Ética Cristã[1]

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    PRPRPRPRTICATICATICATICA

    BACHAREL EM TEOLOGIA

    TICA CRIST

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    Marcos Antonio Pereira

    Organizador

    Seminrio Teolgico Filadlfia

    Diretor Geral: Pr Marcos Pereira Coordenador Acadmico: Pb Sadrac Pereira Secretria Acadmica: Prof Valda Lopes Assistente Financeiro: Prof Elias Gomes Revisor Ortogrfico: Prof Jeir Moreira

    Esta apostila parte integrante do material didtico especialmente confeccionado para o curso Bacharel em

    Teologia distncia do SETEFI

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    NDICE

    Introduo 3

    A Importncia do Declogo 5

    A Autoridade 5

    Os Ensinos de Jesus 8

    Caractersticas do Cidado do Reino 9

    Aborto 11

    Celibato 15

    Controle de Natalidade 16

    Divrcio 20

    Eutansia 21

    Genocdio 24

    Guerra 24

    Homossexualismo 26

    Infanticdio 29

    Obedincia ao Estado 30

    Patro x Empregado 30

    Pena de Morte 31

    Poligamia 32

    Proteo Velhice 33

    Suicdio 34

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    tica a cincia que estuda os deveres do homem. A palavra-chave dever: o que devo fazer, e o que no devo fazer. O estudo da tica parte do princpio que o homem livre e responsvel. Livre para escolher o bem ou o mal, o certo ou o errado; e responsvel por sua deciso, escolha.

    Ethos. o conjunto de valores, sentimentos e idias que caracterizam os diferentes lugares e pocas da Histria.

    A expresso ethos aparece 12 vezes no Novo Testamento (Lc 1.9; 2.42; 22.39; Jo 19.40; At 6.14; 15.1; 16.21; 21.21; 25.16; 26.3; 28.17 e Hb 10.25) significando estilo de vida, conduta, costumes ou prtica. O seu plural th aparece apenas em 1Co 15.33 ... as ms conversaes corrompem os bons costumes.

    tica Do grego etik. Cincia moral. Estudo sistemtico dos deveres e obrigaes do indivduo, da sociedade e do governo. Seu objetivo: estabelecer o que certo e o que errado. Ela tem como fonte a conscincia, o direito natural, a tradio e as legislaes escritas; mas, acima de tudo, o que Deus estabeleceu em Sua Palavra a tica das ticas.

    tica secular ou tica filosfica a cincia dos costumes ou hbitos; ensinada nos cursos de Filosofia nas grandes Universidades.

    tica Crist. Conjunto de princpios fundamentados nas Sagradas Escrituras, principalmente nos ensinos de Cristo e de seus apstolos, cujo objetivo orientar a conduta do cristo.

    A tica Crist no uma mera cincia de costumes e hbitos, ela vai mais longe, pois tem a ver com o bem e o mal revelados nas Sagradas Escrituras.

    Jesus sintetizou a tica Crist numa s frase: Amars, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu corao, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua fora. Amars o teu prximo como a ti mesmo Mc 12.30, 31.

    Ao responder aos escribas qual era o maior de todos os mandamentos, Jesus tambm resumiu os principais deveres do ser humano, como segue:

    1 Deveres do homem para com Deus

    Amars, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu corao, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua fora.

    2 Deveres do homem para com os outros

    Amars o teu prximo

    3 Deveres do homem para consigo mesmo

    Como a ti mesmo.

    Moral. A moral que vem do latim moralis (relativo aos costumes) observa o que o homem faz, enquanto a tica Crist questiona porque e para que o homem faz.

    LIO 1 - INTRODUO

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    Relaes da tica. A tica Crist envolve vrias relaes bsicas as quais podem ser agrupadas em forma trigonal, cujo centro a perfeita revelao da Palavra de Deus.

    Deus (tica Testa)

    Ego Prximo (tica Individual) (tica Social)

    1) tica Testa = Devoo do intelecto, do corao e da vontade a Deus (1Ts 5.23).

    2) tica Individual = Auto-conservao, cultura prpria, etc. 3) tica Social = Deveres do indivduo para com a sociedade: trabalho,

    trnsito, poltica, economia, assistncia social (vivas, viciados, menores, enfermos), famlia, etc.

    Preconceito. Ao se estudar tica Crist, deve-se deixar de lado todos os preconceitos. Deve-se manter o corao e a mente abertos para possveis mudanas no modo de agir, caso se descubra que no h compatibilidade com os ensinos e exemplo de Jesus.

    Preconceito significa um conceito antecipado e sem fundamento razovel; opinio formada sem ponderao. Exemplo: se voc tem um preconceito contra msica clssica, ou gospel, no adianta um amigo seu convid-lo para ouvir um CD do Beethoven ou do Petra, respectivamente. evidente que, antes mesmo de ouvi-los, voc j decidiu que no os aprecia. Isto preconceito!

    O estudo da tica Crist vai atingir muitos pontos de nossa vida espiritual. Fatos tidos como certos at ento, podero revelar-se como errados ou no to regularmente certos. O estudante de tica Crist precisa postar-se como um cientista: deve estudar sem preconceito; e, estar disposto a mudar de atitude e do modo de pensar quando descobrir que o seu procedimento no est de acordo com os ensinos pregados por Jesus.

    Uma das falhas do Cristianismo atual tem-se constitudo pelo seu contentamento e aceitao com a situao medocre, pois absorve os padres do mundo. Quando chega a este ponto, os cristos perdem a capacidade de desafiar o mundo a atingir os ideais da mensagem de Jesus.

    A IMPORTNCIA DO DECLOGO

    Neste captulo, exibiremos porque o Declogo o contedo fundamental da tica Crist. Ser, ainda, apresentada a validade dos Dez Mandamentos para a tica Crist no testemunho bblico.

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    Uma pergunta inevitavelmente surge a esta altura do estudo: Os Dez Mandamentos ainda tm validade para ns? justo falar dos Dez Mandamentos na sociedade moderna?

    Afinal, qual a validade do Declogo? A quem se aplicam suas verdades morais?

    a) Os Dez Mandamentos valem para o povo de Deus ao qual foram dados (Dt 4.1, 2; Sl 147.19, 20);

    b) Os Dez Mandamentos so recomendados para todos os homens como expresso evidente do bem (Dt 4.6; Ec 12.13);

    c) Os Dez Mandamentos so a moldura da tica Crist.

    Com exceo do 4 Mandamento, que se refere observncia do Sbado, encontramos os demais Mandamentos no Novo Testamento, como segue:

    Mandamento Referncia Correlata 1, 2 1Jo 5.21 3 Tg 5.12 4 Nenhuma Referncia 5 Ef 6.1-3 6 Rm 13.9 7 1Co 6.9, 10 8 Ef 4.28 9 Cl 3.9; Tg 4.11 10 Ef 5.3

    A AUTORIDADE

    H duas situaes diferentes quanto fonte de autoridade para a tica Crist. Vamos analisar ambas as situaes:

    1. A primeira afirma que o ser humano a fonte de autoridade. Tal posio admite os seguintes princpios:

    a) O que o homem faz o certo ou o bem; b) O homem possui uma natureza racional, sendo assim, tudo o que seu

    raciocnio decreta o certo ou o bem; c) O homem dotado de uma conscincia, capaz de determinar o que certo

    ou o bem; e, d) O homem vive em sociedade o que a comunidade estabelece o certo ou

    o bem.

    2. A outra situao defende que a autoridade existe fora do homem, ou seja, existe em Deus. Esta a nossa posio: A autoridade para nosso modo de viver e de agir, isto , a autoridade que determina a tica Crist, a vontade de Deus, revelada na Bblia.

    Vontade Divina

    A tica Crist admite como autoridade maior a vontade de Deus! Mas como o homem pode certificar-se da vontade de Deus? A resposta simples: Deus revela-nos sua vontade por meio de vrias fontes, como segue:

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    a) A natureza lei natural do universo (Sl 19.1); b) A conscincia humana gravada com os princpios bsicos da lei moral (Rm

    1.18-20); c) A histria da humanidade, onde Deus manifesta a sua vontade; e, d) A revelao mais perfeita de Deus a Bblia, a Palavra de Deus.

    Antigo Testamento X Novo Testamento

    Quem tem maior autoridade? O Antigo ou o Novo Testamento?

    Muitos cristos estudam e procuram conhecer apenas o Novo Testamento. Dizem que Cristo veio cumprir a Lei, portanto, no precisam se preocupar com o Antigo Testamento. Contudo, parece importante observar o que diz 2Tm 3,16: Toda Escritura inspirada por Deus. Vale salientar que, o Novo Testamento cumpre o que o Antigo Testamento prev.

    E mais: Cristo , de fato, a autoridade para a tica Crist. Toda a Bblia converge para Cristo. O Antigo Testamento anuncia a vinda do Messias (Cristo); o Novo Testamento relata sobre a vinda do prometido Cristo. Em outras palavras: O Novo Testamento completa o Antigo Testamento.

    Quanto aparente diversidade entre a tica do Antigo e do Novo Testamento, pode-se refutar da seguinte maneira: Encontramos no Antigo Testamento uma tica em processo progressivo. a tica de um povo em desenvolvimento religioso, e progride at a perfeio da moralidade em Cristo. Assim, o Antigo Testamento mostra mais o que o povo fazia; enquanto o Novo Testamento evidencia o que o crente deve fazer.

    Divergncias Eclesisticas

    1) A posio da Igreja Catlica. Esta concorda que a vontade divina deve ser a fonte de autoridade para o

    homem, e que a Bblia a palavra de Deus. Contudo, garante que somente a Igreja tem autoridade para interpretar a Bblia para o seu povo. Fica claro que, dessa forma, a Bblia torna-se produto da Igreja.

    2) Posio dos Evanglicos A maioria das igrejas evanglicas aceita que o Esprito Santo dado tanto s igrejas como ao indivduo. Assim sendo, quando o crente est diante de problemas ticos, ele precisa levar em conta:

    - O que sua igreja como denominao e sua membresia em geral tm a dizer sobre tais problemas ticos; e,

    - Que ele mesmo tem o dever de decidir qual a vontade de Deus para sua vida.

    O Crente e a Igreja

    Como participante da famlia de Deus a Igreja o crente deve viver de modo a no causar problemas igreja.

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    Desde os tempos remotos, quando da peregrinao de Israel no deserto, vemos os filhos de Deus procurando homens mais capazes a fim de ajud-los na resoluo dos seus problemas.

    Um exemplo clssico o caso de Moiss quando foi aconselhado pelo seu sogro, Jetro, a eleger auxiliares a fim de ajud-lo a julgar o povo em suas dificuldades e problemas ticos (x 18.13-27).

