Estudos Culturais e a Televisão Contemporânea Em Discussão

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A televisão, nos últimos anos, tem se reconfigurado frente às novas práticas de consumo dos produtos televisivos. As audiências buscam conteúdos específicos e a possibilidade de construir sua própria programação. Assim, assistir à tevê não se restringe mais a um único suporte, mas a uma miríade midiática que inclui computadores, vídeo games, tablets e celulares. Os Estudos Culturais trazem contribuições decisivas para pensarmos em como as articulações das práticas cotidianas, da cultura e da sociedade são intrinsecamente relacionadas e podem ser debatidas tendo em vista os meios de comunicação – no caso, a televisão. Nos interessa discutir, para além dos aspectos tecnológicos, como a instância televisiva implica em trocas simbólicas e formas de recepção diversas. Artigo apresentado no Intercom Nacional 2015, realizado no Rio de Janeiro.

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  • Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXXVIII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao Rio de Janeiro, RJ 4 a 7/9/2015

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    Estudos Culturais e a televiso contempornea em discusso1

    Emmanuelle Dias2

    Felipe Borges3

    Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG

    Resumo

    A televiso, nos ltimos anos, tem se reconfigurado frente s novas prticas de consumo dos

    produtos televisivos. As audincias buscam contedos especficos e a possibilidade de

    construir sua prpria programao. Assim, assistir tev no se restringe mais a um nico

    suporte, mas a uma mirade miditica que inclui computadores, vdeo games, tablets e

    celulares. Os Estudos Culturais trazem contribuies decisivas para pensarmos em como as

    articulaes das prticas cotidianas, da cultura e da sociedade so intrinsecamente

    relacionadas e podem ser debatidas tendo em vista os meios de comunicao no caso, a

    televiso. Nos interessa discutir, para alm dos aspectos tecnolgicos, como a instncia

    televisiva implica em trocas simblicas e formas de recepo diversas.

    Palavras-chave: televiso; estudos culturais; experincia; recepo

    Introduo

    Dentre as contribuies que os Estudos Culturais trazem para o campo da comunicao,

    est a de olhar para a recepo como parte integrante de um processo de negociao e

    resistncia. No contexto especfico da televiso, essa visada se torna ainda mais importante

    para que possamos entender o papel da audincia na atual reconfigurao dos modos da

    experincia televisiva.

    Os Estudos Culturais propem anlises textuais para entender em que medida, por

    exemplo, os programas televisivos podem ser lidos e ressignificados de diferentes formas. A

    televiso contempornea passa por profundas transformaes que dizem respeito aos aparatos

    sobre os quais ela se desdobra e na prpria maneira como as pessoas se relacionam com os

    programas. Isso vem acontecendo por meio de mudanas que envolvem questes

    tecnolgicas, econmicas e a que mais nos interessa de recepo. Por conseguinte, o

    prprio texto televisivo acaba por se reconfigurar.

    1 Trabalho apresentado no GP Televiso e Vdeo, XV Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicao, evento

    componente do XXXVIII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao.

    2 Mestranda do Programa de Ps-Graduao em Comunicao Social da UFMG, email: [email protected]

    3 Mestrando do Programa de Ps-Graduao em Comunicao Social da UFMG, email: [email protected]

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    por isso que as contribuies de autores como Raymond Williams, Stuart Hall e Jess

    Martn-Barbero, expoentes dos Estudos Culturais4, nos parecem pertinentes para pensar a

    televiso contempornea. Se a cultura est relacionada a um modo de vida e a recepo tem

    um papel importante no processo comunicacional, observar como as novas formas de

    consumo da tev levam a uma mudana na prpria indstria televisiva e nas formas de se

    produzir e fazer circular os textos televisivos nos parece pertinente.

    Para isso, iremos observar de que forma fenmenos como a Netflix e os servios on

    demand5 se apresentam enquanto partes de um processo de negociao e disputa no mbito da

    experincia televisiva. Primeiramente, iremos caracterizar a viso de cultura e a forma de se

    olhar para a tev na perspectiva dos Estudos Culturais. A seguir, discutiremos em que medida

    os costumes da audincia esto relacionados a uma dinmica de reconfigurao da indstria

    televisiva. Ao final, observamos de que forma as novas propostas da televiso, aliadas

    internet, so relevantes para se pensar este momento de disputas e negociaes e para

    entender a cultura como um todo.

