Estudo do potencial do argilomineral de icoarací (pa) como material adsorvente
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De 20 a 23 de Outubro de 2013
Maceió-AL
ESTUDO DO POTENCIAL DO ARGILOMINERAL DE ICOARACÍ (PA) COMO
MATERIAL ADSORVENTE
E. S. MIRANDA1, S. M. L. CARVALHO
1*, M. C. MARTELLI
1, D. S. B. BRASIL
1,
M. G. A. VIEIRA2, M. G. C. da SILVA
2
1Universidade Federal de Pará, Faculdade de Engenharia Química
2Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química
*e-mail: [email protected]
RESUMO
As argilas apresentam alta viabilidade técnico-econômica para diversas aplicações,
devido a sua disponibilidade abundante na natureza. No estado do Pará as argilas são
abundantes e empregadas intensivamente na fabricação de artefatos cerâmicos. Argila
de Icoarací (PA) foi classificada por peneiramento, conforme a (NBR 7181) e
caracterizada por diferentes metodologias analíticas, com o objetivo de estudar o seu
potencial como material adsorvente. Na caracterização empregaram-se as partículas
menores do que 53 µm e as análises: difração de raios-X (DRX), Fluorescência de
Raios-X, Determinação da Área Superficial (método BET), Porosimetria de Mercúrio,
CTC e PCZ. Na composição do argilomineral identificaram-se a presença de quartzo,
caulinita e illita / muscovita (I/M); SiO2 (59,6%) e Al2O3 (17, 5%); SBET de 21,8 m2/g;
tamanho de poros na região de mesoporos e macroporos; CTC de 16,2 (meq/100g);
valor do pHPCZ igual a 4,0 e carga de superfície negativa para qualquer valor de pH da
solução.
1 INTRODUÇÃO
A adsorção empregando argilominerais
como adsorventes tem sido bastante estudada
e os resultados têm mostrado a importância
desses materiais na remoção de substancias
tóxica presentes em águas (GALINDO et. al.,
2013; JIANG et. al., 2010). Normalmente, são
abundantes e sua utilização como adsorvente
tem se mostrado eficaz e econômica
(AMARAL et. al., 2010).
Os argilominerais são os minerais
característicos dos solos argilosos,
constituem-se de alumino-silicatos
microcristalinos, suas estruturas
mineralógicas são camadas formadas por
folhas tetraédricas de sílica e octaédricas de
alumina alternadas, que podem se reajustar de
várias maneiras e da origem à maioria das
estruturas dos argilominerais conhecidos
(SANTOS, 1992).
Segundo Fiol (2008), ao se utilizar
materiais naturais, com composição
heterogênea, em estudos de sorção, é difícil
estimar os fatores responsáveis pela adsorção
devido ao fato das estruturas químicas e dos
grupos funcionais da superfície do
argilomineral não serem bem definidas.
O ponto de carga zero (PZC) é o ponto
onde o pH das cargas superficiais das argilas
se encontram equilibradas (GUPTA, 2012).
Quando o adsorvente está em contado com
soluções de pH acima do ponto de carga zero
(PZC), a superfície do sólido adquire carga
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negativa devido a desprotonação dos seus
grupos funcionais, podendo interagir com
espécies positivas. Quando em contato com
soluções de pH abaixo do ponto de carga zero
(PZC), a superfície adquire carga negativa
devido à protonação desses grupos funcionais
e poderia interagir com espécies negativas. A
estimativa do ponto de carga zero (pHPZC)
determina propriedades importantes de
materiais adsorventes empregados na
adsorção de metais pesados (GUPTA, 2012;
FIOL, 2008).
Segundo Gupta (2012), o potencial da
argila na mitigação ambiental é influenciado
por fatores como área superficial, capacidade
de troca catiônica, composição química e
interações de superfície. Onde a afinidade por
metais pesados ou compostos orgânicos,
através da adsorção, é determinada pela
estrutura particular dos argilominerais
característicos da argila, seja por interações de
Van der Waals, adesão hidrofóbica ou
ligações de hidrogênio.
