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Estudos silviculturais de uma população natural de Copaifera multijuga Hayne-Leguminosae, na Amazônia Central. 2-Produção de óleo-resina 0) Jurandyr da Cruz Alencar (') Resumo O autor discute a capacidade de produção de óleo- resina de "Copaiba" (Copaifera multijuga Hayne) de 82 árvores selecionadas em dois diferentes tipos de so- los, na Reserva Ducke, Amazônia Central, durante cin- co extrações sucessivas. O autor mostra também algu- mas informações dendrológicas, como a forma do fus- te, a forma e posição da copa, diâmetro da copa, diâ- metro à altura do peito e altura total e correlaciona esses dados com a capacidade das árvores estudadas de produzir óleo-resina. Sáo mostradas ainda as produ- ções médias de óleo em cada extração nos dois tipos de solo. Uma análise de correlação linear entre a pro- dução total acumulada de óleo e o diâmetro (D.A.P.), al- tura lotai e diâmetro médio da copa, mostrou coeficien- tes de correlação positivos, (r, = 0,162; r 2 = 0,184 e r 3 B 0.212) respectivamente, porém não significativos. Há possibilidade de extrações sucessivas de óleo-re- sina desta espécie, uma vez que nenhuma árvore mor- reu por causa da extração de óleo. A melhor época pa- ra a extração do óleo parece ser durante a estação chu- vosa. INTRODUÇÃO A copaiba (Copaifera multijuga "-layne), essência muito freqüente nas florer amazô- nicas, da família das Leguminosa' ubfamília Caesalpnoideae, tem grande irr lância. em face de ser produtora de um ó 1 resina de va- lor comerciai, que é extraíd- -o seu tronco. É freqüentemente encontr , nos mercados municipais das cidades r jzônicas e comer- cializado para os mercar' , nacional e exterior. Toda a produção é obt' a manualmente na flo- resta por trabslhadoi' . florestais. Não há infor- mações sobre umr produção contínua desse produto. Sabe-se r À 3, a extração do óleo é feita em árvores isol das na floresta e que espora- dicamente o fvtiator retorna à mesma árvore para outra coleta. Por isso, a razão deste tra- balho é arvesentar a produção desse óleo-re- sina por árvore, a melhor época do ano para uma maior produção e a possibilidade de fa- zerem-se extrações sucessivas de óleo de uma mesma árvore, sem acarretar a sua morte. INFORMAÇÕES Segundo Ducke (1949), Copaifera multijuga Hayne apresenta ampla distribuição geográfi- ca, ocorrendo desde o médio Tapajós até à Amazônia ocidental (Amazonas e Rondônia). Alencar et al. (1972) encontraram esta espécie nas florestas dos rios Cuieiras e Urubu (Ama- zonas), com uma densidade de 1 a 2 árvores' ha, com diâmetro à altura do peito de 25 cm OU mais. O gênero Copaifera está representa- do na Amazônia por outras espécies: C. guia- nensis Desf., C. glycycarpa Ducke, C. martii Hayne var. rígida (Benth.) Ducke, C. officinalis L, C. longicuspis Ducke, C. longifolia Huber, C. cuneata Tui., C. marginata Benth., C spru- cearia Benth., C. martiana (Hayne) Baill (= C. spruceana), C. bijuga Hayne e C. pubiflora, en- tre as mais importantes (Le Cointe. 1947; Pio Correa, 1932; Froes, 1959 e Ducke, 1930). Ocupam os mais variados habitats, desde as matas de terra firme, as margens inundáveis dos rios e igarapés, margens arenosas de la- gos, até às matos de cerrado da região central do Brasil, como é o caso de C. langsdorffii Desf.; C. multijuga Hayne, é muito comum em mata de terra-firme, ocorrendo em solos argi- losos e também em solos arenosos. O fruto é uma vaçiem apiculada monospérmica (Fig. 1). A estrutura química dos constituintes do óleo-resina assim como a do óleo obtido de sementes oriundas das árvores deste estudo, feita por Soares Maia eí al., 1978, mostrou ser o óleo-resina constituído por vários sesquiter- penos, entre os quais o cubebeno e o a-cadi- ( 1 ) — Pesquisa executada com recursos do POLAMAZÔNIA e convênios 530/CT, 531/CT BID/FNDCT. (2) Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus.

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Estudos silviculturais de uma população natural de Copaifera multijuga Hayne-Leguminosae, na Amazônia Central. 2 -Produção de óleo-resina 0)

Jurandyr da Cruz Alencar (')

Resumo

O autor discute a capacidade de produção de óleo-resina de "Copaiba" (Copaifera multijuga Hayne) de 82 árvores selecionadas em dois diferentes tipos de so­los, na Reserva Ducke, Amazônia Central, durante cin­co extrações sucessivas. O autor mostra também algu­mas informações dendrológicas, como a forma do fus­te, a forma e posição da copa, diâmetro da copa, diâ­metro à altura do peito e altura total e correlaciona esses dados com a capacidade das árvores estudadas de produzir óleo-resina. Sáo mostradas ainda as produ­ções médias de óleo em cada extração nos dois tipos de solo. Uma análise de correlação linear entre a pro­dução total acumulada de óleo e o diâmetro (D.A.P.), al­tura lotai e diâmetro médio da copa, mostrou coeficien­tes de correlação positivos, (r, = 0,162; r2 = 0,184 e r3 B 0.212) respectivamente, porém não significativos. Há possibilidade de extrações sucessivas de óleo-re­sina desta espécie, uma vez que nenhuma árvore mor­reu por causa da extração de óleo. A melhor época pa­ra a extração do óleo parece ser durante a estação chu­vosa.