    A cultura dos Estudos Culturais

    Os Estudos Culturais trazem contribuies decisivas para pensarmos os modos como a

    cultura, a sociedade e as prticas cotidianas esto intrinsecamente relacionadas e podem ser

    problematizadas a partir de um meio de comunicao no caso, a televiso. Um dos conceitos

    mais definidores e vanguardistas do campo, e que muito nos interessa para este estudo, o de

    cultura. Segundo Douglas Kellner:

    O ponto crucial (dos estudos culturais) que subvertem a distino entre

    cultura superior e inferior e assim, valorizam formas culturais como o

    cinema, televiso e msica popular, deixadas de lado pelas abordagens

    anteriores, que tendiam a usar a teoria literria para analisar formas culturais

    ou para focalizar, sobretudo, ou mesmo apenas, as produes da cultura

    superior (2001, p.49).

    Na viso que predominava at antes dos Estudos Culturais, cultura tinha o sentido que hoje

    damos expresso cultura erudita e que se refere busca e ao cultivo da perfeio moral,

    intelectual, espiritual (GOMES, 2011, p.31). Williams discute um conceito de cultura que

    4 Enquanto Williams e Hall pertencem corrente britnica dos Estudos Culturais, Martn-Barbero vem da latino-americana.

    Sabemos que so abordagens distintas, porm faremos uma aproximao entre os estudos de tais autores que nos parece

    pertinente.

    5 Servio por demanda, no qual os programas ficam disponveis para serem assistido a qualquer hora, por meio do streaming

    - que os transmite sem a necessidade de fazer o download ou armazenar.

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    no s vai contra a diviso entre alta e baixa cultura, como tambm, nos oferece um novo

    entendimento sobre ela.

    Alm de reconhecer o valor da cultura popular, criada pelas classes operrias e

    legtima enquanto manifestao artstica, Williams entende que cultura (...) no apenas um

    corpo de trabalho intelectual e imaginativo; ela tambm e essencialmente todo um modo de

    vida (2011, p.349). Assim, a cultura no seria apenas, por exemplo, os filmes, discos, livros e

    as obras de arte produzidos pela sociedade numa determinada poca. Afinal, ela no um

    produto, mas um processo. Isso significa que as prticas e costumes cotidianos iro constituir

    essa cultura. Nesse sentido, mais do que pensar em vesturio ou nas formas de morar como o

    modo de vida de que fala Williams, importante entender que esse conceito est ligado s

    ideias alternativas da natureza do relacionamento social. Itania Gomes explica:

    Williams procede a uma transformao radical do conceito de cultura e dos

    modos possveis de se fazer anlise cultural: enquanto resposta a novos

    desenvolvimentos polticos e sociais, a cultura articula, ao mesmo tempo,

    elementos exteriores, da estrutura, e elementos da experincia pessoal,

    privada (2011, p.31)

    Richard Hoggart prope uma concepo similar em As utilizaes da cultura (1973), quando

    critica a forma como a anlise cultural tradicional apagava a existncia do homem simples

    que se tornou o centro de seus estudos. Ao traz-lo para a discusso, ele poderia ver, para

    alm dos hbitos, aquilo que os hbitos representam, ver atravs das declaraes e respostas o

    que estas realmente significam (significado que pode ser oposto a essas prprias declaraes)

    (HOGGART, 1973, p. 20).

    A partir dessa concepo de cultura, Williams pde fugir da dicotomia da base com a

    superestrutura, como ditava a tradio marxista. Sua concepo promove uma unificao

    entre o mbito da produo (economia) e as relaes sociais (sociedade e poltica, por

    exemplo). No por acaso, Williams considerado fundador dos Estudos Culturais por

    mostrar, na Inglaterra dos anos 1950, que a vida material e a vida cultural so profundamente

    interligadas e por mostrar o lastro popular da cultura (GOMES, 2011, p.31).

    Ao olhar para a cultura a partir de processos ordinrios cotidianos e se atentar para as

    formas de expresso da cultura popular, os Estudos Culturais lanaram um olhar prprio e

    valorativo sobre a televiso. No mesmo caminho, ao dedicar maior ateno recepo,

    puderam trazer tona os usos e ressignificaes que surgem desse processo, e que se tornam

    uma rica fonte de anlise.

