ESTUDO SOBRE O PERFIL EMPREENDEDOR DOS … · 3 JEANE SANTOS CARDOSO ESTUDO SOBRE O PERFIL...

50
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU GESTÃO DA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ COM ÊNFASE EM SUSTENTABILIDADE ESTUDO SOBRE O PERFIL EMPREENDEDOR DOS CAFEICULTORES DO PLANALTO DA CONQUISTA Vitória da Conquista - Bahia 2013

Transcript of ESTUDO SOBRE O PERFIL EMPREENDEDOR DOS … · 3 JEANE SANTOS CARDOSO ESTUDO SOBRE O PERFIL...

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU GESTÃO DA CADEIA PRODUTIVA

DO CAFÉ COM ÊNFASE EM SUSTENTABILIDADE

ESTUDO SOBRE O PERFIL EMPREENDEDOR DOS

CAFEICULTORES DO PLANALTO DA CONQUISTA

Vitória da Conquista - Bahia

2013

2

JEANE SANTOS CARDOSO

ESTUDO SOBRE O PERFIL EMPREENDEDOR DOS

CAFEICULTORES DO PLANALTO DA CONQUISTA

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão da Cadeia Produtiva do Café com Ênfase em Sustentabilidade como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista.

Orientador: Prof. Dr. Valdemiro Conceição Jr.

Vitória da Conquista - Bahia

2013

3

JEANE SANTOS CARDOSO

ESTUDO SOBRE O PERFIL EMPREENDEDOR DOS

CAFEICULTORES DO PLANALTO DA CONQUISTA

Monografia apresentada ao Departamento de Fitotecnia e Zootecnia (DFZ) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), como requisito parcial de avaliação para receber o título de Especialista em Gestão da Cadeia Produtiva do Café com Ênfase em Sustentabilidade.

Vitória da Conquista, ___ de _______ de 2013.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________ Prof. Dr. Valdemiro Conceição Júnior – DFZ/UESB

_________________________________________ Profª. MSc. Rita de Cássia Oliveira Lima Alves DCSA/UESB

__________________________________ Profª. MSc. Dioneire Amparo dos Anjos - UFBA

4

Ao meu marido, ao meu filho, aos meus parentes, meus amigos e principalmente a minha avó Percília, pessoa que amo e tenho profunda admiração.

5

AGRADECIMENTOS

Neste momento os meus agradecimentos são todos à Deus, que me deu a vida

e com ela tudo de mais especial que poderia haver. Senhor agradeço por tudo que

tenho, que sou e o que vou ser.

Ao meu esposo pela paciência e principalmente por me proporcionar condições

para a realização de meu sonho de obtenção do conhecimento.

A minha família que me orientou a sempre lutar pelos meus planos.

Agradeço ao professor orientador Valdemiro Conceição Jr que tanto nos ajudou

durante este trabalho, desprendendo seu precioso tempo, com toda paciência,

presteza e sabedoria.

A professora Sheila que por muitas vezes me estimulou a adquirir cada vez

mais conhecimentos.

As professoras Rita de Cássia Lima e Dioneire Amparo dos Anjos por

aceitarem contribuir participando da banca de defesa desta monografia.

Agradeço aos meus colegas, Ariana, José Antônio, Leonéia, Maira, Viviane,

Wilson, Vanêide e Zoraí que diretamente ou indiretamente me ajudaram com

opiniões e ideias. E a todas as pessoas, até mesmos as que me criticam, pois

deram à certeza que eu seria capaz de realizar este trabalho, mostrando que a fé e

a dedicação rompem fronteiras.

A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB juntamente com o

Departamento de Fitotecnia e Zootecnia – DFZ, aos professores e principalmente, a

Coordenadora do Curso professora Sandra.

Enfim, obrigada Senhor por tudo e por todos. Eu hoje sou o conjunto de todo

esse meu universo. Se eu tivesse outra vida, pediria tudo de novo, do mesmo

jeitinho, com o mesmo caminho, porque sei que o único destino é a felicidade!

6

“Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores.

Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, há os que lutam toda a vida.

Esses são os imprescindíveis.”

Bertolt Brecht.

7

RESUMO

A cafeicultura para Vitória da Conquista e região é considerada uma das atividades agrícolas com maior fator de renda. A proposta deste trabalho foi a realização de uma abordagem sobre empreendedorismo e a cafeicultura. Este estudo tem como objetivo analisar as qualidades que envolvem o desenvolvimento empreendedor dos Cafeicultores do Planalto da Conquista e identificar os procedimentos que demonstram esta habilidade. O método utilizado foi quali/quantitativo a partir de amostragem aleatória, onde foram aplicados questionários semiestruturados a 38(trinta e oito) produtores. Dos resultados obtidos foi identificado um percentual de 40% dos entrevistados possuem máquinas e equipamentos próprios, ficando 26% com a utilização de máquinas e equipamentos alugados, 13% dos cafeicultores tem parte própria e parte alugada de equipamentos de mecanização e uma pequena parcela 21% não utiliza nenhum equipamento. Com relação ao significado do termo empreendedorismo, (34%) dos cafeicultores referem desconhecer totalmente, enquanto apenas (10%) afirmam conhecer muito bem essa ferramenta. Entretanto, (63%) dos entrevistados consideram-se empreendedores, demonstrando ser necessária a implementação de um plano de empreendedorismo como instrumento relevante para lidar com as mudanças do meio ambiente interno e externo e para contribuir com o sucesso dos empreendimentos. Os dados levantados confirmam que a cultura do café envolve muitas incertezas e riscos, de maneira especial em relação às flutuações no preço e na produtividade, provocadas principalmente pelas variações climáticas e pela bianualidade inerente à cultura. Palavras-chave: Cafeicultura. Empreendedorismo. Informação.

8

LISTAS DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição dos cafeicultores quanto ao tempo de cafeicultura no

Planalto da Conquista.............................................................................................23

Gráfico 2 - Métodos de Irrigação utilizado pelos Cafeicultores do Planalto da

Conquista...............................................................................................................26

Gráfico 3 - Beneficiamento da Produção utilizado pelos Cafeicultores do Planalto

da Conquista...........................................................................................................26

Gráfico 4 - Sistema de Mecanização utilizado pelos Cafeicultores do Planalto da

Conquista................................................................................................................27

Gráfico 5 - Atividade de Cafeicultor no Planalto da Conquista..............................28

Gráfico 6 - Padrão de Qualidade do Café no Planalto da Conquista.....................29

Gráfico 7 - Grau de conhecimento sobre empreendedorismo com os cafeicultores

do Planalto da Conquista........................................................................................31

Gráfico 8 - Percepção do cafeicultor do Planalto da Conquista enquanto

Empreendedor.........................................................................................................32

Gráfico 9 - Percentuais de cafeicultores do Planalto da Conquista que conhecem

um Plano de Empreendedorismo ...........................................................................33

Gráfico 10 - Seca e Preços Baixos no Planalto da Conquista...............................35

Gráfico 11 - Associação e Cooperativa no Planalto da Conquista........................36

Gráfico 12 - Parceria na Cafeicultura no Planalto da Conquista...........................37

Gráfico 13 - Informações sobre o mercado de Café com os Cafeicultores no

Planalto da Conquista.............................................................................................38

9

LISTAS DE TABELAS

Tabela 1 - Utilização da Área das Propriedades no Planalto da Conquista.........23

Tabela 2 - Caracterização das Propriedades no Planalto da Conquista..............24

Tabela 3 - Tratos Culturais do Cafezal no Planalto da Conquista........................25

Tabela 4 - Produtos que comercializam no Planalto da Conquista......................30

Tabela 5 - Grau de motivação - Plano de Empreendedorismo com os

cafeicultores do Planalto da Conquista.................................................................34

Tabela 6 - Técnicas de melhoria na produção do café com os cafeicultores do

Planalto da Conquista...........................................................................................39

Tabela 7 - Técnicas aplicadas nos eventos de cafeicultura.................................39

10

LISTAS DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)

SOFTEX – Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram criadas.

UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

UNICAFÉ – União Exportadora de Café

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 12

2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................... 14

2.1 Empreendedorismo Brasileiro .......................................................................... 16

2.2 O Surgimento da Cafeicultura no Planalto da Conquista ................................. 17

3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................ 19

3.1 Procedimentos Metodológicos da Pesquisa ................................................... 19

3.2 População e Amostra....................................................................................... 21

3.3 Instrumentos de pesquisa ................................................................................ 21

3.4 Levantamento e análise dos dados ................................................................. 21

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 22

4.1 Caracterização dos Produtores: Dados Pessoais e Funcionais ...................... 22

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 41

REFERÊNCIAS .................................................................................... 42

12

1 INTRODUÇÃO

O empreendedor na sociedade atual é uma das peças mais importantes na

economia, pela sua capacidade de estimular o crescimento nacional. É a partir de

sua criatividade, empenho e criação de novos produtos e serviços que o mesmo se

destaca. Pode-se chamar o momento atual de “a era do empreendedorismo”, pois

são os empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais,

encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando

novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando

riqueza para a sociedade.

Notadamente, cada vez mais as empresas têm direcionado seu foco para

aspectos muito além do econômico. Hoje, entre as grandes preocupações das

organizações estão o controle de qualidade, o desenvolvimento sustentável e a

geração de renda.

As evidências mostram o quanto o empreendedorismo está influenciando

positivamente o desenvolvimento econômico, e como se tem dado atenção ao

assunto. Segundo Dornelas (2001), uma visão geral é apresentada no estágio de

desenvolvimento do empreendedorismo no mundo e no Brasil, bem como são

analisadas as perspectivas para os próximos anos; o surgimento do

empreendedorismo, passando pelas definições e comparações com os conceitos

administrativos, até o entendimento do processo empreendedor, são abordados de

forma objetiva visando a prover a reflexão e o interesse pelo assunto.

O Brasil é um grande produtor de café e possui um parque cafeeiro complexo

e diverso, que produz uma grande variedade de tipos de bebidas, as principais

regiões produtoras de café no país são: Mogiana Paulista (Nordeste de São Paulo),

Sul de Minas, Cerrado de Minas, Matas de Minas, Bahia, Paraná, Espírito Santo e

Rondônia. Somente o estado de Minas Gerais é responsável por 53% da produção

nacional (MARQUES, 2004). A cafeicultura destas regiões tem contribuído para que

o Brasil se destaque como o maior produtor de café do mundo.

De acordo com a CONAB (2012) o Estado da Bahia ocupou o quinto lugar no

Ranking em 2012. Relata ainda, que para a safra cafeeira de 2013vem se

confirmando uma evolução da redução da safra a ser colhida, principalmente, na

produção de café arábica das áreas tradicionais, denominadas como “Planalto”,

13

refletindo os efeitos da longa estiagem (seca) que ocorreu em 2012 e que ainda

perdura com menor intensidade neste ano de 2013. Especificamente no oeste

baiano, tradicional ofertante do café irrigado, as elevadas temperaturas

comprometeram o rendimento da lavoura CONAB (2012).

Em Vitória da Conquista, segundo Dutra Neto (2004) com a implantação do

café ocorreu muitas transformações, principalmente a dinamização econômica e o

desenvolvimento social. O autor argumenta que a cafeicultura no Sudoeste da Bahia

promove rentabilidade, desenvolvimento e geração de renda. Entretanto, o setor

aparenta ainda não ter alcançado um estágio de pleno desenvolvimento, sendo

comum a comercialização de café verde para ser exportado ou processado em

outras regiões/estado.

Os cafeicultores almejam a cada instante, informações que agreguem valor a

cultura. Percebe-se que um fator determinante é a questão empreendedora, mas

esta ferramenta ainda é pouco trabalhada. Pensando nisso, o presente estudo teve

como objetivo geral analisar a capacidade empreendedora dos cafeicultores do

Planalto da Conquista, e como objetivos específicos identificar as atitudes

envolvendo questões empreendedoras junto aos cafeicultores do Planalto da

Conquista; e analisar o grau de conhecimento da ferramenta empreendedorismo por

parte dos cafeicultores locais. Este estudo tem como problematização: Como os

cafeicultores do Planalto da Conquista veem a questão do empreendedorismo no

ramo do café?

14

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A raiz da palavra empreendedor vem de 800 anos atrás com o verbo francês

"entreprender" que significa "fazer algo". O empreendedorismo hoje é um fenômeno

global, existe uma clara ligação entre ele e o crescimento econômico.

Para Dolabela (2003, p.144):

O empreendedorismo está inserido em qualquer atividade, a partir do momento em que o indivíduo resolve deixar fluir o seu espírito empreendedor, começam a brotar ideias que formam o ciclo do empreender.

DRUCKER (2011, p. 39) diz que “Os empreendedores inovam. A inovação é o

instrumento especifico do espírito empreendedor. A inovação, de fato, cria um

recurso. Não existe algo chamado de “recurso” até que o homem encontre um uso

para alguma coisa na natureza e assim o dote de valor econômico”.

DEGEN (1989), em seu livro "O Empreendedor", citado por LONGHINI e

SACHUK (2000, p.3), ressalta as virtudes e a indispensabilidade da livre iniciativa,

tanto para o desenvolvimento profissional como para o desenvolvimento da

economia do país de modo geral. Argumenta ainda, que o sucesso não depende

apenas de "sorte", mas sim da aplicação sistemática de técnicas gerenciais. Relatam

as experiências bem sucedidas de alguns empreendedores, pautadas no uso de

técnicas gerenciais adequadas, dedicação, trabalho e criatividade como sendo

fatores importantíssimos para a obtenção de sucesso no empreendimento.

Na cafeicultura, por exemplo, os produtores estão cada vez mais buscando

informações junto a congressos, seminários, eventos, entre outros, para se atualizar.

Técnicas de melhoria da qualidade do café estão sendo introduzidas após a

participação nos eventos, mostrando que para obter melhores resultados na cultura

é necessário ter cursos de aperfeiçoamento.

Na cafeicultura são grandes os desafios, há uma necessidade de inovação

diariamente, principalmente por ser o café uma cultura que requer um alto

investimento tanto de capital quanto de mão-de-obra especializada.

Para o cafeicultor empreender, é um fator determinante, uma vez que a cada

instante no mercado do café o preço oscila. Percebe-se que atualmente, devido a

15

seca os produtores tem buscado informações para minimizar a situação das

lavouras, já que a estiagem compromete bastante a produção.

Empreendedorismo "trata-se simplesmente daquele que localiza e aproveita

uma oportunidade de mercado, criando a partir daí um novo negócio" (DRUCKER,

1987).Seria redundante dizer que a inovação é uma função chave no

empreendedorismo. No entanto, são vários os pesquisadores que ao se referirem ao

processo empreendedor aproximam-se bastante do conceito de inovação proposto

por Drucker (1987).

A inovação é o processo no qual os empreendedores convertem

oportunidades em ideias de mercado, vindo a ser o meio no qual eles se tornam

catalisadores das mudanças. Muitas das inovações de sucesso são simples e

fortemente focadas. Elas são dirigidas para uma aplicação específica, clara e

cuidadosamente bem planejada. Neste processo o empreendedor cria novos

clientes e novos mercados explorando as mudanças providas pelo ambiente da

organização (SCHROEDER,1990 apud PAIVA e PARDINI 2000, p.3).

Percebe-se que a inovação é um instrumento pelo qual os empreendedores

tipicamente exploram uma mudança. Por mais que existam casos de invenções que

criem mudanças é mais comum encontrarmos inovações que obtenham vantagem

em decorrência de uma mudança (PAIVA e PARDINI 2000, p.3). Portanto, Jacobino

(2001, p.22) refere que os empreendedores acreditam que poderão inovar mais,

colocar em práticas seus sonhos tomando os riscos necessários e querendo

aprender mais em menos tempo.

A atitude faz a diferença. Mais do que nunca, o mercado valoriza quem sabe

empreender. Há uma demanda crescente por profissionais com espírito

empreendedor. Não importa se ele é funcionário de uma empresa ou se esta

tocando seu próprio negócio. Inovação depende basicamente de como a pessoa

encara sua vida, e não o lugar onde esta trabalhando.

Diante deste contexto, e levando em consideração alguns aspectos que

afetam a oferta do produto no mercado cafeeiro como a tecnologia, o número de

produtores, o custo dos insumos, o clima, entre outros fatores (BARABACH, 2011),

parece estar claro a necessidade de desenvolver a capacidade empreendedora para

obter sucesso na cultura cafeeira.

16

2.1 Empreendedorismo Brasileiro

O movimento do empreendedorismo no Brasil começou a tornar forma na

década de 1990, quando entidades como Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às

Micro e Pequenas Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira para Exportação de

Software) foram criadas (DORNELAS, 2001, p. 25).O Sebrae é um órgão brasileiro

que em parceria com Softex oferece para as pequenas empresas brasileiras

consultoria e todo apoio de software.

