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Nos dias atuais, os meios de comunicação e divulgação são tão diversos e acessíveis que dado o tamanho da oferta ficamos confusos na escolha. Apesar de serem sistemas tradicionais, con- gressos e simpósios continuam sendo os mais eficazes meios de divulgação e acesso a novas tecnologias e descobertas científicas. Durante um evento dessa natureza, mante- mos contato direto com aqueles que detêm os conhecimentos dessas novas tecnologias e as- sim podemos interagir, discutir e sanar nossas dúvidas, algo que não é tão eficiente em outros meios de divulgação. Tudo isso pôde ser observado durante o XVIII Congresso Latino Americano de Química Têxtil, realizado entre os dias 7 e 10 de novembro passado, em Buenos Aires. Além de todas essas facilidades que o meio nos contempla, podemos conviver com as mais diversas personalidades da profissão em que atuamos. Tenho acompanhado congressos de outras áreas e vejo que outras classes profissionais dão mais importância a esses eventos. Exemplos ao nosso redor, temos os profissionais da área médica ou odontológica, onde nosso contato é mais estreito. É comum, ao tentarmos marcar uma consulta com esses profissionais, receber- mos a resposta: " ..o doutor estará em congresso na próxima semana". EDITORIAL Química Têxtil n° 85/dez.06 ESVAZIAMENTO NOS CONGRESSOS Evaldo Turqueti Presidente da ABQCT 3 Digo isso porque o que vemos nos congressos e simpósios de nossa profissão, e não foi diferen- te no último congresso da FLAQT, é um número reduzido e homogêneo de profissionais da indús- tria têxtil. Reduzido porque a indústria têxtil bra- sileira ainda é representativa e homogêneo por- que os participantes, na sua grande maioria, são da química têxtil e não da indústria têxtil. Nesse congresso, analisando de uma manei- ra geopolítica, o Brasil deveria ter a maior comi- tiva, no entanto, o Peru ocupou essa posição pela segunda vez consecutiva, exceção feita ao país sede, que nessa ocasião foi a Argentina. O congresso deveria reunir profissionais da química têxtil das áreas de pesquisa, desenvol- vimento, fornecedores e finalmente os usuários desses recursos, onde certamente este último deveria ser o maior dentre eles. Infelizmente não foi o que ocorreu no último congresso. Ao contrário, o menor número, e por que não dizer insignificante, era o de usuários da química têxtil. Por que ocorre isso? É uma comodidade do profissional da área? Uma visão errônea do empresário? Enfim, qual seria a real causa do esvaziamento desses profissionais nesses eventos?

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Nos dias atuais, os meios de comunicação edivulgação são tão diversos e acessíveis quedado o tamanho da oferta ficamos confusos naescolha.

Apesar de serem sistemas tradicionais, con-gressos e simpósios continuam sendo os maiseficazes meios de divulgação e acesso a novastecnologias e descobertas científicas.

Durante um evento dessa natureza, mante-mos contato direto com aqueles que detêm osconhecimentos dessas novas tecnologias e as-sim podemos interagir, discutir e sanar nossasdúvidas, algo que não é tão eficiente em outrosmeios de divulgação.

Tudo isso pôde ser observado durante o XVIIICongresso Latino Americano de Química Têxtil,realizado entre os dias 7 e 10 de novembropassado, em Buenos Aires. Além de todas essasfacilidades que o meio nos contempla, podemosconviver com as mais diversas personalidadesda profissão em que atuamos.

Tenho acompanhado congressos de outrasáreas e vejo que outras classes profissionais dãomais importância a esses eventos. Exemplos aonosso redor, temos os profissionais da áreamédica ou odontológica, onde nosso contato émais estreito. É comum, ao tentarmos marcaruma consulta com esses profissionais, receber-mos a resposta: " ..o doutor estará em congressona próxima semana".

EDITORIALQuímica Têxtil

n° 85/dez.06

ESVAZIAMENTO NOS CONGRESSOS

Evaldo TurquetiPresidente da ABQCT

3

Digo isso porque o que vemos nos congressose simpósios de nossa profissão, e não foi diferen-te no último congresso da FLAQT, é um númeroreduzido e homogêneo de profissionais da indús-tria têxtil. Reduzido porque a indústria têxtil bra-sileira ainda é representativa e homogêneo por-que os participantes, na sua grande maioria, sãoda química têxtil e não da indústria têxtil.

Nesse congresso, analisando de uma manei-ra geopolítica, o Brasil deveria ter a maior comi-tiva, no entanto, o Peru ocupou essa posição pelasegunda vez consecutiva, exceção feita ao paíssede, que nessa ocasião foi a Argentina.

O congresso deveria reunir profissionais daquímica têxtil das áreas de pesquisa, desenvol-vimento, fornecedores e finalmente os usuáriosdesses recursos, onde certamente este últimodeveria ser o maior dentre eles.

Infelizmente não foi o que ocorreu no últimocongresso. Ao contrário, o menor número, e porque não dizer insignificante, era o de usuários daquímica têxtil.

Por que ocorre isso? É uma comodidade doprofissional da área? Uma visão errônea doempresário? Enfim, qual seria a real causa doesvaziamento desses profissionais nesseseventos?

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOSE COLORISTAS TÊXTEIS

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site: www.abqct.com.br

DIRETORIA NACIONALPresidente: Evaldo TurquetiVice-Presidente: Lourival Santos Flor1º Secretário: Walter José Mota2º Secretário: Clélia Elioni Ferreira de Carvalho1º Tesoureiro: Adir Grahl2º Tesoureiro: João Lino GonçalvesDiretor Técnico: Humberto Sabino da Silva

Núcleo Santa CatarinaCoordenador Geral : Carlos Eduardo E. Ferreira AmaralVice-Coordenador : Clovis RiffelSecretário: Wilson França de Oliveira FilhoTesoureiro : Gilmar Jadir BressaniniSuplente : Lourival Schütz Junior

Núcleo Rio de JaneiroCoordenador Geral : Francisco José FontesVice-Coordenador : Francisco Romano PereiraSecretário : Ricardo Gomes FernandesTesoureiro : Emanuel de Andrade SantanaSuplente : Antonio Wilson Coelho

Núcleo Rio Grande do SulCoordenador Geral : Clóvis Franco EliVice-Coordenador : Eugênio José WitriwSecretária : Maria Julieta E. BiermannTesoureiro : José Ariberto JaegerSuplente : João Alfredo Bloedow

Núcleo NordesteCoordenador Geral: Silvio Costa Sousa GurgelVice-Coordenadora: Clélia Elioni Ferreira de CarvalhoSecretário: Edinaldo Hermínio da SilvaTesoureiro: Rogério Damião de SouzaSuplente: Ananias SilvinoSuplente: Manuel Augusto da Silva Vieira

CORPO REVISOR

Esta edição da revista Química Têxtil contou com uma equipetécnica para revisar os artigos aqui publicados.

A equipe é formada pelos seguintes profissionais: Alessandro De Marchi Bluma Koiffman Felipe G. de Menezes Vidal Salem

Os autores devem enviar seus artigos para publicação compelo menos 3 meses de antecedência.

EXPEDIENTE

Química Têxtil é uma publicação da Associação Brasileira deQuímicos e Coloristas Têxteis. Os artigos aqui publicados sãode inteira responsabilidade dos autores.Periodicidade : Trimestral (mar./ jun./ set./ dez.)e-mail: [email protected] 0102-8235

Distribuição : mala-direta: associados da ABQCT, indústriastêxteis, tinturarias e entidades filiadas à FLAQT e AATCC.

Circulação : São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, MinasGerais, Pernambuco, Rio G. do Sul, Ceará e Paraná.

Jornalista Responsável :Solange Menezes (MTb 14.382)

e-mail: [email protected]/telefax 3735.3727

Produção Editorial : Evolução Comunicações

Impressão : Ipsis GráficaAdministração e Depto. Comercial: ABQCTC.G.C. 48.769.327/0001-59 - Inscr. Est. isentoPraça Flor de Linho, 44 - Alphaville06453-000 Barueri SP - Tel. (11) 4195.4931Fax (11)4191.9774 - e-mail: [email protected]

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SUMÁRIO

Editorial ........................................................................................................... 3

Investigação e inovação - Engenharia genética, fibras antibacterianas,luminescência, proteção UV e mimetização(Institut Textile de France e Usine Nouvelle) .................................................... 5

Aplicação de biopolímeros em substratos têxteis(M. R. Juliá, J. M. Canal e D. Jocic) ............................................................... 12

Aplicação de enzimas para o tratamento de efluentes da indústria têxtil(Eliane Forgiarini, Antônio A.U. Souza, Selene M. A. de Souza) .................... 24

Acabamento em rama tensora e secadores(Eng°. Joni Dutra Neves) ................................................................................ 32

Interpretação das isotermas de absorção de corantes diretos em fibrascelulósicas - Estimativa do volume livre das fibras Lyocell(J. Valldeperas, L. Lis e J. A. Navarro) ........................................................... 34

Estudo dos parâmetros tempo e temperatura na termofixação emtecidos de poliéster(João Batista Giordano e João S.C. Campos) ................................................. 44

Novo acabamento antimicrobiano para materiais têxteis regeneráveis eduráveis(Gang Sun, Lei Qian, Xiangjing e Young Hee Kim) ................................... 56

Avaliação colorimétrica e perceptiva de roupas lavadas com o efluentereciclado de uma lavanderia industrial(Jean Carlo S.S. Menezes*, Rodrigo A. Silva, Maria Elisabete Machado, IvoA.H. Schneider) ............................................................................................ 62

Produtos & Serviços .................................................................................... 74

CORRESPONDÊNCIA

Parabenizo pelo excelete trabalho que a ABQCT tem feito nestes últimosanos.

Valter Roda - Cognis Brasil [email protected]

Estou em Portugal, onde curso Mestrado na Universidade do Minho, e douos parabéns à nova gestão da ABQCT pelas inovações introduzidas. Coloco-meà disposição para o que for possível colaborar aqui em terras portuguesas.

Kelson dos Santos Araú[email protected] - Braga - Portugal

Agradeço o recebimento das publicações solicitadas e aproveito igual-mente a oportunidade para elogiar a qualidade do vosso site e especialmen-te a qualidade da vossa revista, que neste momento considero das melhoresliteraturas têxteis.

Diana Fontão - Fitor - Companhia Portuguesa de Têxteis, S. [email protected] - Vila Nova de Famalicão - Portugal

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Os processos dos denominados "novos tecidos" es-

tão na ordem do dia. As biotecnologias estão ganhando

cada vez mais espaço no mundo têxtil, enquanto são

desenvolvidos os chamados "têxteis funcionais", que uti-

lizam fontes luminosas.

A seguir, apresentamos algumas novas aplicações que

foram discutidas em um simpósio que teve a iniciativa

do Institut Textile de France e Usine Nouvelle. Estes

textos são sinopses, identificadas, de conferências apre-

sentadas no referido simpósio.

Engenharia genética

Gerard Chavanchy - Unita de Sericultura (INRA)

A glândula sericígena do bicho da seda Bombix Mori

produz e segrega a proteína da seda. As duas secções

mais importantes da glândula são: a posterior, onde se

forma a fibroína, e a mediana, onde se deposita a fibroína

que, aqui, é recoberta por outro componente protéico

do fio de seda, a sericina. No momento da fiação, o ma-

terial é forçado através de um estreito conduto e, já fora,

torna-se um sutil fio coaxial com a fibroína envolvida

pela sericina.

A composição e a estrutura da fibroína tornam essa

fibra bastante insolúvel. A glândula é muito ativa e no

espaço de poucos dias produz uma massa de material

igual ao seu peso. Assim, é daqui que provém a idéia de

aproveitar a excepcional propriedade desse órgão atra-

vés de uma modificação genética do bicho da seda, cri-

ando um bicho transgênico para obter outras proteínas

adequadas para um vasto campo de aplicação.

Na prática, trata-se de introduzir no DNA do bicho

células reprodutivas de genes estranhos, de tal modo que

estes se encontrem em todas as células do bicho da seda.

Assim, seria possível conseguir, além de um vertigino-

so aumento do volume de proteína produzido, condi-

ções de fiação no interior do casulo adequadas para fa-

cilitar a purificação do produto.

A aplicação das técnicas transgênicas nos lepidóp-

teros é mais complexa do que sobre outras espécies, mas

alguns sucessos obtidos ultimamente induzem a um cer-

to otimismo. Nas novas condições, parece possível pro-

duzir proteínas para uso médico ou agronômico.

Também foi possível apreciar as extraordinárias pro-

priedades mecânicas do fio da aranha que provavelmente

possam ser usados no futuro na produção de têxteis téc-

nicos. Nessa perspectiva, foram feitas investigações para

verificar a possibilidade de uma produção em grande

escala do fio da aranha.

Abandonados os métodos tradicionais de aproveita-

mento das aranhas, por serem demasiadamente traba-

lhosos e inadequados para a produção industrial, foram

experimentados nos Estados Unidos e Inglaterra siste-

mas de produção da proteína baseados em técnicas de

engenharia genética. Nesse caso, se procedeu à transfe-

rência dos genes dedicados à geração do fio da aranha

para cultivos de fungos ou bactérias.

Tecnologia BiotecnologiaQuímica Têxtiln° 85/dez.06

Investigação e inovaçãoEngenharia genética, fibras antibacterianas,luminescência, proteção UV e mimetização

Institut Textile de France e Usine Nouvelle - FrançaTradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCTArtigo publicado na revista Galáxia da AAQCT - ArgentinaRevisão técnica: Vidal Salem

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Os resultados obtidos até agora são alentadores já

que as proteínas desejadas nos cultivos realizados fo-

ram conseguidas. Todavia, as características físicas e quí-

micas do produto obtido tornaram impossível até agora

a formação de um fio.

Algodão transgênicoBernardo Hau - Depto. de genética do algodão (CIRAD)

As dificuldades do especialista encarregado da se-

leção genética do algodão são virtualmente parecidas,

em número, com as possíveis dificuldades da indústria

têxtil. Os espaços de manobra do seletor para satisfa-

zer as exigências de cada um está ainda limitada às

possibilidades oferecidas pela variabilidade genética

natural do algodão. Para buscar melhoras nas proprie-

dades da fibra, o geneticista somente pode intervir no

genoma, o que acontece freqüentemente através da prá-

tica do cruzamento.

Combinando as variedades, nos últimos 50 anos foi

possível elevar notavelmente a qualidade do algodão,

sobretudo em termos de comprimento, finura e resis-

tência da fibra. Porém, quanto melhor é a qualidade ob-

tida, tanto mais se aproxima da perfeição genética e isso

torna mais difícil conseguir outros progressos.

Os conhecimentos de base que estão sendo obtidos

nesse campo permitirão, a longo prazo, chegar a com-

preender completamente a estrutura da fibra de algodão

e operar assim diretamente sobre os genes específicos.

Há 20 anos, os geneticistas sabem como aproveitar o

processo natural de uma bactéria do solo, a Agrobacterium

tumifaciens, para introduzir genes de uma espécie estra-

nha no genoma dos vegetais. Dessa forma, podemos trans-

mitir às plantas características impossíveis de se obter

com os sistemas de genética tradicionais.

A partir desses descobrimentos, foram desenvolvi-

das outras técnicas de modificação do genoma dos ve-

getais, como os tratamentos com partículas ionizantes e

a eletropenetração protoplástica; as variedades obtidas

com esses sistemas são chamadas geneticamente modi-

ficadas ou transgênicas. Seguindo a trajetória da

biotecnologia, não existem praticamente limites para a

possibilidade de intervenção do homem nas caracterís-

ticas das espécies vegetais.

Os primeiros passos no cultivo de algodão transgênico

no campo foram dados em 1996. No final de 1997, a

extensão das plantações desses algodões era de

1.400.000 hectares, em um total no mundo de 34 mi-

lhões de hectares destinados a este cultivo (4%). As pri-

meiras variedades postas no mercado se desenvolveram

com o objetivo de conferir à planta resistência contra

certos insetos e/ou alguns herbicidas não seletivos. Eram

produzidas por um grupo reduzido de empresas agro-

químicas que buscavam sempre novidades em tipos de

sementes (Monsanto, DuPont e Calgene). Esta última

empresa anunciou o lançamento iminente de varieda-

des de algodões que podiam ter uma coloração negra,

vermelha ou azul, graças à introdução de genes de ori-

gem bacteriana no genoma da planta.

A empresa Agracetus está estudando uma molécula

denominada PHB capaz de dar ao algodão propriedade

termoisolante. Antes da formação dessa molécula, foram

encontrados três genes em uma certa tipologia de bactéri-

as e transferidos ao genoma do algodão. Nesse momento,

os efeitos produzidos por esses genes foram demasiado

escassos para serem produzidos em nível comercial. Pro-

vavelmente, resguardados de olhares indiscretos, estão

em curso estudos sobre genes de diversos tipos.

BiotêxteisJean Cotte - Centro Europeu de Dermocosmetologia

Um dos objetivos da cosmetologia é o de fornecer

instrumentos para manter a pele jovem e bonita. Há anos

a indústria alimentícia percebeu a crescente importân-

cia do aspecto da saúde e desenvolveu os alimentos bi-

ológicos. Hoje, os iogurtes já contêm produtos ativos e

os suplementos alimentares têm enorme êxito.

Os têxteis estão se adequando a essa tendência e se

tornando funcionais: não somente nos protegem e nos

vestem, mas também podem produzir um efeito benéfi-

co sobre a pele. Diversos produtores buscam esse valor

Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 85/dez.06

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agregado para conquistar fatias do mercado. Hoje os

consumidores, sempre mais informados e conhecedo-

res, não pedem somente conforto e prazer, mas esperam

também benefícios do ponto de vista sanitário.

“A saúde não é somente ausência de enfermidades,

que é um tema que corresponde à medicina e à farmaco-

logia, mas é também uma condição de bem estar total”,

pelo que os têxteis e a cosmética têm um papel a desem-

penhar neste âmbito.

A indústria têxtil foi obrigada a se enfrentar com esta

nova tendência e assim nasceram os biotêxteis, produ-

tos que oferecem novas pos-

sibilidades no campo da

proteção e o cuidado da

pele. A cosmetologia tam-

bém está entrando no setor

de roupas íntimas femininas

com o mesmo objetivo: saú-

de e beleza.

Essa relação de colabo-

ração não é surpreendente

como pareceria à primeira

vista. Na verdade, a relação

entre os dois setores é evi-

dente: em ambos os casos,

trata-se de criar uma segunda pele com o objetivo preci-

so de modelar a figura e garantir saúde e conforto.

Em medicina, fazemos amplo uso de têxteis

antibacterianos, isto é, têxteis usados na fabricação de

tipos de vestimenta e roupa de uso doméstico e sanitá-

rio, estudados para prevenir o desenvolvimento e a di-

fusão de microorganismos e usados em função proteto-

ra, seja das pessoas enfermas como das saudáveis, mé-

dicos e pessoal sanitário.

Os maiores benefícios são referentes às unidades ci-

rúrgicas, considerando que esses materiais podem redu-

zir em 50% os riscos de infecção pós-operatória.

Existem dois tipos de biotêxteis para a saúde e a be-

leza. Em um caso, as propriedades do produto são fru-

tos da estrutura intrínseca do material; no outro, do efeito

de substâncias ativas aplicadas à fibra mediante trata-

mento de encapsulamento, fixação ou inclusão. O mer-

cado observa com grande atenção o setor emergente das

fibras cosméticas de amplo espectro de emprego: com

efeitos cicatrizantes, de depilação, antirruga, hidratante,

relaxante, entre outros.

As dificuldades a superar são muito numerosas. Os

princípios ativos imersos na fibra devem ser hipoa-

lérgicos. O risco de alergias é menor quando o produto

ativo é agregado ao polímero durante a primeira fase do

processo de elaboração da fibra. Dessa forma, a subs-

tância se coloca no centro

da fibra e não estará em con-

tato com a pele, sendo mui-

to mais resistente às lava-

gens sucessivas.

A história dos biotêx-

teis está ainda no início.

Cerca de 80% dos materi-

ais com os quais nos ves-

tiremos dentro de 20 anos

não existem ainda. Os te-

cidos e os nãotecidos po-

derão ser usados para no-

vas aplicações, graças às

novas características funcionais que permitirão a li-

beração da substância ativa de modo controlado.

Têxteis antibacterianosChristophe Chalvin - Setor de Investigação e Desenvolvimento

Há muitos anos, a empresa se preocupa com a pro-

teção dos materiais têxteis de sua própria produção con-

tra o ataque das bactérias. Foi dedicada especial aten-

ção à conservação dos produtos de celulose alveolar

(espuma e tecido de espuma), que se distribuem com

um elevado conteúdo de umidade durante a fase de

armazenamento.

Para remover a sujeira foram utilizados elementos

que, com o agregado de biocidas, reduzem o risco de

contaminação e atacam os microorganismos presentes

A biotecnologia

está ganhando cada vez mais

espaço no mundo têxtil,

enquanto são desenvolvidos

os "têxteis funcionais",

que utilizam fontes luminosas.

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nas superfícies, tornando mais eficiente a lavagem de-

sinfetante posterior. Assim, o biocida barra a difusão

das bactérias.

Antes de desenvolver um produto biologicamente

ativo é indispensável verificar atentamente o nível de

proteção necessário e os métodos de controle, em co-

laboração com laboratórios e centros técnicos

especializados. Produtos desse tipo dão à empresa a

oportunidade de demonstrar a capacidade própria de

inovação em um setor não particularmente avançado e

de oferecer ao consumidor um instrumento de traba-

lho satisfatório.

