Estudo do papel da enzima fosfatidilinositol-3-cinase-γ
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MESTRADO EM BIOLOGIA CELULAR
Estudo do papel da enzima fosfatidilinositol-3-cinase-γ
na encefalomielite auto-imune experimental
David Henrique Rodrigues
2008
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MESTRADO EM BIOLOGIA CELULAR
Estudo do papel da enzima fosfatidilinositol-3-cinase-γ
na encefalomielite auto-imune experimental
Dissertação apresentada no programa de pós-graduação em Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Biologia Celular
David Henrique Rodrigues
AGRADECIMENTOS
Aos colegas do programa de pós-graduação em Biologia Celular , Jaqueline, Érika,
André, Ralph, Pedro, Fabrício, George, Bruno, Fernanda, Paula e Soraya que conviveram
comigo durante todo o mestrado, em especial à Fúlvia, que me deu dicas importantes para
escrever a dissertação e à Sarah, que me ensinou uma técnica que utilizei neste trabalho. Ao
professor Ari, que ajudou inúmeras vezes durante os experimentos de microscopia intravital.
Também não posso deixar de mencionar a professora Elizabeth, e o técnico Carlos, do
laboratório de Neurobiologia, pelo apoio na fase final deste trabalho.
À equipe do laboratório de Imunofarmacologia: David (meu xará), que não pôde
estar me ajudando por muito tempo, mas participou ativamente de alguns experimentos;
Flávio Lopes, cujo senso de humor me confunde e me prega algumas peças de vez em
quando, mas que levo na esportiva; Flávio Amaral, que me recomendou os primeiros artigos
que li no laboratório e tentou me ajudar em alguns experimentos de dor; Dani Sachs, cuja
participação nos experimentos de dor foi essencial; Caio, sempre com bastante paciência, que
quebrou um galho nas culturas de células; Daniel Cisalpino, pela ajuda “emergencial” na
avaliação clínica um dia depois do natal, além das inúmeras prosas filosóficas; Landa, pelas
dicas em alguns experimentos; Angélica, que foi uma das minhas tutoras de EAE; Vivian,
pela simpatia constante no laboratório; Cris, companheira de bandejão e de congressos, além
dos fins-de-semana de experimento no laboratório; Remo, principalmente em suas fases de
hipomania, nas quais dá inúmeras idéias e “viaja” pensando em mecanismos imunológicos;
Rodrigo, cúmplice do Daniel nas prosas filosóficas, e que me ajudou principalmente em
encontrar vários reagentes no laboratório, além de ter me dado dois discos do Pink Floyd;
Dani Glória, que sempre chega com um sorriso no laboratório, e também ajudou bastante em
meu período inicial de mestrado; Valdinéria, a “Val”, que sempre dá um jeito de arrumar os
equipamentos que preciso; Ilma, essencial na “reciclagem” dos equipamentos da laboratório;
Mila, com quem tive pouco contato, mas troquei idéias sobre o manejo dos animais; Rafael,
também companheiro de bandejão e um dos supostos “autistas” do laboratório; Marina, que
me deu dicas importantes na coloração de lâminas; Fernando, que entrou no meio da história,
mas também participou de alguns experimentos; Kátia; Thales, que também entrou no meio
da história, mas acabou acompanhando alguns experimentos de intravital; Tiça, que, apesar do
mau humor, foi importante em me dar informações sobre o processamento histopatológico;
Larissa, que entrou quase no fim da história, mas já está “mandando ver” em várias técnicas;
Adriano, que mesmo na Suíça teve um papel fundamental na dissertação, pelas inúmeras dicas
e pelo fornecimento dos reagentes; Adriana (mais conhecida como Adriana EAE), a minha
primeira tutora, que me ensinou a teoria e a prática da técnica que é o esqueleto deste
trabalho; Letícia, que foi extremamente importante no início, com dicas fundamentais para o
manejo dos animais de laboratório; Ildeu, cuja companhia era maior nos experimentos de fim-
de-semana; Michele (in memorian), também uma de minhas tutoras de EAE e de retirada de
tecidos dos animais; Vanessa Mendonça; Ester, outra pessoa que foi fundamental no período
inicial do mestrado; Aline Fortunato, que também esteve presente em alguns de meus
experimentos; Carol; Gabriel, que não é do laboratório, mas que colaborou na tentativa de se
fazer os testes de comportamento, além de ter feito algumas digitalizações; Aline Teixeira,
que entrou aos 45 do segundo tempo, mas que me ajudou a mostrar que ainda tenho muito a
aprender sobre o que faço; Sílvio, de Ribeirão Preto (ou melhor, de Manaus), que me ajudou
na tentativa de fazer uma análise histológica praticamente inviável.
Em especial: à Fernanda, que me ajudou bastante no início de meu mestrado,
quando eu ainda não conhecia ninguém no laboratório; à Norinne, que foi uma das “revisoras”
deste trabalho, além de ter ajudado em vários experimentos; à Débora, “IC VIP”, ou
“Iniciação Científica de Luxo”, que foi essencial na dinâmica dos experimentos nos meses
finais de trabalho; e à Marcinha que participou de quase todos os experimentos deste estudo,
praticamente uma co-autora.
Ao Mauro, “big boss” pela confiança que me depositou em muitos experimentos à
parte deste trabalho.
À Vanessa pela recepção inicial, ajuda constante durante a dissertação e por estar
sempre à disposição para dúvidas e esclarecimentos.
E principalmente ao Antônio Lúcio, meu orientador, que apostou suas fichas
numa pessoa que conhecia há pouco tempo.
À minha família, meu irmão (mesmo sem saber), minha mãe, minha irmã, e meu
pai, que nunca deixaram de apoiar, mesmo estando fisicamente distantes.
A todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a realização deste
trabalho e que por descuido eu não tenha mencionado aqui.
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
ANOVA – Análise de variância
BHE – barreira hematoencefálica
CETEA – Comitê de Ética em Experimentação Animal
CCL2/MCP-1 – proteína quimioatraente de macrófagos e monócitos (monocyte-chemotactic
protein-1)
CCL5/RANTES – proteína quimioatraente de linfócitos T ativados e eosinófilos (regulated
upon activation, normal T cell expressed and secreted)
CXCL1/Kc – proteína quimioatraente de neutrófilos
CCR – receptor de quimiocina tipo CC
d.p.i. – dias pós-indução
ELISA – Ensaio imunoenzimático (Enzyme-linked immunosorbent assay)
HE – coloração Hematoxilina-Eosina
IASP – International Association for the Study of Pain
i.p. – intraperitoneal
Kg – Quilograma
MHC – Complexo principal de histocompatibilidade (Major Histocompatibility Complex)
PBS – tampão fosfato (Phosphate buffered saline)
r.p.m. – rotações por minuto
SNC – Sistema Nervoso Central
Δ= delta, diferença entre pressão inicial e pressão final
γ= gama
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Evolução clínica dos grupos WT e PI3Kγ-/- após indução de EAE.........................48 Gráfico 2 Evolução da massa dos grupos WT controle, PI3Kγ-/- controle, WT após a indução de EAE e PI3Kγ-/- após a indução de EAE...............................................................................48 Gráfico 3 Teste de pressão crescente na pata do camundongo................................................49 Gráfico 4 Quantificação de rolamento de leucócitos na microcirculação cerebral por microscopia intravital ...............................................................................................................50 Gráfico 5 Quantificação de rolamento de leucócitos na microcirculação cerebral por microscopia intravital após administração de inibidor de PI3Kγ .............................................51 Gráfico 6 Quantificação de adesão de leucócitos na microcirculação cerebral por microscopia intravital....................................................................................................................................52 Gráfico 7 Quantificação de adesão de leucócitos na microcirculação cerebral por microscopia intravital após administração de inibidor de PI3Kγ..................................................................52 Gráfico 8 Quantificação de MCP1/CCL2 por ELISA.............................................................56 Gráfico 9 Quantificação de RANTES/CCL5 por ELISA........................................................57 Gráfico 10 Quantificação de Kc/CXCL1 por ELISA..............................................................57
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Histologia de animais WT EAE e PI3Kγ-/- EAE com 14 dias de indução. ................54 Figura 2 Histologia de animais WT EAE e PI3Kγ-/- EAE com 28 dias de indução .................55
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Modelos de EAE ativa. .........................................................................................21 TABELA 2 Método de avaliação clínica proposto por Guan et al. .........................................37 TABELA 3 Método de avaliação clínica proposto por Weaver...............................................38 TABELA 4 Análise semiquantitativa do SNC nos camundongos WT e PI3Kγ-/- ...................55
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1 Recrutamento, rolamento, adesão e transmigração celular...................................25 Ilustração 2 Estruturas das diferentes classes de quimiocinas, células nas quais elas agem e exemplos...................................................................................................................................27 Ilustração 3 Organograma simplificado listando as isoformas de PI3K e suas respectivas subunidades catalíticas. ............................................................................................................30 Ilustração 4 Estrutura do fosfatidilinositol ...............................................................................31 Ilustração 5 Reação catalisada pela fosfatidilinositol-3-cinase. ...............................................31 Ilustração 6 Esquema da estrutura da PI3K classe IB, subunidade p110γ. ..............................32 Ilustração 7 Esquema representativo da craniotomia ..............................................................40 Ilustração 8 Foto do equipamento utilizado no teste de nocicepção.. ......................................44 Ilustração 9 Foto no momento do teste de nocicepção.............................................................45
RESUMO
A encefalomielite auto-imune experimental (EAE) é um modelo animal para o
estudo de inflamação no sistema nervoso central. É de extrema importância para as pesquisas
em neuro-inflamação, uma vez que este processo ainda é bastante desconhecido e constitui o
cerne de diversas doenças, como a esclerose múltipla. Assim, a EAE é usada como uma
ferramenta na busca pelo desenvolvimento de terapias para as doenças envolvendo neuro-
inflamação, podendo, desse modo, ser utilizada como um modelo experimental para a
esclerose múltipla.
Um dos estágios do processo neuro-inflamatório é a migração de leucócitos para o
sistema nervoso central. A enzima fosfatidilinositol-3-cinase γ (PI3Kγ) tem sido intensamente
pesquisada nos últimos anos pelo seu envolvimento na mobilidade celular, especialmente de
leucócitos. No entanto, não se encontram estudos que investiguem o papel dessa enzima no
modelo de EAE.
Portanto, neste trabalho, objetivou-se pesquisar os efeitos da enzima PI3Kγ na
encefalomielite auto-imune experimental. Para tanto, foram utilizados camundongos
deficientes do gene para a enzima PI3Kγ (animais PI3Kγ-/-) e um inibidor desta enzima.
Avaliaram-se, nestes animais: a manifestação clínica, a perda de massa e a resposta
nociceptiva pós-indução (p.i.) de EAE; parâmetros de rolamento e adesão de leucócitos na
microvasculatura cerebral da pia-máter através da microscopia intravital; condições
histopatológicas para verificar a presença de infiltrados perivasculares no sistema nervoso
central (SNC); e a produção de quimiocinas no SNC por enzyme linked immuno sorbent assay
(ELISA).
Constatou-se: alteração no curso clínico da EAE nos animais PI3Kγ-/-, com escore
clínico inferior aos animais selvagens (WT) EAE e maior perda de massa nos animais WT
EAE que nos animais PI3Kγ-/- EAE; resposta nociceptiva alterada, com hipernocicepção no
grupo WT EAE, mas não no grupo PI3Kγ-/- EAE; aumento de rolamento e adesão nos animais
PI3Kγ-/- EAE (p<0,05) em relação aos animais não induzidos; ausência de infiltrados
perivasculares em animais PI3Kγ-/- EAE, em contraste com os animais WT EAE que
apresentavam infiltrados perivasculares no tecido cerebral; e diminuição da concentração de
quimiocinas pró-inflamatórias como MCP-1/CCL2 e RANTES/CCL5 (p<0,05) nos animais
PI3Kγ-/- EAE em relação aos animais WT EAE.
Assim, este estudo sugere que há participação relevante da PI3Kγ no processo de
inflamação do SNC. Entretanto, são necessários mais estudos para o estabelecimento da
função específica desta enzima na neuroinflamação, pois um maior entendimento de seu papel
neste processo pode ser importante para a compreensão das causas de doenças como a
esclerose múltipla e, talvez, tornar a PI3Kγ um alvo terapêutico nessas doenças.