Passados dez anos, pode-se dizer que o Brasil entrará neste próximo milênio

com todo potencial para desenvolver um dos maiores programas de ensino de

empreendedorismo de todo o mundo, comparável apenas aos Estados Unidos, onde

mais de 1.100 escolas ensinam empreendedorismo (DORNELAS, 2001, p. 25).

São inúmeras as ações que envolvem a capacitação do empreendedor como

os programas Jovem Empreendedor do Sebrae, como as instituições de Ensino

Superior que desenvolvem programas para o ensino do empreendedorismo. Além

da internet como uma ferramenta para a busca de informações sobre

empreendedorismo e até mesmo através do oferecimento de cursos online por sites

especializados.

Muitas vezes pela excitação as pessoas montam um negócio e com pouco

tempo de vida entra em colapso, talvez se esse indivíduo fosse instruído de forma

correta, passado por um treinamento e tendo assessoria em seu cotidiano, o seu

empreendimento seria de sucesso contínuo.

Para DORNELAS (2001, p. 40) “O talento empreendedor resulta da percepção,

direção, dedicação e muito trabalho dessas pessoas especiais, que fazem

acontecer. Onde existe este talento, há a oportunidade de crescer, diversificar e

desenvolver novos negócios”.

Quando se fala em talento muitas vezes se imagina que essa pessoa tem

vocação para ser dono do seu próprio negócio, mas é importante frisar que se não

há ideias e principalmente ideias inovadoras, o crescimento do negócio não será

garantido. Deve-se considerar ainda, que um dos principais aspectos para o

desenvolvimento de qualquer negócio é o capital, sem esse não há como o

empreendimento ter evolução.

17

2.2 O Surgimento da Cafeicultura no Planalto da Conquista

O café teve origem na Etiópia, país localizado na parte central do continente

africano. Todavia, os maiores propagadores da cultura no mundo foram os árabes.

O café chegou à Europa no século XIV, mas foi somente por volta de 1615 que

começou a ser consumido pelos europeus. Até então apenas os árabes dominavam

as técnicas de cultivo. Alemães, franceses e italianos buscavam a todo custo o

conhecimento dos segredos da planta, porém foram os holandeses que os

desvendaram, cultivando suas mudas nas estufas do Jardim Botânico de Amsterdã.

Após isso, o café, finalmente, tornou-se um hábito na cultura europeia. (UNICAFÉ,

2004)

Desde o final do século XIX, quando o café representava a maior parte da

receita brasileira (SAES, 1997), ocorriam variações no preço do produto, não

havendo acordos concretos no comércio internacional, sem mecanismos

reguladores capazes de equacionar o ganho dos maiores produtores, e de alicerçar

a produção dos pequenos, juntamente com o conjunto da produção voltada para

exportação.

O café é, portanto, um produto capaz de impulsionar e comandar a economia

de um país. A importância dessa atividade, principalmente em países

“subdesenvolvidos”, realça o setor primário no âmbito econômico. Este fato não

desmerece o país ou o setor, mas proporciona mais uma fonte para a geração de

divisas, servindo também para a manutenção do pequeno produtor no campo. A

produção cafeeira gera um aumento na receita cambial dos principais países

produtores, correspondendo a aproximadamente 5,5% da balança comercial,

gerando aproximadamente 7 milhões de empregos no campo e nos setores que

compreende o complexo agroindustrial do café. (ROSAS, 2002. p. 30).

Vitória da Conquista é uma cidade situada na região Sudoeste do estado da

Bahia, a 500 km de Salvador e próxima ao estado de Minas Gerais. De acordo com

dados do IBGE (2009), possui uma extensão territorial de 3.204,26 km e população

de 318.901 habitantes. Ganhou o status de cidade em 1891, a qual inicialmente

chamava-se Conquista e só na década de 40 do século passado passou a ser

denominada Vitória da Conquista. Em 1920 já era considerada uma cidade

relativamente grande e já possuía dezesseis distritos. Destacava-se pelo comércio

de produtos agrícolas e pecuários a nível local e com as outras cidades

18

circunvizinhas, pois dentre outros motivos, possuía localização geográfica propícia

ao comércio (IBGE, 2009).

Posteriormente, com a construção da estrada que liga Brumado a Ilhéus na

década de 40 e da rodovia federal BR 116, também conhecida como Rio–Bahia, em

1963, o comércio conquistense foi se desenvolvendo e foi consolidando a

importância da cidade na região. Conjuntamente a isso teve um crescimento

populacional, que dentre outras coisas, teve como causa a migração de pessoas

vindas de outras cidades do próprio estado ou de outros, principalmente os estados

de Minas Gerais, Sergipe e Pernambuco (IBGE, 2009).

Em 1975, ocorreram geadas no Paraná, que comprometeram toda a lavoura

cafeeira no Sul do País. Dessa vez, a quebra da safra na região Sul favoreceu o

café produzido em Vitória da Conquista e Barra do Choça pois o preço do café no

mercado internacional chegou em 1977 próximo de US$ 500,00 a saca, fomentando

com isso, a produção local(PANOBIANCO, 2010). Vieram muitas pessoas de outras

regiões para investirem na lavoura cafeeira. Dessa forma o café começou a

proporcionar o crescimento da região, vindo a surgir diversos empreendimentos no

município, tais como:

Beneficiadoras;

Comércios e Indústrias;

Corretoras;

Importadoras e Exportadoras;

Torrefações e Moagens; entre outros.

A partir do final dos anos 80 com a crise no setor cafeeiro, o setor de serviços

ganha destaque na economia conquistense. Este setor passa a atender a demanda

de pessoas da própria cidade e de várias outras da região sudoeste da Bahia,

incluindo algumas cidades mineiras.

Este cenário se justifica pela diversificação na oferta de serviços e ampliação

do comércio que começou a atrair indivíduos de outras localidades regionais,

dinamizando a economia local (ALMAS, 2009).

Assim, o município de Vitória da Conquista se consolidou como um

importante entreposto comercial e de serviços, influenciando, aproximadamente, 80

municípios do nordeste do Estado de Minas Gerais e do Sudoeste do Estado da

Bahia.

19

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Procedimentos Metodológicos da Pesquisa

A pesquisa foi realizada com base em entrevistas a cafeicultores de Vitória da

Conquista, Encruzilhada, Poções e Barra do Choça considerando a identificação, a

análise e a compreensão das inferências dos sujeitos envolvidos. Condição esta que

lhe atribui uma proposta metodológica condizente com as abordagens qualitativa e

quantitativa em pesquisa social.

Para Flick (2004, p. 20), embora a pesquisa qualitativa apresente aspectos

próprios essenciais, que podem ser listadas como “apropriabilidade de métodos e

teorias; perspectivas de seus participantes e sua diversidade; reflexividade do

pesquisador e da pesquisa; variedade de abordagens e métodos na pesquisa

qualitativa”, ela pode ser propulsora de tratamentos diversos, dentro das

peculiaridades temáticas e metodologias diversas:

Os aspectos sociais em pesquisa qualitativa [...] consistem na escolha correta de métodos e teorias oportunos, no reconhecimento e na análise de diferentes perspectivas, nas reflexões dos pesquisadores a respeito da sua pesquisa como parte do processo de produção do conhecimento, e na variedade de abordagens do

método. (FLICK, 2004, p. 20).

Com isso, depreende-se de que a pesquisa qualitativa apresenta orientação

para o estudo de casos concretos em sua peculiaridade local e temporal, sem

pretensão de constatação com base em hipóteses a priori, considerando as

inferências e atividades das pessoas em seu próprio local de vivência. (FLICK, 2004,

p.29).

Com base nessa inferência é possível deduzir que a pesquisa qualitativa

possibilita, de certa forma, o envolvimento necessário à garantia de manifestação

dos envolvidos e, até mesmo, a indispensável reorientação dos procedimentos

metodológicos quando determinada situação assim o exigir.

Cumpre ao pesquisador a observância sobre a sua questão de pesquisa e o

cuidado em não enquadrar o desenvolvimento da pesquisa em um procedimento

específico em detrimento de outro. Muita discussão vem sendo levantada sobre as

diferenças entre as abordagens qualitativa e quantitativa, como se a adoção de uma

implicasse, inevitavelmente, na refutação da outra.

