Ética e Desempenho Social Das Organizações Desde Fatores Culturais e Contextuais

download Ética e Desempenho Social Das Organizações Desde Fatores Culturais e Contextuais

of 21

Transcript of Ética e Desempenho Social Das Organizações Desde Fatores Culturais e Contextuais

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    1/21

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007: 105-125 105

    tica e Desempenho Social das Organizaes: umModelo Terico de Anlise dos Fatores Culturais eContextuais

    Filipe Jorge Ribeiro de Almeida

    RESUMO

    O despertar crescente dos gestores para a necessidade de respeitarem cdigos de tica na sua

    atuao est relacionado com a percepo igualmente crescente, entre estes profissionais, de que, nolongo prazo, a postura tica pode resultar em importantes vantagens competitivas decorrentes deuma imagem positiva projetada na comunidade e do aumento da satisfao e da melhoria dodesempenho dos trabalhadores. No entanto, as escolhas dos gestores, perante dilemas ticos, sotambm influenciadas por fatores de ordem individual, no estratgicos, que podem ser decisivos noprocesso de tomada de deciso. Mais do que nunca, a compreenso desses fatores representa uminstrumento essencial de construo de uma cultura favorvel ao desenvolvimento tico da sociedade,e que garanta, ao mesmo tempo, a sustentabilidade desejvel dos negcios. Este estudo pretendecontribuir para o debate das questes ticas na prtica empresarial, por meio da proposta de ummodelo terico, apoiado em hipteses que exploram os fatores culturais, morais e contextuais queinfluenciam as opes de natureza social nas organizaes.

    Palavras-chave: tica; moral; cultura; desempenho social.

    ABSTRACT

    The increasing awareness of managers concerning the need for them to respect codes of ethics intheir jobs is closely related with their perception that in the long run an ethical posture can result insignificant competitive advantages based on a positive external image of the corporation and higherlevels of workers satisfaction and performance. However, the choices managers made when facing

    ethical dilemas are influenced as well by individual factors, not strategical in nature, that can play animportant role in the decision-making process. More than never, understanding these factors is acrucial step to develop a culture that enables ethical social development, and that assures, at thesame time, the desirable business sustainability. This study aims to contribute for the debate oncorporate ethics, presenting a theoretical model based on hypothesis that explore cultural, moraland contextual factors that can influence socially-based corporate practices.

    Key words: ethics; moral; culture; corporate social performance.

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    2/21

    106

    Filipe Jorge Ribeiro de Almeida

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    INTRODUO

    As ltimas dcadas do sculo XX foram marcadas por transformaesprofundas em todo o mundo, estimuladas em grande medida pelademocratizao dos regimes polticos, pela abertura de fronteiras comerciaise por um desenvolvimento tecnolgico sem precedentes. A magnitude destasmudanas tem impactos econmicos, sociais e culturais em escala mundial,cujos efeitos ainda no podem ser apreciados nem antecipados com exatido.O fenmeno de globalizao das economias e dos mercados arrasta uma

    tendncia para a convergncia de gostos, de normas, de comportamentos, deexpectativas, de padres de qualidade e de desempenho, constituindo umapresso suplementar para todas as organizaes e empresas,independentemente do nvel em que operam local, regional, nacional oumundial.

    O aumento significativo dos fluxos de comrcio internacional, facilitados portecnologias inovadoras de processamento de informao e de comunicao, tornoua dimenso tica da atividade empresarial uma das principais preocupaes de

    gestores, polticos, pesquisadores e da sociedade em geral (Robertson, Crittenden,Brady, & Hoffman, 2002). A adoo de uma conduta baseada em princpiosmorais que respeitem o ambiente e os valores da comunidade envolvente umaexigncia incontornvel das sociedades contemporneas que os responsveisorganizacionais no podem ignorar. A tolerncia perante os abusos de poder ou aexplorao inadequada de recursos cada vez menor e a concorrncia entreempresas passa tambm pelo alcance social e ambiental dos seus resultados e dasua atividade (Luce, Barber, & Hillman, 2001). Por outro lado, medida que asinteraes de gestores e executivos de diferentes pases so mais freqentes, a

    capacidade de compreender as diferenas de comportamento e as suas motivaesmorais mais necessria para garantir o xito dessas interaes (Priem & Shaffer,2001).

    A tica, enquanto disciplina terica, estuda os cdigos de valores que determinamo comportamento e influenciam a tomada de decises num determinado contexto.Estes cdigos tm por base um conjunto tendencialmente consensual de princpiosmorais, que determinam o que deve ou no deve ser feito em funo do que considerado certo ou errado por determinada comunidade. No ambiente

    organizacional e na gesto de empresas em particular, a tica estuda os cdigosmorais que orientam as decises empresariais, na medida em que estas afetem

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    3/21

    107

    tica e Desempenho Social das Organizaes

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    as pessoas e a comunidade envolvente, partindo de um conjunto socialmenteaceito de direitos e obrigaes individuais e coletivos. As empresas consideradasticas so geralmente aquelas cuja conduta socialmente valorizada e cujas

    polticas se reconhecem sintonizadas com a moral vigente, subordinando as suasatividades e estratgias a uma reflexo tica prvia e agindo posteriormente deforma socialmente responsvel.

    Muitos pesquisadores tm-se dedicado a estudar a conduta tica dos gestorese os fatores que a influenciam no contexto empresarial, destacando-se, nestedomnio, trs nveis de explicao do comportamento tico: individual,organizacional e cultural. Um nmero elevado de estudos tem procurado explicara postura tica dos executivos a partir de algumas das suas caractersticas

    individuais como o gnero (Deshpande, 1997; Elm, Kennedy, & Lawton, 2001;Luthar, DiBattista, & Gautschi, 1997; McDaniel, Schoeps, & Lincourt, 2001), aidade (Ruegger & King, 1992; Vitell, Lumpkin, & Rawwas, 1991), o grau deinstruo (Deshpande, 1997; Elm et al., 2001), as orientaes filosficas (Cherry& Frederich, 2000; Deconinck & Lewis, 1997; Singhapakdi, Vitell, & Franke,1999) ou os valores morais (Agle, Mitchell, & Sonnenfeld, 1999; Carlson, Kacmar,& Wadsworth, 2002; Glover, Bumpus, Logan, & Ciesla, 1997; Ray & Pauli,2002). Em nvel organizacional os determinantes mais estudados incluem o climatico da organizao (Deshpande, 1996; Frietzsche, 2000; Peterson, 2002; Vardy,