    Um outro exemplo foi a igreja de Corinto, a qual possua problemas, os quais eram quase na sua totalidade de ordem tica, como por exemplo: marido ou mulher, uma vez convertidos, deveriam permanecer vivendo com o cnjuge impenitente? Como deve agir o cristo com relao a ingesto de alimentos anteriormente oferecidos aos dolos? As mulheres devem cobrir a cabea quando da adorao pblica? Etc. (1Co 7; 8; 11).

    Nos dias atuais, h assuntos que a Bblia no trata de maneira clara acerca dos mesmos. Obviamente, antes de tomar uma deciso, o crente deve procurar descobrir a posio de sua igreja quanto a este assunto; porm deve ficar claro que a deciso final e a responsabilidade da deciso cabe a cada um.

    Os ensinos defendidos pela igreja local e a denominao devem ser respeitados, pois Deus concedeu o Esprito Santo no s ao indivduo, mas tambm s igrejas. Entretanto, a igreja no responsvel pelo indivduo. Cada um tem que tomar suas prprias decises diante de Deus. (Cl 3.16).

    Equipamentos

    Deus outorgou ao homem todo o equipamento necessrio para que este sinta-se habilitado a tirar suas prprias concluses e fazer suas prprias decises. Que equipamentos so estes?

    1) Capacidade de pensar Deus dotou o ser humano com a capacidade de pensar, raciocinar e de decidir. A sabedoria, ou a capacidade de pensar, fundamental para se decidir acertadamente sobre o que se deve fazer.

    Em Ef 1.17, Paulo ora a Deus para que este conceda aos crentes o esprito de sabedoria e revelao.

    Para os crentes, h uma maravilhosa promessa em Tg 1.5.

    2) A conscincia Em segundo lugar, deve-se levar em conta que Deus favoreceu o homem com a conscincia. Nossa conscincia nos ajuda a decidir o que certo e o que errado. Note-se porm que a conscincia no a voz de Deus dentro de ns. Ela apenas como uma voz da alma que condena o que errado e aprova o que certo.

    Mas, cuidado: o crente no pode depender apenas da conscincia como autoridade para assuntos ticos. Por qu? As referncias a seguir respondem: 1Co 8.7 e 1Tm 4.2. Elas mostram que a conscincia pode tornar-se fraca (contaminada) e cauterizada (corrompida).

    Contudo, quando a conscincia nos acusa, devemos ouv-la (Rm 14.23).

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    O senso de dever do homem, ditado pela conscincia sofre duas influncias: uma absoluta, que vem de dentro do homem e que diz que h um padro de certo e errado. A outra influncia diz que uma ao certa ou errada de acordo com um padro existente. Pode ento haver luta entre o padro que existe dentro da pessoa e o padro que existe na sociedade, Por isso, a conscincia apenas no pode ser autoridade absoluta.

    3) A liderana do Esprito Santo o Esprito Santo que convence o crente do que pecado, do que errado e assim nos ajuda a tomarmos a deciso mais acertada com a vontade de Deus. ele quem auxilia nossa capacidade de pensar e nossa conscincia quando temos que tomar nossas prprias decises. (Jo 16.7, 8).

    A Bblia aborda sobre vrios assuntos. Contudo h vrios que no so tratados de um modo claro e direto nas Escrituras. Como por exemplo: aborto, celibato, controle da natalidade, divrcio, eutansia, homossexualismo, pena de morte, poligamia, suicdio, etc.

    OS ENSINOS DE JESUS

    O Reino de Deus

    Mateus 6.33 preceitua: Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justia, e todas estas cousas vos sero acrescentadas. Jesus afirma em Lc 4.43 que veio anunciar o evangelho do reino. No Novo Testamento, encontramos 70 referncias ao reino de Deus ou ao reino dos cus. A maioria das parbolas registra as caractersticas do reino.

    Em razo desta ser uma disciplina de tica Crist, estudaremos apenas sobre o reino de Deus que j se manifestou entre ns. Em um determinado dia, todo o joelho se dobrar aos ps de Jesus (Fp 2.10), sendo este, Senhor de um reino universal. Este reino ainda no chegou. O referido assunto no pertence tica, e sim Escatologia Doutrina das ltimas Coisas.

    Reino Espiritual

    H muitos reinos na Terra! Por exemplo: durante muito tempo, o Reino da Gr-Bretanha foi um dos maiores do mundo. O reino de Deus diferente! Ele no situa-se em um lugar fsico, pois no um reino material; espiritual Atente para o que diz Lc 17.20-21: Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: No vem o reino de Deus com visvel aparncia. Nem diro: Ei-lo aqui! Porque o reino de Deus est entre em vs.

    O reino de Deus j est entre ns: Ele existe dentro do corao e da vida daqueles que obedecem a Deus.

    Neste conceito de reino de Deus no corao, religio e tica se fundem. Observe que na orao do Pai Nosso (Mt 6.10), Jesus nos ensina a rogar: Venha o teu reino.

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    Acesso ao Reino

    O reino de Deus uma ddiva, porm o homem tem de fazer a sua parte para adquirir esta ddiva, e as exigncias a serem cumpridas so sumamente ticas. Elas so:

    a) Arrependimento este sentimento significa, alm de remorso pelos pecados cometidos, uma converso total de direo de vida: abandono do pecado e incio de uma nova vida (Mt 4.17). No basta uma mudana externa, faz-se necessrio uma mudana ntima um novo nascimento (Jo 3.3).

    b) F significa confiana e devoo a um nico Deus. uma dependncia total. (Hb 11.1, 6).

    c) Obedincia Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrar no reino dos cus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que est nos cus Mt 7.21.

    Arrependimento e f que vem da obedincia so condies para entrar no reino de Deus. Ao aceitar Jesus Cristo como Senhor e Salvador, o homem cumpre com as exigncias para o seu acesso ao reino de Deus.

    Ensinos ticos de Jesus

    Os ensinos ticos de Jesus so dirigidos aos cidados do reino, ou seja, para aqueles que, mediante a f em Cristo deixaram de ser dominados pela velha natureza. O homem que no aceita o senhorio e autoridade absoluta de Cristo, no compreende nem aceita a tica de Jesus.

    CARACTERSTICAS DO CIDADO DO REINO

    Antes de prosseguirmos o estudo, aconselhamos que voc leia, preferencialmente agora, os captulos 5, 6 e 7 do Evangelho de Mateus! Estes 3 captulos contm o Sermo do Monte, conhecido como apresentao de um padro tico-religioso de vida, proferido por Jesus, primeiramente aos discpulos, s multides presente, e naturalmente estendendo-se igreja atual, bem como ao mundo tambm.

    O cidado do reino deve se identificar com as bem-aventuranas lavradas no preldio do Sermo do Monte (Mt 5.1-12).

    O termo bem-aventurado de origem grega makarios significa feliz, abenoado.

    O cristo, ao subir o Monte Espiritual, dever galgar 8 passos na sua experincia crist. Ei-los:

    1) Humildade Bem-aventurados os humildes de esprito, porque deles o reino dos cus Mt 5.3. Humildes de esprito so os verdadeiros humildes, e no os que tm falta de bens materiais. A expresso pobres de esprito em outra verso bblica, ao contrrio do que se pode sugerir, so aqueles que se sentem pecadores e sem merecimento diante de Deus, ou seja, pobres de merecimento. A humildade a primeira caracterstica do cidado do reino!

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    2) Arrependimento Bem-aventurados os que choram, porque sero consolados Mt 5.4. Estes so os que choram, lamentando seus prprios pecados. Choram pelos pecados do mundo tambm. A sensibilidade espiritual outra caracterstica do cidado do reino. E mais: lembre-se que Jesus tambm chorou (Lc 19.41; Jo 11.35).

    3) Mansido Bem-aventurados os mansos, porque herdaro a terra Mt 5.5. So pessoas que se rendem prioritariamente vontade de Deus. Ser manso no significa ser indolente, flcido, frouxo ou sem personalidade. Pelo contrrio, a caracterstica daqueles crentes que j conseguiram domar a velha natureza, e se deixaram dominar pelo Esprito Santo. O verdadeiro cidado do reino manso, a exemplo de Jesus, Moiss (Nm 12.3), etc.

    4) Apetite espiritual Bem-aventurados os que tm fome e sede de justia, porque sero fartos Mt 5.6. Aqueles que buscam a santidade oriunda de Deus possuem certamente esta fome e sede de justia. Um dos golpes mais cruis que o ser humano pode receber a injustia. Entretanto, o cidado do reino deve promover a justia entre os homens (Mq 6.8).

    5) Misericrdia Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcanaro misericrdia Mt 5.7. So pessoas que se compadecem do seu prximo. Quem pratica a misericrdia, vai alm daquele que exercita a justia! Por compaixo chega a perdoar aquilo que por justia teria direito de exigir. A misericrdia um sentimento ativo. Am 5.15 aponta 3 conselhos prticos quanto misericrdia: aborrecer o mal, amar o bem e estabelecer o juzo.

    6) Pureza de corao Bem-aventurados os limpos de corao, porque vero a Deus Mt 5.8. Tais pessoas mantm uma santidade desde o seu ntimo. A pureza de corao uma qualidade interna, invisvel. Deus no atenta para a aparncia, mas repara o corao (1Sm 16.7). Deus abomina a hipocrisia (Is 29.15 e Mt 23.13).

    7) Pacificao Bem-aventurados os pacificadores, porque sero chamados filhos de Deus- Mt 5.9. So aqueles que tm paz com Deus e a semeiam. O pacificador semeia a paz entre os homens! Porm, isto s possvel, quando primeiro se tem a paz dentro de si. S Jesus pode dar esta paz Jo 14.27.

    Nota: No confundir pacificador com pacifista. Pacifista aquele que no pega em armas para lutar pela ptria. O pacificador vai mais adiante: ele promove a paz!

    8) Sofrimento por Cristo - Bem-aventurados os perseguidos por causa da justia, porque deles reino dos cus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vs. Regozijai-vos e exultai, porque grande o vosso galardo nos cus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vs Mt 5.10-12. Estes perseguidos so aqueles que sofrem qualquer sacrifcio por permanecer no centro da vontade de Cristo (1Pe 1.11-15; 4.12-19).

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    ABORTO

    O dilema do aborto to antigo quanto a histria do homem. Por exemplo, uma obra do imperador chins Shen Nung (cerca de 2600 a.C.) prescreve em detalhes os mtodos para se provocar o aborto.