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    Sobre os modos de se abordar a televiso

    Para Williams, em Television: technology and cultural form (2003), a televiso o

    lugar em que, ao mesmo tempo, se entrelaam trs importantes processos: o tecnolgico, o

    institucional e o cultural. O autor trata, especificamente, da televiso enquanto tecnologia e

    forma cultural, a partir de seu contexto scio-histrico, considerando, assim, tev e esfera

    social como instncias indissociveis.

    A partir de tal perspectiva, Williams destaca que h diferentes caminhos para se

    estudar a televiso. Um deles estud-la enquanto tecnologia, a partir de seu desenvolvimento

    histrico - ou seja, como inveno, um aparato tcnico que est associado a outras inovaes

    tecnolgicas. O outro caminho para estudar a tev seria enquanto forma de expresso de

    cultura (o estudo da especificidade de sua forma discursiva em articulao com os aspectos de

    sua materialidade).

    De acordo com Williams (2003), a sociedade manifesta determinados impulsos e

    prticas que instigam a construo de mudanas. Tais impulsos so denominados demandas

    sociais (social needs, no original). Nesse sentido, parece-nos fundamental, para nossas

    discusses, a proposta de Williams que busca compreender a televiso enquanto meio tcnico,

    mas considerando sua histria e contexto scio-cultural. Mais que isso, apontar como as

    demandas sociais instigam vrios usos que a sociedade faz do dispositivo6 televisivo e as

    novas interaes que emergem a partir dele, nos parece essencial para debater a respeito das

    reconfiguraes televisivas.

    H muito tempo, a televiso deixou de ser uma novidade tecnolgica. Familiarizados

    com a presena da tela eletrnica em nossos lares, aprendemos, ao longo dos anos, as prticas

    de assistir e entendemos a linguagem televisiva. Segundo Arlindo Machado (2000), h

    diversos estudos sobre televiso, e em muitos deles permanece a noo da tev enquanto mero

    servio, sistema de difuso ou fluxo de programao. Tais concepes se baseiam,

    principalmente, em aspectos tecnolgicos, se restringindo aos estudos dos meios, afunilando

    sua abordagem.

    De acordo com Elton Antunes e Paulo Vaz (2006), a comunicao no se resume aos

    meios de comunicao ou a uma funo transmissiva, mas compreende a constituio dos

    6 Quando falamos de dispositivo no nos referimos a um aparato tecnolgico. Tomamos como a base a noo de dispositivo miditico desenvolvida por autores como Maurice Mouillaud (1997), Elton Antunes e Paulo Vaz (2006) e Jos Luiz Braga

    (2011). Este ltimo autor define que se trata de uma reunio de aspectos heterogneos que, de algum modo se articulam em um determinado processo social (...) Alguns elementos so tcnicos, outros culturais, outros de ordem prtica, outros, ainda,

    institucionais; alguns sero essencialmente comunicacionais (p.9).

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    discursos e o espao da interlocuo (ANTUNES; VAZ, 2006, p.1-2). Quando se privilegia a

    mdia enquanto aparato scio-tcnico minimiza-se a interveno dos interlocutores,

    deixando parte o processo comunicativo, assim como a prpria dinmica de produo e de

    construo dos sentidos. Portanto, no levado em conta o carter de insero da mdia na

    experincia cotidiana nem os modos como os meios so reconfigurados pela vida social.

    Trazendo tal reflexo luz de nossas discusses, podemos encarar a televiso

    enquanto lugar de apontamento de sentidos, estabelecimentos de formas interativas e

    processuais, como tambm de mediaes, (re)interpretaes de experincias. No por acaso, a

    tev desempenha um papel muito importante na mediao de valores culturais e ideolgicos,

    por meio de gneros como novelas, sries, filmes e telejornais. Detentora de uma identidade

    prpria, a televiso se constitui como olhar personalizado de construo da realidade

    mediada, pautando a visibilidade miditica e se legitimando como instncia de poder. Ao

    discorrer sobre as prticas televisivas e suas mediaes, Martn-Barbero (2006) caracteriza a

    televiso como dispositivo cultural, que possui formas, lgicas e conexes prprias, um local

    da visualidade que ritualiza maneiras de interpretao do mundo, modos de ver socialmente

    aceitos.

    Uma vez que est relacionada a maneira de interpretaes do mundo, a televiso no

    d a ver e nem lida a partir de uma viso nica e definitiva. Nesse sentido, esto envolvidas

    mltiplas formas de interpretao, o que nos leva a pensar sobre telespectadores que atuam

    sobre o contedo que lhes apresentado.

