trabalho o mandrilamento que tambeacutem eacute conhecido como mandrilagem ou
broqueamento pode ser ciliacutendrico cocircnico radial ou esfeacuterico Por meio do processo de
mandrilamento pode-se conseguir superfiacutecies ciliacutendricas ou cocircnicas internas em espaccedilos
normalmente difiacuteceis de serem atingidos com eixos perfeitamente paralelos entre si (GUEDES
2006)
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cocircnica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Isto ocorre quando haacute um movimento de
avanccedilo simultacircneo com um movimento radial gerando um diacircmetro interno cocircnico
22
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cilindrica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Neste caso haacute somente o movimento de
avanccedilo gerando um diacircmetro interno ciliacutendrico
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico
1123 Mandrilamento Radial (figura 19)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute plana e perpendicular ao eixo em
torno do qual gira a ferramenta Neste processo haacute somente o movimento radial da ferramenta
gerando um processo de faceamento
23
Figura 19 ndash Mandrilamento radial
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute uma superfiacutecie de revoluccedilatildeo cujo
eixo coincide com o eixo do qual gira a ferramenta Ex Mandrilamento esfeacuterico e mandrilamento
de sangramento
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970)
24
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular
Os processos de mandrilamento do ferro fundido vermicular podem ser divididos em quatro
grupos
- Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
- Mandrilamento com insertos rotativos
- Mandrilamento definido como ldquofreso-mandrilamentordquo
- Mandrilamento com insertos de PCD
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
As ferramentas de mandrilar com insertos de metal-duro conforme mostradas na figura 111
satildeo usadas em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas em comparaccedilatildeo agrave ceracircmica ou
o PCBN Utiliza-se um maior nuacutemero de insertos permitindo maiores velocidades de avanccedilo e
compensando parcialmente a perda de produtividade (REUTER et al 1999) Existem algumas
barras de mandrilar cujos insertos natildeo satildeo montados uniformemente no diacircmetro e ateacute mesmo na
altura Estas barras de mandrilar satildeo chamadas de ferramentas com passo diferencial e o objetivo eacute
evitar vibraccedilotildees devido a problemas de ressonacircncia mesmo em condiccedilotildees de corte favoraacuteveis
modificando a frequumlecircncia de entrada das arestas no corte (SOUTO 2007)
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010)
25
1132 Mandrilamento com insertos rotativos
Ferramentas com insertos rotativos de PCBN Si3N4 ou Metal Duro conforme figura 112
permitem grande produtividade em altas velocidades de corte Este tipo de ferramenta apresenta um
maior potencial principalmente para operaccedilatildeo de desbaste podendo tambeacutem ser utilizadas em
operaccedilatildeo de acabamento dependendo da aplicaccedilatildeo (REUTER et al 2000) Estes insertos giram
devido aos esforccedilos de corte aplicados sobre eles jaacute que suas fixaccedilotildees permitem este grau de
liberdade Assim a seccedilatildeo de contato com a ferramenta e cavaco varia todo instante distribuindo
melhor o desgasteavaria aumentando a vida da ferramenta
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos
1133 Freso-mandrilamento
Define-se freso mandrilamento como um processo de usinagem com corte intermitente por
meio do processo de fresamento helicoidal realizado com ferramentas de diacircmetro menor que o
usinado ou seja a ferramenta realiza movimento de interpolaccedilatildeo circular e avanccedila no sentido do
cilindro conforme figura 113 O fabricante de maacutequinas MAKINO e o fabricante de ferramentas
SANDVIK desenvolveram este processo utilizando a ferramenta CoroMILL 790 e um Centro de
Usinagem Horizontal(a81M) Por meio da melhor precisatildeo de posicionamento dos insertos na
ferramenta e toleracircncias dimensionais dos insertos de metal-duro haacute possibilidades de ganho em
vida de ferramenta e possiacutevel eliminaccedilatildeo da etapa de mandrilamento de semi-acabamento
realizando-se o mandrilamento de desbaste de modo convencional e o mandrilamento de
acabamento com o processo de freso-mandrilamento Este processo tambeacutem possui desvantagem
26
como a necessidade de maacutequinas ferramentas com elevadas rigidez e precisatildeo no movimento de
interpolaccedilatildeo circular uma vez que este movimento tem influecircncia direta na geometria do cilindro
fresado (MAKINO 2011)
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento
1134 Mandrilamento com insertos de PCD
Estudos realizados pela empresa Audi aplicando insertos de PCD em mandrilamento de
acabamento dos cilindros do bloco do motor em ferro fundido vermicular apresentaram altos
valores de vida de ferramenta As principais desvantagens do uso do PCD consistem na limitaccedilatildeo da
temperatura de utilizaccedilatildeo da ferramenta o que limita a velocidade de corte assim como o maior
custo de ferramenta bloco do motor produzido Esta limitaccedilatildeo eacute devido ao problema de afinidade do
ferro com o carbono que em temperaturas acima de 700degC comeccedila a grafitizaccedilatildeo do diamante
tendo como consequumlecircncia o acelerado desgaste da aresta de corte (STEMMER 1993 apud
Xavier2009)
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento
A superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta conforme ilustrada na figura 114 eacute definida pelo acircngulo
da aresta de corte (90deg- χ r) acircngulo de posiccedilatildeo da aresta secundaacuteria de corte (χ‟r) acircngulo de saiacuteda
lateral da ferramenta (γf) e o acircngulo de saiacuteda dorsal da ferramenta (γp)
27
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008)
Quatro diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
podem ser identificadas e ilustradas conforme figura 115 Eacute altamente recomendado que o corte natildeo
envolva o final da aresta de corte da ferramenta ou seja o avanccedilo natildeo pode ser maior que o raio da
ponta da ferramenta para prevenir a quebra da ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da
ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
28
Valores grandes do raio da ponta (rɛ) com uma constante na taxa de avanccedilo(fɛ) e uma
profundidade de corte ldquoaprdquo melhoram a qualidade do acabamento superficial da peccedila reduzindo as
marcas da ferramenta devido ao avanccedilo Em contrapartida estas marcas satildeo mais suscetiacuteveis agrave
vibraccedilotildees devido ao aumento da componente da forccedila radial para ldquoaprdquo menor que ldquorɛrdquo
Consequumlentemente uma soluccedilatildeo deveria ser feito para obter resultados mais favoraacuteveis no corte
O acircngulo de saiacuteda da ferramenta eacute um importante paracircmetro para controlar a deformaccedilatildeo e a forma
dos cavacos Eacute tambeacutem um significativo fator geomeacutetrico que afeta o mecanismo de corte No plano
ortogonal a saiacuteda do cavaco eacute perpendicular agrave aresta de corte entretanto o acircngulo da saiacuteda do
cavaco eacute zero Muitos pesquisadores tentaram prever o acircngulo de saiacuteda do cavaco para usinagem
com o raio da ponta da ferramenta
A forccedila de corte pode ser representada por duas componentes uma componente normal
perpendicular ao plano de saiacuteda e um atrito componente na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta A
forccedila de atrito na superfiacutecie de saiacuteda eacute o uacutenico componente que determina a direccedilatildeo da saiacuteda de
cavaco Para cada elemento cavaco presume-se que a forccedila de atrito eacute colinear com a velocidade do
cavaco e suas magnitudes satildeo proporcionais agrave aacuterea do cavaco (YUSSEFIAN et al2008)
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento
O material da ferramenta de corte deve ser mais duro que o material da peccedila a ser cortada
Utilizando este princiacutepio novos materiais e ligas estruturais com excelente resistecircncia mecacircnica e
elevada dureza contribuem para o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de
usinagem (MACHADO et al 2009)
Alguns fatores para seleccedilatildeo adequada da ferramenta de corte conforme citados por DINIZ
(2008) estatildeo descritos abaixo
Material a ser usinado
- a dureza e o tipo de cavaco formado satildeo caracteriacutesticas do material da peccedila a ser
considerado
Processo de usinagem
29
- ainda existem vaacuterios equipamentos com baixa rotaccedilatildeo e baixa rigidez inviabilizando a
utilizaccedilatildeo de ferramenta de corte com materiais mais nobres
Condiccedilatildeo da maacutequina de usinagem
- deve-se levar em consideraccedilatildeo a potecircncia gama de velocidade e folgas da maacutequina
Dimensotildees e forma da ferramenta de corte
- ferramentas de forma natildeo-padronizada muitas vezes satildeo feitas de accedilo raacutepido ou de um tipo
de metal duro que suporte choques teacutermicos
Custo do material da ferramenta
- alguns materiais de ferramentas apesar de aumentarem a vida da ferramenta de corte ou a
produccedilatildeo muitas vezes natildeo apresentam uma boa relaccedilatildeo custo-benefiacutecio
Condiccedilotildees de usinagem
- consideraccedilatildeo tiacutepica para usinagem em acabamento em que se exigem ferramentas com
maior resistecircncia ao desgaste jaacute que a operaccedilatildeo de desbaste anterior jaacute retirou a casca
endurecida eou desvios de forma da peccedila
Condiccedilotildees da operaccedilatildeo
- usinagem com corte interrompido ou o sistema maacutequinapeccedilaferramentadispositivo
natildeo riacutegidos exige uma ferramenta tenaz
As principais caracteriacutesticas desejaacuteveis a um material da ferramenta satildeo
- Dureza a quente
Algumas regiotildees da ferramenta de usinagem podem ultrapassar 1000degC Portanto
haacute uma contiacutenua procura por materiais que possam suportar esta temperatura com dureza suficiente
para suportar as tensotildees de corte
- Resistecircncia ao desgaste
O material da ferramenta deve ser resistente ao desgaste por abrasatildeo ou seja resistecircncia
ao atrito
- Tenacidade
O material da ferramenta deve ter energia suficiente para resistir ao choques inerentes
do processo
- Estabilidade quiacutemica
Dependendo da temperatura da duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemica do material
da ferramenta e do material da peccedila na zona de cisalhamento secundaacuterio haacute transferecircncia de aacutetomo
30
de um metal para o outro (difusatildeo) O material da ferramenta deve ser resistente agrave difusatildeo (DINIZ et
al 2008)
Haacute diversos materiais de ferramentas distribuiacutedos no mercado atualmente que se
diferem pela dureza (resistecircncia ao desgaste) e tenacidade Os principais satildeo (MACHADO et al
2009)
Accedilo raacutepido
Metal duro
Cermets
Ceracircmicas
Nitreto de Boro Cuacutebico
Diamante natural
Atualmente os materiais das ferramentas de corte utilizados na usinagem do ferro fundido
vermicular satildeo metal duro ceracircmica e CBN
1151 Inserto de Metal Duro
O metal duro surgiu em 1927 com o nome de ldquoWIDIArdquo(Wie Diamant) e eacute um tipo
de material fabricado atraveacutes da metalurgia do poacute em um processo de sinterizaccedilatildeo Este poacute eacute
composto de partiacuteculas duras de carboneto de metais refrataacuterios Os carbonetos satildeo de tungstecircnio e
normalmente satildeo combinados com carbonetos de titacircnio tacircntalo e nioacutebio (DINIZ et al 2008)
O elemento aglomerante mais utilizado na fabricaccedilatildeo do metal duro eacute o cobalto que eacute um
metal do grupo do ferro responsaacutevel pela ligaccedilatildeo das partiacuteculas duras dos carbonetos no processo de
sinterizaccedilatildeo O cobalto eacute responsaacutevel pela tenacidade do material O poacute do cobalto eacute obtido pela
reduccedilatildeo do oacutexido preto que conteacutem aproximadamente 70 de cobalto sob hidrogecircnio e
temperaturas entre 600 e 700degC
Uma composiccedilatildeo tiacutepica de metal conteacutem 81 de tungstecircnio 6 de carbono e 13 de
cobalto O tamanho das partiacuteculas de carbonetos pode variar entre 1 e 10 microns e geralmente
compreendem cerca de 60 agrave 95 do volume do material
31
A variaccedilatildeo da composiccedilatildeo quiacutemica do metal duro influencia na caracteriacutestica (classe) do
material O cobalto eacute um material que agrave medida que aumenta seu teor reduz sua densidade e dureza
mas eleva a resistecircncia agrave ruptura e melhora a tenacidade
Outra caracteriacutestica importante para aplicaccedilatildeo do metal duro eacute o seu coeficiente de dilataccedilatildeo
teacutermica O coeficiente para o metal duro eacute cerca da metade do coeficiente do accedilo em temperaturas
desde a ambiente ateacute 675degC
Hoje em dia haacute metais duros produzidos com partiacuteculas de 01m o que melhora vaacuterias
caracteriacutesticas desejaacuteveis em uma ferramenta de corte Estes metais duros com micro gratildeos podem
ser classificados de acordo com o tamanho do gratildeo de sua estrutura como
- Fino 08 a 13m
- Submicromeacutetrico 05 a 08m
- Ultra fino 02 a 05m
- Nanomeacutetrico menor que 02m
Agrave medida que se diminui o tamanho de gratildeo do metal duro aumenta-se a dureza resistecircncia
ao desgaste e tenacidade do material devido ao maior fator de empacotamento que gratildeos muito
pequenos propiciam (DINIZ et al 2008)
Haacute vaacuterios tipos de metal duro classificados pela norma ISO (International Organization for
Standardization) conforme norma ISO513 1975 sendo que haacute 3 grupos principais como
Grupo bdquoP‟ ndash Compreende os tipos ou classes empregados na usinagem de metais e ligas
ferrosas que apresentam cavacos longos e duacutecteis
Grupo bdquoMrdquo ndash Compreende as classes que empregam na usinagem de metais e ligas ferrosas
de cavacos tanto longos como curtos ou seja eacute uma ferramenta com propriedades intermediaacuteria
Grupo bdquoK‟ ndash Compreende as classes que se destinam a usinagem de metais e ligas ferrosas
que apresentam cavacos curtos e materiais natildeo-metaacutelico
Recentemente a ISO aumentou o nuacutemero de classes de metal duro conforme norma
ISO513 2004 Estas novas classes satildeo
Grupo bdquoN‟ ndash Aplicaacutevel a materiais natildeo ferrosos
Grupo bdquoS‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de superligas e ligas de titacircnio
Grupo bdquoH‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de materiais endurecidos
32
Aleacutem dos grupos de metal duro existe uma subdivisatildeo dentro de cada grupo por exemplo
P01P50
M01M40
K01K40
N01N30
S01S30
H01H30
Para cada grupo de metal duro e seu respectivo subgrupo haacute uma composiccedilatildeo quiacutemica e
caracteriacutestica fiacutesica conforme Tabela 16 Pode-se perceber nesta tabela que agrave medida que a
quantidade de TiC + TaC aumenta a densidade diminui e a dureza aumenta
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970)
Desig-
Naccedilatildeo
Composiccedilatildeo
aproximada em Caracteriacutesticas principais
WC TiC
+
TaC
Co Densidade
(gcm3)
Dureza
(kgmm2)
Resist agrave
ruptura
transversal
(kgmm2)
Moacutedulo de
elasticidade
(kgmm2)
Coeficiente
de dilataccedilatildeo
teacutermica
(10-6
1Cdeg)
P01 30 64 6 72 1800 75 - -
P10 55 36 9 104 1600 140 52000 65
P20 76 14 10 119 1500 150 54000 60
P25 73 19 8 125 1500 170 55000 60
P30 82 8 10 130 1450 170 56000 55
P40 77 12 11 131 1400 180 56000 55
P50 70 14 16 129 1300 200 52000 55
M10 84 10 6 131 1650 140 58000 55
- Classes com maior tenacidade
- Recomendado para usinagem em desbaste
e corte interrompido
- Classes com maior resistecircncia ao desgaste
- Recomendado para usinagem em
acabamento
33
M20 82 10 8 134 1550 160 56000 55
M30 81 10 9 144 1450 180 58000 55
M40 78 7 15 135 1300 200 55000 55
K01 93 2 5 150 1750 120 63000 50
K05 92 2 6 146 1700 135 63000 50
K10 92 2 6 148 1650 150 63000 50
K20 915 25 6 148 1550 170 62000 50
K30 89 2 9 145 1450 190 - 55
K40 88 - 12 143 1300 210 58000 55
A seleccedilatildeo do metal duro para uma determinada aplicaccedilatildeo de usinagem estaacute intimamente
relacionada com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma durante a
usinagem Entre os tipos de cavacos conhecidos tem como cavacos contiacutenuos cavacos cisalhados e
cavacos de ruptura o formado na usinagem dos ferros fundidos eacute o cavaco de ruptura devido a seu
rompimento na zona primaacuteria do plano de cisalhamento causados na interrupccedilatildeo que as grafitas
causam na matriz da liga
Operaccedilotildees de usinagem com avanccedilo e profundidade de cortes altos para desbaste e cortes
interrompidos criam tensotildees elevadas na ferramenta exigindo classes com maior tenacidade ou seja
ferramentas com menor teor de cobalto e maior teor de carbonetos
Operaccedilotildees de usinagem em peccedilas que jaacute sofreram operaccedilotildees anteriores de desbaste retirando
excentricidade e a casca endurecida trabalham com baixos avanccedilos e profundidade de usinagem
poreacutem com altas velocidades de corte o que gera altas temperaturas Sendo assim satildeo necessaacuterias
classes de ferramentas com altas resistecircncias ao calor e a abrasatildeo ou seja menor teor de cobalto
(DINIZ et al 2008)
Operaccedilotildees de usinagem em maacutequinas-ferramentas menos riacutegidas obriga o uso de classe de
ferramentas com maior tenacidade embora reduzindo a vida uacutetil
As primeiras ferramentas de metal duro foram compostas unicamente de carbonetos de
tungstecircnio (WC) e cobalto e eram adequadas somente para a usinagem de materiais de cavacos
curtos e quebradiccedilos ou seja materiais de ferro fundido Na usinagem do accedilo havia formaccedilatildeo de
cratera na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta devido a fenocircmenos de difusatildeo e dissoluccedilatildeo ocorridos
entre o cavaco da peccedila e a ferramenta Para solucionar tais problemas comeccedilou-se a acrescentar
34
outros carbonetos (TiC TaC e NbC) Assim as ferramentas que conteacutem praticamente somente WC
e Co na composiccedilatildeo (ferramentas da classe K ver tabela 15) satildeo destinadas agrave usinagem de ferros
fundidos que natildeo tem a tendecircncia de formaccedilatildeo de desgaste de cratera devido ao fato de que o
cavaco curto rapidamente se quebra e pula fora da regiatildeo de corte sem atritar longamente com a
superfiacutecie de saiacuteda A inclusatildeo de carbonetos do tipo TiC TaC e NbC na ferramenta confere a ela
as seguintes caracteriacutesticas
- Carbonetos de Titacircnio - TiC
Pouca tendecircncia agrave difusatildeo resultando na alta resistecircncia dos metais duros
Reduccedilatildeo da resistecircncia interna e dos cantos
- Carboneto de Tacircntalo - TaC e Carboneto de Nioacutebio NbC
Em pequenas quantidades atuam na diminuiccedilatildeo do tamanho dos gratildeos melhorando a
tenacidade e a resistecircncia dos cantos
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro
A finalidade principal do uso de coberturas em ferramentas de metal duro eacute aumentar a
resistecircncia ao desgaste da camada superior que entra em contato com o cavaco e a peccedila sendo que o
nuacutecleo permanece com a tenacidade caracteriacutestica do metal duro Desta forma consegue-se em
vaacuterios casos aumentar bastante a vida da ferramenta e diminuir os esforccedilos de corte Eacute possiacutevel
tambeacutem conciliar em mesmos materiais caracteriacutesticas como tenacidade resistecircncia ao desgaste e
dureza a quente (DINIZ et al2008)
As principais coberturas utilizadas satildeo de carboneto de titacircnio (TiC) eou oacutexido de alumiacutenio
(Al2O3) nitreto de titacircnio (TiN) e carbonitreto de titacircnio (TiCN) Geralmente satildeo aplicadas no metal
duro utilizando um processo chamado CVD (deposiccedilatildeo quiacutemica a vapor) que utiliza altas
temperaturas e pressotildees levemente negativas Outro processo tambeacutem utilizado para cobertura de
ferramenta eacute o PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica a vapor) que utiliza temperaturas meacutedias (de 400 a 500ordm C) e
pressatildeo muito negativa Este processo eacute em geral mais caro que o processo CVD Como o processo
de CVD precisa de altas temperaturas satildeo geradas tensotildees na ferramenta durante seu resfriamento
que podem enfraquececirc-la Sendo assim novos tipos de processo com temperaturas intermediaacuterias
entre o CVD e o PVD estatildeo sendo desenvolvidos para minimizar este problema (DINIZ et al2008)
35
Normalmente a primeira camada de cobertura logo acima do nuacutecleo eacute o carboneto de titacircnio
ou o carbonitreto de titacircnio que algumas vezes eacute a uacutenica camada Estas camadas possuem
caracteriacutesticas como excelente resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de promover a adesatildeo das
camadas de cobertura com o metal duro do nuacutecleo Outra cobertura como o oacutexido de alumiacutenio natildeo
possui afinidade fiacutesico-quiacutemica com o nuacutecleo do metal duro A diferenccedila na dilataccedilatildeo e contraccedilatildeo
teacutermica das camadas com o substrato de metal duro a uma temperatura de 1000degC como eacute exigido
para o processo de revestimento CVD pode causar trincas se natildeo for utilizado o TiC ou TiCN como
camada intermediaacuteria (DINIZ et al2008)
A dureza da camada de TiC eacute na ordem de 3000HV que eacute maior que todas os outros materiais
utilizados no revestimento do metal duro A espessura da camada eacute de 4 a 8m Outras
caracteriacutesticas importantes deste material eacute a baixa tendecircncia a soldagem com o material da peccedila
dificultando o desgaste por adesatildeo e o baixo coeficiente de dilataccedilatildeo teacutermica O material TiCN tem
propriedades similares ao TiC como dureza agrave quente resistecircncia ao desgaste a capacidade de adesatildeo
ao nuacutecleo mas seu coeficiente de atrito eacute mais baixo que o TiC Geralmente o segundo revestimento
no metal duro eacute de oacutexido de alumiacutenio que garante uma estabilidade teacutermica devido ao fato de ser um
material ceracircmico refrataacuterio e por possuir alta resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de alta
resistecircncia a ataques quiacutemicos e agrave oxidaccedilatildeo Devido a sua alta estabilidade quiacutemica com o ferro
praticamente evita o desgaste difusivo durante o processo de usinagem do accedilo Apresentam tambeacutem
uma pequena resistecircncia a choques teacutermicos e mecacircnicos
A terceira camada geralmente utilizada de TiN tem caracteriacutestica de reduccedilatildeo do coeficiente
de atrito entre a pastilha e o cavaco Eacute quimicamente mais estaacutevel que o TiC e possui uma camada
com espessura entre 5 e 7 m A espessura total das camadas do metal duro estaacute entre 2 e 12 m
Quando se aumenta a espessura da cobertura a resistecircncia ao desgaste aumenta mas a tenacidade
diminui aumentando a tendecircncia ao lascamento das arestas Hoje em dia jaacute satildeo utilizadas outras
coberturas como por exemplo o nitreto de titacircnio alumiacutenio (TiNAl) ou o nitreto de alumino
titacircnio(TiAlN) dependendo da quantidade maior de titacircnio ou alumiacutenio que podem ser aplicadas ao
metal duro atraveacutes do processo PVD Tal processo propicia espessuras de camadas mais finas
mantendo a aresta da ferramenta afiada (DINIZ et al2008)
Estas coberturas podem ser aplicadas em ferramentas multicamadas propiciando
caracteriacutesticas como
36
- Baixa condutividade teacutermica que protege a aresta de corte e aumenta a remoccedilatildeo de calor
atraveacutes do cavaco
- Alta dureza a frio e a quente
- Alta estabilidade quiacutemica (DINIZ et al2008)
1153 Insertos de Material Ceracircmico
Um dos principais tipos de materiais ceracircmicos utilizados como ferramenta de usinagem eacute o
oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) que eacute a forma estaacutevel alfa da alumina Podem-se distinguir dois ramos
nesta famiacutelia
- Materiais contendo alumina sinterizada praticamente pura com no miacutenimo de 98
- Materiais contendo 90 de alumina juntamente com outros oacutexidos como SiO2 MgO
Cr2O3 Fe3O4 etc
Este tipo de material de ferramenta consiste de gratildeos finos (menores que 5 m) de Al2O3 de
alta densidade ou seja conteacutem menos que 2 de porosidade Diferentes meacutetodos satildeo utilizados
para fabricaccedilatildeo de ferramentas ceracircmicas deste tipo
- Prensadas a frio e sinterizadas apresentando uma cor branca Este processo eacute similar ao
processo de fabricaccedilatildeo do metal duro
- Prensadas a quente em grandes cilindros de alumina em moldes de grafite Neste processo
o material se torna acinzentado escuro (FERRARESI 1970)
A ceracircmica possui oacutetima propriedade como dureza a quente permitindo que se possa usinar
em altas velocidades de corte Em contrapartida haacute propriedades como baixa condutividade teacutermica
que logicamente dificulta a transferecircncia de calor e faz com que na regiatildeo proacutexima do contato
cavaco-ferramenta e peccedila ferramenta atinja-se temperaturas muito altas Outra propriedade que
dificulta o uso de material ceracircmico eacute a baixa tenacidade que favorece as trincas e quebras das
ferramentas de corte
Haacute ferramentas ceracircmicas agrave base de oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) podendo ter alumina pura ou
podendo ter algum teor de oacutexido de magneacutesio (MgO) para inibir o crescimento de gratildeo Podem ter
tambeacutem oacutexido de cromo titacircnio e niacutequel para aumentar a resistecircncia mecacircnica ou com baixos
porcentuais de oacutexido de zircocircnio (ZrO2) que aumenta a tenacidade do material (DINIZ et al2008)
37
A ceracircmica mista aleacutem de conter alumina pode conter o carboneto de titacircnio (TiC) ou o
nitreto de titacircnio (NiT) Este tipo de ceracircmica eacute prensado a quente gerando uma cor acinzentada
Como haacute uma melhor dureza a quente e estabilidade quiacutemica a ceracircmica mista eacute indicada para
processo de usinagem em mandrilamento e torneamento em acabamento de accedilos endurecidos onde
a tenacidade natildeo eacute tatildeo exigida (DINIZ et al2008)
Haacute uma ceracircmica com propriedades intermediaacuterias que eacute a reforccedilada com whiskers o qual eacute
adicionado o carboneto de siliacutecio (SiC) como sua tenacidade eacute boa quando comparadas com as
outras ceracircmicas este tipo de material eacute indicado para usinagem de ligas de titacircnio e niacutequel
Tambeacutem pode ser utilizada no processo de usinagem em mandrilamento e torneamento de accedilos
endurecidos com superfiacutecies interrompidas (DINIZ et al2008) Natildeo eacute permitida a fabricaccedilatildeo deste
material em vaacuterios paiacuteses devido ao carboneto de siliacutecio ser canceriacutegeno (BALDACIM 2000) Este
tipo de material tambeacutem eacute perigoso devido agrave facilidade de incecircndio no processo de retificaccedilatildeo
devido a isto o processo deve ser realizado em local extremamente isolado e maacutequinas blindadas
Haacute tambeacutem ferramentas de ceracircmica agrave base de nitreto de siliacutecio (Si3N4) que satildeo cristais com
fase intergranular de oacutexido de siliacutecio (SiO2) que satildeo sinterizados na presenccedila de alumina (sialon)
eou oacutexido de iacutetrio (Y2O3) e magneacutesio (MgO) Este material de ferramenta eacute usualmente chamado de
Sialon (DINIZ et al2008)
A Tabela 17 mostra algumas propriedades dos diversos tipos de material ceracircmico
comparados com o metal duro Como se pode ver na tabela Sialon possui boa tenacidade (melhores
que as ceracircmicas mista e pura) e excelentes durezas a quente e resistecircncia ao choque teacutermico A
uacutenica propriedade necessaacuteria a um material de ferramenta que natildeo possui eacute a estabilidade quiacutemica
com o ferro Assim natildeo pode ser usada para usinar o accedilo Poreacutem como a falta de estabilidade
quiacutemica eacute causadora do desgaste difusivo razatildeo da formaccedilatildeo do desgaste de cratera (desgaste da
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) e como o ferro fundido possui cavacos curtos que natildeo atritam
muito com a superfiacutecie de saiacuteda e portanto natildeo tem grande tendecircncia agrave formaccedilatildeo da cratera esta
ferramenta eacute indicada para a usinagem destas ligas principalmente em cortes interrompidos como o
fresamento em que a temperatura que a ferramenta atinge natildeo eacute tatildeo alta
38
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro
Tenacidade Dureza agrave
quente
Resistecircncia ao
choque teacutermico
Estabilidade
quiacutemica (Fe)
Estabilidade
quiacutemica (Ni)
Ceracircmica Pura 2 2 1 5 5
Ceracircmica
Mista
1 3 2 4 4
Ceracircmica com
Wiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal Duro 5 1 5 3 1
Em geral os insertos de material ceracircmico possuem um chanfro na regiatildeo da aresta de corte
cuja dimensatildeo varia de 005 agrave 03mm e acircngulo entre 20deg e 30deg como proteccedilatildeo de aresta para evitar
quebra ou lascamento (DINIZ et al 2008)
Em processos de usinagem como o fresamento em ferro fundido cinzento eacute possiacutevel substituir
o desbaste e o acabamento para somente um passe utilizando insertos de ceracircmica com alisador
(FERRER 2006) Ferramentas ceracircmicas de nitreto de siliacutecio tecircm mostrado um melhor desempenho
que as de metal duro em operaccedilotildees de faceamento em ferro fundido cinzento Isto porque
ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio apresentam tenacidade suficiente onde o
lascamento natildeo eacute um fator predominante para o fim da vida da ferramenta (FERRER e DINIZ
2005)
Em contrapartida ferramentas de metal duro satildeo consideradas uma melhor opccedilatildeo para
processo de usinagem em fresamento de ferro fundido vermicular O mecanismo de desgaste por
difusatildeo eacute muito acentuado em ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio (GABALDO
2009)
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte
Desgaste eacute a perda contiacutenua e microscoacutepica de partiacuteculas da ferramenta devido agrave accedilatildeo do corte
(DINIZ et al 2008) Haacute alguns desgastes de ferramenta de corte padronizado como desgastes
convencionais Os principais deles satildeo o desgaste de flanco ou frontal (na superfiacutecie de folga da
39
ferramenta) desgaste de entalhe (nos limites de contato ferramentapeccedila) e desgaste de cratera (na
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) Aleacutem dos desgastes diversas outras ocorrecircncias podem acontecer
agrave ferramenta durante seu uso como trincas lascas deformaccedilotildees plaacutesticas e quebra A estas
ocorrecircncias daacute-se o nome de avarias (FERRARESI 1970)
Os principais fenocircmenos causadores do desgaste satildeo
Aresta posticcedila de corte (APC) ndash material da peccedila aderido na aresta de corte da ferramenta
modificando o comportamento da forccedila de corte acabamento superficial da peccedila e desgaste da
ferramenta A APC ocorre quando em baixa velocidade de corte a parte inferior do cavaco sob
pressatildeo de corte na zona de aderecircncia manteacutem o contato sem movimento relativo por um espaccedilo de
tempo suficiente para soldar na ferramenta Agrave medida que a APC cresce torna-se instaacutevel e depois
de algum tempo colapsa levando consigo partiacuteculas da superfiacutecie de folga da ferramenta
incentivando assim o desgaste de flanco em baixa velocidade de corte (DINIZ et al 2008)
Abrasatildeo mecacircnica ndash o desgaste frontal ou o desgaste de cratera podem ser gerados pela
abrasatildeo (atrito) poreacutem eacute mais comum o desgaste frontal porque a superfiacutecie de folga atrita na peccedila
que eacute riacutegida enquanto que a superfiacutecie de saiacuteda atrita com o cavaco que eacute flexiacutevel O desgaste por
abrasatildeo ocorre pela presenccedila de partiacuteculas duras no material da peccedila e pela temperatura de corte que
reduz a dureza da ferramenta Quando o desgaste abrasivo ocorre a superfiacutecie desgastada mostra
sulcos paralelos agrave direccedilatildeo de avanccedilo (TRENT e WRIGHT 2000)
Aderecircncia ndash eacute formada por um extrato metaacutelico provocado pela baixa velocidade de corte e
baixa temperatura entre duas superfiacutecies metaacutelicas postas em contato sob cargas moderadas A
resistecircncia deste extrato eacute elevada a tal ponto que na tentativa de separar as superfiacutecies ocorre agrave
ruptura em um dos metais e natildeo na superfiacutecie de contato Quando este desgaste ocorre a superfiacutecie
desgastada tem aparecircncia aacutespera (TRENT e WRIGHT 2000) Assim partiacuteculas da superfiacutecie de um
material migram para superfiacutecie do outro O fenocircmeno da aderecircncia estaacute presente na formaccedilatildeo da
aresta posticcedila mas pode-se ter desgaste por aderecircncia mesmo sem a formaccedilatildeo da aresta posticcedila Por
meio deste fenocircmeno as partiacuteculas da ferramenta que satildeo removidas pela continuidade do
movimento de escorregamento entre as duas superfiacutecies (cavaco-ferramenta ou ferramenta-peccedila)
seguem aderidas ao fluxo de cavaco ou peccedila Como satildeo bastante duras ao atritarem com regiotildees da
ferramenta mais agrave frente desgastam-nas por abrasatildeo A utilizaccedilatildeo de coberturas com baixo
coeficiente de atrito como o nitreto de titacircnio e o uso de fluiacutedo de corte adequado tem grande
influecircncia na reduccedilatildeo deste tipo de desgaste (DINIZ et al 2008)
40
Difusatildeo ndash eacute um fenocircmeno microscoacutepico ativado pela temperatura na zona de corte
principalmente entre a ferramenta e o cavaco podendo tambeacutem ocorrer entre a ferramenta e a peccedila
depois de jaacute haver ocorrido algum desgaste na superfiacutecie de folga causado por algum outro
mecanismo A difusatildeo no estado soacutelido consiste na transferecircncia de aacutetomos de um metal ao outro
Depende da temperatura duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemico dos dois metais
envolvidos na zona de cisalhamento secundaacuterio Ocorre principalmente na superfiacutecie de saiacuteda da
ferramenta causando o desgaste de cratera porque eacute ali que se tem a zona de aderecircncia entre cavaco
e ferramenta (que garante o tempo de contato) e a zona de fluxo (zona secundaacuteria de cisalhamento)
na qual o cisalhamento eacute intenso e assim a temperatura eacute bastante alta Ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes a este tipo de
desgaste (DINIZ et al 2008)
Oxidaccedilatildeo ndash a maioria dos metais oxidam em altas temperaturas e na presenccedila de aacutegua e ar Na
usinagem isto ocorre devido ao uso de fluiacutedo de corte de baixa concentraccedilatildeo ou fluiacutedo de corte natildeo
adequado para o processo O tungstecircnio e o cobalto durante o corte formam filmes de oacutexido poroso
sobre a ferramenta que satildeo facilmente levados embora pelo atrito gerando o desgaste Poreacutem
alguns oacutexidos como o oacutexido de alumiacutenio satildeo mais duros e resistentes Assim alguns materiais de
ferramentas que natildeo conteacutem oacutexido de alumino desgastam mais facilmente por oxidaccedilatildeo Este
desgaste se forma nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao acesso de ar nesta
regiatildeo causando o desgaste de entalhe Tambeacutem para este desgaste ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes (DINIZ et al
2008)
41
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Este capiacutetulo descreve o material do bloco do motor e o material da ferramenta de corte a ser
utilizada no experimento aleacutem dos equipamentos e o meacutetodo utilizado para o experimento
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos
Uma linha de usinagem flexiacutevel de bloco do motor diesel exclusivo em material de ferro
fundido vermicular jaacute existente na empresa MWM International situado em Santo Amaro SP foi o
laboratoacuterio utilizado para realizaccedilatildeo dos experimentos
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos
Utilizou-se como corpos de prova para os ensaios de mandrilamento blocos para motores de
seis cilindros (ver figura 21) fundidos em material de ferro fundido vermicular e fundido na
empresa TUPY Fundiccedilotildees localizada em Mauaacute Satildeo Paulo A operaccedilatildeo de usinagem objeto deste
estudo foi o mandrilamento dos mancais do bloco
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE
42
O material do bloco do motor eacute o GJV-450 conforme norma MANN (M3340) Foi realizada
uma anaacutelise metalograacutefica de amostras retiradas de corpos de prova do bloco do motor conforme
posiccedilatildeo visualizada na figura 22
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise
metalograacutefica (norma MANN M3340 2004)
A tabela 21 e as figuras 23 e 24 mostram os resultados da anaacutelise metalograacutefica do material
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor
DESCRICcedilAtildeO ESPECIFICADO
Estrutura da Matriz Perlita Lamelar Fina
Ferrita Livre Maacuteximo de 30
Cementita Livre Ausente
Carbonitreto de Titacircnio Metalograficamente natildeo permitidos
Ledeburita Ausente
Rede de Fosfeto - STEADITA Traccedilos isolados como informativo
Forma da Grafita I e II Ausente
Forma da Grafita III Miacutenimo 70
Forma da Grafita IV Maacuteximo 5
Forma da Grafita V e VI Maacuteximo 30
Tamanho da Grafita Forma III 3 ou mais fino
Tamanho da Grafita Forma IV 3 ou mais fino
43
Tamanho da Grafita Forma V e VI 5 ou mais fino
Dureza 150 agrave 250 HB 30
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo 440 agrave 520 Nmm2
Limite de Escoamento Miacutenimo 320 Nmm2
Alongamento Miacutenimo 1
Figura 23 - Micrografia mostrando a morfologia da
grafita
Forma III (80 agrave 85) e tamanho de 4 agrave 5
Forma IV (lt 5) e tamanho de 5 agrave 6
Forma V + VI (10 agrave 15) e tamanho de 5 agrave 6
Sem ataque
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrututa da
matriz matriz perliacutetica
Com ataque NITAL 3
A tabela 22 mostra o resultado do ensaio quiacutemico realizado em uma amostra de bloco
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN)
ESPECIFICADO em ENCONTRADO em
11 Carbono C 350 agrave 380 361
12 Carbono Equivalente C equiv 405 agrave 435 419
13 Silicio Si 200 agrave 230 232
14 Manganecircs Mn 040 maacuteximo 026
15 Foacutesforo P 002 maacuteximo 0009
16 Enxofre S 0005 agrave 0020 0011
17 Cromo Cr 01 maacuteximo 0029
44
18 Cobre Cu 075 agrave 095 084
19 Estanho Sn 004 agrave 007 007
110 Magneacutesio Mg 0010 agrave 0016 0010
111 Titacircnio Ti 0010 maacuteximo 0003
O material de ferro fundido vermicular a ser removido pela ferramenta de corte na operaccedilatildeo de
mandrilamento dos mancais tem espessura entre 25 e 30mm (profundidade de corte) devido agrave
variaccedilatildeo do sobremetal de fundiccedilatildeo conforme figura 25 formando cavacos de ruptura
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte
O bloco do motor contem sete mancais com comprimento de 37mm cada conforme figura 26
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm
45
23 Ferramenta de Corte (insertos)
Nos experimentos foram utilizados insertos de ceracircmica e insertos de metal duro conforme
figuras 27 28 e 29 e tabela 23
Figura 27 - Inserto de Metal Duro
WTXQ090608 K01L10B040 HP425
Figura 28 - Inserto de ceracircmica
WTXQ090608 0906 MN KS6000
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento
METAL DURO CERAcircMICA
Material Classe K10 Nitreto de Silicio
Aresta de Corte Arredondamento 006mm Arredondamento 006mm
Espessura do inserto 635mm 635mm
Aacuterea para corte Maacuteximo 7mm Maacuteximo 7mm
Quantidade de arestas 6 arestas 6 arestas
Cobertura Nitreto de Titanio Alumino (TiNAl) Sem cobertura
46
Figura 29 - Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios
Os insertos foram montados em uma barra de mandrilar na posiccedilatildeo tangencial em um diacircmetro
de 1105mm para desbaste conforme figura 210 Nesta mesma ferramenta tambeacutem estatildeo montados
os seis insertos de semi-acabamento para posterior processo de fratura Esta ferramenta possui guias
de metal duro para reduzir vibraccedilatildeo garantir alinhamento entre os mancais e garantir a precisatildeo
dimensional As guias de metal duro da ferramenta e o diacircmetro do mancal podem estar com folga
entre 0005mm e 0015mm Esta folga eacute coberta pelo fluido de corte com uma concentraccedilatildeo
aproximada de 12 e com isso contribui para reduzir o atrito
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos
47
Antes dos experimentos foram montados vaacuterios insertos na barra de mandrilar para verificar a
variaccedilatildeo do batimento radial e axial Nota-se que radialmente foram encontrados ateacute 004mm de
variaccedilatildeo e axialmente foram encontrados ateacute 002mm conforme demonstra figura 211 Ambos os
resultados encontrados natildeo influenciam no resultado final dos experimentos
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado
O fluido de corte utilizado no experimento tendo tambeacutem como funccedilatildeo reduzir o atrito entre
as guias de metal duro da barra de mandrilar e o mancal guia do bloco foi um oacuteleo semi-sinteacutetico do
tipo EP produzido pelo fabricante CASTROL O nome do produto eacute ldquoSuperedge 6552 BFrdquo com alta
resistecircncia agrave formaccedilatildeo de espuma isento de Boro Cloro Nitritos e Fenois As tabelas 24 e 25
mostram caracteriacutesticas deste fluido
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
Estado fiacutesico Liacutequido
Odor Suave
Cor Acircmbar
pH 90 a 95 (5)
Ponto de fulgor Produto base aacutegua Natildeo inflamaacutevel
Densidade 0937 gmL
Solubilidade Soluacutevel em aacutegua
48
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
DESCRICcedilAtildeO PORCENTAGEM
Aacutegua 5 agrave 10
Amina primaacuteria 20 agrave 40
Amina terciaacuteria 50 agrave 80
Oacuteleo mineral parafiacutenico 45 agrave 50
Benzotriazol 01 agrave 05
Aacutecidos di carboxiacutelicos 20 agrave 50
Aditivo EP a base de foacutesforo 20 agrave 80
Amida de Tall Oil 10 agrave 15
Aacutecido carbacircmico 05 maacuteximo
Metileno bis morfolina 30 agrave 70
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos
A maacutequina de usinar utilizada para realizar os experimentos foi um centro de usinagem
horizontal CNC com 4 eixos (XYZB) da marca GROB modelo BZ640 com palete (mesa) de 630
x630mm (ver figura 212) Esta maacutequina eacute controlada por um comando SIEMENS e pode suportar
uma carga sobre a mesa de ateacute 1000Kg jaacute que a peccedila (bloco do motor) utilizada no experimento
tem aproximadamente 300Kg e o dispositivo para fixar a peccedila tem aproximadamente 500Kg
somando juntos 800Kg A maacutequina tambeacutem tem um giro de palete permitido de ateacute 1200mm para
suportar a peccedila que tem um comprimento de 1060mm O eixo da maacutequina eacute um motofuso com
potecircncia de 26Kw(40ED) e 20Kw(100 ED) O torque eacute de 340Nm (40 ED) e 262Nm(100
ED) A cada 10 minutos de usinagem por 4 minutos pode ser utilizados potecircncia e torque maacuteximos
ou seja pode-se utilizar 26Kw a cada 4 minutos ou 20Kw em todo tempo de usinagem e igualmente
para torque
49
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB
Este equipamento eacute preparado para medir potecircncia consumida do fuso no momento da
usinagem da peccedila conforme demonstrado na figura 213
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos
O equipamento utilizado para realizar as mediccedilotildees de desgaste dos insertos (VB ndash desgaste de
flanco) utilizados no experimento foi uma maacutequina para preacute-ajustagem de ferramentas marca
ZOLLER com cacircmera integrada conforme figura 214 Esta maacutequina tambeacutem possui alguns
benefiacutecios como sistema de fixaccedilatildeo SHRINK (fixaccedilatildeo de ferramenta por contraccedilatildeo teacutermica) e um
50
software de programaccedilatildeo com o procedimento de mediccedilatildeo de cada ferramenta reduzindo a
influecircncia do operador
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER
Ao fim dos ensaios os desgastes das ferramentas foram analisados em um Microacutescoacutepio
Eletrocircnico de Varredura (MEV) contendo sonda para realizaccedilatildeo de testes de EDS(Sistema de
Energia Dispersiva) Este equipamento tem marca FEI modelo Quanta 450 conforme figura 215
Ele eacute capaz de produzir imagens de alta ampliaccedilatildeo
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos
insertos
51
27 Processo de Usinagem
Uma barra de mandrilar com 600mm de comprimento devido agrave sua rigidez pelo curto
comprimento mandrila o primeiro mancal em desbaste para obtenccedilatildeo do Oslash1105mm e acabamento
Oslash111mm simultaneamente No teacutermino da usinagem do primeiro mancal a mesa (palete) gira 180deg
para que a usinagem do seacutetimo mancal (uacuteltimo) seja realizada A funccedilatildeo desta primeira ferramenta eacute
fornecer guia (mancal usinado) para a barra de mandrilar longa com comprimento de 600mm
conforme figura 216 utilizada nos experimentos deste trabalho para usinar do segundo ao sexto
mancal
A barra de mandrilar longa utiliza o primeiro mancal como guia e usina o segundo mancal
conforme demonstrado na figura 216 Apoacutes o segundo mancal acabado a ferramenta avanccedila e
utiliza o segundo mancal como guia para usinar o terceiro mancal e assim sucessivamente ateacute usinar
o quarto mancal Para usinar o quinto e o sexto mancal a mesa da maacutequina gira a 180deg e a
ferramenta utiliza o seacutetimo mancal como guia para usinar o sexto mancal e logo na sequumlecircncia
utiliza o sexto mancal como guia para usinar o quinto mancal
A ferramenta utilizada nos experimentos usina um total de cinco mancais por bloco
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento
28 Procedimento experimental
Primeiramente foi determinado que um ensaio terminaria apoacutes 40 peccedilas usinadas Este nuacutemero
foi determinado para que o desgaste frontal da ferramenta tivesse aproximadamente de 04mm
(mediccedilatildeo VB) ao fim do ensaio Como o laboratoacuterio utilizado no experimento foi uma linha de
produccedilatildeo impossibilitando a mediccedilatildeo do desgaste dos insertos ateacute atingir exatos 04mm foi
definido medir a aresta de 10 em 10 peccedilas ateacute atingir as 40 peccedilas Poreacutem houve exceccedilotildees como
- Ensaios em que o desgaste VB atingiu valores elevados muito antes das 40 peccedilas
600mm
52
- Ensaios em que a potecircncia de seguranccedila do fuso da maacutequina foi acionada antes das 40 peccedilas
A velocidade de corte foi a variaacutevel utilizada para iniciar os ensaios em insertos de metal duro
fixando o avanccedilo por dente e a quantidade de insertos montados conforme tabela 26
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 140mmin 022mm 6 532mmmin
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
A maacutexima velocidade de corte de 155mmin foi determinada devido agrave caracteriacutestica de
seguranccedila que a maacutequina oferece para natildeo danificar o equipamento Como a barra de mandrilar eacute
longa e robusta qualquer quebra ou outro tipo de avaria pode danificar o fuso da maacutequina Mais
caro que o fuso eacute o alto tempo de reparo que um equipamento deste porte pode sofrer Para
seguranccedila haacute um limite de potecircncia consumida do fuso em que o equipamento interrompe a rotaccedilatildeo
para evitar maiores avarias Como a folga entre as guias de metal duro da barra de mandrilar e o
guia dos mancais podem variar entre 0005mm e 0015mm o aumento da rotaccedilatildeo aumenta a forccedila
centriacutepeta e o oacuteleo natildeo suporta reduzir o atrito aumentando a potecircncia consumida do fuso e
limitando a velocidade de corte para maacuteximo de 155mmin
A velocidade miacutenima de corte de 110mmin utilizada foi a jaacute definida no processo antes de
realizaccedilatildeo deste trabalho e a velocidade de corte intermediaacuteria foi a definida pela velocidade de
corte mais proacutexima da meacutedia entre a velocidade maacutexima de 155mmin e a velocidade miacutenima de
110mmin
Continuando na estrateacutegia dos experimentos utilizou-se a maior velocidade de corte permitida
pela maacutequina para os experimentos com ceracircmica o qual precisa de maiores velocidades em
comparaccedilatildeo com o metal duro Para comparar rendimento utilizou as mesmas condiccedilotildees para o
experimento com inserto de metal duro A uacutenica variaccedilatildeo foi o material da ferramenta conforme
mostrado na tabela 27
53
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 6 590mmmin
Como o experimento com ceracircmica natildeo foi possiacutevel devido agrave alta potecircncia consumida do fuso
e a ocorrecircncia de avaria de quebra prematura a terceira fase de testes foi a reduccedilatildeo do nuacutemero de
insertos montados na ferramenta conforme demonstrado na tabela 28
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 3 295mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 3 295mmmin
Na sequumlecircncia dos experimentos fixou-se a menor velocidade de corte utilizada nos
experimentos e o uso apenas de insertos de metal duro ateacute entatildeo a melhor condiccedilatildeo de corte
experimentada variando somente o avanccedilo por dente conforme demonstra a tabela 29
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 110mmin 030mm 6 572mmmin
Metal Duro 110mmin 034mm 6 648mmmin
O maior avanccedilo por dente utilizado nos experimentos foi definido pela seguranccedila da maacutequina
no controle de potecircncia maacutexima utilizada ou seja a utilizaccedilatildeo do avanccedilo por dente de 034mm se
posicionava no limite de potecircncia da maacutequina
Todos os experimentos foram realizados reacuteplicas exceto os experimentos com variaccedilatildeo da
velocidade de corte que foi necessaacuterio realizar uma treacuteplica
54
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO
Este capiacutetulo descreveraacute os resultados dos experimentos As variaacuteveis analisadas satildeo a
evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos em funccedilatildeo da quantidade de peccedilas usinadas o tempo de
usinagem a quantidade de dentes da ferramenta em contato com a peccedila potecircncia consumida do fuso
e volume de cavaco removido
31 Cavaco
A usinagem do ferro fundido cinzento gera cavaco de ruptura na regiatildeo de cisalhamento
(Ferraresi 1970) O cavaco retirado do bloco do motor em ferro fundido vermicular utilizado nos
experimentos tambeacutem pode ser classificado como de ruptura mas eacute um pouco maior que o tiacutepico
gerado na usinagem do ferro fundido cinzento conforme mostra a figura 31
Como a deformaccedilatildeo do cavaco no momento do corte natildeo eacute homogecircnea por causa da
concentraccedilatildeo de tensatildeo ou pontos de baixa resistecircncia na parte traseira do cavaco (Diniz et al
2008) a parte de traz do cavaco eacute bem rugosa mesmo para um cavaco de ruptura conforme
demonstrado na figura 32
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura de CGI
Figura 32 - Face rugosa do cavaco de CGI
55
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel )
Na primeira fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
arestas) e o avanccedilo por dente foram fixados tendo como variaacutevel a velocidade de corte
Na velocidade de corte de 155mmin 30 peccedilas foram usinadas ateacute o desgaste de flanco do
inserto ultrapassar os 04mm (VB) conforme mostrado na figura 33
vc110
mmin
vc140
mmin
vc155
mmin
10 peccedilas 20 peccedilas 30 peccedilas
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte
Para as velocidades de corte de 110mmin e 140mmin foi possiacutevel mandrilar ateacute 40 peccedilas
conforme demonstrado na figura 34 O desgaste dos diversos insertos de uma mesma eram muito
proacuteximos mas foi decidido fazer as mediccedilotildees de insertos montados sempre na mesma posiccedilatildeo da
ferramenta Pode-se verificar que o inserto utilizado no experimento com maior velocidade de corte
resultou em um maior desgaste frontal (ainda figura 33) devido ao acreacutescimo de calor gerado no
processo concordando com a literatura (Diniz et al 2008)
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
56
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado
Como jaacute descrito anteriormente a maior velocidade de corte resulta em uma maior taxa de
desgaste frontal dos insertos Como mostra a figura 35 a influecircncia da velocidade de corte na taxa
de desgaste ficou clara somente a partir de 20 peccedilas usinadas ou seja o comportamento do desgaste
das arestas dos insertos foram muito semelhantes diferenciando em poucos centeacutesimos na usinagem
de ateacute 20 peccedilas O valor do desgaste foi 51 menor na velocidade de corte de 110mmin quando
comparado com a velocidade de corte de 140mmin apoacutes 40 peccedilas usinadas Analisando uma
diferenccedila ainda maior de velocidade de corte como por exemplo velocidade de corte de 110mmin
e 155mmin e fixando 30 peccedilas para comparaccedilatildeo jaacute que o experimento com a velocidade de corte
de 155mmin natildeo atingiu 40 peccedilas a diferenccedila foi de 60 Em outras palavras o valor do desgaste
VB apoacutes 30 peccedilas usinadas era 60 maior na ferramenta utilizada com 155 mmin que o desgaste da
ferramenta que usinou com 110 mmin
04mm
A B
04mm
Vc110mmin Vc140mmin
57
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos
Comparando o graacutefico de desgaste dos insertos com o graacutefico de potecircncia consumida do fuso
(figura 36) vecirc-se que conforme esperado agrave medida em que aumenta o desgaste da ferramenta
aumenta o atrito na interface ferramentapeccedila e consequumlentemente aumenta a potecircncia consumida
do fuso Na usinagem com ferramenta nova (peccedila 1 na figura 36) a potecircncia consumida com vc =
140 mmin foi cerca de 22 maior que quando se usinou com vc = 110 mmin (aumento de 27 no
valor da velocidade) enquanto a potecircncia consumida com velocidade de corte de 155mmin foi 9
maior que quando se usinou com vc = 140 mmin (aumento de 11 no valor da velocidade de corte)
Pode-se verificar que o aumento da potecircncia consumida foi pouco menor que o aumento da proacutepria
velocidade de corte Diniz et all (2008) afirmam que a potecircncia de corte pode ser dada pela equaccedilatildeo
31 Como nem profundidade de usinagem nem avanccedilo foram alterados nestes ensaios este
resultado significa que o aumento da velocidade de corte proporcionou uma pequena reduccedilatildeo no
valor da pressatildeo de corte o que concorda com o que foi tambeacutem afirmado por estes autores
cc vfapKsvFcPc (31)
Onde
Pc = potecircncia de corte
Fc = forccedila de corte
0
01
02
03
04
05
06
07
08
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Velocidade de corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
58
Ks = pressatildeo especiacutefica de corte
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para
ferramentas com 3 e 6 insertos)
Na segunda fase dos experimentos devido agrave utilizaccedilatildeo de insertos de ceracircmica foi utilizada a
velocidade de corte de 155mmin que eacute a maacutexima permitida pela maacutequina Como a intenccedilatildeo eacute
comparar o desempenho dos materiais dos insertos foi fixada a velocidade de corte de 155mmin o
avanccedilo por dente de 022mmin e inicialmente seis arestas na ferramenta tendo como variaacutevel o
material de ceracircmica e metal duro
Poreacutem natildeo foi possiacutevel realizar o experimento em questatildeo O ensaio teve que ser interrompido
porque todos os insertos se quebraram antes da ferramenta completar 10 peccedilas usinadas O desgaste
prematuro das arestas de corte do inserto de ceracircmica e o aumento da pressatildeo de corte devido ao
aumento na quantidade de arestas aumentaram bastante a tendecircncia agrave quebra dos insertos
Como natildeo foi possiacutevel a comparaccedilatildeo dos insertos de ceracircmica com insertos de metal duro
nestas condiccedilotildees decidiu-se realizar esta fase dos experimentos mantendo a velocidade de corte de
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Variaacutevel - Velocidade de Corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
59
155mmin e o avanccedilo por dente de 022mmin mas reduzndo o nuacutemero de arestas da ferramenta
para trecircs Realizou-se estes testes com ferramenta de metal duro e ferramenta ceracircmica
Pode-se verificar que para mandrilamento em desbaste de peccedilas em material de ferro fundido
vermicular insertos de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio natildeo se mostraram adequados ou seja haacute
um desgaste excessivo da aresta de corte conforme mostra a figura 37 Vecirc-se nesta figura que com
apenas 10 peccedilas usinadas o desgaste dos insertos ultrapassava 10mm de VB O inserto de metal duro
para esta mesma quantidade de peccedilas (10 peccedilas) apresentava desgaste de somente 022 mm
conforme demonstrado na figura 38
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm
Figura 38 ndash Aresta do inserto de metal duro
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm
A figura 39 mostra que inicialmente a potecircncia consumida pela maacutequina quando se utilizou
ferramenta ceracircmica era bem proacutexima daquela consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro Como pode ser visto nas figuras 27 e 28 e na tabela 23 as ferramentas utilizadas tecircm
geometrias idecircnticas Entatildeo este resultado mostra que o suposto menor coeficiente de atrito da
camada de TiAlN que recobre a ferramenta de metal duro natildeo teve influecircncia na diminuiccedilatildeo dos
esforccedilos de corte Poreacutem em poucas peccedilas usinadas devido ao excessivo desgaste das arestas de
corte haacute um aumento progressivo na potecircncia consumida do fuso para o experimento com ceracircmica
Apoacutes 10 peccedilas usinadas enquanto a potecircncia consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro aumentou 8 em relaccedilatildeo agrave potecircncia consumida na usinagem da primeira peccedila a potecircncia
quando se usou ferramenta ceracircmica aumentou em cerca de 41
04mm 04mm
60
Figura 39 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica
Como a comparaccedilatildeo entre insertos de metal duro e insertos de ceracircmica foi extremamente
favoraacutevel ao experimento de metal duro decidiu-se comparar a quantidade de insertos em uso na
ferramenta Assim os experimentos foram realizados com ferramenta de metal duro com trecircs
insertos e seis insertos fixando a velocidade de corte de 155mmin e o avanccedilo por dente de 023mm
Fotos das regiotildees desgastadas destas ferramentas estatildeo mostradas na figura 38
Trecircs(3)
insertos
Seis(6)
insertos
10 peccedilas 20 peccedilas
10
11
12
13
14
15
16
17
1 10 20
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Metal Duro x Ceracircmica
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Metal Duro Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Ceracircmica
04mm 04mm
04mm 04mm
61
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes
Verifica-se que o experimento com maior quantidade de insertos (6 insertos) em uso obteve
uma superioridade de 66 de vida com relaccedilatildeo ao experimento de menor quantidade de insertos (3
insertos) confirmando a literatura (REUTER et al1999) quando atingido a quantidade de 20 peccedilas
que foi o limitante para o experimento com trecircs insertos conforme mostra figura 311
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6
insertos
O aumento do nuacutemero de dentes aumenta o volume de cavaco removido por minuto sem
aumentar a carga realizada sobre cada aresta Portanto este aumento deve ser incentivado desde que
haja espaccedilo suficiente entre dentes para armazenar o cavaco e desde que a maacutequina tenha potecircncia e
rigidez para suportar este maior volume de cavaco removido A figura 312 abaixo mostra a maior
potecircncia consumida para o experimento utilizando seis insertos como variaacutevel mas ainda dentro do
permitido pela maacutequina Veja que com 100 no aumento da velocidade de avanccedilo devido ao dobro
da quantidade de dentes em uso a potecircncia consumida do fuso iniciou com uma diferenccedila de 73
ou seja confirma-se que a potecircncia de corte aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo porque o Ks
reduziu devido a maior velocidade de avanccedilo Se o Ks natildeo reduzisse com o aumento do avanccedilo a
diferenccedila da potecircncia consumida do fuso seria de 100
0
02
04
06
08
10 20 30
Des
gast
e V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas - Vb(mm) 3 insertos x 6 insertos
Vc 155mmin - MD fz 022 (3 INSERTOS)
Vc 155mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
62
Figura 312 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como
variaacutevel)
Na quarta fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
facas) a melhor velocidade de corte (vc 110mmin) encontrada nos primeiros experimentos e o
material da ferramenta (Metal Duro) foram fixados tendo como variaacutevel o avanccedilo por dente
Pode-se verificar que para velocidade de corte de 110mmin independente da variaacutevel avanccedilo
por dente a variaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do desgaste das arestas de corte foi muito pequena conforme
demonstrado nas figuras 313 e 314 O aumento do avanccedilo aumenta o volume de cavaco removido
por minuto e com isto aumenta o calor gerado Por outro lado o crescimento do avanccedilo faz com
que o contato do cavaco com a ferramenta se decirc em uma maior porccedilatildeo da superfiacutecie de saiacuteda Como
tem-se maior calor gerado mas com maior aacuterea da ferramenta para receber este calor a temperatura
da ferramenta natildeo se altera muito e por isso a influecircncia do avanccedilo no desgaste da ferramenta
quando existe eacute pequena (Diniz et al 2008)
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Nuacutemero de insertos como variaacutevel
Vc 155mmin (6 ins) fz 022 - MD
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - MD
63
fz
022mm
fz
030mm
fz
034mm
20 peccedilas 30 peccedilas 40 peccedilas
Figura 313 ndash Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos
Este resultado eacute bastante importante para um processo de desbaste como o analisado neste
trabalho O aumento do avanccedilo por dente faz com que o tempo de corte de uma peccedila seja reduzido
Como isto natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta tem-se com certeza um processo mais
produtivo (se a vida da ferramenta tivesse diminuiacutedo seria necessaacuterio cotejar a diminuiccedilatildeo do tempo
de corte contra o aumento de tempo de maacutequina parada para troca de ferramenta para afirmar que o
processo foi mais produtivo) com mesmo custo de ferramentas e menor custo de utilizaccedilatildeo da
maacutequina Haacute que se perguntar qual eacute o limite para o aumento do avanccedilo por dente Com certeza agrave
medida que se aumenta este valor para mesmo raio de ponta da ferramenta cresce o risco de quebra
da mesma A utilizaccedilatildeo de avanccedilos ainda maiores que os aqui utilizados eacute uma sugestatildeo para um
trabalho futuro
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
64
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por
dente como variaacutevel
A figura 315 mostra os resultados de potecircncia consumida versus nuacutemero de peccedilas usinadas
para os ensaios em que se teve variaccedilatildeo do avanccedilo por dente Nela percebe-se que haacute um aumento
na potecircncia consumida agrave medida que se aumenta o avanccedilo por dente Levando-se em consideraccedilatildeo a
potecircncia consumida na usinagem da 1ordf peccedila (ferramenta ainda sem desgaste) houve um aumento de
21 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 022mm para 030mm (36 de aumento
do avanccedilo) e um aumento de 9 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 030mm para
034mm (13 de aumento do avanccedilo) Isto estaacute em acordo com a literatura (Diniz Marcondes e
Coppini2008) que afirma que a Potecircncia de Corte (Pc) aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo da
avanccedilo (f) porque a Pressatildeo Especiacutefica de Corte (Ks) cai com o aumento de f Isto eacute possiacutevel
porque a contribuiccedilatildeo dada pelo fluxo lateral de cavaco (parte do volume de material deformado da
peccedila natildeo se transforma em cavaco mas sim escorrega entre a peccedila e a superfiacutecie de folga da
ferramenta) fica percentualmente menos importante quando se aumenta o avanccedilo
Outro ponto importante a ser destacado nesta figura eacute que a contribuiccedilatildeo do desgaste para o
crescimento da potecircncia consumida eacute significativa Quando se utilizou fz = 030 mm o crescimento
da potecircncia entre a 1ordf peccedila usinada e a 40ordf peccedila foi de 76 enquanto quando se usou fz = 022 mm
este crescimento foi de 20 (maior crescimento percentual dentre as 3 curvas) Esta diferenccedila de
0
01
02
03
04
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Avanccedilo por dente
Vc 110mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 030 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 034 (6 INSERTOS)
65
variaccedilatildeo percentual da potecircncia consumida entre a 1ordf e a 40ordf peccedila deve-se provavelmente ao da
potecircncia ao longo da vida da ferramenta natildeo eacute tatildeo intenso
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de
avanccedilo como variaacutevel
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste
Os insertos utilizados nos experimentos foram submetidos agrave anaacutelise por um microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (MEV) com sistema de energia dispersiva (EDS) Este procedimento
objetivou a anaacutelise do mecanismo de desgaste das arestas de corte
Foram analisadas as arestas dos insertos de metal duro em fim de vida utilizados nos
ensaios em que se variou a velocidade de corte e a quantidade de insertos Os insertos com a
variaccedilatildeo do avanccedilo por dente foram submetidos ao MEV e ao EDS a cada 10 peccedilas mandriladas ateacute
completar o fim de vida Com relaccedilatildeo aos ensaios com ferramenta de ceracircmica somente as arestas
utilizadas no experimento com trecircs insertos puderam ser analisadas porque no experimento
utilizando seis insertos de ceracircmicas os mesmos quebraram no momento do experimento
impossibilitando a anaacutelise
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso
Vc 110mmin fz 022mm
Vc 110mmin fz 030mm
Vc 110mmin fz 034mm
66
Os insertos usados nos experimentos foram limpos por ataque da soluccedilatildeo de 10 gramas de
ferrocianeto de potaacutessio [ K4 [ Fe(CN)6]] 10 gramas de hidroacutexido de potaacutessio (KHO) e 100
mililitro de aacutegua destilada imerso de 4 agrave 6 antes de serem colocados no microscoacutepio
A figura 316 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
Nesta figura natildeo se vecirc riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte que se ocorressem indicariam
desgaste de origem abrasiva Fez-se anaacutelise de EDS nos 3 pontos mostrados na figura e o resultado
destas anaacutelises estatildeo mostrados na figura 317 O ponto 2 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
predominacircncia de titacircnio e alumiacutenio pois ali a cobertura da ferramenta estaacute intacta (a cobertura eacute de
TiAlN) Nos pontos 1 e 3 que estatildeo mais proacuteximos da aresta de corte encontra-se uma alta
quantidade de ferro e manganecircs mostrando que houve adesatildeo de material da peccedila na regiatildeo
desgastada da superfiacutecie de folga
67
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 318 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 140 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Os pontos 1 2
e 3 mostrados na figura estatildeo fora da regiatildeo desgastada e a anaacutelise EDS neles (figura 319) indicou a
presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta como era de se esperar O ponto 3 aleacutem da
presenccedila de elementos da ferramenta mostrou tambeacutem a presenccedila de elementos do fluido de corte
68
como foacutesforo e pequena quantidade de material da peccedila provavelmente devido ao contato com o
material do cavaco retirado da peccedila
Figura 318 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
No ponto 4 verifica-se a presenccedila de elementos como ferro manganecircs e siliacutecio que satildeo
materiais presentes exclusivamente na peccedila usinada e no cavaco mostrando de novo que houve
adesatildeo de material da peccedilacavaco na regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga
69
Figura 319 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 320 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Nesta figura
pode-se tambeacutem ver que o desgaste e a velocidade de ocorrecircncia do desgaste foram tais que a
ferramenta chegou a lascar
70
Figura 320 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
A figura 321 mostra os resultados da anaacutelise EDS O ponto 4 que estaacute fora da regiatildeo
desgastada (ver figura 320) mostra somente a presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta Os
pontos 2 e 3 mostram a forte presenccedila de material da peccedilacavaco aderidos agrave superfiacutecie desgastada
O ponto 1 que estaacute na vizinhanccedila da regiatildeo lascada mostra principalmente a presenccedila de elementos
do substrato da ferramenta como tungstecircnio e cobalto mostrando que ali toda a camada de
cobertura jaacute havia sido removida
71
Figura 321 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
Depois da anaacutelise do desgaste destas 3 ferramentas pode-se concluir que ele ocorreu
principalmente devido ao mecanismo de adesatildeo e arranque de partiacuteculas da ferramenta (attrition) A
pressatildeo de corte foi tal que permitiu que durante a formaccedilatildeo do cavaco parte do material da
peccedilacavaco extrudasse entre ferramenta e peccedila (talvez auxiliado por algum desgaste inicial gerado
por um outro mecanismo) e aderisse agrave superfiacutecie de folga da ferramenta Esta camada aderida era
arrancada pelo atrito entre ferramenta e peccedila levando consigo partiacuteculas da cobertura e do substrato
da ferramenta Ao arrastar partiacuteculas da ferramenta o desgaste era mais ainda incentivado jaacute que
72
estas partiacuteculas bastante duras atritavam com a proacutepria ferramenta Pode-se concluir que o
mecanismo principal de desgaste foi este devido agrave presenccedila de camada do material da peccedilacavaco
aderida em todas as regiotildees desgastadas como tambeacutem pela regiatildeo do substrato exposta na figura
320 Conseguiu-se tirar uma foto da ferramenta no momento que naquela regiatildeo (ponto 1 da figura
320) a camada aderida havia sido removida e ainda natildeo tinha sido substituiacuteda por outra camada
deixando o substrato exposto Eacute loacutegico que na continuidade deste processo de desgaste
principalmente quando a taxa desgaste eacute alta devido agrave alta velocidade de corte (como ocorreu
quando se utilizou vc = 155 mmin) o risco de lascamento da ferramenta (remoccedilatildeo de macro-
partiacuteculas e natildeo de micro-partiacuteculas) eacute alto como se viu na ponta da ferramenta mostrada na figura
320
A figura 322 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 3 insertos
e ferramenta de ceracircmica
Figura 322 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica) em fim de vida da ferramenta
Haacute quatro pontos indicados conforme demonstrado na figura 322 Nos pontos 1 2 e 3
verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de siliacutecio (figura 323) que existe tanto na peccedila quanto no
inserto Poreacutem como o ponto 3 natildeo tem contato com a peccedila haacute grande probabilidade que o siliacutecio
73
encontrado seja somente do inserto Foi encontrado tambeacutem tacircntalo presente somente ao material
do inserto conforme demonstrado na figura 323 No ponto 4 que se refere exatamente agrave fronteira da
regiatildeo de desgaste (fronteira entre a aacuterea de contato com a peccedila e a aacuterea sem contato) verifica-se a
presenccedila de material como siliacutecio alumiacutenio e cobalto referente ao inserto mas tambeacutem zinco e
zircocircnio que satildeo materiais do oacuteleo refrigerante utilizado no experimento Isto significa que o fluido
de corte chegava bem proacuteximo agrave interface peccedila-ferramenta mas natildeo penetrava nela Assim o fluido
tinha uma accedilatildeo refrigerante bastante eficiente jaacute que atingia regiotildees proacuteximas agrave fonte geradora de
calor mas natildeo tinha accedilatildeo lubrificante pois natildeo penetrava nas interfaces para poder ter accedilatildeo de
reduccedilatildeo do coeficiente de atrito
Figura 323 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de
corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
74
Uma anaacutelise visual da figura 322 mostra uma superfiacutecie lisa e a figura 323 mostra a presenccedila
em pequena quantidade de elementos da peccedila Estes pontos satildeo indicaccedilotildees de que o desgaste
difusivo estiver presente Poreacutem a aparecircncia facetada da regiatildeo de desgaste tambeacutem indica que
houve quebra de partiacuteculas macroscoacutepicas da ferramenta talvez causada pela tensatildeo teacutermica gerada
pela alta refrigeraccedilatildeo realizada pelo fluido de corte
Numa tentativa de se entender o processo de desgaste da ferramenta de metal duro desde o
iniacutecio de sua vida fez-se anaacutelise da superfiacutecie desgastada de uma das ferramentas em vaacuterios
momentos de sua vida A figura 324 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie
de folga de uma das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030
mm 6 insertos e ferramenta de metal duro apoacutes 10 peccedilas usinadas
Figura 324 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 10 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 324 estaacute mostrada na figura 325
Nos pontos 1 e 2 verifica-se a presenccedila de elementos da cobertura (titacircnio e alumiacutenio) como
75
tambeacutem elementos do substrato da ferramenta (W) No ponto 3 que eacute um ponto fora da regiatildeo
desgastada encontra-se alta concentraccedilatildeo de alumiacutenio e titacircnio presentes na cobertura do inserto No
ponto 4 encontra-se ainda bastante material da cobertura da ferramenta Al e Ti Vecirc-se que apoacutes 10
peccedilas usinadas ainda natildeo se iniciou o processo de adesatildeo da material da peccedilacavaco na superfiacutecie
de folga da ferramenta (natildeo se verifica a presenccedila marcante de Fe na regiatildeo de desgaste) adesatildeo
esta bastante presente na ferramenta apoacutes 40 peccedilas usinadas Tambeacutem mesmo na regiatildeo desgastada
ainda se verifica bastante a presenccedila de material da cobertura o que demonstra que o desgaste natildeo
era profundo a ponto de remover esta camada de material
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 325 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas
76
A figura 326 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 20 peccedilas usinadas
Figura 326 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 20 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 326 estaacute mostrada na figura 327 No
ponto 1 verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de tungstecircnio referente ao substrato do inserto e
uma pequena concentraccedilatildeo de Fe da peccedila Conclui-se entatildeo que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada a
cobertura jaacute havia sido removida e o processo de adesatildeo de material da peccedilacavaco dava sinais de
sua presenccedila No ponto 2 a presenccedila do Fe proveniente da peccedilacavaco eacute bastante intensa
mostrando que o processo de adesatildeo jaacute havia realmente se iniciado O ponto 3 eacute fora da regiatildeo
desgastada e portanto somente possui elementos da cobertura da ferramenta como alumiacutenio e
titacircnio Algum teor de W aparece porque a anaacutelise EDS eacute capaz de detectar elementos que estaacute a
alguma distacircncia da superfiacutecie analisada Assim o W que estaacute a alguns microns de distacircncia eacute
mostrado na anaacutelise No ponto 4 encontra-se somente alumiacutenio e titacircnio da cobertura mostrando
que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada o processo de adesatildeo ainda natildeo havia se iniciado
77
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 327 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 20 peccedilas usinadas
A figura 328 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 30 peccedilas usinadas
78
Figura 328 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 30 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 328 estaacute mostrada na figura 329
Similarmente ao que ocorreu com a ferramenta apoacutes 20 peccedilas usinadas agora com 30 peccedilas
usinadas a regiatildeo desgastada mostra ponto coberto por material da peccedilacavaco (ponto 1) ponto em
que a cobertura havia sido removida e o substrato estaacute exposto (ponto 2) e ponto em que a cobertura
ainda estava intacta (ponto 4) Logicamente o ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
somente elementos da cobertura e pouco concentraccedilatildeo de elementos do substrato da ferramenta
79
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 329 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 30 peccedilas
A figura 330 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 40 peccedilas usinadas (fim do ensaio)
80
Figura 330 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 40 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 330 estaacute mostrada na figura 331
Nos pontos 1 e 2 constata-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de ferro presente na peccedilacavaco
indicando que o processo de adesatildeo na ferramenta jaacute era bastante acentuado Mesmo assim ainda
havia uma parte da porccedilatildeo desgastada em que o desgaste natildeo havia se aprofundado na ferramenta e
assim a cobertura ainda estava presente (ponto 4 que tem forte concentraccedilatildeo de Ti e Al da
cobertura) No ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada apresenta logicamente somente
elementos da cobertura
81
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 331 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 40 peccedilas usinadas
Apoacutes a anaacutelise destas figuras pode-se tentar definir quais foram os mecanismos de desgaste da
ferramenta ao longo de sua vida Com 10 peccedilas usinadas a adesatildeo ainda natildeo estaacute presente Algum
outro mecanismo de desgaste (provavelmente a difusatildeo dada a aparecircncia lisa da regiatildeo desgastada
tiacutepica do desgaste difusivo sem a presenccedila de riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte tiacutepicos da abrasatildeo)
foi o responsaacutevel pela remoccedilatildeo da camada de cobertura (jaacute se vecirc pontos com o substrato exposto na
figura 331) que gerava o aumento do coeficiente de atrito e propiciava a adesatildeo do material da
peccedilacavaco A presenccedila de algum desgaste tambeacutem facilitou a extrusatildeo deste material entre peccedila e
ferramenta para que a adesatildeo fosse possiacutevel A partir disto a adesatildeo comeccedilou a crescer
82
gradualmente Com 20 peccedilas usinadas jaacute se tinha mais presenccedila de Fe oriundo da peccedila na ferramenta
e tambeacutem porccedilotildees com o substrato exposto (W mostrado na anaacutelise EDS) e a partir da peccedila 30 a
adesatildeo estava bastante presente tornando-se o principal mecanismo de desgaste que conduziu a
ferramenta a valores alto de desgaste
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido
A figura 332 mostra a vida da ferramenta para cada experimento realizado no qual fica
caracterizado que menores velocidades de corte e material de metal duro satildeo os mais indicados para
o processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco do motor fabricado em ferro
fundido vermicular Vecirc-se nesta figura que o uso de inserto com material de ceracircmica agrave base de
nitreto de siliacutecio natildeo se mostrou adequado para este tipo de operaccedilatildeo Vecirc-se tambeacutem que os avanccedilos
por dente utilizados no experimento mantiveram a mesma vida de ferramenta
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos
Para se ter uma ideacuteia de qual foram as melhores condiccedilotildees de usinagem dentre as que foram
testadas neste trabalho e consequumlentemente escolher o conjunto de condiccedilotildees a serem utilizadas no
0
10
20
30
40
50
Vc 110mmin
Fz022mmmin
Vc 110mmin
Fz030mmmin
Vc 110mmin
Fz034mmmin
Vc 140mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 3 insertos MD 3 insertos
Ceracircmica
6 insertos
Ceracircmica
40 40 40
30
23
12
4
Quebra
Nuacute
mer
o d
e p
eccedila
s
Vida da ferramenta de metal duro e ceracircmica no processo de mandrilamento em desbaste do Ferro Fundido Vermicular
83
meio produtivo construiu-se a figura 333 Na construccedilatildeo desta figura os experimentos em que se
utilizou ferramentas ceracircmicas natildeo foram levados em consideraccedilatildeo jaacute que o desempenho destas
ferramentas natildeo foi razoaacutevel Os ensaios em que se utilizou avanccedilo por dente de 022 mm e se
variou a velocidade de corte se a maacutequina utilizada nesta operaccedilatildeo natildeo for gargalo (isto eacute o tempo
da operaccedilatildeo natildeo eacute importante) a condiccedilatildeo a ser utilizada eacute aquela com velocidade de corte de
110mmin jaacute que ela propicia economia de ferramenta Se a maacutequina for gargalo haacute que se calcular
a velocidade de maacutexima produccedilatildeo (vcmxp) para este avanccedilo a fim de se escolher a velocidade a ser
utilizada Diniz et al (2008) definem vcmxp de acordo com a equaccedilatildeo 32
x
ft
cmxptx
Kv
1
))1(
(
(32)
Onde K e x satildeo os expoentes da equaccedilatildeo de vida da ferramenta de Taylor (Tvcx=K) tft eacute o
tempo de troca da ferramenta e T eacute a vida da ferramenta em minutos
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido
Utilizando-se os dados de vida de ferramenta obtidos nos ensaios com as 3 velocidades de
corte utilizadas neste trabalho tem-se que x e K satildeo respectivamente 26 e 79x106 Com isto
considerando-se um tempo de troca das ferramentas de 2 minutos tem-se que a velocidade de
maacutexima produccedilatildeo eacute 2895 mmin Assim em uma maacutequina gargalo utilizando-se o avanccedilo por dente
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Vc110mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 030mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 034mm
Vc140mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc155mmin 6 insertos Fz 022mm
Vo
lum
e d
e ca
vaco
(cm
3)
Tem
po
de
usi
nag
em (
min
)
Tempo de usinagem x Volume de cavaco removido Tempo de usinagem
Volume de material removido
84
de 022 mm dentre as velocidades utilizadas nos ensaios seria interessante utilizar-se a velocidade
de 155 mmin jaacute que a usinagem com este valor de vc apesar de consumir mais ferramentas
propicia menor tempo de produccedilatildeo por peccedila (jaacute que ela a maior velocidade dentre as utilizadas que
ainda eacute menor que vcmxp)
Como visto o uso de maiores avanccedilos natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta Assim
como se estaacute em operaccedilatildeo de desbaste (a rugosidade da peccedila natildeo eacute importante) eacute interessante
utilizar-se o maior avanccedilo possiacutevel Dentre os utilizados neste trabalho seria adequado se utilizar fz
= 034 mm pois com ele consegue-se um corte mais raacutepido sem ainda se ter quebra da aresta de
corte Seria importante tambeacutem se obter a velocidade de maacutexima produccedilatildeo com este avanccedilo a fim
de se saber a velocidade a ser utilizada se a maacutequina for gargalo Esta eacute uma outra sugestatildeo para um
futuro trabalho
85
4 CONCLUSOtildeES
Esta dissertaccedilatildeo teve por objetivo analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar influencias
positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor fabricado
em ferro fundido vermicular
Por meio dos resultados obtidos nas condiccedilotildees experimentadas pode-se concluir que
Quanto maior a velocidade de corte menor a vida final da ferramenta
A utilizaccedilatildeo de um maior nuacutemero de insertos na ferramenta proporcionou maior vida
tanto em termos de tempo de usinagem quanto em termos de volume de material
removido
Insertos de ceracircmica com nitreto de siliacutecio natildeo satildeo indicados para o mandrilamento em
desbaste do ferro fundido vermicular
A alteraccedilatildeo da velocidade de avanccedilo natildeo influencia na vida da ferramenta
Apoacutes definir a melhor velocidade de corte a velocidade de avanccedilo foi limitada pela
potecircncia consumida do fuso e natildeo pelo desgaste das arestas dos insertos
A melhor condiccedilatildeo de corte foi velocidade de corte de 110mmin avanccedilo por dente de
034mm e seis insertos de metal duro montados simultaneamente
O principal mecanismo de desgaste de flanco das pastilhas de metal duro foi o
ldquoattritionrdquo Poreacutem para que a adesatildeo de material da peccedilacavaco sobre a superfiacutecie de
folga pudesse acontecer foi necessaacuterio que inicialmente algum outro mecanismo
(provavelmente a difusatildeo) gerasse o desgaste da ferramenta
Sugestotildees para proacuteximos trabalhos
As informaccedilotildees descritas prevecircem possibilidades das variaccedilotildees sabendo-se que
86
o laboratoacuterio utilizado neste trabalho natildeo as permitiu
o Utilizaccedilatildeo de maiores velocidades de corte conjuntamente com maiores avanccedilos por
dente
o Utilizaccedilatildeo de outros materiais de ferramentas O CBN seria uma opccedilatildeo a ser testada
o Variaccedilatildeo das alturas das pastilhas tanto na direccedilatildeo axial quanto na direccedilatildeo radial
o Verificar se eacute possiacutevel aumentar ainda mais o nuacutemero de arestas da ferramenta para
propiciar ainda maior produccedilatildeo
87
5 REFEREcircNCIAS
BALDACIM Sandro A Desenvolvimento Processamento e Caracterizaccedilatildeo de
Compoacutesitos Ceracircmicos Si3N4 ndash SiC(w) 2000 170p Tese (Doutorado) Departamento de Pesquisas
Energeacuteticas e Nucleares Universidade Estadual de Satildeo Paulo Satildeo Paulo
BELONI AL Metodologia via redes neurais para estimativa da rugosidade e do
desgaste de ferramentas de corte no processo de fresamento frontal 2001 194p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Uberlacircndia Minas
Gerais
BRAUN Silvana Appel LG Schmal M A poluiccedilatildeo gerada por maacutequinas de combustatildeo
interna movidas a diesel - a questatildeo dos particulados Estrateacutegias atuais para a reduccedilatildeo e
controle das emissotildees e tendecircncias futuras Quiacutemica Nova Vol 27 No 3 472-482 2003
CHIAVERINI Vicente Accedilos e Ferros Fundidos Caracteriacutesticas Gerais Tratamento
Teacutermico Principais Tipos 7deg Ediccedilatildeo ampliada e revisada Associaccedilatildeo Brasileira de Metalurgia e
Materiais 2005
CONSALTER L GUEDES L PUREY J - Usinabilidade de ferros fundidos FMP Guia
de Equipamentos e Insumos 1987
DAWSON S Compacted Graphite Iron Mechanical and Physical Properties for Engine
Design SinterCast - Technical Publication 1999
DAWSON S HOLLINGER I ROBBINS H DAETH J REUTER U SCHULZ H
The effect of metallurgical variables on the machinability of compacted graphite iron SAE
World Congress 2001
DAWSON S Process Control for the Production of Compacted Graphite Iron AFS
Casting Congress 2002
88
DAWSON S SCHROEDER T Practical Applications for Compacted Graphite Iron AFS
Transactions 2004
DAWSON S Compacted Graphite Iron ndash A New Material for Highly Stressed Cylinder
Blocks and Cylinder Heads Internationales Wiener Motorensymposium 2007
DINIZ AE MARCONDES FC COPPININL Tecnologia da Usinagem dos
Materiais 6deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Artiliber Editora 2008 262p
DOREacute C BOEHS L GUESSER L W Avaliaccedilatildeo da Usinabilidade do Ferro Fundido
Vermicular com Diferentes Microestruturas 8th Congresso Iberoamericano de Engenharia
Mecacircnica 2007
FERRARESI Dino Fundamentos da Usinagem dos Metais vol 1 Satildeo Paulo
Editora Edgard Bluumlcher LTDA 1970 754p
FERRER Jorge A G Uma Contribuiccedilatildeo ao Fresamento Frontal de Superfiacutecies
Irregulares de Ferro Fundido Cinzento 2006 228p Tese (Doutorado) Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
FERRER Jorge A G DINIZ A E Otimizaccedilatildeo do fresamento frontal de diversas superfiacutecies
de ferro fundido cinzento Anais do III Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricaccedilatildeo -
COBEF Vol 1 pp1 ndash1 Joinville Santa Catarina 2005
GABALDO Sander Uma Contribuiccedilatildeo a Melhoria do Processo de Fresamento de Ferro
Fundido Vermicular ndash CGI 2009 136p Tese (Mestrado) Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
89
GODINHO AF Anaacutelise do Mandrilamento de cilindros de bloco de motores em Ferro
Fundido Vermicular com diferentes concepccedilotildees de ferramentas 2007 128p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
GUEDES Luiz F M FENGPUCRS Processo de usinagem e conformaccedilatildeo 2006
KASSACK J REUTER U AUDI CGI Production Planning In 5th COMPACTED
GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat Darmstadt 2002
KOPPKA Frank ABELE Eberhard Economical processing of compacted graphite iron 6th
COMPACTED GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat
Darmstadt 2003
GUESSER L W SCHROEDER T DAWSON S Production experience with compacted
graphite iron automotive components AFS Transactions 01-071 2001
MACHADO AR ABRAtildeO A M COELHO R T DA SILVA MB Teoria da
Usinagem dos Materiais 1 ed Satildeo Paulo Editora Blucher 2009 384 p
MAKINO Disponiacutevel em ltcompetitiveproductioncom features default aspx articlegt
Acesso em Janeiro de 2011
MAPAL do BRASIL Disponiacutevel em ltMapalcomenproductscatalogues-and-brochuresgt
Acesso em Dezembro de 2010
MARWANGA R O VOIGT R C COHEN P H Influence of Graphite Morphology and
Matrix Structure on Chip Formation During Machining of Gray Irons AFS Transactions
American Foundrysmen Society 1999
90
MOCELLIN Fabiano Desenvolvimento de Tecnologia para Brunimento de Cilindros de
Blocos de Motores em Ferro Fundido Vermicular Tese 2007 264p Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
MOCELLIN Fabiano BOHES Prof Lourival Study of the Machinability of Compacted
Graphite Iron for Drilling Process Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science and
engineering 2004
MOURA Bruna S Transesterificaccedilatildeo Alcalina de Oacuteleos Vegetais para Produccedilatildeo de
Biodiesel Avaliaccedilatildeo Teacutecnica e Econocircmica Dissertaccedilatildeo 2010 166p Departamento de Engenharia
Quiacutemica Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
NICOLELLA Gilberto Marques JF Skorupa L A Sistema de Gestatildeo Ambiental aspectos
teoacutericos e anaacutelise de um conjunto de empresas ISSN 1516-4691 Documento 39 Embrapa Meio
Ambiente 43p Jaguariuacutena SP 2004
REUTER U SCHULZ H Compact and bijou The problems associated with compacted
graphite iron manufacturing can be overcome Engine Technology International 1999
REUTER U SAHM A SCHULZ H CGI production on transfer lines and machining
centers Compacted Graphite Iron Machining Workshop 2000
SAHM A ABELE E SCHULZ H State of the art in CGI machining 5th Compacted
Graphite Iron Machining Workshop 2002
SINTERCAST Compacted Graphite Iron Technical Publication What is CGI Disponiacutevel
emlthttpwwwsintercastcomTecnologygt Acesso em marccedilo de 2010
STEMMER C E Ferramentas de corte I 3 ed Florianoacutepolis Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina 1993 249 p
91
SOUTO Ulisses B Monitoramento do desgaste de ferramenta no processo de
fresamento via emissatildeo acuacutestica Tese 2007 Pag19 Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Federal de Uberlacircndia
TRENT E WRIGHT P Metal Cutting 4ordf ed Woburn Editora Butterworth-Heinemann
2000 446p
VASILASH Gary S Automotive Design amp Production Gardner Publication 2006
WALTER AG Cataacutelogo Geral Cataacutelogo Satildeo Paulo 2007
XAVIER Fabio A Aspectos Tecnoloacutegicos do Torneamento do Ferro Fundido
Vermicular com Ferramentas de Metal Duro Ceracircmica e CBN 2003 146p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
XAVIER Fabio A Estudo dos mecanismos de desgaste em ferramentas de nitreto de
siliacutecio aplicadas no torneamento dos ferros fundidos vermicular e cinzento 2009 267p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
YUSSEFIAN NZ MOETAKEF-IMANI B The prediction of cutting force for boring
process International Journal of Machine Tools amp Manufacture 2008
vi
Embora ningueacutem possa voltar atraacutes e fazer um novo comeccedilo
qualquer um pode comeccedilar agora e fazer um novo fim
Ningueacutem eacute bom por acaso a virtude deve ser bem aprendida
Chico Xavier
vii
Resumo
DALO Marco Aurelio Estudo do Desempenho de Ferramenta de Corte no Processo de
Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas
Faculdade de Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas 2011 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado)
Existe hoje uma tendecircncia no mercado de veiacuteculos de motor diesel a fabricarem os blocos dos
motores em ferro fundido vermicular devido agrave melhor eficiecircncia de combustatildeo e maior resistecircncia agrave
compressatildeo permitindo paredes de galerias mais finas com consequumlecircncia na reduccedilatildeo do peso do
bloco quando comparado ao bloco usual feito de ferro fundido cinzento Desta forma seria possiacutevel
atender agraves novas exigecircncias do mercado e do meio ambiente
Poreacutem a difiacutecil usinabilidade deste material obriga ao levantamento de condiccedilotildees de usinagem
e ao desenvolvimento de ferramentas que possam melhorar a produtividade dos processos de
usinagem dos blocos O mandrilamento em desbaste dos mancais do bloco do motor eacute uma das
operaccedilotildees de usinagem mais carentes de desenvolvimento dentre as utilizadas na produccedilatildeo do bloco
de ferro fundido vermicular
A variaccedilatildeo do material da ferramenta e as condiccedilotildees de corte utilizadas no processo de
usinagem foram as variaacuteveis testadas neste trabalho para buscar o melhor desempenho do processo
de mandrilamento do bloco Os resultados demonstraram que ferramentas de material ceracircmico
sofreram um desgaste frontal excessivo da aresta de corte por difusatildeo e as ferramentas de metal duro
obtiveram um melhor resultado em comparaccedilatildeo com a ceracircmica Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de corte
resultados com o uso de menores velocidades de corte demonstraram um menor desgaste frontal das
arestas de corte A potecircncia consumida do fuso foi o limitante para o maacuteximo avanccedilo por dente
utilizado nos experimentos
Palavras-chave ferro fundido vermicular CGI mandrilamento usinabilidade
viii
Abstract
DALO Marco Aurelio Performance of the cutting tools in the boring machining process vermicular
cast iron - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas Mechanical Engineering Faculty State
University of Campinas 2009 Thesis (Msc)
Today there is a trend in the market for diesel vehicles manufactured in compacted graphite
iron due to better combustion efficiency of the engine and greater resistance to compression
allowing thinner walls of galleries with a result in reducing the weight of the block when compared
to the usual block made of the gray cast iron Thus it would be possible to meet new market
demands and the environment
However the difficult machinability of this material requires the survey of the machining
conditions and development of the tools that can improve productivity of machining processes of the
blocks The rough boring in the bearings of the engine block is one of the machining operations of
the poorest development among those used in the production of compacted graphite iron block
The variation of the tool material and cutting conditions used in the machining process
variables were tested in this work to get the best performance of the process of boring the block The
results show that ceramic tools have suffered excessive front wear of the cutting edge diffusion and
carbide tools had a better outcome in comparison with the ceramic With respect to cutting
conditions results from the use of lower cutting speeds showed a lower front wear of the cutting
edges The power consumption of the spindle was limited for maximum feed per tooth used in the
experiments
Key words Compacted graphite iron CGI boring machinability
ix
Lista de Figuras
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido Vermicular
(SAHM et al 2002) 2
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010) 5
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002) 13
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000 apud
ROSA 2009) 15
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999) 16
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999) 17
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico 22
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico 22
Figura 19 ndash Mandrilamento radial 23
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970) 23
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010) 24
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos 25
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento 26
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
(YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE 39
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise metalograacutefica
(norma MANN M33402004) 40
Figura 23 ndash Micrografia mostrando a morfologia da grafita 41
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrutura da matriz matriz perliacutetica 41
x
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte 42
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm 42
Figura 27 ndash Inserto de metal duro 43
Figura 28 ndash Inserto de ceracircmica WTXQ090608 0906 MN KS6000 43
Figura 29 ndash Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios 43
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos 44
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado 44
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB 46
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina 46
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER 47
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos insertos 47
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento 48
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura do CGI 51
Figura 32 ndash Face rugosa do cavaco do CGI 51
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte 52
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado 53
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos 53
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte 54
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm 55
Figura 38 - Aresta do inserto de metal duro desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm 55
Figura 39 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica 56
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes 57
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6 insertos57
xi
Figura 312 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes 58
Figura 313 - Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos 59
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por dente
como variaacutevel 60
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de avanccedilo
como variaacutevel 61
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 62
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de
corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 63
Figura 318 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 64
Figura 319 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 64
Figura 320 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 65
Figura 321 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 66
Figura 322 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica)
em fim de vida da ferramenta 67
Figura 323 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 68
Figura 324 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 10 peccedilas usinadas 69
Figura 325 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas 70
Figura 326 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 20 peccedilas usinadas 71
Figura 327 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 20 peccedilas usinadas 72
xii
Figura 328 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 30 peccedilas usinadas 73
Figura 329 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 30 peccedilas usinadas 74
Figura 330 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 40 peccedilas usinadas 75
Figura 331 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 40 peccedilas usinadas 76
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos 77
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido 78
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010) 8
Tabela 12 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular perliacutetico
(SINTERCAST 2001 apud ROSA 2009) 8
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em temperatura
ambiente (CHIAVERINI 2005) 9
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) 11
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI 2005) 19
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970) 32
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro 38
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor 42
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN) 43
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento 45
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 47
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 48
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes 52
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes 53
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes 53
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes 53
xiv
Lista de abreviaturas e nomenclaturas
Fe - Ferro
C - Carbono
Si - Siliacutecio
P - Foacutesforo
Ti - Titacircnio
Mg - Magneacutesio
Mn - Manganecircs
Ni - Niacutequel
Nb - Nioacutebio
Cs - Ceacutesio
Cu - Cobre
Sn - Estanho
S - Enxofre
Co - Cobalto
W - Tungstecircnio
Ce - Ceacuterio
Ca - Caacutelcio
VB MAX - Desgaste de flanco maacuteximo
VB - Desgaste de flanco
vc - Velocidade de corte
Vf - Velocidade de avanccedilo
f - Avanccedilo
ap - Profundidade de corte
Ks - Pressatildeo especiacutefica de corte
Pc - Potecircncia de corte
degC - Grau Celsius
CE - Carbono Equivalente
xv
CGI - Compacted Graphite Iron
MPa - Mega Pascoal
GPa - Giga Pascoal
HB - Hardness Brinell
ISO - International Organization for Standardization
SAE - Society of Automotive Engineers
GJV - Gusseisen mit Vermiculargrafit
ASTM - American Society for Testing Materials
VDG - Verein Deutsche Gieszligereifachleute
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
APC - Aresta Posticcedila de Corte
CBN - Cubic Boron Nitride
PCBN - Polycrystalline Cubic Boron Nitride
CVD - Chemical Vapour Deposition
PVD - Physical Vapour Deposition
EDS - Energy Dispersive x-ray Spectrometer
MEV - Microscoacutepio Eletrocircnico de Varredura
KHO - Hidroacutexido de Potaacutecio
[K4[Fe(CN)6]]- Ferrocianeto de Potaacutecio
xvi
SUMAacuteRIO
Dedicatoacuteria iv
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xiii
SUMAacuteRIO xvi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Motor Diesel 3
12 Propriedades e vantagens do motor diesel 4
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular 4
14 Propriedades do ferro fundido 8
15 Processo de Fabricaccedilatildeo 11
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo 12
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular 13
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade 14
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade 17
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade 18
111 Processo de Mandrilamento 20
112 Tipos de Mandrilamento 21
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17) 21
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18) 22
xvii
1123 Mandrilamento Radial (figura 19) 22
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110) 23
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular 24
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro 24
1132 Mandrilamento com insertos rotativos 25
1133 Freso-mandrilamento 25
1134 Mandrilamento com insertos de PCD 26
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento 26
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento 28
1151 Inserto de Metal Duro 30
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro 34
1153 Insertos de Material Ceracircmico 36
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte 38
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 41
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos 41
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos 41
23 Ferramenta de Corte (insertos) 45
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado 47
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos 48
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos 49
27 Processo de Usinagem 51
28 Procedimento experimental 51
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO 54
xviii
31 Cavaco 54
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel ) 55
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para ferramentas com 3
e 6 insertos) 58
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como variaacutevel) 62
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste 65
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido 82
4 CONCLUSOtildeES 85
5 REFEREcircNCIAS 87
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Haacute uma grande preocupaccedilatildeo da sociedade com relaccedilatildeo ao meio ambiente e com isso as
exigecircncias da Legislaccedilatildeo Ambiental com relaccedilatildeo agrave emissatildeo de poluentes estatildeo se tornando cada vez
mais severas Esta severidade obriga o desenvolvimento de novas tecnologias para reduccedilatildeo destes
poluentes em todos os segmentos automotivos (NICOLELLA et al 2004) O motor diesel tem
maior durabilidade torque e eficiecircncia em comparaccedilatildeo ao motor OTTO mas em contrapartida
emite elevados niacuteveis de materiais particulados e de compostos responsaacuteveis pelo odor caracteriacutestico
da emissatildeo do diesel ao ambiente (BRAUN et al 2003) Devido agraves vantagens relacionadas ao motor
diesel percebeu-se a necessidade de desenvolver soluccedilotildees para reduzir as desvantagens da
aplicaccedilatildeo Um destes desenvolvimentos foi voltado agrave fabricaccedilatildeo dos blocos do motor com material
conhecido como ferro fundido vermicular que permite desenvolver um motor mais eficiente e com
melhor desempenho pois admite maiores pressotildees na cacircmara de combustatildeo devido agraves suas boas
propriedades mecacircnicas (GUESSER et al 2001) Este material tambeacutem eacute conhecido como CGI
(Compacted Graphite Iron) e estaacute se posicionando no mercado com grande potencial para substituir
o Ferro Fundido Cinzento ateacute entatildeo usado pelas empresas Devido agrave maior resistecircncia mecacircnica do
material vermicular eacute possiacutevel obter paredes mais finas nas galerias de um bloco do motor tendo
como consequumlecircncia a reduccedilatildeo do peso do motor e o aumento na potecircncia O meio ambiente eacute
favorecido devido a necessidade de uma menor quantidade de mineacuterio de ferro reduccedilatildeo de energia
para fabricaccedilatildeo do material e reduccedilatildeo da energia para movimentaccedilatildeo do veiacuteculo devido ao peso
A empresa que deteacutem a tecnologia para uso do material vermicular pode ter vantagens sobre
seus concorrentes jaacute que o atual mercado eacute muito competitivo e concorrido Com as vantagens na
utilizaccedilatildeo do material CGI e as muitas liccedilotildees aprendidas na sua fundiccedilatildeo e na sua usinagem em um
futuro natildeo muito longiacutenquo outras peccedilas poderatildeo ser confeccionadas utilizando este mesmo
material para aumentar as exigecircncias em qualquer outro segmento
O bloco eacute a maior e mais importante peccedila de um motor na qual quase todos os componentes
satildeo acoplados Para fabricaccedilatildeo do bloco do motor em ferro fundido vermicular satildeo necessaacuterios
alguns processos de usinagem dentre eles o mandrilamento Poreacutem a ferramenta de corte neste
processo pode atingir apenas 5 da vida alcanccedilada quando se usina ferro fundido cinzento
(XAVIER 2003) como mostra a figura 11
2
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido
Vermicular (SAHM et al 2002)
O mandrilamento do mancal do bloco do motor tambeacutem eacute um aspecto negativo para usinagem
devido agrave deflexatildeo estaacutetica da ferramenta e vibraccedilotildees geradas pelas finas paredes Haacute tambeacutem outros
fatores que influenciam negativamente como a fixaccedilatildeo da peccedila a rigidez da maacutequina-ferramenta o
fluiacutedo de corte e a quantidade de material a ser removido (sobre-metal) A variaccedilatildeo destes fatores
tambeacutem influencia o desempenho da ferramenta (GODINHO 2007)
Com o desenvolvimento de novos conceitos de ferramentas para mandrilamento e de
estrateacutegias de usinagem a operaccedilatildeo de mandrilamento em blocos de motores produzidos em ferro
fundido vermicular tornou-se mais econocircmica e tecnicamente viaacutevel Entretanto o tempo de ciclo
quando comparado com o ferro fundido cinzento ainda eacute significativamente maior assim como as
toleracircncias geomeacutetricas do diacircmetro mandrilado em acabamento (SAHM et al2002)
Devido ao baixo desempenho das ferramentas de corte no processo de mandrilamento em
ferro fundido vermicular cabe uma atenccedilatildeo especial no seu desenvolvimento tecnoloacutegico tanto no
processo de fabricaccedilatildeo quanto no processo de utilizaccedilatildeo da ferramenta de corte
Com estudos para o melhor desempenho da ferramenta eacute possiacutevel reduzir estoques paradas
de maacutequinas e o risco de falha de ferramentas (BELONI 2001) Assim reduz a possibilidade de
retrabalho rejeiccedilatildeo da peccedila e o descarte da ferramenta possibilitando o trabalho de Manufatura
Enxuta
3
Sendo assim o objetivo deste trabalho eacute analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar
influencias positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor
fabricado em ferro fundido vermicular Com tantos aspectos negativos conduzir-se-aacute um estudo de
avaliaccedilatildeo de desempenho da ferramenta alternando paracircmetros de corte (velocidade de corte e
avanccedilo por dente) potecircncia consumida do fuso da maacutequina para cada paracircmetro material do inserto
utilizado e a influecircncia do desgaste VB MAX
Este trabalho foi preparado conforme partes descritas abaixo
CAPIacuteTULO 1
- Este capiacutetulo descreve sobre a histoacuteria do motor diesel suas propriedades e vantagens
Caracteriacutesticas e propriedades do ferro fundido vermicular aleacutem do controle e fabricaccedilatildeo Descreve
tambeacutem sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular e o processo de mandrilamento
CAPIacuteTULO 2
- Este capiacutetulo descreve sobre o material os equipamentos e os experimentos realizados
CAPIacuteTULO 3
- Este capiacutetulo descreve os resultados obtidos nos experimentos
CAPIacuteTULO 4
- As discussotildees estatildeo descritas neste capiacutetulo
CAPIacuteTULO 5
- Este capiacutetulo informa as conclusotildees do trabalho realizado e sugestotildees para futuros
trabalhos
11 Motor Diesel
O motor a diesel foi inventado por Rudolf Christian Karl Diesel e patenteado em 23 de
fevereiro de 1897 Como natildeo foi dada muita importacircncia ao invento na eacutepoca ele disse ldquoO uso de
oacuteleos vegetais como combustiacutevel pode parecer insignificante hoje mas tais oacuteleos podem se tornar ao
longo do tempo tatildeo importantes quanto o petroacuteleo e o carvatildeo de hojerdquo ndash Rudolf Diesel 1912 Rudolf
Diesel engenheiro mecacircnico alematildeo nasceu no dia 18 de marccedilo de 1858 em Paris e morreu dia 30
de setembro de 1913 Sua invenccedilatildeo foi considerada o mais importante invento mecacircnico da histoacuteria
pela simplicidade do motor com pistotildees e reaccedilatildeo oacuteleo-oxigecircnio gerando uma enorme transformaccedilatildeo
no setor industrial em que soacute eram usados sistemas a vapor (MOURA 2010)
4
12 Propriedades e vantagens do motor diesel
Os motores diesel satildeo maacutequinas baacutesicas que geram energia para veiacuteculos utilizados
principalmente em aplicaccedilotildees que precisem de elevado torque o que inclui ocircnibus grandes
caminhotildees tratores e maacutequinas para mineraccedilatildeo e dragagem Atualmente os motores diesel vecircm
atraindo uma porccedilatildeo crescente do mercado mundial de veiacuteculos de carga leve cujos motores
fornecem baixa potecircncia Na Europa por exemplo 100 dos veiacuteculos de carga pesada e cerca de
60 dos de carga leve incluindo os utilitaacuterios e ainda 20 dos carros para transporte de
passageiros o que inclui as vans satildeo movidos a diesel (BRAUN 2003)
A popularidade do motor diesel deve-se principalmente agrave eficiecircncia do diesel como
combustiacutevel em relaccedilatildeo agrave gasolina ou mesmo com relaccedilatildeo a outros combustiacuteveis simples ou
misturados como por exemplo o metanol que chega a conferir ao motor diesel uma economia
relativa de 25 a 45 Os motores diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade Eacute comum
um motor diesel para veiacuteculos de carga pesada ter um tempo de vida superior a um milhatildeo de
quilocircmetros ou seja cerca de dez vezes mais que a durabilidade apresentada por um motor agrave
gasolina Assim as vantagens oferecidas pelos motores a diesel tais como durabilidade seguranccedila e
eficiecircncia justificam sua utilizaccedilatildeo em vaacuterios tipos de maacutequinas apesar dos problemas relacionados
com a composiccedilatildeo de sua emissatildeo e ainda com os niacuteveis de poluentes sob regulamentaccedilatildeo contida
na mesma (BRAUN 2003)
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular
Pelo diagrama de equiliacutebrio Fe-C o ferro fundido eacute uma liga cujo teor de carbono se situa
acima de aproximadamente 20 de carbono Como haacute influecircncia do siliacutecio nesta liga o ferro
fundido eacute considerado uma liga ternaacuteria Fe-C-Si porque o siliacutecio estaacute frequumlentemente presente em
teores superiores ao do proacuteprio carbono Por outro lado o carbono em quantidade superior a que eacute
retida em soluccedilatildeo soacutelida na austenita resulta carbonos parcialmente livres na forma de veios de
grafita (SINTERCAST 2010)
O ferro fundido eacute caracterizado pelo formato de suas partiacuteculas de grafite O ferro fundido
cinzento eacute caracterizado por veios de grafite orientados aleatoriamente enquanto que o grafite no
ferro fundido nodular eacute caracterizado por suas esferas individuais de grafite As partiacuteculas de grafite
5
em CGI satildeo orientadas aleatoriamente e alongadas como em ferro fundido cinzento mas satildeo mais
curtas mais grossas e tecircm bordas arredondadas em forma de ldquovermerdquo daiacute o nome vermicular As
partiacuteculas de grafite do ferro fundido vermicular satildeo entrelaccediladas entre si gerando uma forte adesatildeo
(Figura 12) Aleacutem desta forma de grafite dificultar a inicializaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas as
propriedades mecacircnicas e condutividade teacutermica satildeo melhoradas
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010)
A forma da grafita no ferro fundido vermicular confere propriedades superiores quando
comparadas com as do ferro fundido cinzento resistecircncia mecacircnica tenacidade e resistecircncia a
choques teacutermicos e condutividade teacutermica A sua micro-estrutura resulta em uma adesatildeo mais forte
entre a grafita e a matriz de ferro inibindo assim a iniciaccedilatildeo e o crescimento de trincas e garantindo
com isso propriedades mecacircnicas superiores (DOREacute et al2007) Aleacutem disso observa-se que a
superfiacutecie da grafita vermicular apresenta imperfeiccedilotildees as quais aliadas agrave morfologia complexa
(tambeacutem conhecida como ldquocoralrdquo) resultam em adesatildeo ainda mais forte com a matriz de ferro
(GABALDO 2009)
A formaccedilatildeo do ferro fundido de grafita compactada (vermicular) exige adiccedilotildees de elementos
especiais como terras raras com um elemento adicional como o titacircnio que reduz a formaccedilatildeo de
grafitas esferoidal O ferro fundido vermicular pode ser considerado um material intermediaacuterio entre
o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento
com melhor resistecircncia mecacircnica e alguma ductilidade Possui maior capacidade de amortecimento
e possui tambeacutem condutividade teacutermica mais elevada que o ferro fundido nodular
6
A faixa de carbono e siliacutecio neste tipo de material eacute ampla podendo variar de 30 agrave 38 de
carbono e 10 agrave 35 de siliacutecio Eacute importante tambeacutem a escolha correta da porcentagem do carbono
equivalente (CE) em funccedilatildeo da espessura da seccedilatildeo para evitar flutuaccedilatildeo se tiver elevado CE e
tendecircncia ao coquilhamento quando baixo for o CE O carbono equivalente (CE) considera os
efeitos do siliacutecio(Si) e do foacutesforo(P) podendo usar uma equaccedilatildeo conforme demonstrada abaixo
CE = C + Si + P (CHIAVERINI 2005)
3 3
O teor de manganecircs pode variar proacuteximo de 01 se desejarmos uma estrutura perliacutetica e
variar perto de 06 se desejarmos uma estrutura ferriacutetica O foacutesforo eacute mantido abaixo de 006 de
modo a ter a maacutexima ductilidade O enxofre deve ser inferior 0025 Para produzir a grafita
compactada deve-se adicionar um ou mais dos elementos magneacutesio terras raras (ceacuterio lantacircnio
praseodiacutemio etc) caacutelcio titacircnio e alumiacutenio A quantidade de magneacutesio deve ser tal a resultar um
teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm na presenccedila de 015 a 050 de titacircnio e 10 a 150
ppm de terras raras como o ceacuterio O ferro fundido vermicular tem substituiacutedo com vantagens o
nodular em aplicaccedilotildees em que este uacuteltimo natildeo pode ser empregado devido a sua condutibilidade
teacutermica mais baixa e a sua tendecircncia de empenar (CHIAVERINI 2005)
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
DAWSON (2002) satildeo
- Reduccedilatildeo nas tensotildees residuais devido agrave maior condutividade teacutermica e ao moacutedulo de
elasticidade menor
- Melhor produccedilatildeo de peccedilas complexas fundidas
- Melhor transferecircncia de calor
- Melhor usinabilidade
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
CHIAVERINI (2005) satildeo
- Coeficiente mais baixo de dilataccedilatildeo teacutermica
- Maior condutibilidade teacutermica
- Maior resistecircncia ao choque teacutermico
- Maior capacidade de amortecimento
- Maior fundibilidade
7
Em consequumlecircncia esse material eacute aplicado em situaccedilotildees em que a resistecircncia do ferro fundido
cinzento eacute insuficiente mas a utilizaccedilatildeo do ferro fundido nodular eacute indesejaacutevel devido agraves
propriedades menos favoraacuteveis de fundiccedilatildeo
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
DAWSON(2002) satildeo
- Reduccedilatildeo de espessuras de parede para um mesmo carregamento
- Reduccedilatildeo do fator de seguranccedila devido agrave menor variaccedilatildeo das propriedades do fundido
- Reduccedilatildeo de fraturas fraacutegeis na manufatura montagem e serviccedilo devido agrave maior ductilidade
- Maior resistecircncia sem a necessidade de recorrer a elementos de liga
- Menor profundidade de rosca necessaacuteria portanto parafusos menores podem ser utilizados
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
CHIAVERINI(2005) satildeo
- Maior resistecircncia agrave traccedilatildeo para o mesmo carbono equivalente o que reduz o uso do
elemento de liga de custo elevado como o niacutequel cromo cobre e molibdecircnio
- Relaccedilatildeo mais alta de resistecircnciafadiga
- Maiores ductilidade e tenacidade o que resulta em margem superior de seguranccedila para
fratura
- Menor oxidaccedilatildeo e dilataccedilatildeo em temperaturas elevadas
O ferro fundido vermicular (CGI) tem uma seacuterie de caracteriacutesticas que podem tornaacute-lo uma
alternativa excelente para ferro fundido cinzento para aplicaccedilotildees em motores O material oferece
aumento de 75 na resistecircncia em comparaccedilatildeo com o ferro fundido cinzento Tem tambeacutem
caracteriacutesticas teacutermicas e de impacto intermediaacuterias entre as dos ferros fundidos cinzento e nodular
Aleacutem do mais este aumento na resistecircncia do material proporciona diminuiccedilatildeo na seccedilatildeo de parede
dos produtos produzidos por este material Vaacuterios fabricantes europeus estatildeo usando CGI para
motores tanto diesel como gasolina Embora o material CGI possua propriedades mecacircnicas e
fiacutesicas beneacuteficas a sua aplicaccedilatildeo sua usinagem ainda eacute um problema Comparado com o ferro
fundido cinzento as velocidades de corte utilizadas tem que ser menores implicando em tempo de
ciclo de ateacute trecircs vezes maior que o tradicional (VASILASH 2006)
O ferro fundido vermicular do ponto de vista quiacutemico natildeo apresenta nenhuma diferenccedila
