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ESTUDO ERGONÔMICO NO SETOR DE CAIXA DE UM SUPERMERCADO DE MÉDIO PORTE EM QUISSAMÃ/RJ: UM ESTUDO DE CASO. Brenno Rangel Cavalcante (UCAM) [email protected] breno mota medeiros (UCAM) [email protected] Matheus Tavares Lacerda (UCAM) [email protected] Alzeleni Pio da Silva TavaresCorrea (UCAM) [email protected] O presente trabalho teve como objetivo analisar um posto de trabalho, em um supermercado de médio porte na cidade de Quissamã/RJ, através da aplicação da metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho. Realizou-se uma análise do posto de trabalho de cinco caixas, utilizando métodos, como: sistema OWAS, diagrama de áreas dolorosas e questionário nórdico. As análises indicaram uma postura incorreta, por parte do trabalhador, ocasionada pelo não planejamento adequado do posto de trabalho, com base, nos resultados obtidos, foram propostas melhorias que possibilitem maior conforto e segurança aos funcionários, contribuindo para o bem-estar dos mesmos e na produtividade da empresa. Palavras-chave: Ergonomia, supermercado, posto de trabalho, AET XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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ESTUDO ERGONÔMICO NO SETOR DE CAIXA

DE UM SUPERMERCADO DE MÉDIO PORTE

EM QUISSAMÃ/RJ: UM ESTUDO DE CASO.

Brenno Rangel Cavalcante (UCAM)

[email protected]

breno mota medeiros (UCAM)

[email protected]

Matheus Tavares Lacerda (UCAM)

[email protected]

Alzeleni Pio da Silva TavaresCorrea (UCAM)

[email protected]

O presente trabalho teve como objetivo analisar um posto de trabalho, em

um supermercado de médio porte na cidade de Quissamã/RJ, através da

aplicação da metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho. Realizou-se

uma análise do posto de trabalho de cinco caixas, utilizando métodos, como:

sistema OWAS, diagrama de áreas dolorosas e questionário nórdico. As

análises indicaram uma postura incorreta, por parte do trabalhador,

ocasionada pelo não planejamento adequado do posto de trabalho, com

base, nos resultados obtidos, foram propostas melhorias que possibilitem

maior conforto e segurança aos funcionários, contribuindo para o bem-estar

dos mesmos e na produtividade da empresa.

Palavras-chave: Ergonomia, supermercado, posto de trabalho, AET

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1. Introdução

A introdução de sistemas de automação e informatização na indústria e na prestação de

serviços, respectivamente, tem exigido do trabalhador competência e qualificação cada vez

maior. Enquanto as primeiras tecnologias industrias substituíram a força física do trabalho

humano, trocando a força muscular por máquinas, as novas tecnologias baseadas no

computador prometem substituir a própria mente humana, colocando máquinas inteligentes no

lugar dos seres humanos em toda a escala da atividade econômica (RIFKIN, 2004).

Considerando as mudanças no trabalho com relação aos avanços tecnológicos e

organizacionais, leva-se a uma nova relação homem-máquina, expondo o trabalhador aos

riscos inerentes a sua saúde. Este fato está sendo vivenciado pelos trabalhadores do setor

varejista de supermercados e mercearias na mudança da caixa registradora pela leitura óptica

de código de barras no sistema de registro de mercadorias.

De acordo com SHINNAR et al. (2004), no Brasil um dos problemas de saúde com maior

incidência em digitadores no setor de supermercados são os Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho (DORT), trata-se de um conjunto de afecções das estruturas do

sistema osteomuscular de origem ocupacional e decorrente de: uso repetitivo de grupos

musculares, uso forçado de grupos musculares e manutenção de posturas inadequadas que

atingem principalmente os membros superiores, a região escapular e o pescoço (BRASIL,

2006).

Há muitas ferramentas de avaliação ergonômica nos postos de trabalho que identificam e

avaliam os problemas. As ferramentas utilizadas para o desenvolvimento deste artigo foram a

Análise Ergonômica do trabalho (AET), Diagrama de Áreas Dolorosas e método Ovako

Working Posture Analysing System (OWAS). O principal objetivo deste trabalho é identificar

e avaliar problemas de saúde que possivelmente podem afetar negativamente os funcionários

da organização.