    O texto televisivo: entre leituras e fluxos

    Ao estudar a televiso, Stuart Hall props um modelo que abraa a ideia de uma

    recepo ativa, que ressignifica os cdigos num processo conjunto com a produo. Em

    Codificao/Decodificao (2003), ele analisa os programas de televiso como textos abertos,

    que podem ser interpretados de vrias maneiras. Nesse esquema, a codificao a definio

    do sentido dentro da forma textual, influenciada pelas prticas dos profissionais dos media e

    decodificao o trabalho feito pelo receptor para produzir sentido desses textos (ROCHA,

    2011, p.179). Conforme Simone Rocha:

    Hall tambm sugeriu que h uma correlao entre as situaes sociais das

    pessoas e os sentidos que elas podem gerar de um programa. Ele assim

    postulou uma possvel tenso entre a estrutura do texto, que sustenta a

    ideologia dominante, e as situaes sociais da audincia. Ver televiso

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    tornou-se um processo de negociao entre o espectador e o texto. (2011,

    p.179)

    Desse modo, os sentidos pretendidos na produo no so, necessariamente, aqueles

    recebidos pelos telespectadores7, que iro interpretar os cdigos sua maneira, com base em

    diferentes fatores.

    Essa concepo abre a prerrogativa de que diferentes leituras dos textos televisivos so

    possveis. Em sua teoria da leitura, Hall prope que os programas de tev geralmente optam

    por um conjunto de sentidos que trabalham para manter a ideologia dominante, mas que esses

    sentidos no podem ser impostos, apenas preferidos (ROCHA, 2011, p.179). No processo de

    decodificao, ele define trs tipos de leitura: a do cdigo dominante, do negociado e de

    oposio (2003, p. 400,401,402). O primeiro seria a leitura de acordo com os valores

    hegemnicos apresentados pelo texto, ou seja, quando o telespectador concorda com os

    valores ali expressos; o segundo misturaria adaptao e oposio, uma vez que se reconhece a

    legitimidade das definies hegemnicas presentes no texto, mas se negociaria esses cdigos

    conforme o grupo social em que o sujeito se insere; j o terceiro seria o caso em que a leitura

    vai contra os sentidos expressos no texto, de modo a desconstruir a ideologia hegemnica.

    Segundo Hall:

    Um dos momentos polticos mais significativos (eles tambm coincidem

    com os momentos de crise dentro das prprias empresas de televiso, por

    razes bvias) aquele em que os acontecimentos que so normalmente

    significados e decodificados de maneira negociada comeam a ter uma

    leitura contestatria. Aqui se trava a poltica de significao - a luta no discurso. (2003, p. 402)

    importante notar como Hall8, ao enfatizar as diferentes leituras e uma luta no processo

    comunicacional, est falando tambm de resistncia. Se a Teoria Crtica (HORKHEIMER,

    1980) aponta uma relao de dominao absoluta quanto trata da mdia e da indstria cultural,

    os Estudos Culturais lanam mo do conceito de hegemonia (especialmente a partir de

    Antonio Gramsci) para pensar as relaes, nas quais h uma negociao, e no uma

    7 Para nos referirmos experincia televisiva, utilizamos de maneira indistinta os termos telespectador(es), audincia(s), e

    receptor(es). Sabemos que as designaes apresentam diferenas importantes, mas no nos propomos a discuti-las aqui.

    8 Por mais que tenha sido fundamental para os avanos nos estudos da comunicao (e ainda seja), o modelo

    codificao/decodificao apresenta alguns problemas importantes, apontados ao longo do tempo, como: uma estrutura que

    se assemelha aos modelos lineares da comunicao; a decodificao como um ato nico, o que esconde um conjunto de

    processos mais amplo; a noo de que a leitura preferencial necessariamente em acordo com uma leitura dominante, como

    se as mensagens da mdia sempre expressassem uma ideologia dominante. Este ltimo problema, por sinal, foi reconhecido

    pelo prprio Hall posteriormente (PORTO, 2003).

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    submisso pura e simples. Da negociao, muitas vezes surge uma resistncia frente ao

    discurso apresentado no texto.

    Sobre o texto televisivo, Williams ir observar como ele se configura e de que modo

    oferece modos de experincia para o telespectador. Ao versar sobre o ato de assistir tev, ele

    comenta a dificuldade em descrev-la: Seria como tentar descrever a leitura de duas peas,

    trs jornais, trs ou quatro revistas, no mesmo dia em que se tivesse ido a um show de

    variedades, uma palestra e um jogo de futebol (2003, p.96, traduo nossa).