significativa com relaccedilatildeo aos ferros fundidos cinzento e nodular Cada um conteacutem cerca de 94 de
8
ferro (Fe) 3 de carbono(C) 25 de siliacutecio (Si) e o restante eacute dividido entre elementos de liga e
residuais As diferenccedilas entre essas ligas satildeo creditadas aos tipos de morfologias das suas grafitas
que conferem propriedades fiacutesicas e mecacircnicas distintas a cada uma delas
14 Propriedades do ferro fundido
As propriedades de um ferro fundido satildeo definidas em funccedilatildeo da microestrutura e da
composiccedilatildeo quiacutemica A tabela 11 mostra algumas propriedades mecacircnicas e teacutermicas dos ferros
fundidos cinzento vermicular e nodular
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010)
PROPRIEDADES Ferro Fundido
Cinzento
Ferro Fundido
Vermicular
Ferro Fundido
Nodular
Resistecircncia agrave traccedilatildeo (MPa) 250 450 750
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 105 150 160
Alongamento () 0 15 25
Iacutendice de resistecircncia
- Flexatildeo rotativa
- Flexatildeo em trecircs pontos
- Tensatildeo de compressatildeo
035 ndash 050
055 ndash 065
020 ndash 030
045 ndash 050
060 ndash 070
025 ndash 035
045 ndash 050
065 ndash 075
065 - 075
Condutividade Teacutermica (Wm-k) 48 38 32
A microestrutura do grafite no ferro fundido vermicular eacute expressa em porcentagem de
nodularidade Isto significa que parte das partiacuteculas de grafite do ferro vermicular apresenta-se em
forma de noacutedulos como no ferro nodular O ferro fundido vermicular inclui invariavelmente
algumas partiacuteculas esferoidais de grafita nodular que quando a nodularidade aumenta aumenta
tambeacutem a rigidez diminuindo a usinabilidade e a condutividade teacutermica Aleacutem disso com o
aumento da nodularidade a resistecircncia mecacircnica do material tambeacutem eacute elevada prejudicando sua
usinabilidade (DAWSON2007) A tabela 12 mostra a influecircncia da proporccedilatildeo de noacutedulos de grafita
nas propriedades mecacircnicas e fiacutesicas do ferro fundido vermicular
9
Tabela 22 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular
perliacutetico (SINTERCAST2001apud ROSA2009)
Propriedades (25degC) Nodularidade ()
10 30 50 70 90
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo (MPa) 450 520 590 640 700
Limite de Elasticidade 02 (MPa) 370 390 410 440 490
Limite de Fadiga (MPa) 210 220 230 240 255
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 145 150 155 155 160
Alongamento () 1-2 1-3 2-4 2-5 3-6
Expansatildeo Teacutermica (μmmordmC) 110 110 110 115 120
Condutividade Teacutermica (WmordmC) 36 33 31 30 28
A tabela 13 mostra as propriedades de diversas ligas de ferro fundido vermicular em funccedilatildeo
do tipo de matriz (ferriacutetica eou perliacutetica) e em funccedilatildeo da presenccedila de elementos de liga formadores
da grafita compactada
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em
temperatura ambiente (CHIAVERINI 2005) Condiccedilatildeo estrutural Limite Resistecircncia
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Tratados com adiccedilatildeo de ceacuterio
No estado fundido
Ferrita acima de 95
336
257
67
150
FerritaPerlita
Perlita acima de 5
100 Ferrita
298
338
224
245
53
80
140
FerritaPerlita
85 Ferrita
320
242
35
164
Perlita
90 Perlita
10 Ferrita
400
550
320
430
05
15
-
-
10
Tratados com combinaccedilotildees de Magneacutesio mais Titacircnio (mais Ceacutesio)
Condiccedilatildeo estrutural Limite Resist
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Ferrita no estado fundido
0017Mg 0062Ti
0036Cs
380
272
2
179
Ferrita no estado fundido
0024Mg 0084Ti
0030Cs
338
276
25
184
Perlita no estado fundido
0026Mg 0083Ti
0074Cs
473
335
2
217
Perlita no estado fundido
70 Perlita 30 Ferrita
386
278
2
-
A resistecircncia agrave traccedilatildeo do ferro fundido vermicular diminui agrave medida que aumenta o carbono
equivalente mas a velocidade de decreacutescimo desta propriedade eacute menor do que no caso do ferro
fundido cinzento A elevaccedilatildeo do teor de siliacutecio aumenta o limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo limite de
escoamento e dureza tanto na condiccedilatildeo fundida como na recozida
Em um ferro fundido de matriz predominantemente perliacutetica a resistecircncia agrave compressatildeo eacute trecircs
vezes maior do que a resistecircncia agrave traccedilatildeo
O comportamento deste material agrave temperatura de 500degC sob o ponto de vista de dilataccedilatildeo e
formaccedilatildeo de casca de oacutexido eacute mais ou menos idecircntico aos dos ferros fundidos cinzentos de
composiccedilatildeo semelhante Contudo a resistecircncia agrave formaccedilatildeo da casca de oacutexido e agrave expansatildeo a 600degC
eacute superior agrave do ferro fundido cinzento (CHIAVERINI 2005)
No ano de 2006 a ISO criou uma abreviaccedilatildeo ldquoGJVrdquo para ferro fundido vermicular e cinco
classes foram especificadas baseadas no miacutenimo limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo incluindo
GJV300 (ferriacutetico) GJV 350 GJV 400 GJV 450 (perliacutetico) e GJV 500 (ligado)
Haacute vaacuterias organizaccedilotildees desenvolvendo e classificando o Ferro Fundido Vermicular (CGI)
conforme tabela 14
11
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) Paiacutes Norma Nuacutemero Ano
Romecircnia STAS 12443-86 1986
China JB 4403-87 1987
USA ASTM A 842-85 1997
Alemanha VDG W 50 2002
Internacional SAE J 1887 2002
Internacional ISO 161122006 2006
15 Processo de Fabricaccedilatildeo
A grafita esferoidal eacute obtida pela adiccedilatildeo na liga de ferro fundido de elementos denominados
nodulizantes que modificam a forma de crescimento da grafita Os elementos nodulizantes mais
comuns na induacutestria satildeo o magneacutesio o ceacuterio o caacutelcio e terras raras Entre estes elementos o
magneacutesio (Mg) eacute o mais utilizado Recomenda-se teores entre 004 e 005 de Mg No caso de
Ce teores entre 002 e 004 e no caso de Ca entre 001 e 002
A presenccedila de impurezas como enxofre antimocircnio chumbo teluacuterio ou bismuto apresenta
efeito deleteacuterio sobre a nodulizaccedilatildeo DAWSON(2004) cita que teores de magneacutesio (Mg) de apenas
002 seriam suficientes para promover a nodulizaccedilatildeo da grafita desde que os teores de impurezas
principalmente enxofre(S) fossem mantidos baixos O nodulizante eacute adicionado na forma pura (Mg
metaacutelico) ou na forma de ante-ligas Ni-20Mg Cu-15Mg ou Fe-Si-Mg
O ferro fundido vermicular pode ser obtido adicionando elementos nodulizantes como o magneacutesio
na liga mas em uma porcentagem insuficiente para formar ferro fundido nodular resultando em um
material intermediaacuterio ou adicionando elemento nodulizante com porcentagem suficiente para
formar o ferro fundido nodular mas ao mesmo tempo adicionando-se elementos anti-nodulizantes
como o titacircnio
O processo de formaccedilatildeo do ferro fundido vermicular adicionando elementos anti-nodulizante eacute
mais faacutecil de ser realizado porque natildeo eacute necessaacuterio um controle tatildeo rigoroso da adiccedilatildeo de magneacutesio
na liga Entretanto esta adiccedilatildeo implica no uso do titacircnio que tenderaacute a formar carbonetos e
carbonitretos duros que prejudicam bastante a vida da ferramenta de usinagem da liga Para evitar
este problema eacute necessaacuterio um meacutetodo mais criterioso no processo utilizando equipamentos
especiais que garantam composiccedilatildeo de magneacutesio na liga mais adequada (DAWSON et al 2004)
12
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo
A teacutecnica de fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular eacute criacutetica para a usinabilidade da liga A
mudanccedila na forma da grafita a partir dos noacutedulos compactados eacute devido agrave accedilatildeo do magneacutesio que eacute
um elemento nodulizante Para que a grafita compactada seja formada uma quantidade de magneacutesio
deve ser mantida entre 0008 e 0012 conforme figura 13 Como o controle da composiccedilatildeo nesta
estreita faixa eacute muito difiacutecil o titacircnio eacute usado em alguns casos como elemento anti-nodulizante A
quantidade de titacircnio estaacute entre 01 e 02 o que aumenta a possibilidade de obtenccedilatildeo do grafite
compactado para percentuais mais elevados de magneacutesio Contudo a adiccedilatildeo de titacircnio gera um
inconveniente causando atraveacutes da precipitaccedilatildeo de carboneto e carbonitreto de titacircnio que satildeo
inclusotildees riacutegidas que comprometem a usinabilidade do produto (DAWSON 1999)
Apesar da estreita faixa de controle do elemento para fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular
muitas fundiccedilotildees obtiveram bons resultados devidas a teacutecnicas desenvolvidas e muita disciplina
Estas teacutecnicas podem permitir que a maioria dos blocos esteja dentro do especificado mas o sistema
de controle garante que potenciais peccedilas que possam estar fora do especificado sejam identificadas e
corrigidas antes de serem vazadas A necessidade de controle do processo depende do volume de
produccedilatildeo complexidade do componente e especificaccedilatildeo da microestrutura
Haacute um procedimento necessaacuterio para evitar que os flocos de grafite natildeo se formem antes do
processo final de vazamento Este procedimento consiste basicamente de antes da transiccedilatildeo do ferro
fundido cinzento adicionar o magneacutesio em aproximadamente 0001 a cada 5 minutos Este
processo pode demorar ateacute 15 minutos apoacutes o iniacutecio da adiccedilatildeo do magneacutesio
Uma segunda consideraccedilatildeo eacute que mesmo com a porcentagem correta da adiccedilatildeo de magneacutesio
natildeo haacute estabilidade se o iacutendice de oxigecircnio ativo e ou enxofre forem elevados Se isto ocorrer o
magneacutesio ativo eacute consumido deslocando a linha da porcentagem de magneacutesio para esquerda
conforme demonstrado na figura 13 Inversamente se os niacuteveis de oxigecircnio ou de enxofre forem
relativamente baixos a linha de porcentagem de magneacutesio se deslocar para direita Por estas razotildees
as variaccedilotildees na composiccedilatildeo limpeza oxidaccedilatildeo e umidade do material de carga tornam impossiacutevel
definir uma especificaccedilatildeo quiacutemica fixa para o CGI (DAWSON 2002)
13
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002)
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular
Segundo CHIAVERINI (2005) a definiccedilatildeo mais simples da usinabilidade eacute a propriedade
relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ser fabricado por processos de
usinagem A usinabilidade tambeacutem pode ser definida em termos de vida de ferramenta de corte ou
pode relacionar-se com a energia ou tempo necessaacuterio para remover certa quantidade de material
Segundo DINIZ (2008) a usinabilidade de um material pode ser definida como uma grandeza
tecnoloacutegica que expressa por meio de um valor numeacuterico comparativo (iacutendice de usinabilidade) um
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relaccedilatildeo a outro tomado como padratildeo A
usinabilidade depende do estado metaluacutergico da peccedila da dureza das propriedades mecacircnicas do
material de sua composiccedilatildeo quiacutemica das operaccedilotildees anteriores efetuadas sobre o material (sejam a
frio ou a quente) e do eventual encruamento
Atualmente um dos maiores desafios eacute introduzir o CGI nas peccedilas cujos processos de
usinagem apresentam desempenho muito bom nas mesmas peccedilas fabricadas em ferro fundido
cinzento Assim o desafio eacute alcanccedilar o mesmo desempenho das ferramentas mantendo os mesmos
14
custos por peccedila trabalhada e evitando investimento adicional de capital em maacutequinas e ferramentas
de corte (DAWSON 2004)
Segundo DAWSON (1999) haacute alguns fatores de influecircncia na usinabilidade do CGI
bull Efeitos da forma da grafita
bull Efeitos da perlita
bull Efeitos dos elementos quiacutemicos como chumbo manganecircs siliacutecio enxofre titacircnio e cobre
bull Efeitos da inclusatildeo
Em altas velocidades de corte a vida da ferramenta tambeacutem tende a ser ainda menor no CGI
quando comparado com o ferro fundido cinzento (WALTER 2007) Isto eacute devido a natildeo formaccedilatildeo
da camada protetora de sulfeto de manganecircs que reduz o coeficiente de atrito na face da ferramenta
e que age como uma barreira contra o desgaste por difusatildeo Esta camada ocorre na usinagem do
ferro cinzento
A diferenccedila de corte contiacutenuo ou intermitente tem uma influecircncia significativa no desgaste das
ferramentas por oxidaccedilatildeo e difusatildeo No corte contiacutenuo como torneamento e mandrilamento a
ferramenta permanece mais tempo em contato com o material da peca facilitando o mecanismo de
desgaste Em corte intermitente como o fresamento a difusatildeo e a oxidaccedilatildeo satildeo menos intensas
(DAWSON 1999)
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade
A formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido eacute diretamente afetada pela presenccedila da grafita que eacute
conhecida por ter resistecircncia mecacircnica baixa e gerar descontinuidades e efeitos da concentraccedilatildeo de
tensatildeo na matriz portanto ajudando o processo de remoccedilatildeo de material O mecanismo de formaccedilatildeo
de cavaco em ferro fundido cinzento eacute mostrado na figura 14 No iniacutecio a ferramenta
compacta o material sob o flanco criando uma fratura que se propaga em frente e abaixo da aresta
de corte (a) Como o movimento de corte da ferramenta continua o material se torna completamente
independente (b) Para algumas situaccedilotildees principalmente com o ferro fundido cinzento uma parte
de material eacute arrancada agrave frente da ferramenta causando uma perda temporaacuteria do contato entre
ferramenta e peccedila ateacute a ferramenta encontrar a proacutexima porccedilatildeo de material (c) Este processo de
remoccedilatildeo de material contribui para aumentar a rugosidade na superfiacutecie da peccedila (d)
15
A grafita por ser um componente de dureza relativamente baixa se comparada com o material
da matriz produz descontinuidades no material facilitando a quebra do cavaco na usinagem
(CONSALTER 1987)
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000
apud ROSA 2009)
A grafita tambeacutem atua como um agente lubrificante reduzindo o atrito entre a peccedila e a
ferramenta aleacutem de reduzir o risco de micro solda do cavaco com a ferramenta Sendo assim a
consequumlecircncia do efeito eacute o aumento na vida da ferramenta
No processo da formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido nodular as forccedilas de compressatildeo geram
o desprendimento dos noacutedulos da matriz e a deformaccedilatildeo plaacutestica da matriz entre os noacutedulos Esta
deformaccedilatildeo plaacutestica causa o alongamento dos noacutedulos na direccedilatildeo do corte ocasionando fratura
duacutectil
16
Para o ferro fundido cinzento a formaccedilatildeo do cavaco acontece atraveacutes de fraturas das lamelas
de grafita formando cavacos natildeo contiacutenuos Haacute trecircs estaacutegios para formaccedilatildeo destes cavacos ou seja
inicia com a separaccedilatildeo da matriz das lamelas de grafita gerando micro-trincas em consequumlecircncia as
grandes trincas satildeo formadas atraveacutes da junccedilatildeo destas micro-trincas provenientes da interface com a
ferramenta e por uacuteltimo ocorre agrave fragmentaccedilatildeo do cavaco
A formaccedilatildeo do cavaco do ferro fundido vermicular eacute uma mistura dos processos de formaccedilatildeo
de cavaco do ferro fundido nodular e formaccedilatildeo de cavaco do ferro fundido cinzento ou seja os
cavacos se formam por deformaccedilatildeo plaacutestica e tambeacutem por fraturas (MARWANGA et al 1999) A
figura 15 ilustra os diferentes cavacos formados na usinagem destas trecircs formas de ferro fundido
Cinzento Vermicular Nodular
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999)
Grafitas na forma nodular sempre estaratildeo presentes na estrutura do ferro fundido vermicular
Com isto a resistecircncia mecacircnica e a tenacidade aumentam Por outro lado a fundiccedilatildeo usinabilidade
e condutividade teacutermica seratildeo prejudicadas (GUESSER 2001)
A morfologia do ferro fundido vermicular natildeo permite a clivagem e nem a propagaccedilatildeo de
trincas O iniacutecio da fratura no ferro fundido vermicular se daacute na interface da grafita vermicular com
a matriz metaacutelica Este eacute um dos principais fatores para um maior desgaste da ferramenta de corte na
usinagem do CGI Poreacutem esta caracteriacutestica auxilia na maior resistecircncia mecacircnica e maior
tenacidade do CGI (DAWSON 2002)
17
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade
A resistecircncia mecacircnica dos ferros fundidos eacute proporcional agrave relaccedilatildeo entre perlita e
ferrita da matriz se as demais variaacuteveis forem mantidas constantes Contudo um elevado teor de
perlita natildeo eacute necessariamente a maior causa do desgaste da ferramenta de corte
Foram realizados testes de usinagem para o ferro fundido vermicular com diferentes valores de
perlita Cobre e estanho foram utilizados como elementos de estabilizaccedilatildeo A fim de atingir os 100
de perlita manganecircs tambeacutem foi adicionado Foram utilizadas ferramentas de metal duro para os
testes com velocidades de corte de 150 e 250 mmin conforme Figura 16 Pode-se ver nesta figura
que principalmente na velocidade de corte mais alta quando o teor de perlita ultrapassa 75 a vida
da ferramenta cai rapidamente (DAWSON 1999)
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999)
Blocos de motor em ferro fundido vermicular contendo 70 de perlita possuem a mesma
dureza de um bloco do motor em ferro fundido cinzento 100 perliacutetico (DAWSON 1999)
18
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade
O carbono e o siliacutecio satildeo elementos com uma grande influecircncia na estrutura do material o
carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o siliacutecio eacute essencialmente um
elemento grafitizante favorecendo a decomposiccedilatildeo do carboneto de ferro O manganecircs sempre
presente tem efeito oposto ao do siliacutecio isto eacute estabiliza a cementita e compensa de certo modo a
accedilatildeo grafitizante do siliacutecio Todo elemento quiacutemico grafitizante eacute beneacutefico agrave usinalidade pois a
grafita como visto eacute um ponto fraacutegil que em geral facilita a formaccedilatildeo do cavaco Por outro lado
os elementos que estabilizam a cementita (usam o carbono para formar Fe3C e natildeo para formar
grafita) prejudicam a usinabilidade jaacute que a cementita eacute um carboneto duro
A rigor o manganecircs nos ferros fundidos tanto quanto nos accedilos eacute adicionado como
dessulfurante Entretanto como na praacutetica haacute sempre um excesso de manganecircs este atua como
estabilizador da perlita Daiacute o seu efeito oposto ao do siliacutecio e sua utilidade para produzir estruturas
com matriz predominantemente perliacutetica sobretudo em peccedilas fundidas volumosas Ao auxiliar na
formaccedilatildeo de uma estrutura perliacutetica (e natildeo ferriacutetica) o manganecircs aumenta a resistecircncia mecacircnica da
liga e com isso prejudica a usinabilidade Por outro lado o sulfeto de manganecircs atua como
lubrificante soacutelido melhorando a usinabilidade do material
O enxofre e o foacutesforo que satildeo impurezas usualmente encontradas nos ferros fundidos natildeo tecircm
uma accedilatildeo muito significativa do ponto de vista de tendecircncia grafitizante mas o foacutesforo eacute um
estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro Sua principal accedilatildeo eacute na estrutura do material
formando com o ferro e o carbono um composto de natureza euteacutetica (CHIAVERINI 2005) O
enxofre presente no ferro fundido reage com o manganecircs (Mn) formando inclusotildees de
MnS2 as quais podem lubrificar as arestas da ferramenta ao formar uma camada protetora entre esta
e o material usinado servindo como barreira contra os mecanismos de abrasatildeo e difusatildeo
(MOCELLIN et al 2004)
O cromo eacute presente no ferro fundido atraveacutes da sucata de accedilo ou intencionalmente como
elemento de liga para obtenccedilatildeo de maior resistecircncia em altas temperaturas Segrega-se facilmente
promovendo a formaccedilatildeo de carbonetos principalmente nas uacuteltimas regiotildees em solidificaccedilatildeo O
cromo eacute um perlitizante potente quando comparado ao manganecircs pois o aumento do seu teor
provoca a formaccedilatildeo da perlita fina ou seja um aumento da quantidade de cementita que eacute de difiacutecil
19
usinabilidade A reduccedilatildeo de 018 para 010 do teor de Cr no ferro fundido vermicular pode
propiciar aumento de aproximadamente 40 da vida da ferramenta (DAWSON et al2001)
A tabela 15 resume a accedilatildeo dos elementos de liga nos ferros fundidos
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI2005)
ELEMENTO Efeitos durante a Solidificaccedilatildeo Efeitos durante a reaccedilatildeo eutetoacuteide
Alumiacutenio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Antimocircnio
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte estabilizador da perlita
Boro ateacute 015 Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Boro acima de 015 Estabilizador do carboneto Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Cromo Forte accedilatildeo carbonetante Forte tendecircncia agrave formaccedilatildeo da perlita
Cobre Grafitizante fraco Promove a formaccedilatildeo da perlita
Manganecircs Fraca tendecircncia carbonetante Formador de perlita
Molibdecircnio Fraca tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
Niacutequel Grafitizante Fraco promotor de perlita
Siliacutecio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Teluacuterio Forte tendecircncia carbonetante Muito fraco estabilizador da perlita
Estanho
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Titacircnio ateacute 025 Grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Vanaacutedio Forte tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
A velocidade de resfriamento eacute um fator relacionado a solidificaccedilatildeo no interior dos moldes e a
espessura das peccedilas moldadas Em outras palavras as secccedilotildees espessas implicam em velocidades de
resfriamento relativamente baixas e secccedilotildees finas implicam em velocidades altas Isto significa que
em peccedilas de secccedilotildees com diferentes espessuras ocorrem tambeacutem diferentes velocidades de
resfriamento Para elevadas velocidades de resfriamento como as que se verificam em secccedilotildees finas
ou nas aacutereas adjacentes agraves paredes do molde natildeo haacute muito tempo para a decomposiccedilatildeo da
cementita de modo que dependendo dos teores de carbono e de siliacutecio pouca ou nenhuma
grafitizaccedilatildeo ocorre e haacute tendecircncia agrave formaccedilatildeo de ferro fundido branco Com as velocidades de
resfriamento baixas das secccedilotildees mais espessas ocorre uma apreciaacutevel grafitizaccedilatildeo dependendo
sempre do teor de siliacutecio A estrutura seraacute essencialmente de grafita e perlita Para resfriamento
20
ainda mais lento e teor de siliacutecio mais elevado a cementita da perlita pode tambeacutem se decompor
parcialmente originando-se assim a estrutura constituiacuteda de veios de grafita perlita e ferrita Essa
estrutura confere ao material caracteriacutesticas de baixa dureza e excelente usinabilidade aleacutem de
razoaacutevel resistecircncia mecacircnica(CHIAVERINI2005)
111 Processo de Mandrilamento
O processo de mandrilamento eacute normalmente empregado na usinagem de elementos de maior
diacircmetro em um bloco do motor tais como diacircmetro dos cilindros e diacircmetros dos mancais do
virabrequim A operaccedilatildeo de mandrilamento eacute executada em duas ou trecircs etapas dependendo das
toleracircncias exigidas no desenho do produto e do tipo de ferramenta a ser empregado Essencialmente
as condiccedilotildees de mandrilamento diferem um pouco das condiccedilotildees de torneamento mas esta operaccedilatildeo
ilustra a importacircncia da rigidez de todo conjunto ferramenta dispositivo e maacutequina Particularmente
quando um cilindro de grande extensatildeo e pequeno diacircmetro eacute mandrilado o corpo da ferramenta
que natildeo eacute tatildeo riacutegido tende a defletir e consequumlentemente causar vibraccedilotildees Estas vibraccedilotildees podem
afetar natildeo somente a precisatildeo dimensional mas tambeacutem o acabamento das peccedilas e a vida da
ferramenta de corte Mandrilamento eacute um processo em que furos realizados no processo de furaccedilatildeo
furos fundidos na peccedila componentes forjados ou extrudados satildeo ampliados ou acabados com uma
ferramenta de corte montada em uma barra de mandrilar O processo eacute mais usado em aplicaccedilotildees em
que bom acabamento da superfiacutecie interna ou toleracircncia dimensional apertada satildeo requeridos Por
causa das restriccedilotildees geomeacutetricas as barras de mandrilar satildeo em geral longas e compridas o que faz
com que elas estejam facilmente sujeitas a desvios estaacuteticos e dinacircmicos Estes desvios ou vibraccedilatildeo
da ferramenta natildeo somente fazem com que os paracircmetros de usinagem precisem ser alterados como
induz a erros dimensionais e reduz a qualidade da superfiacutecie e a vida da ferramenta O estudo das
forccedilas de corte no processo de mandrilar eacute portanto um preacute-requisito para a seleccedilatildeo adequada das
condiccedilotildees de corte e tambeacutem para preservar a seguranccedila do processo evitando desvios excessivos da
ferramenta ou vibraccedilotildees dinacircmicas O raio da ponta da ferramenta e a variaccedilatildeo do acircngulo da aresta
de corte resultam na distribuiccedilatildeo natildeo-uniforme da espessura do cavaco e consequumlentemente da
forccedila de corte (MOCELLIN 2007)
21
Em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas nas ferramentas de metal duro em
relaccedilatildeo agraves usadas nas ferramentas de ceracircmica ou CBN utiliza-se maior nuacutemero de insertos de metal
duro permitindo maiores velocidades de avanccedilo compensando parcialmente a perda de
produtividade (KOPPKA et al 2003)
Operaccedilotildees de mandrilamento satildeo tradicionalmente realizadas em blocos de motores de ferro
fundido cinzento por ferramentas de ceracircmica e CBN que permitem elevadas velocidades de corte e
alta produtividade (KOPPKA et al 2003) O severo desgaste verificado nas ferramentas de
mandrilar ferro fundido vermicular tem motivado pesquisas com o objetivo de identificar os
mecanismos de desgaste das ferramentas assim como encontrar soluccedilotildees econocircmicas para esta
usinagem envolvendo institutos de pesquisa induacutestrias automobiliacutesticas fundiccedilotildees fabricantes de
ferramentas e fabricantes de maacutequinas Independentemente do material da ferramenta empregada
metal duro ou ceracircmica as velocidades de corte ainda satildeo muito inferiores agravequelas tradicionalmente
utilizadas no ferro fundido cinzento ou seja ainda haacute uma grande necessidade no desenvolvimento
do processo de usinagem de mandrilamento do bloco do motor de maneira integral (KASSACK et
al 2002)
112 Tipos de Mandrilamento
Dependendo do trabalho o mandrilamento que tambeacutem eacute conhecido como mandrilagem ou
broqueamento pode ser ciliacutendrico cocircnico radial ou esfeacuterico Por meio do processo de
mandrilamento pode-se conseguir superfiacutecies ciliacutendricas ou cocircnicas internas em espaccedilos
normalmente difiacuteceis de serem atingidos com eixos perfeitamente paralelos entre si (GUEDES
2006)
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cocircnica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Isto ocorre quando haacute um movimento de
avanccedilo simultacircneo com um movimento radial gerando um diacircmetro interno cocircnico
22
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cilindrica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Neste caso haacute somente o movimento de
avanccedilo gerando um diacircmetro interno ciliacutendrico
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico
1123 Mandrilamento Radial (figura 19)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute plana e perpendicular ao eixo em
torno do qual gira a ferramenta Neste processo haacute somente o movimento radial da ferramenta
gerando um processo de faceamento
23
Figura 19 ndash Mandrilamento radial
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute uma superfiacutecie de revoluccedilatildeo cujo
eixo coincide com o eixo do qual gira a ferramenta Ex Mandrilamento esfeacuterico e mandrilamento
de sangramento
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970)
24
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular
Os processos de mandrilamento do ferro fundido vermicular podem ser divididos em quatro
grupos
- Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
- Mandrilamento com insertos rotativos
- Mandrilamento definido como ldquofreso-mandrilamentordquo
- Mandrilamento com insertos de PCD
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
As ferramentas de mandrilar com insertos de metal-duro conforme mostradas na figura 111
satildeo usadas em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas em comparaccedilatildeo agrave ceracircmica ou
o PCBN Utiliza-se um maior nuacutemero de insertos permitindo maiores velocidades de avanccedilo e
compensando parcialmente a perda de produtividade (REUTER et al 1999) Existem algumas
barras de mandrilar cujos insertos natildeo satildeo montados uniformemente no diacircmetro e ateacute mesmo na
altura Estas barras de mandrilar satildeo chamadas de ferramentas com passo diferencial e o objetivo eacute
evitar vibraccedilotildees devido a problemas de ressonacircncia mesmo em condiccedilotildees de corte favoraacuteveis
modificando a frequumlecircncia de entrada das arestas no corte (SOUTO 2007)
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010)
25
1132 Mandrilamento com insertos rotativos
Ferramentas com insertos rotativos de PCBN Si3N4 ou Metal Duro conforme figura 112
permitem grande produtividade em altas velocidades de corte Este tipo de ferramenta apresenta um
maior potencial principalmente para operaccedilatildeo de desbaste podendo tambeacutem ser utilizadas em
operaccedilatildeo de acabamento dependendo da aplicaccedilatildeo (REUTER et al 2000) Estes insertos giram
devido aos esforccedilos de corte aplicados sobre eles jaacute que suas fixaccedilotildees permitem este grau de
liberdade Assim a seccedilatildeo de contato com a ferramenta e cavaco varia todo instante distribuindo
melhor o desgasteavaria aumentando a vida da ferramenta
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos
1133 Freso-mandrilamento
Define-se freso mandrilamento como um processo de usinagem com corte intermitente por
meio do processo de fresamento helicoidal realizado com ferramentas de diacircmetro menor que o
usinado ou seja a ferramenta realiza movimento de interpolaccedilatildeo circular e avanccedila no sentido do
cilindro conforme figura 113 O fabricante de maacutequinas MAKINO e o fabricante de ferramentas
SANDVIK desenvolveram este processo utilizando a ferramenta CoroMILL 790 e um Centro de
Usinagem Horizontal(a81M) Por meio da melhor precisatildeo de posicionamento dos insertos na
ferramenta e toleracircncias dimensionais dos insertos de metal-duro haacute possibilidades de ganho em
vida de ferramenta e possiacutevel eliminaccedilatildeo da etapa de mandrilamento de semi-acabamento
realizando-se o mandrilamento de desbaste de modo convencional e o mandrilamento de
acabamento com o processo de freso-mandrilamento Este processo tambeacutem possui desvantagem
26
como a necessidade de maacutequinas ferramentas com elevadas rigidez e precisatildeo no movimento de
interpolaccedilatildeo circular uma vez que este movimento tem influecircncia direta na geometria do cilindro
fresado (MAKINO 2011)
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento
1134 Mandrilamento com insertos de PCD
Estudos realizados pela empresa Audi aplicando insertos de PCD em mandrilamento de
acabamento dos cilindros do bloco do motor em ferro fundido vermicular apresentaram altos
valores de vida de ferramenta As principais desvantagens do uso do PCD consistem na limitaccedilatildeo da
temperatura de utilizaccedilatildeo da ferramenta o que limita a velocidade de corte assim como o maior
custo de ferramenta bloco do motor produzido Esta limitaccedilatildeo eacute devido ao problema de afinidade do
ferro com o carbono que em temperaturas acima de 700degC comeccedila a grafitizaccedilatildeo do diamante
tendo como consequumlecircncia o acelerado desgaste da aresta de corte (STEMMER 1993 apud
Xavier2009)
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento
A superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta conforme ilustrada na figura 114 eacute definida pelo acircngulo
da aresta de corte (90deg- χ r) acircngulo de posiccedilatildeo da aresta secundaacuteria de corte (χ‟r) acircngulo de saiacuteda
lateral da ferramenta (γf) e o acircngulo de saiacuteda dorsal da ferramenta (γp)
27
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008)
Quatro diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
podem ser identificadas e ilustradas conforme figura 115 Eacute altamente recomendado que o corte natildeo
envolva o final da aresta de corte da ferramenta ou seja o avanccedilo natildeo pode ser maior que o raio da
ponta da ferramenta para prevenir a quebra da ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da
ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
28
Valores grandes do raio da ponta (rɛ) com uma constante na taxa de avanccedilo(fɛ) e uma
profundidade de corte ldquoaprdquo melhoram a qualidade do acabamento superficial da peccedila reduzindo as
marcas da ferramenta devido ao avanccedilo Em contrapartida estas marcas satildeo mais suscetiacuteveis agrave
vibraccedilotildees devido ao aumento da componente da forccedila radial para ldquoaprdquo menor que ldquorɛrdquo
Consequumlentemente uma soluccedilatildeo deveria ser feito para obter resultados mais favoraacuteveis no corte
O acircngulo de saiacuteda da ferramenta eacute um importante paracircmetro para controlar a deformaccedilatildeo e a forma
dos cavacos Eacute tambeacutem um significativo fator geomeacutetrico que afeta o mecanismo de corte No plano
ortogonal a saiacuteda do cavaco eacute perpendicular agrave aresta de corte entretanto o acircngulo da saiacuteda do
cavaco eacute zero Muitos pesquisadores tentaram prever o acircngulo de saiacuteda do cavaco para usinagem
com o raio da ponta da ferramenta
A forccedila de corte pode ser representada por duas componentes uma componente normal
perpendicular ao plano de saiacuteda e um atrito componente na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta A
forccedila de atrito na superfiacutecie de saiacuteda eacute o uacutenico componente que determina a direccedilatildeo da saiacuteda de
cavaco Para cada elemento cavaco presume-se que a forccedila de atrito eacute colinear com a velocidade do
cavaco e suas magnitudes satildeo proporcionais agrave aacuterea do cavaco (YUSSEFIAN et al2008)
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento
O material da ferramenta de corte deve ser mais duro que o material da peccedila a ser cortada
Utilizando este princiacutepio novos materiais e ligas estruturais com excelente resistecircncia mecacircnica e
elevada dureza contribuem para o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de
usinagem (MACHADO et al 2009)
Alguns fatores para seleccedilatildeo adequada da ferramenta de corte conforme citados por DINIZ
(2008) estatildeo descritos abaixo
Material a ser usinado
- a dureza e o tipo de cavaco formado satildeo caracteriacutesticas do material da peccedila a ser
considerado
Processo de usinagem
29
- ainda existem vaacuterios equipamentos com baixa rotaccedilatildeo e baixa rigidez inviabilizando a
utilizaccedilatildeo de ferramenta de corte com materiais mais nobres
Condiccedilatildeo da maacutequina de usinagem
- deve-se levar em consideraccedilatildeo a potecircncia gama de velocidade e folgas da maacutequina
Dimensotildees e forma da ferramenta de corte
- ferramentas de forma natildeo-padronizada muitas vezes satildeo feitas de accedilo raacutepido ou de um tipo
de metal duro que suporte choques teacutermicos
Custo do material da ferramenta
- alguns materiais de ferramentas apesar de aumentarem a vida da ferramenta de corte ou a
produccedilatildeo muitas vezes natildeo apresentam uma boa relaccedilatildeo custo-benefiacutecio
Condiccedilotildees de usinagem
- consideraccedilatildeo tiacutepica para usinagem em acabamento em que se exigem ferramentas com
maior resistecircncia ao desgaste jaacute que a operaccedilatildeo de desbaste anterior jaacute retirou a casca
endurecida eou desvios de forma da peccedila
Condiccedilotildees da operaccedilatildeo
- usinagem com corte interrompido ou o sistema maacutequinapeccedilaferramentadispositivo
natildeo riacutegidos exige uma ferramenta tenaz
As principais caracteriacutesticas desejaacuteveis a um material da ferramenta satildeo
- Dureza a quente
Algumas regiotildees da ferramenta de usinagem podem ultrapassar 1000degC Portanto
haacute uma contiacutenua procura por materiais que possam suportar esta temperatura com dureza suficiente
para suportar as tensotildees de corte
- Resistecircncia ao desgaste
O material da ferramenta deve ser resistente ao desgaste por abrasatildeo ou seja resistecircncia
ao atrito
- Tenacidade
O material da ferramenta deve ter energia suficiente para resistir ao choques inerentes
do processo
- Estabilidade quiacutemica
Dependendo da temperatura da duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemica do material
da ferramenta e do material da peccedila na zona de cisalhamento secundaacuterio haacute transferecircncia de aacutetomo
30
de um metal para o outro (difusatildeo) O material da ferramenta deve ser resistente agrave difusatildeo (DINIZ et
al 2008)
Haacute diversos materiais de ferramentas distribuiacutedos no mercado atualmente que se
diferem pela dureza (resistecircncia ao desgaste) e tenacidade Os principais satildeo (MACHADO et al
2009)
Accedilo raacutepido
Metal duro
Cermets
Ceracircmicas
Nitreto de Boro Cuacutebico
Diamante natural
Atualmente os materiais das ferramentas de corte utilizados na usinagem do ferro fundido
vermicular satildeo metal duro ceracircmica e CBN
1151 Inserto de Metal Duro
O metal duro surgiu em 1927 com o nome de ldquoWIDIArdquo(Wie Diamant) e eacute um tipo
de material fabricado atraveacutes da metalurgia do poacute em um processo de sinterizaccedilatildeo Este poacute eacute
composto de partiacuteculas duras de carboneto de metais refrataacuterios Os carbonetos satildeo de tungstecircnio e
normalmente satildeo combinados com carbonetos de titacircnio tacircntalo e nioacutebio (DINIZ et al 2008)
O elemento aglomerante mais utilizado na fabricaccedilatildeo do metal duro eacute o cobalto que eacute um
metal do grupo do ferro responsaacutevel pela ligaccedilatildeo das partiacuteculas duras dos carbonetos no processo de
sinterizaccedilatildeo O cobalto eacute responsaacutevel pela tenacidade do material O poacute do cobalto eacute obtido pela
reduccedilatildeo do oacutexido preto que conteacutem aproximadamente 70 de cobalto sob hidrogecircnio e
temperaturas entre 600 e 700degC
Uma composiccedilatildeo tiacutepica de metal conteacutem 81 de tungstecircnio 6 de carbono e 13 de
cobalto O tamanho das partiacuteculas de carbonetos pode variar entre 1 e 10 microns e geralmente
compreendem cerca de 60 agrave 95 do volume do material
31
A variaccedilatildeo da composiccedilatildeo quiacutemica do metal duro influencia na caracteriacutestica (classe) do
material O cobalto eacute um material que agrave medida que aumenta seu teor reduz sua densidade e dureza
mas eleva a resistecircncia agrave ruptura e melhora a tenacidade
Outra caracteriacutestica importante para aplicaccedilatildeo do metal duro eacute o seu coeficiente de dilataccedilatildeo
teacutermica O coeficiente para o metal duro eacute cerca da metade do coeficiente do accedilo em temperaturas
desde a ambiente ateacute 675degC
Hoje em dia haacute metais duros produzidos com partiacuteculas de 01m o que melhora vaacuterias
caracteriacutesticas desejaacuteveis em uma ferramenta de corte Estes metais duros com micro gratildeos podem
ser classificados de acordo com o tamanho do gratildeo de sua estrutura como
- Fino 08 a 13m
- Submicromeacutetrico 05 a 08m
- Ultra fino 02 a 05m
- Nanomeacutetrico menor que 02m
Agrave medida que se diminui o tamanho de gratildeo do metal duro aumenta-se a dureza resistecircncia
ao desgaste e tenacidade do material devido ao maior fator de empacotamento que gratildeos muito
pequenos propiciam (DINIZ et al 2008)
Haacute vaacuterios tipos de metal duro classificados pela norma ISO (International Organization for
Standardization) conforme norma ISO513 1975 sendo que haacute 3 grupos principais como
Grupo bdquoP‟ ndash Compreende os tipos ou classes empregados na usinagem de metais e ligas
ferrosas que apresentam cavacos longos e duacutecteis
Grupo bdquoMrdquo ndash Compreende as classes que empregam na usinagem de metais e ligas ferrosas
de cavacos tanto longos como curtos ou seja eacute uma ferramenta com propriedades intermediaacuteria
Grupo bdquoK‟ ndash Compreende as classes que se destinam a usinagem de metais e ligas ferrosas
que apresentam cavacos curtos e materiais natildeo-metaacutelico
Recentemente a ISO aumentou o nuacutemero de classes de metal duro conforme norma
ISO513 2004 Estas novas classes satildeo
Grupo bdquoN‟ ndash Aplicaacutevel a materiais natildeo ferrosos
Grupo bdquoS‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de superligas e ligas de titacircnio
Grupo bdquoH‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de materiais endurecidos
32
Aleacutem dos grupos de metal duro existe uma subdivisatildeo dentro de cada grupo por exemplo
P01P50
M01M40
K01K40
N01N30
S01S30
H01H30
Para cada grupo de metal duro e seu respectivo subgrupo haacute uma composiccedilatildeo quiacutemica e
caracteriacutestica fiacutesica conforme Tabela 16 Pode-se perceber nesta tabela que agrave medida que a
quantidade de TiC + TaC aumenta a densidade diminui e a dureza aumenta
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970)
Desig-
Naccedilatildeo
Composiccedilatildeo
aproximada em Caracteriacutesticas principais
WC TiC
+
TaC
Co Densidade
(gcm3)
Dureza
(kgmm2)
Resist agrave
ruptura
transversal
(kgmm2)
Moacutedulo de
elasticidade
(kgmm2)
Coeficiente
de dilataccedilatildeo
teacutermica
(10-6
1Cdeg)
P01 30 64 6 72 1800 75 - -
P10 55 36 9 104 1600 140 52000 65
P20 76 14 10 119 1500 150 54000 60
P25 73 19 8 125 1500 170 55000 60
P30 82 8 10 130 1450 170 56000 55
P40 77 12 11 131 1400 180 56000 55
P50 70 14 16 129 1300 200 52000 55
M10 84 10 6 131 1650 140 58000 55
- Classes com maior tenacidade
- Recomendado para usinagem em desbaste
e corte interrompido
- Classes com maior resistecircncia ao desgaste
- Recomendado para usinagem em
acabamento
33
M20 82 10 8 134 1550 160 56000 55
M30 81 10 9 144 1450 180 58000 55
M40 78 7 15 135 1300 200 55000 55
K01 93 2 5 150 1750 120 63000 50
K05 92 2 6 146 1700 135 63000 50
K10 92 2 6 148 1650 150 63000 50
K20 915 25 6 148 1550 170 62000 50
K30 89 2 9 145 1450 190 - 55
K40 88 - 12 143 1300 210 58000 55
A seleccedilatildeo do metal duro para uma determinada aplicaccedilatildeo de usinagem estaacute intimamente
relacionada com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma durante a
usinagem Entre os tipos de cavacos conhecidos tem como cavacos contiacutenuos cavacos cisalhados e
cavacos de ruptura o formado na usinagem dos ferros fundidos eacute o cavaco de ruptura devido a seu
rompimento na zona primaacuteria do plano de cisalhamento causados na interrupccedilatildeo que as grafitas
causam na matriz da liga
Operaccedilotildees de usinagem com avanccedilo e profundidade de cortes altos para desbaste e cortes
interrompidos criam tensotildees elevadas na ferramenta exigindo classes com maior tenacidade ou seja
ferramentas com menor teor de cobalto e maior teor de carbonetos
Operaccedilotildees de usinagem em peccedilas que jaacute sofreram operaccedilotildees anteriores de desbaste retirando
excentricidade e a casca endurecida trabalham com baixos avanccedilos e profundidade de usinagem
poreacutem com altas velocidades de corte o que gera altas temperaturas Sendo assim satildeo necessaacuterias
classes de ferramentas com altas resistecircncias ao calor e a abrasatildeo ou seja menor teor de cobalto
(DINIZ et al 2008)
Operaccedilotildees de usinagem em maacutequinas-ferramentas menos riacutegidas obriga o uso de classe de
ferramentas com maior tenacidade embora reduzindo a vida uacutetil
As primeiras ferramentas de metal duro foram compostas unicamente de carbonetos de
tungstecircnio (WC) e cobalto e eram adequadas somente para a usinagem de materiais de cavacos
curtos e quebradiccedilos ou seja materiais de ferro fundido Na usinagem do accedilo havia formaccedilatildeo de
cratera na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta devido a fenocircmenos de difusatildeo e dissoluccedilatildeo ocorridos
entre o cavaco da peccedila e a ferramenta Para solucionar tais problemas comeccedilou-se a acrescentar
34
outros carbonetos (TiC TaC e NbC) Assim as ferramentas que conteacutem praticamente somente WC
e Co na composiccedilatildeo (ferramentas da classe K ver tabela 15) satildeo destinadas agrave usinagem de ferros
fundidos que natildeo tem a tendecircncia de formaccedilatildeo de desgaste de cratera devido ao fato de que o
cavaco curto rapidamente se quebra e pula fora da regiatildeo de corte sem atritar longamente com a
superfiacutecie de saiacuteda A inclusatildeo de carbonetos do tipo TiC TaC e NbC na ferramenta confere a ela
as seguintes caracteriacutesticas
- Carbonetos de Titacircnio - TiC
Pouca tendecircncia agrave difusatildeo resultando na alta resistecircncia dos metais duros
Reduccedilatildeo da resistecircncia interna e dos cantos
- Carboneto de Tacircntalo - TaC e Carboneto de Nioacutebio NbC
Em pequenas quantidades atuam na diminuiccedilatildeo do tamanho dos gratildeos melhorando a
tenacidade e a resistecircncia dos cantos
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro
A finalidade principal do uso de coberturas em ferramentas de metal duro eacute aumentar a
resistecircncia ao desgaste da camada superior que entra em contato com o cavaco e a peccedila sendo que o
nuacutecleo permanece com a tenacidade caracteriacutestica do metal duro Desta forma consegue-se em
vaacuterios casos aumentar bastante a vida da ferramenta e diminuir os esforccedilos de corte Eacute possiacutevel
tambeacutem conciliar em mesmos materiais caracteriacutesticas como tenacidade resistecircncia ao desgaste e
dureza a quente (DINIZ et al2008)
As principais coberturas utilizadas satildeo de carboneto de titacircnio (TiC) eou oacutexido de alumiacutenio
(Al2O3) nitreto de titacircnio (TiN) e carbonitreto de titacircnio (TiCN) Geralmente satildeo aplicadas no metal
duro utilizando um processo chamado CVD (deposiccedilatildeo quiacutemica a vapor) que utiliza altas
temperaturas e pressotildees levemente negativas Outro processo tambeacutem utilizado para cobertura de
ferramenta eacute o PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica a vapor) que utiliza temperaturas meacutedias (de 400 a 500ordm C) e
pressatildeo muito negativa Este processo eacute em geral mais caro que o processo CVD Como o processo
de CVD precisa de altas temperaturas satildeo geradas tensotildees na ferramenta durante seu resfriamento
que podem enfraquececirc-la Sendo assim novos tipos de processo com temperaturas intermediaacuterias
entre o CVD e o PVD estatildeo sendo desenvolvidos para minimizar este problema (DINIZ et al2008)
35
Normalmente a primeira camada de cobertura logo acima do nuacutecleo eacute o carboneto de titacircnio
ou o carbonitreto de titacircnio que algumas vezes eacute a uacutenica camada Estas camadas possuem
caracteriacutesticas como excelente resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de promover a adesatildeo das
camadas de cobertura com o metal duro do nuacutecleo Outra cobertura como o oacutexido de alumiacutenio natildeo
possui afinidade fiacutesico-quiacutemica com o nuacutecleo do metal duro A diferenccedila na dilataccedilatildeo e contraccedilatildeo
teacutermica das camadas com o substrato de metal duro a uma temperatura de 1000degC como eacute exigido
para o processo de revestimento CVD pode causar trincas se natildeo for utilizado o TiC ou TiCN como
camada intermediaacuteria (DINIZ et al2008)
A dureza da camada de TiC eacute na ordem de 3000HV que eacute maior que todas os outros materiais
utilizados no revestimento do metal duro A espessura da camada eacute de 4 a 8m Outras
caracteriacutesticas importantes deste material eacute a baixa tendecircncia a soldagem com o material da peccedila
dificultando o desgaste por adesatildeo e o baixo coeficiente de dilataccedilatildeo teacutermica O material TiCN tem
propriedades similares ao TiC como dureza agrave quente resistecircncia ao desgaste a capacidade de adesatildeo
ao nuacutecleo mas seu coeficiente de atrito eacute mais baixo que o TiC Geralmente o segundo revestimento
no metal duro eacute de oacutexido de alumiacutenio que garante uma estabilidade teacutermica devido ao fato de ser um
material ceracircmico refrataacuterio e por possuir alta resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de alta
resistecircncia a ataques quiacutemicos e agrave oxidaccedilatildeo Devido a sua alta estabilidade quiacutemica com o ferro
praticamente evita o desgaste difusivo durante o processo de usinagem do accedilo Apresentam tambeacutem
uma pequena resistecircncia a choques teacutermicos e mecacircnicos
A terceira camada geralmente utilizada de TiN tem caracteriacutestica de reduccedilatildeo do coeficiente
de atrito entre a pastilha e o cavaco Eacute quimicamente mais estaacutevel que o TiC e possui uma camada
com espessura entre 5 e 7 m A espessura total das camadas do metal duro estaacute entre 2 e 12 m
Quando se aumenta a espessura da cobertura a resistecircncia ao desgaste aumenta mas a tenacidade
diminui aumentando a tendecircncia ao lascamento das arestas Hoje em dia jaacute satildeo utilizadas outras
coberturas como por exemplo o nitreto de titacircnio alumiacutenio (TiNAl) ou o nitreto de alumino
titacircnio(TiAlN) dependendo da quantidade maior de titacircnio ou alumiacutenio que podem ser aplicadas ao
metal duro atraveacutes do processo PVD Tal processo propicia espessuras de camadas mais finas
mantendo a aresta da ferramenta afiada (DINIZ et al2008)
Estas coberturas podem ser aplicadas em ferramentas multicamadas propiciando
caracteriacutesticas como
36
- Baixa condutividade teacutermica que protege a aresta de corte e aumenta a remoccedilatildeo de calor
atraveacutes do cavaco
- Alta dureza a frio e a quente
- Alta estabilidade quiacutemica (DINIZ et al2008)
1153 Insertos de Material Ceracircmico
Um dos principais tipos de materiais ceracircmicos utilizados como ferramenta de usinagem eacute o
oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) que eacute a forma estaacutevel alfa da alumina Podem-se distinguir dois ramos
nesta famiacutelia
- Materiais contendo alumina sinterizada praticamente pura com no miacutenimo de 98
- Materiais contendo 90 de alumina juntamente com outros oacutexidos como SiO2 MgO
Cr2O3 Fe3O4 etc
Este tipo de material de ferramenta consiste de gratildeos finos (menores que 5 m) de Al2O3 de
alta densidade ou seja conteacutem menos que 2 de porosidade Diferentes meacutetodos satildeo utilizados
para fabricaccedilatildeo de ferramentas ceracircmicas deste tipo
- Prensadas a frio e sinterizadas apresentando uma cor branca Este processo eacute similar ao
processo de fabricaccedilatildeo do metal duro
- Prensadas a quente em grandes cilindros de alumina em moldes de grafite Neste processo
o material se torna acinzentado escuro (FERRARESI 1970)
A ceracircmica possui oacutetima propriedade como dureza a quente permitindo que se possa usinar
em altas velocidades de corte Em contrapartida haacute propriedades como baixa condutividade teacutermica
que logicamente dificulta a transferecircncia de calor e faz com que na regiatildeo proacutexima do contato
cavaco-ferramenta e peccedila ferramenta atinja-se temperaturas muito altas Outra propriedade que
dificulta o uso de material ceracircmico eacute a baixa tenacidade que favorece as trincas e quebras das
ferramentas de corte
Haacute ferramentas ceracircmicas agrave base de oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) podendo ter alumina pura ou
podendo ter algum teor de oacutexido de magneacutesio (MgO) para inibir o crescimento de gratildeo Podem ter
tambeacutem oacutexido de cromo titacircnio e niacutequel para aumentar a resistecircncia mecacircnica ou com baixos
porcentuais de oacutexido de zircocircnio (ZrO2) que aumenta a tenacidade do material (DINIZ et al2008)
37
A ceracircmica mista aleacutem de conter alumina pode conter o carboneto de titacircnio (TiC) ou o
nitreto de titacircnio (NiT) Este tipo de ceracircmica eacute prensado a quente gerando uma cor acinzentada
Como haacute uma melhor dureza a quente e estabilidade quiacutemica a ceracircmica mista eacute indicada para
processo de usinagem em mandrilamento e torneamento em acabamento de accedilos endurecidos onde
a tenacidade natildeo eacute tatildeo exigida (DINIZ et al2008)
Haacute uma ceracircmica com propriedades intermediaacuterias que eacute a reforccedilada com whiskers o qual eacute
adicionado o carboneto de siliacutecio (SiC) como sua tenacidade eacute boa quando comparadas com as
outras ceracircmicas este tipo de material eacute indicado para usinagem de ligas de titacircnio e niacutequel
Tambeacutem pode ser utilizada no processo de usinagem em mandrilamento e torneamento de accedilos
endurecidos com superfiacutecies interrompidas (DINIZ et al2008) Natildeo eacute permitida a fabricaccedilatildeo deste
material em vaacuterios paiacuteses devido ao carboneto de siliacutecio ser canceriacutegeno (BALDACIM 2000) Este
tipo de material tambeacutem eacute perigoso devido agrave facilidade de incecircndio no processo de retificaccedilatildeo
devido a isto o processo deve ser realizado em local extremamente isolado e maacutequinas blindadas
Haacute tambeacutem ferramentas de ceracircmica agrave base de nitreto de siliacutecio (Si3N4) que satildeo cristais com
fase intergranular de oacutexido de siliacutecio (SiO2) que satildeo sinterizados na presenccedila de alumina (sialon)
eou oacutexido de iacutetrio (Y2O3) e magneacutesio (MgO) Este material de ferramenta eacute usualmente chamado de
Sialon (DINIZ et al2008)
A Tabela 17 mostra algumas propriedades dos diversos tipos de material ceracircmico
comparados com o metal duro Como se pode ver na tabela Sialon possui boa tenacidade (melhores
que as ceracircmicas mista e pura) e excelentes durezas a quente e resistecircncia ao choque teacutermico A
uacutenica propriedade necessaacuteria a um material de ferramenta que natildeo possui eacute a estabilidade quiacutemica
com o ferro Assim natildeo pode ser usada para usinar o accedilo Poreacutem como a falta de estabilidade
quiacutemica eacute causadora do desgaste difusivo razatildeo da formaccedilatildeo do desgaste de cratera (desgaste da
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) e como o ferro fundido possui cavacos curtos que natildeo atritam
muito com a superfiacutecie de saiacuteda e portanto natildeo tem grande tendecircncia agrave formaccedilatildeo da cratera esta
ferramenta eacute indicada para a usinagem destas ligas principalmente em cortes interrompidos como o
fresamento em que a temperatura que a ferramenta atinge natildeo eacute tatildeo alta
38
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro
Tenacidade Dureza agrave
quente
Resistecircncia ao
choque teacutermico
Estabilidade
quiacutemica (Fe)
Estabilidade
quiacutemica (Ni)
Ceracircmica Pura 2 2 1 5 5
Ceracircmica
Mista
1 3 2 4 4
Ceracircmica com
Wiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal Duro 5 1 5 3 1
Em geral os insertos de material ceracircmico possuem um chanfro na regiatildeo da aresta de corte
cuja dimensatildeo varia de 005 agrave 03mm e acircngulo entre 20deg e 30deg como proteccedilatildeo de aresta para evitar
quebra ou lascamento (DINIZ et al 2008)
Em processos de usinagem como o fresamento em ferro fundido cinzento eacute possiacutevel substituir
o desbaste e o acabamento para somente um passe utilizando insertos de ceracircmica com alisador
(FERRER 2006) Ferramentas ceracircmicas de nitreto de siliacutecio tecircm mostrado um melhor desempenho
que as de metal duro em operaccedilotildees de faceamento em ferro fundido cinzento Isto porque
ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio apresentam tenacidade suficiente onde o
lascamento natildeo eacute um fator predominante para o fim da vida da ferramenta (FERRER e DINIZ
2005)
Em contrapartida ferramentas de metal duro satildeo consideradas uma melhor opccedilatildeo para
processo de usinagem em fresamento de ferro fundido vermicular O mecanismo de desgaste por
difusatildeo eacute muito acentuado em ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio (GABALDO
2009)
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte
Desgaste eacute a perda contiacutenua e microscoacutepica de partiacuteculas da ferramenta devido agrave accedilatildeo do corte
(DINIZ et al 2008) Haacute alguns desgastes de ferramenta de corte padronizado como desgastes
convencionais Os principais deles satildeo o desgaste de flanco ou frontal (na superfiacutecie de folga da
39
ferramenta) desgaste de entalhe (nos limites de contato ferramentapeccedila) e desgaste de cratera (na
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) Aleacutem dos desgastes diversas outras ocorrecircncias podem acontecer
agrave ferramenta durante seu uso como trincas lascas deformaccedilotildees plaacutesticas e quebra A estas
ocorrecircncias daacute-se o nome de avarias (FERRARESI 1970)
Os principais fenocircmenos causadores do desgaste satildeo
Aresta posticcedila de corte (APC) ndash material da peccedila aderido na aresta de corte da ferramenta
modificando o comportamento da forccedila de corte acabamento superficial da peccedila e desgaste da
ferramenta A APC ocorre quando em baixa velocidade de corte a parte inferior do cavaco sob
pressatildeo de corte na zona de aderecircncia manteacutem o contato sem movimento relativo por um espaccedilo de
tempo suficiente para soldar na ferramenta Agrave medida que a APC cresce torna-se instaacutevel e depois
de algum tempo colapsa levando consigo partiacuteculas da superfiacutecie de folga da ferramenta
incentivando assim o desgaste de flanco em baixa velocidade de corte (DINIZ et al 2008)
Abrasatildeo mecacircnica ndash o desgaste frontal ou o desgaste de cratera podem ser gerados pela
abrasatildeo (atrito) poreacutem eacute mais comum o desgaste frontal porque a superfiacutecie de folga atrita na peccedila
que eacute riacutegida enquanto que a superfiacutecie de saiacuteda atrita com o cavaco que eacute flexiacutevel O desgaste por
abrasatildeo ocorre pela presenccedila de partiacuteculas duras no material da peccedila e pela temperatura de corte que
reduz a dureza da ferramenta Quando o desgaste abrasivo ocorre a superfiacutecie desgastada mostra
sulcos paralelos agrave direccedilatildeo de avanccedilo (TRENT e WRIGHT 2000)
Aderecircncia ndash eacute formada por um extrato metaacutelico provocado pela baixa velocidade de corte e
baixa temperatura entre duas superfiacutecies metaacutelicas postas em contato sob cargas moderadas A
resistecircncia deste extrato eacute elevada a tal ponto que na tentativa de separar as superfiacutecies ocorre agrave
ruptura em um dos metais e natildeo na superfiacutecie de contato Quando este desgaste ocorre a superfiacutecie
desgastada tem aparecircncia aacutespera (TRENT e WRIGHT 2000) Assim partiacuteculas da superfiacutecie de um
material migram para superfiacutecie do outro O fenocircmeno da aderecircncia estaacute presente na formaccedilatildeo da
aresta posticcedila mas pode-se ter desgaste por aderecircncia mesmo sem a formaccedilatildeo da aresta posticcedila Por
meio deste fenocircmeno as partiacuteculas da ferramenta que satildeo removidas pela continuidade do
movimento de escorregamento entre as duas superfiacutecies (cavaco-ferramenta ou ferramenta-peccedila)
seguem aderidas ao fluxo de cavaco ou peccedila Como satildeo bastante duras ao atritarem com regiotildees da
ferramenta mais agrave frente desgastam-nas por abrasatildeo A utilizaccedilatildeo de coberturas com baixo
coeficiente de atrito como o nitreto de titacircnio e o uso de fluiacutedo de corte adequado tem grande
influecircncia na reduccedilatildeo deste tipo de desgaste (DINIZ et al 2008)
40
Difusatildeo ndash eacute um fenocircmeno microscoacutepico ativado pela temperatura na zona de corte
principalmente entre a ferramenta e o cavaco podendo tambeacutem ocorrer entre a ferramenta e a peccedila
depois de jaacute haver ocorrido algum desgaste na superfiacutecie de folga causado por algum outro
mecanismo A difusatildeo no estado soacutelido consiste na transferecircncia de aacutetomos de um metal ao outro
Depende da temperatura duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemico dos dois metais
envolvidos na zona de cisalhamento secundaacuterio Ocorre principalmente na superfiacutecie de saiacuteda da
ferramenta causando o desgaste de cratera porque eacute ali que se tem a zona de aderecircncia entre cavaco
e ferramenta (que garante o tempo de contato) e a zona de fluxo (zona secundaacuteria de cisalhamento)
na qual o cisalhamento eacute intenso e assim a temperatura eacute bastante alta Ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes a este tipo de
desgaste (DINIZ et al 2008)
Oxidaccedilatildeo ndash a maioria dos metais oxidam em altas temperaturas e na presenccedila de aacutegua e ar Na
usinagem isto ocorre devido ao uso de fluiacutedo de corte de baixa concentraccedilatildeo ou fluiacutedo de corte natildeo
adequado para o processo O tungstecircnio e o cobalto durante o corte formam filmes de oacutexido poroso
sobre a ferramenta que satildeo facilmente levados embora pelo atrito gerando o desgaste Poreacutem
alguns oacutexidos como o oacutexido de alumiacutenio satildeo mais duros e resistentes Assim alguns materiais de
ferramentas que natildeo conteacutem oacutexido de alumino desgastam mais facilmente por oxidaccedilatildeo Este
desgaste se forma nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao acesso de ar nesta
regiatildeo causando o desgaste de entalhe Tambeacutem para este desgaste ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes (DINIZ et al
2008)
41
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Este capiacutetulo descreve o material do bloco do motor e o material da ferramenta de corte a ser
utilizada no experimento aleacutem dos equipamentos e o meacutetodo utilizado para o experimento
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos
Uma linha de usinagem flexiacutevel de bloco do motor diesel exclusivo em material de ferro
fundido vermicular jaacute existente na empresa MWM International situado em Santo Amaro SP foi o
laboratoacuterio utilizado para realizaccedilatildeo dos experimentos
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos
Utilizou-se como corpos de prova para os ensaios de mandrilamento blocos para motores de
seis cilindros (ver figura 21) fundidos em material de ferro fundido vermicular e fundido na
empresa TUPY Fundiccedilotildees localizada em Mauaacute Satildeo Paulo A operaccedilatildeo de usinagem objeto deste
estudo foi o mandrilamento dos mancais do bloco
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE
42
O material do bloco do motor eacute o GJV-450 conforme norma MANN (M3340) Foi realizada
uma anaacutelise metalograacutefica de amostras retiradas de corpos de prova do bloco do motor conforme
posiccedilatildeo visualizada na figura 22
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise
metalograacutefica (norma MANN M3340 2004)
A tabela 21 e as figuras 23 e 24 mostram os resultados da anaacutelise metalograacutefica do material
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor
DESCRICcedilAtildeO ESPECIFICADO
Estrutura da Matriz Perlita Lamelar Fina
Ferrita Livre Maacuteximo de 30
Cementita Livre Ausente
Carbonitreto de Titacircnio Metalograficamente natildeo permitidos
Ledeburita Ausente
Rede de Fosfeto - STEADITA Traccedilos isolados como informativo
Forma da Grafita I e II Ausente
Forma da Grafita III Miacutenimo 70
Forma da Grafita IV Maacuteximo 5
Forma da Grafita V e VI Maacuteximo 30
Tamanho da Grafita Forma III 3 ou mais fino
Tamanho da Grafita Forma IV 3 ou mais fino
43
Tamanho da Grafita Forma V e VI 5 ou mais fino
Dureza 150 agrave 250 HB 30
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo 440 agrave 520 Nmm2
Limite de Escoamento Miacutenimo 320 Nmm2
Alongamento Miacutenimo 1
Figura 23 - Micrografia mostrando a morfologia da
grafita
Forma III (80 agrave 85) e tamanho de 4 agrave 5
Forma IV (lt 5) e tamanho de 5 agrave 6
Forma V + VI (10 agrave 15) e tamanho de 5 agrave 6
Sem ataque
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrututa da
matriz matriz perliacutetica
Com ataque NITAL 3
A tabela 22 mostra o resultado do ensaio quiacutemico realizado em uma amostra de bloco
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN)
ESPECIFICADO em ENCONTRADO em
11 Carbono C 350 agrave 380 361
12 Carbono Equivalente C equiv 405 agrave 435 419
13 Silicio Si 200 agrave 230 232
14 Manganecircs Mn 040 maacuteximo 026
15 Foacutesforo P 002 maacuteximo 0009
16 Enxofre S 0005 agrave 0020 0011
17 Cromo Cr 01 maacuteximo 0029
44
18 Cobre Cu 075 agrave 095 084
19 Estanho Sn 004 agrave 007 007
110 Magneacutesio Mg 0010 agrave 0016 0010
111 Titacircnio Ti 0010 maacuteximo 0003
O material de ferro fundido vermicular a ser removido pela ferramenta de corte na operaccedilatildeo de
mandrilamento dos mancais tem espessura entre 25 e 30mm (profundidade de corte) devido agrave
variaccedilatildeo do sobremetal de fundiccedilatildeo conforme figura 25 formando cavacos de ruptura
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte
O bloco do motor contem sete mancais com comprimento de 37mm cada conforme figura 26
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm
45
23 Ferramenta de Corte (insertos)
Nos experimentos foram utilizados insertos de ceracircmica e insertos de metal duro conforme
figuras 27 28 e 29 e tabela 23
Figura 27 - Inserto de Metal Duro
WTXQ090608 K01L10B040 HP425
Figura 28 - Inserto de ceracircmica
WTXQ090608 0906 MN KS6000
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento
METAL DURO CERAcircMICA
Material Classe K10 Nitreto de Silicio
Aresta de Corte Arredondamento 006mm Arredondamento 006mm
Espessura do inserto 635mm 635mm
Aacuterea para corte Maacuteximo 7mm Maacuteximo 7mm
Quantidade de arestas 6 arestas 6 arestas
Cobertura Nitreto de Titanio Alumino (TiNAl) Sem cobertura
46
Figura 29 - Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios
Os insertos foram montados em uma barra de mandrilar na posiccedilatildeo tangencial em um diacircmetro
de 1105mm para desbaste conforme figura 210 Nesta mesma ferramenta tambeacutem estatildeo montados
os seis insertos de semi-acabamento para posterior processo de fratura Esta ferramenta possui guias
de metal duro para reduzir vibraccedilatildeo garantir alinhamento entre os mancais e garantir a precisatildeo
dimensional As guias de metal duro da ferramenta e o diacircmetro do mancal podem estar com folga
entre 0005mm e 0015mm Esta folga eacute coberta pelo fluido de corte com uma concentraccedilatildeo
aproximada de 12 e com isso contribui para reduzir o atrito
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos
47
Antes dos experimentos foram montados vaacuterios insertos na barra de mandrilar para verificar a
variaccedilatildeo do batimento radial e axial Nota-se que radialmente foram encontrados ateacute 004mm de
variaccedilatildeo e axialmente foram encontrados ateacute 002mm conforme demonstra figura 211 Ambos os
resultados encontrados natildeo influenciam no resultado final dos experimentos
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado
O fluido de corte utilizado no experimento tendo tambeacutem como funccedilatildeo reduzir o atrito entre
as guias de metal duro da barra de mandrilar e o mancal guia do bloco foi um oacuteleo semi-sinteacutetico do
tipo EP produzido pelo fabricante CASTROL O nome do produto eacute ldquoSuperedge 6552 BFrdquo com alta
resistecircncia agrave formaccedilatildeo de espuma isento de Boro Cloro Nitritos e Fenois As tabelas 24 e 25
mostram caracteriacutesticas deste fluido
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
Estado fiacutesico Liacutequido
Odor Suave
Cor Acircmbar
pH 90 a 95 (5)
Ponto de fulgor Produto base aacutegua Natildeo inflamaacutevel
Densidade 0937 gmL
Solubilidade Soluacutevel em aacutegua
48
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
DESCRICcedilAtildeO PORCENTAGEM
Aacutegua 5 agrave 10
Amina primaacuteria 20 agrave 40
Amina terciaacuteria 50 agrave 80
Oacuteleo mineral parafiacutenico 45 agrave 50
Benzotriazol 01 agrave 05
Aacutecidos di carboxiacutelicos 20 agrave 50
Aditivo EP a base de foacutesforo 20 agrave 80
Amida de Tall Oil 10 agrave 15
Aacutecido carbacircmico 05 maacuteximo
Metileno bis morfolina 30 agrave 70
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos
A maacutequina de usinar utilizada para realizar os experimentos foi um centro de usinagem
horizontal CNC com 4 eixos (XYZB) da marca GROB modelo BZ640 com palete (mesa) de 630
x630mm (ver figura 212) Esta maacutequina eacute controlada por um comando SIEMENS e pode suportar
uma carga sobre a mesa de ateacute 1000Kg jaacute que a peccedila (bloco do motor) utilizada no experimento
tem aproximadamente 300Kg e o dispositivo para fixar a peccedila tem aproximadamente 500Kg
somando juntos 800Kg A maacutequina tambeacutem tem um giro de palete permitido de ateacute 1200mm para
suportar a peccedila que tem um comprimento de 1060mm O eixo da maacutequina eacute um motofuso com
potecircncia de 26Kw(40ED) e 20Kw(100 ED) O torque eacute de 340Nm (40 ED) e 262Nm(100
ED) A cada 10 minutos de usinagem por 4 minutos pode ser utilizados potecircncia e torque maacuteximos
ou seja pode-se utilizar 26Kw a cada 4 minutos ou 20Kw em todo tempo de usinagem e igualmente
para torque
49
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB
Este equipamento eacute preparado para medir potecircncia consumida do fuso no momento da
usinagem da peccedila conforme demonstrado na figura 213
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos
O equipamento utilizado para realizar as mediccedilotildees de desgaste dos insertos (VB ndash desgaste de
flanco) utilizados no experimento foi uma maacutequina para preacute-ajustagem de ferramentas marca
ZOLLER com cacircmera integrada conforme figura 214 Esta maacutequina tambeacutem possui alguns
benefiacutecios como sistema de fixaccedilatildeo SHRINK (fixaccedilatildeo de ferramenta por contraccedilatildeo teacutermica) e um
50
software de programaccedilatildeo com o procedimento de mediccedilatildeo de cada ferramenta reduzindo a
influecircncia do operador
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER
Ao fim dos ensaios os desgastes das ferramentas foram analisados em um Microacutescoacutepio
Eletrocircnico de Varredura (MEV) contendo sonda para realizaccedilatildeo de testes de EDS(Sistema de
Energia Dispersiva) Este equipamento tem marca FEI modelo Quanta 450 conforme figura 215
Ele eacute capaz de produzir imagens de alta ampliaccedilatildeo
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos
insertos
51
27 Processo de Usinagem
Uma barra de mandrilar com 600mm de comprimento devido agrave sua rigidez pelo curto
comprimento mandrila o primeiro mancal em desbaste para obtenccedilatildeo do Oslash1105mm e acabamento
Oslash111mm simultaneamente No teacutermino da usinagem do primeiro mancal a mesa (palete) gira 180deg
para que a usinagem do seacutetimo mancal (uacuteltimo) seja realizada A funccedilatildeo desta primeira ferramenta eacute
fornecer guia (mancal usinado) para a barra de mandrilar longa com comprimento de 600mm
conforme figura 216 utilizada nos experimentos deste trabalho para usinar do segundo ao sexto
mancal
A barra de mandrilar longa utiliza o primeiro mancal como guia e usina o segundo mancal
conforme demonstrado na figura 216 Apoacutes o segundo mancal acabado a ferramenta avanccedila e
utiliza o segundo mancal como guia para usinar o terceiro mancal e assim sucessivamente ateacute usinar
o quarto mancal Para usinar o quinto e o sexto mancal a mesa da maacutequina gira a 180deg e a
ferramenta utiliza o seacutetimo mancal como guia para usinar o sexto mancal e logo na sequumlecircncia
utiliza o sexto mancal como guia para usinar o quinto mancal
A ferramenta utilizada nos experimentos usina um total de cinco mancais por bloco
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento
28 Procedimento experimental
Primeiramente foi determinado que um ensaio terminaria apoacutes 40 peccedilas usinadas Este nuacutemero
foi determinado para que o desgaste frontal da ferramenta tivesse aproximadamente de 04mm
(mediccedilatildeo VB) ao fim do ensaio Como o laboratoacuterio utilizado no experimento foi uma linha de
produccedilatildeo impossibilitando a mediccedilatildeo do desgaste dos insertos ateacute atingir exatos 04mm foi
definido medir a aresta de 10 em 10 peccedilas ateacute atingir as 40 peccedilas Poreacutem houve exceccedilotildees como
- Ensaios em que o desgaste VB atingiu valores elevados muito antes das 40 peccedilas
600mm
52
- Ensaios em que a potecircncia de seguranccedila do fuso da maacutequina foi acionada antes das 40 peccedilas
A velocidade de corte foi a variaacutevel utilizada para iniciar os ensaios em insertos de metal duro
fixando o avanccedilo por dente e a quantidade de insertos montados conforme tabela 26
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 140mmin 022mm 6 532mmmin
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
A maacutexima velocidade de corte de 155mmin foi determinada devido agrave caracteriacutestica de
seguranccedila que a maacutequina oferece para natildeo danificar o equipamento Como a barra de mandrilar eacute
longa e robusta qualquer quebra ou outro tipo de avaria pode danificar o fuso da maacutequina Mais
caro que o fuso eacute o alto tempo de reparo que um equipamento deste porte pode sofrer Para
seguranccedila haacute um limite de potecircncia consumida do fuso em que o equipamento interrompe a rotaccedilatildeo
para evitar maiores avarias Como a folga entre as guias de metal duro da barra de mandrilar e o
guia dos mancais podem variar entre 0005mm e 0015mm o aumento da rotaccedilatildeo aumenta a forccedila
centriacutepeta e o oacuteleo natildeo suporta reduzir o atrito aumentando a potecircncia consumida do fuso e
limitando a velocidade de corte para maacuteximo de 155mmin
A velocidade miacutenima de corte de 110mmin utilizada foi a jaacute definida no processo antes de
realizaccedilatildeo deste trabalho e a velocidade de corte intermediaacuteria foi a definida pela velocidade de
corte mais proacutexima da meacutedia entre a velocidade maacutexima de 155mmin e a velocidade miacutenima de
110mmin
Continuando na estrateacutegia dos experimentos utilizou-se a maior velocidade de corte permitida
pela maacutequina para os experimentos com ceracircmica o qual precisa de maiores velocidades em
comparaccedilatildeo com o metal duro Para comparar rendimento utilizou as mesmas condiccedilotildees para o
experimento com inserto de metal duro A uacutenica variaccedilatildeo foi o material da ferramenta conforme
mostrado na tabela 27
53
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 6 590mmmin
Como o experimento com ceracircmica natildeo foi possiacutevel devido agrave alta potecircncia consumida do fuso
e a ocorrecircncia de avaria de quebra prematura a terceira fase de testes foi a reduccedilatildeo do nuacutemero de
insertos montados na ferramenta conforme demonstrado na tabela 28
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 3 295mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 3 295mmmin
Na sequumlecircncia dos experimentos fixou-se a menor velocidade de corte utilizada nos
experimentos e o uso apenas de insertos de metal duro ateacute entatildeo a melhor condiccedilatildeo de corte
experimentada variando somente o avanccedilo por dente conforme demonstra a tabela 29
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 110mmin 030mm 6 572mmmin
Metal Duro 110mmin 034mm 6 648mmmin
O maior avanccedilo por dente utilizado nos experimentos foi definido pela seguranccedila da maacutequina
no controle de potecircncia maacutexima utilizada ou seja a utilizaccedilatildeo do avanccedilo por dente de 034mm se
posicionava no limite de potecircncia da maacutequina
Todos os experimentos foram realizados reacuteplicas exceto os experimentos com variaccedilatildeo da
velocidade de corte que foi necessaacuterio realizar uma treacuteplica
54
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO
Este capiacutetulo descreveraacute os resultados dos experimentos As variaacuteveis analisadas satildeo a
evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos em funccedilatildeo da quantidade de peccedilas usinadas o tempo de
usinagem a quantidade de dentes da ferramenta em contato com a peccedila potecircncia consumida do fuso
e volume de cavaco removido
31 Cavaco
A usinagem do ferro fundido cinzento gera cavaco de ruptura na regiatildeo de cisalhamento
(Ferraresi 1970) O cavaco retirado do bloco do motor em ferro fundido vermicular utilizado nos
experimentos tambeacutem pode ser classificado como de ruptura mas eacute um pouco maior que o tiacutepico
gerado na usinagem do ferro fundido cinzento conforme mostra a figura 31
Como a deformaccedilatildeo do cavaco no momento do corte natildeo eacute homogecircnea por causa da
concentraccedilatildeo de tensatildeo ou pontos de baixa resistecircncia na parte traseira do cavaco (Diniz et al
2008) a parte de traz do cavaco eacute bem rugosa mesmo para um cavaco de ruptura conforme
demonstrado na figura 32
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura de CGI
Figura 32 - Face rugosa do cavaco de CGI
55
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel )
Na primeira fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
arestas) e o avanccedilo por dente foram fixados tendo como variaacutevel a velocidade de corte
Na velocidade de corte de 155mmin 30 peccedilas foram usinadas ateacute o desgaste de flanco do
inserto ultrapassar os 04mm (VB) conforme mostrado na figura 33
vc110
mmin
vc140
mmin
vc155
mmin
10 peccedilas 20 peccedilas 30 peccedilas
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte
Para as velocidades de corte de 110mmin e 140mmin foi possiacutevel mandrilar ateacute 40 peccedilas
conforme demonstrado na figura 34 O desgaste dos diversos insertos de uma mesma eram muito
proacuteximos mas foi decidido fazer as mediccedilotildees de insertos montados sempre na mesma posiccedilatildeo da
ferramenta Pode-se verificar que o inserto utilizado no experimento com maior velocidade de corte
resultou em um maior desgaste frontal (ainda figura 33) devido ao acreacutescimo de calor gerado no
processo concordando com a literatura (Diniz et al 2008)
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
56
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado
Como jaacute descrito anteriormente a maior velocidade de corte resulta em uma maior taxa de
desgaste frontal dos insertos Como mostra a figura 35 a influecircncia da velocidade de corte na taxa
de desgaste ficou clara somente a partir de 20 peccedilas usinadas ou seja o comportamento do desgaste
das arestas dos insertos foram muito semelhantes diferenciando em poucos centeacutesimos na usinagem
de ateacute 20 peccedilas O valor do desgaste foi 51 menor na velocidade de corte de 110mmin quando
comparado com a velocidade de corte de 140mmin apoacutes 40 peccedilas usinadas Analisando uma
diferenccedila ainda maior de velocidade de corte como por exemplo velocidade de corte de 110mmin
e 155mmin e fixando 30 peccedilas para comparaccedilatildeo jaacute que o experimento com a velocidade de corte
de 155mmin natildeo atingiu 40 peccedilas a diferenccedila foi de 60 Em outras palavras o valor do desgaste
VB apoacutes 30 peccedilas usinadas era 60 maior na ferramenta utilizada com 155 mmin que o desgaste da
ferramenta que usinou com 110 mmin
04mm
A B
04mm
Vc110mmin Vc140mmin
57
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos
Comparando o graacutefico de desgaste dos insertos com o graacutefico de potecircncia consumida do fuso
(figura 36) vecirc-se que conforme esperado agrave medida em que aumenta o desgaste da ferramenta
aumenta o atrito na interface ferramentapeccedila e consequumlentemente aumenta a potecircncia consumida
do fuso Na usinagem com ferramenta nova (peccedila 1 na figura 36) a potecircncia consumida com vc =
140 mmin foi cerca de 22 maior que quando se usinou com vc = 110 mmin (aumento de 27 no
valor da velocidade) enquanto a potecircncia consumida com velocidade de corte de 155mmin foi 9
maior que quando se usinou com vc = 140 mmin (aumento de 11 no valor da velocidade de corte)
Pode-se verificar que o aumento da potecircncia consumida foi pouco menor que o aumento da proacutepria
velocidade de corte Diniz et all (2008) afirmam que a potecircncia de corte pode ser dada pela equaccedilatildeo
31 Como nem profundidade de usinagem nem avanccedilo foram alterados nestes ensaios este
resultado significa que o aumento da velocidade de corte proporcionou uma pequena reduccedilatildeo no
valor da pressatildeo de corte o que concorda com o que foi tambeacutem afirmado por estes autores
cc vfapKsvFcPc (31)
Onde
Pc = potecircncia de corte
Fc = forccedila de corte
0
01
02
03
04
05
06
07
08
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Velocidade de corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
58
Ks = pressatildeo especiacutefica de corte
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para
ferramentas com 3 e 6 insertos)
Na segunda fase dos experimentos devido agrave utilizaccedilatildeo de insertos de ceracircmica foi utilizada a
velocidade de corte de 155mmin que eacute a maacutexima permitida pela maacutequina Como a intenccedilatildeo eacute
comparar o desempenho dos materiais dos insertos foi fixada a velocidade de corte de 155mmin o
avanccedilo por dente de 022mmin e inicialmente seis arestas na ferramenta tendo como variaacutevel o
material de ceracircmica e metal duro
Poreacutem natildeo foi possiacutevel realizar o experimento em questatildeo O ensaio teve que ser interrompido
porque todos os insertos se quebraram antes da ferramenta completar 10 peccedilas usinadas O desgaste
prematuro das arestas de corte do inserto de ceracircmica e o aumento da pressatildeo de corte devido ao
aumento na quantidade de arestas aumentaram bastante a tendecircncia agrave quebra dos insertos
Como natildeo foi possiacutevel a comparaccedilatildeo dos insertos de ceracircmica com insertos de metal duro
nestas condiccedilotildees decidiu-se realizar esta fase dos experimentos mantendo a velocidade de corte de
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Variaacutevel - Velocidade de Corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
59
155mmin e o avanccedilo por dente de 022mmin mas reduzndo o nuacutemero de arestas da ferramenta
para trecircs Realizou-se estes testes com ferramenta de metal duro e ferramenta ceracircmica
Pode-se verificar que para mandrilamento em desbaste de peccedilas em material de ferro fundido
vermicular insertos de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio natildeo se mostraram adequados ou seja haacute
um desgaste excessivo da aresta de corte conforme mostra a figura 37 Vecirc-se nesta figura que com
apenas 10 peccedilas usinadas o desgaste dos insertos ultrapassava 10mm de VB O inserto de metal duro
para esta mesma quantidade de peccedilas (10 peccedilas) apresentava desgaste de somente 022 mm
conforme demonstrado na figura 38
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm
Figura 38 ndash Aresta do inserto de metal duro
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm
A figura 39 mostra que inicialmente a potecircncia consumida pela maacutequina quando se utilizou
ferramenta ceracircmica era bem proacutexima daquela consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro Como pode ser visto nas figuras 27 e 28 e na tabela 23 as ferramentas utilizadas tecircm
geometrias idecircnticas Entatildeo este resultado mostra que o suposto menor coeficiente de atrito da
camada de TiAlN que recobre a ferramenta de metal duro natildeo teve influecircncia na diminuiccedilatildeo dos
esforccedilos de corte Poreacutem em poucas peccedilas usinadas devido ao excessivo desgaste das arestas de
corte haacute um aumento progressivo na potecircncia consumida do fuso para o experimento com ceracircmica
Apoacutes 10 peccedilas usinadas enquanto a potecircncia consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro aumentou 8 em relaccedilatildeo agrave potecircncia consumida na usinagem da primeira peccedila a potecircncia
quando se usou ferramenta ceracircmica aumentou em cerca de 41
04mm 04mm
60
Figura 39 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica
Como a comparaccedilatildeo entre insertos de metal duro e insertos de ceracircmica foi extremamente
favoraacutevel ao experimento de metal duro decidiu-se comparar a quantidade de insertos em uso na
ferramenta Assim os experimentos foram realizados com ferramenta de metal duro com trecircs
insertos e seis insertos fixando a velocidade de corte de 155mmin e o avanccedilo por dente de 023mm
Fotos das regiotildees desgastadas destas ferramentas estatildeo mostradas na figura 38
Trecircs(3)
insertos
Seis(6)
insertos
10 peccedilas 20 peccedilas
10
11
12
13
14
15
16
17
1 10 20
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Metal Duro x Ceracircmica
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Metal Duro Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Ceracircmica
04mm 04mm
04mm 04mm
61
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes
Verifica-se que o experimento com maior quantidade de insertos (6 insertos) em uso obteve
uma superioridade de 66 de vida com relaccedilatildeo ao experimento de menor quantidade de insertos (3
insertos) confirmando a literatura (REUTER et al1999) quando atingido a quantidade de 20 peccedilas
que foi o limitante para o experimento com trecircs insertos conforme mostra figura 311
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6
insertos
O aumento do nuacutemero de dentes aumenta o volume de cavaco removido por minuto sem
aumentar a carga realizada sobre cada aresta Portanto este aumento deve ser incentivado desde que
haja espaccedilo suficiente entre dentes para armazenar o cavaco e desde que a maacutequina tenha potecircncia e
rigidez para suportar este maior volume de cavaco removido A figura 312 abaixo mostra a maior
potecircncia consumida para o experimento utilizando seis insertos como variaacutevel mas ainda dentro do
permitido pela maacutequina Veja que com 100 no aumento da velocidade de avanccedilo devido ao dobro
da quantidade de dentes em uso a potecircncia consumida do fuso iniciou com uma diferenccedila de 73
ou seja confirma-se que a potecircncia de corte aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo porque o Ks
reduziu devido a maior velocidade de avanccedilo Se o Ks natildeo reduzisse com o aumento do avanccedilo a
diferenccedila da potecircncia consumida do fuso seria de 100
0
02
04
06
08
10 20 30
Des
gast
e V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas - Vb(mm) 3 insertos x 6 insertos
Vc 155mmin - MD fz 022 (3 INSERTOS)
Vc 155mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
62
Figura 312 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como
variaacutevel)
Na quarta fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
facas) a melhor velocidade de corte (vc 110mmin) encontrada nos primeiros experimentos e o
material da ferramenta (Metal Duro) foram fixados tendo como variaacutevel o avanccedilo por dente
Pode-se verificar que para velocidade de corte de 110mmin independente da variaacutevel avanccedilo
por dente a variaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do desgaste das arestas de corte foi muito pequena conforme
demonstrado nas figuras 313 e 314 O aumento do avanccedilo aumenta o volume de cavaco removido
por minuto e com isto aumenta o calor gerado Por outro lado o crescimento do avanccedilo faz com
que o contato do cavaco com a ferramenta se decirc em uma maior porccedilatildeo da superfiacutecie de saiacuteda Como
tem-se maior calor gerado mas com maior aacuterea da ferramenta para receber este calor a temperatura
da ferramenta natildeo se altera muito e por isso a influecircncia do avanccedilo no desgaste da ferramenta
quando existe eacute pequena (Diniz et al 2008)
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Nuacutemero de insertos como variaacutevel
Vc 155mmin (6 ins) fz 022 - MD
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - MD
63
fz
022mm
fz
030mm
fz
034mm
20 peccedilas 30 peccedilas 40 peccedilas
Figura 313 ndash Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos
Este resultado eacute bastante importante para um processo de desbaste como o analisado neste
trabalho O aumento do avanccedilo por dente faz com que o tempo de corte de uma peccedila seja reduzido
Como isto natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta tem-se com certeza um processo mais
produtivo (se a vida da ferramenta tivesse diminuiacutedo seria necessaacuterio cotejar a diminuiccedilatildeo do tempo
de corte contra o aumento de tempo de maacutequina parada para troca de ferramenta para afirmar que o
processo foi mais produtivo) com mesmo custo de ferramentas e menor custo de utilizaccedilatildeo da
maacutequina Haacute que se perguntar qual eacute o limite para o aumento do avanccedilo por dente Com certeza agrave
medida que se aumenta este valor para mesmo raio de ponta da ferramenta cresce o risco de quebra
da mesma A utilizaccedilatildeo de avanccedilos ainda maiores que os aqui utilizados eacute uma sugestatildeo para um
trabalho futuro
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
64
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por
dente como variaacutevel
A figura 315 mostra os resultados de potecircncia consumida versus nuacutemero de peccedilas usinadas
para os ensaios em que se teve variaccedilatildeo do avanccedilo por dente Nela percebe-se que haacute um aumento
na potecircncia consumida agrave medida que se aumenta o avanccedilo por dente Levando-se em consideraccedilatildeo a
potecircncia consumida na usinagem da 1ordf peccedila (ferramenta ainda sem desgaste) houve um aumento de
21 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 022mm para 030mm (36 de aumento
do avanccedilo) e um aumento de 9 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 030mm para
034mm (13 de aumento do avanccedilo) Isto estaacute em acordo com a literatura (Diniz Marcondes e
Coppini2008) que afirma que a Potecircncia de Corte (Pc) aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo da
avanccedilo (f) porque a Pressatildeo Especiacutefica de Corte (Ks) cai com o aumento de f Isto eacute possiacutevel
porque a contribuiccedilatildeo dada pelo fluxo lateral de cavaco (parte do volume de material deformado da
peccedila natildeo se transforma em cavaco mas sim escorrega entre a peccedila e a superfiacutecie de folga da
ferramenta) fica percentualmente menos importante quando se aumenta o avanccedilo
Outro ponto importante a ser destacado nesta figura eacute que a contribuiccedilatildeo do desgaste para o
crescimento da potecircncia consumida eacute significativa Quando se utilizou fz = 030 mm o crescimento
da potecircncia entre a 1ordf peccedila usinada e a 40ordf peccedila foi de 76 enquanto quando se usou fz = 022 mm
este crescimento foi de 20 (maior crescimento percentual dentre as 3 curvas) Esta diferenccedila de
0
01
02
03
04
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Avanccedilo por dente
Vc 110mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 030 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 034 (6 INSERTOS)
65
variaccedilatildeo percentual da potecircncia consumida entre a 1ordf e a 40ordf peccedila deve-se provavelmente ao da
potecircncia ao longo da vida da ferramenta natildeo eacute tatildeo intenso
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de
avanccedilo como variaacutevel
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste
Os insertos utilizados nos experimentos foram submetidos agrave anaacutelise por um microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (MEV) com sistema de energia dispersiva (EDS) Este procedimento
objetivou a anaacutelise do mecanismo de desgaste das arestas de corte
Foram analisadas as arestas dos insertos de metal duro em fim de vida utilizados nos
ensaios em que se variou a velocidade de corte e a quantidade de insertos Os insertos com a
variaccedilatildeo do avanccedilo por dente foram submetidos ao MEV e ao EDS a cada 10 peccedilas mandriladas ateacute
completar o fim de vida Com relaccedilatildeo aos ensaios com ferramenta de ceracircmica somente as arestas
utilizadas no experimento com trecircs insertos puderam ser analisadas porque no experimento
utilizando seis insertos de ceracircmicas os mesmos quebraram no momento do experimento
impossibilitando a anaacutelise
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso
Vc 110mmin fz 022mm
Vc 110mmin fz 030mm
Vc 110mmin fz 034mm
66
Os insertos usados nos experimentos foram limpos por ataque da soluccedilatildeo de 10 gramas de
ferrocianeto de potaacutessio [ K4 [ Fe(CN)6]] 10 gramas de hidroacutexido de potaacutessio (KHO) e 100
mililitro de aacutegua destilada imerso de 4 agrave 6 antes de serem colocados no microscoacutepio
A figura 316 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
Nesta figura natildeo se vecirc riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte que se ocorressem indicariam
desgaste de origem abrasiva Fez-se anaacutelise de EDS nos 3 pontos mostrados na figura e o resultado
destas anaacutelises estatildeo mostrados na figura 317 O ponto 2 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
predominacircncia de titacircnio e alumiacutenio pois ali a cobertura da ferramenta estaacute intacta (a cobertura eacute de
TiAlN) Nos pontos 1 e 3 que estatildeo mais proacuteximos da aresta de corte encontra-se uma alta
quantidade de ferro e manganecircs mostrando que houve adesatildeo de material da peccedila na regiatildeo
desgastada da superfiacutecie de folga
67
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 318 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 140 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Os pontos 1 2
e 3 mostrados na figura estatildeo fora da regiatildeo desgastada e a anaacutelise EDS neles (figura 319) indicou a
presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta como era de se esperar O ponto 3 aleacutem da
presenccedila de elementos da ferramenta mostrou tambeacutem a presenccedila de elementos do fluido de corte
68
como foacutesforo e pequena quantidade de material da peccedila provavelmente devido ao contato com o
material do cavaco retirado da peccedila
Figura 318 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
No ponto 4 verifica-se a presenccedila de elementos como ferro manganecircs e siliacutecio que satildeo
materiais presentes exclusivamente na peccedila usinada e no cavaco mostrando de novo que houve
adesatildeo de material da peccedilacavaco na regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga
69
Figura 319 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 320 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Nesta figura
pode-se tambeacutem ver que o desgaste e a velocidade de ocorrecircncia do desgaste foram tais que a
ferramenta chegou a lascar
70
Figura 320 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
A figura 321 mostra os resultados da anaacutelise EDS O ponto 4 que estaacute fora da regiatildeo
desgastada (ver figura 320) mostra somente a presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta Os
pontos 2 e 3 mostram a forte presenccedila de material da peccedilacavaco aderidos agrave superfiacutecie desgastada
O ponto 1 que estaacute na vizinhanccedila da regiatildeo lascada mostra principalmente a presenccedila de elementos
do substrato da ferramenta como tungstecircnio e cobalto mostrando que ali toda a camada de
cobertura jaacute havia sido removida
71
Figura 321 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
Depois da anaacutelise do desgaste destas 3 ferramentas pode-se concluir que ele ocorreu
principalmente devido ao mecanismo de adesatildeo e arranque de partiacuteculas da ferramenta (attrition) A
pressatildeo de corte foi tal que permitiu que durante a formaccedilatildeo do cavaco parte do material da
peccedilacavaco extrudasse entre ferramenta e peccedila (talvez auxiliado por algum desgaste inicial gerado
por um outro mecanismo) e aderisse agrave superfiacutecie de folga da ferramenta Esta camada aderida era
arrancada pelo atrito entre ferramenta e peccedila levando consigo partiacuteculas da cobertura e do substrato
da ferramenta Ao arrastar partiacuteculas da ferramenta o desgaste era mais ainda incentivado jaacute que
72
estas partiacuteculas bastante duras atritavam com a proacutepria ferramenta Pode-se concluir que o
mecanismo principal de desgaste foi este devido agrave presenccedila de camada do material da peccedilacavaco
aderida em todas as regiotildees desgastadas como tambeacutem pela regiatildeo do substrato exposta na figura
320 Conseguiu-se tirar uma foto da ferramenta no momento que naquela regiatildeo (ponto 1 da figura
320) a camada aderida havia sido removida e ainda natildeo tinha sido substituiacuteda por outra camada
deixando o substrato exposto Eacute loacutegico que na continuidade deste processo de desgaste
principalmente quando a taxa desgaste eacute alta devido agrave alta velocidade de corte (como ocorreu
quando se utilizou vc = 155 mmin) o risco de lascamento da ferramenta (remoccedilatildeo de macro-
partiacuteculas e natildeo de micro-partiacuteculas) eacute alto como se viu na ponta da ferramenta mostrada na figura
320
A figura 322 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 3 insertos
e ferramenta de ceracircmica
Figura 322 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica) em fim de vida da ferramenta
Haacute quatro pontos indicados conforme demonstrado na figura 322 Nos pontos 1 2 e 3
verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de siliacutecio (figura 323) que existe tanto na peccedila quanto no
inserto Poreacutem como o ponto 3 natildeo tem contato com a peccedila haacute grande probabilidade que o siliacutecio
73
encontrado seja somente do inserto Foi encontrado tambeacutem tacircntalo presente somente ao material
do inserto conforme demonstrado na figura 323 No ponto 4 que se refere exatamente agrave fronteira da
regiatildeo de desgaste (fronteira entre a aacuterea de contato com a peccedila e a aacuterea sem contato) verifica-se a
presenccedila de material como siliacutecio alumiacutenio e cobalto referente ao inserto mas tambeacutem zinco e
zircocircnio que satildeo materiais do oacuteleo refrigerante utilizado no experimento Isto significa que o fluido
de corte chegava bem proacuteximo agrave interface peccedila-ferramenta mas natildeo penetrava nela Assim o fluido
tinha uma accedilatildeo refrigerante bastante eficiente jaacute que atingia regiotildees proacuteximas agrave fonte geradora de
calor mas natildeo tinha accedilatildeo lubrificante pois natildeo penetrava nas interfaces para poder ter accedilatildeo de
reduccedilatildeo do coeficiente de atrito
Figura 323 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de
corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
74
Uma anaacutelise visual da figura 322 mostra uma superfiacutecie lisa e a figura 323 mostra a presenccedila
em pequena quantidade de elementos da peccedila Estes pontos satildeo indicaccedilotildees de que o desgaste
difusivo estiver presente Poreacutem a aparecircncia facetada da regiatildeo de desgaste tambeacutem indica que
houve quebra de partiacuteculas macroscoacutepicas da ferramenta talvez causada pela tensatildeo teacutermica gerada
pela alta refrigeraccedilatildeo realizada pelo fluido de corte
Numa tentativa de se entender o processo de desgaste da ferramenta de metal duro desde o
iniacutecio de sua vida fez-se anaacutelise da superfiacutecie desgastada de uma das ferramentas em vaacuterios
momentos de sua vida A figura 324 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie
de folga de uma das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030
mm 6 insertos e ferramenta de metal duro apoacutes 10 peccedilas usinadas
Figura 324 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 10 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 324 estaacute mostrada na figura 325
Nos pontos 1 e 2 verifica-se a presenccedila de elementos da cobertura (titacircnio e alumiacutenio) como
75
tambeacutem elementos do substrato da ferramenta (W) No ponto 3 que eacute um ponto fora da regiatildeo
desgastada encontra-se alta concentraccedilatildeo de alumiacutenio e titacircnio presentes na cobertura do inserto No
ponto 4 encontra-se ainda bastante material da cobertura da ferramenta Al e Ti Vecirc-se que apoacutes 10
peccedilas usinadas ainda natildeo se iniciou o processo de adesatildeo da material da peccedilacavaco na superfiacutecie
de folga da ferramenta (natildeo se verifica a presenccedila marcante de Fe na regiatildeo de desgaste) adesatildeo
esta bastante presente na ferramenta apoacutes 40 peccedilas usinadas Tambeacutem mesmo na regiatildeo desgastada
ainda se verifica bastante a presenccedila de material da cobertura o que demonstra que o desgaste natildeo
era profundo a ponto de remover esta camada de material
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 325 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas
76
A figura 326 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 20 peccedilas usinadas
Figura 326 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 20 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 326 estaacute mostrada na figura 327 No
ponto 1 verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de tungstecircnio referente ao substrato do inserto e
uma pequena concentraccedilatildeo de Fe da peccedila Conclui-se entatildeo que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada a
cobertura jaacute havia sido removida e o processo de adesatildeo de material da peccedilacavaco dava sinais de
sua presenccedila No ponto 2 a presenccedila do Fe proveniente da peccedilacavaco eacute bastante intensa
mostrando que o processo de adesatildeo jaacute havia realmente se iniciado O ponto 3 eacute fora da regiatildeo
desgastada e portanto somente possui elementos da cobertura da ferramenta como alumiacutenio e
titacircnio Algum teor de W aparece porque a anaacutelise EDS eacute capaz de detectar elementos que estaacute a
alguma distacircncia da superfiacutecie analisada Assim o W que estaacute a alguns microns de distacircncia eacute
mostrado na anaacutelise No ponto 4 encontra-se somente alumiacutenio e titacircnio da cobertura mostrando
que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada o processo de adesatildeo ainda natildeo havia se iniciado
77
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 327 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 20 peccedilas usinadas
A figura 328 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 30 peccedilas usinadas
78
Figura 328 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 30 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 328 estaacute mostrada na figura 329
Similarmente ao que ocorreu com a ferramenta apoacutes 20 peccedilas usinadas agora com 30 peccedilas
usinadas a regiatildeo desgastada mostra ponto coberto por material da peccedilacavaco (ponto 1) ponto em
que a cobertura havia sido removida e o substrato estaacute exposto (ponto 2) e ponto em que a cobertura
ainda estava intacta (ponto 4) Logicamente o ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
somente elementos da cobertura e pouco concentraccedilatildeo de elementos do substrato da ferramenta
79
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 329 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 30 peccedilas
A figura 330 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 40 peccedilas usinadas (fim do ensaio)
80
Figura 330 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 40 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 330 estaacute mostrada na figura 331
Nos pontos 1 e 2 constata-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de ferro presente na peccedilacavaco
indicando que o processo de adesatildeo na ferramenta jaacute era bastante acentuado Mesmo assim ainda
havia uma parte da porccedilatildeo desgastada em que o desgaste natildeo havia se aprofundado na ferramenta e
assim a cobertura ainda estava presente (ponto 4 que tem forte concentraccedilatildeo de Ti e Al da
cobertura) No ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada apresenta logicamente somente
elementos da cobertura
81
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 331 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 40 peccedilas usinadas
Apoacutes a anaacutelise destas figuras pode-se tentar definir quais foram os mecanismos de desgaste da
ferramenta ao longo de sua vida Com 10 peccedilas usinadas a adesatildeo ainda natildeo estaacute presente Algum
outro mecanismo de desgaste (provavelmente a difusatildeo dada a aparecircncia lisa da regiatildeo desgastada
tiacutepica do desgaste difusivo sem a presenccedila de riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte tiacutepicos da abrasatildeo)
foi o responsaacutevel pela remoccedilatildeo da camada de cobertura (jaacute se vecirc pontos com o substrato exposto na
figura 331) que gerava o aumento do coeficiente de atrito e propiciava a adesatildeo do material da
peccedilacavaco A presenccedila de algum desgaste tambeacutem facilitou a extrusatildeo deste material entre peccedila e
ferramenta para que a adesatildeo fosse possiacutevel A partir disto a adesatildeo comeccedilou a crescer
82
gradualmente Com 20 peccedilas usinadas jaacute se tinha mais presenccedila de Fe oriundo da peccedila na ferramenta
e tambeacutem porccedilotildees com o substrato exposto (W mostrado na anaacutelise EDS) e a partir da peccedila 30 a
adesatildeo estava bastante presente tornando-se o principal mecanismo de desgaste que conduziu a
ferramenta a valores alto de desgaste
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido
A figura 332 mostra a vida da ferramenta para cada experimento realizado no qual fica
caracterizado que menores velocidades de corte e material de metal duro satildeo os mais indicados para
o processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco do motor fabricado em ferro
fundido vermicular Vecirc-se nesta figura que o uso de inserto com material de ceracircmica agrave base de
nitreto de siliacutecio natildeo se mostrou adequado para este tipo de operaccedilatildeo Vecirc-se tambeacutem que os avanccedilos
por dente utilizados no experimento mantiveram a mesma vida de ferramenta
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos
Para se ter uma ideacuteia de qual foram as melhores condiccedilotildees de usinagem dentre as que foram
testadas neste trabalho e consequumlentemente escolher o conjunto de condiccedilotildees a serem utilizadas no
0
10
20
30
40
50
Vc 110mmin
Fz022mmmin
Vc 110mmin
Fz030mmmin
Vc 110mmin
Fz034mmmin
Vc 140mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 3 insertos MD 3 insertos
Ceracircmica
6 insertos
Ceracircmica
40 40 40
30
23
12
4
Quebra
Nuacute
mer
o d
e p
eccedila
s
Vida da ferramenta de metal duro e ceracircmica no processo de mandrilamento em desbaste do Ferro Fundido Vermicular
83
meio produtivo construiu-se a figura 333 Na construccedilatildeo desta figura os experimentos em que se
utilizou ferramentas ceracircmicas natildeo foram levados em consideraccedilatildeo jaacute que o desempenho destas
ferramentas natildeo foi razoaacutevel Os ensaios em que se utilizou avanccedilo por dente de 022 mm e se
variou a velocidade de corte se a maacutequina utilizada nesta operaccedilatildeo natildeo for gargalo (isto eacute o tempo
da operaccedilatildeo natildeo eacute importante) a condiccedilatildeo a ser utilizada eacute aquela com velocidade de corte de
110mmin jaacute que ela propicia economia de ferramenta Se a maacutequina for gargalo haacute que se calcular
a velocidade de maacutexima produccedilatildeo (vcmxp) para este avanccedilo a fim de se escolher a velocidade a ser
utilizada Diniz et al (2008) definem vcmxp de acordo com a equaccedilatildeo 32
x
ft
cmxptx
Kv
1
))1(
(
(32)
Onde K e x satildeo os expoentes da equaccedilatildeo de vida da ferramenta de Taylor (Tvcx=K) tft eacute o
tempo de troca da ferramenta e T eacute a vida da ferramenta em minutos
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido
Utilizando-se os dados de vida de ferramenta obtidos nos ensaios com as 3 velocidades de
corte utilizadas neste trabalho tem-se que x e K satildeo respectivamente 26 e 79x106 Com isto
considerando-se um tempo de troca das ferramentas de 2 minutos tem-se que a velocidade de
maacutexima produccedilatildeo eacute 2895 mmin Assim em uma maacutequina gargalo utilizando-se o avanccedilo por dente
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Vc110mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 030mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 034mm
Vc140mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc155mmin 6 insertos Fz 022mm
Vo
lum
e d
e ca
vaco
(cm
3)
Tem
po
de
usi
nag
em (
min
)
Tempo de usinagem x Volume de cavaco removido Tempo de usinagem
Volume de material removido
84
de 022 mm dentre as velocidades utilizadas nos ensaios seria interessante utilizar-se a velocidade
de 155 mmin jaacute que a usinagem com este valor de vc apesar de consumir mais ferramentas
propicia menor tempo de produccedilatildeo por peccedila (jaacute que ela a maior velocidade dentre as utilizadas que
ainda eacute menor que vcmxp)
Como visto o uso de maiores avanccedilos natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta Assim
como se estaacute em operaccedilatildeo de desbaste (a rugosidade da peccedila natildeo eacute importante) eacute interessante
utilizar-se o maior avanccedilo possiacutevel Dentre os utilizados neste trabalho seria adequado se utilizar fz
= 034 mm pois com ele consegue-se um corte mais raacutepido sem ainda se ter quebra da aresta de
corte Seria importante tambeacutem se obter a velocidade de maacutexima produccedilatildeo com este avanccedilo a fim
de se saber a velocidade a ser utilizada se a maacutequina for gargalo Esta eacute uma outra sugestatildeo para um
futuro trabalho
85
4 CONCLUSOtildeES
Esta dissertaccedilatildeo teve por objetivo analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar influencias
positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor fabricado
em ferro fundido vermicular
Por meio dos resultados obtidos nas condiccedilotildees experimentadas pode-se concluir que
Quanto maior a velocidade de corte menor a vida final da ferramenta
A utilizaccedilatildeo de um maior nuacutemero de insertos na ferramenta proporcionou maior vida
tanto em termos de tempo de usinagem quanto em termos de volume de material
removido
Insertos de ceracircmica com nitreto de siliacutecio natildeo satildeo indicados para o mandrilamento em
desbaste do ferro fundido vermicular
A alteraccedilatildeo da velocidade de avanccedilo natildeo influencia na vida da ferramenta
Apoacutes definir a melhor velocidade de corte a velocidade de avanccedilo foi limitada pela
potecircncia consumida do fuso e natildeo pelo desgaste das arestas dos insertos
A melhor condiccedilatildeo de corte foi velocidade de corte de 110mmin avanccedilo por dente de
034mm e seis insertos de metal duro montados simultaneamente
O principal mecanismo de desgaste de flanco das pastilhas de metal duro foi o
ldquoattritionrdquo Poreacutem para que a adesatildeo de material da peccedilacavaco sobre a superfiacutecie de
folga pudesse acontecer foi necessaacuterio que inicialmente algum outro mecanismo
(provavelmente a difusatildeo) gerasse o desgaste da ferramenta
Sugestotildees para proacuteximos trabalhos
As informaccedilotildees descritas prevecircem possibilidades das variaccedilotildees sabendo-se que
86
o laboratoacuterio utilizado neste trabalho natildeo as permitiu
o Utilizaccedilatildeo de maiores velocidades de corte conjuntamente com maiores avanccedilos por
dente
o Utilizaccedilatildeo de outros materiais de ferramentas O CBN seria uma opccedilatildeo a ser testada
o Variaccedilatildeo das alturas das pastilhas tanto na direccedilatildeo axial quanto na direccedilatildeo radial
o Verificar se eacute possiacutevel aumentar ainda mais o nuacutemero de arestas da ferramenta para
propiciar ainda maior produccedilatildeo
87
5 REFEREcircNCIAS
BALDACIM Sandro A Desenvolvimento Processamento e Caracterizaccedilatildeo de
Compoacutesitos Ceracircmicos Si3N4 ndash SiC(w) 2000 170p Tese (Doutorado) Departamento de Pesquisas
Energeacuteticas e Nucleares Universidade Estadual de Satildeo Paulo Satildeo Paulo
BELONI AL Metodologia via redes neurais para estimativa da rugosidade e do
desgaste de ferramentas de corte no processo de fresamento frontal 2001 194p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Uberlacircndia Minas
Gerais
BRAUN Silvana Appel LG Schmal M A poluiccedilatildeo gerada por maacutequinas de combustatildeo
interna movidas a diesel - a questatildeo dos particulados Estrateacutegias atuais para a reduccedilatildeo e
controle das emissotildees e tendecircncias futuras Quiacutemica Nova Vol 27 No 3 472-482 2003
CHIAVERINI Vicente Accedilos e Ferros Fundidos Caracteriacutesticas Gerais Tratamento
Teacutermico Principais Tipos 7deg Ediccedilatildeo ampliada e revisada Associaccedilatildeo Brasileira de Metalurgia e
Materiais 2005
CONSALTER L GUEDES L PUREY J - Usinabilidade de ferros fundidos FMP Guia
de Equipamentos e Insumos 1987
DAWSON S Compacted Graphite Iron Mechanical and Physical Properties for Engine
Design SinterCast - Technical Publication 1999
DAWSON S HOLLINGER I ROBBINS H DAETH J REUTER U SCHULZ H
The effect of metallurgical variables on the machinability of compacted graphite iron SAE
World Congress 2001
DAWSON S Process Control for the Production of Compacted Graphite Iron AFS
Casting Congress 2002
88
DAWSON S SCHROEDER T Practical Applications for Compacted Graphite Iron AFS
Transactions 2004
DAWSON S Compacted Graphite Iron ndash A New Material for Highly Stressed Cylinder
Blocks and Cylinder Heads Internationales Wiener Motorensymposium 2007
DINIZ AE MARCONDES FC COPPININL Tecnologia da Usinagem dos
Materiais 6deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Artiliber Editora 2008 262p
DOREacute C BOEHS L GUESSER L W Avaliaccedilatildeo da Usinabilidade do Ferro Fundido
Vermicular com Diferentes Microestruturas 8th Congresso Iberoamericano de Engenharia
Mecacircnica 2007
FERRARESI Dino Fundamentos da Usinagem dos Metais vol 1 Satildeo Paulo
Editora Edgard Bluumlcher LTDA 1970 754p
FERRER Jorge A G Uma Contribuiccedilatildeo ao Fresamento Frontal de Superfiacutecies
Irregulares de Ferro Fundido Cinzento 2006 228p Tese (Doutorado) Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
FERRER Jorge A G DINIZ A E Otimizaccedilatildeo do fresamento frontal de diversas superfiacutecies
de ferro fundido cinzento Anais do III Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricaccedilatildeo -
COBEF Vol 1 pp1 ndash1 Joinville Santa Catarina 2005
GABALDO Sander Uma Contribuiccedilatildeo a Melhoria do Processo de Fresamento de Ferro
Fundido Vermicular ndash CGI 2009 136p Tese (Mestrado) Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
89
GODINHO AF Anaacutelise do Mandrilamento de cilindros de bloco de motores em Ferro
Fundido Vermicular com diferentes concepccedilotildees de ferramentas 2007 128p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
GUEDES Luiz F M FENGPUCRS Processo de usinagem e conformaccedilatildeo 2006
KASSACK J REUTER U AUDI CGI Production Planning In 5th COMPACTED
GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat Darmstadt 2002
KOPPKA Frank ABELE Eberhard Economical processing of compacted graphite iron 6th
COMPACTED GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat
Darmstadt 2003
GUESSER L W SCHROEDER T DAWSON S Production experience with compacted
graphite iron automotive components AFS Transactions 01-071 2001
MACHADO AR ABRAtildeO A M COELHO R T DA SILVA MB Teoria da
Usinagem dos Materiais 1 ed Satildeo Paulo Editora Blucher 2009 384 p
MAKINO Disponiacutevel em ltcompetitiveproductioncom features default aspx articlegt
Acesso em Janeiro de 2011
MAPAL do BRASIL Disponiacutevel em ltMapalcomenproductscatalogues-and-brochuresgt
Acesso em Dezembro de 2010
MARWANGA R O VOIGT R C COHEN P H Influence of Graphite Morphology and
Matrix Structure on Chip Formation During Machining of Gray Irons AFS Transactions
American Foundrysmen Society 1999
90
MOCELLIN Fabiano Desenvolvimento de Tecnologia para Brunimento de Cilindros de
Blocos de Motores em Ferro Fundido Vermicular Tese 2007 264p Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
MOCELLIN Fabiano BOHES Prof Lourival Study of the Machinability of Compacted
Graphite Iron for Drilling Process Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science and
engineering 2004
MOURA Bruna S Transesterificaccedilatildeo Alcalina de Oacuteleos Vegetais para Produccedilatildeo de
Biodiesel Avaliaccedilatildeo Teacutecnica e Econocircmica Dissertaccedilatildeo 2010 166p Departamento de Engenharia
Quiacutemica Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
NICOLELLA Gilberto Marques JF Skorupa L A Sistema de Gestatildeo Ambiental aspectos
teoacutericos e anaacutelise de um conjunto de empresas ISSN 1516-4691 Documento 39 Embrapa Meio
Ambiente 43p Jaguariuacutena SP 2004
REUTER U SCHULZ H Compact and bijou The problems associated with compacted
graphite iron manufacturing can be overcome Engine Technology International 1999
REUTER U SAHM A SCHULZ H CGI production on transfer lines and machining
centers Compacted Graphite Iron Machining Workshop 2000
SAHM A ABELE E SCHULZ H State of the art in CGI machining 5th Compacted
Graphite Iron Machining Workshop 2002
SINTERCAST Compacted Graphite Iron Technical Publication What is CGI Disponiacutevel
emlthttpwwwsintercastcomTecnologygt Acesso em marccedilo de 2010
STEMMER C E Ferramentas de corte I 3 ed Florianoacutepolis Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina 1993 249 p
91
SOUTO Ulisses B Monitoramento do desgaste de ferramenta no processo de
fresamento via emissatildeo acuacutestica Tese 2007 Pag19 Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Federal de Uberlacircndia
TRENT E WRIGHT P Metal Cutting 4ordf ed Woburn Editora Butterworth-Heinemann
2000 446p
VASILASH Gary S Automotive Design amp Production Gardner Publication 2006
WALTER AG Cataacutelogo Geral Cataacutelogo Satildeo Paulo 2007
XAVIER Fabio A Aspectos Tecnoloacutegicos do Torneamento do Ferro Fundido
Vermicular com Ferramentas de Metal Duro Ceracircmica e CBN 2003 146p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
XAVIER Fabio A Estudo dos mecanismos de desgaste em ferramentas de nitreto de
siliacutecio aplicadas no torneamento dos ferros fundidos vermicular e cinzento 2009 267p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
YUSSEFIAN NZ MOETAKEF-IMANI B The prediction of cutting force for boring
process International Journal of Machine Tools amp Manufacture 2008
vii
Resumo
DALO Marco Aurelio Estudo do Desempenho de Ferramenta de Corte no Processo de
Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas
Faculdade de Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas 2011 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado)
Existe hoje uma tendecircncia no mercado de veiacuteculos de motor diesel a fabricarem os blocos dos
motores em ferro fundido vermicular devido agrave melhor eficiecircncia de combustatildeo e maior resistecircncia agrave
compressatildeo permitindo paredes de galerias mais finas com consequumlecircncia na reduccedilatildeo do peso do
bloco quando comparado ao bloco usual feito de ferro fundido cinzento Desta forma seria possiacutevel
atender agraves novas exigecircncias do mercado e do meio ambiente
Poreacutem a difiacutecil usinabilidade deste material obriga ao levantamento de condiccedilotildees de usinagem
e ao desenvolvimento de ferramentas que possam melhorar a produtividade dos processos de
usinagem dos blocos O mandrilamento em desbaste dos mancais do bloco do motor eacute uma das
operaccedilotildees de usinagem mais carentes de desenvolvimento dentre as utilizadas na produccedilatildeo do bloco
de ferro fundido vermicular
A variaccedilatildeo do material da ferramenta e as condiccedilotildees de corte utilizadas no processo de
usinagem foram as variaacuteveis testadas neste trabalho para buscar o melhor desempenho do processo
de mandrilamento do bloco Os resultados demonstraram que ferramentas de material ceracircmico