    2001), o papel dos cdigos de tica (Farrell, Cobin, & Farrell, 2002; Hoivik,2002; Schwartz, 2001; Wotruba, Chonko, & Loe, 2001) e a estrutura do capital(Brower & Shrader, 2000; Bucar & Hisrich, 2001; Hornsby, Kuratko, Naffziger,LaFollette, & Hodgetts, 1994; Johnson & Greeing, 1999). Constituindo uminteresse mais recente da comunidade cientfica, a investigao sobre a influnciados fatores de ordem cultural e social nos comportamentos ticos e nos sistemasde valores dos gestores tem produzido igualmente estudos empricos de crescenteprofundidade e relevncia (Jackson & Artola, 1997; Priem & Shaffer, 2001;Robertson et al., 2002; Tsui & Windsor, 2001).

    Para alm do recurso a essas trs ordens de fatores (individual, organizacionale cultural), considerados em geral estveis, para explicar os comportamentosmoralmente qualificveis no contexto empresarial, alguns autores defendemainda o carter situacional das decises ticas. Segundo esses autores, a decisode um mesmo indivduo pode ser diferente, consoante o contexto especficoque envolva essa deciso (Hoffman, Couch, & Lamont, 1998; Robertson et al.,2002), variando, por exemplo, de acordo com a posio que o indivduo ocupana empresa ou com a antecipao subjetiva que ele faa da reao pblica

    sua deciso.

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    4/21

    108

    Filipe Jorge Ribeiro de Almeida

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    Por no exigirem um conhecimento tcnico nem se regerem por leis de ofertae de procura, as decises que envolvem um julgamento moral so as nicas que,em ambiente empresarial, esto sempre sujeitas a uma avaliao externa que

    pode condenar definitivamente ou amplificar significativamente o sucesso dequalquer iniciativa. O desempenho social da organizao ser, em ltima anlise,a face visvel do comportamento tico dos seus dirigentes, refletindo a boa ou am prtica empresarial que se refletir, por seu lado, nos resultados financeiros ena prpria sustentabilidade da atividade da empresa (Ruf, Muralidhar, Brown,Janney, & Paul, 2001). Compreender os mecanismos que influenciam e explicamos comportamentos ticos , portanto, um requisito indispensvel para sobrevivernum mercado global cada vez mais atento e mais exigente em relao s prticasempresariais.

    Pretende-se neste artigo apresentar um modelo terico explicativo dodesempenho social das organizaes a partir da anlise dos seus determinantesculturais, organizacionais e individuais. Com base na reviso da literaturafundamental, prope-se um modelo integrado, onde se relacionam os valoresculturais, o desenvolvimento moral, o clima tico organizacional e o desempenhosocial, com o objetivo de destacar o papel central dos fatores no estratgicosnas opes de ao social das organizaes. Com esta contribuio, pretende-sealargar o campo terico da discusso atual sobre as motivaes ticas da atuao

    empresarial, centrando a anlise no papel decisivo que a viso subjetiva dodirigente organizacional pode ter na definio de estratgias socialmenteresponsveis.

    REFERENCIAL TERICO

    Fatores Culturais

    O comportamento social, os valores morais, a conduta individual e a reaoperante o desconhecido so manifestaes humanas que dependem em largamedida do contexto sociocultural, onde o indivduo se insere e que este mantmcomo referncia. O conceito de cultura est associado a este contextosociocultual. Citado por Ogburn, Tyler definiu cultura como um espaocomplexo, onde esto includos os conhecimentos, as crenas, as artes, osvalores morais, as leis e os costumes, assim como qualquer outra capacidadeou hbito adquirido pelo indivduo, enquanto membro de uma sociedade

    (Ogburn, 1964). Swidler sugere a noo de cultura como um conjunto deferramentas (concretizadas em smbolos, histrias, rituais e vises do mundo)

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    5/21

    109

    tica e Desempenho Social das Organizaes

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    que os indivduos podem utilizar em diferentes combinaes para lidar comdiferentes tipos de problema (Swidler, 1986). Num sentido mais lato, a cultura normalmente encarada como um sistema de normas e de valores socialmente

    transmitido (Lynn, 1990). Hofstede, por seu lado, defende a idia de que cadaindivduo transporta consigo uma programao mental constituda porcomponentes da cultura nacional onde est integrado, que foram transmitidaspela famlia, depois pela escola e mais tarde reforadas pelas organizaesonde trabalha. A cultura ser esta programao coletiva que distingue umgrupo do outro e que permite manter a ordem social ao tornar oscomportamentos individuais previsveis (Hofstede, 1980).

    No seu amplamente citado e explorado estudo publicado em 1980, Hofstede

    conceitualizou a cultura atravs da sua decomposio em quatro dimenses(distncia hierrquica, averso incerteza, individualismo emasculinidade)(1), apresentando um mapa cultural do mundo, como resultado deum vasto estudo emprico, que viria a servir de referncia para a generalidadedos estudos posteriores sobre aspectos culturais dos indivduos, das organizaese dos pases. As dimenses propostas por Hofstede renem uma significativaaceitao entre os cientistas sociais e a sua validade tem sido repetidamentedemonstrada em inmeros trabalhos (Robertson et al., 2002). Neste mapa culturaldo mundo possvel identificar grupos homogneos de pases, em cujo mbito os

    perfis culturais so idnticos entre si em aspectos pertinentes para a anlise dasquestes ticas. Apesar das dimenses de Hofstede serem habitualmente aplicadasao nvel nacional, alguns autores sugerem que elas tambm so identificveis aonvel individual (Wagner, 1995; Triandis, Bontempo, Villareal, Asai, & Lucca, 1988),considerando-as bons indicadores do comportamento e critrio vlido paradistinguir pessoas.

