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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS GEOQUÍMICA MELISSA NOGUEIRA SONDERMANN ESTUDOS DE PROCESSOS FÍSICO-QUÍMICOS COM RADIOTRAÇADORES EM SEDIMENTOS COSTEIROS PARA FINS DE BIORREMEDIAÇÃO NITERÓI 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS – GEOQUÍMICA

MELISSA NOGUEIRA SONDERMANN

ESTUDOS DE PROCESSOS FÍSICO-QUÍMICOS COM

RADIOTRAÇADORES EM SEDIMENTOS COSTEIROS PARA FINS DE

BIORREMEDIAÇÃO

NITERÓI

2015

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MELISSA NOGUEIRA SONDERMANN

ESTUDOS DE PROCESSOS FÍSICO-QUÍMICOS COM

RADIOTRAÇADORES EM SEDIMENTOS COSTEIROS PARA FINS DE

BIORREMEDIAÇÃO

Orientador:

Prof. Dr. Alfredo Victor Bellido Bernedo

Co-orientadora:

Dra. Katia Noriko Suzuki

NITERÓI

2015

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial para a

obtenção do Grau de Mestre. Área de

Concentração: Geoquímica Ambiental.

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S698 Sondermann, Melissa Nogueira.

Estudos de processos físico-químicos com radiotraçadores em sedimentos costeiros para fins de biorremediação / Melissa Nogueira Sondermann. – Niterói: [s.n.], 2015.

101 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Geociências - Geoquímica Ambiental) - Universidade Federal Fluminense, 2015. Orientador: Profº Drº Alfredo Victor Bellido Bernedo. Co-orientadora: Drª Katia Noriko Suzuki.

1. Zinco. 2. Cádmio. 3. Manguezal. 4. Biodegradação ambiental. 5. Biofilme. 6. Produção intelectual. I. Título.

CDD 546.66

CDD 546.66

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família pelo total apoio em todas as etapas da minha vida, pela dedicação e

incentivo no desenrolar da minha carreira profissional. Roberto (pai), Marcia (mãe), Carina e

Simone, essa conquista é nossa, amo muito vocês.

Agradeço de coração ao Prof. Dr. Alfredo Bellido que através dos seus conselhos e

ensinamentos, demonstrou ser muito mais do que meu Orientador, e sim um grande amigo.

Muito Obrigada!

À Dra. Katia Suzuki que ao longo de toda a minha caminhada na Geoquímica esteve ao meu

lado, desde o desenvolvimento do tema de estudo, campo, laboratório até o final do mestrado.

Com certeza não poderia ter uma co-orientadora melhor, pois sem sua ajuda não teria

conseguido. Muito Obrigada!

Ao meu namorado, Thiago, por todo apoio, carinho, força, paciência e presença em todos os

momentos. Com certeza grande parte dessa vitória é dedicada a você.

Aos Professores: Dr. Ricardo Tadeu, Dr. Wilson Machado e Dr. Sambasiva Patchineelam,

pela ajuda ao longo dessa empreitada, pelos conselhos e colaborações com equipamentos,

conhecimento e sugestões.

À Prof. Dra. Mirian Crapez e à técnica Daniela, pelo fornecimento da cultura de bactérias e

pelos ensinamentos em Ecologia Bacteriana.

Aos Amigos: Dra. Fátima Canesin, Dr. Edimar Machado, Dra. Rose Mary Latini, Dr. Luis

Bellido, pelo carinho e colaborações no desenvolvimento do trabalho.

Aos amigos queridos da Geoquímica: Vanessa, Suzan, Raquel, Christiene, Marcos, Marcela,

Patrícia, Beatriz, Vitor, Newton, Alexandre e todos os outros que com certeza fizeram com

que esses dois anos de mestrado fossem muito mais animados.

À FAPERJ, CNPQ e ao Programa de Pós- Graduação da Geoquímica pelo suporte técnico e

financeiro.

Agradeço a todas as pessoas que de certa forma contribuíram para o meu amadurecimento ao

logo desses dois anos na Geoquímica e que me ajudaram a chegar ao final dessa caminhada

tão importante na minha vida profissional.

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RESUMO

Esse estudo avaliou o potencial de remoção de Zn e Cd pela ação do biofilme bacteriano

resistente a esses metais em uma área altamente contaminada, localizada na Baía de

Sepetiba/RJ. Esse biofilme resistente foi coletado do manguezal do Saco do Engenho e teve

sua biomassa amplificada no Laboratório de Ecologia Bacteriana (UFF), possibilitando

estudos físico-químicos para investigar a sua capacidade de sorção de metais para fins de

biorremediação. Experimentos em microcosmos foram realizados na água do mar e na

interface água-sedimento, utilizando radiotraçadores, buscando identificar processos que

interferem nessa remoção. Foram realizados estudos com 65Zn e 109Cd, em testemunhos de

sedimento de manguezal, para determinar as cinéticas de sorção de Zn e Cd na interface

água–sedimento, em 48 horas de experimento, e calculado o índice de atividade bentônica,

que é a percentagem entre a diferença dos testemunhos não tratados e os testemunhos tratados

com o formol, em relação aos testemunhos não tratados. Além disso, foram estudadas

medidas de distribuição do 65Zn em duas fases, a líquida (ampola padrão de água do mar) e a

sólida (biofilme resistente a Zn e Cd) para avaliar a capacidade de sorção do biofilme

resistente a estes metais (BR Zn/Cd). Os resultados dessas medidas de distribuição, em um

período experimental de 24 horas, sugerem que o BR Zn/Cd possui uma capacidade de sorção

média de zinco em 67,60 ± 3,16 % na água do mar. O estudo cinético da sorção de Zn e Cd na

interface água-sedimento, nos testemunhos incubados com o BR Zn/Cd, apresentou valores

de remoção de 67,04 ± 2,93 % (Zn) e 79,89 ± 2,64 % (Cd) na cinética rápida inicial (3 horas

de experimento), já os valores de sorção do sedimento controle, no mesmo período, mostrou

valores de remoção 34,32 ± 2,43 % (Zn) e 47,68 ± 2,12 % (Cd). Os resultados de tempo de

meia-vida de remoção mostraram também essa diferença. Os sedimentos incubados com o BR

Zn/Cd apresentaram valores para Zn de 1,24 ± 0,02 h e para Cd de 0,86± 0,02 h na cinética

rápida, enquanto o sedimento controle marcou valores de meia-vida para Zn de 2,74± 0,08 h e

para Cd de 2,15 ± 0,05 h. A atividade bentônica foi estimada como responsável por 74,42%

(Zn) e 80,03% (Cd) do índice do total do sedimento com o BR Zn/Cd, enquanto no sedimento

controle, essa atividade foi calculada como responsável por 49,13% (Zn) e 60,86% (Cd) do

mesmo índice, evidenciando o aumento da capacidade de retenção do Zn (aproximadamente

25%) e Cd (aproximadamente 20%), pelo BR Zn/Cd.

Palavras-chave: Biofilme. Radiotraçadores. Manguezal. Biorremediação. Zinco. Cádmio.

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ABSTRACT

This study evaluated the efficiency of Zn and Cd removal by using a bacterial biofilm

resistant to these metals in a highly contaminated coastal area, Sepetiba Bay/RJ. This resistant

biofilm was sampled in a mangrove at Saco do Engenho and had its biomass amplified in the

Ecologia Bacteriana Laboratory. Physic-chemical studies enabled the research of metal

sorption capacity by resistant biofilm for bioremediation purposes. Microcosm experiments

were performed in sea water and sediment-water interface using radiotracers technique.

Radiotracer studies, 65Zn and 109Cd, in mangrove sediment columns were performed to

determine the removal kinetics of Zn and Cd in sediment-water interface in 48 hours

experiments. Benthic activities indices were calculated as the relative percent difference

between untreated sediments and formaldehyde-treated sediments data in relation to untreated

sediments data. Distribution measurements of 65Zn were also studied in two phases: solid

(resistant biofilm) and liquid (standard sea water) to evaluate the sorption capacity of biofilm

resistant to these metals (RB Zn/Cd). The distribution results in 24 hours of experiment

suggested that resistant biofilm has mean 67,60 ± 3,16 % in zinc sorption capacity on sea

water. The faster removal kinetic study (3 hours) in sediment-water interface presented 67,04

± 2,93 % and 79,89 ± 2,64 % of Zn and Cd removal, respectively, in sediment cores incubated

with RB Zn/Cd. The faster removal kinetic in sediment control cores were 34,32 ± 2,43 %

(Zn) and 47,68±2,12 % (Cd) on metals sorption in the same period of time. The half-removal

times results also showed this difference between cores. Sediment cores incubated with RB

Zn/Cd showed 1,24±0,02 h (Zn) and 0,86±0,02 h (Cd) in faster kinetic while sediment control

cores scored 2,74±0,08 h (Zn) and 2,15 ±0,05 h (Cd). Benthic activity was estimated as

responsible for 49,13% (Zn) and 60,86% (Cd) of total inventories within sediments control

cores, while in RB Zn/Cd cores this indices represented 74,42% (Zn) and 80,03% (Cd). These

estimates show the increase in metal sorption capacity by RB Zn/Cd for average 25% (Zn)

and 20% (Cd) in sediments.

Keywords: Biofilm. Radiotracers. Mangrove. Bioremediation. Zinc. Cadmium.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Microtomografia de Raios-X com a produção de galerias pela atividade biológica

no perfil do sedimento. ............................................................................................................. 15

Figura 2 - Modelo de desenvolvimento do Biofilme Bacteriano. ........................................... 17

Figura 3 - Diagrama Eh x pH do Cd. ...................................................................................... 20

Figura 4 -Diagrama Eh x pH do Zn em solução aquosa.......................................................... 21

Figura 5 - Logaritmo Neperiano da [M] ao longo do tempo. .................................................. 24

Figura 6 -Mapa da Baía de Sepetiba/RJ (A estrela preta representa o local de amostragem). 30

Figura 7 -Antiga área contaminadacom a pilha de rejeitos da Cia. Ingá Mercantil. ............... 31

Figura 8 -Porto de Itaguaí, Saco do Engenho (Baía de Sepetiba, RJ). .................................... 32

Figura 9 -Localização do Saco do Engenho na Ilha da Madeira, Baía de Sepetiba-RJ (Estrela

no mapa). .................................................................................................................................. 33

Figura 10 -Floresta de Manguezal no Saco do Engenho, RJ. .................................................. 34

Figura 11 -Fluxograma esquemático das etapas do trabalho................................................... 35

Figura 12 -Biofilme Bacteriano resistente (Zn/Cd). ................................................................ 37

Figura 13 - Inoculação do biofilme bacteriano resistente (Cd/Zn) no sedimento. .................. 38

Figura 14 -Amostragem do sedimento. ................................................................................... 39

Figura 15 -Esquema do sistema de Detecção da Radiação Gama. .......................................... 41

Figura 16 -Exemplo de espectro gerado pelo Genie 2000. ..................................................... 41

Figura 17 -Esquema experimental do estudo. ......................................................................... 43

Figura 18 -Esquema experimental da sorção bacteriana. ........................................................ 48

Figura 19 - Fluxograma do processo de amostragem do experimento. ................................... 49

Figura 20 - Meia-vida de remoção de Zn e Cd, em 48 horas de estudo .................................. 52

Figura 21 - Taxas de remoção do 65Zn e 109Cd ao longo do experimento nos testemunhos de

manguezal. ................................................................................................................................ 54

Figura 22 -Deconvolução da cinética química do 65Zn nos testemunhos de sedimento não

tratados e tratados com o formol, respectivamente. ................................................................. 56

Figura 23 -Deconvoluçãoda cinética química do 109Cd nos testemunhosnão tratados e

tratados com formol, respectivamente. ..................................................................................... 57

Figura 24 - Perfil do Sedimento com os radiotraçadores Zn-65 e Cd-109. ............................. 60

Figura 25 - Perfis do Inventário dos sedimentos para Zn-65 e Cd-109. ................................. 61

Figura 26 - Perfis dos Índices de Atividade Bentônica para os radiotraçadores (Zn-65 e Cd-

109). .......................................................................................................................................... 63

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Figura 27 - Diagrama da difusão dos metais no sedimento e a variabilidade do Índice de

Atividade Bentônica. ................................................................................................................ 64

Figura 28 - Índice do Inventário Total (%). ............................................................................ 65

Figura 29 - Médias de remoção de 65Zn e 109Cd nos testemunhos de sedimento incubados

com o BRZn/Cd e controle. ...................................................................................................... 67

Figura 30 -Médias de remoção de 65Zn e 109Cd nos testemunhos de sedimento incubados com

o BRZn/Cd (tratados e não tratados com formol). ................................................................... 68

Figura 31 - Deconvoluçãomédiadas curvas do 65Zn nos diferentes testemunhos. .................. 70

Figura 32 -Deconvolução média das curvas do 109Cd nos diferentes testemunhos. ................ 71

Figura 33 - Gráfico de Meia-vida de Remoção do 65Zn nos diferentes testemunhos.............. 73

Figura 34 - Gráfico de Meia-vida de Remoção do 109Cd nos testemunhos analisados. .......... 73

Figura 35 - Perfil Atividade x Profundidade dos testemunhos................................................ 75

Figura 36 - Perfil Atividade do Inventário x Profundidade dos testemunhos do sedimento

controle. .................................................................................................................................... 76

Figura 37 - Índice de Atividade Bentônica e Índice do Inventário. ........................................ 78

Figura 38 - Índice do Inventário Total. ................................................................................... 80

Figura 39 - Sorção no filtro e barras de erro (menores do que o símbolo) para o

radiotraçador65Zn. ..................................................................................................................... 82

Figura 40 - Sorção do 65Zn pelo biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd. ............................ 83

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Parâmetros Físico-químicos da água do mar utilizada no experimento .................. 39

Tabela 2- Alíquotas retiradas ao longo do experimento .......................................................... 44

Tabela 3 - Resultados de meia-vida de remoção dos metais na interface água-sedimento ..... 51

Tabela 4 - Resultados de meia-vida de remoção dos metais nos testemunhos inoculados com

o BR Zn/Cd ............................................................................................................................... 52

Tabela 5 - Percentagem de remoção de Zn e Cdem intervalos de tempo ................................ 55

Tabela 6- Constantes de velocidade e tempo de meia-vida do 65Zn ........................................ 58

Tabela 7- Constantes de velocidade e tempo de meia vida do 109Cd....................................... 58

Tabela 8 - Percentual de remoção dos radiotraçadores da coluna d’água, nos testemunhos de

sedimento .................................................................................................................................. 68

Tabela 9 - Constantes de velocidade e tempo de meia vida do Zn-65 .................................... 72

Tabela 10 - Constantes de velocidade e tempo de meia vida do Cd-109 ................................ 72

Tabela 11- Comparação dos Resultados obtidos com a Análise dos Índices de Atividade

Bentônica .................................................................................................................................. 79

Tabela 12- Tabela comparativa dos índices do Inventário Total, para Zn e Cd, em

percentagem (%) ....................................................................................................................... 80

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................................... 6

ABSTRACT ........................................................................................................................................... 7

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................... 8

LISTA DE TABELAS ......................................................................................................................... 10

1INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 11

1.1AMBIENTE DE MANGUEZAL ..................................................................................................... 13

1.2A BIORREMEDIAÇÃO E O BIOFILME RESISTENTE .............................................................. 15

1.3METAIS: ZINCO E CÁDMIO ........................................................................................................ 18

1.3.1Toxicidade de Zn e Cd ................................................................................................... 21

1.4CINÉTICA QUÍMICA ..................................................................................................................... 22

1.4.1Leis de velocidade e ordem de reação ........................................................................... 23

1.4.2Meia-vida das reações de Primeira Ordem .................................................................. 25

1.4.3Aceleração das reações químicas................................................................................... 25

1.5USO DE RADIOTRAÇADORES EM MATRIZES AMBIENTAIS .............................................. 26

2OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 29

2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................................... 29

2.2OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................... 29

3ÁREA DE ESTUDO ......................................................................................................................... 30

3.1LOCAL DE COLETA ..................................................................................................................... 33

4MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................. 35

4.1ESTUDO DA SORÇÃO E CINÉTICA QUÍMICA DOS METAIS, Zn E Cd, NA INTERFACE

ÁGUA-SEDIMENTO EM ECOSSISTEMA DE MANGUEZAL ....................................................... 35

4.1.1Amostragem .................................................................................................................... 38

4.1.2Radiotraçadorese o sistema de detecção ....................................................................... 40

4.1.3Estudo cinético do processo de remoção de Zn e Cd na interface água-sedimento.. 43

4.1.4Estudo do retorno dos radiotraçadores para a coluna d’água ................................... 44

4.1.5Estudo do perfil sedimentar dos radiotraçadores ....................................................... 45

4.1.6Estudo da influência da atividade bentônica na retenção e difusão dos metais nos

perfis do sedimento ................................................................................................................. 46

4.1.7Estudo de adsorção do 65Zn e 109Cd na parede do tubo de acrílico ........................... 47

4.2ESTUDO DASORÇÃO DO BIOFILME BACTERIANO RESISTENTE A Zn E Cd NA ÁGUA

DO MAR ............................................................................................................................................... 47

4.3ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS ....................................................................................... 50

5RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................................... 51

5.1ESTUDO COMPARATIVO DOS RESULTADOS ........................................................................ 51

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5.2RESULTADO DO ESTUDO DE REMOÇÃO ECINÉTICA DE SORÇÃO DE Zn E Cd NA

INTERFACE ÁGUA – SEDIMENTO EM ECOSSISTEMA DE MANGUEZAL ............................ 53

5.2.1Determinação da cinética de sorção de 65Zn e 109Cd, e percentagem de remoção

destes metais, na interface água-sedimento .......................................................................... 54

5.2.2Estudo do perfil do sedimento de manguezal ............................................................... 59

5.2.3Cálculo do índice de atividade bentônica ..................................................................... 62

5.2.4Resultados da remobilizaçãode Zn e Cd do sedimento ............................................... 65

5.3ANÁLISE EXPERIMENTAL DA EFICIÊNCIA DO BIOFILME BACTERIANO RESISTENTE

A Zn e Cd NO PROCESSO DE REMOÇÃO DOS METAIS DA INTERFACE ÁGUA-SEDIMENTO

...............................................................................................................................................................66

5.3.1Determinação da remoção e estudo cinético de sorção de 65Zn e109Cd pelo biofilme

bacteriano resistente a Zn e Cd na interface água-sedimento ............................................ 67

5.3.2Estudo do perfil dos metais no sedimento .................................................................... 74

5.3.3Cálculo da influência da atividade bentônica .............................................................. 77

5.3.4Resultado da remobilizaçãode Zn e Cd do sedimento ................................................ 81

5.4RESULTADOS DA ADSORÇÃO DO 65Zn E 109Cd NA PAREDE DO TUBO ............................. 81

5.5RESULTADOS DA SORÇÃO BACTERIANA DO 65Zn PELA DISTRIBUIÇÃO DE FASES

(SÓLIDA E LÍQUIDA) ........................................................................................................................ 81

6CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 84

7REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 86

8ANEXOS .......................................................................................................................................... 100

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11

1 INTRODUÇÃO

A industrialização tem aumentado consideravelmente os problemas ambientais

relacionados à poluição do solo, ar e água, pois o seu mau gerenciamento e a falta de

tratamento acarretam, na maioria dos casos, em uma destinação inadequada dos resíduos

sólidos e líquidos. Esses problemas ambientais afetam diretamente o ecossistema local,

contaminando-o, por exemplo, com metais, que podem ser subprodutos gerados pelas fontes

industriais (LACERDA et al., 1987; FERREIRA, 2010).