2. Revisão de literatura

2.1. Ergonomia

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Segundo Dul e Weerdmeester (2012), o termo ergonomia é de origem grega, das palavras

ergon (trabalho) e nomos (regras). De fato, na Grécia antiga esta palavra tinha um duplo

sentido: ponos que representava trabalho escravo de sofrimento e nenhuma criatividade e,

ergon que representava o trabalho de arte de criação, satisfação e motivação. Assim o objetivo

da ergonomia é transformar o trabalho ponos em trabalho ergon.

A ergonomia foi criada na Segunda Guerra Mundial em consequência de trabalho

interdisciplinar, que era executado por diversos trabalhadores. Ao contrário de muitas ciências

que não possuem uma data exata do seu nascimento, a ergonomia foi criada em 12 de julho de

1949, durante uma reunião na Inglaterra entre um grupo de pesquisadores e cientistas que

tinham como objetivo oficializar e discutir a existência deste recente ramo de aplicação da

ciência.

Segundo Falzon (2007), o objetivo da ergonomia é influenciar a concepção dos meios de

trabalho, essa foi a contribuição que assumiu a forma de recomendação, praticadas pelos

ergonomistas após a análise de uma situação existente. A decisão dos gestores de projetos era

aplicar estes princípios. Para o aperfeiçoamento dos meios de trabalho, o ergonomista precisa

aprender e conhecer processos complexos para a solução dos problemas inerentes à

ergonomia.

A ergonomia tem contribuído significativamente para a melhoria das condições de trabalho

humano. Entretanto, na maioria dos países em desenvolvimento é um conceito relativamente

novo, e essa contribuição é relativamente pequena, em razão do baixo número de estudos e da

restrita divulgação dos seus benefícios (FONTANA e SEIXAS, 2007).

Com a função de preservar a saúde e a segurança do empregado, criou-se uma Norma

Regulamentadora conhecida como NR-17, com o objetivo de estabelecer critérios que

permitem adequar o trabalho aos aspectos psicofisiológico do trabalhador.

2.2. Métodos de ergonomia

2.2.1. Análise ergonômica do trabalho

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET), que tem como referência a NR17, é a ergonomia

de uma forma mais abrangente, que inclui um estudo detalhado do ambiente de trabalho para

detectar fatores de possam encadearem subsídios para a solução ergonômica (BRASIL, 1990).

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O objetivo da AET é adaptar a atividade de trabalho ao trabalhador e não o inverso, para que

dessa forma o trabalhador possa efetuar o seu serviço de uma maneira mais agradável.

Através da análise dos riscos ocupacionais por meio de questionamentos e observações com

os funcionários do setor em análise, e após estes primeiros momentos, identificar os pontos

críticos para saber quais ferramentas ergonômicas devem ser usadas, visando ajudar no

melhoramento do posto de trabalho, dessa forma permite a interpretação real da situação

encontrada (VIDAL,2002).

2.2.2. Método OWAS

O método foi desenvolvido em 1977, na Finlândia, por três pesquisadores de uma siderúrgica,

Karhu, Kansi e Kuorinka, através de análises fotográficas das posturas mais frequentes na

indústria pesada (IIDA, 2005), elaboraram um sistema prático de registro de posturas,

chamado de OWAS, sendo uma parceria entre os pesquisadores e o Instituto Finlandês de

Saúde Ocupacional.

Foi elaborado com o objetivo de analisar, identificar e avaliar as posturas prejudiciais aos

trabalhadores, durante a execução de suas tarefas, A análise das posturas é realizada através

da observação de uma situação de trabalho, utilizando em sua maioria, ferramentas como

fotografias e vídeo. Posturas incorretas acrescidas de outros fatores, podem contribuir para o

surgimento de problemas musculoesqueléticos, capazes de gerar custos adicionais a empresa,

através de incapacidade para o trabalho e absenteísmo (KASPER; LOCH; PEREIRA, 2012).

Após análise e organização das posturas encontradas foi criado um sistema padronizado de

classificação das posturas, com combinações de posturas de tronco, braços e pernas (IIDA,

2005).

Figura 1 – Sistema OWAS para registro de postura

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Fonte: IIDA, 2005.

Em seguida, as posturas são analisadas e mapeadas, com base na observação do trabalhador

em uma situação de trabalho. O método de análise consiste na observação das posturas, as

quais serão classificadas segundo suas posições, resultando em uma codificação de seis

dígitos. O primeiro, segundo, terceiro e quarto dígitos indicam as posições de costas, braços,

pernas e o fator força, respectivamente. Os dois últimos dígitos representam a classificação da

fase de trabalho (KARHU; KANSI; KUORINKA, 1977). Com base nas avaliações, as

posturas foram classificadas em categorias (IIDA, 2005).