sofreram um desgaste frontal excessivo da aresta de corte por difusatildeo e as ferramentas de metal duro
obtiveram um melhor resultado em comparaccedilatildeo com a ceracircmica Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de corte
resultados com o uso de menores velocidades de corte demonstraram um menor desgaste frontal das
arestas de corte A potecircncia consumida do fuso foi o limitante para o maacuteximo avanccedilo por dente
utilizado nos experimentos
Palavras-chave ferro fundido vermicular CGI mandrilamento usinabilidade
viii
Abstract
DALO Marco Aurelio Performance of the cutting tools in the boring machining process vermicular
cast iron - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas Mechanical Engineering Faculty State
University of Campinas 2009 Thesis (Msc)
Today there is a trend in the market for diesel vehicles manufactured in compacted graphite
iron due to better combustion efficiency of the engine and greater resistance to compression
allowing thinner walls of galleries with a result in reducing the weight of the block when compared
to the usual block made of the gray cast iron Thus it would be possible to meet new market
demands and the environment
However the difficult machinability of this material requires the survey of the machining
conditions and development of the tools that can improve productivity of machining processes of the
blocks The rough boring in the bearings of the engine block is one of the machining operations of
the poorest development among those used in the production of compacted graphite iron block
The variation of the tool material and cutting conditions used in the machining process
variables were tested in this work to get the best performance of the process of boring the block The
results show that ceramic tools have suffered excessive front wear of the cutting edge diffusion and
carbide tools had a better outcome in comparison with the ceramic With respect to cutting
conditions results from the use of lower cutting speeds showed a lower front wear of the cutting
edges The power consumption of the spindle was limited for maximum feed per tooth used in the
experiments
Key words Compacted graphite iron CGI boring machinability
ix
Lista de Figuras
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido Vermicular
(SAHM et al 2002) 2
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010) 5
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002) 13
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000 apud
ROSA 2009) 15
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999) 16
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999) 17
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico 22
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico 22
Figura 19 ndash Mandrilamento radial 23
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970) 23
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010) 24
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos 25
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento 26
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
(YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE 39
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise metalograacutefica
(norma MANN M33402004) 40
Figura 23 ndash Micrografia mostrando a morfologia da grafita 41
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrutura da matriz matriz perliacutetica 41
x
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte 42
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm 42
Figura 27 ndash Inserto de metal duro 43
Figura 28 ndash Inserto de ceracircmica WTXQ090608 0906 MN KS6000 43
Figura 29 ndash Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios 43
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos 44
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado 44
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB 46
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina 46
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER 47
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos insertos 47
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento 48
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura do CGI 51
Figura 32 ndash Face rugosa do cavaco do CGI 51
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte 52
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado 53
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos 53
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte 54
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm 55
Figura 38 - Aresta do inserto de metal duro desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm 55
Figura 39 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica 56
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes 57
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6 insertos57
xi
Figura 312 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes 58
Figura 313 - Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos 59
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por dente
como variaacutevel 60
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de avanccedilo
como variaacutevel 61
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 62
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de
corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 63
Figura 318 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 64
Figura 319 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 64
Figura 320 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 65
Figura 321 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 66
Figura 322 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica)
em fim de vida da ferramenta 67
Figura 323 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 68
Figura 324 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 10 peccedilas usinadas 69
Figura 325 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas 70
Figura 326 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 20 peccedilas usinadas 71
Figura 327 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 20 peccedilas usinadas 72
xii
Figura 328 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 30 peccedilas usinadas 73
Figura 329 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 30 peccedilas usinadas 74
Figura 330 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 40 peccedilas usinadas 75
Figura 331 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 40 peccedilas usinadas 76
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos 77
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido 78
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010) 8
Tabela 12 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular perliacutetico
(SINTERCAST 2001 apud ROSA 2009) 8
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em temperatura
ambiente (CHIAVERINI 2005) 9
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) 11
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI 2005) 19
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970) 32
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro 38
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor 42
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN) 43
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento 45
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 47
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 48
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes 52
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes 53
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes 53
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes 53
xiv
Lista de abreviaturas e nomenclaturas
Fe - Ferro
C - Carbono
Si - Siliacutecio
P - Foacutesforo
Ti - Titacircnio
Mg - Magneacutesio
Mn - Manganecircs
Ni - Niacutequel
Nb - Nioacutebio
Cs - Ceacutesio
Cu - Cobre
Sn - Estanho
S - Enxofre
Co - Cobalto
W - Tungstecircnio
Ce - Ceacuterio
Ca - Caacutelcio
VB MAX - Desgaste de flanco maacuteximo
VB - Desgaste de flanco
vc - Velocidade de corte
Vf - Velocidade de avanccedilo
f - Avanccedilo
ap - Profundidade de corte
Ks - Pressatildeo especiacutefica de corte
Pc - Potecircncia de corte
degC - Grau Celsius
CE - Carbono Equivalente
xv
CGI - Compacted Graphite Iron
MPa - Mega Pascoal
GPa - Giga Pascoal
HB - Hardness Brinell
ISO - International Organization for Standardization
SAE - Society of Automotive Engineers
GJV - Gusseisen mit Vermiculargrafit
ASTM - American Society for Testing Materials
VDG - Verein Deutsche Gieszligereifachleute
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
APC - Aresta Posticcedila de Corte
CBN - Cubic Boron Nitride
PCBN - Polycrystalline Cubic Boron Nitride
CVD - Chemical Vapour Deposition
PVD - Physical Vapour Deposition
EDS - Energy Dispersive x-ray Spectrometer
MEV - Microscoacutepio Eletrocircnico de Varredura
KHO - Hidroacutexido de Potaacutecio
[K4[Fe(CN)6]]- Ferrocianeto de Potaacutecio
xvi
SUMAacuteRIO
Dedicatoacuteria iv
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xiii
SUMAacuteRIO xvi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Motor Diesel 3
12 Propriedades e vantagens do motor diesel 4
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular 4
14 Propriedades do ferro fundido 8
15 Processo de Fabricaccedilatildeo 11
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo 12
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular 13
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade 14
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade 17
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade 18
111 Processo de Mandrilamento 20
112 Tipos de Mandrilamento 21
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17) 21
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18) 22
xvii
1123 Mandrilamento Radial (figura 19) 22
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110) 23
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular 24
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro 24
1132 Mandrilamento com insertos rotativos 25
1133 Freso-mandrilamento 25
1134 Mandrilamento com insertos de PCD 26
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento 26
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento 28
1151 Inserto de Metal Duro 30
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro 34
1153 Insertos de Material Ceracircmico 36
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte 38
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 41
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos 41
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos 41
23 Ferramenta de Corte (insertos) 45
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado 47
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos 48
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos 49
27 Processo de Usinagem 51
28 Procedimento experimental 51
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO 54
xviii
31 Cavaco 54
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel ) 55
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para ferramentas com 3
e 6 insertos) 58
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como variaacutevel) 62
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste 65
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido 82
4 CONCLUSOtildeES 85
5 REFEREcircNCIAS 87
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Haacute uma grande preocupaccedilatildeo da sociedade com relaccedilatildeo ao meio ambiente e com isso as
exigecircncias da Legislaccedilatildeo Ambiental com relaccedilatildeo agrave emissatildeo de poluentes estatildeo se tornando cada vez
mais severas Esta severidade obriga o desenvolvimento de novas tecnologias para reduccedilatildeo destes
poluentes em todos os segmentos automotivos (NICOLELLA et al 2004) O motor diesel tem
maior durabilidade torque e eficiecircncia em comparaccedilatildeo ao motor OTTO mas em contrapartida
emite elevados niacuteveis de materiais particulados e de compostos responsaacuteveis pelo odor caracteriacutestico
da emissatildeo do diesel ao ambiente (BRAUN et al 2003) Devido agraves vantagens relacionadas ao motor
diesel percebeu-se a necessidade de desenvolver soluccedilotildees para reduzir as desvantagens da
aplicaccedilatildeo Um destes desenvolvimentos foi voltado agrave fabricaccedilatildeo dos blocos do motor com material
conhecido como ferro fundido vermicular que permite desenvolver um motor mais eficiente e com
melhor desempenho pois admite maiores pressotildees na cacircmara de combustatildeo devido agraves suas boas
propriedades mecacircnicas (GUESSER et al 2001) Este material tambeacutem eacute conhecido como CGI
(Compacted Graphite Iron) e estaacute se posicionando no mercado com grande potencial para substituir
o Ferro Fundido Cinzento ateacute entatildeo usado pelas empresas Devido agrave maior resistecircncia mecacircnica do
material vermicular eacute possiacutevel obter paredes mais finas nas galerias de um bloco do motor tendo
como consequumlecircncia a reduccedilatildeo do peso do motor e o aumento na potecircncia O meio ambiente eacute
favorecido devido a necessidade de uma menor quantidade de mineacuterio de ferro reduccedilatildeo de energia
para fabricaccedilatildeo do material e reduccedilatildeo da energia para movimentaccedilatildeo do veiacuteculo devido ao peso
A empresa que deteacutem a tecnologia para uso do material vermicular pode ter vantagens sobre
seus concorrentes jaacute que o atual mercado eacute muito competitivo e concorrido Com as vantagens na
utilizaccedilatildeo do material CGI e as muitas liccedilotildees aprendidas na sua fundiccedilatildeo e na sua usinagem em um
futuro natildeo muito longiacutenquo outras peccedilas poderatildeo ser confeccionadas utilizando este mesmo
material para aumentar as exigecircncias em qualquer outro segmento
O bloco eacute a maior e mais importante peccedila de um motor na qual quase todos os componentes
satildeo acoplados Para fabricaccedilatildeo do bloco do motor em ferro fundido vermicular satildeo necessaacuterios
alguns processos de usinagem dentre eles o mandrilamento Poreacutem a ferramenta de corte neste
processo pode atingir apenas 5 da vida alcanccedilada quando se usina ferro fundido cinzento
(XAVIER 2003) como mostra a figura 11
2
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido
Vermicular (SAHM et al 2002)
O mandrilamento do mancal do bloco do motor tambeacutem eacute um aspecto negativo para usinagem
devido agrave deflexatildeo estaacutetica da ferramenta e vibraccedilotildees geradas pelas finas paredes Haacute tambeacutem outros
fatores que influenciam negativamente como a fixaccedilatildeo da peccedila a rigidez da maacutequina-ferramenta o
fluiacutedo de corte e a quantidade de material a ser removido (sobre-metal) A variaccedilatildeo destes fatores
tambeacutem influencia o desempenho da ferramenta (GODINHO 2007)
Com o desenvolvimento de novos conceitos de ferramentas para mandrilamento e de
estrateacutegias de usinagem a operaccedilatildeo de mandrilamento em blocos de motores produzidos em ferro
fundido vermicular tornou-se mais econocircmica e tecnicamente viaacutevel Entretanto o tempo de ciclo
quando comparado com o ferro fundido cinzento ainda eacute significativamente maior assim como as
toleracircncias geomeacutetricas do diacircmetro mandrilado em acabamento (SAHM et al2002)
Devido ao baixo desempenho das ferramentas de corte no processo de mandrilamento em
ferro fundido vermicular cabe uma atenccedilatildeo especial no seu desenvolvimento tecnoloacutegico tanto no
processo de fabricaccedilatildeo quanto no processo de utilizaccedilatildeo da ferramenta de corte
Com estudos para o melhor desempenho da ferramenta eacute possiacutevel reduzir estoques paradas
de maacutequinas e o risco de falha de ferramentas (BELONI 2001) Assim reduz a possibilidade de
retrabalho rejeiccedilatildeo da peccedila e o descarte da ferramenta possibilitando o trabalho de Manufatura
Enxuta
3
Sendo assim o objetivo deste trabalho eacute analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar
influencias positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor
fabricado em ferro fundido vermicular Com tantos aspectos negativos conduzir-se-aacute um estudo de
avaliaccedilatildeo de desempenho da ferramenta alternando paracircmetros de corte (velocidade de corte e
avanccedilo por dente) potecircncia consumida do fuso da maacutequina para cada paracircmetro material do inserto
utilizado e a influecircncia do desgaste VB MAX
Este trabalho foi preparado conforme partes descritas abaixo
CAPIacuteTULO 1
- Este capiacutetulo descreve sobre a histoacuteria do motor diesel suas propriedades e vantagens
Caracteriacutesticas e propriedades do ferro fundido vermicular aleacutem do controle e fabricaccedilatildeo Descreve
tambeacutem sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular e o processo de mandrilamento
CAPIacuteTULO 2
- Este capiacutetulo descreve sobre o material os equipamentos e os experimentos realizados
CAPIacuteTULO 3
- Este capiacutetulo descreve os resultados obtidos nos experimentos
CAPIacuteTULO 4
- As discussotildees estatildeo descritas neste capiacutetulo
CAPIacuteTULO 5
- Este capiacutetulo informa as conclusotildees do trabalho realizado e sugestotildees para futuros
trabalhos
11 Motor Diesel
O motor a diesel foi inventado por Rudolf Christian Karl Diesel e patenteado em 23 de
fevereiro de 1897 Como natildeo foi dada muita importacircncia ao invento na eacutepoca ele disse ldquoO uso de
oacuteleos vegetais como combustiacutevel pode parecer insignificante hoje mas tais oacuteleos podem se tornar ao
longo do tempo tatildeo importantes quanto o petroacuteleo e o carvatildeo de hojerdquo ndash Rudolf Diesel 1912 Rudolf
Diesel engenheiro mecacircnico alematildeo nasceu no dia 18 de marccedilo de 1858 em Paris e morreu dia 30
de setembro de 1913 Sua invenccedilatildeo foi considerada o mais importante invento mecacircnico da histoacuteria
pela simplicidade do motor com pistotildees e reaccedilatildeo oacuteleo-oxigecircnio gerando uma enorme transformaccedilatildeo
no setor industrial em que soacute eram usados sistemas a vapor (MOURA 2010)
4
12 Propriedades e vantagens do motor diesel
Os motores diesel satildeo maacutequinas baacutesicas que geram energia para veiacuteculos utilizados
principalmente em aplicaccedilotildees que precisem de elevado torque o que inclui ocircnibus grandes
caminhotildees tratores e maacutequinas para mineraccedilatildeo e dragagem Atualmente os motores diesel vecircm
atraindo uma porccedilatildeo crescente do mercado mundial de veiacuteculos de carga leve cujos motores
fornecem baixa potecircncia Na Europa por exemplo 100 dos veiacuteculos de carga pesada e cerca de
60 dos de carga leve incluindo os utilitaacuterios e ainda 20 dos carros para transporte de
passageiros o que inclui as vans satildeo movidos a diesel (BRAUN 2003)
A popularidade do motor diesel deve-se principalmente agrave eficiecircncia do diesel como
combustiacutevel em relaccedilatildeo agrave gasolina ou mesmo com relaccedilatildeo a outros combustiacuteveis simples ou
misturados como por exemplo o metanol que chega a conferir ao motor diesel uma economia
relativa de 25 a 45 Os motores diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade Eacute comum
um motor diesel para veiacuteculos de carga pesada ter um tempo de vida superior a um milhatildeo de
quilocircmetros ou seja cerca de dez vezes mais que a durabilidade apresentada por um motor agrave
gasolina Assim as vantagens oferecidas pelos motores a diesel tais como durabilidade seguranccedila e
eficiecircncia justificam sua utilizaccedilatildeo em vaacuterios tipos de maacutequinas apesar dos problemas relacionados
com a composiccedilatildeo de sua emissatildeo e ainda com os niacuteveis de poluentes sob regulamentaccedilatildeo contida
na mesma (BRAUN 2003)
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular
Pelo diagrama de equiliacutebrio Fe-C o ferro fundido eacute uma liga cujo teor de carbono se situa
acima de aproximadamente 20 de carbono Como haacute influecircncia do siliacutecio nesta liga o ferro
fundido eacute considerado uma liga ternaacuteria Fe-C-Si porque o siliacutecio estaacute frequumlentemente presente em
teores superiores ao do proacuteprio carbono Por outro lado o carbono em quantidade superior a que eacute
retida em soluccedilatildeo soacutelida na austenita resulta carbonos parcialmente livres na forma de veios de
grafita (SINTERCAST 2010)
O ferro fundido eacute caracterizado pelo formato de suas partiacuteculas de grafite O ferro fundido
cinzento eacute caracterizado por veios de grafite orientados aleatoriamente enquanto que o grafite no
ferro fundido nodular eacute caracterizado por suas esferas individuais de grafite As partiacuteculas de grafite
5
em CGI satildeo orientadas aleatoriamente e alongadas como em ferro fundido cinzento mas satildeo mais
curtas mais grossas e tecircm bordas arredondadas em forma de ldquovermerdquo daiacute o nome vermicular As
partiacuteculas de grafite do ferro fundido vermicular satildeo entrelaccediladas entre si gerando uma forte adesatildeo
(Figura 12) Aleacutem desta forma de grafite dificultar a inicializaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas as
propriedades mecacircnicas e condutividade teacutermica satildeo melhoradas
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010)
A forma da grafita no ferro fundido vermicular confere propriedades superiores quando
comparadas com as do ferro fundido cinzento resistecircncia mecacircnica tenacidade e resistecircncia a
choques teacutermicos e condutividade teacutermica A sua micro-estrutura resulta em uma adesatildeo mais forte
entre a grafita e a matriz de ferro inibindo assim a iniciaccedilatildeo e o crescimento de trincas e garantindo
com isso propriedades mecacircnicas superiores (DOREacute et al2007) Aleacutem disso observa-se que a
superfiacutecie da grafita vermicular apresenta imperfeiccedilotildees as quais aliadas agrave morfologia complexa
(tambeacutem conhecida como ldquocoralrdquo) resultam em adesatildeo ainda mais forte com a matriz de ferro
(GABALDO 2009)
A formaccedilatildeo do ferro fundido de grafita compactada (vermicular) exige adiccedilotildees de elementos
especiais como terras raras com um elemento adicional como o titacircnio que reduz a formaccedilatildeo de
grafitas esferoidal O ferro fundido vermicular pode ser considerado um material intermediaacuterio entre
o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento
com melhor resistecircncia mecacircnica e alguma ductilidade Possui maior capacidade de amortecimento
e possui tambeacutem condutividade teacutermica mais elevada que o ferro fundido nodular
6
A faixa de carbono e siliacutecio neste tipo de material eacute ampla podendo variar de 30 agrave 38 de
carbono e 10 agrave 35 de siliacutecio Eacute importante tambeacutem a escolha correta da porcentagem do carbono
equivalente (CE) em funccedilatildeo da espessura da seccedilatildeo para evitar flutuaccedilatildeo se tiver elevado CE e
tendecircncia ao coquilhamento quando baixo for o CE O carbono equivalente (CE) considera os
efeitos do siliacutecio(Si) e do foacutesforo(P) podendo usar uma equaccedilatildeo conforme demonstrada abaixo
CE = C + Si + P (CHIAVERINI 2005)
3 3
O teor de manganecircs pode variar proacuteximo de 01 se desejarmos uma estrutura perliacutetica e
variar perto de 06 se desejarmos uma estrutura ferriacutetica O foacutesforo eacute mantido abaixo de 006 de
modo a ter a maacutexima ductilidade O enxofre deve ser inferior 0025 Para produzir a grafita
compactada deve-se adicionar um ou mais dos elementos magneacutesio terras raras (ceacuterio lantacircnio
praseodiacutemio etc) caacutelcio titacircnio e alumiacutenio A quantidade de magneacutesio deve ser tal a resultar um
teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm na presenccedila de 015 a 050 de titacircnio e 10 a 150
ppm de terras raras como o ceacuterio O ferro fundido vermicular tem substituiacutedo com vantagens o
nodular em aplicaccedilotildees em que este uacuteltimo natildeo pode ser empregado devido a sua condutibilidade
teacutermica mais baixa e a sua tendecircncia de empenar (CHIAVERINI 2005)
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
DAWSON (2002) satildeo
- Reduccedilatildeo nas tensotildees residuais devido agrave maior condutividade teacutermica e ao moacutedulo de
elasticidade menor
- Melhor produccedilatildeo de peccedilas complexas fundidas
- Melhor transferecircncia de calor
- Melhor usinabilidade
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
CHIAVERINI (2005) satildeo
- Coeficiente mais baixo de dilataccedilatildeo teacutermica
- Maior condutibilidade teacutermica
- Maior resistecircncia ao choque teacutermico
- Maior capacidade de amortecimento
- Maior fundibilidade
7
Em consequumlecircncia esse material eacute aplicado em situaccedilotildees em que a resistecircncia do ferro fundido
cinzento eacute insuficiente mas a utilizaccedilatildeo do ferro fundido nodular eacute indesejaacutevel devido agraves
propriedades menos favoraacuteveis de fundiccedilatildeo
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
DAWSON(2002) satildeo
- Reduccedilatildeo de espessuras de parede para um mesmo carregamento
- Reduccedilatildeo do fator de seguranccedila devido agrave menor variaccedilatildeo das propriedades do fundido
- Reduccedilatildeo de fraturas fraacutegeis na manufatura montagem e serviccedilo devido agrave maior ductilidade
- Maior resistecircncia sem a necessidade de recorrer a elementos de liga
- Menor profundidade de rosca necessaacuteria portanto parafusos menores podem ser utilizados
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
CHIAVERINI(2005) satildeo
- Maior resistecircncia agrave traccedilatildeo para o mesmo carbono equivalente o que reduz o uso do
elemento de liga de custo elevado como o niacutequel cromo cobre e molibdecircnio
- Relaccedilatildeo mais alta de resistecircnciafadiga
- Maiores ductilidade e tenacidade o que resulta em margem superior de seguranccedila para
fratura
- Menor oxidaccedilatildeo e dilataccedilatildeo em temperaturas elevadas
O ferro fundido vermicular (CGI) tem uma seacuterie de caracteriacutesticas que podem tornaacute-lo uma
alternativa excelente para ferro fundido cinzento para aplicaccedilotildees em motores O material oferece
aumento de 75 na resistecircncia em comparaccedilatildeo com o ferro fundido cinzento Tem tambeacutem
caracteriacutesticas teacutermicas e de impacto intermediaacuterias entre as dos ferros fundidos cinzento e nodular
Aleacutem do mais este aumento na resistecircncia do material proporciona diminuiccedilatildeo na seccedilatildeo de parede
dos produtos produzidos por este material Vaacuterios fabricantes europeus estatildeo usando CGI para
motores tanto diesel como gasolina Embora o material CGI possua propriedades mecacircnicas e
fiacutesicas beneacuteficas a sua aplicaccedilatildeo sua usinagem ainda eacute um problema Comparado com o ferro
fundido cinzento as velocidades de corte utilizadas tem que ser menores implicando em tempo de
ciclo de ateacute trecircs vezes maior que o tradicional (VASILASH 2006)
O ferro fundido vermicular do ponto de vista quiacutemico natildeo apresenta nenhuma diferenccedila
significativa com relaccedilatildeo aos ferros fundidos cinzento e nodular Cada um conteacutem cerca de 94 de
8
ferro (Fe) 3 de carbono(C) 25 de siliacutecio (Si) e o restante eacute dividido entre elementos de liga e
residuais As diferenccedilas entre essas ligas satildeo creditadas aos tipos de morfologias das suas grafitas
que conferem propriedades fiacutesicas e mecacircnicas distintas a cada uma delas
14 Propriedades do ferro fundido
As propriedades de um ferro fundido satildeo definidas em funccedilatildeo da microestrutura e da
composiccedilatildeo quiacutemica A tabela 11 mostra algumas propriedades mecacircnicas e teacutermicas dos ferros
fundidos cinzento vermicular e nodular
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010)
PROPRIEDADES Ferro Fundido
Cinzento
Ferro Fundido
Vermicular
Ferro Fundido
Nodular
Resistecircncia agrave traccedilatildeo (MPa) 250 450 750
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 105 150 160
Alongamento () 0 15 25
Iacutendice de resistecircncia
- Flexatildeo rotativa
- Flexatildeo em trecircs pontos
- Tensatildeo de compressatildeo
035 ndash 050
055 ndash 065
020 ndash 030
045 ndash 050
060 ndash 070
025 ndash 035
045 ndash 050
065 ndash 075
065 - 075
Condutividade Teacutermica (Wm-k) 48 38 32
A microestrutura do grafite no ferro fundido vermicular eacute expressa em porcentagem de
nodularidade Isto significa que parte das partiacuteculas de grafite do ferro vermicular apresenta-se em
forma de noacutedulos como no ferro nodular O ferro fundido vermicular inclui invariavelmente
algumas partiacuteculas esferoidais de grafita nodular que quando a nodularidade aumenta aumenta
tambeacutem a rigidez diminuindo a usinabilidade e a condutividade teacutermica Aleacutem disso com o
aumento da nodularidade a resistecircncia mecacircnica do material tambeacutem eacute elevada prejudicando sua
usinabilidade (DAWSON2007) A tabela 12 mostra a influecircncia da proporccedilatildeo de noacutedulos de grafita
nas propriedades mecacircnicas e fiacutesicas do ferro fundido vermicular
9
Tabela 22 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular
perliacutetico (SINTERCAST2001apud ROSA2009)
Propriedades (25degC) Nodularidade ()
10 30 50 70 90
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo (MPa) 450 520 590 640 700
Limite de Elasticidade 02 (MPa) 370 390 410 440 490
Limite de Fadiga (MPa) 210 220 230 240 255
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 145 150 155 155 160
Alongamento () 1-2 1-3 2-4 2-5 3-6
Expansatildeo Teacutermica (μmmordmC) 110 110 110 115 120
Condutividade Teacutermica (WmordmC) 36 33 31 30 28
A tabela 13 mostra as propriedades de diversas ligas de ferro fundido vermicular em funccedilatildeo
do tipo de matriz (ferriacutetica eou perliacutetica) e em funccedilatildeo da presenccedila de elementos de liga formadores
da grafita compactada
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em
temperatura ambiente (CHIAVERINI 2005) Condiccedilatildeo estrutural Limite Resistecircncia
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Tratados com adiccedilatildeo de ceacuterio
No estado fundido
Ferrita acima de 95
336
257
67
150
FerritaPerlita
Perlita acima de 5
100 Ferrita
298
338
224
245
53
80
140
FerritaPerlita
85 Ferrita
320
242
35
164
Perlita
90 Perlita
10 Ferrita
400
550
320
430
05
15
-
-
10
Tratados com combinaccedilotildees de Magneacutesio mais Titacircnio (mais Ceacutesio)
Condiccedilatildeo estrutural Limite Resist
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Ferrita no estado fundido
0017Mg 0062Ti
0036Cs
380
272
2
179
Ferrita no estado fundido
0024Mg 0084Ti
0030Cs
338
276
25
184
Perlita no estado fundido
0026Mg 0083Ti
0074Cs
473
335
2
217
Perlita no estado fundido
70 Perlita 30 Ferrita
386
278
2
-
A resistecircncia agrave traccedilatildeo do ferro fundido vermicular diminui agrave medida que aumenta o carbono
equivalente mas a velocidade de decreacutescimo desta propriedade eacute menor do que no caso do ferro
fundido cinzento A elevaccedilatildeo do teor de siliacutecio aumenta o limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo limite de
escoamento e dureza tanto na condiccedilatildeo fundida como na recozida
Em um ferro fundido de matriz predominantemente perliacutetica a resistecircncia agrave compressatildeo eacute trecircs
vezes maior do que a resistecircncia agrave traccedilatildeo
O comportamento deste material agrave temperatura de 500degC sob o ponto de vista de dilataccedilatildeo e
formaccedilatildeo de casca de oacutexido eacute mais ou menos idecircntico aos dos ferros fundidos cinzentos de
composiccedilatildeo semelhante Contudo a resistecircncia agrave formaccedilatildeo da casca de oacutexido e agrave expansatildeo a 600degC
eacute superior agrave do ferro fundido cinzento (CHIAVERINI 2005)
No ano de 2006 a ISO criou uma abreviaccedilatildeo ldquoGJVrdquo para ferro fundido vermicular e cinco
classes foram especificadas baseadas no miacutenimo limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo incluindo
GJV300 (ferriacutetico) GJV 350 GJV 400 GJV 450 (perliacutetico) e GJV 500 (ligado)
Haacute vaacuterias organizaccedilotildees desenvolvendo e classificando o Ferro Fundido Vermicular (CGI)
conforme tabela 14
11
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) Paiacutes Norma Nuacutemero Ano
Romecircnia STAS 12443-86 1986
China JB 4403-87 1987
USA ASTM A 842-85 1997
Alemanha VDG W 50 2002
Internacional SAE J 1887 2002
Internacional ISO 161122006 2006
15 Processo de Fabricaccedilatildeo
A grafita esferoidal eacute obtida pela adiccedilatildeo na liga de ferro fundido de elementos denominados
nodulizantes que modificam a forma de crescimento da grafita Os elementos nodulizantes mais
comuns na induacutestria satildeo o magneacutesio o ceacuterio o caacutelcio e terras raras Entre estes elementos o
magneacutesio (Mg) eacute o mais utilizado Recomenda-se teores entre 004 e 005 de Mg No caso de
Ce teores entre 002 e 004 e no caso de Ca entre 001 e 002
A presenccedila de impurezas como enxofre antimocircnio chumbo teluacuterio ou bismuto apresenta
efeito deleteacuterio sobre a nodulizaccedilatildeo DAWSON(2004) cita que teores de magneacutesio (Mg) de apenas
002 seriam suficientes para promover a nodulizaccedilatildeo da grafita desde que os teores de impurezas
principalmente enxofre(S) fossem mantidos baixos O nodulizante eacute adicionado na forma pura (Mg
metaacutelico) ou na forma de ante-ligas Ni-20Mg Cu-15Mg ou Fe-Si-Mg
O ferro fundido vermicular pode ser obtido adicionando elementos nodulizantes como o magneacutesio
na liga mas em uma porcentagem insuficiente para formar ferro fundido nodular resultando em um
material intermediaacuterio ou adicionando elemento nodulizante com porcentagem suficiente para
formar o ferro fundido nodular mas ao mesmo tempo adicionando-se elementos anti-nodulizantes
como o titacircnio
O processo de formaccedilatildeo do ferro fundido vermicular adicionando elementos anti-nodulizante eacute
mais faacutecil de ser realizado porque natildeo eacute necessaacuterio um controle tatildeo rigoroso da adiccedilatildeo de magneacutesio
na liga Entretanto esta adiccedilatildeo implica no uso do titacircnio que tenderaacute a formar carbonetos e
carbonitretos duros que prejudicam bastante a vida da ferramenta de usinagem da liga Para evitar
este problema eacute necessaacuterio um meacutetodo mais criterioso no processo utilizando equipamentos
especiais que garantam composiccedilatildeo de magneacutesio na liga mais adequada (DAWSON et al 2004)
12
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo
A teacutecnica de fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular eacute criacutetica para a usinabilidade da liga A
mudanccedila na forma da grafita a partir dos noacutedulos compactados eacute devido agrave accedilatildeo do magneacutesio que eacute
um elemento nodulizante Para que a grafita compactada seja formada uma quantidade de magneacutesio
deve ser mantida entre 0008 e 0012 conforme figura 13 Como o controle da composiccedilatildeo nesta
estreita faixa eacute muito difiacutecil o titacircnio eacute usado em alguns casos como elemento anti-nodulizante A
quantidade de titacircnio estaacute entre 01 e 02 o que aumenta a possibilidade de obtenccedilatildeo do grafite
compactado para percentuais mais elevados de magneacutesio Contudo a adiccedilatildeo de titacircnio gera um
inconveniente causando atraveacutes da precipitaccedilatildeo de carboneto e carbonitreto de titacircnio que satildeo
inclusotildees riacutegidas que comprometem a usinabilidade do produto (DAWSON 1999)
Apesar da estreita faixa de controle do elemento para fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular
muitas fundiccedilotildees obtiveram bons resultados devidas a teacutecnicas desenvolvidas e muita disciplina
Estas teacutecnicas podem permitir que a maioria dos blocos esteja dentro do especificado mas o sistema
de controle garante que potenciais peccedilas que possam estar fora do especificado sejam identificadas e
corrigidas antes de serem vazadas A necessidade de controle do processo depende do volume de
produccedilatildeo complexidade do componente e especificaccedilatildeo da microestrutura
Haacute um procedimento necessaacuterio para evitar que os flocos de grafite natildeo se formem antes do
processo final de vazamento Este procedimento consiste basicamente de antes da transiccedilatildeo do ferro
fundido cinzento adicionar o magneacutesio em aproximadamente 0001 a cada 5 minutos Este
processo pode demorar ateacute 15 minutos apoacutes o iniacutecio da adiccedilatildeo do magneacutesio
Uma segunda consideraccedilatildeo eacute que mesmo com a porcentagem correta da adiccedilatildeo de magneacutesio
natildeo haacute estabilidade se o iacutendice de oxigecircnio ativo e ou enxofre forem elevados Se isto ocorrer o
magneacutesio ativo eacute consumido deslocando a linha da porcentagem de magneacutesio para esquerda
conforme demonstrado na figura 13 Inversamente se os niacuteveis de oxigecircnio ou de enxofre forem
relativamente baixos a linha de porcentagem de magneacutesio se deslocar para direita Por estas razotildees
as variaccedilotildees na composiccedilatildeo limpeza oxidaccedilatildeo e umidade do material de carga tornam impossiacutevel
definir uma especificaccedilatildeo quiacutemica fixa para o CGI (DAWSON 2002)
13
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002)
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular
Segundo CHIAVERINI (2005) a definiccedilatildeo mais simples da usinabilidade eacute a propriedade
relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ser fabricado por processos de
usinagem A usinabilidade tambeacutem pode ser definida em termos de vida de ferramenta de corte ou
pode relacionar-se com a energia ou tempo necessaacuterio para remover certa quantidade de material
Segundo DINIZ (2008) a usinabilidade de um material pode ser definida como uma grandeza
tecnoloacutegica que expressa por meio de um valor numeacuterico comparativo (iacutendice de usinabilidade) um
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relaccedilatildeo a outro tomado como padratildeo A
usinabilidade depende do estado metaluacutergico da peccedila da dureza das propriedades mecacircnicas do
material de sua composiccedilatildeo quiacutemica das operaccedilotildees anteriores efetuadas sobre o material (sejam a
frio ou a quente) e do eventual encruamento
Atualmente um dos maiores desafios eacute introduzir o CGI nas peccedilas cujos processos de
usinagem apresentam desempenho muito bom nas mesmas peccedilas fabricadas em ferro fundido
cinzento Assim o desafio eacute alcanccedilar o mesmo desempenho das ferramentas mantendo os mesmos
14
custos por peccedila trabalhada e evitando investimento adicional de capital em maacutequinas e ferramentas
de corte (DAWSON 2004)
Segundo DAWSON (1999) haacute alguns fatores de influecircncia na usinabilidade do CGI
bull Efeitos da forma da grafita
bull Efeitos da perlita
bull Efeitos dos elementos quiacutemicos como chumbo manganecircs siliacutecio enxofre titacircnio e cobre
bull Efeitos da inclusatildeo
Em altas velocidades de corte a vida da ferramenta tambeacutem tende a ser ainda menor no CGI
quando comparado com o ferro fundido cinzento (WALTER 2007) Isto eacute devido a natildeo formaccedilatildeo
da camada protetora de sulfeto de manganecircs que reduz o coeficiente de atrito na face da ferramenta
e que age como uma barreira contra o desgaste por difusatildeo Esta camada ocorre na usinagem do
ferro cinzento
A diferenccedila de corte contiacutenuo ou intermitente tem uma influecircncia significativa no desgaste das
ferramentas por oxidaccedilatildeo e difusatildeo No corte contiacutenuo como torneamento e mandrilamento a
ferramenta permanece mais tempo em contato com o material da peca facilitando o mecanismo de
desgaste Em corte intermitente como o fresamento a difusatildeo e a oxidaccedilatildeo satildeo menos intensas
(DAWSON 1999)
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade
A formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido eacute diretamente afetada pela presenccedila da grafita que eacute
conhecida por ter resistecircncia mecacircnica baixa e gerar descontinuidades e efeitos da concentraccedilatildeo de
tensatildeo na matriz portanto ajudando o processo de remoccedilatildeo de material O mecanismo de formaccedilatildeo
de cavaco em ferro fundido cinzento eacute mostrado na figura 14 No iniacutecio a ferramenta
compacta o material sob o flanco criando uma fratura que se propaga em frente e abaixo da aresta
de corte (a) Como o movimento de corte da ferramenta continua o material se torna completamente
independente (b) Para algumas situaccedilotildees principalmente com o ferro fundido cinzento uma parte
de material eacute arrancada agrave frente da ferramenta causando uma perda temporaacuteria do contato entre
ferramenta e peccedila ateacute a ferramenta encontrar a proacutexima porccedilatildeo de material (c) Este processo de
remoccedilatildeo de material contribui para aumentar a rugosidade na superfiacutecie da peccedila (d)
15
A grafita por ser um componente de dureza relativamente baixa se comparada com o material
da matriz produz descontinuidades no material facilitando a quebra do cavaco na usinagem
(CONSALTER 1987)
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000
apud ROSA 2009)
A grafita tambeacutem atua como um agente lubrificante reduzindo o atrito entre a peccedila e a
ferramenta aleacutem de reduzir o risco de micro solda do cavaco com a ferramenta Sendo assim a
consequumlecircncia do efeito eacute o aumento na vida da ferramenta
No processo da formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido nodular as forccedilas de compressatildeo geram
o desprendimento dos noacutedulos da matriz e a deformaccedilatildeo plaacutestica da matriz entre os noacutedulos Esta
deformaccedilatildeo plaacutestica causa o alongamento dos noacutedulos na direccedilatildeo do corte ocasionando fratura
duacutectil
16
Para o ferro fundido cinzento a formaccedilatildeo do cavaco acontece atraveacutes de fraturas das lamelas
de grafita formando cavacos natildeo contiacutenuos Haacute trecircs estaacutegios para formaccedilatildeo destes cavacos ou seja
inicia com a separaccedilatildeo da matriz das lamelas de grafita gerando micro-trincas em consequumlecircncia as
grandes trincas satildeo formadas atraveacutes da junccedilatildeo destas micro-trincas provenientes da interface com a
ferramenta e por uacuteltimo ocorre agrave fragmentaccedilatildeo do cavaco
A formaccedilatildeo do cavaco do ferro fundido vermicular eacute uma mistura dos processos de formaccedilatildeo
de cavaco do ferro fundido nodular e formaccedilatildeo de cavaco do ferro fundido cinzento ou seja os
cavacos se formam por deformaccedilatildeo plaacutestica e tambeacutem por fraturas (MARWANGA et al 1999) A
figura 15 ilustra os diferentes cavacos formados na usinagem destas trecircs formas de ferro fundido
Cinzento Vermicular Nodular
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999)
Grafitas na forma nodular sempre estaratildeo presentes na estrutura do ferro fundido vermicular
Com isto a resistecircncia mecacircnica e a tenacidade aumentam Por outro lado a fundiccedilatildeo usinabilidade
e condutividade teacutermica seratildeo prejudicadas (GUESSER 2001)
A morfologia do ferro fundido vermicular natildeo permite a clivagem e nem a propagaccedilatildeo de
trincas O iniacutecio da fratura no ferro fundido vermicular se daacute na interface da grafita vermicular com
a matriz metaacutelica Este eacute um dos principais fatores para um maior desgaste da ferramenta de corte na
usinagem do CGI Poreacutem esta caracteriacutestica auxilia na maior resistecircncia mecacircnica e maior
tenacidade do CGI (DAWSON 2002)
17
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade
A resistecircncia mecacircnica dos ferros fundidos eacute proporcional agrave relaccedilatildeo entre perlita e
ferrita da matriz se as demais variaacuteveis forem mantidas constantes Contudo um elevado teor de
perlita natildeo eacute necessariamente a maior causa do desgaste da ferramenta de corte
Foram realizados testes de usinagem para o ferro fundido vermicular com diferentes valores de
perlita Cobre e estanho foram utilizados como elementos de estabilizaccedilatildeo A fim de atingir os 100
de perlita manganecircs tambeacutem foi adicionado Foram utilizadas ferramentas de metal duro para os
testes com velocidades de corte de 150 e 250 mmin conforme Figura 16 Pode-se ver nesta figura
que principalmente na velocidade de corte mais alta quando o teor de perlita ultrapassa 75 a vida
da ferramenta cai rapidamente (DAWSON 1999)
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999)
Blocos de motor em ferro fundido vermicular contendo 70 de perlita possuem a mesma
dureza de um bloco do motor em ferro fundido cinzento 100 perliacutetico (DAWSON 1999)
18
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade
O carbono e o siliacutecio satildeo elementos com uma grande influecircncia na estrutura do material o
carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o siliacutecio eacute essencialmente um
elemento grafitizante favorecendo a decomposiccedilatildeo do carboneto de ferro O manganecircs sempre
presente tem efeito oposto ao do siliacutecio isto eacute estabiliza a cementita e compensa de certo modo a
accedilatildeo grafitizante do siliacutecio Todo elemento quiacutemico grafitizante eacute beneacutefico agrave usinalidade pois a
grafita como visto eacute um ponto fraacutegil que em geral facilita a formaccedilatildeo do cavaco Por outro lado
os elementos que estabilizam a cementita (usam o carbono para formar Fe3C e natildeo para formar
grafita) prejudicam a usinabilidade jaacute que a cementita eacute um carboneto duro
A rigor o manganecircs nos ferros fundidos tanto quanto nos accedilos eacute adicionado como
dessulfurante Entretanto como na praacutetica haacute sempre um excesso de manganecircs este atua como
estabilizador da perlita Daiacute o seu efeito oposto ao do siliacutecio e sua utilidade para produzir estruturas
com matriz predominantemente perliacutetica sobretudo em peccedilas fundidas volumosas Ao auxiliar na
formaccedilatildeo de uma estrutura perliacutetica (e natildeo ferriacutetica) o manganecircs aumenta a resistecircncia mecacircnica da
liga e com isso prejudica a usinabilidade Por outro lado o sulfeto de manganecircs atua como
lubrificante soacutelido melhorando a usinabilidade do material
O enxofre e o foacutesforo que satildeo impurezas usualmente encontradas nos ferros fundidos natildeo tecircm
uma accedilatildeo muito significativa do ponto de vista de tendecircncia grafitizante mas o foacutesforo eacute um
estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro Sua principal accedilatildeo eacute na estrutura do material
formando com o ferro e o carbono um composto de natureza euteacutetica (CHIAVERINI 2005) O
enxofre presente no ferro fundido reage com o manganecircs (Mn) formando inclusotildees de
MnS2 as quais podem lubrificar as arestas da ferramenta ao formar uma camada protetora entre esta
e o material usinado servindo como barreira contra os mecanismos de abrasatildeo e difusatildeo
(MOCELLIN et al 2004)
O cromo eacute presente no ferro fundido atraveacutes da sucata de accedilo ou intencionalmente como
elemento de liga para obtenccedilatildeo de maior resistecircncia em altas temperaturas Segrega-se facilmente
promovendo a formaccedilatildeo de carbonetos principalmente nas uacuteltimas regiotildees em solidificaccedilatildeo O
cromo eacute um perlitizante potente quando comparado ao manganecircs pois o aumento do seu teor
provoca a formaccedilatildeo da perlita fina ou seja um aumento da quantidade de cementita que eacute de difiacutecil
19
usinabilidade A reduccedilatildeo de 018 para 010 do teor de Cr no ferro fundido vermicular pode
propiciar aumento de aproximadamente 40 da vida da ferramenta (DAWSON et al2001)
A tabela 15 resume a accedilatildeo dos elementos de liga nos ferros fundidos
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI2005)
ELEMENTO Efeitos durante a Solidificaccedilatildeo Efeitos durante a reaccedilatildeo eutetoacuteide
Alumiacutenio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Antimocircnio
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte estabilizador da perlita
Boro ateacute 015 Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Boro acima de 015 Estabilizador do carboneto Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Cromo Forte accedilatildeo carbonetante Forte tendecircncia agrave formaccedilatildeo da perlita
Cobre Grafitizante fraco Promove a formaccedilatildeo da perlita
Manganecircs Fraca tendecircncia carbonetante Formador de perlita
Molibdecircnio Fraca tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
Niacutequel Grafitizante Fraco promotor de perlita
Siliacutecio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Teluacuterio Forte tendecircncia carbonetante Muito fraco estabilizador da perlita
Estanho
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Titacircnio ateacute 025 Grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Vanaacutedio Forte tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
A velocidade de resfriamento eacute um fator relacionado a solidificaccedilatildeo no interior dos moldes e a
espessura das peccedilas moldadas Em outras palavras as secccedilotildees espessas implicam em velocidades de
resfriamento relativamente baixas e secccedilotildees finas implicam em velocidades altas Isto significa que
em peccedilas de secccedilotildees com diferentes espessuras ocorrem tambeacutem diferentes velocidades de
resfriamento Para elevadas velocidades de resfriamento como as que se verificam em secccedilotildees finas
ou nas aacutereas adjacentes agraves paredes do molde natildeo haacute muito tempo para a decomposiccedilatildeo da
cementita de modo que dependendo dos teores de carbono e de siliacutecio pouca ou nenhuma
grafitizaccedilatildeo ocorre e haacute tendecircncia agrave formaccedilatildeo de ferro fundido branco Com as velocidades de
resfriamento baixas das secccedilotildees mais espessas ocorre uma apreciaacutevel grafitizaccedilatildeo dependendo
sempre do teor de siliacutecio A estrutura seraacute essencialmente de grafita e perlita Para resfriamento
20
ainda mais lento e teor de siliacutecio mais elevado a cementita da perlita pode tambeacutem se decompor
parcialmente originando-se assim a estrutura constituiacuteda de veios de grafita perlita e ferrita Essa
estrutura confere ao material caracteriacutesticas de baixa dureza e excelente usinabilidade aleacutem de
razoaacutevel resistecircncia mecacircnica(CHIAVERINI2005)
111 Processo de Mandrilamento
O processo de mandrilamento eacute normalmente empregado na usinagem de elementos de maior
diacircmetro em um bloco do motor tais como diacircmetro dos cilindros e diacircmetros dos mancais do
virabrequim A operaccedilatildeo de mandrilamento eacute executada em duas ou trecircs etapas dependendo das
toleracircncias exigidas no desenho do produto e do tipo de ferramenta a ser empregado Essencialmente
as condiccedilotildees de mandrilamento diferem um pouco das condiccedilotildees de torneamento mas esta operaccedilatildeo
ilustra a importacircncia da rigidez de todo conjunto ferramenta dispositivo e maacutequina Particularmente
quando um cilindro de grande extensatildeo e pequeno diacircmetro eacute mandrilado o corpo da ferramenta
que natildeo eacute tatildeo riacutegido tende a defletir e consequumlentemente causar vibraccedilotildees Estas vibraccedilotildees podem
afetar natildeo somente a precisatildeo dimensional mas tambeacutem o acabamento das peccedilas e a vida da
ferramenta de corte Mandrilamento eacute um processo em que furos realizados no processo de furaccedilatildeo
furos fundidos na peccedila componentes forjados ou extrudados satildeo ampliados ou acabados com uma
ferramenta de corte montada em uma barra de mandrilar O processo eacute mais usado em aplicaccedilotildees em
que bom acabamento da superfiacutecie interna ou toleracircncia dimensional apertada satildeo requeridos Por
causa das restriccedilotildees geomeacutetricas as barras de mandrilar satildeo em geral longas e compridas o que faz
com que elas estejam facilmente sujeitas a desvios estaacuteticos e dinacircmicos Estes desvios ou vibraccedilatildeo
da ferramenta natildeo somente fazem com que os paracircmetros de usinagem precisem ser alterados como
induz a erros dimensionais e reduz a qualidade da superfiacutecie e a vida da ferramenta O estudo das
forccedilas de corte no processo de mandrilar eacute portanto um preacute-requisito para a seleccedilatildeo adequada das
condiccedilotildees de corte e tambeacutem para preservar a seguranccedila do processo evitando desvios excessivos da
ferramenta ou vibraccedilotildees dinacircmicas O raio da ponta da ferramenta e a variaccedilatildeo do acircngulo da aresta
de corte resultam na distribuiccedilatildeo natildeo-uniforme da espessura do cavaco e consequumlentemente da
forccedila de corte (MOCELLIN 2007)
21
Em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas nas ferramentas de metal duro em
relaccedilatildeo agraves usadas nas ferramentas de ceracircmica ou CBN utiliza-se maior nuacutemero de insertos de metal
duro permitindo maiores velocidades de avanccedilo compensando parcialmente a perda de
produtividade (KOPPKA et al 2003)
Operaccedilotildees de mandrilamento satildeo tradicionalmente realizadas em blocos de motores de ferro
fundido cinzento por ferramentas de ceracircmica e CBN que permitem elevadas velocidades de corte e
alta produtividade (KOPPKA et al 2003) O severo desgaste verificado nas ferramentas de
mandrilar ferro fundido vermicular tem motivado pesquisas com o objetivo de identificar os
mecanismos de desgaste das ferramentas assim como encontrar soluccedilotildees econocircmicas para esta
usinagem envolvendo institutos de pesquisa induacutestrias automobiliacutesticas fundiccedilotildees fabricantes de
ferramentas e fabricantes de maacutequinas Independentemente do material da ferramenta empregada
metal duro ou ceracircmica as velocidades de corte ainda satildeo muito inferiores agravequelas tradicionalmente
utilizadas no ferro fundido cinzento ou seja ainda haacute uma grande necessidade no desenvolvimento
do processo de usinagem de mandrilamento do bloco do motor de maneira integral (KASSACK et
al 2002)
112 Tipos de Mandrilamento
Dependendo do trabalho o mandrilamento que tambeacutem eacute conhecido como mandrilagem ou
broqueamento pode ser ciliacutendrico cocircnico radial ou esfeacuterico Por meio do processo de
mandrilamento pode-se conseguir superfiacutecies ciliacutendricas ou cocircnicas internas em espaccedilos
normalmente difiacuteceis de serem atingidos com eixos perfeitamente paralelos entre si (GUEDES
2006)
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cocircnica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Isto ocorre quando haacute um movimento de
avanccedilo simultacircneo com um movimento radial gerando um diacircmetro interno cocircnico
22
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cilindrica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Neste caso haacute somente o movimento de
avanccedilo gerando um diacircmetro interno ciliacutendrico
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico
1123 Mandrilamento Radial (figura 19)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute plana e perpendicular ao eixo em
torno do qual gira a ferramenta Neste processo haacute somente o movimento radial da ferramenta
gerando um processo de faceamento
23
Figura 19 ndash Mandrilamento radial
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute uma superfiacutecie de revoluccedilatildeo cujo
eixo coincide com o eixo do qual gira a ferramenta Ex Mandrilamento esfeacuterico e mandrilamento
de sangramento
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970)
24
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular
Os processos de mandrilamento do ferro fundido vermicular podem ser divididos em quatro
grupos
- Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
- Mandrilamento com insertos rotativos
- Mandrilamento definido como ldquofreso-mandrilamentordquo
- Mandrilamento com insertos de PCD
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
As ferramentas de mandrilar com insertos de metal-duro conforme mostradas na figura 111
satildeo usadas em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas em comparaccedilatildeo agrave ceracircmica ou
o PCBN Utiliza-se um maior nuacutemero de insertos permitindo maiores velocidades de avanccedilo e
compensando parcialmente a perda de produtividade (REUTER et al 1999) Existem algumas
barras de mandrilar cujos insertos natildeo satildeo montados uniformemente no diacircmetro e ateacute mesmo na
altura Estas barras de mandrilar satildeo chamadas de ferramentas com passo diferencial e o objetivo eacute
evitar vibraccedilotildees devido a problemas de ressonacircncia mesmo em condiccedilotildees de corte favoraacuteveis
modificando a frequumlecircncia de entrada das arestas no corte (SOUTO 2007)
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010)
25
1132 Mandrilamento com insertos rotativos
Ferramentas com insertos rotativos de PCBN Si3N4 ou Metal Duro conforme figura 112
permitem grande produtividade em altas velocidades de corte Este tipo de ferramenta apresenta um
maior potencial principalmente para operaccedilatildeo de desbaste podendo tambeacutem ser utilizadas em
operaccedilatildeo de acabamento dependendo da aplicaccedilatildeo (REUTER et al 2000) Estes insertos giram
devido aos esforccedilos de corte aplicados sobre eles jaacute que suas fixaccedilotildees permitem este grau de
liberdade Assim a seccedilatildeo de contato com a ferramenta e cavaco varia todo instante distribuindo
melhor o desgasteavaria aumentando a vida da ferramenta
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos
1133 Freso-mandrilamento
Define-se freso mandrilamento como um processo de usinagem com corte intermitente por
meio do processo de fresamento helicoidal realizado com ferramentas de diacircmetro menor que o
usinado ou seja a ferramenta realiza movimento de interpolaccedilatildeo circular e avanccedila no sentido do
cilindro conforme figura 113 O fabricante de maacutequinas MAKINO e o fabricante de ferramentas
SANDVIK desenvolveram este processo utilizando a ferramenta CoroMILL 790 e um Centro de
Usinagem Horizontal(a81M) Por meio da melhor precisatildeo de posicionamento dos insertos na
ferramenta e toleracircncias dimensionais dos insertos de metal-duro haacute possibilidades de ganho em
vida de ferramenta e possiacutevel eliminaccedilatildeo da etapa de mandrilamento de semi-acabamento
realizando-se o mandrilamento de desbaste de modo convencional e o mandrilamento de
acabamento com o processo de freso-mandrilamento Este processo tambeacutem possui desvantagem
26
como a necessidade de maacutequinas ferramentas com elevadas rigidez e precisatildeo no movimento de
interpolaccedilatildeo circular uma vez que este movimento tem influecircncia direta na geometria do cilindro
fresado (MAKINO 2011)
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento
1134 Mandrilamento com insertos de PCD
Estudos realizados pela empresa Audi aplicando insertos de PCD em mandrilamento de
acabamento dos cilindros do bloco do motor em ferro fundido vermicular apresentaram altos
valores de vida de ferramenta As principais desvantagens do uso do PCD consistem na limitaccedilatildeo da
temperatura de utilizaccedilatildeo da ferramenta o que limita a velocidade de corte assim como o maior
custo de ferramenta bloco do motor produzido Esta limitaccedilatildeo eacute devido ao problema de afinidade do
ferro com o carbono que em temperaturas acima de 700degC comeccedila a grafitizaccedilatildeo do diamante
tendo como consequumlecircncia o acelerado desgaste da aresta de corte (STEMMER 1993 apud
Xavier2009)
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento
A superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta conforme ilustrada na figura 114 eacute definida pelo acircngulo
da aresta de corte (90deg- χ r) acircngulo de posiccedilatildeo da aresta secundaacuteria de corte (χ‟r) acircngulo de saiacuteda
lateral da ferramenta (γf) e o acircngulo de saiacuteda dorsal da ferramenta (γp)
27
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008)
Quatro diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
podem ser identificadas e ilustradas conforme figura 115 Eacute altamente recomendado que o corte natildeo
envolva o final da aresta de corte da ferramenta ou seja o avanccedilo natildeo pode ser maior que o raio da
ponta da ferramenta para prevenir a quebra da ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da
ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
28
Valores grandes do raio da ponta (rɛ) com uma constante na taxa de avanccedilo(fɛ) e uma
profundidade de corte ldquoaprdquo melhoram a qualidade do acabamento superficial da peccedila reduzindo as
marcas da ferramenta devido ao avanccedilo Em contrapartida estas marcas satildeo mais suscetiacuteveis agrave
vibraccedilotildees devido ao aumento da componente da forccedila radial para ldquoaprdquo menor que ldquorɛrdquo
Consequumlentemente uma soluccedilatildeo deveria ser feito para obter resultados mais favoraacuteveis no corte
O acircngulo de saiacuteda da ferramenta eacute um importante paracircmetro para controlar a deformaccedilatildeo e a forma
dos cavacos Eacute tambeacutem um significativo fator geomeacutetrico que afeta o mecanismo de corte No plano
ortogonal a saiacuteda do cavaco eacute perpendicular agrave aresta de corte entretanto o acircngulo da saiacuteda do
cavaco eacute zero Muitos pesquisadores tentaram prever o acircngulo de saiacuteda do cavaco para usinagem
com o raio da ponta da ferramenta
A forccedila de corte pode ser representada por duas componentes uma componente normal
perpendicular ao plano de saiacuteda e um atrito componente na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta A
forccedila de atrito na superfiacutecie de saiacuteda eacute o uacutenico componente que determina a direccedilatildeo da saiacuteda de
cavaco Para cada elemento cavaco presume-se que a forccedila de atrito eacute colinear com a velocidade do
cavaco e suas magnitudes satildeo proporcionais agrave aacuterea do cavaco (YUSSEFIAN et al2008)
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento
O material da ferramenta de corte deve ser mais duro que o material da peccedila a ser cortada
Utilizando este princiacutepio novos materiais e ligas estruturais com excelente resistecircncia mecacircnica e
elevada dureza contribuem para o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de
usinagem (MACHADO et al 2009)
Alguns fatores para seleccedilatildeo adequada da ferramenta de corte conforme citados por DINIZ
(2008) estatildeo descritos abaixo
Material a ser usinado
- a dureza e o tipo de cavaco formado satildeo caracteriacutesticas do material da peccedila a ser
considerado
Processo de usinagem
29
- ainda existem vaacuterios equipamentos com baixa rotaccedilatildeo e baixa rigidez inviabilizando a
utilizaccedilatildeo de ferramenta de corte com materiais mais nobres
Condiccedilatildeo da maacutequina de usinagem
- deve-se levar em consideraccedilatildeo a potecircncia gama de velocidade e folgas da maacutequina
Dimensotildees e forma da ferramenta de corte
- ferramentas de forma natildeo-padronizada muitas vezes satildeo feitas de accedilo raacutepido ou de um tipo
de metal duro que suporte choques teacutermicos
Custo do material da ferramenta
- alguns materiais de ferramentas apesar de aumentarem a vida da ferramenta de corte ou a
produccedilatildeo muitas vezes natildeo apresentam uma boa relaccedilatildeo custo-benefiacutecio
Condiccedilotildees de usinagem
- consideraccedilatildeo tiacutepica para usinagem em acabamento em que se exigem ferramentas com
maior resistecircncia ao desgaste jaacute que a operaccedilatildeo de desbaste anterior jaacute retirou a casca
endurecida eou desvios de forma da peccedila
Condiccedilotildees da operaccedilatildeo
- usinagem com corte interrompido ou o sistema maacutequinapeccedilaferramentadispositivo
natildeo riacutegidos exige uma ferramenta tenaz
As principais caracteriacutesticas desejaacuteveis a um material da ferramenta satildeo
- Dureza a quente
Algumas regiotildees da ferramenta de usinagem podem ultrapassar 1000degC Portanto
haacute uma contiacutenua procura por materiais que possam suportar esta temperatura com dureza suficiente
para suportar as tensotildees de corte
- Resistecircncia ao desgaste
O material da ferramenta deve ser resistente ao desgaste por abrasatildeo ou seja resistecircncia
ao atrito
- Tenacidade
O material da ferramenta deve ter energia suficiente para resistir ao choques inerentes
do processo
- Estabilidade quiacutemica
Dependendo da temperatura da duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemica do material
da ferramenta e do material da peccedila na zona de cisalhamento secundaacuterio haacute transferecircncia de aacutetomo
30
de um metal para o outro (difusatildeo) O material da ferramenta deve ser resistente agrave difusatildeo (DINIZ et
al 2008)
Haacute diversos materiais de ferramentas distribuiacutedos no mercado atualmente que se
diferem pela dureza (resistecircncia ao desgaste) e tenacidade Os principais satildeo (MACHADO et al
2009)
Accedilo raacutepido
Metal duro
Cermets
Ceracircmicas
Nitreto de Boro Cuacutebico
Diamante natural
Atualmente os materiais das ferramentas de corte utilizados na usinagem do ferro fundido
vermicular satildeo metal duro ceracircmica e CBN
1151 Inserto de Metal Duro
O metal duro surgiu em 1927 com o nome de ldquoWIDIArdquo(Wie Diamant) e eacute um tipo
de material fabricado atraveacutes da metalurgia do poacute em um processo de sinterizaccedilatildeo Este poacute eacute
composto de partiacuteculas duras de carboneto de metais refrataacuterios Os carbonetos satildeo de tungstecircnio e
normalmente satildeo combinados com carbonetos de titacircnio tacircntalo e nioacutebio (DINIZ et al 2008)
O elemento aglomerante mais utilizado na fabricaccedilatildeo do metal duro eacute o cobalto que eacute um
metal do grupo do ferro responsaacutevel pela ligaccedilatildeo das partiacuteculas duras dos carbonetos no processo de
sinterizaccedilatildeo O cobalto eacute responsaacutevel pela tenacidade do material O poacute do cobalto eacute obtido pela
reduccedilatildeo do oacutexido preto que conteacutem aproximadamente 70 de cobalto sob hidrogecircnio e
temperaturas entre 600 e 700degC
Uma composiccedilatildeo tiacutepica de metal conteacutem 81 de tungstecircnio 6 de carbono e 13 de
cobalto O tamanho das partiacuteculas de carbonetos pode variar entre 1 e 10 microns e geralmente
compreendem cerca de 60 agrave 95 do volume do material
31
A variaccedilatildeo da composiccedilatildeo quiacutemica do metal duro influencia na caracteriacutestica (classe) do
material O cobalto eacute um material que agrave medida que aumenta seu teor reduz sua densidade e dureza
mas eleva a resistecircncia agrave ruptura e melhora a tenacidade
Outra caracteriacutestica importante para aplicaccedilatildeo do metal duro eacute o seu coeficiente de dilataccedilatildeo
teacutermica O coeficiente para o metal duro eacute cerca da metade do coeficiente do accedilo em temperaturas
desde a ambiente ateacute 675degC
Hoje em dia haacute metais duros produzidos com partiacuteculas de 01m o que melhora vaacuterias
caracteriacutesticas desejaacuteveis em uma ferramenta de corte Estes metais duros com micro gratildeos podem
ser classificados de acordo com o tamanho do gratildeo de sua estrutura como
- Fino 08 a 13m
- Submicromeacutetrico 05 a 08m
- Ultra fino 02 a 05m
- Nanomeacutetrico menor que 02m
Agrave medida que se diminui o tamanho de gratildeo do metal duro aumenta-se a dureza resistecircncia
ao desgaste e tenacidade do material devido ao maior fator de empacotamento que gratildeos muito
pequenos propiciam (DINIZ et al 2008)
Haacute vaacuterios tipos de metal duro classificados pela norma ISO (International Organization for
Standardization) conforme norma ISO513 1975 sendo que haacute 3 grupos principais como
Grupo bdquoP‟ ndash Compreende os tipos ou classes empregados na usinagem de metais e ligas
ferrosas que apresentam cavacos longos e duacutecteis
Grupo bdquoMrdquo ndash Compreende as classes que empregam na usinagem de metais e ligas ferrosas
de cavacos tanto longos como curtos ou seja eacute uma ferramenta com propriedades intermediaacuteria
Grupo bdquoK‟ ndash Compreende as classes que se destinam a usinagem de metais e ligas ferrosas
que apresentam cavacos curtos e materiais natildeo-metaacutelico
Recentemente a ISO aumentou o nuacutemero de classes de metal duro conforme norma
ISO513 2004 Estas novas classes satildeo
Grupo bdquoN‟ ndash Aplicaacutevel a materiais natildeo ferrosos
Grupo bdquoS‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de superligas e ligas de titacircnio
Grupo bdquoH‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de materiais endurecidos
32
Aleacutem dos grupos de metal duro existe uma subdivisatildeo dentro de cada grupo por exemplo
P01P50
M01M40
K01K40
N01N30
S01S30
H01H30
Para cada grupo de metal duro e seu respectivo subgrupo haacute uma composiccedilatildeo quiacutemica e
caracteriacutestica fiacutesica conforme Tabela 16 Pode-se perceber nesta tabela que agrave medida que a
quantidade de TiC + TaC aumenta a densidade diminui e a dureza aumenta
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970)
Desig-
Naccedilatildeo
Composiccedilatildeo
aproximada em Caracteriacutesticas principais
WC TiC
+
TaC
Co Densidade
(gcm3)
Dureza
(kgmm2)
Resist agrave
ruptura
transversal
(kgmm2)
Moacutedulo de
elasticidade
(kgmm2)
Coeficiente
de dilataccedilatildeo
teacutermica
(10-6
1Cdeg)
P01 30 64 6 72 1800 75 - -
P10 55 36 9 104 1600 140 52000 65
P20 76 14 10 119 1500 150 54000 60
P25 73 19 8 125 1500 170 55000 60
P30 82 8 10 130 1450 170 56000 55
P40 77 12 11 131 1400 180 56000 55
P50 70 14 16 129 1300 200 52000 55
M10 84 10 6 131 1650 140 58000 55
- Classes com maior tenacidade
- Recomendado para usinagem em desbaste
e corte interrompido
- Classes com maior resistecircncia ao desgaste
- Recomendado para usinagem em
acabamento
33
M20 82 10 8 134 1550 160 56000 55
M30 81 10 9 144 1450 180 58000 55
M40 78 7 15 135 1300 200 55000 55
K01 93 2 5 150 1750 120 63000 50
K05 92 2 6 146 1700 135 63000 50
K10 92 2 6 148 1650 150 63000 50
K20 915 25 6 148 1550 170 62000 50
K30 89 2 9 145 1450 190 - 55
K40 88 - 12 143 1300 210 58000 55
A seleccedilatildeo do metal duro para uma determinada aplicaccedilatildeo de usinagem estaacute intimamente
relacionada com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma durante a
usinagem Entre os tipos de cavacos conhecidos tem como cavacos contiacutenuos cavacos cisalhados e
cavacos de ruptura o formado na usinagem dos ferros fundidos eacute o cavaco de ruptura devido a seu
rompimento na zona primaacuteria do plano de cisalhamento causados na interrupccedilatildeo que as grafitas
causam na matriz da liga
Operaccedilotildees de usinagem com avanccedilo e profundidade de cortes altos para desbaste e cortes
interrompidos criam tensotildees elevadas na ferramenta exigindo classes com maior tenacidade ou seja
ferramentas com menor teor de cobalto e maior teor de carbonetos
Operaccedilotildees de usinagem em peccedilas que jaacute sofreram operaccedilotildees anteriores de desbaste retirando
excentricidade e a casca endurecida trabalham com baixos avanccedilos e profundidade de usinagem
poreacutem com altas velocidades de corte o que gera altas temperaturas Sendo assim satildeo necessaacuterias
classes de ferramentas com altas resistecircncias ao calor e a abrasatildeo ou seja menor teor de cobalto
(DINIZ et al 2008)
Operaccedilotildees de usinagem em maacutequinas-ferramentas menos riacutegidas obriga o uso de classe de
ferramentas com maior tenacidade embora reduzindo a vida uacutetil
As primeiras ferramentas de metal duro foram compostas unicamente de carbonetos de
tungstecircnio (WC) e cobalto e eram adequadas somente para a usinagem de materiais de cavacos
curtos e quebradiccedilos ou seja materiais de ferro fundido Na usinagem do accedilo havia formaccedilatildeo de
cratera na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta devido a fenocircmenos de difusatildeo e dissoluccedilatildeo ocorridos
entre o cavaco da peccedila e a ferramenta Para solucionar tais problemas comeccedilou-se a acrescentar
34
outros carbonetos (TiC TaC e NbC) Assim as ferramentas que conteacutem praticamente somente WC
e Co na composiccedilatildeo (ferramentas da classe K ver tabela 15) satildeo destinadas agrave usinagem de ferros
fundidos que natildeo tem a tendecircncia de formaccedilatildeo de desgaste de cratera devido ao fato de que o
cavaco curto rapidamente se quebra e pula fora da regiatildeo de corte sem atritar longamente com a
superfiacutecie de saiacuteda A inclusatildeo de carbonetos do tipo TiC TaC e NbC na ferramenta confere a ela
as seguintes caracteriacutesticas
- Carbonetos de Titacircnio - TiC
Pouca tendecircncia agrave difusatildeo resultando na alta resistecircncia dos metais duros
Reduccedilatildeo da resistecircncia interna e dos cantos
- Carboneto de Tacircntalo - TaC e Carboneto de Nioacutebio NbC
Em pequenas quantidades atuam na diminuiccedilatildeo do tamanho dos gratildeos melhorando a
tenacidade e a resistecircncia dos cantos
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro
A finalidade principal do uso de coberturas em ferramentas de metal duro eacute aumentar a
resistecircncia ao desgaste da camada superior que entra em contato com o cavaco e a peccedila sendo que o
nuacutecleo permanece com a tenacidade caracteriacutestica do metal duro Desta forma consegue-se em
vaacuterios casos aumentar bastante a vida da ferramenta e diminuir os esforccedilos de corte Eacute possiacutevel
tambeacutem conciliar em mesmos materiais caracteriacutesticas como tenacidade resistecircncia ao desgaste e
dureza a quente (DINIZ et al2008)
As principais coberturas utilizadas satildeo de carboneto de titacircnio (TiC) eou oacutexido de alumiacutenio
(Al2O3) nitreto de titacircnio (TiN) e carbonitreto de titacircnio (TiCN) Geralmente satildeo aplicadas no metal
duro utilizando um processo chamado CVD (deposiccedilatildeo quiacutemica a vapor) que utiliza altas
temperaturas e pressotildees levemente negativas Outro processo tambeacutem utilizado para cobertura de
ferramenta eacute o PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica a vapor) que utiliza temperaturas meacutedias (de 400 a 500ordm C) e
pressatildeo muito negativa Este processo eacute em geral mais caro que o processo CVD Como o processo
de CVD precisa de altas temperaturas satildeo geradas tensotildees na ferramenta durante seu resfriamento
que podem enfraquececirc-la Sendo assim novos tipos de processo com temperaturas intermediaacuterias
entre o CVD e o PVD estatildeo sendo desenvolvidos para minimizar este problema (DINIZ et al2008)
35
Normalmente a primeira camada de cobertura logo acima do nuacutecleo eacute o carboneto de titacircnio
ou o carbonitreto de titacircnio que algumas vezes eacute a uacutenica camada Estas camadas possuem
caracteriacutesticas como excelente resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de promover a adesatildeo das
camadas de cobertura com o metal duro do nuacutecleo Outra cobertura como o oacutexido de alumiacutenio natildeo
possui afinidade fiacutesico-quiacutemica com o nuacutecleo do metal duro A diferenccedila na dilataccedilatildeo e contraccedilatildeo
teacutermica das camadas com o substrato de metal duro a uma temperatura de 1000degC como eacute exigido
para o processo de revestimento CVD pode causar trincas se natildeo for utilizado o TiC ou TiCN como
camada intermediaacuteria (DINIZ et al2008)
A dureza da camada de TiC eacute na ordem de 3000HV que eacute maior que todas os outros materiais
utilizados no revestimento do metal duro A espessura da camada eacute de 4 a 8m Outras
caracteriacutesticas importantes deste material eacute a baixa tendecircncia a soldagem com o material da peccedila
dificultando o desgaste por adesatildeo e o baixo coeficiente de dilataccedilatildeo teacutermica O material TiCN tem
propriedades similares ao TiC como dureza agrave quente resistecircncia ao desgaste a capacidade de adesatildeo
ao nuacutecleo mas seu coeficiente de atrito eacute mais baixo que o TiC Geralmente o segundo revestimento
no metal duro eacute de oacutexido de alumiacutenio que garante uma estabilidade teacutermica devido ao fato de ser um
material ceracircmico refrataacuterio e por possuir alta resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de alta
resistecircncia a ataques quiacutemicos e agrave oxidaccedilatildeo Devido a sua alta estabilidade quiacutemica com o ferro
praticamente evita o desgaste difusivo durante o processo de usinagem do accedilo Apresentam tambeacutem
uma pequena resistecircncia a choques teacutermicos e mecacircnicos
A terceira camada geralmente utilizada de TiN tem caracteriacutestica de reduccedilatildeo do coeficiente
de atrito entre a pastilha e o cavaco Eacute quimicamente mais estaacutevel que o TiC e possui uma camada
com espessura entre 5 e 7 m A espessura total das camadas do metal duro estaacute entre 2 e 12 m
Quando se aumenta a espessura da cobertura a resistecircncia ao desgaste aumenta mas a tenacidade
diminui aumentando a tendecircncia ao lascamento das arestas Hoje em dia jaacute satildeo utilizadas outras
coberturas como por exemplo o nitreto de titacircnio alumiacutenio (TiNAl) ou o nitreto de alumino
titacircnio(TiAlN) dependendo da quantidade maior de titacircnio ou alumiacutenio que podem ser aplicadas ao
metal duro atraveacutes do processo PVD Tal processo propicia espessuras de camadas mais finas
mantendo a aresta da ferramenta afiada (DINIZ et al2008)
Estas coberturas podem ser aplicadas em ferramentas multicamadas propiciando
caracteriacutesticas como
36
- Baixa condutividade teacutermica que protege a aresta de corte e aumenta a remoccedilatildeo de calor
atraveacutes do cavaco
- Alta dureza a frio e a quente
- Alta estabilidade quiacutemica (DINIZ et al2008)
1153 Insertos de Material Ceracircmico
Um dos principais tipos de materiais ceracircmicos utilizados como ferramenta de usinagem eacute o
oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) que eacute a forma estaacutevel alfa da alumina Podem-se distinguir dois ramos
nesta famiacutelia
- Materiais contendo alumina sinterizada praticamente pura com no miacutenimo de 98
- Materiais contendo 90 de alumina juntamente com outros oacutexidos como SiO2 MgO
Cr2O3 Fe3O4 etc
Este tipo de material de ferramenta consiste de gratildeos finos (menores que 5 m) de Al2O3 de
alta densidade ou seja conteacutem menos que 2 de porosidade Diferentes meacutetodos satildeo utilizados
para fabricaccedilatildeo de ferramentas ceracircmicas deste tipo
- Prensadas a frio e sinterizadas apresentando uma cor branca Este processo eacute similar ao
processo de fabricaccedilatildeo do metal duro
- Prensadas a quente em grandes cilindros de alumina em moldes de grafite Neste processo
o material se torna acinzentado escuro (FERRARESI 1970)
A ceracircmica possui oacutetima propriedade como dureza a quente permitindo que se possa usinar
em altas velocidades de corte Em contrapartida haacute propriedades como baixa condutividade teacutermica
que logicamente dificulta a transferecircncia de calor e faz com que na regiatildeo proacutexima do contato
cavaco-ferramenta e peccedila ferramenta atinja-se temperaturas muito altas Outra propriedade que
dificulta o uso de material ceracircmico eacute a baixa tenacidade que favorece as trincas e quebras das
ferramentas de corte
Haacute ferramentas ceracircmicas agrave base de oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) podendo ter alumina pura ou
podendo ter algum teor de oacutexido de magneacutesio (MgO) para inibir o crescimento de gratildeo Podem ter
tambeacutem oacutexido de cromo titacircnio e niacutequel para aumentar a resistecircncia mecacircnica ou com baixos
porcentuais de oacutexido de zircocircnio (ZrO2) que aumenta a tenacidade do material (DINIZ et al2008)
37
A ceracircmica mista aleacutem de conter alumina pode conter o carboneto de titacircnio (TiC) ou o
nitreto de titacircnio (NiT) Este tipo de ceracircmica eacute prensado a quente gerando uma cor acinzentada
Como haacute uma melhor dureza a quente e estabilidade quiacutemica a ceracircmica mista eacute indicada para
processo de usinagem em mandrilamento e torneamento em acabamento de accedilos endurecidos onde
a tenacidade natildeo eacute tatildeo exigida (DINIZ et al2008)
Haacute uma ceracircmica com propriedades intermediaacuterias que eacute a reforccedilada com whiskers o qual eacute
adicionado o carboneto de siliacutecio (SiC) como sua tenacidade eacute boa quando comparadas com as
outras ceracircmicas este tipo de material eacute indicado para usinagem de ligas de titacircnio e niacutequel
Tambeacutem pode ser utilizada no processo de usinagem em mandrilamento e torneamento de accedilos
endurecidos com superfiacutecies interrompidas (DINIZ et al2008) Natildeo eacute permitida a fabricaccedilatildeo deste
material em vaacuterios paiacuteses devido ao carboneto de siliacutecio ser canceriacutegeno (BALDACIM 2000) Este
tipo de material tambeacutem eacute perigoso devido agrave facilidade de incecircndio no processo de retificaccedilatildeo
devido a isto o processo deve ser realizado em local extremamente isolado e maacutequinas blindadas
Haacute tambeacutem ferramentas de ceracircmica agrave base de nitreto de siliacutecio (Si3N4) que satildeo cristais com
fase intergranular de oacutexido de siliacutecio (SiO2) que satildeo sinterizados na presenccedila de alumina (sialon)
eou oacutexido de iacutetrio (Y2O3) e magneacutesio (MgO) Este material de ferramenta eacute usualmente chamado de
Sialon (DINIZ et al2008)
A Tabela 17 mostra algumas propriedades dos diversos tipos de material ceracircmico
comparados com o metal duro Como se pode ver na tabela Sialon possui boa tenacidade (melhores
que as ceracircmicas mista e pura) e excelentes durezas a quente e resistecircncia ao choque teacutermico A
uacutenica propriedade necessaacuteria a um material de ferramenta que natildeo possui eacute a estabilidade quiacutemica
com o ferro Assim natildeo pode ser usada para usinar o accedilo Poreacutem como a falta de estabilidade
quiacutemica eacute causadora do desgaste difusivo razatildeo da formaccedilatildeo do desgaste de cratera (desgaste da
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) e como o ferro fundido possui cavacos curtos que natildeo atritam
muito com a superfiacutecie de saiacuteda e portanto natildeo tem grande tendecircncia agrave formaccedilatildeo da cratera esta
ferramenta eacute indicada para a usinagem destas ligas principalmente em cortes interrompidos como o
fresamento em que a temperatura que a ferramenta atinge natildeo eacute tatildeo alta
38
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro
Tenacidade Dureza agrave
quente
Resistecircncia ao
choque teacutermico
Estabilidade
quiacutemica (Fe)
Estabilidade
quiacutemica (Ni)
Ceracircmica Pura 2 2 1 5 5
Ceracircmica
Mista
1 3 2 4 4
Ceracircmica com
Wiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal Duro 5 1 5 3 1
Em geral os insertos de material ceracircmico possuem um chanfro na regiatildeo da aresta de corte
cuja dimensatildeo varia de 005 agrave 03mm e acircngulo entre 20deg e 30deg como proteccedilatildeo de aresta para evitar
quebra ou lascamento (DINIZ et al 2008)
Em processos de usinagem como o fresamento em ferro fundido cinzento eacute possiacutevel substituir
o desbaste e o acabamento para somente um passe utilizando insertos de ceracircmica com alisador
(FERRER 2006) Ferramentas ceracircmicas de nitreto de siliacutecio tecircm mostrado um melhor desempenho
que as de metal duro em operaccedilotildees de faceamento em ferro fundido cinzento Isto porque
ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio apresentam tenacidade suficiente onde o
lascamento natildeo eacute um fator predominante para o fim da vida da ferramenta (FERRER e DINIZ
2005)
Em contrapartida ferramentas de metal duro satildeo consideradas uma melhor opccedilatildeo para
processo de usinagem em fresamento de ferro fundido vermicular O mecanismo de desgaste por
difusatildeo eacute muito acentuado em ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio (GABALDO
2009)
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte
Desgaste eacute a perda contiacutenua e microscoacutepica de partiacuteculas da ferramenta devido agrave accedilatildeo do corte
(DINIZ et al 2008) Haacute alguns desgastes de ferramenta de corte padronizado como desgastes
convencionais Os principais deles satildeo o desgaste de flanco ou frontal (na superfiacutecie de folga da
39
ferramenta) desgaste de entalhe (nos limites de contato ferramentapeccedila) e desgaste de cratera (na
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) Aleacutem dos desgastes diversas outras ocorrecircncias podem acontecer
agrave ferramenta durante seu uso como trincas lascas deformaccedilotildees plaacutesticas e quebra A estas
ocorrecircncias daacute-se o nome de avarias (FERRARESI 1970)
Os principais fenocircmenos causadores do desgaste satildeo
Aresta posticcedila de corte (APC) ndash material da peccedila aderido na aresta de corte da ferramenta
modificando o comportamento da forccedila de corte acabamento superficial da peccedila e desgaste da
ferramenta A APC ocorre quando em baixa velocidade de corte a parte inferior do cavaco sob
pressatildeo de corte na zona de aderecircncia manteacutem o contato sem movimento relativo por um espaccedilo de
tempo suficiente para soldar na ferramenta Agrave medida que a APC cresce torna-se instaacutevel e depois
de algum tempo colapsa levando consigo partiacuteculas da superfiacutecie de folga da ferramenta
incentivando assim o desgaste de flanco em baixa velocidade de corte (DINIZ et al 2008)
Abrasatildeo mecacircnica ndash o desgaste frontal ou o desgaste de cratera podem ser gerados pela
abrasatildeo (atrito) poreacutem eacute mais comum o desgaste frontal porque a superfiacutecie de folga atrita na peccedila
que eacute riacutegida enquanto que a superfiacutecie de saiacuteda atrita com o cavaco que eacute flexiacutevel O desgaste por
abrasatildeo ocorre pela presenccedila de partiacuteculas duras no material da peccedila e pela temperatura de corte que
reduz a dureza da ferramenta Quando o desgaste abrasivo ocorre a superfiacutecie desgastada mostra
sulcos paralelos agrave direccedilatildeo de avanccedilo (TRENT e WRIGHT 2000)
Aderecircncia ndash eacute formada por um extrato metaacutelico provocado pela baixa velocidade de corte e
baixa temperatura entre duas superfiacutecies metaacutelicas postas em contato sob cargas moderadas A
resistecircncia deste extrato eacute elevada a tal ponto que na tentativa de separar as superfiacutecies ocorre agrave
ruptura em um dos metais e natildeo na superfiacutecie de contato Quando este desgaste ocorre a superfiacutecie
desgastada tem aparecircncia aacutespera (TRENT e WRIGHT 2000) Assim partiacuteculas da superfiacutecie de um
material migram para superfiacutecie do outro O fenocircmeno da aderecircncia estaacute presente na formaccedilatildeo da
aresta posticcedila mas pode-se ter desgaste por aderecircncia mesmo sem a formaccedilatildeo da aresta posticcedila Por
meio deste fenocircmeno as partiacuteculas da ferramenta que satildeo removidas pela continuidade do
movimento de escorregamento entre as duas superfiacutecies (cavaco-ferramenta ou ferramenta-peccedila)
seguem aderidas ao fluxo de cavaco ou peccedila Como satildeo bastante duras ao atritarem com regiotildees da
ferramenta mais agrave frente desgastam-nas por abrasatildeo A utilizaccedilatildeo de coberturas com baixo
coeficiente de atrito como o nitreto de titacircnio e o uso de fluiacutedo de corte adequado tem grande
influecircncia na reduccedilatildeo deste tipo de desgaste (DINIZ et al 2008)
40
Difusatildeo ndash eacute um fenocircmeno microscoacutepico ativado pela temperatura na zona de corte
principalmente entre a ferramenta e o cavaco podendo tambeacutem ocorrer entre a ferramenta e a peccedila
depois de jaacute haver ocorrido algum desgaste na superfiacutecie de folga causado por algum outro
mecanismo A difusatildeo no estado soacutelido consiste na transferecircncia de aacutetomos de um metal ao outro
Depende da temperatura duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemico dos dois metais
envolvidos na zona de cisalhamento secundaacuterio Ocorre principalmente na superfiacutecie de saiacuteda da
ferramenta causando o desgaste de cratera porque eacute ali que se tem a zona de aderecircncia entre cavaco
e ferramenta (que garante o tempo de contato) e a zona de fluxo (zona secundaacuteria de cisalhamento)
na qual o cisalhamento eacute intenso e assim a temperatura eacute bastante alta Ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes a este tipo de
desgaste (DINIZ et al 2008)
Oxidaccedilatildeo ndash a maioria dos metais oxidam em altas temperaturas e na presenccedila de aacutegua e ar Na
usinagem isto ocorre devido ao uso de fluiacutedo de corte de baixa concentraccedilatildeo ou fluiacutedo de corte natildeo
adequado para o processo O tungstecircnio e o cobalto durante o corte formam filmes de oacutexido poroso
sobre a ferramenta que satildeo facilmente levados embora pelo atrito gerando o desgaste Poreacutem
alguns oacutexidos como o oacutexido de alumiacutenio satildeo mais duros e resistentes Assim alguns materiais de
ferramentas que natildeo conteacutem oacutexido de alumino desgastam mais facilmente por oxidaccedilatildeo Este
desgaste se forma nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao acesso de ar nesta
regiatildeo causando o desgaste de entalhe Tambeacutem para este desgaste ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes (DINIZ et al
2008)
41
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Este capiacutetulo descreve o material do bloco do motor e o material da ferramenta de corte a ser
utilizada no experimento aleacutem dos equipamentos e o meacutetodo utilizado para o experimento
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos
Uma linha de usinagem flexiacutevel de bloco do motor diesel exclusivo em material de ferro
fundido vermicular jaacute existente na empresa MWM International situado em Santo Amaro SP foi o
laboratoacuterio utilizado para realizaccedilatildeo dos experimentos
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos
Utilizou-se como corpos de prova para os ensaios de mandrilamento blocos para motores de
seis cilindros (ver figura 21) fundidos em material de ferro fundido vermicular e fundido na
empresa TUPY Fundiccedilotildees localizada em Mauaacute Satildeo Paulo A operaccedilatildeo de usinagem objeto deste
estudo foi o mandrilamento dos mancais do bloco
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE
42
O material do bloco do motor eacute o GJV-450 conforme norma MANN (M3340) Foi realizada
uma anaacutelise metalograacutefica de amostras retiradas de corpos de prova do bloco do motor conforme
posiccedilatildeo visualizada na figura 22
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise
metalograacutefica (norma MANN M3340 2004)
A tabela 21 e as figuras 23 e 24 mostram os resultados da anaacutelise metalograacutefica do material
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor
DESCRICcedilAtildeO ESPECIFICADO
Estrutura da Matriz Perlita Lamelar Fina
Ferrita Livre Maacuteximo de 30
Cementita Livre Ausente
Carbonitreto de Titacircnio Metalograficamente natildeo permitidos
Ledeburita Ausente
Rede de Fosfeto - STEADITA Traccedilos isolados como informativo
Forma da Grafita I e II Ausente
Forma da Grafita III Miacutenimo 70
Forma da Grafita IV Maacuteximo 5
Forma da Grafita V e VI Maacuteximo 30
Tamanho da Grafita Forma III 3 ou mais fino
Tamanho da Grafita Forma IV 3 ou mais fino
43
Tamanho da Grafita Forma V e VI 5 ou mais fino
Dureza 150 agrave 250 HB 30
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo 440 agrave 520 Nmm2
Limite de Escoamento Miacutenimo 320 Nmm2
Alongamento Miacutenimo 1
Figura 23 - Micrografia mostrando a morfologia da
grafita
Forma III (80 agrave 85) e tamanho de 4 agrave 5
Forma IV (lt 5) e tamanho de 5 agrave 6
Forma V + VI (10 agrave 15) e tamanho de 5 agrave 6
Sem ataque
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrututa da
matriz matriz perliacutetica
Com ataque NITAL 3
A tabela 22 mostra o resultado do ensaio quiacutemico realizado em uma amostra de bloco
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN)
ESPECIFICADO em ENCONTRADO em
11 Carbono C 350 agrave 380 361
12 Carbono Equivalente C equiv 405 agrave 435 419
13 Silicio Si 200 agrave 230 232
14 Manganecircs Mn 040 maacuteximo 026
15 Foacutesforo P 002 maacuteximo 0009
16 Enxofre S 0005 agrave 0020 0011
17 Cromo Cr 01 maacuteximo 0029
44
18 Cobre Cu 075 agrave 095 084
19 Estanho Sn 004 agrave 007 007
110 Magneacutesio Mg 0010 agrave 0016 0010
111 Titacircnio Ti 0010 maacuteximo 0003
O material de ferro fundido vermicular a ser removido pela ferramenta de corte na operaccedilatildeo de
mandrilamento dos mancais tem espessura entre 25 e 30mm (profundidade de corte) devido agrave
variaccedilatildeo do sobremetal de fundiccedilatildeo conforme figura 25 formando cavacos de ruptura
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte
O bloco do motor contem sete mancais com comprimento de 37mm cada conforme figura 26
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm
45
23 Ferramenta de Corte (insertos)
Nos experimentos foram utilizados insertos de ceracircmica e insertos de metal duro conforme
figuras 27 28 e 29 e tabela 23
Figura 27 - Inserto de Metal Duro
WTXQ090608 K01L10B040 HP425
Figura 28 - Inserto de ceracircmica
WTXQ090608 0906 MN KS6000
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento
METAL DURO CERAcircMICA
Material Classe K10 Nitreto de Silicio
Aresta de Corte Arredondamento 006mm Arredondamento 006mm
Espessura do inserto 635mm 635mm
Aacuterea para corte Maacuteximo 7mm Maacuteximo 7mm
Quantidade de arestas 6 arestas 6 arestas
Cobertura Nitreto de Titanio Alumino (TiNAl) Sem cobertura
46
Figura 29 - Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios
Os insertos foram montados em uma barra de mandrilar na posiccedilatildeo tangencial em um diacircmetro
de 1105mm para desbaste conforme figura 210 Nesta mesma ferramenta tambeacutem estatildeo montados
os seis insertos de semi-acabamento para posterior processo de fratura Esta ferramenta possui guias
de metal duro para reduzir vibraccedilatildeo garantir alinhamento entre os mancais e garantir a precisatildeo
dimensional As guias de metal duro da ferramenta e o diacircmetro do mancal podem estar com folga
entre 0005mm e 0015mm Esta folga eacute coberta pelo fluido de corte com uma concentraccedilatildeo
aproximada de 12 e com isso contribui para reduzir o atrito
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos
47
Antes dos experimentos foram montados vaacuterios insertos na barra de mandrilar para verificar a
variaccedilatildeo do batimento radial e axial Nota-se que radialmente foram encontrados ateacute 004mm de
variaccedilatildeo e axialmente foram encontrados ateacute 002mm conforme demonstra figura 211 Ambos os
resultados encontrados natildeo influenciam no resultado final dos experimentos
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado
O fluido de corte utilizado no experimento tendo tambeacutem como funccedilatildeo reduzir o atrito entre
as guias de metal duro da barra de mandrilar e o mancal guia do bloco foi um oacuteleo semi-sinteacutetico do
tipo EP produzido pelo fabricante CASTROL O nome do produto eacute ldquoSuperedge 6552 BFrdquo com alta
resistecircncia agrave formaccedilatildeo de espuma isento de Boro Cloro Nitritos e Fenois As tabelas 24 e 25
mostram caracteriacutesticas deste fluido
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
Estado fiacutesico Liacutequido
Odor Suave
Cor Acircmbar
pH 90 a 95 (5)
Ponto de fulgor Produto base aacutegua Natildeo inflamaacutevel
Densidade 0937 gmL
Solubilidade Soluacutevel em aacutegua
48
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
DESCRICcedilAtildeO PORCENTAGEM
Aacutegua 5 agrave 10
Amina primaacuteria 20 agrave 40
Amina terciaacuteria 50 agrave 80
Oacuteleo mineral parafiacutenico 45 agrave 50
Benzotriazol 01 agrave 05
Aacutecidos di carboxiacutelicos 20 agrave 50
Aditivo EP a base de foacutesforo 20 agrave 80
Amida de Tall Oil 10 agrave 15
Aacutecido carbacircmico 05 maacuteximo
Metileno bis morfolina 30 agrave 70
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos
A maacutequina de usinar utilizada para realizar os experimentos foi um centro de usinagem
horizontal CNC com 4 eixos (XYZB) da marca GROB modelo BZ640 com palete (mesa) de 630
x630mm (ver figura 212) Esta maacutequina eacute controlada por um comando SIEMENS e pode suportar
uma carga sobre a mesa de ateacute 1000Kg jaacute que a peccedila (bloco do motor) utilizada no experimento
tem aproximadamente 300Kg e o dispositivo para fixar a peccedila tem aproximadamente 500Kg
somando juntos 800Kg A maacutequina tambeacutem tem um giro de palete permitido de ateacute 1200mm para
suportar a peccedila que tem um comprimento de 1060mm O eixo da maacutequina eacute um motofuso com
potecircncia de 26Kw(40ED) e 20Kw(100 ED) O torque eacute de 340Nm (40 ED) e 262Nm(100
ED) A cada 10 minutos de usinagem por 4 minutos pode ser utilizados potecircncia e torque maacuteximos
ou seja pode-se utilizar 26Kw a cada 4 minutos ou 20Kw em todo tempo de usinagem e igualmente
para torque
49
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB
Este equipamento eacute preparado para medir potecircncia consumida do fuso no momento da
usinagem da peccedila conforme demonstrado na figura 213
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos
O equipamento utilizado para realizar as mediccedilotildees de desgaste dos insertos (VB ndash desgaste de
flanco) utilizados no experimento foi uma maacutequina para preacute-ajustagem de ferramentas marca
ZOLLER com cacircmera integrada conforme figura 214 Esta maacutequina tambeacutem possui alguns
benefiacutecios como sistema de fixaccedilatildeo SHRINK (fixaccedilatildeo de ferramenta por contraccedilatildeo teacutermica) e um
50
software de programaccedilatildeo com o procedimento de mediccedilatildeo de cada ferramenta reduzindo a
influecircncia do operador
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER
Ao fim dos ensaios os desgastes das ferramentas foram analisados em um Microacutescoacutepio
Eletrocircnico de Varredura (MEV) contendo sonda para realizaccedilatildeo de testes de EDS(Sistema de
Energia Dispersiva) Este equipamento tem marca FEI modelo Quanta 450 conforme figura 215
Ele eacute capaz de produzir imagens de alta ampliaccedilatildeo
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos
insertos
51
27 Processo de Usinagem
Uma barra de mandrilar com 600mm de comprimento devido agrave sua rigidez pelo curto
comprimento mandrila o primeiro mancal em desbaste para obtenccedilatildeo do Oslash1105mm e acabamento
Oslash111mm simultaneamente No teacutermino da usinagem do primeiro mancal a mesa (palete) gira 180deg
para que a usinagem do seacutetimo mancal (uacuteltimo) seja realizada A funccedilatildeo desta primeira ferramenta eacute
fornecer guia (mancal usinado) para a barra de mandrilar longa com comprimento de 600mm
conforme figura 216 utilizada nos experimentos deste trabalho para usinar do segundo ao sexto
mancal
A barra de mandrilar longa utiliza o primeiro mancal como guia e usina o segundo mancal
conforme demonstrado na figura 216 Apoacutes o segundo mancal acabado a ferramenta avanccedila e
utiliza o segundo mancal como guia para usinar o terceiro mancal e assim sucessivamente ateacute usinar
o quarto mancal Para usinar o quinto e o sexto mancal a mesa da maacutequina gira a 180deg e a
ferramenta utiliza o seacutetimo mancal como guia para usinar o sexto mancal e logo na sequumlecircncia
utiliza o sexto mancal como guia para usinar o quinto mancal
A ferramenta utilizada nos experimentos usina um total de cinco mancais por bloco
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento
28 Procedimento experimental
Primeiramente foi determinado que um ensaio terminaria apoacutes 40 peccedilas usinadas Este nuacutemero
foi determinado para que o desgaste frontal da ferramenta tivesse aproximadamente de 04mm
(mediccedilatildeo VB) ao fim do ensaio Como o laboratoacuterio utilizado no experimento foi uma linha de
produccedilatildeo impossibilitando a mediccedilatildeo do desgaste dos insertos ateacute atingir exatos 04mm foi
definido medir a aresta de 10 em 10 peccedilas ateacute atingir as 40 peccedilas Poreacutem houve exceccedilotildees como
- Ensaios em que o desgaste VB atingiu valores elevados muito antes das 40 peccedilas
600mm
52
- Ensaios em que a potecircncia de seguranccedila do fuso da maacutequina foi acionada antes das 40 peccedilas
A velocidade de corte foi a variaacutevel utilizada para iniciar os ensaios em insertos de metal duro
fixando o avanccedilo por dente e a quantidade de insertos montados conforme tabela 26
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 140mmin 022mm 6 532mmmin
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
A maacutexima velocidade de corte de 155mmin foi determinada devido agrave caracteriacutestica de
seguranccedila que a maacutequina oferece para natildeo danificar o equipamento Como a barra de mandrilar eacute
longa e robusta qualquer quebra ou outro tipo de avaria pode danificar o fuso da maacutequina Mais
caro que o fuso eacute o alto tempo de reparo que um equipamento deste porte pode sofrer Para
seguranccedila haacute um limite de potecircncia consumida do fuso em que o equipamento interrompe a rotaccedilatildeo
para evitar maiores avarias Como a folga entre as guias de metal duro da barra de mandrilar e o
guia dos mancais podem variar entre 0005mm e 0015mm o aumento da rotaccedilatildeo aumenta a forccedila
centriacutepeta e o oacuteleo natildeo suporta reduzir o atrito aumentando a potecircncia consumida do fuso e
limitando a velocidade de corte para maacuteximo de 155mmin
A velocidade miacutenima de corte de 110mmin utilizada foi a jaacute definida no processo antes de
realizaccedilatildeo deste trabalho e a velocidade de corte intermediaacuteria foi a definida pela velocidade de
corte mais proacutexima da meacutedia entre a velocidade maacutexima de 155mmin e a velocidade miacutenima de
110mmin
Continuando na estrateacutegia dos experimentos utilizou-se a maior velocidade de corte permitida
pela maacutequina para os experimentos com ceracircmica o qual precisa de maiores velocidades em
comparaccedilatildeo com o metal duro Para comparar rendimento utilizou as mesmas condiccedilotildees para o
experimento com inserto de metal duro A uacutenica variaccedilatildeo foi o material da ferramenta conforme
mostrado na tabela 27
53
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 6 590mmmin
Como o experimento com ceracircmica natildeo foi possiacutevel devido agrave alta potecircncia consumida do fuso
e a ocorrecircncia de avaria de quebra prematura a terceira fase de testes foi a reduccedilatildeo do nuacutemero de
insertos montados na ferramenta conforme demonstrado na tabela 28
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 3 295mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 3 295mmmin
Na sequumlecircncia dos experimentos fixou-se a menor velocidade de corte utilizada nos
experimentos e o uso apenas de insertos de metal duro ateacute entatildeo a melhor condiccedilatildeo de corte
experimentada variando somente o avanccedilo por dente conforme demonstra a tabela 29
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 110mmin 030mm 6 572mmmin
Metal Duro 110mmin 034mm 6 648mmmin
O maior avanccedilo por dente utilizado nos experimentos foi definido pela seguranccedila da maacutequina
no controle de potecircncia maacutexima utilizada ou seja a utilizaccedilatildeo do avanccedilo por dente de 034mm se
posicionava no limite de potecircncia da maacutequina
Todos os experimentos foram realizados reacuteplicas exceto os experimentos com variaccedilatildeo da
velocidade de corte que foi necessaacuterio realizar uma treacuteplica
54
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO
Este capiacutetulo descreveraacute os resultados dos experimentos As variaacuteveis analisadas satildeo a
evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos em funccedilatildeo da quantidade de peccedilas usinadas o tempo de
usinagem a quantidade de dentes da ferramenta em contato com a peccedila potecircncia consumida do fuso
e volume de cavaco removido
31 Cavaco
A usinagem do ferro fundido cinzento gera cavaco de ruptura na regiatildeo de cisalhamento
(Ferraresi 1970) O cavaco retirado do bloco do motor em ferro fundido vermicular utilizado nos
experimentos tambeacutem pode ser classificado como de ruptura mas eacute um pouco maior que o tiacutepico
gerado na usinagem do ferro fundido cinzento conforme mostra a figura 31
Como a deformaccedilatildeo do cavaco no momento do corte natildeo eacute homogecircnea por causa da
concentraccedilatildeo de tensatildeo ou pontos de baixa resistecircncia na parte traseira do cavaco (Diniz et al
2008) a parte de traz do cavaco eacute bem rugosa mesmo para um cavaco de ruptura conforme
demonstrado na figura 32
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura de CGI
Figura 32 - Face rugosa do cavaco de CGI
55
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel )
Na primeira fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
arestas) e o avanccedilo por dente foram fixados tendo como variaacutevel a velocidade de corte
Na velocidade de corte de 155mmin 30 peccedilas foram usinadas ateacute o desgaste de flanco do
inserto ultrapassar os 04mm (VB) conforme mostrado na figura 33
vc110
mmin
vc140
mmin
vc155
mmin
10 peccedilas 20 peccedilas 30 peccedilas
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte
Para as velocidades de corte de 110mmin e 140mmin foi possiacutevel mandrilar ateacute 40 peccedilas
conforme demonstrado na figura 34 O desgaste dos diversos insertos de uma mesma eram muito
proacuteximos mas foi decidido fazer as mediccedilotildees de insertos montados sempre na mesma posiccedilatildeo da
ferramenta Pode-se verificar que o inserto utilizado no experimento com maior velocidade de corte
resultou em um maior desgaste frontal (ainda figura 33) devido ao acreacutescimo de calor gerado no
processo concordando com a literatura (Diniz et al 2008)
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
56
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado
Como jaacute descrito anteriormente a maior velocidade de corte resulta em uma maior taxa de
desgaste frontal dos insertos Como mostra a figura 35 a influecircncia da velocidade de corte na taxa
de desgaste ficou clara somente a partir de 20 peccedilas usinadas ou seja o comportamento do desgaste
das arestas dos insertos foram muito semelhantes diferenciando em poucos centeacutesimos na usinagem
de ateacute 20 peccedilas O valor do desgaste foi 51 menor na velocidade de corte de 110mmin quando
comparado com a velocidade de corte de 140mmin apoacutes 40 peccedilas usinadas Analisando uma
diferenccedila ainda maior de velocidade de corte como por exemplo velocidade de corte de 110mmin
e 155mmin e fixando 30 peccedilas para comparaccedilatildeo jaacute que o experimento com a velocidade de corte
de 155mmin natildeo atingiu 40 peccedilas a diferenccedila foi de 60 Em outras palavras o valor do desgaste
VB apoacutes 30 peccedilas usinadas era 60 maior na ferramenta utilizada com 155 mmin que o desgaste da
ferramenta que usinou com 110 mmin
04mm
A B
04mm
Vc110mmin Vc140mmin
57
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos
Comparando o graacutefico de desgaste dos insertos com o graacutefico de potecircncia consumida do fuso
(figura 36) vecirc-se que conforme esperado agrave medida em que aumenta o desgaste da ferramenta
aumenta o atrito na interface ferramentapeccedila e consequumlentemente aumenta a potecircncia consumida
do fuso Na usinagem com ferramenta nova (peccedila 1 na figura 36) a potecircncia consumida com vc =
140 mmin foi cerca de 22 maior que quando se usinou com vc = 110 mmin (aumento de 27 no
valor da velocidade) enquanto a potecircncia consumida com velocidade de corte de 155mmin foi 9
maior que quando se usinou com vc = 140 mmin (aumento de 11 no valor da velocidade de corte)
Pode-se verificar que o aumento da potecircncia consumida foi pouco menor que o aumento da proacutepria
velocidade de corte Diniz et all (2008) afirmam que a potecircncia de corte pode ser dada pela equaccedilatildeo
31 Como nem profundidade de usinagem nem avanccedilo foram alterados nestes ensaios este
resultado significa que o aumento da velocidade de corte proporcionou uma pequena reduccedilatildeo no
valor da pressatildeo de corte o que concorda com o que foi tambeacutem afirmado por estes autores
cc vfapKsvFcPc (31)
Onde
Pc = potecircncia de corte
Fc = forccedila de corte
0
01
02
03
04
05
06
07
08
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Velocidade de corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
58
Ks = pressatildeo especiacutefica de corte
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para
ferramentas com 3 e 6 insertos)
Na segunda fase dos experimentos devido agrave utilizaccedilatildeo de insertos de ceracircmica foi utilizada a
velocidade de corte de 155mmin que eacute a maacutexima permitida pela maacutequina Como a intenccedilatildeo eacute
comparar o desempenho dos materiais dos insertos foi fixada a velocidade de corte de 155mmin o
avanccedilo por dente de 022mmin e inicialmente seis arestas na ferramenta tendo como variaacutevel o
material de ceracircmica e metal duro
Poreacutem natildeo foi possiacutevel realizar o experimento em questatildeo O ensaio teve que ser interrompido
porque todos os insertos se quebraram antes da ferramenta completar 10 peccedilas usinadas O desgaste
prematuro das arestas de corte do inserto de ceracircmica e o aumento da pressatildeo de corte devido ao
aumento na quantidade de arestas aumentaram bastante a tendecircncia agrave quebra dos insertos
Como natildeo foi possiacutevel a comparaccedilatildeo dos insertos de ceracircmica com insertos de metal duro
nestas condiccedilotildees decidiu-se realizar esta fase dos experimentos mantendo a velocidade de corte de
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Variaacutevel - Velocidade de Corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
59
155mmin e o avanccedilo por dente de 022mmin mas reduzndo o nuacutemero de arestas da ferramenta
para trecircs Realizou-se estes testes com ferramenta de metal duro e ferramenta ceracircmica
Pode-se verificar que para mandrilamento em desbaste de peccedilas em material de ferro fundido
vermicular insertos de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio natildeo se mostraram adequados ou seja haacute
um desgaste excessivo da aresta de corte conforme mostra a figura 37 Vecirc-se nesta figura que com
apenas 10 peccedilas usinadas o desgaste dos insertos ultrapassava 10mm de VB O inserto de metal duro
para esta mesma quantidade de peccedilas (10 peccedilas) apresentava desgaste de somente 022 mm
conforme demonstrado na figura 38
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm
Figura 38 ndash Aresta do inserto de metal duro
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm
A figura 39 mostra que inicialmente a potecircncia consumida pela maacutequina quando se utilizou
ferramenta ceracircmica era bem proacutexima daquela consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro Como pode ser visto nas figuras 27 e 28 e na tabela 23 as ferramentas utilizadas tecircm
geometrias idecircnticas Entatildeo este resultado mostra que o suposto menor coeficiente de atrito da
camada de TiAlN que recobre a ferramenta de metal duro natildeo teve influecircncia na diminuiccedilatildeo dos
esforccedilos de corte Poreacutem em poucas peccedilas usinadas devido ao excessivo desgaste das arestas de
corte haacute um aumento progressivo na potecircncia consumida do fuso para o experimento com ceracircmica
Apoacutes 10 peccedilas usinadas enquanto a potecircncia consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro aumentou 8 em relaccedilatildeo agrave potecircncia consumida na usinagem da primeira peccedila a potecircncia
quando se usou ferramenta ceracircmica aumentou em cerca de 41
04mm 04mm
60
Figura 39 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica
Como a comparaccedilatildeo entre insertos de metal duro e insertos de ceracircmica foi extremamente
favoraacutevel ao experimento de metal duro decidiu-se comparar a quantidade de insertos em uso na
ferramenta Assim os experimentos foram realizados com ferramenta de metal duro com trecircs
insertos e seis insertos fixando a velocidade de corte de 155mmin e o avanccedilo por dente de 023mm
Fotos das regiotildees desgastadas destas ferramentas estatildeo mostradas na figura 38
Trecircs(3)
insertos
Seis(6)
insertos
10 peccedilas 20 peccedilas
10
11
12
13
14
15
16
17
1 10 20
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Metal Duro x Ceracircmica
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Metal Duro Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Ceracircmica
04mm 04mm
04mm 04mm
61
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes
Verifica-se que o experimento com maior quantidade de insertos (6 insertos) em uso obteve
uma superioridade de 66 de vida com relaccedilatildeo ao experimento de menor quantidade de insertos (3
insertos) confirmando a literatura (REUTER et al1999) quando atingido a quantidade de 20 peccedilas
que foi o limitante para o experimento com trecircs insertos conforme mostra figura 311
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6
insertos
O aumento do nuacutemero de dentes aumenta o volume de cavaco removido por minuto sem
aumentar a carga realizada sobre cada aresta Portanto este aumento deve ser incentivado desde que
haja espaccedilo suficiente entre dentes para armazenar o cavaco e desde que a maacutequina tenha potecircncia e
rigidez para suportar este maior volume de cavaco removido A figura 312 abaixo mostra a maior
potecircncia consumida para o experimento utilizando seis insertos como variaacutevel mas ainda dentro do
permitido pela maacutequina Veja que com 100 no aumento da velocidade de avanccedilo devido ao dobro
da quantidade de dentes em uso a potecircncia consumida do fuso iniciou com uma diferenccedila de 73
ou seja confirma-se que a potecircncia de corte aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo porque o Ks
reduziu devido a maior velocidade de avanccedilo Se o Ks natildeo reduzisse com o aumento do avanccedilo a
diferenccedila da potecircncia consumida do fuso seria de 100
0
02
04
06
08
10 20 30
Des
gast
e V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas - Vb(mm) 3 insertos x 6 insertos
Vc 155mmin - MD fz 022 (3 INSERTOS)
Vc 155mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
62
Figura 312 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como
variaacutevel)
Na quarta fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
facas) a melhor velocidade de corte (vc 110mmin) encontrada nos primeiros experimentos e o
material da ferramenta (Metal Duro) foram fixados tendo como variaacutevel o avanccedilo por dente
Pode-se verificar que para velocidade de corte de 110mmin independente da variaacutevel avanccedilo
por dente a variaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do desgaste das arestas de corte foi muito pequena conforme
demonstrado nas figuras 313 e 314 O aumento do avanccedilo aumenta o volume de cavaco removido
por minuto e com isto aumenta o calor gerado Por outro lado o crescimento do avanccedilo faz com
que o contato do cavaco com a ferramenta se decirc em uma maior porccedilatildeo da superfiacutecie de saiacuteda Como
tem-se maior calor gerado mas com maior aacuterea da ferramenta para receber este calor a temperatura
da ferramenta natildeo se altera muito e por isso a influecircncia do avanccedilo no desgaste da ferramenta
quando existe eacute pequena (Diniz et al 2008)
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Nuacutemero de insertos como variaacutevel
Vc 155mmin (6 ins) fz 022 - MD
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - MD
63
fz
022mm
fz
030mm
fz
034mm
20 peccedilas 30 peccedilas 40 peccedilas
Figura 313 ndash Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos
Este resultado eacute bastante importante para um processo de desbaste como o analisado neste
trabalho O aumento do avanccedilo por dente faz com que o tempo de corte de uma peccedila seja reduzido
Como isto natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta tem-se com certeza um processo mais
produtivo (se a vida da ferramenta tivesse diminuiacutedo seria necessaacuterio cotejar a diminuiccedilatildeo do tempo
de corte contra o aumento de tempo de maacutequina parada para troca de ferramenta para afirmar que o
processo foi mais produtivo) com mesmo custo de ferramentas e menor custo de utilizaccedilatildeo da
maacutequina Haacute que se perguntar qual eacute o limite para o aumento do avanccedilo por dente Com certeza agrave
medida que se aumenta este valor para mesmo raio de ponta da ferramenta cresce o risco de quebra
da mesma A utilizaccedilatildeo de avanccedilos ainda maiores que os aqui utilizados eacute uma sugestatildeo para um
trabalho futuro
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
64
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por
dente como variaacutevel
A figura 315 mostra os resultados de potecircncia consumida versus nuacutemero de peccedilas usinadas
para os ensaios em que se teve variaccedilatildeo do avanccedilo por dente Nela percebe-se que haacute um aumento
na potecircncia consumida agrave medida que se aumenta o avanccedilo por dente Levando-se em consideraccedilatildeo a
potecircncia consumida na usinagem da 1ordf peccedila (ferramenta ainda sem desgaste) houve um aumento de
21 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 022mm para 030mm (36 de aumento
do avanccedilo) e um aumento de 9 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 030mm para
034mm (13 de aumento do avanccedilo) Isto estaacute em acordo com a literatura (Diniz Marcondes e
Coppini2008) que afirma que a Potecircncia de Corte (Pc) aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo da
avanccedilo (f) porque a Pressatildeo Especiacutefica de Corte (Ks) cai com o aumento de f Isto eacute possiacutevel
porque a contribuiccedilatildeo dada pelo fluxo lateral de cavaco (parte do volume de material deformado da
peccedila natildeo se transforma em cavaco mas sim escorrega entre a peccedila e a superfiacutecie de folga da
ferramenta) fica percentualmente menos importante quando se aumenta o avanccedilo
Outro ponto importante a ser destacado nesta figura eacute que a contribuiccedilatildeo do desgaste para o
crescimento da potecircncia consumida eacute significativa Quando se utilizou fz = 030 mm o crescimento
da potecircncia entre a 1ordf peccedila usinada e a 40ordf peccedila foi de 76 enquanto quando se usou fz = 022 mm
este crescimento foi de 20 (maior crescimento percentual dentre as 3 curvas) Esta diferenccedila de
0
01
02
03
04
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Avanccedilo por dente
Vc 110mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 030 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 034 (6 INSERTOS)
65
variaccedilatildeo percentual da potecircncia consumida entre a 1ordf e a 40ordf peccedila deve-se provavelmente ao da
potecircncia ao longo da vida da ferramenta natildeo eacute tatildeo intenso
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de
avanccedilo como variaacutevel
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste
Os insertos utilizados nos experimentos foram submetidos agrave anaacutelise por um microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (MEV) com sistema de energia dispersiva (EDS) Este procedimento
objetivou a anaacutelise do mecanismo de desgaste das arestas de corte
Foram analisadas as arestas dos insertos de metal duro em fim de vida utilizados nos
ensaios em que se variou a velocidade de corte e a quantidade de insertos Os insertos com a
variaccedilatildeo do avanccedilo por dente foram submetidos ao MEV e ao EDS a cada 10 peccedilas mandriladas ateacute
completar o fim de vida Com relaccedilatildeo aos ensaios com ferramenta de ceracircmica somente as arestas
utilizadas no experimento com trecircs insertos puderam ser analisadas porque no experimento
utilizando seis insertos de ceracircmicas os mesmos quebraram no momento do experimento
impossibilitando a anaacutelise
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso
Vc 110mmin fz 022mm
Vc 110mmin fz 030mm
Vc 110mmin fz 034mm
66
Os insertos usados nos experimentos foram limpos por ataque da soluccedilatildeo de 10 gramas de
ferrocianeto de potaacutessio [ K4 [ Fe(CN)6]] 10 gramas de hidroacutexido de potaacutessio (KHO) e 100
mililitro de aacutegua destilada imerso de 4 agrave 6 antes de serem colocados no microscoacutepio
A figura 316 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
Nesta figura natildeo se vecirc riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte que se ocorressem indicariam
