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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ESTUDO DO GRADIENTE DE RESISTÊNCIA EM COMPÓSITO DE MECHA HÍBRIDA VIDRO/KEVLAR APÓS IMPACTO DE BAIXA VELOCIDADE RAYANE DANTAS DA CUNHA NATAL - RN, 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO DO GRADIENTE DE RESISTÊNCIA EM

COMPÓSITO DE MECHA HÍBRIDA VIDRO/KEVLAR

APÓS IMPACTO DE BAIXA VELOCIDADE

RAYANE DANTAS DA CUNHA

NATAL - RN, 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

MECÂNICA

ESTUDO DO GRADIENTE DE RESISTÊNCIA EM

COMPÓSITO DE MECHA HÍBRIDA VIDRO/KEVLAR

APÓS IMPACTO DE BAIXA VELOCIDADE

RAYANE DANTAS DA CUNHA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

(PPGEM) da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como parte dos requisitos

para a obtenção do título de mestre em

engenharia mecânica.

Orientadores: Prof. Dr. Raimundo Carlos Silvério Freire Júnior

Prof. Dr. Wanderley Ferreira de Amorim Júnior

NATAL - RN

2018

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ESTUDO DO GRADIENTE DE RESISTÊNCIA EM

COMPÓSITO DE MECHA HÍBRIDA

VIDRO/KEVLAR APÓS IMPACTO DE BAIXA

VELOCIDADE

RAYANE DANTAS DA CUNHA

Dissertação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Mecânica (PPGEM) da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Raimundo Carlos S. Freire Júnior _______________________

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Orientador

Prof. Dr. Wanderley Ferreira de Amorim Júnior _______________________

Universidade Federal de Campina Grande – Co-orientador

Prof. Dr. Evans Paiva da Costa Ferreira _______________________

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Externo

Drª. Camila Medeiros Dantas de Azevedo _______________________

Avaliador Externo

NATAL, 14 de Agosto de 2018.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Cunha, Rayane Dantas da.

Estudo do gradiente de resistência em compósito de mecha híbrida

vidro/Kevlar após impacto de baixa velocidade / Rayane Dantas da Cunha.

- 2018.

77 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica.

Natal, RN, 2018.

Orientador: Prof. Dr. Raimundo Carlos Silverio Freire Júnior.

Coorientador: Prof. Dr. Wanderley Ferreira de Amorim Júnior.

1. Materiais compósitos - testes - Dissertação. 2. Impacto drop test

- Dissertação. 3. Resistência Residual - Dissertação. 4. Tecido Híbrido

- testes - Dissertação. 5. Vidro-E - Dissertação. 6. Kevlar-49 -

Dissertação. I. Freire Júnior, Raimundo Carlos Silverio. II. Amorim

Júnior, Wanderley Ferreira de.

RN/UF/BCZM CDU 620.1

Elaborado por Kalline Bezerra da Silva - CRB-15/327

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Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais, Maria do Nascimento e Arnóbio

Meira, pela educação, força e exemplo de vida e ao meu irmão, Ricardo Alex,

pelo apoio e conselhos dados.

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Agradecimentos

Este trabalho não poderia ser concluído sem a ajuda de diversas

pessoas as quais presto minha homenagem:

A Deus, pela vida, pela saúde e por me conceder inspiração,

entendimento, força de vontade e oportunidades para eu chegar até aqui.

À minha família, principalmente aos meus pais, Arnóbio Meira da Cunha

e Maria do Nascimento Dantas da Cunha, e ao meu irmão, Ricardo Alex Dantas

da Cunha, por toda base e amor durante minha vida, toda minha admiração e

eterna gratidão.

Ao professor Dr. Raimundo Carlos Silverio Freire Júnior, não só pela

orientação e pelos ensinamentos transmitidos, mas pelo grande apoio, incentivo,

amizade, confiança e paciência. Meus sinceros agradecimentos.

Ao professor Dr. Wanderley Ferreira de Amorim Júnior, pela co-

orientação dessa pesquisa, pelo carinho, ensinamentos e incentivos dados.

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, pela

oportunidade para desenvolvimento deste trabalho.

À Universidade Federal de Campina Grande, em especial aos que fazem

parte do Laboratório de Projetos e Instrumentos (LPI), pela disponibilidade dos

equipamentos e ajuda na realização dos ensaios de impacto, de soma

importância para o desenvolvimento dessa pesquisa pela ajuda

Ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte, em nome da professora

Renata Carla Tavares dos Santos Felipe, pela realização dos ensaios de flexão

de três pontos.

Ao grupo “Bolsistas de Raimundo”, em especial Jayna Dionísio,

Maxdavid Campos e José Neto, pelos ensinamentos transmitidos e

disponibilidade para desenvolver parte desta dissertação.

Aos amigos, em nome de Talita Galvão Targino, pelo apoio e irmandade

durante toda minha trajetória acadêmica, e a todos os outros que contribuíram

de forma direta ou indiretamente para que eu conseguisse concluir esta etapa.

Muito obrigada!

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" Seja você quem for, seja qual for a posição social que você tenha na vida, a

mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita

determinação e sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus,

que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá. ”

Ayrton Senna

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Cunha, R.D. Estudo do Gradiente de Resistência em Compósito de Mecha

Híbrida Vidro/Kevlar Após Impacto de Baixa Velocidade. 2018. 77 p.

Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2018.

Resumo

Os materiais compósitos possuem uma alta eficiência estrutural, mas que é

comprometida quando submetida a cargas de impacto. Dentre os tipos de

impactos, o de baixa velocidade é considerado uma solicitação perigosa, por que

são impactos mais comum de ocorrer e que provocam danos que nem sempre

são visíveis à olho nu, ou que podem ser encobertos por acabamentos

superficiais. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo fazer uma análise

da resistência residual à flexão em três pontos, bem como avaliar a presença do

tipo de tecido de mecha híbrida de um laminado compósito de matriz polimérica

estér vinílica, sujeito a impactos de baixa velocidade (Drop Test). Os testes de

impacto foram realizados utilizando duas energias (61 J e 76 J) até a perfuração

dos corpos de prova. Como resultado verificou-se que o laminado apresentou

boa resistência ao impacto e as propriedades de flexão em três pontos,

resistência e rigidez, foram pouco alteradas depois do impacto. Com o objetivo

de se entender melhor tais comportamentos, estudos comparativos se fazem

necessários. Para tanto, utilizou-se nessa análise um outro laminado compósito

semelhante e existente na literatura. Ao término dos estudos, foi observado que

a utilização do tecido de mecha hibrida, influenciou diretamente nos resultados,

com ganho na resistência ao impacto e redução da área de dano.

Palavras-chave: Impacto drop test, Resistência Residual, Tecido Híbrido, Vidro-

E, Kevlar-49.

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Cunha, R. D. Study of the Resistance Gradient in Hybrid Glass / Kevlar

Mecha After Low Speed Impact. 2018. 77 p. Master’s Dissertation in

Mechanical Engineering - Federal University of Rio Grande do Norte, Natal-RN,

2018.

Abstract

Composite materials are high structural efficiency that are compromised when

suffer impact loads. Among the kind of impacts, the low speed kind is considered

a dangerous effort, because they are more common impacts to occur and cause

damages that are not always checked by naked eyes or that may be hidden by

surface finishes. Therefore, the present study objective was to analyze bending

residual resistance in three-point, as well as to evaluate the presence of the tissue

type of hybrid wick in a composite laminate of ester vinyl polymer matrix,

subjected to low speed impacts (Drop Test). The impact tests were performed

using two energies (61 J and 76 J) until the drilling of the specimens. As a result,

was verified good impact strenght at the laminate and the properties three-point

bending strenght, stiffness and strenght were slightly changed after impact. In

order to better understand these behaviors, comparative studies are necessary.

At this purpose, another similar laminate composite, presented in the literature,

was used at this analysis. Ended the studies, it was seen that the hybrid wick

tissue, straightly influenced the results, with an increase impact strength and

damaged area reduction.

Keywords: Low Velocity Impact, Residual Strength, Hybrid Fabric, E-Glass,

Kevlar-49.

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Lista de Ilustrações

Figura 2.1: Forma de comercialização das fibras de vidro: a) Roving; b) Moída; c) Manta;

d) Tapes; e) Tecido; f) Véu de superfície ...................................................................... 9

Figura 2.2: Principais formas de comercialização das fibras Kevlar: a) Roving; b) Tapes;

c) Tecido ..................................................................................................................... 11

Figura 2.3: Tecido com mecha híbrida - Kevlar e Vidro ............................................... 12

Figura 2.4: Tecido com mechas de fibras diferentes –Vidro e Kevlar .......................... 13

Figura 2.5: Configuração do laminado híbrido - Vidro/Kevlar (interply) ....................... 13

Figura 2.6: Dispositivo de teste de impacto de alta velocidade (pistola de gás) .......... 16

Figura 2.7: Desenho esquemático de um equiamento para ensaios de impacto e

posicionamentos dos corpos de prova para os ensaios Charpy e Izod ....................... 18

Figura 2.8: Dispositivo de teste de impacto drop test ................................................. 19

Figura 2.9: Esquema representativo do ensaio do impacto por drop test .................... 20

Figura 2.10: Modos de dano comumente observados no impacto de queda de peso . 21

Figura 2.11: Micrografia identificando vários mecanismos de danos internos. ............ 22

Figura 2.12: Tipos de danos causados na matriz compósita. ...................................... 23

Figura 2.13: Dano causado por impacto de velocidade intermediária. As setas indicam

em (a) a direção da propagação de fissuras; e (b) a existência das fraturas adesiva e

coesiva ....................................................................................................................... 26

Figura 2.14: Esquema do ensaio de flexão em três pontos ......................................... 27

Figura 2.15: Esquema de representação da distância das amostras em relação à borda

do impactador para análise do ensaio de flexão em três pontos residual.................... 28

Figura 3.1: Metodologia utilizada no trabalho .............................................................. 33

Figura 3.2: Tecido bidirecional de fibra de vidro-E ...................................................... 34

Figura 3.3: Tecido bidirecional de mecha híbrida Vidro/Kevlar .................................... 35

Figura 3.4: Câmara de vácuo ...................................................................................... 37

Figura 3.5: Laminação manual de dois laminados (a) Kevlar/Vidro e (b)Vidro/Vidro ... 37

Figura 3.6: Configuração do compósito ...................................................................... 38

Figura 3.7: Corte dos corpos de prova (a) Maquina de corte à jato d’água TCI Waterjet

SM-A e (b) Realização dos cortes dos corpos de prova .............................................. 38

Figura 3.8: Ferramenta utilizada para o corte dos CPs para o ensaio flexão de três

pontos (a) Serra do tipo Saw-Max SM20-01, (b) Disco Dremel modelo DSM510. ....... 39

Figura 3.9: CPs previamente desenhados .................................................................. 39

Figura 3.10: Representação do corte dos CPs para ensaio de flexão nas amostras

impactadas ................................................................................................................. 40

Figura 3.11: CPs impactados para ensaio de flexão ................................................... 40

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Figura 3.12: Dimensões do corpo de prova de ensaio de densidade volumétrica ....... 41

Figura 3.13: Densímetro digital ................................................................................... 42

Figura 3.14: Máquina de impacto de drop test para materiais compósitos .................. 42

Figura 3.15: Dimensões do corpo de prova de ensaio de impacto .............................. 43

Figura 3.16: Ensaio de flexão em três pontos ............................................................. 44

Figura 3.17: Dimensões do corpo de prova de ensaio de flexão de três pontos.......... 44

Figura 4.1: Curva tensão-deformação de ensaio de flexão em três pontos do laminado

MHVK ......................................................................................................................... 48

Figura 4.2: Sequência do dano com a energia de 61 J no compósito MHVK (a) 1º (b) 2º

(c) 3º e (d) 4º impacto ................................................................................................. 52

Figura 4.3: Danos no MHVK com a energia de impacto 76 J impactado 2 vezes: (a) Face

do impacto; (b) Lado oposto ao impacto ..................................................................... 53

Figura 4.4: Sequência do dano com a energia de 76 J no compósito MHVK (a) 1º e (b)

2º impacto ................................................................................................................... 54

Figura 4.5: Microscopia da fratura dos compósitos MHVK .......................................... 55

Figura 4.6: Microscopia do comportamento das fibras ................................................ 55

Figura 4.7: Microscopia da região do dano ................................................................. 56

Figura 4.8: Curva tensão-deformação do compósito MHKV4x61 ensaiado à flexão após

impacto ....................................................................................................................... 57

Figura 4.9: Tensão última à flexão após impacto conforme a distância da borda do

impactador do compósito MHVK4x61 ......................................................................... 58

Figura 4.10: Módulo de elasticidade à flexão após impacto conforme a distância da

borda do impactador do compósito MHVK4x61 .......................................................... 59

Figura 4.11: Curva tensão-deformação do compósito MHVK2x76 ensaiado à flexão

após impacto .............................................................................................................. 60

Figura 4.12: Tensão última à flexão após impacto conforme a distância da borda do

impactador do compósito MHVK2x76 ......................................................................... 61

Figura 4.13: Módulo de elasticidade à flexão após impacto conforme a distância da

borda do impactador do compósito MHVK2x76 .......................................................... 62

Figura 4.14: Comparativo da tensão última à flexão após impacto entre os compósitos

com diferentes energias de impactos, conforme a distância da borda do impactador . 63

Figura 4.15: Comparativo do módulo de elasticidade à flexão após impacto entre os

compósitos com diferentes energias de impactos, conforme a distância da borda do

impactador .................................................................................................................. 63