Modificação genética do linhoAlain David, Diretor do Laboratório de Biotecnologia e Fisiologia Ve-getal da Universidade de Amiens

O nascimento da engenharia genética remonta a uma

experiência de transmissão de uma patologia a uma plan-

ta por meio de uma bactéria aeróbica do solo. Posterior-

mente, foi possível criar variedades vegetais genetica-

mente modificadas dotadas de propriedades novas como

a resistência aos vírus, herbicidas e insetos. Milho, to-

mate e batata são as espécies mais usadas para esse tipo

de intervenção.

Em relação ao linho, foram experimentadas no Ca-

nadá variedades transgênicas resistentes a alguns

herbicidas. Na França, está sendo concluído um progra-

ma com a intenção de modificar a atividade de determi-

nadas enzimas importantes no metabolismo da planta.

O objetivo é debilitar as uniões entre as células para

facilitar a separação das fibras.

Biomateriais da sedaGiuliano Freddi - Estação Experimental da Seda

O filamento produzido pelo bicho da seda não é so-

mente um material têxtil único desde o ponto de vista

qualitativo, mas também um biopolímero dotado de pro-

priedades mecânicas extraordinárias. Tais propriedades,

unidas a uma excelente resistência ao ataque bacteriano

e uma boa compatibilidade biológica, tornam a seda uma

fibra particularmente adequada para usos biomédicos e

biotecnologicos.

São muitos os âmbitos nos quais a seda pode ser usa-

da vantajosamente. Em forma de fibra, pode conferir

melhores prestações mecânicas para usos biomédicos.

Graças às particulares propriedades físicas e químicas,

as fibras de seda podem ser transformadas em membra-

na, gel ou pó para serem usados em diversos materiais.

A seda é empregada tradicionalmente nas suturas ci-

rúrgicas mas são cada vez mais numerosos os usos

biomédicos que são experimentados nos diversos cen-

tros de investigação nesse campo. São particularmente

interessantes os estudos sobre obtenção de tendões, li-

gamentos, vasos sanguíneos e até pele artificial onde a

seda oferece sua alta resistência nas solicitações mecâ-

nicas. Por outro lado, do ponto de vista químico, a

reatividade da seda influi positivamente sobre a interação

entre a fibra e o osso.

Interessantes perspectivas aparecem no campo onde

se requerem boas características de permeabilidade e

biocompatibilidade, tal como as membranas permeáveis

e semipermeáveis para serem usadas em lentes de con-

tato como substrato, para favorecer a regeneração de

tecidos ou a cicatrização das feridas. Somente algumas

dessas aplicações foram levadas em consideração co-

mercial. Para que seja possível, é necessário desenvol-

ver métodos de produção da seda mais eficientes do que

os tradicionais. Nesse ponto, em médio e longo prazos,

a produção de seda sintética com características parti-

culares será possível por meio da engenharia genética.

Lãs "finas"Daniel Allen - INRA

Para conseguir um melhoramento das características

genéticas da ovelha, destinado ao aumento da produção

de lã, se recorreu à técnica de seleção dentro da espécie.

É um sistema que deu bons resultados, mas que requer

inversões a longo prazo e nem sempre é confiável. Ain-

da existem algumas técnicas que tornam esse método

mais seguro. Consiste em determinar o valor genético

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das características desejáveis através da técnica da ge-

nética quantitativa que, com o auxílio de modelos gené-

ticos e estatísticos, são catalogados e analisam todos os

dados genéticos por várias gerações, de modo a

extrapolar o valor genético exato. Foram muito usados

na produção de carne e de leite.

No caso da lã, o progresso no campo genético tem

alcançado grandes êxitos com a técnica de seleção. Três

avanços recentes na biotecnologia animal permitem pro-

gredir nesse terreno: a exploração do genoma, a

clonagem e o transgênesis.

Hoje se dispõe de uma estampa genética da espécie

ovina contendo cerca de 300 genes isolados e identifica-

dos graças a um grande esforço de colaboração em nível

internacional. O estudo do polimorfismo nesses genes,

com relação às características desejadas, permitiu indivi-

dualizar fragmentos de cromossomos ou genes significa-

tivos determinantes de uma dada característica.

Foram identificados diversos segmentos de cromos-

somos, entre os quais aproximadamente dez portadores

de genes que pertencem à tipologia responsável pela sín-

tese das diversas proteínas da queratina. As investiga-

ções também levaram ao descobrimento e isolamento

de alguns fragmentos envolvidos no desenvolvimento

do folículo do pêlo, ao qual se atribui um papel decisivo

nas características qualitativas da lã.

Um grupo de investigadores do CSIRO isolou um

marcador que contribui para determinar a finura da lã e

pesquisadores franceses descobriram outros dois

marcadores que têm a ver com outras propriedades, tais

como o comprimento, o coeficiente de variação do diâ-

metro da fibra e a pigmentação da penugem.

O futuro provavelmente verá o uso conjunto de di-

versos métodos e instrumentos nos programas de sele-

ção, que combinarão sistemas tradicionais, métodos

avançados de genética quantitativa (banco de dados ge-

néticos, modelos genético-estatísticos) e novas técnicas

de modificação biológica, graças às quais será possível

melhorar a capacidade reprodutiva dos exemplares mais

dotados e maximizar os progressos genéticos.

Infância: pr oteção UV e termorregulaçãoGwenaelle Wackenheim - Administrador Delegado do Clayeux

Depois da introdução de uma série de produtos anti-

bacterianos, Clayeux avançou no caminho da inovação

com a proposta de uma linha de prendas protetoras de

UV para a infância, estudadas para filtrar as radiações

UVA e UVB. A pele das crianças é mais sensível do que

a dos adultos e tem mais necessidade de ser protegida

dos raios de sol.

As prendas são compostas de uma nova fibra cha-

mada Enka Sun, desenvolvida pelo laboratório holan-

dês da Azco Nobel. Essa fibra de viscose, obtida através

de um complicado processo de liquefação da madeira,

contém pigmentos especiais capazes de filtrar os raios

solares de duas maneiras: refletindo parte da radiação

UV e absorvendo o resto, segundo a longitude da onda.

O resultado final do processo de elaboração é um mate-

rial ultrafino que contém um fator de proteção 30+ com

respeito aos 18+ que possui um tecido de jersey branco.

A fibra de viscose Enka Sun não necessita de ne-

nhum tratamento no curso da elaboração do tecido e

nem da prenda e, dado que o agente protetor é agrega-

do no processo de elaboração da fibra, o efeito resiste

através das lavagens. No momento, o artigo está dis-

ponível somente na cor branca e em dois tamanhos:

para bebês e infantil.

Tecidos iluminantesHaues Vinchon - Diretor de Marketing da Dubar-Wormeton

O conceito de têxteis iluminantes é totalmente novo

e marca o início de uma nova fase nos tecidos destina-

dos a funções de sinalização, passando de um papel pas-

sivo a um ativo. Traduz-se, na prática, em uma maior

segurança para as pessoas que operam na obscuridade

total ou parcial.

Aproveitando as fibras óticas, um material difícil de

manejar, hoje é possível obter um tecido em qualquer

largura com a suavidade e conforto dos tecidos tradici-

onais e propriedades totalmente novas.

O mecanismo tradicional da fibra ótica, que consiste

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na transmissão do impulso luminoso de uma ponta à

outra da fibra, foi modificado de modo a conferir a ca-

pacidade de iluminar-se em todo o comprimento da fi-

bra com luminosidade constante, qualquer que seja o

comprimento da mesma. Os sistemas desse tipo atual-

mente no mercado requerem uma fonte exterior de luz e,

portanto, são dependentes do meio ambiente circundante,

o que significa que é uma tecnologia passiva.

Em nosso caso, é o usuário quem decide quando deve

se tornar totalmente visível, com a intensidade lumino-

sa perfeitamente adequada às exigências. A energia lu-

minosa é bem distribuída e fácil de isolar, o que signifi-

ca que 85% da energia pode ser reutilizada. Natural-

mente, são usadas baterias de concepção moderna, do

tipo das usadas nos telefones celulares, e dispositivos

de alimentação da dimensão de um cartão de crédito.

As primeiras provas experimentais de tecidos

iluminantes foram realizadas nos Estados Unidos, com

tecidos baseados em outras tecnologias como o eletro

estímulo do material carregado, e confirmaram o gran-

Tecnologia BiotecnologiaQuímica Têxtil - n° 85/dez.06

de potencial comercial desses produtos.

Armamento: proteção e mimetizaçãoMatine Aubry - Diretor Técnico da Tissages Techniques de Trevaux

Os tecidos constituem uma parte importante dos ma-

teriais usados no setor de defesa e devem responder a

uma série de novas funções: mimetização, efeito

camaleão, absorção e difusão de sinais de radar, absor-

ção e reflexão dos raios laser, iludir sistemas de armas

teleguiadas, etc..

Os tecidos com função de mimetização existem há

30 anos, mas as exigências das forças armadas muda-

ram para mais severas e os produtores tiveram que ado-

tar novos métodos de elaboração. É necessária a possi-

bilidade de obter grandes áreas com efeito mimetizado

e agregar tonalidades intermediárias entre as áreas de

diversas cores, para obter efeitos mais realísticos e dis-

simulados. A empresa desenvolve um processo para

cumprir essas exigências e produzir defesas de rá-

pida mimetização para veículos de terra.

Page 9: ESVAZIAMENTO NOS CONGRESSOS - Abqct · que, aqui, é recoberta por outro componente protéico do fio de seda, a sericina. No momento da fiação, o ma-terial é forçado através

Os polímeros desempenham um papel importante na

indústria têxtil, sendo utilizados como gomas, acabamen-

tos, agentes de carga, agentes para acabamentos de alta

qualidade etc. Tudo isso, necessário para obter produtos

têxteis de elevadas especificações técnicas, pode consti-

tuir uma importante fonte de contaminação e, nesse sen-

tido, a legislação limita a utilização de compostos haloge-

nados e recomenda o uso de produtos biodegradáveis.

Dadas as múltiplas propriedades e versatilidade de

uso que proporciona o biopolímero catiônico Chitosan,

este foi escolhido como polímero aplicável a fibras natu-

rais e posto que nos processos de acabamento têxtil mui-

tas vezes se requer a presença de um tensoativo, seja como

umectante, dispersante etc., acreditou-se de interesse re-

alizar um estudo prévio do comportamento do Chitosan

em presença de tensoativos com o objetivo de caracteri-

zar os agregados formados e determinar a efetividade da

absorção desses agregados nos substratos têxteis.

Neste trabalho são apresentados também os resultados

mais significativos da aplicação do Chitosan às fibras na-

turais (algodão e lã) no que concerne às propriedades de

resistência ao encolhimento e maior rendimento tintorial.

Introdução

Os polímeros utilizados habitualmente para o acaba-

mento de algodão e suas misturas são derivados de com-

postos N-metilólicos, os quais, durante o processo de

reticulação, podem dar lugar à aparição de formaldeído

livre, que afeta muito negativamente o meio ambiente,

podendo ser também causador de alergias para o usuá-

rio da prenda, com o que se restringe a possibilidade de

obtenção de etiquetas ecológicas para o produto têxtil.

A indústria de lã utiliza também polímeros para evitar

que se produza a feltragem e encolhimento da lã durante

o processo de lavagem aquosa. Os métodos tradicionais

para conferir à lã resistência ao encolhimento, incluem

um pré-tratamento de cloração, seguido da aplicação de

um polímero que geralmente também contêm cloro. Tudo

isso constitui uma importante fonte de contaminação e

assim a legislação atual obriga a utilização de compostos

não halogenados e que sejam biodegradáveis(1,2).

Essa tendência nos levou a considerar a possibilida-

de do uso de produtos naturais nos processos de enobre-

cimento e em especial na aplicação de um biopolímero

como substituto dos de síntese.

Dadas as múltiplas propriedades e versatilidade de

uso que proporciona, o biopolímero Chitosan foi esco-

lhido como polímero aplicável tanto no algodão como

na lã. O Chitosan (Figura 1) tem uma estrutura muito

parecida com a da celulose, com a diferença de que o

grupo funcional hidroxilo (-OH) unido ao C-2 da celu-

lose é substituído por um grupo amino (NH2)(3,4).

Tecnologia Acabamento Química Têxtiln° 85/dez.06

Aplicação de biopolímeros em substratos têxteis

M. R. Juliá, Dept°. Tecnologia de Tensoativos - CID-CSIC; J. M. Canal,Dept°. EngenhariaTêxtil e Papeleira - UPC e D. Jocic, Dept°. Engenharia Têxtil - Universidade de Belgrado

Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCTRevisão técnica: Felipe G. de Menezes

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Em valores de pH não superiores a 6,3, o Chitosan é

solúvel em água e se comporta como polieletrólito

catiônico, com o que adquire especial capacidade para

fixar ânions e para fixar-se sobre fibras ionizadas nega-

tivamente. Recentemente, esse biopolímero foi estuda-

do nos campos da biomedicina e farmácia devido a sua

funcionalidade de reação e suas interessantes proprie-

dades de biodegradabilidade, baixa toxicidade,

biocompatibilidade e bioadesividade(5,6).

Por sua natureza e propriedades, o Chitosan é o

polímero idôneo para sua aplicação em fibras naturais

como agente de recobrimento, de maneira que na lã atue

como amaciante de seu perfil escamoso e em conse-

qüência disso se obtenha propriedades de resistência

ao encolhimento e elevados rendimentos nos tingimen-

tos. Por outro lado, sua presença em tecidos de algodão

poderia criar estabilidade dimensional e favorecer mai-

or esgotamento dos corantes, obtendo-se com isso me-

nor carga contaminante nos efluentes.

Neste trabalho são apresentados os resultados mais

relevantes obtidos no estudo da aplicação do Chitosan

em substratos têxteis de lã e algodão. Porém, posto que

nos processos de acabamento têxtil muitas vezes se re-

quer a presença de um tensoativo geralmente não-iônico,

seja como umectante, dispersante ou amaciante(7,8,9), e a

interação de um polímero com tensoativos influi no com-

portamento do polímero em solução aquosa e em sua

absorção nas interfases, acreditou-se ser de interesse re-

alizar um estudo prévio do comportamento do Chitosan

em presença de um tensoativo não-iônico.

Parte experimental

Materiais : Chitosan (2-amino-dioxi- (1-4)-β-D-

glucopiranosamina) (Fluka) de baixo peso molecular,

Pm 70.000, utilizado sem ser purificado. Lã, tecido de

malha com fator de recobrimento 1,28 tex/mm. Algo-

dão, tecido popelina preparado e tinto. Tensoativo não

iônico, Empilan KBS8: octaethyleneglycol mono-n-

dodecylether (C12

E8) (Albrigh & Wilson Ibérica).

Corantes Vermelho Lanasol 2G (Ciba), Vermelho

Procilan EB (ICI), Azul Solophenil 4GL 250% e Escar-

late Solophenil BNL 200% (Clariant), Vermelho Nylosan

F-5B (Clariant). Todos os corantes e produtos auxilia-

res de tingimento foram amostras comerciais usadas na

forma em que foram recebidas das empresas. Os de-

mais produtos químicos foram de qualidade de reativos

de laboratório (P.A.).

Tratamentos: a aplicação do Chitosan foi realizada em

banho aquoso, dissolvendo o produto em solução acética.

Métodos: as medições de viscosidade de soluções de

Chitosan foram realizadas mediante um viscosímetro

capilar Cannon-Fenske. A determinação do grau de en-

colhimento que um tratamento com Chitosan confere à

lã foi feito em uma lavadora Wascator, segundo está des-

crito no teste IWS 31.

O tempo de umectação é o tempo que demora em sub-

mergir um pedaço de tecido de 2 x 2 cm, deixado cair na

superfície da solução aquosa. Os processos de tingimento,

tanto na lã como no algodão, foram efetuados de acordo

com as recomendações das próprias empresas de corantes,

exceto as efetuadas para detectar a presença e uniformi-

dade da deposição de Chitosan nos tecidos.

O esgotamento final do corante no tingimento foi cal-

culado medindo-se, em espectrofotômetro, a absorbância

do banho de tingimento e final. A comparação de tingi-

mentos devido aos diferentes tratamentos foi realizada

nas amostras tintas, mediante comparação dos valores K/

S medidos com um colorímetro Macbeth Color Eye 1500.

Resultados e discussão

Chitosan/tensoativo não-iônico:

formação de agregados

Com a finalidade de aplicar o Chitosan em tecidos

de lã mediante um tensoativo não-iônico (Empilan) com-

patível com o meio ambiente, foi feito um estudo prévio

da interação entre o polímero e o tensoativo através da

avaliação das alterações de viscosidade que ocorriam

na solução em função do tempo.

É um fato conhecido que a viscosidade do Chitosan

Tecnologia Acabamento Química Têxtil - n° 85/dez.06

14

Page 11: ESVAZIAMENTO NOS CONGRESSOS - Abqct · que, aqui, é recoberta por outro componente protéico do fio de seda, a sericina. No momento da fiação, o ma-terial é forçado através

em solução ácida diluída diminui em função do tem-

po(10), o que manifesta a existência de alterações

conformacionais, nas quais o tempo de armazenamento

pode influir na eficácia da aplicação de Chitosan em

processos posteriores. Na Figura 2 está representada a

viscosidade absoluta medida em distintos tempos, de so-

luções que contêm 0,12% de Chitosan e diferentes con-

centrações do tensoativo não-iônico Empilan.

centração de Empilan. Na primeira região, a viscosida-

de é constante e não existe nenhuma alteração na con-

formação do polímero. Na segunda região começa o

processo de interação do Chitosan com o tensoativo, o

que implica em importantes alterações conformacionais

na molécula do Chitosan, dando lugar a um decréscimo

da viscosidade até chegar à terceira região na qual o

polímero fica saturado.

A Figura 3 mostra graficamente um modelo propos-

to de associação entre o Chitosan e o tensoativo não

iônico Empilan(12).

Absorção de agregados Chitosan/tensoativo

não-iônico

Considerando que o tempo de armazenamento influi

na viscosidade das soluções e que uma baixa viscosida-

de ajuda a obter uma boa difusão, foram feitos trata-

mentos de lã com soluções aquosas de Chitosan/

tensoativo não-iônico preparadas cinco dias antes, em

diferentes concentrações. Em seguida, foi efetuado o pro-

cesso de tingimento dessa lã com o objetivo de determi-

nar se os grupos amino do Chitosan absorvidos nas fi-

bras de lã favoreceriam a atração dos grupos sulfonato

negativos do corante e, portanto, se conseguiria maior

rendimento do corante, bem como uma economia

energética ao efetuar esses tingimentos em temperatura

mais baixa do que os tingimentos convencionais.

A dependência do tempo mais significativa se mani-

festa com uma caída brusca de viscosidade na região pró-

xima à CMC do tensoativo. Em concentrações inferiores

à CMC, a viscosidade se mantém constan-

te, o que indicaria uma conformação linear

do polímero devido às repulsões

intramoleculares entre os grupos carrega-

dos do polímero(11). O comportamento ob-

tido com concentrações baixas de Empilan

é comparável ao obtido com soluções de

Chitosan. Esses resultados, portanto, suge-

rem que a interação entre o polímero e o

tensoativo tem lugar a partir da concentra-

ção de tensoativo próxima à sua CMC.

Na figura 2 podemos verificar três com-

portamentos diferentes em função da con-

Tecnologia Acabamento Química Têxtil - n° 85/dez.06

16

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Os resultados obtidos (Figura 4) mostraram maior in-

tensidade de cor e uma elevada fixação da mesma, espe-

cialmente nas amostras tratadas em concentrações eleva-

das de Empilan. Esses resultados(13) foram conclusivos

sobre a melhora do processo de tingimento ocasionada

pela presença de Chitosan de maneira que, dependendo

da concentração de Empilan, é possível obter maiores

intensidades de cor sem ter que variar a concentração ini-

cial de corante e, em todos os casos, o esgotamento do

corante nos banhos residuais é muito superior.

seguir esse objetivo, foi utilizado um método clássico

de oxidação com água oxigenada que origina a forma-

ção de ácido cisteico nas fibras de lã e que produz um

efeito de alvejamento, sendo efetuado tanto com pH al-

calino como ácido(14).

Depois desses tratamentos oxidativos realizados na

lã, foi aplicado Chitosan em um banho ácido pelo méto-

do de esgotamento e, depois de secas as amostras, fo-

ram realizados testes de encolhimento com três ciclos

de lavagem e também foi avaliado o poder de umectação

das mesmas (Tabela 1).

Comparando os tempos de umectação, observa-se que

unicamente os tratamentos oxidativos realizados em con-

dições alcalinas conferem hidrofilidade à lã e que, de-

pois da aplicação de Chitosan, somente as amostras que

previamente haviam sido tratadas com H2O

2 em pH al-

calino mostram propriedades de resistência ao encolhi-

mento, apesar de todas as amostras serem hidrófilas,

devido a presença de Chitosan na superfície das fibras.

A presença de Chitosan nas amostras tratadas se colo-

cou em evidência através do estudo do comportamento

tintorial de todas elas com um corante reativo (Figura 5).

O elevado esgotamento do corante obtido em todas

as amostras que foram tratadas com Chitosan, incluída

a não tratada (NT), demonstra a presença de Chitosan

pelo menos na superfície do tecido, enquanto que as que

unicamente foram pré-tratadas com H2O

2 seguem uma

cinética parecida com a da lã sem tratamento.

Aplicação de Chitosan em lã e em algodão

Para conhecer com maior profundidade o comporta-

mento do Chitosan com respeito a sua absorção em subs-

tratos têxteis, foram realizados estudos de sua apli-

cação em tecidos de lã e algodão com a finalida-

de de conseguir melhora das propriedades super-

ficiais, tais como evitar o encolhimento da lã e

aumentar o esgotamento e a fixação de um corante,

tanto na lã como no algodão.