desgaste de origem abrasiva Fez-se anaacutelise de EDS nos 3 pontos mostrados na figura e o resultado
destas anaacutelises estatildeo mostrados na figura 317 O ponto 2 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
predominacircncia de titacircnio e alumiacutenio pois ali a cobertura da ferramenta estaacute intacta (a cobertura eacute de
TiAlN) Nos pontos 1 e 3 que estatildeo mais proacuteximos da aresta de corte encontra-se uma alta
quantidade de ferro e manganecircs mostrando que houve adesatildeo de material da peccedila na regiatildeo
desgastada da superfiacutecie de folga
67
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 318 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 140 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Os pontos 1 2
e 3 mostrados na figura estatildeo fora da regiatildeo desgastada e a anaacutelise EDS neles (figura 319) indicou a
presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta como era de se esperar O ponto 3 aleacutem da
presenccedila de elementos da ferramenta mostrou tambeacutem a presenccedila de elementos do fluido de corte
68
como foacutesforo e pequena quantidade de material da peccedila provavelmente devido ao contato com o
material do cavaco retirado da peccedila
Figura 318 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
No ponto 4 verifica-se a presenccedila de elementos como ferro manganecircs e siliacutecio que satildeo
materiais presentes exclusivamente na peccedila usinada e no cavaco mostrando de novo que houve
adesatildeo de material da peccedilacavaco na regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga
69
Figura 319 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 320 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Nesta figura
pode-se tambeacutem ver que o desgaste e a velocidade de ocorrecircncia do desgaste foram tais que a
ferramenta chegou a lascar
70
Figura 320 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
A figura 321 mostra os resultados da anaacutelise EDS O ponto 4 que estaacute fora da regiatildeo
desgastada (ver figura 320) mostra somente a presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta Os
pontos 2 e 3 mostram a forte presenccedila de material da peccedilacavaco aderidos agrave superfiacutecie desgastada
O ponto 1 que estaacute na vizinhanccedila da regiatildeo lascada mostra principalmente a presenccedila de elementos
do substrato da ferramenta como tungstecircnio e cobalto mostrando que ali toda a camada de
cobertura jaacute havia sido removida
71
Figura 321 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
Depois da anaacutelise do desgaste destas 3 ferramentas pode-se concluir que ele ocorreu
principalmente devido ao mecanismo de adesatildeo e arranque de partiacuteculas da ferramenta (attrition) A
pressatildeo de corte foi tal que permitiu que durante a formaccedilatildeo do cavaco parte do material da
peccedilacavaco extrudasse entre ferramenta e peccedila (talvez auxiliado por algum desgaste inicial gerado
por um outro mecanismo) e aderisse agrave superfiacutecie de folga da ferramenta Esta camada aderida era
arrancada pelo atrito entre ferramenta e peccedila levando consigo partiacuteculas da cobertura e do substrato
da ferramenta Ao arrastar partiacuteculas da ferramenta o desgaste era mais ainda incentivado jaacute que
72
estas partiacuteculas bastante duras atritavam com a proacutepria ferramenta Pode-se concluir que o
mecanismo principal de desgaste foi este devido agrave presenccedila de camada do material da peccedilacavaco
aderida em todas as regiotildees desgastadas como tambeacutem pela regiatildeo do substrato exposta na figura
320 Conseguiu-se tirar uma foto da ferramenta no momento que naquela regiatildeo (ponto 1 da figura
320) a camada aderida havia sido removida e ainda natildeo tinha sido substituiacuteda por outra camada
deixando o substrato exposto Eacute loacutegico que na continuidade deste processo de desgaste
principalmente quando a taxa desgaste eacute alta devido agrave alta velocidade de corte (como ocorreu
quando se utilizou vc = 155 mmin) o risco de lascamento da ferramenta (remoccedilatildeo de macro-
partiacuteculas e natildeo de micro-partiacuteculas) eacute alto como se viu na ponta da ferramenta mostrada na figura
320
A figura 322 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 3 insertos
e ferramenta de ceracircmica
Figura 322 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica) em fim de vida da ferramenta
Haacute quatro pontos indicados conforme demonstrado na figura 322 Nos pontos 1 2 e 3
verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de siliacutecio (figura 323) que existe tanto na peccedila quanto no
inserto Poreacutem como o ponto 3 natildeo tem contato com a peccedila haacute grande probabilidade que o siliacutecio
73
encontrado seja somente do inserto Foi encontrado tambeacutem tacircntalo presente somente ao material
do inserto conforme demonstrado na figura 323 No ponto 4 que se refere exatamente agrave fronteira da
regiatildeo de desgaste (fronteira entre a aacuterea de contato com a peccedila e a aacuterea sem contato) verifica-se a
presenccedila de material como siliacutecio alumiacutenio e cobalto referente ao inserto mas tambeacutem zinco e
zircocircnio que satildeo materiais do oacuteleo refrigerante utilizado no experimento Isto significa que o fluido
de corte chegava bem proacuteximo agrave interface peccedila-ferramenta mas natildeo penetrava nela Assim o fluido
tinha uma accedilatildeo refrigerante bastante eficiente jaacute que atingia regiotildees proacuteximas agrave fonte geradora de
calor mas natildeo tinha accedilatildeo lubrificante pois natildeo penetrava nas interfaces para poder ter accedilatildeo de
reduccedilatildeo do coeficiente de atrito
Figura 323 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de
corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
74
Uma anaacutelise visual da figura 322 mostra uma superfiacutecie lisa e a figura 323 mostra a presenccedila
em pequena quantidade de elementos da peccedila Estes pontos satildeo indicaccedilotildees de que o desgaste
difusivo estiver presente Poreacutem a aparecircncia facetada da regiatildeo de desgaste tambeacutem indica que
houve quebra de partiacuteculas macroscoacutepicas da ferramenta talvez causada pela tensatildeo teacutermica gerada
pela alta refrigeraccedilatildeo realizada pelo fluido de corte
Numa tentativa de se entender o processo de desgaste da ferramenta de metal duro desde o
iniacutecio de sua vida fez-se anaacutelise da superfiacutecie desgastada de uma das ferramentas em vaacuterios
momentos de sua vida A figura 324 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie
de folga de uma das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030
mm 6 insertos e ferramenta de metal duro apoacutes 10 peccedilas usinadas
Figura 324 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 10 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 324 estaacute mostrada na figura 325
Nos pontos 1 e 2 verifica-se a presenccedila de elementos da cobertura (titacircnio e alumiacutenio) como
75
tambeacutem elementos do substrato da ferramenta (W) No ponto 3 que eacute um ponto fora da regiatildeo
desgastada encontra-se alta concentraccedilatildeo de alumiacutenio e titacircnio presentes na cobertura do inserto No
ponto 4 encontra-se ainda bastante material da cobertura da ferramenta Al e Ti Vecirc-se que apoacutes 10
peccedilas usinadas ainda natildeo se iniciou o processo de adesatildeo da material da peccedilacavaco na superfiacutecie
de folga da ferramenta (natildeo se verifica a presenccedila marcante de Fe na regiatildeo de desgaste) adesatildeo
esta bastante presente na ferramenta apoacutes 40 peccedilas usinadas Tambeacutem mesmo na regiatildeo desgastada
ainda se verifica bastante a presenccedila de material da cobertura o que demonstra que o desgaste natildeo
era profundo a ponto de remover esta camada de material
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 325 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas
76
A figura 326 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 20 peccedilas usinadas
Figura 326 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 20 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 326 estaacute mostrada na figura 327 No
ponto 1 verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de tungstecircnio referente ao substrato do inserto e
uma pequena concentraccedilatildeo de Fe da peccedila Conclui-se entatildeo que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada a
cobertura jaacute havia sido removida e o processo de adesatildeo de material da peccedilacavaco dava sinais de
sua presenccedila No ponto 2 a presenccedila do Fe proveniente da peccedilacavaco eacute bastante intensa
mostrando que o processo de adesatildeo jaacute havia realmente se iniciado O ponto 3 eacute fora da regiatildeo
desgastada e portanto somente possui elementos da cobertura da ferramenta como alumiacutenio e
titacircnio Algum teor de W aparece porque a anaacutelise EDS eacute capaz de detectar elementos que estaacute a
alguma distacircncia da superfiacutecie analisada Assim o W que estaacute a alguns microns de distacircncia eacute
mostrado na anaacutelise No ponto 4 encontra-se somente alumiacutenio e titacircnio da cobertura mostrando
que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada o processo de adesatildeo ainda natildeo havia se iniciado
77
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 327 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 20 peccedilas usinadas
A figura 328 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 30 peccedilas usinadas
78
Figura 328 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 30 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 328 estaacute mostrada na figura 329
Similarmente ao que ocorreu com a ferramenta apoacutes 20 peccedilas usinadas agora com 30 peccedilas
usinadas a regiatildeo desgastada mostra ponto coberto por material da peccedilacavaco (ponto 1) ponto em
que a cobertura havia sido removida e o substrato estaacute exposto (ponto 2) e ponto em que a cobertura
ainda estava intacta (ponto 4) Logicamente o ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
somente elementos da cobertura e pouco concentraccedilatildeo de elementos do substrato da ferramenta
79
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 329 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 30 peccedilas
A figura 330 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 40 peccedilas usinadas (fim do ensaio)
80
Figura 330 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 40 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 330 estaacute mostrada na figura 331
Nos pontos 1 e 2 constata-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de ferro presente na peccedilacavaco
indicando que o processo de adesatildeo na ferramenta jaacute era bastante acentuado Mesmo assim ainda
havia uma parte da porccedilatildeo desgastada em que o desgaste natildeo havia se aprofundado na ferramenta e
assim a cobertura ainda estava presente (ponto 4 que tem forte concentraccedilatildeo de Ti e Al da
cobertura) No ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada apresenta logicamente somente
elementos da cobertura
81
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 331 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 40 peccedilas usinadas
Apoacutes a anaacutelise destas figuras pode-se tentar definir quais foram os mecanismos de desgaste da
ferramenta ao longo de sua vida Com 10 peccedilas usinadas a adesatildeo ainda natildeo estaacute presente Algum
outro mecanismo de desgaste (provavelmente a difusatildeo dada a aparecircncia lisa da regiatildeo desgastada
tiacutepica do desgaste difusivo sem a presenccedila de riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte tiacutepicos da abrasatildeo)
foi o responsaacutevel pela remoccedilatildeo da camada de cobertura (jaacute se vecirc pontos com o substrato exposto na
figura 331) que gerava o aumento do coeficiente de atrito e propiciava a adesatildeo do material da
peccedilacavaco A presenccedila de algum desgaste tambeacutem facilitou a extrusatildeo deste material entre peccedila e
ferramenta para que a adesatildeo fosse possiacutevel A partir disto a adesatildeo comeccedilou a crescer
82
gradualmente Com 20 peccedilas usinadas jaacute se tinha mais presenccedila de Fe oriundo da peccedila na ferramenta
e tambeacutem porccedilotildees com o substrato exposto (W mostrado na anaacutelise EDS) e a partir da peccedila 30 a
adesatildeo estava bastante presente tornando-se o principal mecanismo de desgaste que conduziu a
ferramenta a valores alto de desgaste
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido
A figura 332 mostra a vida da ferramenta para cada experimento realizado no qual fica
caracterizado que menores velocidades de corte e material de metal duro satildeo os mais indicados para
o processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco do motor fabricado em ferro
fundido vermicular Vecirc-se nesta figura que o uso de inserto com material de ceracircmica agrave base de
nitreto de siliacutecio natildeo se mostrou adequado para este tipo de operaccedilatildeo Vecirc-se tambeacutem que os avanccedilos
por dente utilizados no experimento mantiveram a mesma vida de ferramenta
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos
Para se ter uma ideacuteia de qual foram as melhores condiccedilotildees de usinagem dentre as que foram
testadas neste trabalho e consequumlentemente escolher o conjunto de condiccedilotildees a serem utilizadas no
0
10
20
30
40
50
Vc 110mmin
Fz022mmmin
Vc 110mmin
Fz030mmmin
Vc 110mmin
Fz034mmmin
Vc 140mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 3 insertos MD 3 insertos
Ceracircmica
6 insertos
Ceracircmica
40 40 40
30
23
12
4
Quebra
Nuacute
mer
o d
e p
eccedila
s
Vida da ferramenta de metal duro e ceracircmica no processo de mandrilamento em desbaste do Ferro Fundido Vermicular
83
meio produtivo construiu-se a figura 333 Na construccedilatildeo desta figura os experimentos em que se
utilizou ferramentas ceracircmicas natildeo foram levados em consideraccedilatildeo jaacute que o desempenho destas
ferramentas natildeo foi razoaacutevel Os ensaios em que se utilizou avanccedilo por dente de 022 mm e se
variou a velocidade de corte se a maacutequina utilizada nesta operaccedilatildeo natildeo for gargalo (isto eacute o tempo
da operaccedilatildeo natildeo eacute importante) a condiccedilatildeo a ser utilizada eacute aquela com velocidade de corte de
110mmin jaacute que ela propicia economia de ferramenta Se a maacutequina for gargalo haacute que se calcular
a velocidade de maacutexima produccedilatildeo (vcmxp) para este avanccedilo a fim de se escolher a velocidade a ser
utilizada Diniz et al (2008) definem vcmxp de acordo com a equaccedilatildeo 32
x
ft
cmxptx
Kv
1
))1(
(
(32)
Onde K e x satildeo os expoentes da equaccedilatildeo de vida da ferramenta de Taylor (Tvcx=K) tft eacute o
tempo de troca da ferramenta e T eacute a vida da ferramenta em minutos
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido
Utilizando-se os dados de vida de ferramenta obtidos nos ensaios com as 3 velocidades de
corte utilizadas neste trabalho tem-se que x e K satildeo respectivamente 26 e 79x106 Com isto
considerando-se um tempo de troca das ferramentas de 2 minutos tem-se que a velocidade de
maacutexima produccedilatildeo eacute 2895 mmin Assim em uma maacutequina gargalo utilizando-se o avanccedilo por dente
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Vc110mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 030mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 034mm
Vc140mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc155mmin 6 insertos Fz 022mm
Vo
lum
e d
e ca
vaco
(cm
3)
Tem
po
de
usi
nag
em (
min
)
Tempo de usinagem x Volume de cavaco removido Tempo de usinagem
Volume de material removido
84
de 022 mm dentre as velocidades utilizadas nos ensaios seria interessante utilizar-se a velocidade
de 155 mmin jaacute que a usinagem com este valor de vc apesar de consumir mais ferramentas
propicia menor tempo de produccedilatildeo por peccedila (jaacute que ela a maior velocidade dentre as utilizadas que
ainda eacute menor que vcmxp)
Como visto o uso de maiores avanccedilos natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta Assim
como se estaacute em operaccedilatildeo de desbaste (a rugosidade da peccedila natildeo eacute importante) eacute interessante
utilizar-se o maior avanccedilo possiacutevel Dentre os utilizados neste trabalho seria adequado se utilizar fz
= 034 mm pois com ele consegue-se um corte mais raacutepido sem ainda se ter quebra da aresta de
corte Seria importante tambeacutem se obter a velocidade de maacutexima produccedilatildeo com este avanccedilo a fim
de se saber a velocidade a ser utilizada se a maacutequina for gargalo Esta eacute uma outra sugestatildeo para um
futuro trabalho
85
4 CONCLUSOtildeES
Esta dissertaccedilatildeo teve por objetivo analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar influencias
positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor fabricado
em ferro fundido vermicular
Por meio dos resultados obtidos nas condiccedilotildees experimentadas pode-se concluir que
Quanto maior a velocidade de corte menor a vida final da ferramenta
A utilizaccedilatildeo de um maior nuacutemero de insertos na ferramenta proporcionou maior vida
tanto em termos de tempo de usinagem quanto em termos de volume de material
removido
Insertos de ceracircmica com nitreto de siliacutecio natildeo satildeo indicados para o mandrilamento em
desbaste do ferro fundido vermicular
A alteraccedilatildeo da velocidade de avanccedilo natildeo influencia na vida da ferramenta
Apoacutes definir a melhor velocidade de corte a velocidade de avanccedilo foi limitada pela
potecircncia consumida do fuso e natildeo pelo desgaste das arestas dos insertos
A melhor condiccedilatildeo de corte foi velocidade de corte de 110mmin avanccedilo por dente de
034mm e seis insertos de metal duro montados simultaneamente
O principal mecanismo de desgaste de flanco das pastilhas de metal duro foi o
ldquoattritionrdquo Poreacutem para que a adesatildeo de material da peccedilacavaco sobre a superfiacutecie de
folga pudesse acontecer foi necessaacuterio que inicialmente algum outro mecanismo
(provavelmente a difusatildeo) gerasse o desgaste da ferramenta
Sugestotildees para proacuteximos trabalhos
As informaccedilotildees descritas prevecircem possibilidades das variaccedilotildees sabendo-se que
86
o laboratoacuterio utilizado neste trabalho natildeo as permitiu
o Utilizaccedilatildeo de maiores velocidades de corte conjuntamente com maiores avanccedilos por
dente
o Utilizaccedilatildeo de outros materiais de ferramentas O CBN seria uma opccedilatildeo a ser testada
o Variaccedilatildeo das alturas das pastilhas tanto na direccedilatildeo axial quanto na direccedilatildeo radial
o Verificar se eacute possiacutevel aumentar ainda mais o nuacutemero de arestas da ferramenta para
propiciar ainda maior produccedilatildeo
87
5 REFEREcircNCIAS
BALDACIM Sandro A Desenvolvimento Processamento e Caracterizaccedilatildeo de
Compoacutesitos Ceracircmicos Si3N4 ndash SiC(w) 2000 170p Tese (Doutorado) Departamento de Pesquisas
Energeacuteticas e Nucleares Universidade Estadual de Satildeo Paulo Satildeo Paulo
BELONI AL Metodologia via redes neurais para estimativa da rugosidade e do
desgaste de ferramentas de corte no processo de fresamento frontal 2001 194p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Uberlacircndia Minas
Gerais
BRAUN Silvana Appel LG Schmal M A poluiccedilatildeo gerada por maacutequinas de combustatildeo
interna movidas a diesel - a questatildeo dos particulados Estrateacutegias atuais para a reduccedilatildeo e
controle das emissotildees e tendecircncias futuras Quiacutemica Nova Vol 27 No 3 472-482 2003
CHIAVERINI Vicente Accedilos e Ferros Fundidos Caracteriacutesticas Gerais Tratamento
Teacutermico Principais Tipos 7deg Ediccedilatildeo ampliada e revisada Associaccedilatildeo Brasileira de Metalurgia e
Materiais 2005
CONSALTER L GUEDES L PUREY J - Usinabilidade de ferros fundidos FMP Guia
de Equipamentos e Insumos 1987
DAWSON S Compacted Graphite Iron Mechanical and Physical Properties for Engine
Design SinterCast - Technical Publication 1999
DAWSON S HOLLINGER I ROBBINS H DAETH J REUTER U SCHULZ H
The effect of metallurgical variables on the machinability of compacted graphite iron SAE
World Congress 2001
DAWSON S Process Control for the Production of Compacted Graphite Iron AFS
Casting Congress 2002
88
DAWSON S SCHROEDER T Practical Applications for Compacted Graphite Iron AFS
Transactions 2004
DAWSON S Compacted Graphite Iron ndash A New Material for Highly Stressed Cylinder
Blocks and Cylinder Heads Internationales Wiener Motorensymposium 2007
DINIZ AE MARCONDES FC COPPININL Tecnologia da Usinagem dos
Materiais 6deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Artiliber Editora 2008 262p
DOREacute C BOEHS L GUESSER L W Avaliaccedilatildeo da Usinabilidade do Ferro Fundido
Vermicular com Diferentes Microestruturas 8th Congresso Iberoamericano de Engenharia
Mecacircnica 2007
FERRARESI Dino Fundamentos da Usinagem dos Metais vol 1 Satildeo Paulo
Editora Edgard Bluumlcher LTDA 1970 754p
FERRER Jorge A G Uma Contribuiccedilatildeo ao Fresamento Frontal de Superfiacutecies
Irregulares de Ferro Fundido Cinzento 2006 228p Tese (Doutorado) Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
FERRER Jorge A G DINIZ A E Otimizaccedilatildeo do fresamento frontal de diversas superfiacutecies
de ferro fundido cinzento Anais do III Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricaccedilatildeo -
COBEF Vol 1 pp1 ndash1 Joinville Santa Catarina 2005
GABALDO Sander Uma Contribuiccedilatildeo a Melhoria do Processo de Fresamento de Ferro
Fundido Vermicular ndash CGI 2009 136p Tese (Mestrado) Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
89
GODINHO AF Anaacutelise do Mandrilamento de cilindros de bloco de motores em Ferro
Fundido Vermicular com diferentes concepccedilotildees de ferramentas 2007 128p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
GUEDES Luiz F M FENGPUCRS Processo de usinagem e conformaccedilatildeo 2006
KASSACK J REUTER U AUDI CGI Production Planning In 5th COMPACTED
GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat Darmstadt 2002
KOPPKA Frank ABELE Eberhard Economical processing of compacted graphite iron 6th
COMPACTED GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat
Darmstadt 2003
GUESSER L W SCHROEDER T DAWSON S Production experience with compacted
graphite iron automotive components AFS Transactions 01-071 2001
MACHADO AR ABRAtildeO A M COELHO R T DA SILVA MB Teoria da
Usinagem dos Materiais 1 ed Satildeo Paulo Editora Blucher 2009 384 p
MAKINO Disponiacutevel em ltcompetitiveproductioncom features default aspx articlegt
Acesso em Janeiro de 2011
MAPAL do BRASIL Disponiacutevel em ltMapalcomenproductscatalogues-and-brochuresgt
Acesso em Dezembro de 2010
MARWANGA R O VOIGT R C COHEN P H Influence of Graphite Morphology and
Matrix Structure on Chip Formation During Machining of Gray Irons AFS Transactions
American Foundrysmen Society 1999
90
MOCELLIN Fabiano Desenvolvimento de Tecnologia para Brunimento de Cilindros de
Blocos de Motores em Ferro Fundido Vermicular Tese 2007 264p Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
MOCELLIN Fabiano BOHES Prof Lourival Study of the Machinability of Compacted
Graphite Iron for Drilling Process Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science and
engineering 2004
MOURA Bruna S Transesterificaccedilatildeo Alcalina de Oacuteleos Vegetais para Produccedilatildeo de
Biodiesel Avaliaccedilatildeo Teacutecnica e Econocircmica Dissertaccedilatildeo 2010 166p Departamento de Engenharia
Quiacutemica Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
NICOLELLA Gilberto Marques JF Skorupa L A Sistema de Gestatildeo Ambiental aspectos
teoacutericos e anaacutelise de um conjunto de empresas ISSN 1516-4691 Documento 39 Embrapa Meio
Ambiente 43p Jaguariuacutena SP 2004
REUTER U SCHULZ H Compact and bijou The problems associated with compacted
graphite iron manufacturing can be overcome Engine Technology International 1999
REUTER U SAHM A SCHULZ H CGI production on transfer lines and machining
centers Compacted Graphite Iron Machining Workshop 2000
SAHM A ABELE E SCHULZ H State of the art in CGI machining 5th Compacted
Graphite Iron Machining Workshop 2002
SINTERCAST Compacted Graphite Iron Technical Publication What is CGI Disponiacutevel
emlthttpwwwsintercastcomTecnologygt Acesso em marccedilo de 2010
STEMMER C E Ferramentas de corte I 3 ed Florianoacutepolis Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina 1993 249 p
91
SOUTO Ulisses B Monitoramento do desgaste de ferramenta no processo de
fresamento via emissatildeo acuacutestica Tese 2007 Pag19 Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Federal de Uberlacircndia
TRENT E WRIGHT P Metal Cutting 4ordf ed Woburn Editora Butterworth-Heinemann
2000 446p
VASILASH Gary S Automotive Design amp Production Gardner Publication 2006
WALTER AG Cataacutelogo Geral Cataacutelogo Satildeo Paulo 2007
XAVIER Fabio A Aspectos Tecnoloacutegicos do Torneamento do Ferro Fundido
Vermicular com Ferramentas de Metal Duro Ceracircmica e CBN 2003 146p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
XAVIER Fabio A Estudo dos mecanismos de desgaste em ferramentas de nitreto de
siliacutecio aplicadas no torneamento dos ferros fundidos vermicular e cinzento 2009 267p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
YUSSEFIAN NZ MOETAKEF-IMANI B The prediction of cutting force for boring
process International Journal of Machine Tools amp Manufacture 2008
viii
Abstract
DALO Marco Aurelio Performance of the cutting tools in the boring machining process vermicular
cast iron - CGI (Compacted Graphite Iron) Campinas Mechanical Engineering Faculty State
University of Campinas 2009 Thesis (Msc)
Today there is a trend in the market for diesel vehicles manufactured in compacted graphite
iron due to better combustion efficiency of the engine and greater resistance to compression
allowing thinner walls of galleries with a result in reducing the weight of the block when compared
to the usual block made of the gray cast iron Thus it would be possible to meet new market
demands and the environment
However the difficult machinability of this material requires the survey of the machining
conditions and development of the tools that can improve productivity of machining processes of the
blocks The rough boring in the bearings of the engine block is one of the machining operations of
the poorest development among those used in the production of compacted graphite iron block
The variation of the tool material and cutting conditions used in the machining process
variables were tested in this work to get the best performance of the process of boring the block The
results show that ceramic tools have suffered excessive front wear of the cutting edge diffusion and
carbide tools had a better outcome in comparison with the ceramic With respect to cutting
conditions results from the use of lower cutting speeds showed a lower front wear of the cutting
edges The power consumption of the spindle was limited for maximum feed per tooth used in the
experiments
Key words Compacted graphite iron CGI boring machinability
ix
Lista de Figuras
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido Vermicular
(SAHM et al 2002) 2
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010) 5
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002) 13
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000 apud
ROSA 2009) 15
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999) 16
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999) 17
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico 22
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico 22
Figura 19 ndash Mandrilamento radial 23
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970) 23
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010) 24
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos 25
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento 26
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
(YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE 39
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise metalograacutefica
(norma MANN M33402004) 40
Figura 23 ndash Micrografia mostrando a morfologia da grafita 41
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrutura da matriz matriz perliacutetica 41
x
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte 42
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm 42
Figura 27 ndash Inserto de metal duro 43
Figura 28 ndash Inserto de ceracircmica WTXQ090608 0906 MN KS6000 43
Figura 29 ndash Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios 43
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos 44
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado 44
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB 46
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina 46
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER 47
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos insertos 47
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento 48
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura do CGI 51
Figura 32 ndash Face rugosa do cavaco do CGI 51
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte 52
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado 53
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos 53
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte 54
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm 55
Figura 38 - Aresta do inserto de metal duro desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm 55
Figura 39 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica 56
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes 57
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6 insertos57
xi
Figura 312 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes 58
Figura 313 - Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos 59
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por dente
como variaacutevel 60
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de avanccedilo
como variaacutevel 61
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 62
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de
corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 63
Figura 318 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 64
Figura 319 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 64
Figura 320 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 65
Figura 321 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 66
Figura 322 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica)
em fim de vida da ferramenta 67
Figura 323 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 68
Figura 324 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 10 peccedilas usinadas 69
Figura 325 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas 70
Figura 326 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 20 peccedilas usinadas 71
Figura 327 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 20 peccedilas usinadas 72
xii
Figura 328 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 30 peccedilas usinadas 73
Figura 329 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 30 peccedilas usinadas 74
Figura 330 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 40 peccedilas usinadas 75
Figura 331 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 40 peccedilas usinadas 76
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos 77
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido 78
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010) 8
Tabela 12 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular perliacutetico
(SINTERCAST 2001 apud ROSA 2009) 8
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em temperatura
ambiente (CHIAVERINI 2005) 9
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) 11
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI 2005) 19
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970) 32
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro 38
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor 42
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN) 43
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento 45
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 47
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 48
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes 52
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes 53
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes 53
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes 53
xiv
Lista de abreviaturas e nomenclaturas
Fe - Ferro
C - Carbono
Si - Siliacutecio
P - Foacutesforo
Ti - Titacircnio
Mg - Magneacutesio
Mn - Manganecircs
Ni - Niacutequel
Nb - Nioacutebio
Cs - Ceacutesio
Cu - Cobre
Sn - Estanho
S - Enxofre
Co - Cobalto
W - Tungstecircnio
Ce - Ceacuterio
Ca - Caacutelcio
VB MAX - Desgaste de flanco maacuteximo
VB - Desgaste de flanco
vc - Velocidade de corte
Vf - Velocidade de avanccedilo
f - Avanccedilo
ap - Profundidade de corte
Ks - Pressatildeo especiacutefica de corte
Pc - Potecircncia de corte
degC - Grau Celsius
CE - Carbono Equivalente
xv
CGI - Compacted Graphite Iron
MPa - Mega Pascoal
GPa - Giga Pascoal
HB - Hardness Brinell
ISO - International Organization for Standardization
SAE - Society of Automotive Engineers
GJV - Gusseisen mit Vermiculargrafit
ASTM - American Society for Testing Materials
VDG - Verein Deutsche Gieszligereifachleute
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
APC - Aresta Posticcedila de Corte
CBN - Cubic Boron Nitride
PCBN - Polycrystalline Cubic Boron Nitride
CVD - Chemical Vapour Deposition
PVD - Physical Vapour Deposition
EDS - Energy Dispersive x-ray Spectrometer
MEV - Microscoacutepio Eletrocircnico de Varredura
KHO - Hidroacutexido de Potaacutecio
[K4[Fe(CN)6]]- Ferrocianeto de Potaacutecio
xvi
SUMAacuteRIO
Dedicatoacuteria iv
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xiii
SUMAacuteRIO xvi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Motor Diesel 3
12 Propriedades e vantagens do motor diesel 4
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular 4
14 Propriedades do ferro fundido 8
15 Processo de Fabricaccedilatildeo 11
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo 12
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular 13
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade 14
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade 17
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade 18
111 Processo de Mandrilamento 20
112 Tipos de Mandrilamento 21
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17) 21
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18) 22
xvii
1123 Mandrilamento Radial (figura 19) 22
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110) 23
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular 24
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro 24
1132 Mandrilamento com insertos rotativos 25
1133 Freso-mandrilamento 25
1134 Mandrilamento com insertos de PCD 26
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento 26
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento 28
1151 Inserto de Metal Duro 30
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro 34
1153 Insertos de Material Ceracircmico 36
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte 38
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 41
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos 41
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos 41
23 Ferramenta de Corte (insertos) 45
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado 47
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos 48
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos 49
27 Processo de Usinagem 51
28 Procedimento experimental 51
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO 54
xviii
31 Cavaco 54
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel ) 55
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para ferramentas com 3
e 6 insertos) 58
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como variaacutevel) 62
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste 65
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido 82
4 CONCLUSOtildeES 85
5 REFEREcircNCIAS 87
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Haacute uma grande preocupaccedilatildeo da sociedade com relaccedilatildeo ao meio ambiente e com isso as
exigecircncias da Legislaccedilatildeo Ambiental com relaccedilatildeo agrave emissatildeo de poluentes estatildeo se tornando cada vez
mais severas Esta severidade obriga o desenvolvimento de novas tecnologias para reduccedilatildeo destes
poluentes em todos os segmentos automotivos (NICOLELLA et al 2004) O motor diesel tem
maior durabilidade torque e eficiecircncia em comparaccedilatildeo ao motor OTTO mas em contrapartida
emite elevados niacuteveis de materiais particulados e de compostos responsaacuteveis pelo odor caracteriacutestico
da emissatildeo do diesel ao ambiente (BRAUN et al 2003) Devido agraves vantagens relacionadas ao motor
diesel percebeu-se a necessidade de desenvolver soluccedilotildees para reduzir as desvantagens da
aplicaccedilatildeo Um destes desenvolvimentos foi voltado agrave fabricaccedilatildeo dos blocos do motor com material
conhecido como ferro fundido vermicular que permite desenvolver um motor mais eficiente e com
melhor desempenho pois admite maiores pressotildees na cacircmara de combustatildeo devido agraves suas boas
propriedades mecacircnicas (GUESSER et al 2001) Este material tambeacutem eacute conhecido como CGI
(Compacted Graphite Iron) e estaacute se posicionando no mercado com grande potencial para substituir
o Ferro Fundido Cinzento ateacute entatildeo usado pelas empresas Devido agrave maior resistecircncia mecacircnica do
material vermicular eacute possiacutevel obter paredes mais finas nas galerias de um bloco do motor tendo
como consequumlecircncia a reduccedilatildeo do peso do motor e o aumento na potecircncia O meio ambiente eacute
favorecido devido a necessidade de uma menor quantidade de mineacuterio de ferro reduccedilatildeo de energia
para fabricaccedilatildeo do material e reduccedilatildeo da energia para movimentaccedilatildeo do veiacuteculo devido ao peso
A empresa que deteacutem a tecnologia para uso do material vermicular pode ter vantagens sobre
seus concorrentes jaacute que o atual mercado eacute muito competitivo e concorrido Com as vantagens na
utilizaccedilatildeo do material CGI e as muitas liccedilotildees aprendidas na sua fundiccedilatildeo e na sua usinagem em um
futuro natildeo muito longiacutenquo outras peccedilas poderatildeo ser confeccionadas utilizando este mesmo
material para aumentar as exigecircncias em qualquer outro segmento
O bloco eacute a maior e mais importante peccedila de um motor na qual quase todos os componentes
satildeo acoplados Para fabricaccedilatildeo do bloco do motor em ferro fundido vermicular satildeo necessaacuterios
alguns processos de usinagem dentre eles o mandrilamento Poreacutem a ferramenta de corte neste
processo pode atingir apenas 5 da vida alcanccedilada quando se usina ferro fundido cinzento
(XAVIER 2003) como mostra a figura 11
2
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido
Vermicular (SAHM et al 2002)
O mandrilamento do mancal do bloco do motor tambeacutem eacute um aspecto negativo para usinagem
devido agrave deflexatildeo estaacutetica da ferramenta e vibraccedilotildees geradas pelas finas paredes Haacute tambeacutem outros
fatores que influenciam negativamente como a fixaccedilatildeo da peccedila a rigidez da maacutequina-ferramenta o
fluiacutedo de corte e a quantidade de material a ser removido (sobre-metal) A variaccedilatildeo destes fatores
tambeacutem influencia o desempenho da ferramenta (GODINHO 2007)
Com o desenvolvimento de novos conceitos de ferramentas para mandrilamento e de
estrateacutegias de usinagem a operaccedilatildeo de mandrilamento em blocos de motores produzidos em ferro
fundido vermicular tornou-se mais econocircmica e tecnicamente viaacutevel Entretanto o tempo de ciclo
quando comparado com o ferro fundido cinzento ainda eacute significativamente maior assim como as
toleracircncias geomeacutetricas do diacircmetro mandrilado em acabamento (SAHM et al2002)
Devido ao baixo desempenho das ferramentas de corte no processo de mandrilamento em
ferro fundido vermicular cabe uma atenccedilatildeo especial no seu desenvolvimento tecnoloacutegico tanto no
processo de fabricaccedilatildeo quanto no processo de utilizaccedilatildeo da ferramenta de corte
Com estudos para o melhor desempenho da ferramenta eacute possiacutevel reduzir estoques paradas
de maacutequinas e o risco de falha de ferramentas (BELONI 2001) Assim reduz a possibilidade de
retrabalho rejeiccedilatildeo da peccedila e o descarte da ferramenta possibilitando o trabalho de Manufatura
Enxuta
3
Sendo assim o objetivo deste trabalho eacute analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar
influencias positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor
fabricado em ferro fundido vermicular Com tantos aspectos negativos conduzir-se-aacute um estudo de
avaliaccedilatildeo de desempenho da ferramenta alternando paracircmetros de corte (velocidade de corte e
avanccedilo por dente) potecircncia consumida do fuso da maacutequina para cada paracircmetro material do inserto
utilizado e a influecircncia do desgaste VB MAX
Este trabalho foi preparado conforme partes descritas abaixo
CAPIacuteTULO 1
- Este capiacutetulo descreve sobre a histoacuteria do motor diesel suas propriedades e vantagens
Caracteriacutesticas e propriedades do ferro fundido vermicular aleacutem do controle e fabricaccedilatildeo Descreve
tambeacutem sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular e o processo de mandrilamento
CAPIacuteTULO 2
- Este capiacutetulo descreve sobre o material os equipamentos e os experimentos realizados
CAPIacuteTULO 3
- Este capiacutetulo descreve os resultados obtidos nos experimentos
CAPIacuteTULO 4
- As discussotildees estatildeo descritas neste capiacutetulo
CAPIacuteTULO 5
- Este capiacutetulo informa as conclusotildees do trabalho realizado e sugestotildees para futuros
trabalhos
11 Motor Diesel
O motor a diesel foi inventado por Rudolf Christian Karl Diesel e patenteado em 23 de
fevereiro de 1897 Como natildeo foi dada muita importacircncia ao invento na eacutepoca ele disse ldquoO uso de
oacuteleos vegetais como combustiacutevel pode parecer insignificante hoje mas tais oacuteleos podem se tornar ao
longo do tempo tatildeo importantes quanto o petroacuteleo e o carvatildeo de hojerdquo ndash Rudolf Diesel 1912 Rudolf
Diesel engenheiro mecacircnico alematildeo nasceu no dia 18 de marccedilo de 1858 em Paris e morreu dia 30
de setembro de 1913 Sua invenccedilatildeo foi considerada o mais importante invento mecacircnico da histoacuteria
pela simplicidade do motor com pistotildees e reaccedilatildeo oacuteleo-oxigecircnio gerando uma enorme transformaccedilatildeo
no setor industrial em que soacute eram usados sistemas a vapor (MOURA 2010)
4
12 Propriedades e vantagens do motor diesel
Os motores diesel satildeo maacutequinas baacutesicas que geram energia para veiacuteculos utilizados
principalmente em aplicaccedilotildees que precisem de elevado torque o que inclui ocircnibus grandes
caminhotildees tratores e maacutequinas para mineraccedilatildeo e dragagem Atualmente os motores diesel vecircm
atraindo uma porccedilatildeo crescente do mercado mundial de veiacuteculos de carga leve cujos motores
fornecem baixa potecircncia Na Europa por exemplo 100 dos veiacuteculos de carga pesada e cerca de
60 dos de carga leve incluindo os utilitaacuterios e ainda 20 dos carros para transporte de
passageiros o que inclui as vans satildeo movidos a diesel (BRAUN 2003)
A popularidade do motor diesel deve-se principalmente agrave eficiecircncia do diesel como
combustiacutevel em relaccedilatildeo agrave gasolina ou mesmo com relaccedilatildeo a outros combustiacuteveis simples ou
misturados como por exemplo o metanol que chega a conferir ao motor diesel uma economia
relativa de 25 a 45 Os motores diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade Eacute comum
um motor diesel para veiacuteculos de carga pesada ter um tempo de vida superior a um milhatildeo de
quilocircmetros ou seja cerca de dez vezes mais que a durabilidade apresentada por um motor agrave
gasolina Assim as vantagens oferecidas pelos motores a diesel tais como durabilidade seguranccedila e
eficiecircncia justificam sua utilizaccedilatildeo em vaacuterios tipos de maacutequinas apesar dos problemas relacionados
com a composiccedilatildeo de sua emissatildeo e ainda com os niacuteveis de poluentes sob regulamentaccedilatildeo contida
na mesma (BRAUN 2003)
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular
Pelo diagrama de equiliacutebrio Fe-C o ferro fundido eacute uma liga cujo teor de carbono se situa
acima de aproximadamente 20 de carbono Como haacute influecircncia do siliacutecio nesta liga o ferro
fundido eacute considerado uma liga ternaacuteria Fe-C-Si porque o siliacutecio estaacute frequumlentemente presente em
teores superiores ao do proacuteprio carbono Por outro lado o carbono em quantidade superior a que eacute
retida em soluccedilatildeo soacutelida na austenita resulta carbonos parcialmente livres na forma de veios de
grafita (SINTERCAST 2010)
O ferro fundido eacute caracterizado pelo formato de suas partiacuteculas de grafite O ferro fundido
cinzento eacute caracterizado por veios de grafite orientados aleatoriamente enquanto que o grafite no
ferro fundido nodular eacute caracterizado por suas esferas individuais de grafite As partiacuteculas de grafite
5
em CGI satildeo orientadas aleatoriamente e alongadas como em ferro fundido cinzento mas satildeo mais
curtas mais grossas e tecircm bordas arredondadas em forma de ldquovermerdquo daiacute o nome vermicular As
partiacuteculas de grafite do ferro fundido vermicular satildeo entrelaccediladas entre si gerando uma forte adesatildeo
(Figura 12) Aleacutem desta forma de grafite dificultar a inicializaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas as
propriedades mecacircnicas e condutividade teacutermica satildeo melhoradas
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010)
A forma da grafita no ferro fundido vermicular confere propriedades superiores quando
comparadas com as do ferro fundido cinzento resistecircncia mecacircnica tenacidade e resistecircncia a
choques teacutermicos e condutividade teacutermica A sua micro-estrutura resulta em uma adesatildeo mais forte
entre a grafita e a matriz de ferro inibindo assim a iniciaccedilatildeo e o crescimento de trincas e garantindo
com isso propriedades mecacircnicas superiores (DOREacute et al2007) Aleacutem disso observa-se que a
superfiacutecie da grafita vermicular apresenta imperfeiccedilotildees as quais aliadas agrave morfologia complexa
(tambeacutem conhecida como ldquocoralrdquo) resultam em adesatildeo ainda mais forte com a matriz de ferro
(GABALDO 2009)
A formaccedilatildeo do ferro fundido de grafita compactada (vermicular) exige adiccedilotildees de elementos
especiais como terras raras com um elemento adicional como o titacircnio que reduz a formaccedilatildeo de
grafitas esferoidal O ferro fundido vermicular pode ser considerado um material intermediaacuterio entre
o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento
com melhor resistecircncia mecacircnica e alguma ductilidade Possui maior capacidade de amortecimento
e possui tambeacutem condutividade teacutermica mais elevada que o ferro fundido nodular
6
A faixa de carbono e siliacutecio neste tipo de material eacute ampla podendo variar de 30 agrave 38 de
carbono e 10 agrave 35 de siliacutecio Eacute importante tambeacutem a escolha correta da porcentagem do carbono
equivalente (CE) em funccedilatildeo da espessura da seccedilatildeo para evitar flutuaccedilatildeo se tiver elevado CE e
tendecircncia ao coquilhamento quando baixo for o CE O carbono equivalente (CE) considera os
efeitos do siliacutecio(Si) e do foacutesforo(P) podendo usar uma equaccedilatildeo conforme demonstrada abaixo
CE = C + Si + P (CHIAVERINI 2005)
3 3
O teor de manganecircs pode variar proacuteximo de 01 se desejarmos uma estrutura perliacutetica e
variar perto de 06 se desejarmos uma estrutura ferriacutetica O foacutesforo eacute mantido abaixo de 006 de
modo a ter a maacutexima ductilidade O enxofre deve ser inferior 0025 Para produzir a grafita
compactada deve-se adicionar um ou mais dos elementos magneacutesio terras raras (ceacuterio lantacircnio
praseodiacutemio etc) caacutelcio titacircnio e alumiacutenio A quantidade de magneacutesio deve ser tal a resultar um
teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm na presenccedila de 015 a 050 de titacircnio e 10 a 150
ppm de terras raras como o ceacuterio O ferro fundido vermicular tem substituiacutedo com vantagens o
nodular em aplicaccedilotildees em que este uacuteltimo natildeo pode ser empregado devido a sua condutibilidade
teacutermica mais baixa e a sua tendecircncia de empenar (CHIAVERINI 2005)
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
DAWSON (2002) satildeo
- Reduccedilatildeo nas tensotildees residuais devido agrave maior condutividade teacutermica e ao moacutedulo de
elasticidade menor
- Melhor produccedilatildeo de peccedilas complexas fundidas
- Melhor transferecircncia de calor
- Melhor usinabilidade
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
CHIAVERINI (2005) satildeo
- Coeficiente mais baixo de dilataccedilatildeo teacutermica
- Maior condutibilidade teacutermica
- Maior resistecircncia ao choque teacutermico
- Maior capacidade de amortecimento
- Maior fundibilidade
7
Em consequumlecircncia esse material eacute aplicado em situaccedilotildees em que a resistecircncia do ferro fundido
cinzento eacute insuficiente mas a utilizaccedilatildeo do ferro fundido nodular eacute indesejaacutevel devido agraves
propriedades menos favoraacuteveis de fundiccedilatildeo
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
DAWSON(2002) satildeo
- Reduccedilatildeo de espessuras de parede para um mesmo carregamento
- Reduccedilatildeo do fator de seguranccedila devido agrave menor variaccedilatildeo das propriedades do fundido
- Reduccedilatildeo de fraturas fraacutegeis na manufatura montagem e serviccedilo devido agrave maior ductilidade
- Maior resistecircncia sem a necessidade de recorrer a elementos de liga
- Menor profundidade de rosca necessaacuteria portanto parafusos menores podem ser utilizados
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
CHIAVERINI(2005) satildeo
- Maior resistecircncia agrave traccedilatildeo para o mesmo carbono equivalente o que reduz o uso do
elemento de liga de custo elevado como o niacutequel cromo cobre e molibdecircnio
- Relaccedilatildeo mais alta de resistecircnciafadiga
- Maiores ductilidade e tenacidade o que resulta em margem superior de seguranccedila para
fratura
- Menor oxidaccedilatildeo e dilataccedilatildeo em temperaturas elevadas
O ferro fundido vermicular (CGI) tem uma seacuterie de caracteriacutesticas que podem tornaacute-lo uma
alternativa excelente para ferro fundido cinzento para aplicaccedilotildees em motores O material oferece
aumento de 75 na resistecircncia em comparaccedilatildeo com o ferro fundido cinzento Tem tambeacutem
caracteriacutesticas teacutermicas e de impacto intermediaacuterias entre as dos ferros fundidos cinzento e nodular
Aleacutem do mais este aumento na resistecircncia do material proporciona diminuiccedilatildeo na seccedilatildeo de parede
dos produtos produzidos por este material Vaacuterios fabricantes europeus estatildeo usando CGI para
motores tanto diesel como gasolina Embora o material CGI possua propriedades mecacircnicas e
fiacutesicas beneacuteficas a sua aplicaccedilatildeo sua usinagem ainda eacute um problema Comparado com o ferro
fundido cinzento as velocidades de corte utilizadas tem que ser menores implicando em tempo de
ciclo de ateacute trecircs vezes maior que o tradicional (VASILASH 2006)
O ferro fundido vermicular do ponto de vista quiacutemico natildeo apresenta nenhuma diferenccedila
significativa com relaccedilatildeo aos ferros fundidos cinzento e nodular Cada um conteacutem cerca de 94 de
8
ferro (Fe) 3 de carbono(C) 25 de siliacutecio (Si) e o restante eacute dividido entre elementos de liga e
residuais As diferenccedilas entre essas ligas satildeo creditadas aos tipos de morfologias das suas grafitas
que conferem propriedades fiacutesicas e mecacircnicas distintas a cada uma delas
14 Propriedades do ferro fundido
As propriedades de um ferro fundido satildeo definidas em funccedilatildeo da microestrutura e da
composiccedilatildeo quiacutemica A tabela 11 mostra algumas propriedades mecacircnicas e teacutermicas dos ferros
fundidos cinzento vermicular e nodular
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010)
PROPRIEDADES Ferro Fundido
Cinzento
Ferro Fundido
Vermicular
Ferro Fundido
Nodular
Resistecircncia agrave traccedilatildeo (MPa) 250 450 750
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 105 150 160
Alongamento () 0 15 25
Iacutendice de resistecircncia
- Flexatildeo rotativa
- Flexatildeo em trecircs pontos
- Tensatildeo de compressatildeo
035 ndash 050
055 ndash 065
020 ndash 030
045 ndash 050
060 ndash 070
025 ndash 035
045 ndash 050
065 ndash 075
065 - 075
Condutividade Teacutermica (Wm-k) 48 38 32
A microestrutura do grafite no ferro fundido vermicular eacute expressa em porcentagem de
nodularidade Isto significa que parte das partiacuteculas de grafite do ferro vermicular apresenta-se em
forma de noacutedulos como no ferro nodular O ferro fundido vermicular inclui invariavelmente
algumas partiacuteculas esferoidais de grafita nodular que quando a nodularidade aumenta aumenta
tambeacutem a rigidez diminuindo a usinabilidade e a condutividade teacutermica Aleacutem disso com o
aumento da nodularidade a resistecircncia mecacircnica do material tambeacutem eacute elevada prejudicando sua
usinabilidade (DAWSON2007) A tabela 12 mostra a influecircncia da proporccedilatildeo de noacutedulos de grafita
nas propriedades mecacircnicas e fiacutesicas do ferro fundido vermicular
9
Tabela 22 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular
perliacutetico (SINTERCAST2001apud ROSA2009)
Propriedades (25degC) Nodularidade ()
10 30 50 70 90
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo (MPa) 450 520 590 640 700
Limite de Elasticidade 02 (MPa) 370 390 410 440 490
Limite de Fadiga (MPa) 210 220 230 240 255
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 145 150 155 155 160
Alongamento () 1-2 1-3 2-4 2-5 3-6
Expansatildeo Teacutermica (μmmordmC) 110 110 110 115 120
Condutividade Teacutermica (WmordmC) 36 33 31 30 28
A tabela 13 mostra as propriedades de diversas ligas de ferro fundido vermicular em funccedilatildeo
do tipo de matriz (ferriacutetica eou perliacutetica) e em funccedilatildeo da presenccedila de elementos de liga formadores
da grafita compactada
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em
temperatura ambiente (CHIAVERINI 2005) Condiccedilatildeo estrutural Limite Resistecircncia
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Tratados com adiccedilatildeo de ceacuterio
No estado fundido
Ferrita acima de 95
336
257
67
150
FerritaPerlita
Perlita acima de 5
100 Ferrita
298
338
224
245
53
80
140
FerritaPerlita
85 Ferrita
320
242
35
164
Perlita
90 Perlita
10 Ferrita
400
550
320
430
05
15
-
-
10
Tratados com combinaccedilotildees de Magneacutesio mais Titacircnio (mais Ceacutesio)
Condiccedilatildeo estrutural Limite Resist
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Ferrita no estado fundido
0017Mg 0062Ti
0036Cs
380
272
2
179
Ferrita no estado fundido
0024Mg 0084Ti
0030Cs
338
276
25
184
Perlita no estado fundido
0026Mg 0083Ti
0074Cs
473
335
2
217
Perlita no estado fundido
70 Perlita 30 Ferrita
386
278
2
-
A resistecircncia agrave traccedilatildeo do ferro fundido vermicular diminui agrave medida que aumenta o carbono
equivalente mas a velocidade de decreacutescimo desta propriedade eacute menor do que no caso do ferro
fundido cinzento A elevaccedilatildeo do teor de siliacutecio aumenta o limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo limite de
escoamento e dureza tanto na condiccedilatildeo fundida como na recozida
Em um ferro fundido de matriz predominantemente perliacutetica a resistecircncia agrave compressatildeo eacute trecircs
vezes maior do que a resistecircncia agrave traccedilatildeo
O comportamento deste material agrave temperatura de 500degC sob o ponto de vista de dilataccedilatildeo e
formaccedilatildeo de casca de oacutexido eacute mais ou menos idecircntico aos dos ferros fundidos cinzentos de
composiccedilatildeo semelhante Contudo a resistecircncia agrave formaccedilatildeo da casca de oacutexido e agrave expansatildeo a 600degC
eacute superior agrave do ferro fundido cinzento (CHIAVERINI 2005)
No ano de 2006 a ISO criou uma abreviaccedilatildeo ldquoGJVrdquo para ferro fundido vermicular e cinco
classes foram especificadas baseadas no miacutenimo limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo incluindo
GJV300 (ferriacutetico) GJV 350 GJV 400 GJV 450 (perliacutetico) e GJV 500 (ligado)
Haacute vaacuterias organizaccedilotildees desenvolvendo e classificando o Ferro Fundido Vermicular (CGI)
conforme tabela 14
11
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) Paiacutes Norma Nuacutemero Ano
Romecircnia STAS 12443-86 1986
China JB 4403-87 1987
USA ASTM A 842-85 1997
Alemanha VDG W 50 2002
Internacional SAE J 1887 2002
Internacional ISO 161122006 2006
15 Processo de Fabricaccedilatildeo
A grafita esferoidal eacute obtida pela adiccedilatildeo na liga de ferro fundido de elementos denominados
nodulizantes que modificam a forma de crescimento da grafita Os elementos nodulizantes mais
comuns na induacutestria satildeo o magneacutesio o ceacuterio o caacutelcio e terras raras Entre estes elementos o
magneacutesio (Mg) eacute o mais utilizado Recomenda-se teores entre 004 e 005 de Mg No caso de
Ce teores entre 002 e 004 e no caso de Ca entre 001 e 002
A presenccedila de impurezas como enxofre antimocircnio chumbo teluacuterio ou bismuto apresenta
efeito deleteacuterio sobre a nodulizaccedilatildeo DAWSON(2004) cita que teores de magneacutesio (Mg) de apenas
002 seriam suficientes para promover a nodulizaccedilatildeo da grafita desde que os teores de impurezas
principalmente enxofre(S) fossem mantidos baixos O nodulizante eacute adicionado na forma pura (Mg
metaacutelico) ou na forma de ante-ligas Ni-20Mg Cu-15Mg ou Fe-Si-Mg
O ferro fundido vermicular pode ser obtido adicionando elementos nodulizantes como o magneacutesio
na liga mas em uma porcentagem insuficiente para formar ferro fundido nodular resultando em um
material intermediaacuterio ou adicionando elemento nodulizante com porcentagem suficiente para
formar o ferro fundido nodular mas ao mesmo tempo adicionando-se elementos anti-nodulizantes
como o titacircnio
O processo de formaccedilatildeo do ferro fundido vermicular adicionando elementos anti-nodulizante eacute
mais faacutecil de ser realizado porque natildeo eacute necessaacuterio um controle tatildeo rigoroso da adiccedilatildeo de magneacutesio
na liga Entretanto esta adiccedilatildeo implica no uso do titacircnio que tenderaacute a formar carbonetos e
carbonitretos duros que prejudicam bastante a vida da ferramenta de usinagem da liga Para evitar
este problema eacute necessaacuterio um meacutetodo mais criterioso no processo utilizando equipamentos
especiais que garantam composiccedilatildeo de magneacutesio na liga mais adequada (DAWSON et al 2004)
12
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo
A teacutecnica de fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular eacute criacutetica para a usinabilidade da liga A
mudanccedila na forma da grafita a partir dos noacutedulos compactados eacute devido agrave accedilatildeo do magneacutesio que eacute
um elemento nodulizante Para que a grafita compactada seja formada uma quantidade de magneacutesio
deve ser mantida entre 0008 e 0012 conforme figura 13 Como o controle da composiccedilatildeo nesta
estreita faixa eacute muito difiacutecil o titacircnio eacute usado em alguns casos como elemento anti-nodulizante A
quantidade de titacircnio estaacute entre 01 e 02 o que aumenta a possibilidade de obtenccedilatildeo do grafite
compactado para percentuais mais elevados de magneacutesio Contudo a adiccedilatildeo de titacircnio gera um
inconveniente causando atraveacutes da precipitaccedilatildeo de carboneto e carbonitreto de titacircnio que satildeo
inclusotildees riacutegidas que comprometem a usinabilidade do produto (DAWSON 1999)
Apesar da estreita faixa de controle do elemento para fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular
muitas fundiccedilotildees obtiveram bons resultados devidas a teacutecnicas desenvolvidas e muita disciplina
Estas teacutecnicas podem permitir que a maioria dos blocos esteja dentro do especificado mas o sistema
de controle garante que potenciais peccedilas que possam estar fora do especificado sejam identificadas e
corrigidas antes de serem vazadas A necessidade de controle do processo depende do volume de
produccedilatildeo complexidade do componente e especificaccedilatildeo da microestrutura
Haacute um procedimento necessaacuterio para evitar que os flocos de grafite natildeo se formem antes do
processo final de vazamento Este procedimento consiste basicamente de antes da transiccedilatildeo do ferro
fundido cinzento adicionar o magneacutesio em aproximadamente 0001 a cada 5 minutos Este
processo pode demorar ateacute 15 minutos apoacutes o iniacutecio da adiccedilatildeo do magneacutesio
Uma segunda consideraccedilatildeo eacute que mesmo com a porcentagem correta da adiccedilatildeo de magneacutesio
natildeo haacute estabilidade se o iacutendice de oxigecircnio ativo e ou enxofre forem elevados Se isto ocorrer o
magneacutesio ativo eacute consumido deslocando a linha da porcentagem de magneacutesio para esquerda
conforme demonstrado na figura 13 Inversamente se os niacuteveis de oxigecircnio ou de enxofre forem
relativamente baixos a linha de porcentagem de magneacutesio se deslocar para direita Por estas razotildees
as variaccedilotildees na composiccedilatildeo limpeza oxidaccedilatildeo e umidade do material de carga tornam impossiacutevel
definir uma especificaccedilatildeo quiacutemica fixa para o CGI (DAWSON 2002)
13
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002)
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular
Segundo CHIAVERINI (2005) a definiccedilatildeo mais simples da usinabilidade eacute a propriedade
relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ser fabricado por processos de
usinagem A usinabilidade tambeacutem pode ser definida em termos de vida de ferramenta de corte ou
pode relacionar-se com a energia ou tempo necessaacuterio para remover certa quantidade de material
Segundo DINIZ (2008) a usinabilidade de um material pode ser definida como uma grandeza
tecnoloacutegica que expressa por meio de um valor numeacuterico comparativo (iacutendice de usinabilidade) um
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relaccedilatildeo a outro tomado como padratildeo A
usinabilidade depende do estado metaluacutergico da peccedila da dureza das propriedades mecacircnicas do
material de sua composiccedilatildeo quiacutemica das operaccedilotildees anteriores efetuadas sobre o material (sejam a
frio ou a quente) e do eventual encruamento
Atualmente um dos maiores desafios eacute introduzir o CGI nas peccedilas cujos processos de
usinagem apresentam desempenho muito bom nas mesmas peccedilas fabricadas em ferro fundido
cinzento Assim o desafio eacute alcanccedilar o mesmo desempenho das ferramentas mantendo os mesmos
14
custos por peccedila trabalhada e evitando investimento adicional de capital em maacutequinas e ferramentas
de corte (DAWSON 2004)
Segundo DAWSON (1999) haacute alguns fatores de influecircncia na usinabilidade do CGI
bull Efeitos da forma da grafita
bull Efeitos da perlita
bull Efeitos dos elementos quiacutemicos como chumbo manganecircs siliacutecio enxofre titacircnio e cobre
bull Efeitos da inclusatildeo
Em altas velocidades de corte a vida da ferramenta tambeacutem tende a ser ainda menor no CGI
quando comparado com o ferro fundido cinzento (WALTER 2007) Isto eacute devido a natildeo formaccedilatildeo
da camada protetora de sulfeto de manganecircs que reduz o coeficiente de atrito na face da ferramenta
e que age como uma barreira contra o desgaste por difusatildeo Esta camada ocorre na usinagem do
ferro cinzento
A diferenccedila de corte contiacutenuo ou intermitente tem uma influecircncia significativa no desgaste das
ferramentas por oxidaccedilatildeo e difusatildeo No corte contiacutenuo como torneamento e mandrilamento a
ferramenta permanece mais tempo em contato com o material da peca facilitando o mecanismo de
desgaste Em corte intermitente como o fresamento a difusatildeo e a oxidaccedilatildeo satildeo menos intensas
(DAWSON 1999)
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade
A formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido eacute diretamente afetada pela presenccedila da grafita que eacute
conhecida por ter resistecircncia mecacircnica baixa e gerar descontinuidades e efeitos da concentraccedilatildeo de
tensatildeo na matriz portanto ajudando o processo de remoccedilatildeo de material O mecanismo de formaccedilatildeo
de cavaco em ferro fundido cinzento eacute mostrado na figura 14 No iniacutecio a ferramenta
compacta o material sob o flanco criando uma fratura que se propaga em frente e abaixo da aresta
de corte (a) Como o movimento de corte da ferramenta continua o material se torna completamente
independente (b) Para algumas situaccedilotildees principalmente com o ferro fundido cinzento uma parte
de material eacute arrancada agrave frente da ferramenta causando uma perda temporaacuteria do contato entre
ferramenta e peccedila ateacute a ferramenta encontrar a proacutexima porccedilatildeo de material (c) Este processo de
remoccedilatildeo de material contribui para aumentar a rugosidade na superfiacutecie da peccedila (d)
15
A grafita por ser um componente de dureza relativamente baixa se comparada com o material
da matriz produz descontinuidades no material facilitando a quebra do cavaco na usinagem
(CONSALTER 1987)
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000
apud ROSA 2009)
A grafita tambeacutem atua como um agente lubrificante reduzindo o atrito entre a peccedila e a
ferramenta aleacutem de reduzir o risco de micro solda do cavaco com a ferramenta Sendo assim a
consequumlecircncia do efeito eacute o aumento na vida da ferramenta
No processo da formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido nodular as forccedilas de compressatildeo geram
o desprendimento dos noacutedulos da matriz e a deformaccedilatildeo plaacutestica da matriz entre os noacutedulos Esta
deformaccedilatildeo plaacutestica causa o alongamento dos noacutedulos na direccedilatildeo do corte ocasionando fratura
duacutectil
16
Para o ferro fundido cinzento a formaccedilatildeo do cavaco acontece atraveacutes de fraturas das lamelas
de grafita formando cavacos natildeo contiacutenuos Haacute trecircs estaacutegios para formaccedilatildeo destes cavacos ou seja
inicia com a separaccedilatildeo da matriz das lamelas de grafita gerando micro-trincas em consequumlecircncia as
grandes trincas satildeo formadas atraveacutes da junccedilatildeo destas micro-trincas provenientes da interface com a
ferramenta e por uacuteltimo ocorre agrave fragmentaccedilatildeo do cavaco
A formaccedilatildeo do cavaco do ferro fundido vermicular eacute uma mistura dos processos de formaccedilatildeo
de cavaco do ferro fundido nodular e formaccedilatildeo de cavaco do ferro fundido cinzento ou seja os
cavacos se formam por deformaccedilatildeo plaacutestica e tambeacutem por fraturas (MARWANGA et al 1999) A
figura 15 ilustra os diferentes cavacos formados na usinagem destas trecircs formas de ferro fundido
Cinzento Vermicular Nodular
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999)
Grafitas na forma nodular sempre estaratildeo presentes na estrutura do ferro fundido vermicular
Com isto a resistecircncia mecacircnica e a tenacidade aumentam Por outro lado a fundiccedilatildeo usinabilidade
e condutividade teacutermica seratildeo prejudicadas (GUESSER 2001)
A morfologia do ferro fundido vermicular natildeo permite a clivagem e nem a propagaccedilatildeo de
trincas O iniacutecio da fratura no ferro fundido vermicular se daacute na interface da grafita vermicular com
a matriz metaacutelica Este eacute um dos principais fatores para um maior desgaste da ferramenta de corte na
usinagem do CGI Poreacutem esta caracteriacutestica auxilia na maior resistecircncia mecacircnica e maior
tenacidade do CGI (DAWSON 2002)
17
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade
A resistecircncia mecacircnica dos ferros fundidos eacute proporcional agrave relaccedilatildeo entre perlita e
ferrita da matriz se as demais variaacuteveis forem mantidas constantes Contudo um elevado teor de
perlita natildeo eacute necessariamente a maior causa do desgaste da ferramenta de corte
Foram realizados testes de usinagem para o ferro fundido vermicular com diferentes valores de
perlita Cobre e estanho foram utilizados como elementos de estabilizaccedilatildeo A fim de atingir os 100
de perlita manganecircs tambeacutem foi adicionado Foram utilizadas ferramentas de metal duro para os
testes com velocidades de corte de 150 e 250 mmin conforme Figura 16 Pode-se ver nesta figura
que principalmente na velocidade de corte mais alta quando o teor de perlita ultrapassa 75 a vida
da ferramenta cai rapidamente (DAWSON 1999)
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999)
Blocos de motor em ferro fundido vermicular contendo 70 de perlita possuem a mesma
dureza de um bloco do motor em ferro fundido cinzento 100 perliacutetico (DAWSON 1999)
18
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade
O carbono e o siliacutecio satildeo elementos com uma grande influecircncia na estrutura do material o
carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o siliacutecio eacute essencialmente um
elemento grafitizante favorecendo a decomposiccedilatildeo do carboneto de ferro O manganecircs sempre
presente tem efeito oposto ao do siliacutecio isto eacute estabiliza a cementita e compensa de certo modo a
accedilatildeo grafitizante do siliacutecio Todo elemento quiacutemico grafitizante eacute beneacutefico agrave usinalidade pois a
grafita como visto eacute um ponto fraacutegil que em geral facilita a formaccedilatildeo do cavaco Por outro lado
os elementos que estabilizam a cementita (usam o carbono para formar Fe3C e natildeo para formar
grafita) prejudicam a usinabilidade jaacute que a cementita eacute um carboneto duro
A rigor o manganecircs nos ferros fundidos tanto quanto nos accedilos eacute adicionado como
dessulfurante Entretanto como na praacutetica haacute sempre um excesso de manganecircs este atua como
estabilizador da perlita Daiacute o seu efeito oposto ao do siliacutecio e sua utilidade para produzir estruturas
com matriz predominantemente perliacutetica sobretudo em peccedilas fundidas volumosas Ao auxiliar na
formaccedilatildeo de uma estrutura perliacutetica (e natildeo ferriacutetica) o manganecircs aumenta a resistecircncia mecacircnica da
liga e com isso prejudica a usinabilidade Por outro lado o sulfeto de manganecircs atua como
lubrificante soacutelido melhorando a usinabilidade do material
O enxofre e o foacutesforo que satildeo impurezas usualmente encontradas nos ferros fundidos natildeo tecircm
uma accedilatildeo muito significativa do ponto de vista de tendecircncia grafitizante mas o foacutesforo eacute um
estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro Sua principal accedilatildeo eacute na estrutura do material
formando com o ferro e o carbono um composto de natureza euteacutetica (CHIAVERINI 2005) O
enxofre presente no ferro fundido reage com o manganecircs (Mn) formando inclusotildees de
MnS2 as quais podem lubrificar as arestas da ferramenta ao formar uma camada protetora entre esta
e o material usinado servindo como barreira contra os mecanismos de abrasatildeo e difusatildeo
(MOCELLIN et al 2004)
O cromo eacute presente no ferro fundido atraveacutes da sucata de accedilo ou intencionalmente como
elemento de liga para obtenccedilatildeo de maior resistecircncia em altas temperaturas Segrega-se facilmente
promovendo a formaccedilatildeo de carbonetos principalmente nas uacuteltimas regiotildees em solidificaccedilatildeo O
cromo eacute um perlitizante potente quando comparado ao manganecircs pois o aumento do seu teor
provoca a formaccedilatildeo da perlita fina ou seja um aumento da quantidade de cementita que eacute de difiacutecil
19
usinabilidade A reduccedilatildeo de 018 para 010 do teor de Cr no ferro fundido vermicular pode
propiciar aumento de aproximadamente 40 da vida da ferramenta (DAWSON et al2001)
A tabela 15 resume a accedilatildeo dos elementos de liga nos ferros fundidos
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI2005)
ELEMENTO Efeitos durante a Solidificaccedilatildeo Efeitos durante a reaccedilatildeo eutetoacuteide
Alumiacutenio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Antimocircnio
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte estabilizador da perlita
Boro ateacute 015 Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Boro acima de 015 Estabilizador do carboneto Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Cromo Forte accedilatildeo carbonetante Forte tendecircncia agrave formaccedilatildeo da perlita
Cobre Grafitizante fraco Promove a formaccedilatildeo da perlita
Manganecircs Fraca tendecircncia carbonetante Formador de perlita
Molibdecircnio Fraca tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
Niacutequel Grafitizante Fraco promotor de perlita
Siliacutecio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Teluacuterio Forte tendecircncia carbonetante Muito fraco estabilizador da perlita
Estanho
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Titacircnio ateacute 025 Grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Vanaacutedio Forte tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
A velocidade de resfriamento eacute um fator relacionado a solidificaccedilatildeo no interior dos moldes e a
espessura das peccedilas moldadas Em outras palavras as secccedilotildees espessas implicam em velocidades de
resfriamento relativamente baixas e secccedilotildees finas implicam em velocidades altas Isto significa que
em peccedilas de secccedilotildees com diferentes espessuras ocorrem tambeacutem diferentes velocidades de
resfriamento Para elevadas velocidades de resfriamento como as que se verificam em secccedilotildees finas
ou nas aacutereas adjacentes agraves paredes do molde natildeo haacute muito tempo para a decomposiccedilatildeo da
cementita de modo que dependendo dos teores de carbono e de siliacutecio pouca ou nenhuma
grafitizaccedilatildeo ocorre e haacute tendecircncia agrave formaccedilatildeo de ferro fundido branco Com as velocidades de
resfriamento baixas das secccedilotildees mais espessas ocorre uma apreciaacutevel grafitizaccedilatildeo dependendo
sempre do teor de siliacutecio A estrutura seraacute essencialmente de grafita e perlita Para resfriamento
20
ainda mais lento e teor de siliacutecio mais elevado a cementita da perlita pode tambeacutem se decompor
parcialmente originando-se assim a estrutura constituiacuteda de veios de grafita perlita e ferrita Essa
estrutura confere ao material caracteriacutesticas de baixa dureza e excelente usinabilidade aleacutem de
razoaacutevel resistecircncia mecacircnica(CHIAVERINI2005)
111 Processo de Mandrilamento
O processo de mandrilamento eacute normalmente empregado na usinagem de elementos de maior
diacircmetro em um bloco do motor tais como diacircmetro dos cilindros e diacircmetros dos mancais do
virabrequim A operaccedilatildeo de mandrilamento eacute executada em duas ou trecircs etapas dependendo das
toleracircncias exigidas no desenho do produto e do tipo de ferramenta a ser empregado Essencialmente
as condiccedilotildees de mandrilamento diferem um pouco das condiccedilotildees de torneamento mas esta operaccedilatildeo
ilustra a importacircncia da rigidez de todo conjunto ferramenta dispositivo e maacutequina Particularmente
quando um cilindro de grande extensatildeo e pequeno diacircmetro eacute mandrilado o corpo da ferramenta
que natildeo eacute tatildeo riacutegido tende a defletir e consequumlentemente causar vibraccedilotildees Estas vibraccedilotildees podem
afetar natildeo somente a precisatildeo dimensional mas tambeacutem o acabamento das peccedilas e a vida da
ferramenta de corte Mandrilamento eacute um processo em que furos realizados no processo de furaccedilatildeo
furos fundidos na peccedila componentes forjados ou extrudados satildeo ampliados ou acabados com uma
ferramenta de corte montada em uma barra de mandrilar O processo eacute mais usado em aplicaccedilotildees em
que bom acabamento da superfiacutecie interna ou toleracircncia dimensional apertada satildeo requeridos Por
causa das restriccedilotildees geomeacutetricas as barras de mandrilar satildeo em geral longas e compridas o que faz
com que elas estejam facilmente sujeitas a desvios estaacuteticos e dinacircmicos Estes desvios ou vibraccedilatildeo
da ferramenta natildeo somente fazem com que os paracircmetros de usinagem precisem ser alterados como
induz a erros dimensionais e reduz a qualidade da superfiacutecie e a vida da ferramenta O estudo das
forccedilas de corte no processo de mandrilar eacute portanto um preacute-requisito para a seleccedilatildeo adequada das
condiccedilotildees de corte e tambeacutem para preservar a seguranccedila do processo evitando desvios excessivos da
ferramenta ou vibraccedilotildees dinacircmicas O raio da ponta da ferramenta e a variaccedilatildeo do acircngulo da aresta
de corte resultam na distribuiccedilatildeo natildeo-uniforme da espessura do cavaco e consequumlentemente da
forccedila de corte (MOCELLIN 2007)
21
Em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas nas ferramentas de metal duro em
relaccedilatildeo agraves usadas nas ferramentas de ceracircmica ou CBN utiliza-se maior nuacutemero de insertos de metal
duro permitindo maiores velocidades de avanccedilo compensando parcialmente a perda de
produtividade (KOPPKA et al 2003)
Operaccedilotildees de mandrilamento satildeo tradicionalmente realizadas em blocos de motores de ferro
fundido cinzento por ferramentas de ceracircmica e CBN que permitem elevadas velocidades de corte e
alta produtividade (KOPPKA et al 2003) O severo desgaste verificado nas ferramentas de
mandrilar ferro fundido vermicular tem motivado pesquisas com o objetivo de identificar os
mecanismos de desgaste das ferramentas assim como encontrar soluccedilotildees econocircmicas para esta
usinagem envolvendo institutos de pesquisa induacutestrias automobiliacutesticas fundiccedilotildees fabricantes de
ferramentas e fabricantes de maacutequinas Independentemente do material da ferramenta empregada
metal duro ou ceracircmica as velocidades de corte ainda satildeo muito inferiores agravequelas tradicionalmente
utilizadas no ferro fundido cinzento ou seja ainda haacute uma grande necessidade no desenvolvimento
do processo de usinagem de mandrilamento do bloco do motor de maneira integral (KASSACK et
al 2002)
112 Tipos de Mandrilamento
Dependendo do trabalho o mandrilamento que tambeacutem eacute conhecido como mandrilagem ou
broqueamento pode ser ciliacutendrico cocircnico radial ou esfeacuterico Por meio do processo de
mandrilamento pode-se conseguir superfiacutecies ciliacutendricas ou cocircnicas internas em espaccedilos
normalmente difiacuteceis de serem atingidos com eixos perfeitamente paralelos entre si (GUEDES
2006)
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cocircnica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Isto ocorre quando haacute um movimento de
avanccedilo simultacircneo com um movimento radial gerando um diacircmetro interno cocircnico
22
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cilindrica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Neste caso haacute somente o movimento de
avanccedilo gerando um diacircmetro interno ciliacutendrico
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico
1123 Mandrilamento Radial (figura 19)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute plana e perpendicular ao eixo em
torno do qual gira a ferramenta Neste processo haacute somente o movimento radial da ferramenta
gerando um processo de faceamento
23
Figura 19 ndash Mandrilamento radial
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute uma superfiacutecie de revoluccedilatildeo cujo
eixo coincide com o eixo do qual gira a ferramenta Ex Mandrilamento esfeacuterico e mandrilamento
de sangramento
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970)
24
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular
Os processos de mandrilamento do ferro fundido vermicular podem ser divididos em quatro
grupos
- Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
- Mandrilamento com insertos rotativos
- Mandrilamento definido como ldquofreso-mandrilamentordquo
- Mandrilamento com insertos de PCD
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
As ferramentas de mandrilar com insertos de metal-duro conforme mostradas na figura 111
satildeo usadas em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas em comparaccedilatildeo agrave ceracircmica ou
o PCBN Utiliza-se um maior nuacutemero de insertos permitindo maiores velocidades de avanccedilo e
compensando parcialmente a perda de produtividade (REUTER et al 1999) Existem algumas
barras de mandrilar cujos insertos natildeo satildeo montados uniformemente no diacircmetro e ateacute mesmo na
altura Estas barras de mandrilar satildeo chamadas de ferramentas com passo diferencial e o objetivo eacute
evitar vibraccedilotildees devido a problemas de ressonacircncia mesmo em condiccedilotildees de corte favoraacuteveis
modificando a frequumlecircncia de entrada das arestas no corte (SOUTO 2007)
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010)
25
1132 Mandrilamento com insertos rotativos
Ferramentas com insertos rotativos de PCBN Si3N4 ou Metal Duro conforme figura 112
permitem grande produtividade em altas velocidades de corte Este tipo de ferramenta apresenta um
maior potencial principalmente para operaccedilatildeo de desbaste podendo tambeacutem ser utilizadas em
operaccedilatildeo de acabamento dependendo da aplicaccedilatildeo (REUTER et al 2000) Estes insertos giram
devido aos esforccedilos de corte aplicados sobre eles jaacute que suas fixaccedilotildees permitem este grau de
liberdade Assim a seccedilatildeo de contato com a ferramenta e cavaco varia todo instante distribuindo
melhor o desgasteavaria aumentando a vida da ferramenta
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos
1133 Freso-mandrilamento
Define-se freso mandrilamento como um processo de usinagem com corte intermitente por
meio do processo de fresamento helicoidal realizado com ferramentas de diacircmetro menor que o
usinado ou seja a ferramenta realiza movimento de interpolaccedilatildeo circular e avanccedila no sentido do
cilindro conforme figura 113 O fabricante de maacutequinas MAKINO e o fabricante de ferramentas
SANDVIK desenvolveram este processo utilizando a ferramenta CoroMILL 790 e um Centro de
Usinagem Horizontal(a81M) Por meio da melhor precisatildeo de posicionamento dos insertos na
ferramenta e toleracircncias dimensionais dos insertos de metal-duro haacute possibilidades de ganho em
vida de ferramenta e possiacutevel eliminaccedilatildeo da etapa de mandrilamento de semi-acabamento
realizando-se o mandrilamento de desbaste de modo convencional e o mandrilamento de
acabamento com o processo de freso-mandrilamento Este processo tambeacutem possui desvantagem
26
como a necessidade de maacutequinas ferramentas com elevadas rigidez e precisatildeo no movimento de
interpolaccedilatildeo circular uma vez que este movimento tem influecircncia direta na geometria do cilindro
fresado (MAKINO 2011)
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento
1134 Mandrilamento com insertos de PCD
Estudos realizados pela empresa Audi aplicando insertos de PCD em mandrilamento de
acabamento dos cilindros do bloco do motor em ferro fundido vermicular apresentaram altos
valores de vida de ferramenta As principais desvantagens do uso do PCD consistem na limitaccedilatildeo da
temperatura de utilizaccedilatildeo da ferramenta o que limita a velocidade de corte assim como o maior
custo de ferramenta bloco do motor produzido Esta limitaccedilatildeo eacute devido ao problema de afinidade do
ferro com o carbono que em temperaturas acima de 700degC comeccedila a grafitizaccedilatildeo do diamante
tendo como consequumlecircncia o acelerado desgaste da aresta de corte (STEMMER 1993 apud
Xavier2009)
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento
A superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta conforme ilustrada na figura 114 eacute definida pelo acircngulo
da aresta de corte (90deg- χ r) acircngulo de posiccedilatildeo da aresta secundaacuteria de corte (χ‟r) acircngulo de saiacuteda
lateral da ferramenta (γf) e o acircngulo de saiacuteda dorsal da ferramenta (γp)
27
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008)
Quatro diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
podem ser identificadas e ilustradas conforme figura 115 Eacute altamente recomendado que o corte natildeo
envolva o final da aresta de corte da ferramenta ou seja o avanccedilo natildeo pode ser maior que o raio da
ponta da ferramenta para prevenir a quebra da ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da
ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
28
Valores grandes do raio da ponta (rɛ) com uma constante na taxa de avanccedilo(fɛ) e uma
profundidade de corte ldquoaprdquo melhoram a qualidade do acabamento superficial da peccedila reduzindo as
marcas da ferramenta devido ao avanccedilo Em contrapartida estas marcas satildeo mais suscetiacuteveis agrave
vibraccedilotildees devido ao aumento da componente da forccedila radial para ldquoaprdquo menor que ldquorɛrdquo
Consequumlentemente uma soluccedilatildeo deveria ser feito para obter resultados mais favoraacuteveis no corte
O acircngulo de saiacuteda da ferramenta eacute um importante paracircmetro para controlar a deformaccedilatildeo e a forma
dos cavacos Eacute tambeacutem um significativo fator geomeacutetrico que afeta o mecanismo de corte No plano
ortogonal a saiacuteda do cavaco eacute perpendicular agrave aresta de corte entretanto o acircngulo da saiacuteda do
cavaco eacute zero Muitos pesquisadores tentaram prever o acircngulo de saiacuteda do cavaco para usinagem
com o raio da ponta da ferramenta
A forccedila de corte pode ser representada por duas componentes uma componente normal
perpendicular ao plano de saiacuteda e um atrito componente na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta A
forccedila de atrito na superfiacutecie de saiacuteda eacute o uacutenico componente que determina a direccedilatildeo da saiacuteda de
cavaco Para cada elemento cavaco presume-se que a forccedila de atrito eacute colinear com a velocidade do
cavaco e suas magnitudes satildeo proporcionais agrave aacuterea do cavaco (YUSSEFIAN et al2008)
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento
O material da ferramenta de corte deve ser mais duro que o material da peccedila a ser cortada
Utilizando este princiacutepio novos materiais e ligas estruturais com excelente resistecircncia mecacircnica e
elevada dureza contribuem para o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de
usinagem (MACHADO et al 2009)
Alguns fatores para seleccedilatildeo adequada da ferramenta de corte conforme citados por DINIZ
(2008) estatildeo descritos abaixo
Material a ser usinado
- a dureza e o tipo de cavaco formado satildeo caracteriacutesticas do material da peccedila a ser
considerado
Processo de usinagem
29
- ainda existem vaacuterios equipamentos com baixa rotaccedilatildeo e baixa rigidez inviabilizando a
utilizaccedilatildeo de ferramenta de corte com materiais mais nobres
Condiccedilatildeo da maacutequina de usinagem
- deve-se levar em consideraccedilatildeo a potecircncia gama de velocidade e folgas da maacutequina
Dimensotildees e forma da ferramenta de corte
- ferramentas de forma natildeo-padronizada muitas vezes satildeo feitas de accedilo raacutepido ou de um tipo
de metal duro que suporte choques teacutermicos
Custo do material da ferramenta
- alguns materiais de ferramentas apesar de aumentarem a vida da ferramenta de corte ou a
produccedilatildeo muitas vezes natildeo apresentam uma boa relaccedilatildeo custo-benefiacutecio
Condiccedilotildees de usinagem
- consideraccedilatildeo tiacutepica para usinagem em acabamento em que se exigem ferramentas com
maior resistecircncia ao desgaste jaacute que a operaccedilatildeo de desbaste anterior jaacute retirou a casca
endurecida eou desvios de forma da peccedila
Condiccedilotildees da operaccedilatildeo
- usinagem com corte interrompido ou o sistema maacutequinapeccedilaferramentadispositivo
natildeo riacutegidos exige uma ferramenta tenaz
As principais caracteriacutesticas desejaacuteveis a um material da ferramenta satildeo
- Dureza a quente
Algumas regiotildees da ferramenta de usinagem podem ultrapassar 1000degC Portanto
haacute uma contiacutenua procura por materiais que possam suportar esta temperatura com dureza suficiente
para suportar as tensotildees de corte
- Resistecircncia ao desgaste
O material da ferramenta deve ser resistente ao desgaste por abrasatildeo ou seja resistecircncia
ao atrito
- Tenacidade
O material da ferramenta deve ter energia suficiente para resistir ao choques inerentes
do processo
- Estabilidade quiacutemica
Dependendo da temperatura da duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemica do material
da ferramenta e do material da peccedila na zona de cisalhamento secundaacuterio haacute transferecircncia de aacutetomo
30
de um metal para o outro (difusatildeo) O material da ferramenta deve ser resistente agrave difusatildeo (DINIZ et
al 2008)
Haacute diversos materiais de ferramentas distribuiacutedos no mercado atualmente que se
diferem pela dureza (resistecircncia ao desgaste) e tenacidade Os principais satildeo (MACHADO et al
2009)
Accedilo raacutepido
Metal duro
Cermets
Ceracircmicas
Nitreto de Boro Cuacutebico
Diamante natural
Atualmente os materiais das ferramentas de corte utilizados na usinagem do ferro fundido
vermicular satildeo metal duro ceracircmica e CBN
1151 Inserto de Metal Duro
O metal duro surgiu em 1927 com o nome de ldquoWIDIArdquo(Wie Diamant) e eacute um tipo
de material fabricado atraveacutes da metalurgia do poacute em um processo de sinterizaccedilatildeo Este poacute eacute
composto de partiacuteculas duras de carboneto de metais refrataacuterios Os carbonetos satildeo de tungstecircnio e
normalmente satildeo combinados com carbonetos de titacircnio tacircntalo e nioacutebio (DINIZ et al 2008)
O elemento aglomerante mais utilizado na fabricaccedilatildeo do metal duro eacute o cobalto que eacute um
metal do grupo do ferro responsaacutevel pela ligaccedilatildeo das partiacuteculas duras dos carbonetos no processo de
sinterizaccedilatildeo O cobalto eacute responsaacutevel pela tenacidade do material O poacute do cobalto eacute obtido pela
reduccedilatildeo do oacutexido preto que conteacutem aproximadamente 70 de cobalto sob hidrogecircnio e
temperaturas entre 600 e 700degC
Uma composiccedilatildeo tiacutepica de metal conteacutem 81 de tungstecircnio 6 de carbono e 13 de
cobalto O tamanho das partiacuteculas de carbonetos pode variar entre 1 e 10 microns e geralmente
compreendem cerca de 60 agrave 95 do volume do material
31
A variaccedilatildeo da composiccedilatildeo quiacutemica do metal duro influencia na caracteriacutestica (classe) do
material O cobalto eacute um material que agrave medida que aumenta seu teor reduz sua densidade e dureza
mas eleva a resistecircncia agrave ruptura e melhora a tenacidade
Outra caracteriacutestica importante para aplicaccedilatildeo do metal duro eacute o seu coeficiente de dilataccedilatildeo
teacutermica O coeficiente para o metal duro eacute cerca da metade do coeficiente do accedilo em temperaturas
desde a ambiente ateacute 675degC
Hoje em dia haacute metais duros produzidos com partiacuteculas de 01m o que melhora vaacuterias
caracteriacutesticas desejaacuteveis em uma ferramenta de corte Estes metais duros com micro gratildeos podem
ser classificados de acordo com o tamanho do gratildeo de sua estrutura como
- Fino 08 a 13m
- Submicromeacutetrico 05 a 08m
- Ultra fino 02 a 05m
- Nanomeacutetrico menor que 02m
Agrave medida que se diminui o tamanho de gratildeo do metal duro aumenta-se a dureza resistecircncia
ao desgaste e tenacidade do material devido ao maior fator de empacotamento que gratildeos muito
pequenos propiciam (DINIZ et al 2008)
Haacute vaacuterios tipos de metal duro classificados pela norma ISO (International Organization for
Standardization) conforme norma ISO513 1975 sendo que haacute 3 grupos principais como
Grupo bdquoP‟ ndash Compreende os tipos ou classes empregados na usinagem de metais e ligas
ferrosas que apresentam cavacos longos e duacutecteis
Grupo bdquoMrdquo ndash Compreende as classes que empregam na usinagem de metais e ligas ferrosas
de cavacos tanto longos como curtos ou seja eacute uma ferramenta com propriedades intermediaacuteria
Grupo bdquoK‟ ndash Compreende as classes que se destinam a usinagem de metais e ligas ferrosas
que apresentam cavacos curtos e materiais natildeo-metaacutelico
Recentemente a ISO aumentou o nuacutemero de classes de metal duro conforme norma
ISO513 2004 Estas novas classes satildeo
Grupo bdquoN‟ ndash Aplicaacutevel a materiais natildeo ferrosos
Grupo bdquoS‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de superligas e ligas de titacircnio
Grupo bdquoH‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de materiais endurecidos
32
Aleacutem dos grupos de metal duro existe uma subdivisatildeo dentro de cada grupo por exemplo
P01P50
M01M40
K01K40
N01N30
S01S30
H01H30
Para cada grupo de metal duro e seu respectivo subgrupo haacute uma composiccedilatildeo quiacutemica e
caracteriacutestica fiacutesica conforme Tabela 16 Pode-se perceber nesta tabela que agrave medida que a
quantidade de TiC + TaC aumenta a densidade diminui e a dureza aumenta
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970)
Desig-
Naccedilatildeo
Composiccedilatildeo
aproximada em Caracteriacutesticas principais
WC TiC
+
TaC
Co Densidade
(gcm3)
Dureza
(kgmm2)
Resist agrave
ruptura
transversal
(kgmm2)
Moacutedulo de
elasticidade
(kgmm2)
Coeficiente
de dilataccedilatildeo
teacutermica
(10-6
1Cdeg)
P01 30 64 6 72 1800 75 - -
P10 55 36 9 104 1600 140 52000 65
P20 76 14 10 119 1500 150 54000 60
P25 73 19 8 125 1500 170 55000 60
P30 82 8 10 130 1450 170 56000 55
P40 77 12 11 131 1400 180 56000 55
P50 70 14 16 129 1300 200 52000 55
M10 84 10 6 131 1650 140 58000 55
- Classes com maior tenacidade
- Recomendado para usinagem em desbaste
e corte interrompido
- Classes com maior resistecircncia ao desgaste
- Recomendado para usinagem em
acabamento
33
M20 82 10 8 134 1550 160 56000 55
M30 81 10 9 144 1450 180 58000 55
M40 78 7 15 135 1300 200 55000 55
K01 93 2 5 150 1750 120 63000 50
K05 92 2 6 146 1700 135 63000 50
K10 92 2 6 148 1650 150 63000 50
K20 915 25 6 148 1550 170 62000 50
K30 89 2 9 145 1450 190 - 55
K40 88 - 12 143 1300 210 58000 55
A seleccedilatildeo do metal duro para uma determinada aplicaccedilatildeo de usinagem estaacute intimamente
relacionada com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma durante a
usinagem Entre os tipos de cavacos conhecidos tem como cavacos contiacutenuos cavacos cisalhados e
cavacos de ruptura o formado na usinagem dos ferros fundidos eacute o cavaco de ruptura devido a seu
rompimento na zona primaacuteria do plano de cisalhamento causados na interrupccedilatildeo que as grafitas
causam na matriz da liga
Operaccedilotildees de usinagem com avanccedilo e profundidade de cortes altos para desbaste e cortes
interrompidos criam tensotildees elevadas na ferramenta exigindo classes com maior tenacidade ou seja
ferramentas com menor teor de cobalto e maior teor de carbonetos
Operaccedilotildees de usinagem em peccedilas que jaacute sofreram operaccedilotildees anteriores de desbaste retirando
excentricidade e a casca endurecida trabalham com baixos avanccedilos e profundidade de usinagem
poreacutem com altas velocidades de corte o que gera altas temperaturas Sendo assim satildeo necessaacuterias
classes de ferramentas com altas resistecircncias ao calor e a abrasatildeo ou seja menor teor de cobalto
(DINIZ et al 2008)
Operaccedilotildees de usinagem em maacutequinas-ferramentas menos riacutegidas obriga o uso de classe de
ferramentas com maior tenacidade embora reduzindo a vida uacutetil
As primeiras ferramentas de metal duro foram compostas unicamente de carbonetos de
tungstecircnio (WC) e cobalto e eram adequadas somente para a usinagem de materiais de cavacos
curtos e quebradiccedilos ou seja materiais de ferro fundido Na usinagem do accedilo havia formaccedilatildeo de
cratera na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta devido a fenocircmenos de difusatildeo e dissoluccedilatildeo ocorridos
entre o cavaco da peccedila e a ferramenta Para solucionar tais problemas comeccedilou-se a acrescentar
34
outros carbonetos (TiC TaC e NbC) Assim as ferramentas que conteacutem praticamente somente WC
e Co na composiccedilatildeo (ferramentas da classe K ver tabela 15) satildeo destinadas agrave usinagem de ferros
fundidos que natildeo tem a tendecircncia de formaccedilatildeo de desgaste de cratera devido ao fato de que o
cavaco curto rapidamente se quebra e pula fora da regiatildeo de corte sem atritar longamente com a
superfiacutecie de saiacuteda A inclusatildeo de carbonetos do tipo TiC TaC e NbC na ferramenta confere a ela
as seguintes caracteriacutesticas
- Carbonetos de Titacircnio - TiC
Pouca tendecircncia agrave difusatildeo resultando na alta resistecircncia dos metais duros
Reduccedilatildeo da resistecircncia interna e dos cantos
- Carboneto de Tacircntalo - TaC e Carboneto de Nioacutebio NbC
Em pequenas quantidades atuam na diminuiccedilatildeo do tamanho dos gratildeos melhorando a
tenacidade e a resistecircncia dos cantos
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro
A finalidade principal do uso de coberturas em ferramentas de metal duro eacute aumentar a
resistecircncia ao desgaste da camada superior que entra em contato com o cavaco e a peccedila sendo que o
nuacutecleo permanece com a tenacidade caracteriacutestica do metal duro Desta forma consegue-se em
vaacuterios casos aumentar bastante a vida da ferramenta e diminuir os esforccedilos de corte Eacute possiacutevel
tambeacutem conciliar em mesmos materiais caracteriacutesticas como tenacidade resistecircncia ao desgaste e
dureza a quente (DINIZ et al2008)
As principais coberturas utilizadas satildeo de carboneto de titacircnio (TiC) eou oacutexido de alumiacutenio
(Al2O3) nitreto de titacircnio (TiN) e carbonitreto de titacircnio (TiCN) Geralmente satildeo aplicadas no metal
duro utilizando um processo chamado CVD (deposiccedilatildeo quiacutemica a vapor) que utiliza altas
temperaturas e pressotildees levemente negativas Outro processo tambeacutem utilizado para cobertura de
ferramenta eacute o PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica a vapor) que utiliza temperaturas meacutedias (de 400 a 500ordm C) e
pressatildeo muito negativa Este processo eacute em geral mais caro que o processo CVD Como o processo
de CVD precisa de altas temperaturas satildeo geradas tensotildees na ferramenta durante seu resfriamento
que podem enfraquececirc-la Sendo assim novos tipos de processo com temperaturas intermediaacuterias
entre o CVD e o PVD estatildeo sendo desenvolvidos para minimizar este problema (DINIZ et al2008)
35
Normalmente a primeira camada de cobertura logo acima do nuacutecleo eacute o carboneto de titacircnio
ou o carbonitreto de titacircnio que algumas vezes eacute a uacutenica camada Estas camadas possuem
caracteriacutesticas como excelente resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de promover a adesatildeo das
camadas de cobertura com o metal duro do nuacutecleo Outra cobertura como o oacutexido de alumiacutenio natildeo
possui afinidade fiacutesico-quiacutemica com o nuacutecleo do metal duro A diferenccedila na dilataccedilatildeo e contraccedilatildeo
teacutermica das camadas com o substrato de metal duro a uma temperatura de 1000degC como eacute exigido
para o processo de revestimento CVD pode causar trincas se natildeo for utilizado o TiC ou TiCN como
camada intermediaacuteria (DINIZ et al2008)
A dureza da camada de TiC eacute na ordem de 3000HV que eacute maior que todas os outros materiais
utilizados no revestimento do metal duro A espessura da camada eacute de 4 a 8m Outras
caracteriacutesticas importantes deste material eacute a baixa tendecircncia a soldagem com o material da peccedila
dificultando o desgaste por adesatildeo e o baixo coeficiente de dilataccedilatildeo teacutermica O material TiCN tem
propriedades similares ao TiC como dureza agrave quente resistecircncia ao desgaste a capacidade de adesatildeo
ao nuacutecleo mas seu coeficiente de atrito eacute mais baixo que o TiC Geralmente o segundo revestimento
no metal duro eacute de oacutexido de alumiacutenio que garante uma estabilidade teacutermica devido ao fato de ser um
material ceracircmico refrataacuterio e por possuir alta resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de alta
resistecircncia a ataques quiacutemicos e agrave oxidaccedilatildeo Devido a sua alta estabilidade quiacutemica com o ferro
praticamente evita o desgaste difusivo durante o processo de usinagem do accedilo Apresentam tambeacutem
uma pequena resistecircncia a choques teacutermicos e mecacircnicos
A terceira camada geralmente utilizada de TiN tem caracteriacutestica de reduccedilatildeo do coeficiente
de atrito entre a pastilha e o cavaco Eacute quimicamente mais estaacutevel que o TiC e possui uma camada
com espessura entre 5 e 7 m A espessura total das camadas do metal duro estaacute entre 2 e 12 m
Quando se aumenta a espessura da cobertura a resistecircncia ao desgaste aumenta mas a tenacidade
diminui aumentando a tendecircncia ao lascamento das arestas Hoje em dia jaacute satildeo utilizadas outras
coberturas como por exemplo o nitreto de titacircnio alumiacutenio (TiNAl) ou o nitreto de alumino
titacircnio(TiAlN) dependendo da quantidade maior de titacircnio ou alumiacutenio que podem ser aplicadas ao
metal duro atraveacutes do processo PVD Tal processo propicia espessuras de camadas mais finas
mantendo a aresta da ferramenta afiada (DINIZ et al2008)
Estas coberturas podem ser aplicadas em ferramentas multicamadas propiciando
caracteriacutesticas como
36
- Baixa condutividade teacutermica que protege a aresta de corte e aumenta a remoccedilatildeo de calor
atraveacutes do cavaco
- Alta dureza a frio e a quente
- Alta estabilidade quiacutemica (DINIZ et al2008)
1153 Insertos de Material Ceracircmico
Um dos principais tipos de materiais ceracircmicos utilizados como ferramenta de usinagem eacute o
oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) que eacute a forma estaacutevel alfa da alumina Podem-se distinguir dois ramos
nesta famiacutelia
- Materiais contendo alumina sinterizada praticamente pura com no miacutenimo de 98
- Materiais contendo 90 de alumina juntamente com outros oacutexidos como SiO2 MgO
Cr2O3 Fe3O4 etc
Este tipo de material de ferramenta consiste de gratildeos finos (menores que 5 m) de Al2O3 de
alta densidade ou seja conteacutem menos que 2 de porosidade Diferentes meacutetodos satildeo utilizados
para fabricaccedilatildeo de ferramentas ceracircmicas deste tipo
- Prensadas a frio e sinterizadas apresentando uma cor branca Este processo eacute similar ao
processo de fabricaccedilatildeo do metal duro
- Prensadas a quente em grandes cilindros de alumina em moldes de grafite Neste processo
o material se torna acinzentado escuro (FERRARESI 1970)
A ceracircmica possui oacutetima propriedade como dureza a quente permitindo que se possa usinar
em altas velocidades de corte Em contrapartida haacute propriedades como baixa condutividade teacutermica
que logicamente dificulta a transferecircncia de calor e faz com que na regiatildeo proacutexima do contato
cavaco-ferramenta e peccedila ferramenta atinja-se temperaturas muito altas Outra propriedade que
dificulta o uso de material ceracircmico eacute a baixa tenacidade que favorece as trincas e quebras das
ferramentas de corte
Haacute ferramentas ceracircmicas agrave base de oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) podendo ter alumina pura ou
podendo ter algum teor de oacutexido de magneacutesio (MgO) para inibir o crescimento de gratildeo Podem ter
tambeacutem oacutexido de cromo titacircnio e niacutequel para aumentar a resistecircncia mecacircnica ou com baixos
porcentuais de oacutexido de zircocircnio (ZrO2) que aumenta a tenacidade do material (DINIZ et al2008)
37
A ceracircmica mista aleacutem de conter alumina pode conter o carboneto de titacircnio (TiC) ou o
nitreto de titacircnio (NiT) Este tipo de ceracircmica eacute prensado a quente gerando uma cor acinzentada
Como haacute uma melhor dureza a quente e estabilidade quiacutemica a ceracircmica mista eacute indicada para
processo de usinagem em mandrilamento e torneamento em acabamento de accedilos endurecidos onde
a tenacidade natildeo eacute tatildeo exigida (DINIZ et al2008)
Haacute uma ceracircmica com propriedades intermediaacuterias que eacute a reforccedilada com whiskers o qual eacute
adicionado o carboneto de siliacutecio (SiC) como sua tenacidade eacute boa quando comparadas com as
outras ceracircmicas este tipo de material eacute indicado para usinagem de ligas de titacircnio e niacutequel
Tambeacutem pode ser utilizada no processo de usinagem em mandrilamento e torneamento de accedilos
endurecidos com superfiacutecies interrompidas (DINIZ et al2008) Natildeo eacute permitida a fabricaccedilatildeo deste
material em vaacuterios paiacuteses devido ao carboneto de siliacutecio ser canceriacutegeno (BALDACIM 2000) Este
tipo de material tambeacutem eacute perigoso devido agrave facilidade de incecircndio no processo de retificaccedilatildeo
devido a isto o processo deve ser realizado em local extremamente isolado e maacutequinas blindadas
Haacute tambeacutem ferramentas de ceracircmica agrave base de nitreto de siliacutecio (Si3N4) que satildeo cristais com
fase intergranular de oacutexido de siliacutecio (SiO2) que satildeo sinterizados na presenccedila de alumina (sialon)
eou oacutexido de iacutetrio (Y2O3) e magneacutesio (MgO) Este material de ferramenta eacute usualmente chamado de
Sialon (DINIZ et al2008)
A Tabela 17 mostra algumas propriedades dos diversos tipos de material ceracircmico
comparados com o metal duro Como se pode ver na tabela Sialon possui boa tenacidade (melhores
que as ceracircmicas mista e pura) e excelentes durezas a quente e resistecircncia ao choque teacutermico A
uacutenica propriedade necessaacuteria a um material de ferramenta que natildeo possui eacute a estabilidade quiacutemica
com o ferro Assim natildeo pode ser usada para usinar o accedilo Poreacutem como a falta de estabilidade
quiacutemica eacute causadora do desgaste difusivo razatildeo da formaccedilatildeo do desgaste de cratera (desgaste da
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) e como o ferro fundido possui cavacos curtos que natildeo atritam
muito com a superfiacutecie de saiacuteda e portanto natildeo tem grande tendecircncia agrave formaccedilatildeo da cratera esta
ferramenta eacute indicada para a usinagem destas ligas principalmente em cortes interrompidos como o
fresamento em que a temperatura que a ferramenta atinge natildeo eacute tatildeo alta
38
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro
Tenacidade Dureza agrave
quente
Resistecircncia ao
choque teacutermico
Estabilidade
quiacutemica (Fe)
Estabilidade
quiacutemica (Ni)
Ceracircmica Pura 2 2 1 5 5
Ceracircmica
Mista
1 3 2 4 4
Ceracircmica com
Wiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal Duro 5 1 5 3 1
Em geral os insertos de material ceracircmico possuem um chanfro na regiatildeo da aresta de corte
cuja dimensatildeo varia de 005 agrave 03mm e acircngulo entre 20deg e 30deg como proteccedilatildeo de aresta para evitar
quebra ou lascamento (DINIZ et al 2008)
Em processos de usinagem como o fresamento em ferro fundido cinzento eacute possiacutevel substituir
o desbaste e o acabamento para somente um passe utilizando insertos de ceracircmica com alisador
(FERRER 2006) Ferramentas ceracircmicas de nitreto de siliacutecio tecircm mostrado um melhor desempenho
que as de metal duro em operaccedilotildees de faceamento em ferro fundido cinzento Isto porque
ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio apresentam tenacidade suficiente onde o
lascamento natildeo eacute um fator predominante para o fim da vida da ferramenta (FERRER e DINIZ
2005)
Em contrapartida ferramentas de metal duro satildeo consideradas uma melhor opccedilatildeo para
processo de usinagem em fresamento de ferro fundido vermicular O mecanismo de desgaste por
difusatildeo eacute muito acentuado em ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio (GABALDO
2009)
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte
Desgaste eacute a perda contiacutenua e microscoacutepica de partiacuteculas da ferramenta devido agrave accedilatildeo do corte
(DINIZ et al 2008) Haacute alguns desgastes de ferramenta de corte padronizado como desgastes
convencionais Os principais deles satildeo o desgaste de flanco ou frontal (na superfiacutecie de folga da
39
ferramenta) desgaste de entalhe (nos limites de contato ferramentapeccedila) e desgaste de cratera (na
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) Aleacutem dos desgastes diversas outras ocorrecircncias podem acontecer
agrave ferramenta durante seu uso como trincas lascas deformaccedilotildees plaacutesticas e quebra A estas
ocorrecircncias daacute-se o nome de avarias (FERRARESI 1970)
Os principais fenocircmenos causadores do desgaste satildeo
Aresta posticcedila de corte (APC) ndash material da peccedila aderido na aresta de corte da ferramenta
modificando o comportamento da forccedila de corte acabamento superficial da peccedila e desgaste da
ferramenta A APC ocorre quando em baixa velocidade de corte a parte inferior do cavaco sob
pressatildeo de corte na zona de aderecircncia manteacutem o contato sem movimento relativo por um espaccedilo de
tempo suficiente para soldar na ferramenta Agrave medida que a APC cresce torna-se instaacutevel e depois
de algum tempo colapsa levando consigo partiacuteculas da superfiacutecie de folga da ferramenta
incentivando assim o desgaste de flanco em baixa velocidade de corte (DINIZ et al 2008)
Abrasatildeo mecacircnica ndash o desgaste frontal ou o desgaste de cratera podem ser gerados pela
abrasatildeo (atrito) poreacutem eacute mais comum o desgaste frontal porque a superfiacutecie de folga atrita na peccedila
que eacute riacutegida enquanto que a superfiacutecie de saiacuteda atrita com o cavaco que eacute flexiacutevel O desgaste por
abrasatildeo ocorre pela presenccedila de partiacuteculas duras no material da peccedila e pela temperatura de corte que
reduz a dureza da ferramenta Quando o desgaste abrasivo ocorre a superfiacutecie desgastada mostra
sulcos paralelos agrave direccedilatildeo de avanccedilo (TRENT e WRIGHT 2000)
Aderecircncia ndash eacute formada por um extrato metaacutelico provocado pela baixa velocidade de corte e
baixa temperatura entre duas superfiacutecies metaacutelicas postas em contato sob cargas moderadas A
resistecircncia deste extrato eacute elevada a tal ponto que na tentativa de separar as superfiacutecies ocorre agrave
ruptura em um dos metais e natildeo na superfiacutecie de contato Quando este desgaste ocorre a superfiacutecie
desgastada tem aparecircncia aacutespera (TRENT e WRIGHT 2000) Assim partiacuteculas da superfiacutecie de um
material migram para superfiacutecie do outro O fenocircmeno da aderecircncia estaacute presente na formaccedilatildeo da
aresta posticcedila mas pode-se ter desgaste por aderecircncia mesmo sem a formaccedilatildeo da aresta posticcedila Por
meio deste fenocircmeno as partiacuteculas da ferramenta que satildeo removidas pela continuidade do
movimento de escorregamento entre as duas superfiacutecies (cavaco-ferramenta ou ferramenta-peccedila)
seguem aderidas ao fluxo de cavaco ou peccedila Como satildeo bastante duras ao atritarem com regiotildees da
ferramenta mais agrave frente desgastam-nas por abrasatildeo A utilizaccedilatildeo de coberturas com baixo
coeficiente de atrito como o nitreto de titacircnio e o uso de fluiacutedo de corte adequado tem grande
influecircncia na reduccedilatildeo deste tipo de desgaste (DINIZ et al 2008)
40
Difusatildeo ndash eacute um fenocircmeno microscoacutepico ativado pela temperatura na zona de corte
principalmente entre a ferramenta e o cavaco podendo tambeacutem ocorrer entre a ferramenta e a peccedila
depois de jaacute haver ocorrido algum desgaste na superfiacutecie de folga causado por algum outro
mecanismo A difusatildeo no estado soacutelido consiste na transferecircncia de aacutetomos de um metal ao outro
Depende da temperatura duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemico dos dois metais
envolvidos na zona de cisalhamento secundaacuterio Ocorre principalmente na superfiacutecie de saiacuteda da
ferramenta causando o desgaste de cratera porque eacute ali que se tem a zona de aderecircncia entre cavaco
e ferramenta (que garante o tempo de contato) e a zona de fluxo (zona secundaacuteria de cisalhamento)
na qual o cisalhamento eacute intenso e assim a temperatura eacute bastante alta Ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes a este tipo de
desgaste (DINIZ et al 2008)
Oxidaccedilatildeo ndash a maioria dos metais oxidam em altas temperaturas e na presenccedila de aacutegua e ar Na
usinagem isto ocorre devido ao uso de fluiacutedo de corte de baixa concentraccedilatildeo ou fluiacutedo de corte natildeo
adequado para o processo O tungstecircnio e o cobalto durante o corte formam filmes de oacutexido poroso
sobre a ferramenta que satildeo facilmente levados embora pelo atrito gerando o desgaste Poreacutem
alguns oacutexidos como o oacutexido de alumiacutenio satildeo mais duros e resistentes Assim alguns materiais de
ferramentas que natildeo conteacutem oacutexido de alumino desgastam mais facilmente por oxidaccedilatildeo Este
desgaste se forma nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao acesso de ar nesta
regiatildeo causando o desgaste de entalhe Tambeacutem para este desgaste ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes (DINIZ et al
2008)
41
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Este capiacutetulo descreve o material do bloco do motor e o material da ferramenta de corte a ser
utilizada no experimento aleacutem dos equipamentos e o meacutetodo utilizado para o experimento
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos
Uma linha de usinagem flexiacutevel de bloco do motor diesel exclusivo em material de ferro
fundido vermicular jaacute existente na empresa MWM International situado em Santo Amaro SP foi o
laboratoacuterio utilizado para realizaccedilatildeo dos experimentos
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos
Utilizou-se como corpos de prova para os ensaios de mandrilamento blocos para motores de
seis cilindros (ver figura 21) fundidos em material de ferro fundido vermicular e fundido na
empresa TUPY Fundiccedilotildees localizada em Mauaacute Satildeo Paulo A operaccedilatildeo de usinagem objeto deste
estudo foi o mandrilamento dos mancais do bloco
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE
42
O material do bloco do motor eacute o GJV-450 conforme norma MANN (M3340) Foi realizada
uma anaacutelise metalograacutefica de amostras retiradas de corpos de prova do bloco do motor conforme
posiccedilatildeo visualizada na figura 22
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise
metalograacutefica (norma MANN M3340 2004)
A tabela 21 e as figuras 23 e 24 mostram os resultados da anaacutelise metalograacutefica do material
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor
DESCRICcedilAtildeO ESPECIFICADO
Estrutura da Matriz Perlita Lamelar Fina
Ferrita Livre Maacuteximo de 30
Cementita Livre Ausente
Carbonitreto de Titacircnio Metalograficamente natildeo permitidos
Ledeburita Ausente
Rede de Fosfeto - STEADITA Traccedilos isolados como informativo
Forma da Grafita I e II Ausente
Forma da Grafita III Miacutenimo 70
Forma da Grafita IV Maacuteximo 5
Forma da Grafita V e VI Maacuteximo 30
Tamanho da Grafita Forma III 3 ou mais fino
Tamanho da Grafita Forma IV 3 ou mais fino
43
Tamanho da Grafita Forma V e VI 5 ou mais fino
Dureza 150 agrave 250 HB 30
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo 440 agrave 520 Nmm2
Limite de Escoamento Miacutenimo 320 Nmm2
Alongamento Miacutenimo 1
Figura 23 - Micrografia mostrando a morfologia da
grafita
Forma III (80 agrave 85) e tamanho de 4 agrave 5
Forma IV (lt 5) e tamanho de 5 agrave 6
Forma V + VI (10 agrave 15) e tamanho de 5 agrave 6
Sem ataque
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrututa da
matriz matriz perliacutetica
Com ataque NITAL 3
A tabela 22 mostra o resultado do ensaio quiacutemico realizado em uma amostra de bloco
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN)
ESPECIFICADO em ENCONTRADO em
11 Carbono C 350 agrave 380 361
12 Carbono Equivalente C equiv 405 agrave 435 419
13 Silicio Si 200 agrave 230 232
14 Manganecircs Mn 040 maacuteximo 026
15 Foacutesforo P 002 maacuteximo 0009
16 Enxofre S 0005 agrave 0020 0011
17 Cromo Cr 01 maacuteximo 0029
44
18 Cobre Cu 075 agrave 095 084
19 Estanho Sn 004 agrave 007 007
110 Magneacutesio Mg 0010 agrave 0016 0010
111 Titacircnio Ti 0010 maacuteximo 0003
O material de ferro fundido vermicular a ser removido pela ferramenta de corte na operaccedilatildeo de
mandrilamento dos mancais tem espessura entre 25 e 30mm (profundidade de corte) devido agrave
variaccedilatildeo do sobremetal de fundiccedilatildeo conforme figura 25 formando cavacos de ruptura
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte
O bloco do motor contem sete mancais com comprimento de 37mm cada conforme figura 26
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm
45
23 Ferramenta de Corte (insertos)
Nos experimentos foram utilizados insertos de ceracircmica e insertos de metal duro conforme
figuras 27 28 e 29 e tabela 23
Figura 27 - Inserto de Metal Duro
WTXQ090608 K01L10B040 HP425
Figura 28 - Inserto de ceracircmica
WTXQ090608 0906 MN KS6000
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento
METAL DURO CERAcircMICA
Material Classe K10 Nitreto de Silicio
Aresta de Corte Arredondamento 006mm Arredondamento 006mm
Espessura do inserto 635mm 635mm
Aacuterea para corte Maacuteximo 7mm Maacuteximo 7mm
Quantidade de arestas 6 arestas 6 arestas
Cobertura Nitreto de Titanio Alumino (TiNAl) Sem cobertura
46
Figura 29 - Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios
Os insertos foram montados em uma barra de mandrilar na posiccedilatildeo tangencial em um diacircmetro
de 1105mm para desbaste conforme figura 210 Nesta mesma ferramenta tambeacutem estatildeo montados
os seis insertos de semi-acabamento para posterior processo de fratura Esta ferramenta possui guias
de metal duro para reduzir vibraccedilatildeo garantir alinhamento entre os mancais e garantir a precisatildeo
dimensional As guias de metal duro da ferramenta e o diacircmetro do mancal podem estar com folga
entre 0005mm e 0015mm Esta folga eacute coberta pelo fluido de corte com uma concentraccedilatildeo
aproximada de 12 e com isso contribui para reduzir o atrito
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos
47
Antes dos experimentos foram montados vaacuterios insertos na barra de mandrilar para verificar a
variaccedilatildeo do batimento radial e axial Nota-se que radialmente foram encontrados ateacute 004mm de
variaccedilatildeo e axialmente foram encontrados ateacute 002mm conforme demonstra figura 211 Ambos os
resultados encontrados natildeo influenciam no resultado final dos experimentos
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado
O fluido de corte utilizado no experimento tendo tambeacutem como funccedilatildeo reduzir o atrito entre
as guias de metal duro da barra de mandrilar e o mancal guia do bloco foi um oacuteleo semi-sinteacutetico do
tipo EP produzido pelo fabricante CASTROL O nome do produto eacute ldquoSuperedge 6552 BFrdquo com alta
resistecircncia agrave formaccedilatildeo de espuma isento de Boro Cloro Nitritos e Fenois As tabelas 24 e 25
mostram caracteriacutesticas deste fluido
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
Estado fiacutesico Liacutequido
Odor Suave
Cor Acircmbar
pH 90 a 95 (5)
Ponto de fulgor Produto base aacutegua Natildeo inflamaacutevel
Densidade 0937 gmL
Solubilidade Soluacutevel em aacutegua
48
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
DESCRICcedilAtildeO PORCENTAGEM
Aacutegua 5 agrave 10