    No contexto organizacional, o indivduo no est imune aos efeitos e s influnciasda cultura social. Um dos fatores que pode influenciar a forma como uma pessoa

    reage perante diferentes dilemas ticos(2)

    precisamente a sua perspectiva cultural(Robertson et al., 2002). Nos anos mais recentes, o interesse da comunidadecientfica pelo estudo do fenmeno tico a partir de uma abordagem cultural temaumentado; no entanto, o nmero de trabalhos realizados sobre o tema ainda reduzido (Jackson & Artola, 1997) e os resultados globais ainda so inconclusivos(Priem & Shaffer, 2001). Numa abordagem da ligao entre as refernciasculturais e a tica profissional, Tsui e Windsor estudaram a relao entre a teoriacultural de Hofstede e o desenvolvimento moral de auditores chineses eaustralianos, tendo encontrado suporte emprico para essa relao (Tsui & Windsor,

    2001). Outros autores tm desenvolvido estudos empricos que corroboraram aexistncia de uma relao entre as dimenses culturais e a avaliao moral dos

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    6/21

    110

    Filipe Jorge Ribeiro de Almeida

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    indivduos perante dilemas ticos (Husted, Dozier, McMahon, & Kattan, 1996;Jackson & Artola, 1997; Priem & Shaffer, 2001; Vitell, Nwachukwu, & Barnes,1993), mas a medida exacta desta relao ainda no muito clara, dado existirem

    igualmente autores que no encontraram evidncia emprica da sua existncia(Lysonski & Gaidis, 1991; Whipple & Swords, 1992).

    O relativismo cultural sugerido pelos estudos que estabelecem uma relaoentre cultura e tica contraria a viso deontolgica que defende um quadro estvelde valores morais idnticos para todas as sociedades em todo o mundo. SegundoMoon e Woolliams, a dimenso tica da atividade empresarial tem especificidadesculturais difceis de evitar (Moon & Woolliams, 2000) e os decisores devem estarpreparados para compreender e aproveitar essas particularidades inerentes

    condio social da vida humana.

    Desenvolvimento Moral Cognitivo

    As teorias atuais sobre o desenvolvimento moral dos indivduos tm o seufundamento nos trabalhos exploratrios de Jean Piaget sobre os processos deavaliao moral desenvolvidos pelas crianas. Piaget acrescentou um determinantecognitivo ao conceito de moralidade que, at ento, era explicado com recursoexclusivo a determinantes ambientais (Piaget, 1932). Em 1969, o psiclogo

    Lawrence Kohlberg, baseado nas experincias e nos escritos de Piaget, formuloua teoria do desenvolvimento moral cognitivo(cognitive moral development),estudando especialmente a dimenso cognitiva do julgamento moral e a formacomo este influencia o comportamento humano. Esta teoria tornou-se a base dapesquisa cientfica no campo do pensamento moral.

    Kohlberg explorou os fatores que influenciam a percepo moral dos indivduosdesde a infncia at idade adulta e os processos de tomada de deciso que lheesto associados. O modelo de Kohlberg baseia-se no conceito dejustiacomo

    fundamento da moralidade e sugere que um indivduo progride atravs de umconjunto de fases seqenciais, medida que desenvolve as suas percepesmorais (Kohlberg, 1969). Este processo cognitivo compreende trs nveis dedesenvolvimento moral pr-convencional, convencional e ps-convencional ;cada um se subdivide em duas fases, tambm elas seqenciais. A passagem deum nvel para outro pressupe uma progresso no desenvolvimento moral doindivduo e uma mudana na forma de pensar que, em geral, no admiteretrocessos. Em cada nvel existem duas fases, representando a segunda umaforma mais avanada e organizada da primeira. Na Figura 1 apresentado um

    resumo dos nveis de desenvolvimento moral.

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    7/21

    111

    tica e Desempenho Social das Organizaes

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    Figura 1: Fases de Desenvolvimento Moral

    No primeiro nvel de percepo moral pr-convencional os indivduos

    tomam as decises com base nas conseqncias ou recompensas das suas aes,associando os conceitos de certo e de errado aos efeitos do seu comportamentoe cedendo o seu julgamento ao exerccio autoritrio de poder. No nvelconvencional, a opinio dos grupos sociais envolventes passa a ter importnciapara a tomada de decises que, na generalidade, visam satisfazer e obter aaprovao dos outros, verificando-se uma aderncia a comportamentos, normase valores aceitos pela sociedade em geral. Finalmente, medida que o indivduoatinge a maturidade moral, evolui para o nvel ps-convencional, verificando-seum esforo por desenvolver padres morais pessoais regulados por uma

    conscincia crtica do mundo e independentes das normas estabelecidas por viada autoridade de qualquer outro agente social (Kohlberg, 1969, 1984).

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    8/21

    112

    Filipe Jorge Ribeiro de Almeida

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    Apesar de alguns autores criticarem a rigidez da formulao terica do modelode Kohlberg (Elm & Weber, 1994; Gilligan, 1977; Trevino, 1992), inmeros estudostm demonstrado ao longo dos anos a sua validade emprica (Blasi, 1980; Thoma,

    1985; Weber & Wasieleski, 2001), constituindo o referencial terico mais divulgadoentre os cientistas que estudam o desenvolvimento moral e os aspectos cognitivosdo processo psicolgico subjacente. No seguimento dos trabalhos de Kohlberg,James Rest (1979) sugeriu algumas variaes ao modelo originalmente proposto,flexibilizando a sua articulao terica e facilitando a operacionalizao da pesquisaemprica sobre desenvolvimento moral. O modelo de Rest baseia-se no conceitodejustia social, atribuindo ao conceito de justia, apresentado por Kohlbergcomo um valor individual, um sentido mais alargado, associado cooperaosocial (Rest, 1979, 1986). No modelo de Rest, um indivduo pode manifestar

    diferentes nveis de moralidade, consoante o contexto e as caractersticas dodilema tico, contrariando o sentido unidireccional da evoluo moral propostopor Kohlberg que defende que cada pessoa se encontra, em cada momento, numdeterminado estdio de desenvolvimento moral, que se manifesta da mesma formana resposta a qualquer circunstncia que envolva um conflito de valores.