Lã: apesar de o Chitosan poder interagir com gru-

pos aniônicos da lã, devido a seu caráter catiônico,

pensou-se na conveniência de aumentar a presen-

ça de grupos aniônicos na superfície para favore-

cer a absorção do Chitosan sobre ela. Para se con-

Tecnologia Acabamento Química Têxtil - n° 85/dez.06

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Page 13: ESVAZIAMENTO NOS CONGRESSOS - Abqct · que, aqui, é recoberta por outro componente protéico do fio de seda, a sericina. No momento da fiação, o ma-terial é forçado através

Mediante observação microscópica de cortes trans-

versais de fibras submetidas a um teste para determinar

a penetração do corante Vermelho Procilan EB, a 50ºC

durante 5 minutos, notou-se que unicamente nas amos-

tras pré-tratadas em pH alcalino havia acontecido difu-

são do Chitosan em direção ao interior da fibra(15).

Algodão: a aplicação de um biopolímero policatiônico

sobre uma fibra natural complexa como o algodão ne-

cessitou de um estudo prévio de procedimentos de apli-

cação. Foram estudados dois sistemas de Chitosan:

a) técnicas de impregnação;

b) técnicas de esgotamento.

As técnicas de impregnação produzem uma distri-

buição forçada do biopolímero sobre a superfície do te-

cido e da fibra de algodão.

As técnicas de esgotamento permitem que o biopolí-

mero alcance a superfície da fibra através de fenômenos de

transporte e de absorção. A penetração no interior da fibra

dependerá dos fenômenos de difusão polímero/polímero.

Nesse caso, os fatores característicos do banho e a unifor-

midade relativa do contato banho/tecido são essenciais na

distribuição uniforme de Chitosan sobre o tecido. Evidente-

mente, uma distribuição não uniforme de Chitosan so-

bre o tecido vai originar tingimentos não uniformes(16).

A melhor igualização dos tingimentos foi obtida com

a aplicação do Chitosan em solução ácida pelo procedi-

mento que industrialmente se denomina

pad-dry, isto é, aplicação em foulard e se-

cagem em rama a 150ºC durante 3 minutos.

Como se pode apreciar na Figura 6,

existe uma relação direta entre concentra-

ção de Chitosan aplicado sobre o tecido

de algodão e o rendimento do tingimento

com dois corantes diretos.

Para a análise de Chitosan sobre tecido

de fibras celulósicas foi desenvolvido um

método baseado no tingimento com Ver-

melho Nylosan F-5B a 0,5% (s.p.m.), a

100ºC durante 60 minutos, em presença de

(NH4)2 SO

4 e em pH 5,5 (ácido acético) e posterior ava-

liação calorimétrica sobre o tecido.

Conclusões

Foi colocada em evidência a formação de agregados

entre o Chitosan e um tensoativo não-iônico, assim como

a capacidade desses agregados de serem absorvidos em

um substrato têxtil.

O Chitosan aplicado sozinho e sob determinadas con-

dições experimentais é capaz de conferir à lã proprieda-

des de anti-encolhimento e ao algodão resistência ao anti-

ruga em úmido. O Chitosan aplicado sobre lã conjunta-

mente com um tensoativo ou sozinho em solução ácida,

Tecnologia Acabamento Química Têxtil - n° 85/dez.06

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Page 14: ESVAZIAMENTO NOS CONGRESSOS - Abqct · que, aqui, é recoberta por outro componente protéico do fio de seda, a sericina. No momento da fiação, o ma-terial é forçado através

ocasiona uma importante melhora do processo posteri-

or de tingimento, conseguindo um elevado esgotamen-

to do corante, boa fixação do mesmo e permitindo tem-

peraturas de tingimento mais baixas.

Com respeito ao algodão, foi possível estabelecer que

um tecido pré-tratado com Chitosan tinge mais intensa-

mente com um corante direto que o mesmo tecido sem

pré-tratamento e que a aplicação de Chitosan pelo siste-

ma pad-dry é a que oferece maior rendimento do

tingimento e uma excelente uniformidade.

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A A A A A ABQCT DÁ ABQCT DÁ ABQCT DÁ ABQCT DÁ ABQCT DÁ AS BOAS BOAS BOAS BOAS BOAS AS AS AS AS VINDVINDVINDVINDVINDASASASASASAAAAAOS NOOS NOOS NOOS NOOS NOVVVVVOS SÓCIOSOS SÓCIOSOS SÓCIOSOS SÓCIOSOS SÓCIOS

André Silva Conde SP

Antonio Capuano SP

Clara Regina Guimarães SP

Cláudio Lima do Carmo RN

Daniel Mehler SP

Fernando José Bio SP

Geovani Zanella SC

Estamos orgulhosos de tê-los conosco, pois o apoio e a participação dos associados são de suma impor-tância para o fortalecimento da Associação e para o aprimoramento técnico do setor têxtil brasileiro.Nós da ABQCT procuramos sempre fornecer informações atualizadas através da revista Química Têxtil eabrir canais de comunicação entre os profissionais através de cursos, palestras e outros eventos deintegração.

Harold Danzberg MG

Henrique Sérgio Carvalho RJ

Marco Antonio da Cunha SP

Oswaldo Luiz de Souza Nogueira SP

Pedro Pereira dos Santos SP

Valmir Sieheneichler PR

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As investigações científicas no Brasil na área têxtil

ainda são escassas, especialmente na área ambiental,

envolvendo a bioestimulação e a biorremediação.

Dentre as novas técnicas disponíveis para o tratamen-

to dos efluentes gerados pelas indústrias têxteis, pode-

se citar o emprego de enzimas; dentre elas destacam-

se as lacases e peroxidases.

1. Introdução

A indústria têxtil contribui significativamente para

a poluição dos rios em algumas regiões do Brasil, ao

transformar fibras naturais e sintéticas em tecidos e

outros produtos. No processo de fabricação de teci-

dos, operações de processamento químico a úmido são

necessárias para preparar, purificar, colorir ou acabar

adequadamente o produto. Isso resulta na geração de

efluentes, compreendendo em média 150 litros de água

por quilo de produto têxtil acabado. A carga de

poluentes provém não somente da remoção de impu-

rezas das próprias matérias-primas como também dos

reagentes químicos residuais usados no processamento

(Cammarota e Coelho, 2001).

Os reagentes utilizados nos processos têxteis apre-

sentam composição muito variada, incluindo compos-

tos orgânicos e inorgânicos (Brás et al., 2002). Os

corantes têxteis responsáveis pela coloração de águas

residuais são mistura de compostos com estrutura

molecular complexa, sendo, na maioria dos casos, pro-

dutos estáveis e de difícil biodegradação (Rosalen et

al., 2004).

Várias tecnologias têm sido empregadas para o tra-

tamento de efluentes têxteis, sendo mais comum o uso

de tratamento biológico por lodo ativado, reatores

anaeróbios e tratamentos físico-químicos, como a

adsorção. Na maioria dos casos, o tratamento por lodo

ativado tem resultado em incompleta remoção da cor e

formação de grande volume de lodo. Este lodo não pode

ser descartado no ambiente, necessitando de um novo

tratamento, geralmente “land-farming” ou compos-

tagem, ou ser armazenado como resíduo em aterros in-

dustriais, gerando um passivo ambiental.

As alternativas mais promissoras para resolução de

inúmeros problemas ambientais, ocasionados pela ati-

vidade industrial, derivam do estudo de novas

tecnologias para o tratamento de efluentes industriais.

Nesse contexto, a utilização de processos biológicos ba-

seados na utilização de fungos e bactérias, ou direta-

mente na utilização de enzimas, tem se tornado uma das

alternativas de grande potencial.

Dentre os processos biotecnológicos de tratamento

de efluentes têxteis, com o emprego de enzimas, pode-

se citar as enzimas lignolíticas como as lacases, lignina

peroxidase e manganês peroxidase; essas enzimas têm

demonstrado sua capacidade de descolorir os corantes

têxteis mediante a polimerização ou degradação dos

mesmos (Gübitz, 2003).

Tecnologia Biotecnologia Química Têxtiln° 85/dez.06

Aplicação de enzimaspara o tratamento de efluentes da indústria têxtil

Eliane Forgiarini, Antônio Augusto Ulson de Souza, Selene M. A. Guelli Ulson de SouzaDepartamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos - Universidade Federal de Santa Catarina

Revisão técnica: Vidal Salem

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2. A indústria têxtil e o meio ambiente

As indústrias têxteis têm papel de grande importância

na maioria dos países, sendo um dos segmentos industri-

ais de maior tradição. Dentre todos os segmentos, ela é

responsável por grande parte da economia dos países de-

senvolvidos, sendo o carro chefe nos países emergentes.

Nas últimas décadas, com a expansão das indústrias

têxteis brasileiras, surgiram leis rígidas regulamentan-

do a qualidade dos efluentes, pois os corpos hídricos

que recebem despejos líquidos industriais e domésticos

vêm sofrendo uma degradação acelerada. Como respos-

ta, as indústrias estão sendo forçadas a tornarem-se mais

inovadoras, de maneira a desenvolver produtos e práti-

cas que sejam mais ambientalmente corretas.

Muitas são as etapas responsáveis pela geração de

efluentes durante todo o processo fabril têxtil. Na figura 1

é apresentado o fluxograma das etapas do processo fabril

têxtil para tecidos de algodão e misturas, relacionando-se

o consumo médio de água em cada fase do processamento.

Os processos têxteis são grandes consumidores de água

e de corantes sintéticos, geradores de grande volume de

efluentes de composição complexa e com elevada carga

orgânica, além de elevado teor de sais inorgânicos. Os

corantes sintéticos são extensivamente empregados na

indústria têxtil, onde se estima que 10 a 15% são perdi-

dos no efluente durante o processo de coloração.

A grande diversidade e complexidade desses efluentes

aliados a imposições da legislação que exigem tratamen-

tos eficientes, têm levado ao desenvolvimento de novas

tecnologias que buscam o melhor e mais adequado tra-

tamento, considerando custos, tempo e eficiência dos

processos existentes na reciclagem da água e elimina-

ção da toxicidade. A preocupação com a estética e qua-

lidade do ambiente atingido por efluentes coloridos leva

à busca de alternativas de descoloração dos mesmos,

especialmente dos corantes têxteis.

As principais técnicas disponíveis na literatura para

descoloração das águas de rejeito envolvem principal-

mente processos de adsorção, precipitação, degradação

química, eletroquímica e fotoquímica, biodegradação,

entre outros. As tecnologias atualmente utilizadas para

remoção de cor, envolvendo processos físicos e/ou quí-

micos, apresentam vantagens e desvantagens quando

comparadas umas com as outras, conforme apresentado

na tabela 1. A seleção do processo dependerá, portanto,

do estudo de cada caso em particular.

Embora a maioria dos efluentes têxteis seja tratada

em sistemas de lodos ativados, grande parte dos corantes

sintéticos é resistente à biodegradação, criando um pro-

blema antiestético nas águas que os recebem devido à

coloração remanescente.

Maiores níveis de degradação são obtidos através da

seleção de microrganismos com habilidade para a de-

gradação e estudo das condições favoráveis do meio. A

ampla variedade estrutural dos corantes, porém, dificulta

o isolamento de organismos capazes de degradar os di-

versos grupos químicos presentes. Grande ênfase tem

sido dada ao estudo de enzimas com largo espectro de

ação, como as peroxidases e as lacases.

3 Tratamento enzimático de efluentes têxteis

A crescente utilização de enzimas nos tratamentos

de poluentes específicos, aliada aos recentes avanços

Química Têxtil - n° 85/dez.06 Tecnologia Biotecnologia

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biotecnológicos, têm possibilitado a produção de

enzimas mais baratas e facilmente disponíveis através

de melhores procedimentos de isolamento e purifica-

ção. As potenciais vantagens do tratamento enzimático,

quando comparado aos tratamentos convencionais, in-

cluem: aplicação em materiais resistentes, atuação em

concentrações altas e baixas dos contaminantes, atua-

ção num amplo espectro de pH, temperatura e salinidade,

necessidade de climatização de biomassa e o fácil pro-

cesso de controle, entre outros (Durán e Espósito, 2000).

Os tratamentos enzimáticos encontram-se em acele-

rado processo de pesquisa e desenvolvimento, sendo pro-

postos por muitos pesquisadores como uma alternativa

a alguns processos convencionais de tratamento de

efluentes. Isso se deve às vantagens que estes apresen-

tam, tais como seletividade e eficiência, assim como ao

desenvolvimento na produção de enzimas e sua dispo-

nibilidade comercial a preços mais baixos (Karam e

Nicell, 1997; Durán, 2003).

Um grande número de enzimas, provenientes de uma

variedade de vegetais e microrganismos, vem se apre-

sentando como capazes de desempenhar importantes

papéis em diferentes aplicações para tratamento geral

dos resíduos. As enzimas podem atuar em compostos

resistentes específicos para removê-los por precipitação

ou transformação em outros produtos inócuos (Durán e

Esposito, 2000). Podem também mudar as característi-

cas de um determinado rejeito para torná-lo mais recep-

tivo ao tratamento, ou auxiliar na

bioconversão dos rejeitos em produ-

tos de maior valor agregado (Karam

e Nicell, 1997).

Na remoção biológica da cor dos

efluentes, o emprego de fungos e de

suas enzimas oxidativas constitui

uma alternativa para o tratamento em

condições aeróbicas. A descoloração

pode ser conseguida por dois meca-

nismos: pela adsorção do corante no

micélio do fungo ou pela degrada-

ção oxidativa da molécula do corante (Fu e

Viraraghavam, 2001; Mohorcic et al., 2005).

As enzimas responsáveis pela degradação dos

corantes têxteis são as peroxidases e as lacases. Essas

enzimas são extracelulares e apresentam baixa

especificidade para o substrato, tornando esses organis-

mos bastante promissores para o tratamento de resíduos

de características variadas como os resíduos têxteis. As

principais enzimas envolvidas são lacases, manganês

peroxidases e lignina peroxidases.

3.1. Lacase

As lacases (EC 1.10.3.2) pertencem ao grupo das

oxidases que complexam o cobre e catalisam a oxida-

ção de uma variedade de compostos aromáticos, com

concomitante redução do oxigênio para água (Torres et

al., 2003; Palmieri et al., 2005). Em contraste com a

especificidade das enzimas, a lacase é relativamente

inespecífica. Estudos recentes descrevem a oxidação de

mono e diazo-corantes por lacases purificadas de

Pyricularia oryzae (Chivukula e Renganathan, 1995) e

Pyricularia cinnabarinus (Palmieri et al., 2005).

Chivukula e Renganathan (1995) utilizaram a

enzima lacase purificada para a degradação dos

corantes do grupo azo e verificaram que essa enzima

pode promover a destoxificação desses resíduos, pois

promove a liberação do nitrogênio da ligação azo como

nitrogênio molecular.

Química Têxtil - n° 85/dez.06Tecnologia Biotecnologia

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Nyanhongo et al. (2002) estudaram a degradação de

oito corantes das classes antraquinona, azo, índigo e

triarilmetano, por lacases extraídas de quatro fungos,

Trametes modesta, Trametes versicolor, Trametes

hirsuta, Sclerotium rolfsii. As lacases dessa linhagem

diferiram na eficiência de degradação. Isso é causado

por diferenças existentes entre as isoenzimas produzi-

das por cada linhagem, não ocorrendo tendência na de-

gradação para determinada classe, e sim influência da

estrutura para cada corante individual.

A degradação foi favorecida em pH ácido e variou com

o corante estudado, mostrando a influência do pH na esta-

bilidade das moléculas. A temperatura foi outro fator que

também influenciou, favorecendo a degradação.

Peralta-Zamora et al. (2003) utilizaram as enzimas

lacase e peroxidase imobilizadas em sílica quimicamente

modificada com grupos imidazol e fosfato de zircônio

para descoloração dos corantes RBBR (Remazol

Brilliant Blue R) e Remazol Black B, encontrando ele-

vada adsorção ao material de suporte, porém, quando

associaram o tratamento enzimático com um tratamen-

to fotoquímico prévio obtiveram descoloração acima de

90% para ambos os corantes.

3.2. Peroxidases

Os resíduos de peróxido de hidrogênio utilizados na

etapa de alvejamento em contato com pigmentos sensí-

veis à oxidação podem sofrer pequenas alterações na

tonalidade (quantidades de 15 ppm de peróxido residu-

al causam redução na cor). No processo convencional,

os resíduos de peróxido de hidrogênio são removidos

através de vários enxágües ou da adição de um redutor

inorgânico. No entanto, estes causam grande carga de

sais nos efluentes. Neste caso, pode-se utilizar as

peroxidases para reduzir o peróxido de hidrogênio. Além

disso, os produtos (efluentes) dessa reação não causam

problemas ecológicos, como a elevada carga de sais e a

quantidade de enzimas usada é muito menor que a quan-

tidade de agente redutor inorgânico.

As peroxidases possibilitam um processo de redu-

ção que oferece todas as vantagens de uma reação

enzimática.

Na reação enzimática da peroxidase com H2O

2 não

precisam ser temidas reações secundárias, porque essa

reação também decorre conforme o mecanismo do sítio

ativo. As peroxidases podem ser utilizadas após o

tingimento para a redução de corantes residuais.

A enzima peroxidase possui a capacidade de degra-

dar aminas tóxicas que são conhecidos metabólitos da

degradação de corantes azo, para radicais livres ou

quinonas, que são sujeitos à polimerização ou precipi-

tação em soluções aquosas (Dec e Bollag, 1994).

Alguns autores mostram que a destruição oxidativa de

compostos coloridos é estimulada significativamente atra-

vés da utilização de enzimas oxidativas (Bhunia et al., 2002;

Regalado et al., 2004). Enzimas como a lignina peroxidase

(LiP) e manganês peroxidase (MnP), ambas associadas à

degradação da lignina, estão envolvidas na descolora-

ção de corantes sintéticos azo, como o Orange II, entre

outros (Chivukula et al., 1995; Regalado et al., 2004).

3.2.1. Horseradish peroxidase (HRP)

A enzima Horseradish peroxidase (HRP, EC 1.11.1.7)

catalisa a oxidação de vários substratos onde se inclu-

em compostos aromáticos do tipo fenol, bifenol, anilinas,

benzidinas e compostos heteroaromáticos relacionados.

Os compostos resultantes são polimerizados por via não

enzimática, podendo vir a ser removidos por sedimen-

tação e filtração. Atuam num amplo espectro de pH e

temperatura (Nicell et al. 1993; Nicell, 1994).

O uso da HRP tem sido aplicado na polimerização de

fenólicos, despolimerização da lignina, S-oxidação de

dibenzotiofeno, polimerização do radical acrilamida e

branqueamento de corante (Durán et al., 2001). Bhunia

et al. (2002) mostraram que a HRP pode ser efetiva de-

gradando e precipitando importantes azo corantes indus-

triais, tais como Remazol. Este corante, usado industrial-

mente, contém pelo menos um grupo cromóforo em sua

estrutura, sendo assim um possível substrato da HRP.

Química Têxtil - n° 85/dez.06Tecnologia Biotecnologia

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A reação enzimática promovida por essas enzimas tem-

se mostrado rápida, segundo Bhunia et al. (2002), que

verificaram em estudos que a maior parte da degradação

do corante Remazol Blue ocorreu dentro de 3 horas. A

imobilização dessa enzima em gel acrilamida mostrou

aumentos na eficiência de degradação, sendo que 79%

do corante ácido Black foi removido com a enzima imo-

bilizada e 67% com a enzima HRP na forma livre. A

enzima imobilizada permitiu o reuso, sendo a eficiência

na segunda adição 10% menor e as adições subseqüentes

foram 26, 39 e 50% inferiores (Mohan et al., 2005).

3.2.2. Lignina peroxidase (LiP)

A lignina peroxidase (EC 1.11.1.14) é uma enzima

extracelular, que foi isolada pela primeira vez em 1983.

É uma hemeproteína de massa molecular entre 38 e 43

kDa, com ponto isoelétrico entre 3,2 e 4,7. Possui um

potencial de oxidação superior às peroxidases típicas,

como por exemplo a HRP (Durán e Espósito, 1997).

Devido a sua baixa especificidade, a lignina

peroxidase possui a capacidade de oxidar uma varieda-

de de compostos xenobióticos, dentre eles compostos

aromáticos fenólicos e não-fenólicos (Ander e Marzzulo,

1997). Recentemente, vários trabalhos relacionados com

a correção de efluentes industriais e corantes foram pu-

blicados utilizando a lignina peroxidase (LiP) em sua

forma livre e imobilizada (Peralta-Zamora et al., 1998).

A descoloração de corantes azo, trifenilmetano,

heterocíclico e polimérico por isoenzimas da lignina

peroxidase de P. chrysosporium foi estudada por Ollikka

et al. (1993); Peralta-Zamora et al. (1999). Dez diferen-

tes tipos de corantes foram testados com o caldo

enzimático bruto. Muitos desses corantes perderam 75%

de sua cor inicial; somente os corantes vermelhos de

Congo, poly R-478 e poly T-128 foram menos descolori-

dos que os outros, 54, 46 e 48%, respectivamente. A ha-

bilidade das isoenzimas em descolorir os corantes na pre-

sença do álcool veratrílico foi comparada àquela da pre-

paração do caldo enzimático bruto, sugerindo que a lignina

peroxidase tem um papel importante na descoloração. Na

ausência de álcool veratrílico, a atividade de descolora-

ção das isoenzimas foi reduzida, sugerindo que o álcool

veratrílico atua como mediador na reação catalítica.

3.2.3. Manganês peroxidase (MnP)

A manganês peroxidase (EC 1.11.1.13), também uma

peroxidase extracelular, foi identificada pela primeira vez

em culturas do fungo da podridão branca Phanero-chaete

chrysosporium. Segundo Durán e Espósito (2000), a MnP

catalisa a oxidação de vários fenóis monoaromáticos e

corantes aromáticos, mas a sua atividade catalítica de-

pende do peróxido de hidrogênio, Mn (II) e da composi-

ção da solução tampão. O fato de o processo requerer

altas concentrações de Mn (II) tornam a sua aplicação

mais difícil (Aitken et al., 1994; Karam e Nicell, 1997).

