ESTUDO DOS IMPACTOS DA REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS … · Ijuí (RS) 2015 . 1 MARIANE BERTOL ......

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0 UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL MARIANE BERTOL ESTUDO DOS IMPACTOS DA REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Ijuí (RS) 2015

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0

UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTAD O DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

MARIANE BERTOL

ESTUDO DOS IMPACTOS DA REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Ijuí (RS) 2015

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MARIANE BERTOL

ESTUDO DOS IMPACTOS DA REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), como requisito parcial para aprovação no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, e obtenção do grau de Engenheira Civil.

Orientadora: MSc. Cristina Eliza Pozzobon

Ijuí (RS) 2015

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MARIANE BERTOL

ESTUDO DOS IMPACTOS DA REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador

e pelos membros da banca examinadora.

Ijuí, 16 de novembro de 2015.

___________________________________________ MSc. Cristina Eliza Pozzobon

Orientadora

___________________________________________ MSc. Lia Geovana Sala

Coordenadora do curso de Engenharia Civil/Unijuí

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Prof. Doutor(a) pela Universidade tal

___________________________________________ Prof. Doutor(a) pela Universidade tal

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A Deus, à minha família e aos

professores do curso de Engenharia Civil, pelo

apoio, incentivo e dedicação.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, o grande engenheiro do Universo, que nos deu vida e

sabedoria para podermos seguir adiante... Sem Ele nada seria possível!

Nossas conquistas são fruto de grande esforço pessoal e colaboração

de muitas pessoas. Algumas, porém, foram fundamentais:

Aos meus pais, Mario e Clarice, pela dedicação, carinho e motivação

em todos os momentos... exemplo de honestidade e de trabalho

durante toda a minha vida.

À minha orientadora, mestre Cristina Eliza Pozzobon, pela

paciência, auxílio e competência na elaboração deste estudo.

À professora Raquel Kholer, pelo incentivo, carinho e amizade nos

momentos de dificuldades enfrentados no início do curso.

À Construtora Realize, em especial ao arquiteto Sandro Viecili, que

me acompanhou e cedeu uma de suas obras e os dados necessários

para a realização deste estudo.

Aos engenheiros civis, Gabriel Marques, que cedeu uma de suas

obras e os dados necessários para a realização deste estudo; e Hermes

Pimentel da Silva, que além de ceder suas obras para o estudo também

auxiliou e incentivou a escolha desta carreira profissional.

A todos os amigos que fiz durante a graduação. E, finalmente, a todos

que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização deste

estudo.

Meus sinceros agradecimentos.

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“Nosso grande medo não é o de que

sejamos incapazes. Nosso maior medo é que

sejamos poderosos além da medida. É nossa

luz, não nossa escuridão, que mais nos

amedronta.”

(Nelson Mandela)

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RESUMO1

BERTOL, Mariane. Estudo dos impactos da reutilização de resíduos da construção civil. 2015. 69 fl. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Ijuí, 2015. No atual contexto contemporâneo, a construção civil vem despontando como sinônimo de desenvolvimento. Os seus resíduos, porém, constituem-se em um dos principais problemas enfrentados na atualidade, pois, ao mesmo tempo em que agridem e exploram o meio ambiente, geram desperdício econômico e poluição ambiental. A proposta que hoje permeia o cenário das construções civis é o reaproveitamento dos seus resíduos, inclusive na própria obra. A legislação brasileira, por meio do CONAMA, vem apoiando tais iniciativas e promulgou a Resolução 307/2002, estabelecendo obrigações para os geradores de resíduos da construção civil por intermédio de um Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. São urgentes e necessárias, portanto, medidas que implantem uma consciência nesse sentido, a fim de reaproveitar os resíduos da construção civil. O presente estudo constitui-se em uma pesquisa bibliográfica, qualitativa e de estudo de caso. Seu objetivo é compreender as consequências econômicas e ambientais do aproveitamento de entulhos gerados pela construção civil e utilizados na mesma obra. O estudo de campo foi realizado intensivamente no mês de outubro de 2015, quando se observou cinco obras em construção nos municípios gaúchos de Ijuí e Redentora, bem como se buscou informações junto a gestores da construção civil. Com base nessas pesquisas percebeu-se que há mudanças significativas a serem feitas no setor da construção civil. Em cidades menores, como Redentora, RS, a falta de tecnologia e de mão de obra, por vezes desqualificada, deixa este cenário ainda mais longe daquele que se pretende alcançar. É necessário, portanto, qualificar a mão de obra, bem como utilizar maior tecnologia para que além de reutilizar o entulho de obra, também seja possível não desperdiçá-lo da forma como vem ocorrendo. O transporte precisa ser mais distinto, objetivando a entrega, sem perdas, como já ocorre em alguns municípios, como Ijuí, RS. Acrescenta-se, ainda, a necessidade de uma gestão capaz de reduzir as perdas e valorizar o ganho econômico e ambiental. A reutilização dos resíduos, assim como a diminuição das perdas, deve ser pensada durante toda a concepção do projeto e sua execução. Finalmente, pode-se afirmar que a reutilização dos resíduos da construção civil é um bom negócio, assim como investir em tecnologias que trazem tanto benefício ao meio ambiente e à economia do país. Palavras-chave: Resíduos da construção civil. Meio ambiente. Desperdício econômico. Resíduos de Construção e de Demolição (RCD). Gerenciamento de RCD. Reciclagem de RCD. Grandes geradores de RCD. Concreto estrutural.

1Estudo dos impactos da reutilização de resíduos da construção civil. Mariane Bertol ([email protected]). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí, DCEENG/Unijuí, 2015.

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ABSTRACT

BERTOL, Mariane. Study of waste re-use impacts of construction. 2015. 69 fl. Work Completion of course (Diploma in Civil Engineering) – Regional State University Northwest Rio Grande do Sul – Unijuí. Ijuí, 2015. In the current contemporary context, the construction industry is emerging as a synonym for development. Their waste, however, constitute one of the main problems faced at the present time because, while that attack and exploit the environment, generate economic waste and environmental pollution. The proposal which today permeates the landscape of civil buildings is the reuse of the waste, including the work itself. Brazilian law, through CONAMA, has supported such initiatives and enacted Resolution 307/2002, establishing obligations for waste generators construction through an Integrated Plan for Waste Management of Construction. Are urgently needed, therefore, measures to deploy an awareness in this regard in order to reuse the waste construction. This study is in a bibliographical research, qualitative and case study. Your goal is to understand the economic and environmental consequences of the exploitation of debris generated by construction and used in the same work. The field study was conducted intensively in October 2015, when there was five construction sites in the Gaucho municipalities of Ijuí and Redeemer, and we sought information from the construction managers. Based on this research it was noted that there are significant changes to be made in the construction sector. In smaller towns, as Redeemer, RS, lack of technology and manpower sometimes disqualified, makes this scenario even further that to be achieved. It is therefore necessary to qualify the workforce as well as use higher technology so that in addition to reuse the work of rubble, it is also possible not to waste it the way it has been happening. The transport needs to be more distinct, aiming delivery without losses, as occurs in some municipalities, such as Ijuí, RS. It adds up also the need for a management able to reduce losses and enhance the economic and environmental gain. The reuse of waste and loss reduction, should be considered throughout the project design and implementation. Finally, it can be stated that the reuse of construction waste is a good deal, as well as investing in technologies that bring much benefit to the environment and the economy. Key words: Construction waste. Environment. Economic waste. Waste Construction and Demolition (RCD). RCD Management. RCD Recycling. Large Generators of RCD. Structural concrete.

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LISTA DAS FIGURAS

Figura 1 – Cadeia da construção civil ...................................................................................... 20 Figura 2 – Estimativa da quantidade de resíduos da construção civil no Brasil em 2011........ 22 Figura 3 – Origem dos resíduos das construções civis no Brasil, em 2008 ............................. 23 Figura 4 – Percentuais de traços de entulho de obra ................................................................ 24 Figura 5 – Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS ............................................................... 40 Figura 6 – Sistema de corte dos tijolos ..................................................................................... 41 Figura 7 – Marcação das paredes para introdução de canaletas, Edifício Residencial

Benjamin, Ijuí – RS ................................................................................................. 42 Figura 8 – Entulhos produzidos com a quebra de tijolos, Edifício Residencial ....................... 42 Figura 9 – Implantação de mangueiras para instalação elétrica, Edifício Residencial............. 43 Figura 10 – Alteração interna do projeto, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS. ............. 43 Figura 11 – Passagem do tubo entre os tijolos, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS ...... 44 Figura 12 – Geração de entulhos, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS........................... 45 Figura 13 – Fachada da parte nova – Hospital Bom Pastor, Ijuí – RS .................................... 45 Figura 14 – Blocos celulares para execução da alvenaria interna, ........................................... 46 Figura 15 – Colocação dos blocos celulares ............................................................................. 46 Figura 16 – Edificação das paredes com os blocos cerâmicos, ................................................ 47 Figura 17 – Fachada do Residencial Fidélis, Ijuí – RS ........................................................... 47 Figura 18 – Detalhe do reboco externo do Residencial Fidélis, Ijuí – RS ............................... 49 Figura 19 – Execução do reboco externo, Residencial Fidélis, Ijuí – RS ................................ 49 Figura 20 – Geração de entulho, Residencial Fidélis, Ijuí – RS ............................................... 50 Figura 21 – Execução do revestimento cerâmico, Residencial Fidélis, Ijuí, RS ...................... 50 Figura 22 – Máquina de corte para cerâmica – Residencial Fidélis – Ijuí, RS ........................ 51 Figura 23 – Aspecto final do revestimento cerâmico – Residencial Fidélis, Ijuí – RS ............ 51 Figura 24 – Fachada da obra – Residencial, Redentora – RS .................................................. 52 Figura 25 – Execução do chapisco – Residencial, Redentora, RS ........................................... 53 Figura 26 – Aspecto final do revestimento argamassado na alvenaria,.................................... 53 Figura 27 – Execução do chapisco na laje – Residencial, Redentora, RS ................................ 54 Figura 28 – Aspecto final do revestimento argamassado do forro ........................................... 54 Figura 29 – Fachada da obra – Comercial/residencial multifamiliar, Redentora, RS .............. 55 Figura 30 – Mangueiras de iluminação – Comercial/Residencial multifamiliar,

Redentora, RS ........................................................................................................ 56 Figura 31 – Entulho gerado – Comercial/residencial multifamiliar, Redentora, RS ................ 56 Figura 32 – Escoramento com toras de eucalipto – Comercial/Residencial multifamiliar,

Redentora, RS ........................................................................................................ 57 Figura 33 – Moagem do entulho dentro do canteiro de obras .................................................. 59

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LISTA DAS TABELAS

Tabela 1 – Taxas de desperdício de materiais de construção no Brasil ................................... 16 Tabela 2 – Desperdício de materiais em processos construtivos.............................................. 17 Tabela 3 – Estimativa da geração dos RCC em diferentes países ............................................ 17 Tabela 4 – Composição do RCC em algumas cidades brasileiras ............................................ 18 Tabela 5 – Distribuição dos tipos de resíduos produzidos no Brasil (em %) ........................... 23 Tabela 6 – Consumo de madeira serrada amazônica pela construção civil no Estado de

São Paulo, em 2001 ................................................................................................ 39

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABCERAM Associação Brasileira de Cerâmica

BNDS Banco Nacional de Desenvolvimento Social

CAIXA Caixa Econômica Federal

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

HP Horse Power

ONU Organização das Nações Unidas

PG/RCC Programa de Gerenciamento de RCC

PIB Produto Interno Bruto

PMG/RCC Programa Municipal de Gerenciamento de RCC

RCC Resíduos da Construção Civil

UNEP Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas

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LISTA DE UNIDADES

cm centímetro

g grama

kg quilograma

kg/m² quilograma por metro quadrado

kN quilonewtons

L litro

m metro

m² metro quadrado

m³ metro cúbico

mm milímetro

MPa megapascal

Pçs Peças

t tonelada

tf/m³ tonelada força por metro cúbico

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13 1 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 16

1.1 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC) .............................................................. 16