Quadro 1 - Níveis de ação segundo posição das costas, braços, pernas e uso de força.

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Fonte: Wilson e Corllet, 1995

Essas categorias irão variar conforme o tempo de duração das posturas, da jornada de trabalho

ou da combinação das quatro variáveis (dorso, braços, pernas e carga).

2.2.3. Questionário nórdico

O questionário analisa relatos de sintomas referentes a dores osteomusculares, a versão

utilizada é traduzida para o português por Pinheiro, Tróccoli e Carvalho (2002). Sua aplicação

é simples, avaliando sintomas de dor em pescoço, ombro, cotovelo, antebraço,

punhos/mãos/dedos, região dorsal, região lombar e membros inferiores (quadril/coxa, joelho,

tornozelo e pé).

2.2.4. Diagrama de áreas dolorosas

Este diagrama foi proposto por Corlett e Manenica (1980), sendo composto por uma divisão

do corpo humano em 24 segmentos com o objetivo de facilitar a localização das regiões

doloridas.

Dentre as vantagens do método, ressalta-se a fácil aplicação e localização das regiões mais

afetadas, sendo possível aplicá-lo com ou sem auxílio de softwares específicos, o que torna

um método econômico. Porém apresenta como desvantagem seu caráter subjetivo, visto que

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se baseia na opinião do funcionário entrevistado, que poderá omitir ou aumentar alguma

queixa.

Através desse diagrama, podem-se identificar ferramentas, máquinas, equipamentos, postos

de trabalho e outros fatores que contribuem para o desconforto postural.

3. Metodologia

O presente trabalho possui uma abordagem de caráter quantitativo (DALFOVO, LANA E

SIVEIRA, 2008), neste método, a coleta de informações e a análise das mesmas são

organizadas, com o objetivo de garantir maior acurácia aos resultados.

O levantamento de dados foi feito através da aplicação do questionário nórdico padrão com

uma amostra de 5 (cinco) funcionários do setor. Nessa parte, os funcionários responderam

“sim” ou “não a respeito de perguntas sobre à ocorrência de sintomas como dor,

formigamento/dormência nos últimos 12 (doze) meses e nos últimos 7 (sete) dias, e se foram

incapazes de realizarem atividades nos últimos 12 (doze) meses, devido a estes sintomas.

Para maior detalhamento dos locais que apresentaram dores, foi aplicado o Diagrama de

Áreas Dolorosas, onde os funcionários puderam indicar locais que não foram apresentados no

questionário, como a região das panturrilhas.

Figura 2 - Diagrama de Áreas Dolorosas

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Fonte: Corlett e Manenica (1980)

Após a identificação da região dolorida pelos funcionários, foi solicitado que indicassem o

nível de desconforto na área específica, esse índice é classificado em 8 (oito) níveis, com

intervalo de 0 (extremamente confortável) a 7 (extremamente desconfortável).

Na segunda etapa do trabalho, foram feitas observações in-loco para análise do posto de

trabalho e do ambiente, com o objetivo de encontrar possíveis fatores responsáveis pela

geração de desconforto.

4. Estudo de caso

4.1. A empresa

A empresa onde foi realizado o estudo é classificada como comércio varejista de mercadorias

em geral, com predominância de produtos alimentícios, com área de venda superior a 2000m²,

com 3 (três) checkouts. O estabelecimento está localizado na cidade de Quissamã, Rio de

Janeiro, situado na estrada do correio imperial número 1286, bairro Piteiras.

O supermercado é composto por 20 funcionários, sendo que 5 são operadores de caixa. Com

uma carga horária total de 44 horas semanais, funcionando de segunda a sábado. O termo

“caixa” ou checkout é utilizado para denominar o posto de registro e cobrança de mercadorias

para o consumidor.

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4.2. Aplicação do método OWAS

Para avaliação postural (OWAS) foi realizada a observação de cada tarefa durante um turno

de trabalho diário, sendo estas mesmas tarefas realizadas repetidamente durante os demais

dias da semana. A tarefa selecionada foi a passagem das compras pela esteira estática.

Ressalta-se que todas as cargas movimentadas durante a avalição, foram inferiores ao peso de

10 Kg.

Durante a operação dessa tarefa o operador assumiu duas posições diferentes, expressas na

tabela a seguir:

Tabela 1 – Método OWAS

Posição Dorso Braços Pernas Carga Nível de Ação

Em pé 4 1 1 1 2

Sentado 4 1 7 1 2

Após análise, foi diagnosticado que ambas as posturas necessitam de atenção para possíveis

correções.