Na forma livre, a MnP age sobre fenóis e corantes

(Aitken et al., 1994; Durán e Esposito, 2000).

A enzima peroxidase do Momordica charantia mos-

trou ser eficaz na descoloração de importantes corantes

sintéticos. Quando tratados com o caldo purificado que

continha a enzima MnP e na presença de mediador

(HOBT), a descoloração foi maior que 80%. O uso de

peroxidases pode ser estendido ao tratamento em larga

escala de um amplo espectro de estrutura dos corantes,

usando a enzima imobilizada e mediadores-redox mais

baratos (Akhtar et al., 2005).

4. Toxicidade dos efluentes têxteis

Muitas substâncias são produzidas e introduzidas nos

ecossistemas aquáticos, podendo atuar na disponibilidade

de oxigênio dissolvido, desequilibrar a comunidade aeróbia

ou agir diretamente pela toxicidade desses compostos.

As fontes de toxicidade aquática dos efluentes têxteis

podem ser difíceis de serem identificadas devido à falta

de informações referentes à exata composição ou da

toxicidade de muitos corantes e auxiliares químicos co-

nhecidos como contribuintes para a toxicidade aquática

dos efluentes têxteis. Dentre alguns agentes pode-se ci-

tar: sais, tensoativos, metais, substâncias orgânicas tóxi-

Química Têxtil - n° 85/dez.06 Tecnologia Biotecnologia

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cas, biocidas e ânions tóxicos (Abrahão e Silva, 2002).

Não somente os corantes, mas muitos produtos au-

xiliares podem ser responsáveis por efeitos tóxicos. O

conteúdo de metais pesados em corantes tem mereci-

do muitos estudos, contudo, a prática de evitar o seu

uso já começou a tornar-se disseminada com a substi-

tuição de tais produtos.

Os efeitos dos azo corantes no organismo humano

estão sendo estudados há muito tempo. De todas as clas-

ses de compostos orgânicos, essa substância foi a mais

pesquisada (Brown e Devito, 1993). Muitos desses

corantes não apresentam caráter tóxico, mas sua

biotransformação é responsável pela formação de com-

postos com potencialidade carcinogênica e mutagênica

(Gonçalves et al., 1999; Vandevivere et al., 1998).

A toxicidade do efluente têxtil pode ocasionar a re-

dução de aproximadamente 50% no crescimento

microbiano dos lodos ativados, reduzindo conseqüente-

mente a degradação dos demais compostos presentes

(Ledakowicz e Gonera, 1998). Apesar de os corantes

não apresentarem toxicidade aguda elevada, a associação

desses compostos aos agentes redutores e fixadores du-

rante o processo de tingimento faz com que o efluente

bruto apresente toxicidade significativa frente aos orga-

nismos teste. Portanto, estudos de toxicidade devem ser

desenvolvidos, visando determinar as melhores condições

do processo que minimizem a toxicidade do efluente.

5. Conclusões

Em muitos processos as enzimas podem substituir

substâncias químicas sintéticas com vantagens levando

ao aumento da eficiência e redução de custos, ou gerar

benefícios para o meio ambiente, por meio da

biodegradabilidade e pelo menor consumo de água e

energia. Elas são mais específicas em sua ação do que

as substâncias químicas e sintéticas.

As enzimas oxidativas representam um importante

papel nos processos da indústria têxtil e na descontami-

nação dos efluentes gerados. Vários temas relevantes

devem ser considerados, visando identificar e classifi-

car a reação e os subprodutos formados no tratamento

enzimático, determinando-se as melhores condições de

atuação das enzimas, isoladas ou associadas em grupos.

A redução do custo na produção industrial das

enzimas é um fator determinante para a disseminação

de seu uso nos processos têxteis.

6. Bibliografia

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1. Introdução

Com o contínuo e crescente aumento do consumomundial de fibra sintética, publicamente conhecido, tor-na-se cada vez mais importante um acabamento comtermofixação. Por outro lado, tecidos de fibra natural,como algodão, tenderão a ter um preço de mercado maisalto; por esse motivo serão artigos mais valorizados ese exigirá cada vez mais qualidade em sua produção.Partindo-se do princípio de que o mercado se torna cadavez mais competitivo, é necessário a busca por um dife-rencial; nesse ponto há sempre a decisão por custo oupor qualidade.

Este trabalho tem como objetivo uma mostra dos maisvariados tipos de acabamento em ramas tensoras e se-cadores utilizando-se os mais diferentes artigos têxteis.

Novos processos de acabamento surgem a cada diapor inúmeros motivos, como novas exigências do merca-do através dos formadores da moda, lançamentos de no-vos produtos químicos, novos estudos para economia detempo e insumos etc., e com o desenvolvimento de umnovo processo de acabamento surgem as adaptações eminstalações existentes ou a possibilidade de atualizar asmáquinas de produção já preparadas para tal exigência.

Nos acabamentos de malha existem os processos emtubular ou em aberto. No acabamento de malha em abertohá a possibilidade de se abrir a malha no início ou nofinal do processo, passar na rama termofixadora uma ouduas vezes, ou passar em um secador relaxador comrama na entrada; rama com nenhum, um ou doisFoulards; abridor de malha também com nenhum, umou dois Foulards; diversas possibilidades exigem um es-tudo mais detalhado do que se necessita fazer e o quepode ser deixado. No acabamento de tecidos planos, osprocessos podem ser mais para acabamentos especiais,recobrimentos e outros.

A configuração ideal de cada rama depende do tipode processo que se pretende realizar, da produção dese-jada, da fibra usada e do nível de automação desejado.O posicionamento (layout) das máquinas deve ser ana-lisado de tal maneira a facilitar a movimentação dosmateriais, sempre pensando no fluxo dos materiais.

2. Tecido de malha

2.1 Acabamento com nenhum foulardna entrada da rama

Nesse processo, o tecido de malha pode ser tinto em tu-bular ou aberto, porém, antes de entrar na rama o tecidodeve passar por uma hidroextratora com dois foulards; oprimeiro com água para uma igualização da umidade datela e o segundo, trabalhando em um processo úmido so-bre úmido, aplicando produto de acabamento (amaciante).

A grande vantagem nesse sistema é que o foulardpode trabalhar com uma velocidade acima da velocida-de da rama e possivelmente apenas um par de foulardalimentar duas ramas, sem a necessidade de ter um parde foulard para cada rama. Porém, a desvantagem nessesistema é a necessidade de se ter um fluxograma de talmodo a deixar o tecido em espera o menor tempo possí-vel para entrar na rama, para evitar diferenças de pick-up em diferentes partes do tecido ao se entrar na rama.

Necessita um menor investimento inicial e resulta emum trabalho mais complexo (ou variação na qualidadedo produto acabado). É sugerido ser aplicado em indús-trias com produção verticalizada, com ótimo controlesobre o fluxo de produção e que possua várias ramas.

2.2 Acabamento com um foulard na entrada da rama

No processo anterior, de hidroextração, deve ter umfoulard com água fazendo um serviço de igualização dopick-up do tecido, que é depositado molhado em um

Tecnologia Acabamento Química Têxtiln° 85/dez.06

Acabamento em rama tensora e secadores

Eng°. Joni Dutra Neves ([email protected])Texima S.A. Indústria de Máquinas

Revisão técnica: Alessandro De Marchi

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carro de transporte e dessa forma entra na rama. Nofoulard da rama o tecido recebe o produto de acaba-mento (amaciante).

A desvantagem desse sistema é a necessidade de seter um fluxograma de tal modo a evitar demoras entre umprocesso e o próximo, pois o tecido deve permanecer omenor tempo possível em espera para não haver diferen-ça de umidade ao entrar na rama. Necessita de um inves-timento inicial médio em comparação aos exemplos an-terior e seguinte e resulta em um trabalho mais complexo(variação na qualidade do produto acabado). É sugeridoser aplicado em indústrias com produção verticalizadae com bom controle sobre o fluxo de produção e quepossua várias ramas.

2.3 Acabamento em ramas com dois foulards

Nesse sistema, o tecido, após tinto, pode ser abertoem uma abridora de tecidos tubulares; não passa em ne-nhum foulard e vai para a rama. Na entrada da rama sãofeitas a hidroextração (igualização do pick-up) e a aplica-ção dos produtos de acabamento. O principal diferencialdesse processo é a facilidade de trabalho, por isso é indi-cado para qualquer indústria. Em plantas com várias ra-mas resulta em um investimento mais alto pois cada ramanecessita de um par de foulards na entrada, porém, fle-xibiliza a produção para mudanças de último momento.

2.4 Acabamento em ramascom secadores relaxadores

Para tecidos mistos, com fibras sintéticas e naturais,uma opção para um acabamento com reduzido encolhi-mento residual é o acabamento em um secador relaxadore rama tensora, podendo ser contínuo ou não. Nessesistema o tecido, após receber os produtos de acaba-mento, entra no secador de esteira por uma rameta, secarelaxando e na seqüência entra em uma rama paratermofixação, já seco e parcialmente quente, usando es-tas estufas somente para termofixação.

3. Tecido plano

3.1 Acabamento de tecido liso com fibra natural

Para tecido plano, normalmente entrando seco, é ne-cessário somente o uso de um foulard para aplicaçãodos produtos de acabamento; a rama realiza o trabalhode acerto da largura e seca o tecido. O tempo de perma-nência na estufa é calculado somente para secagem dotecido e a velocidade de trabalho pode ser otimizada

com um medidor de umidade residual do tecido na saí-da da estufa.

3.2 Acabamento de tecido de felpa

Em acabamento de tecido de felpa normalmente seutiliza um levantador de felpas na entrada da rama paraum melhoramento das propriedades físicas. Dependendoda qualidade requerida não é sugerida uma pré-secagemem cilindros secadores para se evitar o amassamento dasfelpas. Usando fibras naturais, o tempo de permanênciana estufa é calculado somente para secagem do tecido,sendo muito importante uma ventilação forte para a se-cagem em si e também um efeito de relaxamento.

3.3 Acabamento de tecido lisocom fibras sintéticas e/ou mistas

Em tecidos com fibras sintéticas há a necessidade determofixação. A temperatura de termofixação não deveser superior à temperatura máxima de trabalho da fibrae para fibras texturizadas ou craqueladas, não deve sersuperior à temperatura de fixação usada nesses proces-sos (normalmente de 170 a 190°C) ou as fibras come-çam a perder o efeito da texturização. O tempo determofixação depende do título da fibra, do fio e dagramatura do tecido.

Para se aumentar a eficiência de secagem pode-se uti-lizar pré-secadores após a impregnação, como secadorde cilindros ou infra-vermelhos, ou pode-se também re-duzir o pick-up do material com o uso de vácuo extratores.

3.4 Acabamento com sobre-tingimento

Processo similar ao Thermosol, o tecido é impregna-do com o banho de corante, pré-secado em secadoresinfra-vermelho, e feita a fixação na estufa da rama. Atu-almente mais usado para cores claras e médias, evita-seo escuro devido ao baixo tempo de permanência na es-tufa, resultando em baixa solidez.

3.5 Acabamento com estampagem ou aplicaçãoem produtos com espatulagem

Usado para acabamentos especiais, usa-se umcabeçote com cilindro ou régua de espatulagem paraaplicação por igual do produto sobre o tecido, que entrana estufa e permanece um tempo para cura do produto.A temperatura da estufa e o tempo de permanência de-pendem do produto aplicado e o processo pode sero mais variado possível.

Tecnologia AcabamentoQuímica Têxtil - n° 85/dez.06

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1. Introdução

Com o surgimento no mercado das novas fibras

Lyocell, tivemos a manifestação de uma necessidade

imperativa da caracterização de propriedades e parâ-

metros do tipo estrutural e termodinâmico que, no caso

do setor têxtil, estava um tanto esquecida. Um dos

parâmetros estruturais que foi necessário determinar, foi

o do volume livre V (l/kg).

Neste trabalho, aproveitando a determinação de V nas

fibras Lyocell, queremos manifestar a grande importân-

cia que o citado parâmetro tem em diversas etapas do

processo têxtil, desde a preparação e a lavagem até o

acabamento.

2. Volume livre nos materiais têxteis

Para o estudo do equilíbrio em tratamentos e proces-

sos isotérmicos de fibras têxteis, V pretende desempe-

nhar um papel de indicador da capacidade de absorção

de qualquer substância em uma estrutura polimérica. Na

verdade, V não é mais do que um espaço disponível,

devido à reordenação, a temperatura de ensaio da estru-

tura fina das cadeias macromoleculares constituintes do

polímero, no qual podem alojar-se algumas substânci-

as, segundo seu caráter iônico e tamanho molecular.

Diversos fatores devem ser considerados para sua

determinação, sobretudo no caso de que os polímeros

apresentem um certo grau de hidrofilidade, já que alte-

ram a carga elétrica interna da fibra. Se a estrutura quí-

mica que vai entrar no espaço disponível for uma estru-

tura carregada ou com polaridade elétrica, a existência

de forças de atração e/ou repulsão com a fibra carrega-

da modificará, com toda certeza, o comportamento es-

perado por tamanho ou por disponibilidade da fibra. Além

disso, no meio existem íons provenientes do eletrólito

forte que costuma incorporar-se ao mesmo para regular a

entrada do corante na estrutura fibrosa.

Em geral, a primeira aproximação para racionalizar

a situação na absorção de corantes ou qualquer substân-

cia, no caso de fibras celulósicas, se deve a Hanson,

Neale e Stringfellow, em 1935, que consideravam, no

equilíbrio, a existência de três fases:

- Fase aquosa externa;

- Fase aquosa interna (interfase);

- Fase de absorção da fibra.

A partir dessa separação, quando se trata de um

corante, este se encontrará basicamente distribuído en-

tre a fase aquosa interna e a fase fibra, de acordo com

uma isoterma do tipo:

Onde Cf e C

i são as concentrações do corante na fibra e na

interfase, respectivamente, µ é o potencial químico, R é a

constante universal dos gases e T, a temperatura absoluta.

Independentemente do modelo matemático, podemos

estabelecer em geral a distribuição de moléculas e subs-

tâncias entre essas três fases, já que são muitos os pro-

Tecnologia Fibras Química Têxtiln° 85/dez.06

Interpretação das isotermas de absorção de corantesdiretos em fibras celulósicas

Estimativa do volume livre das fibras Lyocell

J. Valldeperas, L. Lis e J. A. Navarro - Universidade Politécnica da Catalunha – EspanhaTradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT

Revisão técnica: Alessandro De Marchi

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cessos têxteis aos quais podem ser aplicados como mo-

delo fenomenológico.

No caso das fibras celulósicas, por exemplo, exis-

tem várias possibilidades para estabelecer o comporta-

mento de absorção isotérmico de corantes, todas elas

em função do volume interno (volume livre).

Aplicando as condições de equilíbrio na interfase,

entre espécies carregadas (eletro neutralidade na

interfase), segundo Donan, se obtém uma das três equa-

ções seguintes que representam as isotermas 1 de Nerst,

Langmuir e Freundlich.

Langmuir

Nerst

Freundlich

Onde:

- V = volume interno da fibra (l/kg);

- Z = nº de cargas elétricas do íon corante;

- Naf = concentração de íons sódio na fibra (mol/l);

- Nas = concentração de íons sódio na solução (mol/l);

- Df = concentração de corante na fibra (mol/kg);

- Ds = concentração de corante na solução (mol/l);

- X = coeficiente característico do sistema corante/fi-

bra;

- Dsat

= concentração de saturação do corante sobre o

substrato (mol/kg).

Com esses parâmetros, uma vez linearizadas as equa-

ções, podemos conhecer qual delas define com maior

exatidão o comportamento experimental obtido.

3. Isotermas em fibras Lyocell e sua modelização

Em alguns trabalhos prévios realizados no

INTEXTER2, os autores apresentaram os resultados

obtidos a partir de um procedimento experimental pa-

drão em escala de Laboratório. Os resultados obtidos,

que podem ser apreciados na figura 1, mostram que a

isoterma que melhor se ajusta ao comportamento expe-

rimental é a de Freundlich.

Aplicando a equação de Freundlich, podemos obter,

para o volume interno V, o valor de 0.51 l/kg para as

fibras Lyocell. A comparação com alguns dos valores

de volume livre publicados anteriormente, permite es-

clarecer alguns dos aspectos que diferenciam o com-

portamento dessas fibras com relação a outras4 do tipo

celulósica.

Com o valor de K obtido, segundo a expressão de

Freundlich, podemos calcular a variação do potencial

químico (∆µο), que, combinado com as temperaturas

ensaiadas, permite o cálculo das variações de entalpia e

entropia padrão às duas concentrações de eletrólito en-

saiadas (5 e 10 g/l de NaCl). Os valores de entalpia ob-

tidos foram -14969 cal/mol e -8795 cal/mol, para 5 e 10

g/l de NaCl, respectivamente, e os valores de entropia,

-27.3 cal/molK e -8.8 cal/molK.

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Conhecidos os parâmetros que regem o comporta-

mento isotérmico segundo o modelo de Freundlich e

parâmetro estrutural V, poderia ser estabelecida sua

modelização matemática já que, para qualquer altera-

ção de concentração de eletrólito nesse sistema de fibra

corante, os efeitos correspondentes se traduzirão em al-

terações na K e tudo isso levará a alterações na isoterma.

As alterações que o volume livre sofre em função da

variação das condições de trabalho podem ser apreciadas

na figura 2. Como se pode verificar, existem alterações no

volume livre, não somente com a concentração de eletrólitos

presente, mas também com a temperatura. Isso é lógico se

pensarmos que o volume livre é um volume “provocado”

pelas macromoléculas que constituem a fibra e estas apre-

sentam mobilidades diferentes ao variar a temperatura.

A modelização do comportamento isotérmico, con-

siderando todos os aspectos comentados, leva aos re-

sultados que podem ser apreciados na figura 3. Como

podemos ver, a correlação entre os resultados experi-

mentais e os simulados a partir dos dados termodinâ-

micos obtidos é alta.

4. Significado do volume interno em polímeros

e fibras

Os efeitos detectados nas fibras têxteis deveriam ser,

por sua natureza polimérica, comuns a outros polímeros.

A comparação com os mesmos poderia enriquecer a vi-

são têxtil do sistema fibra corante em escalas “nano”, o

que abriria perspectivas futuras para possíveis aplicações.

De fato, algumas das resinas epoxy utilizadas em in-

dústria aeronáutica foram estudadas desde o ponto de

vista do volume livre. Os estudos realizados com

“positron anihilaton spectroscopy” relacionam o volu-

me livre com o peso molecular das cadeias poliméricas,

sua ordenação e o nível de reticulação. A relação entre o

volume livre e a permeabilidade que oferecem tais resi-

nas fica demonstrada mediante modelos matemáticos

semi-empíricos do tipo bi-paramétrico.

Na mesma linha de trabalho se encontram os estudos

realizados na Universidade de Lund (Suécia)5,6 com o

objetivo de definir o papel que desempenha o volume

livre dos polímeros em sua condutividade, proprieda-

des de barreira, comportamento viscoelástico, resistên-

cia mecânica e outras propriedades visíveis macros-

copicamente.

Em outros casos, a relação entre o volume livre e as

propriedades dos polímeros se realiza mediante a varia-

ção da temperatura de transição vítrea (Tg). Isso não é

estranho, já que a teoria de Williams-Landau-Ferry

(WLF) em relação à dependência da viscosidade dos

polímeros fundidos é realmente o desenvolvimento da

teoria cinética baseada no volume livre e a teoria da ve-

locidade de Eyring. A probabilidade de movimento das

moléculas por unidade de tempo se associa a um com-

portamento tipo Arrhenius que envolve o volume livre

disponível na energia de ativação.

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Por último, a permeabilidade dos gases em diferen-

tes tipos de poliésteres se explica a partir dos valores do

volume livre, por parte de alguns autores7, mediante uma

equação linear do volume livre com a composição dos

polímeros, da seguinte forma:

5

Onde P, é a permeabilidade, Vf é o volume livre e k

1 e k

2

são constantes experimentais que dependem do tipo de

polímero e das interações intermoleculares que existem

entre as macromoléculas do mesmo.

De tudo isso se deduz que várias propriedades

macroscópicas, evidentes nos polímeros, podem ser

explicadas em nível microestrutural a partir das carac-

terísticas do volume livre.

5. Incidência do volume livre no tratamento

de materiais têxteis

Se levarmos em consideração os exemplos especifi-

cados no parágrafo anterior, deveremos tentar estabele-

cer algum tipo de relação entre o volume livre das fibras

têxteis e sua influência em alguns processos do tipo têx-

til. Vejamos alguns exemplos:

- Descrude enzimático - geralmente, costuma ser reali-

zado um descrude enzimático, com complexos enzimá-

ticos tipo amilasas e/ou amilopectinasas.

As enzimas, não solúveis em água, se encontram

encapsuladas em sistemas constituídos por íons alcali-

no-terrosos (ativadores) e tensoativos, que permitem sua

estabilidade no meio aquoso.

Essas “nanomáquinas”, denominação que um autor

sugeriu8, devem ser absorvidas na superfície do têxtil,

já que por seu tamanho não podem chegar a penetrar

até regiões suficientemente internas, o que pode ser

feito por alguns dos componentes das formulações nas

quais se encontram. Isso pode modificar o volume li-

vre disponível, o que permitiria o seqüestro parcial de

algumas das dextrinas, produto da hidrólise enzimática

dos amidos.