1.2 A PREOCUPAÇÃO COM A UTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS – BREVE HISTÓRICO ............................................................................................................................. 19

1.3 A CONSTRUÇÃO CIVIL E O SEU IMPACTO NO MEIO AMBIENTE ....................... 20

1.4 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................ 25

1.5 A REUTILIZAÇÃO DOS RCC, SEGUNDO A LEGISLAÇÃO ...................................... 26

1.6 A REUTILIZAÇÃO DE RCC NA PRÓPRIA OBRA ....................................................... 30

1.7 ECONOMIA GERADA COM A UTILIZAÇÃO DE ENTULHOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA MESMA OBRA ......................................................................... 31

2 METODOLOGIA ................................................................................................................ 33 2.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................................................ 33 2.2 SUJEITOS DA PESQUISA ............................................................................................... 34 2.3 COLETA DE DADOS ....................................................................................................... 34 2.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ................................................................... 34

2.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .............................................................. 35

2.6 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA .................................................................................... 35 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................. 36

3.1 MATERIAIS ESCOLHIDOS PARA O ESTUDO ............................................................ 36

3.1.1 Tijolos cerâmicos ........................................................................................................... 36 3.1.2 Blocos celulares .............................................................................................................. 37 3.1.3 Argamassa ...................................................................................................................... 38 3.1.4 Madeira .......................................................................................................................... 39 3.1.5 Cerâmica ........................................................................................................................ 39 3.2 OBSERVAÇÕES REALIZADAS E CONSTATAÇÕES ................................................. 40

3.2.1 Primeira obra observada: Edifício Residencial Benjamin, Ijuí, RS ......................... 40 3.2.2 Segunda obra observada: Hospital Bom Pastor, Ijuí, RS .......................................... 45

3.2.3 Terceira obra observada: Residencial Fidélis, Ijuí, RS ............................................. 47

3.2.4 Quarta obra observada: residência unifamiliar, Redentora, RS .............................. 52

3.2.5 Quinta obra observada: edificação mista, Redentora, RS ......................................... 55

3.3 APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................. 57

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 62

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 64

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INTRODUÇÃO 2

A preocupação mundial com o meio ambiente permeia o atual contexto

contemporâneo, e vem crescendo desde a realização da Conferência das Nações Unidas sobre

o Meio Ambiente (a ECO-92), realizada naquele ano no Rio de Janeiro. A partir de então vêm

sendo desenvolvidos estudos, programas e normas que abordam a questão do esgotamento

dos recursos naturais não renováveis.

A construção civil está inserida nesse quadro de exploração do meio ambiente, seja

por meio da extração ilimitada de recursos (areia, água, brita), seja pela poluição causada pelo

descarte de entulhos em áreas impróprias. Aliado a isso está o gasto excessivo com a

aquisição de materiais que posteriormente são descartados, causando consideráveis prejuízos

econômicos.

A grande quantidade de resíduos gerados e o seu descarte inadequado remetem à

necessidade urgente de uma ação conjunta da sociedade – poderes públicos, setor industrial da

construção civil e sociedade civil organizada – na busca por soluções que visem minimizar os

impactos socioambientais, preservar os recursos naturais, e melhorar a qualidade de vida nas

áreas urbanas a partir de construção de obras econômicas e sustentáveis.

No Brasil, desde 2002, as políticas públicas voltadas ao gerenciamento de Resíduos de

Construção Civil (RCC) visam impulsionar as empresas geradoras de resíduos a assumirem

uma nova postura com relação aos entulhos originados em suas obras (LACÔRTE, 2013).

Isso demonstra que há uma conscientização dos gestores do setor da construção civil em

relação aos problemas ambientais, gerando preocupação com a necessidade de se desenvolver

materiais e processos construtivos que não causem danos ao homem e nem ao meio ambiente.

A principal ação efetivada em termos legais, visando à mudança deste quadro, foi a

aprovação da Resolução nº 307 do CONAMA. Tal ação, porém, ainda tem se mostrado

insuficiente para a mobilização completa dos atores envolvidos a fim de promover o adequado

manuseio, redução, reutilização, reciclagem e disposição dos resíduos (LACÔRTE, 2013).

O objetivo principal do construtor deve ser não gerar resíduos, o que impõe uma forte

mudança na cultura hoje estabelecida na construção civil e uma alteração nos sistemas

construtivos existentes. Para que isto aconteça, porém, é necessário reestudar os processos,

visando estabelecer formas de evitar a geração de resíduos.

2Estudo dos impactos da reutilização de resíduos da construção civil. Mariane Bertol ([email protected]). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí, DCEENG/Unijuí, 2015.

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O tema deste estudo, portanto, é analisar os impactos econômicos e ambientais da

reutilização de resíduos da construção civil na própria obra. Para tanto, elencou-se as

seguintes questões-problema: Quais são os impactos gerados pela utilização dos resíduos na

mesma obra onde foram gerados? Que consequências esta atitude causaria ao meio ambiente?

Como se poderia garantir a organização e a segurança no canteiro de obras mediante a

aprovação dessa medida?3

Para atender as questões supracitadas definiu-se o objetivo geral deste estudo, que é

compreender e apresentar tecnicamente as consequências econômicas e ambientais do

aproveitamento de entulhos gerados pela construção civil e utilizados na mesma obra. Em

complementação definiu-se os seguintes objetivos específicos: analisar os impactos gerados

pelos entulhos da construção civil no meio ambiente; estabelecer critérios para utilização dos

entulhos gerados pela construção civil; calcular a economia proporcionada pela utilização de

entulhos da construção civil na mesma obra; e avaliar a legislação que orienta a construção

sustentável e o aproveitamento das sobras na mesma obra.

Algumas hipóteses surgiram para auxiliar na obtenção desses objetivos, as quais

revelam que o aproveitamento dos resíduos das construções civis gera economia ao meio

ambiente e ao proprietário da obra, possibilitando o seu reuso na própria obra. Ações como

essas são viáveis e possíveis, desde que haja planejamento desde a elaboração do projeto.

Diariamente são perdidos expressivos volumes econômicos com o mau gerenciamento

dos materiais, que incluem a sua compra em quantidades exageradas, além do desperdício e

do descarte impróprio dos resíduos. Aliado a isso está a questão ambiental, que já dá mostras

de seu esgotamento.

Como justificativa para a realização deste estudo pode-se afirmar que a reciclagem dos

resíduos da construção civil é de fundamental importância ambiental e financeira, pois faz

com que estes retornem para a obra em substituição de novas matérias primas que seriam

extraídas do meio ambiente. Segundo estudos de Lima e Lima (2005), 90% dos resíduos

gerados pelas obras são passíveis de reciclagem, o que incentiva a sua prática.

São inúmeras as vantagens percebidas com a prática da reciclagem dos entulhos, como

a redução do volume de resíduos a descartar, a redução do consumo de materiais extraídos da

natureza (como areia e brita), redução do volume dos acidentes de trabalho, obras mais limpas

e organizadas, redução do número de caçambas retiradas da obra, melhoria na produtividade,

e imagem positiva da empresa junto ao público consumidor (LIMA; LIMA, 2005).

3Estudo dos impactos da reutilização de resíduos da construção civil. Mariane Bertol ([email protected]). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí, DCEENG/Unijuí, 2015.

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Apesar da existência de legislação específica que regulamenta o destino de resíduos

das construções civis, o tema ainda continua sendo mais debatido no meio acadêmico do que

na prática. Vislumbra-se, contudo, o despertar de uma consciência do indivíduo para com o

meio ambiente, que tem buscado soluções sustentáveis para amenizar os impactos causados

pelo desenvolvimento e garantir a sua sobrevivência no planeta.

O presente estudo é composto de três capítulos. O primeiro traz o referencial teórico, e

analisa estudos de autores da área que versam sobre os Resíduos da Construção Civil (RCC);

o impacto da construção civil no meio ambiente; o gerenciamento de resíduos da construção

civil; a reutilização dos Resíduos da Construção Civil (RCC) na própria obra, segundo a

legislação; e a economia gerada com a utilização de entulhos da construção civil na mesma

obra.

Na sequência, o segundo capítulo apresenta a metodologia do estudo, e descreve o tipo

do estudo, os sujeitos da pesquisa, a coleta de dados, o instrumento de coleta de dados, análise

e interpretação dos dados e as limitações da pesquisa.

O terceiro capítulo revela os resultados obtidos com a pesquisa. Inicialmente

descrevem-se os materiais que foram escolhidos para análise do estudo. Em seguida,

descrevem-se as observações que foram realizadas nas cinco obras selecionadas; e,

finalmente, analisam-se as formas de aproveitamento dos resíduos da construção civil.

Seguem as considerações finais e as referências, as quais auxiliaram na fundamentação

teórica do estudo.4

4Estudo dos impactos da reutilização de resíduos da construção civil. Mariane Bertol ([email protected]). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí, DCEENG/Unijuí, 2015.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC)

O Setor da Construção Civil é o maior consumidor dos recursos naturais, ocupando

posição de destaque na economia nacional, representada pela significativa parcela do Produto

Interno Bruto (PIB). Na outra ponta, porém, a indústria também é responsável por cerca de

50% de CO2 lançados na atmosfera e por quase metade dos resíduos sólidos gerados no

mundo (JOHN, 2000).

A construção civil, portanto, é um dos grandes vilões dos impactos ambientais, e se

destaca como o principal gerador de resíduos da sociedade, representando cerca de dois a três

bilhões de toneladas por ano.

Cabe esclarecer que resíduos da construção civil são provenientes de construções,

reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e

da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos, cerâmicos, concreto em geral, solos,

rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso,

telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.

John (1997) afirma que a caracterização do resíduo a ser estudado envolve aspectos

químicos, físicos e de risco ambiental, tanto em seus valores médios como na sua dispersão ao

longo do tempo.

As taxas de desperdício de materiais de construção civil no Brasil atingem percentuais

elevados, como se pode visualizar na Tabela 1, a seguir:

Tabela 1 – Taxas de desperdício de materiais de construção no Brasil

Taxa de desperdício (%) Material Média Mínima Máxima

Concreto usinado 9 2 23 Aço 11 4 16 Blocos e tijolos 13 3 48 Placas cerâmicas 14 2 50 Revestimento têxtil 14 14 14 Eletrodutos 15 13 18 Tubos 15 13 18 Tintas 17 8 56 Fios 27 14 35 Gesso 30 14 120

Fonte: Espinelli (2005, p. 123)

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A Tabela 2, a seguir, mostra o estudo das perdas de materiais em processos

construtivos, segundo a percepção de diferentes autores.

Tabela 2 – Desperdício de materiais em processos construtivos

Materiais Pinto1 Soilbeman2 Finep/ITQC3 Concreto usinado 2% 13% 9% Aço 26% 19% 11% Blocos e tijolos 13% 52% 13% Cimento 33% 83% 56% Cal 102% - 36% Areia 39% 44% 44%

Fonte: Pinto (1999) 1 Valores de uma obra (PINTO, 1989)

2 Média de cinco obras (SOILBELMAN, 1993) 3 Mediana de diversos canteiros (SOUZA et al., 1998)

John e Agopyan (2005) mostram, através da Tabela 3, que as estimativas da geração

per capita de RCC internacionais variam de 130 a 3.000 kg/hab./ano. Esta grande

variabilidade nos valores deve-se à classificação dos resíduos, pois alguns estudos incluem a

remoção de solo, enquanto outros não procedem dessa forma. Além disso, essa amplitude

deve-se às diferentes tecnologias de construção empregadas nos diferentes países.

No Brasil, os autores encontraram valores estimados entre 230-760 kg/hab./ano, cuja

mediana (510 kg/hab./ano) é a que mais se aproxima dos valores internacionais.