Figura 4.16: Curvas da tensão residuais das amostras MHVK4x61 e MHVK2x76 em

função da distância da borda do impactador ............................................................... 65

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Figura 4.17: Curvas do módulo residual das amostras MHVK4x61 e MHVK2x76 em

função da distância da borda do impactador ............................................................... 66

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Lista de Tabelas

Tabela 2.1: Propriedades típicas da resina para a condição pós-curada ...................... 7

Tabela 2.2: Percentual volumétrico de fibras e densidade volumétrica do compósito

CHVK ......................................................................................................................... 29

Tabela 2.3: Comparativo global do compósito CHVK para diferentes energias de

impacto ....................................................................................................................... 29

Tabela 3.1: Dados técnicos do tecido bidirecional de fibra de vidro-E ......................... 35

Tabela 3.2: Dados técnicos do tecido bidirecional de mecha híbrida de fibras de

Vidro/Kevlar ................................................................................................................ 36

Tabela 4.1: Percentual volumétrico de fibras e densidade volumétrica do compósito

MHVK ......................................................................................................................... 47

Tabela 4.2: Propriedades mecânicas de flexão em três pontos do laminado MHKV ... 49

Tabela 4.3: Comparativo global do compósito híbrido MHVK para diferentes energias de

impacto ....................................................................................................................... 50

Tabela 4.4: Propriedades mecânicas de flexão após impacto conforme a distância da

borda do impactador para o compósito MHVK4x61 .................................................... 58

Tabela 4.5: Propriedades mecânicas de flexão após impacto conforme a distância da

borda do impactador para o compósito MHVK2x76 .................................................... 60

Tabela 4.6: Constantes e obtidas para resistência e módulo após impacto ........ 64

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1. Objetivo Geral ............................................................................................... 2

1.1.1. Objetivos Específicos ........................................................................... 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 4

2.1. Materiais Compósitos ................................................................................... 4

2.2. Matérias-Primas Utilizadas nos Materiais Compósitos .................................. 5

2.2.1. Matriz ................................................................................................... 5

2.2.2. Reforço Fibrosos ................................................................................. 7

2.3. Materiais Compósitos Híbridos ................................................................... 11

2.4. Caracterização Mecânica ............................................................................ 14

2.4.1. Ensaio de Impacto no Material Compósito ......................................... 14

2.5. Tipos de Ensaio de Impacto em Materiais Compósitos ............................... 15

2.5.1. Impacto de Alta Velocidade (Balística) ............................................... 15

2.5.2. Impacto de Média Velocidade ............................................................ 16

2.5.3. Impacto de Baixa Velocidade ............................................................. 17

2.6. Mecanismos de Danos Devido ao Impacto ................................................. 20

2.6.1. Fissura/Trinca na Matriz .................................................................... 22

2.6.2. Delaminação ...................................................................................... 23

2.6.3. Ruptura da Fibra ................................................................................ 24

2.6.4. Perfuração ......................................................................................... 24

2.7. Análise microscópica .................................................................................. 25

2.8. Resistência Residual Após Impacto ............................................................ 26

2.8.1. Análise de Gradiente da Resistência ao Longo da Amostra de Impacto

Através do Ensaio de Flexão de Três Pontos ................................................ 27

2.8.2. Estudo em Compósito Híbrido Vidro/Kevlar ....................................... 29

3. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 33

3.1. Materiais Utilizados no Laminado Compósito .............................................. 33

3.1.1. Matriz Polimérica ............................................................................... 33

3.1.2. Reforço .............................................................................................. 34

3.2. Fabricação e Configuração do Laminado .................................................... 36

3.3. Corte dos Corpos de Prova ......................................................................... 38

3.4. Percentual de fibra e percentuais volumétrico das fibras ............................ 40

3.5. Ensaios ....................................................................................................... 41

3.5.1. Densidade Volumétrica ....................................................................... 41

3.6.2. Ensaio de Impacto ............................................................................. 42

3.6.3. Ensaio de Flexão ................................................................................. 43

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 47

4.1. Ensaio de Densidade e Percentuais Volumétrico das Fibras ...................... 47

4.2. Ensaio de Flexão em Três Pontos .............................................................. 48

4.3. Ensaio de Impacto por Queda de Peso (Drop test) ..................................... 49

4.3.1. Mecanismo de Dano Causado no Laminado ..................................... 49

4.3.2. Análise Microscópica da Fratura ........................................................ 54

4.4. Ensaio de Flexão em Três Pontos Após Impacto ........................................ 56

4.4.1. Compósito MHVK Submetido à Quatro Golpes com 61 J de Energia de

Impacto. ........................................................................................................ 57

4.4.2. Compósito MHVK Submetido à Dois Impactos com 76 J de Energia de

Impacto ......................................................................................................... 59

4.4.3. Comparativo entre Compósito MHVK4x61 e MHVK2x76 ................... 62

4.5. Modelando o Comportamento da Resistência e Módulo Residual das

Amostras Impactadas ........................................................................................ 64

5. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 69

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 70

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Capítulo 1

Introdução e Objetivos

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1

Rayane Dantas da Cunha

1. INTRODUÇÃO

Os materiais compósitos são cada vez mais utilizados nas indústrias

aeroespacial, militar, engenharia civil e automobilística, devido ao seu peso leve,

alta resistência e rigidez específicas, boa resistência à corrosão e à fadiga (Dong

et al., 2016), apesar de ter essas vantagens, os compósitos são mais vulneráveis

a danos por impacto do que estruturas metálicas similares (SAFRI et al., 2017).

O impacto a baixa velocidade é considerado uma solicitação de risco,

em que os danos nem sempre são visíveis à olho nu, ou que podem ser

encobertos por acabamentos superficiais, como por exemplo, a pintura. Além de

serem solicitações mais comuns de ocorrerem, levando-se em consideração por

exemplo, por uma batida acidental de uma ferramenta durante operações de

manutenção de uma estrutura.

Os tipos de danos que podem ser causados por impacto nos materiais

compósitos são delaminação, trincas na matriz, quebra das fibras e perfuração.

Todos esses danos levam a uma diminuição na resistência e rigidez do material

e isso pode causar uma falha catastrófica no compósito (Abrate, 2005; Bandaru,

2016). Pensando desse modo, existem diversos estudos (Santos, 2018,

Azevedo, 2017, Swolfs et al., 2017; Bulut et al., 2016) com o intuito de melhorar

a resistência ao impacto e a capacidade de absorção de energia dos laminados.

Uma das maneiras de melhorar a resistência ao impacto dos compósitos

é através da hibridização. Isso ocorre por que ela permite unir diferentes

propriedades de elementos individuais com o intuito de melhorar as propriedades

da estrutura (Dong et al., 2016). No que diz respeito aos compósitos de

poliméricos, a maioria da literatura disponível à resposta impacto de baixa

velocidade em híbridos são Vidro/Carbono (Swolfs et al., 2017; Hung, et al.,

2018), Vidro/Kevlar (Valença et al., 2015; Yan et al., 2015) e Carbono/Kevlar

(Bulut et al. 2016) com resinas termofixas.

Diante do exposto, este trabalho visa à obtenção de um laminado

compósito constituído de matriz polimérica éster vinílica reforçada com tecido de

mecha híbrida Vidro/Kevlar e fibras de vidro-E, onde esse foi submetido a

impactos de baixa velocidade por meio de uma máquina de ensaios do tipo drop

test.

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2

Rayane Dantas da Cunha

O material em questão foi ensaiado para verificação do gradiente da

resistência residual à flexão em três pontos, afim de avaliar a influência dos

impactos nas propriedades mecânicas. Além disso fez-se estudos comparativos

com outro laminado compósito semelhante e existente na literatura com o

objetivo e entender os comportamentos do material com a presença do tecido de

mecha híbrida, além disso análises macroscópicas e microscópicas no dano com

o intuito de caracterizá-los. Destaca-se como caráter inovador desta pesquisa, o

número de impactos sucessivos o qual o laminado foi submetido e a forma como

se caracterizou o dano causado pelos impactos neste material.

1.1. Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é realizar o estudo do gradiente da resistência

residual à flexão em três pontos, bem como avaliar a utilização do tecido de

mechas híbridas constituídas de fibras Kevlar/Vidro em um laminado compósito,

sujeito a impactos de baixa velocidade (Drop Test).

1.1.1. Objetivos Específicos

- Fazer um estudo do dano causado por impacto de baixa velocidade no

laminado compósito híbrido Vidro/Kevlar - MHVK;

- Estudar a influência dos impactos de baixa velocidade nas propriedades

mecânicas de flexão em três pontos no MHVK.

- Fazer uma análise comparativa entre as propriedades mecânicas do

material, antes e após o impacto utilizando dois níveis de energia de

impacto.

- Realizar estudos comparativos com a literatura para analisar o efeito da

hibridização com outro laminado compósito já estudado submetido a

impactos de baixa velocidade.

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Capítulo 2

Revisão Bibliográfica

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4

Rayane Dantas da Cunha

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capitulo será feita uma revisão sobre a definição, as

classificações, a matéria prima utilizada na fabricação dos materiais compósitos

e uma breve explicação do que se trata os materiais compósitos híbridos com o

propósito de demostrar os conceitos básicos ligados a estes tipos de materiais,

será abordada também, toda a teoria que fundamenta os efeitos causados pelo

ensaio de impacto na resposta final do material. Além disso, serão demostrados

os tipos comuns de mecanismos de dano nesses materiais.

2.1. Materiais Compósitos

Segundo a norma ASTM D3878 (2018) o material compósito é composto

por dois ou mais materiais insolúveis entre si, que se combinam formando um

único material, possuindo propriedades únicas, diferentes das que contém seus

elementos isolados. De modo simplificado um compósito é um conjunto de um

ou mais materiais utilizados como reforço impregnados com uma matriz.

Cahn (1997) afirma que essa matriz pode ser quanto à origem:

polimérica, cerâmica e metálica, enquanto o reforço pode ser na forma de

partículas, ou material fibroso, podendo este último ser apresentado na forma

aleatória, como mantas de fios picados, ou de forma direcionada como tecidos

unidirecionais, bidirecionais ou multicamadas, e o material particulado pode

ainda possuir partículas pequenas ou grandes.

Nesse contexto, segundo Callister Jr. (2007) os materiais compósitos

podem ser classificados em três grandes classes: reforçados por partículas,

reforçados por fibra e os estruturais; onde existem pelo menos duas subdivisões

para cada uma.

São inúmeras as vantagens de utilização dos materiais compósitos

quando comparadas com os materiais metálicos, devido ao alto módulo

específico (módulo de elasticidade/densidade), alta resistência específica

(resistência/densidade), baixo peso e resistência à corrosão (Dong et al., 2016),

o que os tornam altamente competitivos em relação aos materiais convencionais

para muitas aplicações estruturais.

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Rayane Dantas da Cunha

2.2. Matérias-Primas Utilizadas nos Materiais Compósitos

Como dito anteriormente, os principais constituintes de um material

compósito se agrupam em duas grandes categorias, respectivamente

denominadas: matriz e reforço. Neste item serão apresentados alguns destes

integrantes, dando-se ênfase aos utilizados neste trabalho.

2.2.1. Matriz

A matriz constitui a fase aglutinante que protege e mantém coesos o

reforço, proporcionando uma configuração geométrica estável ao compósito. De

acordo com Almeida (2012) as matrizes têm por finalidade básica transferir carga

para as fibras através das tensões de corte na interface. Portanto, encaminhar

as solicitações exteriores aplicadas ao compósito para a fibra que é o constituinte

responsável pela resistência.

As matrizes, que são usadas para a fabricação dos compósitos, podem

ser de origem metálica, cerâmica ou polimérica. Aqui serão discutidas apenas a

matriz polimérica já que esta é objeto deste trabalho.

Marinucci (2011) afirma que as matrizes poliméricas são componentes

orgânicos de elevados pesos moleculares, produto de reações de polimerização

por adição ou condensação de diferentes componentes básicos, formados por

cadeias de carbono, onde são ligados por átomos que podem ser de hidrogênio,

nitrogênio, oxigênio, cloro, flúor ou enxofre, sendo estes capazes de formar

quase todos os tipos de polímeros, produzidos pelo processo de polimerização.

Segundo Cahn (1997) dependendo do modo como estão ligados

química e estruturalmente, as matrizes poliméricas podem ser divididas em duas

classes: termoplásticas e termofixas.

Matriz termofixas

As matrizes termofixas são constituídas por polímeros em que as

moléculas formam estruturas tridimensionais bastante rígidas, são muito

empregadas devido às diversas vantagens como baixo, custo, estabilidade

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térmica e dimensional, resistência química a altas temperaturas e facilidade de

se moldar peças com grandes dimensões (SANCHEZ et al., 2010).

Marinucci (2011) afirma que os polímeros termofixos, na sua maioria,

são líquidos à temperatura abaixo de 50 ºC, que propicia vantagem de serem

processados quando ainda líquidos, na temperatura ambiente, além de

necessitarem de baixo investimento nos meios de produção por dispensar

equipamentos de alto custo, por exemplo, injetoras e extrusoras.

Dentre todos os plásticos, o epóxi, o poliéster, e em menor proporção,

os fenólicos, são os mais utilizados como matrizes de laminados compósitos

reforçados por fibras. Isso se dá não só por causa das propriedades mecânicas,

frequentemente superiores aos dos termoplásticos, mas também por serem

menos afetadas pela variação de temperatura. Peças e componentes de

materiais compósitos de plásticos termofixos podem ser produzidos inteiramente

à temperatura ambiente, desde a montagem de fibra e matriz até o final de cura.