20

Nesse sentido, Günther (2006) ressalta que o pesquisador não precisaria

optar entre um método ou outro, dando vida a uma abordagem e desprezando a

outra, ambas podem serem utilizadas e adequadas a uma mesma questão de

pesquisa:

Para o processo de investigação científica, tal perspectiva implica que o pesquisador, enquanto consumidor de pesquisa, na fase da revisão de literatura, não se deve restringir a resultados frutos de uma determinada abordagem, ignorando ou, até, vivificando as demais, muitas vezes por falta de conhecimento. Enquanto participante do processo de construção de conhecimento, idealmente, o pesquisador não deveria escolher entre um método ou outro, mas utilizar as várias abordagens, qualitativas e quantitativas que se adequam à sua questão de pesquisa. (GÜNTHER, 2006, p.207).

Para Fischer (2006), ambas as abordagens: qualitativa e quantitativa podem

contribuir concomitantemente para o desenvolvimento de um mesmo trabalho:

[...] pode-se perceber que motivações, conceitos ou categorias sustentam o processo de realização da pesquisa qualitativa; da mesma forma, percebe-se que a definição de critérios e procedimentos de credibilidade parte de pressupostos diferenciados daqueles que sustentam a pesquisa quantitativa. Mas isso não exclui, a priori, um trabalho de complementaridade entre dimensões qualitativas e quantitativas. Trata-se de analisar o que se quer e de assumir uma posição crítica quanto ao escopo dos resultados possíveis de serem alcançados, em qualquer opção feita. (FISCHER, 2006, p. 11-12).

Esses pressupostos condizem com a proposta desta pesquisa que adota em

seu procedimento metodológico a abordagem quantitativa por meio do trato com as

variáveis, oriundas da técnica de aquisição dos dados, através dos questionários

aplicados; e, qualitativa, em função da reflexão dos pressupostos teóricos

subjacentes, inerentes à questão problema, bem como da própria análise dos dados

obtidos e do contexto da pesquisa de modo geral.

21

3.2 População e Amostra

O presente trabalho utilizou como população os cafeicultores de Vitória da

Conquista, Barra do Choça, Encruzilhada e Poções. Para a definição da amostra foi

utilizada, inicialmente, a observação e posteriormente amostragem aleatória. Foram

distribuídos 43 (quarenta e três) questionários, e 38 (trinta e oito) questionários

foram devidamente respondidos.

3.3 Instrumentos de pesquisa

Os instrumentos de investigação são de fundamental importância à feitura da

pesquisa. A pesquisa foi realizada através de um único instrumento, um questionário

semiestruturado com perguntas sobre o produtor, a propriedade, manejo da cultura,

comercialização e empreendedorismo (Apêndice A).

Quanto ao Município, os 38questionários respondidos foram assim divididos:

Vitória da Conquista 08(oito) questionários;

Barra do Choça 09(nove) questionários;

Encruzilhada 09(nove) questionários;

Poções 12(doze) questionários.

3.4 Levantamento e análise dos dados

Os dados coletados foram obtidos através da aplicação de questionários,

pessoalmente, para que fosse possível orientar o cafeicultor em caso de dúvida

quanto ao preenchimento das respostas. O conjunto de informações levantadas

permitiu uma análise qualitativa inicialmente, e posteriormente quantitativa, face aos

dados mensuráveis considerados para o estudo.

22

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização dos Produtores: Dados Pessoais e Funcionais

Na análise social percebe-se quanto a variável sexo dos entrevistados que a

maioria dos cafeicultores são homens. É importante considerar que o grande

percentual 92% indica que a presença de profissionais do sexo masculino ainda é

uma constante no ramo da cafeicultura.

Quanto aos dados sobre o estado civil dos cafeicultores 68% são casados, 16%

são solteiros, divorciados ficando com 5%. Cerca de 11% não quiseram opinar

quando ao seu estado civil.

Quando questionados sobre a idade os cafeicultores assim responderam: 13%

dos produtores tem entre 18 a 30 anos, de 31 a 40 anos com 16%, com 41 a 50

anos ficando com um percentual de 26% e com 45% pessoas acima de 50 anos.

Com relação ao grau de escolarização dos entrevistados, os dados

demonstram através de porcentagem que 50% possuem apenas o 1º grau

incompleto. 18% dos cafeicultores têm 2º grau completo e 8% incompleto. Já no 3º

grau, 8% incompleto e 13% completo, e apenas 3% são analfabetos, mostrando

assim, que os cafeicultores estão cada vez mais buscando aprendizado e mais

conhecimento.

É importante frisar que a partir do processo de aprendizagem, quanto maior ou

mais evoluído o sujeito, será mais fácil para este adquirir conhecimentos e seguir

orientações, principalmente na formação empreendedora, é muito importante que os

cafeicultores tenham melhor grau de instrução para poder obter informações e

aplicar em suas propriedades.

23

Gráfico 1 - Distribuição dos cafeicultores quanto ao tempo de cafeicultura no Planalto da Conquista

No Gráfico 1,observa-sequanto tempo o entrevistado tem na atividade de

cafeicultura. Os dados encontrados mostram que desde o inicio da implantação da

cultura do café na região até os dias atuais muitos produtores estão entrando na

atividade e se esforçando para se manter no ramo da cafeicultura.

Na analise quanto ao tamanho de cada propriedade depara-se que de um

total geral de 1.857 hectares (ha) o município de Barra do Choça aparece com uma

área de 205 ha; Encruzilhada com 547 ha; Poções com 299 ha; e Vitória da

Conquista com 806 ha.

Na tabela 1, mostra-se a situação de todas as propriedades analisadas quanto

a utilização da área em hectares. No geral ficaram assim distribuídas: destinados à

cultura do café 41%, voltados para a agricultura 35%, vinculados à pastagem 15% e

9% para a reserva Legal.

Tabela 1 - Utilização da Área das Propriedades no Planalto da Conquista

Variável Condição Unidades

Utilização da área

Café 767 Hectares

Agricultura 55 Hectares

Pastagem 275 Hectares

Reserva legal 159 Hectares

Outra finalidade 01 Hectares

24

Na Tabela 2 apresentam-se dados relativos as propriedades. Quanto à posse

da terra percebe-se claramente que a maioria dos cafeicultores é proprietário desta,

sendo que 8% são cedidas muitas vezes pelos próprios familiares, 2% arrendadas e

16% são assentados.

Quanto ao sistema de cultivo de preparo do solo, a maioria dos cafeicultores,

utiliza o sistema manual de produção, e apenas 39% faz uso do sistema

mecanizado.

Tabela 2 - Caracterização das Propriedades no Planalto da Conquista

Posse da Terra Unidades

Própria 28

Arrendada 01

Cedida 03

Outros (Assentados) 06

Preparo do Solo Unidades

Mecanizado 15

Manual 23

Plantio Unidades

Mecanizado 09

Manual 29

Colheita Unidades

Mecanizado 09

Manual 29

Para o plantio 24% dos cafeicultores já fazem uso do sistema mecanizado,

mostrando que cada vez mais há uma demanda por qualificação profissional para os

produtores cafeeiros.

Foi observado que a maior parte dos cafeicultores ainda utiliza mão-de-obra no

processo de colheita, elevado custo da colheita mecanizada.

25

Tabela 3 - Tratos Culturais do Cafezal no Planalto da Conquista

Uso de Defensivos na Cultura Unidades

Sim 29

Não 09

Uso de Fertilizantes Unidades

Sim 33

Não 05

Uso de Herbicidas Unidades

Sim 28

Não 10

Sistema de Irrigação Unidades

Sim 10

Não 28

Pode-se constatar na Tabela 3 que a grande maioria dos produtores utilizam

defensivos, justificando que este sistema tem favorecido o controle de pragas e

doenças, como a broca, a cochonilha, o bicho-mineiro e a ferrugem do cafeeiro.

O presente conjunto de dados permite identificar que a grande maioria dos

produtores faz uso de fertilizantes e apenas 13% dos cafeicultores não utilizam

desse mecanismo

É possível observar ainda que apenas 26% dos cafeicultores não aplicam

herbicidas na lavoura. .

Como pode ser visto a irrigação tem sido utilizada como ferramenta para

superação de déficit hídrico em, aproximadamente, um quarto das lavouras. Os

cafeicultores justificaram que para fazer o sistema de irrigação os custos são altos e

muitas vezes não tem recursos para desenvolver esse sistema em suas

propriedades.

Nas propriedades analisadas que possuem irrigação, é possível visualizar no

gráfico 2 abaixo, que o tipo de sistema de irrigação mais utilizado pelos produtores é

a aspersão. Os produtores relataram que esta opção se dá pelo menor custo de

implantação deste sistema de irrigação.