Tabela 3 – Estimativa da geração dos RCC em diferentes países

País Taxa de geração (kg/hab./ano)

Fonte

Suécia 136 – 680 Tolstoy; Börlund & Carlson (1998); Eu (1999) Holanda 820 – 1300 Lauritzen (1998); Brossink; Brouwers & Van Kessel

(1996); Eu (1999) EUA 463 – 584 Epa (1998); Peng; Grosskopf; Kibert (1994) UK 880 – 1120 DETR (1998); Lauritzen (1998) Bélgica 735 – 3359 Dinamarca 440 – 2010 Lauritzen (1998); Eu (1999) Itália 600 – 690 Alemanha 963 – 3658 Japão 785 Kasat (1998) Portugal 325 Eu (1999) Brasil 230 – 760 Pinto (1999)

Fonte: adaptado de John e Agopyan (2005)

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Os dados da tabela anterior revelam que, com exceção dos Estados Unidos, nos

demais países a geração de RCC é maior do que as estimativas de geração dos resíduos

sólidos domésticos.

Todos esses resíduos constituem-se num grande problema para as áreas urbanas, cujo

descarte inadequado pode causar diversos impactos ambientais, sociais e econômicos. A

solução para esses problemas passa pelo desenvolvimento e implantação de tecnologias que

buscam a redução, reutilização e reciclagem desses resíduos.

É nesse contexto que surge a construção sustentável, baseada na prevenção e na

redução dos resíduos a partir do “desenvolvimento de tecnologias limpas, do uso de materiais

recicláveis ou reutilizáveis, bem como no uso de resíduos como materiais secundários e na

coleta e deposição de resíduo inerte” (SENAI/SEBRAE/GTZ, 2010, p. 65).

A preocupação com o destino desses resíduos surgiu há alguns anos, e tem preocupado

cada vez mais gestores e ambientalistas. Günther (1999) alerta que a geração de resíduos é

crescente, complexa, poluidora e inesgotável.

Todo processo econômico gera resíduos. Mesmo sendo considerado inservível por

grande parcela da sociedade, os resíduos possuem, aproximadamente, 40% de materiais

recicláveis. Esta parte reciclável é atrativa econômica, energética ou ambientalmente

(FIGUEIREDO, 1994).

A diminuição de riscos de impactos ambientais e a redução de custos na construção

civil são fatores que tornam a reciclagem uma prática sustentável para o setor (ÂNGULO;

ZORDAN; JOHN, 2001).

Tabela 4 – Composição do RCC em algumas cidades brasileiras

MATERIAL

Silva et al. (2010)

Marques Neto e Schalch (2010)

Carmo et al. (2012)

Tessaro et al. (2012)

Lima e Cabral (2013)

Goiânia, GO São Carlos, SP B.Horizonte, MG Pelotas, RS Fortaleza, CE Argamassa 3% 8% 25% 32% 22% Concreto 3% 26% 25% - 15,6% Cerâmica polida

94% 14% 51% - 10,4%

Cerâmica 94% 19% 51% 31% - Pedras - 10% - - - Areia - 9% - - - Solo - 9% - 25% - Gesso - 1% - 1% - Madeira - 7% - 4% - Metais - - - 2,5% - Fibrocimento - - - - - Outros 3% 6% 24% 4,5% 47,4%

Fonte: adaptado pela autora (2015)

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1.2 A PREOCUPAÇÃO COM A UTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS – BREVE HISTÓRICO

Até os anos 50, a natureza era utilizada em benefício da humanidade. Os movimentos

sociais iniciaram nos anos 70, e assumiram uma consciência preservacionista (SCHENINI et

al., 2004). A partir de então o termo ecologia passou a ser bastante utilizado.

Em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu uma Conferência sobre

Ambiente Humano que ficou conhecida como Conferência de Estocolmo. O resultado desse

evento foi a criação do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP), encarregado

de monitorar o avanço dos problemas ambientais no mundo.

Em 1992 foi realizada no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento (a Rio-92), que revelou o despertar do interesse da

humanidade pelo futuro do planeta. Muitos países passaram a valorizar as relações entre o

desenvolvimento socioeconômico e as modificações no meio ambiente.

A Agenda 21 foi um dos principais resultados da Rio-92, que firmou um acordo entre

179 países sobre a forma como os governos, as empresas, as organizações e demais setores da

sociedade poderiam cooperar para solucionar os problemas socioambientais. Não havia, até

então, uma preocupação por parte da indústria da construção civil com o possível

esgotamento dos recursos naturais não renováveis, tampouco com o destino dado aos resíduos

gerados pela atividade construtiva (SCHENINI et al., 2004).

Desde então foram implementadas algumas ações na construção civil, especialmente

voltadas ao desenvolvimento sustentável. Como exemplo pode-se citar o reuso da água em

edifícios, a utilização de iluminação e ventilação natural, o reuso e reciclagem de resíduos e a

racionalização dos processos construtivos (JOHN, 2000).

Há, porém, um atraso do Brasil nesse assunto em relação a outros países, o que se dá

em função em diversos fatores. Um deles é que a questão ambiental no país ainda está focado,

principalmente, nas florestas e nos animais em extinção, na composição dos aterros sanitários

e na poluição do ar. A atuação do Estado se dá meramente no exercício do papel de polícia.

Exemplo disso é a Lei Federal de Crimes Ambientais, promulgada em 1998, em cujo

bojo predomina a preocupação com as transgressões ao invés da busca pela redução do

impacto ambiental gerado pelo entulho da construção civil (JOHN, 2000). Esta continua

sendo, portanto, a grande responsável pelos impactos ambientais causados pela excessiva

geração de resíduos, conforme se denota no item a seguir.

20

1.3 A CONSTRUÇÃO CIVIL E O SEU IMPACTO NO MEIO AMBIENTE

A construção civil é responsável por cerca de 20 a 50% do total de recursos naturais

consumidos pela sociedade. Essa estimativa tem gerado preocupação dos ambientalistas com

a possibilidade do seu esgotamento num futuro próximo (LACÔRTE, 2013).

Estima-se que a cadeia de ações da construção civil seja responsável pelo consumo de

20 a 50% de todos os recursos naturais disponíveis, renováveis e não renováveis

(SJÖSTRÖM apud JOHN, 2000).

Pinto (1999) caracteriza os seguintes materiais como RCC: solos, rochas, concreto

armado ou não, argamassa à base de cimento e cal, metais, vidro, plásticos diversos, madeira,

materiais betuminosos, gesso – placa e pasta, tintas e adesivos, restos de embalagens, resíduos

de cerâmica vermelha (tijolos e telhas), cerâmica branca (especialmente de revestimento),

cimento – amianto, produto de limpeza de terrenos, entre outros, em proporções variáveis, de

acordo com a origem.

Para o ano de 2006 as estimativas previam o consumo de 212x106 t de areia e 146x106

t de pedra brita, o que totalizaria 1,9 t/hab/ano (DNPM, 2007), sendo utilizados,

principalmente, para a produção de concreto, argamassa, entre outros. A Figura 1, a seguir,

apresenta a cadeia da construção civil, onde se pode perceber a origem dos resíduos que

causam os impactos ambientais.

Figura 1 – Cadeia da construção civil

Fonte: Put apud Schneider (2003, p. 46)

21

Das 5.475 cidades brasileiras, 489 têm entre 50 e 70% dos seus resíduos coletados;

728 entre 70 e 80%; 771 entre 80 e 90%; 525 entre 90 e 99%; e 1.814 têm 100% dos resíduos

coletados. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2000), 194

municípios ainda não possuíam a informação ou não declararam a sua porcentagem de coleta.

Isso é confirmado por John (2000, p. 74), que afirma: “além de ser um dos maiores

setores da economia, ele produz os bens de maiores dimensões físicas do planeta, sendo

consequentemente o maior consumidor de recursos naturais de qualquer economia”.

Ambientalmente, a disposição inadequada do lixo pode agravar a poluição do ar, das

águas (superficiais e subterrâneas) e do solo, além de causar poluição visual e desconforto

para os moradores vizinhos (GÜNTHER, 1999).

Entre as diversas destinações clandestinas do entulho, Cassa et al. (2001) citam duas

que são bastante preocupantes:

a) lançamento em encostas, gerando depósitos instáveis, que podem causar deslizamentos;

b) lançamento em baixadas, junto a redes de drenagem, ou mesmo diretamente no leito dos

canais, levando à obstrução do escoamento pluvial e provocando inundações.

Esse descarte irregular dos RCC e outros resíduos proporciona um ambiente ideal para

a proliferação de vetores prejudiciais à saúde humana, como roedores, insetos peçonhentos

(aranhas e escorpiões) e transmissores de epidemias, como a dengue (PINTO, 1999).

O setor da Construção Civil também se destaca pelo expressivo consumo de resíduos

provenientes de outras indústrias, como cinzas volantes, escórias de alto-forno, sílica ativa (na

produção de cimentos, concretos e argamassas), papel reciclado na produção de gesso

acartonado, pneus, bagaço de cana e diversos outros materiais (LACÔRTE, 2013).

Estudos de John (2000) revelam que, no Brasil, são produzidas anualmente cerca de

35 milhões de toneladas de cimento Portland, e que este cimento é misturado com agregados a

um traço médio de 1:6. Estima-se que 210 milhões de toneladas de agregados são consumidos

anualmente somente na produção de concretos e argamassas, sem considerar o volume de

agregados que são utilizados em pavimentação e as perdas.

Com isso já se percebe que em algumas cidades a areia e outros agregados naturais

começam a ficar escassos, e já existem controles ambientais que limitam a sua extração. O

mesmo ocorre com a madeira natural, amplamente utilizada na construção civil, que já vem

tendo a maioria das florestas remanejadas de forma adequada (SENAI/SEBRAE/GTZ, 2010).

O crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e a utilização de

tecnologias inadequadas têm contribuído para que o Setor da Construção Civil cresça e atinja

patamares elevados em todo o mundo (SEBRAE/SENAI/GTZ, 2010).

22

Uma consequência desse crescimento exacerbado da construção civil é a produção de

quantidades significativas de resíduos, constituindo-se num dos principais problemas

enfrentados na atualidade. Segundo Lacôrte (2013), a atividade é responsável pela geração de

cerca de 40% a 70% da massa dos resíduos urbanos produzidos em canteiros de obras. Em

consequência, 50% dos entulhos são dispostos irregularmente na maioria dos centros urbanos

brasileiros.

Segundo estudos de Pinto (2005), em alguns municípios brasileiros mais de 75% dos

resíduos da construção civil são provenientes de construções informais (obras não licenciadas)

enquanto 15% a 30% são oriundas de obras formais (licenciadas pelo poder público). Muitos

desses descartes ocorrem em áreas periféricas, terrenos baldios e cursos d’água, causando

danos ao meio ambiente e onerando os cofres públicos com a sua posterior remoção.

A Figura 2, a seguir, apresenta uma estimativa da quantidade de resíduos da

construção civil coletada na diferentes regiões do Brasil durante o ano de 2011:

Figura 2 – Estimativa da quantidade de resíduos da construção civil no Brasil em 2011

Fonte: Brasil (2011)

Apesar de serem considerados de baixa periculosidade, os RCC causam impacto pelo

grande volume gerado. Ademais, acumulam material orgânico, produtos químicos, tóxicos e

de embalagens diversas que podem acumular água e favorecer a proliferação de insetos e de

outros vetores de doenças.

23

A construção civil no Brasil, portanto, lidera o ranking da produção de resíduos, como

mostra a Tabela 5, a seguir.

Tabela 5 – Distribuição dos tipos de resíduos produzidos no Brasil (em %)

Tipo de resíduo Participação (%) Domiciliar e comercial 25,86 Feiras e mercados 0,23 Podas 0,55 Capina 8,94 Raspagem mecânica 4,58 Varrição 6,35 Hospitalar 0,59 Entulho 52,9 Total 100,0

Fonte: Nogueira et al. (2012), adaptado de Teixeira (1995)

Estudos de Lima e Lima (2005) afirmam que entre os entulhos produzidos pela

construção civil, 59% são gerados pelas reformas de prédios e residências e 41% decorrem da

construção de novas construções civis.

Essa distribuição está representada na Figura 3, que segue, onde é possível visualizar a

grande fatia ocupada pelas reformas, ampliações e demolições (59%), seguidas das

edificações novas (21%) e das residências novas (20%).

Figura 3 – Origem dos resíduos das construções civis no Brasil, em 2008

Fonte: Tavares (2009)

24

Isso revela que o consumo de recursos naturais é maior do que o necessário devido ao

elevado volume de perdas que ocorrem nas construções ou que são eliminadas como resíduos.

