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RICARDO AUGUSTO DE CASTRO MARCONDES
ESTUDO DO USO DAS TUBULAES DE PEAD EM SISTEMAS DE
DISTRIBUIO DE GUA NO BRASIL
SO PAULO
2016
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RICARDO AUGUSTO DE CASTRO MARCONDES
ESTUDO DO USO DAS TUBULAES DE PEAD EM SISTEMAS DE
DISTRIBUIO DE GUA NO BRASIL
Dissertao apresentada Escola Politcnica da
Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de
Mestre em Cincias.
rea de Concentrao: Engenharia Hidrulica
Orientador: Prof. Dr. Renato Carlos Zambon
SO PAULO
2016
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Este exemplar foi revisado e corrigido em relao verso original, sob responsabilidade nica do autor e com a anuncia de seu orientador.
So Paulo, ______ de ____________________ de __________
Assinatura do autor: ________________________
Assinatura do orientador: ________________________
Catalogao-na-publicao
Marcondes, Ricardo Augusto de Castro ESTUDO DO USO DAS TUBULAES DE PEAD EM SISTEMAS DEDISTRIBUIO DE GUA NO BRASIL / R. A. C. Marcondes, R. C. Zambon --verso corr. -- So Paulo, 2016. 103 p.
Dissertao (Mestrado) - Escola Politcnica da Universidade de SoPaulo. Departamento de Engenharia de Hidrulica e Ambiental.
1.Abastecimento de gua 2.Tubulaes 3.Perdas de gua 4.PEADI.Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento deEngenharia de Hidrulica e Ambiental II.t. III.Zambon, Renato Carlos
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Dr. Renato Carlos Zambon por aceitar a orientao desde o
primeiro momento e contribuir muito com sua experincia, incentivo e revises.
Ao amigo e Engenheiro da Sabesp Hilton Alexandre de Oliveira, pelas nossas
conversas frequentes, seu apoio e informaes fornecidas.
Aos Professores Kamel Zahed Filho, Jos Rodolfo Scarati Martins, Alberto Luiz
Francato e Podalyro Amaral de Souza pelas revises e sugestes durante a
qualificao e defesa final do trabalho.
A minha colega Aline Hayashi Suzuki, pela ajuda e companheirismo durante todo o
mestrado e graduao que cursamos sempre juntos.
A minha namorada Amanda Farias, pela sua pacincia e compreenso em diversos
momentos.
A Escola Politcnica, em especial ao Departamento de Hidrulica e Ambiental,
responsvel por toda minha formao e desenvolvimento acadmico.
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RESUMO
O polietileno surgiu em 1898 e logo j comeou a ser utilizado como condute e
isolante. Desde ento este material vem ganhando muito espao no mercado de
tubulaes, seja no saneamento, minerao, indstrias ou no segmento de petrleo
e gs. Seu tipo mais usado o Polietileno de Alta Densidade (PEAD), que apesar de
j ser comumente encontrado em adutoras, emissrios e ramais prediais, somente
nos ltimos anos passou a ser utilizado de maneira mais abrangente nas redes de
distribuio de gua, se tornando um aliado importante no combate aos altos ndices
de perdas reais.
No Brasil, somente nos ltimos anos que a presena de tubulaes de PEAD em
redes de distribuio de gua potvel se tornou mais comum. Contudo, possvel
identificar cenrios de aplicao do PEAD em sistemas de abastecimento de gua j
relativamente consolidados, como o caso do Departamento Municipal de gua e
Esgotos (DMAE) de Porto Alegre, que utiliza o material h 25 anos, a Companhia de
Saneamento Bsico do Estado de So Paulo (Sabesp), onde desde 2009 a Diretoria
Metropolitana vem utilizando o PEAD em novas aplicaes em redes e a Odebrecht
Ambiental da cidade de Limeira, que utiliza tubos deste material desde 2007.
Atravs de anlises de custos de implantao, operao e manuteno, de
amostragens da condio de tubulaes em operao, da evoluo de ndice de
perdas e de entrevistas com as equipes de operao e planejamento, possvel
verificar que realmente as tubulaes de PEAD auxiliam no combate s perdas reais
e na otimizao da operao e eficincia das prestadoras de servios de distribuio
de gua potvel, no sentido de diminuir o tempo de interveno de redes, os custos
de manuteno e a frequncia de arrebentamento e vazamentos nas redes de
abastecimento.
Palavras-chave: Abastecimento de gua, Tubulaes, Perdas de gua, PEAD.
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ABSTRACT
Polyethylene appeared in 1898 and soon started been used as conduit and insulating
material. Since then, the material has been gaining a lot of space in the pipes market
in sanitation, mining, industries and oil & gas production. The most used type is High
Density Polyethylene (HDPE), which despite being commonly found in water mains,
emissaries and communication pipes, only in recent years began to be used more
widely in water distribution networks, becoming an important ally in the fight against
high rates of real water losses.
In Brazil, only in recent years the use of HDPE pipes has become more common in
public water distribution networks. However, it is possible to identify HDPE
application cases in relatively consolidated water supply distribution networks, such
as the Departamento Municipal de gua e Esgotos (DMAE) of Porto Alegre, which
have used the material for 25 years; the Companhia de Saneamento Bsico do
Estado de So Paulo (Sabesp), where since 2009 the Metropolitan Unit has been
using HDPE in new applications in network pipes and Odebrecht Ambiental, in
Limeira city, which uses this material in water pipelines since 2007.
Through research of implementation, operation and maintenance costs, sampling the
condition of pipes in operation, analysis the real losses indicators and interviews with
the operations and planning teams, it is possible to conclude HDPE pipes contribute
to reduction of real losses and optimization of the operation and efficiency of the
providers of drinking water distribution services, decreasing maintenance time and
costs.
Keywords: Water Supply, Pipes, Water Loss, HDPE.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Divulgao do Programa de Substituio de Redes de Londres ................................................... 17
Figura 2 Ramificao dos Diferentes Tipos de Polietilenos .......................................................................... 19
Figura 3 - Frmula Qumica do PEAD .............................................................................................................. 20
Figura 4 Anlise de Mercado Oferta e Demanda Mundial de PEAD ....................................................... 22
Figura 5 - Evoluo do Mercado de PEAD 2007 - 2012 ................................................................................... 25
Figura 6 Componentes das Conexes de Compresso .................................................................................. 29
Figura 7 Alinhamento e Faceamento da Solda Topo ..................................................................................... 30
Figura 8 Unio por Solda Topo ....................................................................................................................... 30
Figura 9 Unio por Solda tipo Sela ................................................................................................................. 31
Figura 10 Unio por Eletrofuso ..................................................................................................................... 32
Figura 11 Transio com Flanges e Colarinho .............................................................................................. 33
Figura 12 Tipo de Vazamentos em Redes ....................................................................................................... 44
Figura 13 Fraude de By-Pass no Cavalete ...................................................................................................... 45
Figura 14 Fraude no Hidrmetro .................................................................................................................... 45
Figura 15 Ligaes Irregulares ....................................................................................................................... 45
Figura 16 - Mercado Brasileiro de Tubulaes de PEAD ................................................................................ 51
Figura 17 Tubulaes do Sistema de Distribuio de gua DMAE Porto Alegre ................................... 55
Figura 18 Dimenses das Tubulaes de PEAD do Sistema de Distribuio de gua DMAE Porto
Alegre.................................................................................................................................................................... 55
Figura 19 Extenses de PEAD na Regio Metropolitana de So Paulo Estudada ...................................... 57
Figura 20 - Composio da Rede de Distribuio de gua de Limeira 2007 .............................................. 59
Figura 21 - Composio da Rede de Distribuio de gua de Limeira 2014 .............................................. 59
Figura 22 T Integrado de Derivao para o Ramal ..................................................................................... 60
Figura 23 T Mecnico de Derivao para o Ramal ..................................................................................... 60
Figura 24 T Tipo Sela de Derivao para o Ramal ...................................................................................... 61
Figura 25 Conexo Mecnica utilizada em intervenes em rede de PEAD Tipo 1 ................................ 62
Figura 26 Conexo Mecnica utilizada em intervenes em rede de PEAD Tipo 2 ................................ 62
Figura 27 Extenses de Redes de PEAD e Perdas no Sistema de Abastecimento de gua de Porto Alegre.