Amina primaacuteria 20 agrave 40
Amina terciaacuteria 50 agrave 80
Oacuteleo mineral parafiacutenico 45 agrave 50
Benzotriazol 01 agrave 05
Aacutecidos di carboxiacutelicos 20 agrave 50
Aditivo EP a base de foacutesforo 20 agrave 80
Amida de Tall Oil 10 agrave 15
Aacutecido carbacircmico 05 maacuteximo
Metileno bis morfolina 30 agrave 70
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos
A maacutequina de usinar utilizada para realizar os experimentos foi um centro de usinagem
horizontal CNC com 4 eixos (XYZB) da marca GROB modelo BZ640 com palete (mesa) de 630
x630mm (ver figura 212) Esta maacutequina eacute controlada por um comando SIEMENS e pode suportar
uma carga sobre a mesa de ateacute 1000Kg jaacute que a peccedila (bloco do motor) utilizada no experimento
tem aproximadamente 300Kg e o dispositivo para fixar a peccedila tem aproximadamente 500Kg
somando juntos 800Kg A maacutequina tambeacutem tem um giro de palete permitido de ateacute 1200mm para
suportar a peccedila que tem um comprimento de 1060mm O eixo da maacutequina eacute um motofuso com
potecircncia de 26Kw(40ED) e 20Kw(100 ED) O torque eacute de 340Nm (40 ED) e 262Nm(100
ED) A cada 10 minutos de usinagem por 4 minutos pode ser utilizados potecircncia e torque maacuteximos
ou seja pode-se utilizar 26Kw a cada 4 minutos ou 20Kw em todo tempo de usinagem e igualmente
para torque
49
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB
Este equipamento eacute preparado para medir potecircncia consumida do fuso no momento da
usinagem da peccedila conforme demonstrado na figura 213
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos
O equipamento utilizado para realizar as mediccedilotildees de desgaste dos insertos (VB ndash desgaste de
flanco) utilizados no experimento foi uma maacutequina para preacute-ajustagem de ferramentas marca
ZOLLER com cacircmera integrada conforme figura 214 Esta maacutequina tambeacutem possui alguns
benefiacutecios como sistema de fixaccedilatildeo SHRINK (fixaccedilatildeo de ferramenta por contraccedilatildeo teacutermica) e um
50
software de programaccedilatildeo com o procedimento de mediccedilatildeo de cada ferramenta reduzindo a
influecircncia do operador
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER
Ao fim dos ensaios os desgastes das ferramentas foram analisados em um Microacutescoacutepio
Eletrocircnico de Varredura (MEV) contendo sonda para realizaccedilatildeo de testes de EDS(Sistema de
Energia Dispersiva) Este equipamento tem marca FEI modelo Quanta 450 conforme figura 215
Ele eacute capaz de produzir imagens de alta ampliaccedilatildeo
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos
insertos
51
27 Processo de Usinagem
Uma barra de mandrilar com 600mm de comprimento devido agrave sua rigidez pelo curto
comprimento mandrila o primeiro mancal em desbaste para obtenccedilatildeo do Oslash1105mm e acabamento
Oslash111mm simultaneamente No teacutermino da usinagem do primeiro mancal a mesa (palete) gira 180deg
para que a usinagem do seacutetimo mancal (uacuteltimo) seja realizada A funccedilatildeo desta primeira ferramenta eacute
fornecer guia (mancal usinado) para a barra de mandrilar longa com comprimento de 600mm
conforme figura 216 utilizada nos experimentos deste trabalho para usinar do segundo ao sexto
mancal
A barra de mandrilar longa utiliza o primeiro mancal como guia e usina o segundo mancal
conforme demonstrado na figura 216 Apoacutes o segundo mancal acabado a ferramenta avanccedila e
utiliza o segundo mancal como guia para usinar o terceiro mancal e assim sucessivamente ateacute usinar
o quarto mancal Para usinar o quinto e o sexto mancal a mesa da maacutequina gira a 180deg e a
ferramenta utiliza o seacutetimo mancal como guia para usinar o sexto mancal e logo na sequumlecircncia
utiliza o sexto mancal como guia para usinar o quinto mancal
A ferramenta utilizada nos experimentos usina um total de cinco mancais por bloco
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento
28 Procedimento experimental
Primeiramente foi determinado que um ensaio terminaria apoacutes 40 peccedilas usinadas Este nuacutemero
foi determinado para que o desgaste frontal da ferramenta tivesse aproximadamente de 04mm
(mediccedilatildeo VB) ao fim do ensaio Como o laboratoacuterio utilizado no experimento foi uma linha de
produccedilatildeo impossibilitando a mediccedilatildeo do desgaste dos insertos ateacute atingir exatos 04mm foi
definido medir a aresta de 10 em 10 peccedilas ateacute atingir as 40 peccedilas Poreacutem houve exceccedilotildees como
- Ensaios em que o desgaste VB atingiu valores elevados muito antes das 40 peccedilas
600mm
52
- Ensaios em que a potecircncia de seguranccedila do fuso da maacutequina foi acionada antes das 40 peccedilas
A velocidade de corte foi a variaacutevel utilizada para iniciar os ensaios em insertos de metal duro
fixando o avanccedilo por dente e a quantidade de insertos montados conforme tabela 26
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 140mmin 022mm 6 532mmmin
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
A maacutexima velocidade de corte de 155mmin foi determinada devido agrave caracteriacutestica de
seguranccedila que a maacutequina oferece para natildeo danificar o equipamento Como a barra de mandrilar eacute
longa e robusta qualquer quebra ou outro tipo de avaria pode danificar o fuso da maacutequina Mais
caro que o fuso eacute o alto tempo de reparo que um equipamento deste porte pode sofrer Para
seguranccedila haacute um limite de potecircncia consumida do fuso em que o equipamento interrompe a rotaccedilatildeo
para evitar maiores avarias Como a folga entre as guias de metal duro da barra de mandrilar e o
guia dos mancais podem variar entre 0005mm e 0015mm o aumento da rotaccedilatildeo aumenta a forccedila
centriacutepeta e o oacuteleo natildeo suporta reduzir o atrito aumentando a potecircncia consumida do fuso e
limitando a velocidade de corte para maacuteximo de 155mmin
A velocidade miacutenima de corte de 110mmin utilizada foi a jaacute definida no processo antes de
realizaccedilatildeo deste trabalho e a velocidade de corte intermediaacuteria foi a definida pela velocidade de
corte mais proacutexima da meacutedia entre a velocidade maacutexima de 155mmin e a velocidade miacutenima de
110mmin
Continuando na estrateacutegia dos experimentos utilizou-se a maior velocidade de corte permitida
pela maacutequina para os experimentos com ceracircmica o qual precisa de maiores velocidades em
comparaccedilatildeo com o metal duro Para comparar rendimento utilizou as mesmas condiccedilotildees para o
experimento com inserto de metal duro A uacutenica variaccedilatildeo foi o material da ferramenta conforme
mostrado na tabela 27
53
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 6 590mmmin
Como o experimento com ceracircmica natildeo foi possiacutevel devido agrave alta potecircncia consumida do fuso
e a ocorrecircncia de avaria de quebra prematura a terceira fase de testes foi a reduccedilatildeo do nuacutemero de
insertos montados na ferramenta conforme demonstrado na tabela 28
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 3 295mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 3 295mmmin
Na sequumlecircncia dos experimentos fixou-se a menor velocidade de corte utilizada nos
experimentos e o uso apenas de insertos de metal duro ateacute entatildeo a melhor condiccedilatildeo de corte
experimentada variando somente o avanccedilo por dente conforme demonstra a tabela 29
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 110mmin 030mm 6 572mmmin
Metal Duro 110mmin 034mm 6 648mmmin
O maior avanccedilo por dente utilizado nos experimentos foi definido pela seguranccedila da maacutequina
no controle de potecircncia maacutexima utilizada ou seja a utilizaccedilatildeo do avanccedilo por dente de 034mm se
posicionava no limite de potecircncia da maacutequina
Todos os experimentos foram realizados reacuteplicas exceto os experimentos com variaccedilatildeo da
velocidade de corte que foi necessaacuterio realizar uma treacuteplica
54
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO
Este capiacutetulo descreveraacute os resultados dos experimentos As variaacuteveis analisadas satildeo a
evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos em funccedilatildeo da quantidade de peccedilas usinadas o tempo de
usinagem a quantidade de dentes da ferramenta em contato com a peccedila potecircncia consumida do fuso
e volume de cavaco removido
31 Cavaco
A usinagem do ferro fundido cinzento gera cavaco de ruptura na regiatildeo de cisalhamento
(Ferraresi 1970) O cavaco retirado do bloco do motor em ferro fundido vermicular utilizado nos
experimentos tambeacutem pode ser classificado como de ruptura mas eacute um pouco maior que o tiacutepico
gerado na usinagem do ferro fundido cinzento conforme mostra a figura 31
Como a deformaccedilatildeo do cavaco no momento do corte natildeo eacute homogecircnea por causa da
concentraccedilatildeo de tensatildeo ou pontos de baixa resistecircncia na parte traseira do cavaco (Diniz et al
2008) a parte de traz do cavaco eacute bem rugosa mesmo para um cavaco de ruptura conforme
demonstrado na figura 32
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura de CGI
Figura 32 - Face rugosa do cavaco de CGI
55
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel )
Na primeira fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
arestas) e o avanccedilo por dente foram fixados tendo como variaacutevel a velocidade de corte
Na velocidade de corte de 155mmin 30 peccedilas foram usinadas ateacute o desgaste de flanco do
inserto ultrapassar os 04mm (VB) conforme mostrado na figura 33
vc110
mmin
vc140
mmin
vc155
mmin
10 peccedilas 20 peccedilas 30 peccedilas
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte
Para as velocidades de corte de 110mmin e 140mmin foi possiacutevel mandrilar ateacute 40 peccedilas
conforme demonstrado na figura 34 O desgaste dos diversos insertos de uma mesma eram muito
proacuteximos mas foi decidido fazer as mediccedilotildees de insertos montados sempre na mesma posiccedilatildeo da
ferramenta Pode-se verificar que o inserto utilizado no experimento com maior velocidade de corte
resultou em um maior desgaste frontal (ainda figura 33) devido ao acreacutescimo de calor gerado no
processo concordando com a literatura (Diniz et al 2008)
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
56
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado
Como jaacute descrito anteriormente a maior velocidade de corte resulta em uma maior taxa de
desgaste frontal dos insertos Como mostra a figura 35 a influecircncia da velocidade de corte na taxa
de desgaste ficou clara somente a partir de 20 peccedilas usinadas ou seja o comportamento do desgaste
das arestas dos insertos foram muito semelhantes diferenciando em poucos centeacutesimos na usinagem
de ateacute 20 peccedilas O valor do desgaste foi 51 menor na velocidade de corte de 110mmin quando
comparado com a velocidade de corte de 140mmin apoacutes 40 peccedilas usinadas Analisando uma
diferenccedila ainda maior de velocidade de corte como por exemplo velocidade de corte de 110mmin
e 155mmin e fixando 30 peccedilas para comparaccedilatildeo jaacute que o experimento com a velocidade de corte
de 155mmin natildeo atingiu 40 peccedilas a diferenccedila foi de 60 Em outras palavras o valor do desgaste
VB apoacutes 30 peccedilas usinadas era 60 maior na ferramenta utilizada com 155 mmin que o desgaste da
ferramenta que usinou com 110 mmin
04mm
A B
04mm
Vc110mmin Vc140mmin
57
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos
Comparando o graacutefico de desgaste dos insertos com o graacutefico de potecircncia consumida do fuso
(figura 36) vecirc-se que conforme esperado agrave medida em que aumenta o desgaste da ferramenta
aumenta o atrito na interface ferramentapeccedila e consequumlentemente aumenta a potecircncia consumida
do fuso Na usinagem com ferramenta nova (peccedila 1 na figura 36) a potecircncia consumida com vc =
140 mmin foi cerca de 22 maior que quando se usinou com vc = 110 mmin (aumento de 27 no
valor da velocidade) enquanto a potecircncia consumida com velocidade de corte de 155mmin foi 9
maior que quando se usinou com vc = 140 mmin (aumento de 11 no valor da velocidade de corte)
Pode-se verificar que o aumento da potecircncia consumida foi pouco menor que o aumento da proacutepria
velocidade de corte Diniz et all (2008) afirmam que a potecircncia de corte pode ser dada pela equaccedilatildeo
31 Como nem profundidade de usinagem nem avanccedilo foram alterados nestes ensaios este
resultado significa que o aumento da velocidade de corte proporcionou uma pequena reduccedilatildeo no
valor da pressatildeo de corte o que concorda com o que foi tambeacutem afirmado por estes autores
cc vfapKsvFcPc (31)
Onde
Pc = potecircncia de corte
Fc = forccedila de corte
0
01
02
03
04
05
06
07
08
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Velocidade de corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
58
Ks = pressatildeo especiacutefica de corte
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para
ferramentas com 3 e 6 insertos)
Na segunda fase dos experimentos devido agrave utilizaccedilatildeo de insertos de ceracircmica foi utilizada a
velocidade de corte de 155mmin que eacute a maacutexima permitida pela maacutequina Como a intenccedilatildeo eacute
comparar o desempenho dos materiais dos insertos foi fixada a velocidade de corte de 155mmin o
avanccedilo por dente de 022mmin e inicialmente seis arestas na ferramenta tendo como variaacutevel o
material de ceracircmica e metal duro
Poreacutem natildeo foi possiacutevel realizar o experimento em questatildeo O ensaio teve que ser interrompido
porque todos os insertos se quebraram antes da ferramenta completar 10 peccedilas usinadas O desgaste
prematuro das arestas de corte do inserto de ceracircmica e o aumento da pressatildeo de corte devido ao
aumento na quantidade de arestas aumentaram bastante a tendecircncia agrave quebra dos insertos
Como natildeo foi possiacutevel a comparaccedilatildeo dos insertos de ceracircmica com insertos de metal duro
nestas condiccedilotildees decidiu-se realizar esta fase dos experimentos mantendo a velocidade de corte de
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Variaacutevel - Velocidade de Corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
59
155mmin e o avanccedilo por dente de 022mmin mas reduzndo o nuacutemero de arestas da ferramenta
para trecircs Realizou-se estes testes com ferramenta de metal duro e ferramenta ceracircmica
Pode-se verificar que para mandrilamento em desbaste de peccedilas em material de ferro fundido
vermicular insertos de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio natildeo se mostraram adequados ou seja haacute
um desgaste excessivo da aresta de corte conforme mostra a figura 37 Vecirc-se nesta figura que com
apenas 10 peccedilas usinadas o desgaste dos insertos ultrapassava 10mm de VB O inserto de metal duro
para esta mesma quantidade de peccedilas (10 peccedilas) apresentava desgaste de somente 022 mm
conforme demonstrado na figura 38
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm
Figura 38 ndash Aresta do inserto de metal duro
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm
A figura 39 mostra que inicialmente a potecircncia consumida pela maacutequina quando se utilizou
ferramenta ceracircmica era bem proacutexima daquela consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro Como pode ser visto nas figuras 27 e 28 e na tabela 23 as ferramentas utilizadas tecircm
geometrias idecircnticas Entatildeo este resultado mostra que o suposto menor coeficiente de atrito da
camada de TiAlN que recobre a ferramenta de metal duro natildeo teve influecircncia na diminuiccedilatildeo dos
esforccedilos de corte Poreacutem em poucas peccedilas usinadas devido ao excessivo desgaste das arestas de
corte haacute um aumento progressivo na potecircncia consumida do fuso para o experimento com ceracircmica
Apoacutes 10 peccedilas usinadas enquanto a potecircncia consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro aumentou 8 em relaccedilatildeo agrave potecircncia consumida na usinagem da primeira peccedila a potecircncia
quando se usou ferramenta ceracircmica aumentou em cerca de 41
04mm 04mm
60
Figura 39 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica
Como a comparaccedilatildeo entre insertos de metal duro e insertos de ceracircmica foi extremamente
favoraacutevel ao experimento de metal duro decidiu-se comparar a quantidade de insertos em uso na
ferramenta Assim os experimentos foram realizados com ferramenta de metal duro com trecircs
insertos e seis insertos fixando a velocidade de corte de 155mmin e o avanccedilo por dente de 023mm
Fotos das regiotildees desgastadas destas ferramentas estatildeo mostradas na figura 38
Trecircs(3)
insertos
Seis(6)
insertos
10 peccedilas 20 peccedilas
10
11
12
13
14
15
16
17
1 10 20
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Metal Duro x Ceracircmica
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Metal Duro Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Ceracircmica
04mm 04mm
04mm 04mm
61
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes
Verifica-se que o experimento com maior quantidade de insertos (6 insertos) em uso obteve
uma superioridade de 66 de vida com relaccedilatildeo ao experimento de menor quantidade de insertos (3
insertos) confirmando a literatura (REUTER et al1999) quando atingido a quantidade de 20 peccedilas
que foi o limitante para o experimento com trecircs insertos conforme mostra figura 311
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6
insertos
O aumento do nuacutemero de dentes aumenta o volume de cavaco removido por minuto sem
aumentar a carga realizada sobre cada aresta Portanto este aumento deve ser incentivado desde que
haja espaccedilo suficiente entre dentes para armazenar o cavaco e desde que a maacutequina tenha potecircncia e
rigidez para suportar este maior volume de cavaco removido A figura 312 abaixo mostra a maior
potecircncia consumida para o experimento utilizando seis insertos como variaacutevel mas ainda dentro do
permitido pela maacutequina Veja que com 100 no aumento da velocidade de avanccedilo devido ao dobro
da quantidade de dentes em uso a potecircncia consumida do fuso iniciou com uma diferenccedila de 73
ou seja confirma-se que a potecircncia de corte aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo porque o Ks
reduziu devido a maior velocidade de avanccedilo Se o Ks natildeo reduzisse com o aumento do avanccedilo a
diferenccedila da potecircncia consumida do fuso seria de 100
0
02
04
06
08
10 20 30
Des
gast
e V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas - Vb(mm) 3 insertos x 6 insertos
Vc 155mmin - MD fz 022 (3 INSERTOS)
Vc 155mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
62
Figura 312 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como
variaacutevel)
Na quarta fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
facas) a melhor velocidade de corte (vc 110mmin) encontrada nos primeiros experimentos e o
material da ferramenta (Metal Duro) foram fixados tendo como variaacutevel o avanccedilo por dente
Pode-se verificar que para velocidade de corte de 110mmin independente da variaacutevel avanccedilo
por dente a variaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do desgaste das arestas de corte foi muito pequena conforme
demonstrado nas figuras 313 e 314 O aumento do avanccedilo aumenta o volume de cavaco removido
por minuto e com isto aumenta o calor gerado Por outro lado o crescimento do avanccedilo faz com
que o contato do cavaco com a ferramenta se decirc em uma maior porccedilatildeo da superfiacutecie de saiacuteda Como
tem-se maior calor gerado mas com maior aacuterea da ferramenta para receber este calor a temperatura
da ferramenta natildeo se altera muito e por isso a influecircncia do avanccedilo no desgaste da ferramenta
quando existe eacute pequena (Diniz et al 2008)
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Nuacutemero de insertos como variaacutevel
Vc 155mmin (6 ins) fz 022 - MD
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - MD
63
fz
022mm
fz
030mm
fz
034mm
20 peccedilas 30 peccedilas 40 peccedilas
Figura 313 ndash Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos
Este resultado eacute bastante importante para um processo de desbaste como o analisado neste
trabalho O aumento do avanccedilo por dente faz com que o tempo de corte de uma peccedila seja reduzido
Como isto natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta tem-se com certeza um processo mais
produtivo (se a vida da ferramenta tivesse diminuiacutedo seria necessaacuterio cotejar a diminuiccedilatildeo do tempo
de corte contra o aumento de tempo de maacutequina parada para troca de ferramenta para afirmar que o
processo foi mais produtivo) com mesmo custo de ferramentas e menor custo de utilizaccedilatildeo da
maacutequina Haacute que se perguntar qual eacute o limite para o aumento do avanccedilo por dente Com certeza agrave
medida que se aumenta este valor para mesmo raio de ponta da ferramenta cresce o risco de quebra
da mesma A utilizaccedilatildeo de avanccedilos ainda maiores que os aqui utilizados eacute uma sugestatildeo para um
trabalho futuro
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
64
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por
dente como variaacutevel
A figura 315 mostra os resultados de potecircncia consumida versus nuacutemero de peccedilas usinadas
para os ensaios em que se teve variaccedilatildeo do avanccedilo por dente Nela percebe-se que haacute um aumento
na potecircncia consumida agrave medida que se aumenta o avanccedilo por dente Levando-se em consideraccedilatildeo a
potecircncia consumida na usinagem da 1ordf peccedila (ferramenta ainda sem desgaste) houve um aumento de
21 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 022mm para 030mm (36 de aumento
do avanccedilo) e um aumento de 9 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 030mm para
034mm (13 de aumento do avanccedilo) Isto estaacute em acordo com a literatura (Diniz Marcondes e
Coppini2008) que afirma que a Potecircncia de Corte (Pc) aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo da
avanccedilo (f) porque a Pressatildeo Especiacutefica de Corte (Ks) cai com o aumento de f Isto eacute possiacutevel
porque a contribuiccedilatildeo dada pelo fluxo lateral de cavaco (parte do volume de material deformado da
peccedila natildeo se transforma em cavaco mas sim escorrega entre a peccedila e a superfiacutecie de folga da
ferramenta) fica percentualmente menos importante quando se aumenta o avanccedilo
Outro ponto importante a ser destacado nesta figura eacute que a contribuiccedilatildeo do desgaste para o
crescimento da potecircncia consumida eacute significativa Quando se utilizou fz = 030 mm o crescimento
da potecircncia entre a 1ordf peccedila usinada e a 40ordf peccedila foi de 76 enquanto quando se usou fz = 022 mm
este crescimento foi de 20 (maior crescimento percentual dentre as 3 curvas) Esta diferenccedila de
0
01
02
03
04
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Avanccedilo por dente
Vc 110mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 030 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 034 (6 INSERTOS)
65
variaccedilatildeo percentual da potecircncia consumida entre a 1ordf e a 40ordf peccedila deve-se provavelmente ao da
potecircncia ao longo da vida da ferramenta natildeo eacute tatildeo intenso
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de
avanccedilo como variaacutevel
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste
Os insertos utilizados nos experimentos foram submetidos agrave anaacutelise por um microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (MEV) com sistema de energia dispersiva (EDS) Este procedimento
objetivou a anaacutelise do mecanismo de desgaste das arestas de corte
Foram analisadas as arestas dos insertos de metal duro em fim de vida utilizados nos
ensaios em que se variou a velocidade de corte e a quantidade de insertos Os insertos com a
variaccedilatildeo do avanccedilo por dente foram submetidos ao MEV e ao EDS a cada 10 peccedilas mandriladas ateacute
completar o fim de vida Com relaccedilatildeo aos ensaios com ferramenta de ceracircmica somente as arestas
utilizadas no experimento com trecircs insertos puderam ser analisadas porque no experimento
utilizando seis insertos de ceracircmicas os mesmos quebraram no momento do experimento
impossibilitando a anaacutelise
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso
Vc 110mmin fz 022mm
Vc 110mmin fz 030mm
Vc 110mmin fz 034mm
66
Os insertos usados nos experimentos foram limpos por ataque da soluccedilatildeo de 10 gramas de
ferrocianeto de potaacutessio [ K4 [ Fe(CN)6]] 10 gramas de hidroacutexido de potaacutessio (KHO) e 100
mililitro de aacutegua destilada imerso de 4 agrave 6 antes de serem colocados no microscoacutepio
A figura 316 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
Nesta figura natildeo se vecirc riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte que se ocorressem indicariam
desgaste de origem abrasiva Fez-se anaacutelise de EDS nos 3 pontos mostrados na figura e o resultado
destas anaacutelises estatildeo mostrados na figura 317 O ponto 2 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
predominacircncia de titacircnio e alumiacutenio pois ali a cobertura da ferramenta estaacute intacta (a cobertura eacute de
TiAlN) Nos pontos 1 e 3 que estatildeo mais proacuteximos da aresta de corte encontra-se uma alta
quantidade de ferro e manganecircs mostrando que houve adesatildeo de material da peccedila na regiatildeo
desgastada da superfiacutecie de folga
67
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 318 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 140 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Os pontos 1 2
e 3 mostrados na figura estatildeo fora da regiatildeo desgastada e a anaacutelise EDS neles (figura 319) indicou a
presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta como era de se esperar O ponto 3 aleacutem da
presenccedila de elementos da ferramenta mostrou tambeacutem a presenccedila de elementos do fluido de corte
68
como foacutesforo e pequena quantidade de material da peccedila provavelmente devido ao contato com o
material do cavaco retirado da peccedila
Figura 318 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
No ponto 4 verifica-se a presenccedila de elementos como ferro manganecircs e siliacutecio que satildeo
materiais presentes exclusivamente na peccedila usinada e no cavaco mostrando de novo que houve
adesatildeo de material da peccedilacavaco na regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga
69
Figura 319 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 320 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Nesta figura
pode-se tambeacutem ver que o desgaste e a velocidade de ocorrecircncia do desgaste foram tais que a
ferramenta chegou a lascar
70
Figura 320 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
A figura 321 mostra os resultados da anaacutelise EDS O ponto 4 que estaacute fora da regiatildeo
desgastada (ver figura 320) mostra somente a presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta Os
pontos 2 e 3 mostram a forte presenccedila de material da peccedilacavaco aderidos agrave superfiacutecie desgastada
O ponto 1 que estaacute na vizinhanccedila da regiatildeo lascada mostra principalmente a presenccedila de elementos
do substrato da ferramenta como tungstecircnio e cobalto mostrando que ali toda a camada de
cobertura jaacute havia sido removida
71
Figura 321 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
Depois da anaacutelise do desgaste destas 3 ferramentas pode-se concluir que ele ocorreu
principalmente devido ao mecanismo de adesatildeo e arranque de partiacuteculas da ferramenta (attrition) A
pressatildeo de corte foi tal que permitiu que durante a formaccedilatildeo do cavaco parte do material da
peccedilacavaco extrudasse entre ferramenta e peccedila (talvez auxiliado por algum desgaste inicial gerado
por um outro mecanismo) e aderisse agrave superfiacutecie de folga da ferramenta Esta camada aderida era
arrancada pelo atrito entre ferramenta e peccedila levando consigo partiacuteculas da cobertura e do substrato
da ferramenta Ao arrastar partiacuteculas da ferramenta o desgaste era mais ainda incentivado jaacute que
72
estas partiacuteculas bastante duras atritavam com a proacutepria ferramenta Pode-se concluir que o
mecanismo principal de desgaste foi este devido agrave presenccedila de camada do material da peccedilacavaco
aderida em todas as regiotildees desgastadas como tambeacutem pela regiatildeo do substrato exposta na figura
320 Conseguiu-se tirar uma foto da ferramenta no momento que naquela regiatildeo (ponto 1 da figura
320) a camada aderida havia sido removida e ainda natildeo tinha sido substituiacuteda por outra camada
deixando o substrato exposto Eacute loacutegico que na continuidade deste processo de desgaste
principalmente quando a taxa desgaste eacute alta devido agrave alta velocidade de corte (como ocorreu
quando se utilizou vc = 155 mmin) o risco de lascamento da ferramenta (remoccedilatildeo de macro-
partiacuteculas e natildeo de micro-partiacuteculas) eacute alto como se viu na ponta da ferramenta mostrada na figura
320
A figura 322 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 3 insertos
e ferramenta de ceracircmica
Figura 322 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica) em fim de vida da ferramenta
Haacute quatro pontos indicados conforme demonstrado na figura 322 Nos pontos 1 2 e 3
verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de siliacutecio (figura 323) que existe tanto na peccedila quanto no
inserto Poreacutem como o ponto 3 natildeo tem contato com a peccedila haacute grande probabilidade que o siliacutecio
73
encontrado seja somente do inserto Foi encontrado tambeacutem tacircntalo presente somente ao material
do inserto conforme demonstrado na figura 323 No ponto 4 que se refere exatamente agrave fronteira da
regiatildeo de desgaste (fronteira entre a aacuterea de contato com a peccedila e a aacuterea sem contato) verifica-se a
presenccedila de material como siliacutecio alumiacutenio e cobalto referente ao inserto mas tambeacutem zinco e
zircocircnio que satildeo materiais do oacuteleo refrigerante utilizado no experimento Isto significa que o fluido
de corte chegava bem proacuteximo agrave interface peccedila-ferramenta mas natildeo penetrava nela Assim o fluido
tinha uma accedilatildeo refrigerante bastante eficiente jaacute que atingia regiotildees proacuteximas agrave fonte geradora de
calor mas natildeo tinha accedilatildeo lubrificante pois natildeo penetrava nas interfaces para poder ter accedilatildeo de
reduccedilatildeo do coeficiente de atrito
Figura 323 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de
corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
74
Uma anaacutelise visual da figura 322 mostra uma superfiacutecie lisa e a figura 323 mostra a presenccedila
em pequena quantidade de elementos da peccedila Estes pontos satildeo indicaccedilotildees de que o desgaste
difusivo estiver presente Poreacutem a aparecircncia facetada da regiatildeo de desgaste tambeacutem indica que
houve quebra de partiacuteculas macroscoacutepicas da ferramenta talvez causada pela tensatildeo teacutermica gerada
pela alta refrigeraccedilatildeo realizada pelo fluido de corte
Numa tentativa de se entender o processo de desgaste da ferramenta de metal duro desde o
iniacutecio de sua vida fez-se anaacutelise da superfiacutecie desgastada de uma das ferramentas em vaacuterios
momentos de sua vida A figura 324 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie
de folga de uma das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030
mm 6 insertos e ferramenta de metal duro apoacutes 10 peccedilas usinadas
Figura 324 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 10 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 324 estaacute mostrada na figura 325
Nos pontos 1 e 2 verifica-se a presenccedila de elementos da cobertura (titacircnio e alumiacutenio) como
75
tambeacutem elementos do substrato da ferramenta (W) No ponto 3 que eacute um ponto fora da regiatildeo
desgastada encontra-se alta concentraccedilatildeo de alumiacutenio e titacircnio presentes na cobertura do inserto No
ponto 4 encontra-se ainda bastante material da cobertura da ferramenta Al e Ti Vecirc-se que apoacutes 10
peccedilas usinadas ainda natildeo se iniciou o processo de adesatildeo da material da peccedilacavaco na superfiacutecie
de folga da ferramenta (natildeo se verifica a presenccedila marcante de Fe na regiatildeo de desgaste) adesatildeo
esta bastante presente na ferramenta apoacutes 40 peccedilas usinadas Tambeacutem mesmo na regiatildeo desgastada
ainda se verifica bastante a presenccedila de material da cobertura o que demonstra que o desgaste natildeo
era profundo a ponto de remover esta camada de material
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 325 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas
76
A figura 326 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 20 peccedilas usinadas
Figura 326 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 20 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 326 estaacute mostrada na figura 327 No
ponto 1 verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de tungstecircnio referente ao substrato do inserto e
uma pequena concentraccedilatildeo de Fe da peccedila Conclui-se entatildeo que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada a
cobertura jaacute havia sido removida e o processo de adesatildeo de material da peccedilacavaco dava sinais de
sua presenccedila No ponto 2 a presenccedila do Fe proveniente da peccedilacavaco eacute bastante intensa
mostrando que o processo de adesatildeo jaacute havia realmente se iniciado O ponto 3 eacute fora da regiatildeo
desgastada e portanto somente possui elementos da cobertura da ferramenta como alumiacutenio e
titacircnio Algum teor de W aparece porque a anaacutelise EDS eacute capaz de detectar elementos que estaacute a
alguma distacircncia da superfiacutecie analisada Assim o W que estaacute a alguns microns de distacircncia eacute
mostrado na anaacutelise No ponto 4 encontra-se somente alumiacutenio e titacircnio da cobertura mostrando
que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada o processo de adesatildeo ainda natildeo havia se iniciado
77
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 327 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 20 peccedilas usinadas
A figura 328 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 30 peccedilas usinadas
78
Figura 328 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 30 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 328 estaacute mostrada na figura 329
Similarmente ao que ocorreu com a ferramenta apoacutes 20 peccedilas usinadas agora com 30 peccedilas
usinadas a regiatildeo desgastada mostra ponto coberto por material da peccedilacavaco (ponto 1) ponto em
que a cobertura havia sido removida e o substrato estaacute exposto (ponto 2) e ponto em que a cobertura
ainda estava intacta (ponto 4) Logicamente o ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
somente elementos da cobertura e pouco concentraccedilatildeo de elementos do substrato da ferramenta
79
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 329 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 30 peccedilas
A figura 330 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 40 peccedilas usinadas (fim do ensaio)
80
Figura 330 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 40 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 330 estaacute mostrada na figura 331
Nos pontos 1 e 2 constata-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de ferro presente na peccedilacavaco
indicando que o processo de adesatildeo na ferramenta jaacute era bastante acentuado Mesmo assim ainda
havia uma parte da porccedilatildeo desgastada em que o desgaste natildeo havia se aprofundado na ferramenta e
assim a cobertura ainda estava presente (ponto 4 que tem forte concentraccedilatildeo de Ti e Al da
cobertura) No ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada apresenta logicamente somente
elementos da cobertura
81
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 331 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 40 peccedilas usinadas
Apoacutes a anaacutelise destas figuras pode-se tentar definir quais foram os mecanismos de desgaste da
ferramenta ao longo de sua vida Com 10 peccedilas usinadas a adesatildeo ainda natildeo estaacute presente Algum
outro mecanismo de desgaste (provavelmente a difusatildeo dada a aparecircncia lisa da regiatildeo desgastada
tiacutepica do desgaste difusivo sem a presenccedila de riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte tiacutepicos da abrasatildeo)
foi o responsaacutevel pela remoccedilatildeo da camada de cobertura (jaacute se vecirc pontos com o substrato exposto na
figura 331) que gerava o aumento do coeficiente de atrito e propiciava a adesatildeo do material da
peccedilacavaco A presenccedila de algum desgaste tambeacutem facilitou a extrusatildeo deste material entre peccedila e
ferramenta para que a adesatildeo fosse possiacutevel A partir disto a adesatildeo comeccedilou a crescer
82
gradualmente Com 20 peccedilas usinadas jaacute se tinha mais presenccedila de Fe oriundo da peccedila na ferramenta
e tambeacutem porccedilotildees com o substrato exposto (W mostrado na anaacutelise EDS) e a partir da peccedila 30 a
adesatildeo estava bastante presente tornando-se o principal mecanismo de desgaste que conduziu a
ferramenta a valores alto de desgaste
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido
A figura 332 mostra a vida da ferramenta para cada experimento realizado no qual fica
caracterizado que menores velocidades de corte e material de metal duro satildeo os mais indicados para
o processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco do motor fabricado em ferro
fundido vermicular Vecirc-se nesta figura que o uso de inserto com material de ceracircmica agrave base de
nitreto de siliacutecio natildeo se mostrou adequado para este tipo de operaccedilatildeo Vecirc-se tambeacutem que os avanccedilos
por dente utilizados no experimento mantiveram a mesma vida de ferramenta
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos
Para se ter uma ideacuteia de qual foram as melhores condiccedilotildees de usinagem dentre as que foram
testadas neste trabalho e consequumlentemente escolher o conjunto de condiccedilotildees a serem utilizadas no
0
10
20
30
40
50
Vc 110mmin
Fz022mmmin
Vc 110mmin
Fz030mmmin
Vc 110mmin
Fz034mmmin
Vc 140mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 3 insertos MD 3 insertos
Ceracircmica
6 insertos
Ceracircmica
40 40 40
30
23
12
4
Quebra
Nuacute
mer
o d
e p
eccedila
s
Vida da ferramenta de metal duro e ceracircmica no processo de mandrilamento em desbaste do Ferro Fundido Vermicular
83
meio produtivo construiu-se a figura 333 Na construccedilatildeo desta figura os experimentos em que se
utilizou ferramentas ceracircmicas natildeo foram levados em consideraccedilatildeo jaacute que o desempenho destas
ferramentas natildeo foi razoaacutevel Os ensaios em que se utilizou avanccedilo por dente de 022 mm e se
variou a velocidade de corte se a maacutequina utilizada nesta operaccedilatildeo natildeo for gargalo (isto eacute o tempo
da operaccedilatildeo natildeo eacute importante) a condiccedilatildeo a ser utilizada eacute aquela com velocidade de corte de
110mmin jaacute que ela propicia economia de ferramenta Se a maacutequina for gargalo haacute que se calcular
a velocidade de maacutexima produccedilatildeo (vcmxp) para este avanccedilo a fim de se escolher a velocidade a ser
utilizada Diniz et al (2008) definem vcmxp de acordo com a equaccedilatildeo 32
x
ft
cmxptx
Kv
1
))1(
(
(32)
Onde K e x satildeo os expoentes da equaccedilatildeo de vida da ferramenta de Taylor (Tvcx=K) tft eacute o
tempo de troca da ferramenta e T eacute a vida da ferramenta em minutos
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido
Utilizando-se os dados de vida de ferramenta obtidos nos ensaios com as 3 velocidades de
corte utilizadas neste trabalho tem-se que x e K satildeo respectivamente 26 e 79x106 Com isto
considerando-se um tempo de troca das ferramentas de 2 minutos tem-se que a velocidade de
maacutexima produccedilatildeo eacute 2895 mmin Assim em uma maacutequina gargalo utilizando-se o avanccedilo por dente
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Vc110mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 030mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 034mm
Vc140mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc155mmin 6 insertos Fz 022mm
Vo
lum
e d
e ca
vaco
(cm
3)
Tem
po
de
usi
nag
em (
min
)
Tempo de usinagem x Volume de cavaco removido Tempo de usinagem
Volume de material removido
84
de 022 mm dentre as velocidades utilizadas nos ensaios seria interessante utilizar-se a velocidade
de 155 mmin jaacute que a usinagem com este valor de vc apesar de consumir mais ferramentas
propicia menor tempo de produccedilatildeo por peccedila (jaacute que ela a maior velocidade dentre as utilizadas que
ainda eacute menor que vcmxp)
Como visto o uso de maiores avanccedilos natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta Assim
como se estaacute em operaccedilatildeo de desbaste (a rugosidade da peccedila natildeo eacute importante) eacute interessante
utilizar-se o maior avanccedilo possiacutevel Dentre os utilizados neste trabalho seria adequado se utilizar fz
= 034 mm pois com ele consegue-se um corte mais raacutepido sem ainda se ter quebra da aresta de
corte Seria importante tambeacutem se obter a velocidade de maacutexima produccedilatildeo com este avanccedilo a fim
de se saber a velocidade a ser utilizada se a maacutequina for gargalo Esta eacute uma outra sugestatildeo para um
futuro trabalho
85
4 CONCLUSOtildeES
Esta dissertaccedilatildeo teve por objetivo analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar influencias
positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor fabricado
em ferro fundido vermicular
Por meio dos resultados obtidos nas condiccedilotildees experimentadas pode-se concluir que
Quanto maior a velocidade de corte menor a vida final da ferramenta
A utilizaccedilatildeo de um maior nuacutemero de insertos na ferramenta proporcionou maior vida
tanto em termos de tempo de usinagem quanto em termos de volume de material
removido
Insertos de ceracircmica com nitreto de siliacutecio natildeo satildeo indicados para o mandrilamento em
desbaste do ferro fundido vermicular
A alteraccedilatildeo da velocidade de avanccedilo natildeo influencia na vida da ferramenta
Apoacutes definir a melhor velocidade de corte a velocidade de avanccedilo foi limitada pela
potecircncia consumida do fuso e natildeo pelo desgaste das arestas dos insertos
A melhor condiccedilatildeo de corte foi velocidade de corte de 110mmin avanccedilo por dente de
034mm e seis insertos de metal duro montados simultaneamente
O principal mecanismo de desgaste de flanco das pastilhas de metal duro foi o
ldquoattritionrdquo Poreacutem para que a adesatildeo de material da peccedilacavaco sobre a superfiacutecie de
folga pudesse acontecer foi necessaacuterio que inicialmente algum outro mecanismo
(provavelmente a difusatildeo) gerasse o desgaste da ferramenta
Sugestotildees para proacuteximos trabalhos
As informaccedilotildees descritas prevecircem possibilidades das variaccedilotildees sabendo-se que
86
o laboratoacuterio utilizado neste trabalho natildeo as permitiu
o Utilizaccedilatildeo de maiores velocidades de corte conjuntamente com maiores avanccedilos por
dente
o Utilizaccedilatildeo de outros materiais de ferramentas O CBN seria uma opccedilatildeo a ser testada
o Variaccedilatildeo das alturas das pastilhas tanto na direccedilatildeo axial quanto na direccedilatildeo radial
o Verificar se eacute possiacutevel aumentar ainda mais o nuacutemero de arestas da ferramenta para
propiciar ainda maior produccedilatildeo
87
5 REFEREcircNCIAS
BALDACIM Sandro A Desenvolvimento Processamento e Caracterizaccedilatildeo de
Compoacutesitos Ceracircmicos Si3N4 ndash SiC(w) 2000 170p Tese (Doutorado) Departamento de Pesquisas
Energeacuteticas e Nucleares Universidade Estadual de Satildeo Paulo Satildeo Paulo
BELONI AL Metodologia via redes neurais para estimativa da rugosidade e do
desgaste de ferramentas de corte no processo de fresamento frontal 2001 194p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Uberlacircndia Minas
Gerais
BRAUN Silvana Appel LG Schmal M A poluiccedilatildeo gerada por maacutequinas de combustatildeo
interna movidas a diesel - a questatildeo dos particulados Estrateacutegias atuais para a reduccedilatildeo e
controle das emissotildees e tendecircncias futuras Quiacutemica Nova Vol 27 No 3 472-482 2003
CHIAVERINI Vicente Accedilos e Ferros Fundidos Caracteriacutesticas Gerais Tratamento
Teacutermico Principais Tipos 7deg Ediccedilatildeo ampliada e revisada Associaccedilatildeo Brasileira de Metalurgia e
Materiais 2005
CONSALTER L GUEDES L PUREY J - Usinabilidade de ferros fundidos FMP Guia
de Equipamentos e Insumos 1987
DAWSON S Compacted Graphite Iron Mechanical and Physical Properties for Engine
Design SinterCast - Technical Publication 1999
DAWSON S HOLLINGER I ROBBINS H DAETH J REUTER U SCHULZ H
The effect of metallurgical variables on the machinability of compacted graphite iron SAE
World Congress 2001
DAWSON S Process Control for the Production of Compacted Graphite Iron AFS
Casting Congress 2002
88
DAWSON S SCHROEDER T Practical Applications for Compacted Graphite Iron AFS
Transactions 2004
DAWSON S Compacted Graphite Iron ndash A New Material for Highly Stressed Cylinder
Blocks and Cylinder Heads Internationales Wiener Motorensymposium 2007
DINIZ AE MARCONDES FC COPPININL Tecnologia da Usinagem dos
Materiais 6deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Artiliber Editora 2008 262p
DOREacute C BOEHS L GUESSER L W Avaliaccedilatildeo da Usinabilidade do Ferro Fundido
Vermicular com Diferentes Microestruturas 8th Congresso Iberoamericano de Engenharia
Mecacircnica 2007
FERRARESI Dino Fundamentos da Usinagem dos Metais vol 1 Satildeo Paulo
Editora Edgard Bluumlcher LTDA 1970 754p
FERRER Jorge A G Uma Contribuiccedilatildeo ao Fresamento Frontal de Superfiacutecies
Irregulares de Ferro Fundido Cinzento 2006 228p Tese (Doutorado) Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
FERRER Jorge A G DINIZ A E Otimizaccedilatildeo do fresamento frontal de diversas superfiacutecies
de ferro fundido cinzento Anais do III Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricaccedilatildeo -
COBEF Vol 1 pp1 ndash1 Joinville Santa Catarina 2005
GABALDO Sander Uma Contribuiccedilatildeo a Melhoria do Processo de Fresamento de Ferro
Fundido Vermicular ndash CGI 2009 136p Tese (Mestrado) Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
89
GODINHO AF Anaacutelise do Mandrilamento de cilindros de bloco de motores em Ferro
Fundido Vermicular com diferentes concepccedilotildees de ferramentas 2007 128p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
GUEDES Luiz F M FENGPUCRS Processo de usinagem e conformaccedilatildeo 2006
KASSACK J REUTER U AUDI CGI Production Planning In 5th COMPACTED
GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat Darmstadt 2002
KOPPKA Frank ABELE Eberhard Economical processing of compacted graphite iron 6th
COMPACTED GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat
Darmstadt 2003
GUESSER L W SCHROEDER T DAWSON S Production experience with compacted
graphite iron automotive components AFS Transactions 01-071 2001
MACHADO AR ABRAtildeO A M COELHO R T DA SILVA MB Teoria da
Usinagem dos Materiais 1 ed Satildeo Paulo Editora Blucher 2009 384 p
MAKINO Disponiacutevel em ltcompetitiveproductioncom features default aspx articlegt
Acesso em Janeiro de 2011
MAPAL do BRASIL Disponiacutevel em ltMapalcomenproductscatalogues-and-brochuresgt
Acesso em Dezembro de 2010
MARWANGA R O VOIGT R C COHEN P H Influence of Graphite Morphology and
Matrix Structure on Chip Formation During Machining of Gray Irons AFS Transactions
American Foundrysmen Society 1999
90
MOCELLIN Fabiano Desenvolvimento de Tecnologia para Brunimento de Cilindros de
Blocos de Motores em Ferro Fundido Vermicular Tese 2007 264p Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
MOCELLIN Fabiano BOHES Prof Lourival Study of the Machinability of Compacted
Graphite Iron for Drilling Process Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science and
engineering 2004
MOURA Bruna S Transesterificaccedilatildeo Alcalina de Oacuteleos Vegetais para Produccedilatildeo de
Biodiesel Avaliaccedilatildeo Teacutecnica e Econocircmica Dissertaccedilatildeo 2010 166p Departamento de Engenharia
Quiacutemica Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
NICOLELLA Gilberto Marques JF Skorupa L A Sistema de Gestatildeo Ambiental aspectos
teoacutericos e anaacutelise de um conjunto de empresas ISSN 1516-4691 Documento 39 Embrapa Meio
Ambiente 43p Jaguariuacutena SP 2004
REUTER U SCHULZ H Compact and bijou The problems associated with compacted
graphite iron manufacturing can be overcome Engine Technology International 1999
REUTER U SAHM A SCHULZ H CGI production on transfer lines and machining
centers Compacted Graphite Iron Machining Workshop 2000
SAHM A ABELE E SCHULZ H State of the art in CGI machining 5th Compacted
Graphite Iron Machining Workshop 2002
SINTERCAST Compacted Graphite Iron Technical Publication What is CGI Disponiacutevel
emlthttpwwwsintercastcomTecnologygt Acesso em marccedilo de 2010
STEMMER C E Ferramentas de corte I 3 ed Florianoacutepolis Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina 1993 249 p
91
SOUTO Ulisses B Monitoramento do desgaste de ferramenta no processo de
fresamento via emissatildeo acuacutestica Tese 2007 Pag19 Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Federal de Uberlacircndia
TRENT E WRIGHT P Metal Cutting 4ordf ed Woburn Editora Butterworth-Heinemann
2000 446p
VASILASH Gary S Automotive Design amp Production Gardner Publication 2006
WALTER AG Cataacutelogo Geral Cataacutelogo Satildeo Paulo 2007
XAVIER Fabio A Aspectos Tecnoloacutegicos do Torneamento do Ferro Fundido
Vermicular com Ferramentas de Metal Duro Ceracircmica e CBN 2003 146p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
XAVIER Fabio A Estudo dos mecanismos de desgaste em ferramentas de nitreto de
siliacutecio aplicadas no torneamento dos ferros fundidos vermicular e cinzento 2009 267p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
YUSSEFIAN NZ MOETAKEF-IMANI B The prediction of cutting force for boring
process International Journal of Machine Tools amp Manufacture 2008
ix
Lista de Figuras
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido Vermicular
(SAHM et al 2002) 2
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010) 5
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002) 13
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000 apud
ROSA 2009) 15
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999) 16
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999) 17
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico 22
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico 22
Figura 19 ndash Mandrilamento radial 23
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970) 23
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010) 24
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos 25
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento 26
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
(YUSSEFIAN et al2008) 27
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE 39
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise metalograacutefica
(norma MANN M33402004) 40
Figura 23 ndash Micrografia mostrando a morfologia da grafita 41
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrutura da matriz matriz perliacutetica 41
x
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte 42
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm 42
Figura 27 ndash Inserto de metal duro 43
Figura 28 ndash Inserto de ceracircmica WTXQ090608 0906 MN KS6000 43
Figura 29 ndash Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios 43
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos 44
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado 44
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB 46
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina 46
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER 47
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos insertos 47
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento 48
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura do CGI 51
Figura 32 ndash Face rugosa do cavaco do CGI 51
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte 52
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado 53
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos 53
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte 54
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm 55
Figura 38 - Aresta do inserto de metal duro desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm 55
Figura 39 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica 56
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes 57
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6 insertos57
xi
Figura 312 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes 58
Figura 313 - Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos 59
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por dente
como variaacutevel 60
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de avanccedilo
como variaacutevel 61
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 62
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de
corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 63
Figura 318 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 64
Figura 319 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 64
Figura 320 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 65
Figura 321 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 66
Figura 322 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica)
em fim de vida da ferramenta 67
Figura 323 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 68
Figura 324 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 10 peccedilas usinadas 69
Figura 325 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas 70
Figura 326 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 20 peccedilas usinadas 71
Figura 327 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 20 peccedilas usinadas 72
xii
Figura 328 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 30 peccedilas usinadas 73
Figura 329 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 30 peccedilas usinadas 74
Figura 330 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 40 peccedilas usinadas 75
Figura 331 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 40 peccedilas usinadas 76
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos 77
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido 78
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010) 8
Tabela 12 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular perliacutetico
(SINTERCAST 2001 apud ROSA 2009) 8
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em temperatura
ambiente (CHIAVERINI 2005) 9
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) 11
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI 2005) 19
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970) 32
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro 38
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor 42
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN) 43
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento 45
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 47
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 48
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes 52
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes 53
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes 53
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes 53
xiv
Lista de abreviaturas e nomenclaturas
Fe - Ferro
C - Carbono
Si - Siliacutecio
P - Foacutesforo
Ti - Titacircnio
Mg - Magneacutesio
Mn - Manganecircs
Ni - Niacutequel
Nb - Nioacutebio
Cs - Ceacutesio
Cu - Cobre
Sn - Estanho
S - Enxofre
Co - Cobalto
W - Tungstecircnio
Ce - Ceacuterio
Ca - Caacutelcio
VB MAX - Desgaste de flanco maacuteximo
VB - Desgaste de flanco
vc - Velocidade de corte
Vf - Velocidade de avanccedilo
f - Avanccedilo
ap - Profundidade de corte
Ks - Pressatildeo especiacutefica de corte
Pc - Potecircncia de corte
degC - Grau Celsius
CE - Carbono Equivalente
xv
CGI - Compacted Graphite Iron
MPa - Mega Pascoal
GPa - Giga Pascoal
HB - Hardness Brinell
ISO - International Organization for Standardization
SAE - Society of Automotive Engineers
GJV - Gusseisen mit Vermiculargrafit
ASTM - American Society for Testing Materials
VDG - Verein Deutsche Gieszligereifachleute
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
APC - Aresta Posticcedila de Corte
CBN - Cubic Boron Nitride
PCBN - Polycrystalline Cubic Boron Nitride
CVD - Chemical Vapour Deposition
PVD - Physical Vapour Deposition
EDS - Energy Dispersive x-ray Spectrometer
MEV - Microscoacutepio Eletrocircnico de Varredura
KHO - Hidroacutexido de Potaacutecio
[K4[Fe(CN)6]]- Ferrocianeto de Potaacutecio
xvi
SUMAacuteRIO
Dedicatoacuteria iv
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xiii
SUMAacuteRIO xvi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Motor Diesel 3
12 Propriedades e vantagens do motor diesel 4
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular 4
14 Propriedades do ferro fundido 8
15 Processo de Fabricaccedilatildeo 11
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo 12
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular 13
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade 14
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade 17
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade 18
111 Processo de Mandrilamento 20
112 Tipos de Mandrilamento 21
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17) 21
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18) 22
xvii
1123 Mandrilamento Radial (figura 19) 22
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110) 23
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular 24
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro 24
1132 Mandrilamento com insertos rotativos 25
1133 Freso-mandrilamento 25
1134 Mandrilamento com insertos de PCD 26
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento 26
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento 28
1151 Inserto de Metal Duro 30
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro 34
1153 Insertos de Material Ceracircmico 36
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte 38
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 41
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos 41
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos 41
23 Ferramenta de Corte (insertos) 45
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado 47
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos 48
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos 49
27 Processo de Usinagem 51
28 Procedimento experimental 51
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO 54
xviii
31 Cavaco 54
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel ) 55
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para ferramentas com 3
e 6 insertos) 58
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como variaacutevel) 62
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste 65
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido 82
4 CONCLUSOtildeES 85
5 REFEREcircNCIAS 87
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Haacute uma grande preocupaccedilatildeo da sociedade com relaccedilatildeo ao meio ambiente e com isso as
exigecircncias da Legislaccedilatildeo Ambiental com relaccedilatildeo agrave emissatildeo de poluentes estatildeo se tornando cada vez
mais severas Esta severidade obriga o desenvolvimento de novas tecnologias para reduccedilatildeo destes
poluentes em todos os segmentos automotivos (NICOLELLA et al 2004) O motor diesel tem
maior durabilidade torque e eficiecircncia em comparaccedilatildeo ao motor OTTO mas em contrapartida
emite elevados niacuteveis de materiais particulados e de compostos responsaacuteveis pelo odor caracteriacutestico
da emissatildeo do diesel ao ambiente (BRAUN et al 2003) Devido agraves vantagens relacionadas ao motor
diesel percebeu-se a necessidade de desenvolver soluccedilotildees para reduzir as desvantagens da
aplicaccedilatildeo Um destes desenvolvimentos foi voltado agrave fabricaccedilatildeo dos blocos do motor com material
conhecido como ferro fundido vermicular que permite desenvolver um motor mais eficiente e com
melhor desempenho pois admite maiores pressotildees na cacircmara de combustatildeo devido agraves suas boas
propriedades mecacircnicas (GUESSER et al 2001) Este material tambeacutem eacute conhecido como CGI
(Compacted Graphite Iron) e estaacute se posicionando no mercado com grande potencial para substituir
o Ferro Fundido Cinzento ateacute entatildeo usado pelas empresas Devido agrave maior resistecircncia mecacircnica do
material vermicular eacute possiacutevel obter paredes mais finas nas galerias de um bloco do motor tendo
como consequumlecircncia a reduccedilatildeo do peso do motor e o aumento na potecircncia O meio ambiente eacute
favorecido devido a necessidade de uma menor quantidade de mineacuterio de ferro reduccedilatildeo de energia
para fabricaccedilatildeo do material e reduccedilatildeo da energia para movimentaccedilatildeo do veiacuteculo devido ao peso
A empresa que deteacutem a tecnologia para uso do material vermicular pode ter vantagens sobre
seus concorrentes jaacute que o atual mercado eacute muito competitivo e concorrido Com as vantagens na
utilizaccedilatildeo do material CGI e as muitas liccedilotildees aprendidas na sua fundiccedilatildeo e na sua usinagem em um
futuro natildeo muito longiacutenquo outras peccedilas poderatildeo ser confeccionadas utilizando este mesmo
material para aumentar as exigecircncias em qualquer outro segmento
O bloco eacute a maior e mais importante peccedila de um motor na qual quase todos os componentes
satildeo acoplados Para fabricaccedilatildeo do bloco do motor em ferro fundido vermicular satildeo necessaacuterios
alguns processos de usinagem dentre eles o mandrilamento Poreacutem a ferramenta de corte neste
processo pode atingir apenas 5 da vida alcanccedilada quando se usina ferro fundido cinzento
(XAVIER 2003) como mostra a figura 11
2
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido
Vermicular (SAHM et al 2002)
O mandrilamento do mancal do bloco do motor tambeacutem eacute um aspecto negativo para usinagem
devido agrave deflexatildeo estaacutetica da ferramenta e vibraccedilotildees geradas pelas finas paredes Haacute tambeacutem outros
fatores que influenciam negativamente como a fixaccedilatildeo da peccedila a rigidez da maacutequina-ferramenta o
fluiacutedo de corte e a quantidade de material a ser removido (sobre-metal) A variaccedilatildeo destes fatores
tambeacutem influencia o desempenho da ferramenta (GODINHO 2007)
Com o desenvolvimento de novos conceitos de ferramentas para mandrilamento e de
estrateacutegias de usinagem a operaccedilatildeo de mandrilamento em blocos de motores produzidos em ferro
fundido vermicular tornou-se mais econocircmica e tecnicamente viaacutevel Entretanto o tempo de ciclo
quando comparado com o ferro fundido cinzento ainda eacute significativamente maior assim como as
toleracircncias geomeacutetricas do diacircmetro mandrilado em acabamento (SAHM et al2002)
Devido ao baixo desempenho das ferramentas de corte no processo de mandrilamento em
ferro fundido vermicular cabe uma atenccedilatildeo especial no seu desenvolvimento tecnoloacutegico tanto no
processo de fabricaccedilatildeo quanto no processo de utilizaccedilatildeo da ferramenta de corte
Com estudos para o melhor desempenho da ferramenta eacute possiacutevel reduzir estoques paradas
de maacutequinas e o risco de falha de ferramentas (BELONI 2001) Assim reduz a possibilidade de
retrabalho rejeiccedilatildeo da peccedila e o descarte da ferramenta possibilitando o trabalho de Manufatura
Enxuta
3
Sendo assim o objetivo deste trabalho eacute analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar
influencias positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor
fabricado em ferro fundido vermicular Com tantos aspectos negativos conduzir-se-aacute um estudo de
avaliaccedilatildeo de desempenho da ferramenta alternando paracircmetros de corte (velocidade de corte e
avanccedilo por dente) potecircncia consumida do fuso da maacutequina para cada paracircmetro material do inserto
utilizado e a influecircncia do desgaste VB MAX
Este trabalho foi preparado conforme partes descritas abaixo
CAPIacuteTULO 1
- Este capiacutetulo descreve sobre a histoacuteria do motor diesel suas propriedades e vantagens
Caracteriacutesticas e propriedades do ferro fundido vermicular aleacutem do controle e fabricaccedilatildeo Descreve
tambeacutem sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular e o processo de mandrilamento
CAPIacuteTULO 2
- Este capiacutetulo descreve sobre o material os equipamentos e os experimentos realizados
CAPIacuteTULO 3
- Este capiacutetulo descreve os resultados obtidos nos experimentos
CAPIacuteTULO 4
- As discussotildees estatildeo descritas neste capiacutetulo
CAPIacuteTULO 5
- Este capiacutetulo informa as conclusotildees do trabalho realizado e sugestotildees para futuros
trabalhos
11 Motor Diesel
O motor a diesel foi inventado por Rudolf Christian Karl Diesel e patenteado em 23 de
fevereiro de 1897 Como natildeo foi dada muita importacircncia ao invento na eacutepoca ele disse ldquoO uso de
oacuteleos vegetais como combustiacutevel pode parecer insignificante hoje mas tais oacuteleos podem se tornar ao
longo do tempo tatildeo importantes quanto o petroacuteleo e o carvatildeo de hojerdquo ndash Rudolf Diesel 1912 Rudolf
Diesel engenheiro mecacircnico alematildeo nasceu no dia 18 de marccedilo de 1858 em Paris e morreu dia 30
de setembro de 1913 Sua invenccedilatildeo foi considerada o mais importante invento mecacircnico da histoacuteria
pela simplicidade do motor com pistotildees e reaccedilatildeo oacuteleo-oxigecircnio gerando uma enorme transformaccedilatildeo
no setor industrial em que soacute eram usados sistemas a vapor (MOURA 2010)
4
12 Propriedades e vantagens do motor diesel
Os motores diesel satildeo maacutequinas baacutesicas que geram energia para veiacuteculos utilizados
principalmente em aplicaccedilotildees que precisem de elevado torque o que inclui ocircnibus grandes
caminhotildees tratores e maacutequinas para mineraccedilatildeo e dragagem Atualmente os motores diesel vecircm
atraindo uma porccedilatildeo crescente do mercado mundial de veiacuteculos de carga leve cujos motores
fornecem baixa potecircncia Na Europa por exemplo 100 dos veiacuteculos de carga pesada e cerca de
60 dos de carga leve incluindo os utilitaacuterios e ainda 20 dos carros para transporte de
passageiros o que inclui as vans satildeo movidos a diesel (BRAUN 2003)
A popularidade do motor diesel deve-se principalmente agrave eficiecircncia do diesel como
combustiacutevel em relaccedilatildeo agrave gasolina ou mesmo com relaccedilatildeo a outros combustiacuteveis simples ou
misturados como por exemplo o metanol que chega a conferir ao motor diesel uma economia
relativa de 25 a 45 Os motores diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade Eacute comum
um motor diesel para veiacuteculos de carga pesada ter um tempo de vida superior a um milhatildeo de
quilocircmetros ou seja cerca de dez vezes mais que a durabilidade apresentada por um motor agrave
gasolina Assim as vantagens oferecidas pelos motores a diesel tais como durabilidade seguranccedila e
eficiecircncia justificam sua utilizaccedilatildeo em vaacuterios tipos de maacutequinas apesar dos problemas relacionados
com a composiccedilatildeo de sua emissatildeo e ainda com os niacuteveis de poluentes sob regulamentaccedilatildeo contida
na mesma (BRAUN 2003)
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular
Pelo diagrama de equiliacutebrio Fe-C o ferro fundido eacute uma liga cujo teor de carbono se situa
acima de aproximadamente 20 de carbono Como haacute influecircncia do siliacutecio nesta liga o ferro
fundido eacute considerado uma liga ternaacuteria Fe-C-Si porque o siliacutecio estaacute frequumlentemente presente em
teores superiores ao do proacuteprio carbono Por outro lado o carbono em quantidade superior a que eacute
retida em soluccedilatildeo soacutelida na austenita resulta carbonos parcialmente livres na forma de veios de
grafita (SINTERCAST 2010)
O ferro fundido eacute caracterizado pelo formato de suas partiacuteculas de grafite O ferro fundido
cinzento eacute caracterizado por veios de grafite orientados aleatoriamente enquanto que o grafite no
ferro fundido nodular eacute caracterizado por suas esferas individuais de grafite As partiacuteculas de grafite
5
em CGI satildeo orientadas aleatoriamente e alongadas como em ferro fundido cinzento mas satildeo mais
curtas mais grossas e tecircm bordas arredondadas em forma de ldquovermerdquo daiacute o nome vermicular As
partiacuteculas de grafite do ferro fundido vermicular satildeo entrelaccediladas entre si gerando uma forte adesatildeo
(Figura 12) Aleacutem desta forma de grafite dificultar a inicializaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas as
propriedades mecacircnicas e condutividade teacutermica satildeo melhoradas
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010)
A forma da grafita no ferro fundido vermicular confere propriedades superiores quando
comparadas com as do ferro fundido cinzento resistecircncia mecacircnica tenacidade e resistecircncia a
choques teacutermicos e condutividade teacutermica A sua micro-estrutura resulta em uma adesatildeo mais forte
entre a grafita e a matriz de ferro inibindo assim a iniciaccedilatildeo e o crescimento de trincas e garantindo
com isso propriedades mecacircnicas superiores (DOREacute et al2007) Aleacutem disso observa-se que a
superfiacutecie da grafita vermicular apresenta imperfeiccedilotildees as quais aliadas agrave morfologia complexa
(tambeacutem conhecida como ldquocoralrdquo) resultam em adesatildeo ainda mais forte com a matriz de ferro
(GABALDO 2009)
A formaccedilatildeo do ferro fundido de grafita compactada (vermicular) exige adiccedilotildees de elementos
especiais como terras raras com um elemento adicional como o titacircnio que reduz a formaccedilatildeo de
grafitas esferoidal O ferro fundido vermicular pode ser considerado um material intermediaacuterio entre
o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento
com melhor resistecircncia mecacircnica e alguma ductilidade Possui maior capacidade de amortecimento
e possui tambeacutem condutividade teacutermica mais elevada que o ferro fundido nodular
6
A faixa de carbono e siliacutecio neste tipo de material eacute ampla podendo variar de 30 agrave 38 de
carbono e 10 agrave 35 de siliacutecio Eacute importante tambeacutem a escolha correta da porcentagem do carbono
equivalente (CE) em funccedilatildeo da espessura da seccedilatildeo para evitar flutuaccedilatildeo se tiver elevado CE e
tendecircncia ao coquilhamento quando baixo for o CE O carbono equivalente (CE) considera os
efeitos do siliacutecio(Si) e do foacutesforo(P) podendo usar uma equaccedilatildeo conforme demonstrada abaixo
CE = C + Si + P (CHIAVERINI 2005)
3 3
O teor de manganecircs pode variar proacuteximo de 01 se desejarmos uma estrutura perliacutetica e
variar perto de 06 se desejarmos uma estrutura ferriacutetica O foacutesforo eacute mantido abaixo de 006 de
modo a ter a maacutexima ductilidade O enxofre deve ser inferior 0025 Para produzir a grafita
compactada deve-se adicionar um ou mais dos elementos magneacutesio terras raras (ceacuterio lantacircnio
praseodiacutemio etc) caacutelcio titacircnio e alumiacutenio A quantidade de magneacutesio deve ser tal a resultar um
teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm na presenccedila de 015 a 050 de titacircnio e 10 a 150
ppm de terras raras como o ceacuterio O ferro fundido vermicular tem substituiacutedo com vantagens o
nodular em aplicaccedilotildees em que este uacuteltimo natildeo pode ser empregado devido a sua condutibilidade
teacutermica mais baixa e a sua tendecircncia de empenar (CHIAVERINI 2005)
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
DAWSON (2002) satildeo
- Reduccedilatildeo nas tensotildees residuais devido agrave maior condutividade teacutermica e ao moacutedulo de
elasticidade menor
- Melhor produccedilatildeo de peccedilas complexas fundidas
- Melhor transferecircncia de calor
- Melhor usinabilidade
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
CHIAVERINI (2005) satildeo
- Coeficiente mais baixo de dilataccedilatildeo teacutermica
- Maior condutibilidade teacutermica
- Maior resistecircncia ao choque teacutermico
- Maior capacidade de amortecimento
- Maior fundibilidade
7
Em consequumlecircncia esse material eacute aplicado em situaccedilotildees em que a resistecircncia do ferro fundido
cinzento eacute insuficiente mas a utilizaccedilatildeo do ferro fundido nodular eacute indesejaacutevel devido agraves
propriedades menos favoraacuteveis de fundiccedilatildeo
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
DAWSON(2002) satildeo
- Reduccedilatildeo de espessuras de parede para um mesmo carregamento
- Reduccedilatildeo do fator de seguranccedila devido agrave menor variaccedilatildeo das propriedades do fundido
- Reduccedilatildeo de fraturas fraacutegeis na manufatura montagem e serviccedilo devido agrave maior ductilidade
- Maior resistecircncia sem a necessidade de recorrer a elementos de liga
- Menor profundidade de rosca necessaacuteria portanto parafusos menores podem ser utilizados
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
CHIAVERINI(2005) satildeo
- Maior resistecircncia agrave traccedilatildeo para o mesmo carbono equivalente o que reduz o uso do
elemento de liga de custo elevado como o niacutequel cromo cobre e molibdecircnio
- Relaccedilatildeo mais alta de resistecircnciafadiga
- Maiores ductilidade e tenacidade o que resulta em margem superior de seguranccedila para
fratura
- Menor oxidaccedilatildeo e dilataccedilatildeo em temperaturas elevadas
O ferro fundido vermicular (CGI) tem uma seacuterie de caracteriacutesticas que podem tornaacute-lo uma
alternativa excelente para ferro fundido cinzento para aplicaccedilotildees em motores O material oferece
aumento de 75 na resistecircncia em comparaccedilatildeo com o ferro fundido cinzento Tem tambeacutem
caracteriacutesticas teacutermicas e de impacto intermediaacuterias entre as dos ferros fundidos cinzento e nodular
Aleacutem do mais este aumento na resistecircncia do material proporciona diminuiccedilatildeo na seccedilatildeo de parede
dos produtos produzidos por este material Vaacuterios fabricantes europeus estatildeo usando CGI para
motores tanto diesel como gasolina Embora o material CGI possua propriedades mecacircnicas e
fiacutesicas beneacuteficas a sua aplicaccedilatildeo sua usinagem ainda eacute um problema Comparado com o ferro
fundido cinzento as velocidades de corte utilizadas tem que ser menores implicando em tempo de
ciclo de ateacute trecircs vezes maior que o tradicional (VASILASH 2006)
O ferro fundido vermicular do ponto de vista quiacutemico natildeo apresenta nenhuma diferenccedila
significativa com relaccedilatildeo aos ferros fundidos cinzento e nodular Cada um conteacutem cerca de 94 de
8
ferro (Fe) 3 de carbono(C) 25 de siliacutecio (Si) e o restante eacute dividido entre elementos de liga e
residuais As diferenccedilas entre essas ligas satildeo creditadas aos tipos de morfologias das suas grafitas
que conferem propriedades fiacutesicas e mecacircnicas distintas a cada uma delas
14 Propriedades do ferro fundido
As propriedades de um ferro fundido satildeo definidas em funccedilatildeo da microestrutura e da
composiccedilatildeo quiacutemica A tabela 11 mostra algumas propriedades mecacircnicas e teacutermicas dos ferros
fundidos cinzento vermicular e nodular
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010)
PROPRIEDADES Ferro Fundido
Cinzento
Ferro Fundido
Vermicular
Ferro Fundido
Nodular
Resistecircncia agrave traccedilatildeo (MPa) 250 450 750
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 105 150 160
Alongamento () 0 15 25
Iacutendice de resistecircncia
- Flexatildeo rotativa
- Flexatildeo em trecircs pontos
- Tensatildeo de compressatildeo
035 ndash 050
055 ndash 065
020 ndash 030
045 ndash 050
060 ndash 070
025 ndash 035
045 ndash 050
065 ndash 075
065 - 075
Condutividade Teacutermica (Wm-k) 48 38 32
A microestrutura do grafite no ferro fundido vermicular eacute expressa em porcentagem de
nodularidade Isto significa que parte das partiacuteculas de grafite do ferro vermicular apresenta-se em
forma de noacutedulos como no ferro nodular O ferro fundido vermicular inclui invariavelmente
algumas partiacuteculas esferoidais de grafita nodular que quando a nodularidade aumenta aumenta
tambeacutem a rigidez diminuindo a usinabilidade e a condutividade teacutermica Aleacutem disso com o
aumento da nodularidade a resistecircncia mecacircnica do material tambeacutem eacute elevada prejudicando sua
usinabilidade (DAWSON2007) A tabela 12 mostra a influecircncia da proporccedilatildeo de noacutedulos de grafita
nas propriedades mecacircnicas e fiacutesicas do ferro fundido vermicular
9
Tabela 22 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular
perliacutetico (SINTERCAST2001apud ROSA2009)
Propriedades (25degC) Nodularidade ()
10 30 50 70 90
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo (MPa) 450 520 590 640 700
Limite de Elasticidade 02 (MPa) 370 390 410 440 490
Limite de Fadiga (MPa) 210 220 230 240 255
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 145 150 155 155 160
Alongamento () 1-2 1-3 2-4 2-5 3-6
Expansatildeo Teacutermica (μmmordmC) 110 110 110 115 120
Condutividade Teacutermica (WmordmC) 36 33 31 30 28
A tabela 13 mostra as propriedades de diversas ligas de ferro fundido vermicular em funccedilatildeo
do tipo de matriz (ferriacutetica eou perliacutetica) e em funccedilatildeo da presenccedila de elementos de liga formadores
da grafita compactada
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em
temperatura ambiente (CHIAVERINI 2005) Condiccedilatildeo estrutural Limite Resistecircncia
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Tratados com adiccedilatildeo de ceacuterio
No estado fundido
Ferrita acima de 95
336
257
67
150
FerritaPerlita
Perlita acima de 5
100 Ferrita
298
338
224
245
53
80
140
FerritaPerlita
85 Ferrita
320
242
35
164
Perlita
90 Perlita
10 Ferrita
400
550
320
430
05
15
-
-
10
Tratados com combinaccedilotildees de Magneacutesio mais Titacircnio (mais Ceacutesio)
Condiccedilatildeo estrutural Limite Resist
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Ferrita no estado fundido
0017Mg 0062Ti
0036Cs
380
272
2
179
Ferrita no estado fundido
0024Mg 0084Ti
0030Cs
338
276
25
184
Perlita no estado fundido
0026Mg 0083Ti
0074Cs
473
335
2
217
Perlita no estado fundido
70 Perlita 30 Ferrita
386
278
2
-
A resistecircncia agrave traccedilatildeo do ferro fundido vermicular diminui agrave medida que aumenta o carbono
equivalente mas a velocidade de decreacutescimo desta propriedade eacute menor do que no caso do ferro
fundido cinzento A elevaccedilatildeo do teor de siliacutecio aumenta o limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo limite de
escoamento e dureza tanto na condiccedilatildeo fundida como na recozida
Em um ferro fundido de matriz predominantemente perliacutetica a resistecircncia agrave compressatildeo eacute trecircs
vezes maior do que a resistecircncia agrave traccedilatildeo
O comportamento deste material agrave temperatura de 500degC sob o ponto de vista de dilataccedilatildeo e
formaccedilatildeo de casca de oacutexido eacute mais ou menos idecircntico aos dos ferros fundidos cinzentos de
composiccedilatildeo semelhante Contudo a resistecircncia agrave formaccedilatildeo da casca de oacutexido e agrave expansatildeo a 600degC
eacute superior agrave do ferro fundido cinzento (CHIAVERINI 2005)
No ano de 2006 a ISO criou uma abreviaccedilatildeo ldquoGJVrdquo para ferro fundido vermicular e cinco
classes foram especificadas baseadas no miacutenimo limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo incluindo
GJV300 (ferriacutetico) GJV 350 GJV 400 GJV 450 (perliacutetico) e GJV 500 (ligado)
Haacute vaacuterias organizaccedilotildees desenvolvendo e classificando o Ferro Fundido Vermicular (CGI)
conforme tabela 14
11
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) Paiacutes Norma Nuacutemero Ano
Romecircnia STAS 12443-86 1986
China JB 4403-87 1987
USA ASTM A 842-85 1997
Alemanha VDG W 50 2002
Internacional SAE J 1887 2002
Internacional ISO 161122006 2006
15 Processo de Fabricaccedilatildeo
A grafita esferoidal eacute obtida pela adiccedilatildeo na liga de ferro fundido de elementos denominados
nodulizantes que modificam a forma de crescimento da grafita Os elementos nodulizantes mais
comuns na induacutestria satildeo o magneacutesio o ceacuterio o caacutelcio e terras raras Entre estes elementos o
magneacutesio (Mg) eacute o mais utilizado Recomenda-se teores entre 004 e 005 de Mg No caso de
Ce teores entre 002 e 004 e no caso de Ca entre 001 e 002
A presenccedila de impurezas como enxofre antimocircnio chumbo teluacuterio ou bismuto apresenta
efeito deleteacuterio sobre a nodulizaccedilatildeo DAWSON(2004) cita que teores de magneacutesio (Mg) de apenas
002 seriam suficientes para promover a nodulizaccedilatildeo da grafita desde que os teores de impurezas
principalmente enxofre(S) fossem mantidos baixos O nodulizante eacute adicionado na forma pura (Mg
metaacutelico) ou na forma de ante-ligas Ni-20Mg Cu-15Mg ou Fe-Si-Mg
O ferro fundido vermicular pode ser obtido adicionando elementos nodulizantes como o magneacutesio
na liga mas em uma porcentagem insuficiente para formar ferro fundido nodular resultando em um
material intermediaacuterio ou adicionando elemento nodulizante com porcentagem suficiente para
formar o ferro fundido nodular mas ao mesmo tempo adicionando-se elementos anti-nodulizantes
como o titacircnio
O processo de formaccedilatildeo do ferro fundido vermicular adicionando elementos anti-nodulizante eacute
mais faacutecil de ser realizado porque natildeo eacute necessaacuterio um controle tatildeo rigoroso da adiccedilatildeo de magneacutesio
na liga Entretanto esta adiccedilatildeo implica no uso do titacircnio que tenderaacute a formar carbonetos e
carbonitretos duros que prejudicam bastante a vida da ferramenta de usinagem da liga Para evitar
este problema eacute necessaacuterio um meacutetodo mais criterioso no processo utilizando equipamentos
especiais que garantam composiccedilatildeo de magneacutesio na liga mais adequada (DAWSON et al 2004)
12
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo
A teacutecnica de fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular eacute criacutetica para a usinabilidade da liga A
mudanccedila na forma da grafita a partir dos noacutedulos compactados eacute devido agrave accedilatildeo do magneacutesio que eacute
um elemento nodulizante Para que a grafita compactada seja formada uma quantidade de magneacutesio
deve ser mantida entre 0008 e 0012 conforme figura 13 Como o controle da composiccedilatildeo nesta
estreita faixa eacute muito difiacutecil o titacircnio eacute usado em alguns casos como elemento anti-nodulizante A
quantidade de titacircnio estaacute entre 01 e 02 o que aumenta a possibilidade de obtenccedilatildeo do grafite
compactado para percentuais mais elevados de magneacutesio Contudo a adiccedilatildeo de titacircnio gera um
inconveniente causando atraveacutes da precipitaccedilatildeo de carboneto e carbonitreto de titacircnio que satildeo
inclusotildees riacutegidas que comprometem a usinabilidade do produto (DAWSON 1999)
Apesar da estreita faixa de controle do elemento para fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular
muitas fundiccedilotildees obtiveram bons resultados devidas a teacutecnicas desenvolvidas e muita disciplina
Estas teacutecnicas podem permitir que a maioria dos blocos esteja dentro do especificado mas o sistema
de controle garante que potenciais peccedilas que possam estar fora do especificado sejam identificadas e
corrigidas antes de serem vazadas A necessidade de controle do processo depende do volume de
produccedilatildeo complexidade do componente e especificaccedilatildeo da microestrutura
Haacute um procedimento necessaacuterio para evitar que os flocos de grafite natildeo se formem antes do
processo final de vazamento Este procedimento consiste basicamente de antes da transiccedilatildeo do ferro
fundido cinzento adicionar o magneacutesio em aproximadamente 0001 a cada 5 minutos Este
processo pode demorar ateacute 15 minutos apoacutes o iniacutecio da adiccedilatildeo do magneacutesio
Uma segunda consideraccedilatildeo eacute que mesmo com a porcentagem correta da adiccedilatildeo de magneacutesio
natildeo haacute estabilidade se o iacutendice de oxigecircnio ativo e ou enxofre forem elevados Se isto ocorrer o
magneacutesio ativo eacute consumido deslocando a linha da porcentagem de magneacutesio para esquerda
conforme demonstrado na figura 13 Inversamente se os niacuteveis de oxigecircnio ou de enxofre forem
relativamente baixos a linha de porcentagem de magneacutesio se deslocar para direita Por estas razotildees
as variaccedilotildees na composiccedilatildeo limpeza oxidaccedilatildeo e umidade do material de carga tornam impossiacutevel
definir uma especificaccedilatildeo quiacutemica fixa para o CGI (DAWSON 2002)
13
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002)
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular
Segundo CHIAVERINI (2005) a definiccedilatildeo mais simples da usinabilidade eacute a propriedade
relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ser fabricado por processos de
usinagem A usinabilidade tambeacutem pode ser definida em termos de vida de ferramenta de corte ou
pode relacionar-se com a energia ou tempo necessaacuterio para remover certa quantidade de material
Segundo DINIZ (2008) a usinabilidade de um material pode ser definida como uma grandeza
tecnoloacutegica que expressa por meio de um valor numeacuterico comparativo (iacutendice de usinabilidade) um
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relaccedilatildeo a outro tomado como padratildeo A
usinabilidade depende do estado metaluacutergico da peccedila da dureza das propriedades mecacircnicas do
material de sua composiccedilatildeo quiacutemica das operaccedilotildees anteriores efetuadas sobre o material (sejam a
frio ou a quente) e do eventual encruamento
Atualmente um dos maiores desafios eacute introduzir o CGI nas peccedilas cujos processos de
usinagem apresentam desempenho muito bom nas mesmas peccedilas fabricadas em ferro fundido
cinzento Assim o desafio eacute alcanccedilar o mesmo desempenho das ferramentas mantendo os mesmos
14
custos por peccedila trabalhada e evitando investimento adicional de capital em maacutequinas e ferramentas
de corte (DAWSON 2004)
Segundo DAWSON (1999) haacute alguns fatores de influecircncia na usinabilidade do CGI
bull Efeitos da forma da grafita
bull Efeitos da perlita
bull Efeitos dos elementos quiacutemicos como chumbo manganecircs siliacutecio enxofre titacircnio e cobre
bull Efeitos da inclusatildeo
Em altas velocidades de corte a vida da ferramenta tambeacutem tende a ser ainda menor no CGI
quando comparado com o ferro fundido cinzento (WALTER 2007) Isto eacute devido a natildeo formaccedilatildeo
da camada protetora de sulfeto de manganecircs que reduz o coeficiente de atrito na face da ferramenta
e que age como uma barreira contra o desgaste por difusatildeo Esta camada ocorre na usinagem do
ferro cinzento
A diferenccedila de corte contiacutenuo ou intermitente tem uma influecircncia significativa no desgaste das
ferramentas por oxidaccedilatildeo e difusatildeo No corte contiacutenuo como torneamento e mandrilamento a
ferramenta permanece mais tempo em contato com o material da peca facilitando o mecanismo de
desgaste Em corte intermitente como o fresamento a difusatildeo e a oxidaccedilatildeo satildeo menos intensas
(DAWSON 1999)
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade
A formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido eacute diretamente afetada pela presenccedila da grafita que eacute
conhecida por ter resistecircncia mecacircnica baixa e gerar descontinuidades e efeitos da concentraccedilatildeo de
tensatildeo na matriz portanto ajudando o processo de remoccedilatildeo de material O mecanismo de formaccedilatildeo
de cavaco em ferro fundido cinzento eacute mostrado na figura 14 No iniacutecio a ferramenta
compacta o material sob o flanco criando uma fratura que se propaga em frente e abaixo da aresta
de corte (a) Como o movimento de corte da ferramenta continua o material se torna completamente
independente (b) Para algumas situaccedilotildees principalmente com o ferro fundido cinzento uma parte
de material eacute arrancada agrave frente da ferramenta causando uma perda temporaacuteria do contato entre
ferramenta e peccedila ateacute a ferramenta encontrar a proacutexima porccedilatildeo de material (c) Este processo de
remoccedilatildeo de material contribui para aumentar a rugosidade na superfiacutecie da peccedila (d)
15
A grafita por ser um componente de dureza relativamente baixa se comparada com o material
da matriz produz descontinuidades no material facilitando a quebra do cavaco na usinagem
(CONSALTER 1987)
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000
apud ROSA 2009)
A grafita tambeacutem atua como um agente lubrificante reduzindo o atrito entre a peccedila e a
ferramenta aleacutem de reduzir o risco de micro solda do cavaco com a ferramenta Sendo assim a
consequumlecircncia do efeito eacute o aumento na vida da ferramenta
No processo da formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido nodular as forccedilas de compressatildeo geram
o desprendimento dos noacutedulos da matriz e a deformaccedilatildeo plaacutestica da matriz entre os noacutedulos Esta
deformaccedilatildeo plaacutestica causa o alongamento dos noacutedulos na direccedilatildeo do corte ocasionando fratura
duacutectil
16
Para o ferro fundido cinzento a formaccedilatildeo do cavaco acontece atraveacutes de fraturas das lamelas
de grafita formando cavacos natildeo contiacutenuos Haacute trecircs estaacutegios para formaccedilatildeo destes cavacos ou seja
inicia com a separaccedilatildeo da matriz das lamelas de grafita gerando micro-trincas em consequumlecircncia as
grandes trincas satildeo formadas atraveacutes da junccedilatildeo destas micro-trincas provenientes da interface com a
ferramenta e por uacuteltimo ocorre agrave fragmentaccedilatildeo do cavaco
A formaccedilatildeo do cavaco do ferro fundido vermicular eacute uma mistura dos processos de formaccedilatildeo
de cavaco do ferro fundido nodular e formaccedilatildeo de cavaco do ferro fundido cinzento ou seja os
cavacos se formam por deformaccedilatildeo plaacutestica e tambeacutem por fraturas (MARWANGA et al 1999) A
figura 15 ilustra os diferentes cavacos formados na usinagem destas trecircs formas de ferro fundido
Cinzento Vermicular Nodular
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999)
Grafitas na forma nodular sempre estaratildeo presentes na estrutura do ferro fundido vermicular
Com isto a resistecircncia mecacircnica e a tenacidade aumentam Por outro lado a fundiccedilatildeo usinabilidade
e condutividade teacutermica seratildeo prejudicadas (GUESSER 2001)
A morfologia do ferro fundido vermicular natildeo permite a clivagem e nem a propagaccedilatildeo de
trincas O iniacutecio da fratura no ferro fundido vermicular se daacute na interface da grafita vermicular com
a matriz metaacutelica Este eacute um dos principais fatores para um maior desgaste da ferramenta de corte na
usinagem do CGI Poreacutem esta caracteriacutestica auxilia na maior resistecircncia mecacircnica e maior
tenacidade do CGI (DAWSON 2002)
17
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade
A resistecircncia mecacircnica dos ferros fundidos eacute proporcional agrave relaccedilatildeo entre perlita e
ferrita da matriz se as demais variaacuteveis forem mantidas constantes Contudo um elevado teor de
perlita natildeo eacute necessariamente a maior causa do desgaste da ferramenta de corte
Foram realizados testes de usinagem para o ferro fundido vermicular com diferentes valores de
perlita Cobre e estanho foram utilizados como elementos de estabilizaccedilatildeo A fim de atingir os 100
de perlita manganecircs tambeacutem foi adicionado Foram utilizadas ferramentas de metal duro para os
testes com velocidades de corte de 150 e 250 mmin conforme Figura 16 Pode-se ver nesta figura
que principalmente na velocidade de corte mais alta quando o teor de perlita ultrapassa 75 a vida
da ferramenta cai rapidamente (DAWSON 1999)
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999)
Blocos de motor em ferro fundido vermicular contendo 70 de perlita possuem a mesma
dureza de um bloco do motor em ferro fundido cinzento 100 perliacutetico (DAWSON 1999)
18
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade
O carbono e o siliacutecio satildeo elementos com uma grande influecircncia na estrutura do material o
carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o siliacutecio eacute essencialmente um
elemento grafitizante favorecendo a decomposiccedilatildeo do carboneto de ferro O manganecircs sempre
presente tem efeito oposto ao do siliacutecio isto eacute estabiliza a cementita e compensa de certo modo a
accedilatildeo grafitizante do siliacutecio Todo elemento quiacutemico grafitizante eacute beneacutefico agrave usinalidade pois a
grafita como visto eacute um ponto fraacutegil que em geral facilita a formaccedilatildeo do cavaco Por outro lado
os elementos que estabilizam a cementita (usam o carbono para formar Fe3C e natildeo para formar
grafita) prejudicam a usinabilidade jaacute que a cementita eacute um carboneto duro
A rigor o manganecircs nos ferros fundidos tanto quanto nos accedilos eacute adicionado como
dessulfurante Entretanto como na praacutetica haacute sempre um excesso de manganecircs este atua como
estabilizador da perlita Daiacute o seu efeito oposto ao do siliacutecio e sua utilidade para produzir estruturas
com matriz predominantemente perliacutetica sobretudo em peccedilas fundidas volumosas Ao auxiliar na
formaccedilatildeo de uma estrutura perliacutetica (e natildeo ferriacutetica) o manganecircs aumenta a resistecircncia mecacircnica da
liga e com isso prejudica a usinabilidade Por outro lado o sulfeto de manganecircs atua como
lubrificante soacutelido melhorando a usinabilidade do material
O enxofre e o foacutesforo que satildeo impurezas usualmente encontradas nos ferros fundidos natildeo tecircm
uma accedilatildeo muito significativa do ponto de vista de tendecircncia grafitizante mas o foacutesforo eacute um
estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro Sua principal accedilatildeo eacute na estrutura do material
formando com o ferro e o carbono um composto de natureza euteacutetica (CHIAVERINI 2005) O
enxofre presente no ferro fundido reage com o manganecircs (Mn) formando inclusotildees de
MnS2 as quais podem lubrificar as arestas da ferramenta ao formar uma camada protetora entre esta
e o material usinado servindo como barreira contra os mecanismos de abrasatildeo e difusatildeo
(MOCELLIN et al 2004)
O cromo eacute presente no ferro fundido atraveacutes da sucata de accedilo ou intencionalmente como
elemento de liga para obtenccedilatildeo de maior resistecircncia em altas temperaturas Segrega-se facilmente
promovendo a formaccedilatildeo de carbonetos principalmente nas uacuteltimas regiotildees em solidificaccedilatildeo O
cromo eacute um perlitizante potente quando comparado ao manganecircs pois o aumento do seu teor
provoca a formaccedilatildeo da perlita fina ou seja um aumento da quantidade de cementita que eacute de difiacutecil
19
usinabilidade A reduccedilatildeo de 018 para 010 do teor de Cr no ferro fundido vermicular pode
propiciar aumento de aproximadamente 40 da vida da ferramenta (DAWSON et al2001)
A tabela 15 resume a accedilatildeo dos elementos de liga nos ferros fundidos
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI2005)
ELEMENTO Efeitos durante a Solidificaccedilatildeo Efeitos durante a reaccedilatildeo eutetoacuteide
Alumiacutenio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Antimocircnio
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte estabilizador da perlita
Boro ateacute 015 Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Boro acima de 015 Estabilizador do carboneto Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Cromo Forte accedilatildeo carbonetante Forte tendecircncia agrave formaccedilatildeo da perlita
Cobre Grafitizante fraco Promove a formaccedilatildeo da perlita
Manganecircs Fraca tendecircncia carbonetante Formador de perlita
Molibdecircnio Fraca tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
Niacutequel Grafitizante Fraco promotor de perlita
Siliacutecio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Teluacuterio Forte tendecircncia carbonetante Muito fraco estabilizador da perlita
Estanho
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Titacircnio ateacute 025 Grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Vanaacutedio Forte tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
A velocidade de resfriamento eacute um fator relacionado a solidificaccedilatildeo no interior dos moldes e a
espessura das peccedilas moldadas Em outras palavras as secccedilotildees espessas implicam em velocidades de
resfriamento relativamente baixas e secccedilotildees finas implicam em velocidades altas Isto significa que
em peccedilas de secccedilotildees com diferentes espessuras ocorrem tambeacutem diferentes velocidades de
resfriamento Para elevadas velocidades de resfriamento como as que se verificam em secccedilotildees finas
ou nas aacutereas adjacentes agraves paredes do molde natildeo haacute muito tempo para a decomposiccedilatildeo da
cementita de modo que dependendo dos teores de carbono e de siliacutecio pouca ou nenhuma
grafitizaccedilatildeo ocorre e haacute tendecircncia agrave formaccedilatildeo de ferro fundido branco Com as velocidades de
resfriamento baixas das secccedilotildees mais espessas ocorre uma apreciaacutevel grafitizaccedilatildeo dependendo
sempre do teor de siliacutecio A estrutura seraacute essencialmente de grafita e perlita Para resfriamento
20
ainda mais lento e teor de siliacutecio mais elevado a cementita da perlita pode tambeacutem se decompor
parcialmente originando-se assim a estrutura constituiacuteda de veios de grafita perlita e ferrita Essa
estrutura confere ao material caracteriacutesticas de baixa dureza e excelente usinabilidade aleacutem de
razoaacutevel resistecircncia mecacircnica(CHIAVERINI2005)
111 Processo de Mandrilamento
O processo de mandrilamento eacute normalmente empregado na usinagem de elementos de maior
diacircmetro em um bloco do motor tais como diacircmetro dos cilindros e diacircmetros dos mancais do
virabrequim A operaccedilatildeo de mandrilamento eacute executada em duas ou trecircs etapas dependendo das
toleracircncias exigidas no desenho do produto e do tipo de ferramenta a ser empregado Essencialmente
as condiccedilotildees de mandrilamento diferem um pouco das condiccedilotildees de torneamento mas esta operaccedilatildeo
ilustra a importacircncia da rigidez de todo conjunto ferramenta dispositivo e maacutequina Particularmente
quando um cilindro de grande extensatildeo e pequeno diacircmetro eacute mandrilado o corpo da ferramenta
que natildeo eacute tatildeo riacutegido tende a defletir e consequumlentemente causar vibraccedilotildees Estas vibraccedilotildees podem
afetar natildeo somente a precisatildeo dimensional mas tambeacutem o acabamento das peccedilas e a vida da
ferramenta de corte Mandrilamento eacute um processo em que furos realizados no processo de furaccedilatildeo
furos fundidos na peccedila componentes forjados ou extrudados satildeo ampliados ou acabados com uma
ferramenta de corte montada em uma barra de mandrilar O processo eacute mais usado em aplicaccedilotildees em
que bom acabamento da superfiacutecie interna ou toleracircncia dimensional apertada satildeo requeridos Por
causa das restriccedilotildees geomeacutetricas as barras de mandrilar satildeo em geral longas e compridas o que faz
com que elas estejam facilmente sujeitas a desvios estaacuteticos e dinacircmicos Estes desvios ou vibraccedilatildeo
da ferramenta natildeo somente fazem com que os paracircmetros de usinagem precisem ser alterados como
induz a erros dimensionais e reduz a qualidade da superfiacutecie e a vida da ferramenta O estudo das
forccedilas de corte no processo de mandrilar eacute portanto um preacute-requisito para a seleccedilatildeo adequada das
condiccedilotildees de corte e tambeacutem para preservar a seguranccedila do processo evitando desvios excessivos da
ferramenta ou vibraccedilotildees dinacircmicas O raio da ponta da ferramenta e a variaccedilatildeo do acircngulo da aresta
de corte resultam na distribuiccedilatildeo natildeo-uniforme da espessura do cavaco e consequumlentemente da
forccedila de corte (MOCELLIN 2007)
21
Em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas nas ferramentas de metal duro em
relaccedilatildeo agraves usadas nas ferramentas de ceracircmica ou CBN utiliza-se maior nuacutemero de insertos de metal
duro permitindo maiores velocidades de avanccedilo compensando parcialmente a perda de
produtividade (KOPPKA et al 2003)
Operaccedilotildees de mandrilamento satildeo tradicionalmente realizadas em blocos de motores de ferro
fundido cinzento por ferramentas de ceracircmica e CBN que permitem elevadas velocidades de corte e
alta produtividade (KOPPKA et al 2003) O severo desgaste verificado nas ferramentas de
mandrilar ferro fundido vermicular tem motivado pesquisas com o objetivo de identificar os
mecanismos de desgaste das ferramentas assim como encontrar soluccedilotildees econocircmicas para esta
usinagem envolvendo institutos de pesquisa induacutestrias automobiliacutesticas fundiccedilotildees fabricantes de
ferramentas e fabricantes de maacutequinas Independentemente do material da ferramenta empregada
metal duro ou ceracircmica as velocidades de corte ainda satildeo muito inferiores agravequelas tradicionalmente
utilizadas no ferro fundido cinzento ou seja ainda haacute uma grande necessidade no desenvolvimento
do processo de usinagem de mandrilamento do bloco do motor de maneira integral (KASSACK et
al 2002)
112 Tipos de Mandrilamento
Dependendo do trabalho o mandrilamento que tambeacutem eacute conhecido como mandrilagem ou
broqueamento pode ser ciliacutendrico cocircnico radial ou esfeacuterico Por meio do processo de
mandrilamento pode-se conseguir superfiacutecies ciliacutendricas ou cocircnicas internas em espaccedilos
normalmente difiacuteceis de serem atingidos com eixos perfeitamente paralelos entre si (GUEDES
2006)
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cocircnica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Isto ocorre quando haacute um movimento de
avanccedilo simultacircneo com um movimento radial gerando um diacircmetro interno cocircnico
22
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cilindrica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Neste caso haacute somente o movimento de
avanccedilo gerando um diacircmetro interno ciliacutendrico
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico
1123 Mandrilamento Radial (figura 19)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute plana e perpendicular ao eixo em
torno do qual gira a ferramenta Neste processo haacute somente o movimento radial da ferramenta
gerando um processo de faceamento
23
Figura 19 ndash Mandrilamento radial
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute uma superfiacutecie de revoluccedilatildeo cujo
eixo coincide com o eixo do qual gira a ferramenta Ex Mandrilamento esfeacuterico e mandrilamento
de sangramento
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970)
24
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular
Os processos de mandrilamento do ferro fundido vermicular podem ser divididos em quatro
grupos
- Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
- Mandrilamento com insertos rotativos
- Mandrilamento definido como ldquofreso-mandrilamentordquo
- Mandrilamento com insertos de PCD
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
As ferramentas de mandrilar com insertos de metal-duro conforme mostradas na figura 111
satildeo usadas em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas em comparaccedilatildeo agrave ceracircmica ou
o PCBN Utiliza-se um maior nuacutemero de insertos permitindo maiores velocidades de avanccedilo e
compensando parcialmente a perda de produtividade (REUTER et al 1999) Existem algumas
barras de mandrilar cujos insertos natildeo satildeo montados uniformemente no diacircmetro e ateacute mesmo na
altura Estas barras de mandrilar satildeo chamadas de ferramentas com passo diferencial e o objetivo eacute
evitar vibraccedilotildees devido a problemas de ressonacircncia mesmo em condiccedilotildees de corte favoraacuteveis
modificando a frequumlecircncia de entrada das arestas no corte (SOUTO 2007)
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010)
25
1132 Mandrilamento com insertos rotativos
Ferramentas com insertos rotativos de PCBN Si3N4 ou Metal Duro conforme figura 112
permitem grande produtividade em altas velocidades de corte Este tipo de ferramenta apresenta um
maior potencial principalmente para operaccedilatildeo de desbaste podendo tambeacutem ser utilizadas em
operaccedilatildeo de acabamento dependendo da aplicaccedilatildeo (REUTER et al 2000) Estes insertos giram
devido aos esforccedilos de corte aplicados sobre eles jaacute que suas fixaccedilotildees permitem este grau de
liberdade Assim a seccedilatildeo de contato com a ferramenta e cavaco varia todo instante distribuindo
melhor o desgasteavaria aumentando a vida da ferramenta
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos
1133 Freso-mandrilamento
Define-se freso mandrilamento como um processo de usinagem com corte intermitente por
meio do processo de fresamento helicoidal realizado com ferramentas de diacircmetro menor que o
usinado ou seja a ferramenta realiza movimento de interpolaccedilatildeo circular e avanccedila no sentido do
cilindro conforme figura 113 O fabricante de maacutequinas MAKINO e o fabricante de ferramentas
SANDVIK desenvolveram este processo utilizando a ferramenta CoroMILL 790 e um Centro de
Usinagem Horizontal(a81M) Por meio da melhor precisatildeo de posicionamento dos insertos na
ferramenta e toleracircncias dimensionais dos insertos de metal-duro haacute possibilidades de ganho em
vida de ferramenta e possiacutevel eliminaccedilatildeo da etapa de mandrilamento de semi-acabamento
realizando-se o mandrilamento de desbaste de modo convencional e o mandrilamento de
acabamento com o processo de freso-mandrilamento Este processo tambeacutem possui desvantagem
26
como a necessidade de maacutequinas ferramentas com elevadas rigidez e precisatildeo no movimento de
interpolaccedilatildeo circular uma vez que este movimento tem influecircncia direta na geometria do cilindro
fresado (MAKINO 2011)
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento
1134 Mandrilamento com insertos de PCD
Estudos realizados pela empresa Audi aplicando insertos de PCD em mandrilamento de
acabamento dos cilindros do bloco do motor em ferro fundido vermicular apresentaram altos
valores de vida de ferramenta As principais desvantagens do uso do PCD consistem na limitaccedilatildeo da
temperatura de utilizaccedilatildeo da ferramenta o que limita a velocidade de corte assim como o maior
custo de ferramenta bloco do motor produzido Esta limitaccedilatildeo eacute devido ao problema de afinidade do
ferro com o carbono que em temperaturas acima de 700degC comeccedila a grafitizaccedilatildeo do diamante
tendo como consequumlecircncia o acelerado desgaste da aresta de corte (STEMMER 1993 apud
Xavier2009)
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento
A superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta conforme ilustrada na figura 114 eacute definida pelo acircngulo
da aresta de corte (90deg- χ r) acircngulo de posiccedilatildeo da aresta secundaacuteria de corte (χ‟r) acircngulo de saiacuteda
lateral da ferramenta (γf) e o acircngulo de saiacuteda dorsal da ferramenta (γp)
27
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008)
Quatro diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
podem ser identificadas e ilustradas conforme figura 115 Eacute altamente recomendado que o corte natildeo
envolva o final da aresta de corte da ferramenta ou seja o avanccedilo natildeo pode ser maior que o raio da
ponta da ferramenta para prevenir a quebra da ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da
ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
28
Valores grandes do raio da ponta (rɛ) com uma constante na taxa de avanccedilo(fɛ) e uma
profundidade de corte ldquoaprdquo melhoram a qualidade do acabamento superficial da peccedila reduzindo as
marcas da ferramenta devido ao avanccedilo Em contrapartida estas marcas satildeo mais suscetiacuteveis agrave
vibraccedilotildees devido ao aumento da componente da forccedila radial para ldquoaprdquo menor que ldquorɛrdquo
Consequumlentemente uma soluccedilatildeo deveria ser feito para obter resultados mais favoraacuteveis no corte
O acircngulo de saiacuteda da ferramenta eacute um importante paracircmetro para controlar a deformaccedilatildeo e a forma
dos cavacos Eacute tambeacutem um significativo fator geomeacutetrico que afeta o mecanismo de corte No plano
ortogonal a saiacuteda do cavaco eacute perpendicular agrave aresta de corte entretanto o acircngulo da saiacuteda do
cavaco eacute zero Muitos pesquisadores tentaram prever o acircngulo de saiacuteda do cavaco para usinagem
com o raio da ponta da ferramenta
A forccedila de corte pode ser representada por duas componentes uma componente normal
perpendicular ao plano de saiacuteda e um atrito componente na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta A
forccedila de atrito na superfiacutecie de saiacuteda eacute o uacutenico componente que determina a direccedilatildeo da saiacuteda de
cavaco Para cada elemento cavaco presume-se que a forccedila de atrito eacute colinear com a velocidade do
cavaco e suas magnitudes satildeo proporcionais agrave aacuterea do cavaco (YUSSEFIAN et al2008)
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento
O material da ferramenta de corte deve ser mais duro que o material da peccedila a ser cortada
Utilizando este princiacutepio novos materiais e ligas estruturais com excelente resistecircncia mecacircnica e
elevada dureza contribuem para o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de
usinagem (MACHADO et al 2009)
Alguns fatores para seleccedilatildeo adequada da ferramenta de corte conforme citados por DINIZ
(2008) estatildeo descritos abaixo
Material a ser usinado
- a dureza e o tipo de cavaco formado satildeo caracteriacutesticas do material da peccedila a ser
considerado
Processo de usinagem
29
- ainda existem vaacuterios equipamentos com baixa rotaccedilatildeo e baixa rigidez inviabilizando a
utilizaccedilatildeo de ferramenta de corte com materiais mais nobres
Condiccedilatildeo da maacutequina de usinagem
- deve-se levar em consideraccedilatildeo a potecircncia gama de velocidade e folgas da maacutequina
Dimensotildees e forma da ferramenta de corte
- ferramentas de forma natildeo-padronizada muitas vezes satildeo feitas de accedilo raacutepido ou de um tipo
de metal duro que suporte choques teacutermicos
Custo do material da ferramenta
- alguns materiais de ferramentas apesar de aumentarem a vida da ferramenta de corte ou a
produccedilatildeo muitas vezes natildeo apresentam uma boa relaccedilatildeo custo-benefiacutecio
Condiccedilotildees de usinagem
- consideraccedilatildeo tiacutepica para usinagem em acabamento em que se exigem ferramentas com
maior resistecircncia ao desgaste jaacute que a operaccedilatildeo de desbaste anterior jaacute retirou a casca
endurecida eou desvios de forma da peccedila
Condiccedilotildees da operaccedilatildeo
- usinagem com corte interrompido ou o sistema maacutequinapeccedilaferramentadispositivo
natildeo riacutegidos exige uma ferramenta tenaz
As principais caracteriacutesticas desejaacuteveis a um material da ferramenta satildeo
- Dureza a quente
Algumas regiotildees da ferramenta de usinagem podem ultrapassar 1000degC Portanto
haacute uma contiacutenua procura por materiais que possam suportar esta temperatura com dureza suficiente
para suportar as tensotildees de corte
- Resistecircncia ao desgaste
O material da ferramenta deve ser resistente ao desgaste por abrasatildeo ou seja resistecircncia
ao atrito
- Tenacidade
O material da ferramenta deve ter energia suficiente para resistir ao choques inerentes
do processo
- Estabilidade quiacutemica
Dependendo da temperatura da duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemica do material
da ferramenta e do material da peccedila na zona de cisalhamento secundaacuterio haacute transferecircncia de aacutetomo
30
de um metal para o outro (difusatildeo) O material da ferramenta deve ser resistente agrave difusatildeo (DINIZ et
al 2008)
Haacute diversos materiais de ferramentas distribuiacutedos no mercado atualmente que se
diferem pela dureza (resistecircncia ao desgaste) e tenacidade Os principais satildeo (MACHADO et al
2009)
Accedilo raacutepido
Metal duro
Cermets
Ceracircmicas
Nitreto de Boro Cuacutebico
Diamante natural
Atualmente os materiais das ferramentas de corte utilizados na usinagem do ferro fundido
vermicular satildeo metal duro ceracircmica e CBN
1151 Inserto de Metal Duro
O metal duro surgiu em 1927 com o nome de ldquoWIDIArdquo(Wie Diamant) e eacute um tipo
de material fabricado atraveacutes da metalurgia do poacute em um processo de sinterizaccedilatildeo Este poacute eacute
composto de partiacuteculas duras de carboneto de metais refrataacuterios Os carbonetos satildeo de tungstecircnio e
normalmente satildeo combinados com carbonetos de titacircnio tacircntalo e nioacutebio (DINIZ et al 2008)
O elemento aglomerante mais utilizado na fabricaccedilatildeo do metal duro eacute o cobalto que eacute um
metal do grupo do ferro responsaacutevel pela ligaccedilatildeo das partiacuteculas duras dos carbonetos no processo de
sinterizaccedilatildeo O cobalto eacute responsaacutevel pela tenacidade do material O poacute do cobalto eacute obtido pela
reduccedilatildeo do oacutexido preto que conteacutem aproximadamente 70 de cobalto sob hidrogecircnio e
temperaturas entre 600 e 700degC
Uma composiccedilatildeo tiacutepica de metal conteacutem 81 de tungstecircnio 6 de carbono e 13 de
cobalto O tamanho das partiacuteculas de carbonetos pode variar entre 1 e 10 microns e geralmente
compreendem cerca de 60 agrave 95 do volume do material
31
A variaccedilatildeo da composiccedilatildeo quiacutemica do metal duro influencia na caracteriacutestica (classe) do
material O cobalto eacute um material que agrave medida que aumenta seu teor reduz sua densidade e dureza
mas eleva a resistecircncia agrave ruptura e melhora a tenacidade
Outra caracteriacutestica importante para aplicaccedilatildeo do metal duro eacute o seu coeficiente de dilataccedilatildeo
teacutermica O coeficiente para o metal duro eacute cerca da metade do coeficiente do accedilo em temperaturas
desde a ambiente ateacute 675degC
Hoje em dia haacute metais duros produzidos com partiacuteculas de 01m o que melhora vaacuterias
caracteriacutesticas desejaacuteveis em uma ferramenta de corte Estes metais duros com micro gratildeos podem
ser classificados de acordo com o tamanho do gratildeo de sua estrutura como
- Fino 08 a 13m
- Submicromeacutetrico 05 a 08m
- Ultra fino 02 a 05m
- Nanomeacutetrico menor que 02m
Agrave medida que se diminui o tamanho de gratildeo do metal duro aumenta-se a dureza resistecircncia
ao desgaste e tenacidade do material devido ao maior fator de empacotamento que gratildeos muito
pequenos propiciam (DINIZ et al 2008)
Haacute vaacuterios tipos de metal duro classificados pela norma ISO (International Organization for
Standardization) conforme norma ISO513 1975 sendo que haacute 3 grupos principais como
Grupo bdquoP‟ ndash Compreende os tipos ou classes empregados na usinagem de metais e ligas
ferrosas que apresentam cavacos longos e duacutecteis
Grupo bdquoMrdquo ndash Compreende as classes que empregam na usinagem de metais e ligas ferrosas
de cavacos tanto longos como curtos ou seja eacute uma ferramenta com propriedades intermediaacuteria
Grupo bdquoK‟ ndash Compreende as classes que se destinam a usinagem de metais e ligas ferrosas
que apresentam cavacos curtos e materiais natildeo-metaacutelico
Recentemente a ISO aumentou o nuacutemero de classes de metal duro conforme norma
ISO513 2004 Estas novas classes satildeo
Grupo bdquoN‟ ndash Aplicaacutevel a materiais natildeo ferrosos
Grupo bdquoS‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de superligas e ligas de titacircnio
Grupo bdquoH‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de materiais endurecidos
32
Aleacutem dos grupos de metal duro existe uma subdivisatildeo dentro de cada grupo por exemplo
P01P50
M01M40
K01K40
N01N30
S01S30
H01H30
Para cada grupo de metal duro e seu respectivo subgrupo haacute uma composiccedilatildeo quiacutemica e
caracteriacutestica fiacutesica conforme Tabela 16 Pode-se perceber nesta tabela que agrave medida que a
quantidade de TiC + TaC aumenta a densidade diminui e a dureza aumenta
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970)
Desig-
Naccedilatildeo
Composiccedilatildeo
aproximada em Caracteriacutesticas principais
WC TiC
+
TaC
Co Densidade
(gcm3)
Dureza
(kgmm2)
Resist agrave
ruptura
transversal
(kgmm2)
Moacutedulo de
elasticidade
(kgmm2)
Coeficiente
de dilataccedilatildeo
teacutermica
(10-6
1Cdeg)
P01 30 64 6 72 1800 75 - -
P10 55 36 9 104 1600 140 52000 65
P20 76 14 10 119 1500 150 54000 60
P25 73 19 8 125 1500 170 55000 60
P30 82 8 10 130 1450 170 56000 55
P40 77 12 11 131 1400 180 56000 55
P50 70 14 16 129 1300 200 52000 55
M10 84 10 6 131 1650 140 58000 55
- Classes com maior tenacidade
- Recomendado para usinagem em desbaste
e corte interrompido
- Classes com maior resistecircncia ao desgaste
- Recomendado para usinagem em
acabamento
33
M20 82 10 8 134 1550 160 56000 55
M30 81 10 9 144 1450 180 58000 55
M40 78 7 15 135 1300 200 55000 55
K01 93 2 5 150 1750 120 63000 50
K05 92 2 6 146 1700 135 63000 50
K10 92 2 6 148 1650 150 63000 50
K20 915 25 6 148 1550 170 62000 50
K30 89 2 9 145 1450 190 - 55
K40 88 - 12 143 1300 210 58000 55
A seleccedilatildeo do metal duro para uma determinada aplicaccedilatildeo de usinagem estaacute intimamente
relacionada com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma durante a
usinagem Entre os tipos de cavacos conhecidos tem como cavacos contiacutenuos cavacos cisalhados e
cavacos de ruptura o formado na usinagem dos ferros fundidos eacute o cavaco de ruptura devido a seu
rompimento na zona primaacuteria do plano de cisalhamento causados na interrupccedilatildeo que as grafitas
causam na matriz da liga
Operaccedilotildees de usinagem com avanccedilo e profundidade de cortes altos para desbaste e cortes
interrompidos criam tensotildees elevadas na ferramenta exigindo classes com maior tenacidade ou seja
ferramentas com menor teor de cobalto e maior teor de carbonetos
Operaccedilotildees de usinagem em peccedilas que jaacute sofreram operaccedilotildees anteriores de desbaste retirando
excentricidade e a casca endurecida trabalham com baixos avanccedilos e profundidade de usinagem
poreacutem com altas velocidades de corte o que gera altas temperaturas Sendo assim satildeo necessaacuterias
classes de ferramentas com altas resistecircncias ao calor e a abrasatildeo ou seja menor teor de cobalto
(DINIZ et al 2008)
Operaccedilotildees de usinagem em maacutequinas-ferramentas menos riacutegidas obriga o uso de classe de
ferramentas com maior tenacidade embora reduzindo a vida uacutetil
As primeiras ferramentas de metal duro foram compostas unicamente de carbonetos de
tungstecircnio (WC) e cobalto e eram adequadas somente para a usinagem de materiais de cavacos
curtos e quebradiccedilos ou seja materiais de ferro fundido Na usinagem do accedilo havia formaccedilatildeo de
cratera na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta devido a fenocircmenos de difusatildeo e dissoluccedilatildeo ocorridos
entre o cavaco da peccedila e a ferramenta Para solucionar tais problemas comeccedilou-se a acrescentar
34
outros carbonetos (TiC TaC e NbC) Assim as ferramentas que conteacutem praticamente somente WC
e Co na composiccedilatildeo (ferramentas da classe K ver tabela 15) satildeo destinadas agrave usinagem de ferros
fundidos que natildeo tem a tendecircncia de formaccedilatildeo de desgaste de cratera devido ao fato de que o