    A situao, porm, agravou-se com o avano da tecnologia abortiva e com a mudana da opinio pblica secularizada. Nos pases socialistas, permite-se o aborto nos 3 primeiros meses da gravidez, e as naes ocidentais chegam a financiar os abortos.

    Definies

    Do latim abortum. Etmologicamente significa por-se o sol, desaparecer no horizonte, e da morrer, perecer.

    Parece recomendvel distinguir os 4 termos usualmente empregados na tica Crist, na Sociologia, na Medicina e na Filosofia:

    - Planejamento Familiar = Atividade voluntria e consciente dos pais (atravs de mtodos naturais ou artificiais) relacionada com o nmero de filhos que almejam criar.

    - Controle de Natalidade = Constitui-se num esforo comum, organizado por agentes da sociedade, visando oferecer orientao ou at mesmo fixar normas para o crescimento populacional de acordo com a situao scio-econmica do pas.

    - Aborto = Pode ser classificado como espontneo ou provocado, O aborto espontneo aquele que ocorre alheio vontade por inadequaes materno-fetais diversas (infeces, genticas), geralmente durante o primeiro trimestre de gravidez. O aborto provocado aquele desencadeado intencionalmente ou no por agentes externos (cureta, leso corporal, drogas). De acordo com o Grande Dicionrio Brasileiro de Medicina, o aborto a expulso espontnea ou provocada do feto antes do 6 ms de gestao, ou seja, antes que o feto possa sobreviver fora do organismo materno.

    - Abortamento = a operao de abortar. Consiste na expulso do feto antes que ele complete 6 meses de gestao, Aps este prazo, chama-se parto prematuro.

    Motivos para o Aborto

    Juristas, mdicos, polticos, filsofos e telogos referem-se a 4 indicaes (motivos ou fatores) os quais poderiam justificar o aborto:

    Indicao Mdica - J.W.Klotz relaciona 7 justificativas possveis: doenas cardiovasculares, doenas pulmonares, problemas neurolgicos, disfunes

    LIO 2 - QUESTES CONTEMPORNEAS I

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    gastrointestinais, problemas renais, diabetes e cncer. Cic: Tradicionalmente, os cristos rejeitam esta indicao, pois alegam confiana num Deus soberano, o qual responde s oraes, e que deseja o bem-estar mesmo quando as circunstncias se apresentam adversas.

    Indicao tica, Criminolgica e Jurdica Os conflitos aqui envolvidos so de origem jurdica: A me gestante deve ser forada a dar luz uma criana concebida por estupro ou gerar uma criana contra sua vontade? O problema do chamado aborto de honra que muitas pessoas alegam estupro a fim de justificar um aborto. Cic: os cristos, desde a antigidade, tm desaprovado o aborto jurdico, mesmo no caso de violncia sexual, pois crem que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que so chamados segundo o seu propsito Rm 8.28. Ateno! Reflita: Um certo homem redigiu uma carta a um amigo depois do estupro de sua esposa, quando o exrcito russo invadiu a Alemanha nazista: Nossa famlia cresceu com o nascimento de um pequeno nen russo, um moo to vivo e amvel que ningum lhe deseja mal algum (Abtreibung Einziger Ausweg).

    Indicao Gentica - As razes genticas so apresentadas com o intuito de justificar um abortamento quando se descobre que o nen vai nascer deformado, retardado ou doente, devido a anomalias cromossmicas, sarampo ou medicamentos inadequados. Cic: Embora o Cristianismo reconhea os problemas reais das anomalias genticas, contudo no recomenda o aborto eugnico, porque defende que mesmo a vida defeituosa digna de ser vivida, visto que, em ltima anlise, qualquer vida humana procede de Deus. Considerar uma vida moralmente mais ou menos valiosa uma questo prtica de acepo de pessoas.

    Indicao Social Discute-se esta indicao quando a me reconhece no possuir condies sociais de educar e alimentar seu nen. Porm bom salientar que, a tendncia da indicao social esquivar-se da responsabilidade paternal. Cic: O Cristianismo recomenda o respeito e a defesa da vida do embrio, pois ele uma vida proporcionada por Deus (Sl 139.13-16).

    Histria Eclesistica

    Tanto o Didach quanto a Epstola de Barnab ambos do sculo II a.C., escritos por pessoas prximas aos apstolos rejeitam qualquer aborto, seja teraputico, providencial, criminoso ou gentico, como sendo um assassinato.

    Conceito Jurdico-Penal no Brasil

    O Cdigo Penal Brasileiro trata de dois casos de aborto no-punveis. O primeiro o caso do aborto necessrio ou permissvel, referido no artigo 128, caput e inciso I: No se pune o aborto praticado por mdico, se no h outro meio de salvar a vida da gestante - o chamado aborto teraputico. Neste caso, deve outro mdico dar a sua confirmao necessidade da medida extrema. O segundo caso no punvel o aborto da estuprada. o que reza o artigo 128 em seu inciso II: Se a gravidez resulta de estupro e o aborto precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Neste caso, em especfico, deve ser comprovada a existncia do crime e a prtica do aborto deve apoiar-se no consentimento da vtima, ou, sendo esta incapaz, no do seu representante legal, como j exposto.

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    O Incio da Vida Humana

    O feto possui esprito? A Bblia relata que o feto de 6 meses que Isabel carregava (Joo Batista) estremeceu de alegria com a saudao de Maria, a qual trazia Jesus no seu ventre (Lc 1.41).

    Outro argumento neotestamentrio -nos fornecido pelo mdico e evangelista Lucas ao afirmar que Jesus ser cheio do Esprito Santo, j no ventre materno (Lc 1.15).

    A Teologia Sistemtica fala de 3 Escolas clssicas para definir a questo do incio da presena da alma no indivduo:

    O Pr-Existencialismo = Alega que a alma j existia na eternidade, na mente de Deus, antes de sua fecundao. A esta Escola pertenceu Plato e Orgenes.

    O Traducionismo = alega que a alma transmitida pelo smen humano. Foi defendido por Tertuliano, Agostinho e outros pais da Igreja antiga.

    O Criacionismo = Defendido pela maioria dos telogos catlicos e calvinistas, alega que a alma criada individualmente e unida ao corpo humano pela fecundao, ou entre a fecundao e o nascimento.

    Dados

    Reflita sobre estes brbaros dados:

    Em 1983, 16.000 fetos abortados foram encontrados nas lixeiras dos Estados Unidos;

    Na Alemanha e na Sua, rgos de embries abortados so comercializados clandestinamente e usados para experincias clnicas;

    Uma pesquisa do Instituto Gallup do Brasil divulgada no Jornal O Globo de 17/5/1987 se apresenta como reveladora: 58% da populao brasileira, naquela poca evidentemente, era favorvel liberao do aborto apenas em casos especiais;

    1,3 milho de abortos so praticados todos os anos no Brasil.

    A Realidade do Aborto

    - Um dos mtodos aprovados de aborto a histerotomia o embrio abortado com vida e morto depois de nascido por afogamento, fome ou corte do fluxo de oxignio.

    - Abril de 1982. A Suprema Corte do Estado de Indiana, nos Estados Unidos, deu permisso a um casal para que deixasse seu beb morrer de fome.

    - No dia 4 de Abril de 1981, uma jovem me atirou seu nen que nascera prematuramente do 7 andar de um hotel em Dallas. A autpsia revelou que a criana morreu de mltiplos ferimentos em conseqncia da queda. A mulher no foi processada sob o argumento de que o prazo para se submeter a um aborto legal numa clnica ainda no havia expirado.

    - Baseado na deciso da Suprema Corte dos Estados Unidos, o Dr. Peter A. J. Adams, cortou a cabea de 12 bebs pequenos nascidos vivos depois de

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    uma histerotomia. Ele bombeou sangue em seus crnios para mant-los vivos, como fizeram os russos com cachorros na dcada de 50.

    - O aborto tem sido praticado para justificar experincias fetais. O Dr. Bela A. Resch examinou nens abortados vivos; seus coraes bateram ainda por algumas horas depois de expulsos do ventre da me.

    Refutao Bblica

    Mencionaremos algumas referncias bblicas que provam a validade e a inviolabilidade da vida embrionria.

    Inserida num tempo em que o homem encontra-se distanciado de Deus e de seus santos princpios exarados na Sua Palavra, faz-se necessrio salientar com persistncia, clareza e firmeza o ensino sacro dos orculos divinos e eternos:

    - No matars (x 20.13); - No matars o inocente (x 23.7); - Se homens brigarem e ferirem mulher grvida, e forem causa de que aborte,

    porm sem maior dano, ser obrigado a indenizar (x 21.22); e, - Pois tu formaste o meu interior, tu me tecestes no seio de minha me.

    Graas te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras so admirveis, e a minha alma o sabe muito bem; os meus ossos no te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram a substncia ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda (Sl 139.13-16). Glria a Deus nas alturas!

    A Alternativa Crist

    Conta que certa vez, uma me procurou seu mdico, levando em sua companhia o filho de 1 ano. Ao mdico ela disse: Doutor, por favor, quero que me ajude. Este beb tem apenas um ano e j estou grvida outra vez; e no quero dois filhos to perto um do outro. O doutor perguntou: E o que a senhora sugere que eu faa?. Oh! disse ela De um jeito para que eu me livre desta gravidez. Aps alguns instantes, depois de pensar, o mdico respondeu: Minha senhora, vou sugerir um mtodo mais prtico, j que no deseja dois filhos to perto um do outro. O melhor jeito matar este que est no seu colo, e deixar o outro vir. Para mim tanto faz, e mais, para a senhora mais seguro. A nica diferena seria ento a idade do sobrevivente. Dito isto, ele buscou uma machadinha com a finalidade de solucionar o problema daquela jovem senhora. Quase desmaiando, ela bradou: Assassino!. Surpreso, o mdico lhe explicou que assassinos seriam ele e ela tambm, caso eliminassem a vida do ente ainda no nascido. Ou seja, matar a criana no ventre da me traria a mesma culpa que matar a criana no colo.

    O cristo no mata uma vida inocente e indefesa; antes, protege-a como bem individual, bem social e, sobretudo, bem criado por Deus. O lema cristo nas questes do aborto sempre preservar a vida, ajudar a resolver os problemas dentro dos princpios da Palavra de Deus. Por isso, o cristo assume a paternidade, ampara a ordem familiar, mesmo quando numerosa, favorece os orfanatos e as iniciativas privadas para educar crianas abandonadas, prega o perdo mesmo no caso de

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    estupro, encoraja a adoo de crianas no-desejadas, enfim, faz tudo para honrar, proteger e preservar a vida dos inocentes. Em outras palavras, o evanglico no pratica o aborto, no se submete ao aborto, no aprova o aborto, no apoia entidades que oferecem e facilitam o aborto, no negligencia ou pe em risco a vida humana intra-uterina. Antes, considera mesmo a gravidez no-desejada como ddiva de Deus, mesmo um feto deformado ou imperfeito como criao humana, amada por Deus, e d apoio emocional, material e espiritual criana indesejada.