............................................................................................................................................................................... 66
Figura 28 Extenses de Redes de PEAD e Perdas no Sistema de Abastecimento de gua de Porto Alegre
............................................................................................................................................................................... 69
Figura 29 Extenses de Redes de PEAD e Quantidade de gua Produzida em Porto Alegre ................... 70
Figura 30 ndices de Perdas Totais e Recursos Aplicados - Sabesp ............................................................. 71
Figura 31 Substituio de Tubulaes de Ferro Fundido por PEAD na rea de Interesse ....................... 72
Figura 32 Ocorrncias de Vazamentos na rea de Interesse 2007 ........................................................... 73
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Figura 33 Ocorrncias de Vazamentos na rea de Interesse 2008 ........................................................... 73
Figura 34 Ocorrncias de Vazamentos na rea de Interesse 2009 ........................................................... 74
Figura 35 Ocorrncias de Vazamentos na rea de Interesse 2010 ........................................................... 74
Figura 36 Ocorrncias de Vazamentos na rea de Interesse 2011 ........................................................... 75
Figura 37 Ocorrncias de Vazamentos na rea de Interesse 2012 ........................................................... 75
Figura 38 Ocorrncias de Vazamentos na rea de Interesse 2013 ........................................................... 76
Figura 39 Ocorrncias de Vazamentos na rea de Interesse 2014 ........................................................... 76
Figura 40 Nmero de Ocorrncias de Vazamentos na rea de Interesse ................................................... 77
Figura 41 Evoluo do ndice de Perdas Totais do Sistema de Abastecimento da gua de Limeira ....... 78
Figura 42 Ocorrncias de Vazamentos na rea de Interesse 2014 ........................................................... 82
Figura 43 TIA Tempo de Interveno de gua Limeira/SP ................................................................... 86
Figura 44 Redes de gua do Reino Unido Ocorrncias de Falhas ............................................................ 87
Figura 45 Prestadoras de Servio por Data da Primeira Instalao de Tudo PEAD Ramal .................. 88
Figura 46 Prestadoras de Servio por Data da Primeira Instalao de Tudo PEAD Rede .................... 88
Figura 47 Comparao da Satisfao com tubos de PE por Gerao .......................................................... 88
Figura 48 Percepo Positiva de Satisfao do Cliente ................................................................................. 90
Figura 49 Nmero de Ocorrncias de gua Turva e Vermelha ................................................................... 90
Figura 50 Notas dos Clientes em Relao ao Servio Prestado .................................................................... 91
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Tabela dos SDRs Comercializados Tubulaes de gua .............................................. 21
Tabela 2 - Consumo de PEAD nos anos 2007 e 2012.............................................................................. 25
Tabela 3 Coeficiente de Perda de Carga ................................................................................................. 35
Tabela 4 Abraso de Tubos de Diversos Materiais .............................................................................. 42
Tabela 5 Caracterizao do Sistema de gua - Participantes SNIS 2013 ...................................... 54
Tabela 6 - Rede de Distribuio de gua Sabesp M ............................................................................ 56
Tabela 7 - Dados das Tubulaes com 20 anos de Operao .............................................................. 65
Tabela 8 - Anlise Laboratorial das Tubulaes com 20 anos de Operao .................................... 65
Tabela 9 - Dados da Anlise Dimensional e Visual das Tubulaes com 10 Anos de Operao 67
Tabela 10 - Anlise Laboratorial das Tubulaes com 10 anos de Operao .................................. 67
Tabela 11 Teste Hidrosttico das Tubulaes com 10 anos de Operao .................................... 67
Tabela 12 Tempo de Reparo por Tamanho de Tubulao .................................................................. 79
Tabela 13 Quantidade de Equipes de Manuteno .............................................................................. 80
Tabela 14 Custos de Execuo de Redes DMAE-POA (R$/metro) (2006) ................................... 80
Tabela 15 Custos de Execuo de Redes FoFo Sabesp M (R$/Metro) ........................................ 84
Tabela 16 Custos de Execuo de Redes PEAD (R$/Metro) .............................................................. 85
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LISTA DE SIGLAS
ABES Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental
ABNT Associao Brasileiro de Normas Tcnicas
APECS Associao Paulista de Empresas de Consultoria e Servios em Saneamento e Meio Ambiente
AWWA American Water Works Association
CCDM-SC Centro de Caracterizao de Materiais da Universidade Federal de So Carlos
CONVIAS Departamento de Controle de Uso de Vias Pblicas
Cosama Companhia de Saneamento do Amazonas
DE Dimetro Externo
DEFOFO Dimetro Equivalente de Ferro Fundido
DI Dimetro Interno
DMAE Departamento Municipal de gua e Esgoto
DMC Distrito de Medio e Controle
DN Dimetro Nominal
EAC Environment Assisted Cracking
ESC Environment Stress Cracking
ETA Estao de Tratamento de gua
IF ndice de Fluidez
IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas
IWA International Water Association
JICA Japan International Cooperation Agency
LYSA Lyonnaise Des Eaux Services Associs
MCA Metros de Coluna de gua
MND Mtodo No Destrutivo
NAFTA North American Free Trade Agreement
NF Negro de Fumo
OIT Oxidation Index Time
PE Polietileno
PEAD Polietileno de Alta Densidade
PEBD Polietileno de Baixa Densidade
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PEBDL Polietileno de Baixa Densidade Linear
PEMB Polietileno de Mdia Densidade
PHI Presso Hidrosttica Interna
PIPA Plastics Industry Pipe Association of Australia
PN Presso Nominal
POA Porto Alegre
PP Polipropileno
PRFV Polmero Reforado com Fibra de Vidro
PVC Policloreto de Vinila
RMSP Regio Metropolitana de So Paulo
Sabesp Companhia de Saneamento Bsico do Estado de So Paulo
SDR Standard Dimension Ratio
SIGNOS Sistema de Informaes Geogrficas no Saneamento
SNIS Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento
TIA Tempo de Interveno das Equipes de Rede de gua
VRP Vlvula Redutora de Presso
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SUMRIO
AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................................... 2
RESUMO .......................................................................................................................................................... 3
ABSTRACT ........................................................................................................................................................ 4
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................................ 5
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................................ 7
LISTA DE SIGLAS ............................................................................................................................................... 8
1. INTRODUO ........................................................................................................................................12
2. REVISO BIBLIOGRFICA .......................................................................................................................15
2.1. HISTRIA DO POLIETILENO .......................................................................................................................... 15
2.2. CARACTERSTICAS FSICA E QUMICAS............................................................................................................ 17
2.3. USOS ...................................................................................................................................................... 20
2.4. MERCADO MUNDIAL ................................................................................................................................. 22
2.5. EVOLUO DO USO DO PEAD EM TUBULAES ............................................................................................. 23
2.6. DIRETRIZES DE PROJETO PARA AS TUBULAES DE PEAD .................................................................................. 26
2.7. TIPOS DE CONEXO ................................................................................................................................... 28
2.7.1. Conexo de Compresso ............................................................................................................. 28
2.7.2. Conexo de Termofuso .............................................................................................................. 29
2.7.3. Conexo de Eletrofuso ............................................................................................................... 31
2.7.4. Juntas de Transio ..................................................................................................................... 33
2.8. DIMENSIONAMENTO HIDRULICO ................................................................................................................ 33
2.9. COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DAS TUBULAES DE PEAD ............................................................................ 36
2.10. TRANSITRIO HIDRULICO .......................................................................................................................... 37
2.11. RESISTNCIA QUMICA E ABRASO ............................................................................................................. 40
2.12. PERDAS EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA ....................................................................................... 42
2.12.1. Perda Real ................................................................................................................................... 43
2.12.1. Perda Aparente ........................................................................................................................... 44
3. MATERIAIS E MTODOS .........................................................................................................................46
4. RESULTADOS .........................................................................................................................................46
4.1. HISTRIA DOS TUBOS DE PEAD NO BRASIL .................................................................................................... 46
4.2. MERCADO BRASILEIRO ............................................................................................................................... 51
4.3. SERVIOS DE ABASTECIMENTO DE GUA ....................................................................................................... 52
4.4. EVOLUO NAS EXTENSES DE REDES ........................................................................................................... 54
4.4.1. DMAE Porto Alegre ................................................................................................................... 54
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4.4.2. Sabesp - M ................................................................................................................................... 55
4.4.1. guas de Limeira ......................................................................................................................... 58
4.5. ADAPTAO AO NOVO MATERIAL ................................................................................................................ 60
4.5.1. Sabesp - M ................................................................................................................................... 61
4.6. VIDA TIL DAS TUBULAES DE PEAD ......................................................................................................... 63
4.6.1. DMAE Porto Alegre ................................................................................................................... 64
4.7. GANHOS EM PERDAS FSICAS ...................................................................................................................... 68
4.7.1. DMAE Porto Alegre ................................................................................................................... 69
4.7.2. SABESP - MC ................................................................................................................................ 70
4.7.1. Limeira ......................................................................................................................................... 77
4.8. CUSTOS DE INSTALAO E MANUTENO ...................................................................................................... 79
4.8.1. DMAE Porto Alegre ................................................................................................................... 79
4.8.2. Sabesp - MC ................................................................................................................................. 81
4.8.3. Limeira ......................................................................................................................................... 86
4.9. DESEMPENHO DAS TUBULAES DE POLIETILENO ............................................................................................ 86
4.9.1. Sabesp ......................................................................................................................................... 89
4.9.1. guas de Limeira ......................................................................................................................... 90
5. DISCUSSO ............................................................................................................................................91
6. CONCLUSES .........................................................................................................................................94
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..............................................................................................................97
ANEXO MAPA DO MATERIAL DA REDE DE DISTRIBUIO DE GUA DA REA ESTUDADA DA REGIO
METROPOLITANA DE SO PAULO ................................................................................................................. 102
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1. INTRODUO
Vrios locais do mundo vm sofrendo com a escassez de reservas de gua potvel
nos ltimos anos. O Brasil no diferente e a crise hdrica continua muito severa em
vrias regies como no nordeste e sudeste, com o seu pice no ano 2014
principalmente para a cidade de So Paulo. Foi necessria a diminuio da vazo
captada nos mananciais, reservatrios e rios destas regies, para que se
recuperasse parte do volume til e garantisse o atendimento contnuo a demanda.
Para isso, governos e prestadores de servios de tratamento e distribuio de gua
adotaram uma srie de medidas, sendo as principais: a intensificao ao combate s
perdas, abastecimento intermitente e incentivos financeiros como bnus e multas
nas contas mensais de gua.
Em vista desses problemas, o Brasil finalmente comeou a seguir uma tendncia de
consumo mais consciente da gua, j iniciada em outros lugares do mundo com
escassez de recursos hdricos.
Neste cenrio, o combate s perdas reais e aparentes dos sistemas de distribuio
da gua se torna ainda mais importante, uma vez que o ndice mdio de perda total
na RMSP de 31,2%, enquanto que em cidades da Alemanha e do Japo, esse
ndice por volta de 11%. (ABES, 2013).
No combate a esse elevado ndice, mais precisamente na parcela das perdas reais,
as tubulaes de Polietileno de Alta Densidade PEAD vm sendo utilizadas na
substituio das antigas tubulaes de ferro fundido, ao e cimento amianto.
Pela possibilidade de ser transportado em bobinas, por apresentar propriedades de
resistncia corroso e por conseguir se conectar atravs de soldas termoplsticas
(eliminando as conexes mecnicas do tipo ponta e bolsa), possibilitou boas
garantias contra vazamentos e arrebentamentos, se tornando amplamente utilizado
em todo o mundo. Estas propriedades so vantajosas principalmente nas cidades,
onde o trfego de veculos pesados maior, gerando vibraes no solo, podendo
comprometer principalmente as tubulaes rgidas com conexes mecnicas.