INTRODUÇÃO

A copaiba (Copaifera multijuga "-layne), essência muito freqüente nas f lorer amazô­nicas, da famíl ia das Leguminosa' ubfamília Caesalpnoideae, tem grande irr lância. em face de ser produtora de um ó 1 resina de va­lor comerciai , que é extraíd- -o seu t ronco. É freqüentemente encon t r , nos mercados municipais das cidades r jzônicas e comer­cializado para os mercar' , nacional e exterior. Toda a produção é obt' a manualmente na flo­resta por t rabslhadoi ' . f lorestais. Não há infor­mações sobre umr produção contínua desse produto. Sabe-se r À3, a extração do óleo é feita em árvores isol das na f loresta e que espora­dicamente o f v t i a to r retorna à mesma árvore para outra coleta. Por isso, a razão deste tra­balho é arvesentar a produção desse óleo-re­

sina por árvore, a melhor época do ano para uma maior produção e a possibil idade de fa­zerem-se extrações sucessivas de óleo de uma mesma árvore, sem acarretar a sua morte.

INFORMAÇÕES

Segundo Ducke (1949), Copaifera multijuga Hayne apresenta ampla distr ibuição geográfi­ca, ocorrendo desde o médio Tapajós até à Amazônia ocidental (Amazonas e Rondônia). Alencar et al. (1972) encontraram esta espécie nas f lorestas dos rios Cuieiras e Urubu (Ama­zonas), com uma densidade de 1 a 2 árvores ' ha, com diâmetro à altura do peito de 25 cm OU mais . O gênero Copaifera está representa­do na Amazônia por outras espécies: C. guia-nensis Desf., C. glycycarpa Ducke, C. martii Hayne var. rígida (Benth.) Ducke, C. officinalis L, C. longicuspis Ducke, C. longifolia Huber, C. cuneata Tui., C. marginata Benth., C spru-cearia Benth., C. martiana (Hayne) Baill ( = C. spruceana), C. bijuga Hayne e C. pubiflora, en­tre as mais importantes (Le Cointe. 1947; Pio Correa, 1932; Froes, 1959 e Ducke, 1930). Ocupam os mais variados habitats, desde as matas de terra f i rme, as margens inundáveis dos rios e igarapés, margens arenosas de la­gos, até às matos de cerrado da região central do Brasil , como é o caso de C. langsdorffii Desf.; C. multijuga Hayne, é muito comum em mata de terra-f i rme, ocorrendo em solos argi­losos e também em solos arenosos. O fruto é uma vaçiem apiculada monospérmica (Fig. 1 ) .

A estrutura química dos const i tu intes do óleo-resina assim como a do óleo obtido de sementes oriundas das árvores deste estudo, feita por Soares Maia eí al., 1978, mostrou ser o óleo-resina constituído por vários sesquiter-penos, entre os quais o cubebeno e o a-cadi-

( 1 ) — Pesquisa executada com recursos do POLAMAZÔNIA e convênios 530/CT, 531/CT — BID/FNDCT. ( 2 ) — Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus.

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neno que não tinham sido ainda citados como constituintes deste óieo; e que o a-tocoferol nas concentrações de 1,0 e 0 , 1 % apresentou o maior efeito inibidor de oxidação do óleo, sen­do o óleo das sementes constituído por cump­riria (0,15%) e ácido graxos (l inoleíco 35,79*; oleico 35,3%, palmítico 24,9%, beênico 3,0% e araquídico 1,1%).

Langenheim (1973) informa que as espé­cies africanas produzem um complexo viscoso rico em terpenóides que se sol idif ica numa massa informe de " C o p a l " . Copaifera multijuga Hayne, entretato, produz um óleo-resina líquido, transparente, viscoso e f luido, com cheiro forte e odor de cumarina, sabor acre e amargo. Quanto ao copal, Langenheim (1968) diz que o gênero Copaifera é provavelmente o que mais produz resina na Áf r ica .

Este óleo-resina tem sido usado pelas po­

pulações amazônicas desde muito tempo, por

causa de suas propriedade medic inais. Assim,

é empregado nas infecções da garganta, como

nas amigdalites, como cicatrizante nos casos

de ferimentos e nos casos de hematomas. Os

primeiros colonos usavam-no contra catarros

vesical e pulmonar, desinteria, bronquites, der­

matoses, e como anti-séptico das vias urinárias

contra a blenorragia e a leucorréia; em doses

fracas é um est imulante, com ação direta sobre

o esrômago. excitando o apetite (Pio Corrêa.

1932). Foi usado no tratamento de gonorréia,

na América Tropical, antes da descoberta de

drogas mais efetivas, sendo eficaz também no

tratamento de hemorróidas (Dwyer. 1951).