    O quadro de valores morais de um indivduo influencia e condiciona fortementeo seu comportamento. A viso moral do mundo de um dirigente referencialimportante para compreender algumas das suas decises e das suas escolhas

    entre opes alternativas. Desta forma, assumindo a ligao entre valores moraise comportamento, pode estabelecer-se uma relao entre o nvel dedesenvolvimento moral de um dirigente e a orientao social das prticasorganizacionais que ele define e influencia. A gesto tica e o desempenho socialdas organizaes pode efetivamente constituir, ainda que parcialmente, um reflexoda maturidade moral dos seus dirigentes.

    Clima tico Organizacional

    O clima organizacional geralmente identificado como a atmosfera psicolgica,social e humana que caracteriza a forma como as pessoas se relacionam entre sidentro da organizao. A dimenso tica do clima organizacional foi originalmenteconceitualizada por Victor e Cullen (1988). Estes autores definiram o clima ticoorganizacionalcomo um conceito multifacetado composto pelas percepespartilhadas pelos membros de uma organizao sobre quais so os comportamentoseticamente corretos e qual a forma como devem ser abordados os assuntosmoralmente qualificveis (Victor & Cullen, 1988). Desta forma, o clima tico afetado pelos diversos sistemas normativos da organizao, tais como as polticas,

    os procedimentos, os esquemas remuneratrios e os sistemas de controlo (Barnett& Vaicys, 2000).

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    9/21

    113

    tica e Desempenho Social das Organizaes

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    Wyld e Jones sugerem que a percepo de cada indivduo sobre o clima ticoda organizao a que pertence desempenha um papel determinante nos processosde deciso individual (Wyld & Jones, 1997). Wimbush argumenta, por seu lado,

    que, se os supervisores conseguem influenciar o clima organizacional, os gestorespodero influenciar o comportamento tico dos funcionrios atravs do efeitodas suas aes no clima tico de grupos de trabalho onde a atitude tica inadequada (Wimbush & Markham, 1997). Trevino defende que as pessoasprocuram freqentemente fora de si mesmas uma orientao para tomar decisesperante dilemas ticos, concluindo que as organizaes podero moderar a relaoentre a avaliao cognitiva que os indivduos fazem da realidade e o seucomportamento, atravs do incentivo do comportamento tico, do desenvolvimentode normas organizacionais e da responsabilizao das hierarquias (Trevino, 1986).

    De fato, diversos estudos sugerem a existncia de uma relao entre o climatico e o comportamento individual (Deshpande, 1996; Frietzsche, 2000; Peterson,2002), confirmando a pertinncia do conceito e justificando-o como varivelorganizacional que ajuda a explicar as opes de natureza social que caracterizama prtica empresarial.

    Desempenho Social das Empresas

    A presena de preocupaes sociais nas prticas empresariais pode ser

    encontrada em inmeros exemplos e referncias ao longo da histria dahumanidade. No entanto, apenas no sculo XX foram publicados os primeirostrabalhos formais sobre responsabilidade social. Em especial, o livro Social

    Responsibilities of the Businessman, de Howard Bowen (1953), representa omarco decisivo que d incio era moderna da literatura sobre ResponsabilidadeSocial das Empresas (RSE). No seu livro, Bowen considera que as empresas,devido sua dimenso e proliferao crescentes, haviam adquirido uma influnciaalargada na estruturao e desenvolvimento das sociedades. Segundo o autor,este aumento de poder deveria ser acompanhado por um aumento da

    responsabilidade, constituindo portanto a RSE a obrigao de os empresriosadotarem polticas e prticas adequadas aos objetivos e valores da sociedade(Bowen, 1953). Desde ento, o conceito tem sido explorado e debatido porestudiosos, acadmicos, empresrios, polticos e cidados em todo o mundo,existindo j um corpo significativo de contribuies tericas que tm promovidoo desenvolvimento do conceito e que facilitam a sua compreenso. No entanto,apesar do debate e do reconhecimento da sua importncia nas sociedadescontemporneas, a RSE no um tema consensual, dadas as mltiplas definiese interpretaes que tem suscitado e a complexidade das suas motivaes e

    implicaes. Depois de Bowen, vrios autores acrescentaram dimenses,especificaram contedos e delimitaram fronteiras no estudo da RSE. Submetido

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    10/21

    114

    Filipe Jorge Ribeiro de Almeida

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    a abordagens segundo critrios ideolgicos, morais ou econmicos, o termoRSE adquiriu sentidos diversos que, na maioria dos casos, so complementaresentre si. No contexto empresarial, a designao responsabilidade socialvisa

    destacar o papel central que as empresas representam, enquanto organizaeshumanas, na manuteno e desenvolvimento do bem-estar social. O conjuntode responsabilidades sociais de uma empresa engloba as aes e polticasde alcance alargado que visam contribuir para o equilbrio social da comunidadeenvolvente, situando-se, no entanto, alm das exigncias especficas da finalidadeque justifica a existncia da prpria organizao. Segundo Ackerman, aresponsabilidade social implica um acompanhamento permanente e umaavaliao sistemtica das condies ambientais, centrando a anlise nasnecessidades dos diferentes stakeholders ligados organizao (Ackerman,

    1975).

    As polticas socialmente responsveis e o respeito ativo por valores morais esociais constituem os indicadores tericos do desempenho social da empresa(DSE). Carroll defende que o DSE compreende trs componentes: (1) o nvel deresponsabilidade social, (2) o comprometimento com causas sociais e (3) a filosofiasubjacente resposta das empresas perante problemas ou desafios de naturezasocial (Carroll, 1979). Wartick e Cochran concretizam a definio de DSE naobservao de trs dimenses da atividade empresarial: os princpios (valores

    que orientam as polticas de responsabilidade social), os processos (mecanismosutilizados para atuar socialmente) e as polticas sociais (Wartick & Cochran,1985). Donna Wood acrescenta aos princpios, aos processos e s polticaspromovidas pela empresa, os resultados observveis e os impactos sociais da suaao (Wood, 1991).

