Ética Kantiana e Ética Utilitarista

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Ano Lectivo 2010/2011 Dimensão ético-politica Filosofia 10 ano Página 1 de 3 A FUNDAMENTAÇÃO DA MORAL: COMPARAÇÃO ENTRE DUAS TEORIAS DIFERENTES A MORAL KANTIANA E A MORAL UTILITARISTA Questões colocadas na teoria moral de Kant? Ora, se não é a felicidade que pode justificar a moralidade, o que será então? Será a crença em Deus? Será o prazer? A moral de Immanuel Kant insere-se nas éticas deontológicas, que exigem uma necessidade do dever. As acções são boas, correctas se orientadas pelo dever, segundo Kant é o agir por dever que confere valor moral às acções praticadas pelos seres humanos. Kant acreditava no carácter absoluto das regras morais. Para Kant, a mentira nunca é correcta, sejam quais forem as circunstâncias. O ponto de partida de Kant diz respeito à preocupação com a justificação e origem dos princípios do agir moral, de forma a garantir que os valores não fiquem sujeitos ao capricho de cada um. Reconhecendo existir em todos os homens a aspiração a ser feliz, Kant afirma que não é por desejar alcançar a felicidade que o ser humano deverá agir moralmente, embora o facto de esforçar-se por ser bom o torne digno de ser feliz. Kant começa por reconhecer que todos os homens, mesmo os mais simples e intelectualmente ignorantes, são capazes de realizar actos morais. Donde lhes vem, pois, essa capacidade? A resposta Kantiana é a seguinte: todos os homens são seres racionais e, por isso, possuidores de uma faculdade que pode ser usada para conhecer (razão teórica ou do conhecimento) e para orientar o agir, isto é, ordenar o que se deve fazer (razão prática ou razão moral). A vontade humana possui livre - arbítrio, e pode mesmo optar pela realização de acções contrárias ao dever. A vontade surge como a capacidade que o ser humano possui e que pode tornar as várias virtudes boas ou más, isto é, a coragem, a honra, a calma na reflexão, etc, serão boas ou más dependendo do uso que a vontade faz delas. De todas as realidades humanas, Kant constata que só a boa vontade é boa em si mesma. A boa vontade vai ser tomada como o princípio a seguir para fundamentar a moralidade. A boa vontade é a vontade que age por dever. Kant cria uma distinção entre acções contrárias ao dever são todas as acções que são imorais, que violam a regra moral; acções em conformidade com o dever são todas as acções em que o seu agir obedece à lei, isto é, cumpre a lei instituída pelos homens, mas ainda não é suficiente para serem acções morais, pois estas acções são regidas por interesses, por inclinações e acções por dever apenas estas podem ser consideradas acções morais, uma vez que são realizadas sem ter como fim qualquer interesse particular, mas o puro respeito à lei moral, que é racional e universal a todos os homens. Segundo Kant, o que determina a moralidade não é o propósito a atingir, mas apenas o querer que a origina. O valor moral da acção reside na representação da lei moral, que se encontra na razão do Homem. Uma vez que a vontade não é santa, a razão moral actua segundo determinados imperativos, que são eles imperativo hipotético e o imperativo categórico. Noção de Imperativo - são princípios, fórmulas, leis que expressam a noção de dever ser. Dado que a vontade é livre os imperativos apenas a ordenam.

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    A FUNDAMENTAO DA MORAL: COMPARAO ENTRE DUAS TEORIAS DIFERENTES A MORAL KANTIANA E A MORAL UTILITARISTA

    Questes colocadas na teoria moral de Kant?

    Ora, se no a felicidade que pode justificar a moralidade, o que ser ento?

    Ser a crena em Deus?

    Ser o prazer?

    A moral de Immanuel Kant insere-se nas ticas deontolgicas, que exigem uma necessidade do dever. As aces so boas, correctas se orientadas pelo dever, segundo Kant o agir por dever que confere valor moral s aces praticadas pelos seres humanos. Kant acreditava no carcter absoluto das regras morais. Para Kant, a mentira nunca correcta, sejam quais forem as circunstncias.

    O ponto de partida de Kant diz respeito preocupao com a justificao e origem dos princpios do agir moral, de forma a garantir que os valores no fiquem sujeitos ao capricho de cada um. Reconhecendo existir em todos os homens a aspirao a ser feliz, Kant afirma que no por desejar alcanar a felicidade que o ser humano dever agir moralmente, embora o facto de esforar-se por ser bom o torne digno de ser feliz.

    Kant comea por reconhecer que todos os homens, mesmo os mais simples e intelectualmente

    ignorantes, so capazes de realizar actos morais. Donde lhes vem, pois, essa capacidade? A resposta Kantiana a seguinte: todos os homens so seres racionais e, por isso,

    possuidores de uma faculdade que pode ser usada para conhecer (razo terica ou do conhecimento) e para orientar o agir, isto , ordenar o que se deve fazer (razo prtica ou razo moral).

    A vontade humana possui livre - arbtrio, e pode mesmo optar pela realizao de aces contrrias

    ao dever. A vontade surge como a capacidade que o ser humano possui e que pode tornar as vrias virtudes boas ou ms, isto , a coragem, a honra, a calma na reflexo, etc, sero boas ou ms

    dependendo do uso que a vontade faz delas. De todas as realidades humanas, Kant constata que s a boa vontade boa em si mesma. A boa

    vontade vai ser tomada como o princpio a seguir para fundamentar a moralidade. A boa vontade a vontade que age por dever.