Se isso acontecesse, provocaria uma inibição por pro-

duto que modificaria o rendimento da enzima. A pre-

sença de tensoativos que alteram a tensão interfacial e

que modificam a tensão interfacial dinâmica, junto com

a agitação do banho, diminui tal efeito, mas:

- Alguma vez foi estudado o fenômeno deste ponto de

vista?

- Existe a consciência de que se trabalha em níveis micro

e nano?

- Lavagem - no caso dos tensoativos que são utilizados

nos processos de lavagem, a absorção de água e sua in-

trodução no volume livre das fibras, assim como dos

íons dissolvidos na mesma, influem notavelmente na

carga e características da capa interfacial.

É costume se considerar que o mecanismo que tem

lugar na absorção dos tensoativos segue duas etapas:

absorção monomolecular do tipo Langmuir e uma pos-

terior absorção multicapa seguindo um modelo

Brunauer-Emmett-Teller (BET)9.

A orientação das monocapas em polímeros que ad-

quirem polaridade com a absorção de água é devida à

atração entre a carga exterior e o grupo polar do

tensoativo, pelo que alterações no volume livre (por tem-

peratura ou por absorção de íons do banho) pode

provocar alterações na estrutura de tal monocapa.

A capa seguinte, cuja ordenação vem marcada pela

da primeira, interage com a primeira por forças de Van

der Waals entre as cadeias não-polares do tensoativo,

pelo que também pode se ver afetada pelo mesmo fator.

Em geral, as condições de lavagem recomendadas,

tanto em nível de temperaturas como das próprias for-

mulações dos tensoativos utilizados no processo têxtil,

não foram definidas e nem levadas em consideração de

acordo com esses fatores, mas sim por uma via notavel-

mente empírica.

- Tingimento - se o volume livre das fibras têxteis foi

estudado a partir das isotermas de absorção no equilí-

brio, alguma transcendência deveria ter no comporta-

mento tintorial das mesmas.

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Na realidade, é nessa etapa que o efeito do volume

livre pode ser considerado mais importante, já que o es-

paço disponível entre as cadeias macromoleculares é pre-

cisamente o que devem ocupar as moléculas de corante,

em forma de unidades isoladas ou formando agregados.

Os autores puseram em evidência em algumas publi-

cações10,11 a importância da difusão no processo tintorial

e, em concreto, não somente o alojamento do corante

mas a existência de gradientes de concentração que pro-

movem a uniformidade e homogeneidade do processo.

Na equação (6) é mostrada a dependência dos coefi-

cientes de difusão nos polímeros para volumes específi-

cos de moléculas em função da temperatura e do volu-

me livre do polímero12.

As alterações de temperatura que acontecem nos pro-

cessos de tingimento tendem tanto a dotar energeti-

camente as espécies móveis (corante), como a aumen-

tar a mobilidade das cadeias macromoleculares que cons-

tituem as paredes do volume livre. Tais alterações mo-

dificarão as dimensões dos “ocos” disponíveis e incidirão

na probabilidade de vencer a “barreira energética” que

gera os limites do volume livre, seguindo uma equa-

ção13 do tipo:

Onde:

- ∆Eact

é a barreira energética associada ao volume livre

- k é a constante de Boltzman

- P é a probabilidade por unidade de tempo.

6. Conclusões

Ninguém duvida da existência de volumes internos,

ou volumes livres, não somente em polímeros têxteis, na-

turais ou sintéticos, mas nos materiais poliméricos em

geral. Foram muitos os investigadores que determinaram

e quantificaram tais volumes em substratos têxteis e em

polímeros tridimensionais para compreender melhor as

propriedades macroscópicas de tais materiais, gerando

teorias e hipóteses sobre mecanismos muito diferentes.

No campo têxtil, nestes últimos tempos de “nanotec-

nologia” e “microencapsulados” podemos afirmar que,

sem considerar de uma forma explícita, estamos utili-

zando tais fenômenos e tecnologias de uma forma

empírica, desde sempre. Isso demonstra a imperiosa ne-

cessidade de estudar e conhecer com precisão tais fenô-

menos para dominá-los e conduzir os processos “cons-

cientemente”, já que os volumes internos ou livres dos

substratos têxteis não somente incidem na absorção de

corante no tingimento ou estamparia, mas em qualquer

outra etapa dos processos químico têxteis, nos que de-

vam existir interações superficiais entre as fibras e ou-

tras substâncias, sejam tensoativos, enzimas ou produ-

tos de acabamento.

D1 é o coeficiente de difusão das espécies que penetram.

D0 é uma constante experimental.

E é a energia efetiva por mol que uma molécula neces-

sita para vencer as forças atrativas na superfície do

polímero.

R é a constante universal dos gases.

T é a temperatura absoluta.

ξ “parâmetro de tamanho”.

V1, V

2 são os volumes específicos de penetrante e

polímero respectivamente.

FFH

é a média de volume livre por unidade de massa.

γ valor médio de solapamento na mistura.

ω2 fração em peso de polímero.

Essa dependência pode ser entendida se considerarmos

que o processo de tingimento é produto de duas etapas con-

secutivas: absorção e posterior difusão. O corante, geral-

mente em forma de agregados moleculares no banho,

encapsulado e formando micelas mistas com os tensoativos

presentes, deve difundir em forma de molécula simples e,

por isso, o número de moléculas que podem chegar até o

volume livre, dependerá do tamanho deste.

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No Congresso da FLAQT, em Montevidéu (1998),

os autores expuseram as vantagens de conhecer a fundo

a fenomenologia físico-química dos processos têxteis,

para conseguir que em um produto têxtil:

2 + 2 sejam 4

ou, em outras palavras, ter o controle real dos processos

para obter o produto desejado, com as propriedades cor-

retas e os custos otimizados.

Não devemos esquecer que um completo conheci-

mento das “nanomáquinas” que estamos utilizando de-

verá reportar não somente à otimização dos processos

atuais (entendendo por otimização a proximidade má-

xima ao que foi teoricamente estabelecido, como hoje

se requer), mas à criação e estabelecimento de novos

processos e consecução de propriedades não possíveis

ainda hoje em dia, por deslocamento e melhora dos pró-

prios limites teóricos.

Bem-vinda seja a “nanotecnologia”, usada desde lon-

go tempo, mas desconhecida ainda no setor químico têx-

til, pois terminará de completar o ciclo de transforma-

ção de “arte e artesanato” à “ciência e tecnologia” de

um setor industrial que parece estar em crise permanen-

te, quando realmente gera novos conhecimentos (pri-

meiro computador mecânico, a máquina Jacquard, de-

senvolvimento da química orgânica com os corantes sin-

téticos, microencapsulamento com tensoativos/corantes

etc.) e aplica em seus processos todas aquelas novida-

des científicas e técnicas, mecânicas, materiais, quími-

ca, eletrônicas etc. que foram aparecendo desde princí-

pios do século passado.

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QUÍMICA TÊXTIL30 ANOS

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Revista

Tecnologia Fibras Química Têxtil - n° 85/dez.06

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O poliéster, conhecido devido suas propriedades fí-

sico-químicas, o torna atraente para diversas aplica-

ções. O poliéster em forma de fibras é largamente em-

pregado na indústria têxtil para confecção de tecidos,

que se estende desde vestuários, tecidos técnicos, deco-

ração até a indústria automobilística1,3,6.

As características finais de um produto estão asso-

ciadas aos processos que o material é submetido e, den-

tre estes, destaca-se a termofixação, envolvendo

parâmetros fundamentais como temperatura e tempo.

Assim, o objetivo deste trabalho é mostrar a influência

desses parâmetros na termofixação de poliéster2,4,5.

Selecionou-se temperaturas e tempo de interesse in-

dustrial em termofixação, estando estes respectivamen-

te nos intervalos de 25 a 190°C e de 30 a 60 segundos.

Amostras de tecido foram submetidas em diversas

combinações, nos intervalos mencionados de tempe-

ratura e tempo, e posteriormente lavadas pelos pro-

cessos habituais (sabão neutro, 25 minutos e tempera-

turas de 25, 60, 80 e 96°C) e após secagem foram fei-

tos testes de tração. Os resultados mostram que trata-

mento acima de 170°C promove excelente estabilida-

de dimensional no tecido; não se observa diferença

nas propriedades mecânicas dos tecidos para os tem-

pos de tratamento de 30 e 60 segundos e de acordo

com as medidas de tração ocorre diminuição do com-

ponente elástico do tecido, sugerindo que esteja ocor-

rendo reticulação nas fibras de poliéster.

1. Introdução

Desde o aprimoramento da descoberta básica de

Carothers por Whinfiels e Dickson em 1941, a histó-

ria do poliéster como matéria-prima têxtil tem passa-

do, década a década, por fases até certo ponto bem

definidas. Os anos 40 são do descobrimento e incre-

mento tecnológicos; os anos 50 são marcados pelo

início da produção e comercialização na Europa e nos

Estados Unidos.

Nos anos 60, a grande rentabilidade impulsionava

novos investimentos, mas foram nos anos 70, com as

patentes iniciais expiradas, que aconteceu a grande ex-

pansão pelo mundo. Nos anos 80, mais de 60% da pro-

dução mundial, encabeçada pelo Sudeste Asiático, Chi-

na e a antiga União Soviética. Na incapacidade de com-

petir em volume, países como Estados Unidos e Japão

passaram a investir em pesquisa e desenvolvimento de

novas aplicações. Novas tecnologias de produção,

como as fiações compactas; a possibilidade de utiliza-

ção de matéria-prima reciclada, como a proveniente

de embalagens de refrigerantes; e o desenvolvimento

recente de aplicações especiais, como as fibras tintas

em massa para a indústria automobilística; têm dado

novo fôlego para a fibra poliéster continuar a repre-

sentar praticamente metade da produção total de fibras

sintéticas, e a segunda fibra mais produzida no mun-

do, ficando atrás apenas do algodão. ODIAN (1991),

BILLMAYER (1984)

Tecnologia Acabamento Química Têxtiln° 85/dez.06

Estudo dos parâmetros tempo e temperaturana termofixação em tecidos de poliéster

João Batista Giordano - Departamento Têxtil, Faculdade de Tecnologia de Americana - [email protected]ão Sinézio de C. Campos - Departamento de Tecnologia de Polímeros, Faculdade de Engenharia Química,UNICAMP.

Revisão técnica: Felipe G. de Menezes

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A fibra poliéster é obtida através do processo de fia-

ção por fusão (melt spinning) do polímero poliéster. Esse

polímero, em grande parte da produção mundial de fi-

bras poliéster, é o poli(tereftalato de etileno) (PET),

obtido pela polimerização por condensação do ácido

tereftálico (ou tereftalato de dimetila) com o glicol

etilênico, conforme reação abaixo:

dual. Um segundo estágio, chamado

estiragem, é necessário para se obter a fi-

bra poliéster adequada às aplicações têxteis.

Na estiragem é que os fenômenos da orien-

tação molecular, da cristalização e da rela-

xação das tensões internas acontecem, dan-

do a forma final da estrutura física da fibra.

O PET é um poliéster linear aromático,

tendo grupos de ácido tereftálico, rígidos, e de glicol

etilênico, flexíveis. No estado isotrópico, não deforma-

do, os anéis fenileno estão situados no mesmo plano

que os grupos carboxila adjacentes. Essa coplanaridade

confere estabilidade à estrutura. As distâncias entre os

átomos de moléculas vizinhas são distâncias normais

de contato, do tipo Van der Waals. Portanto, não exis-

tem evidências estruturais que possam sugerir

qualquer tipo de forças anormalmente fortes

entre as moléculas. SAITO 1983.

2. Propriedades

As propriedades das fibras de poliéster são

afetadas pela estrutura das fibras. O peso

molecular médio de aproximadamente 15000 para o PET

é requerido para obter melhores propriedades das fibras

têxteis. Peso molecular menor fornece fibras de baixa

resistência de empacotamento; peso molecular maior for-

nece fibras mais duras para aplicação industrial.

As fibras de poliéster podem ser compostas de re-

gião cristalina, semicristalina e amorfa. A densidade do

PET amorfo é 1,33 g/cm³, mas a orientação e o aumento

da cristalinidade faz com que a densidade varie entre

1,38 - 1,40 g/cm³.

- Propriedades físicas: as propriedades físicas das fibras

de poliéster variam com o método de manufatura e com

o peso molecular do polímero. Um aumento no peso

molecular causa aumento na resistência à tração e

elongação e no módulo de Young.

Propriedades físicas e mecânicas das fibras de PET são

dadas na tabela 1. ARAUJO (1986), MENACHEN (1983).

Não se parte diretamente do ácido tereftálico, pois

sua insolubilidade resulta em uma difícil esterificação

com glicol. Obtém-se primeiramente o dimetiléster

tereftálico e logo se efetua a transesterificação com ex-

cesso de glicol, a 190-200ºC, em presença de óxido de

chumbo como catalisador; separa-se o metanol por des-

tilação e se forma o poliéster aquecido em vácuo a 280ºC

durante três a cinco horas.

Na fiação por fusão, o polímero, na forma de peque-

nos grãos (chips), é fundido e extrudado através de fieiras

e então resfriado. Como resultado dessa fase do proces-

so, dependendo das condições impostas, os filamentos

de poliéster obtidos se apresentam amorfos, com baixa

orientação molecular, baixa estabilidade dimensional aci-

ma da temperatura de transição vítrea (Tg ~ 70 ºC), bai-

xo módulo, baixa tenacidade e alto alongamento resi-

Tecnologia AcabamentoQuímica Têxtil - n° 84/set.06

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- Propriedades químicas: poliéster tem boa resistência a

ácidos fracos, até mesmo a altas temperaturas, e é resis-

tente a ácidos fortes à temperatura ambiente, mas se dis-

solve com decomposição parcial na presença de ácido

sulfúrico concentrado. Podem-se deixar fibras de PET

por várias semanas na água a 70ºC que elas não perdem

a resistência, já deixando por uma semana a 100ºC sua

resistência sofre uma diminuição de 20%. Bases fortes,

como a soda cáustica, reduzem a resistência. Amônia e

bases orgânicas penetram na estrutura das fibras cau-

sando degradação e perdas das propriedades físicas. Têm

excelente resistência a oxidantes.

- Propriedades ópticas: o PET é transparente, provido de

brilho, efeito brilhante desejável para alguns fins, como

vestuário. Quando esse efeito não é requerido, adicionam-

se substâncias. Dióxido de titânio reduz o brilho, melho-

rando a brancura. Pigmentos ou tintas são adicionados

durante a manufatura do polímero ou a extrusão.

-Propriedades térmicas: as propriedades térmicas das

fibras de poliéster dependem de sua manufatura. A tem-

peratura de transição vítrea (Tg),

a temperatura de cristalização e a

temperatura de fusão dependem

das quantidades de material

amorfo e cristalino.

-Tingimento: devido à estrutura

rígida e falta de sítios reativos, o

PET absorve muito pouco os

corantes em sistemas de tingi-

mento convencional. Isso é parti-

cularmente verdadeiro para fibras

com alta cristalinidade, alta tena-

cidade e alto módulo. Fibras de

poliéster são, por essa razão, tin-

gidas quase exclusivamente com

corantes dispersos, com procedi-

mento completamente controlado

e disperso com apenas hidrogênio

fraco ligando a molécula do

corante à fibra.

A escolha do corante correto para tingimento da fi-

bra de poliéster depende de sua afinidade com o PET,

de suas propriedades semelhantes, de sua firmeza, lava-

gem a seco e de sua sublimação; assim como o tamanho

da molécula do corante e a taxa de difusão do corante

para a fibra. A taxa de tingimento depende da tempera-

tura, tempo e "histórico" térmico da fibra.

Fibras são modificadas para aumentar a eficiência

do tingimento ou as propriedades. Modificações com

comonomes aumenta a taxa de tingimento com disper-

são do corante à pressão atmosférica. Tais fibras são

utilizadas em tapetes. Fibras de poliéster contendo sulfo-

natos podem ser tingidas com dispersão e tingimento

catiônico para efeitos multicoloridos. Essas fibras mo-

dificadas apresentam baixa tendência de empacota-

mento. Adições de grupos catiônicos aos poliésteres

podem causar degradação oxidativa e descoloração.

MARINEZ (1976).

- Outras propriedades: fibras de poliéster apresentam

boa resistência à luz solar. Elas podem se degradar pela

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Page 33: ESVAZIAMENTO NOS CONGRESSOS - Abqct · que, aqui, é recoberta por outro componente protéico do fio de seda, a sericina. No momento da fiação, o ma-terial é forçado através

radiação ultravioleta, porém, com a adição de fibras de

vidro elas estão protegidas da luz do dia. Contudo, o

PET é inflamável. Mesmo em blends com cotton, que

suporta a combustão, fibras de PET queimam. Poliéste-

res apresentam boa resistência térmica à oxidação. Fi-

nalmente, a resistência das fibras de poliéster a fungos,

envelhecimento e desgaste é excelente.

O material base, o poliéster, é quimicamente um

policondensado termoplástico linear. O principal poli-

éster usado para fins têxteis é o Polietilenotereftalato,

obtido na maioria dos casos a partir da policondensação

do dimetiltereftalato e o dietileno glicol, sob vácuo e a

alta temperatura.

As fibras de poliéster são elásticas e muito resisten-

tes à tração e à fricção. São muito estáveis à luz, aos

ácidos, oxidantes e aos solventes. Além disso, são fá-

ceis de lavar e secam rapidamente.

As modernas tecnologias nos segmentos de Fiação,

Tecelagem e Acabamento podem permitir que a fibra

atenda perfeitamente à exigência de sua aplicação. Es-

sas características fazem do poliéster uma das mais ver-

sáteis fibras têxteis, podendo ser usado na fabricação de

artigos para vestuário, decoração e lar, na indústria au-

tomobilística, em artigos de passamanaria e em tecidos

técnicos, entre outras aplicações.

3. Informações sobre as técnicas de preparação

Durante o processamento têxtil muitas vezes se faz

necessário o uso de agentes de proteção e/ou lubrifica-

ção, objetivando proteger os delicados filamentos de

poliéster. Durante os processos de fiação e tecimento

são usados recursos físicos e químicos como: inserção

de pontos de entrelaçamento, retorsão e engomagem.

Após protegê-los, geralmente colocam-se agentes

de lubrificação, com o objetivo de minimizar o atrito

e conseqüentemente diminuir as paradas de máquina

por ruptura dos fios. Por se tratar de uma proteção

apenas física, os dois primeiros itens não afetam qui-

micamente as propriedades de tingimento da fibra de

poliéster, podendo afetar apenas as características do

artigo final e no máximo diminuir a acessibilidade do

banho de tingimento à fibra.

3.1. Óleos encimáticos

Os óleos encimáticos utilizados em poliéster são

compostos de óleo mineral, óleo sintético e agente

emulsionante, com propriedades de lubrificação e

antiestática, entre outras. Esse composto é elimina-

do durante a purga, bastando uma lavagem à quen-

te, levemente alcalina e com o auxílio de um deter-

gente. Se torna imprescindível a eliminação com-

pleta de todo o óleo encimático, pois a presença do

mesmo pode afetar os processos subseqüentes de

termofixação e tintura (www.fibra.com.br).

3.2. Agentes de engomagem

As principais gomas utilizadas para o tecimento de

filamentos de poliéster são as do tipo: poliéster e acrílica.

É necessário ao tintureiro conhecer com precisão o tipo

de goma utilizada. Em caso de dúvida, pode-se recorrer

ao teste de azul de metileno. Esse corante tinge de azul

apenas a goma acrílica, deixando as gomas de policon-

densados de poliéster na cor original. A eliminação com-

pleta dos agentes de engomagem é imprescindível para

se obter uma boa tintura.

A goma acrílica é a mais usada atualmente no Brasil.

As diferentes constituições químicas das gomas devem ser

levadas em consideração quando se faz a receita de prepa-

ração, pois resíduos de gomas podem provocar graves de-

feitos tintoriais e alterar as características do tecido.

Gomas de diferentes características químicas são re-

movidas de modo diferente. Por exemplo, uma receita

não adequada para determinado tipo de goma pode

precipitá-la, deixando muito mais difícil a sua elimina-

ção. BERNARD (1983), VASQUEZ (1980).

Durante a termofixação, se não removida completa-

mente no processo purga/desengomagem a goma pode

polimerizar sobre o tecido, deixando-o com o toque rí-

gido (empapelado), além de interferir nas propriedades

tintoriais da fibra, na maioria das vezes indesejados.

Tecnologia Acabamento Química Têxtil - n° 84/set.06

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4. Termofixação

O poliéster, por ser uma fibra termoplástica, adquire

estabilidade dimensional permanente quando submetido

à alta temperatura. Deve-se efetuar a termofixação à tem-

peratura de 160ºC a 195ºC durante 30 a 60 segundos, na

largura desejada e conforme gramatura pré-definida.

A termofixação pode ser realizada antes ou depois

do tingimento, mas sempre que possível depois da pur-

ga. Quando a termofixação for realizada após o tingi-

mento, deve-se selecionar os corantes para que resistam

às temperaturas de termofixação, sem que migrem alte-

rando a cor. Deve-se utilizar ramas.

Temperatura mínima de fixação:

Baixa estabilidade dimensional.

Toque macio e volumoso.

Maior sensibilidade à formação de rugas

(quebraduras).

Temperatura elevada de fixação:

Elevada estabilidade dimensional.

Toque duro e fino.

Menor sensibilidade à formação de rugas.

5. Materiais e métodos

5.1. Materiais

- Tecido de poliéster 100% (tipo cetim).

- Rama.

- Dinamômetro.

- Régua graduada.

- Sabão neutro.

- Termômetro.

5.2. Métodos

- Utilizando a rama, foram termofixadas amostras de

tecido de poliéster 100%, nas seguintes temperaturas de

150, 160, 170, 180 e 190ºC por 30 e 60 seg..