    O DSE est relacionado mais com os meios do que com os fins da atividadeempresarial. O resultado financeiro, o volume de vendas, a quota de mercado oua valorizao do capital so indicadores que medem a concretizao dos fins aque se destina a atividade da empresa. O DSE espelha a forma como a empresa,no desenrolar da sua atividade, utiliza os recursos disponveis e promove o seudesenvolvimento, transfere meios para apoiar causas sociais, protege e respeitao ambiente e a comunidade envolvente (Miles, 1987). Destaca-se, por exemplo,no mbito do DSE, o tratamento justo e responsvel dos trabalhadores, as prticastransparentes, a limitao dos desperdcios e da produo de matrias poluentesou os donativos e apoio a obras e iniciativas comunitrias de ndole social, culturalou desportiva.

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    11/21

    115

    tica e Desempenho Social das Organizaes

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    MODELO INTEGRADO DO PROCESSO TICO

    A tica, enquanto valor subjetivo da ao humana, est presente num nmerosignificativo de decises cotidianas da atividade empresarial (Weber & Wasieleski,2001), tendo-se tornado um dos elementos centrais da avaliao do desempenhodas empresas e dos seus responsveis. Apesar da teoria exposta ser aplicvel generalidade das organizaes, a proposta ganha especial relevncia no contextodas empresas com fins lucrativos, sendo em seguida analisada para esse tipoparticular de organizao. Com base na reviso de literatura efetuada, prope-seento um modelo terico que integra os fatores individuais subjetivos culturaise morais que influenciam as prticas empresariais que afetam o seu desempenho

    social. Este modelo centrado no papel do dirigente enquanto agente privilegiadode deciso, destacando o efeito dos valores culturais no seu desenvolvimentomoral e no clima tico da organizao que, por sua vez, influenciam a natureza dodesempenho social empresarial. Apresenta-se em seguida o modeloprovisoriamente designado de modelo integrado do processo tico, procurandoassim sintetizar a dimenso da tica individual no processo de deciso que afetaas responsabilidades sociais das empresas:

    Figura 2: Modelo Integrado do Processo tico Organizacional

    O modelo proposto visa reunir as principais variveis que caracterizam oprocesso de deciso tica no contexto organizacional, integrando determinantesculturais, organizacionais e individuais. Trata-se de um modelo que explicaparcialmente o desempenho social com recurso a variveis contextuais e percepo dos dirigentes organizacionais. No modelo, as relaes entre Cultura,

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    12/21

    116

    Filipe Jorge Ribeiro de Almeida

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    Desenvolvimento Moral, Clima tico e Desempenho Social representamo eixo central, acrescentando ainda a influncia secundria dos fatoresdemogrficos e do estilo de gesto.

    Apesar do seu sentido aparentemente determinista, no se pretende com estemodelo explicar todo o processo de deciso tica nem estabelecer uma relaode causalidade nica entre as variveis. Pretende-se sim evidenciar o grau decorrelao que existe entre as variveis em causa, destacando a importncia dosdeterminantes no estratgicos nas prticas de responsabilidade social dasorganizaes. Os determinantes culturais e demogrficos so as nicas variveisindependentes do modelo, subjacente ao qual existe um conjunto articulado dehipteses de pesquisa. Estas hipteses so desenvolvidas em seguida, pretendendo-

    se, atravs delas, explicitar com maior detalhe os fundamentos tericos quejustificam as relaes propostas.

    HIPTESES DO MODELO

    O modelo apresentado compreende um conjunto articulado de hiptesessubjacentes que, partindo do adequado enquadramento terico, representam a

    principal contribuio intelectual da reflexo aqui proposta. Em seguida soapresentadas essas hipteses, distinguindo uma hiptese central e a suadecomposio em diversas hipteses bsicas representantes das diversas relaesentre as variveis que constituem o modelo.

    Hiptese Terica: O contexto sociocultural e o perfil moral dos dirigentesorganizacionais tm um impacto determinante no comportamento tico internoe externo da organizao.

    Hiptese Bsica 1a (HB1a): Os dirigentes organizacionais que partilhamreferncias socioculturais semelhantesapresentam um ndice de desenvolvimento moralidntico entre si.

    Hiptese Bsica 1b (HB1b): O contexto sociocultural exerce uma influnciasignificativa no clima tico da organizao.

    Hiptese Bsica 1c (HB1c): O contexto sociocultural exerce uma influncia

    significativa no estilo de gesto e de lideranapraticado na organizao.

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    13/21

    117

    tica e Desempenho Social das Organizaes

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    Hiptese Bsica 2a (HB2a): O desenvolvimento moral dos dirigentesorganizacionais exerce uma influncia positivasignificativa no clima tico da organizao.

    Hiptese Bsica 2b (HB2b): O desenvolvimento moral dos dirigentesorganizacionais exerce uma influnciasignificativa no estilo de gesto e de lideranapraticado na organizao.

    Hiptese Bsica 2c (HB2c): O desenvolvimento moral dos dirigentesorganizacionais exerce uma influncia positivasignificativa no desempenho social daorganizao.

    Hiptese Bsica 3 (HB3): O clima tico organizacional exerce umainfluncia positiva significativa no desempenhosocial da organizao.

    Hiptese Bsica 4 (HB4): O estilo de gesto e de liderana praticado naorganizao exerce uma influncia significativano clima tico organizacional.

    Hiptese Bsica 5 (HB5): O desenvolvimento moral dos dirigentesorganizacionais influenciado significativamentepelas suas caractersticas pessoais.

    O DSE representa um fator de desenvolvimento organizacional, na medidaem que as empresas com nveis elevados de DSE mantm, partida, relaessaudveis e de confiana com os diversos grupos de interesse com os quais serelacionam e dos quais dependem, permitindo assim reduzir os nveis de riscofinanceiro (Orlitzky & Benjamin, 2001). A investigao sobre o DSE temproduzido poucos trabalhos que estudem o papel dos dirigentes organizacionais

    como determinantes do desempenho social (Thomas & Simerly, 1995). AHiptese Terica deste estudo representa o problema central que se pretendeesclarecer e tem subjacente a idia de que o comportamento tico daorganizao fortemente influenciado pela filosofia pessoal e pelos processoscognitivos de deciso dos seus dirigentes, apoiada nas idias de Miles (1987) eAckerman (1975).