Essa é uma vantagem sobre os termoplásticos. (MENDONÇA, 2005).

Resina Éster Vinílica

A resina estér vinílica tem uma gama de variedades, cada uma com

características e propriedades peculiares a ela. Dentro da variedade dessas

resinas, destaca-se a resina do tipo Derakane 411-350, que é uma resina feita a

partir de uma resina epóxi do bisfenol-A e possui ampla aplicação em processos

industriais aliada à facilidade de utilização nas mais diversas técnicas de

fabricação (ASHLAND, 2007).

Essa resina é projetada para atender diferentes processos de fabricação

de compósitos disponíveis tais como: laminação manual, laminação por pistola,

enrolamento filamentar (filament winding), técnicas que usam moldagem por

compressão e RTM, e aplicações em pultrusão e grades injetadas. Além disso,

assegura resistência química a uma ampla variedade de produtos químicos tais

como ácidos, álcalis, soluções branqueadoras e vários tipos de solventes.

Devido à sua excelente resistência a esses ambientes corrosivos, possibilita

prolongar a vida útil de equipamentos, adiando a necessidade de reparos e

substituição. Permite também trabalhos submetidos a grandes esforços de

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Rayane Dantas da Cunha

tensão sem apresentar riscos ao projeto, tornando possível sua aplicação em

equipamentos de grande porte (ASHLAND, 2007).

Algumas propriedades da resina Derakane 411-350, estão expostas na

tabela 2.1.

Tabela 2.1: Propriedades típicas da resina para a condição pós-curada

Propriedade Valores Médios Norma Utilizada

Resistência à Tração 86 MPa ASTM D-638/ISO 527

Módulo de Elasticidade 3,2 GPa ASTM D-638/ISO 527

Deformação 5-6 % ASTM D-638/ISO 527

Resistência à Flexão 150 MPa ASTM D-790/ISO 178

Módulo de Flexão 3,4 MPa ASTM D-790/ISO 178

Densidade 1,14 g/cm³ ASTM D-792/ISO 1183

Contração Volumétrica 7,8%

Temperatura de Distorção Térmica (Para 1,8 Mpa, Tensão Máxima)

105 ºC ASTM D-648 Method A

/ ISO 75

Temperatura de Transição Vítrea, Tg2 120 ºC ASTM D-3419/ISSO

11359-2

Fonte: Adaptada de ASHLAND (2007)

2.2.2. Reforço Fibrosos

Como dito antes, as fibras atuam como materiais estruturais para

sustentar o carregamento, uma vez que possuem maior rigidez do que a matriz

(RIQUE et al., 2015).

Conforme Marinucci (2011) na elaboração de um componente estrutural

em material compósito procura-se otimizar o aproveitamento das propriedades

mecânicas associadas aos reforços fibrosos. A seleção do reforço leva em

consideração aspectos que variam desde o custo desses materiais até o

desempenho pretendido e a técnica de fabricação empregada.

Dentre os reforços fibrosos, pode-se destacar as fibras sintéticas e

naturais. Kanitkar et al. (2017) afirma que as fibras sintéticas são mais utilizadas

como reforço nos compósitos poliméricos pois apresentam alta resistência,

resistência à corrosão, inertes aos efeitos atmosféricos, eletricamente não

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condutoras e não perdem a resistência em condições de trabalho de alta

temperatura.

Entre as principais fibras sintéticas aplicadas em compósitos são a fibra

de vidro, a fibra de carbono e a fibra de aramida (Kevlar). Segundo Palesch e

Cech (2017) a fibra de vidro é uma das fibras mais utilizadas para reforços em

compósitos poliméricos. Já a fibra de carbono é bastante utilizada no setor

aeronáutico (Hung et al., 2018) e no campo da energia nuclear (Venugopalan, et

al., 2018), devido à boa resistência em elevadas temperaturas. A fibra de

aramida, devido apresentar excelente desempenho em tolerância ao dano, são

amplamente utilizadas em aplicações industriais e militares (KANITKAR et al.,

2017, SINGH E SAMANTA, 2015).

Fibra de Vidro

A fibra de vidro é uma das fibras mais utilizadas para reforços em

compósitos poliméricos, como disse Palesch e Cech (2017). Apresentam

excelente aderência fibra/matriz, excelentes propriedades elétricas, alto

alongamento à ruptura, alta relação resistência/densidade, estabilidade

dimensional, boa resistência ao impacto, elevada resistência química à corrosão,

facilidade de processamento e baixo custo quando comparadas a outros tipos

de reforços sintéticos (FELIPE, 2012, a).

De acordo com López (2012) os plásticos reforçados por fibra de vidro

(PRFV) têm importantes aplicações na indústria automobilística, aeronáutica e

na área de engenharia civil, mecânica e biomédica. Em 2010 a produção total

dos PRFV na Europa atingiu 1,015 toneladas.

Segundo Cahn (1997) as fibras de vidro estão disponíveis em várias

formas:

- Fibra de Vidro-E: é o tipo de fibra mais utilizado entre os materiais

compostos (mais de 90% das aplicações), pois é o, mais barato, possui

boas propriedades elétricas, de rigidez e desgaste;

- Fibra de Vidro-A: possui boa resistência química (alcalino), baixo módulo

e baixa resistência elétrica;

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- Fibra de Vidro-C: excelente resistência a corrosão química, baixa

resistência mecânica, mais caro que o vidro E;

- Fibra de Vidro-R ou -S: aplicado somente em casos especiais (aviação,

armamentos, aeroespacial), possui elevadas características mecânicas, e

possui alta resistência a fadiga, temperatura e umidade;

- Fibra de Vidro-D: possui altas propriedades dielétricas, é usado para a

construção de materiais eletrônicos;

- Fibra de Vidro-L: possui alta resistência mecânica e serve para proteger

da radiação (chumbo).

- Fibra de vidro-AR ou -Z: fabricadas pela Portland® especificamente para

reforço em cimento.

As fibras são trabalhadas de forma a serem fornecidas em diversas

configurações, mais adequadas ao uso, podendo ser comercializadas em forma

de mechas (roving), moídas, mantas de fios picados, fitas (tapes), tecidos, ou

ainda como véu de superfície, como demostrados na Figura 2.1.

Figura 2.1: Forma de comercialização das fibras de vidro: a) Roving; b) Moída; c)

Manta; d) Tapes; e) Tecido; f) Véu de superfície

Fonte: Texiglass

Fibra de Aramida

Reis et al. (2012) afirma que as fibras de aramida são um reforço muito

importante para os compósitos poliméricos, que foram desenvolvidas durante a

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década de 1960 e introduzidas comercialmente pela DuPont® na década de

1970 sob o nome comercial de Kevlar.

As fibras de Kevlar possuem propriedades únicas, a resistência e o

módulo à tração são substancialmente maiores e o alongamento da fibra é

significativamente menor do que para outras fibras orgânicas. Elas possuem,

porém, baixa resistência à compressão, sendo esta, apenas um oitavo da

resistência à tração. Por outro lado, apresentam textura flexível, não frágil como

as fibras de vidro ou de carbono, sendo bastante semelhantes às fibras têxteis

de vestuário, permitindo assim, serem tecidas em tramas muito menores e

complexas que o permitido nos tecidos de fibras de vidro, e assim podem ser

facilmente tecidas em teares para tecidos convencionais (AGARWAL, 2015).

Reis et al. (2012) explica que sua alta resistência, associada ao

mecanismo de falha das aramidas e à tolerância a danos, promove um bom

desempenho no impacto. Quando as fibras de aramida quebram, elas não

falham por trincas frágeis, como as fibras de vidro ou de carbono. Em vez disso,

as fibras de aramida falham por uma série de pequenas falhas de fibrila, onde

as fibrilas são fitas moleculares que compõem cada fibra de aramida e estão

orientadas na mesma direção que a própria fibra. Essas muitas pequenas falhas

absorvem muita energia e, portanto, resultam em alta tenacidade.

Importante comentar também a desvantagem que esse tipo de fibra

apresenta, sabe-se que as propriedades que do material compósito não

dependente apenas da sua matriz e reforço, mas também de sua adesão

interfacial entre ambas. No entanto Singh e Samanta (2015), e Su et al (2001)

afirma que compósitos polímeros de fibra de Kevlar geralmente têm pouca

adesão interfacial, devido à sua alta natureza cristalina e superfície da fibra é

inerte e lisa, o que resulta na sua fraca aderência com a matriz.

Após a fabricação, as fibras Kevlar são comercializadas de diferentes

formas, sendo as principais em forma de fios, fitas (tapes) e tecidos,

representados na Figura 2.2.

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Figura 2.2: Principais formas de comercialização das fibras Kevlar: a) Roving; b)

Tapes; c) Tecido

Fonte: Texiglass

2.3. Materiais Compósitos Híbridos

Yang et al. (2015) define o compósito híbrido como um material formado

por dois ou mais tipos de fibra diferentes incorporados em uma única matriz. O

efeito de hibridização permite que os fabricantes personalizem as propriedades

do compósito para atender as necessidades exatas da estrutura. Muitos

pesquisadores conseguiram com sucesso a abordagem de hibridização para

melhorar as propriedades mecânicas e a resistência a danos dos compósitos

(SANTOS, 2018; VALENÇA et al., 2015; YANG et al., 2015; MANIKANDAN et

al., 2014).

Safri et al. (2017) afirma que um compósito híbrido, possui maior rigidez

e resistência em comparação com compósitos poliméricos reforçados

individuais. É comum um tipo de fibra no compósito híbrido ter um baixo módulo

e/ou menor custo, como fibra de vidro ou Kevlar, enquanto o outro tipo tem um

módulo mais alto e/ou maior custo, como fibras de boro ou carbono. O baixo

módulo e o baixo custo tornam os compósitos híbridos mais tolerantes a danos

e reduzem os custos gerais, enquanto que utilizando as fibras mais caras, com

alto módulo, oferece capacidade de carga e rigidez.

Assim, os compósitos híbridos podem fornecer uma alta rigidez e

resistência, melhorar a resistência ao impacto e à fadiga, fornecer alta resistência

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à fratura e, simultaneamente, reduzir o peso e/ou o custo total (DONG et al.,

2016).

Existem uma variedade de maneiras pelas quais se faz a hibridização

nos compósitos poliméricos por fibras, Swolfs et al. (2014), afirma que os tipos

mais comuns de hibridização são descritos a seguir:

- Hibridização de tecido (intraply): O compósito híbrido é composto por um

tecido com a hibridização ocorrendo por combinação de fibras diferentes

numa mesma mecha. Como o exemplo da Figura 2.3. Bem como a

hibridização pode ocorrer pela combinação de mechas de materiais

distintos, sendo cada tipo delas constituído por fibras de um mesmo

material. Mostra-se na Figura 2.4 um exemplo de tecido com estas

características.

- Hibridização em laminados (interply): O compósito possui mais de um tipo

de fibra, porém cada camada só possui um tipo (Figura 2.5).

Figura 2.3: Tecido com mecha híbrida - Kevlar e Vidro

Fonte: Felipe (2012, b)

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Rayane Dantas da Cunha

Figura 2.4: Tecido com mechas de fibras diferentes –Vidro e Kevlar

Fonte: Felipe (2012, b)

Figura 2.5: Configuração do laminado híbrido - Vidro/Kevlar (interply)

Fonte: Santos, 2018

Diante disso, o presente trabalho faz uso da hibridização Intraply,

utilizando um tecido de mecha híbrida Vidro/Kevlar, bem como hibridização

Interply intercalando entre as camadas do tecido de mecha híbrida 8 camadas

de tecido de vidro-E. A utilização do tecido híbrido se fez necessário para

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Rayane Dantas da Cunha

investigar suas melhorias quando se trata de tolerância de dano e resistência ao

impacto.

Bejan et al. (2013) afirma que para reforço combinando dois ou mais

tipos de fibras, é possível aproveitar as vantagens dos materiais e, ao mesmo

tempo, diminuir suas qualidades menos desejáveis, ou seja, a vantagem dos

tecidos híbridos é que as propriedades superiores de cada material de fibra

podem ser utilizadas para otimizar o produto composto.

2.4. Caracterização Mecânica

Segundo Santos (2018) a determinação das propriedades mecânicas do

compósito é um aspecto indispensável, pois permite avaliar o potencial que o

material possui para a aplicação estrutural. Ensaios mecânicos são executados

para a determinação destas propriedades mecânicas que se referem ao

comportamento do material quando submetidos à ação de esforços.

Neste tópico serão abordados os ensaios de impacto, bem como o

ensaio para determinação da resistência residual à flexão de três pontos pós

impacto.

2.4.1. Ensaio de Impacto no Material Compósito

A resistência ao impacto é uma das mais importantes características do

material em um projeto em que se queira prever as possibilidades de fratura

prematura.

De acordo com Razali et al. (2014) o impacto pode ser definido como a

colisão entre dois ou mais corpos, onde a interação entre os corpos pode ser

elástica, plástica, fluida ou qualquer combinação destes. Neste trabalho o

impacto é definido como a aplicação repentina de uma carga a qual leva o

material a fratura.

Borvik (2003) afirma que a velocidade é uma das grandezas

fundamentais na dinâmica de impacto, dentro deste contexto, Abrate (2005)

classifica quatro tipos de impacto de acordo com seus limites de velocidade:

- Baixa velocidade;

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Rayane Dantas da Cunha

- Velocidade intermediária;

- Alta velocidade (balística);

- Hipervelocidade.