Assim, quando introduzidos no meio ambiente, os metais passaram por processos de

dispersão ou acumulação, de acordo com as suas características químicas específicas e pelas

condições físico-químicas (pH, Eh, temperatura, salinidade) encontradas no meio em que

forem inseridos. Em ambientes costeiros, como os manguezais, o sedimento é o

compartimento ambiental que retrata o quadro de contaminação das áreas impactadas, pois

possui facilidades de amostragem, e de avaliação, devido à existência de maiores

concentrações dos metais, atuando como um local de retenção dos mesmos no sistema

aquático (SALOMONS; FORSTNER, 1984; FORSTNER; WITTMANN, 1979;

BARCELLOS, 1995).

Apesar dos sedimentos representarem um sistema de armazenamento eficiente de

poluentes oriundos da coluna de água, os mesmos também podem ser considerados como

fonte potencial destes contaminantes, pois os sedimentos podem liberá-los de volta em sua

forma livre para a coluna d água. Isso se dá por processos como a ressuspensão, dragagem ou

bioturbação (RIBEIRO, 2013; AUDRY et al., 2004; LUIZ-SILVA et al., 2006).

Os manguezais são considerados os berçários naturais de muitos animais, além de

ser, um local de intensa ciclagem de elementos, e uma barreira geoquímica para a maioria dos

metais. Estudos apresentam os sedimentos de manguezal como locais de retenção de metais

em áreas costeiras (SUZUKI et al., 2013; MACHADO et al., 2002; ALONGI et al., 2004;

MARCHAND et al., 2006), e mostram a importância da atividade da fauna bentônica nesse

processo, que afeta a entrada de oxigênio e sulfetos nas camadas de sedimento. Com isso,

enfocam o estímulo gerado pela bioturbação no transporte de metais na interface água-

sedimento, e concluem que a sua difusão, e subseqüente adsorção dos mesmos aos óxidos, é

aumentada pela presença destes animais bentônicos (SUZUKI et al., 2012).

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Além disso, nos manguezais existem bactérias e outros microrganismos que

adquirem a capacidade de sobreviver em condições ambientais perturbadas por algum agente

estressor. Esses organismos acabam constituindo um biofilme bacteriano, que é considerado

um compartimento ambiental, que apresenta a propriedade de reter metais-traço na interface

água-sedimento, podendo aumentar a capacidade do sedimento na remoção de contaminantes

metálicos de sistemas aquáticos (FARAG et al., 2007).Esse biofilme pode se tornar altamente

interativo com íons metálicos presentes nesse ambiente. Além disso, estudos de seu

comportamento em ambientes contaminados, podem ser aplicados como uma técnica de

biorremediação.

A Baía de Sepetiba – RJ está localizada em uma região estratégica e de grande

interesse econômico, atraindo muitos investimentos. Essa baía, local de estudo do presente

trabalho, tornou-se pólo industrial do Estado do Rio de Janeiro, com a presença de

aproximadamente 400 indústrias de grande porte e atual expansão da zona portuária de Itaguaí

(CUNHA et al., 2009; GOMES et al., 2009; PARAQUETTI et al., 2004). Sua atividade

industrial é responsável pelo lançamento de rejeito de substâncias tóxicas na baía, destacando-

se os metais, como Zinco e Cádmio, que formou um passivo ambiental devido à antiga

existência da indústria de beneficiamento de Zn, a Ingá Mercantil. A região sofre também por

intenso aporte de esgotos domésticos, lançados sem tratamento adequado nos rios que

deságuam na baía. Essa intensa contaminação deixou marcas na região até os dias atuais,

sendo possível encontrar valores elevados de metais nos sedimentos de fundo dos manguezais

(RIBEIRO, 2006) e nas águas superficiais dos rios que circundam a baía (COSTA et al.,

2006).

Desde 2012, o grupo de pesquisa do Laboratório de Radioquímica e Química

Nuclear (UFF), reúne experiências e busca atingir, de forma interdisciplinar, os objetivos

propostos pelo Projeto relacionado ao Edital FAPERJ “Avaliação do potencial de biofilme

bacteriano para a remediação da contaminação por metais na Baia de Sepetiba/RJ com o uso

de radiotraçadores, técnicas analíticas e imageamento 3D”. Este projeto visa atender à

integração de abordagens físicas, químicas e microbiológicas, para fornecer subsídios básicos

para futuras ações práticas de biorremediação, utilizando a Baía de Sepetiba como estudo de

caso. Com base neste estudo, utilizou-se o biofilme bacteriano na remoção dos metais (Zn e

Cd), que é um processo de adaptação que já ocorre naturalmente no ambiente, avaliando o seu

potencial de sorção.

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13

1.1 AMBIENTE DE MANGUEZAL

As florestas de manguezal ocupam grande parte da costa tropical e subtropical do

planeta, desenvolvendo-se em zonas litorâneas em ambientes de intensa deposição como

estuários, onde a velocidade das correntes marítimas e ação das ondas não sejam intensas. O

Brasil apresenta em sua zona costeira, ambientes de extrema importância ecológica, como os

manguezais, as baías, os estuários e as praias. De acordo com o IBAMA (2002), os mangues

se estendem por 25.000 km, do Amapá, na região Norte do país, até Laguna, Santa Catarina.

O Estado do Rio de Janeiro possui 714 km de costa, e suas duas maiores áreas de manguezais,

localizadas na Baía de Guanabara e na Baía de Sepetiba, estão mapeadas na parte sul da costa

fluminense, as quais vêm diminuindo, principalmente, pela explosão industrial (TANIZAKY,

1994; COTELO, 2004).

As florestas de manguezal são constituídas de plantas halófilas, cujo porte varia de

arbustivo a arbóreo, conforme a espécie. Suas plantas são adaptadas às variações de marés, à

anoxia do sedimento, e à salinidade da água intersticial (BORGES, 2010; LACERDA et al.,

2001; DUKE et al., 1998). A vegetação é caracterizada por uma elevada produção de

serrapilheira, e apresenta produtividade diretamente proporcional ao desenvolvimento da sua

biomassa, favorecendo a ciclagem de nutrientes.

Os manguezais realizam importante papel como exportador de matéria orgânica para

os estuários, sendo um dos mais férteis ecossistemas, favorecendo a produtividade primária na

zona costeira (SCHAEFER-NOVELLI, 1995; SAENGER; SNEDAKER, 1993; BORGES,

2010). Eles apresentam funções ecológicas como, controle de erosão pela sua estrutura

(tronco e raízes), proporcionando estabilidade física, e retenção/deposição de elementos

associados aos sedimentos. Além disso, é considerado um berçário natural, pois, é o local

onde as espécies encontram abrigo e condições ideais de reprodução. (ROBERTSON; DUKE,

1987; ROBERTSON; ALONGI, 1992; VANNUCCI, 1998; LACERDA, 2002; COTELO,

2004).

Normalmente, manguezais localizados em ambientes mais fechado para o mar,

apresentam águas mais calmas, e tendem a depositar grãos sedimentares mais finos, como

silte e argila. Estes grãos possuem uma maior superfície específica de contato com o meio,

acarretando o favorecimento da fixação de elementos químicos por adsorção (LACERDA,

1998). Já os mangues localizados em regiões mais abertas para o mar, e que possuem

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correntes de água mais intensificadas, depositam grãos arenosos, mais grossos (BORGES,

2010; WOODROFFE, 1992).

A distribuição, o transporte e a biodisponibilidade dos metais, em ambientes

aquáticos, são controlados pelos processos que ocorrem na interface água-sedimento. Assim,

o que determina as formas de associação dos metais na coluna d’água ou no sedimento, são os

processos físico-químicos que ocorrem nesse compartimento ambiental. Ou seja, se os metais

estarão disponíveis nas formas: particulada, iônica dissolvida ou complexada com ligantes

naturais ou antrópicos.

A dinâmica de remoção dos metais da coluna d’água para os sedimentos nos

manguezais é originada por processos como a coagulação, a sedimentação, a adsorção e a

difusão (SALOMONS, 1980; BARCELLOS, 1995). Além disso, diversos fatores ambientais,

como pH, temperatura, Eh, carga elétrica do meio aquoso na superfície do sedimento,

presença de matéria orgânica, formação de complexos orgânicos, são prováveis mediadores

do acúmulo dos metais nos sedimentos.

Estudos mostram que o processo de difusão dos metais é aumentado pela bioturbação

da fauna, que age como transporte, e favorece a acumulação de metais dentro da coluna de

sedimento (PETERSEN et al., 1998; COURNANE et al., 2010; OSAKI et al., 1997; SUZUKI

et al., 2012). Esses estudos apresentam a importância do processo de bioturbação na ciclagem

de nutrientes, e investigam a influência da fauna bentônica na dinâmica dos processos

biogeoquímicos, buscando determinar os fluxos na interface água-sedimento, e a influência

destes organismos em perfis de oxi-redução (KOSTKA et al., 2002; ALLER, 1992).

Os organismos bentônicos podem alterar a estrutura física do sedimento, criando

orifícios (galerias) e conseqüentemente, zonas de menor densidade e consistência do

sedimento. As galerias são os locais de transporte dos metais, pela bioturbação, para retenção

dos mesmos nas camadas mais profundas do sedimento. A Figura 1 apresenta uma

microtomografia de Raios-X, de 0 – 4 cm de profundidade de sedimento, oriundo do

manguezal de Itacuruçá, Baía de Sepetiba/RJ (SUZUKI et al., 2012). A figura mostra as

galerias criadas pela bioturbação da macrofauna, observando a densidade heterogênea do

sedimento devido à composição mineral, matéria orgânica e atividade biológica.

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Figura 1-Microtomografia de Raios-X com a produção de galerias pela atividade biológica no perfil do

sedimento.

Fonte: SUZUKI et al., 2012.

1.2 A BIORREMEDIAÇÃO E O BIOFILME RESISTENTE

Muitas indústrias contribuem para a produção e descarga inadequada de resíduos,

que contém quantidades consideráveis de metais pesados para o meio ambiente, fato este

ocorrido na Baía de Sepetiba, RJ. A contaminação por metais é tratada, hoje em dia, como um

dos mais importantes problemas ambientais, pois, os contaminantes metálicos permanecem

por mais tempo no meio ambiente do que os orgânicos, e apresentam formas altamente

biotóxicas ao reagirem com as biomoléculas, formando compostos extremamente estáveis

(SANTONA et al., 2006; DURUIBE et al., 2007).

Vários métodos fisicos, químicos e biológicos de remoção dos metais da

colunad’água, foram tecnologicamente desenvolvidos, com o objetivo de remediar locais

contaminados por metais, visto que esta não é uma tarefa trivial. Alguns métodos

convencionais estão em pauta, como a precipitação química, filtração, tratamento

eletroquímico, evaporação, entre outros. Entretanto, os processos se tornam enviáveis,

principalmente a precipitação química e o tratamento eletroquímico, quando a concentração

do metal se encontra abaixo de 100mg/L, além de produzirem uma grande quantidade de lodo

de dificil tratamento (VOLESKY, 2001; WANG, 2009).

Os microrganismos possuem capacidade de interferir na especiação dos metais, por

sua ação ativa ou mediadora nos processos de mobilização ou imobilização, influenciando o

equilíbrio destes entre as fases solúveis e insolúveis (GADD, 2004). O uso destes na remoção

de metais pesados, tem se mostrado bastante eficiente, pelo baixo gasto de energia e pela

menor utilização de produtos químicos (VEGLIO, 1997). A birremediação é um processo, no

qual os organismos (plantas ou microrganismos), são utilizados tecnologicamente, para

metabolizar poluentes orgânicos persistentes e oxidar contaminantes metálicosno meio

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ambiente (EDWARDS; KJELLERUP, 2013). Essa técnica pode ser dividida em dois tipos:

Biorremediação in situ e ex situ. A In situ representa a transformação ou destruição dos

contaminantes no próprio local; já a ex situ é caracterizada pela remoção do material

contaminado, para tratamento em local externo ao de origem, como os biorreatores (CETESB,

2007). Um exemplo de biorremediação in situ é a passiva ou intrínseca, conhecida como

atenuação natural, na qual o contaminante permanece no local e através de processos naturais,

como a biodegradação, ou a sorção, ocorre a descontaminação do ambiente (MULLIGAN;

YONG, 2004). Outra técnica é a bioaumentação, que é a inoculação de microrganismos com

alto petencial de degradação dos contaminantes em um ambiente contaminado (EDGEHILL

et al., 1999).

Entende-se como biosorção, o termo usado para a remoção de metais ou metalóides,

compostos ou partículas em solução, através da ação microbiana (GADD, 1993). Uma grande

quantidade de metais podem ser acumuladas pelos diversos processos, dependentes ou

independentes, que ocorrem no metabolismo celular. O processo de biosorção tem como

princípio a ligação entre os metais e materiais biológicos como, por exemplo, bacterias,

fungos ou algas (WANG; CHEN, 2009).

As bactérias são os microrganismos mais abundantes e constituem uma significativa

fração de toda a biomassa que vive na terra, apresentando valores na ordem de 1018g (WANG;

CHEN, 2009; MANN, 1990). Elas podem ser encontradas aderidas às superfícies bióticas

ou/e abióticas, interagindo entre si, formando biofilmes (ZOBELL et al., 1943). Esses

biofilmes são formados por microrganismos, material polimérico extracelular

(polissacarídeos, proteínas, lipídeos) e resíduos do ambiente local. Esse material polimérico,

conhecido como matriz exopolimérica, possui característica viscoelástica e hidratada, que

mantém a aderência entre as células e o substrato, formando a estrutura do biofilme

(HARRISON et al., 2005). O biofilme gera um ambiente favorável ao crescimento da

comunidade bacteriana, excedendo em 30 vezes os sítios de ligação das membranas

biológicas (LIU; FANG, 2002), aumentando a capacidade de biorremediação da bactéria. A

Figura 2 esquematiza um modelo de formação do biofilme bacteriano.

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Figura 2-Modelo de desenvolvimento do Biofilme Bacteriano.

Fonte: GHIGO, 2003.

A formação do biofilme ocorre por uma seqüência de processos, sendo a primeira

etapa, a adesão de bactérias planctônicas em uma superfície favorável físico-quimicamente,

que se subdivide em duas fases: reversível e irreversível. A fase do processo reversível relata

a adesão física do microrganismo por forças de Van der Walls e atração eletrostática, já o

processo irreversível, é representado pelo momento que os microrganismos se estabelecem

em um local, em que ocorre uma interação química com a superfície, e a síntese do material

extracelular, que passa a ser a principal força de ligação célula-superfície. Em seguida

acontece a agregação e adesão de outros microrganismos (proliferação e acúmulo de camadas

de células, formação de micro-colônias) (RICKARD et al., 2003).

Durante a formação do biofilme maduro, as espécies de bactérias que se agregam,

apresentam tipos de metabolismo diferenciados, formando uma comunidade heterogênea

multicelular, aumentando a espessura do biofilme e a capacidade de adaptação a alterações no

meio ambiente. A última etapa é a dispersão do biofilme, que as células estão móveis e

favorece a produção de substâncias surfactantes e lise celular. É importante ressaltar a

importância desse desprendimento das células bacterianas do biofilme, pois é desta maneira

que a espécie pode se perpetuar e colonizar outros ambientes (HALL-STOODLEY et al.,

2004).

Estudos apontam diversas funções estabelecidas com a produção do EPS, e as

vantagens existentes na formação do biofilme. Dentre elas está a comunicação extracelular

através da sinalização quorum sensing, que viabiliza a troca genética entre os diferentes

grupos bacterianos, ou a facilidade de ocorrência das reações oxi-redutoras com troca de

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elétrons (FLEMMING; WINGENDER, 2010). Outra vantagem, é que na forma de biofilme,

as bactérias estão mais protegidas da ação de agentes químicos e físicos, possuindo melhores

condições de vida e conferindo estabilidade para seu crescimento (COSTERTON et al.,

1995). Essas características tornam os biofilmes menos susceptíveis aos estresses causados

pelos efeitos tóxicos de metais, produzindo cada vez mais populações bacterianas resistentes e

tolerantes, (TEITZEL; PARSEK, 2003; HARRISON et al., 2007; LEWIS, 2007) capazes de

atuar como microrganismos bioremediadores de regiões contaminadas.

Estudos têm sido desenvolvidos com o objetivo de determinar o potencial do

biofilme para biorremediar áreas contaminadas por metais (KRISHNA et al., 2012; DASH et

al., 2014; EDWARDS; KJELLERUP, 2013). Um exemplo, é o trabalho de Sprocati et al

(2006), em que consórcios microbianos foram isolados de uma mina abandonada (Ingustosu,

Itália), contendo galena e uma mistura de minerais, por meio de uma seleção de bactérias

resistentes ao Zn. Os consórcios foram capazes de acumular Zn, porém aquele denominado

Ing5 foi estudado para avaliar as seguintes características: resistência e acumulação de Zn, Cd

e Hg, e a influência de Zn e Cd no perfil metabólico. Os resultados indicaram que o consórcio

Ing5 possuía sistemas de resistência para Cd e Hg, assim como para Zn. O estudo do perfil

metabólico mostrou que o Zn exerce uma influência muito baixa sobre os microrganismos; e

que essa influência pode ser positiva. Já o Cd teve uma forte influência negativa nos

microrganismos, apesar disso, o consórcio é capaz de manter uma ampla afinidade metabólica

na presença de metais pesados.

Entretanto, no Brasil, ainda hoje, existe uma escassez de informação sobre a sorção e

imobilização dos metais pelo biofilme, suas respostas à contaminação por metais e sua

potencial influência sobre a acumulação destes contaminantes em sedimentos aquáticos.

Nesse trabalho, foi estudado um consórcio bacteriano, denominado biofilme bacteriano

resistente, originado de áreas contaminadas por metais, Zn e Cd, para estudar, em ambiente

laboratorial, o potencial bacteriano na remoção destes metais, avaliando processos físico-

químicos dessa remoção, na interface água-sedimento, de testemunhos de manguezal. Estas

bactérias foram usadas como biosorventes, devido a sua capacidade de crescer em condições

controladas, e a sua resistência a uma vasta gama de situações ambientais estressantes.