O aumento da utilizao do PEAD nos sistemas de distribuio de gua potvel
tambm se deve ao fato de ser utilizado como alternativa nica ou preferencial nos
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13
mtodo no destrutivos (MND) de instalao ou substituio de redes subterrneas,
sem aberturas de valas. Cada vez mais estes mtodos vem sendo adotados pelas
empreiteiras, uma vez que diminui o impacto ambiental, econmico e social na
regio em relao aos mtodos de instalao em vala a cu aberto. As tubulaes
de polietileno por serem flexveis, leves e serem fabricadas em bobinas de at 100
metros de extenso (dependendo do dimetro), se tornam um material muito
interessante para este tipo de aplicao.
Contudo, apesar do grande aumento na utilizao de tubulaes de polietileno nos
sistemas pblicos de abastecimento de gua, muitas dvidas ainda pairam sobre as
concessionrias, empreiteiras e projetistas, so elas:
A relao custo x benefcio das tubulaes de PEAD de fato melhor que
as tubulaes de ferro fundido?
Regies que sofreram interveno em sua rede de abastecimento de gua
com tubulaes de PEAD apresentaram diminuio em volume de perdas
reais?
Quanto em vazo a perda real pode diminuir com substituio de redes
antigas por novas de PEAD?
Quais os custos de instalao e manuteno das tubulaes de PEAD?
Podemos realmente considerar o coeficiente de rugosidade das
tubulaes de Hazen-Williams C=150 e que no sofre envelhecimento?
J existe no Brasil um mercado capaz de atender demanda de grandes
projetos, assim como prover assistncia tcnica e garantias?
J existem normas tcnicas e padres brasileiros especficos das
tubulaes de PEAD?
Tendo em vista todas estas dvidas e somado com a adoo mais frequente do
polietileno nas redes de distribuio de gua, alm da crise hdrica vivenciada por
vrias regies do pas nos ltimos anos, o presente trabalho visa estudar a evoluo
do uso das tubulaes de PEAD no pas, desde a primeira tubulao instalada at
os dias de hoje, em que vrias prestadoras de servio de gua j o utilizam como
principal material para suas novas tubulaes, e assim contribuir com o
conhecimento sobre as questes apresentadas.
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Foram realizados estudos de caso em sistemas pblicos de abastecimento de gua
potvel que possuem tubulaes de polietileno em operao, visando estimar as
vantagens e desvantagens em relao a operao, combate s perdas de gua na
distribuio, custos de instalao e manuteno e disponibilidade do material.
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15
2. REVISO BIBLIOGRFICA
2.1. Histria do Polietileno
O polietileno foi sintetizado pela primeira vez em 1898 pelo qumico alemo Hans
Von Pechmann, que o preparou acidentalmente ao aquecer o diazometano. Na
poca, o p branco de aspecto ceroso, sem nenhuma serventia ou uso comercial, foi
caracterizado como uma longa sequncia de CH2 e foi denominado de polimetileno.
A primeira sntese que resultou em um produto industrial foi descoberta por
pesquisadores do ICI Chemicals em 1939 no Reino Unido, quando se misturou
eteno e benzaldedo sob elevada presso (Suzuki, 2009).
A primeira utilizao do polietileno que se tem notcia foi durante a segunda guerra
mundial, na fabricao de condutes e eletrodutos subaquticos. Tambm foi
utilizado em substituio borracha em isolamentos eltricos. Na guerra foi usado
no revestimento de equipamentos como radares, os tornando mais leves e mais
fceis de serem carregados em avies. Na fabricao de tubos, comeou a ser
empregado nos processos industriais e no transporte de gua no meio rural,
aplicaes de baixa presso. Passou tambm a ser utilizado na produo de
petrleo, onde havia a necessidade de tubulaes leves, flexveis e resistentes para
acompanhar o rpido crescimento da indstria de gs e petrleo.
O sucesso no emprego nestas reas fez logo com que os tubos de polietileno
tambm fossem utilizados na distribuio de gs natural para casas e indstrias. A
flexibilidade do PEAD, aliada com sua capacidade de ser fornecida em bobinas de
at 100 metros de extenso para dimetros mais comuns, e a possibilidade de
unies de tubos atravs de soldas de eletro e termofuso, possibilitaram boas
garantias contra vazamentos e arrebentamentos, atribuindo maior confiabilidade da
operao tambm dos sistemas de transporte de gua.
Segmentos da indstria, do saneamento e da minerao tambm passaram a se
interessar pelo material, devido principalmente a sua elevada vida til estimada entre
50 e 100 anos para aplicaes de transporte de gua, gerando um considervel
aumento da demanda da resina nos ltimos anos (Plastics Pipe Institute
Handbook of Polyethylene Pipe, 2009).
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Desde que comeou a ser utilizado na distribuio de gua potvel, os tubos de
polietileno passaram por vrias modificaes de sua propriedades fsico-qumicas,
devido a constante evoluo das resinas e dos processos produtivos, somando-se
isso ao surgimento de novas normas e padres. Avanos nas propriedades das
resinas, aditivos e extruso dos tubos fizeram com que as tubulaes atuais sejam
bem diferentes das de dcadas passadas.
As primeiras tubulaes de polietileno utilizadas em sistemas de abastecimento de
gua que se tem informao foram instaladas no comeo da dcada de 1960. Desde
ento h relatos de cidades e empresas que decidiram adotar o PEAD como
principal material de suas tubulaes.
Em 1985, a cidade de Kobe no Japo foi atingida por um terremoto de grandes
propores, que foi responsvel por destruir meio milho de casas e matar
aproximadamente seis mil pessoas. Destruiu tambm as tubulaes de gs feitas
em ferro e ao, enquanto que a maioria das tubulaes de PEAD permaneceu
intacta (PIPA Seminars, 2006). Comprovou-se ento na prtica a capacidade j
esperada das tubulaes de polietileno resistirem a deformaes e solicitaes
devido a sua flexibilidade e ao uso de juntas com soldas termoplsticas, tanto que
para a reconstruo da cidade s se utilizou tubos de polietileno na distribuio de
gs.
A cidade de Londres, por possuir uma rede de distribuio de gua muito antiga
cerca da metade com mais de 100 anos e um tero com mais de 150 anos e a
maioria de ferro fundido - implementou atravs de sua concessionria Thames
Water, um extenso programa de substituio de redes no ano de 2006, abrangendo
1.600 km de extenso total dados de 2007 (Borouge PTE, 2007). O material
escolhido para substituio foi o polietileno, que inclusive foi usado nas campanhas
publicitria de divulgao do programa e conscientizao e educao das pessoas,
como um smbolo de combate as perdas e tecnologia nas distribuio de gua. Um
cartaz mostrando uma tubulao de PEAD azul e descrevendo suas principais
vantagens foi utilizado como propaganda da prestadora de servio inglesa, como
pode ser visto na figura a seguir:
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Figura 1 Divulgao do Programa de Substituio de Redes de Londres
Fonte: PIPA Seminars Australia - 2007
2.2. Caractersticas Fsica e Qumicas
O PEAD uma espcie de polietileno, que por sua vez um tipo de polmero. O
polmero uma macromolcula composta por muitas dezenas ou centenas de
milhares de unidades de repetio denominadas meros, ligadas por ligao
covalente. Os polmeros so obtidos por meio da reao de polimerizao dos
monmeros, isto , uma molcula com uma (mono) unidade de repetio. Do ponto
de vista da nomenclatura, para se denominar um polmero usa-se o nome do
monmero que foi usado na sua sntese e no o nome qumico da unidade repetitiva
do mesmo. Assim, por exemplo, utiliza-se o termo polietileno, pois este deriva do
etileno (CH2= CH2). (Mesquita, 2010)
O polietileno um composto plstico produzido por meio de diversos tipos de
reaes de polimerizao do etileno sob a presena de catalisadores. A maior parte
do etileno proveniente do petrleo por meio do cracking da nafta oriunda do
petrleo.
O etileno pode ainda ser obtido da desidratao cataltica do lcool etlico. Por
advirem de hidrocarbonetos olefnicos, o polietileno chamado de resina
poliolefnicas (possuem apenas hidrognio e oxignio em sua molcula).
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A obteno do polietileno basicamente se resume da polimerizao do etileno em
reator na presena de solventes, catalisadores, hidrognio e comonomros quando
foi caso. O catalisador entra no processo para desencadear a reao e propiciar a
estereoespecificidade, ou seja, fazer com que as unidades bsicas se interliguem na
conformao desejada (da o terno catalisador estereoespecfico), enquanto o
hidrognio (H) entra como elemento finalizador ou limitador de comprimento das
macromolculas.
O produto em forma de p branco, ou em forma de flocos, precipita-se no reator e a
seguir lavado e secado para eliminao do solvente e de resduos catalticos.
Depois ento, conduzido a uma unidade para mistura de aditivos especficos e
pigmentos, conforme a aplicao do produto, passando da a unidade de granulao
(extrusora) e embalagem (Danieletto, 2014).
A extruso um processo mecnico onde o material forado atravs de uma
matriz adquirindo assim a configurao pr-determinada pela forma da matriz
projetada para a pea.
Segundo MESQUITA (2010), os tipos de polietileno mais comum so: PEAD, PEMD
(Polietileno de Mdia Densidade) e PEBD (Polietileno de Baixa Densidade).
Segundo a norma ASTM D-4976, esta classificao deve seguir a seguinte escala
de densidade:
Classe 1 (0,910 a 0,925) = Polietileno de Baixa Densidade;
Classe 2 (>0,925 a 0,940) = Polietileno de Mdia Densidade;
Classe 3 (>0,940 a 0,960) = Polietileno de Alta Densidade;
Classe 4 (>0,960) = Polietileno de Alta Densidade.