Segundo Razali et al. (2014) e Galdino Jr. (2014), um impacto de baixa

velocidade acontece normalmente com velocidades inferiores a 10 m/s, pode

ocorrer devido as colisões causadas, por exemplo, por ferramentas derrubadas

durante operações de manutenção de uma estrutura.

Um impacto de velocidades intermediárias ocorre com velocidades

superiores à 11 m/s e é caracterizado através de fontes como de detritos da pista

atingindo a fuselagem durante a decolagem ou aterrissagem de um avião, gelos

arremessados das hélices atingindo a fuselagem, em uma chuva de granizo e

os ataques com pássaros (RAZALI et al. 2014).

O impacto de alta velocidade ou impacto balístico, segundo Abrate

(2005), ocorre com velocidades que variam de 50 a 1000 m/s, geralmente é

resultado do impacto de pequenos fragmentos causado por armas de fogo

(balística), o que normalmente é uma preocupação para aplicações militares.

Finalmente, existe um impacto de hipervelocidade que ocorre

normalmente em velocidades superiores a 2000 m/s como no caso do impacto

dos detritos em uma espaçonave. (RAZALI et al., 2014).

2.5. Tipos de Ensaio de Impacto em Materiais Compósitos

Para cada classificação de impacto apresentada anteriormente, há

diferentes ensaios mecânicos que caracterizam o comportamento dos materiais

compósitos quando submetidos às variadas formas de impactos. A seguir, serão

apresentados alguns desses métodos.

2.5.1. Impacto de Alta Velocidade (Balística)

Normalmente, testes de impacto de alta velocidade são realizados

usando uma pistola de gás de estágio único, bem como armas de fogo

comerciais.

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Rayane Dantas da Cunha

Mostra-se na Figura 2.6 um exemplo de uma pistola de gás de estágio

único usada nos testes por Sultan et al. (2012). O equipamento consiste da

unidade de reservatório de pressão, a unidade de mecanismo de disparo, a

unidade de lançamento, a unidade de câmara de captura e a unidade de medição

de velocidade. A arma é projetada para ter a capacidade de lançar um projétil

com velocidade inicial de menos de 700 m/s a uma pressão de 150 bar no

reservatório.

Figura 2.6: Dispositivo de teste de impacto de alta velocidade (pistola de gás)

Fonte: Adaptada de Sultan et al. (2012)

Esse ensaio pode levar à perfuração do alvo pelo projétil resultando em

danos em grande escala, mas não destrói o corpo de prova completamente. A

proteção contra cargas de impacto balísticos é uma questão crítica no projeto de

armadura de choque e absorvedores de impacto que estão em desenvolvimento

na indústria aeroespacial, marítima, automotiva e estruturas civis (SULTAN et al.,

2012).

2.5.2. Impacto de Média Velocidade

O equipamento utilizado para este ensaio geralmente é o mesmo

utilizado no ensaio para teste balístico, ou seja, com armas de gás de alta

pressão. Segundo Abrate (2005) esse impacto ocorre numa faixa de velocidade

entre 10 e 100 m/s, ou seja, compreendido entre os regimes de alta e baixa

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Rayane Dantas da Cunha

velocidade. Dependendo da massa do projetil, um grande dano pode ocorrer na

amostra testada nessa velocidade de ensaio, sem necessariamente danificar o

impactado. A importância desse método não é somente a caracterização do

dano, mas também investigar a dissipação da energia e o mecanismo de falha.

2.5.3. Impacto de Baixa Velocidade

Dentre os ensaios de baixa velocidade podemos citar o Charpy, Izod e

Impacto por Queda de Peso (Drop Test).

No método de Charpy, a amostra é simplesmente, posicionada em um

plano horizontal apoiada nas duas pontas, e atingida por um pêndulo no seu

ponto médio, transferindo para o corpo de prova parte da sua energia cinética,

sendo a restante dissipada. A única diferença relativamente ao método de Izod

reflete-se no modo de fixação do corpo de prova, que é fixado no plano vertical

com a face do entalhe voltada para o pêndulo (CANTWELL et al, 1991).

O equipamento para realização dos ensaios Charpy e Izod está ilustrado

esquematicamente na Figura 2.7. Segundo Callister Jr. (2007) a carga é aplicada

como um impacto instantâneo, por meio de um martelo pendular balanceado,

que é liberado de uma posição elevada, a uma altura fixa h. O corpo de prova é

posicionado na base, como está mostrado na figura. Ao ser liberado o martelo,

a aresta em forma de cunha atinge e fratura o corpo prova. O pêndulo continua

o seu balanço, elevando-se até uma altura máxima h’, que é inferior a h. A

absorção de energia é calculada a partir da diferença entre h e h’, é uma medida

de energia de impacto.

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Rayane Dantas da Cunha

Figura 2.7: Desenho esquemático de um equiamento para ensaios de impacto e

posicionamentos dos corpos de prova para os ensaios Charpy e Izod

Fonte: Callister Jr. (2007)

O ensaio de impacto por queda de peso (drop test) consiste na queda

de um peso a partir de uma altura pré-determinada atingindo o corpo de prova

apoiado no plano horizontal. Quando o peso está suspenso ele possui uma

energia potencial que será convertida em energia cinética quando o mesmo for

liberado.

Em geral Cantwell e Morton (1991) afirmam que esse ensaio não causa

destruição completa da amostra de teste, permitindo que uma energia residual

seja determinada, se necessário.

Na indústria em geral é comum testes de impacto por queda de peso

(drop test) para avaliar a resistência ao dano de uma estrutura ou produto, ou

mesmo de um material específico. Esse permite obter informação sobre as

propriedades dinâmicas na absorção da energia, resistência à fratura,

mecanismos de falha e redução da resistência.

O ajuste da energia de impacto é conseguido pela variação da massa do

impactador e/ou da altura da sua queda. Enquanto que a velocidade de impacto

é controlada apenas pela altura da queda (FERREIRA, 2006).

O ensaio é normatizado pela ASTM D7136 (2015) que determina a

resistência ao dano de materiais compósitos de matriz polimérica sujeitos a um

evento de impacto de queda de peso. Segundo a norma, uma placa plana

retangular de material compósito é sujeita a um impacto concentrado provocado

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Rayane Dantas da Cunha

por um peso ligado a um impactador semiesférico, conforme ilustrado na Figura

2.8. Nesse tipo de ensaio pode ocorrer o rebote do impactador atingindo o corpo

de prova várias vezes. Para evitar o rebote do impactador, o equipamento para

realização do ensaio de impacto por queda de peso é equipado com um

dispositivo de anti-rebote.

Figura 2.8: Dispositivo de teste de impacto drop test

Fonte: Adaptada de ASTM D7136, 2015

A norma também específica que o tamanho da amostra deve ser de 100

x 150 mm, como mostra na Figura 2.9, este corpo de prova pode ser utilizado no

ensaio de Compressão Após Impacto (CAI) onde esse ensaio é utilizado para

avaliar a resistência residual dos materiais compósitos após serem submetidos

ao impacto de baixa velocidade.

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Rayane Dantas da Cunha

Figura 2.9: Esquema representativo do ensaio do impacto por drop test

Fonte: Azevedo, 2017

Após o contato do impactador é esperado que o primeiro tipo de dano se

manifeste no laminado por fissuras na matriz. As extremidades dessas fissuras

atuam como pontos de iniciação da delaminação e quebra das fibras que podem

afetar seriamente a rigidez local e global do laminado (FERREIRA, 2006).

Segundo Biase (2009) a natureza e a extensão, os mecanismos de dano são

afetados, em diferentes níveis, por um grande número de parâmetros: massa do

impactador, velocidade do impactador, tipo de fibra e de matriz, tratamento

interfacial, volume percentual de fibra, geometria do laminado, condições de

contorno e tensões residuais.

2.6. Mecanismos de Danos Devido ao Impacto

São vários os fatores que podem influenciar no mecanismo de dano nos

materiais compósitos, como a falta de molhabilidade do material de reforço,

causando assim uma baixa aderência fibra/matriz e como consequência um

baixo desempenho mecânico, além de fatores externos como: processo de

fabricação do compósito; propriedades físicas, químicas, mecânicas e térmicas

da fibra e matriz; interface fibra/matriz e teores de reforço, matriz e vazios;

configuração do compósito; agentes externos tais como: umidade, temperatura

e radiação ultravioleta; em que os compósitos podem ser submetidos durante o

seu uso. (FELIPE, 2012, a)

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Rayane Dantas da Cunha

Na análise macroscópica dos mecanismos de danos os mesmos são

visíveis a olho nu. Dentro dessa análise pode-se destacar pelo menos duas

formas de dano: quando o mesmo se dá por tempo de uso, principalmente em

ambientes agressivos (desgaste no material), ou quando o mesmo é originado

pela ação de carregamentos externos, ou seja, a fratura mecânica do elemento

estrutural.

Segundo Felipe (2012, a) quando o mecanismo de dano é originado por

falha mecânica na estrutura proveniente da ação de um carregamento externo,

a análise macroscópica pode iniciar caracterizando o tipo de fratura final. Como

por exemplo, o caso dos elementos submetidos a um ensaio de impacto drop

test onde essas formas de fraturas são estabelecidas pela norma, ASTM D7136

(2015) que ilustra as possíveis características da fratura final para um corpo de

prova, de acordo com a Figura 2.10. Além disso, a norma garante que mais de

um modo de danos pode estar presente em uma amostra ensaiada.

Figura 2.10: Modos de dano comumente observados no impacto de queda de peso

Fonte: Adaptada de ASTM D7136, 2015

Outro ponto importante para comentar é que segundo Santos (2012) o

dano nos materiais compósitos se divide em dano local e em dano global. O

primeiro é essencialmente a penetração/perfuração provocada pelo impactador

no material e depende diretamente das características deste. O dano global é

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Rayane Dantas da Cunha

um dano que se estende por uma área muito maior que a área de contato entre

o impactador e o compósito e consiste principalmente em delaminação sendo

que esta é a forma de dano que mais diminui a resistência residual após impacto.

Azevedo (2017) afirma que devesse analisar o possível modo de falha

durante o impacto, onde ele poderá causar falhas dos tipos: Fissura/Trincas na

matriz, delaminação, ruptura da fibra e perfuração (Figura 2.11).

Figura 2.11: Micrografia identificando vários mecanismos de danos internos.

Fonte: Adaptada de Mitrevski, et al. (2006)

2.6.1. Fissura/Trinca na Matriz

O dano na matriz é causado devido ao impacto de baixa velocidade

transversal ao corpo de prova, nesse caso geralmente ocorre a quebra da matriz,

deslocamento da fibra da matriz e o início da delaminação. Os poucos danos

visíveis ocorrem em baixos níveis de energia de impacto entre 1 e 5 J. A quebra

ou trinca da matriz ocorre geralmente em planos paralelos à direção das fibras

nos materiais compósitos com o arranjo das fibras orientadas unidirecionalmente

(Abrate, 2005). Na figura 2.12, pode-se observar os tipos de danos causados na

matriz de um material compósito.

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Rayane Dantas da Cunha

Figura 2.12: Tipos de danos causados na matriz compósita.

Fonte: Adaptada de POTTER, 1997

Na Figura 2.12 as trincas da matriz nas camadas superiores iniciam nas

bordas de contato do impactador, que são formadas pela alta tensão de

cisalhamento transversal através do material. As tensões de cisalhamento

transversais estão relacionadas com a força de contato e a área de contato. Já

as trincas no lado oposto ao impacto são denominadas trincas de flexão, pois

são causadas por grandes tensões de tração perpendicular ao corpo de prova.

O tipo de quebra da matriz é dependente das características globais das

amostras impactadas, onde as trincas de flexão nas camadas inferiores ocorrem

em corpos de provas longos e finos devido a deflexão transversal excessiva,

enquanto que os corpos de provas espessos e curtos são mais rígidos e

necessitam de maior força de contato do impactador para produzir o mesmo

fenômeno (POTTER, 1997).

2.6.2. Delaminação

O aparecimento de delaminações nas interfaces entre camadas está

relacionada com diferença de rigidez existente entre elas, sobretudo à flexão. É

importante salientar que o tamanho das delaminações aumenta com a diferença

de orientação das camadas adjacentes à interface. Por outro lado, constata-se

que nos laminados pouco espessos, o tamanho das delaminações amentam nas

interfaces situadas junto à superfície solicitada, quando comparadas às

interfaces situadas mais longes dessa mesma superfície. (MOURA et al., 2011)

Segundo Santos (2012) dois fatores que desempenham um papel

importante no que diz respeito à delaminação são o estado de tensão e a

resistência interlaminar das placas. A resistência interlaminar está diretamente

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Rayane Dantas da Cunha

ligada com as propriedades do material, como a resistência à fratura da matriz e

resistência da aderência entre a fibra e a matriz. O estado de tensão por outro

lado, é afetado pela sequência de empilhamento (configuração do laminado).

2.6.3. Ruptura da Fibra

O rompimento da fibra ocorre depois da trinca na matriz e da

delaminação no processo de fratura. O rompimento da fibra ocorre abaixo do

impactador devido as elevadas tensões no local, e na face que não sofre impacto

devido as elevadas tensões de flexão. O rompimento da fibra precede o modo

de perfuração do corpo de prova, causando danos catastróficos (ABRATE,

2005).