1.3 METAIS: ZINCO E CÁDMIO

Os elementos químicos, Zn e Cd, são encontrados naturalmente associado sem

diversos minerais nas matrizes geológicas, como os piroxênios, micas e magnetitas,

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exemplificando essa combinação em sua composição devido aos seus semelhantes

comportamentos geoquímicos (WEDEPOHL, 1978).

Ao contrário da maioria dos metais originários de fontes pontuais de contaminação

provenientes do continente, os metais Zn e Cd, apresentam maiores probabilidade de

exportação para o oceano, visto que tendem a formar facilmente cloro - complexos solúveis, e

também apresentam capacidade de se remobilizarem dos sedimentos para a coluna d’água,

pela ação das marés. Analisando o comportamento dos metais em ambientes costeiros, a

retenção dos mesmos nos sedimentos é proporcionada por processos de adsorção ao material

particulado em suspensão e posterior sedimentação (KERSTEN; FORSTNER, 1987;

BARCELLOS, 1995).

De acordo com estudo de Salomons (1980), alguns parâmetros físico-químicos

podem alterar a capacidade de adsorção dos metais, como, o aumento da turbidez do meio e

do pH, que favorecem a adsorção dos metais ao material particulado. Segundo Salomons e

Forstner (1984), o sedimento é considerado um compartimento ambiental de importantes

funções, sendo uma delas o transporte dos metais no sistema aquático, além de atuar como

reservatório dos mesmos para a biota e a coluna d’água. Cabe ressaltar que os sedimentos

finos de um modo geral, silte e argila, possuem maior superfície específica de contato, além

de apresentarem cargas elétricas que facilitam a retenção de metais ao material particulado e

seu transporte por correntes.

O Zn e Cd apresentam propriedades físico-químicas semelhantes, pois são

pertencentes à mesma família da tabela periódica, possuindo a nomenclatura de metais de

transição da segunda série. Estes metais apresentam um único íon no ambiente natural, a

espécie bivalente. O Cd é um elemento que apresenta maiores tendências em formar ligações

covalentes, especialmente com enxofre, do que o elemento Zn (FLEISCHER et al., 1974). De

forma geral, o Cd é considerado um elemento relativamente raro e possui uniformidade na

maioria das rochas, apresentando uma média de 0,15- 0,2 ppm de Cd. Ele é um elemento

químico produzido como subproduto da mineração do Zn, pois os dois metais são encontrados

normalmente associados. É um elemento relativamente móvel, em ambientes aquáticos, e

pode ser transportado em solução como cátion bivalente ou formando complexos orgânicos/

inorgânicos. Os processos de sorção contribuem para a remoção do Cd dissolvido pelo

sedimento de fundo, sendo essa probabilidade aumentada na medida em que se eleva o pH

(CALLAHAN et al., 1979).A Figura 3 apresenta o diagrama Eh x pH do Cd no sistema

Cd(OH)2.

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Figura 3 - Diagrama Eh x pH do Cd.

Fonte: ATLAS OF Eh - pH DIAGRAMS, 2005.

A complexação do Cd com cloretos aumenta com a salinidade. Nas águas de

superfície, o Cd possui tendência a formação de complexos ligantes, obedecendo a uma

ordem de afinidade: Ácidos húmicos > CO32- > OH- > Cl- > SO4

-2. (CALLAHAN et al., 1979;

FERREIRA, 2010).

A formação de complexos de Cd, com substâncias húmicas e a adsorção pelas

argilas, são suas principais barreiras geoquímicas (REIMANN; CARITAT, 1998). Os

processos de sorção são fatores considerados de relevância na redução da carga do Cd, e de

seu transporte de velocidade aquático. Mas, essa ordem de afinidades pode ser alterada à

medida que exista uma mudança em parâmetros físico-químicos como a salinidade, tornando

essa complexação mais favorável com cloretos (SALOMONS; FORSTNER, 1984).

O elemento químico Zn ocorre, normalmente, no seu estado de oxidação +2,

associado com elementos como Cl, O e S, formando cloretos, sulfatos, sulfetos e óxidos de

zinco. Ele é considerado um elemento móvel, pois os compostos de zinco e seus ligantes

comuns das águas de superfície são solúveis em soluções neutras e ácidas, de modo que ele é

facilmente transportado na maioria das águas naturais.

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A maior parte do Zn introduzido no ambiente aquático é removido pelos sedimentos

por sorção em óxidos de ferro e manganês, minerais de argila e materiais orgânicos. A

eficiência destes materiais na remoção de Zn da solução, varia de acordo com as suas

concentrações, pH, Eh, as concentrações de ligantes, e a concentração de zinco. A seguir é

apresentado o diagrama Eh x pH do Zn em solução aquosa (Figura 4).

Figura 4-Diagrama Eh x pH do Zn em solução aquosa.

Fonte: ATLAS OF Eh – pH DIAGRAMS,2005.

A adsorção é a reação predominante deste elemento químico, resultando no seu

enriquecimento ao material particulado em suspensão e nos sedimentos. A mobilidade deste

elemento em ambientes aquáticos é afetada pela presença da atividade biológica, embora esta

biota apresente baixas concentrações deste elemento quando comparada aos sedimentos. O Zn

apresenta mobilidade em condições oxidantes no meio ácido, é elevada. Já em ambientes

redutores e com pH neutro a alcalino, é muito baixa (REIMANN; CARITAT, 1998).

1.3.1 Toxicidade de Zn e Cd

O Cádmio foi reconhecido há muitos anos atrás por apresentar toxicidade em níveis

elevados e necessitar de precauções nas atividades industriais em que os trabalhadores eram

expostos a essa contaminação. Os estudos relativos ao efeito de toxicidade ao ser humano

proveniente da exposição a longo prazo de pequenas concentrações ao cádmio, começou a ser

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avaliado mais precisamente após o surto da doença Itai-Itai ocorrido no Japão no final da

década de 1940 (FLEISCHER et al., 1974). De acordo com Who (1983) o Cd é considerado

um dos metais de maior nível de toxicidade causando intoxicações agudas e crônicas, assim

como o Mercúrio e o Arsênio. Ele pode ser biomagnificado ao longo da cadeia alimentar, pois

possui um efeito cumulativo nos organismos em geral. Por causa de sua semelhança química

ao Zn, o Cd pode substituir o Zn nas enzimas, interrompendo, assim, a função metabólica

normal, visto que o Cd não exerce essa função no organismo (FLEISCHER et al., 1974).

Uma das principais causas para a periculosidade do Cd, é que este elemento, no

organismo, se acumula primeiramente no fígado e nos rins, provocando disfunções renais

(FLEISCHER et al., 1974; BARCELLOS, 1995). O Cd é considerado um elemento com

potencial carcinogênico, sendo sua exposição ocupacional associada ao câncer de pulmão,

próstata, fígado, ruins e estômago.

Já o Zn apresenta características essenciais, principalmente, para o funcionamento

dos sistemas imunológico, digestivo e nervoso no corpo humano. Este elemento químico,

como também, por exemplo, o Cobre, em baixas concentrações possui um papel importante

no metabolismo biológico dos organismos, sendo considerado um elemento extremamente

essencial para a vida, mas, em altas concentrações torna-se um elemento com efeito

toxicológico elevado (FISHER, 1986; SANTSCHI, 1988).

1.4 CINÉTICA QUÍMICA

O principal objetivo da termodinâmica é saber por que as reações químicas

acontecem. Embora a termodinâmica informe a direção e a extensão de uma mudança

química, ela não indica a velocidade com que essa reação ocorreu. Saber como uma reação

ocorre, os detalhes de sua progressão, o que determina suas velocidades e como controlá-las,

são os objetivos da cinética química (BALL, 2006; ATKINS; JONES, 2006).

A cinética química oferece subsídios para estudar as velocidades das reações

químicas em nível macroscópico e em nível atômico. No nível atômico, a cinética química

fornece o entendimento da natureza e dos mecanismos das reações químicas. Já no nível

macroscópico, as informações da cinética química permitem a modelagem de sistemas

complexos, como o meio ambiente e o corpo humano. A cinética química das reações é o

estudo das velocidades com que as reações acontecem. O termo velocidade de uma reação é

caracterizado pela variação, da concentração de um elemento ou espécie (reagente ou

produto), ao longo do tempo, determinado para a mudança de fase (ATKINS; JONES, 2006).

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O estudo da cinética é de grande importância, pois dessa forma pode-se avaliar a

concentração de um elemento químico, ao longo do tempo. Essa ferramenta é valiosa,

principalmente, em estudos de contaminação ambiental, que é necessário saber quanto tempo

um determinado contaminante permanecerá na mesma forma química, e avaliar também o

impacto que esse poluente vai causar no ambiente afetado ao longo do tempo. Na interface

água-sedimento, é possível determinar, através das leis da velocidade das reações, a constante

da velocidade com que um contaminante será removido da coluna d’água para o sedimento,

ao longo do tempo, identificando o tempo de residência desse contaminante em solução na

água.

Para calcular a cinética química, é preciso determinar qual a lei de velocidade da

reação. A lei de velocidade é uma equação que relaciona a velocidade de uma reação com a

concentração dos reagentes elevadas em certos expoentes.

Para uma reação química geral:

aA + bBcC + dD (1)

A seguinte lei da velocidade é obtida:

Velocidade = k [A]n [B]m (2)

Onde ‘m’ e ‘n’ representa a ordem da reação, que é definida como a soma dos expoentes da

reação, e são determinados experimentalmente. A constante de proporcionalidade ‘k’ é

chamada de constante de velocidade de uma reação.

1.4.1 Leis de velocidade e ordem de reação

A ordem de uma reação é a potência aplicada à concentração da espécie, na lei de

velocidade, em que a ordem total é a soma das ordens das espécies que reagem.

Uma das leis é a das reações de ordem zero. Elas são representadas quando a

velocidade da reação é independente da concentração do reagente. Assim, a lei da velocidade

de ordem zero, apenas pode ser determinada, se as concentrações atuais dos reagentes não

variar ao longo do tempo.

As reações de primeira ordem são caracterizadas, como a reação onde a concentração

dos reagentes decresce exponencialmente ao longo do tempo. Para identificar a lei da

velocidade da reação, basta calcular o logaritmo Neperiano da concentração, em função do

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tempo, e obter uma reta, que a inclinação da reta tem valor ‘–k’. A Figura 5 apresenta a

concentração do reagente M está diminuindo, no decorrer do desenvolvimento da reação.

Figura 5 - Logaritmo Neperiano da [M] ao longo do tempo.

A relação entre o tempo de meia-vida e a concentração inicial do elemento reagente,

pode servir de auxílio para determinar a ordem de reação. Ao trabalhar com cinética química

de primeira ordem, o tempo de meia - vida deve ser independente da concentração inicial do

elemento reagente.

As leis da velocidade de segunda ordem são aquelas em que a velocidade das

reações, é proporcional ao produto das concentrações de dois reagentes (ATKINS; JONES,

2006). Assim, essa ordem de reação envolve dois reagentes, e para ambos a concentração

depende do tempo.

É importante lembrar que a velocidade de uma reação química, depende diretamente

das condições nas quais a reação está ocorrendo, tais como a temperatura, pressão, e as

concentrações ou pressão parcial de algumas substâncias presentes. A mudança dessas

condições pode implicar em aceleração ou retardamento da reação (ATKINS; JONES, 2006).

Ressalta-se que o decaimento radioativo segue sempre uma reação de primeira

ordem, pois a velocidade é proporcional à concentração restante do produto radioativo,

possuindo uma constante de proporcionalidade ‘λ’, característica do elemento químico

estudado, e independente das condições apresentadas, como a temperatura, pressão e outras

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25

variáveis. É necessário frisar que o mecanismo de desintegração radioativa não tem relação

com o mecanismo de uma reação química.

1.4.2 Meia-vida das reações de Primeira Ordem

O termo meia-vida (t1/2) de uma substância é o tempo necessário, para que a

concentração original do reagente diminua a metade do seu valor inicial, ou seja, o tempo que

leva, para metade da substância reagir (ATKINS; JONES, 2006). O cálculo da meia-vida das

reações, também possui sua importância para avaliação de um impacto ambiental,

esclarecendo características do poluente, como por exemplo, determinar se o processo da

cinética, ou sua meia-vida, é mais rápido ou mais lento.

Para calcular a relação entre a velocidade da reação e a meia-vida, é necessário

manipular a equação: [A]t = [A]0e-kt, em que k é o coeficiente angular da reta (Cinética

linearizada).

t = ln[A]0 / k x [A]t

t1/2= ln[A]0/ k x ([A]0)(1/2)

t1/2 = ln 2 / k (3)

A relação entre a meia-vida com o coeficiente angular (k), é inversamente

proporcional, pois quanto maior o valor de k menor será o tempo de meia-vida, ou seja, mais

rápida será a cinética química do elemento.

1.4.3 Aceleração das reações químicas

Uma maneira de acelerar o processo de uma reação química é utilizar um catalisador.

O catalisador é uma substância que irá aumentar a velocidade de uma reação, sem ser

consumido no decorrer do processo. Assim, a reação é acelerada, fornecendo um caminho

alternativo, ou seja, um mecanismo de reação diferenciado, entre o consumo dos reagentes e

formação dos produtos, com energia de ativação reduzida. Os catalisadores são divididos em

duas categorias, existindo os catalisadores homogêneos e heterogêneos. Quando o catalisador

é apresentado na mesma fase que os reagentes, que dizer que ele é homogêneo, já quando é

inserido no sistema em fase diferente dos reagentes, nomeia-se heterogêneo (ATKINS;

JONES, 2006).

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Outro tipo de catalisador é o enzimático. As enzimas são catalisadores biológicos

cuja função é alterar moléculas de substrato e facilitar as reações. Essas enzimas são

moléculas muito grandes, que têm um sítio ativo semelhante a uma cavidade onde a reação

acontece. Assim, a cinética de reações acontece como um sistema chave-fechadura, em que o

substrato (elemento reagente) é reconhecido por sua capacidade de se ajustar ao sítio ativo

como uma chave se ajusta a uma fechadura. Dessa forma, o reagente é ligado à enzima, e suas

ligações químicas são ligeiramente alteradas e serão quebradas mais facilmente (ATKINS;

JONES, 2006).

1.5 USO DE RADIOTRAÇADORES EM MATRIZES AMBIENTAIS

A radiação pode ocorrer tanto de forma natural como na artificial. A radiação natural

pode ser encontrada em três formas diferentes: a radiação Cósmica, que tem origem no Sol e

no espaço Extraterrestre e penetram na atmosfera terrestre (prótons, elétrons, nêutrons,

mésons, radiação γ, entre outros); a radiação Cosmogênica, que é o resultado do

bombardeamento por parte dos raios cósmicos na atmosfera superior, produzindo

radioelementos que estão presentes em todo lugar, mas em pequenas quantidades; e a radiação

Terrestre dos elementos radioativos existentes na terra – como os elementos radioativos da

família do Urânio - 238, Urânio – 235 e Tório - 232. Já a radiação artificial é aquela obtida de

forma antrópica, através do bombardeio de núcleos atômicos por partículas de alta energia,

como os nêutrons através de reatores nucleares, prótons, partículas α, entre outros (BELLIDO

et al., 2013). Os radionuclídeos artificiais podem ser usados como ferramentas de pesquisa em

sistemas representativos de ecossistemas ambientais, na área médica para diagnóstico e

terapia de câncer, na área de alimentos, entre outras (BELLIDO et al., 2013; BELLIDO;

LATINI, 2010).

O termo traçador é empregado a um elemento ou espécie química que apresenta

características físico-químicas que possibilitam o seu acompanhamento em um determinado

estudo. Os radiotraçadores ou traçadores radioativos quando usados nessas condições,

apresentam muitas vantagens como possibilitar estudos em sistemas não perturbados, tanto no

sentido biológico como no químico, não alterando a composição das amostras nem

modificando sua estrutura físico-química. Além disso, podem ser usados para se compreender

as relações dos processos biológicos, químicos e físicos no ecossistema.

O radioisótopo é um nuclídeo radioativo do elemento químico presente na tabela

periódica, possuindo propriedades fisico-químicas semelhantes ao elemento natural. A

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diferença entre os elementos radioativos e os não radioativos é a capacidade de emissão

radioativa que o radioisótopo apresenta ao longo do tempo até atingir um estado de equilíbrio

estável. Através dessa emissão radioativa, é possível acompanhar todo o comportamento

cinético que o elemento apresenta em um ambiente natural sem alterar nenhum processo

químico paralelo ou necessitar de manipulação da amostra para determinação dos parâmetros

ambientais (MACHADO, 2004; FRIEDLANDER, 1964). Essa técnica apresenta a vantagem

de ser altamente sensível, apresentando limites de detecção baixos e quantidades muito

pequenas (10-9 – 10-11 g) do radiotraçador que não alteram a matriz da amostra estudada

(MACHADO, 2004).

Nas últimas décadas, estudos utilizando radiotraçadores em experimentos

laboratoriais avaliaram a transferência de metais traço na interface água-sedimento, e

contribuíram positivamente para determinar a capacidade de sorção desses elementos por

sedimentos marinhos e costeiros (MACHADO et al., 2008; LIGERO et al., 2006;

SANTSCHI, 1998; SCHAANNING et al. 1996; HALL et al., 1989).

Estudos com radiotraçadores têm sido usados para determinação de processos no

meio ambiente, como a cinética de sorção dos metais na interface água-sedimento, pelo

estudo da variação de concentração das espécies ao longo do tempo entre outras aplicações.

Cotelo (2004), avaliou a capacidade de incorporação de zinco e cobalto pelas plantas

do tipo Rhizophora mangle característica de manguezais, realizando experimentos

laboratoriais com radiotraçadores 65Zn e 58Co. O estudo determinou fatores de transferência

para esses elementos nas plantas, estudando períodos diversificados como 1, 3 e 6 meses de

incubação. Seu resultado em um mês de estudo foi de 2% de incorporação dos elementos

pelas plantas. Já para o período de 3 meses observou que a incorporação era de 60% nas

raízes das plantas e entre o período de 3 a 6 meses não observou nenhuma diferença

significativa.

Machado et al. (2008) também fizeram uso da técnica dos radiotraçadores para

determinar a remoção do Zinco da água para o sedimento em ecossistema de manguezal.

Nesse estudo, foi determinada a cinética química de sorção do Zinco, calculando seu tempo

de remoção (meia vida), e analisado o perfil de retenção deste metal no sedimento, com o

auxílio do 65Zn. Os resultados sugerem que os testemunhos de sedimentos, que apresentavam

vegetação de manguezal, permitiram uma menor mobilidade vertical do metal, Zn, do que

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sedimentos ao redor do mangue (sem vegetação). Isso representa uma maior capacidade de

retenção desde metal em testemunhos sedimentos com vegetação.