ABSTRACT
Experimental autoimmune encephalomyelitis (EAE) is an animal model for the
study of inflammation in the central nervous system. It is extremely important for the research
in neuroinflammation, as long as this process remains largely unknown and constitutes the
core of many diseases, including multiple sclerosis. Thus, EAE is used as a tool in the
development of therapies to diseases involving neuroinflammation, which allows EAE to be
an experimental model of multiple sclerosis.
One of the stages of the neuroinflammatory process is the leukocytes’ migration
into the central nervous system. The enzyme phosphatidylinositol-3-kinase γ (PI3Kγ) has
been intensively studied in the last years due to its involvement in cellular mobility, especially
of leukocytes. However, no studies concerning the role of this enzyme in the EAE model can
be found.
Therefore, in this work, the effects of PI3Kγ on experimental autoimmune
encephalomyelitis are investigated. For this aim, PI3Kγ knock out (PI3Kγ-/-) mice and a
PI3Kγ inhibitor were used. The evaluated parameters included: clinical signs, weight loss and
nociception post-EAE induction; rolling and adhesion of leukocytes in brain microvasculature
of pia-mater analyzed by intravital microscopy; histopathology of central nervous system
(CNS) to find perivascular cuffs; and production of chemokines of the CNS using enzyme
linked immuno sorbent assay (ELISA) technique.
There was a significant decrease in PI3Kγ-/- EAE score as compared with WT
EAE mice (p<0,05) and increased weight loss in WT EAE mice as compared with PI3Kγ-/-
EAE (p<0,05); altered nociceptive response, hypernociception in WT EAE, but not in PI3Kγ-/-
EAE (p<0,05); increase of rolling and adhesion in PI3Kγ-/- EAE (p<0,05) as compared with
non-induced animals; absence of perivascular cuffs in PI3Kγ-/- EAE animals after 14 days of
induction, but not in WT EAE mice which presented perivascular cuffs in brain tissue and
occurrence of perivascular cuffs in PI3Kγ-/- EAE animals after 28 days of induction; and
decrease of proinflammatory chemokine synthesis like MCP-1/CCL2 (p<0,05) and
RANTES/CCL5 (p<0,05) in PI3Kγ-/- EAE as compared with WT EAE mice.
Thus, there may be a relevant role for PI3Kγ in the inflammatory process in CNS.
Further studies are needed to establish the specific role of this enzyme in neuroinflammation,
because a better comprehension of its function in this process may be important for the
understanding of the underlying causes of diseases like multiple sclerosis. Hence, PI3Kγ may
become a therapeutic target in neuroinflammatory diseases of the CNS.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................18 1.1 Esclerose Múltipla ............................................................................................................18 1.2 Modelo de encefalomielite auto-imune experimental (EAE)........................................20 1.2.1 Introdução.......................................................................................................................20 1.2.2 História da EAE..............................................................................................................20 1.2.3 Modelos de EAE .............................................................................................................20 1.2.4 Modelo de EAE induzido por MOG: vantagens e limitações .......................................22 1.3 Microscopia intravital ......................................................................................................24 1.4 Recrutamento de leucócitos para o sistema nervoso central e o papel das quimiocinas no processo ..............................................................................................................................25 1.5 A barreira hematoencefálica ...........................................................................................28 1.6 Nocicepção e o modelo de encefalomielite auto-imune experimental ..........................29 1.7 Fosfatidilinositol-3-cinase ................................................................................................29 2 OBJETIVOS ........................................................................................................................34 2.1 Objetivo geral....................................................................................................................34 2.2 Objetivos específicos.........................................................................................................34 3 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................................36 3.1 Animais ..............................................................................................................................36 3.2 Reagentes e indução da EAE ...........................................................................................36 3.3 Avaliação clínica da EAE.................................................................................................37 3.4 Microscopia intravital no cérebro do camundongo.......................................................39 3.5 Preparo de homogenato de cérebro de camundongo ....................................................40 3.6 Determinação de citocinas por ELISA ...........................................................................40 3.7 Histologia...........................................................................................................................41 3.7.1 Fixação do tecido e recorte dos órgãos..........................................................................41 3.7.2 Desidratação, diafanização e inclusão em parafina .....................................................42 3.7.3 Microtomia......................................................................................................................42 3.7.4 Coloração Hematoxilina-Eosina ...................................................................................42 3.7.5 Análise Histopatológica..................................................................................................43 3.8 Teste de pressão crescente na pata de camundongo......................................................43 3.9 Análise estatística..............................................................................................................45 4 RESULTADOS ....................................................................................................................47 4.1 Evolução clínica ................................................................................................................47 4.2 Interação leucócito-endotélio...........................................................................................50 4.3 Análise histopatológica.....................................................................................................53 4.4 Análise de quimiocinas.....................................................................................................56 5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................59 6 CONCLUSÕES....................................................................................................................66 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................68 ANEXO A – RESULTADOS.................................................................................................80
17
INTRODUÇÃO
18
1 INTRODUÇÃO
1.1 Esclerose Múltipla
A esclerose múltipla é a doença desmielinizante do sistema nervoso central (SNC)
mais comum e para a qual os tratamentos atuais têm efetividade limitada. Em média, a idade
de acometimento é aos 30 anos e, com exceção de traumas, a esclerose múltipla permanece
sendo a mais freqüente causa de incapacidade neurológica em adultos jovens de países
desenvolvidos (AL-OMAISHI et al., 1999). Caracteriza-se pela ocorrência de lesões
desmielinizantes inflamatórias focais na substância branca encefálica ou na medula espinhal,
que são responsáveis pela determinação dos sintomas clínicos observados nos pacientes
(RAINE et al., 1997; COMPSTON et al., 2005). Os sintomas mais comuns incluem déficits
motores (paralisias) e sensitivos (hipo ou anestesias), alterações visuais e esfincterianas.
Todos esses sintomas, ao gerarem incapacidade funcional, têm impacto significativo na
qualidade de vida do indivíduo.
A doença foi descrita pela primeira vez em 1868 por Jean Martin Charcot, que
notou o acúmulo de células inflamatórias em uma distribuição perivascular na substância
branca do cérebro e da medula espinhal de pacientes com episódios intermitentes de disfunção
neurológica (CHARCOT, 1868 citado por HAFLER, 2004). Desde então, a doença é
tradicionalmente descrita como sendo auto-imune por duas razões: a presença de inflamação e
a ausência de outros fatores (como vírus ou bactérias) relacionados ao surgimento da doença
(HAFLER, 2004).
No Brasil, a esclerose múltipla é considerada uma doença de média prevalência
(OLIVEIRA et al, 1999). Em um estudo de Callegaro et al (1997), constatou-se prevalência de
15 casos por 100 000 habitantes na cidade de São Paulo, sendo a prevalência mais de 2 vezes
maior em mulheres que em homens. Em outro estudo em Belo Horizonte de Lana-Peixoto et
al. (2002), constatou-se prevalência de 18 em 100 000 habitantes.
O curso clínico da esclerose múltipla pode variar, sendo categorizada em três
formas: surto-remissão, secundariamente-progressiva e primariamente progressiva. Em
aproximadamente 85% dos pacientes, a doença inicia-se com episódios de surtos alternados
com subseqüente remissão completa ou parcial. Na maioria dos pacientes, contudo, esse curso
inicial é seguido de uma fase secundariamente progressiva na qual há evolução contínua dos
déficits neurológicos. Parte dos pacientes (15%) exibe características primariamente
19
progressivas, em que há uma piora contínua e irreversível dos sinais clínicos desde o início da
doença. Ressalta-se, portanto, a importância do desenvolvimento de novas, seguras e efetivas
terapias para tratar o curso progressivo da esclerose múltipla (VIRLEY, 2005).
Os sintomas da esclerose múltipla podem ser avaliados de acordo com algumas
escalas que avaliam as funções piramidais, cerebelares, de tronco encefálico, sensitivas, de
bexiga e de intestino, ópticas e mentais. Duas escalas comumente utilizadas são a EDSS
(Expanded Disability Status Scale, KURTZKE, 1983) e a NRS (Neurologic Rating Scale,
HAUSER et al., 1983).
Embora os eventos que ocasionem a doença não estejam totalmente
compreendidos, a maior parte das evidências leva a crer numa etiologia auto-imune associada
a fatores ambientais e a predisposições genéticas ainda incertas. A esclerose múltipla é
caracterizada essencialmente por inflamação no SNC, sobretudo na substância branca. Esse
processo inflamatório está associado ao influxo de células mononucleares através da barreira
hematoencefálica (BHE) em resposta a uma variedade de estímulos teciduais, que incluem
citocinas inflamatórias e quimiocinas. As células inflamatórias levam à perda da mielina,
disfunção da integridade dos oligodendrócitos e, posteriormente, perda axonal. Esses eventos
são, em última instância, os responsáveis pelos sintomas e pela incapacidade funcional
relacionada à doença. Portanto, o entendimento do processo inflamatório, especialmente da
migração de células para o SNC, é fundamental na compreensão da esclerose múltipla (AL-
OMAISHI et al., 1999).
20
1.2 Modelo de encefalomielite auto-imune experimental (EAE)
1.2.1 Introdução
Encefalomielite auto-imune experimental (EAE) mostra-se eficaz ao reproduzir os
principais sintomas e sinais da esclerose múltipla e, por isso, além de ser um modelo de
neuro-inflamação, é considerado um modelo animal para o estudo da esclerose múltipla.
Existem diferentes métodos para a indução de EAE, mas em comum está o fato de se
estimularem células T encefalitogênicas a migrarem para o SNC, provocando inflamação.
1.2.2 História da EAE
O modelo foi utilizado pela primeira vez em 1933 por Thomas Rivers (EPPS,
2005), que administrou extratos de cérebro de coelho em macacos Rhesus. Rivers percebeu
que os animais desenvolviam paralisia e esta condição era dependente da quantidade de
mielina que havia no extrato aplicado no animal. A indução era bastante trabalhosa, pois
Rivers fazia cerca de 80 aplicações de extrato de cérebro por animal, durante um período de
um ano. Alguns anos depois, Kabat et al. (1946) utilizaram um adjuvante recentemente
desenvolvido por Jules Freund. A partir daí, era necessária apenas uma injeção de extrato de
cérebro para que a indução acontecesse (EPPS, 2005).
1.2.3 Modelos de EAE
Após a incorporação dos adjuvantes à indução, muitos modelos de EAE foram
desenvolvidos em roedores por uma sensibilização ativa com antígenos de mielina, como o
MOG (do inglês: “myelin oligodendrocyte glycoprotein”) ou o PLP (proteo lipid protein) ou
pela transferência passiva de células T CD4+ de perfil Th1 reativas à mielina (STROMNES &
GOVERMAN, 2006). Exemplos de modelos de EAE em roedores são mostrados na tabela da
página seguinte.
21
TABELA 1
Modelos de EAE ativa. Linhagem do
camundongo
Peptídeo Seqüência do peptídeo Origem do peptídeo
PL/J MBPAc1-11 Ac-ASQKRPSQRHG Rato
B10.PL MBPAc1-9 Ac-ASQKRPSQR Rato/camundongo
SJL/J PLP139-151 HCLGKWLGHPDKF Humano/camundongo
PLP178-191 NTWTTCQSIAFPSK Humano/camundongo
MBP84-104b VHFFKNIVTPRTPPPSQGKGR Camundongo
MOG92-106d DEGGYTCFFRDHSYQ Rato
C57BL/6 MOG35-55 MEVGWYRSPFSRVVHLYRNGK Rato/camundongo
MOG35-55 MEVGWYRPPFSRVVHLYRNGK Humano
NOD MOG35-55 MEVGWYRSPFSRVVHLYRNGK Rato/camundongo
PLP48-70 TYFSKNYQDYEYLINIHAFQYV Humano/camundongo
C3H.SW MOG35-55 MEVGWYRSPFSRVVHLYRNGK Rato/camundongo
ABH (Biozzi) PLP56-70 DYEYLINVIHAFQYV Camundongo
MOG8-22 PGYPIRALVGDEQED Rato
A.SW MOG92-106d DEGGYTCFFRDHSYQ Rato
C3H/HeJ PLP190-209 SKTSASIGSLCADARMYGVL Humano/camundongo
PLP215-232 PGKVCGSNLLSICKTAEFQ Humano/camundongo
CBA/J PLP190-209 SKTSASIGSLCADARMYGVL Humano/camundongo
PLP215-232 PGKVCGSNLLSICKTAEFQ Humano/camundongo
DBA/1 MOG79-96d GKVALRIONVRFSDHGGY Rato
Fonte: Stromnes e Goverman (2006) com modificações.