2 MATERIAIS E METODOS
As argilas foram adquiridas,
comercialmente em blocos, na forma bruta,
proveniente de olarias do distrito de Icoarací,
Belém-PA, onde, primeiramente passam pelo
processo de beneficiamento, sendo retiradas
folhas, raízes, galhos e sementes e em
seguida, prensadas em maromba.
As argilas coletadas foram secas em
estufa, à temperatura de 110ºC, durante 24
horas. Após a secagem, o material foi
desagregado e pulverizado manualmente com
ajuda de um gral de ágata e pistilo de
porcelana. Inicialmente, o argilomineral foi
classificado por peneiramento, análise
granulométrica, e posteriormente uma fração
do material foi submetida à análise de
difração de raios-X (DRX), fluorescência de
raios-X, determinação da área superficial
(método BET), porosimetria de mercúrio,
CTC e PCZ .
2.1 Análise Granulométrica
A análise granulométrica foi realizada
segundo as normas da ABNT/NBR 7181
utilizando-se peneiras da série Tyler e
agitação por 30 minutos. Foram utilizadas
peneiras da marca BEFTEL de 28, 60, 200,
270, 325, 400 e 500 mesh.
A norma da ABNT (1995) classifica os
solos de acordo com o tamanho de suas
partículas em: areia grossa (areia com grãos
de diâmetros compreendidos entre 0,6 mm e
2,0 mm), areia média (diâmetros
compreendidos entre 0,2 mm e 0,6 mm), areia
fina (partículas compreendidos entre 0,06 mm
e 0,2 mm), silte (diâmetros compreendidos
entre 0,02 mm e 0,06 mm) e argila (partículas
com diâmetros menores que 0,002 mm).
2.2 Difração de Raios-X
Para a identificação mineralógica da
argila em estudo foi utilizado o equipamento
da marca Philips, modelo X’PERT MPD, com
radiação Kα do cobre, comprimento de onda
1,5406 Å, voltagem de 40 kV, corrente de 40
mA, monitorando os ângulos de difração 2ϴ,
tamanho do passo de 0,02 graus de 3 a 70º,
com tempo por passo de um segundo.
Utilizou-se o método de varredura, que
consiste na incidência dos raios-X sobre uma
amostra em forma de pó, compactado sobre
um suporte.
2.3 Fluorescência de Raios-X
A composição química da argila foi
determinadas por um espectrômetro de
Fluorescência de Raios-X da Shimizu,
empregando amostras pulverizadas que foram
acondicionadas em porta amostra com papel
filme de polietileno. Sendo a aquisição dos
dados feita com o software Energy Dispersive
X-Ray.
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2.4 Área Superficial (método BET)
Para determinação da área superficial
das amostras, foi utilizado um equipamento
BET Gemini III 2375 Surface Area Analyser
da marca Micromeritics. A área superficial
das argilas foi obtida na temperatura do
nitrogênio liquido em ebulição e calculada
pela equação de BET (Brunauer-Emmett-
Teller).
2.5 Porosimetria de Mercúrio
A análise foi realizada em porosímetro
da marca Micromeritics, Auto pore IV
Mercury Porosimeter. Adotou-se nas faixas
de baixa e alta pressão, pressão de evacuação
de 50 μmHg, tempo de evacuação de 5 min e
tempo de equilíbrio de 10 segundos.
2.6 Capacidade de Troca Catiônica (CTC)
A CTC da argila foi determinada com o
auxílio de um destilador Kjeldahl da marca
QUIMIS, as analises foram realizadas em
duplicata, inicialmente, pesou-se em uma
balança analítica 5 gramas da argila seca que
foi transferidas para um erlenmeyer que
continha 200 mL de acetato de amônio 3M.
Em seguida, colocou-se o erlenmeyer com a
solução em agitador magnético sob agitação
constante por 6 horas. Após este período,
centrifugou-se para separar apenas a amostra,
que foi lavada com álcool etílico para retirar o
excesso de acetato de amônio e centrifugada
novamente, realizou-se 5 lavagens. A amostra
coletada permaneceu na estufa por 24 horas à
60 ± 5 ºC.