cavaco curto rapidamente se quebra e pula fora da regiatildeo de corte sem atritar longamente com a
superfiacutecie de saiacuteda A inclusatildeo de carbonetos do tipo TiC TaC e NbC na ferramenta confere a ela
as seguintes caracteriacutesticas
- Carbonetos de Titacircnio - TiC
Pouca tendecircncia agrave difusatildeo resultando na alta resistecircncia dos metais duros
Reduccedilatildeo da resistecircncia interna e dos cantos
- Carboneto de Tacircntalo - TaC e Carboneto de Nioacutebio NbC
Em pequenas quantidades atuam na diminuiccedilatildeo do tamanho dos gratildeos melhorando a
tenacidade e a resistecircncia dos cantos
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro
A finalidade principal do uso de coberturas em ferramentas de metal duro eacute aumentar a
resistecircncia ao desgaste da camada superior que entra em contato com o cavaco e a peccedila sendo que o
nuacutecleo permanece com a tenacidade caracteriacutestica do metal duro Desta forma consegue-se em
vaacuterios casos aumentar bastante a vida da ferramenta e diminuir os esforccedilos de corte Eacute possiacutevel
tambeacutem conciliar em mesmos materiais caracteriacutesticas como tenacidade resistecircncia ao desgaste e
dureza a quente (DINIZ et al2008)
As principais coberturas utilizadas satildeo de carboneto de titacircnio (TiC) eou oacutexido de alumiacutenio
(Al2O3) nitreto de titacircnio (TiN) e carbonitreto de titacircnio (TiCN) Geralmente satildeo aplicadas no metal
duro utilizando um processo chamado CVD (deposiccedilatildeo quiacutemica a vapor) que utiliza altas
temperaturas e pressotildees levemente negativas Outro processo tambeacutem utilizado para cobertura de
ferramenta eacute o PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica a vapor) que utiliza temperaturas meacutedias (de 400 a 500ordm C) e
pressatildeo muito negativa Este processo eacute em geral mais caro que o processo CVD Como o processo
de CVD precisa de altas temperaturas satildeo geradas tensotildees na ferramenta durante seu resfriamento
que podem enfraquececirc-la Sendo assim novos tipos de processo com temperaturas intermediaacuterias
entre o CVD e o PVD estatildeo sendo desenvolvidos para minimizar este problema (DINIZ et al2008)
35
Normalmente a primeira camada de cobertura logo acima do nuacutecleo eacute o carboneto de titacircnio
ou o carbonitreto de titacircnio que algumas vezes eacute a uacutenica camada Estas camadas possuem
caracteriacutesticas como excelente resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de promover a adesatildeo das
camadas de cobertura com o metal duro do nuacutecleo Outra cobertura como o oacutexido de alumiacutenio natildeo
possui afinidade fiacutesico-quiacutemica com o nuacutecleo do metal duro A diferenccedila na dilataccedilatildeo e contraccedilatildeo
teacutermica das camadas com o substrato de metal duro a uma temperatura de 1000degC como eacute exigido
para o processo de revestimento CVD pode causar trincas se natildeo for utilizado o TiC ou TiCN como
camada intermediaacuteria (DINIZ et al2008)
A dureza da camada de TiC eacute na ordem de 3000HV que eacute maior que todas os outros materiais
utilizados no revestimento do metal duro A espessura da camada eacute de 4 a 8m Outras
caracteriacutesticas importantes deste material eacute a baixa tendecircncia a soldagem com o material da peccedila
dificultando o desgaste por adesatildeo e o baixo coeficiente de dilataccedilatildeo teacutermica O material TiCN tem
propriedades similares ao TiC como dureza agrave quente resistecircncia ao desgaste a capacidade de adesatildeo
ao nuacutecleo mas seu coeficiente de atrito eacute mais baixo que o TiC Geralmente o segundo revestimento
no metal duro eacute de oacutexido de alumiacutenio que garante uma estabilidade teacutermica devido ao fato de ser um
material ceracircmico refrataacuterio e por possuir alta resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de alta
resistecircncia a ataques quiacutemicos e agrave oxidaccedilatildeo Devido a sua alta estabilidade quiacutemica com o ferro
praticamente evita o desgaste difusivo durante o processo de usinagem do accedilo Apresentam tambeacutem
uma pequena resistecircncia a choques teacutermicos e mecacircnicos
A terceira camada geralmente utilizada de TiN tem caracteriacutestica de reduccedilatildeo do coeficiente
de atrito entre a pastilha e o cavaco Eacute quimicamente mais estaacutevel que o TiC e possui uma camada
com espessura entre 5 e 7 m A espessura total das camadas do metal duro estaacute entre 2 e 12 m
Quando se aumenta a espessura da cobertura a resistecircncia ao desgaste aumenta mas a tenacidade
diminui aumentando a tendecircncia ao lascamento das arestas Hoje em dia jaacute satildeo utilizadas outras
coberturas como por exemplo o nitreto de titacircnio alumiacutenio (TiNAl) ou o nitreto de alumino
titacircnio(TiAlN) dependendo da quantidade maior de titacircnio ou alumiacutenio que podem ser aplicadas ao
metal duro atraveacutes do processo PVD Tal processo propicia espessuras de camadas mais finas
mantendo a aresta da ferramenta afiada (DINIZ et al2008)
Estas coberturas podem ser aplicadas em ferramentas multicamadas propiciando
caracteriacutesticas como
36
- Baixa condutividade teacutermica que protege a aresta de corte e aumenta a remoccedilatildeo de calor
atraveacutes do cavaco
- Alta dureza a frio e a quente
- Alta estabilidade quiacutemica (DINIZ et al2008)
1153 Insertos de Material Ceracircmico
Um dos principais tipos de materiais ceracircmicos utilizados como ferramenta de usinagem eacute o
oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) que eacute a forma estaacutevel alfa da alumina Podem-se distinguir dois ramos
nesta famiacutelia
- Materiais contendo alumina sinterizada praticamente pura com no miacutenimo de 98
- Materiais contendo 90 de alumina juntamente com outros oacutexidos como SiO2 MgO
Cr2O3 Fe3O4 etc
Este tipo de material de ferramenta consiste de gratildeos finos (menores que 5 m) de Al2O3 de
alta densidade ou seja conteacutem menos que 2 de porosidade Diferentes meacutetodos satildeo utilizados
para fabricaccedilatildeo de ferramentas ceracircmicas deste tipo
- Prensadas a frio e sinterizadas apresentando uma cor branca Este processo eacute similar ao
processo de fabricaccedilatildeo do metal duro
- Prensadas a quente em grandes cilindros de alumina em moldes de grafite Neste processo
o material se torna acinzentado escuro (FERRARESI 1970)
A ceracircmica possui oacutetima propriedade como dureza a quente permitindo que se possa usinar
em altas velocidades de corte Em contrapartida haacute propriedades como baixa condutividade teacutermica
que logicamente dificulta a transferecircncia de calor e faz com que na regiatildeo proacutexima do contato
cavaco-ferramenta e peccedila ferramenta atinja-se temperaturas muito altas Outra propriedade que
dificulta o uso de material ceracircmico eacute a baixa tenacidade que favorece as trincas e quebras das
ferramentas de corte
Haacute ferramentas ceracircmicas agrave base de oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) podendo ter alumina pura ou
podendo ter algum teor de oacutexido de magneacutesio (MgO) para inibir o crescimento de gratildeo Podem ter
tambeacutem oacutexido de cromo titacircnio e niacutequel para aumentar a resistecircncia mecacircnica ou com baixos
porcentuais de oacutexido de zircocircnio (ZrO2) que aumenta a tenacidade do material (DINIZ et al2008)
37
A ceracircmica mista aleacutem de conter alumina pode conter o carboneto de titacircnio (TiC) ou o
nitreto de titacircnio (NiT) Este tipo de ceracircmica eacute prensado a quente gerando uma cor acinzentada
Como haacute uma melhor dureza a quente e estabilidade quiacutemica a ceracircmica mista eacute indicada para
processo de usinagem em mandrilamento e torneamento em acabamento de accedilos endurecidos onde
a tenacidade natildeo eacute tatildeo exigida (DINIZ et al2008)
Haacute uma ceracircmica com propriedades intermediaacuterias que eacute a reforccedilada com whiskers o qual eacute
adicionado o carboneto de siliacutecio (SiC) como sua tenacidade eacute boa quando comparadas com as
outras ceracircmicas este tipo de material eacute indicado para usinagem de ligas de titacircnio e niacutequel
Tambeacutem pode ser utilizada no processo de usinagem em mandrilamento e torneamento de accedilos
endurecidos com superfiacutecies interrompidas (DINIZ et al2008) Natildeo eacute permitida a fabricaccedilatildeo deste
material em vaacuterios paiacuteses devido ao carboneto de siliacutecio ser canceriacutegeno (BALDACIM 2000) Este
tipo de material tambeacutem eacute perigoso devido agrave facilidade de incecircndio no processo de retificaccedilatildeo
devido a isto o processo deve ser realizado em local extremamente isolado e maacutequinas blindadas
Haacute tambeacutem ferramentas de ceracircmica agrave base de nitreto de siliacutecio (Si3N4) que satildeo cristais com
fase intergranular de oacutexido de siliacutecio (SiO2) que satildeo sinterizados na presenccedila de alumina (sialon)
eou oacutexido de iacutetrio (Y2O3) e magneacutesio (MgO) Este material de ferramenta eacute usualmente chamado de
Sialon (DINIZ et al2008)
A Tabela 17 mostra algumas propriedades dos diversos tipos de material ceracircmico
comparados com o metal duro Como se pode ver na tabela Sialon possui boa tenacidade (melhores
que as ceracircmicas mista e pura) e excelentes durezas a quente e resistecircncia ao choque teacutermico A
uacutenica propriedade necessaacuteria a um material de ferramenta que natildeo possui eacute a estabilidade quiacutemica
com o ferro Assim natildeo pode ser usada para usinar o accedilo Poreacutem como a falta de estabilidade
quiacutemica eacute causadora do desgaste difusivo razatildeo da formaccedilatildeo do desgaste de cratera (desgaste da
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) e como o ferro fundido possui cavacos curtos que natildeo atritam
muito com a superfiacutecie de saiacuteda e portanto natildeo tem grande tendecircncia agrave formaccedilatildeo da cratera esta
ferramenta eacute indicada para a usinagem destas ligas principalmente em cortes interrompidos como o
fresamento em que a temperatura que a ferramenta atinge natildeo eacute tatildeo alta
38
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro
Tenacidade Dureza agrave
quente
Resistecircncia ao
choque teacutermico
Estabilidade
quiacutemica (Fe)
Estabilidade
quiacutemica (Ni)
Ceracircmica Pura 2 2 1 5 5
Ceracircmica
Mista
1 3 2 4 4
Ceracircmica com
Wiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal Duro 5 1 5 3 1
Em geral os insertos de material ceracircmico possuem um chanfro na regiatildeo da aresta de corte
cuja dimensatildeo varia de 005 agrave 03mm e acircngulo entre 20deg e 30deg como proteccedilatildeo de aresta para evitar
quebra ou lascamento (DINIZ et al 2008)
Em processos de usinagem como o fresamento em ferro fundido cinzento eacute possiacutevel substituir
o desbaste e o acabamento para somente um passe utilizando insertos de ceracircmica com alisador
(FERRER 2006) Ferramentas ceracircmicas de nitreto de siliacutecio tecircm mostrado um melhor desempenho
que as de metal duro em operaccedilotildees de faceamento em ferro fundido cinzento Isto porque
ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio apresentam tenacidade suficiente onde o
lascamento natildeo eacute um fator predominante para o fim da vida da ferramenta (FERRER e DINIZ
2005)
Em contrapartida ferramentas de metal duro satildeo consideradas uma melhor opccedilatildeo para
processo de usinagem em fresamento de ferro fundido vermicular O mecanismo de desgaste por
difusatildeo eacute muito acentuado em ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio (GABALDO
2009)
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte
Desgaste eacute a perda contiacutenua e microscoacutepica de partiacuteculas da ferramenta devido agrave accedilatildeo do corte
(DINIZ et al 2008) Haacute alguns desgastes de ferramenta de corte padronizado como desgastes
convencionais Os principais deles satildeo o desgaste de flanco ou frontal (na superfiacutecie de folga da
39
ferramenta) desgaste de entalhe (nos limites de contato ferramentapeccedila) e desgaste de cratera (na
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) Aleacutem dos desgastes diversas outras ocorrecircncias podem acontecer
agrave ferramenta durante seu uso como trincas lascas deformaccedilotildees plaacutesticas e quebra A estas
ocorrecircncias daacute-se o nome de avarias (FERRARESI 1970)
Os principais fenocircmenos causadores do desgaste satildeo
Aresta posticcedila de corte (APC) ndash material da peccedila aderido na aresta de corte da ferramenta
modificando o comportamento da forccedila de corte acabamento superficial da peccedila e desgaste da
ferramenta A APC ocorre quando em baixa velocidade de corte a parte inferior do cavaco sob
pressatildeo de corte na zona de aderecircncia manteacutem o contato sem movimento relativo por um espaccedilo de
tempo suficiente para soldar na ferramenta Agrave medida que a APC cresce torna-se instaacutevel e depois
de algum tempo colapsa levando consigo partiacuteculas da superfiacutecie de folga da ferramenta
incentivando assim o desgaste de flanco em baixa velocidade de corte (DINIZ et al 2008)
Abrasatildeo mecacircnica ndash o desgaste frontal ou o desgaste de cratera podem ser gerados pela
abrasatildeo (atrito) poreacutem eacute mais comum o desgaste frontal porque a superfiacutecie de folga atrita na peccedila
que eacute riacutegida enquanto que a superfiacutecie de saiacuteda atrita com o cavaco que eacute flexiacutevel O desgaste por
abrasatildeo ocorre pela presenccedila de partiacuteculas duras no material da peccedila e pela temperatura de corte que
reduz a dureza da ferramenta Quando o desgaste abrasivo ocorre a superfiacutecie desgastada mostra
sulcos paralelos agrave direccedilatildeo de avanccedilo (TRENT e WRIGHT 2000)
Aderecircncia ndash eacute formada por um extrato metaacutelico provocado pela baixa velocidade de corte e
baixa temperatura entre duas superfiacutecies metaacutelicas postas em contato sob cargas moderadas A
resistecircncia deste extrato eacute elevada a tal ponto que na tentativa de separar as superfiacutecies ocorre agrave
ruptura em um dos metais e natildeo na superfiacutecie de contato Quando este desgaste ocorre a superfiacutecie
desgastada tem aparecircncia aacutespera (TRENT e WRIGHT 2000) Assim partiacuteculas da superfiacutecie de um
material migram para superfiacutecie do outro O fenocircmeno da aderecircncia estaacute presente na formaccedilatildeo da
aresta posticcedila mas pode-se ter desgaste por aderecircncia mesmo sem a formaccedilatildeo da aresta posticcedila Por
meio deste fenocircmeno as partiacuteculas da ferramenta que satildeo removidas pela continuidade do
movimento de escorregamento entre as duas superfiacutecies (cavaco-ferramenta ou ferramenta-peccedila)
seguem aderidas ao fluxo de cavaco ou peccedila Como satildeo bastante duras ao atritarem com regiotildees da
ferramenta mais agrave frente desgastam-nas por abrasatildeo A utilizaccedilatildeo de coberturas com baixo
coeficiente de atrito como o nitreto de titacircnio e o uso de fluiacutedo de corte adequado tem grande
influecircncia na reduccedilatildeo deste tipo de desgaste (DINIZ et al 2008)
40
Difusatildeo ndash eacute um fenocircmeno microscoacutepico ativado pela temperatura na zona de corte
principalmente entre a ferramenta e o cavaco podendo tambeacutem ocorrer entre a ferramenta e a peccedila
depois de jaacute haver ocorrido algum desgaste na superfiacutecie de folga causado por algum outro
mecanismo A difusatildeo no estado soacutelido consiste na transferecircncia de aacutetomos de um metal ao outro
Depende da temperatura duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemico dos dois metais
envolvidos na zona de cisalhamento secundaacuterio Ocorre principalmente na superfiacutecie de saiacuteda da
ferramenta causando o desgaste de cratera porque eacute ali que se tem a zona de aderecircncia entre cavaco
e ferramenta (que garante o tempo de contato) e a zona de fluxo (zona secundaacuteria de cisalhamento)
na qual o cisalhamento eacute intenso e assim a temperatura eacute bastante alta Ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes a este tipo de
desgaste (DINIZ et al 2008)
Oxidaccedilatildeo ndash a maioria dos metais oxidam em altas temperaturas e na presenccedila de aacutegua e ar Na
usinagem isto ocorre devido ao uso de fluiacutedo de corte de baixa concentraccedilatildeo ou fluiacutedo de corte natildeo
adequado para o processo O tungstecircnio e o cobalto durante o corte formam filmes de oacutexido poroso
sobre a ferramenta que satildeo facilmente levados embora pelo atrito gerando o desgaste Poreacutem
alguns oacutexidos como o oacutexido de alumiacutenio satildeo mais duros e resistentes Assim alguns materiais de
ferramentas que natildeo conteacutem oacutexido de alumino desgastam mais facilmente por oxidaccedilatildeo Este
desgaste se forma nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao acesso de ar nesta
regiatildeo causando o desgaste de entalhe Tambeacutem para este desgaste ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes (DINIZ et al
2008)
41
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Este capiacutetulo descreve o material do bloco do motor e o material da ferramenta de corte a ser
utilizada no experimento aleacutem dos equipamentos e o meacutetodo utilizado para o experimento
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos
Uma linha de usinagem flexiacutevel de bloco do motor diesel exclusivo em material de ferro
fundido vermicular jaacute existente na empresa MWM International situado em Santo Amaro SP foi o
laboratoacuterio utilizado para realizaccedilatildeo dos experimentos
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos
Utilizou-se como corpos de prova para os ensaios de mandrilamento blocos para motores de
seis cilindros (ver figura 21) fundidos em material de ferro fundido vermicular e fundido na
empresa TUPY Fundiccedilotildees localizada em Mauaacute Satildeo Paulo A operaccedilatildeo de usinagem objeto deste
estudo foi o mandrilamento dos mancais do bloco
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE
42
O material do bloco do motor eacute o GJV-450 conforme norma MANN (M3340) Foi realizada
uma anaacutelise metalograacutefica de amostras retiradas de corpos de prova do bloco do motor conforme
posiccedilatildeo visualizada na figura 22
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise
metalograacutefica (norma MANN M3340 2004)
A tabela 21 e as figuras 23 e 24 mostram os resultados da anaacutelise metalograacutefica do material
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor
DESCRICcedilAtildeO ESPECIFICADO
Estrutura da Matriz Perlita Lamelar Fina
Ferrita Livre Maacuteximo de 30
Cementita Livre Ausente
Carbonitreto de Titacircnio Metalograficamente natildeo permitidos
Ledeburita Ausente
Rede de Fosfeto - STEADITA Traccedilos isolados como informativo
Forma da Grafita I e II Ausente
Forma da Grafita III Miacutenimo 70
Forma da Grafita IV Maacuteximo 5
Forma da Grafita V e VI Maacuteximo 30
Tamanho da Grafita Forma III 3 ou mais fino
Tamanho da Grafita Forma IV 3 ou mais fino
43
Tamanho da Grafita Forma V e VI 5 ou mais fino
Dureza 150 agrave 250 HB 30
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo 440 agrave 520 Nmm2
Limite de Escoamento Miacutenimo 320 Nmm2
Alongamento Miacutenimo 1
Figura 23 - Micrografia mostrando a morfologia da
grafita
Forma III (80 agrave 85) e tamanho de 4 agrave 5
Forma IV (lt 5) e tamanho de 5 agrave 6
Forma V + VI (10 agrave 15) e tamanho de 5 agrave 6
Sem ataque
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrututa da
matriz matriz perliacutetica
Com ataque NITAL 3
A tabela 22 mostra o resultado do ensaio quiacutemico realizado em uma amostra de bloco
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN)
ESPECIFICADO em ENCONTRADO em
11 Carbono C 350 agrave 380 361
12 Carbono Equivalente C equiv 405 agrave 435 419
13 Silicio Si 200 agrave 230 232
14 Manganecircs Mn 040 maacuteximo 026
15 Foacutesforo P 002 maacuteximo 0009
16 Enxofre S 0005 agrave 0020 0011
17 Cromo Cr 01 maacuteximo 0029
44
18 Cobre Cu 075 agrave 095 084
19 Estanho Sn 004 agrave 007 007
110 Magneacutesio Mg 0010 agrave 0016 0010
111 Titacircnio Ti 0010 maacuteximo 0003
O material de ferro fundido vermicular a ser removido pela ferramenta de corte na operaccedilatildeo de
mandrilamento dos mancais tem espessura entre 25 e 30mm (profundidade de corte) devido agrave
variaccedilatildeo do sobremetal de fundiccedilatildeo conforme figura 25 formando cavacos de ruptura
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte
O bloco do motor contem sete mancais com comprimento de 37mm cada conforme figura 26
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm
45
23 Ferramenta de Corte (insertos)
Nos experimentos foram utilizados insertos de ceracircmica e insertos de metal duro conforme
figuras 27 28 e 29 e tabela 23
Figura 27 - Inserto de Metal Duro
WTXQ090608 K01L10B040 HP425
Figura 28 - Inserto de ceracircmica
WTXQ090608 0906 MN KS6000
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento
METAL DURO CERAcircMICA
Material Classe K10 Nitreto de Silicio
Aresta de Corte Arredondamento 006mm Arredondamento 006mm
Espessura do inserto 635mm 635mm
Aacuterea para corte Maacuteximo 7mm Maacuteximo 7mm
Quantidade de arestas 6 arestas 6 arestas
Cobertura Nitreto de Titanio Alumino (TiNAl) Sem cobertura
46
Figura 29 - Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios
Os insertos foram montados em uma barra de mandrilar na posiccedilatildeo tangencial em um diacircmetro
de 1105mm para desbaste conforme figura 210 Nesta mesma ferramenta tambeacutem estatildeo montados
os seis insertos de semi-acabamento para posterior processo de fratura Esta ferramenta possui guias
de metal duro para reduzir vibraccedilatildeo garantir alinhamento entre os mancais e garantir a precisatildeo
dimensional As guias de metal duro da ferramenta e o diacircmetro do mancal podem estar com folga
entre 0005mm e 0015mm Esta folga eacute coberta pelo fluido de corte com uma concentraccedilatildeo
aproximada de 12 e com isso contribui para reduzir o atrito
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos
47
Antes dos experimentos foram montados vaacuterios insertos na barra de mandrilar para verificar a
variaccedilatildeo do batimento radial e axial Nota-se que radialmente foram encontrados ateacute 004mm de
variaccedilatildeo e axialmente foram encontrados ateacute 002mm conforme demonstra figura 211 Ambos os
resultados encontrados natildeo influenciam no resultado final dos experimentos
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado
O fluido de corte utilizado no experimento tendo tambeacutem como funccedilatildeo reduzir o atrito entre
as guias de metal duro da barra de mandrilar e o mancal guia do bloco foi um oacuteleo semi-sinteacutetico do
tipo EP produzido pelo fabricante CASTROL O nome do produto eacute ldquoSuperedge 6552 BFrdquo com alta
resistecircncia agrave formaccedilatildeo de espuma isento de Boro Cloro Nitritos e Fenois As tabelas 24 e 25
mostram caracteriacutesticas deste fluido
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
Estado fiacutesico Liacutequido
Odor Suave
Cor Acircmbar
pH 90 a 95 (5)
Ponto de fulgor Produto base aacutegua Natildeo inflamaacutevel
Densidade 0937 gmL
Solubilidade Soluacutevel em aacutegua
48
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
DESCRICcedilAtildeO PORCENTAGEM
Aacutegua 5 agrave 10
Amina primaacuteria 20 agrave 40
Amina terciaacuteria 50 agrave 80
Oacuteleo mineral parafiacutenico 45 agrave 50
Benzotriazol 01 agrave 05
Aacutecidos di carboxiacutelicos 20 agrave 50
Aditivo EP a base de foacutesforo 20 agrave 80
Amida de Tall Oil 10 agrave 15
Aacutecido carbacircmico 05 maacuteximo
Metileno bis morfolina 30 agrave 70
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos
A maacutequina de usinar utilizada para realizar os experimentos foi um centro de usinagem
horizontal CNC com 4 eixos (XYZB) da marca GROB modelo BZ640 com palete (mesa) de 630
x630mm (ver figura 212) Esta maacutequina eacute controlada por um comando SIEMENS e pode suportar
uma carga sobre a mesa de ateacute 1000Kg jaacute que a peccedila (bloco do motor) utilizada no experimento
tem aproximadamente 300Kg e o dispositivo para fixar a peccedila tem aproximadamente 500Kg
somando juntos 800Kg A maacutequina tambeacutem tem um giro de palete permitido de ateacute 1200mm para
suportar a peccedila que tem um comprimento de 1060mm O eixo da maacutequina eacute um motofuso com
potecircncia de 26Kw(40ED) e 20Kw(100 ED) O torque eacute de 340Nm (40 ED) e 262Nm(100
ED) A cada 10 minutos de usinagem por 4 minutos pode ser utilizados potecircncia e torque maacuteximos
ou seja pode-se utilizar 26Kw a cada 4 minutos ou 20Kw em todo tempo de usinagem e igualmente
para torque
49
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB
Este equipamento eacute preparado para medir potecircncia consumida do fuso no momento da
usinagem da peccedila conforme demonstrado na figura 213
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos
O equipamento utilizado para realizar as mediccedilotildees de desgaste dos insertos (VB ndash desgaste de
flanco) utilizados no experimento foi uma maacutequina para preacute-ajustagem de ferramentas marca
ZOLLER com cacircmera integrada conforme figura 214 Esta maacutequina tambeacutem possui alguns
benefiacutecios como sistema de fixaccedilatildeo SHRINK (fixaccedilatildeo de ferramenta por contraccedilatildeo teacutermica) e um
50
software de programaccedilatildeo com o procedimento de mediccedilatildeo de cada ferramenta reduzindo a
influecircncia do operador
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER
Ao fim dos ensaios os desgastes das ferramentas foram analisados em um Microacutescoacutepio
Eletrocircnico de Varredura (MEV) contendo sonda para realizaccedilatildeo de testes de EDS(Sistema de
Energia Dispersiva) Este equipamento tem marca FEI modelo Quanta 450 conforme figura 215
Ele eacute capaz de produzir imagens de alta ampliaccedilatildeo
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos
insertos
51
27 Processo de Usinagem
Uma barra de mandrilar com 600mm de comprimento devido agrave sua rigidez pelo curto
comprimento mandrila o primeiro mancal em desbaste para obtenccedilatildeo do Oslash1105mm e acabamento
Oslash111mm simultaneamente No teacutermino da usinagem do primeiro mancal a mesa (palete) gira 180deg
para que a usinagem do seacutetimo mancal (uacuteltimo) seja realizada A funccedilatildeo desta primeira ferramenta eacute
fornecer guia (mancal usinado) para a barra de mandrilar longa com comprimento de 600mm
conforme figura 216 utilizada nos experimentos deste trabalho para usinar do segundo ao sexto
mancal
A barra de mandrilar longa utiliza o primeiro mancal como guia e usina o segundo mancal
conforme demonstrado na figura 216 Apoacutes o segundo mancal acabado a ferramenta avanccedila e
utiliza o segundo mancal como guia para usinar o terceiro mancal e assim sucessivamente ateacute usinar
o quarto mancal Para usinar o quinto e o sexto mancal a mesa da maacutequina gira a 180deg e a
ferramenta utiliza o seacutetimo mancal como guia para usinar o sexto mancal e logo na sequumlecircncia
utiliza o sexto mancal como guia para usinar o quinto mancal
A ferramenta utilizada nos experimentos usina um total de cinco mancais por bloco
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento
28 Procedimento experimental
Primeiramente foi determinado que um ensaio terminaria apoacutes 40 peccedilas usinadas Este nuacutemero
foi determinado para que o desgaste frontal da ferramenta tivesse aproximadamente de 04mm
(mediccedilatildeo VB) ao fim do ensaio Como o laboratoacuterio utilizado no experimento foi uma linha de
produccedilatildeo impossibilitando a mediccedilatildeo do desgaste dos insertos ateacute atingir exatos 04mm foi
definido medir a aresta de 10 em 10 peccedilas ateacute atingir as 40 peccedilas Poreacutem houve exceccedilotildees como
- Ensaios em que o desgaste VB atingiu valores elevados muito antes das 40 peccedilas
600mm
52
- Ensaios em que a potecircncia de seguranccedila do fuso da maacutequina foi acionada antes das 40 peccedilas
A velocidade de corte foi a variaacutevel utilizada para iniciar os ensaios em insertos de metal duro
fixando o avanccedilo por dente e a quantidade de insertos montados conforme tabela 26
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 140mmin 022mm 6 532mmmin
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
A maacutexima velocidade de corte de 155mmin foi determinada devido agrave caracteriacutestica de
seguranccedila que a maacutequina oferece para natildeo danificar o equipamento Como a barra de mandrilar eacute
longa e robusta qualquer quebra ou outro tipo de avaria pode danificar o fuso da maacutequina Mais
caro que o fuso eacute o alto tempo de reparo que um equipamento deste porte pode sofrer Para
seguranccedila haacute um limite de potecircncia consumida do fuso em que o equipamento interrompe a rotaccedilatildeo
para evitar maiores avarias Como a folga entre as guias de metal duro da barra de mandrilar e o
guia dos mancais podem variar entre 0005mm e 0015mm o aumento da rotaccedilatildeo aumenta a forccedila
centriacutepeta e o oacuteleo natildeo suporta reduzir o atrito aumentando a potecircncia consumida do fuso e
limitando a velocidade de corte para maacuteximo de 155mmin
A velocidade miacutenima de corte de 110mmin utilizada foi a jaacute definida no processo antes de
realizaccedilatildeo deste trabalho e a velocidade de corte intermediaacuteria foi a definida pela velocidade de
corte mais proacutexima da meacutedia entre a velocidade maacutexima de 155mmin e a velocidade miacutenima de
110mmin
Continuando na estrateacutegia dos experimentos utilizou-se a maior velocidade de corte permitida
pela maacutequina para os experimentos com ceracircmica o qual precisa de maiores velocidades em
comparaccedilatildeo com o metal duro Para comparar rendimento utilizou as mesmas condiccedilotildees para o
experimento com inserto de metal duro A uacutenica variaccedilatildeo foi o material da ferramenta conforme
mostrado na tabela 27
53
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 6 590mmmin
Como o experimento com ceracircmica natildeo foi possiacutevel devido agrave alta potecircncia consumida do fuso
e a ocorrecircncia de avaria de quebra prematura a terceira fase de testes foi a reduccedilatildeo do nuacutemero de
insertos montados na ferramenta conforme demonstrado na tabela 28
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 3 295mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 3 295mmmin
Na sequumlecircncia dos experimentos fixou-se a menor velocidade de corte utilizada nos
experimentos e o uso apenas de insertos de metal duro ateacute entatildeo a melhor condiccedilatildeo de corte
experimentada variando somente o avanccedilo por dente conforme demonstra a tabela 29
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 110mmin 030mm 6 572mmmin
Metal Duro 110mmin 034mm 6 648mmmin
O maior avanccedilo por dente utilizado nos experimentos foi definido pela seguranccedila da maacutequina
no controle de potecircncia maacutexima utilizada ou seja a utilizaccedilatildeo do avanccedilo por dente de 034mm se
posicionava no limite de potecircncia da maacutequina
Todos os experimentos foram realizados reacuteplicas exceto os experimentos com variaccedilatildeo da
velocidade de corte que foi necessaacuterio realizar uma treacuteplica
54
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO
Este capiacutetulo descreveraacute os resultados dos experimentos As variaacuteveis analisadas satildeo a
evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos em funccedilatildeo da quantidade de peccedilas usinadas o tempo de
usinagem a quantidade de dentes da ferramenta em contato com a peccedila potecircncia consumida do fuso
e volume de cavaco removido
31 Cavaco
A usinagem do ferro fundido cinzento gera cavaco de ruptura na regiatildeo de cisalhamento
(Ferraresi 1970) O cavaco retirado do bloco do motor em ferro fundido vermicular utilizado nos
experimentos tambeacutem pode ser classificado como de ruptura mas eacute um pouco maior que o tiacutepico
gerado na usinagem do ferro fundido cinzento conforme mostra a figura 31
Como a deformaccedilatildeo do cavaco no momento do corte natildeo eacute homogecircnea por causa da
concentraccedilatildeo de tensatildeo ou pontos de baixa resistecircncia na parte traseira do cavaco (Diniz et al
2008) a parte de traz do cavaco eacute bem rugosa mesmo para um cavaco de ruptura conforme
demonstrado na figura 32
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura de CGI
Figura 32 - Face rugosa do cavaco de CGI
55
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel )
Na primeira fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
arestas) e o avanccedilo por dente foram fixados tendo como variaacutevel a velocidade de corte
Na velocidade de corte de 155mmin 30 peccedilas foram usinadas ateacute o desgaste de flanco do
inserto ultrapassar os 04mm (VB) conforme mostrado na figura 33
vc110
mmin
vc140
mmin
vc155
mmin
10 peccedilas 20 peccedilas 30 peccedilas
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte
Para as velocidades de corte de 110mmin e 140mmin foi possiacutevel mandrilar ateacute 40 peccedilas
conforme demonstrado na figura 34 O desgaste dos diversos insertos de uma mesma eram muito
proacuteximos mas foi decidido fazer as mediccedilotildees de insertos montados sempre na mesma posiccedilatildeo da
ferramenta Pode-se verificar que o inserto utilizado no experimento com maior velocidade de corte
resultou em um maior desgaste frontal (ainda figura 33) devido ao acreacutescimo de calor gerado no
processo concordando com a literatura (Diniz et al 2008)
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
56
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado
Como jaacute descrito anteriormente a maior velocidade de corte resulta em uma maior taxa de
desgaste frontal dos insertos Como mostra a figura 35 a influecircncia da velocidade de corte na taxa
de desgaste ficou clara somente a partir de 20 peccedilas usinadas ou seja o comportamento do desgaste
das arestas dos insertos foram muito semelhantes diferenciando em poucos centeacutesimos na usinagem
de ateacute 20 peccedilas O valor do desgaste foi 51 menor na velocidade de corte de 110mmin quando
comparado com a velocidade de corte de 140mmin apoacutes 40 peccedilas usinadas Analisando uma
diferenccedila ainda maior de velocidade de corte como por exemplo velocidade de corte de 110mmin
e 155mmin e fixando 30 peccedilas para comparaccedilatildeo jaacute que o experimento com a velocidade de corte
de 155mmin natildeo atingiu 40 peccedilas a diferenccedila foi de 60 Em outras palavras o valor do desgaste
VB apoacutes 30 peccedilas usinadas era 60 maior na ferramenta utilizada com 155 mmin que o desgaste da
ferramenta que usinou com 110 mmin
04mm
A B
04mm
Vc110mmin Vc140mmin
57
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos
Comparando o graacutefico de desgaste dos insertos com o graacutefico de potecircncia consumida do fuso
(figura 36) vecirc-se que conforme esperado agrave medida em que aumenta o desgaste da ferramenta
aumenta o atrito na interface ferramentapeccedila e consequumlentemente aumenta a potecircncia consumida
do fuso Na usinagem com ferramenta nova (peccedila 1 na figura 36) a potecircncia consumida com vc =
140 mmin foi cerca de 22 maior que quando se usinou com vc = 110 mmin (aumento de 27 no
valor da velocidade) enquanto a potecircncia consumida com velocidade de corte de 155mmin foi 9
maior que quando se usinou com vc = 140 mmin (aumento de 11 no valor da velocidade de corte)
Pode-se verificar que o aumento da potecircncia consumida foi pouco menor que o aumento da proacutepria
velocidade de corte Diniz et all (2008) afirmam que a potecircncia de corte pode ser dada pela equaccedilatildeo
31 Como nem profundidade de usinagem nem avanccedilo foram alterados nestes ensaios este
resultado significa que o aumento da velocidade de corte proporcionou uma pequena reduccedilatildeo no
valor da pressatildeo de corte o que concorda com o que foi tambeacutem afirmado por estes autores
cc vfapKsvFcPc (31)
Onde
Pc = potecircncia de corte
Fc = forccedila de corte
0
01
02
03
04
05
06
07
08
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Velocidade de corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
58
Ks = pressatildeo especiacutefica de corte
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para
ferramentas com 3 e 6 insertos)
Na segunda fase dos experimentos devido agrave utilizaccedilatildeo de insertos de ceracircmica foi utilizada a
velocidade de corte de 155mmin que eacute a maacutexima permitida pela maacutequina Como a intenccedilatildeo eacute
comparar o desempenho dos materiais dos insertos foi fixada a velocidade de corte de 155mmin o
avanccedilo por dente de 022mmin e inicialmente seis arestas na ferramenta tendo como variaacutevel o
material de ceracircmica e metal duro
Poreacutem natildeo foi possiacutevel realizar o experimento em questatildeo O ensaio teve que ser interrompido
porque todos os insertos se quebraram antes da ferramenta completar 10 peccedilas usinadas O desgaste
prematuro das arestas de corte do inserto de ceracircmica e o aumento da pressatildeo de corte devido ao
aumento na quantidade de arestas aumentaram bastante a tendecircncia agrave quebra dos insertos
Como natildeo foi possiacutevel a comparaccedilatildeo dos insertos de ceracircmica com insertos de metal duro
nestas condiccedilotildees decidiu-se realizar esta fase dos experimentos mantendo a velocidade de corte de
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Variaacutevel - Velocidade de Corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
59
155mmin e o avanccedilo por dente de 022mmin mas reduzndo o nuacutemero de arestas da ferramenta
para trecircs Realizou-se estes testes com ferramenta de metal duro e ferramenta ceracircmica
Pode-se verificar que para mandrilamento em desbaste de peccedilas em material de ferro fundido
vermicular insertos de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio natildeo se mostraram adequados ou seja haacute
um desgaste excessivo da aresta de corte conforme mostra a figura 37 Vecirc-se nesta figura que com
apenas 10 peccedilas usinadas o desgaste dos insertos ultrapassava 10mm de VB O inserto de metal duro
para esta mesma quantidade de peccedilas (10 peccedilas) apresentava desgaste de somente 022 mm
conforme demonstrado na figura 38
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm
Figura 38 ndash Aresta do inserto de metal duro
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm
A figura 39 mostra que inicialmente a potecircncia consumida pela maacutequina quando se utilizou
ferramenta ceracircmica era bem proacutexima daquela consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro Como pode ser visto nas figuras 27 e 28 e na tabela 23 as ferramentas utilizadas tecircm
geometrias idecircnticas Entatildeo este resultado mostra que o suposto menor coeficiente de atrito da
camada de TiAlN que recobre a ferramenta de metal duro natildeo teve influecircncia na diminuiccedilatildeo dos
esforccedilos de corte Poreacutem em poucas peccedilas usinadas devido ao excessivo desgaste das arestas de
corte haacute um aumento progressivo na potecircncia consumida do fuso para o experimento com ceracircmica
Apoacutes 10 peccedilas usinadas enquanto a potecircncia consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro aumentou 8 em relaccedilatildeo agrave potecircncia consumida na usinagem da primeira peccedila a potecircncia
quando se usou ferramenta ceracircmica aumentou em cerca de 41
04mm 04mm
60
Figura 39 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica
Como a comparaccedilatildeo entre insertos de metal duro e insertos de ceracircmica foi extremamente
favoraacutevel ao experimento de metal duro decidiu-se comparar a quantidade de insertos em uso na
ferramenta Assim os experimentos foram realizados com ferramenta de metal duro com trecircs
insertos e seis insertos fixando a velocidade de corte de 155mmin e o avanccedilo por dente de 023mm
Fotos das regiotildees desgastadas destas ferramentas estatildeo mostradas na figura 38
Trecircs(3)
insertos
Seis(6)
insertos
10 peccedilas 20 peccedilas
10
11
12
13
14
15
16
17
1 10 20
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Metal Duro x Ceracircmica
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Metal Duro Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Ceracircmica
04mm 04mm
04mm 04mm
61
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes
Verifica-se que o experimento com maior quantidade de insertos (6 insertos) em uso obteve
uma superioridade de 66 de vida com relaccedilatildeo ao experimento de menor quantidade de insertos (3
insertos) confirmando a literatura (REUTER et al1999) quando atingido a quantidade de 20 peccedilas
que foi o limitante para o experimento com trecircs insertos conforme mostra figura 311
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6
insertos
O aumento do nuacutemero de dentes aumenta o volume de cavaco removido por minuto sem
aumentar a carga realizada sobre cada aresta Portanto este aumento deve ser incentivado desde que
haja espaccedilo suficiente entre dentes para armazenar o cavaco e desde que a maacutequina tenha potecircncia e
rigidez para suportar este maior volume de cavaco removido A figura 312 abaixo mostra a maior
potecircncia consumida para o experimento utilizando seis insertos como variaacutevel mas ainda dentro do
permitido pela maacutequina Veja que com 100 no aumento da velocidade de avanccedilo devido ao dobro
da quantidade de dentes em uso a potecircncia consumida do fuso iniciou com uma diferenccedila de 73
ou seja confirma-se que a potecircncia de corte aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo porque o Ks
reduziu devido a maior velocidade de avanccedilo Se o Ks natildeo reduzisse com o aumento do avanccedilo a
diferenccedila da potecircncia consumida do fuso seria de 100
0
02
04
06
08
10 20 30
Des
gast
e V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas - Vb(mm) 3 insertos x 6 insertos
Vc 155mmin - MD fz 022 (3 INSERTOS)
Vc 155mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
62
Figura 312 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como
variaacutevel)
Na quarta fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
facas) a melhor velocidade de corte (vc 110mmin) encontrada nos primeiros experimentos e o
material da ferramenta (Metal Duro) foram fixados tendo como variaacutevel o avanccedilo por dente
Pode-se verificar que para velocidade de corte de 110mmin independente da variaacutevel avanccedilo
por dente a variaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do desgaste das arestas de corte foi muito pequena conforme
demonstrado nas figuras 313 e 314 O aumento do avanccedilo aumenta o volume de cavaco removido
por minuto e com isto aumenta o calor gerado Por outro lado o crescimento do avanccedilo faz com
que o contato do cavaco com a ferramenta se decirc em uma maior porccedilatildeo da superfiacutecie de saiacuteda Como
tem-se maior calor gerado mas com maior aacuterea da ferramenta para receber este calor a temperatura
da ferramenta natildeo se altera muito e por isso a influecircncia do avanccedilo no desgaste da ferramenta
quando existe eacute pequena (Diniz et al 2008)
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Nuacutemero de insertos como variaacutevel
Vc 155mmin (6 ins) fz 022 - MD
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - MD
63
fz
022mm
fz
030mm
fz
034mm
20 peccedilas 30 peccedilas 40 peccedilas
Figura 313 ndash Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos
Este resultado eacute bastante importante para um processo de desbaste como o analisado neste
trabalho O aumento do avanccedilo por dente faz com que o tempo de corte de uma peccedila seja reduzido
Como isto natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta tem-se com certeza um processo mais
produtivo (se a vida da ferramenta tivesse diminuiacutedo seria necessaacuterio cotejar a diminuiccedilatildeo do tempo
de corte contra o aumento de tempo de maacutequina parada para troca de ferramenta para afirmar que o
processo foi mais produtivo) com mesmo custo de ferramentas e menor custo de utilizaccedilatildeo da
maacutequina Haacute que se perguntar qual eacute o limite para o aumento do avanccedilo por dente Com certeza agrave
medida que se aumenta este valor para mesmo raio de ponta da ferramenta cresce o risco de quebra
da mesma A utilizaccedilatildeo de avanccedilos ainda maiores que os aqui utilizados eacute uma sugestatildeo para um
trabalho futuro
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
64
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por
dente como variaacutevel
A figura 315 mostra os resultados de potecircncia consumida versus nuacutemero de peccedilas usinadas
para os ensaios em que se teve variaccedilatildeo do avanccedilo por dente Nela percebe-se que haacute um aumento
na potecircncia consumida agrave medida que se aumenta o avanccedilo por dente Levando-se em consideraccedilatildeo a
potecircncia consumida na usinagem da 1ordf peccedila (ferramenta ainda sem desgaste) houve um aumento de
21 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 022mm para 030mm (36 de aumento
do avanccedilo) e um aumento de 9 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 030mm para
034mm (13 de aumento do avanccedilo) Isto estaacute em acordo com a literatura (Diniz Marcondes e
Coppini2008) que afirma que a Potecircncia de Corte (Pc) aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo da
avanccedilo (f) porque a Pressatildeo Especiacutefica de Corte (Ks) cai com o aumento de f Isto eacute possiacutevel
porque a contribuiccedilatildeo dada pelo fluxo lateral de cavaco (parte do volume de material deformado da
peccedila natildeo se transforma em cavaco mas sim escorrega entre a peccedila e a superfiacutecie de folga da
ferramenta) fica percentualmente menos importante quando se aumenta o avanccedilo
Outro ponto importante a ser destacado nesta figura eacute que a contribuiccedilatildeo do desgaste para o
crescimento da potecircncia consumida eacute significativa Quando se utilizou fz = 030 mm o crescimento
da potecircncia entre a 1ordf peccedila usinada e a 40ordf peccedila foi de 76 enquanto quando se usou fz = 022 mm
este crescimento foi de 20 (maior crescimento percentual dentre as 3 curvas) Esta diferenccedila de
0
01
02
03
04
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Avanccedilo por dente
Vc 110mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 030 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 034 (6 INSERTOS)
65
variaccedilatildeo percentual da potecircncia consumida entre a 1ordf e a 40ordf peccedila deve-se provavelmente ao da
potecircncia ao longo da vida da ferramenta natildeo eacute tatildeo intenso
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de
avanccedilo como variaacutevel
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste
Os insertos utilizados nos experimentos foram submetidos agrave anaacutelise por um microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (MEV) com sistema de energia dispersiva (EDS) Este procedimento
objetivou a anaacutelise do mecanismo de desgaste das arestas de corte
Foram analisadas as arestas dos insertos de metal duro em fim de vida utilizados nos
ensaios em que se variou a velocidade de corte e a quantidade de insertos Os insertos com a
variaccedilatildeo do avanccedilo por dente foram submetidos ao MEV e ao EDS a cada 10 peccedilas mandriladas ateacute
completar o fim de vida Com relaccedilatildeo aos ensaios com ferramenta de ceracircmica somente as arestas
utilizadas no experimento com trecircs insertos puderam ser analisadas porque no experimento
utilizando seis insertos de ceracircmicas os mesmos quebraram no momento do experimento
impossibilitando a anaacutelise
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso
Vc 110mmin fz 022mm
Vc 110mmin fz 030mm
Vc 110mmin fz 034mm
66
Os insertos usados nos experimentos foram limpos por ataque da soluccedilatildeo de 10 gramas de
ferrocianeto de potaacutessio [ K4 [ Fe(CN)6]] 10 gramas de hidroacutexido de potaacutessio (KHO) e 100
mililitro de aacutegua destilada imerso de 4 agrave 6 antes de serem colocados no microscoacutepio
A figura 316 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
Nesta figura natildeo se vecirc riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte que se ocorressem indicariam
desgaste de origem abrasiva Fez-se anaacutelise de EDS nos 3 pontos mostrados na figura e o resultado
destas anaacutelises estatildeo mostrados na figura 317 O ponto 2 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
predominacircncia de titacircnio e alumiacutenio pois ali a cobertura da ferramenta estaacute intacta (a cobertura eacute de
TiAlN) Nos pontos 1 e 3 que estatildeo mais proacuteximos da aresta de corte encontra-se uma alta
quantidade de ferro e manganecircs mostrando que houve adesatildeo de material da peccedila na regiatildeo
desgastada da superfiacutecie de folga
67
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 318 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 140 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Os pontos 1 2
e 3 mostrados na figura estatildeo fora da regiatildeo desgastada e a anaacutelise EDS neles (figura 319) indicou a
presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta como era de se esperar O ponto 3 aleacutem da
presenccedila de elementos da ferramenta mostrou tambeacutem a presenccedila de elementos do fluido de corte
68
como foacutesforo e pequena quantidade de material da peccedila provavelmente devido ao contato com o
material do cavaco retirado da peccedila
Figura 318 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
No ponto 4 verifica-se a presenccedila de elementos como ferro manganecircs e siliacutecio que satildeo
materiais presentes exclusivamente na peccedila usinada e no cavaco mostrando de novo que houve
adesatildeo de material da peccedilacavaco na regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga
69
Figura 319 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 320 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Nesta figura
pode-se tambeacutem ver que o desgaste e a velocidade de ocorrecircncia do desgaste foram tais que a
ferramenta chegou a lascar
70
Figura 320 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
A figura 321 mostra os resultados da anaacutelise EDS O ponto 4 que estaacute fora da regiatildeo
desgastada (ver figura 320) mostra somente a presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta Os
pontos 2 e 3 mostram a forte presenccedila de material da peccedilacavaco aderidos agrave superfiacutecie desgastada
O ponto 1 que estaacute na vizinhanccedila da regiatildeo lascada mostra principalmente a presenccedila de elementos
do substrato da ferramenta como tungstecircnio e cobalto mostrando que ali toda a camada de
cobertura jaacute havia sido removida
71
Figura 321 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
Depois da anaacutelise do desgaste destas 3 ferramentas pode-se concluir que ele ocorreu
principalmente devido ao mecanismo de adesatildeo e arranque de partiacuteculas da ferramenta (attrition) A
pressatildeo de corte foi tal que permitiu que durante a formaccedilatildeo do cavaco parte do material da
peccedilacavaco extrudasse entre ferramenta e peccedila (talvez auxiliado por algum desgaste inicial gerado
por um outro mecanismo) e aderisse agrave superfiacutecie de folga da ferramenta Esta camada aderida era
arrancada pelo atrito entre ferramenta e peccedila levando consigo partiacuteculas da cobertura e do substrato
da ferramenta Ao arrastar partiacuteculas da ferramenta o desgaste era mais ainda incentivado jaacute que
72
estas partiacuteculas bastante duras atritavam com a proacutepria ferramenta Pode-se concluir que o
mecanismo principal de desgaste foi este devido agrave presenccedila de camada do material da peccedilacavaco
aderida em todas as regiotildees desgastadas como tambeacutem pela regiatildeo do substrato exposta na figura
320 Conseguiu-se tirar uma foto da ferramenta no momento que naquela regiatildeo (ponto 1 da figura
320) a camada aderida havia sido removida e ainda natildeo tinha sido substituiacuteda por outra camada
deixando o substrato exposto Eacute loacutegico que na continuidade deste processo de desgaste
principalmente quando a taxa desgaste eacute alta devido agrave alta velocidade de corte (como ocorreu
quando se utilizou vc = 155 mmin) o risco de lascamento da ferramenta (remoccedilatildeo de macro-
partiacuteculas e natildeo de micro-partiacuteculas) eacute alto como se viu na ponta da ferramenta mostrada na figura
320
A figura 322 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 3 insertos
e ferramenta de ceracircmica
Figura 322 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica) em fim de vida da ferramenta
Haacute quatro pontos indicados conforme demonstrado na figura 322 Nos pontos 1 2 e 3
verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de siliacutecio (figura 323) que existe tanto na peccedila quanto no
inserto Poreacutem como o ponto 3 natildeo tem contato com a peccedila haacute grande probabilidade que o siliacutecio
73
encontrado seja somente do inserto Foi encontrado tambeacutem tacircntalo presente somente ao material
do inserto conforme demonstrado na figura 323 No ponto 4 que se refere exatamente agrave fronteira da
regiatildeo de desgaste (fronteira entre a aacuterea de contato com a peccedila e a aacuterea sem contato) verifica-se a
presenccedila de material como siliacutecio alumiacutenio e cobalto referente ao inserto mas tambeacutem zinco e
zircocircnio que satildeo materiais do oacuteleo refrigerante utilizado no experimento Isto significa que o fluido
de corte chegava bem proacuteximo agrave interface peccedila-ferramenta mas natildeo penetrava nela Assim o fluido
tinha uma accedilatildeo refrigerante bastante eficiente jaacute que atingia regiotildees proacuteximas agrave fonte geradora de
calor mas natildeo tinha accedilatildeo lubrificante pois natildeo penetrava nas interfaces para poder ter accedilatildeo de
reduccedilatildeo do coeficiente de atrito
Figura 323 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de
corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
74
Uma anaacutelise visual da figura 322 mostra uma superfiacutecie lisa e a figura 323 mostra a presenccedila
em pequena quantidade de elementos da peccedila Estes pontos satildeo indicaccedilotildees de que o desgaste
difusivo estiver presente Poreacutem a aparecircncia facetada da regiatildeo de desgaste tambeacutem indica que
houve quebra de partiacuteculas macroscoacutepicas da ferramenta talvez causada pela tensatildeo teacutermica gerada
pela alta refrigeraccedilatildeo realizada pelo fluido de corte
Numa tentativa de se entender o processo de desgaste da ferramenta de metal duro desde o
iniacutecio de sua vida fez-se anaacutelise da superfiacutecie desgastada de uma das ferramentas em vaacuterios
momentos de sua vida A figura 324 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie
de folga de uma das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030
mm 6 insertos e ferramenta de metal duro apoacutes 10 peccedilas usinadas
Figura 324 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 10 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 324 estaacute mostrada na figura 325
Nos pontos 1 e 2 verifica-se a presenccedila de elementos da cobertura (titacircnio e alumiacutenio) como
75
tambeacutem elementos do substrato da ferramenta (W) No ponto 3 que eacute um ponto fora da regiatildeo
desgastada encontra-se alta concentraccedilatildeo de alumiacutenio e titacircnio presentes na cobertura do inserto No
ponto 4 encontra-se ainda bastante material da cobertura da ferramenta Al e Ti Vecirc-se que apoacutes 10
peccedilas usinadas ainda natildeo se iniciou o processo de adesatildeo da material da peccedilacavaco na superfiacutecie
de folga da ferramenta (natildeo se verifica a presenccedila marcante de Fe na regiatildeo de desgaste) adesatildeo
esta bastante presente na ferramenta apoacutes 40 peccedilas usinadas Tambeacutem mesmo na regiatildeo desgastada
ainda se verifica bastante a presenccedila de material da cobertura o que demonstra que o desgaste natildeo
era profundo a ponto de remover esta camada de material
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 325 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas
76
A figura 326 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 20 peccedilas usinadas
Figura 326 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 20 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 326 estaacute mostrada na figura 327 No
ponto 1 verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de tungstecircnio referente ao substrato do inserto e
uma pequena concentraccedilatildeo de Fe da peccedila Conclui-se entatildeo que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada a
cobertura jaacute havia sido removida e o processo de adesatildeo de material da peccedilacavaco dava sinais de
sua presenccedila No ponto 2 a presenccedila do Fe proveniente da peccedilacavaco eacute bastante intensa
mostrando que o processo de adesatildeo jaacute havia realmente se iniciado O ponto 3 eacute fora da regiatildeo
desgastada e portanto somente possui elementos da cobertura da ferramenta como alumiacutenio e
titacircnio Algum teor de W aparece porque a anaacutelise EDS eacute capaz de detectar elementos que estaacute a
alguma distacircncia da superfiacutecie analisada Assim o W que estaacute a alguns microns de distacircncia eacute
mostrado na anaacutelise No ponto 4 encontra-se somente alumiacutenio e titacircnio da cobertura mostrando
que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada o processo de adesatildeo ainda natildeo havia se iniciado
77
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 327 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 20 peccedilas usinadas
A figura 328 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 30 peccedilas usinadas
78
Figura 328 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 30 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 328 estaacute mostrada na figura 329
Similarmente ao que ocorreu com a ferramenta apoacutes 20 peccedilas usinadas agora com 30 peccedilas
usinadas a regiatildeo desgastada mostra ponto coberto por material da peccedilacavaco (ponto 1) ponto em
que a cobertura havia sido removida e o substrato estaacute exposto (ponto 2) e ponto em que a cobertura
ainda estava intacta (ponto 4) Logicamente o ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
somente elementos da cobertura e pouco concentraccedilatildeo de elementos do substrato da ferramenta
79
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 329 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 30 peccedilas
A figura 330 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 40 peccedilas usinadas (fim do ensaio)
80
Figura 330 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 40 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 330 estaacute mostrada na figura 331
Nos pontos 1 e 2 constata-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de ferro presente na peccedilacavaco
indicando que o processo de adesatildeo na ferramenta jaacute era bastante acentuado Mesmo assim ainda
havia uma parte da porccedilatildeo desgastada em que o desgaste natildeo havia se aprofundado na ferramenta e
assim a cobertura ainda estava presente (ponto 4 que tem forte concentraccedilatildeo de Ti e Al da
cobertura) No ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada apresenta logicamente somente
elementos da cobertura
81
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 331 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 40 peccedilas usinadas
Apoacutes a anaacutelise destas figuras pode-se tentar definir quais foram os mecanismos de desgaste da
ferramenta ao longo de sua vida Com 10 peccedilas usinadas a adesatildeo ainda natildeo estaacute presente Algum
outro mecanismo de desgaste (provavelmente a difusatildeo dada a aparecircncia lisa da regiatildeo desgastada
tiacutepica do desgaste difusivo sem a presenccedila de riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte tiacutepicos da abrasatildeo)
foi o responsaacutevel pela remoccedilatildeo da camada de cobertura (jaacute se vecirc pontos com o substrato exposto na
figura 331) que gerava o aumento do coeficiente de atrito e propiciava a adesatildeo do material da
peccedilacavaco A presenccedila de algum desgaste tambeacutem facilitou a extrusatildeo deste material entre peccedila e
ferramenta para que a adesatildeo fosse possiacutevel A partir disto a adesatildeo comeccedilou a crescer
82
gradualmente Com 20 peccedilas usinadas jaacute se tinha mais presenccedila de Fe oriundo da peccedila na ferramenta
e tambeacutem porccedilotildees com o substrato exposto (W mostrado na anaacutelise EDS) e a partir da peccedila 30 a
adesatildeo estava bastante presente tornando-se o principal mecanismo de desgaste que conduziu a
ferramenta a valores alto de desgaste
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido
A figura 332 mostra a vida da ferramenta para cada experimento realizado no qual fica
caracterizado que menores velocidades de corte e material de metal duro satildeo os mais indicados para
o processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco do motor fabricado em ferro
fundido vermicular Vecirc-se nesta figura que o uso de inserto com material de ceracircmica agrave base de
nitreto de siliacutecio natildeo se mostrou adequado para este tipo de operaccedilatildeo Vecirc-se tambeacutem que os avanccedilos
por dente utilizados no experimento mantiveram a mesma vida de ferramenta
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos
Para se ter uma ideacuteia de qual foram as melhores condiccedilotildees de usinagem dentre as que foram
testadas neste trabalho e consequumlentemente escolher o conjunto de condiccedilotildees a serem utilizadas no
0
10
20
30
40
50
Vc 110mmin
Fz022mmmin
Vc 110mmin
Fz030mmmin
Vc 110mmin
Fz034mmmin
Vc 140mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 3 insertos MD 3 insertos
Ceracircmica
6 insertos
Ceracircmica
40 40 40
30
23
12
4
Quebra
Nuacute
mer
o d
e p
eccedila
s
Vida da ferramenta de metal duro e ceracircmica no processo de mandrilamento em desbaste do Ferro Fundido Vermicular
83
meio produtivo construiu-se a figura 333 Na construccedilatildeo desta figura os experimentos em que se
utilizou ferramentas ceracircmicas natildeo foram levados em consideraccedilatildeo jaacute que o desempenho destas
ferramentas natildeo foi razoaacutevel Os ensaios em que se utilizou avanccedilo por dente de 022 mm e se
variou a velocidade de corte se a maacutequina utilizada nesta operaccedilatildeo natildeo for gargalo (isto eacute o tempo
da operaccedilatildeo natildeo eacute importante) a condiccedilatildeo a ser utilizada eacute aquela com velocidade de corte de
110mmin jaacute que ela propicia economia de ferramenta Se a maacutequina for gargalo haacute que se calcular
a velocidade de maacutexima produccedilatildeo (vcmxp) para este avanccedilo a fim de se escolher a velocidade a ser
utilizada Diniz et al (2008) definem vcmxp de acordo com a equaccedilatildeo 32
x
ft
cmxptx
Kv
1
))1(
(
(32)
Onde K e x satildeo os expoentes da equaccedilatildeo de vida da ferramenta de Taylor (Tvcx=K) tft eacute o
tempo de troca da ferramenta e T eacute a vida da ferramenta em minutos
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido
Utilizando-se os dados de vida de ferramenta obtidos nos ensaios com as 3 velocidades de
corte utilizadas neste trabalho tem-se que x e K satildeo respectivamente 26 e 79x106 Com isto
considerando-se um tempo de troca das ferramentas de 2 minutos tem-se que a velocidade de
maacutexima produccedilatildeo eacute 2895 mmin Assim em uma maacutequina gargalo utilizando-se o avanccedilo por dente
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Vc110mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 030mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 034mm
Vc140mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc155mmin 6 insertos Fz 022mm
Vo
lum
e d
e ca
vaco
(cm
3)
Tem
po
de
usi
nag
em (
min
)
Tempo de usinagem x Volume de cavaco removido Tempo de usinagem
Volume de material removido
84
de 022 mm dentre as velocidades utilizadas nos ensaios seria interessante utilizar-se a velocidade
de 155 mmin jaacute que a usinagem com este valor de vc apesar de consumir mais ferramentas
propicia menor tempo de produccedilatildeo por peccedila (jaacute que ela a maior velocidade dentre as utilizadas que
ainda eacute menor que vcmxp)
Como visto o uso de maiores avanccedilos natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta Assim
como se estaacute em operaccedilatildeo de desbaste (a rugosidade da peccedila natildeo eacute importante) eacute interessante
utilizar-se o maior avanccedilo possiacutevel Dentre os utilizados neste trabalho seria adequado se utilizar fz
= 034 mm pois com ele consegue-se um corte mais raacutepido sem ainda se ter quebra da aresta de
corte Seria importante tambeacutem se obter a velocidade de maacutexima produccedilatildeo com este avanccedilo a fim
de se saber a velocidade a ser utilizada se a maacutequina for gargalo Esta eacute uma outra sugestatildeo para um
futuro trabalho
85
4 CONCLUSOtildeES
Esta dissertaccedilatildeo teve por objetivo analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar influencias
positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor fabricado
em ferro fundido vermicular
Por meio dos resultados obtidos nas condiccedilotildees experimentadas pode-se concluir que
Quanto maior a velocidade de corte menor a vida final da ferramenta
A utilizaccedilatildeo de um maior nuacutemero de insertos na ferramenta proporcionou maior vida
tanto em termos de tempo de usinagem quanto em termos de volume de material
removido
Insertos de ceracircmica com nitreto de siliacutecio natildeo satildeo indicados para o mandrilamento em
desbaste do ferro fundido vermicular
A alteraccedilatildeo da velocidade de avanccedilo natildeo influencia na vida da ferramenta
Apoacutes definir a melhor velocidade de corte a velocidade de avanccedilo foi limitada pela
potecircncia consumida do fuso e natildeo pelo desgaste das arestas dos insertos
A melhor condiccedilatildeo de corte foi velocidade de corte de 110mmin avanccedilo por dente de
034mm e seis insertos de metal duro montados simultaneamente
O principal mecanismo de desgaste de flanco das pastilhas de metal duro foi o
ldquoattritionrdquo Poreacutem para que a adesatildeo de material da peccedilacavaco sobre a superfiacutecie de
folga pudesse acontecer foi necessaacuterio que inicialmente algum outro mecanismo
(provavelmente a difusatildeo) gerasse o desgaste da ferramenta
Sugestotildees para proacuteximos trabalhos
As informaccedilotildees descritas prevecircem possibilidades das variaccedilotildees sabendo-se que
86
o laboratoacuterio utilizado neste trabalho natildeo as permitiu
o Utilizaccedilatildeo de maiores velocidades de corte conjuntamente com maiores avanccedilos por
dente
o Utilizaccedilatildeo de outros materiais de ferramentas O CBN seria uma opccedilatildeo a ser testada
o Variaccedilatildeo das alturas das pastilhas tanto na direccedilatildeo axial quanto na direccedilatildeo radial
o Verificar se eacute possiacutevel aumentar ainda mais o nuacutemero de arestas da ferramenta para
propiciar ainda maior produccedilatildeo
87
5 REFEREcircNCIAS
BALDACIM Sandro A Desenvolvimento Processamento e Caracterizaccedilatildeo de
Compoacutesitos Ceracircmicos Si3N4 ndash SiC(w) 2000 170p Tese (Doutorado) Departamento de Pesquisas
Energeacuteticas e Nucleares Universidade Estadual de Satildeo Paulo Satildeo Paulo
BELONI AL Metodologia via redes neurais para estimativa da rugosidade e do
desgaste de ferramentas de corte no processo de fresamento frontal 2001 194p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Uberlacircndia Minas
Gerais
BRAUN Silvana Appel LG Schmal M A poluiccedilatildeo gerada por maacutequinas de combustatildeo
interna movidas a diesel - a questatildeo dos particulados Estrateacutegias atuais para a reduccedilatildeo e
controle das emissotildees e tendecircncias futuras Quiacutemica Nova Vol 27 No 3 472-482 2003
CHIAVERINI Vicente Accedilos e Ferros Fundidos Caracteriacutesticas Gerais Tratamento
Teacutermico Principais Tipos 7deg Ediccedilatildeo ampliada e revisada Associaccedilatildeo Brasileira de Metalurgia e
Materiais 2005
CONSALTER L GUEDES L PUREY J - Usinabilidade de ferros fundidos FMP Guia
de Equipamentos e Insumos 1987
DAWSON S Compacted Graphite Iron Mechanical and Physical Properties for Engine
Design SinterCast - Technical Publication 1999
DAWSON S HOLLINGER I ROBBINS H DAETH J REUTER U SCHULZ H
The effect of metallurgical variables on the machinability of compacted graphite iron SAE
World Congress 2001
DAWSON S Process Control for the Production of Compacted Graphite Iron AFS
Casting Congress 2002
88
DAWSON S SCHROEDER T Practical Applications for Compacted Graphite Iron AFS
Transactions 2004
DAWSON S Compacted Graphite Iron ndash A New Material for Highly Stressed Cylinder
Blocks and Cylinder Heads Internationales Wiener Motorensymposium 2007
DINIZ AE MARCONDES FC COPPININL Tecnologia da Usinagem dos
Materiais 6deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Artiliber Editora 2008 262p
DOREacute C BOEHS L GUESSER L W Avaliaccedilatildeo da Usinabilidade do Ferro Fundido
Vermicular com Diferentes Microestruturas 8th Congresso Iberoamericano de Engenharia
Mecacircnica 2007
FERRARESI Dino Fundamentos da Usinagem dos Metais vol 1 Satildeo Paulo
Editora Edgard Bluumlcher LTDA 1970 754p
FERRER Jorge A G Uma Contribuiccedilatildeo ao Fresamento Frontal de Superfiacutecies
Irregulares de Ferro Fundido Cinzento 2006 228p Tese (Doutorado) Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
FERRER Jorge A G DINIZ A E Otimizaccedilatildeo do fresamento frontal de diversas superfiacutecies
de ferro fundido cinzento Anais do III Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricaccedilatildeo -
COBEF Vol 1 pp1 ndash1 Joinville Santa Catarina 2005
GABALDO Sander Uma Contribuiccedilatildeo a Melhoria do Processo de Fresamento de Ferro
Fundido Vermicular ndash CGI 2009 136p Tese (Mestrado) Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
89
GODINHO AF Anaacutelise do Mandrilamento de cilindros de bloco de motores em Ferro
Fundido Vermicular com diferentes concepccedilotildees de ferramentas 2007 128p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
GUEDES Luiz F M FENGPUCRS Processo de usinagem e conformaccedilatildeo 2006
KASSACK J REUTER U AUDI CGI Production Planning In 5th COMPACTED
GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat Darmstadt 2002
KOPPKA Frank ABELE Eberhard Economical processing of compacted graphite iron 6th
COMPACTED GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat
Darmstadt 2003
GUESSER L W SCHROEDER T DAWSON S Production experience with compacted
graphite iron automotive components AFS Transactions 01-071 2001
MACHADO AR ABRAtildeO A M COELHO R T DA SILVA MB Teoria da
Usinagem dos Materiais 1 ed Satildeo Paulo Editora Blucher 2009 384 p
MAKINO Disponiacutevel em ltcompetitiveproductioncom features default aspx articlegt
Acesso em Janeiro de 2011
MAPAL do BRASIL Disponiacutevel em ltMapalcomenproductscatalogues-and-brochuresgt
Acesso em Dezembro de 2010
MARWANGA R O VOIGT R C COHEN P H Influence of Graphite Morphology and
Matrix Structure on Chip Formation During Machining of Gray Irons AFS Transactions
American Foundrysmen Society 1999
90
MOCELLIN Fabiano Desenvolvimento de Tecnologia para Brunimento de Cilindros de
Blocos de Motores em Ferro Fundido Vermicular Tese 2007 264p Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
MOCELLIN Fabiano BOHES Prof Lourival Study of the Machinability of Compacted
Graphite Iron for Drilling Process Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science and
engineering 2004
MOURA Bruna S Transesterificaccedilatildeo Alcalina de Oacuteleos Vegetais para Produccedilatildeo de
Biodiesel Avaliaccedilatildeo Teacutecnica e Econocircmica Dissertaccedilatildeo 2010 166p Departamento de Engenharia
Quiacutemica Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
NICOLELLA Gilberto Marques JF Skorupa L A Sistema de Gestatildeo Ambiental aspectos
teoacutericos e anaacutelise de um conjunto de empresas ISSN 1516-4691 Documento 39 Embrapa Meio
Ambiente 43p Jaguariuacutena SP 2004
REUTER U SCHULZ H Compact and bijou The problems associated with compacted
graphite iron manufacturing can be overcome Engine Technology International 1999
REUTER U SAHM A SCHULZ H CGI production on transfer lines and machining
centers Compacted Graphite Iron Machining Workshop 2000
SAHM A ABELE E SCHULZ H State of the art in CGI machining 5th Compacted
Graphite Iron Machining Workshop 2002
SINTERCAST Compacted Graphite Iron Technical Publication What is CGI Disponiacutevel
emlthttpwwwsintercastcomTecnologygt Acesso em marccedilo de 2010
STEMMER C E Ferramentas de corte I 3 ed Florianoacutepolis Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina 1993 249 p
91
SOUTO Ulisses B Monitoramento do desgaste de ferramenta no processo de
fresamento via emissatildeo acuacutestica Tese 2007 Pag19 Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Federal de Uberlacircndia
TRENT E WRIGHT P Metal Cutting 4ordf ed Woburn Editora Butterworth-Heinemann
2000 446p
VASILASH Gary S Automotive Design amp Production Gardner Publication 2006
WALTER AG Cataacutelogo Geral Cataacutelogo Satildeo Paulo 2007
XAVIER Fabio A Aspectos Tecnoloacutegicos do Torneamento do Ferro Fundido
Vermicular com Ferramentas de Metal Duro Ceracircmica e CBN 2003 146p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
XAVIER Fabio A Estudo dos mecanismos de desgaste em ferramentas de nitreto de
siliacutecio aplicadas no torneamento dos ferros fundidos vermicular e cinzento 2009 267p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
YUSSEFIAN NZ MOETAKEF-IMANI B The prediction of cutting force for boring
process International Journal of Machine Tools amp Manufacture 2008
x
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte 42
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm 42
Figura 27 ndash Inserto de metal duro 43
Figura 28 ndash Inserto de ceracircmica WTXQ090608 0906 MN KS6000 43
Figura 29 ndash Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios 43
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos 44
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado 44
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB 46
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina 46
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER 47
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos insertos 47
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento 48
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura do CGI 51
Figura 32 ndash Face rugosa do cavaco do CGI 51
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte 52
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado 53
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos 53
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte 54
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm 55
Figura 38 - Aresta do inserto de metal duro desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm 55
Figura 39 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica 56
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes 57
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6 insertos57
xi
Figura 312 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes 58
Figura 313 - Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos 59
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por dente
como variaacutevel 60
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de avanccedilo
como variaacutevel 61
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 62
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de
corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 63
Figura 318 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 64
Figura 319 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 64
Figura 320 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 65
Figura 321 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 66
Figura 322 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica)
em fim de vida da ferramenta 67
Figura 323 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 68
Figura 324 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 10 peccedilas usinadas 69
Figura 325 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas 70
Figura 326 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 20 peccedilas usinadas 71
Figura 327 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 20 peccedilas usinadas 72
xii
Figura 328 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 30 peccedilas usinadas 73
Figura 329 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 30 peccedilas usinadas 74
Figura 330 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 40 peccedilas usinadas 75
Figura 331 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 40 peccedilas usinadas 76
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos 77
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido 78
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010) 8
Tabela 12 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular perliacutetico
(SINTERCAST 2001 apud ROSA 2009) 8
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em temperatura
ambiente (CHIAVERINI 2005) 9
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) 11
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI 2005) 19
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970) 32
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro 38
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor 42
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN) 43
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento 45
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 47
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 48
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes 52
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes 53
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes 53
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes 53
xiv
Lista de abreviaturas e nomenclaturas
Fe - Ferro
C - Carbono
Si - Siliacutecio
P - Foacutesforo
Ti - Titacircnio
Mg - Magneacutesio
Mn - Manganecircs
Ni - Niacutequel
Nb - Nioacutebio
Cs - Ceacutesio
Cu - Cobre
Sn - Estanho
S - Enxofre
Co - Cobalto
W - Tungstecircnio
Ce - Ceacuterio
Ca - Caacutelcio
VB MAX - Desgaste de flanco maacuteximo
VB - Desgaste de flanco
vc - Velocidade de corte
Vf - Velocidade de avanccedilo
f - Avanccedilo
ap - Profundidade de corte
Ks - Pressatildeo especiacutefica de corte
Pc - Potecircncia de corte
degC - Grau Celsius
CE - Carbono Equivalente
xv
CGI - Compacted Graphite Iron
MPa - Mega Pascoal
GPa - Giga Pascoal
HB - Hardness Brinell
ISO - International Organization for Standardization
SAE - Society of Automotive Engineers
GJV - Gusseisen mit Vermiculargrafit
ASTM - American Society for Testing Materials
VDG - Verein Deutsche Gieszligereifachleute
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
APC - Aresta Posticcedila de Corte
CBN - Cubic Boron Nitride
PCBN - Polycrystalline Cubic Boron Nitride
CVD - Chemical Vapour Deposition
PVD - Physical Vapour Deposition
EDS - Energy Dispersive x-ray Spectrometer
MEV - Microscoacutepio Eletrocircnico de Varredura
KHO - Hidroacutexido de Potaacutecio
[K4[Fe(CN)6]]- Ferrocianeto de Potaacutecio
xvi
SUMAacuteRIO
Dedicatoacuteria iv
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xiii
SUMAacuteRIO xvi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Motor Diesel 3
12 Propriedades e vantagens do motor diesel 4
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular 4
14 Propriedades do ferro fundido 8
15 Processo de Fabricaccedilatildeo 11
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo 12
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular 13
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade 14
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade 17
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade 18
111 Processo de Mandrilamento 20
112 Tipos de Mandrilamento 21
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17) 21
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18) 22
xvii
1123 Mandrilamento Radial (figura 19) 22
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110) 23
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular 24
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro 24
1132 Mandrilamento com insertos rotativos 25
1133 Freso-mandrilamento 25
1134 Mandrilamento com insertos de PCD 26
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento 26
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento 28
1151 Inserto de Metal Duro 30
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro 34
1153 Insertos de Material Ceracircmico 36
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte 38
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 41
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos 41
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos 41
23 Ferramenta de Corte (insertos) 45
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado 47
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos 48
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos 49
27 Processo de Usinagem 51
28 Procedimento experimental 51
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO 54
xviii
31 Cavaco 54
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel ) 55
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para ferramentas com 3
e 6 insertos) 58
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como variaacutevel) 62
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste 65
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido 82
4 CONCLUSOtildeES 85
5 REFEREcircNCIAS 87
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Haacute uma grande preocupaccedilatildeo da sociedade com relaccedilatildeo ao meio ambiente e com isso as
exigecircncias da Legislaccedilatildeo Ambiental com relaccedilatildeo agrave emissatildeo de poluentes estatildeo se tornando cada vez
mais severas Esta severidade obriga o desenvolvimento de novas tecnologias para reduccedilatildeo destes
poluentes em todos os segmentos automotivos (NICOLELLA et al 2004) O motor diesel tem
maior durabilidade torque e eficiecircncia em comparaccedilatildeo ao motor OTTO mas em contrapartida
emite elevados niacuteveis de materiais particulados e de compostos responsaacuteveis pelo odor caracteriacutestico
da emissatildeo do diesel ao ambiente (BRAUN et al 2003) Devido agraves vantagens relacionadas ao motor
diesel percebeu-se a necessidade de desenvolver soluccedilotildees para reduzir as desvantagens da
aplicaccedilatildeo Um destes desenvolvimentos foi voltado agrave fabricaccedilatildeo dos blocos do motor com material
conhecido como ferro fundido vermicular que permite desenvolver um motor mais eficiente e com
melhor desempenho pois admite maiores pressotildees na cacircmara de combustatildeo devido agraves suas boas
propriedades mecacircnicas (GUESSER et al 2001) Este material tambeacutem eacute conhecido como CGI
(Compacted Graphite Iron) e estaacute se posicionando no mercado com grande potencial para substituir
o Ferro Fundido Cinzento ateacute entatildeo usado pelas empresas Devido agrave maior resistecircncia mecacircnica do
material vermicular eacute possiacutevel obter paredes mais finas nas galerias de um bloco do motor tendo
como consequumlecircncia a reduccedilatildeo do peso do motor e o aumento na potecircncia O meio ambiente eacute
favorecido devido a necessidade de uma menor quantidade de mineacuterio de ferro reduccedilatildeo de energia
para fabricaccedilatildeo do material e reduccedilatildeo da energia para movimentaccedilatildeo do veiacuteculo devido ao peso
A empresa que deteacutem a tecnologia para uso do material vermicular pode ter vantagens sobre
seus concorrentes jaacute que o atual mercado eacute muito competitivo e concorrido Com as vantagens na
utilizaccedilatildeo do material CGI e as muitas liccedilotildees aprendidas na sua fundiccedilatildeo e na sua usinagem em um
futuro natildeo muito longiacutenquo outras peccedilas poderatildeo ser confeccionadas utilizando este mesmo
material para aumentar as exigecircncias em qualquer outro segmento
O bloco eacute a maior e mais importante peccedila de um motor na qual quase todos os componentes
satildeo acoplados Para fabricaccedilatildeo do bloco do motor em ferro fundido vermicular satildeo necessaacuterios
alguns processos de usinagem dentre eles o mandrilamento Poreacutem a ferramenta de corte neste
processo pode atingir apenas 5 da vida alcanccedilada quando se usina ferro fundido cinzento
(XAVIER 2003) como mostra a figura 11
2
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido
Vermicular (SAHM et al 2002)
O mandrilamento do mancal do bloco do motor tambeacutem eacute um aspecto negativo para usinagem
devido agrave deflexatildeo estaacutetica da ferramenta e vibraccedilotildees geradas pelas finas paredes Haacute tambeacutem outros
fatores que influenciam negativamente como a fixaccedilatildeo da peccedila a rigidez da maacutequina-ferramenta o
fluiacutedo de corte e a quantidade de material a ser removido (sobre-metal) A variaccedilatildeo destes fatores
tambeacutem influencia o desempenho da ferramenta (GODINHO 2007)
Com o desenvolvimento de novos conceitos de ferramentas para mandrilamento e de
estrateacutegias de usinagem a operaccedilatildeo de mandrilamento em blocos de motores produzidos em ferro
fundido vermicular tornou-se mais econocircmica e tecnicamente viaacutevel Entretanto o tempo de ciclo
quando comparado com o ferro fundido cinzento ainda eacute significativamente maior assim como as
toleracircncias geomeacutetricas do diacircmetro mandrilado em acabamento (SAHM et al2002)
Devido ao baixo desempenho das ferramentas de corte no processo de mandrilamento em
ferro fundido vermicular cabe uma atenccedilatildeo especial no seu desenvolvimento tecnoloacutegico tanto no
processo de fabricaccedilatildeo quanto no processo de utilizaccedilatildeo da ferramenta de corte
Com estudos para o melhor desempenho da ferramenta eacute possiacutevel reduzir estoques paradas
de maacutequinas e o risco de falha de ferramentas (BELONI 2001) Assim reduz a possibilidade de
retrabalho rejeiccedilatildeo da peccedila e o descarte da ferramenta possibilitando o trabalho de Manufatura
Enxuta
3
Sendo assim o objetivo deste trabalho eacute analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar
influencias positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor
fabricado em ferro fundido vermicular Com tantos aspectos negativos conduzir-se-aacute um estudo de
avaliaccedilatildeo de desempenho da ferramenta alternando paracircmetros de corte (velocidade de corte e
avanccedilo por dente) potecircncia consumida do fuso da maacutequina para cada paracircmetro material do inserto
utilizado e a influecircncia do desgaste VB MAX
Este trabalho foi preparado conforme partes descritas abaixo
CAPIacuteTULO 1
- Este capiacutetulo descreve sobre a histoacuteria do motor diesel suas propriedades e vantagens
Caracteriacutesticas e propriedades do ferro fundido vermicular aleacutem do controle e fabricaccedilatildeo Descreve
tambeacutem sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular e o processo de mandrilamento
CAPIacuteTULO 2
- Este capiacutetulo descreve sobre o material os equipamentos e os experimentos realizados
CAPIacuteTULO 3
- Este capiacutetulo descreve os resultados obtidos nos experimentos
CAPIacuteTULO 4
- As discussotildees estatildeo descritas neste capiacutetulo
CAPIacuteTULO 5
- Este capiacutetulo informa as conclusotildees do trabalho realizado e sugestotildees para futuros
trabalhos
11 Motor Diesel
O motor a diesel foi inventado por Rudolf Christian Karl Diesel e patenteado em 23 de
fevereiro de 1897 Como natildeo foi dada muita importacircncia ao invento na eacutepoca ele disse ldquoO uso de
oacuteleos vegetais como combustiacutevel pode parecer insignificante hoje mas tais oacuteleos podem se tornar ao
longo do tempo tatildeo importantes quanto o petroacuteleo e o carvatildeo de hojerdquo ndash Rudolf Diesel 1912 Rudolf
Diesel engenheiro mecacircnico alematildeo nasceu no dia 18 de marccedilo de 1858 em Paris e morreu dia 30
de setembro de 1913 Sua invenccedilatildeo foi considerada o mais importante invento mecacircnico da histoacuteria
pela simplicidade do motor com pistotildees e reaccedilatildeo oacuteleo-oxigecircnio gerando uma enorme transformaccedilatildeo
no setor industrial em que soacute eram usados sistemas a vapor (MOURA 2010)
4
12 Propriedades e vantagens do motor diesel
Os motores diesel satildeo maacutequinas baacutesicas que geram energia para veiacuteculos utilizados
principalmente em aplicaccedilotildees que precisem de elevado torque o que inclui ocircnibus grandes
caminhotildees tratores e maacutequinas para mineraccedilatildeo e dragagem Atualmente os motores diesel vecircm
atraindo uma porccedilatildeo crescente do mercado mundial de veiacuteculos de carga leve cujos motores
fornecem baixa potecircncia Na Europa por exemplo 100 dos veiacuteculos de carga pesada e cerca de
60 dos de carga leve incluindo os utilitaacuterios e ainda 20 dos carros para transporte de
passageiros o que inclui as vans satildeo movidos a diesel (BRAUN 2003)
A popularidade do motor diesel deve-se principalmente agrave eficiecircncia do diesel como
combustiacutevel em relaccedilatildeo agrave gasolina ou mesmo com relaccedilatildeo a outros combustiacuteveis simples ou
misturados como por exemplo o metanol que chega a conferir ao motor diesel uma economia
relativa de 25 a 45 Os motores diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade Eacute comum
um motor diesel para veiacuteculos de carga pesada ter um tempo de vida superior a um milhatildeo de
quilocircmetros ou seja cerca de dez vezes mais que a durabilidade apresentada por um motor agrave
gasolina Assim as vantagens oferecidas pelos motores a diesel tais como durabilidade seguranccedila e
eficiecircncia justificam sua utilizaccedilatildeo em vaacuterios tipos de maacutequinas apesar dos problemas relacionados
com a composiccedilatildeo de sua emissatildeo e ainda com os niacuteveis de poluentes sob regulamentaccedilatildeo contida
na mesma (BRAUN 2003)
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular
Pelo diagrama de equiliacutebrio Fe-C o ferro fundido eacute uma liga cujo teor de carbono se situa
acima de aproximadamente 20 de carbono Como haacute influecircncia do siliacutecio nesta liga o ferro
fundido eacute considerado uma liga ternaacuteria Fe-C-Si porque o siliacutecio estaacute frequumlentemente presente em
teores superiores ao do proacuteprio carbono Por outro lado o carbono em quantidade superior a que eacute
retida em soluccedilatildeo soacutelida na austenita resulta carbonos parcialmente livres na forma de veios de
grafita (SINTERCAST 2010)
O ferro fundido eacute caracterizado pelo formato de suas partiacuteculas de grafite O ferro fundido
cinzento eacute caracterizado por veios de grafite orientados aleatoriamente enquanto que o grafite no
ferro fundido nodular eacute caracterizado por suas esferas individuais de grafite As partiacuteculas de grafite
5
em CGI satildeo orientadas aleatoriamente e alongadas como em ferro fundido cinzento mas satildeo mais
curtas mais grossas e tecircm bordas arredondadas em forma de ldquovermerdquo daiacute o nome vermicular As
partiacuteculas de grafite do ferro fundido vermicular satildeo entrelaccediladas entre si gerando uma forte adesatildeo
(Figura 12) Aleacutem desta forma de grafite dificultar a inicializaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas as
propriedades mecacircnicas e condutividade teacutermica satildeo melhoradas
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010)
A forma da grafita no ferro fundido vermicular confere propriedades superiores quando
comparadas com as do ferro fundido cinzento resistecircncia mecacircnica tenacidade e resistecircncia a
choques teacutermicos e condutividade teacutermica A sua micro-estrutura resulta em uma adesatildeo mais forte
entre a grafita e a matriz de ferro inibindo assim a iniciaccedilatildeo e o crescimento de trincas e garantindo
com isso propriedades mecacircnicas superiores (DOREacute et al2007) Aleacutem disso observa-se que a
superfiacutecie da grafita vermicular apresenta imperfeiccedilotildees as quais aliadas agrave morfologia complexa
(tambeacutem conhecida como ldquocoralrdquo) resultam em adesatildeo ainda mais forte com a matriz de ferro
(GABALDO 2009)
A formaccedilatildeo do ferro fundido de grafita compactada (vermicular) exige adiccedilotildees de elementos
especiais como terras raras com um elemento adicional como o titacircnio que reduz a formaccedilatildeo de
grafitas esferoidal O ferro fundido vermicular pode ser considerado um material intermediaacuterio entre
o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento
com melhor resistecircncia mecacircnica e alguma ductilidade Possui maior capacidade de amortecimento
e possui tambeacutem condutividade teacutermica mais elevada que o ferro fundido nodular
6
A faixa de carbono e siliacutecio neste tipo de material eacute ampla podendo variar de 30 agrave 38 de
carbono e 10 agrave 35 de siliacutecio Eacute importante tambeacutem a escolha correta da porcentagem do carbono
equivalente (CE) em funccedilatildeo da espessura da seccedilatildeo para evitar flutuaccedilatildeo se tiver elevado CE e
tendecircncia ao coquilhamento quando baixo for o CE O carbono equivalente (CE) considera os
efeitos do siliacutecio(Si) e do foacutesforo(P) podendo usar uma equaccedilatildeo conforme demonstrada abaixo
CE = C + Si + P (CHIAVERINI 2005)
3 3
O teor de manganecircs pode variar proacuteximo de 01 se desejarmos uma estrutura perliacutetica e
variar perto de 06 se desejarmos uma estrutura ferriacutetica O foacutesforo eacute mantido abaixo de 006 de
modo a ter a maacutexima ductilidade O enxofre deve ser inferior 0025 Para produzir a grafita
compactada deve-se adicionar um ou mais dos elementos magneacutesio terras raras (ceacuterio lantacircnio
praseodiacutemio etc) caacutelcio titacircnio e alumiacutenio A quantidade de magneacutesio deve ser tal a resultar um
teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm na presenccedila de 015 a 050 de titacircnio e 10 a 150
ppm de terras raras como o ceacuterio O ferro fundido vermicular tem substituiacutedo com vantagens o
nodular em aplicaccedilotildees em que este uacuteltimo natildeo pode ser empregado devido a sua condutibilidade
teacutermica mais baixa e a sua tendecircncia de empenar (CHIAVERINI 2005)
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
DAWSON (2002) satildeo
- Reduccedilatildeo nas tensotildees residuais devido agrave maior condutividade teacutermica e ao moacutedulo de
elasticidade menor
- Melhor produccedilatildeo de peccedilas complexas fundidas
- Melhor transferecircncia de calor
- Melhor usinabilidade
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
CHIAVERINI (2005) satildeo
- Coeficiente mais baixo de dilataccedilatildeo teacutermica
- Maior condutibilidade teacutermica
- Maior resistecircncia ao choque teacutermico
- Maior capacidade de amortecimento
- Maior fundibilidade
7
Em consequumlecircncia esse material eacute aplicado em situaccedilotildees em que a resistecircncia do ferro fundido
cinzento eacute insuficiente mas a utilizaccedilatildeo do ferro fundido nodular eacute indesejaacutevel devido agraves
propriedades menos favoraacuteveis de fundiccedilatildeo
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
DAWSON(2002) satildeo
- Reduccedilatildeo de espessuras de parede para um mesmo carregamento
- Reduccedilatildeo do fator de seguranccedila devido agrave menor variaccedilatildeo das propriedades do fundido
- Reduccedilatildeo de fraturas fraacutegeis na manufatura montagem e serviccedilo devido agrave maior ductilidade
- Maior resistecircncia sem a necessidade de recorrer a elementos de liga
- Menor profundidade de rosca necessaacuteria portanto parafusos menores podem ser utilizados
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
CHIAVERINI(2005) satildeo
- Maior resistecircncia agrave traccedilatildeo para o mesmo carbono equivalente o que reduz o uso do
elemento de liga de custo elevado como o niacutequel cromo cobre e molibdecircnio
- Relaccedilatildeo mais alta de resistecircnciafadiga
- Maiores ductilidade e tenacidade o que resulta em margem superior de seguranccedila para
fratura
- Menor oxidaccedilatildeo e dilataccedilatildeo em temperaturas elevadas
O ferro fundido vermicular (CGI) tem uma seacuterie de caracteriacutesticas que podem tornaacute-lo uma
alternativa excelente para ferro fundido cinzento para aplicaccedilotildees em motores O material oferece
aumento de 75 na resistecircncia em comparaccedilatildeo com o ferro fundido cinzento Tem tambeacutem
caracteriacutesticas teacutermicas e de impacto intermediaacuterias entre as dos ferros fundidos cinzento e nodular
Aleacutem do mais este aumento na resistecircncia do material proporciona diminuiccedilatildeo na seccedilatildeo de parede
dos produtos produzidos por este material Vaacuterios fabricantes europeus estatildeo usando CGI para
motores tanto diesel como gasolina Embora o material CGI possua propriedades mecacircnicas e
fiacutesicas beneacuteficas a sua aplicaccedilatildeo sua usinagem ainda eacute um problema Comparado com o ferro
fundido cinzento as velocidades de corte utilizadas tem que ser menores implicando em tempo de
ciclo de ateacute trecircs vezes maior que o tradicional (VASILASH 2006)
O ferro fundido vermicular do ponto de vista quiacutemico natildeo apresenta nenhuma diferenccedila
significativa com relaccedilatildeo aos ferros fundidos cinzento e nodular Cada um conteacutem cerca de 94 de
8
ferro (Fe) 3 de carbono(C) 25 de siliacutecio (Si) e o restante eacute dividido entre elementos de liga e
residuais As diferenccedilas entre essas ligas satildeo creditadas aos tipos de morfologias das suas grafitas
que conferem propriedades fiacutesicas e mecacircnicas distintas a cada uma delas
14 Propriedades do ferro fundido
As propriedades de um ferro fundido satildeo definidas em funccedilatildeo da microestrutura e da
composiccedilatildeo quiacutemica A tabela 11 mostra algumas propriedades mecacircnicas e teacutermicas dos ferros
fundidos cinzento vermicular e nodular
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010)
PROPRIEDADES Ferro Fundido
Cinzento
Ferro Fundido
Vermicular
Ferro Fundido
Nodular
Resistecircncia agrave traccedilatildeo (MPa) 250 450 750
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 105 150 160
Alongamento () 0 15 25
Iacutendice de resistecircncia
- Flexatildeo rotativa
- Flexatildeo em trecircs pontos
- Tensatildeo de compressatildeo
035 ndash 050
055 ndash 065
020 ndash 030
045 ndash 050
060 ndash 070
025 ndash 035
045 ndash 050
065 ndash 075
065 - 075
Condutividade Teacutermica (Wm-k) 48 38 32
A microestrutura do grafite no ferro fundido vermicular eacute expressa em porcentagem de
nodularidade Isto significa que parte das partiacuteculas de grafite do ferro vermicular apresenta-se em
forma de noacutedulos como no ferro nodular O ferro fundido vermicular inclui invariavelmente
algumas partiacuteculas esferoidais de grafita nodular que quando a nodularidade aumenta aumenta
tambeacutem a rigidez diminuindo a usinabilidade e a condutividade teacutermica Aleacutem disso com o
aumento da nodularidade a resistecircncia mecacircnica do material tambeacutem eacute elevada prejudicando sua
usinabilidade (DAWSON2007) A tabela 12 mostra a influecircncia da proporccedilatildeo de noacutedulos de grafita
nas propriedades mecacircnicas e fiacutesicas do ferro fundido vermicular
9
Tabela 22 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular
perliacutetico (SINTERCAST2001apud ROSA2009)
Propriedades (25degC) Nodularidade ()
10 30 50 70 90
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo (MPa) 450 520 590 640 700
Limite de Elasticidade 02 (MPa) 370 390 410 440 490
Limite de Fadiga (MPa) 210 220 230 240 255
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 145 150 155 155 160
Alongamento () 1-2 1-3 2-4 2-5 3-6
Expansatildeo Teacutermica (μmmordmC) 110 110 110 115 120
Condutividade Teacutermica (WmordmC) 36 33 31 30 28
A tabela 13 mostra as propriedades de diversas ligas de ferro fundido vermicular em funccedilatildeo
do tipo de matriz (ferriacutetica eou perliacutetica) e em funccedilatildeo da presenccedila de elementos de liga formadores
da grafita compactada
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em
temperatura ambiente (CHIAVERINI 2005) Condiccedilatildeo estrutural Limite Resistecircncia
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Tratados com adiccedilatildeo de ceacuterio
No estado fundido
Ferrita acima de 95
336
257
67
150
FerritaPerlita
Perlita acima de 5
100 Ferrita
298
338
224
245
53
80
140
FerritaPerlita
85 Ferrita
320
242
35
164
Perlita
90 Perlita
10 Ferrita
400
550
320
430
05
15
-
-
10
Tratados com combinaccedilotildees de Magneacutesio mais Titacircnio (mais Ceacutesio)
Condiccedilatildeo estrutural Limite Resist
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Ferrita no estado fundido
0017Mg 0062Ti
0036Cs
380
272
2
179
Ferrita no estado fundido
0024Mg 0084Ti
0030Cs
338
276
25
184
Perlita no estado fundido
0026Mg 0083Ti
0074Cs
473
335
2
217
Perlita no estado fundido
70 Perlita 30 Ferrita
386
278
2
-
A resistecircncia agrave traccedilatildeo do ferro fundido vermicular diminui agrave medida que aumenta o carbono
equivalente mas a velocidade de decreacutescimo desta propriedade eacute menor do que no caso do ferro
fundido cinzento A elevaccedilatildeo do teor de siliacutecio aumenta o limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo limite de
escoamento e dureza tanto na condiccedilatildeo fundida como na recozida
Em um ferro fundido de matriz predominantemente perliacutetica a resistecircncia agrave compressatildeo eacute trecircs
vezes maior do que a resistecircncia agrave traccedilatildeo
O comportamento deste material agrave temperatura de 500degC sob o ponto de vista de dilataccedilatildeo e
formaccedilatildeo de casca de oacutexido eacute mais ou menos idecircntico aos dos ferros fundidos cinzentos de
composiccedilatildeo semelhante Contudo a resistecircncia agrave formaccedilatildeo da casca de oacutexido e agrave expansatildeo a 600degC
eacute superior agrave do ferro fundido cinzento (CHIAVERINI 2005)
No ano de 2006 a ISO criou uma abreviaccedilatildeo ldquoGJVrdquo para ferro fundido vermicular e cinco
classes foram especificadas baseadas no miacutenimo limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo incluindo
GJV300 (ferriacutetico) GJV 350 GJV 400 GJV 450 (perliacutetico) e GJV 500 (ligado)
Haacute vaacuterias organizaccedilotildees desenvolvendo e classificando o Ferro Fundido Vermicular (CGI)
conforme tabela 14
11
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) Paiacutes Norma Nuacutemero Ano
Romecircnia STAS 12443-86 1986
China JB 4403-87 1987
USA ASTM A 842-85 1997
Alemanha VDG W 50 2002
Internacional SAE J 1887 2002
Internacional ISO 161122006 2006
15 Processo de Fabricaccedilatildeo
A grafita esferoidal eacute obtida pela adiccedilatildeo na liga de ferro fundido de elementos denominados
nodulizantes que modificam a forma de crescimento da grafita Os elementos nodulizantes mais
comuns na induacutestria satildeo o magneacutesio o ceacuterio o caacutelcio e terras raras Entre estes elementos o
magneacutesio (Mg) eacute o mais utilizado Recomenda-se teores entre 004 e 005 de Mg No caso de
Ce teores entre 002 e 004 e no caso de Ca entre 001 e 002
A presenccedila de impurezas como enxofre antimocircnio chumbo teluacuterio ou bismuto apresenta
efeito deleteacuterio sobre a nodulizaccedilatildeo DAWSON(2004) cita que teores de magneacutesio (Mg) de apenas
002 seriam suficientes para promover a nodulizaccedilatildeo da grafita desde que os teores de impurezas
principalmente enxofre(S) fossem mantidos baixos O nodulizante eacute adicionado na forma pura (Mg
metaacutelico) ou na forma de ante-ligas Ni-20Mg Cu-15Mg ou Fe-Si-Mg
O ferro fundido vermicular pode ser obtido adicionando elementos nodulizantes como o magneacutesio
na liga mas em uma porcentagem insuficiente para formar ferro fundido nodular resultando em um
material intermediaacuterio ou adicionando elemento nodulizante com porcentagem suficiente para
formar o ferro fundido nodular mas ao mesmo tempo adicionando-se elementos anti-nodulizantes
como o titacircnio
O processo de formaccedilatildeo do ferro fundido vermicular adicionando elementos anti-nodulizante eacute
mais faacutecil de ser realizado porque natildeo eacute necessaacuterio um controle tatildeo rigoroso da adiccedilatildeo de magneacutesio
na liga Entretanto esta adiccedilatildeo implica no uso do titacircnio que tenderaacute a formar carbonetos e
carbonitretos duros que prejudicam bastante a vida da ferramenta de usinagem da liga Para evitar
este problema eacute necessaacuterio um meacutetodo mais criterioso no processo utilizando equipamentos
especiais que garantam composiccedilatildeo de magneacutesio na liga mais adequada (DAWSON et al 2004)
12
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo
A teacutecnica de fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular eacute criacutetica para a usinabilidade da liga A
mudanccedila na forma da grafita a partir dos noacutedulos compactados eacute devido agrave accedilatildeo do magneacutesio que eacute
um elemento nodulizante Para que a grafita compactada seja formada uma quantidade de magneacutesio
deve ser mantida entre 0008 e 0012 conforme figura 13 Como o controle da composiccedilatildeo nesta
estreita faixa eacute muito difiacutecil o titacircnio eacute usado em alguns casos como elemento anti-nodulizante A
quantidade de titacircnio estaacute entre 01 e 02 o que aumenta a possibilidade de obtenccedilatildeo do grafite
compactado para percentuais mais elevados de magneacutesio Contudo a adiccedilatildeo de titacircnio gera um
inconveniente causando atraveacutes da precipitaccedilatildeo de carboneto e carbonitreto de titacircnio que satildeo
inclusotildees riacutegidas que comprometem a usinabilidade do produto (DAWSON 1999)
Apesar da estreita faixa de controle do elemento para fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular
muitas fundiccedilotildees obtiveram bons resultados devidas a teacutecnicas desenvolvidas e muita disciplina
Estas teacutecnicas podem permitir que a maioria dos blocos esteja dentro do especificado mas o sistema
de controle garante que potenciais peccedilas que possam estar fora do especificado sejam identificadas e
corrigidas antes de serem vazadas A necessidade de controle do processo depende do volume de
produccedilatildeo complexidade do componente e especificaccedilatildeo da microestrutura
Haacute um procedimento necessaacuterio para evitar que os flocos de grafite natildeo se formem antes do
processo final de vazamento Este procedimento consiste basicamente de antes da transiccedilatildeo do ferro
fundido cinzento adicionar o magneacutesio em aproximadamente 0001 a cada 5 minutos Este
processo pode demorar ateacute 15 minutos apoacutes o iniacutecio da adiccedilatildeo do magneacutesio
Uma segunda consideraccedilatildeo eacute que mesmo com a porcentagem correta da adiccedilatildeo de magneacutesio
natildeo haacute estabilidade se o iacutendice de oxigecircnio ativo e ou enxofre forem elevados Se isto ocorrer o
magneacutesio ativo eacute consumido deslocando a linha da porcentagem de magneacutesio para esquerda
conforme demonstrado na figura 13 Inversamente se os niacuteveis de oxigecircnio ou de enxofre forem
relativamente baixos a linha de porcentagem de magneacutesio se deslocar para direita Por estas razotildees
as variaccedilotildees na composiccedilatildeo limpeza oxidaccedilatildeo e umidade do material de carga tornam impossiacutevel
definir uma especificaccedilatildeo quiacutemica fixa para o CGI (DAWSON 2002)
13
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002)
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular
Segundo CHIAVERINI (2005) a definiccedilatildeo mais simples da usinabilidade eacute a propriedade
relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ser fabricado por processos de
usinagem A usinabilidade tambeacutem pode ser definida em termos de vida de ferramenta de corte ou
pode relacionar-se com a energia ou tempo necessaacuterio para remover certa quantidade de material
Segundo DINIZ (2008) a usinabilidade de um material pode ser definida como uma grandeza
tecnoloacutegica que expressa por meio de um valor numeacuterico comparativo (iacutendice de usinabilidade) um
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relaccedilatildeo a outro tomado como padratildeo A
usinabilidade depende do estado metaluacutergico da peccedila da dureza das propriedades mecacircnicas do
material de sua composiccedilatildeo quiacutemica das operaccedilotildees anteriores efetuadas sobre o material (sejam a
frio ou a quente) e do eventual encruamento
Atualmente um dos maiores desafios eacute introduzir o CGI nas peccedilas cujos processos de
usinagem apresentam desempenho muito bom nas mesmas peccedilas fabricadas em ferro fundido
cinzento Assim o desafio eacute alcanccedilar o mesmo desempenho das ferramentas mantendo os mesmos
14
custos por peccedila trabalhada e evitando investimento adicional de capital em maacutequinas e ferramentas
de corte (DAWSON 2004)
Segundo DAWSON (1999) haacute alguns fatores de influecircncia na usinabilidade do CGI
bull Efeitos da forma da grafita
bull Efeitos da perlita
bull Efeitos dos elementos quiacutemicos como chumbo manganecircs siliacutecio enxofre titacircnio e cobre
bull Efeitos da inclusatildeo
Em altas velocidades de corte a vida da ferramenta tambeacutem tende a ser ainda menor no CGI
quando comparado com o ferro fundido cinzento (WALTER 2007) Isto eacute devido a natildeo formaccedilatildeo
da camada protetora de sulfeto de manganecircs que reduz o coeficiente de atrito na face da ferramenta
e que age como uma barreira contra o desgaste por difusatildeo Esta camada ocorre na usinagem do
ferro cinzento
A diferenccedila de corte contiacutenuo ou intermitente tem uma influecircncia significativa no desgaste das
ferramentas por oxidaccedilatildeo e difusatildeo No corte contiacutenuo como torneamento e mandrilamento a
ferramenta permanece mais tempo em contato com o material da peca facilitando o mecanismo de
desgaste Em corte intermitente como o fresamento a difusatildeo e a oxidaccedilatildeo satildeo menos intensas
(DAWSON 1999)
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade
A formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido eacute diretamente afetada pela presenccedila da grafita que eacute
conhecida por ter resistecircncia mecacircnica baixa e gerar descontinuidades e efeitos da concentraccedilatildeo de
tensatildeo na matriz portanto ajudando o processo de remoccedilatildeo de material O mecanismo de formaccedilatildeo
de cavaco em ferro fundido cinzento eacute mostrado na figura 14 No iniacutecio a ferramenta
compacta o material sob o flanco criando uma fratura que se propaga em frente e abaixo da aresta
de corte (a) Como o movimento de corte da ferramenta continua o material se torna completamente
independente (b) Para algumas situaccedilotildees principalmente com o ferro fundido cinzento uma parte
de material eacute arrancada agrave frente da ferramenta causando uma perda temporaacuteria do contato entre
ferramenta e peccedila ateacute a ferramenta encontrar a proacutexima porccedilatildeo de material (c) Este processo de
remoccedilatildeo de material contribui para aumentar a rugosidade na superfiacutecie da peccedila (d)
15
A grafita por ser um componente de dureza relativamente baixa se comparada com o material
da matriz produz descontinuidades no material facilitando a quebra do cavaco na usinagem
(CONSALTER 1987)
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000
apud ROSA 2009)
A grafita tambeacutem atua como um agente lubrificante reduzindo o atrito entre a peccedila e a
ferramenta aleacutem de reduzir o risco de micro solda do cavaco com a ferramenta Sendo assim a
consequumlecircncia do efeito eacute o aumento na vida da ferramenta
No processo da formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido nodular as forccedilas de compressatildeo geram
o desprendimento dos noacutedulos da matriz e a deformaccedilatildeo plaacutestica da matriz entre os noacutedulos Esta
deformaccedilatildeo plaacutestica causa o alongamento dos noacutedulos na direccedilatildeo do corte ocasionando fratura
duacutectil
16
Para o ferro fundido cinzento a formaccedilatildeo do cavaco acontece atraveacutes de fraturas das lamelas
de grafita formando cavacos natildeo contiacutenuos Haacute trecircs estaacutegios para formaccedilatildeo destes cavacos ou seja
inicia com a separaccedilatildeo da matriz das lamelas de grafita gerando micro-trincas em consequumlecircncia as
grandes trincas satildeo formadas atraveacutes da junccedilatildeo destas micro-trincas provenientes da interface com a
ferramenta e por uacuteltimo ocorre agrave fragmentaccedilatildeo do cavaco
A formaccedilatildeo do cavaco do ferro fundido vermicular eacute uma mistura dos processos de formaccedilatildeo
de cavaco do ferro fundido nodular e formaccedilatildeo de cavaco do ferro fundido cinzento ou seja os
cavacos se formam por deformaccedilatildeo plaacutestica e tambeacutem por fraturas (MARWANGA et al 1999) A
figura 15 ilustra os diferentes cavacos formados na usinagem destas trecircs formas de ferro fundido
Cinzento Vermicular Nodular
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999)
Grafitas na forma nodular sempre estaratildeo presentes na estrutura do ferro fundido vermicular
Com isto a resistecircncia mecacircnica e a tenacidade aumentam Por outro lado a fundiccedilatildeo usinabilidade
e condutividade teacutermica seratildeo prejudicadas (GUESSER 2001)
A morfologia do ferro fundido vermicular natildeo permite a clivagem e nem a propagaccedilatildeo de
trincas O iniacutecio da fratura no ferro fundido vermicular se daacute na interface da grafita vermicular com
a matriz metaacutelica Este eacute um dos principais fatores para um maior desgaste da ferramenta de corte na
usinagem do CGI Poreacutem esta caracteriacutestica auxilia na maior resistecircncia mecacircnica e maior
tenacidade do CGI (DAWSON 2002)
17
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade
A resistecircncia mecacircnica dos ferros fundidos eacute proporcional agrave relaccedilatildeo entre perlita e
ferrita da matriz se as demais variaacuteveis forem mantidas constantes Contudo um elevado teor de
perlita natildeo eacute necessariamente a maior causa do desgaste da ferramenta de corte
Foram realizados testes de usinagem para o ferro fundido vermicular com diferentes valores de
perlita Cobre e estanho foram utilizados como elementos de estabilizaccedilatildeo A fim de atingir os 100
de perlita manganecircs tambeacutem foi adicionado Foram utilizadas ferramentas de metal duro para os
testes com velocidades de corte de 150 e 250 mmin conforme Figura 16 Pode-se ver nesta figura
que principalmente na velocidade de corte mais alta quando o teor de perlita ultrapassa 75 a vida
da ferramenta cai rapidamente (DAWSON 1999)
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999)
Blocos de motor em ferro fundido vermicular contendo 70 de perlita possuem a mesma
dureza de um bloco do motor em ferro fundido cinzento 100 perliacutetico (DAWSON 1999)
18
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade
O carbono e o siliacutecio satildeo elementos com uma grande influecircncia na estrutura do material o
carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o siliacutecio eacute essencialmente um
elemento grafitizante favorecendo a decomposiccedilatildeo do carboneto de ferro O manganecircs sempre
presente tem efeito oposto ao do siliacutecio isto eacute estabiliza a cementita e compensa de certo modo a
accedilatildeo grafitizante do siliacutecio Todo elemento quiacutemico grafitizante eacute beneacutefico agrave usinalidade pois a
grafita como visto eacute um ponto fraacutegil que em geral facilita a formaccedilatildeo do cavaco Por outro lado
os elementos que estabilizam a cementita (usam o carbono para formar Fe3C e natildeo para formar
grafita) prejudicam a usinabilidade jaacute que a cementita eacute um carboneto duro
A rigor o manganecircs nos ferros fundidos tanto quanto nos accedilos eacute adicionado como
dessulfurante Entretanto como na praacutetica haacute sempre um excesso de manganecircs este atua como
estabilizador da perlita Daiacute o seu efeito oposto ao do siliacutecio e sua utilidade para produzir estruturas
com matriz predominantemente perliacutetica sobretudo em peccedilas fundidas volumosas Ao auxiliar na
formaccedilatildeo de uma estrutura perliacutetica (e natildeo ferriacutetica) o manganecircs aumenta a resistecircncia mecacircnica da
liga e com isso prejudica a usinabilidade Por outro lado o sulfeto de manganecircs atua como
lubrificante soacutelido melhorando a usinabilidade do material
O enxofre e o foacutesforo que satildeo impurezas usualmente encontradas nos ferros fundidos natildeo tecircm
uma accedilatildeo muito significativa do ponto de vista de tendecircncia grafitizante mas o foacutesforo eacute um
estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro Sua principal accedilatildeo eacute na estrutura do material
formando com o ferro e o carbono um composto de natureza euteacutetica (CHIAVERINI 2005) O
enxofre presente no ferro fundido reage com o manganecircs (Mn) formando inclusotildees de
MnS2 as quais podem lubrificar as arestas da ferramenta ao formar uma camada protetora entre esta
e o material usinado servindo como barreira contra os mecanismos de abrasatildeo e difusatildeo
(MOCELLIN et al 2004)
O cromo eacute presente no ferro fundido atraveacutes da sucata de accedilo ou intencionalmente como
elemento de liga para obtenccedilatildeo de maior resistecircncia em altas temperaturas Segrega-se facilmente
promovendo a formaccedilatildeo de carbonetos principalmente nas uacuteltimas regiotildees em solidificaccedilatildeo O
cromo eacute um perlitizante potente quando comparado ao manganecircs pois o aumento do seu teor
provoca a formaccedilatildeo da perlita fina ou seja um aumento da quantidade de cementita que eacute de difiacutecil
19
usinabilidade A reduccedilatildeo de 018 para 010 do teor de Cr no ferro fundido vermicular pode
propiciar aumento de aproximadamente 40 da vida da ferramenta (DAWSON et al2001)
A tabela 15 resume a accedilatildeo dos elementos de liga nos ferros fundidos
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI2005)
ELEMENTO Efeitos durante a Solidificaccedilatildeo Efeitos durante a reaccedilatildeo eutetoacuteide
Alumiacutenio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Antimocircnio
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte estabilizador da perlita
Boro ateacute 015 Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Boro acima de 015 Estabilizador do carboneto Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Cromo Forte accedilatildeo carbonetante Forte tendecircncia agrave formaccedilatildeo da perlita
Cobre Grafitizante fraco Promove a formaccedilatildeo da perlita
Manganecircs Fraca tendecircncia carbonetante Formador de perlita
Molibdecircnio Fraca tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
Niacutequel Grafitizante Fraco promotor de perlita
Siliacutecio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Teluacuterio Forte tendecircncia carbonetante Muito fraco estabilizador da perlita
Estanho
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Titacircnio ateacute 025 Grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Vanaacutedio Forte tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
A velocidade de resfriamento eacute um fator relacionado a solidificaccedilatildeo no interior dos moldes e a
espessura das peccedilas moldadas Em outras palavras as secccedilotildees espessas implicam em velocidades de
resfriamento relativamente baixas e secccedilotildees finas implicam em velocidades altas Isto significa que
em peccedilas de secccedilotildees com diferentes espessuras ocorrem tambeacutem diferentes velocidades de
resfriamento Para elevadas velocidades de resfriamento como as que se verificam em secccedilotildees finas
ou nas aacutereas adjacentes agraves paredes do molde natildeo haacute muito tempo para a decomposiccedilatildeo da
cementita de modo que dependendo dos teores de carbono e de siliacutecio pouca ou nenhuma
grafitizaccedilatildeo ocorre e haacute tendecircncia agrave formaccedilatildeo de ferro fundido branco Com as velocidades de
resfriamento baixas das secccedilotildees mais espessas ocorre uma apreciaacutevel grafitizaccedilatildeo dependendo
sempre do teor de siliacutecio A estrutura seraacute essencialmente de grafita e perlita Para resfriamento
20
ainda mais lento e teor de siliacutecio mais elevado a cementita da perlita pode tambeacutem se decompor
parcialmente originando-se assim a estrutura constituiacuteda de veios de grafita perlita e ferrita Essa