Bellido et al. (2013), apresentaram uma revisão sobre os estudos realizados com

radiotraçadores para a obtenção de parâmetros físico-químicos em matrizes ambientais na

Floresta Experimental de Itacuruçá em Sepetiba/RJ. Nessa publicação foram analisados três

artigos utilizando os radiotraçadores. Canesin (2000), em sua tese de Doutorado, utilizou o

54Mn com o objetivo de entender o processo de oxidação do manganês na coluna d’água. Seus

resultados mostraram a compreensão dos processos cinéticos da oxidação do manganês, na

coluna d’água com obtenção das constantes de velocidade específicas da reação de oxidação;

Machado et al. (2001), estudaram o comportamento geoquímico do desequilíbrio entre o

iodeto e iodato na água do mar, separando as espécies de iodo por adsorção cromatográfica,

utilizando o 123Iodo e 131Iodo em cada um dos estados de oxidação. Seus resultados mostram

que a atividade biológica contribui significativamente na formação de iodeto a partir de

iodato. Mesmo em amostras com menor atividade biológica, a redução de iodato a iodeto é

permitida, confirmando o desequilíbrio que faz com que o iodeto esteja em concentrações

equivalentes ao iodato na água do mar, sendo o iodato a espécie termodinamicamente

favorecida; e Suzuki et al. (2012), fizeram uso do 75Selênio, 51Cromo e 60Cobalto para estudos

comportamental desses radioisótopos nos sedimentos de manguezal. Os resultados

evidenciaram a capacidade da bioturbação em promover o transporte de elementos traços para

as camadas mais profundas dos sedimentos marinhos.

Suzuki et al. (2013) apresentaram resultados de efeitos de difusão de metais em

sedimentos de manguezais localizado em Itacuruçá, Baía de Sepetiba- RJ. Esse estudo avaliou

a influência da atividade de organismos bentônicos na difusão de elementos como 58Co, 51 Cr

e 65Zn. Esse estudo apresentou um índice de atividade bentônica comparativo da ação da

atividade biológica em sedimentos tratados com solução de formol, para inibir a atividade

biológia, e sem o pré-tratamento do mesmo. Os resultados relevaram que a atividade biológica

é responsável por 32% a 44% da difusão dos metais, sendo o índice mais sensível para o 65Zn

e menos para o 51Cr na sua forma aniônica.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Determinar através de experimentos em microcosmos o potencial de remoção de Zn

e Cd pela ação do biofilme bacteriano resistente a estes metais, utilizando os radiotraçadores

(65Zn e 109Cd), para elucidar possíveis fatores físicos, químicos e biológicos que participam

deste processo em ecossistema de manguezal e subsidiar futuras ações de biorremediação.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Determinar a influência do biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd sobre a capacidade de

remoção destes metais pelos sedimentos, por meio do estudo da remoção e da cinética

destes metais na interface água-sedimento, em testemunhos de manguezal.

Calcular os Índices de Atividade Bentônica, através de estudos comparativos de

testemunhos de sedimento tratados com formol e não tratados, para avaliar o efeito dessa

atividade na retenção dos metais (Zn e Cd), na presença do biofilme bacteriano resistente

a Zn e Cd.

Inferir a eficiência do processo de sorção associado à remoção de Zn, pelo biofilme

bacteriano resistente a Zn e Cd, por meio de medidas de coeficiente de distribuição desses

metais na água do mar da ampola padrão.

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3 ÁREA DE ESTUDO

A Baía de Sepetiba (Figura 6), localizada no litoral sudeste do Estado do Rio de

Janeiro, é compreendida pelos paralelos 22°54’06’’ a 23°04’18’’ de latitude sul e os

meridianos 43°03’44’’ a 44°02’30’’ de longitude leste, e apresenta uma área de

aproximadamente 447km² (WASSERMAN, 2005; MOLISANI et al., 2004; MONTE, 2014).

Essa laguna costeira apresenta uma barreira física de isolamento, que impede a entrada da alta

energia do Oceano Atlântico pela presença da Restinga da Marambaia (MOURA et al., 1982).

Assim, devido à baixa energia que permeia a baía e as oscilações das marés, a região é

dominada por áreas com planícies de inundação circundadas por manguezais.

A Baía possui diversas espécies de fauna e flora em suas áreas de manguezal e nas

zonas estuarinas, e sua atividade econômica principal é a pesqueira para suporte econômico e

social na região (INEA, 2009).

Figura 6-Mapa da Baía de Sepetiba/RJ (A estrela preta representa o local de amostragem).

Este local apresenta como característica o clima tropical e úmido, tendo os meses de

dezembro e janeiro classificados como os meses mais chuvosos do ano e julho como o mês

mais seco, medindo aproximadamente 4% da pluviosidade anual da região (LACERDA et al.,

2007; FERREIRA, 2010).

A bacia hidrográfica da região é compreendida, parcial ou totalmente, por doze

municípios: Itaguaí, Japeri, Mangaratiba, Paracambi, Queimados, Seropédica, Rio de Janeiro,

Nova Iguaçú, Paulo de Frontin, Rio Claro, Miguel Pereira e Piraí.

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A Baía de Sepetiba é provida de ecossistemas naturais que ao longo dos anos

passaram a ser contaminados com rejeitos domésticos na forma de esgoto sanitário e lixo, e

rejeitos industriais, principalmente metais pesados, provenientes da população e da crescente

industrialização local, respectivamente.

O antigo impacto industrial, que tem repercussão até os dias atuais na região, foi a

Indústria Ingá Mercantil, que contaminou águas, zonas costeiras e população com rejeitos

industriais, principalmente de Cd e Zn, lançados sem monitoramento ambiental adequado na

Baía de Sepetiba. A Companhia Ingá Mercantil, que atualmente se encontra falida, desde

1998, teve início de suas atividades em 1962, com a produção e beneficiamento de zinco, no

município de Itaguaí, Saco do Engenho (BARCELLOS et al., 1991). A Cia. Ingá Mercantil

gerava rejeitos industriais perigosos, metais pesados como Cd, Cr, Fe, Mn, Pb e Zn, que eram

liberados com baixo pH (DOURADO et al., 2012). O resíduo gerado pela indústria era

disposto em uma pilha de rejeitos ao lado do local da fábrica, sem o devido controle ambiental

para evitar infiltrações no solo e escoamentos superficiais para a baía, principalmente em

períodos chuvosos (Figura 7).

Figura 7- Antiga área contaminada com a pilha de rejeitos da Cia. Ingá Mercantil.

Ao longo do período de funcionamento, a empresa sofreu algumas denuncias

principalmente por parte dos moradores, pela descoberta de um lançamento irregular de

rejeitos industriais em áreas de manguezal que estava causando a mortalidade de espécies

nativas da região (FÁBRICA..., 1988).

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Assim, ao declarar falência a empresa deixou para trás um passivo ambiental de 20

milhões, com uma pilha de rejeitos rica em Zn e Cd altamente perigosos e nocivos à saúde

humana e à natureza (PINTO, 2005). Hoje em dia a pilha de rejeitos não se encontra mais no

local, e o terreno foi levado a leilão em 2008 e vencido pela empresa USIMINAS.

O Saco do Engenho se encontra em constante ampliação, devido ao importante

terminal de exportação de produtos, o Porto de Sepetiba, hoje nomeado Porto de Itaguaí

(Figura 8), que ocupa uma área de 10,4 milhões de metros quadrados (PELLEGATTI et al.,

2001). O porto de Itaguaí abriga um terminal marítimo da empresa Cia Siderúrgica do

Atlântico (CSA) e da empresa LLX. Além disso, está em fase de construção de um terminal

marítimo da Marinha do Brasil, para a construção de submarinos nucleares. Há também

projetos de outras empresas, como a Vale e a Petrobrás para a instalação de novos terminais

(HERMS; GURGEL, 2012).

As benfeitorias da construção do porto acarretaram o desenvolvimento econômico na

região, mas também causaram impactos negativos no meio, como a contaminação da água e

da atmosfera (PEDLOWSKY et al., 1991; SILVA-FILHO et al., 1999; WASSERMAN et al.,

2000). As atividades portuárias acarretam constantes transformações no ambiente e instalam

um cenário de impacto sócio-ambiental na região, principalmente oriundo das obras de

dragagem e disposição do material dragado, como também mudanças na dinâmica costeira e

do sedimento de fundo. As obras de dragagem realizadas no porto de Itaguaí para

amplificação de sua capacidade, hoje, proporcionam a circulação de grandes navios,

apropriados para o transporte de minérios, grãos e contêineres.

Figura 8-Porto de Itaguaí, Saco do Engenho (Baía de Sepetiba, RJ).

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O Porto de Itaguaí é atualmente considerado uma fonte de impactos ambientais,

principalmente devido às regiões de bota fora das obras de dragagem do porto. Foram

realizadas obras para aprofundamento do canal de acesso ao porto, que estariam modificando

a dinâmica do local, ou seja, remobilizando sedimento para a coluna d água. Essa

remobilização pode acarretar na biodisponibilidade dos metais ligados ao sedimento, visto

que, estavam em fases não biodisponíveis, e após a ressuspensão na coluna d’água, podem ser

encontrados na fase dissolvida, e disponíveis para a biota local (MORSE, 1994). Dessa forma,

as obras estariam proporcionando um impacto ambiental, causando a ressuspensão do

material contaminado, já ali depositado, oriundos da contaminação pela antiga indústria de

beneficiamento de Zinco.

3.1 LOCAL DE COLETA

Este trabalho foi desenvolvido no manguezal localizado no Saco do Engenho, Baía

de Sepetiba/RJ (22°55’11.0’’S, 43°49’05.98’’ W), próximo a área da antiga Cia. Ingá

Mercantil e ao Porto de Itaguaí (Figura 9), com o objetivo de estudar os parâmetros e

processos físico-químicos dos metais, previamente existentes na região, o Zn e o Cd, devido à

antiga fonte de contaminação.

Figura 9-Localização do Saco do Engenho na Ilha da Madeira, Baía de Sepetiba-RJ (Estrela no mapa).

Fonte: MARINHA DO BRASIL.

A área do Saco do Engenho é composta em parte por floresta de manguezal e outra

parte de área aterrada de domínio da expansão do Porto de Itaguaí. A classificação

granulométrica da região é caracterizada como silte, e a concentração média de matéria

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orgânica determinada foi de aproximadamente 25% da massa total do sedimento seco (ROSA,

2011). A obra de implantação do porto além de reduzir uma boa parte da área alagável da

região do Saco do Engenho, também diminuiu a largura de sua embocadura e modificou o

padrão de circulação das águas.

A floresta de manguezal é localizada na saída do canal no Saco do Engenho que

deságua na Baía de Sepetiba, o afluente dos resíduos gerados pela antiga fonte de

contaminação da indústria Ingá Mercantil. A Figura 10 ilustra o manguezal em que foram

amostrados os testemunhos de sedimento.

Figura 10-Floresta de Manguezal no Saco do Engenho, RJ.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 ESTUDO DA SORÇÃO E CINÉTICA QUÍMICA DOS METAIS, Zn E Cd, NA

INTERFACE ÁGUA-SEDIMENTO EM ECOSSISTEMA DE MANGUEZAL

O estudo cinético da sorção dos radiotraçadores (65Zn e 109Cd) em testemunhos de

sedimento do manguezal do Saco do Engenho, foi dividido em duas etapas para melhor

compreensão e discussão, como mostra o fluxograma (Figura 11). Cada etapa utilizou seis

testemunhos de sedimento de manguezal.

Figura 11-Fluxograma esquemático das etapas do trabalho.

A primeira etapa avaliou o processo de sorção de Zn e Cd pelos sedimentos de

manguezal, e mostrou a influência da atividade bentônica nessa remoção, através de estudos

comparativos de amostras submetidas ao formol. Foram realizados estudos da cinética de

sorção e calculado o índice de atividade bentônica (SUZUKI et al., 2013).

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Com o objetivo de avaliar o efeito dessa atividade na capacidade de sorção dos

metais pelos sedimentos, cinco testemunhos foram submetidos a um tratamento de solução de

formol P.A. 4% (Alphatec): três testemunhos da primeira etapa e dois testemunhos na

segunda etapa do estudo.

Foram adicionados 16 mL da solução de formol em todos os cinco testemunhos,

cuidadosamente, na superfície dos sedimentos, com a preocupação de não perturbar o meio.

Essa solução foi aplicada por duas horas e depois retirada com uma seringa plástica acoplada

a uma mangueira, antes da adição dos radiotraçadores nos testemunhos.

Algumas considerações sobre o uso da solução de formaldeído e de outros biocidas

são encontradas na literatura. Os estudos apresentam comparações entre os tratamentos e

sugerem como mais recomendado o uso da solução do formol (TUOMINEN et al., 1994;

NETO et al., 2007).

A segunda etapa do estudo avaliou em microcosmo o processo de remoção de Zn e

Cd, na interface água-sedimento, pela ação do biofilme bacteriano resistente a estes metais

(BR Zn/Cd). O biofilme bacteriano foi fornecido pelo Laboratório de Ecologia Bacteriana

(UFF), que coletaram sedimento no manguezal do Saco do Engenho (local que apresenta alto

grau de contaminação por metais-traço), com o objetivo de selecionar bactérias bentônicas

capazes de crescerem em meio de cultura contendo os íons metálicos de Zn e Cd.

Para o crescimento e isolamento de bactérias resistentes aos referidos metais, foi

preparado um meio de cultura com água do mar filtrada em membrana de 0,45 µm, bacto-

peptona (2g/L), uréia (2g/L) e glicose (6g/L). Os cátions de Cd e Zn, sob a forma de sulfatos,

foram adicionados aos meios de cultura em diferentes concentrações, sendo estas de 25 e 50

mg/L, respectivamente. O meio de cultura foi esterilizado na temperatura de 120°C por um

intervalo de tempo de 30 minutos.

Assim, os meios de cultura receberam alíquotas de sedimento de manguezal na

proporção 1:10. A incubação teve duração de 30 dias em condições de temperatura ambiente.

Após esse período, os meios de cultura que apresentaram crescimento, foram separados

visualmente pela turvação.

Para atingir o objetivo de selecionar o biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd, e que

sejam capazes de crescer nas referidas concentrações, em condições laboratoriais, foram

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realizadas quatro incubações de 30 dias. Dois consórcios bacterianos foram determinados com

a presença de bactérias resistentes ao Zn e ao Cd, respectivamente. Os gêneros das bactérias

encontrados no consórcio do Zn foram as Pseudomonas sp e Nitratireductor sp, já o

consórcio bacteriano resistente ao Cd foi representado por Marinobacter sp, Alcanivorax sp,

Pseudomonas sp e Echinicola sp.(informação verbal).¹

Os biofilmes resistentes a Zn e Cd, fornecidos pelo Laboratório de Ecologia

Bacteriana, foram separados em tubos Falcon (Figura 12). No Laboratório de Radioquímica e

Química Nuclear (UFF) os mesmos foram misturados homogeneamente.

Figura 12 - Biofilme Bacteriano resistente (Zn/Cd).

Foram inoculados 4 mL do biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd, em forma líquida,

na superfície do sedimento de quatro testemunhos de manguezal. Essa adição foi feita com

pipeta de 5 mL de maneira cuidadosa para não perturbação do meio. Essa incubação foi

realizada 48 horas antes do início do experimento para equilíbrio do sistema e adaptação do

biofilme resistente ao sedimento (Figura 13).

_______________

¹Notícia fornecida por Mirian Crapez na Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ, em Setembro de 2014.

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Figura 13 - Inoculação do biofilme bacteriano resistente (Cd/Zn) no sedimento.

O pH do meio foi medido com o papel indicador de pH da Macherey - Nagel (7,0 –

14,0), permanecendo o mesmo (pH = 8,0) em todas as etapas do experimento.

4.1.1 Amostragem

Em abril de 2014, doze testemunhos de sedimento com aproximadamente sete

centímetros foram coletados no manguezal do Saco de Engenho em tubos de PVC Plexiglas

com 4.4 cm de diâmetro e 30 cm de comprimento (Figura 14). Os tubos foram tampados com

rolhas de borracha, após a coleta do sedimento e armazenados em uma mala térmica até o

laboratório.

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Figura 14 - Amostragem do sedimento.

Cinco litros de água do mar foram coletados com o galão plástico em um local fora

da área do manguezal, na baía de Sepetiba/RJ (S 22º 55’ 42,9’’, O 43º48’41,9’’). Os

parâmetros físico-químicos da água do mar foram medidos “in situ” com o auxílio da sonda

multi - paramétrica Hanna HI9828 e as localizações geográficas foram georeferenciadas pelo

GPS V da marca Garmin. Os parâmetros físico-químicos avaliados no local de amostragem

foram o pH, temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, sólidos totais em suspensão e

condutividade (Tabela 1). Em laboratório, o pH e a salinidade da água foram novamente

mensurados para verificação das condições experimentais da água com o papel indicador de

pH da marca Macherey - Nagel (7,0 – 14,0) e o Salinômetro da marca Atago,

respectivamente.

Tabela 1- Parâmetros físico-químicos da água do mar utilizada no experimento.

pH T (°C) Salinidade DO (%) STS (ppt) Condutividade(mS/cm)

8,23 27,76 31,45 88,7 24,14 48,32

Os testemunhos foram transportados imediatamente para o laboratório e mantidos

imerso a uma coluna de água do mar de aproximadamente cinco centímetros por 24 horas

para equilíbrio do sistema e verificação de possíveis vazamentos na rolha de borracha

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(MACHADO, 2004). Os testemunhos foram mantidos em temperatura ambiente e com a

presença de luz.

4.1.2 Radiotraçadorese o sistema de detecção

Os radiotraçadores utilizados nos experimentos foram o 65Zn e 109Cd (Perkin Elmer

Inc.). O 65Zn, meia-vida de 244,01 dias, pode ser detectado pelas emissões do raio gama de

energia 344,9 keV, 770,6 keV e 1115,5 keV. A energia analisada nesse trabalho foi a 1115,5

keV com abundância de 50,23%. O 109Cd, meia-vida de 461,4 dias, é detectado pela emissão

do raio gama de energia 88,0 keV, com 100% de abundância (LNHB/ LABORATOIRE

NATIONAL HENRI BECQUEREL). Tanto o tempo de meia-vida do 65Zn como o do 109Cd

são considerados intermediários, permitindo a utilização dos mesmos para estudo de cinética,

visto que o decaimento destes é mais lento que o processo em análise.

A detecção da radioação emitida pelos traçadores radioativos em todo o estudo, foi

medida pelo detector semicondutor de germânio de alta pureza (HPGe), com eficiência de

40%. Esse detector é refrigerado à temperatura de nitrogênio líquido (-196ºC), operando a alta

tensão de operação de 2500V. Além disso, é um dos detectores mais utilizados nos

laboratórios quando os objetivos são medidas de emissores gama de baixa atividade ou

identificação de radioisótopos presentes em materiais, em uma grande faixa de energia

(alguns keV a 10 MeV) (BELLIDO; LATINI, 2010).