Segundo Santos (2012) esse modo de falha envolve maior energia para

a sua realização visto que são as fibras os principais portadores da carga nos

compósitos laminados e pode ocorrer por vários motivos. Um impacto transversal

ao plano das fibras causa por norma uma ruptura localizada daquelas resultantes

da penetração do impactador.

Uma vez que as fibras representam o principal constituinte para suportar

as cargas, a sua ruptura pode ter um efeito muito prejudicial tanto na resistência

como na rigidez dos materiais compósitos laminados. A ruptura das fibras é o

principal mecanismo de absorção de energia associado aos testes de impacto

de perfuração completa (FERREIRA, 2006).

2.6.4. Perfuração

A perfuração é um modo de falha macroscópico e ocorre quando o

rompimento das fibras atinge um ponto crítico, permitindo que o impactador

penetre completamente no corpo de prova. A energia de impacto para penetrar

o corpo de prova aumenta de acordo com a espessura da amostra.

Segundo Abrate (2005) as principais formas de absorção de energia

durante a perfuração em materiais compósitos laminados são: cisalhamento fora

do plano, delaminação e flexão elástica. Dessa forma, o cisalhamento fora do

plano corresponde de 50 a 60%, dependendo da espessura do corpo de prova.

Vários fatores, incluindo o dimensionamento e a orientação da fibra, tipo de

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Rayane Dantas da Cunha

matriz e a interface fibra/matriz tem uma influência significativa na perfuração da

amostra.

Por fim, é interessante comentar que será difícil um modo de falha

ocorrer isoladamente, pois um modo de falha pode ser consequência de outro

que aconteceu previamente. Assim os modos de falha interagem entre si,

formando fenômenos mais complexos e de difícil estudo. Com isto não se quer

dizer que todos têm a mesma importância, dependendo das circunstâncias e do

material usado, um modo de falha pode assumir a principal responsabilidade

pela ruptura do compósito.

2.7. Análise microscópica

Quando utilizada a análise microscópica, outros modos de falhas podem

ser ressaltados, visto que esta análise identifica no material compósito a

interação fibra/matriz, o comportamento mecânico do compósito, a determinação

das razões de falhas assim como a propagação das trincas e fissuras nestes

materiais. Através da microscopia ótica ou microscopia eletrônica de varredura

podem ocorrer três tipos de falhas que auxiliam na análise da adesão

fibra/matriz. Segundo Marinucci (2011) estas falhas são:

- Falha adesiva entre as matérias-primas constituintes, provocando fratura

na região que poderia ser delimitada pela interface;

- Falha coesiva na matriz, resultando em fratura da resina junto à interface;

- Falha coesiva na fibra, resultando em fratura da fibra junto à interface.

Um exemplo destas fraturas ocorridas em ensaio de impacto é

apresentado na Figura 2.13.

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Rayane Dantas da Cunha

Figura 2.13: Dano causado por impacto de velocidade intermediária. As setas indicam

em (a) a direção da propagação de fissuras; e (b) a existência das fraturas adesiva e

coesiva

Fonte: Adaptada de Abrate, 2005

2.8. Resistência Residual Após Impacto

Os materiais compósitos são muito sensíveis ao dano por impacto, assim

pode ter uma redução elevada na resistência residual do material, perante

solicitações de tração, compressão, flexão, cisalhamento e de fadiga (MOURA,

2011), e com isso uma perda da sua integridade estrutural. Neste contexto, o

termo tolerância ao dano refere-se à capacidade de materiais compósitos manter

suas propriedades mecânicas após o impacto.

Segundo Abrate (2005) os danos por impacto são pouco visíveis e podem

causar reduções na resistência residual de até 50%, onde a resistência residual

em tensão, compressão, flexão e fadiga serão reduzidas em graus variáveis

dependendo do tipo de danos causado. A avaliação das propriedades residuais

dos materiais compósitos laminados é de grande importância já que com isso se

define a reposição ou o reparo de uma peça (RIVALLANT et al. 2014).

Para isto, existe vários tipos de teste para a avaliação da resistência

residual após impacto, por exemplo, teste de Compressão Após Impacto (CAI),

Tração Após Impacto (TAI) e o Flexão Após Impacto (FAI). Os estudos de

Rivallant et al. (2014), Aktas et al. (2014), Ghelli et al. (2011) são exemplos de

pesquisas que fizeram avaliação da resistência residual através do CAI, já os

estudos de Habibi et al. (2018), Cestino et al, (2016), Malhotra e Guild (2014)

utilizaram o TAI para suas investigações, enquanto que Medeiros et al. (2015),

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Rayane Dantas da Cunha

Hart (2017) e Cromer (2010) estudaram o comportamento dos materiais

utilizando o FAI.

Entretanto neste trabalho foi utilizado o ensaio de flexão de três pontos

para analisar o gradiente da resistência ao longo da amostra de impacto, técnica

também utilizada por Azevedo (2017) e Santos (2018).

2.8.1. Análise de Gradiente da Resistência ao Longo da

Amostra de Impacto Através do Ensaio de Flexão de Três

Pontos

Os ensaios de flexão são muito utilizados, pela simplicidade dos

procedimentos e dos equipamentos necessários. O objetivo é geralmente obter

o módulo e a resistência longitudinal mínima. Estes ensaios são classificados em

dois tipos, flexão em três pontos e flexão em quatro pontos, conforme o número

de suportes e de pontos de carregamentos utilizados. (MOURA et al., 2011)

O ensaio de flexão em três pontos é normatizado pela ASTM D790

(2015) especifica que o corpo de prova deve possuir dimensões retangulares e

suas medidas devem ser calculadas de acordo com a espessura do material. O

ensaio consiste basicamente na aplicação de uma carga no centro de um corpo

de prova apoiado em dois pontos, como apresentado na Figura 2.14.

Figura 2.14: Esquema do ensaio de flexão em três pontos

Fonte: Desenho baseado na norma ASTM D790, 2015

O intuito desta análise é verificar como o impacto influência nas

propriedades mecânicas na região próxima ao ponto de impacto, ou seja, fazer

a análise de gradiente da resistência ao longo da amostra de impacto através do

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Rayane Dantas da Cunha

ensaio de flexão de três pontos, podendo conhecer a perda da integridade

estrutural do material.

Na pesquisa realizada por Azevedo (2017) foi modelado o

comportamento da resistência residual e do módulo de elasticidade à flexão com

o aumento da distância do ponto de impacto e desenvolveu-se as equações

empíricas demonstradas nas equações 2.1 e 2.2, as quais serão utilizadas nessa

pesquisa.

𝜎Rf

𝜎of= 1 − 𝑒

−(𝑑

𝛽)

𝛼

(2.1)

𝐸Rf

𝐸of= 1 − 𝑒

−(𝑑

𝛽)

𝛼

(2.2)

Nestas equações, Rf e of são, respectivamente, a tensão última

residual à flexão e a tensão última sem o dano, ERf e Eof são, respectivamente,

o módulo residual à flexão e o módulo à flexão sem o dano, e são constantes

relacionadas ao material e d é a distância em relação a borda do impactador

(Figura 2.15). Além disso, foi afirmado que quando d é igual a tem-se uma

resistência residual (ou o módulo residual) de exatamente 63,2% do material sem

impacto.

Figura 2.15: Esquema de representação da distância das amostras em relação à

borda do impactador para análise do ensaio de flexão em três pontos residual

Fonte: Azevedo, 2017

10

0

Borda do

impactador

d

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Rayane Dantas da Cunha

2.8.2. Estudo em Compósito Híbrido Vidro/Kevlar

O laminado híbrido desenvolvido por Santos (2018) é constituído de

onze camadas sendo três de tecido de Kevlar-49, uma no meio e duas nas

extremidades, e entre estas, oito camadas de fibra de vidro (Figura 2.5). Este

laminado foi aqui denominado como CHVK – Compósito Híbrido Vidro/Kevlar.

Sendo assim o laminado híbrido de Santos (2018) servirá de referência

e ponto de comparação desta dissertação devido a este material possuir as

mesmas características do aqui estudado, com exceção do uso de um tecido de

mecha híbrida.

Apresenta-se na Tabela 2.2 a densidade média e os valores de

percentual de fibra do compósito CHKV.

Tabela 2.2: Percentual volumétrico de fibras e densidade volumétrica do

compósito CHVK

Densidade

Volumétrica (g/cm³) Fibra de

Vidro-E (%) Fibra de

Kevlar-49 (%) Total de Fibra

(%)

CHVK 1,52 32,8 21,8 54,6

Fonte: Santos 2018

No que se trata dos ensaios de impacto o laminado CHVK houve

delaminação fibra/matriz em todas as energias estudadas e a ruptura de fibras

ocorreu apenas a partir de três golpes com 31 J. Além disso, o material suportou

dois impactos com 46 J, como pode ser visto na Tabela 2.3.

Tabela 2.3: Comparativo global do compósito CHVK para diferentes energias de

impacto

Compósito CHVK

Energia 31J 46J 61J 76J

Nº de impactos 1 2 3 4 1 2 1 1

Delaminação

Ruptura de fibras

Penetração total

Fonte: Santos (2018)

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Rayane Dantas da Cunha

Segundo Santos (2018) a energia de impacto de 61 J, foi suficiente para

o impactador penetrar todas as camadas do corpo de prova, o que pode se

caracterizar que essa energia de impacto ultrapassou o limite de energia

necessária para a perfuração desse compósito.

Mostra-se na Figura 2.16 o resultado do dano com a energia de impacto

de 61 J no compósito CHVK. Na Figura 2.16 (a), verifica-se delaminação

fibra/matriz ao longo de todo o corpo de prova no sentido do comprimento do

mesmo e quebra das fibras de vidro e de Kevlar de todas as camadas no local

da penetração (característica de dano global). Analisando a Figura 2.16(b),

também é possível observar a delaminação, sendo esta concentrada próxima ao

local de contato do impactador com o corpo de prova, e além disso, é possível

observar também a quebra de todas as fibras no local da penetração, como

consequência o grande ressalto de explosão das fibras ocasionado pelo

impactador (SANTOS, 2018).

Figura 2.16: Dano no CHVK com a energia de impacto 61 J: (a) Lado do impacto; (b)

Lado oposto ao impacto

Fonte: Santos, 2018.

Importante comentar também que Santos (2018) com o intuito de

modelar o comportamento da resistência residual à flexão e do módulo de

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Rayane Dantas da Cunha

elasticidade à flexão do CHVK, em que não ocorreu penetração total do

impactador com um impacto de 46 J e com isto ainda existe resistência e rigidez

no ponto de impacto, deste modo fez-se uma modificação nas equações de

Azevedo (2017), considerando a existência de resistência (i) e módulo ( i) no

ponto de impacto, conforme representado na Figura 2.15, desta forma utilizou-

se para este caso, as Equações 2.3 e 2.4.

𝜎Rf

𝜎of= 1 + (

𝜎i

𝜎o− 1) 𝑒

−(𝑑

𝛽)

𝛼

(2.3)

𝐸Rf

𝐸of= 1 + (

𝐸i

𝐸o− 1) 𝑒

−(𝑑

𝛽)

𝛼

(2.4)

Onde d é a distância em relação à borda do impactador, i é a resistência

após impacto no ponto de impacto, o é a resistência do material sem impacto,

r é a resistência após impacto e e são constantes a serem obtidas. Para o

módulo além dessas constantes, o termo i é o módulo após impacto no ponto

de impacto, o é o módulo do material sem impacto e r é o módulo após impacto.

É importante salientar também que para esta condição, com a modificação da

equação, quando o valor de d for igual ao de o deixa de representar um

valor residual de 63,2%, como ocorre nas Equações 2.1 e 2.2.

Utilizando essa modelagem e a desenvolvida por Azevedo (2017) foi

possível verificar que o laminado CHVK impactado duas vezes com energia de

46 J, perde 63 % da resistência e do módulo a uma distância de

aproximadamente de 6 mm da borda do impactador, além disso os resultados

mostram que ao analisar a distância máxima à borda do impactador que é de 67

mm, verifica-se que o CHVK alcança somente 82% da resistência original e 84%

da sua rigidez, mostrando que a resistência deste material é influenciada pelo

dano do impacto em toda a extensão do corpo de prova.

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Capítulo 3 Materiais e Métodos

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Rayane Dantas da Cunha

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo serão descritos em detalhes os procedimentos para

realização dessa dissertação, a especificação dos materiais, o processo de

fabricação do laminado, os ensaios mecânicos, bem como as análises do dano.

Mostra-se na Figura 3.1 um fluxograma representativo de todos os passos

realizados.

Figura 3.1: Metodologia utilizada no trabalho

3.1. Materiais Utilizados no Laminado Compósito

As matérias primas para a confecção do compósito foram: a resina

polimérica termofixa do tipo epóxi éster vinílica e dois tipos distintos de tecidos

bidirecionais um de fibra de vidro-E e outro de mechas híbridas formadas por fios

de fibras de vidro-E e de Kevlar-49. A seguir será mostrado detalhes sobre a

caracterização de cada material usado no referido estudo.

3.1.1. Matriz Polimérica

Foi utilizada a resina termofixa éster vinílica. A mesma é comercialmente

designada por Derakane Momentum™ 411-350. Como explicado na

fundamentação teórica esta matriz é baseada na resina epóxi bisfenol-A. As

Matéria Prima

Fabricação do Compósito

Corte dos Corpos de Prova

Ensaio de Impacto

Ensaio de Flexão em Três Pontos

Propriedades Mecânicas Residuais e

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Rayane Dantas da Cunha

propriedades típicas da resina para a condição pós-curada encontram-se na

Tabela 2.1.