estrutura confere ao material caracteriacutesticas de baixa dureza e excelente usinabilidade aleacutem de
razoaacutevel resistecircncia mecacircnica(CHIAVERINI2005)
111 Processo de Mandrilamento
O processo de mandrilamento eacute normalmente empregado na usinagem de elementos de maior
diacircmetro em um bloco do motor tais como diacircmetro dos cilindros e diacircmetros dos mancais do
virabrequim A operaccedilatildeo de mandrilamento eacute executada em duas ou trecircs etapas dependendo das
toleracircncias exigidas no desenho do produto e do tipo de ferramenta a ser empregado Essencialmente
as condiccedilotildees de mandrilamento diferem um pouco das condiccedilotildees de torneamento mas esta operaccedilatildeo
ilustra a importacircncia da rigidez de todo conjunto ferramenta dispositivo e maacutequina Particularmente
quando um cilindro de grande extensatildeo e pequeno diacircmetro eacute mandrilado o corpo da ferramenta
que natildeo eacute tatildeo riacutegido tende a defletir e consequumlentemente causar vibraccedilotildees Estas vibraccedilotildees podem
afetar natildeo somente a precisatildeo dimensional mas tambeacutem o acabamento das peccedilas e a vida da
ferramenta de corte Mandrilamento eacute um processo em que furos realizados no processo de furaccedilatildeo
furos fundidos na peccedila componentes forjados ou extrudados satildeo ampliados ou acabados com uma
ferramenta de corte montada em uma barra de mandrilar O processo eacute mais usado em aplicaccedilotildees em
que bom acabamento da superfiacutecie interna ou toleracircncia dimensional apertada satildeo requeridos Por
causa das restriccedilotildees geomeacutetricas as barras de mandrilar satildeo em geral longas e compridas o que faz
com que elas estejam facilmente sujeitas a desvios estaacuteticos e dinacircmicos Estes desvios ou vibraccedilatildeo
da ferramenta natildeo somente fazem com que os paracircmetros de usinagem precisem ser alterados como
induz a erros dimensionais e reduz a qualidade da superfiacutecie e a vida da ferramenta O estudo das
forccedilas de corte no processo de mandrilar eacute portanto um preacute-requisito para a seleccedilatildeo adequada das
condiccedilotildees de corte e tambeacutem para preservar a seguranccedila do processo evitando desvios excessivos da
ferramenta ou vibraccedilotildees dinacircmicas O raio da ponta da ferramenta e a variaccedilatildeo do acircngulo da aresta
de corte resultam na distribuiccedilatildeo natildeo-uniforme da espessura do cavaco e consequumlentemente da
forccedila de corte (MOCELLIN 2007)
21
Em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas nas ferramentas de metal duro em
relaccedilatildeo agraves usadas nas ferramentas de ceracircmica ou CBN utiliza-se maior nuacutemero de insertos de metal
duro permitindo maiores velocidades de avanccedilo compensando parcialmente a perda de
produtividade (KOPPKA et al 2003)
Operaccedilotildees de mandrilamento satildeo tradicionalmente realizadas em blocos de motores de ferro
fundido cinzento por ferramentas de ceracircmica e CBN que permitem elevadas velocidades de corte e
alta produtividade (KOPPKA et al 2003) O severo desgaste verificado nas ferramentas de
mandrilar ferro fundido vermicular tem motivado pesquisas com o objetivo de identificar os
mecanismos de desgaste das ferramentas assim como encontrar soluccedilotildees econocircmicas para esta
usinagem envolvendo institutos de pesquisa induacutestrias automobiliacutesticas fundiccedilotildees fabricantes de
ferramentas e fabricantes de maacutequinas Independentemente do material da ferramenta empregada
metal duro ou ceracircmica as velocidades de corte ainda satildeo muito inferiores agravequelas tradicionalmente
utilizadas no ferro fundido cinzento ou seja ainda haacute uma grande necessidade no desenvolvimento
do processo de usinagem de mandrilamento do bloco do motor de maneira integral (KASSACK et
al 2002)
112 Tipos de Mandrilamento
Dependendo do trabalho o mandrilamento que tambeacutem eacute conhecido como mandrilagem ou
broqueamento pode ser ciliacutendrico cocircnico radial ou esfeacuterico Por meio do processo de
mandrilamento pode-se conseguir superfiacutecies ciliacutendricas ou cocircnicas internas em espaccedilos
normalmente difiacuteceis de serem atingidos com eixos perfeitamente paralelos entre si (GUEDES
2006)
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cocircnica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Isto ocorre quando haacute um movimento de
avanccedilo simultacircneo com um movimento radial gerando um diacircmetro interno cocircnico
22
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cilindrica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Neste caso haacute somente o movimento de
avanccedilo gerando um diacircmetro interno ciliacutendrico
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico
1123 Mandrilamento Radial (figura 19)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute plana e perpendicular ao eixo em
torno do qual gira a ferramenta Neste processo haacute somente o movimento radial da ferramenta
gerando um processo de faceamento
23
Figura 19 ndash Mandrilamento radial
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute uma superfiacutecie de revoluccedilatildeo cujo
eixo coincide com o eixo do qual gira a ferramenta Ex Mandrilamento esfeacuterico e mandrilamento
de sangramento
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970)
24
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular
Os processos de mandrilamento do ferro fundido vermicular podem ser divididos em quatro
grupos
- Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
- Mandrilamento com insertos rotativos
- Mandrilamento definido como ldquofreso-mandrilamentordquo
- Mandrilamento com insertos de PCD
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
As ferramentas de mandrilar com insertos de metal-duro conforme mostradas na figura 111
satildeo usadas em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas em comparaccedilatildeo agrave ceracircmica ou
o PCBN Utiliza-se um maior nuacutemero de insertos permitindo maiores velocidades de avanccedilo e
compensando parcialmente a perda de produtividade (REUTER et al 1999) Existem algumas
barras de mandrilar cujos insertos natildeo satildeo montados uniformemente no diacircmetro e ateacute mesmo na
altura Estas barras de mandrilar satildeo chamadas de ferramentas com passo diferencial e o objetivo eacute
evitar vibraccedilotildees devido a problemas de ressonacircncia mesmo em condiccedilotildees de corte favoraacuteveis
modificando a frequumlecircncia de entrada das arestas no corte (SOUTO 2007)
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010)
25
1132 Mandrilamento com insertos rotativos
Ferramentas com insertos rotativos de PCBN Si3N4 ou Metal Duro conforme figura 112
permitem grande produtividade em altas velocidades de corte Este tipo de ferramenta apresenta um
maior potencial principalmente para operaccedilatildeo de desbaste podendo tambeacutem ser utilizadas em
operaccedilatildeo de acabamento dependendo da aplicaccedilatildeo (REUTER et al 2000) Estes insertos giram
devido aos esforccedilos de corte aplicados sobre eles jaacute que suas fixaccedilotildees permitem este grau de
liberdade Assim a seccedilatildeo de contato com a ferramenta e cavaco varia todo instante distribuindo
melhor o desgasteavaria aumentando a vida da ferramenta
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos
1133 Freso-mandrilamento
Define-se freso mandrilamento como um processo de usinagem com corte intermitente por
meio do processo de fresamento helicoidal realizado com ferramentas de diacircmetro menor que o
usinado ou seja a ferramenta realiza movimento de interpolaccedilatildeo circular e avanccedila no sentido do
cilindro conforme figura 113 O fabricante de maacutequinas MAKINO e o fabricante de ferramentas
SANDVIK desenvolveram este processo utilizando a ferramenta CoroMILL 790 e um Centro de
Usinagem Horizontal(a81M) Por meio da melhor precisatildeo de posicionamento dos insertos na
ferramenta e toleracircncias dimensionais dos insertos de metal-duro haacute possibilidades de ganho em
vida de ferramenta e possiacutevel eliminaccedilatildeo da etapa de mandrilamento de semi-acabamento
realizando-se o mandrilamento de desbaste de modo convencional e o mandrilamento de
acabamento com o processo de freso-mandrilamento Este processo tambeacutem possui desvantagem
26
como a necessidade de maacutequinas ferramentas com elevadas rigidez e precisatildeo no movimento de
interpolaccedilatildeo circular uma vez que este movimento tem influecircncia direta na geometria do cilindro
fresado (MAKINO 2011)
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento
1134 Mandrilamento com insertos de PCD
Estudos realizados pela empresa Audi aplicando insertos de PCD em mandrilamento de
acabamento dos cilindros do bloco do motor em ferro fundido vermicular apresentaram altos
valores de vida de ferramenta As principais desvantagens do uso do PCD consistem na limitaccedilatildeo da
temperatura de utilizaccedilatildeo da ferramenta o que limita a velocidade de corte assim como o maior
custo de ferramenta bloco do motor produzido Esta limitaccedilatildeo eacute devido ao problema de afinidade do
ferro com o carbono que em temperaturas acima de 700degC comeccedila a grafitizaccedilatildeo do diamante
tendo como consequumlecircncia o acelerado desgaste da aresta de corte (STEMMER 1993 apud
Xavier2009)
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento
A superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta conforme ilustrada na figura 114 eacute definida pelo acircngulo
da aresta de corte (90deg- χ r) acircngulo de posiccedilatildeo da aresta secundaacuteria de corte (χ‟r) acircngulo de saiacuteda
lateral da ferramenta (γf) e o acircngulo de saiacuteda dorsal da ferramenta (γp)
27
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008)
Quatro diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
podem ser identificadas e ilustradas conforme figura 115 Eacute altamente recomendado que o corte natildeo
envolva o final da aresta de corte da ferramenta ou seja o avanccedilo natildeo pode ser maior que o raio da
ponta da ferramenta para prevenir a quebra da ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da
ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
28
Valores grandes do raio da ponta (rɛ) com uma constante na taxa de avanccedilo(fɛ) e uma
profundidade de corte ldquoaprdquo melhoram a qualidade do acabamento superficial da peccedila reduzindo as
marcas da ferramenta devido ao avanccedilo Em contrapartida estas marcas satildeo mais suscetiacuteveis agrave
vibraccedilotildees devido ao aumento da componente da forccedila radial para ldquoaprdquo menor que ldquorɛrdquo
Consequumlentemente uma soluccedilatildeo deveria ser feito para obter resultados mais favoraacuteveis no corte
O acircngulo de saiacuteda da ferramenta eacute um importante paracircmetro para controlar a deformaccedilatildeo e a forma
dos cavacos Eacute tambeacutem um significativo fator geomeacutetrico que afeta o mecanismo de corte No plano
ortogonal a saiacuteda do cavaco eacute perpendicular agrave aresta de corte entretanto o acircngulo da saiacuteda do
cavaco eacute zero Muitos pesquisadores tentaram prever o acircngulo de saiacuteda do cavaco para usinagem
com o raio da ponta da ferramenta
A forccedila de corte pode ser representada por duas componentes uma componente normal
perpendicular ao plano de saiacuteda e um atrito componente na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta A
forccedila de atrito na superfiacutecie de saiacuteda eacute o uacutenico componente que determina a direccedilatildeo da saiacuteda de
cavaco Para cada elemento cavaco presume-se que a forccedila de atrito eacute colinear com a velocidade do
cavaco e suas magnitudes satildeo proporcionais agrave aacuterea do cavaco (YUSSEFIAN et al2008)
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento
O material da ferramenta de corte deve ser mais duro que o material da peccedila a ser cortada
Utilizando este princiacutepio novos materiais e ligas estruturais com excelente resistecircncia mecacircnica e
elevada dureza contribuem para o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de
usinagem (MACHADO et al 2009)
Alguns fatores para seleccedilatildeo adequada da ferramenta de corte conforme citados por DINIZ
(2008) estatildeo descritos abaixo
Material a ser usinado
- a dureza e o tipo de cavaco formado satildeo caracteriacutesticas do material da peccedila a ser
considerado
Processo de usinagem
29
- ainda existem vaacuterios equipamentos com baixa rotaccedilatildeo e baixa rigidez inviabilizando a
utilizaccedilatildeo de ferramenta de corte com materiais mais nobres
Condiccedilatildeo da maacutequina de usinagem
- deve-se levar em consideraccedilatildeo a potecircncia gama de velocidade e folgas da maacutequina
Dimensotildees e forma da ferramenta de corte
- ferramentas de forma natildeo-padronizada muitas vezes satildeo feitas de accedilo raacutepido ou de um tipo
de metal duro que suporte choques teacutermicos
Custo do material da ferramenta
- alguns materiais de ferramentas apesar de aumentarem a vida da ferramenta de corte ou a
produccedilatildeo muitas vezes natildeo apresentam uma boa relaccedilatildeo custo-benefiacutecio
Condiccedilotildees de usinagem
- consideraccedilatildeo tiacutepica para usinagem em acabamento em que se exigem ferramentas com
maior resistecircncia ao desgaste jaacute que a operaccedilatildeo de desbaste anterior jaacute retirou a casca
endurecida eou desvios de forma da peccedila
Condiccedilotildees da operaccedilatildeo
- usinagem com corte interrompido ou o sistema maacutequinapeccedilaferramentadispositivo
natildeo riacutegidos exige uma ferramenta tenaz
As principais caracteriacutesticas desejaacuteveis a um material da ferramenta satildeo
- Dureza a quente
Algumas regiotildees da ferramenta de usinagem podem ultrapassar 1000degC Portanto
haacute uma contiacutenua procura por materiais que possam suportar esta temperatura com dureza suficiente
para suportar as tensotildees de corte
- Resistecircncia ao desgaste
O material da ferramenta deve ser resistente ao desgaste por abrasatildeo ou seja resistecircncia
ao atrito
- Tenacidade
O material da ferramenta deve ter energia suficiente para resistir ao choques inerentes
do processo
- Estabilidade quiacutemica
Dependendo da temperatura da duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemica do material
da ferramenta e do material da peccedila na zona de cisalhamento secundaacuterio haacute transferecircncia de aacutetomo
30
de um metal para o outro (difusatildeo) O material da ferramenta deve ser resistente agrave difusatildeo (DINIZ et
al 2008)
Haacute diversos materiais de ferramentas distribuiacutedos no mercado atualmente que se
diferem pela dureza (resistecircncia ao desgaste) e tenacidade Os principais satildeo (MACHADO et al
2009)
Accedilo raacutepido
Metal duro
Cermets
Ceracircmicas
Nitreto de Boro Cuacutebico
Diamante natural
Atualmente os materiais das ferramentas de corte utilizados na usinagem do ferro fundido
vermicular satildeo metal duro ceracircmica e CBN
1151 Inserto de Metal Duro
O metal duro surgiu em 1927 com o nome de ldquoWIDIArdquo(Wie Diamant) e eacute um tipo
de material fabricado atraveacutes da metalurgia do poacute em um processo de sinterizaccedilatildeo Este poacute eacute
composto de partiacuteculas duras de carboneto de metais refrataacuterios Os carbonetos satildeo de tungstecircnio e
normalmente satildeo combinados com carbonetos de titacircnio tacircntalo e nioacutebio (DINIZ et al 2008)
O elemento aglomerante mais utilizado na fabricaccedilatildeo do metal duro eacute o cobalto que eacute um
metal do grupo do ferro responsaacutevel pela ligaccedilatildeo das partiacuteculas duras dos carbonetos no processo de
sinterizaccedilatildeo O cobalto eacute responsaacutevel pela tenacidade do material O poacute do cobalto eacute obtido pela
reduccedilatildeo do oacutexido preto que conteacutem aproximadamente 70 de cobalto sob hidrogecircnio e
temperaturas entre 600 e 700degC
Uma composiccedilatildeo tiacutepica de metal conteacutem 81 de tungstecircnio 6 de carbono e 13 de
cobalto O tamanho das partiacuteculas de carbonetos pode variar entre 1 e 10 microns e geralmente
compreendem cerca de 60 agrave 95 do volume do material
31
A variaccedilatildeo da composiccedilatildeo quiacutemica do metal duro influencia na caracteriacutestica (classe) do
material O cobalto eacute um material que agrave medida que aumenta seu teor reduz sua densidade e dureza
mas eleva a resistecircncia agrave ruptura e melhora a tenacidade
Outra caracteriacutestica importante para aplicaccedilatildeo do metal duro eacute o seu coeficiente de dilataccedilatildeo
teacutermica O coeficiente para o metal duro eacute cerca da metade do coeficiente do accedilo em temperaturas
desde a ambiente ateacute 675degC
Hoje em dia haacute metais duros produzidos com partiacuteculas de 01m o que melhora vaacuterias
caracteriacutesticas desejaacuteveis em uma ferramenta de corte Estes metais duros com micro gratildeos podem
ser classificados de acordo com o tamanho do gratildeo de sua estrutura como
- Fino 08 a 13m
- Submicromeacutetrico 05 a 08m
- Ultra fino 02 a 05m
- Nanomeacutetrico menor que 02m
Agrave medida que se diminui o tamanho de gratildeo do metal duro aumenta-se a dureza resistecircncia
ao desgaste e tenacidade do material devido ao maior fator de empacotamento que gratildeos muito
pequenos propiciam (DINIZ et al 2008)
Haacute vaacuterios tipos de metal duro classificados pela norma ISO (International Organization for
Standardization) conforme norma ISO513 1975 sendo que haacute 3 grupos principais como
Grupo bdquoP‟ ndash Compreende os tipos ou classes empregados na usinagem de metais e ligas
ferrosas que apresentam cavacos longos e duacutecteis
Grupo bdquoMrdquo ndash Compreende as classes que empregam na usinagem de metais e ligas ferrosas
de cavacos tanto longos como curtos ou seja eacute uma ferramenta com propriedades intermediaacuteria
Grupo bdquoK‟ ndash Compreende as classes que se destinam a usinagem de metais e ligas ferrosas
que apresentam cavacos curtos e materiais natildeo-metaacutelico
Recentemente a ISO aumentou o nuacutemero de classes de metal duro conforme norma
ISO513 2004 Estas novas classes satildeo
Grupo bdquoN‟ ndash Aplicaacutevel a materiais natildeo ferrosos
Grupo bdquoS‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de superligas e ligas de titacircnio
Grupo bdquoH‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de materiais endurecidos
32
Aleacutem dos grupos de metal duro existe uma subdivisatildeo dentro de cada grupo por exemplo
P01P50
M01M40
K01K40
N01N30
S01S30
H01H30
Para cada grupo de metal duro e seu respectivo subgrupo haacute uma composiccedilatildeo quiacutemica e
caracteriacutestica fiacutesica conforme Tabela 16 Pode-se perceber nesta tabela que agrave medida que a
quantidade de TiC + TaC aumenta a densidade diminui e a dureza aumenta
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970)
Desig-
Naccedilatildeo
Composiccedilatildeo
aproximada em Caracteriacutesticas principais
WC TiC
+
TaC
Co Densidade
(gcm3)
Dureza
(kgmm2)
Resist agrave
ruptura
transversal
(kgmm2)
Moacutedulo de
elasticidade
(kgmm2)
Coeficiente
de dilataccedilatildeo
teacutermica
(10-6
1Cdeg)
P01 30 64 6 72 1800 75 - -
P10 55 36 9 104 1600 140 52000 65
P20 76 14 10 119 1500 150 54000 60
P25 73 19 8 125 1500 170 55000 60
P30 82 8 10 130 1450 170 56000 55
P40 77 12 11 131 1400 180 56000 55
P50 70 14 16 129 1300 200 52000 55
M10 84 10 6 131 1650 140 58000 55
- Classes com maior tenacidade
- Recomendado para usinagem em desbaste
e corte interrompido
- Classes com maior resistecircncia ao desgaste
- Recomendado para usinagem em
acabamento
33
M20 82 10 8 134 1550 160 56000 55
M30 81 10 9 144 1450 180 58000 55
M40 78 7 15 135 1300 200 55000 55
K01 93 2 5 150 1750 120 63000 50
K05 92 2 6 146 1700 135 63000 50
K10 92 2 6 148 1650 150 63000 50
K20 915 25 6 148 1550 170 62000 50
K30 89 2 9 145 1450 190 - 55
K40 88 - 12 143 1300 210 58000 55
A seleccedilatildeo do metal duro para uma determinada aplicaccedilatildeo de usinagem estaacute intimamente
relacionada com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma durante a
usinagem Entre os tipos de cavacos conhecidos tem como cavacos contiacutenuos cavacos cisalhados e
cavacos de ruptura o formado na usinagem dos ferros fundidos eacute o cavaco de ruptura devido a seu
rompimento na zona primaacuteria do plano de cisalhamento causados na interrupccedilatildeo que as grafitas
causam na matriz da liga
Operaccedilotildees de usinagem com avanccedilo e profundidade de cortes altos para desbaste e cortes
interrompidos criam tensotildees elevadas na ferramenta exigindo classes com maior tenacidade ou seja
ferramentas com menor teor de cobalto e maior teor de carbonetos
Operaccedilotildees de usinagem em peccedilas que jaacute sofreram operaccedilotildees anteriores de desbaste retirando
excentricidade e a casca endurecida trabalham com baixos avanccedilos e profundidade de usinagem
poreacutem com altas velocidades de corte o que gera altas temperaturas Sendo assim satildeo necessaacuterias
classes de ferramentas com altas resistecircncias ao calor e a abrasatildeo ou seja menor teor de cobalto
(DINIZ et al 2008)
Operaccedilotildees de usinagem em maacutequinas-ferramentas menos riacutegidas obriga o uso de classe de
ferramentas com maior tenacidade embora reduzindo a vida uacutetil
As primeiras ferramentas de metal duro foram compostas unicamente de carbonetos de
tungstecircnio (WC) e cobalto e eram adequadas somente para a usinagem de materiais de cavacos
curtos e quebradiccedilos ou seja materiais de ferro fundido Na usinagem do accedilo havia formaccedilatildeo de
cratera na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta devido a fenocircmenos de difusatildeo e dissoluccedilatildeo ocorridos
entre o cavaco da peccedila e a ferramenta Para solucionar tais problemas comeccedilou-se a acrescentar
34
outros carbonetos (TiC TaC e NbC) Assim as ferramentas que conteacutem praticamente somente WC
e Co na composiccedilatildeo (ferramentas da classe K ver tabela 15) satildeo destinadas agrave usinagem de ferros
fundidos que natildeo tem a tendecircncia de formaccedilatildeo de desgaste de cratera devido ao fato de que o
cavaco curto rapidamente se quebra e pula fora da regiatildeo de corte sem atritar longamente com a
superfiacutecie de saiacuteda A inclusatildeo de carbonetos do tipo TiC TaC e NbC na ferramenta confere a ela
as seguintes caracteriacutesticas
- Carbonetos de Titacircnio - TiC
Pouca tendecircncia agrave difusatildeo resultando na alta resistecircncia dos metais duros
Reduccedilatildeo da resistecircncia interna e dos cantos
- Carboneto de Tacircntalo - TaC e Carboneto de Nioacutebio NbC
Em pequenas quantidades atuam na diminuiccedilatildeo do tamanho dos gratildeos melhorando a
tenacidade e a resistecircncia dos cantos
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro
A finalidade principal do uso de coberturas em ferramentas de metal duro eacute aumentar a
resistecircncia ao desgaste da camada superior que entra em contato com o cavaco e a peccedila sendo que o
nuacutecleo permanece com a tenacidade caracteriacutestica do metal duro Desta forma consegue-se em
vaacuterios casos aumentar bastante a vida da ferramenta e diminuir os esforccedilos de corte Eacute possiacutevel
tambeacutem conciliar em mesmos materiais caracteriacutesticas como tenacidade resistecircncia ao desgaste e
dureza a quente (DINIZ et al2008)
As principais coberturas utilizadas satildeo de carboneto de titacircnio (TiC) eou oacutexido de alumiacutenio
(Al2O3) nitreto de titacircnio (TiN) e carbonitreto de titacircnio (TiCN) Geralmente satildeo aplicadas no metal
duro utilizando um processo chamado CVD (deposiccedilatildeo quiacutemica a vapor) que utiliza altas
temperaturas e pressotildees levemente negativas Outro processo tambeacutem utilizado para cobertura de
ferramenta eacute o PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica a vapor) que utiliza temperaturas meacutedias (de 400 a 500ordm C) e
pressatildeo muito negativa Este processo eacute em geral mais caro que o processo CVD Como o processo
de CVD precisa de altas temperaturas satildeo geradas tensotildees na ferramenta durante seu resfriamento
que podem enfraquececirc-la Sendo assim novos tipos de processo com temperaturas intermediaacuterias
entre o CVD e o PVD estatildeo sendo desenvolvidos para minimizar este problema (DINIZ et al2008)
35
Normalmente a primeira camada de cobertura logo acima do nuacutecleo eacute o carboneto de titacircnio
ou o carbonitreto de titacircnio que algumas vezes eacute a uacutenica camada Estas camadas possuem
caracteriacutesticas como excelente resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de promover a adesatildeo das
camadas de cobertura com o metal duro do nuacutecleo Outra cobertura como o oacutexido de alumiacutenio natildeo
possui afinidade fiacutesico-quiacutemica com o nuacutecleo do metal duro A diferenccedila na dilataccedilatildeo e contraccedilatildeo
teacutermica das camadas com o substrato de metal duro a uma temperatura de 1000degC como eacute exigido
para o processo de revestimento CVD pode causar trincas se natildeo for utilizado o TiC ou TiCN como
camada intermediaacuteria (DINIZ et al2008)
A dureza da camada de TiC eacute na ordem de 3000HV que eacute maior que todas os outros materiais
utilizados no revestimento do metal duro A espessura da camada eacute de 4 a 8m Outras
caracteriacutesticas importantes deste material eacute a baixa tendecircncia a soldagem com o material da peccedila
dificultando o desgaste por adesatildeo e o baixo coeficiente de dilataccedilatildeo teacutermica O material TiCN tem
propriedades similares ao TiC como dureza agrave quente resistecircncia ao desgaste a capacidade de adesatildeo
ao nuacutecleo mas seu coeficiente de atrito eacute mais baixo que o TiC Geralmente o segundo revestimento
no metal duro eacute de oacutexido de alumiacutenio que garante uma estabilidade teacutermica devido ao fato de ser um
material ceracircmico refrataacuterio e por possuir alta resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de alta
resistecircncia a ataques quiacutemicos e agrave oxidaccedilatildeo Devido a sua alta estabilidade quiacutemica com o ferro
praticamente evita o desgaste difusivo durante o processo de usinagem do accedilo Apresentam tambeacutem
uma pequena resistecircncia a choques teacutermicos e mecacircnicos
A terceira camada geralmente utilizada de TiN tem caracteriacutestica de reduccedilatildeo do coeficiente
de atrito entre a pastilha e o cavaco Eacute quimicamente mais estaacutevel que o TiC e possui uma camada
com espessura entre 5 e 7 m A espessura total das camadas do metal duro estaacute entre 2 e 12 m
Quando se aumenta a espessura da cobertura a resistecircncia ao desgaste aumenta mas a tenacidade
diminui aumentando a tendecircncia ao lascamento das arestas Hoje em dia jaacute satildeo utilizadas outras
coberturas como por exemplo o nitreto de titacircnio alumiacutenio (TiNAl) ou o nitreto de alumino
titacircnio(TiAlN) dependendo da quantidade maior de titacircnio ou alumiacutenio que podem ser aplicadas ao
metal duro atraveacutes do processo PVD Tal processo propicia espessuras de camadas mais finas
mantendo a aresta da ferramenta afiada (DINIZ et al2008)
Estas coberturas podem ser aplicadas em ferramentas multicamadas propiciando
caracteriacutesticas como
36
- Baixa condutividade teacutermica que protege a aresta de corte e aumenta a remoccedilatildeo de calor
atraveacutes do cavaco
- Alta dureza a frio e a quente
- Alta estabilidade quiacutemica (DINIZ et al2008)
1153 Insertos de Material Ceracircmico
Um dos principais tipos de materiais ceracircmicos utilizados como ferramenta de usinagem eacute o
oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) que eacute a forma estaacutevel alfa da alumina Podem-se distinguir dois ramos
nesta famiacutelia
- Materiais contendo alumina sinterizada praticamente pura com no miacutenimo de 98
- Materiais contendo 90 de alumina juntamente com outros oacutexidos como SiO2 MgO
Cr2O3 Fe3O4 etc
Este tipo de material de ferramenta consiste de gratildeos finos (menores que 5 m) de Al2O3 de
alta densidade ou seja conteacutem menos que 2 de porosidade Diferentes meacutetodos satildeo utilizados
para fabricaccedilatildeo de ferramentas ceracircmicas deste tipo
- Prensadas a frio e sinterizadas apresentando uma cor branca Este processo eacute similar ao
processo de fabricaccedilatildeo do metal duro
- Prensadas a quente em grandes cilindros de alumina em moldes de grafite Neste processo
o material se torna acinzentado escuro (FERRARESI 1970)
A ceracircmica possui oacutetima propriedade como dureza a quente permitindo que se possa usinar
em altas velocidades de corte Em contrapartida haacute propriedades como baixa condutividade teacutermica
que logicamente dificulta a transferecircncia de calor e faz com que na regiatildeo proacutexima do contato
cavaco-ferramenta e peccedila ferramenta atinja-se temperaturas muito altas Outra propriedade que
dificulta o uso de material ceracircmico eacute a baixa tenacidade que favorece as trincas e quebras das
ferramentas de corte
Haacute ferramentas ceracircmicas agrave base de oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) podendo ter alumina pura ou
podendo ter algum teor de oacutexido de magneacutesio (MgO) para inibir o crescimento de gratildeo Podem ter
tambeacutem oacutexido de cromo titacircnio e niacutequel para aumentar a resistecircncia mecacircnica ou com baixos
porcentuais de oacutexido de zircocircnio (ZrO2) que aumenta a tenacidade do material (DINIZ et al2008)
37
A ceracircmica mista aleacutem de conter alumina pode conter o carboneto de titacircnio (TiC) ou o
nitreto de titacircnio (NiT) Este tipo de ceracircmica eacute prensado a quente gerando uma cor acinzentada
Como haacute uma melhor dureza a quente e estabilidade quiacutemica a ceracircmica mista eacute indicada para
processo de usinagem em mandrilamento e torneamento em acabamento de accedilos endurecidos onde
a tenacidade natildeo eacute tatildeo exigida (DINIZ et al2008)
Haacute uma ceracircmica com propriedades intermediaacuterias que eacute a reforccedilada com whiskers o qual eacute
adicionado o carboneto de siliacutecio (SiC) como sua tenacidade eacute boa quando comparadas com as
outras ceracircmicas este tipo de material eacute indicado para usinagem de ligas de titacircnio e niacutequel
Tambeacutem pode ser utilizada no processo de usinagem em mandrilamento e torneamento de accedilos
endurecidos com superfiacutecies interrompidas (DINIZ et al2008) Natildeo eacute permitida a fabricaccedilatildeo deste
material em vaacuterios paiacuteses devido ao carboneto de siliacutecio ser canceriacutegeno (BALDACIM 2000) Este
tipo de material tambeacutem eacute perigoso devido agrave facilidade de incecircndio no processo de retificaccedilatildeo
devido a isto o processo deve ser realizado em local extremamente isolado e maacutequinas blindadas
Haacute tambeacutem ferramentas de ceracircmica agrave base de nitreto de siliacutecio (Si3N4) que satildeo cristais com
fase intergranular de oacutexido de siliacutecio (SiO2) que satildeo sinterizados na presenccedila de alumina (sialon)
eou oacutexido de iacutetrio (Y2O3) e magneacutesio (MgO) Este material de ferramenta eacute usualmente chamado de
Sialon (DINIZ et al2008)
A Tabela 17 mostra algumas propriedades dos diversos tipos de material ceracircmico
comparados com o metal duro Como se pode ver na tabela Sialon possui boa tenacidade (melhores
que as ceracircmicas mista e pura) e excelentes durezas a quente e resistecircncia ao choque teacutermico A
uacutenica propriedade necessaacuteria a um material de ferramenta que natildeo possui eacute a estabilidade quiacutemica
com o ferro Assim natildeo pode ser usada para usinar o accedilo Poreacutem como a falta de estabilidade
quiacutemica eacute causadora do desgaste difusivo razatildeo da formaccedilatildeo do desgaste de cratera (desgaste da
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) e como o ferro fundido possui cavacos curtos que natildeo atritam
muito com a superfiacutecie de saiacuteda e portanto natildeo tem grande tendecircncia agrave formaccedilatildeo da cratera esta
ferramenta eacute indicada para a usinagem destas ligas principalmente em cortes interrompidos como o
fresamento em que a temperatura que a ferramenta atinge natildeo eacute tatildeo alta
38
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro
Tenacidade Dureza agrave
quente
Resistecircncia ao
choque teacutermico
Estabilidade
quiacutemica (Fe)
Estabilidade
quiacutemica (Ni)
Ceracircmica Pura 2 2 1 5 5
Ceracircmica
Mista
1 3 2 4 4
Ceracircmica com
Wiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal Duro 5 1 5 3 1
Em geral os insertos de material ceracircmico possuem um chanfro na regiatildeo da aresta de corte
cuja dimensatildeo varia de 005 agrave 03mm e acircngulo entre 20deg e 30deg como proteccedilatildeo de aresta para evitar
quebra ou lascamento (DINIZ et al 2008)
Em processos de usinagem como o fresamento em ferro fundido cinzento eacute possiacutevel substituir
o desbaste e o acabamento para somente um passe utilizando insertos de ceracircmica com alisador
(FERRER 2006) Ferramentas ceracircmicas de nitreto de siliacutecio tecircm mostrado um melhor desempenho
que as de metal duro em operaccedilotildees de faceamento em ferro fundido cinzento Isto porque
ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio apresentam tenacidade suficiente onde o
lascamento natildeo eacute um fator predominante para o fim da vida da ferramenta (FERRER e DINIZ
2005)
Em contrapartida ferramentas de metal duro satildeo consideradas uma melhor opccedilatildeo para
processo de usinagem em fresamento de ferro fundido vermicular O mecanismo de desgaste por
difusatildeo eacute muito acentuado em ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio (GABALDO
2009)
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte
Desgaste eacute a perda contiacutenua e microscoacutepica de partiacuteculas da ferramenta devido agrave accedilatildeo do corte
(DINIZ et al 2008) Haacute alguns desgastes de ferramenta de corte padronizado como desgastes
convencionais Os principais deles satildeo o desgaste de flanco ou frontal (na superfiacutecie de folga da
39
ferramenta) desgaste de entalhe (nos limites de contato ferramentapeccedila) e desgaste de cratera (na
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) Aleacutem dos desgastes diversas outras ocorrecircncias podem acontecer
agrave ferramenta durante seu uso como trincas lascas deformaccedilotildees plaacutesticas e quebra A estas
ocorrecircncias daacute-se o nome de avarias (FERRARESI 1970)
Os principais fenocircmenos causadores do desgaste satildeo
Aresta posticcedila de corte (APC) ndash material da peccedila aderido na aresta de corte da ferramenta
modificando o comportamento da forccedila de corte acabamento superficial da peccedila e desgaste da
ferramenta A APC ocorre quando em baixa velocidade de corte a parte inferior do cavaco sob
pressatildeo de corte na zona de aderecircncia manteacutem o contato sem movimento relativo por um espaccedilo de
tempo suficiente para soldar na ferramenta Agrave medida que a APC cresce torna-se instaacutevel e depois
de algum tempo colapsa levando consigo partiacuteculas da superfiacutecie de folga da ferramenta
incentivando assim o desgaste de flanco em baixa velocidade de corte (DINIZ et al 2008)
Abrasatildeo mecacircnica ndash o desgaste frontal ou o desgaste de cratera podem ser gerados pela
abrasatildeo (atrito) poreacutem eacute mais comum o desgaste frontal porque a superfiacutecie de folga atrita na peccedila
que eacute riacutegida enquanto que a superfiacutecie de saiacuteda atrita com o cavaco que eacute flexiacutevel O desgaste por
abrasatildeo ocorre pela presenccedila de partiacuteculas duras no material da peccedila e pela temperatura de corte que
reduz a dureza da ferramenta Quando o desgaste abrasivo ocorre a superfiacutecie desgastada mostra
sulcos paralelos agrave direccedilatildeo de avanccedilo (TRENT e WRIGHT 2000)
Aderecircncia ndash eacute formada por um extrato metaacutelico provocado pela baixa velocidade de corte e
baixa temperatura entre duas superfiacutecies metaacutelicas postas em contato sob cargas moderadas A
resistecircncia deste extrato eacute elevada a tal ponto que na tentativa de separar as superfiacutecies ocorre agrave
ruptura em um dos metais e natildeo na superfiacutecie de contato Quando este desgaste ocorre a superfiacutecie
desgastada tem aparecircncia aacutespera (TRENT e WRIGHT 2000) Assim partiacuteculas da superfiacutecie de um
material migram para superfiacutecie do outro O fenocircmeno da aderecircncia estaacute presente na formaccedilatildeo da
aresta posticcedila mas pode-se ter desgaste por aderecircncia mesmo sem a formaccedilatildeo da aresta posticcedila Por
meio deste fenocircmeno as partiacuteculas da ferramenta que satildeo removidas pela continuidade do
movimento de escorregamento entre as duas superfiacutecies (cavaco-ferramenta ou ferramenta-peccedila)
seguem aderidas ao fluxo de cavaco ou peccedila Como satildeo bastante duras ao atritarem com regiotildees da
ferramenta mais agrave frente desgastam-nas por abrasatildeo A utilizaccedilatildeo de coberturas com baixo
coeficiente de atrito como o nitreto de titacircnio e o uso de fluiacutedo de corte adequado tem grande
influecircncia na reduccedilatildeo deste tipo de desgaste (DINIZ et al 2008)
40
Difusatildeo ndash eacute um fenocircmeno microscoacutepico ativado pela temperatura na zona de corte
principalmente entre a ferramenta e o cavaco podendo tambeacutem ocorrer entre a ferramenta e a peccedila
depois de jaacute haver ocorrido algum desgaste na superfiacutecie de folga causado por algum outro
mecanismo A difusatildeo no estado soacutelido consiste na transferecircncia de aacutetomos de um metal ao outro
Depende da temperatura duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemico dos dois metais
envolvidos na zona de cisalhamento secundaacuterio Ocorre principalmente na superfiacutecie de saiacuteda da
ferramenta causando o desgaste de cratera porque eacute ali que se tem a zona de aderecircncia entre cavaco
e ferramenta (que garante o tempo de contato) e a zona de fluxo (zona secundaacuteria de cisalhamento)
na qual o cisalhamento eacute intenso e assim a temperatura eacute bastante alta Ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes a este tipo de
desgaste (DINIZ et al 2008)
Oxidaccedilatildeo ndash a maioria dos metais oxidam em altas temperaturas e na presenccedila de aacutegua e ar Na
usinagem isto ocorre devido ao uso de fluiacutedo de corte de baixa concentraccedilatildeo ou fluiacutedo de corte natildeo
adequado para o processo O tungstecircnio e o cobalto durante o corte formam filmes de oacutexido poroso
sobre a ferramenta que satildeo facilmente levados embora pelo atrito gerando o desgaste Poreacutem
alguns oacutexidos como o oacutexido de alumiacutenio satildeo mais duros e resistentes Assim alguns materiais de
ferramentas que natildeo conteacutem oacutexido de alumino desgastam mais facilmente por oxidaccedilatildeo Este
desgaste se forma nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao acesso de ar nesta
regiatildeo causando o desgaste de entalhe Tambeacutem para este desgaste ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes (DINIZ et al
2008)
41
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Este capiacutetulo descreve o material do bloco do motor e o material da ferramenta de corte a ser
utilizada no experimento aleacutem dos equipamentos e o meacutetodo utilizado para o experimento
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos
Uma linha de usinagem flexiacutevel de bloco do motor diesel exclusivo em material de ferro
fundido vermicular jaacute existente na empresa MWM International situado em Santo Amaro SP foi o
laboratoacuterio utilizado para realizaccedilatildeo dos experimentos
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos
Utilizou-se como corpos de prova para os ensaios de mandrilamento blocos para motores de
seis cilindros (ver figura 21) fundidos em material de ferro fundido vermicular e fundido na
empresa TUPY Fundiccedilotildees localizada em Mauaacute Satildeo Paulo A operaccedilatildeo de usinagem objeto deste
estudo foi o mandrilamento dos mancais do bloco
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE
42
O material do bloco do motor eacute o GJV-450 conforme norma MANN (M3340) Foi realizada
uma anaacutelise metalograacutefica de amostras retiradas de corpos de prova do bloco do motor conforme
posiccedilatildeo visualizada na figura 22
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise
metalograacutefica (norma MANN M3340 2004)
A tabela 21 e as figuras 23 e 24 mostram os resultados da anaacutelise metalograacutefica do material
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor
DESCRICcedilAtildeO ESPECIFICADO
Estrutura da Matriz Perlita Lamelar Fina
Ferrita Livre Maacuteximo de 30
Cementita Livre Ausente
Carbonitreto de Titacircnio Metalograficamente natildeo permitidos
Ledeburita Ausente
Rede de Fosfeto - STEADITA Traccedilos isolados como informativo
Forma da Grafita I e II Ausente
Forma da Grafita III Miacutenimo 70
Forma da Grafita IV Maacuteximo 5
Forma da Grafita V e VI Maacuteximo 30
Tamanho da Grafita Forma III 3 ou mais fino
Tamanho da Grafita Forma IV 3 ou mais fino
43
Tamanho da Grafita Forma V e VI 5 ou mais fino
Dureza 150 agrave 250 HB 30
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo 440 agrave 520 Nmm2
Limite de Escoamento Miacutenimo 320 Nmm2
Alongamento Miacutenimo 1
Figura 23 - Micrografia mostrando a morfologia da
grafita
Forma III (80 agrave 85) e tamanho de 4 agrave 5
Forma IV (lt 5) e tamanho de 5 agrave 6
Forma V + VI (10 agrave 15) e tamanho de 5 agrave 6
Sem ataque
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrututa da
matriz matriz perliacutetica
Com ataque NITAL 3
A tabela 22 mostra o resultado do ensaio quiacutemico realizado em uma amostra de bloco
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN)
ESPECIFICADO em ENCONTRADO em
11 Carbono C 350 agrave 380 361
12 Carbono Equivalente C equiv 405 agrave 435 419
13 Silicio Si 200 agrave 230 232
14 Manganecircs Mn 040 maacuteximo 026
15 Foacutesforo P 002 maacuteximo 0009
16 Enxofre S 0005 agrave 0020 0011
17 Cromo Cr 01 maacuteximo 0029
44
18 Cobre Cu 075 agrave 095 084
19 Estanho Sn 004 agrave 007 007
110 Magneacutesio Mg 0010 agrave 0016 0010
111 Titacircnio Ti 0010 maacuteximo 0003
O material de ferro fundido vermicular a ser removido pela ferramenta de corte na operaccedilatildeo de
mandrilamento dos mancais tem espessura entre 25 e 30mm (profundidade de corte) devido agrave
variaccedilatildeo do sobremetal de fundiccedilatildeo conforme figura 25 formando cavacos de ruptura
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte
O bloco do motor contem sete mancais com comprimento de 37mm cada conforme figura 26
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm
45
23 Ferramenta de Corte (insertos)
Nos experimentos foram utilizados insertos de ceracircmica e insertos de metal duro conforme
figuras 27 28 e 29 e tabela 23
Figura 27 - Inserto de Metal Duro
WTXQ090608 K01L10B040 HP425
Figura 28 - Inserto de ceracircmica
WTXQ090608 0906 MN KS6000
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento
METAL DURO CERAcircMICA
Material Classe K10 Nitreto de Silicio
Aresta de Corte Arredondamento 006mm Arredondamento 006mm
Espessura do inserto 635mm 635mm
Aacuterea para corte Maacuteximo 7mm Maacuteximo 7mm
Quantidade de arestas 6 arestas 6 arestas
Cobertura Nitreto de Titanio Alumino (TiNAl) Sem cobertura
46
Figura 29 - Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios
Os insertos foram montados em uma barra de mandrilar na posiccedilatildeo tangencial em um diacircmetro
de 1105mm para desbaste conforme figura 210 Nesta mesma ferramenta tambeacutem estatildeo montados
os seis insertos de semi-acabamento para posterior processo de fratura Esta ferramenta possui guias
de metal duro para reduzir vibraccedilatildeo garantir alinhamento entre os mancais e garantir a precisatildeo
dimensional As guias de metal duro da ferramenta e o diacircmetro do mancal podem estar com folga
entre 0005mm e 0015mm Esta folga eacute coberta pelo fluido de corte com uma concentraccedilatildeo
aproximada de 12 e com isso contribui para reduzir o atrito
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos
47
Antes dos experimentos foram montados vaacuterios insertos na barra de mandrilar para verificar a
variaccedilatildeo do batimento radial e axial Nota-se que radialmente foram encontrados ateacute 004mm de
variaccedilatildeo e axialmente foram encontrados ateacute 002mm conforme demonstra figura 211 Ambos os
resultados encontrados natildeo influenciam no resultado final dos experimentos
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado
O fluido de corte utilizado no experimento tendo tambeacutem como funccedilatildeo reduzir o atrito entre
as guias de metal duro da barra de mandrilar e o mancal guia do bloco foi um oacuteleo semi-sinteacutetico do
tipo EP produzido pelo fabricante CASTROL O nome do produto eacute ldquoSuperedge 6552 BFrdquo com alta
resistecircncia agrave formaccedilatildeo de espuma isento de Boro Cloro Nitritos e Fenois As tabelas 24 e 25
mostram caracteriacutesticas deste fluido
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
Estado fiacutesico Liacutequido
Odor Suave
Cor Acircmbar
pH 90 a 95 (5)
Ponto de fulgor Produto base aacutegua Natildeo inflamaacutevel
Densidade 0937 gmL
Solubilidade Soluacutevel em aacutegua
48
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
DESCRICcedilAtildeO PORCENTAGEM
Aacutegua 5 agrave 10
Amina primaacuteria 20 agrave 40
Amina terciaacuteria 50 agrave 80
Oacuteleo mineral parafiacutenico 45 agrave 50
Benzotriazol 01 agrave 05
Aacutecidos di carboxiacutelicos 20 agrave 50
Aditivo EP a base de foacutesforo 20 agrave 80
Amida de Tall Oil 10 agrave 15
Aacutecido carbacircmico 05 maacuteximo
Metileno bis morfolina 30 agrave 70
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos
A maacutequina de usinar utilizada para realizar os experimentos foi um centro de usinagem
horizontal CNC com 4 eixos (XYZB) da marca GROB modelo BZ640 com palete (mesa) de 630
x630mm (ver figura 212) Esta maacutequina eacute controlada por um comando SIEMENS e pode suportar
uma carga sobre a mesa de ateacute 1000Kg jaacute que a peccedila (bloco do motor) utilizada no experimento
tem aproximadamente 300Kg e o dispositivo para fixar a peccedila tem aproximadamente 500Kg
somando juntos 800Kg A maacutequina tambeacutem tem um giro de palete permitido de ateacute 1200mm para
suportar a peccedila que tem um comprimento de 1060mm O eixo da maacutequina eacute um motofuso com
potecircncia de 26Kw(40ED) e 20Kw(100 ED) O torque eacute de 340Nm (40 ED) e 262Nm(100
ED) A cada 10 minutos de usinagem por 4 minutos pode ser utilizados potecircncia e torque maacuteximos
ou seja pode-se utilizar 26Kw a cada 4 minutos ou 20Kw em todo tempo de usinagem e igualmente
para torque
49
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB
Este equipamento eacute preparado para medir potecircncia consumida do fuso no momento da
usinagem da peccedila conforme demonstrado na figura 213
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos
O equipamento utilizado para realizar as mediccedilotildees de desgaste dos insertos (VB ndash desgaste de
flanco) utilizados no experimento foi uma maacutequina para preacute-ajustagem de ferramentas marca
ZOLLER com cacircmera integrada conforme figura 214 Esta maacutequina tambeacutem possui alguns
benefiacutecios como sistema de fixaccedilatildeo SHRINK (fixaccedilatildeo de ferramenta por contraccedilatildeo teacutermica) e um
50
software de programaccedilatildeo com o procedimento de mediccedilatildeo de cada ferramenta reduzindo a
influecircncia do operador
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER
Ao fim dos ensaios os desgastes das ferramentas foram analisados em um Microacutescoacutepio
Eletrocircnico de Varredura (MEV) contendo sonda para realizaccedilatildeo de testes de EDS(Sistema de
Energia Dispersiva) Este equipamento tem marca FEI modelo Quanta 450 conforme figura 215
Ele eacute capaz de produzir imagens de alta ampliaccedilatildeo
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos
insertos
51
27 Processo de Usinagem
Uma barra de mandrilar com 600mm de comprimento devido agrave sua rigidez pelo curto
comprimento mandrila o primeiro mancal em desbaste para obtenccedilatildeo do Oslash1105mm e acabamento
Oslash111mm simultaneamente No teacutermino da usinagem do primeiro mancal a mesa (palete) gira 180deg
para que a usinagem do seacutetimo mancal (uacuteltimo) seja realizada A funccedilatildeo desta primeira ferramenta eacute
fornecer guia (mancal usinado) para a barra de mandrilar longa com comprimento de 600mm
conforme figura 216 utilizada nos experimentos deste trabalho para usinar do segundo ao sexto
mancal
A barra de mandrilar longa utiliza o primeiro mancal como guia e usina o segundo mancal
conforme demonstrado na figura 216 Apoacutes o segundo mancal acabado a ferramenta avanccedila e
utiliza o segundo mancal como guia para usinar o terceiro mancal e assim sucessivamente ateacute usinar
o quarto mancal Para usinar o quinto e o sexto mancal a mesa da maacutequina gira a 180deg e a
ferramenta utiliza o seacutetimo mancal como guia para usinar o sexto mancal e logo na sequumlecircncia
utiliza o sexto mancal como guia para usinar o quinto mancal
A ferramenta utilizada nos experimentos usina um total de cinco mancais por bloco
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento
28 Procedimento experimental
Primeiramente foi determinado que um ensaio terminaria apoacutes 40 peccedilas usinadas Este nuacutemero
foi determinado para que o desgaste frontal da ferramenta tivesse aproximadamente de 04mm
(mediccedilatildeo VB) ao fim do ensaio Como o laboratoacuterio utilizado no experimento foi uma linha de
produccedilatildeo impossibilitando a mediccedilatildeo do desgaste dos insertos ateacute atingir exatos 04mm foi
definido medir a aresta de 10 em 10 peccedilas ateacute atingir as 40 peccedilas Poreacutem houve exceccedilotildees como
- Ensaios em que o desgaste VB atingiu valores elevados muito antes das 40 peccedilas
600mm
52
- Ensaios em que a potecircncia de seguranccedila do fuso da maacutequina foi acionada antes das 40 peccedilas
A velocidade de corte foi a variaacutevel utilizada para iniciar os ensaios em insertos de metal duro
fixando o avanccedilo por dente e a quantidade de insertos montados conforme tabela 26
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 140mmin 022mm 6 532mmmin
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
A maacutexima velocidade de corte de 155mmin foi determinada devido agrave caracteriacutestica de
seguranccedila que a maacutequina oferece para natildeo danificar o equipamento Como a barra de mandrilar eacute
longa e robusta qualquer quebra ou outro tipo de avaria pode danificar o fuso da maacutequina Mais
caro que o fuso eacute o alto tempo de reparo que um equipamento deste porte pode sofrer Para
seguranccedila haacute um limite de potecircncia consumida do fuso em que o equipamento interrompe a rotaccedilatildeo
para evitar maiores avarias Como a folga entre as guias de metal duro da barra de mandrilar e o
guia dos mancais podem variar entre 0005mm e 0015mm o aumento da rotaccedilatildeo aumenta a forccedila
centriacutepeta e o oacuteleo natildeo suporta reduzir o atrito aumentando a potecircncia consumida do fuso e
limitando a velocidade de corte para maacuteximo de 155mmin
A velocidade miacutenima de corte de 110mmin utilizada foi a jaacute definida no processo antes de
realizaccedilatildeo deste trabalho e a velocidade de corte intermediaacuteria foi a definida pela velocidade de
corte mais proacutexima da meacutedia entre a velocidade maacutexima de 155mmin e a velocidade miacutenima de
110mmin
Continuando na estrateacutegia dos experimentos utilizou-se a maior velocidade de corte permitida
pela maacutequina para os experimentos com ceracircmica o qual precisa de maiores velocidades em
comparaccedilatildeo com o metal duro Para comparar rendimento utilizou as mesmas condiccedilotildees para o
experimento com inserto de metal duro A uacutenica variaccedilatildeo foi o material da ferramenta conforme
mostrado na tabela 27
53
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 6 590mmmin
Como o experimento com ceracircmica natildeo foi possiacutevel devido agrave alta potecircncia consumida do fuso
e a ocorrecircncia de avaria de quebra prematura a terceira fase de testes foi a reduccedilatildeo do nuacutemero de
insertos montados na ferramenta conforme demonstrado na tabela 28
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 3 295mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 3 295mmmin
Na sequumlecircncia dos experimentos fixou-se a menor velocidade de corte utilizada nos
experimentos e o uso apenas de insertos de metal duro ateacute entatildeo a melhor condiccedilatildeo de corte
experimentada variando somente o avanccedilo por dente conforme demonstra a tabela 29
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 110mmin 030mm 6 572mmmin
Metal Duro 110mmin 034mm 6 648mmmin
O maior avanccedilo por dente utilizado nos experimentos foi definido pela seguranccedila da maacutequina
no controle de potecircncia maacutexima utilizada ou seja a utilizaccedilatildeo do avanccedilo por dente de 034mm se
posicionava no limite de potecircncia da maacutequina
Todos os experimentos foram realizados reacuteplicas exceto os experimentos com variaccedilatildeo da
velocidade de corte que foi necessaacuterio realizar uma treacuteplica
54
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO
Este capiacutetulo descreveraacute os resultados dos experimentos As variaacuteveis analisadas satildeo a
evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos em funccedilatildeo da quantidade de peccedilas usinadas o tempo de
usinagem a quantidade de dentes da ferramenta em contato com a peccedila potecircncia consumida do fuso
e volume de cavaco removido
31 Cavaco
A usinagem do ferro fundido cinzento gera cavaco de ruptura na regiatildeo de cisalhamento
(Ferraresi 1970) O cavaco retirado do bloco do motor em ferro fundido vermicular utilizado nos
experimentos tambeacutem pode ser classificado como de ruptura mas eacute um pouco maior que o tiacutepico
gerado na usinagem do ferro fundido cinzento conforme mostra a figura 31
Como a deformaccedilatildeo do cavaco no momento do corte natildeo eacute homogecircnea por causa da
concentraccedilatildeo de tensatildeo ou pontos de baixa resistecircncia na parte traseira do cavaco (Diniz et al
2008) a parte de traz do cavaco eacute bem rugosa mesmo para um cavaco de ruptura conforme
demonstrado na figura 32
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura de CGI
Figura 32 - Face rugosa do cavaco de CGI
55
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel )
Na primeira fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
arestas) e o avanccedilo por dente foram fixados tendo como variaacutevel a velocidade de corte
Na velocidade de corte de 155mmin 30 peccedilas foram usinadas ateacute o desgaste de flanco do
inserto ultrapassar os 04mm (VB) conforme mostrado na figura 33
vc110
mmin
vc140
mmin
vc155
mmin
10 peccedilas 20 peccedilas 30 peccedilas
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte
Para as velocidades de corte de 110mmin e 140mmin foi possiacutevel mandrilar ateacute 40 peccedilas
conforme demonstrado na figura 34 O desgaste dos diversos insertos de uma mesma eram muito
proacuteximos mas foi decidido fazer as mediccedilotildees de insertos montados sempre na mesma posiccedilatildeo da
ferramenta Pode-se verificar que o inserto utilizado no experimento com maior velocidade de corte
resultou em um maior desgaste frontal (ainda figura 33) devido ao acreacutescimo de calor gerado no
processo concordando com a literatura (Diniz et al 2008)
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
56
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado
Como jaacute descrito anteriormente a maior velocidade de corte resulta em uma maior taxa de
desgaste frontal dos insertos Como mostra a figura 35 a influecircncia da velocidade de corte na taxa
de desgaste ficou clara somente a partir de 20 peccedilas usinadas ou seja o comportamento do desgaste
das arestas dos insertos foram muito semelhantes diferenciando em poucos centeacutesimos na usinagem
de ateacute 20 peccedilas O valor do desgaste foi 51 menor na velocidade de corte de 110mmin quando
comparado com a velocidade de corte de 140mmin apoacutes 40 peccedilas usinadas Analisando uma
diferenccedila ainda maior de velocidade de corte como por exemplo velocidade de corte de 110mmin
e 155mmin e fixando 30 peccedilas para comparaccedilatildeo jaacute que o experimento com a velocidade de corte
de 155mmin natildeo atingiu 40 peccedilas a diferenccedila foi de 60 Em outras palavras o valor do desgaste
VB apoacutes 30 peccedilas usinadas era 60 maior na ferramenta utilizada com 155 mmin que o desgaste da
ferramenta que usinou com 110 mmin
04mm
A B
04mm
Vc110mmin Vc140mmin
57
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos
Comparando o graacutefico de desgaste dos insertos com o graacutefico de potecircncia consumida do fuso
(figura 36) vecirc-se que conforme esperado agrave medida em que aumenta o desgaste da ferramenta
aumenta o atrito na interface ferramentapeccedila e consequumlentemente aumenta a potecircncia consumida
do fuso Na usinagem com ferramenta nova (peccedila 1 na figura 36) a potecircncia consumida com vc =
140 mmin foi cerca de 22 maior que quando se usinou com vc = 110 mmin (aumento de 27 no
valor da velocidade) enquanto a potecircncia consumida com velocidade de corte de 155mmin foi 9
maior que quando se usinou com vc = 140 mmin (aumento de 11 no valor da velocidade de corte)
Pode-se verificar que o aumento da potecircncia consumida foi pouco menor que o aumento da proacutepria
velocidade de corte Diniz et all (2008) afirmam que a potecircncia de corte pode ser dada pela equaccedilatildeo
31 Como nem profundidade de usinagem nem avanccedilo foram alterados nestes ensaios este
resultado significa que o aumento da velocidade de corte proporcionou uma pequena reduccedilatildeo no
valor da pressatildeo de corte o que concorda com o que foi tambeacutem afirmado por estes autores
cc vfapKsvFcPc (31)
Onde
Pc = potecircncia de corte
Fc = forccedila de corte
0
01
02
03
04
05
06
07
08
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Velocidade de corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
58
Ks = pressatildeo especiacutefica de corte
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para
ferramentas com 3 e 6 insertos)
Na segunda fase dos experimentos devido agrave utilizaccedilatildeo de insertos de ceracircmica foi utilizada a
velocidade de corte de 155mmin que eacute a maacutexima permitida pela maacutequina Como a intenccedilatildeo eacute
comparar o desempenho dos materiais dos insertos foi fixada a velocidade de corte de 155mmin o
avanccedilo por dente de 022mmin e inicialmente seis arestas na ferramenta tendo como variaacutevel o
material de ceracircmica e metal duro
Poreacutem natildeo foi possiacutevel realizar o experimento em questatildeo O ensaio teve que ser interrompido
porque todos os insertos se quebraram antes da ferramenta completar 10 peccedilas usinadas O desgaste
prematuro das arestas de corte do inserto de ceracircmica e o aumento da pressatildeo de corte devido ao
aumento na quantidade de arestas aumentaram bastante a tendecircncia agrave quebra dos insertos
Como natildeo foi possiacutevel a comparaccedilatildeo dos insertos de ceracircmica com insertos de metal duro
nestas condiccedilotildees decidiu-se realizar esta fase dos experimentos mantendo a velocidade de corte de
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Variaacutevel - Velocidade de Corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
59
155mmin e o avanccedilo por dente de 022mmin mas reduzndo o nuacutemero de arestas da ferramenta
para trecircs Realizou-se estes testes com ferramenta de metal duro e ferramenta ceracircmica
Pode-se verificar que para mandrilamento em desbaste de peccedilas em material de ferro fundido
vermicular insertos de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio natildeo se mostraram adequados ou seja haacute
um desgaste excessivo da aresta de corte conforme mostra a figura 37 Vecirc-se nesta figura que com
apenas 10 peccedilas usinadas o desgaste dos insertos ultrapassava 10mm de VB O inserto de metal duro
para esta mesma quantidade de peccedilas (10 peccedilas) apresentava desgaste de somente 022 mm
conforme demonstrado na figura 38
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm
Figura 38 ndash Aresta do inserto de metal duro
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm
A figura 39 mostra que inicialmente a potecircncia consumida pela maacutequina quando se utilizou
ferramenta ceracircmica era bem proacutexima daquela consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro Como pode ser visto nas figuras 27 e 28 e na tabela 23 as ferramentas utilizadas tecircm
geometrias idecircnticas Entatildeo este resultado mostra que o suposto menor coeficiente de atrito da
camada de TiAlN que recobre a ferramenta de metal duro natildeo teve influecircncia na diminuiccedilatildeo dos
esforccedilos de corte Poreacutem em poucas peccedilas usinadas devido ao excessivo desgaste das arestas de
corte haacute um aumento progressivo na potecircncia consumida do fuso para o experimento com ceracircmica
Apoacutes 10 peccedilas usinadas enquanto a potecircncia consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro aumentou 8 em relaccedilatildeo agrave potecircncia consumida na usinagem da primeira peccedila a potecircncia
quando se usou ferramenta ceracircmica aumentou em cerca de 41
04mm 04mm
60
Figura 39 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica
Como a comparaccedilatildeo entre insertos de metal duro e insertos de ceracircmica foi extremamente
favoraacutevel ao experimento de metal duro decidiu-se comparar a quantidade de insertos em uso na
ferramenta Assim os experimentos foram realizados com ferramenta de metal duro com trecircs
insertos e seis insertos fixando a velocidade de corte de 155mmin e o avanccedilo por dente de 023mm
Fotos das regiotildees desgastadas destas ferramentas estatildeo mostradas na figura 38
Trecircs(3)
insertos
Seis(6)
insertos
10 peccedilas 20 peccedilas
10
11
12
13
14
15
16
17
1 10 20
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Metal Duro x Ceracircmica
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Metal Duro Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Ceracircmica
04mm 04mm
04mm 04mm
61
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes
Verifica-se que o experimento com maior quantidade de insertos (6 insertos) em uso obteve
uma superioridade de 66 de vida com relaccedilatildeo ao experimento de menor quantidade de insertos (3
insertos) confirmando a literatura (REUTER et al1999) quando atingido a quantidade de 20 peccedilas
que foi o limitante para o experimento com trecircs insertos conforme mostra figura 311
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6
insertos
O aumento do nuacutemero de dentes aumenta o volume de cavaco removido por minuto sem
aumentar a carga realizada sobre cada aresta Portanto este aumento deve ser incentivado desde que
haja espaccedilo suficiente entre dentes para armazenar o cavaco e desde que a maacutequina tenha potecircncia e
rigidez para suportar este maior volume de cavaco removido A figura 312 abaixo mostra a maior
potecircncia consumida para o experimento utilizando seis insertos como variaacutevel mas ainda dentro do
permitido pela maacutequina Veja que com 100 no aumento da velocidade de avanccedilo devido ao dobro
da quantidade de dentes em uso a potecircncia consumida do fuso iniciou com uma diferenccedila de 73
ou seja confirma-se que a potecircncia de corte aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo porque o Ks
reduziu devido a maior velocidade de avanccedilo Se o Ks natildeo reduzisse com o aumento do avanccedilo a
diferenccedila da potecircncia consumida do fuso seria de 100
0
02
04
06
08
10 20 30
Des
gast
e V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas - Vb(mm) 3 insertos x 6 insertos
Vc 155mmin - MD fz 022 (3 INSERTOS)
Vc 155mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
62
Figura 312 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como
variaacutevel)
Na quarta fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
facas) a melhor velocidade de corte (vc 110mmin) encontrada nos primeiros experimentos e o
material da ferramenta (Metal Duro) foram fixados tendo como variaacutevel o avanccedilo por dente
Pode-se verificar que para velocidade de corte de 110mmin independente da variaacutevel avanccedilo
por dente a variaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do desgaste das arestas de corte foi muito pequena conforme
demonstrado nas figuras 313 e 314 O aumento do avanccedilo aumenta o volume de cavaco removido
por minuto e com isto aumenta o calor gerado Por outro lado o crescimento do avanccedilo faz com
que o contato do cavaco com a ferramenta se decirc em uma maior porccedilatildeo da superfiacutecie de saiacuteda Como
tem-se maior calor gerado mas com maior aacuterea da ferramenta para receber este calor a temperatura
da ferramenta natildeo se altera muito e por isso a influecircncia do avanccedilo no desgaste da ferramenta
quando existe eacute pequena (Diniz et al 2008)
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Nuacutemero de insertos como variaacutevel
Vc 155mmin (6 ins) fz 022 - MD
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - MD
63
fz
022mm
fz
030mm
fz
034mm
20 peccedilas 30 peccedilas 40 peccedilas
Figura 313 ndash Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos
Este resultado eacute bastante importante para um processo de desbaste como o analisado neste
trabalho O aumento do avanccedilo por dente faz com que o tempo de corte de uma peccedila seja reduzido
Como isto natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta tem-se com certeza um processo mais
produtivo (se a vida da ferramenta tivesse diminuiacutedo seria necessaacuterio cotejar a diminuiccedilatildeo do tempo
de corte contra o aumento de tempo de maacutequina parada para troca de ferramenta para afirmar que o
processo foi mais produtivo) com mesmo custo de ferramentas e menor custo de utilizaccedilatildeo da
maacutequina Haacute que se perguntar qual eacute o limite para o aumento do avanccedilo por dente Com certeza agrave
medida que se aumenta este valor para mesmo raio de ponta da ferramenta cresce o risco de quebra
da mesma A utilizaccedilatildeo de avanccedilos ainda maiores que os aqui utilizados eacute uma sugestatildeo para um
trabalho futuro
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
64
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por
dente como variaacutevel
A figura 315 mostra os resultados de potecircncia consumida versus nuacutemero de peccedilas usinadas
para os ensaios em que se teve variaccedilatildeo do avanccedilo por dente Nela percebe-se que haacute um aumento
na potecircncia consumida agrave medida que se aumenta o avanccedilo por dente Levando-se em consideraccedilatildeo a
potecircncia consumida na usinagem da 1ordf peccedila (ferramenta ainda sem desgaste) houve um aumento de
21 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 022mm para 030mm (36 de aumento
do avanccedilo) e um aumento de 9 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 030mm para
034mm (13 de aumento do avanccedilo) Isto estaacute em acordo com a literatura (Diniz Marcondes e
Coppini2008) que afirma que a Potecircncia de Corte (Pc) aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo da
avanccedilo (f) porque a Pressatildeo Especiacutefica de Corte (Ks) cai com o aumento de f Isto eacute possiacutevel
porque a contribuiccedilatildeo dada pelo fluxo lateral de cavaco (parte do volume de material deformado da
peccedila natildeo se transforma em cavaco mas sim escorrega entre a peccedila e a superfiacutecie de folga da
ferramenta) fica percentualmente menos importante quando se aumenta o avanccedilo
Outro ponto importante a ser destacado nesta figura eacute que a contribuiccedilatildeo do desgaste para o
crescimento da potecircncia consumida eacute significativa Quando se utilizou fz = 030 mm o crescimento
da potecircncia entre a 1ordf peccedila usinada e a 40ordf peccedila foi de 76 enquanto quando se usou fz = 022 mm
este crescimento foi de 20 (maior crescimento percentual dentre as 3 curvas) Esta diferenccedila de
0
01
02
03
04
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Avanccedilo por dente
Vc 110mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 030 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 034 (6 INSERTOS)
65
variaccedilatildeo percentual da potecircncia consumida entre a 1ordf e a 40ordf peccedila deve-se provavelmente ao da
potecircncia ao longo da vida da ferramenta natildeo eacute tatildeo intenso
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de
avanccedilo como variaacutevel
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste
Os insertos utilizados nos experimentos foram submetidos agrave anaacutelise por um microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (MEV) com sistema de energia dispersiva (EDS) Este procedimento
objetivou a anaacutelise do mecanismo de desgaste das arestas de corte
Foram analisadas as arestas dos insertos de metal duro em fim de vida utilizados nos
ensaios em que se variou a velocidade de corte e a quantidade de insertos Os insertos com a
variaccedilatildeo do avanccedilo por dente foram submetidos ao MEV e ao EDS a cada 10 peccedilas mandriladas ateacute
completar o fim de vida Com relaccedilatildeo aos ensaios com ferramenta de ceracircmica somente as arestas
utilizadas no experimento com trecircs insertos puderam ser analisadas porque no experimento
utilizando seis insertos de ceracircmicas os mesmos quebraram no momento do experimento
impossibilitando a anaacutelise
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso
Vc 110mmin fz 022mm
Vc 110mmin fz 030mm
Vc 110mmin fz 034mm
66
Os insertos usados nos experimentos foram limpos por ataque da soluccedilatildeo de 10 gramas de
ferrocianeto de potaacutessio [ K4 [ Fe(CN)6]] 10 gramas de hidroacutexido de potaacutessio (KHO) e 100
mililitro de aacutegua destilada imerso de 4 agrave 6 antes de serem colocados no microscoacutepio
A figura 316 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
Nesta figura natildeo se vecirc riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte que se ocorressem indicariam
desgaste de origem abrasiva Fez-se anaacutelise de EDS nos 3 pontos mostrados na figura e o resultado
destas anaacutelises estatildeo mostrados na figura 317 O ponto 2 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
predominacircncia de titacircnio e alumiacutenio pois ali a cobertura da ferramenta estaacute intacta (a cobertura eacute de
TiAlN) Nos pontos 1 e 3 que estatildeo mais proacuteximos da aresta de corte encontra-se uma alta
quantidade de ferro e manganecircs mostrando que houve adesatildeo de material da peccedila na regiatildeo
desgastada da superfiacutecie de folga
67
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 318 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 140 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Os pontos 1 2
e 3 mostrados na figura estatildeo fora da regiatildeo desgastada e a anaacutelise EDS neles (figura 319) indicou a
presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta como era de se esperar O ponto 3 aleacutem da
presenccedila de elementos da ferramenta mostrou tambeacutem a presenccedila de elementos do fluido de corte
68
como foacutesforo e pequena quantidade de material da peccedila provavelmente devido ao contato com o
material do cavaco retirado da peccedila
Figura 318 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
No ponto 4 verifica-se a presenccedila de elementos como ferro manganecircs e siliacutecio que satildeo
materiais presentes exclusivamente na peccedila usinada e no cavaco mostrando de novo que houve
adesatildeo de material da peccedilacavaco na regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga
69
Figura 319 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 320 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Nesta figura
pode-se tambeacutem ver que o desgaste e a velocidade de ocorrecircncia do desgaste foram tais que a
ferramenta chegou a lascar
70
Figura 320 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
A figura 321 mostra os resultados da anaacutelise EDS O ponto 4 que estaacute fora da regiatildeo
desgastada (ver figura 320) mostra somente a presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta Os
pontos 2 e 3 mostram a forte presenccedila de material da peccedilacavaco aderidos agrave superfiacutecie desgastada
O ponto 1 que estaacute na vizinhanccedila da regiatildeo lascada mostra principalmente a presenccedila de elementos
do substrato da ferramenta como tungstecircnio e cobalto mostrando que ali toda a camada de
cobertura jaacute havia sido removida
71
Figura 321 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
Depois da anaacutelise do desgaste destas 3 ferramentas pode-se concluir que ele ocorreu
principalmente devido ao mecanismo de adesatildeo e arranque de partiacuteculas da ferramenta (attrition) A
pressatildeo de corte foi tal que permitiu que durante a formaccedilatildeo do cavaco parte do material da
peccedilacavaco extrudasse entre ferramenta e peccedila (talvez auxiliado por algum desgaste inicial gerado
por um outro mecanismo) e aderisse agrave superfiacutecie de folga da ferramenta Esta camada aderida era
arrancada pelo atrito entre ferramenta e peccedila levando consigo partiacuteculas da cobertura e do substrato
da ferramenta Ao arrastar partiacuteculas da ferramenta o desgaste era mais ainda incentivado jaacute que
72
estas partiacuteculas bastante duras atritavam com a proacutepria ferramenta Pode-se concluir que o
mecanismo principal de desgaste foi este devido agrave presenccedila de camada do material da peccedilacavaco
aderida em todas as regiotildees desgastadas como tambeacutem pela regiatildeo do substrato exposta na figura
320 Conseguiu-se tirar uma foto da ferramenta no momento que naquela regiatildeo (ponto 1 da figura
320) a camada aderida havia sido removida e ainda natildeo tinha sido substituiacuteda por outra camada
deixando o substrato exposto Eacute loacutegico que na continuidade deste processo de desgaste
principalmente quando a taxa desgaste eacute alta devido agrave alta velocidade de corte (como ocorreu
quando se utilizou vc = 155 mmin) o risco de lascamento da ferramenta (remoccedilatildeo de macro-
partiacuteculas e natildeo de micro-partiacuteculas) eacute alto como se viu na ponta da ferramenta mostrada na figura
320
A figura 322 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 3 insertos
e ferramenta de ceracircmica
Figura 322 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica) em fim de vida da ferramenta
Haacute quatro pontos indicados conforme demonstrado na figura 322 Nos pontos 1 2 e 3
verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de siliacutecio (figura 323) que existe tanto na peccedila quanto no
inserto Poreacutem como o ponto 3 natildeo tem contato com a peccedila haacute grande probabilidade que o siliacutecio
73
encontrado seja somente do inserto Foi encontrado tambeacutem tacircntalo presente somente ao material
do inserto conforme demonstrado na figura 323 No ponto 4 que se refere exatamente agrave fronteira da
regiatildeo de desgaste (fronteira entre a aacuterea de contato com a peccedila e a aacuterea sem contato) verifica-se a
presenccedila de material como siliacutecio alumiacutenio e cobalto referente ao inserto mas tambeacutem zinco e
zircocircnio que satildeo materiais do oacuteleo refrigerante utilizado no experimento Isto significa que o fluido
de corte chegava bem proacuteximo agrave interface peccedila-ferramenta mas natildeo penetrava nela Assim o fluido
tinha uma accedilatildeo refrigerante bastante eficiente jaacute que atingia regiotildees proacuteximas agrave fonte geradora de
calor mas natildeo tinha accedilatildeo lubrificante pois natildeo penetrava nas interfaces para poder ter accedilatildeo de
reduccedilatildeo do coeficiente de atrito
Figura 323 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de
corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
74
Uma anaacutelise visual da figura 322 mostra uma superfiacutecie lisa e a figura 323 mostra a presenccedila
em pequena quantidade de elementos da peccedila Estes pontos satildeo indicaccedilotildees de que o desgaste
difusivo estiver presente Poreacutem a aparecircncia facetada da regiatildeo de desgaste tambeacutem indica que
houve quebra de partiacuteculas macroscoacutepicas da ferramenta talvez causada pela tensatildeo teacutermica gerada
pela alta refrigeraccedilatildeo realizada pelo fluido de corte
Numa tentativa de se entender o processo de desgaste da ferramenta de metal duro desde o
iniacutecio de sua vida fez-se anaacutelise da superfiacutecie desgastada de uma das ferramentas em vaacuterios
momentos de sua vida A figura 324 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie
de folga de uma das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030
mm 6 insertos e ferramenta de metal duro apoacutes 10 peccedilas usinadas
Figura 324 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 10 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 324 estaacute mostrada na figura 325
Nos pontos 1 e 2 verifica-se a presenccedila de elementos da cobertura (titacircnio e alumiacutenio) como
75
tambeacutem elementos do substrato da ferramenta (W) No ponto 3 que eacute um ponto fora da regiatildeo
desgastada encontra-se alta concentraccedilatildeo de alumiacutenio e titacircnio presentes na cobertura do inserto No
ponto 4 encontra-se ainda bastante material da cobertura da ferramenta Al e Ti Vecirc-se que apoacutes 10
peccedilas usinadas ainda natildeo se iniciou o processo de adesatildeo da material da peccedilacavaco na superfiacutecie
de folga da ferramenta (natildeo se verifica a presenccedila marcante de Fe na regiatildeo de desgaste) adesatildeo
esta bastante presente na ferramenta apoacutes 40 peccedilas usinadas Tambeacutem mesmo na regiatildeo desgastada
ainda se verifica bastante a presenccedila de material da cobertura o que demonstra que o desgaste natildeo
era profundo a ponto de remover esta camada de material
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 325 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas
76
A figura 326 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 20 peccedilas usinadas
Figura 326 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 20 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 326 estaacute mostrada na figura 327 No
ponto 1 verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de tungstecircnio referente ao substrato do inserto e
uma pequena concentraccedilatildeo de Fe da peccedila Conclui-se entatildeo que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada a
cobertura jaacute havia sido removida e o processo de adesatildeo de material da peccedilacavaco dava sinais de
sua presenccedila No ponto 2 a presenccedila do Fe proveniente da peccedilacavaco eacute bastante intensa
mostrando que o processo de adesatildeo jaacute havia realmente se iniciado O ponto 3 eacute fora da regiatildeo
desgastada e portanto somente possui elementos da cobertura da ferramenta como alumiacutenio e
titacircnio Algum teor de W aparece porque a anaacutelise EDS eacute capaz de detectar elementos que estaacute a
alguma distacircncia da superfiacutecie analisada Assim o W que estaacute a alguns microns de distacircncia eacute
mostrado na anaacutelise No ponto 4 encontra-se somente alumiacutenio e titacircnio da cobertura mostrando
que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada o processo de adesatildeo ainda natildeo havia se iniciado
77
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 327 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 20 peccedilas usinadas
A figura 328 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 30 peccedilas usinadas
78
Figura 328 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 30 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 328 estaacute mostrada na figura 329
Similarmente ao que ocorreu com a ferramenta apoacutes 20 peccedilas usinadas agora com 30 peccedilas
usinadas a regiatildeo desgastada mostra ponto coberto por material da peccedilacavaco (ponto 1) ponto em
que a cobertura havia sido removida e o substrato estaacute exposto (ponto 2) e ponto em que a cobertura
ainda estava intacta (ponto 4) Logicamente o ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
somente elementos da cobertura e pouco concentraccedilatildeo de elementos do substrato da ferramenta
79
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 329 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 30 peccedilas
A figura 330 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 40 peccedilas usinadas (fim do ensaio)
80
Figura 330 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 40 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 330 estaacute mostrada na figura 331
Nos pontos 1 e 2 constata-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de ferro presente na peccedilacavaco
indicando que o processo de adesatildeo na ferramenta jaacute era bastante acentuado Mesmo assim ainda
havia uma parte da porccedilatildeo desgastada em que o desgaste natildeo havia se aprofundado na ferramenta e
assim a cobertura ainda estava presente (ponto 4 que tem forte concentraccedilatildeo de Ti e Al da
cobertura) No ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada apresenta logicamente somente
elementos da cobertura
81
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 331 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 40 peccedilas usinadas
Apoacutes a anaacutelise destas figuras pode-se tentar definir quais foram os mecanismos de desgaste da
ferramenta ao longo de sua vida Com 10 peccedilas usinadas a adesatildeo ainda natildeo estaacute presente Algum
outro mecanismo de desgaste (provavelmente a difusatildeo dada a aparecircncia lisa da regiatildeo desgastada
tiacutepica do desgaste difusivo sem a presenccedila de riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte tiacutepicos da abrasatildeo)
foi o responsaacutevel pela remoccedilatildeo da camada de cobertura (jaacute se vecirc pontos com o substrato exposto na
figura 331) que gerava o aumento do coeficiente de atrito e propiciava a adesatildeo do material da
peccedilacavaco A presenccedila de algum desgaste tambeacutem facilitou a extrusatildeo deste material entre peccedila e
ferramenta para que a adesatildeo fosse possiacutevel A partir disto a adesatildeo comeccedilou a crescer
82
gradualmente Com 20 peccedilas usinadas jaacute se tinha mais presenccedila de Fe oriundo da peccedila na ferramenta
e tambeacutem porccedilotildees com o substrato exposto (W mostrado na anaacutelise EDS) e a partir da peccedila 30 a
adesatildeo estava bastante presente tornando-se o principal mecanismo de desgaste que conduziu a
ferramenta a valores alto de desgaste
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido
A figura 332 mostra a vida da ferramenta para cada experimento realizado no qual fica
caracterizado que menores velocidades de corte e material de metal duro satildeo os mais indicados para
o processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco do motor fabricado em ferro
fundido vermicular Vecirc-se nesta figura que o uso de inserto com material de ceracircmica agrave base de
nitreto de siliacutecio natildeo se mostrou adequado para este tipo de operaccedilatildeo Vecirc-se tambeacutem que os avanccedilos
por dente utilizados no experimento mantiveram a mesma vida de ferramenta
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos
Para se ter uma ideacuteia de qual foram as melhores condiccedilotildees de usinagem dentre as que foram
testadas neste trabalho e consequumlentemente escolher o conjunto de condiccedilotildees a serem utilizadas no
0
10
20
30
40
50
Vc 110mmin
Fz022mmmin
Vc 110mmin
Fz030mmmin
Vc 110mmin
Fz034mmmin
Vc 140mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 3 insertos MD 3 insertos
Ceracircmica
6 insertos
Ceracircmica
40 40 40
30
23
12
4
Quebra
Nuacute
mer
o d
e p
eccedila
s
Vida da ferramenta de metal duro e ceracircmica no processo de mandrilamento em desbaste do Ferro Fundido Vermicular
83
meio produtivo construiu-se a figura 333 Na construccedilatildeo desta figura os experimentos em que se
utilizou ferramentas ceracircmicas natildeo foram levados em consideraccedilatildeo jaacute que o desempenho destas
ferramentas natildeo foi razoaacutevel Os ensaios em que se utilizou avanccedilo por dente de 022 mm e se
variou a velocidade de corte se a maacutequina utilizada nesta operaccedilatildeo natildeo for gargalo (isto eacute o tempo
da operaccedilatildeo natildeo eacute importante) a condiccedilatildeo a ser utilizada eacute aquela com velocidade de corte de
110mmin jaacute que ela propicia economia de ferramenta Se a maacutequina for gargalo haacute que se calcular
a velocidade de maacutexima produccedilatildeo (vcmxp) para este avanccedilo a fim de se escolher a velocidade a ser
utilizada Diniz et al (2008) definem vcmxp de acordo com a equaccedilatildeo 32
x
ft
cmxptx
Kv
1
))1(
(
(32)
Onde K e x satildeo os expoentes da equaccedilatildeo de vida da ferramenta de Taylor (Tvcx=K) tft eacute o
tempo de troca da ferramenta e T eacute a vida da ferramenta em minutos
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido
Utilizando-se os dados de vida de ferramenta obtidos nos ensaios com as 3 velocidades de
corte utilizadas neste trabalho tem-se que x e K satildeo respectivamente 26 e 79x106 Com isto
considerando-se um tempo de troca das ferramentas de 2 minutos tem-se que a velocidade de
maacutexima produccedilatildeo eacute 2895 mmin Assim em uma maacutequina gargalo utilizando-se o avanccedilo por dente
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Vc110mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 030mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 034mm
Vc140mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc155mmin 6 insertos Fz 022mm
Vo
lum
e d
e ca
vaco
(cm
3)
Tem
po
de
usi
nag
em (
min
)
Tempo de usinagem x Volume de cavaco removido Tempo de usinagem
Volume de material removido
84
de 022 mm dentre as velocidades utilizadas nos ensaios seria interessante utilizar-se a velocidade
de 155 mmin jaacute que a usinagem com este valor de vc apesar de consumir mais ferramentas
propicia menor tempo de produccedilatildeo por peccedila (jaacute que ela a maior velocidade dentre as utilizadas que
ainda eacute menor que vcmxp)
Como visto o uso de maiores avanccedilos natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta Assim
como se estaacute em operaccedilatildeo de desbaste (a rugosidade da peccedila natildeo eacute importante) eacute interessante
utilizar-se o maior avanccedilo possiacutevel Dentre os utilizados neste trabalho seria adequado se utilizar fz
= 034 mm pois com ele consegue-se um corte mais raacutepido sem ainda se ter quebra da aresta de
corte Seria importante tambeacutem se obter a velocidade de maacutexima produccedilatildeo com este avanccedilo a fim
de se saber a velocidade a ser utilizada se a maacutequina for gargalo Esta eacute uma outra sugestatildeo para um
futuro trabalho
85
4 CONCLUSOtildeES
Esta dissertaccedilatildeo teve por objetivo analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar influencias
positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor fabricado
em ferro fundido vermicular
Por meio dos resultados obtidos nas condiccedilotildees experimentadas pode-se concluir que
Quanto maior a velocidade de corte menor a vida final da ferramenta
A utilizaccedilatildeo de um maior nuacutemero de insertos na ferramenta proporcionou maior vida
tanto em termos de tempo de usinagem quanto em termos de volume de material
removido
Insertos de ceracircmica com nitreto de siliacutecio natildeo satildeo indicados para o mandrilamento em
desbaste do ferro fundido vermicular
A alteraccedilatildeo da velocidade de avanccedilo natildeo influencia na vida da ferramenta
Apoacutes definir a melhor velocidade de corte a velocidade de avanccedilo foi limitada pela
potecircncia consumida do fuso e natildeo pelo desgaste das arestas dos insertos
A melhor condiccedilatildeo de corte foi velocidade de corte de 110mmin avanccedilo por dente de
034mm e seis insertos de metal duro montados simultaneamente
O principal mecanismo de desgaste de flanco das pastilhas de metal duro foi o
ldquoattritionrdquo Poreacutem para que a adesatildeo de material da peccedilacavaco sobre a superfiacutecie de
folga pudesse acontecer foi necessaacuterio que inicialmente algum outro mecanismo
(provavelmente a difusatildeo) gerasse o desgaste da ferramenta
Sugestotildees para proacuteximos trabalhos
As informaccedilotildees descritas prevecircem possibilidades das variaccedilotildees sabendo-se que
86
o laboratoacuterio utilizado neste trabalho natildeo as permitiu
o Utilizaccedilatildeo de maiores velocidades de corte conjuntamente com maiores avanccedilos por
dente
o Utilizaccedilatildeo de outros materiais de ferramentas O CBN seria uma opccedilatildeo a ser testada
o Variaccedilatildeo das alturas das pastilhas tanto na direccedilatildeo axial quanto na direccedilatildeo radial
o Verificar se eacute possiacutevel aumentar ainda mais o nuacutemero de arestas da ferramenta para
propiciar ainda maior produccedilatildeo
87
5 REFEREcircNCIAS
BALDACIM Sandro A Desenvolvimento Processamento e Caracterizaccedilatildeo de
Compoacutesitos Ceracircmicos Si3N4 ndash SiC(w) 2000 170p Tese (Doutorado) Departamento de Pesquisas
Energeacuteticas e Nucleares Universidade Estadual de Satildeo Paulo Satildeo Paulo
BELONI AL Metodologia via redes neurais para estimativa da rugosidade e do
desgaste de ferramentas de corte no processo de fresamento frontal 2001 194p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Uberlacircndia Minas
Gerais
BRAUN Silvana Appel LG Schmal M A poluiccedilatildeo gerada por maacutequinas de combustatildeo
interna movidas a diesel - a questatildeo dos particulados Estrateacutegias atuais para a reduccedilatildeo e
controle das emissotildees e tendecircncias futuras Quiacutemica Nova Vol 27 No 3 472-482 2003
CHIAVERINI Vicente Accedilos e Ferros Fundidos Caracteriacutesticas Gerais Tratamento
Teacutermico Principais Tipos 7deg Ediccedilatildeo ampliada e revisada Associaccedilatildeo Brasileira de Metalurgia e
Materiais 2005
CONSALTER L GUEDES L PUREY J - Usinabilidade de ferros fundidos FMP Guia
de Equipamentos e Insumos 1987
DAWSON S Compacted Graphite Iron Mechanical and Physical Properties for Engine
Design SinterCast - Technical Publication 1999
DAWSON S HOLLINGER I ROBBINS H DAETH J REUTER U SCHULZ H
The effect of metallurgical variables on the machinability of compacted graphite iron SAE
World Congress 2001
DAWSON S Process Control for the Production of Compacted Graphite Iron AFS
Casting Congress 2002
88
DAWSON S SCHROEDER T Practical Applications for Compacted Graphite Iron AFS
Transactions 2004
DAWSON S Compacted Graphite Iron ndash A New Material for Highly Stressed Cylinder
Blocks and Cylinder Heads Internationales Wiener Motorensymposium 2007
DINIZ AE MARCONDES FC COPPININL Tecnologia da Usinagem dos
Materiais 6deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Artiliber Editora 2008 262p
DOREacute C BOEHS L GUESSER L W Avaliaccedilatildeo da Usinabilidade do Ferro Fundido
Vermicular com Diferentes Microestruturas 8th Congresso Iberoamericano de Engenharia
Mecacircnica 2007
FERRARESI Dino Fundamentos da Usinagem dos Metais vol 1 Satildeo Paulo
Editora Edgard Bluumlcher LTDA 1970 754p
FERRER Jorge A G Uma Contribuiccedilatildeo ao Fresamento Frontal de Superfiacutecies
Irregulares de Ferro Fundido Cinzento 2006 228p Tese (Doutorado) Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
FERRER Jorge A G DINIZ A E Otimizaccedilatildeo do fresamento frontal de diversas superfiacutecies
de ferro fundido cinzento Anais do III Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricaccedilatildeo -
COBEF Vol 1 pp1 ndash1 Joinville Santa Catarina 2005
GABALDO Sander Uma Contribuiccedilatildeo a Melhoria do Processo de Fresamento de Ferro
Fundido Vermicular ndash CGI 2009 136p Tese (Mestrado) Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
89
GODINHO AF Anaacutelise do Mandrilamento de cilindros de bloco de motores em Ferro
Fundido Vermicular com diferentes concepccedilotildees de ferramentas 2007 128p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
GUEDES Luiz F M FENGPUCRS Processo de usinagem e conformaccedilatildeo 2006
KASSACK J REUTER U AUDI CGI Production Planning In 5th COMPACTED
GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat Darmstadt 2002
KOPPKA Frank ABELE Eberhard Economical processing of compacted graphite iron 6th
COMPACTED GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat
Darmstadt 2003
GUESSER L W SCHROEDER T DAWSON S Production experience with compacted
graphite iron automotive components AFS Transactions 01-071 2001
MACHADO AR ABRAtildeO A M COELHO R T DA SILVA MB Teoria da
Usinagem dos Materiais 1 ed Satildeo Paulo Editora Blucher 2009 384 p
MAKINO Disponiacutevel em ltcompetitiveproductioncom features default aspx articlegt
Acesso em Janeiro de 2011
MAPAL do BRASIL Disponiacutevel em ltMapalcomenproductscatalogues-and-brochuresgt
Acesso em Dezembro de 2010
MARWANGA R O VOIGT R C COHEN P H Influence of Graphite Morphology and
Matrix Structure on Chip Formation During Machining of Gray Irons AFS Transactions
American Foundrysmen Society 1999
90
MOCELLIN Fabiano Desenvolvimento de Tecnologia para Brunimento de Cilindros de
Blocos de Motores em Ferro Fundido Vermicular Tese 2007 264p Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
MOCELLIN Fabiano BOHES Prof Lourival Study of the Machinability of Compacted
Graphite Iron for Drilling Process Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science and
engineering 2004
MOURA Bruna S Transesterificaccedilatildeo Alcalina de Oacuteleos Vegetais para Produccedilatildeo de
Biodiesel Avaliaccedilatildeo Teacutecnica e Econocircmica Dissertaccedilatildeo 2010 166p Departamento de Engenharia
Quiacutemica Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
NICOLELLA Gilberto Marques JF Skorupa L A Sistema de Gestatildeo Ambiental aspectos
teoacutericos e anaacutelise de um conjunto de empresas ISSN 1516-4691 Documento 39 Embrapa Meio
Ambiente 43p Jaguariuacutena SP 2004
REUTER U SCHULZ H Compact and bijou The problems associated with compacted
graphite iron manufacturing can be overcome Engine Technology International 1999
REUTER U SAHM A SCHULZ H CGI production on transfer lines and machining
centers Compacted Graphite Iron Machining Workshop 2000
SAHM A ABELE E SCHULZ H State of the art in CGI machining 5th Compacted
Graphite Iron Machining Workshop 2002
SINTERCAST Compacted Graphite Iron Technical Publication What is CGI Disponiacutevel
emlthttpwwwsintercastcomTecnologygt Acesso em marccedilo de 2010
STEMMER C E Ferramentas de corte I 3 ed Florianoacutepolis Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina 1993 249 p
91
SOUTO Ulisses B Monitoramento do desgaste de ferramenta no processo de
fresamento via emissatildeo acuacutestica Tese 2007 Pag19 Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Federal de Uberlacircndia
TRENT E WRIGHT P Metal Cutting 4ordf ed Woburn Editora Butterworth-Heinemann
2000 446p
VASILASH Gary S Automotive Design amp Production Gardner Publication 2006
WALTER AG Cataacutelogo Geral Cataacutelogo Satildeo Paulo 2007
XAVIER Fabio A Aspectos Tecnoloacutegicos do Torneamento do Ferro Fundido
Vermicular com Ferramentas de Metal Duro Ceracircmica e CBN 2003 146p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
XAVIER Fabio A Estudo dos mecanismos de desgaste em ferramentas de nitreto de
siliacutecio aplicadas no torneamento dos ferros fundidos vermicular e cinzento 2009 267p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
YUSSEFIAN NZ MOETAKEF-IMANI B The prediction of cutting force for boring
process International Journal of Machine Tools amp Manufacture 2008
xi
Figura 312 - Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes 58
Figura 313 - Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos 59
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por dente
como variaacutevel 60
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de avanccedilo
como variaacutevel 61
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 62
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de
corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 63
Figura 318 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 64
Figura 319 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso 64
Figura 320 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) em fim de vida da ferramenta 65
Figura 321 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 66
Figura 322 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica)
em fim de vida da ferramenta 67
Figura 323 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de corte
de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso 68
Figura 324 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 10 peccedilas usinadas 69
Figura 325 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas 70
Figura 326 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 20 peccedilas usinadas 71
Figura 327 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 20 peccedilas usinadas 72
xii
Figura 328 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 30 peccedilas usinadas 73
Figura 329 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 30 peccedilas usinadas 74
Figura 330 - Vista da aresta de corte do inserto (Vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal
Duro) com 40 peccedilas usinadas 75
Figura 331 - Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de MD a uma vc de 110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 40 peccedilas usinadas 76
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos 77
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido 78
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010) 8
Tabela 12 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular perliacutetico
(SINTERCAST 2001 apud ROSA 2009) 8
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em temperatura
ambiente (CHIAVERINI 2005) 9
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) 11
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI 2005) 19
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970) 32
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro 38
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor 42
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN) 43
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento 45
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 47
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo 48
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes 52
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes 53
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes 53
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes 53
xiv
Lista de abreviaturas e nomenclaturas
Fe - Ferro
C - Carbono
Si - Siliacutecio
P - Foacutesforo
Ti - Titacircnio
Mg - Magneacutesio
Mn - Manganecircs
Ni - Niacutequel
Nb - Nioacutebio
Cs - Ceacutesio
Cu - Cobre
Sn - Estanho
S - Enxofre
Co - Cobalto
W - Tungstecircnio
Ce - Ceacuterio
Ca - Caacutelcio
VB MAX - Desgaste de flanco maacuteximo
VB - Desgaste de flanco
vc - Velocidade de corte
Vf - Velocidade de avanccedilo
f - Avanccedilo
ap - Profundidade de corte
Ks - Pressatildeo especiacutefica de corte
Pc - Potecircncia de corte
degC - Grau Celsius
CE - Carbono Equivalente
xv
CGI - Compacted Graphite Iron
MPa - Mega Pascoal
GPa - Giga Pascoal
HB - Hardness Brinell
ISO - International Organization for Standardization
SAE - Society of Automotive Engineers
GJV - Gusseisen mit Vermiculargrafit
ASTM - American Society for Testing Materials
VDG - Verein Deutsche Gieszligereifachleute
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
APC - Aresta Posticcedila de Corte
CBN - Cubic Boron Nitride
PCBN - Polycrystalline Cubic Boron Nitride
CVD - Chemical Vapour Deposition
PVD - Physical Vapour Deposition
EDS - Energy Dispersive x-ray Spectrometer
MEV - Microscoacutepio Eletrocircnico de Varredura
KHO - Hidroacutexido de Potaacutecio
[K4[Fe(CN)6]]- Ferrocianeto de Potaacutecio
xvi
SUMAacuteRIO
Dedicatoacuteria iv
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xiii
SUMAacuteRIO xvi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Motor Diesel 3
12 Propriedades e vantagens do motor diesel 4
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular 4
14 Propriedades do ferro fundido 8
15 Processo de Fabricaccedilatildeo 11
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo 12
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular 13
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade 14
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade 17
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade 18
111 Processo de Mandrilamento 20
112 Tipos de Mandrilamento 21
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17) 21
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18) 22
xvii
1123 Mandrilamento Radial (figura 19) 22
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110) 23
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular 24
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro 24
1132 Mandrilamento com insertos rotativos 25
1133 Freso-mandrilamento 25
1134 Mandrilamento com insertos de PCD 26
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento 26
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento 28
1151 Inserto de Metal Duro 30
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro 34
1153 Insertos de Material Ceracircmico 36
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte 38
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 41
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos 41
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos 41
23 Ferramenta de Corte (insertos) 45
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado 47
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos 48
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos 49
27 Processo de Usinagem 51
28 Procedimento experimental 51
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO 54
xviii
31 Cavaco 54
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel ) 55
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para ferramentas com 3
e 6 insertos) 58
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como variaacutevel) 62
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste 65
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido 82
4 CONCLUSOtildeES 85
5 REFEREcircNCIAS 87
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Haacute uma grande preocupaccedilatildeo da sociedade com relaccedilatildeo ao meio ambiente e com isso as
exigecircncias da Legislaccedilatildeo Ambiental com relaccedilatildeo agrave emissatildeo de poluentes estatildeo se tornando cada vez
mais severas Esta severidade obriga o desenvolvimento de novas tecnologias para reduccedilatildeo destes
poluentes em todos os segmentos automotivos (NICOLELLA et al 2004) O motor diesel tem
maior durabilidade torque e eficiecircncia em comparaccedilatildeo ao motor OTTO mas em contrapartida
emite elevados niacuteveis de materiais particulados e de compostos responsaacuteveis pelo odor caracteriacutestico
da emissatildeo do diesel ao ambiente (BRAUN et al 2003) Devido agraves vantagens relacionadas ao motor
diesel percebeu-se a necessidade de desenvolver soluccedilotildees para reduzir as desvantagens da
aplicaccedilatildeo Um destes desenvolvimentos foi voltado agrave fabricaccedilatildeo dos blocos do motor com material
conhecido como ferro fundido vermicular que permite desenvolver um motor mais eficiente e com
melhor desempenho pois admite maiores pressotildees na cacircmara de combustatildeo devido agraves suas boas
propriedades mecacircnicas (GUESSER et al 2001) Este material tambeacutem eacute conhecido como CGI
(Compacted Graphite Iron) e estaacute se posicionando no mercado com grande potencial para substituir
o Ferro Fundido Cinzento ateacute entatildeo usado pelas empresas Devido agrave maior resistecircncia mecacircnica do
material vermicular eacute possiacutevel obter paredes mais finas nas galerias de um bloco do motor tendo
como consequumlecircncia a reduccedilatildeo do peso do motor e o aumento na potecircncia O meio ambiente eacute
favorecido devido a necessidade de uma menor quantidade de mineacuterio de ferro reduccedilatildeo de energia
para fabricaccedilatildeo do material e reduccedilatildeo da energia para movimentaccedilatildeo do veiacuteculo devido ao peso
A empresa que deteacutem a tecnologia para uso do material vermicular pode ter vantagens sobre
seus concorrentes jaacute que o atual mercado eacute muito competitivo e concorrido Com as vantagens na
utilizaccedilatildeo do material CGI e as muitas liccedilotildees aprendidas na sua fundiccedilatildeo e na sua usinagem em um
futuro natildeo muito longiacutenquo outras peccedilas poderatildeo ser confeccionadas utilizando este mesmo
material para aumentar as exigecircncias em qualquer outro segmento
O bloco eacute a maior e mais importante peccedila de um motor na qual quase todos os componentes
satildeo acoplados Para fabricaccedilatildeo do bloco do motor em ferro fundido vermicular satildeo necessaacuterios
alguns processos de usinagem dentre eles o mandrilamento Poreacutem a ferramenta de corte neste
processo pode atingir apenas 5 da vida alcanccedilada quando se usina ferro fundido cinzento
(XAVIER 2003) como mostra a figura 11
2
Figura 11 - Comparaccedilatildeo de usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento e Ferro Fundido
Vermicular (SAHM et al 2002)
O mandrilamento do mancal do bloco do motor tambeacutem eacute um aspecto negativo para usinagem
devido agrave deflexatildeo estaacutetica da ferramenta e vibraccedilotildees geradas pelas finas paredes Haacute tambeacutem outros
fatores que influenciam negativamente como a fixaccedilatildeo da peccedila a rigidez da maacutequina-ferramenta o
fluiacutedo de corte e a quantidade de material a ser removido (sobre-metal) A variaccedilatildeo destes fatores
tambeacutem influencia o desempenho da ferramenta (GODINHO 2007)
Com o desenvolvimento de novos conceitos de ferramentas para mandrilamento e de
estrateacutegias de usinagem a operaccedilatildeo de mandrilamento em blocos de motores produzidos em ferro
fundido vermicular tornou-se mais econocircmica e tecnicamente viaacutevel Entretanto o tempo de ciclo
quando comparado com o ferro fundido cinzento ainda eacute significativamente maior assim como as
toleracircncias geomeacutetricas do diacircmetro mandrilado em acabamento (SAHM et al2002)
Devido ao baixo desempenho das ferramentas de corte no processo de mandrilamento em
ferro fundido vermicular cabe uma atenccedilatildeo especial no seu desenvolvimento tecnoloacutegico tanto no
processo de fabricaccedilatildeo quanto no processo de utilizaccedilatildeo da ferramenta de corte
Com estudos para o melhor desempenho da ferramenta eacute possiacutevel reduzir estoques paradas
de maacutequinas e o risco de falha de ferramentas (BELONI 2001) Assim reduz a possibilidade de
retrabalho rejeiccedilatildeo da peccedila e o descarte da ferramenta possibilitando o trabalho de Manufatura
Enxuta
3
Sendo assim o objetivo deste trabalho eacute analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar
influencias positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor
fabricado em ferro fundido vermicular Com tantos aspectos negativos conduzir-se-aacute um estudo de
avaliaccedilatildeo de desempenho da ferramenta alternando paracircmetros de corte (velocidade de corte e
avanccedilo por dente) potecircncia consumida do fuso da maacutequina para cada paracircmetro material do inserto
utilizado e a influecircncia do desgaste VB MAX
Este trabalho foi preparado conforme partes descritas abaixo
CAPIacuteTULO 1
- Este capiacutetulo descreve sobre a histoacuteria do motor diesel suas propriedades e vantagens
Caracteriacutesticas e propriedades do ferro fundido vermicular aleacutem do controle e fabricaccedilatildeo Descreve
tambeacutem sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular e o processo de mandrilamento
CAPIacuteTULO 2
- Este capiacutetulo descreve sobre o material os equipamentos e os experimentos realizados
CAPIacuteTULO 3
- Este capiacutetulo descreve os resultados obtidos nos experimentos
CAPIacuteTULO 4
- As discussotildees estatildeo descritas neste capiacutetulo
CAPIacuteTULO 5
- Este capiacutetulo informa as conclusotildees do trabalho realizado e sugestotildees para futuros
trabalhos
11 Motor Diesel
O motor a diesel foi inventado por Rudolf Christian Karl Diesel e patenteado em 23 de
fevereiro de 1897 Como natildeo foi dada muita importacircncia ao invento na eacutepoca ele disse ldquoO uso de
oacuteleos vegetais como combustiacutevel pode parecer insignificante hoje mas tais oacuteleos podem se tornar ao
longo do tempo tatildeo importantes quanto o petroacuteleo e o carvatildeo de hojerdquo ndash Rudolf Diesel 1912 Rudolf
Diesel engenheiro mecacircnico alematildeo nasceu no dia 18 de marccedilo de 1858 em Paris e morreu dia 30
de setembro de 1913 Sua invenccedilatildeo foi considerada o mais importante invento mecacircnico da histoacuteria
pela simplicidade do motor com pistotildees e reaccedilatildeo oacuteleo-oxigecircnio gerando uma enorme transformaccedilatildeo
no setor industrial em que soacute eram usados sistemas a vapor (MOURA 2010)
4
12 Propriedades e vantagens do motor diesel
Os motores diesel satildeo maacutequinas baacutesicas que geram energia para veiacuteculos utilizados
principalmente em aplicaccedilotildees que precisem de elevado torque o que inclui ocircnibus grandes
caminhotildees tratores e maacutequinas para mineraccedilatildeo e dragagem Atualmente os motores diesel vecircm
atraindo uma porccedilatildeo crescente do mercado mundial de veiacuteculos de carga leve cujos motores
fornecem baixa potecircncia Na Europa por exemplo 100 dos veiacuteculos de carga pesada e cerca de
60 dos de carga leve incluindo os utilitaacuterios e ainda 20 dos carros para transporte de
passageiros o que inclui as vans satildeo movidos a diesel (BRAUN 2003)
A popularidade do motor diesel deve-se principalmente agrave eficiecircncia do diesel como
combustiacutevel em relaccedilatildeo agrave gasolina ou mesmo com relaccedilatildeo a outros combustiacuteveis simples ou
misturados como por exemplo o metanol que chega a conferir ao motor diesel uma economia
relativa de 25 a 45 Os motores diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade Eacute comum
um motor diesel para veiacuteculos de carga pesada ter um tempo de vida superior a um milhatildeo de
quilocircmetros ou seja cerca de dez vezes mais que a durabilidade apresentada por um motor agrave
gasolina Assim as vantagens oferecidas pelos motores a diesel tais como durabilidade seguranccedila e
eficiecircncia justificam sua utilizaccedilatildeo em vaacuterios tipos de maacutequinas apesar dos problemas relacionados
com a composiccedilatildeo de sua emissatildeo e ainda com os niacuteveis de poluentes sob regulamentaccedilatildeo contida
na mesma (BRAUN 2003)
13 Caracteriacutesticas do ferro fundido vermicular
Pelo diagrama de equiliacutebrio Fe-C o ferro fundido eacute uma liga cujo teor de carbono se situa
acima de aproximadamente 20 de carbono Como haacute influecircncia do siliacutecio nesta liga o ferro
fundido eacute considerado uma liga ternaacuteria Fe-C-Si porque o siliacutecio estaacute frequumlentemente presente em
teores superiores ao do proacuteprio carbono Por outro lado o carbono em quantidade superior a que eacute
retida em soluccedilatildeo soacutelida na austenita resulta carbonos parcialmente livres na forma de veios de
grafita (SINTERCAST 2010)
O ferro fundido eacute caracterizado pelo formato de suas partiacuteculas de grafite O ferro fundido
cinzento eacute caracterizado por veios de grafite orientados aleatoriamente enquanto que o grafite no
ferro fundido nodular eacute caracterizado por suas esferas individuais de grafite As partiacuteculas de grafite
5
em CGI satildeo orientadas aleatoriamente e alongadas como em ferro fundido cinzento mas satildeo mais
curtas mais grossas e tecircm bordas arredondadas em forma de ldquovermerdquo daiacute o nome vermicular As
partiacuteculas de grafite do ferro fundido vermicular satildeo entrelaccediladas entre si gerando uma forte adesatildeo
(Figura 12) Aleacutem desta forma de grafite dificultar a inicializaccedilatildeo e propagaccedilatildeo de trincas as
propriedades mecacircnicas e condutividade teacutermica satildeo melhoradas
Figura 12 - Forma do grafite nos ferros fundidos (SINTERCAST 2010)
A forma da grafita no ferro fundido vermicular confere propriedades superiores quando
comparadas com as do ferro fundido cinzento resistecircncia mecacircnica tenacidade e resistecircncia a
choques teacutermicos e condutividade teacutermica A sua micro-estrutura resulta em uma adesatildeo mais forte
entre a grafita e a matriz de ferro inibindo assim a iniciaccedilatildeo e o crescimento de trincas e garantindo
com isso propriedades mecacircnicas superiores (DOREacute et al2007) Aleacutem disso observa-se que a
superfiacutecie da grafita vermicular apresenta imperfeiccedilotildees as quais aliadas agrave morfologia complexa
(tambeacutem conhecida como ldquocoralrdquo) resultam em adesatildeo ainda mais forte com a matriz de ferro
(GABALDO 2009)
A formaccedilatildeo do ferro fundido de grafita compactada (vermicular) exige adiccedilotildees de elementos
especiais como terras raras com um elemento adicional como o titacircnio que reduz a formaccedilatildeo de
grafitas esferoidal O ferro fundido vermicular pode ser considerado um material intermediaacuterio entre
o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento
com melhor resistecircncia mecacircnica e alguma ductilidade Possui maior capacidade de amortecimento
e possui tambeacutem condutividade teacutermica mais elevada que o ferro fundido nodular
6
A faixa de carbono e siliacutecio neste tipo de material eacute ampla podendo variar de 30 agrave 38 de
carbono e 10 agrave 35 de siliacutecio Eacute importante tambeacutem a escolha correta da porcentagem do carbono
equivalente (CE) em funccedilatildeo da espessura da seccedilatildeo para evitar flutuaccedilatildeo se tiver elevado CE e
tendecircncia ao coquilhamento quando baixo for o CE O carbono equivalente (CE) considera os
efeitos do siliacutecio(Si) e do foacutesforo(P) podendo usar uma equaccedilatildeo conforme demonstrada abaixo
CE = C + Si + P (CHIAVERINI 2005)
3 3
O teor de manganecircs pode variar proacuteximo de 01 se desejarmos uma estrutura perliacutetica e
variar perto de 06 se desejarmos uma estrutura ferriacutetica O foacutesforo eacute mantido abaixo de 006 de
modo a ter a maacutexima ductilidade O enxofre deve ser inferior 0025 Para produzir a grafita
compactada deve-se adicionar um ou mais dos elementos magneacutesio terras raras (ceacuterio lantacircnio
praseodiacutemio etc) caacutelcio titacircnio e alumiacutenio A quantidade de magneacutesio deve ser tal a resultar um
teor residual desse elemento de 50 a 600 ppm na presenccedila de 015 a 050 de titacircnio e 10 a 150
ppm de terras raras como o ceacuterio O ferro fundido vermicular tem substituiacutedo com vantagens o
nodular em aplicaccedilotildees em que este uacuteltimo natildeo pode ser empregado devido a sua condutibilidade
teacutermica mais baixa e a sua tendecircncia de empenar (CHIAVERINI 2005)
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
DAWSON (2002) satildeo
- Reduccedilatildeo nas tensotildees residuais devido agrave maior condutividade teacutermica e ao moacutedulo de
elasticidade menor
- Melhor produccedilatildeo de peccedilas complexas fundidas
- Melhor transferecircncia de calor
- Melhor usinabilidade
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido nodular segundo
CHIAVERINI (2005) satildeo
- Coeficiente mais baixo de dilataccedilatildeo teacutermica
- Maior condutibilidade teacutermica
- Maior resistecircncia ao choque teacutermico
- Maior capacidade de amortecimento
- Maior fundibilidade
7
Em consequumlecircncia esse material eacute aplicado em situaccedilotildees em que a resistecircncia do ferro fundido
cinzento eacute insuficiente mas a utilizaccedilatildeo do ferro fundido nodular eacute indesejaacutevel devido agraves
propriedades menos favoraacuteveis de fundiccedilatildeo
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
DAWSON(2002) satildeo
- Reduccedilatildeo de espessuras de parede para um mesmo carregamento
- Reduccedilatildeo do fator de seguranccedila devido agrave menor variaccedilatildeo das propriedades do fundido
- Reduccedilatildeo de fraturas fraacutegeis na manufatura montagem e serviccedilo devido agrave maior ductilidade
- Maior resistecircncia sem a necessidade de recorrer a elementos de liga
- Menor profundidade de rosca necessaacuteria portanto parafusos menores podem ser utilizados
As vantagens do ferro fundido vermicular com relaccedilatildeo ao ferro fundido cinzento segundo
CHIAVERINI(2005) satildeo
- Maior resistecircncia agrave traccedilatildeo para o mesmo carbono equivalente o que reduz o uso do
elemento de liga de custo elevado como o niacutequel cromo cobre e molibdecircnio
- Relaccedilatildeo mais alta de resistecircnciafadiga
- Maiores ductilidade e tenacidade o que resulta em margem superior de seguranccedila para
fratura
- Menor oxidaccedilatildeo e dilataccedilatildeo em temperaturas elevadas
O ferro fundido vermicular (CGI) tem uma seacuterie de caracteriacutesticas que podem tornaacute-lo uma
alternativa excelente para ferro fundido cinzento para aplicaccedilotildees em motores O material oferece
aumento de 75 na resistecircncia em comparaccedilatildeo com o ferro fundido cinzento Tem tambeacutem
caracteriacutesticas teacutermicas e de impacto intermediaacuterias entre as dos ferros fundidos cinzento e nodular
Aleacutem do mais este aumento na resistecircncia do material proporciona diminuiccedilatildeo na seccedilatildeo de parede
dos produtos produzidos por este material Vaacuterios fabricantes europeus estatildeo usando CGI para
motores tanto diesel como gasolina Embora o material CGI possua propriedades mecacircnicas e
fiacutesicas beneacuteficas a sua aplicaccedilatildeo sua usinagem ainda eacute um problema Comparado com o ferro
fundido cinzento as velocidades de corte utilizadas tem que ser menores implicando em tempo de
ciclo de ateacute trecircs vezes maior que o tradicional (VASILASH 2006)
O ferro fundido vermicular do ponto de vista quiacutemico natildeo apresenta nenhuma diferenccedila
significativa com relaccedilatildeo aos ferros fundidos cinzento e nodular Cada um conteacutem cerca de 94 de
8
ferro (Fe) 3 de carbono(C) 25 de siliacutecio (Si) e o restante eacute dividido entre elementos de liga e
residuais As diferenccedilas entre essas ligas satildeo creditadas aos tipos de morfologias das suas grafitas
que conferem propriedades fiacutesicas e mecacircnicas distintas a cada uma delas
14 Propriedades do ferro fundido
As propriedades de um ferro fundido satildeo definidas em funccedilatildeo da microestrutura e da
composiccedilatildeo quiacutemica A tabela 11 mostra algumas propriedades mecacircnicas e teacutermicas dos ferros
fundidos cinzento vermicular e nodular
Tabela 11 - Propriedades meacutedias dos Ferros Fundidos (SINTERCAST 2010)
PROPRIEDADES Ferro Fundido
Cinzento
Ferro Fundido
Vermicular
Ferro Fundido
Nodular
Resistecircncia agrave traccedilatildeo (MPa) 250 450 750
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 105 150 160
Alongamento () 0 15 25
Iacutendice de resistecircncia
- Flexatildeo rotativa
- Flexatildeo em trecircs pontos
- Tensatildeo de compressatildeo
035 ndash 050
055 ndash 065
020 ndash 030
045 ndash 050
060 ndash 070
025 ndash 035
045 ndash 050
065 ndash 075
065 - 075
Condutividade Teacutermica (Wm-k) 48 38 32
A microestrutura do grafite no ferro fundido vermicular eacute expressa em porcentagem de
nodularidade Isto significa que parte das partiacuteculas de grafite do ferro vermicular apresenta-se em
forma de noacutedulos como no ferro nodular O ferro fundido vermicular inclui invariavelmente
algumas partiacuteculas esferoidais de grafita nodular que quando a nodularidade aumenta aumenta
tambeacutem a rigidez diminuindo a usinabilidade e a condutividade teacutermica Aleacutem disso com o
aumento da nodularidade a resistecircncia mecacircnica do material tambeacutem eacute elevada prejudicando sua
usinabilidade (DAWSON2007) A tabela 12 mostra a influecircncia da proporccedilatildeo de noacutedulos de grafita
nas propriedades mecacircnicas e fiacutesicas do ferro fundido vermicular
9
Tabela 22 - Influecircncia da nodularidade nas propriedades do ferro fundido vermicular
perliacutetico (SINTERCAST2001apud ROSA2009)
Propriedades (25degC) Nodularidade ()
10 30 50 70 90
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo (MPa) 450 520 590 640 700