As perdas, infelizmente, excedem qualquer limite mínimo, e são características do

desperdício, tanto econômico como natural.

Segundo os estudos de Agopyan (1998), o desperdício na construção civil apresenta os

seguintes valores: 76% para a areia; 95% para o cimento; 75% para a pedra; 97% para a cal;

9% para o concreto; 17% para blocos e tijolos; 10% para o aço; 18% para a argamassa; 50%

desse total está incorporado à obra e os outros 50% são gerados na forma de entulho de obra.

No entendimento de Pinto (1999), tal resultado decorre do fato de que nas cidades

brasileiras de médio e grande porte, entre 40% e 70% da massa total de resíduos sólidos

urbanos são compostos por RCC. Grigoli (2000) complementa afirmando que os entulhos

recicláveis são compostos de areia, pedra, concreto, cerâmica, argamassa, vidro, cerâmica

esmaltada e metais, em porcentagens como mostra a Figura 4, a seguir.

Figura 4 – Percentuais de traços de entulho de obra

Fonte: Grigoli (2000)

Compreende-se, destarte, que os órgãos municipais, inseridos nesse contexto, não

podem retardar soluções em relação aos problemas gerados devido ao seu elevado volume. Na

concepção de Ferreira (2003, p. 33) a esse respeito, tem-se que:

O processo de gestão ambiental leva em consideração todas aquelas variáveis de um processo de gestão, tais como o estabelecimento de políticas, planejamento, um plano de ação, alocação de recursos, determinação de responsabilidades, decisão, coordenação, controle, entre outros, visando principalmente ao desenvolvimento

25

sustentável. Uma decisão ambiental, em seus diversos níveis, envolve variáveis complexas e alternativas de ação nem sempre de fácil aceitação pelos sócios, conselheiros ou pelas diretorias.

Para Martins (1998, p. 25), gasto é o “sacrifício financeiro com que a entidade arca

para a obtenção de um produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado por entrega

ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)”.

O estudo de soluções práticas que visem a reutilização do entulho na própria obra,

segundo Zordan (1999), contribui para amenizar o problema gerado com os depósitos

clandestinos que se formam nos arredores dos centros urbanos. Consequentemente, há uma

melhoria da questão ambiental uma vez que um novo material passa a ser utilizado em

substituição a um recurso natural.

Essa questão é reforçada por Santos (2007), que enfatiza a importância de se atentar

para a questão da reciclagem dos RCC, bem como para a reutilização de outros insumos nos

próprios locais de obra.

Segundo Grigoli (2000), a indústria da construção civil pode ser consumidora de

resíduos da própria construção civil, confirmando assim, a possibilidade da instauração de

medidas que implantem o reaproveitamento dos resíduos da construção civil.

1.4 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A Resolução CONAMA nº 307/02 define o gerenciamento de resíduos como

o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos. (CONAMA, 2002, p. 1).

O diagnóstico da geração de resíduos de construção civil nas cidades brasileiras é feito

a partir de dados de estimativas de áreas construídas, da quantificação de volumes por

empresas coletoras e do monitoramento de descargas nas áreas de disposição final desses

resíduos. As duas primeiras estimativas permitem uma quantificação confiável e podem ser

utilizadas nos municípios que possuem cadastro de construções licenciadas (PINTO, 1999).

A composição dos resíduos da construção civil em outros países, entretanto, difere um

pouco da do Brasil. Além do tradicional concreto e dos conhecidos blocos de concreto,

26

encontram-se também o gesso e o EPS5, os quais são utilizados no isolamento das

construções, atingindo uma geração de 30,77 kg/m² (BOHNE; BERGSDAL; BRATTEBO,

2005). Segundo Kibert (2002), esta taxa é de 25 kg/m² para novas construções e de 320 kg/m²

para demolições.

Buscando soluções para o problema habitacional brasileiro, o Programa Habitare, em

vigor no Brasil desde 1994, propõe a utilização de resíduos da construção civil. Ao estimular

a sua utilização, o programa expressa que transformar resíduos em produtos aumenta a

sustentabilidade social e ambiental. Entretanto, sugere a realização de pesquisas a fim de

reduzir os riscos de saúde e ambientais na utilização desses resíduos (JOHN; ÂNGULO,

2003).

O gerenciamento de resíduos traz vantagens significativas ao meio ambiente e às

construtoras. Estudos de Tozzi e Braga (2007) revelam que obras que tiveram o

gerenciamento de resíduos apresentaram vantagens econômicas significativas em relação

àquelas que não adotaram esse método de gestão. Em suma, a obra com gerenciamento de

resíduos tornou-se mais atrativa, pois reduz os gastos na compra de matéria prima e na

remoção de entulhos.

Na expectativa de avançar nesse rumo, Pinto (1999, p. 173) propôs a Metodologia para

a Gestão Diferenciada dos RCC. Para ele, “a ampla facilitação do descarte, a diferenciação

integral dos resíduos captados e a adoção da reciclagem como forma de valorização de

resíduos constituem um útil e eficaz instrumental para controle dos resíduos de forma

sustentável”.

Enfim, coaduna-se com a percepção de Ângulo, Zordan e John (2001), para quem a

diminuição de riscos de impactos ambientais e a redução de custos na construção civil são

fatores que tornam a reciclagem uma prática sustentável para o setor.

1.5 A REUTILIZAÇÃO DOS RCC, SEGUNDO A LEGISLAÇÃO

Os primeiros registros de experiências de reciclagem de resíduos da construção civil

datam de 1997, entretanto, até hoje não são significativos, especialmente a possibilidade de

reciclagem no próprio canteiro de obras e sua consequente reutilização.

5 EPS é a sigla internacional do Poliestireno Expandido. Foi descoberto na Alemanha em 1949 pelos químicos Fritz Stasny e Karl Buchholz. No Brasil é popularmente conhecido como IsoporⓇ, marca registrada da empresa Knauf. O EPS é um plástico celular rígido, resultado da polimerização do estireno em água (www.epsbrasil.eco.br/eps/index.html).

27

A reciclagem de resíduos é uma necessidade para a preservação do meio ambiente,

não apenas pelo risco de contaminação do solo e dos lençóis freáticos, mas também pela

possibilidade de redução do custo e do consumo de energia na produção de novos materiais de

construção civil. A construção civil, pelo extraordinário volume físico de materiais que

incorpora, é o maior mercado potencial para reciclagem (SILVA, 1997).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) é o órgão responsável pela

normatização de questões que estão relacionadas à preservação do meio ambiente. Em 2002, o

Conama promulgou a Resolução n° 307, que entrou em vigor em janeiro de 2003, e

estabelece obrigações para os geradores de resíduos da construção civil por intermédio de um

Plano Integrado de Gerenciamento de RCC.

Seu conteúdo determina que cabe aos municípios a busca por soluções para o

gerenciamento de pequenos volumes de resíduos, bem como disciplina a ação dos agentes

envolvidos com os grandes volumes. Além disso, o referido Plano visa orientar o Programa

Municipal de Gerenciamento de RCC (PMG/RCC)6 e os Projetos de Gerenciamento de RCC

(PG/RCC)7.

Além disso, a Resolução determinou um prazo de 18 meses (até julho de 2004) para

que os municípios parem de despejar os resíduos da construção civil nos aterros de resíduos

domiciliares, bem como devem rever os seus objetivos:

Art. 4º. Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resí-duos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. § 1º. Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d’água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13 desta Resolução. § 2º. Os resíduos deverão ser destinados de acordo com o disposto no art. 10 desta Resolução. (grifos nossos).

Paralelo à Resolução 307 do Conama, a Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT) publicou em 2004, uma série de normas relativas aos resíduos da construção civil, as

quais vêm de encontro às diretrizes propostas pela Resolução. Fundamentalmente tais normas

se referem às áreas de reciclagem e aos aterros de resíduos de construção civil:

6 PMG/RCC: a elaboração, implementação e coordenação ficou por conta dos municípios e do Distrito Federal, com prazo máximo de 12 meses para a elaboração (que expirou em janeiro de 2004), e 18 meses para implementação (prazo esgotado em julho de 2004). (LACÔRTE, 2013). 7 PG/RCC: devem ser elaborados pelos grandes geradores no prazo máximo de 24 meses (que se esgotou em janeiro de 2005), e deve contemplar a caracterização de resíduos, triagem, acondicionamento, transporte e destinação. (LACÔRTE, 2013).

28

NBR-15112/2004 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Área de

transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação;

NBR-15113/2004 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros –

Diretrizes para projeto, implantação e operação;

NBR-15114 /2004 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem –

Diretrizes para projeto, implantação e operação;

NBR-15115/2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –

Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos;

NBR-15116/2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –

Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos.

(LIMA; LIMA, 2005).

A fim de facilitar o gerenciamento dos RCC, a Resolução 307 do Conama os classifica

em quatro classes (A, B, C, e D):

Art. 3º. Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta Resolução, da seguinte forma: I – Classe A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras

de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes

cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II – Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros; III – Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso; IV – Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

Lacôrte (2013), ao analisar o art. 3º da Resolução 307, faz uma série de observações

que auxiliam na interpretação dessas normas. Para o autor, os resíduos da Classe A são

gerados, principalmente, na fase de vedações e acabamento. Isso se deve, geralmente, à falta

de planejamento dessas etapas.

Observa que na alvenaria estrutural e de vedação, a utilização dos conceitos de

modulação, por meio do uso de meios blocos e espessura adequada de argamassa no

assentamento podem reduzir significativamente o desperdício, assim como a geração de

resíduos. Isso confirma a hipótese de que o cuidadoso planejamento da execução da alvenaria,

29

desde a fase dos projetos de arquitetura até a estrutura e instalações pode reduzir de forma

drástica a geração dos resíduos classe A.

E, caso não seja possível evitá-los, eles podem ser transformados em matéria prima

secundária, ou seja, se devidamente processados podem ser aplicados como diferentes

materiais em obras civis, tais como: pavimentação de estacionamentos e vias, base e sub-base

de pavimentação, recuperação de áreas degradadas, obras de drenagem e de contenção, e

produção de componentes pré-fabricados.

Com relação aos resíduos da Classe B (madeira, metais, papelão, plástico e vidro),

Lacôrte (2013) observa a necessidade de separar os materiais contaminados (sacos de

cimento) dos não contaminados (embalagens, plástico filme, aparas de tubulações, vidros

planos), e ao adquirir um certo tipo de metal, observar as especificações técnicas do fabricante

de modo que seja permitida a sua reciclagem ou venda posterior.

Já os resíduos da Classe C não possuem aplicações posteriores, enquadrando-se aí os

produtos oriundos do gesso. A tecnologia utilizada em sua fabricação não permite a sua

reciclagem ou recuperação, sendo totalmente descartado.

Finalmente, os resíduos pertencentes à Classe D são considerados nocivos à saúde

humana (tintas, solventes, óleos, amianto, produtos contaminados de demolições, etc). Sua

segregação deve ser feita imediatamente após a geração do resíduo a fim de que não

contamine outro resíduo. Sua reutilização e reciclagem deve ficar por conta de empresas

autorizadas a fim de que providenciem o eco-processamento, de acordo com a legislação

vigente (LACÔRTE, 2013).

O encaminhamento desses RCCs deve seguir os seguintes trâmites, conforme

especificação do art. 10 da Resolução 307 do Conama:

Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes formas: I – Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura; II – Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, para permitir a sua utilização ou reciclagem futura; III – Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas. IV – Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.

De posse desses conhecimentos já se pode delinear a possibilidade de efetuar o

encaminhamento adequado dos resíduos da construção civil, bem como a economia que pode

advir da sua utilização na própria obra.

30

1.6 A REUTILIZAÇÃO DE RCC NA PRÓPRIA OBRA

Segundo Moreira e Cunha (2008, p. 20), a reutilização dos RCC pode ser entendida

como “o aproveitamento de resíduos da construção civil sem transformação física ou físico-

química, assegurando, quando necessário, o tratamento destinado ao cumprimento dos

padrões de saúde pública e meio ambiente”.

Esse conceito é ampliado com a definição do Conama que, segundo a Resolução n.