Após esta secagem, pesou-se cerca de
1,5 gramas do material, que foi desagregado
manualmente em gral de ágata e pistilo de
porcelana e transferido para balão de
kjeldahl, adicionando-se 200 ml de água
destilada e 3 gotas de fenolftaleína. Em
seguida adicionou-se hidróxido de sódio a
50%, até a solução no balão tornar-se rósea,
então é acoplado ao equipamento. Com o
aquecimento, a amônia é desprendida,
passando por um destilador, sendo recebido
em um erlenmeyer contendo 50 ml de ácido
bórico a 4% com indicador misto (vermelho
de metila a 0,50% e verde de bromocresol a
0,75 % em álcool etílico). O tempo de
destilação foi de aproximadamente 1,5 horas,
encerrada quando o volume recolhido no
erlenmeyer dobrou seu volume inicial. O
ácido bórico com indicador que no inicio
apresentava coloração avermelhada, adquire
cor esverdeada à medida que vai recebendo
NH3.
Encerrada a destilação, titulou-se a
solução do erlenmeyer, com ácido clorídrico
0,1 N até a viragem da coloração, tornando-se
avermelhada novamente, detectando-se o
volume gasto na titulação. Para a
determinação da CTC é utilizada a equação
(1):
(1)
2.7 Ponto de Carga Zero (PCZ)
O pHZPC foi determinado utilizando-se a
metodologia de titulações potenciométricas
segundo Davranche et. al. (2003). As análises
de pHZPC foram realizadas em duplicata,
onde se utilizou 1 g de argila em 50 ml de
solução de NaNO3 0,1N, a suspensão foi
agitada durante 24h para atingir o pH de
equilíbrio. Após este tempo, foram
adicionados incrementos da solução titulante
e anotados a respectiva variação de pH.
Então, uma suspenção é titulada com 0,1N de
NaOH e outra com 0,01N de HNO3 em uma
faixa de pH de 3 a 10 para evitar o ataque
sobre a superfície da argila.
A carga superficial do sólido, Q em
unidades (mol/g), pode ser calculada através
da equação (2):
- [
-]-[ ]
(2)
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Onde Ca e Cb são as concentrações
(mol/L) de ácido e base adicionados
respectivamente;
m é a concentração de sólidos em
suspensão (g/L).
Para adição de ácido nítrico ou adição
de Hidróxido de sódio, a carga superficial
pode ser expressa pelas Equações (3) e (4):
[
]
(3)
[ ]
(4)
A densidade de carga superficial foi
calculada com os valores de Q divididos pela
SBET da argila (mol/g.m2). O valor de pHPCZ
do sólido é o pH onde a curva cruza o eixo x
(densidade de carga =0).
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Analise Granulométrica
A Figura 1 mostra os resultados de
porcentagens retidas, obtidos a partir da
análise granulométrica do material. A Figura
2 mostra a classificação de solos, segundo as
dimensões dos seus grãos ou partículas e suas
diferentes percentagens de ocorrência
(ABNT, 1995).
Figura 1 - Porcentagem Retida do Argilomineral.
Fonte: Autor (2013).
O argilomineral apresentou distribuição
granulométrica no intervalo de 60 a 500 mesh
e diâmetro médio de Sauter (dDMS) de 0,068
mm. A análise mostrou que na fração do
material retida na malha de 200 mesh (Figura
2), diâmetro de abertura de 0,074 mm (Figura
1), havia uma elevada quantidade de areia.
Figura 2 - Classificação Granulométrica, segundo a norma ABNT (1995).
Fonte: Autor (2013).
Desta forma, considerando os resultados
obtidos, conforme a escala granulométrica
adotada pela ABNT (1995), a fração abaixo
da malha de 270 mesh (Figura 2), diâmetro de
abertura de 0,485 mm (Figura 1) e região de
tamanho de partículas de silte e argila foi
utilizada nas demais análises de
caracterização, difração de raios-X (DRX),
Fluorescência, Área Superficial, Porosimetria,
CTC e determinação de ponto de carga zero
(pHPCZ).
3.2 Difração de Raios X (DRX)
Os picos característicos presentes no
argilomineral foram identificados, a partir dos
resultados obtidos com o software X´Pert
HighScore, nas análises de DRX. Na Figura
3, se observa que o mineral em maior
quantidade é o quartzo (Q), caracterizado por
principais picos de 0,425 nm; 0,333nm e
0
10
20
30
40
0,652 0,25 0,0740,0530,0440,0370,025
% R
etid
a
Diâmetro da malha (mm)
Silte e Argila Areia Fina Areia Méd.