22
1.2.4 Modelo de EAE induzido por MOG: vantagens e limitações
O modelo utilizado neste trabalho envolve a proteína MOG. Suspeita-se do
envolvimento dessa proteína em EAE desde 1976 quando Lebar e colaboradores
argumentavam que a desmielinização observada em animais induzidos era mediada por
anticorpos com reatividade para um componente da mielina, na época denominado M2
(LEBAR et al., 1976). Em 1984, Linington e colaboradores identificaram a proteína pela
primeira vez, e logo ela foi associada aos anticorpos relatados pelo trabalho de Lebar
(LININGTON et al., 1984). Em 1995, Johns e colaboradores induziram EAE em ratos Lewis
utilizando pela primeira vez a proteína MOG purificada, ao invés do extrato de cérebro. No
mesmo ano, Adelmann e colaboradores descobriram que um dos epítopos reconhecidos pelo
sistema imune correspondia aos 21 aminoácidos da posição 35 a 55 da proteína MOG,
consolidando, assim, a indução através do peptídeo MOG35-55.
Semelhanças entre EAE e esclerose múltipla incluem lesões com desmielinização
que ocorre no SNC, principalmente na substância branca, a presença de linfócitos T CD4+ e T
CD8+, além de moléculas do complemento nessas lesões. Tal similaridade entre os dois
quadros patológicos faz da EAE um modelo útil no estudo dos mecanismos fisiopatológicos
da esclerose múltipla e, não obstante, valida a EAE como um modelo para o desenvolvimento
de terapias.
No entanto, não é uma unanimidade considerar EAE como um modelo de
esclerose múltipla. Isso porque, apesar de muitas semelhanças com aquela doença, a EAE
possui diferenças importantes. Do ponto de vista farmacológico, dois medicamentos testados
com sucesso em EAE falharam no tratamento de esclerose múltipla. Um deles é um
bloqueador da integrina α4β1. Este medicamento foi eficiente no tratamento dos modelos de
EAE e também foi bastante eficaz em alguns pacientes, porém houve dois casos de
desenvolvimento de leucoencefalopatia multifocal progressiva que vieram a óbito (BART,
2006). Por outro lado, algumas terapias para esclerose múltipla presentes no mercado foram
desenvolvidas devido a seu êxito em atenuar a EAE, dentre as quais é importante citar o
acetato de glatiramer (SCHREMPF e ZIEMSSEN, 2007).
Neste trabalho, optou-se por considerar EAE como modelo de esclerose múltipla,
uma vez que os parâmetros de neuroinflamação investigados neste trabalho têm suma
importância na etiopatogênese desta doença.
23
Kuchroo et al. (2002) apresentaram uma proposta do mecanismo fisiopatológico
que desencadearia a EAE. O papel de células T CD4+ auto-reativas é fundamental neste
processo. A maior parte destas células seria eliminada durante o desenvolvimento no timo,
mesmo aquelas que expressam antígenos de mielina. No entanto, algumas células auto-
reativas escapariam da seleção tímica e constituiriam o repertório periférico de células T.
Estas células seriam ativadas a partir do contato com o epítopo antigênico, contato este
mediado por complexo de histocompatibilidade principal (MHC – main histocompatibility
complex) em conjunto com sinais coestimulatórios apropriados. Após este evento, células T
migrariam pela barreira hematoencefálica e, no SNC, precisariam ser reativadas por células
apresentadoras de antígeno locais, também expressando moléculas coestimulatórias, para que
se inicie a inflamação e o dano ao tecido. Embora as células Th1 sejam necessárias para
iniciar a doença, muitas das células vistas em lesões de EAE são recrutadas
inespecificamente. Estas células infiltradas consistem principalmente de células T e
macrófagos e, numa menor extensão, células B. Macrófagos ativados destroem mielina dos
axônios e secretam inúmeras citocinas, incluindo IL-1 e TNF-α, o que perpetuaria reações
inflamatórias não específicas e contribuiria para o dano tecidual. Assim, após a saída do timo,
células T auto-reativas têm que passar por diversos pequenos estágios para mediar uma
doença auto-imune: elas devem ser ativadas no compartimento imune, diferenciar-se para
assumir um fenótipo efetor patogênico, expressar moléculas de adesão apropriadas, migrar
para o órgão efetor e ser reativadas para recrutar outras células que participarão do dano
tecidual e do desenvolvimento da doença auto-imune.
24
1.3 Microscopia intravital
Microscopia de fluorescência intravital é uma técnica estabelecida para a análise
da microcirculação de órgãos. Ela possibilita a avaliação de parâmetros microhemodinâmicos
e interação entre leucócitos e endotélio in vivo. Usando esta técnica, novas informações têm
sido obtidas sobre os mecanismos patológicos de várias desordens imunológicas e a influência
de drogas em parâmetros de perfusão microvascular (MENGER e LEHR, 1993; MENGER e
VOLLMAR, 1996).
Na inflamação aguda, a microscopia de fluorescência intravital tem fornecido
dados relevantes sobre os primeiros momentos da interação endotélio-leucócitos in vivo.
Além disso, informações sobre o papel das moléculas de adesão nos fenômenos de rolamento
de leucócitos, adesão e migração pelo endotélio inflamado foram obtidas em estudos in vivo
(GRANGER e KUBES, 1994; HARRIS et al., 1996; JOHNSTON et al. 1995). Vajkoczy et al.
(2001), por exemplo, utilizaram microscopia intravital em medula espinhal de camundongos
SJL para verificar a participação de integrina α4 e VCAM na adesão e rolamento de leucócitos
no endotélio dos vasos no SNC. Em outro estudo, Piccio et al. (2005) analisaram parâmetros
de rolamento e adesão por microscopia intravital com o intuito de verificar a dependência de
fucosiltransferase-VII e CLA (cutaneous limphocyte antigen) no processo.
A avaliação de parâmetros de rolamento e adesão de leucócitos também foi
utilizada em alguns trabalhos envolvendo EAE. Kerfoot et al. (2006) observaram que o duplo
bloqueio de PSGL-1 (ligante de leucócitos para P-selectina) e integrina α4 diminuía adesão e
rolamento na microvasculatura cerebral de camundongos e resultava em atraso no início dos
sinais clínicos de EAE, além de recuperação significativa após o primeiro surto. Dos Santos et
al. (2005) investigaram os efeitos de MCP-1/CCL2 e RANTES/CCL5 em diferentes
momentos da EAE, correlacionando os níveis destas quimiocinas com adesão e rolamento na
microvasculatura cerebral em camundongos. Ni et al. (2004) usaram a microscopia intravital
para investigar o mecanismo pelo qual o agonista do receptor canabinóide Win 55212-2
atenuava EAE.
25
1.4 Recrutamento de leucócitos para o sistema nervoso central e o papel das quimiocinas
no processo
O recrutamento de leucócitos na EAE depende de uma gama de quimiocinas
liberadas por diversas células do SNC, do endotélio vascular e do sistema imune. Nesse
contexto, as quimiocinas são mediadores críticos da migração celular que se ligam a
receptores acoplados a proteína G (ALLEN et al., 2007).
Podem-se listar três rotas de entrada de leucócitos no SNC. Migração do sangue
para o fluido cerebrospinal através do plexo coróide ou através dos vasos das meninges para o
espaço subaracnóideo; migração do sangue para o parênquima perivascular do cérebro; e
migração do sangue para o parênquima perivascular da medula espinhal (REBENKO-MOLL et
al., 2006).
A migração de leucócitos do sangue para o parênquima perivascular do cérebro é
um processo que se inicia pela interação da célula com o endotélio do vaso, interação esta
estimulada por quimiocinas, como dito anteriormente. A figura a seguir resume o processo.
Ilustração 1 Recrutamento, rolamento, adesão e transmigração celular. Fonte: Queiroz (2007).
Quimiocinas, termo resultante da fusão de “citocinas quimiotáticas”, são uma
grande família de pequenas proteínas básicas que exercem um amplo espectro de funções
26
biológicas e patológicas. A demonstração in vitro de que uma molécula é uma quimiocina
consiste no estímulo quimiotático de leucócitos de uma forma dependente da concentração da
suposta quimiocina (SAVARIN-VUAILLAT & RANSOHOFF, 2007). É comum a todas as
quimiocinas descritas até o momento o fato de sua ação efetora depender da ligação da
molécula a receptores de membrana acoplados à proteína G.
A subfamília CC é caracterizada pela presença de dois resíduos de cisteína
sucessivos. Os membros desta que é a maior subfamília têm espectro de ação amplo e podem
atrair monócitos, eosinófilos, basófilos, linfócitos T, células “natural killer” (NK) e células
dendríticas. As quimiocinas da subfamília CXC recebem esta denominação pela interposição
de um aminoácido (X) entre seus dois primeiros resíduos de cisteína e subdividem-se entre
aquelas que possuem o motivo glutamato-leucina-arginina (ELR) e aquelas que não possuem.
São utilizadas na quimiotaxia para neutrófilos (se também contiverem o motivo ELR) e para
linfócitos e monócitos (se não apresentarem o motivo ELR). As quimiocinas C apresentam
apenas dois dos quatro resíduos que ocorrem nas outras subfamílias e podem agir em
linfócitos, mas não em neutrófilos ou monócitos. A quimiocina da família CX3CL possui três
aminoácidos entre os dois primeiros resíduos de cisteína e um domínio semelhante a mucina
em sua extremidade C-terminal. Age como molécula de adesão ou quimioatraente para células
T, células NK e fagócitos mononucleares (SAVARIN-VUAILLAT & RANSOHOFF, 2007).
27
Ilustração 2 Estruturas das diferentes classes de quimiocinas, células nas quais elas agem e exemplos. Fonte: Savarin-Vuaillat & Ransohoff (2007) com modificações.
28
1.5 A barreira hematoencefálica
A entrada de moléculas ou células no sistema nervoso central está condicionada à
ação da barreira hematoencefálica (BHE), que consiste principalmente de células endoteliais
unidas por tight junctions. As tight junctions impedem a entrada de moléculas no parênquima
cerebral, o que confere a menor permeabilidade intercelular no endotélio capilar do sistema
nervoso central. Além disso, as células endoteliais possuem taxa diminuída de endocitose, o
que limita também o tráfego de moléculas intracelular (BELLAVANCE et al., 2008)
Para que uma molécula consiga atravessar a BHE, ela deve pesar menos de 180Da
e apresentar uma lipossolubilidade compatível (KROLL e NEUWELT, 1998; PARDRIDGE, 2005).
Essas são as propriedades essenciais, mas, além delas, o grau de ionização, a ligação a
proteínas do plasma, o fluxo sangüíneo local e a afinidade por carreadores também podem
influenciar na permeabilidade da BHE (KEMPER et al., 2004). Poucas moléculas apresentam
essas características, e mesmo que as apresente, ainda assim a entrada ao sistema nervoso
central não está garantida (GHOSE et al., 1999; LIPINSKI, 2000). Bombas de efluxo ativas, tal
como a glicoproteína P, oferecem uma barreira protetora adicional ao sistema nervoso central,
por agir lançando moléculas danosas de volta à corrente sangüínea (JULIANO E LING, 1976;
CORDON-CARDO et al., 1990). Em conseqüência, 98% das pequenas moléculas e todas as
moléculas de alto peso molecular são excluídas do compartimento do sistema nervoso central
(PARDRIGDE, 2005). Assim, a BHE regula a homeostase cerebral por controlar a composição
do CSF e o compartimento dos fluidos extracelulares, via entrada e retirada de compostos
específicos da interface sangue-cérebro.
Segundo Persidsky et al. (2006):
“A barreira hematoencefálica (BHE) é estruturalmente formada pelo endotélio
microvascular, astrócitos, membrana basal e pericitos, além dos neurônios que
estão em proximidade física com o endotélio. Todos estes elementos são parte da
unidade neurovascular. Sob condições fisiológicas, a BHE garante o suprimento
constante de nutrientes (oxigênio, glicose e outras substâncias) para as células do
cérebro e direciona as células inflamatórias.”
Assim, além de ser responsável por tráfego reduzido de células do sistema imune
para o SNC (ENGELHARDT, 2006), a BHE também é importante para que ocorra a entrada de
células inflamatórias, principalmente células T ativadas (HICKEY et al., 1991) no SNC.