307/02, é a reaplicação dos RCC, ou seja, a reciclagem é o “aproveitamento do resíduo, após

o mesmo submeter-se à transformação e beneficiamento, a fim de lhe fornecer condições para

a sua utilização na forma de matéria-prima ou produto” (CONAMA, 2002).

Em função de os canteiros de obras revelarem um cenário de completa falta de espaço,

seus responsáveis buscam, periodicamente, “limpá-la” e, assim, transferem todo o entulho

gerado para o espaço térreo e posterior eliminação (GRIGOLI, 2004).

Todo esse caminho percorrido com o entulho, porém, custa muito caro. Uma forma de

evitar esse gasto seria manter o resíduo no próprio compartimento onde foi gerado para,

posteriormente, ser avaliada a sua reutilização na própria obra.

Com relação à reciclagem, John (2001) revela que ela pode ser de dois tipos: a

primária e a secundária. Na primeira, o resíduo é reciclado dentro da própria obra; já na

segunda o resíduo é reciclado em um processo diferente do qual se originou.

Existem, hoje, mais de 20 empregos de RCC na própria obra aonde são gerados,

podendo ser com ou sem beneficiamento, os quais foram pesquisados e aprovados. Grigoli

(2001) apresenta alguns deles: assentamento de batentes; assentamento de esquadrias e/ou

contramarco; enchimentos de rasgos de paredes; chumbamentos de tubulações elétricas e

hidráulicas; assentamentos de blocos cerâmicos; chumbamentos de caixas elétricas; execução

de embonecamento de tubulações; remendo e emenda de alvenarias; enchimentos de rebocos

internos; enchimentos de caixões perdidos; enchimentos de degraus de escada; estrado sobre o

solo para lançamento de contrapiso e passeio público; contrapiso e interiores de unidades

habitacionais; concretos de piso para abrigos de automóveis leves; drenos de floreiras; drenos

de visitas de hidrantes e drenos de fundo de poço de elevador, drenos de escoamento de água

de chuvas e drenos de pátios de estacionamento; aterramento de valetas junto ao solo;

estanqueamento; fundações de muros com pequenas cargas; vigas de concreto com baixa

solicitação; e pilares de concreto com baixa solicitação.

O autor supracitado também classifica o entulho em duas porções bem caracterizadas:

recicláveis e não recicláveis. Entre os entulhos recicláveis encontram-se os seguintes:

31

a areia – circulada e perdida no canteiro, sem ser operacionalizada;

as pedras – tanto circuladas como perdidas no canteiro, sem serem operacionalizadas;

o concreto – fração perdida quando da concretagem de peças estruturais, onde não é

encontrado na forma estrutural, a não ser em pedaços de tamanhos variados, acessíveis à

desmonte com auxílio de marretas e picaretas manuais;

as cerâmicas – as perdas de blocos cerâmicos na forma de entulho quando da sua

operacionalização no canteiro, das quebras durante o assentamento e quando do corte das

alvenarias para a passagem de tubulações afins;

as argamassas – as perdas de porções de argamassas de cimento, cal e areia, utilizadas

nos assentamentos de cerâmicas, no emboço e no reboco, assentamentos de cerâmicas

afins e argamassas de cimento e areia, utilizadas nos chapiscos, assentamentos de

batentes, esquadrias e revestimentos afins, assim como também, frações miúdas de

concretos perdidos e/ou quebrados no canteiro;

o vidro/cerâmica esmaltada – fração perdida quando do acabamento de fechamentos em

vidros e em cerâmicas de piso e paredes, sendo comum apresentarem-se em tamanhos

cuja dimensão máxima não exceda a 100,00 mm;

metais – fração perdida quando do corte com sobras de pontas de ferragens e arames de

amarração e ponteamento.

Enfim, como consequência da reciclagem de entulho, e com o intuito de se obter

material que possa ser reutilizado na construção civil, é possível aumentar o tempo de vida

útil dos aterros de resíduos inertes e minimizar os impactos ambientais provenientes de

mineração (ZULAUF, 1999).

1.7 ECONOMIA GERADA COM A UTILIZAÇÃO DE ENTULHOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA MESMA OBRA

No Brasil ainda é inexpressiva a quantidade de empresas de construção civil que

fazem a gestão de resíduos em canteiros de obras e que desenvolvem ações planejadas para

redução da geração de resíduos. E, as empresas que procuram se adequar a essa nova

realidade ainda encontram dificuldades quanto à forma adequada de aproveitá-los

(SENAI/SEBRAE/GTZ, 2010).

Aos poucos, porém, as empresas são informadas das inúmeras vantagens

proporcionadas pela reciclagem, como:

32

preservação de recursos naturais com a substituição destes por resíduos, prolongando a vida útil das reservas naturais e reduzindo o impacto ambiental;

redução da necessidade de áreas para aterro devido à diminuição do volume de resíduos a serem depositados;

redução no gasto de energia, seja para produção de um novo bem, seja com o transporte e gestão do aterro;

geração de empregos com o surgimento das empresas para reciclagem; redução da poluição emitida com a fabricação de novos produtos; e aumento da durabilidade da construção em determinadas situações como, por

exemplo, na adição de escória de alto forno e pozolanas ao cimento. (SENAI/SEBRAE/GTZ, 2010, p. 63).

Assim, uma vez segregados, os resíduos devem ser adequadamente acondicionados em

depósitos distintos para que possam ser aproveitados numa futura utilização no canteiro de

obras ou fora dele, evitando assim a sua contaminação por qualquer tipo de impureza que

inviabilize sua reutilização.

É importante que os funcionários sejam treinados e se tornem conhecedores da

classificação dos resíduos, não só para executarem satisfatoriamente a sua segregação como

também pela importância ambiental que essa tarefa representa (LIMA; LIMA, 2005).

Após a segregação e término da tarefa ou do dia de serviço, os RCCs devem ser

acondicionados em recipientes estrategicamente distribuídos até que atinjam volumes tais que

justifiquem seu transporte interno para o depósito final de onde sairão para a reutilização,

reciclagem ou destinação definitiva.

A reciclagem fora do canteiro de obras acontece em Centrais de Reciclagem de RCC.

De acordo com o IBGE (2000), apenas 12 dos 5.507 municípios brasileiros (0,2%) possuem

Centrais de Reciclagem de RCC em operação.

O Estado de São Paulo é um dos Estados brasileiros que já introduziu a prática de

reaproveitamento do entulho. Diariamente são transportadas 17.000 toneladas de resíduos de

obras para as usinas de reciclagem. Naquele local eles são reaproveitados e reciclados, como a

areia e a brita, sendo que a areia de boa qualidade é usada em acabamentos finos, enquanto

que a de outras granulometrias é aproveitada em novas obras.

Até 2005 as prefeituras de São Paulo só usavam este material em estradas e

pavimentação, mas hoje ele é utilizado em novas obras. O custo por m³ de areia reciclada fica

30% mais barato que a original (LACÔRTE, 2013).

Depreende-se daí que a ideia da reutilização de materiais deve fazer parte do

planejamento da obra desde a fase da sua concepção. O reaproveitamento das sobras vem ao

encontro de uma consciência sustentável, e faz com que materiais que seriam descartados ao

final da obra com um custo financeiro e ambiental retorem em forma de novos materiais e

sejam reinseridos na construção, evitando o uso de novas matérias primas do meio ambiente.

33

2 METODOLOGIA

2.1 TIPO DE ESTUDO

Segundo Minayo et al. (2003), a natureza dos dados de uma pesquisa pode ser

classificada como quantitativa ou qualitativa. A pesquisa qualitativa é caracterizada por

considerar a existência de uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, utilizando

para tanto o método indutivo (ROBSON, 2000 apud SILVA, 2012, p. 22), isto é:

[...] é de natureza. Enquanto cientistas sociais trabalham com estatísticas apreendem dos fenômenos apenas a região “visível, ecológica e concreta”, a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas.

A presente pesquisa classifica-se, então, como qualitativa, sendo que o seu

planejamento possui uma dimensão ampla, envolvendo fundamentos metodológicos,

definição de objetivos, ambiente da pesquisa e determinação das técnicas de coleta e análise

de dados.

Com relação aos procedimentos técnicos, Gil (2012, p. 50) manifesta que:

O elemento mais importante para a identificação de um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados. Assim, podem ser definidos dois grandes grupos delineamentos: aqueles que se valem das chamadas fontes de “papel” e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. No primeiro grupo estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo estão a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post-facto, o levantamento, o estudo campo e o estudo de caso.

O estudo de caso, proposto para este trabalho, é caracterizado pelo estudo profundo de

um ou de poucos objetos, possibilitando um conhecimento mais amplo e detalhado. Este tipo

de estudo caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja

conhecer.

O estudo de caso incorpora abordagens específicas à coleta e análise de dados, coleta

de evidências como documentos (estudos e avaliações formais do mesmo local), registros em

arquivos (registros organizacionais, como tabelas e orçamentos), entrevistas do tipo focal

(espontâneas e de caráter de conversa informal), observações diretas informais (precedidas de

visitas em campo sem o desenvolvimento de protocolos de observações) (YIN, 2001).

Para a realização do estudo que ora se apresenta, assim como para a obtenção dos

parâmetros necessários, foi efetuada uma pesquisa de campo que teve por objetivo de ação o

34

estudo, acompanhamento e levantamento de dados gerados durante a execução das obras,

localizadas nas cidades de Ijuí e Redentora, RS.

2.2 SUJEITOS DA PESQUISA

O universo dos sujeitos desta pesquisa é composto pelos gestores da construção civil,

que foram observados durante o estudo, realizado no mês de outubro de 2015.

2.3 COLETA DE DADOS

Toda a pesquisa deve ser planejada, envolvendo a coleta de dados a fim de dispor das

informações referentes ao problema estudado, demonstrando de que modo foram obtidos os

dados necessários para sua realização.

No estudo ora proposto construiu-se, primeiramente, a pesquisa bibliográfica, a partir

da leitura, análise e interpretação de material com enfoque no assunto em questão, utilizando-

se para tanto de livros, revistas especializadas, manuais, artigos, internet, entre outros.

Pretendeu-se, com isso, aplicar o conhecimento e fundamentar o embasamento técnico para a

realização das atividades do trabalho. Também foi realizada a pesquisa documental e o estudo

de caso por meio da coleta e análise de documentação existente em obras de construção civil

que estão em andamento, a fim de compreender a economia que está sendo feita mediante o

aproveitamento dos resíduos na própria obra. Essa economia abrange desde os caminhões que

deixam de transportar o entulho até a compra de novos materiais. Procurou-se saber, também,

os reflexos que tal economia causa no meio ambiente.

2.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados por meio de pesquisa diagnóstica cujo elemento

fundamental é a observação. No entendimento de Marconi e Lakatos (2003, p. 190), trata-se

de “[...] uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na

obtenção de determinados aspectos da realidade”. Por ser uma observação estruturada, ou

seja, que requer a descrição mais detalhada, a fim de responder a propósitos preestabelecidos,

utilizou-se a observação sistemática, que requer um planejamento antes de sua execução.

Com relação à participação da acadêmica, esta foi uma observação não participante,

uma vez que se limitou à observação dos fatos, em que o pesquisador, segundo Marconi e

35

Lakatos (2003, p. 193), “Presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa envolver pelas

situações; faz mais o papel de espectador”.

A realização do estudo ocorreu de forma individual, por intermédio de análise dos

controles existentes no ambiente da construção civil onde ocorrem e no momento em que

acontecem os fatos.

2.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A análise e a interpretação dos dados da pesquisa aparecem sempre estreitamente

relacionadas, pois a análise objetiva organizar e sumariar os dados para possibilitar o

fornecimento de respostas ao problema proposto para a investigação. Já a interpretação

objetiva dar sentido mais amplo à resposta, a partir da ligação com outros conhecimentos

obtidos anteriormente.

Nesse rumo, Gil (2012, p. 156) explica que:

A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para a investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos.

Após a coleta de dados, estes foram contabilizados a fim de serem interpretados e

analisados à luz do referencial teórico. Para tanto, foram utilizadas ferramentas como gráficos,

quadros e tabelas que auxiliaram na composição dos resultados do estudo.