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0,182 nm. Estão presentes, ainda caulinita
(C), com distâncias basais típicas em 0,715
nm (d001), 0,447 nm (d020) e 0,356 nm (d002),
no entanto, a caulinita presente na amostra,
apresenta característica de desordem
estrutural. Notou-se ainda a presença dos
minerais illita / muscovita (I/M), havendo
sobreposição de seus picos correspondentes à
0,999 nm (d001) e 1,5 nm. Amostra com
características mineralógicas semelhantes foi
estudada por Souto (2009), este
comportamento é característico em alguns
solos, de acordo com a sua procedência.
Figura 3 - Característica cristalina do Argilomineral.
Fonte: Autor (2013).
A análise de DRX da amostra comprova
que o mineral de quartzo é abundante nas
argilas estudadas. Sendo observado que a
caulinita, apesar de ser em menor quantidade
é o argilomineral mais abundante na amostra,
tendo ainda pequenas quantidades de
illita/muscovita.
Materiais com estrutura caulinitica têm
sido aplicados como adsorventes na remoção
de contaminantes de águas. Jiang et. al.
(2010), investigaram a remoção de metais
pesados como Pb (II), Cd (II), Ni (II) e Cu (II)
de soluções aquosas com argila natural
caulinita/ilita foi avaliada a adsorção destes
íons variando a concentração do metal, a
quantidade de adsorvente, pH e tempo de
mistura. Moon et. al. (2007) avaliou a eficácia
de caulinita modificada, na remoção de
compostos derivados do petróleo, o mineral
foi modificado com HDTMA e sua eficácia
na adsorção foi comparada com betonita
organofílica, os resultados mostram que o
argilomineral pode ser usado como contenção
secundaria para o problema ambiental.
3.3 Fluorescência de Raios-X
A composição química do argilomineral
está apresentada na Tabela 1. Pode-se
verificar que na amostra, SiO2 (59,6%) e
Al2O3 (17,5%) são os constituintes
predominantes. Vale ressaltar que são estes
dois óxidos que compõem os argilominerais,
sendo a alumina em sua maior parte caulinita
e ilita/muscovita, e o conteúdo de SiO2 devido
a silicatos dos argilominerais, micas,
feldspatos e a sílica livre proveniente do
quartzo. Os demais óxidos podem ser
considerados como impurezas.
Tabela 1 - Composição Química do
Argilomineral.
Constituintes (%) Argilomineral
SiO2 59,58
Al2O3 17,55
Fe2O3 14,37
K2O 3,55
SO3 2,48
TiO2 1,99
Tm2O3 0,28
ZrO2 0,11
V2O5 0,06
ZnO 0,03
Fonte: Autor (2013).
Observa-se que a argila apresenta alto
teor de Fe2O3 (14,30 %), principal fator que
determina a coloração das argilas, quanto
mais ferro presente na composição, mais
avermelhado é o material. A coloração da
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amostra é bege, no entanto, quando calcinada,
torna-se avermelhada.
Segundo Santos (1989), o álcali
encontrado na argila, K2O (3,55%), é quase
que totalmente devido a feldspatos, micas ou
cátions trocáveis. Verifica-se que os dados da
composição química da argila analisada estão
bem próximos aos encontrados por Delavi
(2011) e Lima Junior et. al. (2011).
Segundo Trevino (2003), as impurezas
no argilomineral vão depender da origem do
material e vai afetar o grau desordem e o
tamanho de partícula da argila. Para Gupta
(2012), a composição química é um dos
fatores que influenciam na superfície ativa
dos argilominerais, bem como a natureza dos
átomos em sua estrutura, o tipo de cátions
trocáveis e a procedência do material.
3.4 Área Superficial (SBET)
Por meio dos dados de adsorção de N2,
o resultado obtido da determinação de área
superficial específica (SBET) do argilomineral
foi de 21,8 m2/g, valor superior aos trabalhos
encontrados para argilas do grupo da
caulinita, que correspondem a uma faixa de
10 a 15 m2/g. Segundo Leal et. al. (2009),
esse fato pode ser explicado devido às
diferentes regiões de procedência dos solos, o
que influencia na composição química e
textural dessas argilas.