29
No modelo de EAE, a invasão de células T através da BHE é considerada um dos
acontecimentos que antecedem a manifestação da patologia auto-imune (SMORODCHENKO et
al., 2007). Exemplos de alterações da BHE na EAE são mostrados no trabalho de Floris et al.
(2003), no qual ficou demonstrado aumento da permeabilidade da BHE em ratos Lewis pouco
antes do surgimento de infiltrados de monócitos no sistema nervoso central; e no trabalho de
Wuerfel et al. (2007), no qual, utilizando ressonância magnética, foram detectadas alterações
na BHE de camundongos antes das manifestações clínicas da EAE.
1.6 Nocicepção e o modelo de encefalomielite auto-imune experimental
Dor é definida como “uma experiência sensorial e emocional desagradável
associada a um dano atual ou potencial ao tecido, ou descrita em termos de tal dano”
(International Association for the Study of Pain, IASP, 2007).
Embora a ocorrência de sintomas álgicos e disestésicos seja elevada na esclerose
múltipla (NOSEWORTHY et al., 2000), existe apenas um trabalho abordando nocicepção em
modelos de esclerose múltipla. Aicher et al. (2004) avaliaram nocicepção por estímulo com
calor em camundongos SJL induzidos com o peptídeo PLP. Encontrou-se uma diferença na
nocicepção entre camundongos machos e fêmeas. Neste estudo, pouco antes do início dos
sinais clínicos, os animais apresentaram hipoalgesia, seguida de uma persistente hiperalgesia
durante a fase crônica da doença, tanto em machos quanto fêmeas.
No presente trabalho, o método utilizado para análise de nocicepção é baseado nos
filamentos de von Frey (VON FREY, 1896). Originalmente, o método era utilizado em humanos
e consistia em pressionar filamentos com espessura da ordem de 10-1mm de diâmetro sobre a
pele. Variando o diâmetro do filamento, podia-se determinar o limite mínimo de pressão
necessário para que houvesse a sensação de toque (PEARCE, 2005). Em 1998, o método foi
adaptado para ratos por Möller et al. (1998), e em 2004 foi adaptado para camundongos por
Cunha et al.(2004).
1.7 Fosfatidilinositol-3-cinase
Fosfatidilinositol-3-cinases (PI3K), também conhecidas como fosfoinositídeo-3-
cinases, são enzimas que fosforilam o grupo inositol na posição D3, formando, por exemplo,
fosfatidilinositol 3,4,5-bisfosfato [PtdIns(3,4,5)P2] (Ilustração 4).
30
PI3Ks são proteínas filogeneticamente conservadas presentes de leveduras aos
mamíferos superiores e são divididas em classes I, II e III, de acordo com sua estrutura
molecular, regulação celular e especificidades do substrato in vivo (ROMMEL et al., 2007). As
PI3Ks, que incluem a classe IA (contendo as isoformas PI3Kα, PI3Kβ e PI3Kδ) e classe IB
(contendo apenas a PI3Kγ), controlam muitas funções celulares como crescimento e
proliferação, sobrevivência e apoptose, bem como adesão e migração (ROMMEL et al., 2007).
Todas as isoformas têm como subunidade catalítica a p110; as isoformas p110α e p110β são
sintetizadas em vários tecidos e as isoformas p110δ e p110γ são sintetizadas em maior
proporção nos leucócitos (COSTA et al., 2007).
Ilustração 3 Organograma simplificado listando as isoformas de PI3K e suas respectivas subunidades catalíticas.
31
Ilustração 4 Estrutura do fosfatidilinositol (Ptdins). Ptdins é um glicerofosfolipídeo. Em células animais, R é tipicamente um ácido graxo de cadeia saturada, como o estearato (C18), enquanto R’ é tipicamente um ácido graxo de cadeia longa poli-insaturada, como o araquidonato (C20). Fosfoinositídeos são gerados quando a cabeça do grupo, o anel de inositol com seis carbonos, é fosforilado em várias posições. Fonte: Thorner (2001) com modificações.
Ilustração 5 Reação catalisada pela fosfatidilinositol-3-cinase. Fonte: Ross et al. (2001) com modificações.
32
Ilustração 6 Esquema da estrutura da PI3K classe IB, subunidade p110γ. Fonte: Deane e Fruman (2004) com modificações.
Há relatos de que a isoforma PI3K p110γ (PI3Kγ) esteja envolvida em processos
inflamatórios. Em modelos de artrite reumatóide, Camps et al. (2005) mostraram que
camundongos knock out para essa isoforma eram resistentes à doença, assim como eram
camundongos selvagens que recebiam um inibidor de PI3Kγ. Ferrandi et al. (2007)
mostraram que a PI3Kγ tem um papel fundamental no recrutamento de neutrófilos dependente
de RANTES/CCL5 durante os eventos iniciais da inflamação num modelo de artrite
reumatóide.
Verificou-se que a migração in vitro de células CD4+ e CD8+ deficientes de PI3Kγ
para um gradiente de CCL9, CXCL12 e CCL21 é significativamente menor que em células de
animais selvagens. Esse efeito depende exclusivamente da forma γ da enzima já que a
deficiência de PI3Kδ não teve nenhum efeito na migração de células T (REIF et al., 2004). Em
outro estudo, Liu et al. (2007) investigaram os efeitos das isoformas δ e γ tanto no
recrutamento quanto na migração de neutrófilos. Constatou-se que a migração dos neutrófilos
dependia das duas isoformas, em momentos distintos do processo de migração.
FERGUSON et al. (2007) mostraram que a migração de neutrófilos in vitro
estimulada por quimiocinas depende de PI3Ks, particularmente PI3Kγ, sendo que o efeito da
enzima depende da superfície e do contexto de quimiotaxia do neutrófilo.
SMITH et al. (2007) utilizaram inibidores de várias isoformas de PI3K além de
siRNA e concluíram que a PI3Kγ é a isoforma dominante na resposta migratória ex vivo em
linfócitos T de humanos.
Portanto, baseando-se em diversos relatos da literatura demonstrando o
envolvimento da PI3Kγ em processos inflamatórios, justifica-se a investigação do papel da
PI3Kγ na EAE.
33
OBJETIVOS
34
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Investigar os efeitos da indução de modelo de neuroinflamação – encefalomielite
auto-imune experimental – em camundongos deficientes para o gene da enzima PI3Kγ.
2.2 Objetivos específicos
Estudar a resposta clínica de camundongos selvagens e deficientes para o gene da
enzima PI3Kγ submetidos à EAE;
Avaliar a resposta nociceptiva de camundongos selvagens e deficientes para o
gene da enzima PI3Kγ submetidos à EAE;
Realizar análise histopatológica do tecido cerebral de camundongos selvagens e
deficientes para o gene da enzima PI3Kγ submetidos à EAE;
Investigar a dinâmica de rolamento e adesão de leucócitos na circulação cerebral
de camundongos selvagens, camundongos selvagens que receberam administração de um
inibidor da PI3Kγ e camundongos deficientes para o gene da enzima PI3Kγ submetidos à
EAE;
Verificar a produção de quimiocinas do tecido cerebral dos animais selvagens e
deficientes para o gene da enzima PI3Kγ submetidos à EAE.
35
MATERIAIS E MÉTODOS
36
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Animais
Animais C57BL/6 fêmeas com idade entre 8 e 12 semanas foram obtidos do
Centro de Bioterismo do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas
Gerais (CEBIO-ICB-UFMG). Os animais PI3Kγ-/- com a mesma idade foram gentilmente
doados por Josef M. Penninger, então pesquisador do Instituto Amgen, Toronto, Canadá
(SASAKI et al., 2000). Os animais foram mantidos com água e ração ad libitum. O projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universidade Federal de
Minas Gerais (CETEA - UFMG), sob o número de protocolo 129/06.
3.2 Reagentes e indução da EAE
O peptídeo MOG (MOG35-55), de seqüência 35-55
(MEVGWYRSPFSRVVHLYRNGK), e adjuvante completo de Freund (CFA) foram obtidos
da Sigma Chemical Co. EAE foi induzida por imunização subcutânea na base da cauda com
uma emulsão contendo 100µg do peptídeo MOG35-55 e CFA suplementado com 4mg/mL de
uma cepa atenuada H37 RA de Mycobacterium tuberculosis (Laboratórios Difco) macerado
com o auxílio de um cadinho. O animal foi anestesiado (anestésico descrito no item 3.4) antes
da imunização cuja administração ocorria em duas doses de 50mg nas laterais da base da
cauda do animal. A emulsão foi preparada utilizando-se duas seringas acopladas a um
threeway; após cerca de 10 min de mistura, a solução atinge a consistência necessária para a
injeção subcutânea.
Injetou-se toxina pertussis (Sigma Chemical Co.) em duas doses de 300ng por
animal intraperitonealmente no dia da imunização e 48h depois. Os animais foram
monitorados diariamente e os sinais neurológicos foram quantificados com escalas clínicas
descritas a seguir. O monitoramento dos animais incluiu, além da quantificação dos sinais
clínicos, a medida da massa de cada animal.
37
3.3 Avaliação clínica da EAE
O estado clínico dos animais foi monitorado diariamente por dois métodos. O
método descrito por Weaver et al. (2005) consiste na avaliação isolada da cauda, dos
membros posteriores, dos membros anteriores e da bexiga do animal. Cada membro recebe
uma pontuação de acordo com os critérios estabelecidos e a soma de todos os pontos é
definida como a condição clínica do animal (TABELA 3). O outro método, descrito por Guan
et al. (2006), é baseado na avaliação de cauda, membros posteriores e membros anteriores
(TABELA 2)
TABELA 2 Método de avaliação clínica proposto por Guan et al. (2006). Escala
0 nenhum sinal clínico
0,5 paralisia parcial de cauda
1 paralisia de cauda ou marcha alterada*
1,5 paralisia parcial de cauda e marcha desengonçada
2 paralisia de cauda e marcha desengonçada
2,5 paralisia parcial de membros inferiores
3 paralisia de um dos membros inferiores
3,5 paralisia de um dos membros inferiores e paralisia parcial do outro membro inferior
4 paralisia de dois membros inferiores
4,5 paralisia de dois membros inferiores e fraqueza nos membros superiores
5 moribundo ou morto
*Marcha em que o animal movimenta-se cambaleando, sem a postura firme exibida por um
animal saudável.
38
TABELA 3 Método descrito por Weaver (2005). Cauda
0 Um camundongo normal mantém sua cauda ereta enquanto se move. 1 Se a extremidade da cauda está flácida, com tendência a cair. 2 Se a cauda está completamente flácida e arrasta na superfície.
Membros inferiores 0 Um camundongo normal tem uma marcha precisa e não arrasta suas patas. 1 Um dos dois testes seguintes é positivo:
a) Teste da virada: enquanto mantém a cauda entre o polegar e o indicador, vire o animal de barriga para cima e observe o tempo que ele leva para consertar a postura. Um camundongo saudável se vira imediatamente. Uma demora sugere fraqueza nas patas traseiras;
b) Posicione o camundongo na parte externa da gaiola e observe sua movimentação à medida que ele atravessa de uma extremidade à outra da gaiola. Se uma ou ambas as patas traseiras freqüentemente atravessam as barras da gaiola, consideramos que há uma paralisia parcial.
2 Ambos os testes anteriores são positivos. 3 Uma ou ambas as patas traseiras mostram sinais de paralisia, mas algum
movimento é preservado, por exemplo: o animal pode agarrar e se manter na parte interna da gaiola por um curto momento antes de se soltar.
4 Quando ambas as patas traseiras estão paralisadas e o camundongo as arrasta enquanto se move.
Patas dianteiras 0 Um camundongo normal usa suas patas dianteiras ativamente para se agarrar e
andar e mantém sua cabeça ereta. 1 Andar é possível mas difícil, devido à fraqueza em uma ou ambas as patas; por
exemplo, as patas dianteiras são consideradas fracas quando o camundongo tem dificuldade em se agarrar na parte interior da gaiola. Outro sinal de fraqueza é falta de tônus no pescoço.
2 Quando uma pata dianteira está paralisada (impossibilidade de agarrar) e o camundongo fica dando voltas em torno da pata paralisada. Nesse momento, o pescoço também já perdeu muito de seu tônus muscular.
3 O camundongo não pode se mover e não consegue beber água ou se alimentar. Bexiga
0 Um camundongo normal tem total controle sobre sua bexiga. 1 Um camundongo é considerado incontinente quando a porção posterior de seu
corpo está encharcada de urina. Morte: 15* *Neste trabalho, não se utilizou esta pontuação de modo que os animais mortos eram excluídos do grupo experimental. Assim, os gráficos que ilustram a evolução da gravidade clínica não consideram os animais que morreram durante o experimento.