O óleo-resina da copaiba é empregado tar bém na indústria de vernizes como matéria ri­ma e pode substi tuir o óleo de linhaça • j m u sicativo (Pio Corrêa. 1932). Por ser u m ' subs­tância comburente. é usado pelas po' dlações do Interior na i luminação doméstic ., em pe­quenas lamparinas. Ult imamente, Antunes & Ferreira (1979) relatam que um-, drogaria de Belém (Pará) já industrial izou o óleo, sendo este comercializado em cápsulas, atendendo e pedidos até do exter ior. Barbosa (1979) infor­ma que o Laboratório São Lucas (Belém — Pará) industrializou também o produto em cáp-suias, vendendo-o como anti- inf lamatório e o Laboratório Simões (Rio de Janeiro) o comer­

cializa na forma líquida como bálsamo. Recen­temente, descobriu-se que o óleo de copaiba pode sei usado como combustível ; Kerr (1978) relata as as experiências realizadas no INPA-Aripuanã onde se uti l izou uma mistura de 9 l i tros de óleo diesel e 1 l i tro de óieo de copai­

ba, em um motor de uma caminhoneta Toyota-Bandeirante modelo 1976, o qual funcionou sem problemas; e se conseguiu o funcionamento de um motor diesel M 79 com 1 l i tro de óleo de copaiba, sendo a fumaça da descarga normal . (Anônimo, 1979) informa que Melv in Calvin (Universidade da Cali fórnia) concluiu uma aná­lise completa do óleo de copaiba, que revelou ser inteiramente constituído de hidrocarbone­tos e com uma distr ibuição de peso molecular muito parecida com a do óleo-diesel .

Quanto à madeira, C. multijuga apresenta parênquima contrastado envolvendo pequenos canais secretores longitudinais, que se encon­tram na região cort ical do caule, dispostos de modo que se prolongam até ao lenho, onde for­mariam bolsas compridas (Pio Corrêa, 1932) .

Quanto ao aspecto biológico, o óleo de copaiba é um produto secundário e como tal não iaz parte do metabol ismo pr imár io . É um produto excreção ou de desintoxicação que funcic j omo defesa da árvore contra animais, funç o bactérias. José Carlos Nascimento ( c jnicação em Seminário do INPA), estu-r1 j o 20 árvores de C. multijuga (árvcres do

i sen te estudo) , para sua tese de doutora-

FHUTO FECHADO

SEMENTE

Fig. 1 — Detalhes do fruto e semente Copaifera mul­tijuga Hayne.

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5 0 0 m \

4

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• • 2 9 3 0

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71 72

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8 0

Est rado o , — . 0 1

Bloco - |_ A r v o r e :

Fig. 2 — Distribuição esp.--ial de Copaifera multijuga Hayne, em floresta tropical úmida. Reserva Ducke — Brasil.

mento na Unive;sidade da Cali fórnia — Santa Cruz — U-S.A- . ver i f icou que as folhas são fortemente atacadas peio fungo Pestalotia sp . (Nascimento, 1980) .

Por essas característ icas, o óleo-resina de copaiba tem sido um produto extrat ivo de rela­t ivo valor na economia regional da Amazônia. Somente o Estado do Amazonas exportou 101 toneladas de óleo para o mercado nacional, no período de 1974 a 1979, cujo valor somou CrS 1.140.000,00; no mesmo período foram ex­portadas para o exterior 433 toneladas, corres­

pondendo a um valor médio / ano de USS 215.166; a exportação total média / ano do Es­tado do Amazonas foi de 89 toneladas de óleo (Codeama / UEi — Banco do Brasil S . A . ) . Somando esta produção às de outras áreas da Amazônia e considerando a porção co­mercializada que não é computada em es­tatíst icas of iciais, supõe-se que a produção de óleo-resina de copaíba na Amazônia Bra­sileira alcance 200 ton / ano. Informações so­bre germinação de sementes são encontradas em Alencar (1981).

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ÁREA DE ESTUDO

Está situada na Reserva Ducke, 26 Km ao Norte de Manaus, na Amazônia Central, em flores tropical úmida de terra- f i rme. O cl ima da área, de acordo com Ribeiro (1976). "é do t ipo Af i (Kòppen). Na área, ocorrem latosso-los amarelos de textura argilosa e solos areno­sos nas baixadas.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma população natural de Co paifera multijuga Hayne existente na Reserva Ducke.

O método consist iu na tomada de árvores em dois diferentes t ipos de solos: Latossolo amarelo distróf ico de textura muito argilosa com mais de 6 0 % de argila no horizonte B (So­lo argiloso) e textura arenosa (15 a 3 5 % de ar­gila — solo arenoso) Ranzani (1979) .A seleção

das árvores, na f loresta, foi do t ipo massal es­trat i f icada, de tal modo que, para cada grupo de 5 árvores, se selecionou a melhor, aquela com as melhores característ icas fenotípicas. Foram selecionadas 82 árvores, mapeadas numa área aproximada de 200 ha (Fig. 2 ) , e to­madas as seguintes informações: diâmetro à altura do peito ( D - A . P . ) em centímetro, altura total em metros, forma do fuste, espessura da casca, diâmetro máximos e mínimos da copa, forma e posição da copa e estado f i tossanitá­r io . A forma do fuste, forma da copa e posição da copa, foram classif icados de acordo com Shield (1965) e P .P .S .U . (1956-1963), apua Alencar eí al. 11979). De cada árvore, foi co­letado material botânico para conf i rmar a iden­t i f icação. Em cada árvore selecionada, foi feita uma perfuração, à altura de 1 a 1,30 m acima do solo com um trado metál ico de 1 polegada de diâmetro (F iq. 3 ) . O óleo foi coletado em frasco escuro e armazenado em geladeira para evitar a sua oxidação. Após a pr imeira extra-