Limite de Elasticidade 02 (MPa) 370 390 410 440 490
Limite de Fadiga (MPa) 210 220 230 240 255
Moacutedulo de Elasticidade (GPa) 145 150 155 155 160
Alongamento () 1-2 1-3 2-4 2-5 3-6
Expansatildeo Teacutermica (μmmordmC) 110 110 110 115 120
Condutividade Teacutermica (WmordmC) 36 33 31 30 28
A tabela 13 mostra as propriedades de diversas ligas de ferro fundido vermicular em funccedilatildeo
do tipo de matriz (ferriacutetica eou perliacutetica) e em funccedilatildeo da presenccedila de elementos de liga formadores
da grafita compactada
Tabela 13 - Propriedades mecacircnicas de vaacuterios tipos de ferros fundidos vermiculares em
temperatura ambiente (CHIAVERINI 2005) Condiccedilatildeo estrutural Limite Resistecircncia
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Tratados com adiccedilatildeo de ceacuterio
No estado fundido
Ferrita acima de 95
336
257
67
150
FerritaPerlita
Perlita acima de 5
100 Ferrita
298
338
224
245
53
80
140
FerritaPerlita
85 Ferrita
320
242
35
164
Perlita
90 Perlita
10 Ferrita
400
550
320
430
05
15
-
-
10
Tratados com combinaccedilotildees de Magneacutesio mais Titacircnio (mais Ceacutesio)
Condiccedilatildeo estrutural Limite Resist
agrave traccedilatildeo (MPa)
Limite escoamento
(02) MPa
Alongamento
()
Dureza
HB
Ferrita no estado fundido
0017Mg 0062Ti
0036Cs
380
272
2
179
Ferrita no estado fundido
0024Mg 0084Ti
0030Cs
338
276
25
184
Perlita no estado fundido
0026Mg 0083Ti
0074Cs
473
335
2
217
Perlita no estado fundido
70 Perlita 30 Ferrita
386
278
2
-
A resistecircncia agrave traccedilatildeo do ferro fundido vermicular diminui agrave medida que aumenta o carbono
equivalente mas a velocidade de decreacutescimo desta propriedade eacute menor do que no caso do ferro
fundido cinzento A elevaccedilatildeo do teor de siliacutecio aumenta o limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo limite de
escoamento e dureza tanto na condiccedilatildeo fundida como na recozida
Em um ferro fundido de matriz predominantemente perliacutetica a resistecircncia agrave compressatildeo eacute trecircs
vezes maior do que a resistecircncia agrave traccedilatildeo
O comportamento deste material agrave temperatura de 500degC sob o ponto de vista de dilataccedilatildeo e
formaccedilatildeo de casca de oacutexido eacute mais ou menos idecircntico aos dos ferros fundidos cinzentos de
composiccedilatildeo semelhante Contudo a resistecircncia agrave formaccedilatildeo da casca de oacutexido e agrave expansatildeo a 600degC
eacute superior agrave do ferro fundido cinzento (CHIAVERINI 2005)
No ano de 2006 a ISO criou uma abreviaccedilatildeo ldquoGJVrdquo para ferro fundido vermicular e cinco
classes foram especificadas baseadas no miacutenimo limite de resistecircncia agrave traccedilatildeo incluindo
GJV300 (ferriacutetico) GJV 350 GJV 400 GJV 450 (perliacutetico) e GJV 500 (ligado)
Haacute vaacuterias organizaccedilotildees desenvolvendo e classificando o Ferro Fundido Vermicular (CGI)
conforme tabela 14
11
Tabela 14 - Normas para classificaccedilatildeo do CGI em diversos paiacuteses (SINTERCAST 2010) Paiacutes Norma Nuacutemero Ano
Romecircnia STAS 12443-86 1986
China JB 4403-87 1987
USA ASTM A 842-85 1997
Alemanha VDG W 50 2002
Internacional SAE J 1887 2002
Internacional ISO 161122006 2006
15 Processo de Fabricaccedilatildeo
A grafita esferoidal eacute obtida pela adiccedilatildeo na liga de ferro fundido de elementos denominados
nodulizantes que modificam a forma de crescimento da grafita Os elementos nodulizantes mais
comuns na induacutestria satildeo o magneacutesio o ceacuterio o caacutelcio e terras raras Entre estes elementos o
magneacutesio (Mg) eacute o mais utilizado Recomenda-se teores entre 004 e 005 de Mg No caso de
Ce teores entre 002 e 004 e no caso de Ca entre 001 e 002
A presenccedila de impurezas como enxofre antimocircnio chumbo teluacuterio ou bismuto apresenta
efeito deleteacuterio sobre a nodulizaccedilatildeo DAWSON(2004) cita que teores de magneacutesio (Mg) de apenas
002 seriam suficientes para promover a nodulizaccedilatildeo da grafita desde que os teores de impurezas
principalmente enxofre(S) fossem mantidos baixos O nodulizante eacute adicionado na forma pura (Mg
metaacutelico) ou na forma de ante-ligas Ni-20Mg Cu-15Mg ou Fe-Si-Mg
O ferro fundido vermicular pode ser obtido adicionando elementos nodulizantes como o magneacutesio
na liga mas em uma porcentagem insuficiente para formar ferro fundido nodular resultando em um
material intermediaacuterio ou adicionando elemento nodulizante com porcentagem suficiente para
formar o ferro fundido nodular mas ao mesmo tempo adicionando-se elementos anti-nodulizantes
como o titacircnio
O processo de formaccedilatildeo do ferro fundido vermicular adicionando elementos anti-nodulizante eacute
mais faacutecil de ser realizado porque natildeo eacute necessaacuterio um controle tatildeo rigoroso da adiccedilatildeo de magneacutesio
na liga Entretanto esta adiccedilatildeo implica no uso do titacircnio que tenderaacute a formar carbonetos e
carbonitretos duros que prejudicam bastante a vida da ferramenta de usinagem da liga Para evitar
este problema eacute necessaacuterio um meacutetodo mais criterioso no processo utilizando equipamentos
especiais que garantam composiccedilatildeo de magneacutesio na liga mais adequada (DAWSON et al 2004)
12
16 Controle do Processo de Fabricaccedilatildeo
A teacutecnica de fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular eacute criacutetica para a usinabilidade da liga A
mudanccedila na forma da grafita a partir dos noacutedulos compactados eacute devido agrave accedilatildeo do magneacutesio que eacute
um elemento nodulizante Para que a grafita compactada seja formada uma quantidade de magneacutesio
deve ser mantida entre 0008 e 0012 conforme figura 13 Como o controle da composiccedilatildeo nesta
estreita faixa eacute muito difiacutecil o titacircnio eacute usado em alguns casos como elemento anti-nodulizante A
quantidade de titacircnio estaacute entre 01 e 02 o que aumenta a possibilidade de obtenccedilatildeo do grafite
compactado para percentuais mais elevados de magneacutesio Contudo a adiccedilatildeo de titacircnio gera um
inconveniente causando atraveacutes da precipitaccedilatildeo de carboneto e carbonitreto de titacircnio que satildeo
inclusotildees riacutegidas que comprometem a usinabilidade do produto (DAWSON 1999)
Apesar da estreita faixa de controle do elemento para fabricaccedilatildeo do ferro fundido vermicular
muitas fundiccedilotildees obtiveram bons resultados devidas a teacutecnicas desenvolvidas e muita disciplina
Estas teacutecnicas podem permitir que a maioria dos blocos esteja dentro do especificado mas o sistema
de controle garante que potenciais peccedilas que possam estar fora do especificado sejam identificadas e
corrigidas antes de serem vazadas A necessidade de controle do processo depende do volume de
produccedilatildeo complexidade do componente e especificaccedilatildeo da microestrutura
Haacute um procedimento necessaacuterio para evitar que os flocos de grafite natildeo se formem antes do
processo final de vazamento Este procedimento consiste basicamente de antes da transiccedilatildeo do ferro
fundido cinzento adicionar o magneacutesio em aproximadamente 0001 a cada 5 minutos Este
processo pode demorar ateacute 15 minutos apoacutes o iniacutecio da adiccedilatildeo do magneacutesio
Uma segunda consideraccedilatildeo eacute que mesmo com a porcentagem correta da adiccedilatildeo de magneacutesio
natildeo haacute estabilidade se o iacutendice de oxigecircnio ativo e ou enxofre forem elevados Se isto ocorrer o
magneacutesio ativo eacute consumido deslocando a linha da porcentagem de magneacutesio para esquerda
conforme demonstrado na figura 13 Inversamente se os niacuteveis de oxigecircnio ou de enxofre forem
relativamente baixos a linha de porcentagem de magneacutesio se deslocar para direita Por estas razotildees
as variaccedilotildees na composiccedilatildeo limpeza oxidaccedilatildeo e umidade do material de carga tornam impossiacutevel
definir uma especificaccedilatildeo quiacutemica fixa para o CGI (DAWSON 2002)
13
Figura 13 - Faixa de magneacutesio necessaacuteria para formaccedilatildeo do CGI (DAWSON 2002)
17 Usinabilidade do ferro fundido vermicular
Segundo CHIAVERINI (2005) a definiccedilatildeo mais simples da usinabilidade eacute a propriedade
relacionada com a maior ou menor facilidade de um material ser fabricado por processos de
usinagem A usinabilidade tambeacutem pode ser definida em termos de vida de ferramenta de corte ou
pode relacionar-se com a energia ou tempo necessaacuterio para remover certa quantidade de material
Segundo DINIZ (2008) a usinabilidade de um material pode ser definida como uma grandeza
tecnoloacutegica que expressa por meio de um valor numeacuterico comparativo (iacutendice de usinabilidade) um
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relaccedilatildeo a outro tomado como padratildeo A
usinabilidade depende do estado metaluacutergico da peccedila da dureza das propriedades mecacircnicas do
material de sua composiccedilatildeo quiacutemica das operaccedilotildees anteriores efetuadas sobre o material (sejam a
frio ou a quente) e do eventual encruamento
Atualmente um dos maiores desafios eacute introduzir o CGI nas peccedilas cujos processos de
usinagem apresentam desempenho muito bom nas mesmas peccedilas fabricadas em ferro fundido
cinzento Assim o desafio eacute alcanccedilar o mesmo desempenho das ferramentas mantendo os mesmos
14
custos por peccedila trabalhada e evitando investimento adicional de capital em maacutequinas e ferramentas
de corte (DAWSON 2004)
Segundo DAWSON (1999) haacute alguns fatores de influecircncia na usinabilidade do CGI
bull Efeitos da forma da grafita
bull Efeitos da perlita
bull Efeitos dos elementos quiacutemicos como chumbo manganecircs siliacutecio enxofre titacircnio e cobre
bull Efeitos da inclusatildeo
Em altas velocidades de corte a vida da ferramenta tambeacutem tende a ser ainda menor no CGI
quando comparado com o ferro fundido cinzento (WALTER 2007) Isto eacute devido a natildeo formaccedilatildeo
da camada protetora de sulfeto de manganecircs que reduz o coeficiente de atrito na face da ferramenta
e que age como uma barreira contra o desgaste por difusatildeo Esta camada ocorre na usinagem do
ferro cinzento
A diferenccedila de corte contiacutenuo ou intermitente tem uma influecircncia significativa no desgaste das
ferramentas por oxidaccedilatildeo e difusatildeo No corte contiacutenuo como torneamento e mandrilamento a
ferramenta permanece mais tempo em contato com o material da peca facilitando o mecanismo de
desgaste Em corte intermitente como o fresamento a difusatildeo e a oxidaccedilatildeo satildeo menos intensas
(DAWSON 1999)
18 Efeitos da Forma da Grafita na Usinabilidade
A formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido eacute diretamente afetada pela presenccedila da grafita que eacute
conhecida por ter resistecircncia mecacircnica baixa e gerar descontinuidades e efeitos da concentraccedilatildeo de
tensatildeo na matriz portanto ajudando o processo de remoccedilatildeo de material O mecanismo de formaccedilatildeo
de cavaco em ferro fundido cinzento eacute mostrado na figura 14 No iniacutecio a ferramenta
compacta o material sob o flanco criando uma fratura que se propaga em frente e abaixo da aresta
de corte (a) Como o movimento de corte da ferramenta continua o material se torna completamente
independente (b) Para algumas situaccedilotildees principalmente com o ferro fundido cinzento uma parte
de material eacute arrancada agrave frente da ferramenta causando uma perda temporaacuteria do contato entre
ferramenta e peccedila ateacute a ferramenta encontrar a proacutexima porccedilatildeo de material (c) Este processo de
remoccedilatildeo de material contribui para aumentar a rugosidade na superfiacutecie da peccedila (d)
15
A grafita por ser um componente de dureza relativamente baixa se comparada com o material
da matriz produz descontinuidades no material facilitando a quebra do cavaco na usinagem
(CONSALTER 1987)
Figura 14 - Esquema do Mecanismo da formaccedilatildeo do cavaco em ferro fundido (COHEN2000
apud ROSA 2009)
A grafita tambeacutem atua como um agente lubrificante reduzindo o atrito entre a peccedila e a
ferramenta aleacutem de reduzir o risco de micro solda do cavaco com a ferramenta Sendo assim a
consequumlecircncia do efeito eacute o aumento na vida da ferramenta
No processo da formaccedilatildeo do cavaco de ferro fundido nodular as forccedilas de compressatildeo geram
o desprendimento dos noacutedulos da matriz e a deformaccedilatildeo plaacutestica da matriz entre os noacutedulos Esta
deformaccedilatildeo plaacutestica causa o alongamento dos noacutedulos na direccedilatildeo do corte ocasionando fratura
duacutectil
16
Para o ferro fundido cinzento a formaccedilatildeo do cavaco acontece atraveacutes de fraturas das lamelas
de grafita formando cavacos natildeo contiacutenuos Haacute trecircs estaacutegios para formaccedilatildeo destes cavacos ou seja
inicia com a separaccedilatildeo da matriz das lamelas de grafita gerando micro-trincas em consequumlecircncia as
grandes trincas satildeo formadas atraveacutes da junccedilatildeo destas micro-trincas provenientes da interface com a
ferramenta e por uacuteltimo ocorre agrave fragmentaccedilatildeo do cavaco
A formaccedilatildeo do cavaco do ferro fundido vermicular eacute uma mistura dos processos de formaccedilatildeo
de cavaco do ferro fundido nodular e formaccedilatildeo de cavaco do ferro fundido cinzento ou seja os
cavacos se formam por deformaccedilatildeo plaacutestica e tambeacutem por fraturas (MARWANGA et al 1999) A
figura 15 ilustra os diferentes cavacos formados na usinagem destas trecircs formas de ferro fundido
Cinzento Vermicular Nodular
Figura 15 - Formaccedilatildeo do cavaco e ruptura em ferros fundidos cinzento vermicular e nodular
(REUTER et al 1999)
Grafitas na forma nodular sempre estaratildeo presentes na estrutura do ferro fundido vermicular
Com isto a resistecircncia mecacircnica e a tenacidade aumentam Por outro lado a fundiccedilatildeo usinabilidade
e condutividade teacutermica seratildeo prejudicadas (GUESSER 2001)
A morfologia do ferro fundido vermicular natildeo permite a clivagem e nem a propagaccedilatildeo de
trincas O iniacutecio da fratura no ferro fundido vermicular se daacute na interface da grafita vermicular com
a matriz metaacutelica Este eacute um dos principais fatores para um maior desgaste da ferramenta de corte na
usinagem do CGI Poreacutem esta caracteriacutestica auxilia na maior resistecircncia mecacircnica e maior
tenacidade do CGI (DAWSON 2002)
17
19 Influecircncia da Perlita na Usinabilidade
A resistecircncia mecacircnica dos ferros fundidos eacute proporcional agrave relaccedilatildeo entre perlita e
ferrita da matriz se as demais variaacuteveis forem mantidas constantes Contudo um elevado teor de
perlita natildeo eacute necessariamente a maior causa do desgaste da ferramenta de corte
Foram realizados testes de usinagem para o ferro fundido vermicular com diferentes valores de
perlita Cobre e estanho foram utilizados como elementos de estabilizaccedilatildeo A fim de atingir os 100
de perlita manganecircs tambeacutem foi adicionado Foram utilizadas ferramentas de metal duro para os
testes com velocidades de corte de 150 e 250 mmin conforme Figura 16 Pode-se ver nesta figura
que principalmente na velocidade de corte mais alta quando o teor de perlita ultrapassa 75 a vida
da ferramenta cai rapidamente (DAWSON 1999)
Figura 16 - Influecircncia do Teor de Perlita na Vida da Ferramenta de Torneamento no CGI
(DAWSON 1999)
Blocos de motor em ferro fundido vermicular contendo 70 de perlita possuem a mesma
dureza de um bloco do motor em ferro fundido cinzento 100 perliacutetico (DAWSON 1999)
18
110 Efeito dos Elementos Quiacutemicos na Usinabilidade
O carbono e o siliacutecio satildeo elementos com uma grande influecircncia na estrutura do material o
carbono determina a quantidade de grafita que se pode formar e o siliacutecio eacute essencialmente um
elemento grafitizante favorecendo a decomposiccedilatildeo do carboneto de ferro O manganecircs sempre
presente tem efeito oposto ao do siliacutecio isto eacute estabiliza a cementita e compensa de certo modo a
accedilatildeo grafitizante do siliacutecio Todo elemento quiacutemico grafitizante eacute beneacutefico agrave usinalidade pois a
grafita como visto eacute um ponto fraacutegil que em geral facilita a formaccedilatildeo do cavaco Por outro lado
os elementos que estabilizam a cementita (usam o carbono para formar Fe3C e natildeo para formar
grafita) prejudicam a usinabilidade jaacute que a cementita eacute um carboneto duro
A rigor o manganecircs nos ferros fundidos tanto quanto nos accedilos eacute adicionado como
dessulfurante Entretanto como na praacutetica haacute sempre um excesso de manganecircs este atua como
estabilizador da perlita Daiacute o seu efeito oposto ao do siliacutecio e sua utilidade para produzir estruturas
com matriz predominantemente perliacutetica sobretudo em peccedilas fundidas volumosas Ao auxiliar na
formaccedilatildeo de uma estrutura perliacutetica (e natildeo ferriacutetica) o manganecircs aumenta a resistecircncia mecacircnica da
liga e com isso prejudica a usinabilidade Por outro lado o sulfeto de manganecircs atua como
lubrificante soacutelido melhorando a usinabilidade do material
O enxofre e o foacutesforo que satildeo impurezas usualmente encontradas nos ferros fundidos natildeo tecircm
uma accedilatildeo muito significativa do ponto de vista de tendecircncia grafitizante mas o foacutesforo eacute um
estabilizador relativamente forte do carboneto de ferro Sua principal accedilatildeo eacute na estrutura do material
formando com o ferro e o carbono um composto de natureza euteacutetica (CHIAVERINI 2005) O
enxofre presente no ferro fundido reage com o manganecircs (Mn) formando inclusotildees de
MnS2 as quais podem lubrificar as arestas da ferramenta ao formar uma camada protetora entre esta
e o material usinado servindo como barreira contra os mecanismos de abrasatildeo e difusatildeo
(MOCELLIN et al 2004)
O cromo eacute presente no ferro fundido atraveacutes da sucata de accedilo ou intencionalmente como
elemento de liga para obtenccedilatildeo de maior resistecircncia em altas temperaturas Segrega-se facilmente
promovendo a formaccedilatildeo de carbonetos principalmente nas uacuteltimas regiotildees em solidificaccedilatildeo O
cromo eacute um perlitizante potente quando comparado ao manganecircs pois o aumento do seu teor
provoca a formaccedilatildeo da perlita fina ou seja um aumento da quantidade de cementita que eacute de difiacutecil
19
usinabilidade A reduccedilatildeo de 018 para 010 do teor de Cr no ferro fundido vermicular pode
propiciar aumento de aproximadamente 40 da vida da ferramenta (DAWSON et al2001)
A tabela 15 resume a accedilatildeo dos elementos de liga nos ferros fundidos
Tabela 15 - Efeitos estruturais de alguns elementos no ferro fundido (CHIAVERINI2005)
ELEMENTO Efeitos durante a Solidificaccedilatildeo Efeitos durante a reaccedilatildeo eutetoacuteide
Alumiacutenio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Antimocircnio
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte estabilizador da perlita
Boro ateacute 015 Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Boro acima de 015 Estabilizador do carboneto Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Cromo Forte accedilatildeo carbonetante Forte tendecircncia agrave formaccedilatildeo da perlita
Cobre Grafitizante fraco Promove a formaccedilatildeo da perlita
Manganecircs Fraca tendecircncia carbonetante Formador de perlita
Molibdecircnio Fraca tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
Niacutequel Grafitizante Fraco promotor de perlita
Siliacutecio Forte grafitizante Promove a formaccedilatildeo de ferrita e grafita
Teluacuterio Forte tendecircncia carbonetante Muito fraco estabilizador da perlita
Estanho
Pequeno efeito nas quantidades
usadas Forte tendecircncia agrave retenccedilatildeo da perlita
Titacircnio ateacute 025 Grafitizante Promove a formaccedilatildeo de grafita
Vanaacutedio Forte tendecircncia carbonetante Forte formador de perlita
A velocidade de resfriamento eacute um fator relacionado a solidificaccedilatildeo no interior dos moldes e a
espessura das peccedilas moldadas Em outras palavras as secccedilotildees espessas implicam em velocidades de
resfriamento relativamente baixas e secccedilotildees finas implicam em velocidades altas Isto significa que
em peccedilas de secccedilotildees com diferentes espessuras ocorrem tambeacutem diferentes velocidades de
resfriamento Para elevadas velocidades de resfriamento como as que se verificam em secccedilotildees finas
ou nas aacutereas adjacentes agraves paredes do molde natildeo haacute muito tempo para a decomposiccedilatildeo da
cementita de modo que dependendo dos teores de carbono e de siliacutecio pouca ou nenhuma
grafitizaccedilatildeo ocorre e haacute tendecircncia agrave formaccedilatildeo de ferro fundido branco Com as velocidades de
resfriamento baixas das secccedilotildees mais espessas ocorre uma apreciaacutevel grafitizaccedilatildeo dependendo
sempre do teor de siliacutecio A estrutura seraacute essencialmente de grafita e perlita Para resfriamento
20
ainda mais lento e teor de siliacutecio mais elevado a cementita da perlita pode tambeacutem se decompor
parcialmente originando-se assim a estrutura constituiacuteda de veios de grafita perlita e ferrita Essa
estrutura confere ao material caracteriacutesticas de baixa dureza e excelente usinabilidade aleacutem de
razoaacutevel resistecircncia mecacircnica(CHIAVERINI2005)
111 Processo de Mandrilamento
O processo de mandrilamento eacute normalmente empregado na usinagem de elementos de maior
diacircmetro em um bloco do motor tais como diacircmetro dos cilindros e diacircmetros dos mancais do
virabrequim A operaccedilatildeo de mandrilamento eacute executada em duas ou trecircs etapas dependendo das
toleracircncias exigidas no desenho do produto e do tipo de ferramenta a ser empregado Essencialmente
as condiccedilotildees de mandrilamento diferem um pouco das condiccedilotildees de torneamento mas esta operaccedilatildeo
ilustra a importacircncia da rigidez de todo conjunto ferramenta dispositivo e maacutequina Particularmente
quando um cilindro de grande extensatildeo e pequeno diacircmetro eacute mandrilado o corpo da ferramenta
que natildeo eacute tatildeo riacutegido tende a defletir e consequumlentemente causar vibraccedilotildees Estas vibraccedilotildees podem
afetar natildeo somente a precisatildeo dimensional mas tambeacutem o acabamento das peccedilas e a vida da
ferramenta de corte Mandrilamento eacute um processo em que furos realizados no processo de furaccedilatildeo
furos fundidos na peccedila componentes forjados ou extrudados satildeo ampliados ou acabados com uma
ferramenta de corte montada em uma barra de mandrilar O processo eacute mais usado em aplicaccedilotildees em
que bom acabamento da superfiacutecie interna ou toleracircncia dimensional apertada satildeo requeridos Por
causa das restriccedilotildees geomeacutetricas as barras de mandrilar satildeo em geral longas e compridas o que faz
com que elas estejam facilmente sujeitas a desvios estaacuteticos e dinacircmicos Estes desvios ou vibraccedilatildeo
da ferramenta natildeo somente fazem com que os paracircmetros de usinagem precisem ser alterados como
induz a erros dimensionais e reduz a qualidade da superfiacutecie e a vida da ferramenta O estudo das
forccedilas de corte no processo de mandrilar eacute portanto um preacute-requisito para a seleccedilatildeo adequada das
condiccedilotildees de corte e tambeacutem para preservar a seguranccedila do processo evitando desvios excessivos da
ferramenta ou vibraccedilotildees dinacircmicas O raio da ponta da ferramenta e a variaccedilatildeo do acircngulo da aresta
de corte resultam na distribuiccedilatildeo natildeo-uniforme da espessura do cavaco e consequumlentemente da
forccedila de corte (MOCELLIN 2007)
21
Em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas nas ferramentas de metal duro em
relaccedilatildeo agraves usadas nas ferramentas de ceracircmica ou CBN utiliza-se maior nuacutemero de insertos de metal
duro permitindo maiores velocidades de avanccedilo compensando parcialmente a perda de
produtividade (KOPPKA et al 2003)
Operaccedilotildees de mandrilamento satildeo tradicionalmente realizadas em blocos de motores de ferro
fundido cinzento por ferramentas de ceracircmica e CBN que permitem elevadas velocidades de corte e
alta produtividade (KOPPKA et al 2003) O severo desgaste verificado nas ferramentas de
mandrilar ferro fundido vermicular tem motivado pesquisas com o objetivo de identificar os
mecanismos de desgaste das ferramentas assim como encontrar soluccedilotildees econocircmicas para esta
usinagem envolvendo institutos de pesquisa induacutestrias automobiliacutesticas fundiccedilotildees fabricantes de
ferramentas e fabricantes de maacutequinas Independentemente do material da ferramenta empregada
metal duro ou ceracircmica as velocidades de corte ainda satildeo muito inferiores agravequelas tradicionalmente
utilizadas no ferro fundido cinzento ou seja ainda haacute uma grande necessidade no desenvolvimento
do processo de usinagem de mandrilamento do bloco do motor de maneira integral (KASSACK et
al 2002)
112 Tipos de Mandrilamento
Dependendo do trabalho o mandrilamento que tambeacutem eacute conhecido como mandrilagem ou
broqueamento pode ser ciliacutendrico cocircnico radial ou esfeacuterico Por meio do processo de
mandrilamento pode-se conseguir superfiacutecies ciliacutendricas ou cocircnicas internas em espaccedilos
normalmente difiacuteceis de serem atingidos com eixos perfeitamente paralelos entre si (GUEDES
2006)
1121 Mandrilamento Cocircnico (figura 17)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cocircnica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Isto ocorre quando haacute um movimento de
avanccedilo simultacircneo com um movimento radial gerando um diacircmetro interno cocircnico
22
Figura 17 ndash Mandrilamento cocircnico
1122 Mandrilamento Cilindrico (figura 18)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute cilindrica de revoluccedilatildeo cujo eixo
coincide com o eixo em torno do qual gira a ferramenta Neste caso haacute somente o movimento de
avanccedilo gerando um diacircmetro interno ciliacutendrico
Figura 18 ndash Mandrilamento ciliacutendrico
1123 Mandrilamento Radial (figura 19)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute plana e perpendicular ao eixo em
torno do qual gira a ferramenta Neste processo haacute somente o movimento radial da ferramenta
gerando um processo de faceamento
23
Figura 19 ndash Mandrilamento radial
1124 Mandrilamento de Superfiacutecies Especiais (figura 110)
Processo de mandrilamento no qual a superfiacutecie usinada eacute uma superfiacutecie de revoluccedilatildeo cujo
eixo coincide com o eixo do qual gira a ferramenta Ex Mandrilamento esfeacuterico e mandrilamento
de sangramento
Figura 110 ndash Mandrilamento esfeacuterico (FERRARESI 1970)
24
113 Processo de Mandrilamento em Ferro Fundido Vermicular
Os processos de mandrilamento do ferro fundido vermicular podem ser divididos em quatro
grupos
- Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
- Mandrilamento com insertos rotativos
- Mandrilamento definido como ldquofreso-mandrilamentordquo
- Mandrilamento com insertos de PCD
1131 Mandrilamento com insertos muacuteltiplos de metal-duro
As ferramentas de mandrilar com insertos de metal-duro conforme mostradas na figura 111
satildeo usadas em funccedilatildeo das menores velocidades de corte empregadas em comparaccedilatildeo agrave ceracircmica ou
o PCBN Utiliza-se um maior nuacutemero de insertos permitindo maiores velocidades de avanccedilo e
compensando parcialmente a perda de produtividade (REUTER et al 1999) Existem algumas
barras de mandrilar cujos insertos natildeo satildeo montados uniformemente no diacircmetro e ateacute mesmo na
altura Estas barras de mandrilar satildeo chamadas de ferramentas com passo diferencial e o objetivo eacute
evitar vibraccedilotildees devido a problemas de ressonacircncia mesmo em condiccedilotildees de corte favoraacuteveis
modificando a frequumlecircncia de entrada das arestas no corte (SOUTO 2007)
Figura 111 ndash Barra de mandrilar com insertos muacuteltiplos (MAPAL 2010)
25
1132 Mandrilamento com insertos rotativos
Ferramentas com insertos rotativos de PCBN Si3N4 ou Metal Duro conforme figura 112
permitem grande produtividade em altas velocidades de corte Este tipo de ferramenta apresenta um
maior potencial principalmente para operaccedilatildeo de desbaste podendo tambeacutem ser utilizadas em
operaccedilatildeo de acabamento dependendo da aplicaccedilatildeo (REUTER et al 2000) Estes insertos giram
devido aos esforccedilos de corte aplicados sobre eles jaacute que suas fixaccedilotildees permitem este grau de
liberdade Assim a seccedilatildeo de contato com a ferramenta e cavaco varia todo instante distribuindo
melhor o desgasteavaria aumentando a vida da ferramenta
Figura 112 ndash Barra de mandrilar com insertos rotativos
1133 Freso-mandrilamento
Define-se freso mandrilamento como um processo de usinagem com corte intermitente por
meio do processo de fresamento helicoidal realizado com ferramentas de diacircmetro menor que o
usinado ou seja a ferramenta realiza movimento de interpolaccedilatildeo circular e avanccedila no sentido do
cilindro conforme figura 113 O fabricante de maacutequinas MAKINO e o fabricante de ferramentas
SANDVIK desenvolveram este processo utilizando a ferramenta CoroMILL 790 e um Centro de
Usinagem Horizontal(a81M) Por meio da melhor precisatildeo de posicionamento dos insertos na
ferramenta e toleracircncias dimensionais dos insertos de metal-duro haacute possibilidades de ganho em
vida de ferramenta e possiacutevel eliminaccedilatildeo da etapa de mandrilamento de semi-acabamento
realizando-se o mandrilamento de desbaste de modo convencional e o mandrilamento de
acabamento com o processo de freso-mandrilamento Este processo tambeacutem possui desvantagem
26
como a necessidade de maacutequinas ferramentas com elevadas rigidez e precisatildeo no movimento de
interpolaccedilatildeo circular uma vez que este movimento tem influecircncia direta na geometria do cilindro
fresado (MAKINO 2011)
Figura 113 ndash Ferramenta para freso-mandrilamento
1134 Mandrilamento com insertos de PCD
Estudos realizados pela empresa Audi aplicando insertos de PCD em mandrilamento de
acabamento dos cilindros do bloco do motor em ferro fundido vermicular apresentaram altos
valores de vida de ferramenta As principais desvantagens do uso do PCD consistem na limitaccedilatildeo da
temperatura de utilizaccedilatildeo da ferramenta o que limita a velocidade de corte assim como o maior
custo de ferramenta bloco do motor produzido Esta limitaccedilatildeo eacute devido ao problema de afinidade do
ferro com o carbono que em temperaturas acima de 700degC comeccedila a grafitizaccedilatildeo do diamante
tendo como consequumlecircncia o acelerado desgaste da aresta de corte (STEMMER 1993 apud
Xavier2009)
114 Modelo Geomeacutetrico no Processo de Mandrilamento
A superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta conforme ilustrada na figura 114 eacute definida pelo acircngulo
da aresta de corte (90deg- χ r) acircngulo de posiccedilatildeo da aresta secundaacuteria de corte (χ‟r) acircngulo de saiacuteda
lateral da ferramenta (γf) e o acircngulo de saiacuteda dorsal da ferramenta (γp)
27
Figura 114 - Geometria no processo de mandrilamento (YUSSEFIAN et al2008)
Quatro diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da ferramenta
podem ser identificadas e ilustradas conforme figura 115 Eacute altamente recomendado que o corte natildeo
envolva o final da aresta de corte da ferramenta ou seja o avanccedilo natildeo pode ser maior que o raio da
ponta da ferramenta para prevenir a quebra da ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
Figura 115 - Diferentes configuraccedilotildees da relaccedilatildeo aacuterea da seccedilatildeo de cavacoponta da
ferramenta (YUSSEFIAN et al2008)
28
Valores grandes do raio da ponta (rɛ) com uma constante na taxa de avanccedilo(fɛ) e uma
profundidade de corte ldquoaprdquo melhoram a qualidade do acabamento superficial da peccedila reduzindo as
marcas da ferramenta devido ao avanccedilo Em contrapartida estas marcas satildeo mais suscetiacuteveis agrave
vibraccedilotildees devido ao aumento da componente da forccedila radial para ldquoaprdquo menor que ldquorɛrdquo
Consequumlentemente uma soluccedilatildeo deveria ser feito para obter resultados mais favoraacuteveis no corte
O acircngulo de saiacuteda da ferramenta eacute um importante paracircmetro para controlar a deformaccedilatildeo e a forma
dos cavacos Eacute tambeacutem um significativo fator geomeacutetrico que afeta o mecanismo de corte No plano
ortogonal a saiacuteda do cavaco eacute perpendicular agrave aresta de corte entretanto o acircngulo da saiacuteda do
cavaco eacute zero Muitos pesquisadores tentaram prever o acircngulo de saiacuteda do cavaco para usinagem
com o raio da ponta da ferramenta
A forccedila de corte pode ser representada por duas componentes uma componente normal
perpendicular ao plano de saiacuteda e um atrito componente na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta A
forccedila de atrito na superfiacutecie de saiacuteda eacute o uacutenico componente que determina a direccedilatildeo da saiacuteda de
cavaco Para cada elemento cavaco presume-se que a forccedila de atrito eacute colinear com a velocidade do
cavaco e suas magnitudes satildeo proporcionais agrave aacuterea do cavaco (YUSSEFIAN et al2008)
115 Material de Ferramentas de Corte Utilizadas no Processo de Mandrilamento
O material da ferramenta de corte deve ser mais duro que o material da peccedila a ser cortada
Utilizando este princiacutepio novos materiais e ligas estruturais com excelente resistecircncia mecacircnica e
elevada dureza contribuem para o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de
usinagem (MACHADO et al 2009)
Alguns fatores para seleccedilatildeo adequada da ferramenta de corte conforme citados por DINIZ
(2008) estatildeo descritos abaixo
Material a ser usinado
- a dureza e o tipo de cavaco formado satildeo caracteriacutesticas do material da peccedila a ser
considerado
Processo de usinagem
29
- ainda existem vaacuterios equipamentos com baixa rotaccedilatildeo e baixa rigidez inviabilizando a
utilizaccedilatildeo de ferramenta de corte com materiais mais nobres
Condiccedilatildeo da maacutequina de usinagem
- deve-se levar em consideraccedilatildeo a potecircncia gama de velocidade e folgas da maacutequina
Dimensotildees e forma da ferramenta de corte
- ferramentas de forma natildeo-padronizada muitas vezes satildeo feitas de accedilo raacutepido ou de um tipo
de metal duro que suporte choques teacutermicos
Custo do material da ferramenta
- alguns materiais de ferramentas apesar de aumentarem a vida da ferramenta de corte ou a
produccedilatildeo muitas vezes natildeo apresentam uma boa relaccedilatildeo custo-benefiacutecio
Condiccedilotildees de usinagem
- consideraccedilatildeo tiacutepica para usinagem em acabamento em que se exigem ferramentas com
maior resistecircncia ao desgaste jaacute que a operaccedilatildeo de desbaste anterior jaacute retirou a casca
endurecida eou desvios de forma da peccedila
Condiccedilotildees da operaccedilatildeo
- usinagem com corte interrompido ou o sistema maacutequinapeccedilaferramentadispositivo
natildeo riacutegidos exige uma ferramenta tenaz
As principais caracteriacutesticas desejaacuteveis a um material da ferramenta satildeo
- Dureza a quente
Algumas regiotildees da ferramenta de usinagem podem ultrapassar 1000degC Portanto
haacute uma contiacutenua procura por materiais que possam suportar esta temperatura com dureza suficiente
para suportar as tensotildees de corte
- Resistecircncia ao desgaste
O material da ferramenta deve ser resistente ao desgaste por abrasatildeo ou seja resistecircncia
ao atrito
- Tenacidade
O material da ferramenta deve ter energia suficiente para resistir ao choques inerentes
do processo
- Estabilidade quiacutemica
Dependendo da temperatura da duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemica do material
da ferramenta e do material da peccedila na zona de cisalhamento secundaacuterio haacute transferecircncia de aacutetomo
30
de um metal para o outro (difusatildeo) O material da ferramenta deve ser resistente agrave difusatildeo (DINIZ et
al 2008)
Haacute diversos materiais de ferramentas distribuiacutedos no mercado atualmente que se
diferem pela dureza (resistecircncia ao desgaste) e tenacidade Os principais satildeo (MACHADO et al
2009)
Accedilo raacutepido
Metal duro
Cermets
Ceracircmicas
Nitreto de Boro Cuacutebico
Diamante natural
Atualmente os materiais das ferramentas de corte utilizados na usinagem do ferro fundido
vermicular satildeo metal duro ceracircmica e CBN
1151 Inserto de Metal Duro
O metal duro surgiu em 1927 com o nome de ldquoWIDIArdquo(Wie Diamant) e eacute um tipo
de material fabricado atraveacutes da metalurgia do poacute em um processo de sinterizaccedilatildeo Este poacute eacute
composto de partiacuteculas duras de carboneto de metais refrataacuterios Os carbonetos satildeo de tungstecircnio e
normalmente satildeo combinados com carbonetos de titacircnio tacircntalo e nioacutebio (DINIZ et al 2008)
O elemento aglomerante mais utilizado na fabricaccedilatildeo do metal duro eacute o cobalto que eacute um
metal do grupo do ferro responsaacutevel pela ligaccedilatildeo das partiacuteculas duras dos carbonetos no processo de
sinterizaccedilatildeo O cobalto eacute responsaacutevel pela tenacidade do material O poacute do cobalto eacute obtido pela
reduccedilatildeo do oacutexido preto que conteacutem aproximadamente 70 de cobalto sob hidrogecircnio e
temperaturas entre 600 e 700degC
Uma composiccedilatildeo tiacutepica de metal conteacutem 81 de tungstecircnio 6 de carbono e 13 de
cobalto O tamanho das partiacuteculas de carbonetos pode variar entre 1 e 10 microns e geralmente
compreendem cerca de 60 agrave 95 do volume do material
31
A variaccedilatildeo da composiccedilatildeo quiacutemica do metal duro influencia na caracteriacutestica (classe) do
material O cobalto eacute um material que agrave medida que aumenta seu teor reduz sua densidade e dureza
mas eleva a resistecircncia agrave ruptura e melhora a tenacidade
Outra caracteriacutestica importante para aplicaccedilatildeo do metal duro eacute o seu coeficiente de dilataccedilatildeo
teacutermica O coeficiente para o metal duro eacute cerca da metade do coeficiente do accedilo em temperaturas
desde a ambiente ateacute 675degC
Hoje em dia haacute metais duros produzidos com partiacuteculas de 01m o que melhora vaacuterias
caracteriacutesticas desejaacuteveis em uma ferramenta de corte Estes metais duros com micro gratildeos podem
ser classificados de acordo com o tamanho do gratildeo de sua estrutura como
- Fino 08 a 13m
- Submicromeacutetrico 05 a 08m
- Ultra fino 02 a 05m
- Nanomeacutetrico menor que 02m
Agrave medida que se diminui o tamanho de gratildeo do metal duro aumenta-se a dureza resistecircncia
ao desgaste e tenacidade do material devido ao maior fator de empacotamento que gratildeos muito
pequenos propiciam (DINIZ et al 2008)
Haacute vaacuterios tipos de metal duro classificados pela norma ISO (International Organization for
Standardization) conforme norma ISO513 1975 sendo que haacute 3 grupos principais como
Grupo bdquoP‟ ndash Compreende os tipos ou classes empregados na usinagem de metais e ligas
ferrosas que apresentam cavacos longos e duacutecteis
Grupo bdquoMrdquo ndash Compreende as classes que empregam na usinagem de metais e ligas ferrosas
de cavacos tanto longos como curtos ou seja eacute uma ferramenta com propriedades intermediaacuteria
Grupo bdquoK‟ ndash Compreende as classes que se destinam a usinagem de metais e ligas ferrosas
que apresentam cavacos curtos e materiais natildeo-metaacutelico
Recentemente a ISO aumentou o nuacutemero de classes de metal duro conforme norma
ISO513 2004 Estas novas classes satildeo
Grupo bdquoN‟ ndash Aplicaacutevel a materiais natildeo ferrosos
Grupo bdquoS‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de superligas e ligas de titacircnio
Grupo bdquoH‟ ndash Aplicaacutevel a usinagem de materiais endurecidos
32
Aleacutem dos grupos de metal duro existe uma subdivisatildeo dentro de cada grupo por exemplo
P01P50
M01M40
K01K40
N01N30
S01S30
H01H30
Para cada grupo de metal duro e seu respectivo subgrupo haacute uma composiccedilatildeo quiacutemica e
caracteriacutestica fiacutesica conforme Tabela 16 Pode-se perceber nesta tabela que agrave medida que a
quantidade de TiC + TaC aumenta a densidade diminui e a dureza aumenta
Tabela 16 - Composiccedilatildeo quiacutemica e caracteriacutesticas fiacutesicas do metal duro (FERRARESI 1970)
Desig-
Naccedilatildeo
Composiccedilatildeo
aproximada em Caracteriacutesticas principais
WC TiC
+
TaC
Co Densidade
(gcm3)
Dureza
(kgmm2)
Resist agrave
ruptura
transversal
(kgmm2)
Moacutedulo de
elasticidade
(kgmm2)
Coeficiente
de dilataccedilatildeo
teacutermica
(10-6
1Cdeg)
P01 30 64 6 72 1800 75 - -
P10 55 36 9 104 1600 140 52000 65
P20 76 14 10 119 1500 150 54000 60
P25 73 19 8 125 1500 170 55000 60
P30 82 8 10 130 1450 170 56000 55
P40 77 12 11 131 1400 180 56000 55
P50 70 14 16 129 1300 200 52000 55
M10 84 10 6 131 1650 140 58000 55
- Classes com maior tenacidade
- Recomendado para usinagem em desbaste
e corte interrompido
- Classes com maior resistecircncia ao desgaste
- Recomendado para usinagem em
acabamento
33
M20 82 10 8 134 1550 160 56000 55
M30 81 10 9 144 1450 180 58000 55
M40 78 7 15 135 1300 200 55000 55
K01 93 2 5 150 1750 120 63000 50
K05 92 2 6 146 1700 135 63000 50
K10 92 2 6 148 1650 150 63000 50
K20 915 25 6 148 1550 170 62000 50
K30 89 2 9 145 1450 190 - 55
K40 88 - 12 143 1300 210 58000 55
A seleccedilatildeo do metal duro para uma determinada aplicaccedilatildeo de usinagem estaacute intimamente
relacionada com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma durante a
usinagem Entre os tipos de cavacos conhecidos tem como cavacos contiacutenuos cavacos cisalhados e
cavacos de ruptura o formado na usinagem dos ferros fundidos eacute o cavaco de ruptura devido a seu
rompimento na zona primaacuteria do plano de cisalhamento causados na interrupccedilatildeo que as grafitas
causam na matriz da liga
Operaccedilotildees de usinagem com avanccedilo e profundidade de cortes altos para desbaste e cortes
interrompidos criam tensotildees elevadas na ferramenta exigindo classes com maior tenacidade ou seja
ferramentas com menor teor de cobalto e maior teor de carbonetos
Operaccedilotildees de usinagem em peccedilas que jaacute sofreram operaccedilotildees anteriores de desbaste retirando
excentricidade e a casca endurecida trabalham com baixos avanccedilos e profundidade de usinagem
poreacutem com altas velocidades de corte o que gera altas temperaturas Sendo assim satildeo necessaacuterias
classes de ferramentas com altas resistecircncias ao calor e a abrasatildeo ou seja menor teor de cobalto
(DINIZ et al 2008)
Operaccedilotildees de usinagem em maacutequinas-ferramentas menos riacutegidas obriga o uso de classe de
ferramentas com maior tenacidade embora reduzindo a vida uacutetil
As primeiras ferramentas de metal duro foram compostas unicamente de carbonetos de
tungstecircnio (WC) e cobalto e eram adequadas somente para a usinagem de materiais de cavacos
curtos e quebradiccedilos ou seja materiais de ferro fundido Na usinagem do accedilo havia formaccedilatildeo de
cratera na superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta devido a fenocircmenos de difusatildeo e dissoluccedilatildeo ocorridos
entre o cavaco da peccedila e a ferramenta Para solucionar tais problemas comeccedilou-se a acrescentar
34
outros carbonetos (TiC TaC e NbC) Assim as ferramentas que conteacutem praticamente somente WC
e Co na composiccedilatildeo (ferramentas da classe K ver tabela 15) satildeo destinadas agrave usinagem de ferros
fundidos que natildeo tem a tendecircncia de formaccedilatildeo de desgaste de cratera devido ao fato de que o
cavaco curto rapidamente se quebra e pula fora da regiatildeo de corte sem atritar longamente com a
superfiacutecie de saiacuteda A inclusatildeo de carbonetos do tipo TiC TaC e NbC na ferramenta confere a ela
as seguintes caracteriacutesticas
- Carbonetos de Titacircnio - TiC
Pouca tendecircncia agrave difusatildeo resultando na alta resistecircncia dos metais duros
Reduccedilatildeo da resistecircncia interna e dos cantos
- Carboneto de Tacircntalo - TaC e Carboneto de Nioacutebio NbC
Em pequenas quantidades atuam na diminuiccedilatildeo do tamanho dos gratildeos melhorando a
tenacidade e a resistecircncia dos cantos
1152 Cobertura em Ferramentas de Metal Duro
A finalidade principal do uso de coberturas em ferramentas de metal duro eacute aumentar a
resistecircncia ao desgaste da camada superior que entra em contato com o cavaco e a peccedila sendo que o
nuacutecleo permanece com a tenacidade caracteriacutestica do metal duro Desta forma consegue-se em
vaacuterios casos aumentar bastante a vida da ferramenta e diminuir os esforccedilos de corte Eacute possiacutevel
tambeacutem conciliar em mesmos materiais caracteriacutesticas como tenacidade resistecircncia ao desgaste e
dureza a quente (DINIZ et al2008)
As principais coberturas utilizadas satildeo de carboneto de titacircnio (TiC) eou oacutexido de alumiacutenio
(Al2O3) nitreto de titacircnio (TiN) e carbonitreto de titacircnio (TiCN) Geralmente satildeo aplicadas no metal
duro utilizando um processo chamado CVD (deposiccedilatildeo quiacutemica a vapor) que utiliza altas
temperaturas e pressotildees levemente negativas Outro processo tambeacutem utilizado para cobertura de
ferramenta eacute o PVD (deposiccedilatildeo fiacutesica a vapor) que utiliza temperaturas meacutedias (de 400 a 500ordm C) e
pressatildeo muito negativa Este processo eacute em geral mais caro que o processo CVD Como o processo
de CVD precisa de altas temperaturas satildeo geradas tensotildees na ferramenta durante seu resfriamento
que podem enfraquececirc-la Sendo assim novos tipos de processo com temperaturas intermediaacuterias
entre o CVD e o PVD estatildeo sendo desenvolvidos para minimizar este problema (DINIZ et al2008)
35
Normalmente a primeira camada de cobertura logo acima do nuacutecleo eacute o carboneto de titacircnio
ou o carbonitreto de titacircnio que algumas vezes eacute a uacutenica camada Estas camadas possuem
caracteriacutesticas como excelente resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de promover a adesatildeo das
camadas de cobertura com o metal duro do nuacutecleo Outra cobertura como o oacutexido de alumiacutenio natildeo
possui afinidade fiacutesico-quiacutemica com o nuacutecleo do metal duro A diferenccedila na dilataccedilatildeo e contraccedilatildeo
teacutermica das camadas com o substrato de metal duro a uma temperatura de 1000degC como eacute exigido
para o processo de revestimento CVD pode causar trincas se natildeo for utilizado o TiC ou TiCN como
camada intermediaacuteria (DINIZ et al2008)
A dureza da camada de TiC eacute na ordem de 3000HV que eacute maior que todas os outros materiais
utilizados no revestimento do metal duro A espessura da camada eacute de 4 a 8m Outras
caracteriacutesticas importantes deste material eacute a baixa tendecircncia a soldagem com o material da peccedila
dificultando o desgaste por adesatildeo e o baixo coeficiente de dilataccedilatildeo teacutermica O material TiCN tem
propriedades similares ao TiC como dureza agrave quente resistecircncia ao desgaste a capacidade de adesatildeo
ao nuacutecleo mas seu coeficiente de atrito eacute mais baixo que o TiC Geralmente o segundo revestimento
no metal duro eacute de oacutexido de alumiacutenio que garante uma estabilidade teacutermica devido ao fato de ser um
material ceracircmico refrataacuterio e por possuir alta resistecircncia ao desgaste por abrasatildeo aleacutem de alta
resistecircncia a ataques quiacutemicos e agrave oxidaccedilatildeo Devido a sua alta estabilidade quiacutemica com o ferro
praticamente evita o desgaste difusivo durante o processo de usinagem do accedilo Apresentam tambeacutem
uma pequena resistecircncia a choques teacutermicos e mecacircnicos
A terceira camada geralmente utilizada de TiN tem caracteriacutestica de reduccedilatildeo do coeficiente
de atrito entre a pastilha e o cavaco Eacute quimicamente mais estaacutevel que o TiC e possui uma camada
com espessura entre 5 e 7 m A espessura total das camadas do metal duro estaacute entre 2 e 12 m
Quando se aumenta a espessura da cobertura a resistecircncia ao desgaste aumenta mas a tenacidade
diminui aumentando a tendecircncia ao lascamento das arestas Hoje em dia jaacute satildeo utilizadas outras
coberturas como por exemplo o nitreto de titacircnio alumiacutenio (TiNAl) ou o nitreto de alumino
titacircnio(TiAlN) dependendo da quantidade maior de titacircnio ou alumiacutenio que podem ser aplicadas ao
metal duro atraveacutes do processo PVD Tal processo propicia espessuras de camadas mais finas
mantendo a aresta da ferramenta afiada (DINIZ et al2008)
Estas coberturas podem ser aplicadas em ferramentas multicamadas propiciando
caracteriacutesticas como
36
- Baixa condutividade teacutermica que protege a aresta de corte e aumenta a remoccedilatildeo de calor
atraveacutes do cavaco
- Alta dureza a frio e a quente
- Alta estabilidade quiacutemica (DINIZ et al2008)
1153 Insertos de Material Ceracircmico
Um dos principais tipos de materiais ceracircmicos utilizados como ferramenta de usinagem eacute o
oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) que eacute a forma estaacutevel alfa da alumina Podem-se distinguir dois ramos
nesta famiacutelia
- Materiais contendo alumina sinterizada praticamente pura com no miacutenimo de 98
- Materiais contendo 90 de alumina juntamente com outros oacutexidos como SiO2 MgO
Cr2O3 Fe3O4 etc
Este tipo de material de ferramenta consiste de gratildeos finos (menores que 5 m) de Al2O3 de
alta densidade ou seja conteacutem menos que 2 de porosidade Diferentes meacutetodos satildeo utilizados
para fabricaccedilatildeo de ferramentas ceracircmicas deste tipo
- Prensadas a frio e sinterizadas apresentando uma cor branca Este processo eacute similar ao
processo de fabricaccedilatildeo do metal duro
- Prensadas a quente em grandes cilindros de alumina em moldes de grafite Neste processo
o material se torna acinzentado escuro (FERRARESI 1970)
A ceracircmica possui oacutetima propriedade como dureza a quente permitindo que se possa usinar
em altas velocidades de corte Em contrapartida haacute propriedades como baixa condutividade teacutermica
que logicamente dificulta a transferecircncia de calor e faz com que na regiatildeo proacutexima do contato
cavaco-ferramenta e peccedila ferramenta atinja-se temperaturas muito altas Outra propriedade que
dificulta o uso de material ceracircmico eacute a baixa tenacidade que favorece as trincas e quebras das
ferramentas de corte
Haacute ferramentas ceracircmicas agrave base de oacutexido de alumiacutenio (Al2O3) podendo ter alumina pura ou
podendo ter algum teor de oacutexido de magneacutesio (MgO) para inibir o crescimento de gratildeo Podem ter
tambeacutem oacutexido de cromo titacircnio e niacutequel para aumentar a resistecircncia mecacircnica ou com baixos
porcentuais de oacutexido de zircocircnio (ZrO2) que aumenta a tenacidade do material (DINIZ et al2008)
37
A ceracircmica mista aleacutem de conter alumina pode conter o carboneto de titacircnio (TiC) ou o
nitreto de titacircnio (NiT) Este tipo de ceracircmica eacute prensado a quente gerando uma cor acinzentada
Como haacute uma melhor dureza a quente e estabilidade quiacutemica a ceracircmica mista eacute indicada para
processo de usinagem em mandrilamento e torneamento em acabamento de accedilos endurecidos onde
a tenacidade natildeo eacute tatildeo exigida (DINIZ et al2008)
Haacute uma ceracircmica com propriedades intermediaacuterias que eacute a reforccedilada com whiskers o qual eacute
adicionado o carboneto de siliacutecio (SiC) como sua tenacidade eacute boa quando comparadas com as
outras ceracircmicas este tipo de material eacute indicado para usinagem de ligas de titacircnio e niacutequel
Tambeacutem pode ser utilizada no processo de usinagem em mandrilamento e torneamento de accedilos
endurecidos com superfiacutecies interrompidas (DINIZ et al2008) Natildeo eacute permitida a fabricaccedilatildeo deste
material em vaacuterios paiacuteses devido ao carboneto de siliacutecio ser canceriacutegeno (BALDACIM 2000) Este
tipo de material tambeacutem eacute perigoso devido agrave facilidade de incecircndio no processo de retificaccedilatildeo
devido a isto o processo deve ser realizado em local extremamente isolado e maacutequinas blindadas
Haacute tambeacutem ferramentas de ceracircmica agrave base de nitreto de siliacutecio (Si3N4) que satildeo cristais com
fase intergranular de oacutexido de siliacutecio (SiO2) que satildeo sinterizados na presenccedila de alumina (sialon)
eou oacutexido de iacutetrio (Y2O3) e magneacutesio (MgO) Este material de ferramenta eacute usualmente chamado de
Sialon (DINIZ et al2008)
A Tabela 17 mostra algumas propriedades dos diversos tipos de material ceracircmico
comparados com o metal duro Como se pode ver na tabela Sialon possui boa tenacidade (melhores
que as ceracircmicas mista e pura) e excelentes durezas a quente e resistecircncia ao choque teacutermico A
uacutenica propriedade necessaacuteria a um material de ferramenta que natildeo possui eacute a estabilidade quiacutemica
com o ferro Assim natildeo pode ser usada para usinar o accedilo Poreacutem como a falta de estabilidade
quiacutemica eacute causadora do desgaste difusivo razatildeo da formaccedilatildeo do desgaste de cratera (desgaste da
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) e como o ferro fundido possui cavacos curtos que natildeo atritam
muito com a superfiacutecie de saiacuteda e portanto natildeo tem grande tendecircncia agrave formaccedilatildeo da cratera esta
ferramenta eacute indicada para a usinagem destas ligas principalmente em cortes interrompidos como o
fresamento em que a temperatura que a ferramenta atinge natildeo eacute tatildeo alta
38
Tabela 17 - Propriedades relativa dos materiais ceracircmico comparados com o metal duro
Tenacidade Dureza agrave
quente
Resistecircncia ao
choque teacutermico
Estabilidade
quiacutemica (Fe)
Estabilidade
quiacutemica (Ni)
Ceracircmica Pura 2 2 1 5 5
Ceracircmica
Mista
1 3 2 4 4
Ceracircmica com
Wiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal Duro 5 1 5 3 1
Em geral os insertos de material ceracircmico possuem um chanfro na regiatildeo da aresta de corte
cuja dimensatildeo varia de 005 agrave 03mm e acircngulo entre 20deg e 30deg como proteccedilatildeo de aresta para evitar
quebra ou lascamento (DINIZ et al 2008)
Em processos de usinagem como o fresamento em ferro fundido cinzento eacute possiacutevel substituir
o desbaste e o acabamento para somente um passe utilizando insertos de ceracircmica com alisador
(FERRER 2006) Ferramentas ceracircmicas de nitreto de siliacutecio tecircm mostrado um melhor desempenho
que as de metal duro em operaccedilotildees de faceamento em ferro fundido cinzento Isto porque
ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio apresentam tenacidade suficiente onde o
lascamento natildeo eacute um fator predominante para o fim da vida da ferramenta (FERRER e DINIZ
2005)
Em contrapartida ferramentas de metal duro satildeo consideradas uma melhor opccedilatildeo para
processo de usinagem em fresamento de ferro fundido vermicular O mecanismo de desgaste por
difusatildeo eacute muito acentuado em ferramentas de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio (GABALDO
2009)
116 Desgaste e Mediccedilatildeo do Desgaste das Ferramentas de Corte
Desgaste eacute a perda contiacutenua e microscoacutepica de partiacuteculas da ferramenta devido agrave accedilatildeo do corte
(DINIZ et al 2008) Haacute alguns desgastes de ferramenta de corte padronizado como desgastes
convencionais Os principais deles satildeo o desgaste de flanco ou frontal (na superfiacutecie de folga da
39
ferramenta) desgaste de entalhe (nos limites de contato ferramentapeccedila) e desgaste de cratera (na
superfiacutecie de saiacuteda da ferramenta) Aleacutem dos desgastes diversas outras ocorrecircncias podem acontecer
agrave ferramenta durante seu uso como trincas lascas deformaccedilotildees plaacutesticas e quebra A estas
ocorrecircncias daacute-se o nome de avarias (FERRARESI 1970)
Os principais fenocircmenos causadores do desgaste satildeo
Aresta posticcedila de corte (APC) ndash material da peccedila aderido na aresta de corte da ferramenta
modificando o comportamento da forccedila de corte acabamento superficial da peccedila e desgaste da
ferramenta A APC ocorre quando em baixa velocidade de corte a parte inferior do cavaco sob
pressatildeo de corte na zona de aderecircncia manteacutem o contato sem movimento relativo por um espaccedilo de
tempo suficiente para soldar na ferramenta Agrave medida que a APC cresce torna-se instaacutevel e depois
de algum tempo colapsa levando consigo partiacuteculas da superfiacutecie de folga da ferramenta
incentivando assim o desgaste de flanco em baixa velocidade de corte (DINIZ et al 2008)
Abrasatildeo mecacircnica ndash o desgaste frontal ou o desgaste de cratera podem ser gerados pela
abrasatildeo (atrito) poreacutem eacute mais comum o desgaste frontal porque a superfiacutecie de folga atrita na peccedila
que eacute riacutegida enquanto que a superfiacutecie de saiacuteda atrita com o cavaco que eacute flexiacutevel O desgaste por
abrasatildeo ocorre pela presenccedila de partiacuteculas duras no material da peccedila e pela temperatura de corte que
reduz a dureza da ferramenta Quando o desgaste abrasivo ocorre a superfiacutecie desgastada mostra
sulcos paralelos agrave direccedilatildeo de avanccedilo (TRENT e WRIGHT 2000)
Aderecircncia ndash eacute formada por um extrato metaacutelico provocado pela baixa velocidade de corte e
baixa temperatura entre duas superfiacutecies metaacutelicas postas em contato sob cargas moderadas A
resistecircncia deste extrato eacute elevada a tal ponto que na tentativa de separar as superfiacutecies ocorre agrave
ruptura em um dos metais e natildeo na superfiacutecie de contato Quando este desgaste ocorre a superfiacutecie
desgastada tem aparecircncia aacutespera (TRENT e WRIGHT 2000) Assim partiacuteculas da superfiacutecie de um
material migram para superfiacutecie do outro O fenocircmeno da aderecircncia estaacute presente na formaccedilatildeo da
aresta posticcedila mas pode-se ter desgaste por aderecircncia mesmo sem a formaccedilatildeo da aresta posticcedila Por
meio deste fenocircmeno as partiacuteculas da ferramenta que satildeo removidas pela continuidade do
movimento de escorregamento entre as duas superfiacutecies (cavaco-ferramenta ou ferramenta-peccedila)
seguem aderidas ao fluxo de cavaco ou peccedila Como satildeo bastante duras ao atritarem com regiotildees da
ferramenta mais agrave frente desgastam-nas por abrasatildeo A utilizaccedilatildeo de coberturas com baixo
coeficiente de atrito como o nitreto de titacircnio e o uso de fluiacutedo de corte adequado tem grande
influecircncia na reduccedilatildeo deste tipo de desgaste (DINIZ et al 2008)
40
Difusatildeo ndash eacute um fenocircmeno microscoacutepico ativado pela temperatura na zona de corte
principalmente entre a ferramenta e o cavaco podendo tambeacutem ocorrer entre a ferramenta e a peccedila
depois de jaacute haver ocorrido algum desgaste na superfiacutecie de folga causado por algum outro
mecanismo A difusatildeo no estado soacutelido consiste na transferecircncia de aacutetomos de um metal ao outro
Depende da temperatura duraccedilatildeo do contato e da afinidade fiacutesico-quiacutemico dos dois metais
envolvidos na zona de cisalhamento secundaacuterio Ocorre principalmente na superfiacutecie de saiacuteda da
ferramenta causando o desgaste de cratera porque eacute ali que se tem a zona de aderecircncia entre cavaco
e ferramenta (que garante o tempo de contato) e a zona de fluxo (zona secundaacuteria de cisalhamento)
na qual o cisalhamento eacute intenso e assim a temperatura eacute bastante alta Ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes a este tipo de
desgaste (DINIZ et al 2008)
Oxidaccedilatildeo ndash a maioria dos metais oxidam em altas temperaturas e na presenccedila de aacutegua e ar Na
usinagem isto ocorre devido ao uso de fluiacutedo de corte de baixa concentraccedilatildeo ou fluiacutedo de corte natildeo
adequado para o processo O tungstecircnio e o cobalto durante o corte formam filmes de oacutexido poroso
sobre a ferramenta que satildeo facilmente levados embora pelo atrito gerando o desgaste Poreacutem
alguns oacutexidos como o oacutexido de alumiacutenio satildeo mais duros e resistentes Assim alguns materiais de
ferramentas que natildeo conteacutem oacutexido de alumino desgastam mais facilmente por oxidaccedilatildeo Este
desgaste se forma nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao acesso de ar nesta
regiatildeo causando o desgaste de entalhe Tambeacutem para este desgaste ferramentas que possuem
cobertura de Al2O3 e ferramentas ceracircmicas a base de Al2O3 satildeo bastante resistentes (DINIZ et al
2008)
41
2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Este capiacutetulo descreve o material do bloco do motor e o material da ferramenta de corte a ser
utilizada no experimento aleacutem dos equipamentos e o meacutetodo utilizado para o experimento
21 Laboratoacuterio utilizado nos experimentos
Uma linha de usinagem flexiacutevel de bloco do motor diesel exclusivo em material de ferro
fundido vermicular jaacute existente na empresa MWM International situado em Santo Amaro SP foi o
laboratoacuterio utilizado para realizaccedilatildeo dos experimentos
22 Corpos de prova utilizados nos experimentos
Utilizou-se como corpos de prova para os ensaios de mandrilamento blocos para motores de
seis cilindros (ver figura 21) fundidos em material de ferro fundido vermicular e fundido na
empresa TUPY Fundiccedilotildees localizada em Mauaacute Satildeo Paulo A operaccedilatildeo de usinagem objeto deste
estudo foi o mandrilamento dos mancais do bloco
Figura 21 ndash Bloco do motor BIG BORE
42
O material do bloco do motor eacute o GJV-450 conforme norma MANN (M3340) Foi realizada
uma anaacutelise metalograacutefica de amostras retiradas de corpos de prova do bloco do motor conforme
posiccedilatildeo visualizada na figura 22
Figura 22 ndash Posiccedilatildeo no bloco do motor dos corpos de prova extraiacutedo para anaacutelise
metalograacutefica (norma MANN M3340 2004)
A tabela 21 e as figuras 23 e 24 mostram os resultados da anaacutelise metalograacutefica do material
Tabela 21 ndash Resultados da Metalografia no Material CGI do Bloco do Motor
DESCRICcedilAtildeO ESPECIFICADO
Estrutura da Matriz Perlita Lamelar Fina
Ferrita Livre Maacuteximo de 30
Cementita Livre Ausente
Carbonitreto de Titacircnio Metalograficamente natildeo permitidos
Ledeburita Ausente
Rede de Fosfeto - STEADITA Traccedilos isolados como informativo
Forma da Grafita I e II Ausente
Forma da Grafita III Miacutenimo 70
Forma da Grafita IV Maacuteximo 5
Forma da Grafita V e VI Maacuteximo 30
Tamanho da Grafita Forma III 3 ou mais fino
Tamanho da Grafita Forma IV 3 ou mais fino
43
Tamanho da Grafita Forma V e VI 5 ou mais fino
Dureza 150 agrave 250 HB 30
Resistecircncia agrave Traccedilatildeo 440 agrave 520 Nmm2
Limite de Escoamento Miacutenimo 320 Nmm2
Alongamento Miacutenimo 1
Figura 23 - Micrografia mostrando a morfologia da
grafita
Forma III (80 agrave 85) e tamanho de 4 agrave 5
Forma IV (lt 5) e tamanho de 5 agrave 6
Forma V + VI (10 agrave 15) e tamanho de 5 agrave 6
Sem ataque
Figura 24 ndash Micrografia mostrando a estrututa da
matriz matriz perliacutetica
Com ataque NITAL 3
A tabela 22 mostra o resultado do ensaio quiacutemico realizado em uma amostra de bloco
Tabela 22 - Ensaio Quiacutemico () GJV-450 conforme M 3340 (norma MANN)
ESPECIFICADO em ENCONTRADO em
11 Carbono C 350 agrave 380 361
12 Carbono Equivalente C equiv 405 agrave 435 419
13 Silicio Si 200 agrave 230 232
14 Manganecircs Mn 040 maacuteximo 026
15 Foacutesforo P 002 maacuteximo 0009
16 Enxofre S 0005 agrave 0020 0011
17 Cromo Cr 01 maacuteximo 0029
44
18 Cobre Cu 075 agrave 095 084
19 Estanho Sn 004 agrave 007 007
110 Magneacutesio Mg 0010 agrave 0016 0010
111 Titacircnio Ti 0010 maacuteximo 0003
O material de ferro fundido vermicular a ser removido pela ferramenta de corte na operaccedilatildeo de
mandrilamento dos mancais tem espessura entre 25 e 30mm (profundidade de corte) devido agrave
variaccedilatildeo do sobremetal de fundiccedilatildeo conforme figura 25 formando cavacos de ruptura
Figura 25 ndash Material a ser removido pela ferramenta de corte
O bloco do motor contem sete mancais com comprimento de 37mm cada conforme figura 26
Figura 26 ndash Espessura dos mancais do bloco do motor em 37mm
45
23 Ferramenta de Corte (insertos)
Nos experimentos foram utilizados insertos de ceracircmica e insertos de metal duro conforme
figuras 27 28 e 29 e tabela 23
Figura 27 - Inserto de Metal Duro
WTXQ090608 K01L10B040 HP425
Figura 28 - Inserto de ceracircmica
WTXQ090608 0906 MN KS6000
Tabela 23 ndash Especificaccedilotildees dos insertos utilizados no experimento
METAL DURO CERAcircMICA
Material Classe K10 Nitreto de Silicio
Aresta de Corte Arredondamento 006mm Arredondamento 006mm
Espessura do inserto 635mm 635mm
Aacuterea para corte Maacuteximo 7mm Maacuteximo 7mm
Quantidade de arestas 6 arestas 6 arestas
Cobertura Nitreto de Titanio Alumino (TiNAl) Sem cobertura
46
Figura 29 - Principais dimensotildees dos insertos WTXQ usadas nos ensaios
Os insertos foram montados em uma barra de mandrilar na posiccedilatildeo tangencial em um diacircmetro
de 1105mm para desbaste conforme figura 210 Nesta mesma ferramenta tambeacutem estatildeo montados
os seis insertos de semi-acabamento para posterior processo de fratura Esta ferramenta possui guias
de metal duro para reduzir vibraccedilatildeo garantir alinhamento entre os mancais e garantir a precisatildeo
dimensional As guias de metal duro da ferramenta e o diacircmetro do mancal podem estar com folga
entre 0005mm e 0015mm Esta folga eacute coberta pelo fluido de corte com uma concentraccedilatildeo
aproximada de 12 e com isso contribui para reduzir o atrito
Figura 210 ndash Barra de mandrilar suporte dos insertos
47
Antes dos experimentos foram montados vaacuterios insertos na barra de mandrilar para verificar a
variaccedilatildeo do batimento radial e axial Nota-se que radialmente foram encontrados ateacute 004mm de
variaccedilatildeo e axialmente foram encontrados ateacute 002mm conforme demonstra figura 211 Ambos os
resultados encontrados natildeo influenciam no resultado final dos experimentos
Figura 211 ndash Diferenccedila de altura radial e axial de cada inserto montado
24 Especificaccedilatildeo do fluido de corte utilizado
O fluido de corte utilizado no experimento tendo tambeacutem como funccedilatildeo reduzir o atrito entre
as guias de metal duro da barra de mandrilar e o mancal guia do bloco foi um oacuteleo semi-sinteacutetico do
tipo EP produzido pelo fabricante CASTROL O nome do produto eacute ldquoSuperedge 6552 BFrdquo com alta
resistecircncia agrave formaccedilatildeo de espuma isento de Boro Cloro Nitritos e Fenois As tabelas 24 e 25
mostram caracteriacutesticas deste fluido
Tabela 24 ndash Propriedades Fiacutesico-Quiacutemicas do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
Estado fiacutesico Liacutequido
Odor Suave
Cor Acircmbar
pH 90 a 95 (5)
Ponto de fulgor Produto base aacutegua Natildeo inflamaacutevel
Densidade 0937 gmL
Solubilidade Soluacutevel em aacutegua
48
Tabela 25 ndash Composiccedilatildeo Quiacutemica do oacuteleo ldquoSuperedge 6552 BFrdquo
DESCRICcedilAtildeO PORCENTAGEM
Aacutegua 5 agrave 10
Amina primaacuteria 20 agrave 40
Amina terciaacuteria 50 agrave 80
Oacuteleo mineral parafiacutenico 45 agrave 50
Benzotriazol 01 agrave 05
Aacutecidos di carboxiacutelicos 20 agrave 50
Aditivo EP a base de foacutesforo 20 agrave 80
Amida de Tall Oil 10 agrave 15
Aacutecido carbacircmico 05 maacuteximo
Metileno bis morfolina 30 agrave 70
25 Centro de Usinagem utilizado nos experimentos
A maacutequina de usinar utilizada para realizar os experimentos foi um centro de usinagem
horizontal CNC com 4 eixos (XYZB) da marca GROB modelo BZ640 com palete (mesa) de 630
x630mm (ver figura 212) Esta maacutequina eacute controlada por um comando SIEMENS e pode suportar
uma carga sobre a mesa de ateacute 1000Kg jaacute que a peccedila (bloco do motor) utilizada no experimento
tem aproximadamente 300Kg e o dispositivo para fixar a peccedila tem aproximadamente 500Kg
somando juntos 800Kg A maacutequina tambeacutem tem um giro de palete permitido de ateacute 1200mm para
suportar a peccedila que tem um comprimento de 1060mm O eixo da maacutequina eacute um motofuso com
potecircncia de 26Kw(40ED) e 20Kw(100 ED) O torque eacute de 340Nm (40 ED) e 262Nm(100
ED) A cada 10 minutos de usinagem por 4 minutos pode ser utilizados potecircncia e torque maacuteximos
ou seja pode-se utilizar 26Kw a cada 4 minutos ou 20Kw em todo tempo de usinagem e igualmente
para torque
49
Figura 212 ndash Centro de Usinagem Horizontal ndash CNC GROB
Este equipamento eacute preparado para medir potecircncia consumida do fuso no momento da
usinagem da peccedila conforme demonstrado na figura 213
Figura 213 ndash Graacutefico de torque e potecircncia consumida no fuso da maacutequina
26 Equipamento utilizado para mediccedilatildeo do desgaste dos insertos
O equipamento utilizado para realizar as mediccedilotildees de desgaste dos insertos (VB ndash desgaste de
flanco) utilizados no experimento foi uma maacutequina para preacute-ajustagem de ferramentas marca
ZOLLER com cacircmera integrada conforme figura 214 Esta maacutequina tambeacutem possui alguns
benefiacutecios como sistema de fixaccedilatildeo SHRINK (fixaccedilatildeo de ferramenta por contraccedilatildeo teacutermica) e um
50
software de programaccedilatildeo com o procedimento de mediccedilatildeo de cada ferramenta reduzindo a
influecircncia do operador
Figura 214 ndash Maacutequina de preacute-ajustagem de ferramentas ZOLLER
Ao fim dos ensaios os desgastes das ferramentas foram analisados em um Microacutescoacutepio
Eletrocircnico de Varredura (MEV) contendo sonda para realizaccedilatildeo de testes de EDS(Sistema de
Energia Dispersiva) Este equipamento tem marca FEI modelo Quanta 450 conforme figura 215
Ele eacute capaz de produzir imagens de alta ampliaccedilatildeo
Figura 215 ndash Equipamento para mediccedilatildeo do MEV e o EDS ndash Anaacutelise da micrografia dos
insertos
51
27 Processo de Usinagem
Uma barra de mandrilar com 600mm de comprimento devido agrave sua rigidez pelo curto
comprimento mandrila o primeiro mancal em desbaste para obtenccedilatildeo do Oslash1105mm e acabamento
Oslash111mm simultaneamente No teacutermino da usinagem do primeiro mancal a mesa (palete) gira 180deg
para que a usinagem do seacutetimo mancal (uacuteltimo) seja realizada A funccedilatildeo desta primeira ferramenta eacute
fornecer guia (mancal usinado) para a barra de mandrilar longa com comprimento de 600mm
conforme figura 216 utilizada nos experimentos deste trabalho para usinar do segundo ao sexto
mancal
A barra de mandrilar longa utiliza o primeiro mancal como guia e usina o segundo mancal
conforme demonstrado na figura 216 Apoacutes o segundo mancal acabado a ferramenta avanccedila e
utiliza o segundo mancal como guia para usinar o terceiro mancal e assim sucessivamente ateacute usinar
o quarto mancal Para usinar o quinto e o sexto mancal a mesa da maacutequina gira a 180deg e a
ferramenta utiliza o seacutetimo mancal como guia para usinar o sexto mancal e logo na sequumlecircncia
utiliza o sexto mancal como guia para usinar o quinto mancal
A ferramenta utilizada nos experimentos usina um total de cinco mancais por bloco
Figura 216 ndash Comprimento da ferramenta utilizada para o processo de mandrilamento
28 Procedimento experimental
Primeiramente foi determinado que um ensaio terminaria apoacutes 40 peccedilas usinadas Este nuacutemero
foi determinado para que o desgaste frontal da ferramenta tivesse aproximadamente de 04mm
(mediccedilatildeo VB) ao fim do ensaio Como o laboratoacuterio utilizado no experimento foi uma linha de
produccedilatildeo impossibilitando a mediccedilatildeo do desgaste dos insertos ateacute atingir exatos 04mm foi
definido medir a aresta de 10 em 10 peccedilas ateacute atingir as 40 peccedilas Poreacutem houve exceccedilotildees como
- Ensaios em que o desgaste VB atingiu valores elevados muito antes das 40 peccedilas
600mm
52
- Ensaios em que a potecircncia de seguranccedila do fuso da maacutequina foi acionada antes das 40 peccedilas
A velocidade de corte foi a variaacutevel utilizada para iniciar os ensaios em insertos de metal duro
fixando o avanccedilo por dente e a quantidade de insertos montados conforme tabela 26
Tabela 26 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da primeira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 140mmin 022mm 6 532mmmin
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
A maacutexima velocidade de corte de 155mmin foi determinada devido agrave caracteriacutestica de
seguranccedila que a maacutequina oferece para natildeo danificar o equipamento Como a barra de mandrilar eacute
longa e robusta qualquer quebra ou outro tipo de avaria pode danificar o fuso da maacutequina Mais
caro que o fuso eacute o alto tempo de reparo que um equipamento deste porte pode sofrer Para
seguranccedila haacute um limite de potecircncia consumida do fuso em que o equipamento interrompe a rotaccedilatildeo
para evitar maiores avarias Como a folga entre as guias de metal duro da barra de mandrilar e o
guia dos mancais podem variar entre 0005mm e 0015mm o aumento da rotaccedilatildeo aumenta a forccedila
centriacutepeta e o oacuteleo natildeo suporta reduzir o atrito aumentando a potecircncia consumida do fuso e
limitando a velocidade de corte para maacuteximo de 155mmin
A velocidade miacutenima de corte de 110mmin utilizada foi a jaacute definida no processo antes de
realizaccedilatildeo deste trabalho e a velocidade de corte intermediaacuteria foi a definida pela velocidade de
corte mais proacutexima da meacutedia entre a velocidade maacutexima de 155mmin e a velocidade miacutenima de
110mmin
Continuando na estrateacutegia dos experimentos utilizou-se a maior velocidade de corte permitida
pela maacutequina para os experimentos com ceracircmica o qual precisa de maiores velocidades em
comparaccedilatildeo com o metal duro Para comparar rendimento utilizou as mesmas condiccedilotildees para o
experimento com inserto de metal duro A uacutenica variaccedilatildeo foi o material da ferramenta conforme
mostrado na tabela 27
53
Tabela 27 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da segunda fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
facas
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 6 590mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 6 590mmmin
Como o experimento com ceracircmica natildeo foi possiacutevel devido agrave alta potecircncia consumida do fuso
e a ocorrecircncia de avaria de quebra prematura a terceira fase de testes foi a reduccedilatildeo do nuacutemero de
insertos montados na ferramenta conforme demonstrado na tabela 28
Tabela 28 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da terceira fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 155mmin 022mm 3 295mmmin
Ceracircmica 155mmin 022mm 3 295mmmin
Na sequumlecircncia dos experimentos fixou-se a menor velocidade de corte utilizada nos
experimentos e o uso apenas de insertos de metal duro ateacute entatildeo a melhor condiccedilatildeo de corte
experimentada variando somente o avanccedilo por dente conforme demonstra a tabela 29
Tabela 29 ndash Informaccedilatildeo de dados de corte para realizaccedilatildeo da quarta fase de testes
Material Velocidade de
Corte
Avanccedilo por
dente
Nuacutemero de
dentes
Velocidade de
Avanccedilo
Metal Duro 110mmin 022mm 6 418mmmin
Metal Duro 110mmin 030mm 6 572mmmin
Metal Duro 110mmin 034mm 6 648mmmin
O maior avanccedilo por dente utilizado nos experimentos foi definido pela seguranccedila da maacutequina
no controle de potecircncia maacutexima utilizada ou seja a utilizaccedilatildeo do avanccedilo por dente de 034mm se
posicionava no limite de potecircncia da maacutequina
Todos os experimentos foram realizados reacuteplicas exceto os experimentos com variaccedilatildeo da
velocidade de corte que foi necessaacuterio realizar uma treacuteplica
54
3 RESULTADOS e DISCUSSAtildeO
Este capiacutetulo descreveraacute os resultados dos experimentos As variaacuteveis analisadas satildeo a
evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos em funccedilatildeo da quantidade de peccedilas usinadas o tempo de
usinagem a quantidade de dentes da ferramenta em contato com a peccedila potecircncia consumida do fuso
e volume de cavaco removido
31 Cavaco
A usinagem do ferro fundido cinzento gera cavaco de ruptura na regiatildeo de cisalhamento
(Ferraresi 1970) O cavaco retirado do bloco do motor em ferro fundido vermicular utilizado nos
experimentos tambeacutem pode ser classificado como de ruptura mas eacute um pouco maior que o tiacutepico
gerado na usinagem do ferro fundido cinzento conforme mostra a figura 31
Como a deformaccedilatildeo do cavaco no momento do corte natildeo eacute homogecircnea por causa da
concentraccedilatildeo de tensatildeo ou pontos de baixa resistecircncia na parte traseira do cavaco (Diniz et al
2008) a parte de traz do cavaco eacute bem rugosa mesmo para um cavaco de ruptura conforme
demonstrado na figura 32
Figura 31 ndash Cavaco de ruptura de CGI
Figura 32 - Face rugosa do cavaco de CGI
55
32 Desgaste dos insertos ( velocidade de corte como variaacutevel )
Na primeira fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
arestas) e o avanccedilo por dente foram fixados tendo como variaacutevel a velocidade de corte
Na velocidade de corte de 155mmin 30 peccedilas foram usinadas ateacute o desgaste de flanco do
inserto ultrapassar os 04mm (VB) conforme mostrado na figura 33
vc110
mmin
vc140
mmin
vc155
mmin
10 peccedilas 20 peccedilas 30 peccedilas
Figura 33 ndash Fotos do desgaste das arestas dos insertos em diferentes velocidades de corte
Para as velocidades de corte de 110mmin e 140mmin foi possiacutevel mandrilar ateacute 40 peccedilas
conforme demonstrado na figura 34 O desgaste dos diversos insertos de uma mesma eram muito
proacuteximos mas foi decidido fazer as mediccedilotildees de insertos montados sempre na mesma posiccedilatildeo da
ferramenta Pode-se verificar que o inserto utilizado no experimento com maior velocidade de corte
resultou em um maior desgaste frontal (ainda figura 33) devido ao acreacutescimo de calor gerado no
processo concordando com a literatura (Diniz et al 2008)
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
56
Figura 34 ndash Fotos do desgaste frontal dos insertos com 40 blocos do motor usinado
Como jaacute descrito anteriormente a maior velocidade de corte resulta em uma maior taxa de
desgaste frontal dos insertos Como mostra a figura 35 a influecircncia da velocidade de corte na taxa
de desgaste ficou clara somente a partir de 20 peccedilas usinadas ou seja o comportamento do desgaste
das arestas dos insertos foram muito semelhantes diferenciando em poucos centeacutesimos na usinagem
de ateacute 20 peccedilas O valor do desgaste foi 51 menor na velocidade de corte de 110mmin quando
comparado com a velocidade de corte de 140mmin apoacutes 40 peccedilas usinadas Analisando uma
diferenccedila ainda maior de velocidade de corte como por exemplo velocidade de corte de 110mmin
e 155mmin e fixando 30 peccedilas para comparaccedilatildeo jaacute que o experimento com a velocidade de corte
de 155mmin natildeo atingiu 40 peccedilas a diferenccedila foi de 60 Em outras palavras o valor do desgaste
VB apoacutes 30 peccedilas usinadas era 60 maior na ferramenta utilizada com 155 mmin que o desgaste da
ferramenta que usinou com 110 mmin
04mm
A B
04mm
Vc110mmin Vc140mmin
57
Figura 35 ndash Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de MD ndash 6 insertos
Comparando o graacutefico de desgaste dos insertos com o graacutefico de potecircncia consumida do fuso
(figura 36) vecirc-se que conforme esperado agrave medida em que aumenta o desgaste da ferramenta
aumenta o atrito na interface ferramentapeccedila e consequumlentemente aumenta a potecircncia consumida
do fuso Na usinagem com ferramenta nova (peccedila 1 na figura 36) a potecircncia consumida com vc =
140 mmin foi cerca de 22 maior que quando se usinou com vc = 110 mmin (aumento de 27 no
valor da velocidade) enquanto a potecircncia consumida com velocidade de corte de 155mmin foi 9
maior que quando se usinou com vc = 140 mmin (aumento de 11 no valor da velocidade de corte)
Pode-se verificar que o aumento da potecircncia consumida foi pouco menor que o aumento da proacutepria
velocidade de corte Diniz et all (2008) afirmam que a potecircncia de corte pode ser dada pela equaccedilatildeo
31 Como nem profundidade de usinagem nem avanccedilo foram alterados nestes ensaios este
resultado significa que o aumento da velocidade de corte proporcionou uma pequena reduccedilatildeo no
valor da pressatildeo de corte o que concorda com o que foi tambeacutem afirmado por estes autores
cc vfapKsvFcPc (31)
Onde
Pc = potecircncia de corte
Fc = forccedila de corte
0
01
02
03
04
05
06
07
08
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Velocidade de corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
58
Ks = pressatildeo especiacutefica de corte
Figura 36 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Variaacutevel Velocidade de Corte
33 Desgaste dos insertos (comparaccedilatildeo de metal duro com ceracircmica para
ferramentas com 3 e 6 insertos)
Na segunda fase dos experimentos devido agrave utilizaccedilatildeo de insertos de ceracircmica foi utilizada a
velocidade de corte de 155mmin que eacute a maacutexima permitida pela maacutequina Como a intenccedilatildeo eacute
comparar o desempenho dos materiais dos insertos foi fixada a velocidade de corte de 155mmin o
avanccedilo por dente de 022mmin e inicialmente seis arestas na ferramenta tendo como variaacutevel o
material de ceracircmica e metal duro
Poreacutem natildeo foi possiacutevel realizar o experimento em questatildeo O ensaio teve que ser interrompido
porque todos os insertos se quebraram antes da ferramenta completar 10 peccedilas usinadas O desgaste
prematuro das arestas de corte do inserto de ceracircmica e o aumento da pressatildeo de corte devido ao
aumento na quantidade de arestas aumentaram bastante a tendecircncia agrave quebra dos insertos
Como natildeo foi possiacutevel a comparaccedilatildeo dos insertos de ceracircmica com insertos de metal duro
nestas condiccedilotildees decidiu-se realizar esta fase dos experimentos mantendo a velocidade de corte de
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Variaacutevel - Velocidade de Corte
Vc 110mmin
Vc 140mmin
Vc 155mmin
59
155mmin e o avanccedilo por dente de 022mmin mas reduzndo o nuacutemero de arestas da ferramenta
para trecircs Realizou-se estes testes com ferramenta de metal duro e ferramenta ceracircmica
Pode-se verificar que para mandrilamento em desbaste de peccedilas em material de ferro fundido
vermicular insertos de ceracircmica a base de nitreto de siliacutecio natildeo se mostraram adequados ou seja haacute
um desgaste excessivo da aresta de corte conforme mostra a figura 37 Vecirc-se nesta figura que com
apenas 10 peccedilas usinadas o desgaste dos insertos ultrapassava 10mm de VB O inserto de metal duro
para esta mesma quantidade de peccedilas (10 peccedilas) apresentava desgaste de somente 022 mm
conforme demonstrado na figura 38
Figura 37 ndash Aresta do inserto de ceracircmica
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 1243mm
Figura 38 ndash Aresta do inserto de metal duro
desgastada apoacutes 10 peccedilas usinadas ndash VB 022mm
A figura 39 mostra que inicialmente a potecircncia consumida pela maacutequina quando se utilizou
ferramenta ceracircmica era bem proacutexima daquela consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro Como pode ser visto nas figuras 27 e 28 e na tabela 23 as ferramentas utilizadas tecircm
geometrias idecircnticas Entatildeo este resultado mostra que o suposto menor coeficiente de atrito da
camada de TiAlN que recobre a ferramenta de metal duro natildeo teve influecircncia na diminuiccedilatildeo dos
esforccedilos de corte Poreacutem em poucas peccedilas usinadas devido ao excessivo desgaste das arestas de
corte haacute um aumento progressivo na potecircncia consumida do fuso para o experimento com ceracircmica
Apoacutes 10 peccedilas usinadas enquanto a potecircncia consumida quando se utilizou ferramenta de metal
duro aumentou 8 em relaccedilatildeo agrave potecircncia consumida na usinagem da primeira peccedila a potecircncia
quando se usou ferramenta ceracircmica aumentou em cerca de 41
04mm 04mm
60
Figura 39 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso ndash Metal Duro x Ceracircmica
Como a comparaccedilatildeo entre insertos de metal duro e insertos de ceracircmica foi extremamente
favoraacutevel ao experimento de metal duro decidiu-se comparar a quantidade de insertos em uso na
ferramenta Assim os experimentos foram realizados com ferramenta de metal duro com trecircs
insertos e seis insertos fixando a velocidade de corte de 155mmin e o avanccedilo por dente de 023mm
Fotos das regiotildees desgastadas destas ferramentas estatildeo mostradas na figura 38
Trecircs(3)
insertos
Seis(6)
insertos
10 peccedilas 20 peccedilas
10
11
12
13
14
15
16
17
1 10 20
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Metal Duro x Ceracircmica
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Metal Duro Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - Ceracircmica
04mm 04mm
04mm 04mm
61
Figura 310 - Fotos do desgaste das arestas dos insertos variando o nuacutemero de dentes
Verifica-se que o experimento com maior quantidade de insertos (6 insertos) em uso obteve
uma superioridade de 66 de vida com relaccedilatildeo ao experimento de menor quantidade de insertos (3
insertos) confirmando a literatura (REUTER et al1999) quando atingido a quantidade de 20 peccedilas
que foi o limitante para o experimento com trecircs insertos conforme mostra figura 311
Figura 311 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro ndash 3 insertos x 6
insertos
O aumento do nuacutemero de dentes aumenta o volume de cavaco removido por minuto sem
aumentar a carga realizada sobre cada aresta Portanto este aumento deve ser incentivado desde que
haja espaccedilo suficiente entre dentes para armazenar o cavaco e desde que a maacutequina tenha potecircncia e
rigidez para suportar este maior volume de cavaco removido A figura 312 abaixo mostra a maior
potecircncia consumida para o experimento utilizando seis insertos como variaacutevel mas ainda dentro do
permitido pela maacutequina Veja que com 100 no aumento da velocidade de avanccedilo devido ao dobro
da quantidade de dentes em uso a potecircncia consumida do fuso iniciou com uma diferenccedila de 73
ou seja confirma-se que a potecircncia de corte aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo porque o Ks
reduziu devido a maior velocidade de avanccedilo Se o Ks natildeo reduzisse com o aumento do avanccedilo a
diferenccedila da potecircncia consumida do fuso seria de 100
0
02
04
06
08
10 20 30
Des
gast
e V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas - Vb(mm) 3 insertos x 6 insertos
Vc 155mmin - MD fz 022 (3 INSERTOS)
Vc 155mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
62
Figura 312 ndash Graacutefico da potecircncia consumida do fuso e a variaacutevel quantidade de dentes
34 Desgaste dos insertos (velocidade de corte 110mmin e avanccedilo por faca como
variaacutevel)
Na quarta fase dos experimentos a quantidade de insertos montados na ferramenta (seis
facas) a melhor velocidade de corte (vc 110mmin) encontrada nos primeiros experimentos e o
material da ferramenta (Metal Duro) foram fixados tendo como variaacutevel o avanccedilo por dente
Pode-se verificar que para velocidade de corte de 110mmin independente da variaacutevel avanccedilo
por dente a variaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do desgaste das arestas de corte foi muito pequena conforme
demonstrado nas figuras 313 e 314 O aumento do avanccedilo aumenta o volume de cavaco removido
por minuto e com isto aumenta o calor gerado Por outro lado o crescimento do avanccedilo faz com
que o contato do cavaco com a ferramenta se decirc em uma maior porccedilatildeo da superfiacutecie de saiacuteda Como
tem-se maior calor gerado mas com maior aacuterea da ferramenta para receber este calor a temperatura
da ferramenta natildeo se altera muito e por isso a influecircncia do avanccedilo no desgaste da ferramenta
quando existe eacute pequena (Diniz et al 2008)
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 10 20 30
Po
tecircn
cia
con
sum
ida(
Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso Nuacutemero de insertos como variaacutevel
Vc 155mmin (6 ins) fz 022 - MD
Vc 155mmin (3 ins) fz 022 - MD
63
fz
022mm
fz
030mm
fz
034mm
20 peccedilas 30 peccedilas 40 peccedilas
Figura 313 ndash Fotos do desgaste dos insertos em diferentes avanccedilos
Este resultado eacute bastante importante para um processo de desbaste como o analisado neste
trabalho O aumento do avanccedilo por dente faz com que o tempo de corte de uma peccedila seja reduzido
Como isto natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta tem-se com certeza um processo mais
produtivo (se a vida da ferramenta tivesse diminuiacutedo seria necessaacuterio cotejar a diminuiccedilatildeo do tempo
de corte contra o aumento de tempo de maacutequina parada para troca de ferramenta para afirmar que o
processo foi mais produtivo) com mesmo custo de ferramentas e menor custo de utilizaccedilatildeo da
maacutequina Haacute que se perguntar qual eacute o limite para o aumento do avanccedilo por dente Com certeza agrave
medida que se aumenta este valor para mesmo raio de ponta da ferramenta cresce o risco de quebra
da mesma A utilizaccedilatildeo de avanccedilos ainda maiores que os aqui utilizados eacute uma sugestatildeo para um
trabalho futuro
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
04mm 04mm 04mm
64
Figura 314 - Graacutefico da evoluccedilatildeo do desgaste dos insertos de metal duro com o avanccedilo por
dente como variaacutevel
A figura 315 mostra os resultados de potecircncia consumida versus nuacutemero de peccedilas usinadas
para os ensaios em que se teve variaccedilatildeo do avanccedilo por dente Nela percebe-se que haacute um aumento
na potecircncia consumida agrave medida que se aumenta o avanccedilo por dente Levando-se em consideraccedilatildeo a
potecircncia consumida na usinagem da 1ordf peccedila (ferramenta ainda sem desgaste) houve um aumento de
21 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 022mm para 030mm (36 de aumento
do avanccedilo) e um aumento de 9 da potecircncia quando se alterou o avanccedilo por dente de 030mm para
034mm (13 de aumento do avanccedilo) Isto estaacute em acordo com a literatura (Diniz Marcondes e
Coppini2008) que afirma que a Potecircncia de Corte (Pc) aumenta mas natildeo na mesma proporccedilatildeo da
avanccedilo (f) porque a Pressatildeo Especiacutefica de Corte (Ks) cai com o aumento de f Isto eacute possiacutevel
porque a contribuiccedilatildeo dada pelo fluxo lateral de cavaco (parte do volume de material deformado da
peccedila natildeo se transforma em cavaco mas sim escorrega entre a peccedila e a superfiacutecie de folga da
ferramenta) fica percentualmente menos importante quando se aumenta o avanccedilo
Outro ponto importante a ser destacado nesta figura eacute que a contribuiccedilatildeo do desgaste para o
crescimento da potecircncia consumida eacute significativa Quando se utilizou fz = 030 mm o crescimento
da potecircncia entre a 1ordf peccedila usinada e a 40ordf peccedila foi de 76 enquanto quando se usou fz = 022 mm
este crescimento foi de 20 (maior crescimento percentual dentre as 3 curvas) Esta diferenccedila de
0
01
02
03
04
10 20 30 40
De
sgas
te V
b (
mm
)
Quantidade de PECcedilAS
Evoluccedilatildeo do desgaste das pastilhas de metal duro com 6 insertos Variaacutevel - Avanccedilo por dente
Vc 110mmin - MD fz 022 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 030 (6 INSERTOS)
Vc 110mmin - MD fz 034 (6 INSERTOS)
65
variaccedilatildeo percentual da potecircncia consumida entre a 1ordf e a 40ordf peccedila deve-se provavelmente ao da
potecircncia ao longo da vida da ferramenta natildeo eacute tatildeo intenso
Figura 315 - Graacutefico do consumo de potecircncia do fuso da maacutequina usando a velocidade de
avanccedilo como variaacutevel
35 Anaacutelise dos mecanismos de desgaste
Os insertos utilizados nos experimentos foram submetidos agrave anaacutelise por um microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (MEV) com sistema de energia dispersiva (EDS) Este procedimento
objetivou a anaacutelise do mecanismo de desgaste das arestas de corte
Foram analisadas as arestas dos insertos de metal duro em fim de vida utilizados nos
ensaios em que se variou a velocidade de corte e a quantidade de insertos Os insertos com a
variaccedilatildeo do avanccedilo por dente foram submetidos ao MEV e ao EDS a cada 10 peccedilas mandriladas ateacute
completar o fim de vida Com relaccedilatildeo aos ensaios com ferramenta de ceracircmica somente as arestas
utilizadas no experimento com trecircs insertos puderam ser analisadas porque no experimento
utilizando seis insertos de ceracircmicas os mesmos quebraram no momento do experimento
impossibilitando a anaacutelise
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1 10 20 30 40
Po
tecircn
cia
con
sum
ida
(Kw
)
Qtdade Bloco do Motor
Graacutefico de Potecircncia Consumida do Fuso
Vc 110mmin fz 022mm
Vc 110mmin fz 030mm
Vc 110mmin fz 034mm
66
Os insertos usados nos experimentos foram limpos por ataque da soluccedilatildeo de 10 gramas de
ferrocianeto de potaacutessio [ K4 [ Fe(CN)6]] 10 gramas de hidroacutexido de potaacutessio (KHO) e 100
mililitro de aacutegua destilada imerso de 4 agrave 6 antes de serem colocados no microscoacutepio
A figura 316 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro
Figura 316 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
Nesta figura natildeo se vecirc riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte que se ocorressem indicariam
desgaste de origem abrasiva Fez-se anaacutelise de EDS nos 3 pontos mostrados na figura e o resultado
destas anaacutelises estatildeo mostrados na figura 317 O ponto 2 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
predominacircncia de titacircnio e alumiacutenio pois ali a cobertura da ferramenta estaacute intacta (a cobertura eacute de
TiAlN) Nos pontos 1 e 3 que estatildeo mais proacuteximos da aresta de corte encontra-se uma alta
quantidade de ferro e manganecircs mostrando que houve adesatildeo de material da peccedila na regiatildeo
desgastada da superfiacutecie de folga
67
Figura 317 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 110mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 318 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 140 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Os pontos 1 2
e 3 mostrados na figura estatildeo fora da regiatildeo desgastada e a anaacutelise EDS neles (figura 319) indicou a
presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta como era de se esperar O ponto 3 aleacutem da
presenccedila de elementos da ferramenta mostrou tambeacutem a presenccedila de elementos do fluido de corte
68
como foacutesforo e pequena quantidade de material da peccedila provavelmente devido ao contato com o
material do cavaco retirado da peccedila
Figura 318 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc140mmin ndash fz022mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
No ponto 4 verifica-se a presenccedila de elementos como ferro manganecircs e siliacutecio que satildeo
materiais presentes exclusivamente na peccedila usinada e no cavaco mostrando de novo que houve
adesatildeo de material da peccedilacavaco na regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga
69
Figura 319 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 140mmin avanccedilo por dente de 022mm e 6 insertos em uso
A figura 320 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 6 insertos
e ferramenta de metal duro De novo natildeo se vecirc riscos abrasivos na regiatildeo desgastada Nesta figura
pode-se tambeacutem ver que o desgaste e a velocidade de ocorrecircncia do desgaste foram tais que a
ferramenta chegou a lascar
70
Figura 320 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Metal Duro) em fim de vida da ferramenta
A figura 321 mostra os resultados da anaacutelise EDS O ponto 4 que estaacute fora da regiatildeo
desgastada (ver figura 320) mostra somente a presenccedila de elementos da cobertura da ferramenta Os
pontos 2 e 3 mostram a forte presenccedila de material da peccedilacavaco aderidos agrave superfiacutecie desgastada
O ponto 1 que estaacute na vizinhanccedila da regiatildeo lascada mostra principalmente a presenccedila de elementos
do substrato da ferramenta como tungstecircnio e cobalto mostrando que ali toda a camada de
cobertura jaacute havia sido removida
71
Figura 321 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de metal duro a uma velocidade
de corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
Depois da anaacutelise do desgaste destas 3 ferramentas pode-se concluir que ele ocorreu
principalmente devido ao mecanismo de adesatildeo e arranque de partiacuteculas da ferramenta (attrition) A
pressatildeo de corte foi tal que permitiu que durante a formaccedilatildeo do cavaco parte do material da
peccedilacavaco extrudasse entre ferramenta e peccedila (talvez auxiliado por algum desgaste inicial gerado
por um outro mecanismo) e aderisse agrave superfiacutecie de folga da ferramenta Esta camada aderida era
arrancada pelo atrito entre ferramenta e peccedila levando consigo partiacuteculas da cobertura e do substrato
da ferramenta Ao arrastar partiacuteculas da ferramenta o desgaste era mais ainda incentivado jaacute que
72
estas partiacuteculas bastante duras atritavam com a proacutepria ferramenta Pode-se concluir que o
mecanismo principal de desgaste foi este devido agrave presenccedila de camada do material da peccedilacavaco
aderida em todas as regiotildees desgastadas como tambeacutem pela regiatildeo do substrato exposta na figura
320 Conseguiu-se tirar uma foto da ferramenta no momento que naquela regiatildeo (ponto 1 da figura
320) a camada aderida havia sido removida e ainda natildeo tinha sido substituiacuteda por outra camada
deixando o substrato exposto Eacute loacutegico que na continuidade deste processo de desgaste
principalmente quando a taxa desgaste eacute alta devido agrave alta velocidade de corte (como ocorreu
quando se utilizou vc = 155 mmin) o risco de lascamento da ferramenta (remoccedilatildeo de macro-
partiacuteculas e natildeo de micro-partiacuteculas) eacute alto como se viu na ponta da ferramenta mostrada na figura
320
A figura 322 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada nos ensaios realizado nas condiccedilotildees vc = 155 mmin fz = 022 mm 3 insertos
e ferramenta de ceracircmica
Figura 322 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc155mmin ndash fz022mm ndash 3 insertos ndash Ceracircmica) em fim de vida da ferramenta
Haacute quatro pontos indicados conforme demonstrado na figura 322 Nos pontos 1 2 e 3
verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de siliacutecio (figura 323) que existe tanto na peccedila quanto no
inserto Poreacutem como o ponto 3 natildeo tem contato com a peccedila haacute grande probabilidade que o siliacutecio
73
encontrado seja somente do inserto Foi encontrado tambeacutem tacircntalo presente somente ao material
do inserto conforme demonstrado na figura 323 No ponto 4 que se refere exatamente agrave fronteira da
regiatildeo de desgaste (fronteira entre a aacuterea de contato com a peccedila e a aacuterea sem contato) verifica-se a
presenccedila de material como siliacutecio alumiacutenio e cobalto referente ao inserto mas tambeacutem zinco e
zircocircnio que satildeo materiais do oacuteleo refrigerante utilizado no experimento Isto significa que o fluido
de corte chegava bem proacuteximo agrave interface peccedila-ferramenta mas natildeo penetrava nela Assim o fluido
tinha uma accedilatildeo refrigerante bastante eficiente jaacute que atingia regiotildees proacuteximas agrave fonte geradora de
calor mas natildeo tinha accedilatildeo lubrificante pois natildeo penetrava nas interfaces para poder ter accedilatildeo de
reduccedilatildeo do coeficiente de atrito
Figura 323 ndash Elementos quiacutemicos encontrados nos insertos de ceracircmica a uma velocidade de
corte de 155mmin avanccedilo por dente de 022mm e 3 insertos em uso
74
Uma anaacutelise visual da figura 322 mostra uma superfiacutecie lisa e a figura 323 mostra a presenccedila
em pequena quantidade de elementos da peccedila Estes pontos satildeo indicaccedilotildees de que o desgaste
difusivo estiver presente Poreacutem a aparecircncia facetada da regiatildeo de desgaste tambeacutem indica que
houve quebra de partiacuteculas macroscoacutepicas da ferramenta talvez causada pela tensatildeo teacutermica gerada
pela alta refrigeraccedilatildeo realizada pelo fluido de corte
Numa tentativa de se entender o processo de desgaste da ferramenta de metal duro desde o
iniacutecio de sua vida fez-se anaacutelise da superfiacutecie desgastada de uma das ferramentas em vaacuterios
momentos de sua vida A figura 324 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie
de folga de uma das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030
mm 6 insertos e ferramenta de metal duro apoacutes 10 peccedilas usinadas
Figura 324 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 10 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 324 estaacute mostrada na figura 325
Nos pontos 1 e 2 verifica-se a presenccedila de elementos da cobertura (titacircnio e alumiacutenio) como
75
tambeacutem elementos do substrato da ferramenta (W) No ponto 3 que eacute um ponto fora da regiatildeo
desgastada encontra-se alta concentraccedilatildeo de alumiacutenio e titacircnio presentes na cobertura do inserto No
ponto 4 encontra-se ainda bastante material da cobertura da ferramenta Al e Ti Vecirc-se que apoacutes 10
peccedilas usinadas ainda natildeo se iniciou o processo de adesatildeo da material da peccedilacavaco na superfiacutecie
de folga da ferramenta (natildeo se verifica a presenccedila marcante de Fe na regiatildeo de desgaste) adesatildeo
esta bastante presente na ferramenta apoacutes 40 peccedilas usinadas Tambeacutem mesmo na regiatildeo desgastada
ainda se verifica bastante a presenccedila de material da cobertura o que demonstra que o desgaste natildeo
era profundo a ponto de remover esta camada de material
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 325 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm apoacutes 10 peccedilas usinadas
76
A figura 326 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 20 peccedilas usinadas
Figura 326 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 20 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 326 estaacute mostrada na figura 327 No
ponto 1 verifica-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de tungstecircnio referente ao substrato do inserto e
uma pequena concentraccedilatildeo de Fe da peccedila Conclui-se entatildeo que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada a
cobertura jaacute havia sido removida e o processo de adesatildeo de material da peccedilacavaco dava sinais de
sua presenccedila No ponto 2 a presenccedila do Fe proveniente da peccedilacavaco eacute bastante intensa
mostrando que o processo de adesatildeo jaacute havia realmente se iniciado O ponto 3 eacute fora da regiatildeo
desgastada e portanto somente possui elementos da cobertura da ferramenta como alumiacutenio e
titacircnio Algum teor de W aparece porque a anaacutelise EDS eacute capaz de detectar elementos que estaacute a
alguma distacircncia da superfiacutecie analisada Assim o W que estaacute a alguns microns de distacircncia eacute
mostrado na anaacutelise No ponto 4 encontra-se somente alumiacutenio e titacircnio da cobertura mostrando
que nesta porccedilatildeo da regiatildeo desgastada o processo de adesatildeo ainda natildeo havia se iniciado
77
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 327 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 20 peccedilas usinadas
A figura 328 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 30 peccedilas usinadas
78
Figura 328 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 30 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 328 estaacute mostrada na figura 329
Similarmente ao que ocorreu com a ferramenta apoacutes 20 peccedilas usinadas agora com 30 peccedilas
usinadas a regiatildeo desgastada mostra ponto coberto por material da peccedilacavaco (ponto 1) ponto em
que a cobertura havia sido removida e o substrato estaacute exposto (ponto 2) e ponto em que a cobertura
ainda estava intacta (ponto 4) Logicamente o ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada mostra
somente elementos da cobertura e pouco concentraccedilatildeo de elementos do substrato da ferramenta
79
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 329 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 30 peccedilas
A figura 330 mostra foto tirada no MEV da regiatildeo desgastada da superfiacutecie de folga de uma
das pastilhas utilizada no ensaio realizado nas condiccedilotildees vc = 110 mmin fz = 030 mm 6 insertos e
ferramenta de metal duro apoacutes 40 peccedilas usinadas (fim do ensaio)
80
Figura 330 ndash Vista da aresta de corte do inserto
(vc110mmin ndash fz030mm ndash 6 insertos ndash Metal Duro) com 40 peccedilas usinadas
A anaacutelise de EDS dos quatro pontos indicados na figura 330 estaacute mostrada na figura 331
Nos pontos 1 e 2 constata-se a presenccedila de alta concentraccedilatildeo de ferro presente na peccedilacavaco
indicando que o processo de adesatildeo na ferramenta jaacute era bastante acentuado Mesmo assim ainda
havia uma parte da porccedilatildeo desgastada em que o desgaste natildeo havia se aprofundado na ferramenta e
assim a cobertura ainda estava presente (ponto 4 que tem forte concentraccedilatildeo de Ti e Al da
cobertura) No ponto 3 que estaacute fora da regiatildeo desgastada apresenta logicamente somente
elementos da cobertura
81
PONTO 1 PONTO 2
PONTO 3 PONTO 4
Figura 331 ndash Elementos quiacutemicos encontrado no inserto de MD a uma vc110mmin Avanccedilo
por dente de 030mm e 40 peccedilas usinadas
Apoacutes a anaacutelise destas figuras pode-se tentar definir quais foram os mecanismos de desgaste da
ferramenta ao longo de sua vida Com 10 peccedilas usinadas a adesatildeo ainda natildeo estaacute presente Algum
outro mecanismo de desgaste (provavelmente a difusatildeo dada a aparecircncia lisa da regiatildeo desgastada
tiacutepica do desgaste difusivo sem a presenccedila de riscos paralelos agrave direccedilatildeo de corte tiacutepicos da abrasatildeo)
foi o responsaacutevel pela remoccedilatildeo da camada de cobertura (jaacute se vecirc pontos com o substrato exposto na
figura 331) que gerava o aumento do coeficiente de atrito e propiciava a adesatildeo do material da
peccedilacavaco A presenccedila de algum desgaste tambeacutem facilitou a extrusatildeo deste material entre peccedila e
ferramenta para que a adesatildeo fosse possiacutevel A partir disto a adesatildeo comeccedilou a crescer
82
gradualmente Com 20 peccedilas usinadas jaacute se tinha mais presenccedila de Fe oriundo da peccedila na ferramenta
e tambeacutem porccedilotildees com o substrato exposto (W mostrado na anaacutelise EDS) e a partir da peccedila 30 a
adesatildeo estava bastante presente tornando-se o principal mecanismo de desgaste que conduziu a
ferramenta a valores alto de desgaste
36 Anaacutelise do tempo pelo volume de cavaco removido
A figura 332 mostra a vida da ferramenta para cada experimento realizado no qual fica
caracterizado que menores velocidades de corte e material de metal duro satildeo os mais indicados para
o processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco do motor fabricado em ferro
fundido vermicular Vecirc-se nesta figura que o uso de inserto com material de ceracircmica agrave base de
nitreto de siliacutecio natildeo se mostrou adequado para este tipo de operaccedilatildeo Vecirc-se tambeacutem que os avanccedilos
por dente utilizados no experimento mantiveram a mesma vida de ferramenta
Figura 332 ndash Graacutefico da quantidade de peccedilas produzidas por variaacutevel nos experimentos
Para se ter uma ideacuteia de qual foram as melhores condiccedilotildees de usinagem dentre as que foram
testadas neste trabalho e consequumlentemente escolher o conjunto de condiccedilotildees a serem utilizadas no
0
10
20
30
40
50
Vc 110mmin
Fz022mmmin
Vc 110mmin
Fz030mmmin
Vc 110mmin
Fz034mmmin
Vc 140mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
Vc 155mmin
Fz022mmmin
6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 6 insertos MD 3 insertos MD 3 insertos
Ceracircmica
6 insertos
Ceracircmica
40 40 40
30
23
12
4
Quebra
Nuacute
mer
o d
e p
eccedila
s
Vida da ferramenta de metal duro e ceracircmica no processo de mandrilamento em desbaste do Ferro Fundido Vermicular
83
meio produtivo construiu-se a figura 333 Na construccedilatildeo desta figura os experimentos em que se
utilizou ferramentas ceracircmicas natildeo foram levados em consideraccedilatildeo jaacute que o desempenho destas
ferramentas natildeo foi razoaacutevel Os ensaios em que se utilizou avanccedilo por dente de 022 mm e se
variou a velocidade de corte se a maacutequina utilizada nesta operaccedilatildeo natildeo for gargalo (isto eacute o tempo
da operaccedilatildeo natildeo eacute importante) a condiccedilatildeo a ser utilizada eacute aquela com velocidade de corte de
110mmin jaacute que ela propicia economia de ferramenta Se a maacutequina for gargalo haacute que se calcular
a velocidade de maacutexima produccedilatildeo (vcmxp) para este avanccedilo a fim de se escolher a velocidade a ser
utilizada Diniz et al (2008) definem vcmxp de acordo com a equaccedilatildeo 32
x
ft
cmxptx
Kv
1
))1(
(
(32)
Onde K e x satildeo os expoentes da equaccedilatildeo de vida da ferramenta de Taylor (Tvcx=K) tft eacute o
tempo de troca da ferramenta e T eacute a vida da ferramenta em minutos
Figura 333 ndash Graacutefico de tempo de usinagem x volume de cavaco removido
Utilizando-se os dados de vida de ferramenta obtidos nos ensaios com as 3 velocidades de
corte utilizadas neste trabalho tem-se que x e K satildeo respectivamente 26 e 79x106 Com isto
considerando-se um tempo de troca das ferramentas de 2 minutos tem-se que a velocidade de
maacutexima produccedilatildeo eacute 2895 mmin Assim em uma maacutequina gargalo utilizando-se o avanccedilo por dente
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Vc110mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 030mm
Vc110mmin 6 insertos Fz 034mm
Vc140mmin 6 insertos Fz 022mm
Vc155mmin 6 insertos Fz 022mm
Vo
lum
e d
e ca
vaco
(cm
3)
Tem
po
de
usi
nag
em (
min
)
Tempo de usinagem x Volume de cavaco removido Tempo de usinagem
Volume de material removido
84
de 022 mm dentre as velocidades utilizadas nos ensaios seria interessante utilizar-se a velocidade
de 155 mmin jaacute que a usinagem com este valor de vc apesar de consumir mais ferramentas
propicia menor tempo de produccedilatildeo por peccedila (jaacute que ela a maior velocidade dentre as utilizadas que
ainda eacute menor que vcmxp)
Como visto o uso de maiores avanccedilos natildeo gerou diminuiccedilatildeo da vida da ferramenta Assim
como se estaacute em operaccedilatildeo de desbaste (a rugosidade da peccedila natildeo eacute importante) eacute interessante
utilizar-se o maior avanccedilo possiacutevel Dentre os utilizados neste trabalho seria adequado se utilizar fz
= 034 mm pois com ele consegue-se um corte mais raacutepido sem ainda se ter quebra da aresta de
corte Seria importante tambeacutem se obter a velocidade de maacutexima produccedilatildeo com este avanccedilo a fim
de se saber a velocidade a ser utilizada se a maacutequina for gargalo Esta eacute uma outra sugestatildeo para um
futuro trabalho
85
4 CONCLUSOtildeES
Esta dissertaccedilatildeo teve por objetivo analisar as condiccedilotildees de usinagem e encontrar influencias
positiva no processo de mandrilamento em desbaste dos mancais de um bloco de motor fabricado
em ferro fundido vermicular
Por meio dos resultados obtidos nas condiccedilotildees experimentadas pode-se concluir que
Quanto maior a velocidade de corte menor a vida final da ferramenta
A utilizaccedilatildeo de um maior nuacutemero de insertos na ferramenta proporcionou maior vida
tanto em termos de tempo de usinagem quanto em termos de volume de material
removido
Insertos de ceracircmica com nitreto de siliacutecio natildeo satildeo indicados para o mandrilamento em
desbaste do ferro fundido vermicular
A alteraccedilatildeo da velocidade de avanccedilo natildeo influencia na vida da ferramenta
Apoacutes definir a melhor velocidade de corte a velocidade de avanccedilo foi limitada pela
potecircncia consumida do fuso e natildeo pelo desgaste das arestas dos insertos
A melhor condiccedilatildeo de corte foi velocidade de corte de 110mmin avanccedilo por dente de
034mm e seis insertos de metal duro montados simultaneamente
O principal mecanismo de desgaste de flanco das pastilhas de metal duro foi o
ldquoattritionrdquo Poreacutem para que a adesatildeo de material da peccedilacavaco sobre a superfiacutecie de
folga pudesse acontecer foi necessaacuterio que inicialmente algum outro mecanismo
(provavelmente a difusatildeo) gerasse o desgaste da ferramenta
Sugestotildees para proacuteximos trabalhos
As informaccedilotildees descritas prevecircem possibilidades das variaccedilotildees sabendo-se que
86
o laboratoacuterio utilizado neste trabalho natildeo as permitiu
o Utilizaccedilatildeo de maiores velocidades de corte conjuntamente com maiores avanccedilos por
dente
o Utilizaccedilatildeo de outros materiais de ferramentas O CBN seria uma opccedilatildeo a ser testada
o Variaccedilatildeo das alturas das pastilhas tanto na direccedilatildeo axial quanto na direccedilatildeo radial
o Verificar se eacute possiacutevel aumentar ainda mais o nuacutemero de arestas da ferramenta para
propiciar ainda maior produccedilatildeo
87
5 REFEREcircNCIAS
BALDACIM Sandro A Desenvolvimento Processamento e Caracterizaccedilatildeo de
Compoacutesitos Ceracircmicos Si3N4 ndash SiC(w) 2000 170p Tese (Doutorado) Departamento de Pesquisas
Energeacuteticas e Nucleares Universidade Estadual de Satildeo Paulo Satildeo Paulo
BELONI AL Metodologia via redes neurais para estimativa da rugosidade e do
desgaste de ferramentas de corte no processo de fresamento frontal 2001 194p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Uberlacircndia Minas
Gerais
BRAUN Silvana Appel LG Schmal M A poluiccedilatildeo gerada por maacutequinas de combustatildeo
interna movidas a diesel - a questatildeo dos particulados Estrateacutegias atuais para a reduccedilatildeo e
controle das emissotildees e tendecircncias futuras Quiacutemica Nova Vol 27 No 3 472-482 2003
CHIAVERINI Vicente Accedilos e Ferros Fundidos Caracteriacutesticas Gerais Tratamento
Teacutermico Principais Tipos 7deg Ediccedilatildeo ampliada e revisada Associaccedilatildeo Brasileira de Metalurgia e
Materiais 2005
CONSALTER L GUEDES L PUREY J - Usinabilidade de ferros fundidos FMP Guia
de Equipamentos e Insumos 1987
DAWSON S Compacted Graphite Iron Mechanical and Physical Properties for Engine
Design SinterCast - Technical Publication 1999
DAWSON S HOLLINGER I ROBBINS H DAETH J REUTER U SCHULZ H
The effect of metallurgical variables on the machinability of compacted graphite iron SAE
World Congress 2001
DAWSON S Process Control for the Production of Compacted Graphite Iron AFS
Casting Congress 2002
88
DAWSON S SCHROEDER T Practical Applications for Compacted Graphite Iron AFS
Transactions 2004
DAWSON S Compacted Graphite Iron ndash A New Material for Highly Stressed Cylinder
Blocks and Cylinder Heads Internationales Wiener Motorensymposium 2007
DINIZ AE MARCONDES FC COPPININL Tecnologia da Usinagem dos
Materiais 6deg ediccedilatildeo Satildeo Paulo Artiliber Editora 2008 262p
DOREacute C BOEHS L GUESSER L W Avaliaccedilatildeo da Usinabilidade do Ferro Fundido
Vermicular com Diferentes Microestruturas 8th Congresso Iberoamericano de Engenharia
Mecacircnica 2007
FERRARESI Dino Fundamentos da Usinagem dos Metais vol 1 Satildeo Paulo
Editora Edgard Bluumlcher LTDA 1970 754p
FERRER Jorge A G Uma Contribuiccedilatildeo ao Fresamento Frontal de Superfiacutecies
Irregulares de Ferro Fundido Cinzento 2006 228p Tese (Doutorado) Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
FERRER Jorge A G DINIZ A E Otimizaccedilatildeo do fresamento frontal de diversas superfiacutecies
de ferro fundido cinzento Anais do III Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricaccedilatildeo -
COBEF Vol 1 pp1 ndash1 Joinville Santa Catarina 2005
GABALDO Sander Uma Contribuiccedilatildeo a Melhoria do Processo de Fresamento de Ferro
Fundido Vermicular ndash CGI 2009 136p Tese (Mestrado) Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Estadual de Campinas Satildeo Paulo
89
GODINHO AF Anaacutelise do Mandrilamento de cilindros de bloco de motores em Ferro
Fundido Vermicular com diferentes concepccedilotildees de ferramentas 2007 128p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
GUEDES Luiz F M FENGPUCRS Processo de usinagem e conformaccedilatildeo 2006
KASSACK J REUTER U AUDI CGI Production Planning In 5th COMPACTED
GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat Darmstadt 2002
KOPPKA Frank ABELE Eberhard Economical processing of compacted graphite iron 6th
COMPACTED GRAPHITE IRON MACHINING WORKSHOP Technische Universitat
Darmstadt 2003
GUESSER L W SCHROEDER T DAWSON S Production experience with compacted
graphite iron automotive components AFS Transactions 01-071 2001
MACHADO AR ABRAtildeO A M COELHO R T DA SILVA MB Teoria da
Usinagem dos Materiais 1 ed Satildeo Paulo Editora Blucher 2009 384 p
MAKINO Disponiacutevel em ltcompetitiveproductioncom features default aspx articlegt
Acesso em Janeiro de 2011
MAPAL do BRASIL Disponiacutevel em ltMapalcomenproductscatalogues-and-brochuresgt
Acesso em Dezembro de 2010
MARWANGA R O VOIGT R C COHEN P H Influence of Graphite Morphology and
Matrix Structure on Chip Formation During Machining of Gray Irons AFS Transactions
American Foundrysmen Society 1999
90
MOCELLIN Fabiano Desenvolvimento de Tecnologia para Brunimento de Cilindros de
Blocos de Motores em Ferro Fundido Vermicular Tese 2007 264p Departamento de
Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
MOCELLIN Fabiano BOHES Prof Lourival Study of the Machinability of Compacted
Graphite Iron for Drilling Process Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science and
engineering 2004
MOURA Bruna S Transesterificaccedilatildeo Alcalina de Oacuteleos Vegetais para Produccedilatildeo de
Biodiesel Avaliaccedilatildeo Teacutecnica e Econocircmica Dissertaccedilatildeo 2010 166p Departamento de Engenharia
Quiacutemica Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
NICOLELLA Gilberto Marques JF Skorupa L A Sistema de Gestatildeo Ambiental aspectos
teoacutericos e anaacutelise de um conjunto de empresas ISSN 1516-4691 Documento 39 Embrapa Meio
Ambiente 43p Jaguariuacutena SP 2004
REUTER U SCHULZ H Compact and bijou The problems associated with compacted
graphite iron manufacturing can be overcome Engine Technology International 1999
REUTER U SAHM A SCHULZ H CGI production on transfer lines and machining
centers Compacted Graphite Iron Machining Workshop 2000
SAHM A ABELE E SCHULZ H State of the art in CGI machining 5th Compacted
Graphite Iron Machining Workshop 2002
SINTERCAST Compacted Graphite Iron Technical Publication What is CGI Disponiacutevel
emlthttpwwwsintercastcomTecnologygt Acesso em marccedilo de 2010
STEMMER C E Ferramentas de corte I 3 ed Florianoacutepolis Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina 1993 249 p
91
SOUTO Ulisses B Monitoramento do desgaste de ferramenta no processo de
fresamento via emissatildeo acuacutestica Tese 2007 Pag19 Departamento de Engenharia Mecacircnica
Universidade Federal de Uberlacircndia
TRENT E WRIGHT P Metal Cutting 4ordf ed Woburn Editora Butterworth-Heinemann
2000 446p
VASILASH Gary S Automotive Design amp Production Gardner Publication 2006
WALTER AG Cataacutelogo Geral Cataacutelogo Satildeo Paulo 2007
XAVIER Fabio A Aspectos Tecnoloacutegicos do Torneamento do Ferro Fundido
Vermicular com Ferramentas de Metal Duro Ceracircmica e CBN 2003 146p Tese (Mestrado)
Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
XAVIER Fabio A Estudo dos mecanismos de desgaste em ferramentas de nitreto de
siliacutecio aplicadas no torneamento dos ferros fundidos vermicular e cinzento 2009 267p Tese
(Doutorado) Departamento de Engenharia Mecacircnica Universidade Federal de Santa Catarina
YUSSEFIAN NZ MOETAKEF-IMANI B The prediction of cutting force for boring
process International Journal of Machine Tools amp Manufacture 2008