39
3.4 Microscopia intravital no cérebro do camundongo
A microscopia intravital na microvasculatura cerebral do camundongo foi
executada como descrita anteriormente por Carvalho-Tavares et al. (2000).
Os camundongos foram anestesiados por uma injeção intraperitoneal de uma
mistura de 150mg/kg de ketamina e 10mg/kg de xylazina e a veia da cauda foi canulada para
a administração de corantes fluorescentes. A craniotomia foi realizada usando uma broca de
alta velocidade (Dremel, EUA) e removeu-se a dura-máter para expor a vasculatura da pia-
máter. Durante o experimento, o camundongo foi mantido em 37ºC com um aquecedor (Fine
Science Tools Inc., Canadá) e o cérebro exposto foi continuamente superfundido com líquor
tamponado, cuja composição é a seguinte em mmol/L: NaCl 132; KCl 2,95; CaCl2 1,71;
MgCl2 0,64; NaHCO3 24,6; dextrose 3,71 e uréia 6,7, pH 7,4 a 37ºC.
Para observar as interações entre os leucócitos e o endotélio, os leucócitos foram
marcados por administração intravenosa de rodamina 6G (Sigma, 0,5mg/kg de peso corporal).
A rodamina 6G é um corante fluorescente, com a habilidade de marcar mitocôndrias
seletivamente. Devido a esta propriedade, o corante é usado para o estudo de leucócitos em
ensaios de microscopia intravital, com o objetivo de examinar a cinética in vivo destas células,
mesmo na presença da alta velocidade do fluxo sangüíneo (BAATZ et al., 1995).
Um microscópio (Olympus BX40), com objetiva 10X, foi utilizado para observar
os eventos microcirculatórios nos vasos cerebrais. A fluorescência associada à rodamina 6G
foi visualizada com epi-iluminação a 510-560nm, usando um filtro de emissão de 590nm.
Uma câmera de vídeo (Optronics) projetou as imagens que foram gravadas em vídeo-cassete
(VHS, Semp Toshiba, modelo x685) para uma posterior análise. O número de leucócitos em
rolamento e adesão foi determinado através de análise no dia do experimento e análise
posterior dos vídeos. O rolamento de leucócitos foi definido como células movendo a uma
velocidade menor que o fluxo sanguíneo. Leucócitos foram considerados aderidos ao
endotélio se permaneceram estacionários por um período superior a 30s. O rolamento, por ser
um processo dinâmico, foi expresso como número de células /minuto. A adesão leucocitária
foi expressa como células aderidas ao endotélio vascular Os vasos considerados para a
contagem mediam de 30µm a 70µm de diâmetro e 100µm de comprimento. A contagem foi
realizada pela mesma pessoa em todos os experimentos, e ela não sabia a qual grupo pertencia
o animal submetido à contagem.
40
Após a microscopia intravital, os animais foram sacrificados, por dose excessiva
do anestésico, e o tecido cerebral foi retirado para análise histológica e determinação de
quimiocinas.
Ilustração 7 Esquema representativo da craniotomia realizada para exposição da microcirculação cerebral. 3.5 Preparo de homogenato de cérebro de camundongo
O cérebro dos animais selvagens e de animais PI3Kγ-/- foi retirado, devidamente
acondicionado e estocado em –20ºC. As amostras foram pesadas e imersas em solução
inibidora de proteases (NaCl 0,4M; Tween 20 0,05%; Albumina de soro bovino 0,5%;
Fluoreto de fenilmetilsufonila 0,1mM; cloreto de benzetônio 0,1 mM; EDTA 10 mM; 20UI de
aprotinina), preparada a partir de uma solução de tampão fosfato (NaCl 8g, KCl 0,2g e
Na2HPO4.12H2O 2,89g diluídos em 1L), numa relação de 1mL de solução para cada 100mg
de tecido. Os tecidos foram macerados por um homogeneizador de tecidos (Ultra-Turrax) e a
solução resultante foi centrifugada a 10 000rpm/10min em 4oC. O sobrenadante foi recolhido,
aliquotado e estocado em uma temperatura de –20oC até o uso (DOS SANTOS et al., 2005).
3.6 Determinação de citocinas por ELISA
Os kits para ELISA de camundongo para Kc/CXCL1, MCP-1/CCL2 e
RANTES/CCL5 foram obtidos da R&D Systems (DuoSet) e utilizados de acordo com os
procedimentos descritos pelo fabricante. As concentrações das quimiocinas MCP-1/CCL2,
RANTES/CCL5 e Kc/CXCL1 foram avaliadas no sobrenadante em diluição 1:3 em solução
PBS:BSA 1%.
41
Em placas de 96 poços (Nunc. Immunosorb, Naperville), foram adicionados 100
µL/poço do anticorpo de captura, sendo este específico para cada molécula e em concentração
adequada. Esta solução permaneceu em contato com a placa durante 18 h a 4oC e foi,
posteriormente, lavada cinco vezes com PBS/Tween 0,1%, utilizando um lavador de placas
automático (ELX50, Bio-Tet Instruments, INC). Logo após, foram adicionados 200 µL/poço
de solução de bloqueio (PBS/BSA 1%). O tempo de bloqueio foi de duas horas sob agitação.
Transcorrido este tempo, houve nova lavagem das placas e 100µL de cada amostra foram
adicionados à placa. Paralelamente, para o estabelecimento de cada curva padrão, foram
utilizadas diferentes diluições das quimiocinas, a partir das seguintes concentrações iniciais:
Kc/CXCL1, 1000pg/mL; MCP-1/CCL2, 500pg/mL; RANTES/CCL5, 2000pg/mL. As placas
foram incubadas por mais 18 h a 4ºC. As placas foram lavadas e foram adicionados 100
µL/poço de solução de anticorpo de detecção, biotinilado e específico para cada molécula. As
placas foram incubadas por uma hora e foram lavadas em seguida. Transcorrida esta etapa,
foram adicionadas a cada placa uma solução contendo estreptavidina ligada à peroxidase
(HRP, Pharmingen). Após 30 minutos, a placa foi novamente lavada, foi adicionado o tampão
substrato contendo o-fenilenodiamina (OPD, Sigma) e H2O2 (Merck). Após cerca de 30
minutos, a reação foi interrompida com 50 µL de ácido sulfúrico (H2SO4) 1M. O produto da
oxidação do OPD foi detectado por colorimetria em leitor de placas a 492 nm (Molecular
Devices, USA). A concentração referente a cada amostra foi calculada a partir da curva
padrão correspondente.
3.7 Histologia
3.7.1 Fixação do tecido e recorte dos órgãos
Os camundongos foram sacrificados por excesso de administração do anestésico.
O cérebro foi coletado e fixado por imersão em solução de formol tamponado a 10%, pH 7,0,
com o objetivo de preservar a morfologia e a composição do tecido. Após o período de
fixação, os tecidos foram recortados e seccionados transversalmente. A cada animal foi dado
um código que apenas foi revelado ao final de todas as análises.
42
3.7.2 Desidratação, diafanização e inclusão em parafina
Os tecidos foram submetidos à desidratação em concentrações crescentes de
álcool (70%, 80%, 90%, todos uma vez e álcool absoluto três vezes) sendo que os fragmentos
permaneceram imersos por um período de 20 minutos em cada álcool.
Após a etapa de desidratação, foi realizado o processo de diafanização, que tem
como objetivo tornar o tecido translúcido. A diafanização consistiu em submeter os
fragmentos a dois banhos de xilol com duração de 20 minutos cada. Posteriormente, os
tecidos foram impregnados e incluídos em parafina.
3.7.3 Microtomia
Os blocos de parafina, contendo o fragmento do órgão, foram submetidos à
microtomia, sendo obtidos dois cortes seriados com 4µm de espessura. Cada corte foi
colocado em banho-maria para que as fitas fossem esticadas e logo depois as lâminas foram
colocadas na estufa para secarem em temperatura de 60oC.
3.7.4 Coloração Hematoxilina-Eosina
A coloração de rotina HE (hematoxilina-eosina) foi realizada nas lâminas com
cortes do tecido cerebral para uma observação geral das alterações histopatológicas.
O processo de coloração se iniciou com a imersão das lâminas em dois banhos de
xilol, de duração de 15 minutos cada, para desparafinização. Em seguida estas lâminas foram
imersas em banhos de álcool absoluto, álcool 90%, álcool 80%, álcool 70%, e água sendo
cada um dos banhos de 5 minutos para hidratação. Após a hidratação, as lâminas foram
imersas no corante Hematoxilina (corante ácido) por 10 minutos, em seguida lavadas em água
corrente por 5 minutos. A seguir, foi feita a diferenciação com a passagem rápida das lâminas
em álcool-acidulado. Novamente as lâminas foram lavadas em água corrente por 5 minutos.
Finalizada esta etapa, as lâminas foram imersas no corante Eosina (corante básico), por 30
segundos, e em seguida lavadas em água corrente por 1 minuto. Logo após, as lâminas foram
imersas em três banhos de álcool absoluto rapidamente e levadas à estufa a 60oC por alguns
minutos para secagem. Depois de secas, as lâminas foram imersas em xilol e montadas com
Entellan (Merck) e lamínula.
43
3.7.5 Análise Histopatológica
As lâminas coradas pela HE foram avaliadas utilizando-se a objetiva de 20X e
40X. Nos cortes histológicos o processo inflamatório foi avaliado de forma qualitativa na
meninge (pia-mater) e nas regiões perivasculares e caracterizado como: ausente (0), leve (1 -
pequeno número de células inflamatórias ou apresentando degeneração – até 10 células por
campo), moderado (2 - moderado número de células inflamatórias ou apresentando
degeneração – entre 10 e 50 células por campo) ou intenso (3 - acentuado número de células
inflamatórias ou apresentando degeneração – mais de 50 células por campo).
A captação de imagens foi realizada com microscópio AxioPlan 2 e software KS
400-3.0
3.8 Teste de pressão crescente na pata de camundongo
Os experimentos foram realizados utilizando o teste de pressão com um
anestesiômetro eletrônico (Insight Equipamentos, São Paulo, Brasil), que consiste em um
transdutor de pressão conectado a um contador digital de força expressa em gramas (g). A
precisão do aparelho é de 0,1g. O aparelho é calibrado para registrar uma força máxima de
150g, mantendo a precisão de 0,1g até a força de 80g. O contato do transdutor de pressão à
pata é realizado através de uma ponteira descartável de polipropileno com 0.5 ou 4,15mm2 de
diâmetro adaptada a esse.
Os animais são colocados em caixas de acrílico, medindo 12x10x17cm cujo
assoalho é uma rede de malha igual a 5mm2 constituída de arame não maleável de 1mm de
espessura, durante 15 minutos antes do experimento para adaptação ao ambiente. Espelhos
são posicionados 25cm abaixo das caixas de experimentação para facilitar a visualização das
plantas das patas dos animais.
O experimentador deve aplicar, por entre as malhas da rede, uma pressão
linearmente crescente no centro da planta da pata do camundongo até que o animal produza
uma resposta caracterizada como sacudida (“flinch”) da pata estimulada. Os estímulos são
repetidos por até seis vezes, em geral até o animal apresentar 3 medidas similares com uma
clara resposta de “flinch” após a retirada da pata. A intensidade de hipernocicepção foi
quantificada como a variação na pressão (Δ de reação em gramas) obtida subtraindo-se a
média de três valores expressos em gramas (força) observados antes do procedimento
44
experimental (0 hora) da média de três valores em gramas (força) após a administração dos
estímulos que variaram conforme o protocolo experimental. Os testes nociceptivos foram
realizados entre 8h e 16h. Todos os experimentos seguiram as normas e éticas estabelecidas
para experimentação com animais conscientes, recomendadas pelo IASP (ZIMMERMANN,
1983).
Ilustração 8 Foto do equipamento utilizado no teste de pressão crescente na pata de camundongo. A foto apresenta o anestesiômetro eletrônico (Insight Equipamentos, São Paulo, Brasil), constituído por transdutor de pressão (1) conectado a um contador digital de força (2), as caixas de acrílico (12x10x17cm de altura) e os espelhos inclinados (4), abaixo do assoalho que forneceu uma vista desobstruída das patas traseiras dos animais, utilizados no teste de pressão crescente na pata de camundongos. Fonte: Coelho (2007).