Fig. 3 — Desenho esquemático da extração de óleo-resina de copaiba: a) Perfuração; b) Corte transversal do tronco; c) Posição correta do trado.

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ção, foi fe i to outro furo em cada árvore, no lado oposto ao pr imeiro, para ver i f icar se havia eliminação de óleo depois da remoção de todo óleo do primeiro or i f íc io . Foram realizadas 5 extrações sucessivas de óleo em cada árvore, em períodos de maior e menor precipitação pluviométr ica, para avaliar uma possível in­fluência das chuvas sobre a produção de óleo ( 1 9 : Mar. — Jun. 77) ; ( 2 9 : Dez. — Jan- 78 ) ; ( 3 a : Set. — Nov. 78) ; (4*: Set. — Nov. 79) e ( 5 ? : Dez. 80 ) .

Foi feita uma análise estatística descrit iva para ?s variáveis produção de óleo ( 1 * e 2 a ex­t ração), diâmetro à altura do peito ( D . A . P . ) , altura total e diâmetro da copa, em cada t ipo de solo, através do Programa ESTATS do Cen­tro de Computação do INPA. Para as árvores que apresentaram maior produção de óleo fo­ram desenhadas as curvas da produção e da produção acumulada (Fig. 9 ) . Procedeu-se a uma análise de correlação linear entre o diâ­metro à altura do peito, aitura total e diâme­tro médio da copa, e a produção total acumu­lada de óleo, respectivamente, e um teste " t " , para avaliar as diferenças entre as médias dos diâmetros ( D . A . P . ) , alturas totais e diâmetros médios das copas, nos dois t ipos de solo, ut i-iizando-se uma calculadora eletrônica progra­mada DISMAC HF — 100 E.

o

20

S O L O A R E N O S O

Maia: 3 0 . 5 7 m

D e s v i o P o d r õ o ' 4 . 2 0 3 m

C o e i V o r i a c õ o : I 3 . 7 5 V .

M d x i m o 3 6 . 9 0 m

M i n i m a 2 l . 0 0 m

n • 2 5

2 2 2 4 2 6 2 6 3 0 3 2 3 4 3 S 3 8

CIASSE DE ALTURA Iml

S O L O « R O I L 0 5 0

M é d i a : 2 9 . 0 7 m

D e s v i o P a d r ã o . 2 . 9 5 6 m

C c e ' V a r i a ç ã o . 1 0 . 1 6 V ,

M o . i m o 3 5 . 0 0 m

M i n i m o 2 3 . 0 0 m

n - 5 7

2 2 2 4 2 6 2 8 3 0 3 2 3 4 3 6 3 6

CLASSE DE ALTURA Iml

Fig. 5 — Histograma da altura total de Copaifera mul-tijuga Hayne em solo argiloso e arenoso. Reserva

Ducke — Brasil.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

S O L O A R E N O S O

M é d i o ' 4 6 . I c m

D M V T O P o d r õ o 1 2 . 0 9 9 c m

C o t f . V o r i a e ã o : 2 6 , 2 2 V .

M d « i m a : 7 6 . 6 c m

M í n i m a 3 0 . 0

n • 2 5

4 0 5 0 6 0 7 0

CLASSE DE DIÂMETRO IDA PI e m

S O L O A R O I L O S O

M é d i o : 4 4 . S e m

Desvio P a d r ã o ' 7 . 9 9 0 c m

Coef. V a r i a ç ã o 1 7 . 9 3

Mó l i m o 6 0 . 5 c m

M i n i m o 3 0 . S e m

n " 5 7

4 0 5 0 C L A S S f OE OIAUETRO IDA Ri e m

Fig. 4»— Histograma do diâmetro de Copaifera multi-juga Hayne em solo argiloso e arenoso. Reserva Ducke

— Brasil.

No quadro 1, são mostradas algumas infor-forrv" ões dendrológicas das árvores estuda-

. forma do fuste de maior freqüência é a cónica (847c em solo argi loso e 4 8 % em solo arenoso), seguida da ci l índrica (36% em solo arenoso e 9% em solo arg i loso) ; a forma da copa é do t ipo circular irregular (647o sm solo arenoso e 60% em solo arg ioso) , e do t ipo to­lerável — copa pela metade (37% em solo ar­gi loso e 24% em solo arenoso) pr incipalmente. Apenas 12% das árvores (solo arenoso) e 3% solo argiloso) apresentaram copa circular per­fe i ta ; quanto à posição da copa, a maioria das árvores (60% em solo argi ioso e 5 2 % em solo arenoso) faz parte do dossel inferior com al­guma luz direta por cima delas, mas 42%, em média, estão no dossel , recebendo luz direta por cima- Contudo, Copaifera multijuga tam­bém ocorre como árvore emergente (Alencar ef s/., 1979); a espessura da casca é de 0,8 cm em média nos dois t ipos de so los.