    Essa experincia se d pela forma heterognea e variada como a televiso se

    configura, no que Williams chama de fluxo, uma sequncia ininterrupta de imagens a partir

    da qual os programas televisivos so elaborados: Esse fenmeno do fluxo planejado, talvez

    a caracterstica definitiva do broadcasting, simultaneamente como uma tecnologia e como

    uma forma cultural (WILLIAMS, 2003, p.86, traduo nossa). Por meio do fluxo, o

    telespectador pode acessar diferentes tipos de eventos em sua casa e numa nica dimenso e

    operao. Esses aspectos revelam formas de constituio do texto televisivo e de que forma a

    audincia se relaciona com eles.

    Nenhuma dessas dimenses, entretanto, estvel no tempo. Atualmente, o nmero de

    novas tecnologias crescente, e a televiso vive um momento de mudana em decorrncia do

    surgimento de novos protagonistas miditicos. Tem-se observado um novo comportamento do

    pblico, com a pulverizao cada vez maior das audincias, que dividem seu tempo entre

    diversas possibilidades de entretenimento e informao, tais como a prpria tev,

    computadores, video games, celulares, entre outros. Como se no bastasse, o consumo de

    contedo televisivo no tem se restringido apenas na televiso, mas tambm em outros meios

    principalmente, na internet.

    Mudanas em cadeia

    Desde a inveno da tev, so notveis os diversos costumes e hbitos do

    telespectador a partir da interao com o meio. No incio do sculo XX, a prtica de assistir

    televiso, geralmente, se constitua na sala de estar com os familiares reunidos. As emissoras

    ainda comeavam a se institucionalizar, havia poucas opes de programas, e muitos deles

    eram oriundos do rdio. Como parte do cotidiano familiar, a televiso j era apontada como

    uma nova tecnologia de entretenimento e lazer.

    A partir dos anos 1980, a quantidade de aparelhos dispara no mercado, h uma maior

    profissionalizao dos contedos televisivos e oferta de canais. A audincia comea a

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    segmentar e as prticas de assistir tev de forma conjunta se tornam menos comuns. J por

    volta da dcada de 1990, com a popularizao de meios para entretenimento como VHS,

    games e a internet, a migrao dos telespectadores para contedos mais especializados,

    orientados a nichos especficos, tornam-se frequentes em detrimento da programao

    televisiva pr-determinada e ampla. O suporte material televisivo no mais necessrio, o

    acesso ao contedo da televiso se estende a outras mdias como computador, tablet e celular.

    Assim, as mudanas que ocorrem nos costumes do telespectador se relacionam de

    forma dinmica com a tecnologia e com a prpria indstria televisiva. Williams discute

    como algumas palavras mudam de significado ao longo da histria, conforme as mudanas

    sociais. Dentre elas, est indstria, que ele aponta ter perdido o seu sentido pr-Revoluo

    Industrial, quando indicava um atributo humano especfico, para passar a designar instituies

    manufatureiras e produtivas e suas atividades (2011, p.16). Quando empregado com letra

    maiscula, considerada como uma coisa propriamente dita uma instituio, um corpo de

    atividades e no simplesmente um atributo humano (p.16,17).

    Cotidianamente, falamos e ouvimos a respeito de diferentes indstrias: farmacutica,

    automobilstica, alimentcia, cosmtica, txtil, dentre outras. De fato, a noo que temos se

    aproxima daquela descrita por Williams. Quando falamos do campo da cultura, podemos

    dizer que as indstrias se posicionam, no modelo proposto por Hall, nos mbitos da produo

    e da circulao dos produtos o que no quer dizer que sejam absolutas nesse sentido, uma

    vez que, ao mesmo tempo em que existe hegemonia, h tambm um processo de negociao.

    Importante frisar, nesse sentido, que por mais que indstria nos remeta ao mbito

    econmico, vai muito alm disso. A prpria indstria cultural, mesmo na concepo da Teoria

    Crtica, tratava a arte como mercadoria, mas de forma a impor valores por meio de um

    discurso dominante. Logo, a dimenso simblica essencial.

    interessante refletir sobre a indstria num momento em que muito se fala de crise na

    indstria cultural, representada, por exemplo, pelas indstrias fonogrfica, televisiva e

    cinematogrfica. De forma geral, todas se encontram num perodo conturbado frente s

    opes que a internet oferece, ao disponibilizar de forma gratuita e irrestrita os produtos que

    sustentam essa indstria. A falncia do modelo dos direitos autorais leva a uma queda na

    compra de discos, DVDs e blu-rays, j que msica, sries e filmes so baixados via internet.