    A Hiptese HB1a representa uma das relaes centrais propostas pelo modeloterico e destaca a forte relao entre o contexto sociocultural e o ndice de

    desenvolvimento moral dos dirigentes, baseando a sua formulao em estudos comoos de Tsui e Windsor (2001), Husted et al. (1996) e Vitell (1993). As Hipteses

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    14/21

    118

    Filipe Jorge Ribeiro de Almeida

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    HB1b e HB1c estendem o impacto do contexto cultural ao clima tico da organizaoe ao estilo de direo que a caracteriza.

    As Hipteses HB2a, HB2b e HB2c referem-se teoria de desenvolvimentomoral cognitivo de Kohlberg como indicador-chave do ndice moral dos dirigentesempresariais. Esta teoria representa a base terica mais utilizada no estudo empricoda influncia dos processos cognitivos de deciso no comportamento tico(Trevino, 1992; Tsui & Windsor, 2001).

    A Hiptese HB3 destaca a influncia do clima tico organizacional na extensoe profundidade das polticas de natureza social conduzidas pela empresa. Aformulao desta hiptese baseia-se na base alargada de estudos empricos querelacionam o clima tico com o comportamento tico (Barnett & Vaicys, 2000;Peterson, 2002).

    A Hiptese HB4 introduz o estilo de gesto como varivel influenciada pelocontexto cultural e pelo quadro tico de referncia dos dirigentes, afetando, porsua vez, o clima tico organizacional. O estilo de gesto ainda um determinantepouco estudado no mbito das polticas e estratgias empresariais; no entanto,existem j alguns estudos que o destacam como uma varivel central na explicaode decises empresariais em geral (Almeida, 2001) e de opes ticas em particular(Pennino, 2002).

    Finalmente, na seqncia dos resultados apresentados por um nmerosignificativo de estudos empricos (Deshpande, 1997; Elm & Nichols, 1993; Elmet al., 2001; Ruegger & King, 1992; Thoma, 1985), a Hiptese HB5 estabeleceuma relao causal entre as caractersticas pessoais do decisor como a idade, ognero, o grau de instruo ou a funo desempenhada, e o seu ndice dedesenvolvimento moral.

    CONCLUSO

    Os responsveis organizacionais, especialmente aqueles que ocupam lugaresde interveno estratgica, esto freqentemente expostos a presses ticasconsiderveis decorrentes dos impactos que as suas decises podem ter nostrabalhadores, nos clientes, no mercado, na comunidade em geral ou no meioambiente (Watson, 2003). As suas decises e a sua atitude perante conflitos deinteresse que envolvam valores morais influenciam o clima tico da organizao,

    o comportamento dos trabalhadores e a forma como eles se comportam e serelacionam entre si e com a empresa (Bews & Rossouw, 2002). A postura tica

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    15/21

    119

    tica e Desempenho Social das Organizaes

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    dos gestores e o clima tico da organizao podem estimular ou reprimir odesenvolvimento de uma poltica social ativa, refletindo-se no desempenho real epercepcionado da empresa.

    O objetivo deste ensaio terico contribuir para o debate em torno da ticaempresarial e dos seus determinantes, enquanto tema que preocupa empresriose cidados em todo o mundo na atualidade. Ao estabelecer uma relao entre ocontexto cultural, o desenvolvimento moral e o desempenho social da empresa,pretendeu-se destacar o papel do dirigente nas polticas sociais das empresas,reconhecendo o carter situacional dos valores morais e sociais. A prticaempresarial deve ser interpretada no seu contexto, constituindo o comportamentotico um reflexo do mesmo. Por outro lado, o modelo integrado de determinantes

    do desempenho social destaca a importncia dos fatores no estratgicos quehabitualmente presidem a uma parte significativa das decises perante questesde natureza tica ou de interveno social.

    Subjacente ao modelo terico, foram desenvolvidas hipteses de pesquisa cujavalidade pode e deve ser explorada em futuros estudos empricos. Com a realizaodestes estudos, espera-se encontrar uma forte relao entre os referenciaisculturais e os valores morais, assim como entre estes e as preocupaes sociaisreveladas pelas prticas empresariais. A riqueza dos resultados ser reforadase o modelo for aplicado em diferentes contextos culturais. As questes ticas,as problemticas ambientais e as preocupaes sociais so hoje temas centraisno debate poltico, social e empresarial. Este trabalho certamente fruto dessaspreocupaes, ao mesmo tempo que pretende ser uma contribuio modestamas determinada para a amplificao do debate urgente em torno destas temticas.

    Artigo recebido em 19.10.2004. Aprovado em 01.12.2004.

    NOTAS

    1Adistncia hierrquicarespeita ao grau com que as desigualdades entre os indivduos so aceitescomo naturais numa determinada sociedade. A averso incertezadescreve a atitude bsica dosindivduos face ao risco e a forma como reagem perante situaes ambguas. O individualismoe oseu oposto, o coletivismo, dizem respeito forma como as pessoas se relacionam entre si e opermetro das suas atenes afectivas. A masculinidademede o grau com que uma dada comunidadevaloriza atributos considerados masculinos, como a assertividade, o materialismo ou acompetitividade.

    2Segundo Robertson et al. (2002), um dilema tico uma situao onde um indivduo pode ver dois

    lados de um problema, sem que exista uma opo moral claramente certa ou errada que justifiqueuma deciso bvia.

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    16/21

    120

    Filipe Jorge Ribeiro de Almeida

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    Ackerman, R. (1975).The social challenge of business.Cambridge: Harvard Business Press.

    Agle, B.,Mtchell, R., &Sonnenfeld, J. (1999).

    Who matters to CEOS? Aninvestigation of stakeholdersattributes and salience, corporate

    performance, and CEO values.Academy of Management Journal,42(5), 507-525.

    Almeida, F. (2001).Organizaes, pessoas e novas

    tecnologias . Coimbra: QuartetoEditora.

    Barnett, T., &

    Vaicys, C. (2000).The moderating effect of individualsperceptions of ethical work climate onethical judgements and behavioralintentions. Journal of BusinessEthics, 27(4), 351-362.