2.6 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA

Não foi possível realizar intervenções relativas ao uso de resíduos na etapa do projeto

do empreendimento. Destarte, os resultados obtidos se restringiram ao levantamento de dados

da construção dos edifícios em questão.

36

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.1 MATERIAIS ESCOLHIDOS PARA O ESTUDO

3.1.1 Tijolos cerâmicos

Os tijolos cerâmicos também são conhecidos como tijolos de barro cozido, pois são

produzidos com a matéria prima argila, material proveniente da decomposição de rochas

feldspáticas, como o granito e o gnaisse. Esses solos apresentam plasticidade, que ao serem

misturados à água, adquirem as formas desejadas. Essas se mantêm após a secagem e

cozimento (CAPUTO,1988), sendo considerado o principal fator para fabricar os tijolos nos

formatos desejados.

Segundo a NBR 7.170/83, os tijolos maciços cerâmicos são fabricados a partir de

argila, por processo de extrusão ou prensagem, e queimados à temperatura que atendam às

suas exigências. Eles são classificados em comum e especiais. O primeiro é considerado

aquele de uso corrente. Já o tijolo especial pode ser fabricado em formatos e especificações

distintas da norma, desde que acordado entre fabricante e consumidor (ABNT, 1983, p. 1-2).

Esses tijolos são utilizados como alvenaria autoportantes, muros, ornamentos,

encunhamento e formas de vergas ou cintas de amarração (AZEREDO, 2009), além de

alvenaria de fechamento. Seus principais tipos são:

Tijolo comum: é fabricado em formas que podem ser tanto de madeira, quanto de ferro,

com barro queimado, em fornos com temperaturas elevadas, na ordem de 950 a 1100ºC.

Formam blocos com arestas vivas e retilíneas, e sua resistência varia de 1,5 a 4,0 Mpa,

com peso aproximado de 2,50 Kg, e medidas de 4,5 x 09 x 19 no tijolo maciço, precisando

130 pçs por m².

Tijolo refratário: é mais resistente à compressão que o tijolo comum.

Tijolo laminado: é considerado uma evolução do tijolo comum, pois possui uma maior

resistência mecânica e uma menor porosidade, por isso é indicado para alvenarias

aparentes.

A qualificação do tijolo cerâmico é feita em função da sua resistência ao desgaste ou

abrasão, da sua resistência a manchas e a agentes químicos. Há, ainda, índices estipulados que

são utilizados por fabricantes e usuários a fim de adequar os produtos ao emprego a que se

destinam (RIBEIRO, 2002).

37

Segundo Bourscheid e Souza (2010), as sobras de tijolos ocorrem, geralmente, das

aberturas para implantação de canaletas de tubulações, demolição de paredes mal construídas

ou peças quebradas durante o seu manuseio.

3.1.2 Blocos celulares

De acordo com a NBR 13.438, de agosto de 1995, o bloco de concreto celular

autoclavado tem função estrutural como componente maciço de edificações, e é utilizado em

paredes externas e internas como elemento de vedação.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1994), por meio da NBR

13.438, propõe a seguinte definição para o concreto autoclavado:

É um concreto leve obtido através de um processo industrial, constituído de materiais calcários (cimento, cal ou ambos) e materiais ricos em sílica, granulados finamente. Esta mistura é expandida através da utilização de produtos formadores de gases, água e aditivos, se for o caso, sendo submetidos à pressão e temperatura através de vapor saturado. O concreto celular autoclavado contém células fechadas, aeradas, uniformemente distribuídas.

Concretos celulares são os concretos leves que apresentam uma estrutura alveolar

uniforme, cujo diâmetro dos alvéolos (ou células) é da ordem do milímetro e o volume por

eles ocupado não é inferior a 50% do volume total do concreto. O Cement and Concrete

Association (CCA) é um tipo particular de concreto celular caracterizado pela cura em

autoclave, sob elevada temperatura e pressão de vapor de água, a fim de obter níveis

adequados de resistência mecânica e de retração de secagem (LUCAS, 1986).

A esse respeito Legatski (1978) considera os concretos celulares (cellular concretes)

como leves, consistindo em um sistema de células macroscópicas, preenchidas com ar,

uniformemente distribuídas na matriz de pasta de cimento ou de pasta de cimento e agregado.

A Cement and Concrete Association apresenta a classificação dos concretos leves em

quatro tipos básicos de concreto, sendo o concreto celular autoclavado tratado como concreto

aerado (aerated concrete).

O concreto aerado é formado por agregado miúdo, aglomerantes, água e agentes

responsáveis pela inclusão de poros na argamassa. No concreto com formador de gás, o

agente formador de poros é um produto químico, que ao reagir com os outros componentes da

mistura, dá origem a um gás que forma os poros da estrutura celular. No concreto espumoso,

os poros da argamassa celular são formados a partir da introdução de espuma ou de produto

38

químico na mistura que, por meio da agitação mecânica origina a espuma. Os poros da

argamassa e a ausência de agregados graúdos conferem ao concreto celular a baixa densidade.

3.1.3 Argamassa

As argamassas são compostas por aglomerantes, água e agregados. São definidas pelos

aglomerantes, tais como cal e cimento, bem como podem ser mistas. De acordo com a NBR

n° 7200, suas principais características são a elasticidade e a trabalhabilidade, seguida por seu

posterior endurecimento, onde adquire resistência e durabilidade (ABNT, 1998).

Este componente é tradicionalmente composto de areia, cimento, cal e água. A

argamassa de assentamento deve apresentar boas características de trabalhabilidade,

resistência, plasticidade e durabilidade. Sua função é solidarizar a alvenaria, transmitindo e

uniformizando as tensões entre as unidades, observando pequenas deformações a fim de

impedir a entrada de água e vento na edificação (RAMALHO; CORRÊA, 2003, p. 7-8).

Segundo Fiorito (1994), a utilização da argamassa pode ser variada, sendo mais

comuns as destinadas às seguintes atividades: assentamento de blocos, azulejos, cerâmicas,

ladrilhos, tacos e tijolos; impermeabilização de superfícies; e chapisco, emboço e reboco.

A argamassa pode ser classificada em dois grupos, segundo a sua finalidade:

Assentamento: nesse grupo ela serve para unir os blocos ou tijolos das alvenarias. Serve,

ainda, para a colocação de azulejos, ladrilhos, cerâmicas e tacos.

Revestimento: utilizada para fazer chapisco, emboço e reboco, onde cada camada se

diferencia pelo traço e espessura utilizada, isso de acordo com a sua função no

revestimento (NBR 7.200/98) (ABNT, 1998). Segundo Fiorito (1994), a espessura do

chapisco é de aproximadamente 5mm, a do emboço varia de 20mm a 25mm, e a do

reboco é de, no máximo, 5mm.

Segundo entendimento de Bourscheid e Souza (2010), o desperdício da argamassa

ocorre principalmente no momento da sua utilização ou em paredes que serão demolidas.

Além da função do protetora da alvenaria contra as intempéries, o revestimento possui

efeito arquitetônico, servindo para embelezar as fachadas e os ambientes da construção

(BORGES, 1996, p. 156).

O revestimento mais utilizado é o da argamassa de cimento, cal e areia, pois além de

ser o mais econômico é também o de mais simples execução. Normalmente ele é aplicado em

três camadas: chapisco, emboço e reboco (BORGES, 1996, p. 156). O emboço e o reboco

também são comumente conhecidos como massa grossa e massa fina, respectivamente.

39

Segundo Paravisi (2008), entre os sistemas de revestimento disponíveis no mercado

brasileiro, a argamassa é o mais utilizado, podendo variar sua composição. Esse sistema pode

ser constituído de mais de uma camada de material, denominadas de emboço e reboco, ou

ainda possuir apenas uma camada, chamada de massa única.

3.1.4 Madeira

É um material que pode ser usado tanto em usos definitivos quanto provisórios:

Usos definitivos: é utilizada nas estruturas de cobertura, nas esquadrias (portas e janelas),

nos forros e nos pisos.

Usos provisórios: fôrmas para concreto, andaimes e escoramentos.

A Tabela 6, a seguir, avalia e compara esses usos, apresentando o consumo de madeira

amazônica serrada pela construção civil no Estado de São Paulo, em 2001.

Tabela 6 – Consumo de madeira serrada amazônica pela construção civil no Estado de São Paulo, em 2001

Uso na construção civil Consumo (1000 m3) Percentual (%) Estruturas de cobertura 891,7 50 Andaimes e formas para concreto 594,4 33 Forros, pisos e esquadrias 233,5 13 Casas pré-fabricadas 63,7 4 Total 1.783,3 100

Fonte: Sobral et al. (2002)

As sobras de madeira são originadas das formas, andaimes e das obras provisórias.

Seu ciclo vai baixando o nível de utilização, sendo utilizada inicialmente para obras

provisórias, andaimes, tapumes, formas e, na medida que apresentam más condições, seja

empenada ou lascada, passam a ser utilizadas em cavaletes e escoras (BOURSCHEID;

SOUZA, 2010). Ainda segundo o mesmo autor, o último destino da madeira é o fogo.

3.1.5 Cerâmica

Chama-se cerâmica a pedra artificial obtida pela moldagem, secagem e cozimento de

argilas ou misturas argilosas. Em alguns casos pode ser suprimida alguma das etapas citadas,

mas a matéria prima essencial de uma cerâmica é a argila. Nos materiais cerâmicos a argila

fica aglutinada por uma pequena quantidade de vidro que aparece pela ação do calor de

cozimento sobre os componentes da argila (LEGGERINI, 2015).

40

A NBR 13.816 (ABNT, 1997) define as cerâmicas para revestimento como um

material composto de argila e outras matérias primas inorgânicas, geralmente utilizadas para

revestir paredes e pisos, sendo aquiescidas por extrusão ou por prensagem, ou outro processo.

Para conseguir um bom resultado no sistema de revestimento cerâmico, vários fatores

devem ser considerados, como a qualidade dos materiais envolvidos, a apropriação dos

materiais ao tipo de uso, a qualidade e o planejamento dos serviços de assentamento, além da

manutenção após a sua aplicação (LIMA, 2003).

Segundo a Associação Brasileira de Cerâmica (ABCERAM, 2015), os materiais

cerâmicos são constituídos por produtos químicos inorgânicos, exceto os metais e suas ligas

que, geralmente, são obtidos após tratamento térmico em temperaturas elevadas.

3.2 OBSERVAÇÕES REALIZADAS E CONSTATAÇÕES

3.2.1 Primeira obra observada: Edifício Residencial Benjamin, Ijuí, RS

A primeira obra analisada foi o Edificio Residencial Benjamin, localizado nas

esquinas das ruas Benjamin Constant e 12 de Outubro, na cidade Ijuí, RS (Figura 5). Nessa

obra foram feitos os levantamentos referentes aos desperdícios dos tijolos cerâmicos e da

madeira.

Figura 5 – Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

41

A obra em questão está sendo executada pela Construtora Realize, que utiliza tijolos

cerâmicos de nove furos, com o sistema de juntas secas verticais, as quais geram redução no

consumo de argamassa de assentamento e, consequentemente, menor desperdício desta

argamassa.

Uma eficiente máquina de corte divide os tijolos para serem utilizados nos espaços

com metragem “quebrada”, ou seja, que precisam de recortes de tijolos para ser alcançada a

medida projetada. Essa máquina é operada por dois operários devidamente treinados e

qualificados, o que reduz o desperdício já que não se “perde” parte do tijolo como ocorre

quando o corte é feito com a colher de pedreiro, por exemplo (Figura 6).

Figura 6 – Sistema de corte dos tijolos

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

O entulho de tijolos cerâmicos produzido nesta obra está concentrado principalmente

na execução da parte elétrica, quando ocorre a abertura das canaletas para luzes e

interruptores, na execução das instalações hidrossanitárias, na abertura de canaletas de água e

esgoto, e nas demolições para alteração de projeto, como por exemplo, a troca da porta de um

dos cômodos. O uso desse modelo de tijolo oferece a possibilidade de “passar” a tubulação no

sentido horizontal por entre os furos, mas isso só é possível se não for utilizada argamassa nas

juntas verticais, como neste caso (Figuras 7-11).