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QUADRO 1 — Informações dendrológicas de 82 árvores de Copaifera multijuga Hayne, em floresta tropical úmida. Re­serva Ducke (Manaus-Brasil)

Variável Solo argiloso Solo arenoso

Forma do fuste (A) 84% (4): 9% (6) e 7% (5) 48% (4); 36% (6) e 16% (5) Forma da copa (B) 60% (4); 37% (3) e 3% (5) 64% (4); 24% (3) e 12% (5) Posição da copa (C) 60% (3) e 40% (4) 52% (3); 44% (4) e 4% (D Espessura da casca (cm) 0.8 0.8

( A ) — Cil índrico (6); c i l índr ico tor to (5 ) ; cónico (4 ) — Shield, 1965. (Apud Alencar «t oi. 1979) .

( B ) — Perfeito — circular completo (S1); Boa — circular irregulat (4); To lerável — copa pela metade (3 ) PPSU (1956.63) .

( C J — Dossel — luz d i re ta por c imo (4) ; Dossel in fer ior — a l g u m a luz d i re ta por c ima (3); Sub-bosque infer ior — nenhuma luz

direta por c imo (1) PPSU (1956-63) (apud Alencar e» al 1979).

I 0 n

O

1

SOLO ARENOSO

M é d i a : I 3 , 9 0 m Desvio Padrão: 2 . 8 2 l m Coef. Var iação: 2 0 . 2 1 % M á x i m a : 2 I . O O m M í n i m a . 8 , 0 0 m n = 2 5

8 -r— 12

I

16 18

2 0 - , CLASSE DE DIÂMETRO lm)

l 20 2 2

—I 2 4

1 5 -

O

o Uj 1 0 -

5 -

4-

SOI O A R G I L O S O

Média: I 3 . 4 4 m Desvio Padrão: 2 . 5 0 0 m

Coef. V a r i a ç ã o : 1 8 . 6 0 %

M á x i m a : 19. 5 0 m

M í n i m a : 8 . O O m

n = 5 7

10 V

12 14 T-

16

T -18

—r-20

2 2

CLASSE DE DIÂMETRO lm)

Fig. 6 — Histograma do diâmetro médio da copa de Copaifera multijuga Hayne, em solo argiloso e arenoso. Reserva Ducke — Brasil.

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Observa-se pela f igura 4 que a média do diâmetro à altura do peito ( D A . P . ) em soio arenoso (46,1 cm) foi superior à encontrada em solo argiloso (44,5 c m ) ; e que a árvore com o máximo diâmetro de 78,6 cm ocorreu em solo arenoso mas sendo maior a variabil i­dade dos diâmetros neste t ipo de solo (26,22%) do que em solo argi loso (17 ,93%) .

Na figura 5, é apresentado o histograma da distr ibuição das alturas totais onde também a maior média (30,57 m) ocorreu em solo are­noso, sendo 29,07 m a média em solo argi loso. Como no caso dos diâmetros, o coeficiente de variação das alturas foi menor em solo argiloso (10,16%), tendo variado em 13,70% em solo arenoso: a máxima altura ocorreu em solo arenoso com 36,90 m. De igual modo. a média

para a variável diâmetro médio da copa foi maior em solo arenoso com 13,90 m, sendo to­davia muito próximo do valor encontrado para o so!o argi loso (13,44 m) . Como nas variáveis anteriores, há menor variabil idade nos diâme­tros das copas quando as árvores ocorrem em solo argiloso (18,60%) do que em solo areno­so (20,21%), mas a árvore com maior diâme­tro de copa ocorreu também em solo areno­so (21,00 m) Fig. 6. Um teste " t " mostrou, entretanto, que não há diferenças signif i­cativas entre os diâmetros (D . A . P . ) , al­turas totais e diâmetros médios das copas, nos dois t ipos de solos- ( t = 0,693;

D . A . P . t = 1.847 e t = 0,835, todos N/S para

A l t . d. copa 80 G.L . ) .

QUADRO 2 — Porcentagens de árvores de Copaifera multijuga Hayne, ocas, com e sem produção de óleo-resina. Re­serva Ducke — Amazônia Central — Brasil

Solo argiloso Solo arenoso Total

Extração Discriminação Árvore

freqüência % Árvore

freqüência % Árvore

freqüência %

1.*

Com óleo Sem óleo Árvore ôca

22 17 9

38.60 29,82 15,79

6 11

24,00 28 28 14

34.15 34,15 17.07

Presença de óleo (*) 9 4 K — • , — o — 12,00 12 14.63

2." Com óleo Sem óleo ocas

12 36 9

21,05 63,16 15,79

7 13 5

28.00 52.00 20,00

19 49 14

23,17 59,76 17,07

3.' Com óleo Sem óleo ocas

6 42 9

10,53 73,68 15,79

7 13 5

28,00 52,00 20.00

13 55 14

15,85 67,08 17,07

4.' Com óleo Sem óleo ocas

6 42 9

10.53 73.68 15.79

3 17 5

12,00 68,00 20.00

9 59 14

10,98 71.95 17.07

5." Com óleo Sem óleo Ocas

7 41 9

12,28 71,93 15,79

3 17 5

12,00 68.00 20,00

10 58 14

12,20 70,73 17,07

p TOTAL 57 100.00 25 100,00 82 100,00

I * ) — Árvore com reduzida quant idade de óleo ( < 25 m l ) .