4.3. Aplicação do Questionário Nórdico

O questionário forneceu informações sobre as regiões doloridas, apresentadas pelos

funcionários para posterior análise da tarefa. A seguir o gráfico com a incidência dos sintomas

apresentados pelos funcionários.

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Figura 3 - Incidência de sintomas assinalados no Questionário nórdico

No Questionário Nórdico, as regiões anatômicas que apresentaram maior incidência, nos

últimos 12 meses, foram os ombros (28,57%) e a de punho/mãos (21,43%), em contrapartida

as regiões que apresentaram as menores incidências, foram os cotovelos e os joelhos, não

possuindo reclamações, como podemos observar na Figura 3. Através da análise da proporção

sintomas apresentados nos últimos 7 dias, verificou-se que as regiões com maior prevalência,

foram os ombros (50,0%) e a parte superior das costas (33,3%), ressaltando-se que houve uma

diminuição na variedade de áreas acometidas. Sobre as limitações provocas pelos sintomas

apresentados, foi observado que os ombros foram a região responsável pela maior limitação

dos funcionários (21,43%).

4.4. Aplicação do Diagrama de Áreas Dolorosas

Foi apresentada a figura abaixo aos funcionários para que esses apontassem onde sentiam

dores, e a intensidade dessas dores.

A partir dos dados obtidos através da indicação de sintomas no diagrama de áreas dolorosas,

foi elaborada uma tabela com as áreas apontadas pelos funcionários e o número queixas

relativas à respectiva área.

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Tabela 2 – Ocorrência de áreas dolorosas

Parte do Corpo Número de Ocorrências Posição

Ombro Esquerdo 1 11

Quadril Esquerdo 1 35

Perna Direita 1 62

Ombro Direito 2 21

Dorso Inferior Direito 1 44

Dorso Superior Direito 2 42

Mãos Direito 2 24

Pé Direito 2 63

Pé Esquerdo 2 53

Perna Esquerda 1 52

Pescoço Direito 1 41

Pescoço Esquerdo 1 31

Mãos Esquerdo 1 14

Através da análise desta tabela foi observado, que as partes com maiores queixas de dores, são

os ombros, dorso superior, mãos e pés, sendo a maior parte do lado direito. Um fator

preocupante foi apontado pela intensidade das dores relacionadas pelos funcionários, como

podemos perceber na tabela a seguir:

Figura 4 - Número de ocorrências por intensidade de desconforto

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Na posse desses dados, foi possível perceber que a o nível 7 de intensidade da dor (máximo

desconforto) representa 35,29% das queixas encontradas no questionário, mesmo número de

queixas da intensidade de nível 3. Ressalta-se que as intensidades de níveis 1, 2 e 6 não foram

relatadas.

4.5. Análise da tarefa

Consiste na análise do tipo de trabalho, ritmos, carga horária cumprida pelo funcionário

durante sua jornada de trabalho. Dessa forma, foram analisadas as duas posições adotadas

pelos funcionários durante o expediente de trabalho, como exemplificado nas figuras abaixo.

Figura 5 – Posição Sentada Figura 6 – Posição em pé

Podemos observar na figura 5 que a altura da cadeira não está adequada para a funcionária em

questão, com seus pés suspensos, entretanto se ela diminuir a altura da cadeira para que fique

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na posição correta, a bancada por onde passará os produtos irá ficar muito alta, fazendo com

que ela não tenha como realizar o seu serviço. Pode-se observar também que a cadeira em uso

não apresenta descanso para os braços, fazendo com que o esforço exercido seja maior. A

figura 6 demostra a mesma funcionária, que após algum tempo de trabalho não se sente mais

confortável sentada, apresentando fadiga, que está relacionada a uma diminuição da produção

e possível perda de motivação (GRANDJEAN, 1998), devido a postura incorreta apresentada

anteriormente na figura 5, sendo assim, a funcionária se levanta em busca de um maior

conforto, entretanto ao realizar o trabalho em pé, a mesma sensação de desconforto ocorre,

permanecendo a funcionária parada enquanto realiza movimentos repetitivos ao passar as

compras dos clientes pela esteira. O movimento repetitivo constante dessa funcionaria

agregado a falta de amparo ergonômico em seu posto de trabalho irá proporcionar facilmente

o aparecimento de doenças como Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e DORT.