    CELIBATO

    A opo celibatria se apresenta sob 2 pontos de vista exclusivistas e praticamente opostos. De um extremo encontra-se a teologia monstica que defende a vocao celibatria como um meio para se alcanar a perfeio moral e a vida eterna; e que interpreta a sexualidade como algo impuro. Do outro extremo est o protestantismo ortodoxo, o qual enfatiza, e muitas vezes de forma demasiada que o matrimnio um mandamento divino a ser obedecido com fins de procriao e tambm para se prevenir da impureza sexual.

    Do latim caelibatus, solteiro. O celibato a opo do homem ou da mulher que, por qualquer motivo, no desejam ou no podem assumir o matrimnio.

    Deve-se salientar que, o verdadeiro dilema do celibato no de dimenso teolgica, haja visto que Jesus falou abertamente dessa possibilidade (Mt 19.12), e Paulo a recomenda devido s preocupaes, e aos tempos de tribulao, bem como situao escatolgica, em que a igreja se encontra (1Co 7.8, 26, 29, 32, 35).

    A Bblia deixa transparecer que Deus pode vocacionar algum para a vida celibatria, conforme sua soberania. O profeta Jeremias foi vocacionado, isto , chamado por Deus para ficar solteiro (Jr 16.1, 2), para ilustrar publicamente a vida solitria do povo de Deus (Jr 16.3). Jesus Cristo viveu uma vida moralmente exemplar e celibatria, sem pecado, embora tenha sido tentado como ns (Hb 4.15).

    O apstolo Paulo destaca que, a pessoa solteira mais livre das preocupaes domsticas (1Co 7.32) e, portanto, pode servir ao Senhor desimpedidamente (1 Co 7.35). Essas consideraes paulinas de maneira nenhuma desvalorizam o matrimnio. Paulo ensina que no pecado casar (1 Co 7.28) e reprime quem se atreve a condenar ou proibir o casamento (1 Tm 4.1-3). Ele ainda recomenda que as vivas jovens contraiam novas npcias (1 Tm 5.14).

    O supremo propsito do celibato cristo servir ao Senhor. Em nenhuma das referncias bblicas, o celibato se apresenta como algo superior ou mais espiritual do que o casamento, ou como meio para se alcanar a perfeio moral.

    CONTROLE DA NATALIDADE

    moralmente errado usar dispositivos artificiais que previnam a vida humana de ocorrer naturalmente? A pessoa est desobedecendo ao mandamento de Deus no sentido de propagar a espcie, ao usar contraceptivos? Estas so perguntas importantes, para as quais uma resposta tica deve ser buscada.

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    Argumentos Contrrios

    Os opositores ao controle da natalidade, de um ponto de vista cristo, usualmente apelam para estes argumentos:

    O controle da natalidade desobedincia ao mandamento de Deus no sentido de propagar.

    - O primeiro mandamento de Deus raa humana foi este: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a (Gn 1.28).

    - H outras referncias aludidas: Como flechas na mo do guerreiro, assim os filhos da mocidade, Feliz o homem que enche deles a sua aljava (Sl 127.4, 5). E ainda: Herana do Senhor so os filhos; o fruto do ventre, seu galardo (v. 3).

    - De fato, a esterilidade era considerada uma maldio (Gn 20.18; Dt 7.14).

    O controle da natalidade um assassinato incipiente na inteno. - semelhante a um sitiante que se recusa a plantar sementes. - Somente Deus tem o direito sobre a vida. Ele abre e fecha a madre (Gn

    20.17, 18; 29.31). - S Deus detm o poder sobre a vida (Dt 32.39; Jo 1.21). - O controle da natalidade se constitui numa tentativa de desempenhar o papel

    que cabe somente a Deus: o de controlar a vida.

    O propsito do sexo a procriao. - O propsito bsico do sexo o da procriao impedido pelo uso dos

    contraceptivos. - Deus instituiu o sexo com o objetivo de reproduzir a espcie. - O sexo no recreacional, mas, sim, procriacional, e buscar aquele, sem

    esta, uma distoro do sexo. - O uso de contraceptivos revela-se uma expresso de desejo egosta: uma

    paixo pelo prazer isenta do plano de procriao. - O controle da natalidade um modo egosta de trabalhar contra a lei da

    natureza.

    A Bblia condenou especificamente uma tentativa de controle de natalidade. - As Escrituras, num exemplo bem claro, condenam um homem que

    deliberadamente recusou-se a propagar-se (Gn 38.9, 10).

    Respostas aos Argumentos Contrrios

    Aqueles que so favorveis ao controle da natalidade, alegam que os argumentos contrrios (acima mencionados), na verdade no compravam que este procedimento sempre est errado. Na melhor das hipteses estes argumentos mostram que, de modo geral, natural ter filhos e que, nalguns casos especficos realmente errado usar dispositivos para impedir a concepo.

    Eis as respostas:

    O mandamento de Deus para propagar geral, no especfico. - Deus deseja que a espcie reproduza e no necessariamente que cada

    indivduo dela se multiplique. - Se isto no fosse a verdade, o estado voluntrio de solteiro seria um pecado

    to grave quanto o uso de contraceptivos por pessoas casadas.

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    - Deve-se consultar Mt 19.12 e 1Co 7.17. - A pessoa no peca necessariamente pelo celibato. Deus chama alguns para

    no casar-se bem como alguns para casar-se. - A prpria Escritura permite a abstinncia sexual por mtuo consentimento,

    por algum tempo (1 Co 7.5). - O mandamento no sentido de propagar a espcie no diz quantos filhos

    deve haver, nem dentro de quanto tempo a propagao deve ser feita. Obviamente, o tempo no faz parte essencial do mandamento no sentido de multiplicar a espcie. Se, pois, fizessem logo a poligamia teria sido um mtodo muito mais eficaz, mas Deus deu ao primeiro homem somente uma esposa. De fato, Deus se ops poligamia e julgou os polgamos.

    O controle da natalidade no o assassinato incipiente. - H uma enorme diferena entre impedir alguma vida de dar luz mais vida, e

    tirar uma vida depois do seu nascimento. Este ltimo pode ser assassinato; o primeiro, no.

    - De fato, a procriao indiscriminada pode, s vezes, ser mais danosa do que a seletiva.

    - Se limitar a quantidade de pessoas que nascem, pode aumentar a qualidade das pessoas que vivem, ento certamente no moralmente errado faz-lo.

    A procriao no o nico propsito para o sexo. - A procriao , evidentemente um (talvez at mesmo o) propsito bsico do

    sexo. Mesmo assim, no o nico. O sexo tambm tem propsitos de unificao e de recreao. Um casamento humano mais do que acasalar.

    - O sexo um dos meios encorajadores e enriquecedores da unio conjugal, com o objetivo de unificar e satisfazer.

    - Se o sexo visasse apenas procriao, parece muito estranho que a natureza permita que a mulher procrie apenas num perodo parcial do total da sua vida conjugal somente at a menopausa; e mais, somente num perodo de cada ms.

    - Como o alimento, o sexo no para o crescimento somente, mas tambm para o prazer.

    A Bblia no condena o controle da natalidade em geral. - O caso especfico da recusa de On em suscitar descendncia para seu

    irmo, no pode ser empregado para se estabelecer uma regra generalizada contra o uso de contraceptivos.

    - A desobedincia de On no era com relao ao mandamento geral (Gn 1.28) de ter filhos, mas, sim, responsabilidade especfica de suscitar prognie para seu irmo (conforme Dt 25.5). Ou seja: os dados deste nico caso no so suficientes para estabelecer um padro para todas as situaes.

    - Observe que, o contexto indica claramente que os motivos de On eram egostas (Gn 38.9).

    - A indignao no se, mas quando os contraceptivos so moralmente permissveis.

    Dados

    Abaixo transcrevemos dados publicados em veculo de comunicao, os quais revelam a situao atual com relao ao nmero de filhos, bem como os mtodos anticoncepcionais usados pelas mulheres na regio Sul do Brasil:

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    PR SC RS Regio Sul 1970 6,34 6,28 4,41 5,67 1986 4,13 3,82 3,11 3,68 1996 2,34 2,44 2,37 2,38

    A situao financeira atual apontada pelas mulheres como o principal motivo para a reduo do nmero de filhos.

    Mtodos Anticoncepcionais

    * Plula anticoncepcional.............................34% * Esterilizao feminina..............................29% *No usa......................................................20% * Preservativo................................................5% * Outros.......................................................12%

    Conceito Cristo do Controle da Natalidade

    Desta entusistica discusso, pode-se deduzir algumas consideraes. errado que todos empreguem o controle da natalidade o tempo todo. Deus ordenou que a raa se reproduzisse. Se todos ficassem sem ter filho algum, a raa se extinguiria depois de uma gerao deixar de reproduzir. Nem sempre errado para todos os homens usarem mtodos de controle de natalidade. Talvez ficasse mais claro se delinessemos algumas das ocasies em que o controle da natalidade seria errado e algumas em que seria certo.

    Quando o controle da natalidade errado. - errado quando o usam fora do casamento para a atividade sexual ilcita. - errado quando se recusa a ajudar a propagar a raa quando sua existncia

    ameaada. - Na realidade, errado, de modo geral quando a populao de uma

    determinada raa no est aumentando em direo ao mximo possvel; afinal, o mandamento de Deus para multiplicar-se e encher a terra. Cada indivduo, direta ou indiretamente, tem alguma responsabilidade para ajudar a cumprir este mandamento.

    - Finalmente, errado recusar a ter filhos somente porque a pessoa no pretende assumir a responsabilidade deles. Realmente, se os indivduos se sentissem assim tivessem pais que tambm se sentissem assim, estes nunca teriam chegado a existir.

    Quando o controle da natalidade certo. No se deve deduzir que, porque alguns casos do controle da natalidade so

    egostas, todos o so. Na realidade, h situaes em que o controle da natalidade pode ser um ato altrusta a se fazer. Afinal, quando correto empreg-lo?

    - Se por razes psicolgicas, econmicas ou educacionais houver a deciso de adiar a famlia at que se possa cuidar dela melhor, pode ser uma ao sbia e altrusta.

    - Se o controle da natalidade for utilizado para limitar o tamanho da famlia de acordo com a capacidade dos pais em prover-lhe assistncia e segurana

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    totais, no se constitui num erro. At porque as Escrituras advertem o homem a prover pelos seus entes (1 Tm 5.8); e a planejar para o futuro (Lc 14.28). Quem argumentaria que uma famlia no mais importante do que uma torre?.