    Bews, N. F., &Rossouw, G. J. (2002).

    A role for business ethics in

    facilitating trustworthiness. Journalof Business Ethics, 39(4), 377-390.

    Blasi, A. (1980).Bridging moral cognition and moralaction: a critical review of theliterature. Psychological Bulletin,88(1), 1-45.

    Bowen, H. (1953).

    Social responsibilities of thebusinessman. New York: Harper &Row.

    Brower, H. H., &Shrader, C. B. (2000).

    Moral reasoning and ethical climate:not-for-profit vs. For-profit Board ofDirectors.Journal of Business Ethics,26(2), 147-167.

    Bucar, B., &Hisrich, R. (2001).

    Ethics of business managers vs.

    entrepreneurs. Journal ofDevelopmental Entrepreneurship,

    6(1), 59-82.

    Carlson, D.,Kacmar, K. M., &Wadsworth, L. (2002).

    The impact of moral intensitydimensions on ethical decisionmaking: assessing the relevance of

    orientation. Journal of ManagerialStudies, 14(1), 15-30.

    Carroll, A. (1979).A three-dimensional conceptualmodel of corporate socialperformance. Academy ofManagement Review, 4(4),497-505.

    Cherry, J., &

    Frederich, J. (2000).An empirical investigation of locus ofcontrol and the structure of moralreasoning: examining the ethicaldecision-making process of salesmanagers. The Journal of PersonalSelling & Sales Management, 20(3),173-188.

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    17/21

    121

    tica e Desempenho Social das Organizaes

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    Deconinck, J., &Lewis, W. (1997).

    The influence of deontological and

    teleological considerations andethical climate on sales managersintentions to reward or punish salesforce behavior. Journal of BusinessEthics, 16(5), 497-506.

    Deshpande, S. (1996).Ethical climate and the link betweensuccess and ethical behavior: anempirical investigation of non-profit

    organization. Journal of BusinessEthics, 15(3), 315-320.

    Deshpande, S. (1997).Managers perception of properethical conduct: the effect of sex, ageand level of education. Journal ofBusiness Ethics, 16(1), 79-85.

    Elm, D.,

    Kennedy, E., &Lawton, L. (2001).Determinants of moral reasoning: sexrole orientation, gender and academicfactors.Business and Society, 40(3),241-265.

    Elm, D., &Nichols, M. (1993).

    An investigation of the moral

    reasoning of managers. Journal ofBusiness Ethics, 12(11), 817-833.

    Elm, D., &Weber, J. (1994).

    Measuring moral judgment: the moraljudgment interview or the definingissues test. Journal of BusinessEthics, 13(5), 341-355.

    Farrell, B.,Cobbin, D., &Farrell, H. (2002).

    Codes of ethics - their evolution,development and other controversies.Journal of Management

    Development, 21(2), 152-163.

    Frietzsche, D. (2000).Ethical climates and the ethicaldimensions of decision making.Journalof Business Ethics, 24(2), 125-140.

    Gilligan, C. (1977).In a different voice: womensconception of the self and of morality.Harvard Educational Review, 47(4),481-517.

    Glover, S.,Bumpus, M.,Logan, J., &Ciesla, J. (1997).

    Re-examining the influence ofindividual values on ethical decisionmaking.Journal of Business Ethics,16(12-13), 1319-1329.

    Hoffman, J.,Couch, G., &Lamont, B. (1998).

    The effect of firm profit versuspersonal economic well being on the

    level of ethical responses given bymanagers.Journal of Business Ethics,17(3), 239-244.

    Hofstede, G. (1980).Cultures consequences. London:SAGE Publications.

    Hoivik, H. (2002).Professional ethics - a managerial

    opportunity in emergingorganizations. Journal of BusinessEthics, 39(1-2), 3-11.

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    18/21

    122

    Filipe Jorge Ribeiro de Almeida

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    Hornsby, J.,Kuratko, D.,Naffziger, D.,

    LaFollette, W., &Hodgetts, R. (1994).Ethical perceptions of small-businessowners: a factor analytic study.Journal of Small Bus iness

    Management, 32(4), 9-16.

    Husted, B.,Dozier, J.,McMahon, T., &

    Kattan, M. (1996).Impact of cross-national carriers ofbusiness ethics on attitudes aboutquestionable practices and form ofmoral reasoning. Journal ofInternational Business Studies, 27(2),391-411.

    Jackson, T., &Artola, M. (1997).

    Ethical beliefs and managementbehaviour: a cross-culturalcomparison. Journal of BusinessEthics, 16(11), 1163-1173.

    Johnson, R., &Greeing, D. (1999).

    Effects of corporate governance andinstitutional ownership types oncorporate social performance.

    Academy of Management Journal,42(5), 564-576.

    Kohlberg, L. (1969).Stage and sequence: the cognitive-developmental approach tosocialization. In D. Goslin (Org.).Handbook of socialization theory

    and research (pp 347-480). New York:Rand McNally.

    Kohlberg, L. (1984).The philosophy of moral

    development. New York: Harper &

    Row.

    Luce, R.,Barber, A., &Hillman, A. (2001).

    Good deeds and misdeeds: a mediatedmodel of the effect of corporate socialperformance on organizationalattractiveness.Business and Society,40(4), 397-415.

    Luthar, H.,DiBattista, R., &Gautschi, T. (1997).

    Perceptions of what the ethical climateis and what It should be: the role ofgender, academic status, and ethicaleducation.Journal of Business Ethics,16(2), 205-217.

    Lynn, L. H. (1990).Technology and organizations: across-national analysis. In P. S.Goodman & L.S. Sproull (Orgs.).Technology and Organizations (pp.174-199). Oxford: Jossey-BassPublishers.

    Lysonski, S., &Gaidis, W. (1991).

    A cross-national comparison of ethicsof business students. Journal ofBusiness Ethics, 10(2), 141-150.

    McDaniel, C.,Schoeps, N., &Lincourt, J. (2001).

    Organizational ethics: perceptions ofemployees by gender. Journal ofBusiness Ethics, 33(3), 245-256.

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    19/21

    123

    tica e Desempenho Social das Organizaes

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    Miles, R. (1987).Marke ting the corporate social

    environment. Englewood Cliffs:

    Prentice-Hall.