5. Recomendações

Para solucionar esses problemas encontrados em relação à incompatibilidade de alturas entre

da bancada do caixa, a altura da cadeira e a altura das funcionárias, o problema poderia ser

facilmente resolvido com um suporte para que as funcionárias mais baixas tivessem como

apoiar o pé para ficar com uma posição mais confortável para realizar a sua função, e se

possível trocando a cadeira por outra com melhor apoio para as costas, pois o atual apoio não

permite que a funcionária fique com a coluna realmente estabilizada, vale ressaltar que uma

cadeira com apoio para os braços é de grande importância, fazendo com que a funcionária

possa descansar os membros e até mesmo os apoia-los na hora de realizar a sua função de

passar os produtos pelo caixa para diminuir o esforço na execução de sua tarefa.

6. Conclusão

Neste trabalho verificou-se através dos métodos aplicados a necessidade de mudanças no

posto de trabalho, embora não sejam críticas, a classificação apontou que medidas devem ser

tomadas para que em um futuro próximo não venham a provocar afastamentos ou danos

permanentes aos funcionários.

Os métodos do Questionário Nórdico e do Diagrama de Áreas Dolorosas demonstraram que

as maiores queixas são nas regiões dos ombros, das mãos e do dorso superior, estando em sua

maioria relacionadas a uma postura inadequada dos funcionários.

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Sendo assim, um correto planejamento deste posto de trabalho, se torna de grande importância

para a empresa, pois irá melhorar a qualidade de vida dos seus funcionários, o que contribuirá

para uma melhoria na produção e rendimento dos mesmos, além de evitar possíveis gastos da

organização com serviços de saúde e contratação de novos colaboradores para suprir a falta

do funcionário durante o período que estiver impedido de realizar suas tarefas.

7. Referências

BRASIL. Norma Regulamentadora 17. Ministério do Trabalho e Emprego, 1990. Disponível em:

<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf> Acesso em: 18 abr.

2015.

BRASIL. LER/DORT – programa de prevenção. Ministério do Trabalho e Emprego – Delegacia Regional do

Trabalho no Estado de São Paulo, 2006. Disponível em:

<http://www.conscienciaprevencionista.com.br/upload/arquivo_download/1962/PREVENCAOPOSTURA-

MANUALLERDORT.pdf> Acesso em: 18 abr. 2015.

CORLETT, E.N. MADELEY, S.J. MANENICA, Posture Targetting: A Technique for Recording Working

Postures Ergonomics, 1980.

DALFOVO, Michael Samir; LANA, Rogério Adilson; SILVEIRA, Amélia. Métodos quantitativos e

qualitativos: um resgate teórico. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau, v. 2, n. 4, p.01-13,

2008.

DUL, Jan; WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia Prática. 3. ed. Revista e ampliada São Paulo: Edgard

Blücher, 2012.

FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Ergo, Edgard Blücher Ltda, 2007.

FONTAVA, Gustavo; SEIXAS, Fernando. Avaliação Ergonômica do posto de trabalho de modelos de

“Foewarder” e “Skidder”. R. Árvore, Viçosa, v. 31, n. 1, p.71-81, 2007.

GRANDJEAN, Etíenne. Manual de ergonomia: Adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Artes Médicas,

1998.

IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgar Blucher, 2005.

KARHU, Osmo; KANSI, Pekka.; KUORINKA, Likka, Correcting working postures in industry: a practical

method for analysis. Applied Ergonomics, v. 8, n. 4, p. 199-201, 1977.

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RIFKIN, Jeremy. O Fim dos Empregos: O contínuo crescimento do desemprego em todo o mundo. São Paulo:

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VIDAL, M.C.R. Ergonomia na empresa: útil, prática e aplicada. Rio de Janeiro: EVC, 2002

ANEXO A – Questionário Nórdico

Marque sua resposta no o questionário abaixo, com as informações solicitadas.

Pescoço SIM NÃO

Ombros SIM NÃO

Parte Superior das Costas SIM NÃO

Cotovelos SIM NÃO

Punhos/Mãos SIM NÃO

Parte Inferior das Costas SIM NÃO

Quadril/Coxas SIM NÃO

Joelhos SIM NÃO

Tornozelos/Pés SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

Nos últimos 12 meses, você

sentiu dores ou desconforto no:

Nos últimos 12 meses você foi impedido(a) de realizar

suas tarefas habituais (trabalho, lazer, domésticas)

devido a este problema no:

Nos últimos 7 dias, você

sentiu dores ou

desconforto no:

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO

SIM NÃO