    - Refrear-se de ter mais filhos por razes de sade (fsica ou mental) no parece um erro como tal.

    - Finalmente, no errado evitar ter filhos por algum propsito moral superior, tal como o referido por Jesus em Mt 19.12.

    Em resumo: uma tica crist do controle da natalidade edificada sobre o valor intrnseco das pessoas. A obrigao bsica multiplicar as pessoas. Logo, qualquer planejamento de antemo, que possa colocar as pessoas numa situao em que desenvolvam melhor sua personalidade, prefervel.

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    DIVRCIO

    O divrcio uma experincia amarga e dolorosa, acompanhada de desentendimentos, brigas, choro, falta de aceitao, incertezas e desequilbrio emocional, ferindo e marcando as pessoas para o resto de suas vidas.

    Do latim divortium, separao. Rompimento legal dos laos maritais que unem um homem e uma mulher.

    Em nenhuma passagem do Antigo Testamento, Jeov aprova ou concorda com o divrcio. Pelo contrrio, o profeta Malaquias, inspirado por Deus, revelou que o Senhor Deus de Israel odeia o repdio, ou divrcio (Ml 2.16).

    No Antigo Testamento, o clssico texto bblico onde se refere dissoluo do casamento Dt 24.1-4, onde Moiss prev a carta de divrcio. Note que essa no foi uma permisso generalizada, mas sim especfica. A passagem no pode ser tomada como uma ordem ou permisso para o divrcio assinala Charles C. Ryrie ela apenas regula uma prtica j existente. Deve-se observar que, a tolerncia de uma situao no significa necessariamente a sua completa e irrestrita aprovao.

    Quando chegamos ao Novo Testamento, vemos Jesus dialogando com os fariseus, e inclusive, reafirmando a ordem da criao, ou seja, a indissolubilidade do matrimnio (Mt 5.31, 32; 19.3 ss; Mc 10.2-12; e Lc 16.18). Inquirido quanto permissividade ao divrcio conferida por Moiss, Cristo permite transparecer que isto era resultante da dureza do corao humano, sendo diferente do princpio (Mt 19.8). Em outras palavras: a carta do divrcio no expressa a suprema vontade do Criador.

    Uma outra permisso para o divrcio no para um novo casamento a situao apresentada por Paulo em 1Co 7.15, na qual a parte descrente manifesta o desejo de romper os laos matrimoniais com o cnjuge cristo. Contudo, o apstolo salienta que a iniciativa da separao no deve provir da mulher crist (1Co 7.13). Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos no fica sujeito servido, nem o irmo, nem a irm [aos seus votos de casamento] 1Co 7.15. Paulo, nesta passagem, est desenvolvendo mais os fundamentos legtimos para o trmino de um casamento, ao incluir a indisposio do cnjuge descrente em prosseguir o contrato matrimonial; porm est tambm apoiando a considerao de que Deus est primria e essencialmente interessado em tornar permanentes e perptuos os relacionamentos onde h alguma disposio ou consentimento entre os cnjuges. Obviamente, est claro que a mera incompatibilidade no um motivo para o divrcio. O amor exige um esforo para vencer as diferenas. Deus est interessado em unir as pessoas permanentemente num relacionamento pessoal.

    Conforme o Dicionrio Teolgico, de Claudionor C. Andrade, de acordo com o que ensinou o Senhor Jesus, o homem somente pode abandonar a sua esposa em caso de prostituio conjugal (Mt 19.9).

    LIO 3 - QUESTES CONTEMPORNEAS II

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    Conclui-se que, a pregao e o aconselhamento pastoral devem fortalecer o matrimnio existente, buscar o entendimento, o dilogo e o perdo conjugal.

    EUTANSIA

    O termo eutansia deriva do verbo grego eu [boa] e thanatos [morte], significando qualquer ao intencional que possibilite a boa morte de um moribundo, seja por mtodos diretos ou indiretos, ativos ou passivos, omissos ou permissivos, naturais ou artificiais. Por trs da eutansia surgem os seguintes questionamentos:

    - O doente desenganado tem o direito de morrer dignamente? - justo prorrogar artificialmente a vida de um paciente terminal? - lcito abrevir, por meios indolores, uma vida que j no vale a pena?

    Teologicamente, esta a questo: possvel ter uma boa morte? bom lembrar que a Bblia no define a morte como positiva, boa ou amiga. Ela a descreve como inimiga do homem. A morte o resultado da pecaminosidade humana (Gn 2.17); e essa posio reafirmada por Paulo (Rm 6.23; 5.12). A Bblia valoriza a vida, fala de sua preservao e proteo (Gn 9.6).

    A Problemtica

    Tradicionalmente se reconhece a eutansia como um crime contra a vontade de Deus expressa no Declogo e contra o direito de vida de todos os seres humanos. At os anos 50, a morte de uma pessoa era determinada pela parada cardaca irreversvel. Com o avano tecnolgico da medicina moderna, porm, tornou-se extremamente difcil determinar o momento exato da morte.

    Surgiu, ento, um novo conceito de morte: a morte clnica, ou cerebral. A morte cerebral determinada por critrios neurolgicos, enquanto a morte biolgica determinada por critrios cardiolgicos. Ento: a problemtica da morte clnica est no fato de a pessoa poder continuar vivendo vegetativamente por muito tempo. Isto , o corao e o pulmo podem continuar funcionando, a despeito da morte cerebral.

    Dilema: Para o jurista, a questo saber se a pessoa morre por vontade prpria, contra a vontade ou sem expressar sua vontade. Para o cristo, a questo decidir se provocar deliberadamente a morte de um paciente desenganado constitui-se num ato de misericrdia humana ou num crime.

    Afinal, o que mata os brasileiros? Segundo pesquisa fornecida no ano de 1997, estes so os dados comprobatrios: Infartos e derrames = 34%; acidentes de trnsito e violncia = 15%; cncer = 12%; doenas respiratrias = 10%; infeces = 7%; problemas de parto = 6%; outras causas = 16%.

    Em termos especficos, a problemtica da eutansia levantada quando a nica perspectiva que resta a morte, quando todos os recursos tecnolgicos se esgotam e h apenas agonia e dor sem fim. Nesses momentos difceis, surge a angstia prolongada do paciente e a perplexidade do mdico. Surge, tambm, a ansiedade constante dos familiares, que se revoltam com a situao paralisante, com a dor e, s vezes, com o alto custo financeiro. Ento, a eutansia apresenta-se como salvao, como um ato redentor, e prope livrar familiares, mdicos e o paciente de um crculo vicioso e angustiante, por meio de uma morte voluntria e programada.

  • 23

    Os tribunais holandeses j consentem e autorizam a eutansia mediante: um diagnstico confirmado, um pedido escrito do paciente, a existncia comprovada de sofrimento insuportvel e impossvel de ser banido, e um segundo parecer mdico. Da se explica por que na Holanda 10% das mortes so conseqncias de eutansia, 15% dos aidticos e 20% dos pacientes terminais de cncer morrem de eutansia e 80% da populao a favor dessa prtica.

    Observe ainda a opinio pblica de alguns pases acerca da eutansia: Estados Unidos 60%; Canad 74%; Gr-Bretanha 80% e Austrlia 81%.

    Moral e juridicamente, a eutansia distinguida da seguinte forma:

    - Ativa = Providncias ativas atravs de terceiros (injees, remdios), com ou sem o consentimento do paciente agonizante, provocando a morte do paciente indolor e rapidamente.

    - Passiva = Providncias passivas por meio de terceiros (privao de remdios, calorias, alimentao, respirao artificial), acelerando assim o falecimento do paciente terminal.

    Argumentos Favorveis

    Quase todos os argumentos a favor da eutansia baseiam-se num humanismo egocntrico e num pensamento meramente materialista e individualista:

    - No se deve manter artificialmente a vida subumana vegetativa; - Deve-se evitar dores excessivas, sofrimentos intolerveis, doenas

    irreversveis e molstias prolongadas de um paciente desenganado (cncer mortfero, acidente fatal, Aids, etc.);

    - Deve-se abreviar a vida do moribundo, se este ou seus familiares o requererem;

    - Todo homem tem o direito de morrer com dignidade (muito embora, nunca tenha havido uma definio do que universalmente reconhecido por com dignidade);

    - um dever humanitrio abreviar uma vida indigna de ser vivida; e, - Pieter Admiraal argumenta: A eutansia no deve ser vista como uma

    atrocidade. A morte devolve a dignidade a um paciente terminal.

    Argumentos Contrrios

    - No h vida subumana ou ps-humana, pois Deus trata o ser humano em sua totalidade, possuidor de corpo, alma e esprito;

    - Deve-se valorizar a vida, mesmo a de um moribundo, utilizando todos os meios disponveis a fim de aliviar suas dores, para que este possa concluir dignamente sua existncia terrena;

    - A eutansia sempre errada porque um crime contra a vontade de Deus expressa na Sua Palavra, contra a dignidade humana e contra a obrigao mdica de preservar a vida. (Ec 8.8);

    - Nunca se pode ter a certeza de que o doente realmente vai morrer; - A eutansia uma fuga da realidade, da dor, que tem um significado na

    experincia humana; uma idia materialista, egosta, que no cr que o sofrimento pode fazer parte de um plano maior (Rm 8.28);

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    - Diante de Deus no h vida que no valha a pena ser vivida; pois Ele mesmo valoriza a vida em si;

    - Como a eutansia poderia devolver a dignidade a um paciente terminal se Deus no existisse e se no houvesse vida aps a morte? Detalhe: Pieter Admiraal no cr em Deus.

    - Possivelmente, a legalizao da eutansia se constituiria num meio fcil de as famlias fracas se livrarem de seus membros incmodos; e,

    - A legalizao da eutansia aumentaria o nmero de suicdios.

    Concluindo, deve-se ressaltar que as Sagradas Escrituras resumem a deciso na seguinte afirmao: ... no matars o inocente (x 23.7).

    A eutansia um eufemismo para assassinato.

    Terceira Alternativa A Morte Natural

    Eticamente, devemos diferenciar entre tirar uma vida e deixar a pessoa morrer naturalmente. Esta terceira posio no significa precipitar a morte do moribundo usando injees venenosas e mortais ou negando-lhe assistncia mdica, mas permite o desligamento dos aparelhos para que o paciente desenganado possa morrer naturalmente. Neste caso, os remdios e alimentao continuariam a ser fornecidos e o paciente no morreria por descuido mdico, mas por falta de resistncia fsica natural.