O PEBD ainda pode ser subdivido em PEBD normal (Polietileno de Baixa
Densidade) e PEBDL (Polietileno de Baixa Densidade Linear), de acordo com a
configurao de suas cadeias. Abaixo esto descritos usos para cada tipo de
polietileno citado, segundo MESQUITA (2010):
PEBD (Polietileno de Baixa Densidade): devido a sua flexibilidade, facilmente
processvel, elevada resistncia qumica e boas propriedades isolantes, este
polietileno muito usado para extruso de filmes, fios e cabos, alm de sua
utilizao para moldagem de sopro e moldagem de injeo;
-
19
PEBDL (Polietileno de Baixa Densidade Linear): um termoplstico com
elevada resistncia de solda a quente, sendo utilizado principalmente na
produo de filmes para embalagens, sacaria industrial e filme esticvel
(stretch);
PEMD (Polietileno de Mdia Densidade): possui rigidez intermediria, sendo
utilizado principalmente na produo de embalagens e na obteno de filmes
gofrados para a produo de fraldas descartveis e absorventes higinicos e,
no processo de rotomoldagem, para a produo de caixas dgua,
brinquedos, reservatrios e tanques para produtos qumicos e componentes
para mquinas agrcolas.
PEAD (Polietileno de Alta Densidade): linear, com baixo teor de ramificaes
e altamente cristalino. A linearidade das cadeias do PEAD torna a orientao,
o alinhamento e o empacotamento das cadeias mais eficiente, fazendo com
que as foras intermoleculares (do tipo Van der Waals) possam agir mais
intensamente. Possui elevada rigidez, resistncia fluncia, abraso, ao
impacto e ao tenso fissuramento sob tenso ambiental e qumica.
A seguir temos o esquema de ramificao dos trs principais tipos de polietileno:
Figura 2 Ramificao dos Diferentes Tipos de Polietilenos
Fonte: Adaptado de MESQUITA (2010), pag. 20
Assim como ou outros polietilenos, a frmula molecular do PEAD composta por
carbonos e hidrognios, como na Figura 1 a seguir e sua cadeia de molculas pode
variar de 500.000 a 1.000.000 de molculas.
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20
Figura 3 - Frmula Qumica do PEAD
De acordo com a associao internacional PlasticPipe
(https://plasticpipe.org/pdf/high_density_polyethylene_pipe_systems.pdf, consultado
em novembro de 2014), as tubulaes de PEAD apresentam caracterstica de
elevada resistncia qumica contra corroso, ferrugem, apodrecimento e
crescimento de comunidades biolgicas. So flexveis, podendo fazer curvas de raio
maior que trinta vezes o dimetro externo e com alta resistncia a fadiga. De acordo
com a norma so fabricados para ter uma vida til superior a 50 anos.
Os tubos de polietileno so obtidos por meio de extruso de resinas na forma de p
ou grnulos e as taxas de controle de velocidade de resfriamento interferem, entre
outros aspectos importantes, a orientao molecular e o grau de cristalinidade.
(Peres, 2005).
Segundo HORLACHER (1998), o PEAD, assim como o PVC, apresenta um
comportamento viscoelstico no qual sua deformao depende da temperatura,
tempo e gradiente de presso. Significa que a mudanas de vazo e presso que
ocorrem nas tubulaes viscoelsticas durante os fenmenos transitrios no so
diretamente proporcionais como nos materiais elsticos, ou seja, a velocidade de
propagao da onda de presso no mais constante. A presso de cada ponto da
tubulao depender da deformao da seo no instante anterior e da real variao
de presso.
2.3. Usos
O polietileno pode ser produzido por vrios processos, resultando produtos para
diversas aplicaes como tubos, fios, cabos, filmes, chapas, brinquedos, pallets,
tampas, potes, isolamentos e outros artigos soprados, injetados ou rotomoldados.
https://plasticpipe.org/pdf/high_density_polyethylene_pipe_systems.pdf
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21
Dentre os polietilenos, o PEAD o de maior produo mundial e pode ser produzido
atravs dos processos de extruso, moldagem por sopro e moldagem por injeo.
Por extruso, o PEAD utilizado principalmente em isolamentos de fios telefnicos,
geomembrana, sacos de lixo, sacolas de supermercados, revestimentos de
tubulaes metlicas e tubos para redes de saneamento e de distribuio de gs.
Pelo processo de sopro, destaca-se a transformao em frascos para sucos e
bebidas lcteas, tanques de combustveis, bombonas e tambores para produtos
qumicos, agroqumicos, de higiene e limpeza e leos lubrificantes. No processo de
injeo, o PEAD usado para a fabricao de baldes, brinquedos, potes, tampas
para garrafas, entre outros (MESQUITA, 2010)
No ramo do saneamento e infraestrutura, o PEAD utilizado como material para
vrias tubulaes e condutos como: ramais, redes, adutoras, captao de gua,
emissrios e travessias subaquticas, redes coletoras de esgoto, redes anti-
incndio, redes de gs combustvel, guas pluviais e drenagem, minerao,
dragagem, irrigao, produtos qumicos, dutos eltricos, telefnicos, fibra-tica, furo
direcional e pipe-bursting.
Pela capacidade do tubos polietilenos serem produzidos com espessuras de parede
e resinas distintas, para a comercializao das tubulaes de gua se utiliza um
parmetro chamado SDR (Standard Dimension Ratio), que nada mais que a razo
entre o dimetro e a espessura da tubulao. A seguir temos a frmula do SDR e a
tabela dos tipos demais comercializados em relao as resinas PE 80 e 100:
(2.1)
Sendo:
DE = Dimetro externo (mm)
e = espessura da parede (mm)
Tabela 1 - Tabela dos SDRs Comercializados Tubulaes de gua
PN/ RESINA
PN4 SDR
PN 5 SDR
PN 6 SDR
PN 8 SDR
PN 10 SDR
PN 12.5 SDR
PN 16 SDR
PN 20 SDR
PE80 32,25 26 21 17 13,6 11 9 7,25
PE100 - 32,25 26 21 17 13,6 11 9
Fonte: Apresentao ABPE - 2012
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2.4. Mercado Mundial
O mercado de polietileno cresceu muito nos ltimos anos, se tornando o
termoplstico mais usado e reconhecido em todo mundo. Segundo relatrio da IHS
Inc., Polyethylene Global View (2012).., a demanda mundial de polmeros para o ano
de 2012 foi de 232,6 milhes de toneladas. Desta, o PEAD corresponde cerca de
17%, perdendo apenas para o PP-Polietileno-PP (25%) e o PVC (18%). No grfico
abaixo pode ser observado as expectativa para o crescimento do mercado de PEAD:
Figura 4 Anlise de Mercado Oferta e Demanda Mundial de PEAD
Fonte: IHS Inc., 2012
Vrios relatrios apontam elevada tendncia de crescimento deste mercado para os
prximos anos, principalmente nos pases em desenvolvimento e no mercado
asitico. O PEAD est incluso nesta perspectiva, com um crescimento estimado em
5% at 2016 (IHS Inc., 2012).
Dentre os polietilenos, o PEAD o de maior produo mundial (MESQUITA, 2010),
alcanando em 2012 o volume aproximado de 35 milhes de toneladas consumidas.
Praticamente 100% das novas redes de distribuio de gs so feitas com tubos de
Polietileno nos centros urbanos de todo o mundo (ABPE, 2012). Contribui para esse
cenrio a substituio de tubos antigos por mtodos nos destrutivos (MND), que
instalam tubulaes de PEAD sem a necessidade de abertura de valas, viabilizando
de forma econmica, rpida e segura a recuperao das antigas redes.
-
23
A participao de tubos de PEAD nas redes, ramais e adutoras de gua, bem como
em esgotos pressurizados cresce em taxa considervel, em especial na Europa,
substituindo os tubos tradicionais. Nos novos ramais e redes de gua de dimetro
at 110 mm na Europa, a participao dos tubos de polietileno de quase 100% e
vem aumentando paulatinamente nos dimetros maiores.
Nas adutoras e captao de gua com dimetros externos chegando a 2.000 mm,
os tubos de PEAD vm ganhando espao no mercado antes dominado pelas
tubulaes de Ferro e Ao, em especial nas aplicaes de baixas presses, onde o
custo desse material, comparado aos dos materiais tradicionais, j representa
vantagens imediatas.
2.5. Evoluo do Uso do PEAD em Tubulaes
A histria das tubulaes de polietileno pode ser dividida em trs geraes. A
primeira se deu incio por volta de 1950, com a fabricao de tubos pela empresa
alem Hoechst AG, pelo processo Ziegler de baixa presso. Esta gerao
composta por diferentes tipos de resinas chamadas, como PE 32, 40 e 50, sendo
que a maioria era de baixa densidade. Estes tubos eram usados nas aplicaes de
transporte de fluidos em baixa/mdia presses, principalmente para fins de irrigao.
Nesta poca tambm passou a ser utilizados como condute e eletroduto no Reino
Unido. Na dcada de 1960, passou a ser utilizado como tubulaes de drenagem
pluvial de cidades e rodovias. Na dcada seguinte a British Gs j passou a utilizar
tubulaes amarela de PEAD para o transporte de gs.
Na dcada de 1980, com o aumento dos comonmeros e consequente aumento do
peso molecular das resinas de polietileno, houve uma melhora no balano geral das
propriedades e surgiram assim o PE 63 e 80, a segunda gerao das tubulaes de
polietileno. Eram produzidos tanto pelo mtodo Ziegler quanto pelo Philips e em alta
e mdia densidade. Nessa gerao os tubos j comearam a ser regularizados com
o surgimento de normas e padres mais rgidos, e passaram a serem utilizados em
aplicaes de baixa presso para gs e altas presses para lquido (at 1,6 MPa).
Nesta poca a Inglaterra j passou utilizar tubulaes de Polietileno de Alta e Mdia
Densidade, de pigmentao azul para transporte de gua potvel.