42

Figura 7 – Marcação das paredes para introdução de canaletas, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Figura 8 – Entulhos produzidos com a quebra de tijolos, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

43

Figura 9 – Implantação de mangueiras para instalação elétrica, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Figura 10 – Alteração interna do projeto, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS.

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

44

Figura 11 – Passagem do tubo entre os tijolos, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Outra medida da construtora é a utilização da grua, que auxilia no descarregamento e

distribuição dos tijolos cerâmicos no perímetro da obra. O material chega embalado e em

paletes, é descarregado pela grua no canteiro da obra e, posteriormente, é feito seu transporte

até o ponto onde será utilizado. Isso reduz as quebras e/ou perdas durante o trajeto.

A madeira é outro material cujo volume de resíduos mostrou-se acentuado nessa obra.

Ela é reutilizada nas caixas de vigas e pilares e, depois, serve para remendos, andaimes e

outros serviços que não exigem grande capacidade de suporte. No final desse processo a

madeira é cortada e encaminhada para locais que a recebem, ou então é levada pelos

funcionários que a utilizam como lenha e afins (Figura 12).

Com base em um estudo apresentado por Soibelman (1993), realizado em cinco obras

distintas, o percentual de perdas do tijolo furado chegou ao 50%. A preocupação ambiental,

bem como dos recursos e valores financeiros, alterou esse cenário ao longo do tempo. A

utilização de tijolos diferenciados, assim como a de máquinas mais precisas para os seus

cortes, vem fazendo com que isso seja melhorado.

Ainda segundo Soibelman (1993), o percentual de perda da argamassa era de 93,6%,

em média. Na obra visitada observou-se que esse percentual está bem menor. Os

trabalhadores estão mais qualificados, assim como as construtoras mais focadas em otimizar

os trabalhos e economizar, ou seja, diminuir as perdas.

45

Figura 12 – Geração de entulhos, Edifício Residencial Benjamin, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

3.2.2 Segunda obra observada: Hospital Bom Pastor, Ijuí, RS

A segunda obra visitada foi a do Hospital Bom Pastor, localizada em Ijuí, RS. Nessa

obra observou-se a utilização de blocos celulares para a execução da alvenaria interna, os

quais são mais leves apesar de possuírem maior dimensão. São assentados com argamassa

colante e de fácil manuseio, o que faz o serviço “andar” num bom ritmo (Figura 13-16).

Figura 13 – Fachada da parte nova – Hospital Bom Pastor, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

46

Figura 14 – Blocos celulares para execução da alvenaria interna, Hospital Bom Pastor, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Figura 15 – Colocação dos blocos celulares Hospital Bom Pastor, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Figura 16 –

3.2.3 Terceira obra observada:

A terceira obra estudada

Bairro Morada do Sol, município de Iju

reboco e a colocação do revestimento cerâmico no piso

Figura

– Edificação das paredes com os blocos cerâmicosHospital Bom Pastor, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

erceira obra observada: Residencial Fidélis, Ijuí, RS

A terceira obra estudada é o Residencial Fidélis, localizado na r

Bairro Morada do Sol, município de Ijuí, RS. Nesta obra pode-se observar a execução do

reboco e a colocação do revestimento cerâmico no piso (Figura 17).

Figura 17 – Fachada do Residencial Fidélis, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

47

Edificação das paredes com os blocos cerâmicos,

rua Fidélis Fontana, no

observar a execução do

RS

48

O desperdício no revestimento argamassado é percebido na sua execução, pois ao ser

lançado na alvenaria, ele não adere e cai ao solo, onde endurece e perde seu propósito. Caso

ocorra algum erro de plumagem da parede é necessário aumentar a espessura a fim de

corrigirr esse erro (Figuras 18-20).

Nesse caso destaca-se a perda incorporada que, segundo Souza (2005), em muitos

casos é superior à perda por entulho, ocorrendo, por exemplo, quando a previsão do

revestimento interno de uma parede é de um centímetro e alcança dois centímetros de

espessura média.

A obra em questão foi executada com alvenaria estrututal de blocos de concreto. Seu

conceito estrutural, ligado à alvenaria estrutural, é a transmissão de esforços por meio de

tensões de compressão, cujo aspecto é fundamental para a elaboração de estruturas em

alvenaria (RAMALHO; CORRÊA, 2003, p. 1).

Os autores supracitados listam como uma de suas principais vantagens a redução

significativa nos revestimentos. Por vezes, o revestimento interno é realizado com uma

camada de gesso aplicada diretamente sobre a superfície do bloco, o que pode ser feito com

azulejos, também aplicados diretamente sobre a alvenaria, mediante a utilização de cola. Os

autores citam, ainda, a redução no desperdício de materiais e de mão de obra, sendo proibida a

abertura de sulcos para as instalações elétricas e hidráulicas, o que elimina desperdícios, já

que reduz a possibilidade de ocorrerem improvisações.

Tal prática ainda não é adotada 100% (cem por cento) in loco, pois a alvenaria ainda

recebe os rasgos para as instalações elétricas e hidráulicas.

Para Ramalho e Corrêa (2003, p. 11), “Apesar de as vantagens apresentadas serem de

grande relevância, não se pode esquecer algumas desvantagens da alvenaria estrutural em

relação às estruturas convencionais em concreto armado”. Uma das principais desvantagens,

segundo os autores, é a necessidade de uma mão de obra qualificada. As exigências de

qualidade da alvenaria tornam essencial a qualificação da mão de obra, caso contrário, os

riscos à segurança da edificação crescem sensivelmente, assim como as perdas de materiais

decorrentes de erros como os de prumagem.

49

Figura 18 – Detalhe do reboco externo do Residencial Fidélis, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Figura 19 – Execução do reboco externo, Residencial Fidélis, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

50

Figura 20 – Geração de entulho, Residencial Fidélis, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Na obra em questão, a cerâmica utilizada para o revestimento do piso é do tipo

porcelanato (Figura 21). A principal diferença entre os tipos de porcelanato é o processo de

fabricação pelo qual eles passam. O revestimento cerâmico é composto por argila e outros

minerais, já o porcelanato é composto por porcelana e materiais nobres, como feldspato

(BIMBON, 2015).

Figura 21 – Execução do revestimento cerâmico, Residencial Fidélis, Ijuí, RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

51

É na execução que ocorre o maior índice de perda, quando as peças são submetidas ao

corte, formando pedaços que não podem ser utilizados no revestimento do piso/parede e

gerando entulho. É fundamental a precisão no corte, bem como a boa paginação para o menor

número de cortes possível. Há, também, perdas no seu transporte até o local da obra ou

oriundas do seu mal acondicionamento. Na obra em questão o acondicionamento da peças é

feito sob a laje, ou seja, protegido de intempéries (Figuras 22-23).

Figura 22 – Máquina de corte para cerâmica – Residencial Fidélis – Ijuí, RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Figura 23 – Aspecto final do revestimento cerâmico – Residencial Fidélis, Ijuí – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

52

3.2.4 Quarta obra observada: Residência Unifamiliar, Redentora, RS

A quarta obra estudada é uma residência unifamiliar, localizada na Avenida João

Pedro de Moura, no centro de Redentora, RS (Figura 24). Nesta obra foi possível observar a

execução do reboco interno na alvenaria e na laje.

Figura 24 – Fachada da obra – Residencial, Redentora – RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Na execução da alvenaria foram utilizados tijolos cerâmicos de seis furos. Toda a

alvenaria será chapiscada, emboçada e rebocada, assim como a laje receberá o reboco e a sala

de estar/jantar será rebaixada com forro de gesso (Figuras 25-26).

As perdas detectadas nessa obra ocorreram na sua execução, principalmente na falta de

prumagem das paredes, o que aumenta a expessura prevista do reboco prevista, conhecida

como “perda incorporada”.

No caso de a alvenaria sair do prumo, ou seja, se ela estiver irregular, a correção exige

uma argamassa mais grossa. Para tanto, os pedreiros devem ser treinados com práticas

simples, que não exigem grandes investimentos, mas apenas uma boa gestão dos processos

(RODRIGUES, 2001).

O chapisco nada mais é do que uma argamassa de aderência que proporciona

condições de fixação de outro elemento (AZEREDO, 2009, p. 71), apresentando uma

aspereza grosseira. Segundo o mesmo autor, nesse tipo de revestimento tem-se uma grande

perda de material, pois devido ao impacto com a superfície ele acaba caindo ao chão. É isso

que se verificou em todas as obras estudadas neste levantamento.

53

Figura 25 – Execução do chapisco – Residencial, Redentora, RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Figura 26 – Aspecto final do revestimento argamassado na alvenaria,

Residencial, Redentora, RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

O revestimento de forro argamassado é aplicado em todos os cômodos da residência

em questão (Figuras 27-28). O processo se resume à aplicação de camadas de revestimento

argamassado sobre a face inferior da laje maciça, pré-moldada ou mista, da mesma forma

como se revestem as paredes (chapisco, emboço, reboco, etc.) (CANTARELLI, 2013).

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O revestimento é executado pelo pedreiro que atira a massa para cima. Para tanto, é

montado um tablado sob a fração de forro que receberá a camada do revestimento. É nessa

fase que ocorrem as perdas. Por se trabalhar com a gravidade, sua execução é mais difícil,

pois o material facilmente se desprende da superfície e cai ao solo, onde perde as suas

propriedades, não podendo ser reutilizado nesse serviço.

Figura 27 – Execução do chapisco na laje – Residencial, Redentora, RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Figura 28 – Aspecto final do revestimento argamassado do forro Residencial, Redentora, RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

55

3.2.5 Quinta obra observada: Edificação Mista, Redentora, RS

A quinta obra estudada é uma edificação mista, comercial e residencial multifamiliar,

localizada na Avenida João Pedro de Moura, no centro de Redentora, RS. A obra possui dois

pavimentos e conta com uma sala comercial em seu térreo e dois apartamentos no segundo

pavimento (Figura 29).

Figura 29 – Fachada da obra – Comercial/residencial multifamiliar, Redentora, RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Na obra em questão pode-se observar a alvenaria finalizada, assim como o

escoramento da laje do pavimento superior.

Para execução da alvenaria foram utilizados tijolos cerâmicos de seis furos. O entulho

observado nessa etapa está concentrado na execução da parte elétrica e hidráulica, que foram

responsáveis pelos rasgos na alvenaria para abertura das canaletas de luzes e interruptores,

assim como para execução do hidrossanitário, que exigiu a abertura de canaletas para a

passagem de tubulações de água e o esgoto. A Figura 30, a seguir, mostra as “mangueiras”

dependuras por onde passará a fiação elétrica.

Observa-se, nessa obra, que o entulho provém basicamente de sobras de madeira,

tijolos cerâmicos e concreto proveniente da concretagem da laje.

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Figura 30 – Mangueiras de iluminação – Comercial/Residencial multifamiliar, Redentora, RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Outra observação importante é a utilização de “toras” ou barrotes de eucalipto para o

escoramento da laje. O entulho gerado com esse material é bem relevante. Em comparação às

obras observadas no município de Ijuí verificou-se que esse tipo de escoramento é mais

utilizado em obras pequenas, com mão de obra menos qualificada e em municípios menores,

como é o caso de Redentora, RS. O uso desse tipo de escoramento apresenta um índice maior

de perdas, além de um manuseio mais difícil (Figura 31-32).

Figura 31 – Entulho gerado – Comercial/residencial multifamiliar, Redentora, RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

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Figura 32 – Escoramento com toras de eucalipto – Comercial/Residencial multifamiliar, Redentora, RS

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Cabe salientar que as perdas observadas no município de Redentora são mais

acentuadas se comparadas aos mesmos quesitos advertidos no município de Ijuí, visto que a

mão de obra é mais qualificada em Ijuí do que em Redentora. Em suma, a tecnologia

empregada na construção civil em Ijuí é mais relevante do que em Redentora.