O processo de detecção se inicia quando o raio gama interage com o cristal,

produzindo um pulso elétrico, no pré-amplificador, na forma de sinal analógico, sendo esta

proporcional à energia por ele perdida ao atravessar o cristal. Esse pulso é enviado

diretamente para um amplificador localizado próximo ao detector, em que após a

amplificação do sinal passa por um conversor analógico-digital que converte o sinal analógico

em sinal digital para o computador (Figura 15). O sinal digital forma uma seqüência de pulsos

que são armazenados de acordo com sua altura de aproximadamente 0 – 8 V, em posições de

memória definidas como 2K, 4K, 8K, 16K. Após um período de tempo que o operador

estabelece, a acumulação de pulsos gera um espectro de raio gama (CANESIN, 2000;

MACHADO, 2004).

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41

Figura 15 - Esquema do sistema de Detecção da Radiação Gama.

Através dessa técnica de espectrometria de raios gama, o traçador é identificado e

detectado pela sua energia característica. Essa técnica possibilita o trabalho simultâneo de

dois ou mais radiotraçadores, garantindo a identificação quali - quantitativa pela análise dos

picos de energia de cada um deles gerados no espectro. Os espectros obtidos neste trabalho

foram em 4K (4096 espaços de memória) e analisados pelo Genie 2000, que através da

integração do pico de energia (área do pico), fornece as contagens por segundo e os erros

associados de cada medida. A Figura 16 ilustra um espectro do 65Zn (Pico em 1115 keV) e

109Cd (pico em 88 keV) gerado pelo programa Genie 2000.

Figura 16 - Exemplo de espectro gerado pelo Genie 2000.

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42

Existem alguns parâmetros que devem ser estabelecidos, em função do tempo de

meia-vida dos radioisótopos, analisados em todas as medidas das amostras: a precisão da

medida e o tempo de contagem.

A precisão da medida está relacionada ao tempo caracterizado como o necessário

para que as medidas sejam realizadas com um tempo morto não superior a 10%, em que este,

é o tempo que um novo pulso não consegue ser registrado, enquanto a eletrônica do detector

esteja registrando o pulso anterior (LATINI, 1998).

Já o outro parâmetro, tempo de contagem, é o necessário para realizar a medida com

uma estatística representativa. Nessa estatística da contagem da radiação, o erro padrão é

calculado pela distribuição de Poisson através da fórmula abaixo:

σ = (n)1/2 (4)

Em que ‘n’ é o número total de contagens observadas.

Para vários valores de ‘n’, a porcentagem de erro padrão pode ser determinada.

Dessa forma, se determinarmos uma quantidade X com um erro padrão σx e uma quantidade

Y com um erro padrão σy, então o erro padrão da diferença X-Y é dado por:

σ(x-y) = (σx² + σy²)1/2 (5)

Buscando uma medida com uma estatística representativa, o trabalho respeitou o

limite de 3% de erro na contagem de todas as amostras, totalizando aproximadamente no

mínimo 1000 contagens (BELLIDO; LATINI, 2010).

Além disso, todos os dados adquiridos nos experimentos foram corrigidos através do

cálculo do decaimento radioativo de acordo com os elementos estudados, 65Zn e 109Cd

(BELLIDO; LATINI, 2010; KNOLL, 1979). Foi calculado o decaimento radioativo dos

elementos através da fórmula de decaimento radioativo abaixo:

A=Aoe- λ.t (6)

Onde ‘A’ é a atividade no tempo, ‘A0’ é a atividade medida no tempo t0 do

experimento, ‘λ’ corresponde à constante de tempo de decaimento definido como:

λ = ln2/t1/2 (7)

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43

Em que, ‘t1/2’é o tempo de meia-vida dos radionuclídeos.

4.1.3 Estudo cinético do processo de remoção de Zn e Cd na interface água-sedimento

No preparo da solução inicial, foram adicionados em um Becker de vidro com

capacidade de 3L, soluções ácidas de 7,4x 105 Bq (20 µCi) (65Zn) e 1,1 x 106 Bq (30 µCi)

(109Cd). Também foram adicionados à solução inicial, 2.100 mL de água do mar do Saco do

Engenho, que posteriormente foi homogeneizada com bastão de vidro. Em cada testemunho

foi adicionado 150 mL da solução inicial com velocidade lenta, para evitar perturbações no

sedimento e remobilização dos mesmos para a coluna d’água. Essa adição foi realizada com o

auxílio da seringa de 60 mL, ligada em uma mangueira plástica em sua saída (MACHADO,

2004).

A metodologia de Petersen et al. (1998) foi modificada para determinar a remoção

dos radionuclídeos na interface água- sedimento, simulando a entrada da maré com constante

aeração por bombeamento de ar através de uma bomba de aquário. O sistema da bomba de ar

estava conectado à mangueira de plástico adaptadas com um conector ‘‘T’’ que controlava a

vazão e fluxo do ar no tubo de acrílico. O fluxo do bombeamento do ar foi mantido baixo,

buscando não remobilizar o sedimento do fundo com a força desse processo (Figura 17).

Figura 17 - Esquema experimental do estudo.

Fonte: Adaptado de PETERSEN et al., 1998.

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44

Após conectar todos os tubos ao sistema de aeração e eventual início do

experimento, uma alíquota de 1 mL foi retirada de cada tubo, para quantificação remoção

inicial dos radiotraçadores por arraste com o material em suspensão ou penetração inicial no

sedimento nos diferentes tubos. Essas alíquotas retiradas no início do experimento foram

consideradas atividades iniciais dos sistemas.

O experimento teve duração de 48 horas e em intervalos de tempos determinados,

novas alíquotas foram retiradas dos sistemas para acompanhamento do processo de remoção

dos radiotraçadores em função do tempo (SUZUKI et al., 2013; MACHADO, 2004;

MACHADO et al., 2008). A quantidade de água retirada ao longo do tempo de experimento

variou em virtude da diminuição da atividade dos radionuclídeos na água, como mostra a

tabela (Tabela 2).

Tabela 2- Alíquotas retiradas ao longo do experimento.

Tempo (h) 0 1 2 3 4 5 6 10 24 48

Quantidade (mL) 1 1 5 5 5 5 10 10 10 10

Cada alíquota retirada foi armazenada em potes plásticos de PVC, respeitando

sempre a mesma geometria (10 mL) em todo o experimento. Em algumas alíquotas, fez-se

necessária a adição de água do mar aos potes para manter a geometria.

Após o final do experimento, a água foi totalmente esgotada dos tubos de acrílico e

uma nova água do mar (sem a incubação dos radiotraçadores) foi adicionada no sistema para

quantificação da remobilização dos metais. Após esse processo de liberação, a água foi

novamente retirada dos tubos de acrílico para em seguida ser realizada a etapa de divisão do

sedimento em fatias de um centímetro. Essas etapas que se seguem serão mais bem descritas

em itens à frente.

4.1.4 Estudo do retorno dos radiotraçadores para a coluna d’água

O retorno dos radionuclídeos do sedimento para a coluna d’água foi realizado depois

de decorrido o experimento de cinética (48h), esgotando inicialmente toda a água dos tubos

com o auxílio de uma seringa de 60 mL adaptada com uma mangueira plástica, similar a

utilizada anteriormente no início do experimento. Uma nova coluna d’água do mar (150 mL)

foi adicionada aos testemunhos do experimento, sem a adição dos radiotraçadores. Após o

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45

intervalo de duas horas, uma alíquota de 10 mL foi retirada para análise, determinando a

atividade dos mesmos, no processo de remobilização do sedimento provocado pela água

(MACHADO, 2004).

4.1.5 Estudo do perfil sedimentar dos radiotraçadores

O sedimento foi fatiado em partes de aproximadamente um centímetro, totalizando

em cada testemunho seis centímetros de sedimento para determinação de sua atividade. Esse

processo de divisão do sedimento foi feito com o auxílio de uma régua para marcar a altura

dos seis centímetros necessários no experimento, descartando sempre o sedimento mais fundo

que estava a mais no testemunho.

Para ajudar na retirada gradativa do sedimento de dentro do tubo de acrílico, um

pistão foi usado para que o sedimento saísse pela parte de baixo do tubo. Os sedimentos

foram fatiados com uma faca própria para essa atividade (higienizada após cada corte), em

seguida foram embrulhados em um plástico, colocados dentro dos potes de PVC e levados

para a contagem da atividade no detector.

Após a determinação da atividade radioativa das fatias de sedimento, foram levadas

para a estufa a uma temperatura de 75ºC. Na estufa os potes de PVC eram abertos e secados

sem a tampa. Passado um período de aproximadamente 72 horas, os potes foram retirados da

estufa e colocados no dessecador de vidro, seguido da pesagem das fatias ao atingir o peso

constante. A densidade aparente das mesmas foi calculada pela fórmula (CETEM, 2007;

ATKINS; JONES, 2006):

Densidade aparente (g/cm³) = (Massa seca / Volume) (8)

O valor da densidade foi utilizado no cálculo do Inventário das atividades do

sedimento, isto é, uma medida realizada através da contabilização da densidade aparente de

cada fatia (g/cm³), e a espessura das mesmas (cm). O cálculo do Inventário foi feito através da

fórmula abaixo:

Inventário (cps/cm²) = (Atividadefatia x Densidade fatia x Altura fatia) (9)

Em que a Atividade fatia é a atividade da fatia determinada pelo detector, e Densidade fatia é a

densidade aparente de cada fatia ao longo do perfil. Para melhor visualização dos resultados

do inventário, os cálculos foram estimados pelo valor relativo em percentagem, pela fórmula

abaixo:

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46

Inventário (%) = (Inventário fatia / Σ Inventário fatia) x 100 (10)

Em que Inventário fatia representa o cálculo do estoque (cps/cm²) realizado

anteriormente.

4.1.6 Estudo da influência da atividade bentônica na retenção e difusão dos metais nos

perfis do sedimento

De acordo com estudos realizados anteriormente, os processos mais importantes que

favorecem a transferência de metais na interface água-sedimento são suas ligações com

partículas de sedimento, deposição do material particulado e difusão dos mesmos na água

intersticial (HALL et al., 1989; PETERSEN et al., 1998; MACHADO et al., 2008; SUZUKI

et al., 2013).

Dessa forma, considerando que os efeitos de tais processos podem ser afetados pela

atividade bentônica, os resultados referentes ao sedimento adquiridos neste trabalho, também

foram usados para avaliar a afinidade dos metais por essa atividade. O cálculo foi realizado

através de estudos comparativos de amostras submetidas ao tratamento do formol com

amostras não tratadas. O cálculo do Índice de Atividade Bentônica foi realizado através da

fórmula:

IAB = (( Cnão tratado– Ctratado) / Cnão tratado) x100 (11)

Em que Cnão tratado corresponde ao valor das atividades encontradas nos sedimentos

não tratados com o formol, e Ctratado representa os dados para os sedimentos tratados com a

solução de formol, que tiveram a atividade bentônica do sedimento inibida.

Esse índice foi calculado com o objetivo de determinar a influência da atividade

bentônica na retenção dos radionuclídeos, 65Zn e 109Cd, tanto para os valores de atividade

quanto para os dados calculados com o inventário, em cada profundidade (0 – 6 cm).

Outra adaptação do IAB foi o cálculo do inventário total dos metais através da

fórmula:

IAB INV – T = (( INVnão tratado – INVtratado)/ INV – Tnão tratado) x 100 (12)

Onde INVnão tratado é o inventário de cada camada do sedimento não tratado com o

formaldeído, INVtratado representa o inventário das camadas do sedimento tratado e INV – Tnão

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47

tratado representa todo o inventário do sedimento não tratado que é estimado pela soma dos

inventários individuais das camadas.

De acordo com Suzuki et al (2013), é importante frisar que a porcentagem da

influência “não biológica”, nessa retenção de metais, pode ser afetada por uma ação biológica

prévia, pois essa ação, pode ter acontecido antes da aplicação da solução de formol. Assim, o

índice calculado, representa o cálculo da mínima atividade bentônica.

4.1.7 Estudo de adsorção do 65Zn e 109Cd na parede do tubo de acrílico

Outro experimento foi realizado simultaneamente ao estudo cinéticos dos

testemunhos de manguezal, apresentando a mesma metodologia na incubação do 65Zn e 109Cd

descrita no item da cinética de sorção dos metais. Foram utilizados dois tubos de acrílico,

mas, estes tubos não possuíam sedimento de manguezal, pois o objetivo era avaliar a possível

contribuição da adsorção dos radiotraçadores na parede dos tubos.

O experimento teve duração de 48 horas, retirando alíquotas no início do

experimento e no final. As amostras eram armazenadas em potes de PVC para contagem das

atividades no detector. Dessa forma foi possível identificar a atividade dos radionuclídeos

presente nos dois momentos do experimento (início e fim) e calcular através de subtração, a

porcentagem desta atividade que interage com a parede do tubo.

4.2 ESTUDO DA SORÇÃO DO BIOFILME BACTERIANO RESISTENTE A Zn E Cd

NA ÁGUA DO MAR

A metodologia de estudo utilizada foi uma adaptação de Duursma e Bosch (1970)

com objetivo de calcular a sorção do biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd, medindo a

distribuição do Zn em duas fases, a fase líquida (água do mar) e a fase sólida (BR Zn/Cd) (LI,

et al., 1984; DUURSMA; BOSCH, 1970).

No estudo realizado, o biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd foi cultivado no

Laboratório de Ecologia Bacteriana (UFF), seguindo metodologia descrita anteriormente na

etapa de amplificação da biomassa do BR Zn/Cd. Após o período de crescimento dos

biofilmes resistentes no laboratório, os mesmos foram levados para a centrífuga para separar

as bactérias dos seus meios de cultura em que foram crescidas. O número de bactérias

utilizado no experimento está dentro do valor estimado para o sedimento (107 células)

(SABADINI-SANTOS et al., 2014).

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48

As BR Zn/Cd foram ressuspendidas, separadamente, com água do mar da marca

IAPSO – Standard Sea Water P 100 (pH = 8), no tubo Falcon até 15 mL. Essa água do mar,

armazenada em ampola de vidro selada, foi coletada na superfície do Atlântico Norte, e

bombeada através de filtros (0,2 mm) em um tanque de PVC forrado e constantemente

homogeneizado. Após esse processo, a água foi purificada por irradiação UV e ajustada a

salinidade com adição de água destilada. A ampola apresenta propriedades físicas de

referência: k15 = 1,00003; Clorinidade = 19,376; Salinidade = 35; e pH = 8,0 (OSIL). A fim

de garantir a eliminação de material particulado e bactérias na ampola (fatores abiótico e

biótico da água), a água foi filtrada (0,22 µm).

Frascos de Eppendorff foram separados e numerados em um suporte plástico de

acordo com o horário da amostragem, ou seja, cada tubo representa uma amostra no tempo,

não existindo alterações no conteúdo experimental de cada tubo de Eppendorff.

Com o auxílio do dispensador automático, foram depositadas alíquotas de 0,5 mL de

cada consórcio de bactérias resistentes a Zn e Cd (0,5 mL: 0,5 mL), em tubos Eppendorff’s.

Foi adicionado 1 mL de água do mar “padrão’’ em cada tubo Eppendorff que continha o

biofilme resistente a Zn e Cd com seringa de 3 mL. Nos tubos controle, que não apresentavam

o biofilme resistente, foi adicionado 1,5 mL de água do mar “padrão” (Figura 18).

Figura 18 - Esquema experimental da sorção bacteriana.

Todos os tubos de Eppendorff’s foram inoculados com 150 µL da solução

concentrada com 65Zn (0,74 kBq). Após a adição do radiotraçador, os frascos foram fechados,

agitados manualmente e armazenados com luz e temperatura ambientes. O experimento foi

constantemente homogeneizado por um agitador mecânico com velocidade constante durante

24 horas (SCHELL; SIBLEY, 1982).

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49

Em intervalos de tempo estabelecidos os tubos foram de novo homogeneizados

manualmente e toda a solução foi retirada com seringas plásticas de 3 mL. A solução na

seringa era dividida em duas partes iguais (Suspensão + Filtro/Filtrado): a primeira metade

era naturalmente transferida para pote de plástico para determinação da atividade total no

meio (suspensão), e a outra metade era filtrada com filtro 0,22µm (PVDF – Millipore – 25

mm de Ø) e separada em duas fases: filtro (BR Zn/Cd) e filtrado (água do mar “padrão”)

(Figura 19) (LI et al., 1984). No final de cada etapa, em cada intervalo de tempo de

amostragem, os dois tubos Eppendorff’s, o tubo BR Zn/Cd e o tubo do Controle, eram

devidamente descartados.

Figura 19 - Fluxograma do processo de amostragem do experimento.

Depois da amostragem, as seringas eram lavadas com água destilada por, no mínimo,

o mesmo volume utilizado. Após a determinação da atividade no detector, os filtros foram

secos na estufa com temperatura de 50°C por 72 horas. Todos os filtros foram levados ao

dessecador após esse período na estufa e pesados na balança.

As geometrias dos potes de plástico e dos filtros foram respeitadas em todas as

etapas deste experimento na determinação da atividade das amostras.

O cálculo da sorção do biofilme bacteriano foi realizado com base nos resultados da

atividade da suspensão e do filtrado (parcela da atividade não retida no filtro), pois, os

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resultados obtidos pelo filtro (sólido) não apresentam geometria semelhante à do filtrado e da

suspensão (líquidos). A estimativa foi feita pela fórmula abaixo:

Filtrado (%) = (Atividadefiltrado / Atividadesuspensão) x 100%;

Filtro (%)= Suspensão (%) – Filtrado (%) (13)

4.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS

Os dados obtidos no presente estudo serão apresentados em forma de gráficos e

tabelas, tendo sido determinadas as médias ponderadas e incertezas das réplicas, de acordo

com a fórmula de Bevington (1969), procedendo-se a análise descritiva de todos os

resultados.

µ ≈ Σ(xi/σi²) / Σ(1/σi²) (14)

σµ² ≈ 1/ Σ (1/σi²) (15)

Foram realizadas as análises de regressão linear e deconvolução das curvas, para os

dados de cinética química dos metais, na água do mar, para separação das meias-vidas de

remoção (CANESIN, 2000).

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51

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 ESTUDO COMPARATIVO DOS RESULTADOS

Com o intuito de comparar os resultados de cinética do Zn determinados

anteriormente na literatura, foi realizada a integração total da cinética química, isto é,

considerando a meia- vida total do experimento (48h). A Tabela 3 mostra os valores de meia-

vida de remoção de Zn e Cd, na interface água-sedimento, calculados para os testemunhos de

sedimento tratados e não tratados com o formol.

Tabela 3 - Resultados de meia-vida de remoção dos metais na interface água-sedimento.