    GENOCDIO

    Genocdio o extermnio consciente e deliberado de uma raa ou povo considerado inimigo pela sociedade majoritria. O genocdio sempre o resultado trgico de racismo poltico, fanatismo religioso, discriminao social ou preconceito econmico, moral ou at biolgico.

    Pode-se encontrar 3 exemplos bblicos de genocdio: Moiss foi salvo do genocdio decretado por Fara contra Israel (x 1.22; 2.1-6). A rainha Ester ajudou a salvar seu povo do genocdio arquitetado por Ham (Et 1-10). O terceiro genocdio mencionado nas pginas sagradas foi o cruel massacre dos meninos menores de 2 anos, ordenado por Herodes (Mt 2.16-18). Este, possivelmente um dos mais repugnantes da era crist.

    Sculo XX

    Citaremos apenas alguns exemplos histricos ocorridos durante o Sculo XX:

    Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mas de 6 milhes de judeus foram massacrados em cmaras de gs e campos de concentrao como resultado da campanha anti-semita de Hitler.

    Entre 1976 e 1978, Pol Pot liderou o regime comunista do Camboja, onde com os seus aougueiros do Khmer Vermelho, massacraram milhares de inocentes, os quais se opunham sua ideologia genocida.

    Um verdadeiro genocdio atravs da malria tem dizimado a populao dos ndios ianomamis em Roraima, em virtude da infiltrao ilegal de garimpeiros

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    nos territrios deste povo. H casos registrados de malocas que perderam 60% de seus integrantes.

    GUERRA

    Hans Reifler, em sua obra datada de 1992 traz os seguintes dados: Desde 1945 houve mais de 150 conflitos armados, e hoje, mais de 25 milhes de pessoas prestam servio militar ativo no mundo inteiro. Em 1979, a Unio Sovitica gastou 165 bilhes de dlares (17% do Produto Nacional Bruto) em armas. Qual deve ser a atitude do cristo com relao guerra? certo tirar a vida de outrm sob o mandamento do governo? H uma base bblica clara para a prtica da guerra?

    Estas interrogaes tm obtido diversas respostas no meio cristo. Basicamente, h 3 pontos de vista adotados pelos cristos sobre a questo da guerra.

    1) Ativismo = sempre certo participar da guerra. - O Argumento Bblico: Sustenta que o cristo deve ir para todas as guerras

    em submisso e obedincia ao governo institudo por Deus (Mt 22.20, 21; Rm 13.1-7; 1 Pe 2.13, 14);

    - O Argumento Filosfico: O governo o guardio do homem. Plato (428-347 a.C.) um dos mais brilhantes filsofos de todos os tempos declarou os 5 principais argumentos empregados como base para o ativismo:

    O governo o pai do homem; O governo o educador do homem; O governado (ou cidado) comprometeu-se a obedecer ao seu governo; O governado no est compelido a permanecer sob seu governo; Sem governo haveria caos social.

    2) Pacifismo Nunca certo participar da guerra - O Argumento Bblico: A guerra sempre errada. Matar sempre errado = No matars (x 20.13); Resistir ao mal, fora, errado = No resistirs ao perverso; mas a

    qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe tambm a outra (Mt 5.39); e, Outras referncias aludidas pelos pacifistas: Dt 32.35; Mt 5.41; Rm 12.17-19

    e Ef 6.12. - O Argumento Social: A guerra sempre m. Existem fortes argumentos sociais contra a guerra: A guerra baseada no mal da ganncia; A guerra resulta em muitos males; e, A guerra cria mais guerra.

    Em suma: os pacifistas argumentam que a guerra tanto antibblica quanto antisocial.

    3) Seletivismo certo participar de algumas guerras - Base Bblica: [Detalhe: Tanto o ativismo quanto o pacifismo apoiam seus

    pontos de vista nas Sagradas Escrituras]. > Algumas guerras so injustas. A Bblia, pois, ensina que nem sempre certo obedecer ao governo e suas ordens, e especialmente quando seus decretos contradizem as leis superiores de Deus, Eis alguns exemplos bblicos:

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    - As parteiras hebrias no Egito violaram a ordem de matar todos os nens do sexo masculino que nascessem (Ex 1.17, 19-21). Esta passagem ensina claramente que errado tirar a vida de um ser humano inocente, ainda que o governo ordenado por Deus o determine (Mt 2.13, 14).

    - Hananias, Misael e Azarias desobedeceram o mandamento do rei no sentido de adorar um dolo (Dn 3).

    - Os apstolos no obedeceram ordens dos maiorais da poca (At 4 e 5). > Algumas guerras so justas. As escrituras ensinam que nem todas as guerras so necessariamente ms. - s vezes, Deus delega autoridade para se tirar a vida humana (Gn 9.6; Jo

    19.11 e Rm 13.4).. - A histrica batalha de Abrao contra os reis (Gn 14) apoia o princpio de que

    os agressores nacionais injustos devem ser resistidos (1Sm 23.1, 2). - Os cananitas se nos apresentam como alm da possibilidade de serem

    ganhos: Eram incuravelmente malignos e Deus ordenou que fossem exterminados (Lv 18.27, 28; Dt 20.16, 17).

    - Jesus admoestou seus discpulos a no propagarem o evangelho com a espada (Mt 16.52), e nem resistir perseguio religiosa com a fora fsica (Mt 5.39), contudo no se deve olvidar que o prprio Jesus os ordenou comprarem uma espada para a defesa pessoal (Lc 22.35, 36). Ou seja: Jesus ordenou o uso da espada como meio de autodefesa.

    - Quando Paulo viu-se ameaado por homens indomveis, apelou sua cidadania romana, aceitando inclusive a proteo do exrcito romano (At 22.25-29).

    - Consulte os seguintes textos bblicos: Dt 20.10-18 e Js 10.40. Observe porm quem nestes casos, travar a guerra consistia num ato condicional.

    - Base Moral: Tanto o pacifismo quanto o ativismo so fugas morais. O mal deve ser resistido.

    O Sexto Mandamento diz: No matars (x 20.13; Dt 5.17). Porm, bom salientar que, o povo de Israel nunca considerou que este mandamento proibisse as guerras, mesmo porque, o prprio Deus ordenou diversas guerras: contra Amaleque (x 17.8-16), contra os filisteus (1Sm 7.1-14), contra os amonitas (1Sm 11.1-11), contra Jeric (Js 6.2-25), contra Ai (Js 8.1-29), contra os cananeus (Js 11.19, 20), e muitas outras, mencionadas principalmente nos livros histricos do Antigo Testamento.

    O seletivismo afirma ser necessrio diferenciar entre guerras justas e injustas. O seletivista no cai num ativismo cego nem foge responsabilidade cvica nos momentos cruciais de seu pas. Ele avalia a situao, ora e depois se posiciona como ser livre e responsvel.

    Norman Geisler: este ponto de vista que nos parece ser a alternativa mais satisfatria para o cristo.

    HOMOSSEXUALISMO

    O homossexualismo constitui-se numa das perverses mais aberrantes encontradas na Bblia. Foi utilizando duras palavras que o apstolo Paulo refutou e proferiu sentena divina condenatria acerca do homossexualismo em Romanos 1.24-27).

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    Inicialmente, faz-se necessrio frisar que, a discusso atual em torno do homossexualismo tem-se tornado mais impetuoso e fervoroso devido ao surgimento e rpida propagao da AIDS.

    Do grego homos, mesmo + sexual; referente prtica do sexo. Define-se homossexual como a pessoa que mantm relaes sexuais com pessoa do mesmo sexo. O homossexualismo a relao sexual de pessoas do mesmo sexo ou a tendncia para sua prtica. O lesbianismo a manifestao especfica do homossexualismo entre mulheres.

    Nas Sagradas Escrituras, o homossexualismo enrgica e explicitamente condenado, por constituir-se na violao do ideal monogmico e heterossexual estabelecido por Deus quando da criao do ser humano (Gn 2.24).

    Os homossexuais representam diversas classes sociais e profissionais. Alguns se organizam em grupos e associaes com o intuito de facilitar os contatos, reivindicar os direitos, trocar informaes, bem como obter assistncia social para os seus membros.

    As reivindicaes e os argumentos exigidos pode-se dizer que so mundialmente idnticos. Eis os principais:

    - O homem ou a mulher no esto destinados ao heterossexualismo quando do nascimento;

    - A questo da satisfao sexual em si mais importante do que sua manifestao cultural;

    - No se deve fazer um julgamento moral, considerando como certo ou errado; - A exigncia heterossexual de uma sociedade discrimina e marginaliza o

    homossexualismo; - O amor, a sexualidade, o apoio e o equilbrio emocional podem tambm

    encontrar sua plenitude cultural no homossexualismo; e, - Exigem os homossexuais: o reconhecimento pblico, social, eclesistico e

    jurdico do homossexualismo como manifestao sexual normal; a convivncia mesmo com menores; o direito ao casamento civil; comunho de bens e adoo de filhos.

    Partindo, contudo, do ponto de vista da antropologia bblica, Deus criou o ser humano, homem e mulher os criou (Gn 1.27). E o Senhor Deus proferiu as seguintes palavras: No bom que o homem esteja s: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idnea (Gn 2.18). Ao receber sua mulher, Ado pronunciou-se assim: Esta, afinal, osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se- varoa, porquanto do varo foi tomada (Gn 2.23). A seguir lemos: Por isso deixa o homem pai e me, e se une sua mulher, tornando-se os dois uma s carne (Gn 2.24). Conclui-se que Deus somente aprova a relao sexual entre um homem e uma mulher, dentro do matrimnio, evidentemente.

    Lv 18.22 probe claramente o homossexualismo: Com homem no te deitars, como se fosse mulher: abominao. Esta prtica recebe neste mesmo captulo outras severas repreenses (26, 27, 29 e 30). O homossexualismo constitui-se uma ofensa santidade moral de Deus. Outrossim: a proibio homossexual se aplica tanto ao judeu quanto ao estrangeiro; e a pena prevista era a morte (Lv 18.26; 20.13).

    Duas situaes no Antigo Testamento nos chamam a ateno acerca do homossexualismo:

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    A histria de Sodoma e Gomorra nos denuncia a decadncia moral do homossexualismo: suas dramticas conseqncias (Gn 19.1 ss; 2Pe 2.7, 8; Jd 7); e,

    A histria do levita e sua concubina expe-nos a loucura do homossexualismo (Jz 19.22-26).

    O Novo Testamento afirma que, muito mais do que a morte fsica como forma de castigo, o homossexual no herdar o reino de Deus (1Co 6.9, 10; Ap 21.8). Mais: Tanto o lesbianismo quanto o homossexualismo masculino devem receber a merecida punio (Rm 1.26, 27).