26

Gráfico 2 – Métodos de Irrigação utilizado pelos Cafeicultores do Planalto da Conquista

Observa-se a partir do gráfico 3 que apenas uma pequena parcela dos

cafeicultores tem estufa, secador próprio, despolpador e descascador. Alguns

produtores fazem uso de secador alugado 2%, 4% não faz beneficiamento e apenas

1% utiliza secador comunitário. Para efeito de análise na cafeicultura, percebe-se

que os produtores estão cada vez mais buscando alternativas de obter mais

rentabilidade com o custo da produção.

Gráfico 3 - Beneficiamento da Produção utilizado pelos Cafeicultores do Planalto da Conquista

Secador Próprio

21%

Secador alugado

de terceiro

s 2%

Despolpador 23%

Descascador 15%

Estufa 28%

Terreiro 6%

Secador Comunitário

1% Não faz

beneficiamento

4%

27

Gráfico 4 – Sistema de Mecanização utilizado pelos Cafeicultores do

Planalto da Conquista

A modernização da agricultura expande a cada ano, pode-se vê esse reflexo

na cafeicultura. Observa-se a partir do gráfico 4, que 40% dos entrevistados

possuem máquinas e equipamentos próprios, ficando 26% com a utilização de

máquinas e equipamentos alugados. Ainda nessa análise 13% dos cafeicultores tem

parte própria e parte alugada de equipamentos de mecanização e uma pequena

parcela 21% não utiliza nenhum equipamento.

Para alguns produtores a mecanização é a melhor alternativa, pois com a

utilização de máquinas e equipamentos adequados os resultados na produção do

café são visíveis e a diminuição nos custos, garante melhores resultados na safra.

Ainda segundo os cafeicultores entrevistados, quando se tem equipamentos

próprios, além de ter maior eficiência dos agentes de produção há também, um

aumento significante na produtividade do café, ou seja, diminui o nosso tempo de

trabalho e principalmente, produzimos um café com maior valorização no mercado.

28

Gráfico 5 – Atividade de Cafeicultor no Planalto da Conquista

A cafeicultura é considerada umas das culturas que requer maior atenção em

toda a sua cadeia produtiva, pensando nisso, os cafeicultores foram questionados

quanto a iniciativa da atividade da cafeicultura. Em resposta aos questionamentos,

visualiza-se no gráfico 5que atualmente, apenas 42% dos cafeicultores afirmam

gostar de atuar na área da agricultura, informaram ainda que dedicaram muitos anos

de suas vidas a lavoura, e continua dedicando.

Com relação à atividade de cafeicultor 26% dos produtores respondeu que

iniciou a atividade por falta de oportunidade/emprego, um dos principais fatores que

levam o homem a trabalhar no campo na região. Informaram ainda, que o

oferecimento de vagas no mercado de trabalho muitas vezes não se encaixa no

perfil do cafeicultor, dificultando assim as possibilidades de atuação no mercado.

No que se refere o questionamento do café como herança passada de pai

para filho as respostas indicam que 16% dos cafeicultores desenvolvem essa

atividade por influência dos pais que já vem desenvolvendo essa atividade por vários

anos.

Nos dias atuais a necessidade das pessoas de deslocar de um lado para o

outro em busca de novas oportunidades de negócios vem sendo comum,

principalmente no ramo do café, onde a criatividade é um elemento essencial. De

acordo com as entrevistas sobre a complementação de renda, 11% dos

entrevistados informaram que ampliam sua renda com outras atividades, uma vez

que o preço do café sofre muitas oscilações, dificultando assim ter um valor exato do

produto no mercado.

29

Gráfico 6 – Padrão de Qualidade do Café no Planalto da Conquista

O novo cenário de consumidores de café esta cada vez mais exigente, produzir

um café de qualidade é o que todos almejam. Os cafeicultores informaram que para

garantir a qualidade do café, utiliza no processo de colheita, a colheita manual,

fazendo a separação do grão maduro para o processamento do café.

Em questionamento feito aos cafeicultores sobre os padrões de consumo de

café produzido em suas propriedades, verifica-se no gráfico 6 que a maioria dos

entrevistados 45% informaram que já conseguem atingir o café de bebida dura.

Ainda em relação os padrões de qualidade 21% dos cafeicultores informaram

que produz o café de bebida mole que é a de mais alta qualidade na cafeicultura,

além de exigir um manejo mais especializado, pois são necessárias as técnicas

corretas para obter melhores resultados e manter a qualidade do café. Alguns

produtores informaram ainda, que para produzir um café de excelência além de todo

cuidado com manejo da cultura é fundamental importância produzir o café com muita

dedicação.

30

Tabela 4 – Produtos que comercializam no Planalto da Conquista

Na tabela 4, as respostas evidenciam que além do café, 52% dos

cafeicultores comercializam dentre outros produtos banana, cultura essa utilizada

também como forma de quebra-vento na cultura do café. Segundo os entrevistados

a função do quebra-vento nas propriedades tem diversas funções, entre elas,

proteger e conservar a umidade do solo, e principalmente, elevar a eficiência da

irrigação e do uso da água.

Quanto aos produtos que são comercializados pelos produtores foram citados

ainda o feijão, o milho e a mandioca que além de ser outra fonte de renda, na

grande maioria é utilizado para o próprio consumo.

Ainda na análise dos produtos que comercializam, nota-se pelos resultados

que a diversificação de culturas não é muito utilizada pelo grupo em estudo, uma vez

que se houvesse o cultivo de outras culturas agregada a da cafeicultura,

provavelmente haveria melhores retornos econômicos aos cafeicultores.

Alternativas Respostas

Banana 20

Feijão 09

Milho 07

Mandioca 07

Só café 07

Laranja 02

Gado de Leite 01

Gado de Corte 02

Madeira de Eucalipto 01

Outros 03

31

Gráfico 7 - Grau de conhecimento sobre empreendedorismo com os cafeicultores do Planalto da Conquista

Com o empreendedorismo, o indivíduo se sente mais valorizado, mais

capacitado e principalmente, mais satisfeito. O desenvolvimento das atividades

diárias são aprimoradas, as habilidades são mais ampliadas e quando se faz

negociações os resultados são mais viáveis.

Assim, “a ênfase em empreendedorismo surge muito mais como

consequência das mudanças tecnológicas e sua rapidez, e não é apenas um

modismo”. (DORNELAS, 2001, p. 20).

Percebe-se que o empreendedorismo está presente em todos os âmbitos,

seja, na educação, na agricultura, na saúde, enfim, em todos os setores.

Em relação ao tema empreendedorismo, os resultados obtidos através das

respostas dos cafeicultores são apresentados no gráfico 7,onde uma grande parte

dos cafeicultores desconhece totalmente o tema, informaram que nunca ouviram

falar sobre este. Com referência ao tema 10% dos entrevistados informaram que

conhece muito bem essa ferramenta, disseram ainda, que para as propriedades

rurais obterem sucesso é necessário que desenvolvam uma mentalidade

empreendedora, que só assim terão mais possibilidades de alavancar o

empreendimento rural.

Este fato indica que é necessário aperfeiçoar os cafeicultores e motivá-los a

buscar conhecimentos relevantes e significativos acerca desta ferramenta que é

grande importância para a gestão do seu negócio.

32

Gráfico 8 – Percepção do cafeicultor do Planalto da Conquista enquanto Empreendedor

“Empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para

capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados”. (DORNELAS, 2001, p. 38).

Os empreendedores enfrentam dificuldades ao longo de sua trajetória, nunca

desistindo de seus sonhos, a cada momento ele inova e busca alternativas para as

dificuldades que surgem no dia a dia.

Com relação à questão do cafeicultor em se considerar empreendedor, verifica-

se no gráfico 8 que os resultados demonstram que a grande maioria dos

cafeicultores, ou seja, 63% consideram-se empreendedores, sinalizando que são

pessoas persistentes, comprometidas e que sempre buscam oportunidades para

melhorar o manuseio do café e principalmente, correm riscos, pois o café é uma

cultura que exige muita dedicação, desde o plantio até o pós-colheita.

Compreende-se que, de acordo com os entrevistados, o número de

empreendedores pode ser melhorado, através de capacitações para preparar melhor

este produtor, ao mesmo tempo em que se busca uma valorização mais ampla no

mercado competitivo e desenvolver um plano de negócios junto a este público.

33

Gráfico 9 – Percentuais de cafeicultores do Planalto da Conquista que conhecem um Plano de Empreendedorismo

O plano de negócios é uma ferramenta dinâmica, mas não é a única forma de

se chegar ao sucesso pessoal, profissional ou empresarial.

Como afirma (Lenzi, 2009, p.74) “É um dos maiores suportes que o produtor

pode ter nessa trajetória, permitindo que avalie constantemente todas as ações que

vem realizando e se o está ajudando na sua trajetória para as conquistas que

visualiza”.