Zinco Cádmio

Testemunho Meia-Vida (h) Erro (h)

Meia-Vida

(h) Erro (h)

Sedimento

Controle 8,74 1,47 8,46 1,53

Sedimento

com Formol 16,37 1,81 12,28 1,16

A meia-vida de remoção do Zn e do Cd nos testemunhos de sedimento não

apresentaram diferenças, estando os valores de velocidade dentro das barras de erro. Observa-

se o aumento do tempo de remoção dos metais na presença do formol, e nota-se que esse

aumento é maior na remoção do Zn do que do Cd.

Machado et al (2008) mostraram o estudo de remoção do 65Zn na interface água-

sedimento no manguezal de Itacuruçá, Baía de Sepetiba/RJ. O cálculo de meia-vida de

remoção, em 30 h de experimento, para os testemunhos de sedimento (na franja do

manguezal), foi de 8,9 ± 3,2 h. Esse valor coincide com o encontrado no presente estudo,

registrando valores de meia-vida de remoção de Zn, em 48 h de experimento, de 8,73± 1,5 h.

Ressalva-se que o tempo de experimento foi diferente nos dois estudos, assim como o local de

amostragem do sedimento e da água. Algumas causas são variáveis dependendo do local de

estudo, e podem influenciar na diferença de remoção dos metais, na interface água-sedimento.

Alguns exemplos são deposição de material particulado, adsorção com frações orgânicas e

inorgânicas do sedimento e difusão para a água intersticial.

Buscando a comparação de todos os resultados do estudo, foram estimados os

valores de meia- vida total do experimento nos testemunhos inoculados com o biofilme

resistente (Tabela 4).

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52

Tabela 4 - Resultados de meia-vida de remoção dos metais nos testemunhos inoculados

com o BR Zn/Cd.

Zinco Cádmio

Testemunho Meia-Vida (h) Erro (h) Meia-Vida (h) Erro (h)

Sedimento com

o BR Zn/Cd 8,7 1,04 8,38 1,63

BR Zn/Cd com

formol 31,72 5,89 15,24 2,54

De acordo com os resultados encontrados de cinética total, não é perceptível

diferenças entre as meias-vidas de remoção de Zn e Cd nos testemunhos inoculados com o

biofilme resistente, na interface água-sedimento. Entretanto, existe uma diferença na cinética

de remoção dos metais nestes testemunhos na presença do formol, pois nessas condições

houve um aumento considerável na meia-vida de remoção dos metais.

A Figura 20 mostra graficamente o estudo comparativo entre os estudos

apresentados, registrando os resultados de meia-vida de remoção do Zn e Cd, em 48 h, no

sedimento controle tratado e não tratado, e no sedimento com o BR Zn/Cd tratado e não

tratado com o formol.

Sedimento Controle Sed. com Formol BRZn/Cd BRZN/Cd com Formol

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Meia

-Vid

a (

h)

Zn-65

Cd-109

Figura 20 - Meia-vida de remoção de Zn e Cd, em 48 horas de estudo.

Observa-se que as cinéticas de remoção na água, tanto do Zn quanto do Cd, nos

testemunhos de sedimento não tratado com o formol (sedimento controle e BR Zn/Cd), não

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53

apresentam diferença de velocidade de sorção entre eles. Esse resultado demonstra que, em 48

h, o BR Zn/Cd não apresenta remoção mais rápida do que o sedimento, marcando o mesmo

tempo de remoção na interface água-sedimento. Essa semelhança na tendência de remoção

também foi observada por Machado et al. (2008) nos estudos com 65Zn. Além de

apresentarem resultados da remoção do 65Zn na franja do manguezal, o estudo comparou

esses dados, com resultados de remoção num local dentro da floresta de manguezal,

caracterizado por maior presença de matéria orgânica e atividade biológica. A cinética de

primeira ordem apresenta meia-vida de remoção para este local da floresta, de 9,8 ± 1,6 h, em

30h de estudo.

A diferença entre os metais é observada nos testemunhos tratados, que mostra o

aumento no tempo de remoção dos metais na presença do formol, inibindo a atividade

bentônica. Nota-se que esse aumento é maior na cinética do Zn quando comparada à cinética

do Cd. Esse comportamento é evidenciado, principalmente, nos testemunhos inoculados com

o biofilme resistente, sugerindo que o Zn apresenta maior afinidade com a atividade biológica

(bentônica e biofilme resistente) dos sedimentos do que o Cd.

5.2 RESULTADO DO ESTUDO DE REMOÇÃO ECINÉTICA DE SORÇÃO DE Zn E

Cd NA INTERFACE ÁGUA – SEDIMENTO EM ECOSSISTEMA DE MANGUEZAL

Nesse estudo realizaram-se experimentos com testemunhos de sedimento de

manguezal, para a determinação dos processos que influenciam na remoção dos metais na

interface água-sedimento no Saco do Engenho, através de estudo comparativo dos

testemunhos submetidos ao tratamento do formol. Os resultados serão apresentados da

seguinte forma:

Determinação da cinética de sorção de Zn e Cd, e percentagem de remoção destes

metais, na interface água – sedimento;

Estudo da distribuição de Zn e Cd no perfil do sedimento;

Cálculo da influência da atividade bentônica do sedimento na remoção dos metais;

Estudo da remobilização de Zn e Cd do sedimento para a coluna d’água.

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54

5.2.1 Determinação da cinética de sorção de 65Zn e 109Cd, e percentagem de remoção

destes metais, na interface água-sedimento

Os resultados cinéticos dos radiotraçadores, na água do mar, apresentados a seguir,

foram estimados pelo cálculo das médias ponderadas e seus erros associados, das réplicas dos

testemunhos, de acordo com Bevington (1969).

As percentagens de remoção do 65Zn e 109Cd na interface água-sedimento nos

estudos dos testemunhos tratados e não tratados com o formol, são apresentadas na Figura 21.

A Tabela 5 mostra os resultados dessas remoções, em intervalos do tempo experimental. A

remoção dos metais é caracterizada por altos valores na fase inicial de remoção (0 – 6 h) nos

testemunhos não tratados com formol (82,28±2,36% para Zn e 86,96±2,43% para Cd), sendo

estes valores, aproximadamente, duas vezes maiores do que os resultados encontrados nos

testemunhos tratados (39,63±1,75 % para Zn e 48,61±1,44 % para o Cd).

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Rem

oção (

%)

Tempo (h)

Sedimento (Zn-65)

Sedimento (Cd-109)

Sedimento Tratado com Formol (Zn-65)

Sedimento Tratado com Formol (Cd-109)

Figura 21 - Taxas de remoção do 65Zn e 109Cd ao longo do experimento nos testemunhos de manguezal.

No intervalo de tempo seguinte (6-48h) a remoção apresenta comportamento mais

lento para os testemunhos controle (15,92±3,73 % para Zn e 11,70 ±3,91% para Cd),

enquanto os testemunhos tratados com o formol tiveram a maior remoção neste intervalo de

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55

tempo (47,42 ± 1,80 % para o Zn e 45,61 ± 2,05 % para o Cd). Nota-se que o intervalo entre

24-48h de experimento não apresentou uma remoção significativa para os testemunhos

controle (1,05 ± 2,95 % para Zn e 0,85 ± 3,28 % para o Cd), mostrando que os processos de

remoção de Zn e Cd na interface água-sedimento, acontecem quase totalmente em 24 horas.

Em 48h, os resultados dessas remoções de Zn e Cd marcam 98,21±2,89 % e 98,67±3,07 %,

respectivamente.

Os testemunhos tratados com o formol tiveram um comportamento diferente neste

intervalo de tempo (24-48h), pois, as remoções nesse período foram maiores do que nos

testemunhos controle (7,36±2,17 % para Zn e 6,83 ±2,45 % para Cd). Isso mostra que a

cinética de sorção dos metais, na interface água-sedimento, em testemunhos tratados com o

formol, não terminam em 24h de estudo. Em 48h, os resultados dessas remoções, Zn e Cd,

registram 87,06±2,18 % e 94,22±2,27 %, respectivamente.

Tabela 5- Percentagem de remoção de Zn e Cdem intervalos de tempo.

Remoção do 65Zn (%) Remoção do 109Cd (%)

Tempo

(h)

Sedimento

(S)

Sedimento Tratado

(SF)

Razão

(S/SF)

Sedimento

(S)

Sedimento Tratado

(SF)

Razão

(S/SF)

0 - 2 52,06 ±2,38 20,81± 1,85 2,50 59,77± 2,37 32,65± 1,53 1,83

2 - 6 30,22± 2,35 18,82± 1,37 1,61 27,20± 2,53 15,96± 1,19 1,70

6 - 24 14,87± 2,43 40,06± 1,74 0,37 10,85± 2,70 38,78± 1,71 0,28

24 -48 1,05± 2,95 7,36± 2,17 0,14 0,85± 3,28 6,83± 2,45 0,12

Os experimentos em testemunhos de sedimento descrevem um comportamento

caracterizado por uma rápida remoção inicial, cinética curta, seguida de taxas de remoção

mais lentas, cinética longa. Essa tendência da lei da velocidade de primeira ordem foi

previamente indicado para 54Mn, 59Fe, 65Zn e 203Hg (MACHADO et al., 2008; HALL et al.,

1989).

Buscando uma melhor análise das cinéticas de sorção dos metais, da coluna d’água

para o sedimento, estudaram-se separadamente as velocidades que regem esse processo. Foi

feita a deconvolução das curvas, diferenciando a remoção em duas etapas, uma cinética curta

e outra longa. As figuras (Figura 22 e Figura 23) apresentam as regressões lineares das curvas,

e mostram a presença de duas cinéticas, com duas constantes de velocidade (k) diferentes. Os

valores obtidos foram estimados pela regressão linear das médias dos testemunhos.

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56

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

Ln A

(Z

n-6

5)

Tempo (h)

Sedimento controle

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Sedimento com Formol

Ln

A (

Zn

-65

)

Tempo (h)

Figura 22 - Deconvolução da cinética química do 65Zn nos testemunhos de sedimento não tratados e tratados

com o formol, respectivamente.

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0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

Ln

A (

Cd

-10

9)

Tempo (h)

Sedimento Controle

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Ln

A (

Cd

-109

)

Tempo (h)

Sedimento com Formol

Figura 23 – Deconvolução da cinética química do 109Cd nos testemunhos não tratados e tratados com formol,

respectivamente.

As deconvoluções das curvas foram feitas em intervalos de tempos diferentes, de

acordo com a mudança da velocidade do processo. As cinéticas de Zn e Cd nos testemunhos

controle tiveram a mudança de velocidade, mais rápida para a mais lenta, em 6 horas de

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58

experimento. Já as cinéticas destes metais, nos testemunhos tratados com formol,

apresentaram um ponto de inflexão da curva em 6h. Esse ponto de inflexão da curva

representa uma mudança de velocidade no processo, logo, a cinética foi desmembrada no

momento anterior a este ponto (5h).

As tabelas 6 e 7 mostram as constantes de velocidade da cinética química (k) gerados

através da regressão linear das curvas. Elas são determinadas pelos coeficientes angulares das

retas. São apresentados também, os parâmetros de regressão (R²), e os tempos de meia-vida

das cinéticas do Zn e do Cd.

Tabela 6- Constantes de velocidade e tempo de meia-vida do 65Zn.

Testemunhos Cinética K(h-1) ERRO R² t1/2 (h)

Erro

t1/2

Sedimento Curta 0,29 0,02 0,9839 2,39 0,14

Longa 0,04 0,02 0,8350 15,94 7,09

Sedimento com Formol Curta 0,09 0,01 0,9587 7,65 0,79

Longa 0,02 0,01 0,9473 26,06 6,14

Tabela 7- Constantes de velocidade e tempo de meia vida do 109Cd.

Testemunhos Cinéticas K(h-1) ERRO R² t1/2 (h)

Erro

t1/2

Sedimento Curta 0,34 0,03 0,9729 2,02 0,15

Longa 0,05 0,02 0,8346 14,92 6,64

Sedimento com Formol Curta 0,15 0,02 0,9484 4,61 0,54

Longa 0,05 0,01 0,9657 14,23 2,60

Os valores encontrados para as constantes (k), na cinética curta de Zn e Cd, dos

testemunhos controle, apresentam maiores valores, quando comparadas com as mesmas

constantes encontradas nos testemunhos tratados com formol. As razões

(Sedimento/Sedimento tratado com formol) entre as constantes da cinética do Zn e do Cd,

apresentam valores de 3,2 e 2,3, respectivamente. Isso mostra que o formol, com sua ação

inibidora da atividade biológica do sedimento, modificou o processo de remoção dos metais,

principalmente na remoção do Zn.

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59

Dessa forma, observa-se que a atividade biológica (bentônica), influencia na

remoção dos metais dos testemunhos de sedimento, visto que, quando maior foi a constante

de velocidade (k), mais rápido é o processo de remoção. Os valores das constantes obtidos nas

cinéticas longas de Zn e Cd, dos testemunhos controle, não apresentam grande diferença em

relação aos testemunhos tratados com o formol. Essa diferença não é identificada, devido às

incertezas calculadas.

As constantes de velocidade de sorção mostram diferenças nos comportamentos do

Zn e do Cd. Essas diferenças são observadas, principalmente, na presença do formol. Esse

comportamento diferenciado mostra que o Cd, além de ter tempo de residência na água,

menor do que o Zn (constantes de velocidade maiores), não teve um aumento marcante no seu

tempo de remoção com o tratamento do formol, o inibidor da atividade bentônica do

sedimento. Assim, Zn apresentou uma afinidade maior com a atividade bentônica, sendo sua

remoção mais influenciada pela ausência dessa atividade do que o Cd.

5.2.2 Estudo do perfil do sedimento de manguezal

O estudo do perfil dos testemunhos de sedimento, apresentou maior acumulação do

65Zn (53,79 ± 0,28 %) e 109Cd (67,34 ± 0,16 %) na primeira camada do sedimento (0 a 1 cm

de profundidade). Já o perfil dos testemunhos tratados com o formol, mostrou quase total

acumulação da atividade do 65Zn (98,72 ± 0,29 %) e 109Cd (98,31 ± 0,24 %) na superfície do

sedimento (Figura 24). A presença dos radiotraçadores nas demais camadas do sedimento foi

seguida de quedas acentuadas de acumulação dos mesmos ao longo do perfil, estabelecendo

uma relação decrescente com a profundidade.

Machado et al. (2008) também obtiveram em seu estudo, a maior parte da atividade

do 65Zn retida na primeira camada do sedimento. No sedimento coletado dentro da floresta de

manguezal, a retenção do Zn foi de 78,3 ± 8,8 %, já no sedimento da franja do mangue a

acumulação foi de 47,5 ± 1,3 %.

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60

Figura 24 - Perfil do Sedimento com os radiotraçadores Zn-65 e Cd-109.

Calculou-se o Inventário dos perfis, considerando a densidade e espessura das fatias.

Uma pequena diferença foi observada entre a distribuição dos perfis da atividade e dos

inventários, devido à existência de valores diferenciados de densidades dos sedimentos.

(Figura 25).

Os valores obtidos dos Inventários do sedimento para os metais, o Zn e Cd, no

primeiro centímetro foram de 61,89±0,33 % e 70,54±0,13 % no sedimento não tratado com o

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100P

rofu

nid

ad

e (c

m)

Atividade % (Zn-65)

Sedimento

Controle

Sedimento com

Formol

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pro

fun

idad

e (c

m)

Atividade % (Cd-109)

Sedimento

Controle

Sedimento com

Formol

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61

formol, respectivamente. Já, os testemunhos tratados com o formol, atingiram valores de

98,98± 0,42 % e 98,46 ± 0,25 %, respectivamente no mesmo centímetro.

Figura 25 - Perfis do Inventário dos sedimentos para Zn-65 e Cd-109.

A presença dos radiotraçadores, nas camadas mais profundas do sedimento sem o

tratamento do formol, evidenciou a influência da atividade bentônica na retenção, e transporte

de metais no sedimento, visto que o mesmo comportamento não foi encontrado no sedimento

tratado. A provável resposta para esse comportamento diferenciado dos metais no sedimento é

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pro

fun

idad

e (c

m)

Atividade Inventário % (Zn-65)

Sedimento

Controle

Sedimento com

Formol

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pro

fun

idad

e (c

m)

Atividade Inventário % (Cd-109)

Sedimento

Controle

Sedimento com

Formol

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62

a ação do formol, inibidor da atividade bentônica, que afeta diretamente a ligação de

compostos metálicos (pela limitação da produção de sulfeto). Além disso, cessa o processo de

bioturbação no sedimento, realizado pela macrofauna, que age como transportador e

acumulador de metais (SUZUKI et al., 2013; KOSTKA et al., 2002; OSAKI et al., 1997).

Petersen et al. (1998) também apresentaram concordância sobre a transferência de

109Cd na interface água-sedimento, e mostraram que o transporte do Cd nas camadas do

sedimento é retido em grande parte no primeiro centímetro do sedimento. Além disso, o

estudo mostrou a difusão do Cd em experimentos com diferentes espécies de animais, para

avaliar o estímulo da bioturbação da fauna no transporte de metais. Seus resultados mostram

que a bioturbação influencia no transporte do Cd da coluna d’água para o sedimento, e que a

profundidade de acumulação do metal é variável em relação às espécies e as condições de

vida das mesmas.

Suzuki et al. (2013), estudaram o efeito da atividade bentônica na difusão dos metais

traço ( 58Co, 51Cr e 65Zn) no sedimento. Os resultados também mostraram que os testemunhos

com a atividade bentônica inibida pelo formol, tinham quase totalidade de acumulação dos

metais-traço na primeira camada do sedimento. Já os testemunhos não tratados apresentaram

maior atividade nas camadas mais profundas do sedimento, devido à atividade bentônica,

corroborando com os resultados obtidos no presente estudo.

5.2.3 Cálculo do índice de atividade bentônica

A sorção dos metais, na interface água-sedimento, pode ser influenciada por

processos como, a ligação com partículas sedimentares, a deposição do material particulado e

a difusão dos metais pela água intersticial (HALL et al., 1989; PETERSEN et al., 1998;

MACHADO et al., 2008). Considerando que os efeitos desses processos influenciadores na

remoção dos metais, podem ser afetados pela atividade bentônica, os resultados adquiridos

neste trabalho, foram usados para determinar a influência da atividade bentônica na retenção

dos metais no sedimento, ao longo da profundidade. O cálculo foi realizado através do Índice

de Atividade Bentônica mostrado por Suzuki et al.(2013).

A atividade bentônica influencia na acumulação do 65Zn e 109Cd, tanto no perfil da

atividade quanto no inventário, de forma moderada na primeira camada do sedimento, como

indicado no IAB (3,59% e 38,46%, respectivamente) e no IABINV (18,63% e 45,36%,

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63

respectivamente) (Figura 26). Esses valores mostram que, a atividade bentônica influencia de

forma mais significativa, na remoção do Cd, sendo este mais susceptível à ação biológica.