    Sem dvida, um momento de transio, no qual a indstria tenta encontrar caminhos e

    solues para lucrar.

    No caso especfico da indstria televisiva, visvel que mudanas vm ocorrendo at

    mesmo no cerne do que se entendia por tev. Podemos pensar em como aspectos como a

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    programao e o fluxo de Williams tem se reconfigurado na contemporaneidade. Mas por que

    isso tem acontecido?

    Williams estabelece que cultura um termo abrangente, capaz de englobar diversas

    relaes, inclusive com a indstria (2011, p.19). Ao mesmo tempo, ele apresenta cultura como

    um modo de vida, o que envolve as prprias formas de lazer (apesar de ir muito alm disso,

    como j dissemos). Essas formas de lazer tm se modificado frente s novas possibilidades da

    televiso aliada internet. Nesse sentido, no ter acesso a um programa no canal aberto ou

    fechado ou mesmo no poder assisti-lo conforme o horrio da programao deixou de ser um

    problema: os downloads acabaram com esse problema, oferecendo o mesmo contedo pela

    internet, o que levou necessidade de toda uma reconfigurao na indstria televisiva, que

    perdia espao para os torrents e streamings na internet.

    nesse contexto que surgem plataformas como a Netflix e mesmo os servios on

    demand, oferecidos por canais como a TV Globo e a HBO. Sem dvida, se configuram como

    respostas ao avano da internet, numa tentativa de atrair os telespectadores de volta para o

    lugar de produo dos programas.

    A partir disso, podemos pensar em como os costumes e preferncias de uma audincia

    televisiva ajudaram a reconfigurar a prpria indstria, num processo dinmico em que a

    recepo se mostra ativa de outra maneira, no apenas pelas mltiplas formas de interpretao

    do texto televisivo. Esse modo de vida enquanto cultura de que falamos est ligado a fatores

    mltiplos, que vo desde a maneira como lidamos com produtos culturais, a forma como

    achamos mais fcil de consumi-los na contemporaneidade, bem como as ferramentas

    tecnolgicas de que dispomos.

    Novas propostas

    Ao longo dos anos, foi se tornando cada vez mais evidente como a audincia migrava

    do aparelho televisivo para as mltiplas plataformas digitais que ofereciam o contedo da tev

    em qualquer hora e lugar. Os telespectadores se viam livres de uma grade televisiva presa e

    podiam consumir seus programas favoritos da maneira como achassem melhor. Enquanto boa

    parte da indstria televisiva tentava (e ainda tenta) lutar contra esse processo e apontar a

    internet e os telespectadores como viles, a plataformas como Netflix resolveram abraar a

    causa e utilizar a web no como inimiga, mas aliada na tentativa de construir uma nova

    proposta televisiva. Assim, passaram a oferecer contedo licenciado e tambm prprio no

    servio de streaming, que pode ser acessado pela internet de qualquer plataforma Smart TV,

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    tablet, celular, notebook atendendo s demandas da audincia televisiva atual: grade

    personalizada, acesso mltiplo e praticidade, tudo a uma mensalidade acessvel. Alm disso,

    foi capaz de atrair uma parte do pblico que no havia aderido aos downloads, seja por

    desconhecimento de como se baixam programas, desinteresse de se engajar na procura de

    torrents ou mesmo oposio a um modelo dito ilegal. Com a Netflix, no preciso

    pesquisar para se fazer um download ou se preocupar com a pirataria: basta apertar o play

    para que o streaming de um programa inicie sua reproduo legal.

    Obviamente, no podemos pensar na Netflix ou mesmo em propostas similares, como

    a da Amazon Prime Instant Video e o Hulu, como isentas de interesses econmicos ou mesmo

    como propostas diametralmente contrrias s da antiga indstria televisiva. Afinal de contas,

    seu contedo no livre, o lucro buscado incessantemente e elas esto diretamente

    relacionadas tev tradicional uma vez que transmitem seus programas , que tambm

    lucram nesse processo. Tanto que uma proposta bastante similar ao dos exemplos citados,

    como a Popcorn Time, rechaada e combatida como ilegal, uma vez que foge quase

    completamente a esse esquema ao oferecer todo o contedo de forma gratuita e no-

    licenciada.