-
24
Finalmente, no comeo da dcada de 1990, com a melhoria do processo atravs
introduo seletiva de comonmeros nas cadeias moleculares mais longas, surge o
PE 100, e com ele a terceira gerao dos polietilenos. Este novo material tornou os
tubos mais resistentes e permitiu sua utilizao para transporte de gs sob alta
presso. (Danieletto, 2014)
O polietileno tem sido muito empregado na conduo de gua potvel,
particularmente em ramais prediais. Este polmero apresenta vantagens em relao
a seus concorrentes, como flexibilidade, baixo preo, facilidade de instalao e
resistncia corroso. Apesar de sua utilizao vir se tornando cada vez mais
popular nos ramais prediais, os tubos de polietileno instalados podem apresentar
falhas inesperadas em servio, prematuras em relao sua vida til prevista,
atravs de um mecanismo conhecido como slow crack growth ou crescimento lento
de trincas (Peres, 2005).
O potencial do comrcio de tubulaes de PEAD pode ser percebido atravs do
crescimento nos ltimos anos deste mercado nas diversas regies do mundo. Entre
2007 e 2012 houve um crescimento em todo mundo de aproximadamente 6 %,
enquanto que em regies como a Europa Central e Oriental esse crescimento
chegou a mais de 10%. Esses dados podem ser observados na tabela a seguir,
retirado da pesquisa realizada pela empresa Lyondellbasell, em 2012.
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25
Tabela 2 - Consumo de PEAD nos anos 2007 e 2012
Regio 2007
(1.000 ton) 2012
(1.000 ton) Crescimento (%)
Europa Ocidental 927 1110 3
Europa Central e Oriental 580 930 10
frica 140 214 9
Oriente Mdio 202 257 5
Japo 88 92 1
sia 1067 1597 8
NAFTA 750 860 3
Amrica do Sul 120 177 8
TOTAL 3873 5227 6 Fonte: Lyondellbasell, 2012
Esse crescimento tambm pode ser observado no mercado mais amplo de
polietileno, sem se restringir resina de alta densidade e a aplicaes em tubos.
Entre os anos de 2007 e 2012 houve um crescimento de aproximadamente 35% no
mercado europeu de polietileno, como demonstrado no grfico a seguir:
Figura 5 - Evoluo do Mercado de PEAD 2007 - 2012
Fonte: Apresentao APECS (2012), apud SABIC Market Study
Na indstria de gs natural dos Estados Unidos, o PEAD o material amplamente
mais utilizado nas aplicaes, correspondendo cerca de 95% do mercado das novas
tubulaes. Com relao ao mercado de distribuio de gua, os tubos de polietileno
dominam cerca de 65% do mercado, enquanto que mais especificamente no Reino
Unido, chegam a dominar cerca de 85% do mercado de novas tubulaes. Nos
EUA, sua representatividade ainda pequena, apesar do crescimento apresentado
nos ltimos anos (Vibien, 2009).
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26
2.6. Diretrizes de Projeto para as tubulaes de PEAD
Existem diversas normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) com
diretrizes para uso de tubulaes de PEAD na distribuio de gua. So elas:
NBR 14299:1999, Sistemas de ramais prediais de gua Tubos, conexes e
composto de polietileno PE Determinao da estabilidade dimensional;
NBR 14300:1999, Sistemas de ramais prediais de gua Tubos, conexes e
composto de polietileno PE Determinao do tempo de oxidao induzida;
NBR 14301:1999, Sistemas de ramais prediais de gua Tubos de
polietileno PE Determinao das dimenses;
NBR 14302:1999, Sistemas de ramais prediais de gua Tubos de
polietileno PE Determinao da retrao circunferencial;
NBR 14303:1999, Sistemas de ramais prediais de gua Tubos de
polietileno PE Determinao da resistncia ao esmagamento;
NBR 14470:2000, Conexes de polietileno PE 80 e PE 100 - Verificao da
resistncia ao impacto em ts de servio;
NBR 14472:2000, Tubos e conexes de polietileno PE 80 e PE 100
Qualificao do soldador;
NBR 18553:2005, Mtodo para avaliao do grau de disperso de pigmentos
ou negro de fumo em tubos, conexes e compostos poliolefnicos;
NBR 15593:2008, Sistemas enterrados para distribuio e aduo de gua e
transporte de esgoto sob presso Requisitos para conexes soldveis de
polietileno de PE 80 e PE 100;
NBR 8415:2007, Tubos e conexes de polietileno Verificao da resistncia
presso hidrosttica interna;
NBR 15561:2007, Sistemas para distribuio e aduo de gua e transporte
de esgoto sanitrio sob presso Requisitos para tubos de polietileno PE 80
e PE 100;
NBR 15802:2010, Sistemas enterrados para distribuio e aduo de gua e
transporte de esgoto sob presso Requisitos para projetos em tubulao de
polietileno PE 80 e PE 100 de dimetro externo nominal entre 63 mm e 1600
mm;
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27
NBR 15803:2010, Sistemas enterrados para distribuio e aduo de gua e
transporte de esgoto sob presso Requisitos para conexes de compresso
para junta mecnica, t de servio e t de ligao para tubulao de
polietileno de dimetro externo nominal entre 20 mm e 160 mm;
NBR 9056:2015, Tubo de polietileno PE5 para ligaes prediais de gua
Verificao da estanqueidade de juntas mecnicas com tubos curvados a frio;
NBR 9057:2015, Tubo de polietileno PE5 para ligaes prediais de gua
Verificao da resistncia de junta mecnica a esforo axial.
Como pode ser observado na lista anterior, as primeiras normas brasileiras sobre
polietileno se tratavam exclusivamente de ramais prediais, sendo somente em 2007
que surgem as normas para tubulaes de polietileno para redes e adutoras de
gua.
Dentre as normas listadas acima, podemos destacar algumas que tratam mais
especificamente dos projetos e obras com tubulaes de PEAD.
A norma ABNT NBR 15802, que trata de requisitos para projetos em tubulaes de
PEAD, enumera diversas especificaes e recomendaes para projetos e obras em
adutoras e redes de distribuio de gua com este tipo de material, de dimetros
externos nominais entre 63 mm e 1.600 mm. Traz informaes sobre o
dimensionamento de tubos PE 80 e 100, contendo consideraes sobre a mxima
presso de operao, dimensionamento hidrulico, sobrepresses, subpresses e
transientes hidrulicos. Tambm traz informaes sobre as alturas de aterro,
mtodos de unies e conexes, transio de materiais e curvas e mudanas de
direes.
J a norma ABNT NBR 15803 versa mais especificamente das conexes de junta
mecnica, t de servio e t de ligao, de dimetro entre 20 mm e 160 mm. Traa
diretrizes sobre os tipos de conexo, resistncia presso hidrosttica e esforo
axial, estanqueidade em tubo curvado a frio, resistncia ao impacto, aspectos
visuais, entre outros. Alm disso, traz informaes sobre controle do processo de
fabricao e marcao e embalagem.
A norma ABNT NBR 15593 trata das conexes soldveis de PE 80 e PE 100. Traz
informaes sobre classificao das conexes, dimenses e tolerncias, conexes
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28
segmentadas e do tipo ponta, conexes de eletrofuso do tipo bolsa e sela, juntas
de transio, entre outros. A norma apresenta tambm informaes sobre controle
do processo de fabricao, inspeo de recebimento, requisitos do material e
marcao, rotulagem e embalagem.
2.7. Tipos de Conexo
Alm das conexes mecnicas por compresso, os termoplsticos permitiram o
desenvolvimento de tcnicas de soldagem denominadas por termofuso e
eletrofuso, devido a suas propriedades caractersticas de se fundirem sob
determinadas temperaturas e presses, podendo ser moldados e resfriados na
forma desejada e serem remoldados a novos ciclos de temperatura e presso.
(Danieletto, 2014)
2.7.1. Conexo de Compresso
Constituda por bolsa, anel de vedao, uma garra (normalmente de metal) e uma
porca. Este tipo de conexo morde o tubo, sendo capaz de resistir de trao.
utilizado em tubulaes de pequenos dimetros, sendo encontrada geralmente de
dimetros entre DE 12 a 110 mm, mas pode ser encontrado tambm em DE 160
mm. empregado principalmente para fins de irrigao e ramais prediais, mas
tambm pode ser utilizado em redes de distribuio de gua at PN 16.
So de fcil instalao e uma boa alternativa para reparos, em especial quando no
se consegue estancar totalmente a tubulao para executar a solda. No exigem
pessoal de alta qualificao, nem ferramentas e equipamentos caros e eltricos. Por
serem autotravados, no necessitam ancoragem, adequando-se a terrenos
inconsistentes e linhas areas. (Danieletto, 2014).
A figura a seguir mostra o esquema de uma conexo tpica por compresso e seus
componentes. Vale ressaltar que existe uma infinidade de outros moldes de conexo
por compresso no mercado, como cotovelos, reduo, t, adaptador macho e
adaptador fmea, todos com configuraes diferentes porm com os mesmo
componentes para a unio.
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29
Figura 6 Componentes das Conexes de Compresso
Fonte: Danieletto (2014)
2.7.2. Conexo de Termofuso
o tipo de unio mais utilizado nas redes e adutoras de gua em PEAD. Tambm
conhecido com solda topo, por soldar face a face as tubulaes, aplicada mais
comumente em tubulaes de dimetros maiores ou iguais a DE 63. Este tipo de
conexo permite a unio de resinas diferentes, como PE 80 com PE 100, porm
necessrio que seja da mesma espessura (ou SDR).
Na solda de termofuso so necessrios equipamentos para a correta elaborao
da unio, tais como: abraadeiras, unidade de fora, faceador, placa de solda e
transformador de tenso.
A termofuso pode ser divida em quatro etapas:
A preparao, que compreende:
Alinhamento dos tubos e/ou conexes;
Limpeza das superfcies de solda;
Faceamento das extremidades de solda, assegurando o perfeito
paralelismo das partes e a remoo de possvel camada oxidada;
Determinao da presso de arraste.
O aquecimento que objetiva que o material atinja a temperatura de fuso
apropriada;
-
30
A solda que consiste na compresso das tubulaes e/ou conexes. A
presso de solda deve ser mantida at que a temperatura caia abaixo da
temperatura de fuso do material.