- Em seguida, essas amostras foram submetidas a en-

saio de resistência a tração (carga de ruptura) e alonga-

mento, tanto no sentido de trama como de urdume.

- Em outras amostras, das que foram termofixadas na

rama, realizou-se ensaio de alteração dimensional (enco-

lhimento) nas temperaturas de 25, 60, 80 e 96ºC sucessi-

vamente. Após a secagem dessas amostras mediu-se o

encolhimento em ambos os sentidos (trama e urdume).

- Amostras que foram submetidas ao ensaio de altera-

ção dimensional também passaram pelo ensaio de resis-

tência à tração (carga de ruptura) e alongamento.

6. Resultados e discussões

6.1. Resultados dos ensaios de resistência à tração e alon-

gamento (trama e urdume) de amostras termofixadas nas

temperaturas de 150, 160, 170, 180 e 190ºC por 30 e 60

seg. e amostras termofixadas e lavadas a 96ºC.

Nota-se que após as lavagens as amostras apresen-

tam maior alongamento e os tempos de termofixação

(30 e 60 seg.) pouco influem nessa propriedade.

Na figura 4, vê-se que as resistências à tração nas

amostras sem termofixação (25ºC) são maiores nas

amostras termofixadas e lavadas. As amostras apenas

termofixadas tendem a diminuir a resistência à tração

com o aumento de temperatura até acima de 160ºC, vol-

tando a aumentar a partir de 170ºC. Por outro lado, amos-

tras termofixadas e lavadas inicialmente com resistên-

cia à tração menor, observa-se um discreto aumento na

resistência, com o aumento de temperatura; ocorre tam-

bém maior regularidade nos resultados.

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Na figura 5 o comportamento é se-

melhante ao observado no sentido de

urdume, porém com menor regularida-

de do que visto anteriormente em ge-

ral valores menores do aqueles encon-

trados no urdume.

Na figura 6 também ocorre maior

resistência à tração nas amostras lava-

das, observa-se maior regularidade nos

resultados a partir de 170 ºC. Os valo-

res no sentido de tramas são menores

do que no sentido de urdume, princi-

palmente por estas possuírem menos

fios do que no

sentido de

urdume.

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6.2. Resultados de alteração dimensional (% de en-

colhimento) de amostras submetidas ao processo de

termofixação e em seguida lavadas com sabão neu-

tro em temperaturas consecutivas de 25, 60, 80 e 96ºC

A tabela 2 mostra que amostras termofixadas em

temperaturas acima de 170ºC não apresentam altera-

ção dimensional. Para temperaturas inferiores ocorre

encolhimento, sendo mais acentuado na amostra em

que não houve termofixação (25ºC, ambiente). Nas

temperaturas de lavagem 80 e 96ºC é onde ocorre mai-

or grau de encolhimento.

estabilização; por isso nos ensaios de alterações

dimensionais, tecidos termofixados apresentam grau de

encolhimento menor, chegando a ser zero em altas tem-

peraturas (acima de 170ºC).

8. Bibliografia

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Tecnologia Acabamento Química Têxtil - n° 84/set.06

54

7. Conclusões

- Os tempos de 30 e 60 segundos utilizados neste traba-

lho são independentes nas propriedades mecânicas nos

tecido de acordo com os resultados aqui apresentados.

- O tratamento térmico é importante para eliminar o en-

colhimento do tecido em processos posteriores

(tingimento).

- Temperatura acima de 170ºC é ideal para se obter bons

resultados quanto à estabilidade dimensional do tecido.

- No sentido de trama, apresenta menor resistência à

tração que no sentido de urdume.

- Tecidos de poliéster não termofixados apresentam gran-

de encolhimento.

- Tecidos de poliéster tratos termicamente durante o pro-

cesso de termofixação sofrem encolhimento, porém,

como nas ramas estes estão fixos nas ourelas, ocorre

Page 37: ESVAZIAMENTO NOS CONGRESSOS - Abqct · que, aqui, é recoberta por outro componente protéico do fio de seda, a sericina. No momento da fiação, o ma-terial é forçado através

A tecnologia corrente para incorporar antimicro-

bianos aos tecidos e fibras foi tradicionalmente o meca-

nismo de liberação lenta, incorporando agentes adequa-

dos aos materiais e permitindo-lhes uma liberação

gradativa para conseguir as funções desejadas. Exem-

plos dessa tecnologia são os tecidos que contêm íons de

prata, sais de amônio quaternário, fenóis e antibióticos.

Mesmo que o método de liberação lenta seja fácil e sim-

ples de aplicar, suas propriedades pouco renováveis e

gradativa liberação impediam seu uso em muitas áreas

que requeriam lavagens repetitivas e inativação instan-

tânea de microorganismos.

Recentemente, foram desenvolvidos acabamentos

duráveis e regeneráveis em laboratórios têxteis, base-

ados nas reações químicas reversíveis do tipo redox. A

implementação do princípio de regeneração sobre têx-

teis, especialmente produtos antimicrobianos resisten-

tes, alterou a estratégia de liberação lenta, amplamen-

te usada por têxteis ci-

entíficos, e abriu um

novo caminho aos ma-

teriais funcionais.

O recente desenvol-

vimento de antimicro-

bianos têxteis duráveis

e regeneráveis resultou

em novas propriedades

que podem ser bem

usadas em hospitais, hotéis e insumos militares, para

interromper infecções de enfermidades sobre superfíci-

es de materiais e prevenir infecções localizadas.

Até agora, foram aplicados acabamentos com pro-

priedades renováveis antimicrobianas em tecidos de al-

godão, celulose, nylon e misturas com poliéster, embo-

ra sejam capazes de proporcionar o mesmo resultado

sobre fibras protéicas e álcoois polivinílicos.

Em geral, as propriedades de durabilidade e regenera-

bilidade são obtidas de acordo com o princípio de rege-

neração, pelos seguintes métodos ilustrados na figura 1:

1. Quimicamente regeneráveis ou funcionais reversíveis.

2. Atividades fisicamente renováveis.

As funções quimicamente regeneráveis usam reações

químicas reversíveis, tais como reações de redox em um

círculo de inativação de microorganismos (redução do

biohabitat) e recarga do biohabitat das bactérias (oxida-

ção do biohabitat) sobre os tecidos. As reações de redox

Tecnologia Acabamento Química Têxtiln° 85/dez.06

Novo acabamento antimicrobianopara materiais têxteis regeneráveis e duráveis

Gang Sun, Lei Qian, Xiangjing e Young Hee KimDivisão de Têxteis e Confecções da Universidade da Califórnia, Davies - EUA

Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCTRevisão técnica: Felipe G. de Menezes

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Page 38: ESVAZIAMENTO NOS CONGRESSOS - Abqct · que, aqui, é recoberta por outro componente protéico do fio de seda, a sericina. No momento da fiação, o ma-terial é forçado através

funcionam de tal maneira que, quando os tecidos matam

microorganismos, o biohabitat que fica unido à superfí-

cie é reduzido às suas estruturas primárias e os processos

de lavagem rotineiros (se os oxidantes estão incluídos)

retornam aos pontos de estruturas de atividade originais.

Os tecidos processados com esse método são de al-

godão e celulose ou misturas e a reação se produz pela

inativação oxidativa de microorganismos e regeneração

por branqueadores clorados nas lavagens (figura 1). Os

processos de regeneração física são implementados tam-

bém na lavagem, mas o processo é totalmente diferente

do processo de regeneração química.

Neste tema, os biohabitats são incorporados às fibras

e o processo de lavagem pode remover mecanicamente

as células de microorganismos mortos depositadas sobre

a superfície. Esse processo foi aplicado originalmente

sobre tecidos de nylon e é potencialmente aplicável a to-

dos os materiais têxteis, de acordo com o mecanismo.

Neste artigo, discutiremos os exemplos de tecidos

duráveis e regeneráveis preparados recentemente em la-

boratório e demonstraremos como as propriedades

regeneráveis físicas e químicas se adaptaram como sen-

do as propriedades dos produtos.

Experiências

Materiais: algodão, poliéster/algodão, tecidos de nylon fo-

ram usados no estudo (oferecidos por Testfabrics Inc.), in-

cluindo alvejado pronto para estamparia (# 400), Dacron/

Algodão 65/35 (# 7409), filamento de nylon 66, tafetá

(# 306 A), tricô de nylon 6 (# 322) e nylon 66 (# 361).

Vermelho Ácido 88, da Aldrich Cia. Química, é usado

sem purificação e Dimetilol -5,5 (DMDMH), oferecido

por Lonza Inc.. Um sal de amônio quaternário, N-(3 cloro

- 2 hidroxipropil) - N. Usamos o N- dimetil- dodecila-

mônio cloro preparado no laboratório.

Métodos: os tecidos contendo algodão foram tratados

pelo método de acabamento normal. Os tecidos de nylon

foram primeiramente tintos com Vermelho Ácido 88 e

em seguida tratados com uma solução de sal de amônio

quaternário. As propriedades biocidas dos tecidos fo-

ram quantitativamente avaliadas contra todos os microor-

ganismos que figuram nos métodos de testes 100 da

AATCC. A durabilidade e a regeneração foram exami-

nadas segundo os métodos números 124 e 92 com má-

quinas de lavar. Os tecidos foram lavados com deter-

gente padrão de referência 124 da AATCC, a 60ºC, com

agitação normal durante 30 minutos. Em seguida, fo-

ram secos em tambler antes dos testes. As propriedades

biocidas foram ativadas em tecidos tratados com uma

solução de 0,01% de cloro ativo.

Resultados e comentários

Foram preparados tecidos antimicrobianos e

regeneráveis quimicamente incorporando, por covalên-

cia, anéis sobre a celulose e convertendo o enlace N-H

em N-Halamina, em meio a uma solução de alvejamento

com cloro. A união entre o anel heterocíclico e as unida-

des de celulose não foi afetada por lavagens repetidas

nem por operações de alvejamento. A química da

hydantoina halamina se descreve como uma reação re-

versível de redox (equações 1 e 2) e isso descreve a ca-

pacidade de reação em presença de cloro livre.

Os resultados se devem à notável estabilidade dos

anéis de hydantoina e às estruturas de halamina. O efei-

to biocida dos tecidos preparados com DMDMH é con-

trolável, oscilando entre uma rápida destruição até so-

mente a inibição do crescimento de microorganismos

sobre a superfície dos tecidos, isso dependendo da quan-

tidade de produtos químicos ativos com que se tenha

impregnado os mesmos.

As propriedades de uma rápida inativação desses pro-

dutos fazem com que esses tecidos sejam os melhores

candidatos a materiais têxteis de proteção na luta contra

os efeitos perigosos em hospitais, como por exemplo in-

fecções causadas por enfermidades resistentes a drogas.

Tecnologia AcabamentoQuímica Têxtil - n° 85/dez.06

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Foram testados tecidos que continham celulose, sendo

tecidos e nãotecidos, e motivaram uma rápida inativação

contra germes patogênicos com um alto grau de eficácia.

A rotina que requer o alvejamento com cloro des-

ses produtos está em linha com a lavagem comercial

comum empregada para a limpeza dos têxteis que são

usados na prática médica. Sem dúvida, para os produ-

tos antimicrobianos usados como vestimenta, os reque-

rimentos de uma rotina de alvejamento podem se tor-

nar demasiadamente complicados para serem aplica-

dos cada vez que se lavem essas prendas. Portanto, se

um tecido antimicrobiano pode ser regenerado, mas

não necessariamente em cada nova lavagem, nos en-

contramos com um novo desafio.

Baseados em tal preocupação, foi preparada outra

série de novos tecidos antimicrobianos, regeneráveis e

laváveis usando uma combinação de estruturas de

halaminas que contém diferentes estabilidades. Para que

o produto possa proporcionar ambas as propriedades,

de matar as bactérias e ter uma estabilidade adicional

para resistir algumas poucas lavagens domésticas sem a

recarga de cloro, os tecidos foram tratados com um novo

composto de halamina, o Anti-3, um composto heterocí-

clico e uma combinação de Anti-3 e de DMDMH.

O Anti-3 tem uma ligação N-Cl mais forte do que o

DMDMH e como resultado ocasiona uma lenta inativa-

ção de microorganismos. Os tecidos tratados com 4%

de Anti-3 não puderam proporcionar uma rápida propri-

edade antibacteriana e depois de três lavagens ainda não

mostravam redução de suas propriedades biocidas. Te-

cidos tratados com a fórmula combinada de Anti-3 e

DMDMH possuem a propriedade de matar rapidamen-

te as bactérias com um breve contato, além de subsistir

depois de algumas lavagens.

Têxteis antimicrobianos fisicamente renováveis

A ação fisicamente renovável não é equivalente à

inativação física de microorganismos, tais como a radi-

ação U.V., a alta temperatura de esterilização e qual-

quer método mecânico. É um processo que emprega mé-

todos não químicos para recuperar nos produtos as fun-

ções antimicrobianas. É aplicável a posições tais como

sais de amônio quaternários e fenóis, as que desativam

microorganismos mas que não implicam reações quí-

micas. As posições de sais de amônio quaternário, que

possuem carga positiva de amônio e estrutura de deter-

gente, são capazes de danificar as membranas celulares

dos microorganismos. Depois da inativação, as células

mortas depositadas nas posições dos amônios quaterná-

rios impedem o contato das posições biocidas com os

microorganismos, impedindo por conseguinte sua ulte-

rior inativação. Se os corpos das células mortas são re-

movidos das posições biocidas, podemos restituir as

funções antimicrobianas dos materiais, renovando fisi-

camente suas propriedades biocidas.

Para demonstrar esse mecanismo, os tecidos de nylon

foram primeiramente tintos com corantes ácidos e em

seguida acabados com uma solução de amônio

quaternário. O corante ácido incorporado às fibras de

nylon é capaz de formar ligações iônicas com um sal de

amônio quaternário de maneira que os sais podem ata-

car a estabilidade das fibras. Os tecidos tratados foram

repetidamente expostos aos microorganismos e lavados

ou enxaguados entre as exposições. Os resultados são

mostrados nas tabelas 1 e 2.

As propriedades antimicrobianas dos tecidos de nylon

tratados são definitivamente renováveis por lavagem.

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A duração das propriedades depende das condições de

lavagem, com condições severas resultam menos durá-

veis e, com suaves, mais resistentes.

Obviamente, as propriedades regeneráveis antimicro-

bianas são realizadas sobre tecidos de nylon. Sem dúvi-

da, as ligações que servem como nexo de união entre os

sais de amônio quaternário e os corantes ácidos podem

ser dissociadas em solução, especialmente sob uma for-

te agitação e abrasão. Portanto, no Launder-Ometer Test,

os resultados de durabilidade não foram tão bons como

nas lavagens manuais. Mas cada Launder-Ometer equi-

vale a cinco lavagens em máquinas de lavar, o que é

muito significante.

Conclusões

Os tecidos antimicrobianos duráveis e regeneráveis

podem ser preparados de acordo com dois diferentes me-

canismos de regeneração. As propriedades quimicamente

regeneráveis são obtidas mediante o uso de reações de

redox e agentes de alvejamento, enquanto que as pro-

priedades renováveis fisicamente podem ser obtidas nos

processos de lavagem sem envolver reações químicas.

Pode-se dizer que os tecidos antimicrobianos são qui-

micamente regeneráveis depois de cada lavagem ou de-

pois de várias lavagens. Dessa forma, são aplicáveis para

roupa de proteção de uso medicinal e higiênico. Anteci-

pa-se que, materiais funcionais mais e mais duráveis e

regeneráveis podem ser preparados baseando-se nos dois

métodos de regeneração.

Bibliografia

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a b q c t @ a b q c t . c o m . b r

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Revista

QUÍMICA

TÊXTIL

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A lavagem industrial de roupas caracteriza-se pelo

uso intensivo de água, que deve ser de boa qualidade

para garantir a qualidade do serviço prestado. O custo

da água é significativo e muitas empresas situam-se em

áreas com escassez de recursos hídricos, de forma que

esforços devem ser feitos para minimizar o consumo.

Assim, o objetivo deste trabalho é estudar a possibili-

dade de reciclagem da água em uma lavanderia indus-

trial, considerando diferentes processos de tratamento.

Avaliou-se a qualidade do efluente tratado de uma

lavanderia pelos processos de coagulação/floculação,

adsorção/coagulação/floculação e Reação de Fenton.

A água foi caracterizada em termos de parâmetros físi-

co-químicos e utilizada na lavagem de camisetas bran-

cas. O resultado da lavagem foi medido por colorimetria

diferencial e análise perceptiva.

Pode-se concluir que a reciclagem do efluente para

lavagem de roupas é possível. Entretanto, devem ser em-

pregados processos de tratamento de efluentes de alta

eficiência, tais como a adsorção/coagulação/floculação

e Reação de Fenton.

Introdução

O setor de lavagem industrial de roupas caracteriza-

se pelo uso intensivo de água, que deve ser de boa qua-

lidade para garantir a qualidade do serviço prestado. Es-

tima-se que existam no Brasil aproximadamente 6000

lavanderias registradas em funcionamento, além das não

registradas e das que funcionam internamente nas mais

diversas empresas. O custo da água é significativo no

setor. Muitas empresas ainda situam-se em áreas com

escassez de recursos hídricos, tornando-se essencial es-

tudos de reciclagem dos efluentes gerados.

Os efluentes de lavanderias contêm uma diversidade

de compostos, entre os quais pode-se mencionar

tensoativos, amaciantes, alvejantes, tinturas, fibras de

tecidos, enzimas, gomas e contaminantes diversos. Dessa

forma, o efluente apresenta carga orgânica, coloração,

uma baixa tensão superficial e uma quantidade signifi-

cativa de sólidos suspensos (Braile e Cavalcanti, 1993).

A crescente conscientização ambiental, juntamente

com a fiscalização dos órgãos ambientais, tem promo-

vido ações no setor para evitar o descarte de águas con-

taminadas. O tratamento dos efluentes pode ser realiza-

do por processos físico-químicos ou biológicos. Estu-

dos de tratamento têm sido conduzidos por tecnologias

convencionais e inovadoras, tais como coagulação/

floculação, adsorção, processos biológicos, processos

com membranas e processos oxidativos avançados (Gon-

çalves, 1996; Rodriguez, 2000; Andersen, 2002; Silveira,

2003; Menezes 2005; Sachetto, 2005). Entretanto, pou-

cos estudos têm avaliado a possibilidade de aproveita-

mento ou reciclagem da água tratada.

Em trabalho anterior, Menezes et al (2005) demons-

traram que o tratamento convencional de efluentes de

lavanderias por coagulação/floculação melhora signifi-

cativamente a qualidade da água, porém, não de forma

plenamente satisfatória para o descarte em um recurso

Tecnologia Lavanderia Química Têxtiln° 85/dez.06

Avaliação colorimétrica e perceptiva de roupas lavadascom o efluente reciclado de uma lavanderia industrial

Jean Carlo Salomé dos Santos Menezes*, Rodrigo de Almeida Silva,Maria Elisabete Machado, Ivo André Homrich Schneider

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e Materiais - Universidade Federal do Rio Grande do SulRevisão técnica: Bluma Koiffman

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Page 42: ESVAZIAMENTO NOS CONGRESSOS - Abqct · que, aqui, é recoberta por outro componente protéico do fio de seda, a sericina. No momento da fiação, o ma-terial é forçado através

hídrico. Por sua vez, o tratamento do efluente por

adsorção/coagulação/floculação e pela Reação de Fenton

(um processo oxidativo avançado) proporciona um

efluente de melhor qualidade, alcançando os padrões

físico-químicos de lançamento exigidos pela legislação.

No processo Fenton existe uma ressalva: que a pre-

sença de peróxido de hidrogênio residual proporciona

efeitos tóxicos a certos organismos aquáticos. Mesmo

assim, os autores sugerem que a qualidade do efluente

tratado, tanto pelo processo Fenton como por adsorção/

coagulação/floculação, permite o reaproveitamento da

água no próprio processo de lavagem de roupas.

Assim, conduziu-se um estudo para avaliar a possi-

bilidade de reciclagem da água em uma lavanderia in-

dustrial. Procedeu-se a lavagem de camisetas brancas

utilizando o efluente tratado pelos processos de coagu-

lação/floculação, adsorção/coagulação/floculação e Re-

ação de Fenton. A qualidade do serviço foi analisada

por colorimetria diferencial e avaliação perceptiva.

Material e Métodos

Com a finalidade de avaliar a possibilidade de

reciclagem do efluente, foi idealizado um plano experi-

mental que consistiu em uma etapa de tratamento do

efluente, uma etapa de lavagem de roupas e uma etapa

de avaliação da qualidade das roupas lavadas, que serão

a seguir descritas.

Tratamento do efluente

O efluente industrial foi obtido de uma lavanderia

industrial situada no Município de Passo Fundo, planal-

to médio do Rio Grande do Sul, que atua na lavagem de

tecidos no setor doméstico (roupas em geral), de servi-

ços (toalhas e guardanados de restaurantes) e industrial

(uniformes de frigoríficos). A água de processo é obtida

de poço artesiano.

Após as operações de lavagem e enxágüe, a estação

de tratamento de efluentes pode ser adaptada para trata-

mento pelos processos de coagulação/floculação,

adsorção/coagulação/floculação e pela Reação de

Fenton. Os detalhes da estação de tratamento de efluentes

encontram-se descritos em Menezes (2005), cujos prin-

cipais parâmetros operacionais são:

Processo de coagulação/floculação:

- agitação do efluente por 30 minutos;

- adição de 800 mg L-1 de sulfato de alumínio;

- ajuste do pH do meio para 6,50 com cal;

- adição de 2 mg L-1 de polímero floculante catiônico;

- após 30 segundos, redução da agitação de 60 rpm para

20 rpm e agitação por mais dois minutos;

- término da agitação e repouso de 10 min para sedi-

mentação dos flocos.