Casos semelhantes foram encontrados
por Delavi (2011) com valor de SBET de 38
m2/g e por Leal et. al. (2009) com valor
aproximado de 34 m2/g. Trevino (2003)
observou SBET de 16,4 m2/g para um solo
caulinitico, sendo aplicado como adsorvente
de metais pesados. Segundo Gomes (1988), a
área especifica de uma argila pode variar de
acordo com a quantidade de matéria orgânica
que esta possui, para caulinita de elevada
cristalinidade pode chegar a valores de até 15
m2/g e para caulinita de baixa cristalinidade,
pode variar até 50 m2/g, fato este que se
observa neste material.
A figura 4 mostra a isoterma de
adsorção de N2(g) da amostra. Observa-se que
a amostra pertence à classificação de
isotermas do tipo III de acordo com a
classificação de BET, segundo IUPAC
(1985), correspondente à adsorção de
interações fracas entre a argila e o nitrogênio,
em sistemas contendo macro e mesoporos.
Figura 4- Isoterma de Adsorção.
Fonte: Autor (2013).
3.5 Porosimetria de Mercúrio
A distribuição do diâmetro de poros é
mostrada na figura 5, para sua interpretação,
considera-se que a classe predominante de
poros em um sólido é aquela onde se
despendeu maior quantidade de mercúrio para
se preencher o volume de poros com
determinado diâmetro. Observa-se a presença
de duas regiões de diâmetros de poros: uma
pequena faixa de mesoporos entre 5 e 50 nm e
outra faixa predominante na região de
macroporos entre 50 a 200.000 nm.
0
20
40
60
80
0 0,5 1
Volu
me d
e A
dso
rção
cm
3/g
Pressão Relativa (P/P0)
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Figura 5 - Incremento de intrusão vs diâmetro de poros.
Fonte: Autor (2013).
3.6 Capacidade de Troca Catiônica (CTC)
O valor obtido da CTC do argilomineral
foi de 16,2 (meq/100g). O resultado
encontrado está coerente com os dados da
literatura, pois, as argilas caulinitas
apresentam valores de CTC de 3 – 15
meq/100g de argila.
A caulinita é o grupo das argilas com
menor CTC, cujos valores variam com o grau
de ordem-desordem estrutural do
argilomineral e impurezas de outros minerais.
A presença de matéria orgânica contidas nas
argilas e solos é outro fator que altera o valor
da CTC em argilas, podendo aumentar
consideravelmente seu valor (GOMES, 1988
e SANTOS, 1992)
Os tipos de argilas e consequentemente,
a capacidade de troca catiônica, está
relacionada com as características de solos e
clima de cada região. Em solos tropicais
muito intemperizados, como os Latossolos do
Cerrado e da Amazônia, predominam os
minerais de argila do grupo das caulinitas,
apresentando desta forma, baixos valores de
CTC (SCIENCEBLOGS, 2009).
Quando a quantidade adsorvida pelo
argilomineral é inferior a sua CTC, o
mecanismo de adsorção é dominado por troca
iônica, isto ocorre para argilas que possuem
altos valores de CTC. Entretanto se a
quantidade adsorvida é maior que a CTC do
argilomineral, a adsorção se dá por forças de
interações que são determinados pela
estrutura e características da argila. Estas
interações entre a superfície e os poluentes
podem ser via Van der Waals ou interação
hidrofóbica (GUPTA, 2012).
3.7 Ponto de Carga Zero (pHPCZ)
O comportamento do argilomineral é
mostrado nas Figuras 6. O valor do pHPCZ
desta argila foi estimado como sendo igual a
(4,0). O material sólido apresentou carga de
superfície negativa, para qualquer valor de pH
da solução, ou seja, a carga liquida negativa é
independente do pH da suspensão.
Figura 6 - Variação da carga superficial vs pH.
Fonte: Autor (2013).
Os resultados obtidos indicam que o
argilomineral estudado pode desempenhar um
importante papel na adsorção de adsorbatos
catiônicos, como metais pesados.