O resfriamento, que ocorre ainda com presso elevada e depois zerando a
presso, mas mantendo o conjunto imvel.
A seguir temos a Figura 7, representando a preparao para a solda topo, com as
tubulaes, abraadeiras e o faceador, enquanto que Na Figura 8 temos uma
representao de uma unio por solda topo realizada com sucesso.
Figura 7 Alinhamento e Faceamento da Solda Topo
Fonte: Apresentao ABPE (2012)
Figura 8 Unio por Solda Topo
Fonte: Apresentao ABPE (2012)
Tambm existe o subtipo de conexo por termo fuso do tipo sela, que se trata de
uma conexo injetada ou usinada, que possui uma base em forma de sela, que se
assenta sobre o tubo. Por meio de um dispositivo trmico de aquecimento, funde-se
o material da base da conexo e o da superfcie externa do tubo, a seguir comprime-
se a pea contra o tubo, provendo-se a interao das massas fundidas at que
resfriem.
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31
Figura 9 Unio por Solda tipo Sela
Fonte: Manual Tcnico do Polietileno - Brastubo
Devido a sua grande dependncia do soldador e criticidade, foi abandonada para
redes de gua e gs, em quase todo mundo, estando praticamente restrita s
fabricaes de peas especiais, como alguns ts de reduo, onde no houver
outras opes.
2.7.3. Conexo de Eletrofuso
Surgida na dcada de 70, comeou a ganhar impulso na segunda metade do da
dcada de 80 e vem crescendo muito no mercado de gs e gua, devido sua
praticidade e custos. Em termos gerais, em comparao com a termofuso, essa
aplicao mais fcil, com menor margem de erro de execuo, porm mais cara.
Apresenta grande segurana, facilidade de execuo e rastreabilidade com as
mquinas automticas, atravs de cdigos de barras nas tubulaes e conexes,
capazes de serem lidas e cadastradas instantaneamente por sistemas
automatizados
Os custos deste tipo de conexo vm diminuindo nos ltimos anos. Nos menores
dimetros, j se torna mais vivel em determinadas situaes que a solda de termo
fuso. disponvel em dimetro DE 20 a 1.000 mm, entretanto mais comum nos
dimetros menores ou iguais a DE 160 devido aos custos e disponibilidade de peas
e tubulaes.
Emprega conexo provida de bolsa (ou sela) com resistncia eltrica espiralada
incorporada, cujas extremidades so conectadas a terminais que se localizam na
parte externa da pea que, quando submetidas corrente eltrica e tempo, geram
-
32
calor a fim de possibilitar a solda da pea ao tubo com a superfcie externa da
tubulao.
Este mtodo exige um transformador de tenso e um timer, alm da pea prpria de
eletrofuso. O controle maior neste tipo de unio, visto que em cada pea existe
um cdigo de barra que comunica com o equipamento de solda o tempo,
temperatura e tenso.
A tenso aplicada na pea gera uma corrente eltrica na resistncia inserida dentro
da pea que funde a superfcie interna da pea com a superfcie externa da
tubulao.
Neste mtodo tambm necessrio realizar o faceamento e verificar a ovulao das
tubulaes. A Figura 10 mostra esquematicamente o processor de uma unio por
eletrofuso.
Figura 10 Unio por Eletrofuso
Fonte: Apresentao ABPE (2012)
-
33
2.7.4. Juntas de Transio
A forma mais comum encontrada de transio entre tubulaes de polietileno para
ferro fundido ou ao a transio por flange. Neste tipo, se usa uma tubulao de
polietileno de colarinho longo, que comprimida entre dois flanges de ferro fundido
ou ao, realizando assim a transio.
Figura 11 Transio com Flanges e Colarinho
Fonte: Catlogo Polyeasy
tambm possvel realizar a transio atravs de peas adaptadoras como as
Ultralink e Ultraquick, capazes de se travar mecanicamente em pontas de tubos de
vrios materiais.
Existem outras formas de transio como peas especiais de juntas de transio PE
X AO e PE X LATO, contudo so mais utilizadas nas linhas de gs.
2.8. Dimensionamento Hidrulico
Nos clculos e modelagem hidrulica de redes deve-se adotar o dimetro interno da
tubulao de PEAD, ou seja, subtrair do dimetro nominal externo duas vezes a
espessura da parede do tubo.
DI = DE 2e
(2.2)
Onde:
DI = Dimetro interno da tubulao (mm);
DE = Dimetro externo e nominal da tubulao (mm);
e = espessura da parede da tubulao (mm).
-
34
Sobre o clculo de perda de carga distribuda nas tubulaes, a norma ABNT NBR
15802 indica o uso da frmula Universal ou a de Hazen-Williams, tanto para PE 80
como para PE 100, descritas da forma a seguir para a gua, no escoamento
turbulento rugoso:
Frmula da Hazen-Wiliams:
(2.3)
Onde:
H = Perda de carga (m)
Q = Vazo (m/s)
C = Coeficiente de Hazen-Wiliams
d = Dimetro interno (m)
L = Comprimento do tubo (m)
Frmula Universal:
(2.4)
Onde:
H = Perda de carga (m)
f = Fator de atrito
v = Velocidade mdia (m/s)
L = Comprimento do tubo (m)
d = Dimetro interno (mm)
g = acelerao da gravidade (m/s)
Ainda segundo a norma ABNT NBR 15802, deve-se adotar para a frmula de
Hazen-Wiliams o coeficiente C=150. J para a frmula Universal, necessrio um
clculo de f atravs de frmulas e do coeficiente de rugosidade (k). Para o regime
-
35
turbulento onde o nmero de Reynolds (Re) maior que 2000, caso encontrado na
grande maioria das adutoras e redes de gua em operao, tem-se para o clculo
de f, no escoamento turbulento rugoso, de acordo com Souza (1986):
(2.5)
Ou da forma simplificada, sem necessidade de interaes, e com valores bem
prximos de resultados empricos:
(2.6)
Onde:
k = Coeficiente de rugosidade (m)
d = Dimetro interno (m)
Re = Nmero de Reynolds
Para o clculo, a norma ABNT NBR 15802 sugere a adoo de k = 10x10-6 m,
quando do dimetro externo for menor ou igual a 200 mm, e k = 25x10-6 m quando o
dimetro externo for maior que 200 mm.
A tabela seguir mostra os valores de coeficientes hidrulicos sugeridos na norma:
Tabela 3 Coeficiente de Perda de Carga
Mtodo Valores
Hazen-Wiliams C = 150
Frmula Universal
DE 200 mm k = 10x10-6 m
DE > 200 mm k = 25x10-6 m
A norma diz ainda que no h qualquer diferenciao entre os mtodos de
dimensionamento para os tipos PE 80 e PE 100 e que no necessrio considerar a
reduo da capacidade hidrulica devido ao envelhecimento e esclerosamentos por
incrustaes, abraso, corroso etc.
-
36
2.9. Comportamento Estrutural das Tubulaes de PEAD
As propriedades mecnicas do PEAD so muito influenciadas por fatores estruturais
como massa molecular, distribuio de massas moleculares, quantidade e extenso
das ramificaes, densidade das molculas de unio, cristanilidade, estrutura
morfolgica e orientao (BOENIG, 1973); (OGORKIEWICZ, 1974); (BILLMEYER,
1975); (MORTON-JONES, 1989); (BROWN et al, 1991); (HERTZBERG, 1995);
(KINLOCH & YOUNG, 1995); (MEYERS & CHAWLA, 1999); (CALLISTER, 2000);
(COUTINHO et al, 2003); (PERES, 2005).
O estudo das propriedades fsicas e das caractersticas de processamento de
qualquer tipo de polietileno requer o entendimento da influncia e importncia
desses fatores. Brown et al (1991) apresentaram uma reviso de trabalhos
realizados, nos quais foram estabelecidas relaes quantitativas entre variveis
externas (tenso, temperatura), parmetros de mecnica da fratura (fator de
intensidade de tenso, K, Integral J), variveis morfolgicas (densidade, tamanho de
cristal), variveis moleculares e estruturais (massa molecular, densidade e
distribuio de ramificaes), taxa de crescimento de falhas e tempo de falha
atravs do mecanismo de crescimento lento de trincas (BROWN et al, 1991);
(PERES, 2005).
A maioria dos materiais de construo convencionais tem um comportamento
elstico ou quase elstico do ponto de vista de resistncia, ou seja, aplica-se a lei de
Hook para sua anlise estrutural. Isso significa que a relao entre tenso e
deformao linear at um determinado nvel de tenso e tambm independente
do tempo de durao e da temperatura a nveis prticos. Retirando a fora ou a
carga aplicada, o material volta sua forma original.
Para plsticos, porm, as condies so diferentes. A deformao no
proporcional tenso, nem independente da sua durao. Sob ao de uma carga,
ocorre o escoramento do material (creep), o qual tambm influenciado pela
temperatura, e cuja consequncia final a ruptura do material aps um determinado
tempo. Esse tempo, entretanto, inversamente proporcional magnitude da carga,
e portanto a tenso admissvel de dimensionamento depender da vida til esperada
para um aplicao especfica.
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A consequncia do creep que, independente da magnitude da tenso, o material
entrar em colapso depois de certo tempo. Este tempo, entretanto, varia
inversamente com o valor da tenso e precisamente isto que permite a utilizao
do plstico como material de construo. A tenso de projeto de materiais plsticos
de construo depende, portanto, da vida til desejada na aplicao. Para tubos de
gua sob presso, as Normas ISO recomendam vida til de 50 anos (vida til de
projeto), em funo de fatores econmicos envolvidos na prestao envolvidos da
prestao de servios pblicos (2 % de depreciao/ano). (DANIELETTO, 2014)
As condies de fabricao do tubo so muito importantes. A taxa de extruso e a
velocidade de resfriamento controlam, entre outros aspectos importantes, a
orientao molecular e o grau de cristalinidade. Se o resfriamento foi lento, por
exemplo, haver tempo suficiente para que um maior nmero de cadeias possam
ser ordenadas nos cristalitos. Consequentemente, o grau de cristalinidade e a
densidade sero maiores, com significativos reflexos sobre as propriedades que
dependem desses fatores, como resistncia a trao, dureza, rigidez, contrao, etc
(WIEBECK & HARADA, 2002); (LU et al, 1994); (PERES, 2005).