Processo de adsorção/coagulação/floculação:

- sob agitação de 60 rpm, adição do carvão ativado (quan-

do empregado);

- agitação por 30 minutos;

- adição de 800 mg L-1 de sulfato de alumínio;

- ajuste do pH para 6,50 com cal;

- adição de 2 mg L-1 polímero floculante catiônico;

- após 30 segundos, redução da agitação de 60 rpm para

20 rpm e agitação por mais dois minutos;

- término da agitação e repouso de 10 min para sedi-

mentação dos flocos.

Reação de Fenton:

- sob agitação de 60 rpm, ajuste do pH para 3,0 com HCl;

- adição 0,66 g L-1 de sulfato ferroso;

- adição lenta de 8 mL L-1 de peróxido de hidrogênio;

- término da agitação e repouso de 2 horas para anda-

mento da Reação de Fenton;

- ajuste do pH para 7,0 com cal;

- repouso de 30 min para sedimentação dos coágulos.

A água do poço, o efluente bruto e os efluentes trata-

dos pelos diversos processos foram analisados em rela-

ção aos seguintes parâmetros de qualidade da água: pH,

sólidos sedimentáveis, sólidos suspensos, DQO,

surfactantes, turbidez, condutividade, dureza, ferro, alu-

mínio, manganês, sódio, potássio, cloretos, sulfatos e

contagem de bactérias heterotróficas (APHA, 2005).

Tecnologia Lavanderia Química Têxtil - n° 85/dez.06

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Page 43: ESVAZIAMENTO NOS CONGRESSOS - Abqct · que, aqui, é recoberta por outro componente protéico do fio de seda, a sericina. No momento da fiação, o ma-terial é forçado através

A lavagem das roupas

Os testes de lavagem das roupas foram realizados de

modo a avaliar a qualidade das roupas lavadas com os

diferentes tipos de águas: (a) água do poço, (b) efluente

tratado por coagulação/floculação; (c) efluente tratado

por adsorção/coagulação/floculação; (d) efluente trata-

do pela Reação de Fenton.

As roupas lavadas foram camisetas brancas novas

confeccionadas em algodão. Uma peça não foi lavada,

sendo usada como controle de cor. As demais foram

lavadas com cada tipo de água, seguindo dois pro-

cedimentos. O primeiro procedimento foi a lava-

gem das camisetas ainda limpas, sem a inclusão

de sujeiras; o segundo procedimento foi a lava-

gem após a roupa ter sido manchada com o solo

da cidade de Passo Fundo.

A lavagem foi realizada em uma máquina de la-

var roupas modelo Cônsul Ideale. As peças foram

lavadas e enxaguadas seguindo a programação pa-

drão da máquina. Em todos os testes foram utiliza-

dos os mesmos insumos: sabão em pó e amaciante.

Não foi empregado alvejante, para evitar uma in-

terferência na coloração.

Análise colorimétrica instrumental

Após a lavagem, as peças de roupa foram secadas ao

sol e submetidas à análise da cor (Figura 1). As leituras

foram executadas com o auxílio de um espectrofotômetro

Minolta CM-2600d, com esfera de integração associa-

da a um filtro ultra-violeta. Foi usado como iluminante

o D65, que representa a repartição espectral da luz do

dia. A captação da reflectância simulou um observador

a 10º. A calibração do aparelho foi executada no início

do trabalho, tendo dois pontos de referência, o zero e o

branco padrão.

A partir do espectro de reflectância da amostra, pode-

se obter os parâmetros colorimétricos L*, a* e b* deter-

minados pela CIE (Comission International de l'Eclairage)

(CIE, 1986). Esses parâmetros representam os eixos de

um diagrama tridimensional (Figura 2). Valores positi-

vos de a* indicam cores vermelhas, enquanto que valores

negativos representam cores verdes. Da mesma forma,

valores positivos de b* demonstram cores amarelas e

valores negativos demonstram cores azuis. L* é uma

medida da escala de cinza, entre o preto e o branco, em

uma faixa de medida que varia de 0 a 100, respectiva-

mente. O encontro dos três valores define uma cor.

Diferenças de cor (∆E*ab), que são importantes para

avaliar relações visuais e numéricas (CIE, 1995), po-

Tecnologia LavanderiaQuímica Têxtil - n° 85/dez.06

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Page 44: ESVAZIAMENTO NOS CONGRESSOS - Abqct · que, aqui, é recoberta por outro componente protéico do fio de seda, a sericina. No momento da fiação, o ma-terial é forçado através

dem ser calculadas pela distâncias entre dois pontos no

espaço tridimensional definido pelos parâmetros a*, b*

e L*. Matematicamente, o parâmetro colorimétrico

∆E*ab é descrito pela Equação 1:

onde os valores de ∆L*, ∆a* e ∆b* foram calculados

pela diferença de valores medidos na camiseta de con-

trole e nas camisetas submetidas às operações de lava-

gem. A Tabela 1 mostra a classificação usada em rela-

ção aos valores de ∆E*ab para a percepção do olho hu-

mano. De modo geral, diferenças de cor em duas amos-

tras justapostas podem ser distinguidas em valores de

∆E*ab acima de 0,2-0,5 (DIN 6174, 1979).

gados. Os resultados podem ser comparados com o va-

lor máximo permitido para descarte definido na Licen-

ça de Operação emitida pela Fundação Estadual de Pro-

teção Ambiental do Estado do Rio Grande do Sul

(FEPAM, 1999).

Pode-se observar que a água tratada pelo processo de

coagulação/floculação não atinge o nível exigido em rela-

ção a surfactantes. O tratamento por coagulação/floculação/

adsorção e pela Reação de Fenton apresenta-se dentro dos

níveis de lançamento em corpos d’água exigidos pela le-

gislação, confirmando os dados obtidos por Menezes

(2005). Porém, quando os parâmetros de qualidade da águas

são comparados com a água do poço, observa-se que nos

efluentes tratados há uma maior concentração de íons dis-

solvidos, o que pode ser observado pelos índices de condu-

tividade e dureza. Isso se deve a alta concentração de

reagentes colocados no processo de lavagem de roupas e

nas operações de tratamento do efluente. O aumento da

concentração de sais dissolvidos é um dos principais pro-

blemas enfrentados na reciclagem do efluente, como já

descrito nos trabalhos de Wollner (1954), Rodriguez et

al (2000) e Andersen (2002), exigindo a purga de água

do processo e entrada de água nova.

A Tabela 3 apresenta os resultados das análises

colorimétricas no tecido da camiseta original (branco) e

das camisetas lavadas com os diferentes tipos de águas.

Os resultados apresentados na Tabela são o resultado da

média de 3 medidas tomadas em diferentes locais da

camiseta. Deve-se distinguir que foram lavados

dois grupos de camisetas, o primeiro sem o proce-

dimento de inclusão de sujeiras e o segundo com

roupas manchadas com solo.

A camiseta original de fábrica é percebida como

branca. Apresenta um valor de L* de 92,8928, um

a* de 0,6644 e um b* de -4,7988, o que demonstra

a elevada alvura do tecido (L* próximo a 100) e

um tom azulado praticamente imperceptível ao olho

humano (b* negativo). A camiseta manchada com solo

apresenta um tom amarelo-alaranjado visível, com va-

lores de L* de 83,2393, a* de 1,1823 e b* de 5,0840.

Análise perceptiva

O teste de análise perceptiva das camisetas lavadas

foi aplicado a três pessoas diferentes: dois funcionários

da lavanderia e uma dona-de-casa. Os aspectos avalia-

dos foram aparência, cheiro, maciez e cor. O modelo do

questionário aplicado está apresentado a seguir:

Resultados e discussão

A Tabela 2 apresenta os resultados da análise físico-

química e microbiológica da água do poço, do efluente

bruto e após tratamento com os três processos investi-

Tecnologia Lavanderia Química Têxtil - n° 85/dez.06

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Os procedimentos de lavagem não alteraram de modo

geral os parâmetros L*, a* e b* da camiseta branca ori-

ginal. A única exceção é o parâmetro b*, que reduziu

significativamente após o processo de lavagem com a

água tratada pelo processo Fenton. Isso pode ser expli-

cado pela presença de agentes oxidantes residuais pre-

sentes no efluente tratado pela Reação de Fenton, no caso

o peróxido de hidrogênio e o radical hidroxila. Esses agen-

tes são extremamente eficazes na remoção de cor, po-

dendo ser os responsáveis pela redução do valor de b*.

Os valores de ∆E*ab representam numericamente as

diferenças de cor e foram calculados a partir dos parâ-

metros colorimétricos L*, a* e b*. O valor do ∆E*ab da

camiseta manchada com solo foi 13,825, evidentemen-

te percebida a olho nu. Os valores de ∆E*ab das camise-

tas lavadas não ultrapassaram 1,525, o que, de acordo

com a norma DIN 6174 (1979), apresentada na Tabela

1, indica uma mudança de coloração pequena. Esses da-

dos apontam para o fato de que as mudanças colorimé-

tricas com as diferentes águas de lavagem são peque-

nas. Entretanto, análises perceptivas dos tecidos com

observadores treinados também são necessárias para

assegurar a qualidade do serviço.

Os resultados das análises perceptivas estão apresen-

tados na Tabela 4. Apesar de o questionário ter sido apli-

cado em separado, o resultado foi unânime para os três

observadores. Ainda, os resultados foram os mesmos

tanto para as lavagens das camisetas originais de fábri-

ca como para as previamente manchadas com solo.

A lavagem em todas as situações foi de certa forma

eficiente, permitindo uma boa aparência e maciez dos

tecidos. Entretanto, alguns aspectos não foram

satisfatórios. Odor desagradável foi percebido nas ca-

misetas lavadas com a água tratada pelo processo de

coagulação/floculação, provavelmente devido ao alto

número de bactérias presente no efluente. Manchas cin-

zas no tecido também foram percebidas após a lavagem

com a água tratada pelo processo de coagulação/

floculação, e pontos pretos após a lavagem com a água

tratada pelo processo de adsorção/coagulação/

floculação. Esse fato pode ser explicado pela presença,

mesmo que mínima, de flocos e partículas de carvão

ativado no efluente tratado. Isso se deve a uma inefici-

ência inerente do processo de sedimentação e que pode

ser resolvida por uma etapa complementar de filtração.

Em relação a cor, os resultados da análise colori-

métrica instrumental foram confirmados pelos observa-

dores. A coloração das camisetas brancas após os pro-

cedimentos de lavagem, com os diferentes tipos de águas,

manteve-se muito próxima da camiseta original, no li-

miar do distinguível do não distinguível.

Conclusões

Com base nos resultados obtidos, pode-se afirmar que

a concepção de tratamento de efluente por coagulação/

floculação produz um efluente com qualidade insuficien-

te para descarte e/ou reciclagem. Porém, os processos de

adsorção/coagulação/floculação e Reação de Fenton per-

mitem atingir os padrões de lançamento exigidos pela

legislação e apresentaram resultados promissores em tes-

tes conduzidos para a reciclagem do efluente na própria

lavagem das roupas. Sugere-se que a reciclagem do

efluente seja conduzida nas etapas iniciais da lavagem,

onde não se requer uma água de qualidade superior.

Um importante cuidado que deve-se ter no tratamento

do efluente é remover totalmente os flocos de hidróxidos

metálicos e partículas de carvão ativado, com o objetivo

de evitar a presença de manchas nas roupas lavadas. Isso

pode ser efetuado com um processo filtração do efluente.

Neste trabalho somente foi avaliada a reciclagem da

água em uma única etapa. Sugere-se que em trabalhos

futuros se faça uma investigação dos fatores envolvidos

na reciclagem do efluente em sucessivas vezes, levando

em conta aspectos como o aumento da salinidade, o con-

sumo de reagentes, a qualidade da roupa lavada, a pro-

porção de descarte e a entrada de água nova no sistema.

Por sua vez, a técnica de colorimetria mostrou-se bas-

tante útil na avaliação da qualidade das roupas lavadas.

Essa técnica poderia ser implantada a baixo custo no con-

trole de qualidade em processos de lavagem de roupas.

Tecnologia Lavanderia Química Têxtil - n° 85/dez.06

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Agradecimentos

Os autores agradecem à FAPERGS (processo 00/1227-1) eao CNPq (processo 550135/2002) pelos recursos financeiros parao desenvolvimento da pesquisa e a CAPES e CNPq pelas bolsasconcedidas. Agradecem também à Lavanderia Expressa Ltda porcolocar à disposição as suas instalações para a condução do tra-balho e ao Prof. Carlos Otávio Petter (LAPROM-UFRGS) pe-los empréstimos dos equipamentos empregados no estudo decolorimetria instrumental.

Bibliografia

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*UFRGS, Centro de Tecnologia, Av. Bento Gonçalves 9500 CEP91501-970, Porto Alegre, RS, e-mail: [email protected]

Tecnologia Lavanderia Química Têxtil - n° 85/dez.06

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74

Dalutex e Marisol adquiremestamparia digital

A Sintequimica do Brasil e DuPont Artistri 2020 Di-

gital Printing for Textiles estão muito satisfeitos com o

resultado alcançado com a participação na Febratex

2006. Durante o evento, as empresas exibiram a Impres-

sora Digital Artistri 2020 - que trabalhou com pigmen-

tos em tecidos de algodão 100%, polyester/algodão da

Karsten e meia malha de algodão da Kyly.

O grupo catarinense Marisol S/A adquiriu a Impres-

sora Digital Artistri 2020 para as criações da grife

beachwear Rosa Chá. Com a utilização de mais esta

tecnologia, a grife poderá produzir desenhos estampa-

dos em diferentes formatos, infinitas cores em diversos

substratos, tudo imediato sem perda de tempo. A Têxtil

Dalutex Ltda de Sorocaba (SP), empresa voltada para

tecidos de alta-moda, também aderiu à tecnologia digi-

tal da DuPont Artistri e em breve também estará ofere-

cendo a seus clientes estampas inusitadas “Just in Time”.

Oportunidade

Renomada empresa química do ramo têxtil

(corantes e auxiliares) situada em São Paulo,

está recrutando representantes comercial com

conhecimento técnico e experiência, para

atuarem em São Paulo , Santa Catarina,

Paraná e Goiás.

Enviar CV para: Caixa Postal: 328-0

CEP 09961-350 - São Bernardo do Campo - SP

Nova Diretoria da ABQCT

No dia 21 de novembro foi realizada a eleição da

nova diretoria da ABQCT para o biênio 2007/2008. O

evento ocorreu no auditório da Escola Senai "Francisco

Matarazzo", em São Paulo. Na abertura do evento, o

atual presidente, Evaldo Turqueti, agradeceu a presença

de todos e a dedicação dos membros da atual diretoria.

Em seguida, apresentou os membros da nova chapa, que

ficou assim definida:

DIRETORIA NACIONAL

Presidente: Evaldo Turqueti

Vice-Presidente: Lourival Santos Flor

1º Secretário: Walter José Mota

2º Secretário: Clélia Elioni Ferreira de Carvalho

1º Tesoureiro: Adir Grahl

2º Tesoureiro: João Lino Gonçalves

Diretor Técnico: Humberto Sabino da Silva

Após a cerimônia, o atual diretor técnicno da

ABQCT, Humberto Sabino, fez uma brilhante apre-

sentação da sinopse do XVIII Congresso Latino Ame-

ricano de Química Têxtil, realizado recentemente em

Buenos Aires. O material apresentado e todas as pales-

tras do Congresso estarão disponíveis em breve no site

da ABQCT (www.abqct.com.br).

A ABQCT agradece ao intenso trabalho dos atuais

membros da diretoria e ao apoio recebido pelos associ-

ados nestes dois anos de gestão e deseja à nova diretoria

uma gestão proveitosa em prol dos associados, os quais

são o objetivo maior da associação.

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75

Parceria Golden Química e USP LesteCurso de Tecnologia Têxtil

A Golden Química, empresa que se destaca em pes-

quisa, desenvolvimento e venda técnica de produtos quí-

micos e corantes para indústria têxtil, firmou parceria

com a USP Leste - Curso de Tecnologia Têxtil e da

Indumentária. Com isso, a empresa proporcionará apre-

sentações teóricas e práticas e oferecerá estágios em seus

laboratórios a alunos do referido curso.

As atividades tiveram início em agosto deste ano,

com o curso de Introdução ao Tingimento Têxtil, elabo-

rado e apresentado pelo sr. Vidal Salem, consultor da

Golden. Também foram feitas visitas programadas aos

laboratórios da Golden Química. Em novembro, a

Golden participou com uma palestra técnica proferida pelo

sr. Vidal Salem na 2ª Semana Têxtil do referido curso.

BASF e Ar ch firmam parceria na área têxtil

A unidade de negócios de Químicos de Performance

para Tecidos da BASF e a Arch Chemicals Inc. firmaram

uma parceria global para comercialização do

antimicrobiano Purista 20, utilizado no tratamento de

produtos de consumo e que garante frescor prolongado

aos tecidos. As empresas trabalharão juntas para lançar

novas aplicações em produtos têxteis de vestuário e itens

domésticos de uso diário, como camisas e roupas de cama.

Esta parceria proporcionará ao mercado uma incom-

parável competência no segmento têxtil. O produto aten-

de a uma demanda crescente dos consumidores por te-

cidos que propiciem maior conforto e praticidade, o que

tem levado os fabricantes e comerciantes a buscarem

novas formas de agregar valor aos seus negócios. Como

especialista em acabamentos têxteis, caberá à BASF o

papel de auxiliar os fabricantes na implementação do

novo produto em seus processos. A expectativa é que os

elementos positivos e atraentes da marca Purista aju-

dem os varejistas na divulgação de benefícios adicio-

nais aos consumidores.

O Purista é um tratamento antimicrobiano usado

em produtos têxteis de algodão e misturas com esse te-

cido. Ele faz com que o algodão fique fresco por mais

tempo ao controlar o crescimento de microorganismos

causadores de odores e a deterioração em lavagens es-

peciais com temperaturas baixas. Quanto aos produtos

de consumo acabados, a marca Purista agrega concei-

tos referentes à pureza, frescor, praticidade e responsabi-

lidade ecológica. Tais benefícios são captados no slogan

"Tratado com Purista - Mais frescor por mais tempo".

www.archchemicals.com / www.purista.biz

Rhodia: lucro de 71 milhões de euros

O grupo Rhodia anunciou recentemente os resulta-

dos do terceiro trimestre de 2006, que teve um resulta-

do líquido positivo de 71 milhões de euros. O

faturamento líquido do grupo alcançou 1,179 bilhão de

euros, representando um crescimento de 9,3% sobre

igual período do ano passado. O EBITDA (resultado

antes de impostos, taxas, depreciações e amortizações)

atingiu 160 milhões de euros - crescimento de 60% em

relação ao mesmo período do ano passado. O lucro

operacional da empresa no período foi de 112 milhões

de euros contra 8 milhões de euros no mesmo período

de 2005, resultado da melhoria no desempenho operacio-

nal do grupo e da redução e reestruturação de custos.

Pelo quarto ano consecutivo, a Rhodia vem obtendo

crescimento no Brasil. A empresa registrou o melhor

trimestre de 2006, com um crescimento nas vendas de

18% em comparação ao mesmo período do ano passa-

do. No acumulado dos nove meses deste ano, a empresa

obteve no País um faturamento de US$ 765 milhões,

uma elevação de 10,5% em relação aos nove primeiros

meses de 2005. As exportações da Rhodia a partir do

Brasil nesse período subiram 13,3% em relação a 2005,

atingindo US$ 200,9 milhões. Entre os produtos expor-

tados no período, os destaques foram os solventes oxi-

genados, plásticos de engenharia, sílicas para pneus e

artefatos de borracha, intermediários químicos, cabo

acetato (filter tow), fios têxteis e ingredientes para per-

fumaria e cosméticos.

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Huntsman reestruturaseu segmento Textile Effects

Peter Huntsman, presidente e CEO da Huntsman Cor-

poration, anunciou que a Companhia concluiu sua revi-

são estratégica do Segmento de Negócio global Textile

Effects, adquirido da Ciba Specialty Chemicals Holding

Inc., em 30 de junho de 2006. Segundo ele, a Compa-

nhia desembolsará cerca de USD 150 milhões nos próxi-

mos três anos em um programa de reestruturação que fará

com que as operações do Segmento Textile Effects cres-

ça significativamente na Ásia e se consolide nas Améri-

cas e Europa. A companhia estima que até 650 posições

serão eliminadas e criadas 300 outras, globalmente.

“Estamos certos de que este negócio foi um excelente

acréscimo à nossa gama de produtos químicos diferencia-

dos. O programa de reestruturação aumentará nosso negó-

cio na área de vestuário, cama, mesa e banho na Ásia e

incluirá a abertura de um novo centro técnico em Qingdao,

China, assim como duas novas formulações e centros de

distribuição naquele país”, diz Paul Hulme, presidente da

Divisão Material & Effects da Huntsman. “Nas Américas

e Europa, nosso foco será ampliar os negócios de tecidos

técnicos, bem como nas áreas de vestuário, cama, mesa e

banho de alto valor agregado e alcançar uma posição de

referência mundial em custos para todas as funções”.

O segmento de negócio da Huntsman Textile Effects

é líder global em soluções têxteis, através da fabricação

de uma extensa gama de corantes e produtos químicos

que realçam as cores e melhoram o desempenho dos

acabamentos têxteis, tais como: resistência às rugas e a

capacidade de repelir líquidos e sujeiras. O negócio aten-

de mais de 10.000 clientes localizados em 80 países.

Em continuidade ao processo de reestruturação do

segmento têxtil da Huntsman, foi firmada uma parceria

exclusiva para o segmento de engomagem com a em-

presa CBA Indústrias Químicas Ltda. A nova parceria

engloba assistência técnica, representação e distribui-

ção de produtos Huntsman, destinados exclusivamente

ao segmento de engomagem, com cobertura em todo o

território nacional.