O presente conjunto de dados permite identificar a partir do gráfico 9 que,

48% dos cafeicultores nunca ouviram falar em Plano de Empreendedorismo. Já os

28% que sempre ouviram falar em plano de empreendedorismo, informaram que é

uma ferramenta que identifica as deficiências na cafeicultura, ajuda a conhecer a

concorrência e a planejar as ações futuras. Percebe-se que é impossível conceber

que uma empresa obtenha sucesso sem que haja um planejamento detalhado da

sua criação, do seu desenvolvimento e da sua expansão. O plano de negócio é peça

fundamental para que todo um projeto de uma empresa seja bem sucedido

O planejamento representa, para muitos, uma barreira para que as ações de

fato aconteçam. Em outras palavras, algumas pessoas pensam que o planejamento

burocratiza a realização de alguma ação, pois exige que haja uma organização

prévia de todas as etapas de execução, e isso pode exigir que seja investido um

tempo significativo. (LENZI, 2009, p.62).

Os entrevistados demonstram que o planejamento de fato é uma barreira para

que as ações aconteçam na cafeicultura. Sobretudo, entende-se que os

34

cafeicultores temem desenvolver um plano de empreendedorismo, muitas vezes por

serem conservadores e muitas vezes com receio de mudanças.

Tabela 5 - Grau de motivação - Plano de Empreendedorismo com os cafeicultores

do Planalto da Conquista

O mundo dos negócios esta em constantes mudanças, para sobreviver é

preciso romper barreiras, uma vez que o mercado está cada vez mais competitivo.

Quando questionados sobre o grau de motivação para participar de um Plano

de Empreendedorismo os dados da tabela 5 mostram que 47% dos cafeicultores

estão dispostos a participar da iniciativa, pois a cada momento são implantadas

novas tecnologias, principalmente através da mecanização que vem acontecendo

nas propriedades e quando há planejamento a possibilidade de se agregar valor ao

produto com custos reduzidos são decisivos para o bom desempenho do comércio.

Ainda na análise, um número considerável 37% dispõe-se a colaborar com

uma iniciativa desse tipo, porém em grau limitado, resultados que apontam a

necessidade de serem esclarecidas as vantagens de um Plano de Negócios junto

aos cafeicultores do Planalto da Conquista.

Alternativas Respostas

a) Não tem motivação alguma para participar, mas acha que a iniciativa vale a pena. 01

b) Não tem motivação para participar, e acha que a iniciativa não vale a pena. 01

c) Dispõe-se a colaborar com uma iniciativa desse tipo, em grau limitado 14

d) Está disposto a participar ativamente da iniciativa. 18

e) Não tem condições de responder, pois não conhece esse tipo de plano 04

35

Gráfico 10 - Seca e Preços Baixos no Planalto da Conquista

A cultura do café envolve muitas incertezas e riscos, de maneira especial em

relação às flutuações no preço e na produtividade, provocadas principalmente pelas

variações climáticas e pela bianualidade inerente à cultura. Em 2013, por exemplo,

tivemos uma das maiores crises no ramo cafeeiro, devido à falta de chuva.

No gráfico 10, quando questionados sobre os períodos de seca e preços

baixos quais as alternativas que os cafeicultores utilizam para se manter no ramo do

café, 29% dos entrevistados informaram que se utiliza de outras culturas juntamente

com a do café para obter outra fonte de renda, coma venda de outras culturas, pois

enquanto o café enfrenta dificuldades a cultura auxiliar dá um retorno financeiro para

arcar com as despesas orçamentárias.

Ainda questionados sobre os períodos de secas e preços baixos, 24% dos

cafeicultores informaram que além de outras culturas utilizam-se linhas de crédito

através dos bancos, pois este tipo de financiamento de crédito tem taxa de juros

menores e com maiores prazos para pagar.

Dessa forma, para se manter no mercado de trabalho é necessário tomar

decisões apropriadas, pois todo o conhecimento sobre o ramo de atividade que

exerce é de fundamental importância para o bom desempenho, principalmente na

cafeicultura.

36

“Nossa estratégia esta focada em aumento de produtividade e controle de

custos. Os momentos de preços baixos são entendidos como fases, onde a

atividade não remunera”.

Além de utilizar estas ferramentas, alguns produtores mais ousados lançam

mão do empréstimo financeiro ou de outro negócio para movimentar a cafeicultura.

Na verdade, o que motiva a maioria dos cafeicultores, tanto funcionários,

quanto donos do negócio não é apenas o sucesso profissional e financeiro. A maior

fonte de satisfação esta no desenrolar do trabalho, nas descobertas e no

aprendizado contínuo, principalmente em tempo de crise.

Gráfico 11 - Associação e Cooperativa no Planalto da Conquista

O comportamento cooperativo já estava presente desde os primeiros

aglomerados humanos, ainda nômades, apresentando indícios mais ou menos

precisos de ações de cooperação entre os indivíduos nas atividades de pastoreio e

no cultivo das primeiras lavouras. (CAMPOS, 2001). O cooperativismo é a forma de

agir seja ela coletiva ou individual, com o mesmo objetivo.

Na cafeicultura percebe-se que uma grande parte dos cafeicultores são

sócios de alguma associação ou são cooperados da COOPERBAC, gráfico 11.Os

resultados revelam que 37% dos entrevistados informaram fazer parte desta

cooperativa, e que através dela as pessoas se unem para formar uma empresa

coletiva e democrática, onde todos opinam e acompanha o desenvolvimento dos

trabalhos.

37

Ainda em relação a associações e cooperativas 34% dos entrevistados

participam de uma associação, uma das melhores tomadas de decisão, uma vez

que quando há um grupo organizado discutir novas ideias para a cafeicultura, os

resultados dos trabalhos são melhores, fortalecendo ainda mais a cultura do café.

Gráfico 12 - Parceria na Cafeicultura no Planalto da Conquista

Às vezes, um fornecedor ou um cliente pode ser um parceiro estratégico para

o negócio. Em conjunto com parceiros estratégicos, a empresa pode fechar um

grande contrato, discutir a entrada em um importante mercado em crescimento,

impedir a entrada de outros potenciais competidores em seu mercado. (DORNELAS,

2001, pg. 131).

No gráfico 12, percebe-se que 60% dos cafeicultores não fazem parceria para

agregar valor ao trabalho da cafeicultura, é importante ressaltar que dependo da

parceria, muitas vezes o negócio tende a crescer cada vez mais, abrindo portas para

novos investimentos e principalmente, as possibilidades da empresa se manter no

mercado são muito maiores.

Ainda em relação a parcerias, este é um processo que deveria ser estimulado

pois aumenta a participação no mercado, gera mais oportunidades e permite

melhorar os conhecimentos para o bom desempenho da cafeicultura.

38

Gráfico 13 - Informações sobre o mercado de Café com os Cafeicultores no Planalto da Conquista

Quando questionados de que forma acompanham as informações sobre o

mercado de café, visualiza-se no gráfico 13, que 36% dos cafeicultores informaram

que são através de programas de televisão, por ser o meio de comunicação mais

accessível.

Ainda em relação as informações sobre o mercado de café 30% dos

entrevistados disseram obter dados através de conversais informais, uma vez que é

um costume das regiões produtoras de café e 16% dos produtores disseram acessar

a internet como um canal de comunicação para obter conhecimentos sobre a cultura

e acompanhar as notícias sobre a cafeicultura.

No mundo contemporâneo, interligado por estreitas relações econômicas,

sociais e políticas, fruto da vertiginosa expansão das tecnologias da informação e da

comunicação, a informação tornou-se um dos mais poderosos instrumentos nas

estratégias e nas decisões de qualquer natureza (REZENDE, ROSADO, GOMES,

2007).

39

Tabela 6 - Técnicas de melhoria na produção do café com os cafeicultores do Planalto da Conquista

As técnicas de melhoria na produção do Café são de fundamental importância

para o oferecimento de um produto com melhor qualidade, bem como um melhor

desempenho da cultura.

Na tabela 6, verifica-se que quando questionados quanto à participação em

seminários, eventos e congressos informaram buscar constantemente o

conhecimento com vistas a atender melhorias da cafeicultura.