2.10. Transitrio Hidrulico
Em grande parte dos projetos de sistemas de distribuio de gua, principalmente
nos de pequena extenso e dimetro, o regime transitrio muitas vezes
negligenciado. Entretanto a busca pela mxima eficincia na prestao de servios
por parte destes sistemas tem motivado o tratamento mais cuidadoso deste
fenmeno na fase de projeto e posteriormente na operao de tais sistemas, para
que seja possvel prevenir danos nos diversos componentes advindos de condies
operacionais inadequadas.
O transitrio hidrulico, tambm chamado de golpe de arete, o fenmeno que
ocorre durante a mudana entre diferentes regimes permanentes de escoamento.
SANTOS (2000) define transitrio como qualquer alterao no movimento ou
paralisao eventual de um elemento do sistema. Aps a ocorrncia da perturbao,
como o desligamento de uma bomba, o regime permanente presente antes da
perturbao alterado, dando origem a um regime no permanente que
posteriormente passar a um novo estado estacionrio.
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Nele, a vazo e presso em certo ponto se alteram muito rapidamente com o tempo,
o que o torna uma matria de difcil anlise e modelagem, e tambm por isso,
muitas vezes negligenciado em diversos trabalhos e estudos hidrulicos.
Simplificadamente, a sobrepresso mxima para um fechamento brusco de vlvula
ou parada de bomba para gua e comportamento elstico, pode ser expressa por:
(2.7)
Onde: P = Sobrepresso mxima devido ao golpe (m)
v = Variao da velocidade mdia do fluido (m/s)
g = Acelerao da gravidade (m/s)
a = Velocidade de propagao da onde de presso (celeridade) (m/s)
Para Martins (2013), a onda de presso, caracterstica do Golpe de Arete, uma
onda do tipo elstica, com celeridade de propagao expressa em termos das
propriedades fsicas citadas, do dimetro interno do tubo e da espessura da parede,
cuja expresso analtica :
(2.8)
Onde: a = Velocidade de propagao da onde de presso (celeridade) (m/s)
K = Mdulo de elasticidade volumtrico do fluido (Pa)
= Massa especfica do fluido (kg/m)
A = rea da seo transversal da tubulao (m)
A = Variao da rea da seo transversal da tubulao (m)
p = Variao da presso (Pa)
O numerador da equao acima representa fisicamente a celeridade de onda
elstica (velocidade do som) no meio fluido considerado infinito, isto , sem
fronteiras.
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Para LIMA (2006) importante lembrar que apesar de ser uma expresso que
envolve as propriedades fsicas do tubo e do fluido, e os parmetros geomtricos do
tubo, a celeridade de onda elstica , em si, uma propriedade fsica, no
dependendo, portanto, das condies do escoamento, ou melhor, das variveis
presso e velocidade e das variveis independentes posio e tempo.
Segundo SILVA (2006), observa-se que a variao de carga diretamente
proporcional celeridade de onda a, o que permite considerar que uma diminuio
no valor da caracterstica a provocar reduo imediata no valor da variao de
carga H, como pode ser observado pela frmula 2.6. Essa concluso tem sido
objeto de pesquisas na busca de uma soluo prtica, utilizando materiais que
proporcionem modificaes nas caractersticas do meio fluido, tal que resulte na
diminuio do valor de celeridade da onda (atenuador de celeridade) que, associada
a um meio de controle, possa ser aplicada nos projetos hidrulicos como dispositivo
de proteo contra o golpe de arete.
O golpe de arete um tanto maior em magnitude quanto maior a velocidade mdia
do fluido e maior a distncia entre o golpe e a fonte do mesmo. O golpe de arete
em si mesmo um assunto bastante complexo. Nos casos de tubos plsticos, essa
complexidade aumenta porque as equaes utilizadas para os tubos rgidos devem
ser adaptadas, devido grande flexibilidade das paredes dos tubos plsticos, o que
permite desprezar a compressibilidade da gua, e tambm devido variao do
mdulo de elasticidade com o tempo. De uma forma geral, os tubos plsticos
absorvem (diminuem) melhor o efeito do golpe de arete em virtude de sua
flexibilidade (DANIELETTO, 2014).
Contudo, de acordo com SHIROMOTO (2005), as tubulaes de PEAD merecem
cuidados especiais pois so susceptveis reduo de resistncia por efeitos
trmicos e dinmicos (fadigas). necessrio avaliar se, em tais condies, com a
intermitncia operacional, o tubo de PEAD poder romper por fadiga, aps um curto
perodo de operao. Os tubos plsticos tem limitada resistncia s solicitaes
cclicas, e por esta razo devem operar com cargas controladas.
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2.11. Resistncia Qumica e Abraso
A temperatura ambiente, os polietilenos so considerados como praticamente
inertes maioria dos produtos qumicos comuns, mas quando expostos solventes
em temperaturas mais elevadas pode ocorrer inchamento, dissoluo parcial ou
degradao do material. Apesar de altamente resistente gua e algumas solues
aquosas, inclusive a altas temperaturas, o polietileno atacado lentamente por
agentes oxidantes. (OGORKIEWICZ, 1974) (COUTINHO et al, 2003); (PERES,
2005). Em especial, importante considerar a presena de cloro na gua, o qual
usado como agente desinfetante e mantido em nveis residuais e baixas
concentraes e lembrar que normalmente o sistema pressurizado (h tenses
atuando no material). Bodycote Polymer AB, um laboratrio de teste de tubos
plsticos independente, localizado em Nykping, Sucia, tem desenvolvido estudos
sobre o efeito da gua clorada na vida til dos tubos plsticos, tendo verificado que
pequenas quantidade de cloro provoca forte efeito oxidante sobre tubos fabricado
com poliolefinas (o polietileno um tipo de poliolefina), com significativa reduo da
vida til esperada (BODYCOTE, 2003); (PERES, 2005).
Os tubos metlicos so sensveis no s a ataques qumicos como corroso
eletroltica. Quanto corroso qumica, esses tubos sofrem at mesmo o ataque de
efluentes comuns encontrados na engenharia sanitria. J os tubos de PE no
sofrem corroso eletroltica ou galvnica.
Para os usos mais comuns, ou mesmo para a maioria dos produtos considerados
perigosos para outros tubos, o PE pode ser considerado material praticamente
imune ao ataque qumico. Somente materiais no volteis ou pouco volteis podem
causar danos permanentes, uma vez que as propriedades originais reaparecem
aps a evaporao do agente inchante.
Nas tubulaes que transportam slidos abrasivos, o desgaste por abraso um
fator de maior importncia. Isto ocorre nos tubos de dragagem, nos minerodutos,
cinzodutos e em todos os casos de transporte hidrulicos de slidos em tubulaes.
Em engenharia sanitria, embora em menor escala, a abraso tambm ocorre,
especialmente em tubos de esgoto.
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No tocante abraso, testes conduzidos por diferentes pesquisadores indicaram
para os tubos de PEAD uma resistncia bastante elevada, muito superior de
materiais convencionais (DANIELETTO, 2014).
O Prof. Lars-Erik Janson do Instituto Real de Tecnologia de Estocolmo, no seu livro
Plastic Pipe in Sanitary Engineering, tem reunido os resultados de vrias pesquisas
relacionadas com abraso em tubulaes, e converteu o desgaste em um aumento
equivalente de tenses na parede do tubo, para os seguintes tipos de materiais:
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Tabela 4 Abraso de Tubos de Diversos Materiais
Material Aumento Relativo da Tenso, em %
Cimento Amianto 13
Ao 7
PVC 3
PEAD 0,3
Observa-se em testes para a avaliao de falhas prematuras de tubos de polietileno
que, sob certas condies de temperatura, o tempo para ocorrncia de falhas
sensvel a meio hostis (agente qumico polares e/ou oxidantes, lcoois, detergentes,
halogneos e aromticos), mesmo estando o material submetido a tenses
relativamente baixas, mas por longo perodos de tempo, sugerindo suscetibilidade
dos tubos de polietileno ao environment-assisted cracking (EAC) ou environment
stress cracking (ESC). Trata-se de mecanismo de crescimento subcrtico de trincas,
que descreve a falha acelerada de um material devido a ao cooperativa ou
combinada de exposio ao meio e tenso (HERTZBERG, 1995); (PERES, 2005).
2.12. Perdas em Sistemas de Abastecimento de gua
O entendimento elementar do conceito de perdas de gua a diferena do volume
de gua tratada que foi produzida e o volume de gua dos consumos autorizados,
usualmente medidos nos hidrmetros dos consumidores finais. Essa noo aborda a
perda como algo fsico, contudo, a gua tratada se refere a um produto
industrializado, com mais valores agregados e custos intrnsecos de produo.
Elevadas perdas produzem impactos negativos de diversas naturezas, tais como: no
meio ambiente (maior demanda de gua, esgotamento de mananciais); nos custos
(maior necessidade de investimentos em novas instalaes de produo e de
distribuio de gua, maiores custos operacionais no tratamento); nas receitas
(reduo do faturamento) (REVISTA BRASILEIRA DE SANEAMENTO AMBIENTAL
E MEIO AMBIENTE, 2003); (PERES, 2005).
As perdas de um sistema de abastecimento so fatores importantes para os
consumidores nas tarifas pagas s prestadoras de servio de distribuio de gua
potvel, pois geralmente seus custos so incorporados na composio do preo das
contas de gua.
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Segundo Tsutiya (2006), Perda Fsica correspondente ao volume de gua
produzido que no chega ao consumidor final, devido ocorrncia de vazamentos
nas adutoras, redes de distribuio e reservatrios, bem como de extravasamentos
em reservatrios setoriais. De acordo com a nova nomenclatura definida pela
International Water Association IWA, esse tipo de perda denomina-se Perda Real.