Figura 26 - Perfis dos Índices de Atividade Bentônica para os radiotraçadores (Zn-65 e Cd-109).

As demais camadas (2-6 cm de profundidade) apresentam percentual do índice, para

Zn e Cd, bastante alto (96 – 100 %), determinando que a atividade bentônica influencia de

forma predominante, na retenção dos metais nos perfis. Os resultados obtidos no estudo, estão

de acordo com os encontrados por Suzuki et al (2013). Em seu estudo, do efeito da atividade

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pro

fun

did

ad

e (c

m)

Índice de Atividade Bentônica (%)

Zn-65

Cd-109

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pro

fun

did

ad

e (c

m)

Índice de Atividade Bentônica Inventário (%)

Zn-65

Cd-109

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64

bentônica na difusão dos metais nos sedimentos de manguezais, mostraram resultados do

Índice da Atividade Bentônica para os radiotraçadores, 58Co, 51Cr e 65Zn. Os resultados

obtidos, neste estudo, mostram que a influência dessa atividade, na retenção do 65Zn, no

primeiro centímetro do sedimento, foi considerada baixa a moderada com valores de IAB e IAB

IVN de 37% e 42%, respectivamente. Abaixo desse centímetro, os valores dessa influência, na

retenção do 65Zn, são altos, variando de 75-100 % no IAB, e 64-100 % no IAB INV.

O diagrama abaixo (Figura 27) esquematiza a tendência de distribuição apresentada

pelos metais recentemente difundidos nos sedimentos (linha preta cheia), e a respectiva

influência dessa atividade (linha tracejada). A parte acinzentada do diagrama representa a

entrada de oxigênio, observada nos primeiros 5 mm de profundidade. Se a remoção física na

superfície do sedimento não ocorrer, ou seja, não tiver erosão ou intensa bioturbação, reações

mais fortes com as partículas do sedimento, dentro de determinada camada, vão promover

maior eficiência de retenção, juntamente com o processo de sedimentação. Por outro lado, a

difusão profunda dos metais, pode permitir mais eficiência de retenção dos mesmos,

apresentando condições menos susceptíveis aos distúrbios físicos, e facilitando o

aprisionamento pela rizosfera (SUZUKI et al., 2013; MACHADO et al., 2008).

Figura 27 - Diagrama da difusão dos metais no sedimento e a variabilidade do Índice de Atividade Bentônica.

Fonte: SUZUKI et al.,2013.

O Índice de Atividade Bentônica para o Inventário total dos radiotraçadores foi

estimado. Essa variação do índice representa a influência da atividade biológica na retenção

dos metais em relação ao valor total da mesma no perfil. Os índices totais para Zn e Cd

apresentaram valores de 49,13% e 60,86%, respectivamente. Essa elevada influência é

marcada na camada superficial do sedimento, com o IABINV –T correspondendo a 11,53% (Zn)

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65

e 31,99% (Cd), e nas camadas mais profundas, (2- 6 cm profundidade), que somadas

representam valores de 37,59% (Zn) e 28,86% (Cd) (Figura 28).

Figura 28 - Índice do Inventário Total (%).

Suzuki et al. (2013) apresentaram valores para o índice do inventário total para 58Co,

51Cr e 65Zn. Foi estimado que 32%, 39% e 44% do total o inventário era devido à atividade

bentônica, respectivamente. Seus resultados para Zn mostram que a maior influência acontece

na primeira camada, correspondendo a 40% do índice total, e nas camadas seguintes, o índice

corresponde a 4% de todo o inventário. Esses resultados são diferentes dos resultados obtidos

no presente estudo, visto que nesse, o Zn apresenta valores de difusão maiores do que Suzuki

et al. Essa diferença pode ser atribuída à composição do sedimento local, visto que o trabalho

de Suzuki et al (2013), foi realizado em Itacuruçá, local considerado mais preservado, e

apresenta sedimento mais arenoso, com maiores valores de densidade (aproximadamente 1,2

g/cm³) do que o Saco do Engenho (aproximadamente 0,6 g/cm³).

5.2.4 Resultados da remobilizaçãode Zn e Cd do sedimento

Nessa etapa, avaliaram-se os resultados obtidos para o estudo de remobilização, do

sedimento para a coluna d’água, em condições óxicas, da água do mar, em constante de

borbulhamento de ar. Essa liberação foi acompanhada através do aumento da atividade

radioativa do 65Zn e 109Cd na água, durante duas horas de experimento nos testemunhos.

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pro

fun

did

ad

e (c

m)

Índice de Atividade Bentônica Total (%)

Zn-65

Cd-109

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66

Os radiotraçadores apresentaram comportamento semelhante neste experimento de

remobilização, marcando valores médios, para 65Zn e 109Cd, nos testemunhos controle, de

0,89 ± 0,07 % e 1,16 ± 0,07 %, respectivamente. Já os testemunhos tratados com o formol,

apresentaram valores de remobilização de 2,33 ± 0,05 % e 5,00 ± 0,05 %.

Os valores percentuais, de atividade dos radiotraçadores, na remobilização,

encontrados na água, são pequenos, não havendo ressuspensão significativa após a troca por

uma coluna d’água, sem a presença dos mesmos. Apesar disso, os resultados obtidos nos

testemunhos tratados com formol, mostraram uma remobilização maior do que nos

testemunhos controle. Isso mostra uma diferença no processo de retenção dos metais no

sedimento, pois a quantidade dos radionuclídeos presente na primeira fatia do sedimento

tratado com formol é maior do que nos testemunhos controle, existindo uma maior

mobilidade dos metais para dentro dos sedimentos não tratados, devido à atividade bentônica.

O formol, com sua ação inibidora da atividade bentônica, pode contribuir para maior

remobilização dos radiotraçadores para a coluna d’água, visto que os mecanismos de retenção

dos metais no sedimento, é sensível às condições físico-químicas e biológicas do mesmo.

5.3 ANÁLISE EXPERIMENTAL DA EFICIÊNCIA DO BIOFILME BACTERIANO

RESISTENTE A Zn e Cd NO PROCESSO DE REMOÇÃO DOS METAIS DA

INTERFACE ÁGUA-SEDIMENTO

O estudo apresentou a eficiência do biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd,

inoculado na superfície dos testemunhos de sedimento de manguezal, no processo de remoção

destes metais na interface água-sedimento. Através deste estudo experimental, avaliou-se a

capacidade de sorção do BR Zn/Cd para aplicações futuras como técnica de biorremediação.

Os resultados atenderam aos tópicos apresentados a seguir:

Determinação da remoção e a cinética de sorção de 65Zn e 109Cd na interface água –

sedimento, avaliando a eficiência do biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd nesse

processo;

Estudo da distribuição de Zn e Cd no perfil do sedimento;

Cálculo da influência da atividade biológica (bentônica + bacteriana) na remoção dos

metais;

Cálculo da remobilização de Zn e Cd do sedimento.

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67

5.3.1 Determinação da remoção e estudo cinético de sorção de 65Zn e109Cd pelo

biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd na interface água-sedimento

As Figura 29 e Figura 30, apresentam as remoções de 65Zn e 109Cd, na interface água-

sedimento. A Figura 29 mostra as remoções médias dos radiotraçadores, em percentagem, dos

testemunhos controle, e dos testemunhos incubados com o biofilme bacteriano resistente a Zn

e Cd. Já a Figura 30, apresenta as remoções médias destes metais, nos testemunhos incubados

com o BR Zn/Cd, não tratados (mostrado novamente) e nos tratados com formol. Ressalva-se,

que os resultados do biofilme resistente a estes metais, foram repetidos, por critérios de

comparação didática com os outros resultados.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

0

10

20

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100

Rem

oção (

%)

Tempo (h)

Sedimento Controle (Zn-65)

Sedimento Controle (Cd-109)

BR Zn/Cd (Zn-65)

BR Zn/Cd (Cd-109

Figura 29 - Médias de remoção de 65Zn e 109Cd nos testemunhos de sedimento incubados com o BR Zn/Cd e

controle.

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0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

0

10

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90

100

Rem

oção (

%)

Tempo (h)

BR Zn/Cd (Zn-65)

BR Zn/Cd (Cd-109)

BR Zn/Cd tratado com Formol (Zn-65)

BR Zn/Cd tratado com Formol (Cd-109)

Figura 30 - Médias de remoção de 65Zn e 109Cd nos testemunhos de sedimento incubados com o BR Zn/Cd

(tratados e não tratados com formol).

A Tabela 8 mostra os percentuais de remoção das concentrações iniciais dos

radiotraçadores, na interface água-sedimento, em intervalos de tempo.

Tabela 8- Percentual de remoção dos radiotraçadores da coluna d’água, nos

testemunhos de sedimento.

65Zn (%)

Tempo

(h)

Sedimento

(S) BR Zn/Cd (BR)

Razão

(BR/S)

BR Zn/Cd Tratado

(BRT)

Razão

(BR/BRT)

0 - 2 34,32± 2,43 67,04± 2,93 1,95 48,87± 2,94 1,37

2 - 6 42,93± 2,42 Pico de Inflexão - Pico de Inflexão -

6 - 24 19,69± 2,91 19,59± 2,74 0,99 24,41± 2,10 0,80

24 -48 1,61± 3,28 2,31± 3,45 1,43 9,45± 2.52 0,24

109Cd (%)

Tempo

(h)

Sedimento

(S) BR Zn/Cd (BR)

Razão

(BR/S)

BR Zn/Cd Tratado

(BRT)

Razão

(BR/BRT)

0 - 2 47,69± 2,12 79,89± 2,64 1,68 67,20± 2,34 1,19

2 - 6 37,20± 2,34 Pico de Inflexão - Pico de Inflexão -

6 - 24 13,22± 3,04 7,77± 3,28 0,59 20,68± 2,35 0,38

24 -48 0,91± 3,43 0,85± 3,78 0,94 5,33± 3,28 0,16

A remoção dos metais é caracterizada por altos valores na fase inicial de remoção (0-

2 h), nos testemunhos inoculados com o biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd (67,04 ±

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69

2,93 % para Zn e 79,87±2,64 % para Cd), sendo este valor, aproximadamente, duas vezes

maior do que os resultados encontrados nos testemunhos controle (34,32±2,43 % para Zn e

47,68 ± 2,12 % para o Cd). As remoções, nos testemunhos tratados com formol, apresentaram

valores altos de remoção para Zn (48,86±2,93%) e Cd (67,20±2,34%) neste mesmo intervalo

de tempo. Esses valores de remoção, no intervalo de tempo inicial do experimento, nos

testemunhos com formol, sugerem que a sua ação inibidora, não atingiu significativamente o

biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd, a ponto de alterar sua cinética.

Nota-se que no período de 2-6 horas, as remoções de Zn e Cd, nos testemunhos

tratados com formol, apresentaram um pico no gráfico. Isso acontece, pois, suas cinéticas

apresentaram um ponto de inflexão muito significativo em 3h de estudo. Observa-se também,

que todos os testemunhos, que foram inoculados com o biofilme resistente, apresentaram esse

ponto de inflexão, mas, em proporções diferenciadas. Ele é representado, por uma alteração

na velocidade do processo de remoção dos radiotraçadores (CANESIN, 2000; MACHADO,

2004).

No período de 6-24 h de experimento, a remoção de Zn, nos testemunhos controle

(19,69 ± 2,91%), registrou valores semelhantes aos testemunhos incubados com o BR Zn/Cd

(19,59 ±2,74 %). A razão (Sedimento/BR Zn/Cd) encontrada foi aproximadamente 1. Já a

remoção do Cd, apresentou maior valor nos testemunhos controle (13,22±3,04 %), do que nos

testemunhos com o biofilme resistente (7,77± 3,28 %). Essa diferença é marcada pelo ponto

de inflexão na cinética do Zn, que alterou o processo de sorção deste metal, neste intervalo de

tempo. Nesse mesmo intervalo de tempo, as remoções de Zn e Cd, nos testemunhos tratados

com formol, apresentaram um aumento significativo (24,40±2,10 % para Zn e 20,67±2,35 %

para Cd).

No intervalo de 24-48 horas, se observou, que a remoção dos metais, nos

testemunhos sem o tratamento (controle e BR Zn/Cd), obtiveram valores baixos de remoção,

assim como no estudo anterior. Já os testemunhos tratados com o formol, as remoções foram

de 9,45±2,52 % (Zn) e 5,33 ±3,28 % (Cd). As remoções totais dos metais, em 48 horas de

experimento, nos testemunhos controle (98,55±3,07 % para Zn e 99,01± 2,94 % para o Cd),

obtiveram valores semelhantes aos testemunhos com o BR Zn/Cd (98,47 ± 3,36 % para o Zn e

99,11 ± 3,23 % para o Cd). Já, os testemunhos tratados apresentaram valores de remoção, no

mesmo intervalo de tempo experimental (48h), para Zn e o Cd de 71,87±2,78 % e 92,39±2,97

%, respectivamente. Esses resultados mostram que os testemunhos submetidos à ação do

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70

formol, tiveram as cinéticas químicas alteradas pela sua ação inibidora da atividade biológica

(bentônica+ bacteriana resistente).

Foram realizadas as deconvoluções das curvas, e determinados por regressão linear,

os diferentes coeficientes de velocidade que regem o processo de remoção dos metais nessa

interface. As figuras mostram as regressões lineares e deconvoluções das curvas do 65Zn e

109Cd, respectivamente, na coluna d’água em função do tempo do experimento (Figura 31 e

Figura 32).

Figura 31–Deconvolução média das curvas do 65Zn nos diferentes testemunhos.

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71

Figura 32 -Deconvolução média das curvas do 109Cd nos diferentes testemunhos.

Nota-se, que o ponto de inflexão é encontrado, também, nas regressões lineares. Esse

ponto representa a mudança de velocidade na cinética, caracterizada por uma remoção inicial

mais rápida, seguida de uma remoção mais lenta. É importante ressaltar que a deconvolução

das curvas, foi realizada de acordo com a mudança de velocidade na remoção dos metais, em

cada testemunho.

Foram calculadas as constantes de velocidade para as diferentes cinéticas, assim

como, o tempo de meia-vida dos metais e os R² associados (Tabela 9 e Tabela 10).

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72

Tabela 9 - Constantes de velocidade e tempo de meia vida do Zn-65.

Média Testemunhos Cinética K(h-1) ERRO R² t1/2 (h)

Erro

t1/2

Sedimento Controle Curta 0,25 0,01 0,9953 2,74 0,08

Longa 0,05 0,02 0,9049 13,23 4,29

BRZn/Cd Curta 0,55 0,01 0,9997 1,25 0,02

Longa 0,07 0,01 0,9405 9,67 1,09

BRZn/Cd com Formol Curta 0,33 0,02 0,9953 2,07 0,14

Longa 0,02 0,01 0,9182 33,16 4,43

Tabela 10 - Constantes de velocidade e tempo de meia vida do Cd-109.

Média dos Testemunhos Cinéticas K(h-1) ERRO R² t1/2 (h)

Erro

t1/2

Sedimento Controle Curta 0,32 0,01 0,9967 2,15 0,05

Longa 0,05 0,02 0,8789 13,66 5,07

BR Zn/Cd Curta 0,80 0,02 0,9996 0,86 0,02

Longa 0,06 0,01 0,8985 10,52 1,58

BRZn/Cd com Formol Curta 0,55 0,07 0,9849 1,24 0,15

Longa 0,04 0,01 0,9249 17,08 2,18

As constantes de velocidade de sorção (k), na cinética curta de Zn e Cd,

apresentaram valores diferenciados nos testemunhos, respeitando a ordem decrescente:

Testemunhos incubados com o biofilme resistente > Testemunhos com biofilme e tratados

com formol > Testemunhos controle. Essa seqüência representa a ordem de remoção dos

metais nos testemunhos, mostrando que o biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd, possui

cinéticas de remoção mais rápidas do que o controle. Já as cinéticas longas não apresentaram

diferenças marcantes nas constantes de velocidade de remoção dos metais nos testemunhos.

Esse comportamento mostra que a meia-vida de remoção curta caracteriza o comportamento

do biofilme nos processos de remoção de metais, na interface água-sedimento, visto que,

quanto maior for a constante de velocidade, mais rápida é a cinética de remoção.

As Figura 33 e Figura 34 que seguem, mostram os resultados da deconvolução das

curvas em duas cinéticas, uma curta e outra longa, para melhor visualização das diferenças de

velocidade nos processos. Os resultados de meia-vida de remoção de Zn e Cd evidenciam que

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73

a cinética curta nos sedimentos com o BR Zn/Cd, é menor do que nos sedimentos controle,

mostrando maior velocidade do BR Zn/Cd em sorver os metais, nesse intervalo de tempo.

Sedimento Controle Sed. com Formol BRZn/Cd BRZN/Cd com Formol

0

5

10

15

20

25

30

35

40M

eia

-vid

a d

e R

em

oçã

o Z

n-6

5 (

h)

Cinética Curta

Cinética Longa

Figura 33 - Gráfico de Meia-vida de Remoção do 65Zn nos diferentes testemunhos.

Sedimento Controle Sed. com Formol BRZn/Cd BRZN/Cd com Formol

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Me

ia-v

ida

de

Re

mo

çã

o C

d-1

09

(h

)

Cinética Curta

Cinética Longa

Figura 34 - Gráfico de Meia-vida de Remoção do 109Cd nos testemunhos analisados.

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74

Os valores de meia-vida de remoção dos metais, no sedimento tratado com o formol

apresentaram aumento no seu tempo de residência na água, confirmando a ação do formol,

agente inibidor da atividade bentônica, e a influência dessa atividade na remoção dos metais.

Entretanto, no sedimento com o BR Zn/Cd, esse aumento não é muito perceptível na cinética

curta, quando comparado com o aumento da mesma cinética no sedimento controle na

presença do formol. Esse processo pode ocorrer devido à influência da matriz exopolimérica

do biofilme resistente na cinética de remoção dos metais. Ela proporciona um ambiente mais

estável e protetor para as bactérias, visto que, o formol é considerado um agente estressor do

meio em que elas estão inseridas (COSTERTON et al., 1995).

5.3.2 Estudo do perfil dos metais no sedimento

Os radiotraçadores foram encontrados em sua maior concentração na camada

superficial do sedimento, compreendida no primeiro centímetro. Na seqüência das camadas,

essas acumulações dos metais, obtiveram quedas bruscas de atividade, de acordo com a

profundidade. No primeiro centímetro do perfil do sedimento controle, o Zn e o Cd,

apresentaram acumulação de 55,53 ± 0,33 % e 64,67 ± 0,21 %, respectivamente. Já o perfil de

sedimento com o biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd, mostrou valores de acumulação de

47,37±0,36 % e 53,42 ± 0,24 %, e o perfil do sedimento tratado com formol, os valores foram

de 96,72±0,46 % e 95,78±0,38 %. Observa-se que a retenção de grande parte da atividade no

primeiro centímetro do sedimento foi observada em todos os experimentos deste trabalho.