Os produtores mencionaram algumas técnicas ensinadas nestes eventos que

ajudam a produção do café, como podem ser observadas na tabela 7:

Tabela 7 - Técnicas aplicadas nos eventos de cafeicultura

CATEGORIA TÉCNICA UTILIZADA

INSUMOS

“Aplicação de granulado no solo” (S1) “Análise de solo, adubação e manejo da cultura”(S2) “Adubação – modo de aplicação, aplicar de03 a 04 vezes adubo ao ano”. (S7)

MECANIZAÇÃO

“Mecanização parcial de todos os tratos com a lavoura e a mecanização total da colheita”. (S3) “Revitalização do café, adubação e correção do solo. Essas técnicas não eram utilizadas até algum, tempo atrás”. (S8) “Mecanização da colheita e a utilização de novas variedades de café [...]”. (S23)

CONSULTORIA

“Através de conversas com os amigos”.(S4), (S29). “Através das pessoas que compram e vendem café”. (S9) “Com os agrônomos”. (S22) “Consulta com técnicos e representantes”. (S12) “Visitando outras propriedades”. (S27)

SUSTENTABILIDADE

[...]utilizar técnicas de manejo, deixar restos de cultura para melhoria do solo, não fazendo queimadas no mesmo.” (S19) “Tratamento do café (doenças, adubação e análise de solo)”. (S10), (S11). “Secagem do café, manejo da colheita através da redução da altura da planta do café”. (S13) “Não jogar agrotóxicos no café”. (S15)

Alternativas Respostas

Participação em Seminários 19

Participação em Eventos 17

Através da INTERNET 14

Participação em Congressos 14

Informações através de Jornais e Revistas 17

TV 10

40

Quando questionados sobre a divulgação do Café, os cafeicultores sinalizaram

diferentes opiniões, (Certo & Peter, 1993) “definem estratégia sob um enfoque

administrativo, em que essa é um processo contínuo interativo que visa a manter

uma organização como um conjunto apropriadamente integrado ao seu ambiente,

agindo segundo etapas definidas e de forma contínua”.

Assim, os cafeicultores analisaram que existem diversos meios de divulgação

da lavoura, sendo desta forma, mencionados diversas vezes e por uma grande

parcela dos entrevistados. Assim, os meios que mais aparecem são:

“Atravessadores”; “Corretoras de Café”; “Sites”; “UESB”; “Cooperativas”; “Concurso

de qualidade”.

Quando foram questionados quanto às expectativas para a produção de café

os cafeicultores argumentaram situações diversas, geralmente com fundamentação

baseada no custeio da cultura e na difícil manutenção exigida pela mesma, que

segundo Fontes (2001) “É necessário que o cafeicultor adote uma postura mais

empresarial, agindo com racionalidade administrativa e utilizando os diversos

instrumentos produtivos, financeiros e comerciais disponíveis, que vão lhe propiciar

essa racionalidade”. Desta forma, os cafeicultores opinaram principalmente esperar

melhoria no preço e aumentar a produtividade e renda. Foi citado também a

possibilidade de sair do ramo devido a insatisfação com os resultados na cultura.

Quando foram questionados se fossem para iniciar a atividade da cafeicultura

nos dias de hoje, os cafeicultores tiveram respostas distintas, ressaltando o custo da

cultura. As respostas mais significativas foram:

“Que só vai sobreviver em café quem for altamente produtivo e com a

mecanização da colheita e principalmente produzir um café de qualidade e

não começaria com o café nos dias de hoje, porque é uma cultura que exige

alta tecnologia e depende muito da economia do exterior.” (S23).

“Não, É uma atividade que exige um trabalho e investimento intensivo, com

uma grande responsabilidade (principalmente aspectos trabalhistas) e não há

retorno financeiro proporcional, além disso, a fazenda de café é um patrimônio

sem liquidez”. (S24).

“Não saio nunca do ramo do café, pois acredito na cultura. Faço a renovação

da lavoura e desenvolvo a análise SWOT para verificar os pontos fracos e

fortes da cultura em minha propriedade”. (S25).

41

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O café é um produto capaz de impulsionar e comandar a economia de um

país, mas o seu cultivo é de grande dificuldade e precisa ser manejado

corretamente. O cultivo do café precisa ser revisto uma vez que se trata de uma

atividade que necessita de dedicação intensa, o que exige uma nova forma de olhar

para essa cultura.

Durante as entrevistas, ficou evidente que os cafeicultores necessitam de

informações e principalmente de planejamento e acompanhamento. A falta de

conhecimento com o manejo da cultura é visível, por isso há um custo além do que

se prevê muitas vezes em seus orçamentos, levando-os a utilizarem recursos de

outras fontes para se manter no ramo do café.

Os cafeicultores desconhecem o significado do termo empreendedorismo,

mas quando questionados se são empreendedores, respondem afirmativamente,

contradizendo desconhecimento do próprio termo.

Nem todos os produtores pretendem permanecer no ramo do café, por ser

esta uma cultura que demanda tempo e dinheiro, exige alta tecnologia e

principalmente por causa das variações climáticas.

Demonstra-se neste trabalho a demanda de um plano de empreendedorismo

junto a esse público, uma vez que com o planejamento, os produtores saberão de

fato o tanto e o quanto investir; a época certa de adubar, o momento adequado de

venda, entre outras práticas que são necessárias para a cafeicultura.

Recomenda-se acreditar no potencial dos cafeicultores do Planalto da

Conquista. Neste caso, é importante que se desenvolva e implemente-se um

Programa de Empreendedorismo junto aos cafeicultores locais, a fim de buscar,

através desta ferramenta, resultados que venham a contribuir para o

desenvolvimento e crescimento deste grupo, assim como de todos os envolvidos

nesta importante cadeia produtiva.

42

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, L. G. Competitividade e Recursos Humanos. Revista de Administração da USP. São Paulo: Editora USP, 1992. ALMAS, Rondinaldo Silva das. Serviços e desenvolvimento em Vitória da Conquista/BA. Disponível em: <rondinaldo.blogspot.com/> Acesso em 17 de novembro de 2009. BARABACH, Gil. Café: análise fundamental e introdução à comercialização. In Curso café análise fundamental e introdução à comercialização. Guaxupé-MG, 2011. CAMPOS, Gilberto Alexandre. Aprendizagem em organização cooperativa: um estudo de caso na cooperjuriti 2001. 174p. Dissertação – (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção: Universidade Federal de Santa Catarina; Florianópolis; 2001. CERTO, S. C.; PETER, J. P. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. São Paulo: Makron Books, 1993. 469 p. Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Disponível em http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1252&t=2. 2012. DEGEN, Ronald Jean. O Empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: Makron Books, 1989. DOLABELA, Fernando. Pedagogia Empreendedora. São Paulo: Cultura Editores, 2003. DORNELAS, José Carlos A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2001. DUTRA. Claudionor Neto. Desenvolvimento regional e agronegócio.1ª Ed. Vitória da Conquista, BA: Ed. Do Autor, 2004. DRUCKER, Peter F. Inovação e Espírito Empreendedor. 6º ed. São Paulo: Editora Pioneira,1987. FILION, Louis Jacques. Empreendedorismo: empreendedores e proprietários-gerentes de pequenos negócios. RAUSP – Revista de Administração da Universidade de São Paulo. SP, abril/jun.1999. FLICK, Uwe. Uma introdução à pesquisa qualitativa. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. FISCHER. Maria Clara Bueno. Interlocuções sobre a metodologia qualitativa. Rio Grande do Sul, Unisinos: UNIrevista - Vol. 1, n° 1: 9-18. Janeiro. 2006. Disponível em: <http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/ART%2002%20MCBFischer.pdf>. Acesso em: 05 mai. 2012.

43

FONTES, R. E. Estudo econômico da cafeicultura no sul de Minas Gerais. 2001. 94 p. Dissertação (Mestrado em Administração Rural) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2001. GERSICK, K. E.; DAVIS, J. A.; HAMPTON, M. M. LANSBERG, I. De geração para geração: ciclos de vida da empresa familiar. São Paulo: Negócio, 1997. GREBER, M.E.(1990). O mito do empreendedor: como fazer seu empreendimento um negócio bem-sucedido. 1ª ed. São Paulo: Saraiva. GÜNTHER, Hartmut. Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa: Esta É a questão? Universidade de Brasília. Rev.: Psicologia: Teoria e Pesquisa. Mai-Ago. 2006, Vol. 22 n. 2, pp. 201-210. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v22n2/a10v22n2.pdf>. Acesso em: 10 junho. 2013. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em: <htpp>:/ www.ibge.gov.br. 2009. JACOBINO, Dalen. Revista VOCÊ S.A. Edição 31. Janeiro/2001. LENZI, Fernando César. A Nova Geração de Empreendedores: guia para elaboração de um plano de negócios. São Paulo: Atlas, 2009. LONGHINI, Antônio Sérgio e SACHUK, Maria Iolanda. Analise das características

empreendedoras dos empresários beneficiados com o crédito disponibilizado

pelo programa Brasil Empreendedor. Maringá. PR, 2000. ANAIS DO I IGEPE.