    No obstante, o que nos interessa observar como as relaes sociais se configuram

    de uma maneira muito mais dinmica do que um modelo linear e absoluto possa deixar

    transparecer. Ao observarmos os fenmenos miditicos sob a tica dos Estudos Culturais,

    podemos perceber um processo dinmico envolvendo a indstria e a recepo, no qual h,

    sim, hegemonia, mas uma que se d de forma negociada e envolvendo disputas de poder e

    negociao.

    A televiso, desse modo, tem se constitudo como uma importante instncia em que as

    prticas culturais da sociedade contempornea se enredam. Se antes os hbitos consistiam em

    assistir ao contedo televisivo oferecido por emissoras no ambiente familiar e recepo

    conjunta, atualmente constatamos um consumo individual e personalizado, em qualquer hora

    ou lugar, que nem sempre est associado a uma emissora ou canal. As prticas construdas

    pelas audincias tm obrigado a indstria televisiva a se reinventar, evidenciando a

    ressignificao de noes hegemnicas e contra-hegemnicas do que pode ser considerado

    televiso.

    Martn-Barbero (2006) ao buscar analisar a comunicao a partir da cultura, vale-se de

    uma noo fundamental para os estudos de recepo: o conceito de mediao. Para o autor: o

    eixo do debate deve se deslocar dos meios para as mediaes, isto , para as articulaes entre

    prticas de comunicao e movimentos sociais, para as diferentes temporalidades e para a

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    pluralidade das matrizes culturais (Martn-Barbero, 2006, p. 258). Ou seja, Martn-Barbero

    prope um deslocamento da anlise dos meios para o lugar onde os sentidos emergem, para o

    mbito dos usos sociais, as mediaes culturais da comunicao.

    Pode-se pensar que diversos grupos sociais iro possuir diferentes relaes com a

    televiso. Todas essas prticas auxiliam na prpria constituio da forma como dispositivo

    televisivo se apresenta. Afinal, ser no seio cotidiano, a partir das interaes entre audincia,

    tev e seu contedo, que as reconfiguraes televisivas vo se construindo.

    Sharon Marie Ross (2008) (apud. AGOSTINI, 2010, p. 39) pontua que as formas de

    participao dos telespectadores nos rumos dos programas se confundem com a prpria

    histria da televiso, fazendo parte da experincia de ver televiso. Nos tempos atuais, os

    hbitos do consumidor tm incido no s na produo, mas tambm nos modos de circulao

    do contedo televisivo. Para alm da participao na construo de programas e temas a

    serem abordados, nos parece que a audincia tem influenciado tambm como ir consumir os

    produtos televisivos. A instncia televisiva, assim, tem se constitudo de maneira

    imaterializada e com pulverizao de seu contedo, sem a dependncia de um nico suporte.

    Isso tem influenciado tambm no prprio fluxo televisivo do qual falava Williams (2003) e

    como sero integrados os produtos da televiso.

    No entanto, assim como aponta Hall (2003), vale lembrar que o poder no est

    totalmente ao lado das prticas receptivas, uma vez que as construes e negociaes de

    sentido tambm esto relacionadas aos processos de produo, economia e modos como os

    programas se organizam. Da mesma forma, Martn-Barbero pontua: Boa parte da recepo

    est de alguma forma, no programada, mas condicionada, organizada, tocada, orientada pela

    produo, tanto em termos econmicos como em termos estticos, narrativos, semiticos.

    (1995, p.56). Assim, as ressignificaes sociais esto nos modos de interao com os meios,

    entre os grupos da sociedade e nas diversas instncias que compe a sociedade.