Page 8: Estudos silviculturais de uma população natural de ...zerem-se extrações sucessivas de óleo de uma mesma árvore, sem acarretar a sua morte. INFORMAÇÕES Segundo Ducke (1949),

Transversal (50 x) Transversal (100 x)

ffangencial (50 x) Tangencial (100 x)

Fig. 7 — Secção transversal e tangencial de Copaifera multijuga Hayne (Lâmina 203-A INPA).

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Nem todas as 82 árvores perfuradas produ­ziram óleo. Observa-se, pelo quadro 2, que a Copaifera multijuga ocorre com maior freqüên­cia, na área estudada, em solo argiloso (57 árvoies) do que em solo arenoso (25 árvores) ; 15,79% das árvores em solo argi loso e 20,00% em solo arenoso estavam ocas e não apresen­taram nenhuma produção de óleo- Verifica-se ainda que o número de árvores produtoras de óleo decresceu de 22 a 7, em solo argi loso, entre a 1* e a 5^ extração; em solo arenoso, apenas 6 árvores produziram óleo na extra­ção e somente 3 na úl t ima colhei ta. Nota-se, também, que na 1* extração, 12 árvores mos­traram vestígios de óleo, que não foram avalia­dos. Supõe-se que essas árvores possam dar uma produção de óleo no futuro, uma vez que, na segunda extração, 6 dessas árvores já apre­

sentaram uma quantidade de óleo entre 50-100

ml , sem apresentar, contudo, nenhuma produ­

ção nas extrações seguintes.

Durante o estudo, 4 árvores inclinaram e morreram; destas, três estavam ocas e não apresentaram qualquer produção de óleo e a 4 9 , mesmo não sendo oca, não produziu também óleo. Duas árvores inclinaram-se mas perma­necem vivas, tendo uma produzido 150 ml e a outra 2850 ml , na primeira extração. Deste modo, é lógico pensar-se que a remoção de óleo não foi a "causa m o r t i s " .

Quanto aos canais secretores, verif icou-se que uma vez feito o pr imeiro furo, todo o óleo existente na árvore f lu i naturalmente, não ten­do havido eliminação de óleo pelo segundo furo (Ver método) Por isso, julga-se que esses

3 0 - !

3 o *

O UJ

2 0 -

O -

6 0 - 1

5 0 -

4 0 -

a '.|u 3 0 - |

1 ~ 1 0 -

SOLO A R E N O S O

M é d i a 1 6 0 . 1 6 0 m l

Desvio P a d r ã o 4 4 7 . 9 3 0 m l

Coef . V a r i a ç ã o : 2 7 9 . 6 8 %

M á x i m a : 1 9 5 0 m l

n = 2 5

5 0 0 IOOO I 5 0 0

CLASSE DE PRODUÇÃO

2 0 0 0 2 5 0 0

5 0 0 1

1000

S O L O A R G I L O S O

M é d i a : 2 3 5 . 7 0 2 m l

Desvio Padrão : 5 6 2 . 0 8 0 m l

Coef . V a r i a ç ã o : 2 3 8 . 4 7 V .

M á x i m a : 2 . 8 5 0 m l

n = 5 7

— I

1 5 0 0 2 0 0 0 2 5 0 0 1

3 0 0 0

—l 3 5 0 0

CLASSE DE PRODUÇÃO (mil

Fig. 8 — Produção de óleo-resina de Copaifera multijuga Hayne, em solo argiloso e arenoso 11." extração. Reserva Ducke — Brasil.

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J O n

O

6 0 n

5 0 -

4 0 -

i

2 0 -

10 -

M e d i o : 4 0 2 . 0 0 0 ml Otrvio Podrõo: 2 8 4 . 7 6 2 ml Cotf . Varigçgo: 2 7 9 . 1 8 * / . Maxima 1.300 m l n = 2 5

5 0 0 I000 I 5 0 0

CLASSE DE PRODUÇÃO (ml)

2 0 0 0

300

« O L O A R 8 I L 0 8 0

Mídia 1 2 6 . 9 3 0 ml Deivio Padrão: 5 3 8 . 4 9 0 ml Co«f. Var iação: 4 2 4 . 2 4 *A Maxima : 3 . 5 0 0 ml n • 5 7

lOOO — I

I500 2 0 0 0 2 5 0 0

CLASSE DE PRODUÇÃO (mil

3 0 0 0 5500 4 0 0 0

Fig. 9 — Produção de óleo-resina de Copaifera multijuga Hayne, em solo araii"-Ducke — Brasil.

v * . extração). Reserva

canais secretores longitudinais ^-...umeam-se entre s i . necessitando de um furo apenas para escoar todo o óleo porventura existente. As­sim, a informação de Pio Corrêa (1932): "que eles formariam bolsas compridas e que os ca­nais de umas zonas não se comunicam com as das outras", precisa ser investigada com mais detalhes. Esses canais secretores vert icais se distrihuem em faixas concêntr icas, nas cama­das de crescimento demarcadas pelo parên-quima terminal, conforme se vê no corte trans­versal (Fig. 7 ) .