Perda No-Fsica, corresponde ao volume de gua consumido, mas no
contabilizado pela companhia de saneamento, decorrente de erros de medio nos
hidrmetros e demais tipos de medidores, fraudes, ligaes clandestinas e falhas no
cadastro comercial. Nesse caso, ento, a gua efetivamente consumida, mas no
faturada. De acordo com a International Water Association (IWA), esse tipo de
perda denomina-se Perda Aparente.
2.12.1. Perda Real
Com relao Perda Real, pode-se dizer que os volumes perdidos nos vazamentos
carregam consigo os custos de produo e transporte da gua tratada, tais como os
custos de energia eltrica, produtos qumicos, mo de obra, etc. Vale ressaltar dois
pontos de extrema importncia em relao a este tipo de perda:
O primeiro relacionado conservao de recursos naturais, pois quanto
menos volume se perde no sistema, menor a necessidade de explorar ou
ampliar as captaes de gua, acarretando menor impacto ambiental. Pode-
se argumentar que as Perdas Reais recarregam o lenol fretico, o que fato,
mas isso no parece uma forma adequada de gesto de recursos hdricos, na
medida em que para atender crescente demanda de gua tratada,
requerida a execuo de obras com elevado custo e com forte impacto
ambiental, representadas por barragens, represas, importao de guas de
outras bacias, etc.
O segundo ponto diz respeito sade pblica, em decorrncia da existncia
de vazamentos na rede de distribuio de gua, onde qualquer
despressurizao do sistema (manuteno ou intermitncia no
abastecimento, por exemplo) pode levar contaminao da gua pela
entrada de agentes nocivos na tubulao. Este risco no meramente
potencial, h diversos casos relatados, inclusive em pases do Primeiro
Mundo, de mortes ou doenas ocasionadas por contaminao de redes
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44
atravs de pontos de vazamento aps despressurizao (Martins, 2001);
(Tsutiya, 2006).
Mais especificamente a respeito dos vazamentos em ramais e redes, a Sabesp
adota a seguinte classificao:
Vazamentos Inerentes: so vazamentos no-visveis e no-detectveis por
equipamentos de deteco acstica. Aes contra este tipo de vazamento
so: reduo de presso, qualidade dos materiais e da execuo da obra e
reduo do nmero de juntas;
Vazamentos No-Visveis: so vazamentos que no afloram superfcie,
detectveis por mtodos acsticos de pesquisa. Aes contra este tipo de
vazamento so: reduo de presso e pesquisa de vazamentos no-visveis;
Vazamentos Visveis: so vazamentos que afloram superfcie,
comunicados pela populao e/ou detectados. Aes contra este tipo de
vazamento so: reduo de presso e reduo do tempo de reparo.
Figura 12 Tipo de Vazamentos em Redes
Fonte: Sabesp, 2006
2.12.1. Perda Aparente
Nas Perdas Aparentes a volume de gua consumido, porm seu valor no
faturado pela prestadora de servios. So perdas no-fsicas, decorrentes de
submedio nos hidrmetros, fraudes e falhas do cadastro comercial. Grande parte
desta parcela de perda acontece nas ligaes irregulares de favelas e reas
invadidas.
Os custos envolvidos neste tipo de perda so relativos ao preo de venda da gua
no varejo, ou seja, correspondem ao valor pago pelo consumidor de acordo com a
poltica tarifria de cada companhia.
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A seguir temos fotografias que ilustram alguns dos tipos de fraudes mais comuns. A
Figura 13 foto de um by-pass realizado no cavalete, a Figura 14 uma adulterao
com prego no hidrmetro e a Figura 15 mostra vrias ligaes irregulares em
favelas.
Figura 13 Fraude de By-Pass no Cavalete
Fonte: SABESP (2006)
Figura 14 Fraude no Hidrmetro
Fonte: SABESP (2006)
Figura 15 Ligaes Irregulares
Fonte: SABESP (2006)
Para o combate s perdas aparentes, so necessrias medidas como inspees
peridicas a ligaes inativas e irregulares, substituio de hidrmetros de pequena
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e grande capacidade, adequao/calibrao de macromedidores, melhoria na
anlise de dados, reduo do consumo no autorizado e melhoria na medio e
transmisso de dados.
3. MATERIAIS E MTODOS
O projeto foi desenvolvido atravs da pesquisa em trabalhos acadmicos,
bibliografias da rea e entrevistas com fabricantes de tubos e conexes de
polietileno e profissionais da rea, visando encontrar dados melhores e mais
atualizados sobre o uso das tubulaes de PEAD no pas. Tambm foram
consultadas empresas pblicas e privadas prestadoras de servio de abastecimento
de gua potvel nas cidades brasileiras, em busca da evoluo deste mercado,
assim como problemas e vantagens na implantao e operao de sistemas com
PEAD. Ao mesmo tempo, se procurou estimar os ganhos com relao s perdas
reais e custos de manuteno, instalao e operao dos sistemas, em comparao
com o uso das tradicionais tubulaes de ferro, ao e PVC.
4. RESULTADOS
4.1. Histria dos tubos de PEAD no Brasil
As tubulaes PEAD chegaram ao Brasil por volta do ano de 1974, atravs de uma
parceria de empresas brasileiras com a indstria qumica alem Hoechst AG. O
projeto em questo era uma adutora de gua para a Companhia de Saneamento do
Amazonas Cosama e consistia em uma tubulao de 900 mm de dimetro e 3.600
metros de comprimento, apoiada a at 60 metros de profundidade no leito do Rio
Negro. Dois anos mais tarde, chegaria ao pas a primeira extrusora de polietileno, de
fabricao norueguesa e marca Grainger, adquirida pela empresa Transpavi-
Codrasa S/A.
No ano de 1978, a empresa Aracruz Celulose contratou a Transpavi-Codrasa S/A
para a fabricao de tubulaes de Polipropileno PP, com capacidade de suportar
elevadas temperaturas para o descarte do efluente de sua planta industrial,
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localizada no Esprito Santo. Foram construdas duas tubulaes lanadas em mar
aberto, com 1.000 mm de dimetro e 7.030 metros de comprimento total, incluindo
os trechos terrestres. Apesar de terem sido projetadas para uma vida til de 15
anos, estas tubulaes esto em funcionamento at os dias de hoje.
Em 1980 surge a primeira fbrica de tubos e conexes de tubulaes de PEAD de
grandes dimetros do Brasil, chamada Dutoflex, prxima ao rio Branco em So
Vicente-SP, que seria de grande importncia na fabricao e transporte das
tubulaes de grande comprimento pela gua. A fabricao passou a seguir a norma
alem DIN 8074/75 na extruso de tubos da antiga classificao PE 5, na poca
chamado de PEAD tipo 2. Nesse mesmo ano mais um emissrio de efluentes foi
fabricado para a empresa TIBRAS Titnio Brasil, com 400 mm de dimetro e
aproximadamente 6.000 metros de extenso em mar aberto. Devido ao sucesso
destes trabalhos, o material passou a ser consagrado nas aplicaes para
emissrios submarinos, sendo utilizado em Guaruj-SP, Boa Vista RR, So
Sebastio SP, Praia Grande SP e Guanabara da Tijuca RJ (Rodrigues, 2012).
O emissrio de Guaruj de 900 mm de dimetro e construdo em 1982, operou por
alguns anos, antes de apresentar problemas de operao e flutuar no oceano, sendo
desativado. Algumas hipteses surgiram para a causa deste problema, como falha
na instalao dos lastros e falta de pesquisa na resistncia das tubulaes ao
cisalhamento subaqutico, porm nunca se chegou a uma concluso.
Nesta poca, o polietileno e o polipropileno comearam a ser adotados tambm nas
indstrias de cana de acar e extrao mineral. Nas usinas de lcool, devido alta
resistncia trmica, as tubulaes de PEAD passaram a ser usadas no transporte do
vinhoto quente na fabricao de fertilizantes. Nas mineradoras como AngloGold e
Paranapanema, passaram a ser utilizadas nas mais diversas aplicaes de
transporte: dragagem, brita, polpa, minrio e efluentes cidos.
No incio da dcada de 80, havia dois grandes produtores de resinas no Brasil, a
Hoescht AG com a fbrica em Triunfo-RS e a Polialden Petroqumica S/A com
fbrica em Camaari-BA. Antes disto, toda resina utilizada era importada da Europa.
Durante anos a Dutoflex foi a nica fabricante de tubos e conexes de PEAD no
Brasil, com dimetros variando entre 20 e 1.000 mm, at que durante a dcada de
80, surgiram outras grandes produtoras de tubulaes: Tigre S/A, Polierg LTDA e
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Vulcan S/A. O mercado do polietileno continuava a crescer e comeou a atrair novos
fabricantes. No final desta dcada j havia aproximadamente 120 produtores de
tubulaes de PEAD no pas, muitos sem experincia e padres de qualidade.
Em 1985, foi construda para a CEG - Companhia Estadual de Gs do Rio de
Janeiro a rede de distribuio urbana de gs da Ilha do Governador toda em PEAD.
Neste perodo a Companhia de Energia Eltrica Eletropaulo tambm passou a
aceitar PEAD para revestimento de suas tubulaes subterrneas. A Companhia de
Gs de So Paulo Comgs passou a adotar as tubulaes de PEAD em 1989,
porm somente em testes e aplicaes especiais como travessias. Somente em
1998, a COMGAS comeou a se utilizar consideravelmente dos tubos de polietileno,
e hoje 100% das tubulaes novas em So Paulo so de PEAD e instaladas por
mtodo no destrutivo.
Em meados da dcada de 90, o uso do PEAD no sistema de distribuio de gua
comeou a se tornar mais comum, como em Porto Alegre, onde o Departamento
Municipal de gua e Esgoto (DMAE) passou a utilizar o material em ramais e redes,
e na Companhia de Saneamento Bsico do Estado de So Paulo (Sabesp), na
utilizao em ramais prediais e aplicaes especiais, como travessias te