    Paulo define a prtica homossexual como:

    - Uma imundcie; concupiscncia do corao que desonra o corpo (Rm 1.24); - Uma paixo infame contrria natureza (Rm 1.26); e como, - O resultado da sensualidade exacerbada; uma torpeza (Rm 1.27).

    Contudo, a Bblia no apenas condena o homossexualismo; Ela faz pronunciar a esperana para todos os que esto envolvidos nesta abominvel prtica: Tais fostes alguns de vs; mas vs vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Esprito de nosso Deus (1Co 6.11). Tais fostes alguns de vs indica tambm que na igreja de Corinto havia homossexuais restaurados e curados. Enquanto no versculo anterior a este a Bblia descreve a dura sentena no herdaro o reino de Deus aos praticantes do homossexualismo, neste versculo em apreo, a mesma sentena cancelada por 3 oraes adversativas: mas vs vos lavastes, mas fostes santificados e mas fostes justificados. Isso revela que a ltima palavra de esperana, graa e perdo. H, aqui, uma possibilidade de recomeo!

    De que maneira a igreja evanglica atual deve lidar com a problemtica do homossexualismo? Eis algumas consideraes de inestimvel importncia:

    A terapia no pode consistir apenas de um esforo para que o homossexual se interesse por algum do sexo oposto, ou ento, que se mantenha casto para vencer seus hbitos; preciso buscar o perdo em Cristo, pois Este pode, de fato, livrar o homem, inclusive, do homossexualismo (Jo 8.36; 1Co 6.11; 2Co 5.17).

    O Evangelho de Jesus Cristo o poder de Deus que transforma quem est em Cristo (Rm 1.16; 2Co 5.17).

    A cura dos sentimentos nem sempre imediata; contudo a presena real de Cristo na vida do homem produz visvel mudana (Rm 5.15).

    A restaurao exige tempo! Os cristos precisam aprender a oferecer apoio, e no crticas. Afinal, as tentaes nunca cessaro (Tg 1.13-15). O homossexual certamente carecer de um acompanhamento pastoral intensivo e efetivo.

    A igreja local deve frisar ao homossexual nefito que ele precisa glorificar a Deus com o seu corpo, afinal, este agora o santurio do Esprito Santo e que foi comprado pelo precioso sangue de Jesus Cristo (1Co 6.19, 20). A falta de pacincia, compreenso, amor e tato, e o farisasmo e legalismo evanglicos podem distanci-lo da igreja local. A igreja autntica no discrimina o homossexual, mas ajuda-o a vencer seus problemas dentro de uma comunho fraterna e paciente.

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    INFANTICDIO

    Sob o pretexto de aborto justificado, o infanticdio se apresenta como uma prtica conhecida no mundo ocidental. Cientistas de renome recomendam abertamente o infanticdio por razes genticas.

    Afinal, o que o infanticdio?

    O infanticdio a matana consciente e deliberada de crianas. O termo tcnico no tem nada a ver com o estado da criana se est consciente, doente, recm-nascida, deformada ou foi judicialmente declarada morta".

    No dia 12 de novembro de 1973, o pediatra R. S, Duff, da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, publicou um artigo tanto polmico quanto provocativo, na revista semanal Newsweek, alegando que a opinio pblica deve-se pronunciar sobre o que fazer com flores murchas seres humanos que nasceram com anomalias fsicas, psquicas ou mentais. Contudo at agora, nenhum estado secular permitiu oficialmente o infanticdio.

    Biblicamente, encontramos trgicos exemplos de infanticdio sacrificial ao deus Moloque.

    Este era venerado no vale de Cedrom, sendo que crianas eram queimadas no fogo (2Rs 16.3, 17.17, 31; 2Cr 33.6; Ez 16.21; 20.31).

    Os reis israelitas Acaz (2Cr 28.1-3) e Manasss (2Rs 21.1-6) sacrificaram tambm seus prprios filhos, a despeito da proibio da lei mosaica quanto a essa prtica, prescrevendo inclusive a pena capital a quem oferecesse seu filho a Moloque (Lv 18.21; 20.2-5).

    O infanticdio, contudo, continua sendo praticado nos tempos modernos, recentes.

    Quando Guilherme Carey (1761-1834) conhecido como o pai das misses modernas chegou pela primeira vez ndia, ele espantou-se profundamente pelo fato de as crianas serem enterradas vivas juntamente com a me morta.

    No Brasil, eventualmente l-se nos jornais acerca de crianas sacrificadas aos orixs nos terreiros. Embora a opinio pblica e a lei condenem tais prticas, at hoje no foi possvel elimin-las totalmente.

    Esta informao foi notcia na revista semanal Veja: Os ianomamis praticam uma severa poltica de controle da natalidade, que inclui matar crianas recm-nascidas indesejveis por sufocamento com folhas ou pelo simples abandono num buraco de tatu.

    LIO 4 - QUESTES CONTEMPORNEAS III

  • 30

    Finalizando, trgico informar que nos Estados Unidos, o infanticdio praticado principalmente com crianas que sobrevivem ao aborto.

    O princpio divino quanto preservao da vida independente do seu estgio exarado no Pentateuco, rasga o limiar dos sculos e permanece vlido inclusive para os nossos dias; ou seja: pecado exterminar a vida humana, seja ela quem for. (x 20.13; 23.7; Lv 18.21; 20.2-5).

    OBEDINCIA AO ESTADO

    O cristo deve obedecer s autoridades e submeter-se a elas?

    O apstolo Paulo responde afirmativamente: - Toda e qualquer autoridade procede de Deus (Rm 13.1); - Os governos detm seu lugar no propsito divino (Rm 13.1; At 17.25, 26); e, - Quem se ope autoridade terrena desobedece a Deus (Rm 13.2).

    E quando o Estado interfere em nossa liberdade religiosa?

    Citaremos 2 exemplos bblicos, apenas:

    Hananias, Misael e Azarias companheiros de Daniel no se submeteram ao decreto do rei Nabucodonosor, e nem se prostraram diante de sua imagem (Dn 3).

    Os apstolos Pedro e Joo desrespeitarem a proibio do Sindrio que os barravam de propagar o Evangelho (At 4.15-20).

    Pedro e os demais apstolos tinham a resposta na ponta da lngua: Antes importa obedecer a Deus do que aos homens (At 4.15-20).

    Conclui-se que embora as autoridades meream nossa reverncia e submisso, precisamos obedecer em primeiro lugar a Deus, a suprema autoridade, de onde procedem todos os outros poderes.

    PATRO X EMPREGADO

    Cristo no nos deixou uma lei trabalhista para a orientao da Igreja e de seus discpulos; muito embora o prprio ensino de Jesus apresenta a importncia da Igreja estar bem fundamentada em vrios aspectos, bem como resplandecer como luz do mundo.

    evidente que os assuntos pertinentes comunidade dos tempos apostlicos no se relacionam harmoniosamente com a realidade nesta virada de sculo e milnio, haja visto que as recomendaes ticas dos apstolos jaziam inseridas em circunstncias histricas e culturais totalmente diferentes, muito embora o valor intrnseco de tais recomendaes permanea inalterado.

    Muitas questes, alm do mais, por serem inerentes atualidade no foram consideradas no Livro Sagrado; tais como: industrializao, sindicatos, 13 salrio, greve, horas-extras, moratria, salrio mnimo, licenas, seguros, previdncia social, empresas multinacionais, inflao e outras questes monetrias.

  • 31

    A voz do Antigo Testamento faz-se ecoar acerca da questo social. (Is 56.1; Jr 22.13; 34.8-22).

    No Novo Testamento, h consideraes especiais a este respeito. importante conhecer estas referncias: Mt 22.21; Rm 13; Ef 6.5-9; 1Tm 2.1-3; 6.17-19; Tt 3.1 e 1Pe 2.11-17.

    PENA DE MORTE

    De acordo com a Anistia Internacional, cerca de 40.000 pessoas podem ter sido condenadas morte e executadas s na dcada de 80. Mais de 80% dessas condenaes ocorreram no Ir, na China e na frica do Sul. Na China, aproximadamente 30.000 criminosos foram executados entre 1983 e 1987. A pena capital foi aplicada em 35 pases, enquanto 80 naes deixaram completamente essa prtica.

    Tanto os defensores quanto os rejeitadores da pena de morte apresentam argumentos e contra-argumentos teolgicos e filosficos para justificar suas posies.

    Argumentos Favorveis:

    A aliana de Deus com No (Gn 9.6); O exemplo de Ac (Js 7.1, 12, 20, 24-26); A lei de Moiss (x 21.23, 24); O ensino de Jesus (Mt 5.17, 21, 22); e, Ananias e Safira (At 5.1-11).

    Objees Pena Capital:

    O caso de Caim Alega-se que a pena capital no era a inteno de Deus, porque Ele proibiu enfaticamente qualquer pessoa de vingar o homicdio cometido por Caim (Gn 4.15).

    Jesus e a mulher adltera Apesar de a lei mosaica ordenar que se apedrejasse a pessoa adltera (Lv 20.10), Jesus poupou a vida da mulher apanhada neste ato vergonhoso (Jo 8.11). Conclui-se que Jesus opunha-se pena capital.

    A cruz e a graa Do ponto de vista bblico, talvez o argumento mais forte seja a cruz de Cristo e a graa perdoadora. Deus no deseja castigar os homens, muito menos com a pena capital; pelo contrrio, Deus quer perdoar os homens atravs de Cristo, Todos nossos crimes foram pregados Sua cruz (Ef 2.15, 16; Gl 3.13).

    Alm desses argumentos teolgicos, os que defendem a extino da pena capital afirmam que no se pode excluir por completo a possibilidade de um erro judicial e que, na maioria dos pases, ela recairia sobre os mais pobres.

    Deve-se enfatizar ainda que, essa prtica a pena de morte frontalmente contrria ao esprito e religio crist, que so o amor, a pacincia e o perdo!

    E mais: todo ser humano possui o direito de viver dignamente.

  • 32

    POLIGAMIA

    Poligamia o estado matrimonial em que o esposo possui mais de uma esposa ao mesmo tempo. Este relacionamento conjugal acha-se profundamente enraizado na cultura da maioria das tribos africanas, bem como em alguns pases asiticos.

    Convm salientar que, biblicamente, mais precisamente no Antigo Testamento, h vrios exemplos de homens piedosos que viveram na poligamia, tais como: Abrao, Davi e Salomo.

    Inevitavelmente, surge uma indagao merecedora de especial ateno: Deus aprova a poligamia, mesmo como expresso cultural de um povo?