Nas f iguras 8 e 9, são apresentadas as quantidades médias de óleo nos dois t ipos de solo, nas duas extrações in ic ia is . A produção média/árvore, durante as cinco extrações, foi superior, em solo argi loso, do que em solo arenoso, com exceção da 3* e 5* coletas, mas com uma pefjuena diferença (Quadro 3 ) . A produção média/árvore variou de 235,702 ml ( 1 a extração) a 34,228 ml ( 5 a extração) em

solo argi loso; e de 160,160 ml a 34,520 ml de óleo em solo arenoso (Quadro 3) .

A árvore com máxima produção apresentou 3.500 ml de óleo, na segunda extração (solo argi loso), após haver produzido apenas 400 ml na pr imeira. É interessante registrar que, na segunda extração, várias árvores apresentaram esse comportamento; mas, na terceira coleta, houve um declínio de produção para todas elas (Fig. 10a e 10b)- O coeficiente de variação foi menor em solo argiloso do que em solo are­noso, demonstrando que em solo argi loso há possibil idade de obter-se uma produção menos irregular (F ig. 8 e 9 ) .

Nas figuras 10a e 10b, as curvas de produ­ção das 12 árvores com maior quantidade de óleo, mostram que as árvores 70, 34, 39 e 5 apresentaram acréscimo após a pr imeira extra­ção. Note-se que tanto a primeira como a se­gunda extração foram feitas em meses de gran­de precipitação pluviométr ica: 381,8 mm em

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Mar. 77; 262,4 mm em Dez. 77 (Fig. 11) . Após a segunda extração, houve um decrésci­mo de produção para quase todas as árvores, com exceção da árvore n"? 73 que apresentou um pequeno aumento de apenas 200 ml , quan­t i tat ivamente insignif icante (Fig. 10a e 10b) . Observa-se que tanto a 3 ? como a 4 a extração foram realizadas entre Setembro e Novembro, meses de menor precipitação (167,0 mm Set.

78 e í22.1 mm Set. 79; 85,1 mm Out . 78 e 182,3 mm Out. 79; e 70,6 mm Nov. 78 e 200,5 mm Nov. 79) Fig. 11 . Na 5* extração (236.4 mm de chuva Dez. 80) , apenas quatro árvores (n^ 22, 39, 82 e 80) apresentaram acréscimo sobre a produção anterior; esta úl t ima não está incluída entre as 12 árvores mais produti­vas; as outras árvores apresentaram decrésci­mo na 5 9 extração ou não produziram óleo.

Fig. 10a — Produção de óleo-resina de Copaifera multijuga Hayne, em cinco extrações sucessivas. Reserva Ducke — Brasil. Produção acumulada ( ).

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2000 ÁRVORE 68

1000-

0

7500

7000-

1 ÍS * 6000

5 0 0 0 -

IX 4 0 0 0

3 0 0 0 -

2 0 0 0 -

1000-

17 MAR 12 DEZ 10 NOV 12 OUT 16 DEZ 77 7 7 7 8 79 8 0

3000 -i

ARVORE 70

2000-

000-

3000-|

2000 -

I000-

1 1 1 \ i 1> 2 ! 3 i 4 t S t

26 ABR 28 DE Z 22 SET 17 SET 06 DEZ

77 77 78 79 80

ARVORE 82

• '2000-,

I000-

— i í r 1 1 26JUN 20DEZ «NOV 190UT OSDEZ

77 77 78 79 80

ARVORE 73 3000-,

2000-

I000-

1« 2Í St 4 t S« 16 MAR 10 MAR 28OUT 11 OUT 16 DEZ

77 77 78 79 8 0

ARVORE 77

— \ r — r — — r — i 26 ABR 28 DEZ 250UT 17 SET OSDEZ

7 7 77 78 79 80

ARVORE 76

1 1 — ~ i i i 1» Zf St 41 S*

27 ABR 28 DEZ 16 OUT 17 SET SI DEZ

77 77 78 79 80 Fig. 10b — Produção de óleo-resina de Copaifera multijuga Hayne, em cinco extrações sucessivas. Reserva Ducke —

Brasil. Produção acumulada ( ).

Deste modo. o autor considera que a época ideal para extração de óleo deva ser durante a estação chuvosa e levanta a hipótese de que a disponibilidade de água parece ser um fator relevante para a produção de óleo-resina em C. multijuga.'

Uma análise de correlação linear entre a

produção total acumulada de óleo e o diâmetro

( D . A . P . ) , altura total e diâmetro médio da C O D A , revelou coeficientes de correlação posi­tivos (r, = 0,162; r2 = 0,184 e r3 = 0,212) res­pect ivamente, porém não s igni f icat ivos.