Curso superior de Produção Têxtil

A faculdade SENAI-Blumenau lançou o "Curso Su-

perior de Tecnologia em Produção Têxtil", que está com

as inscrições abertas. Sua primeira turma prestará vesti-

bular em janeiro de 2007.

O curso visa capacitar profissionais em nível superi-

or de tecnologia para o desenvolvimento de atividades

técnicas e de gestão nos processos de produção têxtil,

contribuindo para uma maior competitividade da indús-

tria através da implantação de novas tecnologias, au-

mento da produtividade e melhoria da qualidade nas

empresas. Também visa capacitar os alunos para a aná-

lise e resolução de problemas que exigem aplicação de

conhecimentos lógicos e matemáticos aplicados aos pro-

cessos de fabricação têxtil.

O tecnólogo em Produção Têxtil estará apto a atuar,

com princípios éticos, no planejamento, execução, con-

trole e avaliação do processo fabril têxtil (incluindo as

áreas de fiação, tecelagem, malharia e beneficiamento),

otimizando os recursos disponíveis (financeiros, huma-

nos, materiais e tecnológicos) e aplicando tecnologias

modernas ao processo produtivo.

O curso tem duração de sete semestres (2450 horas)

e 140 horas de TCC. Informações pelos telefones (47)

3331-4278 / 8844-4990.

Lançamentos da UQP

A União Química Paulista - Tanatex S/A está lançan-

do no mercado um novo corante para linha automotiva,

além da sua nova linha EHF de corantes reativos

trifuncionais e novos produtos auxiliares. São eles:

Ramanyl PUL - igualizante de alta eficiência para

corantes ácidos; Unigual IE - dispersante, igualizante,

emulgador, antioligômero, biodegradável, para tingimento

de poliéster, baixa formação de espuma. Facilita a padro-

nização das receitas; Tanafix PA - fixador para Nylon

com corantes ácidos; Unisoft TBS ESP e CONC -

amaciante graxo concentrado, para algodão e suas mistu-

ras, com e sem essência e Unitan OH - doador de álcali.

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Lycra® e a moda praia percorrem juntas um longo

caminho, sempre inovando trajes e comportamentos. O

biquini foi criado pelo estilista francês Louis Réarde e foi

batizado com o nome do pequeno atol de Bikini, no Pací-

fico, onde os americanos haviam realizado uma série de

testes nucleares. A editora de moda Diana Vreeland disse

uma vez que o biquini "é a invenção mais importante do

século XX, depois da bomba atômica". O lançamento foi

em 26 de junho de 1946, em Cannes, e causou o efeito

de uma verdadeira bomba na mídia internacional.

A aparição do biquini foi considerada um escândalo

e as mulheres da época se recusavam a usar. Na Europa,

a igreja Católica chegou a banir o uso das duas peças

em países como Itália, Espanha e Portugal. Até mesmo

os franceses, sempre vanguardistas, pareciam hesitan-

tes em usá-los.

Mas essa resistência durou pouco, pois o cinema logo

aderiu à novidade. Em 1956, a atriz Brigitte Bardot de-

monstrou todo o potencial e poder do biquini no filme "E

Deus criou a mulher", exibindo um modelo xadrez de

babadinhos. De repente, o que era proibido se tornou o

item mais pedido nas lojas de artigos especializados em

esportes aquáticos, desde St.Tropez até a Riviera italiana.

Em 1963, a Bond Girl Ursula Andrews se rendeu aos

encantos do "duas peças" ao emergir do mar com seu

biquini e nele acoplado um moderno cinto e como aces-

sório uma faca de caça, no filme "007 Contra o Satânico

Dr. No". Foi o que estabeleceu, de uma vez por todas, o

biquini nas praias européias.

No Brasil, o biquini começou a ser usado no final

dos anos 50. Primeiro, pelas vedetes e mais tarde pela

maioria decidida a aderir à sensualidade do mais brasi-

leiro dos trajes. Nos anos 60, Helô Pinheiro, a eterna

"garota de Ipanema", desfilou no calçadão em biquinis

com calcinhas comportadas e sutiãs estruturados. A par-

tir daí, o biquini se tornou parte da história das praias

cariocas, verdadeiras passarelas de lançamentos da moda

praia para o mundo. Uma das aparições mais famosas

nas areias nacionais foi da atriz Leila Diniz, que osten-

tou sua gravidez de oito meses na praia de Ipanema usan-

do um biquini. A imagem se tornou símbolo da libera-

ção feminina nos anos 70.

Lycra® e o biquini

A moda praia foi uma das primeiras categorias revo-

lucionadas pelo fio Lycra®, que a partir da década de

60 propiciou que os antigos biquinis confeccionados com

tecidos pesados fossem substituídos por outros mais le-

ves e de secagem mais rápida, ganhando ajuste perfeito.

Pode-se dizer que a Lycra® acompanha de perto a his-

tória da moda. Nos anos 70 e 80, novos fios foram lan-

çados para ajudar a diminuir o peso dos tecidos para

montar os modelos fio dental e asa delta.

A tecnologia chegou para ficar nos anos 90. As ino-

vações foram tantas que permitiram estampas de me-

lhor qualidade, trabalhos de jacquard, transparências e

até drapeados. E o mais importante: sem interferir na

modelagem e conforto das peças. Mas Lycra® conti-

nuou a inovar. O último lançamento para o segmento é

a tecnologia do Lycra® Xtra Life, que dá uma maior

longevidade ao fio e permite conservar as formas de

biquinis, maiôs e sungas durante muito mais tempo.

Estudos mostram que esse fio dura até três vezes mais

que os elastanos comuns.

Toda essa intimidade brasileira com a praia, por cau-

sa do clima do País e da extensão do litoral, pode expli-

car porque o Brasil é lançador mundial de tendências

desse segmento e colabora com o sucesso da moda bra-

sileira no cenário internacional. Além disso, a Lycra®

empresta toda sua credibilidade por ser uma marca glo-

bal com reconhecimento dos consumidores e serve como

passaporte para as grifes brasileiras que exportam.

A comemoração dos 60 anos do biquini foi recheada

de novidades e de parceiros de primeira qualidade. O

IED (Istituto Europeo di Design) foi palco do evento

Lycra® comemora os 60 anos do biquini

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que abriu a exposição de peças comemorativas. Convi-

dados e clientes conferiram fotos de personalidades que

apareceram com a peça que revolucionou a moda, tira-

das do livro The Bikini Book, recém lançado por Lycra®

em parceria com a ELLE nos Estados Unidos. Grifes

renomadas como Água de Coco por Liana Thomaz,

Movimento, Poko Pano e Salinas desenvolveram mo-

delos exclusivos, que estarão sendo vendidos em edi

Santaconstancia vesteequipe Competition Outdoor

A Santaconstancia Tecelagem foi parceira da nova

equipe de corrida outdoor da Academia Competition, que

iniciou o programa em conjunto da assessoria esportiva

4any1. Todos os alunos que participaram do Competition

Outdoor receberam camisetas regatas confeccionadas em

tecido Leggeríssimo®, da Santaconstancia. O grupo es-

treou seu novo uniforme na última Maratona Pão de Açú-

car, dia 17 de setembro, em São Paulo.

Ideal para atividades físicas, como corrida e marato-

na, o tipo de construção desse tecido, com fio poliamida

Supplex® e Lycra®, permite que ele seja extremamen-

te leve e macio. Com secagem rápida, o Leggeríssimo®

também propicia conforto térmico com a imediata trans-

ferência de calor e umidade do corpo para o ambiente

através do tecido.

A equipe Competition Outdoor foi desenvolvida para

atrair alunos que têm interesse em treinar fora das de-

pendências da academia e permitir maior integração entre

os freqüentadores das três unidades. Além disso, procu-

ra trazer mais alunos para a rede, já que muitos buscam

apenas esse tipo de atividade. A parceria com a 4any1

proporciona ao aluno a assessoria técnica necessária para

atingir seus objetivos, respeitando seus limites e preser-

vando sua saúde. São realizados periodicamente treinos

em diversas localidades de São Paulo, como o Parque

do Ibirapuera e Villa Lobos. Os participantes recebem

calendários com a programação dos treinos, atividades

complementares e acompanhamento em provas.

Brasil sedia maior feira denanotecnologia da América Latina

Entre os dias 6 e 8 de novembro aconteceu a segunda

edição da Nanotec Expo 2006: II Feira & Congresso

Internacional de Nanotecnologia, em São Paulo. O even-

to é a principal vitrine de nanotecnologias e o mais im-

portante evento tecnológico e de negócios voltado para

as comunidades empresariais e científicas do Brasil e

da América Latina, que contou com o apoio do Ministé-

rio da Ciência e Tecnologia, da Secretaria da Ciência,

Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado

de São Paulo, e de entidades como Fiesp, Abiplast,

Abinee, Abiquim, Abit, Sindipeças e o Inmetro.

Os mais avançados centros de P&D, as mais desta-

cadas universidades e inúmeras empresas estiveram ex-

pondo na Nanotec Expo 2006 projetos, produtos e solu-

ções nanotecnológicas em diversas áreas (B2B). O tema

deste ano foi “A nanotecnologia como fator estratégico

de inovação e de competitividade”.

II Congresso Internacional de Nanotecnologia

Paralelamente à feira, aconteceu o II Congresso In-

ternacional de Nanotecnologia. O desafio atual das em-

presas é compreender o que acontecerá com seus mer-

cados e com seus produtos diante da mudança de

paradigma de megadimensões provocada pela revolu-

ção nano. Os temas das conferências e os respectivos

conferencistas foram cuidadosamente selecionados por

um Conselho Temático formado por renomados cientis-

tas e especialistas em nanotecnologia.

ção limitada nas lojas.

Uma jóia comemorativa em edição limitada foi cria-

da especialmente para o evento. Confeccionada por

Dryzun Joalheiros, a peça une a alta tecnologia do fio

de Lycra®, com a nobreza da prata 950 e a preciosidade

do diamante. Toda a comunicação visual da exposição

teve como referência elementos e cores de uma releitura

do final dos anos 50 e início da década de 60.

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Promotora da Febratex adquiresede própria em Blumenau

e quer ampliar negócios na região

A empresa gaúcha Fcem - Feiras, Congressos e Em-

preendimentos Ltda - promotora da Febratex - Feira Bra-

sileira para a Indústria Têxtil, fixou endereço definitivo

em Blumenau - SC e vai investir na ampliação dos seus

negócios no Vale do Itajaí. A empresa, que foi uma das

parceiras na viabilização da Vila Germânica, destinan-

do R$ 25 mil de seu orçamento para ajudar a viabilizar

o projeto, adquiriu sua sede própria, no 12º andar do

Edifício Catarinense.

Além da promoção da Febratex, o grupo Pompeo Ma-

deira aposta suas fichas no mercado de montagem de

estandes promocionais em feiras, eventos e congressos.

“Com a conclusão da Vila Germânica e os investimen-

tos na captação de novos eventos, Blumenau se consoli-

da como um ótimo mercado nesta área”, prevê Hélvio

Roberto Pompeo Madeira, diretor da empresa.

A filial da Fcem atende na rua XV de Novembro,

550 – Sala 1209, 12º andar do edifício Catarinense. Os

telefones são: (47) 3222-2699 e 332-5971.

Lanxess reorganiza atividades

A Lanxess, empresa alemã especialista em produtos

químicos, plásticos e borrachas, confirmou mais uma

etapa da estratégia mundial de reestruturação da empre-

sa, ao reorganizar suas atividades com o desinvestimento

da unidade de negócios TPC – Textile Processing

Chemicals. Todas as atividades da unidade de negócios

fora da América do Norte foram adquiridas pela Egeria,

um grupo investidor holandês.

Segundo Alberto Fusté, gerente de TPC no Brasil, a

medida não alterará o quadro de atividades do negócio

no país; todos os clientes e parceiros continuarão com a

mesma estrutura que contam hoje. “O desinvestimento

de TPC, assim como os anteriores, faz parte do plano de

estratégia da empresa e das etapas de reestruturação da

Lanxess, que têm como objetivo focar suas atividades

em unidades de negócios com potencial de crescimen-

to. Para o mercado, a iniciativa será positiva uma vez

que a nova empresa concentrará seus recursos e energia

em um negócio específico”, afirma.

O grupo químico Lanxess aumentou seu resulta-

do operacional antes da depreciação e amortização

(EBITDA) e antes dos itens excepcionais em uma

porcentagem de dois dígitos no terceiro trimestre de

2006. A EBITDA antes dos itens excepcionais au-

mentou 10.8% no período de julho a setembro, indo

para •164 milhões (Q3 2005: •148 milhões). A mar-

gem EBITDA antes dos itens excepcionais avançou

de 8.3% para 9.7%.

A Lanxess melhorou seu resultado operacional

(EBIT) antes dos itens excepcionais em 15.9%, cres-

cendo para •102 milhões (•88 milhões). A queda nas

vendas de um ano para o outro, que foi de 4,8%, indo

para •1.691 milhões (•1.776 milhões), deveu-se às mu-

danças no portfólio e aos efeitos negativos do câmbio,

particularmente em relação ao dólar americano. Ajusta-

das aos desinvestimentos nas unidades de negócio Fi-

bras e Papel e na subsidiária iSL-Chemie da Rhein

Chemie, em conjunto com as mudanças adversas nas

taxas de câmbio, as vendas subiram 2.1%.

A receita líquida chegou a •36 milhões (menos •57

milhões). Os gastos de capital aumentaram quase um

terço, indo para •66 milhões (•52 milhões). Ainda se

espera que o gasto de capital no ano fiscal de 2006 fique

no extremo superior, em •250 milhões, indo para a fai-

Os destaques da empresa no Brasil:

Investimentos $ 3.7 milhões para aumen-

tar a capacidade em Porto Feliz (SP).

Pigmentos Inorgânicos atingiu níveis recor-

des de produção e vendas no 3º Trimestre.

Resultados expressivos nas vendas de

Buna CB728.

A nova marca Lustran Polymers bem acei-

ta no mercado local.

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xa dos •270 milhões. A dívida financeira líquida caiu

26.0%, para •503 milhões, de •680 milhões em 31 de

dezembro de 2005.

Tendências dos negócios

No Brasil, onde a empresa está representada por meio

de todas as suas 15 unidades de negócio, a Lanxess tam-

bém obteve uma ótima performance, sinalizando a ten-

dência de crescimento de dois dígitos registrada nos úl-

timos dois anos. A unidade de Pigmentos Inorgânicos

aumentou sua participação no mercado e atingiu níveis

recordes de produção e vendas em virtude do aumento

na demanda. Como resultado, a matriz já aprovou in-

vestimentos de cerca de US$ 3,7 milhões para aumentar

a capacidade de produção de sua planta em Porto Feliz,

no interior de São Paulo.

A Lustran Polymers, nova nomenclatura para a uni-

dade de resinas estirênicas da Lanxess, focada em resi-

nas ABS e especialidades, tem sido muito bem aceita no

mercado local.

As vendas no segmento Produtos Químicos Inter-

mediários no terceiro trimestre de 2006 permaneceram

aproximadamente no mesmo nível do ano anterior, au-

mentando 0,3%, indo para •374 milhões (•373 mi-

lhões). A unidade de negócio Saltigo aumentou signi-

ficativamente seus ganhos nas vendas, que foram li-

geiramente maiores do que no trimestre do ano anteri-

or. Os ganhos da unidade de negócio Pigmentos

Inorgânicos aumentaram. A EBITDA antes dos itens

excepcionais do segmento avançou 16,4%, indo para

•64 milhões (•55 milhões). A margem EBITDA antes

dos itens excepcionais aumentou 2,4 pontos

percentuais, indo para 17,1%.

As vendas no segmento Produtos Químicos de De-

sempenho encolheram 12,5% em relação ao período no

ano anterior, indo para •428 milhões (•489 milhões)

devido ao portfólio e aos efeitos do câmbio. Ajustadas

aos efeitos do câmbio e ao desinvestimento na unidade

de negócio Papel e na subsidiária iSL-Chemie da Rhein

Chemie, as vendas subiram 3,0%. A inauguração e o

bem sucedido início da operação da fábrica de hidrato

de hidrazina em Weifang, China, em julho de 2006, re-

forçaram a posição da unidade de negócio de Produtos

Químicos Funcionais no mercado asiático, que vem cres-

cendo rapidamente.

Como previsto nos relatórios intermediários anterio-

res, a competição mais dura e a queda na demanda re-

sultante do fechamento das instalações de alguns clien-

tes levaram a uma queda nas vendas da unidade de ne-

gócio Produtos Químicos para Borracha. As vendas de-

senvolveram bem na unidade de negócio Produtos Quí-

micos para Processamento Têxtil, cujo desinvestimento

foi anunciado na imprensa. A reestruturação passada nes-

ta unidade de negócio levou a custos funcionais mais

baixos e ganhos mais altos.

A EBITDA antes dos itens excepcionais do segmen-

to Produtos Químicos de Desempenho caiu 15,8%, indo

para •48 milhões (•57 milhões). A margem EBITDA

antes dos itens excepcionais caiu apenas 0,5 ponto

percentual, indo para 11,2%.

Perspectivas

A Lanxess espera que a atmosfera econômica global

permaneça positiva no quarto trimestre do ano fiscal de

2006, permitindo um ambiente comercial propício para

a indústria química. Embora os preços do petróleo cru

tenham caído nas últimas semanas, os preços dos esto-

ques que alimentam os petroquímicos e a energia per-

manecem altos e voláteis. A Lanxess vai continuar a le-

var em conta esses elementos nos seus preços.

Considerando a tendência positiva dos negócios nos

primeiros nove meses de 2006, a Lanxess continua a

esperar um aumento na EBITDA antes dos itens excep-

cionais entre •660 milhões e •680 milhões. A implanta-

ção da reestruturação já iniciada, se permanecer dentro

do prazo previsto, deverá contribuir para tal resultado.

Considerando a aplicação consistente da estratégia

“preço antes de volume”, o Grupo Lanxess também con-

tinua a esperar apenas um crescimento moderado nas

vendas das operações em andamento.

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Em um vilarejo vivia um velho professor que,pela sua sabedoria, era sempre consultado sobreos mais variados assuntos.

Uma manhã, ele recebe a visita de um ex-alu-no, que foi até lá pedir alguns conselhos.

- Sinto que não tenho nenhum valor - desaba-fou o rapaz - Todos da minha família dizem quenão sirvo para nada, que não faço nada direito,que sou lerdo e idiota, que não serei nada na vida.O que posso fazer para que me valorizem mais,professor ?

O professor então lhe disse:- Sinto muito, meu rapaz, mas não posso aju-

dar-te. Primeiro devo resolver o meu problema.Tirando um anel do dedo, deu-o ao rapaz, ex-

plicando:- Devo vender este anel porque preciso pagar

uma dívida. Peço-lhe que vá até o mercado e ven-da este anel pelo preço de no mínimo uma moedade ouro.

O rapaz ficou meio desapontado com o profes-sor, mas resolveu prestar esse favor ao mestre.Pegou o anel e partiu para o mercado.

Ao oferecer o anel para os mercadores, eles oolhavam com um certo interesse, mas desistiamao saber o preço que estava sendo pedido.

Quando o jovem pedia uma moeda de ouro, al-guns riam, outros saíam sem responder. Porém,um afável mercador lhe explicou que uma moedade ouro era muito valiosa para comprar um anel.

Tentando ajudar o jovem, ofereceu-lhe uma mo-eda de prata e uma xícara da cobre.

O jovem, porém, seguiu as instruções do pro-fessor de não aceitar um preço menor. Abatido pelofracasso, voltou à casa do mestre, dizendo:

- Sinto muito, mas é impossível conseguir o quepediu. Talvez pudesse conseguir duas ou três mo-edas de prata, mas não acho que se deva enga-nar ninguém sobre o valor do anel.

- O que você disse é muito importante, meu jo-vem - respondeu sorridente o sábio professor. -Devemos primeiro saber qual o verdadeiro valor

do anel. Vá até o joalheiro próximo daqui e peça-lhe para avaliar este anel. Diga-lhe que quer ven-der e pergunte o quanto ele vale. Mas, preste aten-ção: não importa o quanto te dará por ele, não ovenda e traga-o de volta.

Obediente, o jovem procurou o joalheiro queexaminou o anel com uma lupa, pesou-o e decla-rou:

- Diga ao seu professor que se ele quiser ven-der o anel agora, não posso dar mais do que 58moedas de ouro ...

O jovem não conseguiu esconder o espanto- 58 moedas de ouro?- Sim, confirmou o joalheiro. Com tempo, eu po-

deria até conseguir revendê-lo por umas 70 moe-das de ouro, mas, agora, é só isso que posso ofe-recer a ele.

O aluno correu emocionado à casa do profes-sor para contar-lhe a novidade.

Sem demonstrar surpresa, pois já sabia o valordo seu anel, o professor lhe disse:

- Você é como este anel: uma jóia valiosa eúnica. Mas só pode ser avaliada por um especia-lista. Pensava que qualquer um poderia descobriro seu valor?

E, colocando o anel no dedo, concluiu:- Não se esqueça, todos nós somos como esta

jóia: valiosos e únicos. Porém, muitas vezes, an-damos por todos os mercados da vida pretenden-do que pessoas inexperientes nos valorizem.Quantas vezes nos deixamos influenciar pela opi-nião dos outros a nosso respeito?

Você deve acreditar em si mesmo, sempre. Nãoexiste ninguém melhor do que nós mesmos parasaber o quanto somos importantese capazes.

Feliz Natal a todosos amigose associadose um Ano Novopróspero e valioso

O VALOR DE CADA UM

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