45
Ilustração 9 Foto no momento do teste de pressão crescente na pata de camundongo. A foto apresenta a ponteira de polipropileno (1) acoplada ao transdutor de força (2) em contato com a pata do animal (círculo vermelho). O experimentador deve aplicar, por entre as malhas da rede do assoalho (3), uma pressão linearmente crescente no centro da planta da pata até que o animal produza uma resposta caracterizada como “sacudida” (“flinch”). Fonte: Coelho (2007).
3.9 Análise estatística
Os dados foram apresentados com média+SEM (erro padrão da média). Os testes
t-student e análise de variância (ANOVA) foram utilizados para comparações envolvendo,
respectivamente, dois e três ou mais grupos. O nível de significância estatística foi
estabelecido em p<0,05.
46
RESULTADOS
47
4 RESULTADOS
4.1 Evolução clínica
A partir de 10 a 11 dias após a indução da EAE, os animais começam a apresentar
os primeiros sinais clínicos da encefalomielite como, por exemplo, fraqueza de cauda. Após
14 a 16 dias (fase aguda), a doença atinge a gravidade máxima, momento em que vários
animais apresentam paralisia nos membros posteriores. Essa condição é mantida por três ou
quatro dias e, nos dias que seguem, os animais iniciam o período de remissão, no qual
começam a recuperar sua massa corporal e os movimentos dos membros paralisados (fase
crônica). Raramente há animais que não se recuperam da fase de paralisia, assim como é
incomum o animal recuperar totalmente seus movimentos. Na maioria das vezes, há
recuperação dos movimentos dos membros posteriores, mas permanece uma deambulação
anormal, além de fraqueza de cauda. O período máximo de observação destes animais após a
indução de EAE foi de 34 dias.
Como pode ser verificado nos Gráficos 1 e 2, há uma alteração na evolução
clínica dos animais deficientes para o gene da PI3Kγ, que se traduz nos baixos valores de
severidade clínica deste grupo nos dias em que se estabelece a fase aguda da EAE nos animais
selvagens (WT). Adicionalmente, o grupo de animais PI3Kγ-/- não apresentou a perda de
massa que se observa nos animais selvagens.
48
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 300
1
2
3
4
5
6
7
WT EAE
PI3Kγ-/- EAE
**
**
Dias p.i.
Esca
la d
e se
verid
ade
clín
ica
Gráfico 1 Evolução clínica dos grupos WT e PI3Kγ-/- após indução de EAE. A avaliação clínica foi realizada diariamente utilizando a escala da tabela 3. Cada valor representa média±SEM para o grupo de animais. Houve diferença significativa (p<0,05) nos dias 15 e 16 entre os grupos WT (dia 15=5±1; dia 16=5,3±0,7) e PI3Kγ-/-(dia 15=0,9±0,9; dia 16=0,9±0,9). Número de animais por grupo: WT EAE=3; PI3Kγ-/- EAE=7. Resultado representativo de 2 experimentos.
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 3010
13
16
19
22
25
WT controleWT EAE
PI3Kγ-/- controlePI3Kγ-/- EAE
****
**
** ** **
Dias p.i.
Mas
sa (g
)
Gráfico 2 Evolução da massa dos grupos WT controle, PI3Kγ-/- controle, WT após a indução de EAE e PI3Kγ-/- após a indução de EAE. A massa foi medida diariamente utilizando balança analítica. Cada valor representa média±SEM para o grupo de animais. Houve diferença significativa (p<0,05) nos dias 14, 15 e 16 entre o grupo WT (dia 14=16,9±1,1; dia 15=15,9±0,5; dia 16=16,3±0,9; valores em gramas) e PI3Kγ-/-(dia 14=22,1±0,7; dia 15=22,0±0,8; dia 16=21,9±0,8; valores em gramas). Número de animais por grupo: WT EAE=3; PI3Kγ-/- EAE=7; WT controle=5; PI3Kγ-/- controle=6. Resultado representativo de 2 experimentos.
49
O mesmo experimento foi repetido e apresentou resultados similares tanto para a
evolução da severidade clínica quanto para evolução da massa corporal dos animais (ver
anexos).
A medida de nocicepção nos camundongos no período em que não há sinais
clínicos (até o décimo segundo dia pós-indução) é apresentada no Gráfico 3. A avaliação
nociceptiva foi interrompida após o décimo segundo dia, pois todos os animais WT EAE
apresentavam algum tipo de fraqueza , o que impossibilitava o teste nociceptivo.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 130
1
2
3
4
5WT EAEWT controle
PI3Kγ-/- EAEPI3Kγ-/- Controle
*
*
Dias pós-indução de EAE
Inte
nsid
ade
de h
iper
noci
cepç
ãoΔ
rea
ção
(g)
Gráfico 3 Teste de pressão crescente na pata do camundongo. O teste foi realizado antes e após indução de EAE, diariamente até o início da manifestação dos sinais clínicos. Houve diferença significativa (p<0,05) na intensidade de hipernocicepção (média Δreação (g)±SEM) entre os grupos WT EAE (3,03±0,35) e PI3Kγ-/- EAE (1,68±0,43). Número de animais em cada grupo: WT EAE=9; PI3Kγ-/- EAE=7; WT controle=5; PI3Kγ-/- controle=5.
O grupo WT EAE apresenta aumento de intensidade de hipernocicepção em
comparação ao grupo PI3Kγ-/- EAE no décimo dia pós-indução (p<0,05), dia em que
normalmente ocorre o início da manifestação dos sinais clínicos em alguns animais.
50
4.2 Interação leucócito-endotélio
Como mencionado anteriormente, alguns animais com 10, 14 e 28 dias de indução
foram utilizados para análise de microscopia intravital.
WT PI3K-/- WT PI3K-/- WT PI3K-/- WT PI3K-/-0
20
40
60
Fase crônica(28 dias p.i.)
Fase aguda(14 dias p.i.)
EAE início do sinais(10 dias p.i.)
controles
núm
ero
de c
élul
as p
or m
inut
o e
m 1
00µm
de
vaso
Gráfico 4 Quantificação de rolamento de leucócitos na microcirculação cerebral por microscopia intravital nos grupos WT controle, PI3Kγ-/- controle, WT após indução de EAE e PI3K-/- após indução de EAE com 10, 14 e 28 dias de indução. Não houve diferença significativa entre os grupos WT e PI3Kγ-/- induzidos com EAE nos dias 10, 14 e 28 pós-indução. Número de animais por grupo: controles, WT=10 e PI3Kγ-/-=12; grupo EAE 10 d.p.i, WT=6 e PI3Kγ-/-=3; grupo EAE 14 d.p.i, WT=11 e PI3Kγ-/-=11; grupo EAE 28 d.p.i., WT=9 e PI3Kγ-/-=12.
Apesar de haver um aumento do rolamento celular em todos os grupos que
receberam indução de EAE em relação aos grupos controles (p<0,01 para as comparações
entre WT EAE e WT controle e para as comparações PI3Kγ-/- EAE e PI3Kγ-/- controle), não
se encontrou nenhuma diferença significativa entre os grupos induzidos (GRÁF. 4). Em todos
eles, ocorrem níveis semelhantes de rolamento celular. O mesmo ocorreu entre os animais que
receberam o inibidor específico da PI3Kγ, AS605420 (GRÁF. 5).
51
controle EAE EAE+AS6054200
5
10
15
20
25
30
35
núm
ero
de c
élul
as p
or m
inut
oem
100
µm d
e va
so
Gráfico 5 Quantificação de rolamento de leucócitos na microcirculação cerebral por microscopia intravital após administração de inibidor de PI3Kγ. A quantificação foi realizada após 14 dias de indução, e o grupo EAE+AS605420 recebeu o inibidor 1h antes da contagem na microscopia intravital. Não houve diferença significativa entre os grupos WT EAE e WT EAE + AS605420. Número de animais em cada grupo: EAE=6; EAE+AS605420=6; Controle=5.
A adesão celular nos animais induzidos por EAE também foi significativamente
elevada em relação aos controles no décimo dia pós-indução (p<0,001). Entretanto, nos dias
dez, quatorze e vinte e oito pós-indução, não houve diferença significativa entre os grupos
WT e PI3Kγ-/- (GRÁF. 6).
Nos animais WT induzidos que receberam o inibidor da PI3Kγ após 14 dias de
indução, não foi verificada nenhuma alteração nos parâmetros de adesão.
52
WT PI3K-/- WT PI3K-/- WT PI3K-/- WT PI3K-/-0
5
10
15
20
Fase crônica(28 dias p.i.)
Fase aguda(14 dias p.i.)
EAE início do sinais(10 dias p.i.)
controles
núm
ero
de c
élul
aspo
r 10
0µm
de
vaso
Gráfico 6 Quantificação de adesão de leucócitos na microcirculação cerebral por microscopia intravital nos grupos WT controle, PI3Kγ-/- controle, WT após indução de EAE e PI3Kγ-/- após indução de EAE com 10, 14 e 28 dias de indução. Não houve diferença significativa entre os grupos WT e PI3Kγ-/- induzidos com EAE nos dias 10, 14 e 28 pós-indução. Número de animais por grupo: controles, WT=9 e PI3Kγ-/-=12; grupo EAE 10 d.p.i, WT=6 e PI3Kγ-/-
=3; grupo EAE 14 d.p.i, WT=11 e PI3Kγ-/-=11; grupo EAE 28 d.p.i., WT=9 e PI3Kγ-/-=13.
controle EAE EAE+AS6054200
1
2
3
4
5
núm
ero
de c
élul
aspo
r 100μ m
de
vaso
Gráfico 7 Quantificação de adesão de leucócitos na microcirculação cerebral por microscopia intravital após administração de inibidor de PI3Kγ. A quantificação foi realizada após 14 dias de indução, e grupo EAE+AS605420 recebeu o inibidor 1h antes da contagem na microscopia intravital. Não houve diferença significativa entre os grupos WT EAE e WT EAE + AS605420. Número de animais em cada grupo: EAE=6; EAE+AS605420=6; Controle=5.
53
4.3 Análise histopatológica
A análise histopatológica revelou presença de infiltrados perivasculares no
cérebro dos animais WT EAE após 14 dias de indução (FIG. 1, A e B). No entanto, os
animais PI3Kγ-/- EAE raramente apresentaram sinais de infiltrado perivascular (FIG. 1, C e
D).
54
Figura 1 Histologia de animais controles, WT EAE e PI3Kγ-/- EAE com 14 dias de indução. A) Corte de cérebro de animal WT controle. B) Corte de cérebro de animal PI3Kγ-/- controle. C e E) Corte de cérebro de animais WT após 14 dias de indução de EAE. D e F) Corte de cérebro de animais PI3Kγ-/- após 14 dias de indução de EAE. As fotos são representativas de 3 animais. Aumento: 200X. Não ocorrem infiltrados inflamatórios de meninge e perivasculares nos animais PI3Kγ-/- após 14 dias de indução de EAE. Cortes corados com hematoxilina e eosina. Aumento: 200X.
55
Nos animais com 28 dias de indução de EAE, a análise histopatológica revelou
que havia infiltrados perivasculares nos animais PI3Kγ-/-, enquanto nos animais WT tais
infiltrados eram muito raros, como pode ser evidenciado pela Figura 2.
Figura 2 Histologia de animais WT EAE e PI3Kγ-/- EAE com 28 dias de indução. A) Corte de cérebro de animais WT após 28 dias de indução de EAE, corado com hematoxilina e eosina. B) Corte de cérebro de animais PI3Kγ-/- após 28 dias de indução de EAE, corado com hematoxilina e eosina. Aumento: 200X. Fotos A e B representativas de 3 animais WT EAE e 2 animais PI3K EAE respectivamente. Não houve diferença significativa entre os grupos.
TABELA 4 Análise semiquantitativa do SNC nos camundongos WT e PI3Kγ-/-.
Parâmetros Reatividade perivascular
Infiltrado de mononuclear na
meninge Grupos Controles WT e PI3Kγ-/-
0 (6/6) 0(6/6)
WT EAE 14 d.p.i.
0 – 1/3 * – 1/3 *** – 1/3
* – 1/3 *** – 2/3
PI3Kγ-/- EAE 14 d.p.i.
0 – 3/3 0 – 3/3
WT EAE 28 d.p.i. * – 3/3 0 – 1/3 * – 2/3
PI3Kγ-/- EAE 28 d.p.i. * – 2/3 ** – 1/3
0 – 1/3 * –2/3
Os critérios de avaliação histopatólogica para a análise foram baseados em observações realizadas no tecido cerebral coletadas de cada grupo. 0= ausencia de alterações ; *leve , **moderada e ***alteração intensa.