Observou-se, durante este estudo, que as árvores com menores diâmetros não apresenta­ram óleo. Entretanto, as árvores com maiores diâmetros, entre 59 e 78 cm, também não apre-

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QUADRO 3 — Produção de óleo-resina de Copaifera multijuga Hayne, em solo argiloso e arenoso. Reserva Ducke — Brasil

Produção (ml)

Extração

Produção (ml)

1." (Mar. - Jun. 77)

2:

(Dez. - Jan. 78) 3.*

(Set. - Nov. 78) A:

(Set. - Nov. 79) 5."

(Dez. 80) Produção (ml)

Argiloso Arenoso Argiloso Arenoso Argiloso Arenoso Argiloso Arenoso Argiloso Arenoso

Média/árv. Máxima/árv.

235,702 2.850

160,160 1.950

126,930 3.500

102.000 1.300

40,526 1.375

45,400 500

53,070 1.575

21.200 230

34.228 450

34,520 750

TOTAL 17.445 9.785 3.445 3.555 2.814

sentaram óleo. A correlação entre os diâme-tors, alturas e diâmetros das copas das árvores e a produção de óleo. não tendo sido estat ist i ­camente signif icat iva, leva o autor a pensar que outros fatores, entre os quais o f is iológico e o genético, estejam relacionados com a pro­dução do ó leo.

Os resultados mostraram que várias árvo­res, entre as analisadas, podem oferecer ma­terial propagativo para um melhoramento gené­tico desta espécie para o caráter produção de ó leo. O autor, supondo que a produção de óleo seja uma característica genética, produziu mu­das das melhores árvores deste estudo através de sementes, as quais, após uma seleção massal a nível de v iveiro, foram plantadas em plena abertura (considerando os resultados de Alencar & Araujo, 1980) num delineamento in­teiramente casualizado onde se pretende sele­cionar as melhores progénies (Alencar & Fer­nandes, s . d . ) . E, para um melhor conhecimen­to da biologia de Copaifera multijuga, o autor estuda desde 1976 o comportamento fenológico destas mesmas árvores, para ver se a extração periódica de óleo acarreta alterações na pro­dução de sementes.

CONCLUSÕES

A maior produção média de óleo de C. mul­tijuga por árvore, obtida em solo argiloso, fo i de 235,702 ml na 1 a extração, tendo decrescido

até 34,228 ml na úl t ima coleta. A árvore de P

máxima produção apresentou 3.500 ml de óleo, também em solo argi loso- A produção obtida por árvore, se bem que em quantidade não

Fig. 11 — Precipitação pluviométrica na Reserva Ducke. Amazônia Central — Brasil.

muito grande, parece ser comercialmente sa­t isfatór ia se o emprego do óleo-resina for para f ins medicinais, uma vez que um alto preço de óleo poderá just i f icar os custos de exploração. Para fins energéticos, como substi tuto de óleo diesel, seria aconselhável estudar a possibil i­dade de plantios industr iais, uti l izando material propagativo oriundo de árvores matrizes sele­cionadas.

Há possibil idade de extrações sucessivas de óleo-resina desta espécie, numa mesma ár­vore Em cinco extrações realizadas, nenhuma árvore morreu por causa da remoção do óleo e o estado f i tossanitár io atual das árvores é sat is fatór io. A melhor época para a extração de óleo parece ser durante a estação chuvosa.

AGRADECIMENTOS

O autor agradece de forma especial ao Prof. Dr. Warwick Estevam Kerr. pelo incenti­vo dado para que esta pesquisa fosse realiza-

Es tu cios. — 87

Page 14: Estudos silviculturais de uma população natural de ...zerem-se extrações sucessivas de óleo de uma mesma árvore, sem acarretar a sua morte. INFORMAÇÕES Segundo Ducke (1949),

da; aos Dr. Wi l l iam Rodrigues, Dr. Richard Lowe e Niro Higuchi M . S . , pela leitura crít ica do texto e ao Prof. Ar thur Loureiro, pelas fotos microscópicas da madeira; agradece também aos auxiliares João Aluísio da Costa Souza e Evaristo Faustino do Nascimento pela inesti­mável ajuda, durante os trabalhos de campo, no transcorrer deste estudo.

S U M M A R Y

The author describes the oil-resin production of 82 selected trees of Copaiba (Copaifera multijuga Hayne) in two different soils (distrofic yellow latosol: clay and sand textures) in the Ducke Forest Reserve — Central Amazon, during five successive collections. He pro­vides some dendrological information and the mean oil-resin production in each extraction. The greater oil-resin mean production per tree was found In clay tex­ture soli with 235,702 ml. The tree with maximum oil volume, produced 3.500 ml also In clay texture soil . The oil-resin production seems to be commercialy satisfa-tory if the utilization will be for medicinal purposes, when a hight oil price could justify the explotation costs. For energetical finalities as a diesel substitute, it will be better the establishment of industrial plantations using seeds from mother-trees. An analysis of linear correlation, between the accumulated oil production and the diameter at breast height, total height and crown diameter, gave a correlation coefficient of r, = 0.162; r2 = 0,184 e r3 = 0,212, respectively, which are not statistically significant. The outhor believes that suc­cessive oil extractions from the same tree are possible and the best time for collection seems to be during the ranny seasan.

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