    Kant cria uma distino entre aces contrrias ao dever so todas as aces que so imorais,

    que violam a regra moral; aces em conformidade com o dever so todas as aces em que o seu agir obedece lei, isto , cumpre a lei instituda pelos homens, mas ainda no suficiente para serem aces morais, pois estas aces so regidas por interesses, por inclinaes e aces por dever apenas estas podem ser consideradas aces morais, uma vez que so realizadas sem ter como fim qualquer interesse particular, mas o puro respeito lei moral, que racional e universal a todos os homens.

    Segundo Kant, o que determina a moralidade no o propsito a atingir, mas apenas o querer que

    a origina. O valor moral da aco reside na representao da lei moral, que se encontra na razo do Homem.

    Uma vez que a vontade no santa, a razo moral actua segundo determinados imperativos, que so eles imperativo hipottico e o imperativo categrico.

    Noo de Imperativo - so princpios, frmulas, leis que expressam a noo de dever ser. Dado

    que a vontade livre os imperativos apenas a ordenam.

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    Imperativos hipotticos so princpios prticos que dizem que uma aco boa porque necessria para conseguir algum propsito ou fim. So princpios que so provisrios, isto , servem enquanto no satisfizermos os nossos desejos. Por exemplo, quem quiser ser um ptimo atleta deve ter

    um treino muito intenso e com muito sacrifcio. Se o individuo no se quiser desgastar, sacrificar no fica obrigado ao dever, e pode renunciar ao seu desejo de ser um bom atleta. A este dever sujeito ao desejo ou a inclinaes chamou Kant de Imperativos Hipotticos. Estes so princpios que regem as aces conforme o dever.

    Imperativos categricos so princpios ou obrigaes prticas que ditam que uma aco boa

    se, for realizada por puro respeito representao da lei em si mesma, por obedincia lei moral. So princpios ou leis universais vlidas para todos os seres humanos. Regem as aces por dever, isto , as aces morais. O imperativo categrico dita a lei moral.

    Formulaes do imperativo categrico:

    1 Formulao

    Age apenas segundo uma mxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.

    2 Formulao

    "Age por forma a que trates a humanidade, quer na tua pessoa como de qualquer outra, sempre ao mesmo tempo como fim, nunca meramente como meio".

    Utilitarismo

    Pressuposto terico da moral utilitarista - O maior prazer para o maior nmero de

    pessoas

    O utilitarismo uma teoria moral que se insere dentro das morais consequencialistas. Segundo o consequencialismo, as aces so moralmente certas ou erradas, boas ou ms, apenas em virtude das suas consequncias ou resultados. Isto significa que, de um ponto de vista moral, uma

    opo apresenta-se como melhor se, e s se, tiver melhores consequncias, resultados-ou-efeitos-do outra. Para os utilitaristas, a mentira incorrecta, no entanto, se numa dada situao a mentira trouxer bons resultados, felicidade para a maioria das pessoas, ento a mentira boa, isto , possui um carcter moral. O utilitarismo derivou da teoria grega Hedonista doutrina moral que defende que o prazer o

    soberano bem do homem. Segundo esta doutrina, a busca do prazer o primeiro princpio da moral.

    Stuart Mill viveu na Inglaterra, no sculo XIX e foi um dos filsofos defensores do utilitarismo. A teoria utilitarista defendia o princpio moral da maior felicidade ou do maior prazer para a maioria das

    pessoas. Morais so as aces que proporcionam felicidade e prazer e a ausncia de dor; e imorais so as que trazem infelicidade, a dor e a ausncia de prazer.

    Stuart Mill entende o prazer como o bem supremo moral, dizendo-se defensor da liberdade

    individual. Este autor associa o prazer virtude ao comportamento correcto e a dor ao agir incorrectamente. A felicidade sempre o fim ltimo para o qual todas as aces convergem.

    Problema colocado: - Egosmo tico e Utilitarismo significam o mesmo?

    Comparao entre o egosmo tico e o utilitarismo, sendo ambas teorias consequencialistas.

    So no entanto, teorias com contedo moral diferente. Vejamos essas comparaes: Quando falam de melhores consequncias, tanto o egosta como o utilitarista tm em mente o

    bem-estar ou felicidade. Ambos pensam que a melhor coisa a fazer numa dada situao aquela que, entre as alternativas disponveis, mais promove o bem-estar ou felicidade. Mas estamos a falar do bem-estar de quem? E aqui que o egosta diverge profundamente do utilitarista

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    Enquanto para o primeiro devemos estar interessados em promover apenas o nosso prprio

    bem-estar, para o segundo devemos, adoptando uma perspectiva inteiramente imparcial, promover o bem-estar de todos aqueles que so afectados pelas nossas aces. O utilitarista advoga o maior bem/prazer para o maior nmero.

    Os utilitaristas clssicos, Bentham e Mill, so hedonistas no pleno sentido da palavra: defendem

    no s que o bem-estar consiste apenas em experincias agradveis, que dem prazer, (bem como na ausncia de experincias dolorosas).

    Segundo Stuart Mill, alguns tipos de prazeres so, em virtude da sua natureza, intrinsecamente superiores a outros. E para vivermos melhor devemos dar uma forte preferncia aos prazeres superiores, recusando-nos a troc-los por uma quantidade idntica ou mesmo maior de prazeres inferiores.

    Mill identifica os prazeres inferiores com os prazeres corporais e os prazeres superiores com os

    prazeres que resultam do exerccio das nossas capacidades intelectuais, alegando que esta identificao resulta do veredicto daqueles que conheceram e avaliaram ambos os tipos de prazeres.

    melhor ser um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito, conclui, melhor ser

    Scrates insatisfeito do que um idiota satisfeito. E se o idiota ou o porco tm uma opinio diferente

    porque s conhecem o seu prprio lado da questo. A outra parte da comparao conhece ambos os

    lados (Utilitarismo)