    Por isso, por mais que seja notvel como as prticas de assistir televiso tem

    reconfigurado o formato televisivo, no podemos desconsiderar a maneira como as formas de

    produo tambm contribuem para o fenmeno. A disponibilizao de diversos episdios ou

    contedos de uma vez, por exemplo, tem alimentado fenmenos como o binge watching, ou

    assistir numa sentada, atendendo aos usurios que desejam assistir a maratonas dos

    programas. Tendo em vista essa condio de recepo, a produo de algumas sries, por

    exemplo, tm apostado em roteiros mais elaborados, muitas vezes sem a utilizao de

    cliffhangers (ganchos narrativos). Esse aspecto, por sinal, dos mais interessantes para

    perceber como as novas formas de circulao e consumo dos textos televisivos levam

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    reestruturao dos prprios. Afinal, antigamente as sries eram exibidas com intervalos

    comerciais dividindo os episdios em blocos. Isso levava criao de arcos narrativos que

    obedeciam aos minutos de cada bloco, e que terminavam num miniclmax com vistas a

    segurar a audincia para a volta do intervalo. Com a nova forma de circulao dos programas,

    em plataformas de streaming ou nos servios on demand, essa estratgia narrativa no mais se

    faz necessria, j que no h intervalos comerciais e porque o telespectador que escolheu

    ver determinada srie nesse contexto o fez de forma decisiva, e no porque zapeava pelos

    canais de tev.

    O processo de negociao envolvido no consumo da televiso nos dias de hoje incide,

    assim, numa reconfigurao textual. Essa uma das dimenses que atua no estabelecimento

    das regras de

    (...) uma espcie de gramtica de formas de expresso do televisual, que,

    embora em permanente construo, estrutura as narrativas, em-forma os

    textos televisuais, dotando-os de caractersticas prprias, que os distinguem

    de textos audiovisuais veiculados por outras mdias (DUARTE, 2012, p.325)

    Dessa maneira, por meio de mltiplas dimenses a atuar em conjunto, o que parece estar

    acontecendo mais uma reorganizao da prpria gramtica do texto televisivo.

    Constatamos, dessa maneira, no s uma intensa negociao entre as novas prticas

    empregadas pela audincia e a constituio do dispositivo televisivo, como tambm a insero

    de novas tecnologias e processos que incidem na circulao e na produo dos contedos da

    televiso. Todos esses aspectos juntos reconfiguram a experincia televisiva como um todo.

    Concluso

    Hall (2003) defende a noo de que os programas de televiso so textos relativamente

    abertos, capazes de serem lidos de diferentes modos por diversas pessoas. Logo, a prtica de

    assistir televiso vista como um processo de negociao entre telespectador e texto

    havendo, assim, uma luta no discurso.

    razovel pensar que as reflexes que realizamos ao longo de nosso artigo propem

    uma negociao que vai alm do texto, pois esto relacionadas tambm ao dispositivo

    televisivo. Tratamos de discutir no apenas sobre leituras negociadas do texto da televiso,

    mas tambm das prticas relacionadas aos diversos modos de consumo da tev. Se assistir

    televiso um processo de negociao entre telespectador e texto, ns diramos que essa

    relao se d com o dispositivo tambm. Talvez seja pertinente falar, frente aos fenmenos

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    atuais, de uma luta no dispositivo e nas formas de circulao desse discurso. Torna-se

    interessante pensar como ficam cdigos hegemnicos, negociados e de oposio nesse

    contexto, que envolve novas propostas como a Netflix e o Popcorn Time.

    Nesse sentido, interessante perceber tambm como as formas de circulao e

    consumo influenciam na prpria configurao da gramtica televisiva. Isso mostra em que

    medida essas instncias esto relacionadas, e como forma e contedo no podem ser tomados

    de maneira separada, uma vez que apresentam uma relao dinmica. As formas de circulao

    e consumo acabam por incidir, de forma decisiva, sobre o texto televisivo que no perde sua

    singularidade frente s outras mdias nesse processo. Logo, faz-se necessrio refletir sobre

    como fica o fluxo discutido por Williams, frente a essa nova televiso que se apresenta.

    Em Cultura e Sociedade, Williams versa a respeito de como as modificaes na vida e

    no pensamento correspondem a alteraes na linguagem por meio da anlise de produes

    literrias de finais do sculo XVIII at meados do sculo XX. Para o autor, foi possvel

    constatar como determinadas palavras adquiriram novos sentidos ou em que medida novas

    palavras surgiram no vocabulrio ingls de modo a dar conta das mudanas que se

    processavam na vida daquela sociedade. Em sntese, Williams fala de como a linguagem

    muda conforme as modificaes no mbito social o significado das palavras se altera nesse

    processo. Podemos dizer, luz de nossas discusses, que o entendimento do termo televiso

    tem mudado, ao longo dos tempos, em vista das transformaes que se processam

    continuamente. Definitivamente, a televiso j no a mesma.

    REFERNCIAS

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