    Inicialmente, Gn 2.21-24 relata a histria da criao do homem e da mulher e seu matrimnio monogmico como expresso clara da vontade divina. A poligamia consta pela primeira vez na linhagem de Caim, quando Lameque tomou duas esposas, Ada e Zil (Gn 4.19).

    De toda era patriarcal que durou quase 1.000 anos a Bblia menciona apenas 4 casos poligmicos: Naor irmo de Abrao que tomou uma concubina; Abrao, que possuiu temporariamente Hagar uma serva egpcia o que lhe causou srios problemas; o profano Esa, que tomou 3 mulheres; e Jac, que se viu forado a casar-se com 2 irms. No perodo do reino dividido encontraremos 13 exemplos de poligamia, dos quais 12 envolvem pessoas com poder absoluto (monarcas), que judicialmente no podiam ser indiciadas.

    Com base em 3 passagens principais (x 21.7-11; Dt 21.15-17 e 2Sm 12.7, 8), h estudiosos que afirmam que Deus permitiu a poligamia no Antigo Testamento. Contudo, ao realizar uma anlise mais criteriosa e imparcial destes trechos, nota-se que, no se trata de regras sistematizadas sobre a poligamia, e que no se pode justificar esta prtica com base apenas nesses trechos sagrados.

    Vamos abordar agora a poligamia como uma hierarquia de dever.

    Moiss ordenou que o irmo sobrevivente levantasse descendncia para seu irmo com a viva deste. Tal lei do parente foi cumprida por Boaz com Rute (Rt 4). H, contudo, vrios fatores que fazem disto uma forma assaz limitada e excepcional da poligamia:

    - Era vinculada ao sistema da herana da terra como o povo eleito por Deus (conforme Rt 4.3);

    - Era ligada bno divina atravs dos filhos; constitua-se uma maldio no terem filhos na situao deles (Dt 25.5);

    - Devia ser levada a efeito em prol do falecido irmo; e, - A pessoa em questo no era obrigada a pratic-la (Dt 25.7), embora fosse

    considerado um gesto amoroso para com o irmo, a fim de perpetuar seu nome na terra.

    Com todos estes fatores qualificantes, no h maneira de usar esta situao especial para os homens em geral. Nem sequer em Israel era normativa. De fato, a poligamia como tal no era planejada para o povo de Deus nem para qualquer povo.

  • 33

    Conclui-se que a poligamia nunca esteve na inteno de Deus e nem representava uma situao prevista na lei de Moiss, embora o Antigo Testamento registre alguns exemplos desta prtica.

    Finalizando, faz-se necessrio frisar que o casamento mongamo. A monogamia, como norma divina para o bem-estar do homem, est implcita.

    - Na histria de Ado e Eva, haja visto que Deus criou apenas uma esposa para Ado (Gn 2.18 ss);

    - No Declogo, pois do contrrio, o 7 mandamento seria ilusrio (x 20.14); - Na vontade de Deus na criao (Gn 2.18-25); - No ensino de Jesus Cristo (Mt 19.4-6); - Na experincia humana, haja visto que o cime e o dio so sentimentos

    resultantes naturais do relacionamento poligmico; e, - Na ilustrao do relacionamento entre Deus e o Seu povo (Jr 3; Ez 16; Os 1-

    3), e entre Cristo e Sua igreja (Ef 5.22, 23).

    PROTEO VELHICE

    O estudo do assunto em epgrafe de suma importncia nos tempos hodiernos, visto que o uso de anticoncepcionais e o aumento da vida mdia do brasileiro fazem com que haja uma porcentagem cada vez maior de idosos.

    De acordo com as estatsticas, em 1960, os idosos representavam 4,7% da populao brasileira; j em 1998, este percentual subiu para mais de 8%, totalizando 13.5 milhes de idosos! E mais: a idade mdia do brasileiro hoje chega a 67 anos!

    Outra pesquisa aponta os seguintes dados: A populao com mais de 70 anos na dcada de 40 representava 0,7 do total. Em 1980, este percentual subiu para 1,1%. J em 1995 girava em torno de 2.5%. Ou seja, aproximadamente 3,6 milhes de brasileiros, de acordo com a pesquisa, esto com idade superior a 70 anos.

    Contudo, parece evidente que o idoso na atualidade no devidamente respeitado e amado. s olhar para os mais de 4.000 asilos de nosso pas, onde encontraremos mais de 200.000 velhinhos. Destes, 10% no tm famlia e 20% chegaram l por conta prpria.

    De acordo com o Novo Testamento, a famlia natural deve ser estruturada de modo verdadeiramente bilateral, em uma dialtica cooperativa na qual pais e filhos tm privilgios e responsabilidades.

    Aos filhos cabe honrar e obedecer a seus pais, sustentando-os na sua velhice (Mt 15.4; Cl 3.20). A responsabilidade dos pais criar e educar os filhos no caminho e temor do Senhor (Ef 6.4; 1Tm 5.8).

    Diz-se que reverenciar os velhos algo semelhante a venerar a Deus: a gerao que deixa de temer a Deus tambm deixa de dar ateno s pessoas idosas.

  • 34

    SUICDIO

    O termo suicdio origina-se do latim sui a si mesmo, e caedere = cortar, matar. A Bblia nunca emprega essa palavra, embora fale do assunto.

    Os motivos e as formas que levam homens, mulheres e at crianas a praticar este condenvel ato so mltiplos. Na atualidade, esse modo de autodestruio atingiu dimenses trgicas. Por exemplo: na Hungria, 45 pessoas em cada 100.000 cometem suicdio. No Brasil, este ndice de 3,3 para cada 100.000. Na maioria dos casos, os que buscam a morte voluntria encontram-se na faixa de 21 a 35 anos, pertencem classe mdia, so universitrios e profissionais. Algumas vezes, so pessoas que residem em rea rural, tambm.

    A histria recente nos mostra exemplos de suicdios coletivos. Selecionamos apenas 3:

    - Guiana 1978. Jim Jones e 900 seguidores se envenenaram. - EUA 1993. David Koresh, o profeta e 80 membros morrem num incndio

    depois de 51 dias cercados pelo FBI. - Sua 1994. 48 membros da Ordem do Templo Solar se suicidaram para

    renascerem num lugar chamado Sirius.

    Tanto a Filosofia quanto a tica Crist falam de 2 motivos principais para o suicdio: o herosmo e o desespero.

    O suicdio herico exemplificado pelos kamikazes japoneses que, durante a Segunda Guerra Mundial, lotavam seus avies de explosivos e voavam contra um alvo militar, encontrando a morte na inevitvel exploso.

    O outro tipo de suicdio pode ser elucidado pelas seguintes situaes: a moa grvida que se lana sob o trem com o intuito de encobrir a vergonha de ter uma criana no desejada; o empresrio endividado que d um tiro na cabea; o jovem universitrio que no resiste mais a presso e se lana de um edifcio. Em todos esses casos dramticos, o suicdio parece ser a nica soluo possvel para um grande problema, um ato redentor que acabaria com um tremendo pesadelo.

    Os especialistas averiguam que o abuso das drogas o fator principal de 53% dos suicdios. Alm das drogas, a depresso, o desarranjo psicolgico, o forte desequilbrio emocional, o fracasso escolar ou profissional, a instabilidade econmica e social, ou o fracasso espiritual podem provocar a busca voluntria da morte.

    Agora, observe que, a causa principal de todos os casos de suicdio mencionados na Bblia so o fracasso espiritual:

    a) Sanso Casado com uma filistia em Timma, a despeito das advertncias paternas (Jz 14.3), a situao de Sanso degradou-se quando comeou a viver com uma prostituta, Dalila (Jz 16.1). Sanso trado por Dalila, perde a vista e passa o restante de sua vida no crcere, recobrando a fora somente depois que seu cabelo cresce outra vez. Durante a grande festa ao deus Dagon, Sanso se suicida por motivos estranhos, morrendo junto com os pagos, sob os escombros do templo que ele fez desmoronar (Jz 16.30).

    b) Saul O primeiro rei de Israel suicidou-se quando estava envolvido com prticas demonacas (1Sm 28.1-19; 31.1-4).

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    c) Aitofel O falso conselheiro de Absalo enforcou-se quando viu que seu conselho fora rejeitado (2Sm 17.23).

    d) Zinri Cometeu suicdio ao se ver derrotado (1Rs 16.18, 19). Esta triste histria do rei de Israel comprova que existe uma ntida relao entre suicdio e pecado. Pecados no confessados podem levar o homem ao desespero emocional.

    e) Judas Depois de trair o Senhor Jesus, enforcou-se (Mt 27.3-5). Observe que esta sombria situao revela a relao entre o fracasso espiritual, pecado no perdoado e suicdio por desespero.

    Existe ainda um sexto caso, no consumado, Foi quando Satans convidou Jesus para um salto suicida (Mt 4.6, 7).

    Todos os telogos de todos os tempos, bem como todas as tradies crists condenam o suicdio. Toms de Aquino considerado o maior telogo catlico classificou o suicdio como o pior de todos os pecados. Agostinho tambm condenou o suicdio; inclusive o de Sanso. As igrejas evanglicas tradicionalmente condenam o suicdio.

    O Ensino Bblico

    a) A despeito da Bblia no conter um mandamento explcito que proba o suicdio, subtende-se que Deus o condene pois Ele o criador, sustentador e o doador da vida (Gn 1.27, 28; x 20.13; Dt 5.17; Jo 10.10);

    b) O suicdio constitui-se num assassinato de um ser humano feito imagem de Deus (Gn 1.27, 28; x 20.13);

    c) A Bblia ensina que devemos amar uns aos outros como a ns mesmos (Mt 22.39; Ef 5.29);

    d) Quem se suicida peca, porque no cr numa interveno de Deus (Rm 8.38, 39; 14.7-9).

    e) Aquele que comete o suicdio julga no haver mais nenhum outro recurso para a soluo do seu problema, enquanto a Bblia nos convida a confessar nossos pecados e a lanar nossa ansiedade sobre Cristo (Mt 6.25; 1Pe 5.7); e,

    f) A Bblia se nos oferece a seguinte soluo para os candidatos ao suicdio: afastar-se das prticas malignas do espiritismo (1Sm 31.4); evitar ter uma vida mentirosa e enganosa (Mt 27.5); confessar os pecados (1Jo 1.9); valorizar a si mesmo (Mt 22.39); conviver positivamente com as tenses e angstias (Jo 14.17, 27; 16.33); aprender a confiar em Cristo em todos os momentos, e aceitar o fato de que Cristo veio ao mundo a fim de oferecer vida eterna e abundante (Jo 10.9, 10).