Como agente catalítico, para cura a temperatura ambiente, usou-se

peróxido de Metil Etil Cetona (MEKP) e o acelerador Naftenato de cobalto à 6%.

3.1.2. Reforço

O compósito híbrido aqui idealizado envolve como reforços dois tipos

distintos de tecidos planos bidirecionais. Um tecido constituído somente de fibra

de vidro-E, Figura 3.2, fornecido pela empresa MaxEpoxi e um outro tecido

bidirecional de mecha híbrida, no qual tem combinação de fios de vidro-E e fios

de Kevlar-49 na mesma mecha, Figura 3.3, fornecido pela empresa Texglass.

Mostra-se nas Tabelas 3.1 e 3.2 as especificações técnicas de cada tecido.

Figura 3.2: Tecido bidirecional de fibra de vidro-E

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Rayane Dantas da Cunha

Figura 3.3: Tecido bidirecional de mecha híbrida Vidro/Kevlar

Fonte: Felipe (2012, b)

Tabela 3.1: Dados técnicos do tecido bidirecional de fibra de vidro-E

Descrição Especificações

Material do Urdume Roving de Fibra de Vidro-E

Material da Trama Roving de Fibra de Vidro-E

Gramatura do Tecido (g/m²) 200

Carga de Ruptura Teórica do Urdume (Kgf/cm) 50

Carga de Ruptura Teórica da Trama (Kgf/cm) 50

Composição do Tecido 100% Fibra de Vidro-E

Fonte: MaxEpoxi

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Tabela 3.2: Dados técnicos do tecido bidirecional de mecha híbrida de fibras de

Vidro/Kevlar

Características do Tecido Especificação

Material do Urdume Mecha Híbrida de Fibra de Aramida e Fibra

de Vidro-E

Material da Trama Mecha Híbrida de Fibra de Aramida e Fibra

de Vidro-E

Gramatura do Tecido (g/m²) 600

Carga de Ruptura Teórica do Urdume (Kgf)

487

Carga de Ruptura Teórica da Trama (Kgf)

343

Composição do Tecido 63% Fibra de Aramida e 37% Fibra de Vidro-

E

Fonte: Texiglass

3.2. Fabricação e Configuração do Laminado

Foi utilizado para a fabricação do laminado o processo de fabricação de

laminação manual (hand lay-up). O volume de resina foi preparado inicialmente

com base na gramatura do tecido, com uma proporção de 2:1 em massa. Em

seguida, volumes pré-estabelecidos da resina foram misturados com o

catalizador peróxido de Metil Etil Cetona (MEKP) numa proporção de 1% do

volume de resina, bem como 0,2% de Naftenato de cobalto à 6%, de acordo com

as exigências do catálogo da resina para laminação em temperatura ambiente.

Para realizar a laminação, inicialmente a resina foi dividida em quatro

partes e gradativamente foram adicionados os catalizadores com o intuito de

obter um tempo de gel suficiente para todo o processo da laminação.

Posteriormente, foi necessário que a resina já catalisada fosse levada para uma

câmara de vácuo, Figura 3.4, de modo a remover parte dos gases e vapores

formados durante o processo de polimerização da resina, e evitar que esses

gases fiquem retidos entre as camadas de tecido, consequentemente, formando

vazios no interior do laminado.

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Rayane Dantas da Cunha

Figura 3.4: Câmara de vácuo

Após finalizada a otimização da resina, foi dada início a laminação do

compósito, utilizando rolos de aço para melhor distribuição da resina e

compactação do conjunto fibra/matriz, conforme utilizado por Santos (2018)

apresentado na Figura 3.5.

Figura 3.5: Laminação manual de dois laminados (a) Kevlar/Vidro e (b)Vidro/Vidro

Fonte: Santos, 2018

No final do processo de laminação, obteve-se uma placa com área de

55 x 65 cm² com uma espessura média de 4,45 mm. Fabricada com onze

camadas do tecido, constituídos de três camadas do tecido de mecha híbrida

Vidro/Kevlar, uma no meio e duas nas extremidades, e entre essas, oito

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Rayane Dantas da Cunha

camadas de fibra de Vidro, representado na Figura 3.6. Este laminado foi aqui

denominado como MHVK - Laminado Compósito Reforçado com Tecido de

Mecha Híbrida e impregnado com Resina Ester Vinílica.

Figura 3.6: Configuração do compósito

3.3. Corte dos Corpos de Prova

Os cortes dos corpos de prova (CPs) para o ensaio de impacto e

densidade para o compósito MHVK foram realizados em uma máquina de corte

à jato de água Flow Mach 2b, na empresa Marmoraria Olho D'água – Refice/PE,

de acordo com as Figuras 3.7.

Figura 3.7: Corte dos corpos de prova (a) Maquina de corte à jato d’água TCI Waterjet

SM-A e (b) Realização dos cortes dos corpos de prova

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Rayane Dantas da Cunha

Enquanto que o corte dos corpos de prova para o ensaio de flexão em

três pontos utilizou-se uma máquina manual do tipo Saw-Max SM20-01,

representada na Figura 3.8, onde a placa teve todos os CPs previamente

desenhados de forma a se obter as dimensões correspondentes à norma técnica

para o ensaio, de acordo com a Figura 3.9.

Figura 3.8: Ferramenta utilizada para o corte dos CPs para o ensaio flexão de três

pontos (a) Serra do tipo Saw-Max SM20-01, (b) Disco Dremel modelo DSM510.

Figura 3.9: CPs previamente desenhados

Para as amostras já ensaiadas por impacto, os corpos de prova foram

cortados levando em consideração a distância da borda do impactador,

utilizando de cada corpo de prova impactado dois corpos de prova de flexão para

cada distância, conforme se apresenta nas Figura 3.10 e Figura 3.11.

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Rayane Dantas da Cunha

Figura 3.10: Representação do corte dos CPs para ensaio de flexão nas amostras

impactadas

Figura 3.11: CPs impactados para ensaio de flexão

3.4. Percentual de fibra e percentuais volumétrico das fibras

O percentual de fibras é de grande importância na resposta mecânica

dos laminados compósitos, pois a variação destes percentuais influencia

diretamente nas constantes elásticas do material, além do seu limite de

resistência.

100

17 17

33

50

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41

Rayane Dantas da Cunha

Diante desse contexto foi verificado o percentual mássico e volumétrico

das fibras considerando os dados fornecidos pelo fabricante, conforme

apresentados nas Tabelas 3.1 e 3.2, e os valores de massa dos tecidos antes

da laminação (mf)e após a placa confeccionada (mc), obteve-se o percentual

mássico de fibra em relação à massa total da lamina, de acordo com a Equação

3.1.

𝐹𝑀𝑓 = 𝑚𝑓

𝑚𝑐∙ 100 (3.1)

Com o valor do percentual mássico obteve-se o percentual volumétrico de

fibras a partir da equação 3.2, proposta por Hull e Clyne (1996) onde 𝑭𝑽𝒇 é

fração volumétrica da fibra, 𝑭𝑴𝒇 é a fração mássica da fibra, ρf e ρc é a

densidade da fibra e densidade do compósito, respectivamente.

𝐹𝑉𝑓 = 𝐹𝑀𝑓 ∙𝜌𝑐

𝜌𝑓 (3.2)

3.5. Ensaios

3.5.1. Densidade Volumétrica

Para determinar a densidade volumétrica dos laminados, foram

confeccionados quatro corpos de prova com dimensão 25 x 25 mm, mediante a

norma ASTM D792 (2013), Figura 3.12. No referido ensaio, foi utilizado um

Densímetro Digital DSL 910 - Geahaka, pertencente ao Laboratório de Mecânica

dos fluidos – UFRN, mostrado na Figura 3.13.

Figura 3.12: Dimensões do corpo de prova de ensaio de densidade volumétrica

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42

Rayane Dantas da Cunha

Figura 3.13: Densímetro digital

3.6.2. Ensaio de Impacto

O ensaio de impacto foi realizado em temperatura ambiente, pela

máquina de impacto por queda de peso para materiais compósitos no

Laboratório de Projetos e Instrumentos (LPI) da Universidade Federal de

Campina Grande - UFCG (Figura 3.14), que possui um intervalo de energia de

impacto de 16, 31, 46, 61 e 76 J, obtida através de variação da massa de queda

de impacto e altura de queda dos pesos, essa altura é de 1,03 m e possui um

impactador de ponta semiesférica com diâmetro de 16 mm e dureza 57 HRC.

Figura 3.14: Máquina de impacto de drop test para materiais compósitos

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43

Rayane Dantas da Cunha

A realização deste ensaio foi mediante a norma ASTM D7136 (2015),

em que o tamanho da amostra deve ser de 100 x 150 mm, como mostrado na

Figura 3.15.

Figura 3.15: Dimensões do corpo de prova de ensaio de impacto

Vale ressaltar que as energias de impacto utilizadas nesses ensaios

foram: 61 e 76 J, e para a preparação da realização do teste foi necessária a

limpeza e lubrificação do mecanismo de guias. Importante citar também que é

conhecido que no ensaio de impacto por queda de peso pode ocorrer que o

impactador atinja o corpo de prova novamente com o rebote, assim para se evitar

o rebote uma placa de madeira foi colocada manualmente entre a ponta do

impactador e a placa impactada após a ocorrência do primeiro impacto.

3.6.3. Ensaio de Flexão

O ensaio de flexão em três pontos (Figura 3.16) foi realizado no laboratório

de Ensaios Mecânicos do Instituto Federal do Rio Grande do Norte - IFRN,

utilizando a máquina de ensaio universal Shimadzu Servo Pulser, que possui

capacidade máxima de 200 kN.

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44

Rayane Dantas da Cunha

Figura 3.16: Ensaio de flexão em três pontos

Utilizando a norma ASTM D790 (2015) os corpos de prova foram

apresentando as seguintes dimensões: 17 mm de largura, 100 mm de

comprimento e 4,45 mm de espessura e comprimento útil de 70 mm, conforme

se apresenta na Figura 3.17.

Figura 3.17: Dimensões do corpo de prova de ensaio de flexão de três pontos

A determinação do limite de resistência à flexão e do módulo de

elasticidade, foram utilizadas respectivamente as Equações 3.4 e 3.5.

𝜎𝑓 = 3𝑃𝐿

2𝑏𝑑² (3.4)

𝐸𝐵 = 𝐿³𝑚

4𝑏𝑑³ (3.5)

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45

Rayane Dantas da Cunha

Onde é a resistência última à flexão (MPa), P corresponde a carga (N),

L é a distância entre os apoios (mm), b e d são largura e espessura do CP (mm),

respectivamente, E é o Módulo de elasticidade (MPa), m a inclinação da tangente

formada pela curva carga (N) e deflexão (m).

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Capítulo 4

Resultados e Discussões

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47

Rayane Dantas da Cunha

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo, inicialmente serão apresentados os resultados obtidos

no ensaio de densidade volumétrica e as frações volumétricas de fibras do

laminado com mecha híbrida Vidro/Kevlar (MHVK), além dos resultados obtidos

com as propriedades mecânicas tanto para o ensaio de impacto do tipo drop test,

e flexão em três pontos. Em seguida será também apresentada a análise de

dano e características da fratura final para todos os casos, bem como o

comportamento mecânico deste laminado quando submetido a ensaios para

análise da resistência residual em flexão em três pontos.

4.1. Ensaio de Densidade e Percentuais Volumétrico das Fibras

Mostra-se na tabela 4.1 os valores encontrados para densidade

volumétrica e os valores em volume de fibras do laminado compósito MHVK.

Tabela 4.1: Percentual volumétrico de fibras e densidade volumétrica do compósito

MHVK

Densidade

Volumétrica (g/cm³) Fibra de

Vidro-E (%) Fibra de

Kevlar-49 (%) Total de Fibra

(%)

MHVK 1,56 ± 0,01 22,52 20,61 43,13

Diante dos valores obtidos, percebe-se que o material possui densidade

volumétrica baixa quando comparado com materiais metálicos similares, o que

o classifica para aplicações em estruturas leves, e está de acordo com os

compósitos híbridos de fibras de Vidro/Kevlar a base de matriz termofixa.

É interessante comentar que, na literatura Santos (2018) utilizou um

laminado similar a este, com oito camadas de tecido bidirecional de fibra de

vidro-E e três camadas de tecido bidirecional de fibra de Kevlar-49 (sendo duas

externas e uma no centro) e se obteve densidade volumétrica de 1,52 g/cm³, que

é muito próxima à obtida nesta pesquisa. Bem como Valença et al. (2015),

utilizou um laminado compósito mesclando três camadas de um tecido híbrido

do tipo sarja, o qual seu urdume era constituído de fibras Kevlar-49 e sua trama

feita com fibras de vidro-S, nesse estudo, foi obtida uma densidade volumétrica

de 1,40 g/cm³.

Através destes resultados também se percebe que a fração de fibras no

compósito equivale, aproximadamente, quase a metade do volume total do

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48

Rayane Dantas da Cunha

laminado, que estão de acordo com o esperado como encontrado em outros

trabalhos da literatura, por exemplo: 40,0 % (Ravandi et al., 2017); 49,4 %

(Batista et al., 2016) e 43,2 % (Valença et al., 2015).