Trevino (2003), investigou a adsorção
de Pb, Cd e Zn em solo caulinitico, com
pHPCZ (4,7), valor bem próximo do material
em estudo, onde obteve resultados
satisfatórios.
Uma comparação teórica, da variação
da carga de superfície de argilas caulinitas
naturais em função do pH foi reportado por
-0,00012
-0,0001
-0,00008
-0,00006
-0,00004
-0,00002
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Den
sid
ade
de
carg
a (m
ol/
m2)
pH
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Bolland et al. (1980), ele observou que a
carga superficial líquida da caulinita em
estudo é negativa, e sugere que este
comportamento é provavelmente devido à
substituição de íons na estrutura, sendo
independente do pH.
Segundo Gupta (2012), a maioria das
interações superficiais que ocorrem na
superfície da argila envolvem reações de
transferência de carga, cuja carga líquida pode
ser positiva, negativa ou neutra. Cada mineral
de argila tem propriedades específicas que
determinam como, quando e a quantidade de
carga que vai ser transferida O pHPCZ
determina a carga da superfície do adsorvente,
em um determinado valor de pH de solução e
informa sobre as possíveis interações
eletrostáticas entre suas espécies químicas e
as espécies químicas presentes na solução
(FIOL, 2008).
4 CONCLUSÕES
O resultado da análise granulométrica
determinou a fração granulométrica ideal para
o material bruto a ser usado no trabalho,
diminuindo consideravelmente a quantidade
de quartzo do solo. A partir da técnica de
DRX é possível comprovar que o
argilomineral predominante da argila coletada
na região de Icoaraci é a caulinita. De acordo
com a literatura, materiais minerais
semelhantes, apresentaram comportamento
viável para adsorção de metais pesados, e que
mudanças de superfície provavelmente podem
melhorar a capacidade de troca catiônica
desses materiais para a adsorção.
O conhecimento da composição
química do material, formada principalmente
por SiO2 (59,6%) e Al2O3 (17, 5%), incita
fatores que podem influenciar na superfície do
material quanto adsorvente, determinando
fatores como superfície ativa e capacidade
troca iônica, podendo variar de acordo com
sua procedência.
A técnica da área superficial especifica (SBET) apresentou valor de 21,8 m2/g. A analise de porosimetria, revelou que os poros do material estão distribuídos na região de mesoporos e macroporos, fato que ratifica a sua pequena área especifica. A CTC do argilomineral apresentou valor de 16,2 (meq/100g), de acordo com a literatura, esta característica são solos tropicais muito intemperizados, como os Latossolos da Amazônia. Quando o material apresenta baixo valor de CTC, o mecanismo de adsorção se dá por interações de Van der Waals ou interação hidrofóbica.
O ponto de carga zero (PCZ) mostra
que a argila tem superfície negativa o que
possivelmente favorece a adsorção de metais
pesados, no entanto, só será comprovado após
os testes de adsorção de metais pesados e
compostos orgânicos em banho finito. Se
comprovada a sua eficiência como
adsorvente, pode se tornar alternativa
tecnológica viável na remediação de correntes
líquidas contaminadas por metais pesados e
compostos orgânicos.
NOMENCLATURA
CTC – Capacidade de Troca de Cátions (meq/
g de argila).
N – Normalidade do ácido clorídrico (0,1 N).
VHCl – volume de HCl gasto na titulação (ml).
m – massa da amostra (g).
f – fator de conversão do ácido.
Ca e Cb são as concentrações (mol/L) de ácido
e base adicionados.
cs - concentração de sólidos em suspensão
(g/L).
Q – Densidade de carga zero (mol/g.m2).
[H+] – Concentração de íons H
+(mol/l).
[OH-] – Concentração de íons OH
-(mol/l).
pHPCZ – Ponto de carga zero.
SBET – Área Superficial.
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REFERÊNCIAS
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NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181: Solo –
Análise granulométrica. Rio de Janeiro, 1984.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS. NBR 6502: Rochas e
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CÂMARA, J. G. A; SILVA, D.D.C; MOTA
SOBRINHO, M. A. Preparação e uso de uma
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