Outro fato que merece destaque é a preocupação com o material a ser utilizado na

obra, a começar pelo transporte. Nos municípios menores o transporte de tijolos cerâmicos,

por exemplo, é feito em caminhões, comprados em milheiros e descarregados pelos

funcionários da obra. O que não ocorre em centros maiores, onde os mesmos são

transportados em paletes e descarregados com a ajuda de máquinas como a grua, sem causar

perdas, tanto no descarregamento como no transporte no interior do canteiro de obras.

Estas são, portanto, as cinco obras observadas neste estudo, as quais revelam

diferentes padrões estruturais. Todas porém, possuem em comum, a geração de entulhos, ou

seja, a produção de resíduos da construção civil.

3.3 APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Estudo elaborado por Sena, Carvalho e Santos (2010, p. 3) e apresentado no XIII

ENTAC 2010, apresenta nove categorias de perdas segundo a natureza, as quais foram

identificadas por Formoso et al. (1997):

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a) Perdas por superprodução: são as perdas que ocorrem devido à produção em quantidades superiores às necessárias, como por exemplo: produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho;

b) Perdas por substituição: decorrem da utilização de um material de valor ou características de desempenho superiores ao especificado;

c) Perdas por espera: são relacionadas com a sincronização e o nivelamento dos fluxos de materiais e às atividades dos trabalhadores. Podem envolver tanto perdas de mão de obra quanto de equipamentos;

d) Perdas por transporte: estão associadas ao manuseio excessivo ou inadequado dos materiais e componentes em função de uma má programação das atividades ou de um layout ineficiente;

e) Perdas no processamento em si: têm origem na própria natureza das atividades do processo ou na execução inadequada dos mesmos. Decorrem da falta de treinamento da mão de obra ou de deficiências no detalhamento dos projetos;

f) Perdas nos estoques: estão associadas à existência de estoques excessivos, em função da programação inadequada na entrega dos materiais ou de erros na orçamentação, podendo gerar situações de falta de locais adequados para deposição dos mesmos. Também decorrem da falta de cuidados no armazenamento dos materiais. Podem resultar tanto em perdas de materiais quando de capital;

g) Perdas no movimento: decorrem da realização de movimentos desnecessários por parte dos trabalhadores, durante a execução das suas atividades e podem ser gerados por frentes de trabalho afastadas e de difícil acesso, falta de estudo de layout do canteiro e do posto de trabalho e falta de equipamentos adequados;

h) Perdas pela elaboração de produtos defeituosos: ocorrem quando são fabricados produtos que não atendem aos requisitos de qualidade especificados. Geralmente, originam-se da ausência de integração entre o projeto e a execução, das deficiências do planejamento e controle do processo produtivo, da utilização de materiais defeituosos e da falta de treinamento dos operários;

i) Outras: existem ainda tipos de perdas de natureza diferente dos anteriores, tais como roubo, vandalismo, acidentes, etc.

Estudos têm sido elaborados para aproveitar o resíduo da construção civil e, uma

delas, é a produção do agregado, que pode ser utilizado na confecção de argamassa. Nesse

caso, os resíduos são processados num equipamento denominado argamasseira, que moe o

entulho na própria obra, como ilustra a Figura 33, a seguir, em granulometria semelhante à da

areia, podendo ser utilizado em argamassas de assentamento e de revestimento. Entre suas

vantagens estão a utilização do resíduo no local que o gerou, o que elimina custos com

transporte; o efeito pozolâmico apresentado pelo entulho moído; a redução no consumo do

cimento e da cal e o ganho na resistência à compressão das argamassas (MATOS, 2009).

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Figura 33 – Moagem do entulho dentro do canteiro de obras

Fonte: Rodrigues (2001)

A figura anterior mostra como os resíduos são moídos e utilizados. De forma

segmentada, os materiais cimentícios e cerâmicos são de difícil utilização, requerendo o

processamento para serem reaproveitados. O entulho é colocado em um moinho de 10 HP,

capaz de britar 1,5 m³ desse material por hora. Dessa forma, são garantidas as suas

propriedades técnicas. A fim de evitar que o equipamento emperre, é necessário que materiais

como madeira, plástico e metal sejam retirados do processo (MATOS, 2009).

Dessa forma, o entulho pode ser reaproveitado como agregado no pavimento de um

estacionamento, por exemplo. Ainda, há outro usos para o produto, como no concreto

reciclado para o encascalhamento de estradas, preenchimento de vazios em construções, de

valas de instalações e reforços de aterros (MATOS, 2009).

No entendimento de Zordan e Paulon (1998), o estudo de soluções práticas que

apontem para a reutilização do entulho na própria construção civil contribuiu para amenizar o

problema urbano dos depósitos clandestinos desse material. Tais estudos apontam para a

reutilização do entulho na própria construção civil, o que contribui para amenizar o problema

urbano dos depósitos clandestinos desse material, visando melhorias do ponto de vista

ambiental e introduzindo um novo material com grande potencial de uso no mercado.

Em seu artigo, Rodrigues (2001) afirma que a madeira, após ser utilizada em formas,

escoramentos, entre outros, deve ser encaminhada para indústrias de processamento de

madeiras. Em geral, essas sobras são utilizadas para a produção de chapas de madeira

aglomeradas, ou na alimentação de fornos.

60

Com relação às cerâmicas, segundo Rodrigues (2001), elas devem ser britadas e

aproveitadas como agregado não estrutural, cujo uso é recomendado como aditivo pozolânico.

Eventualmente, o produto pode ser misturado com material cimentício, desde que sua

homogeneidade seja mantida, melhorando o desempenho do produto final.

Os materiais cimentícios, como argamassas, concretos e blocos de alvenaria, devem

ser britados e reaproveitados como agregados. Um cuidado a ser tomado é a retirado do gesso

desse entulho, pois ele pode comprometer o desempenho do agregado (RODRIGUES, 2001).

No entendimento de Vaz (2001), o entulho, além de servir para substituir os materiais

normalmente extraídos de jazidas, pode se transformar em matéria prima para componentes

de construção, possuindo qualidade comparável aos materiais tradicionais.

Pinto (1997), por sua vez, cita os serviços que podem utilizar o produto final do

entulho, considerando que o mesmo vem apresentando bom desempenho numa série de usos,

com custos significativamente mais vantajosos para a obra, tais como: execução de base para

pavimentação de vias; execução de habitações e outras edificações; execução de muros;

execução de calçadas; contenção de encostas com uso de sacaria; e produção de artefatos

(guias, sarjetas, tubos).

Essa percepção é reforçada por Grigoli (2002), que acrescenta as seguintes utilizações

dos materiais recicláveis no canteiro de obras: assentamento de batentes; assentamento de

esquadrias eou contrapiso; enchimento de rasgos de paredes, chumbamento de tubulações

elétricas e hidráulicas; assentanento de blocos cerâmicos; chumbamento de caixas elétricas;

execução de embonecamentos de tubulações; remendos e emendas em alvenaria; enchimento

de rebocos internos; enchimento de caixões perdidos; enchimentos de degraus de escadaria;

estrado sobre o solo para o lançamento de contra-piso e passeio público; contrapiso de

interiores de unidades habitacionais; concreto de piso para abrigos de automóveis leves;

drenos de floreiras; drenos de visitas de hidrantes e drenos de fundos de poços de elevadores;

drenos de escoamento de água de chuva e drenos de pátios de estacionamento; aterramento de

valetas junto ao solo; estaquemento – fundações de muros com pequenas cargas; vigas de

concreto com baixas solicitações; e pilares de concreto com baixas solicitações.

É possível, então, produzir agregados – areia, brita e bica corrida para uso em

pavimentação, contenção de encostas, canalização de córregos e uso em argamassas e

concreto. Da mesma maneira, pode-se fabricar componentes de construção – blocos,

briquetes, tubos para drenagem e placas. Em todas essas aplicações é possível obter

similaridade de desempenho em relação a produtos convencionais, com custos muito

competitivos (VAZ, 2001).

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Percebe-se que vem ocorrendo uma modificação na forma de recebimento dos

materiais na obra, o que reduz as perdas por armazenamento. É frequente, assim, o uso de

containers para o transporte desses materiais, assim como de paletes protegidos por

embalagens plásticas. Em suma, os materiais vêm sendo melhor acondicionados no interior do

canteiro de obras, o que evita a sua deterioração e perda (RODRIGUES, 2001).

Todas essas modificações trazem benefícios em forma de retornos que podem ser

econômicos e/ou sustentáveis. A construção civil, a exemplo de outras áreas econômicas,

precisa ser economicamente viável e apresentar lucros. Ao reutilizar resíduos a empresa estará

reduzindo custos mediante o aproveitamento das matérias primas e da eliminação das perdas,

melhorando o seu processo de produção.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fim de garantir a qualidade da construção, a engenharia civil não poderá jamais

reduzir a quantidade dos materiais necessários para uma obra, ao contrário de muitos setores

industriais que vêm diminuindo a utilização de suas matérias primas. De outra banda, apesar

de sua grande importância para o desenvolvimento econômico e social do país, a construção

civil é um dos maiores responsáveis pela geração de entulho, além do maior consumidor de

matérias primas, muitas delas com recursos naturais não renováveis.

Observando as mudanças que vêm ocorrendo para com o meio ambiente, busca-se

cada vez mais ações para que esses impactos sejam paulatinamente reduzidos. Nos últimos

anos, as autoridades brasileiras deram maior atenção ao assunto. E a reciclagem, além do

maior controle na execução dos serviços, vem se tornando uma opção cada vez mais constante

para a diminuição dos impactos ambientais, assim como para aumentar a produtividade e a

lucratividade das empresas de construção civil. A construção civil está no centro dessa

discussão pois é capaz de absorver quase totalmente os resíduos que produz.

Há, contudo, alguns pontos que precisam ser analisados para que essa reciclagem

aconteça de forma mais ampla, uma vez que além do benefício ambiental se busca, também,

um retorno financeiro. Tal retorno pode ser proveniente da venda do produto reciclado, assim

como a sua reutilização na obra, servindo como um novo material. Acrescenta-se, ainda, a

questão da menor utilização de transporte, pois o material reciclado poderá, por vezes, ser

utilizado dentro do próprio canteiro de obras, evitando viagens até sua disposição final. São

necessários, portanto, novos estudos, e pesquisas voltadas às novas aplicações desse material

reciclado.

A reciclagem possui vantagens potenciais para a sociedade, dentre as quais se

destacam a preservação de recursos naturais, a economia de energia, a redução do volume de

aterros, a redução da poluição, a geração de emprego, a redução do custo do controle

ambiental pelas indústrias, o aumento da durabilidade do produto, e a economia de divisas. É

inevitável, portanto, uma maior atenção a aplicações desse material, especialmente do setor da

engenharia, que deve contribuir para o desenvolvimento saudável da sociedade.

Cabe ressaltar, com base nas pesquisas feitas durante o processo deste estudo, que há

mudanças significativas a serem feitas no setor da construção civil. Mas que ainda, em

cidades menores, como no caso de Redentora, RS, a falta de tecnologia e de mão de obra, por

vezes desqualificada, deixa este cenário ainda mais longe daquele que se pretende alcançar.

63

É necessário, portanto, qualificar a mão de obra, bem como utilizar maior tecnologia

para que além de reutilizar o entulho de obra, também seja possível não desperdiçá-lo da

forma como vem ocorrendo. O transporte precisa ser mais distinto, objetivando a entrega, sem

perdas, como já ocorre em alguns municípios, como Ijuí. Acrescenta-se, ainda, uma gestão

capaz de conduzir as perdas e valorizar o ganho econômico e ambiental. A reutilização dos

resíduos, assim como a diminuição das perdas, deve ser pensada durante toda a concepção do

projeto e sua execução.

A realização deste estudo permitiu concluir que a reutilização dos resíduos da

construção civil é um bom negócio, assim como investir em tecnologias que trazem tanto

benefício ao meio ambiente e à economia do país.

Nos dias de hoje, o processo de reutilização de resíduos numa obra de construção civil

ainda não é muito normal, pois não faz parte do negócio principal. Destarte, o presente estudo,

por intermédio de uma revisão bibliográfica consistente, conseguiu contribuir para uma

possível mudança de paradigma dos empresários da indústria da construção civil.

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