    Moon, C., &Woolliams, P. (2000).

    Managing cross-cultural businessethics. Journal of Business Ethics,27(1-2), 105-115.

    Ogburn, W. F. (1964).On culture and social change .

    Chicago: University of Chicago Press.

    Orlitzky, M., &Benjamin, J. (2001).

    Corporate social performance and firmrisk: a meta-analytic review.Businessand Society,40(4), 369-396.

    Pennino, C. M. (2002).Is decision style related to moral

    development among managers in theU.S.? Journal of Business Ethics,41(4), 337-347.

    Peterson, D. (2002).The relationship between unethicalbehavior and the dimensions of theethical climate questionnaire.Journalof Business Ethics, 41(4), 313-326.

    Piaget, J. (1932).The moral judgment of the child. NewYork: Free Press.

    Priem, R., &Shaffer, M. (2001).

    Resolving moral dilemmas inbusiness: a multicountry study.Business and Society, 40(2), 197-219.

    Ray, D., &Pauli, K. (2002).The role of moral intensity in ethical

    decision making. Business andSociety, 41(1), 84-117.

    Rest, J. (1979).Development in judging moral issues.Minneapolis: University ofMinnesota Press.

    Rest, J. (1986).Moral development: advances in

    research and theory. New York:Praeger Press.

    Robertson, C. J.,Crittenden, W.,Brady, M. K., &Hoffman, J. J. (2002).

    Situational ethics across borders: amulticultural examination.Journal ofBusiness Ethics, 38(4), 327-338.

    Ruegger, D., &King, E. W. (1992).

    A study of the effect of age and genderupon student business ethics.Journal of Business Ethics, 11(3), 179-186.

    Ruf, B.,Muralidhar, K.,Brown, R.,Janney, J., &Paul, K. (2001).

    Empirical investigation of therelationship between change incorporate social performance andfinancial performance: a stakeholdertheory perspective. Journal ofBusiness Ethics, 32(2), 143-156.

    Schwartz, M. (2001).The nature of relationship betweencorporate codes of ethics and

    behavior.Journal of Business Ethics,32(3), 247-262.

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    20/21

    124

    Filipe Jorge Ribeiro de Almeida

    RAC, v. 11, n. 3, Jul./Set. 2007

    Singhapakdi, A.,Vitell, S., &Franke, G. (1999).

    Antecedents, consequences andmediating effects of perceived moralintensity and personal moralphilosophies.Academy of MarketingScience Journal, 27(1), 19-35.

    Swidler, A. (1986).Culture in action: symbols andstrategies. American SociologicalReview, 51(2), 273-286.

    Thoma, S. (1985).Estimating gender differences in thecomprehension and preference ofmoral issues. Development Review,6(2), 165-180.

    Thomas, A., &Simerly, R. (1995).

    Internal determinants of corporate

    social performance: the role of topmanagers.Academy of ManagementJournal, (Best Papers Proceedings),pp. 411-415.

    Trevino, L. (1986).Ethical decision making inorganizations: a person-situationinteractionist model. Academy ofManagement Review, 11(3), 601-617.

    Trevino, L. (1992).Moral reasoning and business ethics:implications for research, educationand management.Journal of BusinessEthics, 11(5-6), 445-459.

    Triandis, H.,Bontempo, R.,Villareal, M.,

    Asai, M., &Lucca, N. (1988).Individualism and collectivism: cross-

    cultural perspectives on self-ingrouprelationships.Journal of Personalityand Social Psychology, 54(2), 323-

    338.

    Tsui, J., &Windsor, C. (2001).

    Some cross-cultural evidence onethical reasoning.Journal of BusinessEthics, 31(2), 143-150.

    Vardy, Y. (2001).Effects of organizational and ethical

    climates on misconduct at work.Journal of Business Ethics, 29(4), 325-337.

    Victor, B., &Cullen, J. (1988).

    The organizational bases of ethicalwork climate.Administrative ScienceQuarterly, 33(1),101-125.

    Vitell, S.,Lumpkin, J., &Rawwas, M. (1991).

    Consumer ethics: an investigation ofthe ethical beliefs of elderlyconsumers. Journal of BusinessEthics, 10(5), 365-375.

    Vitell, S.,Nwachukwu, S., &

    Barnes, J. (1993).The influence of culture on ethicaldecision-making: an application ofHofstedes Typology. Journal ofBusiness Ethics, 12(10),753-760.

    Wagner, J. (1995).Studies of individualism-collectivism:effects on cooperation in groups.Academy of Management Journal,

    38(1), 152-172.

  • 7/23/2019 tica e Desempenho Social Das Organizaes Desde Fatores Culturais e Contextuais

    21/21

    125

    tica e Desempenho Social das Organizaes

    RAC 11 3 J l /S t 2007

    Wartick, S., &Cochran, P. (1985).

    The evolution of the corporate social

    performance model. Academy ofManagement Review, 10(4), 758-769.

    Watson, T. (2003).Ethical choice in managerial work: thescope for moral choices in an ethicallyirrational world. Human Relations,56(2), 167-185.

    Weber, J., &

    Wasieleski, D. (2001).Investigating influences on managersmoral reasoning. Business andSociety, 40(1), 79-111.

    Whipple, T., &Swords, D. (1992).

    Business ethics judgments: a cross-cultural comparison. Journal ofBusiness Ethics, 11(9), 671-678.

    Wimbush, J., &Markham, S. (1997).

    An empirical examination of the

    relationship between ethical climateand ethical behavior from multiplelevels of analysis.Journal of BusinessEthics, 16(16), 1705-1716.

    Wood, D. (1991).Corporate social performancerevisited. Academy of ManagementReview, 16(4), 691-718.

    Wotruba, T.,Chonko, L., &Loe, T. (2001).

    Impact of ethics code familiarity onmanager behavior.Journal of BusinessEthics, 33(1), 59-69.

    Wyld, D., &Jones, C. (1997).

    The Importance of context: the ethical

    work climate construct and models ofethical decision making - an agendafor research. Journal of BusinessEthics, 16(4), 465-472.