4.2. Ensaio de Flexão em Três Pontos

Mostra-se na Figura 4.1 o gráfico Tensão-Deformação obtido no ensaio

de flexão de três pontos para os corpos de prova MHVK. Observa-se que, em

uma faixa que se estende até aproximadamente 40% da tensão de ruptura, o

mesmo apresenta um comportamento que pode ser considerado linear entre a

tensão e a deformação. Essa característica é comum aos laminados compósitos

à base de resina termofixa quando submetidos a ensaio de flexão em três

pontos, como pode-se observar no estudo de Santos (2018), Cunha (2015),

Aquino et al. (2007).

Figura 4.1: Curva tensão-deformação de ensaio de flexão em três pontos do laminado

MHVK

0 1 2 3 4 5

0

100

200

300

400

Tensão d

evid

o à

fle

xão (

MP

a)

Deformação de flexão (%)

A Tabela 4.2 demostra os valores médios e de desvios padrão referentes

para a tensão última à flexão, para o módulo de elasticidade e para a deformação

máxima.

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49

Rayane Dantas da Cunha

Tabela 4.2: Propriedades mecânicas de flexão em três pontos do laminado MHKV

Propriedades mecânicas Kevlar/Vidro

Tensão última (MPa) 368 ± 18

Módulo de elasticidade (GPa) 14 ± 1

Deformação (%) 4,4 ± 0,3

4.3. Ensaio de Impacto por Queda de Peso (Drop test)

Devido à máxima energia do equipamento ser de 76 J e como esta

energia foi insuficiente para a perfuração com um impacto, decidiu-se impactar

este material com 76 J e com 61 J com vários golpes até sua perfuração total e

comparar seus resultados.

Neste item, se verificará o mecanismo de dano ocasionado com o

aumento do número de impactos para estas duas energias aplicadas, para tanto

foram necessários dois golpes com 76 J e quatro golpes com 61 J para a

perfuração das amostras.

4.3.1. Mecanismo de Dano Causado no Laminado

Procedendo à análise macroscópica dos danos para os CPs do material

MHVK submetido a quatro impactos de 61 J de energia, aqui denominado

MHVK4x61 e para o mesmo material submetido a dois impactos de 76 J de

energia, aqui denominado MHVK2x76.

Apresenta-se na Tabela 4.3, os comparativos dos acontecimentos para

cada energia de impacto, respectivamente. Percebe-se que para ambas

energias no primeiro impacto houve trinca na matriz e delaminação. Além disso,

a ruptura de fibras só ocorreu a partir do segundo impacto e como dito

anteriormente a perfuração total só ocorreu no quarto golpe com 61 J e no

segundo impacto com 76 J. Importante comentar que a maioria desses danos

são característicos em materiais compósitos poliméricos quando submetido a

impacto de baixa velocidade (ABRATE, 2005; SANTOS, 2018 e AZEVEDO,

2017).

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50

Rayane Dantas da Cunha

Tabela 4.3: Comparativo global do compósito híbrido MHVK para diferentes energias

de impacto

Compósito Híbrido MHVK

Energia 61 J 76 J

Nº de impactos 1 2 3 4 1 2

Fissura/Trinca na Matriz

Delaminação

Ruptura de fibras

Perfuração

Diante dos danos obtidos, é possível observar que o compósito MHVK

apresenta boa resistência ao impacto quando comparado com o compósito

híbrido estudado por Santos (2018) que houve perfuração total com apenas um

impacto com energia de 61 J. Esse aumento da resistência ao impacto ocorreu

devido à presença do tipo de tecido de mecha híbrida Vidro/Kevlar.

Com o intuito de demostrar as características dos danos causados por

cada energia nos materiais estudados, serão apresentados a seguir a análise

macroscópica referente a cada resultado obtido e apresentado na Tabela 4.3.

4.3.1.1. Energia de Impacto 61 J

O compósito MHVK apresentou uma boa capacidade para suportar o

impacto com a energia de 61 J, quando comparado com o laminado híbrido

desenvolvido por Santos (2018), pois foi preciso receber uma sequência de 4

golpes no mesmo corpo de prova para chegar à perfuração, além disso pode-se

observar que ocorreu um dano com característica local, no qual se verificou que

a delaminação ocasionada pelo impacto quase não se distanciou do ponto de

impacto, este resultado foi diferente do encontrado no estudo de Santos (2018),

que vai servir de referência e ponto de comparação desta dissertação devido a

este material possuir as mesmas características do aqui estudado, com exceção

do uso de um tecido de mecha hibrida, que para essa mesma energia de impacto

o compósito híbrido intraply Vidro/Kevlar sofreu perfuração com um único

impacto e a ocorrência de delaminação se distribuiu em toda a amostra,

caracterizando um dano global nos corpos de prova.

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51

Rayane Dantas da Cunha

Para efeito de comparação, mostram-se nas Figura 4.2 (a), (b), (c) e (d)

as imagens em sequência de uma amostra impactada quatro vezes com a

energia de 61 J no compósito MHVK. Observa-se que o dano por impacto é

iniciado, primeiramente, com trincas na matriz, desaderência fibra/matriz e

delaminação, como mostrado na Figura 4.2 (a). Este processo de dano é

acompanhado nas seguintes Figuras, sendo assim ao fazer uma comparação

entre os danos na face do impacto e oposta ao impacto mostrou que o

mecanismo de fratura até o terceiro impacto eram idênticos. No entanto, a

fissuração na matriz (face do impacto) e a delaminação (face oposta ao impacto,

foram aumentando ao longo dos impactos, como verificado nas figuras 4.3 (a),

(b) e (c). Assim, após o quarto impacto o material foi completamente penetrado

como mostrado na Figura 4.2 (d).

Esses danos são semelhantes ao encontrado por Yang et al. (2015) que

analisou os modos de dano de diferentes laminados híbridos. Nesse estudo

Yang et al. (2015) afirmou que a energia de impacto é absorvida principalmente

pelo tecido híbrido carbono/vidro sob a superfície de contato. Como resultado,

os compósitos híbridos apresentaram melhor resistência a danos e tolerância a

impactos.

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52

Rayane Dantas da Cunha

Figura 4.2: Sequência do dano com a energia de 61 J no compósito MHVK (a) 1º (b)

2º (c) 3º e (d) 4º impacto

4.3.1.2. Energia de Impacto 76 J

Utilizando uma energia de impacto de 76 J foram necessários dois

golpes para a perfuração das amostras do laminado MKVK, o que se mostra que

o compósito híbrido apresenta boa resistência a danos e tolerância a impactos

para esse nível de energia.

Apresentam-se nas Figura 4.3 (a) e (b), o dano causado com a energia

de 76 J impactada por 2 vezes consecutivas na amostra do material na face do

impacto e oposta ao impacto, respectivamente. Observa-se que ocorreu trincas

na matriz e delaminação fibra/matriz, ruptura de fibras e perfuração, assim como

aconteceu com o material impactado quatro vezes com a energia de 61 J.

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53

Rayane Dantas da Cunha

Figura 4.3: Danos no MHVK com a energia de impacto 76 J impactado 2 vezes: (a)

Face do impacto; (b) Lado oposto ao impacto

Para visualizar melhor os mecanismos de dano, mostram-se nas Figura

4.4 (a) e (b) a sequência de impactos à 76 J no compósito MHVK. Observa-se

que o dano apresenta as mesmas características do que foi discutido no item

anterior, no primeiro impacto acontece as trincas na matriz, delaminação e

desaderência fibra/matriz, como mostrado na Figura 4.4 (a). Consequentemente

com o segundo impacto houve perfuração total dos CPs, como visto na Figura

4.4 (b).

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Rayane Dantas da Cunha

Figura 4.4: Sequência do dano com a energia de 76 J no compósito MHVK (a) 1º e (b)

2º impacto

4.3.2. Análise Microscópica da Fratura

Com o intuito de explicar o comportamento mecânico apresentado pelo

MHVK, será apresentada a seguir a análise microscópica realizada através da

microscopia eletrônica de varredura (MEV) na região da fratura causada pelo

ensaio de dois impactos com 76 J de energia.

Apresenta-se na Figura 4.5, a região que caracterizou o fim da

delaminação fibra/matriz no material, provocado principalmente pela fratura

coesiva ocorrida na matriz. Além disso, apresenta o esgarçamento das fibras

Kevlar (Figura 4.6) e nota-se que ainda após a fratura há vários pontos de resinas

aderidas nas fibras de vidro, que ainda permanecem aglomeradas e mostram

assim, a boa qualidade da interface fibra/matriz nas camadas de vidro do

compósito.

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55

Rayane Dantas da Cunha

Figura 4.5: Microscopia da fratura dos compósitos MHVK

Figura 4.6: Microscopia do comportamento das fibras

Apresenta-se na Figura 4.7, a região do dano de impacto em que é

possível notar fraturas coesivas ocorridas nas fibras de vidro, além de apresentar

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Rayane Dantas da Cunha

também delaminações entre as camadas de fibra de vidro e Kevlar, ocorridas

devido a propriedade de desaderência da fibra de Kevlar, mostrando que essas

delaminações não ocorrem somente nas superfícies dos corpos de prova, como

mostrado na análise macroscópica do dano, mas também internamente,

confirmando a baixa aderência no conjunto Kevlar/matriz, além disso, nota-se

resinas aderidas nas fibras de vidro. Estes resultados confirmam os resultados

obtidos na análise visual dos compósitos impactados.

Figura 4.7: Microscopia da região do dano

4.4. Ensaio de Flexão em Três Pontos Após Impacto

Neste tópico serão apresentadas as propriedades mecânicas das

amostras após múltiplos impactos realizados com energias de 61 e 76 J, através

dos ensaios de flexão em três pontos, comparando seus resultados com os

obtidos do material ensaiado sem impacto para a análise de suas propriedades

residuais.

Para demostrar o comportamento dos laminados estudados, foram

utilizadas quatro curvas médias obtidas nos ensaios de flexão em três pontos

realizados, onde cada curva está relacionada ao resultado obtido de uma

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Rayane Dantas da Cunha

distância da borda do impactador, sendo essas distâncias de: 17, 33 e 50 mm

que serão comparadas com o ensaio de flexão sem impacto.

4.4.1. Compósito MHVK Submetido à Quatro Golpes com 61 J

de Energia de Impacto.

No que se refere ao ensaio de flexão de três pontos para os corpos de

prova MHVK4x61, mostra-se na Figura 4.8 o gráfico Tensão-Deformação obtido.

Observa-se, a ocorrência de um comportamento semelhante aos CPs MHVK

sem impacto, onde pode ser observado um perfil linear até o início do dano,

aproximadamente, 40 % da resistência última à flexão do material, havendo uma

variação nos CPs a 17 mm de distância da borda do impactador, podendo

explicar pelo região de dano, consequentemente, o maior índice de perda da

resistência, enquanto que, ao distanciar-se, as amostras de 33 mm e 50 mm de

distância, a resistência e o módulo se aproximam ao obtido nas amostras sem

impacto. Essa diminuição nas propriedades dos CPs com a menor distância da

borda do impactador ocorreu também nas análises de Santos (2018) e Azevedo

(2017).

Figura 4.8: Curva tensão-deformação do compósito MHKV4x61 ensaiado à flexão

após impacto

0 1 2 3 4 5

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Borda do

impactador

33

50

17

Ten

são

de

vid

o à

fle

xão

(M

Pa

)

Deformação de flexão (%)

Distância em relação à borda do impactador

Sem impacto 17 mm 33 mm 50 mm

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Rayane Dantas da Cunha

Os valores médios e os desvios padrão obtidos para a Resistencia

Última à Flexão, para o Módulo de Elasticidade Longitudinal e para a

Deformação Máxima estão mostrados na tabela 4.4.

Tabela 4.4: Propriedades mecânicas de flexão após impacto conforme a distância da

borda do impactador para o compósito MHVK4x61

HÍBRIDO COM IMPACTO 4 x 61 J

Distância da borda do impactador (mm)

Tensão (MPa) Módulo de

elasticidade (GPa) Deformação

(%)

17 255 ± 29 9 ± 1,5 4,1 ± 0,6

33 358 ± 4 12,8 ± 0,2 4,2 ± 0,1

50 363 ± 26 13,8 ± 0,2 4,7 ± 0,1

Sem impacto 368 ± 18 14,2 ± 0,9 4,4 ± 0,3

Para melhor visualização, mostra-se na Figura 4.8 o gráfico comparativo

entre as tensões últimas das amostras ensaiadas de acordo com a distância da

borda do impactador. Observa-se que a amostra mais próxima (17 mm)

apresenta menor valor de tensão máxima bem como maior desvio padrão, e que,

o valor alcançado pela distância de 33 mm é 29 % maior que a tensão máxima

da amostra mais próxima ao dano, demostrando que este material possui uma

recuperação rápida desta propriedade.

Figura 4.9: Tensão última à flexão após impacto conforme a distância da borda do

impactador do compósito MHVK4x61

255

358363 368

0

50

100

150

200

250

300

350

400

17 33 50 Sem impacto

Ten

são

últ

ima

à fl

exão

(M

Pa)

Distância (mm)

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59

Rayane Dantas da Cunha

Já na Figura 4.10 mostra-se o comparativo entre o módulo de

elasticidade para cada distância estudada, nota-se que a amostra de 17 mm de

distância da borda do impactador também apresenta menor valor, visto que este

dano reduziu o módulo do material em 37 % quando comparada com o material

sem impacto, além de apresentar o maior desvio padrão, assim como ocorreu à

tensão última para a mesma situação, isso também é verificado em Santos

(2018), e se explica devido à proximidade ao ponto de impacto que causa maior

irregularidade e concentração de danos na amostra.