PAIVA, Fernando e PARDINI, Daniel Jardim. Estratégia de inovação e exportação como fatores de competitividade: um estudo da ação empreendedora no setor industrial. Minas Gerais, 2000. ANAIS DO I IGEPE. REZENDE, Alberto Martins. ROSADO, Patrícia Lopes. GOMES, Marília Fernandes Maciel. Café para Todos. A informação na construção de um comércio de café mais justo. Ed. SEGRAC, Belo Horizonte. 2007. CAFEICULTURA. Regiões produtoras de café no Brasil. Disponível em: <http:// http://www.revistacafeicultura.com.br. Acesso em: 08 de abril de 2013. ROSAS, Celbo Antônio da Fonseca. A cafeicultura no contexto da agropecuária no extremo Noroeste Paulista. Ed. Presidente Prudente, SP. 2002. SAES, Maria Sylvia Macchione. A Racionalidade Econômica da Regulamentação no Mercado Brasileiro de Café. São Paulo: ANNABLUME, 1997. SCHROEDER, D.M. A Dynamic Perspective ontheImpactofProcessInnovationUponCompetitiveStrategies.Strategic Management Journal 11, 1990 apudKURATKO, D.HODGETTS R.M. Entrepreneurship – A Contemporary Approach.Orlando: The DrydenPress, 3 ed., 1995

44

TEIXEIRA, H.A.(2001). A Trajetória dos Pequenos Negócios do Ramo de Turismo na Região de Belo Horizonte e Poços de Caldas (MG) - um estudo sobre o mito ou a realidade do processo de empreendedorismo. In: XXV ENCONTRO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO. Anais... Campinas-SP. UNICAFÉ. Os gigantes cafeeiros. 2004. Disponível em <http://www.unicafe.com.br/asp/system/empty.asp?P=50&VID=default&SID=543911305447064&S=1&C=19049>. Acesso em: 20 de novembro de 2012.

45

APÊNDICE

46

APÊNDICE A - Modelo de questionário da pesquisa.

Este questionário de entrevista destina-se ao processo de pesquisa da elaboração do trabalho de conclusão de curso – Monografia. Responsável Jeane Santos Cardoso, discente pós-graduanda do curso de Pós-Graduação Lato Sensu, Gestão da Cadeia Produtiva do Café com Ênfase em Programas Sustentáveis da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

- O preenchimento do questionário é facultativo, porém, muito importante para a realização deste Projeto de Pesquisa.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU GESTÃO DACADEIA PRODUTIVA

DO CAFÉ COM ÊNFASE EM SUSTENTABILIDADE

QUESTIONÁRIO

1. Identificação

1.1. Município: _____________________________________________________________

1.2. Propriedade: ___________________________________________________________

1.3 Nome do Entrevistado: ___________________________________________________

2. Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

3. Estado civil( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Outros

4. Idade( ) 18 a 30 anos ( ) 31 a 40 anos ( ) 41 a 50 anos ( ) Acima de 50 anos

5. Escolaridade( ) 1º grau completo ( ) 1º grau incompleto ( ) 2º grau completo

( ) 2º grau incompleto ( ) 3º grau completo ( ) 3º grau incompleto

6. Há quanto tempo você é cafeicultor?

( ) Menos de 01 ano ( ) 1 a 2 anos ( ) 3 a 5 anos( ) 5 a 10 anos ( ) 10 a 15 anos

( ) 15 a 20 anos ( ) Mais de 20 anos ( ) Mais de 30 anos

7. Condições da Propriedade

7.1. Posse da Terra:

( ) Própria ( ) Arrendada ( )Cedida

7.2 Tamanho da propriedade: ________ ha.

47

7.3 Utilização da área:

Café ________ha.

Agricultura _______ ha.

Pastagem ________ha.

Reserva legal _______ ha.

Outra finalidade ______ ha.

7.4 Sistema de Cultivo

Preparo do Solo ( ) Mecanizado ( ) Manual

Plantio ( ) Mecanizado ( ) Manual

Colheita ( ) Mecanizada ( ) Manual

Uso de Fertilizantes

( ) Sim ( ) Não

Uso de Defensivos na Cultura

( ) Sim ( ) Não

Uso de Herbicidas

( ) Sim ( ) Não

7.5 Sistema de Irrigação ( ) Sim ( ) Não

( ) Gotejamento ( ) Aspersão ( ) Pivô

8. Beneficiamento da Produção

( ) Secador Próprio ( ) Secador alugado de terceiros

() Despolpador ( ) Descascador

( ) Estufa

9. Mecanização

( ) Máquinas e equipamentos próprios.

( ) Máquinas e equipamentos alugados.

( ) Parte própria e parte alugada.

10. Por que você iniciou a atividade de cafeicultor?

( ) Por falta de oportunidade/emprego.

( ) Gosta de atuar na área da agricultura.

( ) O café como herança passada de pai para filho.

( ) Complementação de renda.

( ) Nenhum das opções acima mencionadas.

11. Dentre os padrões de consumo de café, qual o tipo é produzido em sua propriedade?

( ) Bebida Mole

( ) Bebida Dura

( ) Bebida Riada

( ) Bebida Rio

( ) Bebida Rio Zona

48

12. Além do café, qual dos produtos abaixo você comercializa?

13. O empreendedorismo é uma ferramenta de auxílio na administração da cafeicultura. Qual o

grau de conhecimento que você possui acerca desta ferramenta?

( ) Conhece muito bem ( ) Conhece bem ( ) Conhece medianamente

( ) Conhece pouco ( ) Desconhece totalmente

14. Você como cafeicultor(a) se considera um(a) empreendedor(a)?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei informar

15. Você já ouviu falar em Plano de Empreendedorismo?

( ) Nunca ( ) Raras vezes ( ) Algumas vezes ( ) Sempre

16. O Plano de Empreendedorismo é conhecido como plano de negócios, ou seja, é um

documento utilizado para planejar um empreendimento com o propósito de definir e delinear

sua estratégia de atuação para o futuro. Sabendo disso, qual a sua motivação atual, para

participar de um Plano de Empreendedorismo. (Assinale apenas UMA alternativa):

a) Não tem motivação alguma para participar, mas acha que a iniciativa vale a pena.

b) Não tem motivação para participar, e acha que a iniciativa não vale a pena.

c) Dispõe-se a colaborar com uma iniciativa desse tipo, em grau limitado.

d) Está disposto a participar ativamente da iniciativa.

e) Não tem condições de responder, pois não conhece esse tipo de plano.

17. Nos períodos de seca e preços baixos, dentre as alternativas abaixo qual você utiliza para

se manter no ramo do Café?

( ) Linha de crédito através dos bancos.

( ) Utilização de outras culturas juntamente com a do café.

( ) Utilização das duas alternativas.

( ) Nenhuma das alternativas.

( ) Outras______________________________________________________________________

Alternativas Respostas

Banana

Feijão

Milho

Mandioca

Só café

Laranja

Gado de Leite

Gado de Corte

Madeira de Eucalipto

Outros

49

18. As crises nunca passam, sucedem. Você como cafeicultor em tempo de crise quais as

alternativas que são tomadas para minimizar a crise?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

19. Você participa de alguma associação e/ou cooperativa?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei informar

20. Você se associa há algum parceiro para que possa agregar valor ao trabalho da

Cafeicultura?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei informar

21. Como você acompanha as informações sobre o mercado do café? Assinale alternativa(s)

abaixo:

( ) Programas de Televisão

( ) Jornais escritos

( ) Revistas

( ) Conversas informais

( ) Outros ________________________________________________________________________

22. Como você acompanha as informações sobre técnicas de melhoria na produção do café?

Assinale alternativa(s) abaixo:

( ) Participação em seminários

( ) Participação em eventos

( ) Através da Internet

( ) Participação em Congressos

( ) Informações através de Jornais e revistas

( ) Outras_______________________________________________________________________

No caso de participação em seminários, eventos e congressos, quais dicas que foram citadas

nos eventos você utiliza em sua produção?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

50

23. Quais estratégias você utiliza para divulgação do seu produto?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

24. Quais são as suas expectativas para a produção de café? _________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

25. Se fosse para você iniciar na atividade do café nos dias de hoje, você iniciaria? Se a

resposta for não o por quê? ( ) Sim ( ) Não

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________