Os testemunhos tratados com o formol obtiveram os maiores valores de acumulação

na camada superficial do sedimento, possuindo quase totalidade dessa acumulação na

primeira camada. Segundo Suzuki et al. (2013), este fenômeno é explicado pela ação

inibidora do formol no metabolismo microbiano (KOSTKA et al., 2002), o que afeta as

ligações dos compostos metálicos (devido à limitada produção de sulfeto e aumento da

oxidação do sulfeto em condições mais oxidantes), e inibição da bioturbação do meio,

realizada pela macrofauna. (OSAKI et al., 1997).

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75

Figura 35 - Perfil Atividade x Profundidade dos testemunhos.

O inventário das atividades foi determinado e expresso em percentagens,

considerando a densidade e a espessura das fatias (Figura 36). Os valores de acumulações na

primeira fatia do sedimento controle, para Zn e Cd, foram de 62,73±0,34 % e 70,72 ±0,14 %,

respectivamente. Já para os sedimentos com a presença do BR Zn/Cd, os valores encontrados

foram de 47,02±0,58 % e 52,61±0,25 %, e para os testemunhos tratados com o formol, os

valores foram de 95,66±1,12 % e 93,33±0,71 %.

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100P

rofu

nd

ida

de

(cm

)

Atividade % (Zn-65)

Sedimento Controle

BR Zn/Cd

BRZn/Cd com Formol

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pro

fun

did

ad

e (c

m)

Atividade % (Cd-109)

Sedimento Controle

BR Zn/Cd

BRZn/Cd com Formol

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76

Figura 36 - Perfil Atividade do Inventário x Profundidade dos testemunhos do sedimento controle.

É perceptível na analise dos gráficos, que a penetração dos metais, Zn e Cd, ao longo

do perfil sedimentar, tem maiores valores no sedimento com o biofilme resistente a Zn e Cd,

mostrando a influência desse biofilme na difusão dos metais dentro do sedimento. Esse

comportamento pode ser explicado, pois o biofilme no estágio de maturação começa o

processo de desprendimento das bactérias (microrganismos), e as células se encontram

dispersas no meio (HALL-STOODLEY et al., 2004), possibilitando a penetração das

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100P

rofu

nd

ida

de

(cm

)

Atividade Inventário % (Zn-65)

Sedimento Controle

BR Zn/Cd

BRZn/Cd com Formol

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pro

fun

did

ad

e (c

m)

Atividade Inventário % (Cd-109)

Sedimento Controle

BR Zn/Cd

BRZn/Cd com Formol

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77

bactérias no sedimento e favorecendo o transporte de metais por difusão. Esse processo de

difusão pode favorecer o aprisionamento dos metais pela rizosfera do manguezal, sugerindo

aumento da eficiência de retenção.

Suzuki et al. (2012) evidenciaram através de um pico de atividade em uma camada

do sedimento (3-4 cm), que o processo de bioturbação pode promover o transporte dos metais

para camadas mais profundas do sedimento, onde a rizosfera pode reter esses elementos,

aumentando o efeito de retenção. Observaram também que essa retenção ocorre abaixo das

camadas menos estáveis, que estão expostas a distúrbios físicos (erosão) e biológicos

(bioturbação).

5.3.3 Cálculo da influência da atividade bentônica

Buscando justificar a influência da atividade bentônica na remoção dos metais da

coluna d’água para o sedimento, a Figura 37 apresenta os perfis calculados para os Índices de

Atividade Bentônica, do perfil da Atividade e do Inventário. Para o calculo desse Índice,

utilizou-se os valores de acumulação dos radiotraçadores, nos sedimentos inoculados com o

biofilme resistente, relacionando os testemunhos tratados e não tratados com a solução de

formol.

A atividade bentônica influencia relativamente na atividade do 65Zn e 109Cd, em uma

escala moderada, como indicado no IAB (20,86% e 47,54%, respectivamente) e no IABINV

(47,95% e 64,58%). Abaixo dessa camada superficial, a atividade bentônica influenciou

predominantemente na retenção dos metais estudados (97 – 100 %), tanto nos perfis de

Atividade quanto no Inventário.

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78

Figura 37 - Índice de Atividade Bentônica e Índice do Inventário.

Esse comportamento de retenção dos metais, no sedimento, é evidenciado devido à

camada óxica existente na sua superfície, favorecendo a retenção dos metais por processos

físicos e químicos, além dos biológicos. Já nas camadas mais profundas (2–6 cm), o ambiente

favorece a predominância das condições redutoras, aumentando a produção do sulfeto e

contribuindo para o aumento da ação biológica, e diminuindo a concorrência de outros fatores

não biológicos.

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100P

rofu

nd

ida

de

(cm

)

Índice de Atividade Bentônica (%)

Zn-65

Cd-109

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pro

fun

did

ad

e (c

m)

Índice de Atividade Bentônica Inventário (%)

Zn-65

Cd-109

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79

Resultados apontam o efeito da atividade biológica na biodisponibilidade dos metais,

e sugerem uma maior sensibilidade do Cd a essa atividade, pois, seu Índice de Atividade

Bentônica é mais significativo do que o do Zn, na primeira camada do sedimento.

Ao comparar os resultados obtidos pelas análises dos índices de atividade bentônica,

no perfil sedimentar dos testemunhos controle e dos inoculados com o BR Zn/Cd, obteve-se

uma diferença na influência dessa atividade no primeiro centímetro, na retenção de Zn (IAB =

17%, IAB INV = 26%) e Cd (IAB = 10%, IAB INV = 19%) (Tabela 11). Essa diferença pode ser

atribuída à presença do biofilme resistente, visto que, esse compartimento ambiental é a única

diferença experimental, entre os testemunhos analisados.

Tabela 11- Comparação dos Resultados obtidos com a Análise dos Índices de Atividade

Bentônica.

Sedimento Controle (%) Sedimento com BRZn/Cd (%)

Zn-65 Cd-109 Zn-65 Cd-109

IAB (0 - 1 cm) 3,59 38,46 20,86 47,54

IAB ( 2 - 6 cm) 97 - 99 96 - 99 97 - 99 96 -99

IAB Inventário (0-1 cm) 18,63 45,36 47,95 64,58

IAB Inventário (2 -6

cm) 97 - 99 97 - 99 97 - 99 95 - 98

Foi estimado o Índice do Inventário Total, uma variação do Índice da Atividade

Bentônica. Os resultados mostraram que 74,42% (65Zn) e 80,03% (109Cd) do índice era

oriundo da influência da atividade bentônica. Isso sugere a eficiência dessa atividade e a ação

do biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd, na de sorção dos metais pelos sedimentos. A

elevada influência é marcada na camada superficial do sedimento, com o IABINV –T

correspondendo a 22,58% (65Zn) e 32,97% (109Cd), e nas camadas mais profundas (2- 6 cm),

que somadas apresentam valores de 51,87% (65Zn) e 46,06% (109Cd) (Figura 38).

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80

Figura 38 - Índice do Inventário Total.

A Tabela 12 compara os índices do inventário total no sedimento controle e no BR

Zn/Cd. Percebe-se o aumento da influência biológica na retenção dos metais nas camadas

mais profundas do perfil (3–6 cm), com a presença do BR Zn/Cd. Isso sugere o transporte dos

metais no sedimento pelo biofilme na fase madura, aumentando a capacidade de retenção e

aprisionamento dos metais pela rizosfera (SUZUKI et al., 2012). Os valores calculados pela

razão (BR/S) confirmam as diferenças entre os testemunhos.

Os resultados obtidos pelo somatório do IAB do Inventário Total mostram o aumento

da capacidade de retenção dos metais, com a presença do BR Zn/Cd, registrando uma

diferença de 25,29% e 19,18%, nos valores da influência biológica, na remoção de Zn e Cd,

respectivamente.

Tabela 12- Tabela comparativa dos índices do Inventário Total, para Zn e Cd, em

percentagem (%).

Sedimento Controle (S) BRZn/Cd (BR) Razão BR/S

Profundidade

(cm) Zn-65 Cd-109 Zn-65 Cd-109 Zn-65 Cd-109

0 -1 cm 11,53 32,00 22,55 33,97 1,95 1,06

1 - 2 cm 12,89 9,81 15,47 14,04 1,20 1,43

2 - 3 cm 10,31 8,23 9,32 7,82 0,90 0,95

3 - 4 cm 9,09 7,01 10,15 7,87 1,12 1,12

4 - 5 cm 3,00 2,37 9,52 9,38 3,17 3,96

5 - 6 cm 2,30 1,46 7,41 6,95 3,22 4,77

SOMA 49,13 60,86 74,42 80,04 1,51 1,32

0

1

2

3

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5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pro

fun

did

ad

e (c

m)

Índice de Atividade Bentônica TOTAL (%)

Zn-65

Cd-109

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81

5.3.4 Resultado da remobilização de Zn e Cd do sedimento

Nessa etapa, avaliaram-se os resultados obtidos para o estudo de remobilização, do

sedimento para a coluna d’água, em condições óxicas, da água do mar. Essa liberação foi

acompanhada através do aumento da atividade radioativa do 65Zn e 109Cd, na água, durante

duas horas de experimento nos testemunhos incubados com o biofilme resistente e controle.

A remobilização dos radiotraçadores do sedimento controle, para a coluna d’água,

mostrou percentagens médias da atividade do 65Zn e 109Cd, 0,82 ± 0,09 % e 0,84 ± 0,11 %,

respectivamente. Já nos testemunhos inoculados com o BR Zn/Cd, os valores percentuais

foram 0,73± 0,09 % (65Zn) e 0,70± 0,13 % (109Cd), e nos testemunhos tratados com formol,

os valores foram 2,55 ± 0,04 % (65Zn) e 4,50 ± 0,06 % (109Cd).

5.4 RESULTADOS DA ADSORÇÃO DO 65Zn E 109Cd NA PAREDE DO TUBO

A análise da média ponderada dos dados mostra que a adsorção do 65Zn e do 109Cd

na parede do tubo de PVC são diferentes, mostrando valores na ordem de 14,94% e 36,20%,

respectivamente. Isso mostra a maior tendência de adsorção do cádmio pelo acrílico de PVC e

pela rolha de borracha que é colocada no fundo do tubo.

5.5 RESULTADOS DA SORÇÃO BACTERIANA DO 65Zn PELA DISTRIBUIÇÃO DE

FASES (SÓLIDA E LÍQUIDA)

O estudo buscou avaliar a eficiência de sorção do biofilme bacteriano resistente ao

Zn, na água do mar. Tendo em vista que a água do mar utilizada no experimento não

apresenta quantidades significativas de material particulado (bióticos e abióticos), sugere-se

que esse processo de distribuição dos metais é devido à capacidade de sorção do biofilme

bacteriano resistente e à adsorção do radiotraçador no filtro (verificada através dos resultados

dos tubos controle). A Figura 39 mostra os perfis de sorção do 65Zn, ao longo do tempo, em

percentagem de sorção em relação à suspensão (total de atividade) e seus erros associados,

evidenciando a diferença de comportamento do biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd em

relação ao controle experimental.

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So

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o d

o Z

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5 n

o f

iltro

(%

)

Tempo (h)

BRZn/Cd

Controle

Figura 39 - Sorção no filtro e barras de erro (menores do que o símbolo) para o radiotraçador65Zn.

Buscando representar a sorção do Zn pelo biofilme bacteriano, descontou-se a

percentagem da adsorção do radiotraçador no filtro (Controle) (Figura 40). Os resultados

mostram que o BR Zn/Cd apresenta um pico de sorção do Zn (73,57 ± 0,09 %), em 1 h de

estudo. O valor médio, de sorção do biofilme, na água do mar, é de 67,60± 3,16 %, em 24

horas. Esse valor é apresentado no gráfico, mostrando o pico de remoção em 1h, seguido de

uma tendência linear de sorção do BR Zn/Cd. A partir de 10 h de estudo, alterações na

distribuição das fases são observadas, apresentando no período de 14 – 19 h, uma queda na

sorção do Zn. Vale frisar que a capacidade de sorção do biofilme resistente é diretamente

influenciada pelas condições ambientais de temperatura, pH e concentração de biomassa

bacteriana (CHEN; TING, 1995). Esse decaimento na cinética de sorção sugere a saturação

momentânea dos sítios ativos do biofilme resistente a Zn e Cd.

A sorção bacteriana no filtro, na água do mar com características específicas, mostra

uma cinética curta de 1 h, no período experimental de 24 h. O estudo registra a maior remoção

do Zn nesse intervalo tempo, corroborando com os estudos experimentais realizados nos

testemunhos de manguezal na interface água-sedimento.

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BR

Zn/C

d (%

)

Tempo (h)

Remoção BRZn/Cd

Média de Remoção

Figura 40 - Sorção do 65Zn pelo biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd.

É importante ressaltar, que nesse experimento, foi utilizado apenas o 65Zn como

radiotraçador. Assim, analisaram-se apenas os valores de sorção do Zn, pelos biofilmes

resistentes a Zn e Cd. O fato desse estudo não apresentar o 109Cd, como radiotraçador, no

coquetel (diferente dos experimentos apresentados), pode ter influenciado no resultado de

sorção final, pois a resistência do biofilme bacteriano a Zn e Cd, pode apresentar diferenças

na presença deste outro metal.

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6 CONCLUSÃO

Os estudos cinéticos da sorção de Zn e Cd, da coluna d’água para o sedimento,

mostraram a remoção dos metais na interface água-sedimento, comparando os testemunhos de

sedimento controle com testemunhos inoculados com o biofilme resistente, inserido na

superfície de testemunhos de manguezal. A lei de velocidade utilizada foi de primeira ordem,

apresentando processos rápidos e lentos ao longo do tempo. As análises dos gráficos

mostraram duas velocidades acontecendo, com a variação temporal esperada na remoção dos

metais, caracterizando a existência de uma remoção inicial mais rápida, seguida de uma

remoção mais lenta, que apresenta pequenas variações nas suas taxa de remoção.

A cinética curta de remoção dos metais na interface água-sedimento mostrou valores

de meia-vida menores para a sorção do Zn (1,24 ± 0,02 h) e Cd (0,86± 0,02 h), no sedimento

incubado com o BR Zn/Cd, quando comparado com os valores para Zn (2,74 ± 0,08 h) e Cd

(2,15 ± 0,05 h), no mesmo período de tempo nos sedimentos controle. A meia-vida de

remoção, encontrada na cinética longa, não apresentou diferenças significativas na

comparação dos testemunhos controle com o BR Zn/Cd. Essa semelhança entre as cinéticas

pode ser explicada, pelo equilíbrio da capacidade de remoção do BR Zn/Cd, sugerindo a

saturação dos sítios ativos do biofilme. Assim, o comportamento do BR Zn/Cd se mantém

semelhante ao sedimento controle na cinética longa.

Após a remoção dos metais na interface água-sedimento, grande parte acumulou-se

no primeiro centímetro. Os resultados dos perfis sedimentares nos testemunhos incubados

com o biofilme resistente a Zn e Cd, apresentaram uma maior penetração dos metais ao longo

da profundidade (0-6 cm). Esse processo mostra que a presença do BR Zn/Cd influencia na

difusão dos metais no sedimento, o que pode favorecer uma retenção mais eficiente.

A influência da atividade bentônica na difusão dos metais no sedimento de

manguezal foi estimada como responsável por 49,13% (Zn) e 60,86% (Cd) do Inventário

Total dos radiotraçadores. Já a influência dessa atividade, nos sedimentos com o BR Zn/Cd,

chegou a medir 74,42% (Zn) e 80,03% (Cd). Esses resultados mostram a contribuição da

atividade bentônica na retenção dos metais, pelos sedimentos. Além disso, enfatizam o

aumento da influência, dessa atividade, com a presença do biofilme resistente a Zn e Cd.

Esses resultados fornecem suporte experimental dos parâmetros físico-químicos, para

o estudo da capacidade de biorremediação in situ do biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd,

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em áreas contaminadas por estes metais. Em condições controladas no laboratório, o valor do

índice do inventário total é influenciado pela ação do BR Zn/Cd, em relação à ação

remediadora dos microrganismos dos sedimentos (atenuação natural), aumentando o valor em

25,29% (Zn) e 19,18% (Cd). Ressalva-se que a remoção do BR Zn/Cd com o sedimento

contaminado por metais, pela dragagem, deverá ser feita com profundidade maior do que os

primeiros centímetros, pois os resultados mostram que a presença do BR Zn/Cd favorece a

penetração dos metais na coluna de sedimento.

O resultado médio da sorção bacteriana do Zn na água do mar “padrão”, em

condições laboratoriais controladas em 24 horas, é de 67,60±3,16 %. O pico de sorção

identificado em 1 h de estudo foi de 73,56±0,09 %. Ressalta-se que este estudo representa a

sorção bacteriana em condições ideais, ou seja, na ausência do material particulado biótico ou

abiótico e também sem a presença do Cd, que pode vir a interferir na ação do biofilme na

retenção dos metais.

Estudos futuros, utilizando o 109Cd, para avaliar a sorção deste metal pelo biofilme na

água do mar, completariam o entendimento dos processos cinéticos, subsidiando futuros

ensaios de biorremediação, de áreas contaminadas por estes metais (Zn e Cd).

Novos experimentos de adsorção dos radiotraçadores na parede do tubo de acrílico,

utilizando água do mar sem material particulado, são sugeridos como critério de comparação

com os valores de adsorção na parede obtidos no estudo.

Sabe-se que o biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd amplificado em laboratório já

apresentava previamente uma adaptação aos metais estudados, visto que o sedimento de

mangue foi coletado na região do Saco do Engenho, área contaminada com o Zn e o Cd.

Tendo em vista esse estudo de caso diferenciado, sugerem-se mais estudos futuros dos

processos físico-químicos para determinação do potencial de remoção dos metais pelo

biofilme bacteriano resistente a Zn e Cd, coletado de uma área de manguezal que não

apresente o mesmo histórico de contaminação que o Saco do Engenho na Baía de Sepetiba.

Estudos futuros de biorremediação in situ, adicionando o BR Zn/Cd diretamente no

local contaminado, são necessários para determinar a capacidade de sorção dos metais por

este biofilme no meio ambiente, nas condições físico-químicas do meio em que forem

inseridos.

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100

8 ANEXOS

Apresentação oral de parte do trabalho realizado na dissertação do Mestrado no

Congresso Internacional de Química Nuclear (4th International Nuclear Chemistry Congress),

em Setembro de 2014, em Maresias, São Paulo - Brasil.

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101

Apresentação do pôster no Congresso Internacional de Química Nuclear (4th

International Nuclear Chemistry Congress), em Setembro de 2014, em Maresias, São Paulo -

Brasil.