56
4.4 Análise de quimiocinas
A análise de quimiocinas foi realizada nos dias 14 e 28 p.i. Os resultados estão
resumidos nos Gráficos 8, 9 e 10. A quantificação de MCP-1/CCL2 revelou aumento desta
quimiocina no cérebro de animais WT EAE em relação aos animais controles (p<0,05) com
14 dias de indução. Também entre os animais PI3Kγ-/- EAE e PI3Kγ-/- controle houve
diferença estatisticamente significativa (p<0,05) na quantidade de MCP-1/CCL2 com 14 dias
e com 28 dias de indução. Situação semelhante ocorreu com RANTES/CCL5, pois foi
detectado aumento significativo desta quimiocina no dia 14 p.i. nos animais WT EAE em
relação aos controles (p<0,001). Os animais PI3Kγ-/- EAE também tiveram aumento
significativo desta quimiocina em relação aos controles (p<0,001), mas a quantidade de
quimiocina produzida foi significativamente menor que nos animais WT EAE (p<0,001). No
dia 28 p.i., não há diferenças na produção de RANTES/CCL5 entre os dois grupos induzidos.
WT PI3Kγ-/- WT PI3Kγ-/- WT PI3Kγ-/-0
100
200
300
Fase crônica(28 dias p.i.)
Fase aguda(14 dias p.i.)
controles
*
*
pg/ 1
00m
g de
teci
do
Gráfico 8 Quantificação de MCP1/CCL2 por ELISA após 14 e 28 dias de indução de EAE nos animais WT e PI3Kγ-/-. Após a microscopia intravital, os animais foram sacrificados e tiveram o cérebro removido. Cada valor representa média±SEM (em pg / 100mg de tecido) para o grupo de animais. Houve diferença significativa entre os grupos WT (251,6±21,4) e PI3Kγ-/-(56,7±5,2) no dia 14 pós-indução (* = p<0,05). Número de animais por grupo: controles, WT=5 e PI3Kγ-/-=3; grupo EAE 14 d.p.i, WT=3 e PI3Kγ-/-=7; grupo EAE 28 d.p.i., WT=3 e PI3γK-/-=7.
57
WT PI3Kγ-/- WT PI3Kγ-/- WT PI3Kγ-/-0
250
500
750
1000
1250
Fase crônica(28 dias p.i.)
Fase aguda(14 dias p.i.)
controles
***
***
pg/ 1
00m
g de
teci
do
Gráfico 9 Quantificação de RANTES/CCL5 por ELISA após 14 e 28 dias de indução de EAE nos animais WT e PI3Kγ-/-. Após a microscopia intravital, os animais foram sacrificados e tiveram o cérebro removido. Cada valor representa média±SEM (em pg / 100mg de tecido) para o grupo de animais. Houve diferença significativa entre os grupos WT (1038±35,9) e PI3Kγ-/-(475,2±58,2) no dia 14 pós-indução (*** = p<0,001). Número de animais por grupo: controles, WT=5 e PI3Kγ-/-=3; grupo EAE 14 d.p.i, WT=3 e PI3Kγ-/-=7; grupo EAE 28 d.p.i., WT=3 e PI3Kγ-/-=7.
Houve diferença significativa na produção de Kc/CXCL1 entre os animais
induzidos e controles (p<0,05), mas não houve diferenças entre os grupos induzidos.
WT PI3Kγ-/- WT PI3Kγ-/- WT PI3Kγ-/-0
50100150200250300350400450
Fase crônica(28 dias p.i.)
Fase aguda(14 dias p.i.)
controles
pg/1
00m
g de
teci
do
Gráfico 10 Quantificação de Kc/CXCL1 por ELISA após 14 e 28 dias de indução de EAE nos animais WT e PI3Kγ-/-. Após a microscopia intravital, os animais foram sacrificados e tiveram o cérebro removido. Cada valor representa média±SEM para o grupo de animais. Não houve diferença significativa entre os grupos WT EAE e PI3Kγ-/- EAE nos dias 14 e 28 pós-indução. Número de animais por grupo: controles, WT=5 e PI3Kγ-/-=3; grupo EAE 14 d.p.i, WT=3 e PI3Kγ-/-=7; grupo EAE 28 d.p.i., WT=3 e PI3Kγ-/-=7.
58
DISCUSSÃO
59
5 DISCUSSÃO
A evolução clínica da EAE nos animais selvagens (WT) é similar a outros
trabalhos que utilizaram o mesmo método como dos Santos et al. (2005), Forte et al. (2007) e
Korn et al. (2007). Analisando os resultados clínicos, representados pelos Gráficos 1, 2 e 3,
nota-se diferença no desenvolvimento da doença entre os animais WT e PI3Kγ-/-, diferença
que é estatisticamente significativa nos dias 14 e 15 para os valores de severidade clínica. Os
animais que não expressam a enzima PI3Kγ sofrem um atraso tanto no início das
manifestações clínicas quanto na perda de massa em relação aos animais WT. Além disso, a
cinética do desenvolvimento clínico também é alterada, ou seja, não há um dia específico no
qual todos, ou a maioria dos animais PI3Kγ-/- EAE estão com a forma mais grave da doença.
Entre os animais PI3Kγ-/- EAE, 14% (1 entre 7) começaram a desenvolver a doença no
décimo quarto dia, e 43% (3 entre 7) não apresentaram nenhum sinal clínico durante os 28
dias de experimento. Dentre os animais que apresentaram fraqueza, 43% (3 entre 7) dos
animais PI3Kγ-/- EAE chegaram a ter paralisia (nenhum no dia 14 p.i.), em contraste com os
animais WT, dos quais 100% apresentaram paralisia de patas posteriores em algum momento
da doença (83% no dia 14 p.i.).
Na análise de nocicepção, constatou-se aumento (hiperalgesia) nos animais WT
EAE no dia 10 p.i. em relação aos animais PI3Kγ-/- EAE, um dia antes do início dos sinais
clínicos. O resultado não corrobora o trabalho de Aicher et al. (2004) no qual se encontrou
hipoalgesia um dia antes do início dos sinais clínicos nos animais induzidos com EAE. É
possível que tal contradição de resultados se deva à diferença no método de análise, uma vez
que o trabalho de Aicher utiliza um método baseado em temperatura, enquanto o método
deste trabalho baseia-se num estímulo por contato mecânico. Além disso, no método de
Aicher, a elevação da cauda do camundongo é uma das respostas utilizadas para a medida de
nocicepção. Uma vez que a elevação de cauda é um fenômeno precocemente abolido na EAE,
devido à fraqueza, é possível que a hipoalgesia constatada no trabalho de Aicher seja, na
verdade, conseqüência do início da manifestação clínica. No entanto, é importante salientar
que houve diferença entre os animais WT e os animais PI3Kγ-/-. Ou seja, dias antes do início
dos sinais clínicos já existem diferenças fisiológicas entre os dois grupos de animais.
Isso pode significar que a PI3Kγ altera a fisiopatologia da EAE bem antes do
estabelecimento dos sinais clínicos, possivelmente durante a ativação de células T auto-
reativas para a MOG do camundongo. Segundo alguns relatos sobre influência de PI3Kγ em
60
antinocicepção (NARITA, 2002 e 2004), a atuação desta enzima pode levar à ativação de
receptores μ e δ opióides causando diminuição de nocicepção. Tais estudos contradizem o
resultado deste trabalho, uma vez que a PI3Kγ estava presente nos animais WT e, no entanto,
eles apresentaram hipernocicepção. Também é possível que a resposta das células dos animais
PI3Kγ-/- a estímulos de recrutamento esteja dificultada, justificando o atraso do início da
resposta hipernociceptiva e do início da manifestação dos sinais clínicos nestes animais. Num
estudo de Del Prete et al. (2004) verificou-se que células dendríticas de camundongos PI3Kγ-/-
apresentavam diminuição na capacidade de migração para linfonodos em resposta às mesmas
concentrações de quimiocinas que células provenientes de camundongos WT. No mesmo
estudo, constatou-se que células dendríticas de animais WT, quando transferidas para animais
PI3Kγ-/- apresentavam alterações semelhantes na migração. Portanto, além de haver alteração
na resposta das células dendríticas a um estímulo quimiotático, também o próprio
camundongo PI3Kγ-/- apresenta alterações que comprometem a migração de células.
No entanto, no mesmo décimo dia pós-indução em que se encontraram diferenças
de nocicepção, não houve diferenças nos parâmetros de rolamento e adesão de leucócitos. Ao
contrário dos resultados de hipernocicepção, este sugere que, pelo menos na fase inicial de
recrutamento de leucócitos, ou seja, na fase de rolamento e adesão, não há diferenças entre os
grupos WT e PI3Kγ-/- (GRÁF. 4 e GRÁF.5). A correlação entre adesão e nocicepção foi
investigada por Machelska et al. (2002), que avaliaram a influência de ICAM (intercellular
adhesion molecule – uma integrina envolvida no processo de adesão) na dor inflamatória em
ratos. Nesse estudo, o bloqueio de ICAM diminuiu a analgesia mediada por opióides, o que
provocou aumento de nocicepção nos animais. Uma vez que não houve diferenças de
rolamento e adesão, mas sim de nocicepção no presente trabalho, é razoável supor que há uma
via alternativa que provoca hipernocicepção durante a EAE. É importante verificar a origem
desta dor, uma vez que também ocorre em pacientes com esclerose múltipla, e, assim, torna-
se relevante o estudo de possíveis vias que possam gerar a hipernocicepção em EAE.
Também no trabalho de dos Santos et al. (2005) verificou-se aumento tanto no
rolamento quanto na adesão de leucócitos em camundongos no curso clínico da EAE, como
pode ser verificado nos Gráficos 4 e 5, comparados aos animais que não foram induzidos
(p<0,01, valor não apresentado nos gráficos). Foi no décimo dia em que ocorreu a maior
quantidade de células rolando e aderidas, em contraste com o trabalho de dos Santos et al.
(2005) no qual o pico de células fora no décimo quarto dia pós-indução. No entanto, naquele
trabalho, foram analisados os dias 7, 14 e 21 pós-indução, assim é possível que a quantidade
61
de células rolando e aderidas atinja um ápice no décimo dia, diminuindo no décimo quarto dia
pós-indução.
No décimo quarto dia pós-indução, diferenças relevantes surgem entre os dois
grupos. Exceto pelo número de células rolando e aderidas, os animais PI3Kγ-/- apresentam
vários dos fatores que sinalizam ausência de inflamação: não há perda de massa, nem
aumento de severidade clínica; os níveis de quimiocinas pró-inflamatórias MCP-1/CCL2 e
RANTES/CCL5 estão baixos; e não há presença de infiltrados perivasculares. Tais resultados
sugerem um papel crucial da PI3Kγ no estabelecimento da neuroinflamação. Como adesão e
rolamento de leucócitos estão altos tanto no décimo quanto no décimo-quarto dia pós-indução
nos animais PI3Kγ-/-, e, ainda assim, eles não apresentam sinais de neuroinflamação, é de se
especular que a influência da PI3Kγ esteja relacionada à transmigração, etapa seguinte dos
leucócitos na migração para o SNC dos animais. Fortalecendo essa hipótese, verifica-se que a
administração do inibidor específico da PI3Kγ AS605420, não influenciou de maneira
significativa a adesão e o rolamento em animais WT (GRÁF. 5 e GRÁF. 7). Segundo Ley et
al. (2007), há diferenças importantes entre os processos de rolamento, adesão e migração para
o tecido. Assim, células que rolam e aderem não necessariamente migrarão para o tecido, uma
vez que são necessários sinais específicos para ocorrer a transmigração. É possível sugerir que
os leucócitos que causariam a neuroinflamação, de alguma forma, não estão ultrapassando a
barreira hematoencefálica, ou o fazem muito mais lentamente nos animais PI3Kγ-/-. Assim,
pode-se especular que a enzima PI3Kγ não tenha participação decisiva na fase inicial de
recrutamento envolvendo rolamento, mas possivelmente está envolvida numa fase posterior
ao rolamento, já que há alteração em todos os outros parâmetros avaliados. Não há como
afirmar, com os resultados obtidos, se a ausência de infiltrados deve-se à ausência da PI3Kγ
nos leucócitos, ou nas células que formam o endotélio. Para resolver esta questão, propõe-se
experimento de irradiação de animais WT e PI3Kγ-/- para destruição das células progenitoras
do sistema imunológico e recuperação do sistema com células trocadas, animais WT
recebendo células PI3Kγ-/- e animais PI3Kγ-/- recebendo células WT.