Figura 4.10: Módulo de elasticidade à flexão após impacto conforme a distância da

borda do impactador do compósito MHVK4x61

4.4.2. Compósito MHVK Submetido à Dois Impactos com 76 J

de Energia de Impacto

No que se refere ao ensaio de flexão de três pontos para os corpos de

prova MHVK2x76, mostra-se na Figura 4.11 o gráfico Tensão-Deformação

obtido. Observa-se, a ocorrência de um comportamento semelhante aos CPs

MHVK sem impacto, onde pode ser observado um perfil linear até o início do

dano, aproximadamente, 40 % da resistência última à flexão do material. Além,

disso, assim como ocorreu para o MHVK4x61 é possível observar que os CPs a

17 mm de distância da borda de impactador, houve uma maior perda da

9

12,813,8

14,2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

17 33 50 Sem impacto

du

lo d

e El

asti

cid

dad

e a

Flex

ão (

GP

a)

Distância (mm)

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60

Rayane Dantas da Cunha

resistência e rigidez, enquanto que, ao distanciar-se as propriedades ficaram

mais próximas dos valores obtidos dos corpos de prova sem impacto.

Figura 4.11: Curva tensão-deformação do compósito MHVK2x76 ensaiado à flexão

após impacto

0 1 2 3 4 5

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Borda do

impactador

33

50

17Tensão d

evid

o à

fle

xão (

MP

a)

Deformação de flexão (%)

Distância em relação á borda do impactador

Sem impacto 17 mm 33 mm 50 mm

Apresenta-se na Tabela 4.5 os valores médios e os desvios padrão

obtidos para a Resistencia Última à Flexão, para o Módulo de Elasticidade

Longitudinal e para a Deformação Máxima deste material.

Tabela 4.5: Propriedades mecânicas de flexão após impacto conforme a distância da

borda do impactador para o compósito MHVK2x76

HÍBRIDO COM IMPACTO 2 x 76 J

Distância da borda do impactador (mm)

Tensão (MPa) Módulo de

elasticidade (GPa) Deformação

(%)

17 298,3 ± 29 10,6 ± 0,5 3,9 ± 0,2

33 337 ± 5 12,4 ± 0,7 4,1 ± 0,2

50 331,5 ± 4,3 13,6 ± 0,9 3,9 ± 0,3

Sem impacto 368 ± 18 14,2 ± 0,9 4,4 ± 0,3

Analisando as Figuras 4.12 e 4.13, que representam gráficos

comparativos entre as tensões últimas e módulos de elasticidade, é possível

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61

Rayane Dantas da Cunha

observar que o crescimento dessas propriedades se deu para todas as amostras

ao se distanciarem da borda do impactador. Além disso, observa-se que a

diferença mais expressiva tanto na resistência, quanto no módulo, ocorreu para

a distância de 17 mm da borda do impactador, com uma diferença percentual de

19 % na resistência e de 25,4 % no módulo de elasticidade, quando comparados

com o material sem impacto.

Entretanto, ao analisar as diferenças das resistências para as distancias

de 33 e 50 mm entre o resultado das amostras sem impacto é pequeno, o maior

valor observado foi de 8,4 %, mostrando que o dano do impacto se comportou

de modo local (região próxima das bordas do impactador), ou seja, a medida que

se distancia do dano provocado pelo impacto, o laminado MHVK permanece com

suas propriedades mecânicas.

Estes resultados são importantes e demostra que este material se

mostra bastante promissor em aplicações onde existe a ocorrência de impactos,

pois diferentemente do que foi obtido por Santos (2018) que o compósito perdia

todas as suas propriedades após o impacto, o MHVK só perde suas

propriedades próximo a região de impacto, facilitando assim sua reparação.

Figura 4.12: Tensão última à flexão após impacto conforme a distância da borda do

impactador do compósito MHVK2x76

298,3337 331,5

368

0

50

100

150

200

250

300

350

400

17 33 50 Sem impacto

Ten

são

ult

ima

à fl

exão

(M

Pa)

Distância (mm)

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62

Rayane Dantas da Cunha

Figura 4.13: Módulo de elasticidade à flexão após impacto conforme a distância da

borda do impactador do compósito MHVK2x76

4.4.3. Comparativo entre Compósito MHVK4x61 e MHVK2x76

Para melhor analisar os resultados obtidos nos ensaios de flexão após

impacto, apresentam-se nas Figura 4.14 e Figura 4.15 os valores de resistência

à flexão e módulo de elasticidade, respectivamente das amostras MHVK4x61 e

MHVK2x76. Nesses gráficos é possível observar que ambas obtiveram ótima

recuperação de resistência e rigidez em relação ao aumento da distância da

borda do impactador.

Este resultado também apresenta que os corpos de prova a 17 mm de

distância da borda do impactador do material submetido a dois golpes com 76 J

de energia de impacto apresentaram menor perda da resistência e rigidez

quando comparados com o compósito submetido a quatro golpes com 61 J e ao

distanciar-se do dano, a resistência já se aproxima do valor obtido nas amostras

ensaiadas à flexão sem impacto, para ambas as energias.

10,6

12,4

13,614,2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

17 33 50 Sem impacto

du

lo d

e El

asti

cid

dad

e a

Flex

ão (

GP

a)

Distância (mm)

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63

Rayane Dantas da Cunha

Figura 4.14: Comparativo da tensão última à flexão após impacto entre os compósitos

com diferentes energias de impactos, conforme a distância da borda do impactador

Figura 4.15: Comparativo do módulo de elasticidade à flexão após impacto entre os

compósitos com diferentes energias de impactos, conforme a distância da borda do

impactador

De maneira geral, é possível afirmar que, para as duas energias de

impacto utilizadas, a partir de 33 mm de distância da borda do impactador foram

mantidos na média dos valores alcançados pelas amostras sem impacto,

considerando-se as tensões máximas e os módulos de elasticidade, bem como

os desvios padrão. Este resultado é interessante pois confirma que o dano

ocorreu em uma área pequena, facilitando seu reparo.

255

358363 368

298,3337 331,5

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

17 33 50 Sem impacto

Ten

são

últ

ima

à fl

exão

(M

Pa)

Distância (mm)

4 x 61 J

2 x 76 J

9

12,813,8

14,2

10,6

12,4

13,6

0

2

4

6

8

10

12

14

16

17 33 50 Sem impacto

du

lo d

e El

asti

cid

dad

e a

Flex

ão (

GP

a)

Distância (mm)

4 x 61 J

2 x 76J

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64

Rayane Dantas da Cunha

4.5. Modelando o Comportamento da Resistência e Módulo

Residual das Amostras Impactadas

A resistência e o módulo residual dos corpos de prova MHVK4x61 e

MHVK2x76, foram determinados aplicando-se as equações empíricas 4.1 e 4.2

desenvolvidas por Azevedo (2017), conforme citadas na revisão bibliográfica.

𝜎Rf

𝜎of= 1 − 𝑒

−(𝑑

𝛽)

𝛼

(4.1)

𝐸Rf

𝐸of= 1 − 𝑒

−(𝑑

𝛽)

𝛼

(4.2)

Aplicando as equações aos dados obtidos nos ensaios de flexão já

discutidos no item anterior, obteve-se os valores para as constantes

apresentadas na Tabela 4.6. Comparando os valores é possível verificar que o

laminado MHVK2x76 possui um menor valor de , indicando que o valor residual

de 63,2 % da tensão e do módulo deste laminado para dois impacto de 76 J se

concentra em aproximadamente em 3 mm e 12 mm respectivamente, enquanto

que para o MHVK4x61 o valor residual de 63,2% da resistência e rigidez são em

aproximadamente 14 e 17 mm, respectivamente.

Tabela 4.6: Constantes e obtidas para resistência e módulo após impacto

Tensão Residual (Rf /of) Módulo Residual (ERf/Eof)

α β α β

4 x 61 J 1,23 13,87 1,18 16,65

2 x 76 J 0,333 3,16 0,765 11,77

Nas Figuras 4.16 e 4.17 apresentam-se os dados obtidos nas equações

em relação aos dados experimentais do compósito aqui estudado, onde serão

comparados resistência e módulo após impacto.

De acordo com a Figura 4.16, o compósito MHVK2x76 possuiu uma

perda maior da tensão em relação ao MHVK4x61. Mesmo assim, apesar dessa

parcela de perda de tensão, o material apresentou boa resistência ao impacto

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65

Rayane Dantas da Cunha

para os dois níveis de energia estudados, pois teve pequenas perdas nas

propriedades. Essa afirmativa é possível pois ao analisar toda a curva

apresentada, especificamente a distância máxima da borda do impactador que

é de 67 mm, verifica-se que o MHVK4x61 alcança 99% da resistência original e

o MHVK2x76 atinge 93%.

Quando se faz a análise para uma reparação da área danificada pelo

impacto, é verificado no gráfico que a uma distância de 45 mm em relação à

borda do impactador, por exemplo, terá 90% das propriedades do material.

Figura 4.16: Curvas da tensão residuais das amostras MHVK4x61 e MHVK2x76 em

função da distância da borda do impactador

0 10 20 30 40 50 60 70

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

R

f /

of

Distância em relação à borda (mm)

4 x 61 J Dados Exp.4 x 61 J

2 x 76 J Dados Exp.2 x 76 J

Apresenta-se na Figura 4.17 as curvas dos módulos residuais do

MHVK4x61 e MHVK2x76, em que se têm comportamentos diferentes. Pode-se

verificar que o compósito MHVK não possui grandes perdas significativas do

módulo de elasticidade, apresentando apenas uma perda maior quando

submetido a dois impactos com a energia de 76 J em relação aos quatro

impactos de 61 J. Visto que ao analisar todo o comportamento da curva é

possível ver que na distância máxima à borda do impactador (67 mm), o

MHVK4x61 atinge aproximadamente 99% da rigidez original, e o MHVK2x76

alcança 97%. Além disso, com uma distância de aproximadamente 45 mm em

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66

Rayane Dantas da Cunha

relação à borda do impactador, com impactos com energia abaixo de 2 x 76 J, o

material poderá ser reparado e terá 90% das suas propriedades, ou seja, pode-

se quantificar a distância em que poderá retirar o dano provocado pelo impacto.

Figura 4.17: Curvas do módulo residual das amostras MHVK4x61 e MHVK2x76 em

função da distância da borda do impactador

0 10 20 30 40 50 60 70

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

ER

f /E

of

Distância em relação à borda (mm)

4 x 61 J Dados Exp.4 x 61 J

2 x 76 J Dados Exp.2 x 76 J

Resultados diferentes a estes foram encontrados por Santos (2018) ao

analisar o compósito híbrido submetido a dois impactos com energia de 46 J,

verificou-se que este material alcança somente 82% da resistência original e

84% da sua rigidez, à distância máxima da borda do impactador (67 mm),

mostrando que o impacto diminuiu as propriedades deste material em toda a

extensão do corpo de prova, além de ser um material que suporta menor energia

de impacto (perfuração completa com dois golpes de 46 J) quando comparado

com o MHVK2x76. Assim, o material apresentado aqui, além de possuir maior

resistência ao impacto, ainda possui a possibilidade de ser reparado.

Por fim, é interessante comentar que o principal motivo para estas

propriedades obtidas no laminado que utiliza mechas híbridas se deve à boa

aderência fibra/matriz da fibra de vidro. Enquanto que o Kevlar possui baixa

aderência fibra/matriz (facilitando a formação de delaminação) o vidro, que é

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67

Rayane Dantas da Cunha

colocado na mesma mecha que o Kevlar e trançado em forma de tecido

bidirecional, suporta o carregamento evitando a propagação do dano e

concentrando o mesmo próximo ao ponto do impacto, visualizado na

microscopia eletrônica de varredura.

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Capítulo 5

Conclusões

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Rayane Dantas da Cunha

5. CONCLUSÕES

A partir dos resultados apresentados, pode-se concluir que:

- A densidade volumétrica do MHVK está de acordo com os compósitos

híbrido de fibras de Vidro/Kevlar a base de matriz termofixas;

- A fração de fibras no compósito está de acordo com o esperado como

encontrado em outros trabalhos da literatura;

- O MHVK suporta três impactos com energia de 61 J e atinge perfuração

no quarto golpe, mesmo assim, apresentou danos pequenos possíveis

de reparo estrutural;

- O MHVK absorve energia de um impacto com 76 J e atinge perfuração

no segundo golpe, mesmo assim o dano provocado pelos impactos

podem ser reparados;

- As formas de danos no MHVK para ambas as energias, foram as trincas

na matriz, desaderência fibra/matriz, delaminação fibra/matriz, ruptura de

fibras, perfuração dos CPs;

- Os corpos de prova à 17 mm de distância da borda do impactador,

submetido a dois impactos com energia de 76 J apresentaram menor

perda da resistência e rigidez do que os submetidos a quatro impactos

com 61 J;

- A utilização do tecido de mecha híbrida Vidro/Kevlar tem uma influência

significativa na resistência ao impacto e tolerância ao dano;

- O dano foi de forma local para ambas as situações (MHVK4x61 e

MHVK2x76);

- A medida que se distancia da borda do impactador demonstrou que a

resistência e a rigidez de flexão foram pouco alteradas;

- A uma distância de aproximadamente 45 mm em relação à borda do

impactador, com impactos de energia abaixo de 2 x 76 J, o estudo indica

que pode ser realizado um pequeno reparo restaurando a resistência e a

rigidez de flexão do material.

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