A análise histológica qualitativa do cérebro de animais WT doentes no dia 14 p.i.
revelou a presença de infiltrados perivasculares como pode ser observado na Figura 1. A
presença de infiltrados perivasculares nesta fase aguda da EAE foi encontrada por vários
autores, por Aguado-Llera et al. (2007) em ratos Lewis; por O’Neill et al. (2006) em
camundongos C57BL/6; por Greenwood (2003) em ratos Lewis induzida por MBP; por Chen
e Brosnan (2006) em camundongos C57BL/6 induzidos por MOG; por Izikson et al. (2000)
62
em camundongos C57BL/6 induzidos por MOG; por Heneka et al. (2001) em camundongos
C57BL/6 induzidos por MOG. O infiltrado perivascular, segundo os autores acima, é uma das
evidências histopatológicas de que há a presença de inflamação e, de fato, a presença de
infiltrado perivascular e a alta severidade clínica estão correlacionadas no tempo. Em
contraste com os animais WT, os animais PI3Kγ-/- não apresentaram infiltrados perivasculares
no cérebro com 14 d.p.i., dia em que nenhum dos animais apresentava manifestações clínicas
da EAE. Este resultado, em conjunto com o grau de severidade clínica reduzido, é um forte
indício da ausência de inflamação nesses animais com 14 dias de indução. No entanto, a
quantificação da inflamação nos animais pelo parâmetro histopatológico utilizando o cérebro
é limitada pela quantidade de infiltrados inflamatórios perivasculares, que é reduzida em
relação à área total do tecido. Tal dificuldade não anula a importância dessa análise no
cérebro, pois os infiltrados perivasculares neste órgão foram observados em outros estudos
(MORENO et al. 2006; SUN et al., 2000) e, portanto, são provavelmente relevantes para o
estabelecimento da EAE. Além disso, existe dano cortical na neuroinflamação que ocorre na
esclerose múltipla (UCCELLI et al., 2005; KUTZELNIGG et al., 2005), o que justifica o estudo
de alterações histopatológicas no cérebro de camundongos induzidos por EAE. Mesmo assim,
a medula espinhal é bastante afetada no curso da EAE (BUDDE et al., 2005), portanto planeja-
se para experimentos futuros análises histopatológicas medulares.
Outro indício relevante da ausência de inflamação significativa no dia 14 p.i nos
animais PI3Kγ-/- foi obtido a partir da análise de produção de quimiocinas no SNC. Como
pode ser observado no Gráfico 8, os níveis de MCP-1/CCL2 no homogenato do tecido
cerebral dos animais PI3Kγ-/- foram significativamente menores que os níveis desta
quimiocina no homogenato do tecido cerebral dos animais WT, no dia 14 p.i (p<0,001),
correlacionando com a ausência de sinais clínicos naqueles animais. A quimiocina MCP-
1/CCL2 é um potente quimioatraente para monócitos estimulando, entre outros fatores, a
expressão de moléculas de integrinas na membrana celular (ROLLINS, 1997). O aumento da
expressão de MCP-1/CCL2 em EAE foi verificado por diversos autores em modelos em ratos
(GLABINSKI et al. 1995; JEE et al., 2002) e murinos (GLABINSKI et al., 1997; DOS SANTOS et
al., 2005), principalmente no cérebro e na medula espinhal dos animais. HUANG et al. (2001),
utilizando camundongos C57Bl/6, investigaram MCP-1/CCL2 em camundongos deficientes
do gene para esta quimiocina e constataram um atraso no início dos sinais clínicos nos
camundongos CCL2-/- (MCP-1-/-) com EAE, além da menor gravidade da doença. Em
camundongos knock out para um dos receptores de MCP-1/CCL2, o CCR2, não houve
manifestação da doença como ocorreu em camundongos C57Bl/6 selvagens (IZIKSON et al.,
63
2000). Assim, corroborando dados da literatura, verificamos que os níveis de MCP-1
correlacionam com a gravidade da EAE.
A quantificação de RANTES/CCL5 (GRÁF. 9) também revelou menores níveis
desta quimiocina em animais PI3Kγ-/- no dia 14 p.i. (p<0,001). Li et al. (2006) verificou
diminuição da expressão de RANTES/CCL5 em células de baço e linfonodo no dia 14 p.i. em
animais que receberam peptídeo vasointestinal (um hormônio sintetizado no intestino,
pâncreas e hipotálamo) e apresentavam menor severidade clínica. Szalai et al. (2002)
encontrou níveis diminuídos de RANTES/CCL5 após estimular células T encefalitogênicas
em animais tratados com proteína C reativa (uma proteína que tem papel na defesa do
organismo contra micróbios) cujo grau de severidade clínica estava menor em relação aos não
tratados. Adicionalmente, a correlação entre menor nível de severidade clínica e menor
expressão de RANTES/CCL5 foi verificada por Heneka et al. (2001). Segundo Glabinski et
al. (1998), assim como MCP-1/CCL2, RANTES/CCL5 também é descrita como uma
quimiocina cujos níveis aumentam proporcionalmente ao grau de severidade clínica de EAE.
Portanto, a correlação encontrada neste trabalho entre níveis de MCP-1/CCL2 e
RANTES/CCL5 e gravidade clínica tem o suporte de diversos outros estudos. Assim como no
caso da quimiocina MCP-1/CCL2, a diminuição de RANTES/CCL5 no SNC dos animais
PI3Kγ-/- pode ser um dos fatores para o atraso e baixo valor de severidade clínica neste grupo
de animais.
No vigésimo – oitavo dia pós-indução, os animais WT estão na fase de remissão
da EAE, enquanto alguns dos animais PI3Kγ-/- apresentam os sinais clínicos de fase aguda da
EAE. Neste momento, a média dos graus de severidade clínica dos dois grupos se iguala, o
mesmo ocorre com a média das massas. Porém, na análise histopatológica, já não se
encontram infiltrados perivasculares nos animais WT, mas sim nos animais PI3Kγ-/-, o que
sinaliza a ocorrência de inflamação nestes animais. Também os níveis de MCP-1/CCL2 e
RANTES/CCL5 não estão diferentes nestes dois grupos de animais. No entanto, é interessante
notar que não há aumento significativo de nenhuma das quimiocinas analisadas nos animais
PI3Kγ-/- EAE nos dias 14 e 28 pós-indução. Assim como houve atraso no início dos sinais
clínicos e na presença de infiltrados perivasculares, esperar-se-ia um atraso no aumento de
produção de quimiocinas no SNC dos animais PI3Kγ-/- EAE. Este suposto pico de
quimiocinas pode ter ocorrido entre os dias 14 e 28 pós-indução, assim são necessárias
análises futuras para se verificar se realmente existe um aumento de quimiocinas nos animais
PI3Kγ-/- EAE semelhante ao que ocorre nos animais WT EAE. No entanto, também é possível
que a ausência da enzima PI3Kγ altere a cinética de produção de quimiocinas, mantendo a
64
produção de quimiocinas pró-inflamatórias como MCP-1/CCL2 e RANTES/CCL5 em
pequenas quantidades, o que também pode explicar o atraso no início dos sinais clínicos, já
que o estímulo inflamatório é constantemente menor. Mais uma vez, são necessários mais
estudos para avaliar os efeitos da PI3Kγ sobre estas quimiocinas pró-inflamatórias durante a
EAE.
Das quimiocinas analisadas, apenas as quantidades de Kc/CXCL1 não foram
significativamente distintas entre os animais WT EAE e PI3Kγ-/- EAE nos dias 14 e 28 pós-
indução. No entanto, houve diferença estatística entre os grupos WT EAE e WT controle no
dia 14 p.i. (p<0,05) e entre os grupos PI3Kγ-/- EAE e PI3Kγ-/- controle no mesmo dia
(p<0,01). Kc/CXCL1 é uma molécula envolvida na quimiotaxia de neutrófilos (ROVAI et al.,
1998), e o aumento em sua concentração ainda é uma incógnita em EAE, pois o recrutamento
de neutrófilos nesse modelo é incomum (LUO et al., 2000). Mesmo assim, é interessante notar
que, no dia 28 p.i., não há diferença estatística entre o grupo WT EAE e WT controle,
enquanto os níveis de Kc/CXCL1 nos animais PI3Kγ-/- EAE estão elevados nesse dia. Em
todas as três quimiocinas analisadas, não se observou nenhuma diminuição de suas
quantidades no tecido cerebral dos animais PI3Kγ-/- EAE. Esta observação pode ser mais uma
evidência de que há sinais de recrutamento nos animais PI3Kγ-/- EAE pela síntese de
quimiocinas, porém este recrutamento não tem a mesma eficácia que nos animais WT EAE.
As razões para esse fato devem ser apuradas em estudos futuros.
Em síntese, este estudo dá fortes evidências de que há influência da enzima PI3Kγ
no processo de neuroinflamação. Uma vez que esta enzima também é expressa em humanos, é
de suma importância aprofundar os conhecimentos sobre o papel dela na inflamação do SNC.
Futuramente, esta enzima pode ser alvo terapêutico para o tratamento de diversas doenças que
causam neuroinflamação, especialmente aquela cujo mecanismo inflamatório mais se
assemelha ao modelo animal utilizado neste trabalho: a esclerose múltipla.
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CONCLUSÕES
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6 CONCLUSÕES
√ Camundongos PI3Kγ-/- apresentam alterações no desenvolvimento da EAE,
clinicamente expressas pela menor gravidade clínica após 14 dias de indução,
menor perda de massa após 14 dias de indução e ausência de hipernocicepção após
10 dias de indução;
√ Não ocorrem infiltrados perivasculares no cérebro de animais PI3Kγ-/- induzidos
com EAE após 14 dias de indução, em contraste com os animais WT. Porém, após
28 dias de indução, é possível encontrar infiltrados perivasculares no cérebro de
animais PI3K-/-;
√ Os parâmetros de rolamento e adesão permanecem altos após 10 e 14 dias de
indução nos animais PI3Kγ-/-. O inibidor AS605420 da PI3Kγ não tem efeito
significativo sobre rolamento e adesão de leucócitos após 14 dias de indução de
EAE;
√ Diferente de camundongos WT, camundongos PI3Kγ-/- não apresentam níveis
elevados de MCP-1/CCL2 e RANTES/CCL5 no tecido cerebral nos dias 14 e 28
pós-indução de EAE;
√ A enzima PI3Kγ é relevante no processo de neuroinflamação desencadeado pelo
modelo de encefalomielite auto-imune experimental.
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Bibliografia
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ANEXOS
80
ANEXO A – RESULTADOS
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 340
1
2
3
4
WT EAEPI3Kγ-/- EAE
Dias p.i.
Esca
la d
e se
veri
dade
clín
ica
Anexo A. 1 Evolução clínica dos grupos WT e PI3Kγ-/- após indução de EAE. A avaliação clínica foi realizada diariamente utilizando a escala da tabela 2. O número de animais em cada grupo foi de no mínimo 6.
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 340
1
2
3
4
5
6
7
WT EAE
PI3Kγ-/- EAE
Dias p.i.
Esca
la d
e se
veri
dade
clín
ica
Anexo A. 2 Evolução clínica dos grupos WT e PI3Kγ-/- após indução de EAE. A avaliação clínica foi realizada diariamente utilizando a escala da tabela 3. O número de animais em cada grupo foi de no mínimo 6.
81
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 3410.0
12.5
15.0
17.5
20.0
22.5
25.0
WT controleWT EAEPI3Kγ -/- controlePI3Kγ -/-EAE
Dias p.i.
Mas
sa (g
)
Anexo A. 3 Evolução da massa dos grupos WT controle, PI3Kγ-/- controle, WT após a indução de EAE e PI3Kγ-/- após a indução de EAE. A massa foi medida diariamente utilizando balança analítica. Cada valor representa média±SEM para o grupo de animais. Houve diferença significativa (p<0,05) nos dias 14, 15 e 16 entre o grupo WT (14=16,9±1,1; 15=15,9±0,5; 16=16,3±0,9; valores em gramas) e PI3Kγ-/-(14=22,1±0,7; 15=22,0±0,8; 16=21,9±0,8; valores em gramas). O número de animais em cada